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AO JUÍZO DO 2º JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE NITERÓI/RJ

Processo nº: 0804500-65.2023.8.19.0002

DIEGO ASSIS BIGMEN E OUTROS, já devidamente qualificados nos autos em epígrafe,


vêm, por seu advogado abaixo assinado, oferecer Contrarrazões aos Embargos Declaratórios
apresentador pela Ré, nos seguintes termos:

I – Da Tempestividade

Como sabido, o prazo para apresentar contrarrazões aos embargos declaratórios é de 5


dias úteis. A publicação da intimação se deu no dia 18.05.2023, logo finda-se o prazo em
25.05.2023. Desta forma, a presente resposta está sendo apresentada de forma tempestiva,
conforme o art. 1.023, par. 2º, do CPC.

II – Dos Embargos Declaratórios

Os embargos de declaração são cabíveis quando há obscuridade, omissão ou


contradição no julgado. Ausente qualquer uma dessas hipóteses, resta claro que os embargos
declaratórios interpostos pela Ré não são cabíveis, uma vez que, a sentença tratou do mérito da
questão e pronunciou-se em conformidade com os elementos fáticos e probatórios contidos nos
autos.
“Art. 1.022. Cabem embargos de declaração contra
qualquer decisão judicial para:

I – esclarecer obscuridade ou eliminar contradição;

II – suprir omissão de ponto ou questão sobre o qual


devia se pronunciar o juiz de ofício ou a
requerimento;

III – corrigir erro material.”

Assim, fato é, que a sentença não incidiu em omissão, contradição ou obscuridade,


motivo pelo qual os presentes Embargos de Declaração não devem ser conhecidos.

III – Dos Efeitos Modificativos


Excelência, o efeito almejado pela parte ré não pode ser feito pelos embargos
declaratório, vez que são a via inadequada para a tentativa de modificar a sentença.

Fica claro, que o que o embargante tenta somente rediscutir a matéria já analisada, pois
não há outro motivo quando a sentença não conta com omissão, obscuridade e muito menos
contradição.

Portanto, não há qualquer tipo de correção a ser efetuada na sentença embargada. Em


verdade, busca o Embargante usar um meio rápido, prático e não oneroso para modificar a
sentença em seu favor, de maneira errada e consciente.

IV – Da matéria discutida nos Embargos de Declaração

Pelo simples amor ao debate, irei tratar e comentar o ponto central trazido pela empresa
Ré, quando aduz que a culpa seria exclusivamente dos Autores, vez que esses mesmo com o
checklist não notaram qualquer tipo de avaria no veículo durante sua retirada e os mesmos não
teriam comprovado a falha na bateria.

Excelência, peço licença para começar com uma pergunta: até que ponto o consumidor
deve ser responsabilizado pela manutenção da empresa ré? É claro que a empresa deseja passar
a sua responsabilidade para os Autores, pois a empresa que conta com todo um corpo de
mecânicos para poder cuidar e deixar os carros em condições de rodagem.

Quando fazemos a vistoria externa do carro nós podemos ver: pneus calibrados e em
condições de rodagem, amassados, trincados nos vidros, luzes etc. Qualquer problema elétrico-
mecânico é tratado pela empresa. Eles esperam que todo consumidor tenha um curso de
mecânica para poder saber se o motor a combustão ou elétrico tem condições de rodar
seguramente?

Indago à Vossa Excelência: Quando V.Exa. viaja de avião, o senhor acompanha o piloto
durante a vistoria externa ou até mesmo o mecânico enquanto faz a última vistoria no motor do
avião? O senhor antes de andar de elevador checa todo o sistema elétrico e cabos para saber se
tudo está dentro dos conformes?

Faço essas ridículas perguntas para mostrar o quão cômico é imaginar um consumidor
tendo que realizar todos esses processos que, diga-se de passagem, precisam de cursos e
estudos contínuos, para que possa alugar um carro, viajar de avião ou tomar um simples
elevador.

Desta forma, é claro que a empresa Ré traz um argumento pífio e fraco, somente
tentando mudar a sentença para culpar exclusivamente o consumidor de responsabilidade sua.

V – Dos pedidos

Diante disso, pleiteia a Embargada que os presentes Embargos de Declaração sejam


rejeitados, visto que são inadmissíveis quando buscam os efeitos modificativos, os quais não
podem ser feitos pelo presente recurso.
Por outro lado, em vista que a intenção do recurso é manifesta no sentido de protelar o
resultado da sentença, pede-se que seja aplicada a multa prevista no art. 1.026, par. 2º, do CPC.

Nestes termos,

Pede deferimento.

Niterói, 25 de maio de 2023

Bruno Gasperin Rodrigues de Alencar e Silva

OAB/RJ 241.428

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