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A

BESTA
Copyright © 2021 SHADY B

Capa: Rique Morais

Diagramação: Thainá Brandão – Monte Casillas Design Editorial

Revisão: Thays de Souza Affonso

1. Romance de Época

2. Literatura Brasileira

Edição digital. Criado no Brasil.

1ª edição / 2021.

Esta obra segue as Regras ao Novo Acordo Ortográfico

REGISTRADA E PATENTEADA NO REGISTRO DE OBRAS

________________________

Todos os direitos reservados

Está é uma obra de ficção. Nomes, personagens, lugares e acontecimentos descritos, são produtos de
imaginação do autor. Qualquer semelhança com nomes datas e acontecimentos reais é mera coincidência.

São proibidos o armazenamento e/ou a reprodução de qualquer parte dessa obra, através de quaisquer meios
— tangível ou intangível — sem o consentimento escrito da autora.

A violação dos direitos autorais é crime estabelecido pela lei nº 9.610./98 e punido pelo artigo 184 do
Código Penal.



Você vai me destruir, eu sei...
É quase como suicídio em câmera lenta...
Posso ver seu lado ruim tomar conta de mim...
Então me diga o que eu preciso fazer...
Para me afastar de você, para não me viciar em você.
Para me impedir de desmoronar quando a dor surgir.
Porque agora é tarde, eu quero você...
Não pelo lado bom, não, eu amo seu jeito ruim, sua vida assombrada,
sua mente perigosa...
Eu tentei sufocar esse amor, matá-lo, afogado, mas foi em vão...
Com apenas um olhar, eu desmorono e me entrego...
Aqui estou eu, sendo arrastado pelo corredor da penitenciária por doze
policiais, com minhas mãos, assim como minhas pernas, algemadas. Sorrio,
olhando para esses bostas, pensando no quão patéticos eles são. O medo de mim
é tão grande que, para me levarem até o tribunal foi preciso mais de trinta
policiais federais.
— Vamos, Rinna — fala o chefe dos guardas, evitando olhar em meus
olhos, sabendo o quanto odeio que façam isso. Ele se mantém a um passo atrás,
checando se estou bem preso e sem chances de escapar.
Causar medo nessas pessoas me dá tanto prazer. Eles nem imaginam o
quanto gosto de vê-lo aterrorizados.
Fui levado pelos policiais até o carro blindado da polícia, dois
helicópteros nos seguem para assegurar que não haveria chances de fuga. No
carro, meus pensamentos vão para ela, Katharina, bella rosa. Meu advogado
insiste para que eu faça um acordo para reduzir a sentença. Eu poderia sair com
pouco menos de trinta anos, como se fosse aceitar fazer acordos com esses figlio
di puttana. Perder trinta anos da minha vida dentro de uma cela está fora de
cogitação.
Não quero envolvê-la com a polícia, mas só a mínima chance de a ver já
faz a besta em mim rugir, a falta dela é pior que qualquer maldita prisão.
"Eu vou esperar você, custe o tempo que custar". Suas palavras são como
uma maldição gravada em minha mente.
— Chegamos Rinna. — Fala o policial, abrindo a porta. Só agora me dou
conta que chegamos ao tribunal.
Uma chuva de flashes começa a pipocar. Levanto meu rosto e olho para
eles como os seres desprezíveis que são.
— A Besta, é verdade que o senhor é assassino em série e está por trás
das mortes das dezesseis mulheres? — Pergunta um repórter que ignoro, sendo
escoltado.
— Senhor Rinna, onde está Katharina Castelaresi, sua esposa? —
pergunta outro, porém me limito a controlar meu ódio por esses cagna e entro no
tribunal onde o maxi julgamento de Palermo irá acontecer.
Lá dentro, agentes da força nacional estão posicionados, preparados para
uma tentativa minha de fuga. Mal sabem eles que meu plano é sair pela porta da
frente e não como um rato, fugindo. Sorrio, olhando para o capitão da polícia
federal italiana. Ostentando uma medalha de honra ao mérito no peito por ter
capturado a terrível Besta.
— Seu advogado aguarda na antessala para se prepararem para o
julgamento. — Fala Vitório, o tão famoso capitão.
— Na Cosa Nostra se paga com sangue o peso da traição! — Falo
friamente, jogando sua sentença e ele sabe que quando a sentença é dada, ela é
comprida.
Me levam até a sala, um policial abre a porta para mim e eu entro, vendo
meu advogado e Vicenzo. Katharina não veio e isso me deixa em alerta de que
algo possa ter acontecido com ela e com nosso filho.
— Onde está Katharina? — Pergunto de uma vez.
— Como você está, irmão? — Ele pergunta, preocupado.
— Onde está Katharina? — Pergunto novamente, ignorando totalmente
sua pergunta e indo direto ao que importa.
— Calma, sente-se, senhor Rinna. — Fala o advogado, apontando para a
cadeira em frente ao dois.
— Não vai demorar muito para me levarem para o julgamento, então é
melhor vocês dois irem direto ao que importa. Você conseguiu pegar o dinheiro
para comprar a porra do júri? — questiono sobre a missão que dei a Vincenzo,
para que pegasse uma parte do dinheiro que guardo no meu cofre e subornasse o
júri, dessa forma sairei daqui como um homem livre.
— Não, Boss, eu falhei, não cumpri a minha missão. Quando cheguei ao
cofre era tarde demais, não tinha mais um euro se quer. — Vicenzo fala baixando
a cabeça, envergonhado por ter falhado e pior, ter perdido a fortuna que guardei
para esse tipo de situação de emergência.
— Como seis bilhões de euros desaparecem?! — Falo enfurecido, sem
entender como conseguiram descobrir sobre esse dinheiro se apenas Katharina e
eu sabíamos, só contei a Vicenzo agora que estou preso.
— Eu sinto muito, irmão, foi Katharina que levou todo o dinheiro. E não
foi só isso, ela fugiu, já mandei procurar em toda a Itália, mas ela desapareceu
com o dinheiro. Meus infiltrados estão na Rússia para ver se ela vai até o irmão.
Mas, por hora, ela não foi para a Rússia.
Em choque eu paraliso, sem entender direito as palavras que saem de sua
boca. Não é possível, sorrio amargo pensando que não pode ser possível. Ela não
pode ter feito isso, não comigo, me traído dessa forma, não Katharina. Minha
própria esposa, a única mulher que fui capaz de amar, La mia bella rosa. A dor é
intensa, como nunca imaginei sentir. Todavia, Katharina acaba de provar que ela
é capaz, sim, de me ferir da pior maneira possível.
— Como ela tirou tanto dinheiro sem ser vista, sem ser pega por nenhum
dos nossos?
— Ela usou seu helicóptero, levou tudo, todo o dinheiro, até mesmo as
joias, seus relógios, não sobrou nada. — Diz ele, revoltado.
Ela me traiu, traiu a minha confiança e fugiu com meu filho na barriga,
levando todo o dinheiro. Ela conseguiu o que queria. No final a promessa que ela
fez lá atrás se cumpriu, ela acaba de arrancar meu coração do meu peito.
Katharina acabou comigo, conseguiu me destruir, me derrotar, o dinheiro
não é tão importante e sim o fato dela ter mentido para mim e fugido com meu
filho.
— Nós vamos dar um jeito, eu vou te tirar daqui! — Fala Vicenzo,
desesperado.
— Quais são as chances de escapar dessa sentença agora? — Pergunto ao
melhor advogado criminalista de toda a Europa.
— Nenhuma, não vou te dar falsas esperanças, as provas são concretas, a
principal testemunha foi imprescindível e o júri é composto na maioria por
mulheres que provavelmente se compadecerão das famílias das vítimas.
— Então serei condenado!?
— Provavelmente — fala o advogado, tenso.
— Você ficará no comando da família Vicenzo, um leão caiu, mas isso
não significa que a selva está a salvo. Faça-os entenderem que a Cosa Nostra
comanda a Itália, e jamais seremos subjugados, quero a morte do traidor. Mostre
a ele o que se acontece quando se quebra a omertà!
Os policiais vêm me buscar e sou encaminhando para a sala de
julgamento. Os familiares das vítimas já estavam todos sentados, só esperando a
minha entrada, e como imaginei, estavam todos apavorados, com medo da Besta.
Uma cela foi posta no meio do tribunal, onde fui levado, uma cadeira e
quatro paredes gradeadas e é assim que a terrível Besta será julgada.
— Todos de pé para darmos início ao último dia de julgamento do senhor
Dimitri Salvatore Rinna.
O julgamento começa e o promotor começa a refazer todas as acusações,
porém minha mente está longe, em Katharina.
— Onde você está, bella mia? — Me pergunto em pensamentos.
— Estamos aqui, senhores, em frente ao maior criminoso de toda Itália,
"A Besta" como é chamado, não só é um assassino cruel como também um
psicopata frio, sem sentimentos e capaz de tudo para sair daqui. Senhores do júri,
"A Besta" como prefiro chamá-lo, foi responsável pelo homicídio de mais de
cento e cinquenta pessoas, quarenta delas morta por ele mesmo.
— Também foi o mandante direto da morte do juiz Falcone e do
magistrado Paolo Bocelino. Ele orquestrou, em nome da Cosa Nostra, vários
atentados à bomba por toda Itália. Mandou matar Ignácio Salvo, influente
membro da máfia por não ter conseguido impedir as condenações de vários
membros da Cosa Nostra.
— Também não podemos esquecer do massacre na avenida Lazio em
Palermo, onde foram eliminados mais de trinta criminosos de uma máfia rival,
assim como o Michele Calvatário, líder da facção rival. Não suficiente, ainda
mandou matar o general Carlos Alberto Dalla Chiesa. Nosso general que tinha
sido nomeado seis meses antes como encarregado de acabar com toda a máfia
siciliana, a Cosa Nostra. Sem deixar de contar o fato desse homem aqui ter sido
o assassino de dezesseis jovens. Jovem essas que foram seduzidas pelo charme
da Besta e mortas por ele de maneira cruel, interrompendo não só dezesseis
vidas, mas também seus sonhos por conta das atrocidades desse homem.
— Quero alertar aos senhores do júri que Dimitri Salvatore Rinna, El
capi del capo não pode ser inocentado hoje. A máfia é um câncer sugando nosso
país, movimentando cerca de cento e cinquenta bilhões de euros por ano
publicação do relatóriodo DIA - Direção Investigativa Antimáfia, da Itália,
precisamos estancar a sangria e acabar com essa organização. Agora, o poder
está nas mãos dos senhores, a decisão de salvar nossas crianças de crescerem em
uma Itália refém da máfia e de homens como Salvatore Rinna!
O promotor é bom, sabe bem quais palavras usar a seu favor, sorrio
friamente quando seu discurso acaba. Eles foram espertos em ter chamado
Andreotti para ser o promotor. Não é à toa que ele é conhecido como o melhor
da promotoria.
Meu advogado, em minha defesa, tenta reverter às alegações e fazer um
acordo, mas durante suas alegações, quando chega a hora do traidor falar, eu sei
que será difícil conseguir escapar da condenação.
— Senhor juiz, eu peço a palavra. — Digo, olhando nos olhos do juiz e
percebo a tensão em sua fronte, como também que suas mãos tremem sobre sua
mesa.
— Com a palavra, o acusado.
— Eu não matei aquelas mulheres, mas eu sou culpado, é isso que tenho
certeza que querem ouvir. — Sorrio olhando para o júri. Aqui, diante de mim,
vejo um bando de hipócritas, eu estou sendo julgado por um promotor assassino,
um juiz viciado e um júri corrupto. E as testemunhas não passam de traidores.
— Excelência, pela ordem, o acusado está fazendo injúrias a respeito da
minha pessoa. — Fala o promotor enfurecido.
— Podem cortar o microfone do acusado — diz o juiz me impedindo de
contar todos os podres que eles escondem. — Nesse momento iremos nos reunir
para chegar ao veredito. — Fala o juiz e fico aguardando o resultado das
votações.
Eu já sabia que não sairia livre, todavia a minha cabeça trabalhava em
várias hipóteses de matar Vitório, o promotor e o juiz, até mesmo os vinte e um
membros do júri. A Besta dentro de mim estava enfurecida e transbordando ódio,
não só deles, mas de mim mesmo, por ter sido burro de acreditar em Katharina.
Agora ela está longe daqui com meu filho na barriga e desfrutando do meu
dinheiro, mas isso não ficará assim, sairei daqui ou não me chamo Dimitri
Salvatore Rinna.
— Todos de pé para ouvir a sentença do excelentíssimo senhor Juiz. —
Fala o orador quando todos voltam para a sala.
Me levanto olhando para ele e para todo o júri que parece com medo de
dar a sentença. Eles sabem que mexer com a máfia é colocar suas cabeças a
prêmio.
— Esse júri reconhece Dimitri Salvatore Rinna como culpado pelos
totais de cento e cinquenta assassinatos, como também atividades criminosas
como lavagem de dinheiro, formação de quadrilha, extorsão, ameaça, sequestro,
sequestro agravado de morte e tortura. A pena fica vinculada a vinte e seis
prisões perpétuas, sem direito de recorrer dessa sentença, valendo partir do
momento dessa condenação. — Fala, batendo o martelo e declarando a minha
sentença.
Meu irmão grita enfurecido com o resultado da sentença e meu advogado
tenta contê-lo, a plateia comemora com o resultado do julgamento. Eu não digo
nada, apenas mantenho meus olhos fixos em todos os presentes pensando que
eles não perdem por esperar, pois no momento em que estiver fora dessas grades,
toda a Itália irá sangrar.
O medo tem um cheiro distinto, algo que pertence apenas a ele.
Pungente, ácido, e ao mesmo tempo, doce. Fascinante. Ou, talvez apenas doce e
atraente para um doente como eu. De qualquer maneira, a garota encolhida no
canto do quarto tinha medo saindo dela em ondas.
— Onde ela está? — Pergunto com a voz baixa.
— Eu não sei, eu não sei... eu juro! — Diz ela aterrorizada.
— Ah, querida, você é tão linda, tem certeza que quer me desafiar? É
mais fácil me dizer para onde a minha noiva foi? — Digo com a voz tranquila, o
que a deixa mais aterrorizada — Eu não gosto de torturar mulheres, isso não me
atrai, porém Augustos não se importa de você ser uma. Ele vai arrancar a
informação de você por bem ou por mal. Seria tão mais fácil me dizer para onde
ela foi. Nos pouparia tempo e seu precioso rostinho ficaria intacto.
Vejo que ela engole em seco, com dificuldades para respirar. Augustos dá
um passo em sua direção e ela se encolhe mais na parede, em seu rosto posso ver
o medo e o pavor. Lágrimas escorrem pela sua face e suas mãos tremem sem
parar.
Faço um sinal para que Augustos se aproxime e ela grita em pânico.
— Eu vou dizer, eu vou dizer, mas não vai adiantar, já é tarde demais.
Katharina já deve estar longe daqui ela conseguiu fugir de você, eu posso até
morrer, mas ela está livre. — Me desafia.
O irmão de Katharina olha para a tal Ana e grita, irritado.
— Fala logo onde eles estão, já sabemos que ela fugiu com Ivan, não
deixe isso se transformar em um escândalo!
— Eles iam até a fronteira da Finlândia e lá alguém ia ajudar eles a
atravessar, é tudo que sei, ela não me disse mais nada.
— Boa garota, poderia ter evitado todo esse constrangimento se tivesse
contado no começo.
— Vamos Augustos, chame Luca e Fabrícios, quero um helicóptero, eu
mesmo vou buscar a noiva fujona. — Digo, sem paciência.
Saio daquele quarto com minhas mãos coçando para machucar uma certa
loira. Não tenho tempo para isso, uma porra de uma princesinha russa.
Antes que eu possa começar a descer as escadas sou interrompido por
Natasha, e me arrependo amargamente de a ter trazido para ser minha distração
durante a viagem.
— É verdade que sua noiva fugiu? — Pergunta ela com um sorriso
contente no rosto.
Pobre Natasha, realmente acredita que um dia ela será minha esposa.
— Sim, mas isso não é da sua conta! — Digo friamente.
— Como não, Dimitri? Essa é a oportunidade que nós precisávamos,
amor, agora nada pode te obrigar a casar com essa loira sem sal.
Me viro para ela, olhando diretamente em seus olhos, e posso sentir ela
estremecer e abaixar os olhos amedrontada.
— Acho que não deixei claro seu papel aqui, não é, cadela? Escuta bem o
que eu vou dizer. Você não passa de uma boceta e eu não te devo satisfações da
minha vida, nunca te dei esperanças de que teria algo a mais do que meu pau
entrando em você. É melhor usar essa boquinha apenas para me satisfazer ou
terei que dispensá-la. — Falo e vejo seu rosto cheio de lágrimas, que ela trata de
limpar rapidamente, sabendo que odeio essas demonstrações de fraqueza.
— Me perdoe, "senhor", não cometerei o mesmo erro novamente.
Ignoro seu pedido de desculpas, não tenho tempo para castigá-la agora.
Desço as escadas com pressa, pois tenho uma reunião ainda nesta tarde e
odeio ter que perder meu tempo, Katharina pagará caro por sua transgressão.
— O que vai fazer com a minha filha? — Pergunta a mãe de Katharina.
Seu rosto está coberto de lágrimas, ela sabe que a punição da sua filha
pode ser terrível.
— Não machuque minha filha, por favor. — Súplica a pobre senhora.
É uma pena que não tenho piedade por ninguém, muito mesmo na
ragazza fujona.
— Cecília, o deixe!! — Grita Andrei, pai de Katharina, entrando na sala.
— Seja lá o que for acontecer com Katharina, agora a culpa será toda dela, ela
sabia as consequências quando decidiu fugir e humilhar nossa família!
Viro as costas, indo em direção à porta, nem me dignando a responder
aos dois. Se a pequena trapaceira pensa que pode fugir de mim, está muito
enganada. Ela não conheceu a Besta que está prestes a caçá-la. O helicóptero
pousa no jardim da casa dos Castelaresi trazendo um vento frio. Me irrito,
lembrando do porquê odeio a Rússia, preferia estar em casa, resolvendo os
assuntos da família e não nesse maldito lugar frio, tendo que aturar os
Castelaresi e sua princesinha mimada.
— Eu vou junto com vocês! — Diz Aslan, atrás de mim.
— Senhor, alguma coisa está errada! — diz meu soldado, correndo em
minha direção.
— Acredito que não. — Digo olhando para Aslan, que não consegue
disfarçar que não aceita o fato da sua irmãzinha ser dada a mim.
— Conseguimos rastrear o carro que eles usaram, estão indo em direção
à Finlândia.
— Todos os carros são equipados com GPS, acho que os dois
esqueceram esse detalhe. — Fala o irmão de Katharina, um tanto ingênuo. Ou,
quem sabe, esteja a protegendo.
Contudo, eu sei que a ragazza é muito esperta, para usar um carro
rastreável.
— Nós vamos para o leste, ela não foi para Finlândia. Katharina está
tentando nos despistar e provavelmente pagou alguém para ser isca, pois sabia
que sua prima seria interrogada. Vejo o irmão de Katharina ficar calado,
provavelmente já entendendo para onde a irmã deve ter ido.
— Eles estão indo para Novogárdia e de lá, provavelmente vão em
direção à fronteira para a Suécia. — Fala Aslan.
— Avise nossos homens para fechar a fronteira com a Suécia, ninguém
sai.
Entramos no helicóptero e Aslan vem junto. Não falo nada, fico
concentrado em meu celular, resolvendo todos os preparativos para a minha
volta à Itália.
— Não machuque Katharina, ela errou, mas não merece ser castigada, ela
ainda deve ser sua esposa, só está com medo.
— Você será o chefe dos Bratvas logo, mas é um fraco. Se fosse minha
irmã, eu mesmo a castigaria, mas você está aqui pedindo clemência pela sua! —
Digo, com raiva.
— Pode pensar o que quiser, mas não vou deixar machucar minha irmã.
— Aslan diz.
— Sua irmã traiu sua família, desonrou o compromisso com a Cosa
Nostra. A decisão do que fazer com ela é minha, não pense que sua presença
aqui vai protegê-la das consequências de seus atos.
— Katarina está confusa, aposto que foi enganada por Ivan, ela não sabe
o que descobrimos.
— Isso não importa mais. — Corto a conversa, pois não nos levará a
lugar algum.
O resto do percurso é feito em silêncio. Cada segundo que sobrevoamos
em direção a Novogárdia, minha raiva pela ragazza aumentava. Uma coisa eu
não podia negar, ela tem mais coragem que metade dos homens do seu pai.
Seis carros com homens meus nos acompanham em terra. De longe posso
ver a Ferrari preta que os dois usam. Estamos fora da rodovia, em uma estrada
com gelo e terra, na saída da cidade. Logo, eles percebem que estão sendo
seguidos e aceleram, em alta velocidade, tentando escapar. Sorrio, me
divertindo, pois, a caça acaba de ficar mais atrativa.

— Ivan, não adianta mais, eles vão nos pegar, é melhor nos rendermos!
— Não, Katharina, eu nunca vou desistir, falta pouco para chegarmos à
fronteira, não vê que eles vão me matar?
— Ivan, por favor, ele vai te matar se não parar, é melhor desistirmos! —
Imploro.
— Não, Katharina! Eu não vou te entregar nas mãos da Besta, jamais!!
— Ele fala, enfurecido.
— Eu suplico, eles estão nos perseguindo, é tarde demais. Se nos
rendermos, eles podem nos deixar vivos.
— Para esse carro, Katharina!!! — Ouço a voz de Aslan no alto falante
com a cabeça para fora do helicóptero.
— Nós não podemos parar, você não entende, é tarde demais, eu já sou
um homem morto! — Fala pegando sua arma e atirando contra os carros que nos
perseguem.
— Precisamos atrasá-los — me entrega uma pistola. Tento atirar nos
carros, mas sei que é inútil, já estamos perdidos.
— Não há saída, jamais conseguiremos fugir dele!
O helicóptero ainda sobrevoa nosso carro, outros dois carros colados no
nosso, tentando nos fazer parar, batendo contra a lateral.
— Me escuta, Ivan, é tarde demais, para esse carro!!! — Falo,
desesperada, porém antes que ele possa fazer qualquer coisa, meus olhos vão à
nossa frente, onde o helicóptero pousou e lá está ele. A Besta, descendo da
aeronave junto com meu irmão e mirando em nossa direção.
Com ódio, tremendo, eu coloco meu rosto e parte do braço para fora da
janela e olho em sua direção, atirando. Erro o tiro ao sentir o impacto de um
carro batendo contra nós, quase derrubando minha arma no chão. Eu errei, mas
ele não, e seu tiro acertou no ombro de Ivan.
— Você está ferido, ele vai te matar!! — Grito, desesperada, vendo o
sangue escorrendo do ombro de Ivan, que geme de dor.
Ivan dá uma freada brusca e meu corpo é arremessado para frente. Sinto
um corte arder na minha testa e o sangue escorrer pelo meu rosto. Ivan pega duas
pistolas e sai do carro. Eu tento impedi-lo, mas é tarde demais, ele já está lá fora
e leva um tiro na perna. Corro em sua direção com a minha Glock na mão, a
adrenalina percorre meu corpo, mas o pavor é maior que tudo, e tenho medo
desse ser o nosso fim.
Meus olhos estão presos nele, no monstro que me persegue, não só na
vida real, como até mesmo em meus pesadelos. Se ele soubesse que prefiro a
morte a ser dele, não estaria aqui. Paro ao lado de Ivan, com a arma apontada
para Dimitri. Ivan, mesmo ferido ainda tenta manter a mira em direção a eles.
Está claro para mim que não há escapatória, estamos em desvantagem. Ivan está
ferido e o olhar assassino da Besta fixo em mim, demonstrando que ele não terá
piedade.
— Katharina, abaixe essa arma e venha comigo. — Fala Aslan, aflito.
— Eu não vou, não aceitei acordo nenhum, eu não vou me casar com
esse homem.
Minhas palavras tiveram um efeito sombrio na feição da Besta, que antes
me olhava com raiva, agora me assombra com puro terror. Meus olhos não
saíram dos dele um segundo se quer, e a cada passo que ele dava em minha
direção, sentia meu coração bater mais e mais acelerado.
— Nos deixe ir, por favor! — Eu suplico quando os dois estão em nossa
frente.
— Ragazza burra, pensou que ia conseguir fugir e desfazer o
compromisso? — Dimitri fala friamente, apontando a arma na minha cara.
— Não machuque a minha irmã — rosna Aslan, mas rapidamente é
contido por homens de Dimitri.
— O que pensou, que ia fugir com seu amante e ter uma vida tranquila
fora da máfia? Subestimei você, bella mia. Você deveria saber que uma vez na
máfia, a única forma de sair dela é morta. — Ele fala, mantendo a arma apontada
para mim e seus homens na direção de Ivan.
Eu não me amedronto com suas palavras e muito menos abaixo a minha
arma da sua mira.
— Não aponte uma arma para mim se não estiver pronta para atirar,
Principessa. — Fala, com um desafio no olhar.
— Eu não tenho medo de você, se for preciso eu te mato para ter a minha
liberdade!!
— Atire nele, Katharina! Mata esse desgraçado!! — fala Ivan, do meu
lado, me deixando nervosa e minhas mãos tremem.
— Nós dois sabemos o que acontece se você atirar em mim, meus
homens atiram no meio da testa do seu irmão, depois em você e nesse merda do
seu lado. Uma guerra entre os Bratvas e a Cosa Nostra começa e nós sabemos
qual lado da moeda tem mais poder. Então, seja uma garota sensata e abaixe a
sua arma, antes que eu perca a pouca paciência que tenho.
Olho para Aslan, que está imobilizado por quatro homens. Eu sei que ele
poderia se desvencilhar dos quatro facilmente, mas o desgraçado não quer. O que
me faz pensar que ele está tentando me proteger, evitando um confronto.
— Não escuta ele Katharina, atira de uma vez nesse desgraçado, mata ele
— fala Ivan.
Olho para ele e em seu olhar vejo algo que não tinha notado antes, raiva e
ódio.
— Eu sinto muito, Ivan. — Falo abaixando a arma, sem saída.
Nesse mesmo segundo, Dimitri é rápido, tirando-a das minhas mãos com
uma agilidade que só vi em meu irmão. Aponta para Ivan, ouço o estampido do
tiro e seu sangue cai sobre mim. Com a minha arma ele o matou, matou bem na
minha frente. O corpo de Ivan cai no chão, eu olho para seu rosto coberto de
sangue, com um tiro na cabeça.
Dor! É o que eu estou sentindo, física e mental, eu sinto como se minha
alma estivesse desabando em um abismo. O meu amor se foi, está morto. Seu
corpo está caído em uma poça de sangue. Acabou, ele morreu por minha culpa,
minha culpa, se não tivesse fugido após o meu noivado com o chefe da máfia
italiana, talvez Ivan estivesse vivo.
— Não, não! Não, Ivan, não!! — Grito, em choque, com tamanho horror.
Desabo sobre o seu corpo com lágrimas transbordando pelo meu rosto,
não me importando com minha demonstração de fraqueza. A dor é tão grande
que gemo ao tocar seu corpo sem vida. Contudo, maior que a minha dor é meu
ódio.
Deixo o corpo do meu namorado e me levanto, resignada. Olho
diretamente para ele, o desgraçado que destruiu a minha vida, o miserável que
odeio com todo meu ser.
— Bom, agora que resolvemos tudo que tínhamos para resolver, você
vem comigo, bambina.
— Eu te odeio, Dimitri Salvatore Rinna. Eu nunca vou te perdoar pelo
que acabou de fazer, pode demorar o tempo que for, mas eu ainda o destruirei,
tirarei tudo de você e não terei piedade ao ver seu coração arrancado por mim.
— Vai ser engraçado te ver tentar, bella mia, tentar arrancar um coração
que não existe! — ele ri, achando graça da minha promessa.
— Vem, Katharina, vamos sair daqui. — Fala meu irmão, me puxando
em direção ao helicóptero e eu o acompanho, em estado catatônico tamanha
minha dor.
A minha vida agora se transformará em um inferno, mas uma coisa eu
garanto, já que estarei no inferno, farei de tudo para queimar a Besta junto
comigo.

Nem vi quando chegamos, só percebi quando meu irmão me ajudou a


descer e notei a quantidade de soldados na entrada da nossa casa. Engoli em
seco, imaginando o escândalo que minha fuga traria para a família.
Provavelmente, o acordo será desfeito e eu serei expulsa da família ou quem
sabe dada a algum outro membro da Bratva que aceite uma mercadoria
defeituosa, já que a honra de uma Castelaresi é tudo. E eu acabei de manchar a
minha ao fugir com um soldado do meu pai.
Ele estava ao meu lado com toda sua pose autoritária. Eu não olhava para
ele, mas podia sentir seus olhos queimando minhas costas. Dois soldados, que
estavam em frente à porta, abrem a mesma para que possamos entrar na sala.
Encontro mamãe chorando sentada no sofá, meu pai falando no telefone e os
dois irmãos do Dimitri fumando enquanto bebem, provavelmente uísque, como
se nada tivesse acontecendo.
— Filha, meu amor — diz mamãe, se levantando e vindo em minha
direção, mas bastou um gesto do meu pai para ela se sentar novamente.
Aslan vai até ela, a levando para cima, já prevendo que as coisas ficaram
feias.
Não demora muito para que meu pai esteja na minha frente e eu sinta o
meu rosto ser virado de lado, tamanha a força do tapa que ele me dá e eu acabar
caindo na cadeira.
— Você envergonhou essa família, manchou o nome dos Castelaresi Eu
fiz tudo por você, ingrata, e você me trai dessa forma, fugindo com um bosta,
desfazendo o acordo que fiz com a Cosa Nostra.
— Eu o amava pai...
Tento dizer, porém antes que meu pai acerte outro tapa em meu rosto,
vejo seu punho no ar sendo segurado por ele, o monstro.
— Não ouse tocar no que me pertence, Andrei. Katharina é minha e se
tem alguém que pode discipliná-la, esse alguém sou eu.
— Você ainda vai manter o acordo? — Pergunta meu pai, descrente.
E só então olho para a Besta, sem entender, pois, jurava que ele
aproveitaria meu erro para quebrar o acordo.
— O casamento acontecerá amanhã, para evitar boatos sobre a honra da
minha noiva. O quanto antes acabar com isso, melhor. A levarei para a Itália o
mais rápido possível e conto com você para abafar qualquer boato sobre o que
aconteceu aqui hoje.
Engulo a minha raiva, pois minha vontade era gritar que preferia estar
morta a casar com ele, mas isso não me levaria a nada.
— Suba para seu quarto, Katharina, teve sorte do seu noivo ser
benevolente. — Fala meu pai, me olhando com desgosto.
Subo as escadas, mas não sem antes perceber que um dos irmãos de
Dimitri me olha com se eu fosse um inseto desprezível, enquanto o outro
mantinha um sorriso divertido no rosto. Todavia, meus olhos voltaram para ele,
que não olhava para mim e se mantinha concentrado em algo que meu pai
falava.
Amanhã, meu destino será selado. Me casarei com um monstro, um
homem desprezível, cruel. Me mudarei para a Itália, onde não terei a proteção da
minha família e estarei sozinha no covil do inimigo, mas uma coisa é certa, farei
com que ele se arrependa amargamente por se casar comigo.
Eu subo as escadas sentindo meu rosto arder pelo tapa que meu pai me
deu, mas a dor em meu rosto não é nada comparada a dor em meu coração. Ivan
está morto e a única culpada sou eu. De certa forma, Dimitri está certo, eu fui
ingênua pensando que poderia escapar da família, eu sou filha do chefe da máfia
russa e meu casamento obviamente seria moeda de troca em seus negócios. É
óbvio que não ia conseguir viver uma vida feliz após ter fugido da Besta. Antes
que eu possa entrar no meu quarto, sou parada por ela, Natasha, ou melhor, a
puta do meu noivo.
— Pensei que tinha fugido e deixaria Dimitri em paz! — Fala, olhando
para mim de cima a baixo, com uma expressão de superioridade.
Sorrio friamente, dando dois passos em direção à puta.
— Tudo o que eu queria era estar bem longe daqui, mas o que eu e você
queríamos não vai acontecer.
— Não pense você, que porque ele não deixou seu pai te bater, Dimitri
será seu, ele é meu. Eu o amo e não vai ser uma bastarda russa que entrará no
meu caminho!
Sorrio, divertida com o que ela fala.
— Por mim сука, ele é todo seu. Só não queira entrar no meu caminho,
porque você não sabe o que essa bastarda russa é capaz!
— Do que me chamou?! — Ela ainda tenta falar, mas eu ignoro a puta
italiana e entro no quarto, encontrando mamãe sentada em minha cama,
limpando o rosto. Me jogo em seus braços, desabando, desolada.
— Acabou a minha vida mãe, ele está morto e agora eu vou ter que me
casar com aquele monstro.
— Oh, minha princesa, não chora. Não era para ser, você merece mais do
que viver uma vida fugindo como uma criminosa, o que você fez foi errado.
Poderia ser muito pior, eu não sei o que seria de mim, se ele tivesse te matado.
Katharina.
— Eu não me importo com aquele desgraçado, eu o odeio com todas as
minhas forças!
— Não diga isso, Katharina Peshkov Castelaresi. Ele será seu marido,
você não vê? Ele está te protegendo, filha. Talvez ele não seja tão horrível como
dizem — fala ela, tentando me consolar.
— Tem razão mãe, você deve estar certa. Preciso esquecer Ivan, afinal
amanhã é meu casamento. — Digo, mesmo que as palavras rasguem minha
garganta, mas falo o que ela precisa ouvir para se acalmar, mesmo sabendo que a
partir de agora minha vida será um inferno.
— Eu vou rezar todos os dias para que você consiga conquistá-lo. Você é
forte, não é à toa que você leva o nome da rainha Katharina, a grande a rainha da
Rússia. Você é forte, princesa, você é capaz!
— Você tem razão mãe, eu sou forte, não vou me intimidar, mesmo que
jamais seja feliz.
— A felicidade não nos é dada, Katharina, ela nunca vem de maneira
fácil. Ela precisa ser conquistada, só assim você conhecerá o que é a verdadeira
felicidade.
— É melhor a senhora ir para o seu quarto, daqui a pouco meu pai vai
aparecer, para falar com a senhora. E eu preciso de um banho e descansar um
pouco, afinal amanhã é meu casamento — digo, tentando sorrir, mas meu sorriso
sai mais como uma carranca.
Mamãe beija minha testa e me deixa sozinha. Entro no banheiro e me
livro das roupas sujas de sangue. No momento em que meus pés tocam o piso de
mármore do box do banheiro, eu sinto todo o meu corpo relaxar. A frieza do piso
me faz despertar para a realidade do que tá acontecendo.
Ligo o chuveiro e desabado debaixo da água quente. Deixo todo o pranto
que estava guardando sair. Me sento no chão e soluço, pensando em todos os
momentos que passei ao lado de Ivan. Todas as vezes que fugi para encontrá-lo,
todas as vezes que queria gritar e dizer que o amava, mas não podia, pois ele era
apenas um soldado.
Eu sabia que era errado e se o meu pai descobrisse, ele nunca me
perdoaria.
Enterrei a dor dentro de mim e deixei o ódio tomar conta do meu ser. Eu
faria a Besta pagar, custe o que custar, ele pagaria por ter tirado a vida de Ivan.
Desligo o chuveiro e saio do box, vestindo um roupão. Olho no espelho,
tudo que vejo é uma mulher destruída e me odeio por isso.
— Eu não sou fraca. Não sou fraca, não. Eu sou Katharina Peshkov
Castelaresi!

— Espero que o que aconteceu hoje não se repita, Castelaresi.


— Peço desculpa Rinna, perdoe meu acesso de raiva. Juro que minha
filha não é assim. Provavelmente o desgraçado do Ivan a seduziu e a manipulou
para que fugisse com ele.
— Isso não importa mais, ele está morto. Eu preciso que apresse os
preparativos para que o casamento ocorra amanhã. — Falo, já sem paciência
com esses malditos russos.
— Irei providenciar tudo, tenho certeza que o quanto antes Katharina
estiver casada, mais rápido ela irá se conformar.
O pai de Katharina me deixa sozinho, indo em direção ao seu escritório
falar com o filho. Vou até a biblioteca, onde sei que meus irmãos me
aguardavam. Os encontros fumando charuto, impacientes.
— Achei que estaríamos fora desse lugar depois do que a maledeta fez.
— Fala Vicenzo.
— Pois está enganado, os planos continuam, só a cerimônia que será
antecipada.
— Mas ela envergonhou a Cosa Nostra, não pode se casar com uma
perdida que fugiu com o amante. — Ele cospe, irritado.
— Eu gosto dela, ao menos ela tem personalidade. Não é todo dia que
alguém enfrenta o todo poderoso Salvatore Rinna — fala Lorenzo, se divertindo
com a situação.
— Não pretendo esquecer o que ela fez, e na hora certa irei castigá-la
pela sua afronta, porém cancelar este acordo é como presentear a bambina
depois do que ela fez.
— Odeio saber que uma Castelaresi fará parte da nossa família. —
Responde Vicenzo, apagando o charuto.
— O que aconteceu para estar todo sujo de sangue? — Pergunta Lorenzo
e só então noto que a gotas do sangue do maledeto na minha camisa.
— Ela tentou lutar contra mim e isso faz com que quebrá-la, destruí-la,
seja um desafio para mim. — Digo, com um sorriso sádico.
— Sério mesmo ela atirou em você?! — Fala Lorenzo, sentado na
poltrona de couro, se chocando com a audácia da russa.
— Eu sei que poderia matá-la, sem dúvida nenhuma estaria no meu
direito. Mas a Besta dentro de mim não quer isso, quero castigá-la, feri-la, quero
vê-la pagando caro por ter me humilhado.
— Não podemos confiar nela quando chegarmos a Sicília. Muito menos
no que diz respeito ao negócio da família. — Diz Lorenzo.
— Está na cara que é uma princesinha mimada, se não, não teria se
envolvido com um traditore!
— Eu já consigo imaginar minhas mãos rastejando por sua pele macia,
até sua garganta, e então meus dedos enrolando em torno dela. Eu sou um
caçador, ela, a minha presa.
— Ela realmente teve esperança de que conseguiria escapar de você,
irmão? — Pergunta Lorenzo, rindo.
— Esperança deixa as pessoas tolas. Ela foi tola em tentar escapar.
Vicenzo, preciso que prepare tudo para nosso retorno após o casamento. E, se
encontrarem Natasha, mande-a para o meu quarto. — Falo, me despedindo dos
dois e indo até o meu quarto para tirar esse cheiro imundo do meu corpo.

Ao entrar no quarto reservado para mim no palácio, vejo Natasha de


joelhos, de frente para a porta, nua e pronta para ser castigada por sua afronta.
Mas, estranhamente, não sinto aquela excitação que geralmente vivencio ao vê-
la nessa posição. Nesse momento, tudo que desejo é castigar a loira que em
breve será minha esposa.
Passo por Natasha, indo direto para o banheiro, onde tomo um banho
relaxante e tiro o cheiro de sangue do meu corpo.

Saio do banheiro e a encontro na mesma posição, seus joelhos estão


vermelhos, o cabelo preso em um rabo de cavalo e seus seios duro de excitação.
Tenho certeza que sua boceta deve estar encharcada. Coloco o cinto que trouxe
do banheiro sobre a cama e ela continua com o olhar baixo, de maneira
submissa. Esta é uma das coisas que gostava em Natasha, ela sabia se comportar
como uma perfeita submissa.
Caminho em sua direção e vejo sua respiração ficar agitada. Viro seu
corpo com violência e posso vê-la perder o fôlego. Ela sabia que seria castigada
e sua sorte é que estávamos na Rússia e não tinha acesso a todos os meus
brinquedos. Mas, pensando bem, não precisava de muita coisa para submeter
Natasha aos castigos.
— A primeira coisa que você vai aprender hoje é a não me questionar
nunca mais, e o seu lugar em minha vida.
Com um puxão, a arrasto pelo rabo de cavalo, até que ela fique de
joelhos, aos meus pés, enquanto eu me sento na cama, usando apenas um roupão
de banho. Minha vontade é descontar nela toda a fúria que a loira me causou.
Mas, meu lado racional diz que não poderei fazer o que eu que quero, não aqui,
debaixo do teto dos Castelaresi.
Pego o cinto da calça social, que trouxe comigo do banheiro e uso como
coleira em seu pescoço, controlando seu ar. Abro o roupão, expondo meu pau
duro.
— Chupa sem usar as mãos e não ouse gozar, você está proibida de ter
prazer.
Aperto o cinto em seu pescoço e então ela desliza os lábios pelo meu
pau. Natasha engole meu cacete com gosto e usa os lábios, apertando forte na
base, enquanto a língua desliza pelo cumprimento, o levando profundamente em
sua garganta. Ela se esforça bastante para me fazer gozar, mas ela não me
controla.
— De pé! — Ordeno, como seu mestre.
Olho em seus olhos lacrimejantes e para seu pescoço, marcado pelo
aperto do cinto e uma satisfação toma conta do meu ser, em breve, será
Katharina a ser marcada por mim.
Só de pensar na sua pele pálida. Porra.
— Você é minha puta, Natasha, uma puta que não consegue se
comportar, não serve para mim.
— Desculpe, senhor — diz com a voz baixa, se segurando para não
chorar.
— Você será castigada pela audácia de mais cedo. Nunca mais questione
minhas decisões. A partir do momento que eu achar que não serve mais para me
satisfazer, irei descartar você. Porque é para isso que as putas servem.
Deito ela sobre a cama, de quatro para mim, a posição que mais gosto.
— Se mantenha firme e não se mexa, vou aplicar seu castigo. — Falo,
ficando de pé.
Em seguida só posso ouvir o som do meu cinto de couro cortando o ar e
Natasha tremendo ao sentir o primeiro impacto cruel contra sua bunda. Eu não
paro por aí, não ela merece ser castigada. Ela merece pagar por ter me
questionado sobre o casamento e ter sugerido que deveria tê-la como esposa. A
cada golpe, sinto o êxtase em meu corpo. É lindo ver sua pele ganhando cor e o
som dos seus gemidos de dor. Foram mais de vinte golpes, havia pequenos
cortes sobre suas nádegas e o vermelho já tomava conta de toda sua pele
bronzeada. Ela se mantém firme, mesmo com as pernas bambas pela dor.
Quando me dou por satisfeito, tiro o roupão, subo sobre a cama mantendo-a de
quatro, cuspo no seu rabo, preparando-o para o meu cacete, que estava duro feito
ferro. O corpo dela está tenso de novo e quando meu dedo toca o seu cuzinho,
ela se contrai, me irritando, recebendo um tapa como punição.
— Vou foder seu rabo, duro e fortemente até gozar e você não ouse me
desobedecer e gozar. Está ouvindo?!
— Sim, mestre. — Fala, com a voz trêmula.
— Mantenha o rabo para o alto. — Digo, firme.
Começo a penetrá-la, a cabeça larga passa e ela trava os dentes para não
gritar pelo tamanho do meu pau, mesmo acostumada, não é fácil para ela levá-
lo.
Meto de uma vez e Natasha não aguenta e solta um gemido alto de dor.
— Calada, isso é para o meu prazer e não para você!
Seguro na sua bunda machucada e continuo bombando com destreza.
Fecho os olhos e mordo o ombro dela, tirando meu pau de dentro. Natasha se
vira e ajoelha na minha frente, continuo me masturbando até gozar no seu rosto.
— Quando chegarmos a Sicília você será devidamente castigada, até lá
espero que esse castigo sirva de lição para que entenda de uma vez que você
jamais será mais do que uma puta para mim.
— Sim, senhor.
— Tome outro banho e saia do meu quarto. E, como parte do seu castigo,
quero que compre o vestido de noiva, o mais bonito que encontrar, para minha
noiva. Amanhã, Katharina tem que estar perfeita para mim e isso será
responsabilidade sua. — Sorrio, sarcástico e ela apenas acena a cabeça,
concordando.

O dia seguinte amanhece chuvoso e frio, acho que até o céu está triste
pelo que vai acontecer. Ele me tomará como esposa e minha vida acaba. Eu mal
saio do banheiro quando mamãe e minha prima Ana entram no quarto com uma
caixa grande.
— Bom dia, querida. Você acordou tarde, precisa começar a se arrumar.
A cerimônia será às quinze horas, temos muita coisa para fazer — fala minha
mãe como se não estivesse preste a me casar com um monstro e sim o amor da
minha vida.
— Para mim, esse dia não tem nada de bom, mãe.
Olho pelo grande espelho da época czarista da Rússia. Meu corpo está
pálido, meus olhos azuis sem vida e meu rosto vermelho pela bofetada que
recebi daquele que deveria ser meu herói, meu protetor, meu pai.
— Nada que um pouco de maquiagem não resolva, eu vou buscar uma
bandeja com café da manhã para você, enquanto sua prima te ajuda. — Diz
mamãe, saindo do quarto e nos deixando sozinhas. Só então posso respirar mais
aliviada.
— Eles fizeram alguma coisa com você? — Pergunto, abraçando minha
melhor amiga.
— Não, mas foi por pouco. Eu tive que falar onde estava, os italianos são
animais.
— Não se preocupe, não foi por sua culpa que fui pega, não sei como
eles descobriram que eu não ia para Finlândia e sim para Suécia. Mas, no fim, eu
já deveria saber que não sairia ilesa da máfia.
— O que aconteceu com Ivan?
— Ele está morto, aquele miserável o matou usando minha pistola, bem
na minha frente — falo com a voz embargada e Ana me abraça.
— Eu odeio esses italianos, odeio meu tio por ter te entregado a esse
monstro.
— Não se preocupe comigo, eu estarei longe e quero ter a certeza que
ficará bem. Eu preciso falar com meu irmão. Onde está Aslan?
— Eu não o vi, sua mãe disse que ele e seu pai estão junto com os irmãos
Rinna e que estavam em uma reunião desde a primeira hora da manhã.
— Tudo bem, se o encontrar peça para ele vir falar comigo. Quero poder
me despedir do meu irmão. É bem provável que ficarei muito tempo sem voltar à
Rússia. Eu preciso que se cuide e pare de sonhar com Otto. Você viu o que
aconteceu com Ivan, não vai querer que algo assim aconteça com seu professor.
— Você tem razão, eu estou tão triste por você, mas trouxe algo que vai
te ajudar — ela diz e tira do bolso um Iphone. — Lembra a Felícia, minha amiga
do curso de línguas?
— Sim, a italiana do intercâmbio.
— Ela mesma, eu pedi a ela que conseguisse esse celular, ele está no
nome dela e tem um chip italiano. Como ela vai voltar com a sua família para a
Itália ninguém, vai desconfiar. Eu já salvei meu número e vamos poder nos falar
sempre, sem que nenhum desses italianos de merda saibam.
Sorrio, feliz por ao menos pode manter contato com ela e assim ter
notícia de todos. Corro com o celular para o closet e guardo dentro do bolso
interno de um sobretudo.
— A secretaria do seu noivo me entregou essa caixa, disse que é seu
vestido de noiva. Eu não vi, mas estou curiosa para vê-lo — diz minha prima,
apontando para a caixa preta sobre a cama, quando voltamos ao quarto.
— Dimitri mandou a amante comprar o vestido de noiva para mim —
sorrio, achando uma piada.
— É sério, a mulher parecia que tinha chupado limão quando me
entregou. Disse que foi seu noivo que a mandou comprar.
Abro a caixa e me surpreendo ao ver um belo vestido branco com renda
no ombro e detalhes bem delicados.
— Uma coisa não podemos negar, ela tem bom gosto. — Fala minha
prima e eu sorrio, tendo ideias.
Experimento o belo vestido, que serviu como uma luva. Me olho no
espelho e decido tirar o vestido, enojada. O coloco de volta dentro da caixa, em
seguida mamãe abre a porta, entrando com nosso cabeleireiro Nikhu e Anita, a
maquiadora que adoro.

As próximas horas passam rapidamente. Eu queria que o relógio parasse


e nunca chegasse o momento mais temido por mim. Mas, quando dou por mim,
já estou pronta, maquiada, com as unhas feitas e o cabelo em um penteado
elaborado. Mamãe fica emocionada, e insisti para que eu coloque o vestido, mas
eu consigo convencê-la, dizendo que quero fazer surpresa. Aos poucos meu
quarto fica vazio e então eu posso pensar no que farei. Mas, antes que eu possa
me vestir alguém bate na porta, eu volto a vestir o roupão e abro a mesma, vendo
meu irmão Aslan do lado de fora.
— Posso entrar? — Pergunta para mim, mas olhando para um do guardas
do meu pai.
— Entra. — Indico abrindo a porta.
— Você está linda — diz meu irmão gêmeo e meu melhor amigo.
— Obra da mamãe, você sabe como ela é. — Digo, triste por me afastar
dele.
— Eu não tenho muito tempo, logo vão vir te buscar para a cerimônia,
mas eu preciso falar com você antes que vá embora.
— Eu não quero ir Aslan, tem que haver um jeito de escapar, esse
homem é um monstro. — Falo, chorando.
Aslan levanta meu rosto e limpa as lágrimas.
— Para de chorar. Você lembra quantas vezes insistiu para que o papai te
ensinasse a lutar junto comigo?
— Sim, mas isso não é importante agora.
— Você lembra das surras que ele te deu, toda vez que você insistia?
Lembra que você só parou de insistir quando eu prometi que tudo que quisesse
aprender, te ensinaria.
— Sim, você foi meu herói. Eu te amo muito, Aslan, não quero me
afastar de você, da mamãe, da nossa família. — Digo, inconformada.
— Escuta, presta atenção no que vou te dizer, Katharina. Você é minha
irmã, você é forte e o sangue Castelaresi corre em suas veias, nenhum italiano é
forte o bastante para derrotá-la. Seja esperta, irmãzinha. Use todas as cartas que
tiver ao seu dispor, você está indo para o covil da Besta, mas você não é só uma
princesa da máfia russa. Você é Katharina Peshkov Castelaresi e graças a você
Dimitri conseguiu ajuda em Londres quando estava encurralado, se não fosse por
nossa ajuda, talvez ele nem tivesse mais a Cosa Nostra. Lembre-se disso, irmã,
você tem mais poder do que ele pensa.
— Eu prometo que serei forte — digo, erguendo minha postura e
deixando suas palavras infiltrarem em meu coração.
— Eles vão te testar, vão jogar com você, fingir e tentar te manipular,
mas é você que estará no comando do jogo. Tenho um homem infiltrado e ele me
avisará se algo acontecer.
— Ele não será capaz — falo, firme.
— Não, tenho certeza, você, Katharina dá poder a ele e poder é tudo que
Dimitri mais quer nessa vida. Agora, levante a cabeça e não deixe mais nenhum
maldito italiano fazer você chorar.
Sorrio para meu irmão, decidida, pois se a vida me deu limões eu farei
uma bela limonada. Abraço Aslan me sentindo feliz por ter ele sempre ao meu
lado. E então, nos despedimos. Eu só precisava me vestir e então estaria pronta
para o casamento. Aproveitei o pouco tempo que tinha. Peguei uma tesoura que
deixava no meu quarto e sorrindo comecei a picotar o belo vestido branco,
deixando-o em retalhos. Tiro o roupão, olho para a delicada lingerie branca que
estou usando e penso que ela não combina nada com esse dia. Troco
rapidamente e pego o único vestido que tenho que ficará perfeito para essa
cerimônia. Me olho no espelho e sorrio pensando qual será a reação do noivo ao
me ver, tomara que ele enfarte e morra de vez.

Abro a porta do quarto e fico feliz ao notar o olhar de choque do soldado.


Começo a descer a escadas, indo em direção ao salão imperial, que já está todo
decorado para a cerimônia. E, assim que passo pela porta, vejo o olhar de raiva
do meu pai.
— O que diabos você está fazendo?! — ele diz, se segurando para não
me bater. E me entrega o buquê de rosas vermelhas com brutalidade.
— Vamos, papai, a cerimônia tem que começar. — Digo, com a minha
melhor cara de inocente e vejo-o trincar os dentes e segurar o meu braço
duramente.
— Você está envergonhando a nossa família, agindo como uma mimada.
Não respondo, me mantenho calada, olhando para vários rostos em
choque por me ver vestida dessa forma. A música começa a tocar, olho para o
meu noivo e não posso negar que ele é belo, tão belo com o diabo deve ser, olhos
escuros, alto, muito musculoso e de pele clara, vestindo um smoking preto,
provavelmente italiano. E seu olhar de ódio diz que ele não gostou nada do meu
vestido preto. O que ele esperava? Eu estou de luto.
Se Dimitri pensa que vou facilitar para ele, está muito enganado.
Quando a música termina, estou em sua frente, meu pai entrega minha
mão para ele.
— Cuide da minha filha — diz meu pai fingindo ser um ótimo pai.
Assim que nossas mãos se tocam sinto um arrepio ruim percorrer todo
meu corpo. Eu estou de pé em sua frente e sinto que estou entregando minha
alma ao diabo e ele me consumirá pelo fogo do inferno.
Ouço a voz do padre chamando nossa atenção e começando a cerimônia,
só então nossos olhos se desprendem um do outro.

A cerimônia passou sem nem mesmo eu perceber, um laço foi dado entre
nossas mãos, uma tradição italiana. E então, senti meu corpo estremecer,
pensando que logo ele me terá em seus braços. Após vários ritos, o padre
finalmente diz: — Uma vez que é vosso propósito contrair o santo matrimônio e
manifestar o vosso consentimento na presença de Deus, Dimitri Salvatore Rinna,
aceita Katharina Peshkov Castelaresi como sua legítima esposa? — ele olha para
o padre em nossa frente e diz firme.
— Sim — sorrio e o padre prossegue:
— Katharina Peshkov Castelaresi, você aceita Dimitri Salvatore Rinna
como seu legítimo esposo?
— Sim, eu aceito. — Falo com amargura, selando ali meu destino.
Trocamos as alianças e então o padre fala.
— Confirme o Senhor o consentimento que manifestastes perante a sua
Igreja e Deus pai todo poderoso. Não separe o homem o que Deus uniu! — O
Padre proclama. — Eu vos declaro marido e mulher. Pode beijar a noiva — diz o
Padre.
Dimitri se aproxima de mim e puxa meu rosto de encontro ao seu, então
tudo acontece como se fosse em câmera lenta. O homem que mais odeio no
mundo agora é meu marido e seus lábios grudam aos meus em um beijo intenso.
Eu luto para não corresponder, mas ele me morde, me fazendo gemer e sua
língua entra em minha boca, me devorando, sem se importar com o padre nossa
frente. Ouvimos os convidados aplaudindo e só então ele me solta.
— Agora você é mia, bella rosa! — Ele afirma.
— Isso é o que nós vamos ver...
Quando vi Katharina na entrada do salão onde aconteceria a cerimônia,
primeiro não tive reação, em seguida, minha vontade era de ir até ela, arrancar o
maldito vestido negro do seu corpo e surrá-la. Mas eu não podia fazer isso, não
agora. Então, engoli a minha raiva e me contive. E, quando pôr fim a cerimônia
encerrou, eu a beijei. Ela tentou lutar contra mim, mas foi inútil, eu peguei o
queria pra mim. Ainda teria que aguentar a festa, para só então, dentro do quarto,
ensinar uma lição para a bella rosa.
Segurei sua mão e fomos cumprimentar os convidados. O primeiro a nos
felicitar foram os pais de Katharina, que se afastou de mim e abraçou a mãe,
enquanto eu recebia os comprimentos do seu pai, de todos era o mais feliz com o
enlace.
— Parabém, minha filha, enfim você está casada, mesmo que meu
coração fique partido por estar se mudando para a Itália, estou tão orgulhosa. —
Fala a mãe de Katharina, após se desfazer do abraço.
— Tenho certeza que meu querido marido não se importará de recebê-la
em nossa casa, na Itália — fala a filha da mãe de maneira sarcástica.
— Claro, a senhora será bem-vinda em nossa casa. Agora, eu e minha
esposa iremos cumprimentar os outros convidados. — Falo, arrastando
Katharina para o salão.
Quando percebo que não há ninguém por perto, puxo seu braço para uma
porta que imagino ser uma sala de música, empurro-a para dentro com força e
fecho a porta.
— O que pensa que está fazendo vestida dessa forma?! — digo, a
olhando friamente.
— O que acha? Estou de luto! — Ela fala, me enfrentando de nariz em
pé.
Dou três passos em sua direção e já estou com minha mão direta
circulando seu pescoço, enquanto ela está contra o piano.
— Não brinque comigo, Katharina, eu não gosto de jogos e quando
mandar um presente é porque quero você usando-o!
— Você vai encontrar o seu presente no seu quarto, ou o que sobrou dele.
— Ela fala, sem se intimidar com minhas mãos apertando seu pescoço,
deixando-a sem ar.
Quando vejo sua pele branca ficando vermelha e seus olhos ficando
zonzos, eu a solto, vendo-a ter dificuldades para recuperar o ar.
— Te espero na festa, temos muito para comemorar, querida esposa. —
Falo, virando as costas e saindo.

A festa estava a todo vapor, o lugar todo decorado, realmente os


Castelaresi gostavam de ostentar suas riquezas. Dentre os convidados havia
pessoas influentes no país, entre políticos, artistas e empresários russos que
poderiam vir futuramente a fazer negócios com a Cosa Nostra. O casamento era
o grande acontecimento desse ano.
— Pensei que tinha pulado a festa para ir logo para parte da noite de
núpcias — diz meu irmão Lorenzo assim que me vê entrando no salão.
— Infelizmente, há certas coisas que temos que suportar, como toda essa
baboseira de festa de casamento. — Falo, entediado.
— Você poderia ao menos fingir que está feliz com o casamento. Tenho
certeza que muitos homens dariam tudo para ter uma noite com Katharina.
— Tenho certeza que sim, mas o único que estará fazendo isso serei eu
— digo, aceitando uma taça de champanhe do garçom.
Muitas pessoas vêm nos cumprimentar; bando de falsos e puxa sacos,
arrogantes, que querem conhecer o milionário Salvatore Rinna. O italiano que
agora também tem muita influência na Rússia. Forço o meu melhor sorriso para
todos. Natasha se mantém afastada, sentada em uma mesa reservada para meus
irmãos. Vicenzo conversa de maneira animada com uma morena de vestido rosa.
Eu estava entretido em uma conversa sobre exportação com Mikhail Smirnov,
dono da maior frota marítima da Rússia, tudo que era exportado para fora do
país passava por seus navios. E foi então que ela entrou. Katharina tinha trocado
o vestido de baile negro por outro, curto, que deixava suas pernas à mostra, mas
como a afrontosa que é, esse também era preto.
— Querido, vejo que já conhece o senhor Smirnov — fala ela com um
sorriso falso. Uma coisa eu não posso negar, ela tem fibra.
— Sim, estávamos combinando de ele ir até a Itália, conhecer as belezas
da Sicília.
— Perfeito, leve Charles com você, será ótimo revê-lo.
Mantendo minha mão em sua cintura, vamos até um fotógrafo tira várias
fotos. Há um desfile de mulheres com seus vestidos extravagantes e suas joias
caríssimas. Todos querendo fazer parte do casamento da minha bela esposa,
Katharina Peshkov Castelaresi.
Vejo meu cunhado vindo em nossa direção. Aslan Peshkov Castelaresi.
Katharina se afasta de mim e abraça o irmão, seu olhar já diz o quanto ele
odeia o fato de sua irmãzinha agora pertencer a mim. Ele beija o rosto da irmã e
me olha firme.
— Você tem um tesouro nas mãos, Rinna, espero que não o perca! — Ele
fala, me afrontando.
— Realmente sou um homem de sorte, não se preocupe, sou possessivo
com o que me pertence. — Falo, olhando para Katharina que, se pudesse, me
matava com seu olhar.
— Tenho um presente de casamento para você, princesa! — Fala, me
ignorando e tirando um envelope do paletó, que entrega para a irmã.
— Uma semana nas ilhas Maldivas. — Katharina lê em voz alta e olha
para o irmão, confusa.
— Eu sei que sempre quis conhecer, então por que não aproveitar esse
momento para ir relaxar? — Ele diz, sorrindo.
— Agradeço pelo presente Castelaresi, mas eu e minha esposa teremos
que recusar. Tenho muito a resolver na Itália e não tenho tempo a perder com
viagens desnecessárias.
— Mas é a lua de mel da Katharina — fala Aslan, revoltado.
— Claro que é, mas minha esposa vai entender que os negócios vêm em
primeiro lugar.
— Não se preocupe, Aslan, terei outras oportunidades para desfrutar das
ilhas Maldivas em melhor companhia. — Diz, devolvendo as passagens.
— Vem, está na hora da dança dos noivos. — Falo, arrastando Katharina.
— Tem certeza que isso é preciso? Você já conseguiu o que queria;
precisa me expor ao ridículo?! — Ela questiona, nervosa.
— Que tipo de casamento seria esse sem a valsa dos noivos? — sorrio, a
levando para o centro do salão.
Faço um gesto com as mãos para os músicos começarem a tocar “Stay
High”. Katharina dá dois passos para trás, ficando em minha frente, os
convidados se afastam e todos se reúnem para ver a dança dos noivos. A melodia
sexy toma conta do salão, me aproximo dela pegando sua mão, a fazendo girar
rapidamente e parar em meus braços.
— Está pronta para nossa noite, bella rosa?
— Você não imagina o quanto. — Sorri enquanto arrasta a perna entre as
minhas.
Puxo seu corpo, mantendo-o colado ao meu enquanto sussurro em seu
ouvido.
— Você não imagina os planos que tenho para essa boquinha afiada.
— Eu não tenho medo de você, esposo! — Diz assim que a levanto no
alto e desço arrastando seu corpo ao meu lentamente.
— Bom saber, bella rosa.
Encerro a música com todos os convidados batendo palmas. (Não entendi
essa frase)
— Parabéns aos noivos mais apaixonados da Rússia — fala Natasha,
debochando. E vem até nós, me beija no rosto, bem próximo da minha boca, me
deixando enfurecido.
— Obrigada, querida, tenho certeza que iremos nos dar muito bem.
Sempre fui muito amiga da criadagem aqui na Rússia, e não será diferente na
Itália. — Fala Katharina
— Cunhada, você está maravilhosa — fala Lorenzo, percebendo o clima
tenso.
— Obrigada, você é o Lorenzo certo?! — Katharina pergunta, já que ele
e Vicenzo são idênticos.
— Exatamente, o irmão mais bonito; por isso, mereço a honra de dançar
com a mulher mais bonita de toda Rússia. — Ele fala, me provocando.
Katharina nem espera eu dizer não, ela sai acompanhando-o.
— Não demore, querida. — Falo firme, olhando para o meu irmão, que
entende o recado. — Faça as malas Natasha e peça para Chaise te levar ao
aeroporto, quero você fora da Rússia hoje.
— Mas Dimitri, eu ia voltar no jatinho com você!
— Falou bem, Natasha, você ia, mas quem dá as ordens aqui sou eu e seu
comportamento está me fazendo questionar se não está na hora de trocar de
cadela.
— Me perdoe, senhor, eu acabei bebendo demais e deixei o ciúme falar
mais alto. —diz, arrependida.
— Volte para a Sicília e resolverei sua falta de disciplina quando estiver
no calabouço. — Falo e noto que ela engole em seco.
Fico irritado por ter que lidar com esse tipo de problema estúpido.
— Posso pegar minha esposa de volta, irmão? — digo de forma
autoritária e irônica, me aproximando dos dois.
— Claro, mano, só estava contente por saber que a nossa família está
aumentando e quem sabe em breve teremos bambinos pela casa. — Ele fala e
Katharina fica pálida, o que me diverte, afinal logo estaremos fazendo
justamente isso.

Depois da dança com Lorenzo, Dimitri estava se comportando de


maneira estranha, posso dizer até um pouco possessivo; a puta italiana sumiu,
provavelmente devia estar revoltada em algum canto. Ainda tive que cortar bolo
e posar para outras fotos. Eu me sentia a melhor atriz de Hollywood, merecia um
Oscar pela minha bela atuação nesse ridículo que é esse casamento. Como se
todo mundo aqui não soubesse do que se trata essa cerimônia.
A maioria dos convidados já estava indo embora e eu comecei a ficar
temerosa com o que aconteceria a seguir, só de imaginar esse monstro me
tocando, sentia as náuseas tomando conta do meu corpo.
Eu já tinha perdido a conta de quantas taças de champanhe tinha tomado,
enquanto fingia ser a filha perfeita para o grande senhor Castelaresi.
— Acho melhor subirmos, já está tarde — diz o desgraçado, tirando a
taça da minha mão.
— Eu vou na frente — falo, ficando de pé e não esperando ele responder,
Caminho para a saída do salão, indo direto para as escadarias com o coração
acelerado. — O que vou fazer agora? — Pergunto a mim mesma quando chego à
porta do meu quarto.
Assim que entro, me deparo com a cama cheia de rosas vermelhas, uma
bandeja com champanhe e morangos. E não é só isso, há velas por toda parte.
Mamãe só pode estar ficando louca. Tomo o banho mais rápido da minha vida, a
todo o momento com medo que ele invada o meu quarto e venha exigir seus
direitos como marido.
Entro no closet, colocando a primeira camisola que vejo pela frente, não
tenho muito tempo, logo ele estará aqui, preciso encontrar uma forma de me
defender.
Ando pelo quarto tentando encontrar uma saída, olho pela janela do meu
quarto, cogitando até mesmo pular, mas há seguranças armados lá fora e não
conseguiria fugir uma segunda vez.
Abro as gavetas da minha penteadeira e me lembro do presente que
ganhei do meu irmão, quando fiz quinze anos. Ainda está na caixa, nunca a usei
por achar linda demais para usar nos treinos. Um pequeno punhal de prata com
pedras de brilhante formando um desenho de uma rosa. Coloco-a em minhas
mãos, escondendo atrás das minhas costas, tremendo ao ouvir passos próximos a
porta.
— Que Deus me ajude, preciso seguir em frente, não posso deixar esse
monstro me tocar.
Lentamente a porta abre e então posso vê-lo entrar no quarto com a
mesma roupa da cerimônia, a única diferença é que não usa mais o paletó. Em
suas mãos está um dos retalhos do vestido que ele comprou. Provavelmente deve
ter achado em seu quarto, onde deixei.
— Você destruiu o vestido que comprei para você!
Ele não está perguntando, sua voz é tão fria que sinto até a temperatura
do quarto mudar.
— Não foi você quem comprou e sim sua puta, não pensou mesmo que
eu usaria um vestido comprado pela sua amante! — Digo, sarcástica.
— Aonde você quer chegar com essa rebeldia, bella mia? Você não
percebe que não adianta lutar, já estamos casados e você agora me pertence!
— Eu não sou um objeto para pertencer a ninguém, saia do meu quarto,
você tem sua amante, não precisa de mim! — Digo, nervosa com a sua
proximidade.
— Aí que se engana bella mia, você é minha esposa e preciso de um
herdeiro. Você sabe como as coisas funcionam na máfia, não se finja de
inocente. — Fala, colando seu corpo ao meu.
— Eu não vou dormir com você! Eu tenho nojo de você, Dimitri, te
odeio com todas as minhas forças.
— Não me importo com seu ódio, Katharina, tudo que quero de você é
seu nome e um filho, se você me odeia ou não, para mim não importa. — Diz,
apertando meu maxilar, enquanto puxa meu rosto para o seu, me beijando
duramente. Escolho esse momento para agir, empurro-o com toda a minha força
para frente e coloco a faca contra sua garganta.
— O que pensa que está fazendo?! — Pergunta tranquilamente, como se
eu não tivesse pressionando uma faca contra sua garganta.
— Eu disse que você não ia me tocar, eu não serei sua boneca inflável.
— Falo com ódio, deixando lágrimas de raiva caírem pelo meu rosto.
— Você está enganada, bella mia, você já é minha, toda minha — fala e
me surpreende ao girar a perna contra mim e me derrubar na cama. — Você
passou dos limites, Katharina, primeiro fugiu, envergonhando minha família.
Depois, teve a audácia de tentar atirar em mim, destruiu o vestido que comprei e
como se não fosse o suficiente, ainda tenta cortar minha garganta. Não pensou
mesmo que ia escapar ilesa, você tem sorte de ser a minha esposa, se fosse outra
pessoa, agora estaria morta sobre essa cama, provavelmente degolada.
— Então me mate de uma vez, é melhor do que ser casada com um
monstro como você.
— Te matar, meu amor?! Não, jamais, preciosa, você vale muito para
mim, Katharina Castelaresi. Você é meu troféu e logo carregará meu herdeiro em
seu ventre.
— Nunca vou abaixar a cabeça para você, muito menos vou engravidar
de um maldito.
— A bella rosa, você não imagina a vontade que tenho de te surrar nesse
momento — fala, passando a mão livre pelo meu colo, apertando forte meu seio
direito a ponto de doer. Mas não me movo, nem reclamo, mantendo meu olhar
de ódio firme para ele.
— Não imagina o que faria com sua pele pálida, bella mia, com esses
lábios carnudos. — Toca meus lábios com seus dedos, enquanto eu tento me
libertar.
— Me solta! — Grito, me debatendo e então ele coloca o joelho contra a
minha coxa e vai subindo minha camisola até chegar na minha calcinha.
Em pânico eu me vejo sem saída e acerto uma cabeçada forte nele.
Dimitri me solta rosnando de dor, sinto que cortei minha testa, mas não tenho
tempo de pensar nisso, pois, pulo da cama assustada e tento pegar o punhal. A
Besta é mais rápida e, ao tomar o punhal de mim, ele a coloca no bolso da calça.
— Esse jogo de gato e rato já está me cansando, posso ficar a noite
inteira aqui. Mas você não vai aguentar muito — aponta para minha testa, que
sangra.
— Vá embora, você já conseguiu o que queria, eu já sou sua
esposa, agora me deixe em paz. — Falo, limpando o sangue que se mistura com
minhas lágrimas.
Ele se abaixa, pega o retalho do vestido de noiva do chão e vem em
minha direção. Eu até tento me proteger, mas nada o impede de vir até mim.
Meu corpo choca contra a parede e me sinto encurralada, como um animal ferido
pronto para o abate. Ele levanta meu rosto para si e usa o retalho para estancar o
sangue.
— Não vai precisar de pontos, mas provavelmente sua cabeça estará
explodindo amanhã.
— Não preciso da sua ajuda, saia do meu quarto!
Tento me esquivar do seu toque, mas ele é mais forte e pressiona os
dedos contra meu rosto, mesmo eu me debatendo.
— Fique quieta, nós dois sabendo que você não é tão delicada como
parece.
Com as duas mãos eu empurro seu peito forte, tentando me afastar.
— O que você pensa que está fazendo? Você ainda não entendeu que é
minha, Katharina! — Diz, colocando seu dedo, sujo com meu sangue, na boca
— Você é tão doce, bella mia, imagino se sua boceta é tão doce quanto seu
sangue. — Fala, me olhando como uma cobra venenosa, pronta para dar o bote.
— Me deixa sozinha, eu nunca vou ceder a você!
— Não, essa é nossa noite de núpcias e você é minha querida, será toda
minha para usar do jeito que eu quiser. — Fala, tirando a gravata.
— Tudo bem, me tome à força, na verdade eu não espero nada menos do
que isso, vindo de uma animal como você. Mas saiba que, quando me tocar,
quando me beijar, estarei pensando no Ivan. — Digo por fim, me conformando
com o meu destino.
— Não brinque comigo, Katharina, eu não gosto de jogos! — Rosna,
abrindo os botões da camisa social, deixando o peito forte e bronzeado a mostra.
— O que foi, pensou que eu era virgem, que estaria aqui de braços
abertos esperando por você?! — Falo de cabeça erguida, percebendo o choque
em sua expressão.
— Você! Não ousou?
Ele não termina a fala, pois suas mãos estão no meu pescoço, me
pressionando contra a parede.
— Isso mesmo. Ivan foi meu primeiro e não imagina o quanto eu fico
feliz por ter sido assim! Você pode me tomar à força, mas saiba, isso não muda o
fato que amo outro.
— É bom saber que não precisarei pegar leve com você, bella rosa —
fala, soltando meu pescoço. Eu me encolho, tremendo em busca de ar, sentindo
uma vontade tremenda de vomitar.
Dimitri se afasta de mim, passa as mãos pelo cabelo, nervoso. Suas mãos
tremem, ele me olha com tanto ódio que sinto que será o meu fim. Eu mal
consigo me mexer, ele vem até mim, me levanta e me joga novamente contra a
cama.
— Como pode deixar aquele maledeto traidor tocar em você, no que me
pertence?! — Diz, fora de si, com os olhos escuros e o rosto petrificado, se antes
ele já era assustador, agora chega a ser apavorante. Ele rasga minha camisola em
duas. Me deixando apenas de calcinha em sua frente.
— O que você está fazendo, sai de perto de mim, eu te odeio seu
mostro!!
Uso minhas mãos para tampar meus seios.
— Eu não importo que me odeie Katharina, pois saiba que seu ódio é
plenamente correspondido! — Fala e beija meus lábios...
Não, não pode ser. Ela não deixou aquele maledeto traidor tocá-la. Eu
sabia que deveria ter dado uma morte lenta para aquele miserável. Quem sabe
arrancar a pele das suas mãos e depois queimá-lo, por ter ousado tocar no que é
meu! Ela usa as mãos e tenta tapar os seios fartos, mas não consegue escondê-los
do meu olhar. Katharina é realmente bela, como uma rosa delicada e
perfeita, não que não tenha tido mulheres maravilhosas em minha cama, contudo
há algo diferente em Katharina, algo que me enfurece, algo que me deixa louco
para submetê-la aos meus desejos obscuros.
— Não importa que me odeie Katharina, pois saiba que seu ódio é
plenamente correspondido! — Falo e a beijo bruscamente, mordendo seu lábio
inferior, sentindo sangue doce escorrer dos seus lábios.
Ela geme de dor e eu aproveito esse momento para chupar sua língua. A
Besta dentro de mim ruge para que eu a faça minha, que a submeta, que a faça
obedecer e a castigue com meu chicote de tiras, até que ela aprenda que é minha
e de ninguém mais.
Ela solta os seios e tenta me empurrar, mas tudo que consegue é que eu
pressione meu corpo sobre o seu, sentindo seus seios em meu peito, fazendo com
que eu fique ainda mais duro. Katharina bate em meu peito, tentando se soltar e
antes que eu segure suas mãos ela me morde e eu a solto.
— O que vai fazer, me estuprar?! É só assim que consegue uma mulher?!
Bem que me avisaram que os italianos são animais. — Fala furiosa, mas posso
ver o medo em seu olhar.
Me levanto da cama, rindo da maneira como ela age, em uma hora é
como uma fera indomável, no segundo seguinte ela é apenas uma raposa
amedrontada. Katharina Castelaresi é uma caixinha de surpresa.
— Você não precisa temer, bella mia, não a tomarei à força, não preciso
disso, muito menos com minha esposa. Você, como uma Bratva, deveria saber
que na Cosa Nostra não toleramos esse tipo de barbárie. — Dou dois passos em
sua direção, Katharina engole em seco. Pego uma mecha dos seus cabelos loiros,
sentindo o quanto são macios. — Não preciso tomar uma mulher à força, bella
mia, elas vêm de bom grado a minha cama e com você não será diferente. Ainda
a terei nua de joelhos para mim; apenas esperando para que eu possa castigá-la,
submetê-la e subjugá-la aos meus desejos perversos. Pode apostar, querida
esposa, isso não vai demorar a acontecer.
— Nunca, eu nunca serei sua, odeio você!
— Posso conviver com seu ódio Katharina, será apenas mais uma pessoa
me odiando nessa vida! — Falo, pegando a pequena faca com a qual, minutos
atrás, ela tentou me matar.
— O que vai fazer?! — Diz trêmula, dando um passo atrás.
— Você entregou aquilo que me pertencia a outro, você humilhou meu
nome e desonrou nosso compromisso, isso já seria o bastante para que tivesse o
direito sobre sua vida e a matasse. Ninguém ousaria me questionar — Aponto a
faca em sua direção, a vendo ficar pálida. — Você não sabe o que despertou em
mim. — Falo friamente, a deixando ciente do que virá a seguir nesse casamento.
Seguro seu pulso e uso a faca contra a sua pele branca. A faca fica
vermelha e sangue escorre pelo pulso delicado, em seguida pego o lençol branco
da cama e envolvo em seu pulso machucado, Katharina não diz nada, apenas
observa quando pego a tira de tecido que sobrou do vestido de noiva, tiro o
lençol e amarro em seu pulso. Recolho minha camisa, vestindo-a sem olhar para
ela.
— Entenda de uma vez por todas, Katharina, não adianta lutar contra
mim, todas as vezes que tentar me desafiar ou manchar o meu nome, ou da Cosa
Nostra, saiba que retaliarei três vezes mais. Não se esqueça que acidentes
acontecem e você não vai querer que sua prima querida, ou seu amado irmão,
sofram por sua desobediência.
— Você não seria capaz! — Ela fala, deixando as lágrimas tomarem
conta do seu rosto. — Terá que pagar para ver, bella mia! — falo, pegando o
lençol, levando comigo e deixando ela sozinha no quarto.

Desço as escadas em direção à sala e assim que entro vejo o olhar


apreensivo de Andrei. Provavelmente com medo que eu diga que a filha dele
abriu as pernas para o traditore e exija que ela pague por essa desonra.
— Onde está Katharina? — Pergunta Aslan, deixando a taça de
champanhe no aparador.
— Provavelmente descansando depois de eu tê-la fodido! — digo com o
sorriso frio.
Ele não se controla, vem em minha direção para me acertar, porém
Andrei entra na frente.
— Ele é marido dela, Aslan, está no direito de fazer o que quiser com sua
irmã, depois do que ela fez, temos que agradecer ele ainda a ter aceitado.
— Ela é sua única filha, como pode deixar esse homem falar assim dela?!
— Diz ele, exasperado e não espera resposta, sai da sala batendo a porta.
Jogo o lençol com sangue de Katharina sobre o sofá.
— Amanhã partimos para a Itália, nosso pacto foi selado hoje, agora a
Cosa Nostra tem o apoio dos Bratvas, como também poderei usar os navios da
sua companhia para transportar nossa mercadoria.
— Eu cumprirei minha palavra, Rinna.

Eu sempre achei que a morte era melhor que a vida, ao menos na morte
encontraremos nossos entes queridos e eu não precisaria viver sendo
atormentada pelo próprio demônio. Talvez, Deus se compadecesse da minha
alma e eu iria para o purgatório e estaria livre das garras dessa Besta. Depois que
Dimitri saiu do meu quarto, eu desabei, tentei ser forte e enfrentá-lo, mas não foi
como imaginei, ele usou minha família contra mim. E agora o ódio que eu tinha
dele triplicou.
O álcool já tinha saído do meu corpo, depois das horas que passei
embaixo do chuveiro frio. Enquanto fazia um curativo em meu pulso, comecei a
perceber que fui impulsiva até mesmo ingênua ontem à noite. Se quisesse
sobreviver, teria que aprender não só a jogar, como também a derrotá-lo. Ele
deve ter algo ou alguém que ama e quando tirasse isso dele, Dimitri saberia o
que é o verdadeiro sofrimento.
Eu mal consegui dormir, com medo que ele entrasse pela porta do meu
quarto e exigisse o que ele acha que é dele. Assisti o dia amanhecer, o espetáculo
tomando conta de toda a Rússia, a neve continuava a cair, provavelmente essa
seria a última vez que veria o nascer do sol na Rússia. O relógio na cabeceira da
minha cama marcava sete e cinquenta, logo estaria partindo e precisava me
preparar antes que ele mesmo viesse me buscar.
Escolho uma saia branca confortável, um corpete preto e uma sandália de
salto fino. Dou um jeito no meu rosto inchado com corretivo e não demora muito
para baterem na minha porta. Abro e vejo Ivana, minha segunda mãe, ou melhor,
minha antiga babá, minha e de meu irmão e cuidou da gente desde o nascimento.
Tenho um carinho imenso por ela.
— Já está pronta, princesa?
— Sim, Nana, vou chamar Elfie para terminar as minhas malas.
— Eu vim me despedir de você, ainda me custa acreditar que deixará
essa casa, minha filha.
— Por que se despedir Nana? Eu avisei que se chegasse a casar com o
maldito você iria comigo para a Itália.
— Eu sei, meu anjo, mas seu marido me encontrou no salão rosa e disse
que não precisaria dos meus serviços na Itália, já tinha empregados suficientes.
Não sei como ele descobriu que eu iria com você, mas pelo visto, ele não gostou
nada.
— Ele não pode fazer isso Nana, ele não pode me tirar você, já não basta
tudo que estou perdendo? — Digo, inconformada com essa situação, ele só pode
estar me castigando, como falou. — Não se preocupe, Nana, eu vou dar um jeito,
prometo — digo, abraçando-a — Isso não será uma despedida, vou mandar
buscar você — beijo seu rosto.
— Estão todos te esperando para o café, seu marido já mandou preparar o
jatinho; os carros já estão todos prontos para levar vocês até a pista.
— Tudo bem, eu já estou pronta. — Sorrio, não querendo que ela
perceba o quão triste eu estou. Já basta uma pessoa infeliz nessa história, não
quero que Nana se preocupe, nem ela, nem Aslan e muito menos mamãe.

Na mesa do café, estavam todos reunidos, com exceção do meu irmão e


não estranhei por ele não estar, provavelmente está adiando o máximo que pode
nossa despedida.
— Filha, estávamos aguardando você para o café. Como dormiu? —
Pergunta mamãe.
— Estou bem mãe, apenas gostaria que meu querido esposo me
explicasse por que Nana não vem comigo para a Itália? — Questiono, me
sentando ao lado do meu querido marido.
— Acho que você já está bem grandinha para precisar da sua babá,
esposa. — Ele fala sério e Vicenzo, seu irmão, mantém o olhar fixo em mim,
como se dissesse com o olhar que não sou nada para seu irmão.
— Nana é mais do que uma empregada, eu deixei claro que ela iria
comigo!
— Como sou seu marido, você deve respeitar a minha decisão e nesse
momento, eu decidi que ela não vai! — Diz, elevando a voz. Eu me seguro para
não espetar a mão dele com o garfo. Olho para mesa e todos se mantêm calados,
ignorando a discussão, apenas Lorenzo sorri feliz, enquanto uma empregada
serve o seu café.
— Você está linda está manhã, bella rosa, não vamos brigar na frente dos
seus pais, não é? — fala, pegando minha mão e levando-a os lábios, fazendo o
papel de perfeito ator. Preciso me segurar para não limpar minha mão, que
queima com seu toque.

O café passa de maneira lenta, noto que a puta italiana não veio tomar
café, provavelmente deveria estar dormindo ainda. Imagino que o meu querido
marido deva ter terminado a noite de ontem na cama dela.
Por fim, era a hora de partir e eu ainda não tinha visto meu irmão.
Mamãe não parava de chorar e dizer que iria me visitar assim que pudesse, meu
pai apenas beijou minha testa e disse que sentia orgulho de mim. Talvez um dia
eu conseguisse perdoá-lo, mas nesse momento a mágoa é grande demais. Minhas
malas já estavam no carro, os irmãos de Dimitri já tinham partido na frente, mas
me recusei a ir sem me despedir de Aslan. O olhar bravo de Dimitri já dizia que
ele não esperaria muito tempo, todavia, quando vi o Porsche preto chegando,
respirei aliviada, sabendo que ele tinha voltado para se despedir de mim.
— Me desculpe o atraso! — Fala Aslan, me abraçando.
— Não se preocupe, o importante é que está aqui, tive medo de que não
conseguiria me despedir de você — falo baixo, apenas para ele ouvir.
— Eu bebi demais ontem, quando acordei, vim correndo com medo de
que já tivesse partido. — Passa a mão direita no meu cabelo.
— Eu vou sentir sua falta. — Falo, limpando o rosto.
— Eu também, pequena — ele me chama pelo apelido que me deu ainda
criança.
— Promete que isso não será uma despedida, que vou te ver novamente.
— É claro que sim, nem que eu precise invadir a Itália para vê-la.
— Eu te amo, irmãozão.
— Eu também te amo, pequena.
Depois de me despedir do meu irmão, Dimitri me levou até o carro e dali
em diante toda a minha vida mudaria. Entrei naquele jatinho sabendo que
precisaria ser forte por mim e por aqueles que amo.

A viajem da Rússia a Itália foi longa, quase sete horas aguentando


Dimitri sentado ao meu lado. Ele se distraiu com o computador, mas volta e meia
eu sentia seu olhar sobre mim. Algo me chamou atenção, a tal Natasha não
estava no jatinho, e mesmo curiosa não quis perguntar o porquê. Vicenzo,
durante uma parte do voo, entrou por uma cabine, provavelmente atrás da
aeromoça. Dormi durantes as últimas horas do voo e, no começo da tarde,
estávamos pousando em solo italiano.
— Seja bem vinda à Itália, cunhada — fala Lorenzo, como sempre de
alto astral, quando descemos do jatinho.
O clima estava languido e ensolarado, noto durante o percurso de carro,
as grandes palmeiras exóticas e o perfume inebriante das laranjeiras e dos
famosos limões sicilianos. Um recém chegado a Sicília poderia dizer que é o
lugar mais agradável do mundo, tirando, claro, o fato de pertencer a Cosa Nostra
e do próprio demônio reinar sobre ela. A ilha mais bela do mediterrâneo, o berço
da maior máfia do mundo. Conforme o carro vai se afastando da cidade, posso
ver a beleza da fortaleza construída em pedra.

A noite já tomava conta do céu, mas ainda assim pude admirar a bela
fortaleza, ou melhor, o castelo de Vênus no topo de uma montanha com vista
para o mediterrâneo. Além de ser bem distante da cidade, o castelo ainda conta
com uma muralha bem protegida e uma ótima visibilidade.
Quando soube que ficaria noiva da temível Besta da Itália, eu tive que
aprender o máximo que podia sobre ele, mesmo que muitas das informações que
encontrei fossem genéricas, no entanto eu queria saber onde estava me metendo.
Com o carro já dentro da fortaleza, Dimitri me ajuda descer e então posso
admirar, porque não tem como não admirar a grandeza rústica desse lugar, um
tanto sombrio e ao mesmo tempo fascinante.
— Seja bem vinda a sua nova casa, bella mia. — Fala Dimitri, olhando
para mim enquanto eu não tiro meus olhos da construção histórica.
— Obrigada — falo, sendo educada e o acompanho para a entrada onde
vejo uma fileira de empregados do lado de fora, assim como outros homens de
Dimitri.
Por ser o “Boss” da Cosa Nostra ele tem que manter a segurança
redobrada, há muitos conflitos na organização, assim como na Bratva.
— Essa é minha esposa, Katharina Peshkov Castelaresi Rinna, devem se
referir a ela a partir de agora como senhora da casa — ele fala firmemente aos
empregados, que acenam, provavelmente com medo dele.
Será que ele é carrasco até com os empregados? Me pergunto
internamente.
Lorenzo e Vicenzo entram sem nem ao menos nos esperar, Dimitri me
acompanha até a sala, porém não tenho tempo de reparar em nada, pois o que me
chama atenção é Natasha descendo as escadas com um sorriso debochado e uma
roupa pra lá de vulgar.
— O que ela está fazendo aqui?! — Pergunto a Dimitri.
— Que bom que chegaram, aguardava ansiosa por vocês! Seja bem
vinda, Katharina.
— Me chame de senhora, não sou sua amiga e não te dei liberdade para
me chamar pelo primeiro nome!! — falo curta e grossa, e noto que Dimitri revira
os olhos, entediado.
— Vou levar você para conhecer o quarto, nós conversamos depois
Natasha! — Ele fala para ela e eu me pergunto até onde essa atrevida pensa que
vai!
Subo a escadas com ele atrás de mim e nem me digno a olhar para a puta
que sorria, debochando de mim. Pelo visto terei que dar a essa galinha uma
lição. Pois, se demorar muito é capaz dela querer sair voando. Eu mal consigo
prestar atenção à decoração, estou com muita raiva, até ele abrir a porta da única
suíte do terceiro andar, pelo menos foi o que reparei.
— Esse é nosso quarto — fala, abrindo a porta para mim.
O quarto é tão sombrio quanto o dono, detalhes em madeira, uma
decoração bem masculina. Um arrepio passa pela minha espinha ao imaginar que
dormiríamos juntos.
— Você dorme aqui? — Pergunto, mesmo já imaginando a resposta.
— É claro, esse é nosso quarto de agora em diante — fala abrindo o
paletó e jogando o mesmo sobre uma poltrona de couro marrom.
— Prefiro um quarto só para mim, não importa onde seja, só não quero
ter que dividir a cama com você.
— Isso está fora de cogitação, você dorme comigo, afinal como acha que
meu herdeiro será feito, e o que os empregados irão falar sabendo que acabamos
de nos casar e minha esposa dorme sozinha?
— Eu não me importo, só quero estar longe de você!
— Sinto em lhe decepcionar, minha cara, mas você ficará aqui comigo e
chega de discutir esse assunto.
— Então, já que não quer falar sobre isso, me responda o que sua puta
está fazendo aqui! — Digo, afrontando-o

Estou cansado da viagem e ainda tenho a preocupação com o


carregamento de armas que foi descoberto e roubado pelo Calvatário. Na minha
mente só vem uma coisa, temos um “x9” na família, alguém não fez bem o seu
trabalho. E ainda tenho que lidar com uma esposa e a falta de disciplina de
Natasha.
— Não vai responder? — Ela questiona quando eu termino de desfazer o
nó da minha gravata, em seguida abrindo a camisa.
— Natasha é minha assistente e como preciso dela o tempo todo, nada
mais justo que ela morar aqui. — Falo, entediado com a toda essa baboseira de
mulheres.
— Você pensa que eu sou burra, Dimitri, pensa que não sei que ela é sua
amante?
— O que foi, bella mia, está com ciúme da minha assistente?
— Não me tire por imbecil, porque eu não sou! Por mim, tanto faz se tem
uma ou até mil amantes, a única coisa que não aceito é que me desrespeite, você
já fez isso quando, dentro da minha casa, fodeu com essa vagabunda. Não vai
fazer o mesmo a mantendo debaixo do mesmo teto que eu vivo.
— Você está se esquecendo que não é você quem dá as ordens aqui. A
casa é minha e vive aqui quem eu quiser! — Falo, tirando o cinto da calça e
abrindo a mesma.
— Tudo bem, querido, talvez seja até bom deixar a sua puta aqui, assim
eu posso ensinar umas coisinhas a ela. — Ela sorri, mas seu olhar já diz que não
vai facilitar as coisas. Katharina se mostra a cada segundo mais interessante,
talvez não seja de todo ruim ser casado com ela. Faz tempo que estou precisando
de um desafio e submetê-la será um prazer indescritível.
— Eu não tenho tempo para sua birra, Katharina, só faça o favor de não
tentar abrir a porta ao lado do meu closet. E nem pense em fugir, pois a única
coisa que vai conseguir é me enfurecer. — Tiro a boxer e sorrio, vendo seu rosto
ficar vermelho e ela desviar os olhos.
— O que tem nessa porta? — Ela pergunta, sem ter coragem de olhar
para o meu pau, que está duro só de imaginá-la sendo açoitada.
— Nada que precise, saber ao menos por agora! — Falo, deixando-a
estática e entro no banheiro.
Vou direto para o chuveiro e deixo a água quente relaxar meus músculos
tensos e tento não pensar em subjugar Katharina. Fico um bom tempo no
chuveiro pensando em várias coisas para acalmar meu pau. Uma delas é o
prejuízo que tive, preciso urgentemente de um federal na lista de pagamento, só
assim ficarei um passo à frente deles, caso queiram fazer outra operação contra a
Cosa Nostra.
Após terminar meu banho volto para o quarto, encontrando-o vazio,
provavelmente Katharina deve ter descido para conhecer a fortaleza. Ela não
ousaria tentar fugir, ou tentaria! Essa mulher irá me enlouquecer. Me visto
rapidamente, passo meu perfume, em seguida ajeito meu cabelo, notando alguns
fios brancos. Penso que já está na hora de ter um filho, não falta muito para
chegar aos quarentas e para um italiano, família é dever e honra. Saio do quarto,
indo direto para o meu escritório, a porta está aberta e Vicenzo já me aguarda,
assim como Natasha, que estava concentrada no Ipad.
— Onde está Lorenzo? — Pergunto, estranhando meu consigliere não
estar aqui!
— Ele foi até a sede falar com os responsáveis pelo carregamento, vai
tentar descobrir alguma coisa que nos leve ao responsável.
— Natasha, ligue para Aleksei e compre um novo carregamento para
essa semana. Só que agora o carregamento não virá de avião e sim de navio; vou
aproveitar o acordo com os Castelaresi.
— Precisamos descobrir quem foi o traidor que nos entregou — Vicenzo
diz, irritado.
— Marque uma reunião para amanhã com todos os capos da família,
quero o nome do traidor nessa reunião e espero isso resolvido até amanhã.
— Certo.
— Algo me diz que estamos sendo traídos e essa informação não escapou
por um associado e sim um de um membro. — Falo, pensativo.
— Temos que ficar em alerta com a eleição de Berlusconi, as coisas
podem começar a ficar complicadas para a família. — Fala Vicenzo, me
lembrando do senador.
— Ainda não acredito que esse carcamano conseguiu sobreviver e pior,
se tornou senador da república com seu discurso de acabar com a máfia italiana e
com a Cosa Nostra — acerto a mesa, lembrando do maldito sortudo que
conseguiu escapar de dois atentados que preparamos para ele.
— Sei que temos assuntos mais importantes para resolver, mas ainda
temos que decidir o que vamos fazer com o dinheiro do subsolo. Nós estamos
gastando cerca de trinta mil euros só de elástico para prender o dinheiro. Com o
excesso de cédulas estamos tendo problemas com ratos e mofo no dinheiro, sem
contar o gasto com pesticidas.
— Como vamos resolver isso se não podemos simplesmente colocar esse
dinheiro no banco? — fala Vicenzo, me deixando pensativo.
— O que iremos fazer então? — Pergunta Natasha.
— Vamos lavar, vamos lavar todo o dinheiro da Cosa Nostra...
Esperei apenas Dimitri entrar no banheiro para sair do quarto, meu
coração ainda estava acelerado. O maldito desgraçado tinha que tirar a roupa na
minha frente, se soubesse o quanto eu o odeio não faria isso. Mas, uma coisa não
posso negar, o maldito é lindo, merda, lindo não é palavra apropriada. Encosto
minha cabeça contra a parede do corredor e tento recuperar o meu raciocínio.
— O que é que deu em mim?!
Espanto essas tolices e desço as escadas para o segundo andar, onde
provavelmente deve ficar a maioria dos quartos. Imagino que vou demorar um
tempo para conhecer toda a fortaleza. Os corredores são mal iluminados, mas
isso não significa que seja menos bonito; talvez o aspecto sombrio e medieval se
dá ao fato de pertencer ao próprio diabo. Provavelmente essas paredes devem
esconder muitos segredos.
— Segredos esses que preciso saber — sorrio, abrindo a primeira porta.
O quarto está vazio, mas aparentemente é apenas um quarto de hóspede.
Abro a porta de frente a esse e sorrio ao notar que entrei no quarto da сука.
Fecho a porta atrás de mim, tomando cuidado para não ser vista. O quarto é bem
luxuoso, a cama king size ostenta lençóis de seda. Há uma foto dela na parede
vestindo uma lingerie vermelha e não posso negar que Natasha é muito bonita,
pena que o que tem de bonita tem de burra.
Como se sujeitar a ser amante de um homem, é, no mínimo, falta de
amor de próprio.
Na penteadeira, perfumes franceses e algumas maquiagens, abro a porta
do closet e olho as várias roupas de grifes famosas.
Depois de conhecer o terreno inimigo, decido dar minha exploração por
encerrada, pelo menos essa parte dela. Volto para o terceiro andar e por sorte o
quarto estava vazio, provavelmente Dimitri deva estar em seu escritório com
seus irmãos; ou quem sabe saiu para algum lugar com a sua puta, para fodê-la. A
enorme cama está coberta com lençóis negros, cortinas escuras bloqueiam a vista
da sacada e só agora, sozinha, posso reparar melhor no ambiente. Um quadro de
Van Gogh, sombrio, em tons negros e vermelhos decora uma das paredes.
Pelo visto, Dimitri é um apreciador nato de arte, já que os poucos
corredores que vi da fortaleza estampam obras de arte valiosíssimas. Antes que a
Besta volte para o quarto, decido ir dar uma olhadinha na tal porta proibida. Ela
fica à esquerda do closet, uma porta comum, sem nenhum indício de algo
especial por trás dela. Mas, minha intuição me diz que dentro dela eu poderei
encontrar algo para usar contra Dimitri.
A porta estava trancada, bem como imaginei; tentei ouvir algum som de
dentro dela, mas estava tudo silencioso. Rapidamente, analiso a fechadura e,
sorrindo, tiro o brinco da minha orelha, usando-o como chave para abrir a
fechadura. Não é difícil, já fiz isso tantas vezes que me tornei uma mestra.
Assim que ouço o clique da fechadura, sorrio e giro o trinco, entrando na sala, as
luzes automáticas se acendem e perco totalmente o fôlego com o que eu vejo.
Um quarto, não, um calabouço, pois é o que isso mais parece. há tantos objetos
que não sei bem por onde olhar. Ao que tudo indica, meu querido marido gosta
de jogos. Sinto o cheiro de couro, há uma cruz de Santo André na parede, ao
lado de um tipo de cadeira de madeira estilo medieval. Ganchos na parede com
correntes e no canto direito vejo uma gaiola.
— Provavelmente para prender mulheres ali. — Penso, engolindo em
seco.
Vejo um cavalete que não consigo imaginar para que sirva, são tantos
objetos estranhos que não faço ideia para que sirvam, não que eu, com quase
vinte e sete anos, não tenha assistido, ou melhor, lido, Cinquenta tons de Cinza,
não sou nenhuma mocinha ingênua, mas a ficção é uma coisa e ver essas coisas
ao vivo e a cores é muito mais assustador. Há tantos chicotes que me pergunto se
ele usa todos, também muitos consolos, vibradores e brinquedos, cremes, óleos e
objetos que não faço ideia qual suas funções.
Em uma prateleira de vidro negro noto alguns objetos variados e uma
algema de metal, que me chama atenção, abro a porta e toco nela curiosa. No
teto, uma grade suspensa me surpreende e na minha mente imagens de mulheres
sendo torturadas ganham vida.
— Será que ela traz mulheres aqui para torturar?!
No centro do calabouço, uma cama antiga de ferro envelhecido, com
dossel e lençóis brancos, que se destacam em meio a todo o negro. Encontro
também uma poltrona chamativa no canto direito, um pouco elevada, é preciso
subir os dois degraus para alcançar o piso onde ela se encontra. Além de um
mostro sanguinário, ele é um dominador. Ou, quem sabe ele goste de ser
dominado. Não, balando a cabeça negando, um homem como Dimitri ser
submisso, isso chega a ser uma ofensa.
Segurando a algema eu saio do quarto antes que ele descubra que eu
estive aqui. Minha cabeça fica dando voltas, tentando entender o que se passa na
mente desse homem, mas nada faz sentido.
— Será que a tal Natasha também participa desse tipo de coisa? Não é
possível, que tipo de mulher vai se sentir bem sendo chicoteada, sentindo dor,
sendo espancada e pior, gostar. — Meu lado feminista grita socorro só de
imaginar a cena.
Decido tomar um banho rápido, antes de descer para a sala de jantar.
Termino meu banho e quando acabo de me maquiar, alguém bate na
porta do quarto. Caminho até ela, abrindo e vendo um senhor que aparenta ter
uns cinquenta anos, bem vestido, como mordomo e segurando uma bandeja.
— Desculpe incomodar, eu sou Luigi; vim trazer um lanche para a
senhora e saber se tem alguma preferência para o jantar desta noite. — Ele fala
com um perfeito inglês, provavelmente não saiba que sou fluente em italiano.
— Obrigada Luigi, muito gentil da sua parte. Pode falar comigo em
italiano, como vê sou fluente. — Digo gentilmente.
— Claro, senhora.
— Aproveitando que está aqui, gostaria de descer com você, quem sabe
conhecer melhor os funcionários da fortaleza — falo, acompanhando-o e assim
tento descobrir mais sobre os irmãos Rinna e como as coisas funcionam nessa
casa.

Todos os meus planos estão dando errado, assistir o homem que amo se
casando foi uma tortura. Mais de dois anos me dedicando a conquistá-lo, a
despertar seu desejo por mim, me submetendo a todos seus gostos. Suportei até
ver ele com várias amantes. Doei-me de todas as formas. E agora ele se casa
com uma bastarda russa. Uma princesinha fraca, mimada, que não o ama, pelo
contrário, o odeia. Mas, se depender de mim, logo esse casamento será desfeito e
vou mostrar a Dimitri que ela não é boa o bastante para ele.
Essa garota não terá paz não enquanto eu viver, ela não tomará o que é
meu. Se depender de mim logo ela voltará. Meu desejo é que ela volte com o
rabo entre as pernas para a Rússia, onde é o seu lugar. Faço o meu trabalho em
silêncio enquanto Dimitri está concentrado no computador.
— Como o senhor pretende lavar o dinheiro do tráfico? — Pergunto,
curiosa, após Vicenzo sair do escritório, nos deixando sozinhos.
— Ainda não tenho um plano concreto, vou precisa me reunir com
Daniela e Lorenzo. Mande uma mensagem para ela e peça que esteja na sede
após a reunião com os capos.
— E a apresentação da sua esposa para a família, quando vai acontecer?!
— digo, com um gosto amargo na boca.
— Isso eu resolverei, não precisa se preocupar. O que diz respeito à
Katharina é da minha conta. — Fala friamente e me olha com seu olhar frio que
faz minha calcinha encharcar.
— Certo, senhor — digo o olhando de maneira submissa.
E então, Dimitri me surpreende ao me puxar pelo pescoço, me fazendo
levantar da cadeira, a derrubando no chão.
— Por dias eu suportei a sua falta de disciplina e comprometimento.
Segurei-me por muito tempo para não castigar você como deveria, mas agora
estou em casa e você precisa de uma lição para aprender a respeitar as minhas
decisões. Katharina é minha esposa, quer você queira ou não, ela é a senhora
desta casa e nada que você faça irá mudar isso. Lembre-se, vagabundas vem e
vão em minha cama, se não quer se a próxima a ir eu sugiro que melhore sua
postura e volte a ser a submissa que era antes desses ataques ridículos de ciúmes.
— Eu prometo me comportar de maneira digna, senhor — falo,
suplicando perdão, me ajoelhando aos seus pés.
Dimitri volta a sentar na sua cadeira, enquanto me mantenho de joelhos
deixando as lágrimas caírem.
Dimitri tira o cinto da calça e usa contra o meu pescoço, apertando e
tirando meu ar. Fecho os olhos esperando que me puna. Ele me arrasta de joelhos
pelo escritório, me erguendo pelos cabelos, machucando meu coro cabeludo e
ergue meu rosto para o seu, olhando em meus olhos. Meu corpo entra em
chamas, tudo que quero é satisfazê-lo e mostrar que sou perfeita para ele.
— Será castigada da maneira como precisa — ele fala, me mostrando a
quão necessária é minha punição. E então, me virando contra a mesa, de costas
para ele, tira o cinto do meu pescoço prendendo minhas mãos atrás das costas
fortemente, sinto meus pulsos doerem. Me inclino para frente, sobre a mesa e
ouço seus passos atrás de mim. Fecho os olhos e me concentro em não me
mexer, sendo subserviente ao desejo dele de me castigar, pois eu falhei e mereço
ser punida. Meu dono abre o zíper do vestido que uso, fazendo com que eu fique
exposta a ele, apenas de calcinha.
— Não chore e não ouse gozar enquanto te castigo — ele diz com sua
voz firme de dominador, eu apenas aceno, mordendo os lábios para me controlar
e não gemer de dor quando a primeira palmada vem.
O golpe é certeiro, a aliança queima na minha nádega esquerda, que arde
demais, ele continua me estapeando forte e brutalmente, meu corpo está suado, a
dor é intensa. Mas não falharei com meu dono. Eu já não conseguia contar
quantos golpes levei, quando passa da quarenta eu estou a ponto de desmaiar.
Todavia, meu dono interrompe os golpes, percebendo que cheguei no limite e se
senta na poltrona de frente para mim, admirando a obra de arte que fez. Minha
bunda estava inchada com vergões e a onde sua aliança acertou provavelmente
ficará preto.
— Vou emprestar você para Raí amanhã e espero que se comporte, não
me desaponte ou me envergonhe, escrava. Estou em uma linha tênue para me
desfazer de você.
— Prometo me comportar, mestre — falo, odiando o fato da minha
punição não ter acabado. Para uma submissa, ser emprestada é uma forma de
humilhação, significa que não satisfaço meu dono plenamente.
— Vá para o seu quarto, tome um banho e desça para a sala de jantar,
depois terá a noite toda para descansar. Raí vira te buscar amanhã as oito, esteja
pronta.

Após Natasha sair fico analisando os últimos quinze dias de faturamento
dos meus negócios. Alguns deles não estão dando tanto dinheiro como antes e
preciso dar uma atenção especial a isso. E, para piorar ainda tivemos certa
diminuição de lucros na Inglaterra, provavelmente porque uma das máfias rivais
está se instalando no país. E ainda tenho grandes inimigos dentro da Cosa
Nostra.
Não é fácil para muitos aceitar o meu comando, ainda mais pelo fato de
eu não ter vindo do mais alto escalão da Cosa Nostra., cheguei aonde estou
sendo mais esperto que todos os que antecederam a mim, não nasci para ser o
capo, não, eu tomei o poder de Michelle Navarro, o último capo da Cosa Nostra
antes de mim. Capo esse que não estava à altura para ser considerado o “Boss”.
Então, fiz o que deveria ter feito em uma reunião que ficará gravada em minha
memória enquanto eu viver. Foi nesse dia, onde estavam todos eles reunidos, não
só Michelle como seus aliados. Eu, que era seu braço direito e membro da sua
alta confiança, seu conselheiro, o assassinei naquela noite, não só ele, todos os
seus aliados. Então. me tornei o chefe Capo dei capi, a Besta sanguinária, como
costumam me chamar.
Mandei uma mensagem para Mirian avisando da minha chegada e que
iria ao clube.
Quando termino meus relatórios, vou direto para a sala de estar,
encontrando Lorenzo chegando em casa com a camisa desabotoada e sangue no
colarinho.
— O que aconteceu com você? — Questiono.
— Eu trouxe alguém que vai querer interrogar — ele fala com um sorriso
no rosto e já sei que ele pegou um dos traidores.
— Onde está Vicenzo?
— Ele estava no jardim quando cheguei e foi levar nosso convidado
enquanto eu vim te buscar.
— Perfeito — digo ansioso, acompanhando-o para o lado de fora, ou
melhor, para a torre da agonia.
Lugar esse onde gostamos de levar nossos inimigos e também aqueles
que não cumprem as regras da família.
Chegando lá, me surpreendo ao ver Frederico Castilho acorrentado no
centro da nossa sala de tortura.
— Quais são as acusações? — Pergunto a Lorenzo, que olha para o
mesmo com asco.
— Frederico estava passando informações da família para os federais
também fechou um acordo de delação com um agente do alto escalão da polícia,
o Carvaniele.
— Tem algo a dizer em sua defesa!? — falo, ansioso para começar sua
sentença.
— Eu fui forçado, eles me ameaçaram, iam machucar minha filha.
— Tem mais alguém que também traiu a família? — Pergunto já puto
com sua historinha.
— Não, senhor, eu só fiz isso por minha filha, por minha família. — Ele
diz, chorando.
— Você desonrou esta família, quebrou os laços de comprometimento e
descumpriu com seu juramento de sangue. Trair a família é uma sentença de
morte. A sua mulher será enviada a um dos nossos bordéis e sua filha, por ainda
ser pura, será dada em casamento para um dos nossos. E assim, a partir de hoje,
a família Castilho já não existe mais!
Vicenzo cospe nos pés do maledeto e todos nossos homens fazem o
mesmo, quando o último, que é Lorenzo o faz, é minha vez de me divertir. De
certa maneira, estava ansioso para deixar a Besta tomar conta, já que nos últimos
dias meu controle estava se esvaindo, por conta de certa loira teimosa.
Me livro do paletó, deixando-o sobre a cadeira de madeira. Vicenzo já
está preparando os brinquedos, Lorenzo usa as correntes para manter o maledeto
erguido. Pego o martelo e começo pelas suas mãos. Vicenzo segura sua mão
direita firmemente, e então eu acerto o primeiro dedo com brutalidade,
esmagando os ossos. Sangue espirra pelo ar e escorre pelo chão da bancada.
Seus gritos suplicantes são como música para mim. Destruo todos os dedos das
mãos, assim como dos pés, enquanto Lorenzo joga sal em suas feridas. Pego à
estaca, um dos meus brinquedos revolucionários, que consiste em um bastão de
madeira com pregos por toda sua ponta.
— Traidor, maledeto — bato com a estaca no seu rosto, ouvindo o som
dos ossos da sua mandíbula se quebrando.
Lorenzo ri quando vê ele se mijando de dor.
— Que fraco, na hora de trair a família foi forte, agora fica feito um
garotinho, se molhando! — diz meu irmão, acendendo um cigarro.
— Não ouse desmaiar, ainda não acabei com você — falo irritado,
pegando a máquina de choque, acordando-o rapidamente.
— Por favor, senhor, me mate de uma vez! — Ele implora, despertado,
mas as palavras saem desconexas pela mandíbula quebrada e pelo sangue que
escorre.
— Uma morte honrada demais para um traidor de merda — Nego seu
pedido, arrasando uma de suas orelhas com o alicate.
— Ele não vai aguentar muito tempo — diz Vicenzo, me desanimando.
Agora que a diversão estava ficando boa. Porém, ele ainda aguentou
firme por uma hora aquela tortura. Quando enfim o miserável estava morto,
mandei jogar seu corpo na fábrica de sal.
— Poderíamos alimentar Hades e Perséfone com os restos dele. — Fala
Lorenzo, olhando com nojo para o corpo sem vida.
— Você está brincando? Hades não come qualquer porcaria. Não vou
alimentá-lo com carne de terceira de um merda desse. — Respondo, exasperado
um absurdo desse.
— Tem horas que eu sinto que você gosta mais daqueles animais do que
de nós, que somos seus irmãos.
— Não duvide disso, meu caro — digo friamente. Em seguida, saindo da
torre da agonia, volto para casa, louco para tomar um banho e tirar o sangue
fétido de mim.
Assim que entro, junto com meus irmãos, vejo Katharina conversando
com Luigi, ela me vê e por mais estranho que pareça, não se assusta com todo o
sangue, apenas ignora e volta a falar com o nosso mordomo.
— Cuidado ao pisar no tapete, manchar de sangue um tapete persa seria
um desperdício. — Ela fala e faz com que Lorenzo ria.
— Essa garota é única — ele diz, passando por mim, indo em direção as
escadas, junto com Vicenzo, que nem olha para ela. Eu apenas aceno para os
dois, indo direto para o meu quarto tomar um banho rápido antes do jantar.


Eu estava sentado à mesa de jantar, esperando Katharina chegar para o
jantar. Já estava irritado, pois odeio atrasos. Precisava explicar para a bambina
quais eram suas obrigações como esposa.
Inferno, um dia de casado e ela já me tirava do sério. Todavia, antes que
eu pudesse me levantar e ir buscar a maldita, vejo-a entrando na sala de jantar
acompanhada de uma das empregadas da cozinha, sorrindo como se as duas já
fossem grandes amigas, mas seu sorriso morre assim que ela olha para a mesa.
— Posso saber o que a criada faz sentada em meu lugar?! — diz a bella
rosa, fechando a expressão.
— Eu sempre me sentei aqui, antes mesmo de você entrar para a família
— Natasha responde, se contendo, pelo visto a lição de mais cedo surtiu efeito.
— Você disse bem, querida, sentava antes, quando eu não fazia parte
desta família! Então, de agora em diante, eu sentarei ao lado do meu esposo e
você pode comer ali, ou melhor, deve comer na cozinha com os outros
funcionários — ela dispara furiosamente.
— Levante-se, Natasha, Katharina tem razão, este lugar pertence a ela,
como minha esposa. — Digo, sem paciência para dramas femininos.
— Claro, senhor. — Ela fala, se levantando e sentando perto de Vicenzo.
— Acho que você não entendeu, querida, seu lugar é na cozinha e não
entre os donos da casa.
— Katharina, já chega!! — falo, ficando de pé e batendo na mesa. —
Natasha irá comer nesta mesa, como sempre foi e isso acaba aqui! — Vocifero,
puto com toda essa discussão.

Quando ele disse que a puta ia comer junto a nós eu tremi de ódio, ele
estava me humilhando. Ele me trata como se fosse essas mulherzinhas fracas que
abaixam a cabeça para tudo que seus maridos falam, mas essa não sou eu.
— Um caralho que isso acaba aqui. Já que ela é sua funcionária, deveria
comer com os outros funcionários e melhor ainda, dormir no anexo dos
empregados! — Discordo, olhando duramente em seus olhos sombrios.
— Não levante a voz para mim novamente, esposa! Esqueceu que além
de seu marido eu sou o capo desta família!! — Ele retruca ameaçadoramente.
— Tem razão, você está certo, eu me excedi. — Sorrio por dentro —
Talvez isso se deva ao fato de antes eu pertencer à máfia russa e agora ser um
membro importante da italiana. E, como tal, é meu dever sempre me lembrar das
regras dessa organização.
— Pelas regras desta família, um verdadeiro líder nunca, jamais deve
quebrar um dos mandamentos da Cosa Nostra e eles são. Primeiro: Não se
apresentar sozinho a um amigo membro da família. Segundo: Não olhar para as
mulheres de nossos amigos. Terceiro: Não se meter com a polícia. Quarto: Não
frequentar bares ou clubes que não sejam da família. Quinto: Estar disponíveis a
qualquer momento para a Cosa Nostra. Sexto: Os compromissos devem ser
respeitados. O sétimo é o meu favorito, esse é maravilhoso: Deve-se respeitar a
esposa, pois a matriarca de uma família carregará em seu ventre o herdeiro.
— Parabéns, bella rosa, pelo visto andou pesquisando sobre as regras da
família, mas isso não quer dizer que sua voz se sobressai à minha e como falei,
Natasha continuará comendo conosco à mesa e dormindo dentro da fortaleza. —
Ele determina, enfurecido ao perceber que entrei neste jogo sabendo todas as
regras.
— Tem razão, querido. Desculpe, Natasha. Tenho certeza que meu
esposo e seus irmãos tem um grande carinho por você e tenho certeza que logo
seremos grandes amigas — digo amigavelmente, me sentando ao lado de
Dimitri, esbanjando todo meu veneno.

O jantar transcorre demoradamente depois do ocorrido. Enquanto


Natasha esbanjava sorrisos, se sentindo confiante por ter saído por cima do
nosso primeiro confronto, eu já martelava em minha mente formas de me vingar
dela e do maldito do meu marido. Lorenzo foi o único que fez questão de puxar
assunto comigo, já que Dimitri se concentrou em falar de negócios com o outro
irmão e sua puta. Quando, enfim a tortura acaba, eu corro para o quarto,
enquanto eles se dirigem à sala de estar.
Estava cansada, o dia havia sido exaustivo e ter que suportar a presença
de Dimitri e Natasha era desgastante.
Penso em meu plano para me vingar do maldito e guardo as algemas em
um lugar onde teria fácil acesso. Então vou ao banheiro onde tomo um
maravilhoso banho de banheira, afinal não poderia deixar de testar a maravilhosa
banheira da suíte, visto uma lingerie branca e um robe combinando, saindo do
banheiro e dando de cara com Dimitri no meio do quarto, sem camisa.
— Não sabia que estava no quarto — falo, fechando o robe que uso.
— Não tem nada aí que eu já não tenha visto, ou melhor, nada que não
me pertença.
— Pois eu prefiro que não olhe — digo irritada, indo até a cama.
— Você está muito tentadora bella mia, por acaso está tentando me
provocar? — Pergunta, tirando a calça.
— Jamais, você sabe o que eu sinto por você: desprezo, nojo e ódio. E
caso você fosse o último homem da terra, ainda assim, eu não te provocaria —
digo amarga, me cobrindo com o edredom.
Dimitri começa a gargalhar das minhas palavras.
— Você ainda pagará caro por suas palavras, bella rosa. — Fala
divertido, tirando a boxer ficando nu em minha frente.
— Você não vai deitar pelado do meu lado! — Digo, horrorizada só de
pensar em algo assim.
— Eu sempre dormi nu, não será agora que isso irá mudar — responde
ele, deitando ao meu lado e desligando a luz do quarto.
— Por que não vai dormir com sua amante? Tenho certeza que ela vai
amar sua presença.
— Eu não durmo com ninguém, Katharina, se você está nesta cama é por
usar meu sobrenome e minha aliança, apenas isso. — Fala, tocando minha
barriga por cima do robe, arrastando seus dedos sobre minha pele, causando um
arrepio terrível.
— Pois eu não ligo para seu sobrenome é muito menos para essa aliança.
— Replico, odiando estar perto dele.
— Você gosta de brincar com fogo, bella mia, mas não está preparada
para ser totalmente queimada. — Fala maliciosamente, subindo a mão até tocar
meu seio direito, eu me seguro para não o estapear, me mantenho indiferente.
— Você não sabe nada sobre mim Dimitri, não sabe que já fui consumida
pelo fogo há muito tempo e nada que você fale me fará ter medo. — Digo firme.
— Bom saber disso, bambina. — Diz ele, se afastando, colocando os
braços atrás da cabeça e fechando os olhos como se fosse dormir.
E então, eu viro de costas para ele, para tentar descansar um pouco até
que ele esteja dormindo.

Abro os olhos e pisco com dificuldades para enxergar. Está tudo escuro,
não importa para onde olhe, tudo que enxergo é a escuridão. Me levanto e
caminho, mesmo no escuro, tentando entender onde estou. Sinto um cheiro
ferroso, de sangue, tomando conta do ar. Tampo meu nariz, tentando entender da
onde vem o cheiro forte. Olho para um feixe de luz fraca que vem da porta e ao
abri-la solto um grito de horror. Lá está ele, com os olhos brancos, Ivan, sem
vida no chão imundo, tendo seu corpo estraçalhado por dois leões horríveis, eles
comem sua carne e quando me veem largam o homem da minha vida e
caminham em minha direção.
— Socorro!! — grito e tento correr, mas as feras vêm em minha direção.
Me debato, porém, sou segurada por alguém. Tento me desvencilhar, mas meus
braços não respondem. Olho para trás e vejo ele, Dimitri, me segurando e as
feras em minha direção.
Acordo desesperada com o pesadelo horrível que tive. O quarto está claro
e Dimitri não está na cama. Tento levantar, porém me surpreendo ao perceber
que estou algemada na cabeceira da cama.
— Não pode ser, merda! — digo horrorizada, olhando para as algemas
que prendem minhas mãos, as mesmas algemas que peguei do calabouço.
A porta do meu lado esquerdo abre e então Dimitri passa por ela,
sorrindo de maneira fria para mim.
— Bom dia, bella mia, não disse que gostava de brincar com fogo....
Estava presa na cama algemada. Dimitri caminhava em minha direção,
me olhando de maneira feroz. Meu coração está acelerado e a ficha caiu. Estou
perdida, como abaixei a guarda logo ao lado de um predador?
— Você não consegue obedecer a uma simples ordem não é bella rosa.
Eu disse para não abrir aquela porta, mas você não me ouviu! — Fala
duramente, enquanto eu tento me soltar das algemas.
— Me solta! O que pensa que está fazendo me algemando aqui? — Digo
nervosa com sua proximidade. A cada segundo está mais perto de mim.
— Qual era o seu plano, bella mia, me algemar com a minha própria
algema? O que queria ao entrar no quarto obscuro?
— Eu... Não queria nada, não me importo se você é esse tipo de homem
dominador; eu estou me fodendo para o que faz com suas putas, só me solta
daqui.
— Dominador, bella mia, não sou apenas um dominador, mi amore, eu
sou um sádico! — Ele fala, erguendo um objeto que segura em mãos e só agora
reparo que ele segura uma chibata de couro preto. — Você sabe o que merece
por ter entrado lá sem a minha permissão? Sabe o que eu posso fazer com você
assim, algemada na minha cama?!
— Você não é meu dono, me tira daqui!
— Eu sou, bella mia, eu sou dono de cada pedacinho seu. — Diz e passa
a ponta da chibata pela minha coxa.
— Não me toque!!
— Eu sei que te excita às coisas que viu, mi amore, você não imagina o
que podemos fazer juntos naquele quarto.
— Nunca! Eu não sou uma das cadelas que você usa e que se submete
aos seus caprichos, Dimitri. Jamais permitirei a um homem me usar como
objeto, não serei escravizada por você, nunca!
— Não é o que os seus olhos dizem, bella mia, tenho certeza que ficou
excitada com o que conheceu. Eu tenho certeza que gozaria apenas com o toque
da minha chibata em sua pele nua.
— Você é ridículo, acha que uma mulher de verdade vai querer se
submeter assim? Vai sonhando, meu amor!
— Você não imagina o quão irritado eu fico com essa sua língua afiada,
não imagina o que faz comigo quando me desafia.
— Pois se acostume, você foi mimado por suas vadias. Eu não sou como
elas. Eu não sigo suas ordens.
— Não me venha com essa merda, caralho! — Bate a chibata na coluna
do dossel da cama. — Você vai seguir, Katharina, eu sou o seu marido. Sou a
porra do chefe da Cosa Nostra e você vai aprender a me respeitar, nem que seja
na ponta do chicote.
— Quando vai entender que eu não sou Natasha? Não sou uma mulher
submissa. Eu sou livre e amo ser assim.
— Livre, Katharina, você nunca será! No mundo que vivemos liberdade
é algo que não existe. Você está sobre o meu domínio, eu mando aqui! Você me
pertence e irá me obedecer como uma boa esposa italiana deve fazer!
— É sangue russo que corre em minhas veias, se queria uma mulher
dócil e submissa deveria ter se casado com outra e não comigo, já que você era o
único que tinha opção de desistir. Eu jamais vou me ajoelhar para você! —
Grito, me debatendo. Ele segura minhas pernas com força sobre a cama
enquanto sobe em cima de mim, apertando meu maxilar com a mãos livre.
— Vamos ver se você não vai me obedecer, Katharina, já chega da sua
falta de disciplina. Eu vou te ensinar a se comportar como se deve! — Fala e
beija meus lábios brutalmente, mordendo-os quando não correspondo.
Noto que meus lábios sangram. Ele se afasta, sorrindo e se levantando da
cama rapidamente, indo em direção àquela maldita porta. Aproveito que ele não
está olhando e puxo a cabeceira, tentando me livrar das algemas, todavia é inútil,
ela nem ao menos se mexe e eu continuo presa nessa cama. Não demora muito
para que Dimitri volte segurando uma corda preta e um objeto estranho nas
mãos. Meu corpo entra em alerta, engulo em seco a vontade de pedir socorro.
— O que pensa que vai fazer com isso? — falo assustada e ele sobe, se
sentando em minhas pernas.
— Vou te ensinar a não desobedecer ao seu marido, minha cara! Entenda
logo que todas as vezes que me desafiar, quem sairá prejudicada será você!
Após dizer isso, ele pega o objeto estranho e aproxima do meu rosto.
Tento me esquivar, mas ele é mais forte e coloca a bola preta na minha boca,
amarrando as correrias atrás da minha cabeça. Dessa forma eu não consigo gritar
e nem cuspir na cara dele como é a minha vontade.
— Agora, bella mia, você terá o seu castigo e vai aprender a não me
desobedecer! — Ele fala, usando a corda que está sobre a cama para amarrar
meus braços.
Com meus braços amarrados, Dimitri solta às algemas de ferro e
aproveito o segundo para chutá-lo na barriga, mas o infeliz é forte e me
imobiliza.
— Quietinha, bella mia. — diz e começa a amarrar a corda pelo meu
corpo com força, uma técnica que nunca vi.
Estou tremendo de ódio e planejando formas de matá-lo lentamente
quando sair daqui. Dimitri sorri, olhando para o meu rosto vermelho de raiva e
continua fazendo seus nós. Meus braços estão presos, ele me levanta da cama e,
quando penso que irá me arrastar até o maldito quarto, onde serei torturada, ele
para no meio do quarto, em frente à poltrona negra e continua a fazer nós, me
deixando de joelhos sobre minhas coxas.
— Você está tão linda, bella mia. Não imagina o prazer que me dá ter
você assim, contida e melhor ainda, sem abrir essa boca nervosa para ofender
seu marido.
Viro o rosto, me esquivando do seu toque asqueroso. Ele sorri, ficando de
pé bem na minha frente, enquanto eu fico ajoelhada, refém dos seus desejos
sombrios.
Que tipo de mulher maluca sente prazer em ficar contida, humilhada e de
joelhos em frente a um desgraçado deste?
— Espero que agora entenda, minha cara, que eu estou no poder aqui e
quando der uma ordem você tem apenas que obedecê-la, senão as coisas vão
ficar cada vez piores para você, bella mia!

— Deixa eu te explicar uma coisa, bella rosa, talvez você não me


conheça e se conhece, não me parece o bastante, então quero que entenda de
uma vez por todas quem manda aqui! Espero que todos me obedeçam, sem
discussões.
Me abaixo na altura que ela está e minhas mãos deslizam sobre seus
seios, ela evita olhar para mim, mas quem está no controle aqui sou eu. Levanto
seu rosto para mim e, ao contrário do que imaginei, ela não está apavorada, nem
com medo e sim furiosa, como uma cobra se preparando para dar o bote em
breve. Acaricio sua pele pálida, imaginando-a marcada por meu açoite. Fico de
pé, olhando-a e ver Katharina amarrada de joelhos na minha frente me dá um
prazer indescritível. Se não estivesse atrasado para uma reunião eu ficaria horas
apenas observando-a contida e submissa ao meu domínio, mesmo com seu olhar
de fúria me desafiando.
O meu lado sádico diz que ela pode ser uma Brat, ou até mesmo uma
Switcher. Seu lado insurgente me instiga a querer machucá-la, contê-la e
dominá-la. Katharina me desafia de maneiras como nenhuma mulher jamais fez.
Isso me irrita ao mesmo tempo em que me excita. Sempre fui um homem
violento, moldado para ser assim dentro e fora da cama. Existe uma luta diária
sendo travada entre a racionalidade e a Besta que vive em mim. Katharina me
leva à borda desse limite, limite esse que após ultrapassado, posso não conseguir
mais voltar atrás.
— Você ficará assim como castigo por não ter obedecido a minha ordem,
passará o dia assim para aprender que seu lugar é de joelhos, aos meus pés. —
Digo para irritá-la.
Após dizer isso eu vou ao banheiro da suíte, tomo um banho e me
preparo para sair, mas antes eu tranco a suíte e aviso aos empregados que não
poderão abrir a porta, pois Katharina passaria o dia lá. Raí havia buscado
Natasha logo cedo, ao menos agora as duas teriam o que mereciam por me
afrontar, cada uma à sua maneira.
Lorenzo já estava na sede e Vicenzo me esperava para irmos juntos.
Oriento meus homens para que vigiem Katharina enquanto estiver fora e, em
hipótese nenhuma, deixassem ela sair do quarto. Mesmo achando impossível ela
se soltar, não poderia bobear, não com a minha querida esposa.

Chego à sede da máfia, um edifício histórico mitchê, no centro da bela


cidade de Palermo, Sicília, berço de toda a máfia italiana. A história da Cosa
Nostra está gravada por todas essas ruas e prédios históricos. Hoje, no século 21,
a máfia está ainda mais poderosa do que já foi nos anos 70, nossa organização
fincou raízes por toda a Europa e em vários lugares ao redor do mundo. De
fechada, sou supostamente um empresário bem sucedido no ramo das
exportações. Porém, na realidade a organização domina todos os negócios sujos
do país. A máfia Salvatore Rinna trabalha com exportação. A Cosa Nostra tem
como principais negócios a extorsão, exploração de jogos de azar, tráfico de
armas e drogas e algumas casas de prostituição. Movimentando cerca de 32
bilhões por ano. E esse dinheiro está começando a se acumular, é hora da máfia
evoluir nos negócios e começar a lavar esse dinheiro.
Entro na sede e vou direto para o elevador privativo, sem cumprimentar
ninguém. Vicenzo me acompanha, mas se mantém entretido no celular.
Seguimos direto para a sala de reunião, passando por Lany, minha secretária, que
já estava com um Ipad em mãos, aflita. Provavelmente já sabe que Natasha não
vem e ela terá que nos assessora na reunião.
Na sala de reunião já se encontravam seis dos sete capos e os três
principais são das famílias originárias. Camorra, Ndrangreta e Sagrada Coroa
Úmida.
A família tem sua hierarquia constituída da seguinte maneira; o Boss,
também conhecido como o chefe ou Capo di Tutti capi. Em seguida vem o
consigliere, que é Lorenzo e meu subchefe, Vicenzo. Na sequência hierárquica,
vêm os capos de cada família, eles são responsáveis cada um por uma parte dos
negócios da família, dentre eles os que são legais. Depois dos capos, os soldados
e por último os associados que não são membros diretos da máfia, geralmente
pessoas que trabalham indiretamente para a máfia.
— Chefe! — Cumprimentam, ficando de pé assim que entro na sala.
Sento no meu lugar e só então todos se sentam. Lorenzo escolhe esse
momento para entrar com a encomenda em um saco grande.
— Bem, senhores, como já devem saber, marquei essa reunião para falar
sobre um traidor na família.
Todos entreolham-se, tensos.
Lorenzo abre o saco e coloca a cabeça de Frederico Castilho sobre a
mesa de reunião.
— Como podem ver, Frederico Castilho traiu a família e pagou por sua
traição. A família Castilho já não existe mais, sua esposa está morta e a filha será
entregue a um dos nossos soldados, como esposa.
— Mais alguém estava aliado a ele? — Pergunta Damon Camorra.
— Ainda não sabemos, a investigação está a cargo de Lorenzo e sabem
que ele nunca deixa nada passar. Se Frederico Castilho tinha aliados dentro da
Cosa Nostra, descobriremos.
— Temos que falar do seu casamento, chefe — diz Vicenzo, me
irritando.
Vejo alguns dos chefes ficarem inquietos.
— Pois bem, fiz um acordo com os Castelaresi enquanto estávamos na
Inglaterra, como todos devem bem lembrar. Nesse acordo recebi a mão de
Katharina Peshkov Castelaresi e, na viagem que fiz para a Rússia, oficializamos
a união e agora estou casado.
— Esperava que firmasse casamento com um membro da família — diz
Juliano Sacra, que provavelmente ainda mantinha esperança que eu me casasse
com sua filha, Antonella.
— Como vamos confiar em uma Castelaresi?! — Pergunta Dante
Bruschetta.
— Katharina é minha esposa, e como tal, merece o respeito de todos
vocês.
— Ela pode nos trair, está no sangue dela, ela é uma russa e todos os
russos são bastardos traidores — diz Juliano.
— Eu proponho que ela passe pela prova de fogo. — Fala Vicenzo,
provocando.
— Eu não acho uma boa ideia. — Pondera Lorenzo, preocupado.
— Se ela é uma mulher honrada, irá passar — diz Vitto Gerevini.
— Estamos todos de acordo com a prova então?! — diz Vicenzo e minha
vontade é de arrebentar sua cara, todavia controle é meu ponto forte e não deixo
ninguém perceber que não quero fazer isso com Katharina.
— Tudo bem, se todos querem, assim será!
Após falarmos sobre meus planos para lavar o dinheiro da máfia, os
capos da Cosa Nostra se mostram empolgados com meu projeto. A reunião
termina tarde e decidimos almoçar todos juntos no Le Angeliche, restaurante de
um dos nossos associados.

Depois de voltar do almoço encontro Daniela na minha sala, me


esperando.
— Boa tarde, chefe.
— Pontual, senhorita Copolla — falo, me sentando em minha mesa. —
Vamos direto ao ponto Daniela, você está queimada na família após o incidente
na Inglaterra, onde, além de não conseguir capturar o famoso hacker Scofield,
ainda deixou que ele morresse.
— Sim, chefe, falhei gravemente com a família. — Ela diz, abaixando o
olhar.
— Pois você terá uma segunda chance de se mostrar útil, preciso que
encontre para mim o melhor especialista em engenharia financeira da Europa. E,
desta vez o traga vivo, pois ele será peça fundamental no esquema internacional
de lavagem de dinheiro que iremos começar, o maior esquema de lavagem de
dinheiro do mundo.
Daniela sorri, animada, abrindo seu notebook e começando a trabalhar
imediatamente.
Eram quatro da tarde, minha cabeça latejava com tantos números, quando
decido deixar Daniela trabalhando sozinha e saio para tirar essa tensão que se
formou em mim desde a volta à Itália. Vou direto para a cobertura, onde as
escravas já estão preparadas.
Assim que o elevador parou na cobertura, me desfiz do nó da gravata,
que parecia me sufocar. Ao passar pela porta, sou recebido pelas minhas
escravas de joelhos na posição de submissão. Caminho até a minha poltrona de
couro e observo as duas caminhando na minha direção, como as cadelas que são.
Há pug anais de raposa nos ânus de cada uma. Nuas, de joelhos, elas me
aguardam da maneira como eu gosto; em sinal de submissão e obediência.
— Espero que tenham se comportado no tempo que estive fora — digo,
acariciando o cabelo castanho de Lany.
— Sim, mestre. — Respondem juntas sem levantar o olhar.
— Prepare uma bebida para mim, Denise. — Digo e ela prontamente vai
em direção ao bar, enquanto Lany desfaz os nós do meu sapato. — Está nervosa,
Denise? — Pergunto, sorrindo ao notar que ela respira rápido.
— Não, senhor. — Responde firme, arrumando a postura.
Vou em direção à mesa de centro, onde as duas deixaram o que eu usaria
separado, à minha disposição.
— Continue na posição. — Comando, tirando o plug de Denise e
colocando um vibrador médio lugar. Ela se agita, mas se mantém firme,
mordendo os lábios para não gemer pelo incômodo do vibrador dentro do rabo
dela. — Vamos aquecer, você parece com frio Lany, sua pele está arrepiada.
— Sim, senhor.
Uso o chicote trançado, pois tudo que quero é machucá-las e vê-las
rendidas à dor, submetidas por meu chicote. Levanto Lany pelos cabelos,
colocando-a de joelhos na poltrona, com a bunda exposta para mim e assim
começa a minha diversão. O primeiro golpe parece música para os meus
ouvidos, o barulho da pele sendo atingida é magnífico; a cor avermelhada
tomando conta da sua pele me encanta. Mas, não paro por aí; dois, três, sete,
onze e quando chego aos vinte e cinco golpes, as pernas de Lany já estavam
tremendo. Há pequenos cortes pela pele das costas e bunda, a coisa mais linda de
se ver.
Um frenesi de prazer toma conta do meu corpo, inclino a cabeça de Lany
ainda mais para baixo, deixando sua bunda na minha direção. Retiro o plug
brutalmente e, após colocar a camisinha, meto meu pau no seu buraco. Gemo
alto, rugindo como uma fera sedenta por carne. Meto com força, sem me
importar com seu prazer, isso não é por ela agora e sim sobre mim. Ela está aqui
como a boa escrava que é, para satisfazer seu mestre.
Não abrando meus golpes e a giro para que fique de joelhos no chão.
— Chupa, quero que beba todo meu gozo — digo firme.
Lany não demora a obedecer, sei o quanto ela ama chupar um cacete. A
mesma abocanha de uma vez, gemendo alto. Puxo seu cabelo em um rabo de
cavalo e meto forte sufocando-a de maneira brusca. Lany faz de tudo para me
levar o mais profundo em sua garganta. Mas, se engasga e me tira fora da boca
para respirar. Acerto um tapa em sua cara e ela entende, voltando a chupar. Me
concentro em sua boca no meu pau, mas a porra da minha mente viaja e já não
vejo os cabelos castanhos de Lany e sim os loiros brilhantes de Katharina, ela
me chupando forte, apertando minhas bolas com as mãos sedentas, levando meu
pau fundo em sua garganta, engasgando e o som que ela faz é tudo que eu
preciso para gozar fortemente em sua boca.
Abro os olhos e não é a bela rosa na minha frente e sim Lany, que limpa
a porra que escorre pelos seus lábios, chupando os dedos.
Frustrado, puxo Lany para a mesa de centro, colocando-a sentada, com as
pernas arreganhadas. Pego os grampos de mamilo e mordo o bico do seio
esquerdo, vendo-o ficar duro e em seguida prendo o grampo. Ela geme baixo,
repito o processo com o direito e por último prendo os grampos na corrente.
Puxo Denise até que ela fique de quatro, como uma cadelinha, ela engatinha até
estar de quatro, de frente para Lany. Denise entende o recado e começa a chupar
a bocetinha molhada de Lany. Coloco outra camisinha no meu pau, que continua
duro e meto tudo na boceta de Denise, fodendo com raiva. Raiva por desejar que
fosse outra ali e não elas. Eu tinha duas das melhores escravas da Itália, mas eu
queria a porra de uma Castelaresi e pior, uma que não se submeterá aos meus
desejos.

Já passava de oito da noite quando, depois de horas de foda intensa com


as minhas escravas, eu saí da cobertura. Ao entrar no meu carro, me dei conta
que passei tempo demais fodendo com elas e esqueci que Katharina estava
amarrada.
Acelero pelas avenidas iluminadas de Palermo em direção à fortaleza e,
em menos de meia hora, eu estava atravessando os portões do lugar onde vivo.
Estaciono o carro no pátio central de qualquer jeito, depois um dos meus homens
o leva para a garagem.
Entro na mansão e subo as escadas em direção ao meu quarto. Abro a
porta e entro na penumbra do quarto, acendo as luzes e vejo Katharina caída no
chão. Corro em sua direção e noto que ela respira, só está desmaiada.
Rapidamente vou desfazendo os nós que a prendem, seu rosto está molhado de
suor e sua pele vermelha, cheia de hematomas onde haviam os nós da corda o
que me faz pensar que ela lutou para se soltar e acabou ferindo sua pele, já que
seus pulsos estão em carne viva. O que essa maledeta tem na cabeça de se
machucar dessa forma. Assim que ela está livre das cordas, solto a gag ball. Tiro
o cabelo do seu rosto, e imediatamente sou atingido por uma cabeçada.
— Desgraçado — ela fala assim que me afasto com a mãos na testa.
— Inferno de mulher! Por que fez isso?! — Questiono, surpreso pelo
ataque repentino.
— O que queria, seu desgraçado. Você queria o que, me matar de
desidratação, amarrada como uma vaca pronta para o abate seu filho da puta?!
— Ela grita, se levantando, trêmula.
— Se quisesse te matar Katharina, você saberia. Posso ter demorado um
pouco mais do que devia, mas você merecia esse castigo por ser tão
insubordinada e teimosa.
— Eu te odeio, Salvatore Rinna, pode ter certeza que farei o que estiver
ao meu alcance para a sua vida ser um inferno. Você vai se arrepender de ter
casado comigo, eu prometo.
— Eu já vivo no inferno, bella mia, você só não percebeu isso ainda.

Eu nem quis ouvir o que ele dizia, entrei no banheiro com dor em meus
pulsos. Passei o dia amarrada feito uma vaca. Usei a meditação, as aulas de ioga
para controlar meu corpo e não surtar. Conseguir controlar a vontade de ir ao
banheiro e a sede foi fácil, mas ficar amarrada com meus movimentos contidos
foi terrível; fiz de tudo para me soltar dos nós, porém o desgraçado sabia bem o
que estava fazendo e por mais que eu lutasse contra as amarras, elas me
mantinham presa e tudo que eu consegui foi esfolar meus pulsos.
Depois trancar a porta e usar o sanitário, coloquei a banheira para encher.
Meu corpo estava todo dolorido pelas horas que passei na mesma posição e
minha pele toda machucada. Dentro de mim o ódio por esse homem só
aumentava. Eu descobrirei algo que a Besta ame e então farei questão de
destruir. Como aprendi com Aslan, uma guerra é vencida com inteligência e não
com sentimentos, não vou deixar a minha fúria me domar; serei fria, calculista.

Depois de passar horas no banho quente tentando aliviar meu corpo da


dor, encontro uma pomada sobre a cama, provavelmente o idiota deve ter
deixado lá. Aplico um pouco sobre os hematomas e escolho uma roupa leve.
Aproveito que estou sozinha e uso o telefone que minha prima me deu, mando
uma mensagem rápida para ela avisando que estou bem e também perguntando
como as coisas estavam em casa.
Escondo o celular desligado e saio do quarto, faminta, em busca da
cozinha, já que provavelmente todos já deviam ter jantado. Ao descer a escada
encontro Dimitri bebendo na sala de frente à lareira com seu irmão Vicenzo.
Natasha não está com eles, nem Lorenzo. É fácil diferenciar Vicenzo de
Lorenzo, basta ele olhar com essa cara de cu que ele tem, que percebo que é o
irmão nojentinho da família.
— Não precisava ter descido, Katharina, já tinha mandado um
empregado levar o seu jantar no quarto, para que descanse.
— Boa noite, cunhada — diz Vicenzo, seu olhar de deboche passando
pelos hematomas nos meus braços.
Ignoro o que os dois idiotas dizem e caminho até a cozinha, encontrando
Carlota, a cozinheira e Luigi o mordomo arrumando uma bandeja.
— Senhora, desculpe a demora, já estava indo levar seu jantar — diz
Luigi, apavorado.
— Não se preocupe, Luigi, vou jantar aqui na cozinha mesmo, já fiquei
tempo demais naquele quarto.
Os dois parecem incomodados por ver a patroa comendo na cozinha, mas
prefiro comer aqui do que na presença dos Rinna e da puta italiana.
Estava faminta e Carlota cozinha muito bem. Eu pensei que não iria me
acostumar com a comida italiana, mas confesso que estou me apaixonando pelo
tempero daqui. Fiquei conversando com os dois e descobri por um bom tempo.
Depois de terminar a sobremesa, mandei os dois irem descansar, pois, já era
tarde e acabei atrapalhando o descanso deles, apesar de achar que Luigi é quase
um robô nesta casa, sempre disponível para os excêntricos patrões. Sozinha,
decido ir zanzar pela fortaleza. Vou explorando o lugar, coisa que queria ter feito
durante o dia, pois à noite esse lugar parece ficar ainda mais sóbrio. Vou
encontrando várias portas no primeiro andar. Encontro uma bela biblioteca,
várias salas vazias, um mausoléu cheio de obras de arte, uma sala de
treinamento, uma sala de música com um piano de cauda e alguns instrumentos
clássicos, mas o que me chama atenção é uma guitarra elétrica prata que parecia
não combinar com o ambiente.
— Ela é minha — diz Lorenzo, saindo das sombras da sala de música,
me assustando.
— O que faz aí no escuro? — Digo, brava pelo susto.
— Foi mal, eu já estava aqui quando entrou, não resisti em pregar uma
peça, cunhadinha.
— Não me chama assim, meu nome é Katharina!
— Tudo bem, se prefere, te chamo de Katharina, princesa.
— Eu não sabia que tocava, isso não parece muito mafioso. — Sorrio,
imaginado.
— Bem, pode até ter razão, mas nem sempre eu fui um mafioso,
princesa.
— Como assim, você é um Rinna, já nasceu mafioso! Esse mundo
pertence a você desde que foi gerado. — Digo, confusa.
— Então você não sabe? — Ele pergunta, intrigado.
— Do que? — Questiono, curiosa.
— Eu sou um bastardo Katharina, eu não nasci no meio disso aqui — ele
diz, abrindo os braços — Eu e Vicenzo somos filhos de uma das putas do meu
pai — fala tranquilamente, enquanto eu fico chocada com essa revelação.
— Eu não sabia, pensando bem, não parei para pesquisar sobre a família
Rinna.
— Meu pai só descobriu sobre mim e Vicenzo quando já estávamos
adolescentes, eu tinha sido adotado e não vivia aqui na Itália. Ele foi me buscar a
mando de Dimitri e foi quando descobri que tinha irmão gêmeo.
— Uau, isso é realmente incrível, o que eu não daria para ter vivido anos
longe da máfia.
— Nem sempre a grama do vizinho é mais verde, princesa, há pessoas
terríveis dentro e fora da máfia. — Ele diz, pensativo.
— Eu gosto de violino, comecei a tocar com onze anos — comento
quando percebo que um silêncio estranho tinha tomado conta do ambiente.
— Espero vê-la tocar um dia.
— Claro, se você tocar a sua guitarra também — digo, sorrindo.
Percebo o quanto era fácil conversar com Lorenzo, ele é divertido e
carismático, bem diferente dos seus irmãos. Conversamos por mais um tempo,
até Lorenzo ter que sair, não sem antes deixar escapar em meio a nossa conversa
que Natasha não estava na fortaleza, mas sim estava viajando. Então, quando
fico sozinha, não penso duas vezes em agir para mostrar a puta da Itália seu
lugar. Se ela fosse esperta, sairia por essa porta com o rabo entre as pernas,
agora, se quisesse me desafiar ainda mais, está ferrada.
Depois de pegar tudo que precisava da lavanderia, vou a passos leves até
o segundo andar. Não vi Dimitri por nenhum lugar, provavelmente deve ter saído
para terminar a sua noite com algumas das suas putas, já que a oficial não estava
aqui. Essa era a minha chance para aproveitar e fazer o que desejo. Entro no
quarto da puta e rapidamente tranco a porta para que ninguém entrasse e me
pegasse aqui. Deixo as coisas no banheiro e vou direto ao closet dela, olho todas
as roupas de marcas famosas, como Chanel, Louis Vuitton. Algumas um tanto
vulgar, outras até bonitas. Recolho todas do closet, não é um trabalho muito
rápido, mas por fim, coloco todas na banheira, inclusive as lingeries que peguei
da gaveta, morrendo de nojo, sabe-se lá quantas doenças ela pode ter. Pego o
galão de cloro que trouxe da lavanderia, foi o maior que consegui, cinco litros
parece ser o bastante. Começo a espalhar pelas roupas fazendo uma bela obra de
arte. Uma a uma eu vou encharcando de cloro. Chega uma hora que eu não
aguento e começo a rir, imaginando a cara da vagabunda quando encontrar suas
roupas destruídas.
Quando termino, faço questão de devolver tudo para o closet e saio do
quarto da cadela, com um sorriso no rosto.

A noite estava fria e o mar agitado. Caminhando pela orla, minha mente
fica viajando, indo e vindo em seus olhos azuis. Sonhei com ela mais uma vez.
Seu corpo perfeito entregue a mim, sua pele pálida brilhando de suor e então
tudo se torna turvo, cinza, ela já não sorri, já não olha para mim, ela já não é
minha. E a fúria toma conta de mim, a porra do controle se esvai, meu corpo se
transforma em puro ódio. Tudo que eu quero é machucá-la. Decido entrar em um
pub para espairecer, minha mente está atormentada. Já é quase meia noite, às
ruas estão praticamente vazias. Passando pela entrada, sou recebido pelo som
alto e uma multidão de pessoas, todas entorpecidas pela bebida e por suas vidas
frustradas. Sento em uma mesa no fundo do pub, onde teria privacidade para
beber e não ser interrompido. Uma loira bonita de vestido xadrez entra no pub e
olha para o celular como se confirmasse algo. Senta sozinha, perto da porta. Não
consigo ver bem seu rosto, mas algo nela é familiar e agita meu corpo. Me
aproximo no momento em que o garçom deixa a bebida em sua mesa.
— O que uma mulher bonita faz sozinha num lugar como esse?!
— Afogando as mágoas de uma vida vazia — ela diz, sorrindo para mim.
Seus olhos são escuros, mas seu rosto é delicado, com traços finos
impressionantes.
— Pelo visto temos algo em comum — digo, sentando na cadeira a sua
frente. Ela bebe um gole da sua bebida e eu a acompanho com meu uísque.
Descubro que ela se chama Vanessa, é advogada e atualmente trabalha no
fórum, como jurada da corte da vara de família. E acaba de descobrir que a irmã
tem um caso com seu marido e pior, está grávida do mesmo. Confesso que a
vontade de fode-la se foi assim que ela deixou duas lágrimas caírem, todavia,
Vanessa me surpreendeu quando me chamou para ir à casa da amiga, que estava
em Portugal e deixou a chave com ela.
Não penso duas vezes e acompanho ela até seu carro. Enquanto ela dirige
eu vou provocando-a, chupando seu pescoço, seu colo, até deslizar as alças do
seu vestido para baixo. A safada estava tão sedenta que, antes mesmo de
chegarmos à residência da amiga, ela já estava sem calcinha.
Quando entramos na casa, não tenho tempo de reparar em nada, uma
coisa dentro de mim estava diferente essa noite. Eu queria fode-la, queria marcar
ela. Quando passamos pela porta do quarto, a pego no colo e a jogo na cama com
força. Vanessa, toda safada, começa a se livrar das roupas, ficando nua. A
calcinha ela já tinha tirado ainda no carro.
O tesão me bate, junto com ele uma fúria animal já está tomando conta
do meu corpo inteiro!! Ela abre as pernas e começa a se tocar, enquanto eu tiro
minhas roupas. A puta estava louca para ganhar um pau na boceta e eu daria isso
a ela. Foderia ela até ela cansar.
Uso seu vestido fino, que está jogado no chão e amarro em seus olhos.
— Hum, você gosta de jogar, gatinho. — Ela fala de maneira
provocativa.
Abro mais suas pernas, deixando-a bem arreganhada e entro com tudo
em sua boceta. A vadia grita alto de dor e prazer. Começo a socar meu pau com
força, tentando aplacar a fúria que transborda de mim e a dor que queima em
minha alma.
Vanessa geme alto, gritando quando o primeiro orgasmo a atinge. Mas,
continuo metendo sem dó, estou com raiva, com ódio e coloco dentro dela toda a
minha frustração.
A cama começa a bater contra a parede, eu puxo seu cabelo erguendo-a
para que ela fique de quatro sobre a cama.
— Calma, gatinho, devagar — ela pede, mas a calo rapidamente quando
pego o cinto que usava, que está caído no chão e prendo seus braços para trás.
Ela começa a gritar de prazer e isso me enfurece, levo minhas mãos ao
seu pescoço e comecei a apertar de leve, testando sua capacidade.
— Essa putinha quer gemer, quer? Então geme de dor!!! — Falo e dou
um tapa forte em sua bunda.
Vou metendo sem dó e uso os meus dedos para testar seu rabo e ver se
ela já tinha dado ele antes. Como imaginei, meus dedos entram sem dificuldade.
— Vagabunda, já deu muito esse cuzinho, não é?! — Falo mordendo seu
pescoço.
— Me fode, me come — ela implora, desesperada para gozar.
Sem me importar com a dor que ela sentiria, a coloco-a de quatro e enfio
em uma estocada metade do meu pau no cuzinho dela. Ela grita e grita muito,
mas continuo sem me importar.
— Anda, putinha, anda.... Tá com dor?! Abre essa bunda.
Soco com gosto naquele rabo, ela está suada e já perdeu as contas de
quantos orgasmos tinha tido, parecia que ia desmaiar.
Dou um tapa forte na sua bunda e sou tomado por uma overdose de
luxúria e depravação. Meu pau, a esta altura, estava pronto para gozar, então
faço o queria fazer desde o começo. Aperto seu pescoço por trás, com minhas
duas mãos e gozo, tão forte que minhas pernas falham, mas não antes de pegar o
meu punhal e crava-lo em sua barriga, seu rosto perder a cor e seus olhos
ficarem pálidos e sem vida. Um prazer inexplicável toma conta de todo meu ser.
Ela não era minha, era uma puta desgraçada.
Olho mais uma vez para a vadia e sorrindo, deslizo a faca da sua barriga
até sua garganta para confirmar que ela não sobreviveria. Um vermelho belo
começa a colorir os lençóis brancos, me deixando fascinado. Com o sangue que
escorre pelo seu corpo eu deixo uma marca na parede. A minha marca. A marca
da Besta!
Olho para o corpo da jovem sem vida e fico chocada com a brutalidade
deste assassino.
— Tudo indica que tenha sido um homem — fala meu colega de
trabalho, detetive Emanuel.
— Temos chance de encontrar digitais? — Pergunto à perícia, que tenta
encontrar alguma pista de quem possa ter assassinado a moça.
— Por enquanto, não, a única coisa que descobrimos foi sêmen no
interior da vítima.
— Provavelmente do agressor. Vamos levar para o laboratório, é possível
que ele tenha cometido o assassinato durante o ato sexual.
Fotografo a palavra Besta escrita com sangue na parede do quarto e temo
por estarmos diante de um assassino em série, já que só um teria o prazer de
assinar sua obra após um ato tão vil. Saio do quarto, deixando a perícia
trabalhando e, do lado de fora, encontro a dona da casa e amiga da vítima, que
estava em viagem, mas ainda não a descartei como suspeita.
— Eu já liguei para o marido dela, ele está vindo para cá — diz a amiga
da vítima, limpando o rosto.
— Preciso que acompanhe o policial Adam para que ele colha seu
depoimento. Tente lembrar se alguém queria sua amiga morta. Adam, assim que
o marido chegar quero ser avisada, por favor.
— Claro, senhora. — Ele responde.
Eu aproveito para sair do local e fumar enquanto o marido não chega.
Todavia, assim que saio da casa vejo uma multidão de repórteres e curiosos do
lado de fora. Meu telefone dispara a tocar, entro novamente na casa e atendo ao
ver o número do meu chefe, o delegado de polícia Albertino.
— Bianchi, como deixou a imprensa saber do caso?! — Ele praticamente
grita comigo.
— Eu não sei como isso foi acontecer, senhor. — Digo, calma.
— Inferno, se estamos lidando com um serial killer, tudo que não
queremos é a mídia espalhando o caos pela Itália, estamos em plena campanha
eleitoral.
— Tentarei descobrir quem passou informações para a imprensa. Garanto
que a partir de agora nada sai daqui sem que saibamos.
— Lide com esses abutres ou terei que colocar alguém mais competente
no caso. — Ameaça, desligando na minha cara, como sempre mostrando o
babaca que é.
Ser mulher e trabalhar rodeada de homens só me faz perceber o quanto
somos subestimadas e desprezadas apenas pelo sexo.
— Vitório!! — Grito o nome do meu parceiro, nervosa.
Ele se aproxima, chegando com o celular em mãos.
— Preciso que descubra quem foi o filho da puta que contou para a
imprensa sobre o caso.
— Já estou resolvendo isso. Você precisa ver isso — diz ele, me
entregando o telefone.
— "Na cidade de Palermo ninguém está seguro, anda solto um assassino
que mata pobres mulheres. Ele se alto denomina como "A Besta". E mata a
sangue frio, primeiro faz a vítima se encantar e depois tira sua vida." — Diz a
nota do maior jornal da cidade.
— Precisamos caçar essa Besta e prendê-lo antes que outras jovens
apareçam mortas.

Acordo na manhã seguinte mais uma vez com o maldito pesadelo, dessa
vez eu estava amarrada e Dimitri sorria sadicamente, vendo Ivan ser
despedaçado pelas bestas ferozes. Esse horrível lugar está mexendo com a minha
mente.
Dimitri dormia ao meu lado, mais uma vez nu. O lençol está em seus pés
e não consigo evitar passar os olhos pelo seu corpo definido, ele deve treinar por
muitas horas para ter tantos músculos nos lugares certos. Pior que o desgraçado é
bonito, com essa barba cerrada e cabelos negros, seus olhos matadores que o
tornam um pedaço de mau caminho. Caminho esse que não pretendo percorrer.
Me levanto sem fazer barulho, pois não quero ter que aguentar ele logo cedo.
Vou para o closet e escolho um vestido branco leve, o clima na Itália é bem
diferente da Rússia, provavelmente eu precisarei fazer compras em breve. Tomo
um banho rápido, me visto no banheiro e quando estou pronta, saio, encontrando
Dimitri sentado na cama, aparentando ter acabado de acordar.
— Bom dia, bella mia. — Ele fala, levantando e vindo até mim.
— Não sei de onde você tirou esse apelido ridículo, meu nome é
Katharina.
— És bela, Katharina, bela e minha toda minha. Uma hora vai se dar
conta disso. — Ele afirma, tocando em uma mexa do meu cabelo. Me afasto,
saindo do quarto e deixando-o sozinho.
Desço as escadas, indo direto para a cozinha, que já estava a todo vapor.
— Buongiorno — comprimentos todos.
— Buongiorno, senhora — respondem.
— A senhora acordou cedo — fala Carlota.
— Estou acostumada a acordar cedo na Rússia. Vicenzo e Lorenzo já
acordaram? — pergunto.
— Sim, já estão na mesa do café, senhora, quer que eu prepare algo
especial para a senhora?!
— Não é preciso, Carlota, tudo que prepara é delicioso — digo e em
seguida acompanho Luigi, que leva uma bandeja com pães, croissant e brioche
até a mesa onde já vejo meus queridos cunhados sentados, tomando café.
— Bom dia — cumprimento-os, sendo educada.
— Bom dia, princesa — fala Lorenzo e Vicenzo me dá um bom dia seco.
— Gostaria de saber o que você tem contra mim, Vicenzo? — Pergunto
de uma vez para o idiota, que parece ter chupado limão logo cedo.
— Nada, deveria ter algo contra você, Castelaresi? — ele pergunta
ironicamente.
— Não dê ideias para o idiota do Vicenzo, ele só tem dificuldade em
confiar nas pessoas. — Fala Lorenzo, tentando quebrar o clima tenso.
— Bom dia — fala Dimitri, entrando na sala e sentando em seu lugar.
Os três começam a falar sobre negócios.
— O carregamento de coca será levado nos navios até a costa da Irlanda
e, de lá, faremos a distribuição. — Informa Vicenzo a Dimitri.
Eu já estava contando os segundos, só esperando o circo começar a
incendiar. Me sirvo de um delicioso cappuccino e a tradicional fatia de pão
italiano com marmellata, quando Natasha chega.
— Bom dia, queridos, já estão tomando café? cheguei tarde — ela diz,
com um sorriso sensual para Dimitri, que nem se move.
— Não seja por isso, querida, aguardaremos você para tomar café com a
gente — falo cinicamente e Vicenzo olha para mim como seu eu estivesse
possuída. Por dentro estou rindo do olhar chocado dos quatro.
— O que foi? — Pergunto, fingindo estar confusa.
Natasha disfarça a confusão e sobe para o segundo andar. Não demora
nem cinco minutos para ouvimos seus gritos do segundo andar.
— Que merda foi agora?! — Reclama Dimitri, jogando o guardanapo na
mesa e ficando de pé.
Eu finjo ignorância, demência continuo tomando meu cappuccino,
quando ela aparece, toda vermelha, segurando um dos seus vestidos Gucci.
— Sua vagabunda, você destruiu todas as minhas roupas — ela me
acusa, jogando o vestido sobre a mesa.
— Você me chamou de que cyka? — Pergunto séria, colocando minha
xícara sobre a mesa.
— Você ouviu, sua bastarda, você me paga — Natasha vomita a
acusação, vindo em minha direção para dar um tapa na minha cara. Porém, a
puta não sabe com quem está lidando. Rapidamente, segurei seu braço, girando-
o atrás das suas costas, pressionando seu rosto contra a mesa.
— A próxima vez que você levantar essa mão para mim vadia, eu vou
arrancar todas as suas unhas e fazer você comer. — Digo com ódio, esfregando
sua cara na mesa, porém, Lorenzo rapidamente me afasta dela e Vicenzo o ajuda,
separando nós duas.
— Foi você quem fez isso, Katharina? — Dimitri, que até então se
mantinha calado, pergunta, olhando direto para mim.
— O que acha meu amor? Eu avisei que deveria tirar sua puta dessa casa.
— Me respeita, desgraçada, essa casa é minha. — Ela diz, tentando se
jogar na minha direção.
— Se quiser continuar viva, vagabunda, é melhor sair daqui por bem ou
vai sair dentro de um caixão. — Digo amarga e Lorenzo não se contém e acaba
deixando escapar uma risada discreta.
— Chega!! — Grita Dimitri, vermelho de raiva. — Estou cansado de
vocês duas, isso aqui não é a porra de uma creche onde ficam brigando feito
crianças.
— Mas, Dimitri, ela destruiu todas as minhas roupas, entrou no meu
quarto sem permissão. Você não pode deixar que ela faça isso comigo — a vadia
tenta se defender.
— Eu decido o que fazer ou não com a minha mulher, Natasha. Pegue
este cartão e compre tudo que precisar. — Ele fala, abrindo a carteira e
entregando um cartão prateado para ela, que sorri que nem uma palhaça, se
sentindo vitoriosa por conta de uma merda de cartão.
— Te espero no meu escritório, Katharina. — Fala friamente, indo até
seu escritório com Vicenzo, nos deixando sozinhos na mesa.
— Você não vai conseguir. Nada que você faça vai me tirar do meu lugar.
— Natasha sorri, olhando para o cartão.
— Não se preocupe, Natasha, o lugar de puta da casa é todo seu. —
Respondo, deixando-a e Lorenzo para trás, saindo pela porta dos fundos para
tomar um ar puro e ficar perto dessa gente está me deixando maluca.
Se Dimitri pensa que serei seu cãozinho, que ele dá ordens, abano o rabo
e obedeço, ele está enganado. Desço uma escada que leva ao caminho de pedras
em meio à grama, o sol está quente e me arrependo por não ter pego meus óculos
escuros. Dois homens de Dimitri me olham de longe, mas não se aproximam e
eu agradeço por isso. De dia posso admirar melhor a fortaleza. Há muitas
árvores e muito verde, mas sinto falta de flores para alegrar o espírito sombrio
desse castelo.
Há uma grande fonte, três estátuas de Deuses gregos, isso me faz lembrar
que a Itália, mais especificamente a riqueza cultural e histórica da Sicília, é tão
surpreendente que nesta ilha italiana existam mais monumentos da Grécia
Antiga do que na própria Grécia. Esta herança, essa que se refere à cultura
romana. Quero conhecer todos o Vale dos Templos, o tempo dórico. O mais bem
preservado templo grego do mundo. Realmente preciso usar os poucos benéficos
que tenho por ser casada com um maldito italiano.
Uma torre me chama atenção, por ser afastada da construção principal,
como se ela tivesse sido construída depois do castelo. Continuo olhando o lugar,
que é enorme e muito bonito mesmo, com sua maneira rústica e sombria, a
fortaleza é encantadora. Dá para perceber que estão no terreno mais alto da ilha,
o que dá uma vista privilegiada de todo Mediterrâneo. O lugar é fantástico, daqui
de cima vejo a grandeza da Sicília.
Não sei quanto tempo fico olhando para o mar, pensando em como minha
vida mudou de um dia para o outro e quão difícil está sendo viver sobre o
mesmo teto que a Besta.
Volto a caminhar, prestando atenção no terreno, pensando que daria um
bom local para construir uma estufa, até me deparar com algo aterrorizante. A
menos de cinco metros de mim estava uma fera, mas dessa vez não era o maldito
do Dimitri, não, tinha um leão selvagem, bem na minha frente e o pior é que seu
olhar estava voltado diretamente para mim.
— Merda, merda estou fodida — digo, trêmula, ao ver a fera selvagem
caminhando em minha direção.

Esperei cerca de cinco minutos e nada da maledeta chegar. A desgraçada


só pode estar querendo me enlouquecer, não é possível que ela possa ser tão
petulante e desobediente. O castigo de ontem não foi o bastante para que ela
aprenda a me obedecer.
Saio da minha sala batendo a porta e já no corredor encontro Luigi.
— Onde está Katharina? — Pergunto a ele.
— A mulher é sua, irmão, é você quem deve saber onde a Castelaresi
está.
— Você está esquecendo que agora ela é uma de nós, Rinna também é o
sobrenome dela. Tenha isso em mente na prova de fogo e se algo der errado o
culpado será você!
Vicenzo sorri e não responde, saindo, provavelmente para a sede.
Cheio de raiva, chamo um dos seguranças e ele me informa que a
maledeta foi ao jardim, pelos fundos. A raiva que estava sentindo logo se
transforma em preocupação.
— Que merda Katharina foi fazer logo no jardim dos fundos?!
Caminho a passos apressados na direção que ele me indicou e não
demora muito para que eu veja os cabelos loiros de Katharina. Mas o que me
deixa totalmente possesso e com ainda mais raiva é ver que ela segura um
rastelo, pronta para atacar Hades.
— Que merda você está fazendo?! — Grito, entrando na frente de Hades
antes que a louca o machuque.
— Essa besta é sua? — Katharina pergunta, assustada.
— O que deu na sua cabeça para tentar machucar Hades?! — Pergunto,
preocupado que ela o tenha ferido. Verifico seu pelo atrás de algum ferimento
que ela possa ter lhe causado.
— Você está brincando comigo? Eu quase fui devorada por esse animal
feroz e você está preocupado com ele!! — ela grita e Hades ruge, irritado com
Katharina.
— Calma garoto, eu estou aqui — digo, acariciando seu pelo,
acalmando-o e ele esfrega a juba no meu braço, num gesto carinhoso, querendo
atenção.
— Desaparece da minha frente, Katharina, se eu pegar você tentando
machucar Hades ou Perséfone, você irá se ver comigo. — Digo firmemente,
deixando claro para ela que isso não é brincadeira.
— Espero que esse maldito leão te devore, seu desgraçado!! — Ela grita
e Hades avança na direção dela para atacá-la, todavia, entro na frente e ele para,
não sem antes rugir para Katharina.
— Fora daqui Katharina! — Digo e ela joga o rastelo no chão e sai em
direção à fortaleza. — Ei, garoto, fica calmo — digo, acariciando-o para que ele
não vá atrás da desmiolada da Katharina.
Quando Hades está mais calmo, o levo até o oásis que construí para ele e
Perséfone, nos fundos da propriedade. Ganhei Hades de presente quando ele
tinha sete meses de vida, de um contrabandista que estava passando pela Itália e
queria fazer negócios com a Cosa Nostra, contudo, tráfico animal não faz parte
dos negócios da máfia.
Quando ele se deu conta do terreno em que estava pisando, me entregou
Hades como presente de desculpas. Eu não queria aceitar, mas temendo que o
animal tivesse um destino pior na mão de contrabandistas, eu o aceitei. Então
decidi criar um lugar aqui na fortaleza onde ele se sentisse livre e não como um
animal de estimação.
Um veterinário foi contratado e teve que morar aqui para dedicar cem por
cento do seu tempo aos animais, já que dois anos depois da chegada de Hades,
decidi mandar trazer uma fêmea, para que ele não se sentisse tão só. Então
Perséfone foi trazida de um zoológico particular, que estava para fechar devido a
sua má administração e falta de recursos. Comprei a leoa deles e ainda dei uma
boa grana para que eles pudessem reconstruir o zoológico.
— Ei, garota, onde você estava? Estávamos procurando você!! — digo à
Perséfone assim que chegamos à área reservada para os dois. A mesma está
deitada sobre uma pedra e olha para nós dois, entediada.
— Senhor, não sabia que estava aqui — diz Guido, o veterinário e
tratador dos animais.
— Onde estava que não viu Hades a ponto de atacar minha esposa? —
Pergunto, olhando para ele, que fica pálido na mesma hora.
— Desculpe, senhor, eu saí por apenas um minuto para buscar a comida
dos leões. — Explica, nervoso, segurando dois baldes com a carne de primeira
que é servida para Hades e Perséfone.
— Certo, espero que isso não aconteça novamente — o aviso.
Deixo os dois se alimentarem e volto para a fortaleza para tratar da
minha mais nova dor de cabeça, Katharina.
Na entrada, encontro Natasha saindo, provavelmente para suas compras.
O que me faz lembrar o primeiro motivo pelo qual estava furioso com Katharina.
Inferno, essa mulher só pode ser um castigo vindo do além para me
atormentar. Passo pela porta da frente vejo Luigi conversando com Lorenzo.
Ignoro os dois e vou direto para o escritório, atrás da loira. Porém qual a minha
surpresa ao encontrar o escritório vazio. — Maldita russa, continua a testar a
minha paciência. Vou direto para o quarto, onde provavelmente ela deve se
esconder. E, assim que abro a porta, vejo a maledeta sentada na cama com o
controle da tevê na mão.
— Qual o seu problema, Katharina, por que é tão difícil cumprir uma
simples ordem?
— Eu não sou seu soldado, Dimitri! — Diz, jogando o controle sobre a
cama e se levantando.
— Claro que não, se fosse, uma hora dessas eu já teria arrancado sua
língua. Por que entrou no quarto de Natasha e estragou as roupas dela?
— Eu avisei que era para tirar essa mulher daqui. Se tem alguém
culpado, esse alguém é você, por que me humilha mantendo a esposa e a amante
sob o mesmo teto?!! — Grita, apontando o dedo em minha direção.
— Esta casa é minha, Katharina, eu hospedo quem eu quero dentro dela.
Você se casou comigo há poucos dias e já quer mandar na minha vida.
— Esta casa não é só sua, querido, acho que esqueceu que meu pai fez
questão do nosso casamento ser em regime de comunhão de bens, como na
máfia não existe divórcio, você não se importou em assinar. Porém, eu não me
esqueci desse fato, portanto eu não quero a sua vadia vivendo aqui! — Fala
afrontosa e tudo que eu quero é fazê-la engolir suas palavras com meu chicote.
Dou um passo em sua direção, empurrando-a contra a coluna de madeira
do dossel da cama.
— Chega de birra! — digo, segurando suas mãos antes que ela me acerte.
Pressiono meu corpo contra o seu tentando controlar minha vontade de
machucá-la.
— Escuta de uma vez por todas, quem dá as cartas aqui sou eu,
Katharina, você está sobre o meu domínio. Não quero mais saber de brigas
dentro dessa casa, aprenda a conviver com Natasha, pois mulher nenhuma me
põe cabresto. Você, Katharina, não passa de um acordo que tenho que suportar
pelo bem da Cosa Nostra. — Falo friamente, olhando em seus olhos azuis.
— Pois para mim, Dimitri, você não passa de um demônio querendo se
passar por um Deus. Eu não tenho medo de você.
Quando ela diz isso eu já não me controlo, puxo seu cabelo brutalmente e
arrasto seu rosto para o meu, mordendo seus lábios rosados e beijando sua boca.
O gosto de sangue faz com que o beijo se torne ainda mais intenso. Katharina
tenta lutar, mas a mesma eletricidade que queima em mim incendeia ela também
e esse desejo se torna incontrolável. Ela se entrega, me mordendo do mesmo
jeito que eu a mordi. Beijar seus lábios é como beijar o fogo, são quentes como
brasas e parecem me consumir a cada toque meu. Eu não resisto e puxo a parte
de cima do seu vestido, fazendo com que os botões voem pelo quarto.
Meus lábios viajam pelo seu pescoço, o cheiro de rosa preenche minhas
narinas e meu pau está tão duro que estou a ponto de enlouquecer se não entrar
dentro dela. Katharina usa as unhas para arranhar meu pescoço e meus ombros,
mas nada me fará parar, não agora que a tenho a minha mercê, tão submersa no
desejo que se submeterá a mim. Volto a beijar seus lábios com força e puxo seu
cabelo para machucar. Katharina geme chupando a minha língua e arranha com
força meus ombros. Há um duelo sendo travado neste quarto, um duelo para
saber quem está no comando. Puxo a alça do seu sutiã, deslizando pelo ombro,
porém, é nesse momento que Katharina se afasta e limpa a boca, como se
sentisse nojo por ter me beijado.
— Não venha dar uma de virgenzinha assustada, Katharina, você gostou
e se não tivesse parado, agora estaria de quatro nessa cama, comigo te comendo
brutalmente. — Digo a olhando.
— Você é um escroto, saia daqui Dimitri, me deixa sozinha. Não vê que
o odeio, que quero distância de você?
— Pode odiar o quanto quiser, Katharina, mas me deseja e aposto que
está encharcada apenas com a porra de um beijo.
— Você é nojento! — Ela grita, tentando colocar a parte de cima do
vestido rasgado.
— Foda-se o que você pensa, pode negar e dar uma de durona, eu não me
importo. Uma hora ou outra, você estará gemendo, amarrada, com a bunda
marcada pelo meu chicote e meu pau fundo na sua boceta.
— Nunca, seu desgraçado, eu tenho nojo de você e de mim por ter
aceitado seu beijo.
— Eu estou vendo que essa conversa não vai nos levar a nada. Você está
proibida de sair da mansão e de se aproximar de Hades e Perséfone, e muito
menos de entrar no quarto de Natasha. Espero que, com isso, você perceba que
toda vez que me afrontar a única que sai perdendo é você. — Falo sério e decido
deixá-la sozinha e ir direto para a sede, onde tenho muito a fazer.

— A coca vinda da Colômbia é realmente de primeira — falo após


cheirar a pequena prova da nossa remessa, vinda de Bogotá, na Colômbia.
— Eu falei, chefe, essa remessa é boa, vamos ter grande lucro com ela.
— Vamos começar a transportar nossas mercadorias pelos navios da
família Castelaresi. Espero que tudo seja preparado em menos de três dias para o
primeiro transporte.
— Certo, chefe — Alejandro diz, saindo da minha sala.
— Senhor — diz Cibele, batendo na porta da minha sala.
— Entre — Autorizo, largando o balanço da carga vinda da Colômbia.
— Bom dia, senhor, desculpe incomodá-lo, mas o senhor Rinna mandou
chamá-lo em sua sala o quanto antes.
— Obrigada, Cibele, estarei lá em alguns minutos — digo, desligando
meu computador, pegando os balanços e indo até a sala de Dimitri.
Após bater na porta, ouço ele dizer para entrar.
— Mandou me chamar?!
— Sim, quero saber como ficou a organização da nossa carga que será
enviada pelos navios dos Castelaresi.
— Em três dias tudo estará pronto para despacharmos pela Europa.
— Perfeito, tenho mais uma missão para você — falo ansioso. — Preciso
que coloque alguém de olho na Daniela, dei uma missão a ela, de conseguir o
engenheiro de finanças para começarmos nosso esquema de lavagem de
dinheiro. Porém, não tenho cem por cento de confiança em Daniela, ela já falhou
uma vez e agora é importante demais que a missão seja cumprida.
— Certo, mandarei alguém ficar na cola dela.
— Temos outro problema, um dos nossos laboratórios na Argentina foi
descoberto pela polícia local. Infelizmente, perdemos um grande lote de drogas,
quero que entre em contato com nossos associados da polícia de lá e tente
descobrir quem passou a informação para eles.
— Isso foi fita dada(delação), eles não tinham como encontrar um
laboratório subterrâneo em meio a uma área rural sem algum dedo duro ter nos
entregado.
— É o que eu imagino também, seja quem for, quero esse maldito morto.
Precisamos de um novo local para o laboratório da América Latina, encontre um
bom engenheiro para que o novo laboratório seja mais seguro que o anterior.
Não podemos perder nosso comércio latino.
— Pode deixar, eu mesmo resolvo isso. Vou agora mesmo falar com
Daniela e ver o que descubro sobre o economista que ela vai encontrar. —
Informo, deixando a sala de Dimitri, pegando o elevador privativo para ir até o
andar da sala de Daniela Copolla.
Ao passar pelos corredores, noto que todos ficam calados, concentrados
em seus computadores, temendo não só pelos seus empregos, mas também suas
cabeças. Entro na sala de Daniela e a vejo concentrada na tela de seu
computador.
— Já tem o nome que precisamos, Daniela? — Pergunto à melhor hacker
da Cosa Nostra.
— Sim, consegui tudo que precisamos sobre ela, tenho uma biografia da
vida dessa mulher.
— Mulher? — Questiono, confuso.
— Sim, uma mulher. Seu nome é Ella Meyer, atualmente trabalha na
bolsa internacional de valores suíços, também presta consultoria para o banco
UBS. Enfim, ela é a mais qualificada para o que precisamos, o difícil vai ser
convencer Ella Meyer a trabalhar para a família. — Diz ela, tirando os olhos da
tela e olhando para mim.
— Espero que já tenha bolado um plano e que dessa vez não envolva
tiros, como da última vez.
— Sim, tenho um plano, mas vou precisar de dinheiro vivo, muito
dinheiro. — Ela conclui, concentrada.
— Isso não é problema, diga à quantia que Lorenzo leva para você.
— Vou precisar para hoje mesmo, já comprei a passagem estou indo para
a Suíça hoje à noite. Pelo que pesquisei sobre Ella, não será fácil convencê-la a
nos ajudar, nós estamos falando de uma mulher com uma carreira no mundo
financeiro intacta. Mas, ao se juntar com a máfia, não estará mais tão intacta.
— Todo ser humano tem um preço, Daniela, você só precisa descobrir
qual é o dela.

Eu não conseguia entender porque agora e daquela forma, como pude
corresponder de maneira tão intensa ao beijo de Dimitri? O pior é saber que ele
tem razão, eu estava excitada com o toque de suas mãos grossas percorrendo
meu corpo.
— Eu só posso estar enlouquecendo, jamais deixarei um homem como
ele me submeter de maneira tão vil.
Isso só pode ser a carência, uma atração física, apenas isso, é apenas meu
corpo correspondendo a um homem bonito. Seja lá o que for isso, preciso
sufocar qualquer tipo de sentimento que não seja o ódio por esse homem.
Quando vi, pela janela do quarto, sua Ferrari saindo pelos portões da fortaleza,
pude voltar a respirar. Fui direto para o banheiro tirar o cheiro dele, que parecia
impregnar minha pele.
Ligo o chuveiro na água fria e tiro toda a minha roupa, entrando na água
gelada, fazendo com que ela me desperte desse torpor. Lavo meus cabelos e
termino meu banho, me sentindo mais leve. Recolho a minha roupa, jogando
tudo na lixeira do banheiro, não quero nada que me lembre o que aconteceu
aqui.
Me troco rapidamente e, dentro do closet, pego o meu violino e o celular
que trouxe escondido. Tocar sempre faz a minha mente clarear e os problemas
desaparecerem.
Decido ir para a biblioteca, desço as escadas, dando graças a Deus pela
casa estar vazia, assim eu tenho um pouco de paz. Entro na grande biblioteca e
só agora posso observar melhor os seus detalhes, ela tem dois andares, estantes
de madeira trabalhada, provavelmente por grandes artesãos, o teto é pintado à
mão, com belas pinturas mostrando um belo mapa da Itália antiga.
Abro as janelas, deixando o ar puro entrar, me sento na poltrona de couro
marrom perto da janela e observo daqui à vista grandiosa. Posiciono meu violino
e deixo a música fluir pelos meus dedos. Coloco nela todas as minhas emoções e
a melodia flui lentamente, dando vazão a todos os meus sentimentos. A dor
dentro de mim faz a canção ser um tanto melancólica e triste, mas não paro,
continuo tocando para esvaziar minha mente.
As cordas dançam pelos meus dedos, uma lágrima escorre pelo meu rosto
ao imaginar como poderia ter sido a minha vida se não estivesse aqui, como
poderia ter sido se não fosse uma maldita Castelaresi. Não sei quantas músicas
toco, fiquei envolvida no violino por muito tempo e quando a agonia dentro de
mim se esvai, a melodia do violino chega ao fim. Eu abro meus olhos e olho para
a vista de lá, me dando conta que não adianta mais chorar, pois nada vai mudar.
Ivan não voltará e eu continuarei sozinha no covil da Besta, literalmente. Me
lembro do leão feroz que ele tem como animal de estimação.
— A senhora tem um talento incrível — diz Luigi, me assustando, pois
não tinha notado que ele estava me assistindo tocar.
— Faz tempo que está aí?
— Não, senhora, acabei de chegar. Como à senhora não desceu para o
almoço eu decidi ver se quer que eu traga sua refeição para a biblioteca.
— Fiquei tanto tempo assim entretida? — Pergunto, me dando conta de
que já é tarde.
— A senhora toca tão lindamente que não queria interromper.
— Obrigada, Luigi, não se preocupe, almoçar com vocês, na cozinha.
— Tem certeza que é uma boa ideia, senhora? O senhor não irá gostar de
saber que fez sua refeição na cozinha.
— Deixa que, com Dimitri, eu resolvo.
Seguro no braço dele e saímos da biblioteca em direção ao primeiro
andar, mas ao descer as escadas tenho o desprazer de encontrar com a puta,
chegando das suas compras com dezenas de sacolas.
— Luigi, ajude Kleber a trazer o resto das minhas compras — ordena ela,
com um sorriso de deboche.
— Luigi não é seu empregado, Natasha, que eu saiba você e ele
trabalham para a família. Ou seja, se quer suas compras em seu quarto, vá buscar
você mesma.
— Que isso, queridinha, está bravinha porque eu pude comprar tudo que
eu quis com o cartão de Dimitri, enquanto você ficou aqui levando uma bronca?
— Natasha, tem horas, como agora, que eu sinto pena de você. Sinto
pena por pensar que existem mulheres como você, que se contentam com o fato
de um homem só a querer para o cargo de amante, contente com míseros
presentes caros e migalhas de atenção. Tem horas que tenho pena por você estar
perdendo seu tempo com um homem que nunca vai te amar. — Digo, olhando
para ela com pesar.
— Você não sabe o que está dizendo, você não me conhece, Dimitri me
ama e você é o único empecilho para que sejamos felizes. Está com inveja dos
presentes que ele me deu, isso sim.
— Inveja, Natasha, do que? Sabe de onde eu vim, não preciso do
dinheiro de Dimitri. Eu sou uma mulher independente, tenho meu dinheiro e
mesmo que não tivesse eu sou formada, querida. Sou uma advogada e, se
precisar eu prefiro trabalhar de garçonete em um botequim a depender de um
homem.
— Isso tudo não passa de despeito. Katharina, aceita de uma vez por
todas que você está sobrando aqui. Dimitri não te suporta, na verdade, ninguém
nesta casa gosta de você. A melhor coisa que faz é voltar para o lugar de onde
veio.
Ela tenta retrucar, pois é nítido que minhas palavras a abalaram.
— Como eu disse, são poucas as vezes que sinto pena de você, pois logo
me lembro que você não passa de uma puta e que está nessa situação porque
quer, então meu desprezo toma conta. Eu te avisei, Natasha, você deveria ter me
ouvido. — Falo deixando-a sozinha, indo direto para a cozinha junto com Luigi
que, ao passar pela porta da cozinha, não se aguenta e solta uma gargalhada.
— Senhora, desculpe a minha falta de modos, mas nunca vi a senhorita
Natasha tão sem resposta como agora.
— Ignora ela, Luigi, vamos almoçar, porque não vou deixar essa infeliz
estragar meu apetite.
Não vejo mais a serpente pela casa. No meio da tarde eu já estava
entediada, até queria ir caminhar pelo jardim, mas o medo de encontrar a besta
me faz desistir. Ligo para Aslan, porém ele não me atende. Penso em ligar para
casa e falar com mamãe, mas tenho medo do meu pai acabar atendendo. Sem ter
muito o que fazer dentro de casa, decido sair e conhecer Palermo. Visto uma
calça jeans escura, uma jaqueta por cima da blusa branca e pego minha bolsa,
pronta para sair.
— Luigi — chamo por ele ao chegar na sala de estar.
— Senhora, precisa de algo? — Ele pergunta, como sempre prestativo.
— Preciso da chave de um dos carros do meu marido.
— Bem, senhora, eu não tenho permissão para entregar as chaves dos
carros do senhor Dimitri, todos sabem que ele tem muito apreço por seus carros,
nem mesmo os irmãos os usam.
— Não se preocupe, Luigi, Dimitri não vai ficar bravo, eu mesmo
resolvo com ele quando chegar.
— Se a senhora garante — ele vai até um aparador na sala e tira de
dentro de lá uma caixa. — A senhora escolhe — ele fala, mostrando a
quantidade de chaves dentro da caixa, provavelmente meu querido marido tem
uma coleção enorme.
Escolho a primeira que vejo e me despeço de Luigi, saindo da mansão.
— Senhora, posso saber onde a senhora está indo? — Pergunta um dos
seguranças.
Ele tem cabelos castanhos claros e barba cerrada, realmente a Itália é a
terra dos homens bonitos. Jesus, é cada monumento.
— Estou saindo, não que isso seja da sua conta.
— Tenho ordem para não deixar à senhora sair, ordem do chefe. — Ele
diz, constrangido.
— Pois eu vou sair e é melhor não ficar no meu caminho. — Respondo,
dando dois passos à frente, mas sou parada por ele novamente.
— Senhora, eu fui designado, junto com Romeu, para ser o segurança da
senhora, por favor, colabore, estamos apenas cumprindo ordens.
— Qual o seu nome? — Pergunto, me controlando para não estourar e
mandar ele enfiar essas ordens lá naquele lugar.
— Chaise, senhora.
— Certo, Chaise, eu vou sair de um jeito ou de outro. Você pode escolher
vir comigo ou ficar aqui, a escolha é sua. — Digo, sabendo que não vou
conseguir me livrar dele mesmo. Tudo o que eu quero é sair e conhecer a cidade.
Noto que ele engole em seco, provavelmente sem saber o que fazer, por
fim decide me acompanhar até o carro.
Quando chegamos no carro, fico em êxtase ao ver o modelo exclusivo da
Maserati. O outro segurança abre a porta de trás para mim, como se eu fosse
deixar a diversão por conta deles. Jamais, entro, sento no banco do motorista e
dou partida, animada.
— E aí, vão entrar ou vão ficar olhando?! — digo sem paciência e não
demora para que os dois estejam dentro do carro.
Saio da fortaleza cantando pneu, ligo o som do carro, escolhendo uma
música. Não demora muito e Bishop começa a tocar, animando o dia que estava
uma merda.
— Senhora, não é recomendável dirigir nessa velocidade — diz Chaise,
apertando o cinto de segurança conforme eu acelero a mais de duzentos por hora
na curva.
— Deixa de ser careta, Chaise, estamos em uma Ferrari. Confiem.
Vamos nos afastando da fortaleza, vejo o sol se pôr e toda Palermo se
acender. A cidade é linda, fico encantada com tudo que vou vendo pelo
caminho. Passamos pela praça central. Conheço o shopping principal, o teatro,
assim como o mercado de peixe. Na avenida da orla eu estaciono o carro e fico
olhando pela janela, observo muitas pessoas caminhando, crianças andando de
bicicleta e muitas flores.
— Está ficando tarde, senhora, é melhor voltarmos antes que seu marido
chegue.
— Vocês dois são uns chatos — reclamo, dando partida e voltando para a
minha prisão.
Já tinha decorado o caminho de volta, apesar de não ser difícil localizar
um grande castelo no alto de Palermo. Todavia, os olhares de Chaise e Romeu
para o retrovisor me deixam em alerta, que algo pode estar acontecendo.
— O que foi? — Pergunto, olhando pelo retrovisor.
— Não se preocupe, senhora.
— Como não me preocupar, o que tá acontecendo?!
— Estamos sendo seguidos — fala Romeu, tirando a pistola do coldre.
— Como assim estamos sendo seguidos, merda? — grito nervosa e em
seguida ouvimos tiros sendo disparados em direção ao carro.
— Concentre-se na estrada, senhora, estamos aqui para protegê-la — diz
Chaise, abrindo o vidro do carro e atirando contra o carro preto que nos segue.
— Precisamos tirar a senhora daqui — fala Romeu, nervoso, atirando
contra o carro e eu acelero, tentando chegar à fortaleza o mais rápido possível,
porém o que eu não esperava era o tapete de lâminas em nossa frente.
Tento desviar, mas, em alta velocidade, passo por cima, furando os pneus
do carro, fazendo com que eu perca o controle da direção. Tudo acontece em
câmera lenta, os tiros param, mas o carro gira, capotando no ar. Meu corpo
queima de dor, meu pé está preso nas ferragens. Não consigo ver Chaise, apenas
Romeu, que está preso no cinto, desacordado e com bastante sangue saindo da
sua barriga. Tento puxar meu pé, mas a dor no corpo é forte. Forço-me a puxar
meu pé pelo menos umas três vezes, até que ele esteja livre. Solto o cinto de
segurança e meu corpo cai com tudo batendo na porta lateral, cortando meu
braço com os cacos. Me arrasto pelo vão aberto e consigo sair do carro, quando
vejo o corpo de Chaise no chão, desacordado. Tento ir até ele para pegar o
celular e pedir ajuda, porém antes que eu possa me levantar, vejo botas pretas na
minha frente. Um homem de preto que nunca vi coloca um pano no meu rosto e
o cheiro forte de clorofórmio toma conta. Aos poucos eu vou apagando, não sem
perceber que acabo de ser sequestrada.

Acordo com uma dor terrível na cabeça e um zumbido forte em meu
ouvido, o que me leva a crer que fui drogada. Lentamente, vou abrindo meus
olhos e me dando conta do lugar onde me encontro. Estou sentada em uma
cadeira com as mãos e as pernas presas a ela, minha roupa está suja e meu
cabelo esparramando pelo meu rosto. Levanto a cabeça e sinto minha garganta
arder de sede, outro efeito das drogas que injetaram em mim. Meu ombro dói e
olhando para ele vejo uma grande ferida em carne viva, provavelmente do
acidente.
A sala onde estou não é muito grande, não há janelas, nem banheiro,
apenas uma porta, por onde meus sequestradores devem passar. Não faço ideia
por quanto tempo fiquei desacordada, mas é bem provável que há essa hora
Dimitri já saiba que fui sequestrada. Ele pode não gostar de mim, mas não
deixará que meu pai descubra que fui sequestrada e eu conto com isso para sair
daqui. A porta abre e um homem alto de cabelos castanhos e barba comprida
passa por ela.
— Katharina Peshkov Castelaresi Rinna, um belo nome para uma bela
mulher. — Fala em russo, me surpreendendo. — Uma russa casada com um
italiano muito rico e influente chefe da Cosa Nostra.
— Você parece saber muito sobre mim — digo com a voz fraca.
— Não o bastante, pelo visto. Mas ele que vem de uma família
aristocrática e agora é esposa do poderoso Salvatore Rinna, sua cabeça vale uma
fortuna.
— E você pretende vendê-la. — Concluo, com asco.
— Negociá-la é o melhor termo a ser usado, mas antes disso acontecer
preciso mostrar ao seu querido marido o que acontecerá caso ele não queira
pagar o resgate. — Fala com um sorriso frio nos lábios e acende um cigarro,
tragando a fumaça para então soltá-la no meu rosto.
Me concentro para não o mandar se foder antes da hora, preciso manter a
calma para sair viva daqui, minha vida está nas mãos deste filho da puta. O
desgraçado joga o cigarro no chão e pisa em cima, voltando a abrir a porta e por
ela passa outro homem. Esse é aterrorizante, ele é enorme e sua aparência o
deixa assustador.
— Rain, dê à convidada um tratamento vip — diz o babaca ao mutante.
O homem assustador avança em minha direção, tira o celular do bolso e
aponta a câmera para mim. Quando menos espero recebo um soco certeiro no
estômago. Seu golpe é tão forte que a cadeira é empurrada para trás e só não caio
por conta da parede.
A dor é intensa, só que maior que a dor que estou sentindo é o meu ódio
por esses miseráveis. Eu não tenho chance de me recuperar do golpe, pois outro
vem em seguida e logo depois um tapa forte no meu rosto, fazendo com que meu
lábio se parta. Sangue escorre da minha boca, mas eu não ouso pedir para que
parem, pois é isso o que eles querem e não darei esse gostinho para os bastardos.
— Acho que é o suficiente para fazer com que o marido da belezinha aí
pague o resgate — Fala. — É melhor entregar o que pedimos, não acredito que a
loira irá aguentar muito tempo a estadia que preparamos para ela — ele diz,
enquanto filma o meu estado.
Fico sozinha na sala novamente e aproveito esse tempo para pensar em
uma estratégia para sair daqui. Não é possível que esses caras sejam tão burros a
ponto de sequestrar a senhora da máfia italiana.
O que eles estão pedindo para Dimitri em troca por mim. Se bem
conheço esse tipo de merda, se Dimitri pagar o resgate, ainda assim vão me
matar. Minha mente trabalha várias hipóteses, mas nenhuma delas me parece
lógica. Russos na Itália e pior, sequestrando a esposa do Boss da Cosa Nostra.
Não sei quanto tempo fico sozinha na sala, mas uso esse tempo para me acalmar
e controlar a dor que se espalha pelo meu corpo. As cordas em minhas mãos não
estão bem amarradas, não da maneira como devia. Se me concentrar o bastante,
talvez eu consiga libertar as minhas mãos e posso escapar daqui. A voz de Aslan
vem na minha cabeça, eu tinha apenas onze anos quando fui amarrada por ele
em uma cadeira como essa por quinze horas no meio de um lago congelado, até
que eu descobrisse uma maneira de me soltar. Digamos que o modo de
treinamento russo não é fácil e meu irmão não facilitou em nenhum momento
para mim. Ele queria que eu estivesse preparada para que na hora certa eu
pudesse me defender.
Levanto meu rosto e tento enxergar alguma câmera na sala. Não quero
que os meus sequestradores vejam a minha tentativa de fuga. Sinto que uma das
paredes é falsa, mas ainda assim vale a pena o risco. Junto os nós dos dedos e
coloco os punhos na direção do peito, esse gesto cria um espaço entre os pulsos.
Giro o punho de baixo em um ângulo de 45° e começo a afrouxar a corda. A dor
atrapalha meus movimentos e dificulta meus gestos.

Não foi tão fácil como pensei conseguir livrar meu pulso, porém o som
de passos perto da porta me faz parar os movimentos e enrolar a corda sobre o
pulso novamente.
— Sentiu nossa falta, loira? — Ele pergunta, puxando meu cabelo e
erguendo meu rosto para o seu.
— Não — grito de ódio.
— Pois deveria se acostumar, o desgraçado do seu marido não quer pagar
o seu resgate. — Diz com ódio na voz e então meu corpo paralisa ao me dar
conta do que ele disse.
— Você está mentindo para mim, Dimitri não faria isso — digo, tentando
me enganar.
— O maldito Rinna não quer pagar, o desgraçado recusou o meu pedido
pela sua soltura. Pelo visto, você não é tão gostosa como parece — fala,
passando as mãos asquerosas pelos meus seios.
— Ligue para o meu irmão. Aslan pagará o que quiser — tento
convencê-lo, já que estou sem saída.
— Acha que eu sou idiota, maldita — fala, socando a parede ao lado do
meu rosto. — Me fala por onde o desgraçado do seu marido está transportando
as armas.
— Eu não sei do que está falando — digo séria, tentando passar
confiança.
— Não se faça de inocente, eu sei bem que a Cosa Nostra recebeu um
grande carregamento de armas e seu maridinho não quis entregar as armas pelo
seu resgate.
— Eu não sei onde estão essas armas, se precisar de dinheiro ligue para o
meu irmão e peça o resgate.
— Vadia desgraçada, fala para onde o maldito vai levar as minhas armas.
Ele dá um tapa forte no meu rosto e eu gemo alto de dor.
— Eu já disse, não sei para onde ele vai levar as armas. — Falo firme,
mesmo lembrando da conversa que ouvi de Dimitri e Lorenzo no jantar. As
armas seriam enviadas pelos navios do meu pai.
— Desgraçada, até agora eu fui bonzinho com você e mesmo assim não
quer colaborar comigo. — Ele pega um canivete de dentro do bolso da calça e
aponta para mim. — Como eu sou bonzinho eu vou te dar mais uma chance de
me dizer onde o maldito do seu marido escondeu as minhas armas.
— Eu não sei onde estão essas armas.
— Você fez uma péssima escolha. Eu peguei leve com você e não quis
colaborar, se você não tem serventia para mim, deixarei que meu amigo Rain se
divirta com você. Sabe quanto tempo faz que ele não tem uma mulher bonita
para foder? — Diz enquanto passa o canivete pela minha blusa, cortando não só
ela como fazendo um risco na minha pele.
— Eu vou te matar, seu maldito! — digo e gemo de dor ao sentir minha
pele sangrar.
— Tudo isso seria evitado se você me dissesse onde estão as armas.
— Eu já disse que não sei, filho da puta — rosno e em seguida recebo
um tapa certeiro.
— Vadia nenhuma xinga minha mãe, bastarda. — Fala e eu engasgo com
o gosto de sangue em minha boca.
Ele vai até a porta e abre para que o tal Rain passe, meu corpo treme de
pavor ao imaginar o que eles pretendem fazer comigo e me lembro que tudo isso
é culpa do desgraçado do Dimitri, que não pagou a merda do resgate.

Essa é a segunda vítima encontrada no mesmo padrão. Solteira


encontrada no seu próprio apartamento, vítima de um homem não identificado.
— Que tipo de pessoa transa com a vítima e em seguida a mata de
maneira brutal. Não deixa impressões digitais, contudo, deixa a sua assinatura do
crime.
— Nós já montamos uma lista de suspeitos, mas por enquanto é
complicado demais achar esse homem.
— As únicas testemunhas que temos dizem que viram à senhorita Catar
por volta das cinco da tarde saindo em um táxi.
— Não tem câmeras no prédio e no horário que eles chegaram já não
havia quase ninguém na rua. Estamos tentando puxar as câmeras de segurança
dos prédios vizinhos, mas até o momento nenhuma que desse uma visão boa da
entrada do prédio da vítima.
— Esse desgraçado está brincando com a gente — falo com raiva,
olhando para a pobre coitada estirada sobre a cama, com a garganta cortada.
Evelyn Castilho, a pobre coitada, só tinha vinte e dois anos e morreu de
maneira terrível.
— Acha que tem alguma ligação entre ela e a primeira vítima? —
Pergunta Vitório.
— Temos que investigar, mas por hora não há nada que ligue os dois
casos a não ser o fato de serem jovens.
— Eu não consigo entender porque ele transa com as vítimas antes de
matá-las.
— Não dá para saber o que se passa na mente de um assassino em série,
mas ao que tudo leva a crer ele possui algum tipo de transtorno psicológico,
talvez uma aversão à mulher ou talvez algum trauma do passado que o lava a
matar.
— Para mim ele é só um desgraçado querendo aparecer! — Diz meu
parceiro.
— Senhora, temos uma coisa para mostrar — diz o chefe da perícia.
— O que você tem para mim?
— Encontramos esse recibo no bolso da saia da vítima, é de uma casa
noturna, pode ser uma pista que nos leve ao assassino.
Pego o recibo e não posso acreditar na sorte que temos.
— Goccio - L'Arte. Conhece esse lugar? — pergunto ao meu parceiro
— Conheço sim, é uma das boates da Cosa Nostra, estaremos entrando
em terrenos perigoso.
— Eu vou até o fim para descobrir quem é esse assassino, seja onde ele
estiver, eu irei caçá-lo.

Eu estava ferida, sentindo todo o meu corpo doer, mas não deixarei um
filho da puta desse me tocar. Assim que a porta fechou, deixando-me sozinha
com o tal Rain, esperei ele se aproximar para encostar suas mãos asquerosas em
mim e o ataquei com um soco forte direto na sua garganta fazendo ele cambalear
para trás, sem ar. Aproveito esse momento para soltar as amarras das minhas
pernas, porém antes de terminar sou puxada com tudo pelo cabelo.
— Sua puta, desgraçada!! — Ele vocifera, me jogando com tudo contra a
parede.
A dor é horrível, minhas costelas doem, provavelmente devem estar
fraturadas. Lágrimas turvam a minha visão, mas estou decidida a lutar pela
minha vida, então me levanto, mesmo ferida e avanço sobre o meu captor.
— Você parece gostar de apanhar, vadia — fala e tanta acertar meu rosto,
mas sou mais rápida e desvio, cruzando minhas pernas nas suas o derrubando.
Ele é pesado e demora a tentar se levantar, aproveito esse tempo para
cruzar as pernas em seu pescoço, usando meus braços para puxá-lo para trás, o
mesmo luta tentando se soltar.
A dor que sinto em meu corpo é terrível, mas não paro de puxar seu
pescoço mesmo sentindo suas unhas rasgarem a pele da minha perna.
— Morre, desgraçado!! — grito com toda a minha força, puxando até
sentir seu corpo amolecer e ele desfalecer.
Me afasto do corpo, tremendo, sentindo meu corpo fraco, contudo meu
ódio é tão grande que ainda chuto o miserável de raiva. Até ouvir a porta abrir e
o outro aparecer, mas antes que ele tire a arma da cintura eu pego um pedaço de
madeira da cadeira e acerto a sua cabeça, fazendo com que a arma caia no chão.
— Vagabunda! — fala, se levantando e me puxando pelo braço batendo a
minha cabeça na parede.
Uso meu ombro, impulsionando minha cabeça para trás acertando seu
nariz, conseguindo me soltar, porém não consigo ir longe, pois o mesmo se joga
sobre mim, me segurando no chão.
— Eu vou arrebentar você, maldita!! — Grita e me acerta um soco nas
costas.
Eu mordo sua orelha com força, sentindo o sangue encher a minha
boca, ele berra, segurando a orelha rasgada. Cuspo o pedaço que arranquei e
engatinho em direção a arma, ele vê o que pretendo fazer e tenta pegar antes de
mim, mas eu alcanço a arma e atiro bem no meio da sua testa, assistindo seu
corpo sem vida desabar no chão.
Tento me levantar, porém meu corpo está trêmulo, as lágrimas caem sem
parar, de raiva, de ódio e de dor, mas preciso sair daqui, antes que outros desses
homens entrem por essa porta. Não conseguirei me defender no estado em que
estou. Me levanto com a arma em mãos, verifico que ainda tem quatro balas
disponível; não é muito, mas deve servir. Caminho com dificuldade até a porta,
que se encontra aberta. Mantenho a arma apontada para frente e passo por ela
entrando em um corredor. Não antes de reparar na câmera atrás do fundo falso
da parede, provavelmente que filmava tudo que aconteceu lá dentro.
Devagar, caminho em direção a uma porta grande, que deve ser a saída.
Meus passos são lentos, estou muito ferida e sinto um pouco de dificuldade para
respirar, minha cabeça dói, assim como todos os membros do meu corpo. Estou
fazendo um esforço sobre humano para me manter de pé e segurar essa arma.
Com passos arrastados eu passo pela porta e me choco ao ver os capos da
Cosa Nostra de pé em linha reta, olhando para mim. Eu me lembro deles, pois
fiz questão de estudar sobre cada uma das famílias. Mas, não é somente eles que
me chocam ao sair da sala onde estava presa e sim os seus sorrisos, mesmo
vendo uma arma que aponto para eles. Confusa, não consigo entender o que está
acontecendo até ver no fim da sala, perto da porta, Lorenzo, Vicenzo e lá no
fundo, ele, Dimitri, todos olhando para mim. Não um olhar qualquer e sim um
olhar com algo mais, juro que posso ver orgulho e admiração. Caminho
apontando a arma para os três, me dando conta do que fizeram comigo. Isso tudo
não passou de um teatro para saber se poderiam confiar em mim. As palavras de
Aslan voltam na minha mente, ele me avisou que isso aconteceria, era óbvio que
eles iriam me testar.
— Parabéns, Katharina, você passou na prova de fogo — fala Vicenzo
pela primeira vez desde que o conheci, olhando para mim como uma igual, não
havia repúdio em seu rosto apenas orgulho.
Dou mais dois passos em direção a eles e jogo a arma nos pés de Dimitri,
com raiva.
— Você me deixou orgulhoso hoje, bella mia — me elogia Dimitri, antes
que minhas pernas fraquejem e seus braços me amparem.

Katharina apaga em meus braços, seu rosto está muito machucado, assim
como o resto do seu corpo. A Besta me faz querer torturar cada um dos filhos da
puta que feriram ela, principalmente Vicenzo, por submetido a minha mulher a
esse caralho de teste.
Todas as senhoras da máfia, assim como minha mãe, passaram pela prova
de fogo, mas nenhuma delas conseguiu resistir, todas relutaram, mas no fim,
acabavam contando o que queríamos saber. Porém, Katharina lutou bravamente
e provou que é especial, que além de resistir e não trair a Cosa Nostra ela ainda
derrubou dois dos melhores homens de Vicenzo e matou um deles. Bella rosa me
deixou orgulhoso e mostrou a todos os capos da Cosa Nostra do que ela é capaz.
— Minha, toda minha.
Penso de maneira possessiva, vendo o olhar de todos os homens da sala
sobre ela. Lorenzo tira o paletó, jogando sobre o seu corpo enquanto eu a levo
nos meus braços em direção à saída. Hoje, Katharina mostrou o quanto ela é
única e não consigo imaginar ninguém melhor do que ela para estar do meu lado.
Penso, orgulhoso, entrando no carro enquanto Lorenzo assume o volante,
partindo em direção à fortaleza.
— Você não vai mais precisar passar por isso, bella rosa, eu prometo —
digo, limpando seu rosto com meu lenço.
— Ela está bem? — Pergunta Lorenzo, olhando pelo retrovisor.
— Pelo bem do seu irmão é melhor que ela esteja! — Digo com raiva.

Chegando à fortaleza, saio do carro com ela nos braços, nervoso. Estava
no limite do meu controle para não voltar à sede da máfia e arrebentar a cara de
Vicenzo até ver seu rosto tingir de vermelho.
— Traga Alfredo Paolella aqui o mais rápido possível. — Falo, pedindo
a Lorenzo que ele traga o médico da máfia para cuidar de Katharina.
Entro em casa com ela em meus braços e Luigi, assim que vê o estado de
Katharina, arregala os olhos.
— Mande Carlota preparar a banheira do quarto e prepare algo que
Katharina possa comer quando acordar.
— Claro, senhor — responde, me deixando sozinho e eu subo as escadas
levando-a para o nosso quarto.
Coloco Katharina sobre a cama e começo a tirar as roupas sujas de
sangue, Carlota entra e vai direto para o banheiro preparar um banho para ela.
Tiro seus sapatos, desabotoo a calça e a tiro com cuidado para não a machucar
ainda mais. A blusa que ela usa está em frangalhos e sangue escorre pelo risco
em seu peito, que por sorte não foi profundo. É provável que não deixe cicatriz.
Tiro o sutiã e a levo em meus braços até o banheiro. A banheira está pronta e
água bem morna, devagar sento minha esposa na mesma, com cuidado para que
ela não caia, pego a esponja e o sabão líquido e começo a levar seu corpo.
Katharina se remexe, assustada, abrindo os olhos, confusa.
— O que está fazendo? — Pergunta com a voz fraca.
— Estou cuidando de você, bella mia, fique tranquila, você está em casa.
— Foi tudo um teste, então?! — pergunta amarga, fechando os olhos
quando passo a esponja no ferimento do seu ombro.
— Você passou pela prova de fogo, amoré mio, e me deixou orgulhoso.
— Eles me fizeram de saco de pancada, tudo por conta da porra de um
teste. — Diz enfurecida, tentando se afastar do meu toque.
— Eu mandei chamar o médico para cuidar de você, tente não se esforçar
demais. — Falo, pegando um roupão. — Preciso tirar sua calcinha, não pode
ficar com ela molhada.
— Eu faço isso sozinha — afirma, tentando se escorar na parede para
ficar em pé, teimosa, como sempre, porém ela cambaleia novamente, mas sou
mais rápido e me aproximo, segurando-a nos meus braços.
— Por que é tão teimosa, bella mia? Está ferida, me deixe cuidar de você
— falo e devagar, tiro sua calcinha.
Evito tirar meus olhos dos dela, estou excitado desde a hora que a vi lutar
contra os homens de Vicenzo.
— Eu não vejo motivos para você estar cuidando de mim. — Replica ela
enquanto amarra o roupão no corpo.
— Eu gosto de cuidar daquilo que me pertence — falo, pegando-a no
colo novamente, voltando para o quarto e a colocando sobre a cama.
— De novo essa coisa de pertencer, me tratando como se eu fosse uma
mercadoria — diz brava e mesmo estando ferida e debilitada ela não deixa de me
enfrentar.
— Acostume-se Katharina, você pertence a mim e eu cuido do que é
meu.
— Não consigo imaginar um dominador sádico cuidando de alguém,
muito menos você!
— Quando você conhecer a dominação e a submissão irá entender que
cuidar da submissa e prezar pelo seu bem é uma honra e um dever a um
dominador.
— Eu não sou uma submissa, Dimitri.
— Você é mais que isso, Katharina, você é minha esposa. — Falo
olhando em seus olhos que, mesmo inchados, conseguem exibir o azul mais
bonito que já vi.
Alguém bate na porta, quebrando a tensão sexual entre nós dois, cubro
Katharina com o edredom e vou em direção à porta, a abrindo. Lorenzo e o
médico passam pela mesma.
— Como você está, Katharina? Fiquei preocupado quando vi o estado
que passou por aquela porta. — Pergunta meu irmão, entrando no quarto e indo
até a minha mulher.
— Então você também está envolvido nessa tal prova de fogo?! —
Pergunta Katharina, o acusando.
— Eu fui contra, não queria que te machucassem — ele responde e eu
estranho a maneira como ele olha para ela.
— Saia Lorenzo, não precisamos da sua presença enquanto o doutor
Paolella examina a minha esposa — Ordeno com a voz firme e ele entende
rapidamente o meu olhar e sai do quarto. Me sento na poltrona ao lado da cama e
espero pacientemente o médico examinar Katharina.
Fico atento a tudo que ele faz e diz a ela. Katharina reclama de dor
quando ele examina seu abdômen, há um hematoma preto em toda região. O
doutor faz curativos em todos os cortes. Observo quando ele abre o roupão de
Katharina e engole seco vendo seus seios, começando a limpar o corte do seu
colo e depois aplicando a pomada sobre o ferimento.
— O corte foi superficial, a senhora ficará bem, vou aplicar um sedativo
para que descanse e se recupere.
— Eu não quero sedativos, já basta às drogas que usaram em mim, me dê
apenas uns analgésicos que ficarei bem.
O médico olha para mim, eu aceno para que ele a obedeça. Ele pega os
comprimidos na maleta e prescreve uma receita.
— Eu vou precisar que a senhora vá até o meu consultório para fazermos
um raio-x, para ter certeza que não quebrou nada.
— Não se preocupe, doutor Paolella. Eu mesmo levarei a minha esposa
até o hospital para fazer todos os exames necessários, agora se não precisa
examinar mais nada, gostaria que nos deixasse sozinhos, Lorenzo fará seu
pagamento, como foi combinado.
— Claro, chefe — diz, pegando suas coisas e saindo do quarto.
— Como se sente? — Pergunto ajudando-a a se sentar melhor na cama.
— Como acha que me sinto ao ser enganada por você e seus irmãos? Eu
sofri um acidente, fui sequestrada, torturada e tudo não passou de uma maldita
prova.
— Não era minha intenção fazer você passar por isso, não gosto de vê-la
machucada, Katharina.
— Falou o homem que tem um calabouço cheio de chicotes para torturar
mulheres.
— Isso não tem nada a ver com dominação, Katharina — explico,
tocando em seu ombro.
— A cada dia que passa em que estou casada com você, você me faz
sentir mais e mais ódio por ti.
— Não, bella mia, não é ódio o que está sentindo — falo, tocando em
uma mecha do seu cabelo louro, sentido o cheiro doce de rosas.
Não sei explicar o que acontece quando estou perto de Katharina, pois a
cada segundo em sua presença menos controle eu tenho da Besta dentro de mim.
E a odeio por não conseguir controlá-la, odeio por me desafiar, odiei por me
fazer fraquejar e quase acabar com a prova quando a vi no chão. Odeio por fazer
com que eu sinta esse desejo descomunal em tê-la. Seja lá que tipo de poder
Katharina tem, ele precisa acabar.
Eu passei a última semana me recuperando da tal prova de fogo.
Sentada no jardim eu via o sol da manhã banhando toda Sicília, estou há
tão pouco tempo nessa ilha e já estou apaixonada por esse lugar. Não saí muito
do quarto, apenas para ir ao hospital, onde Dimitri fez questão de me
acompanhar. Estranhamente, depois da tal prova, recebi meia dúzia de rosas
brancas, que, segundo Lorenzo, é uma tradição italiana para demonstrar o valor
de uma mulher, o que é totalmente ridículo.
Não vi Vicenzo, mas não esquecerei que foi por conta da desconfiança
dele que tive que passar pela tal prova. Sozinha aqui nesse jardim, divido meus
dias em ler, meditar, também liguei para minha prima Ana e ela me disse
algumas coisas que me deixaram pensativa até agora.
— Eu não sei bem o que está acontecendo, mas alguma coisa grande
aconteceu.
— Do que está falando, Aslan está bem? — Pergunto nervosa.
— Sim, ele está bem, levou um tiro de raspão, mas isso não é mais
importante e sim meu pai e o seu estarem falando sobre Ivan.
— Não estou entendendo, Ivan está morto e eu já estou casada, por que
isso agora?
— Eu não sei, mamãe me viu escutando pela porta enquanto eles
conversavam e eu tive que sair. O melhor é conversar com Aslan, ele vai saber
mais do que eu.
— Eu vou ligar para ele para entender melhor essa história.
Depois disso, liguei para Aslan e foi à sexta vez que liguei para ele desde
que me casei e não obtive resposta, por fim decidi mandar uma mensagem
pedindo que ele retornasse minhas ligações. Já eram quase seis da tarde quando
Aslan me ligou, fiquei com medo de Dimitri chegar e pegar o celular. Porém, a
ansiedade para falar com meu irmão falou mais alto.
— Katharina? — Perguntou ele ao telefone.
— Aslan, estou quase enlouquecendo sem notícias suas.
— Estou bem, não tem o que se preocupar. — Ele responde em russo e
continua a conversar em nossa língua.
— Como não, Ana me disse que levou um tiro. O que tá acontecendo aí?!
— Conflitos corriqueiros, mas não te liguei para falar de problemas,
quero saber como você está depois da prova.
— Como sabe da prova de fogo?! — Questionei, confusa.
— Eu disse que tinha um infiltrado cuidando de você. Eu não estou aí,
mas farei o que tiver no meu alcance para protegê-la do maldito do Rinna.
— Eu não sabia o que eles estavam tramando, mas consegui mostrar para
os membros da família que não sou uma traidora.
— Eu sabia que conseguiria, você é uma Castelaresi e nenhum italiano
pode com você.
— Não está sendo fácil viver aqui, todos me odeiam e Dimitri faz
questão de me humilhar, mantendo a amante dentro da casa. As únicas pessoas
que parecem realmente gostar de mim são os empregados, nem mesmo Lorenzo,
que é mais simpático, não ouso confiar. Ele pode estar apenas tramando contra
mim ao lado do irmão.
— O que você está fazendo em relação à cyka italiana?
— Ainda não arrumei uma maneira de tirá-la daqui. — Digo, me
lembrando dos planos que estou traçando.
— Tenho certeza que sua cabecinha fértil já deve estar com várias ideias.
Ligue para a mamãe, ela anda aflita sem notícias suas.
— Eu vou pensar bem no que fazer em relação à Natasha, ainda não
tenho acesso a um telefone meu. Não posso ligar para mamãe desse número e
correr o risco do seu pai descobrir.
— Ele também é seu pai Katharina.
— Ele deixou de ser meu pai quando me entregou como uma égua
premiada para um monstro.
— Ele sente sua falta, não quer dar o braço a torcer, mas já o vi na sala de
música olhando para seu retrato.
— Ele não pensou em mim quando fez o acordo, agora é tarde para
querer que eu pense nele. Mas, estamos mudando o foco da ligação, quero saber
o porquê do nome de Ivan estar sendo citado pelos membros da Bratva!!
— Não quero falar sobre isso com você! O melhor que tem a fazer é
esquecer de uma vez por todas Ivan, você está casada e tem que se preocupar
apenas consigo mesma e com sua vida na Itália.
— Você nunca me escondeu nada, Aslan, por que os segredos agora?!
— Você também não me escondia nada, Katharina, mas escondeu que
estava se envolvendo com um dos nossos soldados e pior, que pretendia fugir.
Agora preciso desligar, se cuide irmãzinha.
— Aslan.... — Tentei, mas em seguida ele desligou o telefone na minha
cara, me deixando sem respostas e ainda mais confusa.

De lá pra cá eu ando muito pensativa, tentando entender o que pode estar


acontecendo. Faz uma semana que venho me recuperando, os hematomas quase
desapareceram e os poucos que tenho, consigo cobrir com maquiagem.
Decidi parar com a meditação, já estava horas ali mentalmente debatendo
o que pode estar havendo. Vou dar uma volta no jardim, estava quase se
tornando uma obsessão observar Hades e Perséfone de longe. Mesmo sabendo
que Dimitri havia proibido de me aproximar dos dois, eu passava horas vendo a
beleza aterrorizante dos dois. Contudo, acabei convencendo Guido, o veterinário
e tratador dos animais, a me deixar observar de uma distância segura. Algo em
Hades me fascina, não sei explicar, talvez a maneira poderosa como ele domina
seu território, seu olhar feroz, atento a todos os meus movimentos. No começo,
eu pensei que conseguiria fazê-lo sofrer ferindo os animais, mas agora, me pego
encantada por essas criaturas.
— Katharina, estava te procurando — fala Vicenzo, estranhamente vindo
até mim.
Reparo que ele carrega dois hematomas grandes no rosto, o que indica
que ele deve ter entrado em alguma briga feia.
— Vicenzo, cunhado, em que posso ajudar? — digo com a minha melhor
cara de atriz de Hollywood.
Desde que descobri que foi ideia dele o tal teste, venho pensando em uma
maneira de me vingar do desgraçado.
— Vim te buscar para levar ao Grota Palazze, Dimitri à espera para que
almocem juntos.
— Posso saber por que mandou você e não um dos seguranças?!
— Bem, na verdade eu gostaria de falar com você em particular por um
instante, então preferi eu mesmo dar o recado ao invés de mandar Romeu.
— Diga o que quer dizer Vicenzo, nós dois não gostamos de rodeios,
talvez seja a única característica que compartilhamos.
— Quero me desculpar por ter tratado você da maneira que foi tratada ao
chegar nessa família. — Ele fala com a voz tensa, indicando que não está
acostumado a se desculpar, bem típico dos orgulhosos italianos.
— Certo — digo com desdém.
— Eu não fui justo com você, não estou acostumado com pessoas
estranhas entrando na família, não é fácil para mim confiar nas pessoas, ainda
mais no que diz respeito ao meu irmão. Porém, você, Katharina, mostrou que eu
estava errado. — Fala sério, olhando em meus olhos.
— Você está desculpado, Vicenzo, eu entendo a necessidade de ter que
provar meu valor para a Cosa Nostra. — Digo firmemente, tentando
transparecer que não guardo mágoa, porém Vicenzo não sabe de nada, melhor
assim.

Depois da nossa pequena conversa, vou para o meu quarto, não sem antes
esbarrar com Natasha no corredor, mas ignoro sua presença, como venho
fazendo nos últimos dias, até conseguir a chance que preciso para escorraçar ela
daqui.
Hoje o dia está quente, então decido usar um vestido verde pistache curto
e um coque simples. Coloco apenas um par de brincos de ouro e uma pulseira
que amo da Cartier e em menos de quarenta minutos já estou pronta e curiosa
para saber o porquê desse almoço. Alguma coisa me diz que a Besta está se
preparando para atacar, mas o que ele não sabe é que hoje eu que iria atacar.
Sorrio, entrando no carro. Chaise me leva e, por incrível que pareça, nem ele e
nem Romeu sofreram graves ferimentos com o capotamento do carro, que teve
perda total, pelo menos Dimitri teve um belo prejuízo. Ao que parece, os meus
seguranças não sabiam do teste.
O carro para em frente à entrada do Grota Palazze e à primeira vista eu já
fico encantada com o restaurante. Estamos no alto da Costa, com vista para o
Mar. Uma bela escadaria escavada na rocha nos leva até a entrada do restaurante.
O maitre já me aguardava para levar até a mesa, porém meus olhos
estavam fixos nas ondas, que batiam nas rochas. O restaurante é realmente
único, provavelmente o mais incrível que já vi e já está lotado. Passo meus olhos
pelas mesas, tentando encontrar Dimitri, mas não o vejo.
— Por aqui signora — pede, me levando por outra escadaria de pedra até
um segundo piso com uma vista ainda melhor do que a primeira, onde apenas
uma mesa estava posta e de costas para mim estava ele, Dimitri, tão bonito como
de costume, usando seu escuro terno italiano, cabelos bem penteados, olhando
para as ondas batendo nas rochas.

— É uma bela vista — fala Katharina, chegando ao meu lado em meu


restaurante favorito.
— Realmente é algo único, eu tinha certeza que você iria gostar depois
de ficar uma semana presa em casa.
— Graças a você, claro — Dispara, com desdém enquanto beijo sua mão
de maneira galante.
— Infelizmente, não tenho o poder de mudar o que já aconteceu, o que
me resta é tentar seguir em frente e pensar no futuro.
— O que você tá querendo, Dimitri, aonde quer chegar com esse almoço
romântico, mesa para dois nesse lugar paradisíaco? — Fala desconfiada.
— Você está sempre com armas nas mãos Katharina, não percebe que
isso é inútil contra mim, nós estamos presos um ao outro até o fim, querida! —
Digo, servindo nossas taças com Masseto IGT Tuscany, meu vinho italiano
favorito.
— Não é bem assim, você pode morrer e então eu ficarei livre — fala e
leva o vinho aos lábios vermelhos, fechando os olhos ao sentir o sabor.
— Sinto desapontá-la, bella mia, mas sou um homem cheio de saúde e
não tenho pretensão de morrer tão cedo.
— Uma pena, querido marido — fala com sarcasmo.
— Eu não te trouxe aqui para que briguemos, Katharina, podemos ao
menos ter uma refeição tranquila como um casal de recém-casados comum. —
Digo sério, olhando nos olhos dela, cansado dessas discussões diárias.
O garçom traz as entradas, Fegatini e pequenos croquetes ao erbe.
— O que você quer de mim, Dimitri? Seja direto, pois sei que tudo isso
aqui não passa de um teatro — ela fala, colocando a taça sobre a mesa me
olhando com os olhos azuis desafiantes.
Minha vontade é jogar tudo no chão, inclinar seu corpo sobre a mesa e
usar meu cinto para marcar sua bunda de vermelho até ela aprender a não ser tão
teimosa. Respiro fundo, controlando a fera dentro de mim.
— Quero que seja minha mulher. — Digo, olhando para seu pescoço e
imaginando como ela ficaria linda usando uma coleira e um arreio.
— Eu já sou sua esposa, Dimitri.
— Não, Katharina, você carrega meu sobrenome, mas ainda não a tomei
como minha, não da maneira que eu quero.
— Então, é isso — fala, engolindo em seco, pegando a taça de vinho
novamente e levando os lábios, nervosa.
— Não é nenhum crime desejar a minha esposa.
— Você tem Natasha, e sabe-se lá quantas amantes. Não é possível que
tenha esquecido o que me fez, simplesmente não se dá conta de que fui obrigada
a me casar com você contra a minha vontade, eu odeio você!
— Eu posso conviver com seu ódio, Katharina, mas preciso que entenda
de uma vez por todas o seu papel em minha vida.
— Eu nunca vou me submeter aos seus jogos doentios.
— Tenho certeza que posso fazê-la mudar de ideia, você vai gostar tanto
quanto eu, amore mio.
— Eu não sou Natasha, não sou submissa, nunca vou amar você, não
depois de ter matado Ivan.
— Não quero seu amor, eu sou um veneno, as pessoas que tentaram me
amar acabaram morrendo. E eu não quero arrastar você para o inferno, então eu
prefiro conviver com seu ódio e seu desejo por mim do com que esse tal
sentimento ridículo que chamam de amor.
— Não pode realmente acreditar que eu vou aceitar ser mais uma na sua
cama, que irei simplesmente conviver como sua amante e com as migalhas que
me daria, que esse é o tipo de casamento perfeito na Cosa Nostra. Eu não sou
esse tipo de mulher e você, pelo visto, não conhece uma russa.
— É justamente por não ser comum e me desafiar que estou aqui, bella
rosa — digo, pegando sua mão e levando os lábios, sentindo o cheiro de rosa
que vem nublando meus pensamentos.
Katharina afasta meu toque, mas sei que seu corpo está arrepiado.
O garçom traz os pratos e evito discutir durante a refeição, ela come em
silêncio, presa em seus pensamentos. Quando terminamos, uma música leve
começa a tocar.
— Dança comigo?!
— Não sabia que o Boss da Cosa Nostra, a Besta feroz, dançava — fala,
sendo sarcástica, aceitando minha mão estendida.
— Existe muita coisa que não sabe sobre mim, bella mia, mas não se
preocupe, terei um imenso prazer em te mostrar — Afirmo, puxando seu corpo
ao meu.
— Não estou acostumada com você sendo gentil, Dimitri, para mim isso
soa falso. — Ela fala, deixando seu corpo ser guiado pelo meu.
— Posso ser gentil quando quero, Katharina, não se sinta privilegiada —
explico, girando seu corpo e puxando ela para mim.
— Prefiro quando fica longe de mim.
— Isso é impossível, toda vez que nos tocamos é perigoso. Essa faísca
que você sente é mais do que química, eu sinto as chamas queimando em mim. E
a minha Besta pronta para devorar! — Falo e não espero resposta, a beijo,
parando a dança e puxando ela ainda mais para mim.
Katharina morde minha língua, tenta se afastar, mas eu não, deixo e não
demora muito para que ela se renda e retribua o beijo, lentamente nossas línguas
duelavam uma batalha para provar quem está no controle, ela segura em meu
pescoço enquanto eu aprofundo ainda mais nosso beijo.
Meu desejo se torna fogo puro, não resisto e puxo seu cabelo, descendo
meus lábios pelo seu pescoço chupando e marcando sua pele com mordidas. Ela
parece inebriada, tão intoxicada pelo desejo quanto eu. Volto a beijar sua boca,
terminando de borrar todo seu batom, porém da mesma maneira que começou, o
beijo acaba. Katharina se afasta, dando dois passos para trás e limpa os lábios,
sem conseguir olhar para mim.
— Chega, isso acaba aqui, não pense que esse beijo muda o fato de te
odiar com todas as minhas forças. — Fala, pegando a bolsa e saindo do
restaurante, me deixando puto da vida com sua falta de respeito.
O pior é que estou duro feito pedra, sem alternativas de aplacar o tesão
da maneira que eu queria, com ela sobre essa mesa. Mando uma mensagem para
Natasha e decido tirar o resto da tarde para tentar aliviar toda essa frustração que
venho sentindo.

Chaise me levou de volta para a fortaleza, eu me sentia atordoada,


confusa e com ódio de mim mesma por ter cedido ao toque daquele cretino.
Algo deve ter dado errado com a minha cabeça.
— Estou enlouquecendo, não posso, não posso deixar esse maldito me
tocar. — Fecho os olhos e deixo as lágrimas de frustração caírem, me dando
conta que chegamos apenas quando Chaise abre a porta para mim, só então
acordo do pesadelo que estou vivendo.
Entro em casa feito um foguete, indo direto para a sala de música,
colocar para fora toda essa amargura que estou sentindo. Tiro os saltos, jogando
em qualquer lugar, solto meu cabelo e seguro meu violino, sentando no chão.
Toco uma canção que amo, "Faded", pensando em Ivan e Dimitri. Por que
minha vida tinha que ser assim?
Erro várias vezes a nota, meus dedos já estão machucados e eu sinto as
lágrimas escorrerem por meu rosto, me sentindo fraca por tê-las deixado sequer
cair.
— Eu vou acabar com a Besta, nem que seja a última coisa que faça na
vida. — Penso ao terminar a última melodia, não me dando conta do tempo que
estou aqui.
— Eu sabia que era boa, mas estava enganado, você é espetacular — fala
Lorenzo, me assustando, pois não tinha o visto entrar.
— Você gosta de me assustar, só pode.
— Desculpa, não queria assustar você, princesa, acabei de chegar e ouvi
esse som vindo da biblioteca. Não resisti em assistir você tocar.
— Que horas são? Nem vi o tempo passar.
— Já são sete, deu para perceber que estava no seu mundo.
— Vou tomar um banho e me preparar para jantar, nos vemos mais tarde.
— Digo, me despedindo dele.
Guardo o violino e saio da sala de música, ainda com a cabeça cheia,
pensando que fui fraca e cai na teia de sedução do italiano maldito, mas isso não
irá acontecer novamente.
— Aí está você — fala Natasha, me encontrando no caminho para meu
quarto.
— O que quer, cyka? — Digo, sem paciência.
— Quero agradecer você, querida, seja lá o que fez para deixar Dimitri
tão irritado, muito obrigada. Sabe como é, não é sempre que ele está tão feroz
como hoje. Sinto até minhas pernas fracas, passei a tarde inteira fodendo com ele
— fala, passando as mãos pelo pescoço mostrando as marcas vermelhas.
Trinco os dentes de ódio e vejo tudo vermelho na minha frente. Quem
essa puta acha que é e pior quem o maldito acha que é para me humilhar dessa
maneira?
— Ele é viciado em mim, não consegue ficar muito tempo longe da
minha boceta. — Fala de maneira vulgar.
— Você me dá nojo, Natasha, se boceta segurasse um homem, querida,
não teria mais homem disponível em toda a Itália, porque todos eles estariam
dentro de você.!! — Falo com a minha mente trabalhando em uma maneira
dolorosa de matar essa vadia.

Subo as escadas para o meu quarto deixando-a com seu sorriso de vitória
no rosto. Tomo um banho rápido, com a minha mente traçando o que fazer, mas
uma coisa é certa; isso vai acabar hoje. Me visto e vou atrás de Luigi colocar
meu plano em prática.
— Luigi — chamo, entrando na sala e logo o vejo.
— Senhora, precisa de algo?!
— Sim, Luigi, gostaria de saber onde fica a maleta de primeiros socorros
— digo improvisando, já que não tenho o que queria.
— Todos os quartos têm uma.
— Perfeito — sorrio para ele. — Avise a Carlota que hoje eu farei um
jantar especial. Vou cozinhar, hoje teremos um molho especial — digo, dando
gargalhadas por dentro.
Vou direto para um dos quartos de hóspedes, entrando no banheiro abro
todas as portas dos armários até achar o kit de primeiros socorros, reviro a
maleta com pressa até encontrar o termômetro que estava procurando, por sorte
ele é de um modelo antigo, ou seja, contém mercúrio. Coloco o objeto no bolso
da calça, guardo tudo, saindo do quarto e vou ao próximo, mas não tenho a
mesma sorte, até encontrar na minha suíte outro termômetro. Tranco a porta do
banheiro com medo que Dimitri chegue e não dê tempo de terminar o que
pretendo fazer. O ideal seria ter uma balança de precisão para que eu não acabe
matando a vadia, porém vou ter que medir no olho. Mercúrio líquido, como o
encontrado em termômetros, é relativamente inofensivo a olho nu, mas, em uma
dose grande ele pode ser mortal. Os sais de mercúrio oferecem ainda mais
perigo, pois se dissolvem em água e podem ser misturados a alimentos e
bebidas. Sorrio possessa de raiva.
— Eu avisei que era para tirar essa vagabunda dessa casa, mas você não
quis me escutar, não é Dimitri?!
Coloco todo mercúrio que consigo dos termômetros em um pedaço de
papel, dobro e escondo no meu bolso. Como se nada estivesse acontecendo,
preparar o jantar especial desta noite. Frango à Kiev, a vadia não perde por
esperar, ela deveria ter saído dessa casa enquanto tinha chance.

O jantar estava pronto e segundo Luigi, Dimitri chegou e foi direto para o
quarto, ele avisou que eu estava na cozinha preparando o jantar dessa noite. Eu
mesma coloquei a mesa, dispondo os talheres de prata e a louça de porcelana. Já
estava terminando quando Vicenzo chegou.
— O cheiro está delicioso, o que Carlota preparou essa noite? —
Pergunta, sentando à mesa.
— Na verdade, eu que fiz o jantar, decidi preparar uma galinha hoje —
digo rindo e ele me olha estranho, talvez percebendo o quanto estou animada.
— Certo...
Lorenzo chega junto com Natasha, que não tira o sorriso de vitória do
rosto, faz questão de usar um top cropped e deixar todo o colo marcado a mostra.
Volto para a cozinha para buscar o prato tradicional da culinária russa,
quando Dimitri chega à mesa.
— Bela noite, bella mia, você decidiu cozinhar para a gente. Alguma
ocasião especial que não saiba? — Fala, como se nada tivesse acontecido e eu
preciso me segurar para não jogar a travessa na cara dele.
— Na verdade, não, ou melhor sim, estamos comemorando o dia de hoje
— digo abrindo um sorriso digno de Oscar.
Coloco o prato na mesa, e Luigi vem servir o vinho.
— Eu gostaria de propor um brinde — digo, me levantando.
— Você está esquisita hoje. — Observa Lorenzo, achando graça.
— Um brinde à minha nova amiga, Natasha, sei que não começamos
bem, mas hoje eu percebo que deveria ter agido de maneira diferente com você,
desde o começo. Espero que possamos ser grandes amigas — falo erguendo a
taça, deixando não só ela como todos da mesa chocados.
Dimitri me olha como se pudesse me queimar com o olhar, ao mesmo
tempo como se pudesse ler a minha mente, eu sorrio, bebendo o vinho e é nesse
momento que vejo o circo começar. Natasha começa a passar mal, Lorenzo e
Vicenzo cospem o vinho na hora. Dimitri joga a taça no chão e olha para mim.
Eu faço a minha maior pose de chocada vendo-a se contrair e passar mal
enquanto Vicenzo tenta socorrê-la.
— O que você fez comigo, sua desgraçada? — ela tenta dizer, mas não
consegue se conter e começa a vomitar.
— Querida, o que você tem? — Digo, colocando a mão na boca chocada
com seu estado.
— Ela me envenenou, socorro — tenta dizer e suas pernas falham, sendo
amparada por Vicenzo.
— O que você fez Katharina?!! — Grita Dimitri, vermelho de raiva.
Seu olhar é tão e feroz que nada nele me parece humano, é como se ele
tivesse se transformado na encarnação do demônio. Mesmo tremendo de medo
do que ele possa fazer, eu não abaixo a cabeça e não me arrependo, sorrio
olhando para a desgraçada e digo de uma vez.
— Eu... eu te avisei para tirar essa puta de dentro dessa casa. Você não
quis me escutar. Agora, sua puta vai embora e vai sair no meu estilo, dentro de
um caixão.

Natasha se contorce de dor abdominal, enquanto Katharina se mantém
impassível, olhando para a mesma. O médico da Cosa Nostra não demora muito
para chegar. Tudo acontece rápido, uma ambulância é chamada e ela é
encaminhada ao hospital.
Minha cabeça já estava fervendo de tanta raiva do que Katharina anda me
fazendo. Eu só podia estar louco quando decidi aceitar o acordo com o
Castelaresi, me casar foi uma péssima ideia. Katharina havia subido para o
quarto, deixei para acertar as contas com ela mais tarde.
— Onde ela conseguiu veneno? — Questiona Lorenzo, encabulado ainda
olhando para as taças de vinho sobre a mesa.
— Não faço a mínima ideia — digo pensativo.
— Ela poderia ter matado um de nós. Pelo visto, você não tem controle
sobre sua própria mulher — diz Vicenzo.
— É melhor você cuidar da sua vida, Vicenzo, porque da minha cuido eu,
não se esqueça que antes de ser seu irmão, eu sou seu Boss. — Digo com raiva,
dando dois passos em sua direção, todavia, Lorenzo entra na frente, tentando
apaziguar.
— É melhor você ligar para a família da Natasha, Vicenzo, e avisar que
ela está no hospital. Eu vou verificar as câmeras e tentar entender como
Katharina fez para envenená-la. — Fala Lorenzo, apaziguando a situação.
Não espero mais nenhuma palavra ser dita, subo as escadas em direção à
suíte, onde Katharina me aguarda.

Abro a porta do quarto respirando pausadamente para controlar minha


raiva. Katharina está na sacada do quarto, olhando para o jardim, com seus
cabelos soltos em uma cascata de fios dourados.
— Onde acha que vai chegar com esse tipo de atitude?! — falo,
chamando sua atenção. Ela se vira e olha para mim um tanto alarmada.
— A lugar nenhum, só não aguento mais ser humilhada por você e por
essa mulherzinha dentro da minha casa. — Reclama, entrando para o quarto e
me enfrentando.
— Você passou de todos os limites possíveis, poderia ter sido eu ou um
dos meus irmãos a beber aquele vinho! — Grito enfurecido.
— Eu não sou tão amadora assim. — Fala debochando.
— Estou cansado da sua desobediência, da sua insurgência e da sua falta
de disciplina — falo, me aproximando dela, encurralando-a contra a parede.
— Se ela morrer o único culpado aqui será você. Acha que não sei que
saiu do restaurante e foi direto para a cama com ela.
— Não preciso de cama para fazer o que eu fiz, Katharina, acha mesmo
que vou virar celibatário, não seja ridícula.
— Você é um desgraçado que acabou com a minha vida — fala, socando
meu peito, enfurecida.
Olhar para ela assim, enfurecida, os olhos transmitindo uma força que
nunca tinha visto antes, me fazem querer desesperadamente subjugá-la. É um
desejo tão intenso que chega a ser doentio. Sinto uma necessidade de posse
absurda, capaz de nublar minha mente e me deixar atordoado.
— Chega!! — Grito, segurando seu braço e a jogando contra a cama.
Apenas um maldito toque e é como se a pele dela acendesse um fogo
desconhecido em minhas entranhas.
— Me solta — ela reclama, tentando se soltar, porém a seguro firme
pelos braços, puxando-a para o meu colo.
— O que falta para você é uma boa surra, Katharina, é isso que te faltou
para que aprendesse a se comportar como uma boa esposa deve ser.
— Não ouse encostar essas mãos nojentas em mim. Sei muito bem onde
elas estavam.
— Calada ou serei obrigado a te amordaçar.
— Eu não tenho medo de você — fala se debatendo enquanto eu a coloco
de costas para mim sobre meu colo.
Levanto a saia justa que ela usa, vendo a calcinha vermelha à mostra.
— O que pensa que está fazendo, seu maldito?! — Grita e então eu a
repreendo com o primeiro tapa.
— Você vai apanhar até que entenda que o que fez foi errado e me peça
desculpas. — Sentencio, acariciando sua bunda rosada pelo meu tapa,
imaginando como ela ficará linda toda marcada pela minha mão.
— É bom que esteja sentando Dimitri, pois eu nunca vou pedir desculpas
e você iria se cansar em pé! — diz tentando se soltar me desafiando.
Aperto com força sua bunda, sentindo o quão gostosa ela é, acerto o
segundo golpe e seu corpo treme pelo impacto.
— Nós vamos ficar aqui a noite inteira se você não pedir desculpas,
Katharina — falo, acertando outro golpe, dessa vez na polpa direita, analisando
o desenho da minha mão se formando. Continuo com uma sequência de mais de
trinta golpes. Ela já estava chorando, mas em nenhum momento pediu desculpas
e continuou firme, não se rendendo. A marca do meu anel já estava cortando sua
pele e gotas de sangue passavam por elas, porém eu continuei com meus golpes,
mesmo sentindo meu braço cansar.
— Eu não quero te machucar Katharina, só preciso que me obedeça.
— Eu não vou pedir desculpa por algo que vocês dois mereceram. — Ela
fala e com raiva dou um golpe.
A Besta dentro de mim me dizia para jogar ela na cama e fode-la até que
eu pudesse esquecer quem sou. Porém, o meu lado racional me mantém no
limite e mesmo com fúria e com muita raiva da sua teimosia eu não podia negar
que castiga-la estava me dando mais prazer do que mil putas já puderam me dar.
Já tinha passado de quarenta oito golpes e sabendo que ela não aguentaria
mais e iria desmaiar, parei com os tapas.
— Por que precisa ser tão teimosa?! — Pergunto, acariciando sua pele
machucada, não entendia o porquê de querer acalenta-la, ainda mais depois de
uma lição. Mas, com Katharina tudo é diferente, é quase uma questão de
sobrevivência. Nunca havia necessitado de contato físico com alguém, mas com
a loira que me odeia tudo é diferente.
— Eu odeio você, Dimitri, eu ainda vou acabar com a sua vida!
— Eu já disse que não me importo em conviver com o seu ódio,
Katharina — digo, colocando seu corpo sobre a cama de costas para mim, para
que eu possa pegar uma pomada cicatrizante e aplicar sobre sua pele machucada.
— Você me bate e depois cuida de mim. Que tipo de doente é você?
— Eu não precisaria fazer isso se tivesse pedido desculpas da primeira
vez. Entenda que eu não tive escolha, isso não é pessoal Katharina. Aceite que
agora é tarde para chorar pelo leite derramado, você é minha, acabou!
Katharina vira seu rosto para mim, limpando às lágrimas e posso ver o
ódio em sua expressão. Suas mãos tremem.
— É pessoal — ela sussurra — Quando você tira minha vida, minha
liberdade e mata aquele que eu amava é muito pessoal.
Decido não responder, só de pensar que ela ama aquele miserabile
traditore, meu corpo ferve de ódio. Sempre fui possessivo com o que me
pertence e saber que ela entregou o que era meu a outro, faz meu sangue se
tornar gelo.
Término de aplicar a pomada e saio do quarto, indo para o meu
escritório, direto ao bar. Pego uma garrafa de uísque, encho o copo, bebendo de
uma vez. Como se tivesse poucos problemas na Cosa Nostra, ainda preciso me
preocupar com minha mulher tentando envenenar as putas que fodo.
— Quem ela pensa que é?! — Grito frustrado, passando as mãos pelos
cabelos, exasperado — Ela deveria era ser grata por eu tê-la aceitado e não ficar
causando um inferno na minha vida. Isso só pode ser algum tipo de castigo, com
todas as doces esposas italianas, eu tinha que me casar justo com uma demônia
russa.
Batem na porta do escritório, sento-me na minha cadeira, tentando me
manter controlado e mando a pessoa entrar, Lorenzo passa pela porta com um
olhar curioso.
— Diga o que quer e me deixe sozinho.
— Eu só vim avisar que Natasha está bem, foi envenenamento por
mercúrio, mas para a sorte dela a quantidade não era letal, porém é bem provável
que ela tenha algumas sequelas no fígado e vai precisar ficar no hospital por uns
dias, em observação, depois pode voltar para casa.
— Dos males, o menor. Peça para Luigi arrumar as malas dela, assim que
Natasha sair do hospital ela vai se mudar para a cobertura junto com as escravas.
— Já não era sem tempo, deveria ter feito isso desde o começo, evitaria
essa confusão.
— Não estou fazendo isso por Katharina, e sim por mim, não tenho
tempo e nem paciência para essas briguinhas de mulher. Uma hora ou outra
Katharina terá que cair em si e entender que eu sou homem e é meu direito ter
quantas amantes quiser, além do mais sou o chefe da Cosa Nostra. O que irão
pensar de mim se minha mulher quiser mandar no meu tratamento com as
minhas cadelas.
— Bem, você sabe o que é melhor para você, só espero que não tenha
machucado Katharina, ela ainda não está acostumada com a Cosa Nostra. Tenha
paciência com ela.
— Se castigo ou não minha esposa, não é da sua conta, Lorenzo, não
gosto dessa sua maneira protetora com ela. Não se esqueça que Katharina é
minha mulher, e eu sou o chefe aqui!
— Claro, chefe. Bem, já dei o recado, vou para o clube com Vicenzo,
tenho duas gostosas gêmeas esperando por mim.

A dor no meu corpo não é maior do que a dor da humilhação, me sinto


como uma criança sendo castigada pelo pai após uma má criação.
Me levanto e vou tomar um banho quente, minha pele arde quando a
água morna desliza por ela. Lavo meu rosto, limpando todas as lágrimas de raiva
e da frustração que estou sentindo.
— Eu juro que se essa maldita aparecer na minha frente, dessa vez eu sou
capaz de dar um tiro nela.
Não sinto uma gota de arrependimento, se pudesse, faria tudo de novo
apenas para ter o prazer de assistir a puta se debatendo na minha frente, sem ar.
E quanto a Dimitri, a Besta, não perde por esperar, o que é dele está bem
guardado. Saio do banheiro e visto uma camisola de cetim creme, deito na cama
e não demora muito para que eu apague, exausta pelo dia infernal que tive.

Acordo na manhã seguinte com o sol entrando pela janela, Dimitri não
dormiu no quarto, provavelmente deve ter ido ver como a cachorra estava. Se eu
tiver sorte, ela passou dessa para uma pior. Faço todo meu ritual matinal, mesmo
com dor e dificuldade para andar. Escolho um vestido azul escuro e solto na
parte de baixo. Eu posso estar toda dolorida, mas não darei o gostinho de Dimitri
saber disso.
Saio do quarto escondendo o celular desligado no bolso interno do
vestido, assim que tiver uma oportunidade ligarei para Ana e para mamãe, estava
com muita saudade dela.
Na sala de jantar, encontro a mesa do café vazia, então me dou conta que
dormi demais, porém é até melhor assim, prefiro comer na cozinha com os
empregados do que na presença daquela Besta maldita.
— Bom dia — digo a Monalisa, ajudante da cozinha e a Carlota, que
estavam entretidas e não notaram minha entrada.
— Bom dia, senhora, quer que eu sirva o café na mesa?
— Não precisa, Carlota eu vou comer aqui mesmo. Onde está Luigi, não
o vi pela casa? — Pergunto, estranhando a sua falta.
— Ele está no quarto da senhorita Natasha.
— Ah, então a cadela já voltou?!
— Não, senhora — fala Monalisa e se cala colocando a mão na boca.
— O que vocês não querem me dizer? — Questiono, entrando na
animação das duas.
— Ela não voltou senhora, a bruxa vai embora. Luigi está nesse
momento arrumando todas as coisas dela.
— Não posso acreditar — digo chocada e feliz ao mesmo tempo.
— Sim, é verdade. O menino Lorenzo vai levar tudo hoje mesmo.
— Isso é música para os meus ouvidos, precisamos comemorar.
Após essa notícia até a comida pareceu mais saborosa. Enfim, a vadia
estava fora dessa casa. A primeira batalha estava vencida, só que não é com
apenas uma batalha que se vence uma guerra.
Faço questão de pegar um livro e me sentar bem perto da porta, queria
assistir Lorenzo levando todas as coisas da cyka embora para ter certeza que não
era uma pegadinha de Dimitri. Lorenzo desce as escadas junto com Luigi
carregando cada um duas malas, não consigo evitar, e um sorriso preenche meu
rosto.
— Bom dia, princesa, vejo que acordou bem disposta.
— É verdade, estranhamente o ar dessa casa acordou mais puro essa
manhã. — Falo fechando o livro e colocando sobre o sofá.
— Infelizmente, preciso ir, adoraria ficar mais e fazer companhia a você,
porém o dever me chama. Ainda mais com o jantar de hoje à noite.
— Que jantar?! — Falo com uma expressão de confusão.
— Dimitri não te avisou?! — Pergunta confuso, colocando as malas no
chão e olhando para o celular.
— Não sei se reparou, mas não somos exatamente um exemplo de casal.
— Falo irritada por não ser informada de nada.
— Hoje à noite terá um jantar aqui na fortaleza. Todos os capos da Cosa
Nostra virão para um jantar em sua homenagem, faz parte da tradição.
— Me sinto lisonjeada. Um jantar em minha homenagem e eu nem
estava sabendo, isso é realmente incrível — digo irritada. O maldito se importa
tanto que não ia nem me avisar. — Obrigada por ter avisado Lorenzo, tenha um
bom dia. — Agradeço, subindo as escadas e indo direto para a biblioteca ligar
para Ana.
Passo pelas portas e tranco-as para não ser pega de surpresa. Esse lugar é
um dos meus favoritos, apesar de ainda não ter explorado todos os cômodos da
fortaleza, mas essa biblioteca me traz uma paz e uma tranquilidade que tanto
ando precisando.
Coloco o celular para carregar, me sento na cadeira perto da janela e ligo
para Ana, já que falar com ela é a única maneira que eu tenho de me manter
informada sobre a Rússia.
— Katharina, como você está?
— Bem, eu estou sobrevivendo a esse martírio, mas não é tão ruim como
eu pensava.
— E o seu marido, o malvadão, como ele está te tratando? — Ela
pergunta, como sempre, curiosa.
— Se quer saber se eu fui para a cama com ele, saiba que isso não
aconteceu e se depender de mim não irá acontecer, jamais.
— Como isso é possível, o lençol, Katharina você sabe como funciona.
— Não liguei para falarmos sobre isso e sim sobre a Bratva. Eu falei com
Aslan ontem, ele não quis me contar o que tá acontecendo, eu não sei o que ele
esconde, mas eu sinto que é algo grave.
— Bem, já que tocou nesses assuntos, eu não sei como contar isso, mas é
melhor falar de uma vez.
— Diga, Ana, o que tá acontecendo?
— Houve um atentado, um dos navios do seu pai explodiu, estão todos
aflitos, parece que teve algum confronto com a máfia ucraniana e um tal Boris
está sendo caçado pelo seu pai. Não sei como a disputa começou, mas sei que
tem mais coisa envolvida. Dizem que eles não se conformaram por perder a
liderança no mercado do tráfico internacional marítimo para os Bratvas.
— Preciso de mais informações, Aslan está me escondendo alguma
coisa.
— Katharina, é melhor você não se envolver, agora você faz parte da
Cosa Nostra, não desafie seu marido.
— Não ficarei sentada enquanto a minha família está correndo risco.
— Sua família agora é a Cosa Nostra.
— Não por escolha minha, Ana, eu nunca quis isso para mim.
— Tudo bem, é melhor não discutir sobre isso, infelizmente eu não posso
mais ajudar. Eles não falam nada perto de mim, tudo que sei foi espiando os
soldados do meu pai comentarem.
— Eu já sei quem pode me ajudar — digo lembrando de Yeltsin, filho de
um dos capos da Bratva que cresceu junto comigo e meu irmão.
Ele é um dos únicos em quem posso confiar e que não irá contar nada
para Aslan sobre a minha ligação.
— Assim que descobrir algo, me liga, estou sempre aqui para o que
precisar. — Ela fala, se despedindo de mim e desliga o telefone.
Não demora muito para que eu receba o número de Yeltsin, que Ana
conseguiu. Rapidamente eu ligo torcendo para que ele atenda a ligação de um
número que não conhece.
— Alô — fala, atendendo.
— Yeltsin, sou eu Katharina.
— Katharina, espera, Katharina Castelaresi?
— Sim seu idiota, quem mais poderia ser? — falo rindo da sua voz
confusa.
— O que aconteceu, como conseguiu meu telefone ou melhor, seu
marido sabe que está me ligando? Não quero problemas com a Cosa Nostra.
— Deixa de ser medroso, estou ligando de uma linha segura. E comigo
não aconteceu nada, na verdade estou ligando porque você é o único que pode
me ajudar.
— Por que eu sinto que você vai me colocar em maus lençóis?!
— Somos amigos desde que você tinha oito anos, não pode me negar um
favor.
— Na verdade eu sou amigo do seu irmão, você que sempre foi uma
pentelha e quis se enfiar no meio dos moleques.
— Vou direto ao ponto, Yeltsin, estou na Itália e não sei o que está
acontecendo aí. Aslan não se abre, a única coisa que sei é que os ucranianos
estão por trás do atentado.
— Não sei se isso é assunto para falar com você.
— Pensei que confiasse em mim — digo ofendida.
— Não é uma questão de confiar, a coisa está feia aqui, se Aslan não
contou, provavelmente é para evitar que fique preocupada.
— Eu não sou um cristal frágil, seja o que for, me conte de uma vez.
— Certo, se eu não contar, de uma forma ou de outra é capaz de ficar
sabendo mesmo.
— Fala de uma vez, estou ficando nervosa.
— Os ucranianos estavam tramando contra nós a um bom tempo, desde
que seu pai assumiu o controle, precisamente. Eles tinham um trato com o antigo
chefe dos Bratvas e após seu pai assumir o controle eles acabaram perdendo
muito dinheiro, então eles colocaram um x9 dentro da organização.
— Como isso é possível, como ninguém nunca percebeu?!
— Pois é, falhamos feio nessa parte. Pelo que Aslan me contou eles
tinham um plano de sequestrar você e usar isso contra seu pai para fazê-lo
entregar o comando para Boris.
— Meu pai nunca faria isso — digo, com um gosto amargo na boca.
— Eles não acreditavam nisso, tudo estava dando certo até seu marido
descobrir quem era o traidor.
— Espera, Dimitri! Como assim Dimitri? — Questiono, confusa, com a
cabeça dando voltas e mais voltas.
— Eu não sei todos os detalhes, mas sei que o traidor foi morto e depois
que se casou e foi para a Itália eles tentaram capturar o seu irmão para usar como
isca para pegar seu pai. Mas Aslan escapou, levou dois tiros, mas está bem.
Agora estamos todos atrás do maldito Boris e logo vamos poder pintar o chão
com o sangue do desagrado.
Ele continua a falar sobre o carregamento, mas a minha cabeça está
distante tentando juntar as peças do quebra cabeça, tentando entender o que
Dimitri tem a ver com isso e várias hipóteses preenchem minha mente, mas
apenas uma dela parece acender como labaredas dentro da minha cabeça, porém
é terrível demais para que eu possa acreditar.
— Katharina, você está aí? A ligação está muda, Katharina.
— Sim, estou aqui — digo com a garganta seca e a voz embargada.
— Yeltsin, você pode me dizer o nome do traidor, o que Dimitri
descobriu ou melhor o traidor que queria me sequestrar? — Pergunto, mesmo
que na minha cabeça eu já saiba a resposta.
— Essa é fácil Katharina, era Ivan, o seu segurança, ele era o filho da
puta, infiltrado...

— Ivan, o seu segurança, ele era o filho da puta, infiltrado...


— Ivan era o infiltrado.
A frase fica se repetindo em minha cabeça sem parar, eu não consigo
responder muito menos me mover. Um baque surdo é ouvido, o celular cai no
chão. Meu corpo escorrega e me vejo desabando no chão, em choque. Ivan era o
infiltrado. Ivan foi infiltrado na minha casa apenas para me sequestrar e usar isso
contra meu pai. Boris, Boris, o chefe dos ucranianos. Flashes de vários
momentos meus com Ivan vêm à minha mente e meu sangue ferve. Um gosto
amargo preenche meus lábios, ódio puro e frio toma conta do meu coração.
Levanto a poltrona que se encontra do meu lado e arremedo contra a parede,
possessa.
— Maldito, filho da puta — grito, ensandecida com o que acabo de
descobrir. — Todo esse tempo tudo não passou de uma mentira — concluo,
inconformada ao saber a verdade.

Não sei quanto tempo fiquei trancada naquela biblioteca, só sei que Luigi
tocou meu ombro e eu despertei do transe, passei as mãos pelo meu rosto e
percebi que ele estava limpo, nem mesmo uma miserável lágrima escorreu.
Talvez eu já esteja me tornando uma Salvatore Rinna.
— A senhora está bem? — Pergunta, preocupado pegando o celular do
chão e entregando a mim.
— Eu vou ficar — digo, me levantando e lembrando do jantar e que
Dimitri precisa me dar explicações do porque não me contou que Ivan era um
traidor, por que me manteve todo esse tempo no escuro. O desgraçado sabia de
tudo todo esse tempo e não me disse nada, estou cega de ódio. Todos mentiram
para mim, me trataram como se eu fosse uma idiota que nunca descobriria nada.
— Como estão os preparativos para o jantar? — Pergunto, erguendo a
minha postura e mentalizando o que iria fazer de agora em diante. — Quero que
esse jantar saia impecável, nada pode sair fora do combinado, chame todos os
empregados para me encontrarem no salão de vidro.
— A senhora vai querer receber os convidados lá?
— Sim, é grande o bastante e pelo visto não muito usado. Vou precisar da
ajuda de todos para que esse jantar seja inesquecível.
— Claro, senhora.
Foi tudo muito corrido depois disso, meu corpo estava aqui preparando
tudo para o jantar, mas a minha mente estava longe. Eu não conseguia parar de
pensar em todas as mentiras que Ivan contou para mim, em todas as juras de
amor, em todas as falsas promessas, no quanto fui burra por ter confiado nele,
por ter acreditado que ele me amava, assim como eu um dia o amei. Me sinto
traída, destruída e culpada. Culpada por ter sido tão ingênua em achar que, sendo
uma Castelaresi, eu poderia ser amada. É óbvio que qualquer um que se
aproximar de mim será por interesse, eu fui tonta e não percebi isso antes.

Luigi me avisa que tudo já estava pronto para o jantar, os empregados


estão todos a postos. Vicenzo já chegou, mas Lorenzo, assim como Dimitri,
ainda não chegou.
Eu não teria tempo para ir ao cabeleireiro e maquiador, então tive que
cuidar disso eu mesma; escolhi um vestido dourado com pequenas pedras
delicadas e uma fenda na perna direita, que nunca tinha chegado a usar. Se iria
ser apresentada ao alto escalão da Cosa Nostra, precisava estar à altura. Sentei
na frente do espelho e comecei a me maquiar, nada muito exagerado, apenas
ressaltando meus olhos azuis vibrantes e quando estava pronta não pude
reconhecer a mulher à frente. Ela se parecia tanto comigo, mas por dentro ela
estava toda destruída, porém não deixaria que ninguém percebesse.
Depois de pronta, desço as escadas devagar, notando que já havia várias
pessoas reunidas, mas quem me chama atenção é ele, a Besta. Dimitri está de pé
no último degrau esperando por mim, usando um terno azul petróleo.
— Está muito bonita, bella mia.
— Obrigada — Agradeço, sorrindo falsamente, enquanto o acompanho
até os convidados.
— Quero apresentar a vocês, senhores, minha esposa, Katharina Peshkov
Castelaresi Rinna — diz, orgulhoso.
— Seja bem vinda à família — dizem em coro.
Alguns rostos são familiares, lembro-me deles de quando sai daquela
maldita prova, outro são estranhos. As mulheres me olham com curiosidade e
outras com inveja, eu apenas sorrio para todas com educação.
— Vem, vou te apresentar os capos da família — ele fala, me levando até
o primeiro casal. — Esse é Damon, o capo da família Camorra e sua esposa,
Priscila. — Diz, apresentando o casal, um homem bonito, de cabelos escuros e
olhos castanhos claros, e a mulher, uma morena de sorriso contido.
— É um imenso prazer conhecê-los — sorrio para os dois.
— Seja bem vinda à Itália, querida, espero que tenhamos a oportunidade
de nos tornarmos amigas. Não é fácil ser mulher de homens poderosos como
nossos maridos — ela fala, sorrindo e percebo que o marido aperta seu braço
sutilmente.
— Será um prazer, Priscila — falo, já gostando dela.
Não demoramos muito com os dois, logo sou levada até outro casal e
uma jovem morena muito bonita. O senhor me lança um olhar reprovador e a
garota só falta se afogar na baba que escorre da sua boca, olhando para Dimitri.
O que me leva a crer que a safada ou já deu ou está louca para dar para ele.
Mal matei uma galinha e já tem outra querendo tomar conta do
galinheiro.
— Juliano Sacra, segundo capo da Cosa Nostra, sua esposa Loreta e sua
filha Antonella — diz, apresentando os três.
— É um prazer recebê-los em minha casa — digo sorrindo, dando a
minha mão para o velho beijar e trocando cumprimentos com as mulheres.
Em seguida, vamos até um casal jovem, uma loira grávida deslumbrante
junto com um homem sombrio de barba cerrada. Olhar da jovem parecia sem
vida, sua postura fria ao lado da mulher me faz pensar que ele não gosta muito
da mesma.
— Esse é Dante Bruschetta e sua esposa, Rebeca.
— Prazer em conhecer a famosa esposa do meu amigo — diz o tal Dante
sorrindo, mas seu sorriso parece mais o de um psicopata.
— O prazer é meu em conhecer os amigos de Dimitri, e claro os capos da
Cosa Nostra — falo e em seguida me calo quando ele e Dimitri começam a
conversar sobre a bolsa de valores e um tal dinheiro.
Rebeca se mantém quieta e toca a barriga de maneira tímida.
— De quantos meses você está?
— Cinco, indo para o quarto.
— Já sabe o sexo do bebê?
— Ainda não, mas sinto que é um menino — ela fala e olha para o
marido, tensa e fico com pena da garota.
Dimitri me leva para conhecer os outros membros da família, Vitto e sua
esposa Beatrice, que gostei muito. Tom e Karlene e por último Alesso Gambino.
O único capo da Cosa Nostra solteiro. Foram tantas pessoas apresentadas a mim
que fiquei exausta e cansada de tanto sorrir para eles. Luigi veio nos chamar até
o salão de vidro, onde o jantar seria servido. Ao todo quase trinta pessoas vieram
nessa apresentação. Senti como se fosse analisada por todos, como um animal
em um zoológico.
— Você preparou um excelente jantar, bella rosa. — Elogia Dimitri,
puxando a cadeira para que eu me sente ao seu lado.
— Obrigada, se tivesse feito a gentileza de me avisar antes, teria
caprichado mais.
— Tudo está perfeitamente bem. — Fala, se sentando em seu lugar, só
então todos os convidados se sentam.
Lorenzo e Vicenzo também estão em seus respectivos lugares, por sorte a
mesa de madeira de lei é grande o bastante para todos os convidados.
As entradas são servidas e todos comem em um clima amigável, Dimitri
mantém uma conversa sobre negócios e as mulheres só falam sobre compras e
joias.
— Katharina, como é na Rússia, é verdade que lá dá para ver a aurora
boreal? — Pergunta Priscila, tentando puxando assunto.
— Sim é realmente lindo, infelizmente eu só pude ver uma vez quando
era mais jovem. Depois que comecei a trabalhar com meu pai não consegui mais
ter tempo para ir ver. Murmansk é um dos sete lugares na Rússia em que
podemos ver esse fenômeno da natureza.
— Trabalhar? Como seu pai deixou você trabalhar? Uma mulher da
máfia não deve se preocupar com essas coisas. É nosso dever cuidar da nossa
família, filhos e marido — fala a tal Antonella, me alfinetando.
— Bem, querida, eu não acho que uma mulher tem dever e obrigação de
fazer qualquer coisa que não seja o que ela queira. Respeito a sua maneira de
viver, mas eu me formei, sou uma advogada graduada e não me formei apenas
para ter um diploma na parede. Trabalhei e posso dizer que fui muito útil para a
Bratva. — Falo firme e pelo olhar frio de Dimitri não era isso que ele queria que
eu dissesse, mas quer saber? Foda-se, ele casou sabendo quem eu era, então
agora vai ter que se acostumar. Os pratos chegam, quebrando a tensão na mesa e
todos começaram a comer o delicioso jantar. Bisteca Fiorentina com cebolas
caramelizadas e aspargos.

Terminamos o jantar e Vicenzo se levanta, segurando a taça, e diz.


— Eu proponho um brinde a minha cunhada, um brinde de boas-vindas à
família.
Todos nós levantamos e brindamos, algo tipicamente italiano. Sorrio para
todos, fingindo uma alegria que não é real. No final, todos vamos para a sala de
estar, os homens ficam em um canto conversando e bebendo uísque e nós
mulheres somos descartadas como meros objetos de decoração. Entediada,
decido atiçar um pouco esses italianos metidos a besta.
— Senhoras, essa festa está muito silenciosa, espero que gostem de
música — digo após chamar Luigi e pedir que traga meu violoncelo. Eu prefiro
o violino, mas essa noite é especial e requer algo mais dramático.
Assim que ele volta trazendo-me o instrumento, me sento na poltrona,
coloco o violoncelo no meio das minhas pernas, deixando a fenda na minha coxa
bem exposta. Olho para Dimitri, que me fuzila com os olhos, e sorrio.
— Para você, querido. — Digo, arrumo a posição do instrumento e
começo a tocar.
Lorenzo ri e Vicenzo apenas observa calado, assim como todos da sala.
"Bela Cia" uma canção histórica italiana, uma canção de revolução e
revolta, é o estou preste a fazer na vida de todos esses merdas. A música que foi
hino da resistência italiana contra o fascismo de Benito Mussolini e das tropas
nazistas durante a Segunda Guerra Mundial. Também usada em manifestações
de trabalhadores e estudantes na Itália. Nada melhor que ela. A melodia enche a
sala e todos fazem silêncio, ouvindo o violoncelo preencher o ambiente.
— “Uma manhã, eu acordei e as mentiras ficaram para trás, para
trás” — canto o refrão olhando nos olhos da Besta, dizendo que já sei o que ele
me escondia. — “Querido, adeus! Querido, adeus” — Termino sorrindo para
todos e posso ver Dimitri se corroendo de raiva.

Até aquele momento eu não sabia o que era a verdadeira arte, mas ver
Katharina tocando de maneira tão melancólica e bonita foi surreal. Eu sabia que
ela tinha talento, mas ver seus dedos se movendo nas cordas do violoncelo foi
incrível, mesmo furioso com sua provocação, não deixei de ficar excitado, assim
como todos os filhos da puta da sala. Vicenzo chama todos para o escritório e as
mulheres ficam na sala, junto com Katharina.

No escritório, Lorenzo serve uísque a todos e nos sentamos para debater


sobre o futuro dos negócios da família.
— Um dos nossos conseguiu um informante e nos trouxe isso — falo,
pegando o embrulho e jogando sobre a mesa.
— Que merda é essa?! — fala Juliano, chocado.
— Esta merda estava sendo vendida pelas ruas de Roma.
— Eu não quero isso aqui — falo, apontando para a pedra de craque. —
Quero descobrir quem foi o filho da puta que trouxe isso para a Itália e está
comercializando dentro dos nossos territórios.
— Deixa isso comigo, resolverei o quanto antes, tudo o que não
queremos é ter uma São Paulo aqui na Itália. — Fala, se referindo a Cracolândia.
A merda da droga é perigosa demais e pode ficar fora do controle
rapidamente no país e temos que evitar destruir o nosso mercado de cocaína com
viciados em craque.
— Michele Calvatário anda causando problemas para nossa família,
perdemos um contrato com a Venezuela por conta da influência dele. — Fala
Alesso, acendendo seu charuto.
— Devemos matar ele de uma vez por todas — fala Lorenzo, irritado
com um dos últimos mafiosos da época de Liggio, meu antecessor, o capo da
Cosa Nostra que assassinei friamente, tomando seu lugar.
— Mande Luca Brase investigar melhor o Calvatário. — Ordeno a
Lorenzo.
— Devemos ficar atentos com o que ele possa estar planejando. Quero
que Luca vá até ele e demonstre que está um tanto descontente com a família e
descubra o que puder.
— Farei o que diz — acata Lorenzo, saindo.
— E como vai ser a questão da lavagem de dinheiro? — Pergunta Vitto,
como sempre ansioso de mais.
— Já estamos providenciando tudo, logo o dinheiro da Cosa Nostra
entrará sujo e saíra mais limpo que o da casa da moeda e então poderemos
aplicar na bolsa e fazer nosso dinheiro trabalhar ao invés de ficar mofando em
nossos cofres.
— Isso é perfeito, não vejo a hora de começar — fala Dante Bruschetta.
No fim da noite, todos já tinham ido embora e o jantar saiu melhor do
que eu imaginei. Katharina provavelmente tinha se recolhido, cansada do dia de
hoje. Ficamos apenas eu e meus irmãos, conversando sobre o clube e a noite do
fetiche, que estava para acontecer no final da semana, quando o mordomo vem
até mim e avisa que temos visitas.
— Bernardo Provenzano — falo, recebendo-o na sala de estar, curioso
para saber o que o faz vir até mim uma hora dessas.
— Senhor Rinna, desculpe o horário, mas vim da França diretamente
para falar com o senhor.
— Quanto tempo não o vejo, a última vez foi no velório do meu pai?!
— Muito tempo, ainda sinto a perda do seu pai, que Deus o tenha. —
Diz, se sentando na cadeira que indico para ele.
— Diga o que o trouxe aqui!!
— É sobre minha filha Isabela.
— Claro, claro, diga — falo entediado, querendo que ele vá direito ao
ponto.
— Minha filha única, meu tesouro, ela desgraçou sua vida.
— Como assim? — Pergunto, confuso.
— Ela arrumou um namorado que não era italiano, na verdade um
americano metido a galã de cinema. Ha dois meses, ele levou Isabela para
passear junto com um amigo. Eles a drogaram e abusaram da minha filha. Faz
uma pausa com a voz trêmula e volta a falar. — Ela até tentou lutar, mas eram
dois homens fortes contra uma jovem frágil. E depois que eles fizeram o que
queriam com minha bambina, bateram nela como um saco de pancada e quando
fui ao hospital, seu rosto estava desfigurado, longe de lembrar a jovem linda que
eu criei. A minha menina, a luz da minha vida. Estava acabada.
— Por que não veio diretamente a mim quando isso aconteceu? — O
questiono.
— Eu errei, deveria ter vindo direto até o senhor, mas não, fui à polícia
como um bom cidadão faz, os dois rapazes foram julgados, o juiz os condenou a
três anos de prisão, mas suspendeu a sentença. Eles ficaram livres no mesmo dia.
Então percebi que se quisesse justiça, teria que vir à família pedir por ela.
— O que você precisa? — Pergunto, mesmo já sabendo o que o infeliz
quer.
— Mate os dois, mas não antes de machuca-los da mesma maneira que
fizeram com minha filha — fala com ódio dos miseráveis.
— Isso eu não posso fazer — respondo, colocando o charuto sobre o
cinzeiro de ouro.
— Eu faço qualquer coisa que quiser, eu imploro.
— Vamos ser francos, você é apenas um associado da família, jamais
quis usar seu lindo nome com os assuntos da Cosa Nostra.
— Eu não queria me intrometer, eu não quis me envolver.
— Eu entendo, você fez fortuna na França, montou um bom negócio, não
precisava de um amigo como eu, mas agora você vem a mim. E me pede que
mate pela sua amizade. Você vem a minha casa no meio da noite, após um jantar
importante e me pede que eu mate alguém por você.
— Eu só peço por justiça.
— Isso é vingança, afinal sua filha está viva.
— Então eu peço que eles sofram o mesmo que ela está sofrendo.
— Você tem sorte, hoje estou muito generoso e irei te ajudar. Porém,
saiba que um dia, talvez esse dia jamais chegue, eu vou pedir algo para você. Até
esse dia chegar, aceite a justiça como um presente de Katharina, minha esposa,
para sua filha.
— Grazie, chefe — agradece e, em seguida deixa da sala, sendo
acompanhado por um dos meus homens.
— Por que aceitou ajudar um bosta desse? — Pergunta Vicenzo, confuso.
— Preciso de homens leais a mim e lealdade não se compra com dinheiro
— falo aos dois, os deixando sozinhos na sala indo até o escritório buscar o
celular que deixei lá.
— Dinheiro compra tudo! — Fala Vicenzo, irritado.
— Você tem muito que aprender ainda, Vicenzo.
Cansado, tudo que quero é tomar um banho e ter uma boa noite de sono,
já que a noite passada foi terrível para mim, por dormir no clube. Mesmo
querendo negar, já estava me acostumando com a presença da loira endiabrada
na minha cama. Ainda que não seja do jeito que eu quero, mas isso será por
pouco tempo.
Ao entrar no meu escritório, vejo Katharina, sentada na minha cadeira
com a minha pistola na mão.
— Agora nós dois vamos conversar, querido.
— Precisa estar com uma arma apontada para mim para conversar,
Katharina? — Pergunto, já irritado, odeio que toquem nas minhas coisas. A
maledeta conseguiu encontrar o fundo falso na minha mesa e roubar a minha
pistola.
— Ela é minha garantia que você vai me dizer tudo que quero saber —
fala nervosa e posso ver claramente seu pulso tremer.
Dou dois passos em sua direção, afasto a cadeira em frente à mesa e me
sento bem na mira da arma, achando até graça da sua tentativa de me botar
pressão.
— O que quer saber, bella mia?
— Por que escondeu de mim que Ivan era um infiltrado e estava me
levando para Boris? — Pergunta de maneira amarga, me pegando de surpresa.
— Não achei que precisasse saber.
— Você está brincando comigo?! — Diz, possessa.
— Eu não gosto de jogos, Katharina.
— Todo esse tempo eu dizendo que o amava e você nunca pensou em me
dizer nada. Eu estava disposta a fugir com ele. Eu abri mão da minha família por
amor a ele. E vocês não pensaram em me contar a verdade?
— Não faz diferença nenhuma para mim se você continua ou não
sofrendo por um traditore, como já disse antes para você, Katharina eu não
quero seu amor. Amor é para os fracos e tolos, que se deixam enredar por
sentimento vazios. Olha o que amor fez com você.
— Como descobriu que ele era um espião?
— Seu pai estava desconfiado que alguém estava passando informações
para os ucranianos. Mandei Vicenzo investigar todos os mais próximos a sua
família e foi fácil descobrir que ele não só passava informações para Boris, como
planejava algo grande. Só não imaginávamos que ele iria tão longe a ponto de
foder a minha noiva. — Digo amargo e ela engole em seco, colocando a arma
sobre a mesa e eu rapidamente a tomo. — Já disse para apontar uma arma para
mim apenas quando estiver pronta para atirar — aviso, descarregando as balas.
— Então, naquele dia você me salvou?!
— Não me agradeça por isso, nós dois sabermos que só fiz isso por
benefício próprio.
— Ivan ser um miserável de um traidor não muda nada, eu ainda
continuo te odiando. — Fala, erguendo o queixo.
— Estou bem com seu ódio, amore mio.
— Odeio você Dimitri, por tudo que representa na minha vida, por tudo
que você já fez para mim. Nada nesse mundo irá mudar isso, nem mesmo o fato
de ter me salvado.
— Bem, agora que colocamos tudo em pratos limpos, acho que não
temos mais nada para discutir!! — Falo, colocando a arma no paletó.
— Espera, ainda não terminamos essa conversa.
— Diga de uma vez, o que mais você quer Katharina?!
— Eu quero a cabeça de Boris em uma bandeja de prata. E eu sei que
você pode conseguir isso para mim.
— Você quer de vingança? Como seu namoradinho está morto, vai
descontar seu ódio no ucraniano.
— Ele é um desgraçado que me usou como fantoche, aposto que riam da
minha cara. Ele tentou matar meu irmão e não vai parar até conseguir. Eu quero
a cabeça desse filho da puta.
— Não me intrometo nos conflitos dos Bratvas, seu irmão é grande o
bastante para se defender.
— Você me deve isso, por ter me enganado todo esse tempo, é o mínimo
que pode fazer por mim.
— Eu não faço nada de graça, Katharina, sou um homem de negócios.
— O que você quer? — ela pergunta, colocando as duas mãos sobre a
mesa e olhando para mim de queixo erguido.
— Você sabe o que quero, bella mia.
— Eu não posso — diz, perdendo a pose, se dando conta das cartas que
estão em jogo.
Eu não a quero apenas em minha cama, eu quero a sua submissão.
— Bem, como disse, tudo tem um preço! — digo, me levantando, pronto
para sair do escritório.
— Uma noite, apenas uma noite e nada mais!
— Você tem minha palavra, bella mia, espero que cumpra a sua. —
Sorrio, sabendo que acabei de vencer uma bela disputa.
— É como dizem por aí; o diabo dá com uma e toma com duas mãos. —
Fala Katharina, selando ali nosso acordo.
Raiva é uma sensação de se queimar por dentro até só restar pó. Já o ódio
é como beber veneno e ir lentamente se afogando em fúria.
— São todas vadias imundas, todas elas merecem pagar.
Estaciono o carro em frente à praia mais afastada de Palermo, no fim de
tarde e deixo o vento frio da maresia percorrer meu corpo, que ferve de raiva.
Não ter controle sobre o que eu quero, o que desejo é desesperador. As
lembranças de um passado atormentado estão mais frequentes. Eu não consigo
deixar de odiá-la, mesmo que ela já esteja morta. Tiro o paletó, jogando no
banco do carro, desço para a faixa de areia, tentando aliviar essa sensação de
sufocamento e descontrole. Sento sobre uma rocha e observo as ondas
quebrando na areia. O sol já está se ponto, mas nem mesmo a beleza da natureza,
que sempre me acalma, parece fazer efeito. Vejo um cachorro correndo, um belo
labrador, que dispara em direção ao disco que uma moça joga para ele. Noto o
sorriso dela, feliz, apontando para o mesmo e continuo sem me mover, apenas
analisando a interação dos dois até o disco que ela joga cair ao meu lado. O
animal vem até mim, porém eu já estava de pé, segurando o objeto.
— Então, caiu aqui! — fala ela, sorrindo para mim.
— Não sabia que tinha uma mulher tão bonita nessa praia, geralmente ela
se mantém deserta por conta das águas vivas.
— Me chamo Andressa Pavanet, me mudei recentemente para cá. Estou
amando a cidade e principalmente a tranquilidade desta praia deserta.
— Então, você não é daqui?! — pergunto, curioso com a estranha loira
de olhos verdes.
— Não, eu sou da Bélgica, vim para a Itália após descobrir que minha
avó deixou um chalé de herança para mim.
Andressa se senta ao meu lado e passamos horas conversando, o clima
entre nós dois é amigável, porém eu não estava batendo papo com a loira apenas
para conhecê-la, eu queria mais. Quando o vento forte do começo da noite
bagunça seus cabelos eu ergo meus dedos, tocando seu rosto de leve, tirando o
cabelo do seu rosto. Ela sorri e eu aproveito esse momento para beijar a doce
garota, que corresponde de imediato, mesmo um tanto tímida. Puxo Andressa
para o meu colo e começo a beijar seu pescoço.
— Nós estamos indo rápido demais, acabamos de nos conhecer.
— Não é tão rápido, querida, não para o desejo que eu sinto por você e
você sente por mim — falo, soltando as alças do vestido que ela usa, colocando
um dos seus seios na boca, chupando devagar apenas para vê-la fechar os olhos
de prazer.
Depois disso, tudo acontece rápido, Andressa me leva até o seu chalé,
que não era muito longe dali. Vamos nos beijando até o quarto e rapidamente
vou tirando a roupa que ela está vestindo, querendo fode-la e, quem sabe assim,
tirar essa agonia que estou sentindo.
Andressa fica de joelhos enquanto eu bato com meu pau na sua cara. A
garota tímida de mais cedo deu lugar a uma puta.
— Chupa sem morder, deixa meu pau bem babado.
Ela hesita, um pouco trêmula, mas logo o pega com as duas mãos e cai
de boca, começando a chupar. Chupa com tanta força que parece fazer tempo
que não tem um cacete na boca. A safada faz com vontade e eu decido ajudar,
puxando seus cabelos e fodendo sua boca. Seu rosto fica vermelho e ouço sons
de engasgo preencherem o quarto, me deixando ainda mais excitado. Puxo com
força seu cabelo, sentindo meu pau vibrar dentro da sua garganta, gozando
profundamente e ela engasga, bebendo meu gozo.
— Encosta na parede!
Ela obedece, então começo a passar a mão nos seios pequenos dela.
A garota tem um ar ingênuo fascinante, mas no fundo é mais uma puta,
como todas elas.
— Abre as pernas — ela abre bastante, então coloco a camisinha, sendo
precavido dessa vez, e rapidamente meto dentro da boceta rosada de uma só vez.
— Oh, meu Deus você é grande demais, devagar.
— Não reclama, putinha, você não queria dar agora a pouco? e então,
aguenta — falo, socando meu cacete, arrombando sua boceta. Ela se assusta com
a minha fúria ao mesmo tempo que se contrai, tendo um orgasmo alucinante.
Empurro sua cabeça contra a parede e soco, sentindo seu corpo me
apertar. Aproveito que ela está toda entregue e submissa aos meus comandos e
começo a morder seu ombro. Mas isso não parece o bastante, eu preciso de mais,
muito mais, então uso as minhas mãos contra seu pescoço, apertando de leve,
apenas para testar sua reação. Ela está tão absorta pelo prazer que não diz nada.
Então, faço o que eu desejava fazer há vários dias e não pude. Pego a faca no
chão e seus olhos se arregalaram e o sorriso preenche meu rosto. Ela tenta me
arranhar, mas eu sou muito mais forte que essas putas desgraçadas que não
podem ver um pau que já abrem as pernas para dar. Com delicadeza, deslizo-a
pela a garganta da vadia até seu abdome, sentindo o sangue quente escorregar
pelos meus dedos.
— Isso não aconteceria se não fosse uma puta. — Digo sorrindo,
deixando a minha marca na parede.

Boris não foi capturado, o que me faz duvidar da capacidade de Vitto
Gerevini, meu capo. Ele é conhecido por ser um exímio caçador, rápido,
silencioso e preciso No entanto, faz dois dias que ele está na Rússia e ainda não
capturou o ucraniano.
— Vicenzo, mande Daniela vir até a minha sala. — Falo ao meu irmão
assim que entro na sede da Cosa Nostra.
— Ela está na sala dela, mandarei ela vir em um instante — ele assente,
saindo do corredor.
Entro na minha sala e já me irrito ao perceber que o meu café amargo não
está sobre a minha mesa. Natasha ainda está internada no hospital, então Dutch a
substituiria até que ela pudesse ocupar seu cargo. Sobre Natasha, bem, ela não
ficou nada contente ao saber que não voltaria para a fortaleza e sim para a
cobertura, junto com as escravas. Para um homem como eu, com um apetite
sexual voraz, é normal manter mais de uma submissa, no meu caso uma
submissa e duas escravas. Existe muita diferença entre uma escrava e uma
submissa. Submissa é uma mulher que sente necessidade de servir, de se
submeter a alguém, que sente prazer quando está sendo dominada, não que ela
precise necessariamente ser submissa o tempo todo. Ela pode, por exemplo, se
submeter entre quatro paredes, mas ser uma praga fora dela, como uma brat.
Além disso, uma submissa se entrega dentro de um relacionamento estabelecido
por limites rígidos de disciplina e comportamento.
A escrava, por outro lado, representa um nível mais aprofundado de
submissão. Uma escrava se entrega totalmente, estabelecendo poucos limites e
normalmente não tem direito a safe, palavra segura. Seu principal direito é se
entregar a seu dominador. Escravas normalmente vivem segundo as regras dos
seus donos 24 horas por dia, sete dias da semana e tudo em suas vidas é
regulado. Devem pedir permissão até mesmo para sair e fazer coisas normais
que uma submissa pode fazer sem permissão. Na maioria das vezes, uma escrava
opta por viver integralmente como escrava, dentro de casa, servindo seu dono.
Ela escolhe isso para si. Ser uma escrava, ou até mesmo uma submissa é a
realização de suas vidas, é o que lhes dá prazer. Entretanto, ultimamente nem
mesmo as minhas duas belas escravas estão conseguindo saciar meu lado sádico,
que venho tentando controlar por semanas, mas a cada dia o meu controle está se
esvaindo.
Venho me mantenho longe de Katharina para não colocar tudo a perder,
eu sempre me orgulhei do controle, da minha impassividade, a minha maneira
racional e fria de agir, mas Katharina está colocando tudo a perder. A maldita
russa vem quebrando todo o controle que tenho. Os conselhos do meu mentor
vieram a mente. O capo que antecedeu a mim, Michele Navarra, ele mesmo,
aquele que matei sem qualquer compaixão, para tomar o poder e me tornar o
Boss. Com ele aprendi a ser o melhor nesse mundo, a não confiar em ninguém.
Fui seu pupilo, de garoto pobre e problemático a um mísero soldado, assim
como meu pai, eu passei para subchefe da Cosa Nostra e tomar o poder foi
apenas mais um passo na minha trajetória no crime organizado da Itália.
Suas palavras parecem ficar voltando à minha mente. Ele sempre me
dizia para ter cuidado ao pousar meus olhos sobre uma mulher bonita.
— "Mulheres bonitas são um paraíso para os olhos, um inferno na alma
e um purgatório para o bolso".
Não consigo deixar de pensar que ele tem plena razão. Porém, Katharina
é um inferno tão quente que eu quero mergulhar nele. Minha querida esposa, que
nem mesmo toquei. Justo eu, a temível Besta italiana o chefe da Cosa Nostra,
com trinta e sete anos, sou temido, sou respeitado e tenho poder, muito poder,
tenho políticos, a polícia e empresários todos na minha mão. Mas, isso não é o
bastante, não, a fera que há dentro de mim quer mais. Ela quer sair do controle,
quer caçá-la e devorá-la. Quero submetê-la aos meus desejos mais perversos.
— Senhor — diz Daniela, batendo na porta do meu escritório, me
dispersando dos pensamentos mais profundos.
— Entre, senhorita Copolla.
— Mandou me chamar?!
— Sim, soube que chegou ontem. Quero saber como foi à viagem, se
conseguiu completar sua missão. — Digo, olhando para a mesma.
— Com êxito, senhor, a senhorita Meyer estará chegando à Itália na
próxima semana.
— Como conseguiu convencê-la a largar um emprego de prestígio para
trabalhar para a Cosa Nostra?
— Simples, eu dei a ela algo que ela não conseguiria trabalhando para o
banco suíço. — Fala sorrindo, eu levanto a sobrancelha curioso. — Meyer só
precisava de um empurrãozinho para sair do banco. Com um patrão que a
assediava, um ex-marido psicopata, nada melhor do que estar sobre a proteção
da Cosa Nostra para sair da Suíça.
— Estou ansioso para conhecer a mulher que será responsável pelo maior
esquema de lavagem de dinheiro de toda Europa.
Ficamos em reunião por boa parte da tarde, Lorenzo trouxe relatórios
financeiros e então tínhamos números reais para começar. Eu precisava lavar
esse dinheiro de maneira rápida e eficaz. E o mais importante, sem chamar
atenção da polícia.
Já era fim da tarde quando recebi uma ligação muito esperada.
— Vitto, para estar me ligando, provavelmente deve ter notícias para
mim.
— Estou com ele, senhor, estamos pegando o jatinho agora para voltar
para Itália.
— Mas que bela notícia, meu caro.
— O filho de uma putana não foi fácil de encontrar, estava bem
escondido, mas o serviço foi completado. E o melhor de tudo, sem chamar
atenção dos Castelaresi, eles não saberão que a Cosa Nostra está por trás da
morte do ucraniano.
— Perfeito, será bem recompensado por essa missão. — Digo,
finalizando a ligação.
Giro na minha cadeira, olhando para o sol se ponto pela janela do meu
escritório.
— É, bella mia, em breve você estará sobre o domínio da Besta que
habita em mim!

Eu estava naquele quarto, esperando por quase duas horas a fio,


imaginando que fui feito de besta mais uma vez. Amar uma pessoa que não
corresponde a esse sentimento é cruel e desgastante, mas aqui estou eu,
esperando mais uma vez feito um idiota a mísera atenção que ele me dá quando
quer extravasar seu desejo. Levanto da cama irritado e pego o paletó, pronto para
sair do quarto, quando a porta abre e ele passa por ela. Seus cabelos negros estão
desalinhados, a gravata já fora do pescoço e sua expressão me desarma.
— Você demorou, já estava indo embora.
— Sabe como é difícil para mim vir até aqui.
— Mas, cá está você, mais uma vez, isso quer dizer algo.
Levanto a sobrancelha esperando que ele diga o que quero ouvir, porém
seu silêncio é tudo que recebo.
— Eu gosto de você — digo, olhando em seus olhos frios, poucas vezes
pude ver uma sombra de sentimento passar por eles.
— Eu também gosto de estar com você, do sexo gostoso que nós dois
fazemos.
— Você não está entendendo, não se trata apenas de sexo — falo,
exasperado. — Eu gosto de você, acha que se não gostasse eu aceitaria as
migalhas que me dá?! — Pergunto, irritado com sua falta de reação ao me ver
abrir o coração para ele.
— Isso é sexo Chaise, você sabe disso. Duro, bruto e selvagem, não
importa, é apenas sexo.
— Para mim não é mais o bastante. Sei que jamais vamos poder sair
desse quarto e dizer o que sentimos para outras pessoas, ainda mais na sua
posição, mas aqui estamos só nós dois e mais ninguém.
— Você está complicando tudo, não foi isso que combinamos.
— Foda-se o combinamos, senhor pedra de gelo. Eu não consigo
continuar fingindo que não estou apaixonado por você, seu imbecil.
— Sentimentos só deixam as pessoas vulneráveis
— Quer saber, eu cansei de ser seu brinquedo — digo, indo em direção à
porta, pronto para sair do quarto. Porém antes que eu atravesse, sou arremessado
contra a parede e atacado por seus lábios ferozes, me beijando de maneira voraz.
Nossas línguas duelavam duramente, o beijo é feroz e com raiva, ele
puxa minha nuca com força, me pressionando contra a porta do quarto. Minhas
mãos voam para o seu peito largo, tentando afastá-lo, magoado demais para
aceitar suas investidas. Porém, antes mesmo que eu possa me afastar, ele desce
seus lábios pelo meu pescoço, arrancando gemidos altos da minha garganta.
Nesse momento, eu já havia esquecido minhas reservas contra esse homem,
nesse momento existe apenas a luxúria tomando conta de mim. E me deixo ser
consumido pelo desejo e pela paixão que sinto por ele.
— Não lute contra o que você quer, Chaise — ele fala com a voz rouca e
volta a me beijar. E eu me entrego intensamente ao beijo.
Suas mãos descem para o cós da minha calça, meu corpo todo se arrepia,
já sabendo o que ele pretende fazer. Ele toca meu pau super duro por cima da
calça e não demora muito para que a mesma desabe no chão junto com a boxer e
meu pau salte, gloriosamente duro. Então ele se abaixa, tocando-o com sua mão
direita. Rapidamente abre a boca e o abocanha.
— Porra, sua boca quente e molhada é o paraíso.
Ver um homem grande e perigoso como ele, cheio de tatuagens, com meu
pau na boca, me leva ao delírio.
— Eu preciso de você — falo, completamente entregue.
Sua língua desliza pela base do pau para logo em seguida abocanhar
novamente, levando-o até o talo na boca quente, me deixando ainda mais duro.
Seguro seus braços fortes, cheios de tatuagens, enquanto soco na sua garganta e
nossos gemidos preenchem o quarto. O fogo toma conta dos nossos corpos. É
sempre assim quando estamos juntos, oito meses nessa relação proibida e cada
vez me vejo mais apaixonado por alguém impossível.
Antes que eu goze, tiro meu pau da sua boca e o beijo, arranhando seu
pescoço, lentamente tirando sua roupa. A arma cai no chão, assim como tudo que
ele usava. Nu, eu pude observar com prazer o deus italiano em minha frente,
porra ele é o cara mais gostoso que já pus meus olhos e é meu, ao menos por
essa noite.
Vou descendo beijos por seu peito até chegar no cacete carente de
atenção. Ele está com a cabeça jogada para trás, de olhos fechados e dando
pequenos gemidos. Seu pau rosado, grosso, com cheiro másculo, estava duro
pronto para mim e não perdi mais tempo, vou chupando, lambendo toda a
extensão, enfiando tudo na boca, tirando, dando beijinhos na cabeça e indo em
direção as bolas, voltando, lambendo tudo.
Quando olho para ele, já está me encarando com um olhar feroz. Se
inclina para frente e me dá um beijo, em seguida me empurra em direção à cama
do quarto de hotel. Estou ajoelhado sobre a cama, ele começa a passar a mão
pelas minhas costas até chegar a minha bunda e dar um tapa forte.
— Você está doido para ter meu pau te fodendo não é, safado?! — Ele
fala, colocando dois dedos na minha entrada.
Olho para trás e ele está com uma mão em seu pau e a outra alisando
minha bunda, passando o dedo na minha entrada, alisando um lado, depois outro.
— Mete de uma vez, filho da puta!
Ele pega o lubrificante sobre a cama, aplicando na cabeça do seu cacete,
se abaixa atrás de mim, abre minha bunda, dá um sorriso safado e esfrega a
cabeça, dá uma encaixada no meu rabo e eu aproveito para forçar um pouco para
trás, ele percebe meu movimento e levo outro tapa, dessa vez nas costas.
— Minha puta quer meu pau, não é? Depois se faz de difícil e tenta fugir
de mim — diz, socando de uma vez e eu solto um rosnado alto pela dor.
— Me fode de uma vez.
Ele continua forçando até entrar tudo e em seguida começa a bombar de
uma forma gostosa. Sua rola grossa entrando e saindo, aquela dor inicial logo
passa e o prazer toma conta de mim. Não consigo mais controlar os gemidos,
olho para trás e observo ele socando, abrindo minha bunda e vendo seu pau
entrar em mim, enquanto eu só sei gemer, tamanho o prazer.
— Você é todo meu, não se negue a mim!! — Diz, com os cabelos negros
todos bagunçados.
Percebo que ele está quase gozando, então aproveito que meu orgasmo já
está vindo e dou uma impulsionada para trás com minha bunda, rebolo e começo
a me masturbar, sentindo suas bolas batendo em mim. O som de dois corpos
suados se debatendo é totalmente alucinante.
— Goza, safado, me dá seu leite — digo safado.
Ele começa a bombar mais forte, mais rápido, eu estou gemendo, já
descontrolado e logo estou gozando. Aperto a cabeça do seu pau dentro de mim,
arqueando as costas. Um gemido alto, grosso e sinto seu pau pulsando dentro de
mim, me enchendo com seu leite.

Estava feito, não poderia voltar atrás. Eu tinha oferecido a minha alma ao
demônio e ele não se recusou a aceitá-la. Mas naquele momento tudo que eu
pensei foi na minha vingança. Meu coração está quebrado, a dor é tão grande
que em alguns momentos procuro não pensar, não lembrar de todas as mentiras
que me foram contadas, todas as vezes que arrisquei a minha vida por conta de
um maldito impostor. De que abri mão de tantas coisas por amar um miserável
que não merecia nem uma lágrima minha.
Dois dias se passaram desde a proposta que fiz à Besta. Dois dias em que
eu não o vejo em nosso quarto e o silêncio, um estranho silêncio toma conta da
fortaleza, agora que a cyka não está mais morando aqui.
Eu saio para conhecer a cidade, claro não ficaria mais presa dentro dessa
casa, me consumindo de amargura por ter sido feita de trouxa por um homem.
Eu não seria a primeira nem a última a ser enganada por um filho da puta. Pelo
menos foi isso que tentei colocar na minha cabeça após desabafar por horas com
Ana no celular, conto tudo a ela. Também não aguento e ligo para minha mãe.
Choro, sentindo sua falta e sou consolada por ela, que me garante que está bem,
assim como Aslan e que em breve ela viria me visitar. Provavelmente não
demoraria muito mais para que meu pai descobrisse que eu liguei, mas não me
importo, já estava há semanas na Itália, eles não poderiam me manter
incomunicável como se fosse uma prisioneira.
Confesso que conhecer as belezas de Palermo tem me distraído,
obviamente sou escoltada pelos meus cães de guarda. Chaise por sorte não se
machucou com o falso sequestro, apenas Romeu que foi ferido mais gravemente
e está se recuperando. O que me faz ter mais raiva dos irmãos Salvatore Rinna.
E, falando neles, bem, Lorenzo está aparentemente muito ocupado e apenas o
vejo no jantar, já Dimitri. Ele não anda dormindo na fortaleza, ou, se dorme aqui,
eu não sei onde. Vicenzo parece estranhamente mais sociável desde a tal prova e
está começando a confiar em mim. Ontem, até o vi fazendo yoga no jardim, o
que me surpreende, já que não imaginava um homem como ele fazendo
meditação, ao menos descobri algo que tínhamos em comum. Interessante saber
que tanto ele como Lorenzo não se aproximava de Hades e Perséfone, pelo que
Vicenzo deu a entender, esse é um campo proibido aqui.
Boris, bem, não perguntei sobre ele para Dimitri, mas Ana me mantém
informada sobre os conflitos na Rússia. Sei que uma hora ou outra ele o trará
para mim e terei que fazer algo que jamais me imaginei fazendo. Me submeter a
um homem, não qualquer um, mas sim à Besta italiana.
— Senhora, tem visitas na sala a aguardando — fala Luigi.
— Quem é?
— São Karlene Ndrangreta e Priscila Camorra.
— Ok, desço em dois minutos, leve-as para o jardim leste. Mande
Carlota servir um lanche para as duas. Se certifique que Hades e Perséfone estão
no recanto deles, não quero assustar as visitas. — Digo, fechando o livro “The
White Queen’’, um livro incrível que conta a história da Guerra das Rosas,
agitada por tumultos e intrigas”.
A Rainha Branca trata da vida de Isabel Woodville, uma plebeia que
ascende à realeza servindo-se de sua beleza, uma mulher forte que enfrenta toda
a monarquia pelos seus filhos. Vou até a penteadeira confirmar se minha
maquiagem está impecável antes de descer para conversar com as duas. Pelo
pouco que conheci das duas eu já gostei delas, apenas Rebeca que me deixou
curiosa, algo me diz que ela precisa muito de mim. Talvez seja esse meu destino
na Itália, causar uma pequena revolução dentro da Cosa Nostra.
Sorrio animada, com a cabeça cheia de ideias.

— Boa tarde, senhoras, fiquei surpresa ao saber que vieram me ver.


— Boa tarde, Katharina, Priscila, por favor.
— Certo.
— Bem, nós viemos aqui te conhecer melhor, sei que deve ser um tanto
assustador entrar na família, deixar seu país e se casar com um mafioso. — Fala
Karlene, pegando o copo de suco. — Gostei muito de você Katharina, parece ser
uma mulher forte, decidida. Eu sei que ser esposa de um capo não é fácil — diz,
com um olhar triste. — Imagina do capo da Tutti capo. — Ela diz, suavizando o
olhar triste de antes.
— Sim, vocês têm razão, ainda não caiu à ficha que a minha vida de
agora em diante será aqui na Itália. Sinto falta da minha prima Ana.
— Eu vim da Inglaterra para a Itália para um intercâmbio, conheci Tom
sem saber quem ele era, em uma balada, estava saindo com um cara que acabou
passando dos limites e foi quando ele me salvou. Jamais vou esquecer que acabei
vomitando no carro dele quando ele me levava para casa. Me apaixonei por ele
tão rápido, de maneira tão intensa e para estar ao lado dele tive que abrir mão da
minha faculdade de odontologia, dos meus amigos, até mesmo da minha família,
que não pode saber quem somos. Então, evito ao máximo recebê-los na minha
casa.
— Você realmente teve sorte, Karlene, não são todas que têm esse
privilégio que você teve — fala Priscila, me fazendo olhar para ela.
— Não consigo imaginar como abrir mão de toda sua vida por um
homem é privilégio — digo, exasperada.
— Ser amada, Katharina, ser amada por um capo. Homens poderosos
como os nossos maridos não costumam demonstrar sentimentos, isso os torna
fracos perante seus inimigos e Tom, mesmo que de maneira discreta, demonstra
amar a Ka!

Ficamos conversando por um bom tempo e confesso que gostei das duas.
Conversamos por horas, elas acabam me confidenciando que Natasha não era
amante de Dimitri há muito tempo e que meu querido marido, assim como os
outros capos, frequentavam um clube particular da família, onde rolava de tudo.
Priscila ainda me confidenciou que sabia que o marido mantinha uma amante,
mesmo o amando e sofrendo com isso, ela não tinha muito o que fazer e isso me
deixou irritada. Pelo visto o mau dos italianos é serem todos uns cafajestes.
Também conversamos sobre Rebeca que era a terceira integrante do trio, todavia
desde a descoberta da gravidez não tem podido sair muito de casa e que foi uma
raridade ela ter vindo à fortaleza naquela noite.

A tarde passa de forma agradável com a companhia delas, fico triste


quando elas se vão, mas combinamos de ir ao SPA no sábado.
Luigi terminava de arrumar a mesa para o jantar quando entro na
cozinha, sentindo um delicioso cheiro de peixe.
— O cheiro está delicioso, Carlota.
— Luigi trouxe um belo peixe espada do mercado de peixe Catânia. É o
favorito do menino Lorenzo. — Diz ela sorrindo, mexendo um molho na panela.
Vou para a adega buscar um vinho para o jantar e encontrei Lorenzo
entrando no corredor.
— Princesa, está perdida? — ele fala, sorrindo, com os cabelos todos
desalinhados e uma mancha de sangue na manga da camisa.
— Estou indo para a adega buscar um vinho para o jantar. Aconteceu
alguma coisa?! — Pergunto, apontando para a mancha de sangue em sua camisa.
— Ossos do ofício — Responde sorrindo e decido nem perguntar.
Continuo o caminho até a adega, que é bem mais luxuosa do que
imaginei, toda de vidro e madeira de lei. A iluminação baixa e o clima adequado
para manter as garrafas. Escolho uma garrafa do Muse de Miraval e coloco no
balde de gelo sobre a mesa.
Vicenzo chega junto com uma moça, aos beijos na sala e imagino ser
alguma amante ou coisa do tipo.
— Boa noite, Katharina, espero que não se importe de ter uma pessoa a
mais na mesa esta noite.
— Claro que não, prazer, meu nome é Katharina.
— Meu nome é Daniela.
Nos sentamos à mesa, aguardando Dimitri chegar, Lorenzo senta em seu
lugar, já de banho tomado, mas nada de Dimitri aparecer.
— Sabe onde está Dimitri? — Pergunto, irritada por ficarmos todos
feitos idiotas o esperando.
— Bem, eu fui o último a sair da sede, provavelmente ele deve estar
chegando, já que hoje é a noite negra no clube — fala e percebo que Vicenzo o
repreende com o olhar, fazendo com que ele se cale.
— Já que meu querido marido não chegou, não podemos desperdiçar
uma comida tão deliciosa como essa, ainda mais sendo o prato favorito de
Lorenzo — digo, sorrindo para Daniela.
O jantar é agradável, Daniela, diferente do que imaginei não é tão fútil
como aparentava. Pelo que percebo, é uma hacker habilidosa a serviço da máfia.
Porém, o que me deixa de boca aberta é o momento onde ela simplesmente
sugere um ménage.
— É sério, Lorenzo, faz tempo que eu e você e seu irmão não curtimos
como daquela vez — fala, com um sorriso safado no rosto.
— É impressão minha ou te deixamos viciada, Dany?!
— Bem, o que posso dizer, um é bom, mais dois, meu amor, é
espetacular.
Eu não sabia para quem olhava, para Lorenzo, que se divertia, Vicenzo,
com sua pose séria ou para Daniela, atirada.
Depois de subir para o quarto, tomo meu banho e decido que não vou
ficar trancada nesta casa enquanto meu querido marido curte a noite com suas
putas, então me arrumo. Escolho um vestido preto e curto, com bastante
transparência. Com os cabelos soltos e uma maquiagem delicada, me sentia
bonita e pronta para relaxar essa noite.
— Esperem, eu vou com vocês — falo, fazendo com que as três cabeças
se virem em minha direção.
Vicenzo abre a boca quando vê a roupa que uso, Lorenzo tem um sorriso
safado nos lábios. Homens.
— Então, vamos?!
— Não acho ser uma boa ideia você ir com a gente — fala Vicenzo,
vestindo sua máscara de seriedade.
— Pois eu acho uma ótima ideia, afinal ela é esposa do Boss. O clube
também pertence a ela, é sexta à noite, rapazes, vamos nos divertir.
— Dimitri vai te matar, você sabe, né?!
— Deixe-o tentar — falo, passando por ele, indo em direção ao carro.
O caminho é rápido e eu percebo que os gêmeos estavam tensos com a
minha presença, provavelmente temendo o que Dimitri faria. Eu não ligo para o
que ele vai pensar, só não quero ficar em casa como uma esposa troféu, enquanto
o canalha do meu marido sai com outras. Do lado de fora eu já fico admirada
com o tamanho do clube, após passar pela entrada privativa. O lugar é composto
por três pisos principais e um subsolo, onde, segundo Vicenzo, eu estava
proibida de entrar, duas danceterias com palco armado e um grande bar. No
terceiro piso ficava a área vip, junto com um bar totalmente reservado e é para lá
que sou encaminhada.
Subimos o elevador privativo e chegamos na área vip.
— Vê se não faz nenhuma gracinha, porque não é só seu pescoço que
está na reta — fala Vicenzo, ainda incomodado com a minha presença aqui.
Entramos em uma grande área com sofás de couro, barras de pole dance,
música ambiente, vários empresários e homens de negócios com putas no colo,
conversando entre si, porém, assim que chegamos, os olhos de todos parecem ser
direcionados a mim.
Lorenzo coloca a mão nas minhas costas me levando para o fundo da sala
e lá eu o vejo. Meu querido marido, tomando o que deve ser uísque, com uma
morena de joelhos em seus pés. Não foi preciso falar nada para que eu
entendesse que ela era uma submissa, apenas a maneira como ela mantinha o
olhar baixo já entregava sua condição.
— Sentiu minha falta, bella rosa e decidiu vir até mim?
— Para sua tristeza, não, querido marido — falo, olhando para a garota
que nem ao menos se move e fica feito um cachorro aos pés do dono. — Só
estava cansada de ficar em casa e decidi curtir.
Seu olhar parece me comer viva, passando da ponta dos meus pés até
meu rosto. Poderia jurar que o vi engolindo a saliva.
— Denise, vá até Tomaz para que ele a leve para casa, não preciso de
você por essa noite — diz isso olhando para mim, como se me desafiasse com o
olhar.
— Daniela, porque não vamos para a pista, estou precisando dançar —
digo, querendo me afastar do maldito.
— Vamos, então — concorda, me puxando para a pista de dança, mas,
mesmo estando longe, eu ainda consigo sentir seu olhar em mim.
Uma música sexy de Camila Cabello começa a tocar, Daniela e eu
começamos a rebolar ao som da batida e alguns homens tentam se aproximar,
mas nunca para dançar comigo, apenas com Dany. A música acaba e logo
começa outra, eu fecho os olhos, deixando a batida tomar conta do meu corpo,
porém um corpo firme me cerca e uma mão forte e possessiva vai parar em
minha cintura, me fazendo abrir os olhos, dando de cara com os olhos escuros de
Dimitri.
— O que pensa que está fazendo rebolando desse jeito em um local cheio
de homens?
— Estou dançando, não está vendo?
— Isso não é dança, bella mia, está mais para uma provocação — fala,
colando seu corpo ao meu enquanto sussurra no meu ouvido.
— Eu não ligo para o que você pensa.
— Sempre com essa língua afiada, amore mio. Não imagina a vontade
que tenho de castiga-la. — Fala, circulando seus braços ao meu redor, colando
ainda mais nossos corpos, suas pernas entrelaçadas as minhas, me guiando ao
ritmo da música.
— Por que não vai atrás da sua putinha? Pelo visto, uma sai outra já está
entrando no lugar. — Digo, amarga.
— Isso não tem nada a haver conosco, bella mia.
— Não existe nós dois, Dimitri, não se esqueça que odeio você com
todas as minhas forças.
— Eu não me esqueci, amore mio, lembrarei disso quando estiver
socando meu pau na sua boceta. Vou meter tão forte que tudo que irá pensar é no
ódio que sente — fala, subindo as mãos por cima do vestido até o meu rosto,
virando-o para o seu e me beijando, um beijo feroz, intenso e possessivo.
Ele queria demarcar território e mostrar a todos a quem eu pertencia. Eu
não correspondo, pelo menos não de imediato, porém, o filho da mãe sabe fazer
bem feito e puxa meu cabelo, pressiona meus seios no seu peito malhado, mas
logo meu cérebro volta a raciocinar e eu me lembro da garota aos seus pés e
sinto um nojo imenso de mim.
— Não me toque! — Falo, limpando meus lábios, com asco. — Antes
que possa me tocar, você precisa cumprir sua promessa e quando esse dia chegar
precisa no mínimo tomar um banho de água sanitária para limpar esse cheiro de
puta grudado em você! — Disparo, com raiva. Nesse momento, Vicenzo
aparece, diz algo em seu ouvido e eu aproveito para sair daqui. Para mim, a noite
tinha acabado, minha cota de homens babacas tinha se esgotado por hoje. Quem
ele pensa que é para me beijar logo após ter uma garota com ele? Chaise, assim
como outros dois soldados, estava de prontidão do lado de fora e, assim que me
viram, me levaram até o carro, partindo em direção à fortaleza.

Tirei o salto alto no carro mesmo e quando paramos eu corro para dentro,
cansada, com a cabeça cheia. Tudo que eu queria era dormir, mas quando passo
pela porta do quarto, noto que sobre a cama estava uma grande bandeja. Senti
um arrepio frio subir pela minha coluna e lentamente eu caminhei até a cama
encontrando um cartão branco, apenas isso. "Bella mia".
Apenas com essa frase eu já sabia o que tinha naquela bandeja, deixo o
papel cair no chão, levanto a tampa da bandeja de prata e lá estava. A cabeça de
Boris decepada, entregue em uma bandeja de prata. Eu sabia que a partir de
agora não tinha mais volta, eu teria que cumprir com a minha palavra. Essa noite
eu deveria me entregar a ele, à Besta!
O gosto adocicado do Bourbon enche meus lábios. Daniela está sentada
no colo de Vicenzo e ele beija seu pescoço, enquanto ela joga a cabeça para trás
cheia de tesão. A cena é extremamente excitante, porém a minha cabeça está
longe, mais precisamente na fortaleza. Dimitri se foi, assim como Katharina e é
bem provável que dessa vez os dois se acertem. Eu deveria ficar feliz pelo meu
irmão e por ela, mas por que não estou? Por que um sentimento de angústia
cresce dentro mim. Preciso esquecer os pensamentos que andam povoando a
minha mente ou acabarei maluco, para não dizer morto. Talvez Vicenzo tenha
razão e eu precise de uma boa esposa italiana. Uma mulher da família, talvez
isso faça com que acabe com esses pensamentos que venho tendo. E ainda teve o
babaca do Ximeno na sala de treinamento, falando de Katharina com sua boca
imunda, não deveria nem mesmo pronunciar o nome dela.
Uma fúria monstruosa tomou conta de mim quando o vi junto com outros
soldados rindo e comentando o quanto a loira do chefe é gostosa e que sua pele
branca como a neve ficará toda rosada com uns tapas. Eu não aguentei ouvir
aquilo e deixei a minha irá tomar conta. Voei em sua direção, socando sua cara
com tanta força que ele caiu sobre os pesos da academia. Eu não parei aí, não, é
claro que eu não pararia. Minhas mãos já estavam sujas de sangue e eu ainda o
enforcava com raiva e com ódio. Dimitri entrou na sala de treinamento junto
com Vicenzo, que separou a briga. Quando descobriu o motivo da minha fúria,
Dimitri me olhou friamente, tirou sua pistola e deu dois tiros na cabeça de
Ximeno. O aviso foi dado com apenas um ato e um olhar. Agora nenhum
soldado ousará falar de Katharina novamente.
— Vai ficar só olhando, gatinho? — diz Daniela, me chamando.
Saio dos meus devaneios e foco meus olhos nos dois. Daniela estava,
nesse momento, sem blusa e com os seios fartos à mostra, enquanto punhetava
Vicenzo. Deixo o copo de Bourbon de lado e decido aproveitar a noite no corpo
da bela loira.
Me levanto de onde estou e sento no sofá, ao lado dela, puxo seus
cabelos de lado, de maneira dura e mordo seu pescoço, deixando-a com ainda
mais tesão.
— Vocês ainda vão me matar de tanto prazer — fala, fogosa e logo é
calada pela boca de Vicenzo na sua.
Sorrindo, eu levo meu rosto até o vale entre seus seios, mordo o biquinho
rosado, para em seguida o colocar todo na boca, mamando seus peitos, duro de
prazer. Daniela geme baixinho, enquanto meu irmão a sufoca com sua língua.
Rapidamente, Vicenzo se livra das roupas e aproxima seu pau do rosto dela, que
prontamente atende ao pedido mudo e abocanha o cacete do meu irmão gêmeo.
O inferninho, como é chamada a ala especial do clube, estava cheio. No lugar,
podiam ser encontradas coisas para os mais diversos tipos de experiência sexual,
desde masmorras para BDSM, Glory Hole, cabines para fetiches, como
voyeurismo, o salão oval, onde fica a parte de swing, e claro, as mulheres que
amam Gang Bang.
Alesso Gambino mantém seu olhar em nós três, enquanto duas loiras
disputam quem o chupava. Ignorando a plateia eu me mantenho concentrado na
gostosa quase gozando apenas comigo a chupando. A saia de couro preto ainda
está em seu corpo. Sorrindo eu vou até as roupas de Vicenzo, que estão jogadas
no chão e pego uma pequena faca, que sei que o mesmo carrega no bolso interno
da calça e rasgo a saia de couro em duas, fazendo Daniela gritar de susto e com a
rapidez que me desfaço do tecido. A safada está sem calcinha e sua excitação
escorre por suas coxas grossas. Dou um tapa potente em sua boceta e a mesma
engasga com o pau do meu irmão na boca, todavia, Vicenzo não gosta e puxa
seu cabelo, socando na sua garganta com destreza. Abro suas pernas, me
ajoelhando no chão, a vadia fecha os olhos e eu puxo o lábio esquerdo da sua
bocetinha com os dentes, fazendo seu corpo arquear de prazer, esfrego minha
língua por todo seu canal e lentamente vou trabalhando meus lábios por sua
boceta. Daniela não sabe controlar o tesão e começa a tremer quando chupo
fortemente seu clítoris.
— Safada, já gozou!? — diz Vicenzo, dando um tapa na mesma, que está
tremendo pelo orgasmo devastador que teve.
— Vem, Lorenzo, eu quero mamar você — diz, toda dengosa.
Atendo prontamente seu pedido, porém antes faço com que ela fique de
quatro na beirada do grande sofá. Vicenzo toma à dianteira, colocando a
camisinha e, sem aviso, mete seu cacete dentro da boceta da safada. Sem tirar os
olhos dos dois eu vou tirando a roupa, o olhar guloso dela se fixa em minhas
tatuagens, nos dois braços fechados e um demônio com asas, tatuado, cruzava
meu peito.
A frase da Cosa Nostra "Un uomo che non si dedica alla sua famiglia
non sarà mai un vero uomo", tatuada em minhas costas. Rapidamente eu tiro as
calças e a boxer preta, Vicenzo mete como uma fera, puxando o cabelo de
Daniela. Eu me masturbo, vendo a cena quente se desenrolar na minha frente.
Rugindo, Vicenzo goza junto com a safada e eu aproveito esse momento para
começar a foder a boca de Daniela, segurando sua cabeça. A mesma circula a
cabeça do meu pau com a língua e desce lambendo toda a extensão, deixando
meu cacete bem molhado, intensificando o ritmo do boquete e usando as mãos
para massagear minhas bolas. Tomado de desejo e fúria eu fodo sua boca como
se fosse uma boceta. Vicenzo mantém seu olhar em nós dois, se masturbando em
total deleite. Daniela engasga com meu pau em sua garganta, aperto seu nariz,
vendo seu rosto ficar vermelho, sem ar. Sorrio, socando mais e mais até tirar
meu pau para fora e gozar. O primeiro jato da porra vai direto para seus olhos, os
seguintes por todo seu rosto.
A safada limpa o rosto e leva os dedos à boca, chupando meu gozo. Fico
em êxtase, olhando para ela, porém meu pau não dá sinal que está satisfeito.
— A puta quer mais pau, Lorenzo, ela quer ser arrombada por dois
cacetes — fala Vicenzo, rindo.
Ele a coloca apoiada na mesa de bebidas, derrubando tudo que estava
sobre ela. Jogo uma camisinha para ele, que pega no ar, rasgando o pacote.
— Você é uma cachorra muito safada e por isso não merece que nós dois
peguemos leve com você!
— Não mesmo, ela não queria ser fodida? Agora ela vai sair daqui bem
fodida — diz Vicenzo, sorrindo friamente e percebo que Daniela respira
fortemente, ansiosa para o que faremos a seguir.
Abro bem suas pernas, deixando-a arreganhada e meto meu pau, socando
forte e rápido, tamanho o tesão que sinto. Daniela está encharcada, molhada de
tesão e gemendo alto, jogando a cabeça para trás. Meto com força e sinto minhas
bolas batendo forte na sua boceta, com seu gozo escorrendo por todo meu pau
quente, mesmo com a camisinha eu posso sentir seu desejo gritando alto e todos
os olhos da sala se fixaram em nós.
Vicenzo caminha até as roupas jogadas no chão, recolhendo seu cinto,
assim como o meu, enquanto eu continuo arrombando sua boceta. Sabendo qual
era a intenção meu irmão, fico atrás(?), amarrando os dois cintos sobre os seios
de Daniela, impedindo a circulação de sangue, deixando seus mamilos inchados
e vermelhos. Sorrio para ele, girando a cadela, sentando com ela em meu colo no
sofá. Daniela, como uma boa cadela, começa a cavalgar no meu cacete, gemendo
de dor ao descer todo o corpo, levando-o ele até o fundo.

O cheiro de sexo e suor preenche todos os quatros cantos da sala, o tesão
estava me levando à loucura. Não é sempre que eu e Lorenzo participamos de
um ménage, mas toda vez que isso acontecia, é prazer garantido.
Daniela é uma foda gostosa, a loira sabe como satisfazer um homem, não
fica de frescura e é isso que eu e Lorenzo gostamos, podemos pegar pesado com
a puta que ela não reclama. Ao menos aqui no clube eu posso me afogar no
prazer e esquecer todas as responsabilidades e os problemas com a família.
— Mete no meu cuzinho, Vicenzo — fala a safada, rebolando gostoso no
cacete do meu irmão.
Me aproximo e vou penetrando no seu cuzinho apertado, milímetro a
milímetro eu sentia o calor do seu rabo e meu pau escorregando para dentro sua
bunda até contrair. Ela revira os olhos e geme de dor ao ser arregaçada pelo meu
pau e para de se mexer para recuperar o fôlego. Lorenzo dá um tapa forte na sua
cara e seu rosto fica vermelho, eu sorrio, puxo seu corpo pelas fivelas(tiras?) do
cinto e tiro meu pau de dentro do seu cuzinho, só para meter de uma vez,
brutalmente.
— Ham! — ela grita a cada golpe que nós dois damos com sincronia em
seus buracos apertados.
Seguro seu pescoço com as duas mãos em para impedir o ar de circular,
enquanto meto em seu cuzinho vorazmente.
— Não era isso que você queria, cachorra, nós dois te fodendo, vadia?!
— Digo em seu ouvido, vendo seu rosto ficar vermelho, sem ar, aumentando o
prazer dentro de mim.
Solto seu pescoço e puxo seus cabelos molhados de suor para trás,
Lorenzo morde o bico dos seios inchados, deixando-os cheios de marcas.
— Ouh, não pare, por favor — diz, tremendo em nossos braços, tendo a
boceta e o cuzinho totalmente moldados ao nosso prazer.
Ela desce, engolindo o pau de Lorenzo e depois sobe, toda arrepiada,
retraindo o cuzinho, estrangulando o meu pau em cada movimento sincronizado.
Eu sinto também o pau do Lorenzo pressionando o meu pela fina camada de pele
que nos separava. Literalmente, uma batalha de espadas dentro de uma putinha
safada.
— Me fodam de verdade, sem dó!!
E assim fazemos, cada bombada nossa a deixando mais entregue e
dominada, já tinha visto Daniela gozar mais de cinco vezes e a safada continuava
gemendo cada vez mais alto. Ao nosso redor, vários homens se masturbavam,
vendo a orgia acontecendo entre nós três. Sinto o gozo vindo e começo a
estapear a bunda da cadela, seus gemidos aumentando cada vez mais enquanto
ela cavalga mais rápido. No auge do nosso tesão eu pergunto à safada.
— É isso que queria, putinha, dois paus te arrombando, te deixando
arregaçada?!
— Sim, eu tô gozando, eu tô gozando! — grita, quase desmaiando,
porém eu a faço acordar com outro tapa na cara.
Não aguentando mais, Daniela aperta suas pernas e o clítoris contra
Lorenzo, fazendo o mesmo gozar fortemente, eu vou junto, segurando sua
cintura com as duas mãos e enfiando tudo nela eu gozo com força no seu rabo
gostoso. Ela convulsiona de prazer, desabando sobre Lorenzo, que apenas sorri
para a safada. Realmente, foi uma foda fantástica para finalizar essa noite.

Eu sabia que a partir de agora não tinha mais volta, eu teria que cumprir
com a minha palavra. Esta noite eu deveria me entregar a ele, a Besta! Trêmula,
deixo a bandeja com a cabeça de Boris sobre uma pequena mesa de madeira no
canto do quarto. Minhas mãos ficam sujas de sangue, sangue podre de um
miserável, mas antes de ir ao banheiro tirar esse cheiro imundo de mim, me
detenho, olhando para a sacada do quarto. Lá eu vejo a Besta, chegando em seu
McLaren 720s, o som dos motores cantando é inconfundível.
Me afasto da janela quando vejo a porta do carro abrindo e ele saindo por
ela. Tiro todas as minhas roupas, entrando debaixo do chuveiro frio, tomando
cuidado para não molhar o meu cabelo, mas despertando meu corpo para o que
iria acontecer essa noite, porque uma coisa era certa, o diabo dá rapidamente,
mas vem e toma ainda mais rápido.

Me enrolo no robe e vou ao closet procurar o que usar, saiba que Dimitri
estava me dando tempo para me preparar e por isso não entrou no quarto, mas
também estava ciente que não tardaria a aparecer e reivindicar o que quer.
Observo os vários vestidos pendurados no closet, ponderando sobre o que vestir,
optando por uma lingerie apenas, mesmo sendo desnecessário roupa para o que
iríamos fazer. Opto por um conjunto preto sensual, cinta liga e uma delicada
renda, meus cabelos estavam uma bagunça, mas não faço esforço para arrumá-
los. Abro a porta que antes era proibida a mim e vivia trancada. Agora está
destrancada e à minha espera. O calabouço é tão ou mais assustador do que me
lembrava. As luzes estavam acesas e a temperatura agradável. Olho para todos
os objetos espalhados pelo quarto, sentindo minha respiração acelerar. O cheiro
de couro preenche minhas narinas. A madeira escura e as paredes de pedra dão
um ar sombrio a todo o lugar, eu sabia que, estando ali dentro, eu seria
totalmente dele.
A cama, com lençóis de seda negra, me chama atenção, ele deve esperar
que eu o aguarde chegar de joelhos, como suas escravas devem fazer, porém ele
pode ser um dominador sádico, mas eu jamais serei uma submissa. A Besta pode
tentar, mas jamais irá me quebrar. Vou em direção ao controlador do som
colocando "Two feet - Love is a bitch". Caminho no salto Chanel até a poltrona
negra, que me lembra o trono de um rei, me sento e espero o exato momento que
ele abrirá a porta e virá cobrar a promessa.

Não sei quanto tempo se passa, mas não demora muito para a Besta
passar pelas portas do calabouço. Ele ainda não tinha me visto, então aproveito
para analisar bem meu inimigo. Seus cabelos estavam molhados, a barba por
fazer e o costumeiro olhar inexpressivo que me assustava pairava em seu rosto.
Em suas mãos, uma caixa que não consigo distinguir o conteúdo, pois a luz está
baixa. Ele usa uma camisa social branca, colete preto, calça social e os pés
descalços, poderia jurar que é o homem mais bonito que já vi, mas para mim isso
é apenas um disfarce para esconder sua verdadeira essência demoníaca.
— Aí está você, bella mia. — Fala, olhando diretamente para mim.
Seus olhos parecem brasas quentes, queimando a minha pele.
— O que você pretende fazer comigo? — Pergunto de uma vez, ao
mesmo tempo curiosa e amedrontada.
Não sou ingênua de achar que isso nunca aconteceria, mas agora que
estou aqui, pronta para ceder à Besta italiana, um misto de medo e ansiedade
toma conta de mim.
— Ah, bella mia, serei seu predador essa noite, te caçarei e te comerei
viva, como a Besta que sou.
— Eu não tenho medo de você, Dimitri, sou uma mulher de palavra e
cumprirei a minha. Mas, lembre-se, uma noite é tudo que terá de mim, nada
mais.
— Isso é o que veremos, amore mio — instiga ele, colocando a caixa
pequena sobre uma cadeira e caminhando feito um predador em minha direção.
Em nenhum momento seus olhos saem dos meus, quando ele para de
pé(?), seus olhos passeiam por todo meu corpo.
— Muito bem, levante daí, não quero vê-la sentada num lugar que não te
pertence.
— Ok — digo séria, ficando em pé.
— Quando entrar neste quarto, quero vê-la de joelhos ao lado da porta,
esperando por mim de maneira submissa.
Quase sorrio, debochando do que ele diz, mas me contenho ao perceber
seu olhar duro. É melhor não irritar demais a fera.
— Tire os seus sapatos, não que não esteja linda com eles, mas esta noite
prefiro você sem eles.
Engulo em seco e bem devagar eu tiro o scarpin, ficando descalça.
Dimitri se abaixa e pega os sapatos, os colocando ao lado da sua cadeira.
— Ótimo, não hesite em me obedecer quando lhe pedir algo, bella mia,
você fica ainda mais bela quando é obediente.
Mordo meus lábios para não soltar um palavrão e ignoro sua ordem e as
besteiras que ele fala. Dimitri avança lentamente em minha direção, como um
predador faminto, com seus olhos fixos na minha boca e prontamente, ele me
beija. Um beijo intenso e inesperado, ao mesmo tempo arrebatador, sua língua
chupa a minha e eu acabo gemendo quando ele morde meu lábio, para em
seguida voltar a introduzir a língua na minha boca. O gosto do meu sangue
parece apenas deixá-lo mais excitado e só paramos o beijo quando não havia
mais fôlego e precisávamos de ar para respirar. Confusa eu acabo perguntando:
— Por que me beijou?
— Seus lábios são deliciosos, não poderia deixar de beija-los — fala com
um sorriso predatório.
Dou um passo atrás, confusa com seu comportamento.
— Eu sei que para você tudo isso é novo e estranho. Não tenho costume
de me relacionar com mulheres que não sejam submissas natas, muito menos de
adestrar uma nova submissa, porém com você, bella mia, tudo será diferente. —
Fala, voltando à postura de mafioso controlador. — Quero que conheça meu
mundo, que desperte a submissa dentro de você. Quero que deseje ser subjugada,
quero que ame isso tanto quanto eu.
— Isso nunca vai acontecer — falo a verdade.
— Uma das primeiras lições que deve aprender é não me interromper
quando eu estiver falando com você!! — diz, irritado — Precisamos estabelecer
limites rígidos, limites esses que você não aceita que eu ultrapasse. A negociação
é uma etapa importante para quem vai iniciar uma relação de D/S.
— Não é uma relação, Dimitri, não confunda as coisas, é apenas uma
noite e só! — digo irritada, imaginando que claramente ele pensa que eu serei
mais uma das suas cadelinhas.
— Você ainda irá confiar em mim, bella mia, eu posso te garantir isso.
Ainda vai ser você a entrar por aquela porta procurando por mim, para que eu a
domine, para que a castigue segundo os meus desejos mais obscuros.
Me contenho para não rir da sua cara, pois meu olhar já diz exatamente o
que penso sobre o assunto.
— Teremos tempo futuramente para discutir melhor seus limites rígidos e
limites brandos e negociar passo a passo da nossa relação de dominador e
submissa. Por hoje, apenas preciso que confie em mim e seja sincera ao dizer se
tem algo que não queira tentar essa noite.
— Não gosto de giletes ou agulhas, nada que corte minha pele, ou
suspensão no ar, contenção da minha respiração ou grampos na minha
intimidade, ou algo desse tipo — digo séria o olhando.
— Podemos nos preparar para isso mais para frente.
— Nunca! — digo decidida.
— Certo, por hora eu aceito seus limites, mesmo querendo muito vê-la
contida na bondage, suspensa pelas argolas do teto enquanto eu fodo sua
garganta como se ela fosse sua boceta.
Suas palavras têm poderes eróticos inexplicáveis sobre mim.
— Mais alguma restrição, amore mio?
— Você vai me bater? — Pergunto, tomando coragem.
— Vou, mas não vai ser para machucá-la, não quero te assustar, bella
mia, apenas te apresentar o mundo em que vivo. Quero que você goste disso
tanto quanto eu.
O olhar dele é tão intenso que balanço a cabeça, concordando, mesmo
sabendo que jamais vou gostar desse mundo bizarro que ele diz.
— Preciso que entenda que jamais mudarei, Katharina, esse sou eu, o
homem que está em sua frente. Eu preciso estar no controle, preciso que você se
comporte, se não fizer o que eu mando, precisarei te educar e ensiná-la a me
obedecer.
— Então você sente prazer em me machucar? Isso que é ser um sádico?
— Um pouco, talvez apenas o bastante para ver até onde você aguenta,
mas não o suficiente para feri-la de verdade. O sadomasoquismo é sobre a busca
pelo prazer através da dor consensual entre duas pessoas. E a busca por um
prazer extremo, incapaz de ser encontrado em uma relação baunilha.
— Não consigo imaginar prazer em tudo isso.
— Você conseguirá em breve, amore mio. Você sentirá um prazer
inigualável. Até o final desta noite eu te levarei ao céu.
— Achei que o demônio tivesse sido expulso do céu? — Falo,
provocando e me assusto ao ver um sorriso divertido em seus lábios.
É a primeira vez que o vejo sorrir, chega ser bizarro ver as covinhas em
seu rosto.
— Você não imagina o quanto me excita essa sua língua afiada, uma brat
é um deleite a qualquer sádico.
— O que é brat? — Pergunto, confusa, vendo ele ir até o bar servir um
copo de uísque para si.
— Uma brat, nada mais é do que uma submissa rebelde que sente prazer
em provocar seu dominador, ela quer testá-lo e levá-lo ao seu limite para só
então castigá-la.
— Está enganado, querido, eu não tenho uma gota de sangue submisso
em meu corpo, muito menos sou essa tal brat.
— Eu nunca erro, bella mia — fala, abrindo o armário, onde vários
chicotes, chibatas, açoites, entre outros objetos de spanking estão dispostos.
Engulo em seco, imaginando o que ele vai fazer.
— Tem noção de quanto tempo eu passei desejando estar aqui com você?
— Pergunta, escolhendo alguns objetos.
— Não — respondo e continuo de pé, olhando para ele — Não vai ter
uma palavra de segurança? — pergunto, um tanto assustada com os objetos que
ele separa de dentro dos armários.
— Não vejo necessidade. É muito simples, Katharina, você confia em
mim ou não?!
— É óbvio que não.
— Então, temos um problema aqui — diz, com um olhar decepcionado e
irritado. — A dominação e a submissão precisam ter base em uma plena
confiança. Você tem que confiar que seu dominador irá saber a hora certa de
parar, que vai respeitar seus limites rígidos e saber a hora certa de te levar ao
prazer.
— Pois eu não confio e não vejo como isso vai mudar, afinal é só uma
noite.
Ele sorri novamente e dessa vez, eu temo. Seu sorriso é predatório e eu
percebo que tinha me fodido com a minha resposta.
— Se quer tanto uma safe, você terá uma, mesmo detestando ver você
usá-la. Se for uma boa menina não precisarei castigá-la duramente, apenas seja
obediente. Sua palavra será "meu senhor" — fala, me provocando, pois ele sabe
que jamais o chamarei de meu senhor, nem nascendo de novo.
— Certo!
Dimitri me leva ao centro da sala, puxa uma corrente que nem tinha
visto, prende as minhas mãos, com os braços abertos, para cima, em algemas de
couro. Meus braços ficam esticados e eu não tiro os olhos dos seus passos.
— Se você se debater eu amarro seus pés também, se fizer algum barulho
vou amordaça-la.
— Merda — penso comigo mesma e me contenho.
Ele pega o copo de uísque e novamente bebe, sem tirar seus olhos de
mim.
— Você me deixou muito irritado com seu showzinho mais cedo, ainda
mais quando saiu correndo, me deixando sozinho. — Fala, me queimando com
os olhos e caminha em minha direção, me rodeando até estar atrás de mim, sua
respiração choca com meu pescoço.
Ele toca minha pele com seus dedos frios, fazendo com que eu receba
uma corrente elétrica que passa por seus dedos. A carícia leve me assusta e me
faz arquear, assustada.
— Não se mova — diz com sua voz de aviso e eu sei que se me mexer
novamente, estarei fodida.
Seus dedos deslizam pela base da minha coluna até o fecho do sutiã, ele
desfaz o fecho e o mesmo cai no chão, pois o modelo não possui alças, meus
seios ficam à mostra e os sinto estremecer, devido à tensão. Dimitri se vira,
ficando de frente para mim e olha para os meus seios como se os estivesse
avaliando, sem pressa, com toda a tranquilidade do mundo, enquanto eu estou
angustiada para que ele se mexa logo. Seus olhos seguem para a cicatriz recém
adquirida na prova de fogo, ela é pequena, quase não dá para perceber, porém
não escapa aos olhares do meu predador.
Dimitri se abaixa ficando na altura da minha cintura, ele é bem mais alto
que eu, por isso seu rosto fica na direção dos meus seios, enquanto suas mãos
vão para as laterais da minha calcinha fio dental, Ele a rasga, transformando a
pequena peça em duas e leva os trapos ao rosto, se deliciando com o cheiro.
Foda-se, não posso negar que a cena é extremamente excitante, esse homem
poderoso de joelhos, cheirando a minha calcinha me deixa excitada.
— Seu cheiro é tão doce, não vejo a hora de provar da sua boceta e ter a
certeza se ela é tão doce quanto o cheiro.
Dimitri vai até a mesa, onde ele colocou vários objetos diferentes, pega
uma chibata de couro negro e um objeto de metal que não consigo ver direto em
suas mãos, arregaça as mangas da camisa vindo até mim, beija meu pescoço o
chupando e mordendo.
Gemidos sofridos saem da minha garganta, sua barba arranha minha pele.
Ele desliza de forma torturante seus lábios até chegar aos meus seios pesados,
seus dentes beliscam o bico, me fazendo arquear as costas de dor, em seguida ele
o assopra, admirando a cor avermelhada que o toma. Depois, faz o mesmo com o
segundo, e os dois já estão latejando e ardendo pelas mordidas. Ele rapidamente
sacia a minha curiosidade ao abrir o grampo de mamilo e o prender em um dos
meus seios. A pressão é grande, porém eu me seguro para não gritar, não darei
esse gostinho a ele. Quando os dois estão presos, ele puxa uma corrente que liga
os dois e sinto meu sangue ferver.
— Você fica tão bela assim, amore mio, contida, com esses seios
inchados.
Fecho os olhos para me concentrar no que ele diz e não na dor, porém eu
logo os abro ao perceber que ele passa lentamente a ponta da chibata pelo meu
pé direito subindo pela minha coxa. Dimitri desvia da minha boceta, que implora
por atenção, indo direto para minha barriga. A chibata parece acariciar minha
pele por onde desliza. Um golpe surdo chega aos meus ouvidos e minha barriga
queima pelo golpe, mas ele não para aí, o próximo é na minha coxa, mas não
perto o suficiente da minha boceta, ele dá mais dois golpes, mas nem mesmo a
dor impede que eu sinta um tesão inexplicável pelo que está por vir. Tento
apertar minhas coxas e aliviar a tensão, porém antes que eu faça isso, Dimitri
acerta mais uma vez a chibata, dessa vez em meu pé.
— Não ouse apertar as pernas, bella mia. Nós estamos só começando e
você só irá gozar quando eu estiver dentro de você.
Ele gira o pulso e passa a chibata por meu ventre até chegar a minha
boceta. Vai passando pelos lábios da minha boceta até o meu clítoris. O chicote
acerta um golpe seco naquele ponto, meu corpo e mente entram em pura
contradição, não sei se é dor ou prazer que eu sinto. Porém, ele não para aí, sobe
a chibata pela minha cintura e volta a me golpear.

Dimitri não tem dó e me acerta com a chibata por pelo menos trinta
vezes, ordenando(?) todo meu corpo, eu já estava ofegante e suando, quando ele
a deixa de lado e vai até a mesa.
— Você está tão bela assim, marcada pelo seu dom, se eu não fosse tão
ciumento, mandaria pintar um belo quadro seu nua, dessa forma, para ter em
meu escritório.
— Nunca deixaria que fizesse isso! — Falo, horrorizada.
— Ah Katharina, o que foi que eu disse sobre me interromper?! O que
devo fazer com você? — Pergunta, irritado com a minha falta de obediência.
Eu deveria estar com medo, mas fico apenas mais excitada.
— O que eu mandei você não fazer?!
Seus olhos queimam nos meus e a intensidade me tira o fôlego, ele está
em toda sua pose dominadora.
— Responda.
— Não vou me mexer e nem dizer nada mais — respondo, mal
conseguindo olhar para ele. Minhas palavras tem efeito imediato é como se ele
tivesse se transformado em uma fera brutal em minha frente. Seu sorriso se torna
sádico e seu olhar me assusta, Dimitri vai até as correntes que prendem meus
braços e as solta, me liberando da posição, que já estava ficando desconfortável.
Ele me puxa até um banco de madeira e couro, ou melhor, isso parece algum tipo
de cavalete, me coloca deitada de costas para ele sobre o mesmo e prende meus
membros. Eu estou nua no cavalete, amarrada pelos braços e pelas pernas,
arreganhada, mas por incrível que pareça, não estou nem um pouco
constrangida. Dimitri pega um objeto que parece uma borboleta e se abaixa, de
cara para a minha bunda, beijando onde as marcas de chibata deixaram
vermelho, um tapa forte é dado e minha bunda arde com o golpe da sua mão.
— Não ouse gozar com meus golpes, bella rosa. — Diz e estapeia o
outro lado e não para, a cada tapa eu me seguro para não gemer.
Ele faz questão de desviar da minha boceta carente de atenção, pois
tenho certeza que com apenas um mísero toque, estarei gozando. Não sei
quantos tapas levo, mas quando menos espero ele coloca alguma coisa na minha
boceta, que imagino ser a borboleta. Minha boceta está encharcada, mas quando
ele liga o objeto, que sinto vibrar, eu grito e em seguida sou atingida pelos seus
tapas. Não sei onde me concentrar, nos tapas ou na borboleta vibrando em cima
do meu clítoris. Eu até tento me segurar para não gozar, mas é mais forte do que
eu e acabo gozando, desabando mole sobre o cavalete.
— Você é uma menina desobediente, bella mia, não disse que só poderia
gozar quando eu estivesse dentro de você?! — Fala bravo, desamarrando meus
braços e pernas do cavalete e em seguida tirando a borboleta da minha boceta.
Dimitri pega uma espécie de coleira de couro e prende ao meu pescoço.
Nessa hora eu sinto todo meu corpo esquentar de fúria, minha vontade era
mandá-lo enfiar a coleira no cu, entretanto eu me lembro que ele cumpriu a sua
parte do trato, então nada mais justo que eu o obedecer, ao menos uma noite.
— De quatro, venha até mim engatinhando. — Diz, indo até sua poltrona
e se sentando nela à minha espera.
Tremendo de ódio, pensando em maneiras lentas de matá-lo, eu engulo a
minha raiva e faço o que ele diz, engatinho com o máximo de dignidade que
consigo e paro aos seus pés.
— Quero que abra minha calça e chupe seu mestre, sem morder. Quero
ver seus lábios carnudos devorando meu pau — fala, indicando a grande
elevação no meio de suas pernas.
E assim eu faço, trêmula de excitação. Lentamente, vou abrindo o cinto
da sua calça, o zíper e tirando seu membro grande e pesado para fora. O filho da
puta é bem dotado, seu membro é assustadoramente bonito, com a cabeça
rosada, veias saltando e está duro feito pedra, implorando para ser tocado. Não
tenho como não imaginar o quanto vai doer ter tudo aquilo dentro de mim, mas,
como diz o ditado, quem entra na chuva quer se molhar.
Levo as duas mãos para a base do seu pau, massageio como imagino que
ele goste. Pela cabeça do seu pau o líquido do seu pré-gozo escorre. Minha boca
saliva de vontade de provar; então eu faço o que estou desejando. Desço meus
lábios diretamente pela cabeça, sem me conter, preciso abrir ao máximo a minha
boca para caber tudo, devido ao seu tamanho. Subo e desço com a minha língua
percorrendo toda a extensão do seu membro. E, quando volto a colocá-lo dentro
da boca, uso a língua para brincar com a cabecinha, deixando-a bem melada
antes de esfregá-la em meu rosto.
O olhar feroz da Besta me diz que ele está gostando do que eu estou
fazendo e isso me incentivava a levá-lo mais profundamente na minha garganta.
Dimitri não se controla e acaba deixando um gemido escapar quando engasgo
com seu membro. Suas mãos vão direto para o meu cabelo bagunçado, fazendo
um rabo de cavalo e usando-o para movimentar minha boca contra seu cacete.
Uso as mãos no que não caberia na boca, e chupo como se fosse uma fruta
suculenta, apertando meus lábios pelo cumprimento sentindo-o meter cada vez
mais rápido e me sufocar.
Me sinto poderosa, tendo esse homem gemendo de prazer com meu
toque. Seu rosto estava contorcido de luxúria, me deixando excitada. Decidida a
dar o golpe final, uso as minhas unhas, arranhando de leve a base do seu pau,
enquanto ele ruge, gozando na minha boca. Os jatos são tão fortes que acabo
engasgando e deixando sua porra cair no chão.
Dimitri se levanta e beija minha boca, não se importando com o sabor do
seu gozo em meus lábios, me puxa em seus braços, rapidamente me atirando
sobre a cama. Fecho os olhos, ansiosa para o que acontecerá de agora em diante,
porém sua voz potente me manda abri-los.
Só então Dimitri começa a desabotoar a camisa branca que está colada
em seus músculos e eu fico literalmente paralisada. Minha cabeça me manda
para correr deste lugar, mas meu corpo teimoso, quer mais, quer senti-lo, provar
o que ele tem para me mostrar.
Seu peito malhado fica exposto aos meus olhos, aas tatuagens
assombrosas parecem à tela de uma obra de arte. Alguns símbolos antigos da
Cosa Nostra espalhados por seu peito e uma frase em italiano que não conseguia
ler estavam marcados em seu braço, junto com um leão feroz, no peito uma
caveira com uma faca na boca.
Eu nunca pude contemplar suas tatuagens, não como hoje. Nesse
momento, sinto minha boceta molhar ainda mais, nem mesmo a dor no corpo é
capaz de conter o desejo que estou sentindo. O diabo realmente sabe ser sedutor.
Dimitri tira a calça lentamente e quando resta apenas à cueca boxer, eu
fico com água na boca.
— Inferno, o que tá acontecendo comigo? Só posso estar com algum tipo
de febre.
— Gosta do que vê, bella mia?
Prefiro não dar o gostinho a ele de responder.
— Abra as pernas para mim, amore — fala, pegando uma barra de ferro
com algemas nas pontas.
Faço o que ele manda sem saber onde ele quer chegar, só quando elas
estão presas em meus tornozelos me dou conta que é uma barra extensora.
— Procure não se mexer enquanto eu provo da sua boceta.
Ele abre a barra extensora e segura firme minhas coxas, abocanhando
minha boceta com força, eu grito e jogo meu corpo para trás. Dimitri morde os
lábios da minha boceta me causando dor, porém o que ele faz a seguir me deixa
confusa, sem saber ao certo o que estou sentindo. Ele chupa meu clítoris de leve,
esfregando sua língua sobre ele, com os dedos ele abre os lábios só para em
seguida chupar, leva a língua até minha entrada, penetrando-a. Sua língua faz
magia em mim, causando uma sensação deliciosa, nem me lembrava mais quem
era, muito menos ele. Só queria que ele continuasse, e ele continuou. Me
chupou, lambeu, bebendo meu gozo por duas vezes.
— Você pertence a mim, Katharina! — Fala com a voz rouca e me beija.
Seu olhar é tão possessivo que parece saber todos os segredos que
escondo. Ele sobe pelo meu corpo, abrindo a barra e minhas pernas desabam,
moles na cama. Ele parece satisfeito ao me ver cansada, todavia, não me dá
sossego.
— Não ouse desmaiar, bella rosa, ainda tenho muito a dar para você essa
noite. — Diz, abrindo os grampos dos meus seios.
Sua boca vem até a minha e nos beijamos de maneira intensa. Dimitri
abre as minhas pernas e usa seus dedos para espalhar todo meu gozo pela minha
boceta.
— Você é minha Katharina, bella mia, toda minha. — Fala segurando seu
pau e eu me preparo para ser fodida brutalmente, porém, Dimitri me surpreende
ao entrar na minha boceta lentamente. A dor é forte e sinto como se estivesse
sendo rasgada. Por mais que eu tentasse manter a minha mentira, o olhar de
Dimitri me dizia que ele sabia. E nada que eu fizesse o convenceria que eu não
era virgem.
— Você é tão apertada, só mais um pouco — diz, forçando seu pau para
dentro, então eu sinto uma dor intensa e seu pau se afundar completamente em
mim.
Dimitri não esperou mais nada, as portas já estavam abertas, então, ele
mete de maneira feroz, poderosa, declarando sua posse, marcando meu corpo
como seu, a cada golpe eu sinto meu corpo tremendo.
— Sua boceta é deliciosa, amore mio, ela está esmagando meu pau.
Há essa hora a dor já está indo embora, eu começo a relaxar e deixo que
ele meta gostoso em mim, gemendo alto.
— Isso é bom, não para!
Meus gemidos parecem música em seus ouvidos, a cama chacoalha pela
intensidade com a qual ele mete, mas ele não para, acelera, metendo com força,
eu posso sentir seu pau tocando meu útero, ele é grande e grosso demais.
Depois de algumas estocadas violentas, ele diz: — Goza pra mim, bella
rosa. Goza para o único pau que vai sentir essa boceta apertada! — Diz, abrindo
ainda mais minhas coxas, olhando para seu pau com sangue da minha
virgindade.
Eu gozo sentindo todos os pelos do meu corpo arrepiarem e meu corpo
tremer. O rosto da Besta está coberto de prazer, ele não dá nem tempo de me
recuperar do orgasmo, e me levanta em seus braços, sem tirar seu pau de dentro
de mim, me gira na cama, fazendo com que eu fique de lado. Abre as minhas
pernas, se colocando entre as duas e mete, sem dó nem piedade, nossos corpos
fazendo barulho ao se chocarem, pela força, porém isso não é nada perto dos
meus gemidos de prazer.
Dimitri continua suas estocadas, o homem parece uma máquina de sexo.
Nossos corpos ficam suados, o quarto cheira a sexo, eu me sinto embriagada de
prazer. Sinto Dimitri estremecer atrás de mim até gozar, rugindo feito uma fera
selvagem. Penso que ele vai parar, mas não, seu pau não amolece, então ele me
vira na cama, me colocando de quatro.

Nada seria capaz de me preparar para o prazer imensurável que estou


sentindo, Katharina nunca me enganou com aquela história de ter se entregado
ao traidor. Por mais feminista e liberal que ela fosse, ela ainda era uma princesa
da máfia e como tal, nunca se entregaria a um homem antes do casamento.
Confesso que no começo fiquei na dúvida, mas foi só conviver com ela
para perceber que ela não faria isso. É honrada demais para se entregar dessa
maneira. Não sei até onde ela foi com o maledeto, mas isso já não importa,
porque é meu pau que está coberto pelo sangue da sua virgindade. Eu tive que
me controlar para não colocar tudo a perder, esta noite não foi só única para ela,
foi para mim também, pois pela primeira vez eu tive que pegar leve no sexo, me
contive para não a assustar, até mesmo traumatizá-la, com a intensidade do meu
desejo.
Acabo não fazendo nem um terço do que desejo, como o sádico que sou,
eu poderia acabar machucando-a e não é isso que queria para a sua primeira vez.
Não que eu tenha algum sentimento por ela além do tesão, todavia, Katharina
Castelaresi é minha esposa e, como tal, eu preciso zelar por ela. Puxo seus
cabelos para trás e em um golpe só enfio meu pau em sua boceta, por trás. Essa é
realmente uma posição privilegiada, eu tenho visão perfeita da loira, sendo
fodida pelo meu pau.
Posiciono-a de quatro e me ajeito atrás, vou penetrando-a lentamente até
estar completamente enterrado nela. Ouço-a reclamar da dor. Sei que está
dolorida, mas isso apenas aumenta meu tesão e saber que ela sente dor faz meu
pau vibrar dentro dela. Meto rápido e com a mão livre acaricio seu clitóris, para
fazê-la relaxar. Espero um pouco e começo a meter devagar, sentindo que está
cada vez mais fácil, até ela começar a gemer de prazer novamente e a rebolar.
— Ah... isso, assim.
— Você é a minha, bella rosa, só minha! Essa boceta é minha, essa boca
carnuda é minha, esse rabo gostoso é meu, esse corpo foi feito para mim! Você
me pertence, caralho. E não pode negar o que é meu!!!
Giro ela novamente quando percebo que suas pernas não estão
aguentando, me deito sobre ela e admiro seu corpo pálido. Ela é toda perfeita,
como uma pintura de Afrodite, tentadora, bela e pecaminosa. Sua boceta lisa,
sem um pelo está vermelha, seus seios fartos, macios e com bicos escuros, ficam
lindos quando estão inchados.
— Só meus! — Penso, então desço chupando seus peitos e mordo os dois
lentamente, dando atenção especial aos mamilos, que ficam duros e pontudos.
Também lambo e mordo ao redor deles, fazendo-a implorar por mais,
mas eu não ligo para seus pedidos, quero desfrutar desse corpo que me pertence.
Mordo-os forte, puxando, esticando.
— Ai! Ai! Ai! — ela geme de dor, mas continuo fazendo isso até ela
ultrapassar essa dor e encontrar o prazer.
— Você consegue sentir como fica molhada para mim? O quanto me
deseja? O quanto eu te quero? — Pergunto e a fodo mais rapidamente com meu
pau — Nós somos perfeitos juntos, amore mio, tenho tantos planos para você —
falo entrando e saindo no seu calor e maciez, deslizando enquanto ela escorre,
começa a ondular de volta, seus músculos internos apertando meu pau. Ela se
contorce e goza mais uma vez.
Essa mulher parece consumir o meu juízo, eu não canso nem enjoo, só
quero mais e mais dela. Prendo suas mãos com as minhas, segurando no alto da
sua cabeça. Ela se remexe, inquieta e dou um tapa na sua cara, de leve, para
mantê-la parada. Me encaixo nela e fico esfregando a cabeça do meu pau no seu
clítoris, sem penetrar, a quero implorando por mim primeiro.
— Dimitri — ela geme, manhosa.
— Peça ao seu senhor para fode-la, Katharina — ordeno e ela reluta, me
desafinando. Porém eu a castigo, esfregando meu pau na sua boceta, mas não a
penetro.
— Dimitri, por favor.
— Eu não ouvi ainda, amore mio.
— Por favor, senhor, desgraçado!!! — Grita irritada.
— Eu disse que quem manda aqui sou eu, amore mio. Então vou repetir:
deseja alguma coisa, safada? — penetro minha glande e depois a retiro. Fico
fazendo isso várias vezes, com ela tentando se soltar e me levar para dentro de
si. Só que eu não deixo, até que ela desiste de se debater. — Pede, vai — insisto,
sabendo que ela irá me obedecer.
— Por favor, Senhor... Preciso de você dentro de mim — ela finalmente
admite, choramingando. — Me fode, por favor, senhor...
Não espero terminar a frase e a penetro de uma vez, bem fundo, fazendo
nós dois gemermos e gritarmos de prazer ao mesmo tempo. Sua boceta é o
paraíso, apertada, macia, quentinha, molhada e vou fodê-la tanto que ela ficará
viciada no meu pau!
Estoco mais forte e rápido enquanto a safada começa a mexer gostoso.
Katharina arranha meus braços feito uma onça feroz. Me enfio mais fundo nela e
Katharina choraminga, gemendo feito uma gatinha manhosa. Estar dentro dela
me dá mais prazer do que mil putas sedentas por mim. Nós trocamos as posições
muitas vezes, vou metendo mais forte, com agressividade, e ela geme cada vez
mais alto. Não sei quantas vezes eu já tinha gozado dentro dela e minha porra
escorria da sua boceta, porém eu não me sentia satisfeito, não dela. Eu queria
mais e mais. Penetro-a com força e puxo seus cabelos trazendo sua boca para a
minha, enquanto a fodo brutalmente, até deixá-la gozar. Ela se contorce,
soluçando e dessa vez o orgasmo é tão intenso que não dois gozamos juntos.
Katharina desmaia sobre os lençóis negros eu me retiro de dentro dela.
Recolho os brinquedos caídos pelo chão e vou para o banheiro do calabouço.
Pego algumas toalhas, molhando-as com água morna e limpo todo seu corpo. Ela
está tão cansada que não acorda. Deixo Katharina descansando e vou tomar um
banho gelado para apagar o fogo que queima dentro de mim.

Ao voltar para o quarto, me deito ao seu lado, não sem antes limpá-la e a
cobro com um lençol, satisfeito.
— Como você sabia que eu ainda era virgem?! — fala, fazendo com que
eu olhe para ela, que agora está com os olhos abertos, fixos em mim.
— Você nunca me enganou, Katharina! Posso até ter duvidado no
primeiro dia, mas com o tempo eu percebi que jamais faria isso.
— Eu o amava, isso é mais do que um motivo perfeito para ter me
entregado a Ivan.
— Não repita o nome desse desgraçado na minha frente — falo, bravo.
— Tudo bem, isso já não importa, era apenas um hímen, não significa
nada.
— Nós dois sabemos o que significa, mas por hora é melhor você fechar
os olhos e dormir, ainda não estou saciado e a não ser que você já esteja pronta
para a próxima rodada, é melhor dormir.
— Nosso combinado foi uma noite e ela já acabou — diz, emburrada,
virando de costas para mim, não demorando muito a se entregar ao cansaço e
dormir.
— Veremos se será apenas uma noite, amore mio! Você me pertence e
mesmo que tente negar, ainda vai implorar por mim.

Semanas se passam e a investigação começa a andar, toda a minha equipe
está empenhada em tentar descobrir quem é esse serial killer, seis jovens já
foram vítimas desse cruel assassino. Vanessa, Evelyn, Andressa, Jaqueline,
Patrícia e a última, Bárbara, a mais jovem de todas e por incrível que pareça a
única que é garota de programa e que morreu da maneira mais terrível, o que a
destaca das outras vítimas. Esses crimes são confusos, elas não se conheciam,
não são do mesmo círculo social, já que Patrícia Fontenele era herdeira de uma
das grandes famílias italiana. O que leva a crer que elas apenas foram seduzidas
por esse homem. Mas a dúvida ainda fica no ar.
O que as liga, o que atrai ele para vítimas? Seis jovens mulheres com a
vida inteira pela frente, que foram seduzidas, usadas e por fim assassinadas de
maneira vil e cruel.
— A análise da faca do crime está aqui — diz Vitório, meu parceiro. —
Os cortes são bem parecidos, porém não são exatos, o DNA recolhido do sêmen
não bate com nenhum criminoso do nosso banco de dados.
— Tivemos sorte de encontrar digitais no local do crime?!
— Não, ele é esperto o bastante para usar algum tipo de luva e não deixar
rastros de digitais.
— Desgraçado! — falo, olhando para as fotos das vítimas espalhadas
pelo quadro de dados dos crimes em frente à minha mesa.
— O corte indica que a faca usada é pequena e a lâmina ou é feita de
prata ou revestida da mesma. — Diz ele, pensativo.
— Prata? Isso é estranho, um serial killer com um punhal de prata. Ele
poderia usar qualquer faca, mas por que um punhal de prata?!
— Vamos investigar por toda Toledo se alguém comprou um punhal de
prata com as características da arma do crime.
— Pode ser uma pista, não é comum punhais de prata, mas se for uma
relíquia de família ou uma arma comprada fora da Sicília, será difícil encontrar.
— Temos que tentar, mesmo que eu acredite que o criminoso tem
ligações com a máfia.
— Você acredita mesmo que ele é um dos membros dessa organização?!
— fala Vitório.
— Eu aposto a minha carreira que esse criminoso vem de lá. Mesmo que
apenas uma das vítimas tenha ido, na noite de sua morte, a um clube conhecido
dessa organização.
— Gabriela, se começarmos a mexer com a máfia, não tem mais volta,
estaremos nos colocando em risco. — Fala ele, me alertando do perigo que é
mexer nesse vespeiro.
Eu não sou ingênua de não saber que muita gente grande está envolvida
com a Cosa Nostra, falo de policias a políticos do alto escalão.
— Não tem mais volta, eu não vou parar até descobrir quem é esse
assassino, até vê-lo apodrecendo atrás das grades. — Falo firmemente,
lembrando do rosto da mãe da última vítima indo reconhecer o corpo da sua
jovem filha.
— Então o plano de se infiltrar na Cosa Nostra está de pé?!
— Sim, o único problema é que teremos que mudar algumas coisas. Meu
rosto está estampado em vários jornais como a principal detetive no caso da
Besta. Obviamente seria reconhecida.
— Então o que pretende, Gabriela? — Pergunta, ansioso.
— Você, Vitório, você será meu infiltrado dentro dessa organização
criminosa. Se tudo der certo eu não só prenderei o assassino em série, como
também terei acesso ao cabeça dessa organização e então colocaremos atrás das
grades o líder da maior organização da máfia da Europa. — Digo friamente,
planejando milimetricamente a maior operação secreta que a polícia federal
italiana já fez.

Acordo relaxado como há muito não me sentia, na verdade, não me


lembro qual foi à última vez que tive uma noite de sono tão profunda. Estou
acostumado a dormir pouco, atormentado pelos meus demônios, dormir a noite
toda é um luxo que não tenho há muito tempo. Ao olhar para o lado vejo a cama
vazia, Katharina não está, o que me irrita, meu pau está duro, sedento pela loira,
mas a desgraçada não está aqui.
A fodi a noite inteira, mas ainda não me sinto saciado. Apenas a quero
mais e mais. É como se não pudesse ter o bastante dela, minha obsessão apenas
piorou ao sentir seu corpo desmanchando de prazer, seus gemidos são música
para a Besta em mim. Sua teimosia apenas me instiga mais e mais a querer
dominá-la.
Inferno de mulher, só pode ter sido criada pelo próprio demônio para me
enlouquecer.
Irritado, me levanto, jogando os lençóis negros no chão e procuro por ela
no calabouço, mas como teimosa que é, não está. Saio do mesmo, indo até a
suíte, o som vindo do banheiro me indica que ela está tomando banho. Abro a
porta do banheiro e uma cortina de fumaça preenche minha visão, Katharina está
de costas para mim, com o corpo coberto de espuma enquanto esfrega
lentamente o pescoço.
Não deveria ser uma cena erótica, mas, porra, naquele momento é, ver
seu corpo pálido, todo marcado e a espuma deslizando,
Me aproximo do chuveiro, já tirando minha boxer, Katharina não percebe
minha presença até que esteja de frente a ela.
— Por que não me chamou, bella mia?
— O que faz aqui?
— Você está tão linda se banhando que vim te fazer companhia — falo,
ligando a ducha de frente a sua.
— Pode fazer o favor de sair do banheiro, para que eu termine meu
banho em paz? — diz tentando se cobrir com as mãos.
— Não tem nada aí que eu não tenha visto, provado e me deliciado,
amore mio. — Digo sorrindo, enquanto pego a esponja que ela deixou cair.
— Você disse bem, querido, viu, provou, deliciou, no passado, sua noite
acabou, nós tínhamos um acordo. Uma noite e agora acabou. Então, se não for
sair e deixar com que eu termine o meu banho em paz, eu mesma sairei — diz
com a voz azeda, que em nada lembra a onça feroz que gemia horas atrás nos
meus braços.
Avanço em sua frente, enfurecido, coloco meus braços prendendo os
seus, pressionando seu corpo contra o azulejo frio. Meu pau está duro
pressionando em seu abdômen, sua respiração está acelerada e seus seios rijos, e
por mais que queira negar, eu sei o quanto ela me quer. Existe alguma coisa
estranha que nos liga e não sei explicar.
— Por que luta, Katharina, porque não aceita de uma vez o seu papel ao
meu lado? Você é minha esposa e eu te provei noite passada o quanto somos
bons juntos, o quanto posso te satisfazer, te fazer gozar de várias maneiras, por
que não aceita de uma vez por todas que pertence a mim?
— Eu te odeio, Dimitri, e nunca serei o que quer. Deveria ter se casado
com uma das suas amantes, eu jamais aceitarei o que me pede. Eu nunca serei
uma esposa de fachada, uma mulher submissa, que aceita que seu marido
mantenha uma coleção de amantes.
— Então é isso, vai fingir que não amou o que fizemos, vai fingir que
não gozou feito louca no meu pau, que não adorou ser submetida aos meus
jogos.
— Não, pelo contrário, eu amei, você tem um pau gostoso — diz,
sorrindo e tocando meu cacete, que implora por ela. — Mas isso não significa
que outros não tenham, afinal agora que as portas estão abertas, eu posso me
divertir à vontade — diz, me provocando, eu fico fora de mim e aperto seu
pescoço batendo sua cabeça contra o azulejo, enfurecido.
— Nunca mais diga isso, está ouvindo? Você pertence apenas a mim,
Katharina, não ouse se aproximar de qualquer homem que seja!! Você não vai
querer saber o que farei com ele e com você!! — digo, possesso de ódio e ela
não se amedronta e mantém seu olhar desafiador a mim.
Maldita mulher, ela ainda vai me levar à loucura.
Solto seu pescoço, saindo do box, enrolando uma toalha na minha
cintura. Minha vontade era colocar ela sobre meus joelhos e espancar sua bunda
até fazer ela engolir suas palavras. Porém, isso não resolve com Katharina, o
máximo que conseguiria seria machucá-la e ela não daria o braço a torcer.
Preciso mudar a estratégia, se quero vencer essa mulher. Me visto rapidamente e
volto para o calabouço, buscando a caixa do presente que comprei para
Katharina na noite passada. Quando volto, a vejo sentada em frente à
penteadeira, usando apenas um robe, penteado os cabelos loiros. Coloco a caixa
sobre a penteadeira, fazendo com que seus olhos azuis se arregalem.
— Isso é para você, não precisa mais manter o celular escondido, você
não é uma prisioneira na Itália, Katharina, é livre para falar com sua família.
Ela engole em seco e pega o celular, quando já estou pronto para sair do
quarto, ouço ela me chamar.
— Dimitri...
Paro com a porta aberta, sem olhar para ela.
— Obrigada — diz com a voz baixa e eu saio do quarto.

Olho para a caixa do Iphone chocada, todo esse tempo ele sabia das
minhas ligações e provavelmente deve ter ouvido minhas conversas. Fecho os
olhos e sou levada para as lembranças da noite anterior, ele sabia todo esse
tempo, ele sempre soube que eu era virgem e por mais que eu devesse odiar ter
sido com ele, confesso que foi inesquecível.
Por muitas vezes eu quase me entreguei a Ivan, mas agora, sabendo quem
ele era, agradeço a Deus por não ter me deixado levar.
Mesmo odiando Dimitri, mesmo sabendo que ele é um maldito, não
posso negar que ele sabe satisfazer bem uma mulher. Apenas uma noite com a
Besta e eu sei que nunca mais serei a mesma. Minhas mãos vão para meus
lábios, lembrando de cada detalhe da noite que passou. Meu corpo está dolorido,
há uma ardência entre as minhas pernas, mas ainda assim eu faria tudo
novamente. Prazer, um prazer descomunal, bem como ele prometeu.
Eu só posso estar ficando louca, deve ser algum tipo de feitiço. Não é
possível que meu corpo fique quente apenas com a lembrança do seu toque. Ele
só pode ter algum tipo de pacto com o demônio, nada justifica um desgraçado
como ele ser tão gostoso.
— Inferno, Katharina, para de pensar nisso — repito a mim mesma,
voltando a me maquiar.
Após terminar de me arrumar eu saio do quarto com o celular novo em
mãos. É provável que o aparelho seja rastreado e tudo que eu fale seja gravado,
mas é melhor do que continuar me escondendo dentro do closet para falar com
meu irmão ou com Ana.

Ao descer as escadas encontro Lorenzo, chegando provavelmente de uma


noitada.
— Bom dia, Lorenzo, chegou agora?! — digo, assim que desço.
— Bom dia, Katharina — fala sério, com uma frieza que nunca tinha
visto antes. Passa por fim em direção à escada sem dizer mais nada.
— Que bicho o mordeu? — Pergunto a Luigi assim que entro na cozinha.
— Eu não sei, senhora, eu estava passando às coordenadas para os outros
funcionários e apenas o vi saindo da torre.
— Ontem eu vim desligar a luz da cozinha que tinha ficado acesa,
quando vi o menino Lorenzo, ele não parecia bem, ontem chegou junto com o
irmão, Vicenzo e, após subir para o segundo andar, ele saiu e foi para a torre,
chegando só agora. — Fala Carlota enquanto eu pego uma banana na fruteira.
Assim que dou a primeira mordida, começo a mastigar, sentindo minha
garganta arder e me lembro de algo que passou despercebido ontem.
— Merda, merda. Como fui burra — digo a mim mesma, fazendo com
que os dois olhem para mim, em pânico.
— O que foi, senhora? — Pergunta Luigi, preocupado.
— Onde está Monalisa? — Pergunto pela outra empregada.
Além dos dois ela é a única que confio dentro dessa fortaleza.
— Eu vou chamá-la — fala Carlota, preocupada com meu olhar.
Não demora muito para a mesma entrar na cozinha junto com Carlota.
— Preciso que faça algo para mim.
— O que quiser, senhora — diz ela sorrindo, porém quando digo o que
quero, todos se calam e pelo olhar alarmado de Luigi, sei que ele não concordou
com o meu pedido.
— Tem certeza que a senhora quer isso?! — fala Carlota, temerosa.
— Tenho, é da minha vida que estamos falando.

Depois de acertar com Monalisa, vou a direto para a mesa do café, estou
faminta e não espero Dimitri chegar. Vicenzo já está na mesa, lendo o jornal e
tomando apenas seu café. Lorenzo senta ao lado do irmão, mas continua calado,
alguma coisa provavelmente aconteceu, ele não é assim, já estou acostumada
com ele fazendo alguma piada na mesa.
— Lorenzo, você está bem? — Me arrisco a perguntar.
Vicenzo dobra o jornal, olhando para o irmão com curiosidade.
— Estou ótimo — fala firme, pegando o café que Luigi serve a ele,
levando à boca no exato momento que Dimitri se senta à mesa.
O café é estranho, permaneço calada enquanto os três conversavam, mas
posso sentir uma energia estranha na mesa. Em um dado momento, um dos
seguranças vai até Dimitri e diz algo em seu ouvido, que fechou o semblante,
ficando ainda mais sombrio, seus olhos fixam direto em mim e quase engasgo
com o suco de laranja.
— Quando terminar seu café, me encontre no escritório. — Fala, se
levantando e saindo da mesa.
Lorenzo deixa o cômodo e Vicenzo também sai logo em seguida.
Sozinha, pondero se vou ou não até Dimitri, entretanto, de nada adiantaria
ignorá-lo, a maldita Besta viria até mim seja onde estivesse. Giro a maçaneta da
porta do escritório e entro de uma vez mesmo, sem bater. Dimitri está de costas,
olhando pela janela.
— Bem, estou aqui — falo direta.
— Sente-se Katharina — diz, se virando para mim. — Quero que me
explique o que é isso?! — Pergunta, jogando uma sacola de plástico em minha
direção.
Abro a mesma, ainda que já saiba o que tem dentro.
— Pílula do dia seguinte, mas tenho certeza que você já sabia disso! —
Respondo, colocando a mesma sobre a mesma.
— Por que mandou Monalisa comprar essa merda?! — Ele me questiona,
enfurecido, batendo na mesa, me causando um sobressalto.
— Para que eu tome, óbvio, você não usou preservativo, eu não posso
arriscar ficar grávida — digo, sendo firme.
— Você é minha mulher, Katharina, a senhora da máfia e esperam de nós
dois um herdeiro, quanto mais rápido você o conceber, melhor. Essa é uma das
suas obrigações como minha esposa.
— Você só pode estar ficando louco! — Digo, horrorizada. — Um filho,
você quer que eu engravide e tenha um filho com você?! — Pergunto, incrédula
com a cara de pau desse homem.
Dimitri bufa e acende um charuto.
— Não se faça de burra, Katharina, porque nós dois sabemos que isso
você não é! — Grita, nervoso. — Por que motivo acha que eu aceitei a porra do
acordo com os Castelaresi?!! — Vocifera, batendo na mesa e derrubando o
cinzeiro de ouro negro. — Eu preciso de um herdeiro e por isso aceitei esse
casamento. Faça a porra da sua obrigação como minha esposa!!!
— Você não pode me obrigar a gerar uma criança, não estamos falando
de um objeto e sim de uma criança, olha para nós dois, Dimitri. — Digo, abrindo
os braços. — Acha que temos condições de ter um filho, nos odiamos, eu mal
consigo ficar perto de você, como quer trazer uma criança para um lar assim?!
— digo, revoltada com o absurdo que ele diz.
— Não seja hipócrita, Katharina, não parecia me odiar quando me
implorava para fodê-la mais e mais — Fala duramente, eu estremeço de raiva.
Pego a sacola rapidamente rasgando a embalagem levando o comprimido
a boca, Dimitri joga o charuto no chão e avança em minha direção.
— Maldita!! — fala, apertando meu maxilar, tentando abri a minha boca
e até consegue, mas eu já engoli o maldito comprimido. — Desgraçada. Você
pagará caro por isso, Katharina — ameaça e confesso que meu corpo estremece
com a ameaça.
Prefiro não dizer nada, meu bom senso sabe quando é hora de sair de
cena antes que a Besta ataque novamente.

Passo a manhã toda com a minha mente nebulosa, muita coisa indo e
voltando, mas principalmente, não consigo deixar de pensar na intensidade do
que aconteceu ontem. Nenhum dos irmãos Rinna aparece para almoçar,
entediada, eu decido caminhar pelo jardim, pensando que eu deveria reformá-lo
e apagar esse aspecto sombrio da fortaleza. Talvez uma estufa, rosas vermelhas,
as minhas favoritas, na entrada. Lírios do campo perto da torre. Caminho por
toda a extensão do jardim, fazendo planos do que pretendia fazer, até encontrar
Giatho, o jardineiro principal da fortaleza, pois, segundo ele me explicou, para
manter tudo em ordem, precisava dele e mais dois outros, para ajudá-lo a manter
o refúgio de Hades e Perséfone sempre conservado.

Pouco depois das duas da tarde eu já tinha tudo acertado com os


funcionários. É quando Luigi me traz o telefone, dizendo que Karlene quer falar
comigo. Conversamos por um tempo, aproveito e passo o número do novo
aparelho e fico por dentro das fofocas da Cosa Nostra. Ela é muito divertida e
consegue me distrair um pouco, mas não consigo deixar de pensar no que estaria
acontecendo com a tal Rebeca, já que a mesma estava incomunicável. E por isso
eu decido ir até a casa dela.
Ser a senhora da máfia tem suas vantagens, quero ver quem me impedirá
de entrar.

Chaise reluta um pouco quando digo onde quero ir, mas por fim concorda
em me levar até a casa de Rebeca, que até então não sabia onde era. Claro, sou
obrigada a ir no banco de trás enquanto ele dirige. O meu outro segurança ainda
estava se recuperando do acidente, sendo substituído por Ruggero, um cara
fechado que não esboçou uma mínima expressão facial enquanto percorríamos o
caminho até a casa de Dante Bruschetta, capo da Cosa Nostra. Segundo Karlene,
um dos mais próximos de Dimitri.
Ao chegar no portão, somos barrados pela segurança, aparentemente,
Rebeca está proibida de receber visitas. Chaise me avisa que teríamos que voltar,
porém eu não vim aqui para desistir. Saio do carro sem paciência nenhuma com
o brutamonte em minha frente.
— Abra o portão, eu quero ver Rebeca.
— Não podemos, senhora, estamos apenas cumprindo ordens.
— Você sabe quem eu sou?! — Questiono de maneira fria e vejo os dois
ficarem amedrontados. — Espero que não se arrependam por terem proibido a
minha entrada, serei obrigada a contar ao meu marido, no caso o Capo di tutti
capi, que sua esposa foi barrada na entrada da casa de sua amiga, provavelmente
vocês terão uma bela conversa com ele. — Falo olhando para os dois, que ficam
nervosos.
Chaise e Ruggero se mantêm atrás de mim, enquanto os dois homens que
fazem a segurança abrem o portão, para que eu possa passar.
— Bem, ser a senhora da máfia tem lá suas vantagens — penso comigo
ao passar pelo portão, em direção à entrada do local.
A casa é muito bonita, com uma fachada original italiana e um jardim
lateral bem cuidado. É realmente encantadora, mesmo tão escondida.
Na entrada, sou recebida por uma empregada com uma cara nada
simpática.
— Em que posso ajudá-la?
— Vim vera senhora Rebeca, pode avisar que Katharina Castelaresi
Rinna está aqui.
— Claro, aguarde na sala de visitas — fala, me levando até a bela sala.
Enquanto aguardo, outra empregada vem me trazer um chá e não
demorou muito para Rebeca aparecer, descendo as escadas com um vestido
simples de flores e a grande barriga aparente.
— Katharina, que surpresa vê-la aqui.
— Desculpe, vir sem avisar, mas estava entediada em casa e quis vim
conversar um pouco com você.
— Claro, sente-se — diz educada, se sentando em uma das poltronas.
— Você parece cansada, a gravidez está te sugando muito?!
— Quisera eu fosse isso, meu anjinho não me dá nenhum trabalho — fala
sorrindo enquanto acaricia a barriga.
— Bem, vou ser sincera com você, eu vim aqui porque fiquei preocupada
com o que Priscila disse, sobre você estar sumida e não poder receber visitas e
nem ligações.
— Não queria preocupar vocês, meus Deus, estou me sentindo culpada
agora. Diga para ela e para Karlene que estou bem, Dante só é um pouco
controlador, mas logo eu vou poder sair novamente, você vai ver — tenta dar um
sorriso, mas ele não chega aos seus olhos, posso ver claramente o quanto esta
jovem está sofrendo.
— Eu estou aqui para te ajudar, Rebeca, pode contar comigo.
— Ninguém pode me ajudar, Katharina, você, como uma mulher criada
dentro da máfia, deveria saber disso.
— O que quer dizer, Rebeca, o que estão fazendo com você?! — Digo,
pegando sua mão e tentando passar a ela confiança.
— Bem, eu não sei se devo confiar em você, mas segurar tudo isso
dentro de mim está me matando e eu sinto dentro de mim que você tem um bom
coração.
— Saiba que tem em mim uma boa ouvinte e confidente, estou aqui
apenas para te ajudar.
— Você não pode me ajudar, ninguém pode, na máfia não existe divórcio
e só terei paz quando estiver morta. Por muitas vezes eu desejei que isso
acontecesse, mas, desde que fiquei grávida, tudo o que eu quero é que minha
filha não passe pelo que eu passei.
— É uma menina, você já sabe?!
— Ainda não, mas eu tenho certeza que é e isso que vem me
atormentando, não sei o que Dante fará comigo quando descobrir que é uma
menina.
— Ele não pode te fazer mal, isso é um absurdo, você é esposa dele,
merece respeito.
— Ah, se você soubesse a minha história, saberia que respeito e amor é
tudo que eu não tenho de Dante Bruschetta.
— Eu tenho tempo, então me conte o que aconteceu.
— Bem, não sei bem por onde começar, mas talvez deva ser no nosso
noivado, ou melhor, como ficamos noivos, assim você vai entender melhor seu
ódio por mim. Dante nunca gostou de mim, na verdade, ele já se apaixonou, até
amou uma mulher, mas ela não era eu, nunca fui. Mesmo que secretamente eu o
admirasse e me encantasse com seus olhos azuis, assim como todas as
adolescentes da minha época, ele era prometido da minha irmã, Giuliana, os dois
foram prometidos desde criança, eu cresci dentro da máfia e já sabia desde
sempre que aqui os casamentos só serviam para unir família e conseguir ainda
mais poder. Pois bem, Giuliana, no começo, até gostava da atenção que Dante
dava a ela, minha irmã sempre foi mimada, a filha de ouro, perfeita, loira de
olhos claros e eu sempre fui a sem sal, a segunda filha. Puxei os olhos castanhos
do meu pai, meus cabelos não estão tão brilhantes e cheios de vida como os da
minha irmã, até mesmo a minha pele sempre foi desbotada.
— Não diga besteiras, você é linda Rebeca.
— Obrigada, mas, como eu ia dizendo, Giuliana não era apaixonada por
Dante, não como ele. Dava para ver que ela fazia um esforço enorme para se
manter perto dele, até mesmo para aceitar as carícias do noivo. Quando a data do
casamento foi marcada eu tinha apenas 17 anos, naquele dia eu chorei tanto que
prometi a mim mesma que tiraria Dante Bruschetta do meu coração. Mas, foi na
manhã seguinte que um golpe atingiu a minha família. Giuliana tinha fugido
com um dos subchefes de Dante. Ela estava tendo um caso com ele há bastante
tempo e ninguém tinha percebido. Aquilo foi como uma bomba na minha
família, uma guerra seria travada enquanto Giuliana não aparecesse. Dante
prometeu vingança contra a minha família, pela desonra. Meu pai conseguiu
localizá-los, mas já era tarde demais. Ela mesma já se encontrava grávida, ainda
me lembro como se fosse ontem o olhar que Dante deu a ela quando ela desceu
daquele carro, sendo arrastada pelo meu pai. Não era um olhar de ódio como eu
pensei. Não, era dor, tristeza, ela havia quebrado o coração dele. Giuliana viu o
homem que ela amava ser morto em sua frente, porém, por estar desonrada, não
poderia se casar com Dante, então uma substituta foi escolhida, aquela que
serviria apenas para tapar o buraco que a filha perfeita ocupava.
Eu fico olhando para ela, chocada, vendo lágrimas silenciosas descendo
por seu rosto.
— Exatamente, eu fui dada a Dante como uma mercadoria e desde esse
dia, minha vida tem se ornado um verdadeiro inferno. Ele me odeia porque eu o
faço lembrar dela, às vezes eu acho que ele me odeia ainda mais por eu não ser
ela. Vivo uma vida infeliz, com um homem agressivo, que me trai com todas as
putas da máfia, que me humilha e faz questão de dizer todos os dias que tenho
sorte, porque se não fosse o acordo com meu pai, provavelmente eu nunca
conseguiria um marido com a minha falta de atributos.
— Ele é um verme miserável, como ele pode te tratar assim? Você é
esposa dele, se ele não queria se casar com você deveria ter negado, mas ele
preferiu fazer da sua vida um inferno ao dar o braço a torcer.
— Eu até tentei, no começo, entender o que se passa na cabeça do Dante,
mas cheguei à conclusão que é impossível. Tem horas que eu tenho tanto medo
dele, seu olhar é de um assassino sem coração. Ele nunca me amou ou um dia irá
amar, eu só peço que Deus proteja a minha filha, porque ele já deixou claro em
várias vezes que quer um filho homem, e que essa é a única coisa que tenho que
fazer direito, já que para o resto eu não sirvo de nada — diz, chorando e eu não
aguento vou até ela abraçá-la.
— Não se preocupe, eu prometo que ele não machucará sua filha.
— Ninguém pode garantir isso — fala tirando os cabelos do rosto e eu
não consigo entender como Dante Bruschetta pode ser tão cego que não vê a
beleza dessa mulher.
— Eu vou te ajudar, Rebeca, não sei como, nem quando, mas eu farei
tudo ao meu alcance para te ajudar.

Depois de ficar por mais de três horas na casa da Rebeca, volto para a
fortaleza com a cabeça ainda mais nublada de pensamentos, quando o carro
passou em frente a uma farmácia.
— Chaise, pare aqui, por favor, preciso de um remédio para dor.
— Tem certeza, senhora? Já estamos chegando.
— Tenho sim, é um remédio específico que não tem em casa.
Ele para o carro na farmácia e, desconfiado, entra comigo enquanto o
outro segurança aguarda do lado de fora, tento pensar rápido em como faria para
comprar o remédio com ele do meu lado.
— Chaise, pode procurar um protetor fator cinquenta para mim — digo
com a minha maior cara convincente.
— Claro, senhora — concorda prontamente, olhando ao redor,
verificando o perímetro e só então se afastando. Aproveito e me aproximo da
farmacêutica.
— Por favor, me ajude, senhora.
— O que foi, minha jovem? — ela diz, assustada com meu olhar de
pânico.
— Meu marido, por favor, não olhe — tento fazer com que ela não
chame atenção de Chaise — Meu marido é um homem agressivo, ele me faz de
saco de pancada todas as noites — mostro meus pulsos, que estão com as marcas
da algema de ontem à noite — Agora ele decidiu que quer ter um filho, me
ajude, por favor, eu não posso engravidar desse homem.
— Quer que eu chame a polícia? — ela fala baixo, fingindo procurar um
remédio.
— Eu vou chamar, só preciso do remédio.
— Eu vou ajudar, você minha jovem, disfarce e fale que precisa usar o
banheiro.
Quando Chaise se aproxima com o protetor, eu me afasto da farmacêutica
e vou procurar por outras coisas, colocando na cesta da farmácia e só então digo
que preciso ir ao banheiro.
— Tem certeza que não dá para esperar chegar em casa, senhora?
— É claro que não, Chaise, deixe de ser neurótico, já vamos para casa, só
preciso ir ao banheiro — falo bem convincente e dou a cestinha para ele ir ao
caixa pagar.
Rapidamente, vou até o banheiro, encontrando a farmacêutica em uma
das cabines.
— Temos que ser rápidas para que seu marido não desconfie.
— Sim, por favor.
Ela está com uma seringa, que tira do jaleco e me explica que tem três
meses de durabilidade. Eu ficaria segura por um bom tempo, até que eu
conseguisse me livrar do marido agressor, pobre Chaise. Tomo a injeção,
agradecendo a farmacêutica pelo que ela faz. Saio da farmácia como se nada
tivesse conhecido, dessa vez com a mente mais tranquila porque sabia que, ao
menos, não engravidaria. Dimitri pode não ser agressivo como Dante, mas eu sei
que é tão ou mais cruel do que ele ou qualquer outro dentro da Cosa Nostra.

Furioso após Katharina sair do escritório, eu preciso que ir, mas minha
vontade é algemar seus braços e suas pernas e mantê-la no calabouço até que
aprenda seu lugar. Minha raiva é tão grande que por pouco eu não faço isso,
porém a Cosa Nostra vem em primeiro lugar, então coloco meus problemas
conjugais de lado e vou direto para a sede, para minha reunião com a senhorita
Meyer, Lorenzo e Damon.
Ao passar pela entrada, como de costume, todos os funcionários baixam
o olhar e não se arriscam a entrar no meu caminho. Entro no elevador privativo e
ao chegar no meu andar me surpreendo ao ver Natasha de pé com um iPad na
mão e meu café na outra.
— Bom dia, senhor, já estão todos esperando para a reunião.
— O que está fazendo aqui Natasha, não deveria estar de repouso até o
fim da semana que vem!?
— Eu estou bem, me sinto bem e não aguentava mais ficar longe do
senhor — fala, baixando o olhar de maneira submissa, bem diferente de
Katharina, que me olha nos olhos e me enfrenta com toda sua frieza.
— Vamos para a reunião, depois conversamos sobre sua negligência com
sua saúde — Digo, pegando o café e indo até a sala de reunião — Bom dia —
digo assim que passo pela porta e todos ficam de pé.
Me sento e então começamos a reunião.
— Senhorita Meyer, me mostre o que vem fazendo desde que chegou
aqui. — Peço, olhando para a engenheira financeira, que engole em seco e abre o
notebook.
— Nós começamos a estratégia de lavagem há pouco tempo. Como o
valor é extremamente alto, não será tão fácil como imaginei. O senhor Damon já
começou a comprar no total quinze pequenos negócios à beira da falência. A
partir de agora, esses negócios fazem parte do grupo Salvatore e irão render uma
verdadeira fortuna. Também conseguimos seiscentos laranjas, para nos ajudar
com depósitos aleatórios na conta principal.
— Quanto vamos conseguir lavar no próximo mês? — Pergunto de
maneira direta.
— Pouco, perto do que precisamos, cerca de setecentos milhões. Ainda é
um número pequeno, mas prometo que em breve vamos chegar na meta
estipulada.
— Sabe por que está aqui, senhorita Meyer?
— Sim, senhor, estou aqui para fazer todo o esquema funcionar.
— Você foi escolhida por ser a melhor do ramo, não faça eu me
arrepender de tê-la colocado na Cosa Nostra, melhore esses números, setecentos
milhões está longe do valor que queremos. — Digo, irritado.
— Aquela ideia de doar dinheiro às entidades sociais fantasmas ainda
está de pé. — Diz Lorenzo, me lembrando da ideia que ele teve em criar ONGs
falsas para que pudéssemos fazer doações e dessa forma lavar o dinheiro sujo do
tráfico, transformando-o em dinheiro de doações.
— Não acho uma boa ideia, Lorenzo, esse tipo de ONG sempre atrai
atenção da mídia.
— Se for para investir em empresas fantasmas, podemos abrir algo como
uma pizzaria, existem muitas aqui em Palermo, uma a mais uma a menos não vai
fazer diferença — diz Damon, pensativo.
— Uma boa, Lorenzo, consiga isso para mim ainda essa semana. Pode
ser um pouco afastada do centro de Palermo, para que não chame atenção.
— Quanto podemos lavar com a pizzaria?
— Não muito, entre doze e quinze mil por dia — fala Meyer, fazendo
cálculos rápidos — Para conseguir o montante que precisamos teria que ser uma
rede de pizzarias por toda a Europa.
Olho para a mesma, interessado no que ela diz, Meyer olha para nós três
com os olhos arregalados.
— Vocês não estão falando sério, não é? — Questiona, admirada.
— Por que não?! — Fala Lorenzo.
— Isso é muito arriscado, não estamos falando de um país, mas sim da
Europa toda, sem contar que todo esse dinheiro teria que voltar para uma conta,
às chances de chamar atenção das autoridades é muito grande.
— Não estamos em negócio sem correr risco, senhorita Meyer, faça o
que meu irmão propôs. Iremos montar uma franquia por toda a Europa, desse
jeito podemos lavar muito mais dinheiro, de forma rápida e específica.

A reunião termina tarde, acabo tendo que resolver problemas com um


carregamento vindo da Turquia e me ocupa a manhã toda. Já passava das duas da
tarde quando consegui chegar ao Tomilho, um restaurante, e almoçar junto com
Juliano Sacra, um dos meus capos, também aproveito para rever meu grande
amigo, Adam Stanley, dono do restaurante, um ótimo chefe de cozinha e um dos
associados mais antigos da família.
— Quando terei o prazer de conhecer sua senhora? Vi uma foto dela na
capa de uma revista e tenho que dizer que, meu amigo, demorou porque queria
escolher bem. — Diz ele, nos servindo o vinho.
— Em breve, meu amigo, trarei Katharina para jantar aqui — digo.
— Tenho certeza que ela vai amar, Loreta e minha bambina Antonella
amam a comida do Adam. — Juliano diz, se referindo a sua esposa e a filha, que
de bambina não tem nada, já que é uma piranha que abre as pernas para os
soldados do pai. Só de pensar que ele cogitou que algum dia eu me casaria com
sua filha, tenho vontade rir.

O almoço é produtivo, fico por dentro de como andam os lucros nas


casas de prostituição e algumas boates da família. A metade das casas noturnas
são legais, dessa forma não preciso me preocupar com o dinheiro que entra. A
Cosa Nostra mantém vários negócios lícitos, como a produção e exportação de
limão siciliano, entre outras frutas cultivadas apenas aqui na Sicília.

Retorno à sede acompanhado de Juliano, que não para de falar sobre o


aniversário da filha e que faria muito gosto que eu fosse junto com Katharina.
Acabo tendo que aceitar, mesmo não costumando ir a esse tipo de evento da
máfia, porém, se não aceitasse, ele continuaria insistindo. Ao entrar na minha
sala, dou de cara com Natasha, apenas de lingerie preta, de joelhos no canto da
sala. Fecho, a porta e volto meus olhos para a mesma, tentando entender o
porquê daquela cena na minha frente já não ser tão excitante, como antes.
— Meu senhor, estou à sua disposição — diz, com a voz baixa e
sedutora, porém não sinto vontade de submetê-la, muito menos de foder
Natasha, não agora ou melhor, não depois de ontem.
— Vista suas roupas, Natasha, não estou com cabeça agora — ordeno,
indo até a minha mesa e notando-a engolir em seco, trêmula.
— Tenho certeza que posso satisfazê-lo, senhor.
— Eu sei que sim, mas não agora, minha escrava. Vista-se e volte para o
seu trabalho, afinal você está aqui para isso e não para dar a boceta para o seu
chefe. — Digo frio e ela entende a mensagem e se veste rapidamente.
— Hoje é a festa de governador, se quiser posso acompanhá-lo, já que
ano passado eu fui como sua acompanhante. — Sugere ao abrir a porta para sair.
Quando ela diz isso, me lembro da festa de Nello Masumeri e que não
posso faltar. Com a correria acabei me esquecendo, precisava mandar preparar o
helicóptero e alguns homens para me acompanhar.
— Não se preocupe, Katharina será minha acompanhante, afinal ela é
minha esposa — digo sério e ela fica tensa, mas tenta disfarçar seu desgosto e sai
da sala. — O ciúme de Natasha ainda me trará problemas. — Penso comigo.
Ligo para Luigi e peço que avise Katharina sobre a festa, mas sou
surpreendido ao saber que minha querida esposa não se encontra em casa. Estou
digitando o número de Chaise, para descobrir onde Katharina se encontra,
quando a porta da minha sala é aberta abruptamente e Dante passa por ela com
uma expressão feroz.
— O que sua russa foi fazer na minha casa, por acaso foi interrogar
minha mulher, que merda ela está fazendo com Rebeca?! — Questiona, irritado.
— Espero que não esteja se referindo à minha mulher como russa, ou
melhor, não esteja se referindo à senhora da máfia como a russa, pelo seu próprio
bem — digo, me levantando.
— Desculpe, chefe — recua, nervoso.
— Me explique o que está acontecendo, mas meça suas palavras para se
dirigir à minha esposa da próxima vez, ou será a última vez que terá voz para
dizer qualquer palavra — digo friamente, indo até o bar e escolhendo um dos
meus uísques prediletos.
— Fui avisado pelos meus homens que sua esposa invadiu minha casa e
ameaçou meus homens para que a deixassem entrar e que está há mais de três
horas conversando com Rebeca. Sabe como sou possessivo, não gosto que
ninguém vá até a minha casa, muito menos encha a cabeça dela de bobagens.
— Todos sabemos da sua obsessão pela garota, mas prometi não me
intrometer nos seus assuntos. No entanto, se uma das leis da família estiver
sendo descumprida, nem mesmo o seu cargo como capo poderá te proteger.
— Só mantenha sua mulher longe de Rebeca.
— Farei o que me pede, mesmo achando que é bobagem. Provavelmente
Katharina só queira fazer amizade com a Rebeca.
— Não quero que Rebeca tenha amigos. Há um motivo para ter proibido
sua saída, ela estava se aproximando demais das esposas de Camorra e do Tom.
— Certo, falarei com Katharina — digo, encerrando o assunto, fazendo
com que ele me deixe sozinho.

Já era começo da tarde quando voltava para fortaleza, mando meu piloto
ficar pronto para a viagem rápida que faremos. A casa do governador fica em
Catânia, iremos de helicóptero e passaremos a noite em um hotel, para amanhã
voltar para Palermo. Muitos políticos importantes estarão nesse jantar, é
importante reforçar a imagem de empresário honesto que conquistei ao longo
dos anos, agora casado, prestes a formar uma família. formaria uma imagem
ainda mais imaculada da minha pessoa.
Ao chegar em casa, encontro Vicenzo fumando no jardim, conversando
com um dos nossos homens.
— Chegou cedo, também vai ao jantar do governador? — Pergunto.
— Não, estou de saco cheio desse bando de baba ovo. — Reclama ele,
jogando o cigarro no chão e pisando.
— Peça para que Chaise mande o relatório do dia de hoje para o meu
celular.
— Certo — fala, enquanto eu entro em casa.
Vou direto para a suíte, louco para tomar um banho. O quarto está vazio,
provavelmente Katharina deve estar lá embaixo. Tiro minhas roupas, indo direto
para o banheiro e, ao abrir a porta, sou recebido pela porra de uma visão
deliciosa.
Katharina está de cinta liga de renda preta, inclinada sobre a pia do
banheiro enquanto passa um batom nos lábios carnudos, seu corpo tentador me
provocando.
— Se soubesse que seria recebido dessa forma, teria vindo mais cedo,
bella mia. — Digo, a assustando, que derruba o batom na pia.
— Poderia não chegar assim, me assustando — fala, se virando para mim
e eu tenho a visão perfeita dos seios fartos saltando da renda preta.
— O que foi, bella mia, porque está assustada, andou fazendo algo
errado?! — pergunto, dando dois passos em sua direção.
Vejo sua respiração ficar agitada, seu peito subir e descer, minhas mãos
vão automaticamente para seu pescoço, em uma carícia lenta. Seu cheiro de
rosas enche meu nariz, nunca fiquei tão excitado com um cheiro como agora.
— É claro que não — fala firme, escapando do meu toque, mas não me
convence — Eu preciso me vestir, querido, afinal preciso estar à altura, não é
todo dia que vou a um jantar na casa do governador.
Katharina sai do banheiro, me deixando sozinho, mas nem um pouco
convencido.
— O que essa mulher está aprontando? Ela ainda vai me levar à loucura.
Algo me diz que esse jantar será inesquecível.
Não sabia em que velocidade eu estava, tudo que eu queria era ver o que
estava acontecendo na minha casa. Frustrado, bato contra o volante, com ódio.
Não quero ninguém perto de Rebeca, muito menos uma russa. Não quero
ninguém influenciando suas ações, muito menos que ela comece a sonhar com
liberdade. Liberdade essa que ela nunca terá, não deixarei espaço para que ela
faça o mesmo que a vadia da irmã, pois bem sei que no momento que eu confiar
nela e baixar a guarda ela enfiará uma faca em minhas costas.de maneira vil.
Como todas as mulheres, todas as putas, esperando a melhor hora para tirar
vantagem e eu não cometerei o mesmo erro duas vezes, jamais.
Após estacionar de qualquer jeito na entrada, saio do carro batendo a
porta e vejo três dos meus seguranças aguardando.
— Quem liberou a entrada de Katharina? — Pergunto. indo direto ao
ponto e vejo os três ficarem pálidos, temendo o que posso fazer.
— Foi eu, senhor — Jonathan dá um passo à frente e rapidamente saco
minha nove milímetros e atiro rápido no meio de sua testa, ele desaba no chão
sem vida, formando uma poça imunda de sangue.
— Que esse seja um aviso claro que a próxima vez que um de vocês
desobedecer a minhas ordens, estarão mortos. — Digo, limpando minha arma
com o lenço, entrando em casa sendo e recebido por Zaya, à governanta. —
Onde está minha esposa?
— Ela está no quarto, senhor, provavelmente deve estar se aprontando
para o jantar.
Não respondo, apenas subo as escadas em direção à suíte, querendo
arrancar da boca de Rebeca o que tanto ela e a russa conversaram.
A natureza dos russos é traiçoeira, não quero uma cobra russa perto de
Rebeca.
Abro a porta com brutalidade e Rebeca me olha, assustada, deixando a
escova de cabelo cair no chão.
— Precisava olhar na sua cara, traidora, e ver se terá coragem de me
enganar. — Digo amargo, me aproximando dela.
— O que foi, querido, o que aconteceu? — fala pálida, com a voz
trêmula.
Acerto um tapa forte em seu rosto, fazendo com que ela cambaleie para
trás, se escorando no dossel da cama.
— Eu faço tudo por você, sua vadia, e é assim que me retribui? —
Vocifero, cego pelo ódio.
— O que eu fiz Dante? Eu juro que me comportei, não fui ao jardim e
fiquei dentro de casa. — Chora falsamente, tentando me ludibriar com suas
lágrimas traiçoeiras.
— Não minta para mim, desgraçada — digo e puxo seus cabelos com
ódio, apenas por ela olhar para mim.
— Por favor, Dante, eu estou grávida — implora, colocando as mãos
sobre a barriga, como se pudesse a proteger.
Solto seu corpo contra a cama, me afastando dela para que possa me
controlar, para o bem do meu filho.
— O que você e Katharina ficaram fazendo na sala sozinhas? O que ela
veio fazer aqui e porque me desobedeceu? Aposto que as duas estavam tramando
pelas minhas costas!! — Grito, olhando para ela, que treme, chorando muito.
— Ela só veio me ver, Karlene estava preocupada por eu não estar
saindo. Ela só veio fazer uma visita.
— Não minta para mim — grito, jogando o abajur contra a parede.
— O que eu poderia fazer? Não poderia simplesmente me recusar a
atendê-la.
— Pois é o que deveria ter feito, mandado Zaya avisar que não queria
receber visitas, ao invés disso, recebeu a russa e ficou de conversinha com ela a
tarde toda, aposto que tramando contra mim.
— Claro que não, Dante, eu não faria isso, por favor acredite em mim. —
Ela suplica, limpando o rosto.
— Acreditar em uma puta como você, Rebeca, jamais. Ficará trancada no
quarto para aprender a me obedecer na próxima vez.
— Eu não sou uma puta, Dante, só tive um homem na minha vida e esse
homem é você. Não pode me deixar trancada aqui, estou grávida.
— E só por isso que não te arrebento agora mesmo, a sua sorte é que
carrega meu herdeiro, ou seria duramente castigada.
Saio do quarto, fechando a porta, ainda a ouvindo suplicar para que eu
não a deixasse trancada, indo direto para o escritório. Ao passar pela porta, vou
direto para o bar, bebo a vodca direto do gargalo da garrafa e minha garganta
queima, a raiva e frustração se misturam e, fora de mim, eu acabo fazendo uma
besteira que provavelmente amanhã me arrependerei, mas quer saber? Foda-se,
ela merece sofrer. Envio uma mensagem para a cadela e não demora muito para
Giuliana aparecer no escritório.
— Ainda não consigo acreditar que me chamou aqui — fala, entrando no
escritório e fechando a porta atrás de si.
— Não se sinta especial, Giuliana, nesse momento você não passa de
uma boceta disponível para foder.
— Não vou dar ouvidos ao que diz por que eu sei que, no fundo, ainda
me ama. Pode ter se casado com a tonta da Rebeca, mas é a mim que você deseja
— fala, abrindo o zíper do vestido, fazendo com que ele escorregue pelo seu
corpo.
Olho para seu corpo nu, tentando enxergar o que tanto me fascinou no
passado.
Como posso ter um dia pensando amar essa vadia?! Gostosa certamente
ela é, mas não há nada de especial. Seios medianos, pele pálida demais, não há
aquelas pintinhas que tanto amo em Rebeca. Não, ela não pode jamais ser
comparada com a minha Rebeca.
— De joelhos, cadela — falo firme e ela prontamente me obedece.
— Sabe quanto tempo esperei para que me procurasse? Eu sabia que
minha irmãzinha nunca o satisfaria.
Dou um tapa certeiro em seu rosto.
— Não abra essa boca imunda para falar da minha mulher, cadela.
Giuliana engole as lágrimas e, de joelhos, abaixa a minha calça junto
com a boxer e segura meu pau com as mãos frias, o colocando na boca. Seus
lábios são quentes e sua boca baba no meu cacete, enquanto ele sobe e desce em
sua boca, mas eu precisava de mais para me satisfazer e o que essa puta estava
me dando estava longe disso.
Puxo seus cabelos com força, fazendo-a levar meu pau profundamente na
garganta, seu rosto fica vermelho, movimento sua cabeça e ela engasga no meu
pau, mas não paro, continuo socando meu pau como se fosse em uma boceta.
Com um gemido rouco eu gozo, enchendo a cara da vadia de porra.
Giuliana sorri, limpando o rosto e chupando os dedos com o meu gozo. Viro a
cadela de costas para mim, empurrando-a contra a mesa, Giuliana geme,
empinando a bunda magra em minha direção e confesso que tenho que fechar os
olhos para me excitar novamente.
Pego uma camisinha, colocando no meu pau, não tão duro como deveria.
Meto de uma vez no cuzinho da vagabunda, a safada é arrombada mesmo. Fecho
os olhos e imagino outra pessoa aqui para obter meu prazer, meto com força, não
me importando com seus gemidos de dor; eu queria tirar toda essa raiva de
dentro de mim. Empurro a cabeça da vagabunda contra a mesa e continuo
arremetendo dentro do seu buraco, até encontrar o alívio, porém o prazer é
insignificante, como a vadia.

Escolhi um belo vestido preto de mangas, com um corte profundo nas


duas laterais, longo, com tecido acetinado e salto fino e delicado, com tiras e
pequenos cristais. Terminei a maquiagem e como não tive tempo de ir ao salão,
decidi fazer um coque de lado deixando um pouco dos cabelos soltos presos com
grampos.
Quando estou terminando, vejo atrás de mim, pelo espelho, Dimitri, do
outro lado do quarto, escolhendo a gravata borboleta, com os cabelos penteados
para trás, realmente ele muito sexy no terno Armani de alfaiataria. O perfume
Armani Code é característica do seu cheiro amadeirado e parece impregnar por
onde quer que ele esteja.
— Estou pronta — digo ao pegar a pequena bolsa que irei usar essa
noite.
— Ainda não — diz, virando de costas para mim, indo até o paletó que
estava usando antes e tirando uma pequena caixa preta de veludo de dentro do
bolso.
Dimitri se posiciona atrás de mim, retira os pequenos brincos de pérolas
que uso e coloca um de safira azul com pequenos diamantes ao redor, é uma joia
belíssima e cara, que me deixa confusa pelo motivo de estar a ganhando.
— Alguma ocasião especial para estar me dando um presente? O celular
já é assustador demais para um homem como você, agora uma joia. O que quer
com isso Dimitri? — digo, olhando para ele pelo espelho, que sorri e beija
suavemente meu pescoço, fazendo com que todo meu corpo se arrepie.
— Não quero nada, amore mio, apenas que esteja ainda mais bela ao meu
lado.
Engulo em seco com a intensidade do seu olhar e me viro, indo até a
porta que ele abre. No caminho até a saída encontramos Vicenzo com uma ruiva
no colo, mas nem sinal de Lorenzo. Acompanho Dimitri até a saída e me
surpreendo ao saber que iremos de helicóptero e não de carro. A viagem é rápida
e não posso admirar muito a paisagem belíssima da Sicília, pois em menos de
meia hora de helicóptero, chegamos à Catânia.
O helicóptero pousa em um grande hotel e Dimitri, junto com três
seguranças, me acompanha até o carro, que já nos aguardava. Fico surpresa ao
descobrir que vamos sozinhos no carro, eu e ele. Um Porsche preto 911, com
teto solar já estava pronto, à nossa espera. Dimitri abre a porta para mim e
adentro o belo carro, esperando-o entrar e dar partida.
Não demora para que Dimitri estacione em frente a uma bela mansão.
Repórteres estão por todos os lados, assim como os seguranças armados. Há dois
carros atrás de nós com homens de Dimitri nos acompanhando. Descemos e
somos recepcionados por uma chuva de flashes, Dimitri segura minha mão
enquanto subimos a grande escadaria.
— Senhor Rinna, quem é a bela mulher ao seu lado, sua namorada? —
Pergunta um repórter.
— Minha esposa.
Assim que as palavras saem de sua boca, eles ficam ainda mais
desesperados, querendo fazer mais perguntas, porém ele ignora a todos, me
levando para dentro da grande entrada da mansão. O salão está todo decorado,
várias pessoas conversando, bebendo e rindo. Um típico jantar da primeira
classe. Dimitri me leva até um homem de uns cinquenta anos, loiro, ao lado de
uma ruiva que posso jurar ser garota de programa, pela forma como se porta e
está vestida.
— Nello Masumeri — fala Dimitri e logo o mesmo se vira para nós com
um sorriso no rosto.
— Dimitri Rinna, é um prazer revê-lo, amigo — fala, beijando o anel de
Dimitri, um sinal de respeito e logo já sei que ele é o governador.
— Não perderia o aniversário de um amigo da família, essa é Katharina,
minha esposa — me apresenta e ele pega minha mão, dando um beijo cortês.
— Venham, reservei um lugar de honra na minha mesa — Explica o
político e eu não deixo de reparar que ele nem fez questão de apresentar a moça
— Precisamos conversar sobre a campanha, meu amigo, sabe que já estou para
me aposentar e pretendo deixar o cargo para meu filho. Matteo estudou na
Inglaterra e está preparado para o cargo de governador, é claro já está ciente dos
nossos negócios. — Fala a Dimitri, que apenas acena, puxando a cadeira para
mim na mesa.

Ficamos sentados à mesa enquanto vários políticos bajulam Dimitri, me


dando ânsia. As mulheres só falam sobre a semana de moda em Milão, eu até
finjo interagir com elas, mas meus ouvidos estão focados na conversa dos
homens. Tudo vai ficando claro para mim, a máfia italiana financia a maioria dos
políticos da Sicília, como também alguns deputados e senadores da república,
realmente a política é suja.
— Aí está ele. — Fala o governador, ficando de pé e abraçando um
jovem loiro de olhos extremamente azuis. — Dimitri, esse é meu filho, Matteo,
futuro governador da Sicília. — Diz, orgulhoso.
Dimitri se levanta e os dois se cumprimentam com um aperto de mão, eu
bebo mais um gole do meu champanhe, imaginando que o futuro governador já
começou mal por não ter beijado o anel do Boss. O tal Matteo senta ao lado do
pai, de frente para mim. O governador vai até o palco, onde faz um discurso,
muito bem escrito por um assessor eu diria, e vários fotógrafos tiram fotos dele
com o filho. Eu já estava na terceira taça de champanhe quando enfim eles
vieram para a mesa e o jantar foi servido.
As entradas estavam deliciosas, sopa de frutos do mar com camarão,
salmão e tamboril. Tento focar na comida, mas os olhos de Matteo sobre mim
estão me incomodando.
— Não sabia que o senhor era casado, senhor Rinna.
— Sou um homem muito reservado e prefiro manter minha bela esposa
apenas para mim — diz, olhando para mim com um sorriso doce que só me faz
pensar o quão bom ator ele é. Se daria muito bem em Hollywood.
— Na verdade, faz pouco mais de dois meses que nos casamos. — Sorrio
para o mesmo.
Procuro me concentrar no prato principal, mas a ruiva do governador não
para de jogar o cabelo e sorrir feito uma girafa para cima de Dimitri, que não
desgruda os olhos do decote da vadia, enquanto discute com o governador a
campanha do filho. A Bisteca alla Fiorentina realmente estava divina, mas eu já
estou a ponto de pegar o osso do prato dela e enfiar na garganta de Dimitri se ele
continuar olhando para os peitos da vadia. Porém, antes que tenha a
oportunidade de fazer isso, o governador se levantou e vai abrir o salão de dança.
— Vem comigo, bella mia — Dimitri me chama, segurando minha mão e
me conduzindo até onde os casais estão dançando.
A orquestra toca uma canção antiga de James Brown "Its' A Mas World".
A batida é quente, porém o que me chama atenção é o quanto essa letra combina
com o moreno na minha frente.
— Lembra quando foi à primeira vez que dançamos juntos?! — Fala ao
colar nossos corpos me guiando ao som sexy da música.
— Claro, jamais esquecerei, eu estava usando um vestido preto, assim
como hoje. O dia em que fui forçada a casar com uma Besta.
Dimitri sorri, me girando duas vezes para depois me puxar para si.
— É, bella mia, você tem uma lembrança diferente da minha daquele dia.
— Fala, arrastando suas mãos pelas costas nuas do vestido, fazendo um arrepio
tomar conta de mim, enquanto sussurra no meu ouvido. — Tudo que eu me
lembro é do quão gostosa você estava naquele vestido, da vontade que eu estava
de estapear sua bunda branca até ela ficar vermelho vivo pela afronta. — Diz e o
meu corpo se arrepia. — "Esse é um mundo de homens". — Ele canta o refrão
da música.
— "Mas ele não seria nada sem uma mulher". — Digo o fim da letra,
sorrindo.
A música termina e dou graças a Deus, estar tão preto da Besta está
começando a me incomodar, é mais fácil lidar com Dimitri quando ele é um
babaca arrogante do que uma Besta sedutora.
— Me daria à honra de dançar a próxima música com essa bela dama? —
fala Matteo, nos abordando no meio da pista de dança.
Dimitri serra os dentes, encarando o loiro, porém, antes que ele mande o
pobre coitado se foder eu dou um passo à frente.
— Claro — sorrio, provocando Dimitri e vou com Matteo.
Dimitri volta para a mesa e finge prestar atenção no que o governador
diz, mas eu sinto seus olhos me queimando enquanto Matteo dança comigo. A
música muda e agora uma bela canção de "El volo" soa pelo salão, um clássico
italiano.
— Você realmente é a mulher mais bela que já vi, não consegui tirar os
olhos de você a noite toda.
— Obrigada, Matteo, não acho adequados seus elogios, sou casada.
— Infelizmente, mas isso não faz com que eu fique cego. — Diz,
colando seu corpo ao meu, me incomodando.
— Bem, talvez cego não, mas se não se afastar, morto. — Falo séria e ele
sorri, me girando.
— Uma mulher como você vale qualquer risco.
— Eu não falaria isso se fosse você — digo, me afastando, quando enfim
a música acaba.
Não preciso nem olhar para saber que Dimitri está atrás de mim.
— A próxima vez que se aproximar da minha mulher, você será um
homem morto, senhor Masumeri — diz tão friamente que sinto que essa é uma
sentença.
Dimitri segura meu braço, me puxando para a saída.
— Pelo visto o italiano não gosta de jogos. — Rio por dentro.

Eu não tinha mais clima para continuar naquele maldito jantar, não com
todos aqueles miseráveis babando por Katharina. Não é ciúme, é posse, se
pudesse teria matado o maldito Matteo por ter ousado colocar as mãos sobre a
minha mulher. Maldita russa, por se vestir de maneira tão provocadora, por sorrir
para todos os malditos da festa.
— Para onde vamos, você está machucando meu braço! — ela reclama
enquanto eu arrasto-a pela mão até o estacionamento, onde meu carro está.
Um dos meus seguranças vem em nossa direção, mas faço um gesto para
que eles se afastem. Abro a porta do carro, jogando Katharina no banco do
passageiro, dando a volta e sentando no banco do motorista. Saio da porra da
mansão cantando pneu, ignorando os repórteres na entrada, passo em alta
velocidade, saindo desse maldito jantar. Acelero, tentando controlar minha
vontade de voltar àquele maldito jantar e matar o desgraçado que ousou tocar no
que é meu.
— Você pode parar de acelerar, vai acabar matando a nós dois.
— Fica calada, Katharina, eu não quero acabar fazendo uma besteira.
— Eu não entendo porque você está tão irritado. Foi só uma dança, não é
como se eu tivesse pulado na cama dele — diz, debochada.
Eu faço uma curva fechada, girando o volante e Katharina grita, mesmo
de cinto.
— Você é um idiota, não acredito que está com ciúmes, não seja
hipócrita, Dimitri, você é um machista de merda que mantém três amantes,
mesmo casado.
— Não é ciúmes, caralho — grito, apertando o volante com tanta força
que juro que posso ver o pescoço de Matteo nele. — Você me pertence, é minha
mulher, deve respeito a mim e não ficar se esfregando com outro homem na
minha frente.
— Babaca hipócrita, é isso que você é!!! — Grita, revoltada, porém antes
que possa respondê-la ouço som de tiros em nossa direção. — Que merda é
essa? — Katharina pergunta assustada, olhando para trás.
— Estamos sendo seguidos — respondo, olhando pelo retrovisor e vendo
três carros pretos nos seguidos, com homens armados.
— Onde estão os seus homens? — Pergunta, olhando para trás.
— Os dispensei, foram direto para o hotel.
— Super inteligente da sua parte — ela bufa, nervosa.
— O carro é blindado, não se preocupe, não deixarei nada de mau
acontecer com você — digo, calculando uma rota de fuga para nós dois.
Os tiros continuam, um dos carros tenta me fechar, porém giro o volante
desviando dos tiros que continuam, a adrenalina enche minhas veias de fogo.
Katharina está aterrorizada com o som dos tiros e na minha mente fico pensando
em como tirar ela daqui.
— Pega meu celular no bolso do paletó e manda nossa localização em
tempo real para Joyner, código 58.
Katharina rapidamente faz o que eu mando e posso ver que ela se
controla para não olhar para trás. O carro de trás bate na nossa traseira, tentando
me fazer parar, porém eu apenas acelero nas avenidas vazias de Catânia, nossa
sorte é que há essa hora já não tem circulação de carros, ou tudo seria pior. Na
minha frente, vejo um túnel e uma ideia vem à minha mente quando lembro
onde ele vai dar.
— Preciso que se segure forte quando nós saímos do túnel.
— O que vai fazer? — Pergunta atônita, olhando para mim.
— Confie em mim — desvio meu olhar para o seu, tentando passar
confiança, jamais deixaria que algo acontecesse a ela.
Katharina aperta o cinto e se segura, reduzo a velocidade até ter o carro
da frente ao meu lado, eles continuam atirando, porém, assim que entramos no
túnel eu começo a contar e no exato momento em que saímos eu giro o carro
com tudo, batendo contra o outro carro, fazendo com que ele gire na estrada,
indo em direção a lateral de um penhasco, caindo em meio à vegetação. O
barulho da explosão enche nossos ouvidos e eu sorrio, sabendo que agora só
faltam dois. Volto a acelerar enquanto Katharina tenta abrir o porta luvas, atrás
de algo.
— Precisamos revidar antes que eles acabem atirando nos pneus.
— O carro é blindado, você está segura.
— Não estamos seguros, Dimitri, estamos sendo alvejados, temos sorte
que são péssimos de mira e não acertaram os pneus ainda ou estaríamos mortos
agora.
— Não se preocupe, eu vou tirar a gente dessa, logo meus homens
estarão aqui.
— Eu posso atirar no motorista do carro da frente, eu tenho uma ótima
mira.
— Você não vai arriscar sua vida!! — falo firme, mas a maldita não me
ouve e quando encontra uma Taurus preta, desprende o cinto, engatilhando a
pistola. — Não faça isso, Katharina, você vai levar um tiro! — grito,
descontrolado.
Ela ignora meu comando e abre o teto solar, virando de costas para mim.
— Katharina, não — grito com ela de novo, mas é tarde demais, ela
coloca a cabeça no teto solar e atira em direção ao carro.
O carro de trás desliza na pista e ela erra o tiro, se abaixando rapidamente
quando atiram em sua direção
— Sai daí, Katharina, senta no seu lugar.
— Eu posso, eu consigo!! — grita e mais uma vez coloca a cabeça para
fora e um tiro é disparado.
Katharina acerta o motorista na testa, porém, antes que ela se abaixe,
atiram nela. Ela cai no banco do passageiro, gemendo de dor, com sangue
escorrendo por sua pele do braço. A Besta dentro de mim ruge, enfurecida,
vendo sua pele pálida se transformar em vermelho sangue.
— Katharina, fala comigo, Katharina!! — me descontrolo, olhando seu
vestido empapado de sangue na lateral.
— Eu estou bem.
O carro deles capota, batendo no carro de trás, mas meu desespero é tão
grande que não consigo pensar em outra coisa a não ser Katharina sangrando no
banco ao meu lado. Sinto uma queimação dentro de mim, uma fúria tremenda
que me acomete.
Ela não pode morrer, ela não vai morrer. Paro o carro no meio da estrada,
tiro o cinto, levanto seu rosto para mim, procurando onde a bala pegou.
— Foi de raspão, Dimitri, eu estou bem — fala, tentando me acalmar,
porém, ver todo aquele sangue não me faz ficar tranquilo, eu quero machucar e
destruir quem fez isso com ela.
Olho para o braço onde o tiro passou de raspão, provavelmente vai deixar
uma bela cicatriz, mas ela ficará bem. Tiro a gravata que uso e amarro seu braço
para conter o sangramento, meu coração está apertado. Nunca pensei que sentiria
tanto medo, medo de perder alguém. Levanto seu rosto para mim e seus olhos
azuis estão presos nos meus, como se por eles ela pudesse enxergar toda a minha
alma podre, ela é boa demais para mim, mas sou egoísta demais para perdê-la.
Beijo seus lábios com uma delicadeza que nunca imaginei que conseguiria ter e
logo me afasto.
— Fique aqui! — digo ao abrir a porta do carro, tiro minhas duas pistolas
Springfield 9 milímetros, cada uma com capacidade de 22 tiros, com extensor.
Caminho em direção aos dois carros batidos no meio da estrada, um dos
homens está jogado no asfalto, morto, com um pedaço de metal no abdômen.
Caminho feito uma fera faminta por sangue, encontro no carro da
esquerda três homens que ainda estão vivos, alimentando minha sede por
sangue. A passos rápidos, chego na frente do carro e atiro contra o ruivo, bem no
olho direto, sorrindo, vou até o outro, que tenta se arrastar entre os destroços,
porém, piso em sua perna cortada pelo vidro e ele grita de dor. Atiro no seu
pescoço, ele coloca as mãos para tentar não sufocar com o sangue, mas é inútil e
deixo-o agonizando, afogado em seu próprio sangue. Vou para o da direita, ele
age rápido, tentando pegar a metralhadora caída debaixo do carro, mas antes que
eu possa matar o desgraçado, ele recebe um tiro na cabeça. Olho para trás, vendo
Katharina atrás de mim, segurando a Taurus com as duas mãos.
— Volta para o carro.
— Eu vim te ajudar — diz, teimosa, e eu percebo que ela não vai me
obedecer.
— Vem — digo, puxando-a para trás de mim, ouvindo o som de carros
vindo até nós e reconheço como os carros da Cosa Nostra — Malditos atrasados.

Eu não vou ficar no carro esperando, não ouvindo os tiros lá fora. Saio
com arma nas mãos e vejo que é no momento certo, pois um dos homens que
nos seguiam estava prestes a pegar uma arma. Atiro na sua cabeça antes que ele
consiga atirar contra Dimitri, que fica vermelho de raiva quando me vê fora do
carro, mas eu não ia ficar lá.
— Consegue lembrar quem atirou em você? — Ele pergunta, olhando de
um carro para o outro, onde dois dos bandidos ainda estão vivos.
— O loiro — digo, apontando a arma para o mesmo.
Os homens de Dimitri se aproximam, cercando o lugar.
— Levem ele para Lorenzo, descubram quem está por trás dessa tentativa
de assassinato. — Fala a um dos seus homens, apontando para o moreno que está
preso pelo cinto de segurança, com as ferragens do carro atravessando seu
ombro.
Dimitri caminha em direção ao loiro de maneira assombrosa, eu nunca vi
seu olhar tão sombrio. Uma aura de horror toma conta do ambiente e temo, pois
é como se a verdadeira Besta estivesse em minha frente. Ele guarda as duas
pistolas no coldre e se aproxima dos destroços do carro, tirando o loiro de lá.
Eu nem havia percebido que estava prendendo a respiração e como todos
estavam em silêncio, apenas ele, a cruel Besta, estava no controle. Ele tira um
punhal da perna direita e, pelo brilho, imagino ser de prata. Na máfia não há
julgamentos, apenas execuções e em um golpe só ele crava a faca na barriga do
criminoso, um sorriso sádico preenche seu rosto quando ele puxa o punhal preso
no homem para cima, a arma vai rasgando o mesmo de baixo para cima, até
chegar à garganta.
Eu nunca tinha visto uma cena tão brutal em minha frente, o sorriso de
Dimitri ficará gravado na minha memória enquanto eu viver, lá está a Besta
italiana, aquela que eu devo temer. Sangue escorre pelo chão assim como os
órgãos do homem, Dimitri tira o punhal de dentro dele e o limpa com um lenço,
assim como suas mãos, depois coloca o punhal de prata no paletó e vai até
Joyner, dando alguns comandos enquanto eu fico estática, olhando para o corpo
destruído do loiro que atirou em mim.
— Limpem essa bagunça antes que a polícia chegue, temos pouco tempo.
Não queremos chamar atenção desnecessária.
Ordena e vem até mim, me levando até o carro. Me sento no banco,
mortificada, Dimitri dá a partida e um estranho silêncio se instala dentro do
carro. Dois dos carros da máfia nos acompanham, fazendo a segurança. A tensão
dentro do veículo poderia ser palpável e me incomodada. Ligo o rádio, me
surpreendendo ao ouvir Kings of Leon. Sorrio, imaginando Dimitri gostando de
rock. Minhas mãos estão tremendo e nem mesmo a melodia de “Use Somebody”
me acalma. Dimitri para o carro no acostamento, solta o cinto e olhou para mim.
— Você está bem? — Pergunta preocupado, tocando meu rosto com tanta
delicadeza que parece ter medo que eu me quebre.
Sinceramente, eu não sei o que acontece, poderia culpar o estado de
choque por presenciar um assassinato tão brutal, a adrenalina da perseguição ou
quem sabe essa coisa estranha que nos liga. Não sei como começa, mas quando
dou por mim, estou sendo devorada por seus lábios. Meu corpo entra em
combustão, eu precisava do seu toque, é como se a sua Besta tivesse despertado
uma chama dentro de mim. Eu precisava de mais, muito mais para me sentir
satisfeita, uma luxúria torturante me consome. Dimitri me puxa para o seu colo,
no banco do motorista, me pressionando contra o volante, com as pernas abertas
e bem em cima do seu pau duro. Enquanto isso, sua boca duela contra a minha
em uma batalha deliciosa.
A minha calcinha já estava molhada, não consigo entender o poder que
ele tem sobre mim, pois basta um toque e eu desmorono. Dimitri aperta um
botão no painel e puxa o banco para trás, assim, eu me sento completamente
sobre ele, sua boca vai para o meu pescoço e eu gemo alto arranhando seus
braços por cima do paletó.
— Ninguém vai tirar você de mim!! — fala e em um gesto brusco e me
faz inclinar para trás, enquanto puxa minha calcinha de renda, rasgando-a.
O mundo lá fora desaparece ao som de "Sex on Fire". Dimitri abre as
calças, afasta a boxer e me penetra. Consumidos, era assim que nós dois
estávamos sendo consumidos pelo sexo e pelo fogo que ardia entre nós dois,
subo e desço do seu membro, me sentindo alargada. Puxo sua camisa,
arrebentando os botões, para sentir seu peito malhado pressionado ao meu.
Minhas unhas deslizam pela sua pele enquanto ele morde meu pescoço, me
fazendo gritar quando o orgasmo me atinge e estremeço, convulsionando de
prazer, mas ele não para aí.
— Seu cheiro me vicia — diz enquanto desce brutalmente o decote do
meu vestido, o rasgando.
Sua língua desliza dos meus seios até meu queixo e em seguida morde
meus lábios, beijando minha boca. Dimitri leva suas mãos ao meu cabelo, que já
estava bagunçado e me surpreende ao puxar dois grampos e prendê-los em meus
seios. O sangue desce para os bicos, os deixando rígidos e doloridos, os lábios de
Dimitri lambem e chupam um, depois o outro, a dor misturada ao prazer me leva
a um novo orgasmo.
Rebolo feito uma louca sobre ele, suas mãos apertam tão forte minha
bunda contra seu pau que tenho certeza que ficarei toda marcada, mas nada disso
importa, apenas a luxúria, que nos cega. Mordo seus lábios, enlouquecida,
quando outro orgasmo arrebatador me acomete. Desabo sobre ele, sentindo
Dimitri fechar os olhos, gozando tão forte que faz meu corpo inteiro se arrepiar.
Quando a névoa de prazer se esvai, me dou conta do que estava fazendo
e onde, do seu colo, sentindo meu braço doer e percebendo que a gravata de
Dimitri estava encharcada, provavelmente devo ter me ferido mais pelo esforço.
Olho pelo retrovisor, vendo os carros dos homens de Dimitri parados atrás da
gente e me pergunto se eles conseguiam ver dentro do Porsche, fico vermelha só
de imaginar eles observando o que acabamos de fazer.
— Não se preocupe, o vidro é escuro demais para que eles consigam ver
o que está acontecendo aqui. — Assegura, fechando o zíper da calça e voltando
o banco para a posição.
Fecho os olhos envergonhada.
— Merda, por que o demônio tem que ser tão tentador, eu só posso estar
possuída. — Murmuro, pensando comigo mesma enquanto tento arrumar o que
sobrou do vestido, já que a calcinha virou trapos.
Estava tão cansada por tudo que havia acontecido naquela noite, que eu
mal percebi quando Dimitri estacionou no hotel II San di Catania o mesmo hotel
que pousamos ao chegar de helicóptero. Dimitri estaciona na entrada e logo um
dos responsáveis vem para recolher o carro, abre a porta para mim e saio
segurando a frente do vestido. Dimitri vem até mim e me pega no colo, me
constrangendo na frente de todos os funcionários do hotel, que olham para nós
dois curiosos.
— Eu posso andar — digo baixo para que apenas ele possa ouvir.
— Você perdeu muito sangue, chega de atividades por hoje — diz,
autoritário e minha vontade é de socá-lo, mas meu corpo está realmente fraco, a
ponto de desmaiar.
Me lembro de entrar no elevador e depois disso apago, exausta.

Acordo com a boca seca e uma dor intensa no braço direito, abro os
olhos e me vejo em uma cama com lençóis de seda. Me sento com cuidado e
percebo que estou em um belo quarto de hotel, olho para o meu braço, com um
curativo grande e percebo que levei pontos. Puxo os lençóis que estão sobre meu
corpo e me vejo nua e estranhamente limpa, provavelmente alguém me deu
banho. Me levanto com cuidado, me enrolando no lençol.
— Preparem tudo para a minha volta, eu não quero saber quem vocês vão
ter que subornar ou o que vai ser preciso fazer, mas eu quero todos os Calvatário
mortos. Michelle pagará caro por essa afronta! — Grita Dimitri da sacada do
quarto, com um copo de uísque na mão, enquanto fala com alguém no telefone.
— Foda-se, Vicenzo, a minha ordem já foi dada! — grita e agora sei com quem
— Todos, todos eles, exatamente, mandem os capos se prepararem, quero tudo
pronto quando voltar à Palermo.
Abro a porta da sacada, fazendo com que Dimitri se vire para mim.
— Preciso desligar, Vicenzo, faça o que eu disse! — Diz e em seguida
desliga o telefone. — Há quanto tempo está aí? — Ele pergunta, colocando o
copo sobre a mesa.
— Acabei de acordar, foi você quem fez o curativo?! — Pergunto,
apontando para o meu braço.
— Mandei vir um médico para te examinar enquanto estava desmaiada, a
bala pegou de raspão, mas foi preciso dar seis pontos para estancar o
sangramento. Também te dei um banho para tirar todo aquele sangue do seu
corpo.
— Obrigada.
— Não precisa agradecer, é meu dever cuidar de você, vou pedir que o
serviço de quarto traga o café da manhã, você precisa se alimentar.
— Você não parece ter dormido muito.
— Não dormi, tinha coisas importantes para resolver — diz, se
afastando, indo até a porta, porém, antes que ele saia eu pergunto.
— Dimitri quem é Michelle Calvatário?
— Um homem morto...
Caos, tudo está um verdadeiro caos. Odeio não ter o controle em minhas
mãos, estou acostumado a controlar tudo e todos. Eu deveria ter previsto que
isso aconteceria, Calvatário está a minha espreita a tempo o suficiente para eu
imaginar que tudo que ele precisava era um momento de fraqueza, um descuido
e ele colocaria fim à minha vida, tomando o controle da família. E eu dei isso de
bandeja ao sair daquela festa sozinho, sem meus homens, e pior, coloquei a vida
de Katharina em risco.
Meu descontrole quase custou nossas vidas, inferno, justo eu que me
orgulhava do meu alto controle agi como um soldado amador.
Dou ordens para que Vicenzo reúna os capos da família e chame nossos
informantes dentro da família Calvatário para serem interrogados e descobrirmos
se eles fizeram jogo duplo ou não sabiam da armadilha. De qualquer forma, eles
falharam com a Cosa Nostra e pagariam caro por isso. Eu tenho a cabeça cheia
de merdas, meu mundo sempre foi brutal, cruel e inconstante.
Alesso, meu capo, foi responsável por colocar três dos seus homens
dentro da família Calvatário, então ficou a cargo dele conseguir as respostas que
preciso.
Volto para a suíte presidencial do hotel, onde provavelmente Katharina
tomava seu café da manhã, e conforme o elevador privativo sobe, eu lembro do
seu corpo pálido e desacordado, com suas roupas sujas de sangue. Meu corpo
ferve de ódio, sua teimosia quase a levou de mim. Fecho os olhos e tento não
lembrar do momento em que ela colocou a cabeça para fora do teto solar e levou
um tiro. As portas se abrem, tirando-me dos meus devaneios, caminho até a
suíte, entrando e de cara noto a mesa posta para o café da manhã intocada, o som
que vem do banheiro me alerta que Katharina ainda não saiu do chuveiro.
Enquanto aguardo ela terminar seu banho, pego algo que trouxe para a
viagem na minha mala, colocando sobre a cama e aguardo ela passar pela porta
com os cabelos molhados usando apenas uma pequena toalha branca. Deixo o
que estava fazendo e caminho em sua direção, a fazendo estancar seus passos e
olhar para mim fixamente.
Apenas dois passos e estou sobre ela, pressionando-a contra a parede,
minhas mãos vão para seu pescoço, seus olhos se arregalam, mas ela não
protesta, então minha boca vai diretamente aos seus lábios rosados.
Nunca fui de beijar, para mim é íntimo demais deixar uma submissa me
beijar. Mas não beijar Katharina seria um sacrilégio, seus lábios foram feitos
para beijar e morder.
Aperto seu pescoço com força enquanto beijo sua boca, roubando seu ar
e ela não luta, não se debate ou tenta escapar. Katharina morde minha língua
com força e chupa o sangue que escorre da mesma. Solto seu pescoço apenas
para erguê-la em meus braços, a toalha já se encontra no chão, seu corpo nu está
colado ao meu. Nossos olhos não desgrudaram um do outro nem mesmo quando
arremesso seu corpo contra a cama, arrancando um gemido de surpresa dela.
— Tem noção do que poderia ter acontecido se aquele tiro fosse um
pouco mais para cima?! — Digo com raiva, olhando para ela.
Abro os botões da minha camisa social ficando apenas de calça.
— Se não tivesse feito nada, poderíamos estar mortos, então não me
arrependo — fala, teimosa, mordendo os lábios sem tirar os olhos do meu peito.
— Você merece ser castigada para aprender a me obedecer.
— Você está brincando, não é? — fala debochada.
— Não, amore mio, você não tem noção do quanto eu gostaria de
espancar essa bunda branca com a minha chibata, mas não farei isso, não hoje,
quando você ainda não está bem.
— Como se eu fosse deixar você me espancar — diz, teimosa.
— Ah, bella mia, seu castigo será tão prazeroso para mim, você não tem
ideia. — Falo, pegando sua perna e só então ela percebe as correias de couro em
cima da cama.
— O que você pretende com isso? — ela questiona, mas sei que está
excitada com a expectativa do que irei fazer, no entanto, como uma boa brat, ela
prefere lutar contra.
— Adivinha, bella mia — falo, me ajoelhando, prendendo seu pé na
correia e no dossel da cama, Katharina luta, mas o ombro ferido a impede de
continuar. — Quietinha, não queremos que abra o ferimento.
— Eu não sou um brinquedo, Dimitri.
Ela tenta se soltar, mas sou mais rápido e prendo sua outra perna no
dossel, deixando-a toda aberta para eu castigá-la.
— Não, amore mio, você é muito mais que isso, você é minha esposa
teimosa, que precisa de um castigo.
— Não ouse — ela fala quando escorrego minhas mãos por suas coxas.
— Eu posso sentir o cheiro da sua excitação, bella mia, mas fique
sabendo que seu castigo será ficar sem gozar.
— Não seja um babaca, Dimitri, me solta daqui.
— Apenas quando eu conseguir o que quero, bella rosa. — Digo, dando
um tapa forte na sua coxa, admirando as marcas que ainda estão na sua pele, da
nossa primeira noite.
Porra, como ela pode ser tão perfeita, apenas de ver minhas marcas em
seu corpo e eu já fico tão duro que aposto que, com um mínimo toque dela, eu
gozaria.
Subo sobre seu corpo, tomando cuidado com seu ombro, pego-a pelo
cabelo, fazendo seu corpo se curvar para mim e beijo sua boca com brutalidade.
Vou descendo minha boca em direção ao seu pescoço, Katharina grita quando
mordo o mesmo e vou descendo meus lábios até seus seios fartos, os bicos
rosados estão duros de excitação. Ela tenta lutar, mas eu sei que ela gosta de ser
dominada. Mergulho minha boca naqueles peitos gostosos, chupando com força
enquanto Katharina apenas se contorce. Com a mão livre eu belisco o biquinho
do seio direito enquanto o esquerdo era mamado.
A safada não aguenta, soltando um gemido rouco e puxa meu cabelo,
esfregando meu rosto mais e mais nos seus montes carnudos. Devagar, eu vou
descendo meus lábios pelo seu umbigo e passando lentamente por toda sua pele
pálida em direção a sua boceta, que está escorrendo de tesão, mesmo ela
tentando negar. Olho para Katharina e a vejo de olhos fechados e com boca
aberta, sedenta por um orgasmo.
— Nunca mais vai colocar sua vida em risco como hoje. — Falo, dando
um tapa forte na sua boceta e ela treme.
— Merda, Dimitri, para de me torturar!! — ela grita.
— Eu só estou começando, bella rosa.
Olho para sua boceta rosada, toda molhada e sinto minha boca encher de
água, seu sabor ficou gravado em minha mente. Inferno de mulher tentadora,
Katharina parece uma deusa assim, toda aberta para mim, uma perfeita Afrodite.
Enfio a língua bem devagar no meio daquela boceta, ela geme e eu
avanço, penetrando-a com a língua. Ela se contorce, tentando gozar, mas eu tiro
minha língua do seu clítoris e chupo os grandes lábios. Abro bem sua boceta e
passo meus lábios de baixo para cima, do seu cuzinho até seu clítoris, Katharina
fica a cada segundo mais molhada.
Seu sabor escorre pela minha boca, mas não a deixarei gozar. Bem
devagar, vou descendo até a sua bunda gostosa, abro bem e vou enfiando a
língua no seu cuzinho, seu corpo se arqueia, porém, antes que ela tenha seu
orgasmo eu me afasto e estapeio sua bunda.
— Merda, Dimitri, eu te odeio.
— Eu sei, amore mio, pode me odiar, acontece, desde que não coloque
sua vida em risco novamente — digo e coloco dois dedos dentro da sua boceta,
mas não mexo, não do jeito que ela quer. — Não vejo a hora de ter meu pau aqui
— digo, chupando seu cuzinho gostoso, vendo sua pele arrepiar.
— Nem fodendo que vou deixar isso acontecer!!!
Acerto outro tapa, dessa vez em seu seio e ela se cala surpresa. Tiro meus
dedos molhados da sua boceta e lentamente vou colocando no seu cuzinho.
— Merda!! — Geme, fechando os olhos, sei que ela ama a dor.
Lentamente deslizo o dedo dentro do seu buraquinho apertado, porém,
antes que ela chegue ao limite, eu paro. Katharina abre os olhos, olhando-me
frustrada e vermelha de raiva.
— Você tá brincando comigo não é!? — Fala, inconformada.
— Esse é seu castigo, amore mio — digo, soltando as amarras libertando
suas pernas.
— Nunca achei que você fosse o tipo de homem egoísta — ela tenta
atacar meu ego para que eu de o que ela precisa.
— Como eu disse, esse será o seu castigo, querida, agora venha comigo,
eu vou te ajudar no banho para garantir que você não vá se tocar — falo com um
sorriso provocador no rosto e ela bufa, se levantando da cama indo para o
banheiro.

Olho para a revista em minhas mãos e não consigo acreditar no que


estava vendo. Era como ver a minha vida sendo vivida por outra pessoa, minha
vida sendo roubada de mim por uma maldita bastarda russa.
Na capa da maior revista de fofoca da Itália está ela, a vadia russa, ao
lado do meu amor e a manchete de destaque diz:
"O solteiro mais disputado da Itália foi fisgado pela belíssima herdeira
russa. Ninguém sabe quando foi realizado o casamento ou há quanto tempo eles
estavam noivos. Mas, nossas fontes dizem que o casamento ocorreu na Rússia e
que o casal está muito apaixonado."
"Para as solteiras da Itália, não fiquem tristes, ainda restam dois dos
irmãos Salvatore solteiros."
Fecho os olhos e me lembro da última vez em que estive nos braços dele,
foi tão intenso, ele me jogou sobre a mesa do seu escritório, depois de chegar do
almoço. Ele estava tão enfurecido, foi tão bruto que me marcou toda e se eu
fechar os olhos ainda posso sentir o chicote de couro estalando na minha pele.
Dimitri nunca ficou tanto tempo sem foder, estava acostumada a ver ele
com as outras escravas, pois sabia que mesmo que ele estivesse com Lany e
Denise, no fim eu era a única que passava mais tempo com ele, não só aqui na
Cosa Nostra, como também na fortaleza. O sorriso da vadia na foto parece
zombar de mim e em um ataque de fúria eu me descontrolo e começo a rasgar
toda a revista, derrubando tudo que está sobre a minha mesa. Chorando de ódio
eu destruo toda sala.
Me encolho na parede e choro, amarga.
— Eu não vou perdê-lo, Dimitri é meu e de mais ninguém, ela não vai
tirar ele de mim — digo, soluçando. — Eu preciso acabar com essa miserável.
Depois da maldita prova até o Vicenzo, que achei que era meu aliado, virou para
o lado daquela bastarda. Eu preciso quebrar toda essa confiança que eles estão
botando nela, de alguma forma eu preciso fazer Dimitri odiá-la, aí sim será fácil
me livrar dessa maldita russa.
Me levanto, renovada com a ideia que me vem à mente, limpo meu rosto,
sorrindo, ajeitando meus cabelos.
— Você não é páreo para mim, maldita — falo, pisando bem em cima da
imagem do rosto dela, que sobrou dos pedaços da revista.
Saio da minha sala e grito pelo nome da imprestável da Eudora.
— Desculpe, senhora, eu estava organizando os balancetes que a senhora
pediu — ela fala, chegando toda atordoada.
— Seja menos imprestável, sua lerda, estou saindo e quero que você
limpe toda a minha sala e organize tudo.
— Certo, vou chamar o pessoal da limpeza.
— Nada disso, não quero essas pessoas estranhas na minha sala, você é
quem vai limpar, volto só na parte da tarde e espero que tudo esteja do jeito que
gosto.
Nem ouço sua resposta, entro no elevador, saindo do prédio, vou direto
para o centro de Palermo, entrando no shopping, confirmando novamente se ele
estará a minha espera.
Entro na praça de alimentação e vejo Marcelo na mesa, me esperando. O
conheci quando precisei entrar em contato com um zoológico, atrás de uma
maldita fêmea para aquele animal estúpido que ele tanto cuida.
— Buongiorno, Marcelo.
— Buongiorno, senhorita Sortini, é um prazer revê-la depois de tanto
tempo. Confesso que fiquei curioso com o motivo da sua ligação e desse almoço.
— Imagino que sim, vamos nos sentar, temos muito a conversar. —
Sorrio, sabendo que em breve Katharina não será mais um obstáculo para a
minha felicidade.

A viagem é rápida, eu odeio surpresas e detesto não saber o que vai


acontecer, mas pelo menos a expectativa para chegarmos distrai minha mente
daquele quarto de hotel. Sinceramente, não sei o que está acontecendo, basta um
toque dele e eu me rendo, o infeliz tem uma boca maravilhosa e nunca senti um
tesão tão grande.
Sinto meu corpo frustrado e juro que assim que chegar em Palermo vou
comprar um belo vibrador, não vou depender de filho da puta nenhum, sorrio só
de imaginar.
O helicóptero faz uma manobra e fico sem fôlego quando percebo onde
estamos. O grande vulcão está bem na nossa frente e do alto eu posso ver toda a
grandeza e beleza da Europa Continental e o único vulcão a ter entrado em
erupção nos últimos cem anos.
— Imaginei que você ia gostar de conhecer a cidade arqueológica de
Pompeia — fala Dimitri, olhando para mim.
Nem consigo responder, estou encantada com a beleza da bela cidade de
Nápoles.
O helicóptero pousa e Dimitri me ajuda a descer, alguns seguranças nos
esperam do lado de fora. Entramos no carro, que nos aguarda e fico ansiosa para
conhecer Pompeia, a cidade histórica romana que foi totalmente destruída pela
erupção do grande vulcão Vesúvio.
A cidade foi totalmente soterrada pelas cinzas e lava do vulcão, quase
vinte mil pessoas conseguiram escapar, porém muitos dos habitantes da cidade
foram mortos pela grande erupção. A cidade de Pompeia foi redescoberta em
meados do século XVIII, aparentemente intacta. Ela estava completamente
soterrada pelos detritos da erupção e pelo que li hoje é o mais importante sítio
arqueológico da era romana. E um dos lugares mais visitados em toda a Itália.
Entramos no carro, indo em direção onde está a cidade.
— Contratei uma guia turística para te mostrar toda cidade, mesmo
achando que provavelmente eu, como bom italiano, seria um guia melhor que ela
— fala, se gabando.
O carro para na entrada do sítio arqueológico, a natureza é realmente
impressionante e de um ar rústico e fascinante. Dimitri abre a porta para mim e
segura minha mão, nos guiando até a entrada da cidade. Uma ruiva de olhos
claros nos esperava na entrada.
— Bom dia, vocês devem ser o senhor e senhora Rinna?
— Sim, você é a guia turística e arqueóloga Marina, correto?
— Sim, eu mesma, é um prazer imensurável conhecer o senhor. — Ela
fala, quase escorrendo baba pela boca.
— Vamos, estou ansiosa para conhecer a cidade.
— Claro, senhora — diz, tentando disfarçar o constrangimento e nos
entrega dois folhetos, um que conta a história de Pompeia e outro com o mapa da
cidade, para que possamos nos localizar.
— A cidade é surpreendente, já tinha visto fotos de Pompeia, mas nada
se compara a estar aqui vendo com meus olhos dois mil anos de história. —
Digo.
— O sítio arqueológico retrata o melhor exemplo da vida na Roma
antiga. A maioria dos turistas vem pela estação de trem, que foi construída após
a descoberta da cidade, muito ainda está sendo escavado e descoberto, mas tenho
certeza que o senhor vai amar conhecer a cidade — fala a ruiva, ignorando que
eu estou aqui.
Dois portões nos indicam a entrada da cidade. Pego meu celular para tirar
várias fotos.
— Esses portões costumavam ficar abertos durante o dia, devido ao
comércio intenso na cidade e durante a noite era totalmente fechado e vigiado
por conta das invasões. — Fala Dimitri, apontando para o portão.
Logo que nós entramos, podemos ver onde deveria ser o Porto.
— É importante relembrar que Pompeia era uma cidade litorânea e foi o
monte Vesúvio que mudou isso trazendo terra e muito detrito, mudando todo o
lugar. — Fala a guia.
Reparo que as ruas são todas de pedras grandes, rudimentares, o que
demonstra o quanto à população de Pompeia era evoluída.
— Esse grande salão que vamos entrar é o fórum da cidade e lá atrás é o
templo de Júpiter. Aqui, onde podemos ver apenas um andar, na verdade eram
três. O templo de Júpiter é um dos mais importantes para os romanos na cultura
grega, ele o deus júpiter também era chamado de Zeus e sua estátua está
praticamente intacta.
Dimitri está tão tranquilo, me contando sobre a cidade, que chego a
estranhar, em nada se parece com o mafioso italiano que conheço. Quem nos vê
apenas imagina que somos um casal de turistas conhecendo a bela cidade.
Conhecemos a cúria, uma espécie de prefeitura da época, o templo, a
basílica que na verdade era o tribunal e a praça onde acontecia o grande
comércio.
A voz da tal guia já estava me irritando e nem mesmo a beleza de
Pompeia conseguia aplacar a voz de galinha que ela tem.
— Katharina, vem, você precisa ver o banheiro público da cidade, é um
dos lugares mais peculiares de Pompeia — Dimitri me chama, ignorando a guia
que queria nos levar até a via da Abundance. — Não precisa nos acompanhar,
senhorita Marina, daqui em diante eu mostro o resto da cidade para minha
esposa — ele diz friamente.
Um dos homens de Dimitri se aproxima e a acompanha para a saída do
local.
— Aqui era a área separada para os homens e do outro lado à área das
mulheres. Olha lá para cima — ele aponta para um rosto entalhado em mármore.
— Aquele ali é Netuno, na mitologia grega, Poseidon, o Deus dos mares.
Tiro várias fotos e fico encantada com o passeio. A cada segundo eu fico
mais apaixonada pela Itália. Dimitri se mostra gentil e me aponta todos os
detalhes da cidade, mas o que mais me choca são os corpos das vítimas do
vulcão.
— Muita gente que vem aqui, vê esses moldes e acaba confundindo com
corpos carbonizados da erupção, que ficaram naquele formato, mas não é bem
assim. O que aconteceu foi que a erupção foi tão intensa, que os gases tóxicos
das cinzas sufocaram as pessoas imediatamente e ao mesmo tempo foram
soterrados. Somente depois foi que essa terra se solidificou e mais tarde os
cientistas acabaram descobrindo esses espaços vazios e decidiram preencher
com gesso. — Fala sorrindo, apontando para o corpo.
— Isso é incrível, eu sempre imaginei que eram os corpos das vítimas do
vulcão — falo chocada com a imagem de uma estátua.
— Dois mil anos depois esse é o lugar mais visitado de toda Pompeia —
explica Dimitri, indicando a porta de uma casa — Esse é um dos bordéis da
cidade — fala, indicando para que eu entre. — Ele costumava ser chamado de
Lupanare, dizem que é por conta das prostitutas, que eram chamadas de lupi
devido aos sons que elas faziam para atrair as clientes.
É um lugar bem simples, com alguns desenhos pornográficos na parede,
até mesmo nomes de algumas das garotas que provavelmente trabalhavam aqui.
Toco a parede de pedra e imaginei quantas mulheres passaram por esse lugar e
quantas histórias aconteceram aqui há dois mil anos atrás. Os seguranças de
Dimitri bloqueiam na porta e ninguém mais entra, então posso aproveitar e
fotografar bem o lugar, pretendendo enviar para minha mãe, que é apaixonada
por história e arqueologia.
Dimitri me assusta quando se aproxima de maneira impetuosa, seu olhar
está carregado de desejo. Engulo em seco, sem saber o que ele vai fazer.
— Coloque as duas mãos contra a parede.
— Você tá brincando, não é? Qualquer um pode entrar aqui.
— Ninguém irá entrar, eu garanto — ele rosna.
Sua mão sobe para a minha garganta, apertando-a levemente entre os
dedos.
— Você me ouviu, bella mia. Curve-se e coloque as mãos na parede,
agora — diz, com sua voz de comando e eu confesso que mesmo não querendo,
a traidora da minha boceta já estava encharcada. Eu faço como me foi dito, apoio
minhas mãos contra a parede enquanto ele se move atrás de mim. Suas mãos
encontraram minha bunda e eu engasgo quando ele empurrou meu vestido para
cima.
— Eu deveria castigá-la por mais tempo, você não merece recompensa,
não depois de ter se arriscado ontem, mas eu vou enlouquecer se não foder você
duramente contra essa parede.
Fecho os olhos tentando segurar um gemido, o medo de alguém nos
pegar aqui apenas me deixa mais excitada, sem contar que os seguranças
poderiam ouvir o que estávamos fazendo. Totalmente imoral, profanando a
cidade. Deus, eu não deveria fazer, não deveria, mas seria mentira se dissesse
que não o queria dentro de mim.
Suas mãos são rápidas, afastando minha calcinha e ouço o zíper da sua
calça abrindo.
— Muito bem, mi amore. — Diz com os dentes cerrados, sua palma
sobre minha bunda e seu pau me alargando por trás.
A posição não ajudava a conter os meus gemidos, mas eu já não estava
ligando se era tão errado, tão sujo. Eu só queria gozar. Dimitri mete sem dó nem
piedade em minha boceta, enquanto eu mordo meus lábios para não gritar. Ele
puxa meu cabelo para trás e beija meu pescoço. Ele é tão rápido e duro que logo
me vejo gozando. Ele não me dá um segundo para respirar, me vira de frente
para ele, beijando meus lábios fortemente, erguendo minhas pernas colocando-
me em seu colo, assim mesmo, em pé, com apenas seus braços me sustentando e
me fode de maneira devassa. Eu o ouço rosnar de prazer e de tesão, com seus
olhos famintos colados em mim. Inclina seus lábios suavemente para, em
seguida, morder meu pescoço e eu ofego, querendo gozar.
— O que você quer, Katharina, do que você precisa? — Ele pergunta.
Ele estava me provocando, eu sabia disso, ele é um predador e eu sou
apenas a sua caça.
— Me faça gozar — falei de uma vez e é o bastante para ele intensificar
os golpes e juntos desabamos em um devastador orgasmo.
Não consigo nem olhar na cara dos homens de Dimitri depois de
Pompeia. Almoçamos em Nápoles, em um restaurante acolhedor de um dos
"amigos" da Cosa Nostra.
Depois da manhã maravilhosa e começo de tarde, estávamos mais uma
vez no helicóptero, porém, dessa vez um clima fúnebre, tenso já tomava conta de
nós dois. Voltar para Palermo é como voltar para a realidade e como um tapa na
cara para a vida real. Quando caminho junto de Dimitri para a entrada da
fortaleza, eu estremeço, me sentindo uma completa imbecil ao ver Natasha se
atirando em Dimitri assim que passamos pela porta de entrada. Solto sua mão,
como se ele estivesse contaminado de radiação. Sinto nojo, asco de mim mesma
por ter me deixado levar pela luxúria e pelo desejo quando na verdade sei que
não passo de mais uma na cama desse mafioso de merda.
Dimitri afasta o toque de Natasha, com raiva e olha para ela duramente.
— O que está fazendo aqui?
— Eu vim ver como estava, Vicenzo comentou sobre o tiroteio e fiquei
preocupada. Não consegui pregar o olho essa noite de tanta preocupação — fala
a cobra fingida.
— Ah, Hollywood está perdendo uma grande atriz. Eu posso saber o que
tá fazendo aqui, cyka?
— Não sabia que estava proibida de vir na casa onde morei por tanto
tempo.
— Pensei ter deixado claro o que aconteceria com você caso botasse os
pés aqui novamente.
— Vá, Natasha, avise Lorenzo que em meia hora quero todos para a
reunião — ele fala, dispensando a cadela, porém eu nem espero a cobra sair, viro
as costas e subo as escadas direto para o quarto, sentindo toda a alegria de mais
cedo evaporar.

Katharina sobe para o quarto sem nem mesmo olhar para trás e minha
cabeça começa a latejar. Eu poderia ir atrás dela e ensiná-la a não virar as costas
para mim, porém não tenho tempo a perder com essas futilidades de mulher.
Uma hora ou outra ela terá que entender que Natasha não é uma ameaça ao seu
posto, ela sempre será a minha esposa, a senhora da máfia, mas um homem
como eu precisa de várias submissas para o meu desejo sádico. Vicenzo me liga
avisando que já estão todos me aguardando na sede. Antes de sair da fortaleza
me certifico que a segurança seja redobrada e proíbo a saída de Katharina. Não
quero ela fora desses muros enquanto Calvatário estiver respirando.

Em pouco tempo chego à sede da Cosa Nostra, vou direto a sala de


reuniões, encontrando todos a minha espera. Assim que entro todos se levantam,
vou para minha cadeira, me acomodo e só então começamos a reunião. Sentados
ao redor da mesa estavam todos os meus capos, todos aflitos. Foram horas de
reunião e não conseguimos descobrir como o maldito Calvatário sabia da
viagem.
— Não acho aconselhável agirmos hoje. O melhor seria planejar antes.
— Sou obrigado a concordar com o conselheiro. A avenida é muito
movimentada e muitos civis estão na rua — fala Alesso, chefe da família
Luchese, o que me faz olhar para ele e tentar entender quando foi que um dos
capos da família se tornou um fraco.
— Nós somos a maioria, foda-se o desgraçado do Michele Calvatário, ele
não se conforma com o golpe contra o Navarro, onde nosso Boss tomou o
controle da Cosa Nostra, mas no fim ele não passa de um farabutto. — Fala
Dante, da família Bruschetta.
— Tivemos muito trabalho para limpar o local, foi sorte que nem a
imprensa nem a polícia chegaram durante o tiroteio. — Fala Vicenzo, me
irritando.
— Nada que um suborno não dê jeito — diz Damon Camorra.
— Nosso informante confirmou que hoje à noite acontecerá a festa de
aniversário do neto de Michele, filho de Giovane. O garoto tem onze anos e tudo
indica que o bambino chegou à idade para começar o treinamento. Sua esposa e
noras estarão lá.
— A casa do estronzzo está sendo vigiada. Qualquer movimentação e
saberemos no mesmo minuto. — Fala Lorenzo, colocando algumas fotos tiradas
pelo informante, da entrada da casa de Calvatário — Nós podemos invadir a casa
dele pela manhã. O miserável está quebrado.
— A família não tinha tanto poder, são poucos homens vigiando a casa,
os poucos que restaram da família Navarro e que o apoiam estão em Taormina.
Meu esquadrão está preparado para invadir o galpão dele na hora que
precisarmos — fala Juliano que, mesmo sendo o mais velho do grupo, ainda
mantém o sangue siciliano forte nas veias.
— Eu penso que o melhor...
Levanto a mão, calando Alesso antes que ele fale mais alguma merda.
— Esta reunião não foi convocada com o intuito de saber a opinião de
vocês,, a respeito de Calvatário. O conselho foi convocado para anunciar que
esta noite estaremos dizimando toda a família.
— Isso acaba hoje, nenhum Calvatário viverá um dia a mais.
— A sentença foi dada e a sentença será cumprida — falam todos,
cumprindo o código da Omertà, conjuntos de lei, códigos e ordens da Cosa
Nostra.
Em menos de três horas tudo já estava pronto, Daniela, nossa hacker, já
tinha interceptado todas as câmeras de segurança da avenida Lazio, como
também da restaurante onde a comemoração aconteceria. Quatro dos nossos
homens já estariam dentro da casa, enquanto a maioria chegaria de carro e
cercaria o local.
— As mulheres e o menino devem ser poupados — diz Vicenzo.
— Nenhum Calvatário deve sair vivo essa noite! — Digo, amargo. —
Foi por causa dessa maldita família que minha mulher e eu quase morremos. Em
primeiro lugar, nunca deveríamos ter poupado eles quando derrotei Navarro,
naquela época Michelle já demonstrava que não aceitaria a derrota do seu
padrinho facilmente. — Falo, me lembrando que se tivesse matado o maldito na
época que tomei o poder de Navarro, nada disso estaria acontecendo.
— Nós não agimos assim — fala Lorenzo.
— Isso não faz parte do código da família, não mexemos com a família.
— Fala Alesso enquanto coloca duas pistolas na cintura.
— Pois isso mudou a partir de agora — digo friamente, desafiando
qualquer um dos capos que queira me contestar.
Todos se calam e continuam a arrumar seus equipamentos para o
massacre.
— Chefe, como seu conselheiro eu recomendo que fique na sede da Cosa
Nostra e nos auxilie daqui, não é preciso que esteja em Lazio se expondo. —
Fala meu irmão, Lorenzo.
— Não perderei a festa por nada — digo de maneira sádica, escolhendo o
rifle Helckeler como arma.
Após colocar minhas luvas de couro, estamos devidamente prontos.
Saímos da sede da Cosa Nostra em direção ao centro de Palermo,
especificamente para a avenida Lazio.
Nossos homens estão vigiando a mesa do Calvatário pelo celular. Já
dentro do carro, a caminho do restaurante, eu vejo o maledeto levantando a taça
para brindar junto com a família. Sorrio, pensando que essa será a última vez que
ele brindará na vida.
No total estamos em sete carros, todos blindados, com placas frias.
Daniela está na sede tomando, conta das câmeras da cidade, assim nos avisará
caso a polícia apareça.
Dante Bruschetta, Alesso Luchese e Vito Genovese estão junto comigo,
cada um em seus respectivos carros. Damon Camorra já está nos esperando do
lado de fora, com seus homens. Apenas Juliano Sacra fica na sede para dar
cobertura a nós, Tom Ndrangreta fica responsável pelo cerco na sede de
Calvatário e Vicenzo, por ser o subchefe, não poderia estar aqui, já que fiz
questão de vir eu mesmo acabar com Calvatário. E, caso algo de errado aconteça
essa noite, ele estaria no comando da família.
Nossos carros param, cercando o quarteirão e tudo começa. Os homens
de Calvatário, assim que nos veem descendo, abrem fogo e o cerco está armado.
Alguns civis gritam, tentando correr quando o tiroteio começa.
Os gritos e sons dos tiros são como música para a minha Besta, a sede
por sangue e morte toma conta de mim e aquela adrenalina familiar me assola.
Aponto minha arma para um dos desgraçados à direita, dou dois tiros certeiros e
ele cai no chão.
O fogo continua, Lorenzo corre em meio às balas, em direção à entrada,
os gritos estão mais altos, se misturando com o som das balas. Alguns dos
nossos homens são atingidos, eu me escondo atrás de um dos carros quando vejo
Damon sendo atingido na coxa.
— Figlio di puttana!!! — ele grita enquanto atira no miserável que o
atingiu.
Alesso corre até ele e o arrasta até atrás de um carro. Com meus passos
calculados, continuo indo em direção à entrada. Um dos miseráveis me pega de
surpresa, atirando em minha direção e antes que a bala me acerte, Lorenzo me
joga no chão.
— Você está ferido?!! — Ele grita, perguntando.
— Me dê cobertura! — falo, fazendo um gesto com a mão.
Abaixo a cabeça com a arma nas mãos e caminho entre os carros e
corpos caídos no chão. Nos esquivamos quando os tiros ficam mais fortes. Dante
corre atrás de um dos homens que tenta fugir com o carro. Sorrio, o vendo pegar
o desgraçado pelo paletó e simplesmente o degolar usando sua faca, a cabeça é
jogada no banco do motorista.
— Tem cinco na porta, eu pego os da direita e você os da esquerda, um
deles está escondido atrás da placa. — Falo, apontando para a entrada do
restaurante.
Nos dividimos e rapidamente eu dou cabo de um dos maledetos, porém
as balas da minha arma acabam. Me jogo no chão antes que um tiro me acerte,
pego as duas pistolas no coldre e com dois tiros certeiros eu acabo com os
últimos dois que ainda restam vivos.
Dante aparece do meu lado, todo coberto de sangue e um sorriso sádico.
— Uma bela noite, meu amigo — digo, rindo ao ver a quantidade de
corpos espalhados pela Lazio. Lorenzo e Alesso vêm em minha direção.
— Onde está Vito? — Pergunto a Damon que, mesmo ferido, caminha
até nós.
— Vito foi ferido nas costelas, ordenei que o levassem direto para ser
atendido pelo médico na sede.
— Como você está, cara? — pergunta Dante, olhando para ele, que ainda
está sangrando, mas se mantém firme, como deve ser.
— Não vai ser essa balinha que vai me parar — ele ri e amarra uma tira
do próprio paletó na perna para bloquear a perda de sangue.
Entramos dentro do Gagini restaurante, quatro dos nossos homens já
tinham rendido toda a família Calvatário e dois seguranças. Os civis estavam
todos apavorados, chorando abaixados debaixo das mesas.
O cheiro de medo e terror pairava por todo o lugar. Meu alvo está com as
mãos na cabeça e uma nove milímetros apontada para si, enquanto suas noras e
esposa choram desesperadamente.
— Deem o fora daqui antes que nós resolvamos dar cabo de vocês
também. — Fala Lorenzo para os clientes e funcionários do restaurante.
— Estejam cientes que o que aconteceu fica aqui, a Cosa Nostra não
perdoa traidores.
Todos abaixam a cabeça e vão saindo um a um, restando apenas nós e a
família Calvatário.
— Bom trabalho, rapazes — falo aos meus quatros soldados que
provaram seu valor essa noite — Agora tirem o resto do lixo — falo, olhando
para um dos seguranças de Michelle que se urina de medo. — Patético, chega a
ser vergonhoso presenciar um covarde desse.
Lucky acerta dois tiros na cabeça do primeiro, que cai sobre uma cadeira
com um buraco do tamanho de uma tangerina no rosto. Cezar abate o mijão, que
ainda tenta correr, mas acaba caindo morto no chão. As mulheres gritam, ainda
mais assustadas.
Pego uma cadeira caída no chão, arrastando-a até estar bem na frente de
Michelle e sua família. Tiro as luvas cheias de sangue, colocando-as no bolso do
meu paletó. Não se ouve nenhum som na sala, apenas os murmúrios das
mulheres assustadas.
Acendo meu charuto cubano e solto a fumaça, sentindo o sabor suave do
tabaco.
— Como as coisas chegaram nesse ponto, eu sinceramente não sei. Você
foi tão infeliz, tão desnecessário, Calvatário, estava pedindo para morrer.
— Você nunca foi digno de ser o Capo dei capi. Não passa de um
impostor, nem sangue das primeiras famílias você tem, não deveria estar nesse
cargo, não possui onore.
— Você, Calvatário, não tem o direito de falar de onore, não passa de um
invejoso desonesto — digo friamente.
— Ah, claro, você é um homem honesto e de honra. Como é mesmo o
nome que chamava Navarro? Il mio capo. Seu pai não passava de um soldado e
você teve sorte de Navarro ter pena de um moleque selvagem de dezesseis anos,
ele o tratou como um figlio.
— E você, como um fracote que sempre foi, não aguentou, não é
Michelle? Nunca aceitou o fato do seu padrinho preferir a mim, a Besta
selvagem, a seu próprio sangue. No fim, você estava certo, Navarro foi apenas
um degrau para minha subida ao poder.
Lorenzo ri.
— Sim, eu mesmo matei o filho da puta e tomei o que queria para mim!
— Digo, entediado com todo esse drama.
— Sempre foi o preferido dele. Ele ensinou tudo que sabia a você e não
imaginava que estava apenas criando uma serpente dentro da família, que o
eliminaria.
— Exatamente, e agora estou aqui para eliminar a família Calvatário. —
Falo, com um sorriso sádico na boca.
— Apenas faça o que tem a fazer e deixe minha família em paz! — Ele
grita.
— Você está morto, caro amigo, homens mortos não dão ordens. — Falo,
apagando o charuto e uma das mulheres começa a chorar desesperada.
— Eu não suporto choro, mate essa mulher de uma vez! — Falo, sem
paciência para a vadia.
Dante puxa a vadia da cadeira pelos cabelos, seu marido tenta impedir,
mas com a arma de Rick na sua cabeça, ele é impedido. Ele a coloca de pé e atira
bem no meio da cabeça da cadela. Seu corpo sem vida desaba no chão.
— Vamos lá, quem é o próximo?!
— Você não pode fazer isso, eles estão protegidos pela Omertà. — Ele
tenta gritar e vir em minha direção, mas é contido pelos meus homens.
— Eu sou a única lei e ordem nesse restaurante, caro amigo, quem faz as
regras sou eu. Você assistirá à morte de toda sua família e quando todos
estiverem mortos em sua frente eu serei misericordioso e livrarei a Itália de um
parva como você.
— Você não pode, seu miserabile de merda!!! — Outro filho tenta
protestar.
— Lorenzo, vamos começar com aquele ali — aponto para Renato, o
sobrinho.
Ele puxa o garoto pelo cabelo e o coloca de frente para Michelle, de
joelhos, para em seguida dar um tiro na sua nuca. Um a um vão sendo mortos,
cada capo faz questão de matar ao menos um Calvatário.
O chão de madeira polida fica vermelho com o sangue maldito, mas
quando chega à hora da sua esposa Magnólia, ele não aguenta e deixa as
lágrimas caírem.
Me divirto com sua cara de pânico quando Lorenzo arrasta o corpo sem
vida da mulher para junto aos outros. Faltava apenas um dos seus filhos, quando
algo inesperado acontece, no exato momento que Lorenzo estava abaixado, tiros
são disparados em sua direção. Todos olharam alarmados para a direção de onde
as balas vêm e tudo acontece muito rápido, meu irmão é atingido no abdômen,
mas revida. Olho estático para o nipote que estava todo esse tempo escondido
debaixo da mesa com uma arma e atirou no meu irmão. O mesmo cai no chão,
com um tiro no pescoço.
— Louis!! — grita Calvatário, em choque ao ver o neto morto. Seu filho
está estático, sem ação.
— Como não viram o menino?! — grito a Rick, que socorre Lorenzo
junto com Damon, que pressiona o ferimento.
Me levanto, tiro a faca da perna, puxo Giovane e corto seu pescoço.
— Nada disso estaria acontecendo se não fosse tão ambicioso, o sangue
da sua família foi parar em suas mãos quando mandou seus homens atacarem a
mim e minha mulher.
Puxo seu corpo para frente, ele não luta, depois da morte de sua família,
é melhor morrer do que viver com a culpa. Em meu ato de misericórdia final,
enfio a faca no seu abdômen e, com toda a força, arrasto-a para cima, o rasgando
inteiro.
A família Calvatário já não existe mais...
Eu não vejo mais Dimitri naquela tarde, tento não pensar no que ele
estaria fazendo na sede, com aquela cadela. Eu não tinha direito de sentir
ciúmes, eu nem mesmo gostava dele, tudo não passa de tensão sexual, de prazer.
Não tem como negar o quanto ele sabe fazer as coisas. A maneira como ele me
dominou contra as paredes de Pompeia foi tão intensa, insana e ao mesmo tempo
extraordinariamente prazerosa. Não posso negar que agora entendo porque essas
vadias se jogam no colo desse canalha, ele sabe como satisfazer uma mulher.
Seja lá o que tiver acontecido nessa viagem, acabou ao chegarmos em Palermo,
não posso e não deixarei pau nenhum me manipular. Não serei mais uma
cachorrinha em sua coleira.
Tomo um banho relaxante, o curativo havia sido refeito e eu não sentia
dor, apenas uma pontada quando movia o ombro. Durmo boa parte da tarde e
quando acordo, a lua já estava alta e nenhum sinal de Dimitri. Estava
acostumada com os jantares pontuais entre os Rinna. Luigi faz um ótimo
trabalho comandando a fortaleza, esse lugar é quase tão grande quanto o que eu
morava na Rússia, entretanto, mesmo encantada com a Sicília, não deixo de
sentir falta de Aslan, da minha mãe e até mesmo do meu pai. Ivana, como ela faz
falta, porém o meu destino é aqui na Itália, na Cosa Nostra e nada que eu faça
irá mudar isso, então darei o toque russo à família.
Sorrio, pensando que eu posso ajudar a salvar Rebeca do babaca
desgraçado do Dante, ainda não sei como, mas tenho que ajudá-la o quanto
antes.
Desço as escadas e encontro Luigi na entrada da sala de jantar.
— Boa noite, senhora, ia chamá-la para avisar que o jantar já está pronto.
— Obrigada, Luigi, Dimitri já chegou?!
— Ainda não, senhora, o senhor Vicenzo pediu para que servisse a mesa
apenas para ele e a senhora.
— Ótimo, sabe me dizer se as mudas que pedi para a reforma do jardim
foram entregues?
— Sim, amanhã mesmo Romeu virá bem cedo, com mais dois
jardineiros, para começar.
— Perfeito, o quanto antes começar, mais rápido essa casa vai ter um
pouco de vida.
— Se me permite dizer, senhora, essa casa começou a ter vida desde a
sua chegada, todos gostamos muito da senhora.
— Obrigada, eu também gosto de todos, falando nisso, não é necessário
que fique trabalhando até tarde, depois de servir o jantar pode se recolher e
descansar, não é fácil comandar uma casa desse tamanho.
Me despeço dele e vou para a sala de jantar, encontrando Vicenzo com
uma taça de vinho na mão, concentrado no celular.
— Então seremos só eu e você essa noite?! — digo, chamando sua
atenção.
Vicenzo olha para mim e sorri, ainda é estranho vê-lo tão simpático.
— Dimitri está resolvendo negócios da família junto com Lorenzo.
Me sento em meu lugar e logo Monalisa serve uma taça de bordo(?) para
mim.
— Eu imagino que ele tenha muitos negócios para resolver, a amante
esteve aqui para mostrar o quanto estava ansiosa para discutir os negócios da
família — falo sarcástica, levando a taça aos meus lábios.
— Natasha esteve aqui? — Pergunta, confuso.
— Sim — falo, pegando os talheres, quando Luigi coloca uma deliciosa
massa com molho bolonhesa no meu prato.
— Natasha não passa de um brinquedo para o meu irmão, ela não é
ninguém importante, não precisa ter ciúmes.
— Não seja ridículo, Vicenzo, eu nem suporto Dimitri e não me importo
com ele, só não quero ser tachada como a corna do ano.
— Não sei qual dos dois é mais cego, sinceramente, não esperava que
meu irmão fosse gostar de alguém na vida, mas você, cara cunhada, está
mudando a natureza da Besta — ele fala, me olhando profundamente e não
posso evitar sentir um arrepio com a intensidade das suas palavras.
— Você está vendo coisas, nem ele e muito menos eu, gostamos um do
outro, Vicenzo, esse é um casamento de fachada, um acordo entre as duas
maiores máfias do mundo.
— Tem razão, não está mais aqui quem falou. — Diz, voltando sua
atenção ao prato.
Vicenzo começa a me contar sobre a Cosa Nostra, eu presto atenção em
tudo que ele vai contando, sobre como Dimitri assumiu o cargo de capo tão
jovem e sem ter um parente na linha direta da família do capo. Ele foi esperto,
mas confesso que senti um pouco de medo ao saber o quanto ele foi cruel e
manipulador, mas o que eu queria, vindo da Besta.
O jantar é agradável, Vicenzo tinha essa casca de babaca insensível, mas
no fundo, ele parecia muito com Aslan, extremamente protetor e leal a Cosa
Nostra, preferiria a morte a trair a família, entretanto havia algo em Vicenzo que
me deixava alerta, uma sombra em seu olhar.
Estávamos na sala de estar, bebendo o que sobrou da garrafa de vinho,
quando sons de pneus cantando nos chama atenção.
— Eles devem ter chegado — diz, alerta e só então eu percebo que já é
bem tarde.
A porta da frente abre e vários homens de Dimitri passam por ela, mas eu
congelo ao ver Lorenzo sendo carregado, coberto por sangue. Dimitri está atrás
dele, com as mãos e os braços cheio de sangue.
— Lorenzo.
Corro em sua direção, assustada, todos param e olham para mim, que
estou apavorada, vendo o estado dele.
— O que aconteceu com ele? — Pergunto, preocupada com a quantidade
de sangue que ele está perdendo.
— Princesa, é você — ele fala com a voz fraca e um sorriso no rosto
abatido.
— Levem ele para o quarto, o doutor Campana já foi chamado. —
Ordena Dimitri.
— A missão foi cumprida? — Pergunta Vicenzo a Dimitri, me irritando.
— Seu irmão gêmeo levou um tiro e vocês dois estão discutindo sobre a
missão!! — me irrito.
— Lorenzo não é um bambino, é um soldado da Cosa Nostra. — Diz
friamente, como se não se importasse se o irmão vivesse ou morresse.
Idiota insensível, penso, virando as costas para os dois, subindo as
escadas.
— Onde você pensa que vai, Katharina?
— Vou cuidar do seu soldado, pelo menos até o médico chegar — digo,
amarga.
— Não é sua obrigação.
— Não importa, Lorenzo ao contrário dos dois babacas, foi o único que
me tratou bem desde que eu vim para essa maldita casa.
— Não quero você no quarto de Lorenzo, o médico já está chegando, ele
vai ficar bem.
O ignoro e continuo subindo as escadas
— Katharina!!! — Ele grita, mas eu finjo não ouvir.
Ao abrir a porta, me dou conta da gravidade da situação, Lorenzo está
pálido, deitado sobre a cama, sua camisa foi retirada então posso ver claramente
o tiro que ele levou. Seu cabelo está molhado de suor, provavelmente pela febre.
— Não se preocupe, ele ficará bem, não é a primeira vez que ele leva um
tiro. Lorenzo é muito mais forte do que parece. — Fala Luigi e me entrega
toalhas limpas e então eu o ajudo a limpar o rosto de Lorenzo, que delira,
falando palavras desconexas, gritando para uma tal de Nora parar. Seu corpo
treme e eu olho para Luigi, aflita, mantendo em sua testa uma compressa fria
para tentar baixar sua febre.
A porta volta abrir e Vicenzo passa por ela junto com Dimitri, que está de
banho tomado ao lado, do médico.

— Não se preocupe, senhora, seu marido ficará bem, a bala não pegou
nenhum órgão — diz o médico olhando para mim e todos na sala se calam, não
dá para ouvir nem mesmo suas respirações.
— Ela não é mulher dele — fala Dimitri com a voz tão fria que
estremeço — Saia, Katharina.
Eu poderia dizer que não, mas sempre me orgulhei de ser uma mulher
esperta e saber a hora certa de atacar e de recuar. Me levanto, dando a volta na
cama e saio do quarto sem olhar para trás. Por um segundo, posso jurar que vi
ciúmes no olhar de Dimitri, balanço a minha cabeça, espantando esses
pensamentos. Uma Besta que não ama nem mesmos os irmãos jamais sentirá
ciúmes de uma mulher.
Relatórios e mais relatórios de autópsias, de perícia; tudo parece um
quebra cabeça e não consigo entender o que liga essas mulheres. Dois novos
corpos foram encontrados e dessa vez nenhuma digital, apenas a marca
registrada do serial killer.
A Besta, um tipo de codinome, um aviso, um símbolo ou um amante de
filmes de terror. Por que Besta: De onde vem esse nome, o que ele quer dizer?!
— Gabriela, o chefe precisa de você, está um caos na avenida Lazio.
— Onde ele está? — Pergunto ao policial, Sergey.
— Lá fora, estão todos sendo mandados para lá, a imprensa está
polvorosa.
— Merda!! — Penso, pegando minha pistola e meu distintivo e
acompanhando-o.
Na sala de reunião, estavam quase todos os policiais da guarnição.
— Duas viaturas já estão controlando os curiosos e a imprensa, mas não
vai demorar muito para a avenida estar lotada. Vou precisar de vocês
investigando cada fio de cabelo da cena do crime.

Em meus oito anos de carreira achei não pudesse me surpreender mais,


mas a cena diante de mim é um verdadeiro massacre. Corpos espalhados por
todos os lados, há marcas de balas nas paredes, vidros quebrados e pessoas
chorando, sendo afastadas pelos policiais e a imprensa notificando tudo com
flashes e mais flashes.
— Isso vai pegar muito mal para a corporação. — Fala o agente Silver,
colocando um lenço na boca para não vomitar ao notar a cabeça de um homem
no banco de um carro.
Olho para cima, procurando e câmeras e vejo pelo menos quatro câmeras
que poderiam ser usadas, se dermos sorte elas conseguiram registrar toda a ação
dos criminosos.
— Recolham as digitais de todas as vítimas. Quero todos fora no
perímetro de cinquenta metros da cena do crime e fechem os acessos para Lazio.
Quero um helicóptero sobrevoando a área, tentando encontrar qualquer
movimentação suspeita.
Meu colega, o detetive Ribert, já estava entrando no restaurante, mas
meus olhos estão tentando calcular por onde tudo começou.
— No total, eu conto pelo menos vinte e dois corpos pelo lado de fora,
mas há rastros de sangue indicando que corpos foram arrastados.
— Provavelmente levados daqui, quem quer que tenha feito isso também
perdeu alguns dos seus e os levou consigo.
— Minha intuição diz que isso é coisa de guerra da máfia, o que também
me leva ao meu caso com o serial killer, tenho certeza que tem envolvimento
com a Cosa Nostra.
Ligo para o novo número do Vitório e rapidamente ele me atende.
— Não combinamos que você não ia me ligar durante o dia? — Fala, se
referindo ao fato de estar infiltrado dentro da única família da máfia que
conseguimos descobrir.
A família Luchese, foi difícil conseguir descobrir o envolvimento dessa
família poderosa com a organização. Alesso Gambino Luchese, viúvo, trinta e
oito anos, empresário e dono de uma cadeia de hotéis na Itália, se não fosse a
sujeira que o finado sogro deixou, jamais saberíamos a ligação dele com a máfia.
A esposa, junto com os pais, morreu nove anos atrás em um acidente de lancha
um tanto suspeito e ele ficou como único herdeiro. Vitório acha que posso estar
errada, mas pelo que eu sei sobre a Organização, ele não recebeu só a fortuna,
como é, sim, um dos capos dentro da Cosa Nostra, ele pode ser o nosso
passaporte para desmascarar toda essa organização.
— Preciso saber se teve alguma movimentação suspeita essa noite.
Houve um massacre e aposto todas as minhas fichas que a Cosa Nostra está
envolvida.
— Bem, eles não me colocaram para trabalhar dentro da casa, por
enquanto eu fico só na segurança externa, nada novo aconteceu. Alesso ainda
não voltou desde de ontem, mas isso não é estranho para um homem solteiro e
com dinheiro.
— Certo, fique de olho caso ele chegue ferido ou algo assim.
— Pode deixar.
— Vitório, tome cuidado, você está no ninho da serpente.
— Eu sei.
Depois de desligar eu entro no restaurante, as portas estavam quebradas,
provavelmente por balas.
— Já interrogaram os clientes e os funcionários? — Pergunto ao agente
Hardy.
— Estranhamente, todos eles contaram a mesma versão, não viram nada,
não sabem de nada e que saíram antes de tudo acontecer e não viram ninguém.
— Foram coagidos — digo, enfurecida.
— Levem eles para a delegacia, serão interrogados um por um até um
deles abrir a boca.
— Farei isso.
Do lado de dentro a cena era pior, corpos do que parece ser uma família
inteira.
— Tem uma criança aqui — fala um agente e todos os sete policiais,
incluindo eu, nos calamos ao ver a pobre criança morta.
Depois do impacto inicial, todos começaram a fazer seu trabalho,
coletando provas juntamente com a equipe da perícia.
Uma cadeira de madeira de frente para a mesa onde a maioria da vítima
está me chama atenção, ela foi posta propositalmente de frente para a mesa da
família. Me abaixo, ficando na altura que a pessoa ficaria sentada ali e encontro
algo que me chama atenção.
— Hardy, me traga um saco de evidência.
Peço ao perceber algo que imagino ser o resto de um charuto cubano e,
usando luvas, recolho a evidência.
— Peça para Ferreira examinar essa evidência e vê se encontra alguma
digital.
— Gabriela, vem ver isso!! — A policial Barbara grita por mim.
Vou até ela, que está abaixada ao lado do corpo do homem mais velho,
entretanto não é o homem morto que me surpreende e sim o corte atravessando
seu peito. Perco o fôlego.
Não pode ser, os meus ferimentos, o mesmo tipo de golpe daquele que
venho perseguindo pelos últimos meses...
A Besta.

O quarto de Lorenzo está praticamente vazio, apenas o médico e eu


ficamos.
O médico da família estava na sede da Cosa Nostra cuidando dos
homens feridos. Então, eu tive que chamar um associado para atender Lorenzo
em casa. O doutor Youssef sabe como funcionam as coisas na família e não
arriscaria sua vida, nem seu bom nome abrindo a boca. A bala de Lorenzo já foi
tirada, ele terminava de dar os pontos, a febre tinha sido controlada, porém
Lorenzo continuava a delirar, implorando para Nora ficar longe dele.
Vicenzo não tinha conseguido ficar quando ouviu Lorenzo dizer o nome
daquela miserável. Dos dois, ele foi o que menos sofreu, mas ainda assim, não
foi fácil pra ele. Meu pai é os únicos culpado pelas cicatrizes que os dois
carregam, ele nunca teve um cargo grande dentro da Cosa Nostra, não passava
de um soldado, um vagabundo que se casou com minha mãe apenas quando
descobriu que ela estava grávida.
Meu avô renegou a mesma ao saber que ela estava grávida de um
criminoso. Ela perdeu a família, abriu mão do trabalho de professora e se
dedicou a ser a melhor mãe do mundo, mas o bastardo não a amava e descontava
todas suas frustrações em nós dois, foi apenas quando comecei meu treinamento
que pude colocar para fora toda a minha raiva, minha fúria e o ódio que carrego.
Minha mãe estava morta, ela era a única ligação com o amor que eu tinha
e depois de ver seu corpo já sem vida, eu vi quanto amar alguém nos deixa
vulnerável, essa porcaria só serve para nos destruir. Ela o amou até a sua morte e
em troca só recebeu dor e sofrimento, o velho maldito não se importava com
nada além do seu pau e a bebida, estava negligenciando seus serviços na família.
Quando consegui chamar atenção do capo da Cosa Nostra e ele começou a me
treinar foi que comecei a ouvir os boatos que meu pai tinha engravidado uma
prostituta em um dos bordeis da Cosa Nostra.
Na época, eu pouco me importava com os bastardos do meu pai, no
entanto, quando assumi o controle da Cosa Nostra e me tornei o capo da mais
poderosa máfia do mundo, eu não poderia deixar os dois fora do meu radar.
Então, a ordem foi dada àquele velho inútil, ele tinha que trazer os moleques
para começar o treinamento. Foi assim que eu descobri que a puta desgraçada da
mãe dos dois os tinha vendido.
Vicenzo foi quem teve mais sorte, ele foi vendido para um indiano que o
tratava como animal, ele trabalhava feito escravo e era espancado até desmaiar.
Mas, Lorenzo foi quem mais sofreu, ele foi adotado por um casal de americanos
e digamos que ele não teve a mesma sorte de Vicenzo. Quando os vi eu mal pude
reconhecer meu sangue naqueles dois pirralhos e soube, só de olhar para os dois,
que eles não seriam uma ameaça.
Após anos de treinamento duro eu os transformei nos meus melhores e
mais leais soldados e sozinhos, foram crescendo dentro da Cosa Nostra, até
ocuparem o cargo de consigliere e subchefe.
Quando Lorenzo fez vinte anos ele matou nosso pai, não posso dizer que
fiquei triste, apenas decepcionado por não ter assistido.
— Está tudo pronto, senhor Rinna, só preciso que deem a medicação que
receitei e não o deixem fazer esforços físicos por um tempo, até estar totalmente
recuperado. — Fala o médico, me tirando dos meus devaneios.
— Os seus serviços para com a família serão muito bem recompensados.
— Obrigado, senhor, desculpe mais uma vez pela minha falta de respeito
com sua senhora.
— Não se preocupe.

Saio do quarto de Lorenzo e subo para o meu andar, esperando encontrar


a maldita rosa cheia de espinhos que trouxe da Rússia. Katharina tem que
aprender de uma vez por todas seu lugar. Só de lembrar a maneira como ela me
desobedece já acende uma fúria dentro de mim, como ela pode pensar em virar
as costas para mim e se enfiar na porra do quarto do Lorenzo. Já não bastava a
maneira como o maledeto olha para ela.
— Inferno, essa mulher só pode estar querendo me ver louco.
Abro a porta, pronto para pegar o meu chicote e castigá-la, quando
estanco no lugar, vendo, caralho, Katharina usando uma lingerie preta e um robe
de seda curto, sentada na cama com o controle da tevê nas mãos.
— Como Lorenzo está? — Pergunta olhando para mim e deixando o
controle de lado.
— Você está bem preocupada com meu irmão, não acha, bella mia?
— Deixa de ser arrogante, Dimitri, ele levou um tiro, é óbvio que vou me
preocupar.
— Não quero você próxima de Lorenzo, espero não ter que repetir.
— Ah, querido, há tantas coisas que eu não quero e mesmo assim você
faz, como por exemplo deixar a sua cadela entrar na minha casa.
— Eu não chamei Natasha aqui — falo, me aproximando da cama,
desabotoando a camisa sem tirar os olhos das coxas dela.
— Como se ela precisasse de convite, já que ostenta o status de sua
amante.
— Você não deve se preocupar com isso, nenhuma delas jamais ocupará
o seu lugar. Você, bella mia, é minha esposa. — Falo, descendo a calça, mas com
o cinto nas mãos.
— Não imagina o que quando eu gostaria de não ser — fala, me
desafiando.
— Ah, amore mio, pensei ter deixado claro que você precisa descansar,
não posso castigá-la da maneira que você merece quando usa essa língua afiada
contra mim.
— Acho que você não tá entendendo como as coisas são, querido marido.
O que aconteceu na viagem não se repetirá, eu não sou um capricho, não serei
mais uma em sua cama, Dimitri. Eu cumpri a minha parte do nosso acordo e
agora acabou. Eu serei a sua mulher apenas de fachada.
A cada besteira que sai da boca de Katharina eu dou mais um passo em
direção à cama e quando cheguei aos pés da mesma, puxo suas duas pernas, a
pegando de surpresa e a prendendo entre a cama e eu.
— Vai negar que me deseja agora, bella mia, vai negar que seu corpo
queima por mim, que se eu tocasse essa bocetinha agora ela não estaria molhada
para mim?
Seu sorriso é tão sexy que chego a perder a linha do raciocínio.
— Não, caro marido, eu não negarei, não tenho motivos para isso. Mas
quem comanda meu corpo é o cérebro e enquanto ele funcionar eu jamais vou
aceitar abrir as pernas para você enquanto mantiver uma coleção de amantes em
sua cama. — Fala na minha cara e eu me afasto enfurecido, passando as mãos
pelo cabelo.
— Você só pode estar de brincadeira! — Falo puto.
Quem ela pensa que é?!
— Posso te garantir que não é brincadeira — ela diz sem tirar os olhos de
mim
— Você só pode estar louca pensando que vai colocar uma coleira no
meu pescoço, eu não obedeço a ordem de mulher nenhuma.
— Eu não te dei ordem, apenas constatei um fato.
— Não seja ridícula, está pensando o que, que só porque comi a sua
boceta vou largar três ótimas submissas por você?! — Grito na cara dela.
Na mesma hora percebo que minhas palavras a feriram, mas Katharina
trata de levantar a máscara de mulher fria.
— Não pedi para que fizesse isso, fique com suas perfeitas submissas.
Essa boceta aqui se manterá longe de você e quer saber, melhor ainda, em outro
quarto — fala, se levantando.
— Nem ouse, Katharina, você dorme aqui, esse é seu quarto — falo
duramente.
— Nem fodendo que eu vou dormir no mesmo quarto que um babaca
feito você. — Fala dando um nó no robe curto que usa e passando por mim,
porém eu puxo seu braço impedindo-a de alcançar a porta.
— Você não sai desse quarto.
— Não pode me obrigar a dormir na mesma cama que você, sabendo que
horas antes estava com suas putas, quer dizer, suas perfeitas submissas, isso é
nojento.
Ela abre a porta para sair do quarto, porém eu avanço em sua direção
pelo corredor.
— Volta para o quarto, Katharina, você já me envergonhou o bastante por
um dia. O que acha que vão comentar pelas minhas costas quando descobrirem
que minha mulher dorme em outro quarto?!
— Eu não sei, talvez que a cama está muito ocupada com suas vadias —
rosna, começando a descer as escadas em direção ao segundo andar, onde os
quartos de hóspedes estão.
— Você não vai dormir aqui embaixo — falo, puxando o braço dela,
nervoso ao imaginar Katharina no mesmo andar que Lorenzo.
— Me solta! — grita.
— Luigi! — grito, chamando pelo mordomo, enquanto ainda mantenho
Katharina pelo braço.
— Me solta logo! — Fala, me olhando com ódio.
— Senhor, me chamou? — Luigi aparece, nervoso.
— Quero que tranque todos os quartos da fortaleza e fique ciente que
Katharina está proibida de se mudar para qualquer um dos quartos da casa.
— Maldito, desgraçado.
Ela tenta me socar, mas sou mais rápido e a pego no colo colocando-a no
meu ombro enquanto ela se debate.
— Seu lugar é ao meu lado, Katharina, você pertence a mim.
Volto para o quarto com ela nos braços, tendo um pouco de dificuldade, a
coloco sobre a cama e tranco a porta
— Eu te odeio, Dimitri!! — ela grita, enfurecida.
— Isso não é novidade, amore mio, apenas uma pessoa a mais me
odiando no mundo. — Falo, ligando o ar, frustrado.
Apago as luzes e me deito ao lado dela, contudo, Katharina não se dá por
vencida, pega seu travesseiro, joga sobre o tapete e deita no chão.
— Por que tem que ser tão teimosa, Katharina?! Inferno, eu não vou
tocar em você, só deita e dorme, eu tive a porra de um dia estressante, só quero
dormir.
— Se eu não posso ter um quarto para mim, o máximo que eu posso é
não ser obrigada a dormir na mesma cama que você — fala, revoltada.
Eu vejo que discutir não adiantaria, Katharina não é como as outras
mulheres que já conheci, ela não se submeteria às minhas vontades. Eu terei que
ir devagar com ela. A brat dentro dela sempre arrumaria uma maneira de me
desafiar.
Fecho os olhos e tento dormir, porém o sono não vem, a cama estava
estranhamente fria. Pode parecer ridículo um homem como eu dizer isso, mas,
porra, eu já estava acostumado a dormir ao lado dela, a acordar primeiro que ela
e observar seu rosto sereno em meio aos seus sonhos. Fico inquieto, tentando
planejar como vou expandir os negócios da Cosa Nostra para América Latina,
quando percebo que Katharina está dormindo. Me levanto com cuidado para não
acordá-la e a pego no colo, trazendo-a para cama.
Ela está gelada, sem cobertor nenhum no chão frio.
— Bambina teimosa. — Falo, beijando seus cabelos e puxando-a mais
para mim.
Katharina se aninha ao meu corpo, como de costume e continua a dormir.
Só assim é eu me entrego ao sono.

Os dias que se seguiram daquela noite parecem ter se arrastado, em todos


os jornais de Palermo se falava sobre o massacre na avenida Lazio, confesso que
isso me deixava apreensiva, não estava acostumada com a maneira da Cosa
Nostra agir.
Os Bratvas sempre foram mais discretos no que diz respeito aos negócios
e o que aconteceu naquele restaurante teve repercussão mundial. Lorenzo está
melhor, agora já sai do quarto, o que é bom, pois ele me faz companhia na parte
da tarde, já que minhas manhãs são atarefadas com a reforma do jardim e do
pátio lateral.
Estou construindo um pátio na parte leste da fortaleza, onde tem a melhor
vista do mar, na altura que estamos esse será o lugar perfeito para curtir um
almoço ou quem sabe até uma festa.
As coisas entre mim e Dimitri estão estranhas, todas as noites eu me
deito no sofá e acordo na cama, muitas vezes enroscada nele, porém a raiva das
coisas que ele me falou não passou e eu venho fazendo de tudo para ignorá-lo,
mas isso não significa que não posso provocar, é inútil negar que suas palavras
mexeram com meu ego, então eu o farei engoli-las, vou mostrar para esse
italiano de merda que a russa aqui vale muito mais que mil putas italianas.

Perto do horário do almoço que ele teria com Dante, Alesso e Damon, eu
vou para a beira da piscina usando apenas um fio dental preto que comprei na
minha viagem com Ana para o Brasil. Finjo não ver os três parados atrás de mim
e continuo disfarçando que mexia no celular, mas sentia minha pele queimar.
— Katharina!! — Dimitri rosna e então eu tiro os óculos escuros,
olhando para ele surpresa.
— Oi, não sabia que vinha almoçar em casa, senão o teria esperado.
— Eu avisei a Luigi que teríamos visitas.
— Claro, devo ter me esquecido — falo, me levantando e sinto o olhar de
Alesso percorrer todo meu corpo.
— Onde diabos estão as suas roupas? — fala Dimitri, me cercando para
me proteger do olhar dos três.
— Poxa, esqueci de trazer uma saída de praia, não se preocupe, já vou
subir para o quarto — falo, me afastando dele e indo para a entrada.
— Merda, você me paga por isso — diz, tirando o paletó e me cobrindo
com o mesmo. — Entra e é melhor estar devidamente vestida para o almoço.
Bem, essa foi a primeira vez que eu decidi provocar a Besta, até eu me
ver encurralada contra a parede, no corredor do quarto, com ele beijando meu
pescoço, chupando a pele da minha nuca. Tenho que ter uma força sobrenatural
para resistir, depois do tanto que esse miserável me humilhou, mas confesso que
meu corpo ferve toda vez que o maldito sai do banheiro nu só para me provocar
ou quando ele tenta me beijar.
Merda, eu não deveria me sentir dessa forma, não por um miserável que
tem três putas, amantes ou submissas, seja lá como ele as nomeia.
Minha conversa com mamãe me volta à memória.
"Você é a única que pode comandar seu destino, filha, você só será
infeliz se assim deixar. Nós, mulheres, podemos ter o que quisermos. Você, filha,
é uma princesa, é linda, minha pequena Katharina. Nunca se esqueça quem você
é e use isso ao seu favor, tome as rédeas da sua nova vida. Você é Katharina
Peshkov Castelaresi, descendente da uma grande imperatriz da Rússia e filha do
capo da máfia russa. Agora é esposa do chefe da Cosa Nostra. Não deixe
ninguém te rebaixar".
Ela tem razão quando diz que, quando nós queremos, podemos,
conseguimos, o que quisermos.
— Mas a pergunta é: o que eu queria?!
Uma luz vermelha acende em minha mente.
— Não, não — balanço a minha cabeça negando.
Eu não gosto dele, na verdade eu o odeio. Eu poderia estar na Rússia,
vivendo a minha vida, perto da minha família, dos meus amigos e não aqui,
apesar de aqui não ser tão ruim.
— Merda.
Essa atração não passa de desejo carnal, prazer e tesão, eu ainda o odeio.
Odeio quando ele simplesmente age como se eu fosse uma boneca de porcelana.
Odeio quando ele é arrogante e se comporta como se fosse meu dono e eu fosse
a porra da sua cadelinha, odeio como ele é falso, odeio a porra do cheiro de puta
que vem das roupas dele.
Definitivamente eu o odeio, odeio Dimitri Salvatore Rinna. E, pensando
bem, mamãe tem razão, uma mulher consegue o que quer e eu irei fazer esse
maldito traidor galinha de uma figa pagar. Ele e aquela puta dos infernos.
Falando em puta, vejo Natasha na fortaleza outra vez, só que dessa vez
não preciso expulsá-la novamente, pois ela apenas conversa com Ninete, uma
das funcionárias da casa e vai embora. Confesso que fico incomodada com sua
presença, mas Luigi me garante que ela veio apenas atrás da caixa de joias que
tinha deixado na fortaleza.

Eu andava pelo jardim leste, onde Hades e Perséfone vivem. As


pequenas mudanças que fiz no oásis deles ficaram muito boas, agora eles têm
mais vegetação para curtir e um lago artificial, já que a Itália é muito quente
nessa época do ano.
Aos poucos, as duas feras estão se acostumando comigo e minha
fascinação pelos dois apenas cresce. Há algo nesses animais que me encanta.
Saindo de lá, vejo Vicenzo junto com mais dois soldados, rindo de algo, caminho
na direção deles e os vejo entrando na ala norte, uma região que tinha vindo
antes, então percebo que vários dos homens de Dimitri estão aqui numa grande
academia com um ringue no meio. Provavelmente uma área de treinamento para
seus homens.
Fiquei meio de longe, assistindo às lutas, parecia um tipo de competição,
Vicenzo era desafiado. O desafiante ri, confiante, entrando no ringue e de cara
ele já comete um erro de principiante, vai com muita sede ao pote atacando
Vicenzo, que não precisou se esforçar muito para o fazer beijar a lona. Outro o
desafia agora, esse é mais forte que Vicenzo, entretanto, ainda assim parece lento
perto da fúria do meu cunhado. Ele tenta o acertar no estômago, mas Vicenzo é
rápido e desvia, dando uma rasteira no mesmo, que rapidamente se levanta e
acerta um soco de direita em Vicenzo que sorri, cuspindo o sangue. Seu olhar é
brutal e um tanto assustador, ele não tem piedade e não para de atacar o seu rival.
E os outros parecem amedrontados, pois não querem desafiá-lo.
Ele está saindo do ringue, quando decido entrar.
— Acho que você só teve oponentes fracos e por isso venceu tão fácil —
falo, me aproximando.
— Não tem ninguém aqui à altura para lutar comigo.
— Que bom que cheguei então, para te ensinar como lutar, cunhadinho.
— Falo debochadamente e alguns soldados riem, mas o olhar duro de Vicenzo os
faz se calarem.
— Não quero te machucar, Katharina.
— Está fugindo de mim, logo você, Vicenzo, o subchefe, com medo de
uma mulher — falo para provocar e então ele fica vermelho.
— Se é isso que você quer, então venha, mas saiba que não vou pegar
leve com você.
— Eu nem quero isso, cunhadinho. — Falo debochada, disposta a me
vingar desse idiota.
Ainda não esqueci a porcaria daquela prova, então nada melhor que
arrastar o orgulho desse machão na lama.
Os homens de Dimitri ficam calados e se aproximam do ringue, prendo
meu cabelo em um coque rápido, coloco meu celular no chão e entro animada
para lutar.
Eu mal entro no ringue e tenho que desviar de um soco vindo com toda
força em minha direção.
— Eu disse que não ia pegar leve com você.
— Eu nem quero isso — falo, desviando do seu chute para em seguida
atingir seu peito com a canela.
— Dimitri não vai gostar de saber que eu machuquei a princesinha russa.
— Dimitri não está aqui — falo, recebendo um soco no estômago, mas
isso não me faz parar.
Viro o corpo, me abaixando antes que ele me atinja nas pernas, inclino-
me dando uma rasteira e ele desaba no chão.
— Você me subestima demais, cunhado — Digo enquanto tento acertar
seu rosto, o mesmo desvia, rolando para o lado e em seguida dando um mortal
para ficar de pé.
Ele me acerta com o joelho nas costas e me inclino sem ar pela força do
golpe. Ele é bom, muito ágil e forte, não posso negar, mas eu aprendi com o
melhor.
Me abaixo, pegando impulso e o acerto com o cotovelo no rosto, Vicenzo
fica tonto e tenta estancar o nariz que sangra, seu corpo balança e ele cai no
chão. Subo rapidamente em cima dele e soco seu rosto sem parar. Vicenzo
desvia, segurando minhas mãos.
— Muito bem, me pegou desprevenido.
Em um golpe rápido, ele cruza os braços no meu ombro e me derruba no
chão, ficando por cima e me acerta diretamente no rosto para em seguida me
atingir com um golpe no estômago, que me tira o ar. Me debato, tentando me
soltar, até conseguir usar o joelho e acertar suas partes íntimas. Vicenzo coloca
as mãos nas bolas e grita de dor, sorrio, cuspindo o sangue que enche minha
boca. Não espero ele se recuperar, corro em sua direção e o acerto com os dois
pés o fazendo despencar no chão.
— Já chega de espetáculo por hoje, Katharina! — fala Dimitri, que nem
tinha percebido que estava observando toda a cena.
Todos os homens estão de olhos arregalados, acho que não esperavam
que uma mulher pudesse derrotar Vicenzo. Ofereço a mão para o mesmo se
levantar, porém ele ignora, levantando-se com o ego ferido.

— Abra as pernas, agora — ordeno a Natasha, que está de pé, com os


braços presos ao teto, uma venda nos olhos e Gang Ball na boca.
Prontamente ela obedece, mostrando que é uma submissa obediente.
A insatisfação me incomoda, Natasha está presa ao teto, completamente
submetida a mim, Lany está na cruz de Santo André com seu corpo ardendo pela
chibata. Seu clítoris está inchado pelo grampo que a mantém na linha da dor, e
nem mesmo suas súplicas e seus gritos foram o bastante para aplacar a fúria da
Besta dentro de mim.
Acabei passando dos limites e fiz algo que abomino no nosso meio, feri
uma escrava, peguei muito pesado com Denise em busca de uma satisfação que
não veio e ela desmaiou de dor. Assistir a dor sempre foi um combustível para o
meu prazer e submeter uma escrava aos meus fetiches sempre me satisfez, o
gozo vem, mas o prazer pleno não é alcançado. Pego o chicote que eu tinha
deixado próximo da cama e sem que ela esperasse, começo a chicotear seus
seios. Ela grita alto, porém seu grito só alimenta o sádico em mim. Cada
chicotada que lhe dava, mais prazer eu tinha em vê-la à minha mercê. Há um
certo momento, já não era os cabelos castanhos que via e sim o loiro. Katharina
estava submetida a mim, eu via seus belos seios ficarem vermelhos e inchados.
— Ah, bella mia, você fica linda toda marcada — falo em êxtase.
Pego uma das velas que estavam iluminando o quarto e pingo em seu
seio esquerdo, ela grita e seus gritos me despertaram da ilusão.
Raiva e fúria me saturam, eu queria a maledeta aqui! Era ela que eu
deveria castigar por ser tão teimosa e dormir no chão, longe de mim.
Espalho gotas de vela pela boceta de Natasha, a mesma tenta gritar, mas
não consegue com a gag na boca. Coloco o que sobrou da vela na mesa do canto
e olho para seu rosto suado e vermelho, todo marcado, sorrio e vou retirando
minha roupa.
Meu pau está semi ereto, o traidor não quer nenhuma das duas e sim a
maldita loira que me espera em casa. Solto as amarras de Lany, que cai de
joelhos aos meus pés.
— Chupa devagar, me deixa pronto para foder vocês, minhas cadelas. —
Ordeno duramente.
Ela prontamente me obedece, com os olhos baixos, toca meu pau e o leva
fundo na sua boca, seus movimentos são precisos, eu fecho os olhos e me
concentro na sua boca quente molhada babando nele. Quando vejo que já estava
pronto, coloco um preservativo e soco com gosto no rabo apertado da Lany. A
cadela grita ao me sentir puxar a corda que ligava o grampo no seu clítoris.
Passo a tarde toda no clube, fodendo as três escravas. Meu corpo estava exausto,
mas a minha mente insatisfeita.
Os negócios iam bem, a lavagem de dinheiro está sendo um sucesso.
Depois de Lazio qualquer inimigo meu tomaria muito cuidado ao tentar me
enfrentar.
Paguei um bônus extra para o chefe da polícia de Palermo cuidar de tudo
para mim. Mas ainda assim eu não me sentia satisfeito, aprendi desde cedo que
quando a calmaria é demais, é sinal que vem tempestade grande pela frente. Eu
só precisava descobrir de onde ela viria.

Recebo uma ligação da fortaleza, era Guido, pedindo para que eu fosse
ver Hades já que ele vinha agindo estranho. Não costumo parar meus afazeres
para verificar os dois, porém, algo me dizia que era sério, pois Guido não
costuma me ligar. Essa é a primeira vez desde que Hades chegou.
— Senhor, quer que eu dirija? — Fala Gonçalves.
— Não precisa, eu vou dirigindo. Você pode ir com os outros seguranças
— falo ao meu motorista, saindo do laboratório subterrâneo que fica escondido
nas margens do Lago di Bolsena. Disfarçado de uma fábrica de conserva está o
maior laboratório de drogas do mundo, daqui nós preparamos e armazenamos
toda a droga que circula pela Europa e América Central. Pego as chaves e saio
de lá, indo direto para casa.
O caminho é curto, então chego rápido e estaciono na estrada como ainda
é dia, posso ver melhor todas as reformas que Katharina vem fazendo.
Não questionei o que ela estava fazendo, já que essa coisa de decoração é
coisa de mulher, só que transformar a minha casa, a casa do capo da Cosa
Nostra em uma floricultura está fora de cogitação, nunca vi tanta flor na vida,
ainda tem a tal estufa, que ela fez questão de construir. Não preciso andar muito
para chegar ao lugar onde os leões estão, e, de cara percebo que Hades está
nervoso, rugindo para Guido, que tenta acalmá-lo. Perséfone está deitada, perto
das pedras e nem olha para os dois.
Hades ruge, balançando a crista, arrastando as patas no chão e posso ver
que ele está bravo.
— Ei, garoto, fica calmo — Guido tenta controlar o animal, porém ele
fica apenas mais nervoso e avança contra ele o derrubando no chão.
Ando até os dois e noto que ele não quer machucar, apenas o derrubou
para que ele não se aproximasse mais.
— Hades, calma rapaz — falo e ele ruge alto, mas seu rugido não é
natural, é um rugido de dor.
Ele larga Guido e vem até mim, bravo.
— O que aconteceu? — Pergunto a Guido, que se levanta assustado.
— Eu não sei senhor, eles estavam bem. Hades está fora de controle,
Perséfone está deitada, com dor, preciso examiná-la, ela pode estar doente, mas
ele não deixa eu me aproximar.
— Ei, garoto — passo a mão na juba dele, mas ele não para de rugir —
Calma, garoto eu estou aqui — acaricio seu pelo e ele se acalma um pouco, mas
inclina o rosto na direção de Perséfone, me deixando nervoso.
— Vai examinar ela que eu o distraio.
Tento entreter Hades, mas ele não fica totalmente calmo e começo a ficar
angustiado com a falta de movimento de Perséfone, Hades choraminga,
enquanto eu acaricio sua barriga.
— Senhor, precisamos levar ela para minha clínica, não vou conseguir
tratar ela aqui. Perséfone foi envenenada.
Aquilo cai como uma bomba, me atingindo e uma fúria descomunal toma
conta do meu ser, ninguém mexe com os dois.
— Traga o tranquilizante e mande meu piloto preparar o helicóptero, não
vamos conseguir levar ela tão rápido no caminhão.

O tempo estava passando, a vida de Perséfone estava por um fio, eu já


podia imaginar o que eu faria com o desgraçado que havia feito isso com ela.
Hades teve que ser dopado ou não conseguiríamos tirar Perséfone da
fortaleza. Foi preciso vários homens meus para levantar uma leoa de duzentos e
dez quilos. Eu queria ir com ela e cuidar para que ela fosse bem tratada, mas eu
tenho certeza que o aviso que dei ao tratador, deixando claro que se Perséfone
morresse ele não viveria para ver o próximo dia nascer, o manterá bem
empenhado em salvá-la.
Entro na mansão, indo direto para o escritório, verificar as câmeras. A
pessoa que fez isso seria descoberta ou eu não me chamo Dimitri Rinna. Vou
olhando a filmagem com atenção até ver ela, Katharina. Ela chega ao refúgio e
estranhamente, nem Hades e nem Perséfone a atacam e parecem acostumados
com sua presença. Ela acaricia Perséfone, que lambe suas mãos e ri com o gesto.
Hades se mantém longe, apenas olhando as duas. O tratador chega, Katharina se
levanta, fala algo para ele e sai. Perséfone bebe água e caminha até Hades,
brincando com ele, então, do nada, ela cai no chão, rugindo.
— Maldita desgraçada!!! — acerto um soco na mesa — Ela fez isso para
se vingar, filha da puta, ela feriu Perséfone, desgraçada — falo ao vazio, subindo
as escadas de dois em dois degraus.
O que quer que ela tenha colocado nas mãos e feito Perséfone lamber a
envenenou, também poderia ter matado Hades se ele não fosse tão arisco.
Ao chegar no quarto o vejo vazio, ela deve estar lá embaixo preparando o
jantar, quem sabe já colocou veneno na minha comida.
— Mas essa vagabunda vai ver com quem ela foi mexer — falo amargo e
começo a revirar todas as coisas dela tentando encontrar o maldito veneno, sem
conseguir descobrir o que ela deu a Perséfone, pois desta forma será mais fácil
achar um antídoto e salvar a leoa.
Não está no closet e nem no banheiro, vou até a penteadeira e começo a
mexer em todas as maquiagens e os frascos de perfume, até encontrar a caixa de
joias em ouro maciço que ela tem.
Não me surpreendo ao ver um pequeno saco com um pó branco. Levo o
mesmo ao nariz e um cheiro forte me diz que encontrei o que eu procurava.
— E agora que eu vou matar essa desgraçada! — Penso, coberto de ódio.
Meu corpo ferve, minhas mãos estão tremendo, a Besta dentro de mim
ganha vida assim que a vejo de costas para mim com o seu violino nas mãos,
rindo com Lorenzo.
— Sua vadia desgraçada, achou mesmo que eu não descobriria o que
você fez....

Eu ria, divertida, contando para Lorenzo da minha pequena vingança
contra Vicenzo.
— Eu queria ter visto a cara dele — fala Lorenzo, rindo.
— No fundo eu já o perdoei porque sei que se fosse meu irmão eu faria o
mesmo — digo, sendo sincera, mas nem tenho tempo de ouvir a resposta de
Lorenzo, pois sou puxada bruscamente por Dimitri.
Meus cabelos caem pelo meu rosto, olho para ele que grita, enfurecido,
totalmente transtornado.
— Sua vadia desgraçada, achou mesmo que eu não descobriria o que
você fez!
— Do que está falando?! — Digo chocada, com o ódio que vejo em seus
olhos.
— Não se faça de imbecil, sua desgraçada — fala, me chacoalhando
fortemente. — Pensou que matando Perséfone iria se vingar de mim?
— Eu não sei do que você está falando — digo séria, tentando me soltar,
mas seu aperto é tão forte que mal me mexo.
Um sorriso frio preenche seu rosto e não consigo evitar ficar apavorada
com sua expressão.
— Qual seria o seu próximo ato, envenenar a mim e aos meus irmãos
como fez com Natasha e Perséfone? — Ele pergunta, apertando meu maxilar.
— Dimitri, você precisa se acalmar — fala Lorenzo do lado dele, que
está descontrolado de raiva.
— Eu não envenenei Perséfone, jamais faria isso. — Tento dizer, porém,
sou surpreendida pelo tapa forte acertando meu rosto e meu corpo despenca no
sofá.
— Que merda você está fazendo, Dimitri?! Katharina é sua mulher! —
Fala Lorenzo.
Em choque, coloco a mão no rosto onde posso sentir o ardor do tapa.
— Eu vi, caralho, não adianta você defender essa vadia, foi ela, ela
envenenou Perséfone. Olha o que eu achei nas coisas dela! — diz e joga no chão
uma embalagem com um pó branco.
— Que merda está acontecendo aqui?! — fala Vicenzo, descendo as
escadas com uma bolsa de gelo nas mãos.
Dimitri dá dois passos para trás e passa as mãos pelo cabelo nervoso.
— Você tinha razão, Vicenzo, eu nunca deveria ter aceitado esse acordo
com os Castelaresi. Essa vadia envenenou Perséfone e está planejando fazer o
conosco.
— Eu não fiz isso!!! — Grito, me levantando.
Em um segundo, Dimitri tira a arma do coldre e aponta para minha testa,
nessa hora Vicenzo entra na frente, tentando acalmar o irmão, que não abaixa a
arma e a mantém firme no meu rosto. Meu ódio por esse homem vai ao limite,
giro meu corpo e tiro a pistola das costas de Vicenzo, apontando para Dimitri.
— Merda, Katharina, abaixa isso! — Lorenzo grita.
Destravo a arma e mantenho minha mira na sua cabeça.
— Espero de verdade que você atire na minha cabeça, Dimitri. Porque se
não atirar, eu garanto a você que esse tapa vai custar bem caro a você! Eu não sei
que tipo de mulher você pensa que sou, mas uma coisa eu garanto, não apanho
de homem nenhum e jamais machucaria Hades e Perséfone.
— Te matar, não, Katharina, te matar seria muito fácil — fala, abaixando
a arma.
E então, Lorenzo, em um gesto rápido toma a arma da minha mão.
— O que você tem na cabeça, Katharina? — Pergunta se colocando ao
meu lado para me proteger.
— Eu te avisei, bella mia, toda a vez que você tentar me atacar eu
retalharei três vezes mais. Se você tocar no que é meu eu sou obrigado a tocar no
que é seu.
— Dimitri, não faça nada com a cabeça cheia, precisa ser racional. —
fala Lorenzo enquanto Vicenzo fica calado, olhando para mim, decepcionado.
— Não se intrometa na minha vida, caralho! Você não dá ordens aqui,
Lorenzo, quem você pensa que é para defender essa maldita? — Fala, indo em
direção a Lorenzo, porém Vicenzo entra na frente, contendo a Besta de atacar.
— Eu não fiz nada, não sei como essa merda foi parar nas minhas coisas,
mas para mim está claro que foi armação. — Tento me defender.
— Cala boca! — Fala, se afastando do irmão e, sem tirar os olhos de
mim, pega o celular.
Ele disca o número de alguém e um pressentimento ruim toma conta de
mim. Um terror que não tinha sentido antes me acerta, com a expectativa do que
virá a seguir.
— Jasper, preciso que pegue Ana. Leve-a para o nosso galpão.
— Não faça isso, Dimitri, ela não tem culpa. Minha prima não fez nada
— me desespero, e ele ignora totalmente minha súplica.
— Saia da minha frente, Lorenzo — ordena.
— Não a machuque — ele diz, se afastando.
— Eu faço o que eu quiser com a porra da minha mulher. Arruma uma
para você e não se intrometa no meu casamento — Fala furiosamente ao irmão
— Você vem comigo, e torça para Perséfone não morrer, pois a vida da sua
priminha está por um fio.
— Você precisa acreditar em mim, Dimitri, eu não fiz isso — falo
enquanto ele me arrasta em direção a torre.
— Seja bem vinda à torre da agonia, amore mio. — Diz, arrastando-me
para dentro.
O lugar é assustador, com vários corredores escuros. O cheiro ácido de
sangue está por todo o lugar.
Ele me arrasta pela escada e eu acabo caindo ao subir um degrau, porém
ele me puxa bruscamente, me levantando. Meu joelho sangra, mas a dor física
não é nada comparada ao terror psicológico de saber que algo pode acontecer
com Ana por minha culpa.
Dimitri abre uma sala escura com grades de metal, me jogando dentro
dela.
— Ficará aqui até Perséfone ser salva, aproveite sua estadia para rezar
para que ela saia viva, ou já sabe o que vai acontecer com a sua priminha.
— Maldito, você não pode me deixar aqui, desgraçado. Eu não fiz nada,
seu babaca. — Grito, mas sou totalmente ignorada por ele, que simplesmente
some, me deixando aqui na escuridão dessa cela fedida.

Dimitri estava fora de si, nunca tinha o visto dessa forma, mas, sabendo o
quanto ele ama aqueles animais, dá para entender a sua reação.
— Ele vai machucá-la. — Fala Lorenzo, de cabeça baixa, pensativo.
— Ele não vai feri-la, Lorenzo, por mais que ele não queira aceitar, ele
gosta dela — falo, tentando entender porque Katharina faria isso.
— Dimitri não ama ninguém além dele mesmo.
— Aí é que você se engana, meu irmão, ele gosta da russa, só não quer
assumir.
— Ela não fez isso, eu confio em Katharina. — Fala, se levantando
devagar, ainda se recuperando do tiro.
— Eu não confio em ninguém além de mim mesmo, temos que aceitar
que ela tinha motivos de sobra para fazer isso, sem contar o fato de conhecer
venenos, já que envenenou Natasha sem nenhum pingo de remorso. — Falo,
constatando os fatos.
— Alguém está tentando incriminá-la. Pode ter sido outra pessoa que
envenenou Perséfone, nós sabemos que todos na casa tem medo dos animais.
Quem mais poderia ir até lá e colocar veneno para os bichos?! Eu não sei porra,
mas não foi Katharina.
— Você está deixando essa paixão por ela falar mais alto que seu
raciocínio.
— Eu não sei do que está falando — tenta dissimular, mas eu o conheço
bem.
— É melhor você se afastar dela, logo não será só eu que vou perceber
isso, Dimitri não é burro.
Antes que Lorenzo possa me responder, Dimitri entra na sala com sua
cara nada boa, o que me surpreende é ver que Katharina não está com ele.
— Onde está Katharina? — Lorenzo pergunta.
— Ela ficará na torre e terá o mesmo tratamento dos prisioneiros até eu
ter certeza que Perséfone está bem.
— Lorenzo, porque não vai falar com os vigias enquanto eu converso
com Dimitri.
Dimitri nem espera Lorenzo sair e já vai em direção ao seu escritório.
Meu nariz ainda arde pela mão pesada de Katharina, mas a dor no meu
ego foi maior do que a física, entretanto, por mais que eu esteja com raiva dela,
não posso deixar de ser racional. Ela é importante demais para ficar em uma cela
na torre, mesmo se tivesse sido ela a envenenar o animal. Não muda o fato do
acordo com o Castelaresi, agora ela é a senhora da máfia.
— Senhor, devo servir o jantar? — Pergunta Luigi, olhando para mim
preocupado, provavelmente todos os empregados da casa devem ter ouvido a
briga.
— Não precisa, acredito que ninguém vai querer jantar. — Falo,
caminhando em direção ao escritório.
— Senhor Vicenzo, desculpe minha intromissão, mas dona Katharina
ficará bem?! — Ele pergunta, preocupado.
E, pelo visto, não foi só meus irmãos que Katharina conquistou, como os
funcionários na fortaleza.
— Ela vai ficar bem — falo, sem ter certeza disso.
Entro no escritório e encontro Dimitri olhando para a tela do computador
com um copo de uísque na mão.
— Ela não pode ficar lá para sempre.
— Você é o único que eu não espero que a defenda. — Fala, desviando o
olhar da tela do computador para o copo em sua mão.
— Se não aguenta nem mesmo olhar para ela na cela, porque não a tira
de lá?!
— Não seja ridículo, Vicenzo, esse papel emocional não combina com
você.
— Eu nunca vi você tirar nem um dia de folga desde que te conheço.
Você não só tirou um dia de folga, como a levou para passear. Está claro para
mim que você gosta da russa.
— Engano seu, levá-la para Pompeia foi apenas uma estratégia para
seduzi-la, sabe muito bem que não forço mulheres, ainda mais a se submeter a
mim, não faria isso com a minha esposa.
— Não há nada de mau em gostar da sua mulher, Katharina é uma
mulher bonita e inteligente, diferente das mulheres que eu e você conhecemos.
Você se apaixonar, irmão, não muda nada, não te transforma em um fraco.
— Você está sendo patético, Vicenzo, esqueceu de um dos principais
ensinamentos que te dei. Sentimentos são sinal de fraqueza, eles são armas e
combustíveis contra você mesmo. — Fala abaixando a tela no notebook, em
seguida fica de pé, olhando para a janela, onde podemos ver a torre da agonia.
— Tudo bem, eu percebo que não adianta insistir nisso. Mas, sejamos
conscientes, Katharina não vai poder ficar lá para sempre. Logo, seu sumiço
chegará ao ouvido do pai e pior, do irmão. Não queremos quebrar nosso acordo
com os Castelaresi e ainda temos a pequena chance de ela ser inocente. — Falo,
pensando no que Lorenzo disse.
— Ela não é inocente, eu vi as filmagens e só ela se aproximou de
Perséfone.
— Já pensou que pode ter sido o tratador, Guido, ele tem mais acesso aos
dois do que Katharina.
— Guido cuida dos animais desde que eles eram filhotes. Ele ama os
dois, não faria isso, está tão aflito quanto eu com a hipótese de Perséfone morrer.
— Você está de cabeça quente, está deixando a raiva agir, farei a minha
investigação, se Katharina for culpada te direi e então terá que pensar em outra
maneira de castigá-la.

A cela tinha um cheiro forte de sujeira e podridão. Me pergunto porque


nunca tinha vindo aqui, nem mesmo sabia que essa torre era usada para esse tipo
de tortura.
Pela pequena janela com grades de ferro eu posso ver que já é noite, não
faço ideia de quantas horas se passaram desde que Dimitri me arrastou para cá.
Minha cabeça fica dando voltas, tentando entender quem teria coragem
de fazer isso com Perséfone. Eu não consigo entender, ela estava bem horas atrás
e de todas as hipóteses, apenas um nome fica brilhando feito um letreiro na
minha mente, Natasha. A única que ganharia algo ao me incriminar, mas isso não
justifica como o veneno foi parar nas minhas coisas. A cyka esteve aqui hoje, ela
poderia ter colocado veneno para Perséfone, mas as câmeras teriam visto,
também não explica o veneno no quarto, ela não subiu para o terceiro andar, o
que significa que alguém a ajudou. Talvez essa mesma pessoa tenha colocado o
veneno para os animais antes. Isso faz sentido, assim a suspeita jamais cairia na
puta.
Eu preciso sair daqui, só assim eu posso provar minha inocência e salvar
minha prima Ana. Ouço passos pelo corredor e penso por um segundo que pode
ser Dimitri, voltando para me tirar daqui, porém não é ele é sim Niccolo, meu
novo segurança, desde que Romeu foi ferido na prova de fogo.
— Vim trazer sua refeição, senhora. — Fala tenso e olha para a câmera.
Uma garrafa de água mineral e um pedaço de pão, olho para suas mãos
tremendo de raiva, mas decido pegar a comida.
Não sou burra de deixar a minha única refeição escapar, pode ser que eu
não receba outra amanhã, então pego sem pestanejar.
— Senhora, tem algum recado que queira dar a tvoya vtoraya polovina[1].
Olho para Niccolo e então entendo que ele é o infiltrado, aquele que
Aslan colocou para me proteger, caso fosse preciso. Aslan e eu sempre usávamos
essa frase quando éramos crianças, brincávamos que por sermos gêmeos, éramos
um a metade do outro.
— Me tire daqui — falo baixo, fingindo abrir a garrafa de água.
— Eu não posso, não sozinho, mas posso avisá-lo que precisa dele.
— Não. — Falo séria, pensando em Aslan.
Não quero que ele entre em conflito com a Cosa Nostra, no fim das
contas um acordo foi feito.
— Diga a Aslan para proteger a borboleta. — Digo em código.
Caso ele seja pego não vai ter muito a entregar, apenas Aslan e eu
chamamos Ana de borboleta, então nem mesmo Niccolo vai entender.
Ele me deixa sozinha, eu como o pão e bebo toda a garrafinha de água,
tentando planejar uma maneira de escapar. Não durmo naquela noite, não
naquele chão sujo e com o frio que faz durante a noite. Na manhã seguinte
ninguém vem até mim.
Me concentro na meditação para não pensar na fome. Tenho que usar o
chão para urinar, mas isso não é nada, Aslan me fez sofrer coisas muito piores
que essa humilhação. Se Dimitri pensa que vai me quebrar deixando-me aqui,
ele está apenas me subestimando mais uma vez.

Não consigo saber que horas são, mas no que pareceu ser o meio do dia,
Lorenzo apareceu. Ele caminhava devagar pelo corredor escuro até chegar na
minha cela.
— Como você está? — Ele pergunta, preocupado.
— Estou bem, pode me tirar daqui? — Pergunto de uma vez.
— Infelizmente não, Dimitri ainda não voltou para casa, passou a noite
na clínica com a leoa. As coisas estão feias aqui na fortaleza, Hades acordou da
sedação e conseguiu escapar.
— Ele está bem? — Pergunto nervosa, imaginando um leão de quase 300
quilos furioso escapando.
— Ele está bem, mas não posso dizer o mesmo de dois dos nossos
homens. Estão vivos, mas muito feridos. Vicenzo atirou nele com
tranquilizantes, ele está agitado sem Perséfone. Eu trouxe isso para você, precisa
comer rápido, e paralisei as câmeras para Dimitri pense que está sentada no
canto.
— Obrigada. — Agradeço ao receber o sanduíche que ele traz, junto com
suco de laranja — Me tira daqui, Lorenzo — falo quando termino de comer a
comida.
— Eu queria, mas não posso, não sem saber primeiro quem fez isso.
— Foi Natasha, ela esteve aqui e falou com uma das empregadas, eu não
lembro qual era, mas Luigi deve saber. Ela não subiu para o terceiro andar, mas a
empregada pode ter colocado o veneno nas minhas coisas.
— Eu vou investigar e prometo que logo você estará fora daqui.

Dois dias se passaram e eu ainda continuo aqui, Lorenzo não voltou,


provavelmente para não deixar Dimitri desconfiar que ele está me ajudando.
Tenho certeza que foi ela, a cyka, eu vou sair daqui e dessa vez faria o serviço
bem feito, essa desgraçada nunca mais entrará no meu caminho.
Eu não aguentava mais ficar aqui, meu corpo doía pelas noites mal
dormidas, com frio. Ao menos eu estava mais tranquila com a mensagem que
Niccolo me trouxe de que a borboleta estava no casulo. Eu não aguentei e chorei
naquela manhã, aliviada por saber que ao menos Ana estava segura. Tentei usar
tudo que consegui para abrir o cadeado, mas era um cadeado moderno e não
conseguiria abrir a menos que tivesse a chave. Quando desisti, decidi me
concentrar na meditação e guardar minhas energias para quando tivesse Dimitri e
Natasha na minha frente.

Quatro malditos dias que estou presa aqui feito um animal. Me sentia tão
possessa de raiva e juro que seria capaz de matar o imbecil do Dimitri junto com
sua puta, e no fim ainda jogar os cadáveres dos dois em uma fogueira e assistir
eles queimarem.
Meus olhos estavam fechados, concentrada na meditação, encaixo minha
mente e me foco nas lembranças boas para que elas me tragam a paz e a calma
que preciso. Foi preciso muito tempo para que eu conseguisse relaxar e então eu
poderia até sentir o cheiro de pinho dos pinheiros da minha casa. A neve
começar a cair e a aurora boreal iluminar o céu, da sacada do meu quarto eu
poderia ver sempre o espetáculo que acontecia.
— Pelo visto tem tido uma boa estadia aqui — fala Dimitri caminhando
até parar em frente às grades.
— Não tão boa quanto você queria, tenho certeza. — Falo, levanto e
limpo minhas mãos.
— Você teve sorte, sua priminha está livre, na verdade, ela estranhamente
decidiu passar uns dias na casa do seu pai. — Fala com desgosto e eu sorrio.
— Como está Perséfone? — Pergunto, preocupada com seu estado.
— Não seja hipócrita, Katharina, esse papel não combina com você, mas
se quer saber ela está salva e daqui a alguns dias estará voltando para casa! —
Fala, furioso.
— Dimitri, por favor, precisa acreditar em mim eu nunca faria isso com
ela, eu me afeiçoei aos dois. não seria capaz de feri-los.
— Sua prima escapou, mas seu castigo ainda não terminou — fala
friamente, ignorando tudo que eu falei.
— Não pode me manter aqui para sempre, uma hora ou outra terá que me
tirar daqui.
— Sei disso, por isso ficará apenas essa semana. Mas não pense que ao
sair daqui facilitarei para você, Katharina. Ainda a farei pagar caro por ter
ousado machucar algo meu. — Fala, se afastando.
— Dimitri, espera! — chamo por ele, segurando seu braço pela grade, o
fazendo parar. — Não me deixe aqui, me leva com você para o nosso quarto,
para a nossa cama. — Digo, olhando em seus olhos.
— Está tentando me manipular?!
— Não existe manipulação para o que aconteceu na viagem, você sabe.
— Falo, subindo minhas mãos por seu ombro.
— Acha que suas palavras vão me convencer a esquecer o que fez?
— Não, eu sei que não, mas eu já fui castigada, não acha?!
— Não, eu não acho, não tendo em vista o que você fez — ele fala
duramente.
— Então me leva para o calabouço, me castigue, use o seu chicote, me
acorrente, me domine, faça do jeito que gosta, só me tire daqui — falo
lentamente, sem tirar os olhos dele.
A cela está escura, mas posso ver suas pupilas dilatando e o pomo de
Adão mexendo, Dimitri não diz nada, não é preciso. Ele caminha até a porta e
tira a chave do bolso, abrindo devagar. Meu coração está acelerado e minha
respiração falha. Não acredito que ele abriu. Uma lágrima escorre pelo meu
rosto, dou dois passos em sua direção, me atirando em seus braços. Rapidamente
sua boca devora a minha, o desejo o consome. Fecho os olhos e gemo passando
minhas unhas pelos seus ombros, sinto seus dentes mordendo meus lábios, suas
mãos vão para minha bunda, apertando com gosto.
O beijo se torna cada vez mais voraz, minhas mãos estão no seu ombro, o
apertando de maneira fugaz. Tento raciocinar mesmo com sua barba arranhando
meu rosto e o gosto de uísque me embriagando. Me afasto para recuperar o ar e
jogo meu ombro para trás, totalmente afetada. E então, dois dedos em um golpe
rápido acertando-o no pescoço e no lado da cabeça, quase chegando no ombro.
Dimitri se assusta, mas não pode fazer nada, pois desaba, a desmaiado.
Qualquer golpe muito forte ou lesão nessa área, se feito corretamente, faz
alguém desmaiar rapidamente.
— Filho da puta — digo e chuto suas bolas, furiosa.
Sem ter muito tempo para me vangloriar eu corro até ele, pego o celular e
fecho a cela, deixando-o trancado.
— Vamos ver quem vai gostar da estadia.
Jogo a chave no meio dos arbustos, pelo menos eles terão bastante
trabalho para tirar o imbecil de lá. Caminho atenta às câmeras e ao virar à direta,
a caminho da casa eu vejo dois seguranças.
Chaise conversa com um homem que não reconheço, pois está de costas,
mas os dois parecem discutir. Penso que terei que improvisar, não vou conseguir
entrar na fortaleza, bosta, daria tudo por um banho, mas as prioridades primeiro.
Dou a volta, me afastando dos dois e vou até o anexo onde ficam os
carros, torcendo para que um deles tenha deixado à chave no carro.

Entro na garagem e vou olhando carro por carro, tentando encontrar um


que me permita passar despercebida. O carro de Vicenzo é uma Ferrari azul com
vidros pretos, perfeita.
— Onde pensa que vai? — Vicenzo diz, me surpreendendo.
— Merda!!
— Onde está Dimitri? — Ele pergunta, me encurralando contra o carro.
— Eu não o vi, Lorenzo me soltou e eu vou atrás da Natasha! Se é isso
que quer saber.
— Não posso deixar você ir, Dimitri vai ficar puto com Lorenzo!
— Vicenzo, não foi eu, precisa confiar em mim.
— Eu já sei que não foi você, vou falar com Dimitri, já tenho provas,
mas não posso deixar você sair — diz sério.
— Ninguém precisa saber que você me deixou sair.
— Eu nunca trairia meu irmão — ele fala duramente.
— Você me deve isso, Vicenzo, depois do que passei na prova, se me
deixar ir, coloco um ponto final no que aconteceu, enterramos tudo. — Ele olha
para mim, pensativo e surpreendentemente me deixa ir.
— Vá, Natasha deve estar na sede. Mas lembre-se, não estou fazendo
isso por você e sim por Dimitri, tá na hora de tirar essa vadia das nossas vidas.
— Diz e joga a chave do carro para mim. — Não o destrua, por favor.

Eu corro feito uma louca, bem, nunca me achei normal mesmo.


Estaciono na entrada do prédio, me olho no retrovisor e vejo que minha
aparência não era das melhores, mas já tive dias piores. Uso lenços umedecido
que encontro no carro e limpo meu rosto, tiro a blusa de manga que usava
ficando, apenas de segunda pele, faço um coque no cabelo e desço do carro.
— Seja bem vinda, senhora — fala um dos seguranças, olhando-me, pelo
visto me reconheceu.
Passo pela grande entrada, havia muita gente trabalhando e uma
recepcionista no balcão de informações.
— Senhora Rinna, precisa de algo? — A moça de terninho me pergunta.
— Sim, vim ver minha amiga Natasha. Sabe me informar se ela já
chegou?!
— A senhorita Sortini está na sala do senhor Rinna, provavelmente
preparando tudo para a chegada dele. — Ela arruma os óculos no rosto — Me
chamo Ariadne — diz simpática.
— Prazer, Ariadne, sou Katharina.
— Bem, senhora Rinna, o Boss na verdade já deveria estar aqui,
provavelmente deve estar chegando, tenho certeza que ficará feliz em saber que
a senhora está aqui.
— Claro — sorrio para a mesma, que me leva até o elevador privativo,
onde só paramos no último andar.
Realmente, o prédio é lindo e ninguém nunca diria que é a sede do crime
organizado.
As portas se abrem e não tenho nem tempo para olhar para o andar do
Boss, como ela disse, pois, meus olhos vão para a moça sentada na mesa e que
provavelmente deve ser da secretaria.
— Lay, Natasha está na sala do Boss?
— Sim, sabe como ela gosta de conferir se está tudo bem limpo e
organizado antes dele chegar. — Fala e quando percebe minha presença, se cala.
— Obrigada, Ariadne, por ter me trazido até aqui, pode ir agora. Na
verdade, Lay, você pode ir com a senhorita Ariadne, eu estive falando com
Dimitri ontem e ele comentou que tem trabalhado muito.
— Ele comentou, senhora? — Ela pergunta com os olhos arregalados,
alarmada. — Eu juro, senhora, que não estou fazendo corpo mole eu prometo
que...
— Não se preocupe, não foi uma crítica, querida, na verdade foi um
elogio e por isso você deve aproveitar seu dia de folga. — Digo, tranquila e ela
respira fundo, aliviada, recolhendo sua bolsa acompanhando a outra até o
elevador.
— Isso foi mais fácil do que eu imaginei.
Sorrio para a câmera, mandando um beijo para o meu querido marido,
tenho certeza que depois vai ver tudo. Abro a porta da sala do maldito e qual o
meu horror ao ver Natasha sentada na cadeira dele, acariciando uma foto sua.
Essa mulher só pode ser obcecada.
Bato a porta com tudo e ela se assusta derrubando, o porta retrato.
— O que você está fazendo aqui? — Pergunta, confusa.
— Está surpresa, sério? — Digo, debochada.
— Dimitri sabe que você está aqui?!
— Não, mas daqui a pouco ele vai ficar sabendo.
— Eu vou ligar para ele — fala, pegando o telefone, porém eu sou mais
rápida pegando o fio e o jogando longe.
— Ah, mas você não vai mesmo, cyka, eu vim aqui acertar minhas contas
com você.
— Eu não devo nada a você, sua bastarda. Veio aqui por que? Está
irritadinha porque Dimitri prefere a mim do que você?
— Eu vim aqui para acabar com você, cadela — falo, avançando em sua
direção, puxando seu cabelo e batendo sua cabeça contra a mesa — Eu vim,
vadia, te mostrar que ninguém mexe comigo — bato novamente e ela grita de
dor.
— Sua louca, me solta!!!
— Você pagou para sua comparsa envenenar Perséfone e me incriminar.
Pensou o que? Que ia se livrar de mim fácil assim. — falo, jogando sua cabeça
para trás na cadeira.
— Maldita, eu te odeio, você não pode provar que fui eu!!! — Grita,
jogando uma pasta de metal em minha direção, porém consigo desviar.
— Tem razão, vagabunda, mas quando você estiver morta, eu vou sentir
tanta satisfação que não me importo se conseguir ou não provar que foi você.
Natasha puxa meu cabelo com força enquanto eu soco seu estômago.
— Eu te avisei, vagabunda, para não mexer comigo. — Soco seu
estômago, não com a força que eu queria, já que estou fraca pelos dias que
passei naquela cela, mas ainda assim consigo fazer ela se inclinar de dor.
Me levanto, sentindo meu punho arder e sangue escorrer do meu dedo. A
marca do meu anel de noivado fica na cara da puta. Limpo o sangue e Natasha
surpreende me acertando com o abajur na cabeça. Caio no chão, tonta, com a
vista fraca, mas a adrenalina e o ódio que sinto dessa cyka me faz despertar.
Puxo ela pela perna, ainda no chão e ela cai em um baque surdo. Me levanto
com dificuldade e subo em cima dela.
— Eu poderia dar um tiro na sua cabeça, sua vira-lata dos infernos, mas
seria rápido demais, você merece sofrer!! — dou o primeiro tapa tão forte que
minha mão queima.
— Que merda tá acontecendo aqui? — Uma mulher pergunta da porta.
— Daniela, me ajuda, tira ela louca de cima de mim.
Daniela começa a rir, mas eu não presto atenção e dou outro tapa na cara
da vagabunda.
— Daniela!!! — Natasha suplica pela ajuda da outra mulher.
— Eu nem estive aqui, Natasha, se vira com a mulher do chefe, aposto
que fez por merecer. — Ela nos deixa sozinhas.
Seu rosto está todo deformado de tanto que eu bato, ela arranha meus
braços, tentando se soltar, mas nem mesmo o diabo me tiraria de cima dessa
mulher hoje, não até que eu acabe com ela.
— Tá gostando de apanhar, cyka, não era isso que queria quando tentou
me incriminar?!
— Eu deveria ter dado aquele veneno para você, maldita, filha da puta!!
— ela fala, cuspindo sangue, quase desmaiando.
— Deveria, mas você foi covarde e preferiu atacar quem não pode se
defender. — Dou, outro tapa para acordá-la.
— Na próxima eu vou envenenar é você, sua estúpida!!! — grita,
chutando minhas costas, conseguindo se soltar.
Natasha se arrasta até o sofá de couro, tentando se levantar. Sorrio, vendo
seu estado, sentindo um grande prazer, mas me arrependo por não ter acabado
com ela antes. Ela tenta correr até a porta, porém eu sou mais rápida e entro na
frente.
— Onde pensa que vai, não é corajosa para armar contra mim, agora vai
fugir? Não, não, querida. — Puxo seus cabelos, sentindo parte dos apliques cair
no chão.
Seu nariz está quebrado, assim como sua mão e todas suas unhas, arrasto
a cadela até as grandes portas de vidro, abrindo as mesmas com apenas uma
mão.
— Vai ser delicioso assistir você despencar daqui de cima e virar purê lá
embaixo.
— Me solta — ela se apavora e tenta escapar, mas uso toda a minha força
a puxando para frente, inclinando seu corpo contra o parapeito.
— Dê adeus a sua vida, cyka...
Todas as pistas me levam a crer que a besta tem relação com a Cosa
Nostra italiana, as marcas no corpo de Michelle Calvatário são as mesmas no
corpo das vítimas do assassino em série. A mídia caiu em cima da polícia de
Palermo, até mesmo um deputado estadual está pressionando meu chefe para
conseguir respostas. As escutas já foram colocadas na casa de Alesso Gambino,
só preciso que ele diga algo útil, uma mísera prova que ele está envolvido com a
Cosa Nostra para que eu consiga uma ordem de prisão. E quando o mesmo
estiver sob custódia será mais fácil conseguir que ele abra a boca e entregue
quem é o mandante dessa organização que há mais de cem anos vem sugando as
riquezas do nosso país e nunca conseguimos colocar o cabeça da organização
dentro da cadeia.
Chego à delegacia ansiosa para saber se hoje teríamos o resultado da
análise das digitais retiradas da cena do crime. Estou apostando todas as minhas
fichas que vou encontrar alguma coisa no charuto. Cohiba é a marca de charuto
mais cara que existe, um simples soldado da máfia não fumaria um desses, então
aí está a minha chance de pegar algo de um dos cabeças. Entro cumprimentando
meus colegas de trabalho, e vou direto para a sala da perícia falar com Dean,
para saber os resultados. Assim que passo pela porta do laboratório o vejo
concentrado no microscópio.
— Dean — o chamo, fazendo-o virar para mim.
— Detetive Gabriela, em que posso ajudá-la? — Ele fala, arrumando os
óculos.
— Eu vim buscar o resultado da análise do charuto que encontrei na cena
do crime da Avenida Lazio.
Ele olha para mim, confuso e rapidamente sinto que alguma coisa
aconteceu.
— Eu pensei que já sabia!!
— Sabia o que Dean? O que aconteceu? Eu avisei seu assistente que a
análise do charuto era prioridade. O que aconteceu?
— Bem, pelo visto ninguém te avisou, mas o chefe passou aqui ontem à
noite, quando eu estava terminando a análise e mandou parar e descartar a
evidência. Segundo ele, não era necessário gastar tempo e recurso à toa e me
encaminhou outras evidências para examinar. Pensei que você tinha sido
avisada. É como se tivesse caído um raio e minha mente trabalha rápido e apenas
uma hipótese faz sentido. Ele mandou limpar qualquer prova que eu pudesse ter
contra o chefe da máfia. Desgraçado, trabalha para eles.
— Obrigada Dean, provavelmente devem ter me avisado, mas sabe como
é, ando pegando muitos plantões e não estou tendo tempo para descansar.
— Eu entendo, pois estou do mesmo jeito que você, mas fica tranquila,
logo vamos descobrir quem é esse assassino em série.
— Com toda certeza. — Falo, saindo do andar da perícia e indo direto
para sala do meu chefe, o desgraçado corrupto.
A porta está aberta, eu nem espero convite e já vou entrando.
— Precisamos conversar — falo, chamando atenção do chefe de todo o
departamento de polícia de Palermo.
— Detetive Bianchi, que bom vê-la, ia mandar te chamar.
—Acabei de sair da perícia e Dean me informou sua ordem para não
analisar o charuto que eu encontrei no restaurante da Avenida Lazio.
— Ah isso, claro, mandei, pois é uma perda de tempo ficar procurando
DNA. Ficou claro que os bandidos que fizeram isso estavam usando luvas.
— Mafiosos, nós sabemos que a Cosa Nostra está por trás do massacre.
— Essas são apenas especulações, não existem provas, mas isso não
importa. Preciso te entregar isso. — Fala, me entregando um papel.
Pego o papel, me segurando para não gritar “corrupto” na cara dele, leio
atentamente o documento e não quero acreditar no que está escrito.
— Estou sendo demitida, é isso?! — Pergunto, mesmo sabendo a
resposta.
— Exatamente, detetive Gabriela Meireles Bianchi, você não faz mais
parte da corporação me entregue o distintivo e sua arma.
— Você não pode fazer isso, eu sou a melhor detetive do departamento,
nunca perdi um caso, eu sou a melhor aqui.
— Você pode ser boa, Gabriela, mas é ingênua demais para não se dar
conta como as coisas funcionam na Sicília. Não importa o quanto você é boa, o
sistema está acima de tudo. Eu sou o chefe aqui e quero você fora do meu
departamento.
Olho para o porco na minha frente com desprezo, tiro a minha pistola do
coldre, coloco em cima da sua mesa junto com o distintivo.
— Isso não acabou, eu vou pegar o chefe da Cosa Nostra e então você
verá um a um cair.

Fiquei dois dias trancada no quarto, eu chorei tanto que meu rosto estava
inchado, além do tapa que ele me deu. A fome era minha companhia constante,
como também o medo que a porta se abrisse e ele viesse acabar o que tinha
começado, nem mesmo o fato de estar grávida o fazia ter consideração por mim.
Pela janela do quarto eu vejo o carro de Giuliana estacionar, reconheço de
imediato o conversível vermelho. Fico me perguntando o que minha irmã faria
aqui uma hora dessas, será que ela tinha vindo me ver?!
Mas, uma dor se instala em meu peito quando percebo que horas se
passaram e ela não vai embora.
— Não, não pode ser, ele não faria isso! — Tento formar uma linha de
raciocínio, não querendo acreditar que seria traída duplamente pelos dois.
Apenas a mísera possibilidade de Dante estar com Giuliana já me
provoca náuseas, e tenho que correr para o banheiro e vomitar. Decido não
pensar nisso e me preocupar com o bem estar do meu bebê. Tomo um banho
para me acalmar e bebo água da torneira, não poderia desidratar, eu precisava
manter a calma até sair daqui. Assim se passa o primeiro dia trancada no quarto
feito um pássaro, em uma gaiola de ouro. No dia seguinte, eu estava faminta e
tonta por causa da fome. Não era a primeira vez que Dante me deixava trancada
como castigo por coisas que existem apenas na mente dele, mas é a primeira vez
que ele faz isso comigo grávida. As horas se arrastavam tortuosamente, vejo
Dante saindo junto com muitos dos seus homens e fico aflita, pois sentia que é
alguma coisa séria.
Não consigo dormir, não com a barriga doendo de fome e aflita, sem
saber o que ia acontecer comigo. Quando ouço uma movimentação intensa do
lado de fora, levanto da cama, vou até a sacada e lá o vejo saindo do seu
Maybach Exelero prata. Ele desce e mesmo com a escuridão da noite eu posso
perceber seu olhar diretamente para mim, na sacada. Seus olhos ferozes causam
arrepios pela minha espinha, minha boca fica seca, e minhas mãos geladas. Volto
para o quarto e me sento na poltrona, tentando me acalmar. Minutos se passam
até eu ouvir seus passos pararem na porta, e a fechadura ser aberta. Perco o
fôlego quando o vejo, Dante olha para mim como um animal feroz, suas mãos,
assim como sua camisa, estão sujas de sangue, seus cabelos revoltos e sua
postura mais fria do nunca.
— Você entende por que tive que castigá-la? — Ele pergunta, parando na
minha frente.
Eu não consigo responder o medo é tão grande que apenas balanço a
cabeça, concordando.
— Eu sei que você não acredita que eu te amo, mas está enganada,
Rebeca, eu amo você, querida, amo cada pedaço seu, ninguém chega aos seus
pés, meu amor. Você só precisa ser obediente, não pode me deixar, ninguém vai
te tirar de mim. Você pertence a mim e não quero a maldita russa perto de você.
— Fala, acariciando meu rosto e me apavoro.
— Me desculpa, Dante, eu prometo me comportar. — Prometo,
submissa, começando a chorar.
— Shiiiiu!! — Ele me corta. — Eu não quero ouvir seu choro, amor. Eu
quero que me beije e mostre para o seu homem o quanto sentiu sua falta, o
quanto se arrepende por ser uma bambina desobediente. — Ele fala, olhando em
meus olhos.
Tremendo, eu elimino a distância que nos separa e toco seu pescoço, o
beijando. O beijo do jeito que ele gosta, com a intensidade que ele ama, mas não
consegui segurar as lágrimas e então o primeiro tapa chega. O tapa é dado com
força e meu rosto arde, eu quase caio para trás, porém seus braços me cercaram,
mantendo-me de pé.
— O que eu disse, se fosse obediente, eu não precisaria bater em você.
— Ele desfere outro tapa, mais leve — Entende? — Pergunta e eu balanço a
cabeça, concordando.
— Eu, entendi, amor, vou ser boazinha. — Falo para agradá-lo.
— Isso mesmo — alisa meu rosto onde arde e fico com medo dele bater
de novo. — Se você for uma má garota, eu vou te castigar, mas se for boazinha,
eu te recompenso.
Sinto o medo fazer meu corpo tremer, o sorriso malicioso de Dante me
faz ter certeza de que eu não vou me livrar dele nunca. Essa seria a minha vida
até a morte.
Ele se aproxima, me jogando na cama e abre minhas pernas com força,
me deixando arreganhada e exposta para ele.
— Senti tanta saudade desse corpo, da sua pele, do seu cheiro, do seu
gosto — diz, beijando meus pés e vai subindo pelas minhas coxas. Preciso
respirar fundo para não me esquivar do seu toque. Odeio como meu corpo
corresponde ao seu toque, odeio a mim mesma por um dia ter amado esse
monstro.
— Você é toda minha, Rebeca.
Sua voz é calma e ele começa a acariciar minha boceta, passando a mão
pelo meu clítoris, meu corpo logo se aquece e logo minha boceta está molhada e
meus seios duros.
— Você vê, bambina mia, seu corpo mostra o quão vadia é, sua boceta já
está toda molhada para mim! — Ele ri e eu me encolho, com nojo de mim
mesma. — Relaxa, meu amor, eu amo ver o quanto a controlo, não só sua vida e
seus passos, como seu corpo, até mesmo o ar que você respira, sou eu que
controlo. Agora mostra para o seu dono o quanto o deseja e implora para que eu
a foda. — Ele fala enquanto continua acariciando minha intimidade.
Começo a gemer baixinho, segurando as lágrimas, tentando em vão me
conter.
— Vamos, putinha, fala para eu foder essa boceta, fala.
Temendo que, se negasse o que ele queria, seria pior, então faço o que ele
manda.
— Por favor, Dante, me fode...
Ele não pensa duas vezes em sair de cima de mim, abaixando a calça e a
boxer, revelando seu pau duro, pronto para entrar em mim. Ele encaixa na minha
boceta e vai me penetrando, sem nenhum carinho. Começa a se mexer, metendo
com força e rapidez em mim, esquecendo que estou grávida.
— Cuidado — falo, rouca em meio aos gemidos, colocando minhas mãos
sobre minha barriga.
— Isso, minha putinha, grita, vadia!!! — ele vai falando várias
obscenidades.
— Aí... Dante, devagar, está doendo. — Falo preocupada, mas ele me
ignora e continua a meter com bastante força.
— Eu nunca me canso dessa boceta apertada. Seu corpo foi feito para
mim.
Ele continua metendo, até que passa a mexer na minha boceta com a
mão, estimulando meu clitóris e o prazer vai voltando, logo eu estou gemendo
junto com ele, enquanto ele me dá várias mordidas pelo meu corpo. Percebo que
ele começa a forçar o corpo mais rápido, metendo com força e gemendo grosso
em cima de mim.
— Ahhh... Isso, puta... Eu sabia que todas vocês são putas, só precisam
de um pau grosso para mostrar a verdadeira natureza de vocês, de cadelas. —
Me humilha assim que o orgasmo me atinge. Me sinto um lixo e tenho que
conter um soluço na minha garganta.
— Fica de joelhos que eu quero gozar na sua cara, puta! — Fala com a
voz grossa enquanto se masturba.
Com as pernas tremendo, me arrasto da cama para o carpete, ficando de
joelhos, um tanto tonta, com medo de acabar desmaiando e ele me castigar.
— Ergue o rosto, putinha quero seu rosto vermelho pelos meus tapas e
todo branquinho com a minha porra.
Dante goza, soltando um gemido feroz, seu gozo escorre pelo meu rosto,
me sinto usada, uma puta, como ele fez questão de dizer, um lixo, pois é isso que
eu sou. Eu queria chorar, queria nunca o ter conhecido, queria ser outra pessoa,
ser livre das garras do capo Bruschetta, mas ele jamais me deixaria livre.
Deixar Katharina dentro daquela cela foi mais difícil do que eu
imaginava. Eu não deveria ter qualquer tipo de sentimento por essa mulher,
muito menos depois do que ela fez.
As câmeras me deixam ver o que acontece na cela, mas eu não consigo
olhar, eu não consigo ver Katharina daquela forma e me sinto um fraco por me
deixar levar por essa mulher. Foram longos três dias cuidando de Perséfone, por
sorte a dose de veneno não foi o bastante para matá-la e ela sobreviveu, mas teria
um longo período de recuperação. Com sua volta para a fortaleza, Hades ficará
mais calmo, pois estava descontrolado. Tivemos que deixá-lo preso e às
vezes sedado.
Entro na torre nervoso, pois há dias eu venho evitando olhar para ela, me
apegando a raiva que sinto por saber que ela traiu a minha confiança. Katharina
está sentada no chão, de olhos fechados, seu rosto está molhado de suor. Ela está
visivelmente pálida, e minha vontade é tirar ela daqui, mas não posso, ela precisa
pagar pelo que fez.
Uma luta é travada dentro de mim entre querer ela fora desse lugar e
fazê-la pagar pelo que fez.
— Pelo visto tem tido uma boa estadia aqui. — Falo friamente,
chamando a sua atenção, que abre os olhos e me vê.
— Não tão boa quanto você queria, tenho certeza, — provoca, ficando de
pé devagar.
Pelo visto ela está fraca e a culpa por deixá-la sem comida me atormenta.
— Você teve sorte, sua priminha está livre, na verdade ela estranhamente
decidiu passar uns dias na casa do seu pai. — Falo com raiva, a desgraçada
escapou de mim.
Não sei como tudo aconteceu, mas quando vejo a discussão partiu para
outro lado e Katharina implora para sair.
— Ficará apenas essa semana, mas não pense que ao sair daqui facilitarei
para você, Katharina. Ainda a farei pagar caro por ter ousado machucar algo
meu. — Falo, decidido que não dá mais para deixá-la aqui.
— Dimitri, espera! — Ela me chama enquanto segura meu braço por
entre as grades.
Paro, sentindo meu corpo esquentar com apenas um maldito toque, essa
mulher só pode ser uma bruxa.
— Não me deixe aqui, me leva com você para o nosso quarto, para a
nossa cama. — Tenta me manipular.
— Está tentando me manipular?! — Digo frio, com raiva por ela estar
tentando me usar.
— Não existe manipulação para o que aconteceu na viagem, você sabe.
— Suas palavras são certeiras.
— Acha que suas palavras vão me convencer a esquecer o que fez?! —
Falo, lembrando do motivo para ela estar aqui e tento me afastar.
— Não, eu sei que não, mas eu já fui castigada, não acha? — Súplica, me
olhando intensamente.
— Não, eu não acho, não tendo em vista o que você fez. — Pontuo,
revoltado.
— Então me leve para o calabouço, me castigue, use o seu chicote, me
acorrente, me domine, faça do jeito que gosta, só me tire daqui.
Suas palavras tem efeito direto em meu pau e a imagem dela de joelhos,
no calabouço, pronta para ser castigada, me leva ao delírio. Não sei o que dá em
mim, bem, na verdade eu sei, é o tesão doentio que eu sinto por essa mulher.
Quando eu dou por mim já abri a porta e nós estávamos nos beijando
loucamente. Minha língua chupa a sua, minhas mãos apertam fortemente sua
bunda gostosa e suas unhas arranhavam meu ombro. Intenso, louco e explosivo,
é isso que acontece quando estamos juntos. Minha boca viaja pelo seu ombro, e
quando Katharina me surpreende com um golpe forte na lateral do pescoço. É
tão rápido que mal consegui entender o que houve, pois a escuridão toma conta
de mim.
Abro os olhos e sinto minha cabeça latejar, estou deitado no sofá da sala,
me sento tonto, sentindo um cheiro forte de rum.
— Até que enfim acordou, já estava para jogar um balde de água na sua
cara. — Fala Vicenzo ao lado de Rubens, meu soldado.
— Onde está Katharina? — Pergunto, lembrando o que a desgraçada fez.
— Katharina está na sede, foi atrás de Natasha, Daniela avisou que ela
está na sua sala.
— Preciso ir até lá. — Me levanto puto com ela, sentindo uma dor
horrível nas bolas, meu pau parece que foi esmagado por um trator.
Que porra aconteceu enquanto estava desacordado, como fui cair num
truque velho desse?!
— Calma aí cara, antes preciso te mostrar uma coisa! — Fala Vicenzo,
me entregando o celular.
Confuso, pego o aparelho e dou play em um vídeo pausado, nele posso
ver Natasha e uma das empregadas da casa conversando. As duas caminham
juntas até o portão leste, onde a câmera não consegue gravar bem, já que a
vegetação atrapalha. O vídeo segue para a escadaria, que leva para a minha suíte
no terceiro andar, a mesma empregada entra, e, como nos quartos não tem
câmera não posso ver o que ela faz lá dentro, porém, os únicos que têm
autorização para entrar no meu quarto são Luigi e Monalisa.
— Traga Ninete para nós — fala Vicenzo para os dois soldados na sala.
Não preciso da chegada dela para entender que tudo não passou de uma
armadilha de Natasha.
— Katharina é inocente. — Falo, percebendo o grande erro que cometi.
— Sim, foi Natasha, a sua cadela, ela armou para a culpa cair em
Katharina.
Nossos soldados trazem Ninete arrastada, ela está chorando, descabelada,
com o rosto todo deformado e o nariz sangrando, imagino o tratamento que
Vicenzo deve ter dado a ela.
— Eu vou perguntar apenas uma vez, seja direta ou sua morte será lenta e
dolorosa. — Falo, olhando para a mesma, que chora em desespero.
— Eu sinto muito, senhor, eu não sabia que isso aconteceria. Ela sabia
que eu precisava do dinheiro para trazer meu filho para a Itália. — Ela fala,
soluçando.
— Seu tempo tá passando.
— A dona Natasha me pediu para colocar o pó na comida dos leões e
deixar a embalagem nas coisas da senhora Katharina. Eu não queria que isso
acontecesse, eu ju... — ela não termina de falar, pois atiro na sua testa.
— Mande alguém limpar isso aqui — falo para Rubens, pegando minha
chave, nervoso, me dando conta da grande merda que eu fiz.

— Vai ser delicioso assistir você despencar daqui de cima e virar purê lá
embaixo.
— Me solta. — Ela se apavora e tenta escapar, mas uso toda a minha
força a puxando para frente, inclinando seu corpo contra o parapeito.
— Dê adeus a sua vida, cyka.
Natasha se agarra ao parapeito enquanto eu tento empurrá-la para baixo.
— Katharina, não faça isso — Diz Lorenzo, pálido, entrando na sala.
— Tarde demais, ninguém vai me impedir de fazer essa vagabunda voar.
Uso meu braço esquerdo para soltar sua mão que agarra o parapeito.
— Você não é uma assassina, Katharina, não suje suas mãos com sangue
dessa cadela. — Ele fala sério, se aproximando de nós duas.
— Você não me conhece, Lorenzo, você não sabe do que eu sou capaz!
— Eu te conheço, Katharina, você é boa, não é como nós, você não é
como ela.
Olho para a vagabunda toda destruída e para Lorenzo, então tomo a
minha decisão. Solto Natasha no chão da sacada, ela cai e começa a chorar no
chão, e é nesse momento que a porta abre novamente e vejo passando por ela
Vicenzo e Dimitri.
Limpo as minhas mãos sujas do sangue da vadia, quando Dimitri para de
frente para mim.
— O que foi, veio se vingar por ter te enganado e trancado na cela?! —
Pergunto, olhando para ele firmemente.
— Não, confesso que fiquei puto quando acordei e me dei conta que você
me enganou, mas eu mereci isso! — Fala, se aproximando de mim e eu me
afasto. — Está ferida, Natasha te machucou? — Pergunta, fingindo estar
preocupado, segurando minha mão suja de sangue.
— Não me toque!! — me esquivo com ódio e já me arrependo de não ter
jogado a vadia pelos ares.
— Katharina, eu já sei o que aconteceu, eu preciso...
— Claro, como foi, Vicenzo ou Lorenzo quem te contou a armação da
sua puta contra mim?! — Digo debochada, o interrompendo.
— Vicenzo conseguiu que Ninete confessasse.
— Tudo poderia ter sido evitado se tivesse acreditado em mim. — Falo,
amarga, deixando uma lágrima de raiva escorrer.
— Você tem que ente...
— Chega! Eu não quero ouvir você, Dimitri eu estou exausta de tudo isso
e quer saber? Você e essa vadia se merecem! — Digo com desprezo. — Lorenzo,
me leva para casa... — peço, me virando para Lorenzo, que se mantém calado,
olhando para a discussão.
— Você não vai com ele — Dimitri rosna, irritado, eu reviro os olhos
sem paciência. — Lorenzo, leva Natasha para a fábrica de sal!!
— Não, não, Dimitri, não!!
A puta começa a implorar, mas eu não tenho mais saco para aguentar
toda essa merda e saio da sala decidida a ir embora sozinha.
As portas do elevador abrem, mas antes que eu entre, Dimitri segura meu
braço.
— Precisamos conversar, você não pode sair assim.
Puxo meu braço com raiva, até mesmo seu toque me enfurece.
— Tarde demais para conversas, senhor Rinna, meu rosto ainda arde pelo
tapa que me deu, nada que me diga vai mudar o fato de ter sido tratada feito um
lixo por você!
— Eu estava errado com você.
— Me conta uma novidade — Debocho. — Estou cansada, tudo que
preciso é de um bom banho e comida, se não tem nada novo para me dizer,
preciso ir.
Eu vejo um conflito em seu olhar, algo está diferente, mas eu não sei
explicar o que.
— Chaise te levará em casa, mais tarde nós conversaremos. — diz, mas
eu nem mesmo o respondo, entro no elevador, me afastando dele.

O caminho até a fortaleza é rápido, estava tão cansada e dolorida que


nem vejo quando chegamos. O sangue havia esfriado e a dor toma conta do meu
corpo, por sorte, tinha Chaise para me ajudar a subir os degraus da entrada ou
acabaria caindo no chão.
Na entrada da sala vejo duas funcionárias limpando o piso de madeira
que estava sujo de sangue e prefiro nem perguntar o que aconteceu.
— Senhora Katharina, a senhora está bem? — Pergunta Luigi assim que
me vê e vem até mim.
— Estou bem, Luigi, só preciso que Carlota faça aquela carbonada que
só ela sabe fazer e de um bom banho.
— Pode deixar eu mesmo vou preparar a banheira para a senhora.

Tomo um banho relaxante de quase duas horas onde choro, deixando


todas as minhas frustrações falarem. Sinto-me sozinha nesse país, sinto falta da
minha família, de Aslan.
Quando saio do banheiro eu já me sinto outra pessoa, todo o momento de
fraqueza se foi como as águas, pelo ralo. Me visto e olho no espelho, minha
aparência está abatida e cansada. Luigi traz uma bandeja com o almoço
reforçado, tomo um relaxante muscular e devoro toda a comida, me sentindo
renovada.
— Carlota vai ficar feliz ao ver essa bandeja vazia. — Fala Luigi,
recolhendo a bandeja.
— Eu estava há dias sem comer uma refeição decente e senti falta da
comida de Carlota.
— Senhora, eu sinto muito pelo que aconteceu, eu deveria ter visto
Ninete entrando no quarto da senhora, por minha culpa...
— Não termine essa frase, a culpa não é sua, se tem alguém culpado esse
alguém é Dimitri. Não quero que se preocupe, eu estou bem. Pensando nisso
tive uma ideia, chame Monalisa aqui, vou precisar dela para fazer umas
mudanças.


Katharina saiu me fazendo sentir um idiota, cai em uma armadilha feita
por uma qualquer.
Natasha é arrastada por Lorenzo que a segura bruscamente.
— Por favor, Dimitri, eu me arrependo de tudo, só fiz isso porque te amo.
Eu errei, mas errei por amor.
Implora se ajoelhando aos meus pés, me causando náuseas. Um ódio
infinito me assola, vendo o quão dissimulada é essa vadia.
— Leve-a para a fábrica e prepare tudo para minha chegada. Vicenzo,
peça para Guido trazer Hades, vou precisar dele.

Resolvo tudo que tinha para resolver na sede. Minha sala precisou passar
por uma limpeza, pelas câmeras de segurança vi Katharina dando uma surra bem
merecida na vagabunda da Natasha. Ainda não sabia como iria consertar as
coisas com Katharina, mas daria um jeito de arrumar toda a bagunça que
Natasha havia feito.
Cancelo meus compromissos e dirigi até a saída da cidade.
Meu lado sádico estava sob controle, agora, a besta em mim quer sangue
e morte. O cheiro forte de sal preenche minhas narinas. Chego à fábrica
abandonada em Bagheria, conhecida pela Cosa Nostra como porta do inferno.
As pessoas que não são confiáveis acabam enviadas para cá e quem entra por
essas portas, não sai. Aqui é onde a Cosa Nostra faz seus problemas
desaparecem, pelo menos alguns deles. Ninguém sabe ao certo quantas pessoas
já morreram aqui, afinal as paredes não falam. Os muros altos protegem dos
curiosos e homens armados fazem a segurança. Costumávamos usar a torre da
agonia como lugar para manter os prisioneiros, mas desde que a fábrica ficou
abandonada decidimos trazer os maledetos para cá.

As portas de madeira são abertas e aquela sensação empolgante toma


conta de mim, como acontece toda vez que estou aqui. Temos várias salas de
tortura, mas no fim todos vão pro mesmo lugar o tanque cheio de ácido, onde os
corpos são jogados, não deixando nenhum vestígio ou prova. Homens que
quebram o código de Omertà, traindo a família são os que mais sofrem. O
desespero é tão grande que no fim eles imploram para morrer.


No fim do salão principal vou direto para a sala nove, a minha favorita.
Lorenzo está sentado, fumando, enquanto Natasha está amarrada pelos braços,
nua.
— Dimitri, por favor, eu prometo que nunca mais vou fazer nada contra
Katharina, só me deixe ir. — Natasha implora.
— Eu te avisei, Natasha...
— Eu saio do país, vou para longe, só me deixe ir, eu já aprendi a lição,
por favor, não me mate. — Ela súplica.
— É tarde demais para implorar. — Falo, tirando meu paletó e dobrando
as mangas da camisa.
A mesa de metal está pronta, com todos os brinquedos, mas antes de
começar eu tenho algo para dar a ela.
— Lembra disso?! — Questiono-a, retirando a embalagem com o veneno
que ela deu a Perséfone.
— Por favor, não.
— Em doses grandes eu poderia matá-la, mas, segundo Guido, uma
pequena dose causa dores terríveis e até hemorragia interna.
— Dimitri, por favor, eu faço o que pedir.
— Lorenzo, abre a boca da vagabunda. — Ordeno e ele apaga o cigarro,
indo até ela.
Natasha tenta lutar com ele e mordê-lo, porém, Lorenzo aperta seu rosto,
tão forte que eu coloco uma pequena porção do veneno em sua língua. Natasha
engole e engasga, enquanto nós dois rimos do seu desespero.
Vou até a mesa de instrumentos e olho uma a uma as opções. Começo por
meu alicate preferido. Volto com o objeto em mãos até Natasha, que se debate,
mas não consegue escapar, não com os braços presos. Um a um vou arrancando
suas unhas dos seus pés. Os gritos de Natasha alimentam a fera que vive em
mim.
Ela parece que vai desmaiar de tanta dor, entretanto, não vou facilitar,
acerto um tapa forte na sua cara e ela acorda, desnorteada, chorando de dor.
— Por favor, Dimitri acabe com isso de uma vez. — Ela suplica por uma
morte rápida.
— Já está implorando? Katharina ficou três dias em uma cela e não
implorou nenhuma vez. Que feio Natasha, justo você que se acha tão superior.
— Debocho, fazendo Lorenzo e meus homens rirem.
Pego o chicote com pontas de ferro e decido marcá-la um pouco. O
primeiro golpe vai em seus seios, sangue escorre e ela acaba se mijando de dor.
— Mas já a diversão nem começou. — Falo e dou mais um golpe, esse
em suas pernas.
Meus homens assistem à cena empolgados, Lorenzo fuma enquanto eu
continuo o espetáculo, chicoteando a cadela miserável.
Natasha já desmaia, quando o meu chicote vai ao chão, meu braço estava
doendo e seu corpo todo ensanguentado.
— Acho que ela está precisando de um banho para acordar. — Falo a
Lorenzo e ele logo vai buscar o balde.
Pego o balde e despejo o conteúdo em seu corpo, Natasha acorda,
assustada com vinagre escorrendo por todo seu corpo.
— Ah, meu Deus, me mata, eu não aguento mais!!! — Grita,
horrorizada.
— Ah, querida, por favor, não seja fraca. Isso não é nada!
Eu poderia ficar o dia todo aqui me divertindo, mas pela quantidade de
sangue que ela está perdendo, não vai durar muito.
— Por favor, Dimitri, acaba com isso... de... uma vez. — Soluça,
cuspindo sangue.
Ela já estava acabada, não iria durar muito, para a minha tristeza.
— Lorenzo, traga Guido — Ordeno e ele rapidamente vai buscá-lo. —
Eu vou te dar uma chance de viver, apenas uma chance. — Falo, brincando com
seu psicológico já fraco.
Solto seus braços e ela cai no chão, gemendo de dor, e nesse momento
Guido entra junto com Hades. Vou até ele, acariciando sua juba e Hades ruge
ansioso, provavelmente estranhando o lugar onde estamos.
Seguro as correntes em seu pescoço, o levando até onde estávamos,
Guido sai, nos deixando sozinhos, Hades senta ao meu lado, olhando para tudo
ao seu redor.
— Você tem exatamente dez segundos para chegar até a saída, quando eu
chegar ao dez Hades estará solto e ele vai adorar brincar com você. — Explico,
me abaixando na altura de Hades, que ruge para Natasha.
— Seja rápida, um.
Começo a contar quando Natasha tenta ficar de pé.
— Dois — ela se levanta e arrasta a perna ferida... — Três — ela mal
consegue dar dois passos — Quatro, cinco, seis — ela chora, desesperada, se
arrastando. — Sete, oito, nove.
A porta está perto, mas eu sei que ela não conseguirá.
— dez.
Hades corre em sua direção e a cena é tão brutal que espantaria qualquer
um. Os gritos de desespero de Natasha são horríveis. Hades brinca com ela como
se ela fosse um rato, as mordidas que ele dá são apenas para feri-la, só está
brincando. Por fim, Hades vai direto para a garganta e já não resta nada da vadia.

Eu já fiz muitas coisas ruins, admito, mas não vou voltar atrás. Não posso
negar que matar Natasha me trouxe alívio, se dissesse que não, estaria mentindo.
Eu quis matá-la no momento que descobri o que ela fez. Eu quis torturar e
saboreei todo aquele sofrimento, me diverti vendo a dor que causei. Um homem
como eu está acostumado a ter o poder, o controle e pela primeira vez na vida eu
não tenho o controle, me vejo confuso, sem saber o que fazer para remediar um
erro que cometi.
Tenho dinheiro, poder, sou temido, respeitado e invejado por toda Itália,
até mesmo no mundo, mas nada disso funciona com Katharina. Ela me
confunde, me enfrenta, e me enfurece, ao mesmo tempo que me encanta. Sua
insurgência desperta o pior em mim e a mísera hipótese de ela ter me enganado
me deixou descontrolado a ponto de esquecer os negócios da família e agir como
um soldado amador, fiquei cego pela raiva e não deixei meus instintos
controlarem a situação.
Katharina é um perigo para a minha racionalidade e essa obsessão por ela
está me deixando louco a ponto de não conseguir me satisfazer plenamente com
as minhas escravas, as melhores, mais obedientes e perfeitas submissas. O prazer
vinha de maneira tão singular, tão normal que agora me vejo frustrado,
descontando minha fúria em Denise e Lany. Acabo dispensando as duas, se não
servem para me dar prazer, não tem serventia para mim.
A fúria que vejo nos olhos de Katharina me encanta, sua força me faz
admirá-la, ela é forte, muito diferente do que eu imaginei quando aceitei o
acordo com Castelaresi. Bela como um anjo mais perfeito, contudo, é perversa
como um demônio enviado direto do inferno para me enlouquecer e a besta
dentro de mim precisa dominá-la, submetê-la, subjugá-la aos meus desejos, só
assim essa loucura vai passar e eu voltarei a ser o que sempre fui. Saio dos meus
devaneios quando o meu motorista estaciona na entrada da fortaleza, os portões
são abertos e me dou conta que já é começo da noite.
Hades já foi trazido para casa, apenas eu fiquei na fábrica acertando as
contas com o veterinário do zoológico, que não só entregou o veneno a Natasha
como também ensinou qual era a dosagem certa. Entro em casa depois de
conversar com o chefe dos soldados da fortaleza e verifico se as novas câmeras
já foram instaladas, depois que Vicenzo mostrou os pontos fracos na segurança
da fortaleza.
Na sala de estar não encontro ninguém, nem mesmo Luigi, que sempre
está a postos para me receber. Provavelmente, Katharina deve estar descansando
depois de ficar três dias na cela por culpa de Natasha.
Subo direto para o terceiro andar e encontro Luigi no corredor.
— Senhor, não sabia que já tinha chegado, precisa de algo?!
— Acabei de chegar. Sabe onde Katharina está?
— A senhora está descansando, a coitadinha estava tão abatida que
tomou um remédio para dor e está dormindo até agora.
— Obrigado Luigi, pode pedir para Carlota servir o jantar no meu quarto.
— Claro, senhor — diz, se virando para sair quando eu o impeço. —
Luigi, espere.
— Sim, senhor.
— Pode pedir para Romeu colher uma rosa e trazer com o jantar.
— Vermelha, senhor?
— É a favorita de Katharina.
— Sim, senhor.
Três dias longe dela. Eu mal consegui entrar na porra desse quarto, sua
presença está marcada em cada canto dessas paredes.
Abro a porta do quarto e entro de maneira silenciosa, Katharina está
dormindo feito um anjo, toda esparramada, fecho a porta, pronto para ir tomar
um banho e tirar esse cheiro de sangue de mim. Nesse momento ela abre os
olhos e me vê.
— Não queria te acordar. — Digo, tirando o paletó.
— O que está fazendo? — Ela pergunta, arrumando o lençol ao redor do
corpo, então eu percebo que ela está nua.
Inferno, meu pau fica duro com a mísera visão das suas coxas. Não é
hora de ficar excitado, não com a fúria que vejo no olhar de Katharina.
— Acho que ficará feliz em saber que Natasha não é mais um problema.
— Ela nunca foi! O único problema que eu tenho é você!!
— É melhor conversarmos depois que eu tiver tomado meu banho. —
Falo, tirando os sapatos e indo em direção ao banheiro.
Tiro as roupas sujas com o sangue de Natasha, jogo em qualquer canto
do banheiro, entro no box e ligo o chuveiro, deixando a água lavar toda a
imundice sobre mim.

Saio do banheiro com uma toalha na cintura, encontrando Katharina


sentada na cadeira, já vestida e pela sua cara eu sei que uma guerra logo vai
começar.
Passo por ela, indo até o closet, as luzes se acendem assim que entro,
abro a gaveta atrás de uma boxer e a encontro vazia, confuso eu faço o mesmo
com as outras e todas se encontram do mesmo jeito. Abro as portas atrás das
minhas roupas e não encontro nenhuma delas, do outro lado do closet todas suas
coisas se mantêm no mesmo lugar.
Que merda é essa?!
— Onde estão minhas roupas? — Pergunto, já irritado.
— No seu novo quarto.
— Que porra é essa, Katharina?!
— Não pensou mesmo que depois do que você fez, tudo ia continuar
como estava.
— Eu avisei que você iria continuar a dormir comigo, isso está fora de
cogitação. — Falo, agarrando-a pelo braço e a levantando da poltrona.
— Você disse que eu estava proibida de me mudar desse quarto, mas
quem está se mudando é você. Eu prefiro morrer a dormir na mesma cama que
você. — Ela joga as palavras, com raiva, puxando o braço bruscamente.
Passo as mãos pelo cabelo, nervoso, o que diabos essa mulher quer?!
— Eu sei que eu agi errado, você não merecia o que aconteceu. A culpa
toda foi da desgraçada da Natasha.
— Você é tão hipócrita que não percebe que o problema aqui não é
Natasha e sim você. Se confiasse em mim, nada disso teria acontecido.
— Eu estava errado, caralho, o que quer que eu diga?! — Me enfureço
com o seu ataque.
— Errado? Você estava errado?! Eu fiquei três dias numa cela, a pão e
água, feito um animal. E você apenas diz que estava errado, Dimitri. Se tivesse
dispensado a porra das suas amantes antes de assinar esse acordo eu não teria
passado por todo esse inferno, se fosse a porra de um homem de verdade pediria
no mínimo desculpas.
— Natasha não existe mais, dispensei as duas escravas que mantinha. Eu
admito que estava errado, mas eu fui até benevolente com você, nem mesmo a
castiguei por ter me enganado e me trancado na torre. O que mais quer de mim?!
— Grito e a vejo chocada.
Katharina fica sem fala por um segundo.
— Eu não quero que você seja infeliz, Katharina, o que aconteceu três
dias atrás não vai se repetir.
— Acha que o fato de ter dispensado suas putas vai me fazer perdoá-lo?
Está pensando o que, que vou cair no seu colo e agradecer por ser a porra de um
homem decente e não ter amantes enquanto é casado? — Fala, cheia de rancor.
— O seu problema, Boss, Capo dei capi, o todo poderoso chefão, é que você
sempre me subestima demais.
— Katharina...
— Katharina nada, meu rosto ainda arde pelo tapa que você me deu. Que
tipo de mulher você acha que sou?! Já que não posso me divorciar de você, o
mínimo que você me deve é isso, distância.
— Você não pode me obrigar a sair do nosso quarto, Katharina, nós
somos casados, você é minha mulher.
— Eu era sua mulher quando me trancou naquela torre idiota. Enquanto
o poderoso chefão não aprender a pedir desculpas, eu não quero nem ter que
olhar para sua cara.
— Você só pode estar louca, eu sou o dono dessa casa, eu mando na
porra da Itália toda, você não dá ordens!!! — seguro seu rosto, a pressionando
contra a parede.
— Você pode ser o próprio diabo, mas ninguém me obrigada a dormir na
mesma cama que você!! — fala com chama nos olhos.
A solto, percebendo que, por hora é melhor deixá-la. Katharina está fora
de si e nada que eu fale vai fazê-la mudar de ideia e se acalmar.
— Não acabamos aqui, bella mia, há muito a discutir. — Falo, batendo a
porta do quarto.

Um mundo cruel, completamente cinza, foi nesse mundo que fui criado.
Desde muito jovem eu lutei para chegar onde estou, após nascer e crescer com a
minha temida família.
Para mim, era irônico pensar que meus pais se amavam, ambos filhos de
mafiosos que mesmo em um casamento arranjado encontram juntos a felicidade.
Desse casamento nasceram dois filhos, eu e meu irmão Gaill, nós dois desde
cedo sabíamos que nos tornaríamos mafiosos. Meu irmão, o capo da família
Bruschetta e eu, seu subchefe.
Muitos conhecem a fama da família Bruschetta, por sermos os reis das
armas de toda máfia, conseguimos não só as melhores como as mais potentes
armas do mundo.
Foi quando a guerra da máfia começou que tivemos que escolher um
lado. No começo, meu pai não quis se envolver, mesmo com meus protestos,
pois, conhecendo meu amigo Dimitri, eu sabia que ele seria o novo capo da
Cosa Nostra e não queria ficar do lado perdedor quando tudo acabasse. Por fim,
nós entramos na guerra apoiando Dimitri, que a essa altura já tinha matado o
Michelle Navarro e tocava o terror em toda Itália.
No confronto entre Dimitri e seus aliados contra a família Navarro, Gaill
acabou sendo atingido. Meu irmão morreu e minha mãe ficou arrasada. Eu, de
certa forma, fiquei feliz com sua morte, pois assim eu estaria no lugar que
sempre deveria ter sido meu. Como chefe da família Bruschetta.
Meus pais acabaram me convencendo que o próximo passo seria me
casar e assim conseguir um herdeiro, então a escolhida foi Giuliana, de uma
família tradicional.
Ela era perfeita para o papel de minha esposa e me vi encantado pelo seu
corpo e pela maneira sedutora que ela me olhava. Por um tempo eu realmente
acreditei que a amava, mas Giuliana me mostrou o quanto às mulheres são
vadias, no fim, ela era uma puta, como todas as outras.
Aceitei a pequena Rebeca como substituta, mesmo a contragosto. Meu
pai, a mando da minha mãe, me convenceu de que era melhor aceitá-la, pois
assim eu poderia me vingar da família Cintra. Rebeca, minha doce menina,
parecia um cordeirinho quando foi entregue a mim, seu olhar encantado no altar
ainda está gravado na minha mente. Ela se entregou a mim tão inocentemente
que não teve como não amar a bambina. Porém, eu não poderia esquecer quem
ela era e qual sangue ela carrega.
Eu precisava fazer com que eles pagassem, então fiz. A marquei com
meu cinto minutos depois de me desfazer em seu corpinho, fiz questão de
mostrar aos seus pais o tratamento que a bambina teria ao meu lado. Giuliana
também pagaria caro pelo que me fez.
A pedido meu, Dimitri ordenou seu casamento com um dos soldados da
Cosa Nostra.
Alvarez era um viúvo de quarenta anos, mais velho que Giuliana e
assumiu o bastardo que ela carregava, mas a vida da vagabunda não foi fácil ao
lado dele. Infelizmente, ele acabou morrendo meses atrás em um confronto na
máfia, porém, eu ainda não estava satisfeito, eu queria mais.
Meu ódio por vadias como ela me mantinha em alerta para qualquer
passo em falso que Rebeca desse. Não permitiria ser passado para trás uma
segunda vez, mesmo com aqueles olhos doces, minha bambina poderia ser tão
traiçoeira como sua irmãzinha.
Dois dias tinham se passado desde que tirei Rebeca do castigo, ela está se
comportando bem. Não sai de casa, a não ser para suas caminhadas matinais
pelo jardim, e também está cuidando bem do marido que tem.
Ao chegar em casa, ela me recepciona na porta, esperando como uma boa
cadelinha, então eu a fodo ali mesmo, na sala da nossa casa. Não consigo ficar
muito tempo longe do seu corpo. Rebeca sabe do que eu gosto, ela é perfeita em
tudo que faz e me satisfaz como nenhuma das minhas putas jamais fez, mesmo
que ultimamente ela venha reclamando por conta da gravidez, mas eu não me
importo e meto com força até me sentir saciado.
Batem na porta do escritório, me despertando dos meus pensamentos.
— Entre — digo e então Rebeca passa pela porta.
Ela está usando um vestido longo azul com os cabelos soltos. Analiso sua
roupa, verificando se ela está bem coberta. Ela sabe que odeio quando deixa seu
corpo à mostra, mesmo estando gorda, por conta da gravidez, ela ainda consegue
ser a mulher mais bonita que já vi.
— Vamos, então, sabe que não tenho tempo a perder, ainda vamos ter que
passar na casa dos seus pais para almoçar.
Seguro sua mão, que está fria, ela está com medo do exame de ultrassom.
Todas as vezes que ela foi ao hospital me disse que não deu para ver o sexo do
meu filho. Porém, hoje não sairei da clínica até ter a certeza que ela carrega meu
herdeiro.

— Dante, estou um pouco enjoada, não podemos ir outro dia fazer o


exame? — Pergunta, com a voz trêmula.
— De jeito nenhum, trate de fazer esse enjoo passar, pois já estamos
chegando. — Digo, entrando no estacionamento da clínica.
O nome Bruschetta serviu para que não precisássemos esperar e bastou
chegarmos na clínica e já fomos levados para a sala da médica.
— Bom te ver, senhora Bruschetta, vejo que veio acompanhada hoje, é
muito bom para o bebê que o pai seja presente na gravidez. — Elogia a médica.
— Não temos tempo a perder, doutora, viemos aqui para ver o sexo do
meu filho. —Digo curto e grosso e a mesma engole em seco.
— Certo, venha por aqui, preciso que deite na maca e eu vou ligar o
aparelho de ultrassom. O senhor pode se sentar naquela cadeira. — Explica,
apontando para o lugar.
— Ficarei de pé. — Digo, frio.
A médica aplica um gel na barriga de Rebeca e não demora muito para o
exame começar, o som do coração do bebê enche a sala e Rebeca chora
emocionada, bem coisa de mulher.
— Vamos, doutora, diga de uma vez o sexo do bebê que minha esposa
está esperando.
— Parabéns, os dois estão esperando uma menina...

A chuva bate no vidro do carro, Palermo está silenciosa essa noite e


minha compulsão está fora de controle, eu preciso de mais. Fecho os olhos e
posso vê-la na minha frente, ela entregue a mim e então posso fazer o que quiser
com ela. Sua pele pálida está coberta de suor do orgasmo que eu a dei, ela é pura
e única, e minha, minha. Toda minha, apenas minha. Soco o volante enfurecido.
O ser maligno dentro de mim diz que devo machucá-la, que ela não
merece o meu amor, que ela tem que sofrer, que todas merecem sofrer, são todas
putas desgraçadas.
O carro derrapa na curva em alta velocidade, abro os olhos apertando
minhas mãos no volante. Quando estou cruzando a avenida vejo um carro
vermelho parado no acostamento, quase ia passando por ele quando vejo uma
loira de preto, descendo. Ela tenta abrir o guarda-chuva, mas o vento o leva para
longe, ela grita de raiva e chuta o carro, que aparentemente quebrou.
Paro meu carro atrás do seu e desço, indo até ela.
— Precisa de ajuda, moça? — Pergunto, segurando meu guarda-chuva.
— Não, obrigada. — Nega, desconfiada, tremendo de frio pela chuva
intensa.
— Tem certeza? A chuva não está com cara de que vai parar.
— Eu só preciso ir para casa. — Ela fala, inconformada, olhando para o
carro velho.
Confesso que ela é bonita, seus cabelos loiros e pele pálida são como os
dela, mas seus olhos são um lembrete que nenhuma chegará aos seus pés.
— Posso te dar uma carona, o que acha? — Pergunto, já sabendo que ela
será a minha próxima presa.
— Eu não sei não, nem te conheço. — diz, desconfiada e um raio forte
corta o céu a assustando.
— Tenho cara de assassino para você?! — Pergunto, debochado e ela
sorri.
— Tem razão, eu realmente preciso de ajuda.
Ela entra no carro depois de pegar sua bolsa e seu celular, que estava
descarregado. Eu parto dali, mas não para a casa dela e sim para o meu
apartamento.
Desde que a polícia começou uma busca por mim, decidi mudar minha
tática com as minhas presas, não poderia me arriscar como antes. Então, esse
apartamento escondido na região norte de Palermo vem bem a calhar.
— Para onde estamos indo? — Ela pergunta quando percebe que não
estamos indo em direção a sua casa.
— Vamos dar uma passada na minha casa antes de te levar para casa. —
Afirmo, levando a minha mão para sua coxa e ela fica arrepiada.
— Não era esse o combinado. — diz, relutante.
— Eu sei que você também quer, não negue. — Provoco, deslizando
minha mão até a abertura do seu vestido.
Levo Camila até a cobertura, do prédio que tenho, ele serviria para o meu
propósito de satisfazer o mal que existe dentro de mim. A porta mal fecha e eu já
estou jogando-a contra a parede e beijando seus lábios.
— Calma, vamos tirar essas roupas molhadas. — A puta pede, se
afastando.
Me sento no sofá e assisto ela lentamente se desfazer das roupas. Camila
se ajoelha e vem até mim engatinhando, ela tem um corpo bonito. Abre o zíper
da minha calça e pega meu pau duro.
— Você é um cara grandão. — Elogia ela, massageando meu cacete.
— Fala menos e aja mais. — Falo, com desprezo.
Me afasto e vou tirando a roupa e a vadia, começa a me chupar até quase
me fazer gozar. Viro ela de costas para mim no sofá e enfio meu pau na sua
boceta de uma vez. Camila geme de prazer, minhas mãos apertam com força
seus seios pequenos, beliscando até vê-los vermelhos. Eu já uivava de tesão,
socando fundo, ouvindo Camila gritar de prazer. A vagabunda já tinha gozado
duas vezes. Tiro meu pau melado daquela boceta e a coloco de quatro para mim,
meu alvo agora é seu cu. A vadia estremece quando dou um tapa forte na sua
bunda, e, sem dó, eu meto tudo de uma vez, fazendo ela soltar um grito alto de
dor, pela brutalidade do meu ato. Eu não consigo me satisfazer, então começo a
dar tapas estalados na bunda da putinha, que tenta correr de mim. Odiava
mulheres como ela, vagabundas e traiçoeiras. Qualquer homem pegava uma
oferecida dessa.
— Me solta, tá me machucando.
— Cala a boca, vadia. — Ordeno, apertando seu pescoço por trás,
empurrando sua cabeça ainda mais no tapete da sala.
Ela tenta lutar contra mim, mas eu sou muito mais forte e seus protestos
são inúteis. Camila chora, pedindo socorro, enquanto eu rasgo seu cuzinho
apertado, que agora está esfolado.
— Não adianta gritar, sua burra, o prédio é todo meu. — Digo, puxando
seu cabelo loiro para trás, enquanto dou mais um golpe, gozando dentro da
vadia.
Camila treme, suada, gritando de dor e chorando, quase chegando ao
ponto de desmaiar. Mas eu a acordo com tapas fortes na cara, fazendo com que
ela abra os olhos. Uso as cordas que tinha deixado separadas especialmente para
esse momento, amarrando seus braços e pernas. Fico sentado no sofá, admirando
a obra de arte. Ela está toda marcada, com seu rosto vermelho pelos tapas e sua
bunda toda esfolada. Nessa hora, vendo uma puta como essa subjugada a mim eu
me sinto o homem mais poderoso do mundo, todas elas merecem pagar. Me
levanto, indo até o quarto e lá pego o que tanto quero, o punhal de prata com
desenhos encravados nele junto com algumas pedras preciosas. Camila vê a faca
na minha mão e começou a gritar desesperada, sabendo que seria o seu fim.
— Você não imagina o prazer que me dá ouvir seus gritos. — Digo, me
ajoelhando.
Ela tenta se arrastar para longe, mas a puxo pelos cabelos e cravo a faca
em seu abdome até o seu pescoço, tirando sua vida. Essa é a primeira presa que
devoro em dias, porém, a calma que vem sempre depois da morte não chega e a
satisfação não me acomete. Preciso de mais, uma só não é o bastante....

O caminho até a casa dos meus pais é feito em silêncio, apenas o som da
chuva caindo no vidro do carro pode ser ouvido. Eu sabia que isso não
significava coisa boa, então decido acabar com essa angústia de uma vez.
— Dante, por favor, diga alguma coisa — falo, com as mãos tremendo.
— O que quer que eu diga, que você é uma imprestável, que não serviu
nem mesmo para me dar o filho homem?!
— A culpa não é minha — sussurro.
— Claro que é, mas isso não importa. Porque agora essa menina será
criada de maneira rígida para não se tornar uma puta como as mulheres da sua
família.
— Você está falando de uma criança.
— Uma criança que vai crescer, então, antes que isso aconteça, vou
mandá-la para um colégio interno onde ela vai aprender a ser uma mulher
decente.
— Não pode me afastar da minha filha. — Digo com aflição, sentindo
minha filha mexer.
— Quem decide isso sou eu. — Ele sentencia, estacionando o carro.
— Queridos, que bom que chegaram — fala mamãe, me abraçando assim
que me vê! — A gravidez está te deixando tão linda, meu amor. — diz mamãe,
sorrindo.
— Obrigada.
— Bruschetta. — Cumprimenta meu pai e Dante nem mesmo responde,
apenas entra na casa, os acompanhando.
Giuliana, assim que entramos, vai até Dante e beija seu rosto quase perto
da boca, o que me deixa nervosa.
— Como vai, querida, cada dia que passa você está maior. — Debocha.
— Como está meu sobrinho? — Pergunto, com saudade do pequeno
Bernardo.
— Ele está no internato, já tem idade o bastante para começar seus
estudos — ela explica, sem um pingo de sentimento.
— Vamos para sala de jantar, nós só estávamos aguardando vocês. —
Fala minha mãe.
— Estou ansioso para saber o sexo. — Fala meu pai quando nos
sentamos e o mordomo vem servir o vinho.
— É uma menina. — Dou um sorriso, forçado mexendo na comida, sem
apetite nenhum.
Todos na mesa ficam calados, mas o sorriso sarcástico na cara de
Giuliana é o pior.
— Pelo visto você não teve sorte igual a mim, de primeira eu já tive um
filho homem.
Suas palavras são tão ácidas que até me embrulha o estômago.
— Esse é só o nosso primeiro filho, o próximo tenho certeza que será um
menino. O meu herdeiro. — Diz Dante, a respondendo.
O almoço vira algo terrível, Giuliana me alfineta o tempo todo, mamãe
tenta quebrar o clima tenso enquanto meu pai e Dante falam sobre armas e
drogas. Eu nem percebi quando terminamos o almoço e todos vamos para a sala
de estar.
O telefone de Dante toca e ele sai para atender, Giuliana se levanta,
deixando apenas eu e meus pais na sala.
— Você não parece bem, filha. — Fala mamãe, segurando a minha mão.
— Eu vou ficar, mãe, é a gravidez, ela está mexendo com meus
hormônios, desculpa, mas precisa ir ao banheiro. — Digo, me levantando e
seguindo na direção em que Giuliana foi.
Subo as escadas que levam até o segundo andar, meu coração estava
acelerado e minha filha mexe na minha barriga, agitada. No corredor que leva ao
quarto de Giuliana eu ouço a voz de Dante e sinto um calafrio só de imaginar o
que ele está fazendo no quarto dela.
A porta está semiaberta e por ela eu posso ver claramente a cena bizarra
que se desenrola lá dentro. Eles estão se beijando, como se fossem amantes
apaixonados, Giuliana acaricia seu peito e Dante se afasta, ofegante. Eu não
consigo me mexer, não consigo gritar, nem mesmo sair de onde estou, meu
corpo está estático, como se tivesse perdido a capacidade de comandá-lo.
— Vamos, puta faça a única coisa que você serve para fazer! — Diz ele,
dando um tapa na cara dela.
— Como quiser, senhor! Eu sou sua para o que quiser. — Ela fala e abre
as calças dele.
Giuliana pega o pau de Dante e começa a chupar enquanto ele puxa o seu
cabelo com força. Meu corpo todo treme de nojo, vendo a traição dos dois.
Dante continua sendo chupado até gozar na cara da minha irmã. É tão
nojento que meu estômago embrulha e coloco a mão na boca para não vomitar.
Recupero a força do meu corpo e saio dali correndo.
Lágrimas nublam minha visão enquanto desço as escadas.
— Filha, o que ouve? — Pergunta mamãe assim que me vê.
— Eu preciso ir embora, não me sinto bem. — Digo, tremendo muito.
— Onde está o seu marido?
— Pergunte a Giuliana, ela deve saber. — Despejo, com amargura.

Estou na estufa, que agora se tornou meu local preferido na fortaleza. As


rosas ainda não abriram, mas a paz que esse lugar me dá é tão grande que muitas
vezes, como agora, eu venho aqui apenas para tocar o violino.
Sentada, eu deixo a melodia de um filme que eu adoro fluir, sentindo
saudades de Ana. Ela era minha companheira nas salas de cinema toda vez que
Johnny Depp estreava.
De pé, na frente da porta da estufa, está Dimitri, seu olhar vidrado em
mim enquanto toco, sinto toda a eletricidade passando por mim, ele é o caos,
como nunca vi. Ele é um monstro escondido sobre a superfície de um anjo tão
belo, mas tão cruel. Ele é uma besta, como todos os chamam.
A besta da Cosa Nostra.
Dois dias já haviam se passado desde a nossa última briga,
estranhamente, ele não me forçou a ficar no mesmo quarto que ele. Jantei
sozinha no quarto naquela noite, Luigi trouxe o jantar para mim junto com uma
rosa vermelha. Depois disso, tenho me esforçado para evitá-lo o máximo
possível, mas o infeliz faz questão de jantar todos os dias comigo.
Dimitri bate palmas e caminha até mim assim que termino a música,
colocando o meu violino sobre a mesa.
— Chegou cedo, aconteceu alguma coisa?!
— Você toca divinamente bem. Esse lugar combina com você — Ele me
elogia, olhando ao redor para as minhas flores em toda estufa. — É praticamente
um jardim secreto de vidro, cheio de flores.
— Estou estranhando sua vinda aqui, o que quer, Dimitri?
— Você está sempre armada contra mim, bella rosa, não vê que não sou
seu inimigo? Vim mais cedo apenas para te entregar um presente. — Fala firme,
mantendo seus olhos em meu corpo.
O miserável está lindo em um terno claro, risca de giz, com suas típicas
abotoaduras de ouro, o perfume inebriante e os cabelos como sempre bem
penteados. Seus olhos escuros se mantêm fixos nos meus.
— Presente, sério, o que você quer de mim? — Pergunto, disfarçando o
quando a sua presença me afeta.
— Eu quero tantas coisas, amore mio, você não imagina as coisas que eu
quero com você. — Sorri de maneira divertida.
Já disse que ele fica assustadoramente sexy sorrindo? Realmente, o diabo
sabe ser tentador.
Eu não respondo e então ele tira uma pequena caixa do paletó e abre-a
para mim.
— Escolhi para você, espero que goste — ele fala, me mostrando o colar
de turmalina e brilhantes.
O colar é lindo, o pego da caixa e toco a pedra delicada, encantada, até
que o desgraçado tem bom gosto.
— Você gostou? — Pergunta, quase colando seu corpo ao meu.
— É muito bonito, mas da próxima vez traga diamantes. — Falo,
debochando da sua escolha.
Pego a caixa, deixando Dimitri com a cara fechada. Idiota, acha que vai
me comprar com joias, pois está muito enganado se pensa que sou esse tipo de
mulher.
— Já que não gostou, vou dar para Monalisa e comprar os benditos
diamantes que você quer. — Retruca, pegando a caixa da minha mão.
— Não, me devolve aqui. — Digo brava por pensar que ele vai dar o
meu colar.
— Nada disso, bella mia, te trarei seus diamantes. Agora vamos entrar,
Tom e sua mulher vieram nos ver e ela quer falar com você.
— Tudo bem. — Respondo a contragosto, com raiva por ele ter tomado a
minha joia.

Dimitri vai para o escritório com Tom falar sobre negócios e eu levo
Karlene para a biblioteca.
— Tem notícias de Rebeca? — Pergunta, assim que Luigi nos deixa
sozinhas, após servir um lanche.
— Eu fui até a casa dela. A pobrezinha é mantida como refém dentro da
própria casa.
— Infelizmente não há muito o que fazer, Katharina, ela não pode se
divorciar dele, Dante é completamente obsessivo por ela.
— Divorciar, não, mas talvez ela possa fugir desse maldito. — Digo, com
nojo só de pensar na cara daquele babaca do Dante Bruschetta.
— Para onde ela iria grávida, como se esconder da máfia, Katharina? Se
ela tentar fugir vai ser pior para ela mesma. — Diz, nervosa.
Por um minuto eu penso que talvez devesse contar meus planos para
Karlene.
— Você tem razão, Karlene, não sei de onde tirei essa ideia. Mas, me
diga, não veio aqui apenas acompanhar seu marido, tem alguma novidade para
me contar? — Pergunto, mudando de assunto.
— Tirando o fato de que estão todos comentando que o Boss da família
se desfez das suas escravas e, de quebra, ainda tem a morte de Natasha? Não tem
uma pessoa em toda Cosa Nostra que não saiba o que aconteceu com a piranha.
— Então, é verdade que Dimitri terminou com as escravas que ele
mantinha no centro! — Falo, pensativa, bebendo o meu suco.
— Ele gosta de você, Katharina, senão jamais abriria mãos das duas.
Precisa ver como os homens falam daquelas duas, como se fossem deusas. —
diz ela, com cara de nojo.
— Dimitri gosta apenas dele mesmo e dos leões. — Falo rindo, achando
até engraçada sua hipótese.
— Se você diz, mas agora é sério, amanhã estarei voltando para minha
casa, na Calábria, gostaria que me mandasse notícias de Rebeca, se possível, por
favor.
— Vou ficar muito triste sem você aqui em Palermo. Priscila logo voltará
para Nápoles, então ficarei completamente sozinha. — Reclamo, me sentindo
desanimada.
— Não se preocupe, no final de semana vai ter a festa da Calábria, você e
o Boss estão convidados a participar.
— Festa da Calábria?!
— É uma festa tradicional da família Ndrangreta, acontece na nossa
fazenda, todos os capos da Cosa Nostra vão. São quase três dias de festa e você
vai adorar a fazenda. — Me conta, toda animada e eu me empolgo de sair um
pouco da fortaleza.
Karlene vai embora e naquela noite jantamos apenas Dimitri e eu na
fortaleza, Lorenzo estava em uma missão, coisa que ele anda fazendo muito
ultimamente, mal se recuperou do tiro e não para mais em casa de tanto trabalho
que Dimitri dá para ele, Vicenzo havia saído com uma mulher, provavelmente o
lanche de hoje.

— Até quando vai ficar ignorando que estou aqui, Katharina?! — Fala,
ele batendo os punhos na mesa.
— Quem sabe até você pedir desculpas pelo que fez, daí eu posso parar
de te ignorar.
— Nunca peço desculpas, Katharina, deveria saber disso. Eu sou o chefe
da Cosa Nostra, eu sou a porra do homem aqui, não pense que vou me humilhar
pedindo desculpas para você.
— Tudo tem uma primeira vez, chefe! Eu estou cansada de ficar
brigando com você, não aguento mais o inferno que a minha vida se tornou
desde que te conheci. Se você não é capaz de reconhecer seu erro e pedir
desculpas, não temos mais nada para conversar. — Falo irritada, me levantando,
já sem fome.
— Não deixei você se levantar!! Eu ainda não terminei o meu jantar,
então volte e se sente como a mulher educada que você é!! — Diz friamente e eu
volto para a mesa, me segurando para não jogar a taça de vinho na cara dele.
É sexta-feira e eu não vejo Dimitri, ele passa o dia resolvendo assuntos
de uma carga de cocaína que estava indo ao Porto. Vicenzo e eu estávamos
fazendo ioga na parte da manhã e é assim que descobri que ele ficaria fora o dia
todo.
Lorenzo anda tão atarefado que só o vi duas vezes na fortaleza. Perséfone
está se recuperando bem do envenenamento e Dimitri já não proíbe a minha ida
até a área dos animais. Até mesmo Hades começou a aceitar a minha presença.

Termino de fechar a mala quando a porta do quarto abre e Dimitri passa


por ela.
— Está pronta?
— Sim, só preciso pegar meu chapéu. — Digo, indo até o closet, mas sou
interrompida pela mão de Dimitri segurando a minha.
— Espere preciso te entregar uma coisa. — Me avisa, ficando atrás de
mim.
Posso sentir o calor que emana do seu corpo e pelo espelho grande no
closet vejo nós dois refletidos. Ele puxa meus cabelos para o lado, deixando meu
pescoço nu. Seu toque me arrepia e me odeio por ficar excitada com o deslizar
dos seus dedos pelo meu ombro.
Dimitri desliza o colar de diamante pelo meu pescoço e o fecha, toco a
pedra gelada e olho para o espelho, a bela joia é extravagante e pesada, mas
bonita, porém ainda preferia o outro.
Ele está jogando comigo e quer que eu assuma que preferia o outro colar
que ele escolheu.
— L'Odyssée de Cartier, esse é o nome do colar. Segundo Arturo, são 16
quilates, em formato de pera, inseridos entre o cristal de rocha. — Ele sussurra
em meu ouvido.
— É lindo, mas não combina com uma festa na fazenda. Então, irei
guardá-lo para uma ocasião mais solene. — Digo, me afastando do seu toque e
retiro o colar, colocando no estojo e guardando no porta joias que era da minha
bisavó.
Dimitri me acompanha até a saída da mansão, mas, estranhamente, não
vamos de helicóptero. Ainda é cedo, o dia está quente como sempre aqui na
Itália.
— Porque não vamos de helicóptero? — Pergunto enquanto o motorista
nos leva em direção ao Porto.
— Pensei que gostaria de ir de iate, afinal estamos em uma ilha e
Calábria não fica a mais do que alguns quilômetros daqui, além disso, a
paisagem é linda.
Não respondo, mesmo que por dentro esteja empolgada.
Rapidamente nós chegamos ao Porto e o grande iate nos espera.
— Onde estão Lorenzo e Vicenzo? — Pergunto, reparando que os dois
não estão em nenhum dos carros que nos seguia.
— Seremos apenas eu e você, bella mia. — diz de maneira sedutora,
então compreendo porque falam tantos que os italianos são conquistadores.
Caminho para a frente do iate e admiro a bela vista, enquanto Dimitri o
pilota, os seguranças no seguem em outro barco.
O vento balança meus cabelos, o cheiro de sal do mar é realmente
refrescante e a água é tão azul que poderia até confundir com a Grécia. Tiro os
óculos e não resisto a esse lugar.
— Dimitri, para o barco!! — grito para ele.
— O que? — Questiona, confuso.
— Para o barco.
Ele para, tira os óculos e então eu tiro o vestido e pulo do barco,
mergulhando nas águas geladas de lingerie.
— Que merda você está fazendo?! — Grita Dimitri, vermelho de raiva
pelo espetáculo que dei aos seus homens.
— Essa água está uma delícia, não resisti. — Digo sorrindo, balançando
os braços.
— Vem, sobe. — Fala, apressado, pegando uma toalha.
— Tá! Tá bem, estraga prazer, só um último mergulho.
Respiro fundo e começo a mergulhar, prendo a respiração o máximo que
posso e então ouço o barulho de alguém pulando na água.
Dimitri me puxa com força para cima.
— Que merda, Katharina, pensei que tinha se afogado.
— Foi mais fácil do que eu pensei — digo, rindo dele.
— Você está rindo de mim, sua safada! — fala e então me beija.
Dimitri devorava minha boca, nossas línguas brincam uma com a outra,
eu gemo, sentindo seu toque em seu seio enquanto aprofunda ainda mais o beijo.
Meus braços circulam seu pescoço enquanto eu mordo seu lábio para em seguida
chupar sua boca.
— Senhor, aconteceu algum problema? — Pergunta um dos homens de
Dimitri, nos interrompendo no barco que agora está ao lado do nosso.
— Não, caralho! — Responde e eu me afasto de Dimitri, subindo as
escadas.
— Que merda foi essa?! — Pergunto a mim mesma enquanto me enrolo
na toalha.

O resto da viagem é feita em silêncio, Dimitri até tenta falar comigo


depois que saio do banho, mas quando vê que eu estou com fone e o ignorando
bate à porta e vai a cabine de comando, colocando o iate em movimento
novamente.
Calábria é ainda mais linda do que eu imaginava, a cidade é toda
construída em cima das rochas, uma grande caverna na praia de Tropeai.
O barco para e logo somos levados até o carro. De lá seguimos, em
menos de duas horas, à fazenda.
A fazenda Fattoria di Terra Rossa é maravilhosa, ao chegarmos, vejo que
há muitos carros estacionados, provavelmente dos outros membros da Cosa
Nostra.
— Bem vinda, Katharina — diz Karlene, me abraçando assim que
chegamos.
A casa é incrível e Karlene me leva para onde será o nosso quarto, em
seguida me apresenta sua mamma e sua nona, também seu filho de seis anos
Samuel.
— Muito bela essa ragazza que o menino Dimitri se casou — fala a
nona, ajeitando os óculos.
As crianças correm pela casa, muita música italiana tocando devido à
banda presente no local, Priscila amamentava sua filha de oito meses enquanto o
maior brincava com as outras crianças no cercado de areia.
— Venha, venha, você precisa aprender com a gente a fazer a massa. —
Fala Karlene, me chamando para ir com as mulheres para a cozinha, onde a
típica massa italiana é feita.
É divertido ver que não levo jeito para fazer macarrão e me divirto como
a muito não fazia. Karlene conta que a fazenda produz a cebola calabresa, uma
cebola vermelha e pimenta calabresa.
Um cordeiro foi abatido para assar no almoço, Dimitri está bebendo com
os homens e as mulheres preparando a comida, todas as esposas dos capos
estavam aqui, menos Rebeca. Dante avisou Dimitri que ela não se sentia bem o
bastante para viajar. Fiquei triste e minha vontade era ir até lá para ter certeza se
ela estava bem, mas o infeliz do Dante não ia me deixar entrar.
Uma mesa enorme é preparada e todos comeremos juntos, bem no estilo
italiano. O cheiro do cordeiro assando já estava me dando água na boca.
— Ele chegou, ele chegou! — grita Priscila, empolgada indo para a
entrada.
As crianças começam a correr até a BMW prata entrando.
Minha boca abre quando vejo quem está saindo do carro. Nada mais nada
menos que Tiziano Ferro. Dimitri caminha até ele e Tiziano beija o anel, como
todos os mafiosos fizeram mais cedo.
— Ele é da família, não participa dos negócios, largou a Cosa Nostra
para se dedicar à música. Mas, nós sabemos que ninguém deixa a família — fala
Carine, esposa de Vitto, capo da família Genovese.
Tom abraça Tiziano e os homens voltam a beber enquanto nós
terminamos de arrumar a mesa.

Sentamos todos juntos e antes da refeição me choco ao ver a nona puxar


uma oração. Jamais imaginei que a Cosa Nostra fosse tão católica.
— Você está sorrindo muito, bella mia. — Fala Dimitri em meu ouvido,
servindo vinho para mim.
Todos se servem e então brindamos a 'buon raccolto' que significa uma
colheita próspera.
— Estou feliz em participar disso — respondo, sendo sincera.
Nunca vi algo tão simples, mas tão família como um almoço na Itália. A
primeira a se servir é a nona, Dimitri pode ser o Boss, mas a nona era a chefe
aqui.
A comida estava maravilhosa, nunca comi tanto como hoje, ainda fui
obrigada a experimentar o sorvete de cebola, arrancando até uma gargalhada de
Dimitri, quando descobri que a cebola calabresa é doce.
Depois do almoço tradicional teve a chuva de tiros e os idiotas ficaram
atirando para cima. Mais uma tradição estranha italiana.
Logo depois, Dimitri me leva para os estábulos, onde os animais
estavam.
— Vamos dar uma volta pela fazenda — ele me chama.
— Não sei montar — falo, acariciando o cavalo.
— Espera, não me diga que descobri algo que a toda poderosa Katharina
Castelaresi não sabe fazer.
— Não é para rir, seu idiota, ninguém nasce sabendo tudo, olha você, tão
velho e não sabe pedir desculpas — seu sorriso morre na hora.
Um a zero para mim, idiota, olho para ele debochada.
— Vem então, vamos aprender a montar, senhora Rinna — Fala, pegando
a cela e colocando sobre um cavalo marrom. — Não se preocupe, é uma égua
mansa, eu estarei bem atrás de você. Primeiro, você precisa acariciá-la para que
ela confie em você — Ele instrui, colocando o animal na minha frente, do lado
de fora do grande estábulo.
— Ela é realmente linda — digo, passando a mão no pêlo macio da égua.
— Vem, eu te ajudo a montar — fala, segurando meu ombro(?) e me
colocando em cima do cavalo, montando atrás de mim sem seguida.
Seguro as rédeas do cavalo firme, com medo, Dimitri segura firme na
minha cintura e eu posso sentir seu pau duro na minha bunda. É difícil me
segurar para não gemer com a minha bunda roçando no seu pau.
— Vamos correr um pouco — fala, me ajudando a acelerar o galope.
Realmente, é divertido andar a cavalo e se não fosse o corpo quente atrás
de mim, provavelmente eu estaria adorando cavalgar.
Paramos na beira do lago para descansar. Levei a égua até a árvore, onde
Dimitri amarra as rédeas.
Sentamos na grama e Dimitri me conta sobre esse e outros negócios
legais que a Cosa Nostra tem, como a fazenda de Vicenzo, onde são colhidos os
melhores limões sicilianos de toda a Sicília. É a primeira vez que nós dois
conversamos tanto tempo sem brigar.
O sol se põe e é realmente lindo de assistir, eu estava adorando estar aqui.
Depois do passeio a cavalo, Dimitri vai junto com Damon resolver alguma coisa
relacionada aos negócios da família e eu ajudo Karlene com as crianças, depois
tomo um banho e me preparo para a fogueira. — Ah, você está aí, estão todos te
esperando para começar a fogueira — fala a insuportável da Antonella, já me
irritando.
Ela pensa que não vejo a maneira como ela dá em cima de todos os
homens casados da festa. Mal me livrei de uma сyka e outra já quer tomar o
posto.
— Obrigada, Antonella, vamos então.
Dimitri está sentado em uma cadeira no canto da grande fogueira, vou até
ele, me sentando ao seu lado enquanto um dos empregados serve uma taça de
vinho.
As músicas tocadas são lindas, Tiziano vai até os músicos, pegando o
microfone e cantando "Il regalo piú grande". Não tem uma mulher nesse lugar
que não fiquei encantada com a voz desse homem.
A noite estava tão agradável, a música e a comida, tudo incrível.
Eu já tinha perdido a conta de quantas taças de vinho já tinha bebido,
minha sorte é que minha tolerância ao álcool é grande.
Quando Tiziano começou a cantar "Sere Nere", os casais vão para perto
da fogueira, dançar.
— Faltam vocês — diz Karlene, apontando para mim e para Dimitri.
— Vamos ter que ir, bella mia, não podemos fazer desfeita aos anfitriões.
— Sussurra em meu ouvido.
Olho para os seus olhos, que estão mais escuros e o acompanho até os
casais. Dimitri me puxa bem perto dele e faz um gesto para Tiziano, que apenas
sorri, e então a música "Perdono" começa a tocar.
Fico sem fala, não consigo nem mesmo respirar, é como se tudo tivesse
congelado apenas com a letra da música e Dimitri olhando para mim enquanto
leva meu corpo pela a melodia.
A música termina e todos estão olhando para nós.
— Isso foi um pedido de desculpas?!
— Talvez! Funcionou?! — fala, arrancando uma rosa do jardim e
entregando a mim.
— Talvez...

Eu já fiz muitas coisas na minha vida, me esforcei muito para chegar
onde estou. Eu tive que ser mais racional e calculista no meio de um mar de
tubarões, fiz muitas coisas ruins que alguns diriam até abomináveis. Mas essa é a
natureza do monstro que vive em mim.
Uma besta que recebeu uma rosa, uma bela rosa russa. E quanto mais eu
me aproximo, mais seus espinhos me cortam. Nada que eu faça a impressiona, a
seduz, ela não é como nenhuma mulher que já conheci e isso me confunde.
Com Katharina, me vejo fazendo coisas que nunca fiz antes, como sair de
uma reunião para ir a uma joalheira escolher um maldito colar que ela odiou.
Sinto-me um babaca por me esforçar tanto por uma mulher, sabendo que existem
milhares que se ajoelhariam aos meus pés apenas por um toque do meu chicote,
mas, porra, ela não é como as outras, nenhuma chega aos seus pés, ninguém me
dá o prazer que ela me deu.
Inferno, eu estou ficando louco, tamanho o desejo que sinto por essa
mulher, pois só o tesão justifica a minha atitude de pedir para Tiziano cantar essa
música para ela.
Seu perfume de rosas me embriaga, o vestido vermelho é tão justo que
quero furar os olhos de todos os homens da festa quando ela desce.
Katharina sorri, girando em meus braços e quando o refrão chega ao fim
seus olhos azuis parecem enxergar a minha alma imunda.
— Isso foi um pedido de desculpas?!
— Talvez! Funcionou?! — falo pegando uma das rosas do jardim e
entregando.
— Talvez — diz e em seus olhos posso ver o desafio.
Voltamos para os nossos lugares, as crianças já tinham ido dormir assim
como a maior parte dos convidados. Katharina conversava com Lauren, irmã de
Carine, esposa de Vito Genovese. Sua taça estava sempre cheia, ela parece ter
gostado do vinho italiano legítimo de um dos vinhedos da Cosa Nostra.
— Temos que resolver o que fazer com o governador. — Fala Tom Hide.
— A Cosa Nostra não apoiará o bastardo do Masumeri, não depois dele
ter me desrespeitado daquela maneira.
— Concordo, mas outro terá que substituí-lo, não podemos correr o risco
de ter alguém fora da Cosa Nostra no poder.
— Procure um candidato rival, alguém sem muitas chances de vencer,
alguém a quem podemos manipular e então vamos investir na sua campanha.
Uma coisa é clara: o filho de Nello não será governador.
Katharina se levanta e a observo atentamente, ela entra e me vejo sem
prestar atenção na conversa ao meu lado.
— Terminamos nossa conversa amanhã — falo, cortando os dois e indo
em direção à entrada da casa, sem me despedir de ninguém.
Subo as escadas que levam para o nosso quarto, o corredor está vazio,
provavelmente a maioria dos convidados já está dormindo. Abro a porta do
quarto, que está com luz baixa, e encontro Katharina de costas para mim, em
frente ao espelho.
Caminho em sua direção e ela me olha atentamente, toco seu ombro,
descendo até o zíper do vestido. Sua respiração fica acelerada, meus olhos não
deixam os seus, aproveito e desço o zíper devagar.
— Sabe quanto tempo eu esperei para tirar esse vestido do seu corpo?!
— Falo quando o mesmo escorrega por seu corpo, caindo no chão.
— Ainda não esqueci o que você fez, Dimitri, então é melhor se afastar
— diz, tirando os brincos de rubi.
Seguro seu pescoço, subindo para sua nuca massageando o pescoço,
enquanto meus lábios encostam em seu ombro.
— Cosa vuoi da me, amore mio? Non pensi che sia stato punito
abbastanza[2]? — Pergunto enquanto minha língua desliza sobre a pele suave do
seu ombro.
Katharina se afasta, ficando de frente para mim encostada no espelho.
— Você não pediu desculpa, Dimitri — fala, cruzando os braços sobre os
seios fartos, ela não usa sutiã, apenas a pequena calcinha vermelha.
Sua expressão é fria, mas eu posso ver suas pupilas dilatadas e sua pele
arrepiada assim como seus seios, que estão rígidos.
— Pensei ter deixado claro que me arrependi, bella mia.
— Não, não deixou claro; na verdade você deveria se ajoelhar e pedir
desculpas. O que fez foi tão horrível que uma musiquinha não apaga a maneira
como me tratou.
Começo a gargalhar da sua audácia.
— Eu não vejo motivo para o riso, estou falando muito sério!
— Eu nunca me ajoelhei a ninguém, e nunca farei, nem mesmo se minha
vida depender disso! Não espere algo assim de mim. — Falo, quase a beijando.
Solto seu queixo e só então ela solta a respiração, escorrego minhas mãos
pela lateral do seu corpo.
— Por que você luta tanto se quer o mesmo que eu?! — Questiono, me
abaixando. — A única maneira de me ter de joelhos, amore mio, é quando estarei
chupando essa bocetinha, que está implorando pela minha língua. — Falo,
ficando na altura da sua boceta.
Katharina fecha os olhos.
Maledeta, se não é a coisa mais erótica que já vi, sua calcinha está
encharcada, ela não precisa dizer nada, seu corpo demonstra que me quer.
Seguro sua bunda, trazendo seu corpo até o meu rosto, o cheiro da sua excitação
é tão bom que meu pau só falta vibrar de tão duro que está.
Passo minha língua em sua boceta, por cima da calcinha e Katharina
solta um gemido. Eu não resisto e rasgo sua calcinha, transformando-a em trapos
e passo minha língua de baixo até em cima.
— Oh, merda!! — xinga, enlouquecida.
Uso meus dedos para abrir bem sua boceta e abocanho com gosto,
chupando e mordendo. Toda vez que Katharina está perto de gozar eu tiro minha
boca e assopro sua boceta, fazendo-a puxar meu cabelo, cheia de tesão.
Meto minha língua no seu buraquinho e vou revezando entre chupar e
enfiar a língua, seu corpo todo treme e eu me afasto, sem deixar ela gozar. De pé,
posso ver o olhar frustrado de Katharina.
— Eu não gosto de jogos, não desse tipo de jogo. Se quiser mais alguma
coisa, você terá que vir buscar. — Digo, sendo direto deixando-a estática, com
seu orgasmo interrompido.
Entro no banheiro com meu cacete pesado de tanto tesão, ainda com seu
gosto na minha boca. Ligo o chuveiro na água gelada para ver se assim eu
consigo me controlar e não voltar naquele quarto, jogá-la na cama e só sair de lá
quando nós dois estivermos desidratados de tanto gozar.
A água fria cai sobre minhas costas, mas não consegue apagar o fogo que
corre em minhas veias, fecho os olhos, frustrado, até sentir o toque de suas mãos
em meu peito. Ela está nua dentro do box, olhando para mim.
— O que você quer Katharina? — Pergunto sem tirar os olhos dos seus.
— Eu quero você...
Não é preciso ela terminar a frase, eu a beijo cheio de desespero desejo e
loucura. Sua língua se apressa de encontro a minha e sinto a perdição queimando
ardendo, veneno puro correndo pelo meu sangue.
O beijo fica intenso, Katharina cola seu corpo ao meu, percebo sua
excitação e isso me deixa louco.
— Você sabe que não tem mais volta, bella mia, agora você é minha,
completamente minha.
— E você, Dimitri, será completamente meu? — Provoca.
— Eu não sei ser o homem que você quer, Katharina. Eu não sou o que
você merece, sou uma besta sanguinária e você é boa demais para mim.
— Não me subestime, você não sabe do que sou capaz — fala, se
ajoelhando e, caralho, eu quase gozo apenas com essa imagem.
Ela começa a me chupar com gosto, eu não tenho forças para reagir,
apenas gemer quando sua língua esfrega a cabeça do meu pau. Eu não queria
gozar na sua boca, por isso a levanto e começo beijando sua boca, seu pescoço,
desço para seus seios, passo a língua nos bicos, depois começo a chupar bem
gostoso enquanto meus dedos a masturbavam e sinto seu tesão aumentando.
Puxo Katharina para o meu colo, ela cruza as pernas na minha cintura e
eu aperto sua bunda, esfregando a cabeça do meu pau na entrada da sua
bocetinha.
— É isso que você quer, bella mia? — Pergunto, socando meu pau. Sinto
sua bocetinha quente ao meu redor, me apertando e é o verdadeiro paraíso.
Abaixo-a lentamente, fazendo meu pau entrar bem devagar, judiando da safada a
cada centímetro, ela é tão apertada que apenas deixa tudo mais quente, limitando
nossos movimentos. Ela geme, rebolando, os seios estão vermelhos de tanto que
os chupo.
— Ah... Ah... Ah... Dimitri, mais rápido, por favor! — geme
enlouquecida, puxando minha cabeça para os seus seios, se oferecendo,
enquanto se esfola no meu pau.
Agarro sua cintura e meto com força ao mesmo tempo em que a puxo
forte para baixo e para cima, fazendo sua bocetinha faminta engolir tudo. Estoco
sem parar e a cada metida solto um grunhido enquanto sua boceta engole meu
pau com gula.
Seguro-a com uma mão e a outra aperta seu pescoço, Katharina fecha os
olhos, gemendo.
— Amore mio, eu vou te foder tanto que você vai ficar viciada no meu
cacete — digo, com os dentes cerrados, entre estocadas e ela arranja minhas
costas com força. — Goza, vai, quero ver você gozando no meu pau — meto
mais bruto e aperto seu pescoço deixando-a toda vermelha sem ar.
Katharina goza tensamente, sinto sua boceta ondular e me apertar e gozo
fundo nela, enterrado até as bolas. Ela fica mole, mas meu tesão ainda está muito
grande. A coloco no chão, ensaboando seu corpo, lavando cada pedacinho da sua
pele, admirando todas as marcas vermelhas que deixei nela. Terminamos o
banho e a levo para o quarto.
— Nós precisamos conversar — ela diz quando a coloco no meio da
cama.
— Depois, por hora eu preciso saciar essa fome que estou sentindo desde
o dia que voltamos de Pompéia.
— Merda, por que você tem que ser tão gostoso, seu maldito,
desgraçado!? — Diz, gemendo quando minha mão desliza por sua barriga.
Recolho a gravata que estava no chão e uso para vendar seus olhos.
— O que você vai fazer? — Ela pergunta, curiosa.
— Apenas fique quietinha que eu estou no comando.
Katharina respira fundo, pronta para retrucar, mas eu sei que ela está
louca de tesão e quer isso tanto quanto eu. Giro seu corpo, colocando-a de
quarto, vendada na cama, acaricio sua bunda lentamente e quando ela menos
espera eu dou um tapa.
Sua bunda fica tão linda, vermelha pelos meus tapas.
— Safada! — curvo-a, deixando bem empinada.
Sua boceta está pingando de tesão, sua bunda está toda aberta para mim,
do jeito que eu gosto. Dou outro tapa forte e ela geme de tesão.
— Cachorra, não sabe como essa bunda fica linda com a marca da minha
mão.
— Vai ficar só olhando para minha bunda ou vai me foder?!
A maledeta provoca, não respondo e soco meu pau sem aviso. Katharina
se curva, sentindo mais ainda meu pau dentro dela, aperto sua cintura e com a
mão esquerda puxo seu cabelo loiro e molhado para trás.
— Dimitri... — geme, pedindo mais.
— Há um animal em mim que cria vida quando estou dentro de você. —
Falo, puxando seu corpo, mordendo seu pescoço.
— Então venha me devorar. — Diz de forma provocativa, empurrando
sua bunda contra meu pau. Acelero, metendo nela com força.
Ela é perfeita, sua boceta se encaixa, agarrando meu pau. Katharina foi
feita sob medida para mim.
— Isso, não para!!! — geme ensandecida, rebolando enquanto estapeio
seus seios.
Katharina goza tão forte que suas pernas fraquejam, deito sobre ela,
ficando de costas e continuo bombando meu pau na sua boceta encharcada.
Minhas bolas estão pesadas e o orgasmo me atinge, rugindo e encho a sua boceta
com meu gozo.

O sol já está nascendo, Katharina está exausta, depois de horas e horas


que passamos transando.
— Que horas são? — Pergunta, esfregando os olhos e o lençol escorrega
do seu corpo quando ela se senta, acordando.
— Ainda é cedo.
— O que vai ser agora? Isso que aconteceu só vai complicar ainda mais a
nossas vidas.
— Somos adultos, Katharina, não dá para fingir que não somos bons
juntos, não negue que gostou.
— Não, você tem razão, não dá para fingir que essa química intensa não
existe, porém, eu não sou como Natasha ou suas escravas, Dimitri, eu nunca
aceitarei ser traída, muito menos tratada como uma cadela, uma mulherzinha
fútil, sem cérebro. — Diz seriamente.
— Você nunca será comparada a nenhuma delas, bella mia.
— Então me diga o que mudou, porque ainda me lembro de você dizendo
que não largaria suas perfeitas escravas por essa boceta aqui! — Ela joga minhas
palavras na minha cara, com gosto.
Tento entender o que mudou e dar a resposta a ela, mas não consigo, nem
mesmo eu entendo, só sei que preciso dela, preciso submetê-la, preciso domá-la.
— Algo em você me faz querê-la acima de qualquer uma delas e se para
tê-la em minha cama, preciso abrir mãos das outras, é isso que farei.
— Posso acreditar em suas palavras? — diz, mordendo o lábio inferior
para me provocar, mas seu tom mostra a dúvida.
— Eu sou um homem de palavra, confie em mim, bella mia.
— Se confiar em você, Dimitri, eu vou querer que faça o mesmo comigo,
independente do que parecer, de tudo estar contra mim, você terá que confiar em
mim.
— Temos um acordo, bella mia? — Pergunto.
— Ainda não, precisamos discutir o fato de você ser um sádico
dominador. Se teremos sexo sem envolver sentimentos e etc., vamos ter que
negociar, sejamos práticos.
— Não precisamos negociar como se isso fosse um negócio. Podemos
discutir livremente e honestamente, sobre o que você quer e as expectativas que
eu tenho sobre você, amore mio.
— Você quer que eu entre nessa sem negociar os termos antes? Mas nem
fodendo, é a minha pele que vai estar na mira do chicote, nem pensar.
— A questão toda, bella mia, envolve a psicologia, como você se sentirá
ao saber que tudo que for contra a sua saúde não será feito. Preciso que saiba que
não é incapaz de nenhuma prática, mas cabe a mim, seu Dominador, levá-la pelo
caminho da submissão.
— Não quero que me machuque, odeio ser humilhada, tratada como uma
cadela, isso jamais, não tenho uma natureza dócil e submissa e isso não vai
mudar jamais — fala cruzando os braços nervosa.
— Uma coisa é não querer e outra é não poder, outra coisa é não estar
adestrada para vivenciar aquilo.
— Isso não vai dar certo, a minha vontade é socar a sua cara quando fala
essa palavra adestrar. Pode até perguntar para Vicenzo o quanto meu soco é
poderoso.
— Tudo bem, não vamos brigar, não usarei esse termo, mas preciso que
tenha a mente aberta para entrar nesse mundo. Eu sei que você gostou e tenho
certeza que posso fazer você sentir um prazer como nunca antes. Se for para
ficar em uma zona de conforto, não é D/S e sim uma relação fetichista ou
baunilha. Nenhuma nova submissa do mundo tem condição de negociar nada,
afinal como saber o que você não vivenciou, ou determinar a intensidade das
práticas? Uma negociação só é justa com a submissa já adestrada. Quer dizer,
uma submissa experiente.
— Entendo onde quer chegar, mas se durante o ato, se você fizer algo
que eu não goste ou abomine e de alguma maneira me sentir humilhada?!
— Então você deve usar a sua safeword ou palavra de segurança, e então
eu entenderei que chegou ao seu limite. A base de tudo é confiança, Katharina,
quero que entregue seu corpo e sua alma para mim, quero que deseje ser
dominada por mim assim como eu desejo loucamente vê-la usando minha
coleira.
— Ok, ok. Vamos por partes, não vem com esse negócio de coleira para
cima de mim. Confesso que tenho curiosidade, que mulher não teria? As coisas
que já fizemos foram deliciosas, mas isso não significa que vou abanar o rabo
sempre que você ordenar, muito menos entregar minha alma para o diabo, uma
coisa é meu corpo e outra bem diferente é minha mente.
— Você não seria a minha rosa, se não fosse tão difícil — falo, rindo da
sua cara.
— Eu posso aceitar os seus jogos dentro do quarto, porém da porta para
fora isso acaba. Você não manda em mim, eu sou livre.
— Não existe liberdade quando se nasce na máfia, amore mio, ainda
mais sendo minha esposa.
— Então está na hora de começar a fazer mudanças dentro da Cosa
Nostra, Boss. Pois eu sou uma mulher livre e nunca serei completamente
dominada por você!
— Isso é o que veremos querida...
— Não estou brincando, Dimitri, eu não sou um objeto, jamais serei
como Rebeca ou Carine.
— Sei disso, Katharina, é por isso que estou aceitando seus termos,
justamente por você ser diferente, eu até gosto quando você é teimosa, isso torna
ainda melhor o desafio. Então eu espero dedicação e obediência. Uma submissa
deve saber que nem tudo será flores, nem tudo será gostoso e que terá horas que
vai doer, vai ser ruim. Mas eu estarei aqui para cuidar do que me pertence.
— Eu posso tentar, não por você, mas por mim, porque estou curiosa
para conhecer esse mundo. Vamos deixar bem claro as coisas aqui, isso tudo não
passa de sexo, tesão, desejo e curiosidade. Eu ainda te odeio e você a mim, então
estamos empatados. — Ela sorri debochadamente.
— Certo, bella mia. Agora me diga qual vai ser a palavra escolhida para
sua safeword.
— Libertá, porque não adianta quantas algemas coloque nos meus pulsos
eu sempre serei livre.

Katharina dorme depois da nossa conversa. Eu me levanto e me reúno


com Tom Ndrangreta para resolvermos alguns negócios internacionais
pendentes.
O café da manhã é servido, mas Katharina desce bem mais tarde para
fazer seu desjejum.
Meu telefone toca enquanto negociava um acordo com Alesso Gambino,
que ultimamente anda muito deslocado em nossas reuniões, e atendo
imediatamente vendo o número de Lorenzo.
— O presente já chegou, acho bom vocês voltarem logo para Palermo —
fala meu fratello.
— Mande Luigi receber e no fim da tarde estaremos em casa.

Katharina fica irritada por ter que voltar antes do fim da festa, nona não
nos deixa sair antes do almoço. Porém sou irredutível sobre nosso retorno para
Palermo, a volta é rápida e já estamos ultrapassando os portões da fortaleza no
fim da tarde.
Chaise abre a porta para Katharina e ela caminha na minha frente para
dentro de casa, quando dá um grito alto no meio da sala.
Entro logo atrás dela, tentando entender o motivo do seu escândalo,
quando noto ela abraçada o maledeto do Aslan no meu sofá.
— Oh, meu Deus, eu senti tanta a sua falta — aperta o irmão, chorando
desesperada.
— Não sabia que vinha, Castelaresi!! — Digo ironicamente para a visita
indesejável ao lado da prima dela, que mandei buscar.
— Achei um gesto muito amigável da sua parte, pedir para trazer Ana
para ficar uns dias com a minha irmã, então pensei; porque não vir também?!
Afinal, meu cunhado é tão gentil. — Ele debocha e eu travo os dentes para não
mandá-lo se foder.
Era só o que me faltava, uma casa cheia de Castelaresi.

As lágrimas borram toda a minha maquiagem, eu chego em casa


tremendo, à dor de ser duplamente traída é horrível. Eu sempre soube que
Giuliana me odiava, mas nunca entendi o porquê, no fundo ela não se conformou
por eu ter me casado com o seu noivo, mesmo tendo traído Dante. Por que fugiu
grávida de outro homem se ela queria Dante?
Dante nunca me amou e no fundo eu sabia que seria assim, eu seria
apenas uma substituta.
Eu não quis acreditar naquela noite, quando vi o carro de Giuliana, mas
agora tudo faz sentido, eles são amantes. Ânsia toma conta de mim e corro para
o quarto, porém, quando abro as portas eu posso ver os dois na minha cama.
Será que ele a trouxe aqui?!
As lágrimas voltam a transbordar e eu sigo para o quarto de visitas, me
ajoelho em frente ao vaso e vomito todo o jantar. Sinto-me uma idiota, como um
dia eu pude amar Dante?!
Por muito tempo tudo que eu quis era que ele me amasse, mas os meses
se passaram e comecei a ver que o homem que eu amava na juventude não
passava de uma ilusão. Eu fui reduzida a um objeto em suas mãos, usada e
descartada quando ele queria. Fui feita de saco de pancada sem nem mesmo
entender o motivo, mas agora eu sei que no fundo ele tem raiva por ter se casado
comigo.
Me levanto do chão gelado, tiro as roupas e entro debaixo do chuveiro. A
água quente queima minha pele enquanto me esfrego, com nojo do toque de
Dante. Com os olhos fechados, a imagem de Giuliana de joelhos chupando o
meu marido não sai da minha mente. Minha filha se agita na minha barriga e eu
abro os olhos, preocupada com o futuro, perguntando a Deus o que eu fiz para
merecer tanto sofrimento. Pergunto-me quantas mulheres passam pelo mesmo
que eu, tudo o que eu queria era ser comum como elas. Poder gritar, sair de casa,
me separar, ir numa delegacia e denunciar todas as atrocidades que Dante já fez
comigo, começar do zero e ter um novo futuro, mas eu não posso.
Soluço em meio ao pranto, eu não posso, ninguém me ajudaria, ninguém
ousaria enfrentá-lo, o máximo que eu ganharia seria uma surra.
— O que está fazendo nesse quarto? — Questiona Dante, me
surpreendendo dentro do banheiro.
Não respondo, desligo o chuveiro e visto o robe.
— Eu estou falando com você, Rebeca, quem mandou você ir embora
sozinha, ficou louca?
— Eu fiquei, com toda certeza, fiquei louca no dia que eu aceitei me
casar com você — falo amarga e vejo Dante paralisar.
— Que porra você disse?! — Grita, ficando vermelho.
— Eu vi vocês dois juntos, Dante, e não sabe o nojo que sinto de vocês
— falo, saindo do quarto, mas logo sou puxada bruscamente batendo a cabeça na
parede.
— Quem mandou você me seguir, Rebeca!? — Questiona, me
pressionando na parede.
— Me solta, está me machucando — digo, tentando me afastar.
— Não levante a voz para mim, está ouvindo?! — grita, apertando meu
braço e tenho certeza que ficará marca.
— Por que não volta para sua amante e me deixa em paz? — falo,
magoada, fora de mim.
Pela primeira vez eu não tenho medo de enfrentá-lo, talvez seja o ódio
falando por mim.
— Porque ela não é você, querida, Giuliana é uma puta e só serve para
foder, nada mais.
— Eu tenho nojo de vocês dois! — digo, cuspindo na sua cara e sinto
meu rosto arder pelo tapa forte.
— Você tem nojo de mim, Rebeca, é isso?!
E acerta outro tapa na minha cara, ele olha para mim com tanto ódio e o
meu medo é tanto, que fico paralisada. Um tremor toma conta do meu corpo,
uma vontade tremenda de fugir, de gritar que ele não tem direito de me tocar,
mas tudo que faço é pedir desculpas.
— Eu não quis dizer isso, me perdoa.
— Você vai me pagar caro, sua desgraçada, acha que pode tratar o seu
marido assim? Eu te dou de tudo e é assim que me retribuí?
— Eu só queria que me amasse — eu falo baixo, tremendo de medo.
— Eu te amo, não vê que tudo que eu faço é para que seja a mulher
perfeita, eu estou te protegendo para que não se torne uma puta como as outras?
— vocifera.
— Me solte, por favor, está me machucando — imploro, aos prantos.
— Eu não posso, amor, eu preciso te educar, você precisa aprender a
respeitar seu marido.
Ele vai me bater novamente, meu Deus, eu sei que vai, penso em pânico.
Dante me arrasta pelo corredor até o nosso quarto, abre a porta com brutalidade
e me joga na cama.
— Dante, eu estou grávida, não machuque nossa filha, por favor.
— Você não me dá ordens, vadia!!! Eu te dei tudo, sem mim você não
seria nada, sua família estaria arruinada e é assim que agradece me desafiando,
me desobedecendo? Qual é o próximo passo, me trair?!
Sinto o tapa em meu rosto tão forte que me faz cambalear, mas não
consigo me afastar, pois ele agarra meu braço, enquanto tudo que eu consigo
fazer é tentar proteger minha barriga.
— Me perdoa, Dante, eu não farei nada, eu só tenho olhos para você,
querido — suplico em meio às lágrimas.
— Você acha que pode me questionar? Eu faço o que quiser, eu fodo
quem eu quiser, se eu quiser usar a puta da sua irmã eu vou usar e quando me
cansar eu faço questão de mandá-la para o pior puteiro da Itália.
— Eu não vou mais te questionar, eu prometo! — Imploro, vendo seu
olhar de ódio.
— Eu vou lhe dar uma lição que nunca vai esquecer.
Tira meu roupão, me virando de costas, eu coloco a mão na minha
barriga, pedindo perdão à minha filha por tê-lo enfrentado. Dante vai até o
closet, eu não consigo me mexer, meu corpo todo treme de medo e os meus
soluços são o único som que se ouve no quarto. Ele volta com duas algemas e
prende meus braços no dossel da cama de costas para ele.
— Amor, por favor, não me machuque — tento implorar, mas é inútil.
O primeiro golpe do cinto vem e solto um grito tão alto que minha
garganta queima.
— Calada, amor, eu só estou fazendo isso para que aprenda a ser uma
mulher dócil e submissa ao seu marido.
— Por favor, Dante, não me machuca, pensa na nossa filha. — Repito
com a voz trêmula e a garganta ardendo pelos soluços, mas ele me dá outro
golpe, sem pena.

Eu não sei quantos golpes foram, mas minha barriga estava dura, a dor
nas minhas costas é excruciante, minha visão está turva e meus braços moles,
assim como todo o meu corpo, é como se eu pudesse ver a morte diante de mim.
Meus braços são soltos e eu despenco sem força nenhuma sobre a cama. Ouço o
grito alto de Dante chamando por mim. O sangue escorre pelas minhas costas,
ele toca meu rosto, mas eu não vejo mais nada, apenas a escuridão.

Dias tinham se passado desde a minha demissão, me mudei para uma


casa escondida ao sudeste de Palermo. Conhecendo os policiais corruptos da
máfia eu sabia que estava marcada e que logo eles viriam atrás de mim. Vitório
conseguiu gravações de dentro da casa de Alesso Gambino, mas infelizmente ele
não pôde colocar as escutas no seu escritório, apenas na sala. Eu tinha um áudio
em perfeito estado onde ele dizia que as drogas estavam sendo levadas para o
Porto em contêiner de molho, só precisava de alguém grande para me apoiar
nessa caçada, essa seria a minha chance.
A besta havia atacado novamente, eu sabia disso porque mantenho um
amigo meu dentro do departamento, me passando as informações.
Estranhamente, a vítima, dessa vez não foi encontrada em sua casa e sim em um
beco atrás de uma lanchonete, o que dificulta muito o trabalho da polícia, pois o
local não era a área do crime.
A garota era uma jovem solteira de apenas 28 anos que trabalhava como
atendente em uma loja, curiosamente também é loira, como todas as outras. Não
tinha família, mas ainda assim, é triste saber seu destino.
Ela, como as outras, teve relação sexual com o criminoso antes de
morrer, o que me faz pensar que ele deva ser um homem bem apessoado, já que
consegue seduzir e levar as vítimas para longe de testemunhas antes de matá-las,
não foram encontradas digitais, como nos outros corpos. Seu peito foi rasgado
como todas as outras mulheres.
No local onde foi encontrado seu corpo também estava à assinatura do
serial killer, o nome “A besta”. Ela foi levada até lá e descartada, o que indica
que ele já sabe que está sendo perseguido e todo cuidado é pouco a partir de
agora. Vitório se mantinha infiltrado para tentar conseguir mais informações e
ganhar a confiança dos mafiosos, mas para o departamento de polícia, ele estava
tirando sua licença não remunerada, então ele ficaria longe do radar do chefe.
Consegui marcar uma reunião com um famoso juiz Giovane Falcone,
especializado em processar os chefes de organizações criminosas. Ele é um ex-
militar que foi considerado um herói nacional. Creio que será o único que não
aceitará ser subornado. A cafeteira apita e me levanto para buscar outro
expresso, minha cabeça lateja, não ando conseguindo dormir direito. Depois da
minha saída do departamento eu voltei lá no mesmo dia, dessa vez no meio da
madrugada estacionei um carro alugado na parte de trás e usando luvas recolhi
todos os sacos de lixo que vinham da repartição. Coloquei tudo no porta malas e
passei dias vasculhando todo o lixo até encontrar o que eu queria. o charuto, ou
melhor, a minha prova chave. Mandei para um laboratório de confiança e agora
estou com os resultados em minhas mãos pronta para ler. Levo a xícara aos
lábios enquanto rasgo o lacre do envelope, retirando a folha. Muitas digitais
foram encontradas, principalmente pelo material ter ido parar no lixo. Muitos
nomes de agentes da repartição, o que me deixa frustrada. Eu já estava
descartando a chance de achar algo quando um último nome aparece na linha de
digitais.
Dimitri Salvatore Rinna.
Um ataque de fúria foi o que aconteceu comigo quando ouvi Rebeca
dizendo que me odiava e que tinha nojo de mim. Tudo aconteceu por culpa de
Giuliana, eu a faria pagar por isso. Meu anjo me enfrentou pela primeira vez.
Eu não vi o que estava fazendo e quando dei por mim ela estava
desabando sobre a cama, com sangue escorrendo das suas costas. Meu desespero
foi gigante, larguei o cinto, soltei as algemas e toquei seu rosto molhado pelas
lágrimas, os olhos fechados e o pânico tomando conta de mim.
— Não!!! — Grito desesperado, me ajoelhando ao lado dela. — Rebeca,
acorda, abre os olhos, Rebeca!!! — Grito chacoalhando-a, que não responde e
nem se move.
Então, me dou conta da merda que fiz e o desespero me assola. Sua
respiração está fraca, suas costas estão em carne viva. Mas não é só isso que me
apavora e sim o sangue que começa a escorrer pelas suas pernas.
Sinto o mundo ruir, me dando conta do que fiz. Minha garganta queima
com os soluços que escapam, pego seu corpo quente no colo, desesperado para
salvá-la. Salvar nosso bebê.
Desço as escadas gritando ordens para os meus homens e rapidamente o
carro está na porta da mansão.
Sento no banco de trás com Rebeca ainda desacordada, minha perna está
molhada de sangue. Ela não para de sangrar.
— Você não pode me deixar, meu anjo, eu não vou viver sem você, não
me deixe amor. — Falo enquanto acaricio seu rosto pálido.
O carro vira uma curva em alta velocidade a caminho do hospital que a
máfia patrocina.
— Amor! Amor! Aguenta firme. — Digo, tentando conter o
sangramento.
O caminho até o hospital é uma tortura e quando chegamos, entro com
ela nos braços.
— Nós precisamos levá-la agora para a sala de cirurgia. — Diz uma
enfermeira ao meu lado, me ajudando a colocá-la na maca.
— Me perdoe, meu anjo, você não é como ela, me desculpe! — Repito
para ela, chorando.
Rebeca é colocada sobre uma maca e muitos médicos a rodeiam.
— O senhor precisa se acalmar, nós cuidaremos dela.
— Se acontecer alguma coisa com a minha mulher e com a minha filha,
eu acabo com a vida de vocês — ameaço todos eles.
Rebeca é levada por uma porta que não posso entrar. Fico olhando para a
porta por onde ela entrou, sentindo meu peito sendo rasgado ao meio.
É como se eu estivesse perdendo o meu coração, a dor é sufocante, pior
do que qualquer coisa que já possa ter sentido.
Sento no chão gelado, já não consigo reagir e tudo que faço ali é chorar
de arrependimento, implorando que, se existe um Deus, ele não leve Rebeca de
mim.
Minha camisa está suja do seu sangue, meu corpo anestesiado, não
consigo mais raciocinar, tudo que sinto é dor e o medo mais profundo.
— Você não vai morrer, Rebeca — digo sozinho em desespero — Você
não vai morrer, nós vamos ficar bem, meu anjo, nossa filha vai nascer e seremos
felizes, como sempre fomos.

Não sei quanto tempo passa, para mim parece uma eternidade, ninguém
aparece para me dar notícias e isso me enfurece, minha vontade é de queimar
todo esse hospital, mas eu não posso, não quando a vida do meu anjo corre risco.
Estou me corroendo por dentro, quando sinto uma mão em meu ombro,
levanto meu rosto pronto para socar quem ousou me tocar e vejo minha mãe, seu
rosto está cheio de lágrimas e meu pai, que está logo atrás, junto com seus
homens.
— O que você fez, meu filho? — Pergunta ela, me abraçando.
— Eu a machuquei, mãe... — começo a falar quando vejo o médico
saindo pela porta da sala de emergência.
— Família de Rebeca Bruschetta! — Chama, lendo a ficha
— Eu sou o marido dela — digo, me levantando e indo o mesmo.
— Sua esposa acabou de sair da sala de cirurgia. Está sedada e deve ficar
em observação por pelo menos um dia antes que a levemos para o quarto. Ela
perdeu muito sangue e está com muitas lacerações nas costas, que tivemos que
suturar, mas ela teve sorte de não ter acertado nenhuma vértebra da sua coluna.
— Minha filha, como está a minha filha? — Pergunto em aflição.
— Sinto muito, senhor, mas o bebê que sua esposa esperava já chegou no
hospital sem batimentos e não pudemos salvá-la. Uma cesárea foi feita para a
retirada do bebê, já que a gestação estava avançada.
Desabo no chão, é como se um buraco estivesse se abrindo, um grito sai,
rasgando a minha garganta. Um grito de desesperança, de culpa e de dor.
— Eu a matei, eu a matei! — gritei, sabendo que tudo era minha culpa.
Eu fiz isso, eu sou um monstro, um assassino, um homem cruel que não
merece o anjo que tenho.
Não sei quanto tempo se passa, meu pai fica falando comigo, tentando
me acalmar. Os pais de Rebeca chegam e minha mãe conta o que aconteceu ela
com o bebê. Vejo a mãe de Rebeca desmaiar e ser socorrida pelo marido.
O médico me leva para ver o corpo da minha filha e tenho que me
acalmar para acompanhá-lo.
— Filho, não se torture dessa forma, seu pai pode cuidar disso para você.
— Eu preciso ir, eu preciso vê-la. — Falo, limpando o rosto, tentando ser
forte por Rebeca, que vai precisar de mim.
Acompanho o médico até um corredor que leva a uma sala separada, o
mesmo indica a porta, então eu abro e entro sozinho.
A sala gelada é ainda pior do que eu imaginei, uma maca de metal está no
meio. Tudo ao redor desaparece e vejo apenas o minúsculo bebê com um pano
branco cobrindo seu corpo sem vida.
Com as mãos tremendo eu retiro o tecido e olho para o pequeno bebê de
apenas vinte e oito semanas. Ela é linda, tão pequena que caberia em minha mão,
sua pele é tão branquinha como a da mãe e sua boca pequena lembra a minha.
Eu toco seu rosto delicado e não aguento o peso tanta dor. Me ajoelho no
chão, chorando, arrependido e lembrando de todas as vezes que maltratei e
humilhei Rebeca, mesmo sabendo que ela estava esperando esse anjinho.
Me recordo de todas as vezes que desejei que fosse um menino, mas no
fim eu ficaria feliz apenas se ela estivesse viva.
A dor me consome tão duramente, que me sinto imundo, um maldito
desgraçado. Tiro minha pistola Colt e miro direto na minha cabeça, sabendo que
a melhor coisa que eu faria seria acabar com a minha existência.
Destravo a arma e coloco o dedo no gatilho, porém antes que eu faça o
médico me chama.
— Senhor, precisamos ir, sua esposa o aguarda. Suas palavras me fazem
parar antes que cometa outra besteira. Não posso deixar meu anjo sozinho, ela
precisa de mim, ainda mais agora.
Guardo a arma novamente no coldre, olho para minha filha mais uma
vez, me despedindo do meu pequeno anjinho, que por minha culpa não vive
mais.
O médico me aguarda na porta, limpo meu rosto, voltando à postura de
homem cruel e do mafioso que sou.
O acompanho até a UTI, tenho que vestir roupas adequadas para poder
entrar. Meu coração acelera assim que passo pela porta e vejo seu corpo pálido,
ligado a aparelhos de monitoramento.
Seu abdômen continua inchado, mas saber que minha filha não está mais
ali acaba comigo. Me aproximo da cama segurando o choro, não quero chorar,
não posso ser fraco, não agora quando ela precisa de mim. Toco suas mãos frias,
seu rosto está tão pálido que ela não parece respirar.
— Eu estou aqui, meu amor, eu vou cuidar de você, prometo.
Rebeca mexe o pescoço como se sentisse minha presença, seus cílios
piscam e logo ela abre os olhos azuis para mim.
Não há mulher mais perfeita, mais bela que ela. Minha Rebeca.
Meu anjo fecha os olhos como se sentisse dor, em seguida olha para mim
e posso ver o terror tomando conta da sua face. Seus olhos estão cobertos de
medo, pânico e dor. Ela treme, gritando e lágrimas escorrem pelos seus olhos.
— Socorro, socorro!!! — ela grita, se debatendo e meu coração parece
que está sendo pisoteado.
Os aparelhos apitam e logo vários médicos entram no quarto. Assisto a
tudo em câmera lenta, mas logo sou expulso do quarto e então a ficha cai.
Eu a quebrei.
Dizem que a conexão entre irmãos gêmeos, sejam eles fraternos ou
idênticos, é especial, mas ninguém sabe ou entende como é isso. Estar longe do
meu irmão é como ter uma parte minha afastada de mim. Só de olhar para ele eu
já sabia quando algo estava errado e pra ele era a mesma coisa.
Crescer no meio da máfia foi terrível, mas ele sempre esteve lá por mim.
Aslan enfrentou meu pai por diversas vezes para me proteger e quando começou
a me treinar eu sabia que no fundo era a forma dele me proteger mesmo estando
longe.
As lágrimas borram minha maquiagem enquanto eu aperto meu irmão,
emocionada.
— Ei, pare de chorar, pequena — me chama pelo apelido que me deu
desde que éramos crianças.
— Eu senti tanta sua falta, Aslan — digo, limpando meu rosto.
— De mim pelo visto nem sentiu falta — fala Ana, minha prima e minha
melhor amiga.
Me solto de Aslan e vou até ela, abraçando-a forte.
— Não posso acreditar que vocês estão aqui! — Digo enquanto a abraço
e vejo Dimitri indo para o escritório com Lorenzo.
— A mamãe queria vir, mas sabe como é nosso pai, disse que ela virá
junto com ele em outra ocasião. — Diz Aslan.
— Eu senti tanta falta de vocês dois, tanta coisa aconteceu. — Falo e
limpo as lágrimas.
— Eu também, princesa, é horrível saber que você está aqui, tão longe e
eu não posso protegê-la. — Ele diz, acariciando meu rosto.
— Vamos para a biblioteca, temos muito para conversar — falo quando
vejo Augustos, um dos homens de Dimitri, passando em direção ao escritório.
— Tem razão, quero que me explique que história é essa de estar presa
em uma cela. — Ele diz com o semblante fechado, bravo.
Aslan fica de pé, olhando pela janela que dava para refúgio de Hades e
Perséfone. Luigi havia trazido um lanche para nós três enquanto eu fui contando
cada detalhe de tudo que aconteceu comigo, claro, evitando os detalhes
desnecessários para os ouvidos do meu irmão.
Aslan já estava enfurecido quando falei da torre, por fim contei da trégua
entre mim e Dimitri na Calábria e que ele pediu desculpa e eu decidi perdoar.
— Não acredito que perdoou esse miserável depois do que ele fez.
— O que quer que eu faça, Aslan? Estou aqui foi por conta da porra
desse acordo. As cartas foram postas na mesa e não por mim. O que me resta é
jogar.
— Ela tem razão, primo, não dá para ficar nesse pé de guerra — fala
Ana.
— O miserável não pode achar que vai machucar minha irmã e ficar por
isso mesmo, ah, isso não. — Fala Aslan com os punhos serrados, andando pelo
quarto.
— Precisa se acalmar, não é hora de explodir, Aslan, eu preciso de você
agora. — Falo firme, ficando de pé e indo até ele.
— O que mais aconteceu que ainda não tenha falado?! — Questiona,
bravo.
— Calma, eu não fiz nada, na verdade preciso que me ajude em uma
missão.
— Katharina Castelaresi, sempre que me olha dessa forma eu sei que
você aprontou ou pretende aprontar.
— Bem, se não fosse importante eu não pediria a você, não colocaria
você em risco, porém, não tenho outra saída. — Falo olhando pela janela,
sentindo um mau presságio quando penso em Rebeca.
— É melhor falar logo se não seu irmão vai fazer um buraco no chão —
diz Ana já preocupada.
— Aslan, preciso que você me ajude a salvar uma pessoa ou melhor,
duas. — Digo, pensando no bebê.
— Seja clara, pequena. — Fala enquanto se senta na cadeira à minha
frente.
— Tem uma mulher, seu nome é Rebeca, preciso que a tire do país.
Arrume documentos falsos e proteção, leve ela para bem longe da Itália.
— O que ela fez para precisar fugir?
— Bem, ela não fez nada, na verdade o marido dela que fez, mas é
complicado demais para explicar tudo agora, só que a vida dela corre risco e se
ela não fugir é capaz dele matá-la. Por favor, me ajude a tirar ela daqui.
— Certo, verei o que posso fazer — diz sério, mas no fundo eu sei que
ele vai ajudar e uma chama de esperança para Rebeca cresce dentro de mim.

Conversamos por horas nem percebo quando o sol se põe. Levo Aslan
para o quarto onde ele ficará para que ele descansasse um pouco antes do jantar,
como não vi mais Dimitri e imagino que deva ter saído com Lorenzo.
— Pode me contar tudo, quero saber cada detalhe, agora! — fala Ana
quando eu deito na cama do quarto que mostrei a ela.
— Não sei do que está falando — desconverso.
— Está bom, não sabe... E esse chupão no seu colo, seu irmão, que é
lerdo e não percebeu, mas desde que passou pela porta eu vi. — Ela diz, rindo da
minha cara de chocada ao olhar para meus seios.
— Não dá para esconder nada de você.
— Conta logo como foi à primeira vez de vocês. Uma coisa não posso
negar, da mesma forma que ele é assustador parece ter uma pegada e tanto.
— Ah, você não imagina que pegada — digo, fechando os olhos e
lembrando do calabouço.
— Quero detalhes — ela exige e joga uma almofada na minha cara.
Sorrio e vou contando cada detalhe para minha prima e melhor amiga,
em alguns momentos não consigo evitar ficar vermelha, principalmente quando
conto o quanto eu gostei de sentir seu chicote queimando em minha pele.
— Você sabe o quanto isso é loucura não sabe? Uma coisa é ler sobre
isso em um romance erótico e achar sexy e tal, mas não consigo me imaginar
presa em uma cruz sendo chicoteada.
— Eu simplesmente não sei explicar, é uma coisa intensa. A sensação é
nova para mim e a maneira como ele me toca.... Droga, eu não sei realmente
explicar, é um prazer cru em meio ao medo a dor.
— Oh, meu Deus, você está apaixonada — ela diz colocando a mão na
boca, chocada.
— Claro que não, não diga um absurdo desses. Eu ainda o odeio, ele
ainda continua sendo o babaca arrogante, machista que acha que é o dono do
mundo.
— Mas você o quer, mesmo assim! Está claro, amiga.
— Isso se chama tesão, Ana, não misture as coisas. Ele é apenas bom no
que faz e eu gosto disso. Quando ele me toca não existe vergonha, não tem
moral, nem pudor, eu o sirvo e ele, a Besta, me domina.
— Ah, Katharina, não precisa fingir para mim, você gosta do boy, tá na
cara. — Ela afirma, me irritando.
Me levanto da cama, já sem paciência para essa conversa que não vai
levar a nada. É óbvio que não tenho nenhum tipo de sentimento romântico por
aquela besta maldita.
— Eu preciso de um banho antes do jantar, nos vemos lá embaixo e
depois continuamos a conversa, você ainda precisa me contar sobre o professor.

A minha casa está cheia de Castelaresi, se não bastasse o sorriso
convencido do irmão de Katharina, eles ainda fazem questão de conversar em
russo para que ninguém entenda o que eles estão falando.
Decidi ir para o escritório trabalhar no nosso novo carregamento que
seria levado para a América. A maior parte do dinheiro da máfia vem da
extorsão, oitenta por cento dos negócios da Itália paga para ter proteção e
segurança. Virou uma tradição na Cosa Nostra, sempre que um novo negócio é
aberto, um dos nossos homens vai parabenizá-lo e dizer que a partir de agora ele
terá que pagar o Pizzo, termo usado para proteção.
As empresas que se recusam a pagar o Pizzo podem ser queimadas ou
seus proprietários podem ser vítimas de acidentes inesperados. Em troca, as
empresas que pagam recebem a proteção e podem obter vantagens como cortar a
burocracia ou resolver disputas com outros comerciantes. A coleta do Pizzo
mantém a família em contato com a comunidade e permite controlar o nosso
território.
Vito Luciano estava tomando conta da construção do mais novo cassino
da família em Vegas. Ele serviria não só para lavar dinheiro como ampliaria
nosso poder na cidade.
— Temos um grande problema — fala Lorenzo, sentado à minha frente
enquanto eu analiso o andamento da construção do laboratório de coca.
— O que aconteceu?!
— A polícia federal prendeu nosso carregamento no Porto.
— Isso é responsabilidade de Alesso!!
— Sim, não sei como, mas alguém nos dedurou, Alesso já está chegando
da Calábria. Ele terá que nos explicar como a polícia descobriu sobre o contêiner
de molho.
— Ligue para o chefe de polícia e mande que ele consiga a liberação do
contêiner — ordeno, lembrando a ele que não é à toa que mantemos a polícia na
nossa folha de pagamento.
— Já fiz isso, entretanto a coisa está feia, não é a polícia local que é
responsável pelo caso, e sim a federal. Não consegui descobrir quem está por
trás dessa denúncia, mas vou molhar a mão de uns contatos para tentar descobrir.
— Avise Alesso, que quero vê-lo amanhã no primeiro horário na sede
com o nome do traditore. Faça o que for possível para descobrir quem está por
trás dessa investigação. Mande Dante ir até a Cosa Nostra também, vou precisar
dos contatos dele.
— Isso não vai ser possível, Dante sumiu, não atende ao telefone desde
que o carregamento foi preso, estou tentando contato com ele para me ajudar a
resolver isso, já que ele não foi para Calábria, mas ele não está respondendo.
— Mais essa agora, veremos depois onde Dante está, avise Vicenzo para
interromper as outras remessas por hora, até sabermos com o que estamos
lidando.
— Certo, chefe. — Diz, saindo do meu escritório.
Ligo para alguns contatos meus tentando descobrir como a federal está
na cola da Cosa Nostra, porém ninguém sabe de porra nenhuma, nem mesmo o
babaca do governador tem uma explicação para essa operação. Frustrado, saio
do escritório e encontro Luigi no corredor, levando toalhas, provavelmente para
os hóspedes não desejados.
— Você viu Katharina?!
— Ela estava na biblioteca com os familiares, mas mandou preparar
novos lugares na mesa de jantar e foi para o quarto.
— Certo, me avise se Vicenzo chegar ou Dante.
— Sim, senhor — ele diz, subindo as escadas para o segundo andar.
Vou em direção ao bar da sala de estar, preparando uma dose de vodca
Stoli Elit duas pedras de gelo e o sabor ardente enche minha boca, relaxando a
tensão.
— Aí está você, temos contas a acertar — fala Aslan, me surpreendo
com um soco de direita.
O copo cai no chão e meu maxilar queima pelo golpe surpresa.
— Que porra é essa, seu cagna. — Falo, me recuperando e acerto seu
estômago.
— O que foi, seu Mudak? Achou que ia machucar minha irmã e ficaria
por isso mesmo?! — Diz, tentando me acertar um chute, mas eu desvio.
— Não se meta onde não foi chamado, Katharina é minha mulher, seu
babaca mimado! — Grito, acertando de direta.
— Foda-se se você casou com ela, seu imbecil, está pensando que pode
fazer o que quiser com Katharina, minha irmã é boa demais para perdoar um
idiota como você, mas eu não — ele tenta me socar, mas eu esquivo, ele acerta
as garrafas do bar, as quebrando.
— Você pensa que pode vir na minha casa e me ensinar como devo tratar
minha mulher? Você não está na Rússia, subchefe, aqui é a Itália, você está em
meu território, eu sou o capo aqui — falo, acertando um chute em suas costas,
que o faz se inclinar de dor.
— O que está acontecendo aqui? — Questiona Katharina, descendo as
escadas, correndo em nossa direção.
— Nada de mais, só vou ensinar uma lição para o seu irmãozinho, a de
nunca mais me desafiar. Levanto meu punho e o acerto, porém, paro ao ver
Katharina na frente do desgraçado com as mãos erguidas, tentando nos afastar.
— Podem parar com essa palhaçada!! — Grita, ficando vermelha.
— Esse babaca pensa que pode tratar você como uma qualquer, ele está
muito enganado, você é uma Castelaresi e como tal ele lhe deve respeito.
— Parem os dois. Aslan, eu já falei para você que me resolvi com
Dimitri, respeite a minha decisão.
— Como quer que eu aceite? Esse babaca te trancou numa cela, sem
comida.
— Vou te mostrar quem é o babaca, seu cagna.
Avanço em sua direção, porém Katharina segura em meu peito, me
impedindo de avançar.
— Chega, meu Deus!! Parecem duas crianças. Dimitri, Aslan é meu
irmão, meu único irmão, se você o machucar, estará ferindo a mim. — Ela fala
com os olhos crispando de raiva.
— Era só o que me faltava, vai defender esse imbecil?! Esse moleque de
merda chegou aqui me acertando!
— Olha o que você fez com ele! — ela diz, tocando o rosto do irmão,
como se ele fosse uma criança.
Aslan aproveita a atenção que a irmã dá e fingi estar sentindo dor.
— Merda, Dimitri, se você machucou meu irmão eu não vou te perdoar
— ela fala tocando a testa do irmão que sangra.
Eu não posso acreditar no que estou vendo, o desgraçado está
manipulando-a facilmente.
— Quero esse cara fora da minha casa!! — grito, saindo da sala antes
que acabe fazendo o que tenho vontade, ou seja, metendo uma bala no idiota do
Castelaresi.

Acendo o cigarro irritado, a pistola nove milímetros brilha na minha


frente como farol. Na minha cabeça consigo ver a imagem perfeita do corpo sem
vida do imbecil. Fecho e abro a minha mão, me segurando para não volta lá e
ensinar a esse maldito com quem ele está falando.
A porta abre e Katharina passa por ela e mesmo puto não consigo deixar
de reparar como a saia preta que ela usa deixa sua bunda gostosa.
— Espero que seu irmão já esteja fazendo as malas para sair da minha
casa. — Digo segurando a arma enquanto apago o cigarro.
— Não pode se descontrolar dessa forma toda vez que tiver uma
discussão com meu irmão — ela diz, rodeando a minha mesa de carvalho e
parando na minha frente.
— Eu, descontrolado, é sério isso?! — Debocho e então ela estende a
mão para tocar meu rosto, porém eu seguro seu pulso com força, antes que me
toque.
— Sei que meu irmão não é fácil, mas ele é meu sangue, você tem que
entender que para ele não é fácil me ver casada com você.
Solto seu braço com raiva e então ela toca meu lábio, onde um corte
sangra.
— Foda-se ele! Quero ele fora da minha casa! — Ordeno, olhando em
seus olhos.
Katharina respira fundo e não se intimida com a arma em minha mão, ela
sobe na mesa, sentando bem em minha frente.
— Essa casa também é minha, lembra? O que é seu é meu, querido.
A desgraçada tira os saltos e arrasta o pé pela minha perna. Me levanto
rapidamente e coloco minhas mãos em seu pescoço, apertando levemente.
— Está tentando me manipular, bella mia? — Pergunto, com meu rosto a
milímetros do seu.
— Está funcionando? — fala passando a língua pelos lábios em um gesto
provocador.
— Não brinque comigo, Katharina. — Falo, inalando o seu doce cheiro
de rosas, que toma conta do meu escritório.
— Você está muito tenso, querido, só quero relaxá-lo para que pare de
brigar com meu irmão — sussurra e em seguida beija o canto da minha boca
onde está cortado.
Eu já estava duro apenas por vê-la passando pela porta, agora estou
sedento e tenho a impressão que deixei o inferno e estou na porra do paraíso.
Katharina me beija de leve, sinto-a experimentar meus lábios e em seguida
chupar minha língua.
O fogo vai nos consumindo e em um piscar de olhos o que começou com
uma discussão se tornou uma verdadeira tempestade. Minhas mãos vão para o
seu pescoço, puxando seu cabelo enquanto ela geme quando mordo sua língua.
Me afasto e olho para ela descabelada, com os lábios vermelhos e os
olhos vibrantes de tesão. Ela é coisa mais bonita que já vi, minha, toda minha.
— Eu vou te foder forte contra essa mesa, não estou com humor para a
porra das preliminares, então é melhor você me dizer agora se essa boceta está
pronta para levar meu pau.
— É melhor você conferir — diz provocadora, abrindo as pernas e então
descubro que a descarada está sem calcinha.
— Ah, amore mio, você está sem calcinha, só pode estar querendo ser
castigada.
— Talvez — diz, cheia de luxúria.
— De pé — digo com a minha voz de comando e ela prontamente
obedece.
Giro seu corpo colocando-a de costas para mim, inclinada sobre a mesa
de carvalho real.
— Abra as pernas — digo rudemente e ela assim o faz.
Tiro a gravata do meu pescoço e a uso para amarrar seus pulsos e deixá-
la imobilizada. Levanto a saia deixando sua bunda carnuda à minha mercê.
— Não deveria me provocar, não quando eu estou tão furioso — digo,
cheirando seu cabelo.
— Eu aguento — se esfrega em mim.
— Eu vou te castigar agora, Katharina. Mas primeiro, me lembre qual
sua palavra segura.
— Libertá, Boss.
Eu gemo sabendo que até para escolher uma palavra essa mulher sabe me
provocar.
Viro minha cabeça e vejo uma régua de madeira sobre a mesa, pego a
mesma e admiro mais uma vez sua bunda pálida, acertando o primeiro golpe.
Os olhos de Katharina se fecham quando ela sente o primeiro resquício
de dor, seu gemido rouco alimenta o sádico em mim, o prazer é tão grande que
meu corpo vibra.
Outro golpe e dessa vez um grito rouco sai da sua garganta. Outro, dessa
vez em suas coxas e seu corpo pressiona contra a madeira da mesa.
— Mais, bella mia?
— Oh, sim, não pare — ela geme.
— Respire fundo e segure, espere até que eu diga para soltar o ar — falo
enquanto miro novamente em sua bunda e dou um golpe seco.
Ela morde o lábio e a dor arrepia seu corpo todo. — Perfeita, não
imagina o quanto está linda, querida.
Acaricio sua pele vermelha e digo sussurrando em seu ouvido.
— Preciso que você se entregue completamente para a dor. Não lute
contra isso.
— Sim, Boss...
Com um movimento rápido de trás para frente eu a acerto de novo e
então suas pernas amolecem e há somente o prazer da dor. Me ajoelho atrás dela,
esfrego a minha barba pela sua bunda ardente, acaricio suavemente, beijando sua
pele cremosa.
Separo suas nádegas e passo minha língua de cima para baixo, sentindo
todo seu sabor doce, rodo minha língua pela sua boceta, chupando seu clítoris e
uso um dedo em sua entrada.
— Respire, amore mio, você está merecendo ser recompensada — digo,
lambendo toda sua excitação até seu cuzinho rosado.
— Mmm... — geme, gozando intensamente.
Chupo todo seu líquido até vê-la desfalecer. Libero seus braços e a
abraço, beijando seu pescoço.
— Como se sente, querida?
— Eu quero mais — fala com um sorriso leve nos lábios.
— Você é realmente perfeita para mim.
Eu acaricio sua bochecha macia e beijo seus lábios carnudos, virando-a
para mim, com os joelhos afasto suas pernas e com a mão livre eu solto as
amarras da sua blusa, admirando seus belos seios saltando para mim.
— Eles são lindos, bella mia, adoro mamar neles — digo, abocanhando
seu seio esquerdo, circulando o biquinho, acariciando-o com meus lábios, então
eu o mordo e ela se inclina para mim, gritando.
— Oh, Dimitri, não para — ela geme enquanto eu mamo faminto seus
peitos.
— Cazzo, estás tão molhada. Toda molhada, porra. — Falo enquanto
meus dedos afundam em sua boceta — Você está me deixando louco. Tem
alguma ideia do efeito que tem sobre mim? Não, eu não acho que você tenha
ideia alguma — rosno enquanto abro as minhas calças, liberando meu pau, que
tem fome por sua boceta.
Sua saia está na cintura, seus cabelos todos revoltos, a blusa caída em
algum lugar do escritório e eu com as calças no pé, pronto para fode-la.
Pego Katharina no meu colo, me sentando na cadeira com ela nos meus
braços, esfrego a cabeça do meu pau na sua boceta e ela treme.
— Ah, Deus!
— Deus não está aqui, amore mio, apenas a besta — digo, a penetrando
de uma vez e ela grita de dor ao receber tudo de uma vez.
— Você pode sentir isso, Katharina? Pode sentir quanto somos perfeitos
juntos?
— Sim, Boss. Eu posso sentir você me fodendo.
— Cavalga no meu pau— ordeno, então ela segura no meu ombro e
rebola gostoso em mim.
Katharina aperta meu pau sugando-o em sua boceta, sobe e desce com
força, se esfregando em mim. Molho dois dedos na boca e levo até sua entrada
de trás. Ela fecha os olhos, gemendo quando lentamente meu dedo desliza sobre
seu cuzinho apertado.
Devagar vou bombeando dentro dela, imaginando o prazer que ela me
dará quando estiver fodendo-a ali.
— Não para, querida, continua — digo quando ela desacelera ao sentir o
segundo dedo. — Você está pingando, amore mio.
— Sim, senhor — ela fala, rebolando.
— Goza pra mim, bella mia. — Falo sem parar de mexer meus dedos.
Katharina joga o pescoço para trás, gemendo, gozando. Chupo seu
pescoço, levantando-a no meu colo, segurando na sua bunda e meto com vontade
em sua boceta.
— Tá pronta para gozar mais uma vez pra mim, amore?
— Sim, por favor.
Esfrega os seios no meu peito, eu a beijo assim, de pé, fodendo enquanto
ela segura no meu pescoço. Meu pau lateja de tão duro e gozo tão forte que
posso sentir meu gozo escapando da sua boceta.
Meu pau ainda está dentro dela quando a porra da porta do escritório abre
e Lorenzo passa por ela.

Meu corpo vira gelo puro quando ouço o som da porta abrindo e a voz de
Lorenzo dizendo.
— Achei Dante...
— Fora daqui, maledeto!! — grita Dimitri e eu abaixo me escondendo
atrás da mesa, morrendo de vergonha, até mesmo a dor na bunda havia passado.
— Meu Deus, meu Deus, que vergonha — sussurro, ouvindo a porta
fechar.
— Desgraçado, não sabe bater na porta?! — fala ele, pegando a minha
blusa no chão. — Vem aqui — Chama e me levanta do chão.
Dimitri me ajuda a me vestir, eu tento dar um jeito na minha aparência
pós foda, mas está difícil depois de ter sido flagrada pelo cunhado.
Como vou olhar para a cara de Lorenzo agora?
— Vem, vamos sair daqui — diz firme depois de se arrumar.
— Eu não sei se consigo olhar para o Lorenzo depois disso.
— Você não tem nada com o que se envergonhar. Para o bem dele,
espero que ele não tenha visto nada que pertence a mim.
Saímos do escritório e vejo Lorenzo de costas para nós dois, olhando
para a lareira.
— Eu vou subir para o quarto — falo, subindo a escada.
— Espero que tenha um bom motivo para ter entrado na minha sala sem
bater.
— Sim, desculpe se fui inconveniente não esperava que vocês dois...
Estivessem
— Seja direto.
— Encontrei Dante, ele está no hospital, parece que a esposa dele não
está bem — diz Lorenzo quando eu já estava no topo da escada, me fazendo
paralisar de terror.
— Rebeca, o que aconteceu com ela?! — Pergunto, descendo.
— Não sei ainda, eles estão no hospital desde ontem, pensei em mandar
alguém ir até lá verificar.
— Eu vou me trocar e então vamos para o hospital, tenho certeza que
aquele bosta feriu a pobre Rebeca — digo para Dimitri.
— Fique aqui, Lorenzo pode ir até lá ver o que aconteceu.
— Nada disso, eu quero vê-la, preciso saber o que esse babaca fez.
— Tudo bem, seja rápida, e vou mandar preparar o carro.
Tomo um banho aflita, meu medo era que fosse tarde demais. Torcia para
que nada grave tivesse acontecido com Rebeca, não agora que estou tão perto de
tirá-la daqui. Esse verme merece pagar por todo o mal que fez a ela.
Eu havia avisado Ana que precisaria ir ao hospital ver uma amiga e
pedido para que ela ficasse de olho em Aslan, que qualquer coisa me ligasse.
Meu coração estava acelerado quando Dimitri estacionou sua Ferrari em frente
ao hospital e eu li o letreiro.
Dimitri abre a porta para mim e rapidamente entramos no hospital.
Percebo que vários homens de Dante estão espalhados pelo lugar.
Corro até o balcão e falo a recepcionista.
— Boa noite, preciso de notícias de Rebeca Bruschetta.
— A senhora é parente?
— Não, eu sou amiga.
— Não podemos dar informações para quem não é da família.
— Eu resolvo isso, bella mia — Dimitri garante e eu me afasto, sentando
na cadeira metálica em frente ao balcão, sentindo um mau presságio. — Vamos,
a enfermeira nos levará até o quarto de Rebeca. — Diz Dimitri e então eu vejo a
enfermeira amedrontada, nos indicando o caminho.
Assim que passamos pelo corredor que leva os quartos eu vejo algumas
pessoas que imagino ser da família de Rebeca, uma senhora loira que deve ser a
mãe dela chora sendo consolado por um homem. Mas isso não é tão estranho
quando o fato de Dante Tommaso Bruschetta estar sentado no chão ao lado da
porta do quarto, acabado.
Seu pranto não me convence nem um pouco, apenas me deixa com mais
ódio, pois sei que algo muito grave aconteceu.
— O que aconteceu com Rebeca? — Pergunto diretamente a ele.
— O que fazem aqui? — Ele pergunta, tentando recuperar a postura de
mafioso fodão, mas tudo que consegue é ficar de pé, todo abalado.
— Katharina e eu soubemos que Rebeca sofreu um acidente e viemos ver
como estão — responde Dimitri olhando ao redor, analisando o que pode ter
acontecido, mas eu já sei o que esse desgraçado deve ter feito.
— Rebeca caiu da escada e perdeu o bebê, minha filha está em estado de
choque desde que a trouxeram para o quarto. O, médico contou da morte da filha
e ela não reage mais.
Meu corpo congela, o choque é tão grande que não consigo respirar. Uma
lágrima cai pelo meu rosto.
Caiu, é óbvio que ela não caiu. Imagino a dor que ela está sentindo, a
culpa é minha, eu deveria ter feito algo, eu deveria ter ajudado ela antes.
Dimitri acaricia meu braço, me trazendo de volta a realidade.
— Eu preciso vê-la.
— Ninguém vai entrar nesse quarto, é melhor irem embora.
— Eu disse que eu quero vê-la — digo, sendo firme, enfrentando o
idiota.
Dante me olha com ódio, mas, quer saber? Foda-se, não tenho medo do
bicho papão há muito tempo.
— Pode ser bom para Rebeca conversar um pouco com Katharina — diz
Dimitri, mas sua postura afirma que isso não foi uma sugestão e sim uma ordem.
Dante engole seco, apertando o punho, mas sai da porta para que eu
passe. Não espero que ele volte atrás, abro a porta do quarto, dando de cara com
uma Rebeca debilitada, pálida, deitada na cama, inerte e olhando para a parede.
Caminho até ela e as lágrimas escapam pelo meu rosto.
— Rebeca, sou eu, a Katharina — digo, acariciando seu rosto.
Ela não se move, seus olhos estão abertos, mas totalmente sem vida. É
como se fosse apenas um cadáver na minha frente.
— Eu vou te tirar daqui, prometo que ele não vai mais te machucar —
afirmo e então ela se vira, olhando para mim sem dizer nada, mas as lágrimas em
seus olhos vermelhos são a resposta que eu preciso.
Saio do quarto totalmente mortificada, limpo meu rosto quando vejo o
resto de aborto na minha frente.
— Ela disse alguma coisa para você? — Pergunta, esperançoso.
— Não, ela está totalmente destruída, a filha foi arrancada dela. —
Cuspo as palavras com ódio.
— Eu preciso de ar — digo para Dimitri.
— Eu te levo.
— Não precisa, eu quero ficar sozinha por um segundo. — Falo,
levantando minha mão, me afastando daquele lugar, sentindo como se as paredes
estivessem se fechando ao meu redor.
Do lado de fora do hospital eu ligo para Aslan, desesperada para salvar
Rebeca desse monstro.
— Aslan, pozhaluysta, pomogi mne. U nas bol'she net vremeni, zaberi
Rebeka iz Itália. Aslan preciso de ajuda, preciso que tire Rebeca da Itália
agora!).

Estava fervendo de ódio quando subi para o quarto, arrumando minhas


malas, foi quando Ana entrou no quarto me contando que Katharina saiu aflita
para o hospital, acompanhada de Dimitri. Não pude evitar ficar preocupado,
mesmo ela me garantindo que estava bem, que na verdade estava indo ver a
amiga.
Mandei meu piloto preparar o jatinho para que retornasse hoje mesmo
para a Rússia.
Porém, precisaria deixar alguns homens que vieram comigo à paisana
tomando conta de Ana. Ao menos até ter certeza que elas estão seguras. Não é
justo com Ana fazer ela voltar comigo quando mal curtiu a Itália. Ainda mais
sabendo que assim que ela chegar à Rússia meu tio vai anunciar seu noivado
com Maksim, um dos capos da bratva.
Ana tinha ido jantar junto com Vicenzo e Lorenzo, irmãos de Dimitri. Eu
já tinha perdido a fome quando meu telefone tocou e Katharina pediu aflita que
eu tirasse a amiga do país.
Prometi ajudar, mesmo sem saber como faria isso, a pobre garota está
num hospital cercado por homens da máfia.
Desliguei o telefone e me despedi de Ana e dos Salvatore, saindo da
fortaleza, avisando que iria embora para a Rússia, pois tinha negócios urgentes
para resolver.
Meu motorista me levou direto para o aeroporto, onde fingi entrar no
voo, para logo em seguida sair do jatinho vestido como um dos seguranças.
Provavelmente, Rinna colocou seus homens para me seguir, precisava tomar
cuidado extra, principalmente quando fosse tirar alguém, um membro da Cosa
Nostra, do país.
Fui para um hotel discreto nos arredores do hospital planejar a operação
de resgate da moça, sem deixar de pensar na encrenca que Katharina me havia
me enfiado.
Da sacada do quarto, liguei para a única pessoa que poderia me ajudar a
entrar no hospital.
— Isso é hora de me ligar, amigo? São quatro da manhã — diz Godoy.
— Os amigos não escolhem hora, preciso de você para uma missão aqui
em Palermo.
— Palermo? Espera, você está em Palermo, no território da Cosa
Nostra!!
— Exatamente.

Conto a ele meu plano arriscado e por mais louco que pareça, ele aceita
me ajudar. Encerro a ligação com tudo acertado e agora era só esperar a hora
certa para pôr o plano em prática. Tirar ela da Itália será fácil, o difícil vai ser
mantê-la escondida, fora do radar da Cosa Nostra, talvez eu devesse mantê-la na
Rússia até a poeira baixar e só depois enviá-la para longe.

São nove da manhã quando entro no hospital junto com dois dos meus
homens, vestidos de enfermeiro. Uma touca de enfermagem, máscara e óculos
de grau me ajudam com o disfarce, Godoy estava encarregado de congelar as
câmeras do hospital por apenas seis minutos, esse era o tempo que tínhamos para
sair com ela até a ambulância que ele dirige, do lado de fora.
Entro sem chamar atenção, o crachá de liberação dos enfermeiros que
apagamos mais cedo me ajudam a passar pela segurança. Vou direto para onde
ficam os quartos, me separando dos meus homens. Tigoh fará a cobertura da
saída e Leonid ficará de olho na entrada e me avisará caso tenha alguma
movimentação dos homens da Cosa Nostra.
Pego a maca no corredor e caminho até o quarto 17, onde a moça está.
Dois seguranças estão na porta e quando me veem, levantam a mão, me
impedindo de entrar.
— Preciso levar a paciente para os exames — Falo e logo eles liberam
minha passagem sem desconfiar.
Entro no quarto e noto que a garota está dopada, não consigo ver seu
rosto direito, mas ela me parece bem jovem, muito machucada e bem doente, o
que preocupa.
Se tivermos feito todo esse esforço e a mesma não aguentar a viagem até
a Rússia, Katharina não me perdoaria.
Tiro todos os fios do soro do seu braço com cuidado e pego-a nos meus
braços, percebendo o quanto ela é leve. Coloco-a sobre a maca de rodinhas e
então seu rosto fica visível para mim. Porra, ela é linda, parece um anjo, como
alguém tem coragem de machucar um ser como esse? É tão pequena e frágil. A
raiva queima dentro de mim quando ouço seu pequeno suspiro de dor. Ajeito seu
corpo sobre a maca para não a machucar, pronto para sair do quarto, vou em
direção à porta, a mesma abre sozinha e então vejo nada mais nada menos que o
capo da família Bruschetta.
Dante Tommaso Bruschetta na minha frente.
— Onde pensa que vai levar minha esposa?!
O caminho de volta do hospital foi silencioso, Katharina estava abalada
com o estado de Rebeca. A história de que ela caiu da escada ainda estava mal
explicada, tentei extrair alguma coisa de Dante, mas ele estava abalado demais
para dar qualquer informação.
O problema com o carregamento ainda permanecia em minha mente e
ainda tinha que lidar com Aslan na minha casa. Estaciono o carro na entrada e
Chaise abre a porta para Katharina, que entra sem demora.
Na sala, encontro Lorenzo conversando com Ana e Alesso Gambino.
— Onde está Aslan? — Katharina pergunta à prima.
— Ele foi embora há algumas horas, disse que tinha que resolver
problemas na Rússia e que ligaria para você depois.
Respiro aliviado, mas a expressão de Katharina me confunde. Ela não
grita ou fica brava comigo pela saída do irmão. Na verdade, ela apenas se
despede de Lorenzo e Ana e sobe as escadas sem nem mesmo olhar para trás.
— Lorenzo, leve Alesso para o escritório e me aguarde lá.
Espero os dois saírem para então falar com Ana.
— Ana, peça para Luigi levar o jantar de Katharina no quarto, é bem
provável que ela não vá descer para jantar.
— Pode deixar, eu vou fazer aquela teimosa comer um pouco antes de
dormir.
Deixo-a sozinha e vou direto para o escritório, encontrando Lorenzo e
Alesso me aguardando. Adentro no mesmo e tiro meu paletó. Acendo um
charuto e olho para os dois, sentados na minha frente.
— Quero que comece a me explicar como um carregamento seu foi
apreendido pela polícia federal e pior ainda, como nenhum dos nossos
informantes avisou que a federal está na cola da Cosa Nostra?!
— As coisas estão fora do meu controle, Boss — ele diz, nervoso.
— Como a porra do meu capo perdeu o controle! — Grito, já sem
paciência.
— Não sei como a polícia descobriu sobre o carregamento, doze homens
da família Gambino foram presos e ainda tenho meu consigliere sob custódia.
— Você sabia disso?! — Aponto para Lorenzo.
— Não, chefe, estou sabendo agora, porém já tenho um nome para te dar:
magistrado Giovanni Falcone.
— Quem é esse? — Pergunto, estranhando um juiz estar envolvido com a
apreensão na Cosa Nostra.
— Não tenho muitas informações sobre ele, apenas que o mesmo
coordenou diretamente a operação que apreendeu nossa mercadoria.
— Se alguém abrir a boca, você estará fodido, Alesso.
— Eles estão todos sob juramento da Omertà. — Tenta me convencer
que estamos seguros.
— Isso não garante o silêncio, homens são facilmente corrompidos por
dinheiro,
pela dor ou até mesmo pelo medo.
— Lorenzo, você vai precisar silenciá-los o mais rápido possível. Avise
Daniela que quero um relatório completo para amanhã sobre esse juiz Falcone.
— Sei que falhei com a família, mas Fabrício é meu consigliere e confio
que ele não irá nos entregar — tenta apelar pela vida do seu subordinado.
— Não estamos em posição de pagar para ver. A família sempre virá à
frente de qualquer um, até mesmo de você. — Deixo um aviso claro.
— Nunca falhei com a Cosa Nostra, isso não acontecerá novamente,
alguém me traiu e descobrirei quem foi. Isso é uma promessa, chefe.
— Você falhou comigo, Alesso, um capo que não sabe o que acontece
dentro da sua própria família não tem valor para a Cosa Nostra. Espero que esse
seja seu primeiro e único erro, ou terei que colocar alguém mais competente em
seu lugar.
Termino a reunião já bem tarde, subo para o meu quarto cansado, a luz
está apagada e Katharina dormindo com seus cabelos espalhados pelo
travesseiro, vou direto para o banho, onde deixo a água quente aliviar a tensão
dos meus músculos, depois de um dia cansativo como hoje. Termino meu banho
e saio do banheiro apenas de boxer, deito ao lado de Katharina, que rapidamente
se aninha ao meu peito.
O cheiro dos seus cabelos de alguma maneira me acalma, me pergunto
qual foi o momento que me tornei tão dependente de uma mulher. Uma coisa é
certa: ela é um pouco de luz em meio a toda essa treva. Minha intuição nunca
me enganou e agora eu sinto que vem uma grande tempestade pela frente.

ALESSO
Saio da fortaleza enfurecido, as coisas estavam saindo do meu controle,
foram anos de planejamento, não posso botar tudo a perder agora.
Alguém me traiu e me pergunto quem poderia ter sido capaz de nos
entregar.
Entro no meu carro, partindo em direção à antiga casa do meu sogro, que
agora me pertence, como tudo do infeliz desde que o matei, de lá pra cá venho
trabalhando incansavelmente para conseguir atingir o meu objetivo, que é
assumir o controle da Cosa Nostra. Eu havia me casado com Molly apenas com
um único propósito: me aproximar ainda mais do posto de capo dei capi da Cosa
Nostra.
O atentado com uma bomba no iate do pai dela foi perfeito para eliminar
os três de uma vez. Assim, me tornei o capo da família Luchese, comandando
todo os negócios da América Central, me mudei para Granada, um país quente
do Caribe, de onde comando a punho de ferro toda a organização. Devagar eu fui
conseguindo contatos aliados e agora estou a um passo de conseguir tirar o trono
do poderoso Salvatore Rinna.

Olho para todos os seis novos soldados de joelhos na minha frente com
as mãos amarradas, depois de terem sido devidamente surrados por mim.
O suor escorre do meu rosto, a raiva borbulha dentro de mim, a voz
daquele miserável me humilhando ecoa no meu ouvido, nos últimos dois anos eu
tenho trabalhado mais que qualquer um para ganhar a confiança desse maldito
desgraçado.
— Qual de vocês vai abrir a boca? — Digo, pegando o saco de plástico,
indo em direção ao primeiro da fila.
Balvin segura ele para mim enquanto coloco o saco em sua cabeça, ele
começa a se debater quando oxigênio acaba e seguro forte até ver sangue
escorrer pelo seu nariz, tiro o saco e pergunto. — Você entregou informações
para os tiras?!
— Não, senhor, eu juro — diz chorando, me enojando.
Tiro a pistola e atiro bem na cabeça do verme.
— Sobraram cinco, agora, quem será o próximo?
Três já estavam mortos, só restavam Jean e Vitório. Estava me
aproximando de Jean, quando Vitório levanta o rosto machucado e me chama
atenção.
— Senhor, preciso confessar algo — diz firme e então me viro para ele
— Eu... Eu tenho algo a dizer.
— É melhor que tenha respostas ou você será o próximo a morrer.
— Alguns dias atrás eu saia do alojamento para fumar, quando encontrei
Jean conversando com alguém ao telefone, falava em inglês, acho que ele não
sabia que eu entendia a língua. Na hora eu não dei muita importância, mas agora,
depois do que o senhor falou, eu penso que tudo faz sentido.
— Do que você tá falando, seu mentiroso, eu nunca entregaria a família
Luchese. — Jean grita, tentando avançar em direção a Vitório, mas está
amarrado e não pode.
— Diga o que você ouviu.
— O acordo de delação está pronto, vocês vão me proteger quando ele
for preso, não vão? — Ele perguntou a alguém, mas não consegui ouvir o resto,
pois logo ele me viu e desligou o telefone.
Nossa hora eu tremo de ódio, o cagna estava negociando um acordo para
me prender.
— Espero que a polícia tenha te pagado bem, pois isso vai custar não só
o caralho da sua vida como do bosta do seu irmão e cunhada — sorrio friamente,
dando a sentença. — Leve ele para a fábrica de sal...
— Falo a Balvin, que arrasta Jean enquanto ele grita, implorando que
acreditasse nele — Você, Vitório, será recompensado pela sua lealdade.

Entro em casa, indo direto para o meu escritório, um problema estava


resolvido, mas agora precisava entender quem estava por trás dessa investigação.
Ter a polícia federal na minha cola enquanto eu armo o golpe contra Rinna não
será bom.
Uma coisa de que posso me orgulhar são as conexões que fiz nesses
últimos dois anos, consegui amigos políticos e membros do judiciário que irão
me ajudar agora.
Ligo para Roco Chinici.
— Luchese, a que devo a honra da sua ligação?!
— Preciso de um favor seu, velho amigo.
— Não tão velho assim — ele diz, dando uma risada sarcástica.
— Claro que não, mas vamos ao que interessa; você sabe que gosto de ir
direto aos fatos.
— Fale, em que posso te ajudar?!
— Juiz Giovane Falcone, preciso que descubra quem está o ajudando em
uma operação contra a família. Quem são os contatos dele, quem é o responsável
pela investigação, acabei de descobrir que tinha um rato dentro da minha casa e
ele estava passando informação para a federal.
— Isso vai ser difícil, porém eu sou um magistrado, logo você terá a
informação no seu e-mail.
Fico horas no meu escritório mudando todas as rotas dos carregamentos
de cocaína que sairiam da América Central para a Europa. Quando todos
estavam em aviso sobre possíveis operações da polícia, recebo um arquivo via e-
mail do magistrado Roco Chinici.
A primeira folha continha informações sobre o juiz Falcone e sua carreira
militar brilhante, seguida da carreira como um juiz respeitado em Roma, sendo
transferido para a Sicília no último ano. Ao que tudo indica, ele não aceitaria
suborno.
No outro arquivo está o nome da detetive Gabriela Meireles Bianchi,
demitida do seu cargo após se envolver na investigação do massacre de Lazio.
Também foi responsável pela investigação de outros casos importantes,
incluindo o do assassinato de várias jovens em Palermo. A pergunta que não
quer calar é como uma simples ex-detetive conseguiu informações sobre a Cosa
Nostra e principalmente o que levou um juiz de renome a ajudá-la. Uma coisa é
certa, seja o que for que está por trás dessa investigação, tem que acabar. O
melhor será cortar o mal pela raiz e matar os dois, acabando de uma vez com
essas operações antimáfia.

Estava sendo fácil demais para ser verdade, porém, o homem olhando
para mim agora me faz acordar e perceber que preciso ter mais cautela se quiser
sair daqui vivo com a garota.
— Onde pensa que vai levar minha esposa?! — Pergunta o chefe da
família Bruschetta.
Olho para ele calculando quanto tempo eu teria para escapar caso desse
um tiro na testa dele com a minha nove milímetros. Entretanto, isso seria
suicídio, ainda mais com os dois seguranças do lado de fora do quarto.
— O doutor Rox pediu que a leve para fazer exames complementares
antes de dar alta à paciente. — Digo calmamente.
Dante olha para mim por um segundo e penso que ele me reconheceu,
mas os óculos, a touca hospital e a máscara ajudam a disfarçar bem minha
aparência.
— Tudo bem, seja rápido, quero levar minha mulher para casa ainda hoje
— diz, indo até a cadeira do lado da cama.
Não perco tempo e saio do quarto rapidamente, andando até o elevador,
empurrando a maca, mas ao invés de subir para o andar dos exames eu desço
com a maca para o subsolo, onde fica o estacionamento.
— Vocês têm dois minutos para sair daí — fala meu parceiro que vigia as
câmeras.
Logo chego à garagem onde a ambulância já me aguarda.
— Vamos rápido ou não sairemos mais daqui — diz Godoy, me ajudando
a prender a maca de Rebeca.
Decido ir atrás com ela, cuidando para que ela não acorde ao menos até
estarmos no jatinho. Saímos do hospital sem chamar atenção, não sei quanto
tempo se passa, mas logo estamos em uma pista de embarque clandestina, o
jatinho é pequeno, mas suficiente para acomodar todos os homens que me
acompanham nessa missão.
Godoy não embarca conosco para a Rússia, ele será meus olhos e
ouvidos aqui na Itália e vai ficar de olho em Dante Tommaso Bruschetta, assim
eu seria avisado caso ele descobrisse o paradeiro de Rebeca.

Seis horas depois estávamos pousando em solo russo, tive que aplicar
mais uma dose de calmante em Rebeca, pois se ela acordasse no meio do voo
poderíamos ter problemas. Confesso que só pude me tranquilizar quando o
jatinho pousou.
Pego Rebeca no, cobrindo-a com um cobertor quente e a levo para o
carro. Meus homens iriam para Moscou e apenas Vladmir ficaria comigo até
chegarmos em Nordisk.
Os anestésicos logo perderiam o efeito e ela abriria os olhos, confesso
que estou ansioso para saber que cor são os seus olhos.
— Para onde vamos, senhor?
— Dirija até Nordisk, Vladmir, de lá você volta para Moscou com o meu
carro. Avise meu pai que ficarei isolado por um tempo.
A cidade de Nordisk é uma cidade bem afastada da capital, uma das mais
frias da Rússia e é famosa por ter seis semanas sem luz do sol devido às grandes
nevascas no inverno, o lugar ideal para esconder Rebeca. Como mantenho um
chalé de caça perto da montanha, ninguém irá desconfiar caso eu simplesmente
fique um tempo por lá, já que costumo ir para relaxar duas vezes ao ano. Apenas
meu pai e Katharina conhecem esse lugar. O aquecedor do carro nos protege do
frio lá de fora, estávamos no carro a mais de três horas sem parar nem mesmo
para comer, envio uma mensagem para Ana avisando que já estamos na Rússia,
para que ela tranquilize minha irmã. Rebeca geme, pisca os olhos duas vezes e
então olha para mim.
— Quem é você, onde estou? — Pergunta com a voz trêmula, assustada,
se afastando de mim.
— Não tenha medo de mim, estou aqui para te ajudar.
— Pare esse carro! — ela grita, assustada.
— Calma, você está segura, sou Aslan, irmão de Katharina.
— Katharina, onde estou? Dante... — Coloca a mão na cabeça como se
sentisse dor e na barriga, parecendo se lembrar de algo e começa a chorar.
— Você está segura, ele não vai mais te machucar, estamos na Rússia,
indo para um lugar afastado onde vai poder se recuperar em segurança.
Ela fecha os olhos e desmaia novamente. Fico preocupado com seu
estado de saúde, não precisa ser nenhum gênio para perceber que ela foi
espancada, já que está coberta de hematomas.
Enrolo o cobertor nela e quando o carro para na frente da cabana, fico
mais tranquilo, pois agora poderei cuidar dela em segurança. Assim que ela
estiver bem, poderá seguir sua vida longe do cherv.

Quando o carro estaciona na entrada, Rebeca volta a acordar e fica meio


desorientada.
— Calma, você vai ficar letárgica por conta dos anestésicos — digo
pegando-a no colo, ela me olha, estranhando tudo ao redor. — Seja bem vinda à
Rússia, Rebeca — digo na entrada da casa, onde um lago congelado se estende.
— Descarregue as malas para mim e deixe alguma munição também.
Usarei o Bentley Power on Ice que deixo de reserva aqui na cabana.
— Certo, senhor — diz ele, indo em direção ao carro. Me apresso a
entrar na cabana para que Rebeca não fique com frio.
— Pode me colocar no chão, acredito que eu possa ficar em pé — ela diz
quando entramos na sala da cabana.
— Certo — concordo mesmo sem acreditar, por mim a carregaria onde
quer que ela fosse.
Rebeca olha ao redor, observando tudo com curiosidade.
— Sei que não é o que esperava, nunca imaginei trazer alguém aqui, essa
cabana serve mais como um refúgio, longe de todos os negócios da bratva.
— Está ótimo, não importa muito o lugar onde esteja, uma hora ou outra
ele irá me encontrar — diz ela, desolada.
— Eu não deixarei que ele te leve, eu prometo te proteger — digo firme,
mas o medo em seu olhar não desaparece.
— Ninguém pode me proteger daquele monstro, eu só terei paz quando
estiver morta — fala chorando eu me, abraçando-a.
— Eu estou aqui, você não está mais sozinha — abraço forte seu corpo
frágil e ela geme de dor. — Te machuquei? — Pergunto, preocupado.
— Não é culpa sua, são as minhas costas — ela fala indo até a poltrona e
sentando com dificuldade.
Me apresso em ligar o aquecedor, em seguida uso a lenha que deixo
pronta para a lareira. Pego a caixa de primeiros socorros, por sorte tenho muitos,
antibióticos e analgésicos, já que preciso me precaver caso seja atacado por um
urso. Nessa região eles são muito comuns.
— Eu trouxe tudo, senhor — diz Vladmir.
— Obrigado.
Agradeço e então ele fecha a porta partindo.
— Eu preciso que tire a camiseta para que eu possa ver suas costas —
digo, sentando ao lado dela.
Rebeca fica pálida, deve ser constrangedor ficar seminua na frente de um
estranho, já que foi a comissária de bordo que vestiu a roupa que ela está usando
quando chegamos no jatinho.
— Tudo bem — fala, ficando de costas para mim.
Rebeca tem dificuldade para levantar a blusa, então eu toco suas mãos e
ajudo a levantar a camiseta preta. Quando consigo ver sua pele, meu corpo todo
treme de ódio ao ver a gravidade dos seus machucados.
Ela foi surrada pelo bastardo, sua pele pálida está toda ferida por marcas
de cinto. Engulo a vontade de soltar um palavrão ao perceber que pequenas
lágrimas voltam a cair pelo seu rosto. Pego uma pomada cicatrizante e começo a
esfregar em suas costas. Quando termino, uso um analgésico e um anti-
inflamatório, que dou para ela tomar.
— Obrigada — agradece, ainda acanhada.
— Não precisa me agradecer — digo e sorrio para ela — Vou te levar
para o quarto para que descanse enquanto eu preparo algo para comer.
— Eu não quero dar tanto trabalho nem para você e nem para Katharina,
eu não sei o que pode acontecer se Dante descobrir que ela me ajudou.
— Não pense nisso, minha irmã não é tão frágil como aparenta e Dimitri
não vai deixar nada acontecer com ela, afinal temos um acordo.
Levo ela para o único quarto da cabana, já pensando que terei que me
arrumar no sofá, mas o importante é ela ficar confortável. O quarto é pequeno,
mas aconchegante e por sorte tenho uma pessoa que vem aqui uma vez por
semana cuidar da cabana quando não estou.
— Amanhã eu vou à cidade comprar umas roupas e algumas coisas que
vai precisar. —, a colocando na cama e ajeitando as cobertas sobre ela.
— Obrigada, Aslan, você realmente é um anjo — ela diz, segurando
minha mão quando faço menção de me levantar.
Juro que sinto meu coração acelerar com o leve sorriso preenchendo seus
lábios.
— O único anjo aqui é você Rebeca...

Acordo sentindo meu corpo quente, abro meus olhos e me vejo deitada
sobre o peito de Dimitri, seus leves pelos escuros roçando meus seios, que
estavam duros pelo contato. Seus cabelos bagunçados enquanto dorme dão a ele
um ar sexy quase predatório e me vejo admirando seu rosto perfeito.
Como pode ser tão bonito e ao mesmo tempo tão mortal?
Decido me levantar e me preparar para o que irá acontecer mais tarde.
À uma hora dessas Aslan já deve ter tirado Rebeca do hospital, quase não
dormi ontem de tanta preocupação, não só com ela, mas com o meu irmão
também. Vou direto para o banheiro fazer a minha higiene, lavo o meu rosto e
me procuro me tranquilizar, pensando que tudo daria certo e logo eles estariam
longe daqui.
Tomo um banho rápido, sem molhar o cabelo e saio do banheiro, indo
direto para o closet. O closet é enorme e acompanha a mesma decoração do
quarto, em tons de preto e madeira. Deixo a toalha sobre o grande pufe no centro
do closet e abro a gaveta de calcinha, escolhendo uma peça cinza, como também
o sutiã do conjunto.
Fecho a gaveta e sou surpreendida pelos braços de Dimitri me cercando.
— Acordou cedo, bella mia — diz, cheirando meu pescoço e um arrepio
sobe pelo meu corpo.
— Na verdade eu acho que você é que dormiu demais — respondo, me
virando de frente para ele.
— Você poderia ter me acordado para tomarmos banho juntos, bella mia.
— Fala enquanto sua mão percorre meu ombro, onde não me sequei por
completo.
— Acho que não teríamos tomado banho se tivesse te acordado, você
sabe que precisamos conversar sobre Rebeca, não sabe? — pergunto e, para
provocar, círculo seu pescoço com minhas mãos, puxando de leve seu cabelo.
— Eu tenho certeza que podemos deixar essa conversa para depois —
Fala, beijando meu pescoço.
Nesse momento, já tinha perdido a linha de raciocínio, ainda mais nua
com um homem desse só de boxer beijando meu pescoço. Viro meu rosto para
ele e o beijo de maneira furiosa, com raiva dele por me fazer desejá-lo tanto,
com ódio de mim mesma por ser seduzida por uma maldita besta.
Nossas línguas duelam uma batalha perdida, minhas mãos vão para seu
peito, onde o arranho. A traidora da minha boceta já está escorregaria, piscando
apenas com o seu beijo.
Me abaixo sem tirar os olhos dos seus, descendo sua boxer, sorrindo e
toco seu pau. Dimitri segura à porta de espelho do closet, gemendo quando
arrasto minha língua lentamente pelo seu cumprimento. E o levo profundamente
na minha garganta, fazendo ele fechar os olhos, alucinado. A sensação de ter seu
pau é puro poder, seu olhar sobre mim me deixa louca. Ele pode ser o Boss, mas
quando estou chupando-o, o poder é todo meu. Sorrio, dando um beijo na
cabecinha e comecei a punhetar ele devagar. Dimitri morde os lábios e não tira
os olhos escuros de mim. Aperto meus lábios na cabecinha, fazendo movimento
de sucção e com as mãos massageio de leve suas bolas pesadas. Seu pau estava
escorrendo de tão molhado.
— Caralho, desse jeito eu vou encher essa boquinha de porra!! — Diz
rouco, puxando meu cabelo.
Começo a mamar com vontade, relaxando minha garganta para levá-lo o
mais fundo possível enquanto deslizo a língua da base do pau dele até a cabeça
avantajada, ele tem um pau maravilhoso, é difícil resistir.
— Isso, assim, safada — diz, dando um tapa de leve na minha cara, me
deixando ainda mais excitada.
Chupo que nem sorvete, punheto ele com a minha boquinha, engolindo
só a cabeça do pau, Dimitri não aguenta e começa a gozar, rugindo feito uma
fera. Sinto os jatos na minha boca e não me faço de rogada, bebo tudo, sorrindo
ao observar seu olhar feroz em minha direção.
— Você foi perfeita, bella mia, agora é minha vez de brincar com você
— diz, me roubando um beijo para logo em seguida sair do closet entrar no
calabouço.
Respiro fundo, excitada com a expectativa do que ele faria, Dimitri
rapidamente volta e eu posso admirar o belo espécime de macho à minha frente.
Em uma de suas mãos posso ver uma vareta com uma ponta arredondada
e na outra pequenos acessórios de metal com correntes finas interligadas.
— Está pronta?! — Diz com um sorriso predatório nos lábios.
— Sim — gemo baixinho.
— Qual a palavra segura, bella mia?
— Libertá — exclamo e ele me beija de leve.
— Ontem eu castiguei muito essa sua bunda linda, hoje você está livre de
uma sessão de spanking. Mas, isso não significa que não podemos nos divertir
um pouco. — Fala com os olhos vidrados nos meus seios, que estão duros.
Dimitri desce seus lábios para meus seios, chupando de leve, fazendo-me
contorcer, prende o que parecem ser prendedores e gemo alto pela pressão, ele
faz o mesmo com o outro e então me contorço pela dor intensa misturada com o
tesão do que ele está fazendo.
— Esses são grampos para iniciantes, logo estarei usando os com
pequenos pesos — explica e prende uma corrente entre eles.
Ele me puxa até o pufe no meio do closet e me faz ficar de pé, com a
bunda inclinada para ele. Suas mãos acariciam minha pele, me levando ao
delírio, sinto ele tocar as marcas na minha bunda com carinho, admiração e até
mesmo orgulho.
Sinto seu pau duro encostado na minha bunda e começo a rebolar, me
esfregando.
Dimitri puxa os prendedores e eu gemo de dor, então seu pau entra de
uma vez na minha boceta.
— Mais rápido, por favor — peço gemendo quando ele coloca a ponta
daquela vareta no meu clitóris e sinto-a vibrar.
— Ohhhh, eu vou gozar — grito e sinto ele puxar a cordinha dos
grampos.
— Você me deixa louco, amore mio, não imagina os planos que tenho
para nós dois hoje à noite.
— Não para, por favor — imploro e ele volta a golpear seu pau na minha
boceta, por trás.
Suor escorre pelo meu corpo, eu estava tremendo quando outro orgasmo
me faz bambear. Dimitri me ajeita antes que eu caia, me colocando totalmente de
quatro para ele. Nessa posição eu posso sentir seu pau me arrombando.
A cada golpe eu gritava feito louca com suas estocadas ferozes, ele solta
a varinha e puxa meu cabelo, apoiando meu rosto no pufe, me deixando ainda
mais curvada para ele.
— Mais, não para. — Imploro para ele de novo, sem nenhum pudor.
Dimitri parece uma besta feroz devorando sua presa, eu já tinha perdido
todo o controle sobre o meu corpo, estava me retorcendo inteira de prazer. Ele
tira o pau só para então meter novamente, desta vez mais fundo. Era possível
ouvir o som que nossos corpos faziam ao se chocar, Dimitri continua o vai e vem
até encontrar sua libertação dentro de mim. Eu gozo tão forte que desabo sobre o
pufe, com dificuldade de sentir minhas pernas.

Depois da foda matinal, Dimitri e eu tomamos um banho rápido, ele faz


questão de aplicar uma pomada de corticoide em mim, mesmo comigo dizendo
que não precisava. Ele insiste, pois segundo ele é seu dever cuidar de mim.
Visto uma saia longa beje e uma blusa cinza com um salto fino.
Desço as escadas e vou até a cozinha, onde peço para Luigi colocar a
mesa do café na varanda com vista para o mar. Então encontro Lorenzo rindo
com Monalisa.
— Bom dia — digo sem graça, lembrando da cena do escritório.
— Bom dia, princesa — fala, pegando uma uva da fruteira.
— Monalisa, pode ajudar Luigi a preparar a mesa do café na varanda?!
— Claro, senhora, vou chamar ele — diz, nos deixando sozinhos e eu
fico constrangida.
— Não precisa ficar com vergonha de mim, principesca, eu não vi nada,
prometo — diz rindo.
— Mesmo assim foi constrangedor — falo baixo.
— Eu sou seu amigo, Katharina, não quero que fique um clima estranho
entre nós dois só porque peguei você e meu irmão fodendo — diz debochado,
rindo da minha cara vermelha de vergonha.
— Mas bem que você poderia ter batido na porta — retruco, jogando
uma laranja nele, fingindo estar brava.
— Aí, essa doeu. Princesa, relaxa, não foi a primeira vez que vi meu
irmão fodendo naquele escritório, mas se isso te tranquiliza prometo que vou
bater da próxima vez — ele explica, saindo da cozinha com o cacho de uva.
— Idiota — resmungo.

No pátio, a mesa já estava posta, Lorenzo e Vicenzo conversavam sobre


algo enquanto Dimitri olhava para o mar com uma expressão pensativa, assim
que eu desço a escada ele se vira, olhando para mim.
Deve ter alguma coisa errada com meu corpo, pois eu juro que sinto meu
coração acelerar com seus olhos sobre mim.
— Preciso de um cardiologista — digo a mim mesma quando me sento à
mesa ao lado dele.
O café da manhã na família Rinna é tradicionalmente servido as nove,
em seguida os homens vão para a sede da máfia, uma rotina com a qual já me
acostumei.
A mesa está farta, o típico café italiano, com brioche, café, chá e o que os
gêmeos mais gostam, cappuccino sem açúcar, alguns bolos e uma grande
variedade de queijos.
— Esse pátio ficou realmente bom — elogia Vicenzo, olhando para o
pátio.
— Essa vista precisava ser melhor aproveitada.
— Estou ansiosa para conhecer toda a fortaleza — diz Ana, animada.
— Você vai amar o refúgio dos leões.
— Nem pense nisso — Proíbe Dimitri, porém antes que eu possa
respondê-lo, somos todos surpreendidos por Dante chegando.
— Me diga onde ela está! — grita Dante, apontando para mim.
Chaise e outros seguranças se aproximam de nós, mas não agem, Dimitri
se levanta, colocando o guardanapo na mesa. Eu faço a minha melhor cara de
assustada com sua explosão.
— Do que está falando?! — Questiono firmemente.
— Como não sabe? Foi você, eu tenho certeza que foi você que mandou
aquele homem ajudar ela a fugir... — Fala, tremendo muito, apontando o dedo
para mim.
— Abaixa o tom de voz para falar com a minha mulher ou me esquecerei
que é meu amigo e te darei uma lição.
— Eu não sei do que ele está falando — Me defendo, virando para
Dimitri com a minha cara de assustada.
— Rebeca fugiu ou melhor, essa mulher a ajudou a escapar de mim.
— São grandes acusações, Luchese, tem certeza do que está dizendo?! —
Pergunta Lorenzo, como o grande mediador que é.
— Rebeca fugiu do hospital, como assim? Não estou entendendo nada —
digo colocando a mão na boca, chocada.
— Não finja que não sabe, eu sei que foi você. Aquele enfermeiro que
tirou ela de lá foi a mando seu.
— Como eu faria isso, eu estive em casa a noite toda? Dimitri pode
confirmar — justifico com uma expressão de indignação.
— Está acusando minha mulher de ter ajudado na fuga da sua?
— Claro que foi ela, quem mais ousaria me enfrentar? — esbraveja
apontando o dedo para mim.
— Abaixa essa porra desse dedo — Dimitri fala entre os dentes, de
maneira ameaçadora.
Dante se afasta, mas não fica menos bravo.
— Já verificou as câmeras de vigilância do hospital? — Pergunta
Vicenzo.
— As câmeras foram adulteradas, a única coisa que sei é que alguém a
ajudou a escapar. Um homem se passando por enfermeiro a levou, alegando que
ela precisava fazer alguns exames. Mais de uma hora se passou e ela não voltou,
quando fui atrás do tal enfermeiro descobri que o médico nunca havia pedido
exames e que ela já não estava mais no hospital.
— Eu não tenho culpa, como uma simples mulher conseguiria fazer tudo
isso, adulterar câmeras e enfermeiro falso? Outra pessoa a ajudou, não eu.
— Ela pode ter sido sequestrada — fala Ana, fazendo todos olharmos
para ela. — O que foi? Acontece o tempo todo na bratva.
— Algum inimigo seu pode ter levado-a para usar como isca — diz
Lorenzo.
— Seja o que for, Katharina não está envolvida, — diz Dimitri, sério.
Eu abaixo a cabeça, deixando uma lágrima cair.
— Pobrezinha da Rebeca — digo soluçando.
— Vamos fechar as saídas de Palermo, seja quem for que a pegou, nós
vamos encontrá-la — diz Vicenzo.
— Eu estou desesperado, preciso encontrá-la — ele diz, em pânico com a
hipótese de Rebeca ter sido sequestrada jogada sobre a mesa.
— Temos que encontrá-la, ela precisa de cuidados, ainda mais agora, eu
entendo sua preocupação, afinal é sua esposa e a ama, mas isso não justifica
colocar a culpa em mim — manipulo, fazendo cena.
— Dante, você é meu amigo de longa data e por respeito a essa amizade
você não será punido pela sua falta de respeito com minha esposa, espero que
isso não volte acontecer.
— Me desculpe, chefe — diz tenso.
— Não é para mim que precisa pedir desculpas e sim para a senhora da
máfia.
— Me desculpe — diz para mim, mas em seus olhos eu posso ver
claramente seu ódio.
Ele não vai sossegar até provar que estou envolvida na fuga de Rebeca.
— Não se preocupe, não há o que se desculpar — digo docemente.
Dante sai acompanhado de Lorenzo e eu respiro aliviada por ela estar
longe desse miserável.
— Me deixem a sós com Katharina. — Ordena Dimitri com a voz tão
fria que sinto meu sangue congelar.
Me viro para ele e lá está a besta feroz, o homem cruel de sangue frio, o
Boss da Cosa Nostra, não o homem que passou horas comigo naquele quarto.
— Vou perguntar apenas uma vez, você está envolvida nisso Katharina?!


Katharina estava mentindo, era claro, por mais que ela tentasse ser
convincente, sua voz quase engasgava ao dizer que Dante não precisava se
desculpar e sua preocupação por Rebeca soou tão falsa que até Lorenzo
percebeu.
Katharina está armando contra minhas costas, mesmo que seja para
ajudar a amiga, isso não significa que ela possa arma contra a Cosa Nostra.
— Me deixem a sós com Katharina — Digo, tentando controlar a raiva
que já borbulha em mim.
Olho para ela tentando entender como uma mulher tão pequena e frágil
conseguiu passar a perna no meu melhor capo e tirar a mulher dele debaixo do
seu nariz.
— Vou perguntar apenas uma vez, você está envolvida nisso, Katharina?!
— Pergunto diretamente.
— Não posso acreditar que está perguntando isso para mim! — Diz,
chocada.
— Katharina, não me faça de idiota, qualquer um percebe o desprezo que
sente pelo Dante.
— Mas é claro que eu o desprezo, esse homem é um desgraçado maldito
que não merece a mulher que tem.
— Então por isso decidiu ajudar a garota a fugir! — Afirmo com raiva.
— É claro que não, como eu faria isso, adulterar câmeras e enfermeiro
falso, invadir um hospital?
— Você já me provou que é capaz disso e de coisas piores — acuso-a,
me lembrando de tudo que ela fez no pouco tempo que vive na Itália.
— Pois fique sabendo que você me ofende ao desconfiar de mim,
Dimitri, nós tínhamos um acordo, deveria confiar em mim.
— Não misture as coisas, nosso acordo não vem ao caso agora — falo,
exasperado.
— Ah, está bom, não vem ao caso, então poderoso chefão, ao invés de
ficar tentando me acusar de algo que sou inocente você deveria tentar descobrir
porque Rebeca foi parar no hospital, pois para mim está claro que o verme do
seu amigo espancou ela a ponto de fazê-la perder o bebê. Ou seja, ele quebrou
um dos mandamentos da máfia — ela fala bravamente, apontando o dedo para
mim.
— Isso são apenas suposições suas.
— Não são, Rebeca me contou o que ele fazia com ela, Dante merece ser
punido.
— E por isso ajudou ela a fugir? — Questiono.
— Eu já disse que não fiz nada, se Rebeca escapou do maldito foi outra
pessoa que fez isso. E quer saber? Melhor ela ter fugido mesmo, assim ela não é
obrigada a conviver com um monstro como aquele.
— Katharina, você é a senhora da máfia, entenda que na sua posição não
deve fazer acusações graves como essa sem provas. Rebeca tem motivos para
mentir e tentar te enganar, já que a mesma, assim como você, foi obrigada a
casar.
— Ah, mas é claro que você não vai acreditar, não é?!
— Ela precisa fazer uma queixa direta a mim, como capo dei capi eu
resolveria o problema.
— Como se as mulheres da Cosa Nostra tivessem coragem de enfrentar
seus maridos e abrir uma reclamação direto com o poderoso chefão aí.
— Você pode não gostar, mas é assim que as coisas funcionam aqui na
Cosa Nostra, todos são subordinados a mim. Até mesmo você, então se estiver
me escondendo algo é melhor dizer de uma vez, porque caso eu descubra será
pior para você!
— Tudo bem, Boss, é você quem manda! — responde com ironia,
cruzando os braços e virando as costas para mim, saindo.
— Katharina! —Chamo-a de volta, irritado com sua birra.
— O que foi poderoso chefão, precisa de mais alguma coisa da sua
súdita? — Diz com os olhos faiscando de raiva e então percebo que meus planos
para hoje à noite estão indo pelo ralo.
— Esteja pronta as oito, iremos jantar fora.
— Como desejar, chefe! — fala amarga e sai rebolando aquela bunda
linda naquela saia.
— Essa mulher vai me levar à loucura.

Depois da discussão que tive com Katharina de manhã, vim direto para a
sede, cheio de problemas para resolver. Estava tudo indo bem, até o maledeto do
Dante jogar um balde de água fria. Luana, minha nova assistente, tenta dar conta
da minha agenda corrida e ser eficiente como Natasha era, porém, a garota é toda
atrapalhada e não pode me ver que começa a tremer de medo, pelo menos ela
serviu para enviar as flores que pedi para Katharina.
Não sou o tipo de homem sentimental, que compra flores para mulher,
porém, se tem uma coisa que eu sei é que quando uma mulher está puta com
você o máximo que vai conseguir dela à noite é um travesseiro e um sofá na
sala. Só contratei Luana porque Juliano pediu para que desse uma chance a sua
afilhada, que acabou de se formar.
Lorenzo passa a manhã toda com Dante no aeroporto e no Porto tentando
descobrir se Rebeca saiu da cidade, até cheguei a desconfiar que Aslan tivesse
por trás disso, mas ele saiu da Sicília muito antes da fuga de Rebeca, o que me
leva a pensar que talvez Katharina esteja falando a verdade sobre não ter ajudado
Rebeca a fugir, e a hipótese de ela ter sido sequestrada por nossos inimigos
parece muito válida.
Alesso conseguiu descobrir quem é o traidor dentro da família Gambino,
o merda já virou comida de piranha, mas ainda precisamos investigar melhor e
descobrir se a polícia tem outros infiltrados.
— Vamos, Daniela, não tenho todo o tempo do mundo para essa porra —
digo à minha hacker, que tecla no seu notebook sem piscar.
— Espera aí, espera aí, consegui — diz ela, batendo palmas.
— Vamos, diga logo, também quero saber quem é esse defunto que
ousou nos enfrentar — diz Vicenzo, sentado na mesa de reunião junto com Vito
Genovese.
— Giovane Falcone, cinquenta e três anos, ex-militar condecorado, juiz
criminal casado com Francesca Falcone, tem apenas uma filha, que estuda nos
Estados Unidos. Se mudou para Palermo há três anos, após uma carreira
inabalável de juiz implacável em Roma. Está neste momento trabalhando em
conjunto com a polícia federal e outro magistrado. Consegui as câmeras da rua
onde ele mora, assim como do ministério público onde ele trabalha. Não
consegui grampear o celular dele, mas podemos colocar uma escuta no seu carro
ou no escritório.
— Reparei que a agenda eletrônica dele está bem cheia, mas dois nomes
me chamaram atenção: um é da ex-detetive Gabriela Meireles, ela é a mesma
que mandamos demitir após o acerto de contas com o Calvatário. E o outro é o
seu colega de magistério Paolo Borsellino, eles estão todos juntos, tramando
contra a Cosa Nostra — diz Juliano Sacra.
— O que mais tem sobre ele?
— Em uma entrevista para o jornal Avvenire ele fez grandes críticas ao
governador Nello Masumeri sobre sua falta de ação no combate do aumento da
criminalidade na Sicília.
— Um inimigo declarado da Cosa Nostra, precisamos eliminá-lo. — Diz
Vicenzo.
— Vou mandar meus homens o seguirem e armaremos a melhor maneira
de acabar com ele sem levantar suspeita para a Cosa Nostra. — Fala Vito.
— Ainda tem a detetive e o outro juiz. Vicenzo, ligue para Giovanni
Brusca e diga a ele que a missão dele é eliminar esses outros dois sem deixar
suspeitas.
— Certo — ele assente, se levantando para sair da sala.
— Espere, vocês não vão gostar de ver isso — alerta Daniela, ainda
digitando no seu notebook.
O painel da sala de reunião se levanta e logo Daniela muda a tela,
focando em uma coletiva de imprensa.
— A luta contra o crime organizado na Itália ganha um novo destaque no
dia de hoje, estamos aqui para a coletiva de imprensa que dará um novo rumo à
luta antimáfia na Itália. — O apresentador fala. — Com a palavra, juiz Giovane
Falcone.
— Boa tarde a todos, como sabem dediquei anos da minha vida na minha
carreira militar para proteger a pátria que amo, a minha querida Itália. Porém, em
meio aos tempos de paz a Itália vive um problema ainda maior que a guerra, um
câncer que vem sugando todas nossas riquezas, afundando nosso país em um
mundo de criminalidade e dor — O juiz diz duramente, de maneira corajosa.
— Chega de sermos reféns da extorsão, do medo, do crime. A Cosa
Nostra não é a dona da Itália e não governará mais nossas vidas, a operação
antimáfia colocará um por um dos seus chefes atrás das grandes, dando fim a
esse império de tortura e violência.
Os repórteres ficam todos em choque com suas palavras, uma chuva de
flashes dispara, estou apertando tão forte o braço da minha cadeira que sinto o
couro se romper.
— Declaro guerra aos mafiosos a todo o clã Corleonese, guerra a Cosa
Nostra!!
— Quero a cabeça desse juiz!! — dou a sentença.

Dirijo pelas ruas movimentadas de Palermo tentando controlar esses


sentimentos que crescem em mim. A dor está rasgando meu peito, minha vida
está fora de controle.
Pelo retrovisor, vejo o movimento dos carros circulando, mas é a imagem
do homem fraco que me persegue. Olho para mim mesmo, sou poderoso, tenho
dinheiro e uma bela reputação, mas isso não me satisfaz, não. Por trás de toda
essa fachada existe um fraco. Aperto o volante, tremendo, os comprimidos no
porta luvas são apenas um lembrete do monstro que vive em mim. Abro o
compartimento e tiro dois, tomando de uma vez, me lembrando da doutora
Syndel.
Acelero, não me importando com o sinal vermelho, a adrenalina me
distrai da minha verdadeira vontade. Estou perdendo o controle e segundo a
medica, a cada dia minha obsessão está piorando, logo precisaria ser internado
ou perderia o controle, mal sabe ela que já tinha feito muito mais do que perder o
controle.
Me lembro da última presa, seus gritos pareciam música aos meus
ouvidos, ainda posso sentir o prazer que senti ao tirar sua vida. Ela não passava
de uma puta que não merecia viver, uma de muitas que circulam por aí. A fúria
corre por minhas veias feito fogo, a porra do controle se esvai e tudo desmorona,
meu corpo se transforma em puro ódio. Tudo o que eu quero é machucá-la, mas
ela não está aqui, não está ao meu alcance e isso faz com que o monstro dentro
de mim se agite.
Meu coração está acelerado e o remédio não está fazendo efeito, decido
estacionar o carro em frente ao restaurante e beber um pouco para tentar me
acalmar. Bato a porta do carro e entro no restaurante. Rapidamente uma mesa
discreta é mostrada para mim. Eu não tenho fome, tudo que preciso é de uma
bebida.
O garçom traz uma corona gelada e com um gesto meu ele entende que
não quero ser aborrecido. A bebida aquece meu corpo, olho ao redor, observando
todas essas pessoas falsas, fingindo uma falsa moral e ética, que não existe, no
fundo, no fundo todos se odeiam, mas precisam manter o personagem pelas
convenções. Duas mulheres de costas para mim me chamam atenção, as duas
riem como se tivessem num circo cheio de palhaços. Os copos sobre as mesas
mostram que elas estão bebendo há bastante tempo. Uma é alta, magra, de
cabelos loiros presos em um coque bagunçado e a outra é ruiva, com cabelos
compridos tingidos de um vermelho brilhante bem vulgar, como provavelmente
ela deve ser. A loira ri e joga a cabeça para o lado e então eu vejo seu rosto, meu
corpo treme quando a reconheço, ela não me vê, o que é bom, pois agora ela se
tornou minha presa.

Com paciência, analiso minuciosamente as duas, até ver uma delas dizer
que iria ao banheiro, espero que a ruiva a acompanhe, mas eu estava com sorte,
ela não o faz, seria mais fácil do que esperei. Espero ela entrar no corredor, deixo
o dinheiro sobre a mesa e acompanho de longe pelo corredor que leva aos
banheiros e uma saída lateral. Ela quase abre a porta do banheiro quando a
empurro para a lateral, fazendo-a tropeçar, por sorte o corredor estava vazio e
escuro o suficiente para que ninguém note enquanto eu aplico a seringa com
tranquilizante em seu pescoço.
Ela cambaleia, mas não apaga de uma vez, não, ela fica desorientada e
pode sentir o que aconteceria, mas não consegue lutar. Saio com ela pela saída
lateral sem que ninguém se desse conta do que estava acontecendo. Jogo seu
corpo semi-consciente no banco de trás, ouvindo-a balbuciar palavras
desconexas.
— Por que está fazendo isso... onde...
Quando entramos no apartamento, eu a arrasto até o quarto, ela está tão
mole que tropeça no tapete, bagunçando todo o cabelo. Seus olhos são azuis
como os dela, sua boca é rosada, eu não resisto e aperto-a contra a parede,
mordendo seu lábio.
Ela geme de dor, mas não consegue me afastar. Ela é diferente das outras,
eu quero fode-la, quero marca-la. Quando passamos pela porta do quarto, a pego
no colo e a jogo na cama com força. Me livro das minhas roupas e ela começou a
chorar, assustada.
— Preciso ir embora, quero voltar pra casa... — fala enquanto se
encolhe.
O tesão bate em mim, junto com ele uma fúria animal, se eu fechar os
olhos eu posso ver aqui àquela que pertence unicamente a mim. O desejo está
tomando conta do meu corpo inteiro!! Puxo suas pernas e com o punhal corto
seu vestido, deixando-a apenas de calcinha e sutiã. A puta tenta se soltar, mas eu
abro suas pernas.
Ela chora ao sentir a faca arranhar seu seio, mas seu choro não me
comove.
Abro ainda mais suas pernas, deixando-a bem arreganhada e entro com
tudo em sua boceta. A vadia grita alto de dor, então eu percebo que ela é mais
puta que imaginei, a vagabunda já não era mais virgem. Começo a socar meu
pau com força, tentando aplacar a fúria que transborda e a dor que queima em
minha alma.
Ela geme alto, gritando enquanto eu seguro seus braços brutalmente e
meto sem dó, estou com raiva, com ódio e coloco dentro dela toda a minha
frustração. A cama começa a bater contra a parede, eu puxo seu cabelo,
erguendo-a para que ela fique de quatro sobre a cama. Então começo a bater na
desgraçada enchendo-a de tapas em suas costas inteiras e sua bunda pálida.
— Não... não — ela tenta implorar, mas eu não dou ouvidos, vou
metendo sem dó e uso meus dedos no seu rabo. Sem me importar com a dor que
ela sentiria, tiro meu pau da sua boceta e enfio em uma estocada metade do meu
pau no cuzinho dela. Ela grita alto, implorando para que eu pare, mas isso
apenas me enfurece, puxo seu cabelo com força.
— Tá com dor, puta, quem mandou ficar se oferecendo? Agora está
ganhando o que merece, desgraçada.
Soco com gosto naquele rabo, o esfolando. Sou tomado por uma
overdose de luxúria e depravação. Meu pau, a essa altura, está pronto para gozar,
mas é quando ela desaba na cama que me descontrolo. A filha da puta não
consegue manter as pernas firmes e desmorona. Giro seu corpo, olhando para
seu rosto vermelho, cheio de lágrimas e fico enfurecido. Aperto seu pescoço por
trás com uma de minhas mãos e gozo, gozo tão forte que minhas pernas falham.
Ela já está roxa e sem ar, porém eu não quero que ela morra, não ainda. Solto seu
pescoço e pego o punhal caído no chão, sorrio olhando para a putinha com seus
cabelos loiros todos bagunçados, os seus olhos azuis em pânico e vermelhos
pelas lágrimas e deslizo a faca pela sua garganta para acabar com sua vida
maldita.
O sangue transborda pelo lençol fico encantando, vendo seus cabelos
loiros sendo tingidos de sangue, o prazer que ela me dá é tão intenso que mal
consigo explicar, me sento na poltrona de frente para a cama, nu, com o corpo
coberto de suor e sangue, com o punhal de prata cravejado de pedras preciosas
na mão.
— Precisa ficar calma, senão vai dar na cara que está envolvida na fuga
da moça. — Aconselha Ana sentada ao meu lado na estufa enquanto eu mexo
nas rosas para me tranquilizar.
— Se Dimitri desconfiar que mandei Aslan ajudar a Rebeca, estou
fodida, ele já está puto com meu irmão, tenho medo que isso acabe gerando uma
guerra.
— Aslan está seguro, você mesma disse que onde ele está é impossível
rastreá-lo — diz Ana, tentando me acalmar.
— Mas ele não vai ficar lá para sempre, se algo der errado, eu conheço
Dimitri, ele não acreditou em uma palavra que eu disse.
— Então seja esperta, use a sua melhor carta contra a besta, minha
amiga.
— Que carta, Ana, você não vê que eu estou fodida se ele descobrir o
que eu fiz?
— Ah, Katharina, para de ser ansiosa, tudo vai dar certo. E outra, o
bonitão está caidinho por você, ele não fará nada contra você, amiga.
— Lá vem você com essa história de paixão, acho que esse seu romance
com o professor está afetando a sua mente e você começou a ver sentimentos
onde não existem.
— Ah, minha prima, você não sabe de nada — ela fala com um sorriso
bobo nos lábios.
— Me conta logo —exijo, abrindo a boca quando vejo seu olhar
encantado.
— Como eu vou explicar, aí... Não me olha assim, fico envergonhada —
diz, ficando vermelha.
— Fala de uma vez, sua safada, me fez contar tudo entre mim e Dimitri e
agora vem com esse mistério?
— Está bem, já que fica insistindo... Bem, eu e Fred fizemos amor —
fala corando.
— Não acredito, meu Deus Ana, como isso aconteceu?!
— Eu consegui convencer meu pai a me deixar dormir na casa da minha
amiga Francine e claro que ele colocou os pitbulls dele na porta para me vigiar,
mas Francine me emprestou o carro do irmão para que eu saísse com Fred. Eu
usei um sobretudo masculino e como ninguém notou quem eu era ao sair, eu fui
para casa do Fred, então uma coisa levou à outra e tive a noite mais maravilhosa
da minha vida.
— Eu queria ficar feliz por você, mas isso é tão complicado, você sabe
que uma hora ou outra meu tio vai acabar arrumando um casamento para você.
— Eu sei, eu sei, mas eu quero ter apenas uma lembrança feliz quando a
minha vida for roubada de mim. — Diz, deixando uma lágrima escorre.
— Eu te entendo, só tenho medo de que acabe machucada.

Passo o dia com minha melhor amiga e prima, é maravilhoso ter alguém
para desabafar e aliviar toda essa pressão que venho carregando, almoçamos
sozinhas, já que nenhum dos irmãos Rinna aparece na casa.
No meio da tarde, Chaise entra na biblioteca carregando um lindo buquê
de rosas vermelhas. — São para a senhora — diz ele, entregando as flores e me
deixando chocada.
— E ainda diz que ele não está caidinho — debocha Ana, rindo assim
que Chaise nos deixa sozinhas.
Abro o envelope e tiro um tecido fino de renda vermelho, uma calcinha
bem pequena com uma simples ordem.
— Quero que use essa noite.
— Gente, como esse boy italiano é safadinho — diz Ana, rindo da minha
cara desconcertada. — Bom, vou aproveitar que você estará muito ocupada para
me fazer companhia essa noite e vou jantar com aquela minha amiga do
intercâmbio, a Hillary, devo uma para ela depois dela ter conseguido o celular
para você.
— Verdade, agradeça a ela por mim e se divirta — falo, olhando para as
rosas vermelhas no meu colo.
Ana sobe para o quarto enquanto eu vou para a cozinha escolher um vaso
bem bonito para as minhas flores.


Termino de me maquiar e fecho o zíper da minha bota de cano longo
preta, de couro, o vestido branco justo está grudado no meu corpo. Me olho no
espelho e me sinto poderosa.
O colar de diamantes está no meu pescoço dando um aspecto elegante e
sensual.
— Nossa, você está um arraso — elogia Ana ao entrar no quarto.
— Avise o Luigi para mim que quando Dimitri chegar é para deixar claro
que não irei jantar em lugar algum com ele.
— Dimitri vai morrer quando te ver. — Fala sorrindo.
— Assim espero, se não podemos vencer o inimigo juntamo-nos a ele.
— Inimigo, sei. Um inimigo que te devora toda noite, não é, safada?! —
diz, saindo.
Apago as luzes do quarto e vou direto para o calabouço. Deixo as luzes
baixas e uma leve canção tocando.
"Camila Cabelo - This Love".
Me sento na sua poltrona de couro e espero a sua chegada. Não demora
nem meia hora para ouvir seus passos pelo quarto para em seguida a porta do
calabouço se abrir e lá está ele, usando seu tradicional terno preto, barba cerrada
e postura intimidadora olhando para mim como se eu fosse uma obra de arte em
exibição.
— Você gosta de ser uma brat teimosa, não gosta, sua provocadora?! —
ele rosna, abrindo o paletó e o jogando sobre um banco de couro.
— Você gostou da surpresinha, Boss?
— Vou gostar mais ainda quando ver o que você está usando por baixo
desse vestido — Diz, se aproximando feito uma fera selvagem — Você é uma
tentação, amore mio! — Sussurra enquanto morde meu pescoço, totalmente
descontrolado.
— As rosas e esse outro presentinho aqui — digo abrindo o zíper da
frente do vestido deixando-o cair no chão.
Dimitri não perde mais tempo, me puxa para os seus braços, me
pressionando contra a parede de rocha e me beija brutalmente, devorando minha
boca.
— Você vai me pagar por ficar me provocando dessa maneira, bella rosa!
— Dá um tapa na minha bunda enquanto me coloca no chão.
— Eu vou adorar pagar, Boss...
Ele nem me responde, vai logo me mordendo e beijando meus lábios,
grudando meu corpo ao dele.
— Você vai aprender tudo dentro deste quarto, vai ficar tão viciada em
ser dominada, que vai implorar para que eu a arraste para cá. — Morde minha
orelha, chupando em seguida.
Vamos direto para o cavalete, ele me coloca de bruços e faz questão de
esbofetear minha bunda coberta pela pequena calcinha.
— Eu poderia surrar essa sua bunda linda a noite toda, mas sua pele
precisa se recuperar primeiro, por hoje te ensinarei que existem outras formas de
dor sem ser spanking. Lembra sua palavra segura?
— Sim — digo, já pronta para gozar apenas com seu tom de voz ríspido
e suas mãos me prendendo no cavalete.
— A próxima vez que encontrá-la aqui no calabouço, quero vê-la nua, de
joelhos, me esperando.
— Aí você já pediu demais — Debocho da ordem e ele puxa meu cabelo
para trás, mordendo meu pescoço.
— Não me provoca, amore mio. — Diz, com seus dedos escorregando
pela lateral da calcinha.
— Eu só falo a verdade, Boss.
Rosno, trincando os dentes quando ele toca minha boceta por baixo do
tecido, que pinga de tesão.
— Vou precisar te corrigir, te ensinar a ser uma cadelinha obediente. —
Sorrio com sua provocação.
Se ele quiser uma cadela vá procurar em algum canil.
— Faça o que tem que fazer, Boss. — Falo, gemendo quando ele tira os
dedos na minha boceta.
Dimitri me levanta do cavalete e me faz deitar na cama, depois pega algo
na gaveta. Um pedaço de pano preto, uma venda talvez. Então abre a segunda
gaveta, onde ficam as algemas e mordaças, tira uma algema vermelha de couro e
prende meus pulsos. Usa a tira de tecido para me vendar.
Sinto meus seios duros de tesão só com a expectativa do que ele vai
fazer, ao mesmo tempo fico apreensiva por não enxergar nada.
— Eu posso sentir o seu cheiro doce, mas nem pense em gozar enquanto
eu não ordenar, está ouvindo? — fala mordendo um dedo do meu pé.
— Ok. — Respondo, já com minha calcinha como um lago.
Sinto-o se afastar e se posicionar em cima de mim, a venda não permite
que o veja. Dimitri toca meus seios e rasga a pobre calcinha. Mais uma para
coleção.
— Ela era linda, mas estava atrapalhando a minha visão.
Sinto ele subindo novamente na cama e um cheiro gostoso toma conta do
ambiente. Eu penso que ele vai me beijar, mas ao invés disso, sinto o pau
gostoso dele, já duro pela minha boca, no meu rosto, pulsando, rígido do jeito
que eu gosto.
— Chupa gostoso o seu dono. — Ele manda.
Eu sedenta, obedeço
— Sem as mãos.
Me sinto diferente, eu quero tocá-lo, quero senti-lo, mas não posso. A
venda faz com que meus outros sentidos fiquem aguçados e me deixa nervosa.
Eu começo a lamber e a chupar seu pau, esta posição é desconfortável,
mas eu tento colocar todo o pau em minha boca. Quando começo a chupar, ele
me segura pelos cabelos e me faz mexer a cabeça vigorosamente.
— Gostosa, chupa tudo! — Diz firme, todo dominante.
Eu sinto Dimitri pulsar em um entra e sai, fodendo minha boca. Porém
antes que ele goze, Dimitri se afasta e ouço ele andar pelo quarto, me deixando
frustrada. Eu não vou gozar, quero tocá-lo, senti-lo. Não demora muito para ele
voltar e subir em cima de mim outra vez, tomando meus seios em suas mãos, ele
aperta os mamilos com os dedos, mordiscando-os, deixando-os duros e
empinados. Então eu grito com o susto ao sentir algo quente ser pingado no meu
bico, posso sentir o cheiro e o calor da vela percorrer meu corpo. Curiosamente,
o calor queima, mas também é gostoso.
— Droga, Dimitri, o que você está fazendo? Tira essa venda. — Falo,
tentando me soltar.
— Quietinha, agora você vai sofrer para aprender a não me provocar. —
diz ele beijando a minha boca, porém antes que o beijo possa aprofundar sinto
um tapa forte na minha intimidade.
Eu estou ficando louca de desejo e quero que ele me foda agora! Quero
começar a sentir seu pau penetrar minha boceta molhada, mas ele não me fode, o
desgraçado me tortura.
— Ah... fode-me de uma vez Boss, eu quero te sentir dentro de mim. —
Eu imploro.
Ele pega mais vela, abre minhas pernas e sinto as gotas queimarem,
arderem, filho da puta!
Não tenho tempo de processar porque logo sinto seu pau dentro de mim.
Arqueio as costas pelo choque da invasão.
— Ahhh! — grito.
Meu corpo está em chamas.
— Safada, queria me provocar, não é?! — Ele rosna mordendo os bicos
dos meus seios.
— Oh sim, sim, me fode! Me come! Não aguento mais! — Grito de
prazer, gozando forte.
A cama fica completamente molhada com meu gozo e suor.
Dimitri me pega pelos quadris, me erguendo, para logo em seguida
empurrar o pau dentro de mim com força e começar a dar estocadas ferozes.
Levanta minhas pernas e me abre todinha. Com a mão, tortura meu clitóris.
Alternando estocadas fortes, afundando todo seu pau enorme dentro mim,
continua lento e, em seguida, rápido. De repente, me pega e me coloca de quatro
na cama, ainda com as mãos amarradas para trás e começa a massagear minha
bunda.
Ele me faz chupar seu dedo e então o usa para massagear a minha entrada
anal, um arrepio percorre minha coluna e sinto ele me invadir devagar com
apenas um dedo, seu pau ainda está dentro de mim, me fazendo gemer. Sinto-me
completamente possuída, amarrada, com os olhos vendados com seu pau me
fodendo por trás e seu dedo me castigando.
As estocadas não diminuem, ele começa a foder minha bunda com seu
dedo e eu finalmente explodo em um orgasmo violento.
— Ah, safada, você gozou novamente sem a minha autorização! — Diz e
acelera as arremetidas, tirando o dedo da minha entrada.
Fecho os olhos gritando quando Dimitri puxa meu cabelo, que já se
estava molhado e para trás, inclinando meu pescoço para ele, beijando minha
boca, mordendo meus lábios de leve. Senti-lo dentro de mim era indescritível,
com a mão livre ele massageia meu clitóris, eu não suporto e grito alto de tanto
prazer.
Tremo, arrepiada com o novo orgasmo devastador. Ele soca por mais um
tempo e logo em seguida goza rudemente, me ensopando com seu gozo.

Acordo com uma sensação letárgica, a cama do calabouço está vazia e


me dou conta que dormi demais. Faço minha higiene e tomo um banho rápido.
Depois de me arrumar desço as escadas e assim que piso no térreo, quatro pares
de olhos se viram para mim.
Confusa, dou um passo em direção a Dimitri, Lorenzo, Vicenzo e
Augustos, segurança da casa. Mas assim que percebo a expressão de pesar no
rosto dos quatro, eu estanco.
— O que aconteceu? — Pergunto nervosa, pensando no meu irmão.
— Katharina, eu sinto muito, mas Ana, sua prima, está morta....
Em um momento eu estava ali olhando para os quatro, estranhando o
clima fúnebre em seus olhares e no minuto seguinte o chão se abre sob os meus
pés e desaba. Uma simples palavra consegue me derrubar no chão.
— Katharina, eu sinto muito, mas Ana, sua prima, está morta.
Me apoio no corrimão para não cair.
— É mentira, que brincadeira doentia é essa?! — falo subindo as
escadas, correndo pelo corredor que leva ao quarto dela.
Abro a porta e encontro o local exatamente igual ontem.
Um soluço rasgado sai da minha garganta, minhas pernas falham e eu
caio chorando no chão.
— Não pode ser, não, não com Ana!
— Você precisa se acalmar, Katharina — pede Dimitri me abraçando
enquanto me levanta do chão.
— Onde ela está, quem fez isso com ela?! — pergunto me sentindo
angustiada.
— Ana foi encontrada há duas horas pela polícia em um beco, ela foi
assassinada. Ainda não sabemos quem fez isso, mas prometo que vou descobrir.
— Eu quero vê-la, eu preciso vê-la.
— Eu não acho que seja bom você fazer isso, não no seu estado.
— Você me deve isso, é minha prima — digo amarga e ele respira fundo,
aceitando me levar.

Sou levada até a região mais pobre de Palermo, Lorenzo nos acompanha
em outro carro, junto com Augustos, eu passo o caminho todo chorando,
querendo acreditar que houve um maldito erro e que não foi Ana que morreu,
mas sim alguém parecida com ela.
O carro estaciona e podemos perceber a quantidade de viaturas da
polícia. O que me deixa ainda mais nervosa. Dimitri segura minha mão, me
dando força.
— Senhor Rinna — fala o chefe de polícia, cumprimentando Dimitri, que
aperta sua mão.
— Minha esposa gostaria de ver a prima.
— A cena ainda não foi totalmente analisada pelos peritos, receio que
não poderei deixar sua senhora entrar.
— Você não entendeu, eu disse que minha esposa quer ver a prima! —
Diz, mostrando quem está no comando aqui.
— Claro, claro — diz o homem, com medo e nos indica a entrada do que
parece ser um beco.
Alguns polícias olham para nós com espanto por não entender o que civis
fazem na cena de um assassinato, ainda estou sem entender o que Ana faz nesse
lugar e porque alguém a mataria. Caminho em direção ao beco sujo, no pior
bairro de Palermo com Lorenzo e Augustos marcando o perímetro de segurança,
fitas amarelas marcam todo o local.
Uma lixeira fedendo faz meu nariz arder ao entrar no beco, mais dois
passos à frente e vejo o que jamais imaginei ver. O corpo de Ana, minha prima,
estirado no chão, nua e sem vida. Caminho em sua direção e paraliso.
— Não toque nela — diz Dimitri, porém eu não respondo, nem mesmo
respiro e fico olhando para ela, cada mínimo detalhe do seu corpo, seus cabelos
loiros cheios de sangue e seu corpo mutilado por um animal cruel.
Dou dois passos para trás para conseguir ler o que está escrito no chão
com o sangue de Ana. "La Besta"
Minhas mãos começam a tremer, eu olho para o nome na parede e não
posso acreditar. Dimitri me abraça, mas me esquivo do seu toque com o corpo
totalmente anestesiado.
— Quem fez isso? — Pergunto olhando para o corte no peito da Ana.
O mesmo que Dimitri fez em um homem que nos perseguiu de carro.
— Não pode ser, não tem como — falo em voz alta e então olho para ele,
concentrado na cena do crime.
— Quem fez isso?! — Pergunto, não querendo acreditar que ele tem algo
a ver com isso.
Não pode ser, não pode, não faz sentido já que ele estava comigo, porém
todos os indícios levam a ele.
— Eu vou descobrir!
Passo por ele, indo até o chefe de polícia. Não há mais nada que eu
precise ver naquele beco, Ana se foi e nada que eu faça pode trazê-la de volta, o
que me resta é o desejo por vingança.
— Vocês têm pistas de quem fez isso com Ana? — Pergunto ao chefe de
polícia.
— Ao que tudo indica ela foi mais uma das vítimas do serial killer alto
denominado como besta.
O policial conta que não foram encontradas digitais, o que demonstra que
o assassino é inteligente o bastante para limpar a cena do crime, outra coisa que
me chama atenção é o fato de a arma do crime ser um punhal ou faca de prata de
tamanho médio.

Dimitri dirige sozinho comigo no caminho de volta enquanto Lorenzo e


Augustos ficam para investigar melhor e liberar o corpo de Ana da autópsia.
No trajeto, encosto minha cabeça no vidro do carro e fico me lembrando
do quanto ela estava feliz por estar aqui, feliz pelo amor com o professor de
música, tinha tantos sonhos, era tão boa. E agora havia sido violentada ferida e
morta de maneira brutal.
— Para o carro!!
— Estamos no meio da auto estrada, Katharina!
— Para o carro!!! — grito soltando o cinto, sentindo meu corpo ferver de
ódio.
Abro a porta e saio do carro, tentando respirar, desço meu corpo contra o
muro de pedra na lateral da via.
— Você está bem? — Pergunta ele do meu lado.
— Me diz... Diz pra mim que não foi você!! — grito, virando para ele,
quebrada pela dor.
— Não acredito que está me perguntando isso — fala amargo.
Me aproximo dele e bato em seu peito.
— Fala pra mim que não foi você, não pode ser você, eu vi, eu vi as
marcas, o corte, o punhal de prata!!! — digo tremendo muito, segurando em seu
paletó.
— Katharina!!! — ele me chama, mas eu não paro de bater em seu peito,
gritando.
— Diz que não foi você, diz que não foi, não foi!!...
— Katharina — ele chama de novo, mas estou em choque.
— A besta, a besta, os cortes, a faca, besta, sangue, muito sangue....
— Katharina, olha pra mim!!!
Não foi um pedido, foi uma ordem, foi um comando. Ergo meu rosto
vermelho pelas lágrimas que queimavam meus olhos.
— Eu não fiz isso, não sou um serial killer. Seja quem for esse assassino,
eu vou encontrá-lo, prometo. — Diz firme e então segura meu rosto com suas
mãos, limpando minhas lágrimas e diz — Eu estou aqui com você, bella mia, e
sempre a protegerei.

Liberdade, uma palavra tão simples, mas com um significado enorme


para mim. Eu estou livre das garras de um monstro, de um homem tão cruel a
ponto de matar sua própria filha. Escondida em uma cabana no meio da neve,
sendo protegida por um estranho.
Aslan não me conhece, nem mesmo me deve nada, mas cuida de mim, às
vezes eu me pego olhando para ele confusa, sem entender porque ele está se
arriscando dessa forma por uma qualquer. Uma mulher quebrada, destruída, que
só traz problemas.
Na primeira noite eu quase não consegui dormir de tanto medo, os
pesadelos com Dante me deixaram acordada a noite toda, onde eu o imaginava
chegando e matando Aslan e Katharina por terem me ajudado, foi quando gritei
tão alto que acordei Aslan lá em baixo, que dormia todo encolhido no sofá. Ele
veio até mim e me abraçou forte enquanto eu apenas chorava.
Dois dias depois ele teve que me deixar sozinha para ir ao enterro da
prima, deixando-me angustiada, pensando que foi Dante quem a matou, porém
ele me garantiu que Dante não sabia onde eu estava e não foi o culpado da morte
da sua prima Ana.
Os dois dias em que ele passou fora foram aterrorizantes, os pesadelos
me deixaram acordada, o medo que a qualquer hora Dante passasse pela porta e
me arrastasse de volta para a Itália. Na madrugada do segundo dia sozinha eu
acordei gritando no meio da noite e foi quando Aslan apareceu no quarto. Ele
tinha dirigido por horas para chegar o mais rápido possível, após o velório.
— Não tenha medo, eu estou aqui com você, ninguém vai te machucar.
Um anjo protetor, é assim que o vejo, Aslan ficou comigo naquela noite,
sentado na poltrona esperando o calmante fazer efeito e eu dormir. Na manhã
seguinte, acordei com ele trazendo café para mim, junto com roupas que tinha
comprado. Fiquei constrangida ao ver lingeries, absorventes, shampoo e outras
coisas femininas.
— A mulher da loja me ajudou a escolher — explicou ele, sorrindo.
Ele cuidou de mim e me senti mal por não poder ajudá-lo com a cabana.
Da janela do quarto eu o via cortando lenha para nos aquecer, o mau
tempo estava piorando, mas por sorte eu já conseguia andar sozinha e pude
descer para o andar de baixo. A cabana é pequena, mas não deixa de ser
aconchegante, confesso que me sinto muito mais feliz aqui, diferente do que
sentia naquela mansão coberta de luxo.
— Não sabia que estava aí — diz Aslan entrando na cozinha, sem
camisa, todo suado, me fazendo imaginar como uma pessoa pode suar desse jeito
nesse frio terrível.
— Eu... eu... — engasgo com as palavras, olhando para seu peito
malhado. — Eu quis fazer o jantar.
— Não quero que se esforce, você ainda não está bem.
— Estou me sentindo entediada e também uma invalida, só quero
retribuir de alguma forma.
— Você já acabou de ler os livros que eu comprei? — pergunta,
preocupado. — Eu deveria ter colocado uma tevê ou internet aqui, como fui
burro, é óbvio que está entediada. — Fala, inconformado.
— Aslan, não se preocupe, eu só quero fazer um jantar para você, na
verdade, eu amei os livros que você comprou, mesmo que eu não entenda uma
palavra em russo — digo, rindo e então ele congela e me olha intensamente,
fazendo-me engolir em seco.
— É a primeira vez que sorri desde que chegou, deveria fazer isso mais
vezes, anjo, você fica linda sorrindo. — Fala tão convicto que eu realmente
acredito no que ele diz.
— Eu preciso ver o lombo — explico e vou saindo, envergonhada.
— Vou colocar a lenha para dentro que vem uma tempestade mais tarde,
depois vou tomar um banho para provar esse lombo que está com um cheiro tão
bom.
Termino de arrumar a mesa da melhor maneira que consigo, quando
Aslan desce usando uma calça de moletom e uma regata, a lareira estava
aquecendo a cabana, deixando um clima agradável. O zumbido do vento forte
podia ser ouvido lá fora e fazia as árvores balançavam enquanto a neve caía.
— A comida parece deliciosa — ele fala, se sentando na pequena mesa
redonda.
Me sento ao lado dele, pronta para servi-lo, quando ele toma os talheres
das minhas mãos.
— Você já fez a comida, eu sirvo. — Fala, com seus olhos azuis
grudados em mim.
— Espero que goste — falo animada, vendo-o cortar uma fatia do lombo
e levar aos lábios.
Aslan geme, fechando os olhos e saboreando a comida.
— Você cozinha divinamente, anjo — elogia, colocando mais um pedaço
na boca.
O jantar é agradável, Aslan me conta sobre o enterro da prima, que sua
tia não quis a presença da irmã no enterro, pois culpava Katharina pela morte da
filha.
Quando o jantar termina, Aslan abre uma garrafa de vinho, levando-a até
a mesinha de frente da lareira.
— Bebe uma taça comigo?!
— Não sei se é uma boa ideia — Respondo, receosa.
— Não se preocupe, seus antibióticos acabaram, uma taça não lhe fará
mal.
— Tem razão — concordo e aceito a taça, me sentando no único sofá da
sala, pequeno o bastante para me fazer sentir a proximidade do seu corpo junto
ao meu. Me pergunto como Aslan está fazendo para dormir ali.
Levo a bebida à boca, sentindo o sabor amadeirado da uva.
— Não acredito que fui burro o bastante para lhe trazer livros em russo.
— Fala ele em italiano.
— Você pode ler para mim, tenho certeza que vou amar — falo, animada.
— Ótima ideia — ele diz, se levantando e indo buscar os livros que
trouxe.
Permaneço sentada no sofá e uso o cobertor de pele guardado ao lado da
lareira para me aquecer. Aslan volta, sentando ao meu lado, escolhe um e coloca
os outros sobre a mesa.
— Qual você escolheu? — Pergunto com curiosidade, vendo-o com o
livro nas mãos.
— Bem, eu não sou um grande conhecedor de livros, como Katharina,
mas na faculdade éramos obrigados a ler Alexandre Puchkin.
— Já ouvi falar, é um grande poeta russo — falei enquanto deixo a taça
sobre a mesa.
Aslan começa a ler os poemas de Puchkin e fico emocionada com a
melancolia dos seus versos. O vento bate forte nas janelas, se misturando com o
som do fogo queimando a lenha na lareira. Aslan se move no sofá, ficando ainda
mais próximo a mim, não sei o que acontece, mas sinto seu braço tocando o
meu, causando um arrepio em meu corpo. — Talvez você goste mais desse do
que dos anteriores — ele diz, virando a página para o próximo poema.
— "Queima o sangue um fogo de desejo".
"De desejo a alma é ferida".
"Dá-me os teus lábios, o teu beijo é meu vinho e minha mirra".
"Reclina para mim a cabeça termalmente.
Faz com que eu durma sereno até que sopre um dia alegre".
"E se dissipe a névoa noturna".
Após dizer as palavras, Aslan olha para mim intensamente e me beija, o
beijo é tão inesperado que fico inerte, seus lábios são macios e sinto meu corpo
formigar conforme ele toca meu rosto, me fazendo corresponder ao seu beijo de
maneira apaixonada.
O beijo termina quando estamos sem ar, meus olhos estão fechados, eu
fico envergonhada quando os abro e vejo os seus olhos azuis nebulosos,
analisando meu rosto.
— Eu... sinto muito se dei a impressão errada, eu não sou esse tipo de
mulher — falo, constrangida.
— Você não tem do que se envergonhar, Rebeca, eu queria beijá-la desde
a primeira vez que a vi, mas sabia que não era o momento certo, você ainda está
muito machucada pelo merda do Bruschetta. Mas, estarei aqui para te esperar e
colar cada pedacinho seu que se quebrou.

Um mês se havia se passado desde a morte de Ana, prima de Katharina.


O pai da moça veio até a Itália e exigiu da Cosa Nostra um nome, ou melhor, a
cabeça do culpado, o que colocou ainda mais pressão sobre a organização.
Porém, nada foi encontrado, nenhuma pista que leve ao verdadeiro serial killer.
As coisas na Cosa Nostra estão difíceis, se por um lado quase todo o dinheiro
guardado tinha sido lavado e agora estava guardado de maneira legal para a
Cosa Nostra, do outro estávamos com vários problemas com a federal.
O juiz Falcone havia prendido outros seis dos nossos homens, dentre eles
o irmão de Tom Hide, da família Ndrangreta e, como conselheiro, estou me
dividindo em dois para dar conta de resolver tantos problemas e negociar com
nossos advogados a liberação dele. Havia ainda o problema com Dante, que
estava fora de controle desde o desaparecimento da mulher. Acabou matando o
diretor do hospital, o que deu muito trabalho para acobertar, e custou bem caro
para a Cosa Nostra. Dois dos nossos melhores investigadores estão à procura da
moça, mas ela parece ter sumido igual fumaça. O Porto foi fechado, mesmo
assim ela desapareceu, no aeroporto ninguém a viu.

Os gritos de Dimitri podem para ser ouvidos da minha sala, reviro os


olhos pensando se devo ou não ver o que está acontecendo. Deixo a papelada de
lado e decido ir até ele.
No corredor, vejo todos assustados e já prevejo que a fera está de mau
humor.
A porta da sala de Dimitri está aberta e dentro vejo a nova assistente
juntando os cacos de vidro de algo que ele quebrou, Damon está sentado em
frente à mesa de Dimitri, que está visivelmente estressado.
— O que foi que aconteceu?
— Juliano foi preso agora de manhã junto com doze de seus homens. A
polícia federal invadiu a casa dele com um mandado de busca e apreensão, estão
revistando o escritório dele uma hora dessas.
— Merda — digo, puto com toda essa situação.
— Quero a cabeça desse maldito juiz e dessa detetive de merda.
— Giovani Brusca está trabalhando nisso, o desgraçado não é burro,
sabia que iríamos atrás dele e não está na mesma residência.
— Precisamos mandar um recado claro, para qualquer um que ousar
infernizar a Cosa Nostra, quero que mostre a esses miseráveis que não estamos
para brincadeira.
— Vou avisar Giovani para preparar algo grande para pegar o juiz, algo
que deixe nossos inimigos tremendo ao sentir o poder da Cosa Nostra.
— Vá atrás da detetive, quero que você resolva isso pessoalmente —
fala, acendendo um cigarro.
— Tudo bem, farei isso hoje mesmo. Sabe onde Vicenzo foi? Preciso
falar com ele.
— Vicenzo está em reunião com o nosso candidato a governador, semana
que vem começa a campanha política e Nello Masumeri já foi avisado que a
Cosa Nostra não apoiará seu filho para o cargo e sim Marcelo Matarezza.
— Não tem como não ganhar com o dinheiro que estamos investindo na
campanha.
— Exatamente, ele ao nosso lado, após as eleições será fácil acabar com
essa operação antimáfia.
— Eu vou falar com nossos advogados e tentar ajudar Juliano, família
sacra coroa sempre foi aliada dos Camorra, devo isso a Juliano. — Fala Damon.
— Não tem perigo dele abrir a boca?! — sondo.
— Juliano é velho, mas é leal a Cosa Nostra, estará morto antes de
entregar a família, como deve ser.

Confirmo o endereço que Daniela me passou novamente e desligo o


carro. A casa fica na periferia, não é um endereço resguardado no nome dela,
mas Daniela descobriu essa casa usando o sobrenome da detetive Gabriela. A
casa estava abandonada desde que a Tia avó morreu e ela está se escondendo
aqui.
Já é começo da tarde, mas por sorte ninguém me vê pulando o muro da
casa e com a minha taurus em mãos usando uma máscara, eu me escoro na
parede tentando ver a maldita policial.
A porta do fundo está encostada, lentamente vou abrindo, o mantendo a
minha arma em punho, avanço dois passos, entrando na casa, quando sou
rapidamente surpreendido por um soco nas costas. Giro meu corpo e sou
atingido novamente por um chute. Puxo a detetive pelos braços, a jogando na
parede, enquanto tento achar minha arma que caiu no chão. Ela se levanta e me
puxa, desferindo três socos no meu rosto, porém antes que ela possa recuar, a
puxo pelo pescoço, acertando um murro em seu rosto.
— Desgraçada, você vai morrer, maldita!! — falo, acertando seu
estômago duramente.
Com agilidade, ela se levanta e me acerta nas pernas, fazendo-me
desequilibrar, Gabriela pega a cadeira de madeira e quebra nas minhas costas, a
dor é intensa, me fazendo cair de joelhos no chão, mas impulsiono meu corpo
para frente, puxando suas pernas, fazendo com que ela bata a cabeça na mesa e
caia também.
— Agora você vai ver com quem se meteu, vagabunda! — falo, pegando
um pedaço de madeira da cadeira e finco em sua perna dela, porém a desgraçada
me chuta bem no meio do nariz, e a máscara que uso se enche de sangue.
Gabriela se levanta, tira o pedaço de madeira da perna enquanto eu me
levanto, tentando limpar o nariz. Vejo minha arma a dois metros de mim, corro
em sua direção para acabar com a miserável de uma vez. Pego a taurus e a
destravo, pronto para atirar na vadia, quando ela pula contra a janela, quebrando
a mesma e caindo no quintal. Corro e atiro contra ela, porém ela corre mancando
e desvia das balas. Pulo a janela a tempo de ver a miserável subir em uma moto
preta. Atiro até não restar uma bala, mas a maldita escapa.
— Maldição!!! Eu vou te pegar Gabriela Bianchi.
Volto para dentro da casa, vasculhando cada milímetro do lugar, tentando
achar algo útil. Quando um mural chama minha atenção, um desenho de um
punhal feito de giz preto. Todos os crimes da besta, cada vítima, fotos dos
crimes, um quebra cabeça que ela tentava montar. Uma foto de Dimitri e
Katharina na cena do assassinato de Ana, com meu irmão apertando a mão do
chefe da polícia me diz que agora, mais do que nunca, essa detetive tem que
morrer ou estaremos perdidos. Volto para o carro e pego os galões de gasolina do
porta-malas, espalhando o combustível por toda a casa. Abro os registros de gás,
deixando-o se espalhar pela casa. Acendo um cigarro, fumando enquanto olho
para a foto em minhas mãos. Jogo o cigarro aceso em direção a casa e assisto as
chamas consumirem tudo, queimando todas as provas que ela guardava na casa.

Chego na mansão mais cedo do que de costume e não sem mais um


pingo de paciência com o bando de incompetentes que me cercam. Essa maldita
operação antimáfia está me dando mais dor de cabeça do que imaginei que daria
e desde a morte de Ana os laços entre a Cosa Nostra e os Bratvas estão abalados.
Alguém está matando mulheres jovens e querendo me incriminar de alguma
forma, eu sinto que é alguém do meu círculo pessoal, pois o apelido que me foi
dado ainda na juventude por Navarra de Lá Besta italiana, não é algo que muitos
saibam. Augustos, meu chefe de segurança da fortaleza, me espera assim que
estaciono o carro.
— Como foi à varredura? — Pergunto, indo direto ao que interessa.
— Trouxemos os equipamentos especializados, senhor, não encontramos
nenhuma escuta na casa.
— Certo, faça o mesmo com o meu escritório e todos os andares da sede,
preciso ter certeza que não estamos sendo gravados.
— Claro.
— Não esqueça de mandar mais vinte homens para aumentar a segurança
da fortaleza.
— Já providenciei isso, senhor, e irei pessoalmente escolhê-los.
— Perfeito.
— Sabe da minha mulher?!
— Ela passou a manhã na estufa e agora está na sala de treinamentos e,
como o senhor orientou, proibi os soldados a treinarem lá quando a senhora
estiver usando o espaço.
— Muito bem.
Dou a volta no jardim e vou até o recanto dos leões. Hades está nadando
no lago artificial enquanto Perséfone come.
— Como eles estão hoje? — Pergunto ao treinador dos mesmos.
— Estão mais saudáveis que nunca, chefe.
Entro no oásis e logo Hades vem até mim para brincar, acaricio sua juba
grossa e ele se esfrega na minha perna.
— Ei garoto, como você está hoje, hein?!
Hades ruge como se tivesse conversando comigo e eu sorrio abraçando-
o. Logo, a ciumenta chega e rosna para mim.
— Ei, menina tem espaço para você também — digo, acariciando a leoa,
que logo deita no chão.
Fico um tempo com eles e são nesses momentos que consigo esquecer
todo o estresse do meu dia.

Entro na sala de treinamentos e lá está ela, dentro do ringue, dando socos


e chutes no saco de areia. Katharina está visivelmente mais magra e vem
descontando toda sua raiva e ódio do assassino de Ana no treinamento, enquanto
não descobre quem é o culpado.
No calabouço, ela vem cada dia experimentando coisas novas, me
deixando em êxtase com sua resiliência. Ela se entrega de maneira voraz, mas a
fúria em seus olhos, sua obstinação, continua lá. Por mais que ela ame ser
submetida, seu lado brat sempre irá me desafiar, tornando tudo ainda mais
gostoso.
Ela é forte e me mostra a cada dia o quanto é perfeita para mim.
Só de olhar a maneira como ela soca o saco, fico duro. Nunca imaginei
que uma simples mulher, uma russa com sangue Bratva nas veias, me deixaria
tão satisfeito.
— Há quanto tempo está lutando aqui sozinha?! — Pergunto, fechando
a porta atrás de mim.
— Desde o começo da tarde, estou cheia de energia, preciso gastar ou
sou capaz de surtar.
— Pensei ter acabado com suas energias ontem, na cruz de Santo André.
— Falo com um sorriso sádico nos lábios.
— Sou uma mulher cheia de energia, Boss, posso aguentar aquilo e
muito mais — provoca, limpando o suor que escorre do seu rosto.
Abro meu paletó, colocando-o sobre um dos bancos, tiro a gravata e os
sapatos sociais.
— Vai lutar comigo, querido? — Ela pergunta, mordendo o lábio só para
me provocar.
— Vamos fazer uma aposta, amore mio, se eu te derrubar em menos de
cinco minutos, você vai diminuir o tempo que passa treinando. Se você ganhar,
pode pedir algo que queira de mim.
— Está pronto para perder para mim, Boss! — ela sorri, arrumando as
ataduras das mãos.
Sorrio, entrando no ringue, Katharina se posiciona no centro e eu faço o
mesmo. Espero ela dar o primeiro golpe. Ela vem em minha direção, dando um
soco no meu abdômen, porém eu consigo desviar e acerto sua coxa.
— Isso é tudo que tem para mim, meu amor?
— Só estava me aquecendo — ela responde, me chutando no ombro tão
rápido que não posso desviar.
Dou uma rasteira e ela cai no chão de bruços, mas rapidamente dá um
mortal para trás, ficando de pé.
— Vamos lá, amore mio, mostre o que você tem para mim.
Maldita hora que a provoquei, Katharina me acerta um soco tão rápido
que sinto minha cabeça latejar.
— Porra — falo, colocando a mão no rosto.
— Você pediu, querido — debocha, mas não por muito tempo, pois em
um golpe rápido a imobilizo com os braços para trás e sussurro em seu ouvido:
— Você não imagina o quando eu estou excitado com você toda suada e
descabelada, gemendo de dor, amore mio.
A filha da mãe tenta acertar minhas bolas com um chute por trás, porém
eu a empurro, protegendo nossos futuros filhos.
— Não ouse quebrar seu brinquedo, bella mia, senão quem vai chorar
será você.
Ela ergue os punhos para me acertar, mas eu desvio rapidamente e dou
um tapa forte na sua bunda, que ela prontamente devolve, socando meu ombro.
A brincadeira estava divertida, mas a minha vontade é fode-la aqui e
agora, então, para encerrar a luta de uma vez, eu espero ela me atacar e quando
ela consegue me chutar nas pernas eu puxo seu pé, derrubando-a no chão.
Caio por cima dela, seguro seus punhos para o alto e lentamente vou
lambendo do seu ombro até sua orelha esquerda.
— Você é boa, bella rosa, mas não melhor que eu.
Beijo sua boca duramente, a punindo por ter me desafiado, sua língua
chupa a minha e seu gosto é delicioso. Ela está brava por ter perdido e tenta me
socar, mas não para o beijo, morde minha língua, chupando em seguida. Puxo
seu cabelo, esfregando meu pau contra sua boceta. Me sentei com ela no meu
colo, Katharina rebola em cima de mim, sentindo o meu pau feito aço, querendo
ela. Seguro sua bunda farta, esfregando sua boceta no meu pau enquanto devoro
seus lábios carnudos. O tesão nos deixa loucos, o suor escorre pelos nossos
corpos, tornando tudo ainda mais intenso.
— Eu preciso de você agora dentro de mim — fala, mordendo meu
queixo.
— Você quer meu pau te fodendo, amore mio?!
— Sim, eu preciso de você — diz, tentando abrir minha calça, se
atrapalhando com o cinto.
Me afasto de Katharina, a colocando de pé, abro minha camisa e tiro o
cinto.
— Vem aqui, bella mia — ordeno.
E ela vem rapidamente
— Tire as minhas calças e a boxer.
— Sim, Boss.
Quando estou nu, vejo seus olhos brilhando de desejo para me chupar,
mas hoje ela não terá esse prazer. Coloco Katharina de frente para mim e
escorrego minhas mãos para a lateral da calça legging que ela usa, tirando a
mesma junto com a calcinha. Puxo o top bruscamente, rasgando a peça e então
beijo seus peitos gostosos, me fartando com os dois. Os biquinhos ficam
vermelhos conforme vou chupando e mordiscando, para logo em seguida mamar
feito um esfomeado. Aperto sua bunda, que leva as marcas da surra de ontem.
— Você é muito deliciosa, amore mio, a melhor parte do dia é quando
estou te fodendo. Amo esses peitos gostosos — falo, dando tapinhas nos
mesmos. — Essa bunda vermelhinha pelo meu chicote e essa boceta gulosa —
falo, tocando a boceta encharcada.
— Você também não é de se jogar fora — declara desbocada, recebendo
um tapa ardido na bunda.
Pego a calcinha e enfio em sua boca, para que ela pare de me provocar.
Com a calça legging amarro seus dois punhos contra o pilar do ringue.
— Agora você está contida, amore mio, está sob o meu domínio. — Falo,
provocando-a.
Abro suas pernas e caio de boca em sua boceta gostosa, Katharina geme
enquanto eu a cheiro e esfrego minha barba nela, arranhando sua pele. Chupo
fazendo um oito de cima para baixo, parando no seu clítoris. Ela escorre de tanto
tesão enquanto eu vou bebendo todo seu gozo. Coloquei dois dedos dentro dela e
vou fodendo-a e chupando seu clítoris, levando-a ao delírio, do jeito que ela
gosta.
Tiro a calcinha da sua boca, amando ver seu rosto repleto de prazer.
— O que você diz ao seu mestre quando ele te faz gozar, bella mia?
— Obrigada, Boss. — Agradece, mordendo os lábios.
Viro seu corpo sem soltar seus braços da pilastra, a colocando de quatro
do jeitinho que eu queria. Sua bunda está vermelha pela chibata que ela
experimentou ontem. Não tenho pena e meto de uma vez meu pau na sua boceta,
fazendo-a gritar alto.
— Calada, você não quer que ninguém venha até aqui nos interromper
não é, amore mio? — digo, mordiscando sua orelha, sem deixar ela se recuperar.
Seguro sua bunda e a penetro com vontade, fazendo movimentos fortes,
o desejo que sinto por essa mulher chega a ser doentio, eu não consigo me sentir
satisfeito e a cada segundo eu a quero mais e mais. Acelero minhas estocadas e
esfrego seu clítoris com a mão livre, sentindo sua coluna se curvar de prazer. Ela
já está prestes a gozar pela segunda vez, então eu tiro a mão da sua boceta não a
deixando atingir o orgasmo.
— Dimitri, eu preciso de você! — Pede, rebolando enquanto eu judio
dela, metendo devagar agora, só para castigá-la. — Ah... me fode, por favor, eu
quero forte.
— Você gosta assim, safada?! — puxo seus cabelos do rabo de cavalo e
mordo seu pescoço enquanto soco golpes certeiros na sua boceta apertada.
— Ahhh! — Grita quando acerto um tapa na sua boceta encharcada e
volto a mexer mais rápido. — Oh! Sim! Sim, não para — diz, tremendo ao gozar
duramente.
— Você é minha, Katharina! Minha submissa, eu domino você! —Digo,
beijando sua boca, puxando-a para trás.
— Eu não tenho dono, Boss, eu sou dona de mim mesma — rebola,
provocando a besta que vive em mim.
Soco com força, abrindo mais suas pernas e a cada golpe eu sinto ela me
apertar. Continuo a estapear a sua boceta enquanto a fodo rudemente
— Ahhh! — Grito de prazer. — Maldita, gostosa! Estou ficando louco,
Katharina, só isso para justificar a dependência que eu tenho de você. — Falo
quando o orgasmo intenso me atinge e gozo enchendo-a com meu gozo.
Desamarro seus braços, que estão vermelhos, e esfrego os mesmos para
que o sangue volte a circular. Ela está exausta e se escorra em mim, cansada.
Apanho minha camisa branca do chão e visto em Katharina.
— Ficou parecendo um vestido em mim.
— Não quero que ninguém te veja quando sairmos daqui — falo de
maneira possessiva.
Terminamos de nos arrumar, os retalhos que sobraram das suas roupas
vão para o lixo. Entramos pelos fundos da casa, sem chamar muita atenção. No
banho, eu não resisti e a fodo novamente.
— Podemos jantar fora hoje, o que acha? Tem um velho amigo meu,
dono de uma pizzaria, que gostaria que conhecesse — falo assim que termino de
me vestir.
— Acho uma ótima ideia, não aguento mais ficar trancada em casa, você
poderia reconsiderar o que eu te pedi sobre trabalhar.
— Nem pensar, já falamos sobre isso. Não quero começar outra
discussão.
— Tudo bem, mas não pense que desisti — concorda, colocando um par
de brincos de safiras. Terminando de nos arrumar, descemos as escadas, prontos
para sair, quando Chaise abre a porta para Ella Meyer entrar na sala de estar,
onde estamos.
— O que faz aqui, senhorita Meyer? Quem deu permissão para sua
entrada?
— Já que o assunto é urgente, melhor ser tratado ainda hoje e não
amanhã, no escritório. — Vicenzo diz, logo atrás dela.
— Certo, então vamos para o escritório. Eu já volto — digo a Katharina e
beijo seus lábios de leve.
Ela olha para Ella curiosa, sei que está louca para perguntar quem é ela,
mas sai da sala, indo até a cozinha. Acompanho os dois até meu escritório e noto
que a senhorita Meyer está com algumas folhas nas mãos e parece nervosa, ao
sentar sua respiração fica agitada e sua perna treme muito.
— Vamos direto ao que a trouxe aqui.
—Bem, como foi combinado, estou lavando o máximo de dinheiro
possível, usando as redes de negócios legais da Cosa Nostra, como também dos
nossos laranjas.
— Seja mais direta, senhorita Meyer, não tenho a noite toda para te
ouvir!
— Calma, Dimitri, é melhor você prestar atenção no que ela tem a dizer.
— Como ia dizendo, eu estou cuidando de todas as contas das seis
famílias principais ligadas a Cosa Nostra, dentre elas a família Luchese.
— Continue — digo.
— Muitas transações são feitas diariamente dentre as famílias, isso é
comum, nossa equipe de contadores está trabalhando duramente para não deixar
rastros na receita federal e para isso eu preciso cuidar de todas as transações de
grande porte para que não haja furos. Faz dois dias que venho tentando entender
essa grande movimentação bancária na família Luchese. Porém não havia nada
de errado e quando descobri quem era o dono da conta para onde o senhor
Alesso Luchese fez uma transferência de treze milhões de euros fiquei
desconfiada e decidi olhar o histórico do ano anterior. E aqui estão os extratos e
balancetes bancários — diz e me entrega os papéis.
— Como pode ver aí, o senhor Alesso Gambino Luchese fez grandes
transações nos últimos dois anos para Michele Calvatário e seus filhos, como
também fez outras transações em nome de Alberto Peroli.
— O miserável estava financiando o Calvatário contra nós, Alesso é um
traidor e esteve todo esse tempo tramando contra a Cosa Nostra!
A cada palavra que Ella fala, Dimitri vai ficando mais rígido na cadeira e
não precisou que ela terminasse para ele entender que Alesso estava nos traindo.
— O miserável estava financiando o Calvatário contra nós, Alesso é um
traidor e esteve todo esse tempo tramando contra a Cosa Nostra! — Concluo,
puto.
— Maledeto desgraçado, eu vou arrancar o coração desse filho de la
putana. — Fala Dimitri, acertando o cinzeiro na parede, fervendo de raiva.
Ali não estava o nosso chefe e sim a verdadeira besta.
— Eu vou deixá-los sozinhos, chefe, caso precise de mais alguma coisa
pode me ligar — diz Ella, recolhendo os papéis, nervosa.
Assim que a porta fecha, Dimitri já questiona.
— Quem mais está junto com ele?!
— Ainda não sabemos, mas acredito que ele não deve estar sozinho, não
podemos mais confiar em ninguém de agora em diante.
— Eu o quero vivo, Vicenzo, eu mesmo terei o prazer de acabar com a
vida desse maldito. — Diz, deixando seu lado sádico tomar conta.
Sorrio, sabendo que o traidor será estripado.
— Sua morte servirá de aviso para qualquer um que queira se rebelar
contra mim. A família Luchese não existirá mais.
— O melhor será agirmos com cautela para surpreendê-lo. — Pondero,
indo até o bar e servindo duas doses de conhaque, entregando um copo a ele,
para que ele se acalme.
— Ele não imagina que foi descoberto. Prepare uma equipe pequena, uns
doze homens. Vou levar cinco dos meus soldados de elite.
— Chefe, é melhor que não vá, eu mesmo posso resolver isso.
— Está brincando com a minha cara? Como quer que eu fique aqui
depois de saber que Alesso esteve todo esse tempo traindo a família debaixo dos
nossos olhos.
— É o melhor a fazer, a polícia está na nossa cola, Juliano já foi preso,
não é bom de expor dessa forma, o melhor é se manter o mais distante possível e
manter a fachada de CEO. — Digo de maneira racional.
— Você está certo, Vicenzo, leve ele para a fábrica de sal. Todos os
outros membros da família Luchese, assim como os soldados, devem ser
eliminados, não podemos correr o risco de ter traidores na Cosa Nostra.
— Faça a sangria, quero que todos vejam que a Cosa Nostra não está
amedrontada, e muito menos intimidada com as prisões. Chame Lorenzo aqui,
tenho algumas especificações para ele, sobre o que faremos com esses malditos
federais.
— Lorenzo ainda não chegou e também não atende o celular, liguei para
ele quando falava com Ella, mas o mesmo não atendeu.
— Onde aquele moleque se enfiou? Qual é a dificuldade em se livrar de
uma simples detetive?! — Ele bufa, passando as mãos no cabelo.
— Vou deixar alguém avisado que assim que Lorenzo chegar, deverá
ligar para mim.
— Certo, vou dar as coordenadas aos soldados que o acompanharão.
Saímos do escritório e posso ver que Dimitri está se controlando, só eu
sei o quanto ele tem asco de traidores e não ir ele mesmo buscar Alesso o está
enfurecendo.
— Aonde vão? — diz Katharina, entrando no corredor que leva a saída.
Assim que Dimitri a vê, percebo que fica mais calmo, ele pode negar o
quanto quiser, mas meu irmão, o capo dei capi está, sim, apaixonado por
Katharina. O pior de tudo é saber que ele não é o único.
— Vou resolver alguns negócios da família — explica de maneira brusca
e rapidamente Katharina fica rígida, cruzando os braços, irritada.
— Você disse que iríamos jantar fora — ela fala.
— Tenho coisas mais importantes a fazer, Katharina, te levo para jantar
outro dia.
— Eu me arrumei para essa porra de jantar e agora você tem negócios a
resolver às oito horas da noite.
— Eu não tenho tempo a perder com suas infantilidades — fala
friamente.
Me sinto a porra de um terapeuta no meio de uma ”dr” de casal, mas uma
coisa eu não posso negar: os dois se completam na teimosia.
— É claro que você não tem tempo a perder e muito menos eu, não me
arrumei para ficar em casa, se você vai trabalhar problema seu, eu vou jantar
fora.
— Fala, virando as costas e deixando nós dois sozinhos.
Dimitri soca a parede ao lado.
— Eu falo com os soldados e qualquer coisa ligo para avisar. — Digo e
Dimitri não responde, apenas sai em direção a Katharina.
Reúno alguns dos nossos melhores homens, onze soldados altamente
armados, usando três carros blindados.

A casa de Alesso fica na Pompéu, um bairro nobre de Palermo.


Há alguns metros longe da rua que leva à casa de Alesso, um
Lamborghini vermelho está parado perto de uma caçamba de lixo. Desligo o
carro, faço sinal para que meus homens aguardem e saio indo em direção ao
carro.
Abro a porta do veículo, sentando no banco do lado do motorista.
— Ele está lá? — Pergunto a Daniela, que usa um Ipad de última geração
com um software de hacker avançado, desenvolvido por ela.
— Ele está no segundo andar, não tem câmeras lá, mas ao que parece, ele
levou duas putas para se divertir essa noite. Subiu com as duas há meia hora.
— Ela explica, sem tirar os olhos da tela.
— Quantos homens você conseguiu ver pelas câmeras?
— Não posso dizer com certeza, pois não tenho todos os ângulos da casa,
mas aparentemente menos de trinta.
— Isso é bom.
Deixo Daniela fazendo a retaguarda e volto para o carro.

Usando três carros blindados estouramos os portões da casa e a


invadimos rapidamente, o tiroteio começa, o som de alarme tocando.
Com um fuzil americano, acerto dois soldados que estavam na guarita,
Nicolai acerta outro à minha esquerda e por pouco não sou baleado. Faço um
gesto com as mãos para nos separarmos e para cobrirem todo o perímetro da
casa.
Na porta de entrada, miro e acerto outro soltado, quando Halde é atingido
atrás de mim. Me escondo atrás de um pilar quando o soldado que atingiu Halde
vem em minha direção atirando, me abaixo e miro na coxa do desgraçado,
atirando em seguida.
Ele cai de costas com o impacto da bala e eu caminho em sua direção,
observando sua perna sangrando, ele tentando pegar a arma.
— Nada disso, cagna! — Atiro na sua mão esquerda antes que ele a
pegue.
— Por que estão fazendo isso? Nós somos da Cosa Nostra! — Ele grita
de dor.
— Não existem traidores na Cosa Nostra — atiro na sua testa, acabando
de uma vez com sua vida.
A maioria dos homens de Alesso já está morta quando eu entro na casa.
Encontro Ítalo lá dentro e posso ver que os homens do lado de dentro já foram
eliminados.
Subo as escadas em direção ao segundo andar, onde o maledeto deve se
esconder.
— Vocês fazem a retaguarda — falo para Ítalo e Paulo, que está logo
atrás dele.
Subimos a escada e vou direto à suíte principal, mas a porta está fechada.
Olho ao redor, checando se não vem mais ninguém, atiro no trinco da porta e
Ítalo a chuta, abrindo-a.
As duas mulheres estão nuas e gritam em pânico quando veem as armas
apontadas para elas, Alesso está de costas para nós. Em passos rápidos, vou até
ele, colocando a ponta do fuzil na sua nuca.
— Vira devagar, traditore, que nós temos contas a acertar.
Quando ele se vira, eu me choco, percebendo que fomos enganados, não
é Alesso ali, e sim um homem bem parecido com ele.
— Onde ele está, onde a porra do Alesso está?! — Grito, transtornado.
— Eu sinto muito, eu sinto muito — o homem diz apavorado e só então
percebo que ele segura um pequeno controle nas mãos.
Tudo acontece rápido, somente agora o tic tac pode ser ouvido. Eu corro
o mais rápido que posso em direção a sacada quando a bomba explode.

— Vamos logo nesse jantar! — Fala Dimitri de cara fechada, assim que
pego minha bolsa, pronta pra sair sozinha.
— Se não quiser ir, posso muito bem ir sozinha!
— Não estou com humor pra brigar hoje, Katharina, — fala,
estranhamente tenso depois da saída da mulher e de Vicenzo.
— Você está bem? — pergunto, estranhando sua tensão.
— Preciso de um pouco de ar fresco e também prometi te levar para
comer no melhor restaurante de Palermo, não é?
— O que está acontecendo?
— Nada que deva se preocupar — ele insiste em não me contar, me
irritando.
— Pensei que confiaria em mim depois de tanto tempo.
Dimitri respira fundo e abre a porta da frente para que eu passe.
— Eu confio em você, Katharina, só não quero estragar o resto da noite
com problemas da Cosa Nostra.
— Tudo bem — desisto, o acompanhando até uma Harley-Davidson V
Rod.
— Gostou? — Ele pergunta, apontando para a moto.
— Vou gostar ainda mais se você deixar eu pilotar.
— Nem pensar, engraçadinha, não quero sofrer nenhum acidente antes de
chegar no restaurante — fala, me entregando o capacete.
— Machista, aposto que piloto melhor do que você — reclamo
emburrada enquanto ele apenas ri, me fazendo sentir uma coisa estranha no
peito.
É tão estranho ver Dimitri sorrindo, não tem como negar que ele fica
ainda mais bonito quando sorri.
— Vamos, bella mia, a noite é apenas uma criança. — Fala ele, ligando a
moto.
Olho para o lado e vejo Augustos, segurança de Dimitri, entrar no carro
que nos seguirá junto com Chaise e outros três soldados. Subo na moto e seguro
firme na cintura de Dimitri enquanto ele acelera, atravessando os portões da
fortaleza.

Nós passamos pelas avenidas movimentadas de Palermo, para entrar em


um bairro que não conhecia. A noite está agradável, meus cabelos balançavam
conforme o vento batia.
O mar belíssimo do Mediterrâneo estava de ressaca, seguro forte em
Dimitri, sentindo seu cheiro amadeirado. Dimitri estaciona em uma rua sem
saída e então vejo um pequeno restaurante todo de pedra, estilo rústico com
heras por toda a lateral. Um lugar pequeno, mas incrivelmente encantador.
— Surpresa?! — Ele pergunta, tirando o capacete e olhando para mim.
— Sim, e ao mesmo tempo curiosa — respondo, colocando o capacete
sobre a moto, vendo nossos seguranças estacionarem e se posicionarem do lado
de fora.
— Vem, você vai adorar a comida daqui — ele garante, segurando a
minha mão e me levando para conhecer o restaurante.
Um garçom, ao ver Dimitri, rapidamente consegue uma mesa para nós
dois, o restaurante está cheio, mas a atmosfera do lugar é intimista e acolhedora.
— É um prazer revê-lo, mio amico — diz um senhor de cabelos branco,
usando um avental de cozinha.
— Buona Notte, Domenico, como prometido, trouxe minha esposa para
conhecê-lo.
— Bela ragazza mio amico, demorou porque estava escolhendo a própria
Afrodite — elogia o senhor, me deixando envergonhada.
— Realmente, eu escolhi a melhor — concorda Dimitri me olhando de
maneira quente.
O miserável tem o poder de me deixar excitada apenas com um olhar.
— É um prazer conhecê-lo, Domenico.
— Vejo que não é da Itália, seu sotaque acaba entregando.
— Claro, sou russa — digo, assistindo o senhor engasgar e olhar para
Dimitri, se segurando para perguntar algo.
— Espero que minha comida esteja à altura do seu paladar, senhora.
— Tenho certeza que o que me trouxer estará delicioso.
— Deseja algo especial para essa noite, amico?
— Nos surpreenda, Domenico.
Um garçom traz uma garrafa de vinho para nós dois, vinho marchava, e
nos serve.
— É realmente delicioso — falo, adorando o vinho.
— Este vinho é filho da Sicília, vem direto de uma das fazendas de
Vicenzo.
— Seu irmão produz vinho? — Pergunto, confusa.
— Temos muitos negócios legais, além de ser um ótimo negócio, ainda
despista a polícia.
— Não consigo acreditar que estou aqui, em um pequeno restaurante
com o poderoso Boss da Cosa Nostra.
— O que foi, achou que por eu ser um criminoso não sei curtir uma noite
agradável com a minha esposa? — Pergunta, levando a taça aos lábios.
— Quem é você, Dimitri? A cada dia você me mostra uma faceta sua que
desconheço — falo, olhando em seus olhos.
— Eu sou apenas um homem, Katharina, alguns me chamam de besta, de
capo dei capi, Boss, chefe. Mas, para você eu sou apenas Dimitri — afirma,
pegando minhas mãos sobre a mesa e sinto meu coração disparar.
O que é que esse homem está fazendo comigo?
A comida chega, sarde a biccafico, que consiste em uma sardinha aberta
e recheada com pimentão, anchovas e passas. O prato principal é uma pasta all
Norna, especialidade de Domenico. Tudo deliciosamente preparado. Dimitri
rejeita a sobremesa, porém eu me delicio com o maravilhoso canolo.
— Espero que a comida tenha sido do seu agrado, senhora, meu amigo
aqui eu já sei do que gosta.
— Não tem do que se preocupar, Domenico, sua comida é divina, agora
entendo porque é o melhor restaurante da Sicília — digo, agradecendo o chefe
pelo excelente jantar.
— Fico muito feliz, senhora, espero vê-los mais vezes.
Nos despedimos dele e, ao invés de voltar para a fortaleza, Dimitri decide
me levar para caminhar pelo lado histórico de Palermo. Os seguranças nos
acompanharam de longe enquanto caminhamos pelas ruas da famosa capital
siciliana.
— Vai me contar agora o que te deixou tão estressado mais cedo?
— Tenho a impressão que não vai desistir enquanto não contar.
— Exatamente isso — sorrio.
— Estamos sendo traídos, um dos meus capos estava financiando meus
inimigos.
— O Dante? — Pergunto um pouco animada.
— Você realmente o odeia, não é? Mas não foi Dante, ele é um dos mais
leais dentro da família, nos conhecemos ainda jovens, durante nosso
treinamento.
— Que pena, não é dessa vez que ele vai fazer uma visita para o capeta!
— digo, inconformada, fazendo Dimitri rir.
— Você realmente não sabe onde Rebeca está ou tem mantido contato
com ela?!
— É claro que não — digo, incomodada com sua insistência, minha
intuição diz que ele sabe ou desconfia de algo.
— Vamos, quero te mostrar uma coisa antes de irmos — fala, virando a
rua em direção ao que parece ser uma praça.
Nos vemos em frente ao antigo prédio do senado, onde uma fonte
incrível está localizada.
— Onde estamos? — Pergunto curiosa, olhando as estátuas e a bela obra
de arte estilo romano.
— Estamos na piazza de lá vergonha — ele fala, rindo.
Eu olho confusa para as belas estátuas de anjos.
— Não consigo imaginar como algo tão belo pode ter um nome de
vergonha.
— A história é mais engraçada do que parece. Em meados do século
XVI, quando um nobre espanhol decidiu embelezar o jardim de sua casa em
Florença com uma fonte monumental. A obra foi confiada aos escultores
Francesco Camilliani e Michelangelo Naccherino e incluiu 48 estátuas
representando figuras mitológicas e angélicas. Porém, após sua morte, seu filho
endividado decidiu colocar a fonte à venda. Então, essa bela obra prima foi
comprada pelo senado para ser colocada em frente ao Palácio Pretoriano. E, para
isso foram demolidas várias casas para dar espaço ao monumento.
— Mas da onde vem o nome vergonha? — Questiono, olhando para a
água que corre pela fonte.
— Em frente à piazza existia um convento e as freiras ficaram
horrorizadas com tanta nudez, então elas quebraram os órgãos genitais das
estátuas, escondendo assim sua vergonha.
Eu não aguento e começo a rir, imaginando as pobres freiras da época de
1500 constrangidas ao ver as estátuas.
— Precisa jogar uma moeda e fazer um desejo — diz ele, abrindo a
carteira, tirando uma moeda e a entregando para mim — Feche os olhos — diz,
ficando atrás de mim e segura minha mão — Pense em algo que você deseja
muito, um desejo profundo, bem guardado dentro de si.
Sinto meu coração acelerar, apenas uma coisa vem à minha mente. Jogo a
moeda e abro os olhos vendo-a cair no fundo da fonte. Me viro para Dimitri e
seu olhar sobre mim me deixa sem ar.
— Não vai fazer um pedido?!
— Não, já tenho tudo que eu quero — afirma, puxando meu pescoço e
beijando minha boca intensamente.
Sua língua chupa a minha e meu corpo todo se aquece, se tornando fogo
puro. Minhas mãos vão para o seu ombro, apertando forte enquanto nossas
línguas se entrelaçam de maneira voraz. Dimitri puxa meu pescoço e morde meu
queixo, lambendo em seguida e então volta a me beijar. Só interrompemos o
beijo quando já não temos mais ar. Meu batom está todo borrado e minha
respiração acelerada, meu cabelo bagunçado e meu corpo está completamente
em chamas.
— Vem comigo, bella rosa, vamos terminar nossa noite em um lugar
especial.

Depois do beijo entre Rebeca e eu, ela ficou um pouco mais retraída,
porém aos poucos eu venho mostrando a ela que pode confiar em mim.
Ela é uma garota especial, o pouco tempo que estou ao lado dela já
percebi isso e me vejo mais e mais encantado pelo meu doce anjo.
— Posso saber o que tanto escreve aí? — Pergunto ao vê-la tão
concentrada em um caderno de anotações.
— Bem, não é nada importante, é só umas besteiras minhas — ela fala,
toda tímida.
Eu fico louco quando vejo seu olhar envergonhado, ultimamente estou
adorando vê-la assim, principalmente quando ando pela pequena cabana sem
camisa.
— Se diz respeito a você, para mim é importante.
— É um roteiro para quando eu for embora, quando estiver livre do
monstro do Dante. Apenas a simples menção dela ir embora me traz um gosto
amargo à boca.
— E qual será o primeiro lugar que pretende ir ao sair da Rússia?
— Ainda não decidi, estou em dúvida entre a Argentina e Panamá. — Ela
fala e tudo que consigo pensar é que em pouco tempo ela estará longe de mim.
— Você merece recomeçar sua vida e ser feliz, Rebeca — falo,
acariciando seu rosto e ela fecha os olhos.
Sinto que ela quer que eu a beije, porém me afasto e decido não fazer
nada, não até que ela venha até mim.
— Eu quero te mostrar uma coisa lá fora.
— Sério, nesse frio, lá fora no meio da noite, e se vier um urso nos
atacar? — fala, amedrontada.
— Não deixarei que nada te aconteça, eu prometo, agora coloca seu
casaco e vamos lá fora, preciso te mostrar uma coisa — falo animado para ela.
Rebeca volta usando um casaco de pele branco e as suas botas. Levo-a
para o lado de fora e, de frente para o lago, a fogueira que montei continua a
queimar.
— O que quer me mostrar? — Pergunta, curiosa ao ver a esteira de
madeira estendida de frente à fogueira.
— Senta aqui comigo — digo, oferecendo a mão para ela se sentar do
meu lado.
— Está muito frio aqui fora.
— Eu trouxe um cobertor para a gente se aquecer — falo, cobrindo-a
com o cobertor.
Olho para o céu esperando a hora certa que o show de luzes iria
acontecer.
— Meu Deus, Aslan, isso é lindo — Rebeca tem seus olhos voltados para
o céu, assistindo ao show da natureza.
— Apenas oito países no mundo têm o privilégio de poder assistir esse
espetáculo da aurora boreal.
— É realmente lindo — fala, encantada.
Não resisto e fico olhando para o seu rosto iluminado pela luz que vem
do céu.
— Sim, é realmente lindo — digo, olhando para ela.
E quando ela vira para mim e nossos olhares se cruzaram, meu rosto se
aproxima do seu, minhas mãos formigam de vontade de tocá-la. Não é preciso
esperar, pois sou surpreendido por Rebeca, que me beija. No começo é apenas
um beijo leve, um encostar de lábios, mas o que começa devagar vai se
aprofundando, então me vejo devorando seus doces lábios rosados. O beijo se
transforma em uma chama, nem o frio do vento parece dar conta do calor de
nossos corpos se tocando. Puxo Rebeca para o meu colo e continuo a beijá-la,
porém a neve volta a cair e tudo que eu não quero é deixá-la doente.
— Vamos entrar — falo enquanto beijo seu queixo, seu ombro e chupo
sua orelha.
— Sim — diz com a voz trêmula.
Eu a ajudo a ficar de pé e caminhamos juntos até a cabana.
Mal termino de fechar a porta e já estou pressionando-a contra a mesma,
minha boca desliza por seu pescoço arrancando gemidos suaves dos seus lábios.
— Você tem um cheiro doce, anjo, tão doce que me deixa louco — falo,
pegando-a no colo e ela cruza as pernas na minha cintura.
Me sento no sofá com ela no colo, sem interromper o beijo. Suas mãos
pequenas e frias tocam meu peito, ainda que de maneira tímida.
— Não, não precisamos fazer isso agora, não quero força-la a nada que
não esteja preparada — digo, olhando em seus olhos azuis.
— Eu quero você, Aslan, eu quero sentir prazer e não culpa, eu quero me
sentir desejada por um homem de verdade e não por um monstro — diz e volta a
me beijar.
Seu beijo é doce, ela tem gosto de mel, seu cheiro é inebriante e tudo que
quero é tê-la para mim, dizer que não importa quem eu tiver que enfrentar eu não
a deixarei se afastar de mim. Minhas mãos correm por seu corpo, tento me
controlar para não parecer um lobo sedento, mas não resisto, não quando ela
geme ao sentir minha boca em seu ombro conforme vou descendo o casaco.
Rapidamente, tiro sua blusa do pijama e seus seios rosados ficam à mostra,
minha boca enche de água para mamar nesses peitos lindos. Rebeca fica
constrangida e tenta se cobrir.
— Eu quero vê-la — falo com a voz rouca, enquanto me ajoelho no chão.
Lentamente vou descendo a calça de pijama que ela usa, sua calcinha
branca se junta ao resto da roupa no chão. Seu rosto fica vermelho, ela está
envergonhada com a cicatriz em seu abdômen, porém eu a beijo mostrando que
nada nela me causa repulsa.
Volto a beijar sua boca, que já se tornou um vício.
— Você é linda, Rebeca, não se envergonhe de nada em você — falo
enquanto beijo seu pescoço e chupo seu ombro.
Ela puxa meu cabelo, gemendo e vou descendo minha boca até chegar
nos seus seios pesados, chamando por mim. Começo a chupar o direito de
maneira esfomeada, mordendo o biquinho antes de atacar o outro. Seu cheiro
doce é como um afrodisíaco para mim. Rebeca puxa minha camisa e eu a ajudo,
jogando a mesma no chão, suas unhas arranham minhas costas e eu fico louco
com seu toque. Largo seu seio e me afasto apenas para tirar a calça e a boxer.
Sento-a no pequeno sofá e faminto, me preparo para sentir seu gosto na minha
boca. Beijei seus dois pés e vou fazendo uma trilha de beijos até chegar em suas
coxas, indo em direção a sua boceta, que já está pingando de tesão.
— Você não imagina o quanto esperei por isso — falo e não espero uma
resposta.
Abro suas pernas, admirando aquela bocetinha rosada com uma leve
penugem loira. Ela já está toda molhadinha de tesão.
Enfiei dois dedos dentro dela e chupo seu clitóris, fazendo movimentos
circulares com a boca, arrancando gemidos de prazer, sentindo Rebeca gozar
gostoso na minha boca.
Enfio minha língua toda dentro de sua boceta e vou tirando, subindo com
a mesma, fazendo movimentos de baixo para cima, até chegar no clitóris.
Continuo sugando seu grelinho, colocando dois dedos dentro dela. Rebeca se
contorce e geme, tremendo quando um novo orgasmo a atinge.
— Você fica linda quando goza, meu anjo.
Com o tesão à flor da pele, massageio meu pau sem tirar os olhos da sua
boceta rosada, os pequenos pelos loiros me deixam ainda mais excitado.
Ela parece uma pintura de tão perfeita, ficaria o resto da minha vida
apenas observando essa obra de arte. Começo a esfregar por cima da sua boceta
molhada, causando uma deliciosa fricção, me posiciono em cima dela sem
colocar meu pau dentro, apenas esfregando no seu clítoris para deixá-la ainda
mais encharcada, ela crava as unhas nas minhas costas, lambe minha orelha e me
diz:
— Eu quero você, Aslan, não se segure, eu preciso do seu toque, dos seus
beijos.
É nessa hora que vou à loucura, encaixo meu pau em sua entrada e
deslizo devagar para não a machucar, pois ela é muito apertada, respiro fundo
para não meter de uma vez.
— Eu me sinto alargada, mas é tão bom! — ela grita, mordendo meu
ombro.
Suas palavras são como combustível, alimentando o fogo dentro de mim
e começo a bombar na sua boceta, segurando suas penas e metendo forte, ela
geme, se contorcendo.
E ela logo começa a falar algumas coisas como:
— Oh Deus, Aslan, não para — diz, arranhando meus braços.
Eu meto cada vez mais forte e mais rápido até que não consigo mais
segurar o gozo. Tiro o pau para fora e gozo em sua barriga, espalhando a porra
quente em seus peitos.
Beijo sua boca, puxando seus cabelos e trazendo seu rosto para mais
perto de mim.
— Eu nunca senti nada assim — fala, me abraçando forte.
— Eu também nunca senti nada como o que estou sentindo por você,
Rebeca. Não me importo com seu passado, não me importo quem terei que
enfrentar para estar ao seu lado, mas eu não deixarei que se afaste de mim.

Decidi levar Katharina até a boate, nossos seguranças se posicionaram do


lado de fora.
Essa noite tudo que quero é dominá-la, satisfazer meu lado sádico
possuindo seu corpo de maneira intensa.
— Onde estamos? — Pergunta, olhando para as pessoas dançando
animadas ao som do cantor Michele Bortelonier.
— Vem comigo, bella mia, essa noite temos uma barreira a ser rompida
na sua dominação.
— O que está pretendendo, Boss?! — Diz, provocando.
Não resisto e dou um tapa estalado na sua bunda, por sorte a música alta
permite que sejamos ouvidos.
— Hoje eu vou romper essa barreira que levantou contra mim. Você
entrega seu corpo de maneira plena ao seu dono, tenho a sua vida em minhas
mãos, bella mia, mas não tenho sua entrega total, sua alma, seus pensamentos,
suas dores e desejos, seus segredos, a dominação só será completa quando eu a
possuir por inteiro.
— Eu não tenho segredos — replica, tentando me enganar.
— A alma é o desejo de um Dom. O corpo, qualquer baunilha podem
oferecer, mas alma e a devoção, apenas uma submissa nata pode entregar. —
Explico, levando-a para o elevador privativo, que apenas os associados e
membros do alto escalão da Cosa Nostra tem acesso.
— Eu estou completamente entregue ao Bdsm, Dimitri, não sei o que
mais você deseja. — Fala, cruzando os braços no meu pescoço, enquanto beija
meu queixo e sobe mordendo meus lábios até alcançar minha boca.
Empurro-a contra a parede de metal do elevador e arrasto minha mão
pela sua coxa.
— Creio que com tanta entrega, não há porque ter segredos e sigilo para
com seu Dom. Se seu Dom não é digno de tocar sua alma, ele também não é
digno de tocar seu corpo. — Digo, me afastando assim que a porta se abre.
— Que lugar é esse? — Questiona, olhando para toda a decoração
hardcore.
— Nós estamos apenas na área light, lá embaixo nós temos apenas o bar
e a boate, é aqui em cima que a festa começa e tudo fica mais interessante. —
Conto para ela, ansioso para tê-la a minha mercê.
Aqui em cima todas as paredes têm isolamento acústico e a decoração é
toda em estilo masmorra, preto e cinza, com pequenos detalhes em vermelho.
Ajudo-a escolher uma máscara para seu rosto.
— Não vai usar uma? — Pergunta, curiosa.
— Não é preciso, amore mio, a única que quero proteger aqui é você! —
Digo de maneira possessiva.
Seguro em sua mão, que está fria, posso ver que ela está nervosa, mas
também excitada.
Levo-a para a primeira porta à direita, onde ela já é recebida por um
homem algemado ao cavalete, enquanto sua dominatrix o castiga em frente a
vários espectadores.
— Uau, eu não esperava isso — fala, chocada.
Eu apenas sorrio, imaginando que ela ainda não viu nada.
— Na esquerda temos uma sala de recreação — explico, apontando para
a sala onde um grande sofá em formato de “x” se estende.
Nele, podemos ver vários casais sentados, alguns bebendo e outros já se
divertindo. Há mulheres de joelhos no chão, na posição de submissas, nuas com
suas coleiras e correntes.
— Vamos, quero te mostrar outras salas — declaro, levando-a por um
corredor todo escuro.
— Eu não consigo ver nada — argumenta, apertando minha mão.
— Não se preocupe, basta seguir os gemidos que vai chegar no lugar
certo.
Não é preciso caminhar muito para chegarmos à sala roxa, conhecida
como a sala da orgia.
Uma mulher está sendo fodida por dois homens ao menos tempo. Na
direita, duas mulheres se chupam. Uma ruiva está de joelhos, com as duas mãos
algemadas em uma estaca, com a caixa da penitência na cabeça enquanto seu
rabo é fodido. Mas nada disso chama mais a atenção de Katharina do que a loira
de quatro sendo chicoteada pelo seu dominador, enquanto beijava os pés de
outro dominador.
— Isso te excita, bella rosa? — Pergunto, sussurrando em seu ouvido.
— Sim, Boss — fala com a voz rouca e eu massageio seu seio por cima
da roupa.
— Você quer ser castigada como ela, quer que eu use meu chicote de
tiras nas suas costas até gozar.
— Sim, Boss — ela engasga no final da frase quando belisco seu seio.
— Venha, vou mostrar a minha sala reservada.
Levo Katharina pela sala de vidro de voyeurismo, uma réplica da sala do
Le Domain, do meu amigo Arturo. No quarto, um homem ruivo beija a boca do
seu parceiro ao mesmo tempo que uma morena beijava os dois com gula e
desejo. O homem de cabelos pretos, alto, aperta os peitos da mulher já nua, que
senta em seu colo de costas para ele, que também está nu, ela abre a perna e o
ruivo tem não só a boceta dela, como o pau do seu companheiro em sua frente.
Ele se ajoelha e começa a chupar os dois de maneira desesperada. Posso ver nos
olhos de Katharina o quanto ela acha excitante a cena.
— Os quartos individuais ficam logo ali, mas eu tenho uma sala
reservada que apenas eu tenho acesso. Venha por aqui — falo, abrindo a porta da
minha sala de jogos.
A sala lembra aqueles calabouços medievais.
— Eu posso sentir o cheiro de couro — ela fala enquanto observa cada
detalhe da sala, com as paredes de pedra escura e iluminação suave.
As paredes e o teto são de tons escuros, uma cruz de santo André, uma
gaiola, um cavalete, cada objeto que uso em uma cena de sadismo foi escolhido
especialmente para estar aqui no calabouço da dor. Katharina caminha até a
parede da disciplina, onde todos os meus chicotes estão bem organizados, por
categoria de dor. Ela toca de leve um deles, mas a curiosidade dela a leva para o
chicote trançado.
— Você nunca usou esse chicote comigo — aponta, pegando o mesmo.
— Não adianta começar como um sádico psicopata e acabar como um
cordeirinho, portanto é importante que minha submissa vá conhecendo aos
poucos o impacto de cada instrumento no seu corpo.
— Ele machuca muito? — Pergunta, curiosa.
— O efeito da maioria dos instrumentos varia muito, nesse caso, o
chicote de couro cru trançado é o pior, justamente porque o couro trançado acaba
produzindo, além do golpe, uma "raspada" na pele, o que o torna mais dolorido e
gera marcas mais profundas, que eu não quero em sua pele.
— Se afaste dessa parede, venha até a minha frente e tire suas roupas. —
Ordeno de maneira direta.
Katharina respira fundo e faz o que mando.
— Você será castigada, essa noite não foi uma submissa obediente e
ainda desagradou seu mestre com mentiras.
— Eu não fiz nada.
— Calada, eu não permito que responda — ordeno, irritado com sua
desobediência e decido amordaça-la, assim ela entenderá o seu lugar perante seu
Dom.
Katharina continua de cabeça baixa, como ensinei, enquanto eu a
amordaço e a levo até a mesa. Inclino seu corpo contra a madeira, prendendo
suas pernas nos pés da mesa. Sua bunda fica completamente à minha disposição.
— Hoje eu vou começar a treinar essa sua bunda, logo estarei todo
enfiado nesse seu cuzinho apertado — falo, dando um tapa.
Vou até uma cômoda de madeira, retirando de lá o lubrificante e o plugue
anal. Despejo uma grande quantidade em minhas mãos e no seu rabo e
lentamente vou massageando sua entrada anal com um dedo tirando e colocando.
Katharina começa a suar e se arrepia toda, sentindo prazer com meus toques,
coloco mais um dedo e vou tirando e colocando devagar para não a machucar e
não gerar nenhum trauma quando ao sexo anal.
Quando sinto que ela está querendo gozar, retiro meus dedos e insiro o
plugue, impedindo seu orgasmo.
— Ficará com ele durante toda essa noite, para ir se acostumando. Você
está linda assim, amore mio, só estou achando essa sua bunda linda pálida
demais — falo, acertando um tapa ardido no lado esquerdo — Vou te mostrar
quem é seu dono, a quem você pertence, amore mio — digo, dando outro tapa
forte.
Ela não consegue gritar pois a mordaça a impede, suas pernas estão
presas e ela completamente à minha mercê.
— Você ainda não entendeu que pertence a mim!
Arrumo seus cabelos em minha mão, puxando seu corpo para trás,
enquanto mordo seu ombro e pescoço marcando-a como minha.
— Você será castigada como deve, esta noite aprenderá que não deve
mentir ao seu dono — falo e solto seu cabelo para em seguida acertar outro tapa,
dessa vez na sua coxa — Depois da dor, vira o prazer intenso como jamais
sentiu! — explico e acaricio sua bunda já vermelha, desferindo um tapa estalado.
— Ai!!! — Ela tenta gemer, mas a mordaça a impede.
— Vai levar mais cinco tapas para que não tente lutar contra mim!
Toco sua bunda macia, quente, com carinho, deixando-a arrepiada, para
logo em seguida dar mais uma palmada. No total aplico vinte e quando termino,
minhas mãos latejam e a dor em seu corpo me enche de prazer. Solto suas pernas
e tiro a mordaça da sua boca. Katharina está com as pernas bambas e o corpo
pingando de suor, ofegante. Viro-a para mim e a beijo suavemente.
— Fique de joelhos com as mãos para trás. —Falo enquanto me afasto
dela, tirando a minha roupa.
Enquanto abro o zíper da minha calça jeans, expondo para ela meu pau
pulsante, bato com ele em seu rosto e lábios.
— Por favor, Boss!
— Não
— Boss....
— Você foi uma menina muito malvada mentindo para mim, bella mia.
Não merece ser recompensada, não por sua indisciplina
— Me perdoe, Boss.
— Se entregue Katharina, se você se entregar plenamente a mim terá seu
Dom completamente para você. Vou conhecer todas suas necessidades, seus
desejos, seus medos e dores, se entregue a mim.
— Eu não posso — diz rouca, me enfurecendo.
Sua resiliência me enfurece, tudo que eu quero é ter dominância total
sobre ela.
— De joelhos e cabeça baixa — ordeno duramente, me segurando para
não pegar pesado demais no seu castigo.
Escolho o chicote de tiras e vou alternando os lados, dando chicotadas
em seus seios, coxas e pernas, que logo começaram a apresentar um delicioso
tom avermelhado. Os gemidos passaram a ser mais altos a cada golpe do meu
chicote e ela ficava mais desesperada. Me ajoelho em sua frente e levo minha
mão a sua boceta, que escorre de tesão. Levo meus dedos até sua boca e ela
chupa rapidamente, fechando os olhos.
— Você é uma menina má, Katharina, mentindo para o seu dono.
— Eu não menti, por favor.
— Tentando me enganar novamente — digo, acertando o chicote na sua
boceta, fazendo-a gritar de susto e lágrimas descerem pelos seus olhos — Vai
continuar negando para seu mestre que sabe onde Rebeca está?!
— Eu não sei...
Não a deixo terminar, puxo seus cabelos com força a colocando de pé.
— Eu não gosto de mentiras — falo, virando de costas para ela,
escolhendo um vibrador bullet
Ela engole em seco quando coloco em sua boceta na rotação mínima e
me pergunto o quanto ela ainda vai aguentar. Me sento na poltrona de couro em
sua frente, massageando meu pau, olhando para ela tremendo de vontade de
gozar. Katharina morde os lábios para não gritar conforme eu vou aumentando a
velocidade. Quando percebo que ela vai gozar, paro a vibração.
— Por favor, Boss — súplica, louca para gozar.
— Você sabe onde Rebeca está, Katharina?
— Por favor...
— Vou refazer a pergunta, Katharina, podemos ficar a noite toda aqui.
Você sabe onde Rebeca está?
— Sei, eu sei onde ela está, porém não posso deixar Dante a encontrar,
ela vai acabar morrendo! — grita, chorando.
É um choro sentido, tenho certeza que com apenas um toque ela entrará
em um estado de latência.
— Você se entregou a mim, bella mia, me sinto honrado por isso. Eu não
farei nada quanto a sua amiga fujona, porém, caso Dante a encontre eu não
poderei interceder a favor dela. — Falo, sendo benevolente e pela primeira vez
em minha vida eu me vejo colocando a vontade de uma mulher acima da Cosa
Nostra.
Meu coração está acelerado, o prazer de ver a sua entrega é como uma
dose de êxtase.
Limpo as lágrimas que escorrem pelo seu rosto, levanto seu corpo e beijo
sua boca, louco para sentir seus lábios nos meus.
— Você foi maravilhosa, amore mio, me deu um prazer jamais
imaginado — falo, beijando suavemente seus lábios vermelhos.
Levo dois dedos meus na boca e em seguida massageio sua boceta com
os mesmos, enquanto volto a beijar sua boca. Esfrego meus dedos em seu clítoris
duro, para frente e para trás, fazendo um movimento ritmado e forte, ela treme,
se curvando para frente enquanto eu engulo seus gemidos de prazer. Me afasto e
chupo meus dedos, cheio do seu gozo.
— Vem aqui, amore mio, me dê essa boceta na cara, que eu quero chupa-
la até ter você desmanchando para mim.
Me sento na cama de dossel e ela caminha rapidamente até mim, deito
com ela por cima e Katharina monta na minha cara com gosto, esfregando sua
boceta safada na minha boca e treme gozando com o simples toque da minha
língua na sua boceta.
— Ahhh, não para delícia, Ahhh! — ela grita.
Chupo sendo dó nem piedade, lambo, mordo seus grandes lábios e
esfrego minha língua no seu buraco. Ela está vibrando de tanto prazer,
esfregando sua boceta em todo meu rosto. Eu fricciono minha língua dura na sua
entrada e mordisco seu clítoris, fazendo ela tremer e desabar sobre mim. Viro-a
na cama, seguro suas mãos para cima e de uma vez só eu meto meu pau dentro
da sua boceta. Levanto suas pernas, coloco em meus ombros, deixando-a bem
arreganhada e soco com vontade, ouvindo o som dos nossos corpos se chocando.
— Você me deixa louco, Katharina, estou viciado nessa boceta.
— Não para, quero mais! — ela grita e então me beija.
A conexão entre nós dois é tão intensa que sinto a besta dentro de mim
rugir. Tudo nela me encanta, me fascina e me enlouquece. Sua língua brinca com
a minha e então ela me morde, lambendo meus lábios enquanto eu continuo com
as arremetidas dentro dela. Sua boceta está esmagando meu pau, enquanto o
plugue está apertando seu rabo.
— Isso é muito bom, não para, estou quase gozando — diz, gemendo.
Uso a minha mão para massagear seu clítoris inchado e ela grita,
gozando tão forte que tem uma ejaculação feminina. Sorrio, orgulhoso da minha
mulher, beijo a sua boca, colocando-a por cima de mim, com meu pau ainda
duro e longe de estar satisfeito dessa mulher. Ela monta no meu pau com
vontade e eu ajudo a se mexer de maneira gostosa.
— Ah... ah... ah... Dimitri, por favor! — geme Katharina, puxando minha
cabeça para os seus seios, se oferecendo, rebolando no meu pau.
Agarro sua cintura e meto com força, ao mesmo tempo em que a puxo
forte para baixo e para cima, fazendo sua boceta faminta engolir tudo, ser
literalmente fodida. Estoco sem parar, a cada metida solto um grunhido feroz,
sua boceta engole meu pau com gula, aperta e ondula ao meu redor.
— Bella mia... você... foi feita... para mim — digo, com os dentes
cerrados, entre estocadas.
— E você é todo meu, Boss — ela diz e geme alto rebolando mais
rápido.
— Goza vai, quero te ver gozando no meu pau — meto mais bruto e bato
com força em sua bunda.
Katharina goza, mordendo meu ombro, sinto sua boceta ondular e me
apertar e gozo fundo nela, enterrado até as bolas.
— O que você diz ao seu mestre quando ele te faz gozar, bella mia?!
— Obrigada, Boss — fala, cansada.
Ela desaba sobre mim e eu a abraço, completamente louco por essa
mulher. Beijo sua testa e a pego no colo, caminhando até o banheiro. Coloco ela
sentada sobre a tampa do vaso enquanto a banheira enche, tenho todo o cuidado
para banhá-la com sais relaxantes e aplicar uma pomada cicatrizante em sua
pele. Katharina já está dormindo quando termino, visto apenas minha boxer e
deito ao seu lado na cama, sem sono, tentando entender essa montanha de
sentimentos que venho tendo desde que eu conheci essa mulher. Som de tiros
começam a ser ouvidos do lado de fora e Katharina, que estava dormindo em
meus braços, abre os olhos, assustada.
— O que está acontecendo?
— Ainda não sei, fique aqui, vou verificar — falo, colocando uma calça
e pegando minha arma. — Não saia deste quarto até eu voltar — falo, firme.
Saio pela porta e vejo uma confusão, várias mulheres correndo e
gritando, alguns homens tentando se vestir e não consigo entender o que está
acontecendo. Caminho para onde parece vir toda a bagunça e vejo uma mulher
cheia de sangue correr por mim, desesperada.
— O que está acontecendo? — Pergunto a um dos seguranças
— Ainda não sei, senhor, houve alguma confusão e ouvimos tiros, os
seguranças do território já foram chamados.
Uma correria se instala, quase meia hora depois, conseguimos separar a
briga. Um dos associados do clube foi assassinado pela esposa, que o seguiu e ao
entrar no primeiro andar, pegou o marido em meio a uma orgia. A mulher foi
detida por sorte, apenas o marido dela foi morto, um dos homens da família
Bruschetta conseguiu contê-la antes que ela atirasse em outros sócios. Todos
foram mandados embora e a madrugada encerrada quando volto ao quarto.
Estranhamente, conforme me aproximo da minha sala, começo a ficar nervoso, a
porta não está mais fechada como tinha deixado. Entro na sala e não vejo
Katharina, corro até o banheiro e o mesmo também está vazio.
— Katharina.
Chamo por ela, tentando me convencer que é apenas uma brincadeira,
porém ao perceber que suas roupas, assim como seus sapatos, estão no mesmo
lugar, começo a ficar nervoso.
Ligo para Chaise, que ficou do lado de fora fazendo a segurança,
tentando descobrir se Katharina saiu, porém a sua resposta me assusta. Katharina
não foi vista. Chamo Augustus, meu segurança e todos os outros homens que
vieram com a gente.
— Ela deve estar em algum lugar do clube, procurem, onde quer que ela
esteja, Katharina precisa parecer.
— Eu vou checar as câmeras — fala Yan.
Meia hora depois, estou descontrolado.
— Onde ela está?
— Sinto muito, senhor, as câmeras foram cortadas, não há uma imagem
sequer do dia de hoje, não sabemos por onde ela passou ou como ela passou sem
ser vista pela nossa segurança. Meu coração está acelerado com hipóteses do que
pode ter acontecido com ela, quando recebe uma foto no celular.
"De uma rosa toda despedaçada"
Não preciso de mais nada para saber que Katharina foi sequestrada.

Acordo com sons de tiros sendo disparados. Dimitri veste sua calça e
pega a arma, me mandando ficar no quarto enquanto ele verifica o que está
acontecendo.
Visto sua camisa, que estava jogada no piso de madeira do quarto e
minha calcinha e me sento na cama, totalmente desperta, meu corpo está todo
dolorido, nem mesmo o tratamento, ou aftercare, ou seja, cuidado que o Dom
tem com sua submissa após uma cena, que inclui pomada e o relaxante muscular,
até mesmo massagem, não conseguiu aliviar a dor que sinto na minha bunda.
Estar com Dimitri é como estar em uma gangorra de sentimentos. No começo
vem à ansiedade, à vontade, o desejo inigualável, a angústia e a catarse em um
orgasmo devastador. Na D/S tudo é um processo psicologicamente tortuoso.
Alguém bate na porta e fico na dúvida se devo abrir ou não, porém, acabo me
decidindo por abrir quando lembro que Dimitri não levou nenhuma chave.
Assim que abro, vejo dois homens armados na porta. Tento fechar, mas
um deles coloca o pé na porta e tudo que eu posso fazer é me afastar, tentando
encontrar algo para me defender, porém os dois são rápidos e entram no quarto,
puxando meu cabelo.
Giro meu corpo, dando um chute na arma do moreno quando o segundo
me derruba no chão com um soco na costela.
Meu corpo treme, eu sei que eles querem me levar e não sairei desse
quarto, não, sem lutar. Impulsiono meu corpo para trás e levanto dando uma
cotovelada no bosta número um. Me esquivei do segundo, porém sou puxada
pelo braço e tento me debater, mas é tarde demais, o primeiro bosta colocou um
pano no meu nariz com cheiro forte de clorofórmio. Eu ainda me debato e tento
chutá-lo, mas é inútil, a droga já tinha entrado nas minhas vias aéreas e eu acabo
apagando.

Sinto algo amargo na boca, mas não consigo abrir os olhos, pois meu
corpo está mole demais. Alguém balança meu corpo como se quiser me acordar,
porém eu não tenho força para voltar à consciência. Não sei quanto tempo se
passa entre eu tentar abrir os olhos até conseguir ficar mais consciente a ponto de
ouvir.
— O que vocês dois fizeram com ela? — Uma voz dura grita, me
fazendo franzir o cenho.
Abro os olhos devagar, sentindo muita dor de cabeça, então me dou conta
que estou deitada em uma cama dura e o lugar onde estou está escuro, com
cheiro forte de ferrugem.
— Ela está acordando, senhor. — diz uma voz.
Então, olho em direção a porta e vejo dois homens de pé, um eu
reconheço imediatamente como o capanga número dois, o outro me parece
familiar, porém a minha mente está lenta e demoro um tempo para reconhecer
que é Alesso ali, na minha frente.
— Que bom que acordou, russa, estava pensando que meus homens
tinham pegado pesado demais com você.
— O que fizeram comigo, onde estou?
— Muitas perguntas, rosa.
— O que querem comigo, porque me sequestraram? — Pergunto de uma
vez, com a voz trêmula.
— Você deu uma canseira nos meus homens, foi difícil armar toda aquela
confusão na boate para trazê-la para cá. Por pouco Dimitri não chega no quarto
antes que a tirássemos de lá.
— O que quer comigo, Alesso? Dinheiro eu sei que não é, então diga de
uma vez porque estou aqui! — Falo, sendo direta.
— Direta você, gosto disso, talvez essa sua língua afiada e esse corpo
bonito justifique o porquê de Dimitri estar tão encantado por você! — Fala ele,
viajando em devaneios.
— Me solta — falo ao perceber que minha perna está acorrentada em
uma corrente de metal.
— Não sem antes conseguir o que quero. Já não tenho nada a perder,
russa, Dimitri já descobriu que estive todo esse tempo tramando contra ele. Você
será minha moeda de troca, vou usar o que ele ama para fazê-lo desistir do cargo
de chefe da Cosa Nostra.
— Você está delirando se acha que Dimitri vai aceitar abrir mão da Cosa
Nostra por mim.
— Digamos que darei um incentivo para que ele assim faça! — Diz de
maneira macabra, se aproximando de mim.
Estremeço e me encolho no canto da parede o máximo que as correntes
em meus pés me permitem.
— Eu assisti sua prova de fogo, sei do que é capaz, pelo visto teve
treinamento de elite na bratva e levando isso em conta me precavi — fala ele,
mostrando as correntes chumbadas na cama de concreto.
— Não chega perto de mim, traidor.
Ele sorri e entrega o celular para seu capanga. Um sentimento de horror
toma conta de mim, imaginando o que ele pretende fazer.
— Olha o que temos aqui, chefe, uma bela rosa russa — diz o asqueroso,
tocando meu cabelo e olhando para a câmera.
— Sabe, sempre fiquei curioso para saber o que ela tem de especial para
o manter tão encantado, mas não se preocupe, chefe, eu irei experimentar para
saber o que ela tem de especial.
— Não ouse me trocar, seu verme.
Cuspo na cara dele, que sorri, limpando e olha para mim com ódio.
— Vai ser divertido esmagar sua rosa, Boss, vamos ver no final o que
sobrará da dama da máfia. — Fala, abrindo o paletó enquanto eu me esquivo o
máximo possível — Foi difícil durante todo esse tempo dissimular o desprezo
que eu sentia por você, por muito tempo eu preparei a minha subida ao poder,
mas você acabou sendo mais esperto e descobriu meus segredos. Não se
preocupe, já dei um jeito na economista de merda que me entregou.
— Você não vai me tocar — digo com nojo quando o mesmo desce a
calça social, ficando de boxer branca.
— Não se preocupe, querida, quando acabar com você, não sobrará nada
para seu marido.
O capanga continua apontando o celular em nossa direção, gravando toda
cena.
Alesso segura meu braço, me puxando para a beirada da cama, porém eu
soco seu nariz, fazendo com que o mesmo sangre. Ele devolve, me acertando um
tapa tão forte que minha cabeça bate contra a parede. Levanto meu rosto e olho
para o celular sabendo que será meu fim.
— Não entregue nada que esse traidor pede, mate, mate todos eles!!! —
grito a plenos pulmões e sinto meu cabelo ser puxado.
Outro tapa na minha cara, minha boca enche de sangue, lágrimas
brotaram em meus olhos com a dor intensa no meu maxilar.
Alesso fecha os olhos com força, consigo sentir o tremor de ódio no seu
corpo.
— Quem pensa que é, vagabunda, para me bater? Está vendo, chefe, eu
queria entregar sua rosa inteira, mas ela não colabora, terei que quebrá-la!!
Ele aperta meu pescoço com força, me tirando o ar, tento me segurar e
não me debater, mas é inútil. O sangue vai esquentando na minha cabeça e eu
não consigo respirar, até que ele para, mas está longe de acabar e acerta um soco
forte no meu abdômen.
A dor que sinto é imensa e faz minha vista escurecer. Tento me defender,
mas estou fraca e acorrentada e ele distribui uma sequência de socos por todo
meu corpo. Estou a ponto de desmaiar tamanha dor, quando ele para de me bater,
tira a boxer e eu tremo, tudo menos isso.
— Não faça isso. — Consigo dizer, mesmo com a boca cheia de sangue.
Ele se aproxima e puxa minha calcinha. Eu o chuto e levo outro tapa.
— Filma bem o que vou fazer com ela! — diz ao capanga.
Eu não consigo evitar que as lágrimas de dor, medo e de horror tomem
conta do meu rosto.
— Por favor, não faça isso!
Suplico quando ele pega uma faca e corta a camisa de Dimitri, que era a
única barreira que me protegia dele.
Ele sobe em cima de mim e eu só consigo gritar para ele parar.
— Eu estou só começando, rosa.
Alesso agarra meu braço e me puxa até a cama, tento sair debaixo dele,
mas é inútil, ele coloca todo seu peso contra mim, me prendendo na cama.
Coloca dois dedos dentro da minha intimidade e eu grito de nojo, medo e pavor.
— Não faça isso, me solta, pode me bater, me espancar, me torturar, só
não faça isso! — digo com a voz embargada pelo choro. — Para!! Para! — Grito
enquanto ele coloca seus dedos imundos dentro de mim.
Ele sorri de lado e não diz nada, aperta meu seio direito com tanta força
que suas unhas arranharam minha pele. Seus dedos nojentos fazem movimentos
repetitivos dentro de mim, enquanto tento chutá-lo, mas as correntes não me
deixam.
— Traz as algemas para mim — ele fala e então eu percebo outro homem
no quarto, esse eu não sabia quem era.
Eu não tenho como me defender, me sinto acuada, fraca e abandonada,
ali eu estou sozinha, acorrentada e com as mãos algemadas, enquanto o monstro
abusa de mim.
— Por favor!
Eu soluço quando sinto a cabeça do seu membro.
— A vadia é apertadinha, está explicado porque gosta tanto dela — ele
sorri para a câmera e eu fecho os olhos, tentando me entregar à inconsciência e
não sentir essa dor horrível.
— Está vendo isso, Dimitri, eu estou apenas começando, quanto mais
tempo demorar para me dar o que eu quero, mais sua rosa vai sofrer — ele diz e
grito:
— Para, para!!! — Tento arranhá-lo, mas as algemas impedem que eu me
mexa, então eu o mordo na orelha com toda a minha força, arrancando um
pedaço da mesma.
Ele grita de dor e dá um soco tão forte no meu olho, que não consigo
mais abri-lo.
— Vagabunda, gosta de morder, cadela, então eu vou morder você,
desgraçada. - Se inclina sobre mim e morde meu seio esquerdo, chegando a
machucar.
Eu só desejo morrer e não ver o que ele está fazendo comigo, mas a
minha mente me mantém consciente durante todo ato. Alesso não tem piedade,
não, ele quer me machucar, ele se vangloria, olhando para a câmera, vendo meu
corpo todo machucado.
— Por favor... — suplico
— Cala a boca, puta, eu só estou começando — diz, dando outro tapa na
minha cara.
Nesse momento eu já não tenho forças para lutar, meu corpo e minha
alma estão tão feridos que prefiro me manter inerte para que assim essa tortura
acabe logo e ele me mate de uma vez.
— Ah gostosa.
Seu membro continua a me machucar e ele me estapeia quando percebe
que eu vou desmaiar. Essa tortura dura uma hora, que parece mais uma vida
inteira.
Ele goza dentro de mim, me tornando tão imunda quanto ele.
Eu já não sou Katharina quando tudo acaba. Não, eu não sou mais nada,
apenas um pedaço de lixo.
— Viu o que eu fiz com sua rosa, Dimitri, entregue o poder da Cosa
Nostra. Quero que você abdique do cargo em uma reunião no alto conselho.
Entregue o poder para a família Luchese, ou seja, para mim. Caso não queira
fazer isso, saiba que eu fui apenas o primeiro, meus homens estão ansiosos para
experimentar a sua russa.

Chego na fortaleza com muita dor no corpo e alguns cortes também,


devido ao meu confronto com a detetive. Tive que passar no hospital da máfia
para colocar meu nariz no lugar, por sorte não quebrou, foi apenas uma torção.
Vou direto para o meu quarto tomar um banho, tiro as roupas sujas, jogando em
qualquer lugar do quarto e entro no banheiro, tomo um banho gelado, do jeito
que eu gosto e conforme a água cai, eu penso em formas nada delicadas de matar
a maldita Gabriela.
Me pergunto como ela conseguiu aquela foto e como ela está tão perto de
descobrir tudo sobre a Cosa Nostra. Apesar de ela não ter visto meu rosto, não
vai ser preciso muito para entender quem é meu irmão. Porém, sem provas ela
não tem nada, tudo foi queimado se tornou cinza e será a palavra dela contra a
minha, um empresário respeitado contra uma ex agente demitida. Ela pode até
tentar, mas não vai conseguir acabar conosco.
Desligo o chuveiro, me enrolo em uma toalha, entrando no closet,
escolho uma camisa social e calça. Enquanto eu me visto posso ouvir a
movimentação lá embaixo, no mínimo devem ser Dimitri e Katharina brigando.
Termino de me arrumar e desço para o térreo. Encontro Dimitri totalmente
transtornado, com duas armas nas mãos, apontando para Augustos, Chaise e
outros dos nossos homens.
— O que aconteceu aqui? — Pergunto, receoso.
— Esses imbecis deixaram Katharina ser sequestrada. — Ele fala com
ódio e sinto meu corpo congelar.
— Como assim, sequestrada?! — Pergunto em pânico.
— Nós estávamos na boate quando uma confusão começou, eu a deixei
na minha suíte, porém ao voltar no quarto ela já não estava lá, as câmeras de
segurança foram apagadas e esses incompetentes não viram a saída dela de lá. —
Ele fala, possesso de ódio.
— Precisamos fechar as fronteiras para que não a levem de Palermo.
— Já fiz isso, senhor. — diz Augustus, nervoso com a besta fora de
controle.
— Tem alguém que possa ser suspeito?
Nessa hora, a porta volta a abrir e dessa vez é Vicenzo, sendo carregado
por Daniela e outro dos nossos homens.
— Que porra é essa? — Questiono, sem entender o que inferno tá
acontecendo.
— Me fala que, para você estar nesse estado, Alesso está pior! — fala
Dimitri, amargo.
— Foi uma armadilha. — Informa Daniela, colocando Vicenzo no sofá.
— Alesso, de alguma forma, sabia da nossa chegada, ele colocou um
sósia para me enganar e por pouco eu não morri. O traditore colocou uma
bomba na casa, só sobrevivi porque pulei a janela direto para a piscina, se não
fosse isso estaria morto, mas perdi oito dos meus homens nessa missão.
— Como assim, Alesso nos traiu?! — Questiono a Vicenzo, que tira um
pedaço de vidro da perna com ajuda de Daniela.
— Exatamente, o maldito estava junto com os Calvatário, se você tivesse
atendido o telefone quando te liguei, saberia.
— Como posso estar rodeado de incompetentes, como o deixou escapar?
Maldito, desgraçado, deve estar rindo de nós uma hora dessas — fala Dimitri,
emputecido.
— Você, Lorenzo! — diz, apontando para mim ainda com a arma em
mãos. — Ao menos você conseguiu cumprir a simples missão que te ordenei? —
Questiona autoritariamente.
— Infelizmente, não, chefe, a detetive escapou. — Respondo,
envergonhado por não ter cumprido minha missão.
— Como podem ser tão inúteis, do que me serve meu subchefe e meu
conselheiro se são dois incompetentes?! Alesso pode ter pego Katharina.
— Katharina?! - Pergunta Vicenzo, confuso.
— Ela foi levada do clube há pouco tempo atrás.
— Merda, caralho, só pode ser ele — diz Vicenzo.
— Daniela, tente rastrear o celular de Alesso, preciso saber onde ele está
e se ele está com Katharina — fala Dimitri, delegando ordens — Vocês dois
falharam comigo, não protegeram a minha mulher, a Dama da máfia,
principalmente você, Chaise — ele fala, agora olhando para Augustus e Chaise
Nessa hora eu já temia que os dois fossem mortos, Dimitri está fora de si,
descontrolado de uma maneira como nunca vi. Ele aponta a arma na cabeça de
Vicenzo e eu sinto o suor escorrer pelo meu rosto.
— Não faça isso, chefe, precisamos dos dois para encontrar Katharina —
fala Vicenzo, tentando ficar de pé, mas sua perna está muito ferida e ele quase
caí no chão, porém é amparado por Daniela
— Chaise é um ótimo rastreador e Augustus foi treinado pela família
Luchese, ele conhece mais daquela família do que qualquer um dos nossos —
falo, tentando convencê-lo.
— Vocês dois escaparam por hora, mas assim que Katharina for entregue,
terão a punição que merecem por terem falhado comigo.

Estou ferida, a dor em meu corpo é terrível. Depois que parei a moto em
um motel perto da doca e meu corpo esfriou, a adrenalina começou a baixar e
pude sentir toda a dor possível. No quarto de motel eu abri o kit de primeiros
socorros com os medicamentos que comprei em uma farmácia de um conhecido
meu, sentei na cama com a perna direita sangrando muito, tirei a calça com
muita dificuldade e então eu pude ver a gravidade do corte, joguei água
oxigenada para limpar e tive que morder o travesseiro para não gritar.
Abri a embalagem com a agulha de costura e linha e comecei a costurar
todo o ferimento para conter o sangramento, quando terminei, limpei e coloquei
uma bandagem por cima.
A ferida estava queimando muito e senti que meu corpo começou a ficar
febril, tomei dois analgésicos fortes e um antibiótico para o corte que não
infeccionasse.

Tomo um banho quente e visto a mesma roupa que estava, sento na cama
e decido ligar para o juiz Falcone e avisar que a Cosa Nostra está no nosso
encalço, ele precisa se proteger antes que eles façam algo contra ele.
— Detetive Meireles.
— Boa noite, magistrado.
— Tínhamos combinado que não ligaria para mim nesse número.
— É uma urgência, não tive outra saída a não ser ligar.
— O que houve? — Pergunta, já atento.
— A Cosa Nostra tentou me assassinar, não sei como, mas eles
descobriram onde eu me escondia. Infelizmente, perdemos as provas que
tínhamos sobre o cabeça da máfia.
— Precisaremos redobrar a segurança, pois esses bandidos não estão para
brincadeira.
— Juliano Sacra falou algo que possamos usar?
— Pergunto, lembrando que ele é o único mafioso do alto escalão que
conseguimos prender.
— Infelizmente não, ele não abriu a boca, nem mesmo sob a promessa de
retirarmos todas as acusações contra ele, o velho é casca dura.
— O que faremos agora? — Pergunto, me sentindo frustrada.
— Juliano já é carta descartada do baralho, já que o juiz Signorino
declarou sua soltura mediante fiança, ele aguardará em liberdade o julgamento.
— Merda, estamos em um beco sem saída. — Falo, inconformada.
— Não totalmente, Vitório pode ter informações úteis sobre a família
Luchese. Se prendermos Alesso pode ser mais fácil fazer ele abrir a boca, ele
tem que ser o próximo a ser preso.
— Falarei com Vitório, por hora o melhor é você se esconder.
— Mandei minhas filhas para os Estados Unidos, porém minha mulher
decidiu ficar.
— Tudo bem, continuarei seguindo Salvatore Rinna e tentando de
alguma forma provar que não só ele está envolvido com a máfia, como é o chefe
de toda Cosa Nostra.
— Certo, tome cuidado, o melhor agora é você usar um disfarce.
— Tem razão, nos falamos assim que tiver algo mais concreto em mãos.
Desligo o telefone e envio uma mensagem para Vitório, perguntando se
havia alguma forma de convencer Alesso a falar. Não demora muito para ele me
ligar.
— Vitório — digo ao atender.
— As coisas estão complicadas aqui, Gabriela, eu quase fui descoberto.
Sinto que logo terei que abortar a operação.
— Existe alguma chance de que, ao prendermos Alesso, ele coopere com
a gente?
— Muito difícil, tudo que esse homem quer é poder e controlar a Cosa
Nostra. Sinto que ele está armando para tirar o chefe do poder. — Diz ele, me
deixando confusa.
— Como assim? — Questiono.
— Ele parecia nervoso ontem, mandou os seus homens de confiança para
um galpão de armazenagem e deixou outros na casa. Não sei o que está
acontecendo, mas é coisa grande.
— Tudo bem, me avise se algo acontecer. Vou falar com os outros
agentes da federal para prepararmos uma operação para prender Alesso o quanto
antes, então você poderá sair do disfarce.

Por muito pouco agora eu estaria morto, se não fosse a piscina


provavelmente essa hora eu não estaria aqui, entretanto eu falhei na minha
missão, Alesso escapou e além disso nos fez perder vários homens. O caos está
instaurado, Dimitri está fora de controle, ameaçando matar Deus e o mundo se
não encontrar Katharina e por muito pouco Chaise não foi morto. Meu telefone
toca e rapidamente eu atendo ao perceber que é Juliano.
— Diga, Juliano.
— Consegui sair graças a um esforço da parte do nosso amigo juiz. Estou
indo para casa e ficarei incomunicável para não chamar atenção dos tiras.
— Certo, as coisas não estão indo bem por aqui, precisarei de alguns
homens seus aqui em Palermo.
— Tudo bem, mandarei alguns dos meus.
— Transfira seus carregamentos para o Tom Hide, ele vai cuidar de tudo
até ser possível seu retorno. — Falo, pensando em como agiremos agora, já que
estamos sendo atacados por todos os lados.
— Desliga essa porra!!! — grita Dimitri, sem paciência.
Encerro a ligação e nesse momento Luigi abre a porta para Damon.
— Tenho algo que pode nos ajudar — fala Damon ao entrar na sala.
Ele, assim como os outros capos, foi avisado da traição de Alesso e se
prontificou a nos ajudar a encontrar Katharina e Alesso.
— Espero que ao menos você faça algo que preste — fala Dimitri para
Damon, que engole em seco.
— Eu consegui capturar um dos homens da família Gambino perto da
fábrica de sal.
— Traga ele até aqui — diz Dimitri de maneira brutal.
Seu olhar é de puro ódio vendo o homem algemado sendo arrastado por
Damon.
— Levem-no para a mesa de centro.
Ordena Dimitri e então Damon arrasta o homem algemado até o meio da
sala. Dimitri sorri sadicamente ao ver o homem tremer de medo, sendo preso em
cima da mesa. A fama de Dimitri já é conhecida entre todos, ele é um homem
cruel ao se tratar de tortura, mas não é ele a torturar o homem e sim Lorenzo.
Tenho a impressão que Dimitri está se segurando para descontar toda sua fúria
apenas em Alesso. Dimitri apreciava o momento de dor do homem, para mio
fratello não existe melhor sensação do que ver o horror, o medo e a dor nos
olhos das pessoas. Lorenzo também não ficava atrás, ele aproxima a barra ferro
da perna do homem e gargalha diante do grito de dor.
— Não vai dizer onde ele está? — Pergunta calmamente.
Em meio aos gritos de dor, o homem acaba falando que Alesso tinha
esvaziado a sua casa e não tinha nem ideia para onde ele estava indo. Lorenzo
atira no traidor, pois para nós ele não serve de mais nada, um homem que abre a
boca e deleta seu chefe não é digno de confiança, é nesse momento que Dimitri
recebe uma mensagem no celular.
— Espera, chefe, não abra ainda! — alerta Daniela, concentrada em seu
computador.
— Um vídeo de um número desconhecido.
— Vou tentar rastrear de onde a mensagem foi enviada, espere um
minuto. — Ela diz, digitando sem parar. — Vou abrir por aqui, só um segundo.
— Ela coloca o notebook em cima do aparador da sala.
A imagem congelada do play era um fundo escuro e não dava para ver
bem do que se tratava, mas bastou o vídeo começar para entendermos que porra
estava acontecendo.
Eu não consigo olhar, não consigo assistir a cena nojenta em nossa frente,
Daniela já está com lágrimas nos olhos e Dimitri não tira os olhos da tela do
computador, não até o vídeo terminar. Seus olhos se tornam macabros como
nunca vi antes. Ele segura o celular tão forte nas mãos que o aparelho se quebra,
fazendo com que pedaços de vidros se enfiassem em sua pele, Lorenzo estava
estático, não havia palavras para descrever o que o maldito Alesso tinha feito.
Dimitri já não estava aqui e sim a Besta que todos nós tememos.

Há dias que o desejo de ferir e matar é forte demais. Dias como hoje em
que a casca fina de civilidade se rompe, revelando o monstro que vive em mim.
A cena que se passou na tela daquele computador foi descascadora e a dor que
estou sentindo é diferente de tudo que já senti. O rosto de Katharina está gravado
em minha mente, posso viver mil anos que jamais esquecerei aquele olhar morto
e vazio, da sua expressão de dor e de angústia conforme o miserável a
machucava. Eu não a protegi, eu falhei com ela e nesse momento ela está nas
mãos dele, sendo estuprada e ferida das piores maneiras possíveis.
— Desliga isso, Daniela!!! — grita Lorenzo.
Um silêncio absurdo toma conta da sala.
— O que vamos fazer?! — Pergunta Lorenzo.
— Dimitri não pode dar o que ele quer - Damon diz, mas eu não presto
atenção em nada do que dizem, minha mente está vagando para Katharina,
minha mulher, minha rosa, bella mia está sendo torturada por minha culpa, isso
não pode estar acontecendo com ela, não posso deixar que ele a machuque.
— Eu irei até ele — falo, já com a decisão tomada.
— Damon, Daniela, podem nos deixar sozinhos? — Lorenzo fala para os
dois.
Os dois saem, deixando apenas eu, Vicenzo e Lorenzo na sala.
— Você não está pensando em fazer isso, não é?! — Vicenzo diz.
— Não tenho saída, ele não vai libertá-la!! — Grito, possesso.
— A família vem em primeiro lugar! — Vicenzo grita também.
— Ela precisa de mim, porra !! — falo, me sentindo sem saída.
Eu não posso dar o que ele quer e também não posso deixá-la.
— Buon Vespero e santa sera ai santisti! Mesmo nesta santa noite, no
silêncio das trevas e sob a luz das estrelas e do esplendor da lua, formo a santa
cadeia! Em nome de Garibaldi, Mazzini e La Marmora, com palavras de
humildade, formo a Santa Sociedade Cosa Nostra, sangre del mio sangre.
Lorenzo e Vicenzo repetem o juramento da máfia, juramento esse que fiz e
nunca quebrei durante os últimos dez anos em que estou no poder.
— Chefe, descobri a localização do número que mandou o vídeo. — Diz
Daniela, voltando para a sala.
— Me diga onde ele está! — Ordeno.
— Dimitri, pensa bem no que você vai fazer! - Vicenzo ainda tenta me
impedir.
— Eu sou o Capo dei capi da Cosa Nostra siciliana e tomarei as minhas
decisões.
Em menos de uma hora tudo estava pronto, os documentos da minha
renúncia estavam assinados. Vicenzo relutou, mas acabou assinando como
minha testemunha, assim como Lorenzo, como manda a tradição. Tive que ser
firme ao dizer que iria sozinho ao local, não poderia arriscar ainda mais a vida de
Katharina. Vicenzo ainda tentou me seguir, mas devido aos seus ferimentos mal
conseguiu ficar de pé.
Eles pensam que eu vou totalmente sozinho, mas não sou amador a ponto
de confiar em Alesso, por isso Augustos e Chaise já estão nas docas de tocaia
para me ajudar a sair de lá vivo e com Katharina. Eu não tive muita escolha, se
viesse com escolta provavelmente Alesso perceberia. É uma missão suicida, sim,
mas por Katharina valeria a pena qualquer risco. Estaciono uma quadra antes da
entrada do porto e com uma Ak 47 na mão e munição o bastante para fazer
muitos buracos, caminho pronto para salvar a minha rosa.
Se existisse um Deus no céu, ele me ajudaria a tirar ela de lá viva.
Katharina não merece todo esse sofrimento, não ela, não a minha Katharina.

Todos nós descemos, já com as armas em punho e tudo que penso é


numa forma de tirar Katharina daqui o mais rápido possível. Conforme nos
aproximamos, posso ver alguns homens armados vigiando, apontando suas
armas para mim, há muitos contêineres e caminhões de carga e caminho em
direção onde imagino ser um pátio central.
— Quero saber onde está o chefe desse circo. Não quer mostrar a cara,
Alesso, tem tanto medo de mim assim? — falo alto o bastante para que todos
ouçam.
Sou rodeado de homens armados apontando suas armas para mim, porém
não vejo Alesso e muito menos Katharina.
— Vamos acabar com isso, vocês, membros da família Gambino,
lembrem-se que sou a besta da Cosa Nostra. Quanto tempo vocês acham que
Alesso vai ficar no poder? — Questiono, olhando para eles. — Se vocês fossem
espertos ficariam do lado certo, pois tenho muita pena daqueles que ficam no
meu caminho, porque eu posso garantir que suas mortes serão espetaculares.
Todos ficam apreensivos com a minha promessa.
— Pensem bem em suas escolhas, aqueles que ficarem do meu lado,
sobreviveram.
— Tentando subornar meus homens, Dimitri? — fala Alesso, assim que
as luzes se acendem e eu posso vê-lo na ponta do píer, puxando Katharina pelo
cabelo com uma arma apontada para sua cabeça.
Ela está muito machucada e parece drogada pela forma que suas pupilas
estão dilatadas e seu corpo mole.
— Eu estava te procurando, Boss.
— Eu já estou aqui traditore, pode soltar Katharina.
— E acabar com a diversão? Nada disso, olha para ela, veja como está
linda, a russa resistiu bastante para uma simples mulher.
— Tire suas mãos imundas da minha mulher, seu maldito cagna.
— Ainda não aprendeu não é, Dimitri? Eu sou superior a você de todas
as formas.
— Você é um bosta, Alesso, não conseguiu subir na máfia por mérito
próprio e decidiu casar com uma herdeira para alcançar o poder.
— Exatamente, isso tudo é pela posição, é sobre poder, é horrível saber
que um simples serviçal supera a Besta, o Boss, o todo poderoso Salvatore
Rinna?
— Você já tem o que precisa.
Jogo a pasta com os documentos em sua direção, mas ele nem mesmo se
move para pegar e continua com a arma apontada para a cabeça de Katharina.
— Desconfortável, não é? Saber que com apenas um gesto meu, ela
estará morta! — Ele ri de maneira ensandecida.
— Solte ela, Alesso, e eu terei misericórdia em sua morte.
— Acha que está em posição de me dar ordens? Você não é mais o Boss,
a Cosa Nostra não te pertence. — Diz, puxando Katharina ainda mais para perto
da beirada.
— Não faça isso!! — Grito em pânico.
— Olha só, uma rainha e um rei mortos por um único pião, esse é o fim
inevitável do jogo!! — Gargalha feito louco.
— O que você prova matando-a? É a mim que você odeia, deixe-a ir!
— Eu não deixei claro ainda, eu não me importo com quem morre, mas
você se importa, então irei humilhá-lo diante de todo meu clã.
— O que mais quer? — Pergunto de uma vez, querendo salvar Katharina
de qualquer forma.
— Se renda, então talvez eu poupe a vida da sua vadia. No chão, de
joelhos!
Ele ordena como se eu fosse seu serviçal.
— Eu não farei isso. — Rosno, enfurecido pela sua arrogância.
— Quer mesmo medir seu orgulho com a minha misericórdia?!
Ele destrava a nove milímetros e aponta novamente para Katharina, nesse
momento tudo paralisa e eu me vejo fazendo algo que jurei jamais fazer, me
ajoelhar diante de um verme.
A dor da humilhação queima dentro de mim, mas ela nem se comparava
à dor física que eu sentia ao ver Katharina sob a mira daquela pistola.
—Hora, hora, hora, o grande capo, a besta, se curva diante de mim.
— Você tem o que precisa, os papéis estão aqui, a Cosa Nostra é sua,
solte a minha mulher.
Nessa hora um disparo é ouvido.
— NÃO, não!!!!! — Grito, correndo em direção a Katharina, que cai no
mar.
Tiros são ouvidos, muito barulho e tudo que eu faço é correr em direção a
ela.
— Katharina!!! — Grito, desesperado, sentindo meu mundo todo ruir.
Alesso é ferido, porém ele não consegue me atingir, pois muitos policiais
chegam com bombas de gás e eu não perco tempo, pulo no mar em busca de
Katharina.
Mergulho nas águas geladas da Sicília e não a vejo.
— Katharina!! — Chamo, olhando ao redor, tentando encontrá-la.
Mergulho novamente e vejo sangue na água, mas nem sinal dela.
— Katharina, bella mia, onde você está?!! — Grito, então tento enxergar
por baixo da água, mas o sal queima meus olhos e nem sinal dela.
Eu não a vejo e o meu desespero só vai piorando. Nado até sentir meus
braços doerem, lágrimas que imaginei nunca derramar começam a transbordar
pelos meus olhos, meu peito arde de tanta dor.
— Amore mio, onde você está? Katharina.
— Chefe, aqui! — grita alguém, eu olho para trás e então consigo ver
Chaise com um barco pequeno de pesca, segurando Katharina. — Me ajude a
tirá-la da água. — Ele pede e eu nado o mais rápido que consigo.
Ajudo Chaise a colocar ela dentro do barco e subo o mais rápido que
consigo.
— A federal cercou o lugar, foi sorte eu os ter visto antes e conseguido
esse barco. — Ele diz, mas meu foco é Katharina, que sangra muito, seu rosto
está branco, tão pálido que ela parece sem vida.
— Katharina, amore mio, abre os olhos, eu estou aqui — digo, deixando
as lágrimas caírem enquanto eu tiro os fios loiros do seu rosto e tento encontrar
de onde vem o sangue.
O tiro foi em seu abdômen e ela sangra muito, me deixando assustado.
— Mais rápido com esse barco, Chaise.
— Eu estou indo o mais rápido que esse barco velho pode ir, chefe — ele
fala, nervoso.
— Não, Katharina! Não me deixe! — grito em prantos.
Descontrolado, sinto algo morrendo dentro de mim.
— Você tem que ficar bem, por favor, amor, não me deixa. Eu te amo,
minha rosa, a culpa é minha, eu deveria ter te protegido — falo, abraçando seu
corpo gelado — Só não me deixe!
Olho ainda mais desesperado e choro como nunca tinha feito antes.
— Não, não, Katharina, você não pode me abandonar, sem você só me
resta à escuridão, eu não quero ficar sozinho na escuridão.
Sinto seu coração batendo muito lentamente, é como se a vida a estivesse
deixando.
— Ti amo, bella mia!
Tudo aconteceu rápido, mas para mim parecia em câmera lenta,
Katharina foi levada de helicóptero para o hospital da máfia e eu não sai do lado
dela por nenhum momento, nem mesmo quando os médicos queriam me obrigar
a sair do centro cirúrgico.
Eu coloquei a porra da minha arma na testa do diretor do hospital e entrei
no centro cirúrgico. Foram às horas mais angustiantes da minha vida, ver minha
rosa entre a vida e a morte arrancou uma parte do meu coração.
Katharina teve duas paradas cardíacas durante a cirurgia. Nessa hora, eu
me sentei no chão da sala de cirurgia e implorei para o tal Deus para salvá-la. Eu
me vi suplicando para que ele não a tirasse de mim. Minha rainha é forte e
desafiou a própria morte.
A bala não perfurou nenhum órgão importante, mas ela ficaria em
observação pelas próximas 48h para ver como iria se recuperar após a cirurgia.
Quando o cirurgião me avisou que ela estava estável eu senti como se o ar
tivesse voltado aos meus pulmões.
Eu tive que sair da sala de cirurgia para que eles terminassem de cuidar
dos seus outros ferimentos. Ela passaria por uma bateria de exames para
verificar que tipo de droga tinha na corrente sanguínea, um coquetel
antirretrovirais foi ministrado a ela, juntamente com a pílula do dia seguinte,
devido ao estupro. Chaise e Lorenzo ficaram fazendo a segurança do hospital,
Augustos foi baleado e levado com a polícia, mas nem sinal de Alesso.
Eu o queria vivo, a morte era um presente para o que eu pretendia fazer
com ele.
Só me dou conta que minhas roupas estavam todas molhadas quando
uma enfermeira me oferece uma toalha, mas quando vê meu olhar duro se afasta,
assustada.
— Mandei Luigi trazer uma roupa para você. Vicenzo já foi avisado de
tudo que aconteceu, ele está falando com o conselho agora sobre os federais e
Alesso, precisamos encontrá-lo o quanto antes.
— Não tenho cabeça para nada disso! — Falo duramente, encerrando o
assunto, tudo que importa agora é Katharina.
Quase duas horas se passam para enfim Katharina sair do centro
cirúrgico e ser levada para o quarto de UTI. Tomo um banho rápido, aqui mesmo
no hospital, e visto as roupas que Luigi trouxe. Vou até o quarto dela, dessa vez
os médicos me convencem a vestir a roupa apropriada. Ela está dormindo,
apagada com a forte dose de remédios que deram a ela. Não vou sair do quarto,
vou protegê-la e vigiá-la, preciso que ela me veja quando acordar e me perdoe
por ter deixado que isso acontecesse a ela, a minha rosa, que não protegi.
Sentado do lado da cama eu vejo seu corpo todo machucado ligado a vários fios,
suas pálpebras, que guardam seus olhos azuis que tanto amo, estão inchadas, sua
pele pálida, quase translúcida, que eu amo, está vermelha e coberta de
hematomas.
Eu não a protegi como deveria, ela não merecia passar por isso, não a
minha Katharina.
Eu jurei que nunca amaria ninguém, mas não amar Katharina é
impossível. Amar Katharina é como veneno correndo por minhas veias e quanto
mais eu a toco, mais dependente dela eu me torno.
Acaricio seus cabelos loiros, beijo sua testa e faço aqui um juramento. Eu
nunca mais deixarei ninguém a machucar. O dia se arrasta e ela não acorda, me
mantenho no quarto enquanto o médico a examina e a enfermeira troca sua
medicação, é assim por dois dias, até ela ser levada para o quarto. Ela não
desperta em nenhum momento, nem mesmo quando o médico me garante que
ela já não está mais sedada e acordaria a qualquer instante. No terceiro dia,
começo a ficar impaciente, pensando que os médicos do hospital estavam me
enganando e que Katharina estava pior do que eles previram.
No quarto, faço questão de mandar trazer várias rosas para encher o
cômodo, ansioso para que ela pudesse ver as flores quando acordasse. Batem na
porta do quarto, levanto da cadeira que virou minha companheira nos últimos
dias, Lorenzo e Vicenzo passam pela mesma e Lorenzo segura balões e um urso.
— O que pensa que está fazendo?! — Questiono, puto.
— Viemos ver como ela está, já que não sai do quarto e avisar que
Alesso não foi preso. Na verdade, ele escapou de mim. — Fala Lorenzo, me
deixando confuso.
— Como assim? — Questiono.
— Eu segui você quando saiu da fortaleza, eu não o deixaria sozinho
para enfrentar o Gambino, sem contar que, se ele te matasse Katharina, ficaria
desprotegida.
— Então você estava lá!! — digo.
— A nossa sorte foi ele estar lá, pois se não fosse ele, agora estaríamos
todos presos, Lorenzo só deixou Alesso escapar pois estava à procura da pasta,
tivemos sorte, ele conseguiu recuperar os documentos no meio do tiroteio. —
Fala Vicenzo.
— Assim que Katharina estiver bem e em casa,
segura, eu mesmo irei atrás do juiz Falcone. Agora, Alesso, esse eu quero
vivo.
— Como ela está? — Pergunta Vicenzo olhando em direção à cama.
— Ela já deveria ter acordado, não entendo porque ela não acorda, por
que continua dormindo.
— Quando ela acordar, ela vai precisar de muito apoio — diz Lorenzo,
olhando para ela com um olhar que me incomoda.
— Ela terá a mim, eu darei tudo que ela precisar, isso também significa
que não precisa trazer presentes para minha mulher. E se alguém tiver que
comprar algo para Katharina, esse alguém sou eu! — rosno, deixando claro a
barreira que existe aqui.
— Certo, nós estamos de saída. Lorenzo e Damon estão investigando o
paradeiro de Alesso, enquanto eu tomo conta dos negócios da família.
— Certo, cuidem de tudo enquanto eu fico aqui, mas lembre-se, vocês já
falharam uma vez, não vão querer falhar uma segunda. — Dou um aviso claro.
— Ah, Lorenzo não esqueça de levar esses balões horríveis, Katharina
tem vinte e sete anos, não sete para gostar dessas coisas ridículas!!

Mais dois dias se passam e eu já estou aflito, a beira da loucura, a ponto


de invadir a sala do diretor do hospital exigindo que trocasse todos os médicos
que cuidavam da minha mulher. Só me tranquilizo quando mando trazer um
neurologista de renome de Roma para examiná-la.
— Entendo a angústia que o senhor deve estar sentindo, vendo sua
esposa neste estado, mas precisa entender que o corpo dela sofreu um grande
choque, ela está apenas dormindo, em um estado de coma natural. Não há nada
que a impeça de abrir os olhos, ela só precisa acordar sozinha.
— Você me garante que não há nenhum problema no cérebro dela?!
— Não, senhor Rinna, converse com sua esposa, estudos dizem que isso
ajuda muito.
O médico me deixa sozinho no quarto, mas eu não me sinto aliviado. Me
sento novamente na cadeira e olho para a mulher que mudou tudo que existia em
mim. Katharina Peskov Castelaresi, a russa. Uma russa teimosa, feroz e
indomável, tudo que eu jamais imaginei querer e agora não consigo me imaginar
sem. Acaricio seu rosto, sem conseguir evitar uma lágrima quente que escorre
pelo meu rosto.
— Bella mia, não pode continuar dormindo, eu preciso de você comigo,
nem que seja para me enfrentar com sua rebeldia. Todo demônio precisa de um
anjo e você, Katharina, é minha luz em meio ao meu mundo de trevas — paro de
falar por um momento, mas logo retorno. — Não, eu não consigo esquecer a
cena de você caindo naquele mar, eu não consigo esquecer que tudo que você
está passando é culpa minha. Preciso que acorde, amore mio, preciso que abra os
olhos para que eu possa dizer que te amo. Sim. — Sorrio, limpando o rosto.
— Eu amo você, bella rosa, amo cada pedaço seu — paro mais um
momento — Eu não posso viver se for para viver sem você. Não pode ficar
dormindo enquanto eu sofro aqui, sentindo a sua falta. Você, sua bruxa teimosa,
me ensinou o que é amar alguém, me fez sentir coisas que jamais achei ser
possível e agora não pode me deixar aqui nesse vazio, nessa escuridão. Seus
olhos piscam lentamente e eu me dou conta que ela está acordando, ela me
ouviu, ela está acordando. Katarina abre os olhos e olha para mim, porém o tubo
de alimentação atrapalha seus movimentos.
— Calma, amore mio, vou chamar o médico para tirar isso de você.
Rapidamente o quarto fica lotado de médicos e enfermeiros e assim que o
tubo é retirado da boca de Katharina, ela entra em choque com o médico
tentando examiná-la.
— Não me toque, não me toque, tira a mão, tira. — Grita, me deixando
angustiado.
— Saiam todos daqui!!!
— Eu preciso chegar os pontos.
— Sai fora do quarto se quiser continuar vivo.
Todos saem, nos deixando sozinhos, Katharina chora muito e treme,
soluçando.
— Eu estou aqui, ninguém nunca mais vai te machucar, meu amor —
digo.
Me aproximo de Katharina, querendo abraçá-la, entretanto, assim que a
toco, ela congela e fica rígida, seu pranto fica ainda mais intenso. Eu me dou
conta que ela está com medo, com nojo de mim, sinto como se tivesse acabado
de levar um tiro. Aqui, na minha frente, não está mais a minha rosa poderosa e
indestrutível, só restou cacos quebrados que terei muito cuidado em remendar.

Não resisti a procurá-lo, eu precisava falar com ele, ainda mais sabendo
da situação em que a Cosa Nostra se encontra. Não sei qual será a punição que
Dimitri dará a mim.
Eu falhei, não a protegi, não como deveria, eu falhei e por conta disso ela
está no hospital agora e por muito pouco não está morta.
— O que faz aqui, como entrou na minha casa? — Pergunta ele, bravo.
— Pela porta, não aguentei, precisava vê-lo.
— Você está se arriscando muito entrando aqui, ficou louco, porra?! —
Grita o moreno trabalhado em músculos.
— As coisas estão difíceis na família, eu não sei o que pode acontecer
comigo, precisava te ver, nem que seja para me despedir.
— Pensa que eu não sei, caralho? Eu estou a ponto de enlouquecer, por
muito pouco eu não perdi você.
Seus lábios estavam contraídos, seu olhar para mim é feroz e ao mesmo
tempo assombrado. Vejo a sua expressão de desejo, assim como um animal
faminto olhando sua presa, conseguia sentir de onde estava o seu perfume
característico, que amo. Dou dois passos em sua direção e toco seu ombro.
— Eu te amo tanto, é tão difícil ficar longe de você, fingir que não sinto
nada quando o vejo. Por mim fugiríamos daqui, iríamos para bem longe, onde
poderíamos ser felizes.
— Jamais serei um desertor, a máfia está no meu sangue, eu sou sangue e
pólvora. Quando aceitou se envolver comigo sabia quais seriam as regras, jamais
poderão saber de nós dois. — Ele diz e seu hálito fresco toma conta de minha
respiração.
A sua proximidade deixa meu corpo quente enquanto eu flexiono todos
os músculos.
— Em breve você se casará e o que será de mim?
— Nada vai mudar — diz, encostando sua testa na minha e em seus
olhos claros eu vejo a verdade e um mar de emoções.
Eu o beijo, cheio de saudade, cheio de paixão, desejo e amor, um beijo
diferente, me parece um beijo de despedida. A chama entre nós dois vai
aumentando a cada toque e cada gesto vai incendiando meu corpo. Sinto um
arrepio quando percebo que ele está lambendo meu pescoço com a língua
molhada e quente. Sinto aquela língua de ferro provando o suor salgado de
minha pele nua. Percebo que sua mão está apertando o interior da minha coxa
com uma força incrível, ela está deslizando lentamente e encostando no meu
pau, que já está duro feito aço só para ele.
Sua boca vai dando beijos suaves em meu pescoço, que já está arrepiado
e sem aviso, ele se afasta e começa abrir a minha camisa, enquanto eu vou
tirando os sapatos, tão desesperado quando ele. Não demora muito para nós dois
estarmos nus, como viemos ao mundo, sentindo o calor do prazer. Cada toque,
cada gesto significava algo dentro da mente de nós dois. Muitos podem chamar o
que sentimos de imoral, de sujo e de errado, mas a essas pessoas eu só posso
dizer que elas não conhecem o que é amar. O amor não escolhe cor, religião ou
sexo, o amor simplesmente acontece. Eu já me encontro totalmente dominado
em cima da cama, sentindo beijos sendo depositados por todo meu corpo.
— Eu senti tanto a sua falta. — Digo, com a voz trêmula.
— Eu ainda mais, não imagina como é estar longe de você, não pode
trocá-lo quando eu quero. — Fala e massageia seu pau duro, olhando para mim.
Eu não preciso de convite, me levanto e começo a chupar aquela bela
vara, fazendo movimentos de vai e vem, eu o levo profundamente na minha
garganta, do jeito que ele gosta.
— Se continuar assim eu vou gozar na sua boca e eu quero gozar no seu
rabo gostoso! — Fale, tirando sua vara da minha boca.
Voltamos para a cama e não demora muito para que eu sinta seu pau
dentro de mim, os movimentos lentos e torturantes. Mordo seu ombro, rugindo.
Só ele me faz sentir o grande prazer, algo diferente... Dominante.
Restritivo. Secreto.
— Não para — gemo enquanto ele me mete.
Não preciso me tocar para que o prazer alucinante tome conta de mim e
gozo muito. Ele me segue, gozando também e depois me beija profundamente.

— Preciso ir, vou ajudar a rastrear Alesso! — Digo, depois de ter tomado
banho junto com ele e me vestido.
— Tome cuidado, Alesso pode estar fraco, mas não esqueça que um lobo
velho, mesmo ferido, não deixa de ser lobo.
— Não se preocupe, sei me cuidar, preciso ajudar na captura dele, agora
virou uma questão de honra para mim.

Sai do hospital e estamos voltando para casa, mas não tinha forças para
reagir, Dimitri disse que me ama e por mais que eu tente mentir e me enganar, eu
esperei muito para que ele falasse isso. Eu ansiei ver amor em seus olhos, ver
sua devoção, porém agora é tão tarde, eu já não sou a mesma, eu sou apenas um
retalho daquilo que fui.
Dimitri tentou me convencer a falar com uma psicóloga, mas eu me
recusei, tenho tanto nojo e vergonha que não quero mais ninguém sabendo o
quanto eu sou suja.
— Chegamos, bella — diz Dimitri ao estacionar o carro e se inclina para
soltar o cinto, mas o pavor dentro de mim é tão grande que me afasto do seu
toque.
Solto o cinto sozinha e Chaise abre a porta para mim do lado de fora, eu
vejo todos os funcionários da casa aguardando a minha chegada. Na minha
cabeça, todos sabem o que aconteceu, todos sabem que estou suja e manchada,
abaixo a cabeça, com os lábios tremendo. Dimitri vem até mim e toca no meu
queixo, levantando meu rosto.
— Não abaixe a cabeça jamais, amore mio, você é a senhora da máfia, a
dona dessa casa e não quero que ninguém a intimide.
Suas palavras são tão certeiras que eu quero acreditar, eu juro que quero,
mas eu não consigo, não depois do que aconteceu. Dimitri me leva para dentro e
eu preciso me esforçar muito para não gritar quando ele me pega no colo e sobe
as escadas para o nosso quarto. A suíte, assim como o quarto do hospital, está
cheia de rosas vermelhas e eu não consigo segurar as lágrimas que caem.
— Eu não quero que você chore, se preferir eu mando tirar todas daqui
— diz ele nervoso, me colocando na cama.
— Não, deixe elas! — Digo as primeiras palavras que consigo
pronunciar desde que acordei do pesadelo que vivi.
Contudo, ainda não tenho forças o suficiente e nem coragem para olhar
nos olhos dele, não depois daquele vídeo onde ele viu o quanto eu me senti suja.
— Você precisa descansar, vou pedir para Luigi trazer seu almoço e se
quiser posso ficar aqui e assistimos algo juntos. — Diz, mas eu balanço a
cabeça, tentando ficar longe.
Dimitri acena, concordando, me entrega o controle, mas eu não pego, só
quero dormir e não acordar mais. Espero a porta fechar e me cubro, como se esse
cobertor pudesse me proteger da imundície. Fecho os olhos com força e tento
dormir e não pensar no pior dia da minha vida.

Acordo suada, com o coração acelerado e minha cabeça doendo. Toco


meu rosto e me dou conta que estava chorando de novo. Toda vez que fecho
meus olhos os demônios vêm atrás de mim. Seus olhos estão gravados na minha
mente. Estou cansada, eu só quero não sentir isso queimando dentro de mim. A
bandeja com o meu almoço está sobre o criado mudo, ainda quente, me fazendo
pensar que não dormi quase nada. Me levanto e caminho com dificuldade até o
banheiro e ao me olhar no espelho eu não reconheço a imagem que reflete ali.
Uma casca suja e vazia, eu não sou mais quem eu sempre fui. Tiro a roupa e não
tenho coragem de olhar para meu corpo, apenas o meu rosto já foi horrível o
bastante. Entro no box desesperada para me livrar dessa sujeira.
— Deus, por que eu, o que eu fiz para merecer esse castigo?
Tenho nojo de mim mesma, se eu tivesse lutado mais, se eu não tivesse
aberto aquela porta. Ligo o chuveiro quente, me esfrego forte, com raiva e nojo,
me esfrego mais e mais a ponto de ficar vermelha e sentir minha pele doer, mas
essa dor é superficial perto da dor que sinto na minha alma. Choro, me sentindo
suja, com asco de mim mesma.
— Solta essa esponja — Diz Dimitri, entrando no box do banheiro de
roupa e tudo e impedindo que eu continue a me limpar.
— Eu estou suja, estou suja. — Repito, balançando a cabeça em choque
ao saber que ele está me vendo.
Ele está vendo a minha sujeira.
— Você não está suja, para com isso, não se machuque dessa forma. Eu
estou aqui com você, eu vou cuidar de você até que você esteja boa. Eu juro que
vou matá-lo da maneira mais horrível possível.
— Ele fala, me cobrindo com o roupão.
— Não olha para mim, não me olha!! — grito, assustada.
Dimitri me leva para o quarto e chama Carlota para me ajudar a me
vestir, ela não comenta nada, fica quieta e apenas sorri quando termina de
pentear meu cabelo.
— Posso deixar seu marido entrar, senhora? Ele está parado atrás da
porta do quarto esperando a senhora se vestir.
Balanço a cabeça e ela sai, deixando Dimitri entrar, ele me ajuda a
comer, mas em nenhum momento tenta me tocar, o que me deixa aliviada.
— Tome seus remédios, você precisa descansar, meu amor. — Fala, me
entregando os remédios e um corpo de suco.
Meu amor, é tão bom ouvir essa palavra saindo da sua boca por alguns
segundos, até me esqueço do que passou e sou apenas a mulher que ele ama.
Mas Dimitri ainda não percebeu que aquela mulher morreu, só resta lixo em seu
lugar. O remédio começa a me deixar sonolenta e aos poucos eu vou sentindo
meu corpo relaxar e o sono vir. No meio do meu sono ouço a voz de Dimitri
falando com alguém ao telefone, não sei se é um sonho ou se é real.
— Aslan, ela precisa de você, eu não sei como ajudá-la, ela precisa do
irmão, estou a ponto de enlouquecer vendo-a se desfazer dessa forma.

Desligo o telefone em estado de fúria, imaginando o que Katarina deve


ter passado na mão do sequestrador. Dimitri não soube fazer a única coisa que
ele deveria, que é proteger minha irmã, minhas mãos tremem de ódio.
— O que aconteceu, você está vermelho, quem era no telefone? —
Pergunta Rebeca.
— Dimitri, Katharina foi sequestrada e violentada, preciso ir para a Itália
ver como a minha irmã está!
— Meu Deus, foi o Dante, foi ele quem fez isso com ela?! — Pergunta,
horrorizada.
— Não, foi Alesso Gambino, preciso ir para a Itália o mais rápido
possível.
— Eu vou com você. — diz, nervosa.
— Não posso correr o risco que Dante a veja, prefiro que fique aqui na
Rússia, aqui você estará mais bem protegida, eu tenho um apartamento no centro
de São Petersburgo, você fica lá até eu voltar.
— Eu não quero ficar longe de você. — Fala, segurando minha mão.
— Não se preocupe, eu prometo que voltarei logo, mas nesse momento
Katharina precisa de mim.
— Eu entendo — diz, beijando meus lábios e eu a abraço apertado.
Passamos nossa última noite na cabana, cabana essa que se tornou nosso
refúgio. Jamais poderei voltar aqui e não pensar nos momentos maravilhosos que
vivemos nessas últimas semanas.

Chegamos em São Petersburgo por volta das três da tarde, eu ainda teria
que voltar para casa e conversar com meu pai, colocá-lo a par do que aconteceu
com Katharina e convencê-lo a quebrar o contrato com Dimitri, libertando
assim, de uma vez por todas, minha irmã das garras daquela besta. Estaciono o
carro na garagem do prédio de luxo no centro de São Petersburgo. Dois homens
meus, de extrema confiança, ficarão responsáveis pela segurança de Rebeca.
— Vamos, quero te mostrar a cobertura antes de ir. — Digo, abrindo a
porta do apartamento.
— Uau — fala ela, olhando para a sala com vista para Kotelnicheskaya
Embankment Building.
— Assim que voltar eu farei questão de te mostrar toda à cidade, por
hora eu prefiro que não saia sem segurança, meus homens podem comprar
qualquer coisa que precisar.
— Eu não quero ficar dependendo de você, Aslan, eu pretendo procurar
um emprego. Eu estudei e sou formada em arquitetura, posso arrumar um
emprego para mim aqui.
— Claro, não quero prendê-la a mim, Rebeca, você não será mais um
pássaro em uma gaiola de ouro, quero que você se sinta realizada, livre e
principalmente feliz aqui na Rússia.

Me despedir do meu anjo foi difícil, mas neste momento minha irmã
precisa mais de mim. Desligo o carro e entro no palácio Tsarskoe Selo, que fica
na região de vila do Czar, antiga residência imperial da família Romanov. O
palácio foi herdado pela família da minha bisavó e desde que a Bratva se iniciou,
o local se tornou sede da máfia russa.
Entro em casa e sou recebido por mamãe e minha tia Kira.
— Filho, onde esteve? Fiquei preocupada e também senti sua falta. —
Fala minha mãe, me abraçando.
— Eu estava caçando, mãe, mas estou bem. Preciso falar com meu pai,
sabe se ele está no escritório?
— Sim, ele não saiu de lá nem mesmo para almoçar.
— Eu vou falar com ele e depois converso com a senhora. — Digo,
preocupado.
Como vou contar o que aconteceu com Katharina para mamãe? Mas o
melhor é alertá-la para que ela não se assuste ao ver Katharina no estado horrível
que ela se encontra.
— Chefe, precisamos conversar. — Falo, batendo na porta e entrando.
— Decidiu dar o ar da graça, quem acha que é Aslan, o presidente da
Rússia para simplesmente se afastar dos seus deveres e ir para a porra de uma
cabana no meio do nada com sua nova amante?
— Não sei do que está falando, só precisava de um tempo para
espairecer.
— Espairecer?! Você é meu subchefe, logo a Bratva estará sob seu
comando, acha que vai poder abandonar tudo e ir se divertir com uma vadia
qualquer.
— Não fale assim de Rebeca!!! — Grito, revoltado.
— Esse é o nome da sua nova diversão?! — Questiona e eu me preocupo
com o que ele descobriu sobre ela.
— Nada sobre Rebeca diz respeito a você ou à Bratva.
— Diz respeito quando meu filho vai para a Itália e volta de lá com uma
mulher, larga seus deveres para se enfiar debaixo da saia de uma italiana.
— Eu tenho dado meu sangue pela Bratva desde que era uma criança,
nunca falhei em uma missão, não se esqueça disso.
— Exatamente por isso preciso te lembrar que, seja qual for sua ligação
com essa mulher, não ficará na frente da Bratva, em breve farei uma aliança e
você se casará com uma herdeira bem nascida, alguém digna de ocupar o lugar
ao seu lado na mesa da Bratva.
— Você quis mandar nas escolhas da minha irmã, obrigou ela a se casar
com um homem que ela odiava e o resultado disso foi Katharina sequestrada e
estuprada. Não pense que deixarei que faça o mesmo comigo.
— Do que está falando?! — Pergunta e só agora eu posso ver algum tipo
de emoção passando por seu rosto.
— Katharina foi sequestrada por um traidor dentro da Cosa Nostra,
minha irmã foi espancada e torturada por um verme.
Meu pai fica, pela primeira vez desde que eu o conheço, sem palavras.
— Vou levar mamãe para Itália e também Ivana, Katharina está em um
estado catatônico, não consegue reagir depois da brutalidade feita a ela. Se não
permitir, saiba que pela primeira vez na vida passarei por cima das suas ordens e
vou levar mamãe para a Itália de qualquer forma.
— Não será preciso, eu mesmo irei levá-la a Palermo para vermos nossa
filha e o Sukin syn do marido dela.

Não sei quantos dias se passaram, na verdade dia e noite não fazem
diferença para mim. Não consigo sair do quarto, não consigo me reerguer, não
consigo sair desse poço sem fim que me arrasta pra baixo. Dimitri vem
insistindo para que eu aceite ajuda profissional, até trouxe uma médica para
conversar comigo, mas eu não consigo nem mesmo olhar no rosto dela.
À noite é quando a tormenta fica pior, eu mal consigo deitar na minha
cama. Ao fechar os olhos, me vejo naquela cama de concreto acorrentada e
aquele monstro me torturando.
Dimitri vem sendo incrível, paciente e preocupado, ele não me toca, com
medo que eu surte novamente e dorme no sofá do quarto, porque sabe que não
suporto estar na mesma cama que ele. Me sinto um fardo, quebrada, alguém que
só atrapalha a vida de todos. Lorenzo até tentou me fazer rir das suas piadas
bestas, mas dentro de mim não existe mais alegria, muito menos diversão. O sol
está nascendo mais uma vez, como não durmo direito, é rotina ficar na varanda,
de pijama, olhando para o céu. Me perguntando a Deus por que, por que ele não
me deixou morrer, pra que viver sendo atormentada assim, é horrível.
— Você levantou cedo de novo?! — Pergunta.
Dimitri e vem até mim na sacada com um cobertor nas mãos, cobrindo
meu ombro e ficando parado ao meu lado.
— O que acha de ir ver Hades e Perséfone depois do café?
Não respondo de imediato, apenas olho para o vazio reclusa na minha
própria mente.
— Tudo bem.
— Eu vou trazer seu café da manhã, não é bom ficar muito tempo aqui
fora, está muito frio e você acabou de passar por uma cirurgia.
Volto para o quarto e me sento na chaise, olhando para as rosas no vaso
ao lado da televisão. Não sei quanto tempo passa, mas Dimitri volta para o
quarto com uma bandeja de café da manhã.
— Vem, amore mio, Carlota fez tudo que você gosta. — diz, mostrando a
bandeja farta para dois.
Como de costume, eu não consigo comer quase nada, então afasto o
prato, pegando o guardanapo.
— Nada disso, você mal tocou na comida, eu também percebi que está
perdendo peso. Experimenta esse bolo — diz colocando um pedaço na minha
boca.
Dimitri me obriga a comer todo o bolo, ele sorri tanto quando eu termino,
que me senti um lixo por não ser mais a Katharina por quem ele se apaixonou.
— Eu vou precisar ir para o escritório, mas não vou sair de casa, mais
tarde eu volto para te mostrar uma surpresa. — Fala, empolgado.
Não consigo entender porque ele ainda luta por mim, será que ele não
entende que eu estou vazia, não existe nada aqui, apenas uma casca fria?

Batem na porta do meu quarto, me assustando, toda vez que alguém bate
na porta eu lembro do clube, lembro que a culpa foi minha pelo que aconteceu,
se eu não tivesse aberto a porta nada teria acontecido. Monalisa entra com um
sorriso tímido.
— Senhora, o senhor Rinna mandou que eu viesse buscá-la para ir ao
jardim. Vou ajudá-la a se trocar e acompanhá-la até lá embaixo. — Ela diz, mas
eu não respondo e continuo olhando para o vazio enquanto ela entra no closet.
— O que acha desse vestido? — Diz ela, me mostrando um vestido verde que eu
adorava, mas agora só me faz sentir mais pavor ao imaginar que meu corpo
ficará exposto e todos poderão ver minha imundice.
Minha cara de pânico faz ela desistir dele e escolher um macacão longo
cinza, ela me ajuda a colocá-lo e penteia meus cabelos com cuidado.
— A senhora está linda. — Ela fala, mas não acredito. Ela está
mentindo.
Caminho ao lado dela para a sala, mesmo que minha vontade seja me
esconder debaixo das cobertas.
— Katharina, você está muito bonita, fico feliz que tenha saído um pouco
do quarto. — diz Vicenzo, sorrindo, parecendo feliz em me ver.
Eu não respondo e ele fica sem graça, acompanho Monalisa até o jardim,
onde Dimitri está de pé me esperando.
— Que bom que veio, amore mio, pensei que teria que ir te buscar —
fala, beijando minha mão, mas apenas o leve toque já me causa uma sensação de
terror — Vem, suas flores te esperam. — Ele fala, me levando a caminho da
estufa.
A estufa está do jeito que eu me lembrava, o cheiro das flores me traz
uma sensação de paz e tranquilidade. Dimitri fica perto da porta, apenas me
olhando enquanto eu ando pela estufa, olhando cada uma das minhas rosas.
— Elas sentiram sua falta, Romeu me disse que nenhuma rosa nova
brotou desde que você parou de vir aqui — fala ele, pegando o alicate e cortando
uma rosa vermelha, me entregando-a.
Pego o regador e começo a molhar uma por uma, tirando as folhas secas
e adubando as que estavam morrendo, Dimitri fica o tempo todo observando o
que eu fazia e me surpreende quando arregaça as mangas da camisa social e
começa a me ajudar. Por um tempo eu consigo esquecer quem sou e o que
aconteceu.
— Está ficando tarde, você precisa comer alguma coisa e tomar seus
medicamentos. — Fala, me ajudando a guardar tudo.
Pego a rosa vermelha e levo ao rosto adorando a sensação de paz que ela
me traz. Dimitri me leva até a entrada, mas ao invés de entrarmos na fortaleza,
ele me leva para o lado do pátio, onde um objeto grande, com um tecido
vermelho com um laço de presente estava, olho para ele confusa e Dimitri sorri,
puxando o pano vermelho e revelando um carro branco lindo.
— Você gostou? Pensei que como você ama dirigir, precisaria de um
carro só seu, Chaise, claro, vai continuar te acompanhando em outro carro, mas
terá sua liberdade para dirigir.
Não respondo, o carro é muito bonito, mas jamais sairei, só de me
imaginar passando por esse portão sinto tudo ficar desfocado e retorcido. Pisco
várias vezes tentando não pensar que se não tivesse insistido em jantar fora
naquela noite nada teria acontecido.
— Ei, fica calma, eu estou aqui, você não precisa dirigir agora, apenas
quando estiver preparada.
Depois disso, volto para o quarto e não me levanto mais da cama, nem
mesmo quando a psiquiatra vem me ver, no dia seguinte.

— Como está se sentindo hoje, dona Katharina? — Pergunta, mas eu a


ignoro e me deito na cama, cobrindo o rosto. — Não quer conversar um pouco
comigo, fiquei sabendo que gostou de ir a estufa, o que acha de darmos um
passeio lá, nós duas?
Não respondo, continuo fingindo que estou dormindo, quem sabe assim
ela sai do quarto e me deixa sozinha.

Ela ainda tenta conversar comigo por quase uma hora, quando percebe
que eu não vou responder, então me deixa sozinha para o meu alívio.
Tranco a porta para que ninguém me incomode e é quando ouço alguém
falar meu nome, alto o bastante para que eu ouvisse pelo jardim. Caminho até a
sacada e vejo Lorenzo segurando uma guitarra e um microfone, com mais dois
homens que nunca tinha visto.
Me assusto por um segundo ao reparar que todos olham para mim.
— Princesa, lembra que você me fez prometer que um dia tocaria pra
você, então chamei meus antigos colegas de banda para uma apresentação
exclusiva.
Ele começa a tocar uma música da banda Maroon Five - "Memories"
A música é linda, mas toda vez que eu olho para baixo me sinto exposta,
sinto como se eles soubessem quem eu sou. Memórias, as únicas memórias que
tenho são aquelas, que não quero lembrar nunca mais. Meus olhos se arregalam
e começo a tremer. Um pavor horrível toma conta de mim, tento falar para que
parem, mas não consigo, é como se não conhecesse as palavras. É nessa hora
que Dimitri aparece no gramado, todo de preto e dá um tiro para cima, fazendo
Lorenzo parar de tocar e seus amigos arregalarem os olhos, em pânico.
— Caiam fora daqui vocês dois e você, Lorenzo, no meu escritório!!! —
Ele diz e eu me afasto da sacada com medo.
Os soluços rasgam minha garganta quando a porta se abre e Dimitri passa
por ela, sua fisionomia fica preocupada quando me vê chorando.
— Calma, respira, eu estou aqui, amore mio, você vai ver, aos poucos
tudo voltará ao normal. — Diz, tocando meu rosto com sua mão quente, que me
causa um arrepio.

Não sei por quanto tempo fico chorando com Dimitri ao meu lado, só me
dou conta que acabei dormindo quando acordo sentindo um cheiro familiar no
quarto. Confusa, abro os olhos e tento entender de onde vinha o cheiro.
Do lado da cama vejo mamãe, sentada, com seus cabelos loiros presos
em um coque e seus olhos azuis vermelhos de lágrimas. Sinto braços ao meu
redor e respiro fundo, inalando seu cheiro doce, sentindo uma sensação boa de
estar em casa.
— Minha princesa, eu sinto muito, meu amor, não sabe o quanto eu
queria tirar essa dor de dentro de você e aliviar seu sofrimento. —Ela fala, me
abraçando forte e eu acabo relaxando e correspondendo seu abraço. — Eu estou
aqui, minha menina, eu prometo que essa dor irá passar, querida, você é tão
forte, muito mais forte do que eu jamais fui. — Fala, acariciando meu cabelo e
eu me entrego às lágrimas, sendo acalentada por ela.
Então percebo que Aslan também está no quarto, assim como meu pai,
uma mistura de sensações toma conta de mim.
— Eu estou aqui, irmãzinha, prometo que ninguém mais vai te machucar
— diz Aslan, se ajoelhando do lado da cama. Ele tenta pegar minha mão, porém
eu me esquivo, não quero que ele me toque, que se contamine com a minha
imundice, que sinta o cheiro de Alesso em mim. Nojo, vergonha, culpa, tudo se
mistura na minha cabeça, meu pai sabe, Aslan sabe, Lorenzo, Vicenzo e Dimitri,
todos eles sabem o quanto eu não valho mais nada, porque agora eu estou podre
por dentro.
Desde que Rebeca fugiu, minha vida tem se tornado um martírio, um
verdadeiro inferno, estou a ponto de enlouquecer sem ela. Cada canto da nossa
casa me lembra seus olhos azuis e seus sorrisos doces, sinto saudade de quando
chegava e a via na sala para me receber, sinto falta do seu cheiro nos meus
lençóis, sinto falta do sabor da sua boca e do seu corpo. Ainda não posso
acreditar que ela escapou de mim, que me deixou aqui, sofrendo, sentindo sua
falta.
Minha boneca me enganou também, não consigo tirar da minha cabeça
aquele enfermeiro de merda. Será que eram amantes e ele a ajudou a fugir?!
Não, não pode ser, ela não faria isso, mas o que esperar de uma mulher que vem
daquela família? A cada dia ando mais descontrolado, acabei descontando toda
minha frustração na fábrica de sal, porém, isso já perdeu a graça e agora minha
nova vítima é Giuliana. Não esqueci que ela foi à culpada pela minha boneca ir
parar no hospital. Se Rebeca não tivesse nos flagrado naquela tarde ela não teria
me enfrentado, muito menos eu teria me exaltado e a machucado. Minha filha
estaria aqui, nós continuaríamos felizes, mas a vadia mais uma vez atrapalha
minha vida.
Não desisti de encontrar minha boneca, coloquei os melhores detetives
atrás dela, uma hora ou outra eu irei encontrá-la e ela voltará para mim e dessa
vez não a deixarei escapar nunca mais. Chego em minha casa e não encontrei a
cadela na porta me esperando do jeito que deveria, o que já me deixa puto, subo
as escadas, enfurecido e a encontro usando as roupas de puta que ela tem.
— Eu não ordenei que vestisse as roupas que deixei separado e me
aguardasse todos os dias na porta quando eu chegasse?!
— Eu não aguento mais, eu não sou a Rebeca, eu não sou a sonsa da
minha irmã. Eu não aguento mais as surras que me dá, eu quero ir embora, quero
ir pra minha casa.
— Sua casa, vadia, acha que depois do que fez vai escapar assim? Você
merece pagar caro por todo mal que fez a minha bonequinha. Por sua culpa ela
perdeu minha filha e fugiu, eu tenho certeza que você sabe onde ela está.
— Eu já disse que não sei onde ela está, nunca pensei que Rebeca fosse
tão corajosa a ponto de fugir.
— Está mentindo, desgraçada — falo tirando o cinto da minha cintura,
me preparando para castigá-la.
— Por favor, me deixe ir.
— Ir por que, não era isso que queria desde que me casei com sua irmã?
Você vem me provocando, dando em cima de mim, agora eu sou todo seu, vadia,
vou te mostrar o meu melhor lado. — Digo, acertando a primeira cintada nela.

Horas mais tarde eu me sinto mais calmo e Giuliana estava desacordada


no chão do meu quarto. Vou para o meu escritório trabalhar, as coisas na Cosa
Nostra estão fora do controle e se já não bastasse à busca pela minha mulher,
Alesso resolveu nos trair.
A polícia está na nossa cola e todos os capos estão trabalhando ao
máximo para apagar qualquer rastro que leve os federais até nós, os capos de
toda a organização. Ella Meyer fez um bom trabalho em limpar a maior parte do
dinheiro da organização, mas nem se tivesse dez economistas seria possível de
limpar tudo no tempo que precisamos.
Meu telefone toca, é meu subchefe.
— Diga, Felipo.
— Chefe, estou mandando no seu e-mail o relatório com todos os
possíveis esconderijos de Alesso.
— Não seja burro, acha que Alesso é amador o bastante para se esconder
em imóveis dele?
— Creio que não, mas descobri que ele tinha contratado um hacker para
invadir o computador da senhorita Meyer. Todo hacker tem um código na rede
padrão, fiquei a madrugada toda trabalhando com Daniela para descobrirmos
quem poderia ser esse hacker e descobrimos que é um ex programador que mora
em Roma.
— Roma, mas o que esse homem tem para nos ajudar a achar o traidor?!
— Aí está, pode ser uma chance pequena, mas Gambino pode ter pedido
a ajuda dele para se esconder. Nós estamos tentando invadir as câmeras do
aeroporto e checar se alguém com as características de Alesso embarcou naquela
noite ou no dia seguinte. Pode ser que ele tenha ido para Roma.
— Certo, avise Daniela para enviar todos esses dados para o e-mail
principal da Cosa Nostra, falarei com Dimitri pessoalmente, talvez valha a pena
irmos a Roma verificar.
Desligo a chamada e decido ir até a fortaleza, contar a Dimitri o que eu
descobri.

Não demora muito para que eu atravessasse os portões da fortaleza, os


seguranças liberaram minha entrada e reparo que há pelo menos doze homens da
Bratva aqui.
Apoio minha mão no coldre da minha pistola Colt e olho para esses
bastardos com todo o desprezo que sinto pelos russos. Entro na sala principal,
sendo recebido por Luigi.
— Preciso falar com o chefe.
— Vou anunciar sua entrada, o chefe está na sala.
— Eu entreguei minha filha intacta e você a quebrou de uma maneira que
eu nunca... Nós tínhamos um acordo, Rinna, e o você quebrou! — Grita o chefe
da máfia russa a Dimitri.
Dou dois passos, entrando na sala e vejo Lorenzo, como consigliere,
tentando acalmar o irmão, Dimitri está muito nervoso e outro homem alto, de
cabelos loiros, está de pé, atrás do Bratva, segurando uma nove milímetros.
— O que está acontecendo aqui? — Pergunto, chamando atenção de
todos.
— Briga de família, não veio em boa hora — fala Lorenzo, mas meu
corpo congela quando o loiro que estava de pé se vira e então olha para mim.
Ali está o maldito que tirou Rebeca de mim, era um Bratva todo esse
tempo, eu deveria saber, claro que foi a maldita russa.
Seu olhar se transforma em ódio puro direcionado a mim, mas o meu não
está diferente, ele a roubou de mim, foi ele quem tirou Rebeca de mim.
— Voltarei em uma hora melhor — falo, apertando os punhos e me
segurando para não sacar minha arma e dar um tiro nesse filho de la putana.
Não espero Dimitri responder, saio da sala, determinado a recuperar o
que é meu, entro no meu carro e ligo para o detetive Acácio.
— Eu já sei onde ela está!! — falo amargo, segurando o volante com
tanta força que sinto minhas mãos doerem.
— Onde ela está? — Na Rússia, minha bonequinha está na Rússia.
HORAS ANTES

Deixar Katharina na fortaleza sozinha foi difícil, ela não está nada bem e
sua recusa em receber um tratamento psicológico me deixa louco. Tudo que eu
quero é que ela volte a ser a mesma Katharina de antes, que entenda que o que
aconteceu não mudou quem ela é. De cima do prédio mais alto, com vista ampla,
olho pelo binóculo a avenida Capaci date. O trânsito está normal para uma auto
estrada, é quase uma da tarde, meus homens estão espalhados nas proximidades
da avenida para caso algo dê errado.
Hoje, vou mostrar o poder da Cosa Nostra, chega de deixar
incompetentes resolverem as coisas para mim. Se a polícia declarou guerra
contra a família, é guerra que eles terão.
O rádio toca, silenciando todos que estão a minha volta.
— Chefe, estamos em frente ao ministério da justiça. Ele está reunido
com o general Dalla Chiesa nesse momento
— Os miseráveis estão tramando contra mim!!
— Só aguardando a saída dele, chefe.
— Tem certeza que ele faz esse trajeto todos os dias? — Pergunto mais
uma vez para garantir que tudo dê certo.
— Sim, chefe, tudo saíra nos conformes.

Aguardo atentamente por volta de quarenta minutos o aviso dos meus


homens sobre a saída do magistrado.
Ele está acompanhado do seu motorista, um segurança no banco da
frente, ele e a esposa no banco de trás, na frente vai um carro com policiais
federais, que cuidam da sua segurança. Todo o momento eu olho para a avenida,
esperando o momento onde ele apareceria.
— O detonador está em minhas mãos — fala George, especialista em
explosivos, americano contratado por mim para realizar esse serviço.
O carro branco onde o magistrado está começa a dirigir em direção a
Capaci, junto aos carros com os federais, quando o comboio chega no meio da
avenida, meia tonelada de explosivos são disparados. A explosão é tão intensa
que uma cortina de poeira levanta, obstruindo toda a visão.
Uso o binóculo para tentar ver se alguém sobreviveu, uma placa de
concreto do asfalto, que parece ter uns seis metros, está por cima do para-brisa
do carro destruído. O carro dos agentes federais também está todo destruído e
pegando fogo.
Sorrio ao saber que meu inimigo foi abatido.
— Coloque nossos infiltrados por perto, precisamos checar se ele não
saiu com vida. — Falo a Nino Gioé pelo rádio.
Logo, uma multidão se aglomera ao redor do local, a polícia federal e os
bombeiros tentam salvar as vítimas. Um helicóptero de imprensa sobrevoa o
local da explosão.
Meu celular toca e atendo rapidamente.
— O alvo foi abatido, chefe, o juiz Alberto Falcone está morto. — Fala
Giovane Brusca.
Eu sorrio, sabendo que esse é só o começo.

No caminho de volta a fortaleza escuto pelo rádio do carro e pelas redes


sociais a notícia da trágica morte do juiz Falcone. O recado que a Cosa Nostra
deu foi claro, dessa forma temerão nos enfrentar frente a frente, o próximo será o
juiz Paolo Borsellino, só que esse rato está tentando se esconder em Roma.
Ainda tem a detetive e o general Dalla Chiesa, todos conhecerão o peso de
enfrentar a Cosa Nostra. Farei uma verdadeira carnificina em Palermo, até ter
todos que se levantaram contra mim mortos.
Ao entrar na fortaleza, ouço um barulho ensurdecedor vindo do jardim,
confuso, desço do carro, indo até onde o som da música vem. Embaixo da
sacada do meu quarto está Lorenzo e dois homens que não conheço tocando
como se estivessem em um espetáculo, Katharina está no topo da sacada, com os
olhos arregalados e seu rosto em pânico sob o olhar dos três. Tiro minha pistola
da cintura e dou dois tiros para cima, avisando que o show acabou, que quero os
dois patetas fora da minha casa.
— No meu escritório, Lorenzo. — Aviso, rígido, virando as contas e indo
até Katharina, que parece assustada.
Não espero por Lorenzo e vou subindo os degraus da escada de dois em
dois, nervoso, me sentindo culpado por ter deixado ela sozinha, mesmo que seja
por apenas algumas horas. As coisas estão saindo totalmente do controle, não
consegui acabar o verme do Alesso, mas coloquei a maior parte dos meus
homens vasculhando cada canto da Itália atrás dele, ele não vai conseguir sair do
país, não com as fronteiras sendo monitoradas.
Entro no quarto e vejo Katharina sentada num canto, chorando, vou até
ela e não resisto em abraçá-la, como de costume, seu corpo fica rígido, mas ela
não me afasta.
— Calma, respira, eu estou aqui, amore mio, você vai ver, aos poucos
tudo voltará ao normal. — Digo, acariciando seu rosto e limpando as lágrimas.
Aos poucos, ela vai se acalmando, eu acaricio seu cabelo de leve e seus
soluços vão diminuindo até ela estar dormindo. Deixo-a no quarto e vou direto
para meu escritório ter uma conversa definitiva com Lorenzo. Abro a porta do
escritório e o vejo sentado de frente pra minha mesa, mexendo no seu celular.
— O que pensa que estava fazendo com aquele circo lá fora?
— Eu só quis ajudar, pensei que poderia animar ela.
— Acha que eu sou burro, Lorenzo, pensa que não vejo seus olhares para
cima da minha mulher?! — Falo, acertando um soco na sua cara. E ele cai da
cadeira, no susto.
— Eu não sei do que está falando, chefe — diz, limpando o sangue do
canto da boca.
— Não teste a minha inteligência, Lorenzo, fique longe da minha
mulher!!!
— Eu nunca tentei nada com Katharina...
— Claro que não, você não é louco a ponto disso, porém isso não impede
de olhar para ela de maneira desejosa. Talvez o seu problema, Lorenzo, seja a
falta de uma esposa, quem sabe assim você para de querer cuidar da minha.
— Não estou pronto para casar. — Ele fala, já entendendo onde quero
chegar.
— Para mim, a atenção exagerada que vem dando à minha mulher prova
que você, querido irmão, está mais do que pronto para fazer uma aliança para a
máfia ao se casar, constituir sua própria família e se mudar da fortaleza.
— Estou muito novo para casamento, não quero nenhuma chata no meu
pé.
— Pois vá se acostumando, em menos de um mês estará noivando. Em
seguida, será a hora de Vicenzo também fazer uma aliança para família.
Lorenzo ainda tenta me convencer que está muito cedo para que ele e
Vicenzo formem alianças através do casamento, mas estou decidido, o quanto
antes eles se casarem, mais rápido sairão da minha casa. Continuo no escritório,
trabalhando, até Luigi bater na porta, avisando que a família Castelaresi tinha
chegado. Sai do escritório e vou até a sala de estar, onde estranho encontrar não
só Aslan e Celina, mãe de Katharina, como também Andrei em pessoa.
— Grata surpresa vê-lo aqui, Andrei.
— Como queria que eu ficasse na Rússia, Rinna, com minha única filha
brutalmente atacada na Itália? — Fala, furioso.
— Onde está Katharina? Nós queremos vê-la. — Fala Aslan, tão nervoso
quanto o pai.
— Katharina está no quarto, dormindo, mas creio que a vinda de vocês
fará bem a ela. — Digo, indicando a escada. — Luigi, acompanhe os três até a
suíte. — Ordeno.
Os três o seguem em direção ao terceiro andar sem nem mesmo olhar
para trás. Preciso de uma bebida forte para aguentar a presença de tantos
Castelaresi na minha casa.
Me acomodo na poltrona de couro negro da sala e bebo meu uísque mais
forte, um puro malte escocês, minha cabeça lateja, muita pressão de todos os
lados, muitos problemas dentro da Cosa Nostra e fora também. E agora ainda
terei que lidar com a família da minha mulher. Não demora muito para Andrei e
Aslan descerem as escadas, mortificados com o estado de Katharina, e
começarem as acusações.
— Eu avisei você, Rinna, que deveria cuidar da minha irmã, olha o
estado que ela está! — Grita Aslan, apontando o dedo na minha cara.
— Acha que eu queria que isso tivesse acontecido, acha que estou feliz
em ver minha mulher assim, merda?! — Grito, me levantando.
— Como deixou um capo da Cosa Nostra fazer uma atrocidade dessas
com minha filha? — Andrei diz com a voz ácida.
Nessa hora, Lorenzo entra na sala e fica calado, vendo a toda a discussão
se formar.
— Eu entreguei minha filha intacta e você a quebrou de uma maneira que
eu nunca... Nós tínhamos um acordo, Rinna, e você o quebrou!! — grita Andrei.
— Vocês precisam se acalmar para tentar ter um mínimo de civilidade.
— Fala Lorenzo, tentando ser o consigliere e controlar a discussão.
Aslan já estava com sua arma na mão, mas ele não teria coragem de
atirar em mim, não aqui dentro da minha casa, seria assinar uma sentença de
morte.
— O que está acontecendo aqui? — Pergunta Dante, chamando atenção
de todos.
Logo penso que ele pode ter notícias sobre Alesso.
— Briga de família, não veio em boa hora — fala Lorenzo.
— Voltarei em uma hora melhor — falo tenso, olhando para Aslan.
— Eu adoraria ficar discutindo com vocês dois o dia todo, mas isso não
vai trazer Katharina de volta. Se querem tanto ajudar a minha mulher então
tratem de se preocupar em conversar com ela e convencê-la a aceitar ajuda
profissional. — Falo deixando-os falando sozinhos e vou para o escritório, onde
encontro Vicenzo e Chaise. — Espero que tenham notícias boas para mim —
falo, sentando no meu lugar, então Lorenzo aparece.
— Ignácio Salvo não conseguiu liberar Augustus e dois dos nossos que
estão presos irão a julgamento e bem provavelmente serão condenados.
— Caralho!! — soco a mesa.
— Recebemos um e-mail do subchefe de Dante, temos uma pista do
paradeiro de Alesso.
— Seja direto, onde esse verme está? — Pergunto.
— Ele pode estar agora em Roma. — diz Vicenzo.
— Não é lá que o general Carlo Alberto Dalla Chiesa está? — Pergunta
Lorenzo.
— Exatamente — digo, pensando que talvez Alesso esteja atrás de
proteção.
— Ele foi nomeado há seis semanas como o chefe da operação antimáfia.
— Fala Chaise.
— Alesso deve estar desesperado, ele deve tentar um acordo com os
federais, com proteção à testemunha em troca de delação. Seria a única maneira
dele se esconder da mira da Cosa Nostra.
— Vamos ter que eliminar qualquer chance de Alesso nos entregar, Dalla
Chiesa tem que ser eliminado, mas Alesso eu quero vivo. — Falo amargo,
planejando tudo que farei com Alesso na torre da agonia.
— Eu vou para Roma e o trarei para Palermo.
— Você já falhou em uma missão, não posso deixar que falhe
novamente. — Falo, decidido.
— Você não pode ir, chefe, deixar Palermo com os federais na nossa cola
e com a fortaleza cheia de Castelaresi não é uma boa ideia, sem contar que o pai
e o irmão de Katharina podem aproveitar que não está para levá-la de volta para
Rússia. — Fala Vicenzo, me fazendo engolir em seco.
— Tem razão, não posso me ausentar, não quando Katharina ainda não
está bem.
Ligo para Tom Hide Ndrangreta, ordenando que ele prepare alguns
homens seus e vá para Roma eliminar o general Dalla Chiesa.
— Você, Lorenzo, junto com Chaise e Vicenzo vão para Roma, tragam
para mim Alesso, vivo e intacto.

Fiquei sozinha no quarto com mamãe, ela aos poucos conseguiu me


tranquilizar, Aslan e meu pai saíram do quarto, mas daqui eu podia ouvir os
gritos vindos lá de baixo. Eu não queria que isso acontecesse, a culpa é minha
deles estarem brigando. Mamãe ficou comigo o tempo todo, logo ela abriu a
porta e Ivana veio até mim me abraçando. Senti tanta falta dela, as duas ficaram
comigo a tarde toda contando histórias de quando eu era criança. Mamãe me
ajudou a me vestir e queria me levar para jantar com eles na sala, mas eu me
recusei a descer, preferia ficar aqui no quarto, no meu refúgio, onde me sinto
protegida.
— Eu vou descer e venho te dar um beijo antes que você durma.
Dimitri vem até o quarto trazer meu jantar, novamente me obrigando a
me alimentar.
— Em breve todo esse tormento que você está passando vai acabar, eu
prometo, amore mio. — Fala, beijando minha testa.
Me sento na sacada olhando para a lua brilhando no céu e ouço o rugido
de Hades, ele sempre ruge ao anoitecer. A porta abre novamente, penso ser
Dimitri, mas não, eram passos calculados que pararam atrás de mim. Então eu
vejo meu pai sentar na cadeira ao lado da minha e olhar para a lua. Sua mão
enrugada pela idade ostenta os anéis de ouro símbolo da Bratva. Eu lembro de
quantas vezes senti o peso desse anel contra meu rosto, quantas eu apenas queria
chamar sua atenção, mas ele não via assim, então era castigada severamente por
ele, principalmente quando Aslan não conseguia me proteger.
— Filha!? — Diz ele como se tivesse procurando as palavras.
Continuo sentada sem olhar para ele, com os olhos fixos na lua.
— Você sempre foi obstinada, nunca se contentou com o que eu
planejava para você. Quando descobri que teríamos gêmeos, uma menina e um
menino, eu imaginei que você seria a minha princesa, mas você queria ser um
soldado, você queria provar que era tão forte e tão capaz quanto qualquer um.
Me desafiou para que eu treinasse, mas eu não queria a minha menina
machucada, eu não queria que se envolvesse com a Bratva. Mas você não deixou
Aslan em paz até que ele começou seu treinamento.
Eu não respondo, fico calada, me lembrando de todas as vezes que ele se
negou a me treinar ou quando eu insistia em ver os seus homens lutando ao invés
de fazer as aulas de piano.
— Eu preciso que me perdoe, filha — Diz, olhando para mim. — Eu
sinto muito, filha, por não ter sido o pai que você merecia, por ter assinado
aquele acordo, mudando a sua vida, acabando com seu sonho de se tornar uma
grande advogada. Eu fiz o que achei ser o certo para a Bratva e em momento
algum pensei no que era certo para a minha filha, minha única filha. Eu cometi
um erro horrível, pensei que Dimitri seria o certo para você e agora você está
sofrendo por culpa das minhas escolhas. — diz, com a voz embargada.
E, pela primeira vez na vida, eu vejo meu pai chorar.
— Eu não sou um homem bom com palavras, nunca fui de demonstrar
carinho para você e para o seu irmão, eu fui criado assim, fui moldado para ser o
capo da Bratva, mas saiba que agora estou aqui por você, se você me pedir, eu
quebro o acordo com Rinna e te levo comigo de volta para casa. — Ele fala
firme, tirando um lenço do bolso e limpa os olhos azuis. — Me diga se é isso
que quer, Katharina, diga que eu farei o que for preciso para que melhore!
— Eu vou ficar na Itália, pai — digo firme.
Então ele me abraça e fico rígida, sentindo seu corpo pressionar o meu,
eu queria poder abraçá-lo e dizer que o perdoo, que o amo, mas não consigo nem
mesmo me mover e um nó se forma em minha garganta.
Dimitri volta para o quarto e meu pai sai prometendo ficar mais uns dias
na Itália comigo.
— Você está bem, amore mio? — Pergunta Dimitri assim que estamos a
sós.
Assinto e vou para o banheiro tomar banho, como sempre, debaixo do
chuveiro vem à necessidade angustiante para me limpar e lavar toda minha pele.
Não resisto a me esfregar até sentir minha pele arder. Me visto dentro do
banheiro para que Dimitri não me veja exposta, os hematomas estão sumindo do
meu corpo e logo terei que tirar os pontos da cirurgia.
Não vejo Lorenzo nem Vicenzo na fortaleza, mamãe vem me mimando o
máximo possível, assim como Ivana. Dimitri fez questão de convidá-la a ficar
conosco na Itália e ela sorriu agradecendo a oportunidade. Eu queria ficar feliz,
eu deveria ficar, mas como ficar feliz se dentro de mim só carrego dor e
desespero?
Eu consigo perceber que alguma coisa está acontecendo com a máfia.
Tudo parece nebuloso, a todo momento eu me pego assustada, com medo que o
monstro consiga me alcançar, mesmo aqui dentro. Dimitri havia me garantido
que eu estava protegida, mas ele não poderia me proteger das memórias ruins e
das lembranças, não poderia me proteger de mim mesma.
— Oh moya drugaya polovina, não sabe a angústia que sinto ao ver você
assim. — ele fala se agachando no chão, ficando na altura do meu rosto.
Eu não respondo e fico olhando para o seu cabelo loiro, que cresceu, me
perguntando se ele ainda iria me amar se soubesse que a culpa é toda minha pelo
que aconteceu.
— Ivana, você poderia nos deixar sozinhos? — fala ele.
— Claro, eu vou para a cozinha ajudar Carlota com o jantar.
— Vamos dar uma volta no jardim, você está precisando de ar fresco —
ele fala, me ajudando a ficar de pé.
Eu já não grito quando sinto o toque, mas preciso respirar fundo e olhar
bem para o seu rosto para me certificar que não é o monstro me tocando.
— Rebeca mandou um beijo e me pediu para agradecer o que você fez
por ela. — Ele diz enquanto caminhamos pelo jardim da fortaleza.
Olho para ele aliviada em saber que ela está bem e está segura.
— Eu estou apaixonado, princesa, totalmente rendido à italiana. Nunca
imaginei sentir esse sentimento tão profundo por alguém. — Ele fala com um
brilho nos olhos — Ela me completa como nenhuma outra jamais fez, eu quero
protegê-la e quero cuidar dela. Quero que ela seja feliz e consiga superar tudo
que ela passou, ao meu lado. — Diz de maneira apaixonada e eu fico contente
em saber que ao menos Aslan e Rebeca serão felizes.
Ficamos andando pelo jardim, Aslan me conta tudo sobre ele e Rebeca, o
quanto ela estava assustada quando acordou já na Rússia e como aos poucos ela
foi abrindo seu coração para ele. Meus pais iriam embora amanhã, eu estava
triste por não os ter aqui, me sinto mais segura com Aslan por perto junto com
Dimitri e meu pai, sinto que estou protegida por eles e o monstro não chegará
perto de mim.
Olho para Hades nadando no rio do oásis de maneira majestosa.
— Ele é assustador, onde já se viu ter um leão de estimação! — fala
Aslan, olhando pela grade para o feroz leão.
Perséfone está deitada sobre a grama, dormindo tranquila, sabendo que
tem o macho para protegê-la.
— Estava te procurando, bella mia. — Fala Dimitri, chegando até nós.
— Convenci minha irmã a caminhar pelo jardim e me deparei com essas
bestas assassinas no quintal.
— Não chame Hades de besta, ele pode ficar ofendido e pular a grade —
diz Dimitri, assustando meu irmão, que olha para o animal temeroso.
— Quem era aquele homem hoje de manhã? — Pergunta Aslan e eu sinto
um arrepio subir pelo meu corpo.
— Nada que diga respeito a você — fala Dimitri, curto e grosso.
Aslan dá um passo em direção a Dimitri e eu coloco as mãos no seu
peito, impedindo a briga.
— Obrigado por ter tirado minha mulher do quarto, mas agora eu preciso
levá-la a um lugar. — Fala Dimitri, olhando para mim, mas em seus olhos eu
posso ver uma sombra.
Um arrepio corre por meu corpo, uma sensação de que algo vai
acontecer.
— Eu te vejo mais tarde, pequena. — Fala Aslan, se despedindo,
deixando Dimitri e eu sozinhos.
— Eu preciso que veja algo, talvez isso faça você voltar a ser a Katharina
de antes. — Fala ele, segurando minha mão.
Um frio toma conta do meu corpo quando caminhamos até a torre da
agonia, meu corpo todo fica gelado conforme subimos as escadas que levam até
as celas. Dimitri em nenhum momento solta minha mão. Entramos em uma área
que não tinha visto ainda. Tudo paralisa, e eu perco o ar, meu corpo começa a
esquentar junto com um ódio amargo que enche minha boca de ânsia. Lá está
Alesso Gambino Luchese, acorrentado no meio da cela. Uma cadeira posta em
sua frente, como se esperasse um espectador.
No caso, esse espectador sou eu.

Nossa viagem de Palermo a Roma foi rápida, uma equipe Ndrangreta já


estava na cidade vigiando todos os passos do general Dalla Chiesa. Ele seria
monitorado 24 horas por dia, até que conseguíssemos encontrar uma brecha na
sua segurança.
Estava tudo pronto, meus homens espalhados, dois fingindo serem
clientes no restaurante, eu uso uma roupa preta de motoqueiro e estou em uma
Icon Sheene preta e o capacete me protege de ser reconhecido. Na saída do
restaurante, observo a hora certa de agirmos e penso na ironia da situação, o
general honrado está traindo sua amada esposa com uma mulher quinze anos
mais nova que ele, a atriz e modelo iniciante Emanuelle Lasco. Aguardávamos a
saída dos dois do restaurante para não chamar muito atenção, preferi escolher
um assassinato limpo, sem chamar atenção da imprensa, já que a cabeça de todos
os capos da Cosa Nostra está a prêmio, prefiro não dar bandeira.
Dalla Chiesa sai do restaurante junto com a amante e dois seguranças, a
mulher ri de algo que o homem diz e ele entrega a chave do carro para ela. Os
dois entram no carro e ela dirigi, vejo que é hora de entrar em ação e acabar de
uma vez por todas com mais esse problema.
Meus homens dirigem dois jipes preto e seguem eles a uma distância
segura, sem chamar muita atenção, até estarmos longe do fluxo de carros. Logo
atrás, eu piloto minha moto, esperando o momento certo de agir. Conforme eles
rumam em direção ao apartamento dela, meus homens aceleraram, fechando o
carro dos seus seguranças e atiram com as metralhadoras, em seguida o outro
jipe fecha o carro que Emanuelle dirige, atiram contra o carro até transformá-lo
em uma peneira. O primeiro jipe termina e sai cantando pneu, o segundo faz o
mesmo, atirando contra o carro, não deixando chance para que o general Dalla
Chiesa escape. Por fim, eu paro a moto ao lado do carro, aponto minha nove
milímetros para ele, mas percebo que não há a mínima chance de ele estar vivo.
A missão foi completada com sucesso, subo na moto, indo em direção ao
centro de Roma, onde Lorenzo e Vicenzo já devem estar cercando o maledeto
traditore do Gambino.

— Onde está Lorenzo? — Pergunto a Vicenzo assim que chego ao hotel.


— Ele foi buscar os disfarces, Alesso está se escondendo em um dos
apartamentos do prédio em frente. Passei o dia observando a movimentação e
pude ver ao menos três homens dele vigiando o perímetro.
— Como vamos entrar? — Pergunto curioso, olhando para Chaise, que
vigia algo no binóculo.
— Ele está esperando um agente da federal se reunir com ele hoje à noite
para negociar um acordo.
— Lorenzo grampeou todo o sinal de celular a um quilômetro do nosso
perímetro.
Nesse momento Lorenzo aparece com três sacolas.
— Espero que isso sirva. — Fala, jogando uma para mim e começo a rir
vendo o disfarce de policial.
— É sério que eu vou ter que usar isso?! — Digo, com asco.
— É a única maneira de entrarmos sem causar um grande estrago, não se
esqueça que queremos ele vivo até chegarmos em Palermo.
Nos vestimos e, usando o quepe e óculos escuros, nos dirigimos ao
prédio de frente. Os seguranças, quando nos veem, usam o rádio, provavelmente
para avisar da nossa chegada. Nossas armas estão carregadas e com silenciadores
para não chamar muita atenção.
— Podem entrar, vigésimo quarto andar, apartamento vinte e seis. —
Informa um dos capangas.
Entramos no prédio e então a coisa começa a ficar mais tensa, Alesso
estava rodeado de mais segurança do que imaginávamos, tinha pelo menos nove
só no térreo e um deles nos acompanhou no elevador. Vicenzo faz um gesto para
Lorenzo, que apaga o cara antes mesmo do elevador chegar no andar.
Arrastamos o corpo para a porta que leva às escadas, o deixando ali e vamos
direto para o apartamento vinte e seis.
Um tiro na fechadura da porta e rapidamente invadimos. Lorenzo atira
em um homem armado que tenta defender Alesso.
— Acabou, Alesso, você está fodido. — Falo, apontando a minha pistola
na sua cabeça.
Vicenzo mata outro homem de Alesso que estava de joelhos, implorando
por misericórdia, enquanto eu mantenho o traditore sobre a minha mira.
— Me deixa ir Tom, nós dois sabemos que Dimitri está perdendo o
poder.
— Maledeto imundo. — Cuspo em sua cara, com nojo dele se quer
cogitar que eu trairia a família.
— Eu deveria arrancar suas bolas, seu porco, infelizmente eu não posso,
mas o que me deixa feliz é saber que Dimitri não terá piedade da sua alma e
você terá uma morte lenta e dolorosa. — Fala Lorenzo, dando uma cabeçada em
Alesso, que desmaia.
— Merda, Lorenzo, Dimitri disse que queria ele inteiro, porra.
— É só um corte na testa, ninguém precisa saber. — Lorenzo responde.
— Temos que sair daqui e rápido. — Falo, alertando os dois.

Os homens de Alesso, assim que nos veem saindo do elevador, abrem


fogo, o cerco se arma e o tiroteio se inicia.
— Porra, protejam o bosta, ele não pode ter um buraco de bala!!! —
Grita Vicenzo, dando cobertura, enquanto eu arrasto o corpo de Alesso para atrás
de uma parede.
Os gritos de moradores do prédio e sons dos tiros se misturam. Aponto
minha arma para um dos desgraçados à direita, dou dois tiros certeiros e ele cai
no chão. Lorenzo corre em meio às balas e consegue atirar em um deles, porém
quase é atingido.
— Figlio di puttana!!! — Ele grita enquanto atira no miserável que quase
o atingiu.
Abaixo a cabeça, puxando o corpo de Alesso em direção à saída, Vicenzo
me dá cobertura enquanto Lorenzo fica para trás, atirando nos homens de
Alesso.
Nos esquivamos de tiros agora vindos de fora.
O barulho de sirenes é ouvido e nós percebemos que precisamos sair
agora ou não sairemos nunca mais.
— Não posso deixar meu irmão!!! — grita Vicenzo.
— Ele sabe se virar — falo, com dificuldades de carregar Alesso.
Conseguimos colocar ele dentro do carro e Chaise aparece para nos dar
cobertura.
— Onde está Lorenzo? — Pergunta Chaise, ligando o carro.
— Ele está lá dentro ainda. — diz Vicenzo, algemando Alesso.
— Vocês dois podem ir, vou ficar para ajudar Lorenzo. — diz Chaise,
saindo do banco do motorista, que eu assumo, e ele vai com a sua arma nas
mãos, atrás de Lorenzo.
Dirijo em alta velocidade, passando pelo carro da polícia, que estava
chegando no prédio, uma viatura começa a nos seguir e eu me desespero.
— Passa nossa localização para Antony, que solicitará reforços — falo
para Vicenzo, que rapidamente aciona nossos homens.
Cruzo por uma avenida movimentada, furando o sinal vermelho, mas a
viatura se mantém na nossa cola, tento chegar a Via Nazionale, onde geralmente
está cheio de turistas. Corto, fazendo um cavalo de pau, firmando o volante e
entro na avenida movimentada, é quando dois carros, que fazem nossa cobertura,
chegam atirando contra a viatura. Os policiais tentam revidar, mas é inútil, o
nosso armamento é superior. O carro da polícia capota e acerta uma grande
lixeira. Continuo dirigindo direto para a pista de pouso, onde nosso jatinho nos
aguarda.
— Não vamos sair daqui enquanto Lorenzo e Chaise não aparecerem. —
Fala Vicenzo, visivelmente abatido.
O dia amanhece e nada dos dois aparecerem, estou a ponto de ligar para
Dimitri para que ele ordene que Vicenzo entre no avião, quando um carro
amarelo entre no nosso campo de visão. Meus homens se preparam, com as
armas em punho, quando percebo que é Lorenzo quem dirige o carro. Ele para o
carro e grita por ajuda.
— Me ajudem a tirá-lo do carro, ele está ferido. — Fala Lorenzo.
Vicenzo corre em direção a Chaise e ajuda a colocá-lo dentro do avião,
Alesso está dopado, no compartimento de carga.
— O que aconteceu lá quando saímos?!
— A polícia cercou tudo, se não fosse Chaise eu estaria morto agora, tive
que roubar esse carro para saímos de lá. Estávamos a ponto de sermos pegos,
Chaise levou um tiro por trás para me defender. — Ele diz, trêmulo e Vicenzo
tenta estancar o ferimento de Chaise, com ajuda de Antony. O piloto decola, nos
levando de volta à Palermo, a missão foi cumprida, porém não da maneira como
eu tinha planejado.

— Eu preciso que veja algo, talvez isso faça você voltar a ser a Katharina
de antes. — Digo com a esperança que esse seja o gatilho que a doutora me
falou.
Caminho ao lado dela até a torre da agonia, seguro a sua mão e fico
surpreso por ela não me rechaçar. Ela está tensa, sua mão transpira conforme nos
aproximamos das celas que antes abrigava os prisioneiros, mas que agora é
ocupada apenas por um.
A levo até a cela, a maior daqui, onde tudo está preparado para o que irá
acontecer.
— Venha comigo, meu amor, hoje você terá sua vingança!
Coloco a cadeira bem de frente para Alesso, que está acorrentado pelos
braços e de joelhos no chão.
— Você traiu a família, Alesso, passou por cima da confiança que lhe foi
entregue. Você armou, manipulou para tomar o meu cargo, dando um golpe na
Cosa Nostra. Mas nada disso chega perto do que fez à minha mulher. Você não
só a sequestrou, como a machucou e colocou suas mãos imundas sobre ela. Eu
poderia ter lhe dado uma morte rápida se tivesse apenas me traído, mas não,
você foi mais longe e agora vai sentir o peso da própria besta sobre você! —
Dou então a minha sentença.
Katharina olha para ele com nojo e ódio. Meu desejo pela tortura, pela
morte estava no extremo. Nos últimos dias, meu controle estava se esvaindo,
saber que ele a machucou, que ele a tocou, que a feriu me faz querer machucá-lo
da pior maneira possível.
Me desfaço do paletó e da camisa, ficando apenas de calça, deixando-os
sobre a mesa de madeira, Lorenzo já tinha preparando todos os brinquedos
quando trouxe Alesso, as correntes estão presas no teto e ele está nu. Paro em
frente a ele e olho em seus olhos com nojo, com desprezo, dou um soco no seu
olho com todos meus anéis, fazendo seu corpo balançar para trás.
— Foi assim que você bateu no olho dela? — pergunto e dou outro soco
no olho esquerdo. — Você gostou de bater na minha mulher?!
O soco novamente, dessa vez em seu estômago, fazendo-o cuspir sangue
no chão. Pego o alicate de corte e me lembro das mãos nojentas dele sobre a
minha mulher. Vou até ele, puxo as correntes que o prendem e seguro sua mão
esquerda.
— Não, por favor, acaba com isso de uma vez — ele implora quando
corto o primeiro dedo, com brutalidade.
Sangue escorre pelo chão e seus gritos suplicantes são como música para
mim, Katharina observa a cena e se deleita ao ver o sofrimento dele. Destruo
todos os dedos das mãos, assim suas mãos imundas estão decepadas. Pego à
estaca, um dos meus brinquedos favoritos, pois tem pregos na ponta.
— Traidor maledeto — bato com a estaca nas suas pernas e ele se
encolhe de dor. — Você é bosta, preferiu atacar uma mulher a me enfrentar cara
a cara — digo, cuspindo na sua cara. — Agora eu vou te mostrar o que acontece
com quem toca a minha mulher. — Falo, pegando o meu punhal de prata.
Pego um par de luvas e ele começa a tremer de dor e medo. Me baixo,
seguro aquela merda que ele tem entre as pernas e em um golpe só eu arranco
seu pau e suas bolas fora. Ele começa a vomitar, eu olho para Katharina, que
continua vidrada no rosto dele.
— Não ouse desmaiar, quem vai terminar com a sua vida será ela, a
minha mulher. Vem aqui, amore mio. Você tem o direito de acabar com esse
bastardo de uma vez por todas — falo, segurando o punhal para ela.
— Por favor, Dimitri, me mate de uma vez! — Ele implora, com medo
do olhar que Katharina direciona a ele.
Katharina vem até mim, segura o punhal e para em frente a ele.
— Você vai pagar por tudo que fez a mim — ela fala.
Olho-a, então eu percebo que ela está de volta, a minha Katharina, a
guerreira imbatível.
— Pensou que poderia acabar comigo, que iria tomar o poder de Dimitri,
mas você não passa de um fraco — fala com asco e desprezo. — Levanta essa
cabeça, Gambino, a senhora da máfia fala com você. — Acha que por ser uma
mulher, eu sou fraca e despreza tanto os russos, pois saiba que vai morrer pelas
mãos de uma.
— Me mata de uma vez então, Bratva. — Ele tenta provocá-la para ter
uma morte rápida.
— Não, nada disso, primeiro tenho que te contar que nós, russos, somos
descendentes dos vikings.
— Me mata de uma vez, caralho!!! — ele grita para Katharina.
— Os vikings tinham um ritual especial para tratar de homens como
você, traidores e covardes que não merecem piedade. Aqueles que enfureciam a
ira dos deuses.
— Me mata, porra!!! Vamos, Dimitri, me mata, você tem que me matar
— ele implora enquanto eu solto as correntes e o amarro de joelhos, com os
braços abertos sobre uma coluna de concreto.
— Vou desenhar uma águia de sangue em suas costas e suas costelas vão
se abrir como asas, vai ser lindo ver você morrer lentamente conforme tenta
respirar e a dor te consume — fala Katharina, de pé em frente a ele.
— Não, não, por favor!! — ele grita, desesperado quando entende o que
ela pretende.
Ela sorri e caminha até parar atrás dele. Um corte é feito pelo tórax e com
a ajuda do meu punhal, com uma pressão que nunca vi nem mesmo em
cirurgiões. O sangue começa a escorrer pelo chão e as mãos dela estão sujas de
sangue.
— Haaaa! — Ele grita, tentando se debater, mas eu o seguro no lugar,
impedindo que Katharina acabe acertando algum órgão vital.
Ela lentamente separa as costelas da coluna vertebral e eu não consigo
enxergar seu rosto, ela está concentrada no que faz e vai abrindo cortes como se
fossem asas de uma águia, de maneira que não deixe ele morrer fácil.
Eventualmente ele morreria pela hemorragia, pela dor, mas seria uma morte
lenta. Nós dois ficamos assim, olhando para ele até perceber que ele está morto.
Katharina desaba e começa a chorar. Vou até ela e a abraço forte, tentando
consolá-la.
— Acabou, acabou, ele nunca mais vai tocar em você, meu amor.
— Eu precisava fazer isso, eu precisava me limpar — ela diz, tremendo.
— Ele mereceu, ele mereceu isso e muito mais. — Digo, confortando-a
Ela me abraça forte enquanto eu acaricio suas costas.
— Não quero que chore mais, amore mio, acabou, eu estou aqui por
você.
— Eu amo você, Dimitri. — Ela fala em meio ao choro e eu olho para
seu rosto, tentando confirmar o que ela acabou de dizer.
— O que disse, Katharina?! — Questiono, confuso.
— É difícil ter que fingir ser forte o tempo todo e tentar enganar a todos e
o pior enganar a mim mesma, mas já não dá mais para me enganar, eu amo a
besta, eu amo o monstro, eu amo você, Dimitri Salvatore Rinna.
— Você me ama, tem certeza do que está dizendo, bella mia?! —
Pergunto em choque.
— A verdade é que o monstro em mim ama a besta em você! — Fala,
tocando meu rosto cheio de sangue.
— Eu não mereço seu amor, Katharina, mas sou egoísta demais para
recusá-lo, eu quero tudo de você, bella mia — falo, puxando-a para mim e a
beijo com saudade e desespero, a maneira como eu a amo chega a ser insana.
Estamos cobertos por sangue, mas a fome, a saudade e a angústia são
maiores que tudo.
— Me toque, aperte um pouco mais, até não podermos nos soltar — ela
fala, gemendo e morde meu lábio, eu sinto meu corpo todo pegar fogo.
— Eu amo você, bella mia, amo cada pedacinho seu, nada em você é
sujo ou errado, você é perfeita, perfeita para mim. — Falo, beijando seu pescoço,
sentindo o cheiro de sangue ao nosso redor, mas nada disso importa.
A besta dentro de mim implora para que eu a tome. Katharina está com o
rosto cheio de lágrimas, assim como o meu. O beijo se torna profundo, nós dois
estamos desesperados um pelo outro, é como se uma barreira tivesse caído. Seus
lábios devoram os meus com saudade e com paixão, ela arranha meu braço e eu
mordo seu queixo, sentindo o gosto amargo de ferrugem.
— Me mostre a quem eu pertenço, quem é o único a ter meu corpo, a me
sentir. — Ela pede olhando em meus olhos e eu entendo o que ela precisa.
— Ah, amore mio, vou te mostrar exatamente a quem você pertence, que
cada célula do seu corpo tem dono! – Ameaço.
Agarro-a pela cintura e deslizo as alças do vestido longo, seus braços
estão sujos de sangue, assim como meu peito.
Ela está linda e a besta dentro rugi com a visão. Tiro os sapatos e volto a
abraçá-la.
— Você me enfeitiçou desde o primeiro beijo que eu roubei.
— Toda noite brigamos e é quente como um inferno, mas em seus
braços, na nossa cama, me sinto no paraíso — ela fala, me puxando para outro
beijo.
— Vou te mostrar quem você verdadeiramente é, Katharina, nada do que
aconteceu mudou o existe dentro de você!! — Digo, mordendo seu pescoço,
olhando em seus olhos.
Ela abre o zíper da minha calça e toca meu pau, deslizando a calça para
baixo, então eu não perco tempo, puxo seu sutiã branco com força,
arrebentando-o. Olho para os seus seios, os devorando apenas com o olhar, meu
corpo treme de ansiedade, puxo seu cabelo com força, em um rabo de cavalo e
forço sua cabeça para trás, me aproximando mais e digo.
— Eu amo você, Katharina, você é minha, só minha e de mais ninguém!
— Beijo seu pescoço exposto, mordo e chupo todo o caminho até seus seios
fartos, sujando toda sua pele branca de sangue.
— Eu quero seu pau em mim, Boss. — Ela fala, massageando meu pau.
— Não brinca com fogo.
— Toda vez que me toca eu sinto como se tivesse caindo em brasas. Nós
dois somos a própria chama que alimenta o inferno. — Fala, esfregando sua
boceta na cabeça do meu pau enquanto eu chupo seus seios.
— Vamos nos queimar, querida.
Me abaixo, abocanhando sua boceta, que está pingando, chupando-a com
gula. Lambo de cima a baixo, sugando o clitóris e puxando-o com os dentes,
mordendo de leve.
— Dimitri, eu vou gozar assim! — ela grita, extasiada.
Eu aproveito e acelero ainda mais os movimentos da língua, ela se
arreganha mais para mim, abrindo mais as pernas e puxando meu cabelo por
trás.
— Eu sei do que você precisa — digo, mordiscando de cima a baixo. —
Sei o que você quer.
Penetro ela com a língua e a fodo por uns bons minutos, observando seu
rosto em êxtase, a maneira como ela treme quando goza me deixa ainda mais
louco. Ela choraminga, quase gozando, fodo-a ainda mais rápido com a boca, ela
começa a gritar, ensandecida e quando está quase gozando novamente, eu paro.
— Não para! – Katharina suplica – Eu vou gozar de novo, assim isso,
isso!
Com a mão direita, seguro seus braços atrás, levando até a mesa,
pressiono seu corpo ainda mais na mesa e pincelo meu pau na sua bocetinha,
deslizando de cima a baixo, sem entrar. Katharina geme desesperada e se esfrega
em mim, se contorcendo, louca, implorando para que eu a foda. Eu meto de uma
vez só na sua boceta, fazendo-a se inclinar para tentar encaixar melhor, sinto
como se estivesse no paraíso, sua boceta esmaga meu pau feito uma luva, me
apertando, ela está encharcada.
Seus olhos se fecham em êxtase, aproveito e mordo seu seio esquerdo,
ela rebola no meu colo, gemendo. Soco com força, metendo com vontade, dá
para escutar o som dos nossos corpos se chocando.
— É assim que você quer, bella mia?! — Estoco sem parar, fodendo sua
boceta com força.
— Isso, Boss, mais rápido, me faça sua apenas – Diz entre gemidos.
— Fala pra mim quem você é, Katharina, a quem você pertence?!
— A você.
— Eu não ouvi, não entendi o que disse. Anda, fala! — Dou um tapa em
sua bunda.
Tiro meu pau todo, apenas para meter mais forte de novo e de novo...
— Eu sou Katharina Peskov Castelaresi Rinna, eu sou a senhora da máfia
e pertenço a você, Boss, eu pertenço à besta! — Grita, chorando quando o
orgasmo a domina, só então eu gozo, rugindo, a acompanhando.
Levanto seu rosto pra mim, puxo seus cabelos e beijo sua boca
lentamente. Vou beijando seu rosto com carinho, limpando suas lágrimas,
olhando em seus olhos azuis, os mais lindos que já vi, me dando conta que
jamais vou conseguir viver sem essa mulher.
— Nunca mais você vai passar novamente pelo que aconteceu, eu
prometo que irei protegê-la até o fim da minha vida, está ouvindo!? — Falo sério
para ela, que balança a cabeça e sorri para mim. E o seu sorriso é como o sol,
iluminando as trevas que vivem em mim.
O frio da Rússia é formidoloso, odiei esse lugar desde que coloquei meus
pés aqui.
Após descobrir que Aslan Castelaresi foi o mesmo que pegou Rebeca no
hospital, eu comecei a investigar onde ele poderia estar escondendo a minha
mulher, ela não veio com ele para Palermo, isso estava claro, já que o mesmo
não saiu da fortaleza de Dimitri e foi direto do aeroporto para ela. O palácio
onde ele e sua família moram estava sendo monitorado por meus homens, mas
por enquanto nem sinal de Rebeca, o que começa a me desesperar. Usando meu
charme e carisma eu consigo convencer uma das funcionárias do palácio a ser
meus olhos lá dentro. O lugar é tão grande que, segundo ela, há muita gente que
ela não conhece. Dou uma foto de Rebeca para que ela investigue se ela estava
escondida lá. Agora aguardo dentro do meu carro, fora do território vigiado
pelos Bratva, para que ela me informe o que descobriu.
— Senti a sua — Ela fala ao entrar no carro, tentando me beijar, porém
eu me afasto, sem nenhum pingo de paciência.
— Vamos, querida, me diga o que descobriu, estou preocupado com
minha sobrinha, ela é muito jovem e pode estar sendo enganada pelo Castelaresi.
— Bem, tudo bem, eu sei que você é um tio dedicado, mas jovem não
está no palácio. Na verdade, ninguém a viu, mas rola um boato entre os
funcionários.
— Boato? — Questiono, colocando a mão no queixo.
— Sabe como é, muitos empregados, a fofoca rola solta.
— Seja mais clara.
— Estão falando que o jovem Aslan está apaixonado por uma
estrangeira. Parece que ele até se afastou da Bratva para ficar com ela por um
tempo.
Seguro o volante do carro com tanta força que sinto o couro romper.
— Será que ela é a minha sobrinha?!
— Acho que sim. — Ela diz, olhando para mim.
— Onde ele pode estar mantendo-a? — Pergunto nervoso.
— Não sei, talvez em alguma outra propriedade que seja tipo um ninho
de amor.
Não a deixo terminar de falar, saco a minha arma e disparo contra ela,
silenciando-a de uma vez.
— Maldita, maldita.
Ligo para o detetive e peço que ele descubra possíveis propriedades que
o desgraçado do Castelaresi possa ter.
— Se ele tocou em um fio de cabelo dela eu o mato!
— Digo retirando o corpo da garota do meu carro e jogando dentro do
rio.

Horas mais tarde me encontro com alguns dos meus homens e o detetive.
— Eu fiz uma lista de possíveis locais onde ela pode estar se escondendo,
mas essa cobertura no centro me parece o local mais tranquilo, é fácil para ela
estar lá.
— Então é para lá que iremos. — Falo, ansioso para recuperar o que é
meu.

O prédio é um dos mais luxuosos da cidade, na minha cabeça enumero


várias opções para o motivo de Rebeca estar aqui, mas em nenhuma delas a
hipótese de ela ter um amante. Não a minha Rebeca, ela não seria capaz disso.
Entrar no prédio acaba sendo mais fácil do que pensei, apenas dois homens
fazem a segurança no local, nem é preciso chamar meus homens para ajudar,
liquido os dois na recepção do prédio, assim como o porteiro escandaloso que
não parava de gritar. Entro no elevador, avisando meus homens para ficaram lá
embaixo e vão limpar tudo para não deixar rastro, como também deixar o carro
pronto. O elevador para no andar da cobertura, toco a campainha, nervoso,
guardando minha arma dentro do paletó e espero ansioso ela vir me receber.
Assim que a porta se abre eu vejo Rebeca, com os cabelos mais curtos, o
olhar assustado e pele pálida, como se tivesse visto um fantasma.
— Sentiu a minha falta, bonequinha?!

Ele é um assassino, ele não é bom, não, seu coração é ruim. Ele é um
predador que manipulou tudo e todos. Enquanto eu crescia, ouvia minha mãe
dizer; corra de homens como ele, pois eles podem destruir seu coração. Ele é um
leão, o rei da selva, ele é o cara mau com um coração pobre. Eu sei que não é
sensato amá-lo, mas eu estou apaixonada por um monstro. Eu amo, amo a besta,
amo um monstro. E esse tipo de amor não é racional, é físico visceral.
O que aconteceu na torre foi só o começo da nossa noite, Dimitri me
levou em seus braços até a fortaleza, chocando Luigi e mamãe, que estavam na
sala e nos viram cobertos por sangue, mas nem mesmo os respondemos, Dimitri
subiu as escadas comigo, me levando direto para o banheiro da nossa suíte.
Tomamos banho em meio a carícias, senti como se um peso tivesse saído dos
meus ombros ao aceitar o que estava óbvio. Eu amo Dimitri.
— Quando foi que isso aconteceu entre nós dois? — Pergunto enquanto
acaricio seu peito malhado, deitada com a coxa sobre ele na cama.
— Isso...? — Questiona, esfregando seu nariz no meu pescoço.
— Quando a besta italiana se apaixonou por uma russa teimosa e
indomável?!
— Eu posso adicionar muitos adjetivos além de teimosa e indomável
nessa lista, como por exemplo, debochada, desobediente, encrenqueira, a lista é
longa demais — fala com um sorriso no rosto e eu acerto um tapa no seu peito
fazendo ele rir.
— Posso ser tudo isso, Boss, mas ainda assim essa loira aqui tem você
nas mãos — falo, provocando e beijo seu peito.
— Porque eu fui dar asa à cobra? Ela já quer se enrolar na minha
garganta — diz ele fazendo cara de pânico e eu não aguento e começo a rir.
— Você fica tão linda quando sorri, bella rosa, não sabe como quase
enlouqueci vendo você se corroendo daquela forma, pensei que iria perdê-la para
sempre — Fala, sério, olhando em meus olhos.
— Você se ajoelhou, você me disse que nunca se ajoelharia para
ninguém, nem mesmo se sua vida estivesse em risco.
— Não era a minha vida que estava em risco e sim a sua. — Fala e meu
coração acelera.
Me inclino sobre ele e beijo sua boca com carinho, desejo e com paixão.
Dimitri me puxa para cima dele enquanto aprofundamos o beijo.
— Não sabe a saudade que senti de poder tocar você, estava a ponto de
enlouquecer, amore mio. — Fala enquanto beija todo meu rosto.
— Sentiu falta do meu toque, Boss?! — digo, com um sorriso provocador
nos lábios.
Coloco meus braços ao lado do seu corpo, deixando meu cabelo jogado
para frente e vou beijando seu peito até chegar na sua cintura.
Dou um leve beijo de leve sobre a boxer e ele a puxa para baixo, se
livrando dela, agoniado. Seu pau grosso pula na minha frente e sorrio, olhando
para essa maravilha.
Lentamente eu o levo em minha boca, sentindo a textura e ele latejar de
tesão, lambo a cabecinha e arrasto minha língua de leve por ele, que está muito
duro. Não perco tempo e o lambo inteiro, passo minha língua por todo seu pau e
com minha mão massageio as bolas.
— Você vai me deixar louco assim, bella mia.
— A ideia é essa, Boss. — Digo e o abocanho, tentando levá-lo
profundamente em minha garganta.
Acelero a chupada e aguardo o seu orgasmo despejar em minha boca, o
que não demora muito para acontecer, Dimitri segura meu cabelo contra seu pau
e despeja todo seu gozo na minha garganta.
Bebo tudo, me lambuzando, Dimitri me vira pela cintura e me coloca de
quatro na cama.
— Não imagina a visão linda que eu tenho de você, bella mia.
— Hum, vai ficar falando ou vai me fazer gozar?! — Provoco, me
inclinando ainda mais.
Dimitri acerta um tapa estalado na minha bunda e em seguida lambe toda
a minha polpa, que arde. Ele me arreganha toda e passa a língua de cima para
baixo e me contorço toda. Sua língua felina não dá descanso a minha boceta, me
chupa, lambe e faz movimentos de vai e vem na minha entrada, para depois
sugar meu clitóris.
— Eu vou gozar, não para — digo, me esfregando na sua boca.
E ele não para, pelo contrário, segura minha cintura e me degusta como
se fosse uma fruta fresca, não resta um canto onde ele não passa aquela língua
feroz. Eu estremeço toda, sentindo meu corpo amolecer e o orgasmo alucinante
me acometer.
— Você é deliciosa, amore mio, amo o sabor da sua boceta — diz ele,
beijando minha bunda e me virando para estar debaixo dele.
Sentir seu pau entra em mim e é uma sensação maravilhosa, fecho os
meus olhos, gemendo e recebo um tapa na coxa.
— Olha para mim, quero que veja que sou eu que estou te levando ao
limite do prazer, que sou eu o único dono do seu corpo — fala, chupando meu
seio, me fazendo olhar para ele e ter a certeza que ali é o meu Dimitri.
Ele arremete uma estocada brusca, me levando à loucura e eu grito de
tesão. Dimitri levanta minhas pernas até seu ombro e sem dó me castiga com seu
pau, me arrombando toda. Eu reviro os olhos de tanto prazer.
— Meu mundo está um verdadeiro caos, mas tudo que eu quero é ficar
nessa cama com você! — Diz, gemendo.
Eu nem consigo responder, minha voz some quando eu gozo, curvando
as costas e tremendo toda. Meu corpo fica lânguido e ele não para, tira todo seu
pau e bate com a cabeça na minha boceta.
— Não me provoca, desgraçado.
— Olha a boca suja, amore mio — fala enquanto encaixa a cabeça do pau
na minha boceta e desliza lentamente no meu canal.
Puxo seu cabelo bruscamente e o beijo, sentindo sua barba arranhar meu
rosto do jeito que gosto. Nós nos beijamos de maneira apaixonada, rendidos
pela luxúria. O som dos nossos corpos se chocando é como música em meus
ouvidos.
— Eu amo você, Dimitri. — Falo, gozando novamente.
— Você é a única que me fez descobrir o que é amor, Katharina, e nada
irá nos separar, amore mio. — Fala, rugindo e goza fortemente, me inundando
com sua semente.
Tomamos outro banho e me visto para descer para jantar.
— Tem certeza que quer descer para jantar em família? Podemos ficar
aqui no quarto. — Fala Dimitri atrás de mim enquanto eu tento maquiar meu
rosto.
— Não podemos ficar trancados aqui para sempre, também quero
aproveitar o tempo que eu tenho com a minha família.
— O que acha de viajarmos, só nós dois, quem sabe para as Ilhas
Maldivas onde seu irmão falou que você queria conhecer? Nós podemos ficar
uma semana lá. — Fala Dimitri, acariciando meu cabelo molhado, que não fiz
questão de secar.
— Não podemos simplesmente fugir dos problemas, você é o Boss, a
Cosa Nostra precisa de você — falo, me virando para ele ao terminar de passar
meu batom.
— Então é melhor descermos logo antes que sua mãe ou Ivana venham te
buscar — fala com um sorriso tão lindo que quase perco o ar. Quando foi que eu
fiquei tão boba assim? Esse homem só pode ter feito uma macumba para mim,
não é possível ficar tão mexida com um simples sorriso.

— Ainda não acredito que você está bem, minha filha — fala mamãe,
contente, enquanto somos servidos por Luigi.
— Já não há nada o que temer, nem o que me envergonhar, eu não me
sinto mais suja. — Falo, abaixando o olhar, triste.
— Não há nada de sujo em você, pequena. — Afirma Aslan, me
consolando.
Dimitri se mantém calado, assim como Vicenzo, que está visivelmente
contando os segundos para o jantar acabar, Lorenzo conversa com meu pai sobre
os negócios.
É a primeira vez eu que realmente me sinto em família, uma grande
família, toda torta, mas a minha família.
— Já que você está melhor, vamos voltar para a Rússia amanhã de manhã
— fala meu pai.
Dimitri só falta sorrir de felicidade e nem mesmo disfarça.
— Eu gostaria que ficassem mais, quase não pude aproveitar vocês aqui.
— Os negócios não podem esperar, não podemos nos ausentar por muito
tempo. — Fala meu pai, decidido.
— Tem razão, tenho muito a fazer na Rússia — diz Aslan, lembrando de
Rebeca.
— Não fique triste, bella mia, podemos ir à Rússia em breve — fala
Dimitri, segurando minha mão sobre a mesa.
Todos, menos Vicenzo, olham para o gesto de carinho com certa
estranheza. Talvez seja inacreditável demais para eles perceberem que a rosa
conquistou a besta.

Assim que a porta se abre eu vejo Rebeca, com os cabelos mais curtos, o
olhar assustado e pele pálida, como se tivesse visto um fantasma.
— Sentiu a minha falta, bonequinha?! — Pergunto, feliz ao vê-la.
Ela tenta fechar a porta na minha cara, mas sou mais rápido e empurro a
mesma com força, abrindo-a.
— Eu vim te buscar, querida, estou disposto a esquecer sua fuga e te
perdoar — falo, paciente.
— Me perdoar, você me perdoar depois do que me fez? Você matou a
minha filha e eu tenho que te pedir perdão?
— Eu não vou levar em conta o que está dizendo porque sei que está
nervosa. A morte da nossa filha foi uma fatalidade, mas juntos vamos superar
tudo, você vai ver que logo estaremos esperando um novo filho. Você verá.
— Será que não se dá conta do quanto você é doente? Eu não quero ir
com você, eu o odeio. Dante, eu fugi e fugiria novamente se tivesse a chance —
fala, me enfrentando e a pouca paciência que eu tinha evapora.
Com três passos eu estou à sua frente e tiro a seringa do meu bolso do
paletó. Rebeca tenta correr de mim, mas eu a puxo forte pelo braço e aplico o
tranquilizante em seu braço fazendo com que aos poucos ela vá apagando. Pego
ela no meu colo e me sento, em paz depois de semanas. Levo Rebeca até o carro,
meus homens fazem a limpeza e eu a levo para longe desse maldito lugar, onde
ninguém mais atrapalharia nossa felicidade.
A viagem da Rússia até a Itália é longa, dessa vez ninguém a afastaria de
mim, levo Rebeca nos meus braços direto para nossa nova casa. Casa essa que
fiz questão de escolher para nós dois, não colocaria meu anjo naquele lugar que
agora está imundo com o cheiro da puta da Giuliana.
Falando nela, da última vez que me vinguei dela, acabei pegando pesado
e a vadia foi parar no hospital, eu poderia matá-la e acabar com isso de uma vez,
mas era muito melhor tortura-la lentamente, pretendo deixá-la nas mãos dos
meus homens antes de dar fim na vadia de uma vez. Nessa nova casa eu
pretendo apagar as lembranças ruins que ela tem, aqui, longe de tudo e de todos
eu pretendo mostrar a Rebeca o quanto eu a amo e estou disposto a perdoá-la por
ter fugido de mim. Observo ela dormir tranquila, toco seus cabelos loiros, que
agora estão mais curtos, indignado por ela os ter cortado. Seu rosto está mais
corado e ela também ganhou peso, o que caiu bem em seu corpo. Seu rosto
franze lentamente e ela vai abrindo os olhos, pisca várias vezes para se
acostumar com a claridade.
— Que bom que acordou, meu anjo — falo feliz e então Rebeca se senta
na cama, assustada.
— Onde estou... Como você... — começa a gaguejar, nervosa.
— Senti tanto a sua falta, querida — falo, me aproximando dela que se
esquiva do meu toque.
— Não me toque, tenho nojo de você — fala com ódio no olhar.
Me afasto, respirando fundo, tentando controlar a minha vontade de fazê-
la engolir suas palavras.
— Eu sei que está magoada pelo que aconteceu, eu não deveria ter te
traído meu anjo. Mas eu sou homem e a vagabunda da sua irmã ficou se
oferecendo.
— Como tem coragem de colocar a culpa nela? É você quem me deve
respeito, Dante, você era meu marido, era você quem deveria honrar nosso
casamento — diz, com lágrimas nos olhos.
— Eu ainda sou seu marido, meu anjo, eu errei, mas prometo que agora
será diferente. — Falo, pegando o buquê de rosas rosa que mandei comprar e
entrego a ela.
Rebeca pega as flores e olha para elas como se fossem espinhos e as joga
no chão.
— Acha que essas meras flores irão mudar tudo que aconteceu? Você me
traiu, me humilhou, me espancou e ainda arrancou de dentro de mim a única
coisa boa que tinha me dado, minha filha. Eu nunca vou te perdoar, eu te odeio
com todas as minhas forças!!! — grita, com o rosto cheio de lágrimas.
Eu preciso fechar os punhos e contar até dez mentalmente para não a
machucar.
— Eu estou disposto a te perdoar, esquecer que fugiu, esquecer que pediu
para Katharina te ajudar a fugir. Posso fechar meus olhos para os seus erros,
você só precisa fazer o mesmo. Eu te trouxe aqui para te reconquistar, você já
me amou uma vez, pode me amar novamente, o tempo fará isso.
— O tempo pode curar tudo, mas o meu ódio por você ele não vai. Pode
vestir essa máscara de bom moço, mas eu conheço o monstro que é você, Dante,
eu não o amo, na verdade, agora eu tenho a certeza que nunca amei, o que eu
sentia por você não passava de deslumbramento de uma garota boba.
— Isso não é verdade, você me ama!! — Falo amargo, tremendo com
sua audácia.
Ela nunca falou assim comigo, nunca me enfrentou dessa forma.
— O único homem que amo se chama Aslan Castelaresi!
Eu não me seguro e acerto um tapa tão forte em seu rosto que ela se vira
e sangue escorre pelos seus lábios, que ela trata de limpar e sorri para mim.
— Pode me bater o quanto quiser, pode me espancar, eu não me importo,
eu posso viver o resto da minha vida no inferno com você, mas jamais
esquecerei as semanas no paraíso que só Aslan pode me levar.
Me afasto dela antes que acabe fazendo o que tenho vontade, que é fazê-
la engolir cada maldita palavra que diz.
— Você viveu um inferno ao meu lado, meu anjo, você não conhece o
inferno, mas talvez eu possa mostrar a você um pouco do que é verdadeiro
inferno.
Pego meu celular e ligo para meu subchefe, que já tem tudo preparado.
— Quero fogos de artifícios brilhando no céu de Palermo, que não reste
nem mesmo um membro para contar história! — Falo, imagino o rosto do
maldito russo que ousou tocar na minha mulher.
— O que você vai fazer?! — Pergunta Rebeca, nervosa e eu apenas
sorrio.
— Está tudo pronto, chefe, será perfeito, ninguém vai desconfiar. —
Fala, confirmando as minhas ordens.
Desligo o telefone e olho para Rebeca, que está alarmada.
— O que você vai fazer, Dante, o que está planejando? — Ela pergunta,
se levantando da cama e vindo até mim.
— Ninguém toca no que é meu, anjo, o maldito russo entenderá isso da
pior forma!

Eu mal dormi na noite passada, ansioso para voltar para casa. Tentei ligar
para Rebeca durante a noite, mas estranhamente ela não me atendeu,
provavelmente estaria dormindo por conta do fuso horário. Mandei uma
mensagem para meus homens e eles me avisaram que estava tudo bem. Me vesti
assim que o sol nasceu, eu já estava com as malas prontas para voltar para casa.
Desço para o térreo e encontro Vicenzo chegando. Pela sua expressão nada boa
dava para perceber que ele não está bem. Passa por mim, como se não tivesse me
vendo e sobe as escadas. Malditos italianos, todos sem educação.
— Eu costumava dizer a mesma coisa dos russos — fala Dimitri, saindo
do escritório.
— Rinna. — O cumprimento.
— Pelo que vejo já está pronto para voltar para casa!
— Sabe como é, esse lugar é quente demais para mim — debocho.
— Está claro que não nos suportamos, Castelaresi, mas nós dois temos
algo em comum, Katharina, e por ela teremos que aprender a conviver, afinal
nenhum dos dois vai se afastar da vida dela.
E, pela primeira vez, me vejo obrigado a concordar com o maldito Rinna.
— Realmente, você está certo, pelo bem da minha irmã, eu faço o
sacrifício de suportar você, Rinna.
— O que tanto vocês dois conversam?! — fala Katharina, descendo as
escadas.
É nítido ver o quando ela está melhor, não sei o que aconteceu naquela
torre, mas não importa, desde que tenha trazido minha irmã de volta.
— Apenas dizia para o seu irmão que é uma pena ele e seus pais já irem
embora, mal chegaram à Itália.
— Ah, sei... — Fala, cruzando os braços, duvidando das palavras de
Dimitri.
— Vamos para o pátio, pedi que Luigi e Ivana preparassem o café lá fora
antes de vocês irem.

O café da manhã se passa em um clima leve, os irmãos de Dimitri não


comparecem, mas isso não atrapalha o clima bom. Mamãe se desmancha em
lágrimas ao se despedir de Katharina, meu pai a abraça pela primeira vez em
muitos anos e diz algo em seu ouvido que a fez derramar uma pequena lágrima.
— Vou sentir sua falta, pequena — digo, pegando suas mãos.
— Isso não é uma despedida, não quero chorar, irmãozão, logo eu estarei
indo para a Rússia, quero ver uma certa pessoa. — Fala, sorrindo e eu a beijo na
testa, depois a abraço apertado, me despedindo.

O caminho até a pista de voo particular é rápido, meu pai se mantinha


entretido no celular enquanto mamãe dizia para mim o quanto está feliz sabendo
que Katharina está bem, que dá para ver que ela e Dimitri estão apaixonados.
Reviro os olhos toda vez que ela elogia o merdinha do marido da minha irmã.
Chegamos no local e logo nossos homens começam a carregar as malas
para o jato. Alguma coisa está me angustiando, afrouxo o nó da minha gravata.
Meu pai fala com Vasily, nosso piloto. Mamãe entra na aeronave, assim como a
maioria dos nossos homens. Olho ao redor, tentando entender o porquê dessa
sensação angustiante.
— Alguma coisa está errada — falo ao meu pai.
— Não temos tempo a perder, ainda hoje temos uma reunião com Alexei
sobre a aquisição de novos navios. — Fala ele, direto.
— Espera, eu preciso ligar para Katharina. — Falo, com a angústia
crescendo em mim.
— Já não se despediu da sua irmã o suficiente? — Questiona ele, já sem
paciência.
— Você pode ir entrando, só vou falar com ela, já entro.
Ligo para Katharina e demora três toques para ela atender.
— Aslan, já ia te ligar. — Fala com a voz tensa.
— Aconteceu alguma coisa com você, pequena? Tive um pressentimento
ruim.
— Eu também senti uma coisa ruim, não sei explicar. Lembra quando
éramos crianças?! — ela fala, me deixando mais tenso.
— Pode não ser nada, apenas besteira da nossa cabeça.
— Tem razão. Promete me ligar assim que chegarem na Rússia? — Ela
pergunta, nervosa.
— Eu prometo, pequena.
Assim que desligo o telefone, ele volta a tocar, o número de Maksim,
meu amigo e homem de confiança.
— Diga, Maksim, estou a ponto de entrar no voo de volta para casa.
— Chefe, sinto muito te avisar somente agora, mas só fiquei sabendo a
algumas horas — Fala, me deixando nervoso. — Fala de uma vez, porra — digo,
já apertando o celular com força.
— A garota que estava com o senhor foi levada e seus seguranças
mortos.
Sinto como se tivesse levado um tiro, o olhar de Dante naquela tarde
volta, me castigando. Eu deveria saber, eu deveria saber que ele descobriria.
Não tenho tempo de respondê-lo, pois nessa hora Igor vem me avisar que
estão prontos para decolar. A minha cabeça ferve de ódio, tudo que penso é que
ele conseguiu levá-la.
— Senhor, precisamos ir, o piloto já vai decolar.
— Eu não vou, avise meu pai que ficarei na Itália, tenho assuntos para
resolver aqui — digo, com uma expressão feroz e logo ele se afasta e entra no
jatinho para dar o recado.
Enquanto eu pondero maneiras de recuperar Rebeca e matar Dante, meu
telefone toca e vejo que é meu pai.
— O que pensa que está fazendo, moleque?!!
— Estou fazendo o que meu coração manda, só sairei da Itália quando
recuperar a mulher que amo.
— Você vai causar uma guerra, é isso que quer?! — Ele grita, fora de si.
— Eu assumirei as consequências dos meus atos, a Bratva não tem nada
a ver com isso!
— Não seja um irresponsável, entre nesse avião e vamos voltar para casa,
esqueça essa garota, logo você estará de casamento marcado.
— Pela primeira vez na vida, pai, eu não farei o que o senhor manda.
— Aslan Peskov Castelaresi! — ele grita.
— Adeus, pai — falo firmemente e desligo o telefone.
O jato liga as turbinas e começa a se preparar para o voo, observo o
início da decolagem e tudo acontece em câmera lenta, o jato começa a ganhar
altitude, quando uma explosão acontece.
— Não!!!! Pai! Mãe, não!!! — Grito, desesperado, correndo em direção
ao avião que é consumido pelas chamas em pleno ar.
— Não, não!!! — grito em puro desespero, vendo várias pessoas gritando
e correndo por todos os lados.
O avião começa a cair em direção a um prédio e eu desabo no chão,
chorando ao assistir há queda do avião com meus pais, envolto em fogo e
fumaça.
Tudo parece surreal demais para ser verdade, em um instante os dois
estavam aqui do meu lado e agora tudo está em chamas.

A morte do juiz Falcone causou grande baque na operação antimáfia. Ele


era o pilar que sustentava a investigação, a mídia agora cobre toda a repercussão
da sua morte.
Palermo está um verdadeiro caos, até mesmo o presidente teve que fazer
um pronunciamento falando sobre o combate à máfia em seu governo, o que não
deixa de ser uma piada, já que o governo federal nunca tinha feito nada contra a
Cosa Nostra, nem mesmo havíamos enterrado o juiz Falcone quando recebemos
a notícia da morte do general Dalla Chiesa, uma dupla perda para a operação.
Agora, o responsável pela operação é o magistrado Paolo Borsellino, que
está, neste momento, com a escolta duplicada. Tudo parecia perdido, ainda mais
depois da operação fracassada de prender Alesso Gambino, ele era nossa chance
de conseguir uma confissão que nos levasse aos três irmãos Rinna. Não podemos
confiar em ninguém, todos podem se vender aos poderosos mafiosos.
Eu consegui me recuperar da tentativa de assassinato contra mim, mas
nem mesmo pude ir ao enterro dos meus companheiros Falcone e Dalla Chiesa.
Ainda tem o assassino em série, que está confundindo a minha cabeça e algo me
diz que esse caso tem ligação com a Cosa Nostra. Porém, não consigo uma forte
prova que faça a conexão, sem contar que depois da notícia do serial killer sair
em todos os meios de imprensa, pais de jovens desaparecidas apareceram
alegando que, supostamente, suas filhas podem ser vítimas do assassino,
aumentando ainda mais o número de casos. Conseguimos a autorização do juiz
para prender o delegado Albertino e os agentes Romeiro e Thales por associação
à máfia. Já Vitório, agora está de volta ao cargo, reintegrado à nossa operação
depois da tentativa fracassada da prisão de Gambino.
— Sabe se conseguiram alguma informação de Augustus Tomari?
— Ainda não, o cara é casca dura, não aceita abrir a boca.
— Ele foi fotografado fazendo a segurança de Dimitri Salvatore Rinna,
como ele explica suas ligações com a Cosa Nostra sem envolver o chefe.
— Ele simplesmente não abriu a boca, diz que só falará em juízo.
— Maldito — digo, batendo na mesa, frustrada, me sentindo em um beco
sem saída.
— Com a morte do juiz e do general estamos sem tempo, precisamos
prender o cabeça e não os soldados.
— Uma jornalista nos mandou uma foto onde o juiz Signorino, foi visto
junto com um dos supostos integrantes da Cosa Nostra, dentro de um carro,
recebendo um pacote. Ao que tudo indica ele recebeu suborno para aceitar a
liberação de Juliano Sacra.
— Isso não vai ficar assim, precisamos tomar o controle, Palermo não
pode seguir sendo refém desses criminosos.
— O que faremos agora? — Ele pergunta, sentando em minha frente.
— Mande a jornalista publicar as fotos, quanto mais a população se
indignar com essas barbaridades, melhor para nós. A máfia está acostumada a ter
a população os apoiando, precisamos reverter isso.
— A votação para a governador da Sicília será nesse fim de semana, nós
temos a chance de ter um governador que é contra a máfia nos ajudando.
— Não podemos contar com a sorte de Masumeri ganhar.
— Está tudo pronto, vamos — fala o agente da federal, Zielo.
De carro, nós vamos direto a sede do meu antigo departamento. Os
agentes da federal entram, abrindo caminho. Espero alguns minutos do lado de
fora, dando tempo o bastante para que Albertino seja algemado.
De certa forma, eu me sentia vingada depois de ter sido expulsa da
corporação por um maldito corrupto.
— Hora, hora, hora. O mundo dá voltas, chefe. Olha para você, algemado
em frente a toda sua guarnição — falo, olhando para todos os meus ex colegas.
— Isso é coisa sua vadia, seja lá o que tenha feito, não passa de uma
armação sua para pegar meu cargo.
— Senhores, diante de vocês está o chefe de polícia mais corrupto de
Palermo. Temos provas de movimentações de grandes quantias de dinheiro na
conta de um familiar dele, o que o liga direto com a máfia italiana.
— Você não sabe o que está falando — ele ruge e tenta vir em minha
direção, mesmo algemado.
— Eu sei muito bem quem você é, Albertino. Deveria ter vergonha de
vestir essa farda — falo amarga, vendo-o junto a seus comparsas, sendo
arrastados pelos policiais federais.
— A polícia federal italiana está fazendo uma intervenção na civil, a
partir de hoje todos vocês respondem a mim. Quero, para ontem, todos os dados
dos novos casos do serial killer e todas as fotos e provas do caso.

Eu cresci em um ambiente imundo e fui vendido ainda criança por aquela


que deveria ser a minha mãe. Trabalhei desde que aprendi a andar, feito um
escravo, sempre fui um menino rebelde, brigão, não suportava ordens e por isso
era sempre castigado.
Na adolescência, tudo dentro de mim estava revolto, eu queria matar o
homem que se dizia meu dono, não só de mim, como de vários outros meninos e
meninas que eram obrigados a trabalhar dia e noite em sua plantação de cacau.
Se fechar os olhos ainda posso sentir o cheiro do cacau que tanto me
enoja. Posso sentir os calos nos meus dedos e a dor dos castigos quando eu
roubava comida da casa grande.
Eu tinha apenas dezesseis anos quando conheci meu pai, para mim até
aquele momento não sabia nada sobre o velho maldito.
Achava que a puta da minha mãe tinha engravidado de um qualquer, mas
quando o poderoso membro da máfia parou na minha frente, eu não acreditei que
aquele homem era meu pai. Todos que trabalhavam feito escravos na fazenda
foram libertos e a fazenda queimada. Não sobrou um pé de cacau para contar
história. A máfia não tolerava esse tipo de tráfico de humanos. Descobrir pelo
velho que a mulher que me deu à luz tinha morrido, vítima de alguma doença
sexualmente transmissível e até aquele dia não sabia que tinha um irmão, muito
menos gêmeo.
Quando conheci Lorenzo, me senti grato por ter sido apenas escravizado,
se a minha situação era lamentável, a de Lorenzo era deplorável. O garoto era
retraído e demorou muito para ele confiar em mim. Aos poucos, fomos criando
laços de irmandade e nos dando conta que durante todos esses anos nosso pai
sabia nosso paradeiro, mas não fez nada para nos resgatar. Foi graças a Dimitri,
nosso irmão mais velho e chefe da Cosa Nostra que fomos resgatados e levados
de volta à Itália.
O treinamento para entrarmos na Cosa Nostra foi exatamente o que dois
pirralhos rebeldes precisavam para virar homens e a partir daí eu jurei que a
família sempre viria em primeiro lugar, pois foi graças a Cosa Nostra que eu
estava livre e havia me tornado o que sou hoje. Amadureci e após Lorenzo
matar o verme do nosso pai eu subi de cargo dentro da organização, me tornando
o subchefe da organização, não sem antes ter que dedicar anos e anos de serviço,
Lorenzo conseguiu superar todo o passado e se transformou em um homem frio,
assim como todos devemos ser, e por ter uma ótima comunicação e raciocínio
lógico, se tornou o conselheiro do Boss, Dimitri.
A vida de um simples catador de cacau mudou do dia para noite. Eu
tenho poder, dinheiro, prestígio e mulheres aos meus pés. Mas, ultimamente
venho me perguntando se isso é o bastante, se é exatamente isso que eu quero.
Jamais trairia a família ou abandonaria meu cargo, preferiria a morte a isso, mas
há dias, como hoje, que eu apenas desejo ser outra pessoa, uma pessoa livre para
tomar suas próprias decisões. Não influenciar ninguém pelas minhas escolhas,
muito menos ser julgado por isso.
A viagem de volta de Roma para a Itália foi uma das horas mais
angustiantes da minha vida. Tudo estava acontecendo em câmera lenta, Chaise
foi levado para o hospital gravemente ferido, eu nem mesmo pude ver seu
estado, não quando eu tinha uma minha missão a completar, que era entregar o
maldito Alesso para Dimitri.
A máscara de homem sem coração estava estampada no meu rosto, mas
dentro de mim havia uma angústia sem limites. Foi à noite mais torturante da
minha vida, ainda tive que bancar o bom anfitrião para os convidados. Russos
não são confiáveis, Katharina pode até ser uma exceção, mas isso não quer dizer
que gosto de ter a casa cheia deles.
— Aconteceu alguma coisa com você? — Pergunta Lorenzo assim que o
jantar termina e eu posso fugir para a biblioteca onde tento colocar a minha
cabeça em ordem.
— Nada, estou bem, por que a pergunta?! — Falo, me esquivando.
— Você está estranho desde a volta de Roma. O que está te
incomodando?!
— Nada que te diga respeito.
— Se for os negócios da família, me diz respeito, sei que está
escondendo algo — ele diz, cruzando os braços.
— Não se meta nos meus problemas, Lorenzo, eu não sou o único que
esconde coisas aqui! — Digo, me referindo a algo que ele tenta esconder de
Dimitri para não parecer um fraco na Cosa Nostra.
— Eu não sei o que está falando — diz, nervoso.
— Tenho que ir — falo, já sem paciência, precisando estar em outro
lugar.

Chego ao hospital sozinho, sem nenhuma escolta e assim que digo quem
sou, a recepcionista me informa o andar onde ele está internado. Tenho que
vestir uma roupa especial para entrar na UTI, antes de entrar no quarto eu paro
do lado de fora e vejo uma senhora de cabelos brancos. Não a conheço, mas seus
olhos me lembram os de Chaise, o que me faz pensar que ela deve ser sua mãe.
Entro no quarto e vejo uma enfermeira trocar a bolsa de soro, ele está todo
entubado, cheio de fios ligados ao corpo e pálido, observo uma bolsa de sangue
pendurada no suporte metálico e isso me faz lembrar a quantidade de sangue que
ele perdeu.
— Com licença, senhor — diz a enfermeira, me deixando sozinho no
quarto.
Me abaixo, ficando ao seu lado, sentindo-me um merda por ele estar
nesse estado.
— A culpa é minha por você estar aqui, eu deveria ter impedido você de
ir atrás de Alesso. Se eu tivesse feito algo, te protegido, nada disso estaria
acontecendo. Chaise, você precisa se recuperar. Você precisa voltar, eu preciso
que esteja aqui, preciso dizer o que escondi de você todo esse tempo. Não me
deixe assim, eu não tive nem mesmo a chance de dizer que eu também te amo.
Me perdoa, eu nunca disse isso para você, não quis parecer fraco, também não
queria assumir meus sentimentos, não quando o amor que eu sinto por você é
impossível. — Limpo as lágrimas grossas que escorrem pelo meu rosto.
— Eu fui um filho da puta egoísta, mas não é fácil para mim, um homem
da máfia assumir que ama um homem, que sou bissexual. Mas você, Chaise, me
ensinou que o amor não escolhe gênero, o amor escolhe pessoas e não importa
quem elas sejam. Chaise, você precisa voltar, acorda, você é muito jovem para
morrer. Eu não vou suportar perder você. — Falo, chorando. — Por favor,
acorda — Soluço, já sem forças, vendo seu corpo tão abatido nessa cama de
hospital.
A porta do quarto abre e o médico passa por ela, disfarço olhando para
baixo enquanto limpo meu rosto.
— Como o paciente está, doutor?! — Falo, tentando controlar o nervoso.
— Sinto muito, senhor, o disparo atingiu uma artéria femoral da perna
esquerda, ele perdeu muito sangue e entrou em coma.
— Deve haver algum engano, não pode ser — falo em puro desespero
— Receio que não haja nenhum engano, infelizmente há pouquíssimas
chances de ele acordar do coma. Nós já fizemos todos os procedimentos
necessários, mas agora já não depende de nós.
— E se ele não acordar mais? — Pergunto, olhando para a cama de UTI.
— Nesse caso precisaremos de uma autorização da família para desligar
os aparelhos, mas ainda tenho fé que o paciente possa acordar.

Quem poderia fazer algo assim? - Digo em meio ao choro enquanto sou
abraçada por Dimitri. A notícia da morte dos meus pais é tão aterradora que
ainda parece mentira, ontem eles estavam aqui e agora estão mortos. Eu não
consigo parar de chorar, Ivana tenta consolar meu irmão. Meus olhos ardem, os
soluços saem pela minha garganta rasgando, a dor é alucinante, perder os dois já
é terrível, mas perde-los da forma que os perdi é demais para suportar.
Dimitri me abraça, dizendo que está do meu lado, Aslan está em estado
de choque, a perícia trabalha para recolher os restos mortais dos dois e fazer ao
menos um enterro digno, que será na Rússia, com todos os membros da Bratva
presente.
— Ele disse que sentia orgulho da mulher que eu me tornei — falo aos
três. — É cruel demais, depois de anos brigado com meu pai, quando eu consigo
perdoá-lo, eu o perco. Mamãe não merecia isso, ela era boa demais, não merecia
morrer — falo, soluçando.
— No fundo, ele, assim como a sua mãe, amava muito vocês, os dois
precisam ser fortes e unidos agora — fala Ivana.
— Eu gritei com ele, eu o enfrentei e agora ele está morto por minha
culpa — fala Aslan, encarando para o vazio.
— Quem poderia querer a morte dos dois?! — Pergunto, querendo
vingança.
— A Bratva tem muitos inimigos, bella mia, muita gente se beneficiaria
da morte do chefe.
— Era para eu estar morto junto com eles, se não fosse a ligação, a porra
da minha intuição me dizia que algo ruim ia acontecer, eu estaria dentro daquele
avião, morto também! — Fala Aslan, apertando o braço da poltrona.
— Alguém queria matar os três. Quem seria capaz de algo tão meticuloso
e cruel? — Questiono indignada.
— Dante Tommaso Bruschetta, foi ele, aquele verme maldito! — fala
Aslan e então eu sinto meu corpo gelar e Dimitri olhar para ele desacreditado.
— Por que meu capo faria algo assim, essa é uma acusação muito
grave?! — Questiona Dimitri, ficando de pé.
— Por Rebeca, ele quis me matar porque eu me apaixonei pela mulher
dele. E por pouco não conseguiu, nossos pais foram apenas vítimas do acaso!!
— Ele diz.
Fico pensativa, com minha cabeça a mil.
— O que Rebeca tem a ver com tudo isso? Por que ele faria algo do
tipo?! — Questiona Dimitri, olhando agora para mim.
— Aslan tirou Rebeca da Itália para mim, ela está na Rússia com ele, eles
estão juntos agora.
— Ela estava, eu recebi uma ligação segundos antes de entrar no avião,
Dante foi à Rússia e pegou Rebeca, provavelmente ela está aqui com ele, em
Palermo.
— Que merda vocês dois fizeram? Olha a confusão em que você se
meteu Katharina. Ela é mulher dele porra!! — Fala, fazendo-me sentir culpada.
Talvez se tivesse apenas ajudado Rebeca a matar Dante meus pais
estariam vivos.
— Eu só queria ajudá-la, eu não pensei direito — falo, chorando e logo
ele vem até mim e me abraça.
— Se acalma, nós vamos resolver tudo, eu prometo.
— Eu o quero morto, farei questão de tortura-lo lentamente antes de
matá-lo! — Fala Aslan, cheio de ódio.
— Até o momento vocês dois só tem suposições, não temos nenhuma
prova que ele mandou explodir o avião! — Diz Dimitri.
— Foi ele, eu tenho certeza que foi ele, vou acabar com a raça daquele
merda, ele vai pagar caro pelo que fez a Rebeca e por ter matado nossos pais! —
Grita Aslan.
— Você não pode simplesmente lançar guerra contra a o capo da família
Bruschetta sem nenhuma prova. Não seja a porra de um amador!! — grita
Dimitri.
— Foda-se, eu não estou pedindo a sua permissão, Rinna, Dante é um
homem morto e você não vai me impedir, merda!!
— Vocês podem se acalmar, por favor — digo nervosa e sem saber o que
pensar.
— Mesmo que exista uma pequena chance de não ter sido ele que
mandou explodir o avião, ainda assim eu o matarei pelo que ele fez a Rebeca. —
Fala meu irmão e os dois se encaram como se quisessem matar um ao outro.
— Isso é um assunto interno que diz respeito a Cosa Nostra, eu sou o
Boss e tomo as decisões aqui!! Você parece se esquecer que ela é mulher dele e
você não está na Rússia, porra!! — fala Dimitri com toda sua postura de Boss.
Me levanto e fico em frente à Dimitri entre os dois.
— Meus pais vieram apenas me ver e agora estão mortos, completamente
carbonizados. Eu não aceito que isso fique em branco, Dimitri, quero vingança,
quero fazer quem fez isso pagar caro. Se não foi Dante que os matou, você tem
que descobrir quem foi.
— Eu mesmo vou matar esse maldito — fala Aslan e então me viro para
ele colocando a mão no seu ombro, onde fica a tatuagem da Bratva.
Olho em seus olhos azuis que estão inchados como os meus.
— Você não pode mais deixar seu coração guiá-lo, precisa ser racional.
Nada será mais como antes, tudo mudou, só me resta você, irmão. E agora,
Aslan Peskov Castelaresi, você é o chefe da Bratva. A Bratva vem acima do
amor da sua família, até mesmo da nossa vida, foi você quem me ensinou isso. E
não pode começar seu comando declarando guerra, não sem conseguir provar
que Dante é culpado.
— Os peritos vão analisar a caixa preta do jato e as câmeras já estão
sendo analisadas. Daniela e sua equipe irão ajudar. — Fala Dimitri.
— E quanto a Rebeca, o que vai acontecer com ela?!— Pergunta Aslan,
cruzando os braços desafiando Dimitri.
— Eu vou até a casa de Dante hoje mesmo e falarei diretamente com ela.
Se for da sua vontade eu concederei o divórcio a ela, o primeiro divórcio feito na
Cosa Nostra. Isso é tudo que posso fazer por hora.
— Eu vou com você — falo, pensando que comigo lá ela não se sentirá
intimidada.
— Irei com os dois me certificar que aquele maldito não fez nada contra
ela.

Ele não parecia o tipo que bateria em uma mulher, que acabaria com
minha autoestima, o tipo de homem que me aprisionaria em uma jaula de ouro.
No começo, eu me sentia culpada, ele estava trabalhando para cuidar dos
negócios, tudo que eu tinha que fazer era amá-lo e ser a melhor esposa que ele
poderia ter. Mas, com o tempo eu comecei a perceber que não era o bastante.
Sempre tinha um motivo para um tapa, um soco, até mesmo para me deixar
trancada, eu me sentia culpada a maior parte do tempo, por não ser a esposa que
ele merecia.
Eu sempre o amei, desde a primeira vez que o vi, eu ainda era uma
criança e, como italiana pertencente à máfia, tradicionalmente íamos à missa no
domingo. Todos os mafiosos vão à igreja, é fundamental para a Cosa Nostra. Ele
já era um adolescente, tão bonito com seus olhos azuis marcantes, ele sempre foi
charmoso, educado e inteligente. Havia um certo encanto que me fascinava
nele. O tempo passou e eu não o vi mais, porém não o esqueci e quando ele e
Giuliana ficaram noivos, chorei por dois dias, menti para mamãe que estava
doente para não ter que descer e vê-los noivando. Eu fui tratada como a
irmãzinha da sua perfeita noiva, mas Giuliana nunca foi perfeita, na verdade ela
nunca passou de uma cobra venenosa. Eu estava muito feliz, quando me casei
com ele, pobre garota burra, eu deveria saber. Desde o primeiro dia de casados
ele me mostrou quem era, me machucou tanto, mas como uma garota ingênua eu
o perdoei no minuto que me trouxe flores. Eu pensei que me casando com ele me
sentiria no topo do mundo, mas eu estava apenas me afundando no inferno. Perdi
aos poucos o brilho que existia em meus olhos e sentia como se andasse sempre
em uma corda bamba. Qualquer erro meu era um motivo para ser castigada.
Eu já não era sua esposa, para ele eu não passava de posse, controle e
vingança.
Com o tempo eu passei a entender que Dante odiava tanto Giuliana que
procurou enxergar em todas as mulheres os erros dela. No fundo, no fundo ele
sempre esperou o momento que eu fizesse o mesmo que ela para dizer que ele
estava certo em me tratar como tratou. Eu fui tão cega, tão boba, me encontrei
vivendo em função de um homem que não tem coração, eu me vi passando por
cima de mim mesma por amor a ele, suportando tudo apenas pela pequena fé de
que ele pudesse mudar e quando ele me tocava eu sentia ali seu desespero, eu
sentia um manto cair. Podia ver uma pequena chama de sentimento vindo dele e
por essa mísera chama eu suportei tudo.
Eu precisei perder minha filha, sofrer as piores dores que uma mulher
pode sofrer para enxergar que homens como ele jamais irão mudar. Essa história
de vilão que se redime com o poder do amor é apenas uma maneira ridícula de
ilustrar os sonhos vazios de pessoas fantasiosas. A verdade, a única verdade, nua
e crua, não é bonita. Homens como Dante não mudam, eles podem até mentir,
manipular com seu charme, fazer mil e uma promessas que vão mudar, dizer
amam, mas vai chegar uma hora, não importa por qual motivo, ele vai achar um
motivo para te machucar
Aslan foi o único que me ensinou o que é ser amada. O que sentimos um
pelo outro foi tão puro e genuíno. Eu não esperava mais nenhuma chama de
felicidade e vivi ao lado dele as melhores semanas da minha vida, mas agora eu
posso ser a culpada pela sua morte.
Eu fiquei sozinha no quarto depois dele ter dito que iria matar Aslan e
entrei em pânico, meu pior pesadelo estava acontecendo. Eu esmurrei a porta
implorando para que ele não fizesse nada contra Aslan e Katharina, eu morreria
de culpa se algo acontecesse com os dois. Não sei quantas horas se passaram, eu
estava deitada no chão ao lado da porta quando ouvi o barulho da chave abrindo
a porta e o trinco se mexendo.
— Passou à noite no chão, meu anjo, vai acabar ficando doente — fala
Dante, entrando no quarto com um controle nas mãos.
— O que você fez, Dante? Por favor, não os machuque, eles não têm
culpa de nada, se quer se vingar de alguém, use a mim — falo, ficando de pé
com dificuldade.
Ele vem até mim e segura meus braços, eu sinto meu corpo tremer de
nojo, asco e pavor. Seu toque me causa uma angústia terrível e meus olhos se
enchem de lágrimas, justo quando pensei que já não conseguia mais chorar.
— Não chore, querida, tudo que acontecer agora vai depender de você —
fala e pega o controle da televisão que nem tinha reparado no quarto e liga,
mudando os canais até que eu vejo um canal de noticiário. Meu estômago
embrulha e meu corpo treme, em pânico, quando vejo a notícia do avião
particular de um milionário russo que caiu em cima de um prédio após a
explosão, o número de mortos ainda não havia sido divulgado.
— Não, não, você o matou!!! Você o matou! — Grito, batendo em seu
peito, chorando sem parar e sentindo meu mundo despedaçar.
— Não gaste suas lágrimas à toa querida, o maledeto escapou, mas não
por muito tempo, tanto ele quanto a irmã irão pagar — fala com deboche.
— Por favor, Dante, eu suplico por tudo que é mais sagrado, eu estou
aqui, eles não têm culpa.
— Você vai ter que fazer melhor que isso se quiser que eu poupe a vida
daquele monte de bosta.
— Eu faço qualquer coisa, por favor, esqueça o que passou, deixe eles
em paz.
Imploro em pânico, pensando no que ele é capaz de fazer pra se vingar
de mim, Dante é completamente louco.
— Você pediu com tanto carinho que atenderei seu pedido, eu vou
esquecer o que houve, porém você terá que voltar a ser a esposa devotada que
sempre foi. Vai voltar a me amar e seremos felizes de novo — fala de maneira
doentia e beija meus lábios, me fazendo congelar de puro horror. — Precisa se
esforçar mais, se quiser que eu seja piedoso.
Eu deixo as lágrimas escorrerem e abro a minha boca para que ele me
beije, Dante me arrasta para cama, onde me usa como se fosse uma boneca, me
sinto violada, suja, toda marcada com seus chupões e mordidas. Quando ele
termina o que queria que fazer, fecho os olhos e tento pensar nos momentos
mágicos na cabana, pois eles serão o único refúgio da minha mente quando ele
me tocar. Alguém bate na porta do quarto, ele veste a calça jogada no chão e vai
abrir. Porém, estou tão traumatizada que não consigo nem ver quem é e o que
conversam.
— Querida, nós temos visitas, é hora de você mostrar para mim o quanto
quer os dois vivos.
Dante me obriga a colocar um vestido vermelho, que ele escolheu. Desço
as escadas ao seu lado, sentindo meu coração acelerar, com um medo terrível do
que aconteceria. Na sala principal está Dimitri, Katharina e ele, o meu salvador,
Aslan.
— Bom dia, a que devo a honra dessa visita?! — diz Dante, debochado.
— Bom dia, Bruschetta, vim até aqui conversar com sua esposa, em
particular — fala o Boss. Aslan e Katharina ficam calados.
— Tudo que tiver que dizer à minha mulher pode dizer a mim.
— Rebeca, nós estamos aqui para te ajudar — fala Katharina, dando um
passo em minha direção, porém Dimitri segura à mão dela.
— Eu agradeço a visita dos senhores, mas não vejo motivos para
precisarem vir à minha casa — falo forçada e os três me olham, confusos,
principalmente Aslan.
— Rebeca, minha esposa me relatou o que vem sofrendo com seu
casamento, como chefe da família é meu dever fazer com nosso código de
conduta e mandamentos sejam respeitados. Se seu marido a maltrata, estou
disposto a dar o direito de divórcio a você — fala o chefe olhando para mim.
Tudo que eu queria estava ali na minha frente, mas eu sabia que no
minuto que passasse pela porta Dante mataria Aslan, ele não descansaria até que
me tivesse de volta.
— Eu sinto muito se dei a impressão errada para sua esposa, chefe, sabe
como é, brigas de casal, eu acabei exagerando, mas Dante e eu estamos nos
recuperando da perda da nossa filha — falo, olhando nos olhos de Aslan,
tentando passar verdade, ele precisa acreditar.
— Rebeca, não precisa ter medo, nós iremos te proteger! — fala
Katharina, preocupada.
— Eu amo meu marido, Katharina — digo, sentindo as palavras
rasgando minha garganta. — Tudo que eu vivi na Rússia não passou de uma
aventura de jovem, eu estava confusa com a morte da minha filha e acabei
fazendo besteira, mas agora eu percebi que nunca deixei de amar meu marido —
falo, olhando para Aslan e sinto Dante me abraçar por trás.
— Bom, se é assim, não temos mais nada a fazer aqui — fala Dimitri.
— Espera, Rebeca ele está te forçando a dizer isso. Não precisa ter medo,
eu não vou deixá-lo te machucar! — Fala Aslan, dando dois passos em minha
direção, angustiado.
— Vá embora, senhor Castelaresi, como eu disse, eu amo meu marido.
Nessa hora, Aslan avança para acertar Dante quando Dimitri o impede e
Katharina puxa seu braço, o afastando.
— Vamos embora, não podemos fazer nada agora — diz Katharina para
ele, que mesmo relutante, sai.
Assim que a porta se fecha eu desabo, chorando no chão frio de
mármore, a dor que estou sentindo é tão grande que já não consigo ver sentido
no que sobrou da minha vida.
— Eu estou tão orgulhoso de você, meu amor — fala Dante, se
agachando de frente para mim. — Vem, meu anjo, levante, não fique nesse chão
frio — fala, oferecendo a mão para mim.
É então que vejo um brilho metálico na sua cintura, toda a minha
angústia e minha dor me fez agir de maneira impensada, puxo a pistola da sua
cintura, ficando de pé, apontando diretamente para ele.
— O que pensa que está fazendo?! — diz calmo, ficando de pé.
Ali na minha frente estava um ser imundo, um monstro, minhas mãos
estão tremendo muito, as lágrimas não param de escorrer pelo meu rosto.
— Você nunca vai me deixar em paz, já não basta todo mal que fez para
mim, você ainda quer me aprisionar — falo, apontando a arma para ele.
— Abaixe essa arma, amor, você não sabe usar e vai acabar se
machucando.
— Eu vou matar você, só assim eu vou ser livre, eu vou ter paz — falo,
totalmente fora de mim, a ponto de enlouquecer de desespero.
— Para com isso, Rebeca, não brinca com essa arma, me devolve e
vamos conversar com calma.
— Eu não quero conversar!!! Eu quero que você suma da minha vida, eu
quero ser feliz longe de você!!! — grito descontrolada, destravando a arma e
então os olhos de Dante ficam alarmados.
— Meu anjo, você não é assim, abaixe essa arma, você é boa, não
consegue matar nem mesmo um animal, quem dirá a mim.
— Eu te odeio, porque você não aceita que eu não o amo e me deixa ir,
não me deixa ser feliz longe daqui longe, desse inferno!! — Falo, chorando
muito.
— Eu nunca vou conseguir viver longe de você, Rebecca, eu te amo.
Meu amor por você é grande demais para deixá-la escapar de mim.
Em um ato de lucidez me dou conta que eu nunca terei paz, ele nunca vai
me deixar livre, a minha vida sempre será um calvário. Dante dá um passo em
minha direção e então eu aponto a arma para a minha cabeça e ele congela.
— Abaixe essa arma, por favor — fala, em pânico.
— Tudo que eu queria era ser feliz, mas isso nunca vai acontecer, nunca.
Ali, eu vejo a única saída para o meu desespero, escolho escapar para sempre do
monstro.
Então, eu atiro....
— Rebeca, não!!!
— Rebeca, não!!! — Eu gritei em pleno desespero.
Eu grito, mas é inútil, seu corpo desaba nos meus braços, já é tarde
demais. Há um buraco de bala na sua cabeça e seus cabelos loiros estão cobertos
de sangue. Abraço-a e choro
— Por que fez isso, meu anjo, por que?! — Pergunto chorando,
desesperado, sabendo que minha vida acabou. — Eu teria feito qualquer coisa
por você, para provar que eu te amo. — Por que!? O grito sai rasgando minha
garganta.
Não há batimento cardíaco, seu corpo está quente, mas vazio, sem vida,
ela me deixou, ela se foi.
— Oh, amor, você não pode me ouvir chorar, mas eu te amei, eu te
amei!!! — Grito, dando vazão a toda a dor.
Agora eu vejo todos os meus sonhos morrerem, junto com ela.
— Meu mundo é tão frio sem você, Rebeca, porque você fez isso?! Você
é meu lar, você é minha fortaleza, você é meu mundo. Eu mal posso respirar sem
ter você, anjo. - Éramos felizes, íamos formar uma família e por culpa deles tudo
se perdeu. Você não entendeu que eu te amo, o quanto eu sou louco por você,
meu amor. Eu deveria ter matado todos, assim você estaria aqui comigo. Agora
tudo dói muito, a dor é insuportável. Minha camisa está cheia de sangue, o piso
de mármore está vermelho com seu sangue, meus seguranças estão todos
olhando para mim, estáticos.
— Sumam daqui!! — Grito, soluçando em pranto.
Abraço forte seu corpo contra mim, não querendo acreditar que ela se foi,
parece um pesadelo onde a qualquer momento eu vou acordar.
— Você faz o meu coração sangrar e tudo que eu te dei foi meu amor, eu
nunca amei como amei você, anjo. Agora estou sozinho, Rebeca, sozinho sem
você.
Não sei quantas horas fico no chão, segurando seu corpo sem vida. A
manhã dá espaço para a tarde e logo o dia se tornou noite e eu ainda estou ali,
abraçado ao seu corpo, agora gelado. A porta volta a abrir e então ouço
comandos direcionados a mim.
— Senhor, precisa se levantar, a senhora está morta — diz Felipo, meu
subchefe e homem de confiança.
Escuto o que ele diz, mas a minha mente não quer aceitar que ela se foi e
não voltará mais. Solto seu corpo frio e fico de pé, olhando para o sangue em
minhas mãos.
— Precisa fugir, chefe, a morte dela recairá sobre o senhor, estão
investigando a queda do avião! — Fala Mathias e eu olho para corpo de Rebeca
e para o sangue em minhas mãos, ainda estático.
— Eu não a matei, eu não faria isso, eu a amo! — Digo com o peito
rasgando em dor.
— Eu sei, todos nós sabemos que não faria isso, mas o Boss não sabe e
ele não vai salvá-lo. O Castelaresi agora é o chefe da Bratva, precisa fugir antes
que seja tarde e o senhor acabe morto.
— Eu não vou fugir!! Eu matarei todos, eles são os culpados por Rebeca
ter feito isso. Encheram a cabecinha dela com bobagem, nós éramos felizes, eu a
amava e íamos ter uma família, eu a amava — falo desolado, sentindo-me
perdido, sem saída e sem esperança.
— Não adianta ficar aqui, você é apenas um contra a Bratva e a Cosa
Nostra.
A razão diz que ele está certo, eu devo ir, mas o meu coração diz que
devo vingar a morte de Rebeca, de todos que ousaram afastar ela de mim.
Eu não tenho tempo para pensar no que fazer pois a porta abre e eu vejo
Giuliana entrando pela porta da frente. Assim que olha para mim paralisa, seus
olhos vão para Rebeca morta no chão e então seus olhos se arregalam e ela
coloca a mão na boca.
— O que você fez?! — Pergunta, caminhando até a irmã no chão.
— Se não fosse por você naquele maldito dia nada disso teria acontecido
e nós ainda seríamos felizes, mas você, desgraçada, sempre teve inveja da sua
irmã e não ficou feliz até estragar a nossa felicidade — falo, apontando a arma
que antes estava na mão de Rebeca e agora está na minha.
— Eu não queria que isso acontecesse, a culpa não é minha — chora
falsamente.
— A culpa é toda sua e daqueles miseráveis que encheram a cabeça dela,
mas você vai pagar por isso — ameaço, dando três passos em sua direção.
Ela começa a chorar e implorar pela sua vida e sem um pingo de remorso
eu atiro bem no meio da testa da vagabunda.
— Prepare tudo para minha partida, ninguém pode saber para onde irei.
Faça o serviço o mais limpo possível — falo a Felipo e vou até o meu escritório.

No começo da manhã eu já tinha esvaziado o cofre e recuperado


documentos essenciais para minha fuga. Tomei um banho, mas mesmo após
horas no chuveiro parecia que o sangue de Rebeca não saía das minhas mãos.
Quando saio da mansão, vejo que seu corpo continua no chão de mármore, junto
com Giuliana. Eu queria tirá-la de lá, dar um enterro digno, mandar plantar lírios
como ela gostava, mas eu não poderia, não agora. Meu motorista estaciona em
uma pista clandestina de onde eu partiria para longe da Itália. Saio do carro e
acendo um charuto, fumo enquanto o piloto prepara tudo para o voo.
— As malas já estão no jato, senhor — falou meu motorista quando jogo
a bituca no chão.
Pego minha arma da cintura e atiro na nuca do mesmo, que cai sem vida
no chão.
— Mais alguém sabe onde estou indo? — Pergunto ao meu subchefe.
— Não, senhor, tomei todos os cuidados possíveis, sua identidade nova é
desconhecida.
— Apenas você sabe, não é, Felipo! — digo, apontando a arma para ele.
— Senhor, eu jamais abriria a boca.
— "Não ensine aos seus soldados todos os seus truques, ou pode se
tornar vítima de si mesmo". — Esse é um conselho que Rinna deu a mim e
jamais esquecerei. — Não é nada pessoal, eu sou apenas um homem precavido
— explico, atirando na mão dele, que estava pronta para sacar o revólver, e
quando ele grita de dor eu acerto um tiro na sua garganta.
Entro no jato, partindo para longe dessa terra que cheira a sangue e
pólvora chamada Sicília.

Rebeca está morta. Eu falhei como chefe, falhei com Katharina por não
ter feito mais pela sua amiga. Errei em meus julgamentos e por isso paguei um
preço muito alto.
Alesso foi um traidor e Dante um louco, sua obsessão por Rebeca o levou
ao declínio, a loucura e a ruína.
Sua fuga ainda está sendo investigada, todos os seus possíveis
esconderijos estão sendo investigados, meu trato com Aslan é que entregaria
Dante a ele vivo, caso o encontre antes da Bratva. Falando em Aslan, Katharina
e eu fomos à Rússia para o velório dos seus pais, o que foi emocionalmente
desgastante para ela, perder os dois de maneira tão horrível a feriu demais.
Foram quase cinco dias na Rússia, onde ela quis assistir à consagração do irmão
a chefe da Bratva. Voltamos para a Itália com a sensação de que os problemas
estão apenas começando. Há um caos generalizado por todos os lados.
Todos os negócios de Dante foram tomados e agora fazem parte do
espólio da Cosa Nostra, a família Bruschetta não tem mais ligação com Cosa
Nostra. O que nos causa muitos problemas para serem resolvidos, a polícia
italiana ainda está na nossa cola.
O juiz Signorino, que trabalha para nós, foi encontrado morto após ter
divulgada sua foto recebendo propina em todos os jornais italianos. A polícia
está fazendo uma grande campanha contra a Cosa Nostra. A pedido de
Katharina, os pais de Dante foram poupados de qualquer retaliação pelos atos do
filho, porém continuam sobre vigília intensa da Cosa Nostra. A família de
Rebeca está em luto intenso, já que não perderam apenas uma filha, mas sim,
duas. Luana, minha nova assistente, bate na porta da minha sala.
— Entre — digo, largando alguns documentos sobre a mesa.
— O segurança da sua esposa mandou entregar esse envelope — ela diz,
entregando um envelope cinza de tamanho médio.
— Me deixe sozinho — falo firmemente, esperando que ela saia para
abrir. — O que está aprontando, bella mia?! — fala ao abrir a embalagem e
encontrar uma renda preta dentro.
Tiro o tecido negro de dentro do envelope e percebo ser uma pequena
calcinha preta, delicada. Levo-a ao nariz sentindo o cheiro doce da sua boceta. A
safada está me provocando, deve estar louca para sentir minha chibata
queimando sua pele.
Coloco a calcinha no bolso e saio da minha sala.
— Luana, desmarque todos meus compromissos para o fim da tarde,
qualquer coisa que surgir, passe para Lorenzo resolver.

Chego rápido à fortaleza, as multas que levei por excesso de velocidade


não são nada comparado à ânsia que sinto em tocá-la.
— Senhor! — fala Luigi, estranhando me ver em casa tão cedo.
— Katharina está em casa? — Pergunto de uma vez.
— Ela saiu, senhor, saiu com o carro novo, ela mesma foi dirigindo e
dispensou os seguranças.
— Ela só pode estar querendo me enlouquecer — digo frustrado,
afrouxando o nó da gravata, nervoso.
Ligo no seu celular e ela não atende, então mando uma mensagem.
— Onde você está, Katharina Castelaresi Rinna?
Envio e rapidamente a mensagem é lida e ela começa a digitar.
— Estou te esperando, Boss. — Em seguida, recebo uma foto do cavalete
no calabouço do clube.

Em menos de vinte minutos eu estou estacionando na boate, há essa hora


o movimento é bem menor, apenas o clube privado que fica aberto vinte e quatro
horas para os associados. Do lado de fora do clube encontro os dois seguranças
de Katharina, ao menos eles fizeram o trabalho bem feito, mesmo ela ordenando,
os dois a seguiram em uma distância segura para ter a certeza que ela não corre
nenhum risco.
Entro na boate sem falar com ninguém, apenas aceno para que eles
fiquem de vigia, vou direto para o corredor que leva ao elevador. Já no andar que
leva ao meu quarto reservado, sinto meu corpo esquentar apenas com a ideia do
que irá acontecer. O sádico dentro de mim quer castigá-la por ser tão
desobediente e teimosa. Uma verdadeira provocadora.
Giro a chave, abrindo a porta. Ao entrar noto as luzes baixas e a música
sensual preenchendo a sala. Encontro Katharina usando nada além da minha
camisa social preta e uma gravata cinza, sentada na minha poltrona com um
pirulito na boca e um copo de uísque na outra mão. Caralho, se não é a visão
mais excitante que já tive na vida.
— Então é aqui que se esconde, querida?! — Falo, fechando a porta do
quarto, ficando de frente para ela.
— Quem disse que eu me escondi, Boss?! — fala com a voz baixa.
As palavras, saindo dos seus lábios carnudos pintados de vermelho, tem
ligação direta com meu pau, que fica ainda mais rígido.
— Você sabe que será castigada, não sabe? Fugir dos seus seguranças e
ainda vir à boate sozinha — digo, balançando a cabeça enquanto analiso cada
milímetro do seu corpo. — Não vou pegar leve com você, amore mio. Está
merecendo ter essa bunda brutalmente castigada.
— Eu não tenho medo de chicote, Boss, amo a dor — fala, colocando o
pirulito dentro do copo e sorrindo para mim.
— Na arte de causar dor, eu sou um mestre. — Falo satisfeito e vou
tirando o paletó.
Caminho até ela, puxou a gravata, fazendo-a levantar o rosto e a beijo
com loucura e com paixão, bebendo dos seus lábios como se fosse a minha fonte
de vida.
Faminto e sedento, é assim que ela me deixa.
— Está preparada para spanking, amore mio?
— Sempre, Boss.
— Você sabe que não vou pegar leve com você, Katharina, está pronta?
— Pergunto, ainda incerto.
A besta em mim quer mostrar o meu pior lado, mas meu lado racional
duela, com medo de perdê-la.
— Me mostre a besta que vive em você. Me machuque, faça o que quiser
de mim. Eu estou sedenta, me alimentando do seu toque. Eu preciso de você me
dominando! — fala, com seus olhos azuis fixos nos meus.
Engulo em seco, nervoso, apenas ela tem esse poder.
— De pé — falo com a voz sombria, deixando o meu lado sádico tomar
conta.
Katharina coloca o copo sobre a mesa de centro e fica pé em minha
frente, meu olhar desliza pelo seu corpo, analisando cada pequeno traço que me
encanta. Seus cabelos loiros estão soltos em cascatas, sua boca vermelha borrada
e em seus olhos azuis eu vejo o fogo a consumindo. Em um gesto bruto rasgo a
minha camisa, que ela usa, transformando-a em trapos, deixando seus seios à
mostra e a gravata, já que a calcinha ela deixou pra mim.
Abaixo com minhas mãos na sua cintura, com meu nariz em sua pele
pálida, sentindo o cheiro doce de rosas, arrasto meu nariz pelo vale entre seus
seios e mordo um biquinho, chupando. Vou até o outro seio e mordo. Me afasto,
vendo seu rosto vermelho, assim como seus mamilos inchados.
— Você é a visão mais bela que já vi, amore mio. — Digo, inebriado.
Katarina não tem tempo de responder, pois a puxo bruscamente em
direção à mesa na lateral do quarto. Inclino seu corpo sobre a mesa e escorrego
meus dedos pelo seu corpo. Quando chego em sua boceta não fico surpreso ao
sentir meus dedos se molharem com sua excitação, que transborda. A viro de
bruços sobre a mesa, com três dedos eu fodo sua boceta e com a outra mão lhe
aplico plasmadas. Observo o plugue que ela vem usando, de tamanho médio,
com uma joia na ponta. Tiro meus dedos de dentro dela e me afasto, indo até a
parede de pedra onde todos meus brinquedos estão dispostos. Escolho um
flogger de couro e tiras longas.
— O seu papel é servir o seu dom, bella mia, e se eu quiser usá-la no
meu escritório ou até mesmo na sala da nossa casa eu farei, você não dita às
regras, eu as imponho, você é minha posse.
— Sim, Boss. — Ela responde, ainda com o corpo inclinado sobre a mesa
Acerto o primeiro golpe e seu corpo se retesa, ficando rígido. O plugue
continua no lugar enquanto eu acerto o chicote na sua bunda nua. O grito seco de
Katharina enche o quarto, o som do chicote cru arranhando sua pele parece
música em meus ouvidos. Começo devagar, com pouca velocidade e vou
aumentando para que ela vá se acostumando com o desconforto, com a dor do
castigo.
O nível de dor que ela está sentindo é alto o que a faz gritar a cada golpe
das tiras em sua pele. Há linhas finas e vermelhas por toda a sua bunda, mas eu
quero mais, eu preciso de mais. Paro os golpes e coloco o chicote sobre a mesa
assim que percebo que ela gozou, levanto seu corpo, seu rosto está vermelho e
lágrimas escorrem pelo seu rosto, beijo cada uma delas.
— Não se envergonhe por satisfazer seu dom, bella mia — digo, olhando
em seus olhos, entendendo o conflito dentro dela.
Ser uma submissa é experimentar uma verdadeira gangorra de
sentimentos. Sempre começa com ansiedade, vontade, desejo, angústia e por fim
o alívio da dor com o orgasmo, mas tudo isso é um processo lento e doloroso que
um sádico como eu ama assistir. Levo dois dedos nos seus lábios e ela abre a
boca, chupando-os sem tirar os olhos de mim. Sua língua aveludada chupa meus
dedos como se fossem meu pau. Tiro os dois da sua boca e deslizo pela entrada
da sua boceta, metendo de uma vez. Faço movimentos repetitivos a fodendo com
meus dedos enquanto devoro seus lábios.
Ela está escorrendo de tão molhada e meus dedos trabalham de maneira
intensa, a distraindo da dor intensa na bunda, Katharina, não resistindo mais,
goza em meus dedos, quase desmaiando em cima da mesa. Eu sabia que ela não
conseguiria controlar seu gozo, mas como um bom sádico não posso deixar de
puni-la por um gozo não consentido.
— Você gozou sem a minha permissão, bella mia.
— Desculpe-me, Senhor, mas... — Dou-lhe um tapa no rosto, de leve, e
ela sorri, me provocando.
— Eu deixei você falar escrava? Não entendeu que eu sou seu dom?
— Me desculpe, tentarei me controlar — fala, sabendo que controlar sua
língua ferina é impossível.
— Agora vou lhe punir por ter gozado sem minha autorização.
Ordeno que ela fique de pé e vou até os instrumentos, escolhendo o cane,
uma longa vareta de fibra de vidro que uso para disciplinar uma submissa
teimosa.
Acerto o primeiro golpe no seio direito, vendo o mesmo adquirir uma
coloração avermelhada, em seguida faço o mesmo com o esquerdo e vou
aplicando golpes ritmados entre os dois. Katharina fecha os olhos e morde dos
lábios, tentando segurar a dor, seu corpo está suado e ela está a ponto de
desmaiar devido à intensidade da sessão.
Largo o objeto sobre a mesa, ergo sua coxa, colocando sobre a mesa e me
ajoelho no chão, de cara com sua boceta molhada. Começo a beijar suas coxas
macias, apertando-as, Katharina fecha os olhos e puxa meu cabelo, como se
quisesse que eu fosse logo para sua boceta. Lentamente eu a beijo e mordisco
sua pele, fazendo pressão com os lábios do jeito que eu sei que ela adora.
Ela já está gemendo gostoso, meu pau já vibra apenas com seus gemidos
suaves. Sua bocetinha lisa e rosada brilha de tão molhada. Começo lambendo
sua virilha, depois passo a língua pelos lábios maiores, indo de cima pra baixo,
me revezando entre eles então chupo a parte interna deles, fazendo movimentos
circulares.
— Safada, você gosta da minha língua nessa boceta, não gosta?!
— Sim, não para — geme.
Volto ao trabalho, lambendo e degustando todo seu sabor. Noto que as
suas pernas começam a tremer cada vez mais, eu soco minha língua dentro da
sua boceta, indo fundo e passando a língua nas paredes internas. Katharina geme
alto, se contorcendo enquanto minha língua não para de trabalhar, retomo o
controle segurando-a pelos quadris e imobilizando-a contra a mesa, seu clítoris
está enrijecido, pronto para gozar. Pressiono a ponta da língua nele, de leve e
então ela goza, indo ao delírio. Ela está tão molhada que minha língua fica
encharcada com seu gozo, seus gemidos aumentam e o seu prazer, é intenso, uso
minhas mãos para apertar os biquinhos dos seus seios enquanto ela esfrega a
boceta na minha cara. Limpo todo seu gozo, deixando sua boceta vermelha, o
plugue no seu rabo aguardava por mim, essa noite eu a foderia de todas as
maneiras. Me levanto e olho para ela, com a respiração alterada, toda mercada
por mim. Me viro de costas e me livro do cinto, da calça e da boxer, ficando
completamente nu, então me sento na cama que fica no centro do quarto e faço
um gesto para ela vir até mim enquanto massageio meu pau, olhando para ela.
Katharina se ajoelha no chão e vem engatinhando até mim, puxo a gravata no
seu pescoço.
— Abre bem a boca e me chupa.
Ordeno colocando meu pau em sua mão e ela faz com satisfação. A
língua passa pela cabeça e desliza por todo comprimento.
Puxo a gravata com força e ela o engole, o levando fundo na garganta,
sufocando no processo. Katharina vai chupando e punhetando ao mesmo tempo,
lambendo a cabeça como se fosse um sorvete, sua língua sobe e desce enquanto
eu aperto a gravata em seu pescoço. Eu rujo alto, gozando na sua garganta, ela
engasga com a quantidade de porra que escorre do meu pau, mas engole. Gotas
do meu gozo caem em seu seio, ela sorri e usa os dedos para recuperar as gotas e
levá-las à boca.
Louco de desejo, trago-a para mim, fazendo-a se sentar no pau que ainda
está duro por ela. Encaixo bem Katharina, que começa a sentar devagarzinho,
com uns movimentos lentos, subindo e descendo só na cabeça do meu pau.
— Você ainda vai me deixar louco, safada — desfiro um tapa estalado na
sua bunda machucada e ela gemeu alto, quicando.
Katharina morde meu ombro enquanto eu seguro em sua cintura,
aprofundando seus golpes no meu pau. Levo minha mão até seu rabo gostoso,
toco o plugue, tirando ele do seu rabinho e colocando novamente enquanto ela
pula no meu pau. Estou prestes a gozar na sua boceta gostosa, então decido ir
direto ao principal.
Coloco ela na cama, de bruços e acomodo um travesseiro embaixo da sua
barriga para que ela fique bem arreganhada para mim.
— Está pronta para receber meu pau nesse cuzinho gostoso, amore mio?!
— Estou ansiosa, Boss — diz a safada.
Apanho o vidro de lubrificante, aplicando na minha mão e espalhando no
meu pau. Retiro o plugue do seu rabo e com meus dedos molhados de
lubrificante vou forçando sua entrada anal.
— Isso é bom — ela geme quando eu tiro e introduzo meus dedos dentro
dela.
Sorrio colocando agora meu terceiro dedo, a fodendo mais fortemente.
Deslizo meu pau pela sua boceta nessa posição, sem tirar meus dedos do seu
cuzinho, Katharina grita de prazer ao me receber ao mesmo tempo que era
fodida pelos meus dedos.
Tiro meu pau da sua boceta quando percebo que ela já está pronta. Passo
a cabeça na portinha do cuzinho dela, que fica tensa.
— Relaxa, amore mio, eu não vou te machucar — falo rouco, sentindo a
cabeça do meu pau passar pelo anel do seu cuzinho.
Com as duas mãos seguro sua cintura e entro todo no seu cuzinho,
fazendo ela gritar em choque.
— É muito intenso, eu me sinto apertada — fala com a voz trêmula.
— Respira fundo, bella, a parte boa só está começando — falo,
bombeando meu pau no seu rabo gostoso e ela esfregando a bocetinha em mim.
Seguro firme em seu cabelo e soco bem fundo, até que ela goza de novo.
— Toca sua boceta enquanto eu como esse rabo gostoso — falo, perdido
em luxúria.
Katharina toca sua boceta enquanto eu bombeio com destreza até o talo,
dando golpes rápidos e profundos, fazendo com que minhas bolas choquem
contra sua boceta escorregadia. Eu puxo seus cabelos loiros, molhados de suor e
beijo seu pescoço, socando bem fundo, até que ela goza de novo, desabando
sobre a cama. Continuo a meter com destreza até alcançar meu ápice e inundar
seu rabo com meu gozo.

Se alguém me dissesse que eu me tornaria uma submissa meses atrás eu


iria rir e pensar que essa pessoa estava delirando. Mas olhando para mim agora,
me vejo uma mulher plena, inteligente e segura das minhas escolhas. Ao lado de
Dimitri me vejo descobrindo um mundo novo totalmente diferente do que eu
imaginava.
Uma submissa não é uma mulher fraca ou burra, jamais, ela é forte e
capaz de romper com preconceitos morais e sociais para alcançar evolução,
direcionamento e um prazer intenso, como jamais visto. Tudo no BDSM tem um
fundo psicológico, Dimitri faz com que eu me liberte de qualquer impedimento
moral ou psicológico, a sua posse sobre mim me deixa satisfeita por saber que eu
pertenço a ele, assim como ele a mim. Ele me domina como nenhum outro e eu o
amo, sim, eu amo a besta, amo um monstro.
Dimitri me leva para a banheira de hidromassagem depois de ter me
fodido por horas, meu corpo está todo dolorido, ele carinhosamente massageia
cada pedacinho do meu corpo e eu acabo dormindo na banheira. Quando acordo
ele já tinha aplicado a pomada pelo meu corpo e eu estava deitada na cama.
— Quantas horas eu dormi?! — falo, me sentando na cama e vendo
Dimitri já vestido, bebendo uísque na poltrona de couro onde horas antes eu
estava sentada à sua espera.
— Já é bem tarde, não queria acordá-la, estava dormindo feito um anjo.
— Diz sorrindo de forma satisfeita.
— Dizem que todos os demônios precisam de um anjo para salvá-los. —
Falo, deixando o cobertor cair.
— Você, Katharina, é a luz em meu mundo de trevas, a minha alma está
condenada, mas eu não posso deixá-la longe de mim. — Ele confessa, colocando
o copo sobre a mesa.
— Eu não vou a lugar nenhum, eu amo você, Dimitri, e ficarei ao seu
lado até o fim. — Digo com sinceridade, colocando para fora os sentimentos que
jamais imaginei sentir.
Dimitri se levanta e beija meu lábio de leve, tirando uma mecha de
cabelo dos meus olhos.
— Pensei em levá-la para jantar, mas será melhor voltarmos para nossa
casa.
— Eu adoraria jantar no Fabrícios, mas minha bunda não aguenta ficar
sentada por muito tempo — falo, sentindo a ardência por todo lado.
— Peguei pesado demais com você, amore mio, não queria machucá-la,
mas não consigo me controlar quando estou com você.
— Eu estou bem, só preciso descansar e tomar um relaxante muscular. —
Garanto enquanto ele pega minha mão e beija meu pulso.
— Vamos para casa, vou pedir que Luigi prepare algo para que jantemos
no quarto. — Fala preocupado e eu não consigo não suspirar, louca por esse
maldito italiano.

Eu estou correndo por um corredor estreito, usando um vestido branco,


meus cabelos estão soltos e bagunçados, atrás de mim estava um homem usando
capuz preto. A chuva caía fraca, a cada passo que eu dava naquele corredor eu
me sentia mais encurralada. Seus passos são rápidos, ele está prestes a me
alcançar, o terror é tão grande que nem mesmo consigo gritar. O corredor é tão
escuro que não consigo enxergar a saída desse lugar.
O salto da sandália me atrapalha e me desequilibro, batendo contra a
parede. Só então eu me dou conta que não há escapatória, esse é um beco sem
saída. De repente, sinto que bati em algo no chão, olho para baixo, tentando ver
o que é, quando vejo o corpo de Ana, sem vida, coberto de sangue. Lágrimas
turvam minha visão e a dor é terrível.
— Ana, não, não pode ser — falo assustada quando me viro, dando de
cara com ele.
Não consigo ver seu rosto, mas o terror e o medo me fazem tremer. Suas
mãos estão sujas de sangue e um punhal de prata é apontado em minha direção,
ele vai me matar, eu sei.
Fecho os olhos, esperando pelo golpe, mas quando os abro ele não está
ali, ele desapareceu. Minhas mãos antes limpas, agora estão sujas de sangue e o
punhal de prata segurado por mim é o mesmo que ganhei de Aslan no meu
aniversário, ele está coberto do sangue de Ana, meu vestido branco agora está
vermelho com seu sangue.
Acordo assustada com o pesadelo horrível, olho para as minhas mãos em
pânico. Sinto uma vontade tremenda de vomitar, corro para o banheiro, me
ajoelhando contra o vaso e deixo o vômito sair.
Lágrimas de horror escorrem pelo meu rosto sem eu nem mesmo sentir, o
sonho foi tão real que parecia que era eu ali. Já se passaram cinco dias desde a
noite que eu e Dimitri tivemos. Essa foi a primeira vez que tive esse pesadelo,
talvez deva ser o fato de estar tão empenhada em tentar descobrir quem é o
assassino por trás do codinome “La besta". Nada me tira da cabeça que essa
pessoa está tentando colocar a culpa pelos assassinatos em Dimitri.
A ânsia vai passando, eu me levanto e lavo meu rosto, depois faço minha
higiene me perguntando se já não está na hora de tirar essa dúvida de uma vez.
Já se passaram meses desde que tomei a injeção, tanta coisa aconteceu que
acabei me esquecendo de voltar à farmácia ou até mesmo procurar um
ginecologista. Primeiro veio à morte de Ana, meu sequestro e a morte dos meus
pais, a minha vida havia se tornado uma verdadeira loucura.
Escovo meus dentes, tomo um banho rápido, me visto e desço as escadas
em direção à sala de jantar, onde o café da manhã será servido, mesmo achando
que é improvável que eu vá conseguir comer alguma coisa. Antes que eu chegue
à sala de jantar encontro Lorenzo com uma expressão fria, seus punhos estão
cerrados e seus cabelos bagunçados.
— Que cara é essa, aconteceu alguma coisa?!
Ele leva a mão esquerda ao rosto, frustrado.
— O imbecil do meu irmão está me enlouquecendo.
— Qual dos dois imbecis? — Pergunto, rindo do seu estresse, Lorenzo é
sempre o mais alegre e divertido da casa.
— Quem mais seria? Dimitri, ele colocou na cabeça que devo me casar
— reclama ele, inconformado.
— Talvez não seja tão ruim assim, Lorenzo.
— Você diz isso porque não sabe quem é a candidata à noiva — ele fala,
afrouxando o nó da gravata como se estivesse sufocado.
— Quem é a felizarda que vai levar o irmão Rinna mais gentil e
bondoso?
— Antonella — ele fala amargo e então eu paraliso.
— O que?! Está brincando? — Pergunto, chocada.
— Pois é, o idiota quer que eu vá falar com o pai dela ainda essa semana.
— Mais nem por cima do meu cadáver que você vai casar com aquela
vadia, imagina eu cunhada daquela atirada, tendo que aguentar ela em todas as
reuniões de família. Dimitri só pode estar querendo castigar você e a mim. —
Digo, inconformada.
— Está decidido, eu serei o primeiro e em seguida será Vicenzo que vai
ser algemado ao matrimônio — fala com uma expressão contrariada.
— Deixa comigo, Lorenzo, eu vou ajudar meu cunhado favorito a
escapar das garras dessa sirigaita e teremos opções melhores para você do que
Antonella.
Me despeço dele e vou à cozinha.
— Bom dia, senhora — diz Luigi prontamente.
— Bom dia, Luigi, você sabe se Dimitri já está na mesa do café?!
— Ele está no escritório, senhora, está desde bem cedo lá, trabalhando.
— Luigi, preparada uma bandeja de café para dois que eu vou levar no
escritório para ele.
— Para já, senhora.
— Monalisa, você poderia ligar para a farmácia para mim e pedir uma
coisa!?
— Claro, senhora, anota aqui o que precisa que eu ligo já — ela fala, me
entregando o bloquinho de notas, onde rapidamente escrevo o pedido por cinco
testes de gravidez.
Monalisa pega o papel e ao ler, sorri.
— Sério, senhora?
— Ainda não sei, você pode guardar segredo para mim?
— Com toda certeza, senhora.

Entro no escritório de Dimitri sem bater, ele já está prestes a gritar com
quem invade seu escritório, quando me vê.
— Bom dia, trouxe o café para nós dois.
— Bom dia, amore mio, não precisava, eu não pretendia tomar café,
tenho que ir à sede para resolver vários assuntos.
Coloco a bandeja sobre a mesa de escritório e dou a volta, ficando de pé
bem na sua frente, de costas para a mesa.
— Você está trabalhando muito ultimamente, precisa descansar — falo,
colocando a mão no seu ombro.
Dimitri cheira meu pescoço e sinto aquele arrepio gostoso que só ele me
causa.
— Os negócios vêm me dando muita dor de cabeça. Dante foragido, a
polícia na cola da máfia, o candidato a governador fora da nossa folha de
pagamento acabou vencendo as eleições, tudo está saindo do meu controle. E
ainda tem o serial killer.
— Você está muito estressado, meu amor, precisamos passar um final de
semana longe de Palermo — digo, esperançosa.
— Não me tente, bella mia, você sabe que essa não é uma boa hora —
fala firme.
Eu o beijo de leve, sentindo os pelos da sua barba raspando meu rosto.
— Um final de semana podemos ir a Roma, só nós dois — beijo seu
queixo e ele não resisti, aprofundando nosso contato, me beijando de volta e
chupando a minha língua, faminto. Sento no seu colo e o abraço forte enquanto
nos beijamos de maneira apaixonada, só nos separamos quando já não temos
mais fôlego.
— Talvez dois dias em Roma não seja de todo ruim — pondera, olhando
para o meu decote.
— Vamos tomar nosso café, chefe, ou daqui a pouco a comida serei eu —
falo enquanto me levando do seu colo, ele me puxa de volta, dessa vez me
sentando de costas para ele e em frente à mesa.
Tomamos o café em um clima gostoso, regado a carícias.
— Não vejo o que tanto você e Lorenzo implicam com a pobre
Antonella.
— Ah, Dimitri, faça o favor, até parece que você não percebeu o quanto
ela é atirada, só faltou comer você com os olhos, mesmo eu estando do seu lado.
Sem contar os boatos que rolam por aí a respeito dela.
— São apenas boatos, o pai dela garante que ela é virgem, sem contar
que Juliano é um dos meus mais leais capos. Em um momento como o que
estamos passando é essencial manter os aliados próximos.
— Pois eu não a quero como cunhada, pode arrumar outra noiva para
Lorenzo.
— Katharina...
— Eu faço greve, aí você vai ver, Boss, se aquela mulherzinha entrar para
nossa família. — Digo cruzando o braço, emburrada.
— Meu Deus, o que eu fiz para merecer uma megera como esposa? —
ele indaga, olhando para o teto, eu não aguento e começo a rir. — O que eu não
faço por você, bella mia. — Ele me puxa de volta para ele.
— Eu quero te perguntar algo, uma dúvida que passou pela minha cabeça
hoje mais cedo, talvez seja besteira minha por causa do pesadelo, mas...
— Você sonhou com o sequestro, com o traidor te...?!
Não o deixo terminar o que ia dizer.
— Não, não tem nada a ver com aquilo, eu sonhei com o assassino de
Ana. Eu estive lembrando que o policial informou que ela foi morta por um
punhal de prata e então me lembrei do meu. Aquele que você me roubou.
— Nada disso, engraçadinha, eu não roubei, apenas tomei para que não
me matasse na nossa noite de núpcias — fala, desconcertado.
— Certo, então poderia, por gentileza, me devolver, querido?
— Claro, mi amore, tenho certeza que não pretende mais usá-lo contra a
minha garganta quando estiver dormindo.
— Claro que não, a menos que você faça algo errado, como pensar em
me trair — digo, olhando para o meu esmalte.
Dimitri revira os olhos e vai até um móvel do lado da mesa no grande
escritório, pega uma chave que abre a terceira gaveta da sua mesa. Ele pega uma
caixa de madeira com um símbolo de um leão, lá eu posso ver algumas joias e
objetos valiosos. Dimitri revira todos os objetos, mas nem sinal do meu punhal.
— Ele estava aqui, eu o guardei assim que chegamos da Rússia, não é
possível que esse punhal tenha.
Uma luz vermelha se acende na minha mente e então eu me dou conta
que a arma do assassino é o meu punhal.

Vito e Luciano falavam sobre o maldito Matteo Masumeri que venceu as
eleições para governador da Sicília, atrapalhando todos os planos da família, mas
a minha cabeça está longe, no punhal de Katharina. Fico pensando em quem
pode ter entrado no meu escritório. Poderia se tratar de apenas um roubo, ainda
não havia verificado as outras joias, talvez umas das funcionárias responsáveis
por limpar meu escritório tenha visto a caixa e acabou levando o objeto, que é
cravejado de pedras preciosas, por outro lado, quem seria tão louco de arriscar
me roubar assim?
— Podemos matá-lo de uma vez, ele e o cagna do pai dele. — Fala
Damon Camorra.
— Se o maledeto morrer atrairemos todos os holofotes para a Cosa
Nostra, nós já temos problemas demais com os federais.
— Dante desapareceu feito fumaça, não consigo nem uma pista dele. —
Diz Vito, enfurecido, assim como todos nós por vermos o maldito escapar dessa
forma.
— Ele tem treinamento, precisamos pensar no que faríamos se
quiséssemos nos esconder, como encobriríamos nossos rastros. — Fala Damon.
— O general Dalla Chiesa é o próximo da lista, tivemos que mudar a rota
do tráfico internacional duas vezes essa semana por culpa das operações dele. O
velho e escorregadio escapou da emboscada que armei para ele — falo, levando
a taça de vinho aos lábios.
— Não temos nada que leve a polícia ao nosso nome, foi sorte do destino
termos começado a lavagem do dinheiro sujo meses antes ou uma hora dessa
estaríamos atrás das grades — fala Vito Genovese.
— A senhorita Meyer é muito eficiente, ela escapou do ataque de Alesso
e também em liquidou todos os rastros que poderiam levar a federal à nossa cola.
Meu celular vibra no bolso do meu paletó, eu estava pronto para atendê-
lo quando percebo a entrada da polícia no restaurante. Domenico, o dono do
lugar, se assusta e tenta ir em direção a eles, mas é contido por um policial. Me
mantenho sentado, atento à quantidade de tiras que entra no restaurante, minhas
mãos coçam de vontade de pegar minha arma, porém me contenho, tentando
entender que porra está acontecendo.
— São federais — fala Vito Luciano sem olhar em direção a eles, que
caminham até nós.
— Fiquem tranquilos — Digo isso antes de ver a maldita detetive, com
um distintivo da federal no peito e um sorriso presunçoso no rosto, caminhando
até a minha mesa.
— Dimitri Salvatore Rinna.
— Vejo que me conhece, detetive.
— Como não conhecer? O senhor é um homem famoso, senhor Rinna.
— Claro, sou um homem de negócios, me pergunto o que a polícia
federal italiana faz aqui?!
— Viemos buscar o senhor! — Ela diz me olhando nos olhos.
— Dimitri Salvatore Rinna, me acompanhe, o senhor está sendo detido.

Dimitri foi trabalhar, eu fiquei boa parte da manhã pensativa, ele garantiu
que não é possível que o serial killer tenha acesso ao seu escritório, que
provavelmente deve ter esquecido e guardado o punhal em outro lugar e logo o
encontraria. Avisei Luigi que estava procurando pelo punhal e confesso que
fiquei apreensiva no começo, mas vi que não fazia nenhum sentido à arma do
crime ser minha. Provavelmente eu tinha ficado muito impressionada devido ao
pesadelo, então havia decidido tocar para espantar esses pensamentos tristes da
minha mente. Passo boa parte da manhã na biblioteca com meu violino até
Monalisa bater na porta, me avisando que o entregador da farmácia havia trazido
o que eu pedi. Agradeço a ela e pego a sacola, subindo direto para o meu quarto,
nervosa com a expectativa do resultado do teste. Me vejo lembrando do dia em
que Dimitri e eu fomos à fonte da vergonha, no pedido que fiz.
Fecho os olhos, respirando fundo e entrando no banheiro com cinco
testes nas mãos. Leio atentamente às instruções, aflita e decido esperar dez, ao
invés de cinco minutos, para ter mais garantia. Faço os cinco testes e os coloco
sobre a bancada da pia.
Não é uma boa hora para engravidar, tudo está um caos na Cosa Nostra.
Será que eu seria uma boa mãe, será que Dimitri seria um bom pai? São os dez
minutos mais longos da minha vida, onde fico divagando o que seria da nossa
vida se eu estivesse grávida.
Positivo + 1 diz o primeiro teste, assim como segundo, o terceiro mostra
duas listras bem vermelhas, o quarto e o último dizem o mesmo.
— Grávida, eu estou grávida.
Me sento na tampa do vaso com os testes nas mãos, sentindo lágrimas
escorrerem pelo meu rosto.
— Um bebê.
Toco a minha barriga plana pensando que tem um bebê aqui,
provavelmente há um mês.
Limpo meu rosto e sorrio emocionada.
— Seja o que for, eu já amo você, bebê.
Lembro da fonte da vergonha, onde eu pedi que Dimitri me amasse, se
ele me ama irá amar nosso filho e juntos iremos aprender a cuidar dele, ou dela.
— Tenho que contar a ele, seu pai precisa saber que você está aqui —
digo emocionada, acariciando minha barriga.
Coloco os testes na minha bolsa, troco de roupa e decido fazer uma
surpresa para meu marido. Curiosa para saber qual será a reação dele ao saber
que será pai, nem me lembro de pegar meu celular. Com a chave do meu carro
na mão eu saio da fortaleza e encontro meus cães de guarda na porta.
— Já que não adianta falar para vocês não me seguirem só aviso que eu
vou dirigindo no meu carro.

O caminho até a sede da Cosa Nostra, embora rápido, me parece levar


uma eternidade, finalmente estaciono e desço do carro, seguida dos meus
seguranças, que fazem o mesmo no carro de trás.
— Não precisam subir comigo — falo, apontando para o elevador.
Na recepção, liberam a minha entrada direto, subo para o último andar.
Assim que o elevador abre, caminho até a mesa da nova assistente de Dimitri,
Luana que me parece uma boa moça, mas ainda está sob análise.
— Boa tarde, Luana, sabe se meu marido está na sua sala?!
— Boa tarde, senhora, o senhor Rinna foi almoçar com o senhor Camorra
e Genovese e outros dois senhores.
— Faz muito tempo que ele saiu? — Pergunto desanimada.
— Ele já deve estar para voltar, tem uma reunião com a senhorita Ella
Meyer daqui meia hora.
— Tudo bem, eu vou esperar na sala dele, assim que ele chegar, avise
que eu estou aguardando por ele.
— Tudo bem, senhora — diz ela gentilmente e eu entro na sua sala.

Ao entrar na sua sala, posso sentir aquele cheiro amadeirado


característico dele. Os móveis escuros com detalhes em couro e piso de granito
dão um ar elegante. A parede de vidro na lateral me faz lembrar do dia em que
quase joguei Natasha pela sacada.
Caminho até a grande mesa e olho para o quadro de Hades e Perséfone,
terrivelmente assustadores, sorrio pensando que todos que entram nesta sala
devem temer não só o terrível, Capô dei capi, como seus animais de estimação.
Sento na sua cadeira e coloco o teste sobre a mesa para que ele veja assim que
entrar. Aguardo ansiosa os minutos passarem, até a porta abrir, porém não é
Dimitri que passa por ela e sim Daniela.
— Chefe, tenho uma pista quente do assassino — ela diz olhando para o
Ipad em suas mãos e estanca quando percebe que sou eu que estou na sala e não
Dimitri.
— Desculpe, senhora, entrei sem bater, nervosa demais, achei que o
chefe estava em sua sala.
— Não se preocupe, Daniela, Dimitri está em um almoço de negócio —
digo, já de pé.
— Eu volto depois, é realmente importante o que eu tenho a contar para
ele. — Fala, quase saindo da sala, quando eu a impeço.
— Espere, quando você entrou, eu escutei você dizendo que tem pistas
sobre o assassino — pergunto, caminhando em sua direção.
— Não posso falar sobre o assusto com a senhora — tenta sair, mas eu a
seguro pelo braço.
— Nada disso, dona Daniela Copolla, você só sai daqui quando me disser
que pista é essa sobre o assassino da minha prima.
— Se o chefe brigar comigo...
— Não se preocupe, Dimitri não vai fazer nada, diga de uma vez.
— Tudo bem, melhor eu mostrar as imagens das câmeras.
Rapidamente, ela me mostra um vídeo das câmeras de segurança do
restaurante onde Ana estava com a amiga. No estacionamento, vejo um carro
preto importado estacionar. Um homem de preto sai do carro, a imagem da
câmera é em preto e branco e a porcaria das plantas estão obstruindo a imagem,
mas posso ver seu perfil, ele é alto e olha para baixo, para em seguida entrar no
restaurante. Daniela acelera o vídeo até chegar no momento onde vemos Ana
saindo junto dele, não consigo ver se ela fala algo, se ele está ameaçando-a, a
imagem é bem ruim e está escuro no local, porém os dois entram no carro e logo
em seguida ele sai com o veículo e então Daniela congela a câmera na placa do
carro.
— Você conseguiu rastrear o carro?! — Pergunto nervosa.
— Sim, consegui, porém está em um nome falso: Williams Matte. Esse
cara está preso, não passa de um batedor de carteira, não teria como ter um carro
desses, nunca, seu nome foi apenas usado para despistar. Por um tempo eu achei
que estava em um beco sem saída, mas com ajuda do investigador da máfia
comecei a tratar de pensar em locais onde o assassino levaria as vítimas. Eu
mapeei todos os locais na cidade em que foram encontradas as vítimas do Serial
Killer, formando assim um triângulo — ela diz e me mostra o mapa de Palermo.
— Está vendo esse espaço aqui? Tudo indica que o Serial Killer se esconde em
algum canto perto daqui. Não foi fácil, coloquei seis soldados cuidando das
câmeras de vigilância da cidade para tentar rastrear o carro e olha o que
achamos. Ela aponta para uma foto do carro preto entrando em um prédio cinza.
— Ele foi visto mais de uma vez entrando nesse lugar, eu vim avisar o
chefe porque eu aposto todas as minhas fichas que é ali que ele se esconde. —
Diz, apontando para a entrada do prédio e o ódio toma conta de mim ao lembrar
da maneira brutal que Ana foi morta.
— Eu vou atrás dele! — digo, decidida.
— O que, está louca? - Ela pergunta, de olhos arregalados.
Caminho até a mesa de Dimitri, revirando as gavetas à procura de uma
arma, até que encontro uma onze milímetros no fundo falso da gaveta.
— Você está louca, não posso deixar você fazer isso, ainda mais sozinha.
— Então é melhor você vir comigo.
Saio da sala e Daniela me segue, ao invés de entrar no elevador eu desço
pelas escadas com sede de vingança.
— Vamos esperar o chefe chegar, isso vai dar merda para mim.
— Fica tranquila, é apenas um maldito homem, eu vou colocar uma bala
na cabeça dele e então estaremos de volta.
Chegamos na garagem do subsolo.
— Onde está seu carro? Precisamos sair daqui sem que os seguranças me
vejam, se chegarmos lá com muita gente o maldito pode escapar.
— É o vermelho à direita — ela aponta para o carro, eu me abaixo sem
que os seguranças me vejam e entro no banco do passageiro enquanto Daniela
entra no carro, dando partida.
— Você tem noção do risco que estará correndo?!
— O único que corre algum risco aqui é esse desgraçado! — Falo,
checando a munição na arma.
— Merda, eu estou ferrada — Daniela resmunga durante todo o trajeto.
Estacionamos longe do prédio, mas a uma distância suficiente para que
ela tenha uma boa visão da entrada e saída do local.
— Eu vou entrar e você vai ficar na retaguarda, qualquer coisa você liga
para mim! — falo com a arma nas mãos.
Não espero ela responder e caminho em direção ao prédio abandonado,
preparada para acabar com a vida desse maldito.
Entro no prédio sem fazer barulho, pela pequena fresta do portão lateral,
agradeço por ter trocado de roupa e estar usando calça e botas. Logo de cara
percebo que está vazio e não há sinal de moradores no primeiro andar. Uso as
escadas para não fazer barulho, subo até o último andar, onde fica a cobertura,
que provavelmente é o lugar onde o serial killer se esconde. Há apenas um
apartamento na cobertura, encosto meu ouvido na porta tentando ouvir se tem
alguém lá dentro, mas tudo que capto é o silêncio. Olho ao redor tentando pensar
em como vou entrar no apartamento.
Forço a maçaneta, que obviamente está trancada, rapidamente uso a
presilha do meu cabelo para abrir a peça e com um pouco de dificuldade eu
consigo abrir a porta. Agradeço mentalmente a Aslan mais uma vez pelo ótimo
treinamento.
Devagar, eu entro no apartamento e não vejo ninguém na sala, que parece
simples demais, a cozinha é conjugada e não vejo sinais do Serial Killer. Verifico
o corredor escuro e logo vejo uma porta, provavelmente deve ser o quarto.
Eu estava pronta para atravessar as portas do inferno e encontrar a
verdadeira besta.
Respiro fundo e coloco a mão na fechadura, abrindo a porta lentamente,
assim que minha visão se acostuma com a fraca luz amarela do abajur, que
ilumina o quarto, meus olhos arregalam e eu coloco as mãos na boca, em
choque.
— Não, não pode ser!!
A audácia da policial estava me deixando irritado, seu olhar autoritário e
postura dura não conseguia esconder o temor que via em seus olhos ao olhar
para mim. Ela é esperta, ela sabe que sou um predador que poderia acabar com
ela rapidamente, mas não faria isso, não aqui com uma plateia à vista.
— Viemos buscar o senhor! — Ela diz, me olhando nos olhos.
Eu olho para ela em desafio e tanto Damon como Vito se levantam.
— Dimitri Salvatore Rinna, me acompanhe, o senhor está sendo detido.
— Ela repete.
— Detido? — Questiono, aumentando o meu tom de voz e deixando
todos apreensivos.
— Para uma acareação sobre suposto envolvimento do senhor com a
Cosa Nostra Siciliana.
Sorrio falsamente e me levanto, olhando para a mesma, agora já de pé.
— Tem um mandato que me obrigue a acompanhá-la, detetive?! —
Questiono.
— Não, mas acredito que se o senhor não tem nada a esconder não se
negará a prestar seu depoimento.
— Sou um homem muito ocupado, como dizem os homens de negócios
tempo é dinheiro, mas farei esse favor de acompanhá-la até a delegacia e prestar
meu depoimento, claro acompanhado do meu advogado. — Digo, sarcástico.
— É o direito do senhor, como disse é apenas uma acareação, senhor
Rinna.
Damon e Vito me acompanham em seus respectivos carros enquanto eu
dirijo, sendo escoltado pelos carros da polícia federal. Meus advogados foram
avisados para estarem me esperando na porta da delegacia.
Ao chegar ao local e estacionar vejo um circo já armado e então eu
percebo que acabei de cair na armadilha da detetive. Ela queria jogar meu nome
na boca da imprensa como possível chefe da Cosa Nostra, assim colocando um
bando de abutres na minha cola e manchando a minha reputação. A desgraçada
foi esperta, mas pagará caro por isso.
Entro no edifício sendo bombardeado por flashes, meus seguranças estão
a postos, assim como os dois Capos, que me acompanham ao lado de dois dos
meus melhores advogados para dentro da delegacia. Todos os olhos dos polícias
estão sobre mim, o temor que eles têm me fascina.
— Por favor, senhor Rinna, você e seus advogados podem aguardar na
minha sala. — Fala ela, olhando para os dois, Damon e Vito, e apontando para o
cubículo que antes era ocupado pelo chefe de polícia associado a Cosa Nostra.
Entramos na sala apenas e eu meus advogados, estou atento a tudo, meus
olhos vão para uma câmera falsa, amadora posta sobre a mesa da detetive
disfarçada de livro.
Não demora muito para ela voltar à sala com uma pasta nas mãos e sentar
na nossa frente. Um copo com água que é posto para mim e outro para meu
advogado, mas eu não o toco para não deixar minhas digitais nele.
— Conhece esse homem? — diz ela apontando para a foto do meu
homem de confiança e motorista. Augustus.
— Conheço, ele foi meu motorista durante alguns anos, mas foi demitido
recentemente ao descobrimos que vinha fazendo serviços por fora. — Digo com
uma naturalidade assombrosa olhando pra foto.
— Seu motorista? Ele é apenas um motorista? — Questiona, me
desafiando com o olhar.
— O que quer que eu diga, detetive? — Pergunto friamente.
— Seu motorista foi preso em uma operação policial e está envolvido
com a máfia, foi preso especificamente com vários homens da família Luchese.
— Nunca ouvi falar! — Digo, entediado.
— Talvez isso aqui refresque a sua memória — fala ela colocando uma
foto, essa agora é minha e de Katharina na cena da morte de Ana.
No ângulo da foto dá para ver que eu aperto a mão do chefe de polícia
Albertino, ou seja, ela estava nos vigiando.
— Eu me lembro claramente desse dia.
— O senhor não é obrigado a responder — diz meu advogado,
intervindo.
— Recebi uma ligação do chefe de polícia, o corpo da prima da minha
esposa foi encontrado. Eles precisavam de algum familiar para reconhecer o
corpo, então eu a levei até o local. No momento dessa foto eu estava
agradecendo cordialmente o delegado por ter nos avisado. — Digo
despreocupado e sua postura endurece. — Mais alguma coisa, detetive? —
Questiono
— Então é isso, vocês foram reconhecer o corpo? — fala amarga, com os
olhos em chamas.
— A senhora precisa entender que meu cliente não é obrigado a
responder suas perguntas, ele está sendo generoso em destinar seu tempo a esse
depoimento. — Fala meu advogado.
— Tudo bem, vamos ao que interessa, conhece esse outro homem?! —
mostra outra foto, essa agora de Lucca Base entregando um envelope para o juiz
Signorino.
— Nunca o vi.
— Seu nome é Lucca Base, ele pagou uma quantia de três milhões de
euros para o juiz Signorino libertar membros da Cosa Nostra que estão presos,
inclusive seu motorista.
— Não vejo o que isso tem a ver comigo, detetive.
— Lucca Base foi visto entrando na sede da sua empresa. O que ele fazia
lá?!
— Bem, é um prédio comercial, temos muitas pessoas entrando e saindo,
não vejo por que isso a faz pensar que eu esteja envolvido com essa coisa de
máfia.
— O cerco está fechando, senhor Rinna, nós estamos a um passo de
pegar o chefe da máfia italiana. Eu não vou descansar até vê-lo atrás das grades.
— Deveria focar suas investigações no verdadeiro culpado. Sou um
homem de prestígio, um empresário honesto, nascido e criado na Sicília,
detetive, a senhora está procurando no lugar errado.
— Isso é o que nós veremos. — Diz, frustrada.
— Se não tem mais nada a dizer — Digo me levantando. — Como disse
antes, meu tempo é precioso, boa sorte com suas investigações, senhora detetive.
— Falo, saindo da sua sala sem nem mesmo esperar ela se pronunciar.

Deixo a delegacia fervendo de ódio, planejando a maneira que eu mesmo


trarei o fim dessa detetive de merda.
— Ela não tem nenhuma prova, chefe, está blefando — diz meu
advogado.
—Sei disso, ela quer me pegar, mas o que essa policial não sabe é que eu
sou o verdadeiro predador nessa selva. Avisem todos os veículos de imprensa
ligados à família que se sair uma mísera nota sobre meu nome envolvido com a
máfia eu queimarei a redação de cada jornal dessa cidade — falo, virando as
costas para os dois e entro no meu carro.
No meu celular há várias chamadas perdidas de Daniela e decido ligar
para ela assim que chegar à sede, já que jornalistas me seguem durante o trajeto
de volta.

Estaciono meu carro no subsolo da sede, evitando que o carro da


imprensa me acompanhe. No estacionamento, vejo o Mercedes branco de
Katharina, ela deve ter vindo me visitar, Katharina é um sopro de luz em minha
vida sombria.
Entro no meu elevador privado e vou direto para o meu andar, onde fica
apenas a minha sala e uma grande sala de reuniões que eu e os meus capos
usamos para nos reunirmos. Assim que as portas do elevador se abrem eu noto
algo estranho, a aparência assustada da nova assistente Luana me diz que alguma
coisa está acontecendo.
— Chefe, eu já ia ligar para o senhor — diz ela, pálida e então percebo
que os dois seguranças de Katharina estão olhando algo no computador.
— O que está acontecendo aqui? — Questiono, indo direito ao ponto.
— A sua esposa... a... ela estava aqui e então eu fui buscar um café para
servi-la na sala do senhor quando ela sumiu. — Diz, trêmula de medo.
Tudo congela nesse momento, meu sangue esfria, um sentimento de
deja-vu me faz lembrar a última vez que eu ela desapareceu e foi sequestrada.
— Como vocês dois deixaram ela sumir daqui?!
— Nós estamos verificando as câmeras, ela não usou o carro e também
não saiu pela entrada, acreditamos que ela ainda está no prédio.
Entro na minha sala, indo direto para a minha mesa, verificar eu mesmo
as câmeras do sistema de segurança do prédio. Quando algo me chama atenção.
Curioso, pego o objeto estranho e rapidamente entendo que se trata de um teste
de gravidez. Positivo+2, um nó é formado na minha garganta com a
possibilidade do que esse teste pode significar.
— Achamos ela, senhor — diz o segurança, entrando na minha sala,
fazendo com que eu guarde o teste no bolso do meu paletó. — Pelas câmeras
vimos que ela saiu com a senhorita Daniela Copolla.
—Daniela?! — Questiono confuso, então me lembro das ligações dela no
meu celular.
Ligo imediatamente para ela enquanto alcanço a arma embaixo da minha
mesa e percebo que ela não está aqui.
— Chefe, que bom que ligou. — Diz ela assim que atende.
— Onde está Katharina, porque ela saiu escondido dos seus seguranças?!
— Chefe, eu tentei evitar, eu juro, eu fiz tudo que eu pude — diz ela,
quase chorando.
— Diga de uma vez onde está a minha mulher, porra!! — grito, já sem
paciência.
— Nós viemos atrás do assassino da prima dela, eu encontrei o
esconderijo dele.
— O que?! Como assim vocês saíram atrás de um serial killer sem
reforços, ainda mais com a minha mulher?
— Nós estamos armadas, eu estou de olho, caso ele volte. — Diz ela, não
conseguindo acalmar a fera dentro de mim.
— Estou indo para aí agora mesmo. Vocês dois venham comigo e torçam
para não faltar um fio de cabelo na cabeça da minha mulher, ou vocês vão se ver
comigo.
Mando uma mensagem para Lorenzo e Vicenzo avisando sobre
Katharina, para que eles me encontrem no esconderijo do assassino.

— Não pode ser — digo, olhando para o quarto.
Meu coração acelera e minhas pernas congelam, eu não consigo me
mover, meus olhos analisam tudo com um horror indescritível.
— Não pode ser, ele não pode — digo, com a voz engasgada, tamanho
pavor.
O quarto escuro com uma cama de ferro no centro por si só já é
assustador, mas a mesa na lateral é o motivo do meu pavor, sobre ele há um
painel estendido na parede com fotos minhas, dezenas delas. Fotos essas que
nunca vi, de diferentes ângulos e posições, fotos que foram tiradas sem que eu
sequer soubesse.
Trêmula, consigo dar um passo para dentro do quarto, ainda em estado de
latência, lágrimas escorrem dos meus olhos quando me dou conta de quem é o
serial killer, quem é a Besta.
Sobre a mesa, alguns objetos me chamam atenção, uma mecha de cabelo
loiro e vários objetos separados como se fossem relíquias, mas são apenas
troféus das vítimas dele, e bem no meio o punhal de prata. O meu punhal, com
um pano preto ao lado, provavelmente usado para limpar o mesmo. Aterrorizada,
coloco a arma na cintura e o pego na minha mão, o punhal parece queimar a
minha pele. As pedras preciosas que tanto me encantavam agora me enchem de
horror, a realidade é terrível demais para aceitar.
Acabo tropeçando no tapete e então observo uma mancha escura nele,
provavelmente de sangue que mesmo depois de lavado, não saiu. Um nó se
forma na minha garganta e flashes do que estava debaixo dos meus olhos saltam
em minha mente.
As facas no quarto já indicavam que ele tinha uma adoração por elas, os
olhares e o sangue no paletó, agora tudo se encaixa, tudo faz sentido. Era ele
todo esse tempo, ele roubou o meu punhal, essas fotos só comprovam a verdade
e ela é assombrosa.
Me apoio na cadeira, tentando respirar, horrorizada com o que encontro.
Nesse momento, a porta abre lentamente, me arrepiando por inteira. Eu vejo seus
cabelos escuros, o paletó impecável e os seus olhos congelam em mim.
— O que você está fazendo aqui? — Pergunta, entrando no quarto.
— Por que? Por que é a única coisa que eu te pergunto, Lorenzo?! —
Questiono, dando voz à pergunta que assola minha mente.
— Não era para você estar aqui! — Ele fala assustado e eu mantenho a
faca em minha mão, tremendo muito.
— Era você todo esse tempo, o assassino, o serial killer! — Afirmo
convicta.
— Eu não sei do que você está falando — ele tenta me enganar.
— Não me tire como otária, Lorenzo, eu sei quem você é, você é um
monstro!! — Grito, fora de mim.
— Não! Você não, Katharina, você não pode pensar assim, você não!! —
diz, dando dois passos em minha direção e eu ando para trás, assustada.
— Não tenha medo de mim, anjo, eu jamais machucaria você, você não é
como elas.
— Eram mulheres inocentes, Ana era inocente! — Falo, chorando ao me
dar conta que o homem que eu tinha como irmão e amigo é um monstro.
— Você não entende, eu precisava fazer aquilo! — Explica de maneira
angustiada, como se fosse uma tortura falar a verdade.
— Por que, Lorenzo, por que?! Eu confiava em você, eu o amava como
se fosse meu irmão, você enganou todos nós, todo esse tempo.
— Isso faz parte de mim, no começo eu não queria matar, eu conseguia
me contentar apenas com o sexo bruto, porém, depois de um tempo isso já não
me satisfazia. Foi na primeira vez que eu sonhei com você, eu me senti
atordoado, tentado a entrar no seu quarto e tocar sua pele. E, para não a
machucar, eu precisei ferir outras, pois ao feri-las eu me sentia como em uma
overdose de luxúria, o prazer que tanto busquei havia sido atingido, foi assim
que me senti ao matar a primeira.
— Eu não reconheço o monstro na minha frente! — Digo, desolada.
— Ninguém sabe como é sentir isso dentro de mim. Ser o homem
enjaulado, que não consegue lidar com o passado terrível! — Grita.
— Ana não tinha culpa do que tenha acontecido com você!
— Eu não tive ódio dela, ela foi apenas mais uma, como todas as outras,
apenas você é diferente — fala friamente, sem um pingo de remorso.
— Você é louco! Do que você está falando, Lorenzo?!
— A culpa foi delas, Katharina, eram todas putas, como a vadia da minha
mãe. Elas estão mortas porque mereciam, se não fossem cadelas fáceis teriam
escapado ilesas.
— Você é um psicopata, do que está falando? O que a sua mãe tem a ver
com seus crimes, Lorenzo?
— A puta que me concebeu, assim que viu que não conseguiria usar os
filhos para barganhar uma vida boa com o bosta do meu pai, decidiu vender a
mim e a Vicenzo. Eu fui enviado a um casal de religiosos extremistas no interior
dos Estados Unidos. Cresci sendo doutrinado por dois demônios, eu era
constantemente espancado, mutilado, meu corpo foi usado em rituais religiosos,
pela religião deles, o Santo Graal, eles afirmavam que um homem pode chegar
ao paraíso por fazer coisas boas na terra, nessa seita, o incesto, a tortura e a
violência são permitidas. Todas as coisas horríveis que eles faziam comigo eram
justificadas, segundo eles porque eram atos para Deus. Então, ela me tocava com
suas mãos imundas, me deixando podre como ela. — Ele fala com ódio nos
olhos.
— Ela insistia que tinha demônios dentro de mim e que ela precisava
me purificar, eles eram dois vermes, que abusaram da inocência de uma criança.
Eu cresci rodeado de ódio e dor, vi o quanto as mulheres são sujas, então tudo
que eu queria era acabar com toda essa angústia, esse nojo, mas eu era fraco
demais naquela época.
Seu relato é tão chocante que eu mal consigo digerir as palavras saindo
da sua boca.
— No colégio, a única distração que eu tinha era a música, eu gostava da
guitarra, me ajudava a esquecer os problemas, mas não demorou muito para
perceberem que eu era diferente. Então, chegaram a avisar meus pais que
possivelmente eu tinha algum distúrbio por bater em um colega de classe até ele
desmaiar. A vadia que me adotou não se importava, simplesmente me tirava da
escola e colocava em outra, foi assim por anos até o maldito do meu pai ir atrás
de mim. Ah, mas é claro ele não veio porque me amava, porque se importava
com o filho bastardo, não, ele sabia onde eu estava o tempo todo.
— Tudo isso é terrível, Lorenzo, mas não justifica seus atos! — Falo
devagar.
— Meu pai nunca gostou de mim! Ele só veio porque o meu irmãozinho
mandou, o senhor perfeito, que sempre teve tudo que eu não tive, ele teve uma
mãe, um pai e teve a chance de ter a mulher perfeita, você, Katharina, a única
que não é imunda.
— Dimitri não tem culpa do que fizeram com você. — Falo, tentando
fazer com que ele entenda isso.
— É claro que você vai defender meu irmão, ele conseguiu te
contaminar, você agora é como ele — fala, me deixando apavorada.
— Lorenzo, esse não é você, esse não é o Lorenzo que sempre me
defendeu, sempre.
— Esse sou quem sou verdadeiramente. Eles tentaram me concentrar no
treinamento da máfia, eles não entendiam é que eu não queria concerto.
— Você estava tentando incriminar seu próprio irmão! — acuso,
entendendo o seu jogo doentio.
— Ninguém sabe como é viver com essa fome, essa gana dentro de mim,
ser obrigado a contar mentiras, lutar dia após dia.
— Você é doente, Lorenzo — falo quando ele me olha de maneira
possessiva.
— Eu amo você, Katharina, amo você desde que a vi pela primeira vez.
Eu vi que você não é como elas, você é um anjo, então eu quis ser como ele, eu
quis ser a besta. — Fala, tocando uma mecha do meu cabelo.
— Por que essas mulheres, por que a Ana foi sua vítima?!
— Eu não planejei, simplesmente aconteceu, ela estava lá e a fome era
grande demais.
— Ana não fez nada para você, tinha outras mulheres lá, por que ela?!
— Nenhuma delas parecia com você, só ela! — Ele fala, fazendo todo
meu corpo paralisar. O horror é tão grande que meu corpo bambeia.
— Nenhuma delas desperta a minha sede, a fome como você, eu tentei
aplacar essa ira nelas, mas foi em vão. Eu já não consigo me controlar, eu
preciso de mais e mais, eu preciso ter você — fala, me pressionando contra a
parede e em um gesto rápido tira arma da minha cintura.
Eu seguro o punhal, apontado em direção a ele, Lorenzo tira a munição
da pistola e joga no chão.
— Eu não quero matá-la, princesa, você não é como elas. — Diz,
tentando pegar o punhal da minha mão, mas eu acabo cortando sua mão, me
defendendo.
— Não faça isso, Lorenzo! — Suplico, desesperada, vendo-o olhar para
o sangue que escorre da sua mão direita de maneira doentia. Penso no meu bebê,
em como protegê-lo, penso em Dimitri, como gostaria que ele estivesse aqui.
Lorenzo avança contra mim, eu tento me proteger com o punhal na minha mão,
mas ele me acerta contra a quina da cama e eu fico tonta, vendo tudo escurecer.
Meu corpo fica mole, o punhal cai no chão, sinto ele me erguer, me colocando na
cama, tento me mover, porém ele amarra meus pulsos à cama.
— Fica calma, não fica assim, sou eu, o seu amor, a sua besta!
— Me solta, por favor! — Me desespero, sabendo que ele está louco e
controle.
— A partir de agora tem que confiar completamente em mim, amor, eu
sei o que é melhor para você, anjo.
— Você quer me matar como fez com todas elas, é isso?! — falo, lutando
contra as amarras. — Não faça isso comigo, Lorenzo, você está doente, eu posso
te ajudar — suplico em desespero.
— Agora é tarde, essa é a minha oportunidade de ter você para mim. —
Diz ele se levantando da cama e procurando o punhal caído no chão do quarto.
O medo é assombroso, eu sabia que agora seria o meu fim. Lorenzo pega
o punhal de prata e sobe novamente em cima da cama, ficando sobre mim,
lágrimas escorrem sem parar, eu olho para ele, assustada com o que ele está
fazendo.
— Eu não posso, eu não posso, eu não consigo — diz chorando como
nunca vi antes, ele me larga e sai de cima de mim. Então, se afasta da cama
como se olhar para mim o machucasse.

ANTES
Após falar com Daniela tudo que eu queria era ir até Katharina, o medo
que algo acontecesse com ela me deixou a ponto de cometer uma loucura. Uma
multidão de repórteres atrapalhava a minha saída da sede e foi preciso a chegada
de vários homens meus para afastar os abutres. O tempo estava correndo e a
cada segundo minha mulher corria mais risco nas mãos de um assassino em
série. Ao chegar ao local onde o esconderijo do assassino fica, vejo o carro de
Daniela estacionado do lado de fora, a metros do prédio que ela me falou.
Estaciono atrás dela e logo percebo que alguma coisa estava errada. Faço um
gesto para que meus homens e os seguranças de Katharina fossem na frente e
com a minha arma em mãos eu observo o momento em que Paolo abre a porta
do motorista e o braço de Daniela pende, à mostra. Há muito sangue saindo do
seu abdômen.
— Ela está morta? — Pergunto, me aproximando e tendo uma visão
completa do seu estado lastimável, provavelmente ela lutou muito.
— Não, ela ainda tem batimentos
— Chamem uma ambulância e a levem para o hospital o mais rápido
possível.
Seu estado me faz ficar ainda mais alerta, o temor de antes se transforma
em puro pânico e desespero, imaginando que Katharina está sozinha nas mãos
desse serial killer.
Rapidamente invadimos o prédio onde ele se esconde. O carro de
Lorenzo no estacionamento me faz ficar um pouco mais tranquilo, penso que se
ele chegou primeiro irá proteger Katharina. Nos dividimos para poder vasculhar
todo o prédio, porém algo me diz que ele estaria na cobertura. Subo pela
escadaria com o coração acelerado, pedindo que nada de mau aconteça com
Katharina até eu chegar.
Há apenas um apartamento na cobertura, a porta está encostada, em
passos rápidos e silenciosos eu entro no apartamento aparentemente normal e
nada me chama a atenção, porém ouço um som rouco de um gemido, dou dois
passos em direção ao corredor então eu ouço a voz de Katharina atrás da porta.
— Você quer me matar como fez com todas elas, é isso?!
Alguém diz algo, mas não consigo entender, o medo de perder a minha
mulher é tão grande que eu tento abrir a porta, mas ela está trancada.
Com uma força sobre-humana eu dou um chute, abrindo a porta. Meus
olhos vão direto para Katharina, amarrada na cama, mas não é isso que me choca
e sim Lorenzo, sentado no chão do quarto com as mãos sangrando e chorando.
Eu não tenho tempo para raciocinar sobre o que está acontecendo, corro até
Katharina, tocando seu rosto cheio de lágrimas.
— Eu estou aqui, meu amor, tudo vai ficar bem. — Prometo,
desamarrando as cordas.
Quando seus braços estão livres, ela se joga em mim, me abraçando forte
e em prantos.
— Onde está o assassino, onde está o serial killer? — Pergunto a
Lorenzo, que olha para Katharina nos meus braços.
— Ele está... ele está aqui — fala minha mulher com a voz embargada
pelo choro.
— Onde? — Pergunto confuso, sem entender onde o corpo do
desgraçado está, pelo estado de Lorenzo deve ter entrado em luta corporal com
ele.
Katharina se afasta de mim, levanta o braço e aponta para Lorenzo, que
mantém a cabeça baixa enquanto chora. Olho para ela confuso, porém a dor em
seus olhos me faz ficar estático, olho para Lorenzo tentando entender o que
Katharina quis dizer, porém a realidade começa a ficar clara quando eu observo
todo o quarto.
Fotos de Katharina por toda a parte, o punhal de Katharina caído no
chão. As peças do quebra cabeça começam a se encaixar e com ela um ódio
amargo toma conta do todo meu corpo. Tudo agora faz sentido, a fúria dentro de
mim é tão absurda que avanço em direção a Lorenzo pegando-o pelo colarinho e
o jogando na parede.
— Dimitri!!! — Grita Katharina.
Mas eu não a ouço, avanço em direção a ele e soco seu peito com ódio,
Lorenzo me acerta com um chute na perna.
— Seu bastardo de merda! — Grito, socando-o com todo meu ódio.
— O que foi irmão, não consegue aceitar que você, o todo poderoso capo
dei capi, não percebeu quem era seu irmão?! — Ele grita e limpa o nariz, que
sangra.
— Eu fiz tudo por você, seu maldito desgraçado, eu te dei tudo que você
tem, se não fosse por mim ainda seria o merda que era! — Falo enquanto acerto
ele novamente.
Lorenzo ri, mesmo com o rosto todo quebrado.
— Parem, por favor! — grita Katharina.
— Você sempre teve tudo que me foi negado, foi amado pelo meu pai,
teve uma mãe. Teve tudo que jamais tive.
— O pobrezinho do Lorenzo teve um passado traumático, foda-se, todos
que entramos nessa vida temos cicatrizes, mas isso não significa que pode me
trair, me trair dessa forma. Você tentou me culpar pelos seus assassinatos, pelos
seus crimes! — digo, cheio de ódio.
— Você nunca a quis, mas eu a amei assim que a vi! — grita, me
acertando.
Então eu perco a fina barreira que mantinha meu lado animal sob
controle e avanço, socando seu rosto com toda minha fúria.
— Dimitri!!!
— Ela é minha, miserável, sempre foi, ela é minha mulher!! — Digo
enquanto soco seu rosto sem parar, mesmo vendo que ele já está desfalecido no
chão eu não paro de socar.
— Você vai matar ele! — grita Katharina, puxando meu braço.
Meu ódio é tão grande que me faz cego, só paro meus golpes quando ela
entra na frente do seu corpo.
— Para, por favor, não faça isso! — ela suplica, chorando e então eu me
dou conta do quanto ela está mal.
Abraço Katharina sentindo a dor terrível da traição do meu irmão, aquele
que entreguei a minha confiança, àquele que protegi desde que o conheci e agora
vejo que ele não passa de um doente. A verdade é amarga e corre como veneno
pelo meu coração, eu não percebi, todos os sinais estavam claros. Lágrimas que
nem imaginava ter escorrem pelo meu rosto, me deixando amortecido enquanto
Katharina me abraça apertado e eu olho para Lorenzo no chão desse quarto
imundo.
Eu pensava que nada mais nessa vida poderia me machucar, havia uma
casca dura que me protegia de todos os tipos de dores, o coma de Chaise foi
terrível o bastante para me fazer agonizar, mas saber o que Lorenzo fez foi ainda
pior, nada pode justificar seus atos.
Tudo que Dimitri e Katharina me contaram assim que cheguei no tal
covil da besta ainda é inacreditável, eu queria que não fosse verdade, eu queria
que não fosse o meu irmão o culpado por todas aquelas atrocidades.
Lorenzo foi levado para a torre da agonia, Daniela nesse momento passa
por uma cirurgia. Em pouco tempo todos os capos da Cosa Nostra vão chegar
para iniciar o julgamento de Lorenzo, eu mal consigo pensar no que fazer, são
tantas coisas se passando na minha mente agora. Flashbacks de memórias entre
mim e ele enchem a minha cabeça, os sinais estavam lá, mas eu estava ocupado
demais para perceber que havia algo errado com ele. A última vez que o vi
agindo estranho eu o segui e descobri que ele estava se encontrando com uma
psiquiatra. Eu deveria ter investigado, eu deveria ter feito algo, eu sempre fui
responsável por ele, meu irmão mais novo, metade da minha carne.
— Ele está doente e precisa de ajuda! — Diz Katharina para Dimitri,
que ainda está calado, pensando no que fazer com Lorenzo.
— Eu descobri que ele vinha se consultando com uma psiquiatra há
alguns meses. — Digo, fazendo com que os dois olhem para mim.
— Por que não me avisou, você sabia que ele era um louco, um psicopata
maldito?! — Acusa Dimitri.
— Não, é claro que não, acha que se eu soubesse que ele estava assim eu
não teria feito algo?! — Respondo revoltado.
— Precisamos agir com calma, brigar não vai ajudar em nada — fala
Katharina.
— Eu pensei que ele precisava de ajuda de uma profissional para superar
os pesadelos que ele tem com os pais adotivos, eu pensei que ele se sentia
envergonhado e não queria que você descobrisse que ele não era forte o bastante
para superar isso sozinho.
— Precisamos encontrar essa médica, ela pode explicar o porquê de
Lorenzo ter feito isso. — Diz Katharina tentando encontrar um motivo para ele
ser um psicopata, mas para mim está claro que faz parte da natureza de Lorenzo.
— Mande alguém buscar essa médica! — Ordena Dimitri.

Em menos de uma hora a doutora Syndel aparece no escritório, com os


olhos vendados, sendo trazida por Ruggero. Dimitri continua sentado em sua
cadeira, Katharina está de pé ao lado e eu coloco uma cadeira no meio onde
Ruggero senta a mulher.
A venda é tirada, então ela olha para Dimitri e Katharina e depois para
mim e fica pálida.
— Dimitri, que brincadeira é essa? — Pergunta para mim como se me
conhecesse.
— Meu nome é Vicenzo, deve estar me confundindo com meu irmão
gêmeo, Lorenzo — digo, mostrando uma foto de Lorenzo no meu celular para
ela.
— Não, deve estar havendo algum engano, esse é meu paciente há um
ano, seu nome é Dimitri.
— Meus Deus! — Diz Katharina, chocada assim como eu.
— Alguém pode me explicar o que está acontecendo, eu fui raptada
contra a minha vontade do meu consultório e não estou entendendo nada. — Diz
a médica, nervosa.
— Você está aqui para explicar o quadro do seu paciente, no caso,
Lorenzo. — Fala Dimitri.
— Ele é um assassino, descobrimos que ele é o serial Killer por trás das
mortes das jovens na cidade, ele é a besta! — fala Katharina e a médica que fica
pálida.
— Jamais imaginaria que meu paciente é o serial killer — diz a médica,
chocada.
— Doutora, não temos tempo a perder, é melhor a senhora começar a
explicar — diz Dimitri, colocando sua arma sobre a mesa.
— Conheci Dimitri, quer dizer, Lorenzo mais ou menos há um ano, ele
me procurou para ajudá-lo com seu transtorno. Primeiro vocês precisam saber
que sou uma psiquiatra psicanalista especialistas em transtorno de personalidade.
Logo no começo do seu tratamento eu consegui diagnosticá-lo com transtorno
obsessivo compulsivo. Psicopata.
— Isso tem cura? — Pergunta Katharina.
— Não há cura, ele já nasceu um psicopata, isso não significa que todo
psicopata é assassino. O que o torna um assassino é o meio onde ele vive.
— Seja mais clara doutora! — Dimitri ordena.
— Simples, se um psicopata nasce dentro de uma família estruturada,
rica, por exemplo, ele vai crescer e se tornar um médico, um médico feroz, que
tira um tumor de um paciente e se esse paciente morre ele consegue socializar, ir
às festas, se divertir como se nada tivesse acontecendo, pois ele não consegue
sentir compaixão, empatia por ninguém. Isso não o torna um assassino. Já um
psicopata que cresce em uma família desestruturada, acaba conhecendo o crime,
tem meios disponíveis para matar e encontra a faca e o queijo nas mãos, ele
provavelmente vai se tornar um assassino.
— Então Lorenzo é incurável?!
— Quando ele me procurou, não contou toda a verdade. O pouco que eu
sabia da sua vida era o passado terrível com os pais adotivos e sua paixão pela
esposa do irmão. Nós iniciamos o tratamento com a medicação para controle da
sua raiva e a terapia, porém jamais poderia imaginar que o meu paciente era o
responsável pelos crimes que eu via no jornal.
— A culpa de tudo isso foi da mãe dele? — Fala Katharina.
— Ele guarda uma grande raiva da mãe biológica, a culpa por tê-lo
vendido ao casal que o adotou, mas vocês precisam entender que o problema de
Lorenzo vem de genética e do meio onde ele cresceu.
— Ele manipulou a todos nós, ninguém desconfiaria dele — fala Dimitri,
amargo.
— Ele tem uma inteligência emocional muito grande, ele consegue ter
uma persuasão muito grande, uma falsa empatia para que as pessoas acreditem
nele. Normalmente, ninguém do convívio pessoal consegue perceber os traços
psicopatas.
— Como ele pode dizer que é apaixonado pela minha mulher e pode
matar essas mulheres por parecerem com ela se ele não tem sentimentos? —
Questiona Dimitri.
— Isso não passa de um mito, psicopatas tem, sim, sentimentos, se ele
não tivesse sentimento algum, ele seria um objeto inanimado, ele sente raiva,
sente dor, ódio, ele inclusive ama Katharina. Ele via nas vítimas uma forma de
encontrar Katharina nelas.
— E quando seu objetivo não era alçando, ele se frustrava e as matava.
— Porque ele nunca me matou, ele teve várias chances para isso? Ou as
mulheres do seu convívio como Daniela, ela também é loira como eu.
— Para Lorenzo, a conquista faz parte do desafio, aquelas que caiam
fácil no seu jogo de sedução são as que são sujas como a mãe dele, as mulheres
que não representavam uma conquista, não significam nada.
— Ele tem ódio por mulheres, é isso? — Pergunto, sem entender como
ele se tornou isso.
— Ódio de prostitutas, mulheres que o lembram a mãe que foi um
monstro para ele.
— Doutora, existe algum tratamento, uma clínica para onde podemos
levá-lo? — Pergunta Katharina na vaga esperança de um fim melhor para
Lorenzo.
— Não existe cura para um psicopata, não tem como ressocializar um
serial killer. Uma das características principais do psicopata é ele não ter empatia
pelo outro, ele não tem compaixão pela dor do outro.
— Meu Deus, isso é difícil demais de aceitar — fala Katharina chorando,
sendo amparada por Dimitri.
Eu sinto tudo dentro de mim em pedaços.
— Obrigado, doutora a senhora foi de grande serventia — digo, com um
caco de vidro na minha garganta.
Dimitri faz um cheque generoso para a médica, deixando claro que
nenhuma palavra dita aqui poderia ser reproduzida. A médica sai, mas deixou
para trás um verdadeiro caos instaurado.

O meu punhal de prata reluz como fogo no centro da mesa de Dimitri, ele
é um lembrete vívido que tudo é real e não um pesadelo ruim.
— Eu terei que matá-lo — diz Dimitri assim que a porta se fecha e nós
três ficamos sozinhos.
— Ele é meu irmão! — Diz Vicenzo, olhando para o vazio.
— Ele também é meu irmão, sangue do meu sangue. Mas cometeu vários
crimes, não só contra essas mulheres, como contra a Cosa Nostra.
— Você não pode matar seu irmão — digo, sentindo uma dor tremenda.
É difícil aceitar que a mesma pessoa que matou Ana e todas aquelas
vítimas é Lorenzo, o mesmo que cantou para mim, que me defendeu, que sempre
quis me proteger.
— O que vocês querem que eu faça? Não existe máquina do tempo onde
possamos apagar tudo que ele fez. Acha que não dói ter que tomar essa decisão?
— A morte para aquele que quebra mais de um mandamento da Cosa
Nostra é a tortura desonrosa. — Diz Vicenzo, com a voz trêmula.
— Do que ele tá falando, Dimitri? — Pergunto, notando que Dimitri fica
pálido.
— Eu não posso mudar as leis da máfia só porque ele é meu irmão — diz
Dimitri, me deixando amedrontada.
— Não podem matá-lo, eu sei que é horrível o que ele fez, mas ele é
irmão de vocês — grito, inconformada com a realidade.
— Ele será julgado pelos capos da Cosa Nostra. Eu não posso protegê-
lo, seria uma demonstração de fraqueza, eu sou o líder, eu sou o Boss, não posso
fraquejar.
— Por favor — diz Vicenzo, implorando pela vida de Lorenzo.
— Não está nas minhas mãos, Lorenzo assinou sua sentença quando
cometeu todos esses assassinatos, ele traiu a família e armou contra o chefe, ele
sequestrou Katharina e tentou matar Daniela. — Aponta Dimitri, arrasado, então
eu percebo que não há saída.
Eu ando até a mesa e fico de frente com Dimitri, olhando em seus olhos
escuros, que estão cheios de dor. Eu posso ver o quanto está sendo difícil para
ele tomar essa decisão.
— Uma vez você me disse que sua alma está condenada e que eu era um
anjo de luz, iluminando a sua escuridão. Se eu sou a sua luz, me escute, você não
pode carregar o sangue do seu irmão em suas mãos, faça isso por mim e pelo
nosso filho.
As minhas palavras tem efeito imediato, seus olhos ficam cheios de
lágrimas. A dor ainda está lá, mas também há emoção. Ele se levanta e vem até
mim, beijando meus lábios de leve.
— Eu amo você, Katharina — diz, olhando em meu rosto, limpando as
lágrimas que escorrem.
Acaricia minha barriga, sabendo que ali vive o nosso filho.
— Eu juro que se eu pudesse evitar, eu faria, mas um julgamento não
pode ser evitado, ele era um consigliere, a sentença será dada. Mesmo que
Vicenzo vote contra junto a mim, a maioria vai pedir a morte por tortura
desonrosa.
— Deixe-o fugir então — imploro, desesperada por que sei que a culpa
por matar o irmão vai consumir sua alma e ele jamais viverá em paz sabendo que
ele o matou.
— E você vai conseguir viver tranquila sabendo que ele pode estar
matando outras mulheres?! — Pergunta, me deixando sem alternativas.
— Não — digo desolada e então batem na porta do escritório e todo meu
corpo congela.
— Senhor, já chegaram — fala Luigi, olhando para nós com pesar.
— Temos que ir — diz, segurando a minha mão e então eu percebo que a
sua mão está fria como a minha e treme.
Na sala de estar da fortaleza estão todos os membros do alto escalão da
Cosa Nostra. Os olhares estão direcionados a nós.
— Paolo e Ruggero, levem o prisioneiro para o pátio dos fundos e
preparem tudo.
Todos eles se sentam na grande sala, eu fico de pé ao lado de Dimitri,
nervosa demais para me manter sentada, Vicenzo está tão ou mais balado que eu.
É a primeira vez que eu vejo um julgamento na máfia. Damon conta cada
crime de Lorenzo e cita todos os detalhes por trás das mortes. Estão todos
decididos que ele precisa morrer.
Eu me sinto um fantasma, é como se tivesse em uma realidade paralela,
as coisas que eles vão contando não me parecem em nada com o Lorenzo que eu
conheci, aquele que enfrentou o irmão várias vezes para me proteger. O Lorenzo
que me levou comida pra mim. Vicenzo tenta remediar pedindo que mandem o
irmão para uma clínica onde ele ficaria até o fim da sua vida, porém ninguém
parece disposto a aceitar, clemência não é uma palavra na Cosa Nostra.
Juliano Sacra, o mais velho de todos, fala com desgosto de Lorenzo,
provavelmente inconformado que a filha perdeu um possível noivo.
— Eu não suporto mais ficar aqui, vocês são todos um bando de
hipócritas.
Jogo a verdade na cara deles e viro as costas, saindo da sala. Eu volto ao
escritório de Dimitri e me entrego ao choro que parece não ter fim. A noite está
gelada e o vento lá fora parece me anestesiar. Olho para a sacada e consigo ver o
refúgio dos animais. Provavelmente, Dimitri mandou fazer seu escritório aqui
justamente para poder os vendo.
Toco meu abdômen ainda liso, pensado no meu bebê. Esse é um mundo
cruel para uma criança nascer, tenho medo que eu não seja capaz de o proteger.
As palavras de Dimitri ficam martelando na minha mente, me alertando que não
há nada que possa evitar a morte horrível de Lorenzo. Hades ruge como se
estivesse avisando que algo ruim vai acontecer. Talvez ele sinta o clima fúnebre
que tomou conta dessa fortaleza. Seu rugido é tão alto como se tivesse falando
comigo, me dizendo o que eu deveria fazer. Tomo a minha decisão, eu vou salvá-
lo.
Saio do escritório e da casa sem que ninguém me veja e vou direto para
onde Hades e Perséfone estão. Assim que me veem, os animais ficam agitados,
meu plano é usar, já que ela é mais dócil e obediente. Porém, assim que abro as
portas do Oasis, deixando-a sair, Hades vem atrás, cheirando minha barriga e
rugi.
— Por favor, seja um gatinho bonzinho, Hades, me obedeça — falo ao
acariciar seu pelo, ainda insegura.
Caminho sendo seguida pelos dois até o jardim. No grande pátio, luzes
estão dispostas em círculo e no meio está Lorenzo, amarrado em uma coluna,
seu rosto está ferido e sua aparência não é das melhores. Tem pelo menos oito
homens o vigiando, com armas em mãos. Hades para ao meu lado, curioso
olhando em volta.
— Senhora o que faz aqui? — Pergunta um deles, que não me lembro o
nome.
— Quero ficar a sós com o prisioneiro.
— Não podemos deixá-lo sozinho, senhora, são ordens do chefe — fala
Ruggero.
— Eu vou me despedir dele — falo alto e Perséfone caminha para frente
assustando-os.
Hades ruge, mostrando os dentes e então eles se afastam, mas não saem
do pátio.
— Vocês sabem que não vão poder atirar nos animais de Dimitri. Ele
mataria qualquer um de vocês por machucar os bichos, então é melhor vocês me
deixarem falar com Lorenzo em paz! — digo, controlando a minha raiva.
Hades anda até um dos homens e bufa como se estivesse bravo. Antes
que ele decida brincar com os homens, eles saem e então eu posso caminhar até
Lorenzo.
— Eu ainda consigo me lembrar de você levando comida para mim na
torre. — Digo, chorando muito.
— Você não pode impedir isso, princesa — ele fala, tão triste que posso
ver o Lorenzo que eu conheci e não o monstro de horas atrás.
— Você vai ficar bem — choro em puro sofrimento.
— Você sabe que não, eu fiz coisas ruins, eu machuquei você. Eu não
queria machucá-la. — Ele fala com seus olhos claros tão assustados que meu
coração dói.
— Eu sei... eu sei — digo chorando e tento limpar o sangue da sua testa
com a minha mão.
— Eu não queria que você chorasse por mim. — Fala. tentando sorrir,
mas seus lábios estão machucados.
— Eu deveria ter percebido que você não estava bem.
— A culpa não é sua., princesa, você é boa demais para esse mundo.
— Você sempre foi meu protetor, meu amigo — falo, chorando.
— Eu estou com medo por mim, por ele, ele não é tão mau como ele
pensa, há amor dentro dele, agora eu sei.
— Eu preciso salvá-lo. — Digo, tentando explicar.
— Eu sei, princesa — ele diz, então eu o abraço forte e a dor é sufocante
demais para suportar.
— Você vai ficar bem, tudo isso vai... passar — soluço em dor.
— Obrigado, princesa... — Ele diz, olhando em meus olhos e essas são
suas últimas palavras.
O punhal sujo de sangue cai no chão, ele está morto, Lorenzo está morto.
É nessa hora que todos os membros da Cosa Nostra chegam e olham para a
cena, estáticos.
— Não, não!!! — Grita Vicenzo, caindo de joelhos no chão.
— Está feito! — Falo, olhando para Dimitri, sabendo que eu o salvei.
Salvei sua alma de carregar o peso da morte do seu irmão e salvei Lorenzo da
morte terrível que ele teria.
A decisão tinha sido tomada, Lorenzo seria morto, esse foi o resultado do
julgamento. Ele seria morto por desonra. Os olhares sobre mim diziam o que
suas bocas não teriam coragem, que estavam duvidando do meu comando na
Cosa Nostra.
Um Boss que não percebeu o verdadeiro mal dentro da sua própria casa.
Eu teria que executar a sentença, essa seria a forma de demonstrar o meu dever
como chefe da Cosa Nostra, o dever acima do sangue da família. Pensei que
nessa altura da minha vida eu jamais fraquejaria, que para sobreviver a esse
mundo você precisa ser invencível, enterrar seu coração o jogar fora, mas depois
que conheci Katharina vi meu coração voltar para mim e se encher de vida. A
frieza preenche minha fisionomia, mas a cada passo que eu dou em direção ao
pátio mais arrasado eu me sinto, Vicenzo ao meu lado parece em choque, ele, ao
contrário de mim, não conseguia enganar.
Ouço Hades rugir e então fico alerta, pensando que ele pode ter
escapado, mas não precisa de dois segundos para que eu perceba o que
aconteceu. Todos nós olhamos estáticos para a cena em nossa frente. Vicenzo cai
de joelhos e chora.
— Está feito! — Katharina diz, olhando para mim.
Em seu olhar eu vi que ela fez uma escolha, ela provou mais uma vez o
quanto é forte e lá estava ela, protegendo não só Lorenzo de uma morte horrível,
como a mim.
Hades ruge para os capos.
— Não há mais nada a ser feito aqui, Lorenzo está morto, podem ir —
digo rudemente.
Todos saem e apenas Vicenzo continua olhando para o corpo do irmão, já
sem vida, enquanto chora. Eu caminho até Katharina no exato momento em que
a máscara imbatível de senhora da máfia cai, ela me abraça forte e chora
profundamente, deixando a dor falar.
— Eu tive que fazer isso, eu tive que fazer — soluça, mostrando o quanto
ela está fragilizada.
— Acabou, acabou — falo, sentindo minha camisa ficar molhada pelas
suas lágrimas enquanto eu a consolo, dizendo que ela fez o certo.
— Ele não sofreu.
Ela tenta dizer, porém acaba desmaiando de exaustão, me fazendo ficar
preocupado, pois ela está grávida e passando por tudo que passou hoje. Levo
Katharina nos braços e grito para que um dos meus homens chamem Guido para
levar os animais de volta ao refúgio. Vicenzo solta Lorenzo, mas não tenho
tempo para me preocupar com seu estado ao ver o gêmeo morto, minha
preocupação agora é minha mulher e meu filho.

— Tem certeza que ela e meu filho estão bem? — Pergunto mais uma
vez ao médico, que examinou Katharina. Para o meu alívio, ela não demora a
acordar.
— Sim, senhor, foi apenas um desmaio normal no quadro da recente
gestação, aconselho evitar emoções fortes nesse primeiro trimestre de gravidez e
o quanto antes começar o pré-natal, melhor. — Fala, fechando a sua maleta.
— Obrigada, doutor — agradece Katharina e então o médico sai,
acompanhado de Luigi e eu me aproximo de Katharina, arrumando o travesseiro.
— Você me assustou, amore mio — digo, acariciando seu rosto.
— Eu sinto como se tivesse carregando o peso do mundo nas minhas
costas, preciso ver Vicenzo e explicar que eu não tive saída a não ser fazer o que
fiz. — Diz, angustiada.
— Não se preocupe com Vicenzo, você precisa descansar agora, por você
e pelo nosso filho. — Falo, colocando o cobertor sobre seu corpo.
— Dimitri... — ela me chama antes que saia do quarto.
— Eu amo você, Dimitri, acima de qualquer coisa eu sempre vou te
amar! — fala firme, me olhando nos olhos.
— Eu amo você, Katharina Castelaresi Rinna, amo como jamais imaginei
amar alguém nessa vida, eu prometo proteger você e nosso filho! — Falo e beijo
seus lábios suaves. Ela fecha os olhos e uma lágrima escorre.
— Agora tenta descansar, eu já volto para ficar com você. — Falo
olhando para a mulher incrível na minha frente.


Saio do quarto, deixando-a descansar e vou até Vicenzo, que ainda está
segurando o corpo sem vida de Lorenzo.
— Precisa deixá-lo ir, Vicenzo, precisa deixar Lorenzo descansar — falo,
tocando seu ombro.
— Eu deveria ter sido um irmão melhor para ele — fala Vicenzo.
— Não é hora de se culpar, nada que fizéssemos poderia evitar o que
aconteceu, Katharina tomou a melhor decisão por ele.
— Eu sei que sim, mas ainda assim é difícil aceitar que ele está morto —
fala, quebrado.
— Eu nunca fui o irmão que vocês dois mereciam, eu nunca disse isso
para você e para Lorenzo, e agora ele está morto e é tarde demais para remediar
isso, porém você está aqui, Vicenzo. E eu quero que você saiba que eu me
importo com você, irmão. — Falo, ajudando-o a se levantar.
— Obrigado — fala com a voz embargada.
— Talvez seja bom você viajar, tirar um tempo para colocar a cabeça em
ordem, primeiro foi Chaise, agora Lorenzo, o baque foi terrível para você —
digo pela primeira vez deixando claro que eu sei o que ele tentou esconder por
todos esses anos.
— Há quanto tempo você sabe? — Questiona com a voz rouca, olhando
para mim.
— Há tempo suficiente para entender que isso não é da minha conta,
você faz o que quiser da sua vida desde que isso não envolva a Cosa Nostra.
— Eu sempre dei e darei a minha vida à família. Eu posso estar em
pedaços, mas jamais deixarei você na mão, não quando precisa de mim. — Fala
sério e então eu vejo meu irmão forte na minha frente, aquele que sempre foi leal
e será até o fim.

A chuva cai gelada, as pesadas nuvens trazendo uma escuridão para o céu
da manhã. Os dias após o enterro de Lorenzo passaram em câmera lenta e aos
poucos estamos nos conformando com o que houve, Daniela sobreviveu,
surpreendendo a todos, conseguimos esconder da mídia sobre Lorenzo ser o
serial killer, mas a imprensa já está nos cercando.
A missa em homenagem a Lorenzo está sendo celebrada na Catedral de
Monreale pelo bispo da arquidiocese de Nápoles, que veio especialmente a
pedido de Dimitri para realizar a cerimônia. A catedral é belíssima, uma
combinação de estilo de vários povos que já passaram pela Sicília, como os
gregos, normandos, bizantinos e árabes.
Membros da máfia estão todos reunidos, todos de preto, representando o
luto. O catolicismo é a religião mais pregada na Itália.
Uma coisa que aprendi morando na Sicília é que a religião, a máfia e a
política estão entrelaçadas há décadas. Uma não existe sem a outra, e assim
continuarão unidas pelas próximas gerações. O bispo fala sobre o perdão de
Deus, o amor Dele para com os pecadores e uma pequena lágrima escorrem pelo
meu rosto. No fim da missa a maioria das pessoas vai embora, porém eu e
Dimitri somos chamados pelo bispo.
— Quero agradecer pela generosa doação que o senhor fez à nossa
diocese, vamos poder reformar o orfanato fundado pela igreja, assim como
implementar melhorias no nosso centro comunitário. — Explica o bispo a
Dimitri.
— É um prazer ajudar a igreja, padre, conte sempre com a Cosa Nostra
para o que a igreja precisar. — Fala Dimitri cordialmente.
— Adoraríamos que sua senhora fizesse parte do coral da igreja, me
falaram que ela é uma musicista talentosa.
— Eu vou adorar padre. — Digo, contente para ajudar os jovens do coral.

— Tem certeza que está se sentindo bem?! — fala Dimitri, segurando


meu cabelo enquanto eu vomito todo meu café da manhã.
Tem sido assim todas as manhãs, meu filho já na barriga está mostrando
para a mãe que é temperamental como o pai, nem mesmo o remédio para o enjoo
tem ajudado com a minha vontade incontrolável de vomitar a cada três horas.
— A médica disse que isso é normal, no próximo mês esses enjoos vão
passar — falo me levantando, lavando meu rosto pálido e escovando os dentes
enquanto Dimitri mantém seus olhos sobre mim, preocupado.
Ele tem sido assim desde que descobriu que vai ser pai, vem me tratando
como se eu fosse de vidro e a qualquer momento eu fosse me quebrar, o que já
está me deixando irritada. Até mesmo sexo o filho da mãe anda negando,
segundo ele pra não prejudicar seu filho, enquanto isso eu fico subindo pelas
paredes.
Dimitri colocou na cabeça que vai machucar o filho se me levar para o
calabouço, então estamos apenas no amorzinho tradicional. Ele jura de pé junto
que é um menino, já Vicenzo, assim como eu, jura que será uma menina
igualzinha a mim, para infernizar a vida do pai.
— Marquei uma consulta com sua médica para daqui a meia hora. Não
aguento mais ver você passando mal desse jeito — fala ele, todo mandão.
— Dimitri, você está começando a exagerar, até parece que é você que
está grávido e não eu. — Digo brava, cruzando os braços.
— Eu vou buscar seu sobretudo, está muito frio lá fora — fala, ignorando
o que eu disse.
O caminho até a clínica é rápido, os seguranças nos seguem no carro ao
lado. Dimitri estaciona na entrada e abre a porta para mim, segurando minha
mão. Entramos na clínica onde eu venho fazendo o pré natal no último mês. Na
sala de espera eu vejo várias mulheres grávidas. A maioria com seus maridos e
duas sozinhas. Uma delas, assim que vê meu marido, só falta babar.
Dimitri puxa uma cadeira para mim e se mantém em pé do meu lado.
Pego um panfleto que fala sobre a importância da doação de leite aos bancos de
leite para recém nascidos que não podem mamar de suas mães. Dimitri olha para
o celular, prestando atenção em uma mensagem que recebeu, me fazendo
lembrar que as coisas na Cosa Nostra não andam nada bem.
— Senhora Rinna — fala a enfermeira e eu engulo em seco, nervosa
como todas às vezes.
— Sou eu — me levanto, sendo acompanhada por Dimitri e as mulheres
me olham indignadas por ter acabado de chegar e já ser atendida.
Caminho até o consultório da doutora Vasconcelos.
— Seja bem vinda, mamãe, como está esse bebezinho?! — fala a médica,
toda simpática.
— Ela não está bem, doutora — fala Dimitri, respondendo por mim.
Me sento de frente à mesa da médica e Dimitri ao meu lado, como
sempre analisando tudo.
— Ele está exagerando, doutora, são apenas os enjoos que persistem,
principalmente na parte da manhã, eu ando vomitando quase tudo que como.
— Certo, é normal se sentir enjoada no começo da gestação, podemos
mudar o remédio para enjoos, também recomendo que tome suco de limão e
maçã verde para ajudar a controlar o mal estar. Vamos checar os batimentos do
bebê e aproveitar que está aqui para fazermos seu primeiro ultrassom. Dimitri
me coloca sobre a maca e me ajuda a tirar os saltos.
— Temos um pai muito atencioso aqui — diz a médica, encantada com o
cuidado que Dimitri tem comigo. Eu apenas reviro os olhos, achando seu
comportamento exagerado.
— Eu não sei se vou aguentar mais sete meses do meu marido achando
que vou quebrar, doutora.
— É normal pais de primeira viagem terem medo que algo aconteça com
o bebê e a mãe. A maioria dos abortos espontâneos acontecem justamente no
primário trimestre.
— Nada irá acontecer com a minha mulher, doutora, afinal é por isso que
eu pago uma fortuna para essa clínica, qualquer coisa que aconteça aos dois, a
responsabilidade está sobre a senhora — ele fala com sua postura de mafioso e a
médica fica nervosa.
— Claro, sua esposa e seu filho estão bem, senhor Rinna, não se
preocupe. — Ela garante, tentando tranquilizá-lo. Podre doutora.
A médica começa a medir a minha barriga e logo aplica um gel gelado
para fazer o ultrassom. Seguro a mão de Dimitri, que olha vidrado a tela onde
vários borrões preto e branco aparecem O som do coração do nosso bebê enche o
quarto e fico emocionada.
É o som mais lindo que já ouvi na vida.
— Você está completando nove semanas de gestação. Seu bebê já está
com três centímetros e pesando cinco gramas.
A doutora continua a mostrar cada detalhe do nosso filho, Dimitri sorri,
feliz, é a primeira vez que ele sorri desde a morte de Lorenzo. Nosso filho tem
sido um sopro de vida entrando na nossa família. Esse bebê é a felicidade que
estava faltando para nós dois.
— Já podemos ver o sexo do bebê, doutora? — Pergunto ansiosa.
— Ainda não, ele é muito pequeno, provavelmente no quarto mês ou no
quinto poderemos ver o sexo do bebê, porém a medicina está bem moderna e
para pais ansiosos temos o exame de sexagem fetal.
— É arriscado esse exame? — Pergunta Dimitri.
— Não, é um exame de sangue comum que vai detectar a biologia
molecular, amostras de fragmentos do DNA do bebê e assim identificar o sexo.
— Eu quero fazer então, doutora — falo animada.
A médica prescreve o novo medicamento, também o exame para
sabermos o sexo e marca a data da minha próxima consulta. Antes que deixar o
consultório eu resolvo perguntar algo que estava ansiosa para saber.
— Doutora, eu gostaria de saber se sexo na gestação está liberado?
Digamos que eu e meu marido gostamos de sexo um pouco diferente e Dimitri
anda meio inseguro quanto ao sexo. — Pergunto, deixando Dimitri constrangido
e a médica vermelha feito um pimentão.
— Bem, não há nada que impeça a relação sexual na gravidez. Na
verdade, é normal a libido da gestante aumentar nessa fase. Porém, quando diz
sexo um pouco diferente precisa levar em conta que não é recomendável que
faça nada que coloque em risco você e seu bebê. Posições e brinquedos estão
liberados, desde que não forcem demais a gestante em uma posição só.
Sorrio, sabendo que agora ele não foge de mim.
Saio do consultório médico radiante.
— Bella mia, você está tão provocadora hoje — Dimitri diz assim que
saímos pelo corredor.
— Talvez eu precise de um castigo, Boss — falo sorrindo e ele só falta
me engolir com o olhar.
— Não me provoque, amore mio — Ele me alerta, abrindo a porta de
saída e antes que eu possa respondê-lo, somos abordados por uma multidão de
repórteres por toda parte.
— Senhor Rinna, qual a sua ligação com a máfia italiana? — Um
repórter pergunta, nos cercando.
— Senhora Katharina, a senhora está de acordo com os supostos
negócios do seu marido? — Pergunta outra repórter, me empurrando.
— Saiam da nossa frente — fala Dimitri com raiva.
Somos rodeados por eles e não conseguimos passar, Dimitri segura a
minha mão, tentando me proteger, mas as perguntas são uma pior que a outra. A
postura de Dimitri fica rígida quando tentam novamente me questionar.
— Fica calmo, por favor — falo, tentando fazer com que a coisa não
fique pior.
Nossos seguranças nos ajudam a sair da multidão, eu quase caio no chão
quando um jornalista coloca a câmera na minha cara.
— Soltem ela!! — Ele grita e soca o repórter, aí tudo desanda.
Eu puxo Dimitri para o carro, tentando evitar uma merda, ele entra no
carro junto comigo e dirigi saindo em alta velocidade da entrada da clínica.
— Eu não sei como esses abutres descobriram que estávamos aqui!
— Você precisa se acalmar ou vai acabar batendo o carro — falo,
prendendo o cinto de segurança.
— Eu juro que vou resolver isso, essa maldita detetive vai me pagar! —
Fala, desacelerando.

Ao chegarmos na fortaleza fico em alerta. Alguma coisa está


acontecendo, o carro de Vicenzo está estacionado na frente da casa, assim como
o de Damon. Os homens estão em alerta e Dimitri olha ao redor, tenso. Entramos
e logo vemos Vicenzo e Damon conversando.
— O que está acontecendo aqui? — Pergunta Dimitri aos dois.
— Um caos, um verdadeiro caos está estourando. — Responde Vicenzo.

Enterrar meu irmão gêmeo foi como arrancar uma parte minha. Eu não
cresci ao lado dele, mas mesmo na Índia, sofrendo como um cão, eu sentia que
faltava algo.
Quando conheci Lorenzo fiquei desacreditado, ele era idêntico a mim,
era como olhar para um espelho, a diferença era que eu era mais fraco e magro
enquanto ele estava saudável, ao menos seu corpo estava bem, agora eu sei que
sua mente já era doente desde aquela época. Ainda assim, fiquei feliz, eu amei
meu irmão, amei meus irmãos, os dois eram a única família que eu tive.
Visitei Daniela todos os dias em que ela esteve internada, de certa forma
é impossível não me sentir culpado pelo seu estado, ela passou por duas cirurgias
e sobreviveu, lutando bravamente pela sua vida. Ela teve alta há uma semana e
está se recuperando em casa. Mesmo que eu e Dimitri disséssemos que ela não
precisava trabalhar, como a mafiosa teimosa que é decidiu trabalhar de casa, pois
segundo ela, enlouqueceria sem fazer nada.
Já Chaise continua em coma, seu quadro é estável e segundo o médico
ele pode acordar a qualquer momento. Eu venho pagando todo o tratamento,
recentemente o transferi para uma clínica especializada em neurologia, que trata
de pacientes em coma profundo. A mãe dele ainda o visita regularmente, de
acordo com a enfermeira que contratei. Eu evito ir vê-lo quando ela está com ele
para não deixar margem para suspeitas.
A esperança que ele acorde a cada dia está se esvaindo, ver seu corpo
estático é dolorido demais, porém eu não posso e não vou perder a esperança de
que ele acorde.
Batem na porta da minha sala e mando entrar, Damon passa por ela com
uma cara nada boa.
— Preciso de ajuda cara, a coisa está feia — diz ele, nervoso.
— O que aconteceu? — Questiono preocupado.
— Treze membros da Cosa Nostra foram julgados essa manhã e
condenados à prisão. Dentre eles está o Augustus.
— Merda, onde estava Ignácio que não conseguiu impedir isso?
— Eu não sei cara, ele é nosso melhor advogado, mas a federal está
caindo com tudo contra a gente, sendo apoiada pelo governador.
— Porra, precisamos alertar Dimitri que o cerco está se fechando.
— O magistrado Paolo Borsellino retirou o habeas corpus de Juliano, ele
está sendo levado para a penitenciária para aguardar o seu julgamento detido,
para que não atrapalhe as investigações.
— Merda, precisamos dar um jeito nesse juiz o mais rápido possível. —
Falo pensativo.
— O cara é um fantasma, não conseguimos encontrar seu esconderijo
depois da morte de Falcone, tanto os agentes federais como os outros envolvidos
na operação “mãos limpas” estão se protegendo.
— Vamos até a fortaleza falar diretamente com Dimitri e pensar em um
plano de contra-ataque, não podemos ficar de braços cruzados enquanto a Cosa
Nostra é atacada.
Envio uma mensagem para Dimitri no caminho avisando que estava indo
para a fortaleza junto com Damon, Tom também foi avisado por mensagem, já
que ele está em Gramada América Central, assumindo os negócios de Alesso
Gambino. Apenas Damon Camorra e Vito Genovese estão em Palermo agora
Luciano está preso. Ter um capo da Cosa Nostra morto, um foragido e outro
preso é realmente o caos se instaurando.
Até agora nenhum mínimo sinal de onde Dante possa estar se
escondendo. Aslan, irmão de Katharina, vem investindo pesado na sua captura,
assim como nós da Cosa Nostra, mas o rato se esconde bem.
Coloco todos os nossos homens em alerta e espero a chegada de Dimitri.

Meia hora se passa até ele e Katharina chegarem e pelas suas caras
presumo que mais alguma coisa aconteceu.
— O que está acontecendo aqui? — Pergunta Dimitri aos dois.
— Um caos um verdadeiro caos está estourando. - Digo de uma vez.
— Será que tem como as coisas ficarem piores?! — fala Katharina
colocando a bolsa sobre o aparador.
— Juliano foi preso novamente e Augustus foi condenado junto com
outros doze homens nossos — fala Damon.
— Como Ignacio Savo deixou isso acontecer? Caralho — fala Dimitri,
nervoso.
— Incompetência da parte dele, Juliano vai ficar preso até seu
julgamento, precisamos tirar ele de lá.
— A imprensa está na minha cola, não tenho um minuto de paz.
Qualquer passo meu está sendo vigiado pelos federais.
— Precisamos eliminar o magistrado Paulo Borsellino. Se conseguirmos
outro juiz para cuidar do caso será mais fácil que aceite suborno.
— Você cuida disso, Vicenzo, descubra onde esse juiz se esconde e faça
um serviço limpo, sem chamar atenção para a gente. Não deixe rastros, faça
parecer um acidente. — Ordena Dimitri e eu começo a pensar em como agir para
pegar esse juiz de merda.
— E quanto aos homens presos? — Questiona Damon.
— Eu quero que mate Ignácio, ele sabe demais e não confio em um
advogado que não sabe defender seus clientes. Na Cosa Nostra não aceitamos
falhas, muitos menos fracassos. — Dimitri dá a sentença.
— E quanto a detetive, você sabe que ela não vai parar até ver você preso
— fala Katharina, chamando atenção de nós três para o que ela fala.
— Eu mesmo vou cuidar da detetive Gabriela. — Fala Dimitri, servindo
seu uísque.
— É muito arriscado, o melhor é mandar alguém no seu lugar!
— Aprenda comigo, amore mio, se você quer um serviço bem feito, faça
você mesmo. — Diz decidido.

Com a prisão de vários membros da Cosa Nostra, a moral da equipe está


lá em cima, mesmo sabendo que ainda estávamos longe de terminar a operação é
gratificante assistir à condenação dos criminosos. Nenhum dos presos quis
colaborar com a polícia, nem mesmo com a proposta de uma delação premiada.
A Omertà, código de honra da máfia, os impede de falar.
— Conseguiu rever os exames das digitais? — Pergunto a Vitório assim
que entro na sua sala.
— As digitais batem, mas nenhum juiz vai aceitar um charuto tirado do
lixo como prova do envolvimento do Rinna no massacre de Lazio.
— Eu sei que era ele lá — falo brava.
— Nós sabemos que ele está envolvido, mas a prova foi contaminada
quando foi descartada no lixo. — Diz Vitório, me trazendo à razão.
— Estamos em um beco sem saída, a vigilância na casa dele segue,
porém não conseguimos nenhuma forma de entrar na fortaleza e plantar nossas
escutas.
— Talvez devêssemos usar a mulher dele!
— A mulher está grávida, você sabe que não gosto de envolver família
nisso, talvez ela nem saiba dos negócios do marido.
— Tudo bem, então vamos continuar nossa vigilância, uma hora ele
cometerá algum erro. — Diz Vitório.
Saio da sua sala e vou direto para o meu escritório, um grande painel à
minha direita faz uma linha de investigação, fotos de Dimitri, seus irmãos e
todos os suspeitos de terem envolvimentos com a Cosa Nostra.
A morte de Lorenzo Rinna ainda é muito suspeita para mim. Segundo a
assessoria de imprensa, foi uma tentativa fracassada de roubo do carro do
mesmo, onde ele acabou sendo esfaqueado por criminosos que ainda não foram
encontrados. Tudo muito suspeito para mim. Meu telefone particular toca me
chamando atenção. Um número desconhecido, que não está na minha agenda.
Fico em alerta, sabendo que não dou esse número para ninguém que não seja de
extrema confiança.
Decidi atender antes que a ligação caia.
— Alô — digo ao atender.
— Detetive Gabriela?!
— Sim, sou eu, quem fala? — Pergunto, me sentando em frente ao meu
computador, tentando rastrear o local de onde vem à ligação.
— Meu nome é Ruggero, eu tenho informações que podem ajudar a
senhora a colocar o chefe da Cosa Nostra atrás das grades.
— Como vou saber que isso não passa de um trote? — Questiono,
tentando ganhar tempo.
— Eu sou segurança e também motorista da casa e sou a única chance
que a senhora vai ter para prendê-lo — fala, me deixando nervosa.
— Você tem provas para mim? Não trabalho com suposições, sua palavra
não basta para mim.
— Eu tenho um dossiê em mãos que será uma bomba contra a Cosa
Nostra.
— Certo, quando podemos nos encontrar? — Pergunto, animada.
— Hoje no final da tarde perto do píer, por favor venha sozinha, estou me
arriscando muito e se descobrirem o que eu estou fazendo, serei um homem
morto. — Ele fala, preocupado.
— Certo, estarei esperando no píer às sete.
A ligação é confirmada como vinda de uma torre perto da fortaleza onde
Rinna vive, o que confirma as palavras do tal Ruggero. Olho as listas com os
nomes de todos os funcionários da casa e não demora muito para que eu
encontre o motorista da senhora Rinna. Então, eu percebo que estou um passo à
frente dos criminosos. Espero as horas passarem para sair da sede da federal, nós
estávamos em um prédio comercial disfarçado para que não fôssemos
descobertos pela máfia.
O governador está nos dando todos os recursos possíveis para ajudar na
operação “mãos limpas” e acabar de uma vez por todas com a máfia. Minha
arma está na cintura, cheguei uma hora antes para verificar o perímetro, vim
sozinha para não correr o risco de ter um informante dentro da polícia e Rinna
acabar sendo avisado, essa testemunha será a minha chave para sua prisão.
Um homem alto, usando preto, caminha em minha direção, algumas
pessoas ao nosso redor tirando fotos da paisagem bonita de Palermo. Eu reparo
que ele olha ao redor provavelmente verificando se não está sendo seguido, faço
um gesto com a cabeça, ele entende que é para entrar no carro.
— Você é Ruggero? — Questiono assim que ele entra no carro.
— Sim, sou eu mesmo — fala nervoso, olhando para todos os lados. —
Dirija para fora daqui, ainda não tenho certeza que não me seguiram — ele fala
agitado e então eu dou partida no carro, saindo do Porto.
— Tem uma rua mais tranquila onde podemos conversar sem sermos
vistos — ele fala, preocupado.
Sigo na direção que ele informa e paramos em uma avenida tranquila
com poucas lojas abertas neste horário.
— O que você tem pra mim?!
— Primeiro, você precisa me garantir que vai me ajudar do jeito que
combinamos. — Ele fala com a voz mais grave eu confirmo.
— Farei o que estiver ao meu alcance — digo firme.
Ele abre o casaco preto tirando um grande envelope pardo de dentro.
Pego o envelope lacrado e assim que eu o abro me dou conta que cai em
uma armadilha. Há centenas de dólares dentro do envelope e então uma chuva de
flashes começa a pipocar na minha frente.
— Desgraçado — falo, jogando o envelope e o miserável abre a porta do
carro fugindo.
Eu ainda tento ir atrás dele, mas ao abrir a porta do motorista o dinheiro
cai no chão e os fotógrafos começam a me cercar.
— Merda — chuto a lataria do carro.
— É isso minha gente, um grande furo de reportagem. A chefe da
investigação contra a Cosa Nostra foi pega ao vivo recebendo suborno de
mafiosos. Será ela mais uma policial corrupta, as imagens falam por si só —
explica a repórter.
Entro no meu carro, tentando sair dali, porém o BMW X8 conversível me
faz paralisar de ódio. Lá está o todo poderoso Dimitri Salvatore Rinna sorrindo
pois sabe que venceu essa.
Escapar dos repórteres foi difícil, não vi mais o desgraçado do Rinna,
provavelmente ele só foi verificar se seu plano deu certo. Meu telefone toca sem
parar, mas eu nem tenho como atender, provavelmente meu rosto, nesse
momento, está estampando todos os jornais.
— O que está acontecendo aqui?! — falo aos homens da corregedoria
que estão dentro da minha sala.
— Gabriela Meireles Bianchi? — Pergunta um deles.
— Sou eu mesma.
— A senhora está sendo afastada da operação “mãos limpas” e será
investigada por recebimento de suborno e obstrução da justiça.
— Eu não fiz isso, caí em uma armadilha, espera! — Digo, olhando
todos de pé na minha sala, assim como Vitório. — Como a corregedoria veio tão
rápido? — Pergunto, olhando para Vitório confusa, eu pensei que teria um ou
dois dias, tempo o bastante para que eu pudesse provar que fui até lá para
recolher provas contra o Rinna e cai em uma armadilha.
— Eu os chamei quando mexi no seu computador para usar a impressora
e vi os e-mails trocados.
— Do que você está falando, Vitório?
— Estão todos aqui os e-mails que provam que você fez um acordo com
a Cosa Nostra para ajudar a soltura de Juliano Sacra.
— Eu não sei do que estão falando, esses e-mails são falsos, meu
computador deve ter sido invadido — digo em total descrença.
— As investigações serão feitas, detetive, por hora eu peço que me
entregue seu distintivo e sua arma — fala o chefe da corregedoria.
— Não podem me afastar do caso, eu sou a chefe da operação e trabalhei
duro pra chegar até aqui.
— O chefe agora será Vitório, ele comandará tudo enquanto a
corregedoria investiga sua participação com a máfia siciliana.
Ali eu percebo que tinha sido traída por Vitório e havia caído na
armadilha de Dimitri.

O prazer que senti ao ver a detetive ser humilhada foi imenso, não
contava com o fato do seu braço direito a trair e fechar com chave de ouro sua
suspensão da investigação.
As notícias sobre seu afastamento caíram como uma bomba na imprensa,
ela teria muito trabalho para limpar seu nome. As trocas de mensagens
implantadas foram a cereja do bolo e não foi difícil para Daniela, nossa hacker,
fazer o trabalho. Chegando na fortaleza, me lembro que amanhã Katharina e eu
iremos à Florença em um jantar com executivos estrangeiros que estão dispostos
a investir no turismo italiano. Geralmente, costumo recusar esse tipo de evento,
porém nesse momento tudo que preciso é demonstrar que sou um empresário
honesto sendo injustamente acusado. Seguro a sacola com o presente que
comprei para Katharina. Assim que entro, noto que a casa está silenciosa, o que
é estranho já que ultimamente Katharina costuma tocar violino na biblioteca
todo fim de tarde.
— Luigi — chamo e não demora muito para ele aparecer.
— Desculpa por não o receber, senhor.
— Onde está Katharina? — Pergunto, sabendo que Vicenzo não estará
em casa, já que ele está na sede planejando a operação que dará cabo ao juiz
Borsellino, o maledeto conseguiu condenar trezentos homens envolvidos com a
Cosa Nostra, dentre eles, soldados membros do alto escalam e alguns
associados.
— A senhora está na piscina termal, levei um lanche para ela há alguns
minutos.
— Alguma intercorrência? — Questiono.
— Apenas alguns repórteres que se aglomeraram no portão querendo
entrevistar a senhora, porém os seguranças os expulsaram.
— Perfeito — digo contente e saio em direção à escadaria que leva até o
subsolo, onde a piscina aquecida fica.
Não costumo usar, acho que vim aqui apenas uma vez desde que comprei
a fortaleza histórica em um leilão, quando me vi apaixonado pelo local. A visão
privilegiada de Palermo e a segurança, sem ter vizinhos, foram outros fatores
que me fizeram gastar dezessete milhões de euros na propriedade. Atravesso o
corredor que leva à garagem e desço um lance de escada até chegar na piscina
termal com pedras vulcânicas trazidas do Vesúvio. Katharina está de costas para
mim usando apenas um micro biquíni, posso admirar seu quadril, que está mais
largo, e sua pele pálida que tanto me fascina.
— Você parece uma ninfa das águas. Digo, embasbacado.
— Você chegou, amore mio. — Ela fala virando para mim com um
sorriso capaz de espantar até mesmo as mais terríveis trevas que vivem em mim.
— Senti a sua falta — falo me sentando em uma cadeira na beira da
piscina.
— Sentiu?! — pergunta enquanto desamarra o nó do biquíni.
— Não me provoca Katharina, qualquer um pode ver você nua aqui.
— Eu acho melhor você entrar então e me proteger, Boss — provoca,
jogando o biquíni em minha direção, eu o pego no ar.
Seus seios rosados ficam à mostra, ela sorri e mergulha, me deixando
duro apenas com a visão dos seus seios. Me livro do sapato e rapidamente faço o
mesmo com terno sob medida que visto. Entro na piscina nu e a safada
provocadora me devora com seus olhos azuis.
— Eu sabia que não resistiria a essa água deliciosa — ela diz e eu a puxo
para os meus braços, beijando a sua boca com saudade. Quanto mais eu a toco,
mais eu a quero, me sinto um viciado que passa o dia sedento por mais do seu
vício.
Bebo dos seus lábios enquanto nossas línguas duelam entre si. Katharina
cruza as pernas na minha cintura, colando seu corpo ao meu e então eu percebo
que a safada está sem calcinha. A ergo nos meus braços até colocá-la sentada na
borda da piscina.
— Eu não esqueci sua queixa com a médica, bella mia. Foi se queixar
que seu marido não anda te satisfazendo, agora vai ser castigada.
— Isso é tudo que eu quero, Boss — fala, jogando os cabelos para trás e
aperta os biquinhos dos seios.
Beijo sua barriga ainda pequena, que carrega nosso filho e abro suas
coxas analisando cada pedacinho da sua bocetinha rosada. Minha boca chega a
salivar para beber do seu mel. Caio de boca, começando a passar a língua
devagar, sentindo seu cheiro doce de rosas, meu tesão vai a loucura ao sentir seu
sabor. Puxo um dos lábios com minha boca e ataco seu clítoris com a língua
subindo e descendo, fazendo um oito. Katharina joga o corpo para trás enquanto
aperta o, biquinho, dos seios, que estão pesados. Ela se contorcendo gemendo e
enche minha boca com seu gozo. Sorrio e meto dois dedos bem fundo, mordo os
lábios da sua boceta fazendo ela ondular de prazer. Seu rosto está corado e sua
pele toda arrepiada.
— Não para... isso, assim... — Fala esfregando a bocetinha na minha
boca e eu não me faço de rogado, chupo com vontade.
Meu pau já ameaça estourar de tesão e ela já estava quase gozando em
minha boca pela terceira vez quando paro e a puxo para mim.
— Ah, Boss, não sabe como eu amo essa sua língua feroz — fala e me
beija, eu puxo seu cabelo, trazendo seu corpo ainda mais para mim.
Katharina escorrega até sentir meu pau na entrada da sua boceta, com as
mãos livres seguro meu pau e esfrego na entrada da sua bocetinha, fazendo ela
morder meu lábio e em seguida beijar meu pescoço, me levando a loucura.
Caminhei com ela nos braços até as escadas da piscina, sentando com ela no
meu colo em um degrau. Katharina senta no pau gemendo alto ao senti-lo
alargando-a por inteira.
— Você é uma bambina provocadora. - Digo puxando sua bunda pra
frente para que ela me sinta por inteiro.
— Aí, amore mio, você vai me deixar louca — fala pulando no meu pau.
A água balança ao nosso redor enquanto nossos corpos se chocam. Seus seios
saltam na minha cara e eu não perdoo, mamo o direito, esfomeado e puxo o
biquinho, ela estremece me arranhando.
Puxo ela sem tirar meu pau de dentro e me levanto com ela nos braços
até a coluna de pedra, meto com vontade, sentindo meu pau latejar. Seus
gemidos preenchem cada canto do lugar, suas unhas estão cravadas no meu
ombro enquanto meu pau arregaça com vontade sua bocetinha, que escorre.
— Eu não me canso de sentir você assim, bella mia você é toda mia!
— Eu vou gozar, Boss, não para — fala ofegante e eu estou pronto para
inunda-la com minha porra.
Katharina goza gritando e eu a acompanho em um orgasmo intenso, meu
pau vibra dentro da sua boceta, gozando vários jatos de porra.
— Eu não sei se vou conseguir andar — diz, colocando o rosto no meu
pescoço e eu rio do seu comentário.
— Vamos para a ducha, ainda não estou satisfeito, essa noite eu vou te
foder tanto, querida, que nunca mais vai ousar reclamar da falta de sexo.
Ela engole em seco, sabendo o que a espera.
Uma hora depois eu já tinha perdido as contas de quantas vezes eu já
havia feito Katharina gozar. Sua boceta já estava vermelha e sua pele molhada de
suor. Nós tomamos banho juntos e eu a trouxe direto para o calabouço, onde
agora a castigo por sua insolência ao me desafiar e também por ter arriscado sua
vida ao entrar no esconderijo de um serial killer. Seus braços estão esticados
pelas cordas no teto, sua pele está brilhando pela luz das velas que iluminam o
calabouço, seu cabelo bagunçado a deixa ainda mais bela.
— Eu queria olhar para você! — reclama, brava por estar vendada.
— Você não manda aqui, bella mia, eu sou seu dono e tomo as decisões.
— Digo firme e ela geme frustrada.
Começo a tortura beijando sua nuca e orelhas, causando vários calafrios.
Com minhas mãos eu aperto seus mamilos, puxando os prendedores e sentindo
seu corpo tremer conforme eu a toco. Massageio seu corpo com óleo
massageador termal e sua pele começa a esquentar. Katharina tenta fechar as
pernas para não gemer conforme sua pele esquenta, dou um tapa estalado em sua
bunda e vou até o frigobar pegando alguns cubos de gelo, colocando em um
copo. A música erótica soa ainda mais sugestiva e com os dedos molhados de
óleo quente eu massageio sua boceta, encharcando-a com meus dedos. Ela está
muito excitada e querendo gozar, mas ainda não deixo, preciso tortura-la um
pouco mais.
— Se controle, bella rosa, não ouse gozar ainda.
A única resposta que dá são seus gemidos frustrados. Pego um cubo de
gelo e arrasto pela sua coluna, fazendo ela gritar.
— Eu não vou aguentar, Dimitri, isso é uma tortura! — Grita com a voz
trêmula.
Me encho de prazer vendo seu desespero. A besta em mim ruge ao saber
que ela é minha, totalmente minha e está entregue ao meu desejo.
A pedra de gelo derrete em contato com sua pele quente, o choque
térmico a faz estremecer, vidrada. Esfrego outro cubo agora pelo seu pescoço e
vou descendo até os biquinhos dos seus seios, que já estão vermelhos com as
presilhas. Desço fazendo uma trilha direto para sua bocetinha, mas antes que eu
a toque, dou um tapa forte na sua boceta.
— Boss, eu não aguento mais. Quero senti-lo em mim.
— Bella mia, está apressada! — Falo largando o gelo e observo cada
pedacinho do seu corpo encantado por tê-la submetida a mim e sinto um prazer
indescritível.
Tiro a venda e solto seus braços, que caem no meu ombro.
— Está querendo gozar de novo, amore mio? — falo, pegando-a no colo
e depositando-a para a cama, colocando-a sobre os lençóis negros, de costas para
mim.
Katharina entende o que eu quero e fica de quatro, com a bunda farta à
minha disposição. Puxo seu pescoço para baixo deixando-a ainda mais inclinada
à minha mercê e em um golpe só eu entro na sua boceta, fazendo-a gritar.
— Você só vai gozar no meu pau — rosno e é o comando que ela
precisava.
Seu corpo balança quando ela goza gritando. Seguro sua cintura para a
manter na posição enquanto meu pau entra e sai em arremetidas profundas na
sua boceta.
— É assim que você gosta, bella mia?
— Sim, Boss! Sim, amore, não para!
— Goza para mim, Katharina! Goza para mim. — E novamente ela
atinge um orgasmo avassalador, suas pernas falham e ela desaba na cama.
Tiro meu pau da sua boceta e começo a me masturbar olhando para o seu
rosto corado. Katharina engatinha até a pedra, abre a boca, colocando a língua
pra fora e, porra, vou ao delírio, gozando ferozmente no seu rosto. Ela sorri
satisfeita, passa os dedos na bochecha e leva a boca lambendo toda a minha
porra. Caralho, se ela não é a mulher perfeita.

Tudo estava pronto para acabar com a raça do maldito Paolo Borsellino.
O plano era simples: iríamos envenena-lo. Paolo Borsellino está se escondendo
em um bunker subterrâneo embaixo do fórum da cidade. Ele só sai de lá uma vez
na semana para se encontrar com o prefeito de Palermo e o ministro da
segurança. Invadir o bunker seria uma missão suicida, então teríamos que usar a
inteligência para fazer parecer que tudo não passou de um acidente. Pelos
relatórios médicos dele, que roubamos, descobrimos que ele tem diabetes do tipo
C, o mais grave. Todos os alimentos que entram no fórum são devidamente
periciados pela segurança, mas o meu plano foi muito bem calculado.
O velho miserável terá uma morte súbita e parecer que ele teve apenas
uma morte por hipoglicemia.
Por mim eu preferiria estourar os miolos do maledeto, porém o chefe
exigiu uma morte limpa, então nós invadimos o restaurante renomado de
Palermo, onde ele costuma pedir suas refeições. Os cozinheiros estão amarrados
dentro da dispensa junto com os outros funcionários e as portas estão fechadas
para que os clientes não venham. Os pedidos do fórum são sempre feitos por
telefone e entregues na portaria. Dois dos meus melhores homens estão com
disfarces de entregadores para levar a encomenda até lá. Daniela havia
conseguido romper o código de segurança das câmeras do local, porém o bunker
nos é inacessível, mas assim que o magistrado começar a passar mal,
provavelmente vão chamar uma ambulância, que rapidamente poderia impedir
sua morte com atendimento imediato. Porém, a ambulância que irá chegar será
uma mandada por mim.
Ao invés de socorrê-lo, eu e os agentes da Cosa Nostra estaremos
disfarçados de médicos e irei aplicar uma dose de insulina, terminando com a
vida do miserável que colocou atrás das grades quase trezentos homens da
família. Um chefe de cozinha associado à família veio nos ajudar com tudo. A
dose do nosso veneno será misturada ao molho parmegiana.
— Eles acabaram de ligar pedindo o almoço. — Fala Cléber, um dos
meus homens.
— Perfeito, cuidem para que tudo saia conforme o plano inicial, estarei
com a equipe dois aguardando na ambulância. Daniela vai desviar qualquer
chamada vinda de lá para um hospital para seu celular, assim chegaremos
primeiro para socorrê-lo — digo com um sorriso sádico no rosto.

Na ambulância, a três quarteirões do fórum eu aguardo nosso entregador


dar o sinal que a refeição foi enviada. De brinde, o chefe enviou um dos
melhores vinhos, que por precaução também está batizado com insulina.
— Como está a vigilância aí? — Pergunto a Daniela pelo celular.
— Está tudo silencioso, nosso homem está chegando agora com o nosso
presente. — Diz ela, vigiando as câmeras.
— Agora é só aguardar — sorrio satisfeito.
Cerca de quarenta minutos depois Daniela liga avisando que estão
chamando a ambulância. Aguardo um pouco mais de tempo para só então dar o
sinal para o motorista, que dirige até a entrada do fórum. Vários policiais estão
com armas empostadas nos esperando, todos parecem nervosos, o meu disfarce
me ajuda a passar despercebido, lentes de contato e um bigode falso. A roupa de
enfermeiro esconde as tatuagens com símbolos da Cosa Nostra que cobrem meu
corpo. Com ajuda de meus homens nós colocamos o porco sobre a maca. É
difícil carregar seu corpo até a ambulância, quando estou prestes a fechar a porta
do veículo dois agentes federais decidem entrar junto.
— Vocês não podem entrar — falo sério aos dois.
— Nós iremos para cuidar da segurança dele, vocês estão levando um
paciente muito importante que pode ser atacado a qualquer momento.
Penso em como impedir que eles entrem, mas me vejo sem saída.
— Só um então — digo sem opção.
O agente entra na ambulância e o meu soldado finge estar aplicando o
primeiro atendimento.
— Ele vai morrer?! — O policial pergunta olhando para o magistrado,
que convulsiona.
— Não sabemos — falo tirando a insulina do bolso do jaleco.
— Precisam ajudá-lo — diz o homem e eu apenas assinto aplicando a
injeção direto na sua veia.
— Vamos, reaja — fala o soldado em um falso desempenho de médico,
merecendo até um aumento.
Assim que a ambulância para no hospital patrocinado pela máfia, Paolo
Borsellino já se encontra sem pulso.
— Sinto muito, ele não resistiu — falo com um falso pesar, porém dentro
de mim estou satisfeito, sabendo que o inimigo foi eliminado.

A suspensão da detetive Gabriela Bianchi teve grande repercussão, até


mesmo internacional. Apenas as fotos dela recebendo propina estamparam as
capas de vários jornais transformando tudo em um verdadeiro escândalo. A
repercussão só não foi maior devido à morte de Paolo Borsellino, que chocou a
todos, fazendo com que a mídia voltasse para a sua família e a investigação da
sua morte.
O laudo da autópsia encontrou resquícios de insulina no sangue, mas não
ficou comprovada sua overdose, para todos os efeitos ele teve um infarto
fulminante. Toda a operação “mãos limpas” está se desfazendo, porém, a
imprensa anda infernizando a vida de Dimitri, jornalistas vêm investigando a
fundo todos os negócios em nome da família, até mesmo uma foto minha saiu
nos jornais, lembrando que minha família também tem negócios com Dimitri no
ramo da navegação.
Os navios da Bratva levam não só os vinhos, como também pimenta
calabresa e os produtos produzidos pelas indústrias de fachada de Dimitri, além
as drogas e as armas, que são distribuídos no comércio global.
— Você está mais nervoso que eu — falo para Dimitri, que está me
deixando nervosa com seu revirar de olhos enquanto olha para o relógio,
aguardando o resultado do exame de sexagem para saber o sexo do nosso bebê.
— Como consegue ficar tão tranquila, esse exame está demorando
demais, deveríamos queimar essa clínica, são todos incompetentes.
— Deixa de ser estressado, a médica avisou que já estava vindo. — Digo
e nessa hora a porta se abre, mostrando a doutora com o exame nas mãos.
— Pelo visto estão ansiosos.
— Diga logo, doutora, antes que meu marido acabe tendo um ataque
cardíaco e meu bebê cresça sem pai.
— Não se preocupe, seu filho não nascerá sem pai — ela fala e o sorriso
preenche o rosto de Dimitri. Olho pra ela emocionada. — Parabéns, vocês estão
esperando um menino.
— Obrigado, amore mio, você me faz o homem mais feliz do mundo —
diz Dimitri que me pega no colo e gira no meio da sala da doutora.
— Eu vou vomitar, me desce! — grito, batendo no ombro dele, que
rapidamente me desce.
Ajeito meu vestido e vendo a emoção em seus olhos não consigo ficar
brava.
— Pelo visto vocês gostaram da notícia!
— Não imagina o quanto, doutora — Dimitri diz segurando minha mão e
beija minha testa.

Chegamos em casa sorrindo feito bobos, porém ao olhar o portão os


sorrisos se desfazem. Os muros estavam todos pichados com frases como
"Mafioso de merda" e "Máfia, o câncer da Itália".
Repórteres por todos os lados batendo no vidro do carro.
— Quando esse inferno vai acabar? — reclamo, irritada com toda essa
exposição que estamos tendo.
— A entrevista do governador dizendo que grandes empresários estão
envolvidos com a Cosa Nostra foi como gasolina alimentando as acusações
contra mim. Por sorte, ainda não conseguiram nenhuma prova da minha ligação
com negócios ilícitos.
Entramos na fortaleza e logo os portões são fechados. Nós mal saímos do
carro e o telefone de Dimitri dispara a tocar. Reviro os olhos e todo o clima de
felicidade se foi, dando lugar à tensão dessa perseguição que vínhamos sofrendo.
— Eu vou para estufa — aviso, pensando em aproveitar e ligar para
Aslan e contar sobre seu sobrinho.
Estou morrendo de saudade do meu irmão e espero que ele possa vir à
Itália antes do nascimento do meu filho. Tento ligar para Aslan assim que chego
na estufa, porém, estranhamente ele não me atende, meu irmão está passando por
um momento difícil depois da morte de Rebeca, ele tenta ser forte e não
demonstrar fraqueza agora que é o chefe, mas eu o conheço e sei que seu
coração está despedaçado.
Acaricio minha barriga.
— Você vai trazer muita felicidade para as nossas vidas, filho. — Falo
com ele enquanto vou caminhando pela estufa contando sobre cada uma das
flores.
A estufa está rodeada de rosas de diversas cores e modelos, a que mais
me fascina é a rosa negra, na Rússia nunca consegui fazer uma brotar, pois elas
são extremamente sensíveis. As rosas na cor preta são flores tradicionais da
Turquia, onde o solo e a água contam com um PH mais alto, fazendo com que as
pétalas tenham uma coloração mais escura que o normal. Neste caso em
especial, elas nascem com a coloração vermelha e vão escurecendo com o tempo
até se tornarem negras e tão lindas. Tive que chamar um geólogo para me ajudar
a tratar a terra para que ela sobrevivesse.
Tiro as folhas secas com ajuda de uma tesoura de poda quando ouço
Hades rugir, bravo e o som das suas patas batendo na grade. Largo a tesoura e a
luva, saindo da estufa, caminhando até o refúgio dos animais e não preciso andar
muito para perceber o que está acontecendo, o vento do helicóptero faz meu
vestido balançar e eu recomeço que é o helicóptero de um veículo de imprensa.
— Era só o que faltava — coloco minha mão no rosto para me proteger
quando vários seguranças me cercam.
— Senhora, precisa entrar — fala e eu olho novamente para Hades, que
ruge para o helicóptero sendo seguido por Perséfone.
— Eles estão assustando os animais.
— Entre, senhora!! — grita Ruggero usando seu paletó para cobrir meu
rosto e me leva até a fortaleza.
— Como assim, caralho, fecharam a sede?! — grita Dimitri para
Vicenzo, Ella Meyer, Vito Genovese, Tom e outros rostos que não reconheço.
— Agenzia delle entrate fechou a empresa para uma vistoria. Todas as
contas serão fiscalizadas, eles tinham mandado, nem mesmo nossos advogados
conseguiram impedir.
— Fala para mim que você não deixou nenhum documento que pode me
foder — grita Dimitri com a economista.
— Todos os dados das lavagens e transações estão no meu computador
pessoal. Daniela jogou um vírus e todos os documentos foram comprometidos.
— Quanto nós vamos perder com essa interdição federal? — Ele
pergunta, passando as mãos pelo cabelo, nervoso.
— Cerca de seis milhões por dia, mesmo que eles não achem nada que o
ligue a Cosa Nostra. Ainda assim será fácil a receita federal encontrar as ações
da bolsa de valores.
— Existe alguma maneira deles saberem que as ações foram compradas
com dinheiro lavado? — Pergunta Vicenzo.
— Não, porém eles podem congelar as ações por meses durante as
investigações, ou seja, vocês ficariam sem capital para continuar os negócios
ilegais.
— Porra!!— grita Dimitri e eu decido ir para biblioteca.
Estou nervosa demais para continuar assistindo o caos que nossas vidas
estão se transformando. Mandei uma mensagem para as meninas, Karlene e
Priscila, gritam animadas ao saber que é um menino, já Carine, assim como eu,
achava que era uma menina.
— Sei que as coisas não estão fáceis para todos nós com essa
investigação. Mas você precisa curtir a sua gravidez, amiga, o primeiro filho é
tudo novidade, precisa aproveitar cada momento. — Fala Karlene.
— Eu queria que todo esse inferno tivesse passado e nós não tivéssemos
sendo perseguidos 24 horas por dia, acredita que até helicóptero apareceu,
tentando nos filmar.
Fico conversando com as meninas por um bom tempo, assim eu acabo
esquecendo os problemas fora da biblioteca.
Fui ouvindo todas as sugestões de nomes de meninos, mas confesso que
os nomes italianos estavam ganhando. Assim que desligo a chamada de vídeo eu
saio da biblioteca, não encontro ninguém na sala. Subo direto para o quarto,
pronta para tomar um banho de hidromassagem e tirar dos meus ombros toda
essa tensão.
Ao entrar no quarto eu vejo Dimitri sentando na cama com uma
expressão tensa, ao lado da cama várias malas prontas.
— O que essas malas fazem aqui? — Pergunto, soltando meu coque que
já está todo bagunçado.
— Nós precisamos conversar — fala Dimitri com uma expressão séria,
colocando o copo de uísque sobre a mesa de canto.
— Iremos viajar com todo esse caos na família, você não disse que os
negócios precisam se resolver?
— Nós não vamos viajar, Katharina, essas malas são suas. — Diz tenso.
— Minhas, do que está falando?! — Questiono, caminhando até ele.
— Você não está segura aqui na Itália, então decidi que o melhor para
você e para o nosso filho é que vá para longe de mim. Eu comprei a passagem
enquanto estava na biblioteca, Luigi fez as suas malas. Tenho uma casa nas ilhas
Maldivas à beira mar, seu irmão falou que você adoraria conhecer. Eu chequei
tudo, eles têm um hospital adequado para o nascimento do nosso filho a menos
de quinze minutos da mansão.
— Você está me expulsando da sua vida?! Você não me ama mais?! —
digo com um gosto amargo descendo pela garganta.
— Nunca duvide do amor que eu sinto por você, bella mia. Afastar-me
de você será como arrancar um pedaço do meu corpo. Se estou fazendo isso é
para protegê-la e proteger nosso filho. Há uma guerra se aproximando e você e
meu filho não podem ser alvos no meio disso, eu não posso perdê-los.
— Eu não sou fraca, Dimitri, você sabe disso, eu não tenho medo da
guerra, estou disposta a lutar se for preciso.
— Esse é o grande problema, querida.
— Não me chama de querida quando está me expulsando da sua vida!!
— Digo, apontando para sua cara, tremendo de raiva.
— Eu não posso te perder!! — Fala se levantando e segurando no meu
queixo. — Eu não suportaria saber que algo aconteceu com você e com meu
filho por causa da Cosa Nostra, por causa do que eu sou.
— Você não pode me afastar de você assim! — Digo, deixando as
lágrimas transbordarem.
— Você será livre, amore mio, livre como você sempre quis, pode ter
uma gravidez calma, sem perseguições, se não quiser ir para as ilhas Maldivas
você pode voltar para a Rússia. Eu prometo que quando tudo acabar eu irei te
buscar.
— Para lá eu não vou!! — falo revoltada.
— Katharina, precisa pensar no nosso filho, no que é melhor para vocês
dois.
— Eu estou dizendo a você que eu não vou embora, não há chance de eu
deixar você sozinho!
— Pensa na liberdade que você vai ter longe de Palermo, longe desse
inferno, eu não quero perdê-la. — Eu não quero ser livre, não se isso custar ficar
longe de você, inferno!!!
— Não torne as coisas ainda mais difíceis para mim, meu amor — diz,
deixando uma lágrima escorrer pelo seu rosto.
— Eu vou ficar aqui, Dimitri, esteja acontecendo uma guerra ou não, eu
não irei embora, as coisas não serão fáceis, nosso filho vai nascer aqui, como o
legítimo italiano que ele é.
— Vocês são alvos fáceis, Katharina, eu estou cercado de inimigos
prontos para usar vocês como arma contra mim.
— Queime toda Itália, mate quem for preciso, mas eu não vou me afastar
de você, não vou. Seja o que for eu não vou desistir de você, Dimitri, jamais!!!
— Grito, fora de mim. Então eu vejo o fogo da Besta em seus olhos.
— Eu amo você, Katharina Castelaresi Rinna! — Diz e me beija
profundamente, nossas lágrimas se misturam. O amor que sentimos e tão intenso
que pode ser palpável a dor de imaginarmos um longe do outro.
— Nunca mais diga para eu ir embora! — Falo assim que paramos o
beijo, sem ar.
— Nunca mais, eu prometo! — Jura, me abraçando.
— Vem comigo, preciso te mostrar uma coisa. — Fala, segurando
minhas mãos e me levando para o seu escritório, no térreo.
Nós entramos e Dimitri vai até o bar, na parede da direta. Ele mexe em
algumas garrafas de uísque e então ouso o som de um clique. Eu percebo que ela
é falsa, uma parede falsa atrás do bar. Ele abre a porta pra mim e eu o
acompanho para dentro.
— Onde estamos? - pergunto olhando para o corredor escuro.
— Confia em mim? — Pergunta, segurando minha mão.
— Sempre! — Digo firme.
— Você está no único lugar dessa fortaleza que ninguém ainda vivo
conhece. Além de mim, claro, apenas eu e você sabemos desta passagem secreta.
— Dimitri me leva pelo corredor escuro e assim chegamos ao que parece ser um
porão.
— Eu não sabia que tinha um porão na fortaleza — Estranho.
Dimitri tateia a parede, tentando encontrar o interruptor. Assim que as
luzes se acendem, minha boca se abre em choque ao ver o que ele guarda aqui.
Paletes e mais paletes de dinheiro, é tanto dinheiro que chega a ter um
cheiro forte. Eu nunca vi tanto dinheiro assim na minha vida.
— Há quanto tempo tem esse dinheiro aqui?! — pergunto, chocada.
— Há bastante tempo guardo esse dinheiro aqui. Foi com ajuda de um
renomado arquiteto, Giovani Bonini, ele trabalhou na reforma da fortaleza assim
que a comprei. Esse cofre foi desenhado por ele quando descobrimos a passagem
secreta, daqui há uma porta que leva direto para o jardim, perto do refúgio dos
animais. Antigamente era usada como uma rota de fuga pelos antigos romanos.
Giovan morreu no ano passado e com ele foi enterrado o segredo desse cofre.
— Quando dinheiro tem aqui? — Pergunto, estarrecida.
— Cerca de seis bilhões de euros. Responde, tocando em um bolo de
dinheiro.
— Meu Deus, Dimitri é muito dinheiro em espécie.!
— E a nossa segurança, nossa e do nosso filho. Se acontecer o que Mayer
diz e perdemos o capital da Cosa Nostra, ainda estaremos assegurados. Esse
dinheiro pode nos ajudar a reerguer os negócios da família. Se tudo der certo,
como eu espero, não vamos precisar usá-lo. Mas se algo acontecer comigo, ele
pertence ao nosso filho. — Diz com a voz tão sombria, que eu sinto um temor no
meu coração ao imaginar que com a Cosa Nostra declarando guerra contra o
estado, ele pode acabar morrendo.
— Nada vai acontecer, você não vai me deixar! É capaz de eu ir até o
inferno buscar sua alma pra continuar te atormentando pela eternidade. — Falo
seria e ele apenas sorri.
— Você é o grande amor da minha vida, enquanto você respirar, eu terei
motivos pra lutar!

Algumas semanas se passaram e agora posso sentir o vento gelado


passando pelas cortinas do meu quarto e também um aperto no peito. A Cosa
Nostra é banhada em sangue e pólvora. É preciso ser insensível para sobreviver
a esse mundo. Essa foi uma das primeiras lições que aprendi ao chegar em terras
italianas. Meu filho mexe na minha barriga. já bem arredondada, fazendo com
que uma lágrima de emoção caia no meu rosto. Pego o violoncelo e descido ir a
torre da agonia, não me importando com a hora que é. Todos já sabem o que irá
acontecer daqui a pouco. Apenas os seguranças estão na fortaleza. Os
empregados foram dispensados. Meus vigias me olham atentos, mas não me
impedem de subir pela escada central, até o topo da torre.
— Me deixem sozinha — falo, sinalizando que não os quero aqui.
A noite está gelada, daqui do alto da mais alta torre da fortaleza eu posso
ver toda Palermo. Ela está coberta pela noite e lua cheia banha o céu.
— A guerra começa quando a fúria da besta é despertada. — Digo ao
vazio.
A melodia de “The Rains of castamere” embala os sentimentos que
passam por mim. Olho para Palermo e deixo a letra dessa música falar tudo que
precisa ser dito. O leão sempre terá garras, sempre irá rugir fazendo os ratos se
curvar. Deslizo meus dedos pelas cordas, sentindo toda a emoção transpassar. Eu
canto para a bela Palermo.
— Um leão ainda tem garras...
— As bombas começam a explodir em um espetáculo de cores. Palermo
está em chamas e eu sei que é as chamas da minha Besta.
Os dias se arrastavam lentamente de maneira tortuosa desde que ela se
foi. Sua morte ainda parece mentira e às vezes me pego olhando para o vazio,
imaginando que ela ainda está viva, apenas me esperando na nossa cabana, essa
que não tive mais coragem de visitar. Tudo lembra ela, cada pedacinho daquela
casa tem seu cheiro e seu toque.
Os negócios estão me mantendo ocupado desde a morte dos meus pais,
rebeldes estão tentando questionar se sou ou não capaz de liderar a Bratva,
muitos usam a minha idade para questionar que ainda não tenho maturidade o
suficiente para ser o chefe.
Eu, Aslan Peskov Castelaresi, sou o chefe mais jovem da Bratva a subir
ao poder e venho trabalhando duramente para mostrar o meu valor. Agora, estou
aqui dirigindo em direção ao palacete do primeiro general Valeri, ministro de
relações exteriores do governo e membro importante da Bratva. Ao estacionar
minha Ferrari eu noto que Valeri tem usado bem o dinheiro que ganha.
— Boa noite, chefe — diz um dos seus homens.
Entrego a chave ao manobrista e arrumo meu blazer, entrando no
palacete. Sou recebido pelo mordomo, à música leve do piano me faz lembrar
Katharina, um sorriso singelo vem ao meu rosto quando recordo que em poucos
meses ela dará à luz ao meu sobrinho, pretendo ir a Itália conhecê-lo assim que
possível.
— É bom revê-lo, Castelaresi, os negócios andam mantendo você
ocupado desde que assumiu o cargo do seu pai. — Diz ele, relembrando o fato
de ter recusado esse jantar outras duas vezes.
— Sim, meu caro, há muito trabalho a ser feito desde que assumi o cargo.
— Vamos, temos muito a conversar. — Ele me encaminha até a sala de
jantar, mas antes de adentrarmos o cômodo eu consigo ver uma menina tocando
piano. — Irina, mande Anastázia descer, o jantar será servido em breve.
— Tudo bem, tio — a jovem responde em seguida sai em direção à
escadaria.
Chegamos à sala de jantar, posso ver sua esposa, Yelena, ao lado de uma
funcionária que termina de servir a mesa.
— Estou curioso para saber quais negócios urgentes temos a tratar que
não poderiam ser resolvidos por telefone — digo enquanto me sento à grande
mesa de jantar.
— Você deve saber que eu e seu pai sempre fomos grandes amigos.
— Sim, e sou grato pela sua lealdade com a minha família.
— Talvez o que não saiba é que seu pai e eu fizemos um acordo um
pouco antes da sua viagem para a Itália. — Diz ele sério e nesse momento a
menina volta, apreensiva.
— Onde está Anastázia, Irina? — Pergunta Yelena
— Ela disse que não vai descer, tio, na verdade ela nem mesmo se
arrumou.
Sua fisionomia muda e seus punhos se fecham sobre a mesa, então me
lembro que Anastázia é sua única filha, que estava em um colégio interno na
Suíça. Nunca cheguei a vê-la, apenas sei que Bóris sempre quis ter mais filhos,
porém, sua esposa ficou estéril depois do nascimento da menina.
— Vá buscar sua filha e faça-a descer aqui — diz à sua mulher, que fica
pálida. — Como ia dizendo, seu pai e eu fizemos um acordo onde minha filha
Anastázia se tornaria sua esposa — ele fala com naturalidade.
Eu preciso segurar a máscara de frieza em meu rosto e levar o vinho aos
meus lábios para não o responder da maneira que eu quero.
— Bem, Bóris, eu não estava a par desse acordo, mas de qualquer forma,
eu sinto muito, mas....
Não consigo terminar de responder, pois nessa hora uma mulher de
cabelos castanhos e olhos verdes entra na sala de jantar, sendo acompanhada por
sua mãe, Yelena. Ela é muito bonita e usa um vestido branco delicado. Seu olhar
para mim me deixa confuso, posso jurar que, se pudesse, ela me mataria com o
olhar. Rapidamente eu me dou conta que ela é à filha, ela é Anastázia. A jovem
caminha até a mesa ainda com o olhar frio de puro ódio, acomoda-se ao lado da
prima, ficando de frente para mim.
— Essa é minha filha, Anastázia Pavlov Valeri.
— Prazer, senhorita — digo sem saber como agir.
Eu sabia que meu pai estava planejando meu casamento e provavelmente
seria um acordo comercial, porém eu não estava preparado para me apaixonar
por Rebeca, e jamais poderei amar outra mulher como a amei, não estou pronto
para entrar em um relacionamento, não enquanto meu coração está de luto. Os
funcionários nos servem o jantar, Anastázia fica calada, olhando apenas para a
comida. A mãe faz questão de elogiar todas as qualidades da filha enquanto o pai
apenas a observa, orgulhoso. Estão praticamente vendendo a garota como se ela
fosse uma égua premiada.
— Bem, como ia dizendo, senhor Valeri, eu me sinto honrado por achar
que sou digno de desposar sua filha, entretanto, não posso aceitar.
Ele se levanta, indignado com minha recusa, porém, me mantenho
centrado.
— Seu pai deu a palavra dele que Anastázia seria sua esposa, não pode
voltar atrás com nosso acordo.
— Meu pai está morto, senhor Valeri, assim como minha mãe, eu sou o
chefe da Bratva, eu tomo minhas próprias decisões e digo a você que não me
casarei, ainda estou de luto pela morte da minha família. Nem mesmo conheço
sua filha para aceitá-la como esposa.
— Vocês terão tempo para se conhecerem depois de casados, Anastázia
foi bem educada e será uma esposa digna e honrada.
— Sinto muito, Anastázia, mas não posso aceitar — falo agora olhando
para a moça, que parece aliviada.
— Você está recusando a minha filha, Castelaresi?!
— Como disse, quando achar que devo me casar eu mesmo encontrarei
uma esposa para mim.

Depois de muito discutir os termos da quebra do contrato com Valeri, eu


consigo desfazer o mesmo, mas não sem ter um grande prejuízo financeiro. Meu
pai tinha amarrado bem o acordo, provavelmente porque ele sabia que eu
tentaria escapar das suas armações. Porém, ele não contava com o fato de eu me
apaixonar e agora, depois de ter perdido meu grande amor, não me importo de
abrir mão de um milhão e meio apenas para me ver livre desse compromisso.
Ficamos quase uma hora no escritório e não vi mais a garota e nem sua mãe. Ao
sair da casa em direção ao meu carro eu a vejo, Anastázia está de pé em sua
sacada olhando para mim, seus olhos claros parecem queimar a minha pele.
Alguma coisa estranha acontece, como se meu corpo tivesse recebido uma
descarga elétrica. Abro a porta do meu carro, me afastando do seu olhar e dou
partida com a certeza que nunca mais a verei, ao menos era nisso que eu
acreditava naquele instante.
Acordo no meio da noite com uma vontade tremenda de comer canolo,
minha boca fica cheia de água, e eu posso até sentir o sabor do doce nos meus
lábios. Levanto da cama, observando que Dimitri ainda está dormindo. Uma
fraca chuva bate contra aporta da sacada. Pego meu robe do braço da cadeira e
sinto meu corpo pesado com a barriga de seis meses, o visto enquanto meu filho
se agita. Saio do quarto sem fazer barulho, deve ser umas três da manhã e todos
nesse horário estão dormindo, provavelmente apenas os seguranças estão de pé.
Desço as escadas segurando com cuidado no corrimão e entro na bela
cozinha, torcendo para que tivesse sobrado canolo. Acendo apenas os pendentes
da ilha em cima da mesa eu vejo uma travessa com os doces.
O canolo é o doce mais popular e típico da Sicília, eu não conhecia, mas
Monalisa me apresentou e me fez adorar. É uma massa modelada em forma de
tubo, frita, crocante, recheada com um creme de chocolate e pedacinhos de
pistache. Encontro uma travessa de vidro coberta por insulfilme e a apanho,
coloco a travessa sobre a bancada de granito preto e retiro um dos doces. Levo o
canolo aos lábios gemendo ao sentir o a textura crocante da massa e a
cremosidade aveludada do recheio do doce. Quando estou no terceiro canolo
ouço um ruído rouco, que parece mais um gemido. Abro os olhos e vejo seus
olhares escuros me encarando. Dimitri tem uma expressão feroz no rosto, está
usando apenas uma boxer azul marcada, seus cabelos bagunçados e seu olhar só
faltam me devorar.
— Eu te acordei? — Pergunto, lambendo os dedos.
— A cama ficou fria demais sem você, bella mia — diz, dando dois
passos em minha direção.
Olho para ele, babando e me pergunto como esse homem pode ser tão
bonito. Eu provei do cálice da própria besta e agora eu me vejo viciada e sedenta
por ele. Eu sinto seu cheiro amadeirado forte e único tomando conta de toda
cozinha. Dimitri se aproxima feito uma besta pronta para devora sua caça. Sem
poder esperar mais nos beijamos, nos consumindo e fervendo de desejo. Dimitri
me empurra para trás até que eu sinto o gelado do granito da ilha contra a minha
bunda, eu mal vejo quando sou erguida e depositada em cima dela. Algumas
coisas caem no chão, mas estou concentrada no homem que beija meu pescoço,
incendeia meu corpo e aquece a minha alma. Sua língua devora a minha, nosso
beijo é intenso, molhado, de uma profundidade que só existe com ele. Ele me
empurra, ficando entre as minhas pernas e abre meu robe, me deixando apenas
de calcinha. Todo meu corpo se arrepia, me sinto toda exposta ao seu olhar.
Meus seios estão rijos e ainda maiores por conta da gravidez, minha pele treme
pelo seu toque.
— Era isso que eu queria fazer desde que a vi sentada, chupando seus
dedos — fala ele de maneira erótica, colocando meus dedos em sua boca e
chupando como se fosse uma fruta.
Engulo em seco, escorrendo de tesão, Dimitri se afasta apenas para
rasgar a minha fina calcinha, arrancando um grito de susto.
— Ah, amore mio, você está pingando para mim — diz ele abrindo as
minhas coxas, deixando minha boceta bem arreganhada para ele.
Dimitri faz uma carícia lenta com a língua pela minha coxa, beija e
lambe devagar minha pele, me torturando lentamente até chegar no seu alvo
principal; minha boceta. Sua barba me arranha e me deixa ansiosa, ele sorri
quando me vê tremer. Dimitri aperta e morde minhas coxas, abre minhas pernas
e vai direto para minha boceta.
— Você é só minha, Katharina, só eu tenho você assim — fala lambendo
devagar minha entrada.
Dimitri afasta os lábios maiores da minha boceta e lambe de baixo pra
cima até encostar no meu clitóris, eu já estou suando de tanto tesão. Sua língua
feroz não dá trégua, ele chupa e morde cada cantinho da minha boceta. Eu não
aguento e gozo, me esfregando no seu rosto. Dimitri bebe todo meu gozo, depois
enfia dois dedos na minha entrada, massageando de leve enquanto sua língua
brinca com meu clitóris. Eu já estou louca de desejo, totalmente em êxtase,
sentindo sua língua ir fundo na minha entrada e seus dedos massageando,
procurando meu ponto G. Minhas costas se arqueiam, sinto um arrepio descer
pela base da minha coluna, o orgasmo é intenso, me deixando lânguida, mole em
seus braços. Dimitri chupa todo meu prazer, me fazendo gritar seu nome.
— Eu amo o gosto da sua boceta, bella mia, eu poderia ficar a noite
inteira só chupando essa delícia, mas meu pau precisa entrar em você ou vou
acabar gozando apenas por assistir seu rosto se contorcendo de prazer.
— Eu sou sua toda sua.
Não é preciso dizer mais nada, Dimitri puxa as minhas pernas para seu
corpo e enfia seu pau de uma vez na minha boceta, me fazendo gritar. Ele
começa a me foder intensamente, empurrando meu corpo contra o granito da
ilha. Meus seios balançam com seu movimento intenso de quadris e pela cozinha
dava para ouvir o som dos nossos corpos se chocando.
— Eu amo estar dentro de você — fala ofegante, metendo cada vez mais
forte e me levando ao delírio.
Fecho os olhos, prestes a gozar, quando ele tira seu pau de dentro de
mim, então abro os olhos, indignada e vejo ele pegar a cobertura de chocolate do
doce, sorrindo e esfregar em meu seio direito, gemo ao sentir sua língua molhada
lambendo meu biquinho sujo de chocolate. Dimitri espalha a cobertura no
esquerdo e faz o mesmo processo, torturando meus seios sensíveis.
— Eu vou gozar se continuar me torturando assim.
— Você só vai gozar com meu pau dentro de você, Katharina — diz,
puxando meu cabelo, inclinando meu pescoço para trás e fazendo meus seios
ficarem ainda mais expostos para ele. Dimitri chupa e morde os dois, deixando-
os vermelhos, ele esfrega chocolate pelo meu pescoço e dá uma mordida suave.
— Eu preciso de você, minha boceta está piscando, pedindo pau — digo
rouca, me esfregando em sua direção.
Ele sorri e beija meu lábio, então eu o sinto deslizar duramente dentro de
mim, era tudo que eu precisava para gozar mais uma vez. Dimitri não para aí,
continua metendo com gosto e eu grito por mais e mais
— Isso, amor, me fode, me enche com seu gozo. — É quando ele goza
intensamente e eu sinto seu pau vibrar dentro de mim, me levando ao orgasmo
novamente. Minha boceta está escorrendo seu gozo, Dimitri olha e sorri
satisfeito com a bagunça que fizemos.
— Eu não sei se consigo andar, minhas pernas estão moles. - Digo
relaxada.
— Você não precisa se preocupar, mia cara, seu marido cuida de você —
diz, me pegando no colo e deixando toda à bagunça para trás, subindo para a
nossa suíte, onde tomamos um banho regado a carícias.
Exaustos, desabamos na nossa cama, com meu rosto no seu peito.
Rapidamente, caio em um sono profundo.

“A lista dos crimes da máfia conhecida como Cosa Nostra apenas


aumenta, a morte do juiz Falcone ainda é sentida por todo povo italiano. O luto
ainda não tinha terminando quando fomos novamente atacados por esses
criminosos, o ataque à bomba foi considerado um ataque terrorista. Palermo,
Milão, Nápoles e Roma arderam em chamas. O presidente da Itália fez um
pronunciamento essa manhã onde se solidarizou com as vítimas e condenou os
atos, segundo ele, abomináveis e inescrupulosos. Uma guerra está sendo travada
entre a Cosa Nostra e o Estado, todos os olhos dos países da União Europeia
estão voltados para Sicília. O presidente e o governador da Sicília estão em uma
reunião particular onde estudam uma maneira de desmantelar essa organização
criminosa. A pergunta que todos nós, cidadãos, fazemos é quem é o grande
chefe, quando o cabeça dessa operação, conhecido como o Capo dei capi, será
preso.” — Pergunta a repórter para a câmera. Desligo a tevê, sem paciência para
essa bobagem. Desde que acordei é apenas isso que passa na televisão, até os
canais internacionais estão repercutindo a guerra entre o estado e a Cosa Nostra.
— Você está assistindo essa porcaria de novo?! — fala Vicenzo, se
jogando no sofá.
— Só se fala nisso em todos os canais. Ficou sabendo que Vito Genovese
mandou sua esposa e filhos para Argentina? Juliano fez o mesmo com Loreta e
Antonella. — Digo, desacreditada.
— Você tinha que ter feito o mesmo que elas, deveria estar na Rússia,
protegendo o seu bebê! — Fala ele, soltando o nó da gravata.
— Não vou deixar Palermo como uma covarde, Vicenzo. Eu quero que
meu filho nasça aqui na Itália. — Digo firme.
— As coisas não estão fáceis na família, Katharina, Dimitri está tentando
te poupar. Mas a polícia está na nossa porta. — Ele explica, preocupado e me
deixando aflita.
— Ele ainda está em reunião no escritório? — Pergunto a Vicenzo, pois
desde o café da manhã eu não o vejo.
Dimitri está trancado no escritório com os membros da Cosa Nostra.
— Sim, provavelmente ainda discutindo como iremos mudar a rota da
cocaína da Europa. — Ele diz e nesse momento Dimitri aparece, sendo
acompanhado dos outros capos.
— Como você está, bella rosa? — pergunta Dimitri, beijando minha
testa.
— Eu estou bem preocupada com você, que não almoçou até agora —
falo séria e percebo que todos olham para nós.
— Eu estou bem, depois conversamos — Dimitri fala e eu percebo a
tensão em seus ombros. — Preciso que você vá a Roma com Damon, nosso
informante no gabinete do presidente irá ajudá-lo. Precisamos saber qual será o
próximo passo da polícia contra nós.
— Tudo bem, iremos hoje mesmo — responde Vicenzo e eu decido subir
e deixá-los terminarem os negócios a sós.
Vou em direção ao quarto do nosso filho, no terceiro andar. Onde antes
ficava apenas a nossa suíte agora foi construído um quarto extra, quarto esse que
já está todo decorado para o nosso bebê. A decoração ficou toda em tema safári,
um leão gigante de pelúcia, parecido com Hades, às paredes foram pintadas à
mão por um artista de Nápoles, é realmente um quarto dos sonhos para nosso
filho. Ainda não decidimos o nome, agora que já sei que será um menino deveria
ser fácil. Mas precisa ser algo especial, assim como meu filho é. Acaricio o pêlo
da girafa ao lado do berço e posso imaginar meu anjinho brincando no tapete
comigo e com o pai ao seu lado. Um movimento leve é sentido na minha barriga,
coloco a minha mão por cima e percebo ele se agitar.
— Eu tenho certeza que você vai amar esse quarto, meu amor. — Falo,
acariciando as ondulações.
— Eu tinha certeza que estaria aqui — fala Dimitri, entrando no quarto já
sem gravata e com a fisionomia cansada.
Me beija de maneira apaixonada e eu acaricio seu cabelo, suas mãos me
puxam mais para si e nós aprofundamos o beijo, mas nesse momento nosso filho
decidi pular dentro de mim, avisando que ele está presente.
— Acho que alguém está com ciúmes do papai — falo, interrompendo o
beijo e rapidamente Dimitri sorri e acaricia minha barriga.
— Ei, garotão, precisa dividir a mamãe com o papai — ele fala, se
abaixando na altura da minha barriga e a beija carinhoso. — Eu estou ansioso
para a sua chegada, meu filho.
Não tinha como não ficar emocionada com o amor que ele tem pelo
nosso filho e ali eu sabia que nós seríamos eternamente felizes desde que
estivéssemos juntos. Mal eu sabia que aquela seria a última noite.
Após minha fuga da Itália eu precisava me esconder, a máfia italiana
estava atrás de mim, assim como a russa. Minha cabeça estava a prêmio e muitos
dariam um rim para me capturar. Eu não poderia voltar para a Itália jamais, para
minha família o melhor seria se eu estivesse morto. De certa forma é assim que
já me sinto. Dante Tommaso Bruschetta, não, aqui no Brasil eu sou Paulo
Roberto Felice.
Vim para o Brasil meses atrás e aqui abri um negócio de tráfico de
heroína, meus negócios aqui estavam indo de vento em polpa, o Brasil é um
ótimo lugar para se esconder, o país é quente, acolhedor e cheio de imigrantes.
Estrangeiros aqui são comuns devido à diversidade cultural e um italiano que
decide se mudar ao país e montar um negócio não chamou muita atenção,
exatamente o que eu queria. E com um pouco de lábia e inteligência eu consegui
contatos importantes aqui. Estou prestes a comprar uma fazenda grande no Mato
Grosso, onde pretendo investir em plantações de coca. Estou a caminho da festa
de aniversário do ex-presidente do Brasil.
— Paulo Felice — diz ele me cumprimentando assim que eu chego onde
a festa está acontecendo.
— Um prazer conhecê-lo, senhor Felice, pode me chamar de Inácio, nós
estamos prestes a fazer um belo acordo de negócios, já somos grandes amigos —
o idiota fala com um sorriso soberbo no rosto.
— Claro, eu trouxe os papéis para a assinatura, se não se importa meu
advogado já preparou tudo — falo, ansioso para tomar posse da maior fazenda
do Mato Grosso.
— Vamos para o meu escritório — ele fala, me indicando o caminho.
Conforme vamos passando pelo apartamento dá para ver que tipo de
comemoração ele está fazendo.
Há várias mulheres nuas, uma mais gostosa que a outra, todas atendendo
aos convidados, digamos que de maneira excepcional.
— Fique à vontade para escolher uma para você!
O velho fala, apertando a bunda de uma negra de cabelo cacheado. Sorrio
e o sigo até o escritório. Com o contrato assinado, brindamos com
champanhe para comemorar o negócio. Uma loira de olhos verdes me chama
atenção, ela sorri no colo de um deputado, mas eu posso ver que ela está
incomodada. A safada é uma putinha como todas aqui, mas não queria o velho
gordo, seus olhos estão em mim e eu a quero.
Me sento, fumando um charuto e faço um gesto com a mãos para que ela
venha para mim, à safada abre um sorriso e diz algo no ouvido do deputado
Cardoso. Passa por mim, indo até um corredor que imagino que leve ao
banheiro. Acompanho, louco para foder a boceta da puta loira. Entro no banheiro
e a vejo retocando o batom, não digo nenhuma palavra, apenas puxo seu cabelo
loiro e chupo sua orelha.
— Calma, devagar! — ela diz, mas esfrega sua bunda gostosa no meu
pau.
— Nada disso, acha que não vi seus olhos em mim, maledeta — digo,
puxando sua saia para cima.
— Espera, bonitão — ela geme quando meus dedos tocam a sua boceta.
Rasgo a calcinha fina que ela usa e me desfaço do meu cinto, abrindo a
minha calça, toco meu membro, que está duro, prontinho para adentrar na sua
boceta.
— Precisamos de camisinha — ela fala, rouca, enquanto meus dedos a
fodem.
Ela se afasta para pegar os preservativos na bolsa em cima da pia, eu toco
meu pau lentamente, me preparando para fode-la, é quando a mulher tira uma
arma de dentro da bolsa e aponta em minha direção.
— Dante Tommaso Bruschetta, você está preso! — Ela fala com a arma
na minha cabeça e então eu me dou conta que a casa caiu para mim.

Meu advogado entra na sala onde estou algemado, de frente para mesa.
Minha tentativa de suborno não surte efeito e descobri que a polícia estava há
semanas me vigiando.
— Quanto tempo vou pegar de cadeia? — Pergunto de uma vez, assim
que o advogado se senta.
— Você será extraditado para a Itália, o Brasil já negociou diretamente
com o ministro da justiça italiano a sua transferência.
— Se for para a Itália serei um homem morto! — Digo, sabendo que
assim que pisar na prisão Dimitri fará questão de me matar.
Há muitos homens da Cosa Nostra dentro da cadeia, eles podem
simplesmente começar uma briga e no fim eu estarei morto.
— Você só tem uma alternativa para escapar da prisão italiana, ir para os
Estados Unidos após o julgamento. A Interpol está envolvida e estão todos
trabalhando juntos para desmembrar a Cosa Nostra.
— O que eu preciso fazer? — Questiono, sentindo um gosto amargo de
ódio na minha garganta.
— Você terá que entregar alguma coisa valiosa para eles, como um ex-
líder da máfia Bruschetta.
— Você quer que eu seja um traditore, que quebre meu juramento de
sangue, quebre a Omertà.

Ao chegar na Itália, sou escoltado até um bunker, onde será realizada a


minha delação. Eu já não tenho nada a perder, na verdade quem perderia seria
Dimitri e de certa forma essa seria a minha chance de vingança, chance de
acabar com ele e a vagabunda da sua mulher. Eu fico algemado em uma sala
pequena com paredes falsas, uma câmera na lateral gravava cada gesto que eu
fazia. A porta se abre e por ela passa o chefe de polícia encarregado da operação
“mãos limpas”, Vitório, e junto dele o primeiro ministro Lucarelli em pessoa.
— Me sinto honrado de ser interrogado pelo primeiro ministro da Itália.
— Não se ache especial, Bruschetta, para mim você não passa de um
rato, como todos mafiosos.
— Eu não sou um rato, meu caro, se estou aqui, é porque sou um traidor,
e se abrir a boca e contar tudo que sei, quero a garantia de que serei levado para
uma prisão nos Estados Unidos e não na Itália.
— Nós temos um acordo. — O chefe de polícia concorda, sentando em
uma das cadeiras em frente a mim o primeiro ministro faz o mesmo e me olha
com superioridade.
— Bem, tenho muito a falar, meus caros, me digam por onde querem
começar?
— Pode começar dizendo quem é o Capo dei capi da Cosa Nostra
siciliana, quem é o Boss por trás de toda a máfia.
— Bem, isso é fácil de responder. O chefe da Cosa Nostra é nada mais
nada menos que Dimitri Salvatore Rinna, mais conhecido como a Besta.

Acordo com meu celular tocando, por um segundo penso em não atender,
mas a pessoa continua insistindo e vai acabar acordando Katharina, que já não
anda dormindo bem por conta do peso da barriga. Atendo quando vejo o número
de Vicenzo.
— Que merda aconteceu para me ligar às duas da manhã?
— Você e Katharina precisam sair da Itália agora! — Grita ele ao
telefone.
— De que merda você está falando?
— Nós estamos fodidos, cara, Dante foi preso! — ele grita, nervoso.
— Como assim, porra?! — falo, ficando de pé.
— Dante foi preso no Brasil há dois dias e sua extradição foi feita em
segredo. Ele está agora reunido com o chefe da operação, eu não tenho dúvida
que ele vai contar tudo.
— Mate o miserável, acabe com a vida desse traditore o mais rápido
possível.
— Se tivesse ao meu alcance, eu já teria feito. Saia da Itália, vá para a
Rússia com Katharina e de lá nós vemos o que vamos fazer.
— Se cuide, irmão — falo, desligando o telefone, queimando de ódio.
— O que aconteceu? — fala Katharina, já sentada na cama.
— Se vista o mais rápido que puder, nós vamos precisar fugir. — Falo,
acendendo a luz do quarto e pegando minha calça no chão.

Nunca vi Katharina se vestir tão rápido quando hoje. Vou até a sala das
armas, onde escolho duas Glock 20, colocando-as no coldre na minha cintura.
Pego também uma taurus para Katharina, que rapidamente a destrava e com a
minha favorita na mão, Magnum desert eagle ponto 50, abro o cofre do closet,
pegando os documentos lá dentro e os destruindo. Rasgo os papéis em vários
pedaços, em seguida jogo na lareira, Katharina me ajuda, recolhendo os
passaportes falsos e colocando em uma mochila. É quando ouvimos sons de tiro
e helicópteros sobrevoando a fortaleza.
— É a polícia, eles já chegaram — diz Katharina, assustada.
— Nós vamos conseguir, vamos — digo, segurando a sua mão e saímos
pelo corredor, atentos ao tiroteio lá em baixo.
— Senhor, estamos cercados — fala Luigi, com uma arma nas mãos.
— Solte a arma, Luigi, se esconda com os outros funcionários. Vocês não
serão presos, não sabem nada que acontece aqui.
— Senhor, eu não posso deixá-los. — Ele diz, leal.
— Vá, Luigi — ordeno, ele desce as escadas e então ouvimos sons de
tiros.
— O que foi isso? — Pergunta Katharina com a arma em punho.
— Fica calma, nós vamos conseguir, precisamos chegar ao escritório e
entrar no cofre, de lá é só seguir pela passagem secreta até o refúgio dos animais.
Existe uma saída lateral que leva à praia, tem um esconderijo, eu sempre o deixo
pronto para caso precisarmos escapar. — Falo, tentando passar uma
tranquilidade que não estou sentindo.
Um agente entra pelo corredor e antes que ele nos veja eu disparo dois
tiros certeiros em sua testa, que cai morto
— Por aqui — fala Katharina, descendo para o segundo andar.
A casa está tomada por gritos e tiros, o segundo andar está cheio de
agentes, Katharina atira em um enquanto eu elimino dois da esquerda. As balas
da minha arma acabam, eu pego as outras duas, Katharina está quase sem
munição também, um tiro quase me acerta, porém eu consigo desviar, puxando
Katharina para atrás de um aparador.
— São apenas três, nós vamos conseguir, falta pouco — ela diz,
tremendo.
— Fica calma, pensa no nosso filho — digo a ela. — No três nos
matamos eles — digo, olhando em seus olhos azuis e então eu conto com os
dedos e nos levantamos pegando os agentes de surpresa. Atiro em um deles e o
outro acaba acertando meu ombro.
— Maledeto — grito, sentindo o sangue escorrer pela minha camisa e a
bala queimar meu ombro, Katharina atira no pescoço do agente e corre em
minha direção.
— Você está ferido! — grita, assustada.
— Calma, foi só de raspão — minto para tranquiliza-la. — Precisamos ir
— falo, segurando sua mão e seguimos até que chegamos ao primeiro andar.
Os tiros do lado de fora continuam, um verdadeiro caos por toda a
fortaleza.
— Como está à situação?! — Pergunto a Ruggero, que está com um fuzil
nas mãos, junto com outros dois soldados, todos tentando conter a polícia.
— Estamos cercados, chefe, perdemos a maioria dos homens.
Conseguimos matar todos os agentes que estavam na casa, mas tem dois
helicópteros sobrevoando, não vamos aguentar muito tempo.
— Não deixem ninguém entrar, façam o que for preciso, temos bombas
de gás lacrimogêneo, joguem pelas janelas. Eles não podem entrar!! — grito,
dando as ordens.
Naquele momento já sabia que não conseguiria sair da fortaleza, não com
helicóptero sobrevoando, eu precisava salvar Katharina, essa era minha missão.
Entro no escritório ouvindo o som da porta da frente sendo arrombada. Tranco a
porta do escritório e Katharina fecha as janelas com as trancas. Atrás do bar eu
destranco o cofre.
— Você precisa ir, siga pela passagem secreta até a praia, não entre no
barco, os helicópteros iram vê-la. Vá a pé o mais longe que conseguir. — Eu
digo, segurando seu ombro fazendo com que ela olhe para mim.
— Nós vamos juntos, nós vamos conseguir. — Ela fala, segurando a
minha mão para que eu entre no cofre.
— Não, Katharina, você vai sozinha. Essa é a única maneira de você
escapar — digo, sentindo meu peito rasgar de dor.
— Você não pode me pedir isso — ela diz, chorando, em seus olhos azuis
eu posso ver a dor que ela está sentindo.
— É a única maneira de você sair daqui, meu amor.
— Vem comigo, por favor, vem comigo, nós vamos conseguir, nós
vamos conseguir juntos — ela diz, desesperada para que eu entre com ela.
— Enquanto eu não for pego isso não vai acabar! Você precisa fugir,
você precisa cuidar do nosso filho. Eu amo você, como nunca amei ninguém
nessa vida, vá, Katharina.
— Não faz isso, por favor, eles vão te matar!! — ela grita, agarrando
minha camisa, desesperada, com lágrimas transbordando dos seus olhos.
— Eu vou ficar bem se você e nosso filho sobreviverem. Você não pode
ser presa, amore mio, estamos cercados, Katharina, eu não quero que meu filho
nasça em uma penitenciária.
— Não, vem comigo!!! — Grita
— Vá — digo, entregando a arma com a munição que resta para ela.
— Você vai ficar desarmado.
— Eu vou ficar bem, eu prometo — digo, beijando seus lábios.
Encosto minha testa na sua, deixando uma lágrima solitária cair.
— Eu vou te esperar, custe o custar, eu amo você. Eu sempre vou amar!
— Eu vou te encontrar, amore mio, você sempre será minha Katharina —
falo com um nó na garganta, sentindo que essa será a última vez que a verei.
Ouvimos barulhos na porta e eu percebo que é tarde demais, estão prestes
a arrombar a porta do escritório. Katharina olha para a porta e limpa as lágrimas,
pegando a arma.
— Ele se chamará Maximiliano, como o lendário imperador de Roma.
Você tem que ficar vivo por ele e por mim. — Ela diz entrando no cofre. Eu
fecho a porta, selando-a por fora, então a porta atrás de mim se despedaça no
chão.
— Mãos na cabeça, Dimitri Salvatore Rinna, você está preso.
A minha ida à Itália foi toda feita às pressas. Ainda não podia acreditar
que a polícia tinha pego Dante antes de mim no Brasil, o miserável foi esperto
em se estabelecer por lá. Jamais poderia imaginar que o verme se escondia no
Brasil. Ele está preso sob custódia do estado italiano, porém, eu não estou
nenhum pouco feliz com isso. Na cadeia ele não vai ter o que merece, não, Dante
precisa estar fora da prisão para que eu possa me vingar de todo o mau que ele
fez à Rebeca. A dor da sua falta não me deixa em nenhum momento, saber que
se ela ainda estivesse viva agora eu a teria pra mim, a tornaria minha esposa e a
amaria como ela nunca foi amada, viveria para fazê-la feliz.
Estava no meu jatinho planejando a maneira como tiraria Dante da prisão
antes que ele fosse transferido para os Estados Unidos, seria um plano
audacioso, mas valeria a pena o risco. Faltavam poucos minutos para aterrissar
na Itália quando Katharina me ligou, fiquei aflito com tudo que ela contou,
Dimitri havia sido preso, o que me surpreendeu. Pensar em minha irmã sozinha,
grávida e indefesa me deixou em puro desespero. Só consegui ficar mais calmo
quando o jato pousou em terra firme.
Em Roma, soube que Godoy estava com ela e a protegeria por mim.
O meu amor, eu vou fazê-lo se arrepender amargamente por ter tirado sua
vida. Meu pequeno anjo sofreu horrores nas mãos desse desgraçado. Um plano
de fuga seria muito arriscado, por isso seguiria o plano do meu amigo e braço
direito, Serguei. Eu faria com que Dante saísse de lá para ir ao hospital e no
caminho eu o pegaria.
— Tem certeza que esse cara vai nos ajudar. - Pergunto a Mikhail, meu
soldado.
— Sim, chefe, Morouh não tem nada a perder, apenas a ganhar, ele já
pegou perpétua. Com o dinheiro que iremos pagar ele pretende comprar uma
casa para a avó, que o criou.
— Certo, como saberemos que ele conseguiu chegar até Dante e como
ele pretende feri-lo para que ele precise ser levado ao hospital?
— Na prisão, os caras improvisam com caneta, colheres de plástico, até
mesmo um parafuso solto pode ser usado como arma.
— Perfeito, fique de vigia, assim que Dante for encaminhado para o
hospital, nós o pegaremos.

Cinco dias se passaram até que meus homens me avisaram que Dante
Tommaso Bruschetta estava sendo levado ao hospital após ser ferido em uma
briga no pátio da prisão. Eu sorri, sabendo que em breve eu colocaria minhas
mãos sobre ele e então a minha vingança se concretizaria.
— Tragam ele pra mim, vamos para casa que estou ansioso a diversão
vai começar. —Falei com um sorriso frio tomando conta dos meus lábios. O
levaria para Moscou, onde tinha preparado acomodações especiais para recebê-
lo.
O homem algemado na cadeira me enoja, o capuz em sua cabeça não
deixa que ele veja sua nova casa e nem seu captor. O corte em seu abdômen foi
suturado para que ele não tenha uma hemorragia e morra. Matá-lo seria uma
recompensa para ele, a morte é pouco perto do que irei fazer.
— Onde eu estou, quem está aí?! — ele fala em italiano, com a voz
arrastada pelo tranquilizante que injetaram em seu pescoço durante o voo.
— Você está no inferno, Dante. — Falo, dando uma risada sádica.
— Aslan, seu desgraçado, eu vou acabar com você - ele diz e tenta puxar
as algemas, mas é inútil.
— Você não está em posição de fazer ameaças, no fim dessa noite o
único que estará acabado será você - falo com asco.
Aponto para meus homens, que o levantam da cadeira, o arrastando para
a primeira sala. — Eu o mataria, mas não antes de apresentá-lo ao inferno que
fiz especialmente.
Inspirado em Dante Alighieri, o autor e poeta Florentino do século 13,
ele foi o criador da obra a divina comédia, onde ele apresenta o inferno, o
purgatório e o paraíso, inspirado nele eu criei nove salas do inferno para Dante
Bruschetta.
A primeira sala, seja bem-vindo ao limbo, Dante, aqui você começará a
pôr tudo que fez, a cada sala que nós entrarmos, farei pagar por um dos seus
pecados, até que enfim implore pela morte.
— Eu não tenho medo de você, cagna, você não passa de um bosta que
não aceita que Rebeca me amava, que escolheu a mim e não você — diz ele com
escárnio.
— Ela o odiava, Rebeca tinha nojo de você, maldito, Rebeca era um anjo
e você não merecia nem mesmo respirar o mesmo ar que ela.
Ele é amarrado com os braços pra cima, sua camisa rasgada nas costas,
pego o chicote longo de couro trançado. Lembro da morte dos meus pais, do
corpo de Rebeca sem vida naquele caixão, golpeio suas costas e com o primeiro
golpe sua pele se rasga, porém ele não grita. No sexto golpe Dante já estava
gemendo de dor, mas eu não parei, não pararia até ver seu sangue escorrer pelo
chão. O acerto novamente, fazendo ele se contorcer.
— Você quer me matar por que eu fui o único homem da vida dela, então
me mate de uma vez! — ele grita, porém não morrerá tão rápido.
Sangue escorre pelo chão e seus gritos de dor são como música para
mim, observo com deleite suas costas todas rasgadas.
— Eu volto amanhã, não se acostume com as acomodações, como eu
disse seu inferno, Dante, só está começando.

No segundo dia, Dante não é alimentado, meu ódio por aquele verme não
diminui após o primeiro dia do seu inferno. Ao chegar na porta do limbo ainda
posso ouvir os gritos sento soando pelos alto falantes. Dante está desmaiado no
canto da parede do quarto, sangue escorre pela sua pele, me fazendo lembrar
todos os machucados de Rebeca e como ela estava traumatizada. Pego o balde
com água e jogo sobre ele, fazendo com que ele acorde em choque.
— Maldito, o que pensa que eu sou, seu brinquedinho? — Ele fala,
ficando de pé, porém as correntes em suas pernas o impedem de vir até mim.
— Pelo visto gostou das acomodações — digo com deboche.
— Me solte daqui que verá o que eu irei fazer com a sua cara - ele rosna,
mas eu ignoro e faço o gesto para os meus homens o arrastem para a segunda
sala, o vale dos ventos.
A sala havia sido planejada para chegar a uma temperatura média de
menos dez graus. Porém, eu não queria matá-lo congelado, não, Dante só iria
sofrer sentindo o frio queimar sua pele molhada e ferida.
— Espero que goste das suas acomodações, aqui você irá pagar por todas
as humilhações que fez Rebeca passar, assim como ter ousado ofender a minha
irmã.
— O que vão fazer? — diz enquanto meus homens o arrastaram para o
meio da sala, as portas são fechadas e a então o vento frio começa a entrar,
congelando seu corpo.
Pelo vidro eu assisto ele tremer seu corpo sem parar, sua pele se tornando
cinza com apenas cinco horas de exposição ao frio. Peço então para que
desliguem o ar, fazendo com que Dante sofra sendo torturado pelo frio.

No terceiro dia, tomava meu café da manhã animado para mais um dia do
inferno de Dante.
— Não acho que ele vá aguentar até a nona sala — fala meu amigo e
braço direito, Vladmir.
— Não quero que ele morra rápido, não é esse meu plano, preciso que ele
sinta na pele todo sofrimento que causou não só a Rebeca, mas aos meus pais.
— Certo, antes de ir preciso te dar a notícia que Valeri deu a mão de sua
filha para Nicolau.
— Como assim? — pergunto, confuso.
— Anastázia, sua ex futura noiva, o pai da garota não perdeu tempo e
fechou um acordo com Nicolau, seu noivado será em menos de três meses.
— Mas, como assim? Ele tem idade para ser pai da garota, sem contar
que os boatos dizem que ele foi um carrasco com sua antiga esposa, não é à toa
que ela morreu.
— Bem, você dispensou a garota, então ele foi atrás de outro partido para
filha. E sobre os boatos, não temos certeza de nada, são apenas boatos. - Ele fala,
mas não consegue me convencer, não entendo porque estou preocupado com a
garota, ela pareceu me detestar.
— Preciso ir, meu hóspede me aguarda – digo, não querendo pensar na
garota de cabelos castanhos.
— Então vamos, estou louco para ver como ele vai se sair na terceira sala
- fala animado.

Ele havia sido levado desacordado, mas vivo, até a terceira sala, onde ele
pagaria pela morte da minha mãe. A imagem do seu corpo carbonizado sendo
tirado dos destroços do avião vem à minha mente. Ela não merecia morrer dessa
forma, ela sempre foi boa. E por isso ele pagaria. Dante é colocado sobre a maca
suspensa do chão, seus braços e pernas algemados, ele abre os olhos, mas não
diz nada, seu corpo está fraco de mais. Faço gestos para que meus homens o
alimentem, despejando uma sopa fedida em sua boca. Ele tenta fechar a boca,
mas com Vladmir segurando seu pescoço e inútil.
Em um balde os bichinhos aguardam a hora de se alimenta.
Coloco um dos ratos sobre a perna de dente.
— O que vai fazer, o que vai fazer? — ele fala em pânico e eu me
divirto.
— Vladmir, traz o maçarico — digo, seguro o balde de metal contra a
pena de Dante. O fogo faz com que o balde esquente, os gritos do rato preso só
não são maiores do que o de Dante. O desespero do rato é grande, ele começa a
roer a perna de Dante em busca de uma saída até morrer. É divertido assistir ele
gritar enquanto membro a membro é comido pelos ratos, quando Dante desmaia
já é fim da tarde.
Suturem e cuidem dos ferimentos, amanhã eu volto para que ele conheça
a quarta sala do inferno.
O grande palácio conhecido por ser a opulenta morada de Katharina, a
grande rainha da Rússia e Alexandre Romanov, estava vazio. A casa é grande
demais para apenas uma pessoa, meus pais já não estão aqui e muito menos
minha irmã. Talvez seja hora de me mudar e encontrar um lugar menor, talvez a
cobertura do centro. Após um banho relaxante, onde lavo o cheiro podre de
sangue de Dante em mim, eu deito na minha cama. Já esperando que eu fosse
mais uma vez sonhar com Rebeca, mas estranhamente o sono não vem, eu não
consigo dormir, minha mente está em conflito, os olhos de Anastázia me olhando
enquanto saia da sua casa tinha ficado gravado na minha mente, seja o que for
que esteja me atormentando, isso precisa acabar.

Dois dias se passaram para que eu pudesse novamente encontrar com


Bruschetta, ele estava em um canto de sua cela, encolhido, extremamente fraco e
amedrontado, o que me faz pensar que em nada ele lembra aquele mafioso que
me desafiava.
— Meu pai foi morto na queda daquele avião junto com a minha mãe,
eles nem mesmo o conheciam, mas ainda assim você os matou.
— Era para você estar naquele avião — diz com a voz baixa e seu corpo
fede a urina e sangue sua pele e nojenta assim como sua alma podre.
— Mas, você fracassou, nem mesmo me matar conseguiu. Então, aqui
estamos nós, no seu inferno.
Com um alicate eu corto um dos dedos da sua mão, ele sangra, gritando
de dor, faço o mesmo com a outra.
— Não ouse desmaiar, não seja fraco, seu bosta – ri, cortando outro dedo
e vendo sua dor e seu sangue escorrer pela sala.
Enquanto seus ferimentos ainda estão abertos eu pego o balde de vinagre
e jogo sobre seu corpo. Dante se debate, chorando. Urina escorre pela sua perna,
vejo o quanto o italiano é fraco, então apanho a máquina de choque. E começo a
eletrocutar seu corpo molhado.
— Ahhh! — ele grita quando o choque o atinge. — Pare, pare.
— Quantas vezes Rebeca pediu para que parasse e quantas vezes você
continuou?! - Pergunto, fervendo de ódio enquanto vou colocando a máquina de
choque nas partes mais molhadas do seu corpo.
— Me mate de uma vez, caralho! — Ele implora em pranto, mas as
palavras saem desconexas.
No quinto dia ele já está fraco demais, provavelmente não aguentaria por
muito tempo. Ele implora para que o matasse, que acabasse com a tortura.
Estávamos na sexta sala, aqui era chamado de cemitério de fogo. Havia círculo
ao redor da sala, no centro Dante é posto em uma cadeira de ferro, ele está tão
fraco que não protesta ao ser amarrado na cadeira. Eu não pretendia matá-lo, não
ainda, todas essas salas foram especialmente feitas para apresentar o inferno à
Dante. Entretanto, quando o círculo de fogo se acende eu percebo que ele
morreria ali, queimado lentamente. Sento na cadeira em frente e observo ele
lentamente sendo queimado. Dante tosse e tenta se soltar. O fogo não está tão
alto para chegar a sua pele, porém lentamente o calor começa a consumir.
Seus gritos são ensurdecedores, todos os meus homens presentes param
para ver a cena.
Ali estava o homem que mais detestava na vida, Dante Tommaso
Bruschetta, lentamente sendo queimando, até não ter mais vida. Não, ele
morreria pela hemorragia, pela dor, mas seria uma morte lenta. Nós dois ficamos
assim, olhando para ele até percebermos que ele está morto.
Ao voltar a Palermo, descubro que meu irmão tinha sido preso,
imediatamente eu aciono nosso time de advogados para defendê-lo. Katharina
está desaparecida e tentar encontrá-la é uma das minhas prioridades, pois sei que
é exatamente que o chefe vai querer, ela está grávida e sozinha em meio à guerra
que acontece em Palermo. Muitos homens nossos foram mortos e quase
trezentos presos, dentre eles, Dimitri, Fabrício e Damon, os outros conseguiram
escapar da polícia, fotos de todos os capos da Cosa Nostra estão espalhados por
todos os jornais, o grande escândalo da década, a prisão do Capo dei capi da
Cosa Nostra, e devido ao acontecido, eu assumi o cargo de chefe da mesma.
— O que iremos fazer? — Pergunta Vito Genovese.
— O julgamento será na próxima semana e provavelmente Dante
testemunhará contra Dimitri. — Falo, pensativo.
— Dante está nas mãos do Castelaresi — fala Daniela.
— Quando isso aconteceu? Desde a prisão de Dimitri que tentamos
eliminar o verme do Bruschetta dentro da cadeia e Aslan Castelaresi não só
conseguiu tirar ele de lá como o levou daqui.
— Ao menos não vamos precisar nos preocupar com o seu possível
testemunho. Uma testemunha que foge da prisão não tem um depoimento
confiável. — Fala Gasparello, um dos advogados da família.
— Dimitri está sendo acusado não só de ser o chefe da máfia como
também de ser o serial killer que matou as jovens. — Fala Tom Hide.
— Foi Lorenzo, todos nós sabemos que Dimitri não tem nada a ver com
isso. — Diz Daniela.
— Porém, a polícia tem um testemunho de alguém que viu Lorenzo se
apresentando a uma das vítimas usando o nome de Dimitri. A testemunha não
viu o rosto de Lorenzo, porém as descrições dela batem com Dimitri, já que são
irmãos.
— Merda — bato na mesa indignado. — Eu quero uma retaliação, nem
mesmo eu pude vê-lo, quero mostrar para esse bando de políticos corruptos com
quem eles estão lidando — digo, amargo.
— Qual é o plano? — fala Vito, com um sorriso sádico no rosto.
— Quero explodir a câmara dos deputados — digo, perverso. — E a sede
da polícia federal italiana.
— Isso será um massacre — diz o capo Ndrangreta.
— Explodiremos após o expediente, esse será um aviso claro do poder da
Cosa Nostra.
— Nossa equipe já chegou à Rússia, mas até agora nenhum sinal de
Katharina, apenas seu irmão está em São Petersburgo. — Um dos meus homens
de confiança informa, me lembrando da busca por Katharina.
— Ela deve estar na Rússia, lá ela teria a proteção do irmão, precisamos
encontrá-la.
— Continuaremos as buscas, senhor — ele responde.
— O capitão Vitorio foi condecorado após a prisão do Boss, ele recebeu
uma medalha de honra ao mérito. — Diz Genovese, com asco.
— Ele se infiltrou na família Luchese, com a morte de Alesso voltou ao
seu cargo na polícia, deveríamos ter eliminado ele junto com a detetive. — Digo
em pura frustração.

Dias depois, consigo a autorização para ver Dimitri, por sorte.


A polícia está me investigando, mas ainda não tem nenhum mandado em
meu nome. A fortaleza está sendo vigiada, então preferi me manter em um
duplex no centro de Palermo, que está no nome de um laranja, não existe
nenhuma forma da polícia descobrir o lugar.
O julgamento está marcado para depois de amanhã. Após o bem sucedido
ataque ao parlamento italiano nossos advogados conseguiram autorização para
que eu pudesse falar com Dimitri em uma sala reservada com a presença do
advogado dele, sem guarda. A estratégia da equipe de advogados é refutar as
condições de Dante e descredibilizar seu depoimento contra Dimitri. O fato de
ele ter fugido da cadeia nos ajudou, colocando em dúvida sua palavra.
Entretanto, o testemunho poderia de alguma forma ajudar na condenação de
Dimitri. A figura de uma mulher grávida, sofrendo ao ver seu marido
injustamente sendo acusado por crimes tão graves, pode solidarizar a opinião
pública e é exatamente isso que precisamos, no entanto, ela está desaparecida
por todo esse tempo e não conseguimos encontrar nenhuma pista do seu
paradeiro.
Daniela até havia conseguido localizar uma gravação onde vemos
Katharina no centro de Palermo, mas depois disso ela não apareceu em nenhuma
câmera da cidade.
Sou revistado assim que entramos na prisão, Dimitri está em uma cela
especial, separada dos demais presos, enquanto aguarda o julgamento preso, já
que o juiz negou o pedido de liberdade enquanto ele aguarda o resultado do
julgamento, alegando que Dimitri é um risco fora da custódia policial.
— Está limpo, pode me acompanhar — fala o policial.
— Você sabe o que tem que fazer — falo baixo para que apenas ele
escute. As câmeras ficam sem áudio, misteriosamente, durante minha conversa
com Dimitri.
— Certo, vamos — ele diz, fazendo um gesto.
Passamos por um corredor, eu, o advogado e mais dois polícias. Entro na
pequena sala de interrogatório e encontro Dimitri algemado, não só nas mãos,
como também as pernas. Engulo em seco, nervoso ao ver meu irmão nessa
situação.
— Você demorou, irmão - ele fala e indica a cadeira para que eu e o
advogado nos sentemos.
— Foi difícil convencer o juiz do caso a liberar minha visita sem que
ouvidos nos escutem.
— Como está Katharina e meu filho? - Ele pergunta, preocupado, eu
posso ver as sombras em seus olhos e o medo que algo tenha acontecendo com
ela também.
— Não a encontramos, Katharina simplesmente desapareceu. Perdemos o
rastro dela.
— Isso não é possível, ela não pode desaparecer assim, Katharina só
pode estar com o irmão, ela provavelmente iria pedir ajuda pra ele, ela está
grávida, falta pouco tempo para meu filho nascer, não teria como ela desaparecer
assim.
— Aslan veio para a Itália e conseguiu tirar Dante da prisão, eu acredito
que Katharina tenha ido com ele de volta para Rússia.
— Mande nossos homens descobrirem onde ela está, se eles estão
seguros, se meu filho já nasceu.
— Eu já fiz isso, cara, nossos homens estão vasculhando a Rússia, mas
ela parece ter evaporado no ar.
— Preciso sair daqui porra, preciso descobrir onde está minha mulher -
diz ele, batendo na mesa, nervoso.
— Eu tenho um plano, já que você não quer fugir, penso que devemos
comprar o júri, assim você seria inocentado das acusações.
— Isso pode dar certo, entretanto, custaria uma verdadeira fortuna. E
todas as contas estão congeladas, de onde tiraríamos tanto dinheiro? —
Questiona o advogado.
— Eu tenho o dinheiro - fala Dimitri, pensativo.
— Ella lavou todo nosso dinheiro e aplicou na bolsa em vários negócios
lícitos, a outra parte está congelada, de onde você pretende tirar todo esse
dinheiro?
— Da fortaleza, tenho seis bilhões escondidos em um cofre no sótão.

Após a chegada da polícia, fui algemado e arrastado pelos polícias para
fora da fortaleza, vários dos meus homens estavam mortos, outros algemados e
sendo levados, como eu, para a prisão. Fui levado para a sede da polícia federal,
eles tentaram me fazer falar, mas eu não abri a boca, não sou burro de confessar
meus crimes. A dor física no interrogatório não foi nada comparada a que eu
estava sentindo agora, sem saber onde Katharina está. Meu coração diz que ela
está bem, que ela é forte e inteligente e conseguiu escapar, que está segura,
porém a minha mente me deixa em alerta, me dizendo que algo não está certo,
ela deveria ter procurado Vicenzo, poderia ter pedido ajuda pra ele. Várias
hipóteses haviam passado pela minha cabeça, mas nenhuma delas fazia sentido
algum. A fuga de Dante colaborou comigo, pois ele seria testemunha chave no
julgamento. Ainda assim a promotoria tinha recolhido provas contra mim,
entretanto o que me deixa enfurecido são as acusações das mortes das vítimas de
Lorenzo, supostamente fui reconhecido por uma testemunha. O inquérito já foi
montado e nem mesmo pude aguardar o julgamento em liberdade. E meses se
passaram comigo aqui, atrás das grades, sem ver Katharina, dormindo nesse
colchão horrível, comendo essa comida intragável.
Sou arrastado pelo corredor fedido da penitenciária por doze policiais,
com minhas mãos e pernas algemadas. Sorrio, olhando para esses bostas,
pensando no quão patéticos eles são. O medo de mim é tão grande, que para me
levar até o tribunal foram necessários de mais de trinta policiais federais.
— Vamos, Rinna — fala o chefe dos guardas, evitando olhar em meus
olhos, ele sabe o quanto odeio que façam isso.
Causar medo nessas pessoas me dá tanto prazer. Eles nem imaginam o
quanto gosto de vê-los aterrorizados. Sou levado pelos policiais até o carro
blindado da polícia que me aguardava, dois helicópteros nos seguem para
assegurar que não haveria chances de fuga. O julgamento dos outros membros
da máfia já foi realizado, fui levado para testemunhar, até tentaram me
confrontar. Mas algo que o desgraçado se esquece é que a Cosa Nostra se
manterá viva enquanto um membro respirar. No carro, meus pensamentos vão
para ela, Katharina, bella rosa. Meu advogado insiste que se ela testemunhar
conseguiremos reduzir a sentença. Eu poderia sair com um pouco menos de
trinta anos, como se fosse aceitar fazer acordos com esses figlio di puttana.
Perder trinta anos da minha vida dentro de uma cela está fora de
cogitação. Mesmo não querendo envolvê-la com a polícia, só a mínima chance
de a ver já faz a fera em mim rugir, a falta dela é pior que qualquer maldita
prisão.
“Eu vou esperar você, custe o tempo que custar”. Suas palavras são como
uma maldição gravada em minha mente.
— Chegamos, Rinna. — Fala o policial, abrindo a porta e só agora me
dou conta que chegamos no tribunal.
Uma chuva de flashes começa a pipocar. Levanto meu rosto e olho para
eles como os seres desprezíveis que são.
— A Besta, é verdade que o senhor é o assassino em série e está por trás
das mortes das dezesseis mulheres? — Pergunta um repórter, que ignoro, sendo
escoltado.
— Senhor Rinna, onde está Katharina Castelaresi, sua esposa? —
pergunta outro, porém me limito a controlar meu ódio por esses cagna e entro no
tribunal.
Lá dentro, agentes da força nacional estão posicionados, preparados para
uma tentativa minha de fuga. Mal sabem eles que meu plano é sair pela porta da
frente e não como um rato, fugindo.
Sorrio olhando para o capitão da polícia federal italiana. Ostentando uma
medalha de honra ao mérito no peito por ter capturado a terrível besta.
— Seu advogado aguarda na ante sala para se prepararem para o
julgamento. — Fala Vitório, o tão famoso capitão traidor.
— Na Cosa Nostra se paga com sangue o peso da traição! — Falo
friamente, jogando sua sentença e ele sabe que quando a sentença é dada, ela é
cumprida.
Me levam até a sala, que imagino estar Vicenzo e meu advogado, talvez
até Katharina. Um policial abre a porta para mim e eu entro, vendo meu
advogado e Vicenzo. Katharina não veio e isso me deixa em alerta de que algo
possa ter acontecendo com ela e com nosso filho, já que não a encontram.
— Onde está Katharina? — Pergunto de uma vez a Vicenzo.
— Como você está irmão? — Ele pergunta, preocupado.
— Onde está Katharina? — Pergunto novamente, ignorando totalmente
sua pergunta, indo direto ao que importa.
— Calma, sente-se senhor Rinna. — Fala o advogado, apontando para a
cadeira.
— Não vai demorar muito para me levarem para o julgamento, então é
melhor você dois irem direto ao que importa. Você conseguiu pegar o dinheiro
para comprar a porra do júri? — questiono sobre a missão que dei a Vicenzo,
para que pegasse uma parte do dinheiro que guardo no meu cofre e subornasse
esse júri, dessa forma sairei daqui como a porra de um homem livre.
— Não Boss, eu falhei, não cumpri a minha missão. Quando cheguei ao
cofre era tarde demais, não tinha mais um euro sequer. — Ele fala, abaixando a
cabeça, envergonhado por ter falhado e pior, ter perdido toda a fortuna que
guardei para esse tipo de situação de emergência.
— Como seis bilhões de euros desaparecem?! — Falo enfurecido, sem
entender como conseguiram descobrir sobre esse dinheiro, se apenas Katharina e
eu sabíamos, contei a Vicenzo só agora que estou na prisão.
— Katharina, eu sinto muito irmão, foi a Katharina que levou todo o
dinheiro. E não foi só isso, ela fugiu, já mandei revirar toda a Itália, mas ela
desapareceu com todo o seu dinheiro. Meus infiltrados estão na Rússia para ver
se ela vai até o irmão. Mas ao que parece ela não foi para a Rússia.
Em choque eu paraliso, sem entender direito as palavras que saem de sua
boca. Não é possível, sorrio amargo pensando que não pode ser possível. Ela não
pode ter feito isso, não comigo, me traído dessa forma. Minha própria esposa, a
única mulher que fui capaz de amar na vida. A minha bella mia.
A dor é intensa, a que sinto no órgão que chamam de coração, órgão esse
que pensei já não existir. Todavia, Katharina acaba de provar que ela é capaz,
sim, de me ferir da pior maneira possível.
— Como ela tirou tanto dinheiro, sem ser vista, sem ser pega por nenhum
dos nossos?
— Ela usou seu helicóptero, levou tudo, todo o dinheiro, até mesmo as
joias, seus relógios, não sobrou nada. — Diz ele, revoltado.
Ela me traiu, traiu a minha confiança e fugiu com meu filho na barriga,
levando todo o dinheiro. Ela conseguiu o que queria, no final a promessa que ela
fez lá atrás se cumpriu, ela acaba de arrancar meu coração do meu peito.
Katharina acabou comigo, conseguiu me destruir, me derrotar, o dinheiro não é
tão importante e sim o fato dela ter mentido para mim e fugido com meu filho,
me deixando aqui.
— Nós vamos dar um jeito, eu vou te tirar daqui! — Fala Vicenzo,
desesperado.
— Quais são as chances de escapar dessa sentença agora? — Pergunto ao
melhor advogado criminalista de toda a Europa.
— Nenhuma, não vou te dar falsas esperanças, as provas são concretas,
as testemunhas já foram ouvidas e o júri é composto na maioria de mulheres que
provavelmente se compadecerão com a famílias das vítimas.
— Então serei condenado!?
— Provavelmente — fala o advogado, tenso.
— Você ficará no comando da família, Vicenzo, um leão caiu, mas isso
não significa que a selva está à salvo. Faça eles entenderem que a Cosa Nostra
comanda a Itália, e jamais seremos subjugados.
Os policiais vieram me buscar e fui encaminhando para a sala de
julgamento. Os familiares das vítimas já estavam todos sentados, só esperando a
minha entrada, e como imaginei estavam todos se cagando com medo da besta.
Uma cela foi posta no meio do tribunal, onde fui levado, uma cadeira e quatro
paredes gradeadas e é assim que serei julgado.
— Todos de pé para darmos início ao último dia de julgamento do senhor
Dimitri Salvatore Rinna.
O julgamento começa e o promotor começa a refazer todas as acusações,
porém minha mente está longe, em Katharina.
— Onde você está, bella mia? — Me pergunto em pensamentos.
— Estamos aqui, senhores, em frente ao maior criminoso de toda Itália,
“A Besta” como é chamado, não só é um assassino cruel como também um
psicopata frio, sem sentimentos e capaz de tudo para sair daqui. — Senhores do
júri, “A Besta”, como prefiro chamá-lo, foi responsável pelo homicídio de mais
de cento e cinquenta pessoas, quarenta delas morta por ele mesmo.
— Também foi o mandante direto da morte do juiz Falcone e do
magistrado Paolo Borderline. Ele orquestrou, em nome da Cosa Nostra, vários
atentados à bomba por toda Itália. Mandou matar Ignácio Salvo, influente
membro da máfia, por não ter conseguido impedir as condenações de vários
membros da Cosa Nostra.
— Também não podemos esquecer do massacre na avenida Lazio em
Palermo, onde foram eliminados mais de trinta criminosos de uma máfia rival,
assim como o Michele Calvatário, líder da facção rival. Não suficiente, quando
descobriu sobre a recompensa para sua captura, mandou matar o general Carlos
Alberto Dalla chinesa. Nosso general que tinha sido nomeado seis meses antes
como encarregado de acabar com toda a máfia siciliana, a Cosa Nostra. Sem
deixar de contar o fato desse homem aqui ter sido o assassino de dezesseis
jovens. Jovem essas que foram seduzidas pelo charme da besta e mortas por ele
de maneira cruel, interrompendo não só dezesseis vidas, mas também seus
sonhos, que foram interrompidos por conta das atrocidades desse homem.
— Quero alertar aos senhores do júri que Dimitri Salvatore Rinna, El
capi del capo não pode ser inocentado hoje. A máfia é um câncer sugando nosso
país, movimentando cerca de cento e cinquenta bilhões de euros por ano,
precisamos estancar a sangria e acabar com essa organização. Agora o poder está
nas mãos dos senhores, a decisão de salvar nossas crianças de crescerem em uma
Itália refém da máfia e de homens como Salvatore Rinna.
O promotor é bom, sabe bem quais palavras usar a seu favor, sorrio
friamente quando seu discurso acaba. Eles foram espertos em ter chamado
Andreotti para ser o promotor.
Não é à toa que ele é conhecido como o melhor da promotoria e foi
escolhido a dedo para esse julgamento. Meu advogado, em minha defesa, tenta
reverter às alegações e fazer um acordo, mas durante suas alegações, eu me
levanto e peço a palavra.
— Senhor juiz, eu peço a palavra. — Digo, olhando nos olhos do juiz e
percebo a tensão em sua fronte, como também que suas mãos tremem sobre sua
mesa.
— Com a palavra o acusado.
— Eu não matei aquelas mulheres, mas eu sou culpado, é isso que tenho
certeza que querem ouvir. — Sorrio olhando para o júri. — Na terra de
assassinos, ser apenas um pecador é um santuário, em meio a toda essa podridão.
Aqui, diante de mim, vejo um bando de hipócritas, eu estou sendo julgado por
um promotor assassino, um juiz viciado e um júri corrupto.
— Excelência, pela ordem o acusado está fazendo injúrias a respeito da
minha pessoa. — Fala o promotor enfurecido.
— Podem cortar o microfone do acusado — diz o juiz me impedindo de
contar todos os podres que eles escondem. — Nesse momento iremos nos reunir
para chegar ao veredito. — Fala o juiz e fico aguardando o resultado das
votações.
Eu já sei que não sairei livre, todavia a minha cabeça trabalhava em
várias hipóteses de matar o maldito Vitório, o traidor, promotor e o juiz até
mesmo os vinte e um membros do júri. A espera para o resultado da sentença foi
uma verdadeira tortura lenta e silenciosa. A besta dentro de mim estava
enfurecida e transbordando ódio, não só dele, mas de mim mesmo, por ter sido
burro de acreditar em Katharina. Agora ela está longe daqui com meu filho na
barriga e desfrutando de todo o dinheiro que eu tenho, mas isso não ficará assim,
sairei daqui ou não me chamo Dimitri Salvatore Rinna.
— Todos de pé para ouvir a sentença do excelentíssimo senhor Juiz. —
Fala o orador quando todos voltam para a sala.
Me levanto olhando para ele e para todo o júri, que parece com medo de
dar a sentença. Eles sabem que mexer com a máfia é colocar suas cabeças a
prêmio.
— Esse júri reconhece Dimitri Salvatore Rinna como culpado pelos
totais de cento e cinquenta assassinatos, mandante de mais de cento e cinquenta
como também atividades criminosas como lavagem de dinheiro, formação de
quadrilha, extorsão e ameaça, sequestro, sequestro agravado de morte e tortura.
A pena fica vinculada a vinte e seis prisões perpétuas sem direito de recorrer
dessa sentença valendo partir do momento dessa condenação. — Fala, batendo o
martelo e declarando a minha sentença.
Meu irmão grita enfurecido com o resultado da sentença e meu advogado
tenta contê-lo, a plateia comemora com o resultado do julgamento. Eu não digo
nada, apenas mantenho meus olhos fixos em todos os presentes pensando que
eles não perdem por esperar, pois no momento em que estiver fora dessas grades,
toda a Itália irá sangrar.
Os gritos e as palmas da plateia no julgamento me irritam. Os agentes me
arrastam agora direto para a prisão onde provavelmente irei cumprir a sentença.
Isso não vai ficar assim, eu prometo. - Vicenzo fala nervoso enquanto eu
sou arrastado para fora. Os flashes dos repórteres voltam a me incomodar, todos
ansiosos para registrar o momento onde o Capo di tutti capi da Cosa Nostra
siciliana foi condenado.
O que eles não sabem é que eu sou um predador, posso estar enjaulado,
mas sempre serei o predador. E em breve eu irei fazer todos pagarem.
ANTES
Meu coração estava doendo, às lágrimas atrapalhavam a minha visão,
mas eu precisava fugir, precisava escapar. O corredor é escuro, cheio de teias de
aranha, os sons dos tiros lá fora me deixam em pânico e eu corro até chegar a
uma escadaria. Meu filho estava agitado, o pânico é tão grande que sinto meu
coração disparado. Ao sair da escadaria, encontro uma porta de madeira antiga,
tento abrir, mas a mesma está emperrada, fecho os olhos com raiva e chuto a
mesma, frustrada. Até ouvir o som da madeira chiando e a mesma abre. As luzes
me indicam que estou no jardim do fundo. O som das sirenes e gritos me deixam
ainda mais em alerta, com cuidado me escondo entre os arbustos para que as
luzes do helicóptero não me vejam. Corro sem parar até a porta que leva a
escadaria do píer até a praia. As chances de a polícia não estar na praia é
pequena, mas ainda assim eu preciso tentar. Respiro aliviada assim que meus pés
tocam a areia da praia. Continuo correndo em direção à cidade, quando eu vejo o
helicóptero vindo em minha direção eu me abaixo perto das pedras, me
escondendo. Espero por alguns minutos até que percebo que posso sair, eu corro
por muito tempo até quando eu já não consigo ver a fortaleza, está muito frio,
meu filho está agitado, provavelmente sentindo a angústia dentro de mim. As
ruas de pedras de Palermo ficam visíveis, eu coloco a arma na mochila e
caminho em direção às casas, percebendo que o sol começa a nascer. Eu preciso
sair de Palermo o quanto antes. Perdida, eu não sei pra onde ir, peço a Deus que
proteja a mim e ao meu filho. Não posso ficar na rua, logo a polícia irá me
encontrar. Viro à esquina tentando pensar pra onde ir quando vejo o restaurante
de Domenico e uma lágrima escorre do meu rosto, lágrima de alívio por
encontrar um lugar conhecido.
Vou em direção à porta do restaurante, que está fechado e me lembro do
Dimitri dizendo que Domenico mora nos fundos da construção. Bato na porta,
olhando ao redor para ver se não estou sendo seguida. As luzes de fora se
acendem e então uma senhora com um lenço na cabeça, vestindo um robe,
aparece na janela em cima.
— Por favor, me ajude, eu preciso falar com o senhor Domenico.
— Sinto muito, mocinha, não estamos contratando ninguém, ainda mais
essa hora - diz a mulher.
Olho novamente para trás com medo.
— Meu nome é Katharina Rinna, diga que a família precisa dele. — Falo
firme e a mulher arregala os olhos, entrando na casa e não demora muito para
Domenico parecer.
— O que está esperando, mulher, desça abra a porta para ela. - Ele diz,
apontando para mim e eu suspiro aliviada.
— Venha, senhora, entre — ela diz, abrindo a porta.
— O que aconteceu senhora? — diz Domenico, descendo as escadas que
levam ao segundo andar.
— Me desculpa incomodar, eu não tinha pra onde ir, a polícia está atrás
de mim.
Os dois se olham preocupados, eu me sento em uma cadeira do
restaurante sentindo as minhas pernas latejarem e a minha barriga doer.
— Você precisa descansar, todo esse estresse pode fazer mal para o bebê.
— Fala a senhora me entregando um copo com água que, com as mãos
tremendo, eu pego, bebendo tudo.
Os dois me olha apreensivos.
— O capo foi preso, eu consegui escapar, mas a polícia deve estar atrás
de mim, provavelmente serei presa por ser cúmplice de Dimitri.
— Não se preocupe, ninguém vai te achar aqui, eu tenho uma dívida de
honra com a Cosa Nostra e a manterei segura.
— Eu preciso de um telefone, preciso de ajuda para sair da cidade. Não
estarei segura se continuar em Palermo.
A senhora rapidamente me entrega um celular.
— Tome, minha filha. — Diz gentilmente.
A única pessoa que pode me ajudar a sair de Palermo sem ser descoberta
pela polícia é meu irmão. O telefone toca várias vezes até que ele atende.
— Aslan!!
— Katharina, pequena, é você?!
— Sim, Aslan, preciso da sua ajuda.
— Onde você está, Katharina? — Pergunta meu irmão, já com a voz
tensa.
— Estou na casa de amigos, Dimitri foi preso e eu estou escondida aqui,
mas a polícia provavelmente está me procurando.
— Como assim Dimitri foi preso!? — Ele rosna, provavelmente andando
de um lado para o outro.
— Eu não sei, tudo aconteceu muito rápido, eu consegui escapar, estou
no centro de Palermo.
— Eu estou a caminho da Itália, Dante foi preso e está em Roma, estou
no jatinho, quase chegando.
— Preciso que me tire da cidade.
— Eu vou mandar alguém te buscar, tenho um amigo na cidade, o
mesmo que me ajudou a tirar Rebeca daí. Godoy irá buscá-la e vai te proteger
até a minha chegada.
Eu me despeço dele, me sentindo um pouco mais tranquila, porém meu
coração está pesado, sem saber o que pode estar acontecendo com Dimitri.
— Venha, eu vou te levar para o quarto de hóspedes, você toma um
banho e descansa. Deve ter alguma rouba da minha filha Helena aqui para você
vestir.
— Obrigada, eu jamais esquecerei o que estão fazendo por mim e por
meu filho.
— Não precisa agradecer, na Itália nos protegemos os nossos.

Eu não consigo dormir não com a preocupação da prisão de Dimitri, eu


fico deitada na cama por horas tentando acalmar meu bebê, que está inquieto.
Dona Fiorela havia me trazido uma bandeja de café da manhã, eu não tinha
fome, mas me obriguei a comer pelo meu bebê. Então, Godoy, amigo de Aslan,
chega junto de outros três homens.
Eu agradeço ao casal por terem me ajudado me sinto emocionada ao me
despedir deles e entrar na mini van que os amigos do meu irmão dirigiam.
— Para onde iremos daqui? —Pergunto à Godoy.
— Palermo está um verdadeiro inferno, tem policiais por todos os lados,
sem contar a imprensa de todo o mundo querendo notificar a prisão do Capo dei
capi.
— Dimitri está vivo? —Pergunto com um nó na garganta
— Não se preocupe, senhora, a polícia não o quer morto, vivo ele vale
mais para o estado. Pelo que estão noticiando ele foi preso e está sendo levado
para um local secreto onde ficará sob custódia até ser encaminhado para a
prisão. Suspiro aliviada, ao menos ele está vivo e se ele está vivo ainda há
esperança. Sair da ilha é um tanto complicado já que todas as balsas estavam
sendo revistadas. Eu tenho que me esconder em um freezer de peixe em um
barco de pesca para conseguir passar pela barreira. Quando já estamos no mar eu
vomito todo conteúdo do meu estômago.
— Fica calma que logo estaremos seguros, eu prometo - fala Godoy
tentando me ajudar. Eu lavo meu rosto e olho para trás, vendo a Sicília ficar cada
segundo mais distante e como se tivesse deixando um pedaço meu pra trás.
“Você precisa ser forte, Katharina, pelo nosso filho”.
Ao chegarmos à Calábria, pude descansar um pouco. Acabei desmaiando
no pequeno hotel onde nos hospedamos, meu corpo estava exausto. Eu dormi
por cerca de doze horas e quando acordei, Aslan já estava na Itália, porém seu
destino era Roma. Eu tomo outro banho, Godoy tinha trazido roupas novas para
mim, óculos escuros e uma peruca morena. - Seu irmão está ao telefone - diz ele
assim que eu chego à mesa onde todos estão jantando.
— Aslan.
— Como você está, pequena? — Pergunta meu irmão com a voz tensa.
— Eu estou bem melhor agora, descansei o bastante, posso seguir
viagem.
— Godoy vai te trazer para Roma, assim que acabar o que vim fazer aqui
nós voltamos para São Petersburgo. Ele diz decidido.
— Eu não vou voltar pra Rússia, Aslan.
— Como não, Katharina? Você está grávida, tem que pensar no seu filho.
— Eu sei disso, meu filho é tudo que importa. Mas eu não posso sair da
Itália, não ainda. Meu filho precisa nascer aqui
— Você só pode estar louca, Katharina, não seja inconsequente, ouça o
que eu estou dizendo, Dimitri já está preso, porra!
— Irmão, confia em mim, por favor, preciso resolver algumas coisas
antes de partir. Ajude-me a encontrar um lugar seguro para que eu possa ficar
algum tempo aqui na Itália.
— Porra, Katharina.
— Aslan, me escuta.
— Tudo bem, se é o que quer, farei o que me pede.
Um mês depois minha barriga já está enorme, meu filho cada dia mais
forte. Dimitri continua preso e seu julgamento acontecerá daqui algumas
semanas. De Palermo eu me escondi em Nápoles, onde me refugiei em um
bairro da periferia. Onde jamais seria procurada. Contei tudo que pretendia fazer
a Godoy e seus homens. Aslan me ajudou com todos os detalhes que pode. Mas
ainda assim eu precisei ir pessoalmente atrás de Luigi. Por sorte ele não tinha
sido ferido no ataque a fortaleza. E aceitou se encontrar comigo em Nápoles sem
que Vicenzo ou qualquer um da Cosa Nostra ficasse sabendo.
— A senhora tem certeza que seu plano dará certo? - Luigi falou, tenso.
— Eu preciso pensar no futuro do meu bebê, não existe outra maneira de
fazer isso - falo decidida.
— Eu estarei ariscando muito, senhora, Vicenzo agora é o chefe, eu devo
lealdade à família, porém meu coração diz que eu devo ajudá-la.
— A polícia está vigiando a fortaleza, qualquer movimentação suspeita
eles podem atrapalhar. Então preciso que seja discreto e eficiente.
— Não vão desconfiar da quantidade de sacos de lixo que vamos tirar da
casa diariamente?
— Não, eu tenho certeza que não, eles estão preocupados com os
integrantes da máfia e não com simples empregados.
— O senhor Vicenzo não voltou à fortaleza desde a prisão do irmão. Mas
o que garante que ele não vá descobrir o que estamos fazendo?
— Sei que o plano é arriscado, eu não estaria pedindo isso se não
confiasse em você. Luigi, você é minha única chance de conseguir tirar todo
aquele dinheiro de lá. Eu farei de tudo para que a culpa não recaia sobre vocês.
— Ainda assim eles darão falta do dinheiro.
— Sei que sim, por isso eu irei finalizar o plano com a minha volta à
fortaleza. Eu sei que o que estou pedindo é difícil, mas eu pretendo recompensa-
los, você, Carlota e Monalisa Receberão uma bela recompensa pela ajuda. A
chance de vocês dois, como um casal, começarem uma vida longe daqui.
— Tudo bem, senhora, eu farei isso, não por dinheiro e sim pelo bebê e
pela senhora.
Emocionada eu me despedi dele e meu plano entrou em ação eu
precisava assegurar o futuro do meu filho. E a minha sobrevivência longe daqui.
Luigi com ajuda de Monalisa e Carlota. Iriam colocar o dinheiro do porão em
sacos de lixo e aos poucos colocando do lado de fora da fortaleza, onde um dos
homens de Aslan iria recolher, usando disfarce. Ainda assim eu precisaria voltar
à minha casa, Vicenzo provavelmente culparia os funcionários da mansão pelo
sumiço do dinheiro, então eu precisava deixar claro que fui eu que o peguei.

Semanas depois, meu corpo está dolorido, talvez pela dificuldade que
venho tendo para dormir. Falta pouco tempo para o meu bebê nascer. Meu filho
fica sempre agitado durante a noite e ontem senti pequenas pontadas nas costas.
O julgamento de Dimitri será depois de amanhã. Como advogada eu sei que ele
não tem nenhuma chance de escapar de uma condenação. O mínimo que o juiz
decretará será uma sentença de trinta anos. Pelos jornais eu acompanho toda a
repercussão da sua prisão, a Itália está um verdadeiro caos. A Cosa Nostra havia
feito várias retaliações desde a morte de um ministro, como também a explosão
da sede do parlamento. Porém, nem mesmo isso foi o bastante para liberar
Dimitri da cadeia.
— Já podemos ir — fala Godoy com um colete à prova de balas pra mim.
— Isso não vai caber em mim — debocho olhando pra minha barriga
enorme.
— Eu não pensei nesse detalhe — diz sem graça.
— A polícia provavelmente está monitorando a fortaleza. Assim que
você chegar, nós vamos ter pouco tempo até eles chegarem.
— Quanto tempo nós temos? — Questiono, arrumando meus óculos
escuros no rosto.
— Cerca de vinte minutos até eles chegarem — responde, preocupado.
— Vai dar tempo, tem que dar tempo — digo, positiva.

Eu já sabia que Vicenzo não estava na fortaleza e sim em uma


propriedade no centro, que a polícia não conhece. Isso me daria à chance de
pegar tudo que eu queria. Policiais continuam à paisana, tentando capturar mais
mafiosos. Apenas os poucos funcionários que sobreviveram continuam na casa.
O carro para na frente da minha casa e eu sinto meu corpo todo se arrepiar com
todas as lembranças que me vem à mente. Uso a senha para abrir o portão e
entro na fortaleza, apertando o cronômetro do meu relógio e o tempo começa a
contar. Godoy e alguns dos seus homens vão na direção da pista de pouso
preparar tudo. Outros dois apagam os polícias que estavam escondidos do lado
de fora.
Ao passar pela entrada de pedra eu olho para a fonte com um leão
encravado, o jardim e as minhas rosas, que agora estão sem vida. Deixo a
tristeza de lado e foco no meu plano. Abro a porta da frente e olho exatamente
para onde as câmeras estão. Caminho para dentro acariciando minha barriga, já
que meu filho está chutando, agitado.
— Senhora, já estávamos preocupados — fala Carlota, me abraçando.
— Você está linda – Fala, olhando para minha barriga.
— Obrigada, Carlota, vocês estão preparados? — Questiono para saber
se as malas com o que restou do dinheiro já estão preparadas.
— Sim, senhora, Luigi está no porão agora
— Eu vou para o quarto pegar algumas coisas e já estarei indo para o
porão. Preciso saber como estão os animais.
— Guido comentou que querem levar os animais para um zoológico na
cidade já que o proprietário está preso. Parece que estão querendo se apropriar
das propriedades em nome do chefe também.
— Não vou deixar que Hades e Perséfone sejam levados para uma merda
de zoológico.
Rapidamente eu subo as escadas até o terceiro andar, onde a suíte e o
quarto do meu filho ficam. Vou direto ao quarto do meu filho e lágrimas caem do
eu rosto quando eu penso nas tantas vezes que o imaginei aqui e agora sei que
nunca irá acontecer. Pego o leão de pelúcia que fica dentro do berço, sabendo
que o meu tempo está corrido eu vou direto para o meu quarto. Pego minha caixa
de joias e todos os relógios e abotoaduras de ouro de Dimitri. Antes que eu saia
do quarto, sinto uma pontada forte na barriga.
— Calma, filho — digo com a voz baixa e saio do quarto com
dificuldade para descer as escadas.
Assim que entro no escritório Luigi já me espera.
— Está tudo pronto, o helicóptero já está ligado.
— A sua parte do dinheiro está na sua casa, junto com as passagens e a
chave de uma propriedade em Cancun, no México. Não esqueça que você e
Carlota precisam sair da Itália. Obrigada, Luigi, por tudo que você fez por mim.
— Não tem o que agradecer, senhora, foi uma honra servir à senhora —
diz, eu não aguento e o abraço, nessa hora Monalisa entra e me abraça também.
E então eu sinto minha calça molhar.
— Agora, não filho — digo nervosa, me dando conta que minha bolsa
estourou.
— Senhora, o bebê vai nascer.
— Ainda não está na hora — digo, sentindo uma pontada forte.
— Precisa ir ao hospital — fala Luigi, nervoso.
— Ainda não preciso, seguir o plano — falo firme, sentindo a contração.
— Vá, a senhora precisa sair logo e ir ao hospital — fala Carlota e então
eu olho mais uma vez para os dois, me despedindo.
Entro no cofre, indo direto para onde as malas de dinheiro estão prontas,
as contrações começam a ficar ritmadas. Eu forço a porta que leva ao jardim,
abrindo-a e encontro rapidamente um dos homens de Aslan com Diana,
namorada de Godoy, e também uma ótima atiradora de elite, que está nos
ajudando na fuga.
— Vamos, rápido — digo, gemendo de dor.
Carregado duas malas de rodinha e sentindo muita dor eu saio do porão
em direção ao helicóptero de Dimitri, o modelo Bell 525, que tem capacidade
para levar até dezesseis pessoas. Além de ser incrivelmente veloz.
— O que aconteceu com você? — Pergunta Godoy já com os fones
dentro do helicóptero.
— A bolsa estourou, meu filho vai nascer – digo, entrando no helicóptero
com muita dificuldade devido à dor.
— Vamos levá-la ao hospital, Diana — fala Godoy.
— Nada disso, se eu for para algum hospital aqui em Palermo eu serei
ineditamente reconhecida, precisamos sair da cidade e seguir o plano!! — Grito
gemendo de dor e logo todas as malas estão dentro do helicóptero.
Godoy dá partida no helicóptero e saímos da fortaleza ouvindo as sirenes
da polícia chegando.
— O que vamos fazer? Você precisa de um hospital. — Diz Godoy,
nervoso
— Vamos para Calábria, me levem para um hospital de lá, não fica muito
longe.
— Não sei se dará tempo — diz Diana e então eu sinto uma pontada tão
forte que meu grito sai rasgando minha garganta. Descido tirar a calça com sua
ajuda, os outros seguranças estão todos horrorizados com a cena.
— Eu acho que ele vai nascer! — grito, chorando e sentindo uma
vontade enorme de fazer força.
— Eu não sei fazer um parto — ela fala, nervosa, se desesperando.
Seguro em seu braço com força e digo.
— Fica calma, eu preciso de você!
Faço força deitada sobre os bancos de couro do helicóptero. Meu corpo
está suado e a dor é intensa.
— Vamos lá, faça força — ela fala, um pouco mais calma.
Eu faço toda força que consigo uma, duas, três e quando é a quarta vez
eu o sinto sair.
— Ai, meu Deus, ele nasceu! — Diana grita, eu choro aliviada, ouvindo
o choro do meu filho.
— O garoto quis nascer na Sicília! — grita Godoy, todos comemorando
aliviados.
Diana o enrola em uma toalha, em seguida usa o seu casaco de lã preto. E
então me entrega o meu filho em meus braços. Seus cabelos são escuros como o
do pai, cada pedacinho do seu rosto me lembra dele, mas quando seus olhos se
abrem eu vejo a imensidão do azul.
— Seja bem-vindo, meu pequeno Maximiliano.
Dois meses após meu julgamento estou enjaulado como se fosse um
animal. Enquanto isso, dentro de mim apenas o ódio cresce.
Fui transferido para uma penitenciária de segurança máxima em
Bolonha. Aqui, sou vigiado por câmeras vinte e quatro horas por dia. Mas, isso
me não impediu de elaborar um audacioso plano de fuga. Eu sairei da cadeia e
vou atrás de Katharina e do meu filho, que a hora já deve ter nascido. Ainda tem
o dinheiro que ela me roubou. E pensar que critiquei Arturo por ter sido
enganado por Verônica. Agora estou aqui, preso atrás dessas grades enquanto ela
desfruta do meu dinheiro e da liberdade. Por mais que eu tente odiá-la com todo
o meu ser, eu sigo amando aquela mulher.
— Maldita! — Grito, frustrado por sentir tanta saudade. Fecho os olhos
com o sentimento angustiante, ainda sem conseguir dormir. Falta pouco para o
túnel ficar pronto. O meu plano de fuga foi bem arquitetado. Vicenzo foi atrás de
um grande engenheiro, Vito, um genovês que agora o ajuda com os detalhes
finais da minha fuga.
Um avião já está preparado para me levar para Inglaterra, pois vou
precisar sair da Itália, apenas por enquanto. Pelo menos até conseguirmos um
acordo com Sergio Mattarella, presidente da Itália. Eu tenho muito cuidado,
porque o velho não é burro para se envolver com a Cosa Nostra a troco de nada.
Isso me custará caro, afinal. Entretanto, para que a Cosa Nostra sobreviva, farei
o que for preciso.
Vicenzo se mudou para Roma, de onde ele organiza e comanda todos os
negócios da família. Vitório, o maldito capitão, foi encontrado em seu
apartamento enforcado. Não sem antes ter escrito uma carta de suicídio dizendo
que era um corrupto e não aguentava mais a culpa por seus pecados. O
desgraçado estava morto, assim como decretei. Já o promotor Andreotti sofreu
um grave acidente de carro e capotou três vezes, pois os freios do seu Mercedes
estranhamente não responderam. Ele até chegou vivo no hospital, mas acabou
tendo uma parada cardíaca e faleceu.
O juiz que me condenou, esse está vivo, mas sua reputação já era. Ele
pediu sua aposentadoria antes da hora, após fotos dele com seu amante vinte
anos mais jovem que ele serem divulgadas. Todos aqueles que ousaram ir contra
mim, estão pagando caro, porém, aquele que eu gostaria de ter o prazer de
esmagar sumiu do mapa. Dante foi pego por Aslan e a Bratva o levou para a
Rússia e provavelmente a essa hora, já está morto. Tenho certeza que se tem
alguém sabendo onde Katharina está é Aslan. Ele deve estar mantendo a irmã
protegida e longe do alcance da Cosa Nostra. Mas eu estou prestes a sair daqui
e, bella mia, se esconda bem, meu amor, porque a Besta está pronta para te caçar.
Na manhã seguinte, eu risco a parede mais um dia. Porque em menos de uma
semana o túnel fica pronto e eu estarei livre desse maldito lugar.
— Dimitri Salvatore Rinna! — O guarda chama.
— Hoje não é dia de visita, Nestor. — Digo com descaso.
— O diretor quer falar com você agora. — Ele nem olhar pra mim. Todos
me temem aqui dentro, pois sabem que com apenas um deslize, posso acabar
com eles.
Sou algemado e levado pelo corredor até o a sala do diretor. Assim que a
porta e aberta, eu posso ver o maledeto do Malone, sentado em sua cadeira, me
encarando um tanto aflito.
— Espero que tenha um motivo importante para impedir meu banho de
sol.
— Bem… eu não queria incomodá-lo, mas não tenho boas notícias. —
Ele pega um lenço e limpa o suor que escorre pelo seu rosto.
— Eu não tenho paciência pra enrolação, então seja direto!
— Você será transferido hoje para a penitenciária de Nápoles. — Ele
engole em seco.
— Como assim transferido?! Que é merda é essa?! — Enfurecido, penso
na minha fuga.
— Eu sinto muito, a ordem veio direto do ministro da Justiça.
— Eu não posso ser transferido pra Nápoles, meus advogados já sabem
disso?! Eu quero falar com meu irmão! — Ordeno.
— Eu sinto muito, mas não tenho muito o que fazer. — Fala e em um
acesso de raiva, eu o puxo pelo colarinho fora de mim. — Você vai se virar para
adiar a minha transferência ou nós sabemos o que pode acontecer com a porra da
sua família! — Digo amargo e o solto, saindo da sua sala descontrolado. Essa
merda não pode estar acontecendo, não agora! Falta menos de dois quilômetros
para o túnel ficar pronto.
Horas mais tarde, continuo sem conseguir falar com o filho da puta do
Vicenzo. O meu advogado veio até a prisão, mas não conseguiu impedir minha
transferência. Eu estava ferrado. Meu plano de fuga tinha acabado de ir para o
ralo.
— Nós daremos um jeito, chefe. — Diz um dos dois advogados que
cuidam do meu caso.
— Eu estou começando a achar que vocês dois já não servem mais pra
mim. Talvez esteja na hora de trocar de advogados.
— Nós vamos pedir sua volta para cá antes de cinco dias, prometo, chefe
— O advogado fica aflito.
O carcereiro me encaminha até a saída onde um ônibus nos aguarda.
Dois carros de polícia nos escoltariam. Outros seis presos também seriam
transferidos, juntos comigo. Dois deles são membros da Cosa Nostra e os outros
quatro, condenados à prisão perpétua por assassinato. Algemado nas pernas e
nos braços fui encaminhado até o ônibus, dois guardas estavam a postos, ao lado
da porta e outros dois do lado de dentro. Sento em meu lugar e logo todos os
prisioneiros estão prontos para sair. Observo os agentes conversarem entre si
enquanto eu procuro pensar no que fazer agora que estou sendo transferido.
Começar uma escavação na nova prisão vai leva tempo e um novo plano de
fuga, tempo esse que não tenho. Preciso sair daqui o quanto antes e ir atrás de
Katharina.

Conforme o carro avança em direção a autoestrada, alguma coisa me


deixa em alerta. Olho ao redor e tudo que eu vejo é o comboio que nos
acompanha. Fecho os olhos e encosto minha cabeça no vidro do ônibus tentando
ficar calmo e pensar em uma nova estratégia. O som de carros correndo me
chama atenção. Olho para o lado de fora do ônibus e vejo seis Ferrari pretas
vindo em nossa direção em alta velocidade. Os policiais ficam apreensivos,
olhando para o lado de fora. É quando um tiroteio começa. Confuso, eu me
pergunto se isso é algum plano de Vicenzo para me tirar da prisão ou algum dos
meus inimigos vindos para acabar comigo.
Os tiros são em direção ao comboio da polícia. Razão pela qual o
motorista do ônibus acelera, porém, na nossa frente entra uma das Ferrari,
fazendo com que ele seja obrigado a diminuir a velocidade. Eu acabo batendo a
cabeça na janela no exato segundo que um dos carros da polícia capota e o outro
é alvejado por dois dos carros. Os policiais dentro do ônibus já estão com as
armas em mãos, prontos para um possível confronto. É quando, em nossa frente,
um homem de preto joga no meio da estrada uma fita de pregos. Não tenho nem
tempo de me segurar quando o ônibus capota em alta velocidade.
Meu corpo é arremessado contra o vidro, fazendo estilhaços cortarem
minha perna e minha cabeça bater contra um ferro. Minha visão fica embaçada,
meu corpo todo dói. Nesse meio tempo, um dos criminosos tem sua cabeça
decepada pelo vidro. O motorista do ônibus está desacordado, provavelmente
morto. Em meu ouvido há um eco surdo, barulho de freadas do carro misturados
com os gritos de um dos polícias ferido e outro preso. Eu tento me arrastar pra
fora do ônibus, mas algemado é difícil. Ouço passos em nossa direção. O corte
em minha coxa direita sangra e para piorar, tenho dificuldade para enxergar, com
a visão embasada e a cabeça zonza. Os passos ficam mais próximos e ouço tiros
sendo disparados atrás de mim. Eu não tenho tempo de escapar. Dois homens me
cercam do lado de fora do ônibus. Tento reconhecê-los, porém não consigo. De
repente, uma arma é apontada pra mim, mas eu não tenho tempo de reagir. O tiro
e disparado e tudo fica escuro.

Acordo com a cabeça latejando e muita dor no corpo. O som de gaivotas


me faz despertar e o cheio do mar vem ao meu nariz. Rapidamente eu abro os
olhos confuso e um tanto zonzo. Flashes de memória parecem piscar na minha
mente. A minha transferência, o ônibus capotando e em seguida o tiroteio. Por
um segundo eu achei estar morto. Tonto, eu me sento e noto que estava deitado
na areia e o corte em minha perna está suturado. As ondas do mar batem na
praia. Desorientado, não consigo lembrar como vir parar aqui. Estou descalço e
usando roupas comuns, não a da penitenciária. Penso que se isso foi armação do
Vicenzo, eu o farei pagar caro! Que merda ele tinha na cabeça?!
Levanto cambaleante e olho ao redor tentando me localizar mesmo em
meio a dor. A praia parece deserta, não me lembro de nenhuma praia na Sicília
parecida com essa. Que lugar é esse? Vou em direção à água e lavo meu rosto
com a água gelada do mar e tento melhorar a tontura, o que parece ajudar.
— Caralho, onde eu estou? — Tento entender o que aconteceu, ou
melhor, o que está acontecendo.
Sem obter nenhuma resposta racional, eu decido descobrir por mim
mesmo. Caminho em direção à praia em busca de alguém ou alguma construção.
Ando sentindo meu corpo ainda fraco. Não sei que tipo de droga me deram, mas
foi algo pesado. Provavelmente usaram uma arma tranquilizante. Ando por cerca
de meia hora e não vejo ninguém, começando a perceber que estou em uma ilha
talvez deserta. O sol começa a se pôr e eu me preocupo se conseguirei enxergar
durante a noite.
Cansado e com a cabeça latejando, eu começo a ter alucinações. Ao
longe eu vejo uma silhueta, mas não é qualquer silhueta, ela me lembra de
Katharina. Eu só posso estar exausto. Continuo andando em sua direção, ainda
incerto do que estou vendo.
Seus cabelos loiros refletem o sol que se põe. Ela não pode me ver, está
de costas olhando para o mar. Eu devo estar em algum sonho. Talvez eu esteja
morto ou em coma. Tudo não passa de ilusão da minha mente para me castigar,
me fazendo lembrar do que eu nunca poderei ter. Eu continuo caminhando até
ela a cada passo que eu dava meu coração parecia que ia explodir. O vento
balança seus cabelos, sinto seu cheiro de rosas e vejo que o vestido branco que
ela usa está com as pontas molhadas. Até mesmo sua pele parece brilhar. Eu só
posso estar morto. Lágrimas começam a escorrer dos meus olhos. De saudade,
de dor, de tristeza, de abandono.
Continuo caminhando até ela mesmo sabendo que tudo não passa de uma
miragem. Meus passos são desesperados, pois, mesmo que seja apenas um
sonho, eu preciso vê-la, preciso trocá-la, preciso dela. A minha rosa. Eu corro em
sua direção como um viciado em busca de mais uma dose da sua droga e assim
que meus passos são ouvidos por ela, Katharina se vira e então eu desmonto em
um pranto profundo.
— Você demorou muito, amore mio. — Ela segura um bebê no colo. É o
nosso filho. Eu desabo no chão, de joelhos e choro abraçando a sua cintura
emocionado.
— Eu senti tanto medo de nunca mais ver você, de não conhecer nosso
bambino. — Olho para eles emocionado.
— Nós estamos aqui, eu disse que iria te esperar, amor. — Ela chora e
me abraça, sorrindo em meio às lágrimas.
Levanto meu rosto e olho para o meu filho, sentindo meu peito queimar.
Meu filho, meu filho com Katharina. Nesse minuto, um amor absurdo
toma conta de mim. Ele é a coisa mais linda desse mundo. Seus cabelos ralos são
escuros e seus olhos são azuis como o mais lindo dia de sol. É tão perfeito.
— Maximiliano, esse é seu pai, meu amor — ela o mostra para mim.
Meu filho, sorri com a mão na boca, para mim.
Katharina o entrega para mim e eu pego o pequeno nos braços,
desajeitado. Como em uma lufada de vento, sinto como se a vida tivesse voltado
para mim.
— Se isso for um sonho, eu não quero acordar. — Estou encantado.
— Você não está sonhando. Nós estamos aqui com você, meu amor. E
agora ninguém mais vai nos separar. — Ela olha em meus olhos e eu faço o que
queria fazer desde o primeiro segundo que a vi.
Eu a beijo de maneira apaixonada. Com saudade, com paixão, com amor.
— Eu pensei que você tinha me deixado, eu pensei que você tinha
fugido… — fico nervoso e não é para menos.
— Calma, eu vou te contar tudo, mas agora você precisa descansar. Eu
pedi para Aslan te trazer direto pra mim, mas, pelo visto, ele quis te sacanear e te
deixou do outro lado da ilha. — Ela ri e então me dou conta, sem acreditar, que
tudo foi obra dela.
Katharina me leva até uma tenda branca no meio da praia, onde ela
coloca nosso filho sobre a espreguiçadeira confortável e se senta enquanto eu
faço o mesmo, sentando de frente para ela, ainda em choque por tudo que
aconteceu. O nível de inacreditável estava além do que eu podia dar conta.
— Você precisa me explicar o que aconteceu, porque nada tá fazendo
sentindo para mim. — Fico sério, me lembrando das palavras de Vicenzo.
— Após a sua prisão, eu corri para o centro de Palermo. Estava exausta e
a polícia estava por todos os lados. Me vi perdida, sozinha, com medo de nunca
mais te ver. Tive medo que você tivesse sido baleado ou pior, tivesse morrido.
Eu não tinha para onde ir, só pensava no nosso filho. Nosso bambino não
merecia nascer na prisão, não suportaria ter meu filho arrancado de mim.
— Como conseguiu se esconder de Vicenzo? Ele te procurou por meses!
— Eu fui até o restaurante do seu amigo, pois estava perto de lá e me
lembrei que você comentou que ele morava aos fundos. — Ela segura a minha
mão e em seus olhos posso ver sinceridade.
— Domenico e sua esposa me ajudaram. Logo eu liguei pra Aslan e ele
mandou seu amigo vir me buscar e me proteger até que ele chegasse.
— Você estava na Rússia então? Eu imaginei que Aslan estava te
escondendo.
— Eu poderia ter ido para lá e confesso que foi bem difícil convencer
Aslan a me deixar na Itália. Entretanto, na minha cabeça, eu não poderia sair da
Itália, não sem que nosso filho tivesse nascido. — Ela sorri e olha para nosso
filho, que segura um brinquedo na mão.
— Então você ficou em Palermo todo esse tempo escondida! Por isso
pegou o dinheiro! Eu poderia ter saído daquele julgamento se não fosse por você
ter pegado o dinheiro! — Afirmo, me sentindo traído.
— Olha pra mim! — Katharina levanta meu rosto para si, acariciando o
pequeno corte do lado esquerdo onde bati no vidro. — Eu sou uma advogada,
estudei seu caso enquanto aguardava o julgamento. Não havia saída para você
Dimitri. Mesmo subornando o júri, seria impossível sair livre sem uma
condenação.
— Vicenzo e o advogado disseram...
— Eu sei, mas eles estavam errados. Não podia te perder! — Ela fala, e
volta a chorar, então eu abraço forte seu corpo contra o meu.
— Eu te amo, bella mia, mais que qualquer coisa nesse mundo! Sofri
como um louco só de pensar que você não me amava mais.
— Eu jamais te abandonaria! Eu te amo, Dimitri, amo tanto que decidi
usar o dinheiro que você guardou para te trazer pra mim, de modo que possamos
reconstruir as nossas vidas, juntos.
Eu puxo seu rosto para mim e a beijo como um louco sedento. Beija-la é
como sentir um pedaço do paraíso. Só ao seu lado eu me sinto em casa.
— Você me perdoa? — Quando interrompemos o beijo, já sem fôlego,
ela me olha.
— Eu não tenho o que perdoar, Katharina, você apenas provou mais uma
vez a mulher especial que você é. Mesmo sendo louca por ter se arriscado dessa
forma. — Digo bravo e ela ri. Nesse momento, me dou conta de como senti
falta da sua risada.
— Eu não seria Katharina Castelaresi Rinna se não arriscasse tudo para
salvar o meu amor. — Ela soa orgulhosa e eu me sinto o homem mais foda do
mundo por ter ela e meu filho aqui comigo.
— Posso saber onde estamos, bella mia? — Fico curioso com o que ela
planejou.
— Ilhas Maldivas. Afinal, senhor Rinna, você me deve uma inesquecível
lua de mel.
— Prometo fazer cada dia daqui pra frente ser inesquecível para nós.

Ainda é difícil acreditar que o meu plano maluco deu certo. Quando
Aslan me avisou que o ônibus onde Dimitri estava capotou, senti minhas pernas
tremerem e o terror tomar conta de mim. As horas seguintes foram uma tortura e
eu só fiquei calma quando fui avisada que eles tinham deixado à Itália e Dimitri
estava vivo. Eu pensei em esperá-lo na nossa casa, mas quando soube que ele
estava na praia eu não consegui esperar por estar ansiosa demais para vê-lo e ter
a certeza que ele estava bem. O homem que amo estava aqui na minha frente,
visivelmente mais magro e abatido, mas vivo e do meu lado.
— Vem, eu quero te mostrar a casa e amanhã você pode conhecer o
resort.
— Resort, como assim? — pergunta confuso enquanto caminhamos de
mãos dadas, pelo caminho de flores, que leva até a casa que ele tinha comprado.
— Do outro lado da ilha tem um grande resort, o qual comprei para que
possamos administrá-lo e recomeçarmos nossa vida aqui, nas ilhas Maldivas.
Afinal, para todos os efeitos, você está morto e a Itália já não é um lugar seguro
para o nosso filho. Dimitri me olha com várias perguntas martelando em sua
mente e minhas palavras parecem fazê-lo refletir.
— Vamos, nós podemos conversar sobre isso depois. — O levo para a
entrada da bela casa de praia. Ela é cinza com a fachada toda de vidro e vista
panorâmica do mar. Construída em cima das pedras, não é tão grande quanto a
fortaleza, mas talvez isso seja o que a deixa mais acolhedora para uma pequena
família.
— A casa é mais bonita pessoalmente do que vi por fotos — ele fica
admirado. Eu sorrio, o levando para dentro.
— Filha, o jantar já está pronto. — Fala Ivana.
— Obrigada, o convidado especial já chegou. Pode dar banho em
Maximiliano para mim?
— Claro. É um prazer dar banho nesse príncipe — ela sorri e pega Max
de mim.
— Vem, você precisa de um banho e depois descansar. — Levo Dimitri
para o segundo andar, onde fica a nossa suíte. Confesso que fiquei ansiosa, fazia
tanto tempo que não o via. Sentia falta dos seus beijos, dos seus toques. Assim
que abro a porta, ele me puxa pelo braço, tirando meu fôlego, e me pressiona
contra a parede, me beijando.
— Senti tanto a sua falta, bella mia. — diz com a voz rouca e me
beijando loucamente.
— Eu também estava enlouquecendo sem você! — gemo ao senti-lo
rasgar o topo do meu vestido e deixar meus seios à mostra
— Eles estão maiores.
— Digamos que meu corpo está um pouco diferente depois da gravidez
— fico constrangida com as estrias e quadril avantajado.
— Como pode ficar ainda mais gostosa? — Dimitri aperta a minha
bunda, me fazendo sentir a dureza do seu pau contra mim.
— Você precisa descansar, podemos fazer isso depois. — Olho em seus
olhos preocupada com seu ferimento na perna, afinal, ele sofreu um acidente e
eu estou aqui tão excitada que esqueci do fato dele ainda está fraco.
— A única coisa que eu preciso é fodê-la. Eu posso morrer se não fizer
isso logo. — Ele desce o resto do meu vestido, me deixando apenas de calcinha
branca na sua frente.
Dimitri acaricia minha pele, tocando e cada uma das minhas marcas, se
abaixa e aperta a minha bunda dando um tapa forte e eu gemo em resposta. Seu
rosto se afunda em minha calcinha e eu tremo, toda arrepiada e louca pra senti-
lo.
— Senti falta do seu cheiro e do sabor da sua boceta! — Ele beija minha
boceta por cima da calcinha. Fecho os olhos tentando não gritar, mas quando ele
puxa a calcinha para o lado, dando uma lambida, um gemido alto rasga minha
garganta.
Eu estava praticamente me esfregando na sua cabeça.
— Eu posso sentir seu cheiro doce — Seus dedos separaram os lábios da
minha boceta e sua língua ataca diretamente meu clitóris. Dimitri segura minha
coxa no seu ombro e chupa com loucura.
— Dimitri, oh...
— Sua boceta está encharcada, amore mio. — Ele fala assoprando meu
clítoris e faz movimentos sincronizados com a língua, me fodendo com seus
dedos.
Grito, gozando fortemente, sentindo meu corpo ficar mole e Dimitri
chupa todo meu gozo, me fazendo sorrir apaixonada.
— Eu quero seu pau em mim, Boss.
— Eu vou te dar muito pau, bella mia, vou deixar essa boceta inchada.
Ele me puxa até o tapete de pele no chão e eu nem tenho tempo de o ver
tirando as calças. Dimitri me invade, me fazendo gritar. A dor misturada com o
prazer me leva ao êxtase, sua boca beija a minha e eu arranho seu braço,
descontrolada. As estocadas são duras, selvagens e precisas.
— Porra, você está muito apertada. — Ele chupa meu pescoço.
— Faz tanto tempo… — gemo sentindo o orgasmo se construir dentro de
mim.
Todo meu juízo se vai quando ele ergue as minhas pernas em seu ombro
e arremete seu pau, me levando ao limite.
— Você é minha, Katharina, toda minha! — ele ruge feito uma besta
selvagem e acelera os golpes em busca do seu prazer e nossos gemidos se
misturam.
Fecho os olhos tremendo e ele goza, desabando sobre mim. Nesse
momento, agradeço ao médico que me acompanhou após o parto de
Maximiliano por ter me recomendado o implante anticoncepcional. Porque pela
quantidade de gozo, provavelmente eu já estaria grávida.
— Vamos tomar um banho, você esgotou as minhas energias, marido. —
Rio e me levanto com sua ajuda.
Nós optamos por usar o chuveiro. Dimitri ensaboa meus cabelos,
acariciando meu pescoço e não tem como não ficar excitada com as mãos desse
homem sobre mim.
— Você já está pronta para mim, querida — o safado esfrega seu pau já
duro na minha bunda.
— Eu sempre estou pronta para você, Boss! — o provoco e ele segura
seu pau esfregando na minha boceta por trás.
— É bom saber disso, porque eu pretendo passar muito tempo dentro de
você. — Seu hálito quente em meu pescoço me provoca arrepios alucinantes.
Solto um leve gemido, querendo tomar fôlego. Com a mão esquerda ele puxa
meus longos cabelos para o lado enquanto beija minha nuca.
Posso sentir sua respiração acelerada e seus lábios molhados. Me segura
pela cintura me fazendo sentir seu pau roçando minha bunda. Não preciso dizer
nada. Dimitri esfrega seus dedos na minha entrada anal e eu me arrepiei toda em
expectativa. O chuveiro é desligado eu me inclino para melhorar seu acesso e
então ele vai lentamente me alargando com seu pau. Empino a minha bunda
enquanto ele me segurava firme pela cintura e força para colocar tudo dentro.
Até senti suas bolas batendo em mim.
— Ah, isso, não para! — Grito e então ele soca até o final. Dói e ao
mesmo tempo é tão gostoso, é um prazer único. Dimitri começou a socar com
vontade e seus dedos na minha boceta me levam ao delírio e gozo mais uma vez.
Sinto explosões de espasmos que irradiam por todo meu corpo, me causando
arrepios, me deixando de pernas bambas.
— Ahh, gostosa!! — Dimitri grita, gozando no meu rabinho, enquanto eu
tento que me apoiar na parede para não cair.

Nós tomamos banho juntos e depois eu troco o curativo de Dimitri, que


tinha sangrado com toda a agitação. Eu faço questão de aparar sua barba que
estava enorme. Suas roupas estavam todas no nosso closet, junto com os relógios
que peguei na fortaleza.
— Agora tudo faz sentido. Quando Vicenzo disse que você tinha levado
até mesmo meus relógios fiquei confuso. Falando nele, preciso avisar que estou
vivo e que escapei.
— Tem razão, ele deve estar preocupado, mas o melhor é esperar a poeira
baixar. Aslan levou um cadáver parecido com você e deixou dentro do ônibus
para depois o incendiar. — Nessa hora, a imprensa Itália deve estar noticiando a
sua morte.
— Você planejou todos os detalhes. — Ele me olha admirado
enquanto eu escolho uma saia longa branca com uma blusa azul.
Dimitri passa seu perfume e eu preciso de ser forte e resistir à vontade de
sentar nesse homem. Ao menos por algumas horas, penso comigo.
— Você está linda, bela rosa. — diz, me puxando.
— Nós precisamos jantar daqui a pouco porque o pequeno Max vai
começar a chorar, querendo mamar.
— Então vamos, minha cara, já estou ansioso para vê-la amamentar meu
herdeiro. — Ele sorri e meu coração acelera. Me vejo mais apaixonada nesse
homem.
Nós descemos as escadas e encontramos Max já de banho tomado no
carrinho de bebê, segurando o seu leão de pelúcia com Ivana conversando com
ele.
— Tem um rapazinho bravo querendo a mamãe. — Ela dá um sorriso e
eu rio me aproximando do carrinho, pegando meu pequeno nos braços.
— Você está com fome não é, meu amor. A mamãe está aqui e seu papai
também. — Sento no sofá com Dimitri ao meu lado. Seus olhos brilham
encantados com nosso filho, que assim que vê meu peito, o abocanha faminto.
— Ele costuma mamar assim? — ele pergunta, assustado.
— Ele é um esfomeado, como o pai. — Acaricio os fios negros da sua
cabecinha.
— Quero saber tudo sobre ele. Me conta como foi o parto, onde ele
nasceu, como foram os primeiros dias.
Sorrio, me lembrando que Max não esperou a mãe dele chegar em um
hospital e nasceu dentro do helicóptero do pai.
— É uma longa história. Você não vai acreditar no que seu filho aprontou
— Olho rindo para nosso bebê.
— Nós temos todo tempo do mundo a partir de agora. Não existe
nenhum lugar onde eu queira estar do que aqui com vocês dois.

Oito meses se passaram desde que cheguei na ilha. Deixar o comando


da Cosa Nostra não foi algo fácil pra mim. Afinal, meu lado mafioso e sádico
sempre vai precisar da emoção da adrenalina. Porém, existe algo mais
importante do que a Cosa Nostra, mais valioso pra mim. É a minha família.
Katharina e meu filho. Por eles, eu decidi deixar o comando da organização nas
mãos de Vicenzo, agora o chefe da Cosa Nostra. É claro que ainda mantenho
alguns negócios obscuros, porém, tenho dedicado meu tempo ao resort e passá-
lo mais com a minha família.
Katharina me ajuda na parte da manhã e à tarde ela fica com nosso filho
na nossa casa do outro lado da ilha. Também descobri que ela conseguiu tirar
Hades e Perséfone da Itália e os levou para um refúgio na África do Sul.
Confesso que quando os vi depois de meses, era minha vontade trazê-los para
casa, porém, eu percebi que aqui não era o lugar deles. Perséfone nunca tinha
ficado prenha em cativeiro, mas no refúgio ela está esperando seus primeiros
filhotes. Saber que Guido, o tratador que cuidou deles desde filhotes é o
responsável pelo refúgio me deixou mais aliviado. Hades agora corria livre e
seguro ao lado da sua fêmea. E outros leões também seriam ajudados pela
fundação que Katharina fundou.
— Onde eu coloco esses balões?
— Lá em cima, amor. Eu já falei: os amarelos são ao lado dos verdes. —
Katharina veste sua roupa curta, estilo safári.
— Eu não gostei dessa roupa. Não pode escolher uma maior?
— Nem pensar. Escolhi essa especialmente para o tema do aniversário do
nosso filho. E você vai se trocar daqui a pouco porque os convidados estão
chegando.
— E sério que eu preciso vestir aquilo?
— Se você quiser que nós terminemos nossa noite no calabouço 2.0 é
melhor ir se trocar.
— O que eu não faço por você, Katharina?
— Não demora — ela ri e vira as costas, indo até a decoradora que
termina os últimos detalhes da decoração Safari do aniversário. Talvez eu possa
ter exagerado um pouco para uma festa para apenas poucos convidados,
mas meu filho só irá fazer um ano uma vez na vida, então ele merece o melhor.
Visto a roupa ridícula que Katharina escolheu e vou até o quarto do meu
pequeno, brincando com seus brinquedos no chão. — Papa — ele grita,
engatinhando até mim assim que me vê abrir a porta.
— Você está aí, meu pequeno imperador, papai veio te buscar — beijo as
suas bochechas gordas e ele ri sentindo cócegas.
— Eu já o deixei prontinho pra festa — Ivana aparece. No começo, não
me sentia confortável com sua presença aqui, mas com o tempo, eu percebi o
amor que ela tem por Katharina e pelo meu filho. Assim, ela se tornou
indispensável e parte da família.
— Então vamos descer que senão sua mãe vai matar seu pai — rio e meu
moleque só ri, como se se entendesse o que eu digo.

A festa está toda montada no jardim. Katharina convidou apenas as


pessoas mais próximas a nós. Aqui nós não usamos o sobrenome Rinna e sim
Salvatore para não levantar nenhuma suspeita de hóspedes ou funcionários. De
qualquer forma, temos documentos novos e Daniela conseguiu adulterar nossas
digitais no banco de dados.
Do lado de fora, eu vejo Vito Genovese com sua esposa e sua filha.
Vicenzo está de costas para mim conversando com Katharina. Damon com uma
taça de champanhe nas mãos. Giuliano Sacra ainda está preso, assim como
outros membros da máfia. Mas Vicenzo está negociando um acordo com o
presidente para afastar de uma vez por toda a polícia da cola da máfia. Luigi com
Carlota agora já casados e morando na Grécia, onde ambos têm um pequeno
restaurante.
— Olha quem chegou! O tio mais lindo que você tem! — Aslan segura
um grande embrulho vindo de braços abertos em direção ao meu pequeno
traidor, que dá os braços rindo para o tio.
— Sério isso, filho? Não seja tão fácil só porque ele tem um presente na
mão — finjo estar bravo e Max apenas ri tentando pegar o embrulho da mão do
tio.
— Você está atrasado, Aslan, pensei que iria chegar ontem.
— Bem, é que aconteceram algumas coisas… — ele diz nervoso e só
então eu percebo que ele não está sozinho. A garota de cabelos castanhos
envergonhada atrás dele parece que vai desmaiar.
Eu olho para Katharina e ela segue meu olhar pegando Max nos braços,
olhando para o irmão com aquela cara que me diz: conta logo tudo.
— Esta é Anastasia Pavlov Valeri Castelaresi, minha esposa. — Aslan, a
contragosto a apresenta, como se a jovem, agora sua esposa, tivesse uma doença
terrível.
— O que? Como assim? Espera, quando foi que você se casou e eu não
fiquei sabendo?! Pior, eu não fui convidada! — Katharina está indignada e eu rio
por dentro sabendo que ele está em mais lençóis.
— Você só pode estar brincando comigo! Primeiro, Vicenzo joga uma
bomba, agora você! — Ela gesticula muito e logo se cala ao ver o olhar
assustado da jovem.
— Podemos conversar lá dentro? — Aslan fica envergonhado.
— Querida, venha comigo que irei te mostrar a casa — Carlota percebe o
clima.
— Fica com o Max para mim que eu preciso ter uma conversa séria com
o meu irmão — ela me entrega nosso filho e leva Aslan para a lateral do jardim.
— É, meu filho, mais um membro da família algemado e por isso você
precisa curtir muito antes de encontrar a garota certa. — Beijo seu rosto e noto
que Vicenzo parece tenso na mesa das bebidas.
— Pela sua cara a coisa não anda bem na Cosa Nostra. — Vou até ele.
Vicenzo coloca o copo na mesa e senta ao meu lado angustiado: — O
tempo passou tão rápido, esse carinha já tem um ano — ele pega nas mãos de
Max.
— Sim, mas eu tenho que dizer que esses foram os meses onde eu estive
mais feliz em toda minha vida.
— Eu posso ver o quanto eles te fazem bem. A russa realmente
conseguiu domar a Besta. — Ele ri, mas seu riso mais parece uma carranca.
Talvez o que se transforme em pranto.
—Tem notícia do quadro de Chaise? — Tentando saber se é por conta
dele não ter acordado, mesmo depois de tanto tempo, que o fez estar tão
estranho.
— Ele continua em coma. Provavelmente não irá acordar mais, pois já
faz muito tempo. Mas isso não importa não agora.
— O que quer dizer com isso?
— Eu aceitei o acordo com o presidente da Itália. A maior parte dos
negócios da Cosa Nostra passarão a ser legais. Apenas as drogas e armas
continuarão ilegais, é claro, porém, o governo fará vista grossa com nossas
transações, desde que eu aceite o acordo com ele.
— O que ele ganhará em troca de nós ajudar?
— Uma parte do lucro e quando seu mandato acabar, participação ativa
nos negócios. Assim, passarei pra ele todos os negócios da família Bruschetta e
me casarei com sua filha Paola.
— Como assim se casar? Que história é essa, Vicenzo?
— Eu não posso viver a minha vida em função de uma pessoa que não
está aqui. O dever com a Cosa Nostra sempre vira em primeiro lugar, ao menos
até o pequeno Maximiliano crescer, não é Max? — Ele aponta para o meu filho.
— Mas você não a ama. E eu pensei que gostasse apenas de homem.
— Você quer saber se eu vou conseguir foder com a minha futura
esposa? — Ele questiona, amargo. — Não se preocupe com isso, irmão. Eu não
sou gay e sim bissexual. Para mim não existe regras ou tabu. Eu amo a pessoa
pelo que é ela e não pelo que ela leva no meio das pernas — ele me olha sério e
eu me sinto envergonhado.
— Você sabe que eu vou te apoiar sempre, não sabe? — Coloco as
minhas mãos em seu ombro, sabendo o duro fardo que ele carrega
— Eu sei. Talvez com o tempo eu posso vir a amá-la — ele tenta dizer,
mas no fundo, ele ainda segue amando Chaise e talvez essa história não acabe
bem.
— Ei, vocês estão aí, vamos, preciso levar o Max para ver os trigêmeos,
Arturo e Verônica chegaram — Katharina vem até nos.
— Está mais calma, bella mia? — beijo as suas mãos.
— Mais ou menos. Eu não sei o que faremos com nossos irmãos. Aslan
fez um gesto nobre ao salvar a garota, porém, ele não a ama. Basta olhar pros
dois para saber que esse casamento é apenas fachada.
— Com o tempo eles podem se apaixonar, como nós dois.
— Acho difícil quando existe um fantasma no meio. Porque meu irmão
segue amando a memória de Rebeca, que mesmo não estando aqui, ela é a dona
do seu coração.
— Vicenzo me contou sobre o acordo.
— De certa forma, no caso de Vicenzo, eu fiquei feliz porque sei que ele
tem um bom coração e não gosto de saber que ele está sozinho na fortaleza.
Porque não sabemos se um dia Chaise vai acordar e pode ser que isso nunca o
aconteça. Vincenzo também merece ter uma família como a gente.
— Você tem razão, espero que tanto ele quanto seu irmão consiga ser tão
felizes como nós dois somos, mia bela rosa.
Ela não tem tempo de responder, pois três pestinhas loiros correm pelo
jardim sendo seguidos por Arturo e sua mulher, Verônica.
— Quanto tempo querida, você está linda. — Verônica abraça Katharina.
— Obrigada, Verônica. Preciso voltar a Londres mais vezes e precisamos
ir novamente naquela loja incrível que você me apresentou. — Katharina, depois
da nossa viagem para Londres, virou super amiga de verônica e Amanda.
— Você ficou bem nessa roupa, meu amigo. Quem te viu, quem te vê. —
Arturo debocha de mim.
— Meu caro, a praga que você jogou em mim foi certeira. Olha o que eu
tenho que passar nas mãos dessa mulher. — Digo, inconformado e Katharina me
dá um tapa, fazendo Arturo rir.
— Eu adorei a fantasia dos três combinando. Estou pensando em fazer o
aniversário dos trigêmeos da terra do nunca, Arturo ficará lindo de Peter Pan.
— O que?! — Meu amigo olha indignado e eu rio da sua cara assustada.
Katharina sai com Verônica e a tal Anastasia e as mulheres parecem
entretidas na conversa.
— Ela realmente amarrou suas bolas? — Arturo me entrega a garrafa de
cerveja.
— Sim, e o pior é que eu me sinto realizado e feliz sabendo que sou
apenas dela.
— Eu sei como é. Essas mulheres só podem ser bruxas! Meu pau nem
mesmo sobe pra outra, apenas a minha rainha tem esse poder sobre mim! — Ele
dá um gole e eu concordo olhando para a mia bela rosa, que sorri.
— Aceitar o acordo com a Bratva lá atrás parecia um erro, mas hoje eu
sei que ficar noivo e me casar com Katharina foi a melhor coisa que fiz na vida.
— Vamos cantar parabéns, vem! — Katharina vem e então eu sou
arrastado para trás da enorme mesa do bolo.
Todos cantamos parabéns para Maximiliano e juntos, Katharina e eu
assopramos a vela desejando que nosso filho tenha uma vida longa e seja feliz
como nós somos.

A festa já tinha acabado, mas alguns convidados ficariam no resort para


passar o fim de semana. Eu, entretanto, ainda estava preocupada com Aslan e
Anastasia. Porque no pouco tempo que tive para conhecê-la, percebi que ela é
uma boa garota e foi vítima de um pai ambicioso assim como eu uma vez fui.
Entretanto, preciso deixar Aslan fazer suas próprias escolhas, sendo o que me
resta torcer para tudo dar certo. Coloquei meu filho exausto no berço. Pois está
muito cansado depois de tanto brincar na sua festa. Pego a babá eletrônica e me
apresso antes de Dimitri se despedir dos últimos convidados e subir pro quarto.
Tomo um banho rápido e visto a lingerie que comprei. A coleira parece
gelada em minhas mãos. Eu mal acreditei que Verônica conseguiu fazê-la em tão
pouco tempo. A coloco em meu pescoço e me olho no espelho. Sinto minha pele
arrepiar. Toco a coleira e a palavra Besta está gravada com pequenos diamantes.
Hoje eu confirmaria que ele é meu dono, meu senhor, e eu pertenço unicamente
a ele. Abro a porta que fica ao lado do closet do nosso quarto dos jogos, ou,
como ele gosta de chamar, calabouço 2.0.
Eu poderia me ajoelhar e esperar por ele na pose tradicional de
submissão. Mas se fizesse isso, não seria a sua rosa. Acendo as velas para deixar
o ambiente mais quente. Ligo uma música leve e sensual. Jogo meu cabelo para
frente, me sento em seu trono de couro negro e aguardo a besta vir me devorar. A
porta se abre e Dimitri passa por ela, olha diretamente para mim. Ele está sem as
roupas de festa, seu cabelo está molhado e ele usa apenas seu roupão negro.
— Esperando por mim, bella mia?
— Sim, Boss — sorrio passando a língua pelos lábios.
— Sabe quanto tempo eu fantasiei com você usando uma coleira?
— Você gostou, Boss?
— Você não imagina o quanto queria. A Besta em mim está rugindo
pronta pra te devorar.
Acordar ao lado dessa mulher nos últimos dezoito anos tem sido a
melhor coisa que me aconteceu. Sou privilegiado por ser o único a ver seus
cabelos esparramados no travesseiro e seu rosto sereno em um sono profundo.
Para quem jurava que jamais entregaria o coração a uma mulher, hoje eu me vejo
cada dia mais apaixonado. Katharina se aconchega em meu peito, eu acaricio seu
rosto e ela abre os olhos azuis que tanto amo.
— Faz tempo que você acordou? — Ela tem a voz embargada.
— Não muito, mas a vista estava boa de mais pra me levantar.
— E hoje que Max vai para a Itália! — Agitada, ela se levanta, apresada.
— Ei, ainda tá cedo. O voo dele é só as dez.
— Não sei se vou aguentar viver longe do meu filho. — Katharina entra
novamente nesse assunto. Desde que Max começou seu treinamento para máfia,
ela está arrasada. porque nosso filho vai se mudar para a Itália.
— Ele já é um homem, bella mia. — Sento na cama.
— Pra mim ele sempre vai ser meu bebê, e agora ele está indo para o
outro lado do continente.
Sorrio e me levanto, beijo seus lábios e digo firme, olhando em seus
olhos: — Max foi o melhor da sua turma. Ele treinou comigo, com Aslan e vai
passar na prova de fogo tranquilamente. Você não tem com o que se preocupar,
nosso filho será o melhor capo que a Cosa Nostra já teve.
— Você tem razão, mas coração de mãe sempre fica aflito longe do filho.
Pelo menos a minha pequena não precisa passar por isso — ela se refere a
Dominika, nossa caçula com sete anos.
— Meu bebê tem o pai e o irmão pra protegê-la, não precisará se
preocupar com os negócios da família! — Fico sério.
— Assim eu espero, mas agora eu vou tomar um banho rápido e tirar
esse cheiro de sexo de mim. — Katharina provoca e eu a puxo para mim
beijando seu pescoço e esfregando a minha ereção matinal nela.
— Eu adoro meu cheiro em você, amoré mio — sussurro.
— Nem pensar, bonitão. Você acabou comigo ontem e hoje eu mal
consigo caminhar sem sentir dor na bunda. — Ela resmunga, mas o sorriso de
satisfação está estampado em seu rosto.
— Você quem pediu, com força: assim, isso, mais, mais! — Imito sua
voz e ela me acerta um tapa, brava.
— Tá bom, tá bom. Vai tomar seu banho. Por hoje você escapou. — Dou
um tapa na sua bunda e ela sai rebolando.
Visto uma bermuda e vou em direção ao quarto da minha pequena. Abro
a porta e vejo Dominika acordada, de pijama da Mulher Maravilha. Todos os
dias ela escolhe uma super heroína diferente.
— Papai e hoje que Max vai embora? — Minha pequena está emburrada.
— Bom dia, princesinha do papai, você acordou bem cedo. — Beijo seu
rosto e tiro os cabelos loiros bagunçados da sua testa. — Max vai pra Itália
daqui a pouco.
— Eu não quero que meu irmão vá embora! Prometo que não mexo mais
nas coisas dele se ele não for. — Fala fazendo um bico lindo e eu quase obrigo
Max a ficar apenas para não ver a minha pequena chorar. Dominika é uma cópia
da mãe e consegue tudo que quer de mim apenas se me olhar com esses olhos
azuis.
— Nós podemos ir visitar ele nas férias. Max nunca vai deixar de ser seu
irmão mesmo estando na Itália.
— Só nas férias vai demorar muito, eu vou para a Itália com Max e vou
ser uma mafiosa, como ele. — Ela fica de pé e pula na cama. Eu posso com uma
coisa dessas?
— Nada disso, mocinha. Desce daí e vai tomar seu banho e depois descer
para a cozinha pro café. Você tem aula de francês mais tarde.
Dominika me olha emburrada e faz o que eu digo. Sorrio sabendo que
ela puxou o gênio terrível da mãe. Max e eu estamos ferrados quando essa
pequena crescer. Desço para o segundo andar e encontro Max na sala fumando
um dos meus charutos suas malas já estão na sala.
— Se a sua mãe ver você fumando na sala dela ela vai te castrar. —
Aviso e ele bufa.
— Se ela fizer isso, vocês ficarão sem seus futuros netos.
Ouvimos passos pela escada e rapidamente Maximiliano esconde o
charuto, com medo da mãe.
— Nem adianta esconder, eu já vi o que estava na sua mão,
engraçadinho!
— Desculpa mãe, foi mal. — Ele fica envergonhado.
— Eu só não vou te dar umas palmadas porque hoje você está partindo
pra longe de mim.
— A sério mãe, você não vai chorar de novo. — Max revira os olhos.
— Quando você tiver seus filhos, vai ver o quanto é difícil vê-los saírem
de casa, correndo risco pelo mundo.
— Se depender de mim, vai demorar muito pra isso acontecer estou bem
solteiro. — Ele ri e então uma Dominika toda arrumada desce as escadas com
uma mochila rosa nas costas.
— Onde você vai com essa bolsa mocinha? — Katharina olha incrédula.
— Eu vou com Max pra Itália, vou ser mafiosa igual ele! — Responde
firme e vai até o irmão segurando a mão dele.
— Ai meu Deus, era só o que me faltava! — Katharina fica brava. —
Fala com a sua filha, Dimitri!
— Por que tem que ser eu?! – Coço a cabeça com um pouco de
nervosismo.
— Max, conversa com a sua irmã, então, já que o puxa saco do seu pai
não tem coragem. — Resmunga para mim.
Max se abaixa na altura de Dominika e diz sério: — Prometo que quando
você estiver do meu tamanho, eu te levo pra Itália e vou ensinar tudo que eu sei,
mas agora a super heroína Dominika, precisa ficar na ilha para proteger o papai e
a mamãe dos vilões.
Dominika arregala os olhos em compreensão: — Verdade, Max, eu vou
ter de cuidar dos nossos pais! Mas você tem de prometer que vai vir no meu
aniversário.
— Eu venho sim. — Ele sorri em resposta.
— É pra trazer presente! — Ela diz séria e eu não consigo disfarçar o
riso.
— Pode deixar — ele abraça a irmã.
Tomamos café da manhã juntos em meio conversas e risadas alegres.
Nesse meio tempo, Katharina falou dos planos de passarmos o Natal na Calábria
e Max e eu concordamos.
No fim, a hora passou rápido e nosso filho agora se despede de nós
entrando no helicóptero que o levará para o aeroporto onde vai pegar o jato para
Itália. Maximiliano vai viver na fortaleza junto com o tio e os primos e se
preparara para assumir seu cargo de chefe da Cosa Nostra. Abraço Katharina,
que observa o helicóptero partindo.
— Ele sabe se cuidar não se preocupe, Vicenzo estará lá também.
— Não tem como não me preocupar, ele é cabeça dura igual você. Sei
que ele é forte e capaz, mas é teimoso igual o pai. — Ela suspira.
— Em compensação, Dominika é igualzinha a você. — Pego a minha
princesa no colo e a giro no ar.
— Eu sou uma super heroína igual a mamãe que salvou o papai. — Ela
lembra da sua história favorita. Da rosa que salvou a besta da escuridão e
ensinou a ele o que era amar.
— Eu tenho certeza que a super heroína Dominika também vai ter uma
bela história para contar, assim como o irmão dela, o valente Maximiliano. —
Katharina beija nossa filha.
— Eu te amo, bella mia, obrigada por ter me salvado das sombras, por
ter me dado essa família linda.
— Eu também te amo, Boss. Nosso amor desafiou o que era certo e
errado, passamos por várias tempestades, por muitos momentos de escuridão.
Mas no final, eu não me arrependo nenhum segundo de ter entregado meu
coração a você.
— Eu viveria tudo novamente, desde que no final você estivesse aqui do
meu lado.
No fim a rosa foi consumida pelas chamas da Besta, e descobriu que para
encontrar a felicidade precisasse lutar por ela, juntos eles viveram uma linda
história de amor.

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