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WBA1016_v1.

Nutrição em nefrologia
Orientação nutricional ao
paciente em Diálise Peritoneal e
Hemodiálise
Doença Renal Crônica Dialítica

Bloco 1
Carolina Lane Alves Farias
Doença Renal Crônica Dialítica

• O número de pacientes em diálise crônica e a taxa de


prevalência aumentam a cada ano.
• Segundo o censo de diálise, realizado pela Sociedade
Brasileira de Nefrologia (SBN), foi estimado que 114.779
pacientes estavam em diálise, em 2020, e a prevalência de
pacientes, por milhão, da população foi de 684.

92,6% Hemodiálise.
7,4% Diálise Peritoneal.
23% esperam na fila para um transplante.
(NERBASS, 2022)
Doença Renal Crônica (DRC)
A Doença Renal Crônica (DRC) é uma síndrome definida pela
redução lenta e progressiva do funcionamento renal.

Por definição, é considerada quando há alterações renais


(estruturais ou funcionais), com duração superior a três
meses e/ou uma diminuição da taxa de filtração glomerular
(TFG) para níveis menores que 60 ml/min/1,73 m2.

(IKIZLER et. al., 2020; KDIGO, 2012)


Estadiamento da DRC e indicação de diálise
Quadro 1 - Estadiamento da DRC e indicação de diálise

Estágio Classificação TFG (ml/min/1,73 m2)


1 Lesão renal com TFG normal ou aumentada. >90
2 Lesão renal com redução leve na TFG. 89 a 60
3 Lesão renal com redução moderada na TFG. 59 a 30
4 Lesão renal com redução grave na TFG. 29 a 15
5 Insuficiência renal terminal ou fase dialítica. <15

Com o declínio da função renal, quando se observa


exacerbação dos sinais e sintomas da doença, e quando a TFG
se encontra menor que 15 ml/min/1,73m2, o paciente é
direcionado para a terapia renal substitutiva
Fonte: Zambelli et. al. (2021); Ikizler et. al. (2020).
Terapia renal substitutiva
• A diálise é uma terapia empregada para a remoção de
solutos urêmicos, anormalmente acumulados e do excesso
de água.
• Permite o restabelecimento do equilíbrio eletrolítico e
acidobásico do organismo.

HEMODIÁLISE.

DIÁLISE PERITONEAL.
Hemodiálise

Figura 1 - Hemodiálise • Utiliza um hemodialisador.


• Confecção de um acesso
venoso → fístula
arteriovenosa.
• 3x semana por 3 a 4 horas.

Fonte: Shutterstock.com.
Diálise peritoneal

Figura 2 - Diálise Peritoneal • A membrana


semipermeável é
o próprio
peritônio do
paciente.
• Três
subcategorias:
DPAC, DPA e DPI.
Fonte: Shutterstock.com.
Orientação nutricional ao
paciente em Diálise Peritoneal e
Hemodiálise
Aspectos nutricionais na Doença Renal
Crônica Dialítica

Bloco 2
Carolina Lane Alves Farias
Desnutrição em pacientes em diálise
A desnutrição é altamente prevalente em paciente com DRC
em diálise e possui impacto negativo na sobrevida desses
pacientes.
• Com o declínio da função renal, ocorre uma redução
espontânea do consumo de proteínas.
• Estudo francês (1999) → 7.123 pacientes em hemodiálise.
32% pacientes desnutridos.
A desnutrição grave foi associada com menor consumo
proteico e inadequação da diálise.

(APPARICIO, 1999)
Consequências da desnutrição
• Desnutrição proteico-energética (DPE) está associada a
maior morbidade, mortalidade e comprometimento da
qualidade de vida.

• Condição agravada pela idade avançada.

• O tempo de diálise afeta negativamente o estado


nutricional dos pacientes.

(RIELLA; MARTINS, 2013)


Causas da desnutrição em diálise

Figura 3 - Causas da desnutrição

Fonte: elaborada pela autora.


Perdas nutricionais no dialisato
• Perdas de aminoácidos, peptídeos e vitaminas
hidrossolúveis.
• HD – perda de 2 a 3 g de proteínas e de 4 a 8 g de
aminoácidos por sessão.
• Perdas sanguíneas na HD – 0,6 a 1,4g de proteínas.
• CAPD – perda de 5 a 15g de proteínas/dia (50 a 80% de
albumina).
Frequência das trocas/ duração da diálise/ composição do
dialisato/ área de superfície corporal do paciente/
concentração proteica sérica/ episódios recentes de
peritonite.
• Vitaminas B1, B2, B6, ácidos ascórbico e fólico.
Síndrome MIA
Malnutrition, inflammation and atherosclerosis Syndrome.
Figura 4 - Síndrome MIA

Inflamação
Associada à
hipoalbuminemia,
anorexia,
Doença
hipercatabolismo, baixa
Desnutrição qualidade de vida e alta
cardiovascular
mortalidade.

Fonte: adaptada de Riella e Martins (2013).


Orientação nutricional ao
paciente em Diálise Peritoneal e
Hemodiálise
Recomendações nutricionais na Doença
Renal Crônica Dialítica

Bloco 3
Carolina Lane Alves Farias
Recomendação de energia

25 a 35 kcal/kg/dia.

• Diálise Peritoneal → considerar a glicose absorvida do dialisato.



60 a 80% da glicose é absorvida.

• Essencial o consumo energético adequado para minimizar o


catabolismo proteico.
Recomendação de proteínas

1,2 g/Kg/dia.

• Dieta hiperproteica.
• Em caso de restrição no consumo de fósforo, garantir uma
oferta de 1g/Kg/dia.
• Proteínas de alto valor biológico (mínimo 50%).
Dieta hipocalêmica
Alimentos restritos:

Abacate, kiwi, açaí, banana nanica, damasco, figo, fruta-do-conde,


goiaba, graviola, jaca, mamão, maracujá, melão, mexerica ou
tangerina, uva, nectarina. Laranja pera e água de coco.

Frutas secas (coco, uva passa, ameixa seca, damasco seco etc.),
tomate seco, oleaginosas (nozes, avelã, amendoim, amêndoa,
castanhas e pinhão), açúcar mascavo, aveia, chocolate, caldo de
cana, compota de frutas, mel, melado, suco concentrado de frutas,
extrato de tomate, café solúvel e todos os tipos de sal light ou sal
dietético.
Dieta hipofosfatêmica

Alimentos restritos:

Alimentos embutidos, miúdos, bacalhau, frutos do mar, peixes de


água escura, carne de porco, amendoim, castanha de caju, nozes e
avelã, doces a base de leite (sorvetes, pudim, doce de leite e
chocolates), refrigerante a base de cola e cerveja, levedo de cerveja,
germe de trigo, aveia e milho.

Industrializados: hamburger, nuggets, massas congeladas.

QUELANTES DE FÓSFORO.
Restrição hídrica e de sódio
• Ganho de peso interdialítico em excesso → expansão do
compartimento extracelular, aumentando a pressão arterial
e sobrecarregando o coração.
• Meta: ganho máximo de 4% do peso seco.
• Pacientes em HD: diurese residual + 500 a 1.000 ml/dia.
• Pacientes em DP: sem restrição.

• Restrição de sódio contribui para a redução do ganho de


peso interdialítico por diminuir a sede e,
consequentemente, o consumo de líquidos.
Teoria em Prática
Bloco 4
Carolina Lane Alves Farias
Reflita sobre a seguinte situação
Você estudou que pacientes com Doença Renal Crônica em
diálise necessitam, frequentemente, de dietas com menor
teor de fósforo.
Você sabe quais são os alimentos ricos em fósforo?
Vamos fazer essa prática?
Elabore uma lista de alimentos com alto teor de fósforo na
composição. Você pode utilizar tabelas de composição de
alimentos, disponíveis na Internet.
Norte para a resolução

Quadro 2- Quantidade de fósforo em alimentos


Alimento Quantidade (g) Medida caseira Fósforo (mg)
Carne de frango. 80 1 filé de peito médio grelhado. 150
Carne de porco. 80 1 bisteca média grelhada. 147
Carne bovina. 85 1 bife médio grelhado. 209
Pescada branca. 84 1 bife médio. 241
Ovo inteiro. 50 1 unidade. 90
Clara de ovo. 30 1 unidade. 43
Fígado de boi. 85 1 bife médio. 404
Sardinha. 34 1 unidade. 170
Presunto cozido. 48 2 fatias médias. 136
Queijo prato. 30 2 fatias finas. 153
Iogurte. 120 1 pote pequeno. 159
Leite. 150 1 copo americano. 140
Soja cozida. 54 5 colheres de sopa. 130
Feijão cozido. 154 1 concha média. 133
Amendoim. 50 1 pacote pequeno. 253
Chocolate ao leite. 40 1 barra pequena. 92

Fonte: adaptado de Cuppari (2009).


Dicas do(a) Professor(a)
Bloco 5
Carolina Lane Alves Farias
Leitura Fundamental
Prezado aluno, as indicações a seguir podem estar disponíveis
em algum dos parceiros da nossa Biblioteca Virtual (faça o login
por meio do seu AVA), e outras podem estar disponíveis em sites
acadêmicos (como o SciELO), repositórios de instituições
públicas, órgãos públicos, anais de eventos científicos ou
periódicos científicos, todos acessíveis pela internet.
Isso não significa que o protagonismo da sua jornada de
autodesenvolvimento deva mudar de foco. Reconhecemos que
você é a autoridade máxima da sua própria vida e deve,
portanto, assumir uma postura autônoma nos estudos e na
construção da sua carreira profissional.
Por isso, nós o convidamos a explorar todas as possibilidades da
nossa Biblioteca Virtual e além! Sucesso!
Indicação de leitura 1
O artigo indicado apresenta alguns indicadores que podem ser
utilizados para o diagnóstico de desnutrição em pacientes, em
diálise peritoneal e hemodiálise.

Referência:
BORGES, S.; FORTES, R. C. Indicadores de desnutrição em diálise peritoneal e
hemodiálise. Brazilian Journal of Health Review, v. 3, n. 5, p. 13358-13376, 2020.
Indicação de leitura 2
O artigo indicado traz uma revisão sobre a síndrome MIA
(inflamação, desnutrição e aterosclerose) em pacientes com
Doença Renal Crônica.

Referência:
PECOITS-FILHO, R. et al. Revisão: desnutrição, inflamação e aterosclerose
(síndrome MIA) em pacientes portadores de insuficiência renal crônica. J Bras
Nefrol, v. 24, n. 3, p. 136-46, 2002.
Dica do(a) Professor(a)
Figura 5 - Capa do arquivo sobre orientações nutricionais para pacientes com
doença renal crônica em hemodiálise

Fonte:
https://www.saude.df.gov.br/documents/37101/55727/Orienta%C3%A7%C3%B5es+Nutricionais+para+Pa
cientes+com+Doen%C3%A7a+Renal+Cr%C3%B4nica+em+Hemodi%C3%A1lise.pdf/f418a297-073f-b5d3-
9b0c-7edecd028cdd?version=1.0&t=1648231527816. Acesso em: 1 set. 2022.
Referências
APARICIO, M.; CANO, N.; CHAUVEAU, P. et al. Nutritional status ofhaemodialysis
patients: a French national cooperative study. French Study Group for Nutrition in
Dialysis. Nephrol Dial Transplant, 14(7):1679-1686, [s. l.], 1999. Disponível em:
https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/10435876/. Acesso em: 1 set. 2022.
BORGES, S.; FORTES, R. C. Indicadores de desnutrição em diálise peritoneal e
hemodiálise. Brazilian Journal of Health Review, v. 3, n. 5, p. 13358-13376, 2020.
COSTA, F.;TRAMONTINI, N,; BORGES, S. Orientações nutricionais para pacientes
com Doença Renal Crônica em hemodiálise. Disponível em:
https://www.saude.df.gov.br/documents/37101/55727/Orienta%C3%A7%C3%B5e
s+Nutricionais+para+Pacientes+com+Doen%C3%A7a+Renal+Cr%C3%B4nica+em+H
emodi%C3%A1lise.pdf/f418a297-073f-b5d3-9b0c-
7edecd028cdd?version=1.0&t=1648231527816. Acesso em: 1 set. 2022.
CUPPARI, L. Nutrição clínica no adulto. 3. ed. Barueri: Manole, 2014.
CUPPARI, L. Nutrição nas doenças crônicas não transmissíveis. Barueri: Manoel,
2009.
Referências
IKIZLER, T. A.; BURROWES, J.; BYHAM-GRAY, L. et al. KDOQI Clinical practice
guideline for nutrition in CKD: 2020 update. AJKD 2020; 76(3):1-107
FIACCADORI, E.; LOMBARDI, M.; LEONARDI, . et al. Prevalence and clinica!
Outcome associated with preexisting malnutrition in acute renal failure: a
prospective cohort study. J Am Soe Nephrol, 10(3):581-593, [s. l.], 1999.
KIDNEY DISEASE IMPROVING GLOBAL OUTCOMES. KDIGO clinical practice
Guideline for Acute Kidney Injury. Kidney Int Suppl., 2:8, [s. l.], 2012.
NERBASS, F. B.; LIMA, H. N.; SALDANHA, F. et al. Brasilian Dialysis Survey 2020.
Braz. J. Nefrol., 2022.
PECOITS-FILHO, R. et al. Revisão: desnutrição, inflamação e aterosclerose
(síndrome MIA) em pacientes portadores de insuficiência renal crônica. J Bras
Nefrol, v. 24, n. 3, p. 136-46, 2002.
RIELLA, M. C.; MARTINS, C. Nutrição e o rim. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2013.
Bons estudos!

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