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ANÁLISE FUNCIONAL

JARDSON FRAGOSO
@JARDSONFRAGOSOPSICOLOGO
Análise Funcional x Avaliação
Funcional

Qual a diferença das nomenclaturas?

▪ Análise
▪ Avaliação
▪ Análise de Contingências
“Fazer uma análise funcional é identificar a função, isto é, o valor de
sobrevivência de um determinado comportamento.” (Matos, 1999)

A análise funcional é a busca dos determinantes de um comportamento, de


sua função e não de sua forma, ou seja, busca identificar relações funcionais
entre o comportamento e o ambiente, em que comportamentos iguais podem
ter funções diferentes e comportamentos distintos podem ter a mesma função.
(Moreira e Medeiros, 2007)
Métodos de Avaliação do
Comportamento
Uma avaliação funcional é constituída de:

▪ Métodos de avaliação indireta


▪ Métodos de avaliação direta
Métodos de Avaliação do
Comportamento
Métodos de avaliação indireta:
▪ As avaliações indiretas têm como objetivo
principal compreender as variáveis que
afetam a ocorrência do comportamento
alvo por meio da informação fornecidas
pelo cliente ou pessoas próximas.
Ex. Checklists, entrevistas, inventários,
diários
Métodos de Avaliação do
Comportamento
Métodos de avaliação direta:

▪ Os métodos de avaliação direta são


baseados na observação direta do
comportamento e incluem: Observações e
Análises Funcionais experimentais.
FUNÇÃO X TOPOGRAFIA
A perspectiva analítico-comportamental
traz um contraponto às abordagens
tradicionais, definindo a Psicologia como
estudo do comportamento, isto é, das
interações organismo-ambiente

▪ Selecionista

■ 3 níveis de variação e seleção

- Thais eu te Amo!! Casa


comigo?
▪ Essa visão considera a causalidade ao longo
do tempo;

▪ O comportamento é considerado uma variável


dependente em relação aos eventos
ambientais, os quais seriam variáveis
independentes.

▪ Conclui-se daí que o comportamento é função


de condições ambientais.
- Thais eu te Amo!! Casa
comigo?

- Mas Pedro! Você sabe o


que fez?
Em conclusão, de acordo com a perspectiva
behaviorista radical, o comportamento atual é
resultante de características genéticas únicas,
de uma história única de reforçamento
(experiência de vida) e das relações do indivíduo
com o ambiente atual e com as práticas
culturais da comunidade em que se insere.

▪ Causação múltipla.

- Thais eu te Amo!! Casa comigo?

- Mas Pedro! Você sabe o que fez?

- Me perdoa! Eu te amo! Vamos


viver juntos!

- Você ficou com minha melhor


amiga! A fila anda! Vaza!
ANÁLISES FUNCIONAIS
▪ A unidade de análise utilizada para descrever
comportamentos individuais no nível ontogenético é a
contingência de Reforçamento, que mostra relações
funcionais entre o comportamento operante e o ambiente
com o qual o organismo interage.

▪ O comportamento operante é definido como um grupo de


respostas de topografias diferentes que constituem uma
classe funcional por produzirem uma consequência
comum.
Classe Funcional
-Não
-Estou ocupado agora
-Peça para outra pessoa
-Rapaz você viu o ouro do
Brasil?
- Cê tá de brincadeira!!!
CONTINUAR SEM SABER PRINCÍPIOS
Ao fazer uma análise funcional, é
importante identificar que tipo de relação
entre resposta e consequência está em
operação.
A análise funcional permite:

▪ a elaboração de hipóteses

▪ possibilita a programação de
intervenções

▪ é fundamental para o planejamento


da manutenção e generalização para
o ambiente natural das mudanças
alcançadas.
▪ A partir dela, é possível descobrir a
função do comportamento, em que
contingências se instalou e em quais se
manteve, bem como planejar a
construção de novos padrões
comportamentais.

▪ A Análise Funcional é realizada a todo


momento na terapia
ANÁLISES FUNCIONAIS
MOLECULARES

▪ A análise funcional molecular envolve a análise de


contingências pontuais (moleculares) importantes
para a compreensão de comportamentos
específicos em contextos específicos.

▪ O recurso básico para a composição de análises


moleculares é a tríplice contingência, que envolve a
identificação de antecedentes, respostas e
consequências (A: R → C)
Passos para a Análise
Funcional Molecular
1º Passo: Identificar a Resposta

▪ Atividade do organismo, que envolve


eventos públicos e privados.

▪ 1- Escolher respostas relevantes ao


caso, considerando a queixa do
cliente, as demandas identificadas pelo
terapeuta e os objetivos terapêuticos.
▪ 2- Evitar respostas negativas. Ao escolher a
resposta para análise, o terapeuta deve
lembrar-se de que não é possível analisar “não
comportamentos”,

▪ 3- Evitar respostas que não estão sob controle


operante, como morrer, cair e esbarrar em
objetos acidentalmente, sentir-se angustiado,
taquicardia, ansiedade, sudorese, uma vez que
essas respostas não estão sob controle de suas
consequências.
⦁ Destaca-se também que, quando incluídas na
análise funcional molecular, as respostas
respondentes podem ser especificadas em uma
contingência tríplice de duas maneiras diferentes:

⦁ a. logo depois do antecedente e, nesse caso, trata-


se de uma resposta respondente eliciada
diretamente pelo estímulo que a antecede. Por
exemplo, entrada do chefe autoritário na sala
(estímulo antecedente) → ansiedade (resposta
respondente). Respostas operantes podem ocorrer
concomitantemente, evocadas pelo mesmo
estímulo antecedente; ou
A R C

TIRO NA RUA CORRER LUGAR SEGURO


EVITAR MORTE

TAQUICARDIA
SUDORESE
TREMORES
▪ b. como efeito de uma contingência
operante, de modo que uma resposta
operante produz uma consequência, e o
tipo de relação que se estabelece nessa
contingência operante produz um efeito
emocional, ou seja, uma resposta
respondente. Por exemplo, estudar a
semana inteira para uma prova (resposta
operante) → nota baixa (consequência) –
efeito emocional: frustração (resposta
respondente).
A R C
Prova de Executar Perder
ginástica de Pontos
Olímpica maneira
errada a
acrobacia

FRUSTRAÇÃO
RAIVA
TRISTEZA
2º passo : Identificar Antecedentes

▪ Ocasião na qual o comportamento ocorre.


Dividem-se basicamente em duas
categorias: estímulos discriminativos (SDs) e
operações estabelecedoras (OEs).
3º passo: Identificar Consequências

▪ Estímulos no ambiente produzidos por


uma resposta e que alteram a
probabilidade de ocorrência dessa resposta
no futuro, ou seja, trata-se de uma
variável independente. Destaca-se que,
nesse caso, a mudança é no ambiente
4º passo: Identificar Processos

▪ Para cada consequência, deve-se especificar


qual é a contingência envolvida a partir da
relação entre a resposta e a consequência
produzida, ou seja, se o processo
caracteriza contingência de reforçamento
positivo (R+), reforçamento negativo (R-),
punição positiva (P+), punição negativa (P-)
ou extinção.
5º passo: Identificar possíveis efeitos

▪ Os efeitos são colaterais às contingências,


ou seja, são produtos da contingência
inteira e não determinam diretamente a
frequência do comportamento no futuro.
Trata-se de variáveis dependentes, que
podem ser de dois tipos:
1. Frequência: tendência da frequência da
resposta sob análise em aumentar ou em
diminuir após uma determinada consequência.

2. Emocional: sentimentos, sensações e emoções


produzidos pelo contato com as consequências.
Trata-se de mudanças no comportamento
emocional do próprio indivíduo cujas respostas
estão sendo analisadas
Vamos Treinar?
▪ CASO 01

João sempre que vai na casa da avó rouba


o chocolate que ela guarda na geladeira.
Em casa a mãe proibiu João de comer
doces. Certo dia sua mãe chegou sem
avisar na casa da avó e flagrou João
roubando o chocolate. O menino ficou uma
semana sem videogame.
OE’S ANTECEDENTE RESPOSTA CONSEQUENTE PROCESSOS

Privação casa da avó Roubar Saciação R+


de geladeira chocolate Saborear o
chocolate chocolate chocolate
disponível

FELICIDADE
Privação Casa da avó Roubar Mãe Flagrando e
de geladeira chocolate gritando
chocolate chocolate
disponível

MEDO
VERGONHA
CASO 02

Júlio estava apreensivo para falar com sua namorada Maria.


Tinha gasto o dinheiro da viagem do fim de semana que
tinha prometido a ela:
- Oi meu amor! Te amo muito, deixa eu te falar uma coisa.
- Oi amor! Que foi? Tá com uma cara séria! Aconteceu
alguma coisa?
- Então… eu gastei os 300,00 da viagem com itens do jogo
fortinite. Podemos adiar para próxima semana?
- (**Palavras impronunciáveis em uma aula)... Nunca mais
quero ver sua cara!!!!
OE’S ANTECEDENTE RESPOSTA CONSEQUENTE PROCESSOS

Estimulação Presença da eu gastei os (**Palavras


aversiva namorada 300,00 da impronunciáveis
medo “Aconteceu viagem com em uma aula)...
alguma coisa?” itens do jogo Nunca mais quero
fortinite ver sua cara!!!!

DOR
DESESPERO
SOFRIMENTO
CASO 03

O Caso será analisado por vocês como


parte da Avaliação da disciplina

CASO JOÃO
Consulta com a mãe 16/04/19
A mãe procura o psicólogo afirmando que João ultimamente apresenta
comportamentos que tem atrapalhado ele na escola. Ela explica que o
garoto de 7 anos está o tempo todo brigando na escola com os amigos e
sempre ela é chamada para buscá-lo. Além disso, em casa está muito
choroso na hora de dormir, tendo dormido na cama da mãe pelo último
mês. A mãe descreve João como um garoto triste desde que se separou do
pai, pois antes costumava ficar até tarde brincando e jogando com o pai
antes de ir dormir. A mãe demonstra extrema preocupação alegando que o
pediatra informou que ele está com sintomas de depressão.
Visita na escola – Entrevista com a
professora 19/04
A professora de João, de 7 anos, afirma que o garoto é muito inteligente e que executa as tarefas da escola com
muita tranquilidade. João, segundo a professora, tem demonstrado dificuldade com atividades em grupos,
sempre acusando os coleguinhas de estarem xingando ou batendo nele “mas já vigiei as atividades e isso não
acontece, ele mente, quando coloco ele para retornar e participar da atividade ele começa a bater nos
coleguinhas. Ele nunca teve comportamento agressivo desde que começaram as aulas. Este tipo de briga
começou tem 2 meses e se tornou recorrente. Quando acontece ele é enviado para a coordenação que entra em
contato com o responsável. Embora ele tenha começado com esse comportamento agressivo ele tem sido mais
carinhoso com a professora e auxiliar de classe, tendo que muitas vezes ser retirado do colo e colocado no lugar
dele na mesinha.”
Visita na escola - Observação de João na escola - 19/04

O psicólogo foi visitar a escola e observar os comportamentos de João, 7 anos, tendo em vista que sua mãe compareceu ao consultório
com a queixa de que a criança está agressiva e sendo repetidas vezes suspensas das aulas. O psicólogo observa a criança em sala de
aula: João ao fazer as atividades se dirige constantemente para as educadoras mostrando os desenhos, no primeiro momento as
educadoras elogiam ou acenam, contudo ao repetir as educadoras pedem para que ele retorne para a cadeira. Voltando para a cadeira
João risca o desenho de outra criança que demonstra irritação. No intervalo João come seu lanche sem problemas e dar risadas com
outras crianças. Ao iniciarem brincadeiras em grupo, ainda no intervalo, João corre em direção para a auxiliar de classe que está no pátio
e a abraça, recebendo carinho e depois ficando de mãos dadas com a auxiliar até o fim do intervalo.
Entrevista com o pai – 23/04
O pai de João, 7 anos (queixa de agressividade), é solicitado pelo terapeuta a participar de uma sessão com a finalidade de
coletar informações sobre os comportamentos da criança. O pai afirma que João é super carinhoso e uma excelente criança.
Que quando está com ele nos fins de semanas não ver qualquer comportamento problemático de João. Considera que depois
da separação (3 meses) a criança ficou mais apegada. Dentro de casa se o pai vai para o outro cômodo ela vai junto. Na
hora de dormir solicita sempre dormir com o pai, mas o genitor não descreve qualquer tipo de birra da criança. Afirma que
no novo prédio em que mora João já fez amigos e que por várias vezes ficou com as crianças no play sem qualquer
problemas de agressividade. Ao fim da sessão o pai insinua que a mãe pode estar batendo na criança e a mesma estar
transferindo para a escola.
Consulta com João – 30/04
João, 7 anos, queixa de agressividade na escola após a
separação recente dos pais. O psicólogo propõe um jogo
com cartas (a mãe já declarara os jogos favoritos de João):
▪ T – Agora é sua vez.
▪ C – Pronto, ganhei de novo. Viu como eu sou bom?
▪ T – Que ótimo. Na escola você joga bem assim?
▪ C – Na escola eu faço dever. Mas eu sou muito bom
também, a pró diz que sou muito bom!
▪ T – Que bom. O que você mais gosta da escola?
▪ C – Das pró e do recreio.
▪ Passando para outro jogo (jogo dos sentimentos) o
terapeuta pergunta:
▪ T – E do que você tem medo?
▪ C – De ficar sozinho, e do monstro da noite. Mas minha
mãe sempre vem cuidar de mim.
Análise Funcional
Experimental
Análise Funcional Experimental

A análise funcional experimental é um tipo de


avaliação que visa a identificar a função do
comportamento problema alvo por meio da
manipulação das possíveis variáveis que
controlam o comportamento.

São consideradas padrão “ouro” das


avaliações de função comportamental.
Envolve observação direta das relações entre
o ambiente e o comportamento;

Possui uma condição controle e quatro


condições de testes: Atenção, item favorito,
demanda e sozinho;

É utilizado delineamento de múltiplos


elementos.
Fases da Análise Funcional
Experimental
Condição de controle:
Todos os itens altamente preferidos identificados por meio
de uma avaliação de preferência estão disponíveis.
Atenção do terapeuta disponível e nenhuma instrução é
apresentada;

Condição Atenção:
O objetivo dessa condição é avaliar se o comportamento-
alvo é mantido por reforçamento social positivo, como
acesso à atenção de um adulto;
Condição item favorito:

Nessa condição, em vez de atenção, o terapeuta


remove um item altamente preferido e o entrega à
criança toda vez que essa apresentar o
comportamento problema.

Condição demanda:

O objetivo dessa condição é avaliar se o


comportamento-alvo é mantido por reforçamento
social negativo, como o término de uma demanda.
Condição Sozinho:

O objetivo desta condição é avaliar se o


comportamento-alvo é mantido por
reforçamento automático, ou seja,
comportamentos que são reforçados sem
a mediação de uma outra pessoa
(estereotipias, comportamentos
autoestimulatórios)
Avaliação Comportamental
Se a Análise do comportamento estuda as
interações organismo-ambiente, uma
avaliação comportamental terá que
realizar:

▪ Avaliação do Organismo

▪ Avaliação do Ambiente
Avaliação Comportamental
⦁ Avaliação do Organismo
◦ Padrão de Resposta (Déficits, excessos e reservas)
◦ Sensibilidade do Organismo ao Ambiente
● Discriminação
● Operações Estabelecedoras
◦ Padrão biológico/ Saúde/ características físicas
⦁ Avaliação do Ambiente
◦ As contingências são sinalizadas?
◦ Ambiente provê disponibilidade de reforçadores?
◦ Previsibilidade
◦ Nível de controle do paciente
Avaliação de Aquisição/Manutenção

▪ Histórico do Repertório anterior


▪ Histórico da Queixa

▪ Fatores Mantenedores
▪ Fatores Modificadores

▪ Com base nos dados levantados propor


intervenções ao comportamento alvo

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