Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
18/08/2023
Número: 0001200-66.2008.8.15.0261
Classe: APELAÇÃO CÍVEL
Órgão julgador colegiado: 2ª Câmara Cível
Órgão julgador: Des. João Batista Barbosa
Última distribuição : 19/05/2023
Valor da causa: R$ 959.520,00
Processo referência: 0001200-66.2008.8.15.0261
Assuntos: Indenização por Dano Moral
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? NÃO
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? NÃO
Partes Procurador/Terceiro vinculado
ITAU XL SEGUROS CCORPORATIVOS S/A (APELANTE) JOSE FERNANDES VIEIRA NETO (ADVOGADO)
SAELPA SOCIEDADE ANONIMA DE ELETRIFICACAO DA MIGUEL DE FARIAS CASCUDO (ADVOGADO)
PARAIBA (APELANTE) DANIEL SEBADELHE ARANHA (ADVOGADO)
JALDEMIRO RODRIGUES DE ATAIDE JUNIOR
(ADVOGADO)
FRANCISCA LEITE FERNANDES (APELADO) AILTON AZEVEDO DE LACERDA (ADVOGADO)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
22693 26/07/2023 14:48 Acórdão Acórdão
230
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DA PARAÍBA
SEGUNDA CÂMARA CÍVEL
GABINETE – DES. JOÃO BATISTA BARBOSA
1.
Assinado eletronicamente por: JOAO BATISTA BARBOSA - 26/07/2023 14:48:51 Num. 22693230 - Pág. 1
https://pjesg.tjpb.jus.br:443/pje2g/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=23072614485126900000022698130
Número do documento: 23072614485126900000022698130
1.
2.
A parte promovida não se desincumbiu do ônus probatório, a teor do disposto no
art. 373, inciso II, do Código de Processo Civil, restando, portanto, configurado o
nexo de causal entre a conduta e o dano causado, devendo incidir a
responsabilidade objetiva pelo evento danoso, nos termos do art. 14 e 22, ambos
do Código de Defesa do Consumidor.
3.
No tocante ao quantum indenizatório, deve ser fixado considerando o efetivo
prejuízo suportado pela vítima, eventuais lucros cessantes, as peculiaridades da
causa, o bem jurídico lesado, a situação pessoal da parte, o potencial econômico
do lesante e os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, a fim de não
resultar enriquecimento sem causa.
4.
O valor da pensão mensal arbitrada, na sentença recorrida, deve ser mantido,
tendo em vista que o montante de 2/3 (dois terços) do salário mínimo, até a data
em que a vítima atingiria idade correspondente à expectativa média de vida do
brasileiro, segundo a Tabela do IBGE, mostra-se razoável e adequada ao fim a
que se destina.
5.
No que se refere à reparação das despesas com funeral e sepultamento da vítima,
embora inexista nos autos demonstrativos de tais despesas, estas devem ser
ressarcidas, independentemente de comprovação, consoante o entendimento da
Colenda Corte de Justiça.
6.
Apelo desprovido.
RELATÓRIO
Assinado eletronicamente por: JOAO BATISTA BARBOSA - 26/07/2023 14:48:51 Num. 22693230 - Pág. 2
https://pjesg.tjpb.jus.br:443/pje2g/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=23072614485126900000022698130
Número do documento: 23072614485126900000022698130
ao pagamento de indenização por danos materiais (alimentos), consistente em
pensionamento mensal de 2/3 (dois terços) do salário mínimo, devido a partir do óbito até
a data em que a vítima atingiria idade correspondente à expectativa média de vida do
brasileiro, mediante a inclusão da beneficiária da prestação em folha de pagamento.
Sem contrarrazões.
É o relatório.
Na petição inicial, a parte autora, ora apelada, alega que é viúva do de cujus João Bosco
Fernandes, vítima de eletroplessão (choque elétrico), ocorrida em 05 de fevereiro de 2006,
por volta das 09h00, quando este sofreu uma descarga elétrica no sítio Bom Sucesso,
Município de Aguiar, em razão de negligência, imprudência e imperícia da parte
promovida quanto à manutenção da rede elétrica.
Assinado eletronicamente por: JOAO BATISTA BARBOSA - 26/07/2023 14:48:51 Num. 22693230 - Pág. 3
https://pjesg.tjpb.jus.br:443/pje2g/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=23072614485126900000022698130
Número do documento: 23072614485126900000022698130
Ao final, a parte demandante requer a condenação da parte promovida, ora apelante, ao
pagamento de indenização por danos materiais, calculados em 22 (vinte e dois) anos de
serviços restantes, à base de 02 (dois) salários-mínimos mensais, considerando a
expectativa de vida do brasileiro; ao pagamento de indenização por danos morais,
considerando o dobro do valor dos danos materiais, assim como, das despesas com funeral
e luto da família, e a concessão de pensão vitalícia, além do pagamento das custas e
honorários advocatícios sucumbenciais, estes fixados em 20% (vinte por cento) sobre o
valor da condenação (ID n. 21614055).
Pois bem. Analisando as provas que instruem o feito, verifica-se que a responsabilidade
civil da parte demandada, ora apelante, é objetiva, haja vista que o fato (eletroplessão)
somente ocorreu devido à ato ilícito omissivo, em decorrência da falta de fiscalização e
manutenção da rede de energia elétrica no sítio Bom Sucesso, no Município de Aguiar.
Dessa feita, para caracterização da responsabilidade civil da parte demandada, devem ser
observados o nexo de causalidade e o dano, e, na hipótese, observa-se que as provas
constantes no caderno processual, notadamente, os depoimentos testemunhais (ID n.
21614055 - Pág. 47 e seguintes e ID n. 21614059 - Pág. 72 e seguintes), demonstram que a
morte da vítima se deu por descarga elétrica.
Assinado eletronicamente por: JOAO BATISTA BARBOSA - 26/07/2023 14:48:51 Num. 22693230 - Pág. 4
https://pjesg.tjpb.jus.br:443/pje2g/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=23072614485126900000022698130
Número do documento: 23072614485126900000022698130
Ademais, a parte promovida não se desincumbiu do ônus probatório, a teor do disposto no
art. 373, inciso II, do Código de Processo Civil, restando, portanto, configurado o nexo de
causal entre a conduta e o dano causado, devendo incidir a responsabilidade objetiva pelo
evento danoso, nos termos do art. 14 e 22, ambos do Código de Defesa do Consumidor.
Assinado eletronicamente por: JOAO BATISTA BARBOSA - 26/07/2023 14:48:51 Num. 22693230 - Pág. 5
https://pjesg.tjpb.jus.br:443/pje2g/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=23072614485126900000022698130
Número do documento: 23072614485126900000022698130
APELAÇÕES. Ação de Indenização por Ato Ilícito, Decorrente de Acidente (Morte Ocasionada
por Descarga Elétrica), cominada com Danos Morais, Materiais e Lucros Cessantes.
PROCEDÊNCIA PARCIAL DOS PEDIDOS em primeiro grau. IRRESIGNAÇÃO DE AMBAS
AS PARTES. MORTE DO PAI E ESPOSO DA AUTORA DECORRENTE DE DESCARGA
ELÉTRICA. COMPROVAÇÃO. MÁ PRESTAÇÃO DO SERVIÇO. CONCESSIONÁRIAS DE
SERVIÇOS PÚBLICOS. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. CONFIGURAÇÃO.
APLICAÇÃO DO ART. 37, §6º, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. EXISTÊNCIA DE NEXO
CAUSAL. DANO MORAL. OCORRÊNCIA. ARBITRAMENTO. PROPORCIONALIDADE.
JUROS DE MORA. TERMO INICIAL. EVENTO DANOSO. SÚMULA Nº 54, DO
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. PENSÃO MENSAL. FIXAÇÃO DEVIDA.
DESPROVIMENTO DOS APELOS DAS PROMOVIDAS E PROVIMENTO PARCIAL DO
RECURSO DAS AUTORAS. - A Energisa Paraíba - Distribuidora de Energia S/A e a
Telemar Norte Leste S/A, na condição de concessionárias de serviços públicos, sujeitam-se
à responsabilidade objetiva, preconizada no §6º, do art. 37, da Constituição Federal. - Em
se tratando de responsabilidade objetiva, é suficiente para a configuração do dever de
indenizar a demonstração do nexo causal, a má prestação do serviço e o dano
experimentado pelas autoras. - A indenização por dano moral deve ser fixada segundo os
critérios da razoabilidade e da proporcionalidade, observando-se, ainda, as peculiaridades do
caso, a fim de atender ao caráter punitivo e pedagógico integrante deste tipo de reparação. - A
pensão fixada no importe de 2/3 (dois terços) do salário recebido pelo falecido à época do
sinistro, mostra-se razoável e adequada ao fim ao qual se destina. - Tratando-se de
responsabilidade extracontratual, os juros de mora devem incidir a partir do evento danoso.
(TJPB, 0000232-04.2008.8.15.0401, Rel. Presidência, APELAÇÃO CÍVEL, Tribunal Pleno,
juntado em 10/06/2020) (grifou-se)
Assinado eletronicamente por: JOAO BATISTA BARBOSA - 26/07/2023 14:48:51 Num. 22693230 - Pág. 6
https://pjesg.tjpb.jus.br:443/pje2g/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=23072614485126900000022698130
Número do documento: 23072614485126900000022698130
Destarte, o valor da pensão mensal arbitrada, na sentença recorrida, deve ser mantida,
tendo em vista que o montante de 2/3 (dois terços) do salário mínimo, até a data em que a
vítima atingiria idade correspondente à expectativa média de vida do brasileiro, segundo a
Tabela do IBGE, mostra-se razoável e adequada ao fim a que se destina, que é o de suprir
as necessidades materiais básicas de seus dependentes, considerando que, se viva
estivesse, a vítima destinaria parte dos seus rendimentos para seu próprio sustento.
Assinado eletronicamente por: JOAO BATISTA BARBOSA - 26/07/2023 14:48:51 Num. 22693230 - Pág. 7
https://pjesg.tjpb.jus.br:443/pje2g/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=23072614485126900000022698130
Número do documento: 23072614485126900000022698130
previdenciária. Precedentes. 5. A jurisprudência desta Corte orienta que, em se
tratando de famílias de baixa renda, há presunção relativa de colaboração
financeira entre os seus membros, sendo, pois, devido, a título de dano material, o
pensionamento mensal aos genitores do falecido, a despeito de prova da
dependência econômica, admitido o direito de acrescer. 5.1. Há de ser admitido o
recebimento de décimo terceiro salário apenas na hipótese de ser comprovado que
a vítima mantinha vínculo empregatício na data do óbito. 6. Considerando os
elementos fáticos da causa, o valor da indenização por danos morais deve ser
fixado em R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) para cada um dos genitores e R$
25.000,00 (vinte e cinco mil reais) para o irmão, já considerada a concorrência de
causas. Esses valores deverão ser corrigidos a partir desta data (Súmula 362/STJ) e
juros de mora a partir do evento danoso (Súmula 54/STJ), de acordo com a taxa
SELIC. 7. A possibilidade de substituição da constituição de capital pela inclusão
dos beneficiários em folha de pagamento da empresa deverá ser avaliada pelo Juízo
da causa no procedimento de liquidação. 8. Recurso especial parcialmente provido.
(STJ, REsp n. 1.693.414/SP, relator Ministro Marco Aurélio Bellizze, Terceira
Turma, julgado em 6/10/2020, DJe de 14/10/2020.) (grifou-se)
Considerando que os honorários sucumbenciais foram fixados em 15% (quinze por cento)
sobre o valor da condenação, majoro na forma do § 11, do art. 85 do CPC, o valor dos
honorários advocatícios para 20% (vinte por cento) sobre o valor da condenação.
- DISPOSITIVO
É como voto.
Assinado eletronicamente por: JOAO BATISTA BARBOSA - 26/07/2023 14:48:51 Num. 22693230 - Pág. 8
https://pjesg.tjpb.jus.br:443/pje2g/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=23072614485126900000022698130
Número do documento: 23072614485126900000022698130
Assinado eletronicamente por: JOAO BATISTA BARBOSA - 26/07/2023 14:48:51 Num. 22693230 - Pág. 9
https://pjesg.tjpb.jus.br:443/pje2g/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=23072614485126900000022698130
Número do documento: 23072614485126900000022698130