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Professor@s:
Ananda Fernandes, Marília Flora, Márcia Pestana-Santos, Lurdes Lomba, Jorge Apóstolo
2022-2023
Raciocínio clínico
“O raciocínio clínico tem sido definido de várias maneiras, em uma
variedade de disciplinas. Pesut e Herman definiram o raciocínio clínico
como sendo “o pensamento crítico refletivo, concomitante e criativo
inserido na prática de enfermagem”.11 Outras definições incluem o
processo de aplicar o conhecimento e a experiência a uma situação
clínica para desenvolver uma solução.12 “
Fonte: https://doi.org/10.5935/978-65-5848-533-9.C0002
O que é o diagnóstico de enfermagem (DE)
• “Um DE é um julgamento clínico sobre uma resposta humana a condições
de saúde/processos da vida, ou uma suscetibilidade a tal resposta, de um
indivíduo, um cuidador, uma família, um grupo ou uma comunidade. Um
diagnóstico de enfermagem oferece a base para a escolha de intervenções
de enfermagem, para que sejam alcançados os resultados, que são de
responsabilidade do enfermeiro.”
Fonte: https://doi.org/10.5935/978-65-5848-533-9.C0002
Determinantes primários de intervenções de
enfermagem
As intervenções de
enfermagem podem
decorrer de diagnósticos
e prescrições médicas
(intervenções
interdependentes),
diagnósticos de
enfermagem
(intervenções
autónomas) ou de
normas de boa prática
Fonte: https://doi.org/10.5935/978-65-5848-533-9.C0002 organizacional.
Nota:
Os casos clínicos que se seguem servem para treinar o raciocínio clínico
necessário para levar a cabo o processo de cuidados de enfermagem.
A partir das manifestações presentes em cada caso, é possível identificar os
focos de atenção prioritários e os diagnósticos de enfermagem (DE).
Os DE apresentados e respetivas intervenções, são apenas exemplos.
Perante cada criança/família, é a avaliação da situação efetuada pelo
enfermeiro que o conduz a fazer o juízo sobre a(s) resposta(s) daquela
criança/família (DE) e a prescrever as intervenções. Depois de realizada, o
resultado das intervenções deverá de novo ser avaliado para determinar a
sua eficácia.
Caso clínico
A criança com Asma
Adolescente, sexo feminino, 12 anos, habita com a família num grande centro
urbano. Foi ao centro de saúde acompanhada pela mãe, com queixas de tosse e
dispneia. A mãe refere que às 22 horas do dia anterior a filha iniciou um quadro de
tosse seca que evoluiu para ”falta de ar” (dispneia) e "chiado” (pieira) no peito.
Realizou nebulização em casa com soro fisiológico e 1 unidose de Atrovent (Brometo
de ipratrópio), sem melhora dos sintomas.
Antecedentes: Tem rinite alérgica (tal como a mãe e a irmã mais velha (15 A). Ela
apresenta exacerbação dos sintomas nas mudanças de temperatura e em contacto
com pó, pêlo de gato e pólens. Desde os 2 anos de idade apresenta sibilância
recorrente. Não é acompanhada em consulta de especialidade e a mãe refere que
sempre que a filha faz uma crise, leva-a ao serviço de urgência.
a) Três focos prioritários
b) Três diagnósticos de enfermagem (DE) prioritários
c) As intervenções de enfermagem para cada um dos DE identificados
Caso clínico
A criança com Croup
O João, tem 5 anos, foi trazido à urgência pelos pais, que descrevem que ele foi
dormir à hora habitual, sem que apresentasse qualquer sinal ou sintoma de doença.
No entanto, passado cerca de 3 horas, acordou a queixar-se com dor de garganta e
com respiração ruidosa e rápida. Assim que chegou, sentou-se curvado para a
frente, apoiado nos antebraços(posição trípode). Mantém-se de boca aberta, com o
queixo a apontar para fora e a língua em protusão. Os pais apresentam-se muito
ansiosos e dizem que “desde que acordou, ele não deglute saliva nenhuma e parece
estar com pior aspeto a cada minuto que passa”. Foi avaliada temperatura (39,8C);
Pulso (117bpm); Respiração (42 rpm).
Lactente (L); Criança Idade pré-escolar (PE); Criança idade escolar (CE); Adolescente (A); Pais (P)
A criança com compromisso do sistema respiratório
DE: Ventilação comprometida
Intervenções de enfermagem Ações que concretizam a intervenção
- Monitorizar frequência respiratória; - Monitorizar frequência cardíaca
Avaliar evolução da - Vigiar respiração; - Vigiar membranas mucosas
ventilação - Monitorizar saturação de oxigénio; -Vigiar sinais e sintomas de dificuldade respiratória
- Questionar a criança em idade pré-escolar sobre falta de ar
Posicionar para otimizar a - Elevar a cabeceira 30 a 45º
ventilação - Posicionar em decúbito lateral sobre o lado afetado
- Identificar dispositivo de promoção da oxigenação
- Administrar oxigénio; - Vigiar a permeabilidade da cavidade nasal
Iniciar oxigenoterapia - Limpar cavidade nasal com soro fisiológico na presença de secreções
- Vigiar utilização do dispositivo de promoção da oxigenação
- Monitorizar saturação de oxigénio
- Contatar médico responsável
Referenciar ventilação
- Descrever ventilação da criança tendo em conta os parâmetros essenciais e os sinais de
comprometida ao médico
desconforto respiratório
Referenciar saturação de - Contatar o médico responsável
oxigénio ao médico - Informar sobre valores de saturação de oxigénio
Processo de Enfermagem
A criança com compromisso do sistema respiratório
DE: Dispneia
Intervenções de enfermagem Ações que concretizam a intervenção
- Monitorizar a frequência respiratória
- Vigiar a respiração
- Monitorizar a saturação de oxigénio
Avaliar evolução da dispneia
- Questionar a criança em idade pré-escolar sobre presença de esforço
respiratório
- Avaliar dispneia da criança em idade pré-escolar através de escala
- Elevar a cabeceira 30 a 45º
Posicionar para otimizar a
- Posicionar em decúbito lateral sobre o lado afetado
ventilação
- Posicionar em Fowler ou Semi-Fowler
- Executar com a criança em idade pré-escolar exercícios de respiração
Executar exercícios de controlada
controlo respiratório - Executar com a criança em idade pré-escolar posicionamentos a adotar
em situações de crise
Processo de Enfermagem
A criança com compromisso do sistema respiratório
DE: Limpeza da via aérea comprometida
Intervenções de enfermagem Ações que concretizam a intervenção
Avaliar evolução da limpeza da - Vigiar reflexo de tosse -Vigiar caraterísticas das secreções
via aérea - Vigiar sons respiratórios. - Vigiar sinais e sintomas de dificuldade respiratória
- Selecionar sonda de aspiração adequada - Aspirar cavidade oral
- Monitorizar saturação de oxigénio. - Monitorizar frequência cardíaca
Aspirar via aérea
- Aspirar cavidade nasal (se adequado) -Vigiar caraterísticas das secreções
- Vigiar hemorragia
- Alternar posicionamento - Vigiar sinais e sintomas de dificuldade respiratória
- Elevar cabeceira da cama entre 30º a 45º, caso não se verifique contraindicações
- Monitorizar frequência cardíaca associado à alteração de posicionamento
Posicionar para facilitar a
- Monitorizar frequência respiratória associado à alteração de posicionamento
limpeza da via aérea
- Monitorizar saturação de oxigénio associado à alteração de posicionamento
- Monitorizar TA associado à alteração de posicionamento
- Incentivar a criança em idade pré-escolar à mudança do posicionamento
Executar inaloterapia - Administrar terapêutica inalatória - Posicionar a criança em Fowler ou semi Fowler
Executar técnica de tosse - Monitorizar sinais vitais antes, durante e após o procedimento
assistida - Executar com a criança em idade pré-escolar técnica de tosse assistida
A criança com compromisso do sistema respiratório
DE: Potencial para melhorar capacidade para limpar secreções da via aérea
Intervenções de enfermagem Ações que concretizam a intervenção
Avaliar evolução da capacidade - Questionar a criança/adolescente sobre técnicas de tosse
para limpar secreções da via - Questionar a criança/adolescente sobre capacidade para expelir secreções
aérea
- Monitorizar os parâmetros vitais antes, durante e após a realização das técnicas da
tosse
Instruir técnica da tosse
- Ensinar a criança a realizar as técnicas expiratórias lentas
- Ensinar o adolescente a realizar técnicas expiratórias prolongadas
- Monitorizar sinais vitais antes, durante e após o procedimento
Treinar técnica da tosse
- Executar com a criança/adolescente as técnicas de reexpansão pulmonar supracitadas
A criança com compromisso do sistema respiratório
Lactente (L); Criança Idade pré-escolar (PE); Criança idade escolar (CE); Adolescente (A);
Pais (P)
A criança com compromisso do sistema termorregulador
DE: Febre
Intervenções de enfermagem Ações que concretizam a intervenção
- Identificar o local de avaliação mais adequado à criança
- Monitorizar a temperatura corporal periférica
- Vigiar coloração e temperatura das extremidades
- Monitorizar frequência cardíaca e pressão arterial
Avaliar evolução da temperatura - Vigiar sudorese;
corporal - Vigiar sensação de calor
- Vigiar cansaço
- Vigiar tontura
- Vigiar atividade convulsiva
Gerir hidratação - Monitorizar balanço hídrico; - Planear a ingestão hídrica; - Incentivar a ingestão hídrica
Ensinar sobre ingestão de - Ensinar a criança em idade escolar/adolescente/pais sobre necessidades hídricas
líquidos diárias, correspondentes ao peso
Avaliar evolução do - Questionar mãe/pai sobre estratégias para controlo da temperatura corporal
conhecimento da mãe/pai sobre - Questionar mãe/pai sobre sinais/sintomas de hipertermia
controlo da temperatura corporal
Ensinar mãe/pai sobre sinais de - Ensinar mãe/pai sobre fatores de risco de convulsão febril
alerta de convulsão - Ensinar mãe/pai sobre sinais e sintomas da convulsão
Focos do domínio Digestão
Lactente (L); Criança Idade pré-escolar (PE); Criança idade escolar (CE); Adolescente (A); Pais
(P)
DE: Vomitar
Intervenções de enfermagem Ações que concretizam a intervenção
- Monitorizar número de vómitos
- Avaliar quantidade não mensurável do vómito
Avaliar evolução do vomitar
- Avaliar tipo de vómito
- Vigiar complicações associadas ao vômito
- Contactar o médico responsável
Referenciar o vomitar ao médico
- Informar médico sobre caraterísticas do vómito
Posicionar para prevenir a - Posicionar a criança pequena em decúbito lateral ou semi-fowler
aspiração
Executar cuidados de higiene - Incentivar os cuidados de higiene oral na criança com vómito
oral - Escovar os dentes
- Monitorizar balanço hídrico
Gerir hidratação - Planear a ingestão hídrica, fracionando-a
- Incentivar a ingestão hídrica
DE: Potencial da mãe/pai para melhorar conhecimento sobre prevenção de aspiração
Intervenções de enfermagem Ações que concretizam a intervenção
Avaliar evolução do - Questionar mãe/pai sobre estratégias para prevenir a aspiração
conhecimento da mãe/pai sobre - Questionar mãe/pai sobre importância da prevenção de aspiração
prevenção de aspiração
Ensinar mãe/pai sobre prevenção - Ensinar mãe/pai sobre posicionar a criança em decúbito lateral ou semi-fowler
da aspiração - Ensinar mãe/pai sobre complicação associada à aspiração do vómito
DE: Potencial da mãe/pai para melhorar conhecimento sobre prevenção de desidratação
Intervenções de enfermagem Ações que concretizam a intervenção
Avaliar evolução do - Questionar mãe/pai sobre estratégias para prevenir a desidratação
conhecimento da mãe/pai sobre - Questionar mãe/pai sobre sinais/sintomas da desidratação
prevenção de desidratação - Questionar mãe/pai sobre a importância da prevenção da desidratação
Ensinar mãe/pai sobre prevenção - Ensinar mãe/pai sobre sinais/sintomas da desidratação
da desidratação - Ensinar mãe/pai sobre a importância da ingestão hídrica
Posicionar para prevenir a - Posicionar a criança pequena em decúbito lateral ou semi-fowler
aspiração
Executar cuidados de higiene - Incentivar os cuidados de higiene oral na criança com vómito
oral - Escovar os dentes
- Monitorizar balanço hídrico
Gerir hidratação - Planear a ingestão hídrica, fracionando-a
- Incentivar a ingestão hídrica (definir volume a ingerir)
Caso Clínico
Lactente com 15 meses diagnosticado com LMA, após ter recorrido ao serviço de urgência com um
aspeto emagrecido, massas musculares pobres, palidez cutânea acentuada e um quadro febril
arrastado com um ou dois picos de febre por dia. Apresentava também hemorragias frequentes da
boca e vómitos espontâneos.Teve alta do internamento após 46 dias e passou para hospital de dia.
Regressa por neutropenia febril e infeção do cateter central por Staphylococcus epidermidis.
Encontra-se em isolamento. Sinais vitais: TA: 92/47 mm/Hg; FC: 130 bat/min; FR: 28 ciclos/min;
Saturação de Oxigénio: 100%; Temperatura: 36,8ºC; Dor: 0 (Escala FLACC). Alterações no exame
físico: Palidez cutânea; Cabelo fino; Equimose no local de inserção do anterior cateter central de
lúmens na jugular direita e no joelho. Possui cateter central de implante na zona infra-clavicular
esquerda. Fica acompanhado pelo pai que refere cansaço e desanimo face a esta situação.
Caso Clínico - Resolução
DE: Potencial para manter o papel parental complexo durante a hospitalização
Intervenções de Enfermagem Ações que Concretizam as intervenções
Apoiar papel parental Dar espaço e lugar à expressão de sentimentos
Assistir a mãe e/ou o pai no tomar conta Ensinar sobre cuidados de vigilância do local de inserção, febre
e/ou alterações de comportamento
Negociar o papel parental (cuidados de higiene e Permitir que o pai desempenhe funções no seu tempo, dando
alimentação) lugar à tomada de decisão. Não forçar
Manter técnica estéril em todos os procedimentos Garantir e promover o cumprimento de técnica asséptica nos
invasivos procedimento
Vigiar sinais e sintomas de infeção Vigiar, dor, rubor, edema e calor no local de inserção do cateter
Adolescente com 16 anos com osteossarcoma em fase terminal. Encontra-se apática, e triste. Refere
enorme cansaço e dificuldade em respirar. Mais queixosa nas mobilizações e posicionamentos.
Apresenta quadro de neutropenia.
Durante uma conversa com o médico diz-lhe que não quer fazer mais nenhum tratamento.
Disse à mãe “Estou pronta para partir”. A mãe não aceita a recusa de tratamento da filha e sente-se
desesperada, quer que a equipa mantenha todos os tratamentos e que não desista da sua filha.
Pesquisar LINK
https://www.cnecv.pt/pt/deliberacoes/recomendacoes/recomendacao-sobre-o-processo-de
❖ Decreto-Lei nº 47344, artigo 130 – Efeitos de Maioridade, uma vez perfeitos os 18 anos, o individuo fica capaz de
exercer os seus direitos, ficando habilitados reger a sua pessoa e a dispor dos seus bens.
❖ A lei exige dois requisitos cumulativos para que um menor esteja apto a formar uma vontade sobre ser ou não
submetido a cuidados médicos, a saber:
❖ (1) ter idade igual ou superior a 16 anos
❖ (2) possuir o discernimento necessário para avaliar o sentido e alcance da sua decisão.
❖ Portanto, a idade de 16 anos não constitui condição suficiente para consentir, pois tem ainda de ser
avaliada a capacidade de discernimento dos jovens, ou seja, os jovens com mais de 16 anos só poderão
consentir num ato médico se compreenderem o sentido e o alcance da sua decisão, do tratamento a
realizar, o modo como este se processa, a sua duração, as consequências/riscos, e até mesmo as
consequências de uma eventual recusa do tratamento.
Caso Clínico - Resolução
Diagnósticos possíveis (conforme as manifestações presentes):
Avaliar a condição de papel parental Incentivar outros elementos da família a estarem presentes (pai,
avós ou outros), não restringir visitas
Promover escuta ativa Permitir tempo e espaço para a partilha de emoções, ouvir. Dar
liberdade para a intervenção de outros profissionais de saúde
(segundas opiniões)
Caso Clínico
A Joana é uma bebé de três semanas de vida. É a primeira filha do casal. Desde o
nascimento, a criança dorme por períodos inferiores a duas horas e quando acorda,
chora continuadamente. A criança é colocada à mama e alimenta-se exclusivamente
com leite materno. Os pais estão visivelmente cansados, apresentando algum
desespero para com a situação. Já utilizaram várias estratégias para a tranquilizar,
incluindo segurar na criança ao colo, agitando-a continuadamente, por vezes, de forma
enérgica. Por sentirem que a situação se tem agravado, decidem dirigir-se ao Centro de
Saúde e solicitar intervenção da enfermeira em como gerir esta situação. À chegada, a
enfermeira observa que a criança vem no “ovo” mas sem o cinto de segurança colocado.
Os pais afirmam que “foi só enquanto saíram do carro até entrar no gabinete de
enfermagem”.
Caso Clínico
Face à situação, apresente o projeto de cuidados de enfermagem a implementar
utilizando taxonomia CIPE (estrutura apresentada em baixo):
Foco:
Diagnóstico:
Objetivos
1 - Determinar a evolução do conhecimento dos pais sobre o choro do RN
2 - Determinar a evolução da capacidade dos pais para usar as estratégias para lidar com o choro
do RN
❖ Intervenções de Enfermagem
❖ Intervenções de Enfermagem
Objetivos
1 - Determinar a evolução do conhecimento dos pais sobre como transportar o RN em segurança
2 - Determinar a evolução da capacidade dos pais para transportar a criança em segurança
Critérios de resultado
1 - Que os pais consigam aprender as regras de segurança para o transporte do RN
2 - Que os pais sejam capazes de transportar o RN em segurança
DE 1 - Potencial para melhorar conhecimento sobre
promoção da segurança do RN
❖ Intervenções de Enfermagem
❖ Intervenções de Enfermagem
De seguida chega a enfermeira, que não presenciou esta situação, e encaminha a mãe
até junto do Manuel, que se encontra a dormir. Enquanto a enfermeira faz o acolhimento
na unidade, verifica que a mãe parece “lentificada”, “apática”. Este comportamento
prende a sua atenção.
1. Comente o caso apresentado.
2. Considere que é a enfermeira que acolheu a mãe na unidade. Como procederia?