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Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro

Maria Gabriela Balina do Amaral

História da África
Resenha Crítica sobre o texto “A construção das representações sociais da África
pelos romanos através das moedas”

Rio de Janeiro
2016
A Professora Doutora Regina Maria da Cunha Bustamante, possui diploma de
Licenciatura e Bacharelado em História pela Universidade Federal do Rio de
Janeiro, Mestrado em História Social e do Casamento também pela Universidade
Federal do Rio de Janeiro e Doutorado em História do Norte da África pela
Universidade Federal Fluminense. Atualmente, é professora da UFRJ vinculada ao
Instituto de História. Faz parte de Grupos de Pesquisa de História Antiga, Estudos
do Império Romano, Espaço Interdisciplinar de Estudos da Antiguidade e
Laboratório de História do Esporte e Lazer. É coeditora científica da Revista Phoînix
na área de História Antiga, com ênfases em antiguidade romana e em África
romana.

Em seu texto, Bustamante, apresenta que Roma destacou-se por ter constituído um
dos maiores impérios da história da humanidade, envolvendo distintos povos, dentre
eles os norte-africanos. Por consequência da vasta extensão do seu território e para
que houvesse diferenciação e hierarquização entre os povos dominados e os
próprios romanos estes precisaram elaborar e consolidar significados, ações e
valores referentes a si mesmos e aos outros. A utilização de conceitos que
reforçavam tanto uma identidade quanto as diferenças entre os povos dominados
por Roma quebra a concepção de que havia uma forte separação cultural e a falta
de contato no cotidiano entre estes. Na verdade, as experiências vividas eram
relacionadas umas com as outras e as interações culturais de qualquer tipo existiam
sem deixar de lado o reconhecimento das diferenças entre estes povos. O processo
gerou situações de negociações pacíficas e conflitos sociais, políticos e econômicos
inseridos neste contexto, por conta de processos internos, relações comerciais e do
contato entre as sociedades. O objetivo romano era manter a noção de que os
dominados pertenciam à uma comunidade liderada por Roma, frente à realidade
multicultural da região mediterrânica.

Ao contrário do que prega a historiografia tradicional, os romanos não pretendiam


mostrar sua posição de superioridade apenas com seu poder militar e autoridade
política, mas, também, a partir das experiências do cotidiano. Desta forma, uma
“identidade romana” foi criada levando em conta as interações culturais, ideologias
coletivas e comportamentos, todos simples ou complexos, do cotidiano. Uma das
estratégias de definição da “identidade romana” na África era a circulação de
moedas cunhadas pelo império.
O texto de Bustamante se utiliza da Teoria das Representações, vinda da Psicologia
Social, que tem como objetivo explicitar e compreender o processo de constituição
das imagens da África pelos romanos. Tais representações mostram posições e
interesses dos atores sociais envolvidos, além de descreverem a região norte-
africana como os romanos pensavam, ou desejavam, que fosse.

O processo de tornar familiar algo até então considerado estranho é embasado em


classificar, categorizar e nomear acontecimentos e ideias, possibilitando, assim,
compreender, visualizar, concretizar e manipular tais elementos. O uso dos
mecanismos de ancoragem (colocar elementos exóticos em um contexto familiar) e
objetivação (criar uma imagem para uma ideia, tornando-a concreta) é explorado
por esta teoria. As representações sociais são fortemente dependentes da forma
como são expostas e só podem existir quando o objeto em questão reúne
relevância e se mostra presente na vida cotidiana de um grupo. Portanto, a
representação em emissões monetárias, pretendia objetivar a África sob a ótica
romana. A moeda foi um instrumento muito efetivo para o cumprimento deste
objetivo, já que era utilizada obrigatoriamente no cotidiano, de fácil transporte e
ampla circulação.

Para entender melhor o local analisado neste texto, devemos entender, também, as
origens de sua interação com o Império Romano. O vocábulo “Afri” foi adotado por
Roma para nomear uma das tribos que viviam no território cartaginês (Mapa 1), por
onde os romanos iniciaram o domínio do norte da África, portanto, no começo, o
termo era aplicado apenas às populações locais submetidas por Cartago. Com o
tempo a ideia da “Afri” passou a englobar todos os territórios do atual norte africado
e, posteriormente, o continente por completo. Roma procurou dominar a África
desde o seu período republicano, pois visava ter a hegemonia do Mediterrâneo
Ocidental, gerando, assim, as famosas Guerras Púnicas com seu famoso rival,
Cartago, da qual os romanos saíram vitoriosos. Depois da fundação de sua primeira
província fora da Europa o domínio romano continuou se expandindo (Mapa 2) e foi
escolhido uma espécie de cônsul para administrar o território então unificado.

A Moeda 1 é um shekel cartaginês emitido antes da hegemonia romana, durante a


Segunda Guerra Púnica. No seu anverso, há a cabeça laureada de Melqart (que
pode ser comparado com Héracles, da mitologia romana), divindade conhecida pela
virilidade, força e caráter guerreiro, que buscava representar o desejo dos monarcas
do local de subjugar Roma militarmente. A divindade também possuía um papel
conhecido de civilizador e de ordenador do caos social e político. No reverso da
moeda está representada a figura do elefante, animal emblemático da região norte-
africana, juntamente com o leão. O elefante aparece em gravuras rupestres e em
muitos outros elementos das culturas locais, inclusive emissões monetárias,
datadas de tempos antes da presença romana na área. Este animal era relacionado
à caça, ao fornecimento de pele e carne, ao lucrativo comércio de marfim e, até
mesmo, aos exércitos cartaginês e númida, que os domesticavam e utilizavam como
poderosas e resistentes armas em travessias militares e campos de batalha. Assim
começou a forte associação entre os elefantes e o Norte da África.

A Moeda 2 é um denário, emitido aproximadamente em 81 a.C., cujo reverso


apresentava o emblemático elefante e a inscrição “Q C M P”, uma referência ao
comandante romano conhecido como Pius, que liderou tropas contra Júlio César
durante a Guerra Civil Romana (49 – 47 a.C.). Acredita-se que a presença do
elefante faz alusão à atuação do pai de Pius em uma guerra anterior, onde este se
destacou pela reorganização das tropas romanas e pela obtenção de importantes
vitórias. O anverso da moeda contém a imagem da Pietas, de perfil, com um
diadema e uma cegonha a sua direita. A cegonha, na cultura romana, era a ave
consagrada de Juno e, por isso, simbolizava, também, a piedade.

Moedas berberes do século I a.C. já apresentavam a figura de um busto feminino


com adornos que lembram a cabeça e a tromba de um elefante. Este tipo de adorno
foi utilizado em moedas cunhadas em diferentes épocas e lugares para representar
e comemorar vitórias em batalhas no Norte da África.

A Moeda 3, um áureo, é considerada muito rara, pois existem somente quatro


espécimes conhecidas no mundo, sendo uma, parte de uma coleção privada. Foi
cunhada para comemorar o segundo triunfo de Pompeu na Hispânia, como está
representado em seu reverso. Neste lado estão as imagens de uma quadriga
(carruagem que representava o triunfo), conduzida por um ginete (cavaleiro romano
habilidoso), que trazia Pompeu segurando uma folha de palma na mão direita e a
Vitória, voando sobre sua cabeça, com a coroa. É possível observar a visão romana
sobre a África pela representação desta como uma mulher vestindo um adorno
elefantino, ladeada por apetrechos religiosos (que conferem a ela um caráter divino)
e circundada por uma coroa de louros, no anverso deste áureo.

Em certo momento da história, houve uma resistência por parte das forças dos
nobilitas no Norte da África em relação aos populares, que desejavam desestabilizar
a República oligárquica senatorial vigente na época. A Moeda 4, um denário deste
momento, contém no seu anverso a personalização da África assim como na moeda
analisada anteriormente. Esta representação, que ficaria cada vez mais comum,
pretendia fazer referência à fertilidade do solo africano, junto com outros elementos
constantemente cunhados, como a espiga de trigo e o arado. No seu reverso, por
conta da situação neste local e nesta época, está a imagem de Héracles, com uma
clava e uma pedra coberta pela pele de um leão, que pretendia conjurar a virtude
guerreira e a vitória contidas nos exércitos romanos. Assim, também se faz menção
ao Estreito de Gibraltar, também conhecido como Colunas de Hércules, que separa
a África da Hispânia.

A Moeda 5, outro denário, refere-se a Cipião, africano que venceu Aníbal no final da
Segunda Guerra Púnica. Apresenta, em seu anverso, a imagem perfilada e laureada
do deus romano Júpiter, Senhor do Olimpo, e em seu reverso a presença já muito
comum do elefante norte africano.

O busto feminino com adorno elefantino no alto da cabeça continuou sendo a


representação típica da África, como é possível se constatar no anverso da Moeda
6, um áureo. O seu reverso pretendia enfatizar o domínio político e militar de Roma
sobre a região, com a presença das imagens da cadeira curul (símbolo de poder)
ornamentada com pernas que lembram as de uma águia e do elmo coríntio (antigo
tipo de capacete militar) que repousa sobre ela.

Entretanto, a Moeda 7, emitida por Cecílio Metelo, é exemplo da referência à África


feita de outra forma. Seu reverso mostra uma tradicional imagem da Vitória como
uma mulher com asas que segura um pequeno escudo e um caduceu nas mãos. Já
o anverso da moeda, apresenta uma figura frontal feminina vestida com ricos
adornos que está com a mão esquerda sobre o peito enquanto segura com a outra
o “Signo de Tanit” (confundido, por vezes, com o “Ankh” egípcio). Este é um símbolo
religioso de origem púnica que faz alusão à deusa Tanit, protetora de Cartago, que
possuía corpo feminino e cabeça de leoa.
Dea Africa, como também era conhecida, era a divindade protetora da África e sua
relevância era tão grande que estava presente em todas as atividades da vida dos
habitantes locais na época. Até mesmo alguns governadores romanos consultavam
esta deusa. Ela foi altamente associada ao princípio feminino, que presidia a
fecundidade da terra, como pode ser constatado ao se observar alguns de seus
atributos tipicamente retratados, como o Signo (símbolo da vida) e a cornucópia
(símbolo da riqueza e fertilidade). Recebeu um templo, que dividia com as
divindades Esculápio e Serápis, construído próximo a um rio e a áreas rurais,
diferentemente dos deuses romanos, cujos templos ficavam no meio das cidades. O
local era centrado em uma piscina de águas salutares, que representava a
propriedade curativa da água, tendo sido construído por Cômodo e ampliado
durante a dinastia dos Severos.

Com o tempo, a imagem iconográfica da Dea Africa como uma mulher com cabeça
de leoa mudou, havendo, por influência romana, a sua gradual humanização. O leão
passou a ser outro de seus atributos, junto com a cornucópia e o Signo, e não mais
parte de sua representação física.

Essa ideia de uma Dea Africa humanizada é apresentada na Moeda 8, um áureo


cunhado para comemorar a visita do imperador Adriano à região. Seu reverso
mostra a deusa reclinada com seu típico adorno elefantino, segurando uma cesta de
frutas, ladeada por espigas de milho e acariciando a cabeça de um leão com a mão.
No anverso está o busto perfilado do imperador acompanhado por sua então
titulação cunhada nas bordas da moeda.

A Moeda 9, outro áureo, desta vez emitido durante o governo de Séptimo Severo,
apresenta em seu reverso a imagem de Dea Africa montada em seu icônico leão
enquanto este salta sobre um rio. Na mão esquerda, ela segura um longo cetro e,
na direita, um par de raios. O anverso contém a imagem do imperador, perfilada e
laureada, acompanhada por sua titulação.

Séptimo Severo também cunhou, na mesma época que a da moeda comentada no


parágrafo acima, um denário, a Moeda 10. Seu reverso mostra Dea Africa, desta
vez, em pé, segurando com a mão esquerda a dobra do manto enquanto seu braço
direito está coberto com uma pele de leopardo. Tipicamente, aos seus pés, está
representado o leão. O anverso contém, outra vez, a imagem do imperador,
perfilada, laureada e ladeada pela sua titulação.

A dinastia dos Severos era de origem africana e síria e durante sua ascensão ao
poder imperial houve uma época de grande desenvolvimento para as províncias
norte-africanas. A arqueologia subaquática descobriu que pelo porto de Óstia
entravam produtos de diferentes regiões do império com destino à Roma e que a
importação de produtos norte-africanos era extremamente expressiva.

A Moeda 11, um denário datado do governo de Adriano, apresenta, no seu reverso,


Dea Africa recostada sobre um monte de pedras, acompanhada pela cornucópia,
frutos e um enigmático escorpião. O escorpião é usual e negativamente considerado
um animal peçonhento, contudo, também era associado à veracidade, à
ressurreição e à abundância de sorte. Este animal pode ser considerado como uma
referência temporal à viagem do imperador à região, tornando a moeda, mais uma
vez, um marco comemorativo, uma forma muito comum de, também, se utilizar o
dinheiro na cultura romana. O anverso mostra o perfil laureado do imperador.

A Moeda 12, também um denário, novamente cunhado durante o governo de


Séptimo Severo, é extremamente parecida com a anterior em seu reverso. Outra
vez, está presente deste lado, Dea Africa com sua cornucópia, frutos e o escorpião.
No anverso aparece a figura perfilada e laureada de Severo, acompanhada por sua
titulação.

Outro aspecto que os romanos pretendiam reafirmar, usando a circulação de


moedas para tal, era o da submissão da região africana à Roma. No reverso da
Moeda 13, um sestércio cunhado durante o governo de Adriano, a personificação
da África está representada de joelhos, com uma das mãos estendida ao imperador
e a outra segurando uma cornucópia. O anverso desta moeda mostra a tradicional
figura laureada e perfilada do imperador, acompanhada por seus títulos e pela
inscrição “RESTITUTORI AFRICAE” que tinha o papel de enfatizar a situação de
dominação já apresentada na outra face desta mesma moeda.

As Moedas 14, 15 e 16 são exemplos de como a África, representada de forma


clássica como uma figura feminina que fazia alusão à fertilidade da terra e usava
algum tipo de adorno de caráter elefantino, manteve-se presente nas emissões
monetárias do fim do século III e do início do século IV.

O Mosaico encontrado na Sicília, que data de fins do século IV, mostra a


personificação da África sem seu tradicional adorno elefantino, ainda em um
processo de humanização, que começou com a desvinculação do leão como parte
de si, passando a ser apenas mais um de seus atributos. Ela aparece com o
elefante e outros animais da fauna africana, a tigresa e o íbis, além de estar
segurando uma presa de marfim com uma das mãos, que não deixa de lembrar uma
cornucópia, e na outra um ramo de folhas de oliveira, símbolo da paz.

Portanto, a imagem social da África em fins do século IV era a de uma mulher


jovem, bela, de pele escura, longos cabelos e ricamente adornada. Este continente
era, para Roma, uma terra bela, exótica, fértil, rica e devidamente “domesticada”.
Era mais uma região sob domínio romano, representada, assim como as outras,
como uma mulher para reforçar a ideia de que nela se geravam produtos naturais,
assim como no ventre da mãe se geram os filhos. Além disso, existia também o
desejo de relembrar que as colônias estavam em uma posição de vulnerabilidade e
inferioridade em relação à Roma, como acreditava-se, nesta época, que a mulher
estava em relação ao homem.

As emissões monetárias foram um meio privilegiado para os romanos efetivarem o


processo de ancoragem dos elementos exóticos africanos, colocando-os em um
contexto familiar. Criar uma imagem literal da África a torna concreta, transformando
as diferenças entre os dois locais em algo que pode ser visualizado. O fato de a
região norte-africana ser estratégica em termos geopolíticos e econômicos faz com
que esta tenha relevância suficiente para poder ser representada dentro do
imaginário romano. A transformação da África de uma região desconhecida e
ameaçadora em algo que poderia ser visualizado e concreto é facilmente
compreendida a partir das emissões monetárias, que foram um poderoso e eficaz
instrumento para tornar o não-familiar em familiar. Assim, Roma poderia passar do
discurso abstrato construído com as moedas para práticas políticas de domínio
concretas, que traduziam suas posições e interesses sobre as regiões sob seu
controle no norte da África.
O texto de Bustamante é construído, quase que inteiramente, sobre as imagens de
moedas romanas circuladas na África durante o final do século III e o início do
século IV. Estas imagens são apresentadas pela autora por meio de fotografias que
foram inseridas de forma intercalada com o texto, o que facilita muito a
compreensão e a visualização das análises feitas. A linguagem utilizada é simples e
dinâmica, contudo em alguns momentos se apresenta repetitiva, devido à
semelhança dos anversos de grande parte das moedas, que, usualmente, mostram
o perfil laureado do imperador romano acompanhado por sua titulação, por exemplo.
O grande número de moedas expostas no texto contém um caráter muito positivo,
pois exemplifica e confirma, de forma clara e eficaz, as ideias expostas.
Comentários atribuídos a outros pesquisadores da área são citados ao longo do
discurso, o que confere ainda mais credibilidade às afirmações e especulações
partilhadas pela autora. O contexto histórico da região norte africana e do centro do
Império Romano são apresentadas brevemente, o que ajuda a compreender
algumas partes importantes das análises. Entretanto, para uma compreensão mais
detalhada e completa das situações apresentadas, o leitor se vê obrigado a recorrer
à outras fontes de consulta, mesmo que rápidas e superficiais, pois alguns episódios
emblemáticos da história, que podem não ser conhecidos por todos, são citados
mais de uma vez, como, por exemplo, as Guerras Púnicas ou a Guerra Civil
Romana. A Teoria das Representações, mencionada na introdução e apresentada
como o método de análise escolhido pela autora, é retomada de forma explícita na
conclusão, após ter sido relembrada de forma implícita durante praticamente todo o
texto. A conclusão é um bom resumo da obra, mas só se pode entende-la de forma
total após ler-se o texto integralmente, já que seu objetivo é dar exemplos para fazer
o leitor concluir como a Teoria das Representações pode explicar a relação entre
Roma e a África em seu princípio.

FONTES:

BUSTAMANTE, Regina Maria da Cunha. “A construção das representações


sociais da África pelos romanos através das moedas”. I Simpósio do Laboratório
de Arqueologia Romana Provincial (LARP) / MAE / USP, 2013.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. “Dicionário Aurélio da língua
portuguesa”. Brasil: Editora Positivo, 2010.

MAGNOLI, Demétrio. “História das guerras”. São Paulo: Contexto, 2006.

SANTOS, Camila Felix dos. “A queda do Império Romano”. Guarulhos, 2014.


Dissertação de Graduação – Programa de Licenciatura em História, SEPC,
Guarulhos, 2014.

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