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P
ara os neurocientistas, o conceito de aprendizagem está fortemente vinculado ao de
memória. Entendendo aprendizagem como “[...] o processo de aquisição de novas
informações que vão ser retidas na memória [...] através do qual nos tornamos
capazes de orientar o comportamento e o pensamento” (LENT, 2001, p.594), esse autor
deixa claro que a memória é o processo de arquivamento seletivo dessas informações,
de modo que ela pode ser considerada como o conjunto de processos neurológicos e
psicológicos que possibilitam a aprendizagem.
Input
C
oncentrar-se, ou seja, focalizar a atenção em algo, é, no nível biológico, o esforço
despendido na busca de uma conexão neural, dentre os múltiplos circuitos, de um que
“faça sentido”. Por outro lado, esse esforço de concentração, em alguns momentos,
mostra-se difícil, enquanto em outros é, praticamente automático. O que dirige nossa
atenção? Que fatores influenciam nessa concentração? O que seria assim tão motivador?
Um desses fatores é a resposta afetiva que o estímulo nos desperta.
Talvez isso explique por que nos dedicamos com tanta facilidade a atividades das quais
gostamos e tenhamos tanta dificuldade em prendermos nossa atenção, por exemplo, em um
tema que nos pareça tedioso e irritante.
A atenção pode ser, também, estimulada por outro fator: a motivação, mais um conceito
amplamente difundido nos estudos sobre aprendizagem. Utilizado, na maior parte das vezes,
em um sentido amplo, referindo-se a uma variedade de fatores neuronais e fisiológicos
que iniciam, sustentam e dirigem um comportamento, o conceito de motivação vincula-
se, tradicionalmente, a aspectos não cognitivos do comportamento, refletindo não o que o
indivíduo sabe, mas o que necessitaria organicamente.
Reconhece-se hoje que tais “condições mobilizadoras” são apenas uma parte dos
estados motivacionais que dirigem o comportamento; mesmo a função homeostática da
motivação não necessariamente advém de necessidades orgânicas. Hábitos aprendidos e
Por outro lado, as aspirações pessoais ou sociais adquiridas pela experiência constituem,
talvez, uma complexa inter-relação entre forças fisiológicas e sociais, entre processos
mentais conscientes e inconscientes. Infelizmente, os estudos sobre esses aspectos são,
ainda, muito incipientes, o que faz com que sua aplicação mais significativa às investigações
sobre aprendizagem ainda não possa ter resultados observáveis.
De tudo que foi discutido nesta aula, podemos concluir que as Neurociências vieram
trazer comprovações para alguns aspectos já entendidos e observados como importantes na
aprendizagem, tais como:
1) a experiência do sujeito, o contato com o meio social em que vive, tem mostrado que
é fundamental para o estabelecimento de conexões sinápticas estáveis. Na verdade, a
experiência modifica mesmo a estrutura da organização cerebral, evidenciando a sua
plasticidade. A importância desta aspecto foi apontada por Vygotsky;
3) uma vez estabelecida a conexão, com seu uso freqüente, ela torna-se estável, acomoda-
se, equilibra-se. O conceito de acomodação e equilibração já estava colocado por Piaget;
4) as motivações e os afetos, como mecanismos básicos do ser humano, são modificados
pela aprendizagem e são, também, impulsionadores desta, como já mostrava Kurt Lewin.
Resumo
Nesta aula, estudamos o papel do cérebro para a compreensão de como os
indivíduos aprendem. Vimos, em primeiro lugar, como se organiza o nosso cérebro,
observando as estruturas fundamentais no estudo da aprendizagem, com destaque
para o hipocampo e seu papel no armazenamento da memória, o lobo frontal e o
córtex de associação. Vimos, por fim, a importância dos afetos na capacidade de
prender a atenção e a motivação, fatores importantes no aprendizado.