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VOCÊ
Série Caminhos do Amor
(Livro 2)
Daiana Machado
Copyright © 2022
Daiana Machado
Todos os direitos reservados.
Os personagens e eventos retratados neste livro
são fictícios. Qualquer semelhança com pessoas
reais, vivas ou mortas, é mera coincidência e não foi
pretendida pela autora. Nenhuma parte deste livro
pode ser reproduzida ou armazenada em um sistema
de recuperação ou transmitida de qualquer forma ou
por qualquer meio, eletrônico, mecânico, fotocópia,
gravação ou outro, sem a permissão expressa por
escrito da autora.
Capa: Daiana Machado
Capítulo 1
Gabriel
Emily
Gabriel
Emily: Não é nada sério comigo, mas a mãe dela está com
dengue.
Eu: Putz...
Emily: Aproveitando... posso te ligar?
Eu: É claro...
Emily: Pq ñ estaria?
Eu: sim...
Eu: kkkkkkkkkkkkkkkkk
Emily
Gabriel
Emily
Puta que pariu! Como ele beija bem, meu Deus...
Gabriel
Emily
Gabriel
Emily
Gabriel
Emily
Gabriel
Emily
Gabriel
Emily
Gabriel
Emily
Gabriel
Meus pais iriam viajar para a praia para aproveitar o feriado do dia 2
de novembro e pediram para que eu e a Fernanda nos
revessássemos para cuidar do Peter. A Fernanda morava mais perto,
então obviamente, ficou responsável por mais dias. Na terça-feira dia
1, eu tinha um churrasco de um camarada meu que morava lá no
bairro da minha família, assim, falei com a Fernanda que eu e a
Emily dormiríamos na casa dos meus pais de terça para quarta.
Nesses dois dias, ela não precisaria cuidar do Peter.
O churrasco do Roger teve início por volta das 18:00h.
Como começou bem cedo, lá pelas 23:00h eu e a Emily já
estávamos querendo ir embora, e assim fizemos. Ao chegarmos na
casa dos meus pais, fui trocar a água do Peter, colocar comida e
limpar o canil, enquanto a Emily brincava com ele. Ela o perseguia
por toda a casa e ele fazia o mesmo com ela. Eu adoro vê-la se
divertindo e sobretudo, ver o carinho que ela tem com os animais.
Quando terminei, o coloquei para o jardim e voltei para área da
piscina, onde ela já me esperava deitada em uma das
espreguiçadeiras. Me deitei ao seu lado e ficamos contemplando o
céu estrelado. A noite estava agradável e a lua se destacava no céu.
A Emily havia ligado o som e estava tocando Let's Make It do AC/DC.
– Nossa, a noite está linda! – Comentou.
– Sim. – Concordei, apesar de estar olhando para ela e não
para o céu.
– Sabe, tem três coisas que eu nunca fiz e que gostaria de
fazer hoje. – Comentou como se não fosse nada importante, depois
de algum tempo olhando para cima.
– E quais seriam? – Perguntei.
Ela se levantou, se posicionando de costas para mim e
começando a se despir. Senti meu sangue se concentrar todo no
meu pau.
– Nunca nadei nua, nunca nadei à noite e nunca fiz amor à luz
da lua...
Sorri sem conseguir esboçar nenhuma resposta. Eu amo ouvir
ela dizer “fazer amor”, mesmo que muitas das nossas transas sejam
um pouco urgentes e desesperadas. Uma a uma, suas roupas foram
caindo ao chão. Primeiro o vestido, depois o sutiã preto tomara que
caia e por último, a calcinha preta rendada.
Já nua, ela mergulhou na piscina de uma forma bem
sensual. Eu me sentei na espreguiçadeira apoiando os cotovelos nos
joelhos, para contemplar melhor aquela mulher maravilhosa, dona do
meu mundo. A Emily nadou de uma borda até a outra, enquanto eu
me deliciava com aquela visão. Depois de mais uma vez nadar de
uma borda a outra, ela veio nadando em minha direção. Seus
cabelos estavam molhados, assim como os seus cílios imensos.
Porra... mais sexy impossível...
– Você não quer entrar? – Perguntou fazendo biquinho.
– Só se for agora, princesa.
Arranquei minha roupa mais que depressa, e diferentemente
dela, sem nenhuma sensualidade. Mas apesar disso, meu pau já
estava completamente duro e a Emily pareceu curtir bastante o que
viu, me lançando um sorrisinho safado.
Mergulhei na piscina e nadei até ela. Ela me abraçou e me
envolveu com as pernas. Sem nenhuma cerimônia, a peguei pela
bunda e a prensei contra a parede da piscina. Observei atentamente
aqueles olhos redondos piscando lentamente para mim.
Caralho, que mulher!
Eu ia beijá-la, mas ela guiou a minha boca até o seu seio e
não pude resistir. Chupei forte o bico já intumescido.
– Ah, Gabriel... – Gemeu baixinho.
Eu o sugava forte, depois o massageava com a língua, dando
leves mordidas em seguida. A Emily desceu com a mão até o meu
pau e ficou muito difícil continuar só a beijando. Caminhei com ela no
meu colo até a escada e a coloquei deitada na borda, me colocando
por cima dela. Ela abriu a boca para falar alguma coisa e aproveitei a
oportunidade e enlacei a boca dela com a minha.
Que beijo! Que lábios!
Nossas línguas se acariciavam sensualmente. Não me
canso de beijá-la nunca e nos beijamos como se o mundo fosse
acabar naquele instante. Meu pau latejava de tão duro. Ela subiu
com uma mão pelas minhas costas, parando na minha nuca. Com a
outra, ela acariciava a minha cabeça. Estávamos sem ar, mas eu não
me importava, queria cada vez mais dela.
Ela estava toda arrepiada por causa do corpo molhado e o
vento fresco.
– Você é linda! – Sussurrei enquanto a observava.
Era a visão do paraíso. Ela levantou o tronco, se sentando
na borda.
– Fica em pé.
Só se for agora...
Eu me levantei e ela fez sinal com o dedo para que eu me
aproximasse mais. Obedeci, já deduzindo qual era a sua intenção. A
Emily agarrou o meu pau e o colocou na boca sem nenhuma
cerimônia. Apoiei as minhas mãos na cabeça dela, enquanto ela me
chupava deliciosamente. Ela permaneceu trabalhando com a boca
durante um bom tempo. Comecei a sentir que ia gozar em breve e a
afastei, obrigando ela a se deitar de novo na borda, me deitando por
cima dela novamente. Ela abriu as pernas me envolvendo. Esfreguei
meu pau nela, sentindo quão molhada ela estava, mas como eu
ainda não tinha colocado camisinha, minha intenção era apenas
deixá-la mais ansiosa.
A Emily sorriu para mim com um olhar bem malicioso,
descendo a mão pelo meu corpo e agarrando o meu pau. Segurando
firme, o guiou para dentro de si ao mesmo tempo que elevava o
quadril para acomodá-lo.
– Porra, Emy! – Grunhi.
Queria muito transar com ela sem camisinha, mas não tinha
o hábito de fazer isso e fiquei um pouco receoso. Ela deve ter
percebido que fiquei tenso, porque sussurrou no meu ouvido:
– Eu tomo pílula.
Porra, sendo assim...
Era tudo que eu precisava ouvir. Só havia transado sem
camisinha uma única vez na adolescência, mas desejava isso com a
Emily desde a nossa primeira vez. Apertei a bunda dela com as
minhas duas mãos. Ela só suspirou e soltou um gemido grave. Mudei
nossas posições e a fiz ficar por cima de mim. Aqueles lindos seios
sacudiram diante dos meus olhos ao passo que ela rebolava sobre
mim e, imediatamente, mordisquei a lateral de um deles, sugando o
mamilo em seguida. Estar dentro dela sem camisinha era a melhor
coisa do mundo! Fiquei alucinado.
Enquanto ela subia e descia no meu pau, seus movimentos
eram lentos. Só que foi ficando difícil para nós dois nos controlarmos
e ela foi intensificando os movimentos, rebolando e esfregando o
clitóris contra minha virilha. Eu estava com muito tesão e não
conseguia me manter parado, então, ia empurrando meu quadril
contra ela, sincronizando nossos movimentos.
Precisei parar de me mexer pois estava prestes a gozar.
– Vá devagar, princesa...
Ela fechou os olhos, retirou as minhas mãos do seu quadril e
as levou para os seus seios.
– Não... consigo. – Falou entre gemidos.
Puta que pariu, essa mulher acaba comigo...
– Emily...
– Eu vou gozar... – Ela me interrompeu.
– Hum... que delícia!
Ela cravou as unhas no meu pulso e gemeu alto. Senti os
seus espasmos em volta do meu pau e gozei forte dentro dela pela
primeira vez sem nenhuma barreira. E foi incrível! Meu corpo ficou
todo arrepiado. Ela me beijou ardentemente antes de sair de cima de
mim e demorei alguns minutos para me recompor mentalmente.
Permanecemos abraçados em volta da piscina, olhando a
lua. Quando o vento fresco se tornou incômodo, fomos para o meu
quarto. A minha antiga cama era de solteiro, então tivemos que
dormir bem agarrados e não me importei nem um pouco com isso.
Demoramos a pegar no sono, porque ficamos conversando
até tarde e ouvindo música. No momento em que “Por Você” do
Barão Vermelho começou a tocar, foi impossível não cantar junto,
evidentemente para a Emily.
“Por você
Eu dançaria tango no teto
Eu limparia
Os trilhos do metrô
Eu iria a pé
Do Rio a Salvador (...)”
Gabriel
Emily
Gabriel
Emily
Eu: ☹
Gabriel
Emily
Cléo
Tirei uma foto dele discretamente para enviar a ela; ele estava
na mesma posição de quando cheguei, emburrado, com uma
Heineken long neck na mão, meio sentado, meio deitado e sem
camisa. Assim que ela recebeu a foto, me respondeu:
Gabriel
Emily
Sheila: Bom dia! Foi muito bom te encontrar ontem, estava com
saudades...
Gabriel
Jurei para mim mesmo que não ia procurar a Emily mais, mas
estava bem difícil superá-la. Apesar de termos ficado pouco tempo
juntos, foi tudo muito intenso e eu pensava nela vinte e quatro horas
por dia.
O Natal chegou e passei tanto a véspera, quanto o dia 25,
esperando uma mensagem dela, que nunca chegou. Meus pais me
perguntaram o que tinha acontecido entre nós e acabei mentindo,
porque não queria que eles soubessem da gravidez da Amanda
ainda, afinal, eu poderia não ser o pai.
O que amenizou um pouco as minhas angustias sem dúvida foi a
presença da minha sobrinha. Estávamos todos babando nela.
Na segunda-feira dia 26, assim que cheguei ao trabalho, fui
informado que o meu chefe queria falar comigo. Pensei que pudesse
ter surgido uma viagem de última hora e fiquei surpreso ao descobrir
que ele queria era me promover.
– É uma ótima oportunidade para você, Gabriel. – Me disse.
– No Rio de Janeiro? – Perguntei assustado.
– Sim. Precisamos de homens de confiança lá para esse cargo e
não sei de alguém melhor que você para isso.
Pensei um pouco sobre, analisando os prós e contras, enquanto
ele me olhava. Eu iria ganhar mais e em outro lugar, seria muito mais
fácil tirar a Emily da minha cabeça. Eu poderia visitar a minha família
uma vez por mês, assim como o meu filho, caso fosse meu. Então,
aceitei.
– Ótimo. – Meu chefe me disse, um pouco surpreso com a
facilidade que aceitei o cargo. – Já tenho algumas opções de imóveis
para você, já que preciso que você esteja lá na segunda quinzena de
janeiro.
Qualquer outra pessoa ficaria apreensivo com a rapidez daquela
mudança, mas aquilo passou a ser tudo que eu queria.
Durante a virada, também tive esperanças de que a Emily me
procurasse, mas isso não aconteceu.
É, só me restava mesmo seguir com a minha vida...
Capítulo 30
Emily
Estava tudo tão sem graça para mim. Nada mais me trazia
empolgação. Até ir à academia havia se tornado indiferente.
– Agora entendo como você se sentiu aquelas semanas que
passou brigada com o Heitor – comentei com a Cléo enquanto
assistíamos televisão certa noite – você parecia uma morta-viva e
pensei que qualquer hora você fosse cair de cama.
– Eu, de fato, me sentia um zumbi – me respondeu rindo. –
Porém, você não parece nada abatida. Continua com a pele ótima,
com esse cabelo maravilhoso e comendo essas comidas fitness igual
um dragão. Nem olheiras você tem. Tenho até dúvidas que você
esteja sofrendo. Já eu, não tinha nem fome. – E riu.
Não consegui deixar de rir também.
– Se é para sofrer, vou sofrer bonita – respondi.
Apesar do que ela disse, por dentro eu estava péssima. Não
conseguia deixar de me sentir angustiada.
Os dias se seguiram e na primeira terça-feira de janeiro,
acordei assim como nos dias anteriores: de madrugada e sem razão
alguma. Depois disso, não consegui mais pegar no sono. Olhei para
a mesinha de cabeceira e vi que ainda eram 04:00h. Rolei para um
lado, depois para o outro. Mexi tanto que os gatos não aguentaram
continuar dormindo comigo e se levantaram para irem dormir com a
Cléo.
Depois do que se pareceu anos, olhei de novo no relógio e
já passavam das 08:00h. Resolvi levantar para fazer um café bem
forte. Fui pegar meu celular que também estava na mesinha e meus
olhos se fixaram no que estava ao lado dele, mais especificamente,
nos brincos que o Gabriel havia me dado. Eu os peguei, já sentindo
um grande aperto no peito e muita saudade. Faziam duas semanas
que a gente não se falava e eu havia dito para a Cléo e a Mari que
não queria saber nada dele. Pensava que assim, seria mais fácil
esquecê-lo. Porém, me peguei pensando em tudo que a Mari falava
sempre que tinha oportunidade, que eu não deveria ter terminado,
que ele me ama e que o bebê – e a mãe dele – uma hora se
tornariam fácil de lidar.
Será que ela tem razão? É tudo realmente mais simples do
que eu estou enxergando?
Fui fazer café, mas acabei deixando um copo cair e acordei
a Cléo.
– Oi, bom dia! – Falou assim que chegou na cozinha alguns
minutos depois, meio assustada e descabelada.
Achei estranho o tom dela e tratei logo de perguntar:
– Só “oi” e não “oi, amiga”? O que está acontecendo? –
Questionei enquanto catava os cacos de vidro, apesar de não achar
que tivesse acontecendo algo realmente.
– Precisamos conversar.
Fiquei preocupada.
Então não é impressão minha, tem algo acontecendo...
– Nossa, estou com medo. O que houve?
Antes de ela me responder, comecei a pensar no que
poderia ser e comecei a sentir meu estomago embrulhar.
– O Gabriel e a Amanda estão juntos? – Perguntei quase
gritando.
Para o meu alívio, a Cléo revirou os olhos de uma maneira
muito dramática, soltando um “não me irrita” em seguida, que
indicava que não era nada daquilo.
– Então o que é? – Já estava me sentindo impaciente.
– Uma série de coisas, não sei nem por onde começar... –
Ela fez uma pausa e coçou a cabeça. – Acho que vou começar pela
Lívia.
Ela se sentou na mesa e dei a ela uma caneca de café. Ela
a pegou e foi me atualizando. A Cléo confirmou aquilo que já
desconfiávamos. De fato, a Lívia e o João tinham rompido. Para a
nossa surpresa – e a de todos – o João não estava apaixonado por
outra mulher, mas sim por um homem.
– NÃO. A-CRE-DI-TO! – Falei em choque.
– Pois é.
Depois do susto inicial, vi que fazia todo o sentido. Eu me
lembrei do aniversário do Felipe quando notei o João encarando
meus amigos. Naquele momento, pensei que pudesse ser
preconceito, mas depois do que a Cléo contou, deduzi que ver os
meus amigos juntos pode ter dado coragem para o João se aceitar. A
Cléo então continuou:
– A Lívia disse que não quer mais morar em Silvestre e vai
vir morar aqui. Na nossa cidade tem muito fofoqueiro e ela não quer
ser o centro das fofocas. Já pediu demissão do emprego e não deve
demorar mais que duas semanas para vir. Apesar de lá ninguém
saber o porquê do término, todos tem uma teoria e ela não quer
ninguém falando da sua vida, já que eles não têm nem a decência de
fazer fofoca escondido.
– Nossa, coitada da Lívia. E como ela ficou sabendo disso?
– Ele mesmo contou que estava se sentindo atraído por um
cara. Ela já desconfiava e não se surpreendeu. O João nem queria
terminar, só queria desabar com ela.
– Então não foi ele quem terminou?
– Não, foi ela. Ela foi notando ele cada vez mais esquisito e
o espremeu na parede. Aí ela mesma resolveu dar um fim.
– Ah, melhor assim do que viver uma vida infeliz. Mas ela
vai morar aqui com quem?
– Então, essa é a parte que você entra. Pensei que vocês
duas pudessem morar juntas, mais especificamente, que ela
pudesse morar aqui com você. – Disse meio receosa.
– Claro que ela pode morar aqui, mas por que você está
falando como se não fosse morar aqui também?
– Então...– ela coçou a cabeça de novo e foi para o sofá.
Eu a segui confusa. Esperei que ela se ajeitasse para
perguntar o que mais ela tinha a me dizer.
– Falei como se não fosse morar aqui... porque não vou. O
Heitor me chamou para morar com ele e eu aceitei.
A Cléo falou como se esperasse uma reação muita negativa
da minha parte. Apesar de saber que iria sentir muito a falta da
minha amiga, queria que ela fosse feliz com o homem que ama,
então já fui logo a tranquilizando.
– Eu vou morrer de saudades de você, mas quero que você
seja feliz, Cléo. – E a abracei. – Estou muito feliz por você, amiga!
Ela me abraçou de volta, mas ainda parecia muito tensa.
– Por que estou com a sensação de que ainda não acabou?
– Perguntei.
– Porque não acabou. Sei que você disse que não quer
saber nada sobre o Gabriel, mas não tem como não te contar isso. O
Heitor me chamou para morar com ele justamente porque o Gabriel
vai se mudar.
Continuei a encarando, esperando ansiosa o que mais ela
iria falar. Quando viu que eu não tinha forças para perguntar nada,
ela continuou:
– Ele recebeu uma proposta de trabalho e vai se mudar
para o Rio de Janeiro.
– O quê? – Berrei ao mesmo tempo que pulei do sofá.
Ela me encarou com um olhar complacente. Aguardei ela
dizer que estava brincando, mas isso não aconteceu.
– Mas isso já está certo? – Perguntei depois de ver que ela
não iria falar mais nada.
– Sim. Ele já levou o contrato do apartamento do Rio para o
Heitor dar uma olhada e já até assinou. Se muda na semana que
vem.
– Semana que vem? – Berrei novamente.
Ela apenas sacudiu a cabeça.
– Mas... mas... mas e o filho dele?
– Ele disse para o Heitor que quando o bebê estiver
maiorzinho, vai solicitar guarda compartilhada, caso seja realmente
dele. A Mari conseguiu convencer ele e a Amanda a fazerem um
exame de DNA...
Meu Deus, quanta informação!
– Mas ele tem a família inteira aqui. – Argumentei. – Os
pais, a irmã, a sobrinha e talvez o filho ou filha.
– Amiga... – ela se aproximou mais e pegou a minha mão,
me fazendo sentar de novo. – Você precisa falar isso tudo é para ele,
não para mim. Agora, me baseando no que você me diria se a
situação fosse inversa, você precisa melhorar esse seu argumento
aí. Todos nós sabemos que essa mudança é uma tentativa de te
esquecer. Se você não quer que ele se mude, é só você acabar com
esse castigo auto imposto.
Fiquei sem saber o que dizer. Senti meus olhos se
encherem de lágrimas e um nó voltar a se formar na minha garganta.
– Eu... eu... eu...
– Você ama ele? – Ela me perguntou.
– Sim!
– Então liga para ele! Ele está viajando. Talvez quando ouvir
que você o ama e quer voltar, ele desista de ir.
– Mas... e se... mas eu não falei que quero voltar.
Ela revirou os olhos de novo.
– E se ele não me quiser mais? – Perguntei me sentindo
com medo.
– Para com o drama, Emily. Está parecendo eu! – Debochou
de si mesma. – Ele é louco por você.
– Quando você ficou sabendo disso tudo? – Perguntei ainda
atordoada.
– Ontem à noite.
Fiquei um tempo assimilando todas aquelas informações e
olhando para ela.
– Tem mais uma coisa... – Me disse.
– Jesus... o quê?
– Não queria separá-los, mas não vou conseguir ficar sem o
Louis, amiga... ele vai junto comigo.
As lágrimas que estavam prestes a cair desceram naquele
momento. Eu sempre soube que o Louis era dela, mas eu amo ele.
Mesmo sabendo que iria vê-lo com frequência, aquilo doeu muito.
A Cléo me abraçou e me deixou na sala, indo para o seu
quarto em seguida, não sem antes reforçar que eu precisava ligar
para o Gabriel. Eu estava com muito medo, mas quando estava
prestes a ligar, meu telefone tocou. Era a Mari. Não tive tempo nem
de falar “alô”.
– Você sabe que o Gabriel vai ser mudar? – Ela perguntou
parecendo tão assustada quanto eu.
– Acabei de saber. – Respirei fundo. – Como você soube?
– Ele acabou de me contar. Quando comecei a discutir, ele
disse que precisava trabalhar e desligou. Emily, você precisa
convencê-lo a ficar!
– Não sei se tenho esse poder.
– Ah, Emily, me poupe. Eu vou desligar e você vai ligar para
ele agora! Não posso ficar tão longe assim dele, mesmo sabendo
que seria ótimo ter uma casa para ficar na Barra da Tijuca. Eu
pegaria muita praia e muito boy gostoso. Se bem que... acho que
estou começando a gostar da ideia. Acredito também que o Gabriel
tenha pensado nisso quando aceitou a transferência... – Falou em
tom provocativo.
– Nisso o quê, na quantidade de boy gostoso do Rio de
Janeiro? – Respondi tentando fazer graça, mas a verdade é que não
estava achando graça nenhuma.
– Hahaha que engraçadinha. Anda logo. Te ligo em meia
hora para saber o que vocês conversaram.
Assim que ela desligou, decidi que realmente iria ligar. Não
sabia ao certo o que iria dizer, mas precisava falar com ele. Respirei
fundo três vezes e liguei. Depois de chamar bastante, ele atendeu.
– Alô.
Meu coração estava acelerado, mas quando ouvi a sua voz,
achei que poderia desmaiar porque minha frequência cardíaca
triplicou.
– Oi... – falei insegura – está podendo falar?
– Na verdade não. Estou em cima de uma torre e só atendi
porque imaginei que pudesse ser algo grave. Afinal, você está me
ligando. Não me ligou para desejar feliz natal, muito menos feliz ano
novo, então só pode ser grave. Aconteceu alguma coisa?
Ele estava bem seco e até um pouco irritado. Meu coração
ficou apertado e perdi a coragem, que já não era muita, de falar
qualquer coisa.
– Desculpa. Não deveria ter ligado.
Ouvi ele bufar do outro lado da linha.
– Mas o que você queria falar, Emily? Não é possível que
você tenha ligado para nada.
Está bem, eu sei que mereço essa rispidez.
Respirei fundo.
– Você vai se mudar?
– Vou.
– Mas você...
– Emily, vou desligar. Não estou afim de justificar minhas
escolhas para mais ninguém e não estou podendo falar agora. Uma
outra hora a gente conversa.
– Não! Calma. – Falei chorando, dando o meu máximo para
que ele não percebesse. – Me perdoa?! Eu não devia ter terminado,
não quero que você se mude... estou morrendo de saudades... e...
eu te amo! – Conclui em um fôlego só.
Ele ficou mudo. Se não fosse pelo barulho do vento batendo
no aparelho, pensaria que ele havia desligado. Depois do que
pareceu uma eternidade, ele respondeu.
– Está um pouco tarde para você me dizer isso, não acha?
– Antes tarde do que nunca. – Respondi com firmeza. – Eu
te amo, você me perdoa por ter me afastado?
– Me dá um bom motivo para isso. – Falou em um tom um
pouco mais amigável.
– Não vou conseguir viver longe de você e vou te fazer
muito feliz se você ficar.
Ele demorou mais um tempo para responder, até que:
– É, me parece promissor. – Respondeu e pelo seu tom, eu
podia jurar que estava sorrindo.
Comecei a sentir meu coração desacelerar e minha
respiração acalmar. Mas aí, ouvi um barulho. Antes que eu pudesse
perguntar o que era, ele pediu que eu esperasse alguns instantes.
Escutei a voz de outro homem ao fundo falar com o Gabriel.
– Caralho, velho, porque eles estão correndo assim? –
Perguntou meio que gritando.
– Alguma coisa deve ter assustado eles. – O Gabriel
respondeu.
– Mas do jeito que eles estão correndo, vão acabar batendo
na gente.
– Não vão não. Relaxa.
– Aquele lá parece que vai. – A voz desconhecida falou.
O Gabriel não falou mais nada durante alguns segundos.
Quando pensei que ele retornaria para o telefone, ouvi os dois
gritando “caralho” em uníssono. Logo em seguida, ouvi um baque
surdo, consecutivo a um barulho alto de falha. Quando o barulho
cessou, ficou o mais absoluto silêncio.
Fiquei muito assustada. Tentei ligar de novo imediatamente,
mas caiu na caixa postal. Comecei a repensar tudo que tinha ouvido
e fui sentindo um pânico surgir.
Será que tinha acontecido alguma coisa?
Eu sabia que ele estava em cima de uma torre e comecei a
me sentir culpada de ter o impedido de desligar. Se tivesse
acontecido algum acidente, não iria me perdoar. Tentei falar com ele
mais algumas vezes sem sucesso. Quando entendi que não
conseguiria, liguei imediatamente para o Heitor.
Enquanto tentava falar com o Heitor, fui para o quarto da
Cléo. Ele me atendeu quase no último toque, o que piorou
consideravelmente meu estado de nervos. Expliquei a ele o que tinha
acontecido enquanto a Cléo me ouvia atentamente.
– Emily, ele está em Cuiabá desta vez e não sei quem
viajou com ele, se não, poderia ligar para saber se aconteceu alguma
coisa. – O Heitor me disse.
– Mas você não tem o número de ninguém que trabalha
com ele? Eu sei que você está indo para o trabalho e não quero te
atrapalhar. Você pode me dar o número de qualquer um, que vou
ligando de um por um para tentar saber alguma informação. Alguém
deve ter o telefone do rapaz que foi com o Gabriel.
A Cléo me interrompeu, dizendo que ouviu o Gabriel
combinar de viajar com um rapaz chamado Cleiton. O Heitor escutou
e me passou o número dele, passando também o de um outro rapaz
chamado Saulo.
Liguei imediatamente para os dois, rezando para que a
minha preocupação fosse tudo coisa da minha cabeça. O Cleiton não
atendeu, mesmo que eu tivesse ligado umas quatro vezes. Já o
Saulo, me atendeu na segunda tentativa.
– Olá, Saulo, meu nome é Emily, eu sou nam... amiga do
Gabriel. Quem me deu seu número foi o Heitor. Por um acaso você
viajou com o Gabriel ou sabe quem viajou?
– Oi... oi, Emily. – Ele fez uma pausa. – Viajei sim, mas
posso te ligar daqui a pouco? Estou resolvendo... uma situação.
Situação?
Senti o medo voltar a crescer no meu peito. Não tinha
porquê o rapaz voltar a me ligar se não tivesse acontecido nada. E
que situação é essa que ele estava resolvendo? Afinal, se não
tivesse relação nenhuma com o Gabriel, ele não precisaria me ligar.
Eu me virei para a Cléo em busca da mão dela. A minha
amiga entendeu meu pânico e imediatamente esticou as duas mãos
para mim, em sinal de apoio.
– Aconteceu alguma coisa com o Gabriel? – Perguntei. –
Estávamos conversando à meia horas atrás, a ligação caiu e não
consegui mais contato.
– Eu te ligo daqui a pouquinho, ok?
Eu ia contestar, mas ele desligou.
– Ai meu Deus, Cléo! Não estou com um bom
pressentimento.
– Calma! – Minha amiga me disse. – Não há de ser nada,
Emily!
Não consegui fazer absolutamente nada, enquanto o Saulo
não me ligou de volta, uma hora depois. Eu o atendi praticamente
berrando.
– Emily, me desculpa a demora. Eu não quero te assustar,
então saiba que já está tudo bem.
Apesar do que ele disse, senti meu estômago embrulhando
de novo e olhei para a Cléo apavorada. Ele então continuou:
– O Gabriel e o Cleiton estavam em cima de uma torre,
próximos a uma fazenda. Havia um rebanho grande nessa fazenda.
Por alguma razão, os animais se assustaram e saíram correndo
desesperados, estourando a porteira da propriedade. Alguns deles
acabaram batendo na torre que eles estavam e a derrubaram.
– Meu Deus! Quantos metros tinha a torre? – Perguntei o
interrompendo.
– Não se preocupa com isso, ok? Eles estão no hospital em
observação e como estavam com equipamentos de proteção, quase
não se machucaram.
– Quase? – Perguntei atônita.
– O celular do Gabriel caiu e obviamente quebrou. Por isso você
não vai conseguir falar com ele. Mais tarde vou voltar ao hospital
para vê-los e te ligo de lá para que você possa falar com ele.
O Saulo desligou e eu permaneci lá ainda atordoada. Mesmo ele
dizendo que eu não tinha motivos para me preocupar, fiquei com
muito medo.
Só fui de fato relaxar um pouco, por volta das 17:00h,
quando o Gabriel me ligou do telefone do amigo.
– Ficou preocupada comigo, princesa?
– Óbvio! Como você está?
– Estou bem, apenas com algumas escoriações e o ombro
imobilizado. Ele saiu do lugar, mas os médicos já o colocaram de
volta.
– Quantos metros tinha a torre?
– Relaxa, princesa. Essa informação não vai te acrescentar
em nada. Vamos retomar o assunto de antes do incidente. O que
você estava me dizendo mesmo? Não me lembro...
Eu sorri.
– Que eu te amo e que se você for se mudar, eu vou junto.
Possivelmente ele achou que eu estava brincando, mas eu
falava sério. Tinha passado o dia todo pensando naquilo.
– Hum... – ele falou com ar brincalhão – não sei se eu
quero.
– Não sabe se quer ficar comigo? – Perguntei fazendo
biquinho, mesmo que ele não pudesse me ver.
– Ah, não. Isso eu definitivamente quero. Não sei se quero
ficar com você em Belo Horizonte ou no Rio de Janeiro.
– Entendi. Que dia você volta para cá?
– Depois de amanhã. Teremos alta amanhã. Agora preciso
desligar porque o Saulo vai embora. Possivelmente, só nos
falaremos na quinta-feira, ok.
– Não tem outro jeito, né. Fica bem, viu?! Te amo!
Ele deu uma risadinha antes de me responder.
– Também te amo!
Nós desligamos e eu só conseguia pensar que queria que
essas quarenta e oito horas passassem voando...
Capítulo 31
Gabriel
Emily
Três meses depois...