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Revisão Direito Penal Parte Geral - Material feito por Dayana da S.

Sales siga @corujinha_juridica


Apresentação
Olá! Meu nome é Dayana Sales, do perfil @corujinha_juridica, sou servidora do TJRJ. A minha preparação para
concursos começou desde muito cedo. Passei com 18 anos para Sargento Especialista da Aeronáutica. Minha
formação militar foi na Escola de Especialistas (EEAR), em Guaratinguetá-SP. Na época que prestei o concurso,
para área de Eletricidade (tenho formação em escola técnica – CEFET-RJ), eram 22 vagas nível Brasil. Passei em
7º lugar. Fiquei um bom tempo na FAB, fiz faculdade de Direito, prestei alguns concursos (reprovei em uns e
passei em outros) e finalmente tomei possei no TJRJ.

Tenho pós-graduação em Direito do Consumidor. Trabalhei cedida no TRF-1 e STF. Atualmente estou cursando
um MBA em Gestão de Pessoas, Liderança e Coaching e uma pós em Psicologia Positiva. Minha vida é estudar,
conhecer novos assuntos, crescer como profissional e ajudar outras pessoas com a minha experiência.

A minha técnica de estudos é baseada no estudo ativo. O estudo ativo é aquele onde o estudante sai da posição
passiva e vai para ativa em busca das informações, criando os seus próprios materiais de estudos. Os meus
resumos são feitos em cima de anotações de cursinhos, de materiais em pdf, pesquisas em livros, manuais e blogs
jurídicos, lives de professores, Buscador do Dizer o Direito. Ou seja, uma miscelânea de informações registradas
no formato de tabela. Fiz assim porque acho uma forma mais simples de estudar e memorizar os principais
tópicos de cada matéria.

Até então, eu não havia disponibilizado meus materiais na internet. Apenas um grupo de amigos tinham acesso.
Alguns colegas que usaram meus materiais tiveram êxito nos concursos que prestaram. Espero que você faça um
bom uso desses materiais. Estude, leia, faça questões, indague, pesquise, complemente esse material e ajuste
para sua realidade. Vá atrás das informações. Assuma uma posição de estudante ativo.

Por fim, quero também falar do meu novo projeto que vai ajudar muitas pessoas a destravar nos estudos e
alcançar a tão desejada aprovação nos concursos públicos e na OAB. Estou falando do Rotina de Estudos
Sustentável. O treinamento é para aqueles que querem aprender a estudar da forma correta e estratégica. Nesse
treinamento, vamos trabalhar como técnicas de estudos, organização, planejamento, otimização do tempo,
controle de ansiedade, mindset de crescimento e todas as dores e dificuldades que permeiam o universo dos
estudos. Se você quer aprender a estudar de forma correta, eficaz, estratégica – venha conhecer meu projeto.
Me segue lá no insta @corujinha_juridica. Todos os dias têm post com dicas valiosas sobre técnicas de estudos,
produtividade, gerenciamento do tempo, planejamento.

Espero que os meus materiais possam ajudá-los a conquistar a tão sonhada vaga no serviço público ou na OAB.
Estude e confie no seu potencial! Tenha foco e disciplina! Adotem esse pensamento para a vida de vocês.

Nossos objetivos só podem ser alcançados através de um plano, no qual devemos acreditar fervorosamente e
sobre o qual devemos agir vigorosamente. Não há outro caminho para o sucesso (Pablo Picasso).

Aguardo o contato de vocês no meu insta. Bons Estudos! Dayana

Revisão Direito Penal Parte Geral - Material feito por Dayana da S. Sales siga @corujinha_juridica
Teoria Geral do Crime – Referência: Livro Jamil Chaim Chaves + materiais em pdf +DOD
Conceito De Direito Penal
Conjunto de normas limitadores do poder punitivo estatal, voltadas a disciplinar a proibição de determinados
comportamentos, estabelecendo infrações penais (crimes ou contravenções) e fixando as sanções respectivas
(penas e medidas de segurança). Função do Direito Penal: proteção de bens jurídicos e limitação do poder
punitivo.

Características do Direito Penal


Positivo A existência e a coercibilidade do direito penal pressupõem normas escritas provenientes
do Estado.
Autônomo Trata-se de ramo autônomo do Direito, regendo-se por normas próprias.
Público Ramo do Direito Público, pois sempre envolve a participação do Estado, detentor exclusivo
do direito de punir. Além disso, o Estado figura como sujeito passivo constante em todas
as infrações penais.
Sancionatório A pena e a medida de segurança são reações do ordenamento positivo na luta contra a
criminalidade.
Constitutivo Resulta do princípio da reserva legal, com a exigência de prévia definição dos crimes e do
estabelecimento das reações penais.
Valorativo Suas normas são carregadas de valores humanos e sociais.
Coercitivo As normas jurídico-penais são providas de reações (penas e medidas de segurança) contra
aqueles que as desobedecem.

Ciências Criminais
Direito Penal Conjunto de normas limitadoras do poder punitivo, voltadas a disciplinar determinados
comportamentos, estabelecendo as infrações penais e fixando as sanções respectivas.
Criminologia Ciência empírica e interdisciplinar, voltada ao estudo crítico do delito enquanto fenômeno
social, da pessoa do delinquente e da vítima, bem como do funcionamento e eficácia dos
programas de prevenção de crime e de ressocialização do infrator.
Política Criminal Conjunto de estratégias, programas e alternativas a ser adotado pelos poderes públicos no
tocante ao controle do crime.
Direito Processual Conjunto de normas ser observado para que a punição prevista em lei possa ser
Penal efetivamente imposta a alguém no caso concreto. Regula as atividades persecutórias e a
aplicação jurisdicional do Direito Penal.

Classificações
Direito Penal Objetivo Conjunto de normas jurídicas que estabelece as infrações penais e fixa as
sanções respectivas.
Direito Penal Subjetivo Direito de punir (jus puniendi) do Estado, que surge com a prática da infração
penal.
Direito Penal Material ou Direito Penal
Substantivo
Direito Penal Forma ou Direito Processual Penal
Adjetivo
Direito Penal de Emergência É aquele criado em razão da ocorrência de algum acontecimento de maior
repercussão, para servir como resposta rápida à sociedade. Leis penais editadas
casuisticamente às pressas, geralmente de péssima qualidade.

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Direito Penal Simbólico Refere-se às leis penais desprovidas de efetividade no tocante à proteção de
bens jurídicos, editadas tão somente para transmitir à opinião pública a
aparência de que o legislador é atuante e está tomando medidas contra a
criminalidade.
Direito Penal Promocional Consiste na utilização das leis penais para tingir finalidades políticas, como
instrumento de transformação social (função promocional). Ofende o princípio
da intervenção mínima e, geralmente, não se revela eficaz.
Direito Penal Subterrâneo É aquele realizado pelas agências estatais de persecução penal, porém atuando
à margem da lei, de forma violenta e arbitrária (ex: execução sumária,
desaparecimento, tortura, sequestros).
Direito Penal Paralelo Diz respeito ao poder punitivo exercido por agências que não têm oficialmente
essa finalidade (ex: banimento de atletas por federações esportivas).

Escolas Penais
Escola Expoentes Características
Clássica 1ª fase – Gaetano  O crime é um ente jurídico (violação do Direito).
Filangieri,  A responsabilidade penal é baseada no livre-arbítrio.
Domenico  A pena tem caráter retributivo, com sentido de expiação e
Romagnosi e restabelecimento do equilíbrio do sistema ( inspiração em Kant e
Giovanni Hegel).
Carmignani  Prega a legalidade, a humanidade e a proporcionalidade das
2ª fase – Pelegrino punições (reação ao Absolutismo).
Rossi, Francesco  Método racionalista e dedutivo.
Carrara e Enrico
Pessina
Positiva Cesare Lombroso,  O crime é fenômeno natural e social.
Enrico Ferri e  Nega a ideia de livre-arbítrio.
Raffaele Garofalo  A responsabilidade penal é baseada na responsabilidade social,
derivada do determinismo.
 A melhor forma de punição é a medida de segurança por prazo
indeterminado.
 A pena é um meio de defesa social, com função de prevenir
crimes.
 Método indutivo-experimental.
Terceira Escola Emanuele  Escola eclética, busca conciliar os postulados das escolas
(Terza Scuola ou Carmevale, anteriores.
Escola Crítica) Bernardino  O crime é fenômeno social e individual.
Alimena e  A responsabilidade penal é baseada na imputabilidade moral
Giuseppe (determinismos psicológico)
Imlallomeni  Podem conviver tanto as penas (imputáveis) quanto as medidas
de segurança (inimputáveis)
 A pena tem a função de defesa ou de preservação da sociedade.
 Método lógico-abstrato e dedutivo, rejeitando o método indutivo-
experimental.
Moderna Alemã Paulo Anselmo de  Também é uma escola eclética, buscando conciliar os postulados
Feuerbach, Franz das escolas clássicas e positiva.
Von Liszt, Van  Distinção entre o Direito Penal e as demais ciências criminais.
Hamel e Adolphe  O delito é considerado, ao mesmo tempo, um fato jurídico e um
Prins fenômeno humano-social
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 A aplicação da pena e de medidas de segurança – como duplo
meio de luta contra o direito.
 Sem perder caráter retributivo, prioriza a finalidade preventiva da
sanção, particularmente a prevenção especial, orientada
conforme a personalidade do delinquente.
 Emprego tanto do método lógico-abstrato quanto do indutivo-
experimental
Técnico-Jurídica Arturo Rocco, Karl  O delito é a relação jurídica de caráter individual e social.
Binding e Vincenzo  A responsabilidade é moral, sendo o homem dotado de livre-
Manzini arbítrio.
 São aplicáveis tanto as penas quanto as medidas de segurança
 Método técnico- jurídico
 Rejeita o emprego da filosofia no âmbito penal.
Correcionalista Karl David August,  O crime é um ente jurídico, criação do homem.
Dorado Montero e  A reponsabilidade penal é coletiva e solidária.
Concepción Arenal  O delinquente é um individuo incapaz e, que, portanto necessita
de auxílio.
 A pena tem a finalidade de cura ou emenda, e não de castigo,
devendo ser determinada (sem prévia duração).
Defesa Social Fillippo Gramatica  O crime é um mal, desestabilizador da sociedade.
e Marc Ancel  O criminoso precisa ser adaptado à ordem social.
 A pena tem finalidade de defesa social
 Preconiza a humanização das punições e o respeito aos direitos
humanos.
 Rejeita o sistema punitivo-retributivo, bem como a pena de morte
e o uso indiscriminado das penas privativas de liberdade.

Abolicionismo Penal
 Eliminação do sistema penal ou, em algumas vertentes abolicionistas, um amplo processo de
descriminalização, despenalização e atenuação do rigor das penas.
 Fundamentos: (1) cifra negra elevada ( a maior parte das infrações já não é levada ao conhecimento das
autoridades); (2) o sistema penal é seletivo e estigmatizante; (3) o sistema penal é burocrático e expropria
dos envolvidos (acusado e vítima) a solução do conflito; (4) as penas não cumprem a sua finalidade (não
inibem a prática de crimes e não ressocializam), servindo apenas para causar dor ao acusado e a sua família.
 Expoentes: Louk Hulsman, Thoman Mathiesen e Nils Christie
 Críticas: (1) propostas utópicas, que não oferecem solução aos crimes graves; (2) o Direito Penal foi
historicamente concebido para limitar o poder punitivo. Ao se remover o Direito Penal, estar-se-ia retirando
também essa limitação, podendo-se voltar à barbárie e à vingança privada; (3) a certeza da punição é
fundamental para inibir a prática de crimes. A eliminação do sistema penal, com o aparato estatal de
persecução penal, reduziria essa certeza.

Direito Penal Máximo


 Aumentar as criminalizações e a severidade das penas, bem como reduzir a impunidade. Coibir infrações de
menor gravidade, para evitar que se transformem em delitos de maior monta. Nenhum culpado deve ficar
impune, mesmo que algum inocente seja condenado. Compatível com as políticas de “lei e ordem” e “
tolerância zero”.
 Fundamentos: (1) Teoria das Janela Quebradas (Broken Windows Theory): se um prédio tiver algumas janelas
quebradas, isso passará a mensagem de abandono, servindo como estímulo para que vândalos destruam as
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outras. A conclusão é que desordem gera mais desordem, e a leniência com pequenas transgressões pode
incentivas a prática de crimes mais graves.
 A política de Tolerância Zero provocou redução da criminalidade e modificou a feição da cidade de Nova York
nos anos de 1990.
 Críticas; (1) não foi demonstrada a relação entre desordem e criminalidade suscitada pela teoria das janelas
quebradas; (2) desrespeito aos direitos humanos; (3) sobrecarga dos tribunais e das prisões, revelando-se
insustentável a longo prazo e (4) diversas cidades não adotaram o programa de tolerância zero também
tiverem redução da criminalidade nos anos de 1990, decorrente de outros fatores.

Direito Penal do Inimigo


 Expoente: Günther Jakobs
 Regramento diferenciado para os “inimigos”. Aqueles que não oferecem garantia cognitiva mínima de que
cumprirão as normas, afastando-se de maneira intencional do Direito, não fazem jus às garantias processuais
reconhecidas aos cidadãos. Existem, assim, dois modelos de direito penal: do cidadão e do inimigo.
 Como exemplos de inimigos, Jakobs cita os delinquentes econômicos, os terroristas, membros de
organizações criminosas, autores de delitos sexuais e de outros delitos graves e perigosos.
 Características Principais:
 Aplicação de medidas de segurança, baseadas na periculosidade, sem prazo determinado.
 Tomar por base o futuro, o perigo que o inimigo representa (prospectivo).
 Direito penal do autor (pune o agente por ser quem é).
 Antecipação da punição, abrangendo atos preparatórios.
 Fundamento: quem está fora do pacto social e almeja destruí-lo, perde o status de pessoa e os direitos de
quem integra o pacto. Em linhas gerais, essa noção remonta a diversos filósofos contratualistas, tais como
Kant, Rousseau, Fichte e Hobbes.
 Crítica:
 A concepção de “inimigo” muda de acordo com o momento histórico e o contexto social (basta
imaginar que, para um nazista, um judeu seria considerado inimigo).
 Um Estado Democrático de Direito jamais pode divisar seres humanos em “pessoas” e “não pessoas”.
 Desrespeito aos direitos humanos.

Direito Penal Mínimo


 Proposta: Redução do âmbito de incidência do Direito Penal e a maximização da liberdade dos cidadãos,
assegurando que nenhum inocente seja punido, mesmo que algum culpado possa ser absolvido.
 Garantismo Penal (Luigi Ferrajoli): considerado o paradigma das doutrinas minimalistas. O modelo garantista
é cristalizado em 10 axiomas: (1) não há crime sem pena; (2) não há crime sem lei; (3) não há lei penal sem
necessidade; (4) não há necessidade sem injúria; (5) não há injúria sem ação; (6) não há ação sem culpa; (7)
não há culpa sem sentença; (8) não há sentença sem acusação; (9) não há acusação sem prova e (10) não há
prova sem defesa.
 Direito de Intervenção (Winfried Hassemer): Novo campo do direito, localizado entre o Direito Penal e o
Direito Administrativo, voltado ao enfrentamento da criminalidade moderna, admitindo a flexibilização de
garantias individuais, embora sem contemplar penas privativas de liberdade.

Velocidades do Direito Penal (Silva Sánchez)


1ª Velocidade do Pena privativa de liberdade. Respeito aos direitos e garantias individuais.
Direito Penal

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2ª Velocidade do Medidas alternativas à prisão. Flexibilização de direitos e garantias individuais.
Direito Penal
3ª Velocidade do Pena privativa de liberdade. Flexibilização de direitos e garantias individuais.
Direito Penal
4ª Velocidade do Aplicável em face de agentes que exercem a função de Chefe de Estado e praticaram
Direito Penal grandes violações internacionais de proteção a direitos humanos (crimes de lesa
humanidade), ficando sujeitos ao direito penal internacional.

Justiça Restaurativa
Espécie de justiça consensual, buscando a reparação dos danos causados pelo delito. O objetivo é a realização
de um acordo (chamado acordo restaurativo) que atenda às necessidades do ofendido e da coletividade, ao
mesmo tempo em que promova a ressocialização do infrator. Os processos restaurativos podem incluir a
mediação, a conciliação, a reunião familiar ou comunitária e círculos decisórios. Proporcionalidade e
razoabilidade das obrigações assumidas no acordo restaurativo (reparação, restituição, prestação de serviços
comunitários).

Privatização do Direito Penal


Expressão utilizada para indicar a crescente preocupação com a vítima no processo penal (leva-se em
consideração o interesse privado do ofendido, e não apenas o interesse público). Exemplo disso é o crescimento
da justiça restaurativa, além de diversas leis editadas nos últimos anos.

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Terceira Via do Direito Penal
Segundo Claus Roxin, a terceira via é a reparação de danos, que seria uma sanção autônoma, mesclando caráter
civil ( sob o prisma da compensação de danos) e penal (sob o prisma do ônus para o acusado promover a
reparação e da vinculação dessa reparação às finalidades da pena). A reparação do dano substituiria ou
atenuaria a pena, na medida que atendesse as finalidades da pena e as necessidades da vítima. Para alguns, a
terceira via se identifica com a justiça restaurativa.

Justiça Consensual
Modelo de justiça caracterizado, basicamente, pela concordância dos envolvidos quanto ao desfecho do
conflito penal.
 Modelo reparador: o objetivo central é a reparação de danos. Ex: composição civil de danos – art. 74 da lei
9.099/95
 Modelo restaurativo: busca-se a pacificação interpessoal e social de conflitos, a reparação de danos à vítima,
a satisfação das expectativas de paz social, etc. Aqui, insere-se a denominada justiça restaurativa.
 Modelo de justiça negociada: acordo entre a acusação e o réu, por meio do qual este confessa a prática de
uma infração, ou deixa de contestá-la, em troca de algum beneficio no tocante às consequências jurídicas do
delito. Fora do Brasil, o mais célebre instituto de justiça negociada é o plea bargaining. No Brasil, pode-se
mencionar a transação penal e a suspensão condicional do processo e o acordo de não persecução penal.
 Modelo de justiça colaborativa: tem como escopo obter a colaboração do acusado. É o que se dá na
colaboração premiada (Obs: como também existe um acordo prevendo algum benefício para o acusado, boa
parte da doutrina considera essa hipótese como justiça negociada).

Princípios Constitucionais
Explícitos Implícitos
 Legalidade ( Anterioridade e Retroatividade  Intervenção Mínima
da lei mais benéfica)  Fragmentariedade
 Personalidade ou Responsabilidade Pessoal  Subsidiariedade
 Individualização da pena  Ofensividade ou Lesividade
 Humanidade  Insignificância ou Bagatela
 Adequação Social
 Culpabilidade
 Proporcionalidade
 Vedação da Dupla Punição

P. da Legalidade  Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação
legal.
 Garantias relacionadas à legalidade:
(1) Lei certa (lex certa): os tipos penais incriminadores devem ser redigidos de
forma clara e objetiva (taxatividade).
(2) Lei prévia (lex praevia): a lei penal incriminadora somente é aplicável se
anterior ao fato (anterioridade), não podendo retroagir para prejudicar o réu
(irretroatividade).
(3) Lei estrita (lex stricta): a lei penal incriminadora deve ser interpretada
restritivamente, não se admitindo analogia contra o réu.
(4) Lei escrita (lex scripta): para ter validade, deve ser escrita e ter sido publicada.
 Corolários da legalidade:

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(1) P. da anterioridade: a lei penal incriminadora somente pode ser aplicada se
for anterior ao fato.
(2) Irretroatividade da lei: a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu.
P. da Personalidade,  A pena não pode passar da pessoa do delinquente.
Pessoalidade,  A obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens, nos
Responsabilidade termos da lei, podem ser estendidas aos sucessores e contra eles executadas,
Pessoal ou até o limite do valor do patrimônio transferido.
Intranscendência
P. da Individualização da A punição do agente deve ser dar na exata medida do crime praticado, de forma
Pena justa, evitando-se padronizações. A individualização da pena ocorre em 3 planos:
(1) legislativo: estabelecimento das balizadas sancionatórias cominadas pelo
legislador à infração penal; (2) judiciário: fixação da pena no caso concreto, pelo juiz
de conhecimento, tomando por base a pena mínima e a pena máxima estabelecidas
em lei; (3) executório: relacionado ao cumprimento da sanção, momento em que o
juiz da execução fará as adaptações da pena no caso concreto.
P. da Humanidade Determina o respeito à integridade física e moral dos acusados e sentenciados,
vedando quaisquer tipos de penas desumanas ou cruéis.
P. da Intervenção O Direito Penal, sendo a forma mais violenta de interferência estatal na vida privada
Mínima do indivíduo, somente deve ser utilizado em face dos ataques mais graves aos bens
jurídicos mais relevantes, e desde que outros instrumentos não sejam suficientes
para lidar com a situação.
Corolários da Intervenção Mínima:
 Fragmentariedade: O Direito Penal não deve ser utilizado para tutelar
qualquer situação, nem para proteger todo bem jurídico. Somente deve ser
empregado em se tratando dos ataques mais graves aos bens jurídicos mais
relevantes.
 Subsidiariedade: O Direito Penal é o último recurso, devendo ser utilizado
somente se outros instrumentos (somo sanções administrativas ou cíveis)
não forem suficientes para resolver o problema (ultima ratio).

Princípios decorrentes da Intervenção Mínima:


 Princípio da Lesividade ou Ofensividade: apenas condutas que causem
efetiva lesão ou perigo de lesão a bem jurídico podem ser objeto de
repressão penal.
 Insignificância ou Bagatela: certas condutas, embora formalmente típicas,
representam uma lesão ínfima ao bem jurídico, sendo materialmente
atípicas. Critérios para aferição STF: (1) reduzido grau de reprovabilidade do
comportamento; (2) ausência de periculosidade social da ação; (3)
inexpressiva lesão jurídica e (4) ofensividade mínima da conduta.
 Adequação Social: uma conduta aceita e aprovada pela sociedade não pode
ser considerada materialmente típica.
P. da Culpabilidade Ninguém deve ser punido se não tiver agido com dolo ou culpa. É vedada a
responsabilidade penal objetiva.
P. da Proporcionalidade  Adequação: o meio adotado pelo poder público deve ser apto a promover a
realização do objetivo perseguido.
 Necessidade: o ato limitador de um direito somente deve ser utilizado se
não houver outro meio menos gravosos para se alcançar o fim pretendido.

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 Proporcionalidade em sentido estrito: ponderação entre a intensidade da
restrição ao direito fundamental e a importância de se realizar o fim
pretendido (relação custo-benefício).

Vertentes do P. da Proporcionalidade:
 Proibição da proteção deficiente: o Estado tem o dever de tutelar direitos
fundamentais imperativo de tutela). A CF relaciona infrações especialmente
perniciosas, determinando que o legislador adote quanto a elas tratamento
diferenciado e mais severos (mandados de criminalização).
 Proibição de excesso: é vedada a hipertrofia da punição.
P. da Vedação da Dupla Significa que ninguém pode ser processado e punido mais de uma vez pelo mesmo
Punição pelo mesmo fato.
fato (Ne Bis In Idem) Dimensões: (1) processual: ninguém pode ser processado mais de 1 vez pelo mesmo
fato; (2) material: ninguém pode ser condenado mais de 1 vez pelo mesmo fato e
(3) execucional: ninguém pode sofrer mais de 1 execução penal pelo mesmo fato.
P. da Isonomia A isonomia ou igualdade é um princípio constitucional explícito. Todos são iguais
perante a lei, sem distinção de qualquer natureza. Não é vedada toda e qualquer
distinção de tratamento, mas tão somente aquelas arbitrárias, incompatíveis com
valores constitucionais.

Sobre a aplicação do Princípio da Insignificância:

Fontes do Direito Penal


Materiais Formais
 Entes responsáveis pela criação do Direito Penal  Forma de exteriorização do Direito Penal
(União e Estados – se autorizados por LC)  Direta ou Imediata:
 lei em sentido estrito: o DP incriminador somente
pode se exteriorizar por meio de lei emanada do
Congresso Nacional (princípio da reserva legal). Em
regra, as figuras penais incriminadoras são veículos
em lei ordinária. Porém, a LC é meio hábil para tanto.
 Lei delegada não pode criar lei penal incriminadora.

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 Medidas provisórias não pode criar crimes e cominar
penas, embora já tenha admitido MP contendo
disposições benéficas ao réu.
 Resolução não pode criar lei penal incriminadora.

 Indireta/Medita: Constituição, Tratados e


Convenções Internacionais sobre DH, Princípios de
DP, Jurisprudência, Atos Adm., Doutrina e Costume.

Características da Lei Penal


Exclusividade Somente a lei penal pode criar infrações penais e cominar sanções.
Imperatividade A prática da infração penal resulta na imposição de pena ou medida de segurança
independentemente da vontade do destinatário.
Impessoalidade A lei penal incriminadora é aplicável a fatos futuros, abstratamente considerados, e não a
situações já ocorridas.
Generalidade Volta-se indistintamente a todas as pessoas.
Anterioridade A lei penal incriminadora somente pode ser aplicada se anterior ao fato, exceto na hipótese
de beneficiar o réu.

Classificação das Leis Penais


Incriminadoras Definem os fatos puníveis e comina as respectivas sanções. A estrutura das leis
incriminadoras é composta de preceito primário (conduta) e um preceito secundário
(sanção).
Permissivas Autorizam a prática de determinados fatos típicos. São as causas
de exclusão da ilicitude.
Não Incriminadoras Exculpantes Excluem a culpabilidade de determinados fatos típicos e ilícitos.
Interpretativas ou Revelam o sentido e o alcance de outras leis penais.
Explicativas
Complementares, Delimitam o campo de atuação de outras leis.
de aplicação final
De extensão ou Estendem a tipicidade de modo a permitir a punição de
integrativas determinados fatos que não se amoldam, por si, ao tipo penal.

Leis Penais em Branco


Em sentido estrito, A fonte de complemento é heterogênea, ou seja, diversa da lei (ex: portaria).
própria ou
heterogênea
Em sentido amplo, A fonte de complemento é homogênea, ou seja, tanto a lei penal quanto o complemento
imprópria ou emanam do mesmo ente (do legislador). O complemento homogêneo pode ser:
homogênea  Homovitelino, Homovitelíneo ou Homólogo: o complemento fornecido pelo
legislador está no mesmo corpo normativo do tipo principal.
 Heterovitelino, Heterovitelíneo ou Heterólogo: o complemento normativo dado pelo
legislador está em outra conjunto normativo.
Invertida, ao avesso Exige um complemento normativo relacionado com a pena.
ou ao revés

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Classificação das formas de Interpretação da Lei
Quanto ao sujeito Autêntica ou Legislativa Realizada pelo próprio legislador. Pode ser feita no corpo da
(origem) própria lei ou em lei posterior. Tem força de lei.
Judiciária ou Feita pelos juízes e tribunais aplicarem a lei aos casos
Jurisprudencial concretos.
Doutrinária ou Científica Realizada pelos estudiosos do Direito. Não tem força
obrigatória.
Gramatica ou Literal Leva em consideração o sentido literal das palavras.
Lógica Extrai o sentido e o alcance da lei por meio de raciocínio
dedutivo.
Quanto ao meio Teleológica Busca a finalidade da lei.
Sistemática Interpreta a lei considerando o sistema jurídico como um
todo, confrontando-a com outras leis e com princípios gerais
do Direito.

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Histórica Considera os antecedentes da lei, como discussões sociais e
parlamentares, redação de diplomas anteriores que tratavam
da matéria, etc.
Progressiva, Adaptativa Extrai o significado da lei considerando a evolução social,
ou Evolutiva científica e jurídica.
Declarativa Considera o alcance da lei correspondente ao seu teor literal,
Quanto ao não sendo preciso ampliar nem restringir o sentido do texto
resultado legal.
Restritiva Restringe o alcance da lei, por considerar que o texto legal foi
além do que pretendia expressar.
Extensiva Amplia o alcance da lei, por considerar que o texto legal ficou
aquém do que pretendia expressar.

Interpretação Extensiva Interpretação Analógica Analogia


 Processo de extração de  Processo de extração do  Processo de integração da lei.
significado da lei. significado da lei.  Aplicação a um fato não disciplinado
 Busca ampliar o alcance da  O legislador fornece uma por lei alguma de uma lei que
lei, entendendo que o fórmula casuística seguida de disciplina fato semelhante.
legislador disse menos do uma cláusula genérica,  Admitida in bonam partem.
que queria dizer. permitindo a aplicação da lei a  Vedada in malam partem.
 Prevalece na doutrina que é casos semelhantes.
aplicável tanto em benefício
quanto em prejuízo do
acusado. Há precedentes do
STF e STJ vedando
interpretação extensiva in
malam partem.

Tempo do Crime
Teoria da Atividade Teoria do Resultado Teoria Mista
Considera-se praticado o crime Considera-se praticado o crime Considera-se praticado o crime tanto no
no momento da ação ou no momento da produção do momento da ação ou omissão, quanto
omissão, ainda que outro seja o resultado. no momento da produção do resultado.
momento do resultado. É a
teoria adotada pelo CP.

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Sucessão de Leis Penais no Tempo
Hipótese Definição Características
Lei nova Torna crime conduta até então Somente atinge fatos praticados após a sua entrada
incriminadora considerada irrelevante penal. em vigor, ou seja, é irretroativa.
(neocriminalização)
Lei penal mais severa Aquela que, de qualquer modo, Somente atinge fatos praticados após a sua entrada
(novatio legis in pejus prejudica o acusado. em vigor, ou seja, é irretroativa.
ou lex gravior)

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Abolitio Criminis Revogação de figura penal Benéfica ao acusado e, como tal, dotada de
criminalizadora retroatividade. Apaga todos os efeitos penais da
(descriminalização). condenação. Porém, os efeitos civis permanecem.
Obs: havendo revogação de figura criminalizadora,
porém com transferência de seu conteúdo para
outro dispositivo, não há abolitio criminis (princípio
da continuidade normativo-típica).
Lei nova favorável Aquela que, de qualquer modo, Retroage para atingir fatos praticados antes da sua
(novatio legis in beneficia o acusado. vigência.
mellius ou lex mitior)
Vacatio Legis Interregno entre o dia da Lei benéfica em vacatio legis é aplicável? Há
publicação e o dia em que a lei controvérsias:
entra em vigor. Sim – o instituto da vacatio é beneficiar o indivíduo,
não podendo ser utilizado em seu desfavor.
Não – lei em vacatio ainda não está em vigor.
Lei intermediária Aquela surgida depois da Aplicam-se integralmente as regras de
prática do fato, mas revogada Extratividade (retroatividade e ultratividade) da lei
antes de ser imposta a sanção mais benéfica.
do agente.
Leis intermitentes Abrange as lei temporárias ( o Pela letra do art. 3º do CP, têm ultratividade
prazo de vigência vem (aplicam-se ao fato praticado durante a sua
determinado em seu próprio vigência, mesmo após decorrido o período da sua
texto) e as leis excepcionais duração ou cessadas as circunstâncias que a
(editadas para serem aplicadas determinaram). Neste ponto, o art. 3º é
durante a situação de constitucional? (1) Prevalece que sim; (2) não, por
anormalidade). ofensa à irretroatividade da lei penal.
Lei penal em branco Precisa ser complementada por Alteração do complemento, benéfica ao acusado,
outra lei para ter revelado o seu retroage? (1) Sim; (2) não; (3) depende da natureza
sentido e alcance. do complemente.
Combinação de leis Conjugação de trechos de leis É admissível? (1) Não, o juiz estaria legislando.
penais que se sucederam no Posição majoritária; (2) sim, é um processo de
tempo, para formar uma integração da lei, em obediência ao princípio da
terceira lei, benéfica ao retroatividade da lei mais benéfica.
acusado

Lugar do Crime
Teoria da Atividade Teoria do Resultado Teoria da Ubiquidade, Mista ou
Híbrida
Considera-se praticado o crime no Considera-se praticado o crime no Considera-se praticado o crime tanto
local da ação ou da omissão, local da produção do resultado. no local da ação ou omissão, quanto
ainda que outro seja o momento no local onde se produziu ou deveria
do resultado. produzir-se o resultado. É a teoria
adotada no CP.

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Territorialidade Intraterritorialidade Extraterritorialidade
Aplicação da lei brasileira a crime Aplicação da lei estrangeira a Aplicação da lei brasileira a crime
praticado em território brasileiro. crime praticado em território praticado fora do território brasileiro.
É a regra (art. 5º CP) brasileiro. Possível em razão de Quando presente algum fator que
convenções, tratados e regras de desperta o interesse do Brasil na
direito internacional. punição.

Territorialidade e Aplicação da Lei Brasileira


Aplicação da Lei Brasileira Aplicação da lei do país da
bandeira que ostentam
Espaço terrestre, Embarcações e Aeronaves e Embarcações e Embarcações e aeronaves
fluvial, marítimo (12 aeronaves embarcações aeronaves privadas, em alto-mar ou
milhas marítimas de brasileiras de brasileiras, estrangeiras espaço aéreo
largura, medidas a natureza pública mercantes ou de privadas, em correspondente.
partir da linha baixa- ou a serviço do propriedade território
mar do litoral governo privada que se nacional.
continente e insular) e brasileiro, em achem,
espaço aéreo território respectivamente,
correspondente, nacional ou no espaço aéreo
sujeito à soberania do estrangeiro. correspondente
Estado. (território ou em alto-mar .
brasileiro por (território
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extensão ou brasileiro por
equiparação) extensão ou
equiparação)

Extraterritorialidade da Lei Brasileira (art. 7º CP)


Crimes (inciso I) Princípio Requisitos da
Extraterritorialidade
 Contra a vida ou a liberdade do Defesa, proteção ou Real Incondicionada – o agente é
Presidente da República (bem jurídico envolvido é de punido segundo a lei brasileira,
 Contra o patrimônio ou fé pública relevância nacional) ainda que absolvido ou
da U/E/DF/M/ EP/ SEM/ autarquia condenado no estrangeiro.
ou fundação instituída pelo Poder
Público.
 Contra a administração pública, por
quem está a seu serviço.
 Genocídio, quando o agente for Justiça Universal ou Cosmopolita
brasileiro ou domiciliado no Brasil. (bem jurídico envolvido é de
interesse transnacional).

Crimes (inciso II) Princípio Requisitos da


Extraterritorialidade
 Que, por tratado ou convenção, o Justiça Universal ou Cosmopolita Condicionada – a aplicação da lei
Brasil se obrigou a reprimir. (bem jurídico envolvido é de brasileira depende das seguintes
interesse transnacional). condições:
 Praticados por brasileiros. Nacionalidade ou personalidade a) entrar o agente no território
ativa (crime praticado por nacional;
brasileiro) b) se o fato punível também no
 Praticados em aeronaves ou Princípio da Bandeira, Pavilhão, país em que foi praticado;
embarcações brasileiras, Representação ou Substituição c) estar o crime incluído entre
mercantes ou de propriedade aqueles pelos quais a lei brasileira
privada, quando em território autoriza a extradição;
estrangeiro e aí não sejam julgados. d) não ter sido o agente absolvido
no estrangeiro ou não ter aí
cumprido a pena;
e) não ter sido o agente perdoado
no estrangeiro ou, por outro
motivo, não estar extinta a
punibilidade, segundo a lei mais
favorável.

Crimes (§3º) Princípio


Requisitos da
Extraterritorialidade
Cometidos por estrangeiro contra Princípio da nacionalidade ou Hipercondicionada. Além das
brasileiro fora do Brasil. personalidade passiva (a vítima é condições acima:
brasileira).  Não foi pedida ou negada a
extradição.
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 Houve requisição do Ministério
da Justiça.

Pena cumprida no estrangeiro (art. 8º CP)


A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é
computada, quando idênticas. Na hipótese de territorialidade condicionada, se o agente for processado no
exterior, desaparece o interesse do Estado Brasileiro na persecução do delito.

Imunidades Diplomáticas
Imunidades  Hipótese de Intraterritorialidade da lei penal. O agente diplomático, ainda que pratique
Diplomáticas um crime em território brasileiro, responderá perante seu país de origem.
 As imunidades se baseiam no princípio da reciprocidade (o Brasil confere imunidade
diplomática aos agentes de outros países, os quais, da mesma forma, concedem
imunidade aos agentes brasileiros).
Desfrutam de  Diplomatas de carreira
Imunidade  Membros do pessoal administrativo e técnico (estende-se a membros da família que
Diplomática com eles convivam, desde que não sejam nacionais do estado acreditado nem nele
tenham residência permanente).
 Membros do pessoal de serviço (encarregado dos serviços domésticos) gozam de
imunidade quanto aos atos praticados no exercício de suas funções, desde que não
sejam nacionais do Estado acreditado nem nele tenham residência permanente).
 Chefe de governo ou de Estado estrangeiro e membros da comitiva.
 Funcionários das organizações internacionais (ex: ONU) quando estejam em serviço.
 Obs: não estão incluídos os empregados particulares dos diplomatas (faxineira,
jardineiro, etc).
Prerrogativas  Imunidade de Jurisdição: agente diplomático goza de imunidade de jurisdição penal do
conferidas pela estado acreditado. Ainda que pratique um delito em território nacional ficará sujeito à
Imunidade lei do país a que pertence. Se o fato não for punível no país de origem, não será
Diplomática responsabilizado.
 Imunidade Pessoal: o agente diplomático não pode sofrer nenhuma forma de detenção
ou prisão, nem ser obrigado a prestar depoimento como testemunha. Contudo, pode
ser investigado pela polícia.
 Inviolabilidade da residência: as sedes diplomáticas são invioláveis. A residência
particular do agente diplomático goza da mesma inviolabilidade e proteção que os
locais da missão. A inviolabilidade se estende a seus documentos, sua correspondência
e seus bens. Obs: as embaixadas, apesar de invioláveis, não são consideradas extensão
do território estrangeiro.
Imunidades  A imunidade dos agentes consulares é bem mais restrita que a dos diplomatas,
Consulares limitando-se aos atos de ofício, isto é, àqueles praticados no exercício das funções
consulares (imunidade funcional relativa).
 Como se limita aos atos realizados no exercício das funções consulares, não é extensiva
aos familiares ou funcionários pessoais do agente consular.
 Os locais consulares (imóveis utilizados pelas repartições consulares) são invioláveis e
gozam de imunidade tributária.
Renúncia às  Os agentes diplomáticos e consulares não podem abrir mão da imunidade
Imunidades (irrenunciabilidade). Contudo, a renúncia pode ser feita pelo país de origem (Estado
Diplomáticas e acreditante), devendo fazê-lo de forma expressa.
Consulares
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Imunidades Parlamentares
Imunidade Art. 53 da CF:Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer
Parlamentar de suas opiniões, palavras e votos. Para o reconhecimento da imunidade material, as
Absoluta, afirmações devem estar relacionadas ao exercício do mandato. Essa relação com o
Substancial, exercício do mandato é presumida se o parlamentar estiver nas dependências da casa
Material, Real ou legislativa.
Inviolabilidade
(Freedom of Speech)
Imunidade Relativa à prisão (freedom from arrest): desde a expedição do diploma, os membros do
Parlamentar Congresso Nacional, não podem ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável.
Relativa, Formal, Ocorrendo a prisão, os autos serão remetidos dentro de 24 horas à casa respectiva, para
Processual ou que, pelo voto da maioria absoluta de seus membros, resolva sobre a prisão.
Adjetiva Relativa sobre o processo: recebida a denúncia contra o Senador ou Deputado, por crime
ocorrido após da diplomação, o STF dará ciência à casa respectiva, que, por inciativa de
partido político nela representado e pelo voto da maioria dos seus membros, poderá, até,
a decisão final, sustar o andamento da ação. O pedido de sustação será apreciado pela
casa respectiva no prazo improrrogável de 45 dias do seu recebimento pela Mesa
Diretora. A sustação do processo suspende a prescrição, enquanto durar o mandato.
Deputados Estaduais Gozam das mesmas prerrogativas que os deputados federais.
Vereadores Somente têm imunidade substantiva, desde que suas opiniões, palavras e votos sejam
proferidos no exercício do mandato e na circunscrição do Município.

Conflito Aparente de Normas


Especialidade Norma especial tem preferência em relação à norma geral. É especial aquela que contém
todos os elementos da geral, além de elementos especializantes.
Subsidiariedade Norma principal deve ser aplicada em detrimento da subsidiária. A norma é subsidiária
quando prevê uma conduta que é composta de norma principal, ou seja quando está
inserida na principal. A subsidiária pode ser: (1) expressa – prevista explicitamente na lei
(“ se o fato não constitui crime mais grave”); (2) tácita – o fato previsto em uma norma
(subsidiária) é elemento componente de fato incriminado mais gravemente por outra
conduta (principal). Ex: a ameaça é subsidiária em relação ao estupro.
Consunção ou A norma prevê crime mais abrangente e grave deve ser aplicada em detrimento daquela
Absorção que pune mera fase de realização do delito, ou constitui seu exaurimento. Hipóteses:
a) Ante factum não punível: o crime é praticado como meio para realização de outro
crime. Ex: agente invade a residência para praticar furto. Responderá apenas pelo
furto.
b) Post factum não punível: ocorre geralmente quando, após consumar o crime, há
agressão contra o mesmo bem jurídico. Ex: após furtar o celular da vítima, o agente
danifica. Responderá apenas pelo furto.
c) Crime progressivo ou de passagem: ocorre quando o agente, para chegar a um
crime mais grave, precisa necessariamente passar por crime menos grave. Ex: para
atingir a consumação do homicídio, é preciso passar pela lesão corporal.
Responderá apenas pelo homicídio.
d) Progressão criminosa: ocorre quando o agente, logo após praticar um crime menos
grave, delibera e vem praticar um crime mais grave. Ex: sujeito decide agredir a
vítima e faz isso. Em seguida, decide matá-la e faz isso. Responderá apenas pelo
homicídio.

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Sucessividade Lei posterior prevalece sobre lei anterior que cuide do mesmo fato. Ex: o art. 309 do CTB,
que é posterior, derrogou o art. 32 da LCP no tocante à direção sem habilitação em vias
terrestres.
Alternatividade Há 2 entendimentos:
1) Está relacionado aos tipos mistos alternativos, de ação múltipla, ou de conteúdo
variado. Em tais delitos, mesmo havendo a prática de mais de uma conduta
incriminada (no mesmo contexto fático), haverá só um crime.
2) Ao se reconhecer que um tipo penal deve ser aplicado a determinado fato,
automaticamente está excluída a aplicação de outros que também o preveem
como delito. Nesse sentido, a alternatividade é inútil, pois os demais critérios são
suficientes para resolver os conflitos aparentes de normas. Boa parte da doutrina
não inclui a alternatividade como critério para solução de conflito aparente de
normas, pelas razões apontadas.

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Homologação de Sentença Estrangeira
 Para ser executada no Brasil, a sentença proferida por autoridade judiciária de outro país precisa ser aqui
homologada.
 A homologação é feita no STJ.
 A homologação requer prova do trânsito em julgado da sentença estrangeira, nos termos da Súmula 420
do STJ.
 Hipóteses em que se admite a homologação: (1) obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições
e a outros efeitos civis e (2) sujeita-lo a medida de segurança.
 A lei de Lavagem de Capitais prevê a possibilidade de o juiz brasileiro aplicar, por solicitação de autoridade
estrangeira competente, medidas assecuratórias sobre bens, direitos ou valores oriundos de crimes
descritos no art. 1º da lei.
 Existem hipóteses em que a sentença estrangeira produz efeitos no Brasil, sem a necessidade de
homologação, pois não existe execução da sentença. São elas: gerar reincidência; gerar maus
antecedentes, impedir a suspensão condicional da pena, prorrogar o prazo para o livramento condicional.

Prazo Penal Prazo Processual Penal


O dia do começo deve ser incluído no cômputo. Os Não se computa o dia do começo do prazo, incluindo,
dias, meses e anos são contados pelo calendário porém, o dia do vencimento. O prazo que terminar em
comum. domingo ou feriado considerar-se-á prorrogado até o
último dia útil imediato.

Conceito de Crime
Material ou Conduta que provoca a lesão ou perigo de lesão a um bem jurídico, merecedora de
Substancial punição.

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Formal ou Legal Conduta estabelecida em lei como tal.
Analítico ou Exame sob o prisma da ciência do Direito. O crime é decomposto em elementos ou
Dogmático substratos, para fins de estudos.

Concepção Elementos ou Substratos do Crime


Quadripartite Fato típico + Antijuridicidade + Culpabilidade + Punibilidade
Tripartite Fato típico + Antijuridicidade + Culpabilidade (adotada pela teoria causalista e pela
teoria finalista)
Bipartite Fato típico + Antijuridicidade (teoria finalista bipartida)

Criminalização Primária Criminalização Secundária


Tipificação de determinada conduta, abstratamente. Ação punitiva exercida sobre pessoas concretas,
Somente pode ser realizada pelo Poder Legislativo, desenvolvida quando as agências policiais detectam um
por força do princípio da Reserva Legal. indivíduo que supostamente praticou um ato
criminalizado primariamente.

Sujeito Ativo do Crime


Pessoa que pratica a infração penal. Poder ser qualquer pessoa física capaz e com 18 anos completos.
Animais não podem figurar como sujeito ativo do crime.

Crime Comum Crime Próprio Crime de Mão Própria


Não exige qualidade especial Exige sujeito ativo qualificado ou Além de próprio, somente pode ser
do sujeito ativo, podendo ser especial (ser mãe no crime de executado pelo próprio agente,
praticado por qualquer infanticídio) pessoalmente (falso testemunho)
pessoa (homicídio)

Pessoa Jurídica como sujeito ativo de crime


Legislação Doutrina Jurisprudência
A CF permite a Embora haja controvérsia, O STF e o STJ admitem a
responsabilização penal da PJ prevalece a admissibilidade da responsabilidade penal da PJ por crimes
nos crimes contra a ordem responsabilidade da PJ. ambientais, sendo desnecessária a
econômica e financeira e responsabilização simultânea da pessoa
contra a economia popular e física que agia em seu nome
nos crimes ambientais. (desnecessária dupla imputação).

Sujeito Passivo
É o titular do bem jurídico atingido pela infração. Pode ser qualquer pessoa (física ou jurídica) e até mesmo
entes sem personalidade jurídica, como a coletividade.
O morto não é sujeito passivo de crime (na calúnia contra os mortos, por exemplo, as vítimas são os seus
familiares).
Animais também não figuram como sujeito passivo (no crime de crueldade contra animais, o sujeito passivo
é a coletividade).

Espécies de Sujeito Passivo


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Sujeito passivo constante, mediato, formal, geral Sujeito passivo eventual, imediato, material,
ou genérico particular ou acidental
É o Estado, que figura como sujeito passivo de É o titular do bem jurídico diretamente atingido pela
todas as infrações, em razão do seu interesse na infração. Alguns crimes não têm sujeito passivo
manutenção da paz e da ordem. eventual determinado, vale dizer, o sujeito passivo é a
coletividade (ex: tráfico de drogas). São os
denominados crimes vagos.

Sujeito passivo comum Sujeito passivo próprio


O tipo penal não exige qualquer qualidade especial O tipo penal demanda alguma qualidade da vítima
da vítima, ou seja, qualquer pessoa pode sofrer a (infanticídio)
prática criminosa (homicídio)

Observações
Crimes bipróprios são aqueles que exigem uma qualidade especial do sujeito ativo e também do sujeito
passivo (infanticídio)..
Crimes de dupla subjetividade passiva são aqueles que apresentam pluralidade de vítimas (o crime de
violação de correspondência tem como ofendidos o emitente e o destinatário).
A mesma pessoa não pode figurar como sujeito ativo e passivo da própria conduta.

Vitimização Primária Consequência negativas decorrentes da infração penal em si.


Vitimização Secundária Causadas pelos órgãos de persecução penal, sujeitando o ofendido à burocracia
e a constrangimento diversos (ex: aguardar longas horas para ter registrada a
ocorrência, submeter-se a exame de corpo de delito, relatar eventuais abusos
sexuais perante desconhecidos...)
Vitimização Terciária A doutrina atribui dois sentidos a essa expressão:
 Essa vitimização resulta da estigmatização social sofrida pelo ofendido
(ex: vítima de furtos é alvo de zombarias e repreendida em seu meio social
por ter sido descuidada; pessoa estuprada é rejeitada pelo companheiro
ou lhe é atribuída culpa ao evento)
 Vítima terciária: é a pessoa sobre a qual recai a imputação do fato
criminoso, quando sofre punição além daquela imposta pela lei (ex:
tortura e sevícias de outros presos) ou responde a processos mesmo
sendo inocente.

Objeto jurídico do crime Objeto material do crime


Bem ou interesse protegido pela norma penal. Ex: Pessoa ou coisa sobre a qual recai a conduta
vida, patrimônio, dignidade sexual. criminosa.

Infração Penal Crime Contravenção Penal


Principal fonte Código Penal Lei das Contravenções
normativa
Pena privativa de Reclusão, detenção ou multa Prisão simples ou multa
liberdade aplicável
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Regime inicial Reclusão : fechado, semiaberto ou Semiaberto ou aberto
cabível aberto Inadmissível regressão para o fechado
Detenção: semiaberto ou aberto
Possível regressão para o regime
fechado
Ação Penal Pública (incondicionada ou Pública incondicionada
condicionada) ou privada
Tentativa Punível Não punível
Competência J. Federal ou Estadual J. Estadual
Limite de 40 anos 5 anos
cumprimento de
pena
Prazo mínimo das 1 a 3 anos 6 meses
medidas de
segurança
Período de Sursis 2 a 4 anos ou 1 a 3 anos
4 a 6 anos
Reincidência Ocorre quando o agente comete Ocorre quando o agente comete uma
novo crime, depois de transitar em contravenção depois de passar em julgado a
julgado à sentença que, no país ou sentença que o tenha condenado, no Brasil
no estrangeiro, o tenha condenado ou no estrangeiro, por qualquer crime, ou,
por crime anterior no Brasil , por motivo de contravenção
Extraterritorialidade Admite Não admite
Prisão preventiva e Admissível Não admite
temporária
Ignorância ou O desconhecimento da lei é No caso de ignorância ou de errada
compreensão inescusável, podendo servir como compreensão da lei escusáveis, a pena pode
errada da lei atenuante da pena deixar de ser aplicada

Tabela da principais classificações dos crimes


Crime Comum Pode ser praticado por qualquer pessoa (homicídio)
Crime Próprio Exige uma qualidade especial do sujeito ativo.
Crime próprio puro: a conduta somente é incriminada quando cometida por sujeito
ativo qualificado, se for praticada por outra pessoa, não configura crime. Ex:
advocacia administrativa.
Crime próprio impuro: a conduta é incriminada se for cometida por sujeito ativo
qualificado e também se for praticada por outra pessoa, mas neste caso configura
crime diverso. Ex: se o funcionário público subtrai determinada quantia responde por
peculato. A mesma conduta, praticada por um particular, configura delito de furto.
Crime de Mão Além de próprio, somente pode ser executado pelo próprio agente, pessoalmente.
Própria Ex: falso testemunho.
Crime Instantâneo Consuma-se num momento específico, ou seja, não se prolonga no tempo. Ex:
homicídio
Crime Permanente A consumação se prolonga, se arrasta no tempo, por vontade do agente. Ex:
sequestro ou cárcere privado. Pode ser:
 Necessariamente permanente: para a consumação, é imprescindível a
manutenção da situação antijurídica por tempo juridicamente relevante. Ex:
sequestro.

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 Eventualmente permanente: é um crime instantâneo, mas a lesão ao bem
jurídico, no caso concreto, acaba se prolongando no tempo. Ex: furto de
energia elétrica.
Crime Instantâneo Consuma-se em um momento específico, mas os seus efeitos se prolongam no
de efeitos tempo, sem que o agente possa fazê-lo desaparecer. Ex: homicídio – ocorrida a
Permanentes morte, não há mais como voltar atrás.
Crime Comissivo O tipo penal descreve uma ação. Ex: homicídio
Crime Omissivo O tipo penal descreve uma omissão, ou seja, um não fazer. Ex: omissão de socorro
Crime Omissivo O sujeito, por conta de sua omissão, responde pela prática de crime comissivo. Isso
Impróprio ocorre quando o agente podia e devia agir para impedir o resultado.
(comissivo por
omissão)
Crime Comissivo O agente, por conta de uma ação, responde por crime omissivo.
Impróprio
(omissivo por
comissão)
Crime Mono- Atinge somente um bem jurídico. Ex: furto.
Ofensivo
Crime Pluriofensivo Atinge mais de um bem jurídico. Ex: roubo
Crime de O tipo penal prevê uma só vítima.
Subjetividade
Passiva Única
Crime de Dupla O tipo penal prevê a existência de mais de uma vítima.
Subjetividade
Passiva
Crime de Dano ou Consuma-se com a efetiva ocorrência de lesão ao bem jurídico tutelado.
Lesão
Crime de Perigo Consuma-se com a mera colocação em perigo de um bem jurídico tutelado.
 Crimes de perigo concreto: o perigo ao bem jurídico deve ficar comprovado
nos autos.
 Crimes de perigo abstrato: o perigo é presumido pelo legislador, dispensando-
se a comprovação no caso concreto.
 Crimes de perigo individual: a conduta expõe a perigo uma só pessoa ou um
número determinado de pessoas.
 Crimes de perigo comum ou coletivo: a conduta expõe a perigo um número
indeterminado de pessoas.
Crime Pode ser cometido por um só agente.
Unissubjetivo,
monossubjetivo,
unilateral ou de
concurso eventual
Crime Requer mais de um agente para se configurar.
Plurissubjetivo,  Condutas Paralelas: os agentes colaboram mutuamente para resultado
plurilateral ou de comum. Ex: associação criminosa.
concurso  Condutas Convergentes ou Bilaterais: as condutas partem de pontos opostos
necessário e vem a se encontrar, advindo desse encontro de vontades o resultado. Ex:
bigamia
 Condutas Divergentes ou Contrapostas: as condutas se voltam umas contra as
outras. Ex: rixa
Crime Simples Constituído por uma conduta típica.
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Crime Complexo Constituído pela fusão de mais de uma conduta.
 Crime complexo em sentido estrito: constituído peça fusão de mais de uma
conduta típica. Ex: roubo
 Crime complexo de sentido amplo: formado pela junção de uma conduta
típica e outra conduta, que, em si considerada, não é típica. Ex: estupro.
Crimes Ultra Crime complexo ao qual é acrescido outro crime, que funciona como qualificadora ou
Complexos causa de aumento de pena – ex: roubo com causa de aumento por conta de emprego
de arma de fogo.
Crime Progressivo Ocorre quando o agente, para chegar a um delito mais grave, precisa
(de passagem) necessariamente passar por um menos grave. Ex: para atingir a consumação no
homicídio, é preciso passar pela lesão corporal menos grave.
Crime Progressão Ocorre quando o agente, logo após praticar um crime menos grave, delibera e vem a
Criminosa praticar um crime mais grave. Há uma evolução criminosa na vontade do agente.
Crime Habitual Constituído pela prática reiterada de condutas que, tomadas em seu conjunto,
constituem um modo de vida inaceitável pela lei penal. Ex: exercício ilegal da
medicina, manutenção de casa de prostituição e o curandeirismo.
 Crime habitual próprio: é o crime habitual propriamente dito, ou seja, a
prática de uma conduta isolada é atípica, porém quando cometidas reiterada
e sucessivamente, configuram o crime.
 Crime habitual impróprio: a prática de uma só conduta já tem relevância para
configurar o crime, sendo as demais ações consideradas reiteração do mesmo
delito, e não pluralidade de crimes. Ex: gestão fraudulenta, previsto no art. 4º
da Lei de Crimes contra o Sistema Financeiro Nacional.
Crime Material ou A consumação depende da ocorrência de resultado naturalístico (modificação do
Causal mundo exterior). Ex: homicídio
Crime Formal ou de Consuma-se com a prática da conduta, independentemente de possível resultado
Consumação naturalístico. Ex: extorsão mediante sequestro – se consuma com a conduta de
Antecipada sequestrar a pessoa com o fim de obter vantagem como condição ou preço do
resgate. A efetiva obtenção da vantagem, embora possa ocorre, é desnecessária para
a consumação.
Crime de Mera Consuma-se com a simples prática da conduta, sequer comportando resultado
Conduta naturalístico. Ex: violação de domicílio. O ingresso na casa alheia é suficiente para
consumar o crime e não provoca alteração no mundo exterior.
Crime Pode ser praticado mediante um só ato. Ex: injúria verbal.
Unissubsistente
Crime Exige a prática de diversos atos. Ex: roubo ou estupro.
Plurissubsistente
Crime de Forma Pode ser praticado de qualquer modo escolhido pelo agente. Ex: homicídio, furto.
Livre
Crime de Forma Somente se configura se praticado de um modo específico descrito no tipo penal. Ex:
Vinculada curandeirismo
Crime Vago, Não possui sujeito passivo determinado. O sujeito passivo é a coletividade. Ex:
Multivitimário ou violação de sepultamento.
de Vítimas Difusas
Crime Remetido Remete a outro tipo penal, sendo que sua compreensão depende da consulta a essa
figura remetida. Ex: uso de documento falso.
Crime Aquele cuja punibilidade depende do advento de determinada condição. Ex: crimes
Condicionado falimentares, em regra, dependem da sentença de falência para serem puníveis.

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Crime de Atentado É aquele que equipara a punição da forma tentada à forma consumada.
ou de
Empreendimento
Crimes Militares É aquele praticado por militar.
 Crime militar próprio: previsto apenas no CPM. Ex: deserção
 Crime militar impróprio: previsto no COM e também em outras leis.
Crimes Políticos Aqueles previstos na Lei de Segurança Nacional.
Crimes Transeunte Não deixa vestígios materiais.
ou de Fato
Transitório
Crime Não Deixa vestígios materiais.
Transeunte
Crime Exaurido ou A expressão diz respeito a resultados ocorridos após a consumação do delito.
Crime Esgotado
Crime Profissional Praticado no exercício da profissão, ou seja, o agente se vale do seu mister para
perpetuar o delito.
Crime de Trânsito Praticado na condução de veículo automotor, o qual se aplica o CTB.
Crime de Cometido por intermédio de um automóvel, dolosa ou culposamente – podendo-se
Circulação aplicar o CP ou CTB.
Crime de Ação Praticado com o emprego de violência ou grave ameaça
Violenta
Crime de Ação Cometido com emprego de artifício, ardil ou qualquer outro meio fraudulento.
Astuciosa
Crime de Ação O tipo penal prevê mais de um verbo nuclear.
Múltipla (de
conteúdo variado)
Crime de Lockout É a paralisação total ou parcial das atividades promovida pelo empregador.
ou de Locaute
Crime a Prazo Aquele cuja consumação depende do advento de um prazo. Ex: apropriação de coisa
achada. Comete o crime quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria, deixando
de restituí-la ao titular ou de entrega-la à autoridade competente no prazo de 15
dias.
Crime Funcional ou É aquele praticado por funcionário público.
Delicta in officio  Próprio: ausente a qualidade de funcionário público, o fato é atípico (ex:
prevaricação)
 Impróprio: ausente a qualidade de funcionário público, o fato continua sendo
típico, porém constitui outro delito.
Crime de Traz como elementar uma finalidade especial, a qual não precisa ser alcançada para
Tendência Interna consumação do delito. Ex: extorsão mediante sequestro. O crime se consuma com o
Transcendente sequestro da vítima, mesmo que a finalidade do agente (obtenção da vantagem
(crimes de econômica) não seja alcançada.
intenção)
Crime de Resultado Espécie de crime de intenção, no qual o agente busca uma finalidade desnecessária
Cortado à consumação, sendo que a efetiva obtenção dessa finalidade não requer a sua
intervenção. Ex: extorsão mediante sequestro. O crime está consumado com o
sequestro da vítima, visando a obtenção de vantagem como condição ou preço do
resgate. O efetivo recebimento do resgate ocorre se terceiros efetuarem o
pagamento.

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Crime Mutilado de Espécie de crime de intenção, no qual o agente busca um finalidade desnecessária à
Dois Atos consumação, sendo que a efetiva obtenção dessa finalidade requer uma nova
intenção sua. Ex: agente falsifica moeda falsa, com o fim de restituí-la à circulação.
Crime do Colarinho Também chamados de crimes de rua. São aqueles geralmente praticados por pessoas
Azul ou Blue Collar economicamente menos favorecidas.
Crimes
Crime do Colarinho São aqueles geralmente cometidos por pessoas que desfrutam de elevado poder
Branco ou White econômico.
Collar Crimes
Crimes sem Sendo aqueles praticados por meio da internet, cujo perfil dos autores é totalmente
Colarinho ou desconhecido.
Colorless Crimes
Crimes Parcelares Crimes que formam a série de continuidade delitiva. Por ficção jurídica, os vários
delitos parcelares são considerados um único crime.
Crime de Catálogo Crimes que admitem interceptação telefônica, nos termos da lei 9.296/1996.
Crime Aberrantes Abrange as hipóteses de aberratio causae (erro sobre o nexo causal), aberratio ictus
(erro na execução) e aberratio criminis ou delicti (resultado diverso do pretendido).
Crime Principal e Crime principal é aquele que independe da existência de outro, como o homicídio e
Acessório o roubo. Crime acessório ou parasitário é o que depende da existência de uma
(Parasitário) infração antecedente – receptação e lavagem de dinheiro.
Crime Natural Contraria valores éticos absolutos e universais. São condutas que têm sido
criminalizadas nas diversas ordenações ao longo da história, como o homicídio, a
violência sexual, furto, roubo.
Crime de Plástico Não encontra amparo direto em valores universais, mas ainda assim são inseridos na
lei penal. Ex: crimes que não tutelam diretamente qualquer valor universal – ex:
sonegação fiscal, os que buscam proteger prerrogativas de autoridades – ex:
desacato e os de cunho exclusivamente moral ou religiosos – ex: suicídio, autolesão
e homossexualidade.
Crime de Opinião É o delito que envolve a manifestação abusiva de pensamento. Ex: crimes contra a
ou de Palavra honra.
Crime de Conexão É aquele praticado para assegurar a execução de outro delito posterior.
Teleológica ou
Ideológica
Crime de Conexão É aquele praticado para assegurar a ocultação, a impunidade ou a vantagem de outro
Consequencial ou crime, já ocorrido.
Causal
Crime Falho Nome dado à tentativa perfeita ou acabada, ocorrendo quando o agente não alcança
o resultado por circunstâncias alheias à sua vontade.
Crime Obstáculo Tipifica de modo autônomo condutas preparatórias. Ex: associação criminosa e
petrechos para fabricação de moeda.
Crimes de É aquele que provoca determinado estado anímico na vítima. Divide-se em:
Impressão  Delito de inteligência: recai sobre as faculdades cognitivas, sendo realizado
por meio de engano ou engodo, como o estelionato.
 Delito de sentimento: recai sobre as faculdades emocionais, como a injúria.
 Delito de vontade: recai sobre a capacidade de autodeterminação, como o
constrangimento ilegal.
Crime Putativo, O agente imagina estar praticando um delito, mas na realidade não está. Pode
Imaginário ou decorrer de:

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Erroneamente  Erro de tipo: o agente equivocadamente supõe estarem presentes todos os
Suposto elementos constitutivos do tipo penal.
 Erro de Proibição (delito de alucinação ou crime de loucura): o agente imagina
ser proibida uma conduta que, na realidade, é permitida.
 Obra do agente provocador (crime de ensaio, crime de experiência, flagrante
provocado ou flagrante preparado): ocorre na hipótese em que terceiro
provoca o agente a praticar infração e toma todas as providências para tornar
impossível a ocorrência do resultado.
Crime Gratuito Aquele praticado sem motivo conhecido.
Crime Anão ou São sinônimos de contravenção penal.
Liliputiano
Crime de Atuação É sinônimo de crime de mão própria.
Pessoal ou de
Conduta Infungível
Crime Espúrio ou São sinônimos de crime omissivo impróprio.
Promíscuo
Crime É aquele cometido por um grande número de pessoas, num contexto de tumulto.
Multitudinário
Crime de ímpeto É aquele cometido por impulso, sem previa racionalização ou planejamento.
Crime Premeditado É aquece precedido de prévia racionalização e planejamento.
Crime Achado A expressão refere-se precipuamente ao encontro fortuito de provas
(serendipidade), em que se descobre uma infração penal que não estava até então
sendo investigada.
Delitos de Delitos em que o agente é omissivo por culpa inconsciente ( ou seja, sem a intenção
Esquecimento ou de produzir o resultado, nem prever que ele poderia ocorrer) ex: agente causa lesões
de Olvidamento a terceiro porque esquece o gás aberto, esquece de colocar um aviso que anuncie o
perigo ou de acender as luzes para sinalizar um obstáculo.
Crimes de Criminalização de um modo particular de interpretar a lei, considerado inadequado.
Hermenêutica Tal hipótese é inadmissível.

Tabela sobre Fato Típico: Conduta


Teoria Conceito de Conduta
Causalista, - Idealizada: Franz von Liszt, Ernst von Beling e Gustav Radbruch.
Naturalista, - Surgiu: início do século XIX.
Clássica, Causal ou - Estrutura do crime: Tipicidade + Ilicitude + Culpabilidade (TEORIA TRIPARTITE).
Mecanicista - Elementos da culpabilidade: Imputabilidade (apenas).
Dolo e culpa, são ESPÉCIES de culpabilidade, ou seja: A culpabilidade será dolosa ou
culposa, e o elemento que a configurará será a imputabilidade, caso ocorra.
Conduta: movimento corporal voluntário que produz uma modificação no mundo
exterior perceptível pelos sentidos.

Movimento corpóreo voluntário que produz modificação no mundo exterior. A conduta


não está associada a uma finalidade do agente (dolo e culpa são examinados na
culpabilidade.
Neokantista, - Idealizada: Edmund Mezger.
Neoclássica ou - Surgiu: início do século XX (1.900 a 1.930).
Causal-Valorativa - Estrutura do crime: Tipicidade + Ilicitude + Culpabilidade (TEORIA TRIPARTITE).
- Elementos da culpabilidade: Imputabilidade + Exigibilidade de Conduta Diversa +
Dolo e Culpa.
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Dolo e culpa deixam de ser espécies de culpabilidade e passam a ser ELEMENTOS da
mesma. Não se fala mais, portanto, em culpabilidade dolosa ou culpabilidade culposa.
- Conduta: comportamento humano voluntário, causador de modificação no mundo
exterior.

Teoria Finalista - Idealizada: Hans Welzel.


- Surgiu: metade do século XX (1.930 a 1.960).
- Estrutura do crime: Tipicidade + Ilicitude + Culpabilidade (TEORIA TRIPARTITE).
- Elementos da culpabilidade: Imputabilidade + Exigibilidade de Conduta Diversa +
Potencial Consciência da Ilicitude.
O traço marcante do finalismo é que dolo e culpa saíram da culpabilidade para
integrar a tipicidade – de onde, aliás, não mais saíram.
- Conduta: comportamento humano voluntário, psiquicamente dirigido a um fim.

Teoria da Ação - Idealizada: Johannes Wessels e Hans-Heirinch Jescheck.


Social A pretensão desta teoria não é substituir as teorias clássica e finalista, mas sim
acrescentar-lhes uma nova dimensão, a relevância ou transcendência social.
- Estrutura do crime: Tipicidade + Ilicitude + Culpabilidade (TEORIA TRIPARTITE).
- Elementos da culpabilidade: Imputabilidade + Exigibilidade de Conduta Diversa +
Potencial Consciência da Ilicitude.
Dolo e culpa integram o fato típico, mas seriam novamente analisados quando do juízo
de culpabilidade.
- Conduta: comportamento humano voluntário, psiquicamente dirigido a um fim
socialmente reprovável.

Teoria - Idealizada: Claus Roxin (ESCOLA DE MUNIQUE).


Funcionalista - Estrutura do crime: Fato Tipíco + Ilicíto + Reprovável (Imputabilidade + Exigibilidade
Moderada, de Conduta Diversa + Potencial Consciência da Ilicitude + Necessidade de Pena).
Teleológica, - Elementos da culpabilidade: A culpabilidade é LIMITE DE PENA (CULPABILIDADE
Dualista ou da FUNCIONAL).
Política Criminal - Conduta: comportamento humano voluntário, causador de relevante e intolerável
lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado.
- Missão do Direito Penal: proteção de bens jurídicos

Teoria - Idealizada: Günther Jakobs (ESCOLA DE BONN).


Funcionalista - Estrutura do crime: Tipicidade + Ilicitude + Culpabilidade.
Sistêmica, - Elementos da culpabilidade: Imputabilidade + Exigibilidade de Conduta Diversa +
ou Monista Potencial Consciência da Ilicitude.
- Conduta: comportamento humano voluntário, violador do sistema e frustrador das
expectativas normativas.
- Missão do Direito Penal: assegurar a vigência do sistema

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a) Inconsciência: sonambulismo, hipnose, narcolepsia, crise epilética, estado de coma.
b) Involuntariedade b.1) Caso Fortuito – evento decorrente de ato humano, imprevisível e
Causas que inevitável, como a greve e a guerra.
excluem a Força Maior – fato previsível ou imprevisível, porém inevitável,
conduta proveniente de força da natureza – como a chuva e relâmpago.
b.2) Movimentos Reflexos – reação motora (muscular) ou secretória
(glandular) automática provocada por um estímulo – tosse ou espirro.
 Cuidado! Não excluem a vontade (existe conduta):
 Ações em curto circuito (reações explosivas e momentâneas,
provocadas por emoções violentas que afloram rapidamente)
 Ações habituais (mecânicos ou automáticos) –
comportamentos reiterados
b.3) Coação física irresistível (vis absoluta): constrangimento físico,
eliminando a possibilidade de o agente se comportar de acordo com a
sua vontade.
 Não se confunde com a coação moral irresistível (vis
compulsiva): em que a vontade não é eliminada, mas se torna
viciada. Exclui a exigibilidade de conduta diversa e, por
consequência, a culpabilidade.

Dolo
Teorias - Representação: Dolo é a consciência e a vontade de praticar a conduta, prevendo a
possibilidade de produzir o resultado.
- Vontade: Dolo é a consciência e a vontade de praticar a conduta, dirigida
especificadamente ao resultado. Adotada no Brasil quanto ao dolo direto.
- Consentimento, do Assentimento ou da Anuência: Dolo é a consciência e a vontade
de praticar a conduta, prevendo o resultado e assumindo o risco de produzi-lo. Adotada
no Brasil quanto ao dolo eventual.
Elementos - Cognitivo ou intelectivo: consciência dos elementos objetivos do tipo penal.
- Volitivo: vontade da realização dos elementos objetivos do tipo penal.
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Características - Abrangência: o dolo deve abranger todos os elementos objetivos do tipo.
- Atualidade: o dolo deve estar presente no momento da conduta.
- Aptidão para influenciar o resultado: o dolo envolve um quere ativo, ou seja, pune-se
a vontade desde que apta a produzir o resultado.
Dolo Normativo - Teoria Causalista: O dolo está alocado na culpabilidade (terceiro substrato do crime) e
e Dolo Natural traz em seu bojo a consciência da ilicitude. Faltando a consciência da ilicitude, não há
dolo. Por isso, recebe o nome de dolo normativo ou dolo malus.
- Teoria Finalista: o dolo está alocado no fato típico. Ao ser trazido para o primeiro
substrato do crime, o dolo desprende-se da consciência da ilicitude (inserida na
culpabilidade), abandonando seu aspecto normativo. Por essa razão, passa a ser
chamado dolo natural, dolo neutro ou dolo bonus.
Dolo Ocorre quando ambas as partes agem dolosamente, um visando causar prejuízo ao
Enantiomórfico outro utilizando meios contrários a boa-fé. Trata-se do conhecido dolo recíproco,
compensando ou bilateral.

Dolo Normativo, Híbrido, Colorido, Cromático, Dolo Natural, Neutro, Acromático ou Avalorado
Cinzento, Valorado ou Dolus Malus
Adotado pela teoria neokantista, integra a Adotado pela teoria finalista, integra a conduta e
culpabilidade, trazendo, a par dos elementos necessariamente o fato típico, despido da
consciência e vontade, também a consciência consciência da ilicitude (elemento da
atual da ilicitude (elemento normativo). culpabilidade), pressupondo somente consciência e
vontade.
#EMRESUMO:
Teoria adotada  Neokantista; #EMRESUMO:
Elemento do Crime  Culpabilidade; Teoria adotada  Finalista;
Elementos  Consciência, Vontade e Elemento do Crime  Fato Típico;
Consciência ATUAL Elementos  Consciência e Vontade.
da ilicitude.

Espécies de Dolo
Direto, É a vontade consciente dirigida especificadamente à produção do resultado típico
determinado ou (teoria da vontade).
intencional
Indireto ou Aqui, a vontade do agente não se fixa num só sentido ou direção. Divide-se em:
Indeterminado
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 Dolo Eventual: o agente visualiza mais de um resultado, direcionando sua conduta
para atingir um deles, mas assumindo o risco de causar outro (teoria do
assentimento).
 Dolo Alternativo: o agente visualiza mais de um resultado, direcionando sua conduta
para atingir, indistintamente, qualquer um deles.

Dolo de 1º grau É a vontade consciente dirigida especificadamente ao resultado.


Dolo de 2º grau É a vontade de atingir determinado resultado, sabendo que ocorrerão outros resultados,
como consequência necessária do primeiro.
Dolo de 3º grau Alguns autores sustentam, ainda, a existência de dolo direto de terceiro grau, também
chamado de dolo de dupla consequência necessária. Ele ocorre nos casos em que a
consequência do dolo direto de segundo grau causa, inevitavelmente, a violação de
outro bem juridicamente protegido. Esta outra violação também acontece com o
conhecimento e vontade do agente.

Ex: Cristina, com o objetivo de matar Tiago, coloca uma bomba no avião em que o
mesmo viajava. O avião explode, causando a morte de Tiago (dolo direto de primeiro
grau), de todos os demais passageiros (dolo direto de segundo grau), bem como o
aborto da passageira Flávia, a qual estava grávida (dolo direto de terceiro grau).
Ressalta-se que, para responder pelo resultado, Cristina deveria ter ciência da gravidez
de Flávia.
Dolo Cumulativo O agente tem a vontade de atingir determinado resultado, evoluindo em seguida para
vontade de atingir outro resultado. É um caso de progressão criminosa.
Dolo de Dano É a vontade de causar efetiva lesão a um bem jurídico tutelado. Ex: atirar em uma
pessoa, almejando matá-la.
Dolo de Perigo É a vontade de expor a perigo um bem jurídico tutelado.
Dolo Genérico O agente deseja praticar a conduta descrita no tipo penal, o qual não exige nenhuma
finalidade específica.
Dolo Específico O agente deseja praticar a conduta visando uma finalidade específica, que é elementar
do tipo penal.
Dolo Presumido Também chamado de in re ipsa – é aquele que dispensa a comprovação no caso
concreto. Não é admitido.
Dolo Geral É o erro quanto ao meio de execução do crime. O agente, imaginando ter produzido o
(Aberratio resultado pretendido, pratica nova conduta com finalidade diversa, sendo esta a efetiva
Causae) causa do resultado inicialmente visado.
Dolo de ímpeto É aquele surgido repentinamente, por impulso, sem prévia racionalização ou
planejamento.
Dolo É aquele precedido de prévia racionalização e planejamento.
Premeditado
Dolo É a hipótese de desistência voluntária ou arrependimento eficaz, nas quais o agente,
Abandonado voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultado se
produza.
Dolo Global ou É o dolo necessário para a configuração da continuidade delitiva (segundo posição
Unitário majoritária), devendo o agente atuar de acordo com um plano global ou unitário que
encampe toda a cadeia de crimes.

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Culpa
Conceito Culpa é a conduta voluntária e consciente, voltada à realização de um determinado
resultado, mas que provoca um resultado involuntário, apesar de previsível, que poderia
ser evitado com a devida cautela.
Elementos  Conduta humana consciente e voluntária: a inconsciência e a Involuntariedade
excluem a própria conduta.
 Infração ao dever de cuidado objetivo necessário: é o descumprimento a regras de
atenção e cautela que devem ser seguidas por todos que vivem em sociedade.
 Resultado naturalístico involuntário: se o resultado for voluntário, deixa-se o campo
da culpa e se ingressa no âmbito do dolo (direto ou eventual).
 Previsibilidade do resultado: o resultado deve estar na esfera de previsibilidade do
ser humano comum. Existem 3 critérios para aferi-la:
(1) Objetivo (critério do homem médio ou do homo medius): deve-se levar em
consideração como uma pessoa agiria na mesma situação (Damásio de Jesus e
Flávio Monteiro de Barros).
(2) Subjetivo: a previsibilidade deve ser estabelecida, de acordo com as condições do
indivíduo no caso concreto (Antônio Molina, LFG, Paulo Queiroz, Pierangeli e
Zaffaroni).
(3) Objetivo-Subjetivo: busca conciliar os dois critérios anteriores. O ponto de partida
é o homem médio. Após, examina-se as condições do sujeito no caso concreto
(Guilherme Nucci, Heleno Cláudio Fragoso e Magalhães Noronha).
 Nexo entre a conduta e o resultado
 Tipicidade – a conduta culposa somente pode ser punida se houver previsão legal.
Modalidades  Imprudência: é a culpa no campo ativo (in agendo), significa uma ação desprovida de
cautela.
 Negligência: é a culpa no campo passivo (in omitendo), significa uma omissão
resultado da falta de atenção.
 Imperícia: é a culpa no desempenho da profissão, arte ou ofício, que demandam do
agente um conjunto de conhecimentos e habilidades técnicas específicas.
Culpa O agente persegue determinado resultado, mas visualiza a possibilidade de causar
Consciente com outro, que ele não quer, nem assume o risco de produzir. Mesmo assim, age, esperando
Previsão ou Ex sinceramente ser capaz de evitá-lo.
Lascivia
Culpa O agente persegue determinado resultado, sequer prevendo a possibilidade de causar
Inconsciente, outro, embora este fosse previsível. Existe a previsibilidade, mas não efetiva previsão.
sem Previsão ou
Ex Ignorantia
Culpa Própria ou O agente não quer o resultado e não assume o risco de produzi-lo, mas acaba causando-
Propriamente o em razão de descumprimento ao dever de cuidado objetivo necessário, por
Dita imprudência, negligência ou imperícia.
Culpa Imprópria, O agente quer o resultado, mas está envolvido por um erro falso (falsa percepção da
por Extensão, realidade) decorrente de sua desatenção, portanto evitável. O agente persegue o
por Equiparação resultado, mas sua vontade está viciada por um erro que poderia ter sido evitado com
ou por o cuidado necessário.
Assimilação
Graus de Culpa Predomina que não existem. Contudo, a maior desatenção do agente, aliada a outros
elementos do caso concreto, pode ser utilizada na dosimetria da pena, como
circunstância judicial desfavorável (art. 59 do CP).

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Compensação Não existe no direito penal. Cada agente responde de acordo com sua própria culpa no
de Culpas fato. É possível, apenas, sopesar a culpa da vítima na dosimetria da pena, como
circunstância judicial.
Concorrência de Ocorre quando duas pessoas ou mais concorrem, culposamente, para o resultado,
Culpas inexistindo liame psicológico entre eles.
Culpa Presumida Não é admissível no Direito Penal.
Exclusão da  Caso fortuito ou força maior
Culpa  Erro profissional
 Princípio da Confiança: são regras básicas de comportamentos que as pessoas
esperam uma das outras na vida em sociedade. Em regra, a quebra do princípio da
confiança afasta a culpa.
 Princípio do Risco Tolerado: certos comportamentos perigosos são inerentes ao
desenvolvimento científico e tecnológico e, mais do que isso, à própria vida em
sociedade. O agente, desde que siga as regras existentes, não será púnico por culpa.

Veja como o tema foi cobrado na prova de Analista TJDFT – CESPE/2015


Toda conduta dolosa ou culposa pressupõe uma finalidade. A diferença entre elas reside no fato de que, em se
tratando de conduta dolosa, como regra, existe uma finalidade ilícita, ao passo que, tratando-se de conduta
culposa, a finalidade é quase sempre lícita. Nesse caso, os meios escolhidos e empregados pelo agente para
atingir a finalidade lícita é que são inadequados ou mal utilizados.
Rogério Greco. Curso de direito penal – parte geral. p. 196 (com adaptações).

Considerando que o fragmento de texto acima tem caráter unicamente motivador, redija um texto dissertativo
acerca dos crimes culposos.
Seu texto deve conter, necessariamente,
< os elementos do crime culposo e a descrição de pelo menos dois desses elementos; [valor: 12,00 pontos]
< os conceitos de culpa inconsciente, culpa consciente e dolo eventual e suas diferenças; [valor: 12,00 pontos]
< os conceitos de culpa imprópria e tentativa. [valor: 14,00 pontos]

Elementos do crime culposo


O crime culposo consiste em uma conduta voluntária na qual o agente realiza um ato ilícito não desejado, mas
que lhe era previsível — culpa inconsciente — ou excepcionalmente previsto — culpa consciente. Nessa
situação, o crime poderia ser evitado, caso se empregasse a cautela necessária. Os elementos do crime culposo
são conduta humana voluntária; violação ou inobservância de um dever de cuidado objetivo; resultado
naturalístico involuntário; nexo entre conduta e resultado; previsibilidade; e tipicidade. O candidato deverá
descrever dois desses elementos, conforme apresentado a seguir.

 Conduta humana voluntária consiste na ação ou na omissão dirigida ou orientada pelo desejo que causa um
resultado involuntário.
 Violação de um dever de cuidado objetivo consiste no dever de diligência — regra básica para o convívio
social. Nessa situação, o comportamento do agente não condiz com o que é esperado pela lei e pela
sociedade. As formas de violação do dever de diligência são: a imprudência, que se caracteriza pela
precipitação ou afoiteza e pode ser exemplificada pelas situações em que motoristas desrespeitam a
sinalização de trânsito; a negligência, que se refere à ausência de precaução e pode ser exemplificada pelas
situações em que genitores deixam armas ao alcance de filhos menores; e a imperícia, que se refere à falta
de aptidão técnica para o exercício de arte ou profissão e pode ser exemplificada pelas situações em que
cirurgiões plásticos cometem erros técnicos durante a execução de procedimentos cirúrgicos.

Revisão Direito Penal Parte Geral - Material feito por Dayana da S. Sales siga @corujinha_juridica
 Resultado naturalístico involuntário consiste, em regra, no crime culposo que é material, ou seja, exige
modificação no mundo exterior. Nessa situação, se houver falta de cuidado por parte do agente, mas não
ocorrer o resultado lesivo a um bem jurídico tutelado, não haverá crime culposo.
 Nexo causal entre conduta e resultado.
 Previsibilidade consiste na possibilidade de prever o perigo advindo da conduta.
 Tipicidade, prevista no art. 18, parágrafo único, do CP. Princípio da excepcionalidade do crime culposo. Se o
tipo penal quer punir a forma culposa, deve ser expresso. No silêncio, o tipo penal só é punido a título de
dolo.

Diferença entre culpa inconsciente, culpa consciente e dolo eventual


A culpa consciente, ou culpa ex lascívia, ocorre nas situações em que, embora o agente preveja o resultado,
espera que este não ocorra, não o aceita como possível. A culpa consciente existe quando o sujeito prevê o
resultado da conduta, entretanto, em razão de sua habilidade ou experiência, acredita que não ocorrerão efeitos
lesivos (previsão + confiança). Nessas situações, em nenhum momento o agente quer ou assume o risco da
ocorrência do resultado, ele apenas prevê e confia na sua habilidade de evitar o efeito lesivo ao direito de
outrem — por exemplo, se um caçador avistar um companheiro próximo a um animal que deseja abater e,
confiando em sua habilidade de atirador, disparar contra o animal, mas atingir o companheiro, ocorrerá culpa
consciente, independentemente de a lesão resultar em morte.
A culpa inconsciente, ou culpa ex ignorantia, ocorre nas situações em que o agente não prevê o resultado de
sua conduta, embora este seja previsível — por exemplo, se, ao atirar um objeto pela janela, um indivíduo
atingir, involuntariamente, uma pessoa que estiver passando pela rua, ocorrerá culpa inconsciente, já que sua
ação foi motivada pela confiança de que, naquele momento, ninguém transitaria pelo local. A culpa
inconsciente, regra no ordenamento jurídico, refere-se ao clássico crime culposo, em que o agente não prevê o
resultado que poderia ocorrer devido ao fato de ele ter sido negligente, imprudente ou imperito. O agente
agrega um risco proibido à situação que o fará responder na modalidade culposa clássica. Nessas situações, a
violação do dever de cuidado ocasiona a lesão ao bem jurídico protegido.
O dolo eventual ocorre nas situações em que o agente prevê o resultado, mas não se importa com os possíveis
efeitos lesivos. O dolo eventual é uma espécie de dolo indireto que ocorre quando o agente conhece a
possibilidade do resultado, mas assume o risco de produzi-lo. Nessas situações, a atitude do agente é de total
indiferença em relação ao bem jurídico tutelado (representação + aceitação + indiferença). Embora o agente
represente a situação na qual poderá ocorrer lesão ao bem jurídico, ele prossegue a conduta.

Culpa imprópria e tentativa


A culpa imprópria se verifica quando o sujeito prevê e deseja o resultado, mas atua em erro vencível (arts. 20,
§1°, 2° parte, e 23, parágrafo único, do CP). Esse tipo de culpa ocorre na hipótese de uma descriminante putativa
em que o agente, em virtude de erro evitável pelas circunstâncias, dá causa dolosamente a um resultado, mas
responde como se tivesse praticado um crime culposo. Por exemplo, o agente está em casa, à noite, e ouve um
barulho; assustado, supõe que o barulho tenha sido ocasionado por um ladrão e dispara contra o vulto. Após o
disparo, constata que o disparo, que não resultou em morte, foi efetuado contra um guarda noturno. Nessas
situações, o agente, que atuou com dolo, responde por tentativa de crime culposo; no entanto, devido a
questões de política criminal, ele é punido a título de culpa. Nesse caso, o juiz deverá aplicar a pena do crime
culposo diminuída de 1/3 a 2/3, de acordo com o que dispõe o art. 20, § 1.º, segunda parte, CP.
“Art. 20. O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por
crime culposo, se previsto em lei. Descriminante putativas § 1.º É isento de pena quem, por erro plenamente
justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção
de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo.”
O art. 14, inciso II, do CP conceitua que ocorre a tentativa quando, iniciada a execução, não se consuma por
circunstâncias alheias à vontade do agente.
Assim, verifica-se que, em regra, os crimes culposos não admitem tentativa. Entretanto, é possível admiti-la na
culpa imprópria.
Referência Rogério Greco. Curso de Direito Penal – parte geral. p.195-210.

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Crime Preterdoloso ou Preterintencional
Conceito É aquele que se desenvolve com dolo na conduta antecedente e culpa no tocante ao
resultado mais grave atingido. Trata-se de crime qualificado pelo resultado. Ex: lesão
corporal seguida de morte.
Elementos  Conduta dolosa vidando um determinado resultado.
 Provocação do resultado culposo mais grave que o desejado.
 Nexo causal entre a conduta e o resultado.
 Tipicidade.

Conceito e Relevância do Nexo Causal


Liame de causa e efeito entre a conduta praticada e o resultado produzido. Adotado o conceito naturalístico
de resultado, o nexo causal ganha relevância nos crimes materiais (cuja consumação exige resultado
naturalístico), e não nos formais e de mera conduta (a consumação se dá com a prática da conduta).

Teoria Equivalência dos Antecedentes Causalidade Adequada (Condição


(Conditio Sine Qua Non) Qualificada)
Causa É todo o evento sem o qual não teria É somente o evento necessário e adequado
ocorrido o resultado. Utiliza-se o para produzir o resultado. Causa adequada ou
processo de eliminação hipotética: idônea é aquela que habitualmente produz o
excluindo-se, mentalmente, o evento. resultado; é aquela que, de acordo com a
Se o resultado não teria ocorrido, o razoabilidade e a experiência comum, tem
evento é a causa do resultado. Se o grande probabilidade de gerar o resultado.
resultado, ainda assim, teria ocorrido, o
evento não é causa do resultado.
Previsão Legal Adotada pelo CP, como regra – art. 13 Adotada excepcionalmente pelo CP, na causa
superveniente relativamente independente
que, por si só, produz o resultado ( art. 13,§1º,
do CP).
Mérito Simplicidade e eficácia, dando pouca Retira do nexo causal eventos
margem para subjetivismo. extraordinários, aleatórios ou imprevisíveis,
constituindo um filtro mais seletivo ao nexo
causal.
Crítica Permite a regressão ao infinito. Por isso Ilógico montar o nexo causal por meio de
é chamada de teoria cega. abstrações, e e não da verificação do caso
concreto; propicia indevida vinculação entre
nexo causal (aspecto objetivo) e dolo e culpa
(aspecto subjetivo)

Teoria Imputação Objetiva


Pressupostos Criação ou A conduta cria ou aumenta risco quando gera real perigo de dano
normativos para aumento de um a um bem jurídico. É preciso que o risco seja proibido. Na aferição
a imputação do risco proibido do risco proibido, utiliza-se o critério da prognose póstuma
resultado objetiva. Estão excluídas as condutas que criam risco permitido,
(Roxin) risco juridicamente irrelevante ou que diminuem o risco ao bem
jurídico.

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Realização do É preciso que o risco proibido se materialize no resultado. Se o bem
risco no resultado jurídico for atingido, mas não em decorrência do risco criado pelo
agente está afastado esse pressuposto.
Resultado situado É necessário que o resultado se encontre dentro do âmbito de
dentro do alcance proteção da norma. Existem situações que afetam o bem jurídico,
do tipo mas estão fora do alcance dessa esfera de proteção: a)
autocolocação em perigo dolosa; b) colocação de terceiro em
perigo, aceita por este; c) resultado cuja evitação é de
responsabilidade alheia.
Luís Greco acrescenta as hipóteses de danos tardios, danos
resultantes de choque provocado por crime anterior e
comportamento indevido posterior de um terceiro.
Jakobs O autor adiciona à teoria o conceito da imputação objetiva do comportamento. Excluem
a imputação objetiva: a) o risco permitido; b) princípio da confiança; c) proibição do
regresso; d) competência ou capacidade da vítima.
Previsão Legal Não é prevista no CP, mas há precedentes no STJ que a adotam.
Mérito Possibilita uma filtragem mais refinada de quais hipóteses devem ser consideradas
penalmente relevantes.
Crítica Alta complexidade, além da maior carga de subjetividade e a indefinição doutrinária
quanto aos seus pressupostos. Os casos reais do cotidiano forense podem ser resolvidos
com as teorias já existentes.

CONDUTA
Teoria Causalista  Idealizada por Von Liszt, Beling, Radbruch.
Teoria Causal-  Início século XIX.
Naturalista  Marcada pelos ideais positivistas.
Teoria  Segue o método empregado pelas ciências naturais.
Clássica/Naturalística/  Crime: (teoria tripartite) – fato típico (conduta), ilicitude e culpabilidade
Mecanicista  Conduta: movimento corporal voluntário que produz modificação no mundo
exterior, perceptível pelos sentidos.
 Experimentação

Teoria Neokantista  Idealizada por Edmund Mezger.


Teoria Causal-  Desenvolvida nas primeiras décadas do século XX.
Valorativa/  Tem base causalista.
Neoclássica/  Fundamenta-se em uma visão neoclássica, marcada pela superação do
Normativista positivismo, introduzindo a racionalização do conteúdo.
 Valoração
 Conduta: comportamento humano voluntário causador de um resultado.

Teoria Finalista  Criada por Hans Welzel


(Ôntico-  Meados do século XX (1930-1960)
Fenomenológioca)  Percebe que o dolo e a culpa estavam inseridos no substrato errado (não
devem integrar a culpabilidade).
 Conduta: comportamento humano voluntário psiquicamente dirigido a um
fim (toda conduta é orientada por um querer).
 Para Welzel, toda consciência é intencional.
 Retira do dolo seu elemento normativo (consciência da ilicitude).

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 Culpabilidade formada apenas por elementos normativos (potencial
consciência da ilicitude, exigibilidade de conduta diversa e imputabilidade).
 Dolo normativo (consciência da ilicitude) passa ser dolo
natural/valorativamente neutro (dolo sem consciência da ilicitude).
 Supera-se a cegueira do causalismo com finalismo evidente.

Teoria Social da Ação  Desenvolvida por Wessels, tendo como principal adepto Jescheck
 A pretensão dessa teoria não é substituir as teorias clássica e finalista, mas
acrescentar-lhes uma nova dimensão, a relevância social do comportamento.
 Conduta: comportamento humano voluntário psiquicamente dirigido a um
fim, socialmente reprovável.
 Para esta teoria, o dolo e a culpa integram o fato típico (finalismo), mas são
novamente analisados no juízo de culpabilidade.

Funcionalismos  Ganham foça e espaço na década de 70, discutidas com ênfase na Alemanha.
(Teorias Funcionalistas)  Buscam adequar a dogmática penal aos fins do Direito Penal.
 A conduta deve ser compreendida de cordo com a missão conferida ao direito
penal.
Funcionalismo  Roxin (Escola de Munique)
Teleológico/Dualista/  Crime: fato típico (conduta), ilícito e reprovável (imputabilidade, potencial
Moderado/ da Política consciência da ilicitude, exigibilidade de conduta diversa e necessidade da
Criminal/Valorativo pena).
 Roxin busca a reconstrução do Direito Penal com base em critérios político-
criminais.
 Missão do Direito Penal: proteção de bens jurídicos. Proteger os valores
essenciais à convivência social harmônica.
 Conduta: comportamento humano voluntário causador de relevante e
intolerável lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado.

Funcionalismo  Jakobs (Escola de Bonn)


Sistêmico/Monista/  Crime: fato típico (conduta), ilícito, culpável (imputabilidade, potencial
Radical consciência da ilicitude e exigibilidade de conduta diversa).
 Para Jakobs, o Direito Penal deve visar primordialmente à reafirmação da
norma violada e ao fortalecimento das expectativas de seus destinatários.
 Missão do Direito Penal: assegurar a vigência do sistema. Está relativamente
vinculada à noção de sistemas sociais (Niklas Luhmann)
 Conduta: comportamento humano voluntário causador de um resultado
violador do sistema, frustrando as expectativas normativas.
 O agente é punido porque violou a norma e a pena visa reafirmar a norma
violada.
Atenção: não confundir as teorias da conduta com as teorias da Culpabilidade (teoria psicológica, teoria
psicológica-normativa e teoria normativa pura)

Tema de prova discursiva do Concurso de Delegado do ES - 2019


 Primeira Velocidade: Direito Penal “da prisão”, aplicando-se penas privativas de liberdade como resposta
aos crimes praticados, com a rígida observância das garantias constitucionais e processuais. Aplicada a
delitos graves.

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 Segunda Velocidade: Direito Penal reparador. São aplicadas aqui penas alternativas à prisão, como
restritivas de direitos ou pecuniárias, de forma mais rápida, sendo admissível, para tanto, uma
flexibilização proporcional dos princípios e regras processuais. Aplicável a delitos de menor gravidade.
 Terceira Velocidade: novamente temos a prisão por excelência. Contudo, difere-se da primeira por
permitir a flexibilização e até a supressão de determinadas garantias. Aplicadas ao delito de maior
gravidade. Remete ao direito penal do inimigo.
 Quarta Velocidade: Neopunitivismo. Ligada ao direito internacional. É o processamento e julgamento
pelo TPI de Chefes de Estado que violaram tratados e convenções internacionais de DH e praticarem
crimes de lesa-humanidade.
 Quinta Velocidade: Trata-se de uma sociedade com maior assiduidade do controle policial, o Estado com
a presença maciça de policiais na rua, no cenário onde o DP tem o escopo de responsabilizar os autores,
diante da agressividade presente em nossa sociedade de relações complexas e, muitas vezes,
(in)compressíveis.

Direito penal do  Aquele que viola o sistema deve ser considerado e tratado como inimigo. O
Inimigo delinquente não é ou não deve ser considerado como cidadão, mas como uma
“cancro societário”, que deve ser extirpado (Munhoz Conde).
 Jakobs fomenta o Direito Penal do Inimigo para o terrorista, traficante de drogas,
de armas e de seres humanos e para os membros de organizações criminosas
transnacionais. Segue abaixo as características do DPI:
 Antecipação da punibilidade com a tipificação de atos preparatórios.
 É um direito penal prospectivo, na medida em que se pune o inimigo pelo o que
ele poderá fazer, em razão do perigo que representa.
 O inimigo não é visto como um sujeito de direitos, pois perdeu o status de cidadão.
 Pune-se o inimigo pela sua periculosidade, e não pela sua culpabilidade, como é
no direito penal comum.
 Criação de tipos de mera conduta.
 Previsão de crimes de perigo abstrato.
 As garantias processuais ao inimigo são relativizadas, ou até mesmo suprimidas.
 Flexibilização do princípio da Legalidade: é a descrição vaga dos crimes e das
penas.
 Inobservância dos princípios da ofensividade.
 Preponderância do Direito Penal do autor.
 Desproporcionalidade das penas.
 Surgimento das chamadas “leis de luta ou de combate” – ex: lei 8.072/70 e lei
11.830/2013.
 Endurecimento da Execução Penal: o regime disciplinar diferenciado é um
resquício do direito penal do inimigo.
 O dto penal do inimigo também é conhecido como a terceira velocidade do direito
penal.

Garantismo O garantismo penal integral diz que o Direito Penal deve se prestar a garantir não
Hiperbólico somente os direitos e garantias dos acusados, mas todos os direitos e deveres
Monocular previstos na Constituição.
Hiperbólico: por ser aplicado de modo desproporcional e exagerado.
Monocular: por enxergar apenas um lado, opondo-se ao garantismo integral.

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Concausas

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Crimes Omissivos Próprios ou Puros Crimes Omissivos Impróprios (comissivos por omissão
ou espúrios)
A lei criminaliza um não fazer, uma abstenção O sujeito, por conta de uma omissão, responde pela
diante de um comportamento devido. prática de crime comissivo.
A omissão será penalmente relevante com o A omissão somente será penalmente relevante quando o
mero descumprimento do dever de agir. Ex: agente devia e podia agir para evitar o resultado, nos
omissão de socorro, abandono material e seguintes casos:
omissão de notificação de doença. a) Tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou
vigilância
b) De outra forma, assumiu a responsabilidade de
impedir o resultado
c) Com o seu comportamento anterior, criou o risco
da ocorrência do resultado.
Consuma-se com a mera abstenção do Em regra, são crimes materiais. O nexo causal entre a
comportamento devido. omissão e o resultado naturalístico é normativo: o
omitente não causa fisicamente o resultado, a lei é que

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imputa esse resultado a ele ( nexo de evitação ou de não
impedimento).
Subsunção direta ou imediata (a omissão Subsunção indireta ou mediata (a omissão não está
descrita expressamente no tipo penal, descrita expressamente no tipo penal incriminador,
enquadra-se diretamente à descrição típica). depende de uma norma de extensão).

Tipicidade
Conceito De acordo com a doutrina tradicional, tipicidade é a subsunção do fato praticado ao tipo
penal (concepção formal). Já para a doutrina mais moderna, a tipicidade exige a
subsunção do fato praticado ao tipo penal (tipicidade formal), associada à lesão ou
perigo de lesão ao bem jurídico tutelado (concepção material – tipicidade material).
Tipicidade Concebida por Eugenio Raúl Zaffaroni, funda-se na ideia de que o juízo de tipicidade
Conglobante deve considerar o sistema normativo em sua globalidade. O tipo penal não pode proibir
o que o próprio direito ordena ou fomenta. Portanto, a tipicidade abrange a tipicidade
forma e a tipicidade conglobante, sendo esta composta pela tipicidade material (lesão
ou perigo de lesão ao bem jurídico) e pela antinormatividade (conduta não
determinada, nem incentivada pelo Direito).
Para a teoria da tipicidade conglobante, na hipótese de estrito cumprimento do dever
legal e exercício regular de direito, não há antinormatividade (são situações
determinadas ou incentivadas pelo Direito). Logo, a conduta sequer pode ser
considerada típica.
Tipicidade É o perfeito enquadramento do fato praticado ao tipo penal, sem a necessidade de
Direta ou qualquer norma complementar.
Imediata
(adequação
típica de
subordinação
imediata)
Tipicidade É o enquadramento do fato praticado ao tipo penal por meio de uma norma de
Indireta ou extensão. A norma de extensão pode ser:
Mediata - Temporal: tentativa
(adequação - Pessoal e espacial: concurso de pessoas
típica de - Causal dever de agir para impedir o resultado.

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subordinação
mediata)
Excludentes  Legais: previstas no CP, em dispositivos esparsos. Ex: crime impossível, anulação do
de Tipicidade primeiro casamento no crime de bigamia, anistia, abolitio criminis.
 Supralegais: Não estão expressamente em lei.

Tipo Penal
Conceito É o modelo legal e abstrato descritivo de uma conduta.
Fases da  Fase da Independência (Beling, 1906): Não há ligação do fato típico com a ilicitude e
Tipicidade com a ilicitude.
 Fase do Caráter Indiciário ou Ratio Cognoscendi (Mayer, 1915): Ocorrendo o fato
típico há um indício de ilicitude, que poderá ser afastadas se ocorrer alguma de suas
excludentes. Adotada pelo CP.
 Fase da Ratio Essendi (Mezger, 1931): Todas as condutas típicas são ilícitas.
Tipicidade e ilicitude não são institutos distintos.
 Teoria dos Elementos Negativos do Tipo (Ilicitude sem autonomia): Todas as
condutas típicas são ilícitas. No entanto, para essa teoria, as causas de exclusão da
ilicitude integram a tipicidade.
Espécies  Tipos penais incriminadores ou legais: descrevem condutas proibidas, dando-lhes os
contornos de crimes ou contravenções penais.
 Tipos penais permissivos ou justificadores: descrevem condutas permitidas, aquelas
que, embora típicas, são lícitas. Tratam-se das excludente da antijuridicidade.
Estrutura  Título ou Rubrica Marginal (nomen juris): nome dado pelo legislador à figura penal.
 Preceito Primário: descrição da conduta proibida, nos tipos penais incriminadores,
ou da conduta permissiva, nos tipos penais permissivos
 Preceito Secundário: descrição da sanção.
Elementos  Objetivos descritivos: expressões cuja compreensão requer simples verificação
sensorial.
 Objetivos normativos: expressões cuja compreensão depende de juízo de valor,
podendo abranger aspectos culturais ou jurídicos.
 Subjetivos: dizem respeito à intenção, à finalidade do agente.

Teoria da Teoria da Indiciariedade Teoria da Absoluta Teoria dos Elementos


Autonomia ou ou teoria Cognoscendi Dependência ou Ratio Negativos do Tipo
Absoluta Essendi
Independência
Von Beling (1906) Mayer (1915) Mezger (1930) Chega no mesmo
A tipicidade não tem A existência de fato típico A ilicitude é essência da resultado da 3ª teoria, mas
qualquer relação gera presunção de tipicidade, numa relação por outro caminho. De
coma ilicitude. ilicitude. de absoluta dependência. acordo com essa teoria, o
Cuidado: excluída a Há uma relativa Cuidado: excluída a tipo penal é composto de
ilicitude o fato independência. ilicitude, exclui-se o fato elementos positivos
permanece típico. Cuidado: excluída a típico (tipo total injusto) (explícitos) e elementos
Ex: Fulano mata ilicitude, o fato negativos (implícitos).
Beltrano – temos um permanece típico. Ex: Atenção: para que o fato
fato típico. Fulano mata Beltrano. seja típico, é preciso
Comprovado que Comprova a tipicidade, praticar os elementos
Fulano agiu em presume-se a ilicitude. positivos do tipo, e não
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legítima defesa, Fulano tem que provar praticar os elementos
exclui a ilicitude, mas que agiu em LD. negativos do tipo.
permanece o fato Comprovando,
típico desaparece a ilicitude,
mas o fato continua
típico.
De acordo com a maioria
da doutrina – o Brasil
adotou a Teoria da
Indiciariedade.

Modalidades
Tipo Simples Tipo Misto
Possui somente uma conduta punível. Ex: matar Possui mais de uma conduta punível.
alguém
Tipo Básico Tipo Derivado
Figura fundamental do delito, ou seja, o crime na sua Circunstâncias especiais que envolvem a prática do
forma simples. Geralmente está previsto no caput do crime. Abrange as qualificadoras, causas de aumento
dispositivo legal. e diminuição de pena.
Tipo Fechado Tipo Aberto
Descreve precisamente a conduta do agente, sem o Não descreve precisamente a conduta do agente,
emprego das expressões que demandem atividade demandando atividade valorativa por parte do
valorativa por parte do intérprete. intérprete para sua compreensão.
Tipo Congruente ou Simétrico Tipo Incongruente ou Assimétrico
Há coincidência entre o elemento subjetivo e os Não há coincidência entre o elemento subjetivo e
elementos objetivos do tipo. os elementos objetivos do tipo.
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Tipo de Injusto ou Tipo Total de Injusto
Relacionado à teoria dos elementos negativos do tipo ou do tipo total de injusto. Para essa teoria, a
tipicidade e a antijuridicidade integram o tipo penal, denominado tipo penal total. Ausente a ilicitude, o
fato é atípico. O crime é considerado, pois, um fato típico e culpável.

Antijuridicidade
 Antijuridicidade Formal: é a contrariedade da conduta com o ordenamento jurídico.
 Antijuridicidade Material: é a contrariedade da conduta com o ordenamento jurídico, causando lesão ou
perigo de lesão a um bem jurídico tutelado.

Injusto Antijuridicidade
Injusto é o fato típico e antijurídico. Logo, o crime A antijuridicidade é apenas um dos elementos do
é um injusto (fato típico e antijurídico) culpável. injusto.

Causas de Exclusão da Antijuridicidade (descriminantes ou justificantes)


Legais Supralegal
Genéricas Específicas Consentimento do ofendido
Estado de necessidade Aborto necessário
Legítima defesa
Estrito cumprimento do
dever legal
Exercício regular de direito

Conceito de Estado de Necessidade


Considera-se estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por
sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias,
não era razoável exigir-se (art. 24 CP).
Teoria Unitária Teoria Diferenciadora
O estado de necessidade é sempre causa de O estado de necessidade pode ser causa de exclusão da
exclusão da antijuridicidade (ou seja, é sempre antijuridicidade ou causa de exclusão da culpabilidade.
justificante) e incidirá quando o bem Se o bem sacrificado for de valor igual ou menor ao bem
sacrificado for de valor igual ou menor ao bem protegido, o estado de necessidade será excludente de
protegido. Teoria adotada no CP. antijuridicidade (estado de necessidade justificante).
Se o bem sacrificado for de maior valor ao bem Se o bem sacrificado for de maior valor ao bem protegido,
protegido, haverá crime, admitindo-se apenas não sendo exigível o comportamento do agente, o estado
a causa de diminuição de pena – de 1/3 a 2/3. de necessidade será excludente de culpabilidade (estado
de necessidade exculpante).

Espécies
Quanto ao titular  Próprio: o agente atua para defender bem próprio.
do bem protegido  De terceiro: o agente atua para defender bem de terceiro.
Quanto à origem  Defensivo: volta-se contra a pessoa, coisa ou animal que produziu o perigo.
do perigo  Agressivo: volta-se contra a pessoa, coisa ou animal que não produziu o perigo.

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Quanto à situação  Real: ocorre na hipótese em que a situação de perigo efetivamente existe.
de perigo  Putativo: a situação de perigo é imaginária.
Quanto às  Justificante: o estado de necessidade é excludente de antijuridicidade, exigindo que
consequências o bem sacrificado seja de valor igual ou menor ao do bem protegido.
jurídicas  Exculpante: o estado de necessidade é causa de excludente da culpabilidade. Ocorre
quando o agente do fato necessitado escolhe salvar bem jurídico de menor valor
sendo-lhe inexigível conduta diversa.

Requisitos
Perigo Atual Atual é o perigo imediato, que está ocorrendo no presente momento. Pode advir de
comportamento humano, animal ou de evento da natureza.
- Está abrangido também o perigo iminente, ou seja, aquele que está prestes a
acontecer?
1c: Somente o perigo atual. A lei não incluiu o perigo iminente, por ser uma situação
futura e, portanto, imponderável (Mirabete e Nucci).
2c: Abrange o perigo atual e também o iminente. Se o perigo está prestes a ocorrer, não
se pode obrigar o agente a esperar que se torne atual (Damásio e Flávio Monteiro de
Barros).

Perigo causado Não faz jus ao estado de necessidade o agente que provocou por sua vontade o perigo.
involuntariamente Se o agente causou o perigo dolosamente – não faz jus ao estado de necessidade.
Mas, e se causou culposamente (3 correntes):
1c: sim, a lei exclui o estado de necessidade apenas quando o agente provocou o perigo
por sua “vontade”, expressão indicativa de dolo. É a posição majoritária.
2c: Não. O art. 13, §2º, “c” do CP, obriga a agir para evitar o resultado aquele que, com
seu comportamento anterior (ainda que culposo), criou o risco do resultado. Logo, está
excluída a justificante se o agente provocou culposamente o perigo.
3c: depende do caso concreto. Se o agente provocou culposamente o perigo, apenas
estará acobertado pelo estado de necessidade quando sacrificar um bem jurídico para
preservar outro de valor maior.
Perigo e lesão Tanto a situação de perigo quanto a lesão praticada pelo agente para salvar o bem
inevitáveis jurídico devem ser inevitáveis. Havendo a possibilidade de evitar o perigo ou a lesão,
não se configura o estado de necessidade.
Perigo a um bem É necessário que o agente atue para proteger um bem jurídico, próprio ou de outra
jurídico próprio pessoa.
ou de terceiro
Inexistência de Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar o perigo.
dever legal de
enfrentar o perigo
Proporcionalidade Pela teoria unitária, adotada no CP, somente pode ser reconhecido o estado de
do sacrifício do necessidade se o agente sacrifica um bem para proteger outro de valor maior ou igual
interesse (estado de necessidade justificante). Se o bem sacrificado tiver valor maior ao bem
ameaçado protegido, não incidirá a excludente de ilicitude, podendo ocorrer a hipótese do art.
24,§2º, do CP (causa de diminuição de pena). Ainda nesse caso, parte da doutrina
admite a possibilidade de se reconhecer o estado de necessidade exculpante (que afasta
a culpabilidade), calcado na teoria da inexigibilidade de conduta diversa.
Conhecimento da Além dos requisitos acima referidos, é necessário que o agente tenha conhecimento
situação da situação justificante, ou seja, de que pratica o fato necessitado para salvar de perigo
justificante
Revisão Direito Penal Parte Geral - Material feito por Dayana da S. Sales siga @corujinha_juridica
atual direito próprio ou alheio. Obs: é admissível o estado de necessidade contra o
estado de necessidade – denominado estado de necessidade recíproco.

Legítima Defesa
Conceito Entende-se em legítima defesa que, usando moderadamente dos meios necessários,
repele injusta ingressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.
Requisitos  Agressão Injusta: agressão é a conduta humana (ação ou omissão) que atinge ou
coloca em perigo um bem jurídico. Injusta é a agressão ilícita, ou seja, contrária ao
ordenamento jurídico. Não é preciso que configure crime, podendo ser tratar de um
fato atípico ou culpável.
 Agressão atual ou iminente: atual é a agressão que está ocorrendo em momento
presente. Iminente é a agressão que está em vias de ocorrer. Não se admite legítima
defesa passada, nem futura.
 Uso moderado dos meios necessários: este requisito evidencia a proporcionalidade
que deve existir entre a agressão e a defesa. Meio necessário é o menos lesivo entre
aqueles existentes à disposição do agente, apto a repelir o ataque. O meio necessário
deve ser usado com moderação, ou seja, na extensão suficiente a repelir o ataque,
sem excesso.
 Proteção a direito próprio ou de terceiro: A legitima defesa pode ser invocada para
proteção de qualquer bem jurídico, do próprio agente ou de terceiro. O terceiro pode
ser tanto pessoa física quanto pessoa jurídica, de direito público ou de direito
privado.
 Conhecimento da situação justificante: além dos requisitos acima, é necessário que
o agente tenha conhecimento da situação justificante, ou seja, de que repele
agressão atual ou iminente (animus defendendi).
Legítima defesa Acaba sendo uma previsão inútil disposta no art. 25, PÚ do CP. Considera-se legítima
de terceiro por defesa o agente de segurança pública que repele agressão ou risco de agressão à vítima
agente de mantida refém durante a prática do crime.
segurança pública
Legítima defesa É a hipótese em que o agente, por erro escusável, se excede na legítima defesa (excesso
subjetiva exculpante). Ou seja, qualquer pessoa, nas mesmas hipóteses, se excederia. É uma causa
supralegal de inexigibilidade de conduta diversa, que exclui, portanto, a culpabilidade.
Legítima defesa É a hipótese na qual o agente, por erro, acredita existir uma agressão injusta, atual ou
putativa iminente.
Legítima defesa Não é possível que duas pessoas, simultaneamente, atuem em legítima defesa (real)
recíproca (LD X uma contra outra. Afinal, a LD somente é admissível em face de uma agressão injusta.
LD) Quem agride outro injustamente não atua em LD; quem se defende, por outro lado,
estará amparado pela excludente.
Hipóteses LD (real) x LD (real)
inadmissíveis de LD (real) x EN (real)
LD LD (real) x ECDL (real)
LD (real) x ERD (real)
Hipóteses  Legítima defesa sucessiva: é a reação do agressor contra o excesso da vítima que
admissíveis atua em LD.
 Legítima defesa real x putativa: um dos agentes se defende de uma agressão real,
ao passo que o outro se defende de uma agressão imaginária.
 Legítima defesa putativa x putativa: ambos os agentes se defendem de uma
agressão imaginaria.

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 Legítima defesa real x subjetiva: na LD subjetiva, o agente, por erro escusável, se
excede na LD. Aquele que figurava inicialmente como agressor pode legitimamente
repelir o excesso.

Estado de Necessidade Legítima Defesa


- Embate dentre dois titulares de bens jurídicos - Embate entre um titular de bem jurídico e um
- Perigo atual agressor agindo ilicitamente
- Agente do fato necessitado se volta contra pessoa, - Perigo atual e iminente
animal ou coisa - Agente em LD se volta contra a pessoa
- Agente do fato necessitado deve evitar a situação - Agente agredido não está obrigado a evitar o
de perigo; deve buscar a retirada discreta, a saída perigo (fugir), podendo revidar; não precisa buscar
mais cômoda (commodus discessus) a retirada discreta, a saída mais cômoda (
- Admissível estado de necessidade recíproco commodus discessus)
- Inadmissível legítima defesa (real) recíproca.

Excesso nas justificantes (Espécies)


Excesso Doloso Ocorre quando o agente se propõe a ultrapassar os limites da causa justificante.

Excesso Decorre da inobservância do dever de cuidado do agente enquanto atua respaldado por
Culposo alguma das causas excludentes da ilicitude.

Excesso É irrelevante penalmente porque decorre de caso fortuito ou força maior.


Acidental
Excesso Decorre de uma perturbação do estado anímico do agente, que lhe retira a capacidade
Exculpante de atuar racionalmente, geralmente pelo medo ou susto. Neste caso, inicialmente, a
conduta estava respaldada pela justificante, mas a situação em que se encontra o sujeito
faz surgir nele um estado de pânico que lhe retira a capacidade de atuar racionalmente.
Alguém que, por exemplo, diante de um agressor armado, investe contra de a ponto de
causar sua inconsciência, mas, temeroso quanto à possibilidade de ser alvejado, continua

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a agredi-lo, comete fato típico e ilícito. Não obstante, pode ter a culpabilidade afastada por
inexigibilidade de conduta diversa.

Excesso É aquele que ocorre quando ainda estão presentes os pressupostos fáticos da excludente
Intensivo ou da ilicitude e dentro de sua atuação amparada por uma das excludentes, o agente acaba
Próprio se excedendo. Há uma intensificação desproporcional da conduta inicialmente justificada.
Refere-se a uma atuação desproporcional. Ex.: uma pessoa franzina agride um campeão
de vale tudo e este, podendo repelir a agressão tranquilamente, se excede e dispara tiros
contra o agressor.
Ainda estão presentes os pressupostos fáticos + atuação desproporcional
(desproporcionalidade)

Excesso É aquele que ocorre quando não estão mais presentes os pressupostos fáticos da
Extensivo ou excludente da ilicitude, porém o agente prolonga/continua sua atuação, ou seja, reage
Impróprio diante de uma agressão que deixou de existir. Trata-se de crime autônomo dissociado da
excludente da ilicitude. Refere-se a duração da atuação. Ex.: se um agressor tentar bater
na vítima e esta, a fim de repelir a agressão, revida e continua a agressão quando não há
mais necessidade. Não estão mais presentes os pressupostos fáticos + atuação prolongada
(duração)

Possibilidades
de coexistência
no conflito
entre os
institutos

Estrito Cumprimento de Dever Legal


Conceito É a prática de uma conduta determinada por lei, o que torna lícito um fato típico. Em vista
da unidade do ordenamento jurídico, seria absurdo que a lei estabelecesse a adoção de
determinado comportamento e, simultaneamente, punisse a sua prática, reputando-o
ilícito.
Amplitude do Refere-se à lei em sentido amplo, abrangendo não apenas a lei em sentido estrito, mas
termo “dever também decretos, regulamentos, atos administrativos de caráter geral e decisões judiciais.
legal”
Destinatários É majoritário o entendimento de que essa excludente pode tanto ser invocada por
da excludente funcionário público ou particular no exercício da função pública, como por particular
agindo como tal, quando atua no cumprimento de um dever legal.
Observações  O ECDL é incompatível com delitos culposos, pois não há uma determinação legal para
alguém atuar com imprudência, negligência ou imperícia.
 O ECDL exclui a própria tipicidade da conduta.

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Exercício Regular de Direito
Conceito É a prática de uma atividade permitida pela lei, tornando lícita uma conduta típica.
Amplitude do O termo deve ser interpretado em sentido amplo, referindo-se a todo e qualquer preceito
termo jurídico, mesmo diverso do poder legislativo. Compreende todos os direitos subjetivos
“Direito” pertencentes a toda categoria ou ramo do ordenamento jurídico, direta ou indiretamente
reconhecido, como os costumes.
Lesões em As práticas esportivas são admitidas e fomentadas pela lei. Desde que observadas as
práticas disposições regulamentares, as lesões causadas durante tais atividades constituem
esportivas exercício regular de direito – ex: lesões causadas em luta de boxe.
Mesmo quando não configuram exercício regular de direito, pequenas lesões ocorridas em
certos esportes de contato podem ser admitidas em razão do consentimento do ofendido
ou até mesmo da adequação social – ex: faltas comumente praticadas em jogos de futebol
ou basquete. Fora desses casos, o excesso decorrente do descumprimento das normas
regulamentares é punível, a título de dolo ou culpa.
Relações Não constituem exercício regular de direito. O cônjuge que constranger o outro à
sexuais não conjunção carnal ou outro ato libidinoso responde por estupro com causa de aumento de
consentidas no pena.
âmbito do
matrimônio
Intervenções Em princípio, configuram exercício regular de direito. Caracterizam estado de necessidade
médicas ou quando:
cirúrgicas a) O leigo, na ausência de médico, realizado ato de medicina, para salvar a vida ou saúde
de outrem de perigo atual e inevitável.
b) O médico executa a medicina contra vontade do paciente ou de seu representante legal,
para salvá-lo de iminente perigo de vida. Quando a operação é consentida pelo paciente
e efetuada para salvá-lo de perigo atual, coexistem as duas excludentes de
antijuridicidade: estado de necessidade e exercício regular de direito.
Trote
acadêmico

Ofendículos
Aparatos ou animais utilizados para proteger bens jurídicos de ataques futuros. Devem ser visíveis e
empregados com moderação. Do contrário, permitem a punição pelo excesso, doloso ou culposo.
Exercício regular de direito Legítima defesa preordenada
Trata-se de um direito legítimo do titular do bem Constitui legítima defesa preordenada, servindo para
jurídico. Essa posição dá enfoque ao momento em repelir uma agressão injusta. Essa posição prestigia o
que o ofendículo é instalado. momento que o ofendículo é acionado.

Estrito cumprimento do dever legal Exercício regular de direito


- Tem natureza compulsória, ou seja, o agente - Tem natureza facultativa, ou seja, o agente tem a opção
tem o dever de cumprir o comando legal. de exercer ou não o direito.
- O dever legal tem origem na lei (em sentido - O direito autorizado tem origem em qualquer fonte do
amplo). direito (lei, regulamento, decreto e até costume).

Consentimento do ofendido
Conceito Em regra, o consentimento do ofendido atua como causa supralegal de exclusão da
antijuridicidade, tornando lícita a perda de um bem jurídico disponível, se houver

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concordância do titular. Porém, quando o dissentimento da vítima integrar o tipo penal,
explicita ou implicitamente, o consentimento do ofendido excluirá a tipicidade da conduta.
Requisitos  Consentimento válido
 Consentimento inequívoco
 Capacidade para consentir
 Disponibilidade do bem
 Bem jurídico próprio
 Consentimento anterior ou simultâneo ao ato
 Conhecimento da situação justificante

Excesso nas causas de exclusão da antijuridicidade


Conceito Ocorre excesso quando o agente, em princípio amparado por uma excludente de
antijuridicidade, exagera na ação ou na reação, extrapolando os limites legais previstos.
Modalidades  Excesso doloso: o agente extrapola na intensidade da ação ou reação deliberadamente.
Responderá pelo crime doloso praticado. Dependendo do caso concreto, poderá ser
reconhecida a causa de diminuição da pena ou atenuante da violenta emoção após
injusta provocação da vítima.
 Excesso culposo: o agente extrapola na intensidade da ação ou reação por
inobservância ao dever objetivo de cuidado. Responderá pelo resultado ocorrido, a
título de culpa.
 Excesso exculpante: o agente extrapola na intensidade da ação ou reação por medo,
perturbação de ânimo ou surpresa no ataque. Não se trata de uma causa de exclusão
da antijuridicidade, mas sim de causa supralegal de exclusão da culpabilidade, calcada
na inexigibilidade de conduta diversa.
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 Excesso acidental: é o excesso que decorre de um acidente, de caso fortuito. Como
decorre de um acidente, não pode o agente responder a título de dolo e nem de culpa.
 Intensivo (próprio): É aquele que ocorre quando ainda estão presentes os
pressupostos fáticos da excludente da ilicitude e dentro de sua atuação amparada por
uma das excludentes, o agente acaba se excedendo. Há uma intensificação
desproporcional da conduta inicialmente justificada. Refere-se a uma atuação
desproporcional.
 Extensivo (impróprio): É aquele que ocorre quando não estão mais presentes os
pressupostos fáticos da excludente da ilicitude, porém o agente prolonga/continua sua
atuação, ou seja, reage diante de uma agressão que deixou de existir. Trata-se de crime
autônomo dissociado da excludente da ilicitude. Ou seja, não estão mais presentes os
pressupostos fáticos + atuação prolongada.

Culpabilidade
Princípio da Significa que ninguém deve ser punido se não tiver agido com dolo ou culpa. Logo, é vedada
Culpabilidade a responsabilidade penal objetiva. Cuida-se de princípio constitucional implícito.
Princípio da Também denominado p. da presunção da inocência, determina que ninguém será
Presunção da considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória.
Culpabilidade
Fundamento A culpabilidade é um substrato do crime, ao lado do fato típico e da antijuridicidade (crime
da Pena = fato típico + antijurídico + culpável). É composto por imputabilidade penal, potencial
consciência da ilicitude e exigibilidade de conduta diversa. É fundamento da pena,
porque, sem culpabilidade, não pode ser imposta sanção penal. (Obs: para teoria finalista
bipartite, a culpabilidade não é substrato do crime, mas pressuposto de aplicação da pena).
Limite da Pena Tem sentido de proporcionalidade entre a gravidade e a severidade da punição.
Circunstância Significa o maior ou menor grau de reprovabilidade da conduta. Deve ser examinada na 1ª
Judicial fase da dosimetria da pena, com demais circunstâncias judiciais do art. 59.

Conceito de Culpabilidade
Juízo de reprovação que recai sobre o autor de um fato típico e antijurídico.

Culpabilidade Formal Censurabilidade em abstrato, servindo como norte para o legislador cominar os
limites mínimo e máximo da sanção penal.
Culpabilidade Censurabilidade concretam feita ao agente que praticou um fato típico e
Material antijurídico, servindo como parâmetro para o juiz fixar a pena.
Culpabilidade em A culpabilidade tem por pressuposto a prática de um fato típico e antijurídico.
razão do fato Somente então o Direito Penal pode voltar os olhos ao seu autor, para realizar um
juízo de censurabilidade. Pune-se o agente pelo que ele fez (direito penal do fato) e
não por ser quem é (direito penal do autor).

Teorias da Culpabilidade
Psicológica ou Causalista Psicológica – Normativa Normativa Pura (Finalista)
(Neokantista)
 Imputabilidade  Imputabilidade  Imputabilidade
(pressuposto)  Dolo ou Culpa  Exigibilidade de conduta diversa
 Dolo ou Culpa  Potencial consciência da ilicitude
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 Exigibilidade de conduta
diversa Base: finalista
- Base: causalista Elementos:
- Pressuposto: Base: neokantista * imputabilidade;
* imputabilidade - Elementos: * exigibilidade de conduta diversa;
- Espécies: * imputabilidade; * consciência potencial da ilicitude.
* dolo e culpa * exigibilidade de conduta Dolo e culpa migram para o fato típico
Dolo e culpa estão na diversa; Dolo é natural (consciência + vontade)
culpabilidade * dolo e culpa O elemento normativo do dolo deixa
Culpabilidade consiste na Dolo e culpa estão na de ser elemento do dolo
relação psíquica entre o autor culpabilidade passando a ser elemento da própria
e o resultado, na forma de Dolo é normativo (consciência + culpabilidade, porém não
dolo ou culpa. vontade + consciência atual da mais atual, mas sim potencial.
ilicitude)
Subdivide-se em teoria extremada e
A culpabilidade constitui um Culpabilidade deixou de ser teoria limitada: Ambas
vínculo psicológico entre o puro vínculo psíquico entre o partem das mesmas premissas (dolo na
agente e o resultado, adstrita agente e o fato. Aliás, foi a partir ação tÍpica final e
à imputabilidade (considerada desta teoria que se reconheceu, consciência da ilicitude como elemento
mero pressuposto da definitivamente, a importância da culpabilidade),
culpabilidade) e ao dolo ou da consciência atual da ilicitude, divergindo apenas no tocante à
culpa (espécies de integrante do dolo (dolo natureza jurídica das
culpabilidade) normativo) descriminantes putativas sobre a
situação fática.
A imputabilidade não é mero
pressuposto, mas elemento da 1) Teoria Extremada:
culpabilidade. Dolo e culpa Erro sobre os pressupostos fáticos,
também são elementos da existência ou limites de
culpabilidade. Acrescenta-se um uma causa de justificação: Erro de
componente de caráter proibição indireto ou Erro de
normativo: exigibilidade de permissão.
conduta diversa
2) Teoria Limitada:
* Erro sobre os pressupostos fáticos:
erro de tipo permissivo
* Erro sobre a existência ou limites:
erro de proibição indireto

Dolo e culpa são lançados diretamente


no fato típico. A culpabilidade,
desprovida de tais elementos,
permanece na estrutura do crime,
como juízo de reprovação. Contém a
imputabilidade, a exigibilidade de
conduta diversa e a consciência da
ilicitude (não mais real ou atual, mas
potencial).

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Teoria Funcionalista
Vinculam a culpabilidade às finalidades preventivas da pena e à política criminal do Estado, em substituição
à culpabilidade baseada no juízo de reprovabilidade e no livre-arbítrio.
Claus Roxin Günther Jakobs
Crime = ação típica + antijuridicidade + - Funcionalização da culpabilidade para atender as
responsabilidade exigências preventivo-gerais da pena (manutenção da
vigência da norma). A culpabilidade é um juízo de
- A responsabilidade abrange o juízo de atribuição da falta de fidelidade do agente com relação
culpabilidade (capacidade de se comportar ao direito.
conforme a norma) e a necessidade da pena. A
culpabilidade deixa de ser considerada um dos
substratos do crime e passa a ser uma categoria
de responsabilidade.

Coculpabilidade
Preconizada por Zaffaroni, preceitua que o Estado seria corresponsável por infrações praticadas por pessoas
desfavorecidas social e economicamente. A pena de tais pessoas deveria ser atenuada (menor
reprovabilidade).
Posteriormente, o autor propõe a coculpabilidade por vulnerabilidade, aduzindo a menor censurabilidade
dos vulneráveis, que seriam as pessoas com maiores chances de serem selecionadas pelo Direito Penal para
sofrerem punições, não necessariamente desfavorecidas economicamente.
No Brasil, a teoria da coculpabilidade poderia ser utilizada, em tese, como atenuante inominada – art. 66 do
CP.
Coculpabilidade às avessas: crítica à seletividade do Direito Penal, que seria utilizado predominantemente
contra pessoas desfavorecidas e, por outro lado, privilegiaria os mais ricos com sanções mais brandas. Ou
seja, é justamente o contrário do que preconiza a teoria da coculpabilidade.

Causas de exclusão da culpabilidade (dirimentes ou eximentes)


Elementos Excludentes
- Imputabilidade - Doença mental ou desenvolvimento mental
- Potencial consciência da ilicitude incompleto ou retardado
- Exigibilidade de conduta diversa - Embriaguez acidental completa
- Menoridade
-Erro de proibição inevitável/escusável/invencível
- Coação moral irresistível
- Obediência Hierárquica
- Inexigibilidade de conduta diversa (causa supralegal)

Culpabilidade
Teoria - Franz Von Liszt e Beling
Psicológica - A culpabilidade seria constituída pelo elemento psicológico – dolo e culpa.
- A imputabilidade não é elemento da culpabilidade.
- A imputabilidade é considerada um pressuposto para análise da culpabilidade e não
elemento constitutivo dela.
- O dolo é normativo (consciência da ilicitude).
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Teoria - Edmund Mezger, Bertold Freudenthal, Goldschimitd e Frank.
Psicológico- - A culpabilidade seria constituída pelos elementos psicológicos/subjetivos (dolo e
Normativa culpa), além dos elementos normativos: imputabilidade + exigibilidade de conduta
diversa.
- Para esta teoria a consciência da ilicitude estava embutido no dolo.
- Atualmente, o dolo é binômio consciência e vontade, sendo que a consciência não é da
ilicitude, mas sim a consciência de saber o que está se fazendo.
- Não rompe com o causalismo, mas é influenciada pelo neokantismo.
Teoria - Hans Welzel
Normativa ou - Toda conduta humana é destinada a um fim, portanto toda conduta humana é dolosa
Teoria ou culposa, necessariamente.
Normativa Pura - Welzel retirou o dolo e a culpa da culpabilidade e os colocou na conduta humana,
elemento do fato típico. Ao fazer isso, retira a consciência da ilicitude do dolo (aspecto
normativo), para entender que a culpabilidade é imputabilidade, exigibilidade de conduta
diversa e a POTENCIAL consciência da ilicitude.
- Este é o atual estágio da culpabilidade – culpabilidade normativa.
- Dolo e culpa fazem parte da conduta humana penalmente relevante, ao passo que a
culpabilidade é constituída de elementos normativos.
- Dolo deixa de ser normativo e passa a ser NATURAL.

Conceito de Atribuição de capacidade a alguém para ser responsabilizado criminalmente. É imputável


Imputabilidade quem, ao tempo da ação ou da omissão, é capaz de entender o caráter ilícito do fato
(elemento intelectivo) ou determinar-se de acordo com esse entendimento (elemento
volitivo).
Momento para A imputabilidade deve ser considerada no momento da conduta ( ao tempo da ação ou
determinação da da omissão).
inimputabilidade
Sistemas de  Biológico ou etiológico: leva em consideração a existência de doença mental, ou de
identificação da desenvolvimento mental incompleto ou retardado. Pouco importa se tais condições
imputabilidade psíquicas, no caso concreto, retiraram do agente a capacidade de entendimento e
autodeterminação. Ganha relevo a existência de uma causa de inimputabilidade, não
o efeito produzido. Adotado pelo CP na inimputabilidade por menoridade.
 Psicológico: leva em consideração o fato de o agente ter ou não ter capacidade de
entendimento e autodeterminação, no momento da conduta. Não importa se sofre de
anomalia psíquica. Adotada pelo CP na inimputabilidade por embriaguez completa
acidental (proveniente de caso fortuito ou força maior).
 Biopsicológico ou misto: aglutina os dois anteriores. É inimputável que, em razão de
doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado era, ao tempo
da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou
de determinar-se de acordo com esse entendimento. Adotado pelo CP, como regra.

Causas que excluem a imputabilidade


Doença mental, desenvolvimento mental incompleto ou retardado
 Se o agente, apesar de apresentar anomalia psíquica, praticar o delito num intervalo de lucidez, será
considerado imputável.
 O surdo-mudo somente torna o agente inimputável se, no caso concreto, retirar a sua capacidade de
entendimento ou de autodeterminação.
 O sonambulismo exclui a própria conduta, e não a imputabilidade.

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 A constatação da inimputabilidade é feita por meio de exame pericial.
 Se o inimputável em razão de anomalia psíquica pratica um injusto penal, a consequência jurídica é a
absolvição imprópria (absolvição com medida de segurança).
 Quando a anomalia psíquica retira parcialmente a capacidade de entendimento e autodeterminação, a
hipótese é de semi-imputabilidade, que não exclui a culpabilidade.

A condição de silvícola torna o agente inimputável? (Há duas correntes)


Depende do grau de integração à civilização. Os O silvícola, como qualquer pessoa, somente será
silvícolas são imputáveis (se plenamente integrados inimputável em caso de doença mental,
à civilização), semi-imputáveis ou inimputáveis. – desenvolvimento mental incompleto ou retardado,
Masson e Nucci menoridade ou embriaguez fortuita completa. –
Fábio Roque e Rogério Sanches Cunha
Menoridade
- A legislação estabelece a inimputabilidade penal dos menores de 18 anos.
- A menoridade gera presunção absoluta de inimputabilidade.
- O agente é considerado maior no primeiro momento do dia do aniversário, independentemente do horário
do nascimento.
- A emancipação civil do menor de 18 anos não afasta a inimputabilidade penal.
- A comprovação da menoridade é feita por qualquer documento hábil.

É possível emenda à Constituição para reduzir a maioridade penal?


Não Sim
O art. 288 da CF é cláusula pétrea, não passível de O art. 288 da CF não é cláusula pétrea. Ainda que
alteração por emenda constitucional. Os direitos e fosse, é possível a redução da menoridade penal,
garantias individuais não estão previstos apenas desde que fique preservado o núcleo do referido
no art. 5º, mas espalhados por toda a CF. dispositivo constitucional. A redução para 16 anos,
por exemplo, respeita a essência do dispositivo.

A redução da maioridade penal é o melhor caminho para lidar com jovens infratores?
Sim Não
Os jovens de 16 anos têm plena capacidade de A redução da maioridade não significa que haverá
entendimento e autodeterminação, devendo diminuição na prática de infrações por
responder por seus atos. Tal medida evitaria que adolescentes. Ao invés de irem para Fundação
adultos os aliciassem para o cometimento de Casa, onde recebem orientações pedagógica,
infrações, ciente de que os menores não mais psicológica e assistencial, ingressarão no sistema
ficariam impunes. Ademais, inibiria os próprios carcerário, entrando em contato com delinquentes
jovens de cometerem crimes, diante das experientes e perigosos, reduzindo a possibilidade
consequências penais caso o fizessem. de recuperação. Após cumprirem a pena,
retornarão ao convívio social, ainda mais
propensos á prática de novas infrações.
Embriaguez completa acidental
Embriaguez é a intoxicação aguda e transitória, produzida pelo álcool ou qualquer substância de efeitos
análogos (entorpecentes, alucinógenos).

Eufórica (fase do macaco) Agitada (fase do leão) Comatosa (fase do porco)


- Euforia e exaltação, por conta - Irritabilidade e - Sono, letargia, coma
da diminuição dos freios comportamentos irrefletidos, - Completa, total ou plena
inibitórios relacionados à confusão mental
e depressão

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- Incompleta, parcial ou - Completa, total ou plena - Retiram totalmente a capacidade
semiplena - Retiram totalmente a de compreensão e/ou
- Retira parcialmente a capacidade de compreensão determinação
capacidade de compreensão e/ou determinação
e/ou determinação

Origem da embriaguez Significado Consequência


Não acidental O agente se embriaga Não exclui a culpabilidade
(voluntária/intencional ou deliberadamente (embriaguez
culposa) voluntária/intencional) ou por
falta de cuidado (culposa)
Acidental ou fortuita Decorre de caso fortuito ou força Completa: exclui a culpabilidade
maior (isenta de pena)
Incompleta: provoca a redução de
1/3 a 2/3
Patológica Considerada doença mental Gera inimputabilidade ou semi-
(demência alcoólica) imputabilidade, aplicando-se
medida de segurança
Preordenada O agente se embriaga com a Não exclui a culpabilidade e ainda
finalidade de praticar infração configura agravante genérica.
penal

Teoria do Actio Libera In Causa


- Funda-se no princípio de que a “causa da causa também é causa do que foi causado”. Tem aplicação nas
hipóteses em que o agente, conscientemente, coloca-se em estado de embriaguez. No momento da
prática do delito, a embriaguez pode ter retirado do agente a capacidade de entendimento e
autodeterminação, mas esses elementos estavam presentes quando ele começou a se embriagar (a ação
foi livre na causa). Por isso, devem ser projetados para o momento da prática da infração.
- Pela letra da lei, a teoria é aplicável à embriaguez preordenada, bem como à embriaguez não acidental
(voluntária e culposa). Apenas não se aplica à embriaguez acidental ou fortuita, pois o agente não tinha a
consciência ou vontade de se embriagar.

#SELIGANOCONCEITO: Teoria Actio Libera In Causa (Teoria da ação livre na causa): Se caracteriza quando
o agente comete o crime em estado de embriaguez não proveniente de caso fortuito ou força maior. No
momento do crime o sujeito está inconsciente. A teoria antecipa o momento da análise da imputabilidade.
A imputabilidade não será analisada no momento em que o crime foi praticado. Nesse
momento ele estava inconsciente. É antecipada para o momento anterior àquele em que o agente
livremente se colocou no estado de embriaguez. Para a embriaguez preordenada essa teoria é
perfeita, pois no momento anterior já existia o dolo – o fundamento é a causalidade mediata. Antes de
começar a beber já havia o dolo de cometer crime

Causas que não excluem a imputabilidade


 Emoção: é um sentimento súbito, passageiro, que provoca a alteração momentânea de ânimos (alegria,
ira, cólera). A paixão é um sentimento que surge lentamente e dura por mais tempo (amor, inveja,
ódio).
 Semi-Imputabilidade: o agente, em virtude de perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento
mental incompleto ou retardado, não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou
de determinar-se de acordo com esse entendimento.

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Potencial Consciência da Ilicitude
Conceito de Possibilidade de o indivíduo compreender o caráter ilícito da conduta praticada. A lei se
Potencial contenta com o conhecimento potencial da ilicitude, isto é, basta que o agente tenha a
Consciência da potencialidade, a possibilidade de conhecer a ilicitude do comportamento. Excludente
Ilicitude de potencial consciência da ilicitude: erro de proibição inevitável/escusável/invencível.
Valoração Profano é o indivíduo não conhecer a ciência jurídica. O profano não valora o que é
Paralela na esfera proibido pela ótica da ciência do Direito, mas sim paralelamente, na sua visão de leigo
do profano em Direito ( daí o nome valoração paralela na esfera do profano). É o suficiente para
determinar se tinha ou não potencial consciência da ilicitude.
Teoria Causalista A consciência da ilicitude é integrante do dolo, que está alocado na culpabilidade (dolo
normativo). A falta de consciência (atual) da ilicitude afasta o dolo.
Teoria Finalista O dolo é inserido no fato típico e a consciência da ilicitude está na culpabilidade (dolo
natural, dolo neutro). A falta de consciência (potencial ou atual) da ilicitude afasta a
culpabilidade.
Critérios de  Critério Formal: necessário que o agente saiba estar infringindo alguma norma. Esse
determinação da critério não foi acolhido, pois somente juristas e técnicos em Direito Penal poderiam
consciência da identificar infrações penais.
ilicitude  Critério Material: baseado na concepção material do injusto, exige que o agente
tenha conhecimento da antissocialidade, da injustiça e imoralidade da conduta ou da
violação do interesse.
 Critério intermediário: o agente deve conhecer, ou pode conhecer, com esforço
devido de sua consciência, a partir de um juízo geral de sua própria esfera de
pensamentos, o caráter ilícito do seu modo de agir. Basta, portanto, a valoração
paralela do profano. É o critério mais aceito.

Erro de Proibição No erro de proibição, o agente se equivoca quanto ao conteúdo proibitivo da norma
Inevitável, penal, imaginando ser permitido aquilo que é proibido. O erro de proibição é inevitável,
Escusável ou escusável ou invencível se o agente não tem consciência sequer potencial ilicitude (não
Invencível sabe que a conduta é ilícita, nem lhe era possível ter ou atingir essa consciência). Nesse
caso, é afastada a culpabilidade.

O erro de proibição é evitável, inescusável ou vencível se falta ao agente apenas a


consciência atual da ilicitude, existindo consciência potencial (não sabe que a conduta é
ilícita, mas lhe era possível ter ou atingir essa consciência). Não afasta a culpabilidade.
Haverá somente uma diminuição de pena, de 1/6 a 1/3.

Exigibilidade de Conduta Diversa


Conceito Expectativa social de que o autor de um fato típico e antijurídico tivesse um
comportamento diferente daquele adotado. Em outros termos, esperava-se que o agente
atuasse em conformidade com o ordenamento jurídico, e não contrariamente a ele.
Excludentes:
 Coação moral irresistível
 Obediência hierárquica
 Inexigibilidade de conduta diversa (supralegal)

Causas excludentes da exigibilidade de conduta diversa

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Coação Moral Conceito: Causa legal de exclusão da culpabilidade da pessoa que pratica fato típico e
Irresistível antijurídico, em razão da ameaça de um mal insuportável que recairia sobre ela ou
outrem por quem nutre relação afetiva, caso não o fizesse.

Requisitos:
 Grave ameaça
 Irresistibilidade da ameaça
 Ameaça contra o coagido ou pessoa por quem ela nutre relação de afeto
 Inevitabilidade do perigo pelo coagido
 Existência de pelo menos 3 pessoas: coator, coagido e vítima do fato praticado
pelo coagido.

Consequências
Coação Coator Coagido
Física Responde pelo fato praticado O fato é atípico em razão da
pelo coagido, com a agravante ausência de conduta.
do art. 62, II, 1ª parte do CP.
Responde também pelo crime
praticado contra o coagido.
Não há concurso de pessoas
Moral Responde pelo fato praticado Excluída a culpabilidade em razão
Irresistível pelo coagido, com a agravante da inexigibilidade de conduta
do art. 62, II, 1ª parte do CP. diversa (isento de pena).
Responde também pelo crime
praticado contra o coagido.
Não há concurso de pessoas
Moral Responde pelo fato praticado Responde pelo crime praticado,
Resistível pelo coagido, com a agravante com a atenuante do art. 65, III, c,
do art. 62, II, 1ª parte do CP. Há 1ª parte do CP.
concurso de pessoas.

Obediência Conceito: Causa legal de exclusão da culpabilidade do subordinado que pratica fato típico
Hierárquica e antijurídico, em estrito cumprimento de ordem não manifestamente ilegal emanada de
seu superior hierárquico.

Requisitos:
 Ordem não manifestamente ilegal ( é preciso que a ordem tenha aparência de
legalidade).
 Ordem emanada de autoridade competente.
 Relação de Direito Público (Obs: relações privadas não estão compreendidas,
como a subordinação laboral no setor privado (empregador e empregado),
doméstica (pai e filho), escolar (professor e aluno) e eclesiástica (padre e fiel). Em
tais casos, pode-se admitir a excludente supralegal de inexigibilidade de conduta
diversa).
 Estrito cumprimento de ordem.
 Existência de pelo menos 3 pessoas: superior hierárquico (mandante),
subordinado (executor) e vítima do fato praticado pelo subordinado.

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Consequências
Coação Coator Coagido
Manifestamente Responde pelo fato praticado Responde pelo crime, podendo
Ilegal pelo subordinado, com a incidir a atenuante do art. 65,
agravante do art. 62, III, 1ª III, c, 2ª parte do CP.
parte do CP.
Não Responde pelo fato praticado Amparado pela obediência
Manifestamente pelo subordinado, com a hierárquica que exclui a
Ilegal agravante do art. 62, III, 1ª culpabilidade (isento de pena).
parte do CP.
Legal Não há crime, pois atua no Não há crime, pois atua no
estrito cumprimento do dever estrito cumprimento do dever
legal. legal.

Inexigibilidade
de conduta A doutrina e a jurisprudência majoritárias têm admitido a inexigibilidade de conduta
diversa (causa diversa como causa supralegal de exclusão da culpabilidade. Trata-se de uma dirimente
supralegal) “guarda-chuva”, utilizada para afastar a culpabilidade de situações que não se encaixam
em nenhuma das excludentes legais, mas não seria razoável exigir do indivíduo
comportamento diverso.

Panorama das Teorias do Crime

Teoria Causalista, Causal – Naturalista, Teoria Clássica, Teoria Naturalística, Teoria Mecanicista ou
Sistema Liszt-Beling
 Autores: Franz Von Liszt e Ernest Von Beling

Fato Típico Antijurídico Culpável


Conduta (sem finalidade) Contrariedade da conduta com o Imputabilidade (pressuposto)
Resultado ordenamento jurídico (sentido Dolo ou culpa (finalidade)
Nexo Causal formal) (aspecto subjetivo)
Tipicidade (aspecto objetivo) *dolo normativo
(aspecto objetivo)

 Baseada no positivismo e no emprego das ciências naturais, analisa o mundo numa ótica naturalística
de causalidade (relação de física de causa e efeito), sem abstrações.
 Conduta é o movimento corpóreo voluntário que produz modificação no mundo exterior. É composta
de movimento corporal, vontade e resultado naturalístico (modificação do mundo exterior). A conduta
não está associada a uma finalidade do agente.
 A culpabilidade constitui um vínculo psicológico entre o agente e o resultado, adstrita à imputabilidade
(considerada mero pressuposto da culpabilidade), e ao dolo e culpa (espécies de culpabilidade). Por
essa razão é chamada culpabilidade psicológica.
 O dolo causalista está associado à consciência da ilicitude e, por isso, é denominado dolo normativo ou
dolo malus. Quem age com dolo, necessariamente agente ciente de que faz algo indevido (a consciência
da ilicitude é integrante do dolo).
 Críticas: dificuldade para acomodar dogmaticamente os crimes tentados, omissivos e sem resultado
naturalístico.
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Teoria Neokantista
 Autores: Edmund Mezger e Reinhard Frank

Fato Típico Antijurídico Culpável


Conduta (sem finalidade) Contrariedade da conduta com Imputabilidade
Resultado o ordenamento jurídico + Dolo ou culpa (finalidade)
Nexo Causal danosidade social (sentido Exigibilidade de conduta
Tipicidade material) diversa
(aspecto objetivo) (aspecto objetivo) (aspecto subjetivo)

 O direito não deve ser examinado sob o prisma das ciências naturais (ciências do ser), mas como uma
ciência cultural (ciência do dever ser). Rejeição do positivismo puro e introdução dos valores no âmbito
jurídico (método axiológico).
 Conduta é o comportamento humano voluntario valorado negativamente pelo legislador.
 A antijuridicidade é desenvolvida no seu aspecto material, passando a exigir a danosidade social.
 A culpabilidade recebe um componente de caráter normativo, fundado na ideia de reprovabilidade ou
censurabilidade (exigibilidade de conduta diversa). Por manter elementos psicológicos (imputabilidade
e dolo ou culpa) e, agora, um elemento normativo, recebe o nome de culpabilidade psicológico-
normativo.
 Críticas: desconexão do direito penal com a realidade; conduta conceituada de modo genérico; dolo e
culpa continuam dissociados de finalidade.

Teoria Finalista
 Autor: Hans Welzel

Fato Típico Antijurídico Culpável


Conduta (com finalidade) Imputabilidade
Dolo/ Culpa (*dolo natural ou Exigibilidade de conduta
neutro) diversa
Resultado Consciência POTENCIAL da
Nexo Causal ilicitude
Tipicidade

 Eliminação da cisão entre conduta e finalidade, retirando-se o dolo e culpa da culpabilidade e lançando-
o diretamente no fato típico.
 Conduta é o comportamento humano voluntário voltado a uma finalidade.
 Trazido para o fato típico, o dolo desprende-se da consciência da ilicitude (alocada na culpabilidade),
abandonando seu aspecto normativo. O dolo finalista não está associado à consciência da ilicitude,
sendo chamado de dolo natural, dolo neutro ou dolo bonus.
 A culpabilidade, por ter perdido seu aspecto psicológico (dolo e culpa), não mais se denomina como
culpabilidade psicológico normativa, mas sim culpabilidade normativa pura. Nela se inserem a
imputabilidade, a exigibilidade de conduta diversa e a consciência da ilicitude (que no finalismo deixa
de ser real ou atual para se transformar em potencial).

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 Críticas: esvaziou a culpabilidade; dificuldade para acomodar dogmaticamente os crimes culposos e
omissivos.

Teoria Finalista Bipartite, Brasileira ou Dissidente


 Autor: René Ariel Dotti

Fato Típico Antijurídico Culpabilidade


Conduta (com finalidade) Imputabilidade
Dolo/ Culpa (*dolo natural ou Exigibilidade de conduta
neutro) diversa
Resultado Consciência POTENCIAL da
Nexo Causal ilicitude
Tipicidade (pressuposto para aplicação da
pena)

 O crime é considerado um fato típico e antijurídico, sendo a culpabilidade apenas um pressuposto


para aplicação da pena.
 A pessoa que age sem culpabilidade (por inimputabilidade, falta de consciência potencial da ilicitude
ou inexigibilidade de conduta diversa) pratica crime, estando ausente apenas o pressuposto de
aplicação da pena.
 Críticas: culpabilidade relegada a mero pressuposto para aplicação da pena.

Teoria Social
 Autores: Joahannes Wessels e Hans – Heinrich Jeschek

Fato Típico Antijurídico Culpável


Conduta (socialmente relevante) Dolo e culpa (reanálise)
Dolo/ Culpa Imputabilidade
Resultado Exigibilidade de conduta
Nexo Causal diversa
Tipicidade Consciência POTENCIAL da
ilicitude

 Busca superar o embate entre causalismo e finalismo.


 Conduta é o comportamento humano socialmente relevante.
 Estruturalmente, considera crime um fato típico, antijurídico e culpável. Porém, tenta reunir aspectos
das vertentes causalista e finalista, chegando alguns defensores a adotarem a dupla posição do dolo na
teoria do delito, analisando-o no fato típico e também na culpabilidade.
 Crítica: dificuldade para delimitar o que é “socialmente relevante”.

Funcionalismo Teleológico, Moderado, Dualístico ou da Política Criminal – Claus Roxin


 Preconiza a inserção da política criminal na dogmática do Direito Penal.
 A missão do Direito Penal é a proteção subsidiária de bens jurídicos.
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 A teoria do delito passa por uma restruturação com base em critérios político-criminais, de modo a
abranger 3 elementos: tipicidade, ilicitude (formam o injusto) e responsabilidade.
 Conduta é o comportamento humano voluntário capaz de evidenciar uma manifestação da
personalidade.
 Inserção na tipicidade da imputação objetiva, que opera como um filtro para imputação do resultado ao
agente.
 Antijuridicidade: é examinada a partir das causas de justificação, que possuem uma função político-
criminal de solução social de conflitos.
 Responsabilidade: abrange o juízo de culpabilidade (capacidade de se comportar conforme a norma) e a
necessidade da pena. A culpabilidade deixa de ser considerada um dos substratos do crime e passa a ser
uma categoria de responsabilidade.
 Críticas: conceito vago de conduta; elaboração de exemplos que dificilmente surgem no cotidiano
forense.
Funcionalismo Radical, Sistêmico ou Monista – Günther Jakobs
 A função do Direito Penal é a proteção do próprio sistema. Quando um agente infringe uma norma, está
quebrando a confiança social de que iria segui-la, impondo-se a sanção penal para reafirmar a vigência
do sistema (finalidade de prevenção geral positiva).
 O Direito Penal é um sistema normativo fechado, autorreferente e autopoiético. Possui regras próprias
e a elas se submete.
 Conduta é o comportamento humano voluntário causador de um resultado evitável que frustra as
expectativas normativas.
 Jakobs, ao lado de Roxin, é um dos expoentes da teoria da imputação objetiva. Porém, há algumas
peculiaridades entre as concepções desses dois autores.
 Críticas: possibilita o autoritarismo, chegando ao ápice com a teoria do Direito Penal do Inimigo.

Teoria da Ação Significativa (Tomás Salvador Vives Anton)


 A ação não é entendida como “ o que a pessoa faz”, mas como “ o significado do que faz”. O fator
determinante não é a finalidade da ação, mas o seu significado.

Erro de Tipo
Conceito: é a falsa representação da realidade sobre o elemento constitutivo do tipo penal.

Erro de Tipo Essencial Erro de Tipo Acidental


Falsa percepção da realidade sobre elementos Falsa representação da realidade sobre elementos
constitutivos do tipo penal (elementares). acessórios do tipo penal.

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Erro de Tipo Inevitável/ Invencível/ Escusável Erro de Tipo Evitável/ Vencível/ Inescusável
Afasta o dolo e a culpa. Afasta o dolo, mas não a culpa ( punível se houver
a modalidade culposa).

Erro de Tipo Acidental


Objeto (Erro in O agente se confunde quanto ao objeto material do delito, atingindo outroque
Objecto) não o visado. A punição se dá considerando o objeto efetivamente atingido, e
não aquele almejado pelo agente. Aplica-se a teoria da concretização.
Pessoa ( Erro in O agente se confunde quanto à pessoa da vítima, atingindo outra que não a
Persona) visada. Será punido considerando as condições e qualidades da pessoa contra
quem queria praticar o crime (vítima virtual), e não a vítima efetiva ou real.
Aplica-se a teoria da equivalência.
Execução (Aberratio Ocorre quando ao gente, por erro no golpe ou acidente, atinge pessoa diversa
Ictus) da pretendida. Responderá considerando as condições e as qualidades da
pessoa contra quem queria praticar o crime (vítima virtual), e não da vítima
real ou efetiva.
Nexo causal Trata-se de erro quanto ao nexo causal. O agente produz o resultado desejado,
(Aberratio Causae) porém pensa que ocorreu por uma determinada causa, quando na realidade
por outra.
Resultado diverso do O agente por acidente ou erro na execução, atinge um bem jurídico diverso
pretendido (Aberratio do pretendido. É o erro ou desvio no crime. Consequência: responderá pelo
Criminis ou Aberratio resultado produzido, a título de culpa (desde que punível na modalidade
Delicti) culposa). Como na aberratio ictus, se o agente também provocar o resultado
pretendido, responderá pelos dois crimes, em concurso formal.

Erro de Tipo Essencial Delito Putativo por erro de Tipo


- O agente pratica um fato objetivamente típico, O agente pratica um fato atípico, supondo
porém se equivoca em relação ao elemento equivocadamente estar presente um elemento
constitutivo do tipo penal. constitutivo do tipo penal. Ex: mulher ingere
- Ex: gestante toma chá desconhecendo as suas medicamento abortivo, supondo
propriedades abortivas, vindo a sofrer um aborto. equivocadamente estar grávida.

Erro de Proibição
Conceito: falsa representação quanto à ilicitude do fato. O agente supõe ser permitido aquilo que é
proibido; pensa que está agindo licitamente, mas não está.

Inevitável, Escusável ou Invencível Evitável, Inescusável ou Vencível


- O agente não tem consciência sequer potencial - Falta ao agente apenas a consciência atual da
da ilicitude. ilicitude, existindo a consciência potencial. Não
- Não sabe que é a conduta é ilícita, nem lhe era
sabe que a conduta é ilícita, mas lhe era possível
possível ter ou atingir essa consciência. ter ou atingir essa consciência.
- Causa de exclusão da culpabilidade (dirimente)- Não afasta a culpabilidade. Haverá apenas
diminuição de pena, de 1/6 a 1/3.
Não se confunde proibição com o mero desconhecimento da lei. Neste, o agente sabe que o
comportamento é proibido, tão somente desconhece a existência da lei. Será condenado, fazendo jus
a mera atenuante genérica (art. 65, II, do CP).

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Espécies
Erro de proibição direto Erro de proibição indireto Erro mandamental
(descriminante putativa por
erro de proibição)
O agente se engana em relação O agente sabe que a conduta é Ocorre nos crimes omissivos
ao conteúdo da norma típica, mas acredita que está próprios e impróprios. O erro
proibitiva, porque desconhece a amparado por norma permissiva. recai sobre uma norma
existência do tipo penal ou Pode incidir sobre a existência da mandamental, ou seja, uma
compreende equivocadamente norma permissiva ou sobre os norma que determina uma
seu âmbito de incidência. Ex: seus limites. Ex: pensa que está autuação positiva, um fazer. Ex:
acredita não ser crime portar autorizado a matar a mulher um agente, mesmo podendo,
drogas para consumo próprio. adúltera, em legítima defesa da deixa de prestar socorro a
honra. alguém gravemente ferido
porque acredita que não está
obrigado.

Erro de Tipo Erro de Proibição


 O agente se equivoca sobre o aspecto da  O agente se equivoca sobre a licitude do
realidade que constitui elemento do tipo penal. comportamento.
 Exclui o dolo e a culpa – quando escusável.  Exclui a culpabilidade quando escusável.
 Exclui o dolo, subsistindo a culpa (haverá  Não exclui a culpabilidade, havendo somente
punição se prevista a modalidade culposa) – causa de diminuição de 1/6 a 1/3, quando
quando inescusável. inescusável.
 Ex: caçador dispara contra arbusto, pensando  Ex: caçador mata um animal, sem saber que
que ali está um animal, mas descobre que era naquela região a caça é proibida, configurando
outro caçador. crime ambiental.

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Descriminante Putativa
Conceito: Causa de exclusão da antijuridicidade imaginária. O agente pratica um fato típico supondo
que está amparado por uma das excludentes de antijuridicidade, não está. Também conhecido como:
descriminante erroneamente suposta ou descriminante imaginária.

Erro quanto à existência da Erro quanto aos limites da Erro quanto aos pressupostos
excludente da ilicitude excludente da ilicitude fáticos da excludente de
ilicitude
O agente supõe equivocadamente O agente pensa que a excludente O agente supõe existir uma
existir determinada causa de de ilicitude tem uma amplitude situação de fato que faria incidir a
excludente de ilicitude. Ex: mata maior do que tem. Ex: pensa que a excludente de ilicitude. Ex: “A”
pessoa enferma pensando que a legítima defesa autoriza a morte dispara contra “B” pensando que
eutanásia está prevista como do cônjuge adúltero para proteger este irá sacar uma arma. Descobre
causa de excludente da ilicitude. a honra. que “B” iria apenas pegar o
celular.
Erro de proibição (erro de proibição indireto), pois afeta a consciência Teoria Extremada: Erro de
da ilicitude. proibição (erro de proibição
indireto), pois afeta a consciência
da ilicitude.
Teoria Limitada: Erro de tipo (erro
de tipo permissivo), pois afeta o
dolo.

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Erro de Proibição Delito putativo por erro de proibição
 O agente acredita estar praticando uma  O agente imagina ser proibida uma conduta que,
conduta lícita, quando na realidade está na realidade, é permitida (também denominado
praticando um crime. delito de alucinação ou crime de loucura).
 Ex: sujeito agencia uma prostituta e fica com  Ex: pessoa se prostitui pensando que tal conduta
parte do lucro, acreditando que essa conduta é é incriminada no Brasil, mas não é.
permitida, mas na realidade configura o crime
do art. 230 do CP.

O ERRO sobre os PRESSUPOSTOS FÁTICOS deve ser tratado como erro de tipo ou de proibição?
TEORIA LIMITADA O erro sobre os pressupostos fáticos deve equiparar-se a ERRO DE TIPO. Se inevitável, exclui
DA dolo e culpa; se evitável, pune a culpa. Prevista na exposição de motivos do CP.
CULPABILIDADE Apesar de previsto no art. 20, §1° que o agente fica isento de pena, a consequência será a
(prevalece no exclusão da tipicidade (ausência de dolo e culpa).
Brasil
TEORIA Equipara-se a erro de proibição. Se inevitável, isenta o agente de pena; se evitável, diminui a
EXTREMADA DA pena.
CULPABILIDADE
TEORIA De acordo com essa teoria, o art. 20, §1°, CP, reúne as duas teorias anteriores, seguindo a
EXTREMADA “SUI extremada, quando o erro é inevitável, e a limitada, quando o erro é evitável.
GENERIS” DA
CULPABILIDADE

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Iter Criminis
Conceito É o caminho do crime. São as etapas percorridas pelo agente para cometer a infração penal.
Fase Interna Essa fase é impunível.
 Idealização: ideia de praticar o crime.
 Deliberação: ponderação se cometerá ou não o crime.
 Resolução: decisão de praticar a infração.
Fase Externa  Preparação: o agente começa a criar condições para cometer o delito. Impunível, em
regra. Excepcionalmente, atos preparatórios são tipificados como delito autônomo ou
crimes de obstáculo. Ex: art. 288 CP.
 Execução: o agente começa a realizar o verbo (núcleo do tipo) descrito na figura penal
incriminadora. Em regra, é a partir desta fase que o fato é punível.
 Consumação: Preenchimento de todos os elementos trazidos no tipo penal.
Crime A expressão se refere aos acontecimentos posteriores à consumação do delito. Não integra o
Exaurido iter criminis. Eventualmente, pode funcionar como: a) circunstância judicial desfavorável; b)
causa de aumento de pena; c) qualificadora e d) crime autônomo.

Passagem dos atos preparatórios para os atos executórios


Teoria Subjetiva Teoria Objetiva
Leva em A punição depende da exteriorização de atos idôneos e inequívocos para chegar ao
consideração a resultado.
vontade criminosa, Hostilidade ao Objetivo- Formal Objetivo – Objetivo –
o plano interno do bem jurídico Material Individual
autor. Não há Atos executórios são (Adotada pela
distinção entre os Atos executórios aqueles que iniciam a Atos executórios doutrina
atos preparatórios são aqueles que realização do núcleo são aqueles que majoritária e STJ)
e os executórios. atacam o bem do tipo penal. iniciam a Atos executórios
Detectada a jurídico, retirando- realização de um são aqueles que
vontade de praticar se o “estado de núcleo penal e iniciam a realização
a infração, é paz” também os ATOS de um núcleo penal
possível a punição. imediatamente os e também os
anteriores, de imediatamente os
acordo com a anteriores, de
visão de um acordo com o plano
terceiro concreto do autor.
observador.

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Tentativa
Conceito Também denominada conatus, crime imperfeito, crime incompleto e crime manco.
Considera-se crime tentado quando, iniciada a execução, não se consuma por
circunstâncias alheias à vontade do agente (art. 14, II, CP). Referido dispositivo
constitui uma norma de extensão temporal, permitindo a subsunção do fato
(praticado na modalidade tentada) ao tipo penal.
Elementos  Início dos atos executórios: é necessário que o agente inicie a execução.
 Não consumação por circunstâncias alheias à vontade do agente.
 Dolo de consumação.
 Possibilidade do resultado.
Teorias  Subjetiva (Voluntarística ou Monista): leva em consideração a vontade
fundamentadoras criminosa. Crimes tentados e consumados podem ter penas iguais.
da punição da Excepcionalmente, o CP equipara a punição do crime tentado e do crime
tentativa consumado, nos moldes da teoria subjetiva. São os chamados crimes de atentado
ou de empreendimento.
 Objetiva (Realística ou Dualista): leva em consideração o perigo ao bem jurídico.
Na hipótese de tentativa, a redução da pena é obrigatória, pois o bem jurídico
não é vulnerado integralmente, como ocorre na forma consumada. Adotada pelo
CP, como regra.
 Subjetivo-Objetiva (teoria da impressão): leva em consideração a vontade
criminosa associada à impressão que a sua manifestação causa na sociedade. No
caso da tentativa, a redução da pena é uma faculdade, considerando a vontade
criminosa e a impressão produzida na sociedade.
 Sintomática: preconizada pela Escola Positiva, leva em consideração a
periculosidade do agente. Permite a punição até mesmo de atos preparatórios,
sem a necessidade de abrandamento da sanção, dada a sua finalidade preventiva.
Critério para A tentativa é uma causa de diminuição de pena, devendo o juiz, na terceira fase da
diminuição de dosimetria, reduzir a pena de 1/3 a 2/3. Para dosar o montante da diminuição, leva-
pena se em consideração o iter criminis percorrido. Quanto mais próximo o agente chegou
da consumação, menor a diminuição.

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Não admitem  Delitos culposos
tentativa  Crimes preterdolosos
 Crimes unissubsistentes (são cometidos mediante ato único)
 Crimes omissivos próprios ou puros
 Contravenções penais
 Delitos condicionados
 Crimes de atentado (delitos de empreendimento) – a tentativa já está prevista no
tipo penal
 Crimes que punem somente os atos preparatórios (crimes-obstáculos)
 Crimes habituais próprios
 Crimes cujos tipos penais descrevem condutas extremamente abrangentes

Tentativa e Dolo Eventual


Prevalece o entendimento de que o dolo eventual é compatível com a tentativa. Afinal, o art. 18, I, do CP,
equiparou o tratamento do dolo direto e do dolo eventual. Há precedentes do STF e do STJ nesse sentido.
Tentativa e Crime de ímpeto
Os crimes de ímpeto (aqueles praticados por impulso) são compatíveis com a tentativa. Se o iter criminis
for fracionável, o conatus é possível, pouco importando se o delito foi repentino ou premeditado.
Tentativa branca ou A vítima não sofre lesões.
incruenta
Tentativa vermelha ou A vítima sofre lesões.
cruenta
Tentativa perfeita O agente esgota a execução, isto é, faz tudo o que pretendia para chegar à
(acabada, frustrada ou consumação do delito, que acaba não ocorrendo.
crime falho)
Tentativa imperfeita O agente não chega a fazer tudo que pretendia para chegar à consumação
(inacabada ou tentativa do delito, quando é impedido por circunstâncias alheias à sua vontade.
propriamente dita)
Tentativa Supersticiosa ou Ocorre na hipótese em que o agente acredita numa situação típica
Irreal irrealizável.
Tentativa Falha O agente acredita que não pode prosseguir na execução, quando na
verdade isso era possível. Ele deixa de prosseguir por uma falha interna.

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Desistência Voluntária Arrependimento Eficaz
Arrependimento
Posterior
Conceito O agente, por vontade O agente, tendo esgotado O agente, após a
própria, deixa de os atos executórios, consumação,

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prosseguir nos atos voluntariamente impede a voluntariamente repara
executórios do crime. consumação. o dano ou restitui a
coisa.
Momento Após o início dos atos Depois de concluídos os Após a consumação e
executórios e antes de atos executórios e antes da até o recebimento da
concluí-los. consumação. denúncia ou queixa.
Diferença da Na tentativa, a consumação não ocorre por Na tentativa, a
Tentativa circunstância alheia à vontade do agente (dolo de consumação não chega
consumação). Na desistência voluntária e no a ocorrer, por
arrependimento eficaz, a consumação não ocorre pela circunstância alheia à
própria vontade do agente (dolo abandonado). vontade do agente. O
arrependimento
posterior ocorre após a
consumação.
Requisitos Interrupção dos atos Impedimento eficaz do Crime sem violência ou
executórios + resultado + voluntariedade grave ameaça +
voluntariedade reparação do dano ou
restituição da coisa
(voluntária, pessoal e
integral)
Natureza Jurídica Divergência: causa de extinção da tipicidade (Fragoso, Causa de diminuição de
Frederico Marques) da culpabilidade (Roxin, Welzel) ou pena
da punibilidade (Pierangeli e Zaffaroni, Noronha e
Hungria)
Consequência Agente responde somente pelos atos praticados Diminuição de pena de
1/3 a 2/3, considerando
a celeridade da
reparação.
Nomenclatura Tentativa abandonada Ponte de Prata do
Ponte de Ouro do Direito Penal Direito Penal
Comunicabilidade Duas correntes: Duas correntes:
 Tem caráter subjetivo, não se comunica aos  Causa subjetiva: não
comparsas (Fragoso) se comunica aos
 Tem caráter misto, subjetivo e objetivo, comunicam- comparsas (Nucci,
se com os comparsas (Hungria) Régis Prado,
precedente 5ª T STJ)
 Causa objetiva:
comunicam-se aos
comparsas (Damásio e
Mirabete, precedente
6ª T STJ)
Inadmissibilidade Crimes culposos e crimes Crimes culposos e crimes Crimes que não sejam
unissubsistentes formais e de mera conduta patrimoniais nem
tenham efeitos
patrimoniais

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Crime Impossível
Conceito O crime impossível também é conhecido como tentativa inidônea, tentativa
impossível, tentativa inútil, tentativa inadequada, quase-crime ou crime oco. É
uma tentativa impunível em razão da absoluta ineficácia do meio ou da absoluta
impropriedade do objeto. A consumação jamais ocorrerá, inexistindo risco ao bem
jurídico.
Natureza Jurídica Causa excludente de tipicidade.
Teorias  Subjetiva: admissível punição do crime impossível, pois o agente exteriorizou a
vontade de praticar o delito.
 Objetiva Pura: não se pune a tentativa quando absoluta ou relativa a ineficácia
do meio ou da impropriedade do objeto.
 Objetiva Temperada ou Intermediária: a tentativa só não é punível se absoluta
a ineficácia do meio ou a impropriedade do objeto. Adotada no CP.
 Sintomática: a tentativa inidônea (crime impossível) é uma manifestação da
periculosidade, justificando a aplicação da medida.
Espécies  Crime impossível por absoluta impropriedade do objeto: o objeto é
absolutamente impróprio quando não pode ser atingido, seja porque inexiste
no momento da conduta, seja em razão de suas características. Ex: tentar matar
um cadáver.
 Crime impossível por absoluta ineficácia do meio: o meio é considerado
absolutamente ineficaz de produzir o resultado. Ex: tentar abortar ingerindo
chá desprovido de propriedade abortiva.

Momento de avaliação da idoneidade do meio ou do objeto


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A idoneidade do meio ou do objeto deve ser aferida após a ocorrência do fato (post factum). Somente depois
de praticar a conduta é possível saber com segurança se o meio era mesmo absolutamente ineficaz ou se o
objeto era absolutamente impróprio.
Crime Impossível Crime Putativo
- Crime impossível é a tentativa inidônea a produzir - Crime putativo é aquele que só existe na mente do
o resultado, porque o agente emprega meio agente; o indivíduo supõe estar praticado um crime,
absolutamente ineficaz ou se volta contra objeto quando na verdade não está. Pode decorrer de:
absolutamente impróprio. *erro de tipo: agente pratica um fato atípico, supondo
equivocadamente estarem presentes os elementos
constitutivos penal.
* erro de proibição: agente imagina ser proibida uma
conduta que é permitida.
* obra do agente provocador: terceiro provoca o
agente a praticar a infração e toma todas as
providências para tornar impossível a ocorrência do
fato.

Concurso de Pessoas
Conceito Colaboração entre duas ou mais pessoas para a prática de uma infração penal.
Requisitos  Pluralidade de agentes
 Liame subjetivo entre os agentes (devem ter consciência de que estão reunidos para
cometer a infração penal – vínculo psicológico, convergência de vontades.
Desnecessário ajuste prévio)
 Relação de causalidade entre as condutas e o resultado
 Identidade de infração penal para todos os agentes (deve ser reconhecida a prática da
mesma infração penal por todos os agentes. Coaduna-se com a teoria monista, adotada
no CP. Excepcionalmente, o legislador adota a teoria pluralista)
 Existência de fato punível.

Teoria sobre o  Monista: o crime é único e indivisível, responde por ele todos que concorrem para sua
concurso de prática. Adotada pelo CP, como regra (art.29)
pessoas  Pluralista: cada agente responde por um crime autônomo. Adotada excepcionalmente
pelo CP. Ex: corrupção passiva e ativa
 Dualista: estabelece um crime para os autores (executam o núcleo do tipo) e outro para
os partícipes (não realizam o núcleo do tipo, mas concorrem para o delito)
Teorias sobre o
conceito de Subjetiva ou Não diferencia autor de partícipe. Quem concorre para o crime é
autor Unitária sempre o autor.
Extensiva Não diferencia autor de partícipe. Porém, reconhece graus de
responsabilidade, permitindo a gradação da pena.

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Objetiva ou  Objetivo-Formal: autor é quem pratica o núcleo do tipo. Partícipe
Dualista é quem concorre para o crime sem praticar o núcleo do tipo.
(Conceito Adotada no CP.
restrito de  Objetivo-Material: autor é quem colabora de forma mais relevante
autor) para o resultado. Partícipe é quem colabora de forma menos
relevante.
Domínio do Autor é quem realiza a figura típica e também quem tem o controle
fato da atuação dos demais. Partícipe é aquele que contribui para o crime,
mas sem realizar a figura típica e sem controlar a atuação dos demais.
O conceito de autor é ampliado, compreendendo:
 Domínio da ação (autoria imediata): autor é quem pratica
pessoalmente a figura típica.
 Domínio da vontade (autoria mediata): o autor é quem tem o
domínio da vontade de um terceiro, utilizado como instrumento,
por força de: a) coação ou erro; b) inimputabilidade; c) aparatos
organizados de poder (domínio de organização).
 Domínio funcional do fato (autoria funcional): autor é aquele que
pratica uma conduta relevante na realização do plano criminoso.
Autoria Autor mediato é aquele que utiliza, como instrumento para a prática do delito, pessoa que
Mediata atua sem dolo ou culpa, ou pessoa inculpável. Não há concurso de pessoas entre o autor
mediato e o autor imediato, pois inexiste liame subjetivo entre eles.
No CP, há 5 hipóteses em que pode ocorrer a autoria mediata:
 Erro de tipo inevitável provocado por terceiro
 Uso de inimputável
 Coação moral irresistível
 Obediência hierárquica
 Erro de proibição inevitável provocado por terceiro

 É inadmissível autoria mediata em crime culposo, porque neste o resultado é


involuntário. Não existe a possibilidade de o agente utilizar outrem como instrumento
para um resultado que não era perseguido.
 Prevalece que é possível a autoria mediata em crime próprio, desde que o autor
mediato tenha a qualidade especial exigida para a configuração do delito. Ex:
funcionário público que se utiliza de criança (inimputável) como instrumento para
subtrair bem da repartição pública responde por peculato.
 Prevalece que não é possível autoria mediata em crime de mão própria. Há posição
contrária.
Autoria de Segundo Zaffaroni e Pierangeli, os crimes próprios e de mão própria são incompatíveis com
Determinação a autoria mediata. A punição de quem se vale de pessoa não culpável ou que age sem dolo
e culpa para praticar crime próprio ou de mão própria é explicada pela autoria de
determinação, uma forma especial de concorrer para o crime. A autoria de determinação
é um tipo especial de concorrência, que permite a punição do autor pela determinação em
si, e não pelo fato praticado pela pessoa utilizada como instrumento.
Autoria de Forma especial de autoria mediata. O autor de escritório é o chefe da organização
Escritório criminosa, o “homem de trás” (autor mediato), e os seus executores, que funcionam como
peças fungíveis no cumprimento de suas ordens, partícipes. Essa concepção se insere na
teoria do domínio da organização (Roxin).

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Autoria É a hipótese em que 2 ou mais agentes atuam na produção de um resultado,
Colateral desconhecendo a conduta um do outro. Não se trata de concurso de pessoas, pois inexiste
liame subjetivo entre os envolvidos. Cada um responde pelo próprio crime praticado.
Autoria Incerta É a hipótese em que, no contexto da autoria colateral, não se identifica qual dos autores
produziu o resultado. A dúvida beneficia os envolvidos.
Autoria de Um dos agentes (executor de reserva) acompanha a realização do crime, permanecendo
Reserva à disposição para intervir caso seja necessário. Será coator ou partícipe, conforme o caso
concreto.
Autoria por É a hipótese em que o agente tem consciência da ilicitude da conduta mas decide não
convicção cumprir a norma, por razão política, religiosa, filosófica ou social. Não exclui a
responsabilidade penal.
Multidão Situação em que grande número de pessoas, fora das hipóteses de associação criminosa
Delinquente ou organização criminosa, concorrem para o crime (geralmente num contexto de tumulto,
comoção ou incitação). Havendo liame subjetivo entre os envolvidos (ainda que sem ajuste
prévio), está caracterizado o concurso de pessoas.

Autoria
Teoria Subjetiva Teoria Extensa Teoria Objetiva Teoria do Domínio do Fato
Teoria Unitária (Mezger) Teoria Dualista
Não existe distinção Não distingue autor Estabelece clara distinção entre Na concepção de Roxin, o
entre autor e de partícipe, mas autor e partícipe. Conceito domínio do fato pode se dar de 3
partícipe. permite o restritivo de autor. Esta teoria formas:
Conclusão: todo estabelecimento de divide-se em: - Domínio da Ação (autor
aquele que de graus diversos de 1- Teoria OBJETIVO FORMAL: imediato): o autor realiza
alguma forma autoria. Autor: realiza o núcleo do tipo. pessoalmente os elementos do
contribui para a Conclusão: todos Executa, total ou parcialmente tipo.
produção do aqueles que a conduta que realiza o tipo.
resultado é autor. concorrem para o Partícipe: concorre sem - Domínio da Vontade (autor
Obs: tem como mesmo evento são realizar o núcleo do tipo. mediato): é autor aquele que
fundamento a autores. No entanto, Coautoria: conjuntamente domina a vontade de um terceiro
teoria da a depender da realizam o núcleo do tipo – que é utilizado como
equivalência dos contribuição temos princípio da imputação instrumento.
antecedentes graus diversos de recíproca.
causais. autoria. Concepção majoritariamente - Domínio Funcional do fato
Obs: Tem como adotada. (Autor Funcional): em atuação
fundamento a teoria conjunta (divisão de tarefas)
da equivalência dos 2- Teoria OBJETIVO-MATERIAL para a realização de um fato, é
antecedentes causais Autor: contribui de forma mais autor aquele que pratica uma
efetiva para a concorrência do ato relevante na execução (não
resultado (sem na fase preparatória) do plano
necessariamente praticar o delitivo global.
núcleo do tipo).
Partícipe: concorre de forma Autor: é quem controla
menos relevante. finalisticamente o fato, ou seja,
Exposição de motivos do CP – que decide a sua forma de
item 25 (adotou a teoria execução, seu início, cessação e
objetivo formal) demais condições. Ex: Mensalão
– Jose Dirceu era quem
controlava os eventos, apesar de

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não ter realizado os núcleos do
tipo.

Partícipe: será aquele que,


embora, colabore dolosamente
para o alcance do resultado, não
exerce domínio da ação.

Atenção!!! Podemos afirmar que


tem o controle final do fato:
a) Aquele que, por sua vontade,
executa o núcleo do tipo
(autor propriamente dito).
b) Aquele que planeja o crime
para ser executado por outras
pessoas (autor intelectual).
c) Aquele que se vale de um não
culpável ou de pessoa que
age sem dolo ou culpa para
executar o tipo (autor
mediato).

A teoria do Domínio do fato


tem aplicação apenas nos
crimes DOLOSOS, única
forma em que se admite o
controle finalístico sobre o
fato criminoso. Nos crimes
culposos, o autor não possui
o domínio do fato, pois não
quer a produção do
resultado.

- Concilia a teorias objetiva e


subjetiva (é objetiva-subjetiva
DPC/SE-2018/ CESPE)

Coautoria
 Modalidade de concurso de pessoas em que dois ou mais autores, vinculados subjetivamente, concorrem para
o cometimento do delito.
 Coautoria Sucessiva: é a hipótese em que um agente adere a conduta delitiva já iniciada por outra pessoa. Um
agente inicia a prática delitiva. Antes da consumação, sem prévio ajuste, há o ingresso de outro agente,
colaborando para o resultado.
 É possível coautoria em crime próprio: ocorre tanto nos casos em que todos os agentes detém a qualidade
especial exigida pelo tipo (ex: 2 funcionários públicos cometem peculato), quanto nos casos em que apenas
um deles detém a qualidade especial, transmitida aos demais (ex: peculato praticado em concurso de agentes,
a qualidade de funcionário público de um se comunica aos demais, por ser elementar de um crime).

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 Em regra, não é possível coautoria em crime de mão própria, porque esse tipo de crime somente pode ser
praticado pelo próprio agente, diretamente. Todavia, é possível participação. Exceção: é possível coautoria
em crime de mão própria no crime de falsa perícia (art.342), quando o laudo é firmado por 2 profissionais.

Participação
Participação Moral  Induzimento: o partícipe faz nascer na mente do agente a ideia de praticar o crime.
 Instigação: o partícipe reforça uma ideia já existente na mente do agente.
Participação É o auxílio, a assistência ao autor na execução da empreitada criminosa (cumplicidade).
Material Ex: fornecer arma para o roubo, veneno para o homicídio, vigiar para avisar sobre a
chegada da polícia.
Teorias da  Teoria da acessoriedade mínima: exige-se somente a prática, pelo autor, de fato
Acessoriedade típico, para que o partícipe possa ser punido. Deste modo, mesmo que incidente uma
excludente de ilicitude, o partícipe poderia ser responsabilizado criminalmente.
Adotada por Luiz Régis Prado.
 Teoria da acessoriedade limitada: para que o partícipe seja punido, é necessário que
o autor tenha praticado fato típico e ilícito. Para a teoria bipartida (minoritária), seria
a exigência da prática do crime. Para a teoria tripartida (majoritária), exige-se a prática
de fato típico e ilícito ou, como preferem alguns autores, do injusto penal. Adotada
pelo CP.
 Teoria da acessoriedade extrema ou máxima: exige-se a prática de fato típico, ilícito
e culpável pelo autor para que o partícipe possa ser punido. É a exigência da prática
de crime, nos termos do que defende a teoria tripartida, para que haja
responsabilização criminal da participação.
 Teoria da hiperacessoriedade: só se pune a participação, se for praticado fato típico,
ilícito e culpável, com a efetiva punibilidade. Exige-se, portanto, a punibilidade do fato
principal.

Participação em Hipótese em que alguém auxilia, induz ou instiga outra pessoa a induzir, a instigar ou
cadeia, participação auxiliar um terceiro a praticar o crime. Ambos respondem como partícipes.
da participação ou
participação
mediata
Participação por Admissível. Ex: policial vê um furto ocorrendo e, por raiva da vítima, nada faz para impedir
omissão em crime o crime. Responde como partícipe do furto.
omissivo
Participação Hipótese em que duas ou mais pessoas, desconhecendo a atuação das outras, induzem,
Sucessiva instigam ou auxiliam outra pessoa a praticar o crime.
Participação Hipótese em que o sujeito toma conhecimento de fato criminoso para o qual não
negativa, conivência, concorreu nem está obrigado a impedir o resultado. Tecnicamente, não se trata de
concurso participação. Ainda que possa agir e nada faça, o agente não será punido criminalmente.
absolutamente
negativo ou crime
silente
Participação dolosa Não é possível a participação dolosa em crime culposo, nem a participação culposa em
em crime culposo e crime doloso. Para que haja, concurso de pessoas, o elemento subjetivo dos envolvidos
participação culposa deve ser o mesmo. Situação diversa, é admissível, é a participação culposa em ação
em crime doloso dolosa, bem como a participação dolosa em ação culposa.
Punição do autor e O art.29 do CP consagra a teoria monista ou unitária: “Quem, de qualquer modo, concorre
do partícipe para o crime incide nas penas a estes cominadas, na medida da sua culpabilidade”.

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Participação de Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de 1/6 a 1/3.
menor importância Trata-se de causa obrigatória de diminuição de pena. A dosagem da diminuição de pena
deve levar em consideração a relevância da contribuição no caso concreto. A participação
de menor importância somente deve ser reconhecida em favor do partícipe e não dos
coautores. Tem-se entendido ser inaplicável ao autor intelectual, cuja contribuição para
o delito não pode ser considerada menos relevante.
Obs: a participação de menor importância não se confunde com participação inócua, ou
seja, aquela irrelevante para o resultado.
Cooperação Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos gravem ser-lhe-á aplicada a
dolosamente pena deste; essa pena será aumentada até a metade, na hipótese de ter sido previsível o
distinta resultado mais grave.
(participação em  Se o resultado mais grave não era previsível, aplica-se a pena do crime mais
crime menos grave) brando.
 Se o resultado mais grave era previsível, aplica-se a pena do crime mais brando
aumentada até a metade.
Circunstâncias  Elementares do crime: são dados que integram a figura básica do tipo penal. Se uma
Comunicáveis elementar for excluída, o fato se torna atípico ou passa a configurar um tipo penal
diverso. Ex: a qualidade de “funcionário público” é elementar do crime de peculato.
Se essa elementar for excluída, a conduta passa a ser configurar crime diverso.
 Circunstâncias de caráter real ou objetivas: são dados acessórios relacionados ao fato,
que se agregam à figura básico do ripo penal e provocam mudança de pena. Se uma
circunstância for excluída, o tipo permanece íntegro, mas haverá alteração de pena.
Ex: emprego de veneno no crime de homicídio e o uso de arma de fogo no crime de
roubo. Se forem excluídas: teremos homicídio simples e não mais qualificado e no
crime de roubo: roubo simples e não mais a causa de aumento de pena.
Circunstâncias  Circunstâncias de caráter pessoal ou subjetivas: são dados acessórios relacionados ao
Incomunicáveis agente, que se agregam à figura básica do tipo penal e provocam mudança da pena.
Se uma circunstância for excluída, o tipo permanece íntegro, mas haverá alteração de
pena. Ex: a torpeza ou futilidade do motivo de crime de homicídio. Se forem excluídas,
continua havendo homicídio, mas simples e não mais qualificado.
 Condições: elementos inerentes à pessoa do agente. Estão agregados ao agente,
independentemente do tipo penal praticado. Ex: ser menor de 21 anos na data do fato,
ser reincidente...
Impunibilidade O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição expressa em contrário,
não são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado.

Coautoria e Participação em Crime Culposo


Coautoria Participação
Prevalece que é possível coautoria em crime culposo, na Prevalece que não é possível participação em crime
hipótese e em que 2 ou mais agentes, vinculados culposo. O tipo do crime culposo é aberto. Portanto,
subjetivamente, atuam com negligência, imperícia ou quem auxilia, instiga ou induz outrem a ser
imprudência, produzindo o resultado imprudente está sendo, ele próprio, imprudente.

Coautoria e Participação em Crime Omisso (Próprio e Impróprio)


Coautoria Participação
A admissibilidade de coautoria em crime omissivo é Prevalece que é possível a participação em crime
controvertida. Existem duas correntes: (1) é possível, omissivo.
desde que presentes os requisitos legais do concurso de

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pessoas; (2) não é possível. Cada um dos agentes
responde individualmente pela própria omissão.

Conceito de Pena
Espécie de sanção penal, devidamente prevista em lei, imposta ao autor de uma infração penal, como retribuição
ao delito praticado e prevenção a novos crimes. O termo sanção penal expressa um gênero, abrangendo duas
espécies: penas e medidas de segurança. Atenção: Claus Roxin propõe uma terceira via do Direito Penal,
consistente na reparação de danos, uma sanção autônoma mesclando caráter civil e penal.

Teoria Absoluta ou Retributiva Teoria Relativa, Preventiva ou Teoria Eclética, Mista, Unificadora ou
Utilitária Unitária
- A pena serve para castigar. A pena tem a finalidade de prevenir - A teoria eclética busca conciliar com
Retribui-se o mal do crime com o novos crimes. Divide-se em: as anteriores. Consideram a pena
mal da pena. - Prevenção geral: tomam como multifacetada, tendo caráter
- Expoentes: Kant e Hegel referência a sociedade. retributivo e preventivo. É a
- Prevenção especial: a referência é concepção predominante atualmente,
o autor da infração. adotada pela legislação brasileira.
- A prevenção geral desdobra-se em
positiva ( a finalidade da pena é
comunicar a vigência da norma) e
negativa (a finalidade é intimidar a
sociedade).
- A prevenção especial se divide em
positiva ( o fim da pena é a
ressocialização) e negativa (a
finalidade é segregar o condenado)

Finalidades da Pena na Doutrina


Garantismo A pena tem dupla finalidade de prevenção negativa geral, viscando evitar não somente a
(Ferrajoli) prática de novos delitos, mas também reações informais arbitrárias ou desmedidas. A
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finalidade de prevenir futuros delitos, de interesse da coletividade, indica o limite mínimo
da pena, ao passo que a prevenção de reações arbitrárias, de interesse do acusado,
representa o limite máximo da pena.
Teoria A justificação da atividade punitiva deve ser feita em 3 momentos:
Unificadora  Cominação na pena
Dialética (Roxin)  Aplicação da pena
 Execução da pena
Teoria Agnóstica Considera-se a pena incapaz de atingir as finalidades de retribuição e prevenção que lhe são
ou Negativa atribuídas. O único papel que a pena realmente desempenha é a neutralização do
(Zaffaroni) condenado, segregando-o da sociedade. A pena é considerada um ato de poder, com
conteúdo político.

Fundamentos da Pena
 Faz a sociedade desaprovar a prática do crime
 Desaconselha a prática do crime
 Protege a sociedade do criminoso, segregando-o
 Reeduca o delinquente
 Traz recompensa à vítima
 Inflige um castigo ao delinquente

Princípios relacionados à pena


Legalidade ou Reserva Somente a lei em sentido estrito, advinda do Congresso Nacional, pode cominar penas.
Legal Da legalidade decorrem 2 princípios: o da anterioridade (não há pena sem prévia
cominação legal) e o da irretroatividade da lei penal ( a lei penal não pode retroagir para
atingir fatos anteriores à sua vigência, salvo se benéfica para o acusado).
Personalidade, A pena não pode passar da pessoa do delinquente. Obs: a obrigação de repara o dano e
Pessoalidade ou a decretação do perdimento de bens podem ser, nos termos da lei, estendidas aos
Responsabilidade sucessores e contra elas executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido.
Pessoal
Individualização da A punição do agente se dar na exata medida do crime praticado de forma justa,
Pena evitando-se padronizações. Opera-se em 3 planos: a) legislativo: estabelecimento da
pena mínima e da pena máxima abstratamente cabíveis, pelo legislador; b) judiciário:
fixação da pena no caso concreto, pelo juiz; c) executório: relacionado ao cumprimento
da sanção, momento em que o juiz da execução fará as adaptações da pena ao caso
concreto.
Humanidade Respeito à integridade física e moral dos acusados e sentenciados, vedando-se
quaisquer tipos de penas desumanas ou cruéis.
Proporcionalidade Preconiza o equilíbrio entre a gravidade da infração e a severidade da pena. A
proporcionalidade deve nortear a atuação do legislador, ao estabelecer abstratamente
a espécie de sanção cominada à infração penal e as suas balizas mínima e máxima
(proporcionalidade legislativa ou abstrata); do juiz da condenação, ao aplicar a sanção
no caso concreto (proporcionalidade concreta ou judicial); e do juiz da execução, ao
realizar as adaptações da pena durante o seu cumprimento (proporcionalidade
executória). Abrange a proibição de excesso (vedando a hipertrofia da punição) e a
proibição da proteção deficiente ( o Estado tem o dever de tutelar os direitos
fundamentais frente a ataques de terceiros – imperativo de tutela).
Vedação da Dupla Ninguém pode ser processado e punido mais de uma vez pelo mesmo fato. O principio
Punição pelo mesmo apresenta 3 dimensões: a) processual: ninguém pode ser processado mais de uma vez
fato (ne bis in idem) pelo mesmo fato; b) material: ninguém pode ser condenado mais de uma vez pelo
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mesmo fato e c) execucional: ninguém pode sofrer mais de uma execução penal pelo
mesmo fato.
Inderrogabilidade ou Presentes os pressupostos, a pena não pode deixar de ser aplicada. Há exceções na
Inevitabilidade da própria lei. Ex: perdão judicial no homicídio culposo e na lesão corporal culposa.
pena

Penas Proibidas pela CF


 De morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX, da CF
 De caráter perpétuo
 De trabalhos forçados
 De banimento
 Cruéis

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Pena Privativa de Liberdade
Modalidade de sanção penal na prisão do condenado, sendo retirada, portanto, sua liberdade de locomoção.

Sistemas Penitenciários
Sistema Pensilvânico, Caracteriza-se pelo completo isolamento do condenado, que não pode receber visitas
Filadélfico ou Celular (exceto de funcionários), além da obrigação estrita do silêncio.
Sistema Auburniano Preconiza a separação dos reclusos em celas individuais e o estrito silêncio. A principal
diferença em relação ao sistema anterior é fomentar o trabalho dos presos durante o
dia, havendo isolamento no período noturno.
Sistemas Progressivos A situação do condenado poderia melhora ou piorar, conforme seu tratamento e
trabalho realizado.
No sistema inglês (mark system), a progressão se dava em 3 períodos: a) isolamento
celular diurno e noturno – caracterizado pelo trabalho árduo e alimentação escassa; b)
trabalho em comum sob a regra do silêncio – o apenado era recolhido em um
estabelecimento denominado public Workhouse, sob o regime de trabalho em comum,
com a regra do silêncio absoluto, durante o dia, mantendo-se a segregação noturna; c)
liberdade condicional – o condenado obtinha uma liberdade com restrições, por um
período determinado. Passado esse período, era-lhe concedida a liberdade de forma
definitiva.
No sistema irlandês, havia 4 fases: a) reclusão celular diurna e noturna – semelhante ao
sistema anterior; b) reclusão celular noturna e trabalho diurno em comum – também
guarda relação estreita com o sistema inglês; c) período intermediário- ocorria entre a
prisão comum em local fechado e a liberdade condicional, sendo executado em prisões
especiais, onde o presos trabalhava no exterior do estabelecimento, em trabalho
preferencialmente agrícolas, sob disciplina mais suave; d) liberdade condicional – com
as mesmas características do sistema inglês.

Modalidades de Pena Privativa de Liberdade


Reclusão Detenção Prisão Simples
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Aplicação Crimes mais graves Crimes menos graves Contravenções
Regime Inicial Fechado, semiaberto ou Semiaberto ou aberto (admite Semiaberto ou aberto. Não
aberto regime fechado em caso de admite regime fechado, nem
regressão) por regressão.
Medida de Internação Internação ou tratamento Internação ou tratamento
Segurança ambulatorial ambulatorial
Efeitos - Infração à qual a lei comina - Não admite como efeito da Pela letra da lei, não admite
Extrapenais da pena máxima superior a 6 condenação o confisco os efeitos extrapenais da
Condenação anos de reclusão pode ampliado do art. 91-A do CP. condenação previstas no art.
ensejar o confisco ampliado 91 a 92 do CP.
do art. 91-A do CP. - Não admite como efeito da
condenação a incapacidade para
- Crime sujeito à reclusão o exercício do poder familiar,
cometido contra outrem tutela ou curatela.
igualmente titular do
mesmo poder familiar,
contra filho, filha ou outro
descendente, pode gerar
incapacidade para o
exercício do poder familiar,
tutela ou curatela.
Interceptação Admite Não admite Não admite
Telefônica
Limite de Não pode ser superior a 40 Não pode ser superior a 40 anos. Não pode ser superior a 5
Cumprimento anos. anos.

Regime Fechado
 Pena cumprida em estabelecimento de segurança máxima ou média (penitenciárias).
 O condenado será submetido, no início do cumprimento de pena, a exame criminológico de classificação
para individualização da execução.
 Ficará sujeito a trabalho no período diurno e a isolamento durante o repouso noturno. É obrigatório.
 O trabalho será em comum, dentro do estabelecimento, conforme as aptidões ou ocupações anteriores do
condenado, desde que compatíveis com a execução da pena.
 Admite-se o trabalho externo. A prestação de trabalho externo, a ser autorizada pela direção do
estabelecimento, dependerá de aptidão, disciplina e responsabilidade, além do cumprimento mínimo de
1/6 da pena. A autorização será revogada se o preso praticar fato definido como crime, for punido por falta
grave ou tiver comportamento contrário aos requisitos estabelecidos.
 A jornada normal de trabalho não será inferior a 6 horas e nem superior a 8 horas, com descanso nos
domingos e feriados. Poderá ser atribuído horário especial de trabalho aos presos designados para os
serviços de conservação e manutenção do estabelecimento penal.
 O trabalho do preso será remunerado, mediante prévia tabela, não podendo ser inferior a ¾ do salário
mínimo.
 O preso tem direito aos benefícios da Previdência Social.
 O preso que cumpre pena em regime fechado poderá obter a remição (abatimento) da pena em razão do
trabalho ou estudo.
 Pode obter permissão de saída, mediante escolta, em uma das seguintes hipóteses: (1) falecimento ou
doença grave do cônjuge, companheira, ascendente, descendente ou irmão; (2) necessidade de tratamento

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médico. A permissão de saída será concedida pelo diretor do estabelecimento e terá a duração necessária
à finalidade da saída.

Regime Semiaberto
 Pena cumprida em colônia agrícola, industrial ou de estabelecimento similar.
 O condenado que iniciar a pena no regime semiaberto poderá ser submetido a exame criminológico de
classificação para individualização da execução (facultativo).
 O condenado fica sujeito a trabalho em comum durante o período diurno, em colônia agrícola, industrial ou
estabelecimento similar.
 Admissível o trabalho externo e frequência a cursos supletivos profissionalizantes, de instrução de segundo
grau ou nível superior. A jurisprudência se consolidou no sentido de que a realização do trabalho externo, ao
contrário do regime anterior, não exige o cumprimento de 1/6 da pena.
 O preso que cumpre pena em regime semiaberto poderá obter a remição da pena em razão do trabalho ou
do estudo.
 Poderá obter a permissão de saída, mediante escolta, em uma das seguintes hipóteses: (1) falecimento ou
doença grave do cônjuge, companheira, ascendente, descendente ou irmão; (2) necessidade de tratamento
médico.
 Poderá obter a autorização para saída temporária do estabelecimento, sem vigilância direta, nos seguintes
casos: (1) visita à família; (2) frequência a curso supletivo profissionalizante, de instrução de segundo grau
ou nível superior; (3) participação em atividades que concorram para retorno ao convívio social.
 A autorização será concedida pelo juiz da execução e dependerá do cumprimento dos seguintes requisitos;
(1) comportamento adequado; (2) cumprimento mínimo de 1/6 da pena, se o condenado for primário; e ¼
se for reincidente; (3) compatibilidade do benefício com os objetivos da pena. Será concedida por prazo não
superior a 7 dias, podendo ser renovada por mais 4 vezes durante o ano. Não tem direito à saída temporária
o condenado que cumpre pena por praticar crime hediondo com resultado morte.

Regime Aberto
 Pena deve ser cumprida em casa de albergado ou estabelecimento adequado.
 Baseia-se na autodisciplina e senso de responsabilidade do condenado.
 O condenado deverá, fora do estabelecimento e sem vigilância, trabalhar, frequentar curso ou exercer outra
atividade autorizada, permanecendo recolhido durante o período noturno e nos dias de folga.
 O ingresso do condenado no regime aberto supõe a aceitação de seu programa e das condições impostas pelo
Juiz. Somente poderá ingressar no regime aberto o condenado que: (1) estiver trabalhando ou comprovar a
possibilidade de fazê-lo imediatamente; (2) apresentar, pelos seus antecedentes ou pelo resultado dos exames
a que foi submetido, fundados indícios de que irá ajustar-se, com autodisciplina e senso de responsabilidade,
ao novo regime.
 Poderão ser dispensadas do trabalho as pessoas que fazem jus à prisão domiciliar.
 O regime aberto exige a obediência a certas condições, divididas em: a) condições gerais ou legais: (1)
permanecer no local que for designado, durante o repouso e nos dias de folga; (2) sair para o trabalho e
retornar, nos horários fixados; (3) não se ausentar da cidade onde reside, sem autorização judicial; (4)
comparecer em juízo, para informar e justificar as atividades, quando for determinado / b) condições especiais
ou judiciais: poderão ser fixadas pelo juiz da execução, além das condições gerais ou legais.
 O juiz poderá modificar as condições estabelecidas, de ofício, a requerimento do Ministério Público, da
autoridade administrativa ou do condenado, desde que as circunstâncias assim o recomendem (art.116 da
LEP). A legislação local poderá estabelecer normas complementares para o cumprimento da pena privativa de
liberdade em regime aberto.

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 O sentenciado que cumpre pena em regime aberto será recolhido em prisão domiciliar nos seguintes casos:
(1) condenado maior de 70 anos; (2) condenado acometido de doença grave; (3) condenado com filho menor
ou deficiente físico ou mental; (4) condenada gestante.
 O preso que cumpre pena em regime aberto poderá obter a remição da pena em razão do estudo.

Aplicação da Pena Privativa de Liberdade


 Adota-se o critério trifásico. O ponto de partida da dosimetria é identificar a pena cominada, ou seja, a
sanção abstrata estabelecida em lei pela infração penal. Para isso, é preciso levar em consideração se o
crime é simples, qualificado ou privilegiado.

1ª fase Circunstâncias Judiciais


Na 1ª e 2ª fase, a pena (pena-base) (art. 59 CP) Na 1ª e 2ª fase, a pena
não pode ficar abaixo 2ª fase Agravantes e não pode ficar acima
do mínimo. (pena intermediária) Atenuantes do máximo.
(arts. 61 a 66 CP)
Na 3ª fase, a pena 3ª fase Causas de aumento e Na 3ª fase, a pena
pode ficar abaixo do (pena definitiva) diminuição pode ficar acima do
mínimo máximo

 1ª Fase da Dosimetria:
 Consideram-se as circunstâncias judiciais (art. 59 CP). Na jurisprudência, tem-se adotado a fração de 1/6
para cada circunstância judicial. Na doutrina, 1/8.
 Circunstância Judicial: culpabilidade, antecedentes, conduta social, personalidade do agente, motivos do
crime, circunstâncias do crime, consequências do crime e comportamento da vítima.
 Sobre maus antecedentes: são condenações anteriores com trânsito em julgado*, desde que não tenham
o condão de configurar reincidência**
*excluídos, portanto, inquéritos e processos sem condenação transitada em julgado.
**a) fato praticado antes do que está em julgamento, com trânsito em julgado posterior; b)entre a data do
cumprimento ou extinção da pena e a infração posterior decorreu mais de 5 anos (se adotado o sistema da
perpetuidade – posição do STJ; STF é dividido); c) tratar-se de crime militar próprio ou político; d) agente tem
mais de uma condenação configuradora de reincidência.
Súmula 636 do STJ: A folha de antecedentes criminais é documento suficiente a comprovar os maus
antecedentes e a reincidência.

 2ª Fase da Dosimetria:
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 Consideram-se as agravantes e as atenuantes.
 Na jurisprudência, tem-se adotado a fração de 1/6 para cada circunstância atenuante.
 As agravantes são aplicáveis aos crimes dolosos e também preterdolosos. A exceção é a reincidência,
aplicável também nos crimes culposos.

Reincidência
Ocorre a reincidência quando o agente comete novo crime, depois de transitar em julgado a sentença que,
no país ou no estrangeiro, o tenha condenado por crime anterior. Porém, a condenação anterior não gera
reincidência se entre a data do cumprimento ou a extinção da pena e a infração posterior tiver decorrido
período de tempo superior a 5 anos, computando o período de prova da suspensão e do livramento
condicional, se não ocorrer a revogação.
Os crimes militares e os crimes políticos não geram reincidência. Contudo, podem configurar maus
antecedentes.
Não geram reincidência Geram reincidência
 Condenação anterior pelo crime do art. 28 da  Condenação anterior a pena de multa
Lei de Drogas (STJ)  Extinção da punibilidade da infração anterior, se
 Perdão Judicial ocorreu depois do trânsito em julgado da
 Extinção da punibilidade da infração anterior, condenação (exceção: abolitio criminis, anistia e
se ocorreu antes do trânsito em julgado da perdão judicial).
condenação.

Reincidência Real, Própria ou Verdadeira Reincidência Ficta, Presumida, Imprópria ou falsa


Ocorre quando o agente pratica novo crime após Ocorre quando o agente pratica novo crime após o
ter terminado de cumprir a pena pelo crime trânsito em julgado da condenação anterior, mas
anterior (ou sejam o agente pratica novo crime antes de terminar de cumprir a pena por aquele crime.
durante o período depurador). A reincidência ficta também é circunstância
agravante.

Reincidência Genérica Reincidência Específica


Ocorre quando os crimes praticados são de Ocorre quando os crimes praticados são da mesma
espécies diversas (tipos penais diferentes) espécie (mesmo tipo penal).

Reincidência na Lei de Contravenções Penais


Infração penal anterior Infração penal posterior Resultado
Crime (Brasil ou estrangeiro) Crime Reincidente
Crime (Brasil ou estrangeiro) Contravenção penal Reincidente
Contravenção penal (Brasil) Contravenção penal Reincidente
Contravenção penal (Brasil) Crime Não reincidente
Contravenção penal Crime/contravenção penal Não reincidente
(estrangeiro)

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 3ª Fase da Dosimetria:
 Serão consideradas as causas de aumento e as causas de diminuição, que recebem o nome de majorantes
e minorantes, respectivamente.

Regime Inicial de Cumprimento de Pena (Reclusão)


Regime Inicial Quantidade de Pena
Fechado Superior a 8 anos
Semiaberto Superior a 4 anos e não excedentes a 8 anos, desde que condenado
não reincidente
Aberto Igual ou inferior a 4 anos, desde que condenado não reincidente

Regime Inicial de Cumprimento de Pena para reincidente, se favoráveis as circunstâncias judiciais


(reclusão) (súmula 269 STJ)
Regime Inicial Quantidade de Pena
Fechado Superior a 4 anos
Semiaberto Igual ou Inferior a 4 anos
Aberto -

Confissão

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Execução da Pena Privativa de Liberdade
 Objetivos da execução: a) efetivar as disposições da sentença ou decisão criminal; b) proporcionar condições
para harmônica integração social do condenado e internado.
 O início da execução exige a prisão do sentenciado e a expedição da guia de recolhimento.
 Direitos do Preso: art. 5º, XLIX, da CF; art. 38 do CP e art. 41 da LEP.
 Deveres do Preso: art. 39 da LEP.

Separação Art. 84. O preso provisório ficará separado do condenado por sentença transitada em julgado.
dos Presos
§ 1o Os presos provisórios ficarão separados de acordo com os seguintes critérios: I - acusados pela
prática de crimes hediondos ou equiparados; II - acusados pela prática de crimes cometidos com
violência ou grave ameaça à pessoa; III - acusados pela prática de outros crimes ou contravenções
diversos dos apontados nos incisos I e II.

§ 2° O preso que, ao tempo do fato, era funcionário da Administração da Justiça Criminal ficará em
dependência separada.

§ 3o Os presos condenados ficarão separados de acordo com os seguintes critérios: I - condenados


pela prática de crimes hediondos ou equiparados; II - reincidentes condenados pela prática de
crimes cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa; III - primários condenados pela prática
de crimes cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa; IV - demais condenados pela prática
de outros crimes ou contravenções em situação diversa das previstas nos incisos I, II e III.

§ 4o O preso que tiver sua integridade física, moral ou psicológica ameaçada pela convivência com
os demais presos ficará segregado em local próprio.

Emprego de Algemas
Súmula Vinculante 11: Só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de fundado receio de fuga ou de
perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade
por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da
prisão ou do ato processual a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado.
Regra  Proibição
Exceções (devem  Resistência
ser justificadas por  Fundado receio de fuga
escrito)  Perigo à integridade física própria ou alheia, causado pelo preso ou por terceiros
Vedações  Mulher presa em qualquer unidade do sistema penitenciário nacional durante o
Específicas trabalho de parto. No trajeto da parturiente entre a unidade prisional e a unidade
hospitalar e após o parto, durante o período em que se encontrar hospitalizada.
 Mulher grávida durante os atos médicos- hospitalares preparatórios para a realização
do parto e durante o trabalho de parto, bem como em mulheres durante o período
de puerpério imediato.
Descumprimento Gera responsabilidade disciplinar civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade
da prisão ou do ato processual a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do
Estado.

Execução Provisória da Pena


Tabelinha do site Dizer o Direito

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Para o STF, é possível o início do cumprimento da pena caso somente reste o julgamento de recurso sem
efeito suspensivo (ex: só falta julgar Resp ou RE)? É possível a execução provisória da pena?
Até fevereiro de 2009, o STF entendia que era possível a execução provisória da
1ª Período
pena.
Desse modo, se o réu estivesse condenado e interpusesse recurso especial ou
Até fev/2009:
recurso extraordinário, teria que iniciar o cumprimento provisório da pena
enquanto aguardava o julgamento.
SIM
Os recursos extraordinário e especial são recebidos no efeito devolutivo. Assim,
exauridas estão as instâncias ordinárias criminais é possível que o órgão julgador
É possível a execução
de segundo grau expeça mandado de prisão contra o réu (STF. Plenário. HC 68726,
provisória da pena
Rel. Min. Néri da Silveira, julgado em 28/06/1991).
No dia 05/02/2009, o STF, ao julgar o HC 84078 (Rel. Min. Eros Grau), mudou de
posição e passou a entender que não era possível a execução provisória da pena.
2ª Período Obs: o condenado poderia até aguardar o julgamento do REsp ou do RE preso, mas
desde que estivessem previstos os pressupostos necessários para a prisão
De fev/2009 a preventiva (art. 312 do CPP).
fev/2016: Dessa forma, ele poderia ficar preso, mas cautelarmente (preventivamente) e não
como execução provisória da pena.
NÃO Principais argumentos:
• A prisão antes do trânsito em julgado da condenação somente pode ser
NÃO é possível a decretada a título cautelar.
execução provisória da • A execução da sentença após o julgamento do recurso de apelação significa
pena restrição do direito de defesa.
• A antecipação da execução penal é incompatível com o texto da Constituição.
Esse entendimento durou até fevereiro de 2016.
No dia 17/02/2016, o STF, ao julgar o HC 126292 (Rel. Min. Teori Zavascki),
retornou para a sua primeira posição e voltou a dizer que era possível a execução
provisória da pena.
Principais argumentos:
• É possível o início da execução da pena condenatória após a prolação de acórdão
condenatório em 2º grau e isso não ofende o princípio constitucional da presunção
da inocência.
3º Período: • O recurso especial e o recurso extraordinário não possuem efeito suspensivo (art.
637 do CPP). Isso significa que, mesmo a parte tendo interposto algum desses
De fev/2016 a recursos, a decisão recorrida continua produzindo efeitos. Logo, é possível a
nov/2019: execução provisória da decisão recorrida enquanto se aguarda o julgamento do
recurso.
SIM • Até que seja prolatada a sentença penal, confirmada em 2º grau, deve-se
presumir a inocência do réu. Mas, após esse momento, exaure-se o princípio da
É possível a execução não culpabilidade, até porque os recursos cabíveis da decisão de segundo grau ao
provisória da pena STJ ou STF não se prestam a discutir fatos e provas, mas apenas matéria de direito.
• É possível o estabelecimento de determinados limites ao princípio da presunção
de não culpabilidade. Assim, a presunção da inocência não impede que, mesmo
antes do trânsito em julgado, o acórdão condenatório produza efeitos contra o
acusado.
• A execução da pena na pendência de recursos de natureza extraordinária não
compromete o núcleo essencial do pressuposto da não culpabilidade, desde que o
acusado tenha sido tratado como inocente no curso de todo o processo ordinário

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criminal, observados os direitos e as garantias a ele inerentes, bem como
respeitadas as regras probatórias e o modelo acusatório atual.
• É necessário equilibrar o princípio da presunção de inocência com a efetividade
da função jurisdicional penal. Neste equilíbrio, deve-se atender não apenas os
interesses dos acusados, como também da sociedade, diante da realidade do
intrincado e complexo sistema de justiça criminal brasileiro.
• “Em país nenhum do mundo, depois de observado o duplo grau de jurisdição, a
execução de uma condenação fica suspensa aguardando referendo da Suprema
Corte”.
No dia 07/11/2019, o STF, ao julgar as ADCs 43, 44 e 54 (Rel. Min. Marco Aurélio),
retornou para a sua segunda posição e afirmou que o cumprimento da pena
somente pode ter início com o esgotamento de todos os recursos.
Assim, é proibida a execução provisória da pena.
Vale ressaltar que é possível que o réu seja preso antes do trânsito em julgado
(antes do esgotamento de todos os recursos), no entanto, para isso, é necessário
que seja proferida uma decisão judicial individualmente fundamentada, na qual o
magistrado demonstre que estão presentes os requisitos para a prisão preventiva
previstos no art. 312 do CPP.
4º Período: Dessa forma, o réu até pode ficar preso antes do trânsito em julgado, mas
cautelarmente (preventivamente), e não como execução provisória da pena.
Entendimento atual: Principais argumentos:
• O art. 283 do CPP, com redação dada pela Lei nº 12.403/2011, prevê que
NÃO “ninguém poderá ser preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e
fundamentada da autoridade judiciária competente, em decorrência de sentença
NÃO é possível a condenatória transitada em julgado ou, no curso da investigação ou do processo,
execução provisória da em virtude de prisão temporária ou prisão preventiva.”. Esse artigo é plenamente
pena compatível com a Constituição em vigor.
• O inciso LVII do art. 5º da CF/88, segundo o qual “ninguém será considerado
culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória”, não deixa
margem a dúvidas ou a controvérsias de interpretação.
• É infundada a interpretação de que a defesa do princípio da presunção de
inocência pode obstruir as atividades investigatórias e persecutórias do Estado. A
repressão a crimes não pode desrespeitar e transgredir a ordem jurídica e os
direitos e garantias fundamentais dos investigados.
• A Constituição não pode se submeter à vontade dos poderes constituídos nem o
Poder Judiciário embasar suas decisões no clamor público

Requisitos para a Progressão de Regime


Art. 112. A pena privativa de liberdade será executada em forma progressiva com a transferência para regime menos
rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando o preso tiver cumprido ao menos: (Redação dada pela Lei nº 13.964,
de 2019)

I - 16% (dezesseis por cento) da pena, se o apenado for primário e o crime tiver sido cometido sem violência à pessoa
ou grave ameaça;

II - 20% (vinte por cento) da pena, se o apenado for reincidente em crime cometido sem violência à pessoa ou grave
ameaça;

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III - 25% (vinte e cinco por cento) da pena, se o apenado for primário e o crime tiver sido cometido com violência à
pessoa ou grave ameaça;

IV - 30% (trinta por cento) da pena, se o apenado for reincidente em crime cometido com violência à pessoa ou grave
ameaça;

V - 40% (quarenta por cento) da pena, se o apenado for condenado pela prática de crime hediondo ou equiparado,
se for primário;

VI - 50% (cinquenta por cento) da pena, se o apenado for:

a) condenado pela prática de crime hediondo ou equiparado, com resultado morte, se for primário, vedado o
livramento condicional;

b) condenado por exercer o comando, individual ou coletivo, de organização criminosa estruturada para a prática de
crime hediondo ou equiparado; ou

c) condenado pela prática do crime de constituição de milícia privada;

VII - 60% (sessenta por cento) da pena, se o apenado for reincidente na prática de crime hediondo ou equiparado;

VIII - 70% (setenta por cento) da pena, se o apenado for reincidente em crime hediondo ou equiparado com resultado
morte, vedado o livramento condicional.

16% da pena Se o apenado for primário e o crime tiver sido sem violência ou grave ameaça a
pessoa.
20% da pena Se o apenado for reincidente em crime cometido sem violência ou grave ameaça
a pessoa.
25% da pena Se o apenado for primário e o crime tiver sido cometido com violência ou grave
ameaça a pessoa.
30% da pena Se o apenado for reincidente em crime cometido com violência ou grave ameaça
a pessoa.
40% da pena Se o apenado for condenado pela prática de crime hediondo ou equiparado, se for
primário.
50% da pena (1) Se o apenado for condenado pela prática de crime hediondo ou equiparado,
com resultado morte, se for primário; (2) se o apenado for condenado por exercer
comando, individual ou coletivo, de organização criminosa estruturada para a
prática de crime hediondo ou equiparado; (3) condenado pela prática do crime de
constituição de milícia privada.
60% da pena Se o apenado for reincidente na prática de crime hediondo ou equiparado.
70% da pena Se o apenado for reincidente na prática de crime hediondo ou equiparado com
resultado morte.

§ 1º Em todos os casos, o apenado só terá direito à progressão de regime se ostentar boa conduta carcerária,
comprovada pelo diretor do estabelecimento, respeitadas as normas que vedam a progressão.

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§ 2º A decisão do juiz que determinar a progressão de regime será sempre motivada e precedida de manifestação
do Ministério Público e do defensor, procedimento que também será adotado na concessão de livramento
condicional, indulto e comutação de penas, respeitados os prazos previstos nas normas vigentes.

§ 3º No caso de mulher gestante ou que for mãe ou responsável por crianças ou pessoas com deficiência, os
requisitos para progressão de regime são, cumulativamente: (Incluído pela Lei nº 13.769, de 2018)

I - não ter cometido crime com violência ou grave ameaça a pessoa;

II - não ter cometido o crime contra seu filho ou dependente;

III - ter cumprido ao menos 1/8 (um oitavo) da pena no regime anterior;

IV - ser primária e ter bom comportamento carcerário, comprovado pelo diretor do estabelecimento;

V - não ter integrado organização criminosa.

§ 4º O cometimento de novo crime doloso ou falta grave implicará a revogação do benefício previsto no § 3º deste
artigo.

§ 5º Não se considera hediondo ou equiparado, para os fins deste artigo, o crime de tráfico de drogas previsto no §
4º do art. 33 da Lei nº 11.343, de 23 de agosto de 2006. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

Requisitos para a progressão de regime


Objetivo Subjetivo
Lapso Temporal:  Boa conduta carcerária, comprovada pelo diretor do
estabelecimento.
I - 16% (dezesseis por cento) da pena, se o apenado  O juiz determinar a realização de exame
for primário e o crime tiver sido cometido sem criminológico, em decisão motivada.
violência à pessoa ou grave ameaça;  Para o STF, inadimplemento deliberado da pena de
multa cumulativamente imposta impede a
II - 20% (vinte por cento) da pena, se o apenado for progressão, salvo absoluta impossibilidade
reincidente em crime cometido sem violência à econômica de pagá-la, ainda que parceladamente.
pessoa ou grave ameaça;

III - 25% (vinte e cinco por cento) da pena, se o


apenado for primário e o crime tiver sido cometido
com violência à pessoa ou grave ameaça;

IV - 30% (trinta por cento) da pena, se o apenado


for reincidente em crime cometido com violência à
pessoa ou grave ameaça;

V - 40% (quarenta por cento) da pena, se o apenado


for condenado pela prática de crime hediondo ou
equiparado, se for primário;

VI - 50% (cinquenta por cento) da pena, se o


apenado for:

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a) condenado pela prática de crime hediondo ou
equiparado, com resultado morte, se for primário,
vedado o livramento condicional;

b) condenado por exercer o comando, individual ou


coletivo, de organização criminosa estruturada para
a prática de crime hediondo ou equiparado; ou

c) condenado pela prática do crime de constituição


de milícia privada;

VII - 60% (sessenta por cento) da pena, se o


apenado for reincidente na prática de crime
hediondo ou equiparado;

VIII - 70% (setenta por cento) da pena, se o apenado


for reincidente em crime hediondo ou equiparado
com resultado morte, vedado o livramento
condicional.

 Crimes contra a administração pública (requisito  Condenado por integrar organização criminosa ou
específico) – reparação do dano causado ou por crime praticado por meio de organização
devolução do produto do ilícito praticado, com criminosa (requisito específico) – inexistirem
os acréscimos legais. elementos probatórios que indiquem a manutenção
do vínculo associativo.

Falta de Vagas no Regime Adequado


Súmula Vinculante 56 do STF: A falta de estabelecimento penal adequado não autoriza a manutenção do
condenado em regime prisional mais gravoso, devendo-se observar, nessa hipótese, os parâmetros fixados no
RE 641.320/RS. Considerando os parâmetros fixados no RE 641.320/RS, havendo falta de vagas no
estabelecimento adequado, deve-se determinar:
 Saída antecipada de sentenciado no regime com falta de vagas
 Liberdade eletronicamente monitorada ao sentenciado que sai antecipadamente ou é posto em prisão
domiciliar por falta de vagas
 Cumprimento de medidas restritivas de direito e/ou estudos ao sentenciado que progride ao regime
aberto.
Obs: Até que sejam estruturadas as medidas alternativas propostas, poderá ser deferida a prisão domiciliar ao
sentenciado (Info 825 STF).

Regressão de Regime
Art. 118. A execução da pena privativa de liberdade ficará sujeita à forma regressiva, com a transferência para
qualquer dos regimes mais rigorosos, quando o condenado:

I - praticar fato definido como crime doloso ou falta grave;

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II - sofrer condenação, por crime anterior, cuja pena, somada ao restante da pena em execução, torne incabível
o regime (artigo 111).

§ 1° O condenado será transferido do regime aberto se, além das hipóteses referidas nos incisos anteriores,
frustrar os fins da execução ou não pagar, podendo, a multa cumulativamente imposta.

§ 2º Nas hipóteses do inciso I e do parágrafo anterior, deverá ser ouvido previamente o condenado.

Autorizações de Saída

O STJ admite saídas temporárias automatizadas. Veja as quatro teses fixadas:

Primeira tese: “É recomendável que cada autorização de saída temporária do preso seja precedida de decisão
judicial motivada. Entretanto, se a apreciação individual do pedido estiver, por deficiência exclusiva do aparato
estatal, a interferir no direito subjetivo do apenado e no escopo ressocializador da pena, deve ser reconhecida,
excepcionalmente, a possibilidade de fixação de calendário anual de saídas temporárias por ato judicial único,
observadas as hipóteses de revogação automática do artigo 125 da LEP.”

Segunda tese: “O calendário prévio das saídas temporárias deverá ser fixado, obrigatoriamente, pelo juízo das
execuções, não se lhe permitindo delegar à autoridade prisional a escolha das datas específicas nas quais o
apenado irá usufruir os benefícios. Inteligência da Súmula 520 do STJ.”

Terceira tese: “Respeitado o limite anual de 35 dias, estabelecido pelo artigo 124 da LEP, é cabível a concessão
de maior número de autorizações de curta duração.”

Quarta tese: “As autorizações de saída temporária para visita à família e para participação em atividades que
concorram para o retorno ao convívio social, se limitadas a cinco vezes durante o ano, deverão observar o prazo
mínimo de 45 dias de intervalo entre uma e outra. Na hipótese de maior número de saídas temporárias de curta
duração, já intercaladas durante os 12 meses do ano e muitas vezes sem pernoite, não se exige o intervalo
previsto no artigo 124, parágrafo 3°, da LEP.”

Permissão de Saída Saída temporária


 Destinada aos condenados que cumprem pena  Destinada aos condenados que cumpram pena em
em regime fechado ou semiaberto, bem como regime semiaberto.
os presos provisórios.  Realizada sem vigilância direta.
 Realizada mediante escolta  Concedida pelo juiz da execução, ouvidos o MP e a
 Concedida pelo diretor do estabelecimento administração penitenciária.
prisional  (1) visita à família; (2) frequência a curso supletivo
 Cabimento: (1) falecimento ou doença grave profissionalizante, de instrução de segundo grau ou
do cônjuge, companheira, ascendente, nível superior; (3) participação em atividades que
descendente ou irmão; (2) necessidade de concorram para retorno ao convívio social. A
tratamento médico. autorização será concedida pelo juiz da execução e
 Duração necessária à finalidade da saída. dependerá do cumprimento dos seguintes requisitos;
 Permissão para assuntos mais drásticos. (1) comportamento adequado; (2) cumprimento
mínimo de 1/6 da pena, se o condenado for primário
e ¼ se for reincidente; (3) compatibilidade do benefício
com os objetivos da pena.
 Será concedida por prazo não superior a 7 dias,
podendo ser renovada por mais 4 vezes durante o ano.

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 Não tem direito à saída temporária o condenado que
cumpre pena por praticar crime hediondo com
resultado morte.

Prisão Domiciliar (art. 117 da LEP) Prisão Domiciliar (arts. 317 a 318-A CPP)
 Forma de cumprimento de pena privativa de  Forma de cumprimento de prisão preventiva (medida
liberdade cautelar)
 Cabível durante a execução da pena privativa de  Cabível durante o inquérito ou processo
liberdade em regime aberto  Art. 318. Poderá o juiz substituir a prisão preventiva
 Art. 117. Somente se admitirá o recolhimento pela domiciliar quando o agente for:
do beneficiário de regime aberto em residência I - maior de 80 (oitenta) anos;
particular quando se tratar de: II - extremamente debilitado por motivo de doença
I - condenado maior de 70 (setenta) anos; grave;
II - condenado acometido de doença grave; III - imprescindível aos cuidados especiais de pessoa
III - condenada com filho menor ou deficiente menor de 6 (seis) anos de idade ou com deficiência;
físico ou mental; IV - gestante;
V - condenada gestante. V - mulher com filho de até 12 (doze) anos de idade
incompletos;
VI – homem, caso seja o único responsável pelos
cuidados do filho de até 12 anos de idade incompletos.
PÚ: Para a substituição, o juiz exigirá prova idônea dos
requisitos estabelecidos neste artigo.
Art. 318-A. A prisão preventiva imposta à mulher gestante
ou que for mãe ou responsável por crianças ou pessoas
com deficiência será substituída por prisão domiciliar,
desde que:

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I - não tenha cometido crime com violência ou grave
ameaça a pessoa;
II - não tenha cometido o crime contra seu filho ou
dependente.

Monitoração Eletrônica (art. 146 da LEP)


Cabimento  Autorizar a saída temporária no regime semiaberto.
 Determinar a prisão domiciliar.
Deveres do  Receber visitas do servidor responsável pela monitoração eletrônica, responder seus
condenado contatos e cumprir suas orientações.
 Abster-se de remover, violar, de modificar, de danificar o dispositivo de monitoração
eletrônica ou de permitir que outrem o faça.
Consequências em  Regressão do regime.
casos de  Revogação da autorização de saída temporária.
descumprimento  Revogação da prisão domiciliar.
 Advertência, por escrito, para todos os casos em que o juiz da execução decida não
aplicar algumas das medidas anteriores.
Hipóteses de  Quando se tornar desnecessária ou inadequada.
revogação  Se o acusado ou condenado violar os deveres a que estiver sujeito durante a vigência
ou cometer falta grave.

Excesso ou Desvio de Execução (arts. 185 a 186 da LEP)


Constituem violação ao princípio da legalidade estrita, que deve reger a execução penal. Excesso de execução é
ultrapassagem quantitativa da sanção devida. Ex: sujeito condenado a 5 anos de pena é mantido encarcerado
durante 6 anos. Já o desvio da execução é a divergência qualitativa entre os parâmetros legalmente
estabelecidos e a real forma de cumprimento de sanção. Enquanto o excesso é sempre prejudicial ao
condenado, o desvio pode lhe ser prejudicial ou benéfico.

Regime Disciplinar Diferenciado (arts. 52 e seguintes da LEP)


Cabimento: Aplicável ao preso provisório ou condenado definitivo, nacional ou estrangeiro, nas seguintes
hipóteses:

 Em caso de prática de fato previsto como crime doloso constitui falta grave e, quando ocasionar subversão
da ordem ou disciplina internas.
 Preso que apresenta alto risco para ordem e a segurança do estabelecimento penal ou da sociedade.
 Preso sob qual recaiam fundadas suspeitas de envolvimento ou participação, a qualquer título, em
organização criminosa, associação criminosa ou milícia privada, independentemente de falta grave.

Procedimento para inclusão do preso no RDD:

 A autorização para inclusão do preso em RDD dependerá de requerimento circunstanciado elaborado pelo
diretor do estabelecimento ou de outra autoridade administrativa.
 A autoridade administrativa poderá decretar o isolamento preventivo do faltoso pelo prazo de até 10 dias.
 A inclusão do preso no RDD, no interesse da disciplina e da averiguação do fato, dependerá de despacho
do juiz competente.
 A decisão judicial sobre inclusão do preso em RDD será precedida de manifestação do MP e da defesa e
prolatada no máximo em 15 dias.

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Art. 52. A prática de fato previsto como crime doloso constitui falta grave e, quando ocasionar subversão da
ordem ou disciplina internas, sujeitará o preso provisório, ou condenado, nacional ou estrangeiro, sem
prejuízo da sanção penal, ao regime disciplinar diferenciado, com as seguintes características: (Redação dada
pela Lei nº 13.964, de 2019)

I - duração máxima de até 2 (dois) anos, sem prejuízo de repetição da sanção por nova falta grave de mesma
espécie;

II - recolhimento em cela individual;

III - visitas quinzenais, de 2 (duas) pessoas por vez, a serem realizadas em instalações equipadas para impedir
o contato físico e a passagem de objetos, por pessoa da família ou, no caso de terceiro, autorizado judicialmente,
com duração de 2 (duas) horas;

IV - direito do preso à saída da cela por 2 (duas) horas diárias para banho de sol, em grupos de até 4 (quatro)
presos, desde que não haja contato com presos do mesmo grupo criminoso;

V - entrevistas sempre monitoradas, exceto aquelas com seu defensor, em instalações equipadas para impedir
o contato físico e a passagem de objetos, salvo expressa autorização judicial em contrário;

VI - fiscalização do conteúdo da correspondência;

VII - participação em audiências judiciais preferencialmente por videoconferência, garantindo-se a participação


do defensor no mesmo ambiente do preso.

§ 1º O regime disciplinar diferenciado também será aplicado aos presos provisórios ou condenados, nacionais
ou estrangeiros:

I - que apresentem alto risco para a ordem e a segurança do estabelecimento penal ou da sociedade;

II - sob os quais recaiam fundadas suspeitas de envolvimento ou participação, a qualquer título, em organização
criminosa, associação criminosa ou milícia privada, independentemente da prática de falta grave.

§ 3º Existindo indícios de que o preso exerce liderança em organização criminosa, associação criminosa ou
milícia privada, ou que tenha atuação criminosa em 2 (dois) ou mais Estados da Federação, o regime disciplinar
diferenciado será obrigatoriamente cumprido em estabelecimento prisional federal.

§ 4º Na hipótese dos parágrafos anteriores, o regime disciplinar diferenciado poderá ser prorrogado
sucessivamente, por períodos de 1 (um) ano, existindo indícios de que o preso:

I - continua apresentando alto risco para a ordem e a segurança do estabelecimento penal de origem ou da
sociedade;

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II - mantém os vínculos com organização criminosa, associação criminosa ou milícia privada, considerados
também o perfil criminal e a função desempenhada por ele no grupo criminoso, a operação duradoura do grupo,
a superveniência de novos processos criminais e os resultados do tratamento penitenciário.

§ 5º Na hipótese prevista no § 3º deste artigo, o regime disciplinar diferenciado deverá contar com alta
segurança interna e externa, principalmente no que diz respeito à necessidade de se evitar contato do preso
com membros de sua organização criminosa, associação criminosa ou milícia privada, ou de grupos rivais.

§ 6º A visita de que trata o inciso III do caput deste artigo será gravada em sistema de áudio ou de áudio e vídeo
e, com autorização judicial, fiscalizada por agente penitenciário.

§ 7º Após os primeiros 6 (seis) meses de regime disciplinar diferenciado, o preso que não receber a visita de
que trata o inciso III do caput deste artigo poderá, após prévio agendamento, ter contato telefônico, que será
gravado, com uma pessoa da família, 2 (duas) vezes por mês e por 10 (dez) minutos.

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Remição (arts. 126 a 130 da LEP)
Remição É o abatimento de parte da pena privativa de liberdade em razão do trabalho ou do
estudo.
Por trabalho  Aplicável ao condenado que cumpre a pena em regime fechado ou semiaberto.
 Para cada 3 dias de trabalho é abatido 1 dia de pena.

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Por estudos  Aplicável ao condenado que cumpre pena em regime fechado, semiaberto e aberto,
(cabe nos 3 regimes) e o que está em livramento condicional.
 Para cada 12 horas de estudos é abatido 1 dia de pena. Essas 12 horas devem ser
divididas em 3 dias, no mínimo. O tempo a remir será acrescido de 1/3 no caso de
conclusão de ensino fundamental, médio ou superior durante o período da pena,
desde que certificado pelo órgão competente do sistema de educação.
Regras Gerais  A competência para decidir sobre a remição é do juiz da execução, ouvidos o MP e
a defesa.
 Admite-se a cumulação de horas diárias de trabalho e de estudos, mas devem ser
definidas de forma a se compatibilizarem.
 O preso impossibilitado, por acidente, de prosseguir no trabalho ou nos estudos
continuará a beneficiar-se com a remição.
 Se o estabelecimento prisional não disponibiliza trabalho ou estudo, não há direito
a remição.
 O preso cautelar faz jus à remição pelo trabalho e pelo estudo.
 O tempo remido é computado como pena cumprida para todos os efeitos.
 A autoridade administrativa encaminhará mensalmente ao juízo da execução cópia
do registro de todos os condenados que estejam trabalhando ou estudando, com
informação dos dias de trabalho ou das horas de frequência escolar ou de
atividades de ensino.
 Ao condenado será dado a relação de seus dias remidos.
 Constitui crime do art. 299 do CP declarar ou atestar falsamente prestação de
serviço para fins de instruir pedido de remição.
 Em caso de falta grave, o juiz poderá revogar até 1/3 do tempo remido, observado
o disposto no art. 572, recomeçando a contagem a partir da data da infração
disciplinar.

Súmulas de Execução Penal:


Súmula vinculante 26-STF: Para efeito de progressão de regime no cumprimento de pena por crime hediondo,
ou equiparado, o juízo da execução observará a inconstitucionalidade do art. 2º da Lei nº 8.072, de 25 de julho
de 1990, sem prejuízo de avaliar se o condenado preenche, ou não, os requisitos objetivos e subjetivos do
benefício, podendo determinar, para tal fim, de modo fundamentado, a realização de exame criminológico.
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Súmula vinculante 56-STF: A falta de estabelecimento penal adequado não autoriza a manutenção do
condenado em regime prisional mais gravoso, devendo-se observar, nesta hipótese, os parâmetros fixados no
Recurso Extraordinário (RE) 641320.

Súmula 700-STF: É de 5 dias o prazo para interposição de agravo contra decisão do juiz da execução penal.

Súmula 715-STF: A pena unificada para atender ao limite de trinta anos de cumprimento (agora: 40 anos),
determinado pelo art. 75 do Código Penal, não é considerada para a concessão de outros benefícios, como o
livramento condicional ou regime mais favorável de execução.

Súmula 716-STF: Admite-se a progressão de regime de cumprimento da pena ou a aplicação imediata de regime
menos severo nela determinada, antes do trânsito em julgado da sentença condenatória. A jurisprudência é no
sentido de que o processo de execução criminal provisória pode ser formado ainda que haja recurso de apelação
interposto pelo Ministério Público pendente de julgamento, não sendo este óbice à obtenção de benefícios
provisórios na execução da pena (STJ RHC 31.222/RJ, julgado em 24/04/2012).

Súmula 717-STF: Não impede a progressão de regime de execução da pena, fixada em sentença não transitada
em julgado, o fato de o réu se encontrar em prisão especial.

Súmula 40-STJ: Para obtenção dos benefícios de saída temporária e trabalho externo, considera-se o tempo de
cumprimento da pena no regime fechado.

Súmula 192-STJ: Compete ao juízo das execuções penais do Estado a execução das penas impostas a
sentenciados pela Justiça Federal, Militar ou Eleitoral, quando recolhidos a estabelecimentos sujeitos à
administração estadual. Mesmo que a condenação ainda não tenha transitado em julgado (condenado
provisório), se o réu estiver preso em unidade prisional estadual, a competência para decidir sobre os incidentes
da execução penal, como por exemplo, a antecipação da progressão de regime, será da Justiça Estadual. Nesse
sentido: STJ. CC 125.816/RN, j. em 09/10/2013.

Súmula 341-STJ: A frequência a curso de ensino formal é causa de remição de parte do tempo de execução de
pena sob regime fechado ou semiaberto. A súmula está, atualmente, incompleta. Segundo o § 6º do art. 126 da
LEP, incluído pela Lei nº 12.433/2011, o condenado que cumpre pena em regime ABERTO e o sentenciado que
esteja usufruindo de LIBERDADE CONDICIONAL também poderão remir, pela frequência a curso de ensino regular
ou de educação profissional, parte do tempo de execução da pena ou do período de prova.
É possível a remição para condenados que cumprem pena em regime aberto ou estejam em livramento
condicional?
1) remição pelo trabalho: NÃO; 2) remição pelo estudo: SIM.

Súmula 439-STJ: Admite-se o exame criminológico pelas peculiaridades do caso, desde que em decisão
motivada.

Súmula 441-STJ: A falta grave não interrompe o prazo para obtenção do livramento condicional.

Súmula 471-STJ: Os condenados por crimes hediondos ou assemelhados cometidos antes da vigência da Lei nº
11.464/2007 sujeitam-se ao disposto no artigo 112 da Lei 7.210/1984 (Lei de Execução Penal) para a progressão
de regime prisional.

Súmula 491-STJ: É inadmissível a chamada progressão per saltum de regime prisional. Progressão per saltum
significa a possibilidade do apenado que está cumprindo pena no regime fechado progredir diretamente para o
regime aberto, ou seja, sem passar antes pelo semiaberto. Não é admitida pelo STF e STJ. Assim, se o apenado

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está cumprindo pena no regime fechado, ele não poderá ir diretamente para o regime aberto, mesmo que tenha,
em tese, preenchido os requisitos para tanto.

Súmula 493-STJ: É inadmissível a fixação de pena substitutiva (art. 44 do CP) como condição especial ao regime
aberto.

Súmula 520-STJ: O benefício de saída temporária no âmbito da execução penal é ato jurisdicional insuscetível
de delegação à autoridade administrativa do estabelecimento prisional.

Súmula 526-STJ: O reconhecimento de falta grave decorrente do cometimento de fato definido como crime
doloso no cumprimento da pena PRESCINDE DO TRÂNSITO EM JULGADO de sentença penal condenatória no
processo penal instaurado para apuração do fato.

Súmula 533-STJ: Para o reconhecimento da prática de falta disciplinar no âmbito da execução penal, é
imprescindível a instauração de procedimento administrativo pelo diretor do estabelecimento prisional,
assegurado o direito de defesa, a ser realizado por advogado constituído ou defensor público nomeado.

Súmula 534-STJ: A prática de falta grave interrompe a contagem do prazo para a progressão de regime de
cumprimento de pena, o qual se reinicia a partir do cometimento dessa infração.

Súmula 535-STJ: A prática de falta grave não interrompe o prazo para fim de comutação de pena ou indulto.

Súmula 562-STJ: É possível a remição de parte do tempo de execução da pena quando o condenado, em regime
fechado ou semiaberto, desempenha atividade laborativa, ainda que extramuros.

Súmula 639-STJ: Não fere o contraditório e o devido processo decisão que, sem ouvida prévia da defesa,
determine transferência ou permanência de custodiado em estabelecimento penitenciário Federal.

Detração (art. 42 do CP)


 É o cômputo, na pena privativa de liberdade e na medida de segurança, de tempo de prisão provisória, no
Brasil ou no exterior, de prisão administrativa ou de internação em hospital de custódia e tratamento
psiquiátrico ou estabelecimento semelhante.

Penas Restritivas de Direitos


Substitutivas Autônomas
Substituem a pena privativa de liberdade Realizada a substituição, ganham autonomia, sendo
executadas como sanção principal, e não como penas
acessórias à pena privativa de liberdade.
Genéricas ou Gerais Específicas ou Especiais
Aplicáveis a qualquer crime, desde que preenchidos Aplicáveis somente em se tratando de determinados
os requisitos legais: crimes
 Prestação pecuniária  Proibição do exercício de cargo, função ou atividade
 Perda de bens e valores pública, bem como de mandato eletivo
 Prestação de serviços à comunidade  Proibição do exercício de profissão, atividade ou
 Proibição de frequentar determinados lugares ofício que dependam de habilitação especial, de
 Proibição de inscrever-se em concursos, licença ou autorização do poder público – aplicáveis
avaliações ou exame público somente ao crime cometido no exercício da profissão,
 Limitação de final de semana atividade, ofício, cargo ou função, quando houver
violação dos deveres que lhe são inerentes
 Suspensão de autorização ou habilitação para dirigir
veículo – destinado aos crimes culposos de trânsito
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Reais Pessoais
 Prestação pecuniária  Prestação de serviços à comunidade ou entidades
 Perda de bens e valores públicas
 Interdições temporárias de direitos
 Limitação de fim de semana

Duração
Regra Exceções
A pena restritiva de direito tem a mesma duração da  Se a duração da prestação de serviços à comunidade
pena privativa de liberdade que a substituiu. ou entidades públicas for superior a 1 ano, é facultado
ao condenado cumpri-la em menor tempo, porém
nunca inferior à metade da pena privativa de
liberdade fixada.
 A prestação pecuniária e a perda de bens e valores
consideram-se cumpridas quando pago o montante
ou entregue o bem ou valor devido.
 No Estatuto do torcedor, a PPL do crime previsto no
art. 41-B (1 a 2 anos de reclusão, e multa) pode ser
substituída por pena impeditiva de comparecimento
às proximidades do estádio, bem como a qualquer
local em que se realize o evento esportivo, pelo prazo
de 3 meses a 3 anos.
 A Lei de Abuso de Autoridade prevê como pena
substitutiva a suspensão do exercício do cargo, função
ou do mandato, pelo prazo de 1 a 6 meses, com a
perda dos vencimentos e das vantagens.

Requisitos para Substituição


Objetivos Subjetivos
 No crime doloso, a pena privativa de liberdade  Não ser o agente reincidente específico em crime
aplicada não superior a 4 anos. doloso (se for reincidente não específico, é cabível a
 Crime doloso cometido sem violência ou grave substituição, desde que socialmente recomendável).
ameaça (crime culposo não se submete a este  Culpabilidade, antecedentes, conduta social e
requisito); personalidade do condenado, bem como motivos e
circunstâncias indicarem suficiente a substituição.

Regras para Substituição


Condenação igual ou inferior a 1 ano 1 restritiva de direitos ou multa
Condenação superior a 1 ano 2 restritivas de direitos ou
1 restritiva de direitos + multa
A prestação de serviços à comunidade ou entidades públicas é aplicável às condenações superiores a 6 meses
de privação de liberdade.

Penas Restritivas de Direitos em Espécie


Prestação Pecuniária  Consiste no pagamento em dinheiro à vítima, a seus dependentes ou a entidade
pública ou privada com destinação social, de importância fixada pelo juiz, não
inferior a 1 salário mínimo nem superior a 360 salários mínimos.
 O valor pago será deduzido do montante de eventual condenação em ação de
reparação civil, se coincidentes os beneficiários.
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Perda de Bens e  A perda de bens e valores pertencentes ao condenado dar-se-á, ressalvada a
Valores legislação especial, em favor do Fundo Penitenciário Nacional, e seu valor terá
como teto – o que for maior – o montante do prejuízo causado ou do provento
obtido pelo agente ou por terceiro, em consequência da prática do crime.
 Apresenta caráter confiscatório, consistindo na apreensão do patrimônio lícito do
condenado.
 Por força do princípio da personalidade ou da pessoalidade, a perda de bens e
valores não pode atingir terceiros.
Prestação de serviço à  A prestação de serviços à comunidade ou entidades públicas é aplicável às
Comunidade ou condenações superiores a 6 meses de privação de liberdade.
Entidades Públicas  Consiste na atribuição de tarefas gratuitas ao condenado, em atividades
assistenciais, hospitais, escolas, orfanatos e outros estabelecimentos congêneres,
em programas comunitários ou estatais.
 Se a pena substituída for superior a 1 ano, é facultado ao condenado cumprir a pena
substitutiva em menor tempo, nunca inferior à metade da privativa de liberdade
fixada.
Interdição Temporária Proibição do exercício  Pena restritiva de direito especial ou específica, pois sua
de Direitos de cargo, função ou aplicação depende de um particular requisito, consistente
atividade pública, em ter sido o crime praticado no exercício da profissão,
bem como de atividade, ofício, cargo ou função, com violação dos
mandato eletivo deveres que lhe são inerentes.
 No tocante aos mandatos eletivos de deputados federais
e senadores, prevalece que o dispositivo é
inconstitucional. Afinal, a perda ou suspensão do mandato
eletivo desses parlamentares é disciplinada pela CF,
devendo-se adotar o regramento nela previsto.
Proibição do exercício  Pena restritiva de direitos específica, aplicável quando o
de profissão, crime tiver sido praticado no exercício da profissão,
atividade ou ofício atividade ou ofício, com violação dos deveres que lhe são
que dependam de inerentes.
habilitação especial,
de licença ou
autorização do poder
público
Suspensão de  Foi derrogada pela Lei p.503/1997 (CTB) e, atualmente,
autorização ou de somente é aplicável aos crimes culposos envolvendo
habilitação para ciclomotores. Classifica-se como pena restritivas de
dirigir veículo direitos específica.
Proibição de  Consiste na proibição do condenado frequentar os lugares
frequentar especificados na sentença pelo tempo da pena privativa
determinados lugares de liberdade substituída.
Proibição de  A lei não estabelece qualquer requisito especial para sua
inscrever-se em aplicação.
concurso, avaliação
ou exame públicos
Limitação de fim de  Consiste na obrigação de o condenado permanecer, aos sábados e domingos, por
semana 5 horas diárias, em casa de albergado ou outro estabelecimento adequado,
podendo, durante essa permanência, ser ministrados cursos e palestras ou
atribuídas atividades educativas.

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Pena de Multa
 É a espécie de sanção penal consistente no pagamento de determinada importância em pecúnia ao Fundo
Penitenciário. O CP adota o critério do dia-multa. Na aplicação da pena de multa utiliza-se o sistema bifásico.

1ª Fase 2ª Fase Multa Ineficaz


 Fixação da quantidade de  Fixação do valor de cada dia- O valor pode ser triplicado em
dias-multa multa virtude da situação econômica do
 10 a 360 dias-multa  1/30 a 5x o valor do salário réu, for ineficaz a pena.
 Acompanha o critério mínimo vigente à época do fato.
trifásico para fixação da pena  Conforme a capacidade
privativa de liberdade econômica do acusado

 Após o trânsito em julgado da condenação, o sentenciado terá 10 dias para pagamento voluntário da multa.
 A requerimento do condenado e conforme as circunstâncias, o juiz pode permitir que o pagamento seja feito
em parcelas mensais.
 A cobrança da multa pode efetuar-se mediante desconto no vencimento ou salário do condenado, quando: a)
a pena de multa foi aplicada isoladamente; b) a pena de multa foi aplicada cumulativamente com pena
restritiva de direitos; c) Foi aplicada a pena privativa de liberdade, mas concedida a suspensão condicional da
pena; d) o condenado já cumpriu a pena privativa de liberdade e e) o condenado obteve livramento
condicional.
 O desconto não deve incidir sobre os recursos indispensáveis ao sustento do condenado e de sua família e terá
o limite mínimo de 1/10 e máximo de ¼ da remuneração.
 Suspensão da Pena de Multa: é suspensa a execução da pena de multa, se sobrevém ao condenado doença
mental.
 Não cabe HC contra decisão condenatória a pena de multa, ou relativo a processo em curso por infração
penal a que a pena pecuniária seja a única cominada.
 Cominadas cumulativamente, em lei especial, penas privativas de liberdade e pecuniária, é defeso a
substituição da prisão por multa – súmula 171 do STJ.
 É vedada a aplicação, nos casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, de penas de cesta básica ou
outras de prestação pecuniária, bem como a substituição de pena que implique o pagamento isolado da multa.

 Execução da Pena de Multa:

STF:
STJ: Fazenda Pública Prioritariamente: o Ministério Público.
Subsidiariamente: a Fazenda Pública
O STJ sempre sustentou que, como se A Lei nº 9.268/96, ao considerar a multa penal como
trata de dívida de valor, a pena de multa deveria ser dívida de valor, não retirou dela o caráter de sanção criminal.
executada pela Fazenda Pública por
Diante de tal constatação, não há como retirar do MP a
meio de execução fiscal que tramita na vara de execuções
competência para a execução da multa penal, considerado o
fiscais.
teor do art. 129 da CF/88, segundo o qual é função institucional
O rito a ser aplicado seria o da Lei nº 6.830/80. do MP promover privativamente a ação penal pública, na forma
da lei.
A execução da pena de multa ocorreria como se estivesse
sendo cobrada uma multa tributária. Promover a ação penal significa conduzi-la ao longo do
processo de conhecimento e de execução, ou seja, buscar a
Não se aplica a Lei nº 7.210/84 (LEP).
condenação e, uma vez obtida esta, executá-la. Caso contrário,
haveria uma interrupção na função do titular da ação penal.

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Esse era o entendimento pacífico do STJ, tanto que foi Ademais, o art. 164 da LEP é expresso ao reconhecer essa
editada uma súmula nesse sentido. competência do MP. Esse dispositivo não foi revogado
expressamente pela Lei nº 9.268/96.
Vale ressaltar, entretanto que, se o titular da ação penal, mesmo
Súmula 521-STJ: A legitimidade para
intimado, não propuser a execução da multa no prazo de 90
a execução fiscal de multa pendente de pagamento
dias, o juiz da execução criminal deverá dar ciência do feito ao
imposta em sentença condenatória é exclusiva da
órgão competente da Fazenda Pública (federal ou estadual,
Procuradoria da Fazenda Pública.
conforme o caso) para a respectiva cobrança na própria
vara de execução fiscal, com a observância do rito da Lei
6.830/80.
Quem executa: Fazenda Pública. Quem executa:
Juízo: vara de execuções fiscais. • Prioritariamente: o Ministério Público, na
vara de execução penal, aplicando-se a LEP.
Legislação: Lei nº 6.830/80.
• Caso o MP se mantenha inerte por mais de 90 dias após ser
devidamente intimada: a Fazenda Pública irá executar, na
vara de execuções fiscais, aplicando-se a Lei nº 6.830/80.

Foi o que decidiu o STF: O Ministério Público possui legitimidade para propor a cobrança de multa decorrente de sentença penal
condenatória transitada em julgado, com a possibilidade subsidiária de cobrança pela Fazenda Pública.
STF. Plenário. ADI 3150/DF, Rel. para acórdão Min. Roberto Barroso, julgado em 12 e 13/12/2018 (Info 927).
STF. Plenário. AP 470/MG, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 12 e 13/12/2018 (Info 927).
Onde tramita a execução da pena de multa?
No juízo da execução penal.
O art. 51 do Código Penal foi alterado para deixar expressa essa competência:

CÓDIGO PENAL
Antes da Lei 13.964/2019 ATUALMENTE
Art. 51. Transitada em julgado a sentença condenatória, Art. 51. Transitada em julgado a sentença
a multa será considerada dívida de valor, aplicando-se- condenatória, a multa será executada perante o juiz
lhes as normas da legislação relativa à dívida ativa da da execução penal e será considerada dívida de valor,
Fazenda Pública, inclusive no que concerne às causas aplicáveis as normas relativas à dívida ativa da Fazenda Pública,
interruptivas e suspensivas da prescrição. inclusive no que concerne às causas interruptivas e suspensivas
da prescrição.

Inadimplemento da multa e extinção da punibilidade


Resumindo: Em adequação ao entendimento do STF, o inadimplemento da pena de multa obsta a extinção da
punibilidade do apenado. STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 1.850.903-SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca,
julgado em 28/04/2020 (Info 671).
Artigo 28 da Lei de Drogas
1ª Fase 2ª Fase
Fixação da quantidade de dias-multa Fixação do valor de cada dia-multa
40 a 100 dias-multa 1/30 a 3x o valor do salário mínimo vigente à época do
Atendendo à reprovabilidade da conduta fato
Conforme a capacidade econômica do acusado

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Artigos 33 a 39 da Lei de Drogas
1ª Fase 2ª Fase Multa Ineficaz
Fixação da quantidade de dias Fixação do valor de cada dia- O valor pode ser aumentado até o
multa multa décuplo, se em virtude da situação
Mínimo e máximo cominados 1/30 a 5 x o valor do salário econômica do réu, for ineficaz a pena.
diretamente no tipo penal mínimo vigente à época do fato
Juiz observará o art. 59 do CP Conforme a capacidade
econômica do acusado

Prestação Pecuniária Multa


Natureza É espécie de pena restritiva de direitos É pena propriamente dita
Jurídica
Destinação - Vítima Estado (Fundo Penitenciário Nacional)
- Dependente
- Entidade pública ou privada com
destinação social
Valor 1 a 360 salários mínimos 1/30 a 5x o salário mínimo vigente ao tempo do
fato
Cálculo Em salários mínimos Em dias-multa, que podem variar de 10 a 360
dias-multa
Possibilidade O valor pago é deduzido em eventual O valor pago não é deduzido em eventual ação
de Dedução ação de reparação de danos no cível, se de reparação de danos no cível.
coincidente os beneficiários.
Conversão em Pode ser convertida, caso descumprida. Não pode ser convertida, caso descumprida.
PPL Deve ser executada como dívida ativa.
Pode efetuar- Não Sim, quando:
se mediante - Aplicada isoladamente;
desconto no - Aplicada cumulativamente com pena
vencimento restritiva de direitos;
ou salário do - Concedida a suspensão condicional da
condenado? pena.

Possibilidade Cabe HC (porque pode ser convertida Não cabe HC


de HC em PPL – Não se aplica a súmula 693 do (Aplica-se a súmula nº 693 do STF: “Não
STF) cabe habeas corpus contra decisão
condenatória a pena de multa, ou relativo
a processo em curso por infração penal a
que a pena pecuniária seja a única
cominada.” – ex.: drogas para consumo)

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Suspensão Condicional da Pena
É o sobrestamento da execução da pena privativa de liberdade, mediante determinadas condições a serem
obedecidas pelo condenado durante um período de prova.

Natureza Jurídica
Direito Público Subjetivo de Condição Resolutória Pena Instituto da Política
Condenado do Direito de Punir Criminal
Presentes os requisitos O sursis condiciona a O sursis nada mais é do Medida alternativa de
legais, o juiz tem o dever de execução da pena a que uma modificação na cumprimento de pena,
concedê-lo, não mera evento futuro e incerto, forma de cumprimento calcada em razões de
faculdade (STJ) ou seja, a inobservância da pena (Bitencourt) política criminal, não
das condições deixando de ser benefício,
estabelecidas (Noronha) tampouco reprimenda
(Nucci)

Sistemas
Probation of First Offenders Act Anglo-Americano (Probation Frango-Belga
System)
 Antes de reconhecida a culpa  Após comprovada a culpa do réu,  Após comprovada a culpa do réu e
do réu, o processo é suspenso mas antes de aplicada a pena, o aplicada a pena, o processo é
e aberto o período de prova. processo é suspenso e aberto o suspenso e aberto o período de
 Descumpridas as condições, o período de prova. prova.
processo é retomado.  Descumpridas as condições, o  Descumpridas as condições, o
 Suspensão condicional do processo é retomado para processo é retomado para
processo (art. 89 da lei aplicação e execução da pena. execução da pena.
9.09/95)  Não adotado no Brasil.  Suspensão condicional da pena
(art. 77 a 82 do CP).

Requisitos
Simples Especial Etário Humanitário
 Pena privativa de  Pena privativa de liberdade  Condenado maior  Razões de saúde
liberdade não superior a não superior a 2 anos. de 70 anos justificarem
2 anos.  Incabível substituição por  Pena privativa de  Pena privativa de
 Incabível substituição por restritivas de direitos. liberdade não liberdade não
restritivas de direitos.  Condenado não reincidente superior a 4 anos. superior a 4 anos.
 Condenado não em crime doloso, salvo se a  Demais condições  Demais condições do
reincidente em crime condenação for do sursis simples ou sursis simples ou do
doloso, salvo se a exclusivamente a pena de do sursis especial. sursis especial.
condenação for multa.
exclusivamente a pena de  Reparação do dano pelo
multa. condenado (salvo
 Culpabilidade, impossibilidade de fazê-lo)
antecedentes, conduta  Circunstâncias do art. 59
social, personalidade do inteiramente favoráveis.
agente, motivo e
circunstâncias
autorizarem.

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Pena Privativa de Liberdade Máxima Aplicada
Simples Não superior a 2 anos
Especial Não superior a 2 anos
Etário Não superior a 4 anos
Humanitário Não superior a 4 anos
Crimes Ambientais Não superior a 3 anos
Período de Prova
Simples 2 a 4 anos
Especial 2 a 4 anos
Etário 4 a 6 anos
Humanitário 4 a 6 anos
Contravenções Penais 1 a 3 anos
Lei de Crimes Ambientais 2 a 4 anos
Crimes contra Segurança Nacional 2 a 6 anos
em tempo de paz

Condições
Simples Especial Etário Humanitário
No primeiro ano, deverá A prestação de serviços à As mesmas do sursis simples ou do especial,
prestar serviços à comunidade ou limitação de fim conforme o condenado preencha ou não os
comunidade ou limitação de de semana pode ser substituída requisitos de um ou de outro.
fim de semana. pelas seguintes condições:
 Proibição de frequentar
lugares.
 Proibição de ausentar-se da
comarca, sem autorização.
 Comparecimento mensal a
juízo para informar e justificar
as atividades.
 A sentença pode especificar outras condições a que fica subordinada a suspensão, desde que adequadas ao
fato e à situação pessoal do condenado (condições judiciais).

Início do período de prova e fiscalização do cumprimento das condições


O período de prova é contado a partir da audiência admonitória (Também chamada de audiência de
advertência). A fiscalização do cumprimento das condições do sursis será atribuída a serviço social penitenciário,
Patronato, Conselho da Comunidade ou instituição beneficiada com a prestação de serviços, inspecionados pelo
Conselho Penitenciário, pelo MP ou por ambos, devendo o juiz da execução suprir, por ato, a falta de normas
supletivas.

Cassação do Sursis
 Enquanto a cassação se dá antes do início do período de prova, a revogação ocorre durante o período de
prova. A cassação torna sem efeito o sursis, sendo executada imediatamente a pena privativa de liberdade.
Pode ocorrer nas seguintes hipóteses:
 Não comparecimento injustificado do condenado à audiência admonitória.
 Reforma, pelo Tribunal, da decisão que concedeu o sursis.
 Recusa do condenado ao benefício.
 Condenação irrecorrível por crime doloso (cassação obrigatória), por crime culposo ou contravenção
(cassação facultativa), salvo se condenação a pena exclusiva de multa.

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Revogação Obrigatória – Art. 81 Revogação Facultativa – art. 81,§1º
A suspensão será revogada se, no curso do prazo, o O juiz tem a opção de revogar o sursis ou prorrogar o
beneficiário: período de prova até o máximo (se não foi este o fixado)
se:
 É condenado, em sentença irrecorrível, por crime  O condenado descumpre qualquer outra condição
doloso. imposta
 Frustra, embora solvente, a execução da pena de  Ou é irrecorrivelmente condenado por crime culposo
multa ou não efetua, sem motivo justificado, a ou contravenção, a pena privativa de liberdade ou
reparação do dano restritiva de direitos.
 Descumpre as condições do art. 78,§1º do CP
(prestação de serviços à comunidade e limitação de
fim de semana)

Prorrogação do Período de Prova (art. 81,§2º e 3º)


Se o beneficiário está sendo processado por outro Quando facultativa a revogação, o juiz pode, ao invés
crime ou contravenção, considera-se prorrogado o de decretá-la, prorroga o período de prova até o
prazo da suspensão até o julgamento definitivo. máximo, se este não foi fixado
A prorrogação é automática, até o julgamento No caso de revogação facultativa do sursis, o juiz tem a
definitivo do processo. Como a lei fala em opção de prorrogar o período de prova até o máximo, se
“processado”, é preciso o recebimento da denúncia este não tiver sido o estabelecido. Aqui, a prorrogaçao
ou da queixa. Não se admite a prorrogação do período não é automática, dependendo de decisão judicial.
de prova pela mera instauração de inquérito policial.

Término do período de prova


Expirado o prazo sem que tenha havido revogação, considera-se extinta a pena privativa de liberdade (art. 82)
Se, após o término do período de prova, for descoberta uma causa de revogação da sursis, é possível a
revogação?
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1ª corrente: sim, desde que não tenha sido extinta a punibilidade do agente. É a posição prevalente na
jurisprudência.
2ª corrente: Não, a pena está automaticamente extinta ao término do período de prova (Bitencourt)
3ª corrente: depende. Se o condenado estava respondendo por outro crime ou contravenção, o CP considera
automaticamente prorrogado o período de prova. Portanto, sobrevindo condenação, o juiz poderá revogar o
sursis. (Nucci)

Crimes Hediondos A lei de crimes hediondos não veda a suspensão condicional da pena aos crimes
hediondos e equiparados. Cabe ao juiz avaliar, no caso concreto, se o réu preenche os
requisitos objetivos e subjetivos. Há precedentes no STF e STJ nesse sentido.
Lei de Drogas O art. 44 da LD proíbe o sursis aos crimes dos arts. 33, caput e §1º, e 34 a 37 do citado
diploma.
Lei Maria da Penha É admissível a suspensão condicional da pena em se tratando de infração praticadas
contra a mulher com violência ou grave ameaça, no cenário de violência doméstica,
desde que o condenado preencha os requisitos legais.
Suspensão dos O sursis implica a suspensão dos direitos políticos, até que seja declarada a extinção da
Direitos Políticos pena pelo decurso do período de prova
Estrangeiros É admissível sursis aos estrangeiros, com fulcro no princípio constitucional da isonomia.
Sursis Sucessivos e Ocorrem sursis sucessivos quando o condenado foi beneficiado pelo instituto e, após a
Simultâneos extinção da pena pelo decurso do período de prova sem revogação, pratica um crime
culposo ou contravenção, fazendo jus novamente à suspensão condicional da pena.
Sursis simultâneo são aqueles cumpridos ao mesmo tempo.
Indultos O período de prova do sursis não pode ser considerado tempo de cumprimento de pena
para fim de preenchimento de requisito temporal do induto.
HC O HC não é meio adequado para discutir o cabimento de suspensão condicional da pena.
A análise do preenchimento dos requisitos para obtenção do benefício demanda a
dilação probatória, incompatível com o rito célere do HC. Excepcionalmente, em caso
de flagrante ilegalidade ou abuso de poder, constatáveis sem necessidade de dilação
probatória, é admitido.

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Livramento Condicional
Conceito É a antecipação da liberdade do condenado, quando preenchidos os requisitos legais,
mediante o cumprimento de certas condições durante o período de prova.
Natureza Jurídica O LC é um benefício ao condenado que preenche os requisitos legais. Trata-se de um
direito público subjetivo, não pode ser negado ao reeducando que atende às exigências
da lei. Embora concedido durante o cumprimento da pena, não é incidente da execução
da penal, pois não está previsto na LEP.
Competência Juiz da Execução

Requisitos – art. 83 do CP
Objetivos Subjetivos
 Pena privativa de liberdade igual ou superior a  Bom comportamento durante a execução da pena;
2 anos;  Bom desempenho no trabalho que lhe foi atribuído;
 Cumprimento da Pena:  Aptidão para prover à própria subsistência mediante
Para crimes não hediondos: trabalho honesto;
a) Mais de 1/3 da pena, se não for reincidente  Se o condenado por crime doloso cometido com
em crime doloso e tiver bons violência ou grave ameaça à pessoa, exige-se a
antecedentes. constatação de condições pessoais que façam presumir
b) Mais de ½ da pena, se for reincidente em que o liberado não voltará a delinquir.
crime doloso.  Condenado por integrar organização criminosa ou por
Para crimes hediondos e equiparados crime praticado por meio de organização criminosa
(tortura, tráfico de drogas e terrorismo), bem (requisito específico) – inexistirem elementos
como o tráfico de pessoas: probatórios que indiquem a manutenção do vínculo
c) Mais de 2/3 da pena, se o apenado não for associativo.
reincidente específico em crime dessa
natureza (segundo entendimento
majoritário, “reincidência específica em
crime dessa natureza” é a prática de novo
crime hediondo ou equiparado).
Obs: se o condenado for primário, mas
tiver maus antecedentes, prevalece ser

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aplicável o lapso mais favorável (1/3). O
mesmo vale quando o condenado é
reincidente em crime culposo.
Obs: a prática de falta grave não
interrompe o prazo para obtenção do
livramento condicional (súmula 441 do
STJ).

 Reparação do dano causado pela infração,


salvo a impossibilidade de fazê-lo;
 Não cometimento de falta grave nos últimos
12 meses;
 Não ter sido condenado por crime hediondo
ou equiparado com resultado morte.

Condições do Livramento Condicional


Obrigatórias ou Legais Facultativas ou Judiciais
 Obter ocupação lícita, dentro do prazo  Não mudar de residência sem comunicação ao juiz e à
razoável se for apto para o trabalho. autoridade incumbida da observação cautelar e de
 Comunicar periodicamente ao juiz sua proteção.
ocupação.  Recolher-se à habitação em hora fixada.
 Não mudar do território da comarco do juízo  Não frequentar determinados lugares.
da execução, sem prévia autorização deste.

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Início e Execução
 Poderá ser concedido mediante requerimento do sentenciado, do seu cônjuge ou de parente em linha reta,
ou por proposta do diretor do estabelecimento penal, ou por iniciativa do Conselho Penitenciário. O pedido
não precisa ser subscrito por advogado.
 É competente para concedê-lo o juiz da execução, após oitiva do MP. Prevalece não mais ser necessário
parecer do Conselho Penitenciário.
 A decisão que concede ou denega o LC comporta agravo de execução.
 Deferido o benefício, será expedida a carta de LC com cópia integral da sentença em duas vias, remetendo-
se uma à autoridade administrativa incumbida da execução e outra ao Conselho Penitenciário.
 A audiência admonitória do LC, consiste em cerimônia solene, será realizada no estabelecimento onde será
cumprida a pena. A partir da cerimônia de livramento, e desde que o condenado aceite as condições
impostas, terá início o período de prova.

Revogação Causa Consequências


Obrigatória Condenação irrecorrível a pena privativa  Não se computa como pena cumprida o
de liberdade por crime cometido durante período de prova.
a vigência do benefício (quebra da  Não poderá ser concedido novo LC em relação
confiança estatal). à mesma pena.
 Vedada a soma do restante da pena aplicada à
nova pena, para concessão de novo livramento.
Obrigatória Condenação irrecorrível a pena privativa  Computa-se o período de prova como pena
de liberdade por crime anterior à vigência cumprida.
do benefício (sem quebra de confiança  Poderá ser concedido novo livramento em
estatal) relação à mesma pena.
 Permitida a soma do restante da pena aplicada
à nova pena, para concessão de novo
livramento.

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Facultativa Descumprimento de qualquer das  Não se computa como pena cumprida o
obrigações constantes da decisão período de prova.
concessiva de LC (quebra de confiança  Não poderá ser concedido novo LC em relação
estatal) à mesma pena.

Facultativa Condenação irrecorrível a pena não  Não se computa como pena cumprida o
privativa de liberdade, por crime ou período de prova.
contravenção cometido durante a  Não poderá ser concedido novo LC em relação
vigência do benefício (quebra da à mesma pena.
confiança estatal)  Vedada a soma do restante da pena aplicada à
nova pena, para concessão de novo livramento.
Facultativa Condenação irrecorrível a pena não  Computa-se o período de prova como pena
privativa de liberdade, por crime ou cumprida
contravenção anterior à vigência do  Poderá ser concedido novo livramento em
benefício (sem quebra da confiança relação à mesma pena
estatal)  Permitida a soma do restante da pena aplicada
à nova pena, para concessão de novo
livramento

Prorrogação do Período de Prova


Requisitos  Prática de crime
 Durante a vigência do LC
Implementação  Prevalece na doutrina que é automática
 Os Tribunais Superiores têm entendido que depende de decisão judicial ( súmula
617 STJ)
Decisão definitiva no  Absolvição: o tempo de liberdade condicional é computado na pena. Logo, escoado
processo que ensejou o período de prova, está extinta a pena privativa de liberdade.
a prorrogação  Condenação a pena privativa de liberdade: a revogação do livramento condicional
é obrigatória.
 Condenação a pena diversa da privativa de liberdade: a revogação do LC é
facultativa.

Extinção da Pena
Decorrido o período de prova sem revogação do LC, considera-se extinta a pena privativa de liberdade. Trata-se
de sentença meramente declaratória, com eficácia retroativa à data que se encerrou o período de prova.
Extingue-se a punibilidade com o término do período de prova sem revogação, e não com a decisão judicial, que
se limita a reconhecer o fim da sanção penal. Antes de decretar extinta a punibilidade, dever ser ouvido o MP.

Efeitos da Condenação
 A condenação criminal produz diversas consequências, tanto em âmbito penal, quanto em outras esferas.
Esses efeitos da condenação têm por pressuposto a existência de uma sentença penal condenatória
transitada em julgado.
 Efeitos Penais:
Principal: Imposição de pena
Secundários: demais consequências na esfera penal (caracterização de maus antecedentes e reincidência,
revogação dos benefícios como sursis e livramento condicional, etc)

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Efeitos Extrapenais  Tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime.
Genéricos (art.91 do CP)  Perda em favor da União, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-
Automáticos (o juiz não fé:
precisa mencioná-los) e a) Dos instrumentos do crime, desde que consistam em coisas cujo fabrico,
valem genericamente alienação, uso, porte ou detenção constitua fato ilícito.
para todos os delitos b) Dos instrumentos do crime desde que consistam em coisas cujo fabrico,
alienação, uso, porte ou detenção constitua fato ilícito.
c) Do produto do crime ou de qualquer bem ou valor que constitua proveito
auferido pelo agente com a prática do fato criminoso.

Efeitos Extrapenais  Perda, como produto ou proveito do crime, dos bens correspondentes à
Específicos (art. 91-A do diferença entre o valor do patrimônio do condenado e aquele que seja
CP, inserido pela Lei compatível com o seu rendimento lícito (confisco alargado ou ampliado):
13.964/2019)  Requisito: condenação por infrações às quais a lei comine pena máxima
Não automáticos superior a 6 anos de reclusão.
( precisam ser  Para fins de confisco, entende-se por patrimônio do condenado todos os
motivadamente bens: I - de sua titularidade, ou em relação aos quais ele tenha o domínio e o
declarados na sentença) e benefício direto ou indireto, na data da infração penal ou recebidos
valem para delitos posteriormente; e II - transferidos a terceiros a título gratuito ou mediante
específicos contraprestação irrisória, a partir do início da atividade criminal.
 O confisco deverá ser requerido expressamente pelo Ministério Público, por
ocasião do oferecimento da denúncia, com indicação da diferença apurada.
 O acusado poderá demonstrar a inexistência da incompatibilidade ou da
procedência lícita do patrimônio.
 Na sentença condenatória, o juiz deve declarar o valor da diferença apurada
e especificar os bens cuja perda for decretada.

 Perda dos instrumentos utilizados para a prática de crimes por organizações


criminosas ou milícias
 Os instrumentos utilizados para a prática de crimes por organizações
criminosas e milícias deverão ser declarados perdidos em favor da União ou
do Estado, dependendo da Justiça onde tramita a ação penal, ainda que não
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ponham em perigo a segurança das pessoas, a moral ou a ordem pública, nem
ofereçam sério risco de ser utilizados para o cometimento de novos crimes.

Aprofundamento para prova discursiva - Confisco Alargado ou Perda Alargada – Pacote Anticrime art. 91-A
 Sabemos que toda prolação de sentença condenatória gera determinados efeitos – há consequências penas
e extrapenais. As penais são, principalmente, o cumprimento da pena imposta; em segundo plano, os efeitos
gerados para fim de reincidência, sustação do livramento condicional ou do sursis etc. Há os efeitos
extrapenais, que atingem outras esferas do direito. Podem ser genéricos e automáticos ou específicos e não
automáticos.

 Efeitos extrapenais genéricos e automáticos: constando ou não da sentença condenatória, mas em virtude
dessa decisão, o Estado pode confiscar os instrumentos ilícitos usados para o crime, bem como o produto e
o proveito do delito. Além disso, torna certa a obrigação do réu de reparar o dano à vítima.

 Efeitos extrapenais específicos e não automáticos: para produzirem efeito, devem constar expressamente na
sentença condenatória. O agente, quando funcionário público, pode perder o cargo, função, emprego ou
mandato eletivo para crimes funcionais, cuja pena mínima seja de um ano e para qualquer crime cuja pena

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exceda quatro anos. Pode o condenado perder o poder familiar, a tutela ou a curatela, em crimes cometidos
contra o filho, a filha, outro descendente, tutelado ou curatelado, desde que a pena seja de reclusão.
Finalmente, pode perder o direito de dirigir veículo, caso este seja usado para a prática dolosa do delito.

 De forma que a perda ou confisco é um efeito extrapenal da condenação passamos a estuda-lo. Os termos
perda e confisco, no presente artigo são utilizados como sinônimos.

 É importante destacar que a perda alargada (confisco alargado) foi reconhecida pelo artigo 91-A, do CP, - ela
amplia o raio de atuação estatal. Nesse sentido estabelece o art. 91-A: "Na hipótese de condenação por
infrações às quais a lei comine pena máxima superior a 6 (seis) anos de reclusão, poderá ser decretada a
perda, como produto ou proveito do crime, dos bens correspondentes à diferença entre o valor do
patrimônio do condenado e aquele que seja compatível com o seu rendimento lícito."

 O art. 91-A introduziu no sistema criminal brasileiro a figura do confisco alargado de bens do criminoso, já
adotado em diversos países tais como Portugal, Alemanha e Espanha.

 Trata-se de perdimento de bens cujos valores sejam o resultado da diferença entre o patrimônio
comprovadamente lícito ou oriundo de fontes legítimas do agente e o patrimônio total do condenado,
estejam os bens ou valores registrados em seu nome ou nome de terceiro.

 O legislador infraconstitucional ampliou o raio de atuação do confisco sendo passíveis de confisco de "todos
aqueles (bens) que se revelarem incongruente com os rendimentos lícitos do réu e que sejam
presumivelmente decorrentes de outros crimes.

 O objetivo do legislador infraconstitucional tem como objetivos, além é claro evitar o enriquecimento ilícito
e demonstrar à sociedade, por meio da prevenção geral e especial, que o crime não compensa e
principalmente aprimorar o combate a criminalidade economicamente organizada principalmente as facções
criminosas.

 Requisitos necessários para serem observados sobre a perda alargada:

(1) Pena máxima cominada ao delito seja superior a 6 anos de reclusão.


(2) Que exista uma diferença entre o valor do patrimônio do condenado e o de seus rendimentos lícitos.
(3) A perda recai sobre os bens de titularidade ou domínio do condenado na data da infração penal ou
recebidos posteriormente e bens transferidos a terceiros a partir do início da atividade criminal.
(4) Expressa manifestação do MP requerendo a perda na ocasião do oferecimento da denúncia, com
indicação da diferença apurada.

 A perda alargada, conforme já dito, veio sobretudo para ajudar o estado a combater a criminalidade
organizada, especialmente no que diz respeito ao § 5º do art. 91-A

 § 5º "Os instrumentos utilizados para a prática de crimes por organizações criminosas e milícias deverão ser
declarados perdidos em favor da União ou do Estado, dependendo da Justiça onde tramita a ação penal,
ainda que não ponham em perigo a segurança das pessoas, a moral ou a ordem pública, nem ofereçam sério
risco de ser utilizados para o cometimento de novos crimes.

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Efeitos Extrapenais Art. 92 - São também efeitos da condenação:
Específicos (art. 92 do CP) I - a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo, nos crimes praticados com
Não automáticos abuso de poder ou violação de dever para com a Administração Pública quando a
(precisam ser pena aplicada for superior a quatro anos;
motivadamente I - a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo:
declarados na sentença) e a) quando aplicada pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a um
valem para delitos ano, nos crimes praticados com abuso de poder ou violação de dever para com a
específicos Administração Pública;
b) quando for aplicada pena privativa de liberdade por tempo superior a 4
(quatro) anos nos demais casos.
II - a incapacidade para o exercício do pátrio poder, tutela ou curatela, nos crimes
dolosos, sujeitos à pena de reclusão, cometidos contra filho, tutelado ou
curatelado;
III - a inabilitação para dirigir veículo, quando utilizado como meio para a prática
de crime doloso. (crime doloso e utilização do veículo como meio para sua prática)

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Sistemas de Aplicação da Pena para Concurso de Crimes

Crime Continuado Genérico/Simples – art. 71 Crime Continuado Específico/Qualificado (art. 71,


caput PÚ)
Requisitos: Requisitos:
 Pluralidade de condutas.  Pluralidade de condutas.
 Pluralidade de crimes da mesma espécie:  Pluralidade de crimes da mesma espécie: crimes
crimes previstos no mesmo tipo, protegendo previstos no mesmo tipo, protegendo igual bem
igual bem jurídico. jurídico.
 Elo de continuidade:  Elo de continuidade:
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 Mesmas condições de tempo: em regra, a  Crimes dolosos
jurisprudência entende que não pode  Contra vítimas diferentes
decorrer prazo superior a 30 dias.  Cometidos com violência ou grave ameaça
 Mesmas condições de lugar: os crimes
parcelares devem ser praticados na mesma
comarca ou em comarcas vizinhas.
 Mesmas maneiras de execução: mesmo
“modus operandi”.
 Outras circunstâncias semelhantes.

Aplica-se o sistema da exasperação da pena Aplica-se o sistema da exasperação (aumento de 1/6


(aumento de 1/6 a 2/3). Quanto mais crimes, a 3x). Obs: deve-se observar o acúmulo material
mais o aumento se aproxima de 2/3. benéfico, ou seja, o sistema de exasperação não
pode ser mais rigoroso que o cúmulo material.

Atenção: Não deixe de estudar as jurisprudências em teses do STJ sobre essa temática!

Concurso de Crimes
Espécies Requisitos Sistema Pena
Concurso Material 2 ou + condutas; Cúmulo material Penas somadas
2 ou + resultados
Concurso Formal 1 conduta; Exasperação Aumento de 1/6 até
Próprio 2 ou + resultados 1/2
Concurso Formal 1 conduta; Cúmulo material Penas somadas
Impróprio 2 ou + resultados;
Desígnios autônomos
Concurso Continuado 2 ou + condutas; Exasperação Aumento de 1/6 até
Genérico 2 ou + resultados; 2/3
continuidade
Concurso Continuado 2 ou + condutas; Exasperação Aumento de 1/6 até o
Específico 2 ou + resultados; triplo
Continuidade;
Crimes dolosos;
vítimas diferentes;

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violência ou grave
ameaça à pessoa

Reabilitação
 Finalidades: (1) Assegurar ao condenado o sigilo dos registros sobre o processo e condenação; (2) suspender
os efeitos extrapenais específicos da condenação (art.92 do CP)
 Requisitos:
 Decurso do prazo de 2 anos, contados do dia em que for extinta a pena ou terminar sua execução,
computando-se o período de prova da suspensão e do livramento condicional, se não sobrevier a revogação
 Domicílio do condenado no país, no prazo referido (2 anos).
 Demonstração efetiva e constante de bom comportamento público e privado do condenado, durante
esse tempo
 Ressarcimento do dano causado pelo crime ou demonstração absoluta impossibilidade de fazê-lo, até o
dia do pedido, ou comprovação de renúncia da vítima ou novação da dívida.
 O pedido de reabilitação pode ser feito apenas pelo condenado, assistido por advogado. Não pode ser
pleiteado por herdeiros ou sucessores.
 O pedido de reabilitação deve ser feito ao juiz da condenação.
 Reiteração do pedido: se negada, pode ser novamente requerida a qualquer tempo, desde que o pedido seja
instruído com novos elementos probatórios dos requisitos necessários.
 Recurso: contra decisão que concede ou nega reabilitação cabe apelação.
 A reabilitação pode ser revogada de ofício ou a requerimento do MP, se o reabilitado for condenado, como
reincidente, por decisão definitiva, a pena que não seja de multa
 Várias condenações: o pedido de reabilitação deve abranger todas. Somente poderá ser feito quando
decorrido o prazo de 2 anos de cumprimento da última delas.

Medidas de Segurança
Medida de segurança é a espécie de sanção penal, de caráter terapêutico, aplicável aos inimputáveis e semi-
imputáveis dotados de periculosidade, buscando evitar que voltem a praticar fatos previstos como infração
penal.

Definição Periculosidade Consequência


Inimputável Por doença mental ou Presumida (ou ficta) Absolvição imprópria
desenvolvimento mental (medida de segurança)
incompleto ou retardado, era,
ao tempo da ação ou omissão,
inteiramente incapaz de
entender o caráter ilícito do
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fato ou de determinar-se de
acordo com esse
entendimento.
Semi-Imputável Por perturbação de saúde Real (precisa ser Condenação ( pena
(art. 26, PÚ) mental ou por comprovada) diminuída de 1/3 a 2/3 ou
desenvolvimento mental substituída por medida de
incompleto ou retardado não segurança)
era integralmente capaz de
entender o caráter ilícito do
fato ou de determinar-se de
acordo com esse
entendimento.

Espécies de Medidas de Segurança


Detentiva Restritiva
Internação em hospital de custódia e tratamento Tratamento ambulatorial.
psiquiátrico ou, à falta, em outro estabelecimento Aplica-se se o fato for punível com reclusão ou
adequado. Aplicado se o fato for punível com detenção.
reclusão.

- Na aplicação do art. 97 do CP não deve ser considerada a natureza da pena privativa de liberdade aplicável,
mas sim a periculosidade do agente, cabendo ao julgador a faculdade de optar pelo tratamento que melhor
se adapte ao inimputável.
Segundo o art. 97 do CP:
Art. 97. Se o agente for inimputável, o juiz determinará sua internação (art. 26). Se, todavia, o fato previsto
como crime for punível com detenção, poderá o juiz submetê-lo a tratamento ambulatorial.
Assim, se fosse adotada a redação literal do art. 97 teríamos o seguinte cenário:
• Se o agente praticou fato punido com RECLUSÃO, ele receberá, obrigatoriamente, a medida de internação.
• Por outro lado, se o agente praticou fato punido com DETENÇÃO, o juiz, com base na periculosidade do
agente, poderá submetê-lo à medida de internação ou tratamento ambulatorial.
O STJ, contudo, abrandou a regra legal e construiu a tese de que o art. 97 do CP não deve ser aplicado de
forma isolada, devendo analisar também qual é a medida de segurança que melhor se ajusta à natureza do
tratamento de que necessita o inimputável.
Em outras palavras, o STJ afirmou o seguinte: mesmo que o inimputável tenha praticado um fato previsto
como crime punível com reclusão, ainda assim será possível submetê-lo a tratamento ambulatorial (não
precisando ser internação), desde que fique demonstrado que essa é a medida de segurança que melhor se
ajusta ao caso concreto.
À luz dos princípios da adequação, da razoabilidade e da proporcionalidade, na fixação da espécie de medida
de segurança a ser aplicada não deve ser considerada a natureza da pena privativa de liberdade aplicável, mas
sim a periculosidade do agente, cabendo ao julgador a faculdade de optar pelo tratamento que melhor se
adapte ao inimputável. Desse modo, mesmo em se tratando de delito punível com reclusão, é facultado ao
magistrado a escolha do tratamento mais adequado ao inimputável.
STJ. 3ª Seção. EREsp 998.128-MG, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 27/11/2019 (Info 662)

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Duração da Medida de Segurança
Prazo Mínimo Prazo Máximo
1 a 3 anos (alcançado esse prazo, é feito exame de STF: 40 anos
cessação da periculosidade) STJ: Máximo da pena abstratamente cominada ao
delito praticado.

Detração em medida de segurança Opera-se em relação ao prazo mínimo de internação ou tratamento


ambulatorial (1 a 3 anos), de modo a antecipar a realização do
exame de cessação de periculosidade.
Conversão do tratamento Em qualquer fase do tratamento ambulatorial, poderá o juiz
ambulatorial em internação determinar a internação do agente, se essa providência for
necessária para fins curativos. O prazo mínimo da internação será de
1 ano.
Desinternação progressiva Embora sem previsão legal, admite-se a desinternação progressiva
do agente, quando constatada melhora do seu quadro clínico. Pode
substituir a internação por semi-internação, desinternação
condicionada ou tratamento ambulatorial.

Quadro Comparativo – Anistia, Graça e Indulto #DizeroDireito


ANISTIA GRAÇA INDULTO
(ou indulto individual) (ou indulto coletivo)
É um benefício concedido pelo Congresso Nacional, Concedidos por Decreto do Presidente da República.
com a sanção do Presidente da República (art. 48,
VIII, CF/88) por meio do qual se “perdoa” a prática Indulto é o perdão da pena, com a sua consequente
de um fato criminoso. extinção.
Normalmente incide sobre crimes políticos, mas
também pode abranger outras espécies de delito. Apagam o efeito executório da condenação.

A atribuição para conceder pode ser delegada ao(s):


• Procurador Geral da República
• Advogado Geral da União
• Ministros de Estado
É concedida por meio de uma lei federal ordinária. Concedidos por meio de um Decreto.
Pode ser concedida: Tradicionalmente, a doutrina afirma que tais benefícios só
• antes do trânsito em julgado (anistia própria) podem ser concedidos após o trânsito em julgado da
• depois do trânsito em julgado (anistia imprópria) condenação. Esse entendimento, no entanto, está cada dia
mais superado, considerando que o indulto natalino, por
exemplo, permite que seja concedido o benefício desde que
tenha havido o trânsito em julgado para a acusação ou
quando o MP recorreu, mas não para agravar a pena imposta
(art. 5º, I e II, do Decreto 7.873/2012).
Classificação: Classificação
a) Propriamente dita: quando concedida antes da a) Pleno: quando extingue totalmente a pena.
condenação. b) Parcial: quando somente diminui ou substitui a pena
b) Impropriamente dita: quando concedida após a (comutação).
condenação.
a) Incondicionado: quando não impõe qualquer condição.
a) Irrestrita: quando atinge indistintamente todos b) Condicionado: quando impõe condição para sua
os autores do fato punível. concessão.
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b) Restrita: quando exige condição pessoal do autor
do fato punível. Ex: exige primariedade. a) Restrito: exige condições pessoais do agente. Ex: exige
primariedade.
a) Incondicionada: não se exige condição para a sua b) Irrestrito: quando não exige condições pessoais do agente.
concessão.
b) Condicionada: exige-se condição para a sua
concessão. Ex: reparação do dano.

a) Comum: atinge crimes comuns.


b)Especial: atinge crimes políticos.
Extingue os efeitos penais (principais e Só extinguem o efeito principal do crime (a pena).
secundários) do crime.

Os efeitos de natureza civil permanecem íntegros. Os efeitos penais secundários e os efeitos de natureza civil
permanecem íntegros.
O réu condenado que foi anistiado, se cometer O réu condenado que foi beneficiado por graça ou indulto se
novo crime não será reincidente. cometer novo crime será reincidente.
É um benefício coletivo que, por referir-se somente É um benefício individual É um benefício coletivo (sem
a fatos, atinge apenas os que o cometeram. (com destinatário certo). destinatário certo).
Depende de pedido do É concedido de ofício (não
sentenciado. depende de provocação).

Saidão (saídas temporárias) Indulto

Previsão jurídica Lei de Execução Penal (Lei nº Constituição Federal, artigo 84, XII
7.210/84)
Regulamento Regulado por Portaria da Vara de Regulado por Decreto Presidencial, editado
Execuções Penais. anualmente.
Duração O sentenciado deve retornar ao A pena é extinta.
estabelecimento prisional no prazo
estabelecido na Portaria.
Objetivos Reinserção e ressocialização do Perdão e extinção da pena.
apenado.
Requisitos Cumprir pena em regime Condenado ser paraplégico, tetraplégico ou
semiaberto, com autorização para portador de cegueira total (desde que não
saídas temporárias; aos que anteriores à prática do delito); Ser
realizam trabalho externo, sendo acometido, cumulativamente, de doença
necessário que já tenham usufruído grave e permanente, apresentando
de pelo menos uma saída especial incapacidade severa, com grave limitação de
nos 12 meses antecedentes. atividade e restrição de participação,
passando a exigir cuidados contínuos.
Exceções Custodiados que estejam sob Condenados que cumprem pena pelos crimes
investigação, respondendo a de tortura, terrorismo, tráfico de
inquérito disciplinar ou que tenham entorpecentes e drogas afins, e os
recebido sançao disciplinar. condenados por crime hediondo (após a
edição da Lei nº 8.072/90).

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Hipóteses de Perdão Judicial
 Homicídio culposo
 Lesão corporal culposa
 Injúria
 Art. 176, PÚ
 Receptação Culposa
 Apropriação indébita previdenciária
 Parto suposto. Supressão ou alteração de direito inerente ao estado civil de recém-nascido.
 Subtração de incapazes
 Sonegação de contribuição previdenciária
 Também há hipóteses de perdão judicial na legislação especial.

Extinção da Punibilidade
Punibilidade: é a possibilidade de o Estado impor e executar a sanção penal em face de quem praticou uma
infração penal. A punibilidade não integra o crime (fato típico, antijurídico e culpável), constituindo uma
consequência jurídica.

Efeitos da Extinção da Punibilidade


Antes do trânsito em julgado da condenação Depois do trânsito em julgado da condenação
 Extinção da pretensão punitiva (direito de aplicar  Extinção da pretensão executória (direito de executar a
a sanção penal); Exs: prescrição da pretensão sanção penal). Ex: prescrição da pretensão executória,
punitiva, decadência, perempção, renúncia ao término do período de prova do sursis e do livramento
direito de queixa, perdão aceito, retratação do condicional sem revogação.
agente.  Afasta somente o efeito principal da condenação
 Não gera qualquer efeito penal ou extrapenal. (pena). Persistem os efeitos secundários (ex: gera
reincidência) e extrapenais (formação do título
executivo judicial). Exceção: abolitio criminis e anistia
afastam todos os efeitos penais, persistindo somente
os efeitos civis.

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Causas comunicáveis aos demais agentes Causas incomunicáveis aos demais agentes
 Perdão do ofendido (comunica-se aos demais  Morte do agente
agentes, extinguindo-se a punibilidade daqueles  Perdão judicial
que o aceitarem)  Indulto, graça e anistia ( a anistia pode incluir ou excluir
 Abolitio criminis parte dos agentes)
 Decadência  Prescrição (ex: se um agente for menor de 21 anos na
 Perempção data dos fatos, apenas ele terá o prazo reduzido à
 Renúncia ao direito de queixa metade)
 Retratação (no crime de falso testemunho e falsa  Retratação do querelado na calúnia e difamação
perícia)

Prescrição
É a perda, em razão do tempo, do direito de punir do Estado (prescrição da pretensão punitiva) ou de executar
a punição já imposta (prescrição da pretensão executória)

Fundamentos (Teoria)
Esquecimento Expiação Moral Emenda do Dispersão de Psicológica
Deliquente Provas
O tempo apaga a Com o passar do O decurso do tempo A passagem do Com o decurso do
lembrança do crime da tempo, o faz com que o tempo provoca o tempo, o criminoso
mente da sociedade, não criminoso sofre criminoso mude de desaparecimento altera seu modo de
mais existindo o temor com a comportamento, das provas, ser e de pensar,
causado pela sua prática, perspectiva de presumindo-se sua dificultando a tornando-se pessoa
deixando de haver ser descoberto e regeneração e realização de um diversa da que
sentido em punir. punido, o que já tornando-se julgamento justo e praticou a infração,
funciona como desnecessária a aumentando o perdendo o sentido
aflição, pena. risco de erro a aplicação da pena.
tornando-se judiciário.
desnecessária a
aplicação da
pena.

Natureza Jurídica Tem natureza penal e é matéria de ordem pública, podendo ser reconhecida de
ofício pelo juiz em qualquer fase do processo.

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Prescrição da Pretensão Punitiva em Abstrato ou Propriamente Dita
É a modalidade de prescrição da pretensão punitiva calculada com base na pena máxima em abstrato
prevista para a infração penal.

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Tabela dos Prazos Prescricionais
Pena Privativa de Prazo Prescricional
liberdade
Inferior a 1 ano 3 anos
Igual ou + de 1 ano até 2 4 anos
anos
Mais de 2 anos até 4 anos 8 anos
Mais de 4 anos até 8 anos 12 anos
Mais de 8 anos até 12 16 anos
anos
Mais de 12 anos 20 anos
 Nos termos do art. 115 do CP, os prazos prescricionais (tanto da prescrição da pretensão punitiva, quanto
da prescrição da pretensão executória) são redudizdos de metade se o agente é: a) menor de 21 anos de
idade na data do fato; b) maior de 70 anos da data da sentença.

Qualificadoras e Mudam a baliza legislativa sancionatória. São consideradas para encontrar a


Privilegiadoras pena máxima.
Cauasas de aumento e Podem elevar a pena cominada acima do máximo ou reduzí-la abaixo do
diminuição (3ª fase de mínimo.
dosimetria da pena)
Agravantes e Atenuantes Não podem elevar a pena cominada acima do máximo, nem reduzi-lo abaixo
(2ª fase de dosimetria da do mínimo.
pena) Obs: menoridade relativa e senelidade reduzem a metade o prazo da
prescrição da pretensão punitiva e executória.
Obs: reincidência aumenta em 1/3 o prazo da prescrição da pretensão
executória.
Circunstâncias Judiciais Não podm elevar a pena cominada acima do máximo, nem reduzi-la abaixo do
(1ª fase da dosemtria da mínimo. Não são consideradas para encontrar a pena máxima.
pena)

Hipótese Termo inicial da prescrição da pretensão punitiva


Crime consumado Dia em que o crime se consumou
Tentativa Dia em que cessou a atividade criminosa
Crime permanente Dia em que cessou a permanência
Crime habitual Data do último fato que constitui o fato típico
Bigamia e falsificação ou Data em que o ato se tornou conhecido
alteração de assentamento do
registro civil
Crimes contra a dignidade sexual Data em que a vítima completar 18 anos, salvo se a esse tempo já
houver sido proposta a ação penal
Lei das Falências Dia da decretação da falência, da concessão da recuperação judicial ou
da homologação do plano de recuperação extrajudicial.

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Causas Interruptivas da Prescrição da Pretensão Causas Impeditivas da Prescrição da Pretensão
Punitiva Punitiva
 Recebimento da denúncia ou da queixa  Enquanto não resolvida, em outro processo,
 Pela pronúncia questão de que dependa o reconhecimento da
 Decisão confirmatória da pronúncia existência do crime.
 Publicação da sentença ou acórdão  Enquanto o agente cumpre pena no exterior.
condenatórios recorríveis  Na pendencia de embargos ou de recursos aos
 Obs: A interrupção da prescrição produz efeitos tribunais superiores, quando inadmissíveis
relativamente a todos os autores do crime. Nos  Enquanto não cumprido ou não rescindido o
crimes conexos, que seja objeto do mesmo acordo de não persecução penal.
processo, estende-se aos demais a interrupção
relativa a qualquer deles

Prescrição da Pretensão Punitiva Retroativa Prescrição da Pretensão Punitiva Superveniente,


Intercorremte ou Subsequente
Opera-se “para trás”: entre a publicação da Opera-se “para frente”: entre a publicação da sentença
sentença condenatória ou acórdão condenatório condenatória ou acórdão condenatório recorríveis e
recorríveis e momentos anteriores. Cuidado! seu trânsito em julgado para ambas as partes.
Inaplicável entre a data do fato e do recebimento
da denúncia ou da queixa.
Pressupostos: Pressupostos:
a) Sentença ou acórdão condenatório a) Sentença ou acórdão condenatório recorrível
recorrível b) Trânsito em julgado para acusaçao no tocante à
b) Trânsito em julgado para acusaçao no pena imposta.
tocante à pena imposta.
Regulamentado pela pena concreta Regulamentado pela pena concreta
Prazos Prescricionais Prazos Prescricionais
São os mesmos do art. 109 do CP São os mesmos do art. 109 do CP
Termo inicial Termo inicial
Começa a correr da publicaçao da sentença ou do Começa a correr da publicaçao da sentença ou do
acórdão condenatório recorrível (desde que haja acórdão condenatório recorrível (desde que haja
trânsito para acusaçao no tocante à pena trânsito para acusaçao no tocante à pena imposta)
imposta)

Prescrição da Pretensão Executória


Conceito: Perda, em razão do decurso do tempo, do direito de executar uma pena já imposta. Essa
modalidade de prescrição é calculada com base na pena concreta, isto é, fixada na sentença e no acórdão
condenatório com trânsito em julgado.

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Pressuposto: a prescrição da pretensão executória pressupõe o trânsito em julgado da condenaçao para
ambas as partes. Esse é o marco divisório entre a prescriçao da pretensão punitiva e a prescrição da
pretensao executória.
Prazos Prescricionais: São os mesmo do art. 109 do CP, mas aumentados de 1/3 se o acusado for reincidente.
Esse aumento é aplicável somente na prescriçao da pretensão executória (súmula 220 STJ).
Na hipótese de o réu se evadir ou de se revogar o LC, a prescrição é regulada pelo tempo que restar a
pena.

Prescrição e  A extinção da punibilidade incidirá sobre a pena de cada um, isoladamente.


concursos de  No concurso material e no concurso formal impróprio, deve-se analisar a pena de cada
crimes um dos delitos praticaods, sem considerar a soma decorrente do cúmulo material; no
cocnurso formal próprio e no criem continuado, calcula-se a prescrição de cada delito,
desprezando-se o aumento de pena da exespareção.
Prescrição das  No CP, as penas restritivas de direito são substitutivas às penas restritivas de liberdade.
penas O parâmetro da prescrição é a pena privativa de liberdade que ensejou a substituição.
restritivas de
direito
Prescrição da  A prescrição da pena de multa poderá ocorrer: (1) em 2 anos, quando a multa for a
pena de única cominada ou aplicada; (2) no mesmo prazo estabelecido para prescrição da pena
multa privativa de liberdade, quando a multa for alternativa ou cumulativamente cominada
ou cumulativamente aplicada.
Prescrição e  Semi-imputável: a prescrição da pretensão punitiva em abstrato é regulada pela pena
medida de máxima cominada; as demais modalidadades de prescriçaõ são regulada pela pena
segurança concreta imposta ao agente da sentença condenatória em que operada a subistuição.
 Inimputável: temos 3 correntes – (1) tanto pela prescrição da pretensão punitiva quanto
a precriçaõ da pretensão executória são reguladas pela pena máxima abastraemnte
prevista para o delito (1ª Turma di STF e STJ); (2) a prescriçao da pretensão punitiva é
regulada pela pena máxima cominada ao delito. A prescrição da pretensão executória
é calculada com base na duração máxima da medida de segurança, que seria 40 anos
(2ª turma do STF); (3) a prescriçao da pretensão punitva é regulada pela pena máxima
cominada ao delito. Não é admissível a prescrição da pretensão executória, pois não há
pena em concreto.

Prescriçaõ e  Prescrição da pretensão punitiva: a detração não é levada em consideração.


detração  Prescrição da pretensão executória: a doutrina tem se inclinado no sentido de que a
detraçao deve ser considerada no cômputo do prazo prescrional, aplicando o art. 113
do CP. Contudo, prevalece na jurisprudência a impossibilidade (STF e STJ).
Lei de drogas  O art. 28 da lei de Drogas tipifica conduta relacionadas ao consumo pessoal de drogas
e comina penas diversas da prisão. O art. 30 da citada lei estabelece que a imposiçao e
a execuçao dessas penas prescrevem em 2 anos, observado, no tocante à interrupção
do prazo.
Falta grave e  A LEP não prevê prazo prescrional da falta disciplinar decorrente da prática de falta
prescrição da grave. Existem duas correntes: (1) aplica-se o prazo de 2 anos – aplica-se o prazo
falta prescricional da pena de multa, que é o menor prazo de prescrição previsto na lei penal;
disciplinar (2) 3 anos: é o menor prazo prescricional da pena privativa de liberdade previsto na lei
(execução penal. Se o fato ocorreu antes da vigência da lei 12.234/10 (modificou o art. 109,VI, do
penal) CP), o prazo é de 2 anos. É a posição majoritária (STF e STJ).
ECA  A prescrição é aplicável em se tratando de medida sociooeducativa. É o teOr da súmula
338 do STJ.
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