Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Kethellyn Cristina Ferreira - A Besta 48394
Kethellyn Cristina Ferreira - A Besta 48394
BESTA
Copyright © 2021 SHADY B
1. Romance de Época
2. Literatura Brasileira
1ª edição / 2021.
________________________
Está é uma obra de ficção. Nomes, personagens, lugares e acontecimentos descritos, são produtos de
imaginação do autor. Qualquer semelhança com nomes datas e acontecimentos reais é mera coincidência.
São proibidos o armazenamento e/ou a reprodução de qualquer parte dessa obra, através de quaisquer meios
— tangível ou intangível — sem o consentimento escrito da autora.
A violação dos direitos autorais é crime estabelecido pela lei nº 9.610./98 e punido pelo artigo 184 do
Código Penal.
Você vai me destruir, eu sei...
É quase como suicídio em câmera lenta...
Posso ver seu lado ruim tomar conta de mim...
Então me diga o que eu preciso fazer...
Para me afastar de você, para não me viciar em você.
Para me impedir de desmoronar quando a dor surgir.
Porque agora é tarde, eu quero você...
Não pelo lado bom, não, eu amo seu jeito ruim, sua vida assombrada,
sua mente perigosa...
Eu tentei sufocar esse amor, matá-lo, afogado, mas foi em vão...
Com apenas um olhar, eu desmorono e me entrego...
Aqui estou eu, sendo arrastado pelo corredor da penitenciária por doze
policiais, com minhas mãos, assim como minhas pernas, algemadas. Sorrio,
olhando para esses bostas, pensando no quão patéticos eles são. O medo de mim
é tão grande que, para me levarem até o tribunal foi preciso mais de trinta
policiais federais.
— Vamos, Rinna — fala o chefe dos guardas, evitando olhar em meus
olhos, sabendo o quanto odeio que façam isso. Ele se mantém a um passo atrás,
checando se estou bem preso e sem chances de escapar.
Causar medo nessas pessoas me dá tanto prazer. Eles nem imaginam o
quanto gosto de vê-lo aterrorizados.
Fui levado pelos policiais até o carro blindado da polícia, dois
helicópteros nos seguem para assegurar que não haveria chances de fuga. No
carro, meus pensamentos vão para ela, Katharina, bella rosa. Meu advogado
insiste para que eu faça um acordo para reduzir a sentença. Eu poderia sair com
pouco menos de trinta anos, como se fosse aceitar fazer acordos com esses figlio
di puttana. Perder trinta anos da minha vida dentro de uma cela está fora de
cogitação.
Não quero envolvê-la com a polícia, mas só a mínima chance de a ver já
faz a besta em mim rugir, a falta dela é pior que qualquer maldita prisão.
"Eu vou esperar você, custe o tempo que custar". Suas palavras são como
uma maldição gravada em minha mente.
— Chegamos Rinna. — Fala o policial, abrindo a porta. Só agora me dou
conta que chegamos ao tribunal.
Uma chuva de flashes começa a pipocar. Levanto meu rosto e olho para
eles como os seres desprezíveis que são.
— A Besta, é verdade que o senhor é assassino em série e está por trás
das mortes das dezesseis mulheres? — Pergunta um repórter que ignoro, sendo
escoltado.
— Senhor Rinna, onde está Katharina Castelaresi, sua esposa? —
pergunta outro, porém me limito a controlar meu ódio por esses cagna e entro no
tribunal onde o maxi julgamento de Palermo irá acontecer.
Lá dentro, agentes da força nacional estão posicionados, preparados para
uma tentativa minha de fuga. Mal sabem eles que meu plano é sair pela porta da
frente e não como um rato, fugindo. Sorrio, olhando para o capitão da polícia
federal italiana. Ostentando uma medalha de honra ao mérito no peito por ter
capturado a terrível Besta.
— Seu advogado aguarda na antessala para se prepararem para o
julgamento. — Fala Vitório, o tão famoso capitão.
— Na Cosa Nostra se paga com sangue o peso da traição! — Falo
friamente, jogando sua sentença e ele sabe que quando a sentença é dada, ela é
comprida.
Me levam até a sala, um policial abre a porta para mim e eu entro, vendo
meu advogado e Vicenzo. Katharina não veio e isso me deixa em alerta de que
algo possa ter acontecido com ela e com nosso filho.
— Onde está Katharina? — Pergunto de uma vez.
— Como você está, irmão? — Ele pergunta, preocupado.
— Onde está Katharina? — Pergunto novamente, ignorando totalmente
sua pergunta e indo direto ao que importa.
— Calma, sente-se, senhor Rinna. — Fala o advogado, apontando para a
cadeira em frente ao dois.
— Não vai demorar muito para me levarem para o julgamento, então é
melhor vocês dois irem direto ao que importa. Você conseguiu pegar o dinheiro
para comprar a porra do júri? — questiono sobre a missão que dei a Vincenzo,
para que pegasse uma parte do dinheiro que guardo no meu cofre e subornasse o
júri, dessa forma sairei daqui como um homem livre.
— Não, Boss, eu falhei, não cumpri a minha missão. Quando cheguei ao
cofre era tarde demais, não tinha mais um euro se quer. — Vicenzo fala baixando
a cabeça, envergonhado por ter falhado e pior, ter perdido a fortuna que guardei
para esse tipo de situação de emergência.
— Como seis bilhões de euros desaparecem?! — Falo enfurecido, sem
entender como conseguiram descobrir sobre esse dinheiro se apenas Katharina e
eu sabíamos, só contei a Vicenzo agora que estou preso.
— Eu sinto muito, irmão, foi Katharina que levou todo o dinheiro. E não
foi só isso, ela fugiu, já mandei procurar em toda a Itália, mas ela desapareceu
com o dinheiro. Meus infiltrados estão na Rússia para ver se ela vai até o irmão.
Mas, por hora, ela não foi para a Rússia.
Em choque eu paraliso, sem entender direito as palavras que saem de sua
boca. Não é possível, sorrio amargo pensando que não pode ser possível. Ela não
pode ter feito isso, não comigo, me traído dessa forma, não Katharina. Minha
própria esposa, a única mulher que fui capaz de amar, La mia bella rosa. A dor é
intensa, como nunca imaginei sentir. Todavia, Katharina acaba de provar que ela
é capaz, sim, de me ferir da pior maneira possível.
— Como ela tirou tanto dinheiro sem ser vista, sem ser pega por nenhum
dos nossos?
— Ela usou seu helicóptero, levou tudo, todo o dinheiro, até mesmo as
joias, seus relógios, não sobrou nada. — Diz ele, revoltado.
Ela me traiu, traiu a minha confiança e fugiu com meu filho na barriga,
levando todo o dinheiro. Ela conseguiu o que queria. No final a promessa que ela
fez lá atrás se cumpriu, ela acaba de arrancar meu coração do meu peito.
Katharina acabou comigo, conseguiu me destruir, me derrotar, o dinheiro
não é tão importante e sim o fato dela ter mentido para mim e fugido com meu
filho.
— Nós vamos dar um jeito, eu vou te tirar daqui! — Fala Vicenzo,
desesperado.
— Quais são as chances de escapar dessa sentença agora? — Pergunto ao
melhor advogado criminalista de toda a Europa.
— Nenhuma, não vou te dar falsas esperanças, as provas são concretas, a
principal testemunha foi imprescindível e o júri é composto na maioria por
mulheres que provavelmente se compadecerão das famílias das vítimas.
— Então serei condenado!?
— Provavelmente — fala o advogado, tenso.
— Você ficará no comando da família Vicenzo, um leão caiu, mas isso
não significa que a selva está a salvo. Faça-os entenderem que a Cosa Nostra
comanda a Itália, e jamais seremos subjugados, quero a morte do traidor. Mostre
a ele o que se acontece quando se quebra a omertà!
Os policiais vêm me buscar e sou encaminhando para a sala de
julgamento. Os familiares das vítimas já estavam todos sentados, só esperando a
minha entrada, e como imaginei, estavam todos apavorados, com medo da Besta.
Uma cela foi posta no meio do tribunal, onde fui levado, uma cadeira e
quatro paredes gradeadas e é assim que a terrível Besta será julgada.
— Todos de pé para darmos início ao último dia de julgamento do senhor
Dimitri Salvatore Rinna.
O julgamento começa e o promotor começa a refazer todas as acusações,
porém minha mente está longe, em Katharina.
— Onde você está, bella mia? — Me pergunto em pensamentos.
— Estamos aqui, senhores, em frente ao maior criminoso de toda Itália,
"A Besta" como é chamado, não só é um assassino cruel como também um
psicopata frio, sem sentimentos e capaz de tudo para sair daqui. Senhores do júri,
"A Besta" como prefiro chamá-lo, foi responsável pelo homicídio de mais de
cento e cinquenta pessoas, quarenta delas morta por ele mesmo.
— Também foi o mandante direto da morte do juiz Falcone e do
magistrado Paolo Bocelino. Ele orquestrou, em nome da Cosa Nostra, vários
atentados à bomba por toda Itália. Mandou matar Ignácio Salvo, influente
membro da máfia por não ter conseguido impedir as condenações de vários
membros da Cosa Nostra.
— Também não podemos esquecer do massacre na avenida Lazio em
Palermo, onde foram eliminados mais de trinta criminosos de uma máfia rival,
assim como o Michele Calvatário, líder da facção rival. Não suficiente, ainda
mandou matar o general Carlos Alberto Dalla Chiesa. Nosso general que tinha
sido nomeado seis meses antes como encarregado de acabar com toda a máfia
siciliana, a Cosa Nostra. Sem deixar de contar o fato desse homem aqui ter sido
o assassino de dezesseis jovens. Jovem essas que foram seduzidas pelo charme
da Besta e mortas por ele de maneira cruel, interrompendo não só dezesseis
vidas, mas também seus sonhos por conta das atrocidades desse homem.
— Quero alertar aos senhores do júri que Dimitri Salvatore Rinna, El
capi del capo não pode ser inocentado hoje. A máfia é um câncer sugando nosso
país, movimentando cerca de cento e cinquenta bilhões de euros por ano
publicação do relatóriodo DIA - Direção Investigativa Antimáfia, da Itália,
precisamos estancar a sangria e acabar com essa organização. Agora, o poder
está nas mãos dos senhores, a decisão de salvar nossas crianças de crescerem em
uma Itália refém da máfia e de homens como Salvatore Rinna!
O promotor é bom, sabe bem quais palavras usar a seu favor, sorrio
friamente quando seu discurso acaba. Eles foram espertos em ter chamado
Andreotti para ser o promotor. Não é à toa que ele é conhecido como o melhor
da promotoria.
Meu advogado, em minha defesa, tenta reverter às alegações e fazer um
acordo, mas durante suas alegações, quando chega a hora do traidor falar, eu sei
que será difícil conseguir escapar da condenação.
— Senhor juiz, eu peço a palavra. — Digo, olhando nos olhos do juiz e
percebo a tensão em sua fronte, como também que suas mãos tremem sobre sua
mesa.
— Com a palavra, o acusado.
— Eu não matei aquelas mulheres, mas eu sou culpado, é isso que tenho
certeza que querem ouvir. — Sorrio olhando para o júri. Aqui, diante de mim,
vejo um bando de hipócritas, eu estou sendo julgado por um promotor assassino,
um juiz viciado e um júri corrupto. E as testemunhas não passam de traidores.
— Excelência, pela ordem, o acusado está fazendo injúrias a respeito da
minha pessoa. — Fala o promotor enfurecido.
— Podem cortar o microfone do acusado — diz o juiz me impedindo de
contar todos os podres que eles escondem. — Nesse momento iremos nos reunir
para chegar ao veredito. — Fala o juiz e fico aguardando o resultado das
votações.
Eu já sabia que não sairia livre, todavia a minha cabeça trabalhava em
várias hipóteses de matar Vitório, o promotor e o juiz, até mesmo os vinte e um
membros do júri. A Besta dentro de mim estava enfurecida e transbordando ódio,
não só deles, mas de mim mesmo, por ter sido burro de acreditar em Katharina.
Agora ela está longe daqui com meu filho na barriga e desfrutando do meu
dinheiro, mas isso não ficará assim, sairei daqui ou não me chamo Dimitri
Salvatore Rinna.
— Todos de pé para ouvir a sentença do excelentíssimo senhor Juiz. —
Fala o orador quando todos voltam para a sala.
Me levanto olhando para ele e para todo o júri que parece com medo de
dar a sentença. Eles sabem que mexer com a máfia é colocar suas cabeças a
prêmio.
— Esse júri reconhece Dimitri Salvatore Rinna como culpado pelos
totais de cento e cinquenta assassinatos, como também atividades criminosas
como lavagem de dinheiro, formação de quadrilha, extorsão, ameaça, sequestro,
sequestro agravado de morte e tortura. A pena fica vinculada a vinte e seis
prisões perpétuas, sem direito de recorrer dessa sentença, valendo partir do
momento dessa condenação. — Fala, batendo o martelo e declarando a minha
sentença.
Meu irmão grita enfurecido com o resultado da sentença e meu advogado
tenta contê-lo, a plateia comemora com o resultado do julgamento. Eu não digo
nada, apenas mantenho meus olhos fixos em todos os presentes pensando que
eles não perdem por esperar, pois no momento em que estiver fora dessas grades,
toda a Itália irá sangrar.
O medo tem um cheiro distinto, algo que pertence apenas a ele.
Pungente, ácido, e ao mesmo tempo, doce. Fascinante. Ou, talvez apenas doce e
atraente para um doente como eu. De qualquer maneira, a garota encolhida no
canto do quarto tinha medo saindo dela em ondas.
— Onde ela está? — Pergunto com a voz baixa.
— Eu não sei, eu não sei... eu juro! — Diz ela aterrorizada.
— Ah, querida, você é tão linda, tem certeza que quer me desafiar? É
mais fácil me dizer para onde a minha noiva foi? — Digo com a voz tranquila, o
que a deixa mais aterrorizada — Eu não gosto de torturar mulheres, isso não me
atrai, porém Augustos não se importa de você ser uma. Ele vai arrancar a
informação de você por bem ou por mal. Seria tão mais fácil me dizer para onde
ela foi. Nos pouparia tempo e seu precioso rostinho ficaria intacto.
Vejo que ela engole em seco, com dificuldades para respirar. Augustos dá
um passo em sua direção e ela se encolhe mais na parede, em seu rosto posso ver
o medo e o pavor. Lágrimas escorrem pela sua face e suas mãos tremem sem
parar.
Faço um sinal para que Augustos se aproxime e ela grita em pânico.
— Eu vou dizer, eu vou dizer, mas não vai adiantar, já é tarde demais.
Katharina já deve estar longe daqui ela conseguiu fugir de você, eu posso até
morrer, mas ela está livre. — Me desafia.
O irmão de Katharina olha para a tal Ana e grita, irritado.
— Fala logo onde eles estão, já sabemos que ela fugiu com Ivan, não
deixe isso se transformar em um escândalo!
— Eles iam até a fronteira da Finlândia e lá alguém ia ajudar eles a
atravessar, é tudo que sei, ela não me disse mais nada.
— Boa garota, poderia ter evitado todo esse constrangimento se tivesse
contado no começo.
— Vamos Augustos, chame Luca e Fabrícios, quero um helicóptero, eu
mesmo vou buscar a noiva fujona. — Digo, sem paciência.
Saio daquele quarto com minhas mãos coçando para machucar uma certa
loira. Não tenho tempo para isso, uma porra de uma princesinha russa.
Antes que eu possa começar a descer as escadas sou interrompido por
Natasha, e me arrependo amargamente de a ter trazido para ser minha distração
durante a viagem.
— É verdade que sua noiva fugiu? — Pergunta ela com um sorriso
contente no rosto.
Pobre Natasha, realmente acredita que um dia ela será minha esposa.
— Sim, mas isso não é da sua conta! — Digo friamente.
— Como não, Dimitri? Essa é a oportunidade que nós precisávamos,
amor, agora nada pode te obrigar a casar com essa loira sem sal.
Me viro para ela, olhando diretamente em seus olhos, e posso sentir ela
estremecer e abaixar os olhos amedrontada.
— Acho que não deixei claro seu papel aqui, não é, cadela? Escuta bem o
que eu vou dizer. Você não passa de uma boceta e eu não te devo satisfações da
minha vida, nunca te dei esperanças de que teria algo a mais do que meu pau
entrando em você. É melhor usar essa boquinha apenas para me satisfazer ou
terei que dispensá-la. — Falo e vejo seu rosto cheio de lágrimas, que ela trata de
limpar rapidamente, sabendo que odeio essas demonstrações de fraqueza.
— Me perdoe, "senhor", não cometerei o mesmo erro novamente.
Ignoro seu pedido de desculpas, não tenho tempo para castigá-la agora.
Desço as escadas com pressa, pois tenho uma reunião ainda nesta tarde e
odeio ter que perder meu tempo, Katharina pagará caro por sua transgressão.
— O que vai fazer com a minha filha? — Pergunta a mãe de Katharina.
Seu rosto está coberto de lágrimas, ela sabe que a punição da sua filha
pode ser terrível.
— Não machuque minha filha, por favor. — Súplica a pobre senhora.
É uma pena que não tenho piedade por ninguém, muito mesmo na
ragazza fujona.
— Cecília, o deixe!! — Grita Andrei, pai de Katharina, entrando na sala.
— Seja lá o que for acontecer com Katharina, agora a culpa será toda dela, ela
sabia as consequências quando decidiu fugir e humilhar nossa família!
Viro as costas, indo em direção à porta, nem me dignando a responder
aos dois. Se a pequena trapaceira pensa que pode fugir de mim, está muito
enganada. Ela não conheceu a Besta que está prestes a caçá-la. O helicóptero
pousa no jardim da casa dos Castelaresi trazendo um vento frio. Me irrito,
lembrando do porquê odeio a Rússia, preferia estar em casa, resolvendo os
assuntos da família e não nesse maldito lugar frio, tendo que aturar os
Castelaresi e sua princesinha mimada.
— Eu vou junto com vocês! — Diz Aslan, atrás de mim.
— Senhor, alguma coisa está errada! — diz meu soldado, correndo em
minha direção.
— Acredito que não. — Digo olhando para Aslan, que não consegue
disfarçar que não aceita o fato da sua irmãzinha ser dada a mim.
— Conseguimos rastrear o carro que eles usaram, estão indo em direção
à Finlândia.
— Todos os carros são equipados com GPS, acho que os dois
esqueceram esse detalhe. — Fala o irmão de Katharina, um tanto ingênuo. Ou,
quem sabe, esteja a protegendo.
Contudo, eu sei que a ragazza é muito esperta, para usar um carro
rastreável.
— Nós vamos para o leste, ela não foi para Finlândia. Katharina está
tentando nos despistar e provavelmente pagou alguém para ser isca, pois sabia
que sua prima seria interrogada. Vejo o irmão de Katharina ficar calado,
provavelmente já entendendo para onde a irmã deve ter ido.
— Eles estão indo para Novogárdia e de lá, provavelmente vão em
direção à fronteira para a Suécia. — Fala Aslan.
— Avise nossos homens para fechar a fronteira com a Suécia, ninguém
sai.
Entramos no helicóptero e Aslan vem junto. Não falo nada, fico
concentrado em meu celular, resolvendo todos os preparativos para a minha
volta à Itália.
— Não machuque Katharina, ela errou, mas não merece ser castigada, ela
ainda deve ser sua esposa, só está com medo.
— Você será o chefe dos Bratvas logo, mas é um fraco. Se fosse minha
irmã, eu mesmo a castigaria, mas você está aqui pedindo clemência pela sua! —
Digo, com raiva.
— Pode pensar o que quiser, mas não vou deixar machucar minha irmã.
— Aslan diz.
— Sua irmã traiu sua família, desonrou o compromisso com a Cosa
Nostra. A decisão do que fazer com ela é minha, não pense que sua presença
aqui vai protegê-la das consequências de seus atos.
— Katarina está confusa, aposto que foi enganada por Ivan, ela não sabe
o que descobrimos.
— Isso não importa mais. — Corto a conversa, pois não nos levará a
lugar algum.
O resto do percurso é feito em silêncio. Cada segundo que sobrevoamos
em direção a Novogárdia, minha raiva pela ragazza aumentava. Uma coisa eu
não podia negar, ela tem mais coragem que metade dos homens do seu pai.
Seis carros com homens meus nos acompanham em terra. De longe posso
ver a Ferrari preta que os dois usam. Estamos fora da rodovia, em uma estrada
com gelo e terra, na saída da cidade. Logo, eles percebem que estão sendo
seguidos e aceleram, em alta velocidade, tentando escapar. Sorrio, me
divertindo, pois, a caça acaba de ficar mais atrativa.
— Ivan, não adianta mais, eles vão nos pegar, é melhor nos rendermos!
— Não, Katharina, eu nunca vou desistir, falta pouco para chegarmos à
fronteira, não vê que eles vão me matar?
— Ivan, por favor, ele vai te matar se não parar, é melhor desistirmos! —
Imploro.
— Não, Katharina! Eu não vou te entregar nas mãos da Besta, jamais!!
— Ele fala, enfurecido.
— Eu suplico, eles estão nos perseguindo, é tarde demais. Se nos
rendermos, eles podem nos deixar vivos.
— Para esse carro, Katharina!!! — Ouço a voz de Aslan no alto falante
com a cabeça para fora do helicóptero.
— Nós não podemos parar, você não entende, é tarde demais, eu já sou
um homem morto! — Fala pegando sua arma e atirando contra os carros que nos
perseguem.
— Precisamos atrasá-los — me entrega uma pistola. Tento atirar nos
carros, mas sei que é inútil, já estamos perdidos.
— Não há saída, jamais conseguiremos fugir dele!
O helicóptero ainda sobrevoa nosso carro, outros dois carros colados no
nosso, tentando nos fazer parar, batendo contra a lateral.
— Me escuta, Ivan, é tarde demais, para esse carro!!! — Falo,
desesperada, porém antes que ele possa fazer qualquer coisa, meus olhos vão à
nossa frente, onde o helicóptero pousou e lá está ele. A Besta, descendo da
aeronave junto com meu irmão e mirando em nossa direção.
Com ódio, tremendo, eu coloco meu rosto e parte do braço para fora da
janela e olho em sua direção, atirando. Erro o tiro ao sentir o impacto de um
carro batendo contra nós, quase derrubando minha arma no chão. Eu errei, mas
ele não, e seu tiro acertou no ombro de Ivan.
— Você está ferido, ele vai te matar!! — Grito, desesperada, vendo o
sangue escorrendo do ombro de Ivan, que geme de dor.
Ivan dá uma freada brusca e meu corpo é arremessado para frente. Sinto
um corte arder na minha testa e o sangue escorrer pelo meu rosto. Ivan pega duas
pistolas e sai do carro. Eu tento impedi-lo, mas é tarde demais, ele já está lá fora
e leva um tiro na perna. Corro em sua direção com a minha Glock na mão, a
adrenalina percorre meu corpo, mas o pavor é maior que tudo, e tenho medo
desse ser o nosso fim.
Meus olhos estão presos nele, no monstro que me persegue, não só na
vida real, como até mesmo em meus pesadelos. Se ele soubesse que prefiro a
morte a ser dele, não estaria aqui. Paro ao lado de Ivan, com a arma apontada
para Dimitri. Ivan, mesmo ferido ainda tenta manter a mira em direção a eles.
Está claro para mim que não há escapatória, estamos em desvantagem. Ivan está
ferido e o olhar assassino da Besta fixo em mim, demonstrando que ele não terá
piedade.
— Katharina, abaixe essa arma e venha comigo. — Fala Aslan, aflito.
— Eu não vou, não aceitei acordo nenhum, eu não vou me casar com
esse homem.
Minhas palavras tiveram um efeito sombrio na feição da Besta, que antes
me olhava com raiva, agora me assombra com puro terror. Meus olhos não
saíram dos dele um segundo se quer, e a cada passo que ele dava em minha
direção, sentia meu coração bater mais e mais acelerado.
— Nos deixe ir, por favor! — Eu suplico quando os dois estão em nossa
frente.
— Ragazza burra, pensou que ia conseguir fugir e desfazer o
compromisso? — Dimitri fala friamente, apontando a arma na minha cara.
— Não machuque a minha irmã — rosna Aslan, mas rapidamente é
contido por homens de Dimitri.
— O que pensou, que ia fugir com seu amante e ter uma vida tranquila
fora da máfia? Subestimei você, bella mia. Você deveria saber que uma vez na
máfia, a única forma de sair dela é morta. — Ele fala, mantendo a arma apontada
para mim e seus homens na direção de Ivan.
Eu não me amedronto com suas palavras e muito menos abaixo a minha
arma da sua mira.
— Não aponte uma arma para mim se não estiver pronta para atirar,
Principessa. — Fala, com um desafio no olhar.
— Eu não tenho medo de você, se for preciso eu te mato para ter a minha
liberdade!!
— Atire nele, Katharina! Mata esse desgraçado!! — fala Ivan, do meu
lado, me deixando nervosa e minhas mãos tremem.
— Nós dois sabemos o que acontece se você atirar em mim, meus
homens atiram no meio da testa do seu irmão, depois em você e nesse merda do
seu lado. Uma guerra entre os Bratvas e a Cosa Nostra começa e nós sabemos
qual lado da moeda tem mais poder. Então, seja uma garota sensata e abaixe a
sua arma, antes que eu perca a pouca paciência que tenho.
Olho para Aslan, que está imobilizado por quatro homens. Eu sei que ele
poderia se desvencilhar dos quatro facilmente, mas o desgraçado não quer. O que
me faz pensar que ele está tentando me proteger, evitando um confronto.
— Não escuta ele Katharina, atira de uma vez nesse desgraçado, mata ele
— fala Ivan.
Olho para ele e em seu olhar vejo algo que não tinha notado antes, raiva e
ódio.
— Eu sinto muito, Ivan. — Falo abaixando a arma, sem saída.
Nesse mesmo segundo, Dimitri é rápido, tirando-a das minhas mãos com
uma agilidade que só vi em meu irmão. Aponta para Ivan, ouço o estampido do
tiro e seu sangue cai sobre mim. Com a minha arma ele o matou, matou bem na
minha frente. O corpo de Ivan cai no chão, eu olho para seu rosto coberto de
sangue, com um tiro na cabeça.
Dor! É o que eu estou sentindo, física e mental, eu sinto como se minha
alma estivesse desabando em um abismo. O meu amor se foi, está morto. Seu
corpo está caído em uma poça de sangue. Acabou, ele morreu por minha culpa,
minha culpa, se não tivesse fugido após o meu noivado com o chefe da máfia
italiana, talvez Ivan estivesse vivo.
— Não, não! Não, Ivan, não!! — Grito, em choque, com tamanho horror.
Desabo sobre o seu corpo com lágrimas transbordando pelo meu rosto,
não me importando com minha demonstração de fraqueza. A dor é tão grande
que gemo ao tocar seu corpo sem vida. Contudo, maior que a minha dor é meu
ódio.
Deixo o corpo do meu namorado e me levanto, resignada. Olho
diretamente para ele, o desgraçado que destruiu a minha vida, o miserável que
odeio com todo meu ser.
— Bom, agora que resolvemos tudo que tínhamos para resolver, você
vem comigo, bambina.
— Eu te odeio, Dimitri Salvatore Rinna. Eu nunca vou te perdoar pelo
que acabou de fazer, pode demorar o tempo que for, mas eu ainda o destruirei,
tirarei tudo de você e não terei piedade ao ver seu coração arrancado por mim.
— Vai ser engraçado te ver tentar, bella mia, tentar arrancar um coração
que não existe! — ele ri, achando graça da minha promessa.
— Vem, Katharina, vamos sair daqui. — Fala meu irmão, me puxando
em direção ao helicóptero e eu o acompanho, em estado catatônico tamanha
minha dor.
A minha vida agora se transformará em um inferno, mas uma coisa eu
garanto, já que estarei no inferno, farei de tudo para queimar a Besta junto
comigo.
O dia seguinte amanhece chuvoso e frio, acho que até o céu está triste
pelo que vai acontecer. Ele me tomará como esposa e minha vida acaba. Eu mal
saio do banheiro quando mamãe e minha prima Ana entram no quarto com uma
caixa grande.
— Bom dia, querida. Você acordou tarde, precisa começar a se arrumar.
A cerimônia será às quinze horas, temos muita coisa para fazer — fala minha
mãe como se não estivesse preste a me casar com um monstro e sim o amor da
minha vida.
— Para mim, esse dia não tem nada de bom, mãe.
Olho pelo grande espelho da época czarista da Rússia. Meu corpo está
pálido, meus olhos azuis sem vida e meu rosto vermelho pela bofetada que
recebi daquele que deveria ser meu herói, meu protetor, meu pai.
— Nada que um pouco de maquiagem não resolva, eu vou buscar uma
bandeja com café da manhã para você, enquanto sua prima te ajuda. — Diz
mamãe, saindo do quarto e nos deixando sozinhas. Só então posso respirar mais
aliviada.
— Eles fizeram alguma coisa com você? — Pergunto, abraçando minha
melhor amiga.
— Não, mas foi por pouco. Eu tive que falar onde estava, os italianos são
animais.
— Não se preocupe, não foi por sua culpa que fui pega, não sei como
eles descobriram que eu não ia para Finlândia e sim para Suécia. Mas, no fim, eu
já deveria saber que não sairia ilesa da máfia.
— O que aconteceu com Ivan?
— Ele está morto, aquele miserável o matou usando minha pistola, bem
na minha frente — falo com a voz embargada e Ana me abraça.
— Eu odeio esses italianos, odeio meu tio por ter te entregado a esse
monstro.
— Não se preocupe comigo, eu estarei longe e quero ter a certeza que
ficará bem. Eu preciso falar com meu irmão. Onde está Aslan?
— Eu não o vi, sua mãe disse que ele e seu pai estão junto com os irmãos
Rinna e que estavam em uma reunião desde a primeira hora da manhã.
— Tudo bem, se o encontrar peça para ele vir falar comigo. Quero poder
me despedir do meu irmão. É bem provável que ficarei muito tempo sem voltar à
Rússia. Eu preciso que se cuide e pare de sonhar com Otto. Você viu o que
aconteceu com Ivan, não vai querer que algo assim aconteça com seu professor.
— Você tem razão, eu estou tão triste por você, mas trouxe algo que vai
te ajudar — ela diz e tira do bolso um Iphone. — Lembra a Felícia, minha amiga
do curso de línguas?
— Sim, a italiana do intercâmbio.
— Ela mesma, eu pedi a ela que conseguisse esse celular, ele está no
nome dela e tem um chip italiano. Como ela vai voltar com a sua família para a
Itália ninguém, vai desconfiar. Eu já salvei meu número e vamos poder nos falar
sempre, sem que nenhum desses italianos de merda saibam.
Sorrio, feliz por ao menos pode manter contato com ela e assim ter
notícia de todos. Corro com o celular para o closet e guardo dentro do bolso
interno de um sobretudo.
— A secretaria do seu noivo me entregou essa caixa, disse que é seu
vestido de noiva. Eu não vi, mas estou curiosa para vê-lo — diz minha prima,
apontando para a caixa preta sobre a cama, quando voltamos ao quarto.
— Dimitri mandou a amante comprar o vestido de noiva para mim —
sorrio, achando uma piada.
— É sério, a mulher parecia que tinha chupado limão quando me
entregou. Disse que foi seu noivo que a mandou comprar.
Abro a caixa e me surpreendo ao ver um belo vestido branco com renda
no ombro e detalhes bem delicados.
— Uma coisa não podemos negar, ela tem bom gosto. — Fala minha
prima e eu sorrio, tendo ideias.
Experimento o belo vestido, que serviu como uma luva. Me olho no
espelho e decido tirar o vestido, enojada. O coloco de volta dentro da caixa, em
seguida mamãe abre a porta, entrando com nosso cabeleireiro Nikhu e Anita, a
maquiadora que adoro.
A cerimônia passou sem nem mesmo eu perceber, um laço foi dado entre
nossas mãos, uma tradição italiana. E então, senti meu corpo estremecer,
pensando que logo ele me terá em seus braços. Após vários ritos, o padre
finalmente diz: — Uma vez que é vosso propósito contrair o santo matrimônio e
manifestar o vosso consentimento na presença de Deus, Dimitri Salvatore Rinna,
aceita Katharina Peshkov Castelaresi como sua legítima esposa? — ele olha para
o padre em nossa frente e diz firme.
— Sim — sorrio e o padre prossegue:
— Katharina Peshkov Castelaresi, você aceita Dimitri Salvatore Rinna
como seu legítimo esposo?
— Sim, eu aceito. — Falo com amargura, selando ali meu destino.
Trocamos as alianças e então o padre fala.
— Confirme o Senhor o consentimento que manifestastes perante a sua
Igreja e Deus pai todo poderoso. Não separe o homem o que Deus uniu! — O
Padre proclama. — Eu vos declaro marido e mulher. Pode beijar a noiva — diz o
Padre.
Dimitri se aproxima de mim e puxa meu rosto de encontro ao seu, então
tudo acontece como se fosse em câmera lenta. O homem que mais odeio no
mundo agora é meu marido e seus lábios grudam aos meus em um beijo intenso.
Eu luto para não corresponder, mas ele me morde, me fazendo gemer e sua
língua entra em minha boca, me devorando, sem se importar com o padre nossa
frente. Ouvimos os convidados aplaudindo e só então ele me solta.
— Agora você é mia, bella rosa! — Ele afirma.
— Isso é o que nós vamos ver...
Quando vi Katharina na entrada do salão onde aconteceria a cerimônia,
primeiro não tive reação, em seguida, minha vontade era de ir até ela, arrancar o
maldito vestido negro do seu corpo e surrá-la. Mas eu não podia fazer isso, não
agora. Então, engoli a minha raiva e me contive. E, quando pôr fim a cerimônia
encerrou, eu a beijei. Ela tentou lutar contra mim, mas foi inútil, eu peguei o
queria pra mim. Ainda teria que aguentar a festa, para só então, dentro do quarto,
ensinar uma lição para a bella rosa.
Segurei sua mão e fomos cumprimentar os convidados. O primeiro a nos
felicitar foram os pais de Katharina, que se afastou de mim e abraçou a mãe,
enquanto eu recebia os comprimentos do seu pai, de todos era o mais feliz com o
enlace.
— Parabém, minha filha, enfim você está casada, mesmo que meu
coração fique partido por estar se mudando para a Itália, estou tão orgulhosa. —
Fala a mãe de Katharina, após se desfazer do abraço.
— Tenho certeza que meu querido marido não se importará de recebê-la
em nossa casa, na Itália — fala a filha da mãe de maneira sarcástica.
— Claro, a senhora será bem-vinda em nossa casa. Agora, eu e minha
esposa iremos cumprimentar os outros convidados. — Falo, arrastando
Katharina para o salão.
Quando percebo que não há ninguém por perto, puxo seu braço para uma
porta que imagino ser uma sala de música, empurro-a para dentro com força e
fecho a porta.
— O que pensa que está fazendo vestida dessa forma?! — digo, a
olhando friamente.
— O que acha? Estou de luto! — Ela fala, me enfrentando de nariz em
pé.
Dou três passos em sua direção e já estou com minha mão direta
circulando seu pescoço, enquanto ela está contra o piano.
— Não brinque comigo, Katharina, eu não gosto de jogos e quando
mandar um presente é porque quero você usando-o!
— Você vai encontrar o seu presente no seu quarto, ou o que sobrou dele.
— Ela fala, sem se intimidar com minhas mãos apertando seu pescoço,
deixando-a sem ar.
Quando vejo sua pele branca ficando vermelha e seus olhos ficando
zonzos, eu a solto, vendo-a ter dificuldades para recuperar o ar.
— Te espero na festa, temos muito para comemorar, querida esposa. —
Falo, virando as costas e saindo.
Eu sempre achei que a morte era melhor que a vida, ao menos na morte
encontraremos nossos entes queridos e eu não precisaria viver sendo
atormentada pelo próprio demônio. Talvez, Deus se compadecesse da minha
alma e eu iria para o purgatório e estaria livre das garras dessa Besta. Depois que
Dimitri saiu do meu quarto, eu desabei, tentei ser forte e enfrentá-lo, mas não foi
como imaginei, ele usou minha família contra mim. E agora o ódio que eu tinha
dele triplicou.
O álcool já tinha saído do meu corpo, depois das horas que passei
embaixo do chuveiro frio. Enquanto fazia um curativo em meu pulso, comecei a
perceber que fui impulsiva até mesmo ingênua ontem à noite. Se quisesse
sobreviver, teria que aprender não só a jogar, como também a derrotá-lo. Ele
deve ter algo ou alguém que ama e quando tirasse isso dele, Dimitri saberia o
que é o verdadeiro sofrimento.
Eu mal consegui dormir, com medo que ele entrasse pela porta do meu
quarto e exigisse o que ele acha que é dele. Assisti o dia amanhecer, o espetáculo
tomando conta de toda a Rússia, a neve continuava a cair, provavelmente essa
seria a última vez que veria o nascer do sol na Rússia. O relógio na cabeceira da
minha cama marcava sete e cinquenta, logo estaria partindo e precisava me
preparar antes que ele mesmo viesse me buscar.
Escolho uma saia branca confortável, um corpete preto e uma sandália de
salto fino. Dou um jeito no meu rosto inchado com corretivo e não demora muito
para baterem na minha porta. Abro e vejo Ivana, minha segunda mãe, ou melhor,
minha antiga babá, minha e de meu irmão e cuidou da gente desde o nascimento.
Tenho um carinho imenso por ela.
— Já está pronta, princesa?
— Sim, Nana, vou chamar Elfie para terminar as minhas malas.
— Eu vim me despedir de você, ainda me custa acreditar que deixará
essa casa, minha filha.
— Por que se despedir Nana? Eu avisei que se chegasse a casar com o
maldito você iria comigo para a Itália.
— Eu sei, meu anjo, mas seu marido me encontrou no salão rosa e disse
que não precisaria dos meus serviços na Itália, já tinha empregados suficientes.
Não sei como ele descobriu que eu iria com você, mas pelo visto, ele não gostou
nada.
— Ele não pode fazer isso Nana, ele não pode me tirar você, já não basta
tudo que estou perdendo? — Digo, inconformada com essa situação, ele só pode
estar me castigando, como falou. — Não se preocupe, Nana, eu vou dar um jeito,
prometo — digo, abraçando-a — Isso não será uma despedida, vou mandar
buscar você — beijo seu rosto.
— Estão todos te esperando para o café, seu marido já mandou preparar o
jatinho; os carros já estão todos prontos para levar vocês até a pista.
— Tudo bem, eu já estou pronta. — Sorrio, não querendo que ela
perceba o quão triste eu estou. Já basta uma pessoa infeliz nessa história, não
quero que Nana se preocupe, nem ela, nem Aslan e muito menos mamãe.
O café passa de maneira lenta, noto que a puta italiana não veio tomar
café, provavelmente deveria estar dormindo ainda. Imagino que o meu querido
marido deva ter terminado a noite de ontem na cama dela.
Por fim, era a hora de partir e eu ainda não tinha visto meu irmão.
Mamãe não parava de chorar e dizer que iria me visitar assim que pudesse, meu
pai apenas beijou minha testa e disse que sentia orgulho de mim. Talvez um dia
eu conseguisse perdoá-lo, mas nesse momento a mágoa é grande demais. Minhas
malas já estavam no carro, os irmãos de Dimitri já tinham partido na frente, mas
me recusei a ir sem me despedir de Aslan. O olhar bravo de Dimitri já dizia que
ele não esperaria muito tempo, todavia, quando vi o Porsche preto chegando,
respirei aliviada, sabendo que ele tinha voltado para se despedir de mim.
— Me desculpe o atraso! — Fala Aslan, me abraçando.
— Não se preocupe, o importante é que está aqui, tive medo de que não
conseguiria me despedir de você — falo baixo, apenas para ele ouvir.
— Eu bebi demais ontem, quando acordei, vim correndo com medo de
que já tivesse partido. — Passa a mão direita no meu cabelo.
— Eu vou sentir sua falta. — Falo, limpando o rosto.
— Eu também, pequena — ele me chama pelo apelido que me deu ainda
criança.
— Promete que isso não será uma despedida, que vou te ver novamente.
— É claro que sim, nem que eu precise invadir a Itália para vê-la.
— Eu te amo, irmãozão.
— Eu também te amo, pequena.
Depois de me despedir do meu irmão, Dimitri me levou até o carro e dali
em diante toda a minha vida mudaria. Entrei naquele jatinho sabendo que
precisaria ser forte por mim e por aqueles que amo.
A noite já tomava conta do céu, mas ainda assim pude admirar a bela
fortaleza, ou melhor, o castelo de Vênus no topo de uma montanha com vista
para o mediterrâneo. Além de ser bem distante da cidade, o castelo ainda conta
com uma muralha bem protegida e uma ótima visibilidade.
Quando soube que ficaria noiva da temível Besta da Itália, eu tive que
aprender o máximo que podia sobre ele, mesmo que muitas das informações que
encontrei fossem genéricas, no entanto eu queria saber onde estava me metendo.
Com o carro já dentro da fortaleza, Dimitri me ajuda descer e então posso
admirar, porque não tem como não admirar a grandeza rústica desse lugar, um
tanto sombrio e ao mesmo tempo fascinante.
— Seja bem vinda a sua nova casa, bella mia. — Fala Dimitri, olhando
para mim enquanto eu não tiro meus olhos da construção histórica.
— Obrigada — falo, sendo educada e o acompanho para a entrada onde
vejo uma fileira de empregados do lado de fora, assim como outros homens de
Dimitri.
Por ser o “Boss” da Cosa Nostra ele tem que manter a segurança
redobrada, há muitos conflitos na organização, assim como na Bratva.
— Essa é minha esposa, Katharina Peshkov Castelaresi Rinna, devem se
referir a ela a partir de agora como senhora da casa — ele fala firmemente aos
empregados, que acenam, provavelmente com medo dele.
Será que ele é carrasco até com os empregados? Me pergunto
internamente.
Lorenzo e Vicenzo entram sem nem ao menos nos esperar, Dimitri me
acompanha até a sala, porém não tenho tempo de reparar em nada, pois o que me
chama atenção é Natasha descendo as escadas com um sorriso debochado e uma
roupa pra lá de vulgar.
— O que ela está fazendo aqui?! — Pergunto a Dimitri.
— Que bom que chegaram, aguardava ansiosa por vocês! Seja bem
vinda, Katharina.
— Me chame de senhora, não sou sua amiga e não te dei liberdade para
me chamar pelo primeiro nome!! — falo curta e grossa, e noto que Dimitri revira
os olhos, entediado.
— Vou levar você para conhecer o quarto, nós conversamos depois
Natasha! — Ele fala para ela e eu me pergunto até onde essa atrevida pensa que
vai!
Subo a escadas com ele atrás de mim e nem me digno a olhar para a puta
que sorria, debochando de mim. Pelo visto terei que dar a essa galinha uma
lição. Pois, se demorar muito é capaz dela querer sair voando. Eu mal consigo
prestar atenção à decoração, estou com muita raiva, até ele abrir a porta da única
suíte do terceiro andar, pelo menos foi o que reparei.
— Esse é nosso quarto — fala, abrindo a porta para mim.
O quarto é tão sombrio quanto o dono, detalhes em madeira, uma
decoração bem masculina. Um arrepio passa pela minha espinha ao imaginar que
dormiríamos juntos.
— Você dorme aqui? — Pergunto, mesmo já imaginando a resposta.
— É claro, esse é nosso quarto de agora em diante — fala abrindo o
paletó e jogando o mesmo sobre uma poltrona de couro marrom.
— Prefiro um quarto só para mim, não importa onde seja, só não quero
ter que dividir a cama com você.
— Isso está fora de cogitação, você dorme comigo, afinal como acha que
meu herdeiro será feito, e o que os empregados irão falar sabendo que acabamos
de nos casar e minha esposa dorme sozinha?
— Eu não me importo, só quero estar longe de você!
— Sinto em lhe decepcionar, minha cara, mas você ficará aqui comigo e
chega de discutir esse assunto.
— Então, já que não quer falar sobre isso, me responda o que sua puta
está fazendo aqui! — Digo, afrontando-o
Todos os meus planos estão dando errado, assistir o homem que amo se
casando foi uma tortura. Mais de dois anos me dedicando a conquistá-lo, a
despertar seu desejo por mim, me submetendo a todos seus gostos. Suportei até
ver ele com várias amantes. Doei-me de todas as formas. E agora ele se casa
com uma bastarda russa. Uma princesinha fraca, mimada, que não o ama, pelo
contrário, o odeia. Mas, se depender de mim, logo esse casamento será desfeito e
vou mostrar a Dimitri que ela não é boa o bastante para ele.
Essa garota não terá paz não enquanto eu viver, ela não tomará o que é
meu. Se depender de mim logo ela voltará. Meu desejo é que ela volte com o
rabo entre as pernas para a Rússia, onde é o seu lugar. Faço o meu trabalho em
silêncio enquanto Dimitri está concentrado no computador.
— Como o senhor pretende lavar o dinheiro do tráfico? — Pergunto,
curiosa, após Vicenzo sair do escritório, nos deixando sozinhos.
— Ainda não tenho um plano concreto, vou precisa me reunir com
Daniela e Lorenzo. Mande uma mensagem para ela e peça que esteja na sede
após a reunião com os capos.
— E a apresentação da sua esposa para a família, quando vai acontecer?!
— digo, com um gosto amargo na boca.
— Isso eu resolverei, não precisa se preocupar. O que diz respeito à
Katharina é da minha conta. — Fala friamente e me olha com seu olhar frio que
faz minha calcinha encharcar.
— Certo, senhor — digo o olhando de maneira submissa.
E então, Dimitri me surpreende ao me puxar pelo pescoço, me fazendo
levantar da cadeira, a derrubando no chão.
— Por dias eu suportei a sua falta de disciplina e comprometimento.
Segurei-me por muito tempo para não castigar você como deveria, mas agora
estou em casa e você precisa de uma lição para aprender a respeitar as minhas
decisões. Katharina é minha esposa, quer você queira ou não, ela é a senhora
desta casa e nada que você faça irá mudar isso. Lembre-se, vagabundas vem e
vão em minha cama, se não quer se a próxima a ir eu sugiro que melhore sua
postura e volte a ser a submissa que era antes desses ataques ridículos de ciúmes.
— Eu prometo me comportar de maneira digna, senhor — falo,
suplicando perdão, me ajoelhando aos seus pés.
Dimitri volta a sentar na sua cadeira, enquanto me mantenho de joelhos
deixando as lágrimas caírem.
Dimitri tira o cinto da calça e usa contra o meu pescoço, apertando e
tirando meu ar. Fecho os olhos esperando que me puna. Ele me arrasta de joelhos
pelo escritório, me erguendo pelos cabelos, machucando meu coro cabeludo e
ergue meu rosto para o seu, olhando em meus olhos. Meu corpo entra em
chamas, tudo que quero é satisfazê-lo e mostrar que sou perfeita para ele.
— Será castigada da maneira como precisa — ele fala, me mostrando a
quão necessária é minha punição. E então, me virando contra a mesa, de costas
para ele, tira o cinto do meu pescoço prendendo minhas mãos atrás das costas
fortemente, sinto meus pulsos doerem. Me inclino para frente, sobre a mesa e
ouço seus passos atrás de mim. Fecho os olhos e me concentro em não me
mexer, sendo subserviente ao desejo dele de me castigar, pois eu falhei e mereço
ser punida. Meu dono abre o zíper do vestido que uso, fazendo com que eu fique
exposta a ele, apenas de calcinha.
— Não chore e não ouse gozar enquanto te castigo — ele diz com sua
voz firme de dominador, eu apenas aceno, mordendo os lábios para me controlar
e não gemer de dor quando a primeira palmada vem.
O golpe é certeiro, a aliança queima na minha nádega esquerda, que arde
demais, ele continua me estapeando forte e brutalmente, meu corpo está suado, a
dor é intensa. Mas não falharei com meu dono. Eu já não conseguia contar
quantos golpes levei, quando passa da quarenta eu estou a ponto de desmaiar.
Todavia, meu dono interrompe os golpes, percebendo que cheguei no limite e se
senta na poltrona de frente para mim, admirando a obra de arte que fez. Minha
bunda estava inchada com vergões e a onde sua aliança acertou provavelmente
ficará preto.
— Vou emprestar você para Raí amanhã e espero que se comporte, não
me desaponte ou me envergonhe, escrava. Estou em uma linha tênue para me
desfazer de você.
— Prometo me comportar, mestre — falo, odiando o fato da minha
punição não ter acabado. Para uma submissa, ser emprestada é uma forma de
humilhação, significa que não satisfaço meu dono plenamente.
— Vá para o seu quarto, tome um banho e desça para a sala de jantar,
depois terá a noite toda para descansar. Raí vira te buscar amanhã as oito, esteja
pronta.
Após Natasha sair fico analisando os últimos quinze dias de faturamento
dos meus negócios. Alguns deles não estão dando tanto dinheiro como antes e
preciso dar uma atenção especial a isso. E, para piorar ainda tivemos certa
diminuição de lucros na Inglaterra, provavelmente porque uma das máfias rivais
está se instalando no país. E ainda tenho grandes inimigos dentro da Cosa
Nostra.
Não é fácil para muitos aceitar o meu comando, ainda mais pelo fato de
eu não ter vindo do mais alto escalão da Cosa Nostra., cheguei aonde estou
sendo mais esperto que todos os que antecederam a mim, não nasci para ser o
capo, não, eu tomei o poder de Michelle Navarro, o último capo da Cosa Nostra
antes de mim. Capo esse que não estava à altura para ser considerado o “Boss”.
Então, fiz o que deveria ter feito em uma reunião que ficará gravada em minha
memória enquanto eu viver. Foi nesse dia, onde estavam todos eles reunidos, não
só Michelle como seus aliados. Eu, que era seu braço direito e membro da sua
alta confiança, seu conselheiro, o assassinei naquela noite, não só ele, todos os
seus aliados. Então. me tornei o chefe Capo dei capi, a Besta sanguinária, como
costumam me chamar.
Mandei uma mensagem para Mirian avisando da minha chegada e que
iria ao clube.
Quando termino meus relatórios, vou direto para a sala de estar,
encontrando Lorenzo chegando em casa com a camisa desabotoada e sangue no
colarinho.
— O que aconteceu com você? — Questiono.
— Eu trouxe alguém que vai querer interrogar — ele fala com um sorriso
no rosto e já sei que ele pegou um dos traidores.
— Onde está Vicenzo?
— Ele estava no jardim quando cheguei e foi levar nosso convidado
enquanto eu vim te buscar.
— Perfeito — digo ansioso, acompanhando-o para o lado de fora, ou
melhor, para a torre da agonia.
Lugar esse onde gostamos de levar nossos inimigos e também aqueles
que não cumprem as regras da família.
Chegando lá, me surpreendo ao ver Frederico Castilho acorrentado no
centro da nossa sala de tortura.
— Quais são as acusações? — Pergunto a Lorenzo, que olha para o
mesmo com asco.
— Frederico estava passando informações da família para os federais
também fechou um acordo de delação com um agente do alto escalão da polícia,
o Carvaniele.
— Tem algo a dizer em sua defesa!? — falo, ansioso para começar sua
sentença.
— Eu fui forçado, eles me ameaçaram, iam machucar minha filha.
— Tem mais alguém que também traiu a família? — Pergunto já puto
com sua historinha.
— Não, senhor, eu só fiz isso por minha filha, por minha família. — Ele
diz, chorando.
— Você desonrou esta família, quebrou os laços de comprometimento e
descumpriu com seu juramento de sangue. Trair a família é uma sentença de
morte. A sua mulher será enviada a um dos nossos bordéis e sua filha, por ainda
ser pura, será dada em casamento para um dos nossos. E assim, a partir de hoje,
a família Castilho já não existe mais!
Vicenzo cospe nos pés do maledeto e todos nossos homens fazem o
mesmo, quando o último, que é Lorenzo o faz, é minha vez de me divertir. De
certa maneira, estava ansioso para deixar a Besta tomar conta, já que nos últimos
dias meu controle estava se esvaindo, por conta de certa loira teimosa.
Me livro do paletó, deixando-o sobre a cadeira de madeira. Vicenzo já
está preparando os brinquedos, Lorenzo usa as correntes para manter o maledeto
erguido. Pego o martelo e começo pelas suas mãos. Vicenzo segura sua mão
direita firmemente, e então eu acerto o primeiro dedo com brutalidade,
esmagando os ossos. Sangue espirra pelo ar e escorre pelo chão da bancada.
Seus gritos suplicantes são como música para mim. Destruo todos os dedos das
mãos, assim como dos pés, enquanto Lorenzo joga sal em suas feridas. Pego à
estaca, um dos meus brinquedos revolucionários, que consiste em um bastão de
madeira com pregos por toda sua ponta.
— Traidor, maledeto — bato com a estaca no seu rosto, ouvindo o som
dos ossos da sua mandíbula se quebrando.
Lorenzo ri quando vê ele se mijando de dor.
— Que fraco, na hora de trair a família foi forte, agora fica feito um
garotinho, se molhando! — diz meu irmão, acendendo um cigarro.
— Não ouse desmaiar, ainda não acabei com você — falo irritado,
pegando a máquina de choque, acordando-o rapidamente.
— Por favor, senhor, me mate de uma vez! — Ele implora, despertado,
mas as palavras saem desconexas pela mandíbula quebrada e pelo sangue que
escorre.
— Uma morte honrada demais para um traidor de merda — Nego seu
pedido, arrasando uma de suas orelhas com o alicate.
— Ele não vai aguentar muito tempo — diz Vicenzo, me desanimando.
Agora que a diversão estava ficando boa. Porém, ele ainda aguentou
firme por uma hora aquela tortura. Quando enfim o miserável estava morto,
mandei jogar seu corpo na fábrica de sal.
— Poderíamos alimentar Hades e Perséfone com os restos dele. — Fala
Lorenzo, olhando com nojo para o corpo sem vida.
— Você está brincando? Hades não come qualquer porcaria. Não vou
alimentá-lo com carne de terceira de um merda desse. — Respondo, exasperado
um absurdo desse.
— Tem horas que eu sinto que você gosta mais daqueles animais do que
de nós, que somos seus irmãos.
— Não duvide disso, meu caro — digo friamente. Em seguida, saindo da
torre da agonia, volto para casa, louco para tomar um banho e tirar o sangue
fétido de mim.
Assim que entro, junto com meus irmãos, vejo Katharina conversando
com Luigi, ela me vê e por mais estranho que pareça, não se assusta com todo o
sangue, apenas ignora e volta a falar com o nosso mordomo.
— Cuidado ao pisar no tapete, manchar de sangue um tapete persa seria
um desperdício. — Ela fala e faz com que Lorenzo ria.
— Essa garota é única — ele diz, passando por mim, indo em direção as
escadas, junto com Vicenzo, que nem olha para ela. Eu apenas aceno para os
dois, indo direto para o meu quarto tomar um banho rápido antes do jantar.
Eu estava sentado à mesa de jantar, esperando Katharina chegar para o
jantar. Já estava irritado, pois odeio atrasos. Precisava explicar para a bambina
quais eram suas obrigações como esposa.
Inferno, um dia de casado e ela já me tirava do sério. Todavia, antes que
eu pudesse me levantar e ir buscar a maldita, vejo-a entrando na sala de jantar
acompanhada de uma das empregadas da cozinha, sorrindo como se as duas já
fossem grandes amigas, mas seu sorriso morre assim que ela olha para a mesa.
— Posso saber o que a criada faz sentada em meu lugar?! — diz a bella
rosa, fechando a expressão.
— Eu sempre me sentei aqui, antes mesmo de você entrar para a família
— Natasha responde, se contendo, pelo visto a lição de mais cedo surtiu efeito.
— Você disse bem, querida, sentava antes, quando eu não fazia parte
desta família! Então, de agora em diante, eu sentarei ao lado do meu esposo e
você pode comer ali, ou melhor, deve comer na cozinha com os outros
funcionários — ela dispara furiosamente.
— Levante-se, Natasha, Katharina tem razão, este lugar pertence a ela,
como minha esposa. — Digo, sem paciência para dramas femininos.
— Claro, senhor. — Ela fala, se levantando e sentando perto de Vicenzo.
— Acho que você não entendeu, querida, seu lugar é na cozinha e não
entre os donos da casa.
— Katharina, já chega!! — falo, ficando de pé e batendo na mesa. —
Natasha irá comer nesta mesa, como sempre foi e isso acaba aqui! — Vocifero,
puto com toda essa discussão.
Quando ele disse que a puta ia comer junto a nós eu tremi de ódio, ele
estava me humilhando. Ele me trata como se fosse essas mulherzinhas fracas que
abaixam a cabeça para tudo que seus maridos falam, mas essa não sou eu.
— Um caralho que isso acaba aqui. Já que ela é sua funcionária, deveria
comer com os outros funcionários e melhor ainda, dormir no anexo dos
empregados! — Discordo, olhando duramente em seus olhos sombrios.
— Não levante a voz para mim novamente, esposa! Esqueceu que além
de seu marido eu sou o capo desta família!! — Ele retruca ameaçadoramente.
— Tem razão, você está certo, eu me excedi. — Sorrio por dentro —
Talvez isso se deva ao fato de antes eu pertencer à máfia russa e agora ser um
membro importante da italiana. E, como tal, é meu dever sempre me lembrar das
regras dessa organização.
— Pelas regras desta família, um verdadeiro líder nunca, jamais deve
quebrar um dos mandamentos da Cosa Nostra e eles são. Primeiro: Não se
apresentar sozinho a um amigo membro da família. Segundo: Não olhar para as
mulheres de nossos amigos. Terceiro: Não se meter com a polícia. Quarto: Não
frequentar bares ou clubes que não sejam da família. Quinto: Estar disponíveis a
qualquer momento para a Cosa Nostra. Sexto: Os compromissos devem ser
respeitados. O sétimo é o meu favorito, esse é maravilhoso: Deve-se respeitar a
esposa, pois a matriarca de uma família carregará em seu ventre o herdeiro.
— Parabéns, bella rosa, pelo visto andou pesquisando sobre as regras da
família, mas isso não quer dizer que sua voz se sobressai à minha e como falei,
Natasha continuará comendo conosco à mesa e dormindo dentro da fortaleza. —
Ele determina, enfurecido ao perceber que entrei neste jogo sabendo todas as
regras.
— Tem razão, querido. Desculpe, Natasha. Tenho certeza que meu
esposo e seus irmãos tem um grande carinho por você e tenho certeza que logo
seremos grandes amigas — digo amigavelmente, me sentando ao lado de
Dimitri, esbanjando todo meu veneno.
Abro os olhos e pisco com dificuldades para enxergar. Está tudo escuro,
não importa para onde olhe, tudo que enxergo é a escuridão. Me levanto e
caminho, mesmo no escuro, tentando entender onde estou. Sinto um cheiro
ferroso, de sangue, tomando conta do ar. Tampo meu nariz, tentando entender da
onde vem o cheiro forte. Olho para um feixe de luz fraca que vem da porta e ao
abri-la solto um grito de horror. Lá está ele, com os olhos brancos, Ivan, sem
vida no chão imundo, tendo seu corpo estraçalhado por dois leões horríveis, eles
comem sua carne e quando me veem largam o homem da minha vida e
caminham em minha direção.
— Socorro!! — grito e tento correr, mas as feras vêm em minha direção.
Me debato, porém, sou segurada por alguém. Tento me desvencilhar, mas meus
braços não respondem. Olho para trás e vejo ele, Dimitri, me segurando e as
feras em minha direção.
Acordo desesperada com o pesadelo horrível que tive. O quarto está claro
e Dimitri não está na cama. Tento levantar, porém me surpreendo ao perceber
que estou algemada na cabeceira da cama.
— Não pode ser, merda! — digo horrorizada, olhando para as algemas
que prendem minhas mãos, as mesmas algemas que peguei do calabouço.
A porta do meu lado esquerdo abre e então Dimitri passa por ela,
sorrindo de maneira fria para mim.
— Bom dia, bella mia, não disse que gostava de brincar com fogo....
Estava presa na cama algemada. Dimitri caminhava em minha direção,
me olhando de maneira feroz. Meu coração está acelerado e a ficha caiu. Estou
perdida, como abaixei a guarda logo ao lado de um predador?
— Você não consegue obedecer a uma simples ordem não é bella rosa.
Eu disse para não abrir aquela porta, mas você não me ouviu! — Fala
duramente, enquanto eu tento me soltar das algemas.
— Me solta! O que pensa que está fazendo me algemando aqui? — Digo
nervosa com sua proximidade. A cada segundo está mais perto de mim.
— Qual era o seu plano, bella mia, me algemar com a minha própria
algema? O que queria ao entrar no quarto obscuro?
— Eu... Não queria nada, não me importo se você é esse tipo de homem
dominador; eu estou me fodendo para o que faz com suas putas, só me solta
daqui.
— Dominador, bella mia, não sou apenas um dominador, mi amore, eu
sou um sádico! — Ele fala, erguendo um objeto que segura em mãos e só agora
reparo que ele segura uma chibata de couro preto. — Você sabe o que merece
por ter entrado lá sem a minha permissão? Sabe o que eu posso fazer com você
assim, algemada na minha cama?!
— Você não é meu dono, me tira daqui!
— Eu sou, bella mia, eu sou dono de cada pedacinho seu. — Diz e passa
a ponta da chibata pela minha coxa.
— Não me toque!!
— Eu sei que te excita às coisas que viu, mi amore, você não imagina o
que podemos fazer juntos naquele quarto.
— Nunca! Eu não sou uma das cadelas que você usa e que se submete
aos seus caprichos, Dimitri. Jamais permitirei a um homem me usar como
objeto, não serei escravizada por você, nunca!
— Não é o que os seus olhos dizem, bella mia, tenho certeza que ficou
excitada com o que conheceu. Eu tenho certeza que gozaria apenas com o toque
da minha chibata em sua pele nua.
— Você é ridículo, acha que uma mulher de verdade vai querer se
submeter assim? Vai sonhando, meu amor!
— Você não imagina o quão irritado eu fico com essa sua língua afiada,
não imagina o que faz comigo quando me desafia.
— Pois se acostume, você foi mimado por suas vadias. Eu não sou como
elas. Eu não sigo suas ordens.
— Não me venha com essa merda, caralho! — Bate a chibata na coluna
do dossel da cama. — Você vai seguir, Katharina, eu sou o seu marido. Sou a
porra do chefe da Cosa Nostra e você vai aprender a me respeitar, nem que seja
na ponta do chicote.
— Quando vai entender que eu não sou Natasha? Não sou uma mulher
submissa. Eu sou livre e amo ser assim.
— Livre, Katharina, você nunca será! No mundo que vivemos liberdade
é algo que não existe. Você está sobre o meu domínio, eu mando aqui! Você me
pertence e irá me obedecer como uma boa esposa italiana deve fazer!
— É sangue russo que corre em minhas veias, se queria uma mulher
dócil e submissa deveria ter se casado com outra e não comigo, já que você era o
único que tinha opção de desistir. Eu jamais vou me ajoelhar para você! —
Grito, me debatendo. Ele segura minhas pernas com força sobre a cama
enquanto sobe em cima de mim, apertando meu maxilar com a mãos livre.
— Vamos ver se você não vai me obedecer, Katharina, já chega da sua
falta de disciplina. Eu vou te ensinar a se comportar como se deve! — Fala e
beija meus lábios brutalmente, mordendo-os quando não correspondo.
Noto que meus lábios sangram. Ele se afasta, sorrindo e se levantando da
cama rapidamente, indo em direção àquela maldita porta. Aproveito que ele não
está olhando e puxo a cabeceira, tentando me livrar das algemas, todavia é inútil,
ela nem ao menos se mexe e eu continuo presa nessa cama. Não demora muito
para que Dimitri volte segurando uma corda preta e um objeto estranho nas
mãos. Meu corpo entra em alerta, engulo em seco a vontade de pedir socorro.
— O que pensa que vai fazer com isso? — falo assustada e ele sobe, se
sentando em minhas pernas.
— Vou te ensinar a não desobedecer ao seu marido, minha cara! Entenda
logo que todas as vezes que me desafiar, quem sairá prejudicada será você!
Após dizer isso, ele pega o objeto estranho e aproxima do meu rosto.
Tento me esquivar, mas ele é mais forte e coloca a bola preta na minha boca,
amarrando as correrias atrás da minha cabeça. Dessa forma eu não consigo gritar
e nem cuspir na cara dele como é a minha vontade.
— Agora, bella mia, você terá o seu castigo e vai aprender a não me
desobedecer! — Ele fala, usando a corda que está sobre a cama para amarrar
meus braços.
Com meus braços amarrados, Dimitri solta às algemas de ferro e
aproveito o segundo para chutá-lo na barriga, mas o infeliz é forte e me
imobiliza.
— Quietinha, bella mia. — diz e começa a amarrar a corda pelo meu
corpo com força, uma técnica que nunca vi.
Estou tremendo de ódio e planejando formas de matá-lo lentamente
quando sair daqui. Dimitri sorri, olhando para o meu rosto vermelho de raiva e
continua fazendo seus nós. Meus braços estão presos, ele me levanta da cama e,
quando penso que irá me arrastar até o maldito quarto, onde serei torturada, ele
para no meio do quarto, em frente à poltrona negra e continua a fazer nós, me
deixando de joelhos sobre minhas coxas.
— Você está tão linda, bella mia. Não imagina o prazer que me dá ter
você assim, contida e melhor ainda, sem abrir essa boca nervosa para ofender
seu marido.
Viro o rosto, me esquivando do seu toque asqueroso. Ele sorri, ficando de
pé bem na minha frente, enquanto eu fico ajoelhada, refém dos seus desejos
sombrios.
Que tipo de mulher maluca sente prazer em ficar contida, humilhada e de
joelhos em frente a um desgraçado deste?
— Espero que agora entenda, minha cara, que eu estou no poder aqui e
quando der uma ordem você tem apenas que obedecê-la, senão as coisas vão
ficar cada vez piores para você, bella mia!
Eu nem quis ouvir o que ele dizia, entrei no banheiro com dor em meus
pulsos. Passei o dia amarrada feito uma vaca. Usei a meditação, as aulas de ioga
para controlar meu corpo e não surtar. Conseguir controlar a vontade de ir ao
banheiro e a sede foi fácil, mas ficar amarrada com meus movimentos contidos
foi terrível; fiz de tudo para me soltar dos nós, porém o desgraçado sabia bem o
que estava fazendo e por mais que eu lutasse contra as amarras, elas me
mantinham presa e tudo que eu consegui foi esfolar meus pulsos.
Depois trancar a porta e usar o sanitário, coloquei a banheira para encher.
Meu corpo estava todo dolorido pelas horas que passei na mesma posição e
minha pele toda machucada. Dentro de mim o ódio por esse homem só
aumentava. Eu descobrirei algo que a Besta ame e então farei questão de
destruir. Como aprendi com Aslan, uma guerra é vencida com inteligência e não
com sentimentos, não vou deixar a minha fúria me domar; serei fria, calculista.
A noite estava fria e o mar agitado. Caminhando pela orla, minha mente
fica viajando, indo e vindo em seus olhos azuis. Sonhei com ela mais uma vez.
Seu corpo perfeito entregue a mim, sua pele pálida brilhando de suor e então
tudo se torna turvo, cinza, ela já não sorri, já não olha para mim, ela já não é
minha. E a fúria toma conta de mim, a porra do controle se esvai, meu corpo se
transforma em puro ódio. Tudo que eu quero é machucá-la. Decido entrar em um
pub para espairecer, minha mente está atormentada. Já é quase meia noite, às
ruas estão praticamente vazias. Passando pela entrada, sou recebido pelo som
alto e uma multidão de pessoas, todas entorpecidas pela bebida e por suas vidas
frustradas. Sento em uma mesa no fundo do pub, onde teria privacidade para
beber e não ser interrompido. Uma loira bonita de vestido xadrez entra no pub e
olha para o celular como se confirmasse algo. Senta sozinha, perto da porta. Não
consigo ver bem seu rosto, mas algo nela é familiar e agita meu corpo. Me
aproximo no momento em que o garçom deixa a bebida em sua mesa.
— O que uma mulher bonita faz sozinha num lugar como esse?!
— Afogando as mágoas de uma vida vazia — ela diz, sorrindo para mim.
Seus olhos são escuros, mas seu rosto é delicado, com traços finos
impressionantes.
— Pelo visto temos algo em comum — digo, sentando na cadeira a sua
frente. Ela bebe um gole da sua bebida e eu a acompanho com meu uísque.
Descubro que ela se chama Vanessa, é advogada e atualmente trabalha no
fórum, como jurada da corte da vara de família. E acaba de descobrir que a irmã
tem um caso com seu marido e pior, está grávida do mesmo. Confesso que a
vontade de fode-la se foi assim que ela deixou duas lágrimas caírem, todavia,
Vanessa me surpreendeu quando me chamou para ir à casa da amiga, que estava
em Portugal e deixou a chave com ela.
Não penso duas vezes e acompanho ela até seu carro. Enquanto ela dirige
eu vou provocando-a, chupando seu pescoço, seu colo, até deslizar as alças do
seu vestido para baixo. A safada estava tão sedenta que, antes mesmo de
chegarmos à residência da amiga, ela já estava sem calcinha.
Quando entramos na casa, não tenho tempo de reparar em nada, uma
coisa dentro de mim estava diferente essa noite. Eu queria fode-la, queria marcar
ela. Quando passamos pela porta do quarto, a pego no colo e a jogo na cama com
força. Vanessa, toda safada, começa a se livrar das roupas, ficando nua. A
calcinha ela já tinha tirado ainda no carro.
O tesão me bate, junto com ele uma fúria animal já está tomando conta
do meu corpo inteiro!! Ela abre as pernas e começa a se tocar, enquanto eu tiro
minhas roupas. A puta estava louca para ganhar um pau na boceta e eu daria isso
a ela. Foderia ela até ela cansar.
Uso seu vestido fino, que está jogado no chão e amarro em seus olhos.
— Hum, você gosta de jogar, gatinho. — Ela fala de maneira
provocativa.
Abro mais suas pernas, deixando-a bem arreganhada e entro com tudo
em sua boceta. A vadia grita alto de dor e prazer. Começo a socar meu pau com
força, tentando aplacar a fúria que transborda de mim e a dor que queima em
minha alma.
Vanessa geme alto, gritando quando o primeiro orgasmo a atinge. Mas,
continuo metendo sem dó, estou com raiva, com ódio e coloco dentro dela toda a
minha frustração.
A cama começa a bater contra a parede, eu puxo seu cabelo erguendo-a
para que ela fique de quatro sobre a cama.
— Calma, gatinho, devagar — ela pede, mas a calo rapidamente quando
pego o cinto que usava, que está caído no chão e prendo seus braços para trás.
Ela começa a gritar de prazer e isso me enfurece, levo minhas mãos ao
seu pescoço e comecei a apertar de leve, testando sua capacidade.
— Essa putinha quer gemer, quer? Então geme de dor!!! — Falo e dou
um tapa forte em sua bunda.
Vou metendo sem dó e uso os meus dedos para testar seu rabo e ver se
ela já tinha dado ele antes. Como imaginei, meus dedos entram sem dificuldade.
— Vagabunda, já deu muito esse cuzinho, não é?! — Falo mordendo seu
pescoço.
— Me fode, me come — ela implora, desesperada para gozar.
Sem me importar com a dor que ela sentiria, a coloco-a de quatro e enfio
em uma estocada metade do meu pau no cuzinho dela. Ela grita e grita muito,
mas continuo sem me importar.
— Anda, putinha, anda.... Tá com dor?! Abre essa bunda.
Soco com gosto naquele rabo, ela está suada e já perdeu as contas de
quantos orgasmos tinha tido, parecia que ia desmaiar.
Dou um tapa forte na sua bunda e sou tomado por uma overdose de
luxúria e depravação. Meu pau, a esta altura, estava pronto para gozar, então
faço o queria fazer desde o começo. Aperto seu pescoço por trás, com minhas
duas mãos e gozo, tão forte que minhas pernas falham, mas não antes de pegar o
meu punhal e crava-lo em sua barriga, seu rosto perder a cor e seus olhos
ficarem pálidos e sem vida. Um prazer inexplicável toma conta de todo meu ser.
Ela não era minha, era uma puta desgraçada.
Olho mais uma vez para a vadia e sorrindo, deslizo a faca da sua barriga
até sua garganta para confirmar que ela não sobreviveria. Um vermelho belo
começa a colorir os lençóis brancos, me deixando fascinado. Com o sangue que
escorre pelo seu corpo eu deixo uma marca na parede. A minha marca. A marca
da Besta!
Olho para o corpo da jovem sem vida e fico chocada com a brutalidade
deste assassino.
— Tudo indica que tenha sido um homem — fala meu colega de
trabalho, detetive Emanuel.
— Temos chance de encontrar digitais? — Pergunto à perícia, que tenta
encontrar alguma pista de quem possa ter assassinado a moça.
— Por enquanto, não, a única coisa que descobrimos foi sêmen no
interior da vítima.
— Provavelmente do agressor. Vamos levar para o laboratório, é possível
que ele tenha cometido o assassinato durante o ato sexual.
Fotografo a palavra Besta escrita com sangue na parede do quarto e temo
por estarmos diante de um assassino em série, já que só um teria o prazer de
assinar sua obra após um ato tão vil. Saio do quarto, deixando a perícia
trabalhando e, do lado de fora, encontro a dona da casa e amiga da vítima, que
estava em viagem, mas ainda não a descartei como suspeita.
— Eu já liguei para o marido dela, ele está vindo para cá — diz a amiga
da vítima, limpando o rosto.
— Preciso que acompanhe o policial Adam para que ele colha seu
depoimento. Tente lembrar se alguém queria sua amiga morta. Adam, assim que
o marido chegar quero ser avisada, por favor.
— Claro, senhora. — Ele responde.
Eu aproveito para sair do local e fumar enquanto o marido não chega.
Todavia, assim que saio da casa vejo uma multidão de repórteres e curiosos do
lado de fora. Meu telefone dispara a tocar, entro novamente na casa e atendo ao
ver o número do meu chefe, o delegado de polícia Albertino.
— Bianchi, como deixou a imprensa saber do caso?! — Ele praticamente
grita comigo.
— Eu não sei como isso foi acontecer, senhor. — Digo, calma.
— Inferno, se estamos lidando com um serial killer, tudo que não
queremos é a mídia espalhando o caos pela Itália, estamos em plena campanha
eleitoral.
— Tentarei descobrir quem passou informações para a imprensa. Garanto
que a partir de agora nada sai daqui sem que saibamos.
— Lide com esses abutres ou terei que colocar alguém mais competente
no caso. — Ameaça, desligando na minha cara, como sempre mostrando o
babaca que é.
Ser mulher e trabalhar rodeada de homens só me faz perceber o quanto
somos subestimadas e desprezadas apenas pelo sexo.
— Vitório!! — Grito o nome do meu parceiro, nervosa.
Ele se aproxima, chegando com o celular em mãos.
— Preciso que descubra quem foi o filho da puta que contou para a
imprensa sobre o caso.
— Já estou resolvendo isso. Você precisa ver isso — diz ele, me
entregando o telefone.
— "Na cidade de Palermo ninguém está seguro, anda solto um assassino
que mata pobres mulheres. Ele se alto denomina como "A Besta". E mata a
sangue frio, primeiro faz a vítima se encantar e depois tira sua vida." — Diz a
nota do maior jornal da cidade.
— Precisamos caçar essa Besta e prendê-lo antes que outras jovens
apareçam mortas.
Acordo na manhã seguinte mais uma vez com o maldito pesadelo, dessa
vez eu estava amarrada e Dimitri sorria sadicamente, vendo Ivan ser
despedaçado pelas bestas ferozes. Esse horrível lugar está mexendo com a minha
mente.
Dimitri dormia ao meu lado, mais uma vez nu. O lençol está em seus pés
e não consigo evitar passar os olhos pelo seu corpo definido, ele deve treinar por
muitas horas para ter tantos músculos nos lugares certos. Pior que o desgraçado é
bonito, com essa barba cerrada e cabelos negros, seus olhos matadores que o
tornam um pedaço de mau caminho. Caminho esse que não pretendo percorrer.
Me levanto sem fazer barulho, pois não quero ter que aguentar ele logo cedo.
Vou para o closet e escolho um vestido branco leve, o clima na Itália é bem
diferente da Rússia, provavelmente eu precisarei fazer compras em breve. Tomo
um banho rápido, me visto no banheiro e quando estou pronta, saio, encontrando
Dimitri sentado na cama, aparentando ter acabado de acordar.
— Bom dia, bella mia. — Ele fala, levantando e vindo até mim.
— Não sei de onde você tirou esse apelido ridículo, meu nome é
Katharina.
— És bela, Katharina, bela e minha toda minha. Uma hora vai se dar
conta disso. — Ele afirma, tocando em uma mexa do meu cabelo. Me afasto,
saindo do quarto e deixando-o sozinho.
Desço as escadas, indo direto para a cozinha, que já estava a todo vapor.
— Buongiorno — comprimentos todos.
— Buongiorno, senhora — respondem.
— A senhora acordou cedo — fala Carlota.
— Estou acostumada a acordar cedo na Rússia. Vicenzo e Lorenzo já
acordaram? — pergunto.
— Sim, já estão na mesa do café, senhora, quer que eu prepare algo
especial para a senhora?!
— Não é preciso, Carlota, tudo que prepara é delicioso — digo e em
seguida acompanho Luigi, que leva uma bandeja com pães, croissant e brioche
até a mesa onde já vejo meus queridos cunhados sentados, tomando café.
— Bom dia — cumprimento-os, sendo educada.
— Bom dia, princesa — fala Lorenzo e Vicenzo me dá um bom dia seco.
— Gostaria de saber o que você tem contra mim, Vicenzo? — Pergunto
de uma vez para o idiota, que parece ter chupado limão logo cedo.
— Nada, deveria ter algo contra você, Castelaresi? — ele pergunta
ironicamente.
— Não dê ideias para o idiota do Vicenzo, ele só tem dificuldade em
confiar nas pessoas. — Fala Lorenzo, tentando quebrar o clima tenso.
— Bom dia — fala Dimitri, entrando na sala e sentando em seu lugar.
Os três começam a falar sobre negócios.
— O carregamento de coca será levado nos navios até a costa da Irlanda
e, de lá, faremos a distribuição. — Informa Vicenzo a Dimitri.
Eu já estava contando os segundos, só esperando o circo começar a
incendiar. Me sirvo de um delicioso cappuccino e a tradicional fatia de pão
italiano com marmellata, quando Natasha chega.
— Bom dia, queridos, já estão tomando café? cheguei tarde — ela diz,
com um sorriso sensual para Dimitri, que nem se move.
— Não seja por isso, querida, aguardaremos você para tomar café com a
gente — falo cinicamente e Vicenzo olha para mim como seu eu estivesse
possuída. Por dentro estou rindo do olhar chocado dos quatro.
— O que foi? — Pergunto, fingindo estar confusa.
Natasha disfarça a confusão e sobe para o segundo andar. Não demora
nem cinco minutos para ouvimos seus gritos do segundo andar.
— Que merda foi agora?! — Reclama Dimitri, jogando o guardanapo na
mesa e ficando de pé.
Eu finjo ignorância, demência continuo tomando meu cappuccino,
quando ela aparece, toda vermelha, segurando um dos seus vestidos Gucci.
— Sua vagabunda, você destruiu todas as minhas roupas — ela me
acusa, jogando o vestido sobre a mesa.
— Você me chamou de que cyka? — Pergunto séria, colocando minha
xícara sobre a mesa.
— Você ouviu, sua bastarda, você me paga — Natasha vomita a
acusação, vindo em minha direção para dar um tapa na minha cara. Porém, a
puta não sabe com quem está lidando. Rapidamente, segurei seu braço, girando-
o atrás das suas costas, pressionando seu rosto contra a mesa.
— A próxima vez que você levantar essa mão para mim vadia, eu vou
arrancar todas as suas unhas e fazer você comer. — Digo com ódio, esfregando
sua cara na mesa, porém, Lorenzo rapidamente me afasta dela e Vicenzo o ajuda,
separando nós duas.
— Foi você quem fez isso, Katharina? — Dimitri, que até então se
mantinha calado, pergunta, olhando direto para mim.
— O que acha meu amor? Eu avisei que deveria tirar sua puta dessa casa.
— Me respeita, desgraçada, essa casa é minha. — Ela diz, tentando se
jogar na minha direção.
— Se quiser continuar viva, vagabunda, é melhor sair daqui por bem ou
vai sair dentro de um caixão. — Digo amarga e Lorenzo não se contém e acaba
deixando escapar uma risada discreta.
— Chega!! — Grita Dimitri, vermelho de raiva. — Estou cansado de
vocês duas, isso aqui não é a porra de uma creche onde ficam brigando feito
crianças.
— Mas, Dimitri, ela destruiu todas as minhas roupas, entrou no meu
quarto sem permissão. Você não pode deixar que ela faça isso comigo — a vadia
tenta se defender.
— Eu decido o que fazer ou não com a minha mulher, Natasha. Pegue
este cartão e compre tudo que precisar. — Ele fala, abrindo a carteira e
entregando um cartão prateado para ela, que sorri que nem uma palhaça, se
sentindo vitoriosa por conta de uma merda de cartão.
— Te espero no meu escritório, Katharina. — Fala friamente, indo até
seu escritório com Vicenzo, nos deixando sozinhos na mesa.
— Você não vai conseguir. Nada que você faça vai me tirar do meu lugar.
— Natasha sorri, olhando para o cartão.
— Não se preocupe, Natasha, o lugar de puta da casa é todo seu. —
Respondo, deixando-a e Lorenzo para trás, saindo pela porta dos fundos para
tomar um ar puro e ficar perto dessa gente está me deixando maluca.
Se Dimitri pensa que serei seu cãozinho, que ele dá ordens, abano o rabo
e obedeço, ele está enganado. Desço uma escada que leva ao caminho de pedras
em meio à grama, o sol está quente e me arrependo por não ter pego meus óculos
escuros. Dois homens de Dimitri me olham de longe, mas não se aproximam e
eu agradeço por isso. De dia posso admirar melhor a fortaleza. Há muitas
árvores e muito verde, mas sinto falta de flores para alegrar o espírito sombrio
desse castelo.
Há uma grande fonte, três estátuas de Deuses gregos, isso me faz lembrar
que a Itália, mais especificamente a riqueza cultural e histórica da Sicília, é tão
surpreendente que nesta ilha italiana existam mais monumentos da Grécia
Antiga do que na própria Grécia. Esta herança, essa que se refere à cultura
romana. Quero conhecer todos o Vale dos Templos, o tempo dórico. O mais bem
preservado templo grego do mundo. Realmente preciso usar os poucos benéficos
que tenho por ser casada com um maldito italiano.
Uma torre me chama atenção, por ser afastada da construção principal,
como se ela tivesse sido construída depois do castelo. Continuo olhando o lugar,
que é enorme e muito bonito mesmo, com sua maneira rústica e sombria, a
fortaleza é encantadora. Dá para perceber que estão no terreno mais alto da ilha,
o que dá uma vista privilegiada de todo Mediterrâneo. O lugar é fantástico, daqui
de cima vejo a grandeza da Sicília.
Não sei quanto tempo fico olhando para o mar, pensando em como minha
vida mudou de um dia para o outro e quão difícil está sendo viver sobre o
mesmo teto que a Besta.
Volto a caminhar, prestando atenção no terreno, pensando que daria um
bom local para construir uma estufa, até me deparar com algo aterrorizante. A
menos de cinco metros de mim estava uma fera, mas dessa vez não era o maldito
do Dimitri, não, tinha um leão selvagem, bem na minha frente e o pior é que seu
olhar estava voltado diretamente para mim.
— Merda, merda estou fodida — digo, trêmula, ao ver a fera selvagem
caminhando em minha direção.
Não foi tão fácil como pensei conseguir livrar meu pulso, porém o som
de passos perto da porta me faz parar os movimentos e enrolar a corda sobre o
pulso novamente.
— Sentiu nossa falta, loira? — Ele pergunta, puxando meu cabelo e
erguendo meu rosto para o seu.
— Não — grito de ódio.
— Pois deveria se acostumar, o desgraçado do seu marido não quer pagar
o seu resgate. — Diz com ódio na voz e então meu corpo paralisa ao me dar
conta do que ele disse.
— Você está mentindo para mim, Dimitri não faria isso — digo, tentando
me enganar.
— O maldito Rinna não quer pagar, o desgraçado recusou o meu pedido
pela sua soltura. Pelo visto, você não é tão gostosa como parece — fala,
passando as mãos asquerosas pelos meus seios.
— Ligue para o meu irmão. Aslan pagará o que quiser — tento
convencê-lo, já que estou sem saída.
— Acha que eu sou idiota, maldita — fala, socando a parede ao lado do
meu rosto. — Me fala por onde o desgraçado do seu marido está transportando
as armas.
— Eu não sei do que está falando — digo séria, tentando passar
confiança.
— Não se faça de inocente, eu sei bem que a Cosa Nostra recebeu um
grande carregamento de armas e seu maridinho não quis entregar as armas pelo
seu resgate.
— Eu não sei onde estão essas armas, se precisar de dinheiro ligue para o
meu irmão e peça o resgate.
— Vadia desgraçada, fala para onde o maldito vai levar as minhas armas.
Ele dá um tapa forte no meu rosto e eu gemo alto de dor.
— Eu já disse, não sei para onde ele vai levar as armas. — Falo firme,
mesmo lembrando da conversa que ouvi de Dimitri e Lorenzo no jantar. As
armas seriam enviadas pelos navios do meu pai.
— Desgraçada, até agora eu fui bonzinho com você e mesmo assim não
quer colaborar comigo. — Ele pega um canivete de dentro do bolso da calça e
aponta para mim. — Como eu sou bonzinho eu vou te dar mais uma chance de
me dizer onde o maldito do seu marido escondeu as minhas armas.
— Eu não sei onde estão essas armas.
— Você fez uma péssima escolha. Eu peguei leve com você e não quis
colaborar, se você não tem serventia para mim, deixarei que meu amigo Rain se
divirta com você. Sabe quanto tempo faz que ele não tem uma mulher bonita
para foder? — Diz enquanto passa o canivete pela minha blusa, cortando não só
ela como fazendo um risco na minha pele.
— Eu vou te matar, seu maldito! — digo e gemo de dor ao sentir minha
pele sangrar.
— Tudo isso seria evitado se você me dissesse onde estão as armas.
— Eu já disse que não sei, filho da puta — rosno e em seguida recebo
um tapa certeiro.
— Vadia nenhuma xinga minha mãe, bastarda. — Fala e eu engasgo com
o gosto de sangue em minha boca.
Ele vai até a porta e abre para que o tal Rain passe, meu corpo treme de
pavor ao imaginar o que eles pretendem fazer comigo e me lembro que tudo isso
é culpa do desgraçado do Dimitri, que não pagou a merda do resgate.
Eu estava ferida, sentindo todo o meu corpo doer, mas não deixarei um
filho da puta desse me tocar. Assim que a porta fechou, deixando-me sozinha
com o tal Rain, esperei ele se aproximar para encostar suas mãos asquerosas em
mim e o ataquei com um soco forte direto na sua garganta fazendo ele cambalear
para trás, sem ar. Aproveito esse momento para soltar as amarras das minhas
pernas, porém antes de terminar sou puxada com tudo pelo cabelo.
— Sua puta, desgraçada!! — Ele vocifera, me jogando com tudo contra a
parede.
A dor é horrível, minhas costelas doem, provavelmente devem estar
fraturadas. Lágrimas turvam a minha visão, mas estou decidida a lutar pela
minha vida, então me levanto, mesmo ferida e avanço sobre o meu captor.
— Você parece gostar de apanhar, vadia — fala e tanta acertar meu rosto,
mas sou mais rápida e desvio, cruzando minhas pernas nas suas o derrubando.
Ele é pesado e demora a tentar se levantar, aproveito esse tempo para
cruzar as pernas em seu pescoço, usando meus braços para puxá-lo para trás, o
mesmo luta tentando se soltar.
A dor que sinto em meu corpo é terrível, mas não paro de puxar seu
pescoço mesmo sentindo suas unhas rasgarem a pele da minha perna.
— Morre, desgraçado!! — grito com toda a minha força, puxando até
sentir seu corpo amolecer e ele desfalecer.
Me afasto do corpo, tremendo, sentindo meu corpo fraco, contudo meu
ódio é tão grande que ainda chuto o miserável de raiva. Até ouvir a porta abrir e
o outro aparecer, mas antes que ele tire a arma da cintura eu pego um pedaço de
madeira da cadeira e acerto a sua cabeça, fazendo com que a arma caia no chão.
— Vagabunda! — fala, se levantando e me puxando pelo braço batendo a
minha cabeça na parede.
Uso meu ombro, impulsionando minha cabeça para trás acertando seu
nariz, conseguindo me soltar, porém não consigo ir longe, pois o mesmo se joga
sobre mim, me segurando no chão.
— Eu vou arrebentar você, maldita!! — Grita e me acerta um soco nas
costas.
Eu mordo sua orelha com força, sentindo o sangue encher a minha
boca, ele berra, segurando a orelha rasgada. Cuspo o pedaço que arranquei e
engatinho em direção a arma, ele vê o que pretendo fazer e tenta pegar antes de
mim, mas eu alcanço a arma e atiro bem no meio da sua testa, assistindo seu
corpo sem vida desabar no chão.
Tento me levantar, porém meu corpo está trêmulo, as lágrimas caem sem
parar, de raiva, de ódio e de dor, mas preciso sair daqui, antes que outros desses
homens entrem por essa porta. Não conseguirei me defender no estado em que
estou. Me levanto com a arma em mãos, verifico que ainda tem quatro balas
disponível; não é muito, mas deve servir. Caminho com dificuldade até a porta,
que se encontra aberta. Mantenho a arma apontada para frente e passo por ela
entrando em um corredor. Não antes de reparar na câmera atrás do fundo falso
da parede, provavelmente que filmava tudo que aconteceu lá dentro.
Devagar, caminho em direção a uma porta grande, que deve ser a saída.
Meus passos são lentos, estou muito ferida e sinto um pouco de dificuldade para
respirar, minha cabeça dói, assim como todos os membros do meu corpo. Estou
fazendo um esforço sobre humano para me manter de pé e segurar essa arma.
Com passos arrastados eu passo pela porta e me choco ao ver os capos da
Cosa Nostra de pé em linha reta, olhando para mim. Eu me lembro deles, pois
fiz questão de estudar sobre cada uma das famílias. Mas, não é somente eles que
me chocam ao sair da sala onde estava presa e sim os seus sorrisos, mesmo
vendo uma arma que aponto para eles. Confusa, não consigo entender o que está
acontecendo até ver no fim da sala, perto da porta, Lorenzo, Vicenzo e lá no
fundo, ele, Dimitri, todos olhando para mim. Não um olhar qualquer e sim um
olhar com algo mais, juro que posso ver orgulho e admiração. Caminho
apontando a arma para os três, me dando conta do que fizeram comigo. Isso tudo
não passou de um teatro para saber se poderiam confiar em mim. As palavras de
Aslan voltam na minha mente, ele me avisou que isso aconteceria, era óbvio que
eles iriam me testar.
— Parabéns, Katharina, você passou na prova de fogo — fala Vicenzo
pela primeira vez desde que o conheci, olhando para mim como uma igual, não
havia repúdio em seu rosto apenas orgulho.
Dou mais dois passos em direção a eles e jogo a arma nos pés de Dimitri,
com raiva.
— Você me deixou orgulhoso hoje, bella mia — me elogia Dimitri, antes
que minhas pernas fraquejem e seus braços me amparem.
Katharina apaga em meus braços, seu rosto está muito machucado, assim
como o resto do seu corpo. A Besta me faz querer torturar cada um dos filhos da
puta que feriram ela, principalmente Vicenzo, por submetido a minha mulher a
esse caralho de teste.
Todas as senhoras da máfia, assim como minha mãe, passaram pela prova
de fogo, mas nenhuma delas conseguiu resistir, todas relutaram, mas no fim,
acabavam contando o que queríamos saber. Porém, Katharina lutou bravamente
e provou que é especial, que além de resistir e não trair a Cosa Nostra ela ainda
derrubou dois dos melhores homens de Vicenzo e matou um deles. Bella rosa me
deixou orgulhoso e mostrou a todos os capos da Cosa Nostra do que ela é capaz.
— Minha, toda minha.
Penso de maneira possessiva, vendo o olhar de todos os homens da sala
sobre ela. Lorenzo tira o paletó, jogando sobre o seu corpo enquanto eu a levo
nos meus braços em direção à saída. Hoje, Katharina mostrou o quanto ela é
única e não consigo imaginar ninguém melhor do que ela para estar do meu lado.
Penso, orgulhoso, entrando no carro enquanto Lorenzo assume o volante,
partindo em direção à fortaleza.
— Você não vai mais precisar passar por isso, bella rosa, eu prometo —
digo, limpando seu rosto com meu lenço.
— Ela está bem? — Pergunta Lorenzo, olhando pelo retrovisor.
— Pelo bem do seu irmão é melhor que ela esteja! — Digo com raiva.
Chegando à fortaleza, saio do carro com ela nos braços, nervoso. Estava
no limite do meu controle para não voltar à sede da máfia e arrebentar a cara de
Vicenzo até ver seu rosto tingir de vermelho.
— Traga Alfredo Paolella aqui o mais rápido possível. — Falo, pedindo
a Lorenzo que ele traga o médico da máfia para cuidar de Katharina.
Entro em casa com ela em meus braços e Luigi, assim que vê o estado de
Katharina, arregala os olhos.
— Mande Carlota preparar a banheira do quarto e prepare algo que
Katharina possa comer quando acordar.
— Claro, senhor — responde, me deixando sozinho e eu subo as escadas
levando-a para o nosso quarto.
Coloco Katharina sobre a cama e começo a tirar as roupas sujas de
sangue, Carlota entra e vai direto para o banheiro preparar um banho para ela.
Tiro seus sapatos, desabotoo a calça e a tiro com cuidado para não a machucar
ainda mais. A blusa que ela usa está em frangalhos e sangue escorre pelo risco
em seu peito, que por sorte não foi profundo. É provável que não deixe cicatriz.
Tiro o sutiã e a levo em meus braços até o banheiro. A banheira está pronta e
água bem morna, devagar sento minha esposa na mesma, com cuidado para que
ela não caia, pego a esponja e o sabão líquido e começo a levar seu corpo.
Katharina se remexe, assustada, abrindo os olhos, confusa.
— O que está fazendo? — Pergunta com a voz fraca.
— Estou cuidando de você, bella mia, fique tranquila, você está em casa.
— Foi tudo um teste, então?! — pergunta amarga, fechando os olhos
quando passo a esponja no ferimento do seu ombro.
— Você passou pela prova de fogo, amoré mio, e me deixou orgulhoso.
— Eles me fizeram de saco de pancada, tudo por conta da porra de um
teste. — Diz enfurecida, tentando se afastar do meu toque.
— Eu mandei chamar o médico para cuidar de você, tente não se esforçar
demais. — Falo, pegando um roupão. — Preciso tirar sua calcinha, não pode
ficar com ela molhada.
— Eu faço isso sozinha — afirma, tentando se escorar na parede para
ficar em pé, teimosa, como sempre, porém ela cambaleia novamente, mas sou
mais rápido e me aproximo, segurando-a nos meus braços.
— Por que é tão teimosa, bella mia? Está ferida, me deixe cuidar de você
— falo e devagar, tiro sua calcinha.
Evito tirar meus olhos dos dela, estou excitado desde a hora que a vi lutar
contra os homens de Vicenzo.
— Eu não vejo motivos para você estar cuidando de mim. — Replica ela
enquanto amarra o roupão no corpo.
— Eu gosto de cuidar daquilo que me pertence — falo, pegando-a no
colo novamente, voltando para o quarto e a colocando sobre a cama.
— De novo essa coisa de pertencer, me tratando como se eu fosse uma
mercadoria — diz brava e mesmo estando ferida e debilitada ela não deixa de me
enfrentar.
— Acostume-se Katharina, você pertence a mim e eu cuido do que é
meu.
— Não consigo imaginar um dominador sádico cuidando de alguém,
muito menos você!
— Quando você conhecer a dominação e a submissão irá entender que
cuidar da submissa e prezar pelo seu bem é uma honra e um dever a um
dominador.
— Eu não sou uma submissa, Dimitri.
— Você é mais que isso, Katharina, você é minha esposa. — Falo
olhando em seus olhos que, mesmo inchados, conseguem exibir o azul mais
bonito que já vi.
Alguém bate na porta, quebrando a tensão sexual entre nós dois, cubro
Katharina com o edredom e vou em direção à porta, a abrindo. Lorenzo e o
médico passam pela mesma.
— Como você está, Katharina? Fiquei preocupado quando vi o estado
que passou por aquela porta. — Pergunta meu irmão, entrando no quarto e indo
até a minha mulher.
— Então você também está envolvido nessa tal prova de fogo?! —
Pergunta Katharina, o acusando.
— Eu fui contra, não queria que te machucassem — ele responde e eu
estranho a maneira como ele olha para ela.
— Saia Lorenzo, não precisamos da sua presença enquanto o doutor
Paolella examina a minha esposa — Ordeno com a voz firme e ele entende
rapidamente o meu olhar e sai do quarto. Me sento na poltrona ao lado da cama e
espero pacientemente o médico examinar Katharina.
Fico atento a tudo que ele faz e diz a ela. Katharina reclama de dor
quando ele examina seu abdômen, há um hematoma preto em toda região. O
doutor faz curativos em todos os cortes. Observo quando ele abre o roupão de
Katharina e engole seco vendo seus seios, começando a limpar o corte do seu
colo e depois aplicando a pomada sobre o ferimento.
— O corte foi superficial, a senhora ficará bem, vou aplicar um sedativo
para que descanse e se recupere.
— Eu não quero sedativos, já basta às drogas que usaram em mim, me dê
apenas uns analgésicos que ficarei bem.
O médico olha para mim, eu aceno para que ele a obedeça. Ele pega os
comprimidos na maleta e prescreve uma receita.
— Eu vou precisar que a senhora vá até o meu consultório para fazermos
um raio-x, para ter certeza que não quebrou nada.
— Não se preocupe, doutor Paolella. Eu mesmo levarei a minha esposa
até o hospital para fazer todos os exames necessários, agora se não precisa
examinar mais nada, gostaria que nos deixasse sozinhos, Lorenzo fará seu
pagamento, como foi combinado.
— Claro, chefe — diz, pegando suas coisas e saindo do quarto.
— Como se sente? — Pergunto ajudando-a a se sentar melhor na cama.
— Como acha que me sinto ao ser enganada por você e seus irmãos? Eu
sofri um acidente, fui sequestrada, torturada e tudo não passou de uma maldita
prova.
— Não era minha intenção fazer você passar por isso, não gosto de vê-la
machucada, Katharina.
— Falou o homem que tem um calabouço cheio de chicotes para torturar
mulheres.
— Isso não tem nada a ver com dominação, Katharina — explico,
tocando em seu ombro.
— A cada dia que passa em que estou casada com você, você me faz
sentir mais e mais ódio por ti.
— Não, bella mia, não é ódio o que está sentindo — falo, tocando em
uma mecha do seu cabelo louro, sentido o cheiro doce de rosas.
Não sei explicar o que acontece quando estou perto de Katharina, pois a
cada segundo em sua presença menos controle eu tenho da Besta dentro de mim.
E a odeio por não conseguir controlá-la, odeio por me desafiar, odiei por me
fazer fraquejar e quase acabar com a prova quando a vi no chão. Odeio por fazer
com que eu sinta esse desejo descomunal em tê-la. Seja lá que tipo de poder
Katharina tem, ele precisa acabar.
Eu passei a última semana me recuperando da tal prova de fogo.
Sentada no jardim eu via o sol da manhã banhando toda Sicília, estou há
tão pouco tempo nessa ilha e já estou apaixonada por esse lugar. Não saí muito
do quarto, apenas para ir ao hospital, onde Dimitri fez questão de me
acompanhar. Estranhamente, depois da tal prova, recebi meia dúzia de rosas
brancas, que, segundo Lorenzo, é uma tradição italiana para demonstrar o valor
de uma mulher, o que é totalmente ridículo.
Não vi Vicenzo, mas não esquecerei que foi por conta da desconfiança
dele que tive que passar pela tal prova. Sozinha aqui nesse jardim, divido meus
dias em ler, meditar, também liguei para minha prima Ana e ela me disse
algumas coisas que me deixaram pensativa até agora.
— Eu não sei bem o que está acontecendo, mas alguma coisa grande
aconteceu.
— Do que está falando, Aslan está bem? — Pergunto nervosa.
— Sim, ele está bem, levou um tiro de raspão, mas isso não é mais
importante e sim meu pai e o seu estarem falando sobre Ivan.
— Não estou entendendo, Ivan está morto e eu já estou casada, por que
isso agora?
— Eu não sei, mamãe me viu escutando pela porta enquanto eles
conversavam e eu tive que sair. O melhor é conversar com Aslan, ele vai saber
mais do que eu.
— Eu vou ligar para ele para entender melhor essa história.
Depois disso, liguei para Aslan e foi à sexta vez que liguei para ele desde
que me casei e não obtive resposta, por fim decidi mandar uma mensagem
pedindo que ele retornasse minhas ligações. Já eram quase seis da tarde quando
Aslan me ligou, fiquei com medo de Dimitri chegar e pegar o celular. Porém, a
ansiedade para falar com meu irmão falou mais alto.
— Katharina? — Perguntou ele ao telefone.
— Aslan, estou quase enlouquecendo sem notícias suas.
— Estou bem, não tem o que se preocupar. — Ele responde em russo e
continua a conversar em nossa língua.
— Como não, Ana me disse que levou um tiro. O que tá acontecendo aí?!
— Conflitos corriqueiros, mas não te liguei para falar de problemas,
quero saber como você está depois da prova.
— Como sabe da prova de fogo?! — Questionei, confusa.
— Eu disse que tinha um infiltrado cuidando de você. Eu não estou aí,
mas farei o que tiver no meu alcance para protegê-la do maldito do Rinna.
— Eu não sabia o que eles estavam tramando, mas consegui mostrar para
os membros da família que não sou uma traidora.
— Eu sabia que conseguiria, você é uma Castelaresi e nenhum italiano
pode com você.
— Não está sendo fácil viver aqui, todos me odeiam e Dimitri faz
questão de me humilhar, mantendo a amante dentro da casa. As únicas pessoas
que parecem realmente gostar de mim são os empregados, nem mesmo Lorenzo,
que é mais simpático, não ouso confiar. Ele pode estar apenas tramando contra
mim ao lado do irmão.
— O que você está fazendo em relação à cyka italiana?
— Ainda não arrumei uma maneira de tirá-la daqui. — Digo, me
lembrando dos planos que estou traçando.
— Tenho certeza que sua cabecinha fértil já deve estar com várias ideias.
Ligue para a mamãe, ela anda aflita sem notícias suas.
— Eu vou pensar bem no que fazer em relação à Natasha, ainda não
tenho acesso a um telefone meu. Não posso ligar para mamãe desse número e
correr o risco do seu pai descobrir.
— Ele também é seu pai Katharina.
— Ele deixou de ser meu pai quando me entregou como uma égua
premiada para um monstro.
— Ele sente sua falta, não quer dar o braço a torcer, mas já o vi na sala de
música olhando para seu retrato.
— Ele não pensou em mim quando fez o acordo, agora é tarde para
querer que eu pense nele. Mas, estamos mudando o foco da ligação, quero saber
o porquê do nome de Ivan estar sendo citado pelos membros da Bratva!!
— Não quero falar sobre isso com você! O melhor que tem a fazer é
esquecer de uma vez por todas Ivan, você está casada e tem que se preocupar
apenas consigo mesma e com sua vida na Itália.
— Você nunca me escondeu nada, Aslan, por que os segredos agora?!
— Você também não me escondia nada, Katharina, mas escondeu que
estava se envolvendo com um dos nossos soldados e pior, que pretendia fugir.
Agora preciso desligar, se cuide irmãzinha.
— Aslan.... — Tentei, mas em seguida ele desligou o telefone na minha
cara, me deixando sem respostas e ainda mais confusa.
Depois da nossa pequena conversa, vou para o meu quarto, não sem antes
esbarrar com Natasha no corredor, mas ignoro sua presença, como venho
fazendo nos últimos dias, até conseguir a chance que preciso para escorraçar ela
daqui.
Hoje o dia está quente, então decido usar um vestido verde pistache curto
e um coque simples. Coloco apenas um par de brincos de ouro e uma pulseira
que amo da Cartier e em menos de quarenta minutos já estou pronta e curiosa
para saber o porquê desse almoço. Alguma coisa me diz que a Besta está se
preparando para atacar, mas o que ele não sabe é que hoje eu que iria atacar.
Sorrio, entrando no carro. Chaise me leva e, por incrível que pareça, nem ele e
nem Romeu sofreram graves ferimentos com o capotamento do carro, que teve
perda total, pelo menos Dimitri teve um belo prejuízo. Ao que parece, os meus
seguranças não sabiam do teste.
O carro para em frente à entrada do Grota Palazze e à primeira vista eu já
fico encantada com o restaurante. Estamos no alto da Costa, com vista para o
Mar. Uma bela escadaria escavada na rocha nos leva até a entrada do restaurante.
O maitre já me aguardava para levar até a mesa, porém meus olhos
estavam fixos nas ondas, que batiam nas rochas. O restaurante é realmente
único, provavelmente o mais incrível que já vi e já está lotado. Passo meus olhos
pelas mesas, tentando encontrar Dimitri, mas não o vejo.
— Por aqui signora — pede, me levando por outra escadaria de pedra até
um segundo piso com uma vista ainda melhor do que a primeira, onde apenas
uma mesa estava posta e de costas para mim estava ele, Dimitri, tão bonito como
de costume, usando seu escuro terno italiano, cabelos bem penteados, olhando
para as ondas batendo nas rochas.
Subo as escadas para o meu quarto deixando-a com seu sorriso de vitória
no rosto. Tomo um banho rápido, com a minha mente traçando o que fazer, mas
uma coisa é certa; isso vai acabar hoje. Me visto e vou atrás de Luigi colocar
meu plano em prática.
— Luigi — chamo, entrando na sala e logo o vejo.
— Senhora, precisa de algo?!
— Sim, Luigi, gostaria de saber onde fica a maleta de primeiros socorros
— digo improvisando, já que não tenho o que queria.
— Todos os quartos têm uma.
— Perfeito — sorrio para ele. — Avise a Carlota que hoje eu farei um
jantar especial. Vou cozinhar, hoje teremos um molho especial — digo, dando
gargalhadas por dentro.
Vou direto para um dos quartos de hóspedes, entrando no banheiro abro
todas as portas dos armários até achar o kit de primeiros socorros, reviro a
maleta com pressa até encontrar o termômetro que estava procurando, por sorte
ele é de um modelo antigo, ou seja, contém mercúrio. Coloco o objeto no bolso
da calça, guardo tudo, saindo do quarto e vou ao próximo, mas não tenho a
mesma sorte, até encontrar na minha suíte outro termômetro. Tranco a porta do
banheiro com medo que Dimitri chegue e não dê tempo de terminar o que
pretendo fazer. O ideal seria ter uma balança de precisão para que eu não acabe
matando a vadia, porém vou ter que medir no olho. Mercúrio líquido, como o
encontrado em termômetros, é relativamente inofensivo a olho nu, mas, em uma
dose grande ele pode ser mortal. Os sais de mercúrio oferecem ainda mais
perigo, pois se dissolvem em água e podem ser misturados a alimentos e
bebidas. Sorrio possessa de raiva.
— Eu avisei que era para tirar essa vagabunda dessa casa, mas você não
quis me escutar, não é Dimitri?!
Coloco todo mercúrio que consigo dos termômetros em um pedaço de
papel, dobro e escondo no meu bolso. Como se nada estivesse acontecendo,
preparar o jantar especial desta noite. Frango à Kiev, a vadia não perde por
esperar, ela deveria ter saído dessa casa enquanto tinha chance.
O jantar estava pronto e segundo Luigi, Dimitri chegou e foi direto para o
quarto, ele avisou que eu estava na cozinha preparando o jantar dessa noite. Eu
mesma coloquei a mesa, dispondo os talheres de prata e a louça de porcelana. Já
estava terminando quando Vicenzo chegou.
— O cheiro está delicioso, o que Carlota preparou essa noite? —
Pergunta, sentando à mesa.
— Na verdade, eu que fiz o jantar, decidi preparar uma galinha hoje —
digo rindo e ele me olha estranho, talvez percebendo o quanto estou animada.
— Certo...
Lorenzo chega junto com Natasha, que não tira o sorriso de vitória do
rosto, faz questão de usar um top cropped e deixar todo o colo marcado a mostra.
Volto para a cozinha para buscar o prato tradicional da culinária russa,
quando Dimitri chega à mesa.
— Bela noite, bella mia, você decidiu cozinhar para a gente. Alguma
ocasião especial que não saiba? — Fala, como se nada tivesse acontecido e eu
preciso me segurar para não jogar a travessa na cara dele.
— Na verdade, não, ou melhor sim, estamos comemorando o dia de hoje
— digo abrindo um sorriso digno de Oscar.
Coloco o prato na mesa, e Luigi vem servir o vinho.
— Eu gostaria de propor um brinde — digo, me levantando.
— Você está esquisita hoje. — Observa Lorenzo, achando graça.
— Um brinde à minha nova amiga, Natasha, sei que não começamos
bem, mas hoje eu percebo que deveria ter agido de maneira diferente com você,
desde o começo. Espero que possamos ser grandes amigas — falo erguendo a
taça, deixando não só ela como todos da mesa chocados.
Dimitri me olha como se pudesse me queimar com o olhar, ao mesmo
tempo como se pudesse ler a minha mente, eu sorrio, bebendo o vinho e é nesse
momento que vejo o circo começar. Natasha começa a passar mal, Lorenzo e
Vicenzo cospem o vinho na hora. Dimitri joga a taça no chão e olha para mim.
Eu faço a minha maior pose de chocada vendo-a se contrair e passar mal
enquanto Vicenzo tenta socorrê-la.
— O que você fez comigo, sua desgraçada? — ela tenta dizer, mas não
consegue se conter e começa a vomitar.
— Querida, o que você tem? — Digo, colocando a mão na boca chocada
com seu estado.
— Ela me envenenou, socorro — tenta dizer e suas pernas falham, sendo
amparada por Vicenzo.
— O que você fez Katharina?!! — Grita Dimitri, vermelho de raiva.
Seu olhar é tão e feroz que nada nele me parece humano, é como se ele
tivesse se transformado na encarnação do demônio. Mesmo tremendo de medo
do que ele possa fazer, eu não abaixo a cabeça e não me arrependo, sorrio
olhando para a desgraçada e digo de uma vez.
— Eu... eu te avisei para tirar essa puta de dentro dessa casa. Você não
quis me escutar. Agora, sua puta vai embora e vai sair no meu estilo, dentro de
um caixão.
Natasha se contorce de dor abdominal, enquanto Katharina se mantém
impassível, olhando para a mesma. O médico da Cosa Nostra não demora muito
para chegar. Tudo acontece rápido, uma ambulância é chamada e ela é
encaminhada ao hospital.
Minha cabeça já estava fervendo de tanta raiva do que Katharina anda me
fazendo. Eu só podia estar louco quando decidi aceitar o acordo com o
Castelaresi, me casar foi uma péssima ideia. Katharina havia subido para o
quarto, deixei para acertar as contas com ela mais tarde.
— Onde ela conseguiu veneno? — Questiona Lorenzo, encabulado ainda
olhando para as taças de vinho sobre a mesa.
— Não faço a mínima ideia — digo pensativo.
— Ela poderia ter matado um de nós. Pelo visto, você não tem controle
sobre sua própria mulher — diz Vicenzo.
— É melhor você cuidar da sua vida, Vicenzo, porque da minha cuido eu,
não se esqueça que antes de ser seu irmão, eu sou seu Boss. — Digo com raiva,
dando dois passos em sua direção, todavia, Lorenzo entra na frente, tentando
apaziguar.
— É melhor você ligar para a família da Natasha, Vicenzo, e avisar que
ela está no hospital. Eu vou verificar as câmeras e tentar entender como
Katharina fez para envenená-la. — Fala Lorenzo, apaziguando a situação.
Não espero mais nenhuma palavra ser dita, subo as escadas em direção à
suíte, onde Katharina me aguarda.
Acordo na manhã seguinte com o sol entrando pela janela, Dimitri não
dormiu no quarto, provavelmente deve ter ido ver como a cachorra estava. Se eu
tiver sorte, ela passou dessa para uma pior. Faço todo meu ritual matinal, mesmo
com dor e dificuldade para andar. Escolho um vestido azul escuro e solto na
parte de baixo. Eu posso estar toda dolorida, mas não darei o gostinho de Dimitri
saber disso.
Saio do quarto escondendo o celular desligado no bolso interno do
vestido, assim que tiver uma oportunidade ligarei para Ana e para mamãe, estava
com muita saudade dela.
Na sala de jantar, encontro a mesa do café vazia, então me dou conta que
dormi demais, porém é até melhor assim, prefiro comer na cozinha com os
empregados do que na presença daquela Besta maldita.
— Bom dia — digo a Monalisa, ajudante da cozinha e a Carlota, que
estavam entretidas e não notaram minha entrada.
— Bom dia, senhora, quer que eu sirva o café na mesa?
— Não precisa, Carlota eu vou comer aqui mesmo. Onde está Luigi, não
o vi pela casa? — Pergunto, estranhando a sua falta.
— Ele está no quarto da senhorita Natasha.
— Ah, então a cadela já voltou?!
— Não, senhora — fala Monalisa e se cala colocando a mão na boca.
— O que vocês não querem me dizer? — Questiono, entrando na
animação das duas.
— Ela não voltou senhora, a bruxa vai embora. Luigi está nesse
momento arrumando todas as coisas dela.
— Não posso acreditar — digo chocada e feliz ao mesmo tempo.
— Sim, é verdade. O menino Lorenzo vai levar tudo hoje mesmo.
— Isso é música para os meus ouvidos, precisamos comemorar.
Após essa notícia até a comida pareceu mais saborosa. Enfim, a vadia
estava fora dessa casa. A primeira batalha estava vencida, só que não é com
apenas uma batalha que se vence uma guerra.
Faço questão de pegar um livro e me sentar bem perto da porta, queria
assistir Lorenzo levando todas as coisas da cyka embora para ter certeza que não
era uma pegadinha de Dimitri. Lorenzo desce as escadas junto com Luigi
carregando cada um duas malas, não consigo evitar, e um sorriso preenche meu
rosto.
— Bom dia, princesa, vejo que acordou bem disposta.
— É verdade, estranhamente o ar dessa casa acordou mais puro essa
manhã. — Falo fechando o livro e colocando sobre o sofá.
— Infelizmente, preciso ir, adoraria ficar mais e fazer companhia a você,
porém o dever me chama. Ainda mais com o jantar de hoje à noite.
— Que jantar?! — Falo com uma expressão de confusão.
— Dimitri não te avisou?! — Pergunta confuso, colocando as malas no
chão e olhando para o celular.
— Não sei se reparou, mas não somos exatamente um exemplo de casal.
— Falo irritada por não ser informada de nada.
— Hoje à noite terá um jantar aqui na fortaleza. Todos os capos da Cosa
Nostra virão para um jantar em sua homenagem, faz parte da tradição.
— Me sinto lisonjeada. Um jantar em minha homenagem e eu nem
estava sabendo, isso é realmente incrível — digo irritada. O maldito se importa
tanto que não ia nem me avisar. — Obrigada por ter avisado Lorenzo, tenha um
bom dia. — Agradeço, subindo as escadas e indo direto para a biblioteca ligar
para Ana.
Passo pelas portas e tranco-as para não ser pega de surpresa. Esse lugar é
um dos meus favoritos, apesar de ainda não ter explorado todos os cômodos da
fortaleza, mas essa biblioteca me traz uma paz e uma tranquilidade que tanto
ando precisando.
Coloco o celular para carregar, me sento na cadeira perto da janela e ligo
para Ana, já que falar com ela é a única maneira que eu tenho de me manter
informada sobre a Rússia.
— Katharina, como você está?
— Bem, eu estou sobrevivendo a esse martírio, mas não é tão ruim como
eu pensava.
— E o seu marido, o malvadão, como ele está te tratando? — Ela
pergunta, como sempre, curiosa.
— Se quer saber se eu fui para a cama com ele, saiba que isso não
aconteceu e se depender de mim não irá acontecer, jamais.
— Como isso é possível, o lençol, Katharina você sabe como funciona.
— Não liguei para falarmos sobre isso e sim sobre a Bratva. Eu falei com
Aslan ontem, ele não quis me contar o que tá acontecendo, eu não sei o que ele
esconde, mas eu sinto que é algo grave.
— Bem, já que tocou nesses assuntos, eu não sei como contar isso, mas é
melhor falar de uma vez.
— Diga, Ana, o que tá acontecendo?
— Houve um atentado, um dos navios do seu pai explodiu, estão todos
aflitos, parece que teve algum confronto com a máfia ucraniana e um tal Boris
está sendo caçado pelo seu pai. Não sei como a disputa começou, mas sei que
tem mais coisa envolvida. Dizem que eles não se conformaram por perder a
liderança no mercado do tráfico internacional marítimo para os Bratvas.
— Preciso de mais informações, Aslan está me escondendo alguma
coisa.
— Katharina, é melhor você não se envolver, agora você faz parte da
Cosa Nostra, não desafie seu marido.
— Não ficarei sentada enquanto a minha família está correndo risco.
— Sua família agora é a Cosa Nostra.
— Não por escolha minha, Ana, eu nunca quis isso para mim.
— Tudo bem, é melhor não discutir sobre isso, infelizmente eu não posso
mais ajudar. Eles não falam nada perto de mim, tudo que sei foi espiando os
soldados do meu pai comentarem.
— Eu já sei quem pode me ajudar — digo lembrando de Yeltsin, filho de
um dos capos da Bratva que cresceu junto comigo e meu irmão.
Ele é um dos únicos em quem posso confiar e que não irá contar nada
para Aslan sobre a minha ligação.
— Assim que descobrir algo, me liga, estou sempre aqui para o que
precisar. — Ela fala, se despedindo de mim e desliga o telefone.
Não demora muito para que eu receba o número de Yeltsin, que Ana
conseguiu. Rapidamente eu ligo torcendo para que ele atenda a ligação de um
número que não conhece.
— Alô — fala, atendendo.
— Yeltsin, sou eu Katharina.
— Katharina, espera, Katharina Castelaresi?
— Sim seu idiota, quem mais poderia ser? — falo rindo da sua voz
confusa.
— O que aconteceu, como conseguiu meu telefone ou melhor, seu
marido sabe que está me ligando? Não quero problemas com a Cosa Nostra.
— Deixa de ser medroso, estou ligando de uma linha segura. E comigo
não aconteceu nada, na verdade estou ligando porque você é o único que pode
me ajudar.
— Por que eu sinto que você vai me colocar em maus lençóis?!
— Somos amigos desde que você tinha oito anos, não pode me negar um
favor.
— Na verdade eu sou amigo do seu irmão, você que sempre foi uma
pentelha e quis se enfiar no meio dos moleques.
— Vou direto ao ponto, Yeltsin, estou na Itália e não sei o que está
acontecendo aí. Aslan não se abre, a única coisa que sei é que os ucranianos
estão por trás do atentado.
— Não sei se isso é assunto para falar com você.
— Pensei que confiasse em mim — digo ofendida.
— Não é uma questão de confiar, a coisa está feia aqui, se Aslan não
contou, provavelmente é para evitar que fique preocupada.
— Eu não sou um cristal frágil, seja o que for, me conte de uma vez.
— Certo, se eu não contar, de uma forma ou de outra é capaz de ficar
sabendo mesmo.
— Fala de uma vez, estou ficando nervosa.
— Os ucranianos estavam tramando contra nós a um bom tempo, desde
que seu pai assumiu o controle, precisamente. Eles tinham um trato com o antigo
chefe dos Bratvas e após seu pai assumir o controle eles acabaram perdendo
muito dinheiro, então eles colocaram um x9 dentro da organização.
— Como isso é possível, como ninguém nunca percebeu?!
— Pois é, falhamos feio nessa parte. Pelo que Aslan me contou eles
tinham um plano de sequestrar você e usar isso contra seu pai para fazê-lo
entregar o comando para Boris.
— Meu pai nunca faria isso — digo, com um gosto amargo na boca.
— Eles não acreditavam nisso, tudo estava dando certo até seu marido
descobrir quem era o traidor.
— Espera, Dimitri! Como assim Dimitri? — Questiono, confusa, com a
cabeça dando voltas e mais voltas.
— Eu não sei todos os detalhes, mas sei que o traidor foi morto e depois
que se casou e foi para a Itália eles tentaram capturar o seu irmão para usar como
isca para pegar seu pai. Mas Aslan escapou, levou dois tiros, mas está bem.
Agora estamos todos atrás do maldito Boris e logo vamos poder pintar o chão
com o sangue do desagrado.
Ele continua a falar sobre o carregamento, mas a minha cabeça está
distante tentando juntar as peças do quebra cabeça, tentando entender o que
Dimitri tem a ver com isso e várias hipóteses preenchem minha mente, mas
apenas uma dela parece acender como labaredas dentro da minha cabeça, porém
é terrível demais para que eu possa acreditar.
— Katharina, você está aí? A ligação está muda, Katharina.
— Sim, estou aqui — digo com a garganta seca e a voz embargada.
— Yeltsin, você pode me dizer o nome do traidor, o que Dimitri
descobriu ou melhor o traidor que queria me sequestrar? — Pergunto, mesmo
que na minha cabeça eu já saiba a resposta.
— Essa é fácil Katharina, era Ivan, o seu segurança, ele era o filho da
puta, infiltrado...
Não sei quanto tempo fiquei trancada naquela biblioteca, só sei que Luigi
tocou meu ombro e eu despertei do transe, passei as mãos pelo meu rosto e
percebi que ele estava limpo, nem mesmo uma miserável lágrima escorreu.
Talvez eu já esteja me tornando uma Salvatore Rinna.
— A senhora está bem? — Pergunta, preocupado pegando o celular do
chão e entregando a mim.
— Eu vou ficar — digo, me levantando e lembrando do jantar e que
Dimitri precisa me dar explicações do porque não me contou que Ivan era um
traidor, por que me manteve todo esse tempo no escuro. O desgraçado sabia de
tudo todo esse tempo e não me disse nada, estou cega de ódio. Todos mentiram
para mim, me trataram como se eu fosse uma idiota que nunca descobriria nada.
— Como estão os preparativos para o jantar? — Pergunto, erguendo a
minha postura e mentalizando o que iria fazer de agora em diante. — Quero que
esse jantar saia impecável, nada pode sair fora do combinado, chame todos os
empregados para me encontrarem no salão de vidro.
— A senhora vai querer receber os convidados lá?
— Sim, é grande o bastante e pelo visto não muito usado. Vou precisar da
ajuda de todos para que esse jantar seja inesquecível.
— Claro, senhora.
Foi tudo muito corrido depois disso, meu corpo estava aqui preparando
tudo para o jantar, mas a minha mente estava longe. Eu não conseguia parar de
pensar em todas as mentiras que Ivan contou para mim, em todas as juras de
amor, em todas as falsas promessas, no quanto fui burra por ter confiado nele,
por ter acreditado que ele me amava, assim como eu um dia o amei. Me sinto
traída, destruída e culpada. Culpada por ter sido tão ingênua em achar que, sendo
uma Castelaresi, eu poderia ser amada. É óbvio que qualquer um que se
aproximar de mim será por interesse, eu fui tonta e não percebi isso antes.
Até aquele momento eu não sabia o que era a verdadeira arte, mas ver
Katharina tocando de maneira tão melancólica e bonita foi surreal. Eu sabia que
ela tinha talento, mas ver seus dedos se movendo nas cordas do violoncelo foi
incrível, mesmo furioso com sua provocação, não deixei de ficar excitado, assim
como todos os filhos da puta da sala. Vicenzo chama todos para o escritório e as
mulheres ficam na sala, junto com Katharina.
Estava feito, não poderia voltar atrás. Eu tinha oferecido a minha alma ao
demônio e ele não se recusou a aceitá-la. Mas naquele momento tudo que eu
pensei foi na minha vingança. Meu coração está quebrado, a dor é tão grande
que em alguns momentos procuro não pensar, não lembrar de todas as mentiras
que me foram contadas, todas as vezes que arrisquei a minha vida por conta de
um maldito impostor. De que abri mão de tantas coisas por amar um miserável
que não merecia nem uma lágrima minha.
Dois dias se passaram desde a proposta que fiz à Besta. Dois dias em que
eu não o vejo em nosso quarto e o silêncio, um estranho silêncio toma conta da
fortaleza, agora que a cyka não está mais morando aqui.
Eu saio para conhecer a cidade, claro não ficaria mais presa dentro dessa
casa, me consumindo de amargura por ter sido feita de trouxa por um homem.
Eu não seria a primeira nem a última a ser enganada por um filho da puta. Pelo
menos foi isso que tentei colocar na minha cabeça após desabafar por horas com
Ana no celular, conto tudo a ela. Também não aguento e ligo para minha mãe.
Choro, sentindo sua falta e sou consolada por ela, que me garante que está bem,
assim como Aslan e que em breve ela viria me visitar. Provavelmente não
demoraria muito mais para que meu pai descobrisse que eu liguei, mas não me
importo, já estava há semanas na Itália, eles não poderiam me manter
incomunicável como se fosse uma prisioneira.
Confesso que conhecer as belezas de Palermo tem me distraído,
obviamente sou escoltada pelos meus cães de guarda. Chaise por sorte não se
machucou com o falso sequestro, apenas Romeu que foi ferido mais gravemente
e está se recuperando. O que me faz ter mais raiva dos irmãos Salvatore Rinna.
E, falando neles, bem, Lorenzo está aparentemente muito ocupado e apenas o
vejo no jantar, já Dimitri. Ele não anda dormindo na fortaleza, ou, se dorme aqui,
eu não sei onde. Vicenzo parece estranhamente mais sociável desde a tal prova e
está começando a confiar em mim. Ontem, até o vi fazendo yoga no jardim, o
que me surpreende, já que não imaginava um homem como ele fazendo
meditação, ao menos descobri algo que tínhamos em comum. Interessante saber
que tanto ele como Lorenzo não se aproximava de Hades e Perséfone, pelo que
Vicenzo deu a entender, esse é um campo proibido aqui.
Boris, bem, não perguntei sobre ele para Dimitri, mas Ana me mantém
informada sobre os conflitos na Rússia. Sei que uma hora ou outra ele o trará
para mim e terei que fazer algo que jamais me imaginei fazendo. Me submeter a
um homem, não qualquer um, mas sim à Besta italiana.
— Senhora, tem visitas na sala a aguardando — fala Luigi.
— Quem é?
— São Karlene Ndrangreta e Priscila Camorra.
— Ok, desço em dois minutos, leve-as para o jardim leste. Mande
Carlota servir um lanche para as duas. Se certifique que Hades e Perséfone estão
no recanto deles, não quero assustar as visitas. — Digo, fechando o livro “The
White Queen’’, um livro incrível que conta a história da Guerra das Rosas,
agitada por tumultos e intrigas”.
A Rainha Branca trata da vida de Isabel Woodville, uma plebeia que
ascende à realeza servindo-se de sua beleza, uma mulher forte que enfrenta toda
a monarquia pelos seus filhos. Vou até a penteadeira confirmar se minha
maquiagem está impecável antes de descer para conversar com as duas. Pelo
pouco que conheci das duas eu já gostei delas, apenas Rebeca que me deixou
curiosa, algo me diz que ela precisa muito de mim. Talvez seja esse meu destino
na Itália, causar uma pequena revolução dentro da Cosa Nostra.
Sorrio animada, com a cabeça cheia de ideias.
Ficamos conversando por um bom tempo e confesso que gostei das duas.
Conversamos por horas, elas acabam me confidenciando que Natasha não era
amante de Dimitri há muito tempo e que meu querido marido, assim como os
outros capos, frequentavam um clube particular da família, onde rolava de tudo.
Priscila ainda me confidenciou que sabia que o marido mantinha uma amante,
mesmo o amando e sofrendo com isso, ela não tinha muito o que fazer e isso me
deixou irritada. Pelo visto o mau dos italianos é serem todos uns cafajestes.
Também conversamos sobre Rebeca que era a terceira integrante do trio, todavia
desde a descoberta da gravidez não tem podido sair muito de casa e que foi uma
raridade ela ter vindo à fortaleza naquela noite.
Tirei o salto alto no carro mesmo e quando paramos eu corro para dentro,
cansada, com a cabeça cheia. Tudo que eu queria era dormir, mas quando passo
pela porta do quarto, noto que sobre a cama estava uma grande bandeja. Senti
um arrepio frio subir pela minha coluna e lentamente eu caminhei até a cama
encontrando um cartão branco, apenas isso. "Bella mia".
Apenas com essa frase eu já sabia o que tinha naquela bandeja, deixo o
papel cair no chão, levanto a tampa da bandeja de prata e lá estava. A cabeça de
Boris decepada, entregue em uma bandeja de prata. Eu sabia que a partir de
agora não tinha mais volta, eu teria que cumprir com a minha palavra. Essa noite
eu deveria me entregar a ele, à Besta!
O gosto adocicado do Bourbon enche meus lábios. Daniela está sentada
no colo de Vicenzo e ele beija seu pescoço, enquanto ela joga a cabeça para trás
cheia de tesão. A cena é extremamente excitante, porém a minha cabeça está
longe, mais precisamente na fortaleza. Dimitri se foi, assim como Katharina e é
bem provável que dessa vez os dois se acertem. Eu deveria ficar feliz pelo meu
irmão e por ela, mas por que não estou? Por que um sentimento de angústia
cresce dentro mim. Preciso esquecer os pensamentos que andam povoando a
minha mente ou acabarei maluco, para não dizer morto. Talvez Vicenzo tenha
razão e eu precise de uma boa esposa italiana. Uma mulher da família, talvez
isso faça com que acabe com esses pensamentos que venho tendo. E ainda teve o
babaca do Ximeno na sala de treinamento, falando de Katharina com sua boca
imunda, não deveria nem mesmo pronunciar o nome dela.
Uma fúria monstruosa tomou conta de mim quando o vi junto com outros
soldados rindo e comentando o quanto a loira do chefe é gostosa e que sua pele
branca como a neve ficará toda rosada com uns tapas. Eu não aguentei ouvir
aquilo e deixei a minha irá tomar conta. Voei em sua direção, socando sua cara
com tanta força que ele caiu sobre os pesos da academia. Eu não parei aí, não, é
claro que eu não pararia. Minhas mãos já estavam sujas de sangue e eu ainda o
enforcava com raiva e com ódio. Dimitri entrou na sala de treinamento junto
com Vicenzo, que separou a briga. Quando descobriu o motivo da minha fúria,
Dimitri me olhou friamente, tirou sua pistola e deu dois tiros na cabeça de
Ximeno. O aviso foi dado com apenas um ato e um olhar. Agora nenhum
soldado ousará falar de Katharina novamente.
— Vai ficar só olhando, gatinho? — diz Daniela, me chamando.
Saio dos meus devaneios e foco meus olhos nos dois. Daniela estava,
nesse momento, sem blusa e com os seios fartos à mostra, enquanto punhetava
Vicenzo. Deixo o copo de Bourbon de lado e decido aproveitar a noite no corpo
da bela loira.
Me levanto de onde estou e sento no sofá, ao lado dela, puxo seus
cabelos de lado, de maneira dura e mordo seu pescoço, deixando-a com ainda
mais tesão.
— Vocês ainda vão me matar de tanto prazer — fala, fogosa e logo é
calada pela boca de Vicenzo na sua.
Sorrindo, eu levo meu rosto até o vale entre seus seios, mordo o biquinho
rosado, para em seguida o colocar todo na boca, mamando seus peitos, duro de
prazer. Daniela geme baixinho, enquanto meu irmão a sufoca com sua língua.
Rapidamente, Vicenzo se livra das roupas e aproxima seu pau do rosto dela, que
prontamente atende ao pedido mudo e abocanha o cacete do meu irmão gêmeo.
O inferninho, como é chamada a ala especial do clube, estava cheio. No lugar,
podiam ser encontradas coisas para os mais diversos tipos de experiência sexual,
desde masmorras para BDSM, Glory Hole, cabines para fetiches, como
voyeurismo, o salão oval, onde fica a parte de swing, e claro, as mulheres que
amam Gang Bang.
Alesso Gambino mantém seu olhar em nós três, enquanto duas loiras
disputam quem o chupava. Ignorando a plateia eu me mantenho concentrado na
gostosa quase gozando apenas comigo a chupando. A saia de couro preto ainda
está em seu corpo. Sorrindo eu vou até as roupas de Vicenzo, que estão jogadas
no chão e pego uma pequena faca, que sei que o mesmo carrega no bolso interno
da calça e rasgo a saia de couro em duas, fazendo Daniela gritar de susto e com a
rapidez que me desfaço do tecido. A safada está sem calcinha e sua excitação
escorre por suas coxas grossas. Dou um tapa potente em sua boceta e a mesma
engasga com o pau do meu irmão na boca, todavia, Vicenzo não gosta e puxa
seu cabelo, socando na sua garganta com destreza. Abro suas pernas, me
ajoelhando no chão, a vadia fecha os olhos e eu puxo o lábio esquerdo da sua
bocetinha com os dentes, fazendo seu corpo arquear de prazer, esfrego minha
língua por todo seu canal e lentamente vou trabalhando meus lábios por sua
boceta. Daniela não sabe controlar o tesão e começa a tremer quando chupo
fortemente seu clítoris.
— Safada, já gozou!? — diz Vicenzo, dando um tapa na mesma, que está
tremendo pelo orgasmo devastador que teve.
— Vem, Lorenzo, eu quero mamar você — diz, toda dengosa.
Atendo prontamente seu pedido, porém antes faço com que ela fique de
quatro na beirada do grande sofá. Vicenzo toma à dianteira, colocando a
camisinha e, sem aviso, mete seu cacete dentro da boceta da safada. Sem tirar os
olhos dos dois eu vou tirando a roupa, o olhar guloso dela se fixa em minhas
tatuagens, nos dois braços fechados e um demônio com asas, tatuado, cruzava
meu peito.
A frase da Cosa Nostra "Un uomo che non si dedica alla sua famiglia
non sarà mai un vero uomo", tatuada em minhas costas. Rapidamente eu tiro as
calças e a boxer preta, Vicenzo mete como uma fera, puxando o cabelo de
Daniela. Eu me masturbo, vendo a cena quente se desenrolar na minha frente.
Rugindo, Vicenzo goza junto com a safada e eu aproveito esse momento para
começar a foder a boca de Daniela, segurando sua cabeça. A mesma circula a
cabeça do meu pau com a língua e desce lambendo toda a extensão, deixando
meu cacete bem molhado, intensificando o ritmo do boquete e usando as mãos
para massagear minhas bolas. Tomado de desejo e fúria eu fodo sua boca como
se fosse uma boceta. Vicenzo mantém seu olhar em nós dois, se masturbando em
total deleite. Daniela engasga com meu pau em sua garganta, aperto seu nariz,
vendo seu rosto ficar vermelho, sem ar. Sorrio, socando mais e mais até tirar
meu pau para fora e gozar. O primeiro jato da porra vai direto para seus olhos, os
seguintes por todo seu rosto.
A safada limpa o rosto e leva os dedos à boca, chupando meu gozo. Fico
em êxtase, olhando para ela, porém meu pau não dá sinal que está satisfeito.
— A puta quer mais pau, Lorenzo, ela quer ser arrombada por dois
cacetes — fala Vicenzo, rindo.
Ele a coloca apoiada na mesa de bebidas, derrubando tudo que estava
sobre ela. Jogo uma camisinha para ele, que pega no ar, rasgando o pacote.
— Você é uma cachorra muito safada e por isso não merece que nós dois
peguemos leve com você!
— Não mesmo, ela não queria ser fodida? Agora ela vai sair daqui bem
fodida — diz Vicenzo, sorrindo friamente e percebo que Daniela respira
fortemente, ansiosa para o que faremos a seguir.
Abro bem suas pernas, deixando-a arreganhada e meto meu pau, socando
forte e rápido, tamanho o tesão que sinto. Daniela está encharcada, molhada de
tesão e gemendo alto, jogando a cabeça para trás. Meto com força e sinto minhas
bolas batendo forte na sua boceta, com seu gozo escorrendo por todo meu pau
quente, mesmo com a camisinha eu posso sentir seu desejo gritando alto e todos
os olhos da sala se fixaram em nós.
Vicenzo caminha até as roupas jogadas no chão, recolhendo seu cinto,
assim como o meu, enquanto eu continuo arrombando sua boceta. Sabendo qual
era a intenção meu irmão, fico atrás(?), amarrando os dois cintos sobre os seios
de Daniela, impedindo a circulação de sangue, deixando seus mamilos inchados
e vermelhos. Sorrio para ele, girando a cadela, sentando com ela em meu colo no
sofá. Daniela, como uma boa cadela, começa a cavalgar no meu cacete, gemendo
de dor ao descer todo o corpo, levando-o ele até o fundo.
O cheiro de sexo e suor preenche todos os quatros cantos da sala, o tesão
estava me levando à loucura. Não é sempre que eu e Lorenzo participamos de
um ménage, mas toda vez que isso acontecia, é prazer garantido.
Daniela é uma foda gostosa, a loira sabe como satisfazer um homem, não
fica de frescura e é isso que eu e Lorenzo gostamos, podemos pegar pesado com
a puta que ela não reclama. Ao menos aqui no clube eu posso me afogar no
prazer e esquecer todas as responsabilidades e os problemas com a família.
— Mete no meu cuzinho, Vicenzo — fala a safada, rebolando gostoso no
cacete do meu irmão.
Me aproximo e vou penetrando no seu cuzinho apertado, milímetro a
milímetro eu sentia o calor do seu rabo e meu pau escorregando para dentro sua
bunda até contrair. Ela revira os olhos e geme de dor ao ser arregaçada pelo meu
pau e para de se mexer para recuperar o fôlego. Lorenzo dá um tapa forte na sua
cara e seu rosto fica vermelho, eu sorrio, puxo seu corpo pelas fivelas(tiras?) do
cinto e tiro meu pau de dentro do seu cuzinho, só para meter de uma vez,
brutalmente.
— Ham! — ela grita a cada golpe que nós dois damos com sincronia em
seus buracos apertados.
Seguro seu pescoço com as duas mãos em para impedir o ar de circular,
enquanto meto em seu cuzinho vorazmente.
— Não era isso que você queria, cachorra, nós dois te fodendo, vadia?!
— Digo em seu ouvido, vendo seu rosto ficar vermelho, sem ar, aumentando o
prazer dentro de mim.
Solto seu pescoço e puxo seus cabelos molhados de suor para trás,
Lorenzo morde o bico dos seios inchados, deixando-os cheios de marcas.
— Ouh, não pare, por favor — diz, tremendo em nossos braços, tendo a
boceta e o cuzinho totalmente moldados ao nosso prazer.
Ela desce, engolindo o pau de Lorenzo e depois sobe, toda arrepiada,
retraindo o cuzinho, estrangulando o meu pau em cada movimento sincronizado.
Eu sinto também o pau do Lorenzo pressionando o meu pela fina camada de pele
que nos separava. Literalmente, uma batalha de espadas dentro de uma putinha
safada.
— Me fodam de verdade, sem dó!!
E assim fazemos, cada bombada nossa a deixando mais entregue e
dominada, já tinha visto Daniela gozar mais de cinco vezes e a safada continuava
gemendo cada vez mais alto. Ao nosso redor, vários homens se masturbavam,
vendo a orgia acontecendo entre nós três. Sinto o gozo vindo e começo a
estapear a bunda da cadela, seus gemidos aumentando cada vez mais enquanto
ela cavalga mais rápido. No auge do nosso tesão eu pergunto à safada.
— É isso que queria, putinha, dois paus te arrombando, te deixando
arregaçada?!
— Sim, eu tô gozando, eu tô gozando! — grita, quase desmaiando,
porém eu a faço acordar com outro tapa na cara.
Não aguentando mais, Daniela aperta suas pernas e o clítoris contra
Lorenzo, fazendo o mesmo gozar fortemente, eu vou junto, segurando sua
cintura com as duas mãos e enfiando tudo nela eu gozo com força no seu rabo
gostoso. Ela convulsiona de prazer, desabando sobre Lorenzo, que apenas sorri
para a safada. Realmente, foi uma foda fantástica para finalizar essa noite.
Eu sabia que a partir de agora não tinha mais volta, eu teria que cumprir
com a minha palavra. Esta noite eu deveria me entregar a ele, a Besta! Trêmula,
deixo a bandeja com a cabeça de Boris sobre uma pequena mesa de madeira no
canto do quarto. Minhas mãos ficam sujas de sangue, sangue podre de um
miserável, mas antes de ir ao banheiro tirar esse cheiro imundo de mim, me
detenho, olhando para a sacada do quarto. Lá eu vejo a Besta, chegando em seu
McLaren 720s, o som dos motores cantando é inconfundível.
Me afasto da janela quando vejo a porta do carro abrindo e ele saindo por
ela. Tiro todas as minhas roupas, entrando debaixo do chuveiro frio, tomando
cuidado para não molhar o meu cabelo, mas despertando meu corpo para o que
iria acontecer essa noite, porque uma coisa era certa, o diabo dá rapidamente,
mas vem e toma ainda mais rápido.
Me enrolo no robe e vou ao closet procurar o que usar, saiba que Dimitri
estava me dando tempo para me preparar e por isso não entrou no quarto, mas
também estava ciente que não tardaria a aparecer e reivindicar o que quer.
Observo os vários vestidos pendurados no closet, ponderando sobre o que vestir,
optando por uma lingerie apenas, mesmo sendo desnecessário roupa para o que
iríamos fazer. Opto por um conjunto preto sensual, cinta liga e uma delicada
renda, meus cabelos estavam uma bagunça, mas não faço esforço para arrumá-
los. Abro a porta que antes era proibida a mim e vivia trancada. Agora está
destrancada e à minha espera. O calabouço é tão ou mais assustador do que me
lembrava. As luzes estavam acesas e a temperatura agradável. Olho para todos
os objetos espalhados pelo quarto, sentindo minha respiração acelerar. O cheiro
de couro preenche minhas narinas. A madeira escura e as paredes de pedra dão
um ar sombrio a todo o lugar, eu sabia que, estando ali dentro, eu seria
totalmente dele.
A cama, com lençóis de seda negra, me chama atenção, ele deve esperar
que eu o aguarde chegar de joelhos, como suas escravas devem fazer, porém ele
pode ser um dominador sádico, mas eu jamais serei uma submissa. A Besta pode
tentar, mas jamais irá me quebrar. Vou em direção ao controlador do som
colocando "Two feet - Love is a bitch". Caminho no salto Chanel até a poltrona
negra, que me lembra o trono de um rei, me sento e espero o exato momento que
ele abrirá a porta e virá cobrar a promessa.
Não sei quanto tempo se passa, mas não demora muito para a Besta
passar pelas portas do calabouço. Ele ainda não tinha me visto, então aproveito
para analisar bem meu inimigo. Seus cabelos estavam molhados, a barba por
fazer e o costumeiro olhar inexpressivo que me assustava pairava em seu rosto.
Em suas mãos, uma caixa que não consigo distinguir o conteúdo, pois a luz está
baixa. Ele usa uma camisa social branca, colete preto, calça social e os pés
descalços, poderia jurar que é o homem mais bonito que já vi, mas para mim isso
é apenas um disfarce para esconder sua verdadeira essência demoníaca.
— Aí está você, bella mia. — Fala, olhando diretamente para mim.
Seus olhos parecem brasas quentes, queimando a minha pele.
— O que você pretende fazer comigo? — Pergunto de uma vez, ao
mesmo tempo curiosa e amedrontada.
Não sou ingênua de achar que isso nunca aconteceria, mas agora que
estou aqui, pronta para ceder à Besta italiana, um misto de medo e ansiedade
toma conta de mim.
— Ah, bella mia, serei seu predador essa noite, te caçarei e te comerei
viva, como a Besta que sou.
— Eu não tenho medo de você, Dimitri, sou uma mulher de palavra e
cumprirei a minha. Mas, lembre-se, uma noite é tudo que terá de mim, nada
mais.
— Isso é o que veremos, amore mio — instiga ele, colocando a caixa
pequena sobre uma cadeira e caminhando feito um predador em minha direção.
Em nenhum momento seus olhos saem dos meus, quando ele para de
pé(?), seus olhos passeiam por todo meu corpo.
— Muito bem, levante daí, não quero vê-la sentada num lugar que não te
pertence.
— Ok — digo séria, ficando em pé.
— Quando entrar neste quarto, quero vê-la de joelhos ao lado da porta,
esperando por mim de maneira submissa.
Quase sorrio, debochando do que ele diz, mas me contenho ao perceber
seu olhar duro. É melhor não irritar demais a fera.
— Tire os seus sapatos, não que não esteja linda com eles, mas esta noite
prefiro você sem eles.
Engulo em seco e bem devagar eu tiro o scarpin, ficando descalça.
Dimitri se abaixa e pega os sapatos, os colocando ao lado da sua cadeira.
— Ótimo, não hesite em me obedecer quando lhe pedir algo, bella mia,
você fica ainda mais bela quando é obediente.
Mordo meus lábios para não soltar um palavrão e ignoro sua ordem e as
besteiras que ele fala. Dimitri avança lentamente em minha direção, como um
predador faminto, com seus olhos fixos na minha boca e prontamente, ele me
beija. Um beijo intenso e inesperado, ao mesmo tempo arrebatador, sua língua
chupa a minha e eu acabo gemendo quando ele morde meu lábio, para em
seguida voltar a introduzir a língua na minha boca. O gosto do meu sangue
parece apenas deixá-lo mais excitado e só paramos o beijo quando não havia
mais fôlego e precisávamos de ar para respirar. Confusa eu acabo perguntando:
— Por que me beijou?
— Seus lábios são deliciosos, não poderia deixar de beija-los — fala com
um sorriso predatório.
Dou um passo atrás, confusa com seu comportamento.
— Eu sei que para você tudo isso é novo e estranho. Não tenho costume
de me relacionar com mulheres que não sejam submissas natas, muito menos de
adestrar uma nova submissa, porém com você, bella mia, tudo será diferente. —
Fala, voltando à postura de mafioso controlador. — Quero que conheça meu
mundo, que desperte a submissa dentro de você. Quero que deseje ser subjugada,
quero que ame isso tanto quanto eu.
— Isso nunca vai acontecer — falo a verdade.
— Uma das primeiras lições que deve aprender é não me interromper
quando eu estiver falando com você!! — diz, irritado — Precisamos estabelecer
limites rígidos, limites esses que você não aceita que eu ultrapasse. A negociação
é uma etapa importante para quem vai iniciar uma relação de D/S.
— Não é uma relação, Dimitri, não confunda as coisas, é apenas uma
noite e só! — digo irritada, imaginando que claramente ele pensa que eu serei
mais uma das suas cadelinhas.
— Você ainda irá confiar em mim, bella mia, eu posso te garantir isso.
Ainda vai ser você a entrar por aquela porta procurando por mim, para que eu a
domine, para que a castigue segundo os meus desejos mais obscuros.
Me contenho para não rir da sua cara, pois meu olhar já diz exatamente o
que penso sobre o assunto.
— Teremos tempo futuramente para discutir melhor seus limites rígidos e
limites brandos e negociar passo a passo da nossa relação de dominador e
submissa. Por hoje, apenas preciso que confie em mim e seja sincera ao dizer se
tem algo que não queira tentar essa noite.
— Não gosto de giletes ou agulhas, nada que corte minha pele, ou
suspensão no ar, contenção da minha respiração ou grampos na minha
intimidade, ou algo desse tipo — digo séria o olhando.
— Podemos nos preparar para isso mais para frente.
— Nunca! — digo decidida.
— Certo, por hora eu aceito seus limites, mesmo querendo muito vê-la
contida na bondage, suspensa pelas argolas do teto enquanto eu fodo sua
garganta como se ela fosse sua boceta.
Suas palavras têm poderes eróticos inexplicáveis sobre mim.
— Mais alguma restrição, amore mio?
— Você vai me bater? — Pergunto, tomando coragem.
— Vou, mas não vai ser para machucá-la, não quero te assustar, bella
mia, apenas te apresentar o mundo em que vivo. Quero que você goste disso
tanto quanto eu.
O olhar dele é tão intenso que balanço a cabeça, concordando, mesmo
sabendo que jamais vou gostar desse mundo bizarro que ele diz.
— Preciso que entenda que jamais mudarei, Katharina, esse sou eu, o
homem que está em sua frente. Eu preciso estar no controle, preciso que você se
comporte, se não fizer o que eu mando, precisarei te educar e ensiná-la a me
obedecer.
— Então você sente prazer em me machucar? Isso que é ser um sádico?
— Um pouco, talvez apenas o bastante para ver até onde você aguenta,
mas não o suficiente para feri-la de verdade. O sadomasoquismo é sobre a busca
pelo prazer através da dor consensual entre duas pessoas. E a busca por um
prazer extremo, incapaz de ser encontrado em uma relação baunilha.
— Não consigo imaginar prazer em tudo isso.
— Você conseguirá em breve, amore mio. Você sentirá um prazer
inigualável. Até o final desta noite eu te levarei ao céu.
— Achei que o demônio tivesse sido expulso do céu? — Falo,
provocando e me assusto ao ver um sorriso divertido em seus lábios.
É a primeira vez que o vejo sorrir, chega ser bizarro ver as covinhas em
seu rosto.
— Você não imagina o quanto me excita essa sua língua afiada, uma brat
é um deleite a qualquer sádico.
— O que é brat? — Pergunto, confusa, vendo ele ir até o bar servir um
copo de uísque para si.
— Uma brat, nada mais é do que uma submissa rebelde que sente prazer
em provocar seu dominador, ela quer testá-lo e levá-lo ao seu limite para só
então castigá-la.
— Está enganado, querido, eu não tenho uma gota de sangue submisso
em meu corpo, muito menos sou essa tal brat.
— Eu nunca erro, bella mia — fala, abrindo o armário, onde vários
chicotes, chibatas, açoites, entre outros objetos de spanking estão dispostos.
Engulo em seco, imaginando o que ele vai fazer.
— Tem noção de quanto tempo eu passei desejando estar aqui com você?
— Pergunta, escolhendo alguns objetos.
— Não — respondo e continuo de pé, olhando para ele — Não vai ter
uma palavra de segurança? — pergunto, um tanto assustada com os objetos que
ele separa de dentro dos armários.
— Não vejo necessidade. É muito simples, Katharina, você confia em
mim ou não?!
— É óbvio que não.
— Então, temos um problema aqui — diz, com um olhar decepcionado e
irritado. — A dominação e a submissão precisam ter base em uma plena
confiança. Você tem que confiar que seu dominador irá saber a hora certa de
parar, que vai respeitar seus limites rígidos e saber a hora certa de te levar ao
prazer.
— Pois eu não confio e não vejo como isso vai mudar, afinal é só uma
noite.
Ele sorri novamente e dessa vez, eu temo. Seu sorriso é predatório e eu
percebo que tinha me fodido com a minha resposta.
— Se quer tanto uma safe, você terá uma, mesmo detestando ver você
usá-la. Se for uma boa menina não precisarei castigá-la duramente, apenas seja
obediente. Sua palavra será "meu senhor" — fala, me provocando, pois ele sabe
que jamais o chamarei de meu senhor, nem nascendo de novo.
— Certo!
Dimitri me leva ao centro da sala, puxa uma corrente que nem tinha
visto, prende as minhas mãos, com os braços abertos, para cima, em algemas de
couro. Meus braços ficam esticados e eu não tiro os olhos dos seus passos.
— Se você se debater eu amarro seus pés também, se fizer algum barulho
vou amordaça-la.
— Merda — penso comigo mesma e me contenho.
Ele pega o copo de uísque e novamente bebe, sem tirar seus olhos de
mim.
— Você me deixou muito irritado com seu showzinho mais cedo, ainda
mais quando saiu correndo, me deixando sozinho. — Fala, me queimando com
os olhos e caminha em minha direção, me rodeando até estar atrás de mim, sua
respiração choca com meu pescoço.
Ele toca minha pele com seus dedos frios, fazendo com que eu receba
uma corrente elétrica que passa por seus dedos. A carícia leve me assusta e me
faz arquear, assustada.
— Não se mova — diz com sua voz de aviso e eu sei que se me mexer
novamente, estarei fodida.
Seus dedos deslizam pela base da minha coluna até o fecho do sutiã, ele
desfaz o fecho e o mesmo cai no chão, pois o modelo não possui alças, meus
seios ficam à mostra e os sinto estremecer, devido à tensão. Dimitri se vira,
ficando de frente para mim e olha para os meus seios como se os estivesse
avaliando, sem pressa, com toda a tranquilidade do mundo, enquanto eu estou
angustiada para que ele se mexa logo. Seus olhos seguem para a cicatriz recém
adquirida na prova de fogo, ela é pequena, quase não dá para perceber, porém
não escapa aos olhares do meu predador.
Dimitri se abaixa ficando na altura da minha cintura, ele é bem mais alto
que eu, por isso seu rosto fica na direção dos meus seios, enquanto suas mãos
vão para as laterais da minha calcinha fio dental, Ele a rasga, transformando a
pequena peça em duas e leva os trapos ao rosto, se deliciando com o cheiro.
Foda-se, não posso negar que a cena é extremamente excitante, esse homem
poderoso de joelhos, cheirando a minha calcinha me deixa excitada.
— Seu cheiro é tão doce, não vejo a hora de provar da sua boceta e ter a
certeza se ela é tão doce quanto o cheiro.
Dimitri vai até a mesa, onde ele colocou vários objetos diferentes, pega
uma chibata de couro negro e um objeto de metal que não consigo ver direto em
suas mãos, arregaça as mangas da camisa vindo até mim, beija meu pescoço o
chupando e mordendo.
Gemidos sofridos saem da minha garganta, sua barba arranha minha pele.
Ele desliza de forma torturante seus lábios até chegar aos meus seios pesados,
seus dentes beliscam o bico, me fazendo arquear as costas de dor, em seguida ele
o assopra, admirando a cor avermelhada que o toma. Depois, faz o mesmo com o
segundo, e os dois já estão latejando e ardendo pelas mordidas. Ele rapidamente
sacia a minha curiosidade ao abrir o grampo de mamilo e o prender em um dos
meus seios. A pressão é grande, porém eu me seguro para não gritar, não darei
esse gostinho a ele. Quando os dois estão presos, ele puxa uma corrente que liga
os dois e sinto meu sangue ferver.
— Você fica tão bela assim, amore mio, contida, com esses seios
inchados.
Fecho os olhos para me concentrar no que ele diz e não na dor, porém eu
logo os abro ao perceber que ele passa lentamente a ponta da chibata pelo meu
pé direito subindo pela minha coxa. Dimitri desvia da minha boceta, que implora
por atenção, indo direto para minha barriga. A chibata parece acariciar minha
pele por onde desliza. Um golpe surdo chega aos meus ouvidos e minha barriga
queima pelo golpe, mas ele não para aí, o próximo é na minha coxa, mas não
perto o suficiente da minha boceta, ele dá mais dois golpes, mas nem mesmo a
dor impede que eu sinta um tesão inexplicável pelo que está por vir. Tento
apertar minhas coxas e aliviar a tensão, porém antes que eu faça isso, Dimitri
acerta mais uma vez a chibata, dessa vez em meu pé.
— Não ouse apertar as pernas, bella mia. Nós estamos só começando e
você só irá gozar quando eu estiver dentro de você.
Ele gira o pulso e passa a chibata por meu ventre até chegar a minha
boceta. Vai passando pelos lábios da minha boceta até o meu clítoris. O chicote
acerta um golpe seco naquele ponto, meu corpo e mente entram em pura
contradição, não sei se é dor ou prazer que eu sinto. Porém, ele não para aí, sobe
a chibata pela minha cintura e volta a me golpear.
Dimitri não tem dó e me acerta com a chibata por pelo menos trinta
vezes, ordenando(?) todo meu corpo, eu já estava ofegante e suando, quando ele
a deixa de lado e vai até a mesa.
— Você está tão bela assim, marcada pelo seu dom, se eu não fosse tão
ciumento, mandaria pintar um belo quadro seu nua, dessa forma, para ter em
meu escritório.
— Nunca deixaria que fizesse isso! — Falo, horrorizada.
— Ah Katharina, o que foi que eu disse sobre me interromper?! O que
devo fazer com você? — Pergunta, irritado com a minha falta de obediência.
Eu deveria estar com medo, mas fico apenas mais excitada.
— O que eu mandei você não fazer?!
Seus olhos queimam nos meus e a intensidade me tira o fôlego, ele está
em toda sua pose dominadora.
— Responda.
— Não vou me mexer e nem dizer nada mais — respondo, mal
conseguindo olhar para ele. Minhas palavras tem efeito imediato é como se ele
tivesse se transformado em uma fera brutal em minha frente. Seu sorriso se torna
sádico e seu olhar me assusta, Dimitri vai até as correntes que prendem meus
braços e as solta, me liberando da posição, que já estava ficando desconfortável.
Ele me puxa até um banco de madeira e couro, ou melhor, isso parece algum tipo
de cavalete, me coloca deitada de costas para ele sobre o mesmo e prende meus
membros. Eu estou nua no cavalete, amarrada pelos braços e pelas pernas,
arreganhada, mas por incrível que pareça, não estou nem um pouco
constrangida. Dimitri pega um objeto que parece uma borboleta e se abaixa, de
cara para a minha bunda, beijando onde as marcas de chibata deixaram
vermelho, um tapa forte é dado e minha bunda arde com o golpe da sua mão.
— Não ouse gozar com meus golpes, bella rosa. — Diz e estapeia o
outro lado e não para, a cada tapa eu me seguro para não gemer.
Ele faz questão de desviar da minha boceta carente de atenção, pois
tenho certeza que com apenas um mísero toque, estarei gozando. Não sei
quantos tapas levo, mas quando menos espero ele coloca alguma coisa na minha
boceta, que imagino ser a borboleta. Minha boceta está encharcada, mas quando
ele liga o objeto, que sinto vibrar, eu grito e em seguida sou atingida pelos seus
tapas. Não sei onde me concentrar, nos tapas ou na borboleta vibrando em cima
do meu clítoris. Eu até tento me segurar para não gozar, mas é mais forte do que
eu e acabo gozando, desabando mole sobre o cavalete.
— Você é uma menina desobediente, bella mia, não disse que só poderia
gozar quando eu estivesse dentro de você?! — Fala bravo, desamarrando meus
braços e pernas do cavalete e em seguida tirando a borboleta da minha boceta.
Dimitri pega uma espécie de coleira de couro e prende ao meu pescoço.
Nessa hora eu sinto todo meu corpo esquentar de fúria, minha vontade era
mandá-lo enfiar a coleira no cu, entretanto eu me lembro que ele cumpriu a sua
parte do trato, então nada mais justo que eu o obedecer, ao menos uma noite.
— De quatro, venha até mim engatinhando. — Diz, indo até sua poltrona
e se sentando nela à minha espera.
Tremendo de ódio, pensando em maneiras lentas de matá-lo, eu engulo a
minha raiva e faço o que ele diz, engatinho com o máximo de dignidade que
consigo e paro aos seus pés.
— Quero que abra minha calça e chupe seu mestre, sem morder. Quero
ver seus lábios carnudos devorando meu pau — fala, indicando a grande
elevação no meio de suas pernas.
E assim eu faço, trêmula de excitação. Lentamente, vou abrindo o cinto
da sua calça, o zíper e tirando seu membro grande e pesado para fora. O filho da
puta é bem dotado, seu membro é assustadoramente bonito, com a cabeça
rosada, veias saltando e está duro feito pedra, implorando para ser tocado. Não
tenho como não imaginar o quanto vai doer ter tudo aquilo dentro de mim, mas,
como diz o ditado, quem entra na chuva quer se molhar.
Levo as duas mãos para a base do seu pau, massageio como imagino que
ele goste. Pela cabeça do seu pau o líquido do seu pré-gozo escorre. Minha boca
saliva de vontade de provar; então eu faço o que estou desejando. Desço meus
lábios diretamente pela cabeça, sem me conter, preciso abrir ao máximo a minha
boca para caber tudo, devido ao seu tamanho. Subo e desço com a minha língua
percorrendo toda a extensão do seu membro. E, quando volto a colocá-lo dentro
da boca, uso a língua para brincar com a cabecinha, deixando-a bem melada
antes de esfregá-la em meu rosto.
O olhar feroz da Besta me diz que ele está gostando do que eu estou
fazendo e isso me incentivava a levá-lo mais profundamente na minha garganta.
Dimitri não se controla e acaba deixando um gemido escapar quando engasgo
com seu membro. Suas mãos vão direto para o meu cabelo bagunçado, fazendo
um rabo de cavalo e usando-o para movimentar minha boca contra seu cacete.
Uso as mãos no que não caberia na boca, e chupo como se fosse uma fruta
suculenta, apertando meus lábios pelo cumprimento sentindo-o meter cada vez
mais rápido e me sufocar.
Me sinto poderosa, tendo esse homem gemendo de prazer com meu
toque. Seu rosto estava contorcido de luxúria, me deixando excitada. Decidida a
dar o golpe final, uso as minhas unhas, arranhando de leve a base do seu pau,
enquanto ele ruge, gozando na minha boca. Os jatos são tão fortes que acabo
engasgando e deixando sua porra cair no chão.
Dimitri se levanta e beija minha boca, não se importando com o sabor do
seu gozo em meus lábios, me puxa em seus braços, rapidamente me atirando
sobre a cama. Fecho os olhos, ansiosa para o que acontecerá de agora em diante,
porém sua voz potente me manda abri-los.
Só então Dimitri começa a desabotoar a camisa branca que está colada
em seus músculos e eu fico literalmente paralisada. Minha cabeça me manda
para correr deste lugar, mas meu corpo teimoso, quer mais, quer senti-lo, provar
o que ele tem para me mostrar.
Seu peito malhado fica exposto aos meus olhos, aas tatuagens
assombrosas parecem à tela de uma obra de arte. Alguns símbolos antigos da
Cosa Nostra espalhados por seu peito e uma frase em italiano que não conseguia
ler estavam marcados em seu braço, junto com um leão feroz, no peito uma
caveira com uma faca na boca.
Eu nunca pude contemplar suas tatuagens, não como hoje. Nesse
momento, sinto minha boceta molhar ainda mais, nem mesmo a dor no corpo é
capaz de conter o desejo que estou sentindo. O diabo realmente sabe ser sedutor.
Dimitri tira a calça lentamente e quando resta apenas à cueca boxer, eu
fico com água na boca.
— Inferno, o que tá acontecendo comigo? Só posso estar com algum tipo
de febre.
— Gosta do que vê, bella mia?
Prefiro não dar o gostinho a ele de responder.
— Abra as pernas para mim, amore — fala, pegando uma barra de ferro
com algemas nas pontas.
Faço o que ele manda sem saber onde ele quer chegar, só quando elas
estão presas em meus tornozelos me dou conta que é uma barra extensora.
— Procure não se mexer enquanto eu provo da sua boceta.
Ele abre a barra extensora e segura firme minhas coxas, abocanhando
minha boceta com força, eu grito e jogo meu corpo para trás. Dimitri morde os
lábios da minha boceta me causando dor, porém o que ele faz a seguir me deixa
confusa, sem saber ao certo o que estou sentindo. Ele chupa meu clítoris de leve,
esfregando sua língua sobre ele, com os dedos ele abre os lábios só para em
seguida chupar, leva a língua até minha entrada, penetrando-a. Sua língua faz
magia em mim, causando uma sensação deliciosa, nem me lembrava mais quem
era, muito menos ele. Só queria que ele continuasse, e ele continuou. Me
chupou, lambeu, bebendo meu gozo por duas vezes.
— Você pertence a mim, Katharina! — Fala com a voz rouca e me beija.
Seu olhar é tão possessivo que parece saber todos os segredos que
escondo. Ele sobe pelo meu corpo, abrindo a barra e minhas pernas desabam,
moles na cama. Ele parece satisfeito ao me ver cansada, todavia, não me dá
sossego.
— Não ouse desmaiar, bella rosa, ainda tenho muito a dar para você essa
noite. — Diz, abrindo os grampos dos meus seios.
Sua boca vem até a minha e nos beijamos de maneira intensa. Dimitri
abre as minhas pernas e usa seus dedos para espalhar todo meu gozo pela minha
boceta.
— Você é minha Katharina, bella mia, toda minha. — Fala segurando seu
pau e eu me preparo para ser fodida brutalmente, porém, Dimitri me surpreende
ao entrar na minha boceta lentamente. A dor é forte e sinto como se estivesse
sendo rasgada. Por mais que eu tentasse manter a minha mentira, o olhar de
Dimitri me dizia que ele sabia. E nada que eu fizesse o convenceria que eu não
era virgem.
— Você é tão apertada, só mais um pouco — diz, forçando seu pau para
dentro, então eu sinto uma dor intensa e seu pau se afundar completamente em
mim.
Dimitri não esperou mais nada, as portas já estavam abertas, então, ele
mete de maneira feroz, poderosa, declarando sua posse, marcando meu corpo
como seu, a cada golpe eu sinto meu corpo tremendo.
— Sua boceta é deliciosa, amore mio, ela está esmagando meu pau.
Há essa hora a dor já está indo embora, eu começo a relaxar e deixo que
ele meta gostoso em mim, gemendo alto.
— Isso é bom, não para!
Meus gemidos parecem música em seus ouvidos, a cama chacoalha pela
intensidade com a qual ele mete, mas ele não para, acelera, metendo com força,
eu posso sentir seu pau tocando meu útero, ele é grande e grosso demais.
Depois de algumas estocadas violentas, ele diz: — Goza pra mim, bella
rosa. Goza para o único pau que vai sentir essa boceta apertada! — Diz, abrindo
ainda mais minhas coxas, olhando para seu pau com sangue da minha
virgindade.
Eu gozo sentindo todos os pelos do meu corpo arrepiarem e meu corpo
tremer. O rosto da Besta está coberto de prazer, ele não dá nem tempo de me
recuperar do orgasmo, e me levanta em seus braços, sem tirar seu pau de dentro
de mim, me gira na cama, fazendo com que eu fique de lado. Abre as minhas
pernas, se colocando entre as duas e mete, sem dó nem piedade, nossos corpos
fazendo barulho ao se chocarem, pela força, porém isso não é nada perto dos
meus gemidos de prazer.
Dimitri continua suas estocadas, o homem parece uma máquina de sexo.
Nossos corpos ficam suados, o quarto cheira a sexo, eu me sinto embriagada de
prazer. Sinto Dimitri estremecer atrás de mim até gozar, rugindo feito uma fera
selvagem. Penso que ele vai parar, mas não, seu pau não amolece, então ele me
vira na cama, me colocando de quatro.
Ao voltar para o quarto, me deito ao seu lado, não sem antes limpá-la e a
cobro com um lençol, satisfeito.
— Como você sabia que eu ainda era virgem?! — fala, fazendo com que
eu olhe para ela, que agora está com os olhos abertos, fixos em mim.
— Você nunca me enganou, Katharina! Posso até ter duvidado no
primeiro dia, mas com o tempo eu percebi que jamais faria isso.
— Eu o amava, isso é mais do que um motivo perfeito para ter me
entregado a Ivan.
— Não repita o nome desse desgraçado na minha frente — falo, bravo.
— Tudo bem, isso já não importa, era apenas um hímen, não significa
nada.
— Nós dois sabemos o que significa, mas por hora é melhor você fechar
os olhos e dormir, ainda não estou saciado e a não ser que você já esteja pronta
para a próxima rodada, é melhor dormir.
— Nosso combinado foi uma noite e ela já acabou — diz, emburrada,
virando de costas para mim, não demorando muito a se entregar ao cansaço e
dormir.
— Veremos se será apenas uma noite, amore mio! Você me pertence e
mesmo que tente negar, ainda vai implorar por mim.
Semanas se passam e a investigação começa a andar, toda a minha equipe
está empenhada em tentar descobrir quem é esse serial killer, seis jovens já
foram vítimas desse cruel assassino. Vanessa, Evelyn, Andressa, Jaqueline,
Patrícia e a última, Bárbara, a mais jovem de todas e por incrível que pareça a
única que é garota de programa e que morreu da maneira mais terrível, o que a
destaca das outras vítimas. Esses crimes são confusos, elas não se conheciam,
não são do mesmo círculo social, já que Patrícia Fontenele era herdeira de uma
das grandes famílias italiana. O que leva a crer que elas apenas foram seduzidas
por esse homem. Mas a dúvida ainda fica no ar.
O que as liga, o que atrai ele para vítimas? Seis jovens mulheres com a
vida inteira pela frente, que foram seduzidas, usadas e por fim assassinadas de
maneira vil e cruel.
— A análise da faca do crime está aqui — diz Vitório, meu parceiro. —
Os cortes são bem parecidos, porém não são exatos, o DNA recolhido do sêmen
não bate com nenhum criminoso do nosso banco de dados.
— Tivemos sorte de encontrar digitais no local do crime?!
— Não, ele é esperto o bastante para usar algum tipo de luva e não deixar
rastros de digitais.
— Desgraçado! — falo, olhando para as fotos das vítimas espalhadas
pelo quadro de dados dos crimes em frente à minha mesa.
— O corte indica que a faca usada é pequena e a lâmina ou é feita de
prata ou revestida da mesma. — Diz ele, pensativo.
— Prata? Isso é estranho, um serial killer com um punhal de prata. Ele
poderia usar qualquer faca, mas por que um punhal de prata?!
— Vamos investigar por toda Toledo se alguém comprou um punhal de
prata com as características da arma do crime.
— Pode ser uma pista, não é comum punhais de prata, mas se for uma
relíquia de família ou uma arma comprada fora da Sicília, será difícil encontrar.
— Temos que tentar, mesmo que eu acredite que o criminoso tem
ligações com a máfia.
— Você acredita mesmo que ele é um dos membros dessa organização?!
— fala Vitório.
— Eu aposto a minha carreira que esse criminoso vem de lá. Mesmo que
apenas uma das vítimas tenha ido, na noite de sua morte, a um clube conhecido
dessa organização.
— Gabriela, se começarmos a mexer com a máfia, não tem mais volta,
estaremos nos colocando em risco. — Fala ele, me alertando do perigo que é
mexer nesse vespeiro.
Eu não sou ingênua de não saber que muita gente grande está envolvida
com a Cosa Nostra, falo de policias a políticos do alto escalão.
— Não tem mais volta, eu não vou parar até descobrir quem é esse
assassino, até vê-lo apodrecendo atrás das grades. — Falo firmemente,
lembrando do rosto da mãe da última vítima indo reconhecer o corpo da sua
jovem filha.
— Então o plano de se infiltrar na Cosa Nostra está de pé?!
— Sim, o único problema é que teremos que mudar algumas coisas. Meu
rosto está estampado em vários jornais como a principal detetive no caso da
Besta. Obviamente seria reconhecida.
— Então o que pretende, Gabriela? — Pergunta, ansioso.
— Você, Vitório, você será meu infiltrado dentro dessa organização
criminosa. Se tudo der certo eu não só prenderei o assassino em série, como
também terei acesso ao cabeça dessa organização e então colocaremos atrás das
grades o líder da maior organização da máfia da Europa. — Digo friamente,
planejando milimetricamente a maior operação secreta que a polícia federal
italiana já fez.
Olho para a caixa do Iphone chocada, todo esse tempo ele sabia das
minhas ligações e provavelmente deve ter ouvido minhas conversas. Fecho os
olhos e sou levada para as lembranças da noite anterior, ele sabia todo esse
tempo, ele sempre soube que eu era virgem e por mais que eu devesse odiar ter
sido com ele, confesso que foi inesquecível.
Por muitas vezes eu quase me entreguei a Ivan, mas agora, sabendo quem
ele era, agradeço a Deus por não ter me deixado levar.
Mesmo odiando Dimitri, mesmo sabendo que ele é um maldito, não
posso negar que ele sabe satisfazer bem uma mulher. Apenas uma noite com a
Besta e eu sei que nunca mais serei a mesma. Minhas mãos vão para meus
lábios, lembrando de cada detalhe da noite que passou. Meu corpo está dolorido,
há uma ardência entre as minhas pernas, mas ainda assim eu faria tudo
novamente. Prazer, um prazer descomunal, bem como ele prometeu.
Eu só posso estar ficando louca, deve ser algum tipo de feitiço. Não é
possível que meu corpo fique quente apenas com a lembrança do seu toque. Ele
só pode ter algum tipo de pacto com o demônio, nada justifica um desgraçado
como ele ser tão gostoso.
— Inferno, Katharina, para de pensar nisso — repito a mim mesma,
voltando a me maquiar.
Após terminar de me arrumar eu saio do quarto com o celular novo em
mãos. É provável que o aparelho seja rastreado e tudo que eu fale seja gravado,
mas é melhor do que continuar me escondendo dentro do closet para falar com
meu irmão ou com Ana.
Depois de acertar com Monalisa, vou a direto para a mesa do café, estou
faminta e não espero Dimitri chegar. Vicenzo já está na mesa, lendo o jornal e
tomando apenas seu café. Lorenzo senta ao lado do irmão, mas continua calado,
alguma coisa provavelmente aconteceu, ele não é assim, já estou acostumada
com ele fazendo alguma piada na mesa.
— Lorenzo, você está bem? — Me arrisco a perguntar.
Vicenzo dobra o jornal, olhando para o irmão com curiosidade.
— Estou ótimo — fala firme, pegando o café que Luigi serve a ele,
levando à boca no exato momento que Dimitri se senta à mesa.
O café é estranho, permaneço calada enquanto os três conversavam, mas
posso sentir uma energia estranha na mesa. Em um dado momento, um dos
seguranças vai até Dimitri e diz algo em seu ouvido, que fechou o semblante,
ficando ainda mais sombrio, seus olhos fixam direto em mim e quase engasgo
com o suco de laranja.
— Quando terminar seu café, me encontre no escritório. — Fala, se
levantando e saindo da mesa.
Lorenzo deixa o cômodo e Vicenzo também sai logo em seguida.
Sozinha, pondero se vou ou não até Dimitri, entretanto, de nada adiantaria
ignorá-lo, a maldita Besta viria até mim seja onde estivesse. Giro a maçaneta da
porta do escritório e entro de uma vez mesmo, sem bater. Dimitri está de costas,
olhando pela janela.
— Bem, estou aqui — falo direta.
— Sente-se Katharina — diz, se virando para mim. — Quero que me
explique o que é isso?! — Pergunta, jogando uma sacola de plástico em minha
direção.
Abro a mesma, ainda que já saiba o que tem dentro.
— Pílula do dia seguinte, mas tenho certeza que você já sabia disso! —
Respondo, colocando a mesma sobre a mesma.
— Por que mandou Monalisa comprar essa merda?! — Ele me questiona,
enfurecido, batendo na mesa, me causando um sobressalto.
— Para que eu tome, óbvio, você não usou preservativo, eu não posso
arriscar ficar grávida — digo, sendo firme.
— Você é minha mulher, Katharina, a senhora da máfia e esperam de nós
dois um herdeiro, quanto mais rápido você o conceber, melhor. Essa é uma das
suas obrigações como minha esposa.
— Você só pode estar ficando louco! — Digo, horrorizada. — Um filho,
você quer que eu engravide e tenha um filho com você?! — Pergunto, incrédula
com a cara de pau desse homem.
Dimitri bufa e acende um charuto.
— Não se faça de burra, Katharina, porque nós dois sabemos que isso
você não é! — Grita, nervoso. — Por que motivo acha que eu aceitei a porra do
acordo com os Castelaresi?!! — Vocifera, batendo na mesa e derrubando o
cinzeiro de ouro negro. — Eu preciso de um herdeiro e por isso aceitei esse
casamento. Faça a porra da sua obrigação como minha esposa!!!
— Você não pode me obrigar a gerar uma criança, não estamos falando
de um objeto e sim de uma criança, olha para nós dois, Dimitri. — Digo, abrindo
os braços. — Acha que temos condições de ter um filho, nos odiamos, eu mal
consigo ficar perto de você, como quer trazer uma criança para um lar assim?!
— digo, revoltada com o absurdo que ele diz.
— Não seja hipócrita, Katharina, não parecia me odiar quando me
implorava para fodê-la mais e mais — Fala duramente, eu estremeço de raiva.
Pego a sacola rapidamente rasgando a embalagem levando o comprimido
a boca, Dimitri joga o charuto no chão e avança em minha direção.
— Maldita!! — fala, apertando meu maxilar, tentando abri a minha boca
e até consegue, mas eu já engoli o maldito comprimido. — Desgraçada. Você
pagará caro por isso, Katharina — ameaça e confesso que meu corpo estremece
com a ameaça.
Prefiro não dizer nada, meu bom senso sabe quando é hora de sair de
cena antes que a Besta ataque novamente.
Passo a manhã toda com a minha mente nebulosa, muita coisa indo e
voltando, mas principalmente, não consigo deixar de pensar na intensidade do
que aconteceu ontem. Nenhum dos irmãos Rinna aparece para almoçar,
entediada, eu decido caminhar pelo jardim, pensando que eu deveria reformá-lo
e apagar esse aspecto sombrio da fortaleza. Talvez uma estufa, rosas vermelhas,
as minhas favoritas, na entrada. Lírios do campo perto da torre. Caminho por
toda a extensão do jardim, fazendo planos do que pretendia fazer, até encontrar
Giatho, o jardineiro principal da fortaleza, pois, segundo ele me explicou, para
manter tudo em ordem, precisava dele e mais dois outros, para ajudá-lo a manter
o refúgio de Hades e Perséfone sempre conservado.
Chaise reluta um pouco quando digo onde quero ir, mas por fim concorda
em me levar até a casa de Rebeca, que até então não sabia onde era. Claro, sou
obrigada a ir no banco de trás enquanto ele dirige. O meu outro segurança ainda
estava se recuperando do acidente, sendo substituído por Ruggero, um cara
fechado que não esboçou uma mínima expressão facial enquanto percorríamos o
caminho até a casa de Dante Bruschetta, capo da Cosa Nostra. Segundo Karlene,
um dos mais próximos de Dimitri.
Ao chegar no portão, somos barrados pela segurança, aparentemente,
Rebeca está proibida de receber visitas. Chaise me avisa que teríamos que voltar,
porém eu não vim aqui para desistir. Saio do carro sem paciência nenhuma com
o brutamonte em minha frente.
— Abra o portão, eu quero ver Rebeca.
— Não podemos, senhora, estamos apenas cumprindo ordens.
— Você sabe quem eu sou?! — Questiono de maneira fria e vejo os dois
ficarem amedrontados. — Espero que não se arrependam por terem proibido a
minha entrada, serei obrigada a contar ao meu marido, no caso o Capo di tutti
capi, que sua esposa foi barrada na entrada da casa de sua amiga, provavelmente
vocês terão uma bela conversa com ele. — Falo olhando para os dois, que ficam
nervosos.
Chaise e Ruggero se mantêm atrás de mim, enquanto os dois homens que
fazem a segurança abrem o portão, para que eu possa passar.
— Bem, ser a senhora da máfia tem lá suas vantagens — penso comigo
ao passar pelo portão, em direção à entrada do local.
A casa é muito bonita, com uma fachada original italiana e um jardim
lateral bem cuidado. É realmente encantadora, mesmo tão escondida.
Na entrada, sou recebida por uma empregada com uma cara nada
simpática.
— Em que posso ajudá-la?
— Vim vera senhora Rebeca, pode avisar que Katharina Castelaresi
Rinna está aqui.
— Claro, aguarde na sala de visitas — fala, me levando até a bela sala.
Enquanto aguardo, outra empregada vem me trazer um chá e não
demorou muito para Rebeca aparecer, descendo as escadas com um vestido
simples de flores e a grande barriga aparente.
— Katharina, que surpresa vê-la aqui.
— Desculpe, vir sem avisar, mas estava entediada em casa e quis vim
conversar um pouco com você.
— Claro, sente-se — diz educada, se sentando em uma das poltronas.
— Você parece cansada, a gravidez está te sugando muito?!
— Quisera eu fosse isso, meu anjinho não me dá nenhum trabalho — fala
sorrindo enquanto acaricia a barriga.
— Bem, vou ser sincera com você, eu vim aqui porque fiquei preocupada
com o que Priscila disse, sobre você estar sumida e não poder receber visitas e
nem ligações.
— Não queria preocupar vocês, meus Deus, estou me sentindo culpada
agora. Diga para ela e para Karlene que estou bem, Dante só é um pouco
controlador, mas logo eu vou poder sair novamente, você vai ver — tenta dar um
sorriso, mas ele não chega aos seus olhos, posso ver claramente o quanto esta
jovem está sofrendo.
— Eu estou aqui para te ajudar, Rebeca, pode contar comigo.
— Ninguém pode me ajudar, Katharina, você, como uma mulher criada
dentro da máfia, deveria saber disso.
— O que quer dizer, Rebeca, o que estão fazendo com você?! — Digo,
pegando sua mão e tentando passar a ela confiança.
— Bem, eu não sei se devo confiar em você, mas segurar tudo isso
dentro de mim está me matando e eu sinto dentro de mim que você tem um bom
coração.
— Saiba que tem em mim uma boa ouvinte e confidente, estou aqui
apenas para te ajudar.
— Você não pode me ajudar, ninguém pode, na máfia não existe divórcio
e só terei paz quando estiver morta. Por muitas vezes eu desejei que isso
acontecesse, mas, desde que fiquei grávida, tudo o que eu quero é que minha
filha não passe pelo que eu passei.
— É uma menina, você já sabe?!
— Ainda não, mas eu tenho certeza que é e isso que vem me
atormentando, não sei o que Dante fará comigo quando descobrir que é uma
menina.
— Ele não pode te fazer mal, isso é um absurdo, você é esposa dele,
merece respeito.
— Ah, se você soubesse a minha história, saberia que respeito e amor é
tudo que eu não tenho de Dante Bruschetta.
— Eu tenho tempo, então me conte o que aconteceu.
— Bem, não sei bem por onde começar, mas talvez deva ser no nosso
noivado, ou melhor, como ficamos noivos, assim você vai entender melhor seu
ódio por mim. Dante nunca gostou de mim, na verdade, ele já se apaixonou, até
amou uma mulher, mas ela não era eu, nunca fui. Mesmo que secretamente eu o
admirasse e me encantasse com seus olhos azuis, assim como todas as
adolescentes da minha época, ele era prometido da minha irmã, Giuliana, os dois
foram prometidos desde criança, eu cresci dentro da máfia e já sabia desde
sempre que aqui os casamentos só serviam para unir família e conseguir ainda
mais poder. Pois bem, Giuliana, no começo, até gostava da atenção que Dante
dava a ela, minha irmã sempre foi mimada, a filha de ouro, perfeita, loira de
olhos claros e eu sempre fui a sem sal, a segunda filha. Puxei os olhos castanhos
do meu pai, meus cabelos não estão tão brilhantes e cheios de vida como os da
minha irmã, até mesmo a minha pele sempre foi desbotada.
— Não diga besteiras, você é linda Rebeca.
— Obrigada, mas, como eu ia dizendo, Giuliana não era apaixonada por
Dante, não como ele. Dava para ver que ela fazia um esforço enorme para se
manter perto dele, até mesmo para aceitar as carícias do noivo. Quando a data do
casamento foi marcada eu tinha apenas 17 anos, naquele dia eu chorei tanto que
prometi a mim mesma que tiraria Dante Bruschetta do meu coração. Mas, foi na
manhã seguinte que um golpe atingiu a minha família. Giuliana tinha fugido
com um dos subchefes de Dante. Ela estava tendo um caso com ele há bastante
tempo e ninguém tinha percebido. Aquilo foi como uma bomba na minha
família, uma guerra seria travada enquanto Giuliana não aparecesse. Dante
prometeu vingança contra a minha família, pela desonra. Meu pai conseguiu
localizá-los, mas já era tarde demais. Ela mesma já se encontrava grávida, ainda
me lembro como se fosse ontem o olhar que Dante deu a ela quando ela desceu
daquele carro, sendo arrastada pelo meu pai. Não era um olhar de ódio como eu
pensei. Não, era dor, tristeza, ela havia quebrado o coração dele. Giuliana viu o
homem que ela amava ser morto em sua frente, porém, por estar desonrada, não
poderia se casar com Dante, então uma substituta foi escolhida, aquela que
serviria apenas para tapar o buraco que a filha perfeita ocupava.
Eu fico olhando para ela, chocada, vendo lágrimas silenciosas descendo
por seu rosto.
— Exatamente, eu fui dada a Dante como uma mercadoria e desde esse
dia, minha vida tem se ornado um verdadeiro inferno. Ele me odeia porque eu o
faço lembrar dela, às vezes eu acho que ele me odeia ainda mais por eu não ser
ela. Vivo uma vida infeliz, com um homem agressivo, que me trai com todas as
putas da máfia, que me humilha e faz questão de dizer todos os dias que tenho
sorte, porque se não fosse o acordo com meu pai, provavelmente eu nunca
conseguiria um marido com a minha falta de atributos.
— Ele é um verme miserável, como ele pode te tratar assim? Você é
esposa dele, se ele não queria se casar com você deveria ter negado, mas ele
preferiu fazer da sua vida um inferno ao dar o braço a torcer.
— Eu até tentei, no começo, entender o que se passa na cabeça do Dante,
mas cheguei à conclusão que é impossível. Tem horas que eu tenho tanto medo
dele, seu olhar é de um assassino sem coração. Ele nunca me amou ou um dia irá
amar, eu só peço que Deus proteja a minha filha, porque ele já deixou claro em
várias vezes que quer um filho homem, e que essa é a única coisa que tenho que
fazer direito, já que para o resto eu não sirvo de nada — diz, chorando e eu não
aguento vou até ela abraçá-la.
— Não se preocupe, eu prometo que ele não machucará sua filha.
— Ninguém pode garantir isso — fala tirando os cabelos do rosto e eu
não consigo entender como Dante Bruschetta pode ser tão cego que não vê a
beleza dessa mulher.
— Eu vou te ajudar, Rebeca, não sei como, nem quando, mas eu farei
tudo ao meu alcance para te ajudar.
Depois de ficar por mais de três horas na casa da Rebeca, volto para a
fortaleza com a cabeça ainda mais nublada de pensamentos, quando o carro
passou em frente a uma farmácia.
— Chaise, pare aqui, por favor, preciso de um remédio para dor.
— Tem certeza, senhora? Já estamos chegando.
— Tenho sim, é um remédio específico que não tem em casa.
Ele para o carro na farmácia e, desconfiado, entra comigo enquanto o
outro segurança aguarda do lado de fora, tento pensar rápido em como faria para
comprar o remédio com ele do meu lado.
— Chaise, pode procurar um protetor fator cinquenta para mim — digo
com a minha maior cara convincente.
— Claro, senhora — concorda prontamente, olhando ao redor,
verificando o perímetro e só então se afastando. Aproveito e me aproximo da
farmacêutica.
— Por favor, me ajude, senhora.
— O que foi, minha jovem? — ela diz, assustada com meu olhar de
pânico.
— Meu marido, por favor, não olhe — tento fazer com que ela não
chame atenção de Chaise — Meu marido é um homem agressivo, ele me faz de
saco de pancada todas as noites — mostro meus pulsos, que estão com as marcas
da algema de ontem à noite — Agora ele decidiu que quer ter um filho, me
ajude, por favor, eu não posso engravidar desse homem.
— Quer que eu chame a polícia? — ela fala baixo, fingindo procurar um
remédio.
— Eu vou chamar, só preciso do remédio.
— Eu vou ajudar, você minha jovem, disfarce e fale que precisa usar o
banheiro.
Quando Chaise se aproxima com o protetor, eu me afasto da farmacêutica
e vou procurar por outras coisas, colocando na cesta da farmácia e só então digo
que preciso ir ao banheiro.
— Tem certeza que não dá para esperar chegar em casa, senhora?
— É claro que não, Chaise, deixe de ser neurótico, já vamos para casa, só
preciso ir ao banheiro — falo bem convincente e dou a cestinha para ele ir ao
caixa pagar.
Rapidamente, vou até o banheiro, encontrando a farmacêutica em uma
das cabines.
— Temos que ser rápidas para que seu marido não desconfie.
— Sim, por favor.
Ela está com uma seringa, que tira do jaleco e me explica que tem três
meses de durabilidade. Eu ficaria segura por um bom tempo, até que eu
conseguisse me livrar do marido agressor, pobre Chaise. Tomo a injeção,
agradecendo a farmacêutica pelo que ela faz. Saio da farmácia como se nada
tivesse conhecido, dessa vez com a mente mais tranquila porque sabia que, ao
menos, não engravidaria. Dimitri pode não ser agressivo como Dante, mas eu sei
que é tão ou mais cruel do que ele ou qualquer outro dentro da Cosa Nostra.
Furioso após Katharina sair do escritório, eu preciso que ir, mas minha
vontade é algemar seus braços e suas pernas e mantê-la no calabouço até que
aprenda seu lugar. Minha raiva é tão grande que por pouco eu não faço isso,
porém a Cosa Nostra vem em primeiro lugar, então coloco meus problemas
conjugais de lado e vou direto para a sede, para minha reunião com a senhorita
Meyer, Lorenzo e Damon.
Ao passar pela entrada, como de costume, todos os funcionários baixam
o olhar e não se arriscam a entrar no meu caminho. Entro no elevador privativo e
ao chegar no meu andar me surpreendo ao ver Natasha de pé com um iPad na
mão e meu café na outra.
— Bom dia, senhor, já estão todos esperando para a reunião.
— O que está fazendo aqui Natasha, não deveria estar de repouso até o
fim da semana que vem!?
— Eu estou bem, me sinto bem e não aguentava mais ficar longe do
senhor — fala, baixando o olhar de maneira submissa, bem diferente de
Katharina, que me olha nos olhos e me enfrenta com toda sua frieza.
— Vamos para a reunião, depois conversamos sobre sua negligência com
sua saúde — Digo, pegando o café e indo até a sala de reunião — Bom dia —
digo assim que passo pela porta e todos ficam de pé.
Me sento e então começamos a reunião.
— Senhorita Meyer, me mostre o que vem fazendo desde que chegou
aqui. — Peço, olhando para a engenheira financeira, que engole em seco e abre o
notebook.
— Nós começamos a estratégia de lavagem há pouco tempo. Como o
valor é extremamente alto, não será tão fácil como imaginei. O senhor Damon já
começou a comprar no total quinze pequenos negócios à beira da falência. A
partir de agora, esses negócios fazem parte do grupo Salvatore e irão render uma
verdadeira fortuna. Também conseguimos seiscentos laranjas, para nos ajudar
com depósitos aleatórios na conta principal.
— Quanto vamos conseguir lavar no próximo mês? — Pergunto de
maneira direta.
— Pouco, perto do que precisamos, cerca de setecentos milhões. Ainda é
um número pequeno, mas prometo que em breve vamos chegar na meta
estipulada.
— Sabe por que está aqui, senhorita Meyer?
— Sim, senhor, estou aqui para fazer todo o esquema funcionar.
— Você foi escolhida por ser a melhor do ramo, não faça eu me
arrepender de tê-la colocado na Cosa Nostra, melhore esses números, setecentos
milhões está longe do valor que queremos. — Digo, irritado.
— Aquela ideia de doar dinheiro às entidades sociais fantasmas ainda
está de pé. — Diz Lorenzo, me lembrando da ideia que ele teve em criar ONGs
falsas para que pudéssemos fazer doações e dessa forma lavar o dinheiro sujo do
tráfico, transformando-o em dinheiro de doações.
— Não acho uma boa ideia, Lorenzo, esse tipo de ONG sempre atrai
atenção da mídia.
— Se for para investir em empresas fantasmas, podemos abrir algo como
uma pizzaria, existem muitas aqui em Palermo, uma a mais uma a menos não vai
fazer diferença — diz Damon, pensativo.
— Uma boa, Lorenzo, consiga isso para mim ainda essa semana. Pode
ser um pouco afastada do centro de Palermo, para que não chame atenção.
— Quanto podemos lavar com a pizzaria?
— Não muito, entre doze e quinze mil por dia — fala Meyer, fazendo
cálculos rápidos — Para conseguir o montante que precisamos teria que ser uma
rede de pizzarias por toda a Europa.
Olho para a mesma, interessado no que ela diz, Meyer olha para nós três
com os olhos arregalados.
— Vocês não estão falando sério, não é? — Questiona, admirada.
— Por que não?! — Fala Lorenzo.
— Isso é muito arriscado, não estamos falando de um país, mas sim da
Europa toda, sem contar que todo esse dinheiro teria que voltar para uma conta,
às chances de chamar atenção das autoridades é muito grande.
— Não estamos em negócio sem correr risco, senhorita Meyer, faça o
que meu irmão propôs. Iremos montar uma franquia por toda a Europa, desse
jeito podemos lavar muito mais dinheiro, de forma rápida e específica.
Já era começo da tarde quando voltava para fortaleza, mando meu piloto
ficar pronto para a viagem rápida que faremos. A casa do governador fica em
Catânia, iremos de helicóptero e passaremos a noite em um hotel, para amanhã
voltar para Palermo. Muitos políticos importantes estarão nesse jantar, é
importante reforçar a imagem de empresário honesto que conquistei ao longo
dos anos, agora casado, prestes a formar uma família. formaria uma imagem
ainda mais imaculada da minha pessoa.
Ao chegar em casa, encontro Vicenzo fumando no jardim, conversando
com um dos nossos homens.
— Chegou cedo, também vai ao jantar do governador? — Pergunto.
— Não, estou de saco cheio desse bando de baba ovo. — Reclama ele,
jogando o cigarro no chão e pisando.
— Peça para que Chaise mande o relatório do dia de hoje para o meu
celular.
— Certo — fala, enquanto eu entro em casa.
Vou direto para a suíte, louco para tomar um banho. O quarto está vazio,
provavelmente Katharina deve estar lá embaixo. Tiro minhas roupas, indo direto
para o banheiro e, ao abrir a porta, sou recebido pela porra de uma visão
deliciosa.
Katharina está de cinta liga de renda preta, inclinada sobre a pia do
banheiro enquanto passa um batom nos lábios carnudos, seu corpo tentador me
provocando.
— Se soubesse que seria recebido dessa forma, teria vindo mais cedo,
bella mia. — Digo, a assustando, que derruba o batom na pia.
— Poderia não chegar assim, me assustando — fala, se virando para mim
e eu tenho a visão perfeita dos seios fartos saltando da renda preta.
— O que foi, bella mia, porque está assustada, andou fazendo algo
errado?! — pergunto, dando dois passos em sua direção.
Vejo sua respiração ficar agitada, seu peito subir e descer, minhas mãos
vão automaticamente para seu pescoço, em uma carícia lenta. Seu cheiro de
rosas enche meu nariz, nunca fiquei tão excitado com um cheiro como agora.
— É claro que não — fala firme, escapando do meu toque, mas não me
convence — Eu preciso me vestir, querido, afinal preciso estar à altura, não é
todo dia que vou a um jantar na casa do governador.
Katharina sai do banheiro, me deixando sozinho, mas nem um pouco
convencido.
— O que essa mulher está aprontando? Ela ainda vai me levar à loucura.
Algo me diz que esse jantar será inesquecível.
Não sabia em que velocidade eu estava, tudo que eu queria era ver o que
estava acontecendo na minha casa. Frustrado, bato contra o volante, com ódio.
Não quero ninguém perto de Rebeca, muito menos uma russa. Não quero
ninguém influenciando suas ações, muito menos que ela comece a sonhar com
liberdade. Liberdade essa que ela nunca terá, não deixarei espaço para que ela
faça o mesmo que a vadia da irmã, pois bem sei que no momento que eu confiar
nela e baixar a guarda ela enfiará uma faca em minhas costas.de maneira vil.
Como todas as mulheres, todas as putas, esperando a melhor hora para tirar
vantagem e eu não cometerei o mesmo erro duas vezes, jamais.
Após estacionar de qualquer jeito na entrada, saio do carro batendo a
porta e vejo três dos meus seguranças aguardando.
— Quem liberou a entrada de Katharina? — Pergunto. indo direto ao
ponto e vejo os três ficarem pálidos, temendo o que posso fazer.
— Foi eu, senhor — Jonathan dá um passo à frente e rapidamente saco
minha nove milímetros e atiro rápido no meio de sua testa, ele desaba no chão
sem vida, formando uma poça imunda de sangue.
— Que esse seja um aviso claro que a próxima vez que um de vocês
desobedecer a minhas ordens, estarão mortos. — Digo, limpando minha arma
com o lenço, entrando em casa sendo e recebido por Zaya, à governanta. —
Onde está minha esposa?
— Ela está no quarto, senhor, provavelmente deve estar se aprontando
para o jantar.
Não respondo, apenas subo as escadas em direção à suíte, querendo
arrancar da boca de Rebeca o que tanto ela e a russa conversaram.
A natureza dos russos é traiçoeira, não quero uma cobra russa perto de
Rebeca.
Abro a porta com brutalidade e Rebeca me olha, assustada, deixando a
escova de cabelo cair no chão.
— Precisava olhar na sua cara, traidora, e ver se terá coragem de me
enganar. — Digo amargo, me aproximando dela.
— O que foi, querido, o que aconteceu? — fala pálida, com a voz
trêmula.
Acerto um tapa forte em seu rosto, fazendo com que ela cambaleie para
trás, se escorando no dossel da cama.
— Eu faço tudo por você, sua vadia, e é assim que me retribui? —
Vocifero, cego pelo ódio.
— O que eu fiz Dante? Eu juro que me comportei, não fui ao jardim e
fiquei dentro de casa. — Chora falsamente, tentando me ludibriar com suas
lágrimas traiçoeiras.
— Não minta para mim, desgraçada — digo e puxo seus cabelos com
ódio, apenas por ela olhar para mim.
— Por favor, Dante, eu estou grávida — implora, colocando as mãos
sobre a barriga, como se pudesse a proteger.
Solto seu corpo contra a cama, me afastando dela para que possa me
controlar, para o bem do meu filho.
— O que você e Katharina ficaram fazendo na sala sozinhas? O que ela
veio fazer aqui e porque me desobedeceu? Aposto que as duas estavam tramando
pelas minhas costas!! — Grito, olhando para ela, que treme, chorando muito.
— Ela só veio me ver, Karlene estava preocupada por eu não estar
saindo. Ela só veio fazer uma visita.
— Não minta para mim — grito, jogando o abajur contra a parede.
— O que eu poderia fazer? Não poderia simplesmente me recusar a
atendê-la.
— Pois é o que deveria ter feito, mandado Zaya avisar que não queria
receber visitas, ao invés disso, recebeu a russa e ficou de conversinha com ela a
tarde toda, aposto que tramando contra mim.
— Claro que não, Dante, eu não faria isso, por favor acredite em mim. —
Ela suplica, limpando o rosto.
— Acreditar em uma puta como você, Rebeca, jamais. Ficará trancada no
quarto para aprender a me obedecer na próxima vez.
— Eu não sou uma puta, Dante, só tive um homem na minha vida e esse
homem é você. Não pode me deixar trancada aqui, estou grávida.
— E só por isso que não te arrebento agora mesmo, a sua sorte é que
carrega meu herdeiro, ou seria duramente castigada.
Saio do quarto, fechando a porta, ainda a ouvindo suplicar para que eu
não a deixasse trancada, indo direto para o escritório. Ao passar pela porta, vou
direto para o bar, bebo a vodca direto do gargalo da garrafa e minha garganta
queima, a raiva e frustração se misturam e, fora de mim, eu acabo fazendo uma
besteira que provavelmente amanhã me arrependerei, mas quer saber? Foda-se,
ela merece sofrer. Envio uma mensagem para a cadela e não demora muito para
Giuliana aparecer no escritório.
— Ainda não consigo acreditar que me chamou aqui — fala, entrando no
escritório e fechando a porta atrás de si.
— Não se sinta especial, Giuliana, nesse momento você não passa de
uma boceta disponível para foder.
— Não vou dar ouvidos ao que diz por que eu sei que, no fundo, ainda
me ama. Pode ter se casado com a tonta da Rebeca, mas é a mim que você deseja
— fala, abrindo o zíper do vestido, fazendo com que ele escorregue pelo seu
corpo.
Olho para seu corpo nu, tentando enxergar o que tanto me fascinou no
passado.
Como posso ter um dia pensando amar essa vadia?! Gostosa certamente
ela é, mas não há nada de especial. Seios medianos, pele pálida demais, não há
aquelas pintinhas que tanto amo em Rebeca. Não, ela não pode jamais ser
comparada com a minha Rebeca.
— De joelhos, cadela — falo firme e ela prontamente me obedece.
— Sabe quanto tempo esperei para que me procurasse? Eu sabia que
minha irmãzinha nunca o satisfaria.
Dou um tapa certeiro em seu rosto.
— Não abra essa boca imunda para falar da minha mulher, cadela.
Giuliana engole as lágrimas e, de joelhos, abaixa a minha calça junto
com a boxer e segura meu pau com as mãos frias, o colocando na boca. Seus
lábios são quentes e sua boca baba no meu cacete, enquanto ele sobe e desce em
sua boca, mas eu precisava de mais para me satisfazer e o que essa puta estava
me dando estava longe disso.
Puxo seus cabelos com força, fazendo-a levar meu pau profundamente na
garganta, seu rosto fica vermelho, movimento sua cabeça e ela engasga no meu
pau, mas não paro, continuo socando meu pau como se fosse em uma boceta.
Com um gemido rouco eu gozo, enchendo a cara da vadia de porra.
Giuliana sorri, limpando o rosto e chupando os dedos com o meu gozo. Viro a
cadela de costas para mim, empurrando-a contra a mesa, Giuliana geme,
empinando a bunda magra em minha direção e confesso que tenho que fechar os
olhos para me excitar novamente.
Pego uma camisinha, colocando no meu pau, não tão duro como deveria.
Meto de uma vez no cuzinho da vagabunda, a safada é arrombada mesmo. Fecho
os olhos e imagino outra pessoa aqui para obter meu prazer, meto com força, não
me importando com seus gemidos de dor; eu queria tirar toda essa raiva de
dentro de mim. Empurro a cabeça da vagabunda contra a mesa e continuo
arremetendo dentro do seu buraco, até encontrar o alívio, porém o prazer é
insignificante, como a vadia.
Eu não tinha mais clima para continuar naquele maldito jantar, não com
todos aqueles miseráveis babando por Katharina. Não é ciúme, é posse, se
pudesse teria matado o maldito Matteo por ter ousado colocar as mãos sobre a
minha mulher. Maldita russa, por se vestir de maneira tão provocadora, por sorrir
para todos os malditos da festa.
— Para onde vamos, você está machucando meu braço! — ela reclama
enquanto eu arrasto-a pela mão até o estacionamento, onde meu carro está.
Um dos meus seguranças vem em nossa direção, mas faço um gesto para
que eles se afastem. Abro a porta do carro, jogando Katharina no banco do
passageiro, dando a volta e sentando no banco do motorista. Saio da porra da
mansão cantando pneu, ignorando os repórteres na entrada, passo em alta
velocidade, saindo desse maldito jantar. Acelero, tentando controlar minha
vontade de voltar àquele maldito jantar e matar o desgraçado que ousou tocar no
que é meu.
— Você pode parar de acelerar, vai acabar matando a nós dois.
— Fica calada, Katharina, eu não quero acabar fazendo uma besteira.
— Eu não entendo porque você está tão irritado. Foi só uma dança, não é
como se eu tivesse pulado na cama dele — diz, debochada.
Eu faço uma curva fechada, girando o volante e Katharina grita, mesmo
de cinto.
— Você é um idiota, não acredito que está com ciúmes, não seja
hipócrita, Dimitri, você é um machista de merda que mantém três amantes,
mesmo casado.
— Não é ciúmes, caralho — grito, apertando o volante com tanta força
que juro que posso ver o pescoço de Matteo nele. — Você me pertence, é minha
mulher, deve respeito a mim e não ficar se esfregando com outro homem na
minha frente.
— Babaca hipócrita, é isso que você é!!! — Grita, revoltada, porém antes
que possa respondê-la ouço som de tiros em nossa direção. — Que merda é
essa? — Katharina pergunta assustada, olhando para trás.
— Estamos sendo seguidos — respondo, olhando pelo retrovisor e vendo
três carros pretos nos seguidos, com homens armados.
— Onde estão os seus homens? — Pergunta, olhando para trás.
— Os dispensei, foram direto para o hotel.
— Super inteligente da sua parte — ela bufa, nervosa.
— O carro é blindado, não se preocupe, não deixarei nada de mau
acontecer com você — digo, calculando uma rota de fuga para nós dois.
Os tiros continuam, um dos carros tenta me fechar, porém giro o volante
desviando dos tiros que continuam, a adrenalina enche minhas veias de fogo.
Katharina está aterrorizada com o som dos tiros e na minha mente fico pensando
em como tirar ela daqui.
— Pega meu celular no bolso do paletó e manda nossa localização em
tempo real para Joyner, código 58.
Katharina rapidamente faz o que eu mando e posso ver que ela se
controla para não olhar para trás. O carro de trás bate na nossa traseira, tentando
me fazer parar, porém eu apenas acelero nas avenidas vazias de Catânia, nossa
sorte é que há essa hora já não tem circulação de carros, ou tudo seria pior. Na
minha frente, vejo um túnel e uma ideia vem à minha mente quando lembro
onde ele vai dar.
— Preciso que se segure forte quando nós saímos do túnel.
— O que vai fazer? — Pergunta atônita, olhando para mim.
— Confie em mim — desvio meu olhar para o seu, tentando passar
confiança, jamais deixaria que algo acontecesse a ela.
Katharina aperta o cinto e se segura, reduzo a velocidade até ter o carro
da frente ao meu lado, eles continuam atirando, porém, assim que entramos no
túnel eu começo a contar e no exato momento em que saímos eu giro o carro
com tudo, batendo contra o outro carro, fazendo com que ele gire na estrada,
indo em direção a lateral de um penhasco, caindo em meio à vegetação. O
barulho da explosão enche nossos ouvidos e eu sorrio, sabendo que agora só
faltam dois. Volto a acelerar enquanto Katharina tenta abrir o porta luvas, atrás
de algo.
— Precisamos revidar antes que eles acabem atirando nos pneus.
— O carro é blindado, você está segura.
— Não estamos seguros, Dimitri, estamos sendo alvejados, temos sorte
que são péssimos de mira e não acertaram os pneus ainda ou estaríamos mortos
agora.
— Não se preocupe, eu vou tirar a gente dessa, logo meus homens
estarão aqui.
— Eu posso atirar no motorista do carro da frente, eu tenho uma ótima
mira.
— Você não vai arriscar sua vida!! — falo firme, mas a maldita não me
ouve e quando encontra uma Taurus preta, desprende o cinto, engatilhando a
pistola. — Não faça isso, Katharina, você vai levar um tiro! — grito,
descontrolado.
Ela ignora meu comando e abre o teto solar, virando de costas para mim.
— Katharina, não — grito com ela de novo, mas é tarde demais, ela
coloca a cabeça no teto solar e atira em direção ao carro.
O carro de trás desliza na pista e ela erra o tiro, se abaixando rapidamente
quando atiram em sua direção
— Sai daí, Katharina, senta no seu lugar.
— Eu posso, eu consigo!! — grita e mais uma vez coloca a cabeça para
fora e um tiro é disparado.
Katharina acerta o motorista na testa, porém, antes que ela se abaixe,
atiram nela. Ela cai no banco do passageiro, gemendo de dor, com sangue
escorrendo por sua pele do braço. A Besta dentro de mim ruge, enfurecida,
vendo sua pele pálida se transformar em vermelho sangue.
— Katharina, fala comigo, Katharina!! — me descontrolo, olhando seu
vestido empapado de sangue na lateral.
— Eu estou bem.
O carro deles capota, batendo no carro de trás, mas meu desespero é tão
grande que não consigo pensar em outra coisa a não ser Katharina sangrando no
banco ao meu lado. Sinto uma queimação dentro de mim, uma fúria tremenda
que me acomete.
Ela não pode morrer, ela não vai morrer. Paro o carro no meio da estrada,
tiro o cinto, levanto seu rosto para mim, procurando onde a bala pegou.
— Foi de raspão, Dimitri, eu estou bem — fala, tentando me acalmar,
porém, ver todo aquele sangue não me faz ficar tranquilo, eu quero machucar e
destruir quem fez isso com ela.
Olho para o braço onde o tiro passou de raspão, provavelmente vai deixar
uma bela cicatriz, mas ela ficará bem. Tiro a gravata que uso e amarro seu braço
para conter o sangramento, meu coração está apertado. Nunca pensei que sentiria
tanto medo, medo de perder alguém. Levanto seu rosto para mim e seus olhos
azuis estão presos nos meus, como se por eles ela pudesse enxergar toda a minha
alma podre, ela é boa demais para mim, mas sou egoísta demais para perdê-la.
Beijo seus lábios com uma delicadeza que nunca imaginei que conseguiria ter e
logo me afasto.
— Fique aqui! — digo ao abrir a porta do carro, tiro minhas duas pistolas
Springfield 9 milímetros, cada uma com capacidade de 22 tiros, com extensor.
Caminho em direção aos dois carros batidos no meio da estrada, um dos
homens está jogado no asfalto, morto, com um pedaço de metal no abdômen.
Caminho feito uma fera faminta por sangue, encontro no carro da
esquerda três homens que ainda estão vivos, alimentando minha sede por
sangue. A passos rápidos, chego na frente do carro e atiro contra o ruivo, bem no
olho direto, sorrindo, vou até o outro, que tenta se arrastar entre os destroços,
porém, piso em sua perna cortada pelo vidro e ele grita de dor. Atiro no seu
pescoço, ele coloca as mãos para tentar não sufocar com o sangue, mas é inútil e
deixo-o agonizando, afogado em seu próprio sangue. Vou para o da direita, ele
age rápido, tentando pegar a metralhadora caída debaixo do carro, mas antes que
eu possa matar o desgraçado, ele recebe um tiro na cabeça. Olho para trás, vendo
Katharina atrás de mim, segurando a Taurus com as duas mãos.
— Volta para o carro.
— Eu vim te ajudar — diz, teimosa, e eu percebo que ela não vai me
obedecer.
— Vem — digo, puxando-a para trás de mim, ouvindo o som de carros
vindo até nós e reconheço como os carros da Cosa Nostra — Malditos atrasados.
Eu não vou ficar no carro esperando, não ouvindo os tiros lá fora. Saio
com arma nas mãos e vejo que é no momento certo, pois um dos homens que
nos seguiam estava prestes a pegar uma arma. Atiro na sua cabeça antes que ele
consiga atirar contra Dimitri, que fica vermelho de raiva quando me vê fora do
carro, mas eu não ia ficar lá.
— Consegue lembrar quem atirou em você? — Ele pergunta, olhando de
um carro para o outro, onde dois dos bandidos ainda estão vivos.
— O loiro — digo, apontando a arma para o mesmo.
Os homens de Dimitri se aproximam, cercando o lugar.
— Levem ele para Lorenzo, descubram quem está por trás dessa tentativa
de assassinato. — Fala a um dos seus homens, apontando para o moreno que está
preso pelo cinto de segurança, com as ferragens do carro atravessando seu
ombro.
Dimitri caminha em direção ao loiro de maneira assombrosa, eu nunca vi
seu olhar tão sombrio. Uma aura de horror toma conta do ambiente e temo, pois
é como se a verdadeira Besta estivesse em minha frente. Ele guarda as duas
pistolas no coldre e se aproxima dos destroços do carro, tirando o loiro de lá.
Eu nem havia percebido que estava prendendo a respiração e como todos
estavam em silêncio, apenas ele, a cruel Besta, estava no controle. Ele tira um
punhal da perna direita e, pelo brilho, imagino ser de prata. Na máfia não há
julgamentos, apenas execuções e em um golpe só ele crava a faca na barriga do
criminoso, um sorriso sádico preenche seu rosto quando ele puxa o punhal preso
no homem para cima, a arma vai rasgando o mesmo de baixo para cima, até
chegar à garganta.
Eu nunca tinha visto uma cena tão brutal em minha frente, o sorriso de
Dimitri ficará gravado na minha memória enquanto eu viver, lá está a Besta
italiana, aquela que eu devo temer. Sangue escorre pelo chão assim como os
órgãos do homem, Dimitri tira o punhal de dentro dele e o limpa com um lenço,
assim como suas mãos, depois coloca o punhal de prata no paletó e vai até
Joyner, dando alguns comandos enquanto eu fico estática, olhando para o corpo
destruído do loiro que atirou em mim.
— Limpem essa bagunça antes que a polícia chegue, temos pouco tempo.
Não queremos chamar atenção desnecessária.
Ordena e vem até mim, me levando até o carro. Me sento no banco,
mortificada, Dimitri dá a partida e um estranho silêncio se instala dentro do
carro. Dois dos carros da máfia nos acompanham, fazendo a segurança. A tensão
dentro do veículo poderia ser palpável e me incomodada. Ligo o rádio, me
surpreendendo ao ouvir Kings of Leon. Sorrio, imaginando Dimitri gostando de
rock. Minhas mãos estão tremendo e nem mesmo a melodia de “Use Somebody”
me acalma. Dimitri para o carro no acostamento, solta o cinto e olhou para mim.
— Você está bem? — Pergunta preocupado, tocando meu rosto com tanta
delicadeza que parece ter medo que eu me quebre.
Sinceramente, eu não sei o que acontece, poderia culpar o estado de
choque por presenciar um assassinato tão brutal, a adrenalina da perseguição ou
quem sabe essa coisa estranha que nos liga. Não sei como começa, mas quando
dou por mim, estou sendo devorada por seus lábios. Meu corpo entra em
combustão, eu precisava do seu toque, é como se a sua Besta tivesse despertado
uma chama dentro de mim. Eu precisava de mais, muito mais para me sentir
satisfeita, uma luxúria torturante me consome. Dimitri me puxa para o seu colo,
no banco do motorista, me pressionando contra o volante, com as pernas abertas
e bem em cima do seu pau duro. Enquanto isso, sua boca duela contra a minha
em uma batalha deliciosa.
A minha calcinha já estava molhada, não consigo entender o poder que
ele tem sobre mim, pois basta um toque e eu desmorono. Dimitri aperta um
botão no painel e puxa o banco para trás, assim, eu me sento completamente
sobre ele, sua boca vai para o meu pescoço e eu gemo alto arranhando seus
braços por cima do paletó.
— Ninguém vai tirar você de mim!! — fala e em um gesto brusco e me
faz inclinar para trás, enquanto puxa minha calcinha de renda, rasgando-a.
O mundo lá fora desaparece ao som de "Sex on Fire". Dimitri abre as
calças, afasta a boxer e me penetra. Consumidos, era assim que nós dois
estávamos sendo consumidos pelo sexo e pelo fogo que ardia entre nós dois,
subo e desço do seu membro, me sentindo alargada. Puxo sua camisa,
arrebentando os botões, para sentir seu peito malhado pressionado ao meu.
Minhas unhas deslizam pela sua pele enquanto ele morde meu pescoço, me
fazendo gritar quando o orgasmo me atinge e estremeço, convulsionando de
prazer, mas ele não para aí.
— Seu cheiro me vicia — diz enquanto desce brutalmente o decote do
meu vestido, o rasgando.
Sua língua desliza dos meus seios até meu queixo e em seguida morde
meus lábios, beijando minha boca. Dimitri leva suas mãos ao meu cabelo, que já
estava bagunçado e me surpreende ao puxar dois grampos e prendê-los em meus
seios. O sangue desce para os bicos, os deixando rígidos e doloridos, os lábios de
Dimitri lambem e chupam um, depois o outro, a dor misturada ao prazer me leva
a um novo orgasmo.
Rebolo feito uma louca sobre ele, suas mãos apertam tão forte minha
bunda contra seu pau que tenho certeza que ficarei toda marcada, mas nada disso
importa, apenas a luxúria, que nos cega. Mordo seus lábios, enlouquecida,
quando outro orgasmo arrebatador me acomete. Desabo sobre ele, sentindo
Dimitri fechar os olhos, gozando tão forte que faz meu corpo inteiro se arrepiar.
Quando a névoa de prazer se esvai, me dou conta do que estava fazendo
e onde, do seu colo, sentindo meu braço doer e percebendo que a gravata de
Dimitri estava encharcada, provavelmente devo ter me ferido mais pelo esforço.
Olho pelo retrovisor, vendo os carros dos homens de Dimitri parados atrás da
gente e me pergunto se eles conseguiam ver dentro do Porsche, fico vermelha só
de imaginar eles observando o que acabamos de fazer.
— Não se preocupe, o vidro é escuro demais para que eles consigam ver
o que está acontecendo aqui. — Assegura, fechando o zíper da calça e voltando
o banco para a posição.
Fecho os olhos envergonhada.
— Merda, por que o demônio tem que ser tão tentador, eu só posso estar
possuída. — Murmuro, pensando comigo mesma enquanto tento arrumar o que
sobrou do vestido, já que a calcinha virou trapos.
Estava tão cansada por tudo que havia acontecido naquela noite, que eu
mal percebi quando Dimitri estacionou no hotel II San di Catania o mesmo hotel
que pousamos ao chegar de helicóptero. Dimitri estaciona na entrada e logo um
dos responsáveis vem para recolher o carro, abre a porta para mim e saio
segurando a frente do vestido. Dimitri vem até mim e me pega no colo, me
constrangendo na frente de todos os funcionários do hotel, que olham para nós
dois curiosos.
— Eu posso andar — digo baixo para que apenas ele possa ouvir.
— Você perdeu muito sangue, chega de atividades por hoje — diz,
autoritário e minha vontade é de socá-lo, mas meu corpo está realmente fraco, a
ponto de desmaiar.
Me lembro de entrar no elevador e depois disso apago, exausta.
Acordo com a boca seca e uma dor intensa no braço direito, abro os
olhos e me vejo em uma cama com lençóis de seda. Me sento com cuidado e
percebo que estou em um belo quarto de hotel, olho para o meu braço, com um
curativo grande e percebo que levei pontos. Puxo os lençóis que estão sobre meu
corpo e me vejo nua e estranhamente limpa, provavelmente alguém me deu
banho. Me levanto com cuidado, me enrolando no lençol.
— Preparem tudo para a minha volta, eu não quero saber quem vocês vão
ter que subornar ou o que vai ser preciso fazer, mas eu quero todos os Calvatário
mortos. Michelle pagará caro por essa afronta! — Grita Dimitri da sacada do
quarto, com um copo de uísque na mão, enquanto fala com alguém no telefone.
— Foda-se, Vicenzo, a minha ordem já foi dada! — grita e agora sei com quem
— Todos, todos eles, exatamente, mandem os capos se prepararem, quero tudo
pronto quando voltar à Palermo.
Abro a porta da sacada, fazendo com que Dimitri se vire para mim.
— Preciso desligar, Vicenzo, faça o que eu disse! — Diz e em seguida
desliga o telefone. — Há quanto tempo está aí? — Ele pergunta, colocando o
copo sobre a mesa.
— Acabei de acordar, foi você quem fez o curativo?! — Pergunto,
apontando para o meu braço.
— Mandei vir um médico para te examinar enquanto estava desmaiada, a
bala pegou de raspão, mas foi preciso dar seis pontos para estancar o
sangramento. Também te dei um banho para tirar todo aquele sangue do seu
corpo.
— Obrigada.
— Não precisa agradecer, é meu dever cuidar de você, vou pedir que o
serviço de quarto traga o café da manhã, você precisa se alimentar.
— Você não parece ter dormido muito.
— Não dormi, tinha coisas importantes para resolver — diz, se
afastando, indo até a porta, porém, antes que ele saia eu pergunto.
— Dimitri quem é Michelle Calvatário?
— Um homem morto...
Caos, tudo está um verdadeiro caos. Odeio não ter o controle em minhas
mãos, estou acostumado a controlar tudo e todos. Eu deveria ter previsto que
isso aconteceria, Calvatário está a minha espreita a tempo o suficiente para eu
imaginar que tudo que ele precisava era um momento de fraqueza, um descuido
e ele colocaria fim à minha vida, tomando o controle da família. E eu dei isso de
bandeja ao sair daquela festa sozinho, sem meus homens, e pior, coloquei a vida
de Katharina em risco.
Meu descontrole quase custou nossas vidas, inferno, justo eu que me
orgulhava do meu alto controle agi como um soldado amador.
Dou ordens para que Vicenzo reúna os capos da família e chame nossos
informantes dentro da família Calvatário para serem interrogados e descobrirmos
se eles fizeram jogo duplo ou não sabiam da armadilha. De qualquer forma, eles
falharam com a Cosa Nostra e pagariam caro por isso. Eu tenho a cabeça cheia
de merdas, meu mundo sempre foi brutal, cruel e inconstante.
Alesso, meu capo, foi responsável por colocar três dos seus homens
dentro da família Calvatário, então ficou a cargo dele conseguir as respostas que
preciso.
Volto para a suíte presidencial do hotel, onde provavelmente Katharina
tomava seu café da manhã, e conforme o elevador privativo sobe, eu lembro do
seu corpo pálido e desacordado, com suas roupas sujas de sangue. Meu corpo
ferve de ódio, sua teimosia quase a levou de mim. Fecho os olhos e tento não
lembrar do momento em que ela colocou a cabeça para fora do teto solar e levou
um tiro. As portas se abrem, tirando-me dos meus devaneios, caminho até a
suíte, entrando e de cara noto a mesa posta para o café da manhã intocada, o som
que vem do banheiro me alerta que Katharina ainda não saiu do chuveiro.
Enquanto aguardo ela terminar seu banho, pego algo que trouxe para a
viagem na minha mala, colocando sobre a cama e aguardo ela passar pela porta
com os cabelos molhados usando apenas uma pequena toalha branca. Deixo o
que estava fazendo e caminho em sua direção, a fazendo estancar seus passos e
olhar para mim fixamente.
Apenas dois passos e estou sobre ela, pressionando-a contra a parede,
minhas mãos vão para seu pescoço, seus olhos se arregalam, mas ela não
protesta, então minha boca vai diretamente aos seus lábios rosados.
Nunca fui de beijar, para mim é íntimo demais deixar uma submissa me
beijar. Mas não beijar Katharina seria um sacrilégio, seus lábios foram feitos
para beijar e morder.
Aperto seu pescoço com força enquanto beijo sua boca, roubando seu ar
e ela não luta, não se debate ou tenta escapar. Katharina morde minha língua
com força e chupa o sangue que escorre da mesma. Solto seu pescoço apenas
para erguê-la em meus braços, a toalha já se encontra no chão, seu corpo nu está
colado ao meu. Nossos olhos não desgrudaram um do outro nem mesmo quando
arremesso seu corpo contra a cama, arrancando um gemido de surpresa dela.
— Tem noção do que poderia ter acontecido se aquele tiro fosse um
pouco mais para cima?! — Digo com raiva, olhando para ela.
Abro os botões da minha camisa social ficando apenas de calça.
— Se não tivesse feito nada, poderíamos estar mortos, então não me
arrependo — fala, teimosa, mordendo os lábios sem tirar os olhos do meu peito.
— Você merece ser castigada para aprender a me obedecer.
— Você está brincando, não é? — fala debochada.
— Não, amore mio, você não tem noção do quanto eu gostaria de
espancar essa bunda branca com a minha chibata, mas não farei isso, não hoje,
quando você ainda não está bem.
— Como se eu fosse deixar você me espancar — diz, teimosa.
— Ah, bella mia, seu castigo será tão prazeroso para mim, você não tem
ideia. — Falo, pegando sua perna e só então ela percebe as correias de couro em
cima da cama.
— O que você pretende com isso? — ela questiona, mas sei que está
excitada com a expectativa do que irei fazer, no entanto, como uma boa brat, ela
prefere lutar contra.
— Adivinha, bella mia — falo, me ajoelhando, prendendo seu pé na
correia e no dossel da cama, Katharina luta, mas o ombro ferido a impede de
continuar. — Quietinha, não queremos que abra o ferimento.
— Eu não sou um brinquedo, Dimitri.
Ela tenta se soltar, mas sou mais rápido e prendo sua outra perna no
dossel, deixando-a toda aberta para eu castigá-la.
— Não, amore mio, você é muito mais que isso, você é minha esposa
teimosa, que precisa de um castigo.
— Não ouse — ela fala quando escorrego minhas mãos por suas coxas.
— Eu posso sentir o cheiro da sua excitação, bella mia, mas fique
sabendo que seu castigo será ficar sem gozar.
— Não seja um babaca, Dimitri, me solta daqui.
— Apenas quando eu conseguir o que quero, bella rosa. — Digo, dando
um tapa forte na sua coxa, admirando as marcas que ainda estão na sua pele, da
nossa primeira noite.
Porra, como ela pode ser tão perfeita, apenas de ver minhas marcas em
seu corpo e eu já fico tão duro que aposto que, com um mínimo toque dela, eu
gozaria.
Subo sobre seu corpo, tomando cuidado com seu ombro, pego-a pelo
cabelo, fazendo seu corpo se curvar para mim e beijo sua boca com brutalidade.
Vou descendo minha boca em direção ao seu pescoço, Katharina grita quando
mordo o mesmo e vou descendo meus lábios até seus seios fartos, os bicos
rosados estão duros de excitação. Ela tenta lutar, mas eu sei que ela gosta de ser
dominada. Mergulho minha boca naqueles peitos gostosos, chupando com força
enquanto Katharina apenas se contorce. Com a mão livre eu belisco o biquinho
do seio direito enquanto o esquerdo era mamado.
A safada não aguenta, soltando um gemido rouco e puxa meu cabelo,
esfregando meu rosto mais e mais nos seus montes carnudos. Devagar, eu vou
descendo meus lábios pelo seu umbigo e passando lentamente por toda sua pele
pálida em direção a sua boceta, que está escorrendo de tesão, mesmo ela
tentando negar. Olho para Katharina e a vejo de olhos fechados e com boca
aberta, sedenta por um orgasmo.
— Nunca mais vai colocar sua vida em risco como hoje. — Falo, dando
um tapa forte na sua boceta e ela treme.
— Merda, Dimitri, para de me torturar!! — ela grita.
— Eu só estou começando, bella rosa.
Olho para sua boceta rosada, toda molhada e sinto minha boca encher de
água, seu sabor ficou gravado em minha mente. Inferno de mulher tentadora,
Katharina parece uma deusa assim, toda aberta para mim, uma perfeita Afrodite.
Enfio a língua bem devagar no meio daquela boceta, ela geme e eu
avanço, penetrando-a com a língua. Ela se contorce, tentando gozar, mas eu tiro
minha língua do seu clítoris e chupo os grandes lábios. Abro bem sua boceta e
passo meus lábios de baixo para cima, do seu cuzinho até seu clítoris, Katharina
fica a cada segundo mais molhada.
Seu sabor escorre pela minha boca, mas não a deixarei gozar. Bem
devagar, vou descendo até a sua bunda gostosa, abro bem e vou enfiando a
língua no seu cuzinho, seu corpo se arqueia, porém, antes que ela tenha seu
orgasmo eu me afasto e estapeio sua bunda.
— Merda, Dimitri, eu te odeio.
— Eu sei, amore mio, pode me odiar, acontece, desde que não coloque
sua vida em risco novamente — digo e coloco dois dedos dentro da sua boceta,
mas não mexo, não do jeito que ela quer. — Não vejo a hora de ter meu pau aqui
— digo, chupando seu cuzinho gostoso, vendo sua pele arrepiar.
— Nem fodendo que vou deixar isso acontecer!!!
Acerto outro tapa, dessa vez em seu seio e ela se cala surpresa. Tiro meus
dedos molhados da sua boceta e lentamente vou colocando no seu cuzinho.
— Merda!! — Geme, fechando os olhos, sei que ela ama a dor.
Lentamente deslizo o dedo dentro do seu buraquinho apertado, porém,
antes que ela chegue ao limite, eu paro. Katharina abre os olhos, olhando-me
frustrada e vermelha de raiva.
— Você tá brincando comigo não é!? — Fala, inconformada.
— Esse é seu castigo, amore mio — digo, soltando as amarras libertando
suas pernas.
— Nunca achei que você fosse o tipo de homem egoísta — ela tenta
atacar meu ego para que eu de o que ela precisa.
— Como eu disse, esse será o seu castigo, querida, agora venha comigo,
eu vou te ajudar no banho para garantir que você não vá se tocar — falo com um
sorriso provocador no rosto e ela bufa, se levantando da cama indo para o
banheiro.
Katharina sobe para o quarto sem nem mesmo olhar para trás e minha
cabeça começa a latejar. Eu poderia ir atrás dela e ensiná-la a não virar as costas
para mim, porém não tenho tempo a perder com essas futilidades de mulher.
Uma hora ou outra ela terá que entender que Natasha não é uma ameaça ao seu
posto, ela sempre será a minha esposa, a senhora da máfia, mas um homem
como eu precisa de várias submissas para o meu desejo sádico. Vicenzo me liga
avisando que já estão todos me aguardando na sede. Antes de sair da fortaleza
me certifico que a segurança seja redobrada e proíbo a saída de Katharina. Não
quero ela fora desses muros enquanto Calvatário estiver respirando.
— Não se preocupe, senhora, seu marido ficará bem, a bala não pegou
nenhum órgão — diz o médico olhando para mim e todos na sala se calam, não
dá para ouvir nem mesmo suas respirações.
— Ela não é mulher dele — fala Dimitri com a voz tão fria que
estremeço — Saia, Katharina.
Eu poderia dizer que não, mas sempre me orgulhei de ser uma mulher
esperta e saber a hora certa de atacar e de recuar. Me levanto, dando a volta na
cama e saio do quarto sem olhar para trás. Por um segundo, posso jurar que vi
ciúmes no olhar de Dimitri, balanço a minha cabeça, espantando esses
pensamentos. Uma Besta que não ama nem mesmos os irmãos jamais sentirá
ciúmes de uma mulher.
Relatórios e mais relatórios de autópsias, de perícia; tudo parece um
quebra cabeça e não consigo entender o que liga essas mulheres. Dois novos
corpos foram encontrados e dessa vez nenhuma digital, apenas a marca
registrada do serial killer.
A Besta, um tipo de codinome, um aviso, um símbolo ou um amante de
filmes de terror. Por que Besta: De onde vem esse nome, o que ele quer dizer?!
— Gabriela, o chefe precisa de você, está um caos na avenida Lazio.
— Onde ele está? — Pergunto ao policial, Sergey.
— Lá fora, estão todos sendo mandados para lá, a imprensa está
polvorosa.
— Merda!! — Penso, pegando minha pistola e meu distintivo e
acompanhando-o.
Na sala de reunião, estavam quase todos os policiais da guarnição.
— Duas viaturas já estão controlando os curiosos e a imprensa, mas não
vai demorar muito para a avenida estar lotada. Vou precisar de vocês
investigando cada fio de cabelo da cena do crime.
Perto do horário do almoço que ele teria com Dante, Alesso e Damon, eu
vou para a beira da piscina usando apenas um fio dental preto que comprei na
minha viagem com Ana para o Brasil. Finjo não ver os três parados atrás de mim
e continuo disfarçando que mexia no celular, mas sentia minha pele queimar.
— Katharina!! — Dimitri rosna e então eu tiro os óculos escuros,
olhando para ele surpresa.
— Oi, não sabia que vinha almoçar em casa, senão o teria esperado.
— Eu avisei a Luigi que teríamos visitas.
— Claro, devo ter me esquecido — falo, me levantando e sinto o olhar de
Alesso percorrer todo meu corpo.
— Onde diabos estão as suas roupas? — fala Dimitri, me cercando para
me proteger do olhar dos três.
— Poxa, esqueci de trazer uma saída de praia, não se preocupe, já vou
subir para o quarto — falo, me afastando dele e indo para a entrada.
— Merda, você me paga por isso — diz, tirando o paletó e me cobrindo
com o mesmo. — Entra e é melhor estar devidamente vestida para o almoço.
Bem, essa foi a primeira vez que eu decidi provocar a Besta, até eu me
ver encurralada contra a parede, no corredor do quarto, com ele beijando meu
pescoço, chupando a pele da minha nuca. Tenho que ter uma força sobrenatural
para resistir, depois do tanto que esse miserável me humilhou, mas confesso que
meu corpo ferve toda vez que o maldito sai do banheiro nu só para me provocar
ou quando ele tenta me beijar.
Merda, eu não deveria me sentir dessa forma, não por um miserável que
tem três putas, amantes ou submissas, seja lá como ele as nomeia.
Minha conversa com mamãe me volta à memória.
"Você é a única que pode comandar seu destino, filha, você só será
infeliz se assim deixar. Nós, mulheres, podemos ter o que quisermos. Você, filha,
é uma princesa, é linda, minha pequena Katharina. Nunca se esqueça quem você
é e use isso ao seu favor, tome as rédeas da sua nova vida. Você é Katharina
Peshkov Castelaresi, descendente da uma grande imperatriz da Rússia e filha do
capo da máfia russa. Agora é esposa do chefe da Cosa Nostra. Não deixe
ninguém te rebaixar".
Ela tem razão quando diz que, quando nós queremos, podemos,
conseguimos, o que quisermos.
— Mas a pergunta é: o que eu queria?!
Uma luz vermelha acende em minha mente.
— Não, não — balanço a minha cabeça negando.
Eu não gosto dele, na verdade eu o odeio. Eu poderia estar na Rússia,
vivendo a minha vida, perto da minha família, dos meus amigos e não aqui,
apesar de aqui não ser tão ruim.
— Merda.
Essa atração não passa de desejo carnal, prazer e tesão, eu ainda o odeio.
Odeio quando ele simplesmente age como se eu fosse uma boneca de porcelana.
Odeio quando ele é arrogante e se comporta como se fosse meu dono e eu fosse
a porra da sua cadelinha, odeio como ele é falso, odeio a porra do cheiro de puta
que vem das roupas dele.
Definitivamente eu o odeio, odeio Dimitri Salvatore Rinna. E, pensando
bem, mamãe tem razão, uma mulher consegue o que quer e eu irei fazer esse
maldito traidor galinha de uma figa pagar. Ele e aquela puta dos infernos.
Falando em puta, vejo Natasha na fortaleza outra vez, só que dessa vez
não preciso expulsá-la novamente, pois ela apenas conversa com Ninete, uma
das funcionárias da casa e vai embora. Confesso que fico incomodada com sua
presença, mas Luigi me garante que ela veio apenas atrás da caixa de joias que
tinha deixado na fortaleza.
Recebo uma ligação da fortaleza, era Guido, pedindo para que eu fosse
ver Hades já que ele vinha agindo estranho. Não costumo parar meus afazeres
para verificar os dois, porém, algo me dizia que era sério, pois Guido não
costuma me ligar. Essa é a primeira vez desde que Hades chegou.
— Senhor, quer que eu dirija? — Fala Gonçalves.
— Não precisa, eu vou dirigindo. Você pode ir com os outros seguranças
— falo ao meu motorista, saindo do laboratório subterrâneo que fica escondido
nas margens do Lago di Bolsena. Disfarçado de uma fábrica de conserva está o
maior laboratório de drogas do mundo, daqui nós preparamos e armazenamos
toda a droga que circula pela Europa e América Central. Pego as chaves e saio
de lá, indo direto para casa.
O caminho é curto, então chego rápido e estaciono na estrada como ainda
é dia, posso ver melhor todas as reformas que Katharina vem fazendo.
Não questionei o que ela estava fazendo, já que essa coisa de decoração é
coisa de mulher, só que transformar a minha casa, a casa do capo da Cosa
Nostra em uma floricultura está fora de cogitação, nunca vi tanta flor na vida,
ainda tem a tal estufa, que ela fez questão de construir. Não preciso andar muito
para chegar ao lugar onde os leões estão, e, de cara percebo que Hades está
nervoso, rugindo para Guido, que tenta acalmá-lo. Perséfone está deitada, perto
das pedras e nem olha para os dois.
Hades ruge, balançando a crista, arrastando as patas no chão e posso ver
que ele está bravo.
— Ei, garoto, fica calmo — Guido tenta controlar o animal, porém ele
fica apenas mais nervoso e avança contra ele o derrubando no chão.
Ando até os dois e noto que ele não quer machucar, apenas o derrubou
para que ele não se aproximasse mais.
— Hades, calma rapaz — falo e ele ruge alto, mas seu rugido não é
natural, é um rugido de dor.
Ele larga Guido e vem até mim, bravo.
— O que aconteceu? — Pergunto a Guido, que se levanta assustado.
— Eu não sei senhor, eles estavam bem. Hades está fora de controle,
Perséfone está deitada, com dor, preciso examiná-la, ela pode estar doente, mas
ele não deixa eu me aproximar.
— Ei, garoto — passo a mão na juba dele, mas ele não para de rugir —
Calma, garoto eu estou aqui — acaricio seu pelo e ele se acalma um pouco, mas
inclina o rosto na direção de Perséfone, me deixando nervoso.
— Vai examinar ela que eu o distraio.
Tento entreter Hades, mas ele não fica totalmente calmo e começo a ficar
angustiado com a falta de movimento de Perséfone, Hades choraminga,
enquanto eu acaricio sua barriga.
— Senhor, precisamos levar ela para minha clínica, não vou conseguir
tratar ela aqui. Perséfone foi envenenada.
Aquilo cai como uma bomba, me atingindo e uma fúria descomunal toma
conta do meu ser, ninguém mexe com os dois.
— Traga o tranquilizante e mande meu piloto preparar o helicóptero, não
vamos conseguir levar ela tão rápido no caminhão.
Dimitri estava fora de si, nunca tinha o visto dessa forma, mas, sabendo o
quanto ele ama aqueles animais, dá para entender a sua reação.
— Ele vai machucá-la. — Fala Lorenzo, de cabeça baixa, pensativo.
— Ele não vai feri-la, Lorenzo, por mais que ele não queira aceitar, ele
gosta dela — falo, tentando entender porque Katharina faria isso.
— Dimitri não ama ninguém além dele mesmo.
— Aí é que você se engana, meu irmão, ele gosta da russa, só não quer
assumir.
— Ela não fez isso, eu confio em Katharina. — Fala, se levantando
devagar, ainda se recuperando do tiro.
— Eu não confio em ninguém além de mim mesmo, temos que aceitar
que ela tinha motivos de sobra para fazer isso, sem contar o fato de conhecer
venenos, já que envenenou Natasha sem nenhum pingo de remorso. — Falo,
constatando os fatos.
— Alguém está tentando incriminá-la. Pode ter sido outra pessoa que
envenenou Perséfone, nós sabemos que todos na casa tem medo dos animais.
Quem mais poderia ir até lá e colocar veneno para os bichos?! Eu não sei porra,
mas não foi Katharina.
— Você está deixando essa paixão por ela falar mais alto que seu
raciocínio.
— Eu não sei do que está falando — tenta dissimular, mas eu o conheço
bem.
— É melhor você se afastar dela, logo não será só eu que vou perceber
isso, Dimitri não é burro.
Antes que Lorenzo possa me responder, Dimitri entra na sala com sua
cara nada boa, o que me surpreende é ver que Katharina não está com ele.
— Onde está Katharina? — Lorenzo pergunta.
— Ela ficará na torre e terá o mesmo tratamento dos prisioneiros até eu
ter certeza que Perséfone está bem.
— Lorenzo, porque não vai falar com os vigias enquanto eu converso
com Dimitri.
Dimitri nem espera Lorenzo sair e já vai em direção ao seu escritório.
Meu nariz ainda arde pela mão pesada de Katharina, mas a dor no meu
ego foi maior do que a física, entretanto, por mais que eu esteja com raiva dela,
não posso deixar de ser racional. Ela é importante demais para ficar em uma cela
na torre, mesmo se tivesse sido ela a envenenar o animal. Não muda o fato do
acordo com o Castelaresi, agora ela é a senhora da máfia.
— Senhor, devo servir o jantar? — Pergunta Luigi, olhando para mim
preocupado, provavelmente todos os empregados da casa devem ter ouvido a
briga.
— Não precisa, acredito que ninguém vai querer jantar. — Falo,
caminhando em direção ao escritório.
— Senhor Vicenzo, desculpe minha intromissão, mas dona Katharina
ficará bem?! — Ele pergunta, preocupado.
E, pelo visto, não foi só meus irmãos que Katharina conquistou, como os
funcionários na fortaleza.
— Ela vai ficar bem — falo, sem ter certeza disso.
Entro no escritório e encontro Dimitri olhando para a tela do computador
com um copo de uísque na mão.
— Ela não pode ficar lá para sempre.
— Você é o único que eu não espero que a defenda. — Fala, desviando o
olhar da tela do computador para o copo em sua mão.
— Se não aguenta nem mesmo olhar para ela na cela, porque não a tira
de lá?!
— Não seja ridículo, Vicenzo, esse papel emocional não combina com
você.
— Eu nunca vi você tirar nem um dia de folga desde que te conheço.
Você não só tirou um dia de folga, como a levou para passear. Está claro para
mim que você gosta da russa.
— Engano seu, levá-la para Pompeia foi apenas uma estratégia para
seduzi-la, sabe muito bem que não forço mulheres, ainda mais a se submeter a
mim, não faria isso com a minha esposa.
— Não há nada de mau em gostar da sua mulher, Katharina é uma
mulher bonita e inteligente, diferente das mulheres que eu e você conhecemos.
Você se apaixonar, irmão, não muda nada, não te transforma em um fraco.
— Você está sendo patético, Vicenzo, esqueceu de um dos principais
ensinamentos que te dei. Sentimentos são sinal de fraqueza, eles são armas e
combustíveis contra você mesmo. — Fala abaixando a tela no notebook, em
seguida fica de pé, olhando para a janela, onde podemos ver a torre da agonia.
— Tudo bem, eu percebo que não adianta insistir nisso. Mas, sejamos
conscientes, Katharina não vai poder ficar lá para sempre. Logo, seu sumiço
chegará ao ouvido do pai e pior, do irmão. Não queremos quebrar nosso acordo
com os Castelaresi e ainda temos a pequena chance de ela ser inocente. — Falo,
pensando no que Lorenzo disse.
— Ela não é inocente, eu vi as filmagens e só ela se aproximou de
Perséfone.
— Já pensou que pode ter sido o tratador, Guido, ele tem mais acesso aos
dois do que Katharina.
— Guido cuida dos animais desde que eles eram filhotes. Ele ama os
dois, não faria isso, está tão aflito quanto eu com a hipótese de Perséfone morrer.
— Você está de cabeça quente, está deixando a raiva agir, farei a minha
investigação, se Katharina for culpada te direi e então terá que pensar em outra
maneira de castigá-la.
Não consigo saber que horas são, mas no que pareceu ser o meio do dia,
Lorenzo apareceu. Ele caminhava devagar pelo corredor escuro até chegar na
minha cela.
— Como você está? — Ele pergunta, preocupado.
— Estou bem, pode me tirar daqui? — Pergunto de uma vez.
— Infelizmente não, Dimitri ainda não voltou para casa, passou a noite
na clínica com a leoa. As coisas estão feias aqui na fortaleza, Hades acordou da
sedação e conseguiu escapar.
— Ele está bem? — Pergunto nervosa, imaginando um leão de quase 300
quilos furioso escapando.
— Ele está bem, mas não posso dizer o mesmo de dois dos nossos
homens. Estão vivos, mas muito feridos. Vicenzo atirou nele com
tranquilizantes, ele está agitado sem Perséfone. Eu trouxe isso para você, precisa
comer rápido, e paralisei as câmeras para Dimitri pense que está sentada no
canto.
— Obrigada. — Agradeço ao receber o sanduíche que ele traz, junto com
suco de laranja — Me tira daqui, Lorenzo — falo quando termino de comer a
comida.
— Eu queria, mas não posso, não sem saber primeiro quem fez isso.
— Foi Natasha, ela esteve aqui e falou com uma das empregadas, eu não
lembro qual era, mas Luigi deve saber. Ela não subiu para o terceiro andar, mas a
empregada pode ter colocado o veneno nas minhas coisas.
— Eu vou investigar e prometo que logo você estará fora daqui.
Quatro malditos dias que estou presa aqui feito um animal. Me sentia tão
possessa de raiva e juro que seria capaz de matar o imbecil do Dimitri junto com
sua puta, e no fim ainda jogar os cadáveres dos dois em uma fogueira e assistir
eles queimarem.
Meus olhos estavam fechados, concentrada na meditação, encaixo minha
mente e me foco nas lembranças boas para que elas me tragam a paz e a calma
que preciso. Foi preciso muito tempo para que eu conseguisse relaxar e então eu
poderia até sentir o cheiro de pinho dos pinheiros da minha casa. A neve
começar a cair e a aurora boreal iluminar o céu, da sacada do meu quarto eu
poderia ver sempre o espetáculo que acontecia.
— Pelo visto tem tido uma boa estadia aqui — fala Dimitri caminhando
até parar em frente às grades.
— Não tão boa quanto você queria, tenho certeza. — Falo, levanto e
limpo minhas mãos.
— Você teve sorte, sua priminha está livre, na verdade, ela estranhamente
decidiu passar uns dias na casa do seu pai. — Fala com desgosto e eu sorrio.
— Como está Perséfone? — Pergunto, preocupada com seu estado.
— Não seja hipócrita, Katharina, esse papel não combina com você, mas
se quer saber ela está salva e daqui a alguns dias estará voltando para casa! —
Fala, furioso.
— Dimitri, por favor, precisa acreditar em mim eu nunca faria isso com
ela, eu me afeiçoei aos dois. não seria capaz de feri-los.
— Sua prima escapou, mas seu castigo ainda não terminou — fala
friamente, ignorando tudo que eu falei.
— Não pode me manter aqui para sempre, uma hora ou outra terá que me
tirar daqui.
— Sei disso, por isso ficará apenas essa semana. Mas não pense que ao
sair daqui facilitarei para você, Katharina. Ainda a farei pagar caro por ter
ousado machucar algo meu. — Fala, se afastando.
— Dimitri, espera! — chamo por ele, segurando seu braço pela grade, o
fazendo parar. — Não me deixe aqui, me leva com você para o nosso quarto,
para a nossa cama. — Digo, olhando em seus olhos.
— Está tentando me manipular?!
— Não existe manipulação para o que aconteceu na viagem, você sabe.
— Falo, subindo minhas mãos por seu ombro.
— Acha que suas palavras vão me convencer a esquecer o que fez?
— Não, eu sei que não, mas eu já fui castigada, não acha?!
— Não, eu não acho, não tendo em vista o que você fez — ele fala
duramente.
— Então me leva para o calabouço, me castigue, use o seu chicote, me
acorrente, me domine, faça do jeito que gosta, só me tire daqui — falo
lentamente, sem tirar os olhos dele.
A cela está escura, mas posso ver suas pupilas dilatando e o pomo de
Adão mexendo, Dimitri não diz nada, não é preciso. Ele caminha até a porta e
tira a chave do bolso, abrindo devagar. Meu coração está acelerado e minha
respiração falha. Não acredito que ele abriu. Uma lágrima escorre pelo meu
rosto, dou dois passos em sua direção, me atirando em seus braços. Rapidamente
sua boca devora a minha, o desejo o consome. Fecho os olhos e gemo passando
minhas unhas pelos seus ombros, sinto seus dentes mordendo meus lábios, suas
mãos vão para minha bunda, apertando com gosto.
O beijo se torna cada vez mais voraz, minhas mãos estão no seu ombro, o
apertando de maneira fugaz. Tento raciocinar mesmo com sua barba arranhando
meu rosto e o gosto de uísque me embriagando. Me afasto para recuperar o ar e
jogo meu ombro para trás, totalmente afetada. E então, dois dedos em um golpe
rápido acertando-o no pescoço e no lado da cabeça, quase chegando no ombro.
Dimitri se assusta, mas não pode fazer nada, pois desaba, a desmaiado.
Qualquer golpe muito forte ou lesão nessa área, se feito corretamente, faz
alguém desmaiar rapidamente.
— Filho da puta — digo e chuto suas bolas, furiosa.
Sem ter muito tempo para me vangloriar eu corro até ele, pego o celular e
fecho a cela, deixando-o trancado.
— Vamos ver quem vai gostar da estadia.
Jogo a chave no meio dos arbustos, pelo menos eles terão bastante
trabalho para tirar o imbecil de lá. Caminho atenta às câmeras e ao virar à direta,
a caminho da casa eu vejo dois seguranças.
Chaise conversa com um homem que não reconheço, pois está de costas,
mas os dois parecem discutir. Penso que terei que improvisar, não vou conseguir
entrar na fortaleza, bosta, daria tudo por um banho, mas as prioridades primeiro.
Dou a volta, me afastando dos dois e vou até o anexo onde ficam os
carros, torcendo para que um deles tenha deixado à chave no carro.
Fiquei dois dias trancada no quarto, eu chorei tanto que meu rosto estava
inchado, além do tapa que ele me deu. A fome era minha companhia constante,
como também o medo que a porta se abrisse e ele viesse acabar o que tinha
começado, nem mesmo o fato de estar grávida o fazia ter consideração por mim.
Pela janela do quarto eu vejo o carro de Giuliana estacionar, reconheço de
imediato o conversível vermelho. Fico me perguntando o que minha irmã faria
aqui uma hora dessas, será que ela tinha vindo me ver?!
Mas, uma dor se instala em meu peito quando percebo que horas se
passaram e ela não vai embora.
— Não, não pode ser, ele não faria isso! — Tento formar uma linha de
raciocínio, não querendo acreditar que seria traída duplamente pelos dois.
Apenas a mísera possibilidade de Dante estar com Giuliana já me
provoca náuseas, e tenho que correr para o banheiro e vomitar. Decido não
pensar nisso e me preocupar com o bem estar do meu bebê. Tomo um banho
para me acalmar e bebo água da torneira, não poderia desidratar, eu precisava
manter a calma até sair daqui. Assim se passa o primeiro dia trancada no quarto
feito um pássaro, em uma gaiola de ouro. No dia seguinte, eu estava faminta e
tonta por causa da fome. Não era a primeira vez que Dante me deixava trancada
como castigo por coisas que existem apenas na mente dele, mas é a primeira vez
que ele faz isso comigo grávida. As horas se arrastavam tortuosamente, vejo
Dante saindo junto com muitos dos seus homens e fico aflita, pois sentia que é
alguma coisa séria.
Não consigo dormir, não com a barriga doendo de fome e aflita, sem
saber o que ia acontecer comigo. Quando ouço uma movimentação intensa do
lado de fora, levanto da cama, vou até a sacada e lá o vejo saindo do seu
Maybach Exelero prata. Ele desce e mesmo com a escuridão da noite eu posso
perceber seu olhar diretamente para mim, na sacada. Seus olhos ferozes causam
arrepios pela minha espinha, minha boca fica seca, e minhas mãos geladas. Volto
para o quarto e me sento na poltrona, tentando me acalmar. Minutos se passam
até eu ouvir seus passos pararem na porta, e a fechadura ser aberta. Perco o
fôlego quando o vejo, Dante olha para mim como um animal feroz, suas mãos,
assim como sua camisa, estão sujas de sangue, seus cabelos revoltos e sua
postura mais fria do nunca.
— Você entende por que tive que castigá-la? — Ele pergunta, parando na
minha frente.
Eu não consigo responder o medo é tão grande que apenas balanço a
cabeça, concordando.
— Eu sei que você não acredita que eu te amo, mas está enganada,
Rebeca, eu amo você, querida, amo cada pedaço seu, ninguém chega aos seus
pés, meu amor. Você só precisa ser obediente, não pode me deixar, ninguém vai
te tirar de mim. Você pertence a mim e não quero a maldita russa perto de você.
— Fala, acariciando meu rosto e me apavoro.
— Me desculpa, Dante, eu prometo me comportar. — Prometo,
submissa, começando a chorar.
— Shiiiiu!! — Ele me corta. — Eu não quero ouvir seu choro, amor. Eu
quero que me beije e mostre para o seu homem o quanto sentiu sua falta, o
quanto se arrepende por ser uma bambina desobediente. — Ele fala, olhando em
meus olhos.
Tremendo, eu elimino a distância que nos separa e toco seu pescoço, o
beijando. O beijo do jeito que ele gosta, com a intensidade que ele ama, mas não
consegui segurar as lágrimas e então o primeiro tapa chega. O tapa é dado com
força e meu rosto arde, eu quase caio para trás, porém seus braços me cercaram,
mantendo-me de pé.
— O que eu disse, se fosse obediente, eu não precisaria bater em você.
— Ele desfere outro tapa, mais leve — Entende? — Pergunta e eu balanço a
cabeça, concordando.
— Eu, entendi, amor, vou ser boazinha. — Falo para agradá-lo.
— Isso mesmo — alisa meu rosto onde arde e fico com medo dele bater
de novo. — Se você for uma má garota, eu vou te castigar, mas se for boazinha,
eu te recompenso.
Sinto o medo fazer meu corpo tremer, o sorriso malicioso de Dante me
faz ter certeza de que eu não vou me livrar dele nunca. Essa seria a minha vida
até a morte.
Ele se aproxima, me jogando na cama e abre minhas pernas com força,
me deixando arreganhada e exposta para ele.
— Senti tanta saudade desse corpo, da sua pele, do seu cheiro, do seu
gosto — diz, beijando meus pés e vai subindo pelas minhas coxas. Preciso
respirar fundo para não me esquivar do seu toque. Odeio como meu corpo
corresponde ao seu toque, odeio a mim mesma por um dia ter amado esse
monstro.
— Você é toda minha, Rebeca.
Sua voz é calma e ele começa a acariciar minha boceta, passando a mão
pelo meu clítoris, meu corpo logo se aquece e logo minha boceta está molhada e
meus seios duros.
— Você vê, bambina mia, seu corpo mostra o quão vadia é, sua boceta já
está toda molhada para mim! — Ele ri e eu me encolho, com nojo de mim
mesma. — Relaxa, meu amor, eu amo ver o quanto a controlo, não só sua vida e
seus passos, como seu corpo, até mesmo o ar que você respira, sou eu que
controlo. Agora mostra para o seu dono o quanto o deseja e implora para que eu
a foda. — Ele fala enquanto continua acariciando minha intimidade.
Começo a gemer baixinho, segurando as lágrimas, tentando em vão me
conter.
— Vamos, putinha, fala para eu foder essa boceta, fala.
Temendo que, se negasse o que ele queria, seria pior, então faço o que ele
manda.
— Por favor, Dante, me fode...
Ele não pensa duas vezes em sair de cima de mim, abaixando a calça e a
boxer, revelando seu pau duro, pronto para entrar em mim. Ele encaixa na minha
boceta e vai me penetrando, sem nenhum carinho. Começa a se mexer, metendo
com força e rapidez em mim, esquecendo que estou grávida.
— Cuidado — falo, rouca em meio aos gemidos, colocando minhas mãos
sobre minha barriga.
— Isso, minha putinha, grita, vadia!!! — ele vai falando várias
obscenidades.
— Aí... Dante, devagar, está doendo. — Falo preocupada, mas ele me
ignora e continua a meter com bastante força.
— Eu nunca me canso dessa boceta apertada. Seu corpo foi feito para
mim.
Ele continua metendo, até que passa a mexer na minha boceta com a
mão, estimulando meu clitóris e o prazer vai voltando, logo eu estou gemendo
junto com ele, enquanto ele me dá várias mordidas pelo meu corpo. Percebo que
ele começa a forçar o corpo mais rápido, metendo com força e gemendo grosso
em cima de mim.
— Ahhh... Isso, puta... Eu sabia que todas vocês são putas, só precisam
de um pau grosso para mostrar a verdadeira natureza de vocês, de cadelas. —
Me humilha assim que o orgasmo me atinge. Me sinto um lixo e tenho que
conter um soluço na minha garganta.
— Fica de joelhos que eu quero gozar na sua cara, puta! — Fala com a
voz grossa enquanto se masturba.
Com as pernas tremendo, me arrasto da cama para o carpete, ficando de
joelhos, um tanto tonta, com medo de acabar desmaiando e ele me castigar.
— Ergue o rosto, putinha quero seu rosto vermelho pelos meus tapas e
todo branquinho com a minha porra.
Dante goza, soltando um gemido feroz, seu gozo escorre pelo meu rosto,
me sinto usada, uma puta, como ele fez questão de dizer, um lixo, pois é isso que
eu sou. Eu queria chorar, queria nunca o ter conhecido, queria ser outra pessoa,
ser livre das garras do capo Bruschetta, mas ele jamais me deixaria livre.
Deixar Katharina dentro daquela cela foi mais difícil do que eu
imaginava. Eu não deveria ter qualquer tipo de sentimento por essa mulher,
muito menos depois do que ela fez.
As câmeras me deixam ver o que acontece na cela, mas eu não consigo
olhar, eu não consigo ver Katharina daquela forma e me sinto um fraco por me
deixar levar por essa mulher. Foram longos três dias cuidando de Perséfone, por
sorte a dose de veneno não foi o bastante para matá-la e ela sobreviveu, mas teria
um longo período de recuperação. Com sua volta para a fortaleza, Hades ficará
mais calmo, pois estava descontrolado. Tivemos que deixá-lo preso e às
vezes sedado.
Entro na torre nervoso, pois há dias eu venho evitando olhar para ela, me
apegando a raiva que sinto por saber que ela traiu a minha confiança. Katharina
está sentada no chão, de olhos fechados, seu rosto está molhado de suor. Ela está
visivelmente pálida, e minha vontade é tirar ela daqui, mas não posso, ela precisa
pagar pelo que fez.
Uma luta é travada dentro de mim entre querer ela fora desse lugar e
fazê-la pagar pelo que fez.
— Pelo visto tem tido uma boa estadia aqui. — Falo friamente,
chamando a sua atenção, que abre os olhos e me vê.
— Não tão boa quanto você queria, tenho certeza, — provoca, ficando de
pé devagar.
Pelo visto ela está fraca e a culpa por deixá-la sem comida me atormenta.
— Você teve sorte, sua priminha está livre, na verdade ela estranhamente
decidiu passar uns dias na casa do seu pai. — Falo com raiva, a desgraçada
escapou de mim.
Não sei como tudo aconteceu, mas quando vejo a discussão partiu para
outro lado e Katharina implora para sair.
— Ficará apenas essa semana, mas não pense que ao sair daqui facilitarei
para você, Katharina. Ainda a farei pagar caro por ter ousado machucar algo
meu. — Falo, decidido que não dá mais para deixá-la aqui.
— Dimitri, espera! — Ela me chama enquanto segura meu braço por
entre as grades.
Paro, sentindo meu corpo esquentar com apenas um maldito toque, essa
mulher só pode ser uma bruxa.
— Não me deixe aqui, me leva com você para o nosso quarto, para a
nossa cama. — Tenta me manipular.
— Está tentando me manipular?! — Digo frio, com raiva por ela estar
tentando me usar.
— Não existe manipulação para o que aconteceu na viagem, você sabe.
— Suas palavras são certeiras.
— Acha que suas palavras vão me convencer a esquecer o que fez?! —
Falo, lembrando do motivo para ela estar aqui e tento me afastar.
— Não, eu sei que não, mas eu já fui castigada, não acha? — Súplica, me
olhando intensamente.
— Não, eu não acho, não tendo em vista o que você fez. — Pontuo,
revoltado.
— Então me leve para o calabouço, me castigue, use o seu chicote, me
acorrente, me domine, faça do jeito que gosta, só me tire daqui.
Suas palavras tem efeito direto em meu pau e a imagem dela de joelhos,
no calabouço, pronta para ser castigada, me leva ao delírio. Não sei o que dá em
mim, bem, na verdade eu sei, é o tesão doentio que eu sinto por essa mulher.
Quando eu dou por mim já abri a porta e nós estávamos nos beijando
loucamente. Minha língua chupa a sua, minhas mãos apertam fortemente sua
bunda gostosa e suas unhas arranhavam meu ombro. Intenso, louco e explosivo,
é isso que acontece quando estamos juntos. Minha boca viaja pelo seu ombro, e
quando Katharina me surpreende com um golpe forte na lateral do pescoço. É
tão rápido que mal consegui entender o que houve, pois a escuridão toma conta
de mim.
Abro os olhos e sinto minha cabeça latejar, estou deitado no sofá da sala,
me sento tonto, sentindo um cheiro forte de rum.
— Até que enfim acordou, já estava para jogar um balde de água na sua
cara. — Fala Vicenzo ao lado de Rubens, meu soldado.
— Onde está Katharina? — Pergunto, lembrando o que a desgraçada fez.
— Katharina está na sede, foi atrás de Natasha, Daniela avisou que ela
está na sua sala.
— Preciso ir até lá. — Me levanto puto com ela, sentindo uma dor
horrível nas bolas, meu pau parece que foi esmagado por um trator.
Que porra aconteceu enquanto estava desacordado, como fui cair num
truque velho desse?!
— Calma aí cara, antes preciso te mostrar uma coisa! — Fala Vicenzo,
me entregando o celular.
Confuso, pego o aparelho e dou play em um vídeo pausado, nele posso
ver Natasha e uma das empregadas da casa conversando. As duas caminham
juntas até o portão leste, onde a câmera não consegue gravar bem, já que a
vegetação atrapalha. O vídeo segue para a escadaria, que leva para a minha suíte
no terceiro andar, a mesma empregada entra, e, como nos quartos não tem
câmera não posso ver o que ela faz lá dentro, porém, os únicos que têm
autorização para entrar no meu quarto são Luigi e Monalisa.
— Traga Ninete para nós — fala Vicenzo para os dois soldados na sala.
Não preciso da chegada dela para entender que tudo não passou de uma
armadilha de Natasha.
— Katharina é inocente. — Falo, percebendo o grande erro que cometi.
— Sim, foi Natasha, a sua cadela, ela armou para a culpa cair em
Katharina.
Nossos soldados trazem Ninete arrastada, ela está chorando, descabelada,
com o rosto todo deformado e o nariz sangrando, imagino o tratamento que
Vicenzo deve ter dado a ela.
— Eu vou perguntar apenas uma vez, seja direta ou sua morte será lenta e
dolorosa. — Falo, olhando para a mesma, que chora em desespero.
— Eu sinto muito, senhor, eu não sabia que isso aconteceria. Ela sabia
que eu precisava do dinheiro para trazer meu filho para a Itália. — Ela fala,
soluçando.
— Seu tempo tá passando.
— A dona Natasha me pediu para colocar o pó na comida dos leões e
deixar a embalagem nas coisas da senhora Katharina. Eu não queria que isso
acontecesse, eu ju... — ela não termina de falar, pois atiro na sua testa.
— Mande alguém limpar isso aqui — falo para Rubens, pegando minha
chave, nervoso, me dando conta da grande merda que eu fiz.
— Vai ser delicioso assistir você despencar daqui de cima e virar purê lá
embaixo.
— Me solta. — Ela se apavora e tenta escapar, mas uso toda a minha
força a puxando para frente, inclinando seu corpo contra o parapeito.
— Dê adeus a sua vida, cyka.
Natasha se agarra ao parapeito enquanto eu tento empurrá-la para baixo.
— Katharina, não faça isso — Diz Lorenzo, pálido, entrando na sala.
— Tarde demais, ninguém vai me impedir de fazer essa vagabunda voar.
Uso meu braço esquerdo para soltar sua mão que agarra o parapeito.
— Você não é uma assassina, Katharina, não suje suas mãos com sangue
dessa cadela. — Ele fala sério, se aproximando de nós duas.
— Você não me conhece, Lorenzo, você não sabe do que eu sou capaz!
— Eu te conheço, Katharina, você é boa, não é como nós, você não é
como ela.
Olho para a vagabunda toda destruída e para Lorenzo, então tomo a
minha decisão. Solto Natasha no chão da sacada, ela cai e começa a chorar no
chão, e é nesse momento que a porta abre novamente e vejo passando por ela
Vicenzo e Dimitri.
Limpo as minhas mãos sujas do sangue da vadia, quando Dimitri para de
frente para mim.
— O que foi, veio se vingar por ter te enganado e trancado na cela?! —
Pergunto, olhando para ele firmemente.
— Não, confesso que fiquei puto quando acordei e me dei conta que você
me enganou, mas eu mereci isso! — Fala, se aproximando de mim e eu me
afasto. — Está ferida, Natasha te machucou? — Pergunta, fingindo estar
preocupado, segurando minha mão suja de sangue.
— Não me toque!! — me esquivo com ódio e já me arrependo de não ter
jogado a vadia pelos ares.
— Katharina, eu já sei o que aconteceu, eu preciso...
— Claro, como foi, Vicenzo ou Lorenzo quem te contou a armação da
sua puta contra mim?! — Digo debochada, o interrompendo.
— Vicenzo conseguiu que Ninete confessasse.
— Tudo poderia ter sido evitado se tivesse acreditado em mim. — Falo,
amarga, deixando uma lágrima de raiva escorrer.
— Você tem que ente...
— Chega! Eu não quero ouvir você, Dimitri eu estou exausta de tudo isso
e quer saber? Você e essa vadia se merecem! — Digo com desprezo. — Lorenzo,
me leva para casa... — peço, me virando para Lorenzo, que se mantém calado,
olhando para a discussão.
— Você não vai com ele — Dimitri rosna, irritado, eu reviro os olhos
sem paciência. — Lorenzo, leva Natasha para a fábrica de sal!!
— Não, não, Dimitri, não!!
A puta começa a implorar, mas eu não tenho mais saco para aguentar
toda essa merda e saio da sala decidida a ir embora sozinha.
As portas do elevador abrem, mas antes que eu entre, Dimitri segura meu
braço.
— Precisamos conversar, você não pode sair assim.
Puxo meu braço com raiva, até mesmo seu toque me enfurece.
— Tarde demais para conversas, senhor Rinna, meu rosto ainda arde pelo
tapa que me deu, nada que me diga vai mudar o fato de ter sido tratada feito um
lixo por você!
— Eu estava errado com você.
— Me conta uma novidade — Debocho. — Estou cansada, tudo que
preciso é de um bom banho e comida, se não tem nada novo para me dizer,
preciso ir.
Eu vejo um conflito em seu olhar, algo está diferente, mas eu não sei
explicar o que.
— Chaise te levará em casa, mais tarde nós conversaremos. — diz, mas
eu nem mesmo o respondo, entro no elevador, me afastando dele.
Resolvo tudo que tinha para resolver na sede. Minha sala precisou passar
por uma limpeza, pelas câmeras de segurança vi Katharina dando uma surra bem
merecida na vagabunda da Natasha. Ainda não sabia como iria consertar as
coisas com Katharina, mas daria um jeito de arrumar toda a bagunça que
Natasha havia feito.
Cancelo meus compromissos e dirigi até a saída da cidade.
Meu lado sádico estava sob controle, agora, a besta em mim quer sangue
e morte. O cheiro forte de sal preenche minhas narinas. Chego à fábrica
abandonada em Bagheria, conhecida pela Cosa Nostra como porta do inferno.
As pessoas que não são confiáveis acabam enviadas para cá e quem entra por
essas portas, não sai. Aqui é onde a Cosa Nostra faz seus problemas
desaparecem, pelo menos alguns deles. Ninguém sabe ao certo quantas pessoas
já morreram aqui, afinal as paredes não falam. Os muros altos protegem dos
curiosos e homens armados fazem a segurança. Costumávamos usar a torre da
agonia como lugar para manter os prisioneiros, mas desde que a fábrica ficou
abandonada decidimos trazer os maledetos para cá.
No fim do salão principal vou direto para a sala nove, a minha favorita.
Lorenzo está sentado, fumando, enquanto Natasha está amarrada pelos braços,
nua.
— Dimitri, por favor, eu prometo que nunca mais vou fazer nada contra
Katharina, só me deixe ir. — Natasha implora.
— Eu te avisei, Natasha...
— Eu saio do país, vou para longe, só me deixe ir, eu já aprendi a lição,
por favor, não me mate. — Ela súplica.
— É tarde demais para implorar. — Falo, tirando meu paletó e dobrando
as mangas da camisa.
A mesa de metal está pronta, com todos os brinquedos, mas antes de
começar eu tenho algo para dar a ela.
— Lembra disso?! — Questiono-a, retirando a embalagem com o veneno
que ela deu a Perséfone.
— Por favor, não.
— Em doses grandes eu poderia matá-la, mas, segundo Guido, uma
pequena dose causa dores terríveis e até hemorragia interna.
— Dimitri, por favor, eu faço o que pedir.
— Lorenzo, abre a boca da vagabunda. — Ordeno e ele apaga o cigarro,
indo até ela.
Natasha tenta lutar com ele e mordê-lo, porém, Lorenzo aperta seu rosto,
tão forte que eu coloco uma pequena porção do veneno em sua língua. Natasha
engole e engasga, enquanto nós dois rimos do seu desespero.
Vou até a mesa de instrumentos e olho uma a uma as opções. Começo por
meu alicate preferido. Volto com o objeto em mãos até Natasha, que se debate,
mas não consegue escapar, não com os braços presos. Um a um vou arrancando
suas unhas dos seus pés. Os gritos de Natasha alimentam a fera que vive em
mim.
Ela parece que vai desmaiar de tanta dor, entretanto, não vou facilitar,
acerto um tapa forte na sua cara e ela acorda, desnorteada, chorando de dor.
— Por favor, Dimitri acabe com isso de uma vez. — Ela suplica por uma
morte rápida.
— Já está implorando? Katharina ficou três dias em uma cela e não
implorou nenhuma vez. Que feio Natasha, justo você que se acha tão superior.
— Debocho, fazendo Lorenzo e meus homens rirem.
Pego o chicote com pontas de ferro e decido marcá-la um pouco. O
primeiro golpe vai em seus seios, sangue escorre e ela acaba se mijando de dor.
— Mas já a diversão nem começou. — Falo e dou mais um golpe, esse
em suas pernas.
Meus homens assistem à cena empolgados, Lorenzo fuma enquanto eu
continuo o espetáculo, chicoteando a cadela miserável.
Natasha já desmaia, quando o meu chicote vai ao chão, meu braço estava
doendo e seu corpo todo ensanguentado.
— Acho que ela está precisando de um banho para acordar. — Falo a
Lorenzo e ele logo vai buscar o balde.
Pego o balde e despejo o conteúdo em seu corpo, Natasha acorda,
assustada com vinagre escorrendo por todo seu corpo.
— Ah, meu Deus, me mata, eu não aguento mais!!! — Grita,
horrorizada.
— Ah, querida, por favor, não seja fraca. Isso não é nada!
Eu poderia ficar o dia todo aqui me divertindo, mas pela quantidade de
sangue que ela está perdendo, não vai durar muito.
— Por favor, Dimitri, acaba com isso... de... uma vez. — Soluça,
cuspindo sangue.
Ela já estava acabada, não iria durar muito, para a minha tristeza.
— Lorenzo, traga Guido — Ordeno e ele rapidamente vai buscá-lo. —
Eu vou te dar uma chance de viver, apenas uma chance. — Falo, brincando com
seu psicológico já fraco.
Solto seus braços e ela cai no chão, gemendo de dor, e nesse momento
Guido entra junto com Hades. Vou até ele, acariciando sua juba e Hades ruge
ansioso, provavelmente estranhando o lugar onde estamos.
Seguro as correntes em seu pescoço, o levando até onde estávamos,
Guido sai, nos deixando sozinhos, Hades senta ao meu lado, olhando para tudo
ao seu redor.
— Você tem exatamente dez segundos para chegar até a saída, quando eu
chegar ao dez Hades estará solto e ele vai adorar brincar com você. — Explico,
me abaixando na altura de Hades, que ruge para Natasha.
— Seja rápida, um.
Começo a contar quando Natasha tenta ficar de pé.
— Dois — ela se levanta e arrasta a perna ferida... — Três — ela mal
consegue dar dois passos — Quatro, cinco, seis — ela chora, desesperada, se
arrastando. — Sete, oito, nove.
A porta está perto, mas eu sei que ela não conseguirá.
— dez.
Hades corre em sua direção e a cena é tão brutal que espantaria qualquer
um. Os gritos de desespero de Natasha são horríveis. Hades brinca com ela como
se ela fosse um rato, as mordidas que ele dá são apenas para feri-la, só está
brincando. Por fim, Hades vai direto para a garganta e já não resta nada da vadia.
Eu já fiz muitas coisas ruins, admito, mas não vou voltar atrás. Não posso
negar que matar Natasha me trouxe alívio, se dissesse que não, estaria mentindo.
Eu quis matá-la no momento que descobri o que ela fez. Eu quis torturar e
saboreei todo aquele sofrimento, me diverti vendo a dor que causei. Um homem
como eu está acostumado a ter o poder, o controle e pela primeira vez na vida eu
não tenho o controle, me vejo confuso, sem saber o que fazer para remediar um
erro que cometi.
Tenho dinheiro, poder, sou temido, respeitado e invejado por toda Itália,
até mesmo no mundo, mas nada disso funciona com Katharina. Ela me
confunde, me enfrenta, e me enfurece, ao mesmo tempo que me encanta. Sua
insurgência desperta o pior em mim e a mísera hipótese de ela ter me enganado
me deixou descontrolado a ponto de esquecer os negócios da família e agir como
um soldado amador, fiquei cego pela raiva e não deixei meus instintos
controlarem a situação.
Katharina é um perigo para a minha racionalidade e essa obsessão por ela
está me deixando louco a ponto de não conseguir me satisfazer plenamente com
as minhas escravas, as melhores, mais obedientes e perfeitas submissas. O prazer
vinha de maneira tão singular, tão normal que agora me vejo frustrado,
descontando minha fúria em Denise e Lany. Acabo dispensando as duas, se não
servem para me dar prazer, não tem serventia para mim.
A fúria que vejo nos olhos de Katharina me encanta, sua força me faz
admirá-la, ela é forte, muito diferente do que eu imaginei quando aceitei o
acordo com Castelaresi. Bela como um anjo mais perfeito, contudo, é perversa
como um demônio enviado direto do inferno para me enlouquecer e a besta
dentro de mim precisa dominá-la, submetê-la, subjugá-la aos meus desejos, só
assim essa loucura vai passar e eu voltarei a ser o que sempre fui. Saio dos meus
devaneios quando o meu motorista estaciona na entrada da fortaleza, os portões
são abertos e me dou conta que já é começo da noite.
Hades já foi trazido para casa, apenas eu fiquei na fábrica acertando as
contas com o veterinário do zoológico, que não só entregou o veneno a Natasha
como também ensinou qual era a dosagem certa. Entro em casa depois de
conversar com o chefe dos soldados da fortaleza e verifico se as novas câmeras
já foram instaladas, depois que Vicenzo mostrou os pontos fracos na segurança
da fortaleza.
Na sala de estar não encontro ninguém, nem mesmo Luigi, que sempre
está a postos para me receber. Provavelmente, Katharina deve estar descansando
depois de ficar três dias na cela por culpa de Natasha.
Subo direto para o terceiro andar e encontro Luigi no corredor.
— Senhor, não sabia que já tinha chegado, precisa de algo?!
— Acabei de chegar. Sabe onde Katharina está?
— A senhora está descansando, a coitadinha estava tão abatida que
tomou um remédio para dor e está dormindo até agora.
— Obrigado Luigi, pode pedir para Carlota servir o jantar no meu quarto.
— Claro, senhor — diz, se virando para sair quando eu o impeço. —
Luigi, espere.
— Sim, senhor.
— Pode pedir para Romeu colher uma rosa e trazer com o jantar.
— Vermelha, senhor?
— É a favorita de Katharina.
— Sim, senhor.
Três dias longe dela. Eu mal consegui entrar na porra desse quarto, sua
presença está marcada em cada canto dessas paredes.
Abro a porta do quarto e entro de maneira silenciosa, Katharina está
dormindo feito um anjo, toda esparramada, fecho a porta, pronto para ir tomar
um banho e tirar esse cheiro de sangue de mim. Nesse momento ela abre os
olhos e me vê.
— Não queria te acordar. — Digo, tirando o paletó.
— O que está fazendo? — Ela pergunta, arrumando o lençol ao redor do
corpo, então eu percebo que ela está nua.
Inferno, meu pau fica duro com a mísera visão das suas coxas. Não é
hora de ficar excitado, não com a fúria que vejo no olhar de Katharina.
— Acho que ficará feliz em saber que Natasha não é mais um problema.
— Ela nunca foi! O único problema que eu tenho é você!!
— É melhor conversarmos depois que eu tiver tomado meu banho. —
Falo, tirando os sapatos e indo em direção ao banheiro.
Tiro as roupas sujas com o sangue de Natasha, jogo em qualquer canto
do banheiro, entro no box e ligo o chuveiro, deixando a água lavar toda a
imundice sobre mim.
O caminho até a casa dos meus pais é feito em silêncio, apenas o som da
chuva caindo no vidro do carro pode ser ouvido. Eu sabia que isso não
significava coisa boa, então decido acabar com essa angústia de uma vez.
— Dante, por favor, diga alguma coisa — falo, com as mãos tremendo.
— O que quer que eu diga, que você é uma imprestável, que não serviu
nem mesmo para me dar o filho homem?!
— A culpa não é minha — sussurro.
— Claro que é, mas isso não importa. Porque agora essa menina será
criada de maneira rígida para não se tornar uma puta como as mulheres da sua
família.
— Você está falando de uma criança.
— Uma criança que vai crescer, então, antes que isso aconteça, vou
mandá-la para um colégio interno onde ela vai aprender a ser uma mulher
decente.
— Não pode me afastar da minha filha. — Digo com aflição, sentindo
minha filha mexer.
— Quem decide isso sou eu. — Ele sentencia, estacionando o carro.
— Queridos, que bom que chegaram — fala mamãe, me abraçando assim
que me vê! — A gravidez está te deixando tão linda, meu amor. — diz mamãe,
sorrindo.
— Obrigada.
— Bruschetta. — Cumprimenta meu pai e Dante nem mesmo responde,
apenas entra na casa, os acompanhando.
Giuliana, assim que entramos, vai até Dante e beija seu rosto quase perto
da boca, o que me deixa nervosa.
— Como vai, querida, cada dia que passa você está maior. — Debocha.
— Como está meu sobrinho? — Pergunto, com saudade do pequeno
Bernardo.
— Ele está no internato, já tem idade o bastante para começar seus
estudos — ela explica, sem um pingo de sentimento.
— Vamos para sala de jantar, nós só estávamos aguardando vocês. —
Fala minha mãe.
— Estou ansioso para saber o sexo. — Fala meu pai quando nos
sentamos e o mordomo vem servir o vinho.
— É uma menina. — Dou um sorriso, forçado mexendo na comida, sem
apetite nenhum.
Todos na mesa ficam calados, mas o sorriso sarcástico na cara de
Giuliana é o pior.
— Pelo visto você não teve sorte igual a mim, de primeira eu já tive um
filho homem.
Suas palavras são tão ácidas que até me embrulha o estômago.
— Esse é só o nosso primeiro filho, o próximo tenho certeza que será um
menino. O meu herdeiro. — Diz Dante, a respondendo.
O almoço vira algo terrível, Giuliana me alfineta o tempo todo, mamãe
tenta quebrar o clima tenso enquanto meu pai e Dante falam sobre armas e
drogas. Eu nem percebi quando terminamos o almoço e todos vamos para a sala
de estar.
O telefone de Dante toca e ele sai para atender, Giuliana se levanta,
deixando apenas eu e meus pais na sala.
— Você não parece bem, filha. — Fala mamãe, segurando a minha mão.
— Eu vou ficar, mãe, é a gravidez, ela está mexendo com meus
hormônios, desculpa, mas precisa ir ao banheiro. — Digo, me levantando e
seguindo na direção em que Giuliana foi.
Subo as escadas que levam até o segundo andar, meu coração estava
acelerado e minha filha mexe na minha barriga, agitada. No corredor que leva ao
quarto de Giuliana eu ouço a voz de Dante e sinto um calafrio só de imaginar o
que ele está fazendo no quarto dela.
A porta está semiaberta e por ela eu posso ver claramente a cena bizarra
que se desenrola lá dentro. Eles estão se beijando, como se fossem amantes
apaixonados, Giuliana acaricia seu peito e Dante se afasta, ofegante. Eu não
consigo me mexer, não consigo gritar, nem mesmo sair de onde estou, meu
corpo está estático, como se tivesse perdido a capacidade de comandá-lo.
— Vamos, puta faça a única coisa que você serve para fazer! — Diz ele,
dando um tapa na cara dela.
— Como quiser, senhor! Eu sou sua para o que quiser. — Ela fala e abre
as calças dele.
Giuliana pega o pau de Dante e começa a chupar enquanto ele puxa o seu
cabelo com força. Meu corpo todo treme de nojo, vendo a traição dos dois.
Dante continua sendo chupado até gozar na cara da minha irmã. É tão
nojento que meu estômago embrulha e coloco a mão na boca para não vomitar.
Recupero a força do meu corpo e saio dali correndo.
Lágrimas nublam minha visão enquanto desço as escadas.
— Filha, o que ouve? — Pergunta mamãe assim que me vê.
— Eu preciso ir embora, não me sinto bem. — Digo, tremendo muito.
— Onde está o seu marido?
— Pergunte a Giuliana, ela deve saber. — Despejo, com amargura.
Dimitri vai para o escritório com Tom falar sobre negócios e eu levo
Karlene para a biblioteca.
— Tem notícias de Rebeca? — Pergunta, assim que Luigi nos deixa
sozinhas, após servir um lanche.
— Eu fui até a casa dela. A pobrezinha é mantida como refém dentro da
própria casa.
— Infelizmente não há muito o que fazer, Katharina, ela não pode se
divorciar dele, Dante é completamente obsessivo por ela.
— Divorciar, não, mas talvez ela possa fugir desse maldito. — Digo, com
nojo só de pensar na cara daquele babaca do Dante Bruschetta.
— Para onde ela iria grávida, como se esconder da máfia, Katharina? Se
ela tentar fugir vai ser pior para ela mesma. — Diz, nervosa.
Por um minuto eu penso que talvez devesse contar meus planos para
Karlene.
— Você tem razão, Karlene, não sei de onde tirei essa ideia. Mas, me
diga, não veio aqui apenas acompanhar seu marido, tem alguma novidade para
me contar? — Pergunto, mudando de assunto.
— Tirando o fato de que estão todos comentando que o Boss da família
se desfez das suas escravas e, de quebra, ainda tem a morte de Natasha? Não tem
uma pessoa em toda Cosa Nostra que não saiba o que aconteceu com a piranha.
— Então, é verdade que Dimitri terminou com as escravas que ele
mantinha no centro! — Falo, pensativa, bebendo o meu suco.
— Ele gosta de você, Katharina, senão jamais abriria mãos das duas.
Precisa ver como os homens falam daquelas duas, como se fossem deusas. —
diz ela, com cara de nojo.
— Dimitri gosta apenas dele mesmo e dos leões. — Falo rindo, achando
até engraçada sua hipótese.
— Se você diz, mas agora é sério, amanhã estarei voltando para minha
casa, na Calábria, gostaria que me mandasse notícias de Rebeca, se possível, por
favor.
— Vou ficar muito triste sem você aqui em Palermo. Priscila logo voltará
para Nápoles, então ficarei completamente sozinha. — Reclamo, me sentindo
desanimada.
— Não se preocupe, no final de semana vai ter a festa da Calábria, você e
o Boss estão convidados a participar.
— Festa da Calábria?!
— É uma festa tradicional da família Ndrangreta, acontece na nossa
fazenda, todos os capos da Cosa Nostra vão. São quase três dias de festa e você
vai adorar a fazenda. — Me conta, toda animada e eu me empolgo de sair um
pouco da fortaleza.
Karlene vai embora e naquela noite jantamos apenas Dimitri e eu na
fortaleza, Lorenzo estava em uma missão, coisa que ele anda fazendo muito
ultimamente, mal se recuperou do tiro e não para mais em casa de tanto trabalho
que Dimitri dá para ele, Vicenzo havia saído com uma mulher, provavelmente o
lanche de hoje.
— Até quando vai ficar ignorando que estou aqui, Katharina?! — Fala,
ele batendo os punhos na mesa.
— Quem sabe até você pedir desculpas pelo que fez, daí eu posso parar
de te ignorar.
— Nunca peço desculpas, Katharina, deveria saber disso. Eu sou o chefe
da Cosa Nostra, eu sou a porra do homem aqui, não pense que vou me humilhar
pedindo desculpas para você.
— Tudo tem uma primeira vez, chefe! Eu estou cansada de ficar
brigando com você, não aguento mais o inferno que a minha vida se tornou
desde que te conheci. Se você não é capaz de reconhecer seu erro e pedir
desculpas, não temos mais nada para conversar. — Falo irritada, me levantando,
já sem fome.
— Não deixei você se levantar!! Eu ainda não terminei o meu jantar,
então volte e se sente como a mulher educada que você é!! — Diz friamente e eu
volto para a mesa, me segurando para não jogar a taça de vinho na cara dele.
É sexta-feira e eu não vejo Dimitri, ele passa o dia resolvendo assuntos
de uma carga de cocaína que estava indo ao Porto. Vicenzo e eu estávamos
fazendo ioga na parte da manhã e é assim que descobri que ele ficaria fora o dia
todo.
Lorenzo anda tão atarefado que só o vi duas vezes na fortaleza. Perséfone
está se recuperando bem do envenenamento e Dimitri já não proíbe a minha ida
até a área dos animais. Até mesmo Hades começou a aceitar a minha presença.
Katharina fica irritada por ter que voltar antes do fim da festa, nona não
nos deixa sair antes do almoço. Porém sou irredutível sobre nosso retorno para
Palermo, a volta é rápida e já estamos ultrapassando os portões da fortaleza no
fim da tarde.
Chaise abre a porta para Katharina e ela caminha na minha frente para
dentro de casa, quando dá um grito alto no meio da sala.
Entro logo atrás dela, tentando entender o motivo do seu escândalo,
quando noto ela abraçada o maledeto do Aslan no meu sofá.
— Oh, meu Deus, eu senti tanta a sua falta — aperta o irmão, chorando
desesperada.
— Não sabia que vinha, Castelaresi!! — Digo ironicamente para a visita
indesejável ao lado da prima dela, que mandei buscar.
— Achei um gesto muito amigável da sua parte, pedir para trazer Ana
para ficar uns dias com a minha irmã, então pensei; porque não vir também?!
Afinal, meu cunhado é tão gentil. — Ele debocha e eu travo os dentes para não
mandá-lo se foder.
Era só o que me faltava, uma casa cheia de Castelaresi.
Eu não sei quantos golpes foram, mas minha barriga estava dura, a dor
nas minhas costas é excruciante, minha visão está turva e meus braços moles,
assim como todo o meu corpo, é como se eu pudesse ver a morte diante de mim.
Meus braços são soltos e eu despenco sem força nenhuma sobre a cama. Ouço o
grito alto de Dante chamando por mim. O sangue escorre pelas minhas costas,
ele toca meu rosto, mas eu não vejo mais nada, apenas a escuridão.
Não sei quanto tempo passa, para mim parece uma eternidade, ninguém
aparece para me dar notícias e isso me enfurece, minha vontade é de queimar
todo esse hospital, mas eu não posso, não quando a vida do meu anjo corre risco.
Estou me corroendo por dentro, quando sinto uma mão em meu ombro,
levanto meu rosto pronto para socar quem ousou me tocar e vejo minha mãe, seu
rosto está cheio de lágrimas e meu pai, que está logo atrás, junto com seus
homens.
— O que você fez, meu filho? — Pergunta ela, me abraçando.
— Eu a machuquei, mãe... — começo a falar quando vejo o médico
saindo pela porta da sala de emergência.
— Família de Rebeca Bruschetta! — Chama, lendo a ficha
— Eu sou o marido dela — digo, me levantando e indo o mesmo.
— Sua esposa acabou de sair da sala de cirurgia. Está sedada e deve ficar
em observação por pelo menos um dia antes que a levemos para o quarto. Ela
perdeu muito sangue e está com muitas lacerações nas costas, que tivemos que
suturar, mas ela teve sorte de não ter acertado nenhuma vértebra da sua coluna.
— Minha filha, como está a minha filha? — Pergunto em aflição.
— Sinto muito, senhor, mas o bebê que sua esposa esperava já chegou no
hospital sem batimentos e não pudemos salvá-la. Uma cesárea foi feita para a
retirada do bebê, já que a gestação estava avançada.
Desabo no chão, é como se um buraco estivesse se abrindo, um grito sai,
rasgando a minha garganta. Um grito de desesperança, de culpa e de dor.
— Eu a matei, eu a matei! — gritei, sabendo que tudo era minha culpa.
Eu fiz isso, eu sou um monstro, um assassino, um homem cruel que não
merece o anjo que tenho.
Não sei quanto tempo se passa, meu pai fica falando comigo, tentando
me acalmar. Os pais de Rebeca chegam e minha mãe conta o que aconteceu ela
com o bebê. Vejo a mãe de Rebeca desmaiar e ser socorrida pelo marido.
O médico me leva para ver o corpo da minha filha e tenho que me
acalmar para acompanhá-lo.
— Filho, não se torture dessa forma, seu pai pode cuidar disso para você.
— Eu preciso ir, eu preciso vê-la. — Falo, limpando o rosto, tentando ser
forte por Rebeca, que vai precisar de mim.
Acompanho o médico até um corredor que leva a uma sala separada, o
mesmo indica a porta, então eu abro e entro sozinho.
A sala gelada é ainda pior do que eu imaginei, uma maca de metal está no
meio. Tudo ao redor desaparece e vejo apenas o minúsculo bebê com um pano
branco cobrindo seu corpo sem vida.
Com as mãos tremendo eu retiro o tecido e olho para o pequeno bebê de
apenas vinte e oito semanas. Ela é linda, tão pequena que caberia em minha mão,
sua pele é tão branquinha como a da mãe e sua boca pequena lembra a minha.
Eu toco seu rosto delicado e não aguento o peso tanta dor. Me ajoelho no
chão, chorando, arrependido e lembrando de todas as vezes que maltratei e
humilhei Rebeca, mesmo sabendo que ela estava esperando esse anjinho.
Me recordo de todas as vezes que desejei que fosse um menino, mas no
fim eu ficaria feliz apenas se ela estivesse viva.
A dor me consome tão duramente, que me sinto imundo, um maldito
desgraçado. Tiro minha pistola Colt e miro direto na minha cabeça, sabendo que
a melhor coisa que eu faria seria acabar com a minha existência.
Destravo a arma e coloco o dedo no gatilho, porém antes que eu faça o
médico me chama.
— Senhor, precisamos ir, sua esposa o aguarda. Suas palavras me fazem
parar antes que cometa outra besteira. Não posso deixar meu anjo sozinho, ela
precisa de mim, ainda mais agora.
Guardo a arma novamente no coldre, olho para minha filha mais uma
vez, me despedindo do meu pequeno anjinho, que por minha culpa não vive
mais.
O médico me aguarda na porta, limpo meu rosto, voltando à postura de
homem cruel e do mafioso que sou.
O acompanho até a UTI, tenho que vestir roupas adequadas para poder
entrar. Meu coração acelera assim que passo pela porta e vejo seu corpo pálido,
ligado a aparelhos de monitoramento.
Seu abdômen continua inchado, mas saber que minha filha não está mais
ali acaba comigo. Me aproximo da cama segurando o choro, não quero chorar,
não posso ser fraco, não agora quando ela precisa de mim. Toco suas mãos frias,
seu rosto está tão pálido que ela não parece respirar.
— Eu estou aqui, meu amor, eu vou cuidar de você, prometo.
Rebeca mexe o pescoço como se sentisse minha presença, seus cílios
piscam e logo ela abre os olhos azuis para mim.
Não há mulher mais perfeita, mais bela que ela. Minha Rebeca.
Meu anjo fecha os olhos como se sentisse dor, em seguida olha para mim
e posso ver o terror tomando conta da sua face. Seus olhos estão cobertos de
medo, pânico e dor. Ela treme, gritando e lágrimas escorrem pelos seus olhos.
— Socorro, socorro!!! — ela grita, se debatendo e meu coração parece
que está sendo pisoteado.
Os aparelhos apitam e logo vários médicos entram no quarto. Assisto a
tudo em câmera lenta, mas logo sou expulso do quarto e então a ficha cai.
Eu a quebrei.
Dizem que a conexão entre irmãos gêmeos, sejam eles fraternos ou
idênticos, é especial, mas ninguém sabe ou entende como é isso. Estar longe do
meu irmão é como ter uma parte minha afastada de mim. Só de olhar para ele eu
já sabia quando algo estava errado e pra ele era a mesma coisa.
Crescer no meio da máfia foi terrível, mas ele sempre esteve lá por mim.
Aslan enfrentou meu pai por diversas vezes para me proteger e quando começou
a me treinar eu sabia que no fundo era a forma dele me proteger mesmo estando
longe.
As lágrimas borram minha maquiagem enquanto eu aperto meu irmão,
emocionada.
— Ei, pare de chorar, pequena — me chama pelo apelido que me deu
desde que éramos crianças.
— Eu senti tanta sua falta, Aslan — digo, limpando meu rosto.
— De mim pelo visto nem sentiu falta — fala Ana, minha prima e minha
melhor amiga.
Me solto de Aslan e vou até ela, abraçando-a forte.
— Não posso acreditar que vocês estão aqui! — Digo enquanto a abraço
e vejo Dimitri indo para o escritório com Lorenzo.
— A mamãe queria vir, mas sabe como é nosso pai, disse que ela virá
junto com ele em outra ocasião. — Diz Aslan.
— Eu senti tanta falta de vocês dois, tanta coisa aconteceu. — Falo e
limpo as lágrimas.
— Eu também, princesa, é horrível saber que você está aqui, tão longe e
eu não posso protegê-la. — Ele diz, acariciando meu rosto.
— Vamos para a biblioteca, temos muito para conversar — falo quando
vejo Augustos, um dos homens de Dimitri, passando em direção ao escritório.
— Tem razão, quero que me explique que história é essa de estar presa
em uma cela. — Ele diz com o semblante fechado, bravo.
Aslan fica de pé, olhando pela janela que dava para refúgio de Hades e
Perséfone. Luigi havia trazido um lanche para nós três enquanto eu fui contando
cada detalhe de tudo que aconteceu comigo, claro, evitando os detalhes
desnecessários para os ouvidos do meu irmão.
Aslan já estava enfurecido quando falei da torre, por fim contei da trégua
entre mim e Dimitri na Calábria e que ele pediu desculpa e eu decidi perdoar.
— Não acredito que perdoou esse miserável depois do que ele fez.
— O que quer que eu faça, Aslan? Estou aqui foi por conta da porra
desse acordo. As cartas foram postas na mesa e não por mim. O que me resta é
jogar.
— Ela tem razão, primo, não dá para ficar nesse pé de guerra — fala
Ana.
— O miserável não pode achar que vai machucar minha irmã e ficar por
isso mesmo, ah, isso não. — Fala Aslan com os punhos serrados, andando pelo
quarto.
— Precisa se acalmar, não é hora de explodir, Aslan, eu preciso de você
agora. — Falo firme, ficando de pé e indo até ele.
— O que mais aconteceu que ainda não tenha falado?! — Questiona,
bravo.
— Calma, eu não fiz nada, na verdade preciso que me ajude em uma
missão.
— Katharina Castelaresi, sempre que me olha dessa forma eu sei que
você aprontou ou pretende aprontar.
— Bem, se não fosse importante eu não pediria a você, não colocaria
você em risco, porém, não tenho outra saída. — Falo olhando pela janela,
sentindo um mau presságio quando penso em Rebeca.
— É melhor falar logo se não seu irmão vai fazer um buraco no chão —
diz Ana já preocupada.
— Aslan, preciso que você me ajude a salvar uma pessoa ou melhor,
duas. — Digo, pensando no bebê.
— Seja clara, pequena. — Fala enquanto se senta na cadeira à minha
frente.
— Tem uma mulher, seu nome é Rebeca, preciso que a tire do país.
Arrume documentos falsos e proteção, leve ela para bem longe da Itália.
— O que ela fez para precisar fugir?
— Bem, ela não fez nada, na verdade o marido dela que fez, mas é
complicado demais para explicar tudo agora, só que a vida dela corre risco e se
ela não fugir é capaz dele matá-la. Por favor, me ajude a tirar ela daqui.
— Certo, verei o que posso fazer — diz sério, mas no fundo eu sei que
ele vai ajudar e uma chama de esperança para Rebeca cresce dentro de mim.
Conversamos por horas nem percebo quando o sol se põe. Levo Aslan
para o quarto onde ele ficará para que ele descansasse um pouco antes do jantar,
como não vi mais Dimitri e imagino que deva ter saído com Lorenzo.
— Pode me contar tudo, quero saber cada detalhe, agora! — fala Ana
quando eu deito na cama do quarto que mostrei a ela.
— Não sei do que está falando — desconverso.
— Está bom, não sabe... E esse chupão no seu colo, seu irmão, que é
lerdo e não percebeu, mas desde que passou pela porta eu vi. — Ela diz, rindo da
minha cara de chocada ao olhar para meus seios.
— Não dá para esconder nada de você.
— Conta logo como foi à primeira vez de vocês. Uma coisa não posso
negar, da mesma forma que ele é assustador parece ter uma pegada e tanto.
— Ah, você não imagina que pegada — digo, fechando os olhos e
lembrando do calabouço.
— Quero detalhes — ela exige e joga uma almofada na minha cara.
Sorrio e vou contando cada detalhe para minha prima e melhor amiga,
em alguns momentos não consigo evitar ficar vermelha, principalmente quando
conto o quanto eu gostei de sentir seu chicote queimando em minha pele.
— Você sabe o quanto isso é loucura não sabe? Uma coisa é ler sobre
isso em um romance erótico e achar sexy e tal, mas não consigo me imaginar
presa em uma cruz sendo chicoteada.
— Eu simplesmente não sei explicar, é uma coisa intensa. A sensação é
nova para mim e a maneira como ele me toca.... Droga, eu não sei realmente
explicar, é um prazer cru em meio ao medo a dor.
— Oh, meu Deus, você está apaixonada — ela diz colocando a mão na
boca, chocada.
— Claro que não, não diga um absurdo desses. Eu ainda o odeio, ele
ainda continua sendo o babaca arrogante, machista que acha que é o dono do
mundo.
— Mas você o quer, mesmo assim! Está claro, amiga.
— Isso se chama tesão, Ana, não misture as coisas. Ele é apenas bom no
que faz e eu gosto disso. Quando ele me toca não existe vergonha, não tem
moral, nem pudor, eu o sirvo e ele, a Besta, me domina.
— Ah, Katharina, não precisa fingir para mim, você gosta do boy, tá na
cara. — Ela afirma, me irritando.
Me levanto da cama, já sem paciência para essa conversa que não vai
levar a nada. É óbvio que não tenho nenhum tipo de sentimento romântico por
aquela besta maldita.
— Eu preciso de um banho antes do jantar, nos vemos lá embaixo e
depois continuamos a conversa, você ainda precisa me contar sobre o professor.
A minha casa está cheia de Castelaresi, se não bastasse o sorriso
convencido do irmão de Katharina, eles ainda fazem questão de conversar em
russo para que ninguém entenda o que eles estão falando.
Decidi ir para o escritório trabalhar no nosso novo carregamento que
seria levado para a América. A maior parte do dinheiro da máfia vem da
extorsão, oitenta por cento dos negócios da Itália paga para ter proteção e
segurança. Virou uma tradição na Cosa Nostra, sempre que um novo negócio é
aberto, um dos nossos homens vai parabenizá-lo e dizer que a partir de agora ele
terá que pagar o Pizzo, termo usado para proteção.
As empresas que se recusam a pagar o Pizzo podem ser queimadas ou
seus proprietários podem ser vítimas de acidentes inesperados. Em troca, as
empresas que pagam recebem a proteção e podem obter vantagens como cortar a
burocracia ou resolver disputas com outros comerciantes. A coleta do Pizzo
mantém a família em contato com a comunidade e permite controlar o nosso
território.
Vito Luciano estava tomando conta da construção do mais novo cassino
da família em Vegas. Ele serviria não só para lavar dinheiro como ampliaria
nosso poder na cidade.
— Temos um grande problema — fala Lorenzo, sentado à minha frente
enquanto eu analiso o andamento da construção do laboratório de coca.
— O que aconteceu?!
— A polícia federal prendeu nosso carregamento no Porto.
— Isso é responsabilidade de Alesso!!
— Sim, não sei como, mas alguém nos dedurou, Alesso já está chegando
da Calábria. Ele terá que nos explicar como a polícia descobriu sobre o contêiner
de molho.
— Ligue para o chefe de polícia e mande que ele consiga a liberação do
contêiner — ordeno, lembrando a ele que não é à toa que mantemos a polícia na
nossa folha de pagamento.
— Já fiz isso, entretanto a coisa está feia, não é a polícia local que é
responsável pelo caso, e sim a federal. Não consegui descobrir quem está por
trás dessa denúncia, mas vou molhar a mão de uns contatos para tentar descobrir.
— Avise Alesso, que quero vê-lo amanhã no primeiro horário na sede
com o nome do traditore. Faça o que for possível para descobrir quem está por
trás dessa investigação. Mande Dante ir até a Cosa Nostra também, vou precisar
dos contatos dele.
— Isso não vai ser possível, Dante sumiu, não atende ao telefone desde
que o carregamento foi preso, estou tentando contato com ele para me ajudar a
resolver isso, já que ele não foi para Calábria, mas ele não está respondendo.
— Mais essa agora, veremos depois onde Dante está, avise Vicenzo para
interromper as outras remessas por hora, até sabermos com o que estamos
lidando.
— Certo, chefe. — Diz, saindo do meu escritório.
Ligo para alguns contatos meus tentando descobrir como a federal está
na cola da Cosa Nostra, porém ninguém sabe de porra nenhuma, nem mesmo o
babaca do governador tem uma explicação para essa operação. Frustrado, saio
do escritório e encontro Luigi no corredor, levando toalhas, provavelmente para
os hóspedes não desejados.
— Você viu Katharina?!
— Ela estava na biblioteca com os familiares, mas mandou preparar
novos lugares na mesa de jantar e foi para o quarto.
— Certo, me avise se Vicenzo chegar ou Dante.
— Sim, senhor — ele diz, subindo as escadas para o segundo andar.
Vou em direção ao bar da sala de estar, preparando uma dose de vodca
Stoli Elit duas pedras de gelo e o sabor ardente enche minha boca, relaxando a
tensão.
— Aí está você, temos contas a acertar — fala Aslan, me surpreendo
com um soco de direita.
O copo cai no chão e meu maxilar queima pelo golpe surpresa.
— Que porra é essa, seu cagna. — Falo, me recuperando e acerto seu
estômago.
— O que foi, seu Mudak? Achou que ia machucar minha irmã e ficaria
por isso mesmo?! — Diz, tentando me acertar um chute, mas eu desvio.
— Não se meta onde não foi chamado, Katharina é minha mulher, seu
babaca mimado! — Grito, acertando de direta.
— Foda-se se você casou com ela, seu imbecil, está pensando que pode
fazer o que quiser com Katharina, minha irmã é boa demais para perdoar um
idiota como você, mas eu não — ele tenta me socar, mas eu esquivo, ele acerta
as garrafas do bar, as quebrando.
— Você pensa que pode vir na minha casa e me ensinar como devo tratar
minha mulher? Você não está na Rússia, subchefe, aqui é a Itália, você está em
meu território, eu sou o capo aqui — falo, acertando um chute em suas costas,
que o faz se inclinar de dor.
— O que está acontecendo aqui? — Questiona Katharina, descendo as
escadas, correndo em nossa direção.
— Nada de mais, só vou ensinar uma lição para o seu irmãozinho, a de
nunca mais me desafiar. Levanto meu punho e o acerto, porém, paro ao ver
Katharina na frente do desgraçado com as mãos erguidas, tentando nos afastar.
— Podem parar com essa palhaçada!! — Grita, ficando vermelha.
— Esse babaca pensa que pode tratar você como uma qualquer, ele está
muito enganado, você é uma Castelaresi e como tal ele lhe deve respeito.
— Parem os dois. Aslan, eu já falei para você que me resolvi com
Dimitri, respeite a minha decisão.
— Como quer que eu aceite? Esse babaca te trancou numa cela, sem
comida.
— Vou te mostrar quem é o babaca, seu cagna.
Avanço em sua direção, porém Katharina segura em meu peito, me
impedindo de avançar.
— Chega, meu Deus!! Parecem duas crianças. Dimitri, Aslan é meu
irmão, meu único irmão, se você o machucar, estará ferindo a mim. — Ela fala
com os olhos crispando de raiva.
— Era só o que me faltava, vai defender esse imbecil?! Esse moleque de
merda chegou aqui me acertando!
— Olha o que você fez com ele! — ela diz, tocando o rosto do irmão,
como se ele fosse uma criança.
Aslan aproveita a atenção que a irmã dá e fingi estar sentindo dor.
— Merda, Dimitri, se você machucou meu irmão eu não vou te perdoar
— ela fala tocando a testa do irmão que sangra.
Eu não posso acreditar no que estou vendo, o desgraçado está
manipulando-a facilmente.
— Quero esse cara fora da minha casa!! — grito, saindo da sala antes
que acabe fazendo o que tenho vontade, ou seja, metendo uma bala no idiota do
Castelaresi.
Meu corpo vira gelo puro quando ouço o som da porta abrindo e a voz de
Lorenzo dizendo.
— Achei Dante...
— Fora daqui, maledeto!! — grita Dimitri e eu abaixo me escondendo
atrás da mesa, morrendo de vergonha, até mesmo a dor na bunda havia passado.
— Meu Deus, meu Deus, que vergonha — sussurro, ouvindo a porta
fechar.
— Desgraçado, não sabe bater na porta?! — fala ele, pegando a minha
blusa no chão. — Vem aqui — Chama e me levanta do chão.
Dimitri me ajuda a me vestir, eu tento dar um jeito na minha aparência
pós foda, mas está difícil depois de ter sido flagrada pelo cunhado.
Como vou olhar para a cara de Lorenzo agora?
— Vem, vamos sair daqui — diz firme depois de se arrumar.
— Eu não sei se consigo olhar para o Lorenzo depois disso.
— Você não tem nada com o que se envergonhar. Para o bem dele,
espero que ele não tenha visto nada que pertence a mim.
Saímos do escritório e vejo Lorenzo de costas para nós dois, olhando
para a lareira.
— Eu vou subir para o quarto — falo, subindo a escada.
— Espero que tenha um bom motivo para ter entrado na minha sala sem
bater.
— Sim, desculpe se fui inconveniente não esperava que vocês dois...
Estivessem
— Seja direto.
— Encontrei Dante, ele está no hospital, parece que a esposa dele não
está bem — diz Lorenzo quando eu já estava no topo da escada, me fazendo
paralisar de terror.
— Rebeca, o que aconteceu com ela?! — Pergunto, descendo.
— Não sei ainda, eles estão no hospital desde ontem, pensei em mandar
alguém ir até lá verificar.
— Eu vou me trocar e então vamos para o hospital, tenho certeza que
aquele bosta feriu a pobre Rebeca — digo para Dimitri.
— Fique aqui, Lorenzo pode ir até lá ver o que aconteceu.
— Nada disso, eu quero vê-la, preciso saber o que esse babaca fez.
— Tudo bem, seja rápida, e vou mandar preparar o carro.
Tomo um banho aflita, meu medo era que fosse tarde demais. Torcia para
que nada grave tivesse acontecido com Rebeca, não agora que estou tão perto de
tirá-la daqui. Esse verme merece pagar por todo o mal que fez a ela.
Eu havia avisado Ana que precisaria ir ao hospital ver uma amiga e
pedido para que ela ficasse de olho em Aslan, que qualquer coisa me ligasse.
Meu coração estava acelerado quando Dimitri estacionou sua Ferrari em frente
ao hospital e eu li o letreiro.
Dimitri abre a porta para mim e rapidamente entramos no hospital.
Percebo que vários homens de Dante estão espalhados pelo lugar.
Corro até o balcão e falo a recepcionista.
— Boa noite, preciso de notícias de Rebeca Bruschetta.
— A senhora é parente?
— Não, eu sou amiga.
— Não podemos dar informações para quem não é da família.
— Eu resolvo isso, bella mia — Dimitri garante e eu me afasto, sentando
na cadeira metálica em frente ao balcão, sentindo um mau presságio. — Vamos,
a enfermeira nos levará até o quarto de Rebeca. — Diz Dimitri e então eu vejo a
enfermeira amedrontada, nos indicando o caminho.
Assim que passamos pelo corredor que leva os quartos eu vejo algumas
pessoas que imagino ser da família de Rebeca, uma senhora loira que deve ser a
mãe dela chora sendo consolado por um homem. Mas isso não é tão estranho
quando o fato de Dante Tommaso Bruschetta estar sentado no chão ao lado da
porta do quarto, acabado.
Seu pranto não me convence nem um pouco, apenas me deixa com mais
ódio, pois sei que algo muito grave aconteceu.
— O que aconteceu com Rebeca? — Pergunto diretamente a ele.
— O que fazem aqui? — Ele pergunta, tentando recuperar a postura de
mafioso fodão, mas tudo que consegue é ficar de pé, todo abalado.
— Katharina e eu soubemos que Rebeca sofreu um acidente e viemos ver
como estão — responde Dimitri olhando ao redor, analisando o que pode ter
acontecido, mas eu já sei o que esse desgraçado deve ter feito.
— Rebeca caiu da escada e perdeu o bebê, minha filha está em estado de
choque desde que a trouxeram para o quarto. O, médico contou da morte da filha
e ela não reage mais.
Meu corpo congela, o choque é tão grande que não consigo respirar. Uma
lágrima cai pelo meu rosto.
Caiu, é óbvio que ela não caiu. Imagino a dor que ela está sentindo, a
culpa é minha, eu deveria ter feito algo, eu deveria ter ajudado ela antes.
Dimitri acaricia meu braço, me trazendo de volta a realidade.
— Eu preciso vê-la.
— Ninguém vai entrar nesse quarto, é melhor irem embora.
— Eu disse que eu quero vê-la — digo, sendo firme, enfrentando o
idiota.
Dante me olha com ódio, mas, quer saber? Foda-se, não tenho medo do
bicho papão há muito tempo.
— Pode ser bom para Rebeca conversar um pouco com Katharina — diz
Dimitri, mas sua postura afirma que isso não foi uma sugestão e sim uma ordem.
Dante engole seco, apertando o punho, mas sai da porta para que eu
passe. Não espero que ele volte atrás, abro a porta do quarto, dando de cara com
uma Rebeca debilitada, pálida, deitada na cama, inerte e olhando para a parede.
Caminho até ela e as lágrimas escapam pelo meu rosto.
— Rebeca, sou eu, a Katharina — digo, acariciando seu rosto.
Ela não se move, seus olhos estão abertos, mas totalmente sem vida. É
como se fosse apenas um cadáver na minha frente.
— Eu vou te tirar daqui, prometo que ele não vai mais te machucar —
afirmo e então ela se vira, olhando para mim sem dizer nada, mas as lágrimas em
seus olhos vermelhos são a resposta que eu preciso.
Saio do quarto totalmente mortificada, limpo meu rosto quando vejo o
resto de aborto na minha frente.
— Ela disse alguma coisa para você? — Pergunta, esperançoso.
— Não, ela está totalmente destruída, a filha foi arrancada dela. —
Cuspo as palavras com ódio.
— Eu preciso de ar — digo para Dimitri.
— Eu te levo.
— Não precisa, eu quero ficar sozinha por um segundo. — Falo,
levantando minha mão, me afastando daquele lugar, sentindo como se as paredes
estivessem se fechando ao meu redor.
Do lado de fora do hospital eu ligo para Aslan, desesperada para salvar
Rebeca desse monstro.
— Aslan, pozhaluysta, pomogi mne. U nas bol'she net vremeni, zaberi
Rebeka iz Itália. Aslan preciso de ajuda, preciso que tire Rebeca da Itália
agora!).
Conto a ele meu plano arriscado e por mais louco que pareça, ele aceita
me ajudar. Encerro a ligação com tudo acertado e agora era só esperar a hora
certa para pôr o plano em prática. Tirar ela da Itália será fácil, o difícil vai ser
mantê-la escondida, fora do radar da Cosa Nostra, talvez eu devesse mantê-la na
Rússia até a poeira baixar e só depois enviá-la para longe.
São nove da manhã quando entro no hospital junto com dois dos meus
homens, vestidos de enfermeiro. Uma touca de enfermagem, máscara e óculos
de grau me ajudam com o disfarce, Godoy estava encarregado de congelar as
câmeras do hospital por apenas seis minutos, esse era o tempo que tínhamos para
sair com ela até a ambulância que ele dirige, do lado de fora.
Entro sem chamar atenção, o crachá de liberação dos enfermeiros que
apagamos mais cedo me ajudam a passar pela segurança. Vou direto para onde
ficam os quartos, me separando dos meus homens. Tigoh fará a cobertura da
saída e Leonid ficará de olho na entrada e me avisará caso tenha alguma
movimentação dos homens da Cosa Nostra.
Pego a maca no corredor e caminho até o quarto 17, onde a moça está.
Dois seguranças estão na porta e quando me veem, levantam a mão, me
impedindo de entrar.
— Preciso levar a paciente para os exames — Falo e logo eles liberam
minha passagem sem desconfiar.
Entro no quarto e noto que a garota está dopada, não consigo ver seu
rosto direito, mas ela me parece bem jovem, muito machucada e bem doente, o
que preocupa.
Se tivermos feito todo esse esforço e a mesma não aguentar a viagem até
a Rússia, Katharina não me perdoaria.
Tiro todos os fios do soro do seu braço com cuidado e pego-a nos meus
braços, percebendo o quanto ela é leve. Coloco-a sobre a maca de rodinhas e
então seu rosto fica visível para mim. Porra, ela é linda, parece um anjo, como
alguém tem coragem de machucar um ser como esse? É tão pequena e frágil. A
raiva queima dentro de mim quando ouço seu pequeno suspiro de dor. Ajeito seu
corpo sobre a maca para não a machucar, pronto para sair do quarto, vou em
direção à porta, a mesma abre sozinha e então vejo nada mais nada menos que o
capo da família Bruschetta.
Dante Tommaso Bruschetta na minha frente.
— Onde pensa que vai levar minha esposa?!
O caminho de volta do hospital foi silencioso, Katharina estava abalada
com o estado de Rebeca. A história de que ela caiu da escada ainda estava mal
explicada, tentei extrair alguma coisa de Dante, mas ele estava abalado demais
para dar qualquer informação.
O problema com o carregamento ainda permanecia em minha mente e
ainda tinha que lidar com Aslan na minha casa. Estaciono o carro na entrada e
Chaise abre a porta para Katharina, que entra sem demora.
Na sala, encontro Lorenzo conversando com Ana e Alesso Gambino.
— Onde está Aslan? — Katharina pergunta à prima.
— Ele foi embora há algumas horas, disse que tinha que resolver
problemas na Rússia e que ligaria para você depois.
Respiro aliviado, mas a expressão de Katharina me confunde. Ela não
grita ou fica brava comigo pela saída do irmão. Na verdade, ela apenas se
despede de Lorenzo e Ana e sobe as escadas sem nem mesmo olhar para trás.
— Lorenzo, leve Alesso para o escritório e me aguarde lá.
Espero os dois saírem para então falar com Ana.
— Ana, peça para Luigi levar o jantar de Katharina no quarto, é bem
provável que ela não vá descer para jantar.
— Pode deixar, eu vou fazer aquela teimosa comer um pouco antes de
dormir.
Deixo-a sozinha e vou direto para o escritório, encontrando Lorenzo e
Alesso me aguardando. Adentro no mesmo e tiro meu paletó. Acendo um
charuto e olho para os dois, sentados na minha frente.
— Quero que comece a me explicar como um carregamento seu foi
apreendido pela polícia federal e pior ainda, como nenhum dos nossos
informantes avisou que a federal está na cola da Cosa Nostra?!
— As coisas estão fora do meu controle, Boss — ele diz, nervoso.
— Como a porra do meu capo perdeu o controle! — Grito, já sem
paciência.
— Não sei como a polícia descobriu sobre o carregamento, doze homens
da família Gambino foram presos e ainda tenho meu consigliere sob custódia.
— Você sabia disso?! — Aponto para Lorenzo.
— Não, chefe, estou sabendo agora, porém já tenho um nome para te dar:
magistrado Giovanni Falcone.
— Quem é esse? — Pergunto, estranhando um juiz estar envolvido com a
apreensão na Cosa Nostra.
— Não tenho muitas informações sobre ele, apenas que o mesmo
coordenou diretamente a operação que apreendeu nossa mercadoria.
— Se alguém abrir a boca, você estará fodido, Alesso.
— Eles estão todos sob juramento da Omertà. — Tenta me convencer
que estamos seguros.
— Isso não garante o silêncio, homens são facilmente corrompidos por
dinheiro,
pela dor ou até mesmo pelo medo.
— Lorenzo, você vai precisar silenciá-los o mais rápido possível. Avise
Daniela que quero um relatório completo para amanhã sobre esse juiz Falcone.
— Sei que falhei com a família, mas Fabrício é meu consigliere e confio
que ele não irá nos entregar — tenta apelar pela vida do seu subordinado.
— Não estamos em posição de pagar para ver. A família sempre virá à
frente de qualquer um, até mesmo de você. — Deixo um aviso claro.
— Nunca falhei com a Cosa Nostra, isso não acontecerá novamente,
alguém me traiu e descobrirei quem foi. Isso é uma promessa, chefe.
— Você falhou comigo, Alesso, um capo que não sabe o que acontece
dentro da sua própria família não tem valor para a Cosa Nostra. Espero que esse
seja seu primeiro e único erro, ou terei que colocar alguém mais competente em
seu lugar.
Termino a reunião já bem tarde, subo para o meu quarto cansado, a luz
está apagada e Katharina dormindo com seus cabelos espalhados pelo
travesseiro, vou direto para o banho, onde deixo a água quente aliviar a tensão
dos meus músculos, depois de um dia cansativo como hoje. Termino meu banho
e saio do banheiro apenas de boxer, deito ao lado de Katharina, que rapidamente
se aninha ao meu peito.
O cheiro dos seus cabelos de alguma maneira me acalma, me pergunto
qual foi o momento que me tornei tão dependente de uma mulher. Uma coisa é
certa: ela é um pouco de luz em meio a toda essa treva. Minha intuição nunca
me enganou e agora eu sinto que vem uma grande tempestade pela frente.
ALESSO
Saio da fortaleza enfurecido, as coisas estavam saindo do meu controle,
foram anos de planejamento, não posso botar tudo a perder agora.
Alguém me traiu e me pergunto quem poderia ter sido capaz de nos
entregar.
Entro no meu carro, partindo em direção à antiga casa do meu sogro, que
agora me pertence, como tudo do infeliz desde que o matei, de lá pra cá venho
trabalhando incansavelmente para conseguir atingir o meu objetivo, que é
assumir o controle da Cosa Nostra. Eu havia me casado com Molly apenas com
um único propósito: me aproximar ainda mais do posto de capo dei capi da Cosa
Nostra.
O atentado com uma bomba no iate do pai dela foi perfeito para eliminar
os três de uma vez. Assim, me tornei o capo da família Luchese, comandando
todo os negócios da América Central, me mudei para Granada, um país quente
do Caribe, de onde comando a punho de ferro toda a organização. Devagar eu fui
conseguindo contatos aliados e agora estou a um passo de conseguir tirar o trono
do poderoso Salvatore Rinna.
Olho para todos os seis novos soldados de joelhos na minha frente com
as mãos amarradas, depois de terem sido devidamente surrados por mim.
O suor escorre do meu rosto, a raiva borbulha dentro de mim, a voz
daquele miserável me humilhando ecoa no meu ouvido, nos últimos dois anos eu
tenho trabalhado mais que qualquer um para ganhar a confiança desse maldito
desgraçado.
— Qual de vocês vai abrir a boca? — Digo, pegando o saco de plástico,
indo em direção ao primeiro da fila.
Balvin segura ele para mim enquanto coloco o saco em sua cabeça, ele
começa a se debater quando oxigênio acaba e seguro forte até ver sangue
escorrer pelo seu nariz, tiro o saco e pergunto. — Você entregou informações
para os tiras?!
— Não, senhor, eu juro — diz chorando, me enojando.
Tiro a pistola e atiro bem na cabeça do verme.
— Sobraram cinco, agora, quem será o próximo?
Três já estavam mortos, só restavam Jean e Vitório. Estava me
aproximando de Jean, quando Vitório levanta o rosto machucado e me chama
atenção.
— Senhor, preciso confessar algo — diz firme e então me viro para ele
— Eu... Eu tenho algo a dizer.
— É melhor que tenha respostas ou você será o próximo a morrer.
— Alguns dias atrás eu saia do alojamento para fumar, quando encontrei
Jean conversando com alguém ao telefone, falava em inglês, acho que ele não
sabia que eu entendia a língua. Na hora eu não dei muita importância, mas agora,
depois do que o senhor falou, eu penso que tudo faz sentido.
— Do que você tá falando, seu mentiroso, eu nunca entregaria a família
Luchese. — Jean grita, tentando avançar em direção a Vitório, mas está
amarrado e não pode.
— Diga o que você ouviu.
— O acordo de delação está pronto, vocês vão me proteger quando ele
for preso, não vão? — Ele perguntou a alguém, mas não consegui ouvir o resto,
pois logo ele me viu e desligou o telefone.
Nossa hora eu tremo de ódio, o cagna estava negociando um acordo para
me prender.
— Espero que a polícia tenha te pagado bem, pois isso vai custar não só
o caralho da sua vida como do bosta do seu irmão e cunhada — sorrio friamente,
dando a sentença. — Leve ele para a fábrica de sal...
— Falo a Balvin, que arrasta Jean enquanto ele grita, implorando que
acreditasse nele — Você, Vitório, será recompensado pela sua lealdade.
Estava sendo fácil demais para ser verdade, porém, o homem olhando
para mim agora me faz acordar e perceber que preciso ter mais cautela se quiser
sair daqui vivo com a garota.
— Onde pensa que vai levar minha esposa?! — Pergunta o chefe da
família Bruschetta.
Olho para ele calculando quanto tempo eu teria para escapar caso desse
um tiro na testa dele com a minha nove milímetros. Entretanto, isso seria
suicídio, ainda mais com os dois seguranças do lado de fora do quarto.
— O doutor Rox pediu que a leve para fazer exames complementares
antes de dar alta à paciente. — Digo calmamente.
Dante olha para mim por um segundo e penso que ele me reconheceu,
mas os óculos, a touca hospital e a máscara ajudam a disfarçar bem minha
aparência.
— Tudo bem, seja rápido, quero levar minha mulher para casa ainda hoje
— diz, indo até a cadeira do lado da cama.
Não perco tempo e saio do quarto rapidamente, andando até o elevador,
empurrando a maca, mas ao invés de subir para o andar dos exames eu desço
com a maca para o subsolo, onde fica o estacionamento.
— Vocês têm dois minutos para sair daí — fala meu parceiro que vigia as
câmeras.
Logo chego à garagem onde a ambulância já me aguarda.
— Vamos rápido ou não sairemos mais daqui — diz Godoy, me ajudando
a prender a maca de Rebeca.
Decido ir atrás com ela, cuidando para que ela não acorde ao menos até
estarmos no jatinho. Saímos do hospital sem chamar atenção, não sei quanto
tempo se passa, mas logo estamos em uma pista de embarque clandestina, o
jatinho é pequeno, mas suficiente para acomodar todos os homens que me
acompanham nessa missão.
Godoy não embarca conosco para a Rússia, ele será meus olhos e
ouvidos aqui na Itália e vai ficar de olho em Dante Tommaso Bruschetta, assim
eu seria avisado caso ele descobrisse o paradeiro de Rebeca.
Seis horas depois estávamos pousando em solo russo, tive que aplicar
mais uma dose de calmante em Rebeca, pois se ela acordasse no meio do voo
poderíamos ter problemas. Confesso que só pude me tranquilizar quando o
jatinho pousou.
Pego Rebeca no, cobrindo-a com um cobertor quente e a levo para o
carro. Meus homens iriam para Moscou e apenas Vladmir ficaria comigo até
chegarmos em Nordisk.
Os anestésicos logo perderiam o efeito e ela abriria os olhos, confesso
que estou ansioso para saber que cor são os seus olhos.
— Para onde vamos, senhor?
— Dirija até Nordisk, Vladmir, de lá você volta para Moscou com o meu
carro. Avise meu pai que ficarei isolado por um tempo.
A cidade de Nordisk é uma cidade bem afastada da capital, uma das mais
frias da Rússia e é famosa por ter seis semanas sem luz do sol devido às grandes
nevascas no inverno, o lugar ideal para esconder Rebeca. Como mantenho um
chalé de caça perto da montanha, ninguém irá desconfiar caso eu simplesmente
fique um tempo por lá, já que costumo ir para relaxar duas vezes ao ano. Apenas
meu pai e Katharina conhecem esse lugar. O aquecedor do carro nos protege do
frio lá de fora, estávamos no carro a mais de três horas sem parar nem mesmo
para comer, envio uma mensagem para Ana avisando que já estamos na Rússia,
para que ela tranquilize minha irmã. Rebeca geme, pisca os olhos duas vezes e
então olha para mim.
— Quem é você, onde estou? — Pergunta com a voz trêmula, assustada,
se afastando de mim.
— Não tenha medo de mim, estou aqui para te ajudar.
— Pare esse carro! — ela grita, assustada.
— Calma, você está segura, sou Aslan, irmão de Katharina.
— Katharina, onde estou? Dante... — Coloca a mão na cabeça como se
sentisse dor e na barriga, parecendo se lembrar de algo e começa a chorar.
— Você está segura, ele não vai mais te machucar, estamos na Rússia,
indo para um lugar afastado onde vai poder se recuperar em segurança.
Ela fecha os olhos e desmaia novamente. Fico preocupado com seu
estado de saúde, não precisa ser nenhum gênio para perceber que ela foi
espancada, já que está coberta de hematomas.
Enrolo o cobertor nela e quando o carro para na frente da cabana, fico
mais tranquilo, pois agora poderei cuidar dela em segurança. Assim que ela
estiver bem, poderá seguir sua vida longe do cherv.
Acordo sentindo meu corpo quente, abro meus olhos e me vejo deitada
sobre o peito de Dimitri, seus leves pelos escuros roçando meus seios, que
estavam duros pelo contato. Seus cabelos bagunçados enquanto dorme dão a ele
um ar sexy quase predatório e me vejo admirando seu rosto perfeito.
Como pode ser tão bonito e ao mesmo tempo tão mortal?
Decido me levantar e me preparar para o que irá acontecer mais tarde.
À uma hora dessas Aslan já deve ter tirado Rebeca do hospital, quase não
dormi ontem de tanta preocupação, não só com ela, mas com o meu irmão
também. Vou direto para o banheiro fazer a minha higiene, lavo o meu rosto e
me procuro me tranquilizar, pensando que tudo daria certo e logo eles estariam
longe daqui.
Tomo um banho rápido, sem molhar o cabelo e saio do banheiro, indo
direto para o closet. O closet é enorme e acompanha a mesma decoração do
quarto, em tons de preto e madeira. Deixo a toalha sobre o grande pufe no centro
do closet e abro a gaveta de calcinha, escolhendo uma peça cinza, como também
o sutiã do conjunto.
Fecho a gaveta e sou surpreendida pelos braços de Dimitri me cercando.
— Acordou cedo, bella mia — diz, cheirando meu pescoço e um arrepio
sobe pelo meu corpo.
— Na verdade eu acho que você é que dormiu demais — respondo, me
virando de frente para ele.
— Você poderia ter me acordado para tomarmos banho juntos, bella mia.
— Fala enquanto sua mão percorre meu ombro, onde não me sequei por
completo.
— Acho que não teríamos tomado banho se tivesse te acordado, você
sabe que precisamos conversar sobre Rebeca, não sabe? — pergunto e, para
provocar, círculo seu pescoço com minhas mãos, puxando de leve seu cabelo.
— Eu tenho certeza que podemos deixar essa conversa para depois —
Fala, beijando meu pescoço.
Nesse momento, já tinha perdido a linha de raciocínio, ainda mais nua
com um homem desse só de boxer beijando meu pescoço. Viro meu rosto para
ele e o beijo de maneira furiosa, com raiva dele por me fazer desejá-lo tanto,
com ódio de mim mesma por ser seduzida por uma maldita besta.
Nossas línguas duelam uma batalha perdida, minhas mãos vão para seu
peito, onde o arranho. A traidora da minha boceta já está escorregaria, piscando
apenas com o seu beijo.
Me abaixo sem tirar os olhos dos seus, descendo sua boxer, sorrindo e
toco seu pau. Dimitri segura à porta de espelho do closet, gemendo quando
arrasto minha língua lentamente pelo seu cumprimento. E o levo profundamente
na minha garganta, fazendo ele fechar os olhos, alucinado. A sensação de ter seu
pau é puro poder, seu olhar sobre mim me deixa louca. Ele pode ser o Boss, mas
quando estou chupando-o, o poder é todo meu. Sorrio, dando um beijo na
cabecinha e comecei a punhetar ele devagar. Dimitri morde os lábios e não tira
os olhos escuros de mim. Aperto meus lábios na cabecinha, fazendo movimento
de sucção e com as mãos massageio de leve suas bolas pesadas. Seu pau estava
escorrendo de tão molhado.
— Caralho, desse jeito eu vou encher essa boquinha de porra!! — Diz
rouco, puxando meu cabelo.
Começo a mamar com vontade, relaxando minha garganta para levá-lo o
mais fundo possível enquanto deslizo a língua da base do pau dele até a cabeça
avantajada, ele tem um pau maravilhoso, é difícil resistir.
— Isso, assim, safada — diz, dando um tapa de leve na minha cara, me
deixando ainda mais excitada.
Chupo que nem sorvete, punheto ele com a minha boquinha, engolindo
só a cabeça do pau, Dimitri não aguenta e começa a gozar, rugindo feito uma
fera. Sinto os jatos na minha boca e não me faço de rogada, bebo tudo, sorrindo
ao observar seu olhar feroz em minha direção.
— Você foi perfeita, bella mia, agora é minha vez de brincar com você
— diz, me roubando um beijo para logo em seguida sair do closet entrar no
calabouço.
Respiro fundo, excitada com a expectativa do que ele faria, Dimitri
rapidamente volta e eu posso admirar o belo espécime de macho à minha frente.
Em uma de suas mãos posso ver uma vareta com uma ponta arredondada
e na outra pequenos acessórios de metal com correntes finas interligadas.
— Está pronta?! — Diz com um sorriso predatório nos lábios.
— Sim — gemo baixinho.
— Qual a palavra segura, bella mia?
— Libertá — exclamo e ele me beija de leve.
— Ontem eu castiguei muito essa sua bunda linda, hoje você está livre de
uma sessão de spanking. Mas, isso não significa que não podemos nos divertir
um pouco. — Fala com os olhos vidrados nos meus seios, que estão duros.
Dimitri desce seus lábios para meus seios, chupando de leve, fazendo-me
contorcer, prende o que parecem ser prendedores e gemo alto pela pressão, ele
faz o mesmo com o outro e então me contorço pela dor intensa misturada com o
tesão do que ele está fazendo.
— Esses são grampos para iniciantes, logo estarei usando os com
pequenos pesos — explica e prende uma corrente entre eles.
Ele me puxa até o pufe no meio do closet e me faz ficar de pé, com a
bunda inclinada para ele. Suas mãos acariciam minha pele, me levando ao
delírio, sinto ele tocar as marcas na minha bunda com carinho, admiração e até
mesmo orgulho.
Sinto seu pau duro encostado na minha bunda e começo a rebolar, me
esfregando.
Dimitri puxa os prendedores e eu gemo de dor, então seu pau entra de
uma vez na minha boceta.
— Mais rápido, por favor — peço gemendo quando ele coloca a ponta
daquela vareta no meu clitóris e sinto-a vibrar.
— Ohhhh, eu vou gozar — grito e sinto ele puxar a cordinha dos
grampos.
— Você me deixa louco, amore mio, não imagina os planos que tenho
para nós dois hoje à noite.
— Não para, por favor — imploro e ele volta a golpear seu pau na minha
boceta, por trás.
Suor escorre pelo meu corpo, eu estava tremendo quando outro orgasmo
me faz bambear. Dimitri me ajeita antes que eu caia, me colocando totalmente de
quatro para ele. Nessa posição eu posso sentir seu pau me arrombando.
A cada golpe eu gritava feito louca com suas estocadas ferozes, ele solta
a varinha e puxa meu cabelo, apoiando meu rosto no pufe, me deixando ainda
mais curvada para ele.
— Mais, não para. — Imploro para ele de novo, sem nenhum pudor.
Dimitri parece uma besta feroz devorando sua presa, eu já tinha perdido
todo o controle sobre o meu corpo, estava me retorcendo inteira de prazer. Ele
tira o pau só para então meter novamente, desta vez mais fundo. Era possível
ouvir o som que nossos corpos faziam ao se chocar, Dimitri continua o vai e vem
até encontrar sua libertação dentro de mim. Eu gozo tão forte que desabo sobre o
pufe, com dificuldade de sentir minhas pernas.
Depois da discussão que tive com Katharina de manhã, vim direto para a
sede, cheio de problemas para resolver. Estava tudo indo bem, até o maledeto do
Dante jogar um balde de água fria. Luana, minha nova assistente, tenta dar conta
da minha agenda corrida e ser eficiente como Natasha era, porém, a garota é toda
atrapalhada e não pode me ver que começa a tremer de medo, pelo menos ela
serviu para enviar as flores que pedi para Katharina.
Não sou o tipo de homem sentimental, que compra flores para mulher,
porém, se tem uma coisa que eu sei é que quando uma mulher está puta com
você o máximo que vai conseguir dela à noite é um travesseiro e um sofá na
sala. Só contratei Luana porque Juliano pediu para que desse uma chance a sua
afilhada, que acabou de se formar.
Lorenzo passa a manhã toda com Dante no aeroporto e no Porto tentando
descobrir se Rebeca saiu da cidade, até cheguei a desconfiar que Aslan tivesse
por trás disso, mas ele saiu da Sicília muito antes da fuga de Rebeca, o que me
leva a pensar que talvez Katharina esteja falando a verdade sobre não ter ajudado
Rebeca a fugir, e a hipótese de ela ter sido sequestrada por nossos inimigos
parece muito válida.
Alesso conseguiu descobrir quem é o traidor dentro da família Gambino,
o merda já virou comida de piranha, mas ainda precisamos investigar melhor e
descobrir se a polícia tem outros infiltrados.
— Vamos, Daniela, não tenho todo o tempo do mundo para essa porra —
digo à minha hacker, que tecla no seu notebook sem piscar.
— Espera aí, espera aí, consegui — diz ela, batendo palmas.
— Vamos, diga logo, também quero saber quem é esse defunto que
ousou nos enfrentar — diz Vicenzo, sentado na mesa de reunião junto com Vito
Genovese.
— Giovane Falcone, cinquenta e três anos, ex-militar condecorado, juiz
criminal casado com Francesca Falcone, tem apenas uma filha, que estuda nos
Estados Unidos. Se mudou para Palermo há três anos, após uma carreira
inabalável de juiz implacável em Roma. Está neste momento trabalhando em
conjunto com a polícia federal e outro magistrado. Consegui as câmeras da rua
onde ele mora, assim como do ministério público onde ele trabalha. Não
consegui grampear o celular dele, mas podemos colocar uma escuta no seu carro
ou no escritório.
— Reparei que a agenda eletrônica dele está bem cheia, mas dois nomes
me chamaram atenção: um é da ex-detetive Gabriela Meireles, ela é a mesma
que mandamos demitir após o acerto de contas com o Calvatário. E o outro é o
seu colega de magistério Paolo Borsellino, eles estão todos juntos, tramando
contra a Cosa Nostra — diz Juliano Sacra.
— O que mais tem sobre ele?
— Em uma entrevista para o jornal Avvenire ele fez grandes críticas ao
governador Nello Masumeri sobre sua falta de ação no combate do aumento da
criminalidade na Sicília.
— Um inimigo declarado da Cosa Nostra, precisamos eliminá-lo. — Diz
Vicenzo.
— Vou mandar meus homens o seguirem e armaremos a melhor maneira
de acabar com ele sem levantar suspeita para a Cosa Nostra. — Fala Vito.
— Ainda tem a detetive e o outro juiz. Vicenzo, ligue para Giovanni
Brusca e diga a ele que a missão dele é eliminar esses outros dois sem deixar
suspeitas.
— Certo — ele assente, se levantando para sair da sala.
— Espere, vocês não vão gostar de ver isso — alerta Daniela, ainda
digitando no seu notebook.
O painel da sala de reunião se levanta e logo Daniela muda a tela,
focando em uma coletiva de imprensa.
— A luta contra o crime organizado na Itália ganha um novo destaque no
dia de hoje, estamos aqui para a coletiva de imprensa que dará um novo rumo à
luta antimáfia na Itália. — O apresentador fala. — Com a palavra, juiz Giovane
Falcone.
— Boa tarde a todos, como sabem dediquei anos da minha vida na minha
carreira militar para proteger a pátria que amo, a minha querida Itália. Porém, em
meio aos tempos de paz a Itália vive um problema ainda maior que a guerra, um
câncer que vem sugando todas nossas riquezas, afundando nosso país em um
mundo de criminalidade e dor — O juiz diz duramente, de maneira corajosa.
— Chega de sermos reféns da extorsão, do medo, do crime. A Cosa
Nostra não é a dona da Itália e não governará mais nossas vidas, a operação
antimáfia colocará um por um dos seus chefes atrás das grandes, dando fim a
esse império de tortura e violência.
Os repórteres ficam todos em choque com suas palavras, uma chuva de
flashes dispara, estou apertando tão forte o braço da minha cadeira que sinto o
couro se romper.
— Declaro guerra aos mafiosos a todo o clã Corleonese, guerra a Cosa
Nostra!!
— Quero a cabeça desse juiz!! — dou a sentença.
Com paciência, analiso minuciosamente as duas, até ver uma delas dizer
que iria ao banheiro, espero que a ruiva a acompanhe, mas eu estava com sorte,
ela não o faz, seria mais fácil do que esperei. Espero ela entrar no corredor, deixo
o dinheiro sobre a mesa e acompanho de longe pelo corredor que leva aos
banheiros e uma saída lateral. Ela quase abre a porta do banheiro quando a
empurro para a lateral, fazendo-a tropeçar, por sorte o corredor estava vazio e
escuro o suficiente para que ninguém note enquanto eu aplico a seringa com
tranquilizante em seu pescoço.
Ela cambaleia, mas não apaga de uma vez, não, ela fica desorientada e
pode sentir o que aconteceria, mas não consegue lutar. Saio com ela pela saída
lateral sem que ninguém se desse conta do que estava acontecendo. Jogo seu
corpo semi-consciente no banco de trás, ouvindo-a balbuciar palavras
desconexas.
— Por que está fazendo isso... onde...
Quando entramos no apartamento, eu a arrasto até o quarto, ela está tão
mole que tropeça no tapete, bagunçando todo o cabelo. Seus olhos são azuis
como os dela, sua boca é rosada, eu não resisto e aperto-a contra a parede,
mordendo seu lábio.
Ela geme de dor, mas não consegue me afastar. Ela é diferente das outras,
eu quero fode-la, quero marca-la. Quando passamos pela porta do quarto, a pego
no colo e a jogo na cama com força. Me livro das minhas roupas e ela começou a
chorar, assustada.
— Preciso ir embora, quero voltar pra casa... — fala enquanto se
encolhe.
O tesão bate em mim, junto com ele uma fúria animal, se eu fechar os
olhos eu posso ver aqui àquela que pertence unicamente a mim. O desejo está
tomando conta do meu corpo inteiro!! Puxo suas pernas e com o punhal corto
seu vestido, deixando-a apenas de calcinha e sutiã. A puta tenta se soltar, mas eu
abro suas pernas.
Ela chora ao sentir a faca arranhar seu seio, mas seu choro não me
comove.
Abro ainda mais suas pernas, deixando-a bem arreganhada e entro com
tudo em sua boceta. A vadia grita alto de dor, então eu percebo que ela é mais
puta que imaginei, a vagabunda já não era mais virgem. Começo a socar meu
pau com força, tentando aplacar a fúria que transborda e a dor que queima em
minha alma.
Ela geme alto, gritando enquanto eu seguro seus braços brutalmente e
meto sem dó, estou com raiva, com ódio e coloco dentro dela toda a minha
frustração. A cama começa a bater contra a parede, eu puxo seu cabelo,
erguendo-a para que ela fique de quatro sobre a cama. Então começo a bater na
desgraçada enchendo-a de tapas em suas costas inteiras e sua bunda pálida.
— Não... não — ela tenta implorar, mas eu não dou ouvidos, vou
metendo sem dó e uso meus dedos no seu rabo. Sem me importar com a dor que
ela sentiria, tiro meu pau da sua boceta e enfio em uma estocada metade do meu
pau no cuzinho dela. Ela grita alto, implorando para que eu pare, mas isso
apenas me enfurece, puxo seu cabelo com força.
— Tá com dor, puta, quem mandou ficar se oferecendo? Agora está
ganhando o que merece, desgraçada.
Soco com gosto naquele rabo, o esfolando. Sou tomado por uma
overdose de luxúria e depravação. Meu pau, a essa altura, está pronto para gozar,
mas é quando ela desaba na cama que me descontrolo. A filha da puta não
consegue manter as pernas firmes e desmorona. Giro seu corpo, olhando para
seu rosto vermelho, cheio de lágrimas e fico enfurecido. Aperto seu pescoço por
trás com uma de minhas mãos e gozo, gozo tão forte que minhas pernas falham.
Ela já está roxa e sem ar, porém eu não quero que ela morra, não ainda. Solto seu
pescoço e pego o punhal caído no chão, sorrio olhando para a putinha com seus
cabelos loiros todos bagunçados, os seus olhos azuis em pânico e vermelhos
pelas lágrimas e deslizo a faca pela sua garganta para acabar com sua vida
maldita.
O sangue transborda pelo lençol fico encantando, vendo seus cabelos
loiros sendo tingidos de sangue, o prazer que ela me dá é tão intenso que mal
consigo explicar, me sento na poltrona de frente para a cama, nu, com o corpo
coberto de suor e sangue, com o punhal de prata cravejado de pedras preciosas
na mão.
— Precisa ficar calma, senão vai dar na cara que está envolvida na fuga
da moça. — Aconselha Ana sentada ao meu lado na estufa enquanto eu mexo
nas rosas para me tranquilizar.
— Se Dimitri desconfiar que mandei Aslan ajudar a Rebeca, estou
fodida, ele já está puto com meu irmão, tenho medo que isso acabe gerando uma
guerra.
— Aslan está seguro, você mesma disse que onde ele está é impossível
rastreá-lo — diz Ana, tentando me acalmar.
— Mas ele não vai ficar lá para sempre, se algo der errado, eu conheço
Dimitri, ele não acreditou em uma palavra que eu disse.
— Então seja esperta, use a sua melhor carta contra a besta, minha
amiga.
— Que carta, Ana, você não vê que eu estou fodida se ele descobrir o
que eu fiz?
— Ah, Katharina, para de ser ansiosa, tudo vai dar certo. E outra, o
bonitão está caidinho por você, ele não fará nada contra você, amiga.
— Lá vem você com essa história de paixão, acho que esse seu romance
com o professor está afetando a sua mente e você começou a ver sentimentos
onde não existem.
— Ah, minha prima, você não sabe de nada — ela fala com um sorriso
bobo nos lábios.
— Me conta logo —exijo, abrindo a boca quando vejo seu olhar
encantado.
— Como eu vou explicar, aí... Não me olha assim, fico envergonhada —
diz, ficando vermelha.
— Fala de uma vez, sua safada, me fez contar tudo entre mim e Dimitri e
agora vem com esse mistério?
— Está bem, já que fica insistindo... Bem, eu e Fred fizemos amor —
fala corando.
— Não acredito, meu Deus Ana, como isso aconteceu?!
— Eu consegui convencer meu pai a me deixar dormir na casa da minha
amiga Francine e claro que ele colocou os pitbulls dele na porta para me vigiar,
mas Francine me emprestou o carro do irmão para que eu saísse com Fred. Eu
usei um sobretudo masculino e como ninguém notou quem eu era ao sair, eu fui
para casa do Fred, então uma coisa levou à outra e tive a noite mais maravilhosa
da minha vida.
— Eu queria ficar feliz por você, mas isso é tão complicado, você sabe
que uma hora ou outra meu tio vai acabar arrumando um casamento para você.
— Eu sei, eu sei, mas eu quero ter apenas uma lembrança feliz quando a
minha vida for roubada de mim. — Diz, deixando uma lágrima escorre.
— Eu te entendo, só tenho medo de que acabe machucada.
Passo o dia com minha melhor amiga e prima, é maravilhoso ter alguém
para desabafar e aliviar toda essa pressão que venho carregando, almoçamos
sozinhas, já que nenhum dos irmãos Rinna aparece na casa.
No meio da tarde, Chaise entra na biblioteca carregando um lindo buquê
de rosas vermelhas. — São para a senhora — diz ele, entregando as flores e me
deixando chocada.
— E ainda diz que ele não está caidinho — debocha Ana, rindo assim
que Chaise nos deixa sozinhas.
Abro o envelope e tiro um tecido fino de renda vermelho, uma calcinha
bem pequena com uma simples ordem.
— Quero que use essa noite.
— Gente, como esse boy italiano é safadinho — diz Ana, rindo da minha
cara desconcertada. — Bom, vou aproveitar que você estará muito ocupada para
me fazer companhia essa noite e vou jantar com aquela minha amiga do
intercâmbio, a Hillary, devo uma para ela depois dela ter conseguido o celular
para você.
— Verdade, agradeça a ela por mim e se divirta — falo, olhando para as
rosas vermelhas no meu colo.
Ana sobe para o quarto enquanto eu vou para a cozinha escolher um vaso
bem bonito para as minhas flores.
Termino de me maquiar e fecho o zíper da minha bota de cano longo
preta, de couro, o vestido branco justo está grudado no meu corpo. Me olho no
espelho e me sinto poderosa.
O colar de diamantes está no meu pescoço dando um aspecto elegante e
sensual.
— Nossa, você está um arraso — elogia Ana ao entrar no quarto.
— Avise o Luigi para mim que quando Dimitri chegar é para deixar claro
que não irei jantar em lugar algum com ele.
— Dimitri vai morrer quando te ver. — Fala sorrindo.
— Assim espero, se não podemos vencer o inimigo juntamo-nos a ele.
— Inimigo, sei. Um inimigo que te devora toda noite, não é, safada?! —
diz, saindo.
Apago as luzes do quarto e vou direto para o calabouço. Deixo as luzes
baixas e uma leve canção tocando.
"Camila Cabelo - This Love".
Me sento na sua poltrona de couro e espero a sua chegada. Não demora
nem meia hora para ouvir seus passos pelo quarto para em seguida a porta do
calabouço se abrir e lá está ele, usando seu tradicional terno preto, barba cerrada
e postura intimidadora olhando para mim como se eu fosse uma obra de arte em
exibição.
— Você gosta de ser uma brat teimosa, não gosta, sua provocadora?! —
ele rosna, abrindo o paletó e o jogando sobre um banco de couro.
— Você gostou da surpresinha, Boss?
— Vou gostar mais ainda quando ver o que você está usando por baixo
desse vestido — Diz, se aproximando feito uma fera selvagem — Você é uma
tentação, amore mio! — Sussurra enquanto morde meu pescoço, totalmente
descontrolado.
— As rosas e esse outro presentinho aqui — digo abrindo o zíper da
frente do vestido deixando-o cair no chão.
Dimitri não perde mais tempo, me puxa para os seus braços, me
pressionando contra a parede de rocha e me beija brutalmente, devorando minha
boca.
— Você vai me pagar por ficar me provocando dessa maneira, bella rosa!
— Dá um tapa na minha bunda enquanto me coloca no chão.
— Eu vou adorar pagar, Boss...
Ele nem me responde, vai logo me mordendo e beijando meus lábios,
grudando meu corpo ao dele.
— Você vai aprender tudo dentro deste quarto, vai ficar tão viciada em
ser dominada, que vai implorar para que eu a arraste para cá. — Morde minha
orelha, chupando em seguida.
Vamos direto para o cavalete, ele me coloca de bruços e faz questão de
esbofetear minha bunda coberta pela pequena calcinha.
— Eu poderia surrar essa sua bunda linda a noite toda, mas sua pele
precisa se recuperar primeiro, por hoje te ensinarei que existem outras formas de
dor sem ser spanking. Lembra sua palavra segura?
— Sim — digo, já pronta para gozar apenas com seu tom de voz ríspido
e suas mãos me prendendo no cavalete.
— A próxima vez que encontrá-la aqui no calabouço, quero vê-la nua, de
joelhos, me esperando.
— Aí você já pediu demais — Debocho da ordem e ele puxa meu cabelo
para trás, mordendo meu pescoço.
— Não me provoca, amore mio. — Diz, com seus dedos escorregando
pela lateral da calcinha.
— Eu só falo a verdade, Boss.
Rosno, trincando os dentes quando ele toca minha boceta por baixo do
tecido, que pinga de tesão.
— Vou precisar te corrigir, te ensinar a ser uma cadelinha obediente. —
Sorrio com sua provocação.
Se ele quiser uma cadela vá procurar em algum canil.
— Faça o que tem que fazer, Boss. — Falo, gemendo quando ele tira os
dedos na minha boceta.
Dimitri me levanta do cavalete e me faz deitar na cama, depois pega algo
na gaveta. Um pedaço de pano preto, uma venda talvez. Então abre a segunda
gaveta, onde ficam as algemas e mordaças, tira uma algema vermelha de couro e
prende meus pulsos. Usa a tira de tecido para me vendar.
Sinto meus seios duros de tesão só com a expectativa do que ele vai
fazer, ao mesmo tempo fico apreensiva por não enxergar nada.
— Eu posso sentir o seu cheiro doce, mas nem pense em gozar enquanto
eu não ordenar, está ouvindo? — fala mordendo um dedo do meu pé.
— Ok. — Respondo, já com minha calcinha como um lago.
Sinto-o se afastar e se posicionar em cima de mim, a venda não permite
que o veja. Dimitri toca meus seios e rasga a pobre calcinha. Mais uma para
coleção.
— Ela era linda, mas estava atrapalhando a minha visão.
Sinto ele subindo novamente na cama e um cheiro gostoso toma conta do
ambiente. Eu penso que ele vai me beijar, mas ao invés disso, sinto o pau
gostoso dele, já duro pela minha boca, no meu rosto, pulsando, rígido do jeito
que eu gosto.
— Chupa gostoso o seu dono. — Ele manda.
Eu sedenta, obedeço
— Sem as mãos.
Me sinto diferente, eu quero tocá-lo, quero senti-lo, mas não posso. A
venda faz com que meus outros sentidos fiquem aguçados e me deixa nervosa.
Eu começo a lamber e a chupar seu pau, esta posição é desconfortável,
mas eu tento colocar todo o pau em minha boca. Quando começo a chupar, ele
me segura pelos cabelos e me faz mexer a cabeça vigorosamente.
— Gostosa, chupa tudo! — Diz firme, todo dominante.
Eu sinto Dimitri pulsar em um entra e sai, fodendo minha boca. Porém
antes que ele goze, Dimitri se afasta e ouço ele andar pelo quarto, me deixando
frustrada. Eu não vou gozar, quero tocá-lo, senti-lo. Não demora muito para ele
voltar e subir em cima de mim outra vez, tomando meus seios em suas mãos, ele
aperta os mamilos com os dedos, mordiscando-os, deixando-os duros e
empinados. Então eu grito com o susto ao sentir algo quente ser pingado no meu
bico, posso sentir o cheiro e o calor da vela percorrer meu corpo. Curiosamente,
o calor queima, mas também é gostoso.
— Droga, Dimitri, o que você está fazendo? Tira essa venda. — Falo,
tentando me soltar.
— Quietinha, agora você vai sofrer para aprender a não me provocar. —
diz ele beijando a minha boca, porém antes que o beijo possa aprofundar sinto
um tapa forte na minha intimidade.
Eu estou ficando louca de desejo e quero que ele me foda agora! Quero
começar a sentir seu pau penetrar minha boceta molhada, mas ele não me fode, o
desgraçado me tortura.
— Ah... fode-me de uma vez Boss, eu quero te sentir dentro de mim. —
Eu imploro.
Ele pega mais vela, abre minhas pernas e sinto as gotas queimarem,
arderem, filho da puta!
Não tenho tempo de processar porque logo sinto seu pau dentro de mim.
Arqueio as costas pelo choque da invasão.
— Ahhh! — grito.
Meu corpo está em chamas.
— Safada, queria me provocar, não é?! — Ele rosna mordendo os bicos
dos meus seios.
— Oh sim, sim, me fode! Me come! Não aguento mais! — Grito de
prazer, gozando forte.
A cama fica completamente molhada com meu gozo e suor.
Dimitri me pega pelos quadris, me erguendo, para logo em seguida
empurrar o pau dentro de mim com força e começar a dar estocadas ferozes.
Levanta minhas pernas e me abre todinha. Com a mão, tortura meu clitóris.
Alternando estocadas fortes, afundando todo seu pau enorme dentro mim,
continua lento e, em seguida, rápido. De repente, me pega e me coloca de quatro
na cama, ainda com as mãos amarradas para trás e começa a massagear minha
bunda.
Ele me faz chupar seu dedo e então o usa para massagear a minha entrada
anal, um arrepio percorre minha coluna e sinto ele me invadir devagar com
apenas um dedo, seu pau ainda está dentro de mim, me fazendo gemer. Sinto-me
completamente possuída, amarrada, com os olhos vendados com seu pau me
fodendo por trás e seu dedo me castigando.
As estocadas não diminuem, ele começa a foder minha bunda com seu
dedo e eu finalmente explodo em um orgasmo violento.
— Ah, safada, você gozou novamente sem a minha autorização! — Diz e
acelera as arremetidas, tirando o dedo da minha entrada.
Fecho os olhos gritando quando Dimitri puxa meu cabelo, que já se
estava molhado e para trás, inclinando meu pescoço para ele, beijando minha
boca, mordendo meus lábios de leve. Senti-lo dentro de mim era indescritível,
com a mão livre ele massageia meu clitóris, eu não suporto e grito alto de tanto
prazer.
Tremo, arrepiada com o novo orgasmo devastador. Ele soca por mais um
tempo e logo em seguida goza rudemente, me ensopando com seu gozo.
Sou levada até a região mais pobre de Palermo, Lorenzo nos acompanha
em outro carro, junto com Augustos, eu passo o caminho todo chorando,
querendo acreditar que houve um maldito erro e que não foi Ana que morreu,
mas sim alguém parecida com ela.
O carro estaciona e podemos perceber a quantidade de viaturas da
polícia. O que me deixa ainda mais nervosa. Dimitri segura minha mão, me
dando força.
— Senhor Rinna — fala o chefe de polícia, cumprimentando Dimitri, que
aperta sua mão.
— Minha esposa gostaria de ver a prima.
— A cena ainda não foi totalmente analisada pelos peritos, receio que
não poderei deixar sua senhora entrar.
— Você não entendeu, eu disse que minha esposa quer ver a prima! —
Diz, mostrando quem está no comando aqui.
— Claro, claro — diz o homem, com medo e nos indica a entrada do que
parece ser um beco.
Alguns polícias olham para nós com espanto por não entender o que civis
fazem na cena de um assassinato, ainda estou sem entender o que Ana faz nesse
lugar e porque alguém a mataria. Caminho em direção ao beco sujo, no pior
bairro de Palermo com Lorenzo e Augustos marcando o perímetro de segurança,
fitas amarelas marcam todo o local.
Uma lixeira fedendo faz meu nariz arder ao entrar no beco, mais dois
passos à frente e vejo o que jamais imaginei ver. O corpo de Ana, minha prima,
estirado no chão, nua e sem vida. Caminho em sua direção e paraliso.
— Não toque nela — diz Dimitri, porém eu não respondo, nem mesmo
respiro e fico olhando para ela, cada mínimo detalhe do seu corpo, seus cabelos
loiros cheios de sangue e seu corpo mutilado por um animal cruel.
Dou dois passos para trás para conseguir ler o que está escrito no chão
com o sangue de Ana. "La Besta"
Minhas mãos começam a tremer, eu olho para o nome na parede e não
posso acreditar. Dimitri me abraça, mas me esquivo do seu toque com o corpo
totalmente anestesiado.
— Quem fez isso? — Pergunto olhando para o corte no peito da Ana.
O mesmo que Dimitri fez em um homem que nos perseguiu de carro.
— Não pode ser, não tem como — falo em voz alta e então olho para ele,
concentrado na cena do crime.
— Quem fez isso?! — Pergunto, não querendo acreditar que ele tem algo
a ver com isso.
Não pode ser, não pode, não faz sentido já que ele estava comigo, porém
todos os indícios levam a ele.
— Eu vou descobrir!
Passo por ele, indo até o chefe de polícia. Não há mais nada que eu
precise ver naquele beco, Ana se foi e nada que eu faça pode trazê-la de volta, o
que me resta é o desejo por vingança.
— Vocês têm pistas de quem fez isso com Ana? — Pergunto ao chefe de
polícia.
— Ao que tudo indica ela foi mais uma das vítimas do serial killer alto
denominado como besta.
O policial conta que não foram encontradas digitais, o que demonstra que
o assassino é inteligente o bastante para limpar a cena do crime, outra coisa que
me chama atenção é o fato de a arma do crime ser um punhal ou faca de prata de
tamanho médio.
— Vamos logo nesse jantar! — Fala Dimitri de cara fechada, assim que
pego minha bolsa, pronta pra sair sozinha.
— Se não quiser ir, posso muito bem ir sozinha!
— Não estou com humor pra brigar hoje, Katharina, — fala,
estranhamente tenso depois da saída da mulher e de Vicenzo.
— Você está bem? — pergunto, estranhando sua tensão.
— Preciso de um pouco de ar fresco e também prometi te levar para
comer no melhor restaurante de Palermo, não é?
— O que está acontecendo?
— Nada que deva se preocupar — ele insiste em não me contar, me
irritando.
— Pensei que confiaria em mim depois de tanto tempo.
Dimitri respira fundo e abre a porta da frente para que eu passe.
— Eu confio em você, Katharina, só não quero estragar o resto da noite
com problemas da Cosa Nostra.
— Tudo bem — desisto, o acompanhando até uma Harley-Davidson V
Rod.
— Gostou? — Ele pergunta, apontando para a moto.
— Vou gostar ainda mais se você deixar eu pilotar.
— Nem pensar, engraçadinha, não quero sofrer nenhum acidente antes de
chegar no restaurante — fala, me entregando o capacete.
— Machista, aposto que piloto melhor do que você — reclamo
emburrada enquanto ele apenas ri, me fazendo sentir uma coisa estranha no
peito.
É tão estranho ver Dimitri sorrindo, não tem como negar que ele fica
ainda mais bonito quando sorri.
— Vamos, bella mia, a noite é apenas uma criança. — Fala ele, ligando a
moto.
Olho para o lado e vejo Augustos, segurança de Dimitri, entrar no carro
que nos seguirá junto com Chaise e outros três soldados. Subo na moto e seguro
firme na cintura de Dimitri enquanto ele acelera, atravessando os portões da
fortaleza.
Depois do beijo entre Rebeca e eu, ela ficou um pouco mais retraída,
porém aos poucos eu venho mostrando a ela que pode confiar em mim.
Ela é uma garota especial, o pouco tempo que estou ao lado dela já
percebi isso e me vejo mais e mais encantado pelo meu doce anjo.
— Posso saber o que tanto escreve aí? — Pergunto ao vê-la tão
concentrada em um caderno de anotações.
— Bem, não é nada importante, é só umas besteiras minhas — ela fala,
toda tímida.
Eu fico louco quando vejo seu olhar envergonhado, ultimamente estou
adorando vê-la assim, principalmente quando ando pela pequena cabana sem
camisa.
— Se diz respeito a você, para mim é importante.
— É um roteiro para quando eu for embora, quando estiver livre do
monstro do Dante. Apenas a simples menção dela ir embora me traz um gosto
amargo à boca.
— E qual será o primeiro lugar que pretende ir ao sair da Rússia?
— Ainda não decidi, estou em dúvida entre a Argentina e Panamá. — Ela
fala e tudo que consigo pensar é que em pouco tempo ela estará longe de mim.
— Você merece recomeçar sua vida e ser feliz, Rebeca — falo,
acariciando seu rosto e ela fecha os olhos.
Sinto que ela quer que eu a beije, porém me afasto e decido não fazer
nada, não até que ela venha até mim.
— Eu quero te mostrar uma coisa lá fora.
— Sério, nesse frio, lá fora no meio da noite, e se vier um urso nos
atacar? — fala, amedrontada.
— Não deixarei que nada te aconteça, eu prometo, agora coloca seu
casaco e vamos lá fora, preciso te mostrar uma coisa — falo animado para ela.
Rebeca volta usando um casaco de pele branco e as suas botas. Levo-a
para o lado de fora e, de frente para o lago, a fogueira que montei continua a
queimar.
— O que quer me mostrar? — Pergunta, curiosa ao ver a esteira de
madeira estendida de frente à fogueira.
— Senta aqui comigo — digo, oferecendo a mão para ela se sentar do
meu lado.
— Está muito frio aqui fora.
— Eu trouxe um cobertor para a gente se aquecer — falo, cobrindo-a
com o cobertor.
Olho para o céu esperando a hora certa que o show de luzes iria
acontecer.
— Meu Deus, Aslan, isso é lindo — Rebeca tem seus olhos voltados para
o céu, assistindo ao show da natureza.
— Apenas oito países no mundo têm o privilégio de poder assistir esse
espetáculo da aurora boreal.
— É realmente lindo — fala, encantada.
Não resisto e fico olhando para o seu rosto iluminado pela luz que vem
do céu.
— Sim, é realmente lindo — digo, olhando para ela.
E quando ela vira para mim e nossos olhares se cruzaram, meu rosto se
aproxima do seu, minhas mãos formigam de vontade de tocá-la. Não é preciso
esperar, pois sou surpreendido por Rebeca, que me beija. No começo é apenas
um beijo leve, um encostar de lábios, mas o que começa devagar vai se
aprofundando, então me vejo devorando seus doces lábios rosados. O beijo se
transforma em uma chama, nem o frio do vento parece dar conta do calor de
nossos corpos se tocando. Puxo Rebeca para o meu colo e continuo a beijá-la,
porém a neve volta a cair e tudo que eu não quero é deixá-la doente.
— Vamos entrar — falo enquanto beijo seu queixo, seu ombro e chupo
sua orelha.
— Sim — diz com a voz trêmula.
Eu a ajudo a ficar de pé e caminhamos juntos até a cabana.
Mal termino de fechar a porta e já estou pressionando-a contra a mesma,
minha boca desliza por seu pescoço arrancando gemidos suaves dos seus lábios.
— Você tem um cheiro doce, anjo, tão doce que me deixa louco — falo,
pegando-a no colo e ela cruza as pernas na minha cintura.
Me sento no sofá com ela no colo, sem interromper o beijo. Suas mãos
pequenas e frias tocam meu peito, ainda que de maneira tímida.
— Não, não precisamos fazer isso agora, não quero força-la a nada que
não esteja preparada — digo, olhando em seus olhos azuis.
— Eu quero você, Aslan, eu quero sentir prazer e não culpa, eu quero me
sentir desejada por um homem de verdade e não por um monstro — diz e volta a
me beijar.
Seu beijo é doce, ela tem gosto de mel, seu cheiro é inebriante e tudo que
quero é tê-la para mim, dizer que não importa quem eu tiver que enfrentar eu não
a deixarei se afastar de mim. Minhas mãos correm por seu corpo, tento me
controlar para não parecer um lobo sedento, mas não resisto, não quando ela
geme ao sentir minha boca em seu ombro conforme vou descendo o casaco.
Rapidamente, tiro sua blusa do pijama e seus seios rosados ficam à mostra,
minha boca enche de água para mamar nesses peitos lindos. Rebeca fica
constrangida e tenta se cobrir.
— Eu quero vê-la — falo com a voz rouca, enquanto me ajoelho no chão.
Lentamente vou descendo a calça de pijama que ela usa, sua calcinha
branca se junta ao resto da roupa no chão. Seu rosto fica vermelho, ela está
envergonhada com a cicatriz em seu abdômen, porém eu a beijo mostrando que
nada nela me causa repulsa.
Volto a beijar sua boca, que já se tornou um vício.
— Você é linda, Rebeca, não se envergonhe de nada em você — falo
enquanto beijo seu pescoço e chupo seu ombro.
Ela puxa meu cabelo, gemendo e vou descendo minha boca até chegar
nos seus seios pesados, chamando por mim. Começo a chupar o direito de
maneira esfomeada, mordendo o biquinho antes de atacar o outro. Seu cheiro
doce é como um afrodisíaco para mim. Rebeca puxa minha camisa e eu a ajudo,
jogando a mesma no chão, suas unhas arranham minhas costas e eu fico louco
com seu toque. Largo seu seio e me afasto apenas para tirar a calça e a boxer.
Sento-a no pequeno sofá e faminto, me preparo para sentir seu gosto na minha
boca. Beijei seus dois pés e vou fazendo uma trilha de beijos até chegar em suas
coxas, indo em direção a sua boceta, que já está pingando de tesão.
— Você não imagina o quanto esperei por isso — falo e não espero uma
resposta.
Abro suas pernas, admirando aquela bocetinha rosada com uma leve
penugem loira. Ela já está toda molhadinha de tesão.
Enfiei dois dedos dentro dela e chupo seu clitóris, fazendo movimentos
circulares com a boca, arrancando gemidos de prazer, sentindo Rebeca gozar
gostoso na minha boca.
Enfio minha língua toda dentro de sua boceta e vou tirando, subindo com
a mesma, fazendo movimentos de baixo para cima, até chegar no clitóris.
Continuo sugando seu grelinho, colocando dois dedos dentro dela. Rebeca se
contorce e geme, tremendo quando um novo orgasmo a atinge.
— Você fica linda quando goza, meu anjo.
Com o tesão à flor da pele, massageio meu pau sem tirar os olhos da sua
boceta rosada, os pequenos pelos loiros me deixam ainda mais excitado.
Ela parece uma pintura de tão perfeita, ficaria o resto da minha vida
apenas observando essa obra de arte. Começo a esfregar por cima da sua boceta
molhada, causando uma deliciosa fricção, me posiciono em cima dela sem
colocar meu pau dentro, apenas esfregando no seu clítoris para deixá-la ainda
mais encharcada, ela crava as unhas nas minhas costas, lambe minha orelha e me
diz:
— Eu quero você, Aslan, não se segure, eu preciso do seu toque, dos seus
beijos.
É nessa hora que vou à loucura, encaixo meu pau em sua entrada e
deslizo devagar para não a machucar, pois ela é muito apertada, respiro fundo
para não meter de uma vez.
— Eu me sinto alargada, mas é tão bom! — ela grita, mordendo meu
ombro.
Suas palavras são como combustível, alimentando o fogo dentro de mim
e começo a bombar na sua boceta, segurando suas penas e metendo forte, ela
geme, se contorcendo.
E ela logo começa a falar algumas coisas como:
— Oh Deus, Aslan, não para — diz, arranhando meus braços.
Eu meto cada vez mais forte e mais rápido até que não consigo mais
segurar o gozo. Tiro o pau para fora e gozo em sua barriga, espalhando a porra
quente em seus peitos.
Beijo sua boca, puxando seus cabelos e trazendo seu rosto para mais
perto de mim.
— Eu nunca senti nada assim — fala, me abraçando forte.
— Eu também nunca senti nada como o que estou sentindo por você,
Rebeca. Não me importo com seu passado, não me importo quem terei que
enfrentar para estar ao seu lado, mas eu não deixarei que se afaste de mim.
Sinto algo amargo na boca, mas não consigo abrir os olhos, pois meu
corpo está mole demais. Alguém balança meu corpo como se quiser me acordar,
porém eu não tenho força para voltar à consciência. Não sei quanto tempo se
passa entre eu tentar abrir os olhos até conseguir ficar mais consciente a ponto de
ouvir.
— O que vocês dois fizeram com ela? — Uma voz dura grita, me
fazendo franzir o cenho.
Abro os olhos devagar, sentindo muita dor de cabeça, então me dou conta
que estou deitada em uma cama dura e o lugar onde estou está escuro, com
cheiro forte de ferrugem.
— Ela está acordando, senhor. — diz uma voz.
Então, olho em direção a porta e vejo dois homens de pé, um eu
reconheço imediatamente como o capanga número dois, o outro me parece
familiar, porém a minha mente está lenta e demoro um tempo para reconhecer
que é Alesso ali, na minha frente.
— Que bom que acordou, russa, estava pensando que meus homens
tinham pegado pesado demais com você.
— O que fizeram comigo, onde estou?
— Muitas perguntas, rosa.
— O que querem comigo, porque me sequestraram? — Pergunto de uma
vez, com a voz trêmula.
— Você deu uma canseira nos meus homens, foi difícil armar toda aquela
confusão na boate para trazê-la para cá. Por pouco Dimitri não chega no quarto
antes que a tirássemos de lá.
— O que quer comigo, Alesso? Dinheiro eu sei que não é, então diga de
uma vez porque estou aqui! — Falo, sendo direta.
— Direta você, gosto disso, talvez essa sua língua afiada e esse corpo
bonito justifique o porquê de Dimitri estar tão encantado por você! — Fala ele,
viajando em devaneios.
— Me solta — falo ao perceber que minha perna está acorrentada em
uma corrente de metal.
— Não sem antes conseguir o que quero. Já não tenho nada a perder,
russa, Dimitri já descobriu que estive todo esse tempo tramando contra ele. Você
será minha moeda de troca, vou usar o que ele ama para fazê-lo desistir do cargo
de chefe da Cosa Nostra.
— Você está delirando se acha que Dimitri vai aceitar abrir mão da Cosa
Nostra por mim.
— Digamos que darei um incentivo para que ele assim faça! — Diz de
maneira macabra, se aproximando de mim.
Estremeço e me encolho no canto da parede o máximo que as correntes
em meus pés me permitem.
— Eu assisti sua prova de fogo, sei do que é capaz, pelo visto teve
treinamento de elite na bratva e levando isso em conta me precavi — fala ele,
mostrando as correntes chumbadas na cama de concreto.
— Não chega perto de mim, traidor.
Ele sorri e entrega o celular para seu capanga. Um sentimento de horror
toma conta de mim, imaginando o que ele pretende fazer.
— Olha o que temos aqui, chefe, uma bela rosa russa — diz o asqueroso,
tocando meu cabelo e olhando para a câmera.
— Sabe, sempre fiquei curioso para saber o que ela tem de especial para
o manter tão encantado, mas não se preocupe, chefe, eu irei experimentar para
saber o que ela tem de especial.
— Não ouse me trocar, seu verme.
Cuspo na cara dele, que sorri, limpando e olha para mim com ódio.
— Vai ser divertido esmagar sua rosa, Boss, vamos ver no final o que
sobrará da dama da máfia. — Fala, abrindo o paletó enquanto eu me esquivo o
máximo possível — Foi difícil durante todo esse tempo dissimular o desprezo
que eu sentia por você, por muito tempo eu preparei a minha subida ao poder,
mas você acabou sendo mais esperto e descobriu meus segredos. Não se
preocupe, já dei um jeito na economista de merda que me entregou.
— Você não vai me tocar — digo com nojo quando o mesmo desce a
calça social, ficando de boxer branca.
— Não se preocupe, querida, quando acabar com você, não sobrará nada
para seu marido.
O capanga continua apontando o celular em nossa direção, gravando toda
cena.
Alesso segura meu braço, me puxando para a beirada da cama, porém eu
soco seu nariz, fazendo com que o mesmo sangre. Ele devolve, me acertando um
tapa tão forte que minha cabeça bate contra a parede. Levanto meu rosto e olho
para o celular sabendo que será meu fim.
— Não entregue nada que esse traidor pede, mate, mate todos eles!!! —
grito a plenos pulmões e sinto meu cabelo ser puxado.
Outro tapa na minha cara, minha boca enche de sangue, lágrimas
brotaram em meus olhos com a dor intensa no meu maxilar.
Alesso fecha os olhos com força, consigo sentir o tremor de ódio no seu
corpo.
— Quem pensa que é, vagabunda, para me bater? Está vendo, chefe, eu
queria entregar sua rosa inteira, mas ela não colabora, terei que quebrá-la!!
Ele aperta meu pescoço com força, me tirando o ar, tento me segurar e
não me debater, mas é inútil. O sangue vai esquentando na minha cabeça e eu
não consigo respirar, até que ele para, mas está longe de acabar e acerta um soco
forte no meu abdômen.
A dor que sinto é imensa e faz minha vista escurecer. Tento me defender,
mas estou fraca e acorrentada e ele distribui uma sequência de socos por todo
meu corpo. Estou a ponto de desmaiar tamanha dor, quando ele para de me bater,
tira a boxer e eu tremo, tudo menos isso.
— Não faça isso. — Consigo dizer, mesmo com a boca cheia de sangue.
Ele se aproxima e puxa minha calcinha. Eu o chuto e levo outro tapa.
— Filma bem o que vou fazer com ela! — diz ao capanga.
Eu não consigo evitar que as lágrimas de dor, medo e de horror tomem
conta do meu rosto.
— Por favor, não faça isso!
Suplico quando ele pega uma faca e corta a camisa de Dimitri, que era a
única barreira que me protegia dele.
Ele sobe em cima de mim e eu só consigo gritar para ele parar.
— Eu estou só começando, rosa.
Alesso agarra meu braço e me puxa até a cama, tento sair debaixo dele,
mas é inútil, ele coloca todo seu peso contra mim, me prendendo na cama.
Coloca dois dedos dentro da minha intimidade e eu grito de nojo, medo e pavor.
— Não faça isso, me solta, pode me bater, me espancar, me torturar, só
não faça isso! — digo com a voz embargada pelo choro. — Para!! Para! — Grito
enquanto ele coloca seus dedos imundos dentro de mim.
Ele sorri de lado e não diz nada, aperta meu seio direito com tanta força
que suas unhas arranharam minha pele. Seus dedos nojentos fazem movimentos
repetitivos dentro de mim, enquanto tento chutá-lo, mas as correntes não me
deixam.
— Traz as algemas para mim — ele fala e então eu percebo outro homem
no quarto, esse eu não sabia quem era.
Eu não tenho como me defender, me sinto acuada, fraca e abandonada,
ali eu estou sozinha, acorrentada e com as mãos algemadas, enquanto o monstro
abusa de mim.
— Por favor!
Eu soluço quando sinto a cabeça do seu membro.
— A vadia é apertadinha, está explicado porque gosta tanto dela — ele
sorri para a câmera e eu fecho os olhos, tentando me entregar à inconsciência e
não sentir essa dor horrível.
— Está vendo isso, Dimitri, eu estou apenas começando, quanto mais
tempo demorar para me dar o que eu quero, mais sua rosa vai sofrer — ele diz e
grito:
— Para, para!!! — Tento arranhá-lo, mas as algemas impedem que eu me
mexa, então eu o mordo na orelha com toda a minha força, arrancando um
pedaço da mesma.
Ele grita de dor e dá um soco tão forte no meu olho, que não consigo
mais abri-lo.
— Vagabunda, gosta de morder, cadela, então eu vou morder você,
desgraçada. - Se inclina sobre mim e morde meu seio esquerdo, chegando a
machucar.
Eu só desejo morrer e não ver o que ele está fazendo comigo, mas a
minha mente me mantém consciente durante todo ato. Alesso não tem piedade,
não, ele quer me machucar, ele se vangloria, olhando para a câmera, vendo meu
corpo todo machucado.
— Por favor... — suplico
— Cala a boca, puta, eu só estou começando — diz, dando outro tapa na
minha cara.
Nesse momento eu já não tenho forças para lutar, meu corpo e minha
alma estão tão feridos que prefiro me manter inerte para que assim essa tortura
acabe logo e ele me mate de uma vez.
— Ah gostosa.
Seu membro continua a me machucar e ele me estapeia quando percebe
que eu vou desmaiar. Essa tortura dura uma hora, que parece mais uma vida
inteira.
Ele goza dentro de mim, me tornando tão imunda quanto ele.
Eu já não sou Katharina quando tudo acaba. Não, eu não sou mais nada,
apenas um pedaço de lixo.
— Viu o que eu fiz com sua rosa, Dimitri, entregue o poder da Cosa
Nostra. Quero que você abdique do cargo em uma reunião no alto conselho.
Entregue o poder para a família Luchese, ou seja, para mim. Caso não queira
fazer isso, saiba que eu fui apenas o primeiro, meus homens estão ansiosos para
experimentar a sua russa.
Estou ferida, a dor em meu corpo é terrível. Depois que parei a moto em
um motel perto da doca e meu corpo esfriou, a adrenalina começou a baixar e
pude sentir toda a dor possível. No quarto de motel eu abri o kit de primeiros
socorros com os medicamentos que comprei em uma farmácia de um conhecido
meu, sentei na cama com a perna direita sangrando muito, tirei a calça com
muita dificuldade e então eu pude ver a gravidade do corte, joguei água
oxigenada para limpar e tive que morder o travesseiro para não gritar.
Abri a embalagem com a agulha de costura e linha e comecei a costurar
todo o ferimento para conter o sangramento, quando terminei, limpei e coloquei
uma bandagem por cima.
A ferida estava queimando muito e senti que meu corpo começou a ficar
febril, tomei dois analgésicos fortes e um antibiótico para o corte que não
infeccionasse.
Tomo um banho quente e visto a mesma roupa que estava, sento na cama
e decido ligar para o juiz Falcone e avisar que a Cosa Nostra está no nosso
encalço, ele precisa se proteger antes que eles façam algo contra ele.
— Detetive Meireles.
— Boa noite, magistrado.
— Tínhamos combinado que não ligaria para mim nesse número.
— É uma urgência, não tive outra saída a não ser ligar.
— O que houve? — Pergunta, já atento.
— A Cosa Nostra tentou me assassinar, não sei como, mas eles
descobriram onde eu me escondia. Infelizmente, perdemos as provas que
tínhamos sobre o cabeça da máfia.
— Precisaremos redobrar a segurança, pois esses bandidos não estão para
brincadeira.
— Juliano Sacra falou algo que possamos usar?
— Pergunto, lembrando que ele é o único mafioso do alto escalão que
conseguimos prender.
— Infelizmente não, ele não abriu a boca, nem mesmo sob a promessa de
retirarmos todas as acusações contra ele, o velho é casca dura.
— O que faremos agora? — Pergunto, me sentindo frustrada.
— Juliano já é carta descartada do baralho, já que o juiz Signorino
declarou sua soltura mediante fiança, ele aguardará em liberdade o julgamento.
— Merda, estamos em um beco sem saída. — Falo, inconformada.
— Não totalmente, Vitório pode ter informações úteis sobre a família
Luchese. Se prendermos Alesso pode ser mais fácil fazer ele abrir a boca, ele
tem que ser o próximo a ser preso.
— Falarei com Vitório, por hora o melhor é você se esconder.
— Mandei minhas filhas para os Estados Unidos, porém minha mulher
decidiu ficar.
— Tudo bem, continuarei seguindo Salvatore Rinna e tentando de
alguma forma provar que não só ele está envolvido com a máfia, como é o chefe
de toda Cosa Nostra.
— Certo, tome cuidado, o melhor agora é você usar um disfarce.
— Tem razão, nos falamos assim que tiver algo mais concreto em mãos.
Desligo o telefone e envio uma mensagem para Vitório, perguntando se
havia alguma forma de convencer Alesso a falar. Não demora muito para ele me
ligar.
— Vitório — digo ao atender.
— As coisas estão complicadas aqui, Gabriela, eu quase fui descoberto.
Sinto que logo terei que abortar a operação.
— Existe alguma chance de que, ao prendermos Alesso, ele coopere com
a gente?
— Muito difícil, tudo que esse homem quer é poder e controlar a Cosa
Nostra. Sinto que ele está armando para tirar o chefe do poder. — Diz ele, me
deixando confusa.
— Como assim? — Questiono.
— Ele parecia nervoso ontem, mandou os seus homens de confiança para
um galpão de armazenagem e deixou outros na casa. Não sei o que está
acontecendo, mas é coisa grande.
— Tudo bem, me avise se algo acontecer. Vou falar com os outros
agentes da federal para prepararmos uma operação para prender Alesso o quanto
antes, então você poderá sair do disfarce.
Há dias que o desejo de ferir e matar é forte demais. Dias como hoje em
que a casca fina de civilidade se rompe, revelando o monstro que vive em mim.
A cena que se passou na tela daquele computador foi descascadora e a dor que
estou sentindo é diferente de tudo que já senti. O rosto de Katharina está gravado
em minha mente, posso viver mil anos que jamais esquecerei aquele olhar morto
e vazio, da sua expressão de dor e de angústia conforme o miserável a
machucava. Eu não a protegi, eu falhei com ela e nesse momento ela está nas
mãos dele, sendo estuprada e ferida das piores maneiras possíveis.
— Desliga isso, Daniela!!! — grita Lorenzo.
Um silêncio absurdo toma conta da sala.
— O que vamos fazer?! — Pergunta Lorenzo.
— Dimitri não pode dar o que ele quer - Damon diz, mas eu não presto
atenção em nada do que dizem, minha mente está vagando para Katharina,
minha mulher, minha rosa, bella mia está sendo torturada por minha culpa, isso
não pode estar acontecendo com ela, não posso deixar que ele a machuque.
— Eu irei até ele — falo, já com a decisão tomada.
— Damon, Daniela, podem nos deixar sozinhos? — Lorenzo fala para os
dois.
Os dois saem, deixando apenas eu, Vicenzo e Lorenzo na sala.
— Você não está pensando em fazer isso, não é?! — Vicenzo diz.
— Não tenho saída, ele não vai libertá-la!! — Grito, possesso.
— A família vem em primeiro lugar! — Vicenzo grita também.
— Ela precisa de mim, porra !! — falo, me sentindo sem saída.
Eu não posso dar o que ele quer e também não posso deixá-la.
— Buon Vespero e santa sera ai santisti! Mesmo nesta santa noite, no
silêncio das trevas e sob a luz das estrelas e do esplendor da lua, formo a santa
cadeia! Em nome de Garibaldi, Mazzini e La Marmora, com palavras de
humildade, formo a Santa Sociedade Cosa Nostra, sangre del mio sangre.
Lorenzo e Vicenzo repetem o juramento da máfia, juramento esse que fiz e
nunca quebrei durante os últimos dez anos em que estou no poder.
— Chefe, descobri a localização do número que mandou o vídeo. — Diz
Daniela, voltando para a sala.
— Me diga onde ele está! — Ordeno.
— Dimitri, pensa bem no que você vai fazer! - Vicenzo ainda tenta me
impedir.
— Eu sou o Capo dei capi da Cosa Nostra siciliana e tomarei as minhas
decisões.
Em menos de uma hora tudo estava pronto, os documentos da minha
renúncia estavam assinados. Vicenzo relutou, mas acabou assinando como
minha testemunha, assim como Lorenzo, como manda a tradição. Tive que ser
firme ao dizer que iria sozinho ao local, não poderia arriscar ainda mais a vida de
Katharina. Vicenzo ainda tentou me seguir, mas devido aos seus ferimentos mal
conseguiu ficar de pé.
Eles pensam que eu vou totalmente sozinho, mas não sou amador a ponto
de confiar em Alesso, por isso Augustos e Chaise já estão nas docas de tocaia
para me ajudar a sair de lá vivo e com Katharina. Eu não tive muita escolha, se
viesse com escolta provavelmente Alesso perceberia. É uma missão suicida, sim,
mas por Katharina valeria a pena qualquer risco. Estaciono uma quadra antes da
entrada do porto e com uma Ak 47 na mão e munição o bastante para fazer
muitos buracos, caminho pronto para salvar a minha rosa.
Se existisse um Deus no céu, ele me ajudaria a tirar ela de lá viva.
Katharina não merece todo esse sofrimento, não ela, não a minha Katharina.
Não resisti a procurá-lo, eu precisava falar com ele, ainda mais sabendo
da situação em que a Cosa Nostra se encontra. Não sei qual será a punição que
Dimitri dará a mim.
Eu falhei, não a protegi, não como deveria, eu falhei e por conta disso ela
está no hospital agora e por muito pouco não está morta.
— O que faz aqui, como entrou na minha casa? — Pergunta ele, bravo.
— Pela porta, não aguentei, precisava vê-lo.
— Você está se arriscando muito entrando aqui, ficou louco, porra?! —
Grita o moreno trabalhado em músculos.
— As coisas estão difíceis na família, eu não sei o que pode acontecer
comigo, precisava te ver, nem que seja para me despedir.
— Pensa que eu não sei, caralho? Eu estou a ponto de enlouquecer, por
muito pouco eu não perdi você.
Seus lábios estavam contraídos, seu olhar para mim é feroz e ao mesmo
tempo assombrado. Vejo a sua expressão de desejo, assim como um animal
faminto olhando sua presa, conseguia sentir de onde estava o seu perfume
característico, que amo. Dou dois passos em sua direção e toco seu ombro.
— Eu te amo tanto, é tão difícil ficar longe de você, fingir que não sinto
nada quando o vejo. Por mim fugiríamos daqui, iríamos para bem longe, onde
poderíamos ser felizes.
— Jamais serei um desertor, a máfia está no meu sangue, eu sou sangue e
pólvora. Quando aceitou se envolver comigo sabia quais seriam as regras, jamais
poderão saber de nós dois. — Ele diz e seu hálito fresco toma conta de minha
respiração.
A sua proximidade deixa meu corpo quente enquanto eu flexiono todos
os músculos.
— Em breve você se casará e o que será de mim?
— Nada vai mudar — diz, encostando sua testa na minha e em seus
olhos claros eu vejo a verdade e um mar de emoções.
Eu o beijo, cheio de saudade, cheio de paixão, desejo e amor, um beijo
diferente, me parece um beijo de despedida. A chama entre nós dois vai
aumentando a cada toque e cada gesto vai incendiando meu corpo. Sinto um
arrepio quando percebo que ele está lambendo meu pescoço com a língua
molhada e quente. Sinto aquela língua de ferro provando o suor salgado de
minha pele nua. Percebo que sua mão está apertando o interior da minha coxa
com uma força incrível, ela está deslizando lentamente e encostando no meu
pau, que já está duro feito aço só para ele.
Sua boca vai dando beijos suaves em meu pescoço, que já está arrepiado
e sem aviso, ele se afasta e começa abrir a minha camisa, enquanto eu vou
tirando os sapatos, tão desesperado quando ele. Não demora muito para nós dois
estarmos nus, como viemos ao mundo, sentindo o calor do prazer. Cada toque,
cada gesto significava algo dentro da mente de nós dois. Muitos podem chamar o
que sentimos de imoral, de sujo e de errado, mas a essas pessoas eu só posso
dizer que elas não conhecem o que é amar. O amor não escolhe cor, religião ou
sexo, o amor simplesmente acontece. Eu já me encontro totalmente dominado
em cima da cama, sentindo beijos sendo depositados por todo meu corpo.
— Eu senti tanto a sua falta. — Digo, com a voz trêmula.
— Eu ainda mais, não imagina como é estar longe de você, não pode
trocá-lo quando eu quero. — Fala e massageia seu pau duro, olhando para mim.
Eu não preciso de convite, me levanto e começo a chupar aquela bela
vara, fazendo movimentos de vai e vem, eu o levo profundamente na minha
garganta, do jeito que ele gosta.
— Se continuar assim eu vou gozar na sua boca e eu quero gozar no seu
rabo gostoso! — Fale, tirando sua vara da minha boca.
Voltamos para a cama e não demora muito para que eu sinta seu pau
dentro de mim, os movimentos lentos e torturantes. Mordo seu ombro, rugindo.
Só ele me faz sentir o grande prazer, algo diferente... Dominante.
Restritivo. Secreto.
— Não para — gemo enquanto ele me mete.
Não preciso me tocar para que o prazer alucinante tome conta de mim e
gozo muito. Ele me segue, gozando também e depois me beija profundamente.
— Preciso ir, vou ajudar a rastrear Alesso! — Digo, depois de ter tomado
banho junto com ele e me vestido.
— Tome cuidado, Alesso pode estar fraco, mas não esqueça que um lobo
velho, mesmo ferido, não deixa de ser lobo.
— Não se preocupe, sei me cuidar, preciso ajudar na captura dele, agora
virou uma questão de honra para mim.
Sai do hospital e estamos voltando para casa, mas não tinha forças para
reagir, Dimitri disse que me ama e por mais que eu tente mentir e me enganar, eu
esperei muito para que ele falasse isso. Eu ansiei ver amor em seus olhos, ver
sua devoção, porém agora é tão tarde, eu já não sou a mesma, eu sou apenas um
retalho daquilo que fui.
Dimitri tentou me convencer a falar com uma psicóloga, mas eu me
recusei, tenho tanto nojo e vergonha que não quero mais ninguém sabendo o
quanto eu sou suja.
— Chegamos, bella — diz Dimitri ao estacionar o carro e se inclina para
soltar o cinto, mas o pavor dentro de mim é tão grande que me afasto do seu
toque.
Solto o cinto sozinha e Chaise abre a porta para mim do lado de fora, eu
vejo todos os funcionários da casa aguardando a minha chegada. Na minha
cabeça, todos sabem o que aconteceu, todos sabem que estou suja e manchada,
abaixo a cabeça, com os lábios tremendo. Dimitri vem até mim e toca no meu
queixo, levantando meu rosto.
— Não abaixe a cabeça jamais, amore mio, você é a senhora da máfia, a
dona dessa casa e não quero que ninguém a intimide.
Suas palavras são tão certeiras que eu quero acreditar, eu juro que quero,
mas eu não consigo, não depois do que aconteceu. Dimitri me leva para dentro e
eu preciso me esforçar muito para não gritar quando ele me pega no colo e sobe
as escadas para o nosso quarto. A suíte, assim como o quarto do hospital, está
cheia de rosas vermelhas e eu não consigo segurar as lágrimas que caem.
— Eu não quero que você chore, se preferir eu mando tirar todas daqui
— diz ele nervoso, me colocando na cama.
— Não, deixe elas! — Digo as primeiras palavras que consigo
pronunciar desde que acordei do pesadelo que vivi.
Contudo, ainda não tenho forças o suficiente e nem coragem para olhar
nos olhos dele, não depois daquele vídeo onde ele viu o quanto eu me senti suja.
— Você precisa descansar, vou pedir para Luigi trazer seu almoço e se
quiser posso ficar aqui e assistimos algo juntos. — Diz, mas eu balanço a
cabeça, tentando ficar longe.
Dimitri acena, concordando, me entrega o controle, mas eu não pego, só
quero dormir e não acordar mais. Espero a porta fechar e me cubro, como se esse
cobertor pudesse me proteger da imundície. Fecho os olhos com força e tento
dormir e não pensar no pior dia da minha vida.
Chegamos em São Petersburgo por volta das três da tarde, eu ainda teria
que voltar para casa e conversar com meu pai, colocá-lo a par do que aconteceu
com Katharina e convencê-lo a quebrar o contrato com Dimitri, libertando
assim, de uma vez por todas, minha irmã das garras daquela besta. Estaciono o
carro na garagem do prédio de luxo no centro de São Petersburgo. Dois homens
meus, de extrema confiança, ficarão responsáveis pela segurança de Rebeca.
— Vamos, quero te mostrar a cobertura antes de ir. — Digo, abrindo a
porta do apartamento.
— Uau — fala ela, olhando para a sala com vista para Kotelnicheskaya
Embankment Building.
— Assim que voltar eu farei questão de te mostrar toda à cidade, por
hora eu prefiro que não saia sem segurança, meus homens podem comprar
qualquer coisa que precisar.
— Eu não quero ficar dependendo de você, Aslan, eu pretendo procurar
um emprego. Eu estudei e sou formada em arquitetura, posso arrumar um
emprego para mim aqui.
— Claro, não quero prendê-la a mim, Rebeca, você não será mais um
pássaro em uma gaiola de ouro, quero que você se sinta realizada, livre e
principalmente feliz aqui na Rússia.
Me despedir do meu anjo foi difícil, mas neste momento minha irmã
precisa mais de mim. Desligo o carro e entro no palácio Tsarskoe Selo, que fica
na região de vila do Czar, antiga residência imperial da família Romanov. O
palácio foi herdado pela família da minha bisavó e desde que a Bratva se iniciou,
o local se tornou sede da máfia russa.
Entro em casa e sou recebido por mamãe e minha tia Kira.
— Filho, onde esteve? Fiquei preocupada e também senti sua falta. —
Fala minha mãe, me abraçando.
— Eu estava caçando, mãe, mas estou bem. Preciso falar com meu pai,
sabe se ele está no escritório?
— Sim, ele não saiu de lá nem mesmo para almoçar.
— Eu vou falar com ele e depois converso com a senhora. — Digo,
preocupado.
Como vou contar o que aconteceu com Katharina para mamãe? Mas o
melhor é alertá-la para que ela não se assuste ao ver Katharina no estado horrível
que ela se encontra.
— Chefe, precisamos conversar. — Falo, batendo na porta e entrando.
— Decidiu dar o ar da graça, quem acha que é Aslan, o presidente da
Rússia para simplesmente se afastar dos seus deveres e ir para a porra de uma
cabana no meio do nada com sua nova amante?
— Não sei do que está falando, só precisava de um tempo para
espairecer.
— Espairecer?! Você é meu subchefe, logo a Bratva estará sob seu
comando, acha que vai poder abandonar tudo e ir se divertir com uma vadia
qualquer.
— Não fale assim de Rebeca!!! — Grito, revoltado.
— Esse é o nome da sua nova diversão?! — Questiona e eu me preocupo
com o que ele descobriu sobre ela.
— Nada sobre Rebeca diz respeito a você ou à Bratva.
— Diz respeito quando meu filho vai para a Itália e volta de lá com uma
mulher, larga seus deveres para se enfiar debaixo da saia de uma italiana.
— Eu tenho dado meu sangue pela Bratva desde que era uma criança,
nunca falhei em uma missão, não se esqueça disso.
— Exatamente por isso preciso te lembrar que, seja qual for sua ligação
com essa mulher, não ficará na frente da Bratva, em breve farei uma aliança e
você se casará com uma herdeira bem nascida, alguém digna de ocupar o lugar
ao seu lado na mesa da Bratva.
— Você quis mandar nas escolhas da minha irmã, obrigou ela a se casar
com um homem que ela odiava e o resultado disso foi Katharina sequestrada e
estuprada. Não pense que deixarei que faça o mesmo comigo.
— Do que está falando?! — Pergunta e só agora eu posso ver algum tipo
de emoção passando por seu rosto.
— Katharina foi sequestrada por um traidor dentro da Cosa Nostra,
minha irmã foi espancada e torturada por um verme.
Meu pai fica, pela primeira vez desde que eu o conheço, sem palavras.
— Vou levar mamãe para Itália e também Ivana, Katharina está em um
estado catatônico, não consegue reagir depois da brutalidade feita a ela. Se não
permitir, saiba que pela primeira vez na vida passarei por cima das suas ordens e
vou levar mamãe para a Itália de qualquer forma.
— Não será preciso, eu mesmo irei levá-la a Palermo para vermos nossa
filha e o Sukin syn do marido dela.
Não sei quantos dias se passaram, na verdade dia e noite não fazem
diferença para mim. Não consigo sair do quarto, não consigo me reerguer, não
consigo sair desse poço sem fim que me arrasta pra baixo. Dimitri vem
insistindo para que eu aceite ajuda profissional, até trouxe uma médica para
conversar comigo, mas eu não consigo nem mesmo olhar no rosto dela.
À noite é quando a tormenta fica pior, eu mal consigo deitar na minha
cama. Ao fechar os olhos, me vejo naquela cama de concreto acorrentada e
aquele monstro me torturando.
Dimitri vem sendo incrível, paciente e preocupado, ele não me toca, com
medo que eu surte novamente e dorme no sofá do quarto, porque sabe que não
suporto estar na mesma cama que ele. Me sinto um fardo, quebrada, alguém que
só atrapalha a vida de todos. Lorenzo até tentou me fazer rir das suas piadas
bestas, mas dentro de mim não existe mais alegria, muito menos diversão. O sol
está nascendo mais uma vez, como não durmo direito, é rotina ficar na varanda,
de pijama, olhando para o céu. Me perguntando a Deus por que, por que ele não
me deixou morrer, pra que viver sendo atormentada assim, é horrível.
— Você levantou cedo de novo?! — Pergunta.
Dimitri e vem até mim na sacada com um cobertor nas mãos, cobrindo
meu ombro e ficando parado ao meu lado.
— O que acha de ir ver Hades e Perséfone depois do café?
Não respondo de imediato, apenas olho para o vazio reclusa na minha
própria mente.
— Tudo bem.
— Eu vou trazer seu café da manhã, não é bom ficar muito tempo aqui
fora, está muito frio e você acabou de passar por uma cirurgia.
Volto para o quarto e me sento na chaise, olhando para as rosas no vaso
ao lado da televisão. Não sei quanto tempo passa, mas Dimitri volta para o
quarto com uma bandeja de café da manhã.
— Vem, amore mio, Carlota fez tudo que você gosta. — diz, mostrando a
bandeja farta para dois.
Como de costume, eu não consigo comer quase nada, então afasto o
prato, pegando o guardanapo.
— Nada disso, você mal tocou na comida, eu também percebi que está
perdendo peso. Experimenta esse bolo — diz colocando um pedaço na minha
boca.
Dimitri me obriga a comer todo o bolo, ele sorri tanto quando eu termino,
que me senti um lixo por não ser mais a Katharina por quem ele se apaixonou.
— Eu vou precisar ir para o escritório, mas não vou sair de casa, mais
tarde eu volto para te mostrar uma surpresa. — Fala, empolgado.
Não consigo entender porque ele ainda luta por mim, será que ele não
entende que eu estou vazia, não existe nada aqui, apenas uma casca fria?
Batem na porta do meu quarto, me assustando, toda vez que alguém bate
na porta eu lembro do clube, lembro que a culpa foi minha pelo que aconteceu,
se eu não tivesse aberto a porta nada teria acontecido. Monalisa entra com um
sorriso tímido.
— Senhora, o senhor Rinna mandou que eu viesse buscá-la para ir ao
jardim. Vou ajudá-la a se trocar e acompanhá-la até lá embaixo. — Ela diz, mas
eu não respondo e continuo olhando para o vazio enquanto ela entra no closet.
— O que acha desse vestido? — Diz ela, me mostrando um vestido verde que eu
adorava, mas agora só me faz sentir mais pavor ao imaginar que meu corpo
ficará exposto e todos poderão ver minha imundice.
Minha cara de pânico faz ela desistir dele e escolher um macacão longo
cinza, ela me ajuda a colocá-lo e penteia meus cabelos com cuidado.
— A senhora está linda. — Ela fala, mas não acredito. Ela está
mentindo.
Caminho ao lado dela para a sala, mesmo que minha vontade seja me
esconder debaixo das cobertas.
— Katharina, você está muito bonita, fico feliz que tenha saído um pouco
do quarto. — diz Vicenzo, sorrindo, parecendo feliz em me ver.
Eu não respondo e ele fica sem graça, acompanho Monalisa até o jardim,
onde Dimitri está de pé me esperando.
— Que bom que veio, amore mio, pensei que teria que ir te buscar —
fala, beijando minha mão, mas apenas o leve toque já me causa uma sensação de
terror — Vem, suas flores te esperam. — Ele fala, me levando a caminho da
estufa.
A estufa está do jeito que eu me lembrava, o cheiro das flores me traz
uma sensação de paz e tranquilidade. Dimitri fica perto da porta, apenas me
olhando enquanto eu ando pela estufa, olhando cada uma das minhas rosas.
— Elas sentiram sua falta, Romeu me disse que nenhuma rosa nova
brotou desde que você parou de vir aqui — fala ele, pegando o alicate e cortando
uma rosa vermelha, me entregando-a.
Pego o regador e começo a molhar uma por uma, tirando as folhas secas
e adubando as que estavam morrendo, Dimitri fica o tempo todo observando o
que eu fazia e me surpreende quando arregaça as mangas da camisa social e
começa a me ajudar. Por um tempo eu consigo esquecer quem sou e o que
aconteceu.
— Está ficando tarde, você precisa comer alguma coisa e tomar seus
medicamentos. — Fala, me ajudando a guardar tudo.
Pego a rosa vermelha e levo ao rosto adorando a sensação de paz que ela
me traz. Dimitri me leva até a entrada, mas ao invés de entrarmos na fortaleza,
ele me leva para o lado do pátio, onde um objeto grande, com um tecido
vermelho com um laço de presente estava, olho para ele confusa e Dimitri sorri,
puxando o pano vermelho e revelando um carro branco lindo.
— Você gostou? Pensei que como você ama dirigir, precisaria de um
carro só seu, Chaise, claro, vai continuar te acompanhando em outro carro, mas
terá sua liberdade para dirigir.
Não respondo, o carro é muito bonito, mas jamais sairei, só de me
imaginar passando por esse portão sinto tudo ficar desfocado e retorcido. Pisco
várias vezes tentando não pensar que se não tivesse insistido em jantar fora
naquela noite nada teria acontecido.
— Ei, fica calma, eu estou aqui, você não precisa dirigir agora, apenas
quando estiver preparada.
Depois disso, volto para o quarto e não me levanto mais da cama, nem
mesmo quando a psiquiatra vem me ver, no dia seguinte.
Ela ainda tenta conversar comigo por quase uma hora, quando percebe
que eu não vou responder, então me deixa sozinha para o meu alívio.
Tranco a porta para que ninguém me incomode e é quando ouço alguém
falar meu nome, alto o bastante para que eu ouvisse pelo jardim. Caminho até a
sacada e vejo Lorenzo segurando uma guitarra e um microfone, com mais dois
homens que nunca tinha visto.
Me assusto por um segundo ao reparar que todos olham para mim.
— Princesa, lembra que você me fez prometer que um dia tocaria pra
você, então chamei meus antigos colegas de banda para uma apresentação
exclusiva.
Ele começa a tocar uma música da banda Maroon Five - "Memories"
A música é linda, mas toda vez que eu olho para baixo me sinto exposta,
sinto como se eles soubessem quem eu sou. Memórias, as únicas memórias que
tenho são aquelas, que não quero lembrar nunca mais. Meus olhos se arregalam
e começo a tremer. Um pavor horrível toma conta de mim, tento falar para que
parem, mas não consigo, é como se não conhecesse as palavras. É nessa hora
que Dimitri aparece no gramado, todo de preto e dá um tiro para cima, fazendo
Lorenzo parar de tocar e seus amigos arregalarem os olhos, em pânico.
— Caiam fora daqui vocês dois e você, Lorenzo, no meu escritório!!! —
Ele diz e eu me afasto da sacada com medo.
Os soluços rasgam minha garganta quando a porta se abre e Dimitri passa
por ela, sua fisionomia fica preocupada quando me vê chorando.
— Calma, respira, eu estou aqui, amore mio, você vai ver, aos poucos
tudo voltará ao normal. — Diz, tocando meu rosto com sua mão quente, que me
causa um arrepio.
Não sei por quanto tempo fico chorando com Dimitri ao meu lado, só me
dou conta que acabei dormindo quando acordo sentindo um cheiro familiar no
quarto. Confusa, abro os olhos e tento entender de onde vinha o cheiro.
Do lado da cama vejo mamãe, sentada, com seus cabelos loiros presos
em um coque e seus olhos azuis vermelhos de lágrimas. Sinto braços ao meu
redor e respiro fundo, inalando seu cheiro doce, sentindo uma sensação boa de
estar em casa.
— Minha princesa, eu sinto muito, meu amor, não sabe o quanto eu
queria tirar essa dor de dentro de você e aliviar seu sofrimento. —Ela fala, me
abraçando forte e eu acabo relaxando e correspondendo seu abraço. — Eu estou
aqui, minha menina, eu prometo que essa dor irá passar, querida, você é tão
forte, muito mais forte do que eu jamais fui. — Fala, acariciando meu cabelo e
eu me entrego às lágrimas, sendo acalentada por ela.
Então percebo que Aslan também está no quarto, assim como meu pai,
uma mistura de sensações toma conta de mim.
— Eu estou aqui, irmãzinha, prometo que ninguém mais vai te machucar
— diz Aslan, se ajoelhando do lado da cama. Ele tenta pegar minha mão, porém
eu me esquivo, não quero que ele me toque, que se contamine com a minha
imundice, que sinta o cheiro de Alesso em mim. Nojo, vergonha, culpa, tudo se
mistura na minha cabeça, meu pai sabe, Aslan sabe, Lorenzo, Vicenzo e Dimitri,
todos eles sabem o quanto eu não valho mais nada, porque agora eu estou podre
por dentro.
Desde que Rebeca fugiu, minha vida tem se tornado um martírio, um
verdadeiro inferno, estou a ponto de enlouquecer sem ela. Cada canto da nossa
casa me lembra seus olhos azuis e seus sorrisos doces, sinto saudade de quando
chegava e a via na sala para me receber, sinto falta do seu cheiro nos meus
lençóis, sinto falta do sabor da sua boca e do seu corpo. Ainda não posso
acreditar que ela escapou de mim, que me deixou aqui, sofrendo, sentindo sua
falta.
Minha boneca me enganou também, não consigo tirar da minha cabeça
aquele enfermeiro de merda. Será que eram amantes e ele a ajudou a fugir?!
Não, não pode ser, ela não faria isso, mas o que esperar de uma mulher que vem
daquela família? A cada dia ando mais descontrolado, acabei descontando toda
minha frustração na fábrica de sal, porém, isso já perdeu a graça e agora minha
nova vítima é Giuliana. Não esqueci que ela foi à culpada pela minha boneca ir
parar no hospital. Se Rebeca não tivesse nos flagrado naquela tarde ela não teria
me enfrentado, muito menos eu teria me exaltado e a machucado. Minha filha
estaria aqui, nós continuaríamos felizes, mas a vadia mais uma vez atrapalha
minha vida.
Não desisti de encontrar minha boneca, coloquei os melhores detetives
atrás dela, uma hora ou outra eu irei encontrá-la e ela voltará para mim e dessa
vez não a deixarei escapar nunca mais. Chego em minha casa e não encontrei a
cadela na porta me esperando do jeito que deveria, o que já me deixa puto, subo
as escadas, enfurecido e a encontro usando as roupas de puta que ela tem.
— Eu não ordenei que vestisse as roupas que deixei separado e me
aguardasse todos os dias na porta quando eu chegasse?!
— Eu não aguento mais, eu não sou a Rebeca, eu não sou a sonsa da
minha irmã. Eu não aguento mais as surras que me dá, eu quero ir embora, quero
ir pra minha casa.
— Sua casa, vadia, acha que depois do que fez vai escapar assim? Você
merece pagar caro por todo mal que fez a minha bonequinha. Por sua culpa ela
perdeu minha filha e fugiu, eu tenho certeza que você sabe onde ela está.
— Eu já disse que não sei onde ela está, nunca pensei que Rebeca fosse
tão corajosa a ponto de fugir.
— Está mentindo, desgraçada — falo tirando o cinto da minha cintura,
me preparando para castigá-la.
— Por favor, me deixe ir.
— Ir por que, não era isso que queria desde que me casei com sua irmã?
Você vem me provocando, dando em cima de mim, agora eu sou todo seu, vadia,
vou te mostrar o meu melhor lado. — Digo, acertando a primeira cintada nela.
— Eu preciso que veja algo, talvez isso faça você voltar a ser a Katharina
de antes. — Digo com a esperança que esse seja o gatilho que a doutora me
falou.
Caminho ao lado dela até a torre da agonia, seguro a sua mão e fico
surpreso por ela não me rechaçar. Ela está tensa, sua mão transpira conforme nos
aproximamos das celas que antes abrigava os prisioneiros, mas que agora é
ocupada apenas por um.
A levo até a cela, a maior daqui, onde tudo está preparado para o que irá
acontecer.
— Venha comigo, meu amor, hoje você terá sua vingança!
Coloco a cadeira bem de frente para Alesso, que está acorrentado pelos
braços e de joelhos no chão.
— Você traiu a família, Alesso, passou por cima da confiança que lhe foi
entregue. Você armou, manipulou para tomar o meu cargo, dando um golpe na
Cosa Nostra. Mas nada disso chega perto do que fez à minha mulher. Você não
só a sequestrou, como a machucou e colocou suas mãos imundas sobre ela. Eu
poderia ter lhe dado uma morte rápida se tivesse apenas me traído, mas não,
você foi mais longe e agora vai sentir o peso da própria besta sobre você! —
Dou então a minha sentença.
Katharina olha para ele com nojo e ódio. Meu desejo pela tortura, pela
morte estava no extremo. Nos últimos dias, meu controle estava se esvaindo,
saber que ele a machucou, que ele a tocou, que a feriu me faz querer machucá-lo
da pior maneira possível.
Me desfaço do paletó e da camisa, ficando apenas de calça, deixando-os
sobre a mesa de madeira, Lorenzo já tinha preparando todos os brinquedos
quando trouxe Alesso, as correntes estão presas no teto e ele está nu. Paro em
frente a ele e olho em seus olhos com nojo, com desprezo, dou um soco no seu
olho com todos meus anéis, fazendo seu corpo balançar para trás.
— Foi assim que você bateu no olho dela? — pergunto e dou outro soco
no olho esquerdo. — Você gostou de bater na minha mulher?!
O soco novamente, dessa vez em seu estômago, fazendo-o cuspir sangue
no chão. Pego o alicate de corte e me lembro das mãos nojentas dele sobre a
minha mulher. Vou até ele, puxo as correntes que o prendem e seguro sua mão
esquerda.
— Não, por favor, acaba com isso de uma vez — ele implora quando
corto o primeiro dedo, com brutalidade.
Sangue escorre pelo chão e seus gritos suplicantes são como música para
mim, Katharina observa a cena e se deleita ao ver o sofrimento dele. Destruo
todos os dedos das mãos, assim suas mãos imundas estão decepadas. Pego à
estaca, um dos meus brinquedos favoritos, pois tem pregos na ponta.
— Traidor maledeto — bato com a estaca nas suas pernas e ele se
encolhe de dor. — Você é bosta, preferiu atacar uma mulher a me enfrentar cara
a cara — digo, cuspindo na sua cara. — Agora eu vou te mostrar o que acontece
com quem toca a minha mulher. — Falo, pegando o meu punhal de prata.
Pego um par de luvas e ele começa a tremer de dor e medo. Me baixo,
seguro aquela merda que ele tem entre as pernas e em um golpe só eu arranco
seu pau e suas bolas fora. Ele começa a vomitar, eu olho para Katharina, que
continua vidrada no rosto dele.
— Não ouse desmaiar, quem vai terminar com a sua vida será ela, a
minha mulher. Vem aqui, amore mio. Você tem o direito de acabar com esse
bastardo de uma vez por todas — falo, segurando o punhal para ela.
— Por favor, Dimitri, me mate de uma vez! — Ele implora, com medo
do olhar que Katharina direciona a ele.
Katharina vem até mim, segura o punhal e para em frente a ele.
— Você vai pagar por tudo que fez a mim — ela fala.
Olho-a, então eu percebo que ela está de volta, a minha Katharina, a
guerreira imbatível.
— Pensou que poderia acabar comigo, que iria tomar o poder de Dimitri,
mas você não passa de um fraco — fala com asco e desprezo. — Levanta essa
cabeça, Gambino, a senhora da máfia fala com você. — Acha que por ser uma
mulher, eu sou fraca e despreza tanto os russos, pois saiba que vai morrer pelas
mãos de uma.
— Me mata de uma vez então, Bratva. — Ele tenta provocá-la para ter
uma morte rápida.
— Não, nada disso, primeiro tenho que te contar que nós, russos, somos
descendentes dos vikings.
— Me mata de uma vez, caralho!!! — ele grita para Katharina.
— Os vikings tinham um ritual especial para tratar de homens como
você, traidores e covardes que não merecem piedade. Aqueles que enfureciam a
ira dos deuses.
— Me mata, porra!!! Vamos, Dimitri, me mata, você tem que me matar
— ele implora enquanto eu solto as correntes e o amarro de joelhos, com os
braços abertos sobre uma coluna de concreto.
— Vou desenhar uma águia de sangue em suas costas e suas costelas vão
se abrir como asas, vai ser lindo ver você morrer lentamente conforme tenta
respirar e a dor te consume — fala Katharina, de pé em frente a ele.
— Não, não, por favor!! — ele grita, desesperado quando entende o que
ela pretende.
Ela sorri e caminha até parar atrás dele. Um corte é feito pelo tórax e com
a ajuda do meu punhal, com uma pressão que nunca vi nem mesmo em
cirurgiões. O sangue começa a escorrer pelo chão e as mãos dela estão sujas de
sangue.
— Haaaa! — Ele grita, tentando se debater, mas eu o seguro no lugar,
impedindo que Katharina acabe acertando algum órgão vital.
Ela lentamente separa as costelas da coluna vertebral e eu não consigo
enxergar seu rosto, ela está concentrada no que faz e vai abrindo cortes como se
fossem asas de uma águia, de maneira que não deixe ele morrer fácil.
Eventualmente ele morreria pela hemorragia, pela dor, mas seria uma morte
lenta. Nós dois ficamos assim, olhando para ele até perceber que ele está morto.
Katharina desaba e começa a chorar. Vou até ela e a abraço forte, tentando
consolá-la.
— Acabou, acabou, ele nunca mais vai tocar em você, meu amor.
— Eu precisava fazer isso, eu precisava me limpar — ela diz, tremendo.
— Ele mereceu, ele mereceu isso e muito mais. — Digo, confortando-a
Ela me abraça forte enquanto eu acaricio suas costas.
— Não quero que chore mais, amore mio, acabou, eu estou aqui por
você.
— Eu amo você, Dimitri. — Ela fala em meio ao choro e eu olho para
seu rosto, tentando confirmar o que ela acabou de dizer.
— O que disse, Katharina?! — Questiono, confuso.
— É difícil ter que fingir ser forte o tempo todo e tentar enganar a todos e
o pior enganar a mim mesma, mas já não dá mais para me enganar, eu amo a
besta, eu amo o monstro, eu amo você, Dimitri Salvatore Rinna.
— Você me ama, tem certeza do que está dizendo, bella mia?! —
Pergunto em choque.
— A verdade é que o monstro em mim ama a besta em você! — Fala,
tocando meu rosto cheio de sangue.
— Eu não mereço seu amor, Katharina, mas sou egoísta demais para
recusá-lo, eu quero tudo de você, bella mia — falo, puxando-a para mim e a
beijo com saudade e desespero, a maneira como eu a amo chega a ser insana.
Estamos cobertos por sangue, mas a fome, a saudade e a angústia são
maiores que tudo.
— Me toque, aperte um pouco mais, até não podermos nos soltar — ela
fala, gemendo e morde meu lábio, eu sinto meu corpo todo pegar fogo.
— Eu amo você, bella mia, amo cada pedacinho seu, nada em você é
sujo ou errado, você é perfeita, perfeita para mim. — Falo, beijando seu pescoço,
sentindo o cheiro de sangue ao nosso redor, mas nada disso importa.
A besta dentro de mim implora para que eu a tome. Katharina está com o
rosto cheio de lágrimas, assim como o meu. O beijo se torna profundo, nós dois
estamos desesperados um pelo outro, é como se uma barreira tivesse caído. Seus
lábios devoram os meus com saudade e com paixão, ela arranha meu braço e eu
mordo seu queixo, sentindo o gosto amargo de ferrugem.
— Me mostre a quem eu pertenço, quem é o único a ter meu corpo, a me
sentir. — Ela pede olhando em meus olhos e eu entendo o que ela precisa.
— Ah, amore mio, vou te mostrar exatamente a quem você pertence, que
cada célula do seu corpo tem dono! – Ameaço.
Agarro-a pela cintura e deslizo as alças do vestido longo, seus braços
estão sujos de sangue, assim como meu peito.
Ela está linda e a besta dentro rugi com a visão. Tiro os sapatos e volto a
abraçá-la.
— Você me enfeitiçou desde o primeiro beijo que eu roubei.
— Toda noite brigamos e é quente como um inferno, mas em seus
braços, na nossa cama, me sinto no paraíso — ela fala, me puxando para outro
beijo.
— Vou te mostrar quem você verdadeiramente é, Katharina, nada do que
aconteceu mudou o existe dentro de você!! — Digo, mordendo seu pescoço,
olhando em seus olhos.
Ela abre o zíper da minha calça e toca meu pau, deslizando a calça para
baixo, então eu não perco tempo, puxo seu sutiã branco com força,
arrebentando-o. Olho para os seus seios, os devorando apenas com o olhar, meu
corpo treme de ansiedade, puxo seu cabelo com força, em um rabo de cavalo e
forço sua cabeça para trás, me aproximando mais e digo.
— Eu amo você, Katharina, você é minha, só minha e de mais ninguém!
— Beijo seu pescoço exposto, mordo e chupo todo o caminho até seus seios
fartos, sujando toda sua pele branca de sangue.
— Eu quero seu pau em mim, Boss. — Ela fala, massageando meu pau.
— Não brinca com fogo.
— Toda vez que me toca eu sinto como se tivesse caindo em brasas. Nós
dois somos a própria chama que alimenta o inferno. — Fala, esfregando sua
boceta na cabeça do meu pau enquanto eu chupo seus seios.
— Vamos nos queimar, querida.
Me abaixo, abocanhando sua boceta, que está pingando, chupando-a com
gula. Lambo de cima a baixo, sugando o clitóris e puxando-o com os dentes,
mordendo de leve.
— Dimitri, eu vou gozar assim! — ela grita, extasiada.
Eu aproveito e acelero ainda mais os movimentos da língua, ela se
arreganha mais para mim, abrindo mais as pernas e puxando meu cabelo por
trás.
— Eu sei do que você precisa — digo, mordiscando de cima a baixo. —
Sei o que você quer.
Penetro ela com a língua e a fodo por uns bons minutos, observando seu
rosto em êxtase, a maneira como ela treme quando goza me deixa ainda mais
louco. Ela choraminga, quase gozando, fodo-a ainda mais rápido com a boca, ela
começa a gritar, ensandecida e quando está quase gozando novamente, eu paro.
— Não para! – Katharina suplica – Eu vou gozar de novo, assim isso,
isso!
Com a mão direita, seguro seus braços atrás, levando até a mesa,
pressiono seu corpo ainda mais na mesa e pincelo meu pau na sua bocetinha,
deslizando de cima a baixo, sem entrar. Katharina geme desesperada e se esfrega
em mim, se contorcendo, louca, implorando para que eu a foda. Eu meto de uma
vez só na sua boceta, fazendo-a se inclinar para tentar encaixar melhor, sinto
como se estivesse no paraíso, sua boceta esmaga meu pau feito uma luva, me
apertando, ela está encharcada.
Seus olhos se fecham em êxtase, aproveito e mordo seu seio esquerdo,
ela rebola no meu colo, gemendo. Soco com força, metendo com vontade, dá
para escutar o som dos nossos corpos se chocando.
— É assim que você quer, bella mia?! — Estoco sem parar, fodendo sua
boceta com força.
— Isso, Boss, mais rápido, me faça sua apenas – Diz entre gemidos.
— Fala pra mim quem você é, Katharina, a quem você pertence?!
— A você.
— Eu não ouvi, não entendi o que disse. Anda, fala! — Dou um tapa em
sua bunda.
Tiro meu pau todo, apenas para meter mais forte de novo e de novo...
— Eu sou Katharina Peskov Castelaresi Rinna, eu sou a senhora da máfia
e pertenço a você, Boss, eu pertenço à besta! — Grita, chorando quando o
orgasmo a domina, só então eu gozo, rugindo, a acompanhando.
Levanto seu rosto pra mim, puxo seus cabelos e beijo sua boca
lentamente. Vou beijando seu rosto com carinho, limpando suas lágrimas,
olhando em seus olhos azuis, os mais lindos que já vi, me dando conta que
jamais vou conseguir viver sem essa mulher.
— Nunca mais você vai passar novamente pelo que aconteceu, eu
prometo que irei protegê-la até o fim da minha vida, está ouvindo!? — Falo sério
para ela, que balança a cabeça e sorri para mim. E o seu sorriso é como o sol,
iluminando as trevas que vivem em mim.
O frio da Rússia é formidoloso, odiei esse lugar desde que coloquei meus
pés aqui.
Após descobrir que Aslan Castelaresi foi o mesmo que pegou Rebeca no
hospital, eu comecei a investigar onde ele poderia estar escondendo a minha
mulher, ela não veio com ele para Palermo, isso estava claro, já que o mesmo
não saiu da fortaleza de Dimitri e foi direto do aeroporto para ela. O palácio
onde ele e sua família moram estava sendo monitorado por meus homens, mas
por enquanto nem sinal de Rebeca, o que começa a me desesperar. Usando meu
charme e carisma eu consigo convencer uma das funcionárias do palácio a ser
meus olhos lá dentro. O lugar é tão grande que, segundo ela, há muita gente que
ela não conhece. Dou uma foto de Rebeca para que ela investigue se ela estava
escondida lá. Agora aguardo dentro do meu carro, fora do território vigiado
pelos Bratva, para que ela me informe o que descobriu.
— Senti a sua — Ela fala ao entrar no carro, tentando me beijar, porém
eu me afasto, sem nenhum pingo de paciência.
— Vamos, querida, me diga o que descobriu, estou preocupado com
minha sobrinha, ela é muito jovem e pode estar sendo enganada pelo Castelaresi.
— Bem, tudo bem, eu sei que você é um tio dedicado, mas jovem não
está no palácio. Na verdade, ninguém a viu, mas rola um boato entre os
funcionários.
— Boato? — Questiono, colocando a mão no queixo.
— Sabe como é, muitos empregados, a fofoca rola solta.
— Seja mais clara.
— Estão falando que o jovem Aslan está apaixonado por uma
estrangeira. Parece que ele até se afastou da Bratva para ficar com ela por um
tempo.
Seguro o volante do carro com tanta força que sinto o couro romper.
— Será que ela é a minha sobrinha?!
— Acho que sim. — Ela diz, olhando para mim.
— Onde ele pode estar mantendo-a? — Pergunto nervoso.
— Não sei, talvez em alguma outra propriedade que seja tipo um ninho
de amor.
Não a deixo terminar de falar, saco a minha arma e disparo contra ela,
silenciando-a de uma vez.
— Maldita, maldita.
Ligo para o detetive e peço que ele descubra possíveis propriedades que
o desgraçado do Castelaresi possa ter.
— Se ele tocou em um fio de cabelo dela eu o mato!
— Digo retirando o corpo da garota do meu carro e jogando dentro do
rio.
Horas mais tarde me encontro com alguns dos meus homens e o detetive.
— Eu fiz uma lista de possíveis locais onde ela pode estar se escondendo,
mas essa cobertura no centro me parece o local mais tranquilo, é fácil para ela
estar lá.
— Então é para lá que iremos. — Falo, ansioso para recuperar o que é
meu.
— Ainda não acredito que você está bem, minha filha — fala mamãe,
contente, enquanto somos servidos por Luigi.
— Já não há nada o que temer, nem o que me envergonhar, eu não me
sinto mais suja. — Falo, abaixando o olhar, triste.
— Não há nada de sujo em você, pequena. — Afirma Aslan, me
consolando.
Dimitri se mantém calado, assim como Vicenzo, que está visivelmente
contando os segundos para o jantar acabar, Lorenzo conversa com meu pai sobre
os negócios.
É a primeira vez eu que realmente me sinto em família, uma grande
família, toda torta, mas a minha família.
— Já que você está melhor, vamos voltar para a Rússia amanhã de manhã
— fala meu pai.
Dimitri só falta sorrir de felicidade e nem mesmo disfarça.
— Eu gostaria que ficassem mais, quase não pude aproveitar vocês aqui.
— Os negócios não podem esperar, não podemos nos ausentar por muito
tempo. — Fala meu pai, decidido.
— Tem razão, tenho muito a fazer na Rússia — diz Aslan, lembrando de
Rebeca.
— Não fique triste, bella mia, podemos ir à Rússia em breve — fala
Dimitri, segurando minha mão sobre a mesa.
Todos, menos Vicenzo, olham para o gesto de carinho com certa
estranheza. Talvez seja inacreditável demais para eles perceberem que a rosa
conquistou a besta.
Assim que a porta se abre eu vejo Rebeca, com os cabelos mais curtos, o
olhar assustado e pele pálida, como se tivesse visto um fantasma.
— Sentiu a minha falta, bonequinha?! — Pergunto, feliz ao vê-la.
Ela tenta fechar a porta na minha cara, mas sou mais rápido e empurro a
mesma com força, abrindo-a.
— Eu vim te buscar, querida, estou disposto a esquecer sua fuga e te
perdoar — falo, paciente.
— Me perdoar, você me perdoar depois do que me fez? Você matou a
minha filha e eu tenho que te pedir perdão?
— Eu não vou levar em conta o que está dizendo porque sei que está
nervosa. A morte da nossa filha foi uma fatalidade, mas juntos vamos superar
tudo, você vai ver que logo estaremos esperando um novo filho. Você verá.
— Será que não se dá conta do quanto você é doente? Eu não quero ir
com você, eu o odeio. Dante, eu fugi e fugiria novamente se tivesse a chance —
fala, me enfrentando e a pouca paciência que eu tinha evapora.
Com três passos eu estou à sua frente e tiro a seringa do meu bolso do
paletó. Rebeca tenta correr de mim, mas eu a puxo forte pelo braço e aplico o
tranquilizante em seu braço fazendo com que aos poucos ela vá apagando. Pego
ela no meu colo e me sento, em paz depois de semanas. Levo Rebeca até o carro,
meus homens fazem a limpeza e eu a levo para longe desse maldito lugar, onde
ninguém mais atrapalharia nossa felicidade.
A viagem da Rússia até a Itália é longa, dessa vez ninguém a afastaria de
mim, levo Rebeca nos meus braços direto para nossa nova casa. Casa essa que
fiz questão de escolher para nós dois, não colocaria meu anjo naquele lugar que
agora está imundo com o cheiro da puta da Giuliana.
Falando nela, da última vez que me vinguei dela, acabei pegando pesado
e a vadia foi parar no hospital, eu poderia matá-la e acabar com isso de uma vez,
mas era muito melhor tortura-la lentamente, pretendo deixá-la nas mãos dos
meus homens antes de dar fim na vadia de uma vez. Nessa nova casa eu
pretendo apagar as lembranças ruins que ela tem, aqui, longe de tudo e de todos
eu pretendo mostrar a Rebeca o quanto eu a amo e estou disposto a perdoá-la por
ter fugido de mim. Observo ela dormir tranquila, toco seus cabelos loiros, que
agora estão mais curtos, indignado por ela os ter cortado. Seu rosto está mais
corado e ela também ganhou peso, o que caiu bem em seu corpo. Seu rosto
franze lentamente e ela vai abrindo os olhos, pisca várias vezes para se
acostumar com a claridade.
— Que bom que acordou, meu anjo — falo feliz e então Rebeca se senta
na cama, assustada.
— Onde estou... Como você... — começa a gaguejar, nervosa.
— Senti tanto a sua falta, querida — falo, me aproximando dela que se
esquiva do meu toque.
— Não me toque, tenho nojo de você — fala com ódio no olhar.
Me afasto, respirando fundo, tentando controlar a minha vontade de fazê-
la engolir suas palavras.
— Eu sei que está magoada pelo que aconteceu, eu não deveria ter te
traído meu anjo. Mas eu sou homem e a vagabunda da sua irmã ficou se
oferecendo.
— Como tem coragem de colocar a culpa nela? É você quem me deve
respeito, Dante, você era meu marido, era você quem deveria honrar nosso
casamento — diz, com lágrimas nos olhos.
— Eu ainda sou seu marido, meu anjo, eu errei, mas prometo que agora
será diferente. — Falo, pegando o buquê de rosas rosa que mandei comprar e
entrego a ela.
Rebeca pega as flores e olha para elas como se fossem espinhos e as joga
no chão.
— Acha que essas meras flores irão mudar tudo que aconteceu? Você me
traiu, me humilhou, me espancou e ainda arrancou de dentro de mim a única
coisa boa que tinha me dado, minha filha. Eu nunca vou te perdoar, eu te odeio
com todas as minhas forças!!! — grita, com o rosto cheio de lágrimas.
Eu preciso fechar os punhos e contar até dez mentalmente para não a
machucar.
— Eu estou disposto a te perdoar, esquecer que fugiu, esquecer que pediu
para Katharina te ajudar a fugir. Posso fechar meus olhos para os seus erros,
você só precisa fazer o mesmo. Eu te trouxe aqui para te reconquistar, você já
me amou uma vez, pode me amar novamente, o tempo fará isso.
— O tempo pode curar tudo, mas o meu ódio por você ele não vai. Pode
vestir essa máscara de bom moço, mas eu conheço o monstro que é você, Dante,
eu não o amo, na verdade, agora eu tenho a certeza que nunca amei, o que eu
sentia por você não passava de deslumbramento de uma garota boba.
— Isso não é verdade, você me ama!! — Falo amargo, tremendo com
sua audácia.
Ela nunca falou assim comigo, nunca me enfrentou dessa forma.
— O único homem que amo se chama Aslan Castelaresi!
Eu não me seguro e acerto um tapa tão forte em seu rosto que ela se vira
e sangue escorre pelos seus lábios, que ela trata de limpar e sorri para mim.
— Pode me bater o quanto quiser, pode me espancar, eu não me importo,
eu posso viver o resto da minha vida no inferno com você, mas jamais
esquecerei as semanas no paraíso que só Aslan pode me levar.
Me afasto dela antes que acabe fazendo o que tenho vontade, que é fazê-
la engolir cada maldita palavra que diz.
— Você viveu um inferno ao meu lado, meu anjo, você não conhece o
inferno, mas talvez eu possa mostrar a você um pouco do que é verdadeiro
inferno.
Pego meu celular e ligo para meu subchefe, que já tem tudo preparado.
— Quero fogos de artifícios brilhando no céu de Palermo, que não reste
nem mesmo um membro para contar história! — Falo, imagino o rosto do
maldito russo que ousou tocar na minha mulher.
— O que você vai fazer?! — Pergunta Rebeca, nervosa e eu apenas
sorrio.
— Está tudo pronto, chefe, será perfeito, ninguém vai desconfiar. —
Fala, confirmando as minhas ordens.
Desligo o telefone e olho para Rebeca, que está alarmada.
— O que você vai fazer, Dante, o que está planejando? — Ela pergunta,
se levantando da cama e vindo até mim.
— Ninguém toca no que é meu, anjo, o maldito russo entenderá isso da
pior forma!
Eu mal dormi na noite passada, ansioso para voltar para casa. Tentei ligar
para Rebeca durante a noite, mas estranhamente ela não me atendeu,
provavelmente estaria dormindo por conta do fuso horário. Mandei uma
mensagem para meus homens e eles me avisaram que estava tudo bem. Me vesti
assim que o sol nasceu, eu já estava com as malas prontas para voltar para casa.
Desço para o térreo e encontro Vicenzo chegando. Pela sua expressão nada boa
dava para perceber que ele não está bem. Passa por mim, como se não tivesse me
vendo e sobe as escadas. Malditos italianos, todos sem educação.
— Eu costumava dizer a mesma coisa dos russos — fala Dimitri, saindo
do escritório.
— Rinna. — O cumprimento.
— Pelo que vejo já está pronto para voltar para casa!
— Sabe como é, esse lugar é quente demais para mim — debocho.
— Está claro que não nos suportamos, Castelaresi, mas nós dois temos
algo em comum, Katharina, e por ela teremos que aprender a conviver, afinal
nenhum dos dois vai se afastar da vida dela.
E, pela primeira vez, me vejo obrigado a concordar com o maldito Rinna.
— Realmente, você está certo, pelo bem da minha irmã, eu faço o
sacrifício de suportar você, Rinna.
— O que tanto vocês dois conversam?! — fala Katharina, descendo as
escadas.
É nítido ver o quando ela está melhor, não sei o que aconteceu naquela
torre, mas não importa, desde que tenha trazido minha irmã de volta.
— Apenas dizia para o seu irmão que é uma pena ele e seus pais já irem
embora, mal chegaram à Itália.
— Ah, sei... — Fala, cruzando os braços, duvidando das palavras de
Dimitri.
— Vamos para o pátio, pedi que Luigi e Ivana preparassem o café lá fora
antes de vocês irem.
Chego ao hospital sozinho, sem nenhuma escolta e assim que digo quem
sou, a recepcionista me informa o andar onde ele está internado. Tenho que
vestir uma roupa especial para entrar na UTI, antes de entrar no quarto eu paro
do lado de fora e vejo uma senhora de cabelos brancos. Não a conheço, mas seus
olhos me lembram os de Chaise, o que me faz pensar que ela deve ser sua mãe.
Entro no quarto e vejo uma enfermeira trocar a bolsa de soro, ele está todo
entubado, cheio de fios ligados ao corpo e pálido, observo uma bolsa de sangue
pendurada no suporte metálico e isso me faz lembrar a quantidade de sangue que
ele perdeu.
— Com licença, senhor — diz a enfermeira, me deixando sozinho no
quarto.
Me abaixo, ficando ao seu lado, sentindo-me um merda por ele estar
nesse estado.
— A culpa é minha por você estar aqui, eu deveria ter impedido você de
ir atrás de Alesso. Se eu tivesse feito algo, te protegido, nada disso estaria
acontecendo. Chaise, você precisa se recuperar. Você precisa voltar, eu preciso
que esteja aqui, preciso dizer o que escondi de você todo esse tempo. Não me
deixe assim, eu não tive nem mesmo a chance de dizer que eu também te amo.
Me perdoa, eu nunca disse isso para você, não quis parecer fraco, também não
queria assumir meus sentimentos, não quando o amor que eu sinto por você é
impossível. — Limpo as lágrimas grossas que escorrem pelo meu rosto.
— Eu fui um filho da puta egoísta, mas não é fácil para mim, um homem
da máfia assumir que ama um homem, que sou bissexual. Mas você, Chaise, me
ensinou que o amor não escolhe gênero, o amor escolhe pessoas e não importa
quem elas sejam. Chaise, você precisa voltar, acorda, você é muito jovem para
morrer. Eu não vou suportar perder você. — Falo, chorando. — Por favor,
acorda — Soluço, já sem forças, vendo seu corpo tão abatido nessa cama de
hospital.
A porta do quarto abre e o médico passa por ela, disfarço olhando para
baixo enquanto limpo meu rosto.
— Como o paciente está, doutor?! — Falo, tentando controlar o nervoso.
— Sinto muito, senhor, o disparo atingiu uma artéria femoral da perna
esquerda, ele perdeu muito sangue e entrou em coma.
— Deve haver algum engano, não pode ser — falo em puro desespero
— Receio que não haja nenhum engano, infelizmente há pouquíssimas
chances de ele acordar do coma. Nós já fizemos todos os procedimentos
necessários, mas agora já não depende de nós.
— E se ele não acordar mais? — Pergunto, olhando para a cama de UTI.
— Nesse caso precisaremos de uma autorização da família para desligar
os aparelhos, mas ainda tenho fé que o paciente possa acordar.
Quem poderia fazer algo assim? - Digo em meio ao choro enquanto sou
abraçada por Dimitri. A notícia da morte dos meus pais é tão aterradora que
ainda parece mentira, ontem eles estavam aqui e agora estão mortos. Eu não
consigo parar de chorar, Ivana tenta consolar meu irmão. Meus olhos ardem, os
soluços saem pela minha garganta rasgando, a dor é alucinante, perder os dois já
é terrível, mas perde-los da forma que os perdi é demais para suportar.
Dimitri me abraça, dizendo que está do meu lado, Aslan está em estado
de choque, a perícia trabalha para recolher os restos mortais dos dois e fazer ao
menos um enterro digno, que será na Rússia, com todos os membros da Bratva
presente.
— Ele disse que sentia orgulho da mulher que eu me tornei — falo aos
três. — É cruel demais, depois de anos brigado com meu pai, quando eu consigo
perdoá-lo, eu o perco. Mamãe não merecia isso, ela era boa demais, não merecia
morrer — falo, soluçando.
— No fundo, ele, assim como a sua mãe, amava muito vocês, os dois
precisam ser fortes e unidos agora — fala Ivana.
— Eu gritei com ele, eu o enfrentei e agora ele está morto por minha
culpa — fala Aslan, encarando para o vazio.
— Quem poderia querer a morte dos dois?! — Pergunto, querendo
vingança.
— A Bratva tem muitos inimigos, bella mia, muita gente se beneficiaria
da morte do chefe.
— Era para eu estar morto junto com eles, se não fosse a ligação, a porra
da minha intuição me dizia que algo ruim ia acontecer, eu estaria dentro daquele
avião, morto também! — Fala Aslan, apertando o braço da poltrona.
— Alguém queria matar os três. Quem seria capaz de algo tão meticuloso
e cruel? — Questiono indignada.
— Dante Tommaso Bruschetta, foi ele, aquele verme maldito! — fala
Aslan e então eu sinto meu corpo gelar e Dimitri olhar para ele desacreditado.
— Por que meu capo faria algo assim, essa é uma acusação muito
grave?! — Questiona Dimitri, ficando de pé.
— Por Rebeca, ele quis me matar porque eu me apaixonei pela mulher
dele. E por pouco não conseguiu, nossos pais foram apenas vítimas do acaso!!
— Ele diz.
Fico pensativa, com minha cabeça a mil.
— O que Rebeca tem a ver com tudo isso? Por que ele faria algo do
tipo?! — Questiona Dimitri, olhando agora para mim.
— Aslan tirou Rebeca da Itália para mim, ela está na Rússia com ele, eles
estão juntos agora.
— Ela estava, eu recebi uma ligação segundos antes de entrar no avião,
Dante foi à Rússia e pegou Rebeca, provavelmente ela está aqui com ele, em
Palermo.
— Que merda vocês dois fizeram? Olha a confusão em que você se
meteu Katharina. Ela é mulher dele porra!! — Fala, fazendo-me sentir culpada.
Talvez se tivesse apenas ajudado Rebeca a matar Dante meus pais
estariam vivos.
— Eu só queria ajudá-la, eu não pensei direito — falo, chorando e logo
ele vem até mim e me abraça.
— Se acalma, nós vamos resolver tudo, eu prometo.
— Eu o quero morto, farei questão de tortura-lo lentamente antes de
matá-lo! — Fala Aslan, cheio de ódio.
— Até o momento vocês dois só tem suposições, não temos nenhuma
prova que ele mandou explodir o avião! — Diz Dimitri.
— Foi ele, eu tenho certeza que foi ele, vou acabar com a raça daquele
merda, ele vai pagar caro pelo que fez a Rebeca e por ter matado nossos pais! —
Grita Aslan.
— Você não pode simplesmente lançar guerra contra a o capo da família
Bruschetta sem nenhuma prova. Não seja a porra de um amador!! — grita
Dimitri.
— Foda-se, eu não estou pedindo a sua permissão, Rinna, Dante é um
homem morto e você não vai me impedir, merda!!
— Vocês podem se acalmar, por favor — digo nervosa e sem saber o que
pensar.
— Mesmo que exista uma pequena chance de não ter sido ele que
mandou explodir o avião, ainda assim eu o matarei pelo que ele fez a Rebeca. —
Fala meu irmão e os dois se encaram como se quisessem matar um ao outro.
— Isso é um assunto interno que diz respeito a Cosa Nostra, eu sou o
Boss e tomo as decisões aqui!! Você parece se esquecer que ela é mulher dele e
você não está na Rússia, porra!! — fala Dimitri com toda sua postura de Boss.
Me levanto e fico em frente à Dimitri entre os dois.
— Meus pais vieram apenas me ver e agora estão mortos, completamente
carbonizados. Eu não aceito que isso fique em branco, Dimitri, quero vingança,
quero fazer quem fez isso pagar caro. Se não foi Dante que os matou, você tem
que descobrir quem foi.
— Eu mesmo vou matar esse maldito — fala Aslan e então me viro para
ele colocando a mão no seu ombro, onde fica a tatuagem da Bratva.
Olho em seus olhos azuis que estão inchados como os meus.
— Você não pode mais deixar seu coração guiá-lo, precisa ser racional.
Nada será mais como antes, tudo mudou, só me resta você, irmão. E agora,
Aslan Peskov Castelaresi, você é o chefe da Bratva. A Bratva vem acima do
amor da sua família, até mesmo da nossa vida, foi você quem me ensinou isso. E
não pode começar seu comando declarando guerra, não sem conseguir provar
que Dante é culpado.
— Os peritos vão analisar a caixa preta do jato e as câmeras já estão
sendo analisadas. Daniela e sua equipe irão ajudar. — Fala Dimitri.
— E quanto a Rebeca, o que vai acontecer com ela?!— Pergunta Aslan,
cruzando os braços desafiando Dimitri.
— Eu vou até a casa de Dante hoje mesmo e falarei diretamente com ela.
Se for da sua vontade eu concederei o divórcio a ela, o primeiro divórcio feito na
Cosa Nostra. Isso é tudo que posso fazer por hora.
— Eu vou com você — falo, pensando que comigo lá ela não se sentirá
intimidada.
— Irei com os dois me certificar que aquele maldito não fez nada contra
ela.
Ele não parecia o tipo que bateria em uma mulher, que acabaria com
minha autoestima, o tipo de homem que me aprisionaria em uma jaula de ouro.
No começo, eu me sentia culpada, ele estava trabalhando para cuidar dos
negócios, tudo que eu tinha que fazer era amá-lo e ser a melhor esposa que ele
poderia ter. Mas, com o tempo eu comecei a perceber que não era o bastante.
Sempre tinha um motivo para um tapa, um soco, até mesmo para me deixar
trancada, eu me sentia culpada a maior parte do tempo, por não ser a esposa que
ele merecia.
Eu sempre o amei, desde a primeira vez que o vi, eu ainda era uma
criança e, como italiana pertencente à máfia, tradicionalmente íamos à missa no
domingo. Todos os mafiosos vão à igreja, é fundamental para a Cosa Nostra. Ele
já era um adolescente, tão bonito com seus olhos azuis marcantes, ele sempre foi
charmoso, educado e inteligente. Havia um certo encanto que me fascinava
nele. O tempo passou e eu não o vi mais, porém não o esqueci e quando ele e
Giuliana ficaram noivos, chorei por dois dias, menti para mamãe que estava
doente para não ter que descer e vê-los noivando. Eu fui tratada como a
irmãzinha da sua perfeita noiva, mas Giuliana nunca foi perfeita, na verdade ela
nunca passou de uma cobra venenosa. Eu estava muito feliz, quando me casei
com ele, pobre garota burra, eu deveria saber. Desde o primeiro dia de casados
ele me mostrou quem era, me machucou tanto, mas como uma garota ingênua eu
o perdoei no minuto que me trouxe flores. Eu pensei que me casando com ele me
sentiria no topo do mundo, mas eu estava apenas me afundando no inferno. Perdi
aos poucos o brilho que existia em meus olhos e sentia como se andasse sempre
em uma corda bamba. Qualquer erro meu era um motivo para ser castigada.
Eu já não era sua esposa, para ele eu não passava de posse, controle e
vingança.
Com o tempo eu passei a entender que Dante odiava tanto Giuliana que
procurou enxergar em todas as mulheres os erros dela. No fundo, no fundo ele
sempre esperou o momento que eu fizesse o mesmo que ela para dizer que ele
estava certo em me tratar como tratou. Eu fui tão cega, tão boba, me encontrei
vivendo em função de um homem que não tem coração, eu me vi passando por
cima de mim mesma por amor a ele, suportando tudo apenas pela pequena fé de
que ele pudesse mudar e quando ele me tocava eu sentia ali seu desespero, eu
sentia um manto cair. Podia ver uma pequena chama de sentimento vindo dele e
por essa mísera chama eu suportei tudo.
Eu precisei perder minha filha, sofrer as piores dores que uma mulher
pode sofrer para enxergar que homens como ele jamais irão mudar. Essa história
de vilão que se redime com o poder do amor é apenas uma maneira ridícula de
ilustrar os sonhos vazios de pessoas fantasiosas. A verdade, a única verdade, nua
e crua, não é bonita. Homens como Dante não mudam, eles podem até mentir,
manipular com seu charme, fazer mil e uma promessas que vão mudar, dizer
amam, mas vai chegar uma hora, não importa por qual motivo, ele vai achar um
motivo para te machucar
Aslan foi o único que me ensinou o que é ser amada. O que sentimos um
pelo outro foi tão puro e genuíno. Eu não esperava mais nenhuma chama de
felicidade e vivi ao lado dele as melhores semanas da minha vida, mas agora eu
posso ser a culpada pela sua morte.
Eu fiquei sozinha no quarto depois dele ter dito que iria matar Aslan e
entrei em pânico, meu pior pesadelo estava acontecendo. Eu esmurrei a porta
implorando para que ele não fizesse nada contra Aslan e Katharina, eu morreria
de culpa se algo acontecesse com os dois. Não sei quantas horas se passaram, eu
estava deitada no chão ao lado da porta quando ouvi o barulho da chave abrindo
a porta e o trinco se mexendo.
— Passou à noite no chão, meu anjo, vai acabar ficando doente — fala
Dante, entrando no quarto com um controle nas mãos.
— O que você fez, Dante? Por favor, não os machuque, eles não têm
culpa de nada, se quer se vingar de alguém, use a mim — falo, ficando de pé
com dificuldade.
Ele vem até mim e segura meus braços, eu sinto meu corpo tremer de
nojo, asco e pavor. Seu toque me causa uma angústia terrível e meus olhos se
enchem de lágrimas, justo quando pensei que já não conseguia mais chorar.
— Não chore, querida, tudo que acontecer agora vai depender de você —
fala e pega o controle da televisão que nem tinha reparado no quarto e liga,
mudando os canais até que eu vejo um canal de noticiário. Meu estômago
embrulha e meu corpo treme, em pânico, quando vejo a notícia do avião
particular de um milionário russo que caiu em cima de um prédio após a
explosão, o número de mortos ainda não havia sido divulgado.
— Não, não, você o matou!!! Você o matou! — Grito, batendo em seu
peito, chorando sem parar e sentindo meu mundo despedaçar.
— Não gaste suas lágrimas à toa querida, o maledeto escapou, mas não
por muito tempo, tanto ele quanto a irmã irão pagar — fala com deboche.
— Por favor, Dante, eu suplico por tudo que é mais sagrado, eu estou
aqui, eles não têm culpa.
— Você vai ter que fazer melhor que isso se quiser que eu poupe a vida
daquele monte de bosta.
— Eu faço qualquer coisa, por favor, esqueça o que passou, deixe eles
em paz.
Imploro em pânico, pensando no que ele é capaz de fazer pra se vingar
de mim, Dante é completamente louco.
— Você pediu com tanto carinho que atenderei seu pedido, eu vou
esquecer o que houve, porém você terá que voltar a ser a esposa devotada que
sempre foi. Vai voltar a me amar e seremos felizes de novo — fala de maneira
doentia e beija meus lábios, me fazendo congelar de puro horror. — Precisa se
esforçar mais, se quiser que eu seja piedoso.
Eu deixo as lágrimas escorrerem e abro a minha boca para que ele me
beije, Dante me arrasta para cama, onde me usa como se fosse uma boneca, me
sinto violada, suja, toda marcada com seus chupões e mordidas. Quando ele
termina o que queria que fazer, fecho os olhos e tento pensar nos momentos
mágicos na cabana, pois eles serão o único refúgio da minha mente quando ele
me tocar. Alguém bate na porta do quarto, ele veste a calça jogada no chão e vai
abrir. Porém, estou tão traumatizada que não consigo nem ver quem é e o que
conversam.
— Querida, nós temos visitas, é hora de você mostrar para mim o quanto
quer os dois vivos.
Dante me obriga a colocar um vestido vermelho, que ele escolheu. Desço
as escadas ao seu lado, sentindo meu coração acelerar, com um medo terrível do
que aconteceria. Na sala principal está Dimitri, Katharina e ele, o meu salvador,
Aslan.
— Bom dia, a que devo a honra dessa visita?! — diz Dante, debochado.
— Bom dia, Bruschetta, vim até aqui conversar com sua esposa, em
particular — fala o Boss. Aslan e Katharina ficam calados.
— Tudo que tiver que dizer à minha mulher pode dizer a mim.
— Rebeca, nós estamos aqui para te ajudar — fala Katharina, dando um
passo em minha direção, porém Dimitri segura à mão dela.
— Eu agradeço a visita dos senhores, mas não vejo motivos para
precisarem vir à minha casa — falo forçada e os três me olham, confusos,
principalmente Aslan.
— Rebeca, minha esposa me relatou o que vem sofrendo com seu
casamento, como chefe da família é meu dever fazer com nosso código de
conduta e mandamentos sejam respeitados. Se seu marido a maltrata, estou
disposto a dar o direito de divórcio a você — fala o chefe olhando para mim.
Tudo que eu queria estava ali na minha frente, mas eu sabia que no
minuto que passasse pela porta Dante mataria Aslan, ele não descansaria até que
me tivesse de volta.
— Eu sinto muito se dei a impressão errada para sua esposa, chefe, sabe
como é, brigas de casal, eu acabei exagerando, mas Dante e eu estamos nos
recuperando da perda da nossa filha — falo, olhando nos olhos de Aslan,
tentando passar verdade, ele precisa acreditar.
— Rebeca, não precisa ter medo, nós iremos te proteger! — fala
Katharina, preocupada.
— Eu amo meu marido, Katharina — digo, sentindo as palavras
rasgando minha garganta. — Tudo que eu vivi na Rússia não passou de uma
aventura de jovem, eu estava confusa com a morte da minha filha e acabei
fazendo besteira, mas agora eu percebi que nunca deixei de amar meu marido —
falo, olhando para Aslan e sinto Dante me abraçar por trás.
— Bom, se é assim, não temos mais nada a fazer aqui — fala Dimitri.
— Espera, Rebeca ele está te forçando a dizer isso. Não precisa ter medo,
eu não vou deixá-lo te machucar! — Fala Aslan, dando dois passos em minha
direção, angustiado.
— Vá embora, senhor Castelaresi, como eu disse, eu amo meu marido.
Nessa hora, Aslan avança para acertar Dante quando Dimitri o impede e
Katharina puxa seu braço, o afastando.
— Vamos embora, não podemos fazer nada agora — diz Katharina para
ele, que mesmo relutante, sai.
Assim que a porta se fecha eu desabo, chorando no chão frio de
mármore, a dor que estou sentindo é tão grande que já não consigo ver sentido
no que sobrou da minha vida.
— Eu estou tão orgulhoso de você, meu amor — fala Dante, se
agachando de frente para mim. — Vem, meu anjo, levante, não fique nesse chão
frio — fala, oferecendo a mão para mim.
É então que vejo um brilho metálico na sua cintura, toda a minha
angústia e minha dor me fez agir de maneira impensada, puxo a pistola da sua
cintura, ficando de pé, apontando diretamente para ele.
— O que pensa que está fazendo?! — diz calmo, ficando de pé.
Ali na minha frente estava um ser imundo, um monstro, minhas mãos
estão tremendo muito, as lágrimas não param de escorrer pelo meu rosto.
— Você nunca vai me deixar em paz, já não basta todo mal que fez para
mim, você ainda quer me aprisionar — falo, apontando a arma para ele.
— Abaixe essa arma, amor, você não sabe usar e vai acabar se
machucando.
— Eu vou matar você, só assim eu vou ser livre, eu vou ter paz — falo,
totalmente fora de mim, a ponto de enlouquecer de desespero.
— Para com isso, Rebeca, não brinca com essa arma, me devolve e
vamos conversar com calma.
— Eu não quero conversar!!! Eu quero que você suma da minha vida, eu
quero ser feliz longe de você!!! — grito descontrolada, destravando a arma e
então os olhos de Dante ficam alarmados.
— Meu anjo, você não é assim, abaixe essa arma, você é boa, não
consegue matar nem mesmo um animal, quem dirá a mim.
— Eu te odeio, porque você não aceita que eu não o amo e me deixa ir,
não me deixa ser feliz longe daqui longe, desse inferno!! — Falo, chorando
muito.
— Eu nunca vou conseguir viver longe de você, Rebecca, eu te amo.
Meu amor por você é grande demais para deixá-la escapar de mim.
Em um ato de lucidez me dou conta que eu nunca terei paz, ele nunca vai
me deixar livre, a minha vida sempre será um calvário. Dante dá um passo em
minha direção e então eu aponto a arma para a minha cabeça e ele congela.
— Abaixe essa arma, por favor — fala, em pânico.
— Tudo que eu queria era ser feliz, mas isso nunca vai acontecer, nunca.
Ali, eu vejo a única saída para o meu desespero, escolho escapar para sempre do
monstro.
Então, eu atiro....
— Rebeca, não!!!
— Rebeca, não!!! — Eu gritei em pleno desespero.
Eu grito, mas é inútil, seu corpo desaba nos meus braços, já é tarde
demais. Há um buraco de bala na sua cabeça e seus cabelos loiros estão cobertos
de sangue. Abraço-a e choro
— Por que fez isso, meu anjo, por que?! — Pergunto chorando,
desesperado, sabendo que minha vida acabou. — Eu teria feito qualquer coisa
por você, para provar que eu te amo. — Por que!? O grito sai rasgando minha
garganta.
Não há batimento cardíaco, seu corpo está quente, mas vazio, sem vida,
ela me deixou, ela se foi.
— Oh, amor, você não pode me ouvir chorar, mas eu te amei, eu te
amei!!! — Grito, dando vazão a toda a dor.
Agora eu vejo todos os meus sonhos morrerem, junto com ela.
— Meu mundo é tão frio sem você, Rebeca, porque você fez isso?! Você
é meu lar, você é minha fortaleza, você é meu mundo. Eu mal posso respirar sem
ter você, anjo. - Éramos felizes, íamos formar uma família e por culpa deles tudo
se perdeu. Você não entendeu que eu te amo, o quanto eu sou louco por você,
meu amor. Eu deveria ter matado todos, assim você estaria aqui comigo. Agora
tudo dói muito, a dor é insuportável. Minha camisa está cheia de sangue, o piso
de mármore está vermelho com seu sangue, meus seguranças estão todos
olhando para mim, estáticos.
— Sumam daqui!! — Grito, soluçando em pranto.
Abraço forte seu corpo contra mim, não querendo acreditar que ela se foi,
parece um pesadelo onde a qualquer momento eu vou acordar.
— Você faz o meu coração sangrar e tudo que eu te dei foi meu amor, eu
nunca amei como amei você, anjo. Agora estou sozinho, Rebeca, sozinho sem
você.
Não sei quantas horas fico no chão, segurando seu corpo sem vida. A
manhã dá espaço para a tarde e logo o dia se tornou noite e eu ainda estou ali,
abraçado ao seu corpo, agora gelado. A porta volta a abrir e então ouço
comandos direcionados a mim.
— Senhor, precisa se levantar, a senhora está morta — diz Felipo, meu
subchefe e homem de confiança.
Escuto o que ele diz, mas a minha mente não quer aceitar que ela se foi e
não voltará mais. Solto seu corpo frio e fico de pé, olhando para o sangue em
minhas mãos.
— Precisa fugir, chefe, a morte dela recairá sobre o senhor, estão
investigando a queda do avião! — Fala Mathias e eu olho para corpo de Rebeca
e para o sangue em minhas mãos, ainda estático.
— Eu não a matei, eu não faria isso, eu a amo! — Digo com o peito
rasgando em dor.
— Eu sei, todos nós sabemos que não faria isso, mas o Boss não sabe e
ele não vai salvá-lo. O Castelaresi agora é o chefe da Bratva, precisa fugir antes
que seja tarde e o senhor acabe morto.
— Eu não vou fugir!! Eu matarei todos, eles são os culpados por Rebeca
ter feito isso. Encheram a cabecinha dela com bobagem, nós éramos felizes, eu a
amava e íamos ter uma família, eu a amava — falo desolado, sentindo-me
perdido, sem saída e sem esperança.
— Não adianta ficar aqui, você é apenas um contra a Bratva e a Cosa
Nostra.
A razão diz que ele está certo, eu devo ir, mas o meu coração diz que
devo vingar a morte de Rebeca, de todos que ousaram afastar ela de mim.
Eu não tenho tempo para pensar no que fazer pois a porta abre e eu vejo
Giuliana entrando pela porta da frente. Assim que olha para mim paralisa, seus
olhos vão para Rebeca morta no chão e então seus olhos se arregalam e ela
coloca a mão na boca.
— O que você fez?! — Pergunta, caminhando até a irmã no chão.
— Se não fosse por você naquele maldito dia nada disso teria acontecido
e nós ainda seríamos felizes, mas você, desgraçada, sempre teve inveja da sua
irmã e não ficou feliz até estragar a nossa felicidade — falo, apontando a arma
que antes estava na mão de Rebeca e agora está na minha.
— Eu não queria que isso acontecesse, a culpa não é minha — chora
falsamente.
— A culpa é toda sua e daqueles miseráveis que encheram a cabeça dela,
mas você vai pagar por isso — ameaço, dando três passos em sua direção.
Ela começa a chorar e implorar pela sua vida e sem um pingo de remorso
eu atiro bem no meio da testa da vagabunda.
— Prepare tudo para minha partida, ninguém pode saber para onde irei.
Faça o serviço o mais limpo possível — falo a Felipo e vou até o meu escritório.
Rebeca está morta. Eu falhei como chefe, falhei com Katharina por não
ter feito mais pela sua amiga. Errei em meus julgamentos e por isso paguei um
preço muito alto.
Alesso foi um traidor e Dante um louco, sua obsessão por Rebeca o levou
ao declínio, a loucura e a ruína.
Sua fuga ainda está sendo investigada, todos os seus possíveis
esconderijos estão sendo investigados, meu trato com Aslan é que entregaria
Dante a ele vivo, caso o encontre antes da Bratva. Falando em Aslan, Katharina
e eu fomos à Rússia para o velório dos seus pais, o que foi emocionalmente
desgastante para ela, perder os dois de maneira tão horrível a feriu demais.
Foram quase cinco dias na Rússia, onde ela quis assistir à consagração do irmão
a chefe da Bratva. Voltamos para a Itália com a sensação de que os problemas
estão apenas começando. Há um caos generalizado por todos os lados.
Todos os negócios de Dante foram tomados e agora fazem parte do
espólio da Cosa Nostra, a família Bruschetta não tem mais ligação com Cosa
Nostra. O que nos causa muitos problemas para serem resolvidos, a polícia
italiana ainda está na nossa cola.
O juiz Signorino, que trabalha para nós, foi encontrado morto após ter
divulgada sua foto recebendo propina em todos os jornais italianos. A polícia
está fazendo uma grande campanha contra a Cosa Nostra. A pedido de
Katharina, os pais de Dante foram poupados de qualquer retaliação pelos atos do
filho, porém continuam sobre vigília intensa da Cosa Nostra. A família de
Rebeca está em luto intenso, já que não perderam apenas uma filha, mas sim,
duas. Luana, minha nova assistente, bate na porta da minha sala.
— Entre — digo, largando alguns documentos sobre a mesa.
— O segurança da sua esposa mandou entregar esse envelope — ela diz,
entregando um envelope cinza de tamanho médio.
— Me deixe sozinho — falo firmemente, esperando que ela saia para
abrir. — O que está aprontando, bella mia?! — fala ao abrir a embalagem e
encontrar uma renda preta dentro.
Tiro o tecido negro de dentro do envelope e percebo ser uma pequena
calcinha preta, delicada. Levo-a ao nariz sentindo o cheiro doce da sua boceta. A
safada está me provocando, deve estar louca para sentir minha chibata
queimando sua pele.
Coloco a calcinha no bolso e saio da minha sala.
— Luana, desmarque todos meus compromissos para o fim da tarde,
qualquer coisa que surgir, passe para Lorenzo resolver.
Entro no escritório de Dimitri sem bater, ele já está prestes a gritar com
quem invade seu escritório, quando me vê.
— Bom dia, trouxe o café para nós dois.
— Bom dia, amore mio, não precisava, eu não pretendia tomar café,
tenho que ir à sede para resolver vários assuntos.
Coloco a bandeja sobre a mesa de escritório e dou a volta, ficando de pé
bem na sua frente, de costas para a mesa.
— Você está trabalhando muito ultimamente, precisa descansar — falo,
colocando a mão no seu ombro.
Dimitri cheira meu pescoço e sinto aquele arrepio gostoso que só ele me
causa.
— Os negócios vêm me dando muita dor de cabeça. Dante foragido, a
polícia na cola da máfia, o candidato a governador fora da nossa folha de
pagamento acabou vencendo as eleições, tudo está saindo do meu controle. E
ainda tem o serial killer.
— Você está muito estressado, meu amor, precisamos passar um final de
semana longe de Palermo — digo, esperançosa.
— Não me tente, bella mia, você sabe que essa não é uma boa hora —
fala firme.
Eu o beijo de leve, sentindo os pelos da sua barba raspando meu rosto.
— Um final de semana podemos ir a Roma, só nós dois — beijo seu
queixo e ele não resisti, aprofundando nosso contato, me beijando de volta e
chupando a minha língua, faminto. Sento no seu colo e o abraço forte enquanto
nos beijamos de maneira apaixonada, só nos separamos quando já não temos
mais fôlego.
— Talvez dois dias em Roma não seja de todo ruim — pondera, olhando
para o meu decote.
— Vamos tomar nosso café, chefe, ou daqui a pouco a comida serei eu —
falo enquanto me levando do seu colo, ele me puxa de volta, dessa vez me
sentando de costas para ele e em frente à mesa.
Tomamos o café em um clima gostoso, regado a carícias.
— Não vejo o que tanto você e Lorenzo implicam com a pobre
Antonella.
— Ah, Dimitri, faça o favor, até parece que você não percebeu o quanto
ela é atirada, só faltou comer você com os olhos, mesmo eu estando do seu lado.
Sem contar os boatos que rolam por aí a respeito dela.
— São apenas boatos, o pai dela garante que ela é virgem, sem contar
que Juliano é um dos meus mais leais capos. Em um momento como o que
estamos passando é essencial manter os aliados próximos.
— Pois eu não a quero como cunhada, pode arrumar outra noiva para
Lorenzo.
— Katharina...
— Eu faço greve, aí você vai ver, Boss, se aquela mulherzinha entrar para
nossa família. — Digo cruzando o braço, emburrada.
— Meu Deus, o que eu fiz para merecer uma megera como esposa? —
ele indaga, olhando para o teto, eu não aguento e começo a rir. — O que eu não
faço por você, bella mia. — Ele me puxa de volta para ele.
— Eu quero te perguntar algo, uma dúvida que passou pela minha cabeça
hoje mais cedo, talvez seja besteira minha por causa do pesadelo, mas...
— Você sonhou com o sequestro, com o traidor te...?!
Não o deixo terminar o que ia dizer.
— Não, não tem nada a ver com aquilo, eu sonhei com o assassino de
Ana. Eu estive lembrando que o policial informou que ela foi morta por um
punhal de prata e então me lembrei do meu. Aquele que você me roubou.
— Nada disso, engraçadinha, eu não roubei, apenas tomei para que não
me matasse na nossa noite de núpcias — fala, desconcertado.
— Certo, então poderia, por gentileza, me devolver, querido?
— Claro, mi amore, tenho certeza que não pretende mais usá-lo contra a
minha garganta quando estiver dormindo.
— Claro que não, a menos que você faça algo errado, como pensar em
me trair — digo, olhando para o meu esmalte.
Dimitri revira os olhos e vai até um móvel do lado da mesa no grande
escritório, pega uma chave que abre a terceira gaveta da sua mesa. Ele pega uma
caixa de madeira com um símbolo de um leão, lá eu posso ver algumas joias e
objetos valiosos. Dimitri revira todos os objetos, mas nem sinal do meu punhal.
— Ele estava aqui, eu o guardei assim que chegamos da Rússia, não é
possível que esse punhal tenha.
Uma luz vermelha se acende na minha mente e então eu me dou conta
que a arma do assassino é o meu punhal.
Vito e Luciano falavam sobre o maldito Matteo Masumeri que venceu as
eleições para governador da Sicília, atrapalhando todos os planos da família, mas
a minha cabeça está longe, no punhal de Katharina. Fico pensando em quem
pode ter entrado no meu escritório. Poderia se tratar de apenas um roubo, ainda
não havia verificado as outras joias, talvez umas das funcionárias responsáveis
por limpar meu escritório tenha visto a caixa e acabou levando o objeto, que é
cravejado de pedras preciosas, por outro lado, quem seria tão louco de arriscar
me roubar assim?
— Podemos matá-lo de uma vez, ele e o cagna do pai dele. — Fala
Damon Camorra.
— Se o maledeto morrer atrairemos todos os holofotes para a Cosa
Nostra, nós já temos problemas demais com os federais.
— Dante desapareceu feito fumaça, não consigo nem uma pista dele. —
Diz Vito, enfurecido, assim como todos nós por vermos o maldito escapar dessa
forma.
— Ele tem treinamento, precisamos pensar no que faríamos se
quiséssemos nos esconder, como encobriríamos nossos rastros. — Fala Damon.
— O general Dalla Chiesa é o próximo da lista, tivemos que mudar a rota
do tráfico internacional duas vezes essa semana por culpa das operações dele. O
velho e escorregadio escapou da emboscada que armei para ele — falo, levando
a taça de vinho aos lábios.
— Não temos nada que leve a polícia ao nosso nome, foi sorte do destino
termos começado a lavagem do dinheiro sujo meses antes ou uma hora dessa
estaríamos atrás das grades — fala Vito Genovese.
— A senhorita Meyer é muito eficiente, ela escapou do ataque de Alesso
e também em liquidou todos os rastros que poderiam levar a federal à nossa cola.
Meu celular vibra no bolso do meu paletó, eu estava pronto para atendê-
lo quando percebo a entrada da polícia no restaurante. Domenico, o dono do
lugar, se assusta e tenta ir em direção a eles, mas é contido por um policial. Me
mantenho sentado, atento à quantidade de tiras que entra no restaurante, minhas
mãos coçam de vontade de pegar minha arma, porém me contenho, tentando
entender que porra está acontecendo.
— São federais — fala Vito Luciano sem olhar em direção a eles, que
caminham até nós.
— Fiquem tranquilos — Digo isso antes de ver a maldita detetive, com
um distintivo da federal no peito e um sorriso presunçoso no rosto, caminhando
até a minha mesa.
— Dimitri Salvatore Rinna.
— Vejo que me conhece, detetive.
— Como não conhecer? O senhor é um homem famoso, senhor Rinna.
— Claro, sou um homem de negócios, me pergunto o que a polícia
federal italiana faz aqui?!
— Viemos buscar o senhor! — Ela diz me olhando nos olhos.
— Dimitri Salvatore Rinna, me acompanhe, o senhor está sendo detido.
Dimitri foi trabalhar, eu fiquei boa parte da manhã pensativa, ele garantiu
que não é possível que o serial killer tenha acesso ao seu escritório, que
provavelmente deve ter esquecido e guardado o punhal em outro lugar e logo o
encontraria. Avisei Luigi que estava procurando pelo punhal e confesso que
fiquei apreensiva no começo, mas vi que não fazia nenhum sentido à arma do
crime ser minha. Provavelmente eu tinha ficado muito impressionada devido ao
pesadelo, então havia decidido tocar para espantar esses pensamentos tristes da
minha mente. Passo boa parte da manhã na biblioteca com meu violino até
Monalisa bater na porta, me avisando que o entregador da farmácia havia trazido
o que eu pedi. Agradeço a ela e pego a sacola, subindo direto para o meu quarto,
nervosa com a expectativa do resultado do teste. Me vejo lembrando do dia em
que Dimitri e eu fomos à fonte da vergonha, no pedido que fiz.
Fecho os olhos, respirando fundo e entrando no banheiro com cinco
testes nas mãos. Leio atentamente às instruções, aflita e decido esperar dez, ao
invés de cinco minutos, para ter mais garantia. Faço os cinco testes e os coloco
sobre a bancada da pia.
Não é uma boa hora para engravidar, tudo está um caos na Cosa Nostra.
Será que eu seria uma boa mãe, será que Dimitri seria um bom pai? São os dez
minutos mais longos da minha vida, onde fico divagando o que seria da nossa
vida se eu estivesse grávida.
Positivo + 1 diz o primeiro teste, assim como segundo, o terceiro mostra
duas listras bem vermelhas, o quarto e o último dizem o mesmo.
— Grávida, eu estou grávida.
Me sento na tampa do vaso com os testes nas mãos, sentindo lágrimas
escorrerem pelo meu rosto.
— Um bebê.
Toco a minha barriga plana pensando que tem um bebê aqui,
provavelmente há um mês.
Limpo meu rosto e sorrio emocionada.
— Seja o que for, eu já amo você, bebê.
Lembro da fonte da vergonha, onde eu pedi que Dimitri me amasse, se
ele me ama irá amar nosso filho e juntos iremos aprender a cuidar dele, ou dela.
— Tenho que contar a ele, seu pai precisa saber que você está aqui —
digo emocionada, acariciando minha barriga.
Coloco os testes na minha bolsa, troco de roupa e decido fazer uma
surpresa para meu marido. Curiosa para saber qual será a reação dele ao saber
que será pai, nem me lembro de pegar meu celular. Com a chave do meu carro
na mão eu saio da fortaleza e encontro meus cães de guarda na porta.
— Já que não adianta falar para vocês não me seguirem só aviso que eu
vou dirigindo no meu carro.
ANTES
Após falar com Daniela tudo que eu queria era ir até Katharina, o medo
que algo acontecesse com ela me deixou a ponto de cometer uma loucura. Uma
multidão de repórteres atrapalhava a minha saída da sede e foi preciso a chegada
de vários homens meus para afastar os abutres. O tempo estava correndo e a
cada segundo minha mulher corria mais risco nas mãos de um assassino em
série. Ao chegar ao local onde o esconderijo do assassino fica, vejo o carro de
Daniela estacionado do lado de fora, a metros do prédio que ela me falou.
Estaciono atrás dela e logo percebo que alguma coisa estava errada. Faço um
gesto para que meus homens e os seguranças de Katharina fossem na frente e
com a minha arma em mãos eu observo o momento em que Paolo abre a porta
do motorista e o braço de Daniela pende, à mostra. Há muito sangue saindo do
seu abdômen.
— Ela está morta? — Pergunto, me aproximando e tendo uma visão
completa do seu estado lastimável, provavelmente ela lutou muito.
— Não, ela ainda tem batimentos
— Chamem uma ambulância e a levem para o hospital o mais rápido
possível.
Seu estado me faz ficar ainda mais alerta, o temor de antes se transforma
em puro pânico e desespero, imaginando que Katharina está sozinha nas mãos
desse serial killer.
Rapidamente invadimos o prédio onde ele se esconde. O carro de
Lorenzo no estacionamento me faz ficar um pouco mais tranquilo, penso que se
ele chegou primeiro irá proteger Katharina. Nos dividimos para poder vasculhar
todo o prédio, porém algo me diz que ele estaria na cobertura. Subo pela
escadaria com o coração acelerado, pedindo que nada de mau aconteça com
Katharina até eu chegar.
Há apenas um apartamento na cobertura, a porta está encostada, em
passos rápidos e silenciosos eu entro no apartamento aparentemente normal e
nada me chama a atenção, porém ouço um som rouco de um gemido, dou dois
passos em direção ao corredor então eu ouço a voz de Katharina atrás da porta.
— Você quer me matar como fez com todas elas, é isso?!
Alguém diz algo, mas não consigo entender, o medo de perder a minha
mulher é tão grande que eu tento abrir a porta, mas ela está trancada.
Com uma força sobre-humana eu dou um chute, abrindo a porta. Meus
olhos vão direto para Katharina, amarrada na cama, mas não é isso que me choca
e sim Lorenzo, sentado no chão do quarto com as mãos sangrando e chorando.
Eu não tenho tempo para raciocinar sobre o que está acontecendo, corro até
Katharina, tocando seu rosto cheio de lágrimas.
— Eu estou aqui, meu amor, tudo vai ficar bem. — Prometo,
desamarrando as cordas.
Quando seus braços estão livres, ela se joga em mim, me abraçando forte
e em prantos.
— Onde está o assassino, onde está o serial killer? — Pergunto a
Lorenzo, que olha para Katharina nos meus braços.
— Ele está... ele está aqui — fala minha mulher com a voz embargada
pelo choro.
— Onde? — Pergunto confuso, sem entender onde o corpo do
desgraçado está, pelo estado de Lorenzo deve ter entrado em luta corporal com
ele.
Katharina se afasta de mim, levanta o braço e aponta para Lorenzo, que
mantém a cabeça baixa enquanto chora. Olho para ela confuso, porém a dor em
seus olhos me faz ficar estático, olho para Lorenzo tentando entender o que
Katharina quis dizer, porém a realidade começa a ficar clara quando eu observo
todo o quarto.
Fotos de Katharina por toda a parte, o punhal de Katharina caído no
chão. As peças do quebra cabeça começam a se encaixar e com ela um ódio
amargo toma conta do todo meu corpo. Tudo agora faz sentido, a fúria dentro de
mim é tão absurda que avanço em direção a Lorenzo pegando-o pelo colarinho e
o jogando na parede.
— Dimitri!!! — Grita Katharina.
Mas eu não a ouço, avanço em direção a ele e soco seu peito com ódio,
Lorenzo me acerta com um chute na perna.
— Seu bastardo de merda! — Grito, socando-o com todo meu ódio.
— O que foi irmão, não consegue aceitar que você, o todo poderoso capo
dei capi, não percebeu quem era seu irmão?! — Ele grita e limpa o nariz, que
sangra.
— Eu fiz tudo por você, seu maldito desgraçado, eu te dei tudo que você
tem, se não fosse por mim ainda seria o merda que era! — Falo enquanto acerto
ele novamente.
Lorenzo ri, mesmo com o rosto todo quebrado.
— Parem, por favor! — grita Katharina.
— Você sempre teve tudo que me foi negado, foi amado pelo meu pai,
teve uma mãe. Teve tudo que jamais tive.
— O pobrezinho do Lorenzo teve um passado traumático, foda-se, todos
que entramos nessa vida temos cicatrizes, mas isso não significa que pode me
trair, me trair dessa forma. Você tentou me culpar pelos seus assassinatos, pelos
seus crimes! — digo, cheio de ódio.
— Você nunca a quis, mas eu a amei assim que a vi! — grita, me
acertando.
Então eu perco a fina barreira que mantinha meu lado animal sob
controle e avanço, socando seu rosto com toda minha fúria.
— Dimitri!!!
— Ela é minha, miserável, sempre foi, ela é minha mulher!! — Digo
enquanto soco seu rosto sem parar, mesmo vendo que ele já está desfalecido no
chão eu não paro de socar.
— Você vai matar ele! — grita Katharina, puxando meu braço.
Meu ódio é tão grande que me faz cego, só paro meus golpes quando ela
entra na frente do seu corpo.
— Para, por favor, não faça isso! — ela suplica, chorando e então eu me
dou conta do quanto ela está mal.
Abraço Katharina sentindo a dor terrível da traição do meu irmão, aquele
que entreguei a minha confiança, àquele que protegi desde que o conheci e agora
vejo que ele não passa de um doente. A verdade é amarga e corre como veneno
pelo meu coração, eu não percebi, todos os sinais estavam claros. Lágrimas que
nem imaginava ter escorrem pelo meu rosto, me deixando amortecido enquanto
Katharina me abraça apertado e eu olho para Lorenzo no chão desse quarto
imundo.
Eu pensava que nada mais nessa vida poderia me machucar, havia uma
casca dura que me protegia de todos os tipos de dores, o coma de Chaise foi
terrível o bastante para me fazer agonizar, mas saber o que Lorenzo fez foi ainda
pior, nada pode justificar seus atos.
Tudo que Dimitri e Katharina me contaram assim que cheguei no tal
covil da besta ainda é inacreditável, eu queria que não fosse verdade, eu queria
que não fosse o meu irmão o culpado por todas aquelas atrocidades.
Lorenzo foi levado para a torre da agonia, Daniela nesse momento passa
por uma cirurgia. Em pouco tempo todos os capos da Cosa Nostra vão chegar
para iniciar o julgamento de Lorenzo, eu mal consigo pensar no que fazer, são
tantas coisas se passando na minha mente agora. Flashbacks de memórias entre
mim e ele enchem a minha cabeça, os sinais estavam lá, mas eu estava ocupado
demais para perceber que havia algo errado com ele. A última vez que o vi
agindo estranho eu o segui e descobri que ele estava se encontrando com uma
psiquiatra. Eu deveria ter investigado, eu deveria ter feito algo, eu sempre fui
responsável por ele, meu irmão mais novo, metade da minha carne.
— Ele está doente e precisa de ajuda! — Diz Katharina para Dimitri,
que ainda está calado, pensando no que fazer com Lorenzo.
— Eu descobri que ele vinha se consultando com uma psiquiatra há
alguns meses. — Digo, fazendo com que os dois olhem para mim.
— Por que não me avisou, você sabia que ele era um louco, um psicopata
maldito?! — Acusa Dimitri.
— Não, é claro que não, acha que se eu soubesse que ele estava assim eu
não teria feito algo?! — Respondo revoltado.
— Precisamos agir com calma, brigar não vai ajudar em nada — fala
Katharina.
— Eu pensei que ele precisava de ajuda de uma profissional para superar
os pesadelos que ele tem com os pais adotivos, eu pensei que ele se sentia
envergonhado e não queria que você descobrisse que ele não era forte o bastante
para superar isso sozinho.
— Precisamos encontrar essa médica, ela pode explicar o porquê de
Lorenzo ter feito isso. — Diz Katharina tentando encontrar um motivo para ele
ser um psicopata, mas para mim está claro que faz parte da natureza de Lorenzo.
— Mande alguém buscar essa médica! — Ordena Dimitri.
O meu punhal de prata reluz como fogo no centro da mesa de Dimitri, ele
é um lembrete vívido que tudo é real e não um pesadelo ruim.
— Eu terei que matá-lo — diz Dimitri assim que a porta se fecha e nós
três ficamos sozinhos.
— Ele é meu irmão! — Diz Vicenzo, olhando para o vazio.
— Ele também é meu irmão, sangue do meu sangue. Mas cometeu vários
crimes, não só contra essas mulheres, como contra a Cosa Nostra.
— Você não pode matar seu irmão — digo, sentindo uma dor tremenda.
É difícil aceitar que a mesma pessoa que matou Ana e todas aquelas
vítimas é Lorenzo, o mesmo que cantou para mim, que me defendeu, que sempre
quis me proteger.
— O que vocês querem que eu faça? Não existe máquina do tempo onde
possamos apagar tudo que ele fez. Acha que não dói ter que tomar essa decisão?
— A morte para aquele que quebra mais de um mandamento da Cosa
Nostra é a tortura desonrosa. — Diz Vicenzo, com a voz trêmula.
— Do que ele tá falando, Dimitri? — Pergunto, notando que Dimitri fica
pálido.
— Eu não posso mudar as leis da máfia só porque ele é meu irmão — diz
Dimitri, me deixando amedrontada.
— Não podem matá-lo, eu sei que é horrível o que ele fez, mas ele é
irmão de vocês — grito, inconformada com a realidade.
— Ele será julgado pelos capos da Cosa Nostra. Eu não posso protegê-
lo, seria uma demonstração de fraqueza, eu sou o líder, eu sou o Boss, não posso
fraquejar.
— Por favor — diz Vicenzo, implorando pela vida de Lorenzo.
— Não está nas minhas mãos, Lorenzo assinou sua sentença quando
cometeu todos esses assassinatos, ele traiu a família e armou contra o chefe, ele
sequestrou Katharina e tentou matar Daniela. — Aponta Dimitri, arrasado, então
eu percebo que não há saída.
Eu ando até a mesa e fico de frente com Dimitri, olhando em seus olhos
escuros, que estão cheios de dor. Eu posso ver o quanto está sendo difícil para
ele tomar essa decisão.
— Uma vez você me disse que sua alma está condenada e que eu era um
anjo de luz, iluminando a sua escuridão. Se eu sou a sua luz, me escute, você não
pode carregar o sangue do seu irmão em suas mãos, faça isso por mim e pelo
nosso filho.
As minhas palavras tem efeito imediato, seus olhos ficam cheios de
lágrimas. A dor ainda está lá, mas também há emoção. Ele se levanta e vem até
mim, beijando meus lábios de leve.
— Eu amo você, Katharina — diz, olhando em meu rosto, limpando as
lágrimas que escorrem.
Acaricia minha barriga, sabendo que ali vive o nosso filho.
— Eu juro que se eu pudesse evitar, eu faria, mas um julgamento não
pode ser evitado, ele era um consigliere, a sentença será dada. Mesmo que
Vicenzo vote contra junto a mim, a maioria vai pedir a morte por tortura
desonrosa.
— Deixe-o fugir então — imploro, desesperada por que sei que a culpa
por matar o irmão vai consumir sua alma e ele jamais viverá em paz sabendo que
ele o matou.
— E você vai conseguir viver tranquila sabendo que ele pode estar
matando outras mulheres?! — Pergunta, me deixando sem alternativas.
— Não — digo desolada e então batem na porta do escritório e todo meu
corpo congela.
— Senhor, já chegaram — fala Luigi, olhando para nós com pesar.
— Temos que ir — diz, segurando a minha mão e então eu percebo que a
sua mão está fria como a minha e treme.
Na sala de estar da fortaleza estão todos os membros do alto escalão da
Cosa Nostra. Os olhares estão direcionados a nós.
— Paolo e Ruggero, levem o prisioneiro para o pátio dos fundos e
preparem tudo.
Todos eles se sentam na grande sala, eu fico de pé ao lado de Dimitri,
nervosa demais para me manter sentada, Vicenzo está tão ou mais balado que eu.
É a primeira vez que eu vejo um julgamento na máfia. Damon conta cada
crime de Lorenzo e cita todos os detalhes por trás das mortes. Estão todos
decididos que ele precisa morrer.
Eu me sinto um fantasma, é como se tivesse em uma realidade paralela,
as coisas que eles vão contando não me parecem em nada com o Lorenzo que eu
conheci, aquele que enfrentou o irmão várias vezes para me proteger. O Lorenzo
que me levou comida pra mim. Vicenzo tenta remediar pedindo que mandem o
irmão para uma clínica onde ele ficaria até o fim da sua vida, porém ninguém
parece disposto a aceitar, clemência não é uma palavra na Cosa Nostra.
Juliano Sacra, o mais velho de todos, fala com desgosto de Lorenzo,
provavelmente inconformado que a filha perdeu um possível noivo.
— Eu não suporto mais ficar aqui, vocês são todos um bando de
hipócritas.
Jogo a verdade na cara deles e viro as costas, saindo da sala. Eu volto ao
escritório de Dimitri e me entrego ao choro que parece não ter fim. A noite está
gelada e o vento lá fora parece me anestesiar. Olho para a sacada e consigo ver o
refúgio dos animais. Provavelmente, Dimitri mandou fazer seu escritório aqui
justamente para poder os vendo.
Toco meu abdômen ainda liso, pensado no meu bebê. Esse é um mundo
cruel para uma criança nascer, tenho medo que eu não seja capaz de o proteger.
As palavras de Dimitri ficam martelando na minha mente, me alertando que não
há nada que possa evitar a morte horrível de Lorenzo. Hades ruge como se
estivesse avisando que algo ruim vai acontecer. Talvez ele sinta o clima fúnebre
que tomou conta dessa fortaleza. Seu rugido é tão alto como se tivesse falando
comigo, me dizendo o que eu deveria fazer. Tomo a minha decisão, eu vou salvá-
lo.
Saio do escritório e da casa sem que ninguém me veja e vou direto para
onde Hades e Perséfone estão. Assim que me veem, os animais ficam agitados,
meu plano é usar, já que ela é mais dócil e obediente. Porém, assim que abro as
portas do Oasis, deixando-a sair, Hades vem atrás, cheirando minha barriga e
rugi.
— Por favor, seja um gatinho bonzinho, Hades, me obedeça — falo ao
acariciar seu pelo, ainda insegura.
Caminho sendo seguida pelos dois até o jardim. No grande pátio, luzes
estão dispostas em círculo e no meio está Lorenzo, amarrado em uma coluna,
seu rosto está ferido e sua aparência não é das melhores. Tem pelo menos oito
homens o vigiando, com armas em mãos. Hades para ao meu lado, curioso
olhando em volta.
— Senhora o que faz aqui? — Pergunta um deles, que não me lembro o
nome.
— Quero ficar a sós com o prisioneiro.
— Não podemos deixá-lo sozinho, senhora, são ordens do chefe — fala
Ruggero.
— Eu vou me despedir dele — falo alto e Perséfone caminha para frente
assustando-os.
Hades ruge, mostrando os dentes e então eles se afastam, mas não saem
do pátio.
— Vocês sabem que não vão poder atirar nos animais de Dimitri. Ele
mataria qualquer um de vocês por machucar os bichos, então é melhor vocês me
deixarem falar com Lorenzo em paz! — digo, controlando a minha raiva.
Hades anda até um dos homens e bufa como se estivesse bravo. Antes
que ele decida brincar com os homens, eles saem e então eu posso caminhar até
Lorenzo.
— Eu ainda consigo me lembrar de você levando comida para mim na
torre. — Digo, chorando muito.
— Você não pode impedir isso, princesa — ele fala, tão triste que posso
ver o Lorenzo que eu conheci e não o monstro de horas atrás.
— Você vai ficar bem — choro em puro sofrimento.
— Você sabe que não, eu fiz coisas ruins, eu machuquei você. Eu não
queria machucá-la. — Ele fala com seus olhos claros tão assustados que meu
coração dói.
— Eu sei... eu sei — digo chorando e tento limpar o sangue da sua testa
com a minha mão.
— Eu não queria que você chorasse por mim. — Fala. tentando sorrir,
mas seus lábios estão machucados.
— Eu deveria ter percebido que você não estava bem.
— A culpa não é sua., princesa, você é boa demais para esse mundo.
— Você sempre foi meu protetor, meu amigo — falo, chorando.
— Eu estou com medo por mim, por ele, ele não é tão mau como ele
pensa, há amor dentro dele, agora eu sei.
— Eu preciso salvá-lo. — Digo, tentando explicar.
— Eu sei, princesa — ele diz, então eu o abraço forte e a dor é sufocante
demais para suportar.
— Você vai ficar bem, tudo isso vai... passar — soluço em dor.
— Obrigado, princesa... — Ele diz, olhando em meus olhos e essas são
suas últimas palavras.
O punhal sujo de sangue cai no chão, ele está morto, Lorenzo está morto.
É nessa hora que todos os membros da Cosa Nostra chegam e olham para a
cena, estáticos.
— Não, não!!! — Grita Vicenzo, caindo de joelhos no chão.
— Está feito! — Falo, olhando para Dimitri, sabendo que eu o salvei.
Salvei sua alma de carregar o peso da morte do seu irmão e salvei Lorenzo da
morte terrível que ele teria.
A decisão tinha sido tomada, Lorenzo seria morto, esse foi o resultado do
julgamento. Ele seria morto por desonra. Os olhares sobre mim diziam o que
suas bocas não teriam coragem, que estavam duvidando do meu comando na
Cosa Nostra.
Um Boss que não percebeu o verdadeiro mal dentro da sua própria casa.
Eu teria que executar a sentença, essa seria a forma de demonstrar o meu dever
como chefe da Cosa Nostra, o dever acima do sangue da família. Pensei que
nessa altura da minha vida eu jamais fraquejaria, que para sobreviver a esse
mundo você precisa ser invencível, enterrar seu coração o jogar fora, mas depois
que conheci Katharina vi meu coração voltar para mim e se encher de vida. A
frieza preenche minha fisionomia, mas a cada passo que eu dou em direção ao
pátio mais arrasado eu me sinto, Vicenzo ao meu lado parece em choque, ele, ao
contrário de mim, não conseguia enganar.
Ouço Hades rugir e então fico alerta, pensando que ele pode ter
escapado, mas não precisa de dois segundos para que eu perceba o que
aconteceu. Todos nós olhamos estáticos para a cena em nossa frente. Vicenzo cai
de joelhos e chora.
— Está feito! — Katharina diz, olhando para mim.
Em seu olhar eu vi que ela fez uma escolha, ela provou mais uma vez o
quanto é forte e lá estava ela, protegendo não só Lorenzo de uma morte horrível,
como a mim.
Hades ruge para os capos.
— Não há mais nada a ser feito aqui, Lorenzo está morto, podem ir —
digo rudemente.
Todos saem e apenas Vicenzo continua olhando para o corpo do irmão, já
sem vida, enquanto chora. Eu caminho até Katharina no exato momento em que
a máscara imbatível de senhora da máfia cai, ela me abraça forte e chora
profundamente, deixando a dor falar.
— Eu tive que fazer isso, eu tive que fazer — soluça, mostrando o quanto
ela está fragilizada.
— Acabou, acabou — falo, sentindo minha camisa ficar molhada pelas
suas lágrimas enquanto eu a consolo, dizendo que ela fez o certo.
— Ele não sofreu.
Ela tenta dizer, porém acaba desmaiando de exaustão, me fazendo ficar
preocupado, pois ela está grávida e passando por tudo que passou hoje. Levo
Katharina nos braços e grito para que um dos meus homens chamem Guido para
levar os animais de volta ao refúgio. Vicenzo solta Lorenzo, mas não tenho
tempo para me preocupar com seu estado ao ver o gêmeo morto, minha
preocupação agora é minha mulher e meu filho.
— Tem certeza que ela e meu filho estão bem? — Pergunto mais uma
vez ao médico, que examinou Katharina. Para o meu alívio, ela não demora a
acordar.
— Sim, senhor, foi apenas um desmaio normal no quadro da recente
gestação, aconselho evitar emoções fortes nesse primeiro trimestre de gravidez e
o quanto antes começar o pré-natal, melhor. — Fala, fechando a sua maleta.
— Obrigada, doutor — agradece Katharina e então o médico sai,
acompanhado de Luigi e eu me aproximo de Katharina, arrumando o travesseiro.
— Você me assustou, amore mio — digo, acariciando seu rosto.
— Eu sinto como se tivesse carregando o peso do mundo nas minhas
costas, preciso ver Vicenzo e explicar que eu não tive saída a não ser fazer o que
fiz. — Diz, angustiada.
— Não se preocupe com Vicenzo, você precisa descansar agora, por você
e pelo nosso filho. — Falo, colocando o cobertor sobre seu corpo.
— Dimitri... — ela me chama antes que saia do quarto.
— Eu amo você, Dimitri, acima de qualquer coisa eu sempre vou te
amar! — fala firme, me olhando nos olhos.
— Eu amo você, Katharina Castelaresi Rinna, amo como jamais imaginei
amar alguém nessa vida, eu prometo proteger você e nosso filho! — Falo e beijo
seus lábios suaves. Ela fecha os olhos e uma lágrima escorre.
— Agora tenta descansar, eu já volto para ficar com você. — Falo
olhando para a mulher incrível na minha frente.
Saio do quarto, deixando-a descansar e vou até Vicenzo, que ainda está
segurando o corpo sem vida de Lorenzo.
— Precisa deixá-lo ir, Vicenzo, precisa deixar Lorenzo descansar — falo,
tocando seu ombro.
— Eu deveria ter sido um irmão melhor para ele — fala Vicenzo.
— Não é hora de se culpar, nada que fizéssemos poderia evitar o que
aconteceu, Katharina tomou a melhor decisão por ele.
— Eu sei que sim, mas ainda assim é difícil aceitar que ele está morto —
fala, quebrado.
— Eu nunca fui o irmão que vocês dois mereciam, eu nunca disse isso
para você e para Lorenzo, e agora ele está morto e é tarde demais para remediar
isso, porém você está aqui, Vicenzo. E eu quero que você saiba que eu me
importo com você, irmão. — Falo, ajudando-o a se levantar.
— Obrigado — fala com a voz embargada.
— Talvez seja bom você viajar, tirar um tempo para colocar a cabeça em
ordem, primeiro foi Chaise, agora Lorenzo, o baque foi terrível para você —
digo pela primeira vez deixando claro que eu sei o que ele tentou esconder por
todos esses anos.
— Há quanto tempo você sabe? — Questiona com a voz rouca, olhando
para mim.
— Há tempo suficiente para entender que isso não é da minha conta,
você faz o que quiser da sua vida desde que isso não envolva a Cosa Nostra.
— Eu sempre dei e darei a minha vida à família. Eu posso estar em
pedaços, mas jamais deixarei você na mão, não quando precisa de mim. — Fala
sério e então eu vejo meu irmão forte na minha frente, aquele que sempre foi leal
e será até o fim.
A chuva cai gelada, as pesadas nuvens trazendo uma escuridão para o céu
da manhã. Os dias após o enterro de Lorenzo passaram em câmera lenta e aos
poucos estamos nos conformando com o que houve, Daniela sobreviveu,
surpreendendo a todos, conseguimos esconder da mídia sobre Lorenzo ser o
serial killer, mas a imprensa já está nos cercando.
A missa em homenagem a Lorenzo está sendo celebrada na Catedral de
Monreale pelo bispo da arquidiocese de Nápoles, que veio especialmente a
pedido de Dimitri para realizar a cerimônia. A catedral é belíssima, uma
combinação de estilo de vários povos que já passaram pela Sicília, como os
gregos, normandos, bizantinos e árabes.
Membros da máfia estão todos reunidos, todos de preto, representando o
luto. O catolicismo é a religião mais pregada na Itália.
Uma coisa que aprendi morando na Sicília é que a religião, a máfia e a
política estão entrelaçadas há décadas. Uma não existe sem a outra, e assim
continuarão unidas pelas próximas gerações. O bispo fala sobre o perdão de
Deus, o amor Dele para com os pecadores e uma pequena lágrima escorrem pelo
meu rosto. No fim da missa a maioria das pessoas vai embora, porém eu e
Dimitri somos chamados pelo bispo.
— Quero agradecer pela generosa doação que o senhor fez à nossa
diocese, vamos poder reformar o orfanato fundado pela igreja, assim como
implementar melhorias no nosso centro comunitário. — Explica o bispo a
Dimitri.
— É um prazer ajudar a igreja, padre, conte sempre com a Cosa Nostra
para o que a igreja precisar. — Fala Dimitri cordialmente.
— Adoraríamos que sua senhora fizesse parte do coral da igreja, me
falaram que ela é uma musicista talentosa.
— Eu vou adorar padre. — Digo, contente para ajudar os jovens do coral.
Enterrar meu irmão gêmeo foi como arrancar uma parte minha. Eu não
cresci ao lado dele, mas mesmo na Índia, sofrendo como um cão, eu sentia que
faltava algo.
Quando conheci Lorenzo fiquei desacreditado, ele era idêntico a mim,
era como olhar para um espelho, a diferença era que eu era mais fraco e magro
enquanto ele estava saudável, ao menos seu corpo estava bem, agora eu sei que
sua mente já era doente desde aquela época. Ainda assim, fiquei feliz, eu amei
meu irmão, amei meus irmãos, os dois eram a única família que eu tive.
Visitei Daniela todos os dias em que ela esteve internada, de certa forma
é impossível não me sentir culpado pelo seu estado, ela passou por duas cirurgias
e sobreviveu, lutando bravamente pela sua vida. Ela teve alta há uma semana e
está se recuperando em casa. Mesmo que eu e Dimitri disséssemos que ela não
precisava trabalhar, como a mafiosa teimosa que é decidiu trabalhar de casa, pois
segundo ela, enlouqueceria sem fazer nada.
Já Chaise continua em coma, seu quadro é estável e segundo o médico
ele pode acordar a qualquer momento. Eu venho pagando todo o tratamento,
recentemente o transferi para uma clínica especializada em neurologia, que trata
de pacientes em coma profundo. A mãe dele ainda o visita regularmente, de
acordo com a enfermeira que contratei. Eu evito ir vê-lo quando ela está com ele
para não deixar margem para suspeitas.
A esperança que ele acorde a cada dia está se esvaindo, ver seu corpo
estático é dolorido demais, porém eu não posso e não vou perder a esperança de
que ele acorde.
Batem na porta da minha sala e mando entrar, Damon passa por ela com
uma cara nada boa.
— Preciso de ajuda cara, a coisa está feia — diz ele, nervoso.
— O que aconteceu? — Questiono preocupado.
— Treze membros da Cosa Nostra foram julgados essa manhã e
condenados à prisão. Dentre eles está o Augustus.
— Merda, onde estava Ignácio que não conseguiu impedir isso?
— Eu não sei cara, ele é nosso melhor advogado, mas a federal está
caindo com tudo contra a gente, sendo apoiada pelo governador.
— Porra, precisamos alertar Dimitri que o cerco está se fechando.
— O magistrado Paolo Borsellino retirou o habeas corpus de Juliano, ele
está sendo levado para a penitenciária para aguardar o seu julgamento detido,
para que não atrapalhe as investigações.
— Merda, precisamos dar um jeito nesse juiz o mais rápido possível. —
Falo pensativo.
— O cara é um fantasma, não conseguimos encontrar seu esconderijo
depois da morte de Falcone, tanto os agentes federais como os outros envolvidos
na operação “mãos limpas” estão se protegendo.
— Vamos até a fortaleza falar diretamente com Dimitri e pensar em um
plano de contra-ataque, não podemos ficar de braços cruzados enquanto a Cosa
Nostra é atacada.
Envio uma mensagem para Dimitri no caminho avisando que estava indo
para a fortaleza junto com Damon, Tom também foi avisado por mensagem, já
que ele está em Gramada América Central, assumindo os negócios de Alesso
Gambino. Apenas Damon Camorra e Vito Genovese estão em Palermo agora
Luciano está preso. Ter um capo da Cosa Nostra morto, um foragido e outro
preso é realmente o caos se instaurando.
Até agora nenhum mínimo sinal de onde Dante possa estar se
escondendo. Aslan, irmão de Katharina, vem investindo pesado na sua captura,
assim como nós da Cosa Nostra, mas o rato se esconde bem.
Coloco todos os nossos homens em alerta e espero a chegada de Dimitri.
Meia hora se passa até ele e Katharina chegarem e pelas suas caras
presumo que mais alguma coisa aconteceu.
— O que está acontecendo aqui? — Pergunta Dimitri aos dois.
— Um caos um verdadeiro caos está estourando. - Digo de uma vez.
— Será que tem como as coisas ficarem piores?! — fala Katharina
colocando a bolsa sobre o aparador.
— Juliano foi preso novamente e Augustus foi condenado junto com
outros doze homens nossos — fala Damon.
— Como Ignacio Savo deixou isso acontecer? Caralho — fala Dimitri,
nervoso.
— Incompetência da parte dele, Juliano vai ficar preso até seu
julgamento, precisamos tirar ele de lá.
— A imprensa está na minha cola, não tenho um minuto de paz.
Qualquer passo meu está sendo vigiado pelos federais.
— Precisamos eliminar o magistrado Paulo Borsellino. Se conseguirmos
outro juiz para cuidar do caso será mais fácil que aceite suborno.
— Você cuida disso, Vicenzo, descubra onde esse juiz se esconde e faça
um serviço limpo, sem chamar atenção para a gente. Não deixe rastros, faça
parecer um acidente. — Ordena Dimitri e eu começo a pensar em como agir para
pegar esse juiz de merda.
— E quanto aos homens presos? — Questiona Damon.
— Eu quero que mate Ignácio, ele sabe demais e não confio em um
advogado que não sabe defender seus clientes. Na Cosa Nostra não aceitamos
falhas, muitos menos fracassos. — Dimitri dá a sentença.
— E quanto a detetive, você sabe que ela não vai parar até ver você preso
— fala Katharina, chamando atenção de nós três para o que ela fala.
— Eu mesmo vou cuidar da detetive Gabriela. — Fala Dimitri, servindo
seu uísque.
— É muito arriscado, o melhor é mandar alguém no seu lugar!
— Aprenda comigo, amore mio, se você quer um serviço bem feito, faça
você mesmo. — Diz decidido.
Tudo estava pronto para acabar com a raça do maldito Paolo Borsellino.
O plano era simples: iríamos envenena-lo. Paolo Borsellino está se escondendo
em um bunker subterrâneo embaixo do fórum da cidade. Ele só sai de lá uma vez
na semana para se encontrar com o prefeito de Palermo e o ministro da
segurança. Invadir o bunker seria uma missão suicida, então teríamos que usar a
inteligência para fazer parecer que tudo não passou de um acidente. Pelos
relatórios médicos dele, que roubamos, descobrimos que ele tem diabetes do tipo
C, o mais grave. Todos os alimentos que entram no fórum são devidamente
periciados pela segurança, mas o meu plano foi muito bem calculado.
O velho miserável terá uma morte súbita e parecer que ele teve apenas
uma morte por hipoglicemia.
Por mim eu preferiria estourar os miolos do maledeto, porém o chefe
exigiu uma morte limpa, então nós invadimos o restaurante renomado de
Palermo, onde ele costuma pedir suas refeições. Os cozinheiros estão amarrados
dentro da dispensa junto com os outros funcionários e as portas estão fechadas
para que os clientes não venham. Os pedidos do fórum são sempre feitos por
telefone e entregues na portaria. Dois dos meus melhores homens estão com
disfarces de entregadores para levar a encomenda até lá. Daniela havia
conseguido romper o código de segurança das câmeras do local, porém o bunker
nos é inacessível, mas assim que o magistrado começar a passar mal,
provavelmente vão chamar uma ambulância, que rapidamente poderia impedir
sua morte com atendimento imediato. Porém, a ambulância que irá chegar será
uma mandada por mim.
Ao invés de socorrê-lo, eu e os agentes da Cosa Nostra estaremos
disfarçados de médicos e irei aplicar uma dose de insulina, terminando com a
vida do miserável que colocou atrás das grades quase trezentos homens da
família. Um chefe de cozinha associado à família veio nos ajudar com tudo. A
dose do nosso veneno será misturada ao molho parmegiana.
— Eles acabaram de ligar pedindo o almoço. — Fala Cléber, um dos
meus homens.
— Perfeito, cuidem para que tudo saia conforme o plano inicial, estarei
com a equipe dois aguardando na ambulância. Daniela vai desviar qualquer
chamada vinda de lá para um hospital para seu celular, assim chegaremos
primeiro para socorrê-lo — digo com um sorriso sádico no rosto.
Meu advogado entra na sala onde estou algemado, de frente para mesa.
Minha tentativa de suborno não surte efeito e descobri que a polícia estava há
semanas me vigiando.
— Quanto tempo vou pegar de cadeia? — Pergunto de uma vez, assim
que o advogado se senta.
— Você será extraditado para a Itália, o Brasil já negociou diretamente
com o ministro da justiça italiano a sua transferência.
— Se for para a Itália serei um homem morto! — Digo, sabendo que
assim que pisar na prisão Dimitri fará questão de me matar.
Há muitos homens da Cosa Nostra dentro da cadeia, eles podem
simplesmente começar uma briga e no fim eu estarei morto.
— Você só tem uma alternativa para escapar da prisão italiana, ir para os
Estados Unidos após o julgamento. A Interpol está envolvida e estão todos
trabalhando juntos para desmembrar a Cosa Nostra.
— O que eu preciso fazer? — Questiono, sentindo um gosto amargo de
ódio na minha garganta.
— Você terá que entregar alguma coisa valiosa para eles, como um ex-
líder da máfia Bruschetta.
— Você quer que eu seja um traditore, que quebre meu juramento de
sangue, quebre a Omertà.
Acordo com meu celular tocando, por um segundo penso em não atender,
mas a pessoa continua insistindo e vai acabar acordando Katharina, que já não
anda dormindo bem por conta do peso da barriga. Atendo quando vejo o número
de Vicenzo.
— Que merda aconteceu para me ligar às duas da manhã?
— Você e Katharina precisam sair da Itália agora! — Grita ele ao
telefone.
— De que merda você está falando?
— Nós estamos fodidos, cara, Dante foi preso! — ele grita, nervoso.
— Como assim, porra?! — falo, ficando de pé.
— Dante foi preso no Brasil há dois dias e sua extradição foi feita em
segredo. Ele está agora reunido com o chefe da operação, eu não tenho dúvida
que ele vai contar tudo.
— Mate o miserável, acabe com a vida desse traditore o mais rápido
possível.
— Se tivesse ao meu alcance, eu já teria feito. Saia da Itália, vá para a
Rússia com Katharina e de lá nós vemos o que vamos fazer.
— Se cuide, irmão — falo, desligando o telefone, queimando de ódio.
— O que aconteceu? — fala Katharina, já sentada na cama.
— Se vista o mais rápido que puder, nós vamos precisar fugir. — Falo,
acendendo a luz do quarto e pegando minha calça no chão.
Nunca vi Katharina se vestir tão rápido quando hoje. Vou até a sala das
armas, onde escolho duas Glock 20, colocando-as no coldre na minha cintura.
Pego também uma taurus para Katharina, que rapidamente a destrava e com a
minha favorita na mão, Magnum desert eagle ponto 50, abro o cofre do closet,
pegando os documentos lá dentro e os destruindo. Rasgo os papéis em vários
pedaços, em seguida jogo na lareira, Katharina me ajuda, recolhendo os
passaportes falsos e colocando em uma mochila. É quando ouvimos sons de tiro
e helicópteros sobrevoando a fortaleza.
— É a polícia, eles já chegaram — diz Katharina, assustada.
— Nós vamos conseguir, vamos — digo, segurando a sua mão e saímos
pelo corredor, atentos ao tiroteio lá em baixo.
— Senhor, estamos cercados — fala Luigi, com uma arma nas mãos.
— Solte a arma, Luigi, se esconda com os outros funcionários. Vocês não
serão presos, não sabem nada que acontece aqui.
— Senhor, eu não posso deixá-los. — Ele diz, leal.
— Vá, Luigi — ordeno, ele desce as escadas e então ouvimos sons de
tiros.
— O que foi isso? — Pergunta Katharina com a arma em punho.
— Fica calma, nós vamos conseguir, precisamos chegar ao escritório e
entrar no cofre, de lá é só seguir pela passagem secreta até o refúgio dos animais.
Existe uma saída lateral que leva à praia, tem um esconderijo, eu sempre o deixo
pronto para caso precisarmos escapar. — Falo, tentando passar uma
tranquilidade que não estou sentindo.
Um agente entra pelo corredor e antes que ele nos veja eu disparo dois
tiros certeiros em sua testa, que cai morto
— Por aqui — fala Katharina, descendo para o segundo andar.
A casa está tomada por gritos e tiros, o segundo andar está cheio de
agentes, Katharina atira em um enquanto eu elimino dois da esquerda. As balas
da minha arma acabam, eu pego as outras duas, Katharina está quase sem
munição também, um tiro quase me acerta, porém eu consigo desviar, puxando
Katharina para atrás de um aparador.
— São apenas três, nós vamos conseguir, falta pouco — ela diz,
tremendo.
— Fica calma, pensa no nosso filho — digo a ela. — No três nos
matamos eles — digo, olhando em seus olhos azuis e então eu conto com os
dedos e nos levantamos pegando os agentes de surpresa. Atiro em um deles e o
outro acaba acertando meu ombro.
— Maledeto — grito, sentindo o sangue escorrer pela minha camisa e a
bala queimar meu ombro, Katharina atira no pescoço do agente e corre em
minha direção.
— Você está ferido! — grita, assustada.
— Calma, foi só de raspão — minto para tranquiliza-la. — Precisamos ir
— falo, segurando sua mão e seguimos até que chegamos ao primeiro andar.
Os tiros do lado de fora continuam, um verdadeiro caos por toda a
fortaleza.
— Como está à situação?! — Pergunto a Ruggero, que está com um fuzil
nas mãos, junto com outros dois soldados, todos tentando conter a polícia.
— Estamos cercados, chefe, perdemos a maioria dos homens.
Conseguimos matar todos os agentes que estavam na casa, mas tem dois
helicópteros sobrevoando, não vamos aguentar muito tempo.
— Não deixem ninguém entrar, façam o que for preciso, temos bombas
de gás lacrimogêneo, joguem pelas janelas. Eles não podem entrar!! — grito,
dando as ordens.
Naquele momento já sabia que não conseguiria sair da fortaleza, não com
helicóptero sobrevoando, eu precisava salvar Katharina, essa era minha missão.
Entro no escritório ouvindo o som da porta da frente sendo arrombada. Tranco a
porta do escritório e Katharina fecha as janelas com as trancas. Atrás do bar eu
destranco o cofre.
— Você precisa ir, siga pela passagem secreta até a praia, não entre no
barco, os helicópteros iram vê-la. Vá a pé o mais longe que conseguir. — Eu
digo, segurando seu ombro fazendo com que ela olhe para mim.
— Nós vamos juntos, nós vamos conseguir. — Ela fala, segurando a
minha mão para que eu entre no cofre.
— Não, Katharina, você vai sozinha. Essa é a única maneira de você
escapar — digo, sentindo meu peito rasgar de dor.
— Você não pode me pedir isso — ela diz, chorando, em seus olhos azuis
eu posso ver a dor que ela está sentindo.
— É a única maneira de você sair daqui, meu amor.
— Vem comigo, por favor, vem comigo, nós vamos conseguir, nós
vamos conseguir juntos — ela diz, desesperada para que eu entre com ela.
— Enquanto eu não for pego isso não vai acabar! Você precisa fugir,
você precisa cuidar do nosso filho. Eu amo você, como nunca amei ninguém
nessa vida, vá, Katharina.
— Não faz isso, por favor, eles vão te matar!! — ela grita, agarrando
minha camisa, desesperada, com lágrimas transbordando dos seus olhos.
— Eu vou ficar bem se você e nosso filho sobreviverem. Você não pode
ser presa, amore mio, estamos cercados, Katharina, eu não quero que meu filho
nasça em uma penitenciária.
— Não, vem comigo!!! — Grita
— Vá — digo, entregando a arma com a munição que resta para ela.
— Você vai ficar desarmado.
— Eu vou ficar bem, eu prometo — digo, beijando seus lábios.
Encosto minha testa na sua, deixando uma lágrima solitária cair.
— Eu vou te esperar, custe o custar, eu amo você. Eu sempre vou amar!
— Eu vou te encontrar, amore mio, você sempre será minha Katharina —
falo com um nó na garganta, sentindo que essa será a última vez que a verei.
Ouvimos barulhos na porta e eu percebo que é tarde demais, estão prestes
a arrombar a porta do escritório. Katharina olha para a porta e limpa as lágrimas,
pegando a arma.
— Ele se chamará Maximiliano, como o lendário imperador de Roma.
Você tem que ficar vivo por ele e por mim. — Ela diz entrando no cofre. Eu
fecho a porta, selando-a por fora, então a porta atrás de mim se despedaça no
chão.
— Mãos na cabeça, Dimitri Salvatore Rinna, você está preso.
A minha ida à Itália foi toda feita às pressas. Ainda não podia acreditar
que a polícia tinha pego Dante antes de mim no Brasil, o miserável foi esperto
em se estabelecer por lá. Jamais poderia imaginar que o verme se escondia no
Brasil. Ele está preso sob custódia do estado italiano, porém, eu não estou
nenhum pouco feliz com isso. Na cadeia ele não vai ter o que merece, não, Dante
precisa estar fora da prisão para que eu possa me vingar de todo o mau que ele
fez à Rebeca. A dor da sua falta não me deixa em nenhum momento, saber que
se ela ainda estivesse viva agora eu a teria pra mim, a tornaria minha esposa e a
amaria como ela nunca foi amada, viveria para fazê-la feliz.
Estava no meu jatinho planejando a maneira como tiraria Dante da prisão
antes que ele fosse transferido para os Estados Unidos, seria um plano
audacioso, mas valeria a pena o risco. Faltavam poucos minutos para aterrissar
na Itália quando Katharina me ligou, fiquei aflito com tudo que ela contou,
Dimitri havia sido preso, o que me surpreendeu. Pensar em minha irmã sozinha,
grávida e indefesa me deixou em puro desespero. Só consegui ficar mais calmo
quando o jato pousou em terra firme.
Em Roma, soube que Godoy estava com ela e a protegeria por mim.
O meu amor, eu vou fazê-lo se arrepender amargamente por ter tirado sua
vida. Meu pequeno anjo sofreu horrores nas mãos desse desgraçado. Um plano
de fuga seria muito arriscado, por isso seguiria o plano do meu amigo e braço
direito, Serguei. Eu faria com que Dante saísse de lá para ir ao hospital e no
caminho eu o pegaria.
— Tem certeza que esse cara vai nos ajudar. - Pergunto a Mikhail, meu
soldado.
— Sim, chefe, Morouh não tem nada a perder, apenas a ganhar, ele já
pegou perpétua. Com o dinheiro que iremos pagar ele pretende comprar uma
casa para a avó, que o criou.
— Certo, como saberemos que ele conseguiu chegar até Dante e como
ele pretende feri-lo para que ele precise ser levado ao hospital?
— Na prisão, os caras improvisam com caneta, colheres de plástico, até
mesmo um parafuso solto pode ser usado como arma.
— Perfeito, fique de vigia, assim que Dante for encaminhado para o
hospital, nós o pegaremos.
Cinco dias se passaram até que meus homens me avisaram que Dante
Tommaso Bruschetta estava sendo levado ao hospital após ser ferido em uma
briga no pátio da prisão. Eu sorri, sabendo que em breve eu colocaria minhas
mãos sobre ele e então a minha vingança se concretizaria.
— Tragam ele pra mim, vamos para casa que estou ansioso a diversão
vai começar. —Falei com um sorriso frio tomando conta dos meus lábios. O
levaria para Moscou, onde tinha preparado acomodações especiais para recebê-
lo.
O homem algemado na cadeira me enoja, o capuz em sua cabeça não
deixa que ele veja sua nova casa e nem seu captor. O corte em seu abdômen foi
suturado para que ele não tenha uma hemorragia e morra. Matá-lo seria uma
recompensa para ele, a morte é pouco perto do que irei fazer.
— Onde eu estou, quem está aí?! — ele fala em italiano, com a voz
arrastada pelo tranquilizante que injetaram em seu pescoço durante o voo.
— Você está no inferno, Dante. — Falo, dando uma risada sádica.
— Aslan, seu desgraçado, eu vou acabar com você - ele diz e tenta puxar
as algemas, mas é inútil.
— Você não está em posição de fazer ameaças, no fim dessa noite o
único que estará acabado será você - falo com asco.
Aponto para meus homens, que o levantam da cadeira, o arrastando para
a primeira sala. — Eu o mataria, mas não antes de apresentá-lo ao inferno que
fiz especialmente.
Inspirado em Dante Alighieri, o autor e poeta Florentino do século 13,
ele foi o criador da obra a divina comédia, onde ele apresenta o inferno, o
purgatório e o paraíso, inspirado nele eu criei nove salas do inferno para Dante
Bruschetta.
A primeira sala, seja bem-vindo ao limbo, Dante, aqui você começará a
pôr tudo que fez, a cada sala que nós entrarmos, farei pagar por um dos seus
pecados, até que enfim implore pela morte.
— Eu não tenho medo de você, cagna, você não passa de um bosta que
não aceita que Rebeca me amava, que escolheu a mim e não você — diz ele com
escárnio.
— Ela o odiava, Rebeca tinha nojo de você, maldito, Rebeca era um anjo
e você não merecia nem mesmo respirar o mesmo ar que ela.
Ele é amarrado com os braços pra cima, sua camisa rasgada nas costas,
pego o chicote longo de couro trançado. Lembro da morte dos meus pais, do
corpo de Rebeca sem vida naquele caixão, golpeio suas costas e com o primeiro
golpe sua pele se rasga, porém ele não grita. No sexto golpe Dante já estava
gemendo de dor, mas eu não parei, não pararia até ver seu sangue escorrer pelo
chão. O acerto novamente, fazendo ele se contorcer.
— Você quer me matar por que eu fui o único homem da vida dela, então
me mate de uma vez! — ele grita, porém não morrerá tão rápido.
Sangue escorre pelo chão e seus gritos de dor são como música para
mim, observo com deleite suas costas todas rasgadas.
— Eu volto amanhã, não se acostume com as acomodações, como eu
disse seu inferno, Dante, só está começando.
No segundo dia, Dante não é alimentado, meu ódio por aquele verme não
diminui após o primeiro dia do seu inferno. Ao chegar na porta do limbo ainda
posso ouvir os gritos sento soando pelos alto falantes. Dante está desmaiado no
canto da parede do quarto, sangue escorre pela sua pele, me fazendo lembrar
todos os machucados de Rebeca e como ela estava traumatizada. Pego o balde
com água e jogo sobre ele, fazendo com que ele acorde em choque.
— Maldito, o que pensa que eu sou, seu brinquedinho? — Ele fala,
ficando de pé, porém as correntes em suas pernas o impedem de vir até mim.
— Pelo visto gostou das acomodações — digo com deboche.
— Me solte daqui que verá o que eu irei fazer com a sua cara - ele rosna,
mas eu ignoro e faço o gesto para os meus homens o arrastem para a segunda
sala, o vale dos ventos.
A sala havia sido planejada para chegar a uma temperatura média de
menos dez graus. Porém, eu não queria matá-lo congelado, não, Dante só iria
sofrer sentindo o frio queimar sua pele molhada e ferida.
— Espero que goste das suas acomodações, aqui você irá pagar por todas
as humilhações que fez Rebeca passar, assim como ter ousado ofender a minha
irmã.
— O que vão fazer? — diz enquanto meus homens o arrastaram para o
meio da sala, as portas são fechadas e a então o vento frio começa a entrar,
congelando seu corpo.
Pelo vidro eu assisto ele tremer seu corpo sem parar, sua pele se tornando
cinza com apenas cinco horas de exposição ao frio. Peço então para que
desliguem o ar, fazendo com que Dante sofra sendo torturado pelo frio.
No terceiro dia, tomava meu café da manhã animado para mais um dia do
inferno de Dante.
— Não acho que ele vá aguentar até a nona sala — fala meu amigo e
braço direito, Vladmir.
— Não quero que ele morra rápido, não é esse meu plano, preciso que ele
sinta na pele todo sofrimento que causou não só a Rebeca, mas aos meus pais.
— Certo, antes de ir preciso te dar a notícia que Valeri deu a mão de sua
filha para Nicolau.
— Como assim? — pergunto, confuso.
— Anastázia, sua ex futura noiva, o pai da garota não perdeu tempo e
fechou um acordo com Nicolau, seu noivado será em menos de três meses.
— Mas, como assim? Ele tem idade para ser pai da garota, sem contar
que os boatos dizem que ele foi um carrasco com sua antiga esposa, não é à toa
que ela morreu.
— Bem, você dispensou a garota, então ele foi atrás de outro partido para
filha. E sobre os boatos, não temos certeza de nada, são apenas boatos. - Ele fala,
mas não consegue me convencer, não entendo porque estou preocupado com a
garota, ela pareceu me detestar.
— Preciso ir, meu hóspede me aguarda – digo, não querendo pensar na
garota de cabelos castanhos.
— Então vamos, estou louco para ver como ele vai se sair na terceira sala
- fala animado.
Ele havia sido levado desacordado, mas vivo, até a terceira sala, onde ele
pagaria pela morte da minha mãe. A imagem do seu corpo carbonizado sendo
tirado dos destroços do avião vem à minha mente. Ela não merecia morrer dessa
forma, ela sempre foi boa. E por isso ele pagaria. Dante é colocado sobre a maca
suspensa do chão, seus braços e pernas algemados, ele abre os olhos, mas não
diz nada, seu corpo está fraco de mais. Faço gestos para que meus homens o
alimentem, despejando uma sopa fedida em sua boca. Ele tenta fechar a boca,
mas com Vladmir segurando seu pescoço e inútil.
Em um balde os bichinhos aguardam a hora de se alimenta.
Coloco um dos ratos sobre a perna de dente.
— O que vai fazer, o que vai fazer? — ele fala em pânico e eu me
divirto.
— Vladmir, traz o maçarico — digo, seguro o balde de metal contra a
pena de Dante. O fogo faz com que o balde esquente, os gritos do rato preso só
não são maiores do que o de Dante. O desespero do rato é grande, ele começa a
roer a perna de Dante em busca de uma saída até morrer. É divertido assistir ele
gritar enquanto membro a membro é comido pelos ratos, quando Dante desmaia
já é fim da tarde.
Suturem e cuidem dos ferimentos, amanhã eu volto para que ele conheça
a quarta sala do inferno.
O grande palácio conhecido por ser a opulenta morada de Katharina, a
grande rainha da Rússia e Alexandre Romanov, estava vazio. A casa é grande
demais para apenas uma pessoa, meus pais já não estão aqui e muito menos
minha irmã. Talvez seja hora de me mudar e encontrar um lugar menor, talvez a
cobertura do centro. Após um banho relaxante, onde lavo o cheiro podre de
sangue de Dante em mim, eu deito na minha cama. Já esperando que eu fosse
mais uma vez sonhar com Rebeca, mas estranhamente o sono não vem, eu não
consigo dormir, minha mente está em conflito, os olhos de Anastázia me olhando
enquanto saia da sua casa tinha ficado gravado na minha mente, seja o que for
que esteja me atormentando, isso precisa acabar.
Semanas depois, meu corpo está dolorido, talvez pela dificuldade que
venho tendo para dormir. Falta pouco tempo para o meu bebê nascer. Meu filho
fica sempre agitado durante a noite e ontem senti pequenas pontadas nas costas.
O julgamento de Dimitri será depois de amanhã. Como advogada eu sei que ele
não tem nenhuma chance de escapar de uma condenação. O mínimo que o juiz
decretará será uma sentença de trinta anos. Pelos jornais eu acompanho toda a
repercussão da sua prisão, a Itália está um verdadeiro caos. A Cosa Nostra havia
feito várias retaliações desde a morte de um ministro, como também a explosão
da sede do parlamento. Porém, nem mesmo isso foi o bastante para liberar
Dimitri da cadeia.
— Já podemos ir — fala Godoy com um colete à prova de balas pra mim.
— Isso não vai caber em mim — debocho olhando pra minha barriga
enorme.
— Eu não pensei nesse detalhe — diz sem graça.
— A polícia provavelmente está monitorando a fortaleza. Assim que
você chegar, nós vamos ter pouco tempo até eles chegarem.
— Quanto tempo nós temos? — Questiono, arrumando meus óculos
escuros no rosto.
— Cerca de vinte minutos até eles chegarem — responde, preocupado.
— Vai dar tempo, tem que dar tempo — digo, positiva.
Ainda é difícil acreditar que o meu plano maluco deu certo. Quando
Aslan me avisou que o ônibus onde Dimitri estava capotou, senti minhas pernas
tremerem e o terror tomar conta de mim. As horas seguintes foram uma tortura e
eu só fiquei calma quando fui avisada que eles tinham deixado à Itália e Dimitri
estava vivo. Eu pensei em esperá-lo na nossa casa, mas quando soube que ele
estava na praia eu não consegui esperar por estar ansiosa demais para vê-lo e ter
a certeza que ele estava bem. O homem que amo estava aqui na minha frente,
visivelmente mais magro e abatido, mas vivo e do meu lado.
— Vem, eu quero te mostrar a casa e amanhã você pode conhecer o
resort.
— Resort, como assim? — pergunta confuso enquanto caminhamos de
mãos dadas, pelo caminho de flores, que leva até a casa que ele tinha comprado.
— Do outro lado da ilha tem um grande resort, o qual comprei para que
possamos administrá-lo e recomeçarmos nossa vida aqui, nas ilhas Maldivas.
Afinal, para todos os efeitos, você está morto e a Itália já não é um lugar seguro
para o nosso filho. Dimitri me olha com várias perguntas martelando em sua
mente e minhas palavras parecem fazê-lo refletir.
— Vamos, nós podemos conversar sobre isso depois. — O levo para a
entrada da bela casa de praia. Ela é cinza com a fachada toda de vidro e vista
panorâmica do mar. Construída em cima das pedras, não é tão grande quanto a
fortaleza, mas talvez isso seja o que a deixa mais acolhedora para uma pequena
família.
— A casa é mais bonita pessoalmente do que vi por fotos — ele fica
admirado. Eu sorrio, o levando para dentro.
— Filha, o jantar já está pronto. — Fala Ivana.
— Obrigada, o convidado especial já chegou. Pode dar banho em
Maximiliano para mim?
— Claro. É um prazer dar banho nesse príncipe — ela sorri e pega Max
de mim.
— Vem, você precisa de um banho e depois descansar. — Levo Dimitri
para o segundo andar, onde fica a nossa suíte. Confesso que fiquei ansiosa, fazia
tanto tempo que não o via. Sentia falta dos seus beijos, dos seus toques. Assim
que abro a porta, ele me puxa pelo braço, tirando meu fôlego, e me pressiona
contra a parede, me beijando.
— Senti tanto a sua falta, bella mia. — diz com a voz rouca e me
beijando loucamente.
— Eu também estava enlouquecendo sem você! — gemo ao senti-lo
rasgar o topo do meu vestido e deixar meus seios à mostra
— Eles estão maiores.
— Digamos que meu corpo está um pouco diferente depois da gravidez
— fico constrangida com as estrias e quadril avantajado.
— Como pode ficar ainda mais gostosa? — Dimitri aperta a minha
bunda, me fazendo sentir a dureza do seu pau contra mim.
— Você precisa descansar, podemos fazer isso depois. — Olho em seus
olhos preocupada com seu ferimento na perna, afinal, ele sofreu um acidente e
eu estou aqui tão excitada que esqueci do fato dele ainda está fraco.
— A única coisa que eu preciso é fodê-la. Eu posso morrer se não fizer
isso logo. — Ele desce o resto do meu vestido, me deixando apenas de calcinha
branca na sua frente.
Dimitri acaricia minha pele, tocando e cada uma das minhas marcas, se
abaixa e aperta a minha bunda dando um tapa forte e eu gemo em resposta. Seu
rosto se afunda em minha calcinha e eu tremo, toda arrepiada e louca pra senti-
lo.
— Senti falta do seu cheiro e do sabor da sua boceta! — Ele beija minha
boceta por cima da calcinha. Fecho os olhos tentando não gritar, mas quando ele
puxa a calcinha para o lado, dando uma lambida, um gemido alto rasga minha
garganta.
Eu estava praticamente me esfregando na sua cabeça.
— Eu posso sentir seu cheiro doce — Seus dedos separaram os lábios da
minha boceta e sua língua ataca diretamente meu clitóris. Dimitri segura minha
coxa no seu ombro e chupa com loucura.
— Dimitri, oh...
— Sua boceta está encharcada, amore mio. — Ele fala assoprando meu
clítoris e faz movimentos sincronizados com a língua, me fodendo com seus
dedos.
Grito, gozando fortemente, sentindo meu corpo ficar mole e Dimitri
chupa todo meu gozo, me fazendo sorrir apaixonada.
— Eu quero seu pau em mim, Boss.
— Eu vou te dar muito pau, bella mia, vou deixar essa boceta inchada.
Ele me puxa até o tapete de pele no chão e eu nem tenho tempo de o ver
tirando as calças. Dimitri me invade, me fazendo gritar. A dor misturada com o
prazer me leva ao êxtase, sua boca beija a minha e eu arranho seu braço,
descontrolada. As estocadas são duras, selvagens e precisas.
— Porra, você está muito apertada. — Ele chupa meu pescoço.
— Faz tanto tempo… — gemo sentindo o orgasmo se construir dentro de
mim.
Todo meu juízo se vai quando ele ergue as minhas pernas em seu ombro
e arremete seu pau, me levando ao limite.
— Você é minha, Katharina, toda minha! — ele ruge feito uma besta
selvagem e acelera os golpes em busca do seu prazer e nossos gemidos se
misturam.
Fecho os olhos tremendo e ele goza, desabando sobre mim. Nesse
momento, agradeço ao médico que me acompanhou após o parto de
Maximiliano por ter me recomendado o implante anticoncepcional. Porque pela
quantidade de gozo, provavelmente eu já estaria grávida.
— Vamos tomar um banho, você esgotou as minhas energias, marido. —
Rio e me levanto com sua ajuda.
Nós optamos por usar o chuveiro. Dimitri ensaboa meus cabelos,
acariciando meu pescoço e não tem como não ficar excitada com as mãos desse
homem sobre mim.
— Você já está pronta para mim, querida — o safado esfrega seu pau já
duro na minha bunda.
— Eu sempre estou pronta para você, Boss! — o provoco e ele segura
seu pau esfregando na minha boceta por trás.
— É bom saber disso, porque eu pretendo passar muito tempo dentro de
você. — Seu hálito quente em meu pescoço me provoca arrepios alucinantes.
Solto um leve gemido, querendo tomar fôlego. Com a mão esquerda ele puxa
meus longos cabelos para o lado enquanto beija minha nuca.
Posso sentir sua respiração acelerada e seus lábios molhados. Me segura
pela cintura me fazendo sentir seu pau roçando minha bunda. Não preciso dizer
nada. Dimitri esfrega seus dedos na minha entrada anal e eu me arrepiei toda em
expectativa. O chuveiro é desligado eu me inclino para melhorar seu acesso e
então ele vai lentamente me alargando com seu pau. Empino a minha bunda
enquanto ele me segurava firme pela cintura e força para colocar tudo dentro.
Até senti suas bolas batendo em mim.
— Ah, isso, não para! — Grito e então ele soca até o final. Dói e ao
mesmo tempo é tão gostoso, é um prazer único. Dimitri começou a socar com
vontade e seus dedos na minha boceta me levam ao delírio e gozo mais uma vez.
Sinto explosões de espasmos que irradiam por todo meu corpo, me causando
arrepios, me deixando de pernas bambas.
— Ahh, gostosa!! — Dimitri grita, gozando no meu rabinho, enquanto eu
tento que me apoiar na parede para não cair.
[1]
[2]