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A FORMAÇÃO DOS PROFESSORES DE EJA

Acadêmicos1
Tutor Externo2

RESUMO
A formação dos profissionais de EJA vem sendo abordada há algum tempo, pois é notável a falta de qualificação
profissional para a atuação nesta área da educação, a EJA não é apenas um tapa-buraco da educação, a formação dos
professores para a EJA deve ser trabalhada de forma ampla, crítica e com a devida importância que o assunto merece,
durante esse artigo vamos debater sobre esse tema, mostrando pontos de vista de professores críticos que trabalham
para mudar essa realidade, uma vez que a formação dos professores da Educação de Jovens e Adultos traz consigo um
fardo histórico de que pra se alfabetizar uma pessoa basta-se que o responsável seja alfabetizado, em outras palavras,
ainda temos o conceito de que o profissional da EJA não necessita de formação superior, apenas que o mesmo saiba
ler e escrever. O nosso trabalho é baseado em pesquisas bibliográficas e os resultados foram obtidos por meio de
analise textual e reflexões a cerca dos textos estudados para o desenvolvimento do presente artigo para que possamos
perceber que sim, a formação inicial e continuada, ambas são necessárias para o desempenho do professor seja ele
atuante de qualquer área da educação e que há uma necessidade de que as politicas educacionais trabalhadas nos
municípios tenham um olhar mais atento para o seu público da EJA, os alunos não estão em busca de recuperar um
tempo que ficou para trás mas sim a procura de uma formação que possa atender as suas necessidades atuais para
desempenharem sua cidadania de forma plena e gozar dos direitos que são permitidos as pessoas alfabetizadas, como
melhores oportunidades de trabalho, melhores salários, entre outros benefícios.

Palavras-chave: Formação de professores. Educação de Jovens e Adultos. Formação Continuada.

1. INTRODUÇÃO
Em primeiro plano é necessário que entendamos que a EJA é uma estrutura que vai além da
escolarização, é algo que proporciona ao indivíduo o auxílio para que o mesmo possa vir a
desempenhar sua cidadania de forma plena, trabalhando para a inclusão social de pessoas que não
tiveram a oportunidade do acesso à educação na idade certa. A EJA foi atribuída três funções, sendo
elas: Reparadora, equalizadora e qualificadora3 (UNIASSELVI, 2013). (FIGURA 1)

1
Anna Beatriz de Araújo Bacelar Leão; Pamela Martins Lima Cezimbra; Jonathas Luna Silva; Rosimery Primavera da
Gama.
2
Mirley Teodoro do Nascimento.
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI - Curso (FLC3930PED) – Prática do Módulo VI – 04/06/2022
3
A atual configuração da EJA possui um capítulo específico na LDB, Lei nº 9.394/96 e assegurada pelo Parecer nº
11/2000 do Conselho Nacional de Educação e da Câmara de Educação Básica, que lhe atribuiu tais funções.
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FIGURA 1 - EJA

Fonte: Disponível em:


<https://www.seduc.ce.gov.br/educacao-de-jovens-e-adultos-
eja/>. Acesso em: 22/05/2022

Ao discutirmos a Educação de Jovens e Adultos é imprescindível que façamos uma abordagem


acerca da formação dos educadores da mesma. Existem diversos temas que implicam no processo
educacional de adultos, sendo alguns deles as metodologias, currículo, materiais didáticos as
particularidades da área de atuação entre outros. É possível notar que a formação de professores se
dá de forma generalizada enquanto que a formação dos professores de EJA ainda está engatinhando.

FIGURA 2 – Formação Continuada

Fonte: Disponível em: <https://educ.see.ac.gov.br/pagina/formacao-continuada-unificada.>.


Acesso em:22/05/2022
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Falar da formação do educador da EJA deveria se tornar debate constante na sociedade


educacional, pois é possível perceber a carência desses profissionais quando o assunto se trata de
formação específica para se trabalhar com alunos adultos ou com a miscigenação de idades e status
social que é possível ser encontrada em uma turma de EJA. É essa formação que vai influenciar no
aprendizado do aluno, na qualidade das aulas, na evasão ou na permanência dos alunos nas aulas.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Na fala de Paulo Freire (1987) podemos perceber que a educação de adultos ocorre de modo
que todos aprendem com todos e o mundo é um mediador desse processo de aprendizagem, ou seja,
os adultos, diferente das crianças, possuem uma bagagem histórica e cultural muito mais amplas,
seus saberes foram desenvolvidos com as experiências de vida que tiveram, por tanto o profissional
que for atender ao público de EJA necessita de uma formação que lhe auxilie na forma de interagir
com esses alunos como pode ser ilustrado na figura 34.

FIGURA 3 – O professor da EJA

Fonte: Disponível em:<


http://awtpds51.blogspot.com/2010/11/o-desempenho-dos-
professores-na-eja.html>. Acesso em 21/05/2022

O professor de EJA se constrói muitas vezes em sala de aula, são poucos aqueles que
buscam uma formação anterior a atuação docente e ainda encontramos muito disso em nosso
território, principalmente em povoados e interiores de cidades menos desenvolvidas. É necessário
um olhar crítico e ao mesmo tempo cauteloso sob os alunos de EJA, em especial os adultos, que
4
O uso de imagens é importante para demonstrar de forma figurativa o assunto abordado, por tanto com essa imagem
queremos representar uma interação do professor com o aluno da EJA.
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estão lá em busca de um conhecimento que atenda suas necessidades socias atuais e pra recuperar o
tempo que eles estiveram fora da escola (GARCIA,2005). (FIGURA 3)
É possível também perceber no decorrer da prática docente na EJA que os desafios são
inúmeros, na fala de Ribeiro (1999) encontramos que a atuação do professor era apenas por vocação
e assim nós professores não deveríamos vê-la como missão, voluntariado ou como algum tipo de
tratamento que buscasse compensar alguma coisa ou prestasse assistência de algum modo. O
profissional que deseje entrar para a EJA sempre vai se deparar com situações onde será necessária
uma formação mais complexa.
Vale ressaltar aqui que é importante debatermos este assunto pois existem alguns
alfabetizadores da EJA que não possuem formação superior. Em um debate realizado pela
UNIVESP5 com a Professora Silmara Campos e Nonato Miranda o mediador Ederson Miranda fala
a respeito de uma entrevista para o Programa Educação Brasileira 6com a Professora Maria Clara7
que retrata o perfil das faculdades de pedagogia, onde as mesmas não estão capacitando os alunos
para serem professores de EJA, e afirma que as faculdades se atualizam de forma tardia e lenta
fazendo com que os cursos de licenciatura tem uma abordagem vaga a respeito da Educação de
Jovens e Adultos. Ela destaca ainda casos que ocorrem de forma rotineira, que é a realocação de
professores da educação infantil para completar carga horária nas turmas de EJA e isso atrapalha na
questão das formações continuadas oferecidas pelo município aos professores.
Ainda no mesmo debate a Professora Silmara faz uma abordagem interessante quanto a
atenção que as universidades, principalmente as particulares, possuem em relação a EJA onde as
mesmas tendem, em suas palavras, a “tratar as questões da EJA na Educação a Distância” 8
(FIGURA 3), inclusive fala sobre o fato de a Educação de Jovens e Adultos ser tratada apenas como
alfabetização, onde os professores dessa modalidade eram vistos como pessoas que não precisavam
de uma formação, para ser professor de EJA bastava ser alfabetizado, ou seja, saber ler e escrever.

5
Disponibilizada no canal do YouTube da UNIVESP TV.
6
O referido programa vai ao ar às quartas-feiras no canal UNIVESP TV no YouTube
7
Professora da Faculdade de Educação da USP
8
Quando a professora fala sobre isso quer dizer que as instituições particulares transferiram a EJA para o EAD, o aluno
da licenciatura tem a disciplina, mas aprende de forma autônoma, sem presenciar a prática com estágio ou receber as
aulas com o professor da disciplina.
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FIGURA 4 - EJA no EAD

Fonte: Disponível em:


<https://www.amambai.ms.gov.br/noticias/matriculas-para-a-eja-
seguem-abertas-ate-o-dia-28-de-fevereiro-em-amambai>. Acesso em:
22/05/2022

Falamos lá no início que a EJA não é apenas alfabetizar, mas sim uma estrutura que
proporciona ao indivíduo o auxílio para que o mesmo possa vir a desempenhar sua cidadania de
forma plena, falamos também anteriormente que o aluno na EJA não busca recuperar um tempo que
esteve ausente da escola, mas sim o conhecimento necessário para suprir suas necessidades atuais.
Reforçando ainda encaixamos a fala de Melo ao trazer a visão de Arroyo, em suas palavras

quando o foco é o educador da EJA, Arroyo (2006) registra que o perfil do profissional de
jovens e adultos e sua formação encontram-se ainda em construção, ao passo em que se
verifica um modelo universal e generalista de formação de professores em nosso país, o que
explica não haver um delineamento de um perfil para a EJA. (MELO,2015)

Nesta visão podemos ver que a formação do professor de EJA necessita ser vista de forma
mais atenta pelas políticas educacionais, estamos em pleno século XXI e ainda encontramos
situações onde as pessoas que atuam na Educação de Jovens e Adultos não possui nenhuma
formação de nível superior e quando possui está ali apenas completando hora, é contratado
temporário e não é trabalhado com esse profissional a questão da formação continuada, as
capacitações que os municípios deveriam oferecer por meio de suas secretarias de educação.
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3. MATERIAIS E MÉTODOS
Os materiais utilizados para desenvolver este trabalho foram pesquisas em artigos
científicos, livros e vídeos. O método utilizado para a pesquisa e leitura dos materiais foram
recursos tecnológicos como computadores e internet. Para o processo de coleta de dados foram
utilizadas fontes seguras e autores de renome nos assuntos que serviram de complementação para
ideias, fundamentação e conclusão do trabalho, com foco no assunto Educação de jovens e adultos:
formação de professores, adentrando em diversos assuntos como a importância de uma formação
inicial e continuada para professores da EJA e o desenvolvimento e o aperfeiçoamento da prática
docente com formação específica voltada para as necessidades dos alunos da EJA.

TABELA 1 – PESQUISA DE CAMPO REALIZADA POR FERNANDES (2015) COM CINCO


DOCENTES DA EJA

FONTE: Fernandes, 2015.

A tabela 1 se refere a uma pesquisa de campo realizada por Fernandes (2015) com cinco
docentes da EJA que atuam com alunos do Ensino Fundamental Anos Finais do Centro de
Educação de Jovens e Adultos do Município de Canoinhas-SC. Nessa pesquisa é possível observar
que nenhum dos docentes entrevistados possuem especialização para trabalharem com alunos da
EJA, enfatizando a importância de debater o tema Educação de jovens e adultos: formação de
professores.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
O ambiente escolar precisa ser acolhedor, por isso tem de ser preparado de forma a atrair a
curiosidade do aluno, para que a aprendizagem seja satisfatória. Essas aulas devem ser criativas, de
fácil compreensão, flexíveis e atrativas. Um dos maiores desafios é manter esse aluno na escola,
visto que são inúmeros os fatores que contribuíram para que ele abandonasse os estudos no período
escolar. Por isso o currículo deve ser preparado para que possa atender as necessidades desse
público. A qualificação do professor se faz necessário, pois a intenção é melhorar a qualidade do
ensino dentro de um contexto educacional contemporâneo. Dessa forma a formação continuada é
7

fundamental para que o professor possa repensar sua prática e aprender novas habilidades.
“Ninguém nasce educador ou marcado para ser educador. A gente se faz educador, a gente se
forma, como educador, permanentemente, na prática e na reflexão da prática”. (FREIRE, 1997, 58)

FIGURA 5 – Paulo Freire

Fonte: Disponível em:


<https://www.brasildefato.com.br/2021/09/19/ha-cem-anos-nascia-
paulo-freire-conheca-a-trajetoria-do-patrono-da-educacao-brasileira>.
Acesso em: 21/05/2022

5. CONCLUSÃO

Por tanto, diante de tantas reflexões vê-se necessário que as políticas educacionais tenham
um olhar mais cuidadoso com a EJA, é essencial que os profissionais de tal área sejam preparados
de forma correta para desenvolver os trabalhos nesse sistema de de educação que possuem um
grupo tão diversificado e ao mesmo tempo tão seleto. O investimento em formação continuada não
deve ser medido, conhecimento é essencial para que possamos atender o maior número de alunos
possível, sejam eles da educação infantil ou da EJA. As discussões a cerca desse assunto não devem
ser apenas um amontoado de palavras, ações precisam ser feitas para que possamos mudar a
realidade de um povo que necessita receber uma educação para a vida.
Mais uma vez é importe ressaltar que o público da EJA não está a procura de ressarcimento
mas sim que nós como professores possamos ajudá-los, da melhor forma possível, a serem capazes
de terem suas próprias escolhas sem serem feitos de bobos é isso só é possível através do
compartilhamento de conhecimentos de vida e saberes acadêmicos, como aprender a ler, escrever,
realizar uma boa interpretação textual. Esses saberes precisam ser repassados e somente através da
educação que podes conquistar esses objetivos.
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REFERÊNCIAS

FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 17. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.

DE MELO, Ferdinando Santos. Formação de professores e prática docente na EJA: Saberes


conceituais, metodológicos e políticos. In: Formação de professores, complexidade e trabalho
docente. 1. XXI Congresso Nacional de Educação, 2015. Disponível em:
<https://educere.bruc.com.br/arquivo/pdf2015/18866_8545.pdf.> Acesso em: 22 maio 2022.

Ensino Superior: Formação de professores para EJA - Silmara Campos e Nonato Miranda.
83. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=fOi9vD15124>. Acesso em: 22 maio
2022.

FERNANDES, Rosangela Maria. Formação dos professores da EJA. 2015.

PAIVA, Jane. Educação de jovens e adultos: questões atuais em cenário de mudanças. Rio de
Janeiro: Petrópolis, 2009.

EJA: FORMAÇÃO DOCENTE E SEUS DESAFIOS. Disponível em:


https://www.nucleodoconhecimento.com.br/educacao/eja-a-formacao-docente. Acesso em: 07 de
junho 2022.

FORMAÇÃO DE PROFESSORES E PRÁTICA DOCENTE NA EJA. Disponível em:


https://educere.bruc.com.br/arquivo/pdf2015/18866_8545.pdf. Acesso em: 08 de junho de 2022

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