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FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANIDADES

CURSO DE DIREITO
DIREITO ADMINISTRATIVO II

* PERÍODO LABORAL

EXAME II SEMESTRE 23/11/2016

Atente às seguintes hipóteses e responda, fundamentadamente, com base na lei e no Direito


as questões que se seguem:

1. No dia 11/11/2016, dirigiu-se ao armazém da empresa Cascas, Lda., uma brigada


inspectiva do Trabalho, tendo, entre outros documentos, exigido a apresentação dos
contratos dos trabalhadores, horário de trabalho e relação nominal, o que foi apresentado.
Para o espanto do seu Director, no dia 14/11/2016, foi-lhe apresentado uma multa no
valor de 25.500,00 MT, alegadamente por falta de horário de trabalho. A empresa Cascas,
Lda. veio ter consigo para saber o que pode fazer e como. Quid iuris? 5v
R/. Era exigível ao estudante:
1. Configurar a relação estabelecida como sendo jurídica-administrativa e referir-se à
apresentação da multa como sendo um acto de notificação de decisão administrativa,
nos termos do art. 71/b) e 75/1, ambos da Lei n.º 14/2011, de 10 de Agosto (LPA);
1,5
2. A actuação da AP, no presente caso, viola o princípio da legalidade previsto, no art. 4
da LPA, na medida em que, conforme a hipótese, tendo sido apresentados os
documentos exigidos, não se justifica a aplicação da multa; 1,5
3. De entre as garantias dos administrados, escolher a que melhor se ajusta ao caso, que
é a reclamação ao autor do acto, nos termos dos arts. 18/1/b), 153/2/a) e 157 e ss. da
LPA, que permite impugnar o acto contra o próprio autor do acto, no prazo de 15 dias
após o conhecimento do acto administrativo. 2,0
2. No dia 23/11/2016, hoje, está a realizar-se um exame de Retórica Jurídica e Tomás, um
estudante de pós-laboral, que também frequenta o 2.º ano do curso, tem coincidência de
exames, mais logo. No entanto, para evitar a coincidência, tinha remetido um pedido ao
Director da Faculdade, no dia 20/11/2016, em que o calendário foi publicado. Até, hoje,
não obteve qualquer despacho do seu pedido. Perplexo, esta manhã, pergunta-lhe se pode
realizar o exame, mesmo não tendo o despacho de autorização. Quid iuris? 5v
R/. Era exigível ao estudante:
1. Configurar a relação estabelecida como sendo jurídica-administrativa e referir que a
remessa do requerimento ao Director, consubstancia, nos termos do art. 61 e 80 da
LPA, um procedimento de iniciativa particular; 1,5
2. Referir que, nos termos dos arts. 104 e 105 da LPA, o procedimento administrativo
extingue-se, entre outras, formas com a tomada da decisão final expressa; 1,5
3. Concluir que a a pendência do procedimento e a falta de comunicação do despacho,
nos termos do art. 106/1 e 2 da LPA, importa que Tomás não deve realizar o exame
uma vez que a ausência de decisão deve presumir-se que a sua pretensão foi
indeferida à luz do que se estabelece no art. 108 da LPA. 2,0

3. Em 2007, o Município da Beira atribuiu um espaço à Fábrica de tijolos da Beira, cujo


acesso devia ser construído pelo Município, pois deveria transpor-se uma vala de
drenagem. Não o tendo construído, a Fábrica aterrou a vala para permitir o seu acesso.
No dia 14/10/2016, o Município foi destruir o acesso sem comunicar a Fábrica, alegando
que aquele aterro impedia, desde 2007, a continuação da vala de drenagem e os esforços
do Município na solução dos problemas de saneamento da cidade. O Município podia
assim proceder? 5v
R/. Exigia-se ao estudante:
1. Configurar a relação estabelecida como sendo jurídica-administrativa e referir-se ao
facto de que a AP, na sua actuação, obedece ao princípio da legalidade, previsto no
art. 4/1 da LPA, significando com isso que se não existir lei que outorgue à AP
poderes para assim agir, não pode agir; 1,25
2. Referir-se àquela actuação da AP como uma operação material que, impedindo o
acesso ao espaço da Fábrica, limita um direito subjectivo, isto é, o de a Fábrica aceder
ao seu espaço. Ora, nos termos do art. 146/1 da LPA, a prática de uma operação
material de que resulta a limitação de direitos dos administrados deve ser precedida
de acto administrativo que a fundamente. Não tendo existido, a AP violou a lei; 1,25
3. Destacar o facto de que, nos termos do art. 147/1 da LPA, a AP deveria ter notificado
à Fábrica sobre a sua intenção de realizar aquela operação, facto que ao não verificar-
se, viola o princípio da legalidade, conforme se referiu; 1,25
4. Concluir que a AP não cumpriu a lei e, portanto, não devia proceder como agiu. 1,25

4. No dia 17/11/2016, o Hospital Central da Beira, adjudicou a empresa Alimentos da Beira,


Lda. para fornecimento de hortícolas com recurso a um acto administrativo que tinha
deferido a produção dos seus efeitos para 17/01/2017. Quid iuris? 5v
R/. Era exigível ao estudante:
1. Configurar a relação estabelecida como sendo jurídica-administrativa e referir que na
contratação pública, a AP obedece, entre outros, o princípio da legalidade, conforme
vem estabelecido no art. 3 do Dec. n.º 5/2016, de 8 de Março que regula o
procedimento de contratação pública; 1,25
2. Referir que no caso vertente, foi exarado um despacho que deferiu a sua eficácia para
17/01/2017, facto perfeitamente enquadrável, nos arts. 124/1 e 126/b) da LPA; 1,25
3. Determinar que se o acto é ineficaz, também o procedimento contratual por ele
desencadeado também é ineficaz por violação dos pressupostos legais; 1,25
4. Se, nos termos do art. 12/l), in fine conjugado com o art. 62/1 do Decreto supracitado,
a decisão de invalidade do concurso é prévia à adjudicação e esta já tinha sido
promovida, a AP invalida o concurso, nos termos dos dispositivos retromencionados,
conjugado com os arts. 4/1 e 137/1 da LPA. 1,25

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