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Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distância

“Parnasianismo Português e Brasileiro”.

Nome do estudante: Alzira Manuel Gonçalo Ferrão. Código: 708210675

Docente: ----------------------------------------------------

Curso: Licenciatura em Ensino da Língua Portuguesa

Disciplina: Literatura Luso-Brasileira

Ano de frequência: 2º Ano

Tete, Novembro de 2022

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Conteúdo (expressão escrita
cuidada/coesão
textual
Analise e
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nacional e 2,0
internacionais
relevantes na área de
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dados
Aspectos Conclusão • Contributo teóricos
gerais práticos 2,0
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paragrafo
espaçamento entre
linhas
Referências Normas APA • Rigor e coerência
bibliográficas 6ª edição em das citações/ 4,0
citações referências
bibliográficas bibliográficas

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Índice
1.1. OBJECTIVOS ..................................................................................................................................5

1.1.1. Geral ..............................................................................................................................................5

1.1.2. Específicos .....................................................................................................................................5

METODOLOGIA ....................................................................................................................................5

ESTRUTURA DO TRABALHO .............................................................................................5


I. PARNASIANISMO PORTUGUÊS E BRASILEIRO.........................................................................6

CAPÍTULO I: ..........................................................................................................................................6

1. PARNASIANISMO PORTUGUÊS ....................................................................................................6

1.1. CONTEXTO SÓCIO-CULTURAL DO SURGIMENTO DO SURGIMENTO DO


PARNASIANISMO EM PORTUGAL. ..................................................................................................6

1.2. ENVOLVIMENTO DO CÉSAIRE VERDE NO PENSAMENTO PARNASIANO ......................7

1.3. AS CARACTERÍSTICAS DO PARNASIANISMO EM PORTUGAL ..........................................7

1.4. A TEMÁTICA DO PARNASIANISMO PORTUGUÊS .................................................................8

1.5. AUTORES DO PARNASIANISMO EM PORTUGAL ..................................................................8

1.5.1. VIDA E OBRAS DE CESÁRIO VERDE .....................................................................................8

1.5.2.ANÁLISE DE UM TEXTO DE CESÁRIO VERDE.....................................................................9

2. PARNASIANISMO BRASILEIRO ..................................................................................................11

2.1.CONTEXTO SÓCIO-CULTURAL DO SURGIMENTO DO SURGIMENTO DO


PARNASIANISMO NO BRASILEIRO ...............................................................................................12

2.2.ENVOLVIMENTO DO OLAVO BILAC NO PENSAMENTO PARNASIANO .........................13

2.3.CARACTERÍSTICAS DO PARNASIANISMO BRASILEIRO ....................................................13

2.4.TEMÁTICA DO PARNASIANISMO BRASILEIRO ...................................................................13

2.5.AUTORES DO PARNASIANISMO NO BRASIL ........................................................................13

2.5.1.VIDA E OBRA DE OLAVO BILAC ..........................................................................................13

2.5.2.ANÁLISE DE UM TEXTO DE OLAVO BILAC .......................................................................14

3. CONCLUSÃO ...................................................................................................................................17

3.1 REFÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................................18

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INTRODUÇÃO
Os poetas Parnasianos foram influenciados pelo século XVIII, que ficou conhecido como
século das luzes por influência do Iluminismo, tendo seu ápice em 1878 que surge a poesia
científica que pregava a razão. O subjectivismo típico dos poetas românticos era abatido pela
luz da ciência, o racionalismo. Surgido na França o movimento Parnasiano.
É importante advertir que os poetas do Parnasianismo faziam uma “arte pela arte”, ou seja, eles
acreditavam que a arte existia por si só e deveria se justificar por ela mesma. Além disso, os
escritores parnasianos pregavam pelo rigor da forma escrita, respeito às regras gramaticais,
vocabulário rico e erudito, rimas ricas e preferências por formas fixas como, por exemplo, os
sonetos. Por isso, o culto à forma, ao rigor métrico dos poemas dessa corrente literária. Dessa
visão de mundo é produzida uma arte que se opõe ao carácter metafísico e espiritual dos
românticos.
1.1. OBJECTIVOS
1.1.1. Geral
▪ Perceber o parnasiamismo português e o brasileiro.

1.1.2. Específicos

▪ Discutir o Parnasianismo português e brasileiro;


▪ Caracterizar o Parnasianismo português o brasileiro;
▪ Comentar sobre os textos Cesário Verde e Olavo Bilac.

METODOLOGIA

O trabalho colheu o método qualitativo baseiado em pesquisas dos manuais, livros, links, já
publicados que contem conteúdos da temática.

ESTRUTURA DO TRABALHO

▪ Introdução;
▪ Desenvolvimento;
▪ Conclusão e por fim a bibliografia.

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I. PARNASIANISMO PORTUGUÊS E BRASILEIRO
CAPÍTULO I:

1. PARNASIANISMO PORTUGUÊS
O parnasianismo em Portugal foi um movimento literário restrito baseado no parnasianismo
francês e no lema “arte pela arte”. O poeta João Penha (1838-1919) é considerado o introdutor
do movimento no país (SUMICH, 2008).

1.1. CONTEXTO SÓCIO-CULTURAL DO SURGIMENTO DO SURGIMENTO DO


PARNASIANISMO EM PORTUGAL.
Neste caso, de acordo com AFONSO (2007), o século XIX foi uma época de desenvolvimento
tecnológico nos setores de comunicação e transporte:

FULTONI (1765-1815) criou o barco a vapor em 1807; STEPHENSON (1781-1848) projetou


a locomotiva a vapor em 1814; e, em 1837 inventou-se o telégrafo.

Assim, na segunda metade do século XIX, o pensamento científico estava em alta, pois a
ciência mostrava-se responsável pelo desenvolvimento tecnológico associado à Revolução
Industrial (iniciada no século XVIII), em que o uso de máquinas propiciou o crescimento da
economia.

Contudo, essa prosperidade e o desenvolvimento tecnocientífico não impediram a disparidade


entre a burguesia e o proletariado, gerando forte conflito social.

Nesse sentido, a prosa realista ocupou-se na exposição e discussão desse problema. No entanto,
a poesia realista, isto é, o parnasianismo, isentou-se desse tipo de questão e optou por uma
postura de alienação (indiferença) social, econômica e política. Ainda, seus autores,
influenciados pelo positivismo (corrente filosófica que defendia a primazia da razão e,
portanto, a supremacia do conhecimento científico), recorreram à objetividade na composição
de suas poesias.

Nesse século, houve uma revolução tecnocientífica nunca vista até então, a ciência propiciava
a diminuição das distâncias e o aumento da produção nas indústrias. Portanto, como fator
científico essencial, a razão passou a ser supervalorizada, vista como solução para todos os
males da sociedade.

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Como indivíduos de seu tempo, os parnasianos, então, viram na objectividade científica um
elemento definidor da sociedade europeia. Assim, entenderam que a razão superava o
sentimentalismo romântico e empreenderam um projeto de “poesia científica”, pois racional e
objetiva.

Desse modo, o movimento parnasiano surgiu a partir da publicação, em três volumes (1866,
1871 e 1876), de uma coleção de poesias editada por Lemerre (1838-1912) e intitulada O
Parnaso contemporâneo. A palavra “Parnaso” refere-se a uma montanha da Grécia, morada do
deus Apolo e das musas inspiradoras dos artistas. Os textos dessa coletânea trabalham com a
perspectiva de uma poesia objetiva. Daí surgiu o nome para o estilo de época parnasianismo.

1.2. ENVOLVIMENTO DO CÉSAIRE VERDE NO PENSAMENTO PARNASIANO


Nascido em Lisboa, Cesário Verde escreveu poesias com tendências parnasianas, realistas e
modernistas. Inicia sua carreira literária publicando alguns poemas no “Diário de Notícias de
Lisboa”. Teve uma vida curta, morrendo de tuberculose aos 31 anos.

De sua obra poética merece destaque o livro de poesia “Nós” (1884) e a compilação póstuma
de seus poemas “O Livro de Cesário Verde”, (SUMICH, 2008).

1.3. AS CARACTERÍSTICAS DO PARNASIANISMO EM PORTUGAL


De acordo com AFONSO (2007) temos as seguintes características do Parnasianismo
Português:

▪ Linguagem objetiva e impessoal;


▪ Descrição visual;
▪ Estilo ornado e culto;
▪ Preocupação com a estética;
▪ Perfeição formal;
▪ Metrificação e versificação;
▪ Preciosismo (palavras e rimas raras);
▪ Espírito científico;
▪ Temas da realidade cotidiana;
▪ Valorização dos temas clássicos;
▪ Preferência pelas formas poéticas fixas (soneto).

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1.4. A TEMÁTICA DO PARNASIANISMO PORTUGUÊS
O Parnasianismo em Portugal teve como prioridades o culto à forma, a “arte pela arte”, a
objetividade temática e o distanciamento de questões de cunho social. (SUMICH, 2008).

1.5. AUTORES DO PARNASIANISMO EM PORTUGAL


Os principais autores do Parnasianismo Português foram:

▪ João Penha (1838-1919)


▪ Gonçalves Crespo (1846-1883)
▪ António Feijó (1859-1917)
▪ Cesário Verde (1855-1886)

AFONSO (2007)

1.5.1. VIDA E OBRAS DE CESÁRIO VERDE


De acordo com VASCONCELOS (1996):

José Joaquim Cesário Verde (nascido em Lisboa, 25 de Fevereiro de


1855 e morto em Lumiar, 19 de Julho de 1886), mais conhecido por
Cesário Verde, foi um poeta português, filho de José Anastácio Verde
e de Maria da Piedade dos Santos Verde. Ignorado em vida, hoje é
considerado um clássico da literatura portuguesa do século XIX
devido a atenção dada a sua obra por poetas posteriores, especialmente
Fernando Pessoa, sendo considerado um dos precursores da poesia que
seria feita em Portugal no século XX.

O seu pai era lavrador e comerciante, sendo proprietário de uma quinta nas imediações de
Lisboa, em Linda-a-Pastora, e de uma loja de ferragens na baixa lisboeta, onde Cesário Verde
chegou a trabalhar. Foi nestas atividades que repartiu a sua vida, fazendo do quotidiano o
assunto da sua poesia. Cesário matriculou-se no Curso Superior de Letras em 1873, desistindo
após alguns meses. Lá conheceu Silva Pinto, que ficou seu amigo para o resto da vida.

A partir de 1879, Cesário Verde empenha-se cada vez mais no auxílio nas tarefas da loja de
ferragens e da exploração da quinta. Em 1872, a sua irmã morre, seguindo-se, dez anos depois,
o seu irmão, ambos de tuberculose. Foi esta a doença que viria a vitimar igualmente o poeta, a
19 de Julho de 1886, apesar das várias tentativas de convalescença. Estas mortes inspiraram
um dos seus principais poemas, Nós.

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Tenta curar-se da tuberculose, mas sem sucesso, vem a falecer no dia 19 de Julho de 1886, com
31 anos. No ano seguinte o seu grande amigo Silva Pinto organiza O Livro de Cesário Verde,
compilação da sua poesia, publicada em 1901.

A força inspiradora de Cesário era a terra-mãe, sendo nela que encontrava os seus temas.

As obras

▪ O livro de Cesário Verde. Lisboa: TypographiaElzeveriana, 1887. – Contem 22 poemas


e um retrato do poeta feito em Paris, de memória, por Columbano, uma dedicatória a
Jorge Verde, um prefácio assinado «Silva Pinto» e notas finais.
▪ O livro de Cesário Verde, 1873-1886. Pref. Silva Pinto. Coimbra: Universidade de
Coimbra, 2014. – Ed. Fac-simile comemorativa dos 500 anos da Biblioteca da
Universidade de Coimbra. - Ed. Fac-simile. de: Typ. Elzeviriana: Lisboa, 1887.
▪ Poesias dispersas. Lisboa: Estúdios Cor, 1964. – Notas de Jorge Nemésio.
▪ Obra Poética e Epistolografia. Ed. org. Ângelo Marques. Porto: Lello Editores, 1999
▪ Cânticos do realismo e outros poemas: 32 cartas. Pref. Fialho de Almeida; estudo crítico
Fernando Pessoa; ed. Teresa Sobral Cunha. Lisboa: Relógio d'Água, 2006.
▪ Cânticos do realismo: o livro de Cesário Verde. Nota prévia de Carlos Reis, coord.
dacoleção e introduz. e nota bibliográfica de Helena Carvalhão Buescu. Lisboa: INCM,
2015.

1.5.2.ANÁLISE DE UM TEXTO DE CESÁRIO VERDE

Para o poema Contrariedades, o qual apresentaremos a seguir em sua íntegra, temos imagens
ainda mais fortes desse universo de conflitos sociais que determinam limites entre o opressor
e o oprimido. Temos o perfil de dois sujeitos com suas peculiaridades, mas que caminham na
mesma direcção – o eu lírico e a representação feminina através da imagem da endomadeira.

Contrariedades

Eu hoje estou cruel, frenético, exigente;


Nem posso tolerar os livros mais bizarros.
Incrível Já fumei três maços de cigarros
Consecutivamente.

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Dói-me a cabeça. Aabafo uns desesperos mudos:
Tanta depravação nos usos, nos costumes!
Amo, insensatamente, os ácidos, os gumes E os ângulos agudos.

Sentei-me à secretaria. Alí defronte mora


Uma infeliz. Sem peito, os dois pulmões doentes;
Sofre de faltas de ar, morreram-lhe os parentes
E engoma para fora.

Pobre esqueleto branco entre as nevadas roupas!


Tão lívida! O doutor deixou-a. Mortifica.
Lidando sempre! E deve a conta na botica!
Mal ganha para sopas...

O obstáculo estimula, torna-nos perversos;


Agora sinto-me eu cheio de raivas frias,
Por causa de um jornal me rejeitar, há dias,
Um folhetim de versos.

Que mau humor! Rasguei uma epopeia morta


No fundo da gaveta. O que produz o estudo?
Mais duma redacção, das que elogiam tudo,
Me tem fechado a porta.

A crítica segundo o método de Taine


Ignoram-na. Juntei numa fogueira imensa
Muitíssimos papeis inéditos. A imprensa
Vale um desdém solene....

(.......)

Quando nos reportamos ao poema Contrariedades, de início, partindo do título, já podemos


perceber que o eu lírico traz a tona seus sentimentos de descontentamento em relação à
sociedade na qual está inserido. De acordo com o minidicionário da língua portuguesa, Mini-

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Aurélio, “Contrariedades” se refere à decepção, transtorno, desgosto, aborrecimento, entre
outras definições. Fazendo uma relação do título do poema com a definição mostrada pelo
minidicionário Aurélio, percebemos que ambos estão relacionados ao que Cesário Verde nos
vem mostrando em sua poesia, certa inquietação com relação à humilhação que a sociedade
dominante impõe sobre os oprimidos, menos favorecidos e que surge em primeira instância ao
que está ligado ao seu contexto social, ou seja, nos afirmar que é no ambiente social em que o
sujeito lírico está inserido que se torna palco para grandes desigualdades sociais.
Na primeira e segunda estrofe, percebe-se que o eu-lírico denuncia seu estado de espírito, o
qual se remete ao título – contrariado. Nessas estrofes, são apresentados os perfis do eu-lírico,
através dos quais o mesmo se encontra desgostoso, contrariado, alheio à opressão que é posta
aos mais fracos, tornando-os marginalizados, ignorantes. Notamos que os adjectivos: cruel,
frenético, exigente, bizarros, vem acentuar o estado de espírito do eu-lírico que se encontra
contrariado diante das práticas sociais da realidade em que vive, como revelam os versos a
seguir:

“Eu hoje estou cruel, frenético, exigente;


Nem posso tolerar os livros mais bizarros.
Incrível! Já fumei três maços de cigarros
Consecutivamente.”

Dessa forma, de início, já fazemos inferências de que o autor está contrariado. Mais a frente
ele dirá os motivos pelos quais se encontra nesse estado. Nesse poema, especificamente na
terceira e quarta estrofes, o poeta mostra a situação da engomadeira que está tuberculosa e faz
uma crítica aos maus tratos em que se encontram os doentes e traz a figura feminina, desta vez,
vítima da tirania social. A mulher é humilhada, esquecida pela sociedade dominante porque faz
parte de uma classe social inferior, ou seja, a mulher é pobre.

CAPÍTULO II:
2. PARNASIANISMO BRASILEIRO

O parnasianismo instituiu-se no Brasil na mesma época em que chegaram ao país as correntes


estéticas do realismo e do naturalismo. De modo geral, há um desgaste generalizado da
tendência artística do romantismo, que dominou mais da metade do século XIX e instituiu-se

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como cânone na Europa e também no Brasil. Depois de três gerações de poetas românticos, o
movimento exauriu-se.

O marco inicial do parnasianismo no Brasil é entendido como a publicação Fanfarras, de 1882,


assinada pelo poeta Teófilo Dias. Mas a popularidade parnasiana se deve principalmente à
disseminação dos preceitos parnasianos no Brasil feita pelo cronista, professor e crítico literário
Artur de Oliveira, que teve contatodireto com os principais poetas parnasianos franceses e, ao
retornar, trouxe consigo as premissas estéticas do movimento, divulgando amplamente o
trabalho dessa nova poesia europeia."

O Parnasianismo no Brasil teve início com a publicação do escritor e poeta Teófilo Dias,
intitulada “Fanfarras”, em 1882. Existiu até a Semana de Arte Moderna, no ano de 1922 e foi
uns os movimentos literários mais importantes na história da literatura brasileira.

Seguiu a tendência do parnasianismo que surgiu na França e fez total oposição ao romantismo.

Umas principais características do parnasianismo no Brasil foi a busca pela impessoalidade e


a busca por uma avaliação neutra da realidade, (ALEXANDRE, 2000).

2.1.CONTEXTO SÓCIO-CULTURAL DO SURGIMENTO DO SURGIMENTO DO


PARNASIANISMO NO BRASILEIRO
De acordo com ALTHUSSER (1975), no Brasil foi a partir da década de 1880 abriu-se para a
poesia científica, a socialista e a realista, as primeiras manifestações da reforma que acabou
por se canalizar para o chamado Parnasianismo.

O movimento parnasianismo no Brasil teve maior destaque do que nos países da Europa, sendo
que no Brasil o parnasianismo não seguiu todas as características do parnasianismo francês.

A diferença foi que a subjetividade e o nacionalismo, estavam presentes nos poemas de autores
brasileiros. Já na estética parnasiana francesa, esses aspectos eram deixados de lados por
questão da própria cultura parnasiana europeia. O auge do parnasianismo em terras brasileiras
foi com “Fanfarras”, de Teófilo Dias, em 1889

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2.2.ENVOLVIMENTO DO OLAVO BILAC NO PENSAMENTO PARNASIANO
Um dos grandes escritores parnasianos, Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac, conhecido
como "Príncipe dos Poetas Brasileiros", foi jornalista, tradutor, poeta e um dos fundadores da
Academia Brasileira de Letras.

2.3.CARACTERÍSTICAS DO PARNASIANISMO BRASILEIRO


Conforme Althusser (1975) as características do Parnasianismo brasileiro são:

▪ Arte pela arte.


▪ Objetivismo e universalismo
▪ Cientificismo e positivismo
▪ Temas baseados na realidade (objetos e paisagens), fatos históricos, mitologia grega e
cultura clássica
▪ Busca da perfeição
▪ Sacralidade e o culto à forma
▪ Preocupação com a estética, metrificação, versificação
▪ Utilização de rimas ricas e palavras raras
▪ Preferência por estruturas fixas (soneto)
▪ Descrição visual bem detalhada.

2.4.TEMÁTICA DO PARNASIANISMO BRASILEIRO


O Parnasianismo é um movimento literário que surgiu na França no século XIX. O principal
objetivo desse movimento é a criação de “poesias perfeitas”, valorizando a forma e a linguagem
culta.

O Parnasianismo também criticava o sentimentalismo do Romantismo, (ALEXANDRE, 2000).


2.5.AUTORES DO PARNASIANISMO NO BRASIL
▪ Teófilo Dias (1854-1889)
▪ Olavo Bilac (1865-1918)
▪ Alberto de Oliveira (1857-1937)
2.5.1.VIDA E OBRA DE OLAVO BILAC
Em conformidade com ALEXANDRE (2000), Olavo Bilac, considerado o Príncipe dos Poetas,
nasceu em 16 de dezembro de 1865, no Rio de Janeiro.

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Na juventude, iniciou os cursos de Medicina e Direito, mas não chegou a concluir nenhum
deles. Trabalhou como jornalista e cronista e publicou seu primeiro livro — Poesias — em
1888. Por fazer oposição ao governo ditatorial de FLORIANO PEIXOTO (1839-1895), foi
preso duas vezes, em 1892 e 1894.

Apesar de sua poesia ser marcada pelo sentimentalismo, o poeta, um dos mais famosos no
início do século XX, é vinculado ao parnasianismo brasileiro, estilo caracterizado pela
objetividade, descritivismo e rigor formal. O autor, um dos fundadores da Academia Brasileira
de Letras, nos últimos anos de sua vida, tomado por um nacionalismo apaixonado, abraçou a
defesa do serviço militar obrigatório, antes de morrer, em 28 de dezembro de 1918, no Rio de
Janeiro.

2.5.2.ANÁLISE DE UM TEXTO DE OLAVO BILAC

A PRESENÇA DO EROTISMO NAS ENTRELINHAS DOS POEMAS “BEIJO


ETERNO” E “ABYSSUS” DE OLAVO BILAC

Bilac mergulha pela temática da sexualidade em suas poesias de maneira descritiva e sensual
características essas que derivavam de Baudelaire e do Realismo brasileiro. Considerado por
Mário de Andrade como “exímio na pintura da pornocinematografia”, alusão talvez aos
primórdios do cinema.

“Beijo Eterno”

Quero um beijo sem fim,


Que dure a vida inteira e aplaque meu desejo!
Ferve-me o sangue. Acalma-o com teu beijo.
Beija-me assim!
(...)
E Vênus, como uma flor,
Brilhe, a sorri, do ocaso a porta,
Brilhe a porta do Oriente! A treva e a luz - que importa?
Só nos importa o amor!

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Raive o Sol no Verão
Venha o outono! do inverno os frígidos vapores
Toldem o céu! das aves e das flores...
(...)

Diz tua boca: "Vem!"


"Inda mais!", diz a minha, a soluçar ... Exclama
Todo meu corpo que o teu corpo chama:
"Morde também!"
Ai! Morde! Que doce é a dor
Que entra as carnes, e as tortura!
Beija mais! Morde mais! Que eu morra de ventura,
Morto por teu amor!

Quero um beijo sem fim,


Que dure a vida inteira e aplaque meu desejo!
(...)

No soneto “Beijo Eterno” destacam-se os elementos eróticos que são líricos e não agridem ou
chocam a beleza de um encontro amoroso. Bilac nos apresenta uma cena forte e sensual entre
o casal apaixonado que se dedica ao prazer tendo como testemunha a deusa do amor Vênus,
que representa a exaltação da beleza, citada como modelo de mulher, assim como a poesia
Parnasiana com formas perfeitas.
Além disso, pode-se perceber no poema que o eu-lírico demonstra o desejo de eternizar o
momento que para ele é mais importante que o natural e o esplendor da natureza: “Raive o Sol
no Verão/ Venha o outono! Do inverno os frigidos vapores Toldem o céu! Das aves e das flores/
Venha à estação! Que nos importa o esplendor/ Da primavera, e do firmamento/ Limpo, e o sol
cintilante, e a neve, e a chuva, e o vento?/ Beijemo-nos o amor!”
Convém enfatizar que o autor lança mão de espaços tipográficos e utiliza versos vibrantes e
cheios de emoção para reforçar a ideia de eternidade do poema: “Quero um beijo sem fim\ que
dure a vida inteira e aplaque o meu desejo”.

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Olavo Bilac utilizou elementos eróticos, mas não pornográficos, ao apresentar o clímax sexual
com isso nota-se a ousadia que marca o poema e seus elementos eróticos:

“Diz tua boca: ‘’Vem!’’\ inda mais diz, a minha a soluçar... Exclama/ Todo meu corpo o teu
corpo chama: Morde também!\ Ai! Morde! Que doce e a dor \Que entra as carnes, e as tortura!\
Beija mais! Morde mais! Que eu morra de ventura,\ Morto por teu amor!”
Segundo a obra O que é Erotismo da autora LÚCIA CASTELLO BRANCO (2004) existem
diferenças entre o pornográfico e o erótico o primeiro é o sexo explícito que trata a sensualidade
de forma chula e o segundo é o sexo implícito com um teor nobre.

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3. CONCLUSÃO

O traço mais característico da poesia parnasiana é o culto da forma: os sonetos (por


apresentarem forma fixa), versos alexandrinos perfeitos, rimas ricas, raras, perfeitas,
vocabulário incomum, predomínio da ordem indireta. É curioso notar que o Parnasianismo só
conseguiu êxito na França e no Brasil. A arte pela arte é um dos princípios deste estilo, ou seja,
a concepção de que a arte deve estar descompromissada da realidade, procurando atingir,
sobretudo, a perfeição formal. O Parnasianismo é a manifestação poética do Realismo, embora,
ideologicamente, não mantenha pontos de contato com ele; mesmo assim, pode ser considerada
poesia anti-romântica. Os parnasianos elegeram a Antiguidade clássica (a cultura greco-
romana) como ponto de referência à almejada perfeição formal; retoma-se, portanto, o
racionalismo e as formas perfeitas. Surge a poesia de meditação, filosófica, mas artificial, o
gosto por fatos, paisagens e objetos exóticos, com visão carnal do amor. A objetividade
temática surge como negação do sentimentalismo romântico, buscando atingir a
impassibilidade e a impessoalidade. O universalismo opõe-se ao subjetivismo decadente,
resultando numa poesia carregada de descrições objetivas, impessoais. De referir ainda que o
termo - Parnasianismo - relaciona-se ao Parnassus, um lugar mitológico que seria a morada das
musas e onde os artistas buscariam inspiração, os franceses aproveitaram o nome numa revista
literária: Le Parnaisse Contemporain (o Parnaso contemporâneo), em que poetas empregariam
uma nova maneira de fazer poesia.

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3.1 REFÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AFONSO, M. (2007). Parnasianismo em Portugal. Lisboa: Caminho.

ALEXANDRE, V. (2000). Velho Brasil, novas Áfricas: Portugal e o Império (1808-1975).


Porto: Afrontamento.

ALEXANDRIAN. (1983). História da Literatura Erótica. São Paulo: Rocco.

ALTHUSSER, L. (1975). Escritos. Barcelona: Editorial Laia.

SUMICH, J. (2008). Construir uma nação: ideologias de modernidade da elite


moçambicana. In: Análise social, Lisboa.

VASCONCELOS, T. (1996). Algumas reflexões sobre a imprensa pós-independência. In:


RIBEIRO, Fátima; SOPA, António (org.). Anos de imprensa em Moçambique. Maputo:
Amolp.

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