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DTB 0436 – Seguridade Social – Relatório 01

Caio Xavier 10776252


Como noticia o texto indicado para debate, o regime jurídico do Direito
Previdenciário brasileiro pode dividir-se amplamente em três etapas: (i) instituição
obrigatória de Caixas de Aposentadoria e Pensões no âmbito de cada empresa,
administrada por um conselho formado por empregados e empregadores; (ii) unificação
dos subsistemas previdenciários em um órgão público, que adota critérios jurídicos
uniformes (chamados pejorativamente pela autora de ‘discurso tecnicista’) para
concessão dos benefícios conforme a categoria profissional; e (iii) incorporação de
todas as categorias de trabalhadores no sistema previdenciário.

Em relação à categorização dos direitos previdenciários nesses diferentes


momentos históricos, faz-se necessário especificar o critério de classificação pertinente.
Pretende-se analisar a dicotomia Direito Público-Direito Privado e a classificação
conforme a estrutura normativa da posição jurídica, notadamente as categorias de
direitos de defesa e de direito a algo.

Quanto à primeira divisão, o regime previdenciário parece ter se transformado,


de norma jusprivatística para juspublicista. Isso porque o instituto das CAPs consistia
em uma imposição cogente acessória a uma relação jurídica de Direito Privado, a
relação de emprego, que se perfaz com a pactuação de um contrato de trabalho. O fato
de haver derrogação da liberdade contratual para a imposição da obrigação
previdenciária não contraria os princípios desse ramo do Direito, mormente quando se
reconhece uma desigualdade juridicamente relevante entre as partes da relação jurídica,
o trabalhador e seu empregador. Na sequência, entretanto, os direitos previdenciários
passaram a ser exercidos em face do Estado, sujeitando-se a um regime de Direito
Público, em que prevalece a legalidade. Essa passagem é retratada pela autora como
uma transição da esfera profissional para a política, como forma de melhor satisfazer o
objetivo de manutenção das relações de produção capitalistas.

Em segundo lugar, não houve alteração da natureza jurídica dos direitos


subjetivos destinados a satisfazer as finalidades assistenciais da previdência. Essa
estrutura normativa implica o direito a uma prestação pecuniária após, grosso modo,
uma contraprestação periódica prestada antecipadamente. Trata-se de uma lógica de
equivalência, em que se acentua o caráter geracional do equilíbrio entre fluxos de caixa.
Já é assente que os chamados direitos sociais não podem ser confundidos com aqueles
direitos que demandam atuação do ente político, uma vez que diversos direitos de
defesa também impõem condutas para o Estado, notadamente a construção de um
aparelho policial e judicial para repressão de agressões a esses direitos.

A exigência de uma equivalência, de fato, põe em dúvida a colocação dos


direitos previdenciários como puramente assistenciais ou calcados na solidariedade
social, na medida em que se busca estabelecer um sinalagma semelhante àquele das
prestações privadas. Trata-se de tema que demanda maior compreensão das regras de
concessão de benefícios do Direito brasileiro para averiguar eventuais exceções a essa
equivalência e sua relevância diante do sistema como um todo.

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