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CURSO DE PREVENÇÃO AO USO DE DROGAS

REGIÃO SUDESTE

EMEF MARINA VIEIRA DE CARVALHO MESQUITA


Rua Nestor de Carvalho, 233
Cidade Domitila CEP 04387-270
São Paulo - Capital

ALCOOLISMO
DISCUTA SEM MODERAÇÃO

CURSISTAS:
Amanda Brito da Silva
Deise Batista de Albuquerque
Elizabeth Christina Rodrigues Bittencourt
Frederico Antonio Maciel Eigenheer
Ivanilde Xavier Piloto Matos
José Maria Volpi Furtado

TUTORA:
Rizia S. Oliveira França

30 de novembro de 2009
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2. Introdução

A Escola Municipal de Ensino Fundamental Marina Vieira de Carvalho Mesquita


possui quatorze salas de aula, que funcionam em três turnos assim distribuídos:

Manhã – turmas de primeira à quarta série do ensino fundamental

Tarde – turmas de quinta a oitava séries do ensino fundamental

Noite – turmas de Educação de Jovens e Adultos

As turmas do período diurno ocupam todas as salas, num total de 450 alunos,
aproximadamente, e o período noturno com aproximadamente 100 alunos em 2009.

O presente Projeto focalizou especialmente o turno vespertino, porque nele atuam


todos os profissionais inscritos no Curso, cujas impressões e informações foram relevantes
nas proposituras para as ações no próximo ano letivo.

A realidade escolar reflete a comunidade em que se insere, ou seja, uma Escola


distante a dezesseis quilômetros do centro da cidade, na Diretoria de Educação de Santo
Amaro. O entorno da escola é marcado por várias favelas, o que reflete a baixo nível sócio-
econômico das famílias e os conflitos latentes que os alunos trazem para o contexto escolar.
No contexto de prevenção ao uso de drogas, e buscando aquela mais disseminada na
comunidade com reflexos negativos no ambiente escolar, a que merece atenção continuada
por parte dos profissionais da Educação é o álcool, representado pelas bebidas de consumo
popular e de venda livre nos estabelecimentos comerciais da região.

É fato comum dentre os alunos a falta de um dos progenitores, ou a convivência


com padrastos e madrastas. Muitas vezes avôs e avós suprem o papel dos pais em
responsabilidade e oferecimento de afeto. O uso de bebidas alcoólicas pelas famílias muitas
vezes é rotineiro, ou serve como válvula de escape para os problemas, principalmente
financeiros, das famílias. Este uso muitas vezes dá margem a agressões às crianças e
jovens, que chegam marcados na escola e os levam à evasão da escola e até da própria
família.

Pequenos grupos de alunos consomem bebidas alcoólicas no entorno da escola,


mas passam desapercebidos pela comunidade, ao contrário das alunas, que organizam
piqueniques, onde consomem bebidas alcoólicas misturadas ao suco de frutas em locais
onde os vizinhos observam e telefonam à Escola, que informa aos pais ou responsáveis.

Desta experimentação inicial nas proximidades da Escola alunos de ambos os


sexos ganham autonomia para caminhadas mais longas, e seu destino costuma ser o Parque
do Nabuco, a menos de um quilômetro de distância. Este local já é conhecido nas
imediações como ponto de prostituição e algumas alunas já foram vistas no local e depois
grávidas ou presas, por terem se envolvidos com os grupos de traficantes das favelas
circunvizinhas.
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3. Objetivo

O Projeto Pedagógico da Escola vem buscando valorizar os conhecimentos dos


vários componentes curriculares, o que cada docente faz sua parte, adotando estratégia e
metodologias próprias de sua formação. A Escola organiza passeios a parques temáticos
esporadicamente, os professores levam grupos de alunos a excursões relativas aos
conteúdos apresentados em aula, ou a disputas esportivas contra alunos de outras escolas.

O uso de bebidas alcoólicas permeia todos os momentos e atividades escolares, e


tem de ser continuamente coibido, tanto no ambiente escolar quanto nas saídas da escola.
Na escola, além dos professores, inspetores de alunos, funcionários de apoio e até mesmo
os responsáveis pela merenda escolar terceirizada estão sempre de prontidão, atentos ao
comportamento dos alunos e suas atitudes perante os colegas. Nos momentos em que
grupos de alunos saem da Escola, são previamente orientados para os objetivos do passeio,
evidenciando os propósitos pedagógicos. Nem sempre estas orientações são atendidas, e os
alunos insistem em levar e consumir bebidas alcoólicas, tendo causado constrangimento aos
professores e demais colegas do grupo.

O Projeto tem de ser fortalecido nas ações tanto individual quanto coletivas,
articulando novas parcerias, além das já existentes:

a) Centro da Juventude – CJ – mantido pela Igreja Católica e que atende alunos de até 12 a
13 anos nos horários contrários ao das aulas regulares com aulas de reforço e recreação.

b) Aldeia do Futuro – atende alunos acima de 14 anos e oferece cursos de


profissionalização, tais como: costureira, cabeleireira, cozinheiras, esteticista, estamparia,
etc. Muitas alunas que participaram deste projeto vêm cuidando de suas casas e de seus
irmãos menores ou trabalhando como babás em residências no próprio bairro.

c) Posto de Saúde – esta parceria já existe, mas será dinamizada em 2010, com palestras
voltadas para a higiene do escolar, sexualidade, prevenção à gravidez na adolescência.

d) Escola de Pais – este é um projeto para ser viabilizado em 2010, onde serão convidados
pais para encontros quinzenais que irão discutir a realidade escolar e as possibilidades de
sua transformação. Os próprios pais serão orientados a serem agentes dentro de sua
realidade social dos propósitos da Escola, de forma que as ações da Escola sejam
reforçadas e seus objetivos sejam cumpridos em parceria com a comunidade.
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4. Metodologia

4.1. Público alvo

A caracterização das famílias dos alunos que freqüentam o período vespertino,


descrita sucintamente a seguir, foi realizada a partir das Informações Socioeconômicas
colhidas por ocasião da Prova São Paulo 2009. Os promotores desta avaliação
encaminharam à Escola, na semana que antecedeu o evento, os Cadernos dos Questionários
aos Pais, que os preencheram e devolveram à Escola até a data da prova. Os dados
tabulados e apresentados nas folhas 1 e 2 dos ANEXOS correspondem aos das questões
respondidas dos cadernos devolvidos à Escola, o que faz com que o valor total em cada
item possa sofrer variações.

Num bairro carente de praças e espaços públicos, a Escola representa para os


alunos o seu segundo lar, espaço que têm para recreação, encontro com colegas, estudo e
lazer. Muitos alunos convivem com adultos usuários de bebidas alcoólicas, o que os faz
alvo de agressões. Neste sentido, a Escola é um ambiente seguro, livre de todo tipo de
acidentes, pequenos serviços e violência doméstica.

4.2 Ações

Com as crianças e jovens deverão ser tratados dois tipos de assuntos:


1º) temas relacionados aos seus direitos e deveres, contidos no Estatuto da Criança e do
Adolescente;
2º) relacionados ao uso e abuso das bebidas alcoólicas para o indivíduo, família e
sociedade;
3º) valorização do estudo formal, como condição que favorece o desenvolvimento do
indivíduo e possibilidade de profissionalização e emprego no futuro.

Com as famílias serão constituídos encontros regulares nas dependências da


escola para promover a cultura da família saudável, visando a criação de redes sociais que
amparem as crianças e jovens em seu desenvolvimento saudável.

4.3 Cronograma

A tarefa de leitura, entendimento e discussão do Estatuto da Criança e do


Adolescente já se iniciou nas turmas de 5ªs séries, com o propósito de esclarecer a mudança
de condição legal que ocorre em seu aniversário de 12 anos, o que a maioria dos alunos das
turmas estão vivenciando neste ano.

Com relação à Escola de Pais, será montada no início do próximo ano letivo, para
que o grupo que irá se constituir não sofra a interrupção das férias escolares, com prejuízo
em sua dinâmica inicial.
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4.4 Recursos humanos

Nas dinâmicas a serem desenvolvidas com os alunos, o corpo docente arcará com
boa parcela da responsabilidade das ações, que serão desenvolvidas após discussões
coletivas e partilhadas as intervenções de acordo com os diferentes componentes
curriculares.

Perante a Escola de Pais, a equipe gestora da Escola estará convidando e


organizando as reuniões com pais, professores e funcionários da comunidade escolar.

Será buscada também maior participação da equipe do Posto de Saúde do bairro


em projetos de valorização da saúde do escolar, com campanhas educativas e de ação
preventiva às afecções manifestadas pelos adolescentes, de acordo com o que for observado
em suas visitas, ou por indicação da equipe escolar.

4.5 Recursos físicos e materiais

Além do material disponível nos livros didáticos, os alunos poderão fazer


pesquisas de vários temas propostos pelos professores utilizando a Sala de Informática da
Escola. Serão buscados folhetos de distribuição gratuita nos postos de saúde ou entidades
assistenciais e os professores poderá também preparam textos com conteúdo dirigido para
ser reproduzido nas máquinas copiadoras da Escola.

A Escola de Pais irá se reunir preferencialmente na Sala de Coordenação ou Sala


de Leitura da Escola, nas primeiras reuniões. Ocorrendo o interesse e aumento do grupo,
uma sala de aula poderá ser ocupada, no período noturno, quando há ociosidade.

4.6 Custos e orçamento

A equipe gestora e os Professores irão atuar neste Projeto de acordo com sua
jornada de trabalho, em seus horários dedicados às atividades pedagógicas regulares.

Salas e computadores, bem como todo material e equipamento acessório será


disponibilizado, de forma a atender as necessidades do bom andamento e resultados do
projeto.

Pais e responsáveis irão participar livremente, para o bem de seus filhos, de


acordo com disponibilidade, sem comprometer seu horário de trabalho. Situações
extraordinárias serão comunicadas telefonicamente e a convocação ocorrerá na medida da
solução dos problemas imediatos.
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5. Considerações Finais

A mudança de padrões sociais que têm implicação na Escola podem ser


explicados, discutidos e ter seus resultados minimizados pela ação da equipe escolar, mas
sua transformação depende mais das condições socioeconômicas das famílias do que
propriamente da Escola. As ações escolares destinam-se à capacitação da criança e do
adolescente para seu futuro, numa sociedade em transformação, e que este tenha condições
de transformar seu meio quando estiver preparado e apto.

Fatores de risco e proteção - A comunidade escolar vive cada dia letivo, ou até
mesmo cada dia que se passa em todos os anos, como um equipamento social que é
disputado pelos moradores de sua vizinhança para as práticas sociais. Nem sempre estas
ações estão de acordo com os propósitos educativos da instituição, o que muitas vezes gera
conflitos de diversas ordens entre a escola e a comunidade circunvizinha. Oferecer
educação e segurança deixa de ser uma prática não só para as crianças e adolescentes, mas
sim outra mais ampla, que garanta a prática docente e segurança dos educadores, gestores e
funcionários perante as demandas sociais emergentes.

Redes Sociais – A Escola deve maximizar seus esforços entre si e outras


instituições do bairro, de forma a atender seus educandos com os melhores recursos que a
comunidade e instâncias superiores possam oferecer.

Formas de exercício da autoridade na escola – A autoridade não deve ser imposta,


mas sim conquistada todos os dias, em todas as ações escolares que se oportunizem. O
diálogo entre a equipe gestora, educadores, educandos, pais e comunidade deve ser
constante, mantendo firme os propósitos da instituição como instrumento do poder público
no propósito de garantir educação de qualidade às futuras gerações.

Formação de adolescentes multiplicadores – Crianças e jovens que conhecem seus


direitos e deveres tornam-se conscientes do seu papel na família e na sociedade. Sabem
expor suas idéias e estão prontos para interagir com seus familiares, professores e
autoridades por meios pacíficos, pois encontram-se cônscios de seus objetivos justos.

Possibilidade de integração ao currículo escolar – A construção do currículo


escolar quando gestores e educadores dialogam e esclarecem a importância dos estudos aos
seus alunos permite a seleção de conteúdos contextualizados à realidade da comunidade
local e de acordo com a cultura popular vigente. Os propósitos da Educação são de longo
alcance e gestores, professores, pais e alunos têm de estar prontos para pequenas mudanças,
paulatinas, que dêem frutos sem hostilidades no presente.
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6. Anexos – A numeração segue aquela do

Questionário dos Pais da PROVA SÃO PAULO 2009

A ordem das questões foi alterada, para melhor compreensão das questões
diretamente relacionadas.

11 e 12. Qual é a faixa de idade dos pais?

IDADE PAI MÃE


< 25 A 4 2
25>34 B 13 34
35>44 C 75 71
45>59 D 20 22
>60 E 4 0
não sabe F 2 3
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13 e 14. Resposta dos pais: Como você se considera?

PELE PAI MÃE


branco A 59 52
pardo/mulato B 60 64
preto C 7 5
amarelo/oriental D 0 1
indígena E 0 2
não sabe F 5 4

17 e 20. Grau de escolaridade:

ESCOLARIDADE PAI MÃE


não estudou A 8 5
ciclo I EF incompl. B 17 13
ciclo I EF completo C 15 9
ciclo II EF incompl. D 24 33
ciclo II EF completo E 14 16
EMédio incompleto F 15 18
EMédio completo G 23 30
ESuperior incompl. H 12 1
ESuperior completo I 0 1
pós-graduação J 1 0
não sabe K 7 2
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21. A sua moradia é:

MORADIA QUANT.
própria, já paga A 62
própria, financiada B 3
alugada C 37
outras D 32

24. Quantas pessoas moram com você?

QUANT.PESSOAS QUANT.
1-2 A 11
3-4 B 60
5-6 C 38
7-8 D 9
9 - 10 E 4
mais de 10 F 7

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