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LETRAS - INGLÊS

Camila Motta Avila


Revisão gramatical III
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Identificar os tópicos gramaticais abordados.


 Diferenciar o comparativo do superlativo dos adjetivos e utilizá-los
corretamente em inglês.
 Reconhecer, primordialmente, a voz passiva, que é muito utilizada em
textos técnicos em inglês.

Introdução
Neste capítulo, você estudará sobre alguns aspectos gramaticais da
língua inglesa, bem como conhecerá as particularidades acerca de alguns
princípios linguísticos do inglês. Além disso, revisará informações sobre
os verbos anômalos, os tempos verbais, a construção do comparativo
e do superlativo e as vozes ativa e passiva dos verbos, ferramentas de
compreensão textual em inglês que auxiliam a leitura de diferentes gê-
neros textuais.

1 Reconhecendo o verbo e suas apresentações


Identificar as diferentes formas verbais e as apresentações que as palavras
podem assumir em língua inglesa é primordial para o acesso à informação
e ao conhecimento, em virtude da abundância de informações e materiais
disponíveis em inglês para estudo, atualização, lazer e entretenimento. Ao
reconhecer as principais formações verbais e a constituição lexical em inglês,
as possibilidades de se experienciar diferentes realidades se expandem, já
que há uma grande oferta de diversas fontes culturais e intelectuais nessa
língua. A maioria dos sujeitos contemporâneos pode se deparar com textos
em língua inglesa mais de uma vez ao dia durante a sua rotina, como, por
exemplo, ao acessar as redes sociais, ao utilizar algum dispositivo eletrônico,
ao interagir com aplicativos de celular, entre outras possibilidades. Dessa
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forma, este capítulo pretende auxiliar o leitor a identificar e reconhecer


determinadas características verbais e lexicais da língua inglesa.

Verbos anômalos
Ao se familiarizarem com as estruturas básicas da língua inglesa, os aprendi-
zes precisam encontrar uma forma de sistematizar o seu novo conhecimento
sobre a língua. Essa sistematização se constrói por meio do reconhecimento
de padrões e do funcionamento de categorias específicas de cada sistema
linguístico. Portanto, para além de reconhecer o significado das palavras e
das possíveis combinações entre elas, um falante de uma língua estrangeira
deve atentar aos padrões intrínsecos a cada categoria, de modo que entender
a classificação própria dos verbos é de extrema importância.

Caracterizar os tipos de verbo em língua inglesa instrumentaliza o aprendiz a trabalhar o uso


da língua de forma autônoma e significativa. Já identificar os padrões verbais possibilita ao
falante usar o vocabulário e entender o sistema linguístico e seu funcionamento, habilidade
esta que caracteriza um usuário, de fato, proficiente e experiente na língua que estuda.

Para entender o que são e como funcionam os verbos anômalos, primeira-


mente, faz-se necessário distinguir os finite dos non-finite verbs. A categoria
dos non-finite verbs compreende os verbos no infinitivo (present e perfect,
com ou sem a partícula to), o particípio presente ou passado e o gerúndio, ou
substantivo verbal. Já a categoria dos finite verbs compreende os verbos que
não são non-finite, ou seja, é uma forma verbal que tem um sujeito (explícito
ou implícito) e que pode funcionar como núcleo de uma oração independente
(i.e., pode operar como uma frase independente). Os finite verbs se diferenciam
dos non-finite verbs, que operam em um grau hierárquico menor na estrutura
sintática do sistema linguístico da língua inglesa.
A seguir, são apresentados exemplos de finite verbs, em negrito, e non-finite
verbs, sublinhados (VAN GELDEREN, 2010):

This sentence is illustrating finite and non-finite verbs.


Esta frase está exemplificando verbos finitos e não finitos.
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The dog will have to be trained well.


O cachorro deverá ter que ser bem treinado.

Tom promised to try to do the work.


Tom prometeu tentar fazer o trabalho.

Considerando os verbos to be, tem-se, como formas non-finite desse verbo:


(to) be, (to) have been, being, been | (to) see, (to) have seen, seing, seen. Já como
formas finite dos mesmos verbos, tem-se: am, is, are, was, were | see, sees, saw.
Quando os finite verbs são utilizados com to, eles são chamados de to infi-
nitive. Já quando são utilizados sem o to, eles são chamados de bare infinitive.
Exemplos de to infinitive são: to dream (sonhar), to have (ter), to sleep (dormir).
Observe que, embora em português haja três terminações verbais para indicar
o infinitivo (-ar, er, ir), em inglês, essa forma verbal é indicada pelo to em
frente aos verbos sem conjugação. Exemplos de bare infinitive, por sua vez,
podem ser encontrados nos modal verbs, como can, should, may, entre outros.
O Quadro 1, a seguir, apresentada os finite e os non-finite verbs.

Quadro 1. Finite e non-finite verbs

Non-finite verbs Finite verbs

Infinitive Present participle Past participle Present tense Past tense

Be Being Been Am, is, are Was, were


Have Having Had Have, has Had
Do Doing Done Do, does Did
Shall Should
Will Would
Can Could
May Might
Must
Ought
Need
Dare Used (to)

Fonte: Adaptado de Hornby (1975).


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Os verbos que não apresentam uma conjugação regular são chamados de verbos
anômalos. Anômalo (do latim anomalus, -a, -um, e do grego anômalos, -on) denota
algo irregular, fora das regras de formações gerais, assimétrico. Portanto, os verbos
anômalos não apresentam formação em diferentes conjugações de maneira regular,
respeitando, assim, princípios diferentes daqueles dos verbos regulares.

O termo anômalo é aplicado para as 24 formas dos finite verbs do Quadro 1.


A característica mais evidente dos finite verbs (e, aqui, anômalos) é que eles
podem ser unidos para se contrair com o not para construir a forma negativa
(isn’t, weren’t, haven’t, don’t, didn’t, can’t, shouldn’t, oughtn’t). O termo anômalo
é restrito aos finite verbs que podem ser combinados com not. Assim, o verbo
have pode ser considerado anômalo quando é auxiliar, como em I haven’t done
that (Eu não fiz isso), mas não quando é o verbo principal, como em I have lunch
everyday (Eu almoço todos os dias). No exemplo em que have opera como verbo
principal, ele funciona como um ordinary verb.

É importante não confundir os verbos anômalos com o conceito de verbos modais


ou verbos auxiliares. Embora essas concepções possam se interseccionar, cada uma
delas se define de forma individual.

Os verbos em forma anômala podem funcionar como verbos de ligação.


Nos exemplos a seguir, os finite verb forms de be e de have são anômalos e
verbos de ligação, porém não são auxiliares (HORNBY, 1975).

She is a teacher.
Ela é professora.

The men are busy.


Os homens são/estão ocupados.
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Have you any money?


Você tem algum dinheiro?

Jane has two brothers.


Jane tem dois irmãos.

They had a good holiday.


Eles tiveram um bom feriado/boas férias.

Os verbos anômalos podem ter várias funções e são separados em duas


grandes categorias: palavras estruturais e verbos modais. Eles funcionam,
primeiramente, como palavras estruturais de grande importância discursiva.
Quando utilizadas para evitar repetição, as formas anômalas podem ser en-
contradas, por exemplo, nas tag questions. Também como palavras estruturais,
os verbos anômalos podem ser aplicados em inversões sintáticas, como em
Little did they know, referente a They little knew that (Mal sabiam eles/Mal
eles sabiam). Hornby (1975) menciona, inclusive, que algumas classes espe-
cíficas de advérbios podem ter a sua posição definida em frases de acordo
com a ocorrência de verbos anômalos nessas estruturas. Um exemplo disso
é a posição intermediária de advérbios que precedem verbos anômalos não
finitos e são seguidos de anômalos finitos (a menos que estes sejam acentu-
ados — stressed). A disposição dos advérbios pode mudar de acordo com o
tipo de verbo anômalo em questão.
Com verbos anômalos não finitos (HORNBY, 1975):

We generally/usually go to school by bus.


Nós geralmente vamos à escola de ônibus.

The sun always rises in the east.


O sol sempre nasce ao leste.

Com verbos anômalos finitos (HORNBY, 1975):

You should always try to be punctual.


Você deveria sempre tentar ser pontual.

We shall soon be there.


Devemos estar logo por aí.
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Com um verbo anômalo finite acentuado (tônico; HORNBY, 1975):

We’ve never refused to help.


Nunca nos negamos a ajudar.
We never have refused to help.

Além disso, os verbos anômalos são aplicados para formar modos verbais
que não existem originalmente flexionados em língua inglesa. Quando fun-
cionam dessa forma, são chamados de verbos modais (modal é o adjetivo
referente a mode ou mood em língua inglesa, referente a “modo”). Alguns
exemplos de verbos modais são:
Condicional:

I might call her, if I feel like doing it later.


Eu devo ligar para ela, se eu sentir vontade de fazer isso
mais tarde.

Subjuntivo:

If she were smarter, she wouldn’t do that.


Se ela fosse mais esperta, não teria feito isso.

Tempos verbais
Existem 12 combinações verbais em língua inglesa ao total, considerando-
-se tempo, aspecto e forma verbal. Antes de se fazer uma listagem a fim de
apresentar seus usos, estruturas e exemplos, faz-se necessário diferenciar os
conceitos de tempo e aspecto verbais (tense and aspect), geralmente confun-
didos ou tomados como conceitos sinônimos.
Entende-se por aspecto verbal a noção de duração da ação expressa pelo
verbo. Existem dois aspectos verbais em língua inglesa: o progressivo ou contí-
nuo (progressive ou continuous) e o perfeito (perfect). O aspecto progressivo
expressa ações continuadas, que pressupõem uma atividade incessante, repetida
com determinada regularidade e sem interrupção. O aspecto perfeito, por
usa vez, é responsável por expressar a ligação entre dois tempos verbais. Essa
ligação pode se dar por meio de uma ação que tenha ocorrido no passado e
que tenha continuidade até o tempo presente (unindo passado e presente), ou
por meio de uma ação do presente que tenha afeitos previstos para o futuro
(unindo presente e futuro). O aspecto contínuo é marcado pela partícula –ing,
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unida aos verbos principais das orações, ao passo que o aspecto perfeito conta
com o verbo auxiliar have/has ou had, acrescido de um verbo no particípio. É
o aspecto verbal que permite aos usuários do inglês compreenderem os eventos
da língua e expressá-los de acordo com a sua percepção.
O tempo verbal, por sua vez, determina um ponto específico no tempo ou um
período determinado de tempo (CELCE-MURCIA; LARSEN-FREEMAN, 1999;
MURPHY, 2004). Em termos estritos, existem dois tempos verbais morfologica-
mente expressos nos verbos em inglês: passado e presente. Isso porque, embora
haja a ideia de futuro, que vem a ser expressa por verbos auxiliares (p. ex., o caso
do will), esse tempo verbal não é formalmente evidente nas desinências verbais
de tempo. Seguindo essa ideia, Lewis (1986) define o tempo verbal como uma
mudança morfológica expressa na forma do verbo. Assim, uma forma verbal que é
expressa através de um verbo auxiliar não se configuraria como um tempo verbal.
Para melhor compreensão de passado e presente como tempos verbais em
língua inglesa, é interessante relacionar esses tempos em termos de percepção
com relação à noção de distância — remoto e próximo. Dessa forma, deve-se
considerar três características importantes: tempo, realidade e registro. O tempo
refere-se ao momento em que uma determinada ação foi performada. Já a realidade
considera alguma relação entre o que está expresso por uma determinada oração
através de um verbo e o real referente a tal fato. Por fim, o registro diz respeito a
alguma adequação discursiva situacional expressa pelo falante através do verbo.
A Figura 1, a seguir, apresenta um esquema com exemplos sobre as noções
acerca de tempo, realidade e registro.

Figura 1. Esquema sobre características das ações que elucidam os tempos


verbais em língua inglesa (passado e presente).
Fonte: Pizzichinni (2017, documento on-line).
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Já que uma primeira apresentação sobre os conceitos de tense e aspect


foi desenvolvida, parte-se, agora, para as possíveis combinações verbais, que
resultam em 12 formas para expressar as ações em língua inglesa. Conforme
Yule (1998), as formas verbais em inglês são: simple present, present progres-
sive, simple past, past progressive, simple future, future progressive, present
perfect, present perfect progressive, past perfect, past perfect progressive,
future perfect e future perfect progressive.
O Quadro 2, a seguir, apresenta as formas verbais em questão, acompa-
nhadas de exemplos.

Quadro 2. Formas verbais em língua inglesa com suas respectivas estruturas

Forma verbal Exemplo Estrutura

Simple present I love your Mercedes. Suj + verbo (+s, se for he, she, it)
+ obj

Present progressive You are standing too close to it. Suj + to be + verbo + ing + obj

Simple past I wanted a car just like it. Suj + verbo + -ed (ou verbo
irregular) + obj

Past progressive You were aiming too high. Suj + to be no passado + verbo
+ ing + obj

Simple future I will work for it. Suj + will + verbo + obj

Future progressive You will be working forever. Suj + will be + verbo + ing + obj

Present perfect I have worked hard before. Suj + have/has + verbo no


particípio + obj

Present perfect You have been working. Suj + have/has been + verbo +
progressive ing

Past perfect I had saved my money. Suj + had + verbo no passado


+ obj

Past perfect You had been saving pennies. Suj + had been + verbo + ing
progressive + obj

Future perfect I will have saved enough. Suj + will have + obj

Future perfect You will have been saving in Suj + will have been + obj
progressive vain.

Fonte: Adaptado de Yule (1998).


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2 Modificações do adjetivo: casos comparativo


e superlativo
Em língua inglesa, a classe de palavras que compreende os adjetivos não varia
em gênero (feminino e masculino) e número (singular e plural). Por esse motivo,
o adjetivo beautiful pode significar tanto “bonito” quanto “bonita”, “bonitos”
ou “bonitas”. Desse modo, o contexto discursivo e o substantivo relacionado
serão os responsáveis por determinar de que forma os adjetivos caracterizam
as palavras que venham a acompanhar. Em contrapartida, há a possibilidade
de se adaptar os adjetivos em duas formas: em comparações e em expressões
de realidades extremas. A seguir, é descrito como os casos comparativo e
superlativo se constroem e como funcionam em inglês.
A formação do comparativo em inglês se dá através do sufixo -er, adi-
cionado após os adjetivos de até duas sílabas, ou através da palavra more
previamente aos adjetivos que apresentem mais de duas sílabas. Em ambos
os casos, a palavra than deve ser inserida logo após o adjetivo, para que a
formação do caso comparativo se dê de forma completa, seguida do objeto
de comparação em questão.
Já a formação do superlativo em inglês ocorre através do sufixo -est,
adicionado após os adjetivos de até duas sílabas, ou através da palavra “most”
previamente aos adjetivos que apresentem mais de duas sílabas. Em geral,
o artigo the também é utilizado no superlativo previamente aos adjetivos
modificados.
A seguir, são apresentadas algumas regras que são igualmente válidas
para os sufixos -er e -est:

a) São adicionados em adjetivos de até duas sílabas:


Tall → taller than | the tallest
b) Quando adicionados a adjetivos que terminem em molde silábico CVC,
exigem a duplicação da última consoante para serem inseridos à palavra:
Big → bigger than | the biggest
c) Quando adicionados a adjetivos que terminem em E, devem ter o seu
e eliminado:
Simple → simpler than | the simplest
d) Quando adicionados a adjetivos que terminem em Y, precedidos de
consoante, exigem a troca do Y pelo I para serem acoplados às palavras.
Happy → happier than | the happiest
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Adjetivos de três ou mais sílabas


Os adjetivos com mais de duas sílabas não comportam sufixos como -er ou
-est. Por isso, ao se formar o comparativo e o superlativo em língua inglesa,
é preciso utilizar as palavras more e most para estabelecer esses modos com
os adjetivos. Confira, a seguir, alguns exemplos:

 Comfortable (pode ter 3 ou 4 sílabas, a depender da variante linguística


— /ˈkʌmf·tə·bl/ ou / ˈkʌm·fər·t̬ ə·bəl/):
■ Sitting on the sofa is more comfortable than sitting on a wooden
chair. (Comparativo)
■ Sentar-se no sofá é mais confortável do que se sentar em uma cadeira
de madeira.
■ I think my bed is the most comfortable place in the world. (Superlativo)
■ Eu acho que a minha cama é o lugar mais confortável do mundo.
 Important (tem 3 sílabas — /ɪmˈpɔr·tənt/):
■ Trying to solve the problem is more important than whining about
it. (Comparativo)
■ Tentar resolver o problema é mais importante do que reclamar sobre
ele.
■ Being happy is the most important goal in life. (Superlativo)
■ Ser feliz é o objetivo mais importante na vida.
 Expensive (tem 3 sílabas — /ɪkˈspen·sɪv/):
■ Travelling to far places is more expensive than travelling to places
close to you. (Comparativo)
■ Viajar para lugares distantes é mais caro do que viajar para lugares
próximos de você.
■ One of the most expensive things in the world is a diamond rock.
(Superlativo)
■ Uma das coisas mais caras no mundo é uma pedra de diamante.

Adjetivos irregulares
Alguns adjetivos não se encaixam nas regras apresentadas e, por esse motivo,
são considerados adjetivos irregulares para a formação de comparativo e
superlativo em língua inglesa. Esses adjetivos são: good, bad, little, much,
many e far. O Quadro 3, a seguir, apresenta os comparativos e superlativos
desses adjetivos, seguidos de um exemplo para cada um deles.
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Quadro 3. Adjetivos irregulares nos casos comparativo e superlativo

Adjetivo Comparativo Superlativo

Good Better Best


She is better than me. She is the best in math.

Bad Worse Worst


Losing your key is worse That was the worst food
than get wet in the rain. I’ve ever tasted.

Little Less Least


I am less tall than him. This is the least interesting topic ever.

Much and many More Most


A Ferrari is more expensive Gold is the most expensive
than a Beatle. metal in the world.

Far Further Farthest


For further information, Travelling to another continent was
please, contact us. the farthest territory I reached.

Fonte: Adaptado de Yule (1998).

3 Sujeito verbal ou ação desenvolvida:


usos e motivações linguísticas da voz passiva
A voz passiva é uma organização sintática que dá conta de estruturar, em
termos hierárquicos, o sujeito e o objeto em uma oração. É hierárquica, pois,
através dela, é definida a ordem linear na qual tais elementos são apresentados.
A ordem sintática canônica em língua inglesa (assim como no português)
é S-V-O (sujeito, verbo e objeto). Essa ordem, apesar de canônica, não é o
único arranjo sintático possível na língua. Para além de inversões sintáticas
estilísticas, há a voz passiva, uma construção sintática na qual um objeto
direto é deslocado para a função de sujeito. Essa construção recebe este nome
devido à função do verbo, que, ao ter sujeito e objeto deslocados, sofre uma
modificação: passa a ter atribuição passiva. Confira, a seguir, como se dá a
estrutura da voz passiva em língua inglesa:

Sujeito da passiva + verbo auxiliar (ser, estar, ficar, entre


outros) + verbo principal da ação conjugado no particípio +
agente da passiva
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A voz passiva é bastante utilizada em linguagem formal, jornalística e


acadêmica. Isso se dá pelo fato de, nessas situações, a ação performada per se
ser hierarquicamente mais relevante do que o sujeito que a operou. Além disso,
os profissionais dessas áreas têm como responsabilidade reportar os fatos da
forma mais impessoal e imparcial ou não enviesada possível. Um exemplo de
voz passiva no discurso jornalístico pode ser conferido na Figura 2. O mais
importante, na notícia em questão, é o número de cidadãos que podem vir a
ser infectados, e não quem os pode infectar, em si. Além disso, sendo o agente
infeccioso mundialmente conhecido e divulgado de forma incessantemente
massiva no momento histórico em que se encontra a reportagem, ele pôde,
inclusive, ser omitido — funcionamento comum no agente da passiva.

Figura 2. Excerto da página da BBC News, no caderno de notícias internacionais.


Vê-se, na manchete, um exemplo de construção sintática em voz passiva.
Fonte: Adaptada de BBC News (2020).
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A voz passiva é construída da seguinte forma: desloca-se o objeto direto


para a posição de sujeito da oração e transforma-se o sujeito da voz ativa em
agente da passiva. Assim, em uma oração como Coronavirus could infect
millions of Americans, tem-se, em sua forma passiva, Millions of Americans
could be infected [by coronavirus]. O agente da passiva pode ser omitido em
algumas situações, caso a sua explicitude na oração seja dispensável. Nessa
oração, destacam-se os seguintes constituintes:

O Quadro 4, a seguir, apresenta todas as formas conjugadas para a formação


da voz passiva em língua inglesa.

Quadro 4. Formação da voz passiva em inglês de acordo com os modos e formas verbais

Tempo verbal Voz ativa Voz passiva

Present simple do/does is done

Past simple did was done

Present continuous am/is/are doing am/is/are being done

Past continuous was/were doing was/were being done

Present perfect have/has done have/has been done

Past perfect had done had been done

Modal verbs can do can be done

Future (will) will do will be done

Future (going to) am/is/are going to do am/is/are going to be done

Conditional would do would be done


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Após revisar formas, aspectos e tempos verbais, além de distinguir os


casos comparativos e superlativos, é possível compreender o funcionamento
e os usos da voz passiva em língua inglesa. Toda essa revisão instrumen-
taliza o conhecimento para fins acadêmicos e para a formação intelectual
em geral. Lembre-se de que é necessário estar atento à aplicação e aos
usos das estruturas revisadas neste capítulo, principalmente em artigos
científicos, textos jornalísticos, na linguagem empregada em telejornais e
na interação entre pessoas. Além disso, deve-se sempre buscar informações
e fontes diversas para complementar os estudos, já que as possibilidades de
combinação de palavras e estruturas para a formação de novas unidades de
sentido são infinitas.

BBC NEWS. Coronavirus: 'millions' of Americans could be infected, expert warns. BBC
News, [s. l.], 29 March 2020. Disponível em: https://www.bbc.com/news/world-us-
-canada-52086378. Acesso em: 15 jul. 2020.
CELCE-MURCIA, M.; LARSEN-FREEMAN, D. The grammar book: an ESL/EFL teacher’s
course. Boston: Heinle & Heinle, 1999.
HORNBY, A. S. Guide to patterns and usage in English (ELT). 2nd ed. Oxford: Oxford Uni-
versity, 1975.
LEWIS, M. The English verb: an exploration of structure and meaning. Boston: Heinle
& Heinle, 1986.
MURPHY, R. English grammar in use. 3rd ed. Cambridge: Cambridge University, 2004.
PIZZICHINNI, L. Tense vs aspect. [2017]. Disponível em: https://news.collinselt.com/
tense-vs-aspect/. Acesso em: 15 jul. 2020.
VAN GELDEREN, E. An introduction to the grammar of English: revised edition. Amsterdam:
John Benjamins, 2010.
YULE, G. Explaining English Grammar. Oxford: Oxford University Press, 1998.
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