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24/02/2023

Estudo da Doença Cárie Dentária

ETIOLOGIA
Profª Dr ª: Luciane Campos Gislon

MULTIFATORIAL
Disciplina: Estomatologia

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Cárie Dentária Cárie dentária:


etiologia
 Atualmente a cárie é considerada um multifatorial
desequilíbrio no processo de
desmineralização e remineralização dos
tecidos duros do dente.
 A velocidade na progressão das perdas de
mineral decorrentes desse desequilíbrio é
que determinará ou não o surgimento das
lesões cariosas.

GONÇALVES; PEREIRA, 2003

Fejerskov &Manji,1990

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Bactérias na Saliva
Bactérias sobre os dentes Fatores que interferem na Etiologia
Ausência e/ou deficiência da Cárie Dental
de forças mecânicas + sacarose
Acúmulo de bactérias
 Bactérias
pH ácido  Adesão bacteriana

 Especificidade Bacteriana
Placa dental cariogênica
 Dieta

 Saliva
Desmineralização do esmalte-dentina

lesões de cárie

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Especificidade bacteriana
Lactobacillus
Streptococcus mutans
 Não tem capacidade de adesão ao esmalte dental 
Necessita sítios retentivos para iniciar a
 Tem a capacidade de aderir-se ao esmalte e desmineralização;
colonizar o biofilme dental;  Considerado um invasor secundário;
 Está relacionado com o início da lesão de cárie;  Está relacionado com o desenvolvimento da lesão de
 Está relacionado com dieta rica em sacarose; cárie (cavitação);
 Uso de antimicrobianos proporciona sua redução  Está relacionado com dieta rica em carboidratos;
(Fluoretos e Clorexidine).  Qualquer alteração de dieta leva a sua redução.

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Actinomyces
Dieta

 Relacionado à cárie em superfície  Frequência de ingestão;


radicular;  Consistência do alimento;
 Observa-se grande número no biofilme em  Tipo de alimentos.
humanos, em cáries radiculares e em
cáries profundas de superfície lisa.

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Avaliação da Cariogenicidade da Dieta Aconselhamento Dietético

 Histórico da dieta do paciente;


 Diário Recordatório das últimas 24 horas:
 Sugerir modificações, reduzindo a necessidade
Hora estimada Quantidade ingerida Alimento ingerido de comer entre as refeições;

 Recomendações razoáveis e realistas;

 Eliminar os alimentos à base de sacarose entre


refeições  uso racional do açúcar.

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Fluxo Salivar

SALIVA
Quantidade de saliva ( em ml)
produzida pelas glândulas
Função PROTETORA secretoras de saliva por min.
Dissolução e tamponamento dos ácidos
bacterianos da placa
Remineralização.

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Capacidade Tampão

“Fluxo salivar baixo e capacidade tampão


 Capacidade da saliva de neutralizar baixa, levarão a uma reduzida eliminação de
ácidos a que se submete, voltando microrganismos e restos alimentares,
ao seu pH normal. prejudica a neutralização de ácidos e diminui a
tendência à remineralização de lesões
incipientes de esmalte.”
 Seu sistema tampão atua na
manutenção do pH. KRASSE (1988)

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Diagnóstico da Cárie Dentária


Risco de
O diagnóstico da cárie deve ser feito
cárie
através da anamnese, exame físico e
radiográfico e complementado com exames
adicionais para avaliar dieta, saliva e a
microflora cariogênica do indivíduo. Probabilidade do
Maltz e Carvalho (1999)
aparecimento da doença

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Cárie Dental - Fatores de Risco Cárie Dental - Fatores de Risco de


Ordem Geral ou Fatores Modificadores
 Dieta
 Placa Bacteriana e  Este grupo inclui diversos
Higiene Oral fatores que não estão
 Microbiota diretamente envolvidos na
 Saliva: Fluxo salivar, formação da lesão, mas
capacidade tampão que podem fazer parte da
Fatores de Risco Microorganismos e placa Quantidade de Placa cadeia causal.
bacteriana. Tipo de Bactéria  Fatores socioeconômicos
Dieta Quantidade de carboidratos  Fatores relacionados à
Freqüência de ingestão de açúcar saúde geral
Saliva Fluxo Salivar  Fatores epidemiológicos
Capacidade tampão  Fatores clínicos
Alto risco: 2 ou mais fatores alterados;
Baixo risco: nenhum ou 1 fator alterado

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Fatores de ordem geral - moduladores ou Fatores de Risco X Fatores


comprometedores Modificadores
 Idade – janelas de infectividade;
 Alteração sistêmica – gravidez;  Fatores de Risco  Ligados
 Doenças sistêmicas – diabetes, cardiopatias, HIV+ diretamente à etiologia da doença 
problemas renais, cirurgias, doenças respiratórias...;
são os mesmos nas várias
Fatores retentivos de placa bacteriana - ; sítios
populações.

retentivos naturais ou não – falhas em restaurações
(fraturas, má-adaptação, sobre ou sub contorno), uso de  Fatores de Risco de Ordem Geral ou
aparelhos ortodônticos, próteses removíveis, amarrias
pós cirurgias bucais, etc.; Modificadores  Não diretamente
 Uso de medicamentos – anticonvulsivantes, calmantes, envolvidos na etiologia da doença,
bronco dilatadores, xaropes...; mas podem fazer parte da cadeia
 Comportamentais – fumante, usuário de drogas, causal.
alcoolista, bebidas energéticas, bulimia...

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Atividade
Atividade da lesão de cárie
Para um apurado diagnóstico da cárie
dentária, não basta detectar a presença de
lesões e predizer sua profundidade. Grau de progressão
(velocidade) da doença
É muito importante e necessário que a
atividade da lesão seja avaliada.

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Porque avaliar a
Avaliação da atividade depende:
atividade da doença?
 Experiência passada imediata da doença;
 Progressão da lesão;
Estabelecer
Avaliação do risco de  Aspecto clínico da lesão.
modalidade de
desenvolvimento de
tratamento
novas lesões e a
apropriada Avaliação dos
progressão das lesões
fatores Exame clínico
existentes
Estabelecimento de associados com a das lesões
medidas preventivas patogênese da
doença
(Nyvad & Fejerskov, 1997) (Angmar-Mansson et al.,1998)

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E o que Exame das lesões de Cárie


observar nas
Boa iluminação
lesões de
Limpar, isolar cada quadrante com roletes de
cárie??? algodão, secagem prolongada.
Observar as características da lesão:

 Tipo de lesão
 Atividade da lesão
 Localização da lesão

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Atividade da Lesão
 Ativas
 Esmalte: Manchas brancas
rugosas e opacas. Opacidade na
 Sonda OMS (PSR ou CPI); entrada das fissuras. Fundo da
fissura acastanhado claro.

 Uso cuidadoso da sonda;

 Limpar o fundo da fissura;

 Avaliar a textura da lesão.

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Lesão de Cárie Inicial X Fluorose Atividade da Lesão


Lesão de Cárie Inicial  Inativas
 Localiza-se em zonas onde há acúmulo de  Dentina: Cavidade com tecido
placa (ex: região cervical dos dentes). endurecido, coloração marrom
escura ou negra, aspecto seco,
 Opaca e rugosa
ausência de opacidade no
esmalte adjacente.
Fluorose
 Observada em toda a superfície dentária e
como é o resultado de um distúrbio na época
de formação do dente é distribuída
simetricamente na dentição.
 Lisa e brilhante.

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Atividade da Lesão Atividade da Lesão


 Ativas
 Dentina: Presença de tecido
 Inativas
amolecido de coloração  Esmalte: Manchas brancas
amarelada, marrom ou lisas, brilhantes ou
castanho clara. Aspecto úmido. pigmentadas e polidas.
Opacidade do esmalte Ausência de opacidade na
adjacente. fissura. Fundo da fissura
escurecido.

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Tipo de Lesão Superfície Oclusal


 Lesão radicular ativa:  A sondagem não aumenta a
área amarelada, fidelidade do diagnóstico e
levemente amolecida causa iatrogenia
e bem delimitada;
 Observar a opacidade das
 Lesão radicular lesões
inativa:área
escurecida,dura;  Lesões “escondidas”- esmalte
intacto com dentina destruída
(aspecto acinzentado)

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Superfície Interproximal
 Acesso dificultado
Características
 visualização precária
Radiográficas da
afastador
Cárie Dental

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Detecção Radiográfica Cárie Interproximal


Tipicamente no ponto de contato ou imediatamente abaixo

 Presença e extensão da lesão de cárie oclusal;

 Detecção de lesões em áreas inacessíveis ao


exame físico (cárie interproximal);
Esmalte: Formato triangular Dentina Outro triângulo
ápice voltado para a JAD base voltada para a JAD
 Determina a profundidade das lesões;

 Controla o desenvolvimento das lesões;

 Avaliar a qualidade das restaurações presentes.

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Exame das lesões


 Antes da imagem radiolúcida ser visualizada 0,5
Detecção Radiográfica
mm do esmalte já está DES.

 área radiolúcida apenas em esmalte não


 Imagem Radiográfica não determina atividade da
corresponde necessariamente a presença de
lesão
cavidade não cavitada
 Radiografias subestimam a extensão do processo
 área radiolúcida até junção amelo-dentinária da desmineralização.
analisar caso a caso

 área radiolúcida na metade interna da dentina


cavitação

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Fluorterapia
Tratamento das superfícies dos tecidos
Terapêutica da cárie dentários duros, retardando,
interrompendo ou até revertendo o
Dentária processo da lesão de cárie.
 Dentifrícios;
Aconselhamento dietético;  Soluções:
 0,05%  uso diário
Controle de placa bacteriana: Remoção mecânica  0,2%  uso semanal
profissional da placa/Higiene do paciente;
 Géis: Neutro ou acidulado;
Aplicação tópica de flúor;  Vernizes.
Adequação bucal.

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Atividade
A posologia do flúor depende de:
 Positivo: Presença • Negativa: ausência
 Atividade da cárie (presença ou da doença da doença
ausência da doença);

 Risco a doença (risco identificado ou


não identificado);

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Posologia – Acima de 12anos Prescrição de Bochecho Fluoretado:


(de acordo com atividade e/ou risco)
Dentifrício fluoretado sempre
Nome: Fulano de Tal
Atividade positiva Bochecho NaF 0,05% diário Endereço: XXXXX
de cárie Paciente Doente ATF (Gel de FFA 1,23% ou Gel de NaF 2%)
1x por semana durante 6 semanas*. USO TÓPICO - BOCHECHO:

Solução de Fluoreto de Sódio (Concentração) ________________ 300 ml


Dentifrício sempre
Alto Risco Bochecho 0,05% diário Fazer bochechos com 10 ml da solução (01 colher de sopa), durante 01
ATF (Gel de FFA 1,23% ou Gel de NaF 2%) minuto, após a escovação noturna
Atividade negativa de 1x 3/3 meses
cárie Dentifrício sempre Uso diário ou semanal de acordo com atividade e/ou risco à cárie dental.
Baixo Risco Caso seja identificada a presença de fator
modulador : Recomendações:
Bochecho 0,2% semanal •Não ingerir a solução.
•Não enxaguar a boca nem ingerir sólidos ou líquidos por 30 minutos
ATF (Gel de FFA 1,23% ou Gel de NaF 2%)
1x 6/6 meses após o bochecho.

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Gel Fluoretado  Flúor Fosfato Acidulado 1,23% Gel Fluoretado  Flúor Fosfato Acidulado 1,23%
ou Gel Neutro 2% ou Gel Neutro 2%
Técnica de Aplicação (uso de moldeira)
Técnica de Aplicação (uso de moldeira)
• Profilaxia caso necessário.
• Selecionar a moldeira de acordo com o tamanho da boca do paciente • Retirar a moldeira e o excesso de flúor com gaze quando
para uma melhor adaptação. necessário
• Posicionar o paciente sentado em posição vertical com a cabeça • Cuspir exaustivamente após a aplicação.
ligeiramente inclinada para frente. • Passar fio dental embebido no flúor nas superfícies proximais
• Preencher a moldeira com o flúor evitando colocar quantidade • Aplicar o flúor na arcada oposta seguindo a mesma técnica.
excessiva de gel.
• Passar fio dental embebido no flúor nas superfícies proximais
• Adaptar a moldeira na arcada. Fazer a aplicação em cada arcada
separadamente.
• Recomendar ao paciente que não enxágüe a boca, evite
• Usar sugador durante todo o tempo de aplicação e alertar o paciente alimentar-se ou ingerir líquidos por 30 minutos após a
para não ingerir o gel. aplicação.
• Aguardar 1 minuto para o Gel FFA 1,23% e 4 minutos para o NaF
2% Neutro

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Etapas do Protocolo Terapêutico


 Anamnese
Urgências  Atendimento da “DOR”.
Protocolo Terapêutico

 Exame físico
Exame radiográfico: Rotina  no mínimo uma
Adequação Bucal

interproximal de cada lado
 Teste salivar
 Diário alimentar e aconselhamento dietético
Adequação bucal  Conjunto de medidas com o objetivo de
recuperar o equilíbrio biológico perdido. A adequação bucal é  Remineralização de lesões incipientes (flúorterapia) 
constituída de duas etapas: quando necessária deverá ser feita ao longo de todo o
 Etapa de monitoramento do autocuidado, na identificação,
tratamento intercalando com as consultas de
remoção e controle dos fatores da doença e motivação do procedimentos curativos.
paciente;
 Etapa operatória da técnica.

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Anamnese Exame Físico


 Palato  Fatores retentivos de
 Idade  Mucosa das bochechas placa bacteriana
 Atividade profissional  Assoalho da boca  Mancha branca
 Nível sócio econômico  Língua  Cavidades cariosas
 Enfermidades sistêmicas Restaurações presentes
 Gengiva 
 Medicações utilizadas Restos radiculares
 Periodonto 
 Uso de fluoretos, etc.  Índice de placa visível  Comprometimento pulpar
 Índice de sangramento  Selante presente
“O paciente deve se sentir seguro e confiar no gengival  Presença de prótese e/ou
profissional”
ortodontia.

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Diário Alimentar Etapas de Protocolo Terapêutico de


Adequação Bucal
 Avaliação da dieta do paciente:  Periodontia (raspagem supra gengival);

Diário recordatório das últimas 24 hs  Exodontias necessárias ;

 Curativos Endodônticos;
Hora estimada Quantidade ingerida Alimento ingerido
 Escariações e restaurações provisórias (CIV)
 ART

 Selantes.

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Etapas de Protocolo Terapêutico de Tratamento Restaurador


Adequação Bucal
Definitivo
Ao longo de todo o tratamento de adequação  Periodontia (raspagem sub gengival);
bucal deverão ser planejadas e executadas
sessões de controle de placa bacteriana   Endodontias necessárias ;
Orientação de higiene oral, escovação
supervisionada e profilaxia.  Restaurações definitivas;
Estes procedimentos deverão ser
intercalados em consultas entre os  Prótese, oclusão, ortodontia, cirurgias
procedimentos curativos. eletivas ...

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Tratamento Restaurador Proservação


Definitivo
• O retorno para proservação deve ser
Ao longo do tratamento instituído como rotina, ter frequência
definida pela avaliação de fatores de
definitivo continuar atuando no risco individuais e ser agendado de
reforço ao controle de placa acordo com cada situação.
bacteriana e de dieta. • Nas consultas de proservação, as ações
educativo-preventivas devem estimular a
autonomia no cuidado à saúde.

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Referências bibliográficas

BUSATO, Adair Luiz Stefanello; MALTZ, Marisa. Cariologia: aspectos de dentística


restauradora . São Paulo, SP: Artes Médicas, 2014. 125 p. (Abeno: odontologia
essencial : clínica). ISBN 9788536702339.

PEREIRA, Antônio Carlos. Odontologia em saúde coletiva: planejando ações e


promovendo saúde. São Paulo, SP: Artmed, 2003. 440 p. (Biblioteca Artmed
odontológica) ISBN 853630166X.

MALTZ, Marisa. Cariologia. Porto Alegre, RS: Artes médicas, 2016. Recurso
online. ISBN 9788536702636 (e-book).

MATTZ, Marisa; GROISMAN, S. CURY, J. A. Cariologia: conceitos básicos,


diagnóstico e tratamento não restaurador. São Paulo, SP: Artes médicas, 2016,
144 p. (ABENO: Odontologia Essencial: clínica). ISBN 9788536702629.

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