Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
DEFINIÇÃO
- Infarto é qualquer necrose tecidual.
- IAM sem supra de ST (IAMSST) é o IAM associado à oclusão subtotal de uma artéria
coronária.
- IAM com supra de ST (IAMST) é o IAM associado à oclusão total de uma artéria
coronária.
EPIDEMIOLOGIA
- O Infarto Agudo do Miocárdio (IAM):
- A taxa de mortalidade geral (extra e intra-hospitalar) ainda é alta, por volta de 30%.
ETIOLOGIA E FISIOPATOLOGIA
- Os IAM são causados por oclusões agudas nas coronárias epicárdicas.
- Em < 5% dos casos a oclusão coronariana aguda é secundária a outros processos patológicos:
- Embolia coronariana
- Dissecção coronariana
- Síndromes trombofílica
- Vasculite coronariana
- A disfunção diastólica é ainda mais precoce e mais comum que a disfunção sistólica,
podendo, por si só, ocasionar aumento na pressão de enchimento do VE e consequente
congestão pulmonar.
NECROSE MIOCÁRDICA
- Inicialmente, a necrose miocárdica aparece no subendocárdio da região em sofrimento
isquêmico, estendendo-se em direção à periferia (epicárdio) até que toda ou quase toda a
área isquêmica esteja infartada.
- Se não houver extensão por toda a parede, teremos a necrose não transmural
(geralmente subendocárdica).
- A isquemia será tanto pior quanto mais elevado for o MVO2 , fato comum
durante a fase aguda do IAM (devido à hiperativação adrenérgica)
3 - Reperfusão precoce:
- Pode ocorrer de maneira espontânea em até 30% dos casos de IAM, por ação
do sistema fibrinolítico endógeno.
- Nos infartos extensos a região lesada pode se “remodelar” (ficando maior e mais fina), após
um período de 3 a 10 dias, devido ao deslizamento das fibras necróticas entre si.
- Por tais motivos, os inibidores da ECA, quando empregados em pacientes com disfunção
sistólica do VE pós-IAM, melhoram de forma significativa o prognóstico em longo prazo!
- No caso de intolerância aos IECA (ex.: tosse) podemos lançar mão dos Bloqueadores
do Receptor de Angiotensina (BRA)
- Em contrapartida, o uso de corticosteroides e AINEs nas primeiras 4-8 semanas após o IAM
deve ser evitado!
QUADRO CLÍNICO
SINTOMAS
- Dor torácica anginosa (precordialgia constritiva)
- Forte intensidade
- A dor do IAM não irradia para baixo do umbigo nem para os trapézios (neste
caso a dor é compatível com pericardite, outro importante diagnóstico
diferencial).
- Dispneia
- Náuseas
- Vômitos
- Palidez
- Sudorese fria
- Ansiedade
- Em certos pacientes o IAM pode se manifestar com dor “atípica” (não anginosa) ou mesmo
sem qualquer queixa álgica (somente “equivalentes anginosos”, isto é, consequências de uma
isquemia miocárdica grave).
- Abundante refeição
- Periodicidade circadiana:
- Pródromo: (30%)
- Exaustão
EXAME FÍSICO
- É pouco informativo (< 20% têm alterações importantes)
- Os principais achados físicos durante a fase aguda são:
- SINAIS OMINOSOS que implicam risco aumentado de eventos adversos nas próximas 72h:
- Estertores pulmonares:
- Taquicardia sinusal são sinais ominosos que implicam risco aumentado de eventos
adversos nas próximas 72h.
- Dispneia
- Ortopneia
- Estertoração pulmonar
CLASSIFICAÇÃO DE KILLIP
- É uma classificação prognóstica do IAM com base em sinais e sintomas clínicos de IVE:
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
- Principais diagnósticos diferenciais do IAM em função da queixa clínica predominante
CONFIMAÇÃO DIAGNÓSTICA
- O diagnóstico de IAM se baseia na correta
análise de 3 dados principais:
- História clínica;
- Eletrocardiograma;
HISTÓRIA CLÍNICA
- Precordialgia constritiva:
- De início agudo
- Intensa
ELETROCARDIOGRAMA
- O ECG deve ser obtido e interpretado em menos de 10 minutos!
- Por isso, é imprescindível repetir o ECG a intervalos curtos (ex.: a cada 5-10min) em
todo paciente com ECG normal que continua sintomático
- Derivações “contíguas” são aquelas que representam a mesma parede miocárdica – FIGURA
2.
- Angina de Prinzmetal
- Discinesia
- Aneurisma ventricular
- Chágas
- Para fins práticos, recomenda-se interpretar um BRE de 3º grau novo ou supostamente novo,
no paciente sintomático, como uma evidência de oclusão coronariana total (equivalente ao
“supra de ST”).
- Em todo IAMST de parede inferior (D2, D3 e aVF) devemos obter o traçado de derivações
precordiais direitas (V3R e V4R) e derivações posteriores (V7, V8).
- O IAMST inferior se relaciona à oclusão da coronária direita, o que pode causar infarto no
ventrículo direito e na região dorsal do VE. Assim, V3R-V4R diagnosticam o infarto do VD e V7-
V8 diagnosticam o infarto dorsal... Ver FIGURA 8.
- CK-MB massa.
- CK-MM
- CK-BB
- CK-MB
- Não é específico para infarto miocárdico, pois também se eleva na rabdomiólise (ex.:
trauma, convulsões, intoxicações e até mesmo após injeções intramusculares)!
- A CK-MB:
- É a isoforma predominante no músculo cardíaco
- É mais específica do que a CK-total para diagnóstico de IAM
- CK-MB atividade:
- Tem 93% de sensibilidade após 12h do início dos sintomas, porém nas
primeiras 6h ela é muito pouco sensível
- CK-MB massa:
- Tem sensibilidade de 50% nas primeiras 3h, alcançando 80% após 6h!
- É o método de escolha
MIOGLOBINA:
- Trata-se de uma hemoproteína encontrada no citoplasma de todos os miócitos
- Tem como grande característica a rápida ascensão de seus níveis séricos após a
ocorrência de uma lesão muscular!
- No IAM:
- Normalização em 12-24h
- Por ser altamente sensível para qualquer tipo de lesão muscular o valor preditivo
negativo da mioglobina é muito alto (podendo chegar a 98%)!!!
- Nos casos com sintomas duvidosos em que este exame for normal, poderemos
descartar com segurança a ocorrência de infarto miocárdico
TROPONINAS CARDIOESPECÍFICAS
- As troponinas são constituintes da estrutura dos sarcômeros
- Troponina I (cTnI)
- Troponina T (cTnT)
- Não são encontradas no músculo esquelético
- Seus níveis:
- Perceba ainda que, por permanecerem bastante tempo aumentadas (cTnI até 10
dias, e cTnT até 14 dias) também são os MNM de escolha para o diagnóstico tardio de
IAM (quando os outros MNM já se normalizaram)
- Considera-se como “positivo” um valor > 0,1 ng/ml (> percentil 99).
DADOS IMPORTATES:
- As troponinas se elevam após 4-8h do início dos sintomas, ao passo que a CK-MB
massa já pode se elevar após 3-6h
ESTRATIFICAÇÃO DE RISCO COM SUPRA DE ST
- Todo paciente com Síndrome Coronariana Aguda (SCA) deve ser estratificado quanto ao risco
de complicações cardíacas.
(2) complicações mecânicas (ex.: insuficiência mitral, CIV, trombo mural, aneurisma ou
pseudoaneurisma)
PAPEL DO ELETROCARDIOGRAMA
- Não tão acurado quanto o ecocardiograma para localizar a parede infartada, o ECG pode dar
uma orientação razoável da localização do IAM.
- Além disso, também pode dar uma ideia sobre o tamanho da área infartada
- O melhor critério para estimar o tamanho do infarto pelo ECG é o número de derivações que
apresentam supra de ST.
- IAM lateral alto: D1 e aVL; IAM inferior: D2, D3 e aVF; IAM dorsal: “imagem em
espelho” em V1 e V2 ou V1-V5 (ou supra de ST em V7, V8);
- IAM inferodorsal: derivações do inferior + espelho dorsal (ou supra de ST em V7, V8);
- IAM laterodorsal: derivações do lateral alto + espelho dorsal (ou supra de ST em V7,
V8)l;
TRATAMENTO
- Ao chegar à emergência, todo paciente com síndrome coronariana aguda deve ser
rapidamente avaliado por anamnese e exame físico direcionados.
- O ECG de doze derivações – acrescido das derivações V3R, V4R, V7 e V8 em caso de IAM de
parede inferior – deve ser feito e interpretado em, no máximo, 10 minutos.
- Caso o ECG seja inconclusivo, mas a suspeita clínica permaneça alta, monitorização
contínua ou ECGs seriados (a cada 5-10 minutos) são indicados!
DIETA E HIDRATAÇÃO
1. Dieta oral zero.
2. Caso SatO2 < 94%, é mandatório fornecer oxigênio suplementar (O2 a 100%, por
meio de máscara ou cateter nasal, a 2-4 L/min).
- O2 não deve durar mais que 3-6h, sob pena de aumentar a resistência
vascular periférica e a pressão arterial, reduzindo o débito cardíaco
TRATAMENTO FARMACOLÓGICO
1. ANALGESIA: Escolha ou combine as opções conforme nível de dor:
- Enoxaparina:
- 30 mg EV em bólus + 1 mg/kg
SC de 12/12 horas. Se ≥ 75 anos:
0,75 mg/kg, e não fazer bólus;
se ClCr < 30 mL/minuto: 1
mg/kg de 24/24 horas.
- Seguido de 12
unidades/kg/hora (manter PTTa
entre 1,5-2,0x o valor de
referência).
- Fondaparinux:
Ezetimiba (10 mg/cp) 10 mg VO de 24/24 horas, caso não atinja LDL < 70
mg/dL apenas com estatinas.
≥ 90 kg: 50 mg;
9. IECA ou BRA: Considerar em todos pacientes com infarto e prescrever para todos os
que apresentam disfunção ventricular esquerda, hipertensão ou diabetes mellitus:
Escolha uma das opções:
PROFILÁTICOS E SINTOMÁTICOS
1. ANALGÉSICO E ANTITÉRMICO: Se presença de dor ou febre ≥ 37,8°C. Escolha uma
das opções:
- Dipirona sódica (500 mg/mL) 1-2 g EV até de 4/4 horas (dose máxima: 5 g em
24 horas);
- Dipirona sódica gotas (500 mg/mL) 20-40 gotas VO até de 4/4 horas;
- Omeprazol (40 mg/10 mL) 20-40 mg VO/EV de 24/24 horas pela manhã;
- Todo paciente pós-IAM deve ser acompanhado no ambulatório e precisa tomar as seguintes
drogas indefinidamente (todas com importante respaldo da literatura para redução do risco de
eventos cardiovasculares e morte):
- Inibidores da ECA;
- O uso de nitratos não é obrigatório para o paciente pós-IAM que não apresenta isquemia
miocárdica residual.
COMPLICAÇÕES DO IAM
- ARRITMIAS VENTRICULARES NO IAM
- Fibrilação Ventricular Primária: definida como uma fibrilação ventricular que ocorre nos
pacientes em Killip I, isto é, sem nenhum sinal de insuficiência cardíaca.
- Este tipo de fibrilação costuma ocorrer na fase bem precoce do IAM, com maior
incidência na primeira hora, sendo que 80% desses eventos acontecem nas primeiras
48h.
- Os fatores preditores principais são: infarto prévio, potássio sérico < 4,0 mEq/L, maior
área isquêmica
- Fibrilação Ventricular Secundária: definida como uma fibrilação ventricular que ocorre nos
pacientes em Killip II, III ou IV, isto é, relacionada à disfunção ventricular esquerda e
insuficiência cardíaca.
- Fibrilação Ventricular Tardia: definida como uma fibrilação ventricular que ocorre após 48h
de evolução do IAM.
- Nesta fase, geralmente não há mais isquemia, e a área de necrose está em plena
cicatrização
- Ritmo Idioventricular Acelerado: esta arritmia é definida como um ritmo ventricular (isto é,
com complexo QRS alargado) com uma frequência entre 60-100 bpm.
- Bradiarritmias no IAM