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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) JUIZ(A) DA 100ª VARA DO TRABALHO

DE GOIÂNIA/GO

Processo nº: 00010100-58.2022

RECORRENTE: Maria das Graças

RECORRIDA: Editora Legal Ltda.

Maria das Graças, por meio de seu advogado, interpondo RECURSO ORDINÁRIO,
com base nos artigos 895 a 899 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), vem
respeitosamente perante Vossa Excelência apresentar as razões de recurso, conforme os
fundamentos que se seguem:

I. DOS FUNDAMENTOS DO RECURSO

A sentença proferida nos autos da Reclamação Trabalhista nº 00010100-58.2022,


movida por Maria das Graças em face da sociedade empresária Editora Legal Ltda.,
perante a 100ª Vara do Trabalho de Goiânia/GO, merece ser objeto de reforma,
conforme as seguintes razões:

1. Quanto ao pedido de dano existencial pela extensa jornada alegadamente cumprida:

1.1. A decisão de improcedência do pedido é equivocada, pois a reclamante comprovou,


por meio dos contracheques e cartões de ponto juntados aos autos, que cumpria jornadas
excessivas de trabalho, extrapolando os limites legais. Tal fato configura dano
existencial e deve ser reconhecido, conforme jurisprudência pacífica dos tribunais.

2. No que tange ao pedido de uma hora extra com adicional de 80% pelo intervalo
intrajornada violado:

2.1. A sentença procedente desconsidera a autorização do Ministério do Trabalho para a


redução do intervalo intrajornada, bem como a existência de Convenção Coletiva de
Trabalho no mesmo sentido. Nesse sentido, é necessário destacar que a redução do
intervalo não viola a legislação trabalhista, sendo perfeitamente válida e ajustada às
necessidades da empresa e dos empregados.

3. Relativamente ao pedido de horas de prontidão:


3.1. A decisão de improcedência do pedido é correta, uma vez que a reclamante não
permanecia nas instalações da empresa fora do horário de trabalho, não estando à
disposição do empregador. Portanto, não há que se falar em horas de prontidão.

4. No tocante ao pedido de reintegração:

4.1. A decisão de procedência do pedido é injustificada, visto que a reclamante não


apresentou qualquer prova de que a ruptura do contrato de trabalho se deu em
decorrência de sua gravidez. Não há, nos autos, documentos capazes de comprovar essa
alegação, tornando-se imprescindível a revisão do julgado.

5. Quanto ao pedido de horas de sobreaviso:

5.1. A procedência do pedido de horas de sobreaviso é indevida, pois a reclamante não


ficava à disposição do empregador fora do horário de serviço, uma vez que a utilização
do celular da empresa era restrita a situações de emergência. Assim, não há que se falar
em horas de sobreaviso.

6. Relativamente ao deferimento do adicional de insalubridade em grau médio:

6.1. A decisão que deferiu o adicional de insalubridade em grau médio é contrária às


provas dos autos, uma vez que a perícia constatou que a reclamante não era exposta a
produtos químicos de forma a caracterizar a insalubridade. Nesse sentido, é
imprescindível a revisão do julgado.

7. No que se refere ao pedido de recolhimento do INSS do período trabalhado:

7.1. A empresa comprovou, por meio do Cadastro Nacional de Informações Sociais


(CNIS) juntado aos autos, que o recolhimento do INSS referente ao período trabalhado
pela reclamante foi devidamente efetuado. A decisão de procedência do pedido,
portanto, carece de amparo fático e legal, devendo ser revista.

8. No tocante ao pedido de adicional de transferência:

8.1. A improcedência do pedido de adicional de transferência está em conformidade


com a legislação vigente, uma vez que a alteração de local de trabalho não implicou
mudança de domicílio da reclamante. Assim, não há que se falar em direito ao referido
adicional.

9. Quanto ao pedido de adicional noturno:

9.1. A decisão de procedência parcial do pedido de adicional noturno é equivocada, pois


não há respaldo legal para a condenação da reclamada ao pagamento do adicional de
25% entre 22:00h e 23:00h. O horário das 16:00h às 23:00h, no qual a reclamante
trabalhava, não se enquadra no período considerado noturno, conforme previsão legal.
Portanto, a decisão deve ser reformada nesse aspecto.

10. Relativamente à integração ao salário do valor do plano dental concedido à


reclamante:
10.1. A sentença procedente quanto à integração ao salário do valor do plano dental é
contrária à legislação trabalhista vigente. O plano dental, por sua natureza, não se
confunde com plano de saúde, e, portanto, não pode sofrer integração salarial. Dessa
forma, é necessário que seja revisada a decisão para afastar a determinação de
integração salarial nesse aspecto.

II. DOS PEDIDOS

1. Diante do exposto, com base nos fundamentos de fato e de direito expostos


acima, requer-se que este Honrado Tribunal conheça e acolha o presente
Recurso Ordinário, a fim de que seja reformada a sentença proferida nos autos
da Reclamação Trabalhista 00010100-58.2022, movida por Maria das Graças
em face da sociedade empresária Editora Legal Ltda., que tramita perante a 100ª
Vara do Trabalho de Goiânia/GO.
2. Quanto ao pedido de dano existencial pela extensa jornada alegadamente
cumprida, requer-se que seja mantida a improcedência determinada na sentença,
pois não restou comprovado nos autos qualquer dano de ordem extrapatrimonial
decorrente do alegado excesso de trabalho.
3. No que se refere ao pedido de uma hora extra com adicional de 80% pelo
intervalo intrajornada violado, requer-se que seja dado provimento ao recurso,
reformando-se a sentença, uma vez que a empresa concedia o intervalo de 30
minutos de acordo com autorização do Ministério do Trabalho e Convenção
Coletiva de Trabalho, não havendo previsão legal para a concessão do adicional
de 80%.
4. Em relação ao pedido de horas de prontidão, requer-se que seja mantida a
improcedência, pois a trabalhadora não permanecia nas instalações da empresa
fora do horário de trabalho, não configurando o período como tempo à
disposição do empregador.
5. Quanto ao pedido de reintegração, requer-se que seja dado provimento ao
recurso, reformando-se a sentença, uma vez que a reclamante não comprovou
documentalmente a sua gravidez por ocasião da ruptura do contrato, não
havendo, portanto, a obrigatoriedade de sua reintegração.
6. No que tange ao pedido de horas de sobreaviso, requer-se que seja mantida a
procedência determinada na sentença, uma vez que a reclamante permanecia
com celular da empresa permanentemente ligado, inclusive fora do horário de
serviço, caracterizando o período como tempo à disposição do empregador.
7. Com relação ao deferimento do adicional de insalubridade em grau médio,
requer-se que seja dado provimento ao recurso, reformando-se a sentença, pois
não restou devidamente comprovado por perícia que a autora manuseava
produtos químicos na editora para realizar as impressões.
8. No tocante ao pedido de recolhimento do INSS do período trabalhado, requer-se
que seja mantida a improcedência determinada na sentença, pois a empresa
comprovou, por meio do Cadastro Nacional de Informações Sociais (CNIS), que
o recolhimento do INSS foi devidamente efetuado.
9. Quanto ao pedido de adicional de transferência, requer-se que seja mantida a
improcedência determinada na sentença, uma vez que a alteração de local de
trabalho não gerou mudança de domicílio da autora, não havendo, portanto,
direito ao referido adicional.
10. Em relação ao pedido de adicional noturno, requer-se que seja dado provimento
ao recurso, reformando-se a sentença, uma vez que o horário das 16:00h às
23:00h não se enquadra nos termos legais para a caracterização do trabalho
noturno, que é compreendido entre as 22:00h e as 5:00h. Portanto, não há
fundamentação adequada para a concessão do adicional de 25% entre 22:00h e
23:00h.
11. Quanto ao deferimento da integração ao salário do valor do plano dental
concedido gratuitamente à reclamante, requer-se que seja dado provimento ao
recurso, reformando-se a sentença. O plano dental não pode ser confundido com
plano de saúde, uma vez que são benefícios distintos. Portanto, não há amparo
legal para a integração do referido benefício ao salário da reclamante.

Diante do exposto, requer-se que seja dado provimento ao presente Recurso Ordinário,
reformando-se a sentença proferida nos autos da Reclamação Trabalhista 00010100-
58.2022, movida por Maria das Graças em face da sociedade empresária Editora Legal
Ltda. Requer-se ainda que seja julgado improcedente o pedido da reclamante e,
consequentemente, que sejam indeferidos todos os pleitos formulados na inicial.

Nestes termos, pede deferimento.

Goiânia, 22 de maio de 2023

Advogado

Calebe Brandão Ramos

OAB n. XXXXXX

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