fisiologia
princípios gerais da função gastrointestinal
Princípios gerais da motilidade
As fibras musculares lisas individuais dispõem-se em
feixes de até 1000 fibras paralelas
Elas se conectam eletricamente por meio de grande
quantidade de junções comunicantes
Cada camada muscular representa uma rede de feixes
de músculo liso
Camada funciona como um sincício → quando um
potencial de ação é disparado em qualquer ponto da
massa muscular, ele se propaga em todas as direções
do músculo
É excitado por atividade elétrica intrínseca, contínua e
lenta
Dois tipos de ondas elétricas
ONDAS LENTAS
• o ritmo das contrações é determinado pela frequência
das ondas lentas
• são variações lentas e ondulantes do potencial de
repouso da membrana
• sua intensidade varia entre 5 e 15 mV
• parecem ser ocasionadas por interações complexas
entre as células do músculo liso e células especializadas
– CÉLULAS INTERSTICIAIS DE CATAL – “marca-
passos elétricos”
• formam uma rede entre si e interpõem-se nas
camadas do músculo liso com contatos sinápticos com
suas células
• os potenciais de membrana → mudanças cíclicas →
canais iônicos específicos
• as ondas lentas não causam contrações musculares,
MAS estimulam o disparo intermitente de potenciais
em espícula
POTENCIAIS EM ESPÍCULA
• são verdadeiros potenciais de ação
• quando o potencial de membrana do músculo liso fica
mais positivo que -40 mV
• quanto maior o potencial da onda lenta, maior a
frequência dos potenciais em espícula
• duração de 10 a 40 x maior que os potenciais de ação
nas grandes fibras nervosas
• canais para cálcio-sódio: permitem que grande
quantidade de Ca2+ entre junto com menor quantidade
de Na+ → responsáveis pelos potenciais de ação
• lenta cinética de abertura e fechamento → longa
duração dos potenciais de ação
• o nível basal de voltagem do potencial de membrana
também pode variar
DESPOLARIZAÇÃO
• o potencial fica menos negativo e as fibras mais
excitáveis
• estiramento do músculo, acetilcolina, hormônios
gastrointestinais
HIPERPOLARIZAÇÃO
• o potencial fica mais negativo e as fibras menos
excitáveis
• norepinefrina ou epinefrina, estimulação dos nervos
simpáticos
Parte do músculo liso exibe CONTRAÇÃO TÔNICA → PLEXO SUBMUCOSO
é contínua, não se associa ao ritmo elétrico básico das
ondas lentas e dura vários minutos
É causada por:
↪ potenciais em espícula repetidos sem interrupção
↪ substâncias que produzem despolarização parcial
contínua da membrana do músculo liso
↪ entrada contínua de íons cálcio
Sistema nervoso entérico
Sistema nervoso próprio do TGI → começa no esôfago
e vai até o ânus
Composto de dois plexos: (1) mioentérico / Auerbach;
(2) submucoso / Meissner
O plexo mioentérico controla quase todos os
movimentos gastrointestinais
O plexo submucoso controla a secreção gastrointestinal
e o fluxo sanguíneo local
As fibras extrínsecas simpáticas e parassimpáticas
(SNA) se conectam com os plexos → intensificam ou
inibem as funções gastrointestinais
Terminações nervosas sensoriais → enviam fibras
aferentes para gânglios pré-vertebrais do sistema
nervoso simpático, medula espinal e tronco cerebral
pelos nervos vagos
PLEXO MIOENTÉRICO
• entre as camadas longitudinal e circular do músculo
liso
• controle da atividade muscular por todo o intestino
• efeitos: ↑ contração tônica; ↑ intensidade das
contrações rítmicas; ↑ no ritmo; ↑ velocidade de
condução das ondas excitatórias
• alguns de seus neurônios são inibitórios → secretam
VIP → inibição dos músculos de alguns dos esfíncteres
→ pilórico e da valva ileocecal
(OBS.: VIP → peptídeo intestinal vasoativo)
• controle na parede interna de cada diminuto
segmento do intestino
• ajudar a controlar: secreção, absorção e contração
local → graus variados de dobramento da mucosa
gastrointestinal
Neurotransmissores: acetilcolina, norepinefrina, trifosfato
de adenosina, serotonina, dopamina, CCK, substância P,
VIP, somatostatina, leuencefalina, bombesina
Normalmente, a acetilcolina excita e a norepinefrina
inibe
ESTIMULAÇÃO PARASSIMPÁTICA
• fibras cranianas: quase todas nos nervos vagos →
esôfago, estômago, pâncreas, intestinos
• fibras sacrais: passa pelos nervos pélvicos para a
metade distal do intestino grosso até o ânus
• os neurônios pós-ganglionares estão localizados nos
plexos mioentérico e submucoso
• intensifica a atividade da maioria das funções
ESTIMULAÇÃO SIMPÁTICA
• origem toracolombar
• os neurônios pós-ganglionares estão nos gânglios
celíaco e mesentéricos
• secretam principalmente norepinefrina
• inibe a atividade do TGI
FIBRAS NERVOSAS SENSORIAIS
• aferentes, se originam no intestino
• estimulação: irritação da mucosa, distensão excessiva,
substâncias químicas específicas
• transmitem sinais sensoriais do TGI para o bulbo
cerebral, que desencadeia sinais vagais reflexos que
retornam ao TGI para controlar muitas funções
Os sistemas nervosos suportam 3 tipos de reflexos:
1) completamente integrados na parede intestinal do
sistema nervoso entérico: secreção, peristaltismo,
contrações de mistura, efeitos inibidores locais, etc.
2) do intestino para gânglios simpáticos pré-vertebrais
e voltam para o TGI: sinais por longas distancias →
reflexos gastrocólico, enterogástricos, colonoileal
3) do intestino para a medula ou tronco cerebral e
voltam para o TGI: de dor, de defecação, controle
da atividade motora e secretória gástrica
Hormônios
GASTRINA: secretada pelas células G do antro do
estômago; estimula a secreção de ácido gástrico e
crescimento da mucosa
COLECISTOCININA (CCK): secretada pelas células I do
duodeno e jejuno; estimula secreção de enzimas
pancreáticas, contração da vesícula biliar; inibe o apetite
e esvaziamento gástrico
SECRETINA: células S do intestino; estimula secreção
de pepsina e HCO3- pancreático e biliar; inibe secreção
de ácido gástrico
GIP: células K do duodeno e jejuno; estimula secreção
de insulina; inibe secreção de ácido gástrico
MOTILINA: células M; estimula motilidade gástrica e
intestinal
Movimentos no TGI
PROPULSIVOS – PERISTALTISMO
• o peristaltismo é o movimento propulsivo básico
• um anel contrátil, ao redor do intestino, surge em um
ponto e se move para adiante
• qualquer material a frente do anel é movido para
diante
• estímulo usual: distensão do TGI
• também: irritação química ou física do revestimento
epitelial
• intensos sinais nervosos parassimpáticos provocam
forte peristaltismo
• o peristaltismo efetivo requer o plexo mioentérico
ativo
• “lei do intestino”: reflexo peristáltico e direção anal do
movimento
DE MISTURA
• as próprias contrações peristálticas causam a maior
parte da mistura
• contrações constritivas intermitentes locais trituram e
separam os conteúdos
Fluxo sanguíneo
Os vasos sanguíneos do sistema gastrointestinal fazem
parte de sistema mais extenso → circulação
esplâncnica
O sangue que passa por intestino, baço e pâncreas flui,
imediatamente, para o fígado por meio da veia porta
O fluxo de sangue pelo fígado, antes de retornar para
a veia cava, permite que as células reticuloendoteliais
removam bactérias e outras partículas que poderiam
entrar na circulação sanguínea do TGI
Nutrientes não lipídicos e hidrossolúveis →
transportados no sangue venoso da veia porta para os
sinusoides hepáticos
Gorduras → são transportadas pelo sistema linfático
intestinal
METABÓLICOS NO FLUXO SANGUÍNEO
• o fluxo sanguíneo está diretamente relacionado ao
nível local de atividade
• o fluxo aumenta com uma maior atividade motora,
secretória e absortiva, por exemplo
• várias substâncias vasodilatadoras são liberadas pela
mucosa do TGI durante o processo digestivo → a
maioria são hormônios peptídicos → CCK, VIP, gastrina
e secretina
• glândulas gastrointestinais liberam calidina e badicinina
(cininas) → potentes vasodilatadoras
• redução da concentração de oxigênio na parede
intestinal pode aumentar o fluxo por 50% a 100%
↪ a diminuição do O2 pode quadruplicar a
concentração de adenosina (vasodilatador)
• o fluxo venoso e arterial no vilo intestinal correm em
direções opostas
CONTROLE NERVOSO DO FLUXO SANGUÍNEO
• a estimulação dos nervos parassimpáticos para o
estomago e o cólon distal aumenta o fluxo sanguíneo
local e a secreção glandular → maior fluxo como efeito
indireto da maior atividade glandular
• a estimulação simpática tem efeito direto → causa
vasoconstrição → grande redução do fluxo sanguíneo
• “escape autorregulatório”: mecanismo que retorna o
fluxo para valores próximos dos normais → provocados
pela isquemia
• durante exercício pesado o fluxo sanguíneo
gastrointestinal e esplâncnico é interrompido
brevemente