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São quatro classes de lipídeos, mas por enquanto não vamos abordar sobre os esteróis. Não
existe no nosso organismo uma via de degradação para estes esteróis. Não é encontrada
nenhuma enzima que seja capaz de degradar o colesterol. As medicações que existem é para
inibir a absorção e a síntese endógena do colesterol.
Vamos então falar dos outros lipídeos, que apresentam ácido graxo na sua composição e esses
ácidos graxos podem ser degradados na β-oxidação.
Os triacilgliceróis são adequados como lipídeos de reserva porque eles são completamente
hidrofóbicos. Toda a superfície do triacilglicerol é apolar. Ou seja, não interagem com a água,
então isso permite que dentro do tecido adiposo seja armazenado na forma pura deste
combustível.
O triacilglicerol vai ter um álcool contendo três carbonos, ligado a três hidroxilas chamado de
glicerol. Este álcool está ligado a três unidades de ácidos graxos, ácido carboxílico de cadeia
longa. Um ácido graxo ligado a um glicerol. Essa ligação se forma através de uma desidratação,
eu tenho um monoacilglicerol. Temos enzimas, denominadas glicerolaciltransferases, que
pegam o radical ácido carboxílico e transfere para uma molécula de glicerol, formando a
ligação química conhecida como éster. Então, monoacilglicerol. Aí outra aciltransferase vai
catalisar a mesma reação, pega outra unidade de ácido graxo e promove a desidratação
formando a ligação éster. Temos um diacilglicerol. Para produzir um lipídeo de membrana, um
fosfolipídeo, teremos transferases que vão adicionar radicais polares aqui. Para produzir
lipídeos de reserva, teremos mais uma ligação éster com um terceiro ácido graxo. Então,
sugere triacilglicerol. Fiz questão de explicar isto para vermos que o triacilglicerol é degradado
por enzimas que se chamam LIPASES. Ou seja, a degradação de lipídeos é catalisada por
lipases. (Ver esquema no caderno!)
A degradação deste triacilglicerol vai disponibilizar o álcool mais três unidades de ácidos
carboxílicos, ácidos graxos. A degradação é por hidrólise.
Na fisiologia, aprendemos que temos lipases pancreáticas que são responsáveis pela digestão
destes lipídeos. A lipase pancreática simplesmente catalisa esta reação de hidrólise. Veremos
na bioquímica que temos uma lipase lipoprotéica, ou seja, que está atuando agora na corrente
sanguínea promovendo a hidrólise destes lipídeos que estão sendo transportados sob a forma
de lipoproteínas. E uma terceira lipase existe no tecido adiposo, é denominada lipase
hormônio sensível por ser uma enzima regulada pela remoção ou adição de grupo fosfato. A
insulina induz dentro da célula a desfosforilação da enzima, e o glucagon e a adrenalina induz a
fosforilação dentro da célula. Colocar ou remover o fosfato em uma enzima permite alternar
em configurações espaciais diferentes, ocorre à mudança na configuração espacial da
molécula.
A lipase assume a forma ATIVA quando está fosforilada, portanto você estimula a lipólise no
tecido adiposo quando você está sob os efeitos dos hormônios glucagon (hipoglicemia) ou
adrenalina (exercício). Se você ingere algum alimento com carboidrato, passa para o estado de
hiperglicemia, você vai secretar insulina e ela vai inibir a lipólise.
Então explicando bioquimicamente uma situação comum: professor eu não como muito mas
eu não consigo emagrecer. Toda hora, mesmo que em pequena quantidade você ingere
açúcar. Não passou a fome, mas você ingeriu um alimento rico em carboidrato. Passou de um
estado de hipoglicemia para hiperglicemia, secreta insulina e esta vai inibir a lipólise. Você
parou de degradar lipídeo de reserva. Ao mesmo tempo em que a insulina inibe a lipólise, ela
está estimulando a lipogênese. Se você ingere mesmo que em pequenas quantidades
alimentos ricos em açúcar a todo instante é impossível de emagrecer.
A degradação destes lipídeos vai promover a liberação de glicerol que é um álcool e gordura
graxa, os ácidos graxos. O álcool glicerol pode ser transformado em gliceraldeído
(intermediário da glicólise) na degradação da glicose. A glicose entra na célula é fosforilada e é
degradada, quebrada ao meio dá origem a duas moléculas de três carbonos, duas trioses,
conhecida como gliceraldeído. Continuando a glicólise, esse gliceraldeído será oxidado dando
origem a piruvato. Se a lipólise libera glicerol, e esse glicerol pode ser convertido em
gliceraldeído, estamos gerando intermediários para a via glicolítica. Lembrando que a síntese
de novo de glicose, a gliconeogênese, é praticamente o inverso da via glicolítica, essa também
é uma possibilidade. Fonte de carbono, substrato para o fígado produzir glicose. O que
determina o destino da via é o seu estado nutricional.
Como o ácido graxo tem um longo esqueleto de carbonos, é bastante apolar, ele não vai
circular livremente no sangue. Ele circula transportado pela albumina. Na corrente sanguínea,
os ácidos graxos são transportados para os tecidos conjugados à proteína albumina, que é a
proteína mais abundante do sangue.
Nosso cérebro queima açúcar e não gordura. A explicação é esta. O ácido graxo conjugado a
albumina não passa pela barreira hematoencefálica. O cérebro queima então
predominantemente glicose. O transporte no sangue de ácidos graxos é através da albumina.
Não confundir: o transporte de lipídeos é feito por lipoproteínas. O transporte do ácido graxo
livre é feito por albumina.
Nos tecidos, esse ácido graxo absorvido pode ser consumido como combustível, como fonte de
energia. Isso acontece quando o ácido graxo é transportado para dentro da mitocôndria.
Repara que até aqui, a descrição feita não apresentou uma reação de oxidação. Portanto o que
vocês chamam de queimar gordura, isso ainda não aconteceu. O triacilglicerol foi degradado.
Queimar gordura exige reações de oxidação. Essas reações vão acontecer com o ácido graxo
que estiver na matriz mitocondrial. Se o ácido graxo não estiver dentro da mitocôndria, ele não
será degradado. Então todo o processo pode ser revertido. Ou seja, se a célula não queimar
esse ácido graxo, ela vai utilizar esse ácido graxo para produzir, por exemplo, novos lipídeos.
A β -oxidação que eu vou explicar só vai acontecer com o ácido graxo que chegar a matriz
mitocondrial.
O ácido graxo que a célula absorveu por difusão na corrente sanguínea só pode entrar para a
mitocôndria se este radical ácido carboxílico estiver conjugado a coenzima A. Então nós temos
uma primeira enzima que pega o ácido graxo e conjuga a coenzima A, uma acil-coA graxo
sintase.
As próximas reações consistem em que o ácido graxo que estava conjugado a coenzima A, será
ligado a carnitina. Então, a carnitina aciltransferase I substitui a coenzima A por carnitina. E a
carnitina aciltransferase II remove novamente a carnitina e recoloca a coenzima.
Quimicamente, parece uma sequência fútil de reações. Mas entenda, catalisando estas duas
reações, estas enzimas se movimentam através da membrana, através da bicamada lipídica.
Então elas sofrem alterações estruturais. E aí a catálise destas duas reações permite que o
ácido graxo ligado à coenzima A entre na mitocôndria para que ele seja queimado. Por isso, é
vendido o suplemento de L-carnitina. A L-carnitina é produzida por nós a partir de um
aminoácido lisina. E ai, como você é capaz de sintetizar carnitina? E a mesma carnitina pode
ser reutilizada inúmeras vezes. Nenhum trabalho científico mostra que a L-carnitina é usada
para perder peso.
Esquema no caderno:
Vamos então a β-oxidação. Entrou na mitocôndria e aí não tem mais jeito, ocorre a β-oxidação.
O ácido graxo vai ser degradado em acetil-coA e já estamos na matriz mitocondrial. E vai
acontecer o ciclo de Krebs e a cadeia transportadora de elétrons. Portanto a queima de
gordura necessariamente é aeróbia, depende de oxigênio.
O que chegou à mitocôndria é um ácido carboxílico (ácido graxo) de cadeia longa conjugado a
coenzima A; substrato para as reações da β-oxidação. Ocorrem reações de desidrogenação,
hidratação, desidrogenação e clivagem. Queimar gordura rende muita energia para a célula, se
produz muito mais ATP. O catabolismo é convergente. O catabolismo envolve reações de
clivagem, que encurta o esqueleto de carbono e reações de oxidação, que vão disponibilizar
hidrogênios para a cadeia transportadora de elétrons. O que vai acontecer com esse ácido
graxo é a mesma coisa. Se a ligação entre o carbono 2 e o carbono 3 for rompida, eu tenho
uma unidade de acetil-coA. Então, em linhas gerais essa que vai ser a lógica. Vamos quebrar o
ácido graxo várias vezes liberando pares de carbono sob a forma de acetil-coA. Para que a
clivagem ocorra, três reações anteriores a ela são necessárias, porque a β-oxidação vai
acontecer sempre entre o carbono 2 e o carbono 3.
Por que tudo isso foi necessário antes da reação de clivagem? Porque eu vou ter uma unidade
de três carbonos, substrato do ciclo de Krebs, sob a forma de acetil-coA. Cada par de carbonos
eu vou ter uma acetil-coA.
Precisa-se de alguns minutos para queimar a gordura e esse tempo varia de pessoa para
pessoa, pois precisa secretar a adrenalina, estimular a lipólise, transportar o ácido graxo
através do sangue, a célula absorve esse ácido graxo, transfere-o para a mitocôndria, se faz a
β-oxidação, ciclo de Krebs e cadeia transportadora de elétrons. Acelerar todas essas etapas são
necessárias para que você queime toda a gordura em grande quantidade. E para que isso
aconteça, a disponibilidade de oxigênio precisa ser absurdamente grande porque precisa o
tempo todo de FAD e de NAD. Você só vai resgatar as formas oxidadas destas coenzimas se
tiver bastante oxigênio disponível na cadeia transportadora de elétrons. Também é por esta
razão que você precisa de alguns minutos para a sua pulsação subir e sua respiração elevar
também e aí você aumentar a quantidade de oxigênio para os tecidos. No primeiro minuto de
corrida, já se está queimando gordura, mas não está ainda queimando gordura em grandes
quantidades que se gostaria. O cérebro não queima gordura. O cérebro precisa de glicose
como fonte de energia. No músculo se queima muito mais gordura, embora se esteja também
queimando açúcar. Precisa-se ter condicionamento cardiorrespiratório para continuar uma
corrida.
A gordura é mais calórica que o açúcar porque tem muito mais hidrogênios.
A cada sequencia de quatro reações, um par de carbonos vai ser liberado na forma de acetil. A
síntese de ácido graxo ocorre adicionando dois a dois, então o produto final vai ser um número
par. Mas podem-se encontrar ácidos graxos com número ímpar de carbonos. E aí, a β-oxidação
acontecendo do jeito que eu descrevi, na última clivagem ela gera uma unidade com três
carbonos, ao invés de dois carbonos na forma de acetil são liberados três carbonos na forma
de propionil-coA. Qual será o destino desta propionil-coA? Ela será carboxilada e transformada
em succinil-coA. Portanto o destino é o ciclo de Krebs.
Um ácido graxo que tenha 17 carbonos, ele vai ser menos calórico do que um que tenha 16.
Vai produzir menos 2 NADH, isso significa menos 5 ATP na cadeia transportadora. Da mesma
maneira, porque gordura insaturada é menos calórica que gordura saturada. Porque para cada
instauração, se existirem duas por exemplo, deixa de ser necessário a emissão de um FADH2,
menos ATP vai ser produzido na cadeia. Para gerar ATP, preciso impulsionar a ATP sintase.
Quem impulsiona a síntese de ATP são os hidrogênios. Quanto mais carbono o ácido graxo
tiver, menos calórico ele será.