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Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distância

Tema: “Classificação articulatória dos sons de Português”.

Nome do estudante: Alzira Manuel Gonçalo Ferrão. Código: 708210675

Docente: ----------------------------------------------------

Curso: Licenciatura em Ensino da Língua Portuguesa

Disciplina: Linguística Descritiva do Português I

Ano de frequência: 2º Ano

Tete, Novembro de 2022

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problema
Introdução • Descrição dos 1,0
objectivos
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adequada ao objecto 2,0
do trabalho
• Articulação e
domínio da discurso
académico 2,0
Conteúdo (expressão escrita
cuidada/coesão
textual
Analise e
• Revisão
discursão bibliográfica
nacional e 2,0
internacionais
relevantes na área de
estudo
• Exploração dos 2,0
dados
Aspectos Conclusão • Contributo teóricos
gerais práticos 2,0
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paragrafo
espaçamento entre
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Referências Normas APA • Rigor e coerência
bibliográficas 6ª edição em das citações/ 4,0
citações referências
bibliográficas bibliográficas

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ÍNDICE
CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO .............................................................................................................6

CONTEXTUALIZAÇÃO .......................................................................................................................6

1.1.1. Geral ..............................................................................................................................................6

1.1.2. Específicos .....................................................................................................................................7

1.2. METODOLOGIA .............................................................................................................................7

1.3. ESTRUTURA DO TRABALHO .....................................................................................................7

2. CONSTITUIÇÃO DO APARELHO FONADOR ..............................................................................8

2.1 APARELHO FONADOR ..................................................................................................................8

2.2 O FUNCIONAMENTO DO APARELHO FONADOR ...................................................................8

2.2.1 O CONJUNTO RESPIRATÓRIO ..................................................................................................9

2.2.2 O CONJUNTO ENERGÉTICO ...................................................................................................10

2.2.3 O CONJUNTO ARTICULATÓRIO ............................................................................................10

2.3 PROCESSOS ARTICULATÓRIOS DAS CONSOANTES E DAS VOGAIS ..............................11

CAPÍTULO III – CONCLUSÃO ..........................................................................................................15

3.1 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................................17

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CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO
Quando nos iniciamos no estudo dos sons que integram o sistema linguístico, comumente
tomamos ciência de duas áreas de investigação que, de tanto serem citadas em conjunto,
aparentam ser tao somente denominações alternativas da mesma disciplina: a fonética e a
fonologia. Na verdade, a fonética e a fonologia, embora tenham extrema vinculação quanto ao
objecto geral de estudo – ambas as disciplinas se ocupam do estudo do som linguístico –,
constituem áreas claramente distintas quanto aos objectivos específicos, ou seja, quanto a
perspectiva com que cada uma delas se debruça sobre a análise dos sons da língua. Nestas
primeiras linhas, vamos nos ocupar da classificação articulatória dos sons de Português; apesar
de ser uma introdução meramente teórica, nosso estudo nesse ponto inicial merece dedicada
atenção, pois saber com segurança quais são os campos de actuação dessas duas disciplinas
constitui pré-requisito indispensável para que venhamos a entender conceitos fundamentais a
elas correlacionados ao longo de todo o curso.

CONTEXTUALIZAÇÃO

Vamos partir de um exemplo simples: ao pronunciarmos a palavra fica, verificamos que os


sons que constituem sua cadeia fônica podem ser subdivididos em dois grupos, a que
denominamos sílabas: fi-ca. Agora, experimentemos uma troca: em vez de fica, pronunciemos
a palavra dica. O resultado dessa troca decorre de uma segmentação da palavra em nível
inferior ao da sílaba, de tal sorte que uma unidade sonora presente na primeira sílaba,
representada pela letra f, e substituida por outra unidade sonora representada pela letra d.
Chegamos, pois, a duas unidades sonoras que, por motivos didácticos, serão explicados
detalhadamente mais adiante, e passaremos a representar com as letras entre barras inclinadas:
/f/ e a unidade sonora inicial de fica e /d/ e a unidade sonora inicial de dica. O facto de a troca
da unidade /f/ pela unidade /d/ implicar a mudança da palavra fita para a palavra dica e
altamente relevante, pois nos indica que /f/ e /d/ se opõem distintivamente no sistema
linguístico do português, ou seja, /f/ e /d/ estao em oposicao pertinente entre si. Um par de
palavras comsignificados diferentes e cadeia sonora idêntica, como o caso de fica/ dica,
faca/vaca, cata/cada, caracteriza um fenomeno denominado de par minimo.

1.1. OBJECTIVOS
1.1.1. Geral
• Caracterizar a constituição do aparelho fonador;
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1.1.2. Específicos

• Definir uma ordem de fonemas;


• Identificar os processos articulatórios das consoantes e vogais;
• Mencionar os órgãos da fonação.

1.2. METODOLOGIA
Muita das vezes os trabalhos como este, em que apenas recorre consultas dos links, manuais,
às vezes internet e consulta bibliográfica que abordam sobre a matáeria em estudo, constitui o
método qualitativo.

1.3. ESTRUTURA DO TRABALHO


O trabalho está organizada da seguinte maneira:
1º capítulo (temos a breve introdução, onde se apresento os objectivos, a metodologia e a
estrutura do estudo);
2º capítulo (parte do Referencial teórico que sustenta os objectivos presentes no estudo.
Descreve-se e caracterizo-se a variedade do que é tratado no estudo);

3º capítulo (parte das conclusões, faz-se um resumo do trabalho realizado).

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CAPÍTULO II – REFERENCIAL TEÓRICO

2. CONSTITUIÇÃO DO APARELHO FONADOR

2.1 APARELHO FONADOR


R. SÈGRES (citado por JANNIBELLI, 1971), refere que “o Aparelho Fonador é constituído
por Sistema Respiratório, Sistema de Emissão, Sistema de Articulação e Ressonância, Sistema
Nervoso Central e Periférico”, (p.76).

Segundo CALLOU (2005), os órgãos que utilizamos para produzir os sons da fala não têm
como função principal a articulação dos sons e eles servem primeiramente para respirar,
mastigar, engolir, cheirar.

A partir desses atos, já se pode ter ideia de quais são os órgãos envolvidos na fala. O conjunto
desses órgãos é chamado de aparelho fonador.

Podemos definir aparelho fonador como o conjunto de órgãos responsáveis pela fonação
humana, ou seja, pela geração da voz e da fala humana.

Não existe nenhum órgão do nosso corpo cuja única função esteja apenas relacionada
apenas com a fala. Aquelas partes que utilizamos na produção da fala têm, como função
primária, uma outra atividade. Os pulmões oxigenam o sangue, enquanto órgão do aparelho
respiratório; mas são os pulmões que fornecem a corrente de ar necessária para produzirmos a
voz. A boca, os dentes, os lábios, a língua fazem parte do aparelho digestivo, mas participam
também da articulação dos sons. Por isso, muitos teóricos consideram a atividade da fala como
uma atividade secundária. Entretanto como a fala é uma característica importante ao ser
humano, outros, consideram-na essencial. Afinal, recortamos o mundo com a língua que
adquirimos quando nascemos, isto é, aquilo de que não tomamos conhecimento pela língua,
não sabemos de sua existência.

2.2 O FUNCIONAMENTO DO APARELHO FONADOR


Segundo CAVALIERE (2005), Os sons que passam pela cavidade bucal podem ser produzidos
de várias maneiras.

O ar sai dos pulmões, penetra na traqueia e chega à laringe, onde se modifica ao passar pelas
chamadas pregas vocais (ou cordas vocais). Quando as pregas vocais estão aproximadas,

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vibram à passagem do ar, produzindo sons que são chamados de sonoros. Quando as pregas
vocais estão relaxadas, o ar escapa sem essas vibrações. Chamamos estes sons de surdos. Ao
sair da laringe, o ar passa pela faringe, podendo sair pela boca ou pelo nariz.

Os sons que saem pela boca chamamos de orais e aqueles que saem pelo nariz chamamos de
nasais (CAVALIERE, 2005).

Para SILVA (1999), Os órgãos da fonação podem ser divididos em três conjuntos de órgãos:

1. o conjunto respiratório propriamente dito;


2. o conjunto energético;
3. o conjunto articulatório.

2.2.1 O CONJUNTO RESPIRATÓRIO

Segundo SILVA (1999), tanto os brônquios, quanto a traqueia funcionam como condutores da
corrente de ar que sai dos pulmões.

O conjunto respiratório, propriamente dito é responsável pela corrente de ar necessária à


fonação. Sem a corrente de ar não há fonação.

Esse conjunto é constituído pelos pulmões, brônquios e traqueia. Os pulmões são em número
de dois e estão contidos na caixa torácica. Eles funcionam como reservatório de ar e são
essenciais para a respiração. O volume de ar dos pulmões varia de falante para falante. Do
interior dos pulmões saem os brônquios que se estreitam na traqueia.

2.2.1.1 COMO É QUE O AR SAI DOS PULMÕES?

A respiração compreende dois momentos: a inspiração e a expiração.

A inspiração é o momento da entrada da corrente de ar nos pulmões, e a expiração compreende


o momento em que a corrente de ar sai dos pulmões SILVA (1999).

Para que ocorra a expiração e inspiração, é preciso que a pressão do diafragma e dos músculos
da caixa torácica sobre os pulmões provoquem a expulsão do ar através dos brônquios e da
traqueia até chegar à laringe.

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Os sons da Língua Portuguesa são produzidos durante a expiração. Por isso, quando corremos
e falamos, a nossa fala sai entrecortada. Existem alguns sons produzidos no acto da inspiração
como o beijo, mas eles não podem ser considerados sons da fala porque não fazem parte do
sistema fonológico da Língua Portuguesa. Há, entretanto, algumas línguas indígenas que
possuem sons no ato da inspiração com valor fonológico.

2.2.2 O CONJUNTO ENERGÉTICO

O conjunto energético é constituído pela laringe. A laringe é constituída de cartilagens. As que


constituem o esqueleto da laringe e participam da produção da sonoridade são:

a) a cartilagem cricoide que tem a forma de anel;


b) as cartilagens aritenoides são duas pequenas pirâmides triangulares sobre a cricoide;
c) a cartilagem tireóide, conhecida como o “pomo de Adão”;
d) a cartilagem epiglote separa o aparelho digestivo do respiratório, isto é, na digestão
fecha a laringe permitindo que os alimentos desçam para o esôfago;

Na respiração e na fala, fecha o esôfago, impedindo que os alimentos penetrem na laringe,


deixando a corrente de ar passar pela laringe, SILVA (1999).

Além dessas cartilagens, a laringe possui muitos músculos, que funcionam para abrir e fechar
a glote.

2.2.3 O CONJUNTO ARTICULATÓRIO


O conjunto articulatório é constituído de faringe, língua, fossas nasais, dentes, alvéolos, palato
duro (céu da boca), palato mole (véu palatino), úvula (campanhia) e lábios. As fossas nasais,
a faringe e a boca funcionam como ressoadores (amplificadores), ou seja, ampliam o som
produzido na laringe.

Os dentes, alvéolos, palato duro, palato mole, úvula, lábios e a língua são responsáveis pelas
modificações impostas à corrente expiratória na boca. Em outras palavras, articular um som
implica atribuir-lhe um conjunto de características que vão diferenciá-lo de todos os outros
sons daquela língua.

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Segundo SILVA (2009), um articulador, portanto, é qualquer parte, na boca, que participa na
modificação da qualidade do som, por ocasionar, em conjunto com outra parte, o aumento ou
diminuição dessa cavidade.

Os articuladores podem ser activos e passivos. São ativos aqueles que se movimentam, como
os lábios, a língua, a úvula. São passivos aqueles que não se movimentam, mas são ponto de
referência para onde o articulador ativo se dirige. Os articuladores passivos são os dentes, os
alvéolos, o palato duro e o palato mole.

2.3 PROCESSOS ARTICULATÓRIOS DAS CONSOANTES E DAS VOGAIS


No entanto, FREITAS (1997) e GUERREIRO (2007), identificaram algumas omissões,
quando em posição de coda ou em posição medial em crianças dos [5;0-5;11].
Embora o alongamento vocálico compensatório apresente frequência reduzida, foi observado
por GUERREIRO (2007) em estruturas silábicas complexas e, pontualmente nas crianças.

GUERREIRO (2007) e LAMPRECHT et al (2004), também observaram a ocorrência do


processo de substituição de vogais entre si.
Nos processos fonológicos associados às consoantes oclusivas orais
para o Português Europeu e Português Brasileiro não é estratégia
preferencial, a omissão/apagamento do segmento, mas pode acontecer
esporadicamente durante as etapas iniciais do desenvolvimento devido
ao favorecimento das estruturas V em sílaba (FREITAS, 1997).

De acordo com FREITAS (1997) e LOPES (2006), as consoantes iniciais, são as que mais
facilmente foram omitidas, mas este processo é pouco frequente.

O desvozeamento é um dos processos que mais ocorre para idades mais precoces, segundo
LAMPRECHT et al. (2004), e tende a diminuir com o aumento da idade (CAMBIM, 2002;
GUERREIRO, 2007 & LOPES, 2006).

Segundo CAMBIM (2002)¸ GUERREIRO (2007) e LOPES (2006), as anteorizações ocorrem


pouco e principalmente para consoantes mais posteriores (/k, g, ɲ/) e parecem extinguir-se aos
4 anos.
Nas consoantes oclusivas nasais a estratégia mais utilizada pelas crianças mais novas é a
omissão da consoante nasal (FREITAS, 1997).

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De acordo com FREITAS (1997), nos processos associados às fricativas para o Português
Europeu e Português Brasileiro é possível encontrar a omissão do segmento isolado e em
sílabas pré-átonas, que é mais previsível, dado que estas, por emergirem depois das oclusivas,
estão mais sujeitas a este processo.

Na visão de GUERREIRO (2007), as fricativas estão sujeitas a substituições e na sua maioria


ocorrem dentro da mesma classe em crianças mais velhas, porque o traço [contínuo] já não
representa um problema.

Os vozeamentos e desvozeamentos são mais frequentes nesta classe do que nas oclusivas, para
idades mais precoces (GUERREIRO, 2007) e começam a reduzir à medida que a idade aumenta
(CAMBIM, 2002).

Segundo DODD et al., (2003), a posteriorização de consoantes é um processo pouco frequente


no desenvolvimento normal da linguagem.

Os exemplos de posteorizações (palatização do /s, z/) e anteorizações (despalatizações)


referem-se às fricativas (LAMPRECHT et al., 2004).

As oclusões (do /f, v/) são mais comuns nas etapas iniciais do desenvolvimento, pois as crianças
durante o processo de aquisição substituem-nos recorrendo ao material segmental que se
encontra disponível no seu sistema (CAMBIM, 2002; FREITAS, 1997 & GUERREIRO,
2007).

A semivocalização de líquidas, é um processo presente nas idades mais precoces (FREITAS,


1997).

Para as líquidas também podem ocorrer algumas anteorizações (despalatização do /ʎ/) e a


oclusão do/ʀ/ (LAMPRECHT et al., 2004).

No Português Europeu e Português Brasileiro este processo parece ser mais significativo nos
grupos consonânticos com /ɾ/ do que com /l/ (FREITAS, 1997; LAMPRECHT et al., 2004).

Outros dois processos que surgem associados à produção de grupos consonânticos são a
metátese e migração, que representam um conhecimento da ramificação dos constituintes
silábicos (CAMBIM, 2002; CASTRO et al., 1997, 1999; GUERREIRO, 2007 &
LAMPRECHT et al., 2004; LOPES, 2006).

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Segundo FREITAS (1997), os processos fonológicos associados à rima ramificada, nas
primeiras fases do desenvolvimento das crianças é a selecção de itens lexicais que não contêm
a estrutura CVC (Consoante Vogal Consoante).

A omissão da consoante final, é tida como processo preferencial, por resultarem em sílabas CV
(Consoante Vogal) e o que mais tarde estabiliza (CASTRO et al., 1997; CORREIA, 2004 &
FREITAS, 1997).

O alongamento da vogal na sequência da omissão das consoantes finais, é processo recorrente


para todas consoantes mas aos 6 anos é pouco frequente (LAMPRECHT et al., 2004; LOPES,
2006).

As estratégias utilizadas pelas crianças falantes do Português Europeu parecem também


divergir consoante a Coda é preenchida por fricativa ou líquida e variam também em função
do acento tónico e posição da sílaba na palavra (CORREIA, 2004).

A fricativa estabiliza mais cedo que as líquidas.

Para a fricativa a omissão ocorre em idades mais precoces sendo a sua extinção dos 3 anos de
idade (GUERREIRO, 2007; FREITAS, 1997; LAMPRECHT et al., 2004) até aos 6 anos
(LOPES, 2006).

FREITAS (1997) também refere que a fricativa em posição interna


estabiliza mais tarde que a fricativa em final de palavra devido à
função morfológica que esta consoante tem, i.e., o facto de no
português a consoante fricativa em final de palavra poder ser marca de
plural e de pessoa verbal estimula a estabilização mais precoce nesta
posição.

A palatização e o desvozeamento também podem ocorrer, como vimos para a classe das
fricativas.

Para a líquida lateral a omissão ocorre em maiores percentagens em posição medial


(CORREIA 2004).

A semivocalização ou epêntese também surgem como estratégias (CASTRO et al., 1997;


CORREIA 2004).

Para a liquida vibrante, a omissão é a estratégia mais utilizada, para a coda medial e parece
estar presente mesmo após os 5 anos (GUERREIRO, 2007).

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A substituição de líquidas, à semelhança do que acontece nesta classe também é frequente
(CORREIA, 2004 & FREITAS, 1997; LAMPRECHT et al., 2004).

Nas consoantes:

As consoantes, ao contrário das vogais, são produzidas com constrições à passagem do fluxo
de ar no tracto vocal.

Estas constrições, causadas pelo movimento dos articuladores, podem impedir completamente
a passagem do fluxo de ar por momentos ou podem estreitar a área da passagem do fluxo de
ar, provocando a produção do ruído (MATEUS et al., 2005).

As consoantes são classificadas em três parâmetros articulatórios: 1) ponto ou zona de


articulação, ou seja, a localização da obstrução do articulador activo no tracto vocal (bilabiais;
labiodentais; dentais; alveolares; palatais; velares e uvulares); 2) modo de articulação, a
forma como o fluxo de ar é modulado para o exterior e o tipo de perturbação que é induzido à
passagem do fluxo de ar no tracto vocal (oclusivas onde ocorre uma constrição total à passagem
do fluxo de ar; fricativas, há uma constrição parcial suficiente para causar fricção e as líquidas,
dentro das quais temos as laterais, que surgem com uma constrição central à passagem do fluxo
de ar, obrigando a passar pelos lados do dorso da língua e as vibrantes, onde ocorre uma
constrição parcial que provoca vibração da língua); 3) posição do palato mole, ou nasalidade
caracteriza-se pela ausência ou presença de nasalidade, onde o véu palatino direcciona o fluxo
de ar totalmente para a oro-faringe e 4) vozeamento/vibração ou não das pregas vocais
(vozeadas ou não-vozeadas) (DUARTE, 2000; MATEUS et al., 2005).

Nas vogais:

As vogais orais ([a, ɐ, ɛ, e, ɨ, i, ͻ, o, u]) e semivogais ([j, w]), são produzidas sem constrições
significativas à passagem do fluxo de ar no tracto vocal e onde existe vibração das pregas
vocais, tratando-se de sons vozeados. Existem também as vogais nasais ([ᾶ, ẽ, ĩ, õ, ũ]), onde o
fluxo de ar passa pela cavidade oral e pela cavidade nasal, provocando ressonância nasal.

As semivogais distinguem-se acusticamente das vogais por serem produzidas com menor
intensidade e duração, podendo ou não, ser produzidas com ressonância nasal e, são
acompanhadas por uma vogal, originando os ditongos (MATEUS et al., 2005).

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Do ponto de vista articulatório, as vogais caracterizam-se por: 1) grau de abertura da cavidade
oral (fechado, médio ou aberto) ou altura do dorso da língua em relação à posição neutra (alta,
média ou baixa); 2) movimento de recuo ou de avanço da língua ou ponto de articulação do
dorso da língua (não recuado/anterior ou palatal; central, ou recuado/posterior ou velar) e 3)
posição ou projecção dos lábios, que se caracteriza pelo estreitamento da passagem do ar
provocado pelo arredondamento dos lábios.

CAPÍTULO III – CONCLUSÃO

15
Nesta pesquisa, tomamos conhecimento da classificação articulatória dos sons de Português
tempo como campos de partida a fonética e fonologia, onde aprendemos sobre os sons
linguisticos na sua classificação e fornecemos conceito ao aparelho fonador, bem como
indicamos a composição do aparelho fonador e, finalmente pudemos avaliar os processos
articulatórios baseados na classificação tradicional das consoantes e vogais. Verificamos,
ainda, como a fonética e a fonologia cuidam dos sons linguísticos tanto no ambiente do discurso
quanto no plano abstrato do sistema da língua. Por fim, apresenetamos as referências
bibliográficas que sustentaram a realização de todo o trabalho e nas quais, constam todos os
autores que fizeram parte da realização deste trabalho.

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3.1 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CALLOU, D. & Leite, Y. (2005). Iniciação à fonética e à fonologia.Rio de Janeiro: Jorge


Zahar Editor.

CAMBIM, N. (2002). Processos fonológicos em crianças dos 3;06 A aos 4;05A. Monografia
de Final de curso de licenciatura em Terapia da Fala. Alcoitão: Escola Superior de
Saúde de Alcoitão.

CASTRO, S. L., et al. (1997). Desvios articulatórios em crianças dos 3 aos 5 anos. Avaliação
psicológica: Formas e contextos, V, 685-692.

CAVALIERE, R. (2005). Pontos essenciais em fonética e fonologia. Rio de Janeiro: Editora


Lucerna.

CORREIA, S. (2004). A aquisição da Rima em Português Europeu: ditongos e consoantes


em final de sílaba. Dissertação de Mestrado em Linguística. Lisboa: Faculdade de
Letras da Universidade de Lisboa.

DODD, B. (2005). Differential diagnosis & treatment of children with speech disorder (2ª
ed.). London: Whurr Publishers.

DUARTE, I. (2000). Língua Portuguesa. Instrumentos de Análise. Lisboa: Universidade


Aberta

FREITAS, M. J. (1997). Aquisição da Estrutura Silábica do Português Europeu.


Dissertação de Doutoramento em Linguística Portuguesa. Lisboa: Faculdade de Letras
da Universidade de Lisboa.

GUERREIRO, H. (2007). Processos fonológicos na fala de crianças com cinco anos.


Dissertação de Mestrado em Ciências da Fala. Lisboa: Universidade Católica
Portuguesa.

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LAMPRECHT, R., et al, (2004). Aquisição Fonológica do Português – Perfil de
Desenvolvimento e Subsídios para Terapia. São Paulo: Artmed Editora.

LOPES, C. (2006). Processos fonológicos na fala da criança de seis anos. Monografia de


final do curso de licenciatura em Terapia da Fala. Alcoitão: Escola Superior de Saúde
de Alcoitão.

MATEUS, M. H. M., et al. (2005). Fonética e Fonologia do Português. Lisboa: Universidade


Aberta.

SILVA, T. C. (1999). Fonética e fonologia do Português. São Paulo: Contexto, 2007.

SILVA, T. C. (2002). Fonética e Fonologia do Português: Roteiro de Estudos e Guia de


Exercícios. 6 ed. São Paulo: Contexto, 2007.

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