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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR(A) DESEMBARGADOR(A) PRESIDENTE DO TRIBUNAL

REGIONAL DO TRABALHO DA XXª REGIÃO.

RECORRENTE, já devidamente qualificada nos autos da Reclamação Trabalhista em


epígrafe, vem, por meio de seu advogado infra-assinado, com base no art. 896, a e
896-A da CLT, interpor o presente RECURSO DE REVISTA em face do acórdão proferido
por essa Corte, que manteve a sentença de improcedência do pedido de indenização
do período de estabilidade, pelas razões de fato e de direito que passa a expor:

I. DOS PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE

A Recorrente é beneficiária da justiça gratuita, estando isenta do pagamento de custas


processuais e do depósito recursal, conforme preceitua o artigo 790-A e 899, parágrafo
10, da CLT.

II. DA TRANSCENDÊNCIA DO RECURSO DE REVISTA

O presente recurso possui transcendência, uma vez que o tema abordado é relevante
e possui interesse social, em virtude de sua multiplicidade e sua importância para a
ordem jurídica, conforme disposto no artigo 896-A da CLT.

III. DO MÉRITO

III.1. Da ofensa ao art. 391-A da CLT

A decisão regional afronta diretamente o art. 391-A da CLT, o qual prevê que a
confirmação do estado de gravidez, ainda que durante o aviso prévio trabalhado ou
indenizado, garante à empregada gestante a estabilidade provisória.
No presente caso, a Recorrente engravidou durante o aviso prévio indenizado, fazendo
jus, portanto, à estabilidade provisória, independentemente do conhecimento do
empregador acerca da gravidez.

III.2. Da ofensa à Súmula 244 do TST

O Tribunal Regional do Trabalho manteve a sentença de primeira instância que


indeferiu o pedido de indenização do período de estabilidade, sob o fundamento de
que a empregada teria promovido a reclamação trabalhista após o término da
estabilidade.

Entretanto, tal entendimento está em desacordo com a Súmula 244 do TST, a qual
dispõe que "o desconhecimento da gravidez pelo empregador não afasta o direito ao
pagamento da indenização decorrente da estabilidade".

III.3. Da ofensa à OJ 399 da SBDI-I/TST

Ainda que se pudesse admitir que a empregada teria promovido a reclamação


trabalhista após o término da estabilidade, tal fato não configuraria abuso do direito
de ação, nos termos da OJ 399 da SBDI-I/TST, a qual estabelece que "o simples
ajuizamento de ação trabalhista não caracteriza abuso do direito de demandar ou
litigância de má-fé".

IV. CONCLUSÃO

Diante do exposto, a Recorrente requer o conhecimento e provimento do presente


Recurso de Revista, com o objetivo de reformar a decisão proferida por esse Colendo
Tribunal Regional do Trabalho, passa-se a análise do mérito do presente recurso.

DA ESTABILIDADE GESTACIONAL E A INDEVIDA NEGATIVA DE SEU PAGAMENTO


A Recorrente foi despedida sem justa causa, durante o aviso prévio indenizado, em
momento anterior à ciência de sua gestação. Ocorre que, no curso do aviso prévio, a
Recorrente foi informada de sua gestação, a qual somente foi confirmada
posteriormente.

Destarte, é imperioso destacar que a gestante tem direito à estabilidade provisória,


assegurada a partir da confirmação da gravidez, independentemente da ciência do
empregador acerca da gestação, nos termos do artigo 391-A da CLT.

Deve-se ressaltar que o fato de a Recorrente ter ingressado com o pedido de


indenização após o término da estabilidade não configura abuso do direito de ação,
visto que a estabilidade é garantia à gestante de emprego e não de indenização,
conforme disposto no artigo 10, inciso II, letra b, do ADCT.

Ademais, a Orientação Jurisprudencial n. 399 da SBDI-1/TST dispõe que a estabilidade


da gestante é devida mesmo no caso de dispensa durante o aviso prévio indenizado,
não se aplicando a limitação do artigo 487, §1º, da CLT.

Nesse sentido, a Súmula n. 244 do TST prevê que "a garantia de emprego à gestante,
prevista no art. 10, inciso II, alínea "b", do Ato das Disposições Constitucionais
Transitórias, não autoriza a reintegração da empregada gestante em contrato de
trabalho por prazo determinado, findo o contrato durante o período de estabilidade".

Portanto, é evidente a violação ao artigo 391-A da CLT, à OJ 399 da SBDI-1/TST e à


Súmula n. 244 do TST, na medida em que a Recorrente faz jus ao pagamento do
período de estabilidade gestacional, tendo em vista sua dispensa sem justa causa
durante o aviso prévio indenizado.

Assim, requer-se o provimento do presente Recurso de Revista para que seja


reconhecido o direito da Recorrente ao pagamento do período de estabilidade
gestacional e, conseqüentemente, reformada a decisão proferida pelo Tribunal
Regional do Trabalho da 18ª Região.
DA JUSTIÇA GRATUITA

Por fim, requer-se seja mantida a concessão dos benefícios da justiça gratuita, haja
vista a impossibilidade financeira da Recorrente arcar com as custas processuais e o
depósito recursal, conforme comprovado nos autos.

Termos em que pede e espera deferimento.

Goiânia, 03 de abril de 2023

Advogado da Recorrente.

Calebe Brandão Ramos

OAB n. XXXXXX

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