Você está na página 1de 38

CG – 3.

ANÁLISE SETORIAL

0|P ág ina
Sumário
3.1 Comparação de Múltiplos – Múltiplos Setoriais .............................................................................2
Definição de múltiplos setoriais específicos .....................................................................................2
Determinantes do valor ....................................................................................................................3
3.2 Curva de Demanda..........................................................................................................................5
Exceções à Lei da Procura .................................................................................................................6
Curva de demanda do mercado........................................................................................................7
A Oferta.............................................................................................................................................7
Equilíbrio de Mercado na Concorrência Perfeita ..............................................................................8
Tabelamento ...................................................................................................................................10
Mudança no Preço de Equilíbrio de Mercado em Virtude de Deslocamentos das Curvas de Oferta
e Procura .........................................................................................................................................10
Deslocamentos das Curvas de Demanda ............................................................................ 10
Mudança na Renda dos Consumidores ............................................................................... 10
Mudanças nos Preços de Outros Bens (Pz) .....................................................................................12
Aspectos técnicos dos modelos de mercado ..................................................................................15
Elasticidade-preço e Elasticidade-renda .........................................................................................16
Avaliando a elasticidade e sua relação com a receita: ...................................................................23
Elasticidade-Renda da demanda ......................................................................................... 24
Elasticidade cruzada da demanda: ...................................................................................... 26
Oferta de Curto e Longo Prazos ......................................................................................................26
Custos de Produção ........................................................................................................................29
Custos a Curto Prazo ........................................................................................................... 30
Custos no longo prazo ......................................................................................................... 32
Legislação antitruste e o CADE .......................................................................................................34
Referências bibliográficas ...................................................................................................................37

1|P ág ina
3.1 Comparação de Múltiplos – Múltiplos Setoriais

O valor de uma empresa pode ser padronizado por meio de uma série de múltiplos setoriais
específicos. Para empresas de tecnologia, por exemplo, esses múltiplos podem ir do valor por
assinante, no caso de provedores de acesso à internet, ao valor por acesso ao site Web, no caso de
portais, passando pelo valor por cliente, no caso de varejistas online. Esses múltiplos setoriais
específicos permitem aos analistas comparar empresas para as quais não é possível estimar
quaisquer outros múltiplos. Os analistas podem correr o risco de ficarem com enfoque excessivo,
contudo, se se concentrarem demais na comparação dos valores dos múltiplos entre empresas de
um só setor, perdendo, assim, a perspectiva de valor real.

Definição de múltiplos setoriais específicos

Obviamente, a representação por múltiplos irá depender dos setores representados. Aqui, tomamos
como exemplo aqueles utilizados por Damodaran, aplicados ao ramo de tecnologia, em seu livro “A
face oculta da Avaliação”. Naturalmente, a exemplificação serva apenas para demonstrar como se
dá, na prática, a comparação de múltiplos setoriais.
Para provedores de acesso à internet, ou provedores de conteúdo, que dependem de assinantes
para obter receitas, o valor de uma empresa pode ser declarado em termos do número de
assinantes:

𝑣𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑑𝑒 𝑚𝑒𝑟𝑐𝑎𝑑𝑜 𝑑𝑜 𝑝𝑎𝑡𝑟𝑖𝑚ô𝑛𝑖𝑜 + 𝑣𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑑𝑒 𝑚𝑒𝑟𝑐𝑎𝑑𝑜 𝑑𝑎 𝑑í𝑣𝑖𝑑𝑎


𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑝𝑜𝑟 𝑎𝑠𝑠𝑖𝑛𝑎𝑛𝑡𝑒 =
𝑛ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑎𝑠𝑠𝑖𝑛𝑎𝑛𝑡𝑒𝑠

Para varejistas como a Amazon, que geram receita a partir dos clientes que compram em seus sites,
o valor da empresa pode ser declarado em termos do número de clientes regulares:

𝑣𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑑𝑒 𝑚𝑒𝑟𝑐𝑎𝑑𝑜 𝑑𝑜 𝑝𝑎𝑡𝑟𝑖𝑚ô𝑛𝑖𝑜 + 𝑣𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑑𝑒 𝑚𝑒𝑟𝑐𝑎𝑑𝑜 𝑑𝑎 𝑑í𝑣𝑖𝑑𝑎


𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑝𝑜𝑟 𝑐𝑙𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒 =
𝑛ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑐𝑙𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠

Para portais de internet, que geram receitas a partir de anúncios, com base no tráfego do site, o valor
pode ser declarado em termos do número de acessos:

𝑣𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑑𝑒 𝑚𝑒𝑟𝑐𝑎𝑑𝑜 𝑑𝑜 𝑝𝑎𝑡𝑟𝑖𝑚ô𝑛𝑖𝑜 + 𝑣𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑑𝑒 𝑚𝑒𝑟𝑐𝑎𝑑𝑜 𝑑𝑎 𝑑í𝑣𝑖𝑑𝑎


𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑝𝑜𝑟 𝑎𝑐𝑒𝑠𝑠𝑜 𝑎𝑜 𝑠𝑖𝑡𝑒 =
𝑛ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑎𝑐𝑒𝑠𝑠𝑜𝑠 𝑎𝑜 𝑠𝑖𝑡𝑒
Todos esses múltiplos só podem ser estimados para o subconjunto de empresas para as quais são
mantidas as estatísticas e, portanto, são específicos do setor.

2|P ág ina
Determinantes do valor

Quais são as determinantes de valor nesses múltiplos setoriais específicos? Como seria de se esperar,
são as mesmas dos outros múltiplos – Fluxos de caixa, crescimento e risco – embora a relação possa
ser complexa. Podemos derivar os fundamentos desses múltiplos por meio de um modelo de fluxo
de caixa descontado declarado nos termos dessas variáveis setoriais específicas.
Considere, por exemplo, um provedor de acesso à internet que tenha X assinantes e admita que se
preveja que cada assinante fique com o provedor pelos próximos n anos. Considere, ainda, que a
empresa gere fluxos de caixa líquidos por cliente de CF por ano pelos n anos. O valor de cada cliente
existente da empresa pode ser dado por:

𝑛
𝐶𝐹
𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑝𝑜𝑟 𝑐𝑙𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒 = 𝑉𝑋 = ∑
(1 + 𝑟)𝑡
𝑡=1

A taxa de desconto usada para calcular o valor por cliente pode ir de próxima à taxa livre de risco, se
o cliente tiver firmado um contrato que o mantenha pelos próximos n anos, ao custo do capital, se a
estimativa for apenas uma expectativa baseada em experiências passadas.
Considere que a empresa espere continuar a conquistar novos clientes no futuro e que se depare
com um custo de 𝐶𝑡 para cada novo cliente durante o período t. Se os novos assinantes (∆𝑋𝑡 )
conquistados no período t gerarem um valor 𝑋𝑡 por cliente, o valor da empresa poderá ser descrito
como:

∆𝑋𝑡 (𝑉𝑋𝑡 − 𝐶𝑡 )
𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑑𝑎 𝑒𝑚𝑝𝑟𝑒𝑠𝑎 = 𝑋 × 𝑉𝑋 + ∑
(1 + 𝑘𝑐 )𝑡
𝑡=1

O primeiro termo dessa equação de avaliação representa o valor gerado pelos assinantes existentes
e o segundo termo é o valor do crescimento previsto. Os assinantes conquistados somente geram
valor se o custo de conquista de um novo assinante (𝐶𝑡 ) for inferior ao valor presente dos fluxos de
caixa por ele gerados para a empresa.
A divisão dos dois lados da equação pelo número de assinantes existentes (X) resulta:
∞ ∆𝑋𝑡 (𝑉𝑋𝑡 − 𝐶𝑡 )
𝑣𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑑𝑎 𝑒𝑚𝑝𝑟𝑒𝑠𝑎 ∑𝑡=1
(1 + 𝑘𝑐 )𝑡
𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑝𝑜𝑟 𝑎𝑠𝑠𝑖𝑛𝑎𝑛𝑡𝑒 𝑒𝑥𝑖𝑠𝑡𝑒𝑛𝑡𝑒 = = 𝑉𝑋 +
𝑋 𝑋

Assim, no caso mais genérico, o valor de uma empresa por assinante é uma função não apenas do
valor que se prevê ser gerado pelos assinantes existente, mas também do potencial para a criação
de valor a partir do crescimento futuro da base de clientela. Se for considerado um mercado
competitivo, em que o custo de aquisição de cada novo assinante convirja para o valor gerado por

3|P ág ina
cliente, o segundo termo da equação diminuirá e o valor por assinante passará a ser apenas o valor
presente dos fluxos de caixa gerados pelos assinantes existentes.

A exemplo do que foi visto acima, para diversos setores podemos obter múltiplos diferentes que
devem ser comparados dentro do mesmo segmento.

4|P ág ina
3.2 Curva de Demanda

A demanda de um determinado bem é dada pela quantidade de bem que os compradores desejam
adquirir num determinado período. Ela será representada pelo símbolo DX.
A demanda do bem x depende de uma série de fatore, dos quais, os economistas consideram como
os mais relevantes:
▪ O preço do bem x (𝑃𝑥 );
▪ A renda do consumidor (Y);
▪ O preço de outros bens (𝑃𝑧 );
▪ Os hábitos e gostos dos consumidores (H).
Matematicamente, pode-se expressar a demanda do bom de x pela seguinte expressão:
𝐷𝑥 = 𝑓(𝑃𝑥 , 𝑌, 𝑃𝑧 , 𝐻, 𝑒𝑡𝑐. )
Onde a letra f significa que 𝐷𝑥 é função de e a palavra etc. abarca as outras possíveis variáveis. A
demanda do bem x é, portanto, a resultante da ação conjunta ou combinada de todas essas variáveis.
Assim, por exemplo, caso se deseje saber o que ocorre com a demanda do bem x se o preço do
mesmo aumentar, é preciso supor que todas as demais variáveis que influenciam a demanda
permaneçam com o mesmo valor, de modo que a variação da demanda seja atribuível
exclusivamente a variação de preço.
Nesse caso, podemos rescrever a demanda do bem x como sendo apenas a função do preço de x, já
que as demais variáveis ficam com seu valor inalterado:
𝐷𝑥 = 𝑓 (𝑃𝑥 )
A esta relação denominaremos de função da demanda do bem de x e à sua representação gráfica
será chamada de curva de demanda do bem x.
Supondo-se que o bem x seja perfeitamente divisível, sua curva de demanda provavelmente
assumirá o formato a seguir:

5|P ág ina
Preço do bem x ($)

10

100 120 Quantidade procurada

Matematicamente, pode-se dizer que a demanda do bem x é uma função inversa ou decrescente do
seu preço.
Embora seja perfeitamente aceitável ao bom senso comum que a quantidade procurada do bem x
varie inversamente ao seu preço, os economistas justificam tal comportamento da demanda em
função de dois efeitos:
a) Efeito-renda – quando o preço do bem x aumenta, o consumidor fica, em termos reais, mais
pobre e, portanto, irá reduzir o consumo do bem; o inverso ocorrerá se o preço do bem x
diminuir.
b) Efeito-substituição – se o preço do bem x aumenta e o de outros bens fica constante, o
consumidor procurará substituir o seu consumo por outro bem similar; se o preço diminuir, o
consumidor aumentará o consumo do bem x às expensas da diminuição do consumo dos bens
sucedâneos.

Exceções à Lei da Procura

Há duas exceções à lei da procura: os chamados bens de Giffen e bens de Veblen.


▪ Os bens de Giffen são bens de pequenos valores, porém de grande importância no
orçamento dos consumidores de baixa renda.
▪ Os bens de Veblen são bens de consumo ostentatório/de luxo, tais como obras de arte, joia,
tapeçarias e automóveis de luxo.
Tanto os bens de Giffen como os de Veblen têm curvas de demanda com inclinação positiva, ou seja,
ascendentes da esquerda para a direita.

6|P ág ina
Curva de demanda do mercado

Tudo o que foi exposto até agora referia-se ao consumidor individual, mas vale também para o
mercado como um todo, já que a curva de demanda do mercado resulta de agregação das curvas
individuais.
Assim, por exemplo, se o mercado for composto por dois consumidores (A e B), teríamos:

Px Px Px

10 10 10

8 8 8

20 40 QPx 15 28 QPx 35 68 QPx

Consumidor A Consumidor B Mercado

A Oferta

Q quantidade do bem x, por unidade de tempo, que os vendedores desejam oferecer no mercado
constitui a oferta do bem x. Similarmente à demanda, a oferta também é influenciada por diversas
variáveis, entre elas:
a) o preço do bem x (Px);
b) preço dos insumos utilizados na produção (Pi);
c) tecnologia (T);
d) preço de outros bens (Pz).

Matematicamente, pode-se expressar a oferta do bem x (Ox) pela seguinte função:


𝑂𝑥 = 𝑓 (𝑃𝑥 . 𝑃𝑖 . 𝑇 . 𝑃𝑧 . 𝑒𝑡𝑐. )
OBS.: etc. = refere-se a outras possíveis variáveis que possam influenciar a oferta.
Assumindo-se a hipótese do carteris paribus (mantido todas as demais variáveis constantes):
𝑂𝑥 = 𝑓 (𝑃𝑥 )
Expressão que é denominada função de oferta do bem x; a sua representação gráfica, mostrada a
seguir, é denominada de curva do bem x.

7|P ág ina
𝑃𝑥

𝑄𝑂𝑥

A oferta do bem x é uma curva ascendente da esquerda para a direita, mostrando que, quanto maior
o preço, maior será a quantidade que os produtores desejarão oferecer no mercado. A oferta do
bem x é, portanto, uma função direta ou crescente do preço.

Equilíbrio de Mercado na Concorrência Perfeita

A oferta e a demanda do bem x conjuntamente determinam o preço de equilíbrio no mercado de


concorrência perfeita. O preço de equilíbrio é definido como o preço que iguala as quantidades
demandadas pelos compradores e as quantidades ofertadas pelos vendedores, de tal modo que
ambos os grupos fiquem satisfeitos.
Veja o gráfico a seguir:

8|P ág ina
Px

20
14

10

40 60 100 150 170 Ox

O gráfico apresenta as curvas de demanda e oferta do bem x e sua interação no mercado.


O preço e a quantidade de equilíbrio somente serão alterados no mercado se ocorrer um
deslocamento das curvas de oferta e procura.
Embora os economistas refiram-se às curvas de demanda e de oferta, estas também podem ser
expressas linearmente.
QDx = 280 - 4Px (demanda)

QOx = - 20 + 2Px (oferta)

Px QDx = 280 – 4Px QOx = 20 + 2Px


30 280 – (4 x 30) = 160 - 20 + (2 x 30) = 40
40 280 – (4 x 40) = 120 - 20 + (2 x 40) = 60
50 280 – (4 x 50) = 80 - 20 + (2 x 50) = 80
60 280 – (4 x 60) = 40 - 20 + (2 x 60) = 100

Observando-se a tabela acima, percebe-se facilmente que o preço de equilíbrio é $50.

Para se obter o preço de equilíbrio, seria mais fácil igualar-se as quantidades demandadas e ofertadas
(já que o preço de equilíbrio iguala as duas quantidades).

280 - 4Px = 20 + 2Px

300 = 6Px

Px = 300/6

Px = 50

9|P ág ina
Tabelamento

Num mercado em concorrência perfeita, caso o Governo tabele o preço num valor inferior ao de
equilíbrio, ocorrerá escassez do bem (excesso de quantidade demandada sobre a oferta).
Tendo em vista que a solução adequada para esta escassez, que seria a elevação do preço de
mercado, não é possível pois o mesmo está tabelado, não há outra alternativa ao não ser a
administração da escassez.

Mudança no Preço de Equilíbrio de Mercado em Virtude de Deslocamentos


das Curvas de Oferta e Procura

Deslocamentos das Curvas de Demanda

A curva de demanda se desloca em relação à sua posição original quando uma daquelas variáveis
que supusemos constantes quando traçamos a curva mudar de valor. Ela se deslocará para a direita
da posição original quando a mudança do valor da variável antes suposta constante contribuir para
aumentar a demanda e para a esquerda da posição original quando contribuir para diminuir a
demanda.

Mudança na Renda dos Consumidores

▪ BENS NORMAIS
Bens normais são aqueles cujo consumo aumenta à medida que a renda do consumidor se eleva.
Suponha-se que um determinado nível de renda dos consumidores, a curva de demanda do bem x
apresente os seguintes pares e quantidades procuradas:

Px QPx
10 100
11 90
12 81
13 76

10 | P á g i n a
O gráfico seria o seguinte:

Px 𝐷𝑋

13

12

11

10
76 81 90 100 QPx

Caso a renda dos consumidores se eleve, provavelmente eles aumentarão também as


quantidades demandadas do bem x de tal forma que, para os possíveis níveis de preços:

Px QPx QP’x
10 100 110
11 90 100
12 81 91
13 76 86

11 | P á g i n a
Px

13

12

11

10

76 81 90 100 QPx

▪ BENS INFERIORES
Bens inferiores são bens cuja demanda diminui quando o nível de renda do consumidor aumenta e
aumenta quando o consumidor fica mais pobre.
Se o bem x for um bem inferior, o aumento de renda dos consumidores reduz a sua demanda, a
curva desloca-se para a esquerda e o preço e a quantidade de equilíbrio diminuem.

Mudanças nos Preços de Outros Bens (Pz)

Um determinado bem Z pode ter as seguintes relações com o bem x:


a) Z é um bem de consumo independente de x;
b) Z é substituto de x;
c) Z é complementar de x.

▪ BENS SUBSTITUTOS
São aqueles bens em que o consumo de um deles exclui o consumo do outro. A substituição não
precisa ser total, basta o fato de ele comprar maiores quantidades de manteiga implicar uma certa
redução do seu consumo de margarina.

▪ BENS COMPLEMENTARES
São os bens cujo consumo é feito geralmente de forma simultânea. Da mesma forma que a
substitubilidade, a complementaridade não precisa ser total, ou seja, o consumo de um implicar

12 | P á g i n a
necessariamente no consumo do outro, bastando que o consumo de ambos seja associado de
alguma forma. Exemplo: Pão e manteiga.

HÁBITOS E GOSTOS DOS CONSUMIDORES


Esta variável é influenciada principalmente por campanhas de publicidade e propaganda do bem x.
Por exemplo, se uma campanha publicitária convencer o consumidor que o consumo de um
determinado produto faz bem a saúde, a demanda deste deverá aumentar e, consequentemente,
elevar seu preço e quantidade de equilíbrio.

DESLOCAMENTOS DA CURVA DE OFERTA


A curva de oferta se desloca em relação à sua posição original quando uma daquelas variáveis que
foram supostas constantes ao se traçar a curva mudar de valor. Se a mudança do valor da variável
aumentar a oferta, ela se deslocará para a direita e de diminuir, para à esquerda da posição original.

Tratamento Matemático da Função Demanda Revisitado


A demanda do bem x pode ser expressa matematicamente da seguinte forma:
Dx = f (Px, Y, Pz, H, etc.)
Assumindo-se que a função demanda seja linear, pode-se ter, por exemplo:
QDx = - 2Px + 0,05Y – 1,5Pz
Aplicando-se a hipótese do cateris paribus, se for suposto que a renda do consumidor e o preço do
outro bem permaneçam constantes em 1.000 e 8, respectivamente, obter-se à curva de demanda
do bem x:

QDx = -2Px + (0,05 x 1000) – (1,5 x 8)


QDx = -2Px + 50 – 12
QDx = 38 – 2Px

Classificação dos Mercados

O mercado é o local onde se encontram os vendedores e compradores de determinados bens e


serviços. Antigamente, a palavra mercado tinha uma conotação geográfica que hoje não mais
subsiste, uma vez que os avanços tecnológicos nas comunicações permitem que hajam
transações econômicas até sem contato físico entre o comprador e o vendedor, tais como nas
vendas por telefone e/ou Internet.

13 | P á g i n a
Podemos classificar os mercados as seguintes formas:
▪ Concorrência perfeita – Trata-se de um mercado caracterizado pelos seguintes fatores:
a) Existência de um grande número de pequenos vendedores e compradores;
b) O produto transacionado é homogêneo;
c) Há livre entrada e saída de empresas no mercado;
d) Perfeita transparência, ou seja, perfeito conhecimento pelos compradores e vendedores, de
tudo o que ocorre no mercado;
e) Perfeita mobilidade dos recursos produtivos

Como se percebe por suas características, o mercado de concorrência perfeita não é facilmente
encontrado na prática, embora possa se afirmar que os mercados que mais se aproximam dela são
os mercados de produtos agrícolas.
O mercado de concorrência perfeita é estudado pelos economistas para servir como um paradigma
(referencial de perfeição) para análise dos outros mercados.

▪ Monopólio – é o mercado que se caracteriza pela existência de um único vendedor. O monopólio


pode ser legal ou técnico.
▪ Oligopólio – é o mercado em que existe um pequeno número de vendedores ou em que, apesar
de existir um grande número de vendedores, uma pequena parcela destes domina a maior parte
do mercado.
▪ Monopsônio – é um mercado em que há apenas um único comprador.
▪ Oligopsônio – é o mercado caracterizado pela existência de um pequeno número de
compradores ou ainda que, embora haja um grande número de compradores, uma pequena
parte destes é responsável por uma parcela bastante expressiva das compras ocorridas no
mercado.
▪ Concorrência Monopolística – trata-se de um mercado em que apesar de haver um grande
número de produtores (e, portanto, ser um mercado concorrencial), cada um deles é como se
fosse monopolista de seu produto, já que este é diferenciado dos demais.

Esta não é a única classificação possível dos mercados, embora seja a mais utilizada.
Uma importante diferenciação entre as estruturas de mercados reside no grau de controle que
vendedores e compradores têm sobre o preço pelo qual o produto é transacionado no mercado.
Na concorrência perfeita, nenhum vendedor ou comprador, considerado isoladamente, tem
influência sobre o preço de mercado.
Neste mercado, portanto, é somente a influência conjunta de todos os vendedores e de todos os
compradores quem determina o preço de mercado.

14 | P á g i n a
Nas demais estruturas de mercado, ou o vendedor ou o comprador, isoladamente, pode impor um
preço ao mercado.

Aspectos técnicos dos modelos de mercado

Conforme expostos, podemos elencar as principais características de um mercado aos moldes da


concorrência perfeita:
1. Não há lucro econômico – pois não há barreiras à entrada de novas firmas, logo qualquer
lucro atrairia n firmas para aquele mercado;
2. Há muitos consumidores e muitos produtores;
3. Curva de demanda é totalmente ELÁSTICA, ou seja, é uma reta horizontal, dada pelo preço
de mercado – produtores são tomadores de preço e não formadores;
4. Produtos são homogêneos – não há diferenciação de produtos, todos são iguais
(commodities), o consumidor os considera como substitutos;
5. Não há informação assimétrica – todos os consumidores e produtores possuem todas as
informações sobre p e q necessárias para tomar suas decisões de consumo e produção.
Fazendo o mesmo para uma estrutura de monopólio:
▪ uma única empresa produtora do bem ou serviço;
▪ não há produtos substitutos próximos;
▪ existem barreiras à entrada de firmas concorrentes.
As barreiras de acesso podem ocorrer de várias formas:
▪ Monopólio puro ou natural: devido à alta escala de produção requerida, exigindo um
elevado montante de investimento. A empresa monopolística já está estabelecida em
grandes dimensões e somente ela tem condições de operar com baixos custos. Torna-se
muito difícil alguma empresa conseguir oferecer a um preço equivalente à firma
monopolista [economias de escala (custos elevados) sustentando a existência de um
monopólio];
▪ Patentes: direito único de produzir o bem;
▪ Controle de matérias-primas chaves: como por exemplo, o controle das minas de bauxita
pelas empresas produtoras de alumínio;
▪ Monopólio estatal ou institucional: protegido pela legislação, normalmente em setores
estratégicos ou de infraestrutura.

Diferentemente da concorrência perfeita, como existem barreiras à entrada de novas empresas, os


lucros extraordinários devem persistir também a longo prazo em mercados monopolizados. Porém,

15 | P á g i n a
como em concorrência perfeita, o ponto de equilíbrio do monopolista (ponto de maximização do
lucro), ocorre onde: RMg = CMg.

Você já deve ter percebido as diferenças entre monopólio e concorrência perfeita, certo? Para
reforçar, podemos destacar que, no monopólio:

1. Um único produtor controla toda a oferta;


2. Em geral, apenas ele, o único produtor detém as informações de produção;
3. Há diversas barreiras à entrada;
4. Produtores são formadores de preço, ou “price makers”, ou seja, o preço é determinado
pelo monopolista;
5. O poder de monopólio é dado pela união dessas características e pela elasticidadade da
curva de demanda. Quanto menor a elasticidade, maior o poder do monopolista (maiores
preços). Logo, o monopolista agirá sempre no ramo da curva de demanda que é inelástica.
6. Um monopolista consegue fixar um preço acima do custo marginal e, portanto, produz e
vende uma quantidade abaixo do nível socialmente ótimo. Essa estratégia gera um ônus
para a economia, denominado de peso morto do monopólio.

Elasticidade-preço e Elasticidade-renda

Conceito de elasticidade

Mede a reação de compradores e vendedores às mudanças nas condições de mercado, tais como
preço e renda. Permite quantificar as variações na oferta e na demanda decorrentes de variações
nos preços e quantidades.

16 | P á g i n a
Elasticidade preço da demanda
Variação percentual na quantidade demandada decorrente da variação percentual no preço do bem,
coeteris paribus.
Mede a sensibilidade, a resposta dos consumidores, frente a uma variação no preço de um bem ou
serviço.
𝑣𝑎𝑟𝑖𝑎çã𝑜 % 𝑛𝑎 𝑞𝑢𝑎𝑛𝑡𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒𝑚𝑎𝑛𝑑𝑎𝑑𝑎
𝐸𝑙𝑎𝑠𝑡𝑖𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑝𝑟𝑒ç𝑜 𝑑𝑎 𝑑𝑒𝑚𝑎𝑛𝑑𝑎 =
𝑣𝑎𝑟𝑖𝑎çã𝑜 % 𝑛𝑜 𝑝𝑟𝑒ç𝑜
∆𝑄
𝑄 𝑃∆𝑄
𝐸𝑙𝑎𝑠𝑡𝑖𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑝𝑟𝑒ç𝑜 𝑑𝑎 𝑑𝑒𝑚𝑎𝑛𝑑𝑎 = =
∆𝑃 𝑄∆𝑃
𝑃
Exemplo: o preço da pizza subiu 10% e a quantidade demandada caiu 20%:
20
𝐸𝑝𝑑 = =2
10

∆𝑞 𝑑 𝑝 ∆𝑞𝑑
Partindo da Lei Geral da Demanda, < 0. Em outras palavras, 𝐸𝑝𝑑 = × < 0. Podemos ver
∆𝑝 𝑞𝑑 ∆𝑝

que a elasticidade-preço da demanda é sempre negativa. Seu valor, portanto, deve ser expresso em
módulo, |𝐸𝑝𝑑 |.

4
Demanda

Q
50 100

Para calcular a elasticidade-preço da situação acima, basta fazermos a substituição na fórmula, dada
a transição do ponto A para o ponto B.
∆𝑄
𝑄 𝑃∆𝑄
𝐸𝑙𝑎𝑠𝑡𝑖𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑝𝑟𝑒ç𝑜 𝑑𝑎 𝑑𝑒𝑚𝑎𝑛𝑑𝑎 = =
∆𝑃 𝑄∆𝑃
𝑃
∆𝑄 50 − 100
= = 0,5 𝑜𝑢 50%
𝑄 100
∆𝑃 5 − 4
= = 0,25 𝑜𝑢 25%
𝑃 4

17 | P á g i n a
50
𝐸𝑝𝑑 = =2
25
Para um aumento de 25% no preço, a quantidade demandada diminui em 2 vezes os 25%, ou seja,
50%.

Exemplo: Calcule a Elasticidade-preço da demanda e interprete o resultado:

P0 = preço inicial = R$ 20,00

P1 = preço final = R$ 16,00

Q0 = quantidade demandada, ao preço p0 = 30

Q1 = quantidade demandada, ao preço p1 = 39


∆𝑝 𝑝1 − 𝑝0 16 − 20
= = = −0,2 𝑜𝑢 − 20%
𝑝 𝑝0 20
∆𝑞 𝑞1 − 𝑞0 39 − 30
= = = 0,3 𝑜𝑢 30%
𝑞 𝑞0 30
0,3
𝐸𝑝𝑑 = = −1,5 → |𝐸𝑝𝑑 | = 1,5
−0,2

Para uma queda de 20% no preço, a quantidade demandada aumenta em 1,5 vezes os 20%, ou
seja, 30%, coeteris paribus.
Como usamos variação percentual no cálculo da elasticidade, a elasticidade calculada do ponto A
para o B é diferente da elasticidade calculada do ponto B para o A, no gráfico apresentado da página
17, por exemplo.
Podemos, alternativamente, calcular a elasticidade no ponto médio (ou no arco). A elasticidade no
ponto médio, mede a elasticidade em um trecho da curva da demanda (média dos preços e das
quantidades).

18 | P á g i n a
Classificação da demanda de acordo com a elasticidade preço
▪ Demanda inelástica: porcentagem de redução na quantidade demandada é menor que o
aumento nos preços. Elasticidade preço da demanda < 1.
▪ Demanda elástica: porcentagem de redução na quantidade demandada é maior que o
aumento nos preços. Elasticidade preço da demanda > 1.

Demanda Inelástica (|𝐸𝑝𝑑 | < 1):


Uma variação percentual no preço leva uma pequena variação percentual na quantidade
demandada, por exemplo: |𝐸𝑝𝑑 | = 0,4.
Uma variação de 10% no preço leva a uma variação na demanda de apenas 4%.
Portanto: os consumidores são pouco sensíveis a variações de preço.

Demanda de elasticidade unitária (|𝐸𝑝𝑑| = 1):


Uma variação percentual no preço, leva à mesma variação percentual na quantidade demandada
(em sentido contrário).
Se o preço aumenta em 10%, a quantidade demandada cai 10%, coeteris paribus.

19 | P á g i n a
Demanda elástica (|𝐸𝑝𝑑 |>1):
Uma variação percentual no preço leva uma variação percentual maior na quantidade
demandada.

Por exemplo: |𝐸𝑝𝑑 |=1,5


Dada uma variação percentual de 10% no preço, a quantidade demandada varia (em sentido
contrário) em 15%. Ou seja, 50% a mais, coeteris paribus.
Portanto: a quantidade é bastante sensível à variação do preço.

Demanda Perfeitamente Inelástica: 𝐸𝑝𝑑 = 0

20 | P á g i n a
Demanda Perfeitamente elástica: 𝐸𝑝𝑑 = ∞

Podemos extrair algumas percepções das inclinações das curvas de demanda:

Preço do Bem (R$)

Qtd adquirida do Bem

Inclinação infinita: as compras não variam com o aumento dos preços. Perfeitamente Inelástica:
𝐸𝑝𝑑 = 0 (Ex.: Bens Essenciais).

Preço do Bem (R$)

Qtd adquirida do Bem

21 | P á g i n a
Inclinação zero: as compras variam muito com o aumento dos preços. Sensível aos preços.
Perfeitamente Elástica: 𝐸𝑝𝑑 = ∞ (Ex.: Mercados perfeitamente competitivos).

Preço

do Sal
(R$)

Qtd adquirida de sal

Inclinação acentuada: as compras diminuem pouco com o aumento dos preços. (Insensível aos
preços: inelástica).

Preço do
CD´s (R$)

Qtd adquirida de CD´s

Inclinação pequena: as compras diminuem muito com o aumento dos preços. (Sensível aos preços:
elástica).
A inclinação, ou a elasticidade, pode ser afetada por:
▪ Disponibilidade de bens substitutos: quanto mais bens substitutos, mais elástica é a
demanda. Dado um aumento de preços, o consumidor tem mais opções para “fugir” do
consumo desse bem;
▪ Essencialidade do bem: quanto mais essencial é um bem, mais inelástica é a sua demanda.
Geralmente são bens de consumo saciado, como por exemplo, sal, açúcar, passagem de
ônibus;

22 | P á g i n a
▪ Importância relativa do bem no orçamento do consumidor: quanto maior o peso do bem no
orçamento, mais elástica é a demanda;
▪ Horizonte de tempo: quanto maior o horizonte de tempo, mais elástica é a demanda. Em
um intervalo de tempo maior, quando o preço do bem aumenta, os consumidores podem
descobrir mais formas de substituí-lo.

Avaliando a elasticidade e sua relação com a receita:

Relação entre a Receita Total do Vendedor (ou Dispêndio Total do Consumidor) e Elasticidade-preço
da demanda.
𝑅𝑒𝑐𝑒𝑖𝑡𝑎 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 → 𝑅𝑇 = 𝑝𝑟𝑒ç𝑜 𝑢𝑛𝑖𝑡á𝑟𝑖𝑜 × 𝑞𝑢𝑎𝑛𝑡𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑚𝑝𝑟𝑎𝑑𝑎 𝑑𝑜 𝑏𝑒𝑚
𝑅𝑇 = 𝑝 × 𝑞
O que pode acontecer com a receita total (RT) quando varia o preço de um bem?
Depende da elasticidade-preço da demanda.

23 | P á g i n a
Quando a demanda é elástica, um aumento de preço leva a uma diminuição proporcionalmente
maior da quantidade demandada, portanto a Receita Total diminui.
Quando a Elasticidade-preço da demanda é maior que 1, um aumento de preços diminui a receita
total e uma queda nos preços aumenta a receita total.

Quando a demanda é inelástica, um aumento de preço leva a uma diminuição proporcionalmente


menor da quantidade demandada, portanto a Receita Total aumenta.
Quando a Elasticidade-preço da demanda é menor que 1, um aumento de preços aumenta a receita
total e uma queda nos preços reduz a receita total.

Elasticidade-Renda da demanda

Um estudo da influência da elasticidade sobre um produto, quando se varia a renda real do


consumidor, chama-se elasticidade-renda, e a fórmula é definida do seguinte modo:

𝑉𝑎𝑟𝑖𝑎çã𝑜 % 𝑑𝑎 𝑞𝑢𝑎𝑛𝑡𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒𝑚𝑎𝑛𝑑𝑎𝑑𝑎


𝐸𝑙𝑎𝑠𝑡𝑖𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 − 𝑟𝑒𝑛𝑑𝑎 𝑑𝑎 𝑑𝑒𝑚𝑎𝑛𝑑𝑎 =
𝑉𝑎𝑟𝑖𝑎çã𝑜 𝑝𝑒𝑟𝑐𝑒𝑛𝑡𝑢𝑎𝑙 𝑑𝑎 𝑟𝑒𝑛𝑑𝑎

24 | P á g i n a
∆𝑞
𝑞
𝐸𝑟𝑑 = 0
∆𝑅
𝑅0

A Elasticidade-Renda da demanda de um bem, mede a variação proporcional na quantidade


demandada que resulta de uma dada variação proporcional na renda. Mede a sensibilidade da
demanda, face a mudanças na renda.

Bens normais: os aumentos da renda estimulam as compras de todos os bens normais.

∆%𝑞
𝐸𝑟𝑑 =
∆%𝑅

Se a 𝐸𝑟𝑑 é menor que 1 e positiva, o bem é inelástico em relação à renda.


Ex: a maioria dos alimentos, roupas, aparelhos de som, aparelhos domésticos etc.

Bens superiores, ou bens de luxo são altamente elásticos em relação à renda, porque cada 1% de
aumento na renda, aumenta as quantidades vendidas em mais de 1%.
𝐸𝑟𝑑 maior que 1 e positiva.
Ex: bens supérfluos e de luxo como: joias, casacos de peles, limusines, aulas de mergulho; possuem
alta elasticidade-renda.

Bens de necessidade: uma variação % na renda, provoca uma variação % menor na quantidade
demandada. Esse bem é inelástico em relação a renda.
0 < 𝐸𝑟𝑑 < 1
Geralmente os bens considerados como de necessidade possuem baixa elasticidade-renda.

Bens inferiores: uma elevação na renda, traz como consequência, uma queda na quantidade
demandada. Assim, a elasticidade-renda é negativa.
𝐸𝑟𝑑 é negativa e menor que 0.
Bens de consumo saciado: o consumo não se altera quando a renda aumenta.
A quantidade adquirida do bem se mantém constante, independentemente de variações no nível de
renda.
𝐸𝑟𝑑 = 0

25 | P á g i n a
Elasticidade cruzada da demanda:

Mede a variação da quantidade demandada de um bem com a variação do preço de outro bem.

𝑉𝑎𝑟 % 𝑑𝑒 𝑞 𝑑𝑒𝑚𝑎𝑛𝑑𝑎𝑑𝑎 𝑑𝑜 𝑏𝑒𝑚 1


𝐸𝑙𝑎𝑠𝑡𝑖𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 − 𝑐𝑟𝑢𝑧𝑎𝑑𝑎 𝑑𝑎 𝑑𝑒𝑚𝑎𝑛𝑑𝑎 =
𝑉𝑎𝑟 % 𝑑𝑜 𝑝𝑟𝑒ç𝑜 𝑑𝑜 𝑏𝑒𝑚 2

Oferta de Curto e Longo Prazos

A oferta agregada nos mostra a quantidade de bens e serviços finais que as empresas estão dispostas
a produzir em função do nível geral de preços.
No longo prazo, a curva de oferta agregada é vertical, uma vez que o nível de preços não afeta o
nível de produção. O nível de produção, fixo em relação em relação ao nível geral de preços, é muitas
vezes chamado de produto potencial da economia. Nesse horizonte, a produção de bens e serviços
da economia depende da oferta de fatores de produção e da tecnologia disponível utilizada.

26 | P á g i n a
𝑃
𝑂𝐴𝐿𝑃

𝑌
𝑌̅

Representando a curva de oferta agregada de longo prazo em uma equação, temos:


𝑂𝐴𝐿𝑃 = 𝑌̅ + 𝜀 𝑌̅
Onde o 𝜀 𝑌̅ é uma variável exógena que representa choques duradouros, como os progressos
tecnológicos, guerras, catástrofes naturais etc.
No curto prazo, muitas empresas não ajustam seus preços instantaneamente quando da alteração
na demanda de seus bens ou serviços. Tais empresas mantêm seus preços fixos, no primeiro
momento, por dois motivos:
1. Elas possuem contratos de longo prazo com seus clientes e fornecedores, segundo os quais
os preços são mantidos constantes. Por exemplo, os gastos chamados de fixos, como
aluguéis, tarifas de água, luz, telefone, internet, e outros serviços que são reajustados,
normalmente, uma vez por ano;
2. Com vistas a fidelizar a clientela, as empresas evitam aborrecer seus clientes cativos com
mudanças frequentes de preços.
Na prática, as empresas têm poder de mercado e são capazes de estipular preços, ao invés de tomar
os preços como dados, situação em que haveria competição perfeita nos mercados. Como hipótese,
vamos assumir aqui que as empresas têm poder de mercado e são capazes de estabelecer seus
preços. O preço desejado da empresa, p, depende de, principalmente, duas variáveis:
▪ Do nível geral de preços, P, que é uma proxy para os preços cobrados pelos concorrentes.
Quanto maior o preço dos concorrentes, maior o espaço para a empresa aumentar seu preço
desejado;
▪ Do hiato do produto, y = Y - 𝑌̅, que é uma proxy para as condições de demanda. Quanto
maior a demanda, maior o espaço para a empresa cobrar um preço mais elevado.
Existem dois tipos de empresas na economia: (1) uma fração s das empresas, por questões
contratuais ou outras razões, possuem preços rígidos, e (2) uma fração 1-s das empresas têm
liberdade para estabelecer seus preços livremente, ou seja, possuem preços flexíveis.
As empresas com preços flexíveis estabelecem seu preço desejado da seguinte forma:

27 | P á g i n a
𝑝𝐹 = 𝑃 + 𝜃(𝑌 − 𝑌̅)
onde 𝜃 é um parâmetro maior do que zero que mede a elasticidade (sensibilidade) do preço da
empresa em relação às condições de demanda.
Empresas com preços rígidos estabelecem seu preço desejado conforme a seguinte equação:
𝑝𝑅 = 𝑃𝑒
ou seja, como o preço desejado da empresa vai se manter fixo no futuro, o melhor que ela pode fazer
é escolher seu preço igual ao preço que ela espera para as outras empresas.
Defina o preço agregado da economia como a média entre os preços flexíveis e os preços rígidos:
𝑃 = 𝑠𝑝𝑅 + (1 − 𝑠)𝑝𝐹
Substituindo as duas equações anteriores na última equação, encontramos:
𝑃 = 𝑠𝑝𝑅 + (1 − 𝑠)𝑝𝐹
𝑃 = 𝑠𝑃𝑒 + (1 − 𝑠)[𝑃 + 𝜃(𝑌 − 𝑌̅)]
𝑠𝑃 = 𝑠𝑃𝑒 + (1 − 𝑠)𝜃(𝑌 − 𝑌̅)
1−𝑠
𝑃 = 𝑃𝑒 + ( ) 𝜃(𝑌 − 𝑌̅)
𝑠
𝑃 = 𝑃𝑒 + 𝛼(𝑌 − 𝑌̅)
onde 𝛼 = (1-s) 𝜃/s é um parâmetro positivo.
Vamos assumir que a 𝑂𝐴𝐶𝑃 também é afetada por choques exógenos de oferta (quebras de safra,
crises energéticas, choques de petróleo etc.), capturados pela variável 𝜀 𝑃 :
𝑃 = 𝑃𝑒 + 𝛼(𝑌 − 𝑌̅) − 𝜀 𝑃
Resumindo: a oferta agregada de curto prazo é uma relação positiva entre o nível de preço e o hiato
do produto. Se produto efetivo excede o produto potencial (hiato positivo), então o preço efetivo
hoje será maior do que o preço esperado para o futuro. Se o produto efetivo é menor do que o
produto potencial (hiato negativo), então o preço efetivo hoje será menor do que o preço esperado
para o futuro.

𝑃
𝑂𝐴𝐿𝑃
𝑂𝐴𝐶𝑃
𝑒
𝑃>𝑃

𝑃 = 𝑃𝑒

𝑃 < 𝑃𝑒

𝑌
𝑌̅
𝑌 < 𝑌̅ 𝑌 > 𝑌̅

28 | P á g i n a
Custos de Produção

A avaliação dos custos de produção é estudada em um tópico da Microeconomia intitulado Teoria da


Produção ou Teoria da Firma.
Essa área estuda as relações tecnológicas e físicas entre a quantidade produzida e as quantidades de
insumos utilizadas na produção, seus custos e formas de maximização de lucro e minimização de
custos por parte das empresas.
A produção consiste no processo pelo qual uma firma transforma os fatores de produção adquiridos
em produtos ou serviços para a venda no mercado.

Insumos
Mão de obra
Produtos
Capital Físico
Bens e serviços finais
Terra
Matéria Prima

O empresário tomará a decisão de produzir baseado no critério de eficiência. Há duas conotações


diferentes para esse termo:
▪ Eficiência técnica: significa o máximo de produto físico possível usando o mínimo de
quantidade física possível de fatores de produção. Ou seja, entre dois métodos, aquele que
permite a obtenção da mesma quantidade do bem final com o uso de menores quantidades
de todos ou de pelo menos um dos fatores de produção; é o mais eficiente em termos
técnicos;
▪ eficiência econômica: neste conceito, devemos considerar os preços dos fatores de
produção. Será mais eficiente em termos econômicos aquele método que representar
menor custo de produção para produzir o mesmo volume de bens finais.

O método mais eficiente em termos econômicos pode divergir daquele mais eficiente em termos
técnicos, porque os preços dos fatores variam diferentemente entre si. Na eficiência econômica
portanto, os preços dos insumos são importantes.

29 | P á g i n a
É preciso nos atentar, também, aos prazos envolvidos no processo produtivo. Na microeconomia,
existe uma diferença entre curto e longo prazo:

▪ Curto prazo: período no qual existe pelo menos um fator de produção fixo;
▪ Longo prazo: todos os fatores variam;
▪ Fatores fixos: Permanecem inalterados quando a produção varia. Ex. capital físico,
instalações da empresa;
▪ Fatores variáveis: se alteram com a variação da quantidade produzida. Ex. mão-de-obra e
matéria prima utilizados.

Para realizar o processo produtivo, as empresas precisam arcar com as despesas de produção,
despesas essas que são definidas, em linguagem mais técnica, como Custos de Produção. A firma,
quando da realização de seu processo produtivo, sempre procura otimizar seu comportamento, isto
é, produzir sempre da melhor maneira possível. Ao fazer isso, a empresa opera dentro da hipótese e
de racionalidade. Para obter o máximo lucro, a empresa deve minimizar seus custos de produção.
Assim, para cada nível de produção, a empresa realiza sempre um nível ótimo de custos.
Considerando essas observações, podemos conceituar o Custo Total de Produção, como sendo o
custo da combinação mais econômica dos fatores por meio da qual se obtém essa quantidade do
produto;

Custos a Curto Prazo

Como já citado anteriormente, a curto prazo, alguns fatores são fixos, qualquer que seja o nível de
produção. Normalmente, consideramos como fator fixo a planta da empresa e os equipamentos de
capital.
▪ Assim, lembre-se: no curto prazo há pelo menos um fator fixo.

Os Custos Totais de Produção são subdivididos em dois tipos:

CT

Custos variáveis totais


Custos fixos totais (CFT)
(CVT)

30 | P á g i n a
▪ Custo Variável Total: parcela do custo que varia, quando a produção varia. É a parcela dos
custos da empresa que depende da quantidade produzida, ou seja, são os gastos com
fatores variáveis de produção, como folha de pagamento, despesas com matérias-primas
etc.
▪ Custo Fixo Total: parcela do custo que se mantém fixa, quando a produção varia, ou seja,
são os gastos com fatores fixos de produção, como aluguéis, depreciação etc.

Os custos, ainda, podem ser entendidos como custos por unidade de produção, destacando-se:
𝐶𝑇
▪ Custo Médio (CME ou CTMe) =
𝑞
𝐶𝑉𝑇
▪ Custo Variável Médio (CVMe) = 𝑞
𝐶𝐹𝑇
▪ Custo Fixo Médio =
𝑞

Como CFMe tende a zero, quando q aumenta, segue-


se que o CVMe tende a igualar-se ao CTMe, pois
CTMe = CVMe + CFMe.

Tende a zero, pois CFMe = CFT/q. Como q tende ao


infinito, CFMe tende a zero.

O formato em U das curvas de CTMe e CVMe a curto prazo também se deve à lei dos rendimentos
decrescentes, ou nesse caso, lei do custo crescente.

31 | P á g i n a
Inicialmente, os custos médios são declinantes, pois tem-se pouca mão-de-obra para um
relativamente grande capital. Até certo ponto, é vantajoso absorver mais trabalhadores e aumentar
a produção, pois o custo médio cai. No entanto, chega-se a certo pronto em que satura a utilização
de capital (que está fixado) e a admissão de mais trabalhadores não trará aumentos proporcionais
de produção, ou seja, os custos médios ou unitários começam a elevar-se.
Diferentemente dos custos médios, os custos marginais referem-se às variações de custo, quando
se altera a produção. São obtidos pela divisão da variação do custo total pela variação da
quantidade produzida. O custo marginal pode também ser definido como o custo adicional de
uma unidade de produção. Não é influenciado pelos custos fixos.
Em termos matemáticos, é definido como a derivada primeira da curva custo total.

𝐶𝑀𝑔 = (𝐶𝑇2 − 𝐶𝑇1 ) / (𝑞2 − 𝑞1 )


𝐶𝑀𝑔 = 𝐶𝑇’ 𝑜𝑢 𝑑𝐶𝑇/𝑑𝑞

Quando o custo marginal supera o custo médio (total ou variável), significa que o custo médio estará
crescendo. Ao mesmo tempo, se o custo marginal for inferior ao médio, o médio só poderá cair.
Conclusão: quando o custo marginal for igual ao custo médio (total ou variável), o marginal estará
cortando o médio no ponto de mínimo do custo médio. Assim, no ponto em que a curva de CMg
corta a curva de Cme a empresa estará minimizando seus custos

Custos no longo prazo

No longo prazo pode haver a variação de todos os fatores de produção, capital, trabalho, terra,
tamanho da empresa etc. As curvas de longo prazo são chamadas de curvas de planejamento que
são denominadas horizontes de planejamento. O longo prazo vai consistir em todas as situações
possíveis de curto prazo entre as quais uma empresa pode fazer suas escolhas.

32 | P á g i n a
O empresário escolherá, dentre os vários tamanhos de firma que definem os custos unitários de
curto prazo, a instalação capaz de produzir a mercadoria ao menor custo médio ou unitário.

Embora, as curvas de custo médio de longo e de curto prazo tenham o mesmo formato em U, elas
diferem no sentido de que o formato a curto prazo deve-se a Lei dos rendimentos decrescentes
(ou custos crescentes), a uma dada planta ou tamanho, enquanto o formato da curva de longo
prazo deve-se aos rendimentos de escala, quando varia o tamanho da empresa.

Podemos destacar alguns aspectos para o formato da curva de custos:


▪ Formato da curva a CP: o formato da curva de custos de produção no curto prazo é dado
pela Lei dos rendimentos marginais decrescentes.
▪ Formato da curva a LP: formato dado pelos rendimentos de escala: inicialmente retornos
crescentes de escala, retornos constantes de escala no ponto médio e retornos decrescentes
de escala a partir do ponto médio.

33 | P á g i n a
Legislação antitruste e o CADE

A defesa da concorrência, de uma forma geral, preza pela prática justa de mercado e pela proteção,
mesmo que de maneira indireta, dos direitos reais de consumo dos brasileiros. Além disso fiscaliza
de maneira incisiva práticas como formação de monopólios e cartéis evitando a grande concentração
de poder econômico. O Estado faz isso através de uma autarquia federal, o CADE (Conselho
Administrativo de Defesa Econômica), o qual tem competência para fiscalizar e julgar tais práticas
anticompetitivas.

É unanimidade que a origem da Defesa da Concorrência ou Antitruste surgiu com o Sharman Act em
1890 nos Estados Unidos.
Vendo um mercado monopolista em um crescente, surge a preocupação na proteção daqueles que
realmente, de uma maneira indireta, são prejudicados com tais condutas, os consumidores, razão
pela qual boa parte da doutrina enxerga como principal causa da criação da lei americana, além da
defesa à economia e ao mercado empresarial competitivo.
Para entendermos melhor essa origem e seu motivo de nascimento, precisamos olhar para o que na
verdade quer dizer a palavra “concorrência”, e assim entenderemos, como dito, a proteção
econômica e a livre concorrência são apenas pano de fundo para o que realmente importa, o
consumidor final.

“Concorrência” pode ser entendido como algum tipo de situação mercadológica, isolando-se a
quantidade ofertada, onde os preços praticados são muito próximos ou iguais, dando assim ao
consumidor a preferência de compra de acordo com suas convicções. Partindo de tais premissas e
do já citado Sherman Act, em 1914 mais uma lei foi promulgada nos Estados Unidos para controle
de tal cenário econômico, concorrencial e consumerista que se destacava na época.
Esses casos inspiraram a promulgação, em 1914, do Clayton Act e do Federal Trade Commission (FTC)
Act. O primeiro reduziu a discricionariedade judicial proibindo algumas uniões arranjadas, tais como
os acordos de exclusividade, a fixação de preços e outras variáveis concorrenciais e concentrações
obtidas pela compra de fundos. O FTC Act finalizou o executive branch’s public enforcement
monopoly (formação de um corpo administrativo para construção de uma política antitruste).
Assim define-se que a denominação Antitruste e suas derivadas leis, foram criadas para punir
práticas anticompetitivas de empresas que usam o poder de mercado para restringir a produção e
aumentar os preços, desestimulando assim que outras pessoas jurídicas entrem no mercado, ou
então eliminando a concorrência. Seu objetivo principal é evitar e combater os monopólios
prejudiciais à livre concorrência e as relações consumeristas.

34 | P á g i n a
Inegavelmente, a lei antitruste brasileira foi fortemente influenciada pelas legislações norte-
americanas já mencionadas, e principalmente o CADE tem suas raízes na agência fiscalizadora
americana FTC (Federal Trade Comission).
Criado no governo de João Goulart, em 10 de setembro de 1962, o CADE permaneceu praticamente
inativo até meados 1991, sendo acionado apenas quando houve casos de programas de
congelamento de preços nos planos cruzado e verão.
Nesse mesmo ano de 1991, o governo da época sancionou uma lei que previa a abertura do mercado
brasileiro.
Pretendia-se com esse novo diploma dar maior celeridade ao procedimento administrativo e à
apuração das práticas de violação à ordem econômica, com a criação da SNDE (Secretaria Nacional
de Direito Econômico, do Ministério da Justiça, depois denominada SDE/MJ — Secretaria de Direito
Econômico do Ministério da Justiça). Não houve revogação da Lei n. 4.137/62, e o CADE passou a
funcionar junto à SNDE.
A Constituição Federal, no Título VII, que trata da ordem econômica, em seu Capítulo I, precisamente
sobre os princípios gerais da atividade econômica, entre os quais salienta, no artigo 170, inciso IV, o
princípio da livre concorrência.

O Sistema Brasileiro de Defesa Econômica - SBDC é responsável pela ascensão de uma economia
competitiva, por meio da prevenção e da repressão de ações que possam limitar ou prejudicar a livre
concorrência no Brasil.
Seguindo este cenário, em 2011, ocorreu a promulgação da lei de defesa da concorrência brasileira
– Lei 12.529/11 – que reformou a antiga lei 8.884/94, essa a primeira que adotou a postura dualista,
ou seja, atuando tanto no controle da conduta como na estrutura defendendo de vez a matéria
antitruste, transformando o CADE em autarquia federal.

A princípio destaca-se que a lei de defesa da concorrência brasileira tem caráter administrativo, com
aplicabilidade em três sistemas jurídicos distintos: o administrativo, o penal e o civil.

A aplicabilidade voltada ao ramo do Direito Penal, tem como sujeito ativo o Ministério Público, que
age em favor da coletividade, mais precisamente no polo que tange a relação de consumo. Em suma,
sua atuação fiscalizadora da lei, investigativa e denunciante corre na esfera de práticas ilícitas como
formação de cartéis.

No sistema administrativo, o combate a práticas ilícitas concorrenciais é muito mais amplo do que
no sistema penal.

35 | P á g i n a
Entre estes atos, estão incluídas condutas individuais e concertadas, horizontais e verticais, tentadas
e consumadas, de monopólio e cartel, práticas predatórias, venda casada, recusa de contratar,
exclusividade, fixação de preço de revenda, discriminação e diferenciação de preços, entre outras.

O terceiro sistema de aplicação do direito antitruste constitui-se no sistema privado. Este sistema
pode se subdividido em dois subsistemas, o coletivo e o individual e visar dois objetivos, a cessação
da conduta e a reparação pelo dano.
Vemos que a aplicabilidade da lei de defesa da concorrência vai muito além de apenas proteger o
sistema econômico. Isso porque como já mencionado, o Ministério Público pode agir na proteção da
coletividade visando a relação consumerista através de uma ação civil pública, ao pé que, no sistema
individual a própria pessoa lesada busca a reparação do dano.

Visto os ramos de atuação e aplicabilidade da referida lei, vale destacar a quem é direcionada. O
artigo 31 da Lei 12.529/11, especifica que a mesma é destinada as pessoas físicas ou jurídicas, tanto
de direito público como de direito privado. E mais:

Art. 31. [...], bem como a quaisquer associações de entidades ou pessoas, constituídas de
fato ou de direito, ainda que temporariamente, com ou sem personalidade jurídica, mesmo
que exerçam atividade sob regime de monopólio legal.

Percebemos com isso a felicidade do legislador ao “amarrar” todos àqueles que são dirigidos a lei.
Isso mostra a estrita legalidade do Estado, não apenas limitando a atuação dos órgãos às práticas de
corporações privadas (a grande maioria em um cenário capitalista), mas atingindo todos aqueles que
de forma direta ou indireta influencie no mercado econômico e consumerista.

36 | P á g i n a
Referências bibliográficas

Assaf Neto. Mercado Financeiro (2012)


Bodie, Kane, Marcus. Investimentos (2014);
Bruni, Famá. Gestão de Custos e Formação de Preços (2014);
Damodaran, A.. A Face Oculta Da Avaliacao (2001);
Damodaran, A.. Avaliação de Empresas (2007);
Debastiani, Carlos Alberto. Russo, Felipe Augusto. Avaliando empresas, investindo em ações: a
aplicação prática da análise fundamentalista na avaliação de empresas (2018);
Ehrhardt,Michael C.Brigham,Eugene F.. Administração Financeira (2012);
Marion, José Carlos. Contabilidade Empresarial (2015);
Ross, S. A.; Westerfield, R. W.; Jaffe, J. F, Administração Financeira (2012);
Vieira, Marcos Villela. Administração Estratégica do Capital de Giro (2014).

37 | P á g i n a

Você também pode gostar