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Apenas

VOCÊ
Série Caminhos do Amor
(Livro 2)

Daiana Machado
Copyright © 2022

Daiana Machado
Todos os direitos reservados.
Os personagens e eventos retratados neste livro
são fictícios. Qualquer semelhança com pessoas
reais, vivas ou mortas, é mera coincidência e não foi
pretendida pela autora. Nenhuma parte deste livro
pode ser reproduzida ou armazenada em um sistema
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escrito da autora.
Capa: Daiana Machado
Capítulo 1

Gabriel

Eu nunca fui um cara romântico. Nunca nem mesmo havia me


apaixonado. Não que fugisse disso, apenas nunca tinha me
envolvido emocionalmente com ninguém. Até o dia em que a
conheci. Se eu acreditasse em amor à primeira vista, diria que me
apaixonei assim que a vi pela primeira vez, mas como sou cético em
relação a essas coisas, acho que posso dizer que fiquei encantado.
Encantado pra caralho!
Não sei dizer o que mais me chamou a atenção nela de
início. Ela era linda, ok! Aliás, ela é linda! Corpo malhado, cabelos
ruivos ondulados, olhos castanhos e o sorriso... Com certeza, o
sorriso é o que ela tem de mais bonito. Mas não era só beleza física
e aos poucos fui percebendo que ela realmente atingia todas as
minhas expectativas. É engraçada, simpática, inteligente, meiga, e
ao mesmo tempo, bruta. Também é companheira, carinhosa e
dedicada com as pessoas que ama, como com a amiga – a Cléo. O
problema dela era um só, e muito sério por sinal: o namorado.
Eu a conheci no dia vinte e cinco de março de 2016, quando
ela foi à minha casa levar umas coisas que a Cléo havia pedido. A
Cléo é namorada do meu amigo Heitor. Eu e o Heitor moramos
juntos há uns sete anos. Naquela semana, a Cléo estava passando
uns dias conosco por causa de uns problemas no encanamento do
apartamento que dividia com a amiga. E foi essa amiga quem roubou
todo o meu equilíbrio: Emily.
Emily. Emily. Emily. Emily.
Quanto mais eu tentava me convencer de que a Emily era
uma mulher comprometida, mais meu corpo e a minha mente a
desejavam. Dez dias depois de nos conhecermos, tive certeza de
que não sossegaria enquanto ela não fosse minha. O Heitor faz
aniversário no dia cinco de abril e a Cléo decidiu fazer uma pequena
reunião surpresa para comemorar. Como foi numa terça-feira, além
de mim, só havia a Emily de convidado e para a minha alegria, ela
não levou o namorado.
A noite seguiu bem agradável e por volta das 22:00h, a
Emily disse que já estava tarde e que precisava ir embora.
Imediatamente me ofereci para levá-la em casa e ela permitiu. O
trajeto do meu apartamento para o apartamento dela durava em
torno de dez minutos de carro e sem trânsito. Quando chegamos,
pareceu que tinha passado apenas um. Fomos conversando durante
todo o caminho, mas como chegamos bem rápido, não pude deixar
que ela subisse, não sem antes, conversar mais um pouco com ela.
A verdade é que eu queria ficar conversando com ela para sempre.
Então fiquei enrolando, emendando um assunto no outro. Para a
minha surpresa, ela também não demonstrou nem um pouco de
interesse em sair rápido do meu carro. Quando eu não iniciava uma
nova conversa, era ela quem introduzia um novo assunto.
Eu queria saber cada vez mais sobre ela. Nós já tínhamos
conversado bastante nas outras duas vezes que nos falamos, mas
ainda havia muita coisa para sabermos um do outro. Óbvio que eu
também não deixava de cantá-la. Eu nunca fui desses caras que dão
em cima de mulher comprometida, mas no caso dela, tive que deixar
meus princípios de lado. Não costumava ficar tão deslumbrado assim
por ninguém, então precisava seguir meus instintos. Em certos
momentos, ela me repreendia, em outros, ela dava risada e depois
mudava de assunto. Ficamos conversando mais ou menos umas
duas horas naquela noite.
– Bom, Gabriel, acho que já passou da hora de subir.
Obrigada pela carona!
A Emily estava sentada no banco do carona e eu ao
volante. Quando ela se inclinou para me beijar no rosto,
automaticamente virei a boca para ela e nossos lábios se
esbarraram. Achei que ela fosse ficar puta comigo, só que ela riu.
Possivelmente, entendeu que não foi um ato proposital, mas não
deixou de me repreender de leve.
– Sério mesmo que você vai tentar esse golpe de quinta
série? Você se lembra que eu tenho namorado, né?
– Te juro que foi sem querer, princesa. Mas, em minha
defesa, costumava dar muito certo na quinta série.
Ela riu e eu também.
Aquele roçar de lábios gerou um calor por todo o meu
corpo, resultando em uma ereção que tentei disfarçar ajeitando a
camisa. Aquilo foi estranho, porque eu costumava beijar na boca
sem sentir absolutamente nada. Com ela, bastou um meio selinho
sem maldade para causar aquela reação em mim.
Depois daquela noite, pensei na Emily praticamente todos
os dias. No começo, eram pensamentos inocentes. Às vezes, ouvia a
Cléo comentando algo sobre a amiga e, automaticamente, começava
a pensar nela. A medida que eu ia conhecendo a Emily melhor, meus
pensamentos começaram a tomar outro rumo e passei a desejá-la
cada vez mais.
Um pouco depois do aniversário do Heitor, a Cléo comentou
que a Emily estava apaixonada pelo gato que elas estavam
cuidando. As duas se propuseram a tomar conta de um gatinho
enquanto a dona estava em viagem. Quando a data de retorno da
moça estava se aproximando, a Cléo mencionou que estava
preocupada com a reação da Emily, que se demonstrava
extremamente apegada ao gato. Nós estávamos na sala lá de casa e
a Mari estava conosco.
A Mari e eu somos amigos desde crianças. Os meus pais
moram ao lado da família dela e nós crescemos juntos. Ela costuma
recolher animais abandonados na rua e colocá-los para a adoção.
Imediatamente após o comentário da Cléo, decidi que faria
a alegria da minha garota e daria um gatinho para ela. A Mari
entendeu na hora a minha ideia, mesmo sem eu ter dito sequer uma
palavra do que estava pensando e me olhou com olhar de
cumplicidade. Ela não conhecia a Emily pessoalmente, mas eu já
tinha falado bastante sobre ela. Não falei nada da minha ideia com a
Cléo, porque sei que ela não aguentaria guardar a surpresa e
contaria para a amiga.
Para a minha sorte, a Mari estava com uma ninhada em
casa e fiquei de buscar o bichano assim que o hóspede delas fosse
embora. Porém, as coisas não saíram dentro do planejado. Tive que
viajar e fiquei algumas semanas sem saber se elas já tinham
entregado o outro gatinho para a dona ou não. Sou engenheiro
eletricista e frequentemente preciso viajar a trabalho. Quando
retornei, o Heitor e a Cléo tinham se desentendido e achei que
precisava esperar um pouco para entrar em contato com a Cléo, já
que a minha intenção era fazer uma surpresa para a Emily. Como se
não fosse imprevisto suficiente, a Cléo foi baleada em um assalto e
ficou um tempo hospitalizada. Depois que ela teve alta, pensei que
seria uma boa ideia levar um gatinho para ela também e não só para
a Emily. E foi o que fiz. Comentei com o Heitor sobre a minha ideia e
ele me incentivou. Escolhi dois bichanos da ninhada que estava na
casa da Mari e fui entregar.
Era uma quarta-feira à noite quando cheguei com os dois
dentro de uma caixa de papelão grande, que fiz questão de colar
uma estampa de presente em volta. O resultado não poderia ter sido
melhor: as duas amaram. Ficaram felizes e emocionadas. A Emily
me abraçou eufórica, me perguntou qual nome eu achava que
combinava com o gatinho dela e não pensou duas vezes em aceitar
a minha sugestão. O seu bichano era o preto, então, sugeri que se
chamasse Salem e ela curtiu muito.
O que me deixou mais feliz, foi que ela desistiu de sair com
o namorado só para ficar em casa brincando com o gato. Depois de
um tempinho lá conosco, a Cléo e o Heitor foram dormir. Pensei que
a Emily fosse ficar sem graça em permanecer sozinha comigo na
sala e fiz menção de ir embora.
– Bom, princesa, acho que já vou indo...
– Mas, já? Ainda está muito cedo, não são nem dez horas...
Fiquei feliz pra cacete quando entendi que ela não queria
que eu fosse embora. Comecei a pensar que talvez ela tivesse
desmarcado com o namorado não só para ficar com o Salem, talvez
eu também fosse um dos seus motivos. Essa possibilidade me
deixou bem mais animado.
– Ok. Se você não se importa de ficar aqui sozinha comigo,
eu que não vou me importar. – Falei dando de ombros e lancei um
sorriso safado para ela. Ela revirou os olhos.
– Comporte-se, Gabriel! – Me repreendeu e se levantou
para colocar uma música no notebook que estava em cima do rack.
Eu a acompanhei com os olhos, dando uma maior atenção para
aquela bunda arrebitada rebolando na minha frente.
Que bunda linda e imensa!
– Que tipo de música você quer ouvir? – Ela me perguntou,
desviando a minha atenção do seu corpo para o seu rosto.
– Qualquer uma.
Só queria que ela se sentasse de novo ao meu lado,
mesmo que isso me obrigasse a praticar o autocontrole.
Eu quero beijar essa boca carnuda...
– Ah, então vou deixar essas músicas da Cléo mesmo. – E
aumentou o volume.
Quando ela se sentou novamente no sofá, quis saber mais
sobre as suas preferências musicais.
– Você e a Cléo curtem o mesmo estilo musical?
– Em geral, sim. Ela gosta mais de pop e rock. Eu também
gosto, mas confesso que comecei a gostar mais depois que
começamos a morar juntas. Além disso, gosto muito de reggae,
pagode, sertanejo... sei lá... acho que gosto de tudo. – Ela pensou
um pouco – e você?
– Quando estou de bobeira gosto de ouvir rock e reggae,
mas gosto de praticamente todos os gêneros. Não sou chato.
– Então você é igual a mim.
– Tá vendo como a gente combina, princesa? Nascemos
um para o outro. Acho que devemos ficar juntos!
Ela riu. E por sinal, ela fica ainda mais linda quando está
sorrindo.
– Bobo.
– Você sabe que estou falando sério.
– E você sabe que tenho namorado.
– Então termina com ele e fica comigo.
Assim que falei, fiz uma cara de cachorro abandonado. Ela
não se comoveu nem um pouco e me tampou uma almofada. Eu
desviei e fiquei encarando-a, fazendo minha melhor cara de
sedução. Ela sustentou meu olhar por alguns segundos, mas depois
desviou e mudou de assunto.
– Mas me fala, onde você pegou meu filho? – Perguntou
enquanto se abaixava para fazer carinho na cabeça do Salem.
– Foi com uma amiga minha. Ela sempre tem algum gatinho
para doar.
– Ah, que legal! Muito lindo isso!
– Sim, ela faz um trabalho muito bacana. Qualquer dia te
apresento ela.
– Tenho certeza que vou adorar conhecê-la. Queria muito
ter um trabalho voluntário que eu pudesse ajudar os animais.
– Ela também faz serviço social em uma ONG. Vou dar seu
número para ela. Você pode ir lá entender como funcionam as coisas
e, de repente, começar a trabalhar lá também.
– Isso! Eu vou amar, tenho certeza!
A empolgação dela era visível. Ela se inclinou de novo para
pegar o Salem, que estava brincando com o Louis – o gato que dei
para Cléo – e deu um beijo na pontinha do nariz dele.
– Nossa, como eu queria ser esse gato! – Falei fazendo
drama.
– Vai ser assim a noite inteira, é? Você vai ficar me
azarando?
– Por que? Eu vou ficar aqui a noite inteira? – Sorri com
malícia.
– Não, mas responda a minha pergunta.
– Sim, vou dar em cima de você enquanto estiver aqui.
A Emily ficou me olhando séria por alguns segundos, depois
mudou de assunto.
– Quer água?
A mudança de conversa de novo me fez rir. Ela também riu.
– Não estou com sede, obrigado. Você está? – Perguntei de
modo irônico.
– Estou com calor. – Respondeu indo em direção a cozinha.
Tá quente mesmo ou ela está com calor por minha causa?
Preferi acreditar na segunda hipótese. Esperava que ela
estivesse tão atraída por mim quanto eu estava por ela, e
consequentemente, o seu corpo estivesse tão quente quanto o meu,
já que eu só pensava em agarrá-la.
Quando ela voltou, continuamos conversando normalmente.
Ela já sabia que eu tinha uma irmã e que ela estava grávida. Contei
para a Emily na noite em que a levei para casa. Naquela semana,
minha irmã tinha acabado de descobrir que era uma menina. Ela
então, quis saber mais da gravidez e da minha irmã.
– E sua irmã? Ela se chama Fernanda, né? Já sabe como a
bebê vai chamar?
– Minha irmã quer Stephani, mas a Tatiane quer Maria
Clara. Não sei quem vai dar o braço a torcer.
– E você, está todo bobo agora que será titio?
– Estou. Não vejo a hora de a minha sobrinha nascer.
– E seus pais, como estão? Ansiosos também?
– Muito. Eles só falam da neta. Eles sabem que se
depender de mim, vão demorar para serem avós.
– Por que? Você não quer ter filhos?
– Quero, mas a mulher dos meus sonhos tem namorado.
Acredito que ela ainda vai demorar um pouco para se dar conta de
que eu sou o homem da vida dela.
Ela revirou os olhos de novo, mas sorrindo. Sorri de volta.
– Você acha que será um bom pai?
– Acredito que sim. Adoro crianças.
– Puxa... queria tanto ser tia... pena que sou filha única.
Óbvio que eu não ia deixar a oportunidade passar.
– Mas você será, ué. A minha sobrinha será sua sobrinha.
Principalmente depois que nos casarmos.
– Está bem. – Ela riu, mas não contestou.
– E você se dá bem com a esposa da sua irmã?
– Sim, ela é ótima. É apaixonada pela minha irmã e a trata
muito bem. Por isso, eu também a amo muito. A Fernanda é um ano
mais nova do que eu, aí já viu né?! Sou muito protetor.
– Que lindo! Eu gostaria muito de ter um irmão...
A Emily suspirou e ficou olhando para o nada. Resolvi
aproveitar a oportunidade para flertar mais um pouco com ela.
– E eu gostaria muito de ter você!
Ela pareceu gostar do que eu disse, mas revirou os olhos
de novo, sem conseguir esconder o sorriso. A música mudou
exatamente naquele momento e reconheci a letra. Era de alguma
banda que minha irmã curtia quando era mais nova. Pela diferença
de idade entre elas ser pequena, as duas possivelmente curtiram as
mesmas músicas durante a adolescência.
– Qual o nome dessa música? A Fernanda adorava ouvir
quando era mais nova. – Perguntei.
– É Girlfriend do ‘N Sync. É a playlist da Cléo, mas eu
também amo essa música.
Ela começou a cantar junto com a música bem no refrão:

“Why don't you be my girlfriend?


I'll treat you good
I know you hear your friends when they say you should
'Cause if you were my girlfriend
I'd be your shinin' star
The one to show you where you are
Girl, you should be my Girlfriend”

Fiquei a observando cantar e prestando atenção na letra.


Acho que deixei ela sem graça de tanto encará-la.
– Tudo bem, sei que canto mau pra cacete, não precisa
fazer essa cara de pânico. – Comentou enquanto fazia um biquinho.
– Você fica tão linda cantando que a última coisa que
prestei atenção foi na sua voz.
Ela sorriu um pouco sem jeito.
– Mas o que chamou a minha atenção foi a letra... acho que
eu quem deveria cantar essa música para você, princesa.
– Não entendi. – Ela respondeu franzindo a testa.
– Acho que essa letra tem tudo a ver com a gente. Presta
atenção nela.
Ela ficou em silêncio para ouvir melhor. Quando a música
acabou, ela ainda a repetiu. Esperei acabar e falei para ela um
pedaço da letra em português e em tom de pergunta:

– “Por que você não se torna minha namorada?


Eu vou tratá-la bem
Eu sei que você ouve seus amigos quando eles dizem que
você devia
Porque se você fosse minha namorada
Eu seria sua estrela brilhando
Aquela a mostrar onde você está
Garota, você deveria ser minha namorada”

– Nossa, Gabriel, você não perde nenhuma oportunidade


mesmo, né? – Me perguntou enquanto sacudia a cabeça e tentava
disfarçar outro sorriso.
– Nem meia...
Respondi já indo para cima dela no sofá. A batalha interna
da razão contra a emoção tinha acabado e a última foi a ganhadora.
– Pode parar aí! Nem vem! – Ela esticou a mão para tentar
impedir que eu me aproximasse.
Dei um beijo na palma da mão dela.
– Não vou fazer nada que você não queira... –Respondi
enquanto levava a minha boca para o seu pulso, deixando uma
sequência de beijos por ali também.
– Não é só porque eu quero, que é certo.
Ela respondeu abaixando a mão imediatamente, mas pude
ver os pelos do braço dela se eriçando. Em seguida, se ajeitou no
sofá e virou para frente.
– Então, quer dizer que você também quer? – Perguntei
com a boca bem próxima ao seu ouvido e falando bem baixo.
Puta que pariu, ela também queria...
Fiquei atordoado com o que ela tinha acabado de confessar.
– Não foi isso que eu quis dizer, Gabriel, chega pra lá... por
favor...
Ela praticamente sussurrou aquela frase.
– Por favor o que?
Ela não respondeu. Apenas continuou olhando para frente.
Toquei em seu queixo e virei seu rosto para mim. Ela fechou os
olhos.
– Olha para mim, princesa! – Falei suavemente.
– Não.
– Por que?
– Você sabe o porquê.
Pensei mil vezes antes de beijar a boca dela. Eu queria
muito, mas não queria que ela ficasse arrependida ou que me
rejeitasse. Fiquei a encarando por um tempo sem saber direito o que
fazer, se insistia, se implorava ou se deixava ela se afastar. Admirar
aqueles lábios volumosos e bem marcados estava me deixando
louco. Mas no fim, decidi não ultrapassar aquela linha. AINDA.
Retirei a mão do seu queixo e me ajoelhei no chão para brincar com
os gatos. Ela abriu os olhos e me olhou com uma cara estranha.
Parecia decepcionada e, ao mesmo tempo, aliviada.
– O que foi, princesa? Sou difícil.
Ela gargalhou.
– É sim, já percebi.
Resolvi que estava na hora de ir embora. Não conseguiria
me manter longe dela se continuasse lá. Só conseguia pensar em
quão maravilhoso deveria ser o sabor daqueles lábios perfeitos e a
sensação de ter o corpo dela embaixo do meu.
– Agora eu vou embora mesmo, princesa.
Ela permaneceu me olhando e não disse nada. Por um
momento, pensei que fosse pedir de novo para que eu ficasse, mas
acho que desistiu. Se ela pedisse, possivelmente eu ficaria e não
conseguiria me conter.
– Tudo bem. Vou com você até a porta.
Nos despedimos com um abraço apertado e demorado,
além de um beijo no rosto.
Naquela noite, dormi pensando nela.
Capítulo 2

Emily

Eu estava tão feliz com o meu Salem. Não conseguia pensar em um


presente que tivesse amado mais do que aquele. É difícil até
descrever o tamanho da minha alegria. Além disso, também estava
me sentindo muito especial. Não só por ter ganhado um presente do
Gabriel, mas por ser aquele o presente.
Como ele sabia que eu gostava de gatos?
Tudo bem que a Cléo deve ter falado algo, mas pela cara de
surpresa que ela fez ao vê-los, ela também não tinha ideia do que
havia dentro daquela caixa linda.
Dormi pensando nisso tudo. No Gabriel, na questão que ele
fez em me deixar feliz e é claro, no meu Salem. Eu sempre quis ter
um animal de companhia, mas meus pais nunca permitiram. Eles
alegavam que dá muito trabalho. Nunca tive nem sequer um peixe.
Por isso, não tinha como eu amar mais aquele presente.
Também não pude deixar de pensar no Leandro. Estava me
sentindo muito atordoada. Eu e o Leandro estávamos namorando
desde dezembro, mas ficando desde outubro do ano anterior.
Quando o conheci, fiquei imediatamente encantada. Ele é bonito,
agradável e divertido. É bem moreno, forte, olhos verdes e estatura
mediana. Quando a Cléo o viu pela primeira vez, disse até que ele
parecia o Jackson Avery de Grey’s Anatomy.
Só que, depois que conheci o Gabriel, me vi perdendo um
pouco da empolgação. Como se não bastasse isso, comecei a
enxergar que somos muito diferentes um do outro. Ou talvez, fosse
só desculpas que o meu cérebro estava arrumando para justificar
meu desinteresse. Mas pelo menos, em relação a animais, de fato
erámos muito diferentes. O Leandro não curte muito animais de
companhia.
Quando meu namorado me ligou cedo na manhã seguinte,
achei que fosse brigar por eu ter furado com o nosso compromisso.
Nós tínhamos combinado de ir ao aniversário de um primo dele. Eu
sabia que, apesar de ser uma festinha para poucos amigos, teria
gente o suficiente para que ninguém se importasse com a minha
ausência. Desisti na hora de ir, quando vi meu Salem. O fato do
Gabriel estar lá em casa também pode ter influenciado na minha
decisão, mesmo que inconscientemente. Mas para a minha surpresa,
o Leandro sequer mencionou o fato de eu ter desistido de sair com
ele na noite anterior. Além disso, ele estava muito carinhoso e disse
que ia passar na minha casa mais tarde para conhecer o Salem.
Achei muito esquisito. Quando o Tião – gatinho da amiga da patroa
da Cléo – ficou conosco, o Leandro não queria pisar no nosso
apartamento. Nos dois meses do Tião lá em casa, se o Leandro
entrou no nosso apartamento três vezes, foi muito. Ele sempre dizia
que era muito alérgico a pelo de animais. Por isso, estranhei que ele
estivesse tão compassivo dessa vez. Além disso, depois que contei
que foi o Gabriel quem me deu o Salem, ainda por telefone na noite
anterior, ele também deu uma surtada. Disse que era o fim do mundo
eu aceitar presente de outro homem e que o Gabriel devia estar
querendo alguma coisa comigo. Eles não se conheciam
pessoalmente, mas o Leandro sabia que depois que a Cléo foi
hospitalizada, eu tinha passado muito tempo com o Gabriel.
Por isso, quando me ligou na quinta-feira, pensei logo que
fosse para brigar. O estranho é que eu queria mesmo que ele
brigasse comigo. Assim, poderia ficar alguns dias sem vê-lo e tentar
colocar a minha cabeça no lugar. Afinal de contas, desde o dia
seguinte ao assalto da farmácia que a Cléo estava, eu pensava no
Gabriel todos os dias e já faziam duas semanas.
Depois que desliguei com ele, fiquei um tempo pensando
em tudo, sentada no sofá. Minutos depois, a Cléo saiu do quarto dela
e se deitou no sofá com a cabeça no meu colo. Eu estava muito
pensativa. Ela com certeza estranhou a minha falta de assunto.
– No que você está pensando, amiga? Por que está tão
quieta? – Perguntou enquanto mexia no celular, me tirando dos meus
pensamentos.
– Em nada – menti.
Não consegui confessar para a minha amiga que, de uma
forma geral, estava pensando no Gabriel. O que eu diria? “Estou
pensando no Gabriel. Não tiro ele da cabeça, apesar de namorar
com o Leandro”. Eu sei que ela já desconfiava, mas ainda não me
sentia pronta para assumir. Nós morávamos juntas já há alguns
meses, mas nos conhecíamos há mais de um ano. A Cléo me
conhece muito bem e possivelmente sabia que alguma coisa não
estava certa.
Como eu disse, duas semanas atrás passamos pelo pior
susto das nossas vidas. Ela estava em uma farmácia que foi
assaltada, e acabou levando dois tiros. Eu e o Heitor ficamos
completamente desesperados achando que ela pudesse não resistir.
Tentava a todo custo me manter calma durante os momentos que
passamos no hospital esperando por notícias, mas foi tudo muito
difícil. Se não fosse o Gabriel, aquele momento aterrorizador seria
muito mais pesado, tanto para mim, quanto para o Heitor. O Gabriel
se manteve confiante e nos confortando o tempo todo. Ele falava
para mim e para o Heitor que tudo daria certo, que a Cléo ficaria
bem. Se encarregou de toda a burocracia com os documentos dela e
se prontificou em avisar a família. Além disso, correu de carro para lá
e para cá levando coisas para o hospital, mas não só isso. Se eu ou
o Heitor precisássemos ir em casa tomar um banho ou descansar,
era ele quem nos levava, frisando a todo momento que estaria lá
para o que a gente precisasse. Mesmo depois que a família da Cléo
chegou, ele continuou dando assistência. Chegou até a faltar ao
serviço no dia seguinte a cirurgia dela, me surpreendendo com toda
a sua calma e coerência. Comportamento esse, totalmente distinto
ao do Leandro. Quando liguei para o meu namorado dizendo que a
Cléo tinha levado dois tiros e que estava em cirurgia, ele já foi logo
falando que tinha horror de hospital. Eu estava morrendo de medo de
perder a minha amiga, e ele não podia ficar comigo me dando apoio?
Em compensação, o Gabriel não saiu do meu lado. Por todas essas
coisas, se tornava cada vez mais difícil tirá-lo da minha cabeça.
A Cléo vivia me dizendo que o Gabriel não se apegava a
ninguém e tinha uma ampla lista de “contatinhos”. Como ele mora
com o Heitor, ela já conhecia bem os seus “hábitos” e já tinha
esbarrado com algumas mulheres pelo apartamento deles,
principalmente aos finais de semana, que é quando ela dorme lá. Por
isso, todas as vezes que eu o via, fazia questão de lembrar disso,
para não me deixar enganar. Mas estava claro que as minhas
estratégias não estavam dando certo.
Na primeira vez que o vi, em março, não achei nada
demais. Ele é bonito, alto, cabelo preto e curto, magro e ao mesmo
tempo, com músculos bem definidos. Então, naquele momento, não
pensei que ele fosse mais do que um rostinho bonito com uma
conversa mole. Porém, cada vez mais, eu me dava conta de que ele
era uma excelente pessoa. Ele é carinhoso, simpático, inteligente,
faz questão de me agradar e é muito, mas muito atraente. Depois de
tudo que aconteceu, mesmo sabendo que ele é muito zoeiro, vi que
também é um homem maduro e que sabe perfeitamente lidar com
uma situação de crise.
Quando o Leandro surgiu lá em casa mais tarde naquela
quinta-feira, ficou claro que ele estava fazendo o seu melhor para
lidar bem com tudo aquilo. Tanto com a presença do Salem e do
Louis, quanto com o fato de quem nos trouxe os gatos. Assim que
ele viu que o Gabriel também havia dado um gato para a Cléo, ficou
nitidamente aliviado, chegou até a comentar.
– Ah, eu achei que ele tivesse trazido um gato só para você.
Se ele deu um para a Cléo também, não deve ter nenhuma segunda
intensão nisso.
A Cléo estava no sofá olhando para a tela do celular. Assim
que o Leandro falou aquilo, ela levantou os olhos para mim sem
movimentar a cabeça, dando um sorriso de deboche. Resolvi fazer a
sonsa e concordei com ele.
– Óbvio que não tem nenhuma segunda intenção nisso.
Mais tarde, quando ele estava indo embora, me chamou
para dormir na casa dele, mas usei a Cléo como desculpa. Disse que
ela ainda estava em recuperação e não seria legal deixá-la sozinha.
Ele assentiu. Usei aquela mesma desculpa durante as duas
semanas que se seguiram.
Quase duas semanas se passaram, até eu ver o Gabriel de
novo. Eu precisei trocar de academia porque o meu personal, que
por sinal era meu cunhado, deixou de trabalhar na academia que eu
malhava. Eu gosto muito do trabalho dele, nós nos damos muito
bem. Por isso, não pensei duas vezes em acompanhá-lo para o seu
novo emprego. O Diego sempre monta os melhores treinos para mim
e eu malhava com ele há mais de um ano. Foi através dele que
conheci o Leandro. Depois que fizemos amizade, ele comentou que
o irmão estava solteiro e não sossegou enquanto não nos
apresentou. Eles são muito unidos e o Diego, talvez por ser o mais
velho, faz de tudo pelo Leandro. Ele insistiu que eu adoraria
conhecer o seu irmão e acabei cedendo.
Um certo dia, depois de conversar bastante com o Leandro
por mensagem, marquei com ele na porta do salão para tomarmos
um café. Os meus pais possuem um salão unissex no centro da
cidade e naquele dia, eu tinha trabalhado lá praticamente em tempo
integral, e ainda não tinha terminado o serviço. Então, expliquei ao
Leandro que o nosso café precisaria ser rápido, porque tinha que
retornar ao salão para fazer o pagamento dos funcionários. Apesar
de ser verdade, isso também me ajudaria no caso de eu não curtir
muito ele. Contudo, ele se demonstrou tudo aquilo que o Diego havia
falado. Mas, mesmo com todas as suas qualidades, eu nunca estive
perdidamente apaixonada, apesar de gostar muito dele.
Em relação a minha nova academia, ela era bem próxima
da casa do Gabriel e do Heitor. Logo, imaginei que pudesse ser lá
que o Gabriel malhava e que uma hora ou outra, nós nos
esbarraríamos pelas redondezas.
Já no meu segundo dia, estava fazendo agachamento no
aparelho e quando parei no intervalo entre as séries, senti uma mão
pousando nas minhas costas, de uma maneira muito íntima. Imaginei
que fosse o Diego, apesar dele não me tocar daquela forma. Assim
que me virei, meu coração deu saltos duplos e achei que pudesse
saltar para fora do peito, já que era o Gabriel quem estava atrás de
mim.
– Deus é muito bom comigo! – Ele me olhava com um
sorriso safado no rosto. – O que você está fazendo aqui, princesa?
Eu ri pelo seu exagero.
– Agora eu malho aqui. Não sabia que era a mesma
academia que você malhava... – apesar de já desconfiar – você
nunca me disse onde malhava.
– Eu não gosto muito de academia, por isso acho que esse
assunto nunca surgiu entre nós. Tentava vir umas três vezes por
semana, mas por obrigação. Agora... – ele riu mais um pouco e
apertou os olhos –, com certeza mudarei o padrão e irei vir todos os
dias.
Tentei não sorrir, mas não tive sucesso. Ele suspirou
enquanto me encarava e prosseguiu:
– Esse, sem dúvida, será meu momento favorito do dia!
Antes que eu pudesse responder, vi o Diego se
aproximando de nós. Fiquei com medo do Gabriel soltar mais alguma
gracinha e imediatamente os apresentei.
– Gabriel, esse é meu cunhado. – Falei enquanto dava
espaço para o Diego se aproximar.
– E aí, cara... tranquilo? – O Gabriel o cumprimentou bem
simpático, estendendo a mão para ele.
– Diego, esse é meu amigo Gabriel. – Continuei.
– E aí, cara, beleza?
Depois de conversar um pouco com o Diego, o Gabriel
voltou a malhar e continuei o meu treino. Vez ou outra, eu o
procurava pela academia. Assim que meus olhos o encontrava, meu
coração acelerava um pouco mais, porque ele estava sempre me
olhando.
Os dias foram passando e eu passei a acordar mais
animada para ir à academia. Sempre gostei muito de malhar e só
não ia à academia aos domingos. Mas só de saber que iria ver e
conversar com o Gabriel, me levantava muito mais disposta. Já ele,
como havia comentado, não curtia muito malhar. Pude ter certeza
disso, em muitos dos dias em que ele não foi. De fato, ele só fazia
questão de ir três vezes na semana. Quando entendi o seu padrão
de treino, cheguei a perguntar:
– Você não malha todos os dias mesmo, né?
– Poxa, princesa, até tento vir todos os dias, mas é bem
difícil. Por quê? Você fica com saudades quando não venho? –
Perguntou já me dando aquele sorriso safado que me deixa com a
cabeça girando.
Resolvi não me esquivar da pergunta dessa vez e respondi
com sinceridade.
– Fico. Passo o tempo todo olhando para a porta. – Falei
como se estivesse contando o que comi no café da manhã, fingindo
que não era nada relevante.
Ele até tentou responder alguma coisa, mas não conseguiu.
Com certeza, não esperava que eu fosse confessar. Foi a minha vez
de cair na gargalhada por, enfim, ter conseguido deixá-lo sem
resposta. No final das contas, ele riu também.
– Emily, Emily... não me provoca... se não te agarro aqui
mesmo, hein!?
Ele se aproximou e continuou falando no meu ouvido:
– Seu cunhado não vai conseguir me impedir.
Dito isso, ele ajeitou a postura e acenou para o Diego, que
nos olhava de longe. Eu apenas sorri e saí de perto. Sabia que já
tinha brincado bastante com o perigo...
Capítulo 3

Gabriel

Ver a Emily quase todos os dias na academia era um verdadeiro


sofrimento. Eu ia trabalhar pensando nela e passava o dia inteiro
assim. Enquanto estava na academia, passava boa parte do meu
treino a observando. Um parceiro meu, o Pedro, que também malha
na mesma academia que nós, chegou a reparar e a me zoar.
– É, mano, ainda bem que olhar não desgasta, se não,
coitada da ruiva.
Apenas ri, não tinha como discordar.
– Seca aí a baba. – Ele continuou, – mas aqui, na bíblia não
fala algo que não devemos cobiçar a mulher do outro?
– Fala? – Perguntei zoando. – Acho que nunca li essa parte.
Ele riu e eu também.
– Mas guarda essa informação, Pedrão, essa mulher vai ser
minha. – Acrescentei.
– Então agora você quer se amarrar em alguém?
– Em alguém não. Nela. – E apontei para a Emily.
– Quem te viu, quem te vê, hein. Se você está dizendo,
quem sou eu para discutir. Acho que até o cunhado dela já reparou
que você não tira os olhos da mulher do irmão dele.
Olhei para o Diego e ele realmente estava me olhando.
Acenei para ele com a cabeça e continuei a observando, sem me
importar se ele estava ou não prestando atenção. Ele retribuiu o
aceno.
Antes de ir embora, perguntei ao Pedro como ele sabia que
a Emily e o Diego eram cunhados um do outro. Ele me contou que
viu o Leandro indo buscá-la na porta da academia e reparou na
semelhança com o Diego, que também foi ao encontro do irmão. Dei
graças a Deus por não ter visto. Nunca fui ciumento, mas tenho
certeza que se tivesse visto, ficaria bolado.

Depois do que aconteceu com a Cléo, passei a mandar


mensagens para o celular da Emily frequentemente. Nós havíamos
ficado mais íntimos por causa do incidente com a nossa amiga, o
que só reforçou a minha atração por ela. Falar com ela por
mensagem era uma forma de tentar aliviar um pouco a ansiedade
em vê-la. Quase todos os dias eu mandava alguma coisa. Às vezes,
era só um “boa noite”. Em outras, fazia questão de saber como havia
sido o dia dela. Ela sempre me respondia.
Eu não ia na academia todos os dias, mas ela sim, então
fiquei preocupado em uma quarta-feira em que não a vi. Assim que
cheguei do trabalho naquele dia, mandei uma mensagem.

Eu: Boa noite, princesa! Vc foi malhar em outro horário hj ou


não foi à academia?

Em torno de meia hora depois, ela respondeu.

Emily: Boa noite! Hj ñ fui... tive que ir cedo para o salão. A


nossa recepcionista faltou e tive q cobrir ela... Tô morta...

Fiquei feliz de saber que não era nada grave.

Eu: Q bom que ñ é nada sério...

Emily: Não é nada sério comigo, mas a mãe dela está com
dengue.

Eu: Putz...
Emily: Aproveitando... posso te ligar?

Eu: É claro...

Já fiquei mais animado só de saber que iria ouvir a voz dela.


Também fiquei muito curioso para saber o que ela queria falar. Já
atendi dizendo que estava com saudade.
– Fiquei com saudade...
Ela deu uma risadinha.
– Aham... sei. Tenho certeza que você fala isso para todas.
– Você sabe que isso não é verdade.
– Tá bom. Estou te ligando porque preciso de um favor seu.
A Cléo comentou que vamos em um Congresso?
– Não falou não. Congresso?
A Emily me contou que as duas iam em um Congresso de
odontologia em Ouro Preto na semana seguinte, e que ficariam
quase cinco dias fora. Elas precisavam que eu ou o Heitor fossemos
na casa delas para cuidar dos gatos. Como na maioria dos dias eu
chegava em casa mais cedo do que ele, falei que eu mesmo iria lá,
que se tivesse algum imprevisto, pediria a ele para ir no meu lugar.
– Ah, que ótimo, Gabriel! Muito obrigada!
– Não precisa agradecer, princesa. Mas... – hesitei um
pouco em perguntar – o seu namorado vai viajar com você?
– Não, só a Cléo. Você deve estar se perguntado porque
estamos pedindo a vocês e não a ele, né?
– Sim... confesso que fiquei curioso.
– Ele não gosta de gatos, aliás, de animais de companhia
em geral. Ele é alérgico a pelos.
Tive que me segurar para não dizer que ele era um otário,
mas me limitei a ressaltar que eu gostava.
– Você deveria trocar de namorado. Eu por exemplo, gosto
muito de animais. Acho que você deveria namorar comigo.
Ela riu novamente. Eu já mencionei que adoro o som da
risada dela?
– Bom, fico muito feliz que você poderá vir olhar nossos
meninos. No final de semana a Cléo deixa a chave daqui de casa
com você, ok?
– Show.
– Boa noite e mais uma vez, obrigada!
– Estou sempre disponível para o que você precisar, princesa.
Boa noite.

No final de semana, a Cléo deixou a chave lá em casa junto


com as instruções de onde ficavam todas as coisas dos dois gatos.
Na segunda-feira, por volta das dezoito horas eu estava no
apartamento delas. Assim que entrei na sala, vi o Salem e o Louis
enrolados um no outro sobre o sofá e me sentei ao lado deles para
acariciá-los. Em dois minutos, eles já estavam com a corda toda,
correndo em disparada pela sala e corredor. Aproveitei o momento
de festa dos bichanos, e fui colocar ração, água e limpar as caixinhas
de areia. Vinte minutos depois, já estava tudo certo.
As duas haviam viajado no domingo à noite e pediram para
que eu mandasse mensagem para ambas com fotos dos gatos todos
os dias. Tirei uma foto do Louis e enviei para a Cléo. Sabia que a
Emily deveria estar perto dela, por isso não enviei nada do Salem.
Queria que ela me mandasse mensagem me cobrando. Eu não tinha
falado com ela naquele dia e já estava com saudades.
Saí da sala e fui em direção ao quarto que eu sabia que era
o dela, no final do corredor. A cama da Emily era de casal e ficava de
frente para a porta, com o guarda-roupas a esquerda e uma
escrivaninha a direita. A colcha era roxa e entre os dois travesseiros,
havia uma almofada xadrez. Do lado esquerdo da cama, havia uma
mesinha de cabeceira e do lado direito, três prateleiras pequenas
com livros. Assim que entrei, senti o cheiro dela impregnado no ar e
desejei que ela estivesse ali. Me joguei na cama abraçando um dos
seus travesseiros, que por sinal, estava ainda mais com o cheiro dela
do que o ambiente.
Enquanto eu inspirava o perfume da Emily na fronha, meu
celular vibrou.

Emily: Pq vc mandou foto do Louis para a Cléo e não me


mandou nada do Salem?

Eu: Você acha q está merecendo?

Emily: Pq ñ estaria?

Eu: Pq até agora vc tb não me mandou nenhuma mensagem.

Eu: Aposto que não tá nem lembrando q existo...

Emily: Não sabia q vc era assim tão dramático... Para com o


drama e me manda foto do meu amor!

Na mesma hora, tirei a camisa e deitei de costas na cama


dela. Fiz uma selfie e enviei. Só de sentir o cheiro dela na roupa de
cama, o meu pau já estava ficando duro. Se ela estivesse perto de
mim, dessa vez não conseguiria me controlar.

Eu: Pronto, taí a foto do seu amor.

Ela não demorou muito para começar a digitar, mas percebi


que ela começava e apagava em seguida. Por fim, ela respondeu:

Emily: O q vc está fazendo pelado na minha cama?

Eu: Como vc sabe q tô pelado?

Emily: Não sabia, vc está?

Resolvi brincar um pouco com ela:

Eu: sim...

Novamente, ela começou a digitar e apagou. Fiquei


esperando por alguns minutos, mas ela não enviava nada. Devia
estar pensando no que responder, talvez tivesse acreditado que eu
estava sem roupa.
Eu me levantei e fui mexer no guarda-roupas. A primeira
gaveta que vi eu abri, imaginando ser de calcinhas. E para a minha
alegria, eu havia acertado. Sorri para mim mesmo e comecei a
explorar as peças. Para aumentar mais ainda o meu tesão, a que
estava por cima de todas era uma calcinha maiorzinha, dessas que
parecem mais um short curto, com estampa de morangos. Óbvio que
a minha mente pervertida já imaginou ela vestindo apenas aquilo.
Enviei uma mensagem imediatamente.

Eu: Eu amo morangos...

Emily: Não acredito que vc está mexendo nas minhas coisas!

Eu: kkkkkkkkkkkkkkkkk

Ela demorou mais um pouco para falar qualquer coisa.


Quando pensei que ela não iria falar mais nada, ela me ligou por
vídeo. Atendi sorrindo.
– Boa noite, princesa.
– Você é muito ordinário! – Ela me repreendeu, mas
sorrindo –, quem disse que você pode mexer nas minhas coisas?
– Sinto muito! – Respondi enquanto revirava a gaveta inteira.
– Sente muito e continua mexendo? Na minha cara ainda?
Você é muito cara de pau!
– Se eu não posso ver você com elas, pelo menos posso
imaginar, não é?
A Emily bufou, mas sem deixar de sorrir.
– Me mostra meu filho, por favor? – Ela tentou mudar de
assunto.
– Agora não posso.
– Por que não?
– Porque preciso escolher qual delas vou levar embora.
– O que? Você é algum maníaco por acaso? Para que vai
levar uma calcinha minha?
Parei de mexer na gaveta e olhei para a tela do celular, mais
especificamente, para os olhos dela e perguntei:
– Para o que você acha?
Ela fechou os olhos e sacudiu a cabeça negativamente.
– Prefiro não imaginar...
– Deixa de ser mentirosa... sei que você está imaginando.
Ela ia argumentar mais alguma coisa, mas a interrompi
voltando meus olhos para a gaveta.
– Já escolhi – falei – vou ficar com essa.
Retirei da gaveta uma calcinha de renda roxa e mostrei a ela
através do celular. Meu sangue fervilhou só de imaginá-la dentro
daquele pedaço minúsculo de pano.
Pelo visto ela gosta de roxo...
– Mas eu amo essa! Não vou conseguir comprar outra igual...
– me disse.
– Você não precisa comprar outra igual. Você sabe muito bem
o que precisa fazer para tê-la de volta... você pode simplesmente ir
buscá-la lá em casa, mas é claro que vou querer algo em troca.
– Ok. Vamos encerrar esse assunto. Posso ver o Salem
agora?
Dei uma trégua para ela na conversa maliciosa. Chamei o
Salem fazendo aqueles barulhos que as pessoas fazem para chamar
a atenção dos gatos e vieram os dois correndo. Guardei a calcinha
no bolso e me sentei na cama. Eles subiram no meu colo
imediatamente. Mostrei eles para a Emily por vídeo e ela ficou
conversando com os dois, perguntando para eles se estavam com
saudade dela.
– Eles eu não sei, mas eu estou. – Me intrometi.
– Não se preocupe, na sexta estaremos de volta.
– E eu vou poder te ver na sexta? – Perguntei animado.
Ela se esquivou de me dar uma resposta mudando de
assunto. De novo. Sempre fui muito paciente, mas estava
começando a perder a calma. Comecei a pensar que deveria ousar
um pouco mais, mas não sabia muito bem como agir. Tinha medo
que ela acabasse fugindo de mim.
Nós conversamos um pouco mais, depois eu disse que
precisava desligar para ir para a minha casa. Ela assentiu.
Peguei a calcinha no bolso e a analisei mais detalhadamente.
Era bem cavada e meu pau voltou a querer subir. Guardei a peça no
bolso de novo, me sentindo realmente um maníaco, mas não tinha
como deixá-la ali, ela ficaria muito melhor na minha gaveta à espera
da sua dona...
Capítulo 4

Emily

Pensei que fosse ter um ataque cardíaco quando recebi a foto do


Gabriel sem camisa deitado na minha cama. Na mesma hora, meu
coração acelerou e minhas mãos começaram a suar. Ele estava tão
lindo e por um momento, achei que ele realmente estivesse nu, já
que a única coisa que aparecia na foto era o seu cordão de ouro bem
fininho reluzindo no tronco bem definido.
Eu estava no restaurante do hotel com a Cléo e outras
amigas quando meu celular apitou com a notificação da foto. Mais
que depressa, subi para o quarto para que pudesse ligar para ele e
conversar à vontade. Fui dormir mais feliz naquele dia, só pelo
simples fato de ter conversado um pouco com ele.
No dia seguinte, depois que as apresentações daquele dia
se encerraram, fui com as minhas amigas explorar um pouco a
cidade. Em Ouro Preto, todas as ruas possuem calçamento de pedra
e assim como toda cidade histórica, as construções são antigas e
charmosas, tendo também muitos pontos turísticos como museus,
igrejas e lindas praças. Por ser uma cidadezinha muito romântica, foi
impossível não imaginar um passeio a dois por aquela cidade e
quando dei por mim, não era no Leandro que eu estava pensando,
mas sim no Gabriel.
Toma jeito, Emily!
Tentei não dar asas a minha imaginação e voltei para o hotel,
mas quando cheguei lá, por volta do mesmo horário que tinha falado
com o Gabriel no dia anterior, eu já ansiava por uma ligação.
Dessa vez, recebi a foto dos gatos e mais nenhuma
mensagem. Comecei a ficar inquieta. Esperei mais uns minutos e
então resolvi ligar. Queria muito ouvir a voz dele. Aproveitei e liguei
por vídeo.
– Boa noite, princesa.
– Você não ia me ligar? – Perguntei antes mesmo de
cumprimentá-lo.
– Não. Como te mandei a foto do Salem, não imaginei que
você queria vê-lo também por vídeo chamada.
– Eu queria vê-lo, mas também queria conversar com você, ou
você não quer conversar comigo?
Ele abriu aquele sorriso lindo.
– Claro que quero. Sempre quero!
Vi que ele se ajeitou no meu sofá de palete na sala, apoiou o
celular no encosto e se deitou de lado.
– Está com saudades de mim? – Perguntou.
Sorri, mas não respondi e perguntei como tinha sido o dia
dele. O Gabriel me respondeu e também me perguntou como estava
sendo o congresso, se eu estava gostando. Aproveitei e desabafei.
Falei de todas as minhas angustias em relação ao meu futuro
profissional, muitas das quais ficaram ainda mais evidentes naquele
congresso.
– Está legal. – Disse meio desanimada.
– Você não parece muito empolgada.
– Acho que agora dei para ficar confusa em todos os setores
da minha vida. Não sei se é essa a profissão que eu quero para mim.
Logo que falei, rezei para ele não perguntar em qual outro
setor da minha vida eu estava confusa, mas tive quase certeza de
que ele sabia, já que abriu outro sorriso. Para a minha alegria, ele
deixou essa passar e começou a falar de si mesmo.
– Olha, eu entrei para a Engenharia Elétrica quando terminei o
ensino médio, fiz um ano de curso e depois cismei que queria Direito.
Fiz um período do Direito e resolvi voltar para a Engenharia. Estou te
contando isso para mostrar que ficar na dúvida é normal. Você não
precisa ter urgência em decidir.
– Mas na minha idade você já estava formado. – Argumentei.
– Já tenho vinte e quatro anos...
– E daí? – Ele me interrompeu – Que diferença isso faz?
– Eu acho que já estou velha para ficar na dúvida.– Ah, para
de bobeira, princesa! Não existe isso! – me repreendeu e prosseguiu
– por que você acha que não quer mais a odonto?
– Bom, depois do Tião, do Salem e o Louis, comecei a
achar que deveria fazer Veterinária.
Ele sorriu para mim.
– Só tem um jeito de você saber. Puxa algumas matérias na
Veterinária para ver se você realmente vai gostar. Além disso, acho
que seria uma boa você ir trabalhar na ONG que aquela minha
amiga trabalha. Liga para ela e pergunta como funciona.
– Vou ligar, você me manda o número?
– Mando. A Mari sempre fala que apesar de estar em
contato com os animais o tempo todo, ela nunca conseguiria ser
veterinária. Alega que não tem o dom para isso. Então, é bom você
ter em mente que uma coisa não significa a outra. Ela fez
Administração e trabalha em um escritório.
– Mari? – Perguntei já receosa.
– Sim, a minha amiga que resgatou a família toda do Salem,
já te falei dela.
– Ah, sim, eu me lembro.
Fiquei imediatamente desanimada. Eu achava que a amiga
que resgatava animais era outra, não aquela que a Cléo havia me
contado que dormia na casa dele direto. Nós conversamos mais um
pouco e depois desligamos. Dois minutos depois, recebi uma
mensagem dele com o número da amiga e já não tinha mais certeza
se ligaria para ela. O bichinho do ciúme já havia me picado.
Mais tarde, fiquei pensando em tudo o que ele havia me
falado sobre o meu curso e sobre o curso de Veterinária. Não pude
deixar de compará-lo com o Leandro. Quando comentei com o meu
namorado há umas semanas atrás tudo que estava pensando sobre
o meu futuro profissional, ele disse praticamente tudo ao contrário do
Gabriel. Disse que esse negócio de amar a profissão é ilusão, que na
vida real não é assim. Disse também que já está ficando tarde para
eu trocar de curso e que eu deveria focar naquele que vai me dar
mais dinheiro, que neste caso, seria a Odontologia. Eles realmente
eram bem diferentes um do outro.
Nos outros dois dias que estive fora, só conversei com o
Gabriel por mensagem, mas ainda assim, nos falamos todos os dias.
O engraçado é que com o Leandro, eu só conversei em um dia dos
quatro que estive fora e nem sequer senti saudades.
Não estava me entendendo...

Na sexta-feira, chegamos a Belo Horizonte por volta das


três horas da tarde. A Cléo e o Heitor tinham combinado de tomar
uma cerveja à noite em um barzinho recém-aberto e convidaram a
mim e ao Leandro. O bar era muito aconchegante. Era espaçoso,
com uma iluminação bem diferenciada, composta por luzes verdes e
azuis, além das tradicionais. Também tinha música ao vivo e fui
bastante animada.
Ao chegarmos lá, nossos amigos já nos esperavam. Eles
estavam sentados numa mesa do lado de fora, então conseguíamos
ter uma boa visão do que se passava nos arredores. Estava tentando
não pensar no Gabriel, afinal, não era justo com o Leandro. Contudo,
era só bater os olhos no Heitor que, automaticamente, já me
lembrava do seu amigo. Isso acontecia possivelmente porque, se ele
não fosse namorado da Cléo, provavelmente eu nunca teria
conhecido o Gabriel. Só que eu achava que apenas me lembraria
dele naquela noite, não que iria vê-lo.
Quase tive um troço quando o Heitor comentou com a Cléo:
– Olha o Gabriel ali.
Olhei imediatamente na direção em que ele apontava, tão
rápido, que chamei a atenção do meu namorado, que estava me
encarando com uma cara amarrada.
Ele estava tão lindo! Vestia uma camisa de malha preta,
uma calça jeans clara e tênis. Meu coração disparou e senti meu
rosto esquentando. Havia uma turma grande de homens e mulheres
com ele. Estavam todos em pé, parecendo discutir se entravam ali
naquele bar, ou se iam para o bar ao lado. Deu para prestar atenção
nisso tudo porque gastei um bom tempo olhando na direção deles,
até a Cléo me chutar por baixo da mesa e desviar minha atenção.
Entendi na hora que ela estava me ajudando, já que o Leandro não
tirava os olhos de mim.
– Que coincidência. – Falei tentando expressar um tom
casual.
– De fato, é muita coincidência. Você falou com ele que
estávamos aqui, Heitor? – A Cléo perguntou ao namorado.
– Eu não, mas teria algum problema se tivesse falado?
– Claro que não. – Ela respondeu – estou perguntando só
de curiosidade mesmo.
Tentamos retomar a conversa, mas como o Heitor e a Cléo
estavam de frente para o Gabriel e a sua turma, ele acabou os vendo
e foi cumprimentá-los.
– Óh, não sabia que vocês estavam aqui. – Falou dando um
aperto de mão no Heitor.
Ele ainda não tinha me visto e deu para perceber que se
assustou um pouco quando olhou o resto da mesa, que no caso, era
eu e o Leandro.
– Oi, prin... Emily, tudo bem?
Ele ia falar princesa, mas Graças a Deus, se corrigiu a
tempo. Torci para que o Leandro não tivesse percebido.
– Ei, Gabriel, tudo bem e você?
– Bem também.
Ele esticou a mão para o Leandro e o cumprimentou.
– E aí, mano, beleza?
O Leandro respondeu bem secamente, mas não deixou de
apertar a mão dele. Pode ser coisa da minha cabeça, mas me
pareceu que o Gabriel o cumprimentou também bem a contragosto.
Mesmo tendo percebido o tom do Leandro, o Gabriel não se
abalou. Fingiu que não entendeu e continuou conversando com o
Heitor, me olhando vez ou outra. Eu tentava fazer o meu melhor para
não demonstrar o quanto fiquei desconcertada com a presença dele
ali. Disse que precisava ir ao banheiro e me levantei. Quando
retornei, ele já tinha voltado para o seu grupo.
O Leandro esperou que eu me sentasse novamente e me
perguntou baixinho:
– É impressão minha, ou esse cara ia te chamar de
princesa?
Eu odeio ter que mentir, mas se falasse a verdade, com
certeza daria confusão.
– Você está doido? Tive a impressão que ele me chamaria
de Priscila, não de princesa.
Assim que falei, ele pensou um pouco e pareceu acreditar.
Me senti mal pela mentira e aquilo refletiu mais ainda no meu estado
de espírito.
Um tempinho depois, foi a vez do Leandro se levantar para
ir ao banheiro. Aproveitei a oportunidade para olhar discretamente ao
redor, para ver se o Gabriel ainda estava por perto. A Cléo não
pensou duas vezes antes de me expor.
– Está procurando o Gabriel, né? – Perguntou enquanto me
analisava.
– Estou. Onde ele está? – Nem tentei mentir, sabia que
nada do que eu falasse nem ela nem o Heitor acreditariam.
Ela se assustou com a minha sinceridade e ficou sem saber
o que dizer. O Heitor riu e foi ele quem respondeu.
– Ele entrou no bar ao lado. Acho que o Leandro não foi
com a cara dele.
– Você acha? – Perguntei ironicamente. – Ele está bolado
desde o dia que o Gabriel me deu o Salem.
– Entendo. – O Heitor concordou enquanto ria. – Eu
também ficaria.
Por volta das dez horas da noite, pareceu que a turma do
Gabriel resolveu ir para outro lugar. Quando todos eles passaram
pela nossa mesa, acho que fiquei roxa de raiva, porque ele estava
abraçando uma garota. Ela era linda. Cabelos pretos lisos, corpo
bem curvilíneo e muito sorridente. Senti o ciúme me dominar
completamente.
Ele parou para se despedir de nós, mas para a minha
infelicidade, o Heitor os convidou a se sentarem conosco.
– Vocês estão indo para outro lugar? Não querem ficar aqui
com a gente?
– A galera está indo para uma roda de samba, mas eu e a
Amanda iríamos para a casa.
Ouvir aquilo fez o meu sangue ferver. Não queria nem
imaginar aquela cena. Como eu podia me sentir tão enciumada
assim por causa dele? Eu não tinha nada com ele e só o conhecia há
cinco meses...
Meu Deus, a minha cabeça está uma bagunça...
Olhei para a Cléo possivelmente com cara de desespero,
ela apenas levantou as sobrancelhas como se dissesse: te avisei.
O Gabriel topou na hora, mas a garota não ficou satisfeita.
Tentou persuadi-lo a ir embora, mas não teve jeito, ele preferiu sentar
conosco. Outro que não ficou nada satisfeito foi o Leandro.
– Não vou com a cara dele. – Disse no meu ouvido.
– Ele é legal. – Respondi, fingindo despreocupação.
Tentei ser simpática com a garota, afinal, ela não tinha culpa
de nada. Mas estava praticamente impossível ser simpática com o
Gabriel, mesmo sabendo que ele também não estava fazendo nada
de errado. Pelo contrário, tudo que ele falava, eu respondia com falta
de educação e irritação.
Em um dado momento, o assunto passou a ser futebol.
Sempre que alguém me perguntava qual era o meu time, eu dizia
que torcia para o Cruzeiro, mas a verdade é que não ligava muito
para futebol. Não sabia qual era a divisão do meu time, nem quando
ele iria jogar. Acostumei a falar que torcia para o Cruzeiro por causa
do meu pai, que sempre foi muito torcedor. Só que, como eu não
estava com o melhor dos meus humores, o simples fato de o Gabriel
torcer para o Atlético Mineiro – assim como o Heitor – me fez entrar
no modo fúria. Debati com ele como se minha profissão fosse
defender o meu time e no final, já estava perdendo a linha.
– O seu time é uma bosta, vocês não ganham nada! –
Berrei, gesticulando freneticamente. – Mas não vou ficar discutindo
porque VOCÊ não vale a pena.
Dei uma ênfase maior em “você”.
Ele ria. Não deu a mínima para o meu ataque – mais um
dos muitos daquela noite – e continuou falando que o time dele era
melhor que o meu. O Heitor concordava com ele, enquanto a Cléo
parecia assustada com o meu comportamento.
O Gabriel continuou tentando argumentar comigo e fiz
questão de o interromper chamando o garçom, deixando claro que
não queria ouvi-lo. Depois que o garçom anotou o meu pedido e
saiu, a Cléo me chamou para ir ao banheiro com ela. Já sabia que
ela queria me dar sermão, mas não teve como não ir.
Quando entramos no banheiro, fui logo dizendo:
– Tô com raiva mesmo, foda-se!
– Você está descontrolada! – Ela riu e fechou a cara em
seguida – não sei nem o que dizer. Não sei se acho graça ou se fico
preocupada. Nunca te vi desse jeito. Tudo isso porque você viu ele
com uma garota?
– Sim.
– Você não vai nem negar?
– Não.
Mais uma vez a deixei sem palavras. Depois de alguns
segundos, ela mudou o tom.
– Bom, amiga, eu não esperava por isso. Tinha um pouco
de esperança que você dissesse que está na TPM. – Se aproximou
de mim e acariciou meus braços. – Isso não vai dar certo, Emily.
– Isso o quê? Meu interesse nele mesmo sendo
comprometida ou um possível relacionamento com ele?
– Meu Deus... não sabia que você já estava cogitando a
segunda opção. – Respondeu enquanto me encarava perplexa.
– Nem eu. – Falei desanimada.
Ela ficou me encarando com um olhar solidário. Por fim,
disse:
– Não vamos pensar nisso agora, ok?! Você precisa parar
de atacá-lo porque com certeza o Leandro já percebeu que tem algo
errado. – Falou enquanto colocava uma mecha de cabelo meu para
trás da minha orelha.
– Vou tentar.
A Cléo entrou para um dos banheiros. O banheiro feminino
era composto por um cômodo maior, com três banheiros menores
dentro. Eu permaneci lá esperando ela sair.
– Vamos voltar para a mesa? – Me perguntou quando saiu e
após higienizar as mãos.
– Você não acha que o Gabriel parece com o Reinaldo
Gianecchini na época daquela novela com a Vera Fisher? –
Perguntei conforme retocava o batom.
– Você está usando drogas, Emily? – Ela riu
debochadamente.
Não respondi e fiquei a encarando. Eu realmente achava
que lembrava bastante. Ela parou de rir, secou as lágrimas que
rolaram dos seus olhos e respondeu:
– Não, não acho. Mas ele realmente é muito bonito. Porém,
esse seu comentário me deixou preocupada, afinal, dizem que o
amor é cego, né?! – Riu mais um pouco e continuou: – Faça o favor
de jogar uma água no rosto porque você só pode estar bêbada. Vou
voltar para a nossa mesa.
E saiu, me deixando lá sozinha.
Fiquei me olhando no espelho por um tempo, enquanto
pensava no que estava sentindo. Como eu podia estar sentindo
ciúmes de alguém que nunca sequer havia beijado? E o pior, como
poderia estar me sentindo assim se eu tinha namorado?
Que confusão, meu Deus!
Por fim, também usei um dos banheiros. Ao sair, lavei
minhas mãos, joguei mais uma água no rosto, respirei fundo e puxei
a maçaneta. A porta dava para o corredor e quando a abri, tomei um
baita susto porque dei de cara com o Gabriel me esperando. Ele
estava encostado de lado na parede, com um olhar irônico e ao
mesmo tempo, muito sexy.
– Por que você está tão puta comigo, princesa?
Só de ouvir aquela pergunta, voltei a ficar muito irritada.
– Não estou. – Falei secamente, tentando não transparecer
meus sentimentos confusos.
– Aham, sei. Eu tenho uma ideia.
– Ah, é? Qual? – Questionei de cara feia.
– Você está morrendo de ciúmes da Amanda, ou melhor, de
mim com a Amanda.
– Não seja ridículo! Que presunçoso!
– Quem você está querendo enganar? Você mesma ou
aquele seu namorado babaca?
– Não fala assim dele! Ele não é babaca!
Ele bufou.
– Bom, já que é tudo coisa da minha cabeça, vou voltar
para a mesa. – Deu as costas para mim e foi saindo.
– Não, Gabriel – hesitei um pouco – espera...
Ele voltou já com um novo sorriso no rosto.
– Diga.
Pensei alguns minutos antes de fazer a pergunta, mas no
fim, a emoção venceu a razão.
– Você vai levar ela para dormir na sua casa?
Ele já estava sorrindo, mas o sorriso dobrou de tamanho
com a minha pergunta e me arrependi na hora por ter perguntado.
– Essa é uma pergunta muito estranha para quem não está
com ciúmes.
– Não enrola, responde! – Falei sem paciência.
– Vou.
Não sei porque aquela resposta doeu tanto, parecia que
uma faca estava sendo enfiada no meu peito. Não perguntei nada
que já não soubesse. Senti minhas bochechas queimarem de ódio.
Ele então deu dois passos na minha direção, ficando bem
próximo a mim.
– Você está puta, não está? – Ergueu o meu queixo me
obrigando a olhá-lo nos olhos.
Desviei meu rosto da sua mão de forma ríspida e retruquei:
– E pelo visto, você está se divertindo muito com isso, né?!
Não deveria ter respondido desse jeito, porque acabei
confessando sem querer que estava abalada.
– Mais do que você pensa, princesa. – Me respondeu.
– Ridículo!
– Linda!
Ele deu mais um passo e colou meu corpo ao dele, me
prensando contra a outra parede. Morri de medo de alguém nos ver,
mas ao mesmo tempo, fiquei paralisada, sem conseguir esboçar
nenhuma reação. A minha cabeça ficou entre os braços dele, pois
ele os apoiou na parede, me encurralando ainda mais.
O que ele está fazendo?
O Gabriel foi lentamente com a boca em direção a minha e
me deu um selinho.
Jesus...
Foi rápido, mas foi muito, muito bom! Meu coração que já
estava acelerado pareceu chegar na garganta. Fiquei completamente
desconcertada.
O Gabriel se afastou rápido de mim e, antes de me deixar lá
parada com cara de pateta, falou:
– Vou levá-la para a casa dela, não se preocupe. Você já
pode respirar aliviada, sabe que a Cléo vai confirmar amanhã. Mas
não vou te esperar pelo resto da vida, então, trate logo de resolver
essa situação.
Ele virou as costas e saiu. Voltei correndo para dentro do
banheiro com as pernas e as mãos trêmulas. Fiquei completamente
atordoada com aquele rápido e singelo beijo. Mais ainda, com o que
ele disse. Não acreditei. Será que ele realmente queria que eu
terminasse meu namoro para ficar com ele? Ele já tinha falado algo
parecido outra vez, mas não levei a sério. Fiquei mais uns cinco
minutos no banheiro, digerindo tudo aquilo. Quando consegui me
recompor um pouco, voltei para a mesa.
Assim que me sentei, tentei evitar contato visual com ele,
mas sentia seus os olhos sobre mim o tempo todo. Imediatamente o
Leandro perguntou por que demorei tanto. Eu disse que estava me
sentindo mal, que estava esperando passar o mal-estar. Ele não
pareceu acreditar.
– Você quer me dizer alguma coisa, Emily?
– Eu não. – Neguei rápido demais. – O que eu teria para te
dizer?
– Você poderia começar me contando porque ficou tão
esquisita depois que esse cara apareceu.
Fiquei sem saber o que responder. Ele perguntou tudo isso
bem baixinho, sem que ninguém ouvisse, mas pela minha cara, acho
que a Cléo deduziu que boa coisa não era, e que precisava me
salvar.
– Amiga, nem te contei... – ela praticamente berrou, nos
obrigando a olhar para ela – a Lívia vai ficar noiva.
– Ah, que coisa boa! Quando será? Quero ser convidada. –
Respondi imediatamente, aproveitando o assunto.
– Ela pretende fazer um jantar de noivado daqui há uma
semana, no máximo quinze dias, mas só para a família. Ela queria
fazer antes, mas com o que aconteceu comigo, acabou adiando os
planos. Mas fica tranquila que para o casamento eu tenho certeza
que você será convidada.
A Lívia é irmã do Heitor e amiga de infância da Cléo. Apesar
de conhecê-la há pouco tempo, eu também já havia me afeiçoada
bastante a ela. Vivíamos trocando mensagens. Eu já sabia que ela
iria noivar, por isso deduzi que a Cléo só queria me salvar do
interrogatório do Leandro. Assim, antes que ele pudesse retornar os
questionamentos, me dirigi ao Heitor.
– Ah, ótimo! E você, Heitor, está feliz pela sua irmã ou você
é do tipo irmão ciumento?
Ele sorriu.
– Não sou ciumento, mas apesar do João ser um cara muito
legal, tenho uma impressão que ele não fará a minha irmã feliz.
Eu me assustei com a resposta. Para a minha alegria, o
Leandro pareceu se distrair também com aquele papo e quis saber
porque o Heitor pensava daquela forma.
Antes de responder, o Heitor deu uma olhada para a Cléo,
que olhava para o namorado de boca aberta, sem saber o que dizer
também. Parecia estar tão curiosa com a resposta quanto nós.
– Ah, não sei explicar. – Ele se esquivou, enquanto coçava
a cabeça.
– Por que você nunca falou nada do que achava comigo? –
A Cléo perguntou.
– Também não sei.
Ele parecia desconfortável. Acho que soltou sem pensar.
Foi a vez do Gabriel desviar a atenção de todos ali.
– Pessoal, o papo está bom, mas preciso ir nessa. Cléo e
Heitor, até daqui a pouco.
Ele se levantou e esticou a mão para o Leandro.
– Até mais, cara!
O Leandro apertou a mão dele soltando um “até” entre os
dentes. Eu fiz questão de ser simpática para descontrair o clima.
– Tchau, Gabriel.
– Tchau, Emily. – Ele se inclinou para me beijar no rosto.
Retribuí o cumprimento casualmente, mas por dentro queria
gritar, não sei se por medo, ciúme, remorso ou sei lá o quê.
A tal da Amanda ficou eufórica quando o Gabriel disse que
ia embora. Fiquei com muita raiva de imaginar o porquê.
Não demoramos muito a ir embora também. Assim que
entrei no carro do Leandro, fiquei apreensiva. Tinha certeza que ele
iria tocar no assunto “Gabriel”, mas ele não disse nada. Apenas
perguntou se eu iria para a casa dele, ou para minha. Reforcei que
não estava me sentindo bem e pedi que ele me levasse para a
minha. Ele não discutiu.
No dia seguinte, ainda pela manhã, mandei uma mensagem
para a Cléo.

Eu: O Gabriel levou a Amanda para dormir aí?

Cléo: Por incrível que pareça, não.

Fiquei completamente eufórica com aquela informação. De


certo modo, passei o final de semana bem mais tranquila. Porém, eu
estava muito confusa e aquele selinho roubado só piorou tudo. Eu
tinha namorado, mas o homem que ocupava todos os meus
pensamentos não era ele. Não sabia mais o que fazer ou como agir,
mas sabia que precisava fazer alguma coisa.
Senhor, me dê uma luz...
Capítulo 5

Gabriel

Passei o final de semana um pouco irritado. Por um lado, fiquei feliz


pra caralho em ver que a Emily sentia ciúmes de mim, a ponto de
mudar completamente o seu comportamento. Por outro, acreditava
que era uma situação muito simples de resolver: ela só precisava
terminar com aquele cara. E isso já estava demorando demais.
Talvez fosse só a minha ansiedade e não fosse tão simples assim.
Mas ver ela com o namorado no bar, também me deixou irritado e eu
só conseguia pensar que queria que ele desaparecesse da face da
terra. O que aliviou um pouco o meu ciúme, foi ver que ele também
parecia muito incomodado comigo. Possivelmente percebeu que a
Emily ficava atordoada na minha presença. Só que, imaginar os dois
juntos o fim de semana inteiro, prejudicou um pouco o meu humor.
Estava ficando irritado com tudo. Eu levei a Amanda para a casa e
gostaria que a Emily tivesse feito o mesmo. Ou melhor, gostaria que
ela tivesse terminado com ele.
No domingo fui almoçar na casa da minha irmã. Como estava
difícil focar em outra coisa, acabei contando tudo para ela sobre a
Emily.
– Meu Deus, eu vivi para ver meu irmão de quatro por
alguém?
Não perdi meu tempo em negar.
– Sim. – Respondi bufando.
A minha irmã mora na mesma rua que os meus pais e eles
também iam almoçar na casa dela. Eu e a Fernanda estávamos
conversando na cozinha e não percebemos que a minha mãe tinha
acabado de chegar.
– O quê? Meu filho está apaixonado? Eu vou ganhar uma
nora?
– Ah, pronto. – Falei desanimado.
A Fernanda riu e já tratou de atualizar a minha mãe de toda a
situação. Não sei porque, a minha mãe nos últimos anos começou a
me cobrar uma nora sempre que tinha uma oportunidade. Ouvir toda
a história do meu rolo com a Emily a deixou enlouquecida.
– Quando eu vou conhecê-la? – Me perguntou assim que a
Fernanda terminou de contar.
– Você escutou a parte que ela tem namorado, né? –
Perguntei meio rabugento.
– Perfeitamente, não sou surda – retrucou – mas sei muito
bem que não tem homem melhor nesse mundo do que o meu filho.
Logo, logo ela irá terminar com ele e irá te dar uma chance. Eu sei
das coisas.
Assim espero...

Na segunda-feira quando cheguei na academia eu ainda


estava um pouco irritado, mas foi só ela chegar com aquele lindo
sorriso, que minha irritação passou e a única coisa que eu conseguia
pensar era em beijá-la. Quando ela me viu, veio direto falar comigo,
sorrindo de um canto ao outro.
– Bom dia!
– Bom dia, princesa! Tudo bem?
– Tudo.
Notei que ela estava um pouco sem graça, possivelmente por
causa de sexta, mas preferi não tocar no assunto.
– Seu cunhado ainda não chegou? – Perguntei, mas apenas
porque tinha esperança que ela dissesse que ele não era mais seu
cunhado.
– Ainda não. Pelo visto, ele está atrasado. Por quê?
– Por nada. – Acho que não consegui disfarçar minha cara de
desapontamento.
– O que foi? Você está um pouco estranho...
– Não foi nada. Só estou cansado.
Preferi não falar nada. Meu celular tocou antes que ela fizesse
a próxima pergunta. Era a Mari. Atendi sem sair de perto da Emily.
– Oi, Mari. Tudo bem? ... sim, já estou de férias... estou na
academia, posso terminar de malhar? Ok. Até daqui a pouco. Beijo.
A Mari me ligou para pedir um favor. Uma amiga dela tinha
dito que havia uma gatinha com os filhotes em um terreno baldio
perto da casa dessa moça e que os vizinhos iriam colocar fogo nesse
terreno para limpar o mato. Era um bairro distante ao que a Mari e a
minha família moravam, e ela não sabia onde era. Como sabia que
eu estava de férias, me pediu que a levasse lá.
Quando encerrei a ligação, vi que o semblante da Emily
havia mudado. Estava séria. Imaginei que fosse por causa da Mari e
decidi aproveitar a chance de fazer um pouco de ciúmes na única
mulher que não saía da minha cabeça.
– Vou ter que ir embora, princesa. Surgiu um imprevisto. –
Comentei tentando fazer um mistério.
– Você não vai nem terminar de malhar?
– Não.
– Por quê?
– Preciso resolver umas coisas.
– Quem era ao telefone?
Eu sabia que ela tinha ouvido toda a conversa, mas respondi
assim mesmo.
– A Mari. – Fiz questão de não falar mais nada e fiquei
esperando que ela perguntasse algo mais.
– Só isso que você vai dizer? A Mari?
– Na verdade, nem isso eu deveria responder. Se contente só
com essa informação.
Ela se assustou com a minha resposta. Tentei parecer sério e
segurar a vontade de rir que estava. Geralmente eu não falava com
ela daquela forma, mas realmente queria irritá-la. Em segundos, a
cara de susto foi desaparecendo, dando lugar a uma expressão de
raiva e ela me respondeu de forma ríspida.
– Ok. Tchau, então!
Não consegui mais segurar e comecei a rir. A minha
tentativa de provocá-la tinha dado certo. A Emily já estava saindo de
perto de mim, mas quando me ouviu rindo, voltou rápido, com mais
fúria nos olhos.
– O que foi? Sou algum tipo de piada para você?
Eu me aproximei dela e respondi bem próximo ao seu ouvido.
– Piada? Não, de forma alguma. Mas você tem conseguido
me deixar bem desconfortável ultimamente, para não dizer irritado.
Ela se contraiu e deu meio passo para trás.
– Não sei porquê. O que eu fiz?
– O que você não fez, né? Não terminou com aquele otário.
Novamente, ela se assustou com o que eu disse, mas
abrandou um pouco o tom para responder.
– Olha, não quero que você fique falando assim do Leandro. E
sobre essa história de pedir para eu terminar, você tem repetido
bastante isso ultimamente. Quero te pedir para não brincar mais
assim.
Foi a minha vez de fazer cara de surpresa. Brincar? Ela
achava que eu estava brincando? Mas logo entendi onde ela estava
querendo chegar. Queria uma confirmação minha. Dei dois passos
em direção a ela e perguntei sério:
– Mas quem te falou que estou brincando? Achei que você
soubesse identificar quando estou brincando e quando não estou...
Ela não soube o que responder, tentou falar alguma coisa,
mas não saiu nada, em seguida, olhou para os lados para verificar se
tinha alguém nos observando. Ela fica tão lindinha quando está
constrangida. Resolvi dar um tempo para ela pensar no que
responder e fazer, e mudei de assunto.
– É o seguinte, princesa, preciso fazer um favor para a Mari.
Quer vir comigo?
– Hã? Que favor? Eu nem sabia que você estava de férias...
acho melhor não.
– Uma pergunta de cada vez. Como já te contei, a Mari é a
minha amiga que me deu o Salem e o Louis. Eu disse que iria te
apresentar a ela em algum momento. Acho que hoje é um ótimo dia
para isso. Seu cunhado não chegou, então não vai ver você saindo
comigo. Mas quanto mais você demorar, mais chances tem dele
chegar. O resto te conto no caminho, vamos?
Perguntei já andando e fazendo sinal com a cabeça para que
ela me acompanhasse e não tivesse tempo de recusar. Ela ficou um
pouco indecisa, sem saber o que fazer. Por fim, pegou suas as
coisas no armário da academia e me seguiu. Nós fomos caminhando
para o meu prédio, que ficava na rua de trás.
– Por que estamos indo em direção a sua casa?
– Porque meu carro está lá. Tenho que buscar a Mari na casa
dela, para depois irmos para onde ela precisa.
– Não acho que ela vai gostar de me ver junto.
– De onde você tirou isso? Ela está doida para te conhecer.
A Emily passou a mão nos cabelos parecendo nervosa e notei
que ela procurava as palavras certas para me perguntar algo, que eu
já deduzia o que era. Resolvi facilitar e eu mesmo entrei no assunto.
– Nós não temos nada um com o outro. Somos amigos desde
criança. Já te falei isso.
– Então por que ela costuma dormir na sua casa? Ainda não
entendi isso.
A pergunta foi feita em um tom sutilmente agressivo. Foi
impossível segurar meu sorriso depois daquela pergunta. Mais uma
vez, pude comprovar que ela estava com ciúmes e com certeza
ficava perguntando coisas a meu respeito para a Cléo. Do contrário,
não teria como ela saber que a Mari costuma dormir lá em casa.
– Como eu disse, somos amigos e as vezes ela dorme lá em
casa, simplesmente por preguiça de ir embora. Geralmente a gente
bebe bastante quando estamos em casa. Eu fico sem condições de
levá-la embora, e ela, de pedir um Uber. Mas já ficamos algumas
vezes sim no passado. Só que, na grande maioria das vezes que ela
dormiu lá, não aconteceu nada entre nós. Principalmente nas
últimas.
– Hum.
– Só isso? “Hum”?
– Ainda acho que ela não vai gostar de mim.
– Ela já gosta, mesmo sem te conhecer pessoalmente.
– O que você quer dizer com isso? Que já falou de mim para
ela? – Perguntou com cara de desdém.
– O tempo todo.
Ela bufou.
– Aham, sei.
Quando chegamos na portaria do meu prédio, mostrei a ela o
caminho para a garagem. Deixei que ela andasse alguns passos na
minha frente, só para olhar a bunda dela, que por sinal, ficava
absurdamente perfeita dentro da roupa de ginástica.
A Emily avistou o meu carro e foi em direção a ele. Assim que
ela chegou até a porta do carona, se virou para mim esperando que
eu a destravasse. Foi nesse exato momento que não consegui mais
me segurar. Óbvio que estar sozinho com ela na garagem vazia não
ia prestar. Eu a prendi contra a porta do carro com o meu corpo,
sentindo minha respiração acelerar.
– O que você pensa que está fazendo, Gabriel? – Ela
perguntou já um pouco ofegante, ao mesmo tempo que se esquivava
afastando o rosto da minha boca.
– Não consigo mais resistir, princesa. – Falei no ouvido dela. –
Depois daquele selinho de sexta-feira, não sei nem como consegui
me segurar naquele bar... não estava mais aguentando te ver com
aquele cara.
– Ah... eu... é melhor...
– Você não quer? – Perguntei enquanto percorria com a
minha boca do seu pescoço até o seu ombro, distribuindo beijos
suaves e molhados, alternados com leves mordidas.
Ela não respondeu e pude senti-la estremecer, à medida
que os pelos do pescoço se arrepiavam. Mas ela também não me
afastou e interpretei aquilo como um bom sinal, assim, a prensei
mais um pouco contra o carro.

– Eu quero você, Emily! – Minha voz saiu grave e ofegante.


– Eu quero muito!
Eu me afastei um pouco dela, para que pudesse se decidir.
Ela demorou um pouco a ceder, mas para a minha completa alegria,
me puxou pela cintura, me apertando com força e me fazendo colar
meu corpo de novo ao seu. Sabia que ela estava em conflito e não
podia permitir que ela mudasse de ideia, então, não demorei mais
nem um segundo para beijá-la na boca.
Assim que sentiu meus lábios tocando os seus, ela soltou
um gemidinho muito sexy.
Porra...
É inacreditável o poder que essa mulher tem sobre mim. O
meu coração estava disparado e em poucos segundos, o nosso
primeiro beijo passou de romântico e calmo para intenso e selvagem
e nada poderia tornar aquele momento melhor. Nossas línguas se
tocavam deliciosamente e aquele contato provocava arrepios por
todo o meu corpo.
Não tinha mais onde eu me unir a ela, mas toda aquela
proximidade ainda parecia pouca. Acho que a Emily se sentia da
mesma forma, já que ela se ergueu na ponta dos pés, arqueando
mais ainda seu corpo contra o meu. Eu tirei as minhas mãos da sua
cintura e com a minha mão direita, a segurei pela nuca. Com a
esquerda, dei uma boa apertada na sua bunda. Ela soltou outro
gemidinho.
Sabia que em algum momento ela iria cair em si e se
afastar de mim, então aproveitei o máximo que pude, me deliciando
com a sensação de ter o corpo dela tão colado ao meu. A minha
língua percorria todos os cantos da boca dela. Vez ou outra, eu dava
uma leve mordida no seu lábio inferior. Em todas as vezes ela gemeu
baixinho, me deixando mais louco.
O tempo foi passando e nós continuamos lá, nos beijando
intensamente, como se não houvesse nada no mundo além de nós
dois. E é obvio que eu estava excitado, mas as coisas ficaram um
pouco mais difíceis, quando ela tirou as mãos da minha cintura e as
colocou nas minhas costas, por baixo da minha camiseta. Meu pau
ficou mais duro e respondi dando uma mordida mais forte do que
gostaria em um dos seus lábios, mas ela não pareceu ligar. Eu
estava prestes a chamar ela para subir para o meu apartamento,
mesmo tendo a certeza de que ela iria recusar, quando alguém
tossiu propositalmente atrás de nós.
A Emily se sobressaltou. Eu me virei já rindo, primeiro porque
obviamente, estava feliz pra cacete. Segundo, porque tinha certeza
que era o Heitor, já que meu carro ficava ao lado do dele, que ainda
estava estacionado.
– É, Emily, acho que alguém te venceu pelo cansaço. –
Comentou com divertimento enquanto se aproximava.
Pensei que a Emily fosse ficar constrangida com a interrupção
e com o comentário, mas não. Ela apenas sorriu para ele e
concordou.
– É... é o que parece. – E olhou para mim também sorrindo.
– Eu não queria interromper, mas preciso sair com o meu
carro e não tem como eu entrar com vocês dois aí no meio do
caminho.
– Tuuuudo bem! – Respondeu para ele. – Destrava o seu para
eu entrar, Gabriel.
Fiz o que ela mandou e dei a volta no carro, enquanto ria para
o Heitor, que se encaminhava para o dele, também rindo para mim e
sacudindo a cabeça, demonstrando aprovação.
Quando entrei no meu carro, esperei meu amigo sair e fui
novamente para cima dela, na intenção de continuar de onde
paramos. Para a minha tristeza, a Emily já parecia arrependida.
– Pode ficar paradinho aí!
Pelo visto, meu momento feliz tinha chegado ao fim...
Capítulo 6

Emily
Puta que pariu! Como ele beija bem, meu Deus...

Minhas pernas estavam bambas e eu estava ofegante. Além disso,


eu estava muito excitada. Queria muito permitir que ele me beijasse
de novo, mas não podia. Precisava resolver a minha situação antes.
Então, me mantive firme.
– Vamos embora porque sua amiga está nos esperando e se
você não se comportar eu vou desistir de ir.
– Ok. – Respondeu bem contrariado.
Ele suspirou profundamente e colocou o cinto de segurança.
– E quando você vai terminar com aquele babaca? –
Perguntou.
– Eu já te pedi mil vezes para você não falar assim. – O
repreendi. Ele apenas bufou e ligou o carro. Então continuei.
– Não será hoje, porque nem consigo olhar para a cara dele
depois do que acabou de acontecer entre nós.
– Amanhã, então? – Ele me encarou sério.
– Sim.
Ele sorriu. Na verdade, ele riu, e de felicidade. Eu estava
séria, mas acabei rindo também. O Gabriel não esperava que eu
fosse dizer que terminaria no dia seguinte e claramente, ficou
aliviado. Contudo, eu não conseguia compreender o porquê ele fazia
tanta questão que eu terminasse. Tinha certeza de que ele não tinha
a menor intenção de ficar comigo mais do que uma semana, que só
devia estar insistindo tanto por eu não estar disponível, apesar de
não querer acreditar nisso. Queria mesmo que ele estivesse tão afim
de mim, quanto eu estava dele.
– Por que você faz tanta questão que eu termine? –
Perguntei sem conseguir me segurar mais.
– Por quê? – Ele repetiu e pareceu um pouco indignado –
não parece óbvio?
– Na verdade, não.
– Eu quero você só para mim, porra!
Ele falou isso enquanto arrancava com o carro. Estava com
a cara amarrada, o que o deixava ainda mais sexy. Fiquei o
encarando com um sorriso bobo no rosto, sentindo um tremor
percorrer meu corpo. Gostei tanto de ouvir aquilo! Queria muito
acreditar, mas o histórico mulherengo dele me deixava bem
apreensiva. De todo modo, aquela frase me fez sorrir, mas para que
ele não me interpretasse errado, continuei:
– Acho que você entendeu que eu não quis dizer que ficaria
com você estando com outro, né... o que eu queria saber é: Por que
essa insistência em me conquistar sabendo que tem um monte de
mulheres andando atrás de você?
– Nenhuma delas é você!
Arrepiei.
Meu Deus, estou ficando boba depois de velha...
Ele não disse mais nada e também não precisou. Já tinha
decidido que terminaria com o Leandro, mesmo que não ficasse com
o Gabriel. Era o mais correto a ser feito.
Ao chegarmos em frente à casa da amiga dele, ela já nos
esperava no portão. Ela veio em direção a porta do carona, mas
quando viu que eu estava ali, se direcionou para a porta de trás.
– Gente, até que enfim conheci a famosa Emily. – Comentou
sorridente enquanto esticava a mão para mim. – Muito prazer, Emily!
O Gabriel tem falado bastante de você.
– O prazer é meu, Mari! Ele também fala bastante de você. –
Respondi sorrindo.
Pelo visto, era verdade que ele falava de mim para ela. Não
foi preciso nem me apresentar, ela já sabia quem eu era. É claro que
aquilo me deixou bem feliz.
A Mari foi bem simpática comigo durante todo o momento
que permaneceu conosco e esse comportamento pareceu ser
sincero. Antes de chegarmos ao bairro da amiga dela, ela me
perguntou como estavam o Salem e o Louis. Contei que eles já
haviam crescido um pouco e que estavam bem levados. Ela me
perguntou se eu queria ver fotos deles e assenti. Meu coração ficou
transbordando de alegria quando vi fotos dos dois recém-nascidos.
Em outras, eles já estavam com os olhinhos abertos, brincando com
os irmãos e a mãe.
– Nossa, que fotos lindas! – Falei, sentindo um pouco de dó
da mãezinha.
O Gabriel olhava para mim sorrindo, enquanto tentava achar o
bairro que iríamos.
– Onde está a mãezinha deles? – Perguntei.
– Ela está comigo, tenho ela e mais uma.
– E os outros dois irmãos dele?
– Os irmãos precisei doá-los. Não conseguiria ficar com todos.
Fiquei com a mãe porque não consegui ninguém para ficar com ela.
Geralmente gatos e cães adultos, são mais difíceis de serem
adotados.
Senti um aperto no peito com aquela informação.
Possivelmente, ela deduziu o que eu estava pensando e continuou.
– É, é muito triste mesmo. Por isso as ONGs estão sempre
lotadas. Alguns animais passam a vida inteira lá. As pessoas
preferem comprar animais de raça, a dar oportunidade para um gato
ou cachorro sem raça.
– Realmente. – Concordei. – E você só tem gatos?
– Não, tenho dois cães também, um macho de 2 anos e uma
fêmea idosinha.
Ao chegarmos no local que a amiga da Mari havia dito que os
gatinhos estavam, parecia impossível encontrar algo ali. O tal terreno
era enorme e o mato devia estar chegando há uns dois metros de
altura.
– Nossa, como vamos achar algum gato aí? – Perguntei.
– Vamos dar um jeito. – A Mari respondeu confiante.
Ela vestia uma calça jeans e botas galochas, o que facilitava
um pouco, e foi se enfiando no mato com um potinho de patê na
mão. Olhei para o Gabriel assustada com a desenvoltura dela e ele
sorriu.
– Ela está acostumada. – Me disse.
O Gabriel vestia uma calça de moletom cinza e uma regata
preta, então disse que faria o mesmo que a Mari. Como eu estava de
short, ele disse que eu ficaria com as pernas toda arranhada.
– Espera aqui, Emy, para você não machucar essas deliciosas
pernas.
– Emy?
– Sim, não gosta que eu te chame assim? – Me perguntou
enquanto segurava meu queixo.
– Na verdade, eu adorei. Ninguém me chama assim. – Sorri. –
Mas, também gosto de princesa. – Pisquei um olho para ele.
Ele sorriu de volta e beijou a minha testa.
– Só que eu não vou ficar aqui, vou com vocês.
Passei na frente dele, antes que ele pudesse retrucar. De fato,
fiquei com as pernas todas cheias de vergões, com uma pinicação
infernal. Para a minha sorte, a Mari não demorou muito a encontrar a
toquinha da mãe gata e os filhotes.

Ao chegar em casa à noite, a primeira coisa que fiz foi ligar


para o Leandro. Precisava muito falar a verdade para ele. Aliás,
quase toda a verdade. Pretendia dizer que já não achava que nosso
relacionamento daria certo, mas não iria envolver o Gabriel na
história. Também não achava certo ter aquela conversa por telefone,
então pedi que ele fosse lá em casa no dia seguinte, para que a
gente pudesse conversar.
– Mas sobre o que você quer falar? – Perguntou.
– Sobre nós.
Ele hesitou por um momento, por fim, disse que iria lá em
casa no dia seguinte. Sabia que a nossa conversa não seria
agradável, mas era o certo. Não dava mais para continuar com ele.
Ele é uma pessoa maravilhosa e merecia ser feliz.
Depois que desliguei, fui para o quarto da Cléo contar tudo
para ela. Imaginei que o Heitor já tivesse dito que me viu beijando o
Gabriel. Para a minha surpresa, ela ainda não sabia.
– O quêeeee? Vocês se beijaram?
– Achei que o Heitor tivesse te contado...
– Oi? O Heitor? Como ele sabe?
– Ele nos pegou no pulo. – Contei sorrindo e um pouco
apreensiva.
– Ah, então é por isso que ele me mandou uma mensagem
logo cedo dizendo que tinha uma fofoca para me contar. – Ela riu. –
Só que ele passou o dia inteiro em audiência, me deixou curiosa o
dia todo.
– Vocês dois formam um belo casal, dois fofoqueiros. –
Brinquei.
– Somos mesmo. – Ela riu. – Mas então me conta, como foi?
Eu me joguei de costas na cama dela e contei tudo, como
tudo aconteceu, como me senti, que conheci a Mari e que iria
terminar com o Leandro no dia seguinte. Ela acariciava a minha
cabeça e reagia a cada detalhe, se divertindo bastante. Por fim,
resolvi perguntar:
– Você não acha que eu deveria terminar com o Leandro para
ficar com o Gabriel, né?
– Se eu dissesse que não, você deixaria de terminar com o
Leandro?
– Não. – Respondi rindo. Ela também riu.
– Só que eu acho que você tem que terminar sim. Você
perdeu completamente o interesse nele, não pode continuar se
enganando e automaticamente, enganando-o. Além disso, está
nitidamente de quatro pelo Gabriel. – E riu.
Eu ri novamente e não discordei.
– É que as vezes tenho a impressão que você não aprova que
eu fique com o Gabriel...
– Não tem nada disso. Eu amo o Gabriel e amo você. Quando
percebi o interesse dele por você, tive medo que você pudesse
sofrer, mas você sabe como eu sou. Às vezes, me preocupo demais
com o “se”. Só que os últimos acontecimentos nos mostraram que a
vida é muito frágil para ficarmos com medo das coisas. Melhor sofrer
por arriscar do que sofrer por não fazer. Então, minha amiga, só vai...
eu nem precisava te falar isso tudo, você sempre foi muito mais
decidida e menos medrosa do que eu.
Eu me senti muito reconfortada com aquele comentário,
porque realmente pensava que ela era contra. Mas no fundo, ainda
tinha um pouco de insegurança também.
– Mas você acha que se essa história virar um
relacionamento, eu vou me machucar? Falando mais claramente,
você acha que ele conseguiria ficar só comigo?
– Apesar do histórico dele, acho que conseguiria sim ficar só
com você. Agora vejo que o Heitor tem razão. Se o Gabriel nunca se
envolveu com ninguém, realmente não precisava ser fiel a ninguém.
Sair com muitas mulheres não faz dele um homem infiel. Além disso,
o Heitor acha que de fato, ele está gostando de você.
Sorri feito uma boba com aquela frase. Fui dormir até mais
leve aquela noite.
No dia seguinte, fui cedo para a academia. Sabia que o
Gabriel não estaria lá, porque tinha ido no dia anterior, mas mesmo
assim cheguei bastante animada.
Estava correndo na esteira quando o meu amigo Felipe
chegou.
– Oi, meu amor!
– Oi, meu lindo, que milagre é esse você aqui tão cedo?
O Felipe faz faculdade comigo e também malha com o Diego.
Assim como eu, não pensou duas vezes em trocar de academia para
acompanhá-lo.
– Eu vim cedo porque ando muito ansioso com a minha festa
de vinte e cinco primaveras.
– Imaginei.
Ele completaria vinte e cinco anos dali há alguns dias e estava
programando aquela festa já fazia uns três meses.
– Além disso, também ando ansioso por causa da minha vida
profissional. Sinto que estou no curso errado... – Comentou com cara
de tristeza.
– Nossa, Felipe, tenho me sentido exatamente assim. Se você
está esperando um conselho, eu sou a pessoa errada para isso.
Ele bufou.
– Que triste, esperava ouvir palavras de sabedoria.
– Bom, segundo o Leandro, tenho que parar com essa bobeira
e focar no meu curso. Ele alega que não preciso amar o que faço,
desde que não odeie. Segundo o Gabriel, tenho muito tempo pela
frente e posso me dar ao luxo de pensar mais um pouco. Acho que
isso serve para você também, já que você é apenas alguns meses
mais velho que eu.
– E quem é Gabriel?
Aquela pergunta me fez suspirar. Além disso, me fez
desabafar. Contei tudo para o meu amigo. Primeiro, porque
precisava colocar para fora todos os meus sentimentos. Apesar de
ter desabafado com a Cléo, senti que precisava explanar meus
sentimentos mais um pouco. Segundo, porque também precisava de
palavras de sabedoria. Tinha certeza que não deveria ficar mais com
o Leandro, mas não tinha certeza se deveria me envolver com o
Gabriel. Quando acabei, meu amigo imediatamente ordenou:
– Preciso ver uma foto desse Gabriel, já!
Eu ri. Entrei na rede social dele e o mostrei para o Felipe.
– Nossa, se você não ficar com ele, eu fico.
– Com certeza o Rodrigo vai gostar muito de saber disso. –
Falei rindo.
Rodrigo é o namorado do Felipe e eles já estavam juntos há
uns dois anos.
– Agora falando sério, seu namoro já parecia bem morninho.
Não acho que daria certo mesmo se não houvesse esse Gabriel na
parada, mesmo que o Leandro também seja um gostoso.
Aquele comentário me tranquilizou mais e também me fez rir.
O Felipe sempre achou o Leandro um “gostoso”, como vivia dizendo.
Fiquei ainda mais tranquila, porque parecia que eu
realmente tinha tomado a decisão certa. Nós continuamos correndo
na esteira e conversando. Quando vi o Diego se aproximando, fiz
sinal para o Felipe para mudarmos de assunto. E assim ele fez.
– Oi, bonito, você vai na minha festa de aniversário, né? –
Perguntou ao Diego.
O Diego assentiu, debruçando na esteira que o Felipe estava.
– Vai levar a patroa? – Continuou.
– Se estivermos juntos até lá... – Ele riu, mas sem de fato
achar graça.
O Diego e a noiva viviam terminando e reatando. Ela é muito
ciumenta e vivia fazendo escândalo com ele em público. Desconfio
inclusive que tenha sido esse o motivo para ele ter saído da outra
academia, já que ela vivia fazendo cena lá na porta. Em março eles
chegaram a ficar um mês separados e toda a família dele achou que
dessa vez eles não iriam voltar. Para a surpresa de todos, um mês
depois eles reataram. Ele é um cara muito bacana e fiel, mas só a
Isabela parece não saber disso. E mesmo com todos os defeitos
dela, ele faz de tudo para vê-la feliz e sempre a perdoa. Ela, por sua
vez, sempre depois do último barraco, promete que não fará de novo
e que irá mudar, que fará terapia, mas nunca cumpre suas
promessas. O Leandro sempre fica chateado quando o Diego e a
Isabela voltam. Ele, assim como todo mundo, pensa que o irmão
estaria melhor sem ela.
Depois que saí da academia naquele dia, fui para a faculdade,
em seguida para o salão. Quando cheguei em casa, por volta das
sete horas da noite, dei uma olhada no celular para ver se havia
alguma mensagem do Gabriel. Para a minha tristeza, não havia
nada.
Fiquei também esperando que o Leandro chegasse, para
resolvermos nossa situação. As dez horas da noite, ele ainda não
tinha aparecido e eu estava um poço de ansiedade. Resolvi ligar, já
que não tinha tido nenhum sinal dele. Para a minha surpresa,
quando ele atendeu, disse que precisou fazer uma viagem às
pressas a trabalho e que não conseguiu me avisar com
antecedência. Achei muito estranho, mesmo que ultimamente ele
realmente viajasse com frequência. Ele era gerente em um banco e
me contou que havia surgido um curso de última hora em São Paulo,
que facilitaria uma promoção, por isso não podia deixar de ir. Alegou
que já iria me ligar para me contar, mas eu liguei antes. Fiquei um
pouco apreensiva, mas só porque queria muito colocar os “pingos
nos is”.
– Tudo bem... – Falei desanimada. – Quando você volta?
– Daqui há duas semanas.
– Nossa! – Comecei a pensar se não deveria falar por telefone
mesmo, mas ele interrompeu meus pensamentos.
– Amor, preciso desligar. Estou muito cansado e amanhã
acordo cedo.
– Tudo bem, depois conversamos.
– Boa noite, sonha comigo.
Aquela frase apertou me coração. Acho que ele não tinha
ideia de que eu queria terminar. Fiquei sem saber como responder.
Por fim, respondi:
– Beijo, boa noite.
Demorei horas para pegar no sono, já que minha mente era
pura angústia...
Capítulo 7

Gabriel

Aguardei ansiosamente que a Emily me ligasse na terça-feira


contando que terminou, mas isso não aconteceu. Por isso, na quarta
resolvi também não ir malhar no mesmo horário que ela. Como
estava de férias, fui para a academia de tarde. Também fiquei
esperando uma ligação ou uma mensagem dela naquele dia, mas
para a minha tristeza, nada aconteceu.
De noite, a Mari me ligou e desabafei com ela.
– Liga para ela você, ué. Com certeza, ela também está
esperando uma ligação sua.
– Não vou ligar não, porque se ela não tiver terminado,
possivelmente não reagirei bem.
Eu nunca havia me sentido enciumado antes e,
definitivamente, não era um sentimento agradável.
– É, quem diria que eu viveria para ver você apaixonado. –
Ela riu.
– Acho que todo mundo combinou de falar isso para mim
agora... E não estou apaixonado. – Respondi de mau humor.
– Ah, não?
– Tá bom, talvez eu esteja.
Eu sabia que estava, só não queria ficar expondo mais os
meus sentimentos.
– Quer sair para beber?
– Ah não, tô meio cansado, com um pouco de dor muscular
e dor de cabeça...
Meu celular apitou com uma segunda chamada e
imediatamente pensei que fosse a Emily, mas minha empolgação
murchou quando vi que não era e rejeitei.
– Era ela? – A Mari perguntou.
– Não, era a Amanda.
– Aquela que vive atrás de você? Do cabelo preto?
– Sim.
– Foge que é cilada, Bino!
– Você sempre fala isso sobre ela. De todo modo, a única
que eu quero é a Emily.
– Own... então, parceiro, para com o show e liga para ela.
Vou desligar para que você faça isso, beijo.
– Beijo.
Depois que desliguei com a Mari, fiquei pensando que se a
Emily quisesse falar comigo, ela me ligaria para, no mínimo,
perguntar o porquê eu não havia ido na academia. Mas também
fiquei pensando, que talvez ela pudesse não ter ido também. No
final, decidi ligar.
Porra, eu estou parecendo um adolescente...
– Alô.
A voz dela estava estranha, parecia cansada e triste.
– O que houve, princesa? Está tudo bem?
– Na verdade, não. Estou em um velório. A mãe da
recepcionista do salão faleceu. Vim aqui prestar minha solidariedade.
– Poxa, que triste. Ela faleceu de dengue mesmo?
– Sim, dengue hemorrágica.
A Emily já havia comentado que a mãe da moça estava mal
e que estava precisando cobri-la no salão nos últimos dias. Por estar
tendo que ficar no hospital com a mãe, a moça não estava
conseguindo ir trabalhar.
– Que pena. Você quer que eu te busque aí?
– Não, obrigada. Daqui a pouco chamo um Uber. Mas
preciso ficar aqui mais um pouco. Depois preciso dormir cedo para
cobrir a Sabrina o resto da semana, se não conseguir ninguém para
ficar no lugar dela.
– Você vai ter que faltar aulas então?
– Sim.
– Ok. Se precisar de alguma coisa, me avisa.
– Obrigada! Beijo...
– Beijo.
Não tive coragem de perguntar sobre o namoro. Apesar de
desconfiar que nada havia mudado entre ela e o Leandro, preferi
deixar para perguntar em um outro momento e fui dormir meio
angustiado.
Coloquei umas músicas para tocar no computador, para dar
uma relaxada. A primeira a tocar foi “I Don't Want To Miss a Thing”
do Aerosmith. Ouvi a música inteira pensando na Emily. Resolvi
trocar para alguma que não falasse de amor e coloquei “Redemption
Song” do Bob Marley. Mas aí me lembrei que a Emily adora reggae e
continuei pensando nela, mesmo que não fosse uma música
romântica. Desisti de lutar contra os meus pensamentos e deixei o
som tocar aleatoriamente. As músicas que se seguiram também
conspiraram contra mim, sendo “True Love” do SOJA e “Is This Love”
também do Bob Marley. E foi assim que mais uma vez, dormi
pensando na ruiva dos meus sonhos...

De madrugada, acordei com calafrios e dor de cabeça.


Peguei mais uma coberta no armário e voltei a dormir.
Quando amanheceu, eu não era ninguém. Sentia meu
corpo pesado, com dores nas juntas e muita dor de cabeça. O Heitor
foi ao meu quarto falar que o gás havia acabado e comentei que
estava me sentindo mau.
– A Cléo deixou um termômetro aqui, vou pegar para ver se
você está com febre.
Respondi que não precisava, mas ele me ignorou. Para a
surpresa dele – e a minha também – minha temperatura estava em
37,8º.
– Isso é febre, quer que eu te leve ao médico? – Me
perguntou.
– Claro que não. Não precisa disso tudo. – Respondi.
– Tem certeza?
– Tenho.
– Bom, então estou saindo para o trabalho. Qualquer coisa
você me liga.
– Não preocupa, cara. Eu tô bem...
– Beleza.
O Heitor saiu e eu voltei a dormir. Com o decorrer do dia,
meu estado foi piorando consideravelmente. À noite, quando ele
chegou, ficou insistindo para que eu fosse ao médico, mas
novamente recusei. Eu tinha certeza que no dia seguinte eu
acordaria melhor. Achei que estivesse gripando, apesar de não estar
com coriza.
Por volta das nove horas da noite, senti meu celular vibrar,
mas não estava com vontade de conversar com ninguém, e não abri
os olhos para ver quem era.
Na sexta-feira de manhã, assim que o Heitor entrou no meu
quarto dizendo que eu precisava ir ao médico, concordei. Estava
enjoado, tonto, com dor no corpo, com febre e muito, mas muito
cansaço, sem absolutamente nenhum apetite.
– Você está amarelo, não vai enrolar mais. Se arruma que
vou te levar.
Não discuti. Enfiei na primeira roupa que vi pela frente e
fomos para o médico. Naquele dia, o Heitor trabalharia só até a hora
do almoço. A irmã dele ficaria noiva no dia seguinte e ele e a Cléo
iriam viajar para a cidade natal deles, por conta do noivado. Como eu
estava sem forças até para dirigir, ele acabou também não indo
trabalhar na parte da manhã, para me levar ao médico.
Lá no hospital, fiz alguns exames e fui atendido por um
clínico geral. Ele disse que os sintomas indicavam ser dengue e me
lembrei na hora da mãe da funcionária da Emily. O médico disse
para esperarmos na recepção o resultado do exame, que sairia em
no máximo, quarenta minutos. Quando o exame ficou pronto, as
suspeitas dele se confirmaram. Era dengue. O médico foi me
explicando que eu deveria fazer repouso e tomar bastante líquido.
– Nestes casos, os únicos medicamentos que você pode
tomar são o paracetamol ou a dipirona, para aliviar os sintomas
como dor e febre. Você também não pode deixar de ser alimentar,
viu?! – Disse.
– Sim, senhor. – Respondi desanimado.
Já no carro, de volta para casa, o Heitor comentou
preocupado:
– Você está com uma cara de acabado, mano.
– É exatamente assim que estou me sentindo.
– Acho que você devia ficar na casa da sua irmã ou dos
seus pais esse fim de semana, já que nem eu nem a Cléo estaremos
aqui.
– Claro que não, cara. Não precisa disso.
Eu nunca havia me sentido daquele jeito. O máximo que me
acontecia, era uma dor de garganta e uma sinusite uma vez ou outra.
Antes de viajar, por volta da hora do almoço, o Heitor
abasteceu a geladeira com frutas e outras coisas e repetiu para mim
tudo que o médico havia falado. Permaneci deitado, imóvel, sentindo
os meus sintomas ficarem um pouco mais intensos.
– Não vai esquecer de tomar o remédio, hein? O namorado
de uma das secretárias lá da empresa quase morreu por causa de
dengue.
– Vou tentar.
– Se você sentir que está piorando, não deixa de ligar para
a sua irmã ou para os seus pais.
– Ok, boa viagem.
– Obrigado. Se cuida.
Depois que ele saiu, continuei na mesma posição. Meu
celular tocou e me movimentei rápido demais achando que era a
Emily. Olhei no visor e vi que era a Amanda. Não atendi. Minha
cabeça que já estava latejando, piorou bastante com o meu
movimento brusco. Fechei os olhos e mesmo com aquela dor chata,
apaguei.
Capítulo 8

Emily

Na sexta-feira por volta de uma hora da tarde, eu já estava morta. A


semana foi muito cansativa. Cobrir a Sabrina todos os dias no salão
foi muito puxado e tive que me desdobrar para não matar muitas
aulas. Para piorar meu estado de espírito, o Gabriel não havia me
atendido na noite anterior. Fiquei com medo de que ele estivesse
chateado comigo. Ele também não havia ido na academia de manhã,
o que era estranho, porque ele geralmente ia todas as sextas-feiras.
Comecei a pensar que ele não quisesse me ver e imaginei que fosse
pelo fato de eu não ter terminado. Imaginei que ele soubesse, já que
não comentei nada. De todo modo, eu estava com saudade.
Eu não ia para o salão naquele dia porque tinha conseguido
uma moça para substituir a Sabrina durante uma semana. Ela ainda
estava muito mal com a morte da mãe.
Saí da faculdade depois do almoço e fui direto para a casa. A
Cléo ia viajar para Silvestre para o noivado da Lívia. Ao abrir a porta
do apartamento, escutei o Heitor falando com ela no quarto:
– Amor, eu realmente estou preocupado. Não me sinto à
vontade de viajar e deixar ele nesse estado. Será que a Emily não
consegue ir lá para casa passar algumas horinhas cuidando dele
nesse fim de semana?
Cuidar de quem?
Meu coração gelou. Ele só podia estar falando do Gabriel.
Mas por alguns minutos, permaneci imóvel na sala e escutei a Cléo
respondendo:
– Ah, Heitor, não sei. Talvez seja melhor realmente avisar a
irmã ou os pais dele.
– Eu pensei nisso, mas acho que ele vai se recuperar mais
rápido com a Emily.
Os dois caíram na gargalhada com o último comentário do
Heitor. Não tive tempo de rir porque desempaquei da sala rumo ao
quarto da Cléo.
– O que houve, gente? Escutei vocês falando que o Gabriel
não está bem?
– Sim. Ele está com dengue e não está muito legal. Estava
falando com a Cléo... será que você poderia cuidar dele esse fim de
semana? – O Heitor me perguntou.
– Dengue? – Berrei desesperada.
O Heitor ficou claramente assustado com o meu grito. Eu não
estava acreditando. Imediatamente, comecei a pensar na mãe da
Sabrina e fui ficando cada vez mais em pânico.
– Claro... Claro que vou.
Já estava passando pela porta quando a Cléo me
interrompeu.
– Amiga, o que você vai dizer para o Leandro? Porque por
mais que você não durma lá, vai ficar muitas horas, né?
Eu não tinha pensado nisso e não fazia a mínima ideia.
– Vou pensar em alguma coisa, mas não posso deixar de ir. E
ele está viajando. Você sabe que a mãe da Sabrina morreu de
dengue, né? – Perguntei a ela.
– Sim, eu sei. Mas não pira, o Gabriel vai ficar bem.
Ela caminhou em minha direção e me abraçou. Eu devia estar
com uma cara péssima, mas de fato, estava muito assustada.
Tomei um banho bem rápido, enfiei umas roupas na mochila e
corri para o apartamento dos meninos. Apesar do Heitor ter dito que
havia abastecido a geladeira e a dispensa, passei na padaria e
comprei um bolo e pães.
Quando cheguei, o apartamento estava no mais absoluto
silêncio. Caminhei sorrateiramente para o quarto do Gabriel, porque
não queria que ele me ouvisse chegar, queria que ele ficasse
surpreso.
Empurrei a porta do quarto e entrei. Ele estava dormindo e
aparentava mesmo estar um pouco abatido. Me sentei bem
devagarinho na cama e acariciei as suas costas. Percebi que a pele
dele estava bem quente e deduzi que era febre. O Gabriel estava
deitado de lado e balbuciou alguma coisa ininteligível, mas não
acordou. Fiquei na dúvida se deixava ele dormir ou se o acordava.
Decidi pela segunda opção e me debrucei sobre ele, falando
baixinho em seu ouvido:
– Acorda, Bela Adormecida...
Ele abriu os olhos e foi se virando devagar. Assim que me
viu, abriu um amplo sorriso. Em resposta, meu coração deu pulos.
– Ah, pronto. Era só o que me faltava... eu morri... pelo
menos fui para o céu, né...
– Você nem brinca com um negócio desses hein! – O
repreendi.
– O que você está fazendo aqui, princesa?
– O Heitor estava bem preocupado com você e perguntou
se eu poderia passar o fim de semana aqui...
Não falei mais nada, fiquei esperando para ver o que ele iria
responder.
– Caralho... eu amo muito o meu amigo... puta que pariu! –
Falou fazendo cara de malícia.
Dei um beliscão nele. Nem passando mal, ele perdia o bom
humor. Confesso que também fiquei um pouco aliviada de ver que
ele estava brincando. Comecei até a duvidar de que ele realmente
estivesse no estado que o Heitor falou. Mas logo mudei de ideia,
quando as horas foram passando e ele foi ficando mais prostrado.
A febre do Gabriel oscilava bastante e ele só queria saber
de dormir. Eu ficava insistindo para ele comer algo, mas ele se
recusava. Eu praticamente, precisava enfiar água e comida goela
abaixo. Ao anoitecer, preparei uma sopa de legumes e não
sosseguei enquanto ele não comeu o prato inteiro. Ele reclamou
bastante, mas não cedi.
– Nossa, estou muito enjoado... acho que vou vomitar essa
sopa toda. – Reclamou.
– Se vomitar, terá que comer de novo. – Retruquei.
Eu sabia que não era uma questão de escolha, mas
realmente se ele vomitasse, faria ele comer de novo sim. Ele não
podia ficar com o estômago vazio.
Horas mais tarde, estava lendo um livro sentada em uma
cadeira ao lado da cama dele, mas sem de fato prestar atenção na
leitura. Minha cabeça estava a mil por hora. Eu pensava em quando
e como eu iria conversar com o Leandro, pensava também na
Sabrina e na mãe dela e, automaticamente, temia pela saúde do
Gabriel.
– Você vai dormir aqui? – Ele me perguntou, me trazendo
para o presente.
– Vou.
Ele sorriu. Deve ter pensado em falar alguma bobeira, mas
já fui logo cortando.
– Vou dormir no quarto que a Cléo ficou.
– Na minha cama cabe você.
– Não vou nem me dar ao trabalho de te responder.
– Você desistiu de terminar com ele? – Me perguntou de
repente, parecendo apreensivo.
– Não, mas ele viajou na terça-feira passada e não acho
que deva ter essa conversa por telefone.
– Hum...
Ele não falou mais nada. Resolvi mudar de assunto. Notei
que desde que cheguei, ele não havia tomado banho.
– Você já tomou banho hoje?
– Ainda não. Estou sem forças.
Ele estava deitado com o braço tampando os olhos. Me
aproximei para sentir a sua temperatura com as costas da minha
mão.
– Parece que a febre está voltando. Vai tomar um banho,
você vai se sentir melhor.
– Não quero. Mais tarde eu tomo.
– Vai agora, eu te ajudo. Eu coloco um banquinho no
banheiro e você pode ficar sentado.
– Você vai me ensaboar?
Ele realmente não perde nenhuma oportunidade...
– Só as suas costas. – Respondi rindo.
– Já é alguma coisa – murmurou – bota o banco lá, por
favor. Quando me levanto, minha cabeça dói e fico mais enjoado. É
melhor realmente ficar sentado.
Fui para a cozinha pegar um banquinho e o levei para o
banheiro do quarto do Gabriel. Depois liguei o chuveirinho e o
chamei.
– Quer se apoiar em mim? – Perguntei ao vê-lo sentado na
cama olhando para o nada e fazendo cara de nojo.
– Também não é para tanto, princesa.
Ele entrou no banheiro e desceu o short até os pés. Não
pude deixar de olhar pelo canto do olho, aquele lindo corpo com uma
cueca boxer azul marinho. Senti meu corpo aquecendo, mas fingi
naturalidade.
Quando o Gabriel entrou para dentro do box, já logo
abaixou a cueca.
– O que é isso? – Gritei.
Ele sorriu maliciosamente.
– Você não achou que eu tomaria banho de cueca, né?
– Já que é assim, então você vai tomar banho sozinho.
– Ah, princesa, para de show. Não é como se você nunca
tivesse visto um homem pelado. Além disso, não estou nos meus
melhores momentos, você não corre perigo.
Fiquei um pouco apreensiva, sem saber o que fazer, mas
acabei concluindo que aquilo realmente não era nada demais.
Revirei os olhos para ele, tentando ignorar o fato de que o homem
dos meus desejos estava nu na minha frente. Ele se sentou no
banquinho e eu fiquei atrás, me esforçando ao máximo para não
descer os olhos. Comecei a ensaboá-lo, lavando primeiro a sua
cabeça, seguindo para as suas costas, braços e axilas. Depois
passei a esponja para ele, para que pudesse lavar as outras partes
do seu corpo.
– É, parece que não estou tão fora de jogo o quanto pensei
– debochou – sentir essas mãozinhas deliciosas me esfregando
surtiu efeito.
– Vou fingir que não entendi. Já estou de saída. – Respondi.
Mas antes que eu pudesse puxar a porta do box para sair,
ele se posicionou com o banco na frente e se virou para mim. Com
um sorriso muito malicioso no rosto, me provocou:
– Você ainda não terminou comigo... – E olhou para baixo,
mais especificamente, para o seu pênis.
Novamente, fiz um esforço danado para não o acompanhar
com o olhar e respondi jogando água com o chuveirinho na cara
dele. Ele riu.
– E nem vou. Me deixa sair... pelo visto você já melhorou
né...
Falei tentando mostrar alguma dignidade, porque o que
queria mesmo era arrancar a minha roupa e subir em cima dele.
Para dificultar mais ainda as coisas para o meu lado, ele
encostou a cabeça no vidro, me olhando no fundo dos olhos com
aquela cara de safado. Em seguida, começou a se masturbar na
minha frente, sem perder o contato visual comigo. Minha garganta
secou, minhas pernas ficaram fracas e senti minha calcinha molhar
imediatamente.
– Para! – Ordenei.
– Você não quer que eu pare... – Me respondeu com a voz
rouca.
Jesus, amado, que delícia...
Permaneci imóvel sem saber o que fazer. Meus olhos me
traíram e foram parar direto na mão dele, mais especificamente, no
que estava entre elas.
Porra...
– Pode pegar... – Me disse com uma voz sexy.
Porra... bem que eu queria...
– Não obrigada. – Falei enquanto fechava os olhos,
sabendo que o que eu queria fazer era totalmente o contrário.
– Prometo que você vai gostar... eu vou gostar muito de
sentir suas lindas mãos em volta dele... – Falou já ofegante.
Continuei sem conseguir me mover.
– Ah, Emily... – Ele gemeu, enquanto continuava descendo
e subindo com a mão no próprio pau.
– Para... por favor... – Implorei, ainda de olhos fechados.
Ele riu. Escutei ele arrastando o banco e abri os olhos.
– Tudo bem, princesa, pode sair. – Me disse, sem deixar de
sorrir maliciosamente.
Demorei uns dez segundos para fazer minhas pernas se
moverem.
– Ou você pode ficar... parece que já é o que você quer
mesmo...
Eu o ignorei, mas antes de ir, dei mais uma olhada para
baixo. Ele riu.
– Pode olhar à vontade... ou pode ficar, é você quem
decide.
Eu também já estava ofegante, mas me mantive firme. Saí
de dentro do box correndo e quando cheguei a porta do banheiro,
resolvi provocá-lo, como modo de descontar o imenso tesão que ele
tinha causado em mim.
– Sabe, eu estava quase cedendo. Mais dois minutinhos e
eu estaria nua sentando no seu pau nesse banquinho...
Ele se levantou bruscamente derrubando o banco. Depois
não vi mais nada porque saí correndo quarto a fora e tranquei a porta
pelo lado de fora. Só escutei ele gritando:
– Covarde!
Sorri para mim mesma e fui para a cozinha lavar as vasilhas
que sujei para preparar a sopa.
Quando retornei ao quarto, uns quarenta minutos depois,
ele já estava deitado na cama cochilando. Coloquei a mão em sua
testa para verificar a temperatura e vi que ele estava menos quente.
Ele acabou acordando e fez questão de continuar me provocando.
– Você é uma covarde, Emily. Só falou aquilo porque sabe
que não estou no meu estado normal e não conseguiria te alcançar
antes de você fugir.
– Talvez... ou talvez fosse verdade... enfim, vou dormir.
Beba mais água para que eu possa dormir tranquila.
– Deita aqui comigo? – Me pediu fazendo beicinho.
– Não.
Fiz ele beber água e fui para o quarto do outro lado do
corredor. Durante a madrugada, cheguei a ir olhá-lo algumas vezes e
o acordei para tomar remédio. No sábado de manhã, pensei que ele
acordaria se sentindo bem melhor. Para a minha surpresa, ele
alegou estar se sentido pior do que no dia anterior. Seu humor
estava condizente com o que ele alegou estar sentindo, não fez
piada em momento nenhum e reclamou de todas as vezes que o
obriguei a comer algo e a beber água.
Após o almoço, fui para a casa cuidar dos gatos e quando
voltei, umas duas horas depois, ele ainda estava na mesma posição.
Voltei a me preocupar. Comecei a pesquisar na internet tudo sobre
dengue. Enquanto pesquisava, o celular dele tocou na mesinha de
cabeceira. Quando olhei, vi o nome “Amanda” piscando na tela. Ele
acabou acordando com o barulho. Entreguei o celular a ele, mas ele
rejeitou a ligação. Aproveitei que ele tinha acordado e insisti para
irmos ao médico, mas ele não aceitou.
– Que dia seus sintomas começaram? – Perguntei.
– Na quarta-feira, por quê?
– Porque aqui no Google está dizendo que as vezes a
pessoa só melhora no décimo dia.
– Meu Deus... – Ele resmungou – Só tem quatro...
– É. – Concordei.
Novamente o obriguei a beber mais água e soro. Depois, fui
para a cozinha, piquei uma melancia e levei para ele.
– Toma – estiquei a mão com um pedaço.
– Ah, não! – Respondeu arrastado – já estou enjoado, se eu
ficar arrotando melancia vou piorar.
– Nossa, piquei esse monte atoa? – Perguntei fingindo
tristeza.
– Sim, princesa. Desculpa.
– Come só dois pedacinhos.
– Não.
– Por favor?
– Não! Deixa de ser chata.
– Você fica um porre quando está doente. – Falei.
Ele suspirou e não me respondeu.
Por fim, comecei a comer a melancia eu mesma e demorei
a notar que ele me olhava atentamente. Quando percebi, perguntei:
– O que foi?
– Nada.
Continuei comendo e ele continuou me olhando. Deduzi que
ele estava preocupado com a sujeira que eu estava fazendo com as
sementes e o caldo da fruta.
– Eu vou limpar tudo, não se preocupe. – Falei.
– Mudei de ideia, quero um pedaço.
Olhei para ele surpresa.
– Que bom que consegui abrir seu apetite. – Comentei com
divertimento.
Dei um pedaço a ele, mas ao invés de segurá-lo com a
mão, o Gabriel foi pegá-lo com a boca, abocanhando sensualmente
os meus dedos. Sentir os lábios dele sugando a ponta dos meus
dedos me deixou toda arrepiada, mas ignorei, fingindo que aquilo
não tinha causado reação nenhuma em mim.
– Nossa, você precisa mesmo transformar o ato de comer
melancia em algo devasso? – Perguntei.
– Não faço ideia do que você esteja falando. – Respondeu
cinicamente. – A maldade está nos olhos de quem vê. – E sorriu.
Aquele sorriso faz loucuras no meu estômago.
Da segunda vez, espetei a faca em um pedaço e estendi
para ele, me sentindo muito esperta. Ele se acomodou melhor na
cama, e, quando pensei que pegaria a faca, ele puxou meu braço
para si, lambendo eroticamente todo o líquido que havia escorrido
pelo meu pulso, sem tirar os olhos de mim. Senti meu corpo todo
arrepiar pela segunda vez, mas novamente, tentei não demonstrar.
– Pelo visto você já melhorou, né?
– Pior é que não. Quem sabe se você me der um beijo...
acho que me sentiria muito melhor se você fizesse isso.
Revirei os olhos e o obriguei a comer mais. Durante a noite
ele não quis saber de conversa. Nem de comer ou beber nada. A
febre que toda hora ia e voltava, também ressurgiu. Voltei a ficar
nervosa. Sugeri que ele fosse tomar banho, mas ele não quis,
mesmo eu falando que tomaria com ele. Obviamente eu não faria
isso, mas queria incentivá-lo a levantar.
– Era tudo o que eu queria, princesa, mas talvez mais tarde.
– Respondeu letárgico.
Depois que ele dormiu de novo, pensei se deveria ficar ali
com ele ou se deveria ir para o outro quarto. De madrugada eu o
acordei novamente para tomar o remédio para febre. Ele tomou sem
nem sequer abrir os olhos. Demorei bastante a pegar no sono de
novo. Estava bem preocupada com ele. Comecei a me perguntar se
com a mãe da Sabrina foi assim também.
Decidi que se ele não acordasse melhor no dia seguinte, ele
iria para o médico de qualquer jeito, nem que eu tivesse que chamar
uma ambulância...
Capítulo 9

Gabriel

Acordei me sentindo bem melhor do que nos dias anteriores.


Procurei meu celular para olhar a hora e já era 11:27h. Dei uma
olhada para o meu lado direito procurando a Emily, mas não a vi.
Sentei na cama, já um pouco irritado por ela ter ido embora sem falar
comigo.
Será que ela vai voltar?
Enquanto esfregava os olhos, ouvi um leve suspiro do meu
lado esquerdo. Ao me virar, tomei um susto.
Eu só posso estar sonhando...
Fiquei em choque quando vi que ela estava deitada ao meu
lado, dormindo de lado, com a bunda toda exposta. Meu coração
disparou e meu pau ficou imediatamente duro. Não entendi nada.
Além de estar só de calcinha em baixo, ela vestia uma das minhas
camisetas. Eu me levantei tão rápido que fiquei tonto. Sentei de
novo. Levantei outra vez e fui andando devagar em direção ao
banheiro para escovar os dentes – para ter certeza de que não
estava sonhando – e voltei. Ela permanecia na mesma posição.
Controle-se, Gabriel!
Resolvi tomar um banho. Imaginei que até eu terminar, ela
já teria acordado e vestido uma roupa. Pensei mil vezes se tocava
uma em baixo do chuveiro para conseguir me controlar, mas estava
tão ansioso para voltar para a cama que não consegui. Depois que
terminei, ainda enrolei para sair do banheiro. Quando parei de novo
ao lado da cama, ela estava do mesmo jeito.
Sei lá quanto tempo fiquei em uma luta interna, tentando
não a tocar. No fim das contas, não consegui resistir. Me ajoelhei na
cama e passei a mão bem devagar pela sua panturrilha, subindo
para a coxa.
Que pele macia!
Tirei a mão. Eu sabia que ela também me queria, mas
precisava que ela tomasse a iniciativa. Só que ela não estava me
ajudando.
Por que ela está deitada praticamente pelada na minha
cama?
Esfreguei a cabeça pensando no que fazer.
Foda-se!
Voltei a tocá-la, percorrendo o mesmo trajeto.
Eu a virei bem devagar para que ela não se assustasse e
me inclinei por cima dela. Grudei minha boca em seu pescoço e fui
beijando-a da orelha até a clavícula. Ela foi acordando e comecei a
me preocupar se não estava passando dos limites, mas ela abriu os
olhos e sorriu para mim.
É, eu só posso estar sonhando mesmo...
Aguardei alguns segundos esperando uma reação, mas
para me deixar ainda mais chocado, ela abriu as pernas e me guiou
para o seu meio. Nesse momento, achei que o meu coração ia saltar
para fora do peito...
Capítulo 10

Emily

Sabe quando você sonha, mas tem consciência de que está


sonhando? Pois então, não me preocupei em fugir dos beijos do
Gabriel, porque sabia que estava sonhando e que iria acordar a
qualquer momento. No meu sonho, a gente estava em uma praia
deserta, deitados sob o sol, se beijando carinhosamente. Então,
aproveitei e curti o momento, já que na vida real eu ainda não podia
permitir aquilo. No meu sonho, ele segurava meus braços acima da
minha cabeça sobre a areia, e descia traçando beijos suaves e
molhados pelo meu corpo, enquanto o sol nos aquecia.
Que delícia de sonho!
Depois de um certo tempo, o cenário mudou. Estávamos no
quarto dele, praticamente na mesma posição do cenário anterior. Ele
me olhava maliciosamente, se inclinando sobre mim. Queria que ele
estivesse mais perto, então o forcei a se colocar por cima, entre as
minhas pernas. Ele pareceu curtir muito a nova posição e começou a
me esfregar o pau duro, enquanto beijava meu queixo e toda a
extensão do meu pescoço.
O Gabriel me acariciava com a mão esquerda pela lateral
do meu corpo até chegar na poupa da minha bunda, me apertando
forte. Doeu, mas ao mesmo tempo, foi bem gostoso. Porém, aquele
aperto me fez despertar, ou melhor, fez eu entender que já não
estava mais sonhando há um bom tempo. Possivelmente, desde que
o cenário mudou. Eu me assustei e imediatamente tentei me
levantar.
– O que você está fazendo em cima de mim?
– Estou realizando o meu maior desejo e você? Por que
está vestindo apenas a minha camiseta e calcinha?
Fiquei muito constrangida. Não pensei que ele fosse
acordar antes de mim, muito menos que estivesse assim tão melhor.
Ele deve ter percebido porque já foi logo concluindo.
– Não estou reclamando, princesa. Mas você tem que
concordar que tornou as coisas mais difíceis para mim. – Falou
roçando sua ereção em mim.
– Desculpa. – Respondi meio bruscamente. – Deixa eu me
levantar para me vestir.
Eu tinha vestido a camiseta dele porque não havia levado
nada confortável para dormir. Na noite anterior, como dormi no outro
quarto, usei só calcinha e sutiã. Também não queria dormir de calça
jeans, por isso a tirei. Naquele momento, concluí que não foi uma
ideia muito sensata.
– Você acha mesmo que vou tornar as coisas mais fáceis
para você? Sinto muito. Não vou deixar não.
E voltou a beijar o meu pescoço. Fui perdendo as forças
aos poucos, cedendo ao desejo. Comecei a roçar a minha perna na
dele, curtindo os beijos que ele distribuía pelo meu corpo. Quando
pensei em como aquilo poderia acabar, fiquei tensa. Estava muito
bom, mas não estava certo.
– Para de pensar. Aceita que você me quer tanto quanto eu
te quero. – Disse ao pé do meu ouvido, com a voz rouca.
Ameacei responder, mas não sabia o que dizer.
– Me beija, Emily. – Pediu.
Meu Deus do céu, que provação!
– Não posso. – Falei sem muita convicção.
Minha respiração estava ofegante, meu coração estava
disparado e eu estava com muito, mas muito tesão.
– Por favor... só uma vez. – Insistiu.
Não pude mais resistir. Ele tinha razão, eu o queria muito.
Tirei minhas mãos dos seus ombros, entrelacei a direita no seu
cabelo e com a esquerda apertei forte a sua cintura, tudo isso ao
mesmo tempo que levei a minha língua para dentro da boca dele.
O Gabriel praticamente rosnou. Ele me envolveu com o
dobro de força, agora segurando na minha bunda com as duas mãos
e sem deixar de me esfregar o pênis completamente ereto. Naquele
momento, era só eu e ele no mundo. Ele estava tão ofegante quanto
eu. Podia sentir o seu coração acelerado batendo contra o meu
peito.
Aquele beijo estava ainda mais gostoso do que o primeiro.
Cada toque da língua dele na minha parecia enviar uma corrente
elétrica para todo o meu corpo. Ficamos assim durante um bom
tempo. Depois de alguns minutos de beijos intensos, notei que
estava ficando difícil para ele ficar só assim, já que uma de suas
mãos se esgueirava para dentro da minha calcinha. Segurei em seu
pulso e parei de beijá-lo.
– Por favor, Emily...
Puta que pariu!
De novo, ele estava me implorando com aquela voz sexy.
Novamente, fiquei sem saber o que fazer, mas acabei o soltando. O
Gabriel tomou a minha boca com uma urgência indescritível e
afastou a minha calcinha para o lado, me acariciando com as costas
dos dedos. Eu gemi alto. A fricção dos dedos dele no meu clitóris me
deixou atordoada.
– Porra, Emily... – Sussurrou.
E não parou por aí. Ele me introduziu dois dedos e mordeu
meu lábio inferior, me deixando sem ar.
Foi impossível não soltar outro gemido.
– Que delícia hein, princesa, molhadinha...
Não respondi, não tinha mais forças. Também não era uma
pergunta, apenas uma constatação. Por isso, me limitei a me
contorcer de baixo dele. Para aumentar mais ainda o meu desejo, ele
começou a estimular meu clitóris com o polegar com movimentos
circulares. Foi aí que me descontrolei mais, gemendo mais alto
ainda.
– Caralho, princesa, gemendo assim você me mata!
Eu tinha perdido completamente a compostura. Estava
muito bom, mas meu cérebro começou a dar sinais e comecei a me
questionar sobre o que estava fazendo. Nesse momento, meu celular
tocou dentro da minha bolsa que estava no chão. Pensei em não
atender, mas ele não parava de tocar. Puxei a bolsa sem me levantar
e sem sair dos braços do Gabriel. Quando olhei no visor, minha
lucidez chegou com tudo.
– É o Leandro. Preciso ir embora. Deixa eu me levantar.
O Gabriel parou de me beijar, retirando os dedos de dentro
de mim. Se jogou de costas na cama frustrado e me olhou sério.
– Emily? – Chamou a minha atenção enquanto esfregava
uma das as mãos nos cabelos, meio revoltado – se você não quer
terminar com ele, apenas seja sincera comigo.
Meu coração ficou apertado pelo modo como ele falou.
Tudo que eu mais queria naquele momento era romper com o
Leandro. Eu iria terminar sim, só não queria fazer isso por telefone.
Pensei em dizer ao Gabriel exatamente tudo o que estava sentindo,
que estava apaixonada por ele e que iria terminar o meu namoro
para podermos ficar juntos, mas achei que iria me expor demais e
me limitei a dizer:
– Eu vou terminar sim, mas não acho certo não conversar
com ele pessoalmente. Já te falei que ele está viajando.
– Ok. – Respondeu mal-humorado.
– Bom, vou me vestir. Como você já está melhor, não vou
voltar mais, ok?
– Tudo bem. Se eu me sentir mal, peço a Mari para dar um
pulo aqui.
Paralisei. Mesmo que a Mari fosse uma fofa e que eles
jurassem que são só amigos, eu ainda tinha um pouquinho de
ciúmes. Possivelmente, ele percebeu a minha dúvida e pareceu
confuso.
– O que houve?
– Nada! – Menti.
Ele sorriu.
– Mentirosa.
– Eu não disse nada.
– Nem precisa. Está escrito na sua cara, você está com
ciúmes...
Eu ia argumentar que não era nada daquilo, mas ele veio
rápido na minha direção, me pegou no colo abrindo as minhas
pernas ao seu redor e me jogou sobre o colchão.
– Adoro quando você fica com ciúmes. – E me beijou de
novo.
Prendeu meus braços acima da minha cabeça e não parou
de me beijar. Esqueci completamente da Mari, do Leandro e de
qualquer outra coisa.
Ele estava muito ofegante, bem mais do que eu. Sabia que
ele não podia se esforçar, afinal, ele ainda estava com dengue.
Então, resolvi facilitar as coisas para ele. Inverti nossas posições e
fiquei por cima. Ele curtiu bastante ao me ver inclinada sobre seu
tórax, acariciando suas costelas enquanto o beijava. Ficamos assim
por um tempo, depois voltei para a minha batalha interna. Não podia
continuar agindo daquela forma. Precisava terminar com o Leandro
antes de dar aquele passo.
O Gabriel sentiu que novamente a minha mente estava
vagando pelas terras do remorso e segurou meus pulsos, me
obrigando a encará-lo.
– Para de pensar, Emily! – Falou com a boca colada na
minha.
– Não podemos fazer isso! Eu não posso fazer isso. Não
ainda... – Falei firme.
Ele não disse nada, apenas me soltou.
– Desculpa. – Pedi meio sem jeito.
– Pelo o quê? Por me deixar louco de vontade de ter você?
Sorri timidamente. Levantei, peguei minhas roupas e fui me
vestir no banheiro. Quando saí, me despedi dele com um beijo na
testa e fui para a minha casa.
Mais tarde, enquanto recordava nossos momentos juntos,
percebi que não estava nem um pouco arrependida de ter cedido.
Pelo contrário, me arrependi foi de não ter terminado com o Leandro
por telefone mesmo. De todo modo, ele chegaria no dia seguinte e
eu conversaria com ele.
De noite, quando a Cléo chegou, eu ainda estava acordada.
Havia passado o domingo inteiro pensando no Gabriel e já havia
conversado com ele pela noite, para saber se a febre realmente
havia acabado. Ele disse que sim, que o corpo dele ainda estava
pesado, mas que não estava sentindo nada mais além de muito
cansaço. Comecei a ficar mais aliviada.
Depois que a Cléo saiu do banho, ela se sentou ao sofá
comigo e eu quis saber como foi o noivado da Lívia:
– Agora me conta tudo, já tem data para o casório?
A Cléo pareceu ficar um pouco desconfortável.
– Foi legal... mas achei que os noivos fossem estar mais
empolgados...
– Como assim?
– Ah, amiga, não sei explicar. Parecia que eles estavam
ficando noivos por obrigação, por já estarem a cinco anos juntos
talvez. Não sei... foi a impressão que tive. Cheguei a questionar a
Lívia se ela estava feliz.
– E o que ela disse?
– Disse que estava. Que a ideia de noivar foi do João, mas
que ela achou que já estava na hora.
– Entendi. O que o Heitor achou? Ele comentou aquele dia no
bar que achava que o cunhado não faria a irmã feliz, né? Será que
ele também teve a mesma impressão que você?
– Teve. Viemos comentando sobre isso. Mas enfim, se eles
acham que está na hora, quem somos nós para achar ao contrário.
Agora me conta, o Gabriel melhorou?
– Melhorou e muito. – Sorri com malícia.
– Emily, Emily, pode me contar tudo!
Eu ri e contei para a minha amiga que ele havia melhorado e
que a gente tinha se pegado. A Cléo riu e quis saber detalhes.
Depois que contei tudo, ela quis saber quando conversaria com o
Leandro.
– Ele chega de viagem amanhã. Vou baixar na casa dele
assim que sair do salão.
Nós conversamos mais um pouco e depois fomos dormir.

Na segunda-feira acordei me sentindo extremamente


ansiosa. Fui malhar, depois fui para a faculdade. Na hora do almoço,
liguei para o Leandro para saber em qual horário ele iria chegar. Para
minha surpresa e total incredulidade, ele disse que ficaria mais uma
semana fora. Fiquei sem saber o que fazer. Por fim, decidi que ligaria
para ele à noite e conversaria com ele, mesmo por telefone.
Durante a noite, liguei para ele. Para aumentar ainda mais o
meu nível de estresse, ele não me atendeu. Antes de dormir, tentei
de novo, sem sucesso.
Passei a noite praticamente em claro. Na terça pela manhã,
eu não era nada além de um poço de olheiras. Quando cheguei a
academia, o Felipe já estava lá malhando. Esperei o Diego sair de
perto de nós e comecei a desabafar com o meu amigo. Contei a ele
tudo o que rolou entre mim e o Gabriel, como também que precisava
romper com o Leandro e não estava conseguindo.
– Parece que o destino não quer que eu termine. – Falei
exasperada.
– Meu amor... – o Felipe coçou a cabeça e ergueu as
sobrancelhas – o Leandro está fugindo de você.
– Também pensei nisso, mas por que você também acha?
– Eu não acho, tenho certeza. Ele já chegou de viagem. Vi ele
ontem almoçando em um restaurante com outro cara que parecia
trabalhar com ele, tendo em vista que estavam os dois vestidos
socialmente...
– O quê? – Perguntei em choque.
– Sim, meu amor, ele provavelmente sabe que você vai
terminar, e talvez pense que se te enrolar, você vai mudar de ideia.
– Você tem certeza que era ele?
– Absoluta!
– Ele te viu?
– Acho que não. Creio que se ele tivesse me visto, não teria
inventado que não chegou de viagem.
Fiquei perplexa e ao mesmo tempo, com raiva.
– Eu não estou conseguindo acreditar nisso...
– Não fica brava. Você não pode culpá-lo por não querer que
você termine. Ele gosta de você...
O Felipe tinha razão e acabei ficando com remorso. De todo
modo, eu sabia o que precisava fazer.
Mais tarde, saí da faculdade e dei uma passada no salão para
verificar se estava tudo certo e segui para a casa do Leandro. Por
sorte, o porteiro do prédio me conhecia e estava ocupado em uma
ligação. Ele fez sinal indicando que eu podia subir direto. Se eu tinha
alguma dúvida que o Leandro estava em casa, ela se desfez naquele
momento. Caso ele ainda tivesse viajando, no mínimo, o porteiro iria
pedir que eu esperasse para me perguntar o eu que fazia ali.
Toquei a campainha, mas não fiquei em frente a porta, para
que ele não fingisse que não estava. E deu certo. Em questão de
segundos ele a abriu. Quando me viu, perdeu a cor.
– E-ei amor... o que você está fazendo aqui? – Me perguntou
tentando se recompor.
– Não era para você estar viajando? – Rebati já adentrando
no apartamento.
– É... é que houve uma mudança.
– Quando?
– Hoje. Cheguei agora pouco.
É, pelo visto ele iria continuar insistindo na mentira. Resolvi
começar logo o assunto, para não tornar aquela situação mais difícil
para nós dois.
– Olha, precisamos conversar... – Comecei.
– Não pode ser outra hora, amor? Estou muito cansado.
– Não, Leandro, não pode.
– Ok, Emily. Pode mandar.
– Nós já não estamos dando certo como antes...
Ele me interrompeu antes que eu concluísse.
– Eu sabia que era isso. Pelo menos seja honesta. É você que
não está mais a fim de mim como antes. O meu amor por você
continua o mesmo.
Infelizmente era verdade, o problema era eu.
– Sim. – Falei sem conseguir formular mais nada.
Eu não queria magoá-lo e comecei a me sentir muito mal.
– Você está interessada em outra pessoa? – Me perguntou.
Demorei a responder e o meu silêncio foi a resposta. Ele
baixou os olhos e quando os levantou de novo, estavam marejados.
Senti um nó se formando na minha garganta.
– Me desculpa. – Falei com a voz embargada.
– Tudo bem. – Respondeu cabisbaixo. – Você pode pelo
menos me dar um abraço?
– É claro.
O abracei carinhosamente, sentindo meu coração apertado
dentro do peito. Ainda me segurando, ele beijou a minha testa.
– Se... se você mudar de ideia, vou estar aqui no mesmo
lugar... – Falou com a voz embargada.
Não respondi, não conseguia. Se eu falasse qualquer coisa,
começaria a chorar. Apesar de estar terminando, nunca planejei
fazê-lo sofrer e estava me sentindo péssima.
Ele sussurrou um se cuida e me soltou.
– Você também. – Respondi ainda contendo o nó na garganta.
Saí de lá completamente angustiada. Sabia que tinha
magoado ele, mas também não podia me manter em um
relacionamento com um homem, sendo outro o dono dos meus
pensamentos.
Corri para a casa e desabafei com a Cléo, sem conseguir
evitar algumas lágrimas.
– E como você está se sentido agora, amiga? Está mais
tranquila? – Ela me perguntou.
– Por um lado sim, porque sei que tomei a decisão certa,
independente de como as coisas vão caminhar com o Gabriel. Mas
por outro, quando lembro da carinha triste do Leandro, me sinto mal.
– É porque você tem carinho por ele e não quer que ele sofra.
É normal isso. Eu me senti exatamente desse jeito quando terminei
com o Emanoel.
Assenti.
– Você vai contar para o Gabriel? Segundo o Heitor, ele está
ansioso.
O comentário dela me fez sorrir.
– Não. Vou deixar ele sofrer mais alguns dias.
– Você é ruim, Emily!
Nós duas rimos. Fiquei mais tranquila depois de desabafar
com a Cléo. Já estava saindo para tomar banho, quando ela me
chamou.
– Ah, esqueci de comentar. A Lívia vai vir para cá no sábado e
vai passar a semana toda aqui. Você se importa se ela dormir aqui?
– Mas é claro que não. Vai ser ótimo. O que ela vem fazer
aqui?
– Vem escolher o buffet do casamento. Ela disse que vai
dormir no Heitor para não nos atrapalhar, mas vou tentar convencê-la
de ficar conosco.
– Ótimo, mas você não disse que achou ela estranha no
noivado? Ela já vai olhar buffet?
– É, eu sei. Também assustei com a correria que as coisas
estão acontecendo.
– Bom, de todo modo, vai ser muito bom tê-la aqui conosco a
semana toda. Ela está de férias?
– Não. A loja que ela trabalha é pequena e os donos irão
viajar. Preferiram dar folga para ela do que deixar a loja aberta.
– Ah, sim.
– Tem mais uma coisa. Ela quer que nós duas passemos um
final de semana inteiro com ela em um hotel fazenda.
– Não tenho dinheiro.
– É de graça.
– Tô dentro! – Respondi sem nem pensar e minha amiga caiu
na gargalhada.
– Como assim de graça? Quem vai pagar? – Perguntei sem
acreditar.
– Esse hotel oferece serviço de buffet e segundo ela, é um
dos poucos que aceita ir fazer as festas em outra cidade. Como eles
estão loucos para que ela feche com eles, sugeriram de ela passar
um fim de semana lá, e de quebra, acompanhar um casamento que
vai ter. Eles disseram que era para ela levar o noivo, mas ela disse
que ele não poderia ir, que levaria as cerimonialistas, que no caso,
somos nós.
– Meu Deus, que delícia! Isso é tudo que eu preciso para
espairecer. Obrigada, Senhor!
A Cléo riu com o meu drama. Conversamos mais um pouco e
fomos dormir.
Naquela noite, dormi pensando em mil maneiras de contar
para o Gabriel que agora poderíamos ficar juntos...
Capítulo 11

Gabriel

A semana passou voando e esperei ansiosamente um sinal de vida


da Emily, mais especificamente, algo que sugerisse que ela tivesse
terminado. Mas isso não aconteceu. Suas mensagens eram todas
imparciais, sempre perguntando se eu realmente tinha melhorado da
dengue.
Na sexta à noite, descobri através do Heitor que a Lívia
passaria a semana em BH e que as três combinaram de passar o fim
de semana juntas em um hotel fazenda. Fiquei um pouco chateado
por a Emily não ter comentado nada comigo. No sábado bem cedo o
Heitor me disse que levaria a Cléo e a Lívia primeiro e que buscaria
a Emily mais tarde. Ela não podia ir no mesmo horário que as
meninas porque precisaria ficar no salão. Por isso, a Cléo pediu que
ele levasse a Emily quando ela saísse do trabalho.
– De jeito nenhum. – Falei. – Deixa que eu a levo, estamos
precisando conversar. Ela não vai fugir de mim.
Ele riu.
– Que horas você ficou de buscá-la? – Perguntei.
– Às 16:00h.
– Beleza. Me passa o endereço desse hotel.
Fiquei bem feliz quando vi que hotel ficava em Brumadinho,
assim, teríamos bastante tempo para conversar. De BH à
Brumadinho dava cerca de 50 minutos.
Cheguei ao salão um pouco antes do horário combinado.
Estacionei em frente e fiquei a aguardando do lado de fora,
encostado no meu carro. Ao sair do salão e ver que quem iria levá-la
era eu e não o Heitor, ela pareceu ficar surpresa e fez uma série de
caras indecifráveis. Primeiro, arregalou os olhos, depois os
semicerrou dando um meio sorriso. Por fim, ficou séria. Nós nos
cumprimentamos com um abraço cordial e partimos.
Já dentro do carro, notei que ela estava mais quieta do que
o normal e pensei que talvez ela não quisesse me ver. Ficou os
primeiros trinta minutos sem falar praticamente nada.
– Você está muito quieta, princesa. Não gostou de eu ter
pedido o Heitor para te levar?
– Não é isso, mas nós temos que conversar.
Não gostei nem um pouco do tom sério. Ela passou a
semana inteira sem dar sinal de vida e já logo imaginei que ela não
havia terminado com o namorado.
– Pode falar. – Respondi apreensivo.
– Prefiro que você não esteja dirigindo. Quando chegarmos
lá no hotel a gente conversa.
Nós tínhamos acabado de entrar na estrada de terra que
dava para o hotel, mas ainda faltava uns vinte e cinco minutos para
chegarmos. Também estava chovendo. Resolvi parar ali mesmo.
Tinha certeza que não ia gostar do que ela ia me dizer e não queria
esperar nem mais um minuto para ouvir. Provavelmente, ela iria
“terminar” comigo algo que nem havia começado.
– Diga! – Falei em tom ríspido.
– Você está bravo?
– Não sei. Tenho motivos?
– Não sei.
– Só fala logo, Emily.
Ela me encarava com uma expressão impassível.
– Eu acho que nós dois não daremos certo juntos.
Não sei dizer se aquela frase me deixou triste ou com raiva.
– Eu sabia que era isso... não sei porque achei que você
teria terminado com ele. – Respondi sem olhar para ela.
– Não acho que você consiga ficar com uma mulher só. –
Ela continuou.
Doeu ouvir aquilo. Estava disposto a mudar por ela, mas ela
não acreditava ser possível.
– Engraçado, nunca pensei que você fosse uma dessas
pessoas que julgam as outras...
– É isso que você vai responder?
– O que você quer que eu responda, Emily? Acho que já
deixei bem claro tudo o que eu quero, diferente de você.
Esfreguei uma das mãos no cabelo. Eu tinha mesmo
esperança que ela escolheria ficar comigo e não estava preparado
para o contrário. Aliás, tinha certeza que ela escolheria ficar comigo.
– Bom, então se eu não fui clara o suficiente, serei agora.
Eu tenho medo que você me faça sofrer. Tenho medo de ficar cada
vez mais envolvida e que você se canse de um relacionamento
monogâmico. Inclusive, eu acho que é isso que vai acontecer. Você
nunca se envolveu com ninguém e está cada semana com uma
mulher diferente. Não consigo imaginar você feliz com a mesma
pessoa, que no caso seria eu.
Apertei o volante com força, sentindo minha veia do
pescoço saltar e meu maxilar tensionar, enquanto olhava para o
nada. Ela percebeu que eu estava puto.
– Você vai arrancar o volante. – Comentou ironicamente.
Suspirei tentando controlar a minha mágoa e não respondi
nada. Ela estava me olhando e permaneceu assim durante alguns
minutos. Depois, se virou para frente e abriu meu porta-luvas. Eu
tinha guardado ali um pacote de preservativos e ela o pegou.
– Está aberto... – Comentou como se aquilo comprovasse
tudo que ela acabou de dizer. Não era uma pergunta, mas respondi
assim mesmo.
– Não sei se você sabe, mas eu não sou virgem. Ou você
preferiria que eu não usasse camisinha?
Eu não queria ser grosso, mas ela estava estranha e eu,
completamente irritado. Ela fez menção de falar alguma coisa, mas a
interrompi.
– Olha só, Emily, já entendi que você se decidiu e não foi
por mim. Não era o que eu queria, mas vou respeitar.
Iria levá-la para encontrar as amigas e depois não a
procuraria mais. Ela não falou nada, apenas me olhava, então
continuei:
– A chuva está forte. Assim que der uma amenizada eu te
levo para o hotel e prometo nunca mais te perturbar.
– Desculpa se estou insegura, Gabriel, mas precisava
expressar meus sentimentos.
– Ok. Entendo. Só posso te dizer que se você tivesse me
dado uma chance, jamais teria te traído ou te abandonado. Nunca
fiquei muito tempo com a mesma pessoa porque nunca tinha me
apaixonado antes, mas um relacionamento monogâmico com você
era tudo o que eu queria.
Pareceu surgir um início de sorriso no rosto dela depois do
que eu disse, mas logo desapareceu.
– Você quer dizer que está apaixonado por mim?
Não soube o que responder. É claro que estava, mas depois
do que ela falou, não tinha clima para falar nada do tipo.
– Está calor aqui, né? – Comentou depois que percebeu
que eu não responderia.
Ela só pode estar de sacanagem, né?
Achei muito estranha a pergunta e a encarei. Não entendi
nada a mudança repentina de assunto.
Vamos falar do clima agora?
– Está tudo bem, Emily? Você está muito estranha hoje.
– Sim... só estou com calor... e excitada.
Eu ia dizer que ligaria o ar condicionado, mas a última
palavra daquela frase me distraiu.
– O quê? – Perguntei assustado, em um tom um pouco
mais alto do que gostaria.
Só podia ter entendido errado. Ela olhava para a frente, mas
tinha perdido a expressão séria. Agora, ela estava rindo.
– Eu disse... – fez uma pausa, depois continuou com a voz
adquirindo um tom bem sensual – que estou com calor e excitada...
– O que você quer dizer com “excitada”? Empolgada e
animada para encontrar as suas amigas?
– Não. Com tesão.
Não consegui formular uma frase em resposta e também
não estava entendendo nada, então continuei a encarando com a
boca aberta.
De short jeans e com uma blusa frente única estampada,
ela levou as mãos até as costas desfazendo os dois laços que
prendia a peça. A blusa caiu no mesmo instante, expondo aqueles
peitos deliciosos com os bicos já duros. A minha boca abriu mais, e
meu pau endureceu, mas eu ainda não conseguia reproduzir
nenhum som.
Caralho! Devo estar ficando doido e estou tendo
alucinações...
– O que... o que você está fazendo? – Perguntei incrédulo.
– Já te disse... – falou em um tom bem sexy – estou com
calor.
Ela me respondeu olhando no fundo dos meus olhos, com
uma expressão totalmente diferente. A expressão indiferente deu
lugar a outra muito, mas muito excitante.
– Isso é algum tipo de teste, princesa?
A Emily não me respondeu, apenas riu. Em seguida,
desabotoou o short e o desceu até os pés, ficando só de calcinha.
Porra, mano, que visão!
Meu coração acelerou, meu pau ficou mais duro ainda,
minhas mãos suaram e minha garganta secou. Eu não conseguia
dizer absolutamente nada. Apenas admirá-la. Tive certeza que teria
um ataque cardíaco quando ela começou a se acariciar, passando os
dedos lentamente pelos mamilos eriçados.
– Princesa... dessa vez, se eu começar, não vou conseguir
parar...
Pensei que ela fosse dizer alguma coisa, mas apenas
sorriu, levando a mão para dentro da calcinha, se tocando bem ali na
minha frente. Naquele momento, cheguei ao meu limite.
– Se for um teste, eu já perdi!
Praticamente rosnei e fui para cima dela com tudo. A beijei
com fúria, enquanto a minha mão esquerda foi direto para um dos
seus seios. Ela retribuiu meu beijo sem nenhuma resistência, me
segurando apertado pela nuca.
Em questão de poucos minutos, os vidros do carro ficaram
embaçados. Lá fora, a chuva caía torrencialmente. No lado de
dentro, estávamos ofegantes e suados.
A Emily me empurrou de volta para o meu banco, sentou
sobre mim e começou a me beijar no pescoço, exatamente como eu
gosto de fazer com ela.
– Porra... não estou te entendendo hoje... mas continua por
favor.
E ela continuou, puxou o cós da minha calça com
impaciência, desabotoando-a e abrindo o meu zíper. Nessa altura, eu
já a segurava pela bunda e acompanhava os movimentos das suas
mãos com os olhos.
– Chega o banco para trás. – Falou baixinho no meu ouvido.
Obedeci igual um cachorrinho adestrado. Qualquer coisa
que ela me mandasse fazer naquele momento, eu faria
obedientemente. Ela desceu do meu colo, agachou na minha frente e
puxou a minha cueca até o meio das minhas coxas. Pude observar
tudo como se estivesse em câmera lenta, e foi lindo e muito sexy
quando ela se inclinou para a frente e agarrou a base do meu pau
com a mão direita, ao mesmo tempo em que envolvia o resto dele
com a boca. Eu quis gritar de tesão, enquanto ela me chupava e me
masturbava intensamente.
– Porra, Emily! – Grunhi.
Fui ao céu e voltei. Minha respiração estava profunda e
rápida, e eu gemia alto como um homem das cavernas. Entrelacei
meus dedos em seus cabelos e a segurei firme, fazendo com que o
meu pau entrasse mais fundo ainda na sua boca, chegando a
encostar na garganta. Ela gemeu, me deixando mais descontrolado.
A Emily continuou me chupando, fazendo uma pausa
apenas para comentar a minha expressão:
– Você parece feliz. – Comentou com um sorriso safado.
– Mais... feliz... impossível...
Estava difícil até articular as palavras. Comecei a sentir que
ia gozar em breve, mas aí ela parou. Se levantou do chão do carro,
pegou uma camisinha no porta-luvas e a abriu, desenrolando-a em
seguida sobre o meu pau.
– O que você está fazendo comigo, princesa?
– O que parece? Eu estou fazendo amor com você, pela
primeira vez.
– Porra...
Grunhi novamente ao ouvir aquilo e tornei a beijá-la. Sem
desgrudar sua boca da minha, ela afastou a calcinha para o lado e
se introduziu meu pau, montando forte em mim. Naquele momento,
eu não sabia mais nem quem eu era. Sei que parece um pouco
melodramático, mas eu desejei essa mulher com tanta ânsia nos
últimos meses, que realmente estava me sentindo desorientado.
– Terminei com o Leandro na terça-feira. – Ela falou no meu
ouvido, mordiscando a minha orelha, enquanto deslizava sobre o
meu pau.
Não consegui falar nada, então apenas sorri. Apoiando uma
mão na minha cabeça e a outra na lateral do meu tórax, ela gemia
alto, enquanto sentava em mim com pressão. Apertei sua bunda com
força, a abrindo e fechando, obrigando-a a ir mais rápido. Em
questão de poucos minutos, ela estava gritando meu nome enquanto
seu corpo se desfazia em espasmos. Eu, que já estava segurando
para não gozar, gozei forte e longamente assim que senti seus
músculos internos se contraírem em volta do meu pau.
Nenhuma das minhas fantasias superava a realidade.
Fiquei extasiado. Estava feliz, relaxado e possivelmente fodido,
porque soube naquele momento que não conseguiria mais viver sem
aquela mulher. Mesmo depois que gozamos, ela ainda ficou um
tempo em cima de mim com a testa apoiada à minha, esperando que
nossas respirações se normalizassem um pouco.
Antes de me tirar de dentro dela, me deu um delicioso beijo
que fez meu pau ameaçar a subir de novo.
Enquanto retirava e camisinha e fechava a minha calça,
questionei:
– Agora me explica, primeiro você diz que acha que não
vamos dar certo, depois me ataca desse jeito? O que isso significa?
Ela sorriu, enquanto também se vestia.
– O fato de achar que não vamos dar certo, não significa que
eu não esteja disposta a tentar. – E piscou um olho para mim.
Não consegui disfarçar a minha alegria com aquela resposta e
fiquei rindo igual um otário.
– E por que você estava tão quieta?
– Por nada, só queria fazer um drama.
Eu ri. Adoro esse senso de humor dela.
– Que menina má, hein?! Cuidado, porque eu posso querer te
castigar...
Ela riu apertando os olhos.
– Eu gosto de ser castigada.
Acariciei seu rosto, já pensando em mil maneiras diferentes de
castigá-la e todas elas acabavam com nós dois sem roupas.
– Bom, sendo assim, acho que já vou pagar uma diária e
passar a noite nesse hotel com você, te castigando a noite toda.
Ela riu outra vez, mas foi logo melando meus planos.
– Não, senhor! Combinei com a Lívia de estar cem por cento
disponível para ela. Teremos muito tempo pela frente.
Eu até iria rebater, mas a última frase me deixou mais
conformado e a repeti mentalmente: “Teremos muito tempo pela
frente.” Pelo visto, eu tinha acabado de ganhar na loteria...
Capítulo 12

Emily

Minhas pernas ainda tremiam, proveniente do esforço que fiz, mas


também pelo orgasmo avassalador. A chuva já havia reduzido
bastante e eu não queria que o Gabriel voltasse para a nossa cidade
muito a noite.
– Vamos indo? A chuva já deu uma amenizada.
– Está com pressa para se livrar de mim, princesa?
– Jamais, príncipe!
Ao me ouvir retribuindo o apelido carinhoso que ele me deu,
abriu um sorriso largo e aquilo fez meu mole coração saltitar dentro
do peito.
– Mas já está ficando escuro e você vai ter que voltar. –
Continuei.
– Ok. Rapidinho a gente chega.
– Se eu for dirigindo a gente chega mais rápido.– Brinquei.
– Como assim, princesa? Você tem habilitação?
– Tenho. Mas estou brincando, não corro, não. Pelo contrário,
o Leandro vive reclamando que ando muito devagar.
Assim que terminei de falar aquela frase, me arrependi. Era
tão habitual fazer esse tipo de comentário com qualquer pessoa, que
me esqueci completamente com quem estava conversando. Fiquei
bem desconcertada por ter tocado no nome do meu ex-namorado
com o meu atual sei lá o quê.
O Gabriel percebeu o meu constrangimento e sorriu.
– Não preocupa, princesa. Não ligo que você fale coisas do
tipo, pelo menos não desse jeito. Agora, você é minha e eu estou
cagando para ele.
Fiquei me sentindo um pouco menos constrangida depois
disso.
– Porém... – ele continuou – prefiro tirar minhas próprias
conclusões. Vamos trocar, você vai dirigindo.
– Sério? – Gritei eufórica.
– Sim? – Respondeu meio na dúvida e fazendo cara de
espanto.
A verdade é que eu sempre implorei para o Leandro deixar
que eu fosse dirigindo para os lugares, mas ele nunca aceitava.
Inventava sempre uma desculpa diferente. Da única vez que deixou,
me corrigiu do começo do trajeto até a casa dos pais dele, mesmo
que eu não estivesse fazendo nada de errado. Por isso, fiquei
eufórica com a facilidade com que o Gabriel me deixou dirigir o seu
carro.
No mesmo instante, voei na boca dele dando um beijo que
mostrava exatamente o tamanho da minha gratidão. Ele gemeu e já
foi ficando todo animado. Fingi que não percebi e pedi para ele trocar
de lugar comigo, ignorando seus protestos. Ajeitei o banco e os
retrovisores para a minha altura e lancei um olhar feliz para ele, que
pelo visto, também estava se divertindo bastante com a minha
empolgação.
– Estou começando a achar que você me deu o golpe, que
não tem habilitação coisa nenhuma. – Brincou.
– Por quê?
– Essa alegria toda está muito suspeita.
Tive que explicar a ele que o Leandro nunca me deixava
dirigir, que depois que saí da autoescola, quando tinha dezenove
anos, só pegava o carro quando estava na casa dos meus pais.
– Mas você já fez algo de errado enquanto estava com o carro
do seu ex?
– Não, nem com o dele nem com o do meu pai.
– Então isso só reforça o que eu já falei, seu ex é um otário.
Lancei um olhar de repreensão para ele. Cinicamente, ele
levantou as mãos fingindo estar arrependido. Não me agradava nem
um pouco que ele ficasse falando mal do Leandro, mas resolvi não
me estender nesse assunto para evitar briga.
Dei a partida e saí com o carro. O caminho até o hotel era
curto e chegamos rapidinho. Assim que estacionei, liguei para a Cléo
para saber onde elas estavam e ela disse que iria me encontrar no
estacionamento. Desliguei e me virei para me despedir do Gabriel,
mas ele já estava em cima de mim, com as mãos em todas as partes
do meu corpo, à procura da minha boca. Nos beijamos ardentemente
e já começava a sentir meu corpo reagir, mesmo que tivesse tido um
delicioso orgasmo há apenas meia hora atrás.
– Deixa eu ficar aqui com você, princesa? – Pediu com a voz
entrecortada, enquanto me beijava. – Por favor?
– Nã... não.
Ele pegou a minha mão e a colocou no seu pênis, por cima da
calça.
– Tem certeza? Prometo que você não vai se arrepender... –
Falou enquanto beijava meu pescoço.
Óbvio que fiquei tentada, mas a Cléo havia comentado que a
Lívia estava estranha, e a própria Lívia havia me dito que precisava
de um tempo com as amigas. Por isso, não achei justo permitir que o
Gabriel ficasse.
Eu conheci a Lívia através da Cléo e, apesar de ter
relativamente pouco tempo, já me sentia muito amiga dela. A
verdade é que não tinha como não ser assim, porque ela é uma
pessoa maravilhosa. Muito agradável e divertida. Então, reforcei para
o Gabriel que teríamos muito tempo pela frente e que ficaríamos
juntos em um hotel fazenda uma próxima vez, não sem antes
massageá-lo algumas vezes por cima da calça. Ele fez beicinho, mas
não insistiu mais. Quando as duas chegaram ao estacionamento, dei
mais um beijo nele de despedida, dessa vez mais comportado,
peguei minhas coisas e fui ao encontro das minhas amigas.
Elas me abraçaram empolgadas e deram tchau para o
Gabriel de longe. Depois que levei minhas coisas para o chalé que
nós três dormiríamos, elas me levaram para conhecer o lugar.
O hotel fazenda era lindo e se chamava Recanto do Amor.
Era cercado por muita natureza, chalés com vista panorâmica, uma
excelente estrutura de lazer, com piscinas para adultos e crianças,
campo de futebol, playground e sauna a vapor. Também tinha um
lago que parecia de filme, trilha para uma cachoeira e obviamente,
um salão de festas espetacular. Qualquer evento ali, sem dúvida,
seria um sucesso.
Mesmo sendo próximo da cidade em que eu moro, nunca
tinha ouvido falar daquele lugar.
– Será que se eu falar que vou me casar também, eles me
deixam vir passar um fim de semana de graça aqui com o Gabriel? –
Brinquei admirada ao olhar ao redor.
– Acho pouco provável. – A Lívia me respondeu rindo. –
Acho que ofereceram isso para mim porque viram que eu realmente
não sei o que quero. Venho trocando e-mails com eles há uns seis
meses pedindo orçamentos, esclarecendo dúvidas, essas coisas.
Acho que se cansaram de mim e resolveram me ajudar a decidir.
Além disso, a gerente me segue nas redes sociais e sabe que
realmente penso em me casar. Ela curtiu todas as fotos que postei
do noivado.
– É, então não vai colar.
Falei rindo, mas não me passou despercebido o jeito que
ela falou: “penso em me casar”. Achei estranho, porque esperava um
“vou me casar”, além de uma maior empolgação ao comentar.
Aproveitei o assunto para saber mais.
– E para quando é o casório mesmo?
– Se nada der errado, para daqui há três meses.
A Cléo me olhou. O semblante dela demonstrava tanta
confusão quanto o meu.
– Amiga, você está muito estranha. – Disse. – Está
acontecendo alguma coisa?
A Lívia suspirou e pediu que fossemos para o restaurante,
onde poderíamos conversar melhor, justificando que poderíamos
aproveitar para tomar um café.
Assim que fizemos nossos pedidos de uma porção de pães de
queijos e café com leite para nós três, a Cléo não perdeu tempo:
– Então desembucha, Lívia, o que está acontecendo?
Dando outro suspiro cansado e com o olhar fixo no arranjo
sobre a mesa, a Lívia respondeu:
– A verdade é que não sei o que está acontecendo. Às vezes
acho que o João tem outra pessoa...
A Cléo não conseguiu se conter e soltou um berro.
– O quê? Como assim? Você fala isso com essa calma? Por
que você acha isso? Ele sempre foi louco por você. Não pode ser...
Coloquei a minha mão sobre a da minha amiga para que ela
entendesse que precisava se controlar e deixar a Lívia nos contar.
Assim ela fez.
Com uma expressão cansada, a Lívia nos contou que três
semanas antes do noivado, o João tinha dito que estava confuso e
que queria dar um tempo. Eu e a Cléo tentamos esconder o nosso
espanto diante daquela informação. Como a Cléo não conseguiu
esboçar nenhum som, tamanho era o seu choque, resolvi eu mesma
perguntar:
– E como vocês passaram de um término para um noivado?
A Lívia nos explicou que a ideia também partiu dele. Que
apesar de eles falarem em casamento nos últimos tempos e de já
estarem cogitando buffets e lugares para morar, não havia nada
muito concreto. Mas que depois do término de alguns dias, o João
tinha se arrependido e resolvido que queria se casar com ela.
– Mas quanto tempo vocês ficaram separados e por que você
não me contou? – A Cléo perguntou.
– Não te contei porque queria conversar com você
pessoalmente. O “tempo” dele durou três dias. Ele mesmo me
procurou e disse que estava arrependido. Você sabe que gosto dele,
então nós voltamos. Não sem antes insistir para ele me contar quem
era a outra pessoa que estava virando a cabeça dele.
– E ele contou? – Perguntei.
– Não. Disse que não tinha ninguém, que só estava muito
sobrecarregado com o trabalho e acabou descontando em mim.
– E você acha que ele foi sincero? – A Cléo perguntou.
– Às vezes acho que sim, às vezes acho que não. Você sabe
como é a nossa cidade, se ele tivesse me traído, não ia ter como eu
não ficar sabendo, com aquele monte de fofoqueiros por todos os
cantos. Além disso, ele está sempre comigo e não sei em que
momento poderia estar se encontrando com outra pessoa. Depois do
noivado, me disse que precisávamos nos casar ainda este ano e
aqui estou eu.
Eu e a Cléo ficamos sem saber o que dizer. No meu caso, é
muito difícil dar alguma opinião quando não se conhece a pessoa e
só havia visto o noivo da Lívia uma única vez. Então, me limitei a dar
palavras de conforto.
– O que for para ser, vai ser, Lívia. Nesse fim de semana,
vamos apenas aproveitar. Vamos esquecer qualquer problema do
mundo real e curtir esse paraíso.
Mais tarde haveria um casamento e nós participaríamos como
convidadas, mesmo que não conhecêssemos ninguém. Logo,
certeza que iríamos nos divertir muito.
De fato, foi o que aconteceu. Bebemos, comemos, dançamos
e nos divertimos horrores, além é claro, de chorar bastante durante a
cerimônia. A celebração do casamento foi ao ar livre e a decoração
estava perfeita. O resultado, no dia seguinte, foi uma boa de uma
ressaca em nós três. Mas a ignoramos, tomamos uma aspirina e
fomos curtir a manhã na piscina.
Após o almoço, o Heitor nos buscou e voltamos para a
realidade, deixando o paraíso para trás.
Capítulo 13

Gabriel

Passei o final de semana inteiro ansioso. Deixei a Emily com as


amigas naquele hotel fazenda muito a contragosto. O que desejava
mesmo, era passar todas as horas do dia com ela. Foi difícil também
me concentrar em qualquer coisa, já que só conseguia pensar nela e
no sexo gostoso que fizemos no meio da estrada. Só de lembrar, já
começava a ficar excitado.
Puta que pariu, voltei para a puberdade, não é possível...
No domingo, fui almoçar na casa dos meus pais e o Heitor
ficou de buscá-las no hotel fazenda. Minha irmã também estava lá e
acabou percebendo que eu estava um pouco aéreo.
– Onde você está com essa cabeça, hein?
– Naquela mulher que te falei, acho que agora estamos
juntos. – Falei sorrindo.
A Fernanda já se empolgou e começou a fazer inúmeras
perguntas. Atualizei ela de toda história, evitando os detalhes mais
íntimos. Ela reagia empolgada a cada comentário, enquanto
acariciava a barriga de oito meses, mas não sem antes brigar comigo
porque não contei a ninguém que tive dengue.
Fui embora para casa por volta das 15:00h. Tinha certeza
de que a Emily iria com a Cléo e a Lívia lá para o meu apartamento
quando elas chegassem. Para a minha tristeza – e decepção –
quando entrei em casa, vi apenas a Lívia e o Heitor.
– Cadê a Emily?
A Lívia me disse que a Emily preferiu ficar no apartamento
dela, assim como a Cléo.
Porra!
Liguei para ela na mesma hora.
– Olá, príncipe!
Eu estava bolado, mas depois de ouvi-la me chamando de
príncipe, esqueci que estava chateado.
– Poxa, princesa... por que você não veio ficar comigo?
Ela deu risada.
– Eu não sabia que você queria – respondeu
debochadamente.
– Você está me zoando, né?
– Um pouquinho. Mas de fato não tinha certeza se você
estaria em casa. Além disso, eu tinha muitas coisas para arrumar
aqui.
– Aí você preferiu me deixar com saudades?
– Talvez...
– Quando vou te ver?
– Olha, tenho prova na terça-feira bem cedo e tenho que
estudar amanhã à noite, já que passo quase o dia todo fora.
Podemos fazer algo depois de amanhã à noite?
– Tá, né... não tem outro jeito...
Ela riu novamente.
– Isso, tripudia mesmo da dor alheia. – Respondi.
– Meu Deus, depois dizem que as mulheres é que são
dramáticas...
– Ok, princesa, te vejo na terça-feira à noite.
– Ok, príncipe, até lá.
Pelo visto, teria que aceitar em ficar mais dois dias sem
ela...

Eu e a Emily combinamos de jantar fora e fiquei de passar


para pegá-la às 19:30h. Estava bem ansioso para passar um tempo
com a minha garota e acabei chegando meia hora antes. Ela ainda
não estava pronta e foi a Cléo quem abriu a porta para mim.
– Nossa, como você está bonito...
– Eu sou bonito, minha amiga. – Respondi enquanto entrava.
Ela riu.
– Bonito e nada convencido. – Falou sorrindo – nunca vi você
com camisa de botão.
– É uma ocasião especial. – Sorri de volta para ela. – Onde
está a mulher da minha vida?
– Nossa, como estamos românticos.
– Eu sou romântico. Vocês fazem muito pouco de mim! –
brinquei.
A Cléo disse que a Emily tinha acabado de sair do banho e
estava no quarto se arrumando. Olhei para a porta fechada no final
do corredor, pensando se deveria entrar lá.
Talvez, ela precisasse de ajuda para se arrumar...
Mas a Cléo interrompeu meu pensamento.
– Nem pense nisso, pode tirar seu cavalinho da chuva!
– Não pensei em nada. – Falei levantando os braços, em sinal
de rendição.
Aguardei em torno de uns quarenta minutos na sala, enquanto
brincava com os gatos e conversava com a Cléo.
– A Lívia vai ficar aqui em BH até quando?
– Até domingo, por quê? Não está gostando que ela esteja
dormindo na sua casa?
Dei risada com a pergunta dela.
– Minha amiga, eu tô adorando. Você tem noção do que é não
preocupar com o que vou comer e com bagunça? Além dela arrumar
a casa sem nem precisar, ela faz janta todo dia. Por mim, ela morava
lá comigo e com o Heitor.
– Ai, Gabriel, não te aguento – respondeu rindo.
Acabei me distraindo conversando com a Cléo e nem vi
quando a Emily chegou na sala. Tomei um puta susto quando me dei
conta da presença dela. Ela estava maravilhosa! Aliás, ela é
maravilhosa! Vestia um vestido azul royal de um ombro só, que
ficava divinamente bem no seu corpo curvilíneo. O vestido era justo e
batia no meio da coxa. Fiquei completamente sem fala. Só sabia que
precisava admirá-la.
– Você não vai falar que estou bonita? – me perguntou com
divertimento.
Demorei alguns segundos para responder e então fui até ela.
– Você está maravilhosa, princesa!
Eu a puxei contra o meu corpo e a beijei desesperadamente.
Ela soltou um risinho que foi abafado pela minha boca e entrelaçou
as mãos no meu pescoço. Nós nos beijamos ardentemente e não
consegui me conter. Tirei as minhas mãos da sua cintura e as levei
até a bunda, dando uma boa apertada.
– Controlem-se vocês dois, eu estou aqui! – A Cléo nos
chamou a atenção.
A Emily tentou se afastar, mas não deixei e permaneci a
beijando mais alguns segundos. Quando criei forças para soltá-la,
respondi para a Cléo.
– Como se eu já não tivesse visto coisa muito pior sua com o
Heitor.
– Ah, nem vem, você nunca viu nada demais. – Respondeu
com convicção.
– Realmente. Ele com a boca nos seus peitos em cima da
bancada da cozinha não teve nada demais...
– O quê? Quan... quando você vi... ah...
– Se lembrou, né?! – Falei tentando segurar a risada com a
cara de choque dela.
– Eu podia jurar que você não tinha visto. – Falou indo em
direção ao corredor. – Sendo assim, podem continuar com a pouca
vergonha, vou para o meu quarto.
Foi a Emily quem respondeu, mas olhando para mim:
– Não vamos continuar nada, vamos sair para jantar.
A minha intenção era contestar, mas não precisávamos ter
pressa, então concordei.
– Ok. – Dei um passo para trás, fazendo sinal para ela passar.
– Primeiro as damas.
Porém, ela não saiu do lugar. Ficou me encarando com um
sorrisinho no rosto.
– O que foi? – Perguntei.
– Você está bonito pra cacete!
Dei risada. Estava vestindo uma camisa preta social, com os
dois últimos botões abertos, um blazer também preto e uma calça
jeans cinza chumbo. Eu geralmente não usava roupa social e com
certeza essa mudança chamou atenção dela.
– Obrigado.
Antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa, ela deu
dois passos rápidos na minha direção e me agarrou, me beijando de
novo. Meu pau foi ficando bem animado em sentir a animação dela.
Já pensei em propor para ficarmos em casa, mas ela me soltou e
correu para a porta.
– Vamos logo antes que as coisas fiquem um pouco mais
difíceis.
– Sim, senhora. – Concordei.
Assim que entramos no carro, ela me perguntou para onde
estávamos indo. O restaurante que escolhi ficava há uns trinta
minutos de distância do apartamento da Emily. Eu nunca tinha ido lá.
Tinha o achado na internet e gostei bastante do visual do lugar.
Também havia muitas avaliações positivas.
Quando chegamos, a Emily ficou encantada. O lugar tinha
uma decoração bem sofisticada e era dividido em área interna e
externa. Escolhemos nos sentar na área externa, que era bem
grande, em uma parte com deck de madeira. Todas as mesas tinham
uma vela acesa em cima. Havia também algumas árvores e muitos
vasos de plantas com luzes espalhados, que auxiliavam na
decoração.
– Que lugar lindo! – Comentou maravilhada.
– Lindo igual a você.
Ela sorriu.
– Não sabia que você era romântico.
– Você faz muito mal juízo de mim, princesa. – Respondi
apertando os olhos para ela. – Você e todo mundo.
Ela riu.
A Emily tinha se sentado de frente para mim, mas eu queria
ficar grudado nela, então troquei de lugar e me sentei ao seu lado.
– Não acho que é uma boa ideia você se sentar aqui. – Me
disse.
– Por quê? – Perguntei fingindo estar decepcionado.
– Você sabe muito bem.
Apoiei meu braço esquerdo na cadeira dela e levei a mão
direita para sua coxa, entrando um pouco para dentro do vestido.
– Não tenho ideia do que você esteja falando. – Falei baixinho
em seu ouvido.
Ela capturou minha boca com a dela, me dando um beijo
quente e molhado.
Porra...
Meu pau que já estava despertando ficou imediatamente
duro e aproveitei para subir mais ainda a mão pela sua coxa,
chegando ao fundo da calcinha. E puta que pariu, ela já estava
molhada. A Emily imediatamente parou de me beijar, se endireitando
na cadeira.
– Para. Alguém pode ver. Controle-se!
– Não tem ninguém na nossa frente. – Murmurei e voltei a
beijá-la, ao mesmo tempo em que a acariciava por baixo do vestido,
sentindo sua umidade transpassar para os meus dedos.
Ela começou a ficar ofegante – assim como eu – e não me
impediu de continuar. Com a mão esquerda, ela passou a acariciar
meu rosto, enquanto se apoiava com a direita na minha coxa.
Permaneci assim por um tempinho até ela gemer baixinho com a
boca presa à minha. Nesse momento, tive que me segurar para não
passar dos limites para um local público. O calor da mão dela sobre
a minha coxa também não estava me ajudando em nada, pois só
conseguia imaginar ela subindo com a mão até o meu pau.
Tirei a minha mão do meio das pernas dela e a coloquei
sobre a dela, obrigando-a a fazer exatamente o que estava
imaginando. Sim, me comportei como um adolescente com os
hormônios à flor da pele. Mas, em minha defesa, ela não achou ruim,
dando uma boa apertava no meu pau por cima da minha calça.
– Porra, Emily, vamos embora?
– Não... – Ela riu, retirando a mão de mim em seguida. –
Nem comemos nada. Agora chega para lá, porque daqui a pouco
alguém nos flagra.
– Difícil com você me beijando desse jeito.
– Não vou beijar mais. Prometo. Por enquanto. – E me deu
um olhar assanhado.
Achei melhor realmente voltar a me sentar de frente para ela,
para que não houvesse perigo de mais mãos bobas. Aproveitei para
perguntá-la sobre o que ela tinha decidido sobre a faculdade.
– Eu vou fazer o que você sugeriu. Vou puxar algumas matérias
da Veterinária semestre que vem e se eu gostar, vou mudar de
curso.
– É isso aí, princesa.
Nós fizemos nossos pedidos e permanecemos no restaurante
umas duas horas. Escolhemos comer salmão ao molho agridoce
com risoto de banana da terra e estava tudo muito bom.
Enquanto nosso pedido não chegava, conversamos bastante.
Quando começamos a falar de viagens, a Emily me disse que
sonhava ir para Fortaleza.
– Podemos ir ano que vem. – Eu disse.
– É sério?
– Claro ué. Podemos ir nas minhas férias, posso escolher
qualquer mês de março em diante. É só você me falar qual fica
melhor para você.
– Eu vou amar! – Respondeu toda sorridente.
Assim que terminamos de comer, a Emily quis ir embora.
– O que vamos fazer agora? – Perguntei.
– Quero ir para casa. – Respondeu apenas.
Fiquei decepcionado. Queria passar a noite com ela, mas não
falei nada. Não queria pressioná-la, apesar de não parar de lembrar
da nossa primeira vez. Aqueles toques quando chegamos no
restaurante também não facilitaram as coisas, mas não insisti. Então,
pedi a conta e nós fomos embora.
No caminho de volta, ela não parava de digitar no celular.
Fiquei curioso para saber com quem ela estava falando, mas achei
melhor não perguntar. Só que, teve um momento em que puxei
assunto com ela, e além de não ter prestado atenção na pergunta,
ela estava sorrindo demais para a tela do telefone, o que aguçou
mais a minha curiosidade.
– Com quem você está falando, princesa?
– Com a Cléo.
Pensei em dizer que as duas estariam juntas em poucos
minutos e poderiam conversar pessoalmente, mas achei que iria
parecer meio babaca, então fiquei quieto.
Quando estacionei em frente ao prédio delas, a Emily
simplesmente abriu a porta e saiu.
– Emily? – Chamei-a um pouco mais alto do que gostaria.
Ela me olhou assustada através da janela do carro,
retrocedendo alguns passos.
– Você não vai nem me dar um beijo de despedida?
A expressão assustada se desfez e ela abriu um sorriso.
– Vou, amanhã quando você for embora para a sua casa. Ou
não?
Não respondi. Saí do carro imediatamente, travei a porta,
ativei o alarme e fui correndo atrás dela, tentando disfarçar meu
entusiasmo. Quando a alcancei, ela me perguntou:
– Achou que ia dormir sem mim hoje, príncipe?
– Confesso que achei.
Ela riu.
A Cléo dormia lá em casa todo final de semana, mas tive
medo que ela achasse ruim que eu dormisse no apartamento dela e
resolvi perguntar.
– A Cléo não se importa, né? Do jeito que estou, não sei se
vou conseguir ser silencioso... – Pisquei um olho para ela.
A resposta veio no tom de quem conta o que acabou de
comer.
– Ela foi dormir na sua casa, o apartamento é todo nosso.
Ainda tentando segurar a onda, perguntei no mesmo tom:
– Ela não costuma dormir lá dia de semana, por que será que
ela foi hoje?
– Porque eu pedi. – Falou me encarando, ao mesmo tempo
que molhava o lábio inferior com a língua.
– Porra, Emily... – Grunhi.
Ela deu uma risadinha e começou a subir as escadas do
prédio. Subi atrás, me segurando para não a agarrar ali mesmo. Uma
senhora passou com um cachorro poodle na coleira e nos
cumprimentou, ainda no primeiro lance de escadas. Fiquei me
perguntando se os moradores costumavam transitar com frequência
aquele horário. Imaginei que não, que aquela senhora deveria estar
saindo para levar o cachorro para passear e que se eu tivesse sorte,
ela demoraria a voltar. A Emily subia dois degraus a minha frente e
eu não conseguia tirar os olhos da sua bunda.
Só alguns degraus, Gabriel... Só mais alguns degraus...
Capítulo 14

Emily

Eu subia as escadas do meu prédio sem olhar para a cara do


Gabriel. Foi impagável a cara dele, quando eu disse que a Cléo não
estaria em casa porque eu pedi. O olhar malicioso que ele me
lançou, me deixou com as pernas bambas e toda arrepiada.
No segundo lance de escadas, o sensor da luz não acendeu,
deixando aquela parte toda escura. Foi nesse momento que senti as
mãos grandes e ousadas dele, me prensarem contra a parede. Não
tive tempo de falar nada, ele me beijou desesperadamente, levando
uma mão para dentro das minhas coxas.
– Não sei se consigo chegar lá em cima, princesa... – Falou
enquanto mordiscava o lóbulo da minha orelha.
– Controle-se! – Respondi arfando.
Mas ele me ignorou. Desceu as mãos até a barra do meu
vestido, subindo pelo lado de dentro. Enquanto acariciava a poupa
da minha bunda com uma mão, ele arrastou a minha calcinha para o
lado com a outra, me acariciando com o nó dos dedos. Ficou difícil
formular qualquer palavra depois disso. Voltei a beijá-lo
ardentemente. Não sei quantos minutos se passaram, mas eu estava
prestes a gozar apenas com o roçar dos dedos dele no meu clitóris.
– Para...
Pedi quase sem forças, ciente de que ele não iria parar.
Mas ele parou. Apoiou a testa na minha e sussurrou também
ofegante:
– Você tem cinco segundos para chegar lá em cima, se não
vou comer você aqui nessa escada mesmo.
– Você não é doido. – Respondi com divertimento.
– Um.
Olhei para ele com cara de dúvida. Ele me encarava sério.
Será que ele teria coragem?
– Alguém pode nos ver. – Falei arrumando a minha roupa e
subindo um degrau de costas.
– Três.
– Você pulou o dois! – Argumentei, sentindo o desespero me
dominar.
Eu achava que ele não teria coragem, mas o seu olhar faminto
me fez começar a duvidar.
– Quando eu disser “cinco”, vou te pegar onde quer que você
esteja. – Disse já desafivelando o cinto.
Fui dominada por uma mistura de medo e excitação e saí
correndo, tentando subir as escadas o mais rápido possível. É claro
que não fiquei com medo dele, mas sim, de não conseguir resistir
caso ele realmente estivesse falando sério. Ele demorou apenas um
segundo antes de disparar atrás de mim. Além da vantagem que ele
me deu ter sido praticamente nula, eu estava de salto e as pernas
dele são mais compridas do que as minhas, o que facilitou para que
ele estivesse colado em mim no segundo em que parei de correr, já
na porta do meu apartamento.
– Você não se atreva. – Falei enquanto revirava a minha bolsa
a procura da chave.
Só que ele não me obedeceu. Deslizou suavemente as mãos
pelas minhas coxas e subiu o meu vestido até a minha cintura. Virei
a cabeça para trás e soltei um grito de susto, que foi abafado pela
boca dele.
Como beija gostoso, meu Deus...
– Tá doido? – Perguntei virando para a frente novamente e
tentando tirar as mãos dele de mim. – Meus vizinhos podem nos
ver...
– Sou doido... doido por você. – Falou enquanto deslizava a
língua pelo meu pescoço.
Jesus...
Consegui achar a chave dentro da bolsa mesmo com as mãos
trêmulas, abrindo a porta em seguida. Se algum vizinho tivesse saído
de casa naquele momento, teria visto a minha bunda.
O Gabriel me empurrou para dentro sem tirar a boca do
meu corpo. Fechou a porta com um chute e recostou nela, me
puxando contra si. Senti sua ereção latejando nas minhas costas. Ele
colocou novamente uma das mãos dentro da minha calcinha, mas
dessa vez, ele a introduziu por cima. Sua outra mão foi direto para
um dos meus seios. Meus mamilos já estavam durinhos e ele deu
um leve beliscão em um deles por cima do vestido, o que me fez
ficar ainda mais molhada.
Eu não conseguia falar nada, só gemer. Minhas mãos
tateavam para trás, por entre os seus cabelos e nuca. Ele acariciava
a minha vagina com a mão espalmada e seguia chupando e
lambendo meu pescoço.
– Gabriel... – Sussurrei, sem saber ao certo o que queria
dizer...
Ele inverteu nossas posições, me virando de frente para ele e
me deixando com as costas coladas à porta. Assim, voltou a me
beijar. Sua língua suave e nada tímida explorava todos os cantos da
minha boca, me deixando cada vez mais sem ar. Ele começou a
passar a mão pelo meu vestido a procura do zíper. Quando
encontrou, o abriu e desceu a parte de cima do meu vestido até a
minha barriga, expondo meus seios, deixando a peça toda embolada
na minha cintura. Ele me fitou por alguns segundos, alternando o
olhar entre meus olhos e meus seios. Aproveitei o momento para
tirar o seu blazer, mas eu estava tão afobada que não consegui. Foi
ele quem terminou de retirá-lo, permanecendo só de camisa.
Fiz menção de retirar o meu vestido, mas não tive tempo.
No mesmo instante, o Gabriel abocanhou um seio, sugando meu
mamilo com força. Cravei minhas unhas nos seus ombros, porque
precisava me segurar em algum lugar. A sensação que eu tinha, era
a de que ia desabar. Meu coração estava disparado, minha
respiração pesada e minhas pernas bambas. E ele ainda nem estava
dentro de mim.
Ainda chupando meu mamilo, ele desceu as mãos pelas
laterais do meu corpo até chegar no cós da minha calcinha,
retirando-a em seguida. Depois se ajoelhou na minha frente.
– Você não sabe o quanto desejei isso, Emily...
Ele olhava para a minha vagina hipnotizado.
– Então aproveita, príncipe. – Falei ofegante, enquanto
acariciava a cabeça dele com as duas mãos.
No segundo seguinte, ele estava me chupando. O Gabriel
levou uma das minhas pernas para cima do seu ombro, facilitando o
acesso da sua boca entre as minhas pernas, ora me lambendo, ora
mordiscando meu clitóris. Meu corpo todo tremia, ficando cada vez
mais difícil me manter em pé.
Como se lesse meus pensamentos, ele se levantou e em
um movimento ágil e calculado, me colocou deitada no chão. Ele se
posicionou novamente entre as minhas pernas, mas desta vez,
colocando as duas para cima dos seus ombros, me segurando forte
pela bunda e me deixando com o tronco suspenso no ar. Apenas
meus ombros e minha cabeça encostavam no chão.
Nossa, ele é bem forte...
Mesmo sabendo que ele aguentaria muito bem me segurar
naquela posição, me apoiei nos cotovelos para ajudá-lo com o meu
peso. Ele continuou me chupando e não pude conter meu gemido de
prazer quando a sua boca voltou ferozmente para a minha vagina.
Sua língua habilidosa descia e subia entre a minha entrada,
revezando com seus lábios macios que entravam em campo me
sugando bem suavemente. Quando pensei que aquilo não tinha
como ficar melhor, ele me introduziu dois dedos. Meu prazer foi ao
ápice e gozei forte e demoradamente na boca dele.
Esse homem conhece mesmo todas as técnicas...
Ele continuou me penetrando com os dedos e me
chupando, parando apenas quando sentiu que os meus músculos
internos haviam parado de se contrair.
Recolocando meu corpo delicadamente no chão e ainda de
joelhos, o Gabriel foi abrindo os botões da camisa de uma maneira
muito sexy, sem romper o contato visual comigo. Era para eu estar
satisfeita, mas vê-lo me olhando com aquele olhar faminto me deixou
novamente excitada. Naquele momento, tive certeza de que estava
apaixonada por ele.
Passei o pé pelo seu abdome bem definido e ele o pegou,
dando leves beijinhos pelo meu tornozelo.
Quando foi que eu tirei as minhas sandálias?
Em seguida, posicionou meu pé no chão ao seu lado,
flexionando meu joelho. Ele terminou de abrir a calça abaixando-a
apenas até a bunda, só o suficiente para expor o seu pênis. Eu
acompanhava todos os seus movimentos me deliciando. Após
colocar sedutoramente o preservativo, me lançando sorrisinhos
maliciosos, se inclinou sobre mim e me penetrou.
Porra...
Enlacei minhas pernas ao redor da sua cintura e meus
braços ao redor do seu pescoço, enquanto ele me estocava forte e
rápido.
– Agora... você vai gozar no meu pau, princesa... –
Murmurou entre um gemido e outro.
– Sim... me faz gozar de novo...
A minha resposta o estimulou ainda mais. Nossos gemidos
ecoavam pela sala, em conjunto com o som proveniente dos
choques entre nossos corpos. Sabia que as minhas costas ficariam
avermelhadas pelo atrito com o chão, mas não estava nem aí. O
Gabriel passou uma mão por baixo da minha cabeça para evitar que
ficasse batendo no chão. Aproveitei e fisguei a boca dele, iniciando
um novo beijo feroz e ardente. Sem parar de me beijar, ele continuou
me estocando fundo e não demorou muito para eu ter outro
orgasmo.
– Vou gozar... de novo... – Balbuciei com a boca presa à
dele.
– É isso que eu quero... vai... goza...
Meu corpo novamente convulsionou e espasmos surgiram
pela minha vagina. Ele com certeza sentiu porque soltou um “assim”
e logo depois senti seu pau latejar dentro de mim, enquanto ele
gemia o meu nome.
Possivelmente, eu estava descabelada e toda vermelha.
Ambos completamente suados, mas muito satisfeitos e apaixonados.
Pelo menos, queria acreditar que ele também estava apaixonado por
mim.
Ele se levantou, ajeitou a calça no corpo e esticou a mão
para mim, para que eu pudesse me levantar. Segurei a sua mão e
me levantei, me sentindo zonza. Quando fiquei de pé, ele terminou
de retirar meu vestido, me pegou no colo e me levou para a cama.
Fiquei lá deitada como se estivesse morta, enquanto ele ia até o
banheiro. Quando voltou, se jogou pelado ao meu lado. Eu amo o
fato dele não ter nenhum pingo de vergonha.
Suspirei e me aconcheguei em cima dele, enquanto
acariciava seu peito. Ele fez o mesmo comigo, deslizando para baixo
e para cima as mãos nas minhas costas. No instante seguinte,
Salem e Louis estavam deitados enroladinhos conosco.
– Ei, crianças, vocês não podem deixar que essa noite ela
seja só minha? – Perguntou para eles com divertimento.
Como eles não se movimentaram, ele concluiu que isso não
iria acontecer.
– Tudo bem, dormiremos nós quatro então – disse.
Peguei no sono completamente relaxada.
Capítulo 15

Gabriel

Os dias que se seguiram foram massa. Como estava de férias, via a


Emily todos os dias. Mesmo que durante a semana o tempo dela
fosse curto, fazia questão de pegá-la na faculdade e levá-la para o
salão ou a qualquer outro lugar que ela precisasse, principalmente
nos dias em que não ia à academia.
E por falar em academia, lá eu precisava fingir que nós
éramos apenas amigos. A Emily não queria que o Diego soubesse
de nós por enquanto, alegando que ele contaria ao irmão. Disse que
não queria magoar o ex e concordei muito a contragosto. Não via
necessidade nenhuma de esconder e não gostei nem um pouco da
situação. Como não queria discutir com ela, falei que por hora, me
comportaria.
Mas as coisas foram ficando mais complicadas quando
notei um cara praticamente a perseguindo. Ele era desses maromba
rato de academia. Enquanto a Emily estava com o Leandro, nunca
tinha o visto conversando com ela, mas agora, sempre que olhava
para ela, se o Diego não estava perto, o maromba estava lá tentando
puxar assunto. Aquilo estava me irritando pra caralho. Como não
malhava todos os dias, demorou uma semana para que eu falasse
alguma coisa, já que só me lembrava daquilo quando via o cara.
– Quem é esse cara que está sempre tentando uma
conversa com você? – Perguntei aproveitando que o Diego tinha
saído de perto.
Ela sorriu.
– Está com ciúmes? – Perguntou se divertindo.
Não respondi e fiz outra pergunta.
– Nunca vi você conversando com ele antes, por que agora
ele não sai do seu pé? Quem é ele?
– O nome dele é André. Acho que ele ouviu o Diego me
perguntando se meu término com o Leandro era definitivo. Depois
disso, passou a tentar uma conversa sempre.
– E você disse para ele que tem namorado?
– Ué, por quê? Eu tenho?
Encarei ela irritado.
– E por um acaso eu sou o quê? Seu irmão? – Respondi
tentando segurar a onda, mas sem sucesso.
Ela nem se abalou e continuou um pouco sarcástica.
– Bom, certamente estamos ficando, mas não sabia que já
tinha virado um namoro.
– Então agora você já sabe. Trate de informá-lo, antes que
eu mesmo faça isso.
Ela parecia estar se divertindo com o meu ciúme. Já eu,
estava odiando aquele sentimento.
– Eu já teria feito isso, bobinho, caso ele tivesse falado
alguma coisa que me desse a entender suas intenções. Mas ele
sempre vem com assuntos aleatórios, de alimentação ou o clima.
Não se preocupe. Agora...
– Agora o quê?
– Eu de fato não sabia que tinha um namorado. – Falou
enquanto analisava as unhas das mãos.
– Pois é, você tem. E por falar nisso, que dia vou conhecer
meus sogros?
Ela riu.
– Geralmente os homens costumam fugir de conhecer os
pais da namorada...
– E geralmente as namoradas ficam ansiosas para
apresentar o namorado aos pais, ou você tem algo contra isso?
– Não se preocupe, príncipe. – Falou diminuindo o tom de
voz – vou levar você para conhecê-los. Só não te levo amanhã
porque é aniversário do Felipe.
– Ótimo.
Não falei mais nada porque o Diego chegou em seguida. Eu
o cumprimentei e voltei a fazer o meu treino. Quando estava quase
indo embora, vi o tal do André de novo ao lado dela, só que dessa
vez, ele não se importou com a presença do Diego. Fui até lá na
mesma hora, tentando fingir despreocupação. A Emily me olhou um
pouco apreensiva. Como já estava na hora de mudar minha ficha,
puxei assunto com o Diego, dizendo que queria montar um novo
treino com ele, o que era verdade. Fomos conversando sobre isso,
mas eu não deixava de prestar atenção na conversa dela com o
maromba. Realmente, o assunto dele era bem nada a ver, mas
quando achei que não tinha motivos para me preocupar ele lançou:
“Hey, Ruiva, o que você vai fazer hoje à noite? Quer sair para comer
alguma coisa?”
Vi na hora que a Emily ficou tensa, mas eu não podia ouvir
aquilo e fingir que nada aconteceu. É claro que não ia brigar ou fazer
uma cena, mas precisava mostrar que ela era uma mulher
comprometida. Se deixasse isso por conta dela, muito provavelmente
ele continuaria insistindo e eu nem poderia culpá-lo, porque faria o
mesmo. Sei também que estou sendo hipócrita, já que dei em cima
dela enquanto ela namorava, mas já diz o ditado, né, “Pimenta nos
olhos dos outros é refresco”.
– Se o namorado dela puder ir junto, acho que não haverá
problema algum, né, amor?
A Emily enrubesceu e em seguida perdeu a cor. Ao invés de
olhar para o tal do André, seus olhos foram direto para o Diego, que
não pareceu nem um pouco surpreso. Por outro lado, o André ficou
um pouco sem graça e foi logo se desculpando.
– Pô, cara, foi mal. Não sabia que vocês estavam juntos.
Sorri amigavelmente para ele respondendo com um “sem
problemas” e ele saiu de perto, depois de soltar um “foi mal, Ruiva”.
Como a Emily não disse uma palavra e como o Diego já tinha
descoberto mesmo, aproveitei para chamá-la para ir embora. Ela
respondeu secamente, dizendo um “vamos” entre dentes e eu soube
que estava encrencado.
Enquanto seguíamos a pé para a minha casa em um
silêncio excruciante, pensava nas estratégias para fazê-la esquecer
que não cumpri com o nosso combinado. Minha primeira estratégia
foi abraçá-la assim que atravessamos a porta da academia. Apesar
de estar bolada comigo, ela não se esquivou. A segunda foi fingir
que nada aconteceu.
– E aí, princesa, vai para o salão ou para faculdade?
– Faculdade.
– Vai tomar banho na minha casa ou na sua?
– Na minha.
– Posso participar do banho?
Ela bufou. Claramente minha tentativa não deu certo.
– Você é sonso, né?
Tive que me segurar para não rir. Eu amo irritá-la. Sei que
pode parecer meio masoquista, mas ela fica ainda mais linda quando
está brava.
– Não sei do que você está falando. – Respondi
cinicamente.
Ela parou abruptamente, me obrigando a olhá-la.
– Eu te pedi uma coisa tão simples e você não foi capaz de
cumprir porque não queria ferir seu ego. Você sabia que eu iria
responder adequadamente ao André. O Diego não precisava ficar
sabendo ainda e eu não precisava ficar lá com aquela cara de boba.
Isso é o que, insegurança? Ou você queria me exibir como um
troféu?
– Poxa, princesa, desculpa. Confesso que fiquei um pouco
enciumado. Conheço os homens. Se você tivesse dado qualquer
outra desculpa, ele não sairia do seu pé, continuaria insistindo. Não
fiz para que o Diego soubesse, te juro.
Ela se virou e continuou caminhando e fiz o mesmo,
tornando a abraçá-la.
– O que posso fazer para você me desculpar?
– Dizer que não faria de novo se pudesse voltar atrás seria
um bom começo.
– Mas isso seria mentira. Você quer que eu minta?
– Nossa, você é muito irritante!
– Você está com raiva?
– Estou!
– Conheço uma ótima tática para passar a raiva. – Brinquei.
– Não quero saber!
Ela respondeu tentando parecer séria, mas notei um
princípio de sorriso brotando no seu rosto. Aproveitei a oportunidade
e me abaixei colocando a boca bem próxima do ouvido dela.
– Que pena, acho que você iria curtir bastante.
Mas ela não deu bola para o meu comentário. Assim que
chegamos no meu prédio, ela foi direto para a garagem, sem me dar
chance para qualquer outra coisa. Eu a levei para a sua casa para
que pudesse tomar banho e trocar de roupa.
– Vai ficar me ignorando? – Perguntei ao entramos no
apartamento.
– Não estou te ignorando, só não estou com vontade de
conversar. Vou tomar banho, você pode me esperar na sala.
Droga! Foi por água abaixo minha ideia de curtir um banho
com ela...
Só que sou um cara persistente. Sem falar que sou louco por
ela e é óbvio que não iria obedecer. Assim que ouvi o barulho do
chuveiro, fui para o seu quarto e me joguei na cama só de cueca.
Quando ela saiu do banheiro, trajando nada mais, nada menos que a
toalha em volta do corpo, foi para o quarto e deu de cara comigo lá
quase pelado. Se meu pau já não estivesse duro como uma rocha,
ficaria naquele momento porque a Emily enrolada em uma toalha é a
coisa mais gostosa desse mundo.
– Eu não falei para você me esperar lá na sala? – Perguntou
sem me olhar.
– Sinto muito, princesa, mas nem sempre sou um cara
obediente. – Respondi enquanto tirava a cueca.
Comecei a acariciar o meu pau, sabendo que ela estava
vendo, mesmo que não estivesse olhando diretamente.
– Para! Ainda estou chateada e estou atrasada. Preciso ir
para a aula.
Ela estava de frente para o guarda-roupas procurando algo
para vestir. Eu me levantei, parei atrás dela, a beijei suavemente no
ombro e ela ficou toda arrepiadinha. Segurei os seus seios por cima
da toalha, obrigando-a encostar o seu corpo ao meu. Ela não resistiu
e descansou a cabeça no meu ombro. Continuei massageando os
seios dela por cima da toalha, enquanto esfregava meu pau ansioso
na sua bunda. Ela esboçou um “para” que não pareceu mais que um
sussurro.
Subi com uma das mãos para onde a toalha estava presa,
embaixo do braço, e a puxei. Sensualmente, a toalha deslizou pelo
corpo dela e caiu ao chão. Eu me afastei e deitei de novo na cama,
de barriga para cima, voltando a acariciar meu pau.
– Você vai mesmo me fazer chegar atrasada, né? – Ela me
perguntou enquanto se virava.
– Vou, agora vem aqui e coloca essa bocetinha linda na minha
cara.
Não precisei chamar uma segunda vez. Ela se ajoelhou na
cama e avançou sobre mim engatinhando. Depois de me dar um
delicioso beijo na boca, se colocou de pé na cama, agachando em
direção a minha boca, com os joelhos um de cada lado da minha
cabeça.
Com a mão esquerda eu pressionava ela contra a minha
boca, a segurando pela bunda, com a direita eu tocava uma,
enquanto a minha língua brincava preguiçosamente com o seu
clitóris. Eu alternava entre lambidas lentas com intensas sucções.
– Ahhh... – Ela gemia acima de mim, com as mãos apoiadas
na parede.
Continuei pacientemente, sentindo ela ficar cada vez mais
sem controle, conforme rebolava na minha boca. Parei de me
masturbar e enfiei dois dos meus dedos para dentro dela, sem deixar
de chupá-la. Sabia que ela adorava quando eu fazia dessa forma.
– Ah, Gabriel... eu... vou... gozar...
Assim que ela terminou de falar, senti seus músculos internos
pulsarem ao redor dos meus dedos, a medida em que seus
movimentos contra a minha boca se tornavam sem ritmo e seus
gemidos ficavam mais baixos.
– Acho que vou precisar de outro banho. – Comentou
ofegante, enquanto saía de cima de mim, alguns segundos depois.
– Vai mesmo, porque eu ainda não terminei com você.
Rapidamente a coloquei deitada de costas na cama,
fazendo com que nossas cabeças ficassem ao contrário da
cabeceira. Beijei a boca dela com uma necessidade feroz. Nem sei
se consigo beijá-la de uma forma menos urgente. Ela chupou a
minha língua e eu fiquei louco, sem conseguir esperar mais nem um
minuto para enfiar meu pau nela.
Eu sabia que ela guardava camisinhas na gaveta de
calcinhas e levantei com pressa para pegar uma. Voltei com mais
pressa ainda. Ela tirou o preservativo da minha mão, o abriu e o
deslizou sobre o meu pau, bem devagar.
– Porra, princesa...
Quando ela terminou, agarrei um dos seus seios com uma
mão, conforme chupava o outro. Ela soltou um gritinho que só serviu
para me deixar mais doido de vontade de comer ela. Assim, não
perdi mais tempo e botei meu pau em campo. Entrei nela lentamente
até o fundo, saindo completamente em seguida. Repeti o mesmo
processo mais umas três vezes. Ela inspirou com força e não
consegui mais ir devagar, para variar.
A Emily tem esse poder sobre mim. Ela me deixa
desesperado para ter cada vez mais dela. Tentando conseguir algum
controle e não gozar rápido demais, nos troquei de posição, me
sentando na cama e colocando ela sobre o meu colo.
– Agora me mostra para que você vai a academia todos os
dias. – Brinquei.
Ela sorriu sensualmente, mordiscou o lóbulo da minha
orelha e sussurrou:
– Sem dúvida... é para sentar gostoso no seu pau.
Porra...
Dito isso, ela começou a me cavalgar com força, com um
braço apoiado na cama e o outro no meu ombro. Aproveitei a
posição para provocar um dos seus mamilos com a língua, já que
eles estavam exatamente na direção da minha boca. Ela cravou as
unhas em mim, jogando a cabeça para trás e aumentando a fricção
onde nossos corpos estavam unidos.
– Princesa... – Murmurei – Se você não for devagar... não
vou conseguir esperar seu segundo round...
Mas ela me ignorou, continuando os movimentos na mesma
velocidade. Dois minutos depois, entendi o porquê, quando senti
seus espasmos em volta do meu pau e seu corpo todo tremer. Aquilo
bastou para eu parar de me segurar e gozei em seguida. Nós nos
jogamos suados e cansados de costas na cama, olhando para o teto.
– Pelo jeito você não está mais com raiva de mim, né?
Ela sorriu.
– Você sabe bem como fazer a minha raiva passar. – E
piscou para mim.
Enquanto a gente se recuperava, meu celular tocou. Era a
Amanda. Ela estava me ligando com mais frequência do que antes,
mesmo que eu não tivesse atendido nenhuma ligação dela depois do
dia em que sentamos no bar com a Emily, o ex, o Heitor e a Cléo.
– Ela te liga sempre? – A Emily perguntou quando viu quem
era.
– Sim, mas não atendo. Não falo com ela desde aquele dia
no bar.
– E não é só ela que te liga, né? Quase todo dia alguma
mulher te liga...
– E como você já pôde observar, não atendo ninguém, com
exceção das minhas amigas.
Eu a abracei e continuei.
– Você quer que eu troque de número ou que bloqueie
todas elas?
– Nenhum nem outro. Você pode atender e dizer que está
namorando.
– Justo. Farei isso.
Apesar do que disse, resolvi bloquear a Amanda. Ela não é
do tipo que entende quando alguém diz não.
Depois de mais alguns beijos, a Emily foi tomar outro banho
e dessa vez, fui atrás dela.
Capítulo 16

Emily

No sábado, acordei com a Cléo pulando em cima de mim.


– Acorda dorminhoca!
– Pelo amor de Deus, onde é o incêndio? – Perguntei mal-
humorada.
– Em lugar nenhum, mas acordei com o Salem e o Louis
sapateando na minha cabeça e agora perdi o sono.
– Aí, por isso, resolveu me acordar também?
– Sim, porque não é todo sábado que você tem o prazer de
acordar comigo, já que eu geralmente vou para o Heitor nas sextas.
Tentei puxar o edredom por cima da cabeça, mas ela não
deixou.
– Ah, que saco! Por que você não dormiu lá? – Falei
perdendo a batalha.
– Porque o João chegou ontem sem avisar e o Heitor cedeu
a cama dele para a Lívia dormir com o namorado. Aí eu preferi vir
dormir aqui em casa do que dividir a cama do quartinho com o Heitor.
Se eu soubesse que o Gabriel iria dormir aqui, tinha ficado lá e
dormido na cama dele.
Olhei para o lado e me lembrei que o Gabriel estava lá,
dormindo de bruços todo esparramado pela minha cama.
– Ele é lindo, né?
Perguntei a ela enquanto acariciava as costas dele, já
sabendo que ela não ia me dar ideia.
– Ah, pelo amor... – Bufou. – Vamos lá para a sala para não
o acordar.
Já na sala, perguntei a ela que horas eram.
– São 8:30h.
– Não acredito que você me acordou cedo em um dos
poucos sábados que posso dormir até tarde...
– Acordei. E para compensar, fiz café.
– Era o mínimo que você podia fazer.
A Cléo alegou que tinha desacostumado a acordar aos
sábados sem o Heitor e que eu precisava compensar a carência
dela. Apesar de estar brincando, de fato, desde que eles começaram
a namorar, ela não dormia mais em casa de sexta para sábado,
exceto os dias que eles estiveram brigados, meses atrás.
Mas não era só uma mudança no cronograma que a fez me
acordar. Ela também queria que eu visse com o Felipe a
possibilidade de levar a Lívia e o João ao aniversário dele.
– Com certeza ele não irá se importar. – Falei.
Como eu previa, quando liguei para o meu amigo para
perguntar, ele não ligou que levássemos os dois. O aniversário do
Felipe seria em um clube bem espaçoso e ele ficou repetindo para
mim por telefone, que quanto mais gente, melhor.
Por volta das 21:00h, estávamos todos nós a caminho da
festa. A Lívia e o João foram de carro com a Cléo e o Heitor. Eu e o
Gabriel fomos no carro dele. Nós combinamos que só ele beberia.
Eu ficaria no suco e voltaria dirigindo.
O Felipe havia investido muito na decoração. Ele tem o dom
de decorar, redecorar e reformar as mais diversas coisas. No caso
da sua própria festa, não seria diferente. O lugar estava lindo. Era
um salão enorme que ficava fora da parte das piscinas e ao lado de
um lago. A decoração tinha uma pegada tropical, com vários
cantinhos. Tudo muito colorido. Tinha a área da pista de dança, que
estava disposta de frente à área com as mesas e cadeiras para os
convidados mais cansados. Paralelo aos dois ambientes, estavam a
porta de entrada, uma ilha onde estavam sendo feitos vários
drinques e a mesa com o bolo. À direita, haviam várias portas que
davam para um varandão, onde ele colocou em um canto vários
puffs coloridos para a galera relaxar com vista para o lago. Já no
outro canto, havia uma linda mesa com doces, balas e frutas
tropicais.
– Você me lembra de contratar o Felipe para todas as festas
que eu for fazer pelo resto da minha vida! – A Cléo comentou
encantada.
– Alguém já falou para este homem que ele está no curso
errado? – Continuou – ele vai ganhar muito dinheiro decorando
festas, apartamentos e restaurando móveis usados, como fez com o
nosso rack.
– Nem ouse falar isso com ele. – Respondi. – Ele está tão
confuso quanto eu. Se ouvir um negócio desses, capaz de trancar o
curso de odontologia na mesma hora.
Nós nos sentamos em uma mesa que permitia uma boa
visão de todo o salão, tanto da pista de dança, quanto da entrada. O
Felipe veio nos cumprimentar e o Rodrigo estava junto. Aproveitei e
os apresentei para todos que ainda não os conheciam.
– Pessoal, esse é o aniversariante mais lindo e mais amado
do mundo. – Falei enquanto o abraçava. – E este é o Rodrigo
namorado dele.
Depois que os apresentei, notei que o João olhou
assustado. Fiquei apreensiva, pensando que ele pudesse ser um
desses homens preconceituosos, mas ele não disse nada. Até
cheguei a comentar baixinho com a Cléo, mas ela disse que ele não
era do tipo “macho escroto”.
Permanecemos lá conversando e brincando. Um tempinho
depois, o João disse que precisava ir ao banheiro. Aproveitei para
comentar com a Lívia:
– Nossa, ele é tímido né?! Quase não conversa.
– Sim. – Ela sorriu e continuou. – Mas daqui a pouco o
álcool faz efeito e ele começa a interagir mais.
– Ah, sim. – Falei com divertimento.
O Felipe já estava se acabando na pista de dança e eu já
não estava me aguentando de vontade de ir também. E assim fiz.
Adoro dançar, mesmo que não saiba muito bem. Mas gosto de
pensar que sou boa nisso. Dançamos até ficarmos suados. Quando
o DJ tocou “Work from Home” das Fifth Harmony, tive que buscar a
Cléo na mesa para que ela dançasse comigo. Nós amamos essa
música e geralmente a dançamos em casa entre uma faxina e outra.
Quando o refrão começou, cantamos junto e nos acabamos mais
ainda, reproduzindo algo semelhante a coreografia delas no clipe.
Acredito que, olhando de fora, tenha saído algo bem sensual.
Quando a música estava chegando no fim, a Cléo comentou:
– Os dois não param de olhar pra gente.
Olhei para a mesa e vi que realmente o Heitor e o Gabriel
estavam nos olhando. Ambos com meio sorrisinho no rosto e olhar
semicerrado. Gargalhei.
– Acho que estão com pensamentos indecentes. – Falei
para ela, utilizando a frase que ela mesma gostava de falar.
– Você acha? Eu tenho certeza. – Ela me respondeu
também gargalhando.
Eu não estava bebendo álcool, mas como já tinha bebido
bastante água e suco, assim que a música acabou, fui procurar um
banheiro.
A fila para os banheiros de dentro do salão estavam
enormes. Uma colega que estuda comigo, que chegou logo atrás de
mim, comentou que lá fora havia uma área com churrasqueiras com
dois banheiros.
Corremos para lá. Ela entrou em um e entrei no outro.
Demorei um pouco porque vestia uma saia longa e não queria que
ela arrastasse no chão, então a retirei completamente. A saia era
verde, estampada com flores bege e rosa, e tinha uma fenda na coxa
esquerda. Além disso, vestia também um cropped branco bem
decotado e um cinto bem largo. Quando terminei e abri a porta,
quase morri de susto ao sentir dois braços me empurrando
afoitamente para dentro de novo. Cheguei a dar meio grito antes de
perceber que era o Gabriel.
– O que você está fazendo? Tá doido?
Ele não me respondeu. Trancou a porta, me agarrou e me
beijou intensamente enquanto tateava o meu corpo, subindo minha
saia até a cintura. Foi impossível não sentir a ereção dele roçando na
minha barriga. Ele me virou de costas para si, colocando as minhas
mãos apoiadas na pia.
– O que você pensa... que está... fazendo? – Perguntei
ofegante, conforme ele chupava meu pescoço e me encarava pelo
espelho.
Ele não me respondeu. Apenas sorriu maliciosamente,
enquanto desabotoava a própria calça e abaixava o zíper.
– Alguém pode nos ver. – Falei tentando convencer mais a
mim mesma, mesmo que já estivesse empinando a bunda para trás
e arqueando as costas.
– Então acho bom você controlar os seus gemidos... –
sussurrou no meu ouvido – porque aí podemos dar a desculpa de
que você estava passando mal e precisei te ajudar segurando o seu
cabelo.
É, me parece uma boa ideia...
O Gabriel tirou uma camisinha do bolso, rasgou a
embalagem com a boca e a colocou. Ele arredou minha calcinha
para o lado e me penetrou em seguida. Eu só podia estar virando
uma ninfomaníaca, porque não rolou praticamente nenhuma
preliminar e já estava encharcada. Sem falar que, antes dele, nunca
tinha transado com ninguém em uma festa ou em um carro.
Senti meu ventre contraindo e me agarrei mais ainda na pia,
enquanto o admirava pelo espelho. Ele me segurava pela cintura e
também me encarava pelo espelho. A medida que a intensidade das
penetrações aumentava, meu corpo arqueava mais para frente. De
fato, conseguimos reprimir nossos gemidos, havendo apenas o
barulho proveniente da penetração. Não sei por quanto tempo
permanecemos lá, mas quando senti meu orgasmo se aproximando,
mordi o lábio inferior com tanta força que doeu. Tudo isso para evitar
qualquer ruído que indicasse o que estávamos fazendo ali. Talvez ele
tenha percebido, porque se inclinou todo sobre mim, virou meu rosto
para si e me beijou, sem deixar de se mover. E isso era tudo que eu
precisava para gozar. Senti meu corpo todo arrepiando, à medida
que ondas de prazer se espalhavam por ele. Segundos depois, pude
sentir o Gabriel estremecendo atrás de mim, ao passo que se
agarrava mais forte na minha cintura.
Enquanto arrumávamos nossas roupas, alguém mexeu na
maçaneta.
– Tem gente. – Gritei.
Meu boy sorriu maliciosamente para mim e me beijou de
novo.
– E bota gente nisso. – Falou baixinho.
Esperamos mais alguns minutos e saímos. As poucas
pessoas que estavam ali perto, não pareceram notar que saímos do
banheiro juntos.
Ao sentarmos de novo na mesa, a Lívia nos perguntou:
– Onde vocês estavam, hein?
O Gabriel respondeu na minha frente.
– Estávamos olhando o lago.
– Ah, sim. – Ela sorriu. – Com essas caras de quem
acabaram de transar.
A Cléo gargalhou e eu engasguei no meu suco. O Gabriel,
por sua vez, nem se abalou e continuou sorrindo.
– Gente – começou a Cléo – não tem nada que passe
despercebido pela Lívia. Nós não sabemos como ela descobre
certas coisas, mas ela simplesmente sabe. Acho que ela é vidente.
– Parem com o drama. Eu só apenas observo as coisas. O
Gabriel estava aqui fazendo uma poça de baba no chão enquanto a
Emily dançava. Quando ela saiu, ele saiu correndo atrás dela, como
se fosse apagar um incêndio. Deduzi que se tratava do incêndio dele
mesmo. – E riu de deboche.
Apesar de um pouco constrangida, também ri. Olhei para a
cara do Gabriel, mas ele não estava nem um pouco preocupado de
termos sido descobertos. Estendeu as duas mãos para o alto, e as
bateu contra as da Lívia.
– É isso aí, minha amiga. Você é muito perceptiva.
Apenas sacudi a cabeça me conformando.
Fazer o que né...
Capítulo 17

Gabriel

Estava curtindo bastante a festa de aniversário do amigo da Emily.


Ela tinha acabado de se levantar para cumprimentar alguns amigos
algumas mesas atrás, quando avistei o Diego chegando na festa.
Imaginei que veria a noiva dele logo atrás e continuei olhando,
pensando em chamá-los para se sentar conosco. Não sabia se ele
estava bolado comigo, mas gosto bastante dele e gostaria que não
ficasse nenhum clima ruim entre nós, afinal, a Emily namorava o
irmão dele, não ele. Para a minha surpresa e total decepção, quem
surgiu logo atrás dele foi o Leandro. Eu ri, mas sem achar nenhum
pingo de graça e perdi completamente a vontade de conversar.
– O que foi, Gabriel? Por que de repente você ficou com
essa cara de bunda? – A Lívia me perguntou.
Não tive tempo de responder, mas também nem saberia o
que dizer. Aquele sentimento, que não sei nem definir qual era, ainda
era muito novo para mim. Foi o Heitor quem respondeu, sem
disfarçar a cara de deboche.
– O ex-namorado da Emily acabou de chegar, por isso ele
está assim.
No mesmo instante a Lívia e o namorado se viraram na
cadeira.
– Vocês dois conhecem o significado da palavra discrição?
– Perguntei de mau humor.
Ambos riram e continuaram olhando. Deduzi que o Diego já
havia contado para o Leandro que nós estávamos juntos, mas tinha
certeza que a Emily iria querer evitar qualquer demonstração de
carinho, quando visse que o ex estava na festa.
Para piorar meu humor, quando o Leandro viu o Heitor e a
Cléo, não pensou duas vezes em ir até nós para cumprimentá-los.
Óbvio que nem na minha cara ele olhou. Tocou na mão do Heitor,
abraçou a Cléo e deu um aceno de cabeça para a Lívia e o João. O
Diego demorou a se aproximar, por estar conversando com um
pessoal ainda na entrada. Quando também veio até nós, ele nos
cumprimentou e a Cléo decidiu apresentá-lo ao João e a Lívia. Disse
que ele era amigo da Emily e que o Leandro era irmão dele, sem
mencionar o relacionamento dos dois.
Eles saíram de perto para cumprimentar o aniversariante,
mas não passou despercebido o olhar de ódio que o Leandro deu na
minha direção. Senti uma satisfação bem grande com aquilo, mesmo
sabendo o quão infantil aquilo era.
– Então é esse Diego que você pegou há uns meses atrás?
– A Lívia perguntou a Cléo.
Não contive o riso quando olhei para o Heitor e vi ele
repreendendo a irmã com os olhos. Realmente, a Lívia não perde
uma oportunidade. A Cléo revirou os olhos e não respondeu. Foi o
João quem falou em seguida.
– Quantas vezes esses homens passaram na fila da
beleza? Eles são muito lindos!
Se ele estivesse falando de qualquer outro homem, eu
acharia maneiro. Afinal de contas, é difícil ver um homem hétero
elogiando outro. A maioria fica com vergonha de assumir o que
pensa. Só que um deles era o ex da minha namorada e não
consegui mais esconder o meu ciúme.
– Muito prudente da sua parte elogiar o ex na cara do atual.
– Falei de mal humor.
Ele riu tanto que os seus olhos até lacrimejaram. De fato, a
Lívia tinha razão. Depois de um pouquinho de álcool, ele ficava mais
conversado.
– Não se preocupe. – Ele me respondeu assim que
conseguiu parar de rir. – São dois morenos espetaculares, mas você
é mais bonito!
– Obrigado, cara, agora me sinto mais confortável. –
Respondi achando graça.
A Cléo ria bastante, mas a Lívia de repente ficou séria e o
Heitor alternava o olhar de um para o outro, analisando ambos.
O assunto mudou, mas eu não conseguia prestar atenção.
Não conseguia tirar os olhos da Emily. Sabia que assim que o
Leandro tivesse uma oportunidade, iria tentar conversar com ela. E
acertei. Quando ela saiu da mesa do pessoal que estava
conversando, ele a interceptou no meio do caminho. Não consegui
evitar de me mexer inquieto na cadeira.
– Calma, mano, eles só estão conversando. – O Heitor
comentou se divertindo, mas falando apenas para eu ouvir. – Nem
acredito que vivi para ver você se corroendo de ciúmes. Achei que
você fosse imune a esse sentimento.
– Também achava, mas me enganei. E ouvir que o cara é
muito lindo não ajudou muito. – Falei brincando.
Ele riu.
– Ele é bonito, mas você é mais, mano. E é de você que ela
gosta. Ou você está com medo dele ficar cantando ela, exatamente
como você fazia?
– É para isso que servem os amigos, né? Para jogar
verdades na cara da gente... obrigado, cara. Sei que fiz errado, mas
faria tudo de novo porque nós nascemos um para o outro.
Ele gargalhou.
– Então agora você é romântico e acredita em destino?
– Sempre fui. Não sei porque ninguém acredita nisso.
– Tá bom. – Respondeu dando de ombros.
A Emily retornou para a mesa e evitei qualquer tipo de
contato romântico. Ela chegou a me perguntar se estava tudo bem e
respondi que sim. Vez ou outra, eu dava uma olhada para o Leandro
e ele sempre estava olhando para nós.
Fomos embora por volta das 3:00h da madrugada. Já
dentro do carro, ela me perguntou de novo se estava tudo bem,
enquanto dirigia para a casa dela.
– Está tudo certo, princesa. – Reafirmei.
– Obrigada por não ter ficado jogando na cara dele que
estamos juntos.
Assenti, sem mencionar que a minha vontade foi de fazer
exatamente o contrário. Nós fomos para o apartamento dela e dormi
lá. No dia seguinte, passamos praticamente o domingo inteiro na
cama.
Já na segunda-feira, retornei ao trabalho. Naquele mesmo
dia, descobri que precisaria viajar já no dia seguinte para Balneário
Camboriú, para fazer um reparo em umas torres de rede de
transmissão. Quando contei a Emily, ela não curtiu muito.
– Nossa, mas você vai ficar lá até que dia?
– Vou ficar fora durante quinze dias – menti.
– Meu Deus! Vou morrer de saudade! – E se jogou nos meus
braços.
Estávamos no meu apartamento, sentados no sofá da sala.
Ela tinha ido para lá se despedir da Lívia e do João, chegando antes
de mim.
– É mentira princesa. Vou ficar só até sexta.
– Ah, ainda bem. – E continuou me beijando.

Na terça-feira, eu já tinha pousado em Santa Catarina, quando


a Mari me ligou aos prantos. Ela não conseguia nem falar direito.
Disse que a sua cachorrinha havia internado no domingo e que tinha
acabado de falecer. Com muita dificuldade, perguntou se tinha como
eu buscar o corpinho dela no hospital veterinário. Expliquei a ela que
estava viajando e que iria pedir a Emily para fazer isso.
– Não... não quero... incomodá-la. – Falou entre os soluços.
Respondi que não era incômodo, que se a Emily não pudesse,
iria me falar. Liguei para ela assim que desliguei com a Mari.
– Oi, príncipe. Já está com saudade?
– É claro, princesa. Já estava antes mesmo de sair daí. Mas
tô te ligando para pedir um favor, se você puder. A cachorrinha da
Mari morreu e ela está sem condições mentais de buscá-la na
clínica. Além disso, ela não tem carro. Será que você teria algum
tempinho para ir lá e tudo mais.
A Emily estava com o meu carro porque tinha me levado até o
aeroporto bem cedo. Falei que era para ela passar a semana com
ele até eu voltar, porque facilitaria o cronograma dela.
– Claro que sim! Com certeza.
– Então liga para ela e resolve essa parada pra mim. Você
tem o número dela, né?
– Tenho. Vou ligar agora e falar que de tarde estarei disponível
para ela. A Sabrina já está trabalhando normalmente e não preciso ir
ao salão, mas a faculdade não posso faltar.
– Ok, princesa. Obrigado. A gente se fala mais tarde. Beijo.
– Beijo.
Sabia que a Emily não recusaria ajudar. Além da minha
mulher ser uma pessoa maravilhosa, ela se compadece muito desse
tipo de coisa. Também sabia que ela seria a melhor pessoa para
confortar a Mari, diferente de mim. Sempre que algum animal dela
morre, eu nunca sei direito o que fazer e como agir. A Mari, por sua
vez, sempre fica do mesmo jeito: desolada. Desde que éramos
crianças, ela sempre teve animais de companhia e vez ou outra
precisava enfrentar esse tipo de situação. Como na casa dela nem a
mãe, nem a irmã possuem carro, eu sempre estava envolvido.
Mais tarde ligaria para as duas, para verificar se tinha dado
tudo certo.
Capítulo 18

Emily

Liguei para a Mari e peguei o endereço da clínica. Fiquei morrendo


de dó porque ela não conseguia nem falar direito. Só chorava. Só de
ouvi-la, desandei a chorar também. Sabia que quando a visse
pessoalmente, seria muito pior.
Peguei o corpinho da cachorrinha na clínica e eles me
entregaram ela em uma caixinha de papelão. Havia também uma
cartinha para a Mari, que fui fazer a besteira de ler. Chorei uns dez
minutos direto depois disso. Só conseguia pensar no momento em
que vivenciaria aquela situação com o Salem e o Louis. Mesmo que
o Louis fosse da Cléo, eu o amo do mesmo jeito que amo o Salem.
Depois que consegui parar de chorar, dirigi para a casa da
Mari. Quando estacionei, vi ela sentada no jardim olhando para o
nada. Na hora em que ela me viu, já entrou em prantos
imediatamente. Fiquei me segurando para não cair no choro
novamente, porque o que ela não precisava naquele momento, era
uma pessoa que ela mal conhecia chorando desesperadamente, ao
invés de consolá-la.
– Eu sinto muito, Mari. – Falei indo abraçá-la, tentando conter
o nó na garganta.
Ela se jogou nos meus braços e chorou bastante.
– Desculpa... te incomodar..., mas...
Não esperei que ela terminasse de falar e respondi que não
era incomodo nenhum. Quando ela se acalmou um pouco, peguei a
caixinha dentro do carro e a cartinha. Óbvio que quando ela pegou,
voltou a chorar mais. Fiquei pensando se ela estaria em casa
sozinha e resolvi perguntar.
– Você está sozinha?
– Não. Minha irmã está no quarto dela. – Respondeu secando
as lágrimas. – Não consegui ir trabalhar hoje e ela não conseguiu ir
para a aula.
– Quantos anos ela tem? – Perguntei.
– Quatorze.
– Ah, entendi. Ela é bem mais nova. Você é da idade do
Gabriel, né?
– Sou um ano mais nova que ele, tenho 26.
– E o que você vai fazer com o corpinho dela?
Ela derramou mais algumas lágrimas antes de me responder.
– Vou esperar algum vizinho meu chegar para enterrá-la aqui
no jardim. Nesse horário estão todos trabalhando.
Olhei no relógio e eram 14:28h. Até alguém chegar, já seriam
mais de 18:00h com certeza. Além disso, ela ia ter que contar com a
boa vontade das pessoas. Não sabia como eram os vizinhos dela,
mas imaginei que não fosse uma boa ideia esperar.
– Mas e se você não conseguir ninguém para isso? Não mora
nenhum homem com você, né?
– Não. Somos só nós três. Eu, minha mãe e minha irmã. Meu
pai faleceu quando a minha irmã tinha dois anos. Sinceramente, não
sei a quem pedir. Geralmente quem lida com essa situação para mim
é o Gabriel.
Como se já não houvessem motivos suficientes para eu gostar
mais desse homem...
Comecei a pensar nele e nos meus sentimentos por ele. Já
estava com saudade.
Será que eu já o amo?
A Mari me tirou dos meus pensamentos, quando perguntou:
– Será que se eu não conseguir alguém, o Heitor faria isso por
mim?
Com certeza, ele faria de boa vontade. Mas sabia que ele
costumava chegar mais tarde do trabalho do que o Gabriel, por volta
de umas 19:30h. Fiquei me perguntando mentalmente se seria uma
boa esperar até lá.
– Bom, Mari, acho que ele faria sim. Mas acho que não deve
ser difícil. Você tem aí aquelas pás de jardineiro? Posso tentar eu
mesma.
Ela respondeu um “tenho” em meio a novos soluços e foi
buscar a ferramenta. Aproveitei e dei uma pesquisada rápida na
internet sobre como enterrar um animal.
Quando ela voltou, pedi que me mostrasse onde ela queria
que eu cavasse.
– Você não quer chamar a sua irmã para se despedir?
– Já chamei, ela não quer ver.
– Entendo.
Comecei a cavar e rapidinho abri um buraco de mais ou
menos meio metro. Pensei que seria bem mais difícil. A Mari ficou
surpresa e ao mesmo tempo, muito grata.
– Você é forte, hein?! Acho que daria muito certo como
jardineira. – Brincou.
Mas assim que tirei a doguinha da caixa, ela voltou a chorar
bastante. Nesse momento, também não consegui mais me conter e
chorei junto com ela.
Ela deu um beijinho na testa da bichinha e a colocou no
buraco. Enquanto eu cobria o corpinho com terra, a Mari observava
sentada na escada da varanda, chorando silenciosamente.
Escutei uma moça se aproximando do portão quando eu
estava quase acabando, perguntando o que havia acontecido.
– A Mel morreu... – Ela respondeu com dificuldade.
A moça abriu o portão e entrou, a abraçando em seguida.
– Sinto muito, querida! Sei como vocês a amavam, mas
infelizmente, a morte faz parte da vida.
A Mari assentiu e a moça continuou a acalentando, até que
perguntou:
– Cadê o meu filho?
– Ele não está aqui, está viajando. Ele não te falou?
– Falou sim. Foi para Balneário Camboriú, né? Mas pensei
que esse carro aí na frente fosse o dele.
Ai, Jesus, ela é a mãe do Gabriel...
– É o dele sim, a Emily que veio me ajudar dessa vez. – E
apontou para mim.
Pensei que ela fosse perguntar algo do tipo: “quem é Emily?”,
mas ela se virou para mim, sorriu amigavelmente e disse:
– Então é hoje que eu vou conhecer a minha nora?
Sorri completamente sem graça. Não esperava conhecer a
mãe do Gabriel naquele dia, nem naquelas circunstâncias e também
não me lembrava que ela era vizinha da Mari.
– Ei, Sonia, tudo bem? – Falei bem sem graça. – Eu te daria
um abraço, mas não estou muito em condições.
Eu estava suada, com a roupa que tinha ido na academia,
cheia de terra, e com a cara toda molhada por lágrimas e suor.
Depois que falei o nome dela, me bateu um medo de ter me
confundido, mas logo depois, ouvi a Mari dizer:
– A Emily é uma querida, Sonia. Não hesitou nem um
segundo antes de vir me ajudar.
Pelo menos não errei o nome...
– Emily, acabei de chegar do trabalho, mas em meia hora
preparo um café para nós. Quantos minutos até você terminar, uns
quarenta? – Ela me perguntou, enquanto olhava um pouco
espantada a pá na minha mão.
Fiquei sem saber o que dizer e já estava prestes a inventar
alguma desculpa, mas a Mari não me deu essa chance.
– Até menos. Quando ela terminar, ela vai tomar um banho
e em seguida vou levá-la até lá.
Sorri para a Sonia, tentando disfarçar meu constrangimento.
Ela sorriu de volta de um jeito que lembrava bastante o filho.
– Então até daqui a pouco. – Fez sinal de tchau para mim e
foi embora.
Depois que ela saiu, comentei com a Mari:
– Eu não estava preparada para isso.
– Percebi pela sua cara. – Sorriu. – Mas ela é muito fofa,
não se preocupe.
Depois que me lembrei que eles eram vizinhos, pensei que
se eu não tivesse cavado o buraco, possivelmente o pai do Gabriel
não se recusaria a ajudar.
A irmã da Mari surgiu na porta antes que eu jogasse as
últimas pás de terra por cima do túmulo improvisado. Elas se
abraçaram e choraram juntas.
– Mais um anjinho, Rafa. – A Mari comentou enquanto
acariciava o braço da irmã.
– Mais um. – Ela respondeu.
Quando terminei, a Mari me fez tomar um banho e vestir
umas roupas dela. Apesar de ser mais magra que eu, as roupas não
ficaram ruins. Mandei uma mensagem para o Gabriel dizendo que
tomaria um café com a mãe dele e que estava um pouco nervosa.
Ele me respondeu com um “Boa sorte” que me deixou ainda mais
ansiosa.
A Mari me levou até a casa dos meus sogros, abriu o portão
e eu entrei. Quando me virei para falar com ela, ela já tinha o
fechado e estava indo embora.
– Onde você vai? – Perguntei assustada.
– Embora, ué. Mesmo que estivesse em condições de
socializar hoje, a sua sogra quer conhecer você, não a mim. Mas
antes de ir embora, passa lá em casa de novo, viu?
Eu ia protestar, mas ela não deixou. Gritou um “Sonia” bem
alto assim que terminou de falar e correu para a casa dela.
A mãe do Gabriel apareceu na porta da garagem no mesmo
instante e me disse para entrar por ali. Muito sem jeito, entrei e abri
os braços para ela.
– Agora tenho condições de te dar um abraço.
Ela retribuiu carinhosamente. Antes de sentarmos para tomar
café, ela me levou para conhecer a casa, que era bem grande por
sinal. A casa em si, era de um tamanho normal, três quartos, uma
sala pouca coisa maior que a do meu apartamento com a Cléo, com
a cozinha sendo só um pouco maior que a sala. Contudo, o conjunto
era bem grande. Havia um jardim semelhante ao da casa da Mari,
uma garagem que cabia dois carros e um quintal bem espaçoso,
com área para churrasco e piscina.
– Amei sua casa, Sonia. Mas é bem grande e os muros não
são altos, nunca alguém entrou aqui? – Perguntei curiosa.
– Já entraram sim, antes do Peter é claro.
– Quem é Peter?
– Vou te levar até ele, aí você aproveita e conhece o quarto do
Gabriel.
Só de falar no nome dele, voltei a ficar com saudades. Mas
quando entrei no quarto dele, só tive olhos para a criatura enorme
que estava em cima da cama.
– Meu Deus, que cachorro grande! – Falei um pouco
espantada com o tamanho.
O Peter, por sua vez, levantou apenas a cabeça,
permanecendo deitado de lado.
– Você não tem medo, né? – A Sonia me perguntou.
– Não. Era para ter? Ele não parece bravo.
A Sonia gargalhou.
– Ou não... – Falei tentando compreender a gargalhada.
– Eu tô rindo porque você é a primeira pessoa que fala isso.
Todo mundo treme só de olhar para ele. Mas de fato, ele não é
bravo. – Ela esticou a mão para ele o chamando. – Peter, vem aqui
cumprimentar a Emily.
Ele se levantou na mesma hora e foi até mim, balançando o
rabo. Eu o acariciei, dando um beijinho na ponta do seu focinho. Ele
curtiu bastante meu carinho que até sentou, exatamente em cima do
meu pé direito.
– Ele é da raça do Scooby Doo, né? – Perguntei.
– Sim, é um Dogue Alemão.
A Sonia ordenou que ele deitasse na cama novamente e
voltou a me mostrar o quarto do meu namorado. Tinha um guarda-
roupas antigo, uma cama de solteiro e uma cômoda com vários
porta-retratos e um aparelho de som em cima. Vi várias fotos do
Gabriel criança e minha saudade aumentou.
Meu Deus, não tinha nem vinte e quatro horas que ele tinha
viajado...
Depois que parei de analisar o quarto, voltei a olhar o Peter.
– Mas se ele não é bravo, como pode espantar possíveis
invasores?
– Porque além de ter um latido assustador, ninguém quer
pagar para ver se ele realmente não é de nada. – Ela riu.
– Quantos anos ele tem?
– Apenas quatro.
– Você é tão lindo, Peter! – Falei já me jogando em cima dele.
A Sonia riu. Deve ter pensado que eu era doida. Escutei uma
voz vindo de trás dela e me virei para olhar.
– Olá, Emily. Que prazer te conhecer pessoalmente.
Vi uma mulher grávida chegando por trás da Sonia, então
deduzi que era a Fernanda.
– O prazer é todo meu, Fernanda. – Falei me levantando indo
abraçá-la.
A Sonia me explicou que havia chamado a Fernanda para o
café, enquanto eu ainda estava na Mari. Comentou que queria muito
que eu conhecesse o pai do Gabriel também, mas ele chegava do
trabalho só a noite. Depois que terminei de cumprimentar a
Fernanda, ela me olhou com um olhar de diversão que também
lembrava bastante o Gabriel.
– Agora que já nos cumprimentamos, pode voltar a dormir de
conchinha com o Peter, não quis atrapalhar. – Comentou rindo.
– Não, não. Não está na hora de dormir para reles mortais. Só
o Peter tem esse privilégio. – Respondi entrando na onda.
Permaneci lá por aproximadamente uma hora e meia. Nós
três conversamos bastante. Todas as duas são muito gentis e já
sabiam bastante sobre mim. A Fernanda me contou que o Gabriel já
falava muito no meu nome antes mesmo de começarmos a namorar
e aquela informação me deixou toda boba. Nós trocamos telefones e
prometemos estar sempre em contato.
Antes de voltar para a casa, passei de novo na casa da Mari,
como ela havia me pedido. Ela me agradeceu novamente e disse
que estava muito feliz por eu e o Gabriel estarmos juntos. Perguntou
se eu gostaria de ficar para jantar, mas eu disse que precisava ir
embora. Nos despedimos e eu parti para a minha casa.
Na quarta-feira, cheguei na academia no meu horário de
sempre. Nos dois dias anteriores, tinha ido em horários diferentes ao
habitual porque sabia que o Diego tinha aluna de personal antes e
depois de mim. Eu geralmente treinava com ele às 07:00h porque ele
já tinha outra aluna às 06:00h. Então, fiz questão de chegar às 06:20
na terça. Já na segunda, fui às 8:00h. Mas eu não conseguiria fugir
dele para sempre então avisei que poderia ir no meu horário normal
naquele dia. Ele já estava me esperando na entrada.
– Oi. – Falei meio sem graça. – Você está chateado comigo?
– Não tenho motivos para estar chateado com você. A vida é
sua e seu relacionamento com o meu irmão, ou no caso agora, com
o Gabriel, não me diz respeito. Odeio que se metam na minha vida
amorosa, então pode ficar tranquila que não farei o mesmo com
você. – Falou sorrindo carinhosamente.
Apesar do que ele disse, não me senti reconfortada.
– Obrigada. Mas se você estivesse magoado comigo, eu
entenderia.
– Óbvio que preferia que você estivesse com o meu irmão,
porque ele ainda gosta de você e não queria vê-lo sofrendo, mas o
Gabriel parece ser um cara maneiro.
– Ele é. – Respondi. – Posso te fazer uma pergunta? –
Continuei.
– Claro. Manda.
– Foi você que quis levar o Leandro na festa do Felipe, ou ele
quem se convidou?
– Um pouco dos dois. Ele disse que o Felipe já havia o
convidado antes de vocês terminarem. Além disso, eu e a Isabela
rompemos e não queria ir sozinho. Por quê? Você não gostou de ele
ter ido?
– Não é isso, só fiquei curiosa mesmo. – Respondi fazendo
questão de mostrar que era sincero. – Então você está solteiro,
ham? – Aproveitei para mudar de assunto.
– Sim, mas dessa vez é para valer.
– O que houve?
– O mesmo de sempre, mas eu estou cansado e agora
cheguei ao meu limite. Tenho quase trinta anos e não consigo mais
aguentar as criancices dela. Sem falar nos barracos.
Como eles moravam juntos, perguntei o que ele iria fazer
com o apartamento.
– Como é alugado e o contrato precisará ser renovado
daqui há dois meses, decidi que vou entregar. Vou guardar as
minhas coisas no meu antigo quarto, na casa dos meus pais e talvez
volte a morar lá. Ou talvez eu vá morar com o Leandro. Não tenho
ideia ainda. Deixei ela ficar lá enquanto também decide o que vai
fazer e estou dormindo de novo na casa dos meus pais.
– Entendo.
Nós continuamos conversando durante o meu treino. O
Diego parecia bem decidido, ao contrário de todas as outras vezes
que havia brigado com a noiva. Fiquei feliz por ele, afinal, estava
parecendo até mais leve. Também fiquei feliz por ver que a nossa
amizade não tinha ficado abalada pelo fim do meu relacionamento
com o seu irmão.
A semana correu e na sexta-feira a Mari me ligou. Depois que
a ajudei com a cachorrinha, conversamos todos os dias por
mensagem. Eu perguntava como ela estava e ela respondia que
estava tudo bem. Quando me ligou na sexta, disse que queria tomar
um café comigo para me entregar um negócio que eu tinha
esquecido na casa dela. Achei estranho, pois não tinha dado falta de
nada. Eu precisava resolver algumas coisas no salão à tarde, então
marquei com ela na padaria que tem lá perto. Quando cheguei, ela já
estava sentada em uma das mesas, me esperando. Nós nos
abraçamos e me sentei com ela.
– Você está melhor? – Perguntei.
– Estou sim. Marquei de te encontrar porque queria te
agradecer novamente por tudo. Trouxe essa lembrancinha para
você, em sinal de agradecimento.
Ela estendeu a mão para mim e me entregou uma sacolinha
de papel pequena.
– Ah, Mari, imagina! Não precisava se preocupar com isso.
Ela me disse que usou a desculpa de que eu tinha esquecido
algo na casa dela, porque se dissesse que tinha comprado algo para
mim eu não iria aceitar. Quando abri, fiquei mais que feliz com o
presente. Era um cordão dourado com um pingente de gato.
– Meu Deus, Mari, eu amei! Mas realmente não precisava se
preocupar com isso.
– Eu sei, mas mesmo assim quis comprar essa lembrancinha
para você.
Nós permanecemos lá conversando por um bom tempo. Eu
tinha lavado as roupas que ela havia me emprestado e aproveitei
para devolvê-las. Também fiz questão de saber como a irmã dela
estava, já que ela pareceu ter ficado até mais abalada do que a Mari.
– Ela está melhor, sempre fica destruída nessas situações,
mas logo se conforma.
A Mari me contou que o garoto que ela estava ficando tinha
a pedido em namoro no dia seguinte à morte da Mel, o que ajudou a
melhorar o estado de espírito dela.
– Sei que vou parecer a minha mãe falando, mas, ela não é
muito nova para namorar? – Perguntei.
– É, Emily, a gente vê que está envelhecendo quando começa
a fazer esse tipo de pergunta. – E riu. – Confesso que me assustei
quando ele chegou lá em casa querendo falar comigo e com a minha
mãe. Só que aí me lembrei que dei meu primeiro beijo com doze
anos e entendi que já está na hora mesmo. Além disso, a Rafa fará
quinze em janeiro.
– Foi com o Gabriel o seu primeiro beijo? – Perguntei sorrindo.
Ela sorriu um pouco sem graça.
– Não, foi com um amigo dele. Mas ele comentou comigo que
te contou que a gente já ficou algumas vezes, né?
– Eu não diria que foi ele. – E ri. – Mas não se preocupe, não
tenho ciúmes. Quero dizer, não mais. Antes de te conhecer, confesso
que tive um pouco.
Ela sorriu com um semblante mais tranquilo.
– Ah, graças a Deus! Tinha muito medo de que quando ele
arrumasse uma namorada, ela não gostasse de mim.
– Não é o meu caso. – Garanti.
A Mari estava sentada de frente para o balcão da padaria e
toda hora dava uma olhadinha para lá. Até que comentou:
– Nossa, tem um cara muito lindo ali que não para de olhar
para cá. Só espero que ele esteja olhando para mim. – E riu.
Eu ri também, mas quando me virei para olhar, meu sorriso
desapareceu porque era o Leandro. Ele acenou para mim e acenei
de volta, nós dois bem constrangidos.
– É, pelo visto não era para mim. – Comentou bebericando o
café.
– É o meu ex. – Expliquei
– Nossa, ele é muito lindo. Está a um bom tempo olhando
para cá. Chegou pouco tempo depois da gente. E se prepara porque
ele está vindo na nossa direção.
– Oi, Emily! – Escutei alguns segundos depois.
– E aí, Leandro, tudo bem?
Nós conversamos um pouquinho, perguntei se estava tudo
bem e ele fez o mesmo. Também o apresentei à Mari, e quando o
silêncio ficou constrangedor, o convidei a se sentar com a gente.
– Não, obrigado. Já estava de saída e só passei para falar
um oi. Foi bom te ver, Emily.
Me levantei e o abracei novamente. Quando ele saiu, a Mari
comentou zoando:
– Que torta de climão! – E riu.
– Ah, nem me fale, não queria em momento algum que ele
sofresse, ele é um cara muito bacana. É estranho ele estar aqui,
essa padaria é bem fora de mão para ele. – Falei achando esquisito.
– Talvez ele tenha vindo para tentar te ver.
– Será?
Primeiro achei que não, mas depois que pensei melhor, vi
que aquilo fazia todo o sentido. O trabalho do Leandro não era ali
perto e a casa dele muito menos, mas não me estendi mais sobre
isso com a Mari.
Quando acabamos de comer, nós nos despedimos e voltei
para o salão. O Gabriel pousaria de noite, eu iria buscá-lo no
aeroporto e já estava morrendo de saudade.

O voo do Gabriel chegou por volta das 20:00h e chegamos


no apartamento dele em torno de uma hora depois. Depois de
trocarmos bastante carícias, ele me entregou um presente que havia
comprado para mim na viagem. Quando abri a caixinha de veludo,
fiquei encantada. Havia três pares de brincos. Dois pares eram em
formato de patinhas – daqueles que ficam colados a orelha – e o
outro par era maiorzinho e tinha um gatinho pendurado na ponta.
– Nossa, eu amei! – Falei realmente encantada.
Como tenho três furos em cada orelha, daria super certo.
Além disso, os brincos eram dourados e combinariam com o meu
piercing de argolinha – também dourado – que tenho na parte
superior da minha orelha direita. Também combinariam bastante com
o cordão que a Mari havia me dado. Ao pensar nisso, imaginei que
ela tivesse comentado com ele sobre o presente e ter influenciado na
escolha dele, então resolvi perguntar:
– Foi a Mari quem te ajudou a escolher?
– Não. Eu tinha saído para jantar com um amigo meu e ele
entrou numa joalheria para comprar um presente para a esposa.
Pensei que a minha namorada também ia curtir um presentinho e
quando vi esses brincos, não tive dúvidas. Você acha que não sou
capaz de escolher um presente para você sozinho? – Perguntou
fingindo estar ofendido.
– Não é isso. Só perguntei porque a Mari me deu um cordão
de gato hoje e achei muita coincidência.
Mostrei a ele o cordão e ele ficou visivelmente feliz em ver
que nós duas estávamos nos dando bem.

No final de outubro, também levei o Gabriel para conhecer


meus pais. A princípio, fiquei meio tensa, com medo da minha mãe e
do meu pai acharem que eu estava começando um novo
relacionamento rápido demais.
Mas quando vi o quanto o Gabriel havia os conquistado, me
esqueci que tinha ficado com medo. Meu pai e o Gabriel passaram
um bom tempo discutindo sobre futebol e pareciam melhores
amigos, mesmo que torcessem para times rivais. Com a minha mãe
também não foi diferente. Ele ganhou um pouco do coração dela ao
chegar, primeiro quando a chamou pelo nome – Regina – se
referindo a ela usando sempre “você” e não “senhora”. Depois,
quando lhe entregou o presente que havia comprado, que era um kit
de cremes para o corpo, mão e rosto. Ela simplesmente o amou. Na
hora do almoço, ele terminou de conquistá-la quando repetiu a
comida três vezes, sempre dizendo que estava uma delícia. Minha
mãe ficou radiante com a espontaneidade e carisma dele.
Depois do almoço, nós quatro nos sentamos na sala para
assistirmos televisão e conversarmos mais um pouco. O Gabriel
fixou o olhar nos porta-retratos na estante e permaneceu quieto
durante um tempo. Por fim, resolveu perguntar:
– Quem é essa criança nas fotos?
Ninguém entendeu a pergunta, muito menos eu.
– Como assim quem é? – Falei incrédula. – Sou eu, ué.
Ele me olhou, depois olhou de novo para a foto.
– Mas a criança dessas fotos é praticamente loira, tem um
cabelo castanho claro e você é ruiva. – Retrucou parecendo
realmente não acreditar que era eu.
Eu e minha mãe não nos aguentamos e caímos na
gargalhada. Foi meu pai quem respondeu.
– Filho, apesar de você ser homem, acredito que já tenha
ouvido falar de tintura de cabelo. – Respondeu com divertimento.
Ele olhou para o meu pai, depois me olhou em seguida.
– É isso mesmo, Emily? Eu fui enganado? Esse cabelo aí
não é seu? – Perguntou semicerrando os olhos.
– Eu não enganei você em momento algum. E esse cabelo
é meu sim, já que paguei por ele. – E ri.
– Caí em um golpe, meu Deus! – Falou fazendo drama, com
a mão no coração.
Meus pais riram e eu também. Estávamos em sofás
opostos. Eu me levantei e me sentei ao lado dele.
– Pensa pelo lado positivo, príncipe. Hoje você namora uma
ruiva, mês que vem você pode namorar uma morena e no ano que
vem uma loira. Isso tudo sem trocar de namorada. – Falei brincando,
o beijando na bochecha em seguida.
– É, pensando por este lado, parece legal. – Respondeu
sorrindo, me dando um selinho.
Mais tarde, um pouco antes de irmos embora, minha mãe
estava no quarto dela guardando algumas roupas e fui até lá para
ajudá-la. Ela aproveitou para me atualizar com as suas impressões
sobre o Gabriel.
– Ele parece um ótimo partido. O Leandro também era, mas
seus olhos brilham mais com esse.
– Pelo amor de Deus, mãe, quem fala assim? Bom partido?
Quantos anos você tem, 90?
Ela riu.
– Realmente ficou horrível isso e eu sou muito jovem. Vou
reformular: Ele parece bem apaixonado, acho que te fará muito feliz.
– Melhorou – eu disse – e espero que você tenha razão,
porque eu estou muito apaixonada, apesar de estarmos juntos só há
dois meses. Ele nunca teve um relacionamento estável antes e tem
hora que me sinto um pouco insegura.
– Isso não quer dizer nada. Relaxa.
Ela me olhou com um sorriso condescendente e sorri de
volta. Conversamos mais um pouco e me despedi para voltar para
casa. No caminho de volta para BH, o Gabriel disse que adorou
conhecer meus pais. Fiquei bastante satisfeita do sentimento ter sido
recíproco, já que meus pais também o amaram.
Capítulo 19

Gabriel

Meus pais iriam viajar para a praia para aproveitar o feriado do dia 2
de novembro e pediram para que eu e a Fernanda nos
revessássemos para cuidar do Peter. A Fernanda morava mais perto,
então obviamente, ficou responsável por mais dias. Na terça-feira dia
1, eu tinha um churrasco de um camarada meu que morava lá no
bairro da minha família, assim, falei com a Fernanda que eu e a
Emily dormiríamos na casa dos meus pais de terça para quarta.
Nesses dois dias, ela não precisaria cuidar do Peter.
O churrasco do Roger teve início por volta das 18:00h.
Como começou bem cedo, lá pelas 23:00h eu e a Emily já
estávamos querendo ir embora, e assim fizemos. Ao chegarmos na
casa dos meus pais, fui trocar a água do Peter, colocar comida e
limpar o canil, enquanto a Emily brincava com ele. Ela o perseguia
por toda a casa e ele fazia o mesmo com ela. Eu adoro vê-la se
divertindo e sobretudo, ver o carinho que ela tem com os animais.
Quando terminei, o coloquei para o jardim e voltei para área da
piscina, onde ela já me esperava deitada em uma das
espreguiçadeiras. Me deitei ao seu lado e ficamos contemplando o
céu estrelado. A noite estava agradável e a lua se destacava no céu.
A Emily havia ligado o som e estava tocando Let's Make It do AC/DC.
– Nossa, a noite está linda! – Comentou.
– Sim. – Concordei, apesar de estar olhando para ela e não
para o céu.
– Sabe, tem três coisas que eu nunca fiz e que gostaria de
fazer hoje. – Comentou como se não fosse nada importante, depois
de algum tempo olhando para cima.
– E quais seriam? – Perguntei.
Ela se levantou, se posicionando de costas para mim e
começando a se despir. Senti meu sangue se concentrar todo no
meu pau.
– Nunca nadei nua, nunca nadei à noite e nunca fiz amor à luz
da lua...
Sorri sem conseguir esboçar nenhuma resposta. Eu amo ouvir
ela dizer “fazer amor”, mesmo que muitas das nossas transas sejam
um pouco urgentes e desesperadas. Uma a uma, suas roupas foram
caindo ao chão. Primeiro o vestido, depois o sutiã preto tomara que
caia e por último, a calcinha preta rendada.
Já nua, ela mergulhou na piscina de uma forma bem
sensual. Eu me sentei na espreguiçadeira apoiando os cotovelos nos
joelhos, para contemplar melhor aquela mulher maravilhosa, dona do
meu mundo. A Emily nadou de uma borda até a outra, enquanto eu
me deliciava com aquela visão. Depois de mais uma vez nadar de
uma borda a outra, ela veio nadando em minha direção. Seus
cabelos estavam molhados, assim como os seus cílios imensos.
Porra... mais sexy impossível...
– Você não quer entrar? – Perguntou fazendo biquinho.
– Só se for agora, princesa.
Arranquei minha roupa mais que depressa, e diferentemente
dela, sem nenhuma sensualidade. Mas apesar disso, meu pau já
estava completamente duro e a Emily pareceu curtir bastante o que
viu, me lançando um sorrisinho safado.
Mergulhei na piscina e nadei até ela. Ela me abraçou e me
envolveu com as pernas. Sem nenhuma cerimônia, a peguei pela
bunda e a prensei contra a parede da piscina. Observei atentamente
aqueles olhos redondos piscando lentamente para mim.
Caralho, que mulher!
Eu ia beijá-la, mas ela guiou a minha boca até o seu seio e
não pude resistir. Chupei forte o bico já intumescido.
– Ah, Gabriel... – Gemeu baixinho.
Eu o sugava forte, depois o massageava com a língua, dando
leves mordidas em seguida. A Emily desceu com a mão até o meu
pau e ficou muito difícil continuar só a beijando. Caminhei com ela no
meu colo até a escada e a coloquei deitada na borda, me colocando
por cima dela. Ela abriu a boca para falar alguma coisa e aproveitei a
oportunidade e enlacei a boca dela com a minha.
Que beijo! Que lábios!
Nossas línguas se acariciavam sensualmente. Não me
canso de beijá-la nunca e nos beijamos como se o mundo fosse
acabar naquele instante. Meu pau latejava de tão duro. Ela subiu
com uma mão pelas minhas costas, parando na minha nuca. Com a
outra, ela acariciava a minha cabeça. Estávamos sem ar, mas eu não
me importava, queria cada vez mais dela.
Ela estava toda arrepiada por causa do corpo molhado e o
vento fresco.
– Você é linda! – Sussurrei enquanto a observava.
Era a visão do paraíso. Ela levantou o tronco, se sentando
na borda.
– Fica em pé.
Só se for agora...
Eu me levantei e ela fez sinal com o dedo para que eu me
aproximasse mais. Obedeci, já deduzindo qual era a sua intenção. A
Emily agarrou o meu pau e o colocou na boca sem nenhuma
cerimônia. Apoiei as minhas mãos na cabeça dela, enquanto ela me
chupava deliciosamente. Ela permaneceu trabalhando com a boca
durante um bom tempo. Comecei a sentir que ia gozar em breve e a
afastei, obrigando ela a se deitar de novo na borda, me deitando por
cima dela novamente. Ela abriu as pernas me envolvendo. Esfreguei
meu pau nela, sentindo quão molhada ela estava, mas como eu
ainda não tinha colocado camisinha, minha intenção era apenas
deixá-la mais ansiosa.
A Emily sorriu para mim com um olhar bem malicioso,
descendo a mão pelo meu corpo e agarrando o meu pau. Segurando
firme, o guiou para dentro de si ao mesmo tempo que elevava o
quadril para acomodá-lo.
– Porra, Emy! – Grunhi.
Queria muito transar com ela sem camisinha, mas não tinha
o hábito de fazer isso e fiquei um pouco receoso. Ela deve ter
percebido que fiquei tenso, porque sussurrou no meu ouvido:
– Eu tomo pílula.
Porra, sendo assim...
Era tudo que eu precisava ouvir. Só havia transado sem
camisinha uma única vez na adolescência, mas desejava isso com a
Emily desde a nossa primeira vez. Apertei a bunda dela com as
minhas duas mãos. Ela só suspirou e soltou um gemido grave. Mudei
nossas posições e a fiz ficar por cima de mim. Aqueles lindos seios
sacudiram diante dos meus olhos ao passo que ela rebolava sobre
mim e, imediatamente, mordisquei a lateral de um deles, sugando o
mamilo em seguida. Estar dentro dela sem camisinha era a melhor
coisa do mundo! Fiquei alucinado.
Enquanto ela subia e descia no meu pau, seus movimentos
eram lentos. Só que foi ficando difícil para nós dois nos controlarmos
e ela foi intensificando os movimentos, rebolando e esfregando o
clitóris contra minha virilha. Eu estava com muito tesão e não
conseguia me manter parado, então, ia empurrando meu quadril
contra ela, sincronizando nossos movimentos.
Precisei parar de me mexer pois estava prestes a gozar.
– Vá devagar, princesa...
Ela fechou os olhos, retirou as minhas mãos do seu quadril e
as levou para os seus seios.
– Não... consigo. – Falou entre gemidos.
Puta que pariu, essa mulher acaba comigo...
– Emily...
– Eu vou gozar... – Ela me interrompeu.
– Hum... que delícia!
Ela cravou as unhas no meu pulso e gemeu alto. Senti os
seus espasmos em volta do meu pau e gozei forte dentro dela pela
primeira vez sem nenhuma barreira. E foi incrível! Meu corpo ficou
todo arrepiado. Ela me beijou ardentemente antes de sair de cima de
mim e demorei alguns minutos para me recompor mentalmente.
Permanecemos abraçados em volta da piscina, olhando a
lua. Quando o vento fresco se tornou incômodo, fomos para o meu
quarto. A minha antiga cama era de solteiro, então tivemos que
dormir bem agarrados e não me importei nem um pouco com isso.
Demoramos a pegar no sono, porque ficamos conversando
até tarde e ouvindo música. No momento em que “Por Você” do
Barão Vermelho começou a tocar, foi impossível não cantar junto,
evidentemente para a Emily.
“Por você
Eu dançaria tango no teto
Eu limparia
Os trilhos do metrô
Eu iria a pé
Do Rio a Salvador (...)”

– Você está só cantando ou está querendo dizer que faria


isso tudo por mim? – Perguntou sorridente.
– Preciso mesmo responder essa pergunta?
– Sim.
– É claro que faria isso tudo por você, princesa. Tudo isso e
mais um pouco. Apenas para você.
Ela se debruçou no meu peito e sorriu radiante, enquanto
me encarava.
– Deixa eu te fazer uma pergunta... eu já sei que você
nunca teve um namoro sério, mas você nunca gostou de verdade de
alguém?
– Não, nunca. A única pessoa que gosto é você. Apenas
você.
– Para de falar isso porque uma hora eu acredito, hein...
– Mas é para acreditar mesmo. Você ainda tem dúvidas? –
Perguntei.
Ela esfregou o nariz no meu antes de responder, depois
respondeu com um “não” bem sexy. E assim, partimos para mais
uma rodada de sexo.

No feriado, acordamos com o meu celular tocando. Olhei no


visor e vi que era o Heitor. Quando conferi a hora, me assustei em
ver que era 08:12h.
– Quem é? – A Emily me perguntou sonolenta.
Respondi que era o Heitor, mas que ele devia estar ligando
sem querer e rejeitei. Um minuto depois, ele estava me ligando de
novo. Não tinha como ser um engano, então atendi.
– Caiu da cama? – Falei.
– Mano... você precisa vir para casa agora.
– Por quê? O que houve? – Perguntei já preocupado, me
sentando na cama.
– Não sei direito, mas... a Amanda acabou de chegar aqui e
disse que só vai embora depois que falar com você.
– Você está de sacanagem, né? – Perguntei na esperança de
que ele realmente estivesse me zoando.
– Não, cara. Disse que você a bloqueou e que precisa muito
falar com você. Que se tivesse conseguido falar com você por
telefone, não estaria aqui.
– Não acredito nisso... O que será que ela quer comigo?
– Olha... – ele fez uma pausa e aquilo gerou um grande frio na
minha barriga. Escutei ele dando alguns passos e fechando uma
porta, até que continuou. – Acho que eu vi uma barriguinha nela.
Hã? Como assim?
– Como assim? Não entendi.
– Ela sempre foi bem magra, cara, mas... acho que notei um
volume na barriga dela, não sei se é coisa da minha cabeça.
Não pode ser, meu Deus...
Senti meu sangue gelar nas minhas veias e não só meu
estômago.
– Não pode ser! – Falei sentindo um pânico me dominar.
– Não sei se é isso que ela quer falar e também não sei se vi
direito, cara. Então, não surta antes da hora. Só vem pra cá.
Desliguei sem nem sequer me despedir. Acho que perdi a cor,
porque a Emily se sentou na cama e me perguntou o que havia
acontecido, enquanto acariciava as minhas costas.
– Não sei – fiz uma pausa para respirar fundo. – A Amanda
está lá em casa e quer falar comigo.
– Agora? Falar o quê?
– Não sei, princesa. Você pode colocar comida e água para o
Peter por favor? Preciso ir ao banheiro.
– Claro.
Quando entrei no banheiro, não sabia se estava com dor de
barriga ou se queria vomitar. Devo ter demorado uns quarenta
minutos lá dentro, até a Emily bater na porta.
Quando saí, ela não sossegou enquanto não contei o que o
Heitor havia falado. Como não tinha motivos para mentir, apesar de
estar em pânico por dentro, reproduzi para ela tudo que o Heitor
falou, morrendo de medo da sua reação.
Para aumentar o meu desespero, ela não disse uma só
palavra. Continuou quieta o caminho todo, até estacionarmos na
garagem do meu prédio. Quando pensei que ela não diria nada
mesmo, ela me perguntou:
– Você transou com ela sem camisinha?
Respondi imediatamente:
– Não.
Depois que respondi, fiquei pensando se eu poderia ter
bebido demais e não me lembrar. Nós havíamos transado três vezes
e na última, algumas semanas antes do dia do bar, eu tinha bebido
bastante. Resolvi consertar.
– Acho que não.
Ela não disse nada, apenas me olhou com um olhar que
expressava bastante decepção.
Subimos para o meu apartamento novamente em silêncio.
Quando abri a porta, senti meu estômago se contrair e uma nova
onda de náusea chegar. A Amanda se virou imediatamente assim
que ouviu o barulho da porta. Pareceu feliz em me ver, mas quando
notou a Emily atrás de mim, fechou a cara. A Cléo estava sentada ao
lado dela e se levantou correndo.
– Vou deixar vocês à vontade para conversar. – E foi para o
quarto do Heitor.
Continuamos nós três na sala e eu fui o primeiro a quebrar
o silêncio.
– Então, Amanda, o que você queria falar comigo?
– O que ela está fazendo aqui? Ela não é amiga da Cléo? –
Perguntou apontando para a Emily.
Dei uma olhada rápida para a Emily antes de responder e
pude ver a cara dela de insatisfação.
– A Emily é minha namorada e não tem nada que ela não
possa saber. Mas vamos ao que interessa, o que você precisa falar
comigo?
Ela se levantou do sofá e meus olhos foram imediatamente
para a sua barriga. Antes que eu pudesse identificar qualquer coisa
que confirmasse as suspeitas do Heitor, ela se antecipou:
– Estou grávida.
Isso só pode ser um pesadelo...
Capítulo 20

Gabriel

Depois de ouvir aquilo, não consegui prestar atenção em muito


mais coisa. Só conseguia olhar para a Emily e novamente, o
semblante dela não expressava nada além de decepção.
Ela começou a conversar com a Amanda, mas não sei dizer
exatamente o que elas falavam. Quando dei por mim, depois do que
pareceu ser um pesadelo com eterno looping, percebi que a Amanda
me olhava fixamente, apesar de estar conversando com a Emily. Eu
não consegui ficar ali e fui para o banheiro. Precisava jogar uma
água no rosto, na tentativa de clarear a mente.
Quando voltei para a sala, a Emily estava segurando um
papel. Apesar de não ter perguntado, eu sabia que era um exame
comprovando a gravidez.
A Emily se levantou, olhou para mim, depois para a Amanda
e disse:
– Eu vou deixar vocês a sós, para que possam conversar
melhor.
Respondi que não, ao mesmo tempo em que a Amanda
respondeu um “ok”.
– Não precisa sair, princesa. Na verdade... – olhei para a
Amanda – queria te pedir para conversar com você depois. Acho que
você me conhece e sabe que não vou fugir das minhas
responsabilidades, mas não consigo conversar agora. Tudo bem por
você?
A Amanda respondeu que “tudo bem”, apesar da cara dela
indicar o contrário. Eu disse que ligaria para ela à noite, para
marcarmos de encontrar no dia seguinte e ela foi embora.
Depois que ela saiu, olhei para a Emily sentada no sofá, na
mesma posição. Ela olhava um ponto fixo à frente.
– Princesa, isso não muda nada entre nós, né?
Ela bufou.
– Ah, não, imagina. O meu namorado vai ter um filho com
outra mulher, mas isso não me afeta em nada! – Respondeu
ironicamente.
Eu me ajoelhei na sua frente, obrigando-a a me olhar.
– Eu sei que não é algo simples, mas por favor, Emily... nada
precisa mudar entre nós...
Ela não disse nada, apenas acariciou o meu rosto e aproveitei
para dar um beijo na palma da sua mão. Apesar do gesto, sua feição
era de pura tristeza e eu a entendia perfeitamente.
– É uma grande situação para eu digerir, Gabriel. Vou para a
casa, ok?
– Não vai, por favor... fica aqui comigo!
– Eu...
– Por favor, princesa! – Implorei enquanto a agarrava como
uma criança que não quer se soltar da mãe.
Ela suspirou.
– Tudo bem – respondeu se dando por vencida e me
abraçando de volta.
Nesse momento, a Cléo e o Heitor saíram do quarto e vieram
até nós. Quando viram as nossas caras, deduziram imediatamente
que as suspeitas do Heitor procediam. Meu amigo soltou apenas um
“putz, vou fazer café” e a Cléo chamou a Emily para ir conversar no
quarto.
As duas saíram da sala e eu permaneci sentado no sofá,
sentindo que minha cabeça ia explodir.
– Calma, mano, tudo vai dar certo – o Heitor falou na
tentativa de me consolar.
– Não tenho tanta certeza disso.
– Pensa pelo lado positivo, você sempre curtiu crianças e
agora terá um filho que irá crescer junto com a sua sobrinha.
Refleti um pouco sobre aquilo. De fato, sempre soube que
queria ser pai. Mas algo me dizia que meu namoro com a Emily não
suportaria aquela situação e falei dos meus medos para o meu
amigo.
– Dê um tempo para ela aceitar tudo isso. Ela é uma mulher
madura e compreensiva. Em breve, estará tirando isso tudo de letra.
– Assim espero, mano... assim espero...
Capítulo 21

Emily

– Vai, pode chorar, quebrar alguma coisa ou qualquer outra coisa


que você queira fazer. Deixo até você me bater – minha amiga me
disse assim que fechou a porta do quarto.
– Não tenho forças para nada, nem para chorar, nem para te
bater – respondi.
– Te entendo, amiga. Mas como você vive dizendo, quando
estamos do lado de fora da situação, a gente enxerga tudo com mais
clareza. Então, preciso dizer que nada precisa mudar entre vocês.
– Você no meu lugar, faria o que exatamente? – Perguntei a
Cléo, porque de fato, precisava de um conselho. Estava me sentindo
completamente atordoada.
– A antiga Cléo terminaria imediatamente. A nova Cléo
tentaria fazer dar certo.
Suspirei, sentindo que todas as minhas energias tinham sido
drenadas e me joguei de costas na cama do Heitor. A Cléo veio até
mim, se jogando ao meu lado e me abraçando em seguida.
– Tudo vai dar certo, Emily.
– Assim espero.
– De quantos meses ela está?
– De três.
– Nossa, a Luísa está de quatro e não tem barriga nenhuma.
Como o Heitor conseguiu ver barriga na Amanda?
Luísa é uma amiga da nossa turma de faculdade que também
estava grávida.
– Ah, sei lá... deve ser genética – respondi sem dar muita
importância, enquanto esfregava minhas têmporas com os dedos.
Meu celular estava sobre a cama e começou a tocar. Não
tinha ânimo nem para olhar quem era.
– É a Mari – a Cléo me avisou. – Não vai atendê-la?
Eu havia me esquecido que eu e o Gabriel tínhamos aceitado
o convite dela para almoçarmos na sua casa. Óbvio que eu não
estava mais no clima. Então, precisava atender pelo menos para
dizer que eu não ia mais.
– Oi, Mari.
– Oiê, você come...
– Mari, não vou mais – a interrompi.
– O quê? Por quê? O que houve?
Só de pensar em reproduzir toda a história, minha cabeça
doía, mas não tinha jeito. Para ela não entender como uma desfeita,
eu precisava explicar toda a situação. Então, contei a ela a história
toda. Depois que terminei, ela permaneceu muda alguns segundos.
– Mari, você está aí? – Perguntei.
– Estou. Onde você está?
– No apartamento do Gabriel, por quê?
– Estou indo aí. Até daqui a pouco.
Não tive tempo de explicar que não estava afim de conversar
com ninguém, já que ela não esperou que eu falasse absolutamente
nada e desligou.
Continuei no quarto do Heitor conversando com a Cléo por
mais uma meia hora, depois voltei para a sala. O Gabriel ainda
estava na mesma posição, sentado no sofá com as costas apoiadas
no encosto, olhando para a parede. Quando me viu, ajeitou o corpo,
se sentando ereto, como se esperasse que eu fosse falar alguma
coisa. Só que eu não tinha nada para falar, então apenas me sentei
ao seu lado e o abracei, dando um selinho nele em seguida. Ele
pareceu ficar aliviado. Notei quando relaxou os ombros e retribuiu
meu abraço, colocando o triplo de força. Entendi naquele momento,
que ele possivelmente estava tão atordoado quanto eu, ou até mais,
e acabei ficando com dó.
O Heitor tentava descontrair o clima, falando coisas
aleatórias e brincando conosco, mas confesso que não estava
prestando muita atenção.
O interfone tocou um tempinho depois. A Cléo foi verificar e
era a Mari. O Gabriel me olhou sem entender. – Contei tudo
para ela. – Informei a ele.
– Ok. – Assentiu com a cabeça.
Assim que a Mari adentrou no apartamento, foi logo pedindo
explicações.
– Você não transou com ela de camisinha? – Perguntou ao
Gabriel?
Aquela pergunta fez meu estômago embrulhar. O Heitor
saiu da sala antes mesmo do Gabriel responder, mas a Cléo
continuou lá conosco.
– Eu achava que tivesse usado sim, mas pelo visto, não
usei – falou bem desanimado. – Talvez estivesse bêbado e não
lembro. Não tenho ideia.
– Ah, Gabriel, me ajuda aí. Você já esteve bêbado igual um
gambá e nunca esqueceu. – A Mari respondeu. Mas assim que
terminou de falar, ela se deu conta do que tinha dito e me olhou
completamente sem graça. – Quero dizer, eu...
Como se houvesse algo que pudesse me deixar mais
inconformada e chateada...
– Relaxa, Mari. – Interrompi antes que a situação pudesse
ficar mais constrangedora para todos nós.
– Bom... – ela continuou – o que estou querendo dizer, é
que esse filho pode não ser seu. Você precisa marcar um exame de
DNA!
– Mari – o Gabriel a chamou coçando a cabeça – a Amanda
não iria fazer um negócio desses se achasse que tem alguma
chance dessa criança não ser minha, não viaja. Eu vou para o meu
quarto, gente, desculpa. Não aguento mais pensar e falar sobre isso.
A Mari o ignorou e continuou falando indignada, mas o
Gabriel saiu assim mesmo. Ela então se dirigiu a mim.
– Emily, ela é louca no Gabriel. Nas únicas duas vezes que
a vi, isso ficou muito claro. Na segunda vez, estávamos em uma
festa com alguns amigos e assim que ela se deu conta da presença
do Gabriel, imediatamente surgiu com um cara a tiracolo, numa
evidente tentativa de fazer ciúmes no Gabriel. Ele não pode acreditar
que o filho é dele sem um exame.
– Isso não quer dizer nada, Mari. Eu concordo com ele. Ela
veio até aqui, mostrou exames e tals, é claro que ela sabe que ele é
o pai. Com certeza, se a Amanda tivesse alguma dúvida, ela deixaria
isso claro.
– Pelo amor de Deus, Emily! Você não vê televisão? O que
mais tem é gente que não sabe quem é o pai do próprio filho, além
de gente que sabe, mas fala que o pai é outro. Alguém mais
conveniente. Temos inúmeros programas bizarros de auditório que
comprovam isso. Sem falar nas novelas.
– Novelas são ficção, Mari. – A Cléo respondeu o que eu
estava planejando responder.
– A arte imita a vida, minha amiga. – Falou virando-se para
a Cléo.
– Então vamos, lá – falei – quantas pessoas você conhece
que já mentiram sobre a paternidade do filho?
A Mari pensou um pouco, ao passo que contava os dedos
das mãos. Por fim, respondeu:
– Duas.
Mesmo que fosse um número baixo, eu me assustei porque
não conhecia nenhuma história parecida.
– E você, Cléo?
– Apenas uma.
– Gente, que horror! – Comentei. – Quando perguntei,
imaginei que vocês fossem responder que não conheciam ninguém.
Nós continuamos lá debatendo sem chegarmos à conclusão
alguma. O que eu tinha certeza é que tentaria ao máximo não me
envolver na situação para tentar fazer o meu namoro dar certo
depois daquele balde de água fria. Afinal de contas, eu já o amava,
apesar de não ter mencionado ainda aquelas três palavrinhas
mágicas. Pensava que se me mantivesse neutra, talvez pudéssemos
superar aquilo.
Que ingenuidade a minha...
Capítulo 22

Gabriel

No dia seguinte, marquei com a Amanda na hora do almoço. Eu


tinha chamado a Emily para ir comigo, mas ela alegou que não tinha
tempo. Fiquei um pouco preocupado, mas não queria forçar
nenhuma situação. Também não queria que ela sentisse que estava
sendo deixada de lado, por isso a convidei.
Eu me encontrei com a Amanda em um restaurante perto
do meu trabalho e conversei com ela tudo que não consegui
conversar no dia anterior.
– Bom, preciso perguntar... nós não usamos proteção, né? –
Perguntei.
Ela pensou um pouco antes de responder.
– Não da última vez.
– Certo.
Como pude dar esse mole?
– E você e a amiga da Cléo, é sério? – Ela me perguntou,
me tirando das minhas lamentações.
– Sim, ela é a mulher da minha vida.
A Amanda não pareceu curtir muito o que eu disse, mas eu
precisava deixar claro que a nossa relação não ia se tornar nada
além do que já éramos: pais da mesma criança. A Mari repetiu tanto
que a Amanda era apaixonada por mim, que achei importante deixar
claro os meus sentimentos pela Emily.
Quase quando estávamos saindo, ela me disse que dali a
duas semanas teria uma nova ultrassonografia e gostaria muito que
eu fosse com ela. Óbvio que eu não deixaria de ir, afinal, seria meu
primeiro contato com o meu filho ou filha. Nós nos despedimos e
fomos embora.
No dia seguinte, eu estava um pouco mais tranquilo em relação
aos últimos acontecimentos. Acordei me sentindo menos angustiado
do que no dia anterior e principalmente, em comparação ao domingo.
Na hora do almoço, estava em um restaurante perto do trabalho,
quando recebi uma ligação do meu pai, dizendo que a Fernanda
havia entrado em trabalho de parto. Nós todos estávamos contando
que a minha sobrinha nasceria apenas na semana seguinte, e
aquela antecipação deixou todo mundo muito apreensivo. Liguei para
a Emily e pedi que ela fosse comigo para o hospital. Assim como eu,
ela largou todos os compromissos do dia e me acompanhou até lá.
Pensei que teríamos que aguardar um bom tempo na sala
de espera até que a minha sobrinha viesse ao mundo e fiquei muito
surpreso ao chegar e dar de cara com ela nos braços da mãe. Como
não podia ficar muita gente no quarto, meus pais foram tomar um
café para que eu e a Emily pudéssemos ficar ali um pouco.
– Ela é tão linda! – A Emily comentou.
Minha irmã assentiu e deu um beijinho na cabeça da filha.
Foi impossível não imaginar a Amanda naquela situação
dali alguns meses, segurando meu filho ou filha nos braços. Acredito
que a Emily deduziu o que eu estava pensando, já que notei ela
várias vezes me observando com uma feição séria.
– Olha quem veio te ver – a Fernanda disse para a bebê – os seus
titios.
A Emily sorriu.
– E como chama a minha sobrinha? – Perguntou para a
Fernanda. – Stephani ou Maria Clara?
A Fernanda deu uma olhada condescendente para a Tatiane
antes de responder:
– Se eu te disser que até o momento ainda não decidimos,
você vai achar que suas cunhadas são loucas?
Minha namorada riu.
– Loucas não, indecisas.
– Estamos muito na dúvida, Emily. – A Tatiane comentou. –
Acho que precisamos passar essa bola, senão, ela fará quinze anos
e ainda não teremos decidido ainda. – Brincou.
– Qual dos dois nomes você gosta mais, Gabriel? – Minha
irmã me perguntou.
– Nossa, não sei. Não tinha parado para pensar nisso.
A Fernanda então se dirigiu a Emily e fiquei muito feliz, pois
sabia que a minha irmã levaria a opinião dela em consideração.
– Bom... – a Emily fez uma pausa meio sem jeito – já que
você está perguntando, eu prefiro Stephani.
– Pronto! Está decidido, Tati! – Minha irmã disse para a
esposa. – Nossa filha se chama Stephani.
Beijei a minha namorada com gosto, deixando-a ainda mais
sem graça.
– Quer pegar a sua sobrinha no colo? – A Tati me
perguntou.
Aquela era uma pergunta e uma situação que eu não estava
preparado. Acredito que se a Amanda não tivesse aparecido dois
dias antes com a notícia da gravidez, eu não teria ficado tão afetado.
– Acho melhor, não. – Respondi tentando esconder minhas
emoções. – Ela ainda está muito molinha, tenho medo.
– E você, Emily? – A Fernanda perguntou.
Minha namorada não hesitou nem um pouco.
– Eu quero!
Vê-la segurando a Stephani tão tranquilamente me deixou
mais confortável. Voltei a pensar que o fato de eu ter um filho com
outra mulher, talvez não fosse tão absurdo assim para ela. Além
disso, consegui visualizá-la fazendo a mesma coisa com o meu.
Também acabei indo mais longe e imaginei ela segurando um filho
nosso.
Calminha aí, Gabriel! O primeiro ainda nem chegou e já
estou pensando no segundo...
– Você pensa em ter filhos, Emily? – A Tati perguntou, como
se tivesse lido meus últimos pensamentos.
Antes de responder, ela me olhou rapidamente de canto de
olho e não consegui identificar se era porque estava sem graça que
ninguém sabia ainda que eu seria pai, ou se era porque eu iria saber
qual era a sua vontade. Nós ainda não havíamos conversado sobre
qual era a vontade dela em relação a isso.
– Sim. Quero muito ter filho. – Respondeu por fim.
Não me contive e a abracei.
– Quando você quiser, é só me falar, princesa. – E a beijei
na testa.
Ela revirou os olhos, mas sorriu.
Nós continuamos mais um pouco lá com a minha família,
depois fomos embora.

No final de semana, eu e a Emily havíamos combinado de ir


ao cinema. Quando ela propôs de assistir um filme, ainda no começo
da semana, fiquei ainda mais aliviado de ver que aquela gravidez
inesperada talvez não prejudicasse nosso relacionamento do jeito
que pensei.
Acho que cantei vitória antes da hora, porque quando
estávamos prestes a sair de casa naquele sábado, a Amanda me
ligou.
– Alô.
– Gabriel, estou passando mal. A Vanessa viajou e estou
com medo de ficar sozinha. Será que você poderia vir aqui ficar
comigo?
Vanessa era amiga dela. Como a família da Amanda é de
outra cidade, ela divide apartamento com uma amiga da época da
faculdade.
– O que você está sentindo? – Perguntei já olhando para a
Emily.
– Eu estou com dor na cabeça e na nuca. Também senti
uma fisgada na barriga e acho que minha visão está embaçando. Li
na internet que isso pode significar pressão alta e estou com medo.
Puta. Que. Pariu.
– Então você precisa é ir ao médico, e não que eu fique aí
com você.
Assim que falei aquela frase, a Emily soltou um “Oi?” ao
meu lado, que fez todos os meus músculos do corpo tencionarem.
– Você pode me levar? – A Amanda me perguntou.
Naquele instante, me dei conta de que realmente estava
fodido.
– Sim – respondi desanimado – estou indo aí.
Desliguei e expliquei para a minha namorada que a mãe do
meu filho ou filha estava passando mal, rezando para que ela não
desse muita importância ao fato de precisarmos fazer um baita
desvio dos nossos planos.
– Ok. – Respondeu. – Mas o que ela perguntou que você
disse que o que ela precisava era ir ao médico?
– Pediu que eu ficasse lá com ela.
– Ah, é mesmo? – Perguntou rindo ironicamente e, para
meu desespero, não falou mais nada.

Fui para a casa da Amanda buscá-la junto com a Emily.


Quando ela entrou no carro, foi logo se desculpando por atrapalhar
nosso sábado.
– Imagina, não se preocupe – a Emily respondeu – a sua
saúde e a do bebê em primeiro lugar.
Vê-la responder daquela forma, me deixou ainda mais
apaixonado. Eu sabia que a Emily não gostou que a Amanda tivesse
me pedido para ficar com ela na sua casa, mas naquele momento,
ela tinha sido bem sincera. A minha namorada realmente tinha ficado
preocupada, assim como eu, o que só fazia aumentar mais ainda a
minha admiração. Mas eu ainda estava bastante apreensivo com
toda aquela situação e me sentia como se estivesse andando por um
campo minado.
Nós três permanecemos lá no hospital por quatro horas,
porque a pressão da Amanda precisaria ser aferida duas vezes com
esse intervalo de horas. Na primeira medição, a pressão estava
normal. A Emily me olhou com uma expressão que não consegui
decifrar, mas não comentou nada. Quando a enfermeira disse que
estava tudo dentro dos padrões também na segunda medição, o
semblante da minha namorada mudou, mas ela continuou sem dizer
nada.
O médico solicitou um exame de sangue e urina para a
Amanda, a fim de descartar realmente a hipertensão, e os resultados
só sairiam na semana seguinte.
Assim que deixei a Amanda em casa, a Emily rompeu o
silêncio.
– Será que ela estava passando mal mesmo?
– Acho que sim, princesa. Você acha que não?
– Não sei dizer. Óbvio que fiquei feliz por não ser nada,
mas... de repente comecei a pensar que ela pudesse ter falado que
estava passando mal só para te ver. A Mari falou que a Amanda é
apaixonada em você, né... sei lá.
Pensei um pouco sobre. De fato, não me espantaria que a
Amanda pudesse fazer algo do tipo, mas não assumi isso para a
Emily e tratei de mudar de assunto.
– Minha casa ou a sua?
– Como nosso cinema babou, prefiro a sua porque sua
televisão é maior. – E sorriu. – Assim como a sua cama. – E piscou
um olho para mim.
– Sim, senhora.
Naquele fim de semana, não tivemos mais imprevistos.
Apenas naquele...
No fim de semana seguinte, a Emily tinha dormido no meu
apartamento. Eu tinha dormido no apartamento dela uns dois dias
durante a semana e estávamos criando o hábito de revezar.
Enquanto eu preparava o café, a Emily conversava comigo sentada
na bancada que divide a sala da cozinha. Meu telefone estava ao
lado dela e começou a tocar.
– Atende para mim, princesa? – Pedi.
Ela fez que sim com a cabeça e atendeu, mas em seguida,
repousou o celular na bancada outra vez.
– Quem era? – Perguntei.
– Amanda. – Respondeu em um tom resignado.
Não tive tempo de perguntar se a ligação tinha caído. O
celular vibrou e a Emily se exaltou após conferir a tela:
– O que você tem para me contar, Gabriel? – Perguntou
assustada, praticamente gritando.
– Do que você está falando?
Ela virou o aparelho para mim, me mostrando uma
mensagem que a Amanda havia me mandado.

Amanda: Vc já contou para ela?

Que porra é essa?


Peguei o celular da mão da Emily imediatamente e liguei
para a Amanda, já colocando na função viva voz. Quando ela
atendeu, fui logo perguntando:
– Que porra de mensagem é essa que você me mandou?
– Queria saber se você já contou para a sua mãe sobre o
bebê...
– Você está de sacanagem, né? Do nada você quer saber
isso?
– Do nada não. Não estávamos conversando sobre isso
anteontem?
– Exatamente! Anteontem! Se você estava curiosa, porque
não mandou um “sua mãe” no meio?
– Porque não achei que precisasse. Achei que você
entenderia.
– Ok. Então para você saber, não falei e quando falar você vai
ficar sabendo. Tchau!
Desliguei antes que ela pudesse falar mais alguma coisa.
Eu sabia que ela tinha enviado aquela mensagem de propósito e
percebi, naquele momento, que ela não facilitaria as coisas para
mim. Se eu não tomasse cuidado, ela ia acabar conseguindo afastar
a Emily de mim.
Capítulo 23

Emily

As coisas começaram a se tornar cada vez mais difíceis. Era só ter


um feriado ou um final de semana, que a Amanda ligava para o
Gabriel o tempo todo, cada hora com uma desculpa diferente. Muito
possivelmente, ela sabia que nossa semana era corrida e que o
tempo que a gente tinha para ficar juntos era nesses dias. Uma hora
ela estava passando mal, na outra tinha exame e precisava de
companhia. Sim, ela inventava exames no sábado. Mesmo que o
Gabriel não desse muita brecha para ela e me levasse a tiracolo
sempre, ela não parava de tentar atrapalhar.
A Mari ficava me dizendo que era para eu ignorar, que assim
que ela se conformasse que o Gabriel nunca ficaria com ela de novo,
ela iria parar de perturbar, mas eu me sentia cada vez mais
desgastada.
A gota d’água para mim, foi chegar em uma sexta-feira de
surpresa no apartamento do Gabriel e ver a bonita deitada de
calcinha e sutiã na cama dele. Sim, é isso mesmo, você não
entendeu errado.
A Cléo tinha uma chave extra que o Heitor havia dado para
ela e quando eu disse que queria fazer uma surpresa para o meu
namorado, ela me emprestou. A minha ideia era chegar lá sem que
ele soubesse – já que ele achava que só nos encontraríamos mais
tarde – namorar um pouquinho, pedir algo para comer por delivery e
assistir alguns filmes ou série.
Porém, meus planos foram por água baixo assim que entrei
no quarto. Quando vi aquela cena, senti como se meu sangue
tivesse congelando nas minhas veias. Primeiro, a Amanda se
assustou, depois sorriu maliciosamente.
– Ops... – Soltou cinicamente.
Nesse instante, o Gabriel saiu do banheiro dele, com a toalha
amarrada em volta da cintura. Acho que meu coração parou por meio
segundo de pensar no porque ele tinha tomado banho.
Não é possível, meu Deus...
Mas aí ele olhou para mim todo sorridente e me
cumprimentou.
– Oi, princesa, que surpresa boa! – Conforme caminhava na
minha direção, me lançando um olhar assanhado.
Não consegui responder nada, estava paralisada. Aí a
Amanda aproveitou a deixa para fazer uma cena.
– Nós podemos explicar, Emily.
Quando ele ouviu a voz dela, se virou para o lado
abruptamente e ficou branco.
– O que você está fazendo aqui? – Perguntou realmente
parecendo assustado.
Ela não respondeu, apenas revirou os olhos. Naquele
momento, minha ficha caiu. Com certeza, ela deitou na cama dele
sem a sua permissão, por isso ele não esboçou nenhum susto
quando me viu, diferentemente de quando olhou na direção dela.
Mas para aproveitar a situação, ela queria dar a entender que tinha
rolado algo entre eles. De todo modo, eu não aguentava mais aquela
situação e não precisava passar por aquilo.
– Eu vou para a minha casa. – Falei me sentindo esgotada.
– Não! – Ele me segurou pela mão.
Em seguida, olhou para ela com uma cara tão feia que tive
medo dele perder a cabeça. Cheguei até a dar uma apertadinha de
leve na mão dele.
– Você tem sessenta segundos para se vestir e nem pense
em ir embora! Nós vamos ter uma conversa muito séria e acho bom
você não me provocar, Amanda! – Bradou.
A Amanda não pareceu se abalar nem um pouco com a
iminente ameaça. O Gabriel me puxou para o quartinho de hóspedes
e já foi logo se explicando.
– Emily, pelo amor de Deus, eu nem sabia que ela estava aqui
em casa. Espera só um pouquinho que vou ligar para o Heitor. Ele
deve ter deixado ela entrar. Óbvio que ele não poderia imaginar que
ela faria isso.
– Não precisa ligar para ele, Gabriel. – Falei tocando o seu
rosto, já com os olhos cheios de lágrimas. – Deu para perceber que
você não sabia que ela estava ali, mas... isso não elimina o fato de
que ela é a mãe do seu filho e estará eternamente presente na sua
vida. E eu não acho que mereça ficar passando por esses draminhas
de novela mexicana. Parece que entrei para o elenco de Malhação,
pelo amor de Deus...
– O que você quer dizer com “não acho que mereça”?
– Quero dizer... que acho que precisamos parar por aqui... –
Falei com a voz embargada.
– Emily, não... não faz isso comigo... – Pediu enquanto
acariciava meus braços. – Por favor! Eu te amo!
Não me contive e comecei a chorar, mesmo que
silenciosamente. Eu o abracei, repousando minha cabeça em seu
peito e ele me apertou forte.
– Por favor, amor... não faz isso comigo!
– Sinto muito. – Falei sem emitir som algum.
Dei um selinho nele e corri para a porta, antes que eu
perdesse a coragem. Ele veio atrás de mim, mas como estava só de
toalha, quando atravessei a porta, não me seguiu. Escutei ele gritar
meu nome algumas vezes, mas o ignorei.
Voei para a minha casa, na esperança de encontrar a Cléo lá
ainda. Ela e o Heitor iriam sair, mas eu precisava do colo da minha
amiga. Subi as escadas igual um furacão e, graças a Deus, a Cléo
ainda não havia saído. Só que o Heitor também já estava.
– Posso roubar minha amiga um pouquinho? – Falei para ele
tentando conter o nó na garganta, sem muito sucesso.
– O que houve? – Minha amiga perguntou preocupada.
– Terminamos. – Eu disse, sentindo uma lágrima escorrer.
– Por quê??? – Ela e o Heitor perguntaram em uníssono.
Depois que contei tudo para os dois, o Heitor ficou
desesperado.
– Emily pelo amor de Deus... não faz isso. Foi eu quem deixei
ela entrar. Ela me disse que o Gabriel a levaria ao médico e eu
acreditei. Pensei que não faria mal algum ela ficar lá na sala,
enquanto ele terminava de tomar banho. Ele não teve culpa, a culpa
foi minha.
– Eu sei, Heitor. Deu para perceber que ela fez de propósito.
Mas, sinceramente, não tenho saco para ficar tolerando esse tipo de
situação. Não é a primeira, não é a segunda e também não será a
última vez que ela vai aprontar. Não mereço passar por isso.
Ele ia argumentar, mas a Cléo fez sinal para ele com a cabeça
e ele ficou quieto.
– Amor, podemos remarcar para amanhã o nosso jantar? –
Perguntou a ele.
– Claro. – Ele a beijou. – Vou para a casa, ok?
– Ok. Eu e a Emily teremos uma noite das meninas. – Falou
olhando para mim carinhosamente.
– Desculpa, gente. Não queria atrasar o rolê de vocês. – Me
desculpei para os dois.
– Relaxa – ele me respondeu enquanto beijava a minha
cabeça – mas acho que também vou precisar consolar meu amigo.
Ele deve estar bolado.
Pensei em responder, mas desisti. O Heitor se despediu da
Cléo e foi embora.
Depois que ele saiu, desmoronei.
– Eu tentei, amiga, mas cheguei ao meu limite. – Desabafei
chorando, enquanto íamos para o meu quarto.
Nós duas deitamos na minha cama e ela foi me consolando,
alegando que tudo ia dar certo. Fomos dormir já havia passado das
02:00h. Quero dizer, a Cléo foi dormir essa hora, porque eu
praticamente não dormi nada aquela noite.
No sábado de manhã, a Mari me ligou. Imaginei que o
Gabriel já tivesse contado tudo para ela e que ela provavelmente
estaria me ligando para tentar me fazer mudar de ideia. Acertei.
– Eu não acredito que você vai cair no golpe da Paola
Bracho, Emily! – Me disse assim que falei “alô”.
– Eu não caí, Mari, só me recuso a ficar passando por isso.
– Mas isso é o que ela queria, que você terminasse com
ele. – Protestou.
– E ela conseguiu. Cheguei ao meu limite. Se já está assim
antes dessa criança nascer, imagina depois, pelo amor de Deus! Eu
não sou obrigada a passar por isso.
– O Gabriel está arrasado. – Ela me disse.
– Ele vai superar – respondi sentindo um aperto no peito.
A Mari tentou de todas as formas me convencer a mudar de
ideia, mas eu disse que já havia tomado a minha decisão. Também
estava sem ânimo para ficar discutindo e disse que precisava
desligar.
Não preciso dizer que meu final de semana foi uma merda,
né? As horas se arrastaram e eu só queria ficar na cama. O Gabriel
tentou falar comigo tanto no sábado, quanto no domingo, mas não o
atendi. Apenas respondi duas de suas inúmeras mensagens.

Gabriel: Estou com saudades.

Eu: ☹

Queria dizer que também estava, mas isso só dificultaria as


coisas.

Gabriel: Posso ir aí? Quero falar com você.

Eu: Não. Quero ficar sozinha.

Gabriel: Ok, só ñ esquece do que eu te disse: EU TE AMO!

No momento em que li essa mensagem, tive vontade de sair


correndo para a casa dele e dizer que também o amava, mas sabia
que não daria certo a longo prazo. Comecei a pensar em como seria
a nossa vida juntos, com um bebê recém-nascido, filho dele com
uma mulher que estava fazendo de tudo para conquistá-lo.
Definitivamente, esse não era o futuro que eu queria para
mim.
Capítulo 24

Gabriel

Quando a Emily saiu correndo lá de casa, quase fui atrás dela de


toalha mesmo. Mas não iria adiantar tentar fazê-la mudar de ideia,
não com a Amanda ainda lá em casa.
Então, resolvi mudar a estratégia. Fui para o meu quarto e,
para a minha surpresa e completa perplexidade, a Amanda ainda
estava do mesmo jeito: deitada na minha cama vestindo apenas
calcinha e sutiã.
– Você é surda ou algo parecido? – Perguntei furioso.
– Ah... eu pensei que, como ela já foi embora mesmo, talvez
você quisesse um ombro amigo para te consolar.
Tive que me controlar para não fazer uma loucura.
– Amanda, eu vou te falar apenas uma vez: nós nunca mais
ficaremos juntos de novo! Com Emily, ou sem Emily, você não tem
mais chance nenhuma comigo. Você não é a pessoa que pensei que
fosse. Esse tipo de joguinho sujo é o que eu mais repudio em um ser
humano. Então vou ser bem claro – falei chegando mais perto dela: –
Não me provoca, ou serei capaz de tomar uma atitude extrema.
Novamente, você tem sessenta segundos para se vestir e ir embora
para a sua casa!
Peguei uma roupa no armário e saí do quarto batendo a porta.
Um minuto depois, ela já estava na sala, pronta para ir embora. Ela
parecia um pouco arrependida, mas não me comoveu nem um
pouco.
– Você veio aqui fazer o quê exatamente? – Perguntei antes
de pedir que ela fosse embora.
– Eu não queria ficar sozinha em casa e pensei que você não
fosse se importar de me fazer companhia. Mas quando vi que você
estava tomando banho, não sei o que me deu. Eu gosto de você,
Gabriel. Você não pode me repreender por tentar.
– Tentou errado, Amanda. Primeiro, porque já deixei claro que
amo outra pessoa. Segundo, mesmo que não amasse, essa sua
estratégia faria não só eu, mas qualquer outra pessoa, querer correr
rapidamente para o sentido oposto.
Nesse momento, os olhos dela lacrimejaram. Fiquei um pouco
arrependido por ter sido tão grosso, mas temi que ela ainda não
entendesse. Tinha mais medo ainda de conseguir convencer a Emily
a me dar mais uma chance, e a Amanda conseguir afastá-la de mim
de novo. Então, me mantive firme.
– Vou chamar um Uber para você. – Falei secamente.
– Ok.
Depois que a Amanda foi embora, tentei falar com a Emily
algumas vezes, mas ela não me atendeu. O Heitor chegou um pouco
depois e me contou que ela estava muito chateada, mas que era
melhor eu dar um tempo para ela. Ele também me pediu desculpas
umas trezentas vezes por ter deixado a Amanda entrar.
– Relaxa, mano, o que você ia fazer? Ia deixá-la esperando
na porta?
– Não, mas eu deveria ter esperado você sair do banho. –
Falou enquanto coçava a cabeça com preocupação.
– Você não tinha como saber o que a bonita ia aprontar.
Nem eu imaginaria um troço desses.
– Realmente eu não tinha ideia. Quantos anos ela tem?
– 26. Mas não acho que isso tenha relação com
imaturidade, se é o que você está pensando. Acho que é questão de
caráter mesmo.
– Pode ser. Bom, vou usar seus conselhos para você
mesmo: Já já vocês se acertam, cara, não se preocupe. A Emily é
apaixonada por você, só está assustada com isso tudo.
– Será? Eu realmente não tenho tanta certeza disso. Que
mulher vai querer um cara com toda essa bagagem? Eu não iria
querer. – Falei desanimado.
– Tenho certeza. – Respondeu confiante. – A Cléo está lá
com ela, vai acalmá-la.
Segui os conselhos do meu amigo e não tentei mais falar
com a Emily na sexta. Só que no sábado, a primeira coisa que fiz
quando acordei foi ligar para ela, mas ela não me atendeu. Liguei
para a Mari e contei tudo que aconteceu. Depois de ouvir minha
amiga repetir cinquenta vezes que tinha me avisado, eu assumi que
ela tinha razão.
– Agora vê se segue a porra do meu conselho – respirou
fundo – agenda imediatamente um exame de DNA!
– Você realmente acha que esse filho pode não ser meu?
– Gabriel, pensa um pouquinho. A mulher é doida em você.
Quando te viu com outra naquela baladinha no meio do ano, já logo
tratou de desfilar com outro na sua frente para tentar te fazer ciúme.
Você não prestou atenção porque estava muito concentrado na boca
da Jessica, mas ela estava fazendo de tudo para chamar a sua
atenção. E vocês nunca nem tiveram nada sério. Mesmo assim, olha
todo o empenho dela em fazer a Emily terminar com você.
– Hum... é... talvez você tenha razão, mas – hesitei – acho
que se esse filho não for meu, vou ficar muito chateado.
– É claro que vai, já vi que você já está super curtindo a
ideia. Mas acho que antes de você contar para os seus pais e sua
irmã dessa gravidez, você precisa fazer esse teste. Não estou
dizendo que ela possa estar mentindo de propósito, mas as vezes,
ela também tem dúvida. Imagina se você não faz e essa criança
nasce loira e do olho claro? – Ela riu com divertimento. – Já que o
cara que ela estava aquele dia era um baita de um loiro – e riu de
novo. – Um exame de DNA vai evitar uma situação desse tipo.
– É. Acho que vou fazer. Agora, e sobre a Emily, e se ela
nunca mais me quiser?
– Ah, para de bobeira! É claro que ela vai te querer. Só está
confusa com tudo isso. Não dá nem para julgá-la, coitada.
– Eu sei. Só espero que você e o Heitor tenham razão.
– O Heitor eu não sei, mas eu sempre tenho razão. – E riu.
– Aqui, só mais uma coisa...
– Diga.
– Você foi com ela na última ultrassonografia, né?
– Sim, e confesso que fiquei emocionado. Não deu para ver
o sexo por causa da posição do bebê, mas adorei escutar os
batimentos cardíacos dele.
– Ué, mas o sexo pela ultrassonografia só dá para ver após
quatro meses! – A Mari praticamente gritou.
– Ela acabou de fazer quatro, ué.
– Fez agora, não há duas semanas atrás. Deixa de ser
besta! Marca logo esse exame. Se só a última vez que você transou
com ela vocês não usaram proteção, não daria para ver o sexo
ainda.
– Isso não quer dizer que das outras duas, a camisinha não
possa ter falhado.
– Sim. Mas é uma chance em um milhão. E não vou ficar
discutindo com você. Marca logo a porra do exame! Vou desligar
porque vou ligar para a Emily. Tchau e beijo.
– Beijo.
Mais tarde, naquele mesmo dia, cheguei a ligar para a Emily
de novo, mas mais uma vez, ela não me atendeu. Assim como
também não me atendeu no domingo.
Imaginei que na segunda-feira ela também não iria na
academia no mesmo horário que eu, só para me evitar. Como sabia
que ela teria aula de dia, imaginei que fosse malhar a noite e resolvi
fazer o mesmo.
Cheguei na academia por volta das 19:00h e, dez minutos
depois, vi a mulher da minha vida passando pela cancela. Quando
ela me viu, tomou um susto.
– Achou que eu viria de manhã, princesa?
– Sim. – Respondeu apenas.
O Diego não trabalhava lá à noite, o que evidenciava a
necessidade dela de fugir de mim. Ela preferiu malhar sem o amigo a
ter que me ver.
– Imaginei, mas sabia que você tentaria fugir de mim, então,
estou eu aqui nesse novo horário. – Falei sorrindo.
Ela não disse nada, apenas me analisava com um
semblante triste. Eu me aproximei dela e a abracei, sem dar muita
chance para ela se esquivar.
– Vamos esquecer o que aconteceu, princesa? – Pedi. –
Tive uma conversa séria com a Amanda, ela vai andar na linha
agora. – E a beijei no rosto.
Ela fechou os olhos, mas não respondeu. Também não me
abraçou de volta, só manteve as mãos apoiadas na minha cintura.
– Por favor, princesa?! – Implorei, me sentindo
desesperado.
– Preciso malhar. – Ela me afastou delicadamente e foi
treinar.
– Emy? – Chamei-a enquanto ela praticamente fugia de
mim. Quando ela olhou, falei sem emitir som. – Eu não vou desistir
de você. – E mandei um beijo.
Deu para ver os olhos dela lacrimejando, o que me indicava
que teria muito trabalho para reconquistá-la. Mas sempre fui muito
teimoso e não iria desistir facilmente. Fiz meu treino inteiro olhando
para ela, fazendo questão de mandar um beijo toda vez que os
nossos olhos se encontravam. Quando estava indo embora, fui até
ela novamente.
– Não adianta tentar fugir de mim, princesa. Então, você
pode vir no seu horário normal, porque se não vier, vai me encontrar
de noite do mesmo jeito. E se estiver pensando em mudar de
academia, vou atrás de você.
Ela revirou os olhos.
– Vai virar um stalker agora? – Perguntou irritada, mas
podia jurar que era fingimento.
– Vou! – Respondi piscando um olho para ela.
Na quarta, ela foi treinar no horário normal e eu também.
Nós conversamos um pouco como bons amigos e quando tentei falar
sobre nós, ela deu um jeito de fugir. Eu não sabia se ela havia
comentado com o Diego que estávamos separados, então também
não mencionei nada na frente dele. Tinha medo que ele contasse ao
irmão e aquele otário achasse que o caminho estava livre para tentar
de novo.
Na quinta não nos falamos e na sexta a Emily não foi
malhar. Primeiro pensei que novamente ela estivesse fugindo de
mim. Só que o Diego também não estava na academia, então deduzi
que ela não havia ido porque ele também não foi, já que era o
personal dela.
Como eu já não aguentava mais de saudade, assim que saí
do trabalho, resolvi passar no salão para tentar vê-la. Sabia que se
avisasse, ela daria um jeito de sumir. Por isso, fui de surpresa.
Que. Porra. É. Essa?
Não sei explicar o que eu senti quando a vi na calçada
abraçada carinhosamente ao Leandro. Meu coração disparou,
comecei a suar e a tremer. A Emily o acariciava nas costas enquanto
ele afundava a cara no pescoço dela. Pensei mil vezes antes de sair
do carro e acabar com aquela cena ridícula. Não sei quanto tempo
perdi estacionado do outro lado da rua, olhando para os dois. Por
fim, tentei me colocar no lugar dela. Era muito mais fácil investir em
um relacionamento com alguém como ele, do que com alguém como
eu. Ele não iria ter um filho com outra, eu sim. Mas ao mesmo tempo,
só tinha uma semana que havíamos terminado.
Não é possível que ela tenha partido para outra tão rápido.
Saí de lá as pressas, me sentindo nauseado e com muita
raiva. Ou talvez fosse mágoa, não tenho ideia. Eu me vi em uma
confusão de emoções e sentimentos que não sei nem explicar.
Cheguei em casa, tomei um banho correndo e liguei para uns
parceiros meus. Precisava sair para espairecer a cabeça. Marcamos
de tomar uma cerveja em um bar e depois acabamos indo parar em
uma baladinha sertaneja. No início, me pareceu uma boa ideia, mas
quando cheguei lá, me dei conta de que aquelas músicas da famosa
sofrência só prejudicariam mais meu estado de espírito. Resultado
da noite: muito álcool, muita lamentação e muita Emily a madrugada
inteira na minha mente.
Cheguei em casa às 07:00h e como tinha esquecido a
chave, tive que tocar o interfone. A Cléo atendeu e abriu o portão
para mim. Quando enfim, cheguei no meu andar, ela já me esperava
com a porta aberta.
– É assim que você planeja convencer a Emily a te dar
outra chance? Indo para a balada e chegando de manhã em casa? –
Perguntou em tom de repreensão.
– Não. É assim que planejo esquecê-la. Afinal, foi o que ela
fez. – Falei me jogando no sofá, me sentindo bem tonto ainda.
– O que exatamente ela fez? – Perguntou tentando
entender.
– Me esqueceu. Partiu para outra. – Fiz uma pausa. – Ou
melhor, partiu para uma antiga.
– Do que você está falando?
– De nada! Quero chorar...
A Cléo gargalhou.
– Você quer chorar porque está bêbado. – Falou com
divertimento.
Suspirei profundamente.
– Quero chorar porque amo ela, mas ela não me ama. E
vou ser pai. É bom, mas quero a Emily.
– Acho que está ficando difícil acompanhar seu raciocínio,
meu amigo. Dorme, vai?!
– Tá.
– Você não prefere ir dormir no seu quarto?
– Não.
– Está bem. Vou pegar um travesseiro e uma manta para
você.
– Ok.
Não vi ela retornar com nada, porque apaguei.
Capítulo 25

Emily

– Tem falado com o Gabriel? – A Cléo me perguntou assim que


chegou em casa, no domingo à noite.
– Não falo com ele desde quarta-feira. – Suspirei. – Ele não
me ligou mais.
– Ele chegou em casa ontem às 07:00h da matina... – Falou
um pouco apreensiva.
Primeiro me assustei, sentindo uma dor no peito surgir.
Depois, fiz questão de lembrar a mim mesma que era o que eu
queria, que ele seguisse em frente.
– Amiga – a Cléo me disse – ele disse que te ama. Disse
também que você já partiu para outra, depois consertou e disse que
você partiu para uma antiga. O que ele quis dizer?
– Não tenho ideia, Cléo.
– Ele passou o sábado de ressaca e o domingo de mau
humor, com a cara emburrada. O que para ele é algo muito sério,
porque o seu normal é estar sempre sorrindo.
– Mas eu não posso fazer nada. Já tomei a minha decisão.
Ela coçou a cabeça.
– O que foi? Vai me dizer que você faria diferente? –
Perguntei.
– Não. Eu faria exatamente a mesma coisa, fugiria da
situação. Mas aí a minha amiga Emily chamaria a minha atenção e
eu reconsideraria. – E sorriu amigavelmente. – Acho que ele não
está te ligando mais porque algo o levou a crer que você partiu para
outra. Se não é o que você quer, liga para ele. Agora, se realmente
você acha que é melhor assim, deixa quieto.
Pensei um pouco no que ela tinha acabado de me dizer e
voltei a ficar confusa.
– Preciso pensar. – Disse apenas.
Continuei lá, deitada no sofá e pensando na confusão que
minha vida amorosa havia se tornado.
– Chega para lá. – A Cléo sentou no sofá e aproveitei para
deitar em seu colo.
Peguei meu celular para dar uma desanuviada na cabeça e fui
dar uma navegada nas redes sociais. A primeira coisa que vi, foi o
perfil da minha mais nova seguidora: Amanda. Ela fez questão de
começar a me acompanhar em todas as minhas redes e quando
entrei de volta na página dela, tive certeza que deveria me manter
longe do Gabriel. Tinha algumas fotos dela com ele, com data de
alguns meses atrás, como também fotos de coisinhas de bebê com
legendas do tipo: “papai e mamãe te aguardam ansiosos”.
As fotos que ela estava com o Gabriel não eram
exatamente românticas, muitas delas inclusive, eram deles com
muitas outras pessoas juntas. Mas a que mais me doeu ao ver, foi
uma em que ele estava olhando para o monitor do ultrassom, com
uma expressão toda alegre. Parecia que ele não sabia que estava
sendo fotografado e como sempre, ele estava lindo.
Eu sei que não deveria, mas fiquei com ciúmes. Afinal de
contas, a Amanda estava carregando um pedacinho do homem que
eu amava e teria um vínculo eterno com ele.
Virei o celular para a Cléo, sentindo um nó surgir na garganta.
– Olha isso. – Falei.
– Aff... – Lamentou. – Não acredito que ela começou a seguir
você! Ela realmente não dá um ponto sem nó, como diria minha avó.
– E é exatamente por isso que vou deixar as coisas como
estão. – Falei firme.
– Pensa direitinho, amiga. Eu acho que a Mari tem razão.
Uma hora a Paola Bracho cansa. Mas se você jogar a toalha, ela vai
achar que venceu.
– Mas ela realmente venceu. – Falei desanimada.
– Me dá esse telefone aqui. – Tomou o aparelho da minha
mão. – Você não vai ficar olhando mais nada. Vamos assistir uma
série.
– Desde que não seja nada romântico...
– Não será.
A Cléo gosta muito de séries de investigação criminal e
fazia muito tempo que tentava me convencer a assistir Criminal
Minds. Eu tenho preguiça de coisas muito longas, mas naquele
momento, achei que seria o melhor. Nós duas fomos dormir de
madrugada e perdi as contas de quantos episódios assistimos só
naquele dia.

Na semana seguinte, a Cléo me contou que a Lívia estava


vindo para BH novamente. Fiquei muito feliz porque eu precisava
mesmo do máximo de distração que conseguisse e estar com a Lívia
era risada na certa. Estava muito difícil não pensar no Gabriel e eu
estava a ponto de mandar uma mensagem para ele. Ele não tinha
ido na academia dia nenhum naquela semana, ou foi de noite, não
sei dizer. Por tudo isso, precisava me distrair. Então, fiz questão de
ligar para a Lívia e dizer que ela ficaria conosco dessa vez, e não
com eles. Ela concordou.
A Lívia chegou ainda na sexta-feira à noite e depois que a
acomodamos no nosso apartamento, fomos nos atualizando dos
últimos acontecimentos da vida de nós três. A Cléo foi a primeira a
falar, alegando que não tinha nada muito interessante para contar à
amiga de infância. Na minha vez, contei a Lívia tudo que estava
acontecendo na minha vida amorosa, ou melhor, na ausência dela.
Como era de se esperar, ela era mais uma do #teamgabriel e não
pensou duas vezes antes de me repreender.
– Eu não acredito que você deixou essa sonsa, que eu nem
conheço e já não gosto, estragar seu namoro! – Me disse
inconformada.
– O que eu vou fazer, Lívia? Ela não vai dar sossego para nós
e sei que as coisas só vão piorar. – Falei chateada.
A Lívia entrou em um monólogo de porque eu deveria voltar
para o Gabriel e dar uma lição na Amanda, e por um momento, achei
que estivesse ouvindo a Mari falar. Quando ela decidiu que já tinha
falado bastante, a Cléo perguntou a ela como estavam as coisas
entre ela e o João.
– Acho que vou terminar.
– Por quê? – Perguntamos ao mesmo tempo.
– Bom, ainda sinto que ele está escondendo algo de mim...
A Lívia fez uma pausa enquanto pensava sobre o assunto,
suspirando pesadamente, depois continuou:
– E apesar de amá-lo, acho que não vamos mais dar certo.
Também não sei se o amo romanticamente, ou como amigo. Estou
bem confusa.
Ficamos alguns segundos sem saber o que dizer e a Cléo foi
a primeira a quebrar o silêncio.
– Bom, nada nunca passou despercebido pelo seu nariz. Se
você acha que ele está escondendo algo, sei muito bem que você
desconfia do que seja, então pode nos contar.
– É aquilo que já conversamos lá no hotel fazenda, ele está
atraído por outra pessoa.
Dessa vez, até eu me assustei com a calma com que ela
jogou aquela informação.
– Você tem ideia de quem ela seja? – A Cléo perguntou.
– Desconfio de algumas pessoas, mas não tenho certeza.
Mas também não quero ficar falando sobre isso. Vim para cá
justamente porque não quero lembrar do João por alguns dias. E o
que não falei para vocês, é que não vou embora domingo. Vou ficar
de novo por uma semana.
Aquela informação me deixou em êxtase. Mesmo que eu não
tivesse na fossa, adoraria a Lívia conosco uma semana, sendo
naquele momento então, não tinha como eu me sentir mais feliz.
Passamos a noite conversando, comendo besteiras e
assistindo filmes e séries. A Cléo nem foi ficar com o Heitor. No dia
seguinte, um pouco antes da hora do almoço, a Mari me ligou me
chamando para almoçarmos em algum lugar. Contei a ela que estava
com visita, e como a Cléo e a Lívia estavam preparando um almoço
diferente, convidei a Mari para almoçar lá em casa. Uma hora depois,
a Mari estava conosco. Nós a apresentamos para a Lívia e elas se
deram muito bem.
Após o almoço, a Mari quis saber mais como eu estava e me
assustei com uma das suas perguntas.
– Você e o Leandro voltaram? – Me perguntou.
– Mas é claro que não. – Respondi um pouco inconformada.
– Eu falei isso para o Gabriel, mas ele não acredita, acha que
vocês voltaram.
– Por que ele acha isso?
– Porque viu você semana passada abraçada ao seu ex na
porta do salão.
– Ah, agora entendi. – A Cléo disse.
– Nossa, não tem nada disso. O Diego tinha sofrido um
acidente de moto e fraturou o tornozelo. Ele é meu personal e meu
amigo, e mesmo que não fosse, o acidente aconteceu enquanto ele
estava indo para a academia me encontrar. Óbvio que quando ele
me ligou me contando o que tinha acontecido, já dentro da
ambulância, corri para o hospital para ficar com ele. Ele não quis
avisar ninguém da família para não os preocupar. Quando me deu
autorização para ligar para o Leandro, a cirurgia para reparar a
fratura já tinha acabado. Meu ex, mais que depressa, correu para o
hospital para ver o irmão e quando eu disse que ia embora, me
ofereceu uma carona e aceitei. E foi isso, Mari. Nada de mais.
– Eu já imaginava que o Gabriel estava equivocado, mas
precisava perguntar. – Me disse.
– Mas agora o Diego está bem, né? – A Cléo me perguntou.
– Sim. Foi só um susto, graças a Deus.
Nós permanecemos lá em casa conversando e nos
atualizando de tudo. A Lívia explicou para a Mari sobre toda a
situação dela com o João e a Mari não pensou duas vezes antes de
incentivar o término.
– Termina logo! Aproveita e se muda para cá porque deve ser
uma merda morar em cidade pequena. Nós poderemos curtir muito
as baladas de BH juntas.
– Me parece uma excelente ideia. – A Lívia respondeu
achando graça.
– Gente, o papo está bom, mas preciso ir ver meu namorado.
– A Cléo nos disse. – Você vai comigo, Lívia?
– Claro. Não tem cabimento eu ficar aqui nessa cidade sem
ver meu lindo e amado irmão.
A Mari deu um pulo do sofá assustando a nós todas.
– Então ótimo! Vamos todas para a casa dos meninos! – Falou
empolgada.
– Nem vem, Mari. – Me levantei do sofá sacudindo as mãos
negativamente. – Eu não vou e você sabe.
As três começaram a falar ao mesmo tempo, tentando me
convencer a ir com elas, mas deixei claro de que não iria de jeito
nenhum. É lógico que o que mais queria naquele momento, era ir lá
e me jogar nos braços do Gabriel, mas eu tinha certeza que insistir
naquele relacionamento só ia fazer mal para nós dois a longo prazo.
Deixei as três argumentando sozinhas lá na sala e fui para o meu
quarto.
Capítulo 26

Cléo

Enquanto nós três íamos para o apartamento dos meninos, a Lívia e


a Mari não paravam de falar. Passaram o caminho todo conversando
e brincando. Nem parecia que elas tinham se conhecido naquele dia.
– Tô começando a duvidar que vocês se conheceram hoje –
brinquei. – Acho que de alguma forma, vocês duas já se conheciam.
– Essa é a minha nova melhor amiga. – A Mari zoou.
– E em breve, estaremos indo para as baladas juntas. – A
Lívia completou.
– Está vendo? Ela já cogita ficar solteira. – A Mari respondeu
se divertindo. – Sou uma péssima influência, meu Deusssss...
– É amiga, quem te viu, quem te vê. – Falei para a Lívia. –
Mas você poderia ter resolvido ficar solteira quando eu também
estava. Tenho certeza que teríamos muita história para contar das
baladas de BH.
– Mas isso é muito simples, é só você terminar com meu
irmão. – Falou com cara de deboche.
Eu ri, a Lívia riu e a Mari gargalhou. A Lívia, mais do que
qualquer outra pessoa, sabia o quanto eu sempre fui apaixonada
pelo seu irmão, além de ser nossa maior torcedora desde sempre.
Óbvio que ela estava brincando.
– Está mais fácil o mundo se tornar o cenário do The
Walking Dead. – A Mari comentou.
– Até você, Mariana? – Falei fingindo indignação.
– Até eu o quê? Até eu vejo que você e o Heitor são
completamente loucos um pelo outro? Mas é claro, não sou cega.
Nós três rimos porque aquilo realmente era uma verdade.
Eu amo muito o meu namorado!
Quando chegamos ao prédio deles, subimos direto sem
tocar o interfone. O Heitor havia me dado uma chave e agora eu
entrava e saía quando bem entendia. Os dois estavam deitados
esparramos no sofá, tomando cerveja e vendo algum filme na
televisão.
– Nossa, quanta mulher bonita entrando nessa casa. – Meu
namorado brincou ao nos ver.
Mas o que chamou a minha atenção assim que entrei, foi a
cara do Gabriel quando se deu conta da nossa presença. Ele olhou
correndo para a porta, chegou até a levantar o tronco do sofá,
olhando uma por uma de nós. Acho que a Mari percebeu na hora
quem ele esperava ver, assim como eu, porque quando olhei para
ela, ela sacudia a cabeça suavemente em negativa, fazendo uma
cara de dó para o amigo. Ele novamente largou o corpo no sofá, todo
desanimado. Meu coração partiu com a carinha dele.
A Lívia se jogou em cima do Heitor, soltando um “ai que
saudade” e a Mari foi até o Gabriel, dando um beijo carinhoso em
sua testa. Resolvi fazer o mesmo e antes de ir cumprimentar meu
namorado, também dei um beijo na testa do Gabriel.
– Você está bem? – Perguntei.
– Tô indo.
Assim que a Lívia se levantou do colo do irmão, tomei seu
lugar e me joguei em cima dele, dando um delicioso beijo em sua
boca.
– Olha lá, vai começar a baixaria. – A Lívia brincou.
Todos nós rimos, menos o Gabriel e meu coração se
apertou de novo. Resolvi mandar uma mensagem para a Emily.

Eu: Vem para cá tb?!

Emily: Ñ! De que lado você está, hein?

Eu: Do lado do amor

Emily: Nossa que brega kkkkkkk

Eu: Foi mesmo kkkkkk


Eu: Vou mudar: do lado dos meus dois amigos q amo e que tb
se amam muito e q estão passando os dias com cara de bunda por
não estarem juntos.

Emily: duvido q ele tá com cara de bunda agora...

Tirei uma foto dele discretamente para enviar a ela; ele estava
na mesma posição de quando cheguei, emburrado, com uma
Heineken long neck na mão, meio sentado, meio deitado e sem
camisa. Assim que ela recebeu a foto, me respondeu:

Emily: Tão lindo... mas ñ me mande mais nada, por favor.

Revirei os olhos. Tinha chegado à conclusão de que fazia


parte do ser humano complicar as coisas. Antes, eu achava que essa
era uma característica só minha, mas naquele momento, me dei
conta de que com todo mundo era assim.
A Lívia chamou a minha atenção quando perguntou o que
tinha naquela casa para ela tomar café.
– Mas você praticamente acabou de almoçar – a Mari
respondeu incrédula. – Para onde vai essa comida toda?
– Para a minha bunda – respondeu com divertimento.
Eu fui para a cozinha verificar o que poderia fazer para o café,
mas não encontrei muita coisa, então pedi ao Heitor para ir comprar
pão e queijo. Ele se levantou e chamou o Gabriel para ir junto,
alegando que eles também precisavam comprar outras coisas para o
apartamento. Quando os dois estavam prestes a sair, o Gabriel se
dirigiu a mim:
– Dessa vez não precisa de nada fitness, né?
Ele não esperou a minha resposta e meu coração se partiu
mais uma vez ao ver aquele semblante tristonho.
Antes que eles descessem as escadas, corri até a porta para
falar com ele. Eu me lembrei do que a Mari havia perguntado a Emily
sobre o Leandro e imaginei que o Gabriel precisava saber a verdade.
– Ei, – esperei que ele me olhasse – ela não está com o
Leandro. O Diego tinha sofrido um acidente de moto no dia que você
a viu e a Emily estava dando uma força para os dois. Ela tinha
passado o dia com o Diego no hospital e o Leandro apenas fez um
favor para ela, a levando de volta para o salão. Não se preocupe, é
de você que ela gosta.
Vi aquela carranca se desfazer e dar lugar a um sorriso mais
tranquilo, mas que ainda não era aquele que o meu amigo estava
costumado a exibir.
– O Diego está bem? Tem uns dias que não vou na academia
de manhã e não tenho o visto.
– Segundo a Emily, está sim – respondi. – Só que ainda não
pode apoiar o pé no chão, por isso não tem ido trabalhar também.
O Gabriel assentiu e os dois desceram para o mercado. Eu
voltei para dentro e fechei a porta.
Cerca de dez minutos depois que eles saíram, o interfone
tocou. Pensei que eles pudessem ter esquecido algo, além da chave.
– Oi.
– Cléo, é a Amanda. O Gabriel está aí?
– Amanda... – repeti olhando para a Lívia e a Mari que
estavam sentadas no sofá.
A Mari deu um pulo e correu na minha direção.
– Deixa ela subir – sussurrou para mim, piscando um olho
para a Lívia em seguida.
Minha amiga gargalhou e eu continuei lá boiando. Apertei o
botão para destravar o portão e a Amanda subiu. Quando ela bateu
na porta, não precisei me movimentar para abrir, porque a Mari já
estava lá.
– Ei, Paola, tá boa? – Cumprimentou a Amanda
cinicamente.
Me segurei para não rir porque sabia que a Mari fez de
propósito. Sabia muito bem que ela queria ter dito “Paola Bracho”.
– Você está confundido meu nome, Mariana. É Amanda.
– Puxa, verdade. – Deu um tapinha na própria testa. – Me
desculpe o engano – falou fingindo arrependimento.
A Mari foi em direção ao sofá, se sentando em seguida e
dando uma série de tapinhas no assento.
– Senta aqui, o Gabriel deu uma saidinha e já já ele volta.
Agora me conta, quando descobriremos o sexo do meu afilhado?
– Afilhado? – A Amanda perguntou com desdém.
– Sim. O Gabriel me convidou para ser madrinha e tenho
que ressaltar que fiquei muito feliz!
A Amanda não soube o que dizer e eu desconfiei que o
Gabriel não havia chamado a Mari para ser madrinha coisa alguma,
mas me mantive quieta. E a Mari continuou:
– Na verdade, ele estava bem na dúvida entre mim e a
Emily, mas aí eu disse: “Poxa, Gabriel, a Emily já será madrasta,
deixa eu ser madrinha, vai?!”, aí ele disse que sim.
Acredito que a Amanda tenha ficado tão confusa quanto eu.
– Emily madrinha? Ele e a Emily terminaram... – respondeu
para a Mari.
Foi a vez da Lívia se intrometer na conversa.
– Terminaram nada. Eles tiveram uma briguinha boba, mas
já fizeram as pazes, até mesmo porque... – A Lívia se ajeitou no sofá
e falou levando a mão a boca, como se fosse segredo – estamos
todos suspeitando de que ela também esteja grávida, apesar de
ainda não ter assumido nada. Olha que coisa boa! Seu bebê terá um
irmãozinho para crescer junto!
Oi??? De onde essas duas loucas tiraram essas histórias?
Novamente, tive que me segurar para não rir da cara de
choque da Amanda, que perdeu até a cor.
– O Gabriel na... não comentou nada comigo. – Ela disse
incrédula. – E você é quem?
– Sou a Lívia, irmã do Heitor. Muito prazer.
A Amanda respondeu cordialmente, mas voltou a atenção
para a Mari, que não perdeu tempo em seguir com aquela conversa.
– Não se preocupe, boba. O Gabriel também não disse
nada para mim, e olha que sou a melhor amiga dele, como você
sabe. Nós só sabemos porque a Cléo achou um teste de farmácia
positivo no lixo do banheiro do apartamento delas. Como não é dela,
só pode ser da Emily. – A Mari concluiu exalando certeza.
Jesus, que mente fértil...
A Amanda olhou para mim na mesma hora, a procura de
confirmação. Sacudi a cabeça imediatamente em tom afirmativo,
mordendo a parte de dentro da minha bochecha para segurar uma
gargalhada.
– Aí, – a Lívia continuou dando um tapinha no joelho da
Amanda, como quem conta uma fofoca muito importante –
percebemos depois disso que eles não se desgrudam mais e o
Gabriel toda hora fica passando a mão na barriga da Emily. Logo,
com certeza está vindo outro bebê aí.
Elas foram tão convincentes que quase que eu também
acreditei naquela história. A Amanda ficou sem saber o que dizer por
um tempo, depois deu uma limpada na garganta e respondeu para a
Mari.
– Mas... se a Emily está grávida – engoliu em seco – você
pode ser madrinha do filho dela.
Pelo visto o sentimento era recíproco e a Amanda também
não ia muito com a cara da Mari, que por sua vez, não perdeu tempo
de elaborar mais a história.
– Não vai ter jeito. A Emily é madrinha da bebê da
Fernanda, a irmã do Gabriel, não sei se você sabe? – Ela fez uma
pausa até que a Amanda sacudisse a cabeça em negativa. – Pois
então, tenho quase certeza que a Emily chamará a Fernanda para
ser madrinha do seu bebê, já que elas são amicíssimas. Agora
mesmo, as duas estão juntas, almoçando na casa dos pais do
Gabriel. Então, minha amiga, eu sinto muito, mas você terá que se
contentar comigo como sua comadre.
Deus do céu, eu não posso rir...
Novamente, a Lívia entrou na onda, depois de digitar uma
série de mensagens no celular.
– E foi a Emily quem escolheu o nome da bebezinha da
Fernanda, né? – Perguntou para a Mari.
– Sim. Foi ela. Ela se chama Stephani.
Tudo bem, essa parte é um pouco verdade...
– Gente – a Lívia falou de repente, olhando para o celular –
meu irmão disse que parou com o Gabriel para tomar uma cerveja.
– Poxa, Amanda! Pelo visto você perdeu a viagem. Você
tinha algo importante para falar com ele? – A Mari perguntou fingindo
pesar.
A Amanda suspirou.
– Não, nada que eu não possa ligar depois. Queria só
confirmar se ele vai no médico comigo segunda.
– Ele não vai. – A Mari respondeu prontamente. – Vai viajar
e pediu para que eu fosse com você.
Eu já não sabia mais o que era verdade e o que era
mentira.
– Imagina! Não precisa! – A Amanda respondeu com um
pouco de desdém. – Vou sozinha então.
– Eu faço questão. Quero acompanhar tudo do meu
afilhado. Inclusive, já me dá seu número que vou salvar na minha
agenda.
Acho que a Amanda ia negar novamente, mas a Mari tomou
o telefone da mão dela e já foi logo pedindo que a mesma
desbloqueasse. Em seguida, deu um toque para si mesma.
– Prontinho! – Falou sorridente. – Agora, quer que eu te
leve embora? – Perguntou para a Amanda. – A chave do carro do
Gabriel está por aí, Cléo? – Me perguntou.
Dei uma olhada em volta – ainda chocada com a harmonia
entre a Lívia e a Mari para inventar uma história tão elaborada no
improviso – e avistei a chave em cima da mesa da cozinha.
– Está sim. – Respondi.
– Não precisa. – A Amanda falou já se levantando. – Vou
encontrar uma amiga que mora aqui perto. Mas obrigada.
– Tudo bem. – A Mari respondeu fingindo simpatia.
Depois que a Amanda foi embora, as duas caíram na
gargalhada e não consegui também me conter. Ainda estava besta
com a capacidade das duas de contar uma história daquelas sem
terem combinado absolutamente nada antes, mas não pude deixar
de rir.
– É, definitivamente, acho que vocês foram separadas na
maternidade. – Brinquei.
– Alguém precisa fazer alguma coisa, né?! – A Mari falou
rindo. – Agora que tenho o número dela, vou perturbá-la até que ela
faça um exame de DNA.
– Você acha que esse filho realmente não é do Gabriel? –
Perguntei.
– Não sei, Cléo. Só sei que precisamos ter certeza e se eu
deixar por conta do Gabriel, não sei se ele vai fazer. Ele é muito
honesto e acha que todo mundo é igual a ele. Acha impossível que
ela possa estar mentindo. Mas confesso que também não acho que
ela esteja fazendo de caso pensado, acho que ela só não tem
certeza. O que acho que é mentira, é o fato dela afirmar que transou
com ele sem camisinha. A Emily me contou que da primeira vez que
perguntou, ele disse que usou. Só depois que a Amanda contou que
estava grávida, que ele começou a dizer que não se lembrava. Aí eu
comecei a pensar que ele ficou confuso pela situação, mas que usou
sim. Ele sempre foi muito responsável.
– O ser humano é capaz de tudo. – A Lívia concluiu e eu
assenti.
– E ele pediu mesmo para você ir ao médico com ela na
segunda? – Perguntei.
– Não. – Me respondeu analisando as unhas. – Quando ele
chegar, vou falar que ela me convidou e vocês vão confirmar.
Eu ri.
– Você acha que ele é bobo? Ele não vai acreditar. –
Argumentei.
– Ele não está muito lúcido esses dias. Só pensa na Emily.
Não vai se dar conta de que é mentira. – E também riu.
– Tudo bem. – Concordei. – Mas só vou reforçar essa mentira
porque quero que a Emily e ele se entendam.
– Isso aí, garota! – A Mari piscou um olho para mim.
Um tempo depois, os meninos retornaram e permanecemos lá
com eles. Mais a noite, a Mari chamou a Lívia para sair e ela não
demorou nem um segundo para aceitar o convite. Elas tentaram
carregar a Emily junto, mas ela se recusou a ir. Com a recusa da
Emily, elas decidiram levar o Gabriel e ele foi, mesmo que um pouco
desanimado.
O fim de semana passou e na segunda-feira à noite, esperei a
Emily ir tomar banho para ligar para a Mari. Estava muito curiosa
para saber como tinha sido com a Amanda.
– E, aí? Como foi lá no médico? – Perguntei.
– Cléo, eu queria estar errada, mas infelizmente, eu estava
certa. Ela não tem ideia se esse filho realmente é do Gabriel.
Admito que fiquei surpresa, pois eu também não acreditava
que ela pudesse não ter certeza. A Mari me contou que a Amanda
realmente estava mentindo sobre as semanas de gestação. Óbvio
que ela não assumiu isso, apenas alegou que o Gabriel tinha
entendido errado e passou a informação errada para todos nós. Ela
tinha quatro semanas a mais do que havia dito. Na hora, a Mari se
deu conta de que era mentira e de que coincidia com o dia que ela
tinha visto a Amanda com outro cara.
– E você falou isso para ela? – Perguntei.
– Ah, nem contestei, me deu preguiça. Já fui direto ao ponto e
falei: “Olha, nós vamos fazer o exame de DNA para ontem, porque é
o certo. Eu sei que você gosta do Gabriel e quer que o filho seja
dele, mas não é só porque você quer é que vai ser. Há muito mais
chances de você conquistá-lo sendo honesta, do que levando uma
história até o final que pode não ser real e, nesse caso, machucando
ele e todas as outras pessoas envolvidas, como os familiares dele.”
Acho que ela aceitou quando eu disse que seria mais fácil conquistá-
lo sendo honesta.
– Nossa, Mari, queria ter o seu poder de convencimento. –
Falei. – Você contou para ele?
– Falei para a Amanda contar. Depois que ela me mandou
mensagem dizendo que contou, eu liguei para ele e passei as
minhas impressões. Ele ficou sem saber direito o que sentir. Já tinha
acostumado com o fato de ser pai. De todo modo, eu estou torcendo
para não ser dele.
– Tenho que confessar que eu também.
– Não comenta nada com a Emily ainda. Espera o exame. Se
o Gabriel for o pai, ela nem precisa ficar sabendo dessa história toda.
– Pode deixar. Não vou falar nada.
Nós nos despedimos e desligamos.
Eu então, passei a rezar para que aquele filho realmente não
fosse dele, para que enfim, ele e minha amiga conseguissem se
acertar.
Capitulo 27

Gabriel

Na segunda-feira à noite, estava deitado na minha cama quando a


Amanda me ligou. Ela me perguntou se eu estava podendo falar e
respondi que sim.
– A Mariana me disse que você quer fazer um exame de DNA.
Ai, Mari...
Fiquei sem saber o que dizer, já que eu realmente não via
muita necessidade. Ela interpretou meu silêncio como um sim e já foi
complementando.
– Eu topo fazer. Penso que vai ser melhor para todo mundo.
O tom sereno e melancólico que ela usou, me fez oscilar na
minha certeza.
– Você tem dúvidas se esse filho é meu? – Perguntei,
tentando parecer tranquilo.
– Tenho quase certeza de que é seu.
O quê? Quase?
– Quase certeza?
– Sim.
– Você não acha que deveria ter sido mais clara então
desde o início? – Perguntei tentando manter o mesmo tom de voz.
– Sim... me desculpe.
Tentei me manter calmo, mas mesmo sem querer, fiquei
irritado. Não acreditei que ela fez todo aquele show para contar da
gravidez e me separar da Emily, para no final, dizer que não tinha
certeza se era meu. No final das contas, a Mari tinha razão em
desconfiar. Eu então, falei com ela que iria marcar o exame e
desliguei.
Eu não sabia o que sentir. Ao mesmo tempo que fiquei feliz
com a possibilidade de não ser meu, eu queria que fosse.
Porra, eu preciso de uma cerveja...
Saí do quarto e fui para a sala tentar me distrair um pouco
de todo o drama na minha vida. O Heitor estava preparando algo
para comer, ouvindo música. Contei a ele sobre os novos
desdobramentos da minha história.
– É, parceiro, acho que você está precisando de um banho
de sal grosso... – Me zoou.
– Também acho. – Concordei
O celular do Heitor estava conectado à TV e, como ele curte
bastante rock, a música que tocava naquele momento era Love Of
My Life do Queen. Foi impossível não pensar na Emily ouvindo
aquela música e consequentemente, adentrar mais na minha fossa.
Peguei meu celular e mandei uma mensagem para ela.

Eu: Princesa, estou com saudades...

Dez minutos depois, ela ainda não havia respondido. Não


aguentei e liguei, mas ela não me atendeu. Nesse momento, a
música que tocava era Always do Bon Jovi.
– Porra, mano, não tá rolando ficar aqui ouvindo essas
músicas não. – Reclamei.
O Heitor me olhou com cara de dúvida, depois sorriu.
– Ah, já entendi. Está com dor de cotovelo, né?
Não perdi meu tempo em responder.
– Vou trocar, cara. Relaxa.
Ele colocou para tocar Come As You Are do Nirvana e dei
uma pequena distraída das minhas frustrações, até mesmo porque,
eu adoro essa música. Aproveitei para pegar uma cerveja na
geladeira e me joguei com ela no sofá, deixando minha cabeça vagar
por outras áreas.
Só que meu momento de distração foi arruinado assim que
One do Ed Sheeran começou a tocar. Achei estranho o Heitor estar
ouvindo aquela música, mas como voltei mentalmente para as
minhas lamentações, não lembrei de comentar. Dei mais uma olhada
no meu celular para ver se a Emily tinha respondido e é claro, não
havia nenhuma resposta dela.
A música seguinte – Ainda Gosto de Você do Armandinho –
quase me fez ir bater na porta da Emily, porque além da letra
melancólica, ela curte bastante todas as músicas dele. Quando o
Bruno Mars começou a cantar Talking to the Moon, eu bolei e fui
olhar que porra de playlist era aquela.
– Caralho, velho, que playlist é essa? – Perguntei
inconformado.
O Heitor apenas riu, enquanto fritava um bife. Quando
peguei o celular dele sobre a bancada, vi que o nome da playlist era
“músicas de fossa”.
– Ah, mano, vai se foder! – Falei.
– Eu não podia perder a oportunidade – falou dando risada.
– Você sabe que se fosse o contrário, estaria fazendo a mesma
coisa.
– Isso, joga a última pá de cal mesmo.
– Quando foi que você ficou tão dramático? – Me perguntou
achando graça.
– No momento em que a mulher da minha vida não quis
mais saber de mim.
– Relaxa, porra! – Falou ainda rindo – já falei que vocês vão
voltar.
– Posso trocar essa porra ou vou ter que ir para o meu
quarto?
– Pode trocar. – Respondeu segurando o riso.
O pior é que realmente se fosse o contrário, eu teria zoado
ele. Porém, depois que a Emily terminou comigo, acho que nem se
eu fosse no melhor Stand Up de BH, conseguiria dar sequer, uma
risada.
Na terça-feira, agendei o exame de DNA. A moça que me
atendeu no laboratório me explicou que haviam dois tipos de exame,
um mais invasivo e mais em conta, outro mais caro, porém, mais
seguro para a mãe e o bebê. Sem dúvida alguma, optei pelo
segundo método, no qual a informação genética da criança é obtida
através da coleta do sangue da mãe. A atendente me explicou que
há na corrente sanguínea da gestante uma pequena quantidade de
DNA do bebê e que já existem técnicas mais sensíveis e modernas
para identificar esse DNA. Além do sangue da Amanda, eles também
coletariam o meu para fazer a comparação. O problema era só que o
resultado era mais demorado do que o outro, e, somado as
festividades de final de ano, o resultado só sairia na segunda
semana de janeiro. Marquei com a Amanda para coletarmos já no
dia seguinte.
Na quarta-feira, eu era só estresse e músculos tencionados.
Depois de sairmos do laboratório, deixei a Amanda na casa dela e fui
para a minha. O Marcão, um camarada meu, me ligou me chamando
para dar uma saída e topei na hora. Eu não tinha a intenção de
encher a cara, mas o lugar que nós fomos tinha um showzinho de
reggae com uma banda que fazia vários covers. Aí já viu né, uma
cerveja transformou em duas, duas em três e foi indo.
Em pouco tempo, eu estava misturando várias bebidas e
assim que a banda tocou “Outra Vida” do Armandinho, isso por volta
das 03:00h, decidi que precisava ir ver a mulher da minha vida...
Capítulo 28

Emily

Escutei o interfone tocar insistentemente, mas assim que abri os


olhos, não havia mais barulho algum.
Devo ter sonhado...
Virei para o canto e voltei a dormir. Um minuto depois, a
Lívia bateu na porta do meu quarto.
– Pode entrar – falei.
– Desculpa te acordar, mas você tem uma visita.
– O quê? Que horas são?
– Exatamente: 03:37h.
– E quem quer me ver esse horário pelo amor de Deus? –
Perguntei em choque.
A Lívia apenas sorriu maliciosamente e compreendi na
hora: Gabriel. Eu me levantei ainda um pouco atordoada e fui para a
sala.
– Cadê ele? – Perguntei.
– Pela voz dele no interfone, deve estar com um pouco de
dificuldade de chegar aqui em cima, se bobear, caiu escada abaixo.
– Respondeu com divertimento.
Fui abrir a porta para descer atrás dele, mesmo estando de
pijama, mas não precisou. Ele já estava parado em frente a porta e
se jogou nos meus braços assim que me viu. Tive que me segurar
para não cair no chão, com ele largando todo o seu peso em cima de
mim.
– Meu Deus, me diz que você não veio dirigindo? –
Perguntei ao sentir o cheiro de álcool.
– Nã... não... Uber. – Falou com dificuldade, sorrindo para
mim.
Eu praticamente o carreguei até o sofá e fiz ele se sentar,
enquanto a Lívia nos encarava com divertimento, sentada em uma
cadeira na varanda.
– Fica aí que vou fazer um café para você.
– Não... não quero... quero ficar com você. – Falou
enquanto se agarrava a minha cintura, como uma criança que não
quer se separar da mãe.
Olhei para a Lívia indicando que precisava de ajuda, mas
ela me ignorou e voltou a analisar as unhas.
– É rapidinho. – Eu disse, conforme tentava me
desvencilhar dos seus braços.
Corri para a cozinha, pus água para ferver e pó no coador.
Voltei para a sala para ver como ele estava, mas ele não estava mais
lá e a Lívia já estava deitada de novo no sofá.
– Ele foi embora? – Perguntei já preocupada.
– Foi sim, embora para o seu quarto. Levei ele para lá
porque preciso dormir. De nada.
– Que cretina! Você fez isso de propósito só para ele dormir
aqui?!
– É, talvez. – Me respondeu sorrindo.
– Eu não vou dormir com ele. Vou dormir com você porque
aí tem dois colchões.
– Aham. Tá bom. – Debochou.
Bufei e fui para o quarto. O Gabriel já estava deitado de
costas na minha cama, sem camisa e com os braços abertos,
sorrindo para mim.
– Me dá um abraço, princesa?
– Gabriel... – adverti.
Ele fez uma carinha triste e resmungou um “tudo bem”.
Pensei duas vezes antes de me jogar na cama com ele, mas sabia
que aquilo não favoreceria em nada a nossa situação.
– Vou buscar seu café. – Falei.
– Ok. – Respondeu desanimado.
Voltei para a cozinha, passei o café, peguei uma caneca
bem cheia para ele e retornei para o quarto.
Eu deveria ter desconfiado que ele não iria se comportar,
porque tinha aceitado muito fácil a minha recusa em abraçá-lo.
Quando o olhei novamente, ele estava só de cueca deitado de
bruços, já apagado.
Coloquei o café na mesinha de cabeceira e voltei para a
sala, com a intenção de pegar um colchão com a Lívia. Como eu já
esperava, ela estava deitada em cima dos dois que usávamos como
sofá, só para me obrigar a dormir com o Gabriel. Dei uma
cutucadinha nela, mas a danada me ignorou. Tenho certeza que
fingiu que estava dormindo.
Tudo bem, Lívia, eu não queria mesmo...
Entrei no meu quarto novamente, e com muito cuidado, me
deitei ao lado dele na cama, na tentativa de não o acordar. Eu estava
tensa, meu coração estava disparado e eu estava com muita, mas
muita saudade dele, o que tornava aquela situação bem difícil para
mim.
Assim que puxei a coberta, o Gabriel se virou para mim,
passou as mãos por baixo dela e me puxou contra o seu corpo. Bem
devagarinho, ele roçou os lábios no meu pescoço, fazendo todos os
meus pelos se arrepiarem. Não tive forças para afastá-lo.
– Princesa... eu sinto tanto a sua falta...
Queria dizer que também sentia, mas sabia que falar aquilo
só tornaria tudo muito mais complicado entre nós.
– Me solta... não vamos dormir assim – ordenei sem um
pingo de convicção.
Ele me respondeu pressionando a virilha contra a minha
bunda e segurando apertado no meu quadril.
– É, pelo visto você me enganou, não está tão bêbado
assim... – falei tentando sair do seu agarre.
Além dele ser mais forte que eu, meu corpo queria ficar
exatamente ali, então não tive sucesso naquela tentativa de fuga.
– Não é só porque estou um pouco alcoolizado, que meu
corpo não vai reagir a você, princesa... – me disse com a voz rouca,
enquanto mordiscava toda a extensão do meu pescoço, me
provocando uma série de arrepios.
Eu me virei ficando de frente para ele, tentando entender se
a vontade que eu estava de chorar era por tristeza ou saudade, ao
mesmo tempo em que tentava entender se queria ou não me render
àquelas carícias. É provável que o Gabriel tenha percebido todos os
meus dilemas internos, porque murmurou um “eu te amo” antes de
me colocar de costas para a cama e subir em cima de mim.
Ele entrelaçou meus dedos aos seus, prendendo as minhas
mãos acima da minha cabeça.
– Gabriel... – chamei-o, sem ter certeza se pedia para ele
parar ou se implorava para ele continuar.
Ele me fitou por alguns instantes, depois me deu um sorriso
safado e me beijou na boca. Foi um beijo contido, mas assim que
seus lábios encostaram nos meus, soube que tinha perdido aquela
luta e o beijei ardentemente.
A partir daí nossos beijos não tinham mais nada de
contidos. Eram beijos urgentes, bem molhados e profundos, que
tornaram nossas respirações difíceis e pesadas. Eu o envolvi com as
minhas pernas e o Gabriel gemeu alto com a boca presa à minha.
– Senti tanto a sua falta, princesa – murmurou.
Eu também, meu amor... e também te amo!
Não falei, mas pensei. Lutar contra o meu desejo e a minha
saudade era perda de tempo, então apenas cedi. O Gabriel soltou
uma das minhas mãos e foi em direção a barra da minha blusinha de
pijama, suspendendo-a em seguida. Automaticamente, elevei o meu
tronco da cama e na mesma hora, ele agarrou meu seio, com a
boca. Ele contornava meu mamilo com a língua, o mordiscando
suavemente vez ou outra, deixando aquela região toda molhada pela
sua saliva. Em resposta, eu arfava e me esfregava cada vez mais
contra a sua virilha.
Minutos depois, ele se levantou, permanecendo ajoelhado
entre as minhas pernas e me encarando, conforme acariciava o pau
já devidamente duro por cima da cueca.
É, realmente caí no golpe porque ele agora não parece
nada bêbado...
Seu olhar era faminto, cheio de luxúria e quanto mais eu o
admirava, mais eu também ficava louca de desejo. O Gabriel levou
as duas mãos para o cós do meu short de pijama, o puxando com
bastante eficácia pelas minhas pernas, junto com a minha calcinha.
Depois voltou a se inclinar sobre mim, descendo também a sua
cueca até o meio das coxas, expondo o pênis completamente ereto.
– Vou ficar te devendo mais preliminares, princesa... tô
morrendo de saudade... – falou em um tom grave que me provocou
inúmeros arrepios.
– Eu não preciso delas – respondi arfando. – Quero você
agora!
Ele grunhiu e me penetrou no mesmo instante.
– Nossa... também... estava morrendo de saudade... – falei
com dificuldade ao sentir meus músculos internos se acomodando
ao redor do seu pênis.
Seus movimentos em mim eram lentos, mas bem profundos
e tive que me segurar para não fazer muito barulho, já que a Cléo
estava no quarto ao lado e a Lívia na sala.
Enquanto ele me penetrava, eu o lambia pelo pescoço e
tórax, e em resposta, ele me apertava forte entre seus braços, com o
peito colado ao meu. Ofegantes, permanecemos assim por um
tempo, até o Gabriel se retirar de dentro de mim e se ajoelhar
novamente na cama. Eu ia protestar, mas não tive tempo. Com um
único movimento, ele me colocou deitada de bruços e se deitou por
cima de mim no mesmo instante, me penetrando novamente.
É, que saudade eu estava desse homem!
Meu corpo todo tremia e ansiava por mais, então passei a
arrebitar a bunda à medida que ele arremetia contra mim.
– Porra, princesa... assim não vou aguentar muito tempo... –
sussurrou ofegante no meu ouvido.
O Gabriel se manteve apoiado sobre o braço esquerdo,
para que não deixasse seu peso todo sobre mim, e levou a mão
direita para o meio das minhas pernas, me acariciando com a mão
espalmada. Tentei ao máximo não fazer nenhum ruído, mas um
gemido alto me escapou.
– Se você gemer assim de novo... também não vou
conseguir me segurar, princesa... e elas vão acabar nos ouvindo...
Naquela posição, foi a vez de ele começar a me lamber e
me mordiscar pelo meu ombro e nuca, me levando ao meu limite.
– Gabriel... eu vou gozar... – avisei não sei para quê, tenho
certeza de que ele já sabia.
Ele então acelerou os movimentos e fiz o mesmo,
empinando mais ainda minha bunda contra ele. Em questão de
segundos, eu estava me contorcendo toda ao ser atingida por ondas
intensas de prazer. Um minuto depois, o Gabriel me mordia forte no
ombro, conforme estremecia sobre mim com a chegada do clímax.
– Sei que tô repetitivo, mas eu senti tanto a sua falta! disse
por fim, ao se deitar novamente ao meu lado. – Você também sentiu
saudades de mim?
Respondi com sinceridade:
– É claro!
O Gabriel me fitou por um tempo, muito provavelmente com
a intenção de perguntar o que aquela transa significava, mas não
falou nada. Eu mesma, naquele momento, não tinha muita certeza
do que aquilo significava. Estava realmente inclinada a nos dar uma
nova chance, mas preferi não tocar no assunto por hora.
Eu me aconcheguei nele, acariciando o seu peito ao mesmo
tempo em que deslizava meu pé esquerdo pela sua perna.
– Se você continuar me alisando assim, eu vou querer mais
– me avisou.
Eu sorri.
– Você não terá mais, afinal, você teoricamente está bêbado
e precisa chegar ao trabalho amanhã às 9:00h. Então, trate de
dormir.
– Já não estou mais bêbado e só vou pegar no trampo às
10:00h.
– Como se você estivesse bêbado em algum momento
dessa madrugada. – Ironizei.
– Eu estava – falou sorrindo – mas já me recuperei.
– Vou fingir que acredito.
Nós então, pegamos no sono abraçadinhos, depois de
trocar um beijo apaixonado.
Pela manhã, acordei com o barulho de um despertador de
celular tocando. Como o meu estava sobre minhas prateleiras, me
dei conta de que era do Gabriel, que dormia todo esparramado ao
meu lado. Eu levantei correndo para impedir que o barulho o
acordasse. Desliguei o despertador, que indicava ser 07:00h e já
estava voltando com o aparelho para o lugar, quando surgiu uma
notificação de recebimento de mensagem.

Amanda: Bom dia! Olha como minha barriga já cresceu...

A mensagem chegou acompanhada de uma foto dela vestindo


um hobby preto aberto, que não escondia nem um pouco as curvas
do seu corpo, muito menos a lingerie também na cor preta e rendada
que estava usando. Meu sangue ferveu. A certeza que eu tive de
madrugada de que precisávamos reatar se dissipou com a
velocidade da luz.
Subi um pouco mais para ver as conversas anteriores e vi uma do
dia anterior, na qual eles marcavam de se encontrar. Não tinha nada
de mais eles marcarem encontro, tendo em vista que podia ser um
médico, mas mesmo sabendo disso, fiquei irritada e enciumada.
Como se não fosse o suficiente, enquanto eu segurava o celular,
ele recebeu outra mensagem. Dessa vez, de uma tal de Sheila.

Sheila: Bom dia! Foi muito bom te encontrar ontem, estava com
saudades...

Larguei o celular na cama, ao lado dele, me arrumei correndo


e fui para a academia. Precisava aliviar um pouco do meu estresse
fazendo atividade física, pois estava com a sensação de que iria
explodir de raiva. Eu tinha em mente que ele não fez nada de errado,
afinal, estávamos separados e ele poderia sair com quem quisesse.
Mas o ciúme não é algo que a gente controla, né?! Além de tudo,
ainda tinha a Amanda e o bebê. Concluí mentalmente que o melhor
para nós dois era nos mantermos separados e toquei o barco.
Uma hora depois que eu já estava na academia, recebi uma
mensagem dele.

Gabriel: Poxa, princesa, nem me deu um beijinho de bom dia...


Tentei ignorar, mas não consegui.

Eu: Não dei, mas a Amanda e a Sheila deram por mim.

Em menos de dois minutos, ele me ligou, mas não atendi. Não


queria falar naquele momento.

Eu: Te ligo de noite.

Gabriel: Princesa, a Amanda vc já sabe q é sem noção e a


Sheila é minha amiga, não tem nada demais...
Não fiquei muito confortada com aquela mensagem, afinal, a Mari
também era amiga do Gabriel e ainda assim, eles já tinham transado
sei lá quantas vezes. Tentei me desligar daquele assunto e segui
com as minhas tarefas, mas toda hora meu pensamento voltava para
ele.
O Diego ainda não estava podendo voltar ao trabalho, mas fazia
questão de tomar conta do meu treino, mesmo que à distância. Ele
tinha montado uma ficha nova para mim, e fiquei de pegar com ele
naquele dia. Enrolei ao máximo que pude na academia, para não dar
de cara com o Gabriel ainda lá em casa. Quando cheguei, ele
realmente já tinha ido embora.
– É Lívia, o Gabriel te enganou, não estava bêbado coisa
nenhuma. – Falei ao vê-la sentada no sofá tomando café.
– Eu sei disso. Em momento algum ele falou comigo que
estava bêbado.
– Como assim? Você disse que quando atendeu o telefone,
percebeu pela voz dele que estava bêbado.
– Tenho certeza de que não usei essas palavras – falou
sorrindo, enquanto bebericava o café. – Você que entendeu assim.
Revirei os olhos.
– Já entendi tudo! A ideia foi sua ou dele? – Perguntei irritada.
– Não sei do que você está falando. – Respondeu fazendo
questão de ser falsa. – Mudando de assunto, o que você vai fazer
agora? Não quero ficar sozinha, a Cléo foi para o estágio.
– Vou na casa do Diego pegar meu treino, depois vou para o
salão.
– Posso ir junto?
– Eu não deveria deixar, né... Depois do que você aprontou,
mas tudo bem.
– Novamente, não sei do que você está falando.
– Está bem.
Tomei meu banho e fui com a Lívia para o apartamento do
Diego. O Diego tinha voltado a morar no apartamento que dividia
com a ex-noiva, já que ela tinha preferido voltar para a casa da mãe
a ter que ficar lá sozinha.
– E aí, como você está? – Perguntei assim que ele abriu a
porta para mim.
– Estou bem, mas ainda não posso encostar o pé no chão.
– Entendo. Você lembra da minha amiga Lívia? – Perguntei
apontando para ela. – Ela estava no aniversário do Felipe.
– Ah, sim... tudo bem, Lívia? – Ela esticou a mão para
cumprimentá-la.
– Tudo joia.
– Eu ofereceria um café para vocês, mas não estou podendo
ficar em pé muito tempo, então, a não ser que você mesma faça,
Emily, só tenho água.
Eu ri.
– Pensei que você fosse deixar sua ex ficar aqui para te
ajudar durante esses dias.
– Não. Não quero que ela confunda as coisas. A minha mãe
me trouxe umas marmitas e na hora que fico com fome, eu
descongelo e como. Além disso, o Leandro passa aqui todo dia de
noite e sempre traz algumas coisas também.
– E ela não está pedindo para voltar? – Perguntei.
– Só pediu na primeira semana. Parece que está conformada.
Espero que esteja mesmo. Como eu te disse, assim que o contrato
vencer, vou sair daqui já para evitar qualquer coisa. Vamos dividir a
mobília e pretendo alugar outro lugar, que ela não saiba o endereço
para evitar qualquer possibilidade.
– Você já olhou algum lugar para ficar? – A Lívia perguntou a
ele.
– Tem um apartamento que vai ser desocupado lá no prédio
do meu irmão. O dono vai colocá-lo a venda e estou pensando
seriamente em comprar. O problema é que lá é bem pequeno. Esse
aqui não é grande, mas acostumei com um espaço um pouco maior.
– E você tem ideia de quanto costuma ser o aluguel lá no
prédio do seu irmão? – Ela perguntou.
Eu estranhei a pergunta, mas como ele já foi logo
respondendo, não tive tempo de perguntar o porquê da curiosidade.
– Não, mas posso ver com ele e te falo depois. Me dá seu
número que te envio mensagem com o valor assim que souber. Seria
para você?
Olhei para ela aguardando a resposta.
– Sim. Estou pensando na hipótese de me mudar para cá.
– Oi? – Perguntei em choque.
– Ah nem vem! Você ia amar e sabe que é provável que isso
aconteça. Depois discutimos sobre isso. – Me respondeu dando um
tapinha no ar.
Nós permanecemos lá com ele por uns quarenta minutos,
depois fomos para o salão. A Mari ia lá escurecer o cabelo e a Lívia
aproveitou também para fazer um corte.
Durante a noite, o Gabriel me ligou novamente e dessa vez
atendi.
– Princesa, me diz que você não está com raiva?
– Não estou, Gabriel..., mas...
– Ah não, Emily. Mas o quê?
– Eu acho que precisamos deixar as coisas como estão.
– Emily, eu não vou ficar implorando. Você é a única mulher
que me interessa... – ele exalou com força. – Vamos ficar juntos,
princesa?!
– Não é tão simples para mim quanto é para você, afinal, você
terá um filho com outra mulher. Uma mulher, que por sinal, não sai
do seu pé, mesmo você não dando muita abertura para ela. Como
você acha que vai ser quando seu filho ou filha nascer? – Não
esperei que ele me respondesse e continuei. – Ela vai se tornar
ainda mais insuportável e você terá que aturá-la. E eu farei o quê?
Vou ter que aceitar você levando ela para baixo e para cima, com ela
sempre usando a criança como desculpa. Tenho certeza que se você
não fizer o que ela quer, ela vai começar a usar a criança contra
você, te impedindo de vê-la e fazendo outras coisas do gênero. E no
final, o resultado será o mesmo: vamos acabar nos separando. É
uma situação muito complicada para mim, Gabriel, e sei que vou
sofrer muito mais depois do que agora. Então, por favor, não insista.
Ele ficou mudo por um tempo, até que finalmente respondeu.
– Ok. Te entendo. Não vou mais te incomodar, Emily.
Comecei a sentir um nó surgir na garganta e meu coração
voltar a se desintegrar.
– Eu não sei lidar com essa situação. – Falei mais para mim
mesma, do que para ele.
– Não precisa mais se justificar. A gente se esbarra por aí.
E desligou, antes que eu pudesse falar mais alguma coisa.
Permaneci olhando para o telefone durante um bom tempo depois,
sentindo um desânimo misturado com revolta e uma intensa vontade
de chorar.
Por que as coisas não podiam ser diferentes?
Capítulo 29

Gabriel

Jurei para mim mesmo que não ia procurar a Emily mais, mas
estava bem difícil superá-la. Apesar de termos ficado pouco tempo
juntos, foi tudo muito intenso e eu pensava nela vinte e quatro horas
por dia.
O Natal chegou e passei tanto a véspera, quanto o dia 25,
esperando uma mensagem dela, que nunca chegou. Meus pais me
perguntaram o que tinha acontecido entre nós e acabei mentindo,
porque não queria que eles soubessem da gravidez da Amanda
ainda, afinal, eu poderia não ser o pai.
O que amenizou um pouco as minhas angustias sem dúvida foi a
presença da minha sobrinha. Estávamos todos babando nela.
Na segunda-feira dia 26, assim que cheguei ao trabalho, fui
informado que o meu chefe queria falar comigo. Pensei que pudesse
ter surgido uma viagem de última hora e fiquei surpreso ao descobrir
que ele queria era me promover.
– É uma ótima oportunidade para você, Gabriel. – Me disse.
– No Rio de Janeiro? – Perguntei assustado.
– Sim. Precisamos de homens de confiança lá para esse cargo e
não sei de alguém melhor que você para isso.
Pensei um pouco sobre, analisando os prós e contras, enquanto
ele me olhava. Eu iria ganhar mais e em outro lugar, seria muito mais
fácil tirar a Emily da minha cabeça. Eu poderia visitar a minha família
uma vez por mês, assim como o meu filho, caso fosse meu. Então,
aceitei.
– Ótimo. – Meu chefe me disse, um pouco surpreso com a
facilidade que aceitei o cargo. – Já tenho algumas opções de imóveis
para você, já que preciso que você esteja lá na segunda quinzena de
janeiro.
Qualquer outra pessoa ficaria apreensivo com a rapidez daquela
mudança, mas aquilo passou a ser tudo que eu queria.
Durante a virada, também tive esperanças de que a Emily me
procurasse, mas isso não aconteceu.
É, só me restava mesmo seguir com a minha vida...
Capítulo 30

Emily

Estava tudo tão sem graça para mim. Nada mais me trazia
empolgação. Até ir à academia havia se tornado indiferente.
– Agora entendo como você se sentiu aquelas semanas que
passou brigada com o Heitor – comentei com a Cléo enquanto
assistíamos televisão certa noite – você parecia uma morta-viva e
pensei que qualquer hora você fosse cair de cama.
– Eu, de fato, me sentia um zumbi – me respondeu rindo. –
Porém, você não parece nada abatida. Continua com a pele ótima,
com esse cabelo maravilhoso e comendo essas comidas fitness igual
um dragão. Nem olheiras você tem. Tenho até dúvidas que você
esteja sofrendo. Já eu, não tinha nem fome. – E riu.
Não consegui deixar de rir também.
– Se é para sofrer, vou sofrer bonita – respondi.
Apesar do que ela disse, por dentro eu estava péssima. Não
conseguia deixar de me sentir angustiada.
Os dias se seguiram e na primeira terça-feira de janeiro,
acordei assim como nos dias anteriores: de madrugada e sem razão
alguma. Depois disso, não consegui mais pegar no sono. Olhei para
a mesinha de cabeceira e vi que ainda eram 04:00h. Rolei para um
lado, depois para o outro. Mexi tanto que os gatos não aguentaram
continuar dormindo comigo e se levantaram para irem dormir com a
Cléo.
Depois do que se pareceu anos, olhei de novo no relógio e
já passavam das 08:00h. Resolvi levantar para fazer um café bem
forte. Fui pegar meu celular que também estava na mesinha e meus
olhos se fixaram no que estava ao lado dele, mais especificamente,
nos brincos que o Gabriel havia me dado. Eu os peguei, já sentindo
um grande aperto no peito e muita saudade. Faziam duas semanas
que a gente não se falava e eu havia dito para a Cléo e a Mari que
não queria saber nada dele. Pensava que assim, seria mais fácil
esquecê-lo. Porém, me peguei pensando em tudo que a Mari falava
sempre que tinha oportunidade, que eu não deveria ter terminado,
que ele me ama e que o bebê – e a mãe dele – uma hora se
tornariam fácil de lidar.
Será que ela tem razão? É tudo realmente mais simples do
que eu estou enxergando?
Fui fazer café, mas acabei deixando um copo cair e acordei
a Cléo.
– Oi, bom dia! – Falou assim que chegou na cozinha alguns
minutos depois, meio assustada e descabelada.
Achei estranho o tom dela e tratei logo de perguntar:
– Só “oi” e não “oi, amiga”? O que está acontecendo? –
Questionei enquanto catava os cacos de vidro, apesar de não achar
que tivesse acontecendo algo realmente.
– Precisamos conversar.
Fiquei preocupada.
Então não é impressão minha, tem algo acontecendo...
– Nossa, estou com medo. O que houve?
Antes de ela me responder, comecei a pensar no que
poderia ser e comecei a sentir meu estomago embrulhar.
– O Gabriel e a Amanda estão juntos? – Perguntei quase
gritando.
Para o meu alívio, a Cléo revirou os olhos de uma maneira
muito dramática, soltando um “não me irrita” em seguida, que
indicava que não era nada daquilo.
– Então o que é? – Já estava me sentindo impaciente.
– Uma série de coisas, não sei nem por onde começar... –
Ela fez uma pausa e coçou a cabeça. – Acho que vou começar pela
Lívia.
Ela se sentou na mesa e dei a ela uma caneca de café. Ela
a pegou e foi me atualizando. A Cléo confirmou aquilo que já
desconfiávamos. De fato, a Lívia e o João tinham rompido. Para a
nossa surpresa – e a de todos – o João não estava apaixonado por
outra mulher, mas sim por um homem.
– NÃO. A-CRE-DI-TO! – Falei em choque.
– Pois é.
Depois do susto inicial, vi que fazia todo o sentido. Eu me
lembrei do aniversário do Felipe quando notei o João encarando
meus amigos. Naquele momento, pensei que pudesse ser
preconceito, mas depois do que a Cléo contou, deduzi que ver os
meus amigos juntos pode ter dado coragem para o João se aceitar. A
Cléo então continuou:
– A Lívia disse que não quer mais morar em Silvestre e vai
vir morar aqui. Na nossa cidade tem muito fofoqueiro e ela não quer
ser o centro das fofocas. Já pediu demissão do emprego e não deve
demorar mais que duas semanas para vir. Apesar de lá ninguém
saber o porquê do término, todos tem uma teoria e ela não quer
ninguém falando da sua vida, já que eles não têm nem a decência de
fazer fofoca escondido.
– Nossa, coitada da Lívia. E como ela ficou sabendo disso?
– Ele mesmo contou que estava se sentindo atraído por um
cara. Ela já desconfiava e não se surpreendeu. O João nem queria
terminar, só queria desabar com ela.
– Então não foi ele quem terminou?
– Não, foi ela. Ela foi notando ele cada vez mais esquisito e
o espremeu na parede. Aí ela mesma resolveu dar um fim.
– Ah, melhor assim do que viver uma vida infeliz. Mas ela
vai morar aqui com quem?
– Então, essa é a parte que você entra. Pensei que vocês
duas pudessem morar juntas, mais especificamente, que ela
pudesse morar aqui com você. – Disse meio receosa.
– Claro que ela pode morar aqui, mas por que você está
falando como se não fosse morar aqui também?
– Então...– ela coçou a cabeça de novo e foi para o sofá.
Eu a segui confusa. Esperei que ela se ajeitasse para
perguntar o que mais ela tinha a me dizer.
– Falei como se não fosse morar aqui... porque não vou. O
Heitor me chamou para morar com ele e eu aceitei.
A Cléo falou como se esperasse uma reação muita negativa
da minha parte. Apesar de saber que iria sentir muito a falta da
minha amiga, queria que ela fosse feliz com o homem que ama,
então já fui logo a tranquilizando.
– Eu vou morrer de saudades de você, mas quero que você
seja feliz, Cléo. – E a abracei. – Estou muito feliz por você, amiga!
Ela me abraçou de volta, mas ainda parecia muito tensa.
– Por que estou com a sensação de que ainda não acabou?
– Perguntei.
– Porque não acabou. Sei que você disse que não quer
saber nada sobre o Gabriel, mas não tem como não te contar isso. O
Heitor me chamou para morar com ele justamente porque o Gabriel
vai se mudar.
Continuei a encarando, esperando ansiosa o que mais ela
iria falar. Quando viu que eu não tinha forças para perguntar nada,
ela continuou:
– Ele recebeu uma proposta de trabalho e vai se mudar
para o Rio de Janeiro.
– O quê? – Berrei ao mesmo tempo que pulei do sofá.
Ela me encarou com um olhar complacente. Aguardei ela
dizer que estava brincando, mas isso não aconteceu.
– Mas isso já está certo? – Perguntei depois de ver que ela
não iria falar mais nada.
– Sim. Ele já levou o contrato do apartamento do Rio para o
Heitor dar uma olhada e já até assinou. Se muda na semana que
vem.
– Semana que vem? – Berrei novamente.
Ela apenas sacudiu a cabeça.
– Mas... mas... mas e o filho dele?
– Ele disse para o Heitor que quando o bebê estiver
maiorzinho, vai solicitar guarda compartilhada, caso seja realmente
dele. A Mari conseguiu convencer ele e a Amanda a fazerem um
exame de DNA...
Meu Deus, quanta informação!
– Mas ele tem a família inteira aqui. – Argumentei. – Os
pais, a irmã, a sobrinha e talvez o filho ou filha.
– Amiga... – ela se aproximou mais e pegou a minha mão,
me fazendo sentar de novo. – Você precisa falar isso tudo é para ele,
não para mim. Agora, me baseando no que você me diria se a
situação fosse inversa, você precisa melhorar esse seu argumento
aí. Todos nós sabemos que essa mudança é uma tentativa de te
esquecer. Se você não quer que ele se mude, é só você acabar com
esse castigo auto imposto.
Fiquei sem saber o que dizer. Senti meus olhos se
encherem de lágrimas e um nó voltar a se formar na minha garganta.
– Eu... eu... eu...
– Você ama ele? – Ela me perguntou.
– Sim!
– Então liga para ele! Ele está viajando. Talvez quando ouvir
que você o ama e quer voltar, ele desista de ir.
– Mas... e se... mas eu não falei que quero voltar.
Ela revirou os olhos de novo.
– E se ele não me quiser mais? – Perguntei me sentindo
com medo.
– Para com o drama, Emily. Está parecendo eu! – Debochou
de si mesma. – Ele é louco por você.
– Quando você ficou sabendo disso tudo? – Perguntei ainda
atordoada.
– Ontem à noite.
Fiquei um tempo assimilando todas aquelas informações e
olhando para ela.
– Tem mais uma coisa... – Me disse.
– Jesus... o quê?
– Não queria separá-los, mas não vou conseguir ficar sem o
Louis, amiga... ele vai junto comigo.
As lágrimas que estavam prestes a cair desceram naquele
momento. Eu sempre soube que o Louis era dela, mas eu amo ele.
Mesmo sabendo que iria vê-lo com frequência, aquilo doeu muito.
A Cléo me abraçou e me deixou na sala, indo para o seu
quarto em seguida, não sem antes reforçar que eu precisava ligar
para o Gabriel. Eu estava com muito medo, mas quando estava
prestes a ligar, meu telefone tocou. Era a Mari. Não tive tempo nem
de falar “alô”.
– Você sabe que o Gabriel vai ser mudar? – Ela perguntou
parecendo tão assustada quanto eu.
– Acabei de saber. – Respirei fundo. – Como você soube?
– Ele acabou de me contar. Quando comecei a discutir, ele
disse que precisava trabalhar e desligou. Emily, você precisa
convencê-lo a ficar!
– Não sei se tenho esse poder.
– Ah, Emily, me poupe. Eu vou desligar e você vai ligar para
ele agora! Não posso ficar tão longe assim dele, mesmo sabendo
que seria ótimo ter uma casa para ficar na Barra da Tijuca. Eu
pegaria muita praia e muito boy gostoso. Se bem que... acho que
estou começando a gostar da ideia. Acredito também que o Gabriel
tenha pensado nisso quando aceitou a transferência... – Falou em
tom provocativo.
– Nisso o quê, na quantidade de boy gostoso do Rio de
Janeiro? – Respondi tentando fazer graça, mas a verdade é que não
estava achando graça nenhuma.
– Hahaha que engraçadinha. Anda logo. Te ligo em meia
hora para saber o que vocês conversaram.
Assim que ela desligou, decidi que realmente iria ligar. Não
sabia ao certo o que iria dizer, mas precisava falar com ele. Respirei
fundo três vezes e liguei. Depois de chamar bastante, ele atendeu.
– Alô.
Meu coração estava acelerado, mas quando ouvi a sua voz,
achei que poderia desmaiar porque minha frequência cardíaca
triplicou.
– Oi... – falei insegura – está podendo falar?
– Na verdade não. Estou em cima de uma torre e só atendi
porque imaginei que pudesse ser algo grave. Afinal, você está me
ligando. Não me ligou para desejar feliz natal, muito menos feliz ano
novo, então só pode ser grave. Aconteceu alguma coisa?
Ele estava bem seco e até um pouco irritado. Meu coração
ficou apertado e perdi a coragem, que já não era muita, de falar
qualquer coisa.
– Desculpa. Não deveria ter ligado.
Ouvi ele bufar do outro lado da linha.
– Mas o que você queria falar, Emily? Não é possível que
você tenha ligado para nada.
Está bem, eu sei que mereço essa rispidez.
Respirei fundo.
– Você vai se mudar?
– Vou.
– Mas você...
– Emily, vou desligar. Não estou afim de justificar minhas
escolhas para mais ninguém e não estou podendo falar agora. Uma
outra hora a gente conversa.
– Não! Calma. – Falei chorando, dando o meu máximo para
que ele não percebesse. – Me perdoa?! Eu não devia ter terminado,
não quero que você se mude... estou morrendo de saudades... e...
eu te amo! – Conclui em um fôlego só.
Ele ficou mudo. Se não fosse pelo barulho do vento batendo
no aparelho, pensaria que ele havia desligado. Depois do que
pareceu uma eternidade, ele respondeu.
– Está um pouco tarde para você me dizer isso, não acha?
– Antes tarde do que nunca. – Respondi com firmeza. – Eu
te amo, você me perdoa por ter me afastado?
– Me dá um bom motivo para isso. – Falou em um tom um
pouco mais amigável.
– Não vou conseguir viver longe de você e vou te fazer
muito feliz se você ficar.
Ele demorou mais um tempo para responder, até que:
– É, me parece promissor. – Respondeu e pelo seu tom, eu
podia jurar que estava sorrindo.
Comecei a sentir meu coração desacelerar e minha
respiração acalmar. Mas aí, ouvi um barulho. Antes que eu pudesse
perguntar o que era, ele pediu que eu esperasse alguns instantes.
Escutei a voz de outro homem ao fundo falar com o Gabriel.
– Caralho, velho, porque eles estão correndo assim? –
Perguntou meio que gritando.
– Alguma coisa deve ter assustado eles. – O Gabriel
respondeu.
– Mas do jeito que eles estão correndo, vão acabar batendo
na gente.
– Não vão não. Relaxa.
– Aquele lá parece que vai. – A voz desconhecida falou.
O Gabriel não falou mais nada durante alguns segundos.
Quando pensei que ele retornaria para o telefone, ouvi os dois
gritando “caralho” em uníssono. Logo em seguida, ouvi um baque
surdo, consecutivo a um barulho alto de falha. Quando o barulho
cessou, ficou o mais absoluto silêncio.
Fiquei muito assustada. Tentei ligar de novo imediatamente,
mas caiu na caixa postal. Comecei a repensar tudo que tinha ouvido
e fui sentindo um pânico surgir.
Será que tinha acontecido alguma coisa?
Eu sabia que ele estava em cima de uma torre e comecei a
me sentir culpada de ter o impedido de desligar. Se tivesse
acontecido algum acidente, não iria me perdoar. Tentei falar com ele
mais algumas vezes sem sucesso. Quando entendi que não
conseguiria, liguei imediatamente para o Heitor.
Enquanto tentava falar com o Heitor, fui para o quarto da
Cléo. Ele me atendeu quase no último toque, o que piorou
consideravelmente meu estado de nervos. Expliquei a ele o que tinha
acontecido enquanto a Cléo me ouvia atentamente.
– Emily, ele está em Cuiabá desta vez e não sei quem
viajou com ele, se não, poderia ligar para saber se aconteceu alguma
coisa. – O Heitor me disse.
– Mas você não tem o número de ninguém que trabalha
com ele? Eu sei que você está indo para o trabalho e não quero te
atrapalhar. Você pode me dar o número de qualquer um, que vou
ligando de um por um para tentar saber alguma informação. Alguém
deve ter o telefone do rapaz que foi com o Gabriel.
A Cléo me interrompeu, dizendo que ouviu o Gabriel
combinar de viajar com um rapaz chamado Cleiton. O Heitor escutou
e me passou o número dele, passando também o de um outro rapaz
chamado Saulo.
Liguei imediatamente para os dois, rezando para que a
minha preocupação fosse tudo coisa da minha cabeça. O Cleiton não
atendeu, mesmo que eu tivesse ligado umas quatro vezes. Já o
Saulo, me atendeu na segunda tentativa.
– Olá, Saulo, meu nome é Emily, eu sou nam... amiga do
Gabriel. Quem me deu seu número foi o Heitor. Por um acaso você
viajou com o Gabriel ou sabe quem viajou?
– Oi... oi, Emily. – Ele fez uma pausa. – Viajei sim, mas
posso te ligar daqui a pouco? Estou resolvendo... uma situação.
Situação?
Senti o medo voltar a crescer no meu peito. Não tinha
porquê o rapaz voltar a me ligar se não tivesse acontecido nada. E
que situação é essa que ele estava resolvendo? Afinal, se não
tivesse relação nenhuma com o Gabriel, ele não precisaria me ligar.
Eu me virei para a Cléo em busca da mão dela. A minha
amiga entendeu meu pânico e imediatamente esticou as duas mãos
para mim, em sinal de apoio.
– Aconteceu alguma coisa com o Gabriel? – Perguntei. –
Estávamos conversando à meia horas atrás, a ligação caiu e não
consegui mais contato.
– Eu te ligo daqui a pouquinho, ok?
Eu ia contestar, mas ele desligou.
– Ai meu Deus, Cléo! Não estou com um bom
pressentimento.
– Calma! – Minha amiga me disse. – Não há de ser nada,
Emily!
Não consegui fazer absolutamente nada, enquanto o Saulo
não me ligou de volta, uma hora depois. Eu o atendi praticamente
berrando.
– Emily, me desculpa a demora. Eu não quero te assustar,
então saiba que já está tudo bem.
Apesar do que ele disse, senti meu estômago embrulhando
de novo e olhei para a Cléo apavorada. Ele então continuou:
– O Gabriel e o Cleiton estavam em cima de uma torre,
próximos a uma fazenda. Havia um rebanho grande nessa fazenda.
Por alguma razão, os animais se assustaram e saíram correndo
desesperados, estourando a porteira da propriedade. Alguns deles
acabaram batendo na torre que eles estavam e a derrubaram.
– Meu Deus! Quantos metros tinha a torre? – Perguntei o
interrompendo.
– Não se preocupa com isso, ok? Eles estão no hospital em
observação e como estavam com equipamentos de proteção, quase
não se machucaram.
– Quase? – Perguntei atônita.
– O celular do Gabriel caiu e obviamente quebrou. Por isso você
não vai conseguir falar com ele. Mais tarde vou voltar ao hospital
para vê-los e te ligo de lá para que você possa falar com ele.
O Saulo desligou e eu permaneci lá ainda atordoada. Mesmo ele
dizendo que eu não tinha motivos para me preocupar, fiquei com
muito medo.
Só fui de fato relaxar um pouco, por volta das 17:00h,
quando o Gabriel me ligou do telefone do amigo.
– Ficou preocupada comigo, princesa?
– Óbvio! Como você está?
– Estou bem, apenas com algumas escoriações e o ombro
imobilizado. Ele saiu do lugar, mas os médicos já o colocaram de
volta.
– Quantos metros tinha a torre?
– Relaxa, princesa. Essa informação não vai te acrescentar
em nada. Vamos retomar o assunto de antes do incidente. O que
você estava me dizendo mesmo? Não me lembro...
Eu sorri.
– Que eu te amo e que se você for se mudar, eu vou junto.
Possivelmente ele achou que eu estava brincando, mas eu
falava sério. Tinha passado o dia todo pensando naquilo.
– Hum... – ele falou com ar brincalhão – não sei se eu
quero.
– Não sabe se quer ficar comigo? – Perguntei fazendo
biquinho, mesmo que ele não pudesse me ver.
– Ah, não. Isso eu definitivamente quero. Não sei se quero
ficar com você em Belo Horizonte ou no Rio de Janeiro.
– Entendi. Que dia você volta para cá?
– Depois de amanhã. Teremos alta amanhã. Agora preciso
desligar porque o Saulo vai embora. Possivelmente, só nos
falaremos na quinta-feira, ok.
– Não tem outro jeito, né. Fica bem, viu?! Te amo!
Ele deu uma risadinha antes de me responder.
– Também te amo!
Nós desligamos e eu só conseguia pensar que queria que
essas quarenta e oito horas passassem voando...
Capítulo 31

Gabriel

Cheguei em Belo Horizonte na quinta-feira no finalzinho da tarde.


Como estava sem celular, só consegui avisar a Emily quando
cheguei em casa. Peguei o celular do Heitor emprestado e liguei
imediatamente para ela. Eu estava com muita saudade.
– Tô em casa, princesa. Vem cuidar de mim? – Falei fazendo
charme.
– Só se for agora. – Me respondeu toda alegre.
Confesso que fiquei com medo de ela ter se arrependido de nos
dar outra chance, mas ouvindo aquela resposta, todos os meus
medos se dissiparam.
Aproveitei para saber se ela havia comentado do meu acidente
com a minha família, pois ela trocava mensagens com a minha irmã
quase todos os dias.
– Você não falou nada com os meus pais do meu acidente, né?
– Não, só falei o que você pediu, que seu celular estragou. Contei
o que aconteceu apenas para a Mari.
– Ótimo.
– Também avisei a Amanda que você estava sem celular, que se
ela precisasse de alguma coisa, podia me ligar.
– Sério, princesa? – Perguntei surpreso.
– Sim. Vai que ela realmente precisasse de algo.
– Ok. Então vem logo para cá que estou morrendo de
saudades.
Nós desligamos e fui para o meu quarto. Tomei um banho rápido
e deitei na cama. Estava com bastante dor no corpo e meu ombro
não estava ajudando. Acabei pegando no sono e acordei com a
Emily gritando, parada na porta do meu quarto.
– Meu Deus! Você disse que quase não tinha machucado! –
Berrou, indo na minha direção com as mãos no coração. – Você está
horrível!
– São só alguns arranhões, princesa. – Falei bocejando.
– Arranhões, manchas roxas e amarelas. Olha esse hematoma
no seu rosto, meu Deus... está doendo?
– Está um pouco dolorido sim. – Assumi. – Mas vamos ao que
interessa, você vai mesmo se mudar comigo para o Rio?
– Sim. – Ela me deu um selinho. – Vou transferir a faculdade, até
conseguir entrar na Veterinária. E vou contratar alguém para
administrar o salão.
Pensei que ela estivesse brincando quando me disse isso ao
telefone, mas pelo visto, ela falava sério. Fiquei bem feliz, mas
expliquei a ela que ainda estava na dúvida se realmente me mudaria.
Já que havíamos nos entendido, eu já não via mais necessidade de
mudar de cidade para tentar esquecê-la.
– Falamos sobre isso depois – eu disse – agora me beija.
– É para já, príncipe!
E então me beijou. Toda a saudade que estávamos um do outro,
refletiu naquele beijo. Nossas respirações ficaram ofegantes a
medida que nossas salivas se misturavam. Eu a segurei pela nuca
com a mão esquerda, querendo tê-la mais presa a mim, como se
fosse possível.
A Emily estava sentada de lado na minha cama e assim que a
segurei, ela subiu no meu colo, dando uma chupadinha na minha
língua que roubou todo o ar dos meus pulmões. Fiquei enlouquecido
e me inclinei bruscamente para cima dela, sentindo na hora uma
puta de uma fisgada no ombro direito.
– Ai, caralho! – Reclamei, voltando a apoiar as costas nos
travesseiros.
Ela riu.
– Fica paradinho, príncipe. – Sussurrou no meu ouvido. – Deixa
que eu faço o trabalho pesado. – Falou com uma cara safada.
– Sim, senhora!
E então, voltou a me beijar lenta e deliciosamente. Ela lambia
meus lábios, mordia e sugava, sem nenhuma pressa em partir para a
próxima fase. Levei a mão que não estava imobilizada até a sua
bunda e a segurei forte. Ela respondeu chegando mais para a frente
e sentando bem em cima do meu pau duro e ansioso, roçando nele
bem preguiçosamente.
A Emily vestia um vestido rosa justo, que batia na altura do
joelho. A peça já tinha subido até a sua cintura, devido a posição que
ela estava, e pude sentir a sua calcinha bem molhada, através do
tecido do meu short.
Parei de beijá-la um pouco e puxei o seu vestido para cima.
Ela aproveitou a rápida pausa para arrancar os All Stars brancos e
jogá-los longe. Assim que se livrou deles, desci com a minha boca
para um dos seus seios. Enquanto eu sugava o seu biquinho eriçado
e acariciava as suas costas, ela puxava meu cabelo com uma mão e
arranhava as minhas costas com a outra.
Eu estava sem camisa, vestindo apenas o short e a Emily deu
uma risadinha safada quando levou a mão para dentro dele e
percebeu que eu estava sem cueca. Ela então se levantou do meu
colo, se posicionando ao meu lado, para poder descer meu short
pernas abaixo. Eu a ajudei levantando o quadril da cama, tirando
também a sua calcinha em seguida. Mesmo com uma mão só, não
tive dificuldade com a tarefa. Quando estávamos completamente
pelados, ela se posicionou no meu colo de novo, mas dessa vez, de
costas para mim. Com bastante destreza, passou as pernas para
baixo das minhas coxas e guiou meu pau para dentro de si.
– Porra, princesa... – Balbuciei com dificuldade, dando um
tapa na bunda dela.
– Shiu! – Fez sinal de silêncio para mim, mas sem parar de
descer e subir sobre o meu membro.
Olhar aquela bunda imensa, movimentando eroticamente na
minha frente me deixou em ponto de ebulição. Tive que fechar os
olhos para não gozar rápido demais.
Por mais que tentássemos ser silenciosos, a saudade era
muita, assim como o nosso tesão, e nossas respirações ofegantes e
alguns gemidos tímidos reverberavam pelo quarto.
Quando não consegui mais me manter de olhos fechados,
voltei a admirá-la. Acariciei as suas costas com a mão que não
estava imobilizada e fui descendo para o meio da sua bunda,
massageando com o polegar aquele cuzinho apertadinho, sem
conseguir me conter.
A Emily deu uma olhadinha para trás, me lançando um sorriso
safado que me incentivou ainda mais a explorar aquela área.
– Você... é muito... tarado! – Me disse, sem deixar de rebolar
no meu pau e sem pedir que eu parasse de tocá-la ali.
– E você gosta... – respondi.
– Gosto mesmo!
Assim, aumentei a pressão do meu dedo naquela região e ela
não conteve um gritinho bem erótico.
– Ah... vou gozar, Gabriel!
– Que delícia, princesa!
Senti a musculatura interna dela se contrair ao redor do meu
pau, ao mesmo tempo em que os pelos do seu corpo se arrepiavam.
Acabei gozando junto com ela.
Quando ela se jogou ao meu lado corada e suada, tive que
repetir para ela que a amava.
– Também te amo! – Me disse.
Mais tarde, havíamos acabado de assistir um filme quando o
celular da Emily tocou.
– Oi, Mari... sim, ele está ótimo! – E sorriu maliciosamente,
enquanto falava com a nossa amiga. – E-mail?... Acho que não, vou
falar aqui com ele. Quer falar com ele?... Tá bom, beijo.
– O que ela queria? – Perguntei.
– Saber se você está bem e mandar você olhar o seu e-mail.
Meu coração acelerou na hora. No dia que fiz o exame de DNA
com a Amanda, dei o meu e-mail para o laboratório, mas também dei
o da Mari, simplesmente porque ela fica com o dela aberto o tempo
inteiro por causa do trabalho. Imaginei que veria o resultado primeiro
do que eu. Pedi a Emily que pegasse o meu notebook dentro do
guarda-roupas, mas não falei para ela o porquê.
De fato, havia um e-mail do laboratório e o abri imediatamente.
Quando olhei o resultado, a Emily percebeu na hora que havia
acontecido alguma coisa.
– Que e-mail é esse que fez você perder até a cor?
Não sei dizer se fiquei triste, ou feliz ao descer os olhos para o
final da página e dar de cara com a seguinte mensagem:
Índice de Paternidade Combinado = 0
Probabilidade de Paternidade = 0
Alelos Compartilhados = 8/15

– Eu não sou o pai do bebê da Amanda.


A Emily me encarou por um tempão em silêncio, depois decidiu
perguntar.
– E você está feliz ou triste com essa notícia?
– Não sei dizer.
Eu realmente não sabia como me sentir. Ao mesmo tempo que
queria que o filho fosse meu, me senti aliviado de não ter a obrigação
de manter um contato tão próximo com a Amanda.
– Entendo, amor, mas sendo bem honesta com você... eu me
sinto como se um elefante tivesse saído das minhas costas. – Ela me
abraçou e me fez recostar em seu peito, enquanto fazia carinho na
minha cabeça.
– Se te consola, daqui há uns cinco anos eu prometo te dar
um bebê, ok? – me disse.
– Eu iria propor para a gente ter um ainda esse ano, mas tudo
bem, eu espero – zoei.
Ela riu.
– Esse ano não vai rolar, isso eu garanto. – E sorriu.
O choque inicial foi passando e fui ficando mais tranquilo, então
me dei conta de que aquele era mesmo o melhor resultado. Por mais
que a Amanda estivesse se comportando bem nas últimas semanas,
eu não tinha como saber se seria assim para sempre e não termos
mais um vínculo tão forte quanto um filho, não afetaria meu
relacionamento com a Emily.
Então, mais relaxado, peguei no sono de novo, mas dessa
vez, nos braços da mulher da minha vida.
Epílogo

Emily
Três meses depois...

Por causa do término do noivado da Lívia, ela se mudou para BH e


já estava há quase dois meses morando comigo e a Cléo.
Com a história da transferência do meu namorado, a Cléo e
o Heitor haviam ficado completamente empolgados em morar juntos,
e o Gabriel não teve coragem de estragar os planos deles, mesmo
tendo desistido de se mudar para o Rio. Assim, ele decidiu alugar um
novo apartamento para deixar que a Cléo fosse morar com o Heitor.
Por sorte, havia um sendo desocupado bem em frente ao que ele
dividia com o Heitor. Só que não era para alugar, o dono queria
vendê-lo. Para a minha surpresa, mais que depressa, o Gabriel
entrou em contato com o proprietário e fechou a papelada para a
compra.
Quando ele me levou para conhecer, fiquei simplesmente
encantada. O apartamento tinha acabado de ser reformado e estava
lindo. Os armários da cozinha eram todos novos e branquinhos,
assim como o do banheiro. Eles combinavam perfeitamente com a
bancada de granito azul, a qual já tinha um Cooktop de cinco bocas
acoplado a ela. Eram as únicas coisas que o apartamento já possuía.
– É lindo. – Comentei deslumbrada.
– Sim. Para ficar mais lindo ainda, é só você vir morar aqui
comigo.
Primeiro pensei que ele estivesse brincando e não dei
importância, mas quando vi que ele falava sério, fiquei nervosa.
O Gabriel passou a insistir bastante, alegando que não tinha
cabimento eu não ir morar com ele lá.
– Primeiro, princesa, você não vai sair daqui mesmo. – Me
disse, enquanto sorria maliciosamente.
Ele se aproximou de mim, me abraçou e continuou
argumentando:
– Segundo, vai estar mais perto do Louis, já que só vai
precisar dar dois passos para fora de casa para vê-lo. Logo, nem
você, nem o Salem sentirão muita falta dele. Terceiro, vai gastar bem
menos com despesas domésticas. Por último, e mais importante, vai
me ter mais perto e te garanto que você não irá se arrepender. –
Concluiu enquanto descia com as mãos das minhas costas para a
minha bunda.
Tentei argumentar que se eu aceitasse, estaríamos
praticamente casando e as coisas não poderiam andar tão rápidas
assim. Ele me respondeu com um “quem disse?” e no final, acabei
cedendo.
Eu já tinha aceitado morar com a Lívia e tive que explicar
para ela a mudança de planos. Fiquei morrendo de medo de ela ficar
chateada, mas ela nem ligou. Apesar de estar lidando muito bem
com a separação, ela não quis ficar com os móveis que havia
comprado para a casa que iria morar com o João e os vendeu para o
Gabriel. Também disse que precisava se reencontrar e que não via
problema algum em morar sozinha no apartamento que eu dividia
com a Cléo.
Eu e o Gabriel, então, começamos a preparar nossa
mudança, programada para o começo de abril. A Cléo só estava
esperando o Gabriel desocupar o apartamento dele e do Heitor para
se mudar também.
Uma semana antes da data prevista, já estava tudo pronto.
Eu tinha acabado de fazer uma boa faxina no nosso apartamento
novo com a ajuda da Lívia. Ela ainda não estava trabalhando e se
prontificou em passar o dia inteiro me ajudando. Ainda faltava trazer
as últimas coisas do meu apartamento antigo, mas quase tudo já
estava em seus devidos lugares.
Os móveis que eu o Gabriel compramos da Lívia tinham
chegado naquele dia. Nós ficamos com a geladeira dela, que era
duplex e de inox, com o forno elétrico, o maravilhoso sofá retrátil e o
jogo de quarto. Ela preferiu ficar com a minha cama e com as coisas
que eu e a Cléo tínhamos no nosso apartamento, do que com os
itens que havia comprado para o casamento. A minha cama também
era nova, mas a que ela havia comprado para ela e o João era
infinitamente mais bonita. Era maior, por ser queen size, e vinha com
uma cabeceira cinza estofada que eu amei!
– A única coisa que faço questão de trocar, assim que arrumar
um emprego, é o sofá. Aquele sofá de palete de vocês é horroroso! –
Me disse com divertimento.
Eu ri.
Eu tinha falado para o Gabriel que as coisas que
compramos dela só chegariam de Silvestre na semana seguinte,
porque queria fazer surpresa. Então, combinei com o rapaz do
carreto e os montadores de móveis na parte da manhã. Com o rapaz
que ia colocar tela nas minhas janelas, marquei na hora do almoço.
No finalzinho da tarde, já estava tudo pronto. Até os móveis de
quarto do Gabriel já estavam no outro quarto, onde faríamos um
quarto de hóspedes misturado com um escritório.
O interfone tocou e fui atender. Eu tinha enviado mensagem
mais cedo para o Gabriel dizendo que estava lá limpando e já sabia
que era ele.
– Abre para mim, princesa.
Abri e voltei a guardar as poucas vasilhas que faltavam no
armário.
– Nossa, esse apartamento está tão cheiroso. – Comentou
assim que abriu a porta.
– Graças a mim. – A Lívia comentou e eles riram.
Quando ele notou o sofá, se assustou.
– De onde surgiu esse sofá? – Perguntou.
O sofá era azul marinho e o tecido era veludo. Como as paredes
estavam todas branquinhas, ele se destacava mais ainda na sala,
não só por conta da beleza.
A Lívia riu e respondeu:
– Surpresa! Estou vendo que essa é a minha deixa, então,
já estou indo para a casa. Beijos para vocês.
– Obrigada por me ajudar, viu?!
Nos despedimos dela e ficamos lá sozinhos. Sorri para ele.
Ele sorriu de volta. Enquanto colocava a chave do carro na bancada,
ele olhava tudo em volta.
– Não tô acreditando que você praticamente fez toda a
nossa mudança sozinha... – Comentou olhando para o rack que o
Felipe havia me dado quando fui morar com a Cléo.
Eu apenas sorri.
– Não tem porque esperarmos até semana que vem para
mudar, já está tudo aqui. – Continuou.
– De fato, não precisamos esperar. – Falei tão animada
quanto ele.
Quando me analisou com mais atenção, já me lançou
aquele olhar safado que eu amo. Eu vestia um top nadador, uma
regata preta bem cavada e um short de ginástica também preto.
– Esse short está muito curto, você não acha?
– Acho. Por isso mesmo que só uso ele em casa – e pisquei
um olho para ele. – Apenas para a faxina – completei.
– Porra... sou muito sortudo. Vou ver você fazendo faxina
sempre com ele?
– Vai ver e vai ajudar. Essa foi a primeira e única vez que fiz
faxina sem você. Só porque estou muito ansiosa para colocar tudo
em ordem e você estava trabalhando.
– Então acho que tenho que recompensar a sua boa
vontade.
Enquanto ele se aproximava devagarinho, me perguntou
como fiz para estar tudo pronto tão rápido. Fui explicando e disse
que era para ele dar uma olhadinha nos quartos.
– Não – falou em um tom grave – prefiro olhar você.
Ele parou praticamente com o corpo colado ao meu, me
encarando sedutoramente. Depois ergueu as sobrancelhas e correu
até a porta para trancá-la. Ao retornar em minha direção, já foi
arrancando a camisa. Meu estômago revirou de excitação.
– Então você quis fazer surpresa, né? – perguntou me
dando um sorriso torto. – Qual outra surpresa você tem para a mim?
Enquanto aguardava a minha resposta, o Gabriel foi abrindo
o zíper da calça, se sentando em seguida no nosso sofá novo. Vê-lo
naquela posição, no nosso apartamento, me olhando com aquela
cara de pidão me deixou em chamas. Pulei no colo dele
imediatamente, o beijando na boca. Ele correspondeu o meu beijo
instantaneamente, conforme puxava a minha regata e o meu top
para cima. Entrelacei meus dedos pelo seu cabelo curto, o puxando
com força, levando a cabeça dele para trás. Assim, pude ter um
melhor acesso ao seu pescoço. Então parti para lá, dando leves
chupões alternados com algumas mordidinhas. Ele fez um barulho
estranho, não sei se riu ou se gemeu, ou se aquele ruído era uma
junção dos dois.
Quando vi que ele já não aguentava mais, me levantei e
enfiei meus dedos polegares por baixo do elástico do meu short,
descendo-o até os meus pés junto com a minha calcinha. Eu os
chutei para o lado e o Gabriel acompanhava todos os meus
movimentos com os olhos, até fixá-los na região que eu tinha
acabado de expor.
Bem devagar, eu me inclinei sobre ele e levei as mãos ao
cós da sua cueca, descendo-a para baixo dos seus joelhos,
enquanto ele acariciava meus seios nus. Quando ameacei subir em
cima dele, ele me virou bruscamente para frente, me trazendo para
trás em seguida, fazendo com que eu sentasse de costas no seu pau
já completamente duro. Quando senti a sua glande entrando em
mim, foi impossível segurar um grito.
Pelo visto, ele gosta bastante dessa posição...
Então, aproveitei. Eu me movia para baixo e para cima bem
devagar, conforme ele me apertava com as duas mãos nas laterais
da minha bunda. Ele não conseguia se manter quieto e ficava
forçando o quadril para cima. Aquilo me levava a loucura, já que
daquela forma, eu sentia o seu pênis atingindo um ângulo certo
dentro de mim.
Quando ficou muito difícil continuar naquele sentido,
comecei a rebolar sobre ele. O Gabriel gemeu alto, me dando uma
mordida nas costas. Percebi meu orgasmo se aproximando e queria
o Gabriel junto comigo, então me inclinei um pouco mais para a
frente e levei minha mão direita para os seus testículos, o
acariciando ali.
– Porra, princesa... vou gozar...
O Gabriel gemeu alto e acelerei o ritmo. Assim, nós dois
chegamos ao clímax juntos.
Demorei um pouco a sair de cima dele, já que meu corpo todo
tremia. Quando me levantei, ele se levantou em seguida e me pegou
no colo, partindo comigo para o quarto.
– Agora sim, quero ver como o nosso quarto ficou e, obviamente,
estreá-lo com você. – E me beijou deliciosamente, enquanto
caminhava comigo pelo corredor.
Ao chegar no quarto e ver como ficou, sorriu.
Eu amo esse sorriso!
Ele me deitou na cama e subiu em cima de mim, voltando a me
beijar ferozmente.
– Eu te amo, Emily! – Falou entre um beijo e outro. – Quer casar
comigo?
O Gabriel fixou os olhos nos meus enquanto aguardava a minha
resposta. Fiquei meio atordoada, sem saber se ele estava falando
sério, mas pela seriedade do seu olhar, entendi que era sério.
– Como… como assim casar?
– No cartório, e se você quiser, na igreja também.
Permaneci alguns segundos sem conseguir elaborar uma
palavra. Antes mesmo de recuperar a fala, sorri para ele, sentindo
meus olhos lacrimejarem.
– Você não cansa de me surpreender, Gabriel. Nunca imaginei
que você tivesse vontade de morar junto com alguém, muito menos
de se casar.
– Mas eu nunca quis mesmo, não até conhecer você, princesa.
Você é a dona do meu mundo e agora, sinto que as coisas só têm
graça quando estou com você. Apenas você!
– Desse jeito eu vou chorar. E sim, quero me casar com você,
meu amor!
Nós nos beijamos ardentemente e, mais uma vez, fizemos amor,
só que dessa vez, no quarto onde passaríamos o resto das nossas
vidas, juntos.
Fim!
Playlist Emily & Gabriel
NSYNC - Girlfriend
Aerosmith - I Don't Want to Miss a Thing
Bob Marley - Redemption Song
SOJA - You And Me
Bob Marley - Is This Love
Fifth Harmony - Work From Home (feat. Ty Dolla $ign)
AC/DC - Let's Make It
Barão Vermelho - Por Você
Queen - Love Of My Life
Jorge & Matheus - Sosseguei
Bon Jovi - Always
Nirvana - Come As You Are
Ed Sheeran - One
Armandinho - Ainda Gosto de Você
Brunos Mars - Talking to the Moon
Avril Lavigne - When You’re Gone
Armandinho - Outra vida
Marília Mendonça - Bebi Liguei
Cazuza - Faz Parte do Meu Show
Agradecimentos

Mais uma vez, quero agradecer a todos os meus amigos


que me motivam e torcem por mim. É uma lista bem grande, então
não dá para colocar o nome de todos, mas... Carol, Leandro Vitor,
Felipe Santos, Aline Sant’Anna, Rogério, Tati Tagliatti, Stephany Sá...
enfim, eu amo muito vocês!
E o que dizer dos meus leitores beta? Gente, vocês são
tudo na minha vida! Letícia, Fernandinha, Diego, Eva, Isadora, Ana
Flavia e Lívia, muito obrigada por tudo! É muito enriquecedor ver
vocês enlouquecidos com as minhas histórias, emocionados e
empolgados. Além disso, eu fico extremamente grata por vocês
darem o máximo de si para fazerem as leituras dentro do prazo que
eu peço, arrumando um tempinho durante as suas atividades diárias.
Sério, vocês são tudo para mim! Este livro, com toda a certeza, não
teria saído sem vocês!
Também não posso deixar de agradecer uma pessoinha
que eu amo tanto, que como vivo dizendo, parece até que saiu de
mim: Stephani. Querida, obrigada por vibrar e se emocionar com as
minhas histórias, e sobretudo, obrigada por divulgar meus livros. Titia
te ama muito!
Julio: obrigada pelo apoio de sempre e obrigada por ler
aquelas cenas que costumo ficar na dúvida se estão condizentes
com a cabeça masculina. Você é o melhor marido do mundo!
Por fim, quero agradecer aos meus leitores. Quando escrevi
“Nos Teus Braços”, eu não tinha certeza se faria uma continuação,
mas ao receber tantos feedbacks positivos e ver toda a empolgação
de vocês, foi impossível não transformar as histórias em uma série.
Obrigada!
Sobre a autora:

Este é o segundo livro da autora e o segundo também da série


Caminhos do Amor. Daiana é professora, bióloga e pesquisadora
especialista em comportamento felino. Sempre gostou muito de
romance, o que a motivou a se aventurar em criar histórias que
emocionem e divirtam os seus leitores.

Instagram pessoal: @daianasmachado


Instagram da série: @livroscaminhosdoamor
E-mail: daianasm.dsm@gmail.com
Sinopse Livro 1 (Nos Teus Braços)

"Eu tinha passado a noite toda pensando nela e já estava


bastante ansioso. O que era muito estranho, porque convivemos por
tantos anos e nunca tinha pensado nela daquela forma..."

Cléo sempre foi apaixonada por Heitor. Ela o conhece desde


criança, já que ele é irmão da sua melhor amiga. Eles sempre foram
muito próximos, mas ele nunca correspondeu aos sentimentos dela.
Quando Heitor precisou se mudar de cidade para fazer faculdade,
eles se afastaram. A Cléo sofreu durante um tempo, mas seguiu em
frente. Anos depois, a situação entre os dois pode mudar, já que
novamente estão morando na mesma cidade.

Em um novo lugar, com novos amigos e uma nova rotina, será o


momento em que a Cléo viverá aquela paixão de adolescência? Um
romance sensual e envolvente que fará você vibrar e se emocionar.

Link para livro 1: https://amzn.to/3tsg9D8


Mais trabalhos da autora:

Sinopse: Uma viagem para um show. O início de uma pandemia


global. Um reencontro de duas pessoas que não se gostam nem um
pouco...

Alice viaja com algumas amigas para curtir um show de sua


banda preferida, achando que aquela seria uma viagem normal, com
bastante diversão. Ela só não esperava que uma pandemia causada
por um novo vírus se instauraria, virando a vida de todos de cabeça
para baixo e a impedindo de voltar para casa.

Bernardo mora sozinho na cidade que trabalha há alguns anos e


no meio de uma pandemia, é surpreendido com uma ligação de um
amigo, pedindo que ele dê abrigo para a mulher que ele não
suportava enquanto fazia faculdade.

Um conto delicioso, com um casal com bastante química, mas


que não são os maiores fãs um do outro. Será que a convivência vai
mudar a percepção que eles têm de ambos e eles se tornarão
amigos, ou algo a mais?
Link para o conto: https://amzn.to/3bCclJB

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