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LOGÍSTICA DE BENS E SERVIÇOS

UNIDADE 2

2. ROTINAS BÁSICAS DE LOGÍSTICA

A logística assim como qualquer outra área é composta de rotinas básicas, que incluem
processos de compras, de armazenagem ou estocagem, de transportes e movimentações,
enfim, de gestão da cadeia de suprimentos.

E, por falar em gestão da cadeia de suprimentos. Você sabe do que se trata?

Pois bem, primeiramente vamos discorrer sobre algumas definições, como por exemplo
o fato de ser conhecida como supply chain (cadeia de abastecimento, cadeia de suprimentos)
e, isso requer gestão.

● Logística é o processo de planejamento, implantação e controle do fluxo eficiente e


eficaz de mercadorias, serviços e das informações relativas desde o ponto de origem
até o ponto de consumo, com o propósito de atender às exigências dos clientes. Esta
definição inclui a entrada, a saída, os movimentos internos e externos.

● Cadeia de suprimentos: compreende o material e os intercâmbios de informação


no processo logístico que se estende desde a aquisição de matérias-primas até a
entrega dos produtos acabados para o usuário final. Todos os fornecedores,
prestadores de serviços e os clientes são os elos da cadeia de suprimentos, ligando
desta forma muitas empresas e atividades em conjunto comum.

● Gestão da cadeia de suprimentos: engloba o planejamento e a gestão de todas as


atividades envolvidas na conversão de fornecimento e contrato, e todas as atividades
de gestão logísticas. Também inclui a coordenação e colaboração com parceiros do
canal, que podem ser fornecedores, intermediários, prestadores de serviços de
terceiros e clientes.

Essencialmente, o gerenciamento da cadeia de abastecimento integra a oferta e a gestão


da demanda dentro e entre as empresas. Inclui todas as atividades de gestão de logística,
bem como as operações de fabricação e unidades de coordenação dos processos e atividades
em marketing, vendas, design de produto, finanças e tecnologia da informação.

E, neste contexto, encontramos os processos de compras.

2.1 Processos de compra

O setor de compras, comumente, é responsável pelo suprimento dos insumos e


materiais necessários ao funcionamento do sistema produtivo, mantendo os níveis de

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estoque e atendendo as necessidades da empresa que são: na quantidade certa;


no tempo certo; com a qualidade requerida e com o custo certo. Nesse sentido, comprar é
procurar, adquirir e providenciar a entrega e o recebimento de materiais, visando a
manutenção, a expansão e o funcionamento de uma empresa.
VOCÊ SABIA QUE.…?
O lucro de uma empresa inicia no setor de compras, pois é uma atividade que impacta direta e
indiretamente nas demais atividades e áreas da empresa.

O setor de compras se constitui em um elemento de ligação entre a empresa e seu


mercado, relacionando-se com o ambiente interno (setores da empresa como marketing,
produção, logística, ...) e com o ambiente externo (fornecedores, clientes, governo).

Para Chiavenato (2015, p. 100):


Compras envolve todo o processo de localização de fornecedores e fontes de
suprimentos, aquisição de materiais por meio de negociações de preço e
condições de pagamento, bem como o acompanhamento do processo, junto aos
fornecedores.
De todo modo, as atividades de compras necessitam ser gerenciadas e planejadas, pois
trata-se de uma atividade fundamental para o funcionamento das empresas, influenciando
de forma direta nos seus estoques e o relacionamento com os clientes, associados, ainda, à
competitividade e ao sucesso da empresa.

O planejamento das compras integrado ao controle dos estoques e produção contribui


para a redução dos custos da produção, uma vez que as compras passam a ser vistas como
um processo que, para ter efetividade precisa ser integrado aos demais setores e processos
da empresa.

Os tipos de compras, suas origens e reflexos para o resultado do processo de suprimento


consistem em compra planejada, compra de urgência e compras emergenciais.

▪ Compra planejada: resulta de um planejamento das necessidades de materiais e,


conta com ferramentas como MRP.

Nesta tipologia ocorre o planejamento prévio das etapas de compras


atendendo os requisitos do sistema produtivo, como quantidade,
qualidade, prazo e custo.

 Compra de urgência: resulta da falta ou da falha na elaboração do planejamento


das necessidades.

Esse tipo remete a ideia de que sem planejamento prévio, um


ou mais requisitos do sistema produtivo não sejam atendidos, como
quantidade, qualidade, prazo e custo.

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▪ Compras emergenciais: resulta de um imprevisto ou até mesmo de uma


situação fora de controle.

A não efetivação da compra coloca em risco a integridade e


segurança das instalações da mão de obra ou propicia um
acidente ambiental.

Nesta tipologia, o prazo é o requisito-chave, relegando os demais


a um segundo plano.

E, quais as funções do setor de compras?

As funções do setor de compras envolvem: desenvolvimento da cadeia de suprimentos,


negociação do preço e condições de pagamento, acompanhamento do processo e recebimento
dos materiais. E cada função possui suas particularidades.

● Desenvolvimento da cadeia de suprimentos: estabelece parcerias comerciais do


tipo ganha-ganha, onde todos os envolvidos ganham maximizando o
resultado dos envolvidos no processo. Este processo envolve a pesquisa,
avaliação e seleção de fornecedores para a cadeia de suprimentos da
empresa.

● Negociação de preço e condições de pagamento: esta função determina que o


setor de compras, o atendimento das especificações exigidas do
material e o estabelecimento de prazos de entrega devem ser
assegurados na negociação. A negociação serve para definir como será
realizada a compra (material comprado, quantidade comprada, preço
de compra, prazo de entrega e condições de pagamento).

● Acompanhamento do processo: encerrada a negociação, o setor de compras


precisa assegurar-se de que o processo será realizado dentro das
condições negociadas. O setor de compras monitora o processo até o
recebimento da mercadoria através de seu follow-up (acompanhamento)
com a finalidade de identificar e/ou evitar problemas no fornecimento.

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● Recebimento dos materiais: ocorre quando o setor de compras recebe do


fornecedor o material solicitado no fechamento da compra.

Neste momento é verificado se as quantidades estão corretas,


providencia a inspeção de qualidade no recebimento do material junto ao
setor de qualidade. Confirmadas a qualidade e quantidade, o setor de
compras autoriza a entrada do material no almoxarifado, que após registrar
a entrada do material no estoque encaminha a nota fiscal para o setor
financeiro, que providenciará o pagamento de acordo com o definido no fechamento da
compra.

O setor de compras atualmente é visto como um centro de lucro.

Porter (2014) cita que o poder de negociação do comprador determina uma vantagem
competitiva das empresas, pois representa uma fonte de alavancagem dos resultados através
da redução de custos decorrentes da aquisição da matéria prima e da administração de
estoques.

E, o uso da tecnologia para o processo de compras?


Em tempos de globalização, abertura de mercados mundiais e com uso de tecnologias
apropriadas para o setor de compras, produtos, peças e componentes podem ser adquiridos
no mundo inteiro, com agilidade e segurança.

Então, tecnologias como EDI (Eletronic Data Interchange) e Internet, além de outras
inovações tecnológicas têm auxiliado esses processos.

Onde o , que diz respeito à troca eletrônica de dados, conta


com tecnologia de transmissão de dados entre o fornecedor e o cliente, através de softwares
próprios. Nesse caso, o computador do cliente possui conexão direta com o computador do
fornecedor e os dois compartilham informações estratégicas.

Já a conta com o uso do e-mail (correio eletrônico) ou do e-


commerce como meios de encaminhamento da transação comercial entre cliente e fornecedor
e, através da internet é possível fazer todo o processo de compras e seu acompanhamento.

Todavia, o processo de compras ocorre em um ciclo que contempla cinco etapas, a saber:

⮚Recebimento das ordens de compra – OCs

▪ A ordem de compra ou pedido de compra é um documento interno,


que contém as seguintes informações: Quais os materiais? Qual a
quantidade? Para quando (prazo)?

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⮚ Pesquisa e seleção de fornecedores – OCs

Sob a perspectiva da pesquisa deve-se investigar quem são os fornecedores no mercado


e, na seleção de fornecedores investigar quais os preços e condições propostas.

⮚Negociação com fornecedores

Contempla quais os preços, condições, qualidade e prazos, além do fechamento do


negócio através da emissão da ordem de compra – OC (documento que representa um
contrato de compra, com o qual as partes estão de acordo).

⮚Acompanhamento dos pedidos (follow up)

Considera a forma como o fornecedor está processando o pedido.

⮚Controle do recebimento

O material está de acordo com o pedido/comprado e especificações, quantidade,


qualidade, preço e condições de pagamento.

Há de se considerar, ainda, os requisitos para o alcance do sucesso da gestão de


compras, indicando que o setor independente de seu porte deve atender as normas
fundamentais da empresa em seu processo de compras. Portanto, a empresa dispõe dos
seguintes requisitos:

✔Autoridade para compra (autonomia na tomada de decisão).

✔ Registro de compras e preços (formação de banco de dados contendo o histórico das


negociações).

✔Registro do estoque e consumo (atualização dos dados com relação ao perfil de


consumo da empresa para todos os materiais).

✔Registro de fornecedores (cadastro dos fornecedores devidamente atualizado).

✔Registro de especificações e catálogos.

2.2 Recebimento e armazenamento

Você já parou para pensar acerca da relação existente entre o recebimento e o


armazenamento? Pois bem, a área de recebimento é de grande valia para os processos de
armazenagem, pois o recebimento funciona como um intermediário entre as
responsabilidades de compras e as de pagamento aos fornecedores.

Cabe ao setor de recebimento recepcionar e conferir todos os materiais que chegam à


empresa, pois após o aceite das mercadorias, quaisquer constatações de
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Inconformidades, o problema passa a ser da empresa que recebeu a mercadoria


sem ter dado a devida atenção. Além disso, as demais áreas serão prejudicadas em seus
processos produtivos, por exemplo, efetuar conferência superficial e, dias após, descobrir
irregularidades.

O recebimento é estruturado para operar sob duas perspectivas: conferência física e


conferência administrativa, bem como confronto com o sistema.

Operacionalmente falando, a área de recebimento atua com atividades de


descarregamento das mercadorias, que inclui adoção de estratégias de descarga com uso
adequado de equipamentos de movimentação, como por exemplo: esteira rolante, guincho,
guindaste ou pontes rolantes, paleteiras, empilhadeiras, etc.
VOCÊ SABIA QUE.…?
O que diferencia o manuseio da movimentação, é que no manuseio da carga/mercadoria está envolvida
a força braçal e na movimentação da carga envolve-se equipamentos específicos.

E, no que consiste a conferência de mercadorias ou cargas?

Seu principal objetivo é o de comprovar se o que está sendo entregue confere com o
solicitado, em termos de especificações técnicas, quantitativo e qualitativo (conferência
física), além dos aspectos documentais, como nota fiscal eletrônica e pedido (conferência
administrativa).

Na conferência quantitativa, por exemplo, leva-se em consideração o quantitativo do


pedido em relação ao quantitativo entregue, portanto, ao receber é importante estar munido
do pedido, ou seja, do que foi solicitado. Então, embora a nota fiscal seja importante, neste
momento prepondera o pedido realizado pelo comprador e não a nota fiscal emitida pelo
fornecedor.

Neste sentido, o gerador da compra é o pedido do comprador, que servirá para gerar a
nota fiscal a ser entregue, juntamente com a mercadoria ou carga.

EXEMPLO PRÁTICO
Imagine que determinada área de recebimento possui um pedido de 15 caixas de do produto
“X”, a quantidade entregue foi de 14 caixas e na NF constava 14 caixas.
Vejam que o quantitativo físico corresponde ao registrado na NF, emitida pelo fornecedor.
Então, se o conferente considerar apenas a NF, poderia afirmar que a quantidade entregue
estava correta, por isso não basta apenas a NF num momento de conferência, é preciso
conhecer o quantitativo do pedido de compras.
De todo modo, o conferente deve ficar atento no ato de recebimento da mercadoria, pois
se houver discrepâncias:

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a) Para mais no ato da entrega, em relação ao pedido, implicará à empresa


prejuízos, em especial se, a mercadoria possuir vida útil breve, significando que a empresa
deverá vendê-la imediatamente ou, ainda, a empresa terá que possuir fôlego orçamentário
para honrar o valor dessa NF/compra, além de arranjar espaço a mais para armazenagem
ou estocagem.

b) Para menos, em relação ao pedido solicitado, a empresa fica diante de uma situação
de prejuízo pela falta de uma mercadoria que poderá interferir numa situação de pedido sob
encomenda, por exemplo, na qual conta-se com a mercadoria para fins imediatos e
específicos.

A situação mais grave e, talvez pouco comum, é o conferente receber mercadoria não
solicitada, pois o fornecedor emitiu a nota e enviou a mercadoria e o conferente a recebeu
porque tem o hábito de conferir apenas com a NF, sem considerar e/ou acessar o pedido de
compras.

Que outros tipos de conferências existem?

O recebimento pode efetuar a chamada conferência aleatória, ou seja, por


amostragem. Neste caso, seleciona-se um volume “X” de mercadorias constante em um
pedido e, confere-se sua qualidade, entendendo que o que for encontrado replica-se à
totalidade do pedido, diferentemente da conferência total que considera 100% das
mercadorias do pedido conferidas.

Ressalta-se que o tamanho da amostra é de responsabilidade do gestor de estoque e as


mercadorias de valor agregado e suscetíveis a furtos, roubos ou fraudes devem ser 100%
conferidas, sempre.

Contudo, mediante qualquer irregularidade cabe ao conferente recusar o recebimento


da mercadoria, evitando a entrada da mercadoria no estoque.

Também existe a conferência via cega, que parte de uma lista das mercadorias, onde
o conferente, à medida que efetua a contagem física, registra o quantitativo encontrado ao
lado da mercadoria, na lista.

Essa prática é muito usual, com o intuito de o conferente não ter a contagem da
mercadoria influenciada pela Nota Fiscal ou o pedido de compra, por exemplo.

Para a efetivação desse tipo de conferência sugere-se os seguintes passos:

✔ Conferente recebe a lista das mercadorias – para conferência via cega.

✔ Efetua a contagem e informa o quantitativo que está recebendo.

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✔ Após a checagem, encaminha-se o documento para outro conferente que


confronta o quantitativo que chegou com o solicitado.

✔ Esse outro conferente efetua a conferência do quantitativo levantado com o pedido,


feito pelo comprador e, dá seu ok caso as quantidades informadas estejam corretas.

Em situações de divergências, confere-se novamente apenas os itens em


inconformidades e efetua recontagem.

Já a conferência administrativa leva em consideração que esta etapa pode ser feita
antecipadamente à conferência física, pois o Sistema Público de Escrituração Digital – SPED,
permite à empresa acessar os dados da NF-e (DANFE), ou seja, pode-se efetuar a conferência
antes da chegada da mercadoria, na descarga.

VOCÊ SABIA QUE...?


A NF serve para embasar processos do departamento financeiro (que pagará o fornecedor),
do departamento fiscal (foco nas informações tributárias faturadas na Nfe); departamento
contábil (lançamentos contábeis) e departamento de armazenagem /logística (inventários).

Por fim, entregas divergentes e imprecisas, nem sempre é falha de conferência e/ou
contagem física, pois as mercadorias/cargas passam por um fluxo que envolve manuseio,
movimentação e transporte que pode comprometer a integridade destas, por exemplo, é
expedida/carregada no fornecedor, segue pela transportadora (terceirizada ou própria),
descarregada no comprador (docas de recebimento). Por isso, requer atenção e cautela em
todas as suas fases.

Até aqui, falamos do recebimento de materiais, e quanto ao armazenamento de


materiais temos que este corresponde ao processo de guarda das mercadorias. Portanto,
após o recebimento, a mercadoria passa a integrar o estoque e, seguirá os fluxos internos de
armazenagem e/ou estocagem e, até mesmo a movimentação adotada pela empresa.

O que difere a estocagem da armazenagem é que a primeira é responsável por atividades


que controlam tudo o que abastece a linha de produção e a disponibilização dos produtos
para a venda, enquanto as atividades de armazéns são de natureza mais operacional, tendo
a ver com o recebimento de mercadorias, a devida separação dos produtos e
alocação adequada, além da consolidação dos pedidos, entre outros.

Afinal, onde os materiais da empresa estão guardados (armazenados, estocados) no


estoque, almoxarifado ou depósito? E o que os diferencia?

● Estoque: é todo e qualquer material que a empresa possui e utiliza no processo


produtivo de produtos ou serviços, ou seja, produtos que a empresa armazena para

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realizar as vendas e garantir a entrega ao cliente. Exemplos: vestuário,


sanduíches, sucos, eletrodomésticos, etc.

● Almoxarifado: local, espaço físico, onde ficam armazenados os insumos para a


produção, ou seja, produtos que a empresa armazena para uso interno. Exemplos:
almoxarifado de material de expediente; de suprimentos de informática; de peças, ...

● Depósito: local onde ficam armazenados os produtos acabados.

De todo modo, todos eles envolvem atividades de armazenagem. Dessa forma,


armazenagem é o conjunto de funções que se ocupa em definir os processos de recepção,
descarga, carregamento e conservação de matérias primas, produtos acabados ou
semiacabados na empresa.

A armazenagem, manuseio e controle dos produtos são componentes importantes e


essenciais ao sistema logístico. A escolha do método correto para estocar a matéria prima,
peças em processamento e produtos acabados reduz custos de operação, melhora a qualidade
dos produtos, acelera o ritmo dos trabalhos,
diminui acidentes de trabalho, reduz o desgaste
dos equipamentos e acarreta a melhoria das
rotinas administrativas.

Neste sentido, é de fundamental importância que a empresa adote estratégias adequadas


de localização de materiais, cujo objetivo é estabelecer os meios necessários para a perfeita
identificação da localização dos materiais estocados. Deve-se utilizar uma simbologia (codificação)
representativa de cada local de estocagem e, cada código deve indicar precisamente o posicionamento
de cada material estocado. Existem dois tipos de sistema de estocagem:

Sistema de estocagem fixo Sistema de estocagem livre


onde ocorre a determinação certa para Não existe local fixo dentro do
cada item armazenado, não ocorrendo almoxarifado e do depósito para os
modificação desta posição. materiais e produtos, eles ocupam os
espaços vazios.
Requisitos
Não há necessidade de um sistema Requisitos
apurado de identificação, localização de Há necessidade de um sistema apurado
materiais, produtos no almoxarifado e de identificação, localização de
depósito. materiais, produtos no almoxarifado e
depósito.
Desvantagens
Risco de desperdício de área de para a Desvantagens
armazenagem; Risco de perda de materiais se o sistema
Excesso ou falta de lugar para os de localização não for eficiente.
materiais e produtos interferindo na
organização do almoxarifado ou depósito.

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Quanto aos objetivos a armazenagem foca em redução de custos, sejam


decorrentes de perdas ou de movimentações das mercadorias, além dos custos de
atendimento aos clientes externos e internos, conforme podemos observar abaixo.
Redução de custos pela redução
Redução de custos decorrentes da perda Melhor atendimento aos clientes
na movimentação das
de mercadorias e produtos internos e externos
mercadorias
Obedecendo a especificação de Fazendo controle visual sobre a Racionalização de espaços e
armazenagem e conservação, mantendo: quantidade em estoque indicando informações para atingir a redução
▪ A identificação clara do item armazenado. itens: de custos:
▪ A qualidade do item armazenado. ▪ Sem movimentação. ▪ Com movimentação de
▪ Idênticos ou similares. materiais.
▪ Com excesso de estoque ▪ Com armazenagem.
▪ Com espaço de armazenagem.

▪ E, quanto às fases da armazenagem?

Um bom sistema de armazenagem deve ser desenvolvido, atendendo uma sequência de


processos que lhe confira segurança e confiabilidade. A definição do melhor sistema de
armazenagem para os materiais e produtos estocados na empresa, deve obedecer a seis fases
indispensáveis ao desenho e operação de um processo de guarda e movimentação que lhe
garanta confiabilidade, segurança e rapidez, a saber:
1. Verificação
Identificação das condições para armazenamento do material recebido
para conservação, manuseio com segurança e manutenção da
qualidade do material recebido.

1. Classificação
Classificação e separação do material por tipos, de acordo com as
especificações de armazenagem, manuseio e utilização de cada item.

2. Identificação
Escolha do sistema de identificação de cada material, dentro do
almoxarifado e depósito que se adapte às necessidades da empresa e
característica do material ou produto. O sistema pode ser por código
alfanumérico, etiquetas ou código de barras.

3. Guarda no local adequado


Respeitando as especificações de cada material, é recomendado indicar
o melhor espaço para o armazenamento de cada item em estoque.

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4. Verificação periódica do material


Inspeção para analisar as condições dos materiais armazenados para
verificar as condições de cada item quanto: à validade, quantidade e
qualidade para uso.

5. Separação para distribuição


Classificação e separação do material para ser distribuído, tanto no
ambiente interno (insumos para produção) quando para o ambiente
externo (produto acabado), de acordo com as ordens e requisições
recebidas. Muitas empresas utilizam o termo “picking” (área de
separação dos pedidos) para a coleta dos materiais para distribuição.

Um outro processo de suma importância, tanto em rotinas de armazenagem, quanto de


estocagem são os inventários do estoque, que se trata da verificação periódica entre o
estoque físico e o estoque de sistema, para identificar se há distorções quanto à quantidade
de itens e valores do estoque. Deve ser realizado periodicamente por exigência fiscal e
contábil.

O inventário físico dos estoques pode ser do tipo geral (quando todos os itens são
contados e verificados) e rotativo (quando ocorre a contagem e verificação de alguns itens pré-
selecionados).

E, ao executar o inventário, é necessário que a empresa dê a máxima atenção à acurácia


física e financeira dos estoques.

Lembrando que a acurácia é um indicador de desempenho que mede a eficácia dos


sistemas de controle de estoque adotados pela empresa.

E, diante de distorções, estas devem ter suas origens identificadas para que ocorra a
correção das falhas operacionais, que deram causa às diferenças encontradas.

● Acurácia física: diz respeito à comparação entre a quantidade de itens contados e


a quantidade de itens listados no sistema.

Fórmula: Acurácia física = número de itens contados / número de itens listados

EXEMPLO PRÁTICO:
Considerando que determinada empresa necessita inventariar seu estoque e depara-se com
a quantidade listada de 350 peças ao custo de R$22,00, totalizando R$7.700,00. Ao término
do inventário constatou-se, pela contagem, que existiam 259 peças com um valor total de
R$5.698,00. Qual o % da acurácia física?
Acurácia física = número de itens contados / número de itens listados
Acurácia física = = 259 /350
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Acurácia física = 0,74 X 100 = 74% em relação à quantidade.

● Acurácia financeira: diz respeito à comparação entre o valor de itens contados e o


valor de itens listados no sistema.

Fórmula: Acurácia financeira = valor de itens contados / valor de itens listados

EXEMPLO PRÁTICO:
Considerando que determinada empresa necessita inventariar seu estoque e depara-se com
a quantidade listada de 350 peças unitárias ao custo de R$22,00, totalizando R$7.700,00.
Ao término do inventário constatou-se, pela contagem, que existiam 259 peças unitárias com
um valor total de R$5.698,00. Qual o % da acurácia financeira?
Acurácia financeira = valor de itens contados / valor de itens listados
Acurácia financeira = 5.698,00 / 7.700,00
Acurácia financeira = = 0,74 X 100 = 74% em relação à quantidade.
Ao interpretarmos os resultados, consideramos que na acuracidade física, a quantidade
da contagem é menor que a quantidade constante no sistema, indicando uma perda de 91
unidades. Enquanto, na acurácia financeira, temos uma perda de R$2.002,00.
DICA!
Simule outros exemplos com seu professor.

2.3 Movimentação de materiais

Numa operação ideal, o material deve fluir sem interrupções por meio do processo,
devendo parar somente para receber atividades de acréscimo de valor.

As empresas baseadas em tempo consideram tudo que interrompe o fluxo de materiais


como problema a ser estudado. A movimentação de material é uma atividade indispensável
para qualquer esquema de produção, contemplando a movimentação física e o canal de
distribuição.

⮚ Movimentação física: movimentação dos produtos desde o momento de sua saída


da linha de produção até sua chegada às mãos dos consumidores. Esta movimentação se
chama de atividade logística e inclui o desenho das atividades de armazenamento, manuseio,
transporte, compra, pedido, controle de estoque, dentre outras, adequadas às necessidades
de cada empresa.

Pode ser horizontal ou vertical e, ainda, manual, mecanizada ou automatizada.

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Manual Mecanizada Automatizada


As operações são executadas As operações são efetuadas por A operação do sistema de
pelo homem e sem auxílio de equipamentos de movimentação de movimentação é controlada
equipamento, voltadas ao materiais e dirigidos por homens. por computador.
manuseio da carga/mercadoria.

A movimentação física através da mecanização utiliza equipamentos de movimentação,


que são dispositivos adotados na movimentação de materiais, caracterizando a
movimentação propriamente dita e são úteis em atividades de:

▪ Movimentação: são utilizados veículos industriais; empilhadeiras (frontal e lateral);


carrinhos; paleteiras manual e transpaleteiras elétricas.

▪ Elevação e transporte: são usuais guindastes; talhas; ponte rolante e monovia.

▪ Transportadores contínuos: são usadas esteiras; rolo; caçamba e plano inclinado .


Uma movimentação de materiais eficiente implica em aumento da capacidade produtiva da empresa;
melhoria nas condições de trabalho e redução de custos.

⮚ Canal de distribuição: caminho percorrido pelos produtos desde o seu fabricante


até o consumidor final, tendo como objetivo principal, distribuir os produtos
de forma excelente.

Os canais de distribuição, sob a perspectiva da logística, são compostos


dos modais de transporte, que são: rodoviário, aéreo, ferroviário, dutoviário e aquaviário.

Lembrando que, transporte significa a movimentação de alguma coisa de um lugar


para outro. Podemos entender, também, como os meios pelos quais as empresas utilizam
para levar seus produtos ao mercado consumidor.

Cada modal de transportes de cargas possui características específicas, conforme


descritos abaixo.

Quadro 4 – Modais de transporte e suas características

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Transporte Transporte Transporte Transporte Aéreo Transporte


Rodoviário Ferroviário Marítimo ou Fluvial Intermodal

▪ Grande ▪ Pouca ▪ Pouca ▪ Pouca ▪ Utiliza várias


flexibilidade flexibilidade flexibilidade flexibilidade modalidades de
▪ Custo elevado ▪ Custo reduzido ▪ Custo reduzido ▪ Custo transporte.
▪ Volumes de ▪ Grandes volumes ▪ Grandes reduzido custo ▪ É ideal para
carga de médio da carga volumes da elevado - o atingir locais de
para pequena ▪ Prazo de entrega carga meio mais difícil acesso ou
▪ Prazo de entrega elevado ▪ Prazo de de extrema
caro de
reduzido entrega elevado distância.
transporte.
▪O custo
▪ Cargas de
depende da
menor peso.
combinação
▪ Prazo de
ideal de rotas.
entrega
reduzido.
Fonte: autora

A escolha da modalidade de transporte adequada é fundamental, pois além de preservar


as condições do produto, significa custo. Portanto, é necessário atentar para:

✔Aspectos relevantes na definição do tipo de transporte para o produto.

✔Característica da carga a ser transportada - requisitos do produto.

✔Condições de transporte e modalidades disponíveis.

✔Prazo – tempo de entrega.

✔Custo – preço do transporte.

✔Fator de manuseio de carga e descarga – requisitadas pelo produto.

✔Rotas de viagens – disponíveis no mercado.

Todavia, não tem como falarmos em canais de distribuição, sem pensarmos no frete,
que é a forma com que os meios de transportes são remunerados para transportar a
mercadoria/carga. Eles são divididos em Free on board – FOB e Cost, Insurance and Freight –
CIF.

A sigla FOB (Free On Board ) em português pode ser traduzida por “Livre a bordo”. Neste
tipo de frete, o comprador assume todos os riscos e custos com o transporte da mercadoria,
assim que ela é colocada a bordo do navio (ou seja, é pago pelo comprador, no destino). Por
conta e risco do fornecedor, fica a obrigação de colocar a mercadoria a bordo, no porto de
embarque designado pelo importador.

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A sigla CIF (Cost, Insurance and Freight) em português significa “Custo, Seguros
e Frete”. Neste tipo de frete, o fornecedor é responsável por todos os custos e riscos com a
entrega da mercadoria, incluindo o seguro marítimo e frete (ou seja, quem paga é o
embarcador, na origem). Esta responsabilidade finda quando a mercadoria chega ao porto de
destino designado pelo comprador.

Utilizada, também, nas transações nacionais, na qual o CIF quem paga o frete é a origem
da carga/mercadoria e o FOB quem paga o frete é o destinatário da carga/mercadoria. Por
isso, numa operação de coleta, deve-se investigar quem será o responsável pelo pagamento
do frete, origem ou destino.

Devemos ter atenção no momento da opção do tipo de custeio do transporte, pois se


vendemos o produto na modalidade CIF a empresa se responsabiliza pela integridade do
produto até a chegada ao local definido pelo comprador, devendo ser contratado seguro que
cubra qualquer problema eventual evitando prejuízos com perdas e extravios.

Falar em canais de distribuição, também inclui pensarmos em centros de distribuição


– CDs, que são configurações regionais de armazéns onde são recebidas cargas consolidadas, de
grandes volumes.

Nos CDs essas cargas são fracionadas, a fim de agrupar os produtos em quantidade e
sortimento corretos. Após são encaminhadas para os pontos de vendas mais próximos.

A operação, a partir de CD´s, na distribuição da produção, proporciona redução


significativa dos custos de transporte, visto que um volume maior de produtos e mercadorias
podem ser transportados entre longas distâncias, diminuindo custos com paradas e
movimentações sucessivas dos produtos.

A estrutura de um CD deve permitir a carga e descarga de caminhões, com rapidez e


segurança. O seu layout normalmente é composto com pavilhões constituídos de docas, onde
os caminhões estacionam e os produtos são carregados e descarregados rapidamente, com o
auxílio de guindastes, gruas, carrinhos, paleteiras etc.

2.4 Setor de expedição

Tanto o setor de recebimento quanto o de expedição estão presentes nas logísticas de


bens e serviços, pois conforme já abordamos o primeiro recebe a carga/mercadorias, seja ela
matéria-prima ou produto acabado. O que difere um do outro, ainda, é que o recebimento
estabelece ligação preponderante com o fornecedor, enquanto a expedição está voltada ao
cliente, realizando a logística da entrega dos produtos.

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Para Tadeu (2010, p. 263), “a etapa de expedição é de grande relevância


para fins operacionais, para se delinear com clareza os limites das
competências entre o pessoal que cuida da movimentação e da conferência física e os que
gerem a parte fiscal”.

De todo modo, os espaços operacionais na logística são estruturados em docas de


entrada (recebimentos) e docas de saídas (expedição), com atividades de conferências, carga
e descarga.

Mas, afinal, o que são docas?

Docas são os portões de entrada que permitem acesso ao interior do depósito, armazém
ou do cross docking (terminal de cargas).

Tais entradas devem ser pensadas considerando a largura das carrocerias dos
caminhões e, estar na mesma altura dos veículos, para facilitar o recebimento (a descarga),
inclusive para caminhões com plataformas hidráulicas.

Neste sentido, quando as plataformas estão desniveladas em relação aos caminhões,


utiliza-se uma rampa elétrica ou mecânica (as chamadas niveladoras de
docas – figura ao lado), ou até mesmo uma empilhadeira para
movimentar as cargas/mercadorias.

Alguns modelos de caminhões já possuem uma rampa (plataforma


hidráulica) acoplada na carroceria para auxiliar nas operações de carregamento ou
descarregamento da carga/mercadoria.

Os layouts (arranjos físicos) dessas estruturas, ou seja, a disposição das docas e das
plataformas de descargas podem ser diagonais ou transversais (essa é a mais comum e
funcional), figura 6.

Figura 6 – Doca transversal

Fonte: Mecalux – sistema de armazenagem

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Lembrando que essa disposição deve ser o mais funcional possível para as
operações de manobras, inclusive e, que as docas devem estar identificadas de alguma forma,
letras ou números para fins de o motorista saber onde deve encostar o caminhão.
Algumas logísticas possuem docas de recebimento separadas das docas de expedição
(estruturaram o armazém ou CD neste formato, que é o ideal), porém existem situações em
que são utilizadas as mesmas docas e em mesmos turnos (a estrutura do espaço não
contemplou docas distintas), nesse caso é preciso atenção com o uso das docas, qualificação
dos profissionais que atendem o recebimento e dos profissionais que atendem a expedição.
O ideal é evitar de usar a mesma doca no mesmo horário, para distintas operações, ou seja,
tentar agendar os recebimentos em horários diversos da expedição, sempre que possível.

Por fim, temos que o setor de expedição de mercadorias/cargas resguarda semelhanças


com o setor de recebimento das mercadorias/cargas, porém no setor de expedição, a
conferência é executada na saída da carga/mercadoria, que foi solicitada pelo cliente.

Portanto, há de se considerar as etapas de conferência física e documental, com base


no pedido do cliente, observando discrepâncias, exatidão e precisão, tendo em vista agora
tratar-se do papel do fornecedor.
VOCÊ SABIA QUE.…?
O setor de expedição faz a interligação entre a empresa e o cliente e, é através dessa relação
que a mercadoria chega ao destino.

2.5 Distribuição interna e externa

As rotinas de logística de distribuição da carga/mercadoria perpassa por processos


internos e externos.

Para Chiavenato (2015, p. 157):


Toda distribuição envolve um sistema complexo de atividades, isto é,
um conjunto ou combinação de atividades, forma de venda,
intermediários e meios de entrega que constitui um todo integrado e
necessário para fazer com que o produto/serviço da empresa chegue a
até o consumidor final.
Por exemplo, quando a carga chega da doca de recebimentos, existe toda uma rotina,
especificações técnicas e procedimentais que devem ser adotadas pelas equipes de
descarregamento e setor de recebimento. Então, o caminhão encosta na doca de
recebimento/descarga e a equipe procede com a as atividades operacionais.

Esse processo é interno, envolvendo operações de descarga, conferência no recebimento,


desconsolidação para as rotas de entrega/destino, movimentação com empilhadeiras ou
paleteiras ou até mesmo carrinhos, ou ainda, manuseio dessa carga para as rotas de destino.

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As equipes de carregamento/expedição devem conferir a carga antes do


embarque no caminhão da rota, inclusive verificando a integridade da carga, o caminhão
alocado, a distribuição da carga, no baú do caminhão, obedecendo os critérios de pesos por
eixos, a capacidade máxima do caminhão, as técnicas de arrumação da carga no interior do
veículo e a documentação de expedição da carga.

Depois de cumpridas as etapas das cargas/mercadorias carregadas, evolui-se para a


distribuição externa, que envolve o transporte, os aspectos climáticos, disponibilidade de
agenda do cliente para receber essa carga expedida, a legislação de trânsito (observar locais
permitidos para carga e descarga), as velocidades permitidas conforme o Código Brasileiro de
Trânsito – CTB (rodovias, vias urbanas) e conforme a dimensão do veículo, dentre outros
detalhes operacionais e legais.

Muitas vezes, a logística necessita ofertar mão de obra de descarga na chegada da carga
ao cliente ou até mesmo manter uma equipe de logística dedicada na “planta” do cliente,
dependendo das negociações contratuais.

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