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Ex.mo(a) Sr(a). Juiz(a) da 47ª Vara do Trabalho de Belo Horizonte– MG.

Processo de n.º 0010544-02.2022.5.03.0185


(Referência: Embargos de Declaração)

CONDOMÍNIO DO EDIFÍCIO CHIAVARI, já qualificado nos autos, por


seus procuradores, nos autos do processo acima epigrafado, relativo à
RECLAMATÓRIA TRABALHISTA contra ela movida por Carlos de Oliveira Mapa, entendendo ter
havido obscuridade na r. sentença de Id. 6eeaddb (publicada em 23/01/2023), com fulcro no artigo
1022 c/c o art. 489, § 1º do CPC e 897-A da CLT, vem, respeitosamente, perante V. Ex.a opor os
presentes EMBARGOS de DECLARAÇÃO, conforme razões de fato e de direito a seguir aduzidas..

DA TEMPESTIVIDADE

O Diário Judiciário Eletrônico (anexo) registra que a publicação da sentença ocorreu em 23/01/2023
(segunda-feira).

Registre-se que, por força do art. 224, § 3º do CPC, o primeiro dia da contagem do prazo foi o dia
24/01/2023 (terça-feira), primeiro dia útil seguinte ao da publicação.

E, ainda, considerando a suspensão dos prazos na Justiça do Trabalho em razão do recesso forense
nos termos do art. 775-A, da CLT, o prazo para a interposição dos embargos de declaração finda-
se no dia 30/01/2023 (segunda-feira).

Com efeito, tem-se, de maneira irrefutável, a tempestividade do presente recurso, uma vez que
protocolizado dentro do prazo legal.

DO ESPÍRITO DOS EMBARGOS DECLARATÓRIOS

Inicialmente, vale citar o aresto do Ministro MARCO AURÉLIO, que de forma sensata decidiu:

“Os embargos declaratórios não consubstanciam crítica ao ofício judicante, mas servem-lhe
de aprimoramento. Ao apreciá-los, o órgão deve fazê-lo com espírito de compreensão,
atentando para o fato de consubstanciarem em verdadeira contribuição da parte em prol do
devido processo legal.” (STF – 2ª Turma – AI 163.047-5-PR-AgRg-Edcl, j. 18.12.95, v.u..
receberam os embargos, DJU 8.3.96, p. 6.223)
É com este espírito, o da compreensão, portanto, que espera a Reclamada seja apreciado o seu
recurso, cuja finalidade é única e exclusivamente, através do devido processo legal, alcançar a
solução correta e justa para a situação jurídica posta à apreciação deste D. Juízo.

DA SENTENÇA EMBARGADA

A r. sentença julgou parcialmente procedente a presente Reclamação Trabalhista para condenar a


Embargante, de forma subsidiária, ao cumprimento das seguintes obrigações:

 metade do aviso prévio indenizado, com projeção até 10/11/2021;

 13º salário proporcional de 2021 (2/12);

 diferença salarial do piso convencional e reflexos;

 depósitos do FGTS mais multa de 20%;

 diferença de vale alimentação;

 diferença de vale transporte;

 multa do art. 477, § 8º, da CLT;;

Entretanto, merece ser esclarecido um ponto da r. sentença, em relação ao deferimento de diferença


de vale transporte que restou, data maxima venia, obscuro.

Do CABIMENTO dos PRESENTES EMBARGOS

Com o respeito e acatamento que são devidos a esta d. Juízo, a Embargante opõe os presentes
embargos de declaração porque entende que a v. sentença foi OBSCURA em relação à condenação
ao pagamento de diferenças a título de vale transporte.

Isto porque, não há na petição inicial qualquer pedido relativo ao pagamento de vale transporte. A r.
sentença ainda argumentou que houve contestação por parte da “reclamada”, mas nenhuma das
duas reclamadas se manifestou acerca de vale transporte, simplesmente porque não foi formulada
qualquer pretensão a respeito desta parcela pelo Reclamante, conforme inclusive se verifica do
recorte abaixo, extraído da petição inicial:

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Como se vê, não foi formulado qualquer pedido de pagamento referente a vale transporte, restando a
sentença obscura ao deferir parcela não pleiteada e ainda fundamentar que houve contestação da
Ré, neste sentido.

Tal condenação, per si, caracteriza a sentença como extra petita e ainda cerceia o direito de defesa
das partes, que não poderiam se defender adequadamente do que não foi requerido, violando ao art.
5º, LV, da Constituição Federal.

Assim, requer seja sanada a obscuridade apontada, tendo em vista a ausência de requerimento de
pagamento de vale transporte formulado pelo Reclamante, não sendo justa a condenação das
Reclamadas à parcela não pleiteada, até porque foi paga, inclusive constando da documentação
acostada aos autos pela ora Embargante recibos de quitação do vale transporte para a 1ª
Reclamada.

Diante do exposto, a questão aqui apontada deve ser expressamente examinada por este d. Juízo,
para, sanar a obscuridade acima indicada e aplicar, inclusive, efeito modificativo à presente sentença,
julgando procedentes os presentes Embargos de Declaração para excluir da condenação a obrigação
de pagar diferenças a título de vale transporte.

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DO PEDIDO

Ante todo o exposto e por tudo mais que consta dos autos, a Reclamada, ora Embargante,
expressamente requer que este d. Juízo conhecendo dos presentes EMBARGOS DECLARATÓRIOS,
dê-lhes integral PROVIMENTO, para que, sanando a OBSCURIDADE apontada, V. Exa. se digne de
se manifestar, de maneira expressa, concedendo efeito modificativo para excluir da CONDENAÇÃO a
obrigação de pagar diferenças a título de vale transporte, eis que tal parcela não consta do rol de
pedidos da petição inicial, como é de DIREITO e inteira JUSTIÇA.

Caso não seja reconhecido o efeito modificativo aos presentes


embargos, o que se admite apenas a título de argumentação, a Reclamada requer que V.Ex.a se
digne de se manifestar, de maneira expressa e fundamentada, sobre a questão trazida à baila, a fim
de sanar a obscuridade apontada, evitando, por conseguinte, que ocorra preclusão sobre as mesmas.

Pede deferimento.

Belo Horizonte/MG, 19 de janeiro de 2023.

p.p. ANA LÚCIA OLIVEIRA CARLOS DE SOUSA


OAB-MG n.º 97.397

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