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ESTENOSE AÓRTICA
A área de fluxo sanguíneo da valva aórtica para que se tenha uma resistência desprezível ao fluxo
entre o ventrículo esquerdo e a aorta é de 2,5-3,5 cm2. Assim, a estenose aórtica é a condição na qual tem0se
restrição da abertura dos folhetos valvares com redução da área valvar aórtica, levando a um gradiente de
pressão sist[olico entre VE e a Aorta. Mediante a isso, pode-se classificar a estenose aórtica de acordo com a
área de fluxo e pelo gradiente de pressão médio VE-Ao:
• Estenose aortica leve: 1,5 a 2 cm2, gradiente médio < 25 mmHg ou velocidade < 3 m por
segundo
• Estenose aortica moderada: 1 a 1,5 cm 2, gradiente médio de 20 a 39 mmHg ou velocidade de
3 a 3,9 m por segundo
• Estenose aortica grave: < 1 cm2, gradiente médio ≥ 40 mmHg ou velocidade ≥ 4 m por
segundo
Etiologia
• Idosos
o Calcificação senil
o Processo inflamatório ativo: semelhante à DAC
• Jovens:
o Valva bicúspide congênita
o Doença reumática
Fisiopatologia
A presença de estenose aórtica inicialmente não reduz o débito cardíaco graças a mecanismos
adaptativos, assim, a doença torna-se compensada e sem demais comprometimentos. Todavia, mediante a
descompensação, seja devido a algum acometimento agudo a progressão natural da doença, tem-se redução
do débito cardíaco e dilatação de câmaras.
Obstrução do fluxo VE → Ao durante a diástole
↓
Aumento da pós-carga
Hipertrofia ventricular miocárdica (aumento da contratilidade)
↓
Aumento do gradiente de pressão VE-Ao
↓
Curso natural da doença com degeneração de apoptose de miócitos
↓
Fibrose miocárdica
↓ ↓ ↓
Redução de reserva Desorganização das fibras Redução da
coronariana miocárdicas complacência ventricular
↓ ↓ ↓
Isquemia coronariana Arritmias ventriculares Dilatação ventricular +
malignas aumento de pressão a jusante
↓
Insuficiência cardíaca
congestiva
Manifestações Clínicas: a tríade clássica dos sintomas dá-se por angina, síncope e dispneia.
• Sincope geralmente relacionada ao esforço; DC limitado pela obstrução do fluxo com
perfusão cerebral inadequada mediante ao redirecionamento do fluxo para o músculo
• Dispneia: marca a ICC, indicando congestão pulmonar pelo exercício
• Angina pectoris: relacionada a exercício físico, e não respondedora a terapia antianginosa
clássica.
o Discorre pela compressão extrínseca da microvasculatura pelo músculo hipertrofiado,
prolongamento da fase sistólica e aumento do gasto
• IC com pós-carga excessiva, débito anterógrado reduzido, rigidez diastólica
Diagnóstico
• Exame Físico
o Sopro de ejeção sistólico, rude, de intensidade crescente e decrescente; com irradiação
para fúrcula esternal e região de carótidas
▪ Fenômeno de Gallavardin: sopro sistólico de alta frequência audível em região
de ápice cardíaco, produzido pela irradiação do sopro de estenose aórtica
muito calcificada e simulando sopro de insuficiência mitral
o Sopro de Austin Flint: jato regurgitante causando vibração da valva mitral gerando
ruflar
▪ Ruflar diastólico da valva mitral no apíce do VE (insuficiência aórtica grave)
• Exames Complementares
o Ecocardiograma: avaliação da anatomia da aorta e da gravidade da insuficiência
▪ Achado comum: vibração de alta frequência da cúspide mitral anterior
produzida na diástole devido a jato regurgitante
o Eletrocardiograma: hipertrofia de VE com sinais de sobrecarga de Cabrera (aumento
da amplitude de R em V5, V6 e do S em V1 e V2; onda T positiva e apiculada ou
negativo e assimétrico)
o Cateterismo de aorta
Tratamento:
• Paciente sintomático: vasodilatadores (redução da pós-carga) – diminui o jato regurgitante –
com nifedipina, IECA e/ou hidralazina
o Β-bloqueadores podem reduzir ainda mais o DC e causar repercussão
importante
• Pacientes sintomáticos, queda da FE (< 50%), dilatação importante de VE ou na realização de
outra cirurgia: intervenção cirúrgica
o Balão é contraindicado
o Cirurgia de troca valvar
ESTENOSE MITRAL
A área de fluxo de sangue através valva mitral normal é de 4-6 cm2, dessa forma, propiciando uma
pressão igual entre o átrio esquerdo e o ventrículo esquerdo ao final da diástole. Assim, a estenose mitral é a
restrição a abertura dos folhetos valvares, de forma que a área de fluxo de sangue passa a ser < 2,5 cm 2.
Mediante a isso, o grau de estenose mitral é definido pela área valvar mitral (AVM):
• Estenose mitral leve: AVM 2,5-1,5 cm2 ou gradiente pressórico médio < 5 mmHg ou pressão
sistólica da artéria pulmonar < 30 mmHg
• Estenose mitral moderada: AVM 1,5-2,0 cm2 ou gradiente pressórico médio 5-10 mmHg ou
pressão sistólica da artéria pulmonar 30 - 50 mmHg
• Estenose mitral grave: AVM < 1,5 cm2 ou gradiente pressórico médio > 10 mmHg ou pressão
sistólica da artéria pulmonar > 50 mmHg
Etiologia:
• Doença reumática (95%)
Fisiopatologia:
Obstrução do fluxo AE → VE durante a diástole
↓
Aumento do gradiente de pressão entre AE e VE para manter o fluxo as custas de aumento de pressão no AE
↓
Transmissão do aumento de pressão ao leito venulocapilar pulmonar
↓
Pressões superiores a 18 mmHg passam a promover engurgitamento e estrravasamenot de líquido ao leito
capilar
Sintomas relacionados a congestão e adaptação pulmonar para aguentar até 25 mmHg sem maiores
repercussões
↓
Transmissão ao leito arterial pulmonar com consequente aumento da pressão arterial pulmonar
↓
Pressão da artéria pulmonar 50-60 → insuficiência cardíaca direita
A problemática maior ocorre quando o paciente se encontra em esforço cardíaco, taquicardia e
estados de alto débito, visto que há um aumento súbito do retorno venoso e consequente aumento de sangue
no átrio esquerdo; de mesma maneira que em taquicardia tem-se o tempo de diástole reduzindo, gerando
incapacidade de passagem de todo o volume de sangue pela valva estenosada. Tal problemática pode gerar
edemas pulmonares agudos.
• A estenose pulmonar é a valvulopatia menos toleradas na gestação devido ao estado de alto
débito
• Problemática em fibrilação atrial com alta resposta ventricular → aumento exorbitante de FC
com grande chance de edema pulmonar
Manifestações Clínicas: as principais manifestações clínicas dão-se devido a congestão pulmonar e
inicialmente ocorrem mediante aos esforços, com evolução para ocorrência em repouso
• Dispneia aos esforços → sinal cardinal de sindrome congestiva pulmonar
• Síndrome de baixo débito: fadiga, cansaço, lipotimia aos esforços
• Tosse com hemoptise e emagrecimento
o Hemoptise: ruptura dos capilares congestos
• Rouquidão e disfagia: distensão do AE com compressão no nervo laríngeo recorrente
Complicações:
• Fibrilação atrial: o aumento do AE, e até mesmo a lesão miocárdica pela febre reumática,
pode levar ao desenvolvimento de fibrilação atrial.
o Problemática em crises devido a ocorrência elevada de edema agudo de pulmão
• Fenômenos tromboembólicos: estase sanguínea
• Endocardite infecciosa: pequenos trombos em valvas mitrais que podem ser “abrigo” a
bactérias em caso de bacteremia
Diagnóstico
• Exame Físico:
o Ictus discreto (não tem, usualmente hipertrofia de VE)
o Choque valvar em B1/B1 hiperfonética: fechamento da valva que se encontra
totalmente aberta durante a diástole
o Choque valvar em P2: em casos de hipertensão pulmonar
o Estalido de abertura entre B1 e B2
o Rufar protodiastólico (aumenta com esforço e mais audível com campânula) →
passagem de sangue pela região de estenose
▪ Não é patognomonio da doença, podendo ocorre em insuficiência mitral grave,
febre reumática aguda (sopro de de Carey Coombs) e na insuficiência aórtica
grave (sopro de Austin Flint) → diferenciar pela hiperfonese de B1 e estalido
de abertura
• Exames Complementares
o ECG: aumento atrial esquerdo + sobrecarga e volume de Cabrera (aumento de
amplitude de ondas R com onda T positiva e apiculada)
▪ Pode ocorrer fibrilação atrial
o Rx de tórax: cardiomegalia com morfologia de aumento de VE (ponta do coração para
baixo)
o Ecocardiograma: aumento de AE e VE, anomalias da valva, doppler com avaliação do
grau de insuficiência
▪ Permite avaliação da causa: disfunção de músculo papilar, ruptura de cordoália
ou vegetações da endocardite
o Cateterismo cardíaco
Tratamento:
• IM Crônica com IC: pacientes com sintomas de IC devem fazer uso de IECA, beta-block,
diuréticos e digitais. Tais drogas melhoram a sobrevida na IC e reduzem o fluxo regurigtante
• IM Aguda Grave: inotrópicos de ação rápida (dobutamina) e vasodilatores de fácil titulação
• IM Crônico Assintomático (compensada): sem benefício de tratamento
• IM Crônico Sintomático (descompensado)
o Valvuloplastia mitral: opção em grande parte dos pacientes, possuindo menor
mortalidade
o Troca valvar: realizado na ausência de possibilidade de plastia (valva calcificada,
acometimento reumático grave do aparelho subvalvar ou degeneração grave dos
folhetos)
o Cirurgia da valva: sobrevida prox. Normal: FEVE >0,60 ou VE capaz de contração
(dimensão sistólica final de 40 mm)
▪ Reparo: somente se ruptura de cordoalha posterior
▪ Troca valvar com preservação de aparato: manter os folhetos e mm. Papilares
▪ Troca valvar mitral padrão: todo o aparato é removido e inserido uma prótese
(metálica ou biológica)
PROLAPSO DA VALVA MITRAL
Ambos ou um dos folhetos se projeta para AE durante a sístole. É fisiológico ou não, mas geralmente
associada a síndromes de tecido conector (síndrome de Marfan ou Ehlers-Danlos).
Diagnóstico
• Sintomas: palpitação, síncope, dor torácica (isquemia papilar)
• Exame físico: clique meso ou telessistólico e sopro telediastólico (valsalva) com irradiação a
depender do folheto acometido
• Ecocardiograma (identificação da posição anormal ou prolapso da valva mitral) e
eletrocardiograma (pode apresentar onda T invertida ou bifásica em derivações II, III e VF)
Tratamento
• Maioria é desnecessária
• Palpitações e dor torácica: betabloqueador
o Caso FA deve ser avaliada a anticoagulação pelo score CHA2DS2-VASc
• AAS em doses baixas se folheto redundante
• Se grave = terapia de insuficiência mitral