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EXMO. SR. DR.

JUIZ DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE SÃO GONÇALO

Nome, brasileira, casada, cabelereira, portadora da cédula de identidade nº 00000-00e do CPF


nº 000.000.000-00, e Nome, brasileiro, casado, motoboy, portador da cédula de identidade nº
00000-00, e do CPF nº 000.000.000-00, ambos residentes e domiciliados na EndereçoCEP
00000-000, vem por intermédio de sua advogada infra-assinada, com escritório na com
escritório a com escritório na EndereçoCEP 00000-000, tels: (00)00000-0000, (00)00000-0000,
endereço eletrônico email@email.com, onde deverá receber todas as notificações e
intimações, propor a presente

AÇÃO DE RESTITUIÇÃO DE QUANTIA PAGA C/C

INDENIZATÓRIA POR DANO MORAL

em face de HOTEL URBANO VIAGENS E TURISMO S.A , devidamente inscrita no CNPJ nº


12.954.744 / 0001-24, estabelecida na EndereçoCEP 00000-000, pelos fatos e fundamentos
aduzidos a seguir:

DOS FATOS

Primeiramente, frise-se que a ré é uma agência de viagens online, que reúne oferta de diárias
em hotéis e pacotes (aéreo + hospedagem). O usuário de sua plataforma, ao adquirir os
pacotes, escolhe três datas possíveis para realizar sua viagem, tendo a opção de informar
diversos pedidos para que seja realizada, simultaneamente, as viagens de pedidos e viajantes
diversos, e, em até 45 dias antes da primeira data sugerida, a ré confirma as reservas.

Ocorre que os autores são casados. E, no período entre novembro/2018 a maio/2019, a


primeira autora adquiriu junto à ré, através de cinco pedidos diversos, dezoito pacotes
promocionais de viagens do Rio de Janeiro para Natal, na quantia de R$ 00.000,00cada,
compreendendo aéreo + 7 diárias de hospedagem, com pagamento efetivado através de
cartões de crédito do segundo autor, nos seguintes termos e condições:

Data Pedido Pagamento Nome dos viajantes

07/11/(00)00000-0000 Total: R$ 00.000,002 viajantes:

Cartão de crédito do 2º
autor, em 12 parcelas de Nome

R$ 00.000,00, nas faturas Rafaela Figueiredo dos Anjos com vencimento entre Campos

20/12/2018 a 20/11/2019.

07/11/(00)00000-0000 Total: R$ 00.000,0010 viajantes:

Cartão de crédito do 2º Nome

autor, em 8 parcelas de NomeR$ 1.061,25, nas faturas Sandra Regina de C. Campos com
vencimento entre Carlos Alberto de O. Campos 20/12/2018 a 20/07/2019. Andeson Alves
Campos

Danieli Leckar do C. Neves Luiza Leckar do Couto Neves Nome

Gabriel Leckar do C. Neves Nome

07/11/(00)00000-0000 Total: R$ 00.000,001 viajante:

Cartão de crédito do 2º Nome

autor, em 8 parcelas de

R$ 00.000,00, nas faturas

com vencimento entre

20/12/2018 a 20/07/2019.

29/11/(00)00000-0000 Total: R$ 00.000,003 viajantes:


Cartão de crédito do 2º Aluizio de Oliveira Campos autor, em 10 parcelas de Solange Maria de
Castro Campos R$ 259,80, nas faturas Thailane de Castro Campos com vencimento entre

20/12/2018 a 20/09/2019.

27/05/(00)00000-0000 Total: R$ 00.000,002 viajantes:

Cartão de crédito do 2º Glaucia Lourenço de Araujo autor, em 10 parcelas. Patrick Soares de


Castro

Releva enfatizar que no status da primeira autora junto ao Endereçoanexo, consta a aquisição
de um pedido não listado acima, o de nº (00)00000-0000, de 07/11/2018, na quantia total de
R$ 00.000,00. Contudo, tal pedido foi cancelado no mesmo dia da compra, e na fatura do
cartão de crédito do 2º autor anexa, com vencimento em 20/12/2018, consta a cobrança da
referida quantia seguida do estorno na mesma data, e mensagem de e-mail anexa, na qual
restou mencionado tal cancelamento.

Prosseguindo. Em 26/08/2019, a primeira autora optou pelas datas desejadas para a realização
das viagens das 18 pessoas. E, em resposta, a empresa ré, através da mensagem de e-mail
anexa, enviada à primeira autora ainda em 26/08/2019, contendo o nome dos 18 viajantes e
os números dos pedidos supramencionados, informou a disponibilidade para viagem de ida em
14/10/20219 , com saído do Rio de Janeiro (GIG) às 15h e 10min, e chegada em Natal (NAT) às
18h e 10min; e de volta em 21/10/2019, com saído de Natal (NAT) às 18h e 50min, e chegada
no Rio de Janeiro (GIG) às 21h e 55min.

Assim, a autora aceitou as datas oferecidas, e em 27/08/2019, restou-lhe confirmada pela ré,
também através de mensagem de e-mail anexa, datada de 27/08/2019, e protocolo de
atendimento nº (00)00000-0000.

Contudo, em setembro de 2019 , a primeira autora descobriu ser portadora de moléstia


gravíssima, denomina "Leucemia pró-mielocítica aguda" (CID 10 C92.4), nos termos dos docs
médicos anexos. Tal descoberta abalou toda a família, ante ao risco de morte da 1a autora,
que é pessoa jovem.

Dessa forma, em virtude da gravidade do diagnóstico, a autora iniciou imediato tratamento, e


foi contraindicada viagem, a impossibilitando de gozar do pacote de viagem adquirido junto à
ré. E, por serem doze viajantes familiares e parentes próximos à primeira autora, a mesma
solicitou o cancelamento da data agendada para a sua viagem e a de mais doze pessoas, quais
sejam:

1. Nome, seu esposo e 2º autor;

2. Nome, sua genitora;

3. Rafaela Figueiredo dos Anjos Campos, sua sobrinha menor de idade;

4. Nome, seu tio;

5. NomeAlves Campos, seu enteado e filho socioafetivo, menor de idade;

6. Nome, seu sogro;

7. Nome, sua prima;

8. Nome, seu primo;

9. Nome, seu tio;

10. Nome, sua sogra;

11. Nome, sua tia;

12. Nome, sua prima.

Os demais viajantes, quais sejam: 1. Danieli Leckar do C. Neves; 2. Gabriel Leckar do C. Neves;
3. Nome; 4. Luiza Leckar do Couto Neves; e 5. Nome, que tem uma proximidade menor com a
autora e estavam inseridos no pedido nº (00)00000-0000, que continha dez viajantes,
realizaram suas viajantes no período agendado.
Prosseguindo. Conforme detalhamento supra, a autora adquiriu dezoito pacotes, em cinco
pedidos distintos, e, por tal motivo, as solicitações de cancelamento dos pacotes receberam
cinco números de protocolos, quais sejam: (00)00000-0000, (00)00000-0000, (00)00000-0000,
(00)00000-0000, (00)00000-0000, conforme mensagens de e-mails anexas datadas de
11/10/2019, nas quais constam, ainda, que a primeira autora receberia por e-mail todo o
andamento de suas solicitações. Fato que não ocorreu, haja vista que a autora quem realizara
contato telefônico com a ré todas as vezes que desejava saber sobre suas solicitações.

Ressalta-se que, no ato das solicitações de cancelamento, cujos números de protocolos foram
mencionados acima, a autora foi informada de que receberia o reembolso integral dos valores
pagos pelos pacotes de viagens, ante a justificativa apresentada para o cancelamento. Todavia,
posteriormente, através da mensagem datada de 11/10/2019, às 20h e 32minutos (anexa),
recebeu a seguinte informação: "... Lamentamos não conseguir a isenção da multa devido a
todo o serviço confirmado para a sua viagem, devido à proximidade da data da viagem...".

Cabe ressaltar que, apesar da informação de dedução de valores prestada em oposição


anteriormente, a referida mensagem de e-mail corroborou com a informação prestada pela ré
por telefone, no ato das solicitações dos cancelamentos, no sentido de que seriam devolvidos
os valores pagos referentes aos treze pacotes.

Contudo, em novembro de 2019, a autora foi surpreendida com a reallização de três TED’s
ralizados pela ré para a sua conta bancária, sendo dois na quantia de R$ 00.000,00cada,
referente a um pacote de viagem cada, e um na quantia de R$ 00.000,00, referente a três
pacotes, ou seja, a ré realizou a devolução da quantia paga referente a apenas cinco pacotes
de viagens, e com dedução de 40% do valor pago.

Dessa forma, a autora ligou para a ré e questionou a ausência de repasse dos valores pagos
pelos demais pacotes e a dedução de multa excessivamente onerosa. E, no ato, a preposta da
ré informou que os demais valores seriam creditados posteriormente. Entretanto, apesar de
inúmeras outras ligações telefônicas realizadas para a ré pela autora, a fim de que as
devoluções das demais quantias fossem efetivadas, até a presente data, a ré não efetivou.

Inconformada com os fatos supramencionados, e após restarem infrutíferas todas as suas


tentativas de solucionar o problema administrativamente, não restou alternativa à autora
senão a busca da tutela jurisdicional para ver seu problema sanado.

DOS FUNDAMENTOS

Da aplicação do CDC e da Responsabilidade Civil Objetiva


A relação estabelecida entre as partes é de consumo, sobre o qual

devem incidir as normas da Lei 8078/90, mais especificamente o preceito contido no caput de
seu artigo 14, que consagra a responsabilidade civil objetiva dos fornecedores de serviços.

Não se pode olvidar que houve falha no serviço prestado pelo banco réu, tratando-se da
aplicação da chamada teoria do risco do empreendimento, conforme a lição do ilustre
Desembargador Nome:

"Pela teoria do risco do empreendimento, todo aquele que se disponha a exercer alguma
atividade no mercado de consumo tem o dever de responder pelos eventuais vícios ou
defeitos dos bens e serviços fornecidos, independentemente de culpa. Este dever é imanente
ao dever de obediência às normas técnicas e de segurança, bem como aos critérios de
lealdade, quer perante os bens e serviços ofertados, quer perante aos destinatários dessas
ofertas. A responsabilidade decorre do simples fato de dispor-se alguém a realizar a atividade
de produzir, estocar, distribuir e comercializar produtos ou executar determinados serviços. O
fornecedor passa a ser o garante dos produtos e serviços que oferece no mercado de
consumo, respondendo pela qualidade e segurança dos mesmos." (Programa de
Responsabilidade Civil. 2a Edição. São Paulo: Malheiros. 1998, p. 366).

Tal teoria dispensa a demonstração pelo consumidor da existência de culpa do fornecedor,


bastando comprovar o dano sofrido e o nexo de causalidade entre este e o defeito do serviço.
Não precisando ser objeto de discussão no presente processo o elemento culpa da
responsabilidade civil, uma vez que, como já visto, se está diante de um dano decorrente de
relação de consumo, cuja reparação deve obediência às regras do CDC, ou seja, observa-se o
sistema de responsabilidade objetiva.

Os fatos narrados configuram a insegurança do serviço e caracteriza o seu defeito, nos termos
do art. 14, § 1º da Lei 8.078/90.

Dos Danos Morais

Os fatos descritos nestes autos ultrapassam, por certo, o mero aborrecimento, não tendo
como se negar o defeito apresentado acarretou sérios transtornos à autora.

A expectativa de qualquer consumidor ao adquirir um serviço, é que o mesmo funcione


adequadamente, realizando as promessas feitas ao consumidor. No entanto, não foi o que se
passou na hipótese em exame, haja vista que a ré não efetivou a devolução de valores pagos
pela autora. E é inconcebível tais fatos.
Quem já passou pela experiência de adquirir um serviço defeituoso sabe o quão frustrante e
penoso é o caminho para solucionar o problema. Normalmente, as informações são truncadas,
o consumidor é encaminhado a diversos locais, sem obter o resultado almejado, é tratado com
indiferença, quando não é maltratado. Entretanto, inequívoca a ocorrência do dano moral.

Ainda que do inadimplemento contratual não exsurja, em princípio, ofensa a direito da


personalidade, não se pode olvidar que a frustração do adquirente quando constatou falha no
serviço, tendo ficado privado de seu uso, causou-lhe efetivos constrangimentos, que muito
superam os ordinários transtornos. Enviou a autora esforços para solucionar o problema,
gastou tempo, sem, contudo, obter êxito.

De acordo com a súmula 75 deste TJRJ, o descumprimento do contrato, por si só, não enseja
indenização a título de danos morais. Contudo, a conduta reprovável da ré é decorrente da
falta de cuidado, e este descaso causou a autora aborrecimentos e transtornos que não podem
ser considerados corriqueiros do dia a dia, caracterizando-se, assim, dano moral "in re ipsa",
decorrentes da própria situação alegada, passível de ser indenizado.

Ademais, o Código de Defesa do Consumidor (Lei nº 8.078/90), prevê como direito básico do
consumidor, em seu artigo 6º, inciso VI, a efetiva reparação dos danos morais.

Neste sentido faz-se mister citar-se a lição de Antônio Herman Vasconcellos e Benjamin, que
se segue:

"A indenizabilidade do dano moral vem prevista expressamente no CDC, que assegura ao
consumidor, como direito básico, ‘o acesso aos órgãos judiciários e administrativos, com vistas
à prevenção ou reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos ou difusos’.

Acerca do dano moral, o Professor e Desembargador Nome, assevera:

" é a lesão de bem integrante da personalidade, tal como a honra, a liberdade, a saúde, a
integridade psicológica, causando dor, sofrimento, tristeza, vexame e humilhação à vítima
"(Programa de Responsabilidade Civil. 2a Edição. São Paulo: Malheiros. 1998).

Quanto ao valor requerido pelo dano moral, mister observar, que a fixação da indenização
requer moderação, levando-se em conta não só o grau de culpa, mas também o nível
socioeconômico da parte autora e, ainda, o porte econômico da parte Ré, orientando-se a
Justiça pelos critérios sugeridos pela jurisprudência, com razoabilidade, valendo-se da
experiência comum e bom senso, como também da análise da realidade social e das
peculiaridades de cada caso.

Ademais é importante ressaltar que a indenização por danos morais tem por finalidade não
apenas o caráter compensatório, mas também o caráter pedagógico/punitivo que deve
nortear o valor da indenização. Esta deve servir de desestímulo ao ofensor e no mesmo passo
o enriquecimento sem causa, e garantir, sobretudo, a reparação razoável ao ofendido da lesão
que injustamente suporte.

É consabido que a verba de dano moral não pode constituir uma forma de enriquecimento
para o ofendido. No entanto, tampouco pode representar um valor ínfimo, desproporcional à
conduta ilícita do ofensor.

A proteção do bem moral está presente na Constituição Federal de 1988 no artigo 5º, V e X,
em razão disso, a indenização por danos morais representa uma punição efetiva bem como um
desestímulo para a prática de atos ilícitos.

No presente caso, o desconforto experimentado pela autora ultrapassa os limites de um


intenso aborrecimento, configurando sofrimento ou humilhação capaz de atentar contra a sua
honra subjetiva e ensejar indenização por dano moral, constatando-se circunstância geradora
de ofensa à honra e à sua imagem, causando desequilíbrio psicológico.

Da Inversão do Ônus da prova

A relação estabalecida entre as partes é de consumo, à qual se aplica a disciplina do Código de


Defesa do Consumidor e, estando presente um dos requisitos alternativos de seu art. 6º, inciso
VIII (alegações verossímeis), há que se aplicar o instituto da inversão do ônus da prova, com
relação ao Réu.

A inversão do ônus da prova, que tem o intuito de sanar situação fática de hipossuficiência
técnica e econômica de uma das partes configurava-se necessária, haja vista a flagrante
situação de desequilíbrio existente entre a empresa ré e pessoas usuárias dos serviços
oferecidos.

DOS PEDIDOS

Ante o exposto, é a presente para requerer:


1. a citação e intimação da empresa ré para comparecer na audiência a ser designada,
oferecendo defesa, contestando o pedido se quiser, sob pena de revelia e de se presumirem
aceitos como verdadeiros os fatos alegados pela autora;

2. a aplicação da inversão do ônus da prova, nos termos do art. 6º VIII do CDC, ante a presença
de seus requisitos;

a) a restituir à autora a quantia de R$ 00.000,00, referente ao valor devolvido a menor por


imposição de multa no percentual de 40%, relacionado aos cinco pacotes de viagem, que
foram restituídos valores parciais em 04, 06 e 07/11/2019, devidamente acrescido de juros e
correção;

3. sejam ao final julgados procedentes os pedidos para condenar a ré:

b) a restituir à autora a quantia de R$ 00.000,00, referente aos valores pagos pelos oitos
demais pacotes de viagem, que não lhe foi restituído até a presente data, devidamente
acrescido de juros e correção;

c) e, ainda, ao pagamento de indenização a título de danos morais no valor de R$ 00.000,00,


levando em consideração todo o menoscabo, a frustração, a tristeza submetidos a autora, e
ainda como forma pedagógica e punitiva para inibir novas práticas, incidindo de juros legais e
juros moratórios, a contar da data da negativação indevida.

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos.

Atribui-se a presente, para efeitos fiscais o valor de R$ 00.000,00.

Nestes termos, pede deferimento.

Rio de Janeiro, 20 de abril de 2021.

Nome

00.000 OAB/UF

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