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SÉRIE VESTUÁRIO

TÉCNICAS DE
REPRESENTAÇÃO
DO VESTUÁRIO
SÉRIE VESTUÁRIO

TÉCNICAS DE
REPRESENTAÇÃO
DO VESTUÁRIO
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA – CNI

Robson Braga de Andrade


Presidente

DIRETORIA DE EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA – DIRET

Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti


Diretor de Educação e Tecnologia

Julio Sergio de Maya Pedrosa Moreira


Diretor Adjunto de Educação e Tecnologia

SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL – SENAI

Robson Braga de Andrade


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SENAI – Departamento Nacional

Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti


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Julio Sergio de Maya Pedrosa Moreira


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SÉRIE VESTUÁRIO

TÉCNICAS DE
REPRESENTAÇÃO
DO VESTUÁRIO
© 2016. SENAI - Departamento Nacional

© 2016. SENAI – SENAI CETIQT - Centro de Tecnologia da Indústria Química e Têxtil

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SENAI CETIQT – Centro de Tecnologia da Indústria Química e Têxtil


Coordenação de Educação a Distância – CEaD

FICHA CATALOGRÁFICA

S491t
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Nacional.
Técnicas de representação do vestuário / Serviço Nacional de
Aprendizagem Industrial. Departamento Nacional, Serviço Nacional de
Aprendizagem Industrial.
Centro de Tecnologia da Indústria Química e Têxtil. Brasília : SENAI/DN, 2016.

294 p. il. (Série Vestuário).

ISBN 9788550500546

1. Moda. 2. História da moda. 3. Estilistas. 4. Pesquisa de moda. 5.


Desenho de moda. 6. Desenho técnico de moda. 7. Ilustração de moda. 8.
Segmento da moda. 9. Confecção do vestuário. 10. Ficha técnica. 11. Normas
técnicas. 12. Mercado da moda. 13. Varejo de moda. 14. Sustentabilidade
I. Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Centro de Tecnologia da
Indústria Química e Têxtil. I. Título. II. Série.CDU: 629.4.05

CDU: 391

SENAI Sede
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Departamento Nacional Fax: (0xx61)3317-9190 . http://www.senai.br
Lista de ilustrações
Figura 1 - Criações de Givenchy...................................................................................................................................25
Figura 2 - Audrey Hepburn vestindo uma das criações de Givenchy............................................................26
Figura 3 - Efeito Trickle-down. Repare que o “olho está lendo” os itens de cima para baixo..................27
Figura 4 - Criação de Alexander McQueen..............................................................................................................28
Figura 5 - Exposição Savage Beauty............................................................................................................................29
Figura 6 - Quadro dos possíveis itens de um modelo ou de uma coleção obtidos a partir da ob-
servação e análise da figura 5...................................................................................................................30
Figura 7 - Colete da criação de Martin Margiela....................................................................................................30
Figura 8 - Efeito Bubble-up. Repare que o olho “lê” a pirâmide de baixo para cima..................................31
Figura 9 - Exemplos de calças clochard....................................................................................................................33
Figura 10 - Gráfico de Ciclo de Vida de um Produto, baseado nas leituras de Eduardo Ferreira Costa
(Comprador de Moda, 2003) e Roger (Curva de Adoção de Roger, 1995.................................33
Figura 11 - O exagero de um traje formal usado na corte, no estilo Rococó: século XVIII.....................39
Figura 12 - Saia com paniers..........................................................................................................................................39
Figura 13 - Saia com paniers..........................................................................................................................................40
Figura 14 - Corpetes do século XVIII com bordados delicados........................................................................40
Figura 15 - Corpetes do século XVIII com bordados delicados........................................................................41
Figura 16 - Arranjos de cabelo exagerados............................................................................................................43
Figura 17 - Críticas ao exagero do estilo Roc.........................................................................................................43
Figura 18 - A moda masculina ricamente ornada.................................................................................................44
Figura 19 - Sapatos masculinos do período do Rococó......................................................................................45
Figura 20 - O chemise de algodão...............................................................................................................................45
Figura 21 - As bolsinhas ou ridículas, como eram chamadas............................................................................46
Figura 22 - Casal com os trajes do período Neoclássico.....................................................................................46
Figura 23 - Manga gigot ou presunto........................................................................................................................48
Figura 24 - As saias armadas.........................................................................................................................................48
Figura 25 - A crinolina......................................................................................................................................................49
Figura 26 - A saia ligeiramente mais curta em forma de sino...........................................................................49
Figura 27 - Exemplo de sapato da época do Romantismo................................................................................50
Figura 28 - Roupas masculinas da época do Romantismo................................................................................50
Figura 29 - A Rainha Vitória com seu traje recatado e de certa austeridade...............................................51
Figura 30 - Um dos modelos de espartilho em bico............................................................................................52
Figura 31 - Caimento da saia no período vitoriano..............................................................................................52
Figura 32 - A crinolina no período vitoriano...........................................................................................................53
Figura 33 - Saia com a frente reta................................................................................................................................53
Figura 34 - A Rainha Vitória em trajes de luto.........................................................................................................54
Figura 35 - A nova silhueta............................................................................................................................................54
Figura 36 - A nova crinolina que permitia um certo movimento....................................................................55
Figura 37 - Novas cores e texturas no final da Era Vitoriana..............................................................................55
Figura 38 - A sobriedade da roupa masculina........................................................................................................56
Figura 39 - Cartão postal com anúncio da máquina de costura Singer........................................................60
Figura 40 - Isadora Duncan............................................................................................................................................61
Figura 41 - Tutu clássico..................................................................................................................................................61
Figura 42 - Forma de vestir das mulheres elegantes da época (1900)...........................................................62
Figura 43 - Vestido de chifon, 1901............................................................................................................................62
Figura 44 - Vestido túnica abajur desenhado por Paul Poiret...........................................................................63
Figura 45 - Vestido sobre túnicas desenhado por Madame Paquin...............................................................63
Figura 46 - Mulher com saia e anáguas suspensas para molhar os pés, 1902............................................64
Figura 47 - Personagens com a indumentária característica da época.........................................................65
Figura 48 - Selo postal fazendo referência ao voto feminino............................................................................65
Figura 49 - Quadro do pintor expressionista Van Gogh......................................................................................66
Figura 50 - Mary Pickford...............................................................................................................................................67
Figura 51 - Mulheres e seus vestidos de algodão..................................................................................................68
Figura 52 - Uso de polainas na moda masculina...................................................................................................69
Figura 53 - Mulher em traje de banho, 1917...........................................................................................................70
Figura 54 - Homens em traje de banho....................................................................................................................70
Figura 55 - Criações de Worth......................................................................................................................................71
Figura 56 - Vestido de Paul Poiret já sem o uso do espartilho..........................................................................72
Figura 57 - Vestido túnica de Paul Poiret..................................................................................................................72
Figura 58 - Roupa Chanel para a mulher que trabalhava durante a I Guerra Mundial............................73
Figura 59 - Chanel e o tailleur de jersey com gola branca e punhos virados..............................................73
Figura 60 - O vestido Delfos..........................................................................................................................................74
Figura 61 - Os croquis do vestido Delfos patenteados em 1909.....................................................................74
Figura 62 - Os famosos robes de style........................................................................................................................75
Figura 63 - Uma atriz parisiense em um vestido de Paquin..............................................................................76
Figura 64 - Edifício Chrysler, NY....................................................................................................................................77
Figura 65 - Joia Art Déco................................................................................................................................................77
Figura 66 - Estampa Art Déco.......................................................................................................................................78
Figura 67 - O pintor surrealista Salvador Dali.........................................................................................................78
Figura 68 - Vestidos de verão, 1926............................................................................................................................79
Figura 69 - Corridas em 1926, dois estilos femininos de vestir.........................................................................79
Figura 70 - Selo postal com representação do Chalerston................................................................................80
Figura 71 - Chapeu “cloche”............................................................................................................................................81
Figura 72 - Louise Brooks, atriz, modelo e dançarina norteamericana com o corte a la garçone........81
Figura 73 - Sapatos de 1920/1925, criados na Suíça............................................................................................81
Figura 74 - Vestido preto, influência da Chanel.....................................................................................................82
Figura 75 - Destaque para: vestido preto com a roseta na cintura e fivelas decorativas do sapato;
cinto bordado combinando com os punhos do vestido; babados em camada de crepe
de chine, dando forma à silhueta.........................................................................................................82
Figura 76 - Típica maquiagem da época: pele clara, sobrancelhas delineadas a lápis, olhos escureci-
dos e boca contornada em forma de coração.................................................................................83
Figura 77 - Banho de mar nos anos 1920.................................................................................................................83
Figura 78 - O biquíni lançado em 1946.....................................................................................................................84
Figura 79 - A tanga como é conhecida atualmente.............................................................................................84
Figura 80 - Homens no início da década de 1920.................................................................................................85
Figura 81 - Winston Churchill vestido para uma ocasião solene.....................................................................86
Figura 82 - Chanel.............................................................................................................................................................87
Figura 83 - O “Pretinho básico”. Revista Vogue, 1926...........................................................................................87
Figura 84 - Vestido de Dopucet, 1923........................................................................................................................88
Figura 85 - Marlene Dietrich usou e abusou do look andrógino.....................................................................88
Figura 86 - A atriz Marlene Dietrich era conhecida pelos seus tailleurs masculinos com ombros
amplos, cintura marcada e saia abaixo do joelho. Era conhecida tambémpelo uso de
acessórios de pele......................................................................................................................................89
Figura 87 - Peça de Alta Costura..................................................................................................................................90
Figura 88 - Vestidos de festa cortados em viés......................................................................................................90
Figura 89 - Criação de Madeleine Vionnet...............................................................................................................91
Figura 90 - Mulheres usando calças de praia sobre roupas de banho de mar............................................91
Figura 91 - Sapato estilo pump, de André Perugia................................................................................................92
Figura 92 - Greta Garbo...................................................................................................................................................92
Figura 93 - Duque de Windsor usando um terno criado
por Frederick Scholte sobre um pulôver.............................................................................................93
Figura 94 - Homens usando o chapéu fedora........................................................................................................94
Figura 95 - Criação de Madeleine Vionnet...............................................................................................................95
Figura 96 - O chapéu sapato e o vestido lagosta...................................................................................................96
Figura 97 - Vestido Minuit..............................................................................................................................................96
Figura 98 - Modelo de 1935..........................................................................................................................................97
Figura 99 - Croqui assinado por Marcel Rochas.....................................................................................................98
Figura 100 - Mulheres inglesas durante a II Guerra..............................................................................................98
Figura 101 - Quadro de Jackson Pollock, pintor representante do expressionismo abstrato...............99
Figura 102 - A moda da época nas ruas................................................................................................................. 100
Figura 103 - Os diversos chapéus da época......................................................................................................... 100
Figura 104 - Algumas formas das roupas femininas da época...................................................................... 101
Figura 105 - Simulando a costura de uma meia................................................................................................. 102
Figura 106 - Anúncio do ready-to-wear feminino............................................................................................... 103
Figura 107 - Jovens com seus trajes zoot.............................................................................................................. 104
Figura 108 - Le Théâtre de La Mode: a exposição organizada no Museu do Louvre............................... 105
Figura 109 - Croqui assinado por Lucien Lelong.................................................................................................. 106
Figura 110 - Criação de Balenciaga......................................................................................................................... 106
Figura 111 - Criações de Balmain ............................................................................................................................ 107
Figura 112 - Criação de Jacques Fath. .................................................................................................................... 108
Figura 113 - O New Look de Dior............................................................................................................................... 111
Figura 114 - Marlon Brando e James Dean........................................................................................................... 112
Figura 115 - O American Way of Life, da década de 1950, mostrava a felicidade da vida caseira de-
pois da destruição da Segunda Guerra Mundial....................................................................... 113
Figura 116 - Elvis Presley............................................................................................................................................. 113
Figura 117 - Primeira dama da Argentina, Eva Perón, usando um vestido de Dior em 1950............. 114
Figura 118 - Vestido floral, 1955................................................................................................................................ 115
Figura 119 - Tailleurs, 1953.......................................................................................................................................... 115
Figura 120 - Vestido saco, Balenciaga, 1957......................................................................................................... 116
Figura 121 - Linha saco, Audrey Hepburn, 1957................................................................................................. 116
Figura 122 - Linhas Dior............................................................................................................................................... 117
Figura 123 - Modelos de Dior, Jacques Fath e Jacques Griffe........................................................................ 117
Figura 124 - Modelos Pierre Balmain, Giuseppe Mattli e Bianca Mosca..................................................... 118
Figura 125 - Modelo Cristóbal Balenciaga............................................................................................................ 118
Figura 126 - Modelo de Givenchy............................................................................................................................ 119
Figura 127 - Elizabeth Taylor usando um maiô inteiro..................................................................................... 119
Figura 128 - Propaganda da Du Pont, empresa que revolucionaria os trajes de banho com os teci-
dos com stretch...................................................................................................................................... 120
Figura 129 - Marylin Monroe, um dos símbolos de beleza da década, e a maquiagem característica
dos anos 50............................................................................................................................................. 121
Figura 130 - Stiletto criado por Roger Vivier para Dior, 1958.......................................................................... 122
Figura 131 - As sapatilhas eternizadas por Brigitte Bardot e Audrey Hepburn....................................... 122
Figura 132 - A carteira combinando com o lenço.............................................................................................. 123
Figura 133 - As mulheres elegantes complementavam seus trajes com por luvas............................... 123
Figura 134 - Audrey Hepburn e o chapéu de aba invertida........................................................................... 124
Figura 135 - O estilo College....................................................................................................................................... 124
Figura 136 - Os “rebeldes” e suas roupas............................................................................................................... 125
Figura 137 - Podemos ver nesta figura o homem da esquerda com seu terno de três peças e o da
direita com o paletó de transpasse simples, ou seja, o abotoamentode uma fileira de
botões. ..................................................................................................................................................... 125
Figura 138 - Marlon Brando usando uma camiseta, que era até então uma peça de roupa para ser
usada sob uma camisa........................................................................................................................ 126
Figura 139 - Christian Dior determinando o comprimento das saias New Look de Dior, 1947.......... 127
Figura 140 - Criações de Givenchy........................................................................................................................... 128
Figura 141 - Vestido assinado por Féraud............................................................................................................. 129
Figura 142 - O homem na Lua................................................................................................................................... 129
Figura 143 - Alfred Hitchcock.................................................................................................................................... 130
Figura 144 - Jimmy Hendrix....................................................................................................................................... 131
Figura 145 - Mary Quant usando um vestido tubinho..................................................................................... 132
Figura 146 - Algumas criações de Mary Quant, anos 1960............................................................................. 132
Figura 147 - André Courrèges, o futurismo e a minissaia, 1965.................................................................... 133
Figura 148 - Paco Rabanne e suas criações de placas e alumínio, 1966..................................................... 134
Figura 149 - Twiggy com seu “ar” de boneca........................................................................................................ 135
Figura 150 - Minissaia pregueada e blusa canelada justa............................................................................... 135
Figura 151 - Lenço de cabeça combinando com o minivestido tubo........................................................ 136
Figura 152 - O look casual da época........................................................................................................................ 136
Figura 153 - O biquíni da época, final da década de 50, início de 60.......................................................... 137
Figura 154 - O polêmico monoquíni, que causou sensação e alguns problemas com a polícia...... 137
Figura 155 - Vestido Mondrian, Ives Saint Laurent, 1965. ............................................................................... 138
Figura 156 - O homem com o vestuário mais tradicional da década.......................................................... 139
Figura 157 - Traje com novos cortes e formas, e que de um certo modo, alteravam visualmente a
estrutura do corpo feminino............................................................................................................. 139
Figura 158 - Criação de 1968..................................................................................................................................... 140
Figura 159 - O smoking feminino de Yves Saint Laurent.................................................................................. 141
Figura 160 - Criação espacial e futurista de Courrèges.................................................................................... 142
Figura 161 - Paco Rabanne trabalhando em uma de suas criações............................................................ 143
Figura 162 - Croqui de Lagerfeld dos anos 60..................................................................................................... 143
Figura 163 - Criação de Guy Laroche, 1968.......................................................................................................... 144
Figura 164 - Mary Quant e suas criações............................................................................................................... 145
Figura 165 - Roupas Gucci com as estampas características da grife......................................................... 145
Figura 166 - Figuras da década de 1970 com suas roupas características da época............................. 146
Figura 167 - Angela Davis e seu estilo característico de cabelo: o corte black power........................... 147
Figura 168 - As saias mini, midi e maxi respectivamente................................................................................ 148
Figura 169 - Tipos de calça da década de 70........................................................................................................ 148
Figura 170 - Ícones do rock dos anos 70................................................................................................................ 149
Figura 171 - Vivienne Westwood.............................................................................................................................. 150
Figura 172 - Casacos estampados, calças largas e sapatos de plataforma eram usados também no
vestuário feminino................................................................................................................................ 151
Figura 173 - Casacos estampados para ambos os sexos. Paris, 1970.......................................................... 151
Figura 174 - Os sapatos e botas de plataforma eram usados para o feminino e masculino.............. 152
Figura 175 - Coleção de Mugler, de 1979.............................................................................................................. 153
Figura 176 - Coleção de Gaultier, de 1979............................................................................................................ 154
Figura 177 - Criação de Miyake, 1978..................................................................................................................... 154
Figura 178 - Princesa Diana e Príncipe Charles................................................................................................... 155
Figura 179 - Margareth Tatcher................................................................................................................................. 156
Figura 180 - Madonna.................................................................................................................................................. 157
Figura 181 - Prince......................................................................................................................................................... 157
Figura 182 - Michael Jackson..................................................................................................................................... 158
Figura 183 - Criação Rei Wakabuko......................................................................................................................... 159
Figura 184 - Criação Yohji Yamamoto..................................................................................................................... 159
Figura 185 - Jean Paul Gaultier para Madonna................................................................................................... 160
Figura 186 - Criação de Christian Lacroix.............................................................................................................. 160
Figura 187 - Roupas masculinas e femininas que comunicavam as principais características da
década....................................................................................................................................................... 161
Figura 188 - Criação de Lacroix para outono/inverno, 1988.......................................................................... 162
Figura 189 - Criação de Azzedibne. Anos 80........................................................................................................ 162
Figura 190 - Criações de Kawakubo para Outono/Inverno de 1983........................................................... 163
Figura 191 - Criação de Yohji para Primavera verão de 1983......................................................................... 164
Figura 192 - Criações de Montana para os anos 80........................................................................................... 164
Figura 193 - Criações de Giorgio Armani............................................................................................................... 165
Figura 194 - Sobriedade das formas e cores........................................................................................................ 166
Figura 195 - Conjunto de linho o iraniano Shirin Guild, formas retas sobrepostas e das cores........ 167
Figura 196 - Mistura de moda de rua com moda de passarela..................................................................... 167
Figura 197 - Superposição de tecidos em uma silhueta simples, apontando a antimoda................. 168
Figura 198 - Tênis Addidas para os anos 90.......................................................................................................... 169
Figura 199 - Tênis Air Max da Nike, anos 1990..................................................................................................... 169
Figura 200 - Desfile da grife Ralph Lauren. Anos 90.......................................................................................... 170
Figura 201 - Desfile de Donna Karan. Anos 90.................................................................................................... 171
Figura 202 - Criação de Calvin Klein, em 1995.................................................................................................... 172
Figura 203 - Criação de John Galliano, 1995........................................................................................................ 173
Figura 204 - Criação de McQueen, 1998................................................................................................................ 174
Figura 205 - Criação de Versace para os anos 90................................................................................................ 174
Figura 206 - Vestido de Karl Lagerfeld para Chanel, outono/inverno, de 1991, baseado na obra de
Diego Velázquez, As meninas, de 1656......................................................................................... 179
Figura 207 - Vestido da estilista Gloria Coelho baseada no prédio do Instituto Tomie Ohtake, em
São Paulo, assinado por seu filho, Ruy Ohtake........................................................................... 180
Figura 208 - Harajuku e Fruits.................................................................................................................................... 181
Figura 209 - Criação de John Galliano.................................................................................................................... 182
Figura 210 - Criação de Vivienne Westwood........................................................................................................ 183
Figura 211 - Vestido do dia a dia inspirado em Maria Antonieta.................................................................. 183
Figura 212 - Vestido de festa inspirado em Maria Antonieta......................................................................... 184
Figura 213 - Quadro de Maria Antonieta, arquiduquesa da Áustria e Rainha da França de 1774 até
1789, retratada pela artista Elisabeth Vigée Le Brun (17551842)........................................ 185
Figura 214 - Saia inspirada nos anos 50................................................................................................................. 186
Figura 215 - Vestido de inspiração minimalista dos anos 90.......................................................................... 187
Figura 216 - Estilo de inspiração nos anos 70...................................................................................................... 187
Figura 217 - Fotografia da produção e sua respectiva ilustração................................................................. 192
Figura 218 - Croqui ou ilustração?........................................................................................................................... 193
Figura 219 - Croqui ou ilustração?........................................................................................................................... 193
Figura 220 - Croqui ou ilustração?........................................................................................................................... 194
Figura 221 - Reflita sobre a imagem........................................................................................................................ 195
Figura 222 - Reflita sobre a imagem........................................................................................................................ 195
Figura 223 - Reflita sobre a imagem........................................................................................................................ 196
Figura 224 - Ilustração feita por técnicas diversas e colagem........................................................................ 197
Figura 225 - Fotografia no lugar do desenho técnico....................................................................................... 198
Figura 226 - Temos várias técnicas em uma só imagem: pintura, fotografia, Photoshop
(programa que modifica imagens)................................................................................................. 199
Figura 227 - Reprodução de estudo para a pintura “A criação de Adão”, da Capela Sistina, obraprima
de Michelangelo.................................................................................................................................... 199
Figura 228 - Seção da pintura “A criação de Adão”, da Capela Sistina......................................................... 200
Figura 229 - O Homem Vitruviano, de Leonardo da Vinci............................................................................... 200
Figura 230 - Desenho técnico de camisa masculina......................................................................................... 201
Figura 231 - Desenho artístico.................................................................................................................................. 201
Figura 232 - Desenho técnico de uma camiseta com as cotas...................................................................... 203
Figura 233 - Desenho de uma camiseta desenhado sobre a base volumétrica...................................... 203
Figura 234 - Base volumétrica feminina de frente e costas. Escala 1:10
(Altura aproximada 170 cm).............................................................................................................. 205
Figura 235 - Base volumétrica feminina de frente e costas. Escala 1:7,5
(Altura aproximada 170 cm).............................................................................................................. 206
Figura 236 - Base volumétrica masculina frente e costas. Escala 1:10
(Altura aproximada 180 cm).............................................................................................................. 207
Figura 237 - Base volumétrica masculina frente e costas. Escala 1:7,5
(Altura aproximada 180 cm).............................................................................................................. 208
Figura 238 - Base volumétrica infantil. Escala 1:10 (altura aproximada 86 cm)....................................... 209
Figura 239 - Base volumétrica infantil. Escala 1:7,5 (altura aproximada 86 cm)...................................... 209
Figura 240 - Desenho sobre a base volumétrica................................................................................................ 210
Figura 241 - Desenho técnico de um vestido infantil....................................................................................... 210
Figura 242 - Desenhos técnicos de peças do vestuário feminino................................................................ 214
Figura 243 - Desenhos técnicos de peças do vestuário masculino.............................................................. 215
Figura 244 - Par de esquadros................................................................................................................................... 216
Figura 245 - Chapa de rasura..................................................................................................................................... 217
Figura 246 - Curvas francesas.................................................................................................................................... 217
Figura 247 - Campo do cabeçalho........................................................................................................................... 218
Figura 248 - Campo do desenho técnico.............................................................................................................. 219
Figura 249 - Campo dos tecidos e campo dos aviamentos............................................................................ 220
Figura 250 - Campos de informações obrigatórias de uma etiqueta.......................................................... 222
Figura 251 - Ordem das informações de cuidados na conservação............................................................ 223
Figura 252 - Informações gerais de conservação............................................................................................... 223
Figura 253 - Informações gerais de conservação............................................................................................... 224
Figura 254 - informações gerais de lavagem com cloro.................................................................................. 224
Figura 255 - Informações gerais de secagem...................................................................................................... 225
Figura 256 - Informações gerais de passadoria................................................................................................... 225
Figura 257 - Informações gerais de passadoria................................................................................................... 226
Figura 258 - Campo das cores/variantes, tamanhos, quantidades e totais de peças............................ 227
Figura 259 - Informações complementares.......................................................................................................... 227
Figura 260 - Ficha não preenchida.......................................................................................................................... 228
Figura 261 - Ficha técnica preenchida.................................................................................................................... 229
Figura 262 - Tela do programa CorelDRAW........................................................................................................... 230
Figura 263 - Comparação entre os tamanhos mais comuns de papel....................................................... 234
Figura 264 - Letras e números verticais e inclinados........................................................................................ 235
Figura 265 - Modelos de caligrafia técnica com letras e números inclinados.......................................... 236
Figura 266 - Botão e sua representação. Ambos, objeto e desenho estão do mesmo tamanho, ou
seja, o botão foi desenhado em VG (verdadeira grandeza)................................................... 236
Figura 267 - Desenho aumentado de um parafuso........................................................................................... 237
Figura 268 - O escalímetro.......................................................................................................................................... 238
Figura 269 - Escala 1:20 e 1:2..................................................................................................................................... 240
Figura 270 - Escala 1:50 e 1:50................................................................................................................................... 240
Figura 271 - Escala 1:100 e 1:10................................................................................................................................ 241
Figura 272 - Escala 1:75 e 1:7,5.................................................................................................................................. 241
Figura 273 - Camiseta masculina.............................................................................................................................. 242
Figura 274 - Camiseta na esc. 1:5 e mesma camiseta na esc. 1:7,5. Atenção!!! Os dois desenhos estão
fora da escala correta. Servem apenas para exemplificar as diferentes representações
de um mesmo produto em dimensões diferentes................................................................... 242
Figura 275 - Quadrados em diferentes escalas................................................................................................... 243
Figura 276 - Limite de linha de cota por traços perpendiculares e limite de linha de cota
por traços oblíquos............................................................................................................................... 244
Figura 277 - Retângulo com as cotas...................................................................................................................... 245
Figura 278 - Retângulo com cotas........................................................................................................................... 246
Figura 279 - Camiseta com cotas. Atenção: a figura está fora de escala. Serve apenas para visu-
alizarmos o esquema........................................................................................................................... 246
Figura 280 - Foto de um cubo e suas representações...................................................................................... 247
Figura 281 - Desenho de uma saia básica, sem detalhes................................................................................ 247
Figura 282 - Eixo de simetria da camiseta e eixo de simetria de uma figura geométrica.................... 248
Figura 283 - Linha contínua........................................................................................................................................ 249
Figura 284 - Linha tracejada....................................................................................................................................... 249
Figura 285 - Máquina de costura reta..................................................................................................................... 250
Figura 286 - Máquina colarete 2 ou 3 agulhas.................................................................................................... 250
Figura 287 - Máquina zigzag...................................................................................................................................... 250
Figura 288 - Mercado de Trajano.............................................................................................................................. 255
Figura 289 - As primeiras vitrines............................................................................................................................. 256
Figura 290 - Gabinet de curiosités (Gabinete de curiosidades)....................................................................... 256
Figura 291 - Ilustração da Galerie de la Rotonde: Paris, 1845, com suas vitrines protegidas pelo vidro.
Podia-se ver o interior da loja com suas mercadorias à venda............................................. 257
Figura 292 - Podemos ver uma vitrine com o uso do trompe l´oeil, criando ambientes para a ex-
posição da mercadoria.. ..................................................................................................................... 258
Figura 293 - Trabalho de Salvador Dali, criando uma ambiência para o perfume Schocking, de Elsa
Schiaparelli.............................................................................................................................................. 258
Figura 294 - Saint Laurent fazendo uma prova de roupa, em seu ateliê, na década de 60................. 264
Figura 295 - Rodeo Drive, Los Angeles, Califórnia, USA. Uma das ruas de maior número de lojas
prêtàporter de marcas de prestígio................................................................................................ 266
Figura 296 - Loja com preços acessíveis................................................................................................................ 267
Figura 297 - Loja com preços baixos....................................................................................................................... 268
Figura 298 - Consumidora “produzida” com diferentes tipos de peças...................................................... 273

Quadro 1 - Escalas usadas na indústria da moda................................................................................................ 239


Quadro 2 - Quadro com maquinário e suas representações gráficas.......................................................... 249
Sumário

1 Introdução.........................................................................................................................................................................21

2 Conceito de moda como produção estética para análise de moda e de seus criadores.....................23
2.1 Moda, design e arte.....................................................................................................................................23
2.1.1 Fronteiras entre moda, design e arte..................................................................................24
2.1.2 Moda e design.............................................................................................................................24
2.1.3 Moda e arte..................................................................................................................................25
2.2 A pirâmide de consumo. Efeito trickle-down......................................................................................26
2.2.1 Fontes de inspiração.................................................................................................................27
2.2.2 Moda para todos........................................................................................................................31
2.2.2.1 Efeito bubble-up......................................................................................................................31
2.2.3 Duração da moda .....................................................................................................................33

3 A moda dos séculos XVIII, XIX ...................................................................................................................................37


3.1 A moda do século XVIII – contexto histórico......................................................................................38
3.1.1 O estilo Rococó (1690/1789)..................................................................................................39
3.1.1.1 Alguns sapatos do período do Rococó...........................................................................45
3.1.2 O estilo Neoclássico..................................................................................................................45
3.2 Século XIX.......................................................................................................................................................47
3.2.1 Romantismo.................................................................................................................................47
3.2.2 Período Vitoriano.......................................................................................................................51

4 A moda da primeira metade do século XX ...........................................................................................................59


4.1 Década 1900 – a Belle époque..................................................................................................................59
4.1.1 Os costumes.................................................................................................................................60
4.1.2 A arte na década........................................................................................................................61
4.1.3 A moda feminina........................................................................................................................62
4.1.4 O homem da Belle époque......................................................................................................64
4.2 Década 1910..................................................................................................................................................65
4.2.1 A arte na década........................................................................................................................66
4.2.2 A moda feminina........................................................................................................................67
4.2.3 A moda masculina.....................................................................................................................69
4.2.4 Roupa de banho.........................................................................................................................70
4.2.5 Principais estilistas da década...............................................................................................70
4.3 Década de 1920............................................................................................................................................76
4.3.1 A arte..............................................................................................................................................78
4.3.2 A moda feminina........................................................................................................................79
4.3.3 Moda masculina.........................................................................................................................85
4.3.4 Principais estilistas da década...............................................................................................86
4.4 Década de 1930............................................................................................................................................88
4.4.1 A moda feminina........................................................................................................................89
4.4.2 Moda masculina.........................................................................................................................93
4.4.3 Principais estilistas da década...............................................................................................94
4.5 Década 1940..................................................................................................................................................98
4.5.1 A arte na década........................................................................................................................99
4.5.2 A moda da primeira metade do século.............................................................................99
4.5.3 O fim da guerra........................................................................................................................ 104
4.5.4 Principais estilistas da década............................................................................................ 105

5 A moda da segunda metade do século XX ....................................................................................................... 111


5.1 Década de 1950......................................................................................................................................... 111
5.1.2 A arte na década de 50......................................................................................................... 113
5.1.3 A moda feminina..................................................................................................................... 114
5.1.4 Elementos da década............................................................................................................ 120
5.1.5 A moda masculina.................................................................................................................. 125
5.1.6 Principais estilistas da década............................................................................................ 126
5.2 Década de 1960......................................................................................................................................... 129
5.2.1 A arte da década de 60......................................................................................................... 130
5.2.2 A moda da década de 60...................................................................................................... 131
5.2.2.1 A moda masculina............................................................................................................... 138
5.2.3 Principais estilistas da época.............................................................................................. 140
5.3 Década de 1970......................................................................................................................................... 146
5.3.1 A moda....................................................................................................................................... 147
5.3.2 Principais estilistas da década de 70................................................................................ 152
5.4 Década de 1980......................................................................................................................................... 155
5.4.1 Moda............................................................................................................................................ 156
5.4.2 Principais estilistas da década de 80................................................................................ 161
5.5 Década de 1990......................................................................................................................................... 165
5.5.2 Principais estilistas da década............................................................................................ 169

6 Pesquisa de moda ....................................................................................................................................................... 177


6.1 O público alvo............................................................................................................................................. 177
6.2 Conhecendo a clientela.......................................................................................................................... 178
6.3 A pesquisa.................................................................................................................................................... 178
6.3.1 O material.................................................................................................................................. 178
6.3.2 Fontes de consulta................................................................................................................. 178
6.4 Pesquisa através da moda de épocas................................................................................................ 182
6.5 Reconhecendo a moda dos séculos................................................................................................... 185

7.1 Desenho de moda.................................................................................................................................................... 191


7.1.1 Croqui/ilustração..................................................................................................................... 192
7.1.2 Colagem..................................................................................................................................... 197
7.1.3 Fotografia................................................................................................................................... 198
7.1.4 Técnica mista............................................................................................................................ 198
7.2 Desenho técnico manual........................................................................................................................ 199
7.2.1 Desenho técnico de moda.................................................................................................. 202
7.2.2 Base volumétrica..................................................................................................................... 203
7.2.2.1 Exemplos de bases volumétricas................................................................................... 204
7.2.3 Exemplos de desenhos técnicos de partes do vestuário.......................................... 212
7.3 O material indicado para um bom desempenho.......................................................................... 216
7.4 Ficha técnica................................................................................................................................................ 218
7.4.1 Campo do cabeçalho............................................................................................................. 218
7.4.2 Campo do desenho técnico................................................................................................ 219
7.4.3 Campo dos materiais usados.............................................................................................. 219
7.4.4 Desenho técnico informatizado........................................................................................ 230

8 Normas técnicas aplicadas ao desenho técnico............................................................................................... 233


8.1 A folha de desenho................................................................................................................................... 233
8.2 A escrita técnica ou a caligrafia técnica............................................................................................. 234
8.3 Escala............................................................................................................................................................. 236
8.3.1 Registro....................................................................................................................................... 239
8.3.2 Algumas das escalas.............................................................................................................. 239
8.4 Cotas.............................................................................................................................................................. 244
8.4.1 Elementos básicos da cotagem......................................................................................... 244
8.5 Representação gráfica de linhas para o desenho técnico.......................................................... 246

9 Leiaute e croqui de ambiente................................................................................................................................. 253


9.1 Definição de leiaute e croqui................................................................................................................ 253
9.1.1 Leiaute........................................................................................................................................ 253
9.1.2 Croqui.......................................................................................................................................... 254
9.2 Vitrines........................................................................................................................................................... 254
9.2.1 Origem do comércio.............................................................................................................. 255
9.2.2 Pequena cronologia da evolução das vitrines.............................................................. 257
9.3 Visual merchandising (vm)...................................................................................................................... 259

10 Panorama produtivo da moda............................................................................................................................. 263


10.1 Segmentos de mercado....................................................................................................................... 264
10.1.1 Alta-costura............................................................................................................................ 264
10.1.2 Prêt-à-porter............................................................................................................................ 266
10.1.3 Mercado de massa ou varejo........................................................................................... 267

11 Mercado da moda contemporânea.................................................................................................................... 271


11.1 Comercialização da moda................................................................................................................... 272
11.2 Mercado da moda................................................................................................................................... 273
11.2.1 Lojas de varejo de rua......................................................................................................... 274
11.2.2 Lojas de varejo de shopping............................................................................................. 274
11.2.3 Lojas de departamentos.................................................................................................... 275
11.2.4 Supermercados..................................................................................................................... 275
11.2.5 Feiras/armazéns.................................................................................................................... 276
11.2.6 Catálogos................................................................................................................................. 276
11.2.7 Pontas de estoque................................................................................................................ 277
11.2.8 E-commerce............................................................................................................................. 277
11.3 Moda e sustentabilidade...................................................................................................................... 277

Referências......................................................................................................................................................................... 283

Minicurrículo dos autores............................................................................................................................................ 287

Índice................................................................................................................................................................................... 289
Introdução

Olá! Bem vindo ao curso de Técnicas de Representação do Vestuário.


Durante essa nossa jornada, iremos conhecer vários assuntos referentes à moda e à sua
importância na sociedade e para a indústria.
Para isso, faremos uma viagem na linha do tempo da moda, que partirá do século XVIII, indo
até o século XX, períodos que serviram e ainda servem como fonte de pesquisa e inspiração
para muitos estilistas. Veremos que, além da moda, podemos nos inspirar na arte, arquitetura
e em diversos grupos de rua.
Aprenderemos também que, para desenvolvermos um conjunto de peças precisamos, an-
tes de tudo, conhecer nosso público-alvo, ou seja, para quem essa coleção será direcionada.
Falaremos das várias modalidades de desenho que contém as informações necessárias para
o processo industrial. Ainda seguindo este mesmo assunto, estudaremos o desenho em escala,
que nos possibilita sua representação na folha de tamanho A4, a folha normalmente usada
para a execução dos nossos trabalhos.
Veremos que o desenho técnico pode partir de figuras geométricas ou, para simplificar o
trabalho, podemos desenhar sobre as bases volumétricas disponibilizadas nesta Unidade Cur-
ricular.
O entendimento sobre o maquinário também é importante, pois irá servir de apoio para as
representações dos acabamentos dos produtos desenvolvidos.
Falaremos sobre os vários tipos de lojas, as várias formas de expor nossos produtos e as três
importantes formas de desenvolve-los: alta-costura, prêt-à-porter e mercado de massa.
Você, além de aprender, irá se divertir muito com esse curso.
Vamos começar!!!
Conceito de moda como produção estética
para análise de moda e de seus criadores

O que seria moda? Moda é arte? É design? Ela é direcionada só para as elites? Podemos
identificar um grupo ou grupos através da moda? De onde vem a moda? Quanto tempo dura
uma moda?
Essas perguntas são feitas com frequência. Vamos, ao longo deste capítulo, responder cada
uma delas.
Costuma-se pensar que a moda é feita para uma camada social mais elevada e que as pes-
soas menos favorecidas não têm muita escolha. Falam até que “a moda entra pela porta da sala
e sai pela porta de serviço”.
Vamos ver se isso é verdade?

2.1 MODA, DESIGN E ARTE

Quando falamos de moda, não podemos esquecer que, em nosso campo – a indústria –, a
moda está ligada ao design, à produção de uma empresa e, por conseguinte, diretamente ao
retorno do investimento, ou seja, ao lucro.
Nunca devemos, enquanto funcionários de uma empresa, projetar um design, uma obra, ou
uma peça de vestuário, que sejam contemplativos. Melhor dizendo, não podemos projetar um
produto que seja apenas admirado e não consumido. Nossos produtos têm que ser vendidos,
consumidos!!! Eles têm que ter apelo!!!
Vamos por partes para entendermos bem essa discussão. Vejamos como moda, design e
arte se relacionam.
TÉCNICAS DE REPRESENTAÇÃO DO VESTUÁRIO
26

2.1.1 FRONTEIRAS ENTRE MODA, DESIGN E ARTE

E qual a fronteira da moda, do design e da arte? Quando estamos realmente “fazendo” moda ou arte? O
que diferencia uma peça de moda e uma peça de arte?

Vejamos com atenção os significados de Moda, Design e Arte:

Moda: Vem do francês mode e significa um fato ou uma roupa que faz sucesso e é aceita por um grupo
de pessoas por um determinado tempo. Resumindo: a roupa passa a ser aceita porque um grupo gostou e
a legitimou, querendo usá-la.

Até aí tudo bem? Seguindo:

Design: É a confecção de um produto – no nosso caso, uma roupa ou acessório – que cumpra, de forma
correta, a sua finalidade. E, mais ainda, o produto tem que ter apelo, ser “chamativo”. Por exemplo: se está
frio, o casaco que projetamos tem que aquecer.

Certo? Vamos adiante.

Arte: Vem do latim ars, é uma atividade que manifesta “beleza” (lembrando que o que é belo para
alguns não é para outros), desenvolvida por “artistas” que se baseiam nas próprias emoções. Se ele, o artista,
vai ganhar dinheiro com sua obra, isso não nos diz respeito. Não é um assunto nosso.

Ainda no exemplo do casaco, ele vai vender:

A) Se tiver apelo, ou seja, se for bonito, se aquecer;


B) Se estiver de acordo com o que “estão usando”.

Para um designer, Moda e Design estão diretamente ligados. Os dois têm que “funcionar”. E, se um desig-
ner projetou uma coleção ou um produto que fez sucesso, que teve um retorno financeiro, ele é um “artista”,
porque nesse caso, cumpriu sua missão. Ficou claro? A função de um designer é oferecer um produto artís-
tico, que tenha uma função e que não fique nas prateleiras das lojas por não agradar aos consumidores.

2.1.2 MODA E DESIGN

Relacionando diversas definições, podemos dizer que:


Design é a concepção de um produto, estético e utilitário, orientado por uma intenção ou
objetivo, ou para a solução de um problema, sendo um fator crucial para o intercâmbio econô-
mico e cultural. É transformar o invisível no visível.
Muita informação, não? Nada... Mantenhamos a calma... Vamos analisar o que foi dito mais
atentamente, retomando alguns conceitos:
• Concepção – é a feitura, o ato de gerar ou produzir alguma coisa;
2 CONCEITO DE MODA COMO PRODUÇÃO ESTÉTICA PARA ANÁLISE DE MODA E DE SEUS CRIADORES
27

• Estético e utilitário – o produto tem que ter apelo, ou seja, tem que ser bonito, e ser útil. A utilidade,
na moda, pode se relacionar com ideias distintas. Por exemplo, é útil uma peça que tenha a finalidade
de agasalhar. Mas também é útil uma peça que atenda à sua vaidade, ao seu desejo de apenas tê-la
para você;
• Solução de um problema – na moda, chamamos de “problema” alguma ideia ou produto que quere-
mos desenvolver;
• Econômico e cultural – o fator econômico está ligado ao lucro, afinal, é importante destacar que es-
tamos vendendo moda. Para entendermos o fator cultural, lembremos que estamos vendendo moda
para um determinado grupo (podemos ler mais sobre esse assunto, adiante, no capítulo “Panorama
Produtivo da Moda”, deste Livro Didático);
• Transformar o invisível no visível – é gerar, produzir ou transformar em realidade (ou seja, em um pro-
duto) o que estava no nosso pensamento.
Pronto! Vimos o que um designer, ou um estilista, deve fazer: criar uma peça de moda (uma peça de
design) que dê lucro à empresa.

2.1.3 MODA E ARTE

Na moda, há algumas circunstâncias em que pode haver a categoria de moda contemplativa. Vamos ver
um exemplo para entendermos melhor.
Hubert de Givenchy (1927), estilista francês de alta costura, costumava desenhar para uma clientela
seleta (figura 1). Além disso, ele também desenvolveu muitas criações para a estrela de cinema Audrey
Hepburn (1929-1933) (figura 02). As peças por ele criadas eram vendidas, porque esse era seu trabalho
por meio do qual ganhava seu sustento. Mesmo sendo alta costura, um trabalho para uma pequena elite,
Givenchy tinha sua clientela e um preço muito elevado.
SENAI CETIQT / Pedro Toste

Figura 1 - Criações de Givenchy


TÉCNICAS DE REPRESENTAÇÃO DO VESTUÁRIO
28

SENAI CETIQT / Pedro Toste

Figura 2 - Audrey Hepburn vestindo uma das criações de Givenchy.

Por exemplo, o vestido creme da figura 1 e o preto da figura 2 foram comercializados na época de sua
criação (final dos anos 50, início dos 60), porém, hoje, encontram-se em museus ou em salas de exposição,
assim como outras criações do estilista. Podemos até mesmo afirmar que tais peças passaram para a cate-
goria de arte, uma vez que estão agora nesses espaços para que sejam olhadas, apreciadas, contempladas.
Sobre Givenchy e a moda dos anos 60, você poderá se aprofundar mais no capítulo “A moda da segunda
metade do século XX”, neste Livro Didático.

2.2 A PIRÂMIDE DE CONSUMO. EFEITO TRICKLE-DOWN

Para fazermos moda, normalmente, temos uma fonte de inspiração, alguém mais “antenado”, algum
formador de opinião etc.
Vale, aqui, recorrermos à pirâmide do trickle-down effect – nome que, em português, poderia ser tra-
duzido como “efeito gotejamento”. A ideia do fenômeno é a de que um produto que, inicialmente, tenha
surgido em uma camada social de destaque venha, com o tempo, a ser difundido também em uma camada
social mais popular.
2 CONCEITO DE MODA COMO PRODUÇÃO ESTÉTICA PARA ANÁLISE DE MODA E DE SEUS CRIADORES
29

Para um esclarecimento maior sobre o trickle effect, podemos ler sobre o assunto no
SAIBA capítulo “Panorama Produtivo da Moda”, deste Livro Didático. Este efeito é também
MAIS mencionado no livro de Dario Caldas, “Observatório de Sinais”, no qual ele descreve o
funcionamento da moda, fontes de inspiração e como ela se propaga.

Acompanhe a seta para entender a pirâmide a seguir:

Celebridades

Primeiros seguidores

SENAI CETIQT / Paulo d’Escragnolle / Marina Rosa


Leitores de revistas,
primeiras cópias em lojas

Vitrines e maior acesso

Consumo em massa, cópias


simplificadas para mercado popular

Figura 3 - Efeito Trickle-down. Repare que o “olho está lendo” os itens de cima para baixo.

Alguns criadores que estão no topo da pirâmide servem de referência ou inspiração de moda para
coleções, independente de qual seja o público-alvo delas. Por exemplo, há estilistas do topo da pirâmide
que fizeram moda conceitual1 e que, com certeza, serviram de inspiração para inúmeras coleções de outras
camadas sociais.

2.2.1 FONTES DE INSPIRAÇÃO

Vamos, então, falar um pouco mais sobre fontes de inspiração. A inspiração para uma peça ou coleção
pode ter origens diversas, por exemplo, muitas vezes, uma ideia dá origem a uma nova criação: é isso que
ocorre com a moda conceitual.
Uma peça conceitual pode até não estar à venda, mas ela chama atenção e nos faz refletir sobre a ideia
que se quer expressar.

1 Moda conceitual é uma forma “exagerada” do estilista expressar um conceito ou uma ideia. O conceito é mais do que a própria
roupa. Uma roupa conceitual serve para chamar a atenção para o que uma determinada marca ou estilista querem propor.
TÉCNICAS DE REPRESENTAÇÃO DO VESTUÁRIO
30

Parem e pensem: é possível alguma mulher pegar um trem ou correr atrás de um ônibus usando uma
das peças das próximas figuras 4 e 5? Não!
Ao ver essas peças de Alexander McQueen, nossa cabeça fica fervilhando de perguntas e ideias como:
“O que ele quis dizer com essas peças?” E um estilista vai, certamente, se sentir “mexido” e pensar: “Hum...
Acho que posso aproveitar essas ideias conceituais para usá-las nas minhas criações!”
Na figura a seguir, temos uma das criações de Alexander McQueen que foi exposta no Museu Victoria &
Albert, em Londres, em 2015, na exposição Savage Beauty.

SENAI CETIQT / Pedro Toste

Figura 4 - Criação de Alexander McQueen.

Por estarem expostas em um museu e por serem altamente conceituais, estas peças são consideradas
obras de arte e são contemplativas: as pessoas admiram, observam, talvez fotografem, formem suas
próprias ideias, mas não as tocam. Esqueceram que as peças estão no museu? Podemos só olhá-las. Talvez
ultrapassem a categoria de moda, talvez estejam além desse significado.
Voltando ao nosso assunto da moda e suas fontes de consulta, o que será que Alexander McQueen quis
dizer com suas criações? Qual era sua mensagem? Jamais saberemos. Mas, com o olhar sensível, investigativo
e curioso de um designer, podemos extrair várias ideias da coleção Savage Beauty.
2 CONCEITO DE MODA COMO PRODUÇÃO ESTÉTICA PARA ANÁLISE DE MODA E DE SEUS CRIADORES
31

Vamos ver mais uma obra desta exposição (figura 06) e tentar fazer um levantamento das informações
que podemos usar.
Vamos lá:

SENAI CETIQT / Pedro Toste

Figura 5 - Exposição Savage Beauty.

Ao analisarmos a peça, podemos identificar e selecionar:


• cartela de cores;
• forma;
• detalhes do modelo;
• bordados;
• programação visual...
E mais alguns detalhes, dependendo da área de atuação da empresa.
Vejam no que resultou esta pequena pesquisa:
TÉCNICAS DE REPRESENTAÇÃO DO VESTUÁRIO
32

Cartela de cores Forma da peça: Detalhes: Prog. Visual:


Linha A Recorte central Estampa

SENAI CETIQT / Paulo d´Escragnolle


Figura 6 - Quadro dos possíveis itens de um modelo ou de uma coleção obtidos a partir da observação e análise da figura 5.

Viram quantas ideias surgem se tivermos um olhar de “criador”? Garanto que vocês pensaram em mais coisas.
E o que dizer da peça a seguir, de Martin Margiela (1957), criador nascido na Antuérpia, Bélgica? O que
ele quis passar com esse colete feito de sobras de tênis? Não saberemos ao certo, mas podemos entender
que pode ser:
• Uma denúncia contra o descarte;
• Reutilização de material;
• Apenas moda e mais nada;
• Aspectos físicos que esse colete nos interessa etc.
SENAI CETIQT / Pedro Toste

Figura 7 - Colete da criação de Martin Margiela.


2 CONCEITO DE MODA COMO PRODUÇÃO ESTÉTICA PARA ANÁLISE DE MODA E DE SEUS CRIADORES
33

2.2.2 MODA PARA TODOS

E continuamos com nossas perguntas: A moda existe apenas para as celebridades e os primeiros
seguidores, aqueles do topo da pirâmide? É importante criar só para a elite? Só ela usa moda? Só ela
consome?

Pesquisem sobre estes grupos relacionados abaixo e observem as características de


cada um. São consumidores de moda e, muitas vezes, fonte de inspiração para muitos
estilistas:
•Skatistas;
SAIBA
•It girls;
MAIS
•Punks;
•Piriguetes;
•Grupo do Passinho.

2.2.2.1 EFEITO BUBBLE-UP

Quando a moda vem “de baixo”, ou melhor, quando a inspiração da moda brota a partir da “turma” da
base da pirâmide, dizemos que isso é o efeito buble-up2. Tudo pode acontecer. Agora, ironicamente, a
moda “entra pela porta dos fundos e sai pela sala”. Acompanhe a seta para entender a ordem de leitura
dos itens da tabela:

Versões caras aparecem nas lojas

Conhecedores de moda querem versões criativas

Revistas, jornais e TV divulgam a notícia


SENAI CETIQT / Paulo d´Escragnolle / /Marina Rosa

O mercado de classe média


dá um nome à tendência

Moda de rua e grupos


de cultura alternativas

Figura 8 - – Efeito Bubble-up. Repare que o olho “lê” a pirâmide de baixo para cima.

2 Bubbleup pode ser traduzido para o português como “borbulhar para cima”.
TÉCNICAS DE REPRESENTAÇÃO DO VESTUÁRIO
34

Temos alguns exemplos do fenômeno bubble-up, vejamos...


Há alguns anos, em uma movimentada rua da cidade do Rio de Janeiro, em um bairro bem famoso, foi
moda entre os camelôs a venda de chaveiros formados por cubos contendo letras. O consumidor escolhia
as letras e formava seu próprio nome ou da sua namorada ou a palavra que quisesse.
Foi um sucesso tão grande que uma joalheria conhecida gostou da ideia e passou a vender esses cha-
veiros em ouro branco para uma camada de maior poder aquisitivo.

Shutterstock/Yeko Photo Studio

Podemos citar também um outro exemplo mais conhecido no mundo da moda. Nos anos 80, em Paris,
surgiu a moda da calça clochard3. Era uma calça de cintura alta, com pregas, larga e ajustada por um cinto,
usada pelos mendigos que viviam na cidade frances
A princípio, mesmo sendo de origem masculina, a calça clochard fez muito sucesso entre as mulheres
porque suavizava as linhas do corpo.
Vejam duas versões de calças com o conceito clochard.

3 Clochard significa mendigo ou vagabundo em francês.


2 CONCEITO DE MODA COMO PRODUÇÃO ESTÉTICA PARA ANÁLISE DE MODA E DE SEUS CRIADORES
35

SENAI CETIQT / Pedro Toste


Figura 9 - Exemplos de calças clochard.

2.2.3 DURAÇÃO DA MODA

E quanto tempo dura uma moda? Independente de onde venha, se do topo ou da base da pirâmide, a
moda tem sua linha do tempo, tem uma duração. Essa duração está diretamente ligada aos seus seguidores.
Normalmente, baseada em estudos, temos a seguinte configuração: Adeptos X Tempo.

Formadores Adeptos
Inovadores Massas Barganhadores
de opinião tardios
Número de adeptos

SENAI CETIQT / Paulo d´Escragnolle / Marina Rosa

Nutrientes Vaguardistas Precoces Retardatários Atrasados


Tempo

Figura 10 - Gráfico de Ciclo de Vida de um Produto, baseado nas leituras de Eduardo Ferreira Costa (Comprador de Moda, 2003) e Roger (Curva de Adoção de Roger, 1995).
TÉCNICAS DE REPRESENTAÇÃO DO VESTUÁRIO
36

A partir desse gráfico, podemos ver que os inovadores e os barganhadores são poucos e que o consumo
em massa é grande.
Para entendermos melhor o gráfico, vejamos o que significa cada um dos itens que o compõe:
a) Inovadores
São aqueles que procuram novidades, que querem ser os primeiros a usar uma certa inovação ou um
novo conceito de roupa.
b) Nutrientes
São aquelas pessoas ou profissionais que fornecem as ideias iniciais de um novo movimento de moda
de uma nova forma de roupa, uma nova cor etc.
c) Formadores de opinião
São pessoas conceituadas a ponto de influenciar outras pessoas a “copiar” ou aceitar o que sugerem ou
o que vestem.
c) Vanguardistas
São aqueles que usam as roupas que ainda não caíram no gosto popular. São os “corajosos” que não se
importam com as críticas, mas ao contrário, gostam de causar um certo impacto com seu visual.
d) Massa
É o estágio maior do consumo. O grande público faz uso da moda. Ela é massificada, superpopular.
e) Precoces
São aqueles que usam logo o que está na moda, o que “pegou”, o que representa, de certa forma, um
grande grupo de pessoas “antenadas” e “atualizadas”.
f ) Adeptos tardios
São pessoas resistentes a novidades. Custam a aceitar o novo, às vezes por uma questão financeira.
Neste estágio, as roupas já têm um preço mais reduzido.
g) Retardatários
Assim como os adeptos tardios, os retardatários esperam a moda entrar na curva descendente pelos
mesmos motivos.
h) Barganhadores
Grupo de pessoas que procuram um bom preço. Podemos citar como exemplo aquelas pessoas que
compram em liquidações.
i) Atrasados
São as pessoas que não se preocupam muito com a moda. Roupa para esse grupo está diretamente
ligada a valores.
2 CONCEITO DE MODA COMO PRODUÇÃO ESTÉTICA PARA ANÁLISE DE MODA E DE SEUS CRIADORES
37

E o que acontece quando esse tempo termina, quando aquela moda deixou de ser seu objeto de
desejo? Logo em seguida, as vezes até ao mesmo tempo junto com o período dos barganhadores, surge
uma nova “agitação” que faz com que haja um novo movimento de aquisição das novidades.

RECAPITULANDO

Neste capítulo, estudamos a diferença entre moda, design e arte. Vimos que o conceito de moda
como produção estética pode ter origem em diferentes locais, diversos ambientes e estar contida em
váriasideias. Cabe ao estilista, ou ao criador, estar atento a qualquer possibilidade de transformar essas
ideias em produtos de consumo, em objetos de desejo que sejam aceitos por grupos de pessoas.
Aprendemos também que a moda tem uma certa duração e que quando esgota, um outro movi-
mento ocupa seu lugar
A moda dos séculos XVIII, XIX

Para melhor nos organizarmos, dividimos este assunto, ou seja, a moda através dos séculos,
em 3 blocos:
• Capítulo 3 – do século XVIII ao século XIX;
• Capítulo 4 – 1ª metade do século do século XX (de 1900 até 1940);
• Capítulo 5 – 2ª metade do século XX (de 1950 até décadas de 1990).
Existem registros de moda desde a pré-história. No princípio, tínhamos a falsa ideia de que
as roupas serviam só para proteger do frio e do calor. Aos poucos, outros estudos provaram
que as roupas, além de proteção, serviam também como forma de demonstrar outras ideias
como posição social, posição profissional, etc.
Quando olhamos um bombeiro ou um gari (lixeiro) em seus uniformes, sabemos sua pro-
fissão, mesmo se eles não estiverem nos seus locais de trabalho, por causa da sua vestimenta.
E mais, podemos deduzir também sua escolaridade, classe social, sabemos mais ou menos seu
salário, etc.
A roupa é muito importante e nela jogamos nossas vontades e desejos. Nos vestimos para
dominar, seduzir e influenciar as pessoas. Já repararam quando acordamos e vamos nos arru-
mar para irmos à escola ou ao trabalho? Abrimos o armário e perguntamos inconscientemente:
“O que eu quero ser hoje?”. Vestir-se é um momento “mágico”.
Ninguém escolhe uma roupa “no escuro”; ninguém vai a uma loja e diz ao vendedor: “Me dê
R$ 700,00 de camisetas, por favor?”.
A moda está mais presente em nossas mentes do que pensamos. E está sempre em evolu-
ção, sempre mudando, sempre se modificando.
Como falado antes, a moda, ou o que vestimos, diz muito sobre nós. Já reparou que, quando
vamos ao teatro ou assistimos a um filme, mesmo o ator ou atriz nada falando, conseguimos
quase traçar o perfil da personagem, o que ela é ou que está querendo mostrar apenas pelo
seu figurino?
A moda serve para fazermos parte de um grupo: patricinhas, piriguetes, góticos, etc. A rou-
pa define o grupo e nos faz sentir parte de uma “turma”.
TÉCNICAS DE REPRESENTAÇÃO DO VESTUÁRIO
40

Podemos verificar que a moda sempre esteve presente nos acontecimentos, ou melhor, a moda sempre
foi e continua sendo um mecanismo de “vestir” um determinado movimento social.
Em raríssimos casos, a moda foi o ponto de partida, ou a causadora desses movimentos. Ela “denuncia”,
pontua, revela e muitas vezes serve como válvula de escape de toda uma sociedade.
É fácil verificar através de livros, arquivos, fotos, pinturas, esculturas e até mesmo pelos desfiles de moda
contemporâneos que sempre, de uma forma reinventada, trazemos referências do passado. Tudo volta e
com uma velocidade cada vez maior.
Como exemplo deste procedimento em que buscamos inspiração na história, podemos citar John
Galliano (comentaremos mais sobre este estilista nos próximos capítulos) que trouxe para desfile atual
peças inspiradas em Maria Antonieta.
Mas, vamos voltar no tempo e tentar saber um pouquinho da história através do vestuário. Claro que
poderíamos começar falando sobre a pré-história, como mencionamos no início, mas vamos dar um gran-
de salto e viajar no tempo começando pelo século XVIII.
Que tal separamos por estilos e épocas que marcaram os tempos? Acho que ficará mais fácil para en-
tendermos.
Citaremos alguns dos principais designers durante nossa viagem, porque se não teríamos que escrever
um livro muito extenso. Mas não fiquem frustrados. Existem muitas obras que tratam do mesmo assunto
nas quais vocês poderão fazer uma pesquisa mais profunda e enriquecedora, descobrindo mais designers
e observando mais alguns detalhes.
De qualquer forma temos certeza de que vocês conseguirão entender cada época.
Prontos? Vamos

3.1 A MODA DO SÉCULO XVIII – CONTEXTO HISTÓRICO

A Europa do século XVIII presenciou profundas mudanças políticas, econômicas, sociais e culturais.
No início do século, a Revolução Industrial4 causou um grande impacto em diversas áreas, incluindo o
segmento da moda. Um dos avanços da época foi o aperfeiçoamento do tear, proporcionando o acelera-
mento do processo de tecelagem. O sistema de produção em série também contribuiu para aumentar o
volume produzido.
No final do século XVIII, ocorreu a Revolução Francesa, movimento social e político que teve por objeti-
vo principal derrubar o Regime Absolutista5 na França e instaurar um Estado democrático que representas-
se e assegurasse os direitos de todos os cidadãos.
Antes da Revolução Francesa, o país era um referencial de moda para o resto da Europa. A elite elegante
do continente se espelhava na realeza e nobreza francesas.

4 A Revolução Industrial, que teve início na Inglaterra, foi a mecanização dos sistemas de produção em série, buscando maiores
lucros através da aceleração da produção. Isso foi ocasionado pelo crescimento da população e maior demanda de mercadorias.
5 O Absolutismo Monárquico é a centralização do poder político nas mãos do rei.
3 A MODA DO SÉCULO XVIII, XIX
41

3.1.1 O ESTILO ROCOCÓ (1690/1789)

No início do século XVIII a moda era o estilo Rococó6, que primava pelo exagero e pela ostentação. Esse
estilo teve sua expressão nas artes, arquitetura e moda.

Gryffindor
Figura 11 - O exagero de um traje formal usado na corte, no estilo Rococó: século XVIII.
PixelWorks

Figura 12 - Saia com paniers.

6 O nome Rococó tem origem nas palavras francesas rocaille (pequenas pedras) e coquilles (conchas). O estilo caracteriza-se pela
presença de volume e de muitos ornamentos.
TÉCNICAS DE REPRESENTAÇÃO DO VESTUÁRIO
42

Domínio Público

Figura 13 - Lacinhos e babados característicos do estilo Rococó.

Nas roupas femininas, a estrutura do corpo era mantida pelos corpetes (figura 14) e as saias tinham uma
estrutura exagerada, sustentadas por paniers (figura 15).
SENAI CETIQT / Pedro Toste

Figura 14 - Corpetes do século XVIII com bordados delicados


3 A MODA DO SÉCULO XVIII, XIX
43

SENAI CECOTEG / Eurico Miranda


Figura 15 - Paniers

Os corpetes tinham como função ajustar muito o corpo para que a circunferência da cintura das mulhe-
res da época ficasse bem estreita. Esse era o padrão de beleza exigido.
Esses corpetes eram, a princípio, feitos de metal, embora, por causa do acabamento em tecidos e
fitas, tivessem um aspecto delicado. As usuárias desse “artefato” necessitavam de uma ajudante para
acomodar o corpete, através de fitas ou cadarços, o mais ajustado possível ao corpo, a ponto de interferir
na silhueta natural.

CURIOSI Existem relatos que muitas usuárias tinham as costelas fraturadas por causa desses
DADES ajustes que, muitas vezes, eram feitos de maneira agressiva e sem cautela.
TÉCNICAS DE REPRESENTAÇÃO DO VESTUÁRIO
44

CASOS E RELATOS

Um estilista contemporâneo elaborou uma coleção feminina baseada na indumentária do século XVIII.
Porém, como já sabemos, no século XVIII, existia um desconforto muito grande para manter o corpo
alongado, esbelto e as saias armadas. As mulheres usavam corseletes tão estruturados e apertados
que, por vezes, ocorria de fraturarem suas costelas, tamanha a agressão que tal peça do vestuário
causava ao corpo feminino. Para sustentar as saias, eram utilizados paniers como estruturas.
O estilista, então, teve que contornar esse problema, em sua produção atual, para que suas clientes
não sentissem os mesmos desconfortos daquela época.
Para tal, foi usado um tecido com bastante elasticidade e muitos recortes na parte de cima do vestido.
Além disso, foram colocadas muitas anáguas sob a saia para que se conseguisse o mesmo efeito
desejado como o maior conforto possível. Vamos ver o resultado?

Blusa (parte de cima)


em tecido elástico
com recortes para
acompanhar a anatomia
do corpo.
SENAI CETIQT / Paulo d`Escragnolle / Marina Rosa

Saia (parte de baixo)


com várias anáguas
para mantê-la armada
e confortável.
3 A MODA DO SÉCULO XVIII, XIX
45

O exagero da moda feminina estava presente também nos penteados e chapéus adornados com plu-
mas e flores, permitindo até o uso de navios como enfeites, sobre cabelos empoados.

SENAI CETIQT / Pedro Toste

Figura 16 - Arranjos de cabelo exagerados.

Fazia-se uso de grandes perucas e rostos empoados tanto para as mulheres quanto para os homens.
O exagero do período era tanto que vários cartunistas da época registravam os detalhes da moda de uma
forma irônica.
SENAI CETIQT / Pedro Toste

Figura 17 - Críticas ao exagero do estilo Roc


TÉCNICAS DE REPRESENTAÇÃO DO VESTUÁRIO
46

Para visualizar melhor como era o estilo da época, de Maria Antonieta e dos
SAIBA frequentadores do Palácio de Versalhes, na França, assista ao filme “Les adieux à la
MAIS reine” (O adeus à rainha), com Diane Kruger no papel de Maria Antonieta.

Na moda masculina, o terno de três peças – colete/casaco/calça – se manteve relativamente igual ao do


século anterior, havendo alteração do tecido e das cores. As roupas eram rebuscadas e havia muita riqueza
nos bordados e nos enfeites (figura 18).

Figura 18 - A moda masculina ricamente ornada.

Vale a pena ver o filme Ligações Perigosas (Dangerous Liaisons) e observar a


indumentária da época. No início da película, podemos notar os personagens
SAIBA principais, a marquesa de Merteuil (Glenn Close) e o visconde de Valmont (John
MAIS Malkovich), se vestindo para mais um dia na corte.
É um filme americano, de 1988, dirigido por Stephen Frears. Elenco: John Malkovich,
Glenn Close, Michelle Pfeiffer, Uma Thurman, Keanu Reeves.
3 A MODA DO SÉCULO XVIII, XIX
47

3.1.1.1 ALGUNS SAPATOS DO PERÍODO DO ROCOCÓ

Por incrível que pareça, os sapatos mais ornamentados com bordados, fivelas etc. eram os masculinos,
porque ficavam à mostra. Os sapatos femininos eram escondidos pelas longas saias e vestidos.

Domínio Público / Costume Council Fund


Figura 19 - Sapatos masculinos do período do Rococó.

3.1.2 O ESTILO NEOCLÁSSICO

Também conhecido por estilo Diretório, Linha Império ou Regência, o estilo Neoclássico foi um estilo
recatado e suas formas eram simples e lineares. Inspirado no Classicismo da Antiguidade Grega e Romana,
abandonou de vez as formas elaboradas do Rococó.
A chemise, um vestido de algodão branco, que era a roupa de baixo do Rococó, foi o look que separou o
Neoclássico do estilo anterior. O espartilho e o panier, que serviam como estrutura das formas do Rococó,
foram definitivamente abandonados no período. O corpo da mulher estava quase natural, não fosse a cin-
tura deslocada para abaixo do busto.
SENAI CETIQT / Pedro Toste

Figura 20 - O chemise de algodão.


TÉCNICAS DE REPRESENTAÇÃO DO VESTUÁRIO
48

Tendo como inspiração as estátuas gregas, os tecidos usados – a musseline e a gaze leve – eram sim-
ples e transparentes, e os trajes exigiam o uso de uma combinação para preservar a decência e o pudor
exigidos na época.
O corte simples dos modelos, sem bolsos nas saias implicavam no uso de pequenas bolsas ou sacolasde
mão fechadas por um cordão. Eram as chamadas ridículas.

SENAI CETIQT / Pedro Toste

Figura 21 - As bolsinhas ou ridículas, como eram chamadas.

A moda masculina adota o estilo inglês, que se aproxima dos trajes masculinos atuais: calças e casacos
com mangas compridas, sem adornos e com cores mais sóbrias.
Eurico Fernandes / Fernanda Coimbra

Figura 22 - Casal com os trajes do período Neoclássico.


3 A MODA DO SÉCULO XVIII, XIX
49

Não deixe de assistir ao filme Razão e Sensibilidade (Sense and Sensibility), que é
britânico e americano, de 1995, do gênero comédia romântica, dirigido por AngLee.
Mesmo passando por dificuldades financeiras, uma viúva (personagem principal
SAIBA vivida por Emma Thompson) e as três filhas mostram a indumentária do período
MAIS neoclássico.
Elenco: Kate Winslet, Emma Thompson, Hugh Grant, Alan Rickman

3.2 SÉCULO XIX

Com o aumento da produção, proporcionado pela Revolução Industrial, a população teve mais acesso a
vários produtos, inclusive a peças do vestuário. A produção em série proporcionou preços mais acessíveis,
o que determinou uma forte disseminação de estilos.
O homem começou a produzir e comercializar produtos com seus próprios esforços e, por conseguinte,
essa camada ativa da sociedade começou a enriquecer, a ser notada e até mesmo ter seus hábitos copia-
dos. Isso gerou uma nova estrutura social e a classe média passou a determinar certas atitudes culturais.

3.2.1 ROMANTISMO

Mais do que uma nova maneira de vestir, o Romantismo foi uma visão de mundo que dominou a cultura
europeia durante o século XIX. Esse movimento estava presente não só na estética, mas também no modo
de viver, como um sistema de costumes e ideias.
Neste século, ficou bem determinado o que era roupa feminina e masculina. Os homens abandonaram
as roupas rebuscadas e tornaram-se modelo de uma certa simplicidade para a época, até porque estavam
sempre ocupados em seus afazeres e as roupas precisavam ser menos pesadas e menos limitantes. Até os
governantes optaram por modelos mais simples.
O estilo Romântico tinha como característica as mangas presunto (ou mangas gigot), com pregas na
junção com o ombro e estreitas na boca.
TÉCNICAS DE REPRESENTAÇÃO DO VESTUÁRIO
50

SENAI CETIQT / Pedro Toste

Figura 23 - Manga gigot ou presunto..

As mulheres não podiam ser vistas com vestidos soltos sobre o corpo. Por esse motivo, o espartilho
voltou e recolocou a cintura feminina no lugar, tornando o corpo mais sinuoso e enfatizando os quadris.
As saias ficavam armadas graças às estruturas chamadas de crinolina.
Eurico Fernandes / Fernanda Coimbra

Figura 24 - As saias armadas.


3 A MODA DO SÉCULO XVIII, XIX
51

Domínio público
Figura 25 - A crinolina.

A indumentária Romântica tinha inspiração nos vários modelos de décadas passadas, mas principal-
mente no Rococó. Percebia-se também, em algumas épocas do movimento romântico, as saias ligeiramente
mais curtas, ainda armadas, lembrando a forma de sinos.

SENAI CETIQT / Pedro Toste

Figura 26 - A saia ligeiramente mais curta em forma de sino.


TÉCNICAS DE REPRESENTAÇÃO DO VESTUÁRIO
52

Os sapatos femininos tinham pequenos saltos e eram de tecido bordado.

SENAI CETIQT / Pedro Toste


Figura 27 - Exemplo de sapato da época do Romantismo.

Na indumentária masculina, dependendo da ocasião, os casacos variavam, podendo ser longos com os
ombros ressaltados e cintura estreita ou curtos. Golas e acessórios de veludo eram usados.

SENAI CETIQT / Pedro Toste

Figura 28 - Roupas masculinas da época do Romantismo.


3 A MODA DO SÉCULO XVIII, XIX
53

As cores para os casacos eram contidas, neutras, quase sempre em tons escuros que contrastavam com
as calças brancas ou amarelo-claro.

3.2.2 PERÍODO VITORIANO

Foi o período do reinado da Rainha Vitória (de 1837 a 1901).

shutterstock/Everett Historical

Figura 29 - A Rainha Vitória com seu traje recatado e de certa austeridade.

Eram os tempos da revolução industrial e a sociedade de consumo tinha uma grande importância.
A popularização da máquina de costura, embora não usada totalmente na confecção do vestuário – algu-
mas partes ainda eram artesanais – modificou muito a aparência e a forma de produção das roupas. Isso
proporcionou também o exagero de ornamentos.
A moda prosperou muito também graças ao desenvolvimento dos meios de transporte, principal-
mente as ferrovias.
Foi um período extremamente puritano. As mulheres eram recatadas e usavam xales quando saiam de
suas casas. Os cabelos eram cacheados, mas por uma questão de discrição, eram cobertos por uma touca.
Na forma, os ombros ficaram estreitos e as cinturas mais baixas por causa dos espartilhos pontudos.
As mangas iam até os punhos, eram justas no braço e bufantes no antebraço.
TÉCNICAS DE REPRESENTAÇÃO DO VESTUÁRIO
54

Domínio Público
Figura 30 - Um dos modelos de espartilho em bico.

A saia ficou totalmente arredondada, um pouco mais curta na frente e as anáguas pesadas eram susen-
tadas pela crinolina.
SENAI CETIQT / Pedro Toste

Figura 31 - Caimento da saia no período vitoriano.


3 A MODA DO SÉCULO XVIII, XIX
55

SENAI CETIQT / Pedro Toste


Figura 32 - A crinolina no período vitoriano.

Na segunda metade do período, as saias ficaram retas na frente com volume nas costas (figura 32).
As mangas tornaramse mais largas e as golas, geralmente de renda ou de um tecido mais leve, enfeitavam
o pescoço. As luvas de renda eram acessórios comumente usados.
Photograph LACMA

Figura 33 - Saia com a frente reta.


TÉCNICAS DE REPRESENTAÇÃO DO VESTUÁRIO
56

Uma característica importante no vestuário eram os vestidos que cobrissem totalmente as pernas, dei-
xando aparecer muito pouco, os sapatos. Ainda podemos destacar que, após a morte do Príncipe Albert, a
Rainha Vitória veste uto até o fim de sua vida. Esse fato marcou o início da segunda fase da Era Vitoriana.

Rodrigo Lacerda

Figura 34 - A Rainha Vitória em trajes de luto.

O negro foi a cor adotada pelas mulheres e aparece uma nova silhueta. O corpo feminino foi totalmente
coberto. As saias tinham várias camadas, eram justas e achatadas na frente, com volume nas costas termi-
nado por uma pequena cauda. O espartilho tornou-se mais rígido e a crinolina foi reduzida acompanhando
o movimento do corpo ao sentar-se.
SENAI CETIQT / Pedro Toste

Figura 35 - A nova silhueta.


3 A MODA DO SÉCULO XVIII, XIX
57

Figura 36 - A nova crinolina que permitia um certo movimento Eurico Fernandes / Fernanda Coimbra

Para entender mais sobre o período Vitoriano, veja o filme Sua Majestade, Mrs.
Brown (Her Majesty, Mrs. Brown), que mostra a austeridade da indumentária da
SAIBA rainha Vitória, principalmente após a morte de seu marido, o príncipe Alberto.
MAIS Ofilme é uma produção dos Estados Unidos/Irlanda/Reino Unido, de 1997.Elenco:
Emily Blunt, Miranda Richardson, Jim Broadbent, Paul Bettany, Mark Strong

No final da década de 1890, com o final da Era Vitoriana, alguns valores mudaram, principalmente para
os jovens, e os trajes esportivos entram em moda, permitindo o uso de cores.
Eurico Fernandes / Fernanda Coimbra

Figura 37 - Novas cores e texturas no final da Era Vitoriana.


TÉCNICAS DE REPRESENTAÇÃO DO VESTUÁRIO
58

3.2.2.1 A MODA MASCULINA

Como no Romantismo, as roupas masculinas eram sóbrias, próprias para um homem que pertencia à
uma sociedade produtiva. O vestuário masculino foi influenciado pelo companheiro da rainha Vitória, o
Príncipe Albert. Os ombros e o tórax eram proeminentes e a cintura bem estreita. Os acessórios usados
eram a gravata, a cartola e um relógio pendurado por uma corrente que aparecia sob o colete.

SENAI CETIQT / Pedro Toste

Figura 38 - A sobriedade da roupa masculina.

RECAPITULANDO

Vimos neste capítulo a moda do século XVIII e sua expansão por causa da Revolução Industrial.
Aprendemos que a moda acompanhou os vários momentos desse século, passando pelos exa-
geros do estilo Rococó, o recato do Neoclássico, as formas, os costumes e ideias do Romantismo e
a austeridade do estilo Vitoriano.
Pudemos acompanhar a evolução dos guarda-roupas feminino e masculino.
A moda da primeira metade do século XX

A partir da primeira metade do século XX, o mundo tornou-se mais urbanizado e esse
período assistiu a dois grandes conflitos: Primeira e Segunda Guerra Mundial.
As palavras de ordem foram a tecnologia e as grandes inovações. Todas as invenções foram
direcionadas à velocidade, tanto no transporte, a começar pelo avião e pelo automóvel, quanto
na comunicação. O conhecimento foi o grande fenômeno global.
Como será que esses eventos influenciaram na moda, no jeito de as pessoas se vestirem?
É isso que veremos ao longo deste capítulo.

4.1 DÉCADA 1900 – A BELLE ÉPOQUE

Grandes invenções impulsionaram esta década, principalmente no que se refere à tecnolo-


gia, por exemplo:
• as aeronaves com motores próprios;
• o automóvel;
• o cinema, que discretamente começou a falar;
• máquina de escrever elétrica;
• máquina de lavar roupa elétrica;
• expansão da máquina de costura (figura 39);
• a seda artificial (rayon) etc.
Todas essas novas descobertas mudaram radicalmente a realidade de até então.
TÉCNICAS DE REPRESENTAÇÃO DO VESTUÁRIO
62

Domínio Publico
Figura 39 - Cartão postal com anúncio da máquina de costura Singer

Quando o século começa, a Europa ainda mantém poder e prestígio mundial. Paris, com os balés, livra-
rias, óperas, teatros e diversas formas de cultura, era considerada o centro produtor e exportador de cultura
mundial.
É difícil determinar especificamente limites para a Belle Époque7, uma vez que esse movimento é mais
um estado de espírito do que uma data ou um período preciso.

4.1.1 OS COSTUMES

Surge a cultura do divertimento. A Belle Époque, com todo o estímulo do desenvolvimento tecnológico,
esteve presente também no campo do entretenimento.
Parques e cinemas, se transformaram em ambientes de divertimento em massa, permitindo que todos
saíssem da realidade cotidiana. Essa interação das diversas camadas sociais possibilitou a mistura de ele-
mentos da cultura culta com a cultura das classes menos privilegiadas.
Os cabarés, o Cancan, uma dança francesa, e o cinema eram influenciados pelo Impressionismo8 e
a Art Nouveau9.

Para saber mais sobre a dança francesa Cancan, não deixe de conferir obras dos
SAIBA pintores franceses do início do século XX. Os cabarés foram muito retratados,
MAIS principalmente por Toulouse Lautrec.

7 A expressão francesa Belle Époque significa “bela época” e representa um período de combinação de culturas de diversos países na
história da Europa. Foi considerada uma época de beleza, inovação e paz entre os países.
8 O Impressionismo foi um movimento surgido na pintura durante a Belle Époque, encabeçado por pintores jovens que não se pre-
ocupavam em retratar a realidade. Eles acreditavam na impressão do momento. Em poucas palavras, o Impressionismo era a busca da
imagem ao natural. Alguns pintores desse movimento: Toulouse-Lautrec, Renoir e Claude Monet.
9 A Art Nouveau poderia ser considerada o primeiro estilo moderno do século XX. Valorizava os ornamentos, as cores vivas e as
curvas sinuosas baseadas nas formas das plantas dos animais e das mulheres.
4 A MODA DA PRIMEIRA METADE DO SÉCULO XX
63

4.1.2 A ARTE NA DÉCADA

As alterações radicais foram aceitas em todos os campos da arte. Conforme mencionado anterior-
mente, foi o período da Belle Époque, do Impressionismo e da Art Nouveau. Foi a era conhecida como
início da arte moderna.
A dança, que estava restrita ao ballet clássico – no qual graça e beleza eram representados de uma
maneira formal –, até que surgiu Isadora Duncan para romper com a tradição (figura 40). Bailarina
americana, Duncan impôs uma nova forma de dançar, modificando também o figurino: rejeitou o tutu
clássico (figura 41), passou a usar túnicas em estilo grego e dançava descalça.

SENAI CETIQT / Pedro Toste

Figura 40 - Isadora Duncan.


Shutterstock/Master1305

Figura 41 - Tutu clássico.


TÉCNICAS DE REPRESENTAÇÃO DO VESTUÁRIO
64

4.1.3 A MODA FEMININA

O século começa com os mesmos contornos do final do século XIX: formas femininas elaboradas e
formas masculinas simples. Nos primeiros anos do século XX, ainda reinavam as formas do século ante-
rior. A Belle Époque cobria as mulheres de rendas e, à noite, exibia profundos decotes. O novo espartilho
criava a silhueta “S”.

SENAI CETIQT / Pedro Toste

Figura 42 - Forma de vestir das mulheres elegantes da época (1900)

O espartilho em “S” retirava a pressão do abdome e projetava o busto para frente e os quadris para trás.
Esse tipo de silhueta tornou-se a estrutura para as roupas extravagantes do final dos anos 1890 e durante
os anos 1900.
Nessa época, eram muito comuns os tons esverdeados em chiffon, musselina de seda e tule – são tecidos
com o caimento que a roupa da década exigia: finos, leves e com certa transparência –, boás de plumas,
golas altas sustentadas por barbatanas para o dia e decote profundo, desnudando os ombros para a noite,
luvas longas de pelica, sombrinhas, roupa de baixo com babados e anáguas enfeitadas com rendas.
Eurico Fernandes / Fernanda Coimbra

Figura 43 - Vestido de chifon, 1901


4 A MODA DA PRIMEIRA METADE DO SÉCULO XX
65

Com as novas atribuições profissionais da mulher, em meados de 1909 ocorreu uma grande mudança
na moda parisiense: as roupas com rígidos espartilhos foram substituídas pelas formas moles, frouxamente
drapeadas10 e o uso extravagante da cor e da decoração nos trajes. Ficou em moda também da túnica-aba-
jur (figura 44) e das sobre túnicas (figura 45), os botões como enfeite, chapéus pequenos, bem ajustados e
às vezes com aba larga, casacos quimono e calças odalisca usadas sob a saia.

SENAI CETIQT / Pedro Toste

Figura 44 - Vestido túnica abajur desenhado por Paul Poiret.


SENAI CETIQT / Pedro Toste

Figura 45 - Vestido sobre túnicas desenhado por Madame Paquin.

10 Drapeado é o efeito obtido na roupa através de muitas pregas e dobras.


TÉCNICAS DE REPRESENTAÇÃO DO VESTUÁRIO
66

Nesse tempo, os banhos de mar não estavam muito na moda, mas já existiam alguns trajes que possibi-
litavam às mulheres molharem os pés na água.

Eurico Fernandes / Fernanda Coimbra


Figura 46 - Mulher com saia e anáguas suspensas para molhar os pés, 1902.

Gostaria de saber mais sobre a Belle Époque? Então, assista ao filme norteamericano
SAIBA My Fair Lady, de 1964. Nesse divertido clássico, podemos ver a indumentária de um
MAIS povo pobre de rua e da elite da época. A direção é de George Cukor, e o elenco:
Audrey Hepburn, Rex Harrison, Stanley Holloway, Wilfrid HydeWhite, Gladys Cooper.

4.1.4 O HOMEM DA BELLE ÉPOQUE

A popularidade das atividades de lazer e do esporte geraram um desenvolvimento nos trajes masculi-
nos. A prática de dirigir fez com que começasse o uso de casacos impermeáveis, a natação simplificou os
trajes de banho e o passeio de barco levou ao uso de roupas mais leves e menos formais.
O chapéu boater (chapéu de palha de verão), blazers e sapatos finos e pontudos de amarrar.
4 A MODA DA PRIMEIRA METADE DO SÉCULO XX
67

Shutterstock/Everett Historiacal
Figura 47 - Homens com indumentária característica da época.

4.2 DÉCADA 1910

Logo no início da década, antes da declaração da Primeira Guerra Mundial, a Europa atravessava um
tempo de prosperidade com grandes mudanças e conquistas, como o voto feminino – ou seja, a luta pela
igualdade feminina –, o contrato de trabalho e a liberdade de fazer greves e comícios.

CURIOSI Emmeline Pankhurst foi uma mulher que, em Londres, lutou pela igualdade feminina,
DADES chegando a ser presa por sua atitude. Como homenagem e reconhecimento pela sua
luta teve seu rosto representado em um selo.
shutterstock /Rook76

Figura 48 - Selo postal fazendo referência ao voto feminino.


TÉCNICAS DE REPRESENTAÇÃO DO VESTUÁRIO
68

A Primeira Guerra Mundial começou em agosto de 1914 e terminou em novembro de 1918. O conflito
gerou aproximadamente 10 milhões de mortos, 30 milhões de feridos, causando grandes prejuízos nos
campos econômico, industrial e agrícola em todos os países envolvidos.
Durante a guerra, as mulheres foram obrigadas a trabalhar em fábricas, em serviços até então exclusivos
para os homens e em grupos das forças armadas, na produção de armamentos e munições, embalagens e
ferramentas. Trabalharam também como bombeiros, guardas de trânsito, motoristas e paramédicas.

4.2.1 A ARTE NA DÉCADA

O Expressionismo surgiu em 1910, como um modo de contradizer a arte impressionista: a manifestação


do mundo interior através da materialização do sentimento do artista sem muita preocupação com o belo.

shutterstock /Vladimir Wrangel

Figura 49 - Quadro do pintor expressionista Van Gogh.

As sessões de cinema eram frequentadas por homens e mulheres que se arrumavam com suas melho-
res roupas para o evento.
Alguns nomes como Mary Pickford, que conquistou plateias como a “Queridinha do Mundo”, fizeram
sucesso na época e suas imagens eram copiadas.
4 A MODA DA PRIMEIRA METADE DO SÉCULO XX
69

SENAI CETIQT / Pedro Toste


Figura 50 - Mary Pickford..

4.2.2 A MODA FEMININA

A Primeira Guerra Mundial transformou os tempos e obrigou a uma mudança de hábitos radical, em
contraste ao período de luxo, sofisticação e alegria vivido nos anos anteriores.
Com a ausência do homem, que se encontrava no campo de batalha, a mulher teve que assumir um
papel mais ativo na sociedade e ocupar os setores que, anteriormente, eram de seus maridos.
O papel da mulher na sociedade foi alterado. As de classe baixa trabalhavam nas fábricas e exerciam ofí-
cios masculinos, enquanto as da classe média e alta eram chamadas para trabalhos de cunho social, como
ajudar nos orfanatos e enfermarias.
Em algumas atividades, as mulheres viram-se obrigadas a usar verdadeiros uniformes, e a calça compri-
da passou a ser de uso regular. Ao tirar os uniformes exigidos pelo trabalho, elas tinham necessidade de
um pouco de elegância. A grande quantidade de entretenimentos destinados a esquecer os horrores da
guerra exigia da mulher uma vida social intensa.
Muitas casas de alta-costura francesas fecharam ou pediram ajuda aos Estados Unidos para manter
contato com a clientela americana.
No início da década, no vestuário feminino, o preto e o branco foram cores predominantes. O decote
junto ao pescoço substituiu a gola alta. As saias ficaram na altura da canela e os corsets11 foram abandona-
dos. Surgiram as peças de tricô, como pulôveres, echarpes e meias feitas à mão.
No meio da década, as saias encurtaram mais ainda, mostrando a metade da “barriga” da perna. Os sa-
patos,antes fechados, agora eram descobertos, mostrando as meias de algodão.

11 Também conhecido pelo nome de espartilho ou corselete, o corset é uma peça do vestuário que tem por objetivo afinar a cintura
e manter o tronco ereto.
TÉCNICAS DE REPRESENTAÇÃO DO VESTUÁRIO
70

Na figura 51, podemos ver exemplos dos trajes, resultantes do período da guerra, que fizeram com que
as classes sociais parecessem niveladas. Tanto as mulheres das classes mais altas quanto as operárias ado-
taram uma forma de vestir mais discreta em vestidos de algodão branco.

SENAI CETIQT / Pedro Toste


Figura 51 - Mulheres e seus vestidos de algodão.

Os turbantes também eram usados com penas e joias como decoração.


Já a maquiagem era feita com produtos caseiros e improvisada pelas mulheres: gotas de cera ou vaseli-
na na ponta dos cílios. Para a noite, as mulheres usavam pó para criar um aspecto pálido, rouge na boche-
cha, lápis nas sobrancelhas e tinta colorida para lábios.
Com a guerra, tudo era racionado e os artigos de beleza se tornaram mais do que supérfluos, artigos a
serem rejeitados. Apenas uma maquiagem muito leve era permitida.

CASOS E RELATOS

É muito importante uma pesquisa bem realizada para reproduzir o figurino de época em um filme,
uma novela ou uma peça teatral.
Em um filme, por exemplo, o diretor pode iniciar uma cena a partir até de um botão e ir ampliando
o quadro. Já imaginou se, em uma cena de abertura, começássemos usando como tela principal
um botão feito de acrílico ou de qualquer outro material que ainda não tivesse sido desenvolvido
na época? A credibilidade do filme já estaria comprometida por um “pequeno” grande detalhe.
4 A MODA DA PRIMEIRA METADE DO SÉCULO XX
71

Isso nos lembra um fato acontecido há bem pouco tempo. Era uma peça musical ambientada no
final da década de 1930, início dos anos 1940.
Talvez com a intenção de dar mais movimento e plasticidade ao balé, em uma determinada cena
composta por mulheres da classe trabalhadora, o figurinista desenvolveu, para quase todas as par-
ticipantes da cena, saias fartas e rodadas.
A imprensa criticou muito o figurinista pelo exagero de tecido nas roupas, sabendo-se que, nesse
período, havia uma restrição muito grande quanto ao desperdício. Se você voltar ao texto principal
deste capítulo, verá que esse momento foi marcado pelo racionamento de materiais.

4.2.3 A MODA MASCULINA

A silhueta masculina era composta por ombros largos, cintura marcada, calças ajustadas no tornozelo,
coletes curtos e polainas. As camisas não tinham golas e punhos fixos, eles eram removíveis e poderiam ter
as cores trocadas. Para cada ocasião, variava o número de botões das mangas dos paletós. IStock/luoman

Figura 52 - Uso de polainas na moda masculina.


TÉCNICAS DE REPRESENTAÇÃO DO VESTUÁRIO
72

4.2.4 ROUPA DE BANHO

Em 1917, era cada vez mais comum a mulher ir à praia vestindo os maiôs com sapatilhas e meias.

SENAI CETIQT / Pedro Toste


Figura 53 - Mulher em traje de banho, 1917.

A roupa de banho masculina era composta por um tipo de macacão curto – com ou sem mangas.
Domínio público/Autor desconhecido

Figura 54 - Homens em traje de banho..

4.2.5 PRINCIPAIS ESTILISTAS DA DÉCADA

Vejamos agora quais foram os principais estilistas da década de 1910.


4 A MODA DA PRIMEIRA METADE DO SÉCULO XX
73

4.2.5.1 CHARLES FREDERICK WORTH (1825 – 1895)

Conhecido como o “pai da alta costura”, nascido na Inglaterra, ainda jovem foi para Paris e, em 1858, em so-
ciedade com um negociante sueco, abriu seu próprio ateliê. Aboliu a crinolina e desenvolve a saia com cauda.
Em 1860, lançou o vestido túnica, uma veste usada sobre uma saia longa, aboliu a crinolina e desenvolveu
a saia com cauda. Cinco anos depois, criou uma “anquinha” na parte de trás da saia.

SENAI CETIQT / Pedro Toste

Figura 55 - Criações de Worth.

4.2.5.2 PAUL POIRET (1879 – 1944)

Estilista francês, Poiret foi um dos responsáveis pela mudança do vestuário feminino: modificou e li-
bertou a silhueta da mulher, descontinuando o uso do espartilho. Lança o vestido túnica, uma espécie de
quimono com cintura alta e bainha ornamentada e armada.
TÉCNICAS DE REPRESENTAÇÃO DO VESTUÁRIO
74

SENAI CETIQT / Pedro Toste


Figura 56 - Vestido de Paul Poiret já sem o uso do espartilho.

SENAI CETIQT / Pedro Toste

Figura 57 - Vestido túnica de Paul Poiret.

4.2.5.3 GABRIELLE BONHEUR CHANEL (1883 – 1971)

Mais conhecida como Coco Chanel, a estilista, adversária do revolucionário Paul Poiret, usou do seu
senso prático à moda que criava. Nascida na França, Chanel, desenhou roupas para serem usadas sem
espartilho. Desenvolveu uma coleção de roupas sem forro para ficarem mais leves e menos rígidas. Inovou
usando o jersey, tecido barato até então usado para peças íntimas, como tecido principal de suas criações.
Trouxe a roupa masculina para o guarda-roupa feminino, o que na época causou grande comoção.
4 A MODA DA PRIMEIRA METADE DO SÉCULO XX
75

SENAI CETIQT / Pedro Toste


Figura 58 - Roupa Chanel para a mulher que trabalhava durante a I Guerra Mundial.

SENAI CETIQT / Pedro Toste

Figura 59 - Chanel e o tailleur de jersey com gola branca e punhos virados.


TÉCNICAS DE REPRESENTAÇÃO DO VESTUÁRIO
76

4.2.5.4 MARIANO FORTUNY (1871 – 1949)

Nascido em 1871, em Granada, na Espanha. Foi para Paris e tornou-se, ainda jovem, um artista de gran-
de talento e um apaixonado pelos têxteis. Apesar do grande talento, ficou conhecido por um único vestido
que criou e que foi patenteado: o vestido Delfos.

SENAI CETIQT / Pedro Toste

Figura 60 - O vestido Delfos.


SENAI CETIQT / Pedro Toste

Figura 61 - Os croquis do vestido Delfos patenteados em 1909.


4 A MODA DA PRIMEIRA METADE DO SÉCULO XX
77

4.2.5.5 JEANNE LANVIN (1987 – 1946)

Nascida na França, a estilista começou sua carreira como aprendiz de costureira e chapeleira. Iniciou
confeccionando roupas para ela e sua filha. Seus famosos robes de style, vestidos folgados e de cintura
baixa, que permaneceram em moda até o final da década. Ficou famosa também por criar linhas infantis,
sendo a primeira designer a pensar em faixas etárias.

SENAI CETIQT / Pedro Toste

Figura 62 - Os famosos robes de style.

4.2.4.5 JEANNE PAQUIN (1869 – 1907)

Mais conhecida como Madame Paquin, abriu sua própria casa em Paris, em 1891. Sua empresa foi pio-
neira em abrir filiais em outras cidades fora do país, como Londres, Buenos Aires e Madri. Em 1906, apresen-
tou seu vestido Império antes de Poiret se tornar famoso. Era famosa por suas roupas glamorosas, vestidos
longos, descritos como “do país das fadas”, que eram procurados por atrizes e socialites.
TÉCNICAS DE REPRESENTAÇÃO DO VESTUÁRIO
78

SENAI CETIQT / Pedro Toste


Figura 63 - Uma atriz parisiense em um vestido de Paquin.

4.3 DÉCADA DE 1920

Superados os horrores da guerra, a década de 1920 foi a celebração da juventude em todos os setores
e, como não poderia deixar de ser, na moda também.
Essa intensa década foi acompanhada por uma paixão mundial: o jazz12. Houve muitas festas e adver-
tências dos médicos em relação à saúde das mulheres que recorriam ao cigarro e ao álcool para comporem
este estilo de vida “vicioso”.
Animada pelo som das jazz-bands, as mulheres modernas da época, as melindrosas como eram chama-
das, frequentavam os salões e exprimiam em seu comportamento e modo de vestir o espírito da também
chamada Era do Jazz.
Foram feitas grandes descobertas no campo da Física, Astronomia, Biologia, Medicina e Ciências Huma-
nas: o desenvolvimento da Teoria da Relatividade de Einstein, e a afirmação da teoria do Big Bang como ex-
plicação para a origem do Universo. Houve a descoberta da penicilina por Fleming, divulgada a Psicanálise
segundo Freud e de novos dados sobre a origem do homem.
Surgiram as grandes cadeias de rádio e os filmes sonoros. A sociedade frequentava os cinemas que exi-
biam os filmes de Hollywood. Além disso, foi a inauguração do estilo Art Déco13.

12 Jazz é um ritmo originário de Nova Orleans, Chicago e New York.


13 Art Déco é um estilo artístico de caráter decorativo que surgiu na Europa na década de 1920. Diferente da Art Nouveau, a Art
Déco se vale de linhas retas ou esféricas, das figuras geométricas e do desenho de natureza abstrata. Este estilo esteve presente na
arquitetura, design industrial, mobiliário, moda e decoração.
4 A MODA DA PRIMEIRA METADE DO SÉCULO XX
79

Shutterstock /meunierd
Figura 64 - Edifício Chrysler, NY.

SENAI CETIQT / Paulo d´Escragnolle

Figura 65 - Joia Art Déco.

FIQUE Para saber mais sobre os artistas da época, você pode procurar por Rodolfo Valentino,
ALERTA Douglas Fairbanks, Gloria Swanson e Mary Pickford.
TÉCNICAS DE REPRESENTAÇÃO DO VESTUÁRIO
80

krasky
Figura 66 - Estampa Art Déco.

FONTE: 4.3.1 A ARTE

Nas artes, o movimento Surrealista14 surgiu com grande força. Era a busca do irreal, tendo Salvador Dali
um dos seus maiores representantes.
Shutterstock /dmitro2009

Figura 67 - O pintor surrealista Salvador Dali.

14 O Surrealismo foi um movimento contrário a tudo que se havia produzido até então. Era uma experimentação, ou expressão do
representativo, ou seja, do objeto real, do abstrato e do irreal, simulando o mundo inconsciente e dos sonhos. Era um movimento
liberal contra a postura “correta” ou “racional” do ser humano.
4 A MODA DA PRIMEIRA METADE DO SÉCULO XX
81

4.3.2 A MODA FEMININA

Os Anos Loucos foram marcados por essa geração inquieta e descontente do pós-guerra, que se entre-
gou de corpo e alma aos prazeres da boa vida.
O visual tornou-se retilíneo, as saias subiram à altura do joelho. Existia uma atmosfera de juventude e
androginia reforçada pelos cortes curtos dos cabelos e pelos trajes masculinos, que se adequavam à nova
condição feminina do pós-guerra: a mulher que trabalhava, que praticava esportes, que dirigia automóveis
e que precisava de roupas confortáveis, que deixassem os movimentos livres.

SENAI CETIQT / Pedro Toste

Figura 68 - Vestidos de verão, 1926.


SENAI CETIQT / Pedro Toste

Figura 69 - Corridas em 1926, dois estilos femininos de vestir.


TÉCNICAS DE REPRESENTAÇÃO DO VESTUÁRIO
82

As mulheres estavam livres dos espartilhos. A silhueta era tubular, colos, braços e pernas estavam à
mostra. Embora sensuais, era uma silhueta sem curvas e os seios eram achatados com auxílio de faixas. Os
quadris não eram valorizados.
Dançavam sob o som do Charleston15 era o divertimento nos cabarés. Os vestidos eram mais leves e
elegantes. Com o movimento da dança, as mulheres mostravam suas pernas sob as saias curtas.

Istock/raclro

Figura 70 - Selo postal com representação do Chalerston

Não deixe de ver O Grande Gatsby. É admirável nesse filme a indumentária do dia
a dia da elite dos anos 20, assim como os trajes para uma grande festa. Reparem
também nos acessórios femininos e masculinos. Esse é um filme de drama e romance
SAIBA australiano-estadunidense, 2013.
MAIS Direção: Baz Luhrmann Elenco: Leonardo DiCaprio, Tobey Maguire, Carey Mulligan,
Joel Edgerton, Isla Fisher, Jason Clarke, Amitabh Bachchan

Quanto aos acessórios, o chapéu era considerado um item somente para o uso diurno e o modelo mais
usado era o cloche16, enterrado até os olhos sobre os cabelos cortados a la garçone17.

15 Dança vigorosa surgida na década de 1920, logo depois da Primeira Grande Guerra. O nome Charleston é original da cidade do
mesmo nome, na Carolina do Sul.
16 Cloche significa sino em francês. O termo estava associado à forma do chapéu.
17 La garçone significa, em português, “ao estilo de menino”.
4 A MODA DA PRIMEIRA METADE DO SÉCULO XX
83

SENAI CETIQT / Pedro Toste


Figura 71 - Chapeu “cloche”.

Photography magazine

Figura 72 - Louise Brooks, atriz, modelo e dançarina


norteamericana com o corte a la garçone.

Nos pés, uma das características dos sapatos femininos eram as tiras até o peito-do-pé, recortes e
saltos médios.
Rodrigo Henrique de Lacerda

Figura 73 - Sapatos de 1920/1925, criados na Suíça.


TÉCNICAS DE REPRESENTAÇÃO DO VESTUÁRIO
84

Vejamos a seguir alguns looks da época. Notemos o vestido preto: ele ficou na moda graças a Chanel,
visto na Revista Vogue de 1926. Até então, o preto era usado apenas para o luto.

SENAI CETIQT / Pedro Toste


Figura 74 - Vestido preto, influência da Chanel

SENAI CETIQT / Pedro Toste

Figura 75 - Destaque para: vestido preto com a roseta na cintura e fivelas decorativas do sapato; cinto bordado
combinando com os punhos do vestido; babados em camada de crepe de chine, dando forma à silhueta.

No dia a dia, as mulheres usavam vestidos e sapatos muito parecidos. A moda durante os anos 20 era
muito rígida.
4 A MODA DA PRIMEIRA METADE DO SÉCULO XX
85

Quanto à maquiagem, era indispensável a pele branca, para sobressair a maquiagem, boca carmim bem
demarcada, olhos definidos e escurecidos, sobrancelhas tiradas e delineadas a lápis.

SENAI CETIQT / Pedro Toste


Figura 76 - Típica maquiagem da época: pele clara, sobrancelhas delineadas a lápis,
olhos escurecidos e boca contornada em forma de coração.

4.3.2.1 O BANHO DE MAR

As mulheres de classe alta protegiam-se do sol como forma de ostentação. A partir dos anos 1920
(figura 77) tornou-se uma prática comum e surgiram os trajes de banho.
A moda mudou muito ao longo dos anos e, em 1946, surgiu o biquíni (figura 78), evoluindo para a tanga
(figura 79), palavra e uso provenientes do Brasil.
SENAI CETIQT / Pedro Toste

Figura 77 - Banho de mar nos anos 1920.


TÉCNICAS DE REPRESENTAÇÃO DO VESTUÁRIO
86

SENAI CETIQT / Pedro Toste


Figura 78 - O biquíni lançado em 1946.

Shutterstock /Oleg_P

Figura 79 - A tanga como é conhecida atualmente

CURIOSI Até a Era Vitoriana, ter o rosto e mãos bronzeados nivelava a mulher à classe
DADES trabalhadora.
4 A MODA DA PRIMEIRA METADE DO SÉCULO XX
87

4.3.3 MODA MASCULINA

No início da década de 20, a moda masculina era mais elegante, mais justa ao corpo, ficando menos
rígida no final da década. Foi uma moda aceita pelas novas e mais velhas gerações.

Eurico Fernandes / Fernanda Coimbra

Figura 80 - Homens no início da década de 1920.

Os ternos para o cotidiano eram feitos de lã e compostos por casaco, paletó, calça e colete ajustados ao
corpo que, como falado anteriormente, foram ficando mais folgados ao passar da década. As cores eram
preto, cinza, verde, marrom, bege e azul.
As camisas eram brancas com colarinhos destacáveis. As calças tinham cintura alta e possuíam pregas
para dar mais volume, e bainha italiana.
Para a noite, ou para grandes ocasiões, a grande maioria, usava smoking sobre camisa branca engoma-
da e também com o colarinho destacável. Como acessórios para essas ocasiões, usavam gravata borboleta,
cartola e sapatos de verniz. A cartola era indispensável.
TÉCNICAS DE REPRESENTAÇÃO DO VESTUÁRIO
88

Domínio público/ British Government


Figura 81 - Winston Churchill vestido para uma ocasião solene.

4.3.4 PRINCIPAIS ESTILISTAS DA DÉCADA

Alguns estilistas mantiveram-se presentes também nesta e outras décadas, mas faremos menção aos
que mais se destacaram trazendo contribuições de maior peso para a história da moda.

4.3.4.1 CHANEL (1883 – 1971)

Apesar de ter começado a se destacar na década anterior, a estilista também está presente na década
de 20. Continuou trazendo para o universo feminino o traje masculino com muito sucesso. Além disso,
popularizou o tricot e lançou o famoso “pretinho básico”, mais precisamente em 1926, ano em que a revista
Vogue publicou a ilustração de um vestido criado por ela.
4 A MODA DA PRIMEIRA METADE DO SÉCULO XX
89

SENAI CETIQT / Pedro Toste


Figura 82 - Chanel nos anos 1920

SENAI CETIQT / Pedro Toste

Figura 83 - O “Pretinho básico”. Revista Vogue, 1926.

4.3.4.2 JACQUES DOUCET (1853 – 1929)

Herdou uma loja de lingerie da avó. Em 1875, abriu uma loja de alta costura em Paris, sua cidade natal.
Foi um dos costureiros mais respeitados no final de século XIX, início do século XX, quando atrizes e so-
cialites o procuravam pelo bom gosto e pelo acabamento de suas roupas. Deu espaço, em seu ateliê, para
novos criadores como Poiret e Vionne. Seguiu as tendências da época, subindo o comprimento das saias.
TÉCNICAS DE REPRESENTAÇÃO DO VESTUÁRIO
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SENAI CETIQT / Claudia Pabón Albert


Figura 84 - Vestido de Doucet, 1923.

4.4 DÉCADA DE 1930

O mundo estava em crise econômica, principalmente nos países ocidentais, com efeitos que duraram
até quase o final da década. Essa crise econômica afetou até mesmo as grandes casas de moda. A clientela
diminuiu e muitos profissionais foram demitidos.
Os costureiros viram-se obrigados a pensar mais no seu trabalho e deixar de lado as criações arriscadas.
A moda, agora, era pensada para uma camada maior da população. Segundo Chanel: ”Uma moda que não
pode ser usada por uma vasta camada da população não é moda alguma”.
O rádio, o cinema e a música popular avançaram muito e os anos 1930, época que foi chamada de a Era
da Cultura de Massas.
SENAI CETIQT / Pedro Toste

Figura 85 - Marlene Dietrich usou e abusou do look andrógino.


4 A MODA DA PRIMEIRA METADE DO SÉCULO XX
91

Quantas ideias surgiram a partir da curiosidade de sabermos como vivem os famosos?


CURIOSI Hoje, devemos muito aos paparazzi18, à televisão, às revistas, aos jornais e à internet.
DADES Garantimos que vocês já tentaram, através do vestuário, imitar todo o glamour dos
astros e estrelas ou de protagonistas de algum evento de moda.

Pesquise algumas das grandes estrelas do cinema em acontecimentos atuais – a festa


SAIBA do Oscar (cuja primeira cerimônia ocorreu em 1929), por exemplo – e vejam quantas
MAIS ideias podemos extrair de suas roupas.

4.4.1 A MODA FEMININA

O período entre guerras caracteriza-se pela androginia, pelo comprimento reduzido das saias e pelo uso
de peças do vestuário masculino.18
A forma apresentava uma cintura levemente acentuada, recortes assimétricos, visando afinar a silhueta
feminina. O corte dos tecidos era enviesado, o que ajudava a afinar o corpo e a não marcar muito o busto
e o quadril.
O cinza, o preto e o azul eram as cores para os tailleurs19 confeccionados em tweed20 e para os vestidos
usavase tecidos sintéticos (rayon) já bem desenvolvidos nos anos 30.
A possibilidade da Segunda Guerra Mundial emprestou os detalhes militares às roupas: ombros acen-
tuados e estruturados. As saias desceram até o tornozelo e os vestidos eram justos e retos. Os decotes nas
costas reforçavam a sensualidade do modelo.
As mulheres tinham uma preocupação com o visual e os cabelos, que nos anos 20 eram curtos, come-
çaram a crescer e ser penteados com ondas.
Domínio público/Autor desconhecido

Figura 86 - A atriz Marlene Dietrich era conhecida pelos seus tailleurs masculinos com ombros amplos,
cintura marcada e saia abaixo do joelho. Era conhecida tambémpelo uso de acessórios de pele.

18 Paparazzi é uma palavra de origem italiana usada para nomear os repórteres que fotografam famosos.
19 Tailleur é o conjunto feminino composto de saia e paletó, às vezes confundido com o terninho que o conjunto de paletó e calça.
20 Tweed é um tecido com a textura um pouco grossa, áspero e geralmente tramado com fios de lã.
TÉCNICAS DE REPRESENTAÇÃO DO VESTUÁRIO
92

O cinema foi o grande referencial de disseminação de novos costumes e começou a criar suas divas
que ditavam a maneira das mulheres se vestirem. Estilistas ligados ao cinema, como Edith Head e Gilbert
Adrian, influenciaram milhares de pessoas.
Chanel continuou sendo sucesso assim como Madeleine Vionnet. Elsa Schiaparelli, com suas criações
inspiradas no surrealismo, também influenciou bastante a década. A produção americana reproduzia a
moda francesa, o que dá origem ao ready-to-wear21 (também conhecido como prêt-à-porter, em francês).
A alta costura foi baseada na costura sob medida, resultou, com o passar do tempo, em uma roupa aces-
sível a todos a partir das várias vertentes da produção em larga escala: o prêt-à-porter e o varejo.

SENAI CETIQT / Pedro Toste

Figura 87 - Peça de Alta Costura.

A moda se estabeleceu como um forte negócio, enriquecendo os designers. Surge o traje do dia e da
noite e para as ocasiões sociais. Nas festas e bailes, o principal estilo era composto por vestidos longos,
quase sempre feitos de seda.
Eurico Fernandes / Fernanda Coimbra

Figura 88 - Vestidos de festa cortados em viés

21 A expressão ready-to-wear significa “pronta-para-vestir”. Trata-se da técnica da roupa fabricada em série.


4 A MODA DA PRIMEIRA METADE DO SÉCULO XX
93

O corte enviesado, ou em viés, criou e ressaltou as formas femininas e permitia que o tecido tivesse mais
fluidez, o que pôde ser primeiro constatado na produção de Madeleine Vionnet nos anos 1930.

SENAI CETIQT / Pedro Toste

Figura 89 - Criação de Madeleine Vionnet.

O esporte, a vida ao ar livre e os banhos de sol são divulgados e os mais abastados tornaram-se frequen-
tadores dos balneários e piscinas.
SENAI CETIQT / Claudia Pabón Albert

Figura 90 - Mulheres usando calças de praia sobre roupas de banho de mar.

Devido às atividades esportivas, os saiotes de praia diminuíram, as cavas aumentaram e os decotes che-
garam até a cintura e as costas foram valorizadas.
TÉCNICAS DE REPRESENTAÇÃO DO VESTUÁRIO
94

No dia a dia, as mulheres usavam conjuntinhos, sapatilhas, sapatos bicolores e sapatos sem prendedo-
res, os famoso pump22.

SENAI CETIQT/ Paulo d´Escragnolle

Figura 91 - Sapato estilo pump, de André Perugia.

Greta Garbo, atriz de Hollywood, popularizou o uso de boinas e outros tipos de chapéus durante os
anos 30: boinas com joias, chapéus altos, caídos sobre um dos olhos, com penas etc.
Metro-Goldwyn-Meyer

Figura 92 - Greta Garbo.

22 Embora pump originalmente signifique “sapato baixo”, esse é o nome dado a um sapato com o salto médio.
4 A MODA DA PRIMEIRA METADE DO SÉCULO XX
95

Bonnie e Clyde formavam um casal de fora da lei muito famoso nos Estados Unidos
da década de 30. Assista ao filme norteamericano Bonnie e Clyde – Uma rajada de
SAIBA balas (Bonnie and Clyde), de 1967, e, além do grande desempenho das personagens
MAIS centrais, repare no guarda-roupa masculino e feminino daquela época.
Direção: Arthur Penn. Elenco: Warren Beatty, Faye Dunaway, Estelle Parsons

4.4.2 MODA MASCULINA

A moda masculina criou um ar esnobe. O homem da década usava ternos escuros, às vezes de listras
finas, e ombros bem estruturados com abotoamento duplo que ficou popular nessa década.
As calças vincadas eram amplas com bainha italiana. Esse período foi marcado pelo terno criado por
Frederick Scholte, caracterizado por cava alta e mangas largas.

Domínio público/Autor desconhecido

Figura 93 - Duque de Windsor usando um terno criado por


Frederick Scholte sobre um pulôver.

SAIBA Seria muito interessante se você pudesse fazer uma pesquisa sobre Frederik Scholte,
MAIS estilista de destaque na moda masculina dos anos 1930.
TÉCNICAS DE REPRESENTAÇÃO DO VESTUÁRIO
96

Domínio público/Autor desconhecido


Figura 94 - Homens usando o chapéu fedora

A exemplo do guarda-roupa feminino, os paletós eram de tweed, usados sobre calças de outros tecidos.
Nos momentos mais esportivos, os pulôveres sem manga substituíam os coletes.
O modelo de chapéu mais popular era conhecido com o nome de “fedora”, caído propositalmente sobre
um dos olhos.

4.4.3 PRINCIPAIS ESTILISTAS DA DÉCADA

Vejamos agora os principais estilistas da década de 1930.

4.4.3.1 MADELEINE VIONNET (1876 – 1975)

Nascida na França, trabalhou nos subúrbios de Paris e em Londres. Em 1912, abriu sua própria casa que
fechou durante a Primeira Grande Guerra. Concebia seus modelos drapeando tecidos sobre um manequim
miniatura. Atingiu o auge da fama nos anos 20 e 30. Os tailleurs criados pela estilista tinham as saias envie-
sadas ou com nesgas. Formas associadas ao caimento eram sua marca.
4 A MODA DA PRIMEIRA METADE DO SÉCULO XX
97

Eurico Fernandes / Fernanda Coimbra

Figura 95 - Criação de Madeleine Vionnet.

4.4.3.2 ELSA SCHIAPARELLI (1890 – 1973)

Nasceu em Roma e, em 1928, abriu uma loja chamada Pour le Sport na famosa Rue de la Paix, em Paris.
Suas roupas eram elegantes, sofisticadas e muitas vezes extremamente excêntricas. Criou detalhes inusi-
tados e irreverentes: botões em formato de acrobatas, zíperes tingidos na cor do tecido, broches fosfores-
centes etc.
Entre suas criações, as que mais causaram “comoção” foram o chapéu-sapato e o vestido-lagosta. Ao
combinar moda e arte, Schiaparelli ofereceu às mulheres uma nova forma de vestir.
TÉCNICAS DE REPRESENTAÇÃO DO VESTUÁRIO
98

SENAI CETIQT / Pedro Toste


Figura 96 - O chapéu sapato e o vestido lagosta.

4.4.3.3 NINA RICCI (1883 – 1970)

Italiana, abriu seu salão de costura em 1932, em Paris. Gostava de padrões e cores suaves e as flores,
bordadas, pintadas ou aplicadas, eram um tema constante em suas coleções. Os vestidos eram românticos,
femininos e não tão jovens, o que agradava muito sua clientela da classe alta.
SENAI CETIQT / Pedro Toste

Figura 97 - Vestido Minuit.


4 A MODA DA PRIMEIRA METADE DO SÉCULO XX
99

4.4.3.4 ALIX GRÈS (1899 – 1993)

Nascida em Paris, França, iniciou sua carreira de designer, porém frustrada por não conseguir ser uma
escultora. Abriu sua casa em 1934, em Paris. Trabalhava com jérsei, seda e lã e imprimia em seus modelos
o aspecto de esculturas gregas. Seus vestidos de festas tornaram-se famosos. Suas roupas costumavam
ser o resultado de horas de trabalho, pregueando os tecidos em formas precisas para atingir uma sim-
plicidade elegante.

SENAI CETIQT / Pedro Toste

Figura 98 - Modelo de 1935.

4.4.3.5 MARCEL ROCHAS (1902 – 1955)

Nascido em Paris, França, abriu sua casa em 1924. Foi um estilista cujas criações serviram de base para
muitas outras do século XX. Trabalhava muito com tecidos florais. Rochas também se especializou em pe-
ças avulsas (casacos, saias, bustiês etc.) e desenvolveu muitos acessórios.
TÉCNICAS DE REPRESENTAÇÃO DO VESTUÁRIO
100

SENAI CETIQT / Pedro Toste

Figura 99 - Croqui assinado por Marcel Rochas.

4.5 DÉCADA 1940

Na primeira metade desta década, aconteceu a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) e o mundo ainda
passava por um grave período por causa da Primeira Guerra com milhões de cidadãos desempregados.
Os anos 40 foram marcados pelo racionamento de materiais. Com o fim da guerra, criouse a ONU – Or-
ganização das Nações Unidas – para garantir a paz.
SENAI CETIQT / Pedro Toste

Figura 100 - Mulheres inglesas durante a II Guerra.


4 A MODA DA PRIMEIRA METADE DO SÉCULO XX
101

4.5.1 A ARTE NA DÉCADA

A arte engrandecia o Estado (EUA) através de imagens heroicas, influenciando também a arquitetura com
características grandiosas. Foram construídos arcos e edificações na Alemanha, Itália e União Soviética.
Grande parte dos artistas europeus, assim como os grandes nomes da moda, buscaram abrigo nos Es-
tados Unidos, mudando também para esse país o grande centro da moda.
Surge o expressionismo abstrato23, que teve sua maior manifestação na pintura, na qual a liberdade de
improvisação lança mão de materiais não convencionais, gestos espontâneos e personalidade individual.

Shutterstock /dmitro2009

Figura 101 - Quadro de Jackson Pollock, pintor representante do expressionismo abstrato.

SAIBA Para obter mais informações sobre o movimento do Expressionismo Abstrato,procure


conhecer a obra de Paul Jackson Pollock, um dos maiores representantes desse
MAIS movimento.

4.5.2 A MODA DA PRIMEIRA METADE DO SÉCULO

Os primeiros anos ainda estavam sob a influência dos anos 30.


Para as mulheres:
a) Ombros largos e estruturados;
b) Cintura natural;
c) Quadris estreitos;

23 O Expressionismo Abstrato foi um movimento artístico nascido nos Estados Unidos, muito popular nesta década. Esse movimento
colocou Nova York, que atingiu influência mundial, no centro do mundo das artes.
TÉCNICAS DE REPRESENTAÇÃO DO VESTUÁRIO
102

d) Saias até o tornozelo.


e) Para os homens:
f ) Ombros quadrados;
g) Cintura estreita;
h) Quadris estreitos.
Os sapatos pesados tanto para homens quanto para mulheres.

SENAI CETIQT / Pedro Toste

Figura 102 - A moda da época nas ruas.

Os chapéus, acessórios essenciais, apareceram em vários estilos. Quando não usados, os cabelos femini-
nos eram amarrados em redes de crochet ou tricô.
Domínio público/World Telegram staff photographer
Domínio público/Autor desconhecido

Domínio público/Carl van Vechten

Figura 103 - Os diversos chapéus da época.


4 A MODA DA PRIMEIRA METADE DO SÉCULO XX
103

Apesar da austeridade no vestir, muitos estilistas, principalmente em Paris e Nova York, começaram a
desenvolver uma nova silhueta com a cintura bem marcada.
O início da guerra não parou com as atividades da alta costura e os desfiles mostravam saias com
aberturas laterais prevendo o uso de bicicletas.
Durante a guerra, as mulheres precisavam de um guarda-roupa mínimo e versátil. O uso de poucos
tecidos e a escassez de adornos estavam presentes na moda. Os vestidos pareciam uniformes militares e as
roupas utilitárias tinham o objetivo de garantir o uso dos recursos escassos e disponíveis.

Istock / Mtreasure e Istock /Lisa-Blumtreasure


Figura 104 - Algumas formas das roupas femininas da época.

Em 1938, a empresa têxtil americana Du Pont introduziu o nylon, que foi amplamente usado em meias
até o início da guerra. Depois do início da Segunda Grande Guerra, o nylon passou a ser utilizado na con-
fecção de paraquedas.

CURIOSI Com o racionamento dos materiais, as mulheres não podiam mais usar meias de nylon
DADES e, para simularem o uso da mesma faziam um risco na perna imitando uma costura.
TÉCNICAS DE REPRESENTAÇÃO DO VESTUÁRIO
104

Domínio público/Autor desconhecido


Figura 105 - Simulando a costura de uma meia.

Estilistas da Grã Bretanha e da França passaram a criar coleções luxuosas para a exportação para os
Estados Unidos, prática que foi interrompida pela Alemanha, após dominar Paris.
A alta-costura francesa deixou de ser esnobe e começou a vender suas criações mais populares e os
moldes para a produção em série. Desenvolviam modelos para serem confeccionados com metragens pre-
determinadas: 4 metros para os casacos e 1 metro para os vestidos.
O mercado de roupas usadas passou a ser uma opção para os franceses que refaziam as roupas velhas
dando aspecto de novos estilos. A mídia dava dicas sobre o reaproveitamento de roupas e tecidos.
Com o homem no front, não mais existia a separação de “trabalho de homem” e “trabalho de mulher”.
Macacões e calças compridas eram quase um uniforme de trabalho.
Nos tempos de guerra, o objetivo não era mais produzir para uma pequena clientela, mas garantir que
um grande público tivesse acesso à moda, já que todos queriam ter acesso à moda, mas estavam sem
condições financeiras. Essa tendência, de produzir em massa, manteve-se mesmo depois do término da
guerra: cópias de modelos de designers conhecidos a um baixo custo.
4 A MODA DA PRIMEIRA METADE DO SÉCULO XX
105

4.5.2.1 A MODA NOS ESTADOS UNIDOS

Nos Estados Unidos, a produção em massa, ou o ready-to-wear (pronto para ser usado ou prêt-a-porter),
foi bem aceito pelas mulheres que assim podiam acompanhar a rápida mudança da moda dos modelos de
inspiração francesa.

Eurico Ferandes / Fernanda Coimbra

Figura 106 - Anúncio do ready-to-wear feminino

Os americanos puderam desenvolver suas próprias criações com grande estilo sem as restrições impos-
tas pela guerra.

4.5.2.2 A MODA MASCULINA

As restrições impostas pela guerra foram severas também no guarda-roupa masculino: as pregas pro-
fundas e palas foram proibidas nos casacos e nos sobretudos. As larguras das bocas das calças não podiam
ter mais do que 26,5 cm.
Nos Estados Unidos, entre os jovens americanos de origem negra e latina, como uma reação às restrições
quanto ao guarda-roupa, surgiu uma alternativa radical: o conjunto zoot, que foi muito criticado justamente
pelo exagero. Esse estilo, que era exclusivamente masculino, nasceu nos clubes de jazz de Nova York.
Esta era a palavra chave do estilo: o exagero. Casacos largos, grandes e compridos usados sobre calças
bufantes. Era um amontoado de tecidos se contestando às restrições ao uso de tecidos em excesso.
TÉCNICAS DE REPRESENTAÇÃO DO VESTUÁRIO
106

Domínio público/ John Ferrell


Figura 107 - Jovens com seus trajes zoot.

Para saber mais sobre a década de 1940, marcada pela Segunda Guerra Mundial, veja
o filme Pearl Harbor, cujo nome é referência ao ataque japonês efetuado contra um
porto norte-americano, marcando a entrada dos Estados Unidos na guerra.
SAIBA
MAIS Esse filme americano, de 2001, apesar de mostrar muitos uniformes militares, apresenta
principalmente o guarda-roupa masculino dos anos 40, cujos itens forneceram muitas
ideias ao segmento feminino da década.

4.5.3 O FIM DA GUERRA

Milhares de homens foram liberados do serviço militar e subitamente a mão de obra feminina não era mais
necessária. Muitas delas retornaram a seus lares exercendo de volta seus papéis de esposa e dona de casa.
Com o fim da guerra o prêt-à-porter tornou-se cada vez mais forte nos Estados Unidos o que demorou
um pouco mais a acontecer na Europa, pois se encontrava destruída e falida.
Com a liberação de Paris, o trabalho dos designers volta à tona e, em 1945, uma exposição de mane-
quins em miniaturas vestidas com roupas de alta costura, o chamado Théatre de la Mode, mostrou que a
moda parisiense se encontrava novamente em ascensão.
4 A MODA DA PRIMEIRA METADE DO SÉCULO XX
107

Creative Commons/GlenBledsoe
Figura 108 - Le Théâtre de La Mode: a exposição organizada no Museu do Louvre.

Para saber mais sobre a moda da década de 40 no Brasil, pesquise sobre a Casa
SAIBA Canadá, que vestia as socialites brasileiras. Aproveite para pesquisar também sobre
MAIS os estilistas brasileiros Dener Pamplona e Guilherme Guimarães, que faziam parte da
equipe da Casa Canadá.

4.5.4 PRINCIPAIS ESTILISTAS DA DÉCADA

Vejamos agora quais foram os principais estilistas da década de 1940.

4.5.4.1 LUCIEN LELONG (18891958)

Nascido em Paris, França, suas criações eram mais conhecidas pelo bom acabamento e pelos belos teci-
dos do que pela inovação. Foi presidente da Câmara Sindical de Alta Costura (Chambre Syndicale de la Haute
Couture) de Paris, de 1937 a 1947, conseguiu a permissão dos ocupantes alemães (durante a Segunda Guer-
ra Mundial) para que as casas de alta costura permanecessem em Paris. Após a guerra, em 1947, lançou
vestidos alongados, vestimentas com cintura de vespa, casaquinhos tipo fraque e ombros estruturados.
TÉCNICAS DE REPRESENTAÇÃO DO VESTUÁRIO
108

SENAI CETIQT / Pedro Toste

Figura 109 - Croqui assinado por Lucien Lelong.

4.5.4.2 CRISTÓBAL BALENCIAGA (1895 – 1972)

Nasceu em Guetaria, Espanha, e desde cedo manifestava seus talentos no campo do estilo. No início
da década de 30, já era considerado o melhor estilista da Espanha. Em 1939, lançou uma linha de ombros
caídos, cintura estreita e quadris arredondados. Após a Segunda Grande Guerra, criou casaquinhos cintu-
rados e mangas mais largas. Muito da moda dos anos 50 começou a ser delineada a partir de suas formas.
Rodrigo Henrique de Lacerda

Figura 110 - Criação de Balenciaga


4 A MODA DA PRIMEIRA METADE DO SÉCULO XX
109

4.5.4.3 PIERRE BALMAIN (19141982)

Nascido na França, Balmain iniciou os estudos de arquitetura na Escola de Belas Artes de Paris. Abriu
sua casa em 1945, lançando saias longas com cintura estreita em forma de sino. Abriu filiais nos Estados
Unidos com grande sucesso por ter conseguido transportar a moda francesa para o público americano sem
comprometer o estilo.

SENAI CETIQT / Pedro Toste

Figura 111 - Criações de Balmain

4.5.4.4 JACQUES FATH (1912 – 1954)

Nasceu na França. No início da década de 30, fez vários cursos de desenho de moda. Em 1937, após abrir
uma casa, ficou conhecido como líder da moda francesa. Era renomado por sua técnica de cortes precisos,
principalmente durante o período da guerra, quando os ternos femininos tinham aspecto de uniformes
militares.
Em 1948, foi para os Estados Unidos e criou uma linha de sucesso para o prêt-à-porter.
TÉCNICAS DE REPRESENTAÇÃO DO VESTUÁRIO
110

SENAI CETIQT / Pedro Toste

Figura 112 - Criação de Jacques Fath.

RECAPITULANDO

Vimos neste capítulo a moda e suas características, artes e alguns movimentos relevantes da pri-
meira metade do século XX. Conhecemos também alguns dos principais estilistas que muito in-
fluenciaram cada década de 1900 a 1940.
A moda da segunda metade do século XX

Findada a guerra e suas restrições, houve a necessidade de a mulher reconquistar sua femi-
nilidade e seu lugar no lar. Surge também, em oposição a esse movimento, a juventude rebelde
que quer romper com os padrões pré-estabelecidos pela geração de seus pais.
Veremos como essas mudanças nos padrões da sociedade influenciaram na moda. Acom-
panharemos a relação entre diversos movimentos culturais, políticos e sociais e o modo das
pessoas se vestirem.

5.1 DÉCADA DE 1950

A década de 1950 foi marcada pelo retorno da feminilidade. Na moda, teve como marco
principal o New Look de Dior, criado no final dos anos 40.
Os “Anos Dourados”, assim também como foram conhecidos os anos 50, foram uma cele-
bração do luxo e da sofisticação. Destaque para a alta costura representada por estilistas já
conhecidos de épocas anteriores: Balenciaga, Dior e Chanel, entre outros.
SENAI CETIQT / Pedro Toste

Figura 113 - O New Look de Dior.


TÉCNICAS DE REPRESENTAÇÃO DO VESTUÁRIO
114

Em um outro extremo, vimos a cultura da juventude florescer. Surgiu o estilo rebelde influenciado, prin-
cipalmente, por James Dean, Elvis Presley e Marlon Brando, ídolos do cinema americano.

Domínio público/Autor desconhecido


Domínio público/ Carl Van Vechten

Figura 114 - Marlon Brando e James Dean.

Veja os filmes Juventude transviada (Rebel without a cause) e Um bonde chamado


SAIBA desejo (A streetcar named desire), que você terá mais informações sobre os jovens
MAIS rebeldes da época.

Os anos 50 foram marcados pelos grandes avanços tecnológicos e científicos. O início da televisão provo-
cou grandes transformações nos meios de comunicação, gerando mudanças culturais e comportamentais.
Os Estados Unidos ajudaram financeiramente a Europa Ocidental destruída pela guerra, através do Pla-
no Marshall. Os EUA levaram para a Europa o estilo de vida americano e a cultura dos eletrodomésticos:
televisores, barbeadores elétricos, geladeiras, automóveis, rádio transistor e outros bens. Era o desejo de
uma vida melhor.

Por meio de uma pesquisa, procure saber o que foi o Plano Marshall, conhecido
SAIBA oficialmente como Programa de Recuperação Europeia.
MAIS
5 A MODA DA SEGUNDA METADE DO SÉCULO XX
115

A mulher dessa década voltou a uma vida caseira, dedicada ao marido e aos filhos. Era a “rainha do
lar”, desfrutando de todas as facilidades oferecidas pelos novos eletrodomésticos. As revistas femininas
incentivavam as mulheres a ficarem em casa depois da Segunda Guerra e havia um certo glamour no ato
de cuidar do lar.

Domínio público/Autor desconhecido


Figura 115 - O American Way of Life, da década de 1950, mostrava a felicidade da vida caseira depois da destruição da Segunda Guerra Mundial.

5.1.2 A ARTE NA DÉCADA DE 50

Na pintura, a nova liberdade teve como representante a Arte Abstrata24, que praticamente sem motivos
figurativos, expressava uma nova liberdade.
No campo da música, o rock aparece também como bandeira de tal juventude rebelde, que não quer
repetir o comportamento até então ditado pelos seus pais. Elvis Presley já é sucesso mundial em 1956, dei-
xando jovens hipnotizados pelo seu visual e pelo que ele representava em termos de ruptura. No final da
década foi formada a banda The Beatles.
Shutterstock /GongTo

Figura 116 - Elvis Presley.

24 Arte abstrata é geralmente entendida como uma forma de arte que não representa os objetos da nossa realidade concreta. A
Arte Abstrata tinha por objetivo produzir efeitos nos olhos de quem a apreciava, através de formas, cores e texturas. Nos anos 50, foi
chamada também de Arte Moderna.
TÉCNICAS DE REPRESENTAÇÃO DO VESTUÁRIO
116

5.1.3 A MODA FEMININA

Nos anos 50, trajes com cortes perfeitos eram imprescindíveis.


Com menos restrições por causa do final da guerra, a moda começou a criar linhas mais refinadas e fe-
mininas, causando grande impacto entre as mulheres. Lançando o New Look, Dior fez com que as mulheres
voltassem a sonhar.
Esse novo visual decretou que as saias fossem fartas, com mais de dois metros de roda, as cinturas es-
treitas e o busto valorizado. As mulheres, encantadas, sentiram-se libertas da rigidez dos cortes da década
anterior e da escassez de matéria-prima. O New Look foi criticado, mas tornouse o estilo da década.

Archivo Gráfico de la Nación Argentina

Figura 117 - Primeira dama da Argentina, Eva Perón, usando um vestido de Dior em 1950

A mulher tinha por obrigação estar impecavelmente vestida para qualquer ocasião, independentemen-
te de estar indo às compras ou a um simples encontro com as amigas. As roupas do dia a dia ou os tailleurs,
que costumavam ser confeccionados em lã ou linho, sempre primavam pelo bom corte.
5 A MODA DA SEGUNDA METADE DO SÉCULO XX
117

Cronologia da Moda. NJ Stevenson

Figura 118 - Vestido floral, 1955. SENAI CETIQT / Pedro Toste

Figura 119 - Tailleurs, 1953.

Cansados com o domínio do New Look, alguns estilistas desenvolveram silhuetas que também foram
moda. Temos como exemplo a “Linha Saco”, criada por Balenciaga.
TÉCNICAS DE REPRESENTAÇÃO DO VESTUÁRIO
118

A linha saco é um tipo de vestido ou de conjunto de casaco e saia que não marca a cintura dando a
aparência de um saco.

Figura 120 - Vestido saco, Balenciaga, 1957.


SENAI CETIQT / Pedro Toste

Figura 121 - Linha saco, Audrey Hepburn, 1957


5 A MODA DA SEGUNDA METADE DO SÉCULO XX
119

Mas, a cada nova coleção, a cada nova tendência, Dior era copiado: linha Tulipa, linha H, linha A e linha
Y entre outras criações.

SENAI CETIQT / Paulo d´Escragnolle


Figura 122 - Linhas Dior.

Vejamos alguns looks da década que representam bem as linhas criadas por Dior. Rodrigo Henrique de Lacerda

Figura 123 - Modelos de Dior, Jacques Fath e Jacques Griffe.


TÉCNICAS DE REPRESENTAÇÃO DO VESTUÁRIO
120

Rodrigo Henrique de Lacerda


Figura 124 - Modelos Pierre Balmain, Giuseppe Mattli e Bianca Mosca.
Rodrigo Henrique de Lacerda

Figura 125 - Modelo Cristóbal Balenciaga.


5 A MODA DA SEGUNDA METADE DO SÉCULO XX
121

SENAI CETIQT / Pedro Toste

Figura 126 - Modelo de Givenchy.

Depois da guerra, a sociedade teve mais tempo para o lazer e os balneários ficaram lotados. Os modelos
para praia fizeram um enorme sucesso de venda, principalmente nos Estados Unidos, mas as tendências
eram ditadas pelos desfiles anuais de Saint-Tropez, França.
Rodrigo Henrique de Lacerda

Figura 127 - Elizabeth Taylor usando um maiô inteiro.


TÉCNICAS DE REPRESENTAÇÃO DO VESTUÁRIO
122

Figura 128 - Propaganda da Du Pont, empresa que revolucionaria os trajes de banho com os tecidos com stretch.

5.1.4 ELEMENTOS DA DÉCADA

Vejamos agora outras características da décadad e 50.

5.1.4.1 MAQUIAGEM

Com o fim das restrições a certos produtos e com o forte apelo dos filmes coloridos, os cosméticos se
tornaram itens de grande procura. Todas as mulheres queriam cuidar da aparência.
A maquiagem valorizava os olhos: foram inúmeros os lançamentos de sombra, rímel, delineador, mas
também de batom, itens importantes para o visual da época.
5 A MODA DA SEGUNDA METADE DO SÉCULO XX
123

shutterstock/Lucian Milasan
Figura 129 - Marylin Monroe, um dos símbolos de beleza da década, e a maquiagem característica dos anos 50.

5.1.4.2 CABELOS

Em forma de rabo-de-cavalo ou coques, eram coloridos por tintas que passaram a fazer parte do dia a
dia de milhões de mulheres. As franjas começaram a ser um item bem explorado.

5.1.4.3 SAPATOS

O grande sucesso foi o salto agulha (ou stilleto) que combinavam esteticamente com as criações dos
estilistas da década. Uns dos mais famosos sapateiros foram Ferragamo, na Itália, e Roger Vivier, na França.
TÉCNICAS DE REPRESENTAÇÃO DO VESTUÁRIO
124

Rodrigo Henrique de Lacerda


Figura 130 - Stiletto criado por Roger Vivier para Dior, 1958.

As sapatilhas, os modelos rasteiros, também fizeram sucesso entre as jovens. Habituais em várias ocasi-
ões,eram usadas principalmente com a calça comprida, item também comum nas ruas e em casas noturnas.
Domínio público/Autor desconhecido

Figura 131 - As sapatilhas eternizadas por Brigitte Bardot e Audrey Hepburn.


5 A MODA DA SEGUNDA METADE DO SÉCULO XX
125

5.1.4.4 BOLSAS

Na década de 50, os complementos eram de suma importância. A carteira e a bolsa pequena com alça
eram componentes importantes para compor o visual.

Figura 132 - A carteira combinando com o lenço. SENAI CETIQT / Pedro Toste

5.1.4.5 LUVAS E CHAPÉUS

A luva era item para qualquer ocasião e não podia faltar nos trajes de uma mulher elegante dos anos 50.
SENAI CETIQT / Pedro Toste

Figura 133 - As mulheres elegantes, assim como Audrey Hepburn, completavam seus trajes com par luvas.
TÉCNICAS DE REPRESENTAÇÃO DO VESTUÁRIO
126

Na figura 134, podemos ver Audrey Hepburn usando um modelo de chapéu com a aba invertida de
Givenchy.

Rodrigo Henrique de Lacerda


Figura 134 - Audrey Hepburn e o chapéu de aba invertida.

Como já falado, os anos 50 desencadearam uma rebelião da juventude contra a geração mais velha. Os
jovens lutaram por sua identidade e por uma moda que os representassem.
Para as mulheres, surgiram artigos como saias rodadas, casacos de malha, meias soquetes com sapatos
baixos, o que ficou conhecido como a linha College.
O blue jeans virou uma febre nos anos 1950 entre os adolescentes rebeldes. Era o uniforme do rock and
roll que acompanhava as saias rodadas das meninas.
Santiago Martins

Figura 135 - O estilo College.


5 A MODA DA SEGUNDA METADE DO SÉCULO XX
127

Santiago Martins
Figura 136 - Os “rebeldes” e suas roupas.

5.1.5 A MODA MASCULINA

O estilo masculino mudou drasticamente nos anos 50. Apesar de ser formal no início da década, a roupa
masculina deu espaço a um estilo mais relaxado. A gravata perdeu seu espaço e as camisas eram larga-
mente usadas sob suéteres. Alguns homens mais tradicionais usavam terno de três peças, outros, usavam
o paletó de transpasse simples, cujo abotoamento era feito em uma fileira de botões.
Santiago Martins

Figura 137 - Podemos ver nesta figura o homem da esquerda com seu terno de três peças e o da direita
com o paletó de transpasse simples, ou seja, o abotoamentode uma fileira de botões.
TÉCNICAS DE REPRESENTAÇÃO DO VESTUÁRIO
128

Para o homem elegante, era uma exigência o cabelo penteado para trás, paletó com a camisa aberta,
calças mais justas com bainha italiana. Ele sabia desfrutar a vida, era um bon-vivant25.
Até a década de 1950 eram consideradas “roupas de baixo”. A partir de 1951, quando Marlon Brando
apareceu nas telas usando uma camiseta como parte da sua indumentária e como símbolo de rebeldia, ela
ganhou o status de peça obrigatória do guarda-roupa mundial.

SENAI CETIQT / Pedro Toste

Figura 138 - Marlon Brando usando uma camiseta, que era até então uma peça de roupa para ser usada sob uma camisa.

5.1.6 PRINCIPAIS ESTILISTAS DA DÉCADA

Vejamos agora os principais estilistas da década de 50.

5.1.6.1 CHRISTIAN DIOR (1905-1957)

Nasceu na França e, em 1935, começou a ganhar a vida em Paris, vendendo seus croquis de moda para
jornais da época.
Depois disso, trabalhou para Robert Piguet (estilista suíço que se estabeleceu na França a partir de 1918)
e Lelong (estilista francês), até conhecer Marcel Boussac, dono de uma grande empresa de tecidos de algo-
dão, que enxergou em Dior um grande talento para a moda, proporcionando que ele abrisse sua própria
casa de alta costura.

25 A expressão bon-vivant francesa se refere ao homem feliz, que sabe gozar a vida.
5 A MODA DA SEGUNDA METADE DO SÉCULO XX
129

Em 1947, lança sua primeira coleção, a princípio chamada de “Coleção Corola”, depois apelidada de
“New Look”, que se tornaria o símbolo e a temática da década de 50.

SENAI CETIQT / Pedro Toste

Figura 139 - Christian Dior determinando o comprimento das saias New Look de Dior, 1947.

5.1.6.2 HUBERT GIVENCHY (1927)

Nasceu na França e frequentou a Escola de Belas Artes em Paris. Trabalhou com Fath (estilista francês de
grande influência na alta costura depois da grande guerra) Piguet, Lelong e Schiaparelli, estilista italiana
ligada a movimentos artísticos. Em 1952, abre seu próprio negócio, criando roupas elegantes, formais e
luxuosas. Seu nome é associado às grandes estrelas do cinema, entre elas Audrey Hepburn, cujo figurino
do filme “Bonequinha de Luxo” (Breakfast at Tiffany´s) tem sua assinatura.
TÉCNICAS DE REPRESENTAÇÃO DO VESTUÁRIO
130

SENAI CETIQT / Pedro Toste

Figura 140 - Criações de Givenchy.

Assista ao filme norteamericano Bonequinha de Luxo (Breakfast at Tiffany’s), de 1961,


e repare o guarda-roupa de Audrey Hepburn, personagem principal, desenhado por
SAIBA Givenchy, estilista já estudado nesta Unidade Curricular.
MAIS Direção: Blake Edwards. Elenco: Audrey Hepburn, George Peppard, Patricia Neal,
Buddy Ebsen.

5.1.6.3 LOUIS FÉRAUD (1920)

Nasceu na França e, em 1955, após abrir uma boutique de sucesso em Cannes, lança sua primeira co-
leção de alta costura. Várias atrizes de Hollywood vestiam-se na sua loja: Ingrid Bergman, Liz Taylor, Kim
Novak e Grace Kelly. Mas foi com Brigitte Bardot26 que atingiu a maior popularidade.

26 Brigitte Bardot, ou BB, como é conhecida, é uma artista francesa considerada símbolo sexual dos anos 50 e 60. Era uma mistura de
ninfeta e mulher fatal que influenciou o comportamento das gerações dessas duas décadas.
5 A MODA DA SEGUNDA METADE DO SÉCULO XX
131

SENAI CETIQT / Pedro Toste

Figura 141 - Vestido assinado por Féraud.

5.2 DÉCADA DE 1960

Os anos 60 foram tempos de turbulência e de grandes mudanças. Os jovens começaram a desafiar os


valores e a autoridade de seus pais, entrando para uma comunidade hippie, praticando o amor livre, parti-
cipando de manifestações ou simplesmente deixando seus cabelos crescerem.
Os anos sessenta foram da cultura jovem, dos estilos variados, do rock and roll. A televisão e a mídia
estavam presentes em todos os lugares.
Foi uma década de renascimento e experimentação, do homem pisando na lua pela primeira vez e dos
jovens entusiasmados com a era espacial e o futuro do mundo.
Shutterstock /PeterHansen

Figura 142 - O homem na Lua.


TÉCNICAS DE REPRESENTAÇÃO DO VESTUÁRIO
132

5.2.1 A ARTE DA DÉCADA DE 60

Nas artes visuais, surgem a Pop art27 e a Op art28

Para conhecer mais sobre a Pop art, não deixe de procurar obras de seus principais
SAIBA expoentes, os artistas Andy Warhol e Roy Lichtenstein. Já para saber mais sobre Op
MAIS art, veja as obras de Victor Vasarely e Bridget Riley.

No teatro, o espetáculo Hair estreia na Broadway. Ele foi um dos marcos da contracultura e inaugurou a
tendência da nudez nos palcos. Nas telas, o filme Psicose, de Alfred Hitchcock, levou milhares de pessoas
ao cinema.

Domínio público/ Studio publicity still

Figura 143 - Alfred Hitchcock.

27 Pop art (abreviatura de Popular art) ou Arte pop foi um movimento em reação ao expressionismo abstrato das décadas de 1940 e
1950. Os artistas buscaram inspiração na cultura de massas para criticar, de forma irônica, o consumo. Latas de refrigerante, embala-
gens de alimentos, histórias em quadrinhos, panfletos de propagandas e outros objetos serviram de base para a criação.
28 Op art (Abreviatura de Optical art) ou Arte Óptica é um estilo artístico visual que utiliza ilusões óticas. Usa a combinação de formas
geométricas simples, fazendo com que as imagens pareçam ter movimento.
5 A MODA DA SEGUNDA METADE DO SÉCULO XX
133

Mais de 400.000 jovens se reúnem em Woodstock para um festival de música e arte, com a intenção de
assistir ao concerto de Jimmy Hendrix e de outras figuras do cenário musical da época.

Domínio público / Photographic picture


Figura 144 - Jimmy Hendrix.

5.2.2 A MODA DA DÉCADA DE 60

O mercado adolescente estava em crescimento e a moda era direcionada para os jovens. Tudo acon-
tecia com muita rapidez e a moda era de pouca duração: sempre algo novo estava para acontecer. Surgiu
uma sociedade descartável e do consumo.
A moda internacional não estava mais sob o comando dos estilistas parisienses, mas sim de um grupo
de designers londrinos.
Mary Quant lançou a minissaia até a metade da coxa, peça que simbolizava a década, em sua boutique
Bazaar na King´s Road em Londres passou a ser o centro da moda. O vestido tubinho também fez um gran-
de sucesso com a juventude.
TÉCNICAS DE REPRESENTAÇÃO DO VESTUÁRIO
134

SENAI CETIQT / Pedro Toste

Figura 145 - Mary Quant usando um vestido tubinho.


SENAI CETIQT / Pedro Toste

Figura 146 - Algumas criações de Mary Quant, anos 1960.

Foi a década também da moda unissex, natural do imaginário jovem. Era a moda como um coletivo,
quase como uma uniformização.
5 A MODA DA SEGUNDA METADE DO SÉCULO XX
135

Yves Saint Laurent transformou o terno, um traje masculino, em traje feminino, apontando para a roupa
unissex da época.

Para conhecer mais sobre a moda dos anos 60, você pode assistir ao filme Dream
Girls – Em busca de um sonho (Dream Girls), musical norteamericano, de 2006.
SAIBA Alémdo guarda-roupa de época, temos nesse filme Beyoncé, trajando roupas do dia
MAIS a dia e para o palco.
Direção: Bill Condon. Elenco: Beyoncé Knowles, Jennifer Hudson, Jamie Foxx, Eddie
Murphy, Danny Glover, Anika Noni Rose.

Com a conquista da lua, o futurismo foi um movimento muito grande na moda da época.

Moda. O século dos estilistas. Charlotte Seeling

Figura 147 - André Courrèges, o futurismo e a minissaia, 1965.

O futuro para Paco Rabanne foi representado por materiais até então nunca usados em roupas, nesse
caso, placas de metal.
TÉCNICAS DE REPRESENTAÇÃO DO VESTUÁRIO
136

SENAI CETIQT / Paulo d´Escragnolle


Figura 148 - Paco Rabanne e suas criações de placas e alumínio, 1966.

SAIBA Assista ao filme Barbarella (1967) com a atriz Jane Fonda, que fala sobre uma viajante
MAIS intergaláctica e observe o figurino espacial criado por Paco Rabanne.

A alta costura francesa perdeu força e, para evitar essa ameaça, o prêt-à-porter ocupou o espaço como
a melhor alternativa para manter as maisons em atividade na França. Os estilistas franceses, como Pierre
Cardin; André Courrèges; Emanuel Ungaro e Yves Saint Laurent, lançam o prêtàporter.
Twiggy foi a modelo londrina mais conhecida da época. Ela sintetizava o visual dos anos 1960: seu look
era uma mistura de androginia e de um ar infantil. Nesta foto, podemos ver todos os itens indispensáveis
para o visual contemporâneo: corte de cabelo geométrico, sapatos mais jovens, o vestido juvenil e a ma-
quiagem ressaltando os olhos com três cílios postiços e pestanas de boneca.
5 A MODA DA SEGUNDA METADE DO SÉCULO XX
137

Rodrigo Henrique de Lacerda


Figura 149 - Twiggy com seu “ar” de boneca.

Vejamos mais alguns looks da década:


SENAI CETIQT / Pedro Toste

Figura 150 - Minissaia pregueada e blusa canelada justa.


TÉCNICAS DE REPRESENTAÇÃO DO VESTUÁRIO
138

Eurico Fernandes / Fernanda Coimbra


Figura 151 - Lenço de cabeça combinando com o minivestido tubo..

SENAI CETIQT / Pedro Toste

Figura 152 - O look casual da época.


5 A MODA DA SEGUNDA METADE DO SÉCULO XX
139

Vejamos agora como eram os trajes de banho:

SENAI CETIQT / Pedro Toste

Figura 153 - O biquíni da época, final da década de 50, início de 60.


SENAI CETIQT / Pedro Toste

Figura 154 - O polêmico monoquíni, que causou sensação e alguns problemas com a polícia.

No final da década de 1960, quando a mulher já se sentia um pouco mais segura do seu papel e auto-
nomia na sociedade, houve uma tentativa do uso do monoquíni na areias de Ipanema, famosa praia do
litoral do Rio de Janeiro.
TÉCNICAS DE REPRESENTAÇÃO DO VESTUÁRIO
140

Ipanema era e ainda é considerada lançadora de moda e um espaço democrático, onde todas as inova-
ções são bem aceitas pelos moradores do local e pelos visitantes.
Naquela época, quando um grupo de jovens mulheres começou a tirar a “saída depraia” (traje usado por
sobre a roupa de banho) e a ficar com os seios à mostra parase bronzearem, houve um tumulto tão grande
por parte dos frequentadores, quefoi necessária a intervenção da polícia para que as “ousadas banhistas”
pudessem se retirar com segurança.
A partir desse fato, houve, durante alguns meses, a necessidade de uma vigilância constante por parte
das autoridades policiais para que acontecimentos como oocorrido não se repetissem.

5.2.2.1 A MODA MASCULINA

Para os homens, a principal silhueta era magra, calças justas de corte reto e com cós baixo. As camisas
eram ajustadas ao corpo com gola alta.
Para os mais comportados da época, um blazer sobre camisa branca, mas com um detalhe de mo-
dernidade na gravata florida. Traje assinado por John Stephen, 1965, um reconhecido designer de roupas
masculinas de Londres.
Eurico Fernandes / Fernanda Coimbra

Figura 155 - O homem com o vestuário mais tradicional da década.

Em 1960, os Rolling Stones copiavam o estilo dos Beatles, mas, em 1967, começaram a se apresentar
com um visual mais parecido com a fama do grupo: chapéus, paletós mais ajustados, o uso de pele, calças
listradas e mais justas.
5 A MODA DA SEGUNDA METADE DO SÉCULO XX
141

Na década de 1980, os yuppies29 faziam questão de “carregar” roupas que fossem caras como símbolo de status.
Além disso, quando os designers orientais chegaram a Paris, nos anos 1980, agitaram a moda ocidental
com novos materiais, ideias e cortes. Foi uma revolução no mundo fashion com essa nova estética.

Sutterstock/FashionStock.com
Figura 156 - Traje com novos cortes e formas, e que de um certo modo, alteravam visualmente a estrutura do corpo feminino.

5.2.3 PRINCIPAIS ESTILISTAS DA ÉPOCA

Vejamos agora os principais estilistas da década de 80.

5.2.3.1 VALENTINO (1933)

Nasceu na Itália, estudou na Accademia dell´Arte, em Milão e na Câmara Sindical de Alta Costura (Cham-
bre Syndicale de la Haute Couture), em Paris. Passou dez anos trabalhando na capital francesa e, em 1959,
abriu uma casa de alta costura em Roma.
Valentino criou roupas glamorosas e extravagantes, usando sempre tecidos de qualidade.

29 Yuppies eram jovens profissionais urbanos, entre os 20 e os 40 anos, geralmente da classe média ou alta. Yuppie vem da sigla “YUP”,
expressão inglesa que significa “Young Urban Professional”, que quer dizer Jovem Profissional Urbano.
TÉCNICAS DE REPRESENTAÇÃO DO VESTUÁRIO
142

SENAI CETIQT / Pedro Toste


Figura 157 - Criação de 1968.

5.2.3.2 YVES SAINT LAURENT (1936 – 2008)

Nasceu na Argélia e, aos 17 anos, ganhou um prêmio com seu trabalho “Vestido de Cocktail”. Logo de-
pois, foi contratado por Dior. Após a morte de Dior, Yves Saint Laurent assumiu a direção da Maison e lá
desenvolveu criações inusitadas, não esperadas pela clientela.
Rodrigo Lacerda / Henrique de Lacerda

Figura 158 - O smoking feminino de Yves Saint Laurent.


5 A MODA DA SEGUNDA METADE DO SÉCULO XX
143

Em 1962, tendo como sócio Pierre Bergé, abriu sua própria casa. Uniu a arte às suas coleções, adaptou mui-
tas roupas masculinas para o guardaroupa feminino e foi considerado um líder desde o início de sua carreira.

SENAI CETIQT / Claudia Pabón Albert

Figura 159 - Vestido Mondrian, Ives Saint Laurent, 1965.

CASOS E RELATOS

Vimos alguns exemplos da moda servindo como fonte de inspiração. Vamos agora a mais um
exemplo?
Em 1965, o estilista Yves SaintLaurent (YSL) desenhou uma coleção em homenagem ao pintor
holandês Mondrian.
A fase mais conhecida do pintor caracteriza-se por pinturas com linhas pretas ortogonais
(horizontais e verticais apenas, nunca diagonais) que formavam retângulos e quadrados na tela
branca. Alguns desses retângulos e quadrados eram preenchidos por uma cor primária: amarelo,
azul ou vermelho. Foram essas telas que serviram de inspiração para a coleção do estilista.
No caso específico de Yves SaintLaurent e o quadro de Mondrian, Composition with Red, Yellow, and
Blue (Composição com vermelho, amarelo e azul), os aspectos, ou a forma de recorrer à arte, são
diferentes.
Uma das características do estilo de Mondrian, especificamente neste caso, são as linhas retas,
cores primárias e a harmonia, mesmo não existindo simetria nos espaços coloridos da tela.
O vestido de YSL, tem formas retas, em linha A, e ele, o designer, deve ter concluído que a harmonia
adquirida através das linhas retas no quadro de Mondrian, combinariam perfeitamente com a
simetria do vestido. Essa é uma conclusão que pode ser discutida e que só o próprio artista poderia
nos responder.
TÉCNICAS DE REPRESENTAÇÃO DO VESTUÁRIO
144

Mas, o que merece destaque aqui, é o fato de YSL ter pego a obra e “estampado” o mesmo desenho
e cores do quadro em sua peça. Ele se apoderou da obra para complementar, ou dar mais valor ao
seu produto. Serviu de inspiração, mas não houve qualquer adaptação de forma: ele transferiu o
quadro para o vestido.

5.2.3.3 ANDRÉ COURRÈGES (1923)

Nasceu na França e, em 1949, trabalhou com Balenciaga em Paris. Doze anos depois, abriu seu próprio ateliê.
Foi um visionário, antecipando ideias de conforto e praticidade numa visão espacial e futurista sem
detalhes supérfluos. Criou roupas com materiais sintéticos e cores metálicas.
Creative commons/Mabalu

Figura 160 - Criação espacial e futurista de Courrèges.

5.2.3.4 PACO RABANNE (1934)

Nasceu em San Sebastian, Espanha, mas durante a guerra civil espanhola, a família mudou-se para
França, onde Rabanne foi educado. Seus primeiros trabalhos com a moda foram botões e bijuterias de
plástico que vendia para Balenciaga, Dior e Givenchy. Em 1965, produziu seu primeiro vestido em plástico.
5 A MODA DA SEGUNDA METADE DO SÉCULO XX
145

Foi um pioneiro na utilização de materiais alternativos e usava o alicate ao invés da agulha. Em


1966, abriu sua primeira Maison, vendendo acessórios e roupas incomuns, o que o fez adquirir fama
internacional.

SENAI CETIQT / Pedro Toste

Figura 161 - Paco Rabanne trabalhando em uma de suas criações..

5.2.3.5 KARL LAGERFELD (1938)

Nasceu na Alemanha e, aos 17 anos, após ganhar um concurso em Paris, foi contratado por Balmain. Em
seguida, trabalhou com Chloé, Krizia, Charles Jourdan e Fendi. O nome Lagerfeld, na época, foi associado à
Chloé pelos seus trajes prêt-à-porter. Suas ideias são sofisticadas e sempre executadas com estilo.
SENAI CETIQT / Pedro Toste

Figura 162 - Croqui de Lagerfeld dos anos 60.


TÉCNICAS DE REPRESENTAÇÃO DO VESTUÁRIO
146

5.2.3.6 GUY LAROCHE (1923 – 1989)

Foi um estilista francês e fundador da empresa de mesmo nome. Foi muito popular nos anos 60. Sua
moda caracteriza-se pelas cores suaves, cortes simples, mas, muitas vezes, ousados.
Para cada coleção, Laroche fazia, a lápis, inúmeros croquis de toda coleção para ter uma visão geral e
acertada. Era sua forma de trabalhar.

Creative commons/Mabalu

Figura 163 - Criação de Guy Laroche, 1968

5.2.3.7 MARY QUANT (1934)

Nasceu em Londres e começou vendendo roupas, mas logo depois, passou a criá-las. Seus trajes repre-
sentavam o clima dos anos 60 da juventude britânica. Fez roupas para todas as camadas sociais e idades.
Teve sucesso também nos Estados Unidos, produzindo para a cadeia de lojas J. C. Penney. Popularizou a
minissaia e as meias-calças coloridas.
5 A MODA DA SEGUNDA METADE DO SÉCULO XX
147

SENAI CETIQT / Pedro Toste


Figura 164 - Mary Quant e suas criações.

5.2.3.8 GUCCI

É uma marca italiana de roupas que teve seu auge na década 1960. Foi criada em 1921 por Guccio Gucci,
em de Florença. A princípio, confeccionava malas e bolsas a mão e, depois, passou a produzir roupas, além
de perfumes, óculos de sol e óculos de grau, sapatos, sandálias, relógios e joias.
SENAI CETIQT / Pedro Toste

Figura 165 - Roupas Gucci com as estampas características da grife.


TÉCNICAS DE REPRESENTAÇÃO DO VESTUÁRIO
148

5.3 DÉCADA DE 1970

A inflação, o aumento da taxa de desemprego e a insatisfação com o procedimento das indústrias, fez
com que o otimismo da década de 60 começasse a desaparecer.
As primeiras preocupações com o meio ambiente, ainda embrionárias na década de 60, começaram a
tomar vulto e a Conferência Mundial de Estocolmo adotou medidas para salvaguardar o planeta. Como
uma saída para a escassez de energia elétrica, o tricô, o croché, os bordados e o patchwork tornaram-se
presentes no vestuário.
No início dos anos de 1970, a moda não mudou radicalmente, mas com o passar dos anos, não havia
mais um único código. Há, a partir da década de 70, uma tendência a usar referências das épocas passadas.
Não é possível definir ou caracterizar uma silhueta ou visual típico da época. Os looks se misturavam har-
monicamente. A moda não era mais uma proposta inabalável ditada pelos estilistas.
Os estilistas americanos Calvin Klein e Ralph Laurent dos Estados Unidos se empenharam na versatilida-
de e praticidade da moda e reforçaram a ideia, iniciada nos anos 60, de produzir em série uma moda mais
acessível sem perder a qualidade e o estilo.

SENAI CETIQT / Pedro Toste

Figura 166 - Figuras da década de 1970 com suas roupas características da época.

Mesmo com o fim da guerra do Vietnã, os conflitos continuaram e ganharam as ruas. Além do movi-
mento hippie, que se estendia desde a década anterior, outros vieram: a luta contra o racismo, contra a
homofobia, a favor das mulheres etc.
5 A MODA DA SEGUNDA METADE DO SÉCULO XX
149

Muitas vezes, mais do que cartazes, uma roupa ou um penteado servem como um protesto. Especifi-
camente o movimento contra o racismo foi representado principalmente pela americana Angela Davis e
pontuado pelo cabelo black power.

shutterstock/Pres Panayotov

Figura 167 - Angela Davis e seu estilo característico de cabelo: o corte black power.

Para saber mais sobre o período, leia um pouco sobre a Conferência Mundial de
Estocolmo e a Guerra do Vietnã.
SAIBA A Conferência Mundial de Estocolmo foi importante, pois teve como objetivo debater
sobre a importância da preservação do meio ambiente naquele momento, assim como
MAIS para as gerações futuras. Pesquisar sobre a guerra do Vietnã, por sua vez, é importante
para saber sobre o conflito e também sobre a revolta da juventude americana que era
convocada para lutar pelos Estados Unidos.

5.3.1 A MODA

Houve uma grande contradição nos estilos das roupas. Muitos deles tornaramse referência, mas sem-
pre pensando no conforto e praticidade. A silhueta tornouse mais alongada e a saia mini podia ser substi-
tuída pelos comprimentos midi e maxi.
TÉCNICAS DE REPRESENTAÇÃO DO VESTUÁRIO
150

SENAI CETIQT / Paulo d’Escragnolle


Figura 168 - As saias mini, midi e maxi respectivamente.

Desde a década de 70, o jeans vem sendo amplamente usado, com modificações no corte, nos tipos de
lavagens e acabamentos.
Em diversos modelos e formas, as calças jeans foram peças muito usadas. Havia a tradicional, a boca de
sino e, mais para o final da década, a semibaggy e a baggy, tanto para o feminino quanto para o masculino.

SENAI CETIQT / Paulo d’Escragnolle

Figura 169 - Tipos de calça da década de 70.


5 A MODA DA SEGUNDA METADE DO SÉCULO XX
151

Dentro dos diversos estilos, surgiu o movimento Glam (da palavra glamour), que estava ligado aos íco-
nes do rock como David Bowie, Rod Stewart e Elton John, entre outros. O visual era de muito brilho, muita
excentricidade e botas de plataforma com cano alto.

Creative commons/Helge Øverås

Creative commons/yabosid
Creative commons/AVRO

David Bowie Rod Stewart Elton John

Figura 170 - Ícones do rock dos anos 70.

No final dos anos 70, com inspiração na estética Glam, foi lançado o filme “Os Embalos de Sábado à
Noite” dando início à moda ligada às discotecas, tendo John Travolta o representante desse movimento
que se tornou uma febre mundial.

No filme norteamericano Embalos de Sábado à Noite (Saturday Night Fever), de 1977,


podemos ver a febre das discotecas, assim como a indumentária masculina e feminina
SAIBA da década de 70.
MAIS Não deixe de assistir! Direção: John Badham. Elenco: John Travolta, Karen Lynn Gorney,
Barry Miller, Joseph Cali.

Surgiram os punks com o visual e ideologia agressiva de denúncia à sociedade. Inicialmente, confinado
a um grupo de jovens desempregados, o movimento se espalhou por toda a Inglaterra, ganhando, pos-
teriormente, o mundo. Os punks reagiram, basicamente, a não violência e ao ar de otimismo dos hippies.
TÉCNICAS DE REPRESENTAÇÃO DO VESTUÁRIO
152

Usavam roupas rasgadas, jaquetas de couro preto, botas surradas, cabelos espetados, piercings e muitos
detalhes metálicos nas roupas, como correntes e alfinetes de segurança que eram usados tanto nas roupas,
quanto nas orelhas, como brincos.
Uma das principais representantes do grupo foi a estilista Vivienne Westwood, apelidada de “mãe dos
punks”, casada com Malcon McLaren, líder do grupo Sex Pistols.

SENAI CETIQT / Pedro Toste

Figura 171 - Vivienne Westwood

Vivienne Westwood é considerada uma das maiores estilistas inglesas, por isso, seria
SAIBA muito produtivo procurar mais informações sobre ela, bem como sua relação com o
MAIS grupo punk Sex Pistols, o maior expoente do punk, que teve camisas desenvolvidaspela
estilista.

5.3.1.1 MODA MASCULINA

O look masculino ficou mais descontraído, informal e improvisado, já que a mistura de estilos também
era permitida para os homens. Camisetas lisas ou estampadas e calças boca de sino eram parte importan-
tes na produção.
Os sapatos eram abrutalhados, mas era permitido o uso de chinelos, sandálias, mocassins, botas curtas
e tamancos tipo holandês.
5 A MODA DA SEGUNDA METADE DO SÉCULO XX
153

Os cabelos eram compridos, acompanhados do uso de barba, costeletas e bigodes. É claro que o mas-
culino também teve sua representatividade no estilo punk.
Vejamos agora alguns looks da época:

SENAI CETIQT / Claudia Pabón Albert

Figura 172 - Casacos estampados, calças largas e sapatos de plataforma eram usados também no vestuário feminino.
SENAI CETIQT / Claudia Pabón Albert

Figura 173 - Casacos estampados para ambos os sexos. Paris, 1970.


TÉCNICAS DE REPRESENTAÇÃO DO VESTUÁRIO
154

Vejamos agora alguns sapatos da época

Eurico Fernandes / Fernanda Coimbra


Figura 174 - Os sapatos e botas de plataforma eram usados para o feminino e masculino.

5.3.2 PRINCIPAIS ESTILISTAS DA DÉCADA DE 70

Vejamos agora os principais estilistas da década de 70.

5.3.2.1 VIVIENNE WESTWOOD (1941)

Nascida na Inglaterra, no final da década de 60, ela e seu namorado, Malcolm McLaren (vocalista do con-
junto inglês punk Sex Pistol), abriram uma boutique na famosa King´s Road, em Londres, atraindo muita
atenção.
Durante os anos 70, a designer representou uma cultura jovem anárquica, vendendo roupas de couro
para pessoas interessadas no punk e no fetichismo.
5 A MODA DA SEGUNDA METADE DO SÉCULO XX
155

5.3.2.2 THIERRY MUGLER (1948)

Nascido na França,começou sua vida como vitrinista em uma loja em Paris. A partir de 1973, passou a
desenvolver e assinar suas coleções. É considerado um estilista ousado, principalmente por usar a mulher
como objeto de fetiche. Seus desfiles são sempre um grande espetáculo e suas roupas sempre apresentam
um corte perfeito.

SENAI CETIQT / Pedro Toste

Figura 175 - Coleção de Mugler, de 1979.

5.3.2.3 JEAN PAUL GAULTIER (1952)

Nascido em Paris, França, trabalhou por um ano na maison Pierre Cardin. Trabalhou para Jacques Esterel,
Jean Patou e, em 1977, abriu sua própria marca. Suas roupas são “engraçadas”, uma mistura de glamour e
“malandragem”. Um dos seus pontos fortes é misturar o novo com o antigo.
TÉCNICAS DE REPRESENTAÇÃO DO VESTUÁRIO
156

SENAI CETIQT / Pedro Toste


Figura 176 - Coleção de Gaultier, de 1979.

5.3.2.4 ISSEY MIYAKE (1935)

Nascido em Hiroshima, Japão, foi para Paris em 1965 e, no ano seguinte, trabalhou com Laroche e Gi-
venchy. Em 1969, Miyake fez seu primeiro desfile em Nova York e, dois anos depois, em Paris. Nessa época,
trabalhou com sobreposições e roupas que envolviam o corpo, o que se tornou sua marca registrada.
SENAI CETIQT / Pedro Toste

Figura 177 - Criação de Miyake, 1978.


5 A MODA DA SEGUNDA METADE DO SÉCULO XX
157

5.4 DÉCADA DE 1980

A década de 80 presenciou a estreia do filme E.T., O Extraterrestre; a descoberta do furo na camada de


ozônio; a queda do muro de Berlim; o boicote dos EUA às Olimpíadas de Moscou; a febre da ginástica e do
culto ao corpo; a popularidade de Diana, Princesa de Gales, Lady Di.

IStock/andylid

Figura 178 - Princesa Diana e Príncipe Charles.

Faça uma pesquisa sobre estes cantores e bandas para vocês entrarem no clima dos
SAIBA anos 80: Bon Jovi, Duran Duran, Prince, Modonna, Michael Jackson, Guns N’ Roses, U2,
MAIS Iron Maiden, INXS, Cyndi Lauper. Com essa pesquisa, vocês poderão conhecer melhor
o som que serviu como “trilha sonora” da época, assim como inspiração para os trajes
de seus fãs.

Cantores e bandas Internacionais como Bon Jovi, Duran Duran, Prince, Modonna, Michael Jackson, Guns
N’ Roses, U2, Iron Maiden, INXS, Cyndi Lauper fizeram sucesso na década.
Os anos 80 foram conhecidos também como os anos “Yuppies” e as mulheres eram as novas estrelas do
mundo dos negócios com sua indumentária de executivas.
Margaret Thatcher, primeira ministra da Inglaterra, a Dama de Ferro, como era conhecida, transformou-
-se em símbolo da mulher e o poder, influenciando até mesmo no modo de vestir das executivas.
TÉCNICAS DE REPRESENTAÇÃO DO VESTUÁRIO
158

Creative Commons/Chris Collins


Figura 179 - Margareth Tatcher.

Procure assistir ao filme britânico, de 2011, intitulado A Dama de Ferro – Margaret


Thatcher (The Iron Lady), que é um filme biográfico sobre Margaret Thatcher, primeira
ministra da Inglaterra de 1979 a 1990. Na obra, percebe-se - nitidamente - o vestuário
SAIBA masculinizado da protagonista. Os anos 1980 foram uma década em que a mulher
MAIS quebrou os obstáculos do mundo profissional, social e político até então dominado
pelos homens.
Direção: Phyllida Lloyd. Elenco: Jim Broadbent, Anthony Head, Richard E. Grant.

5.4.1 MODA

Roqueiros, punks, jeans rasgados e trainings30 de esportistas. A moda também tem a aprender com a
observação da cultura popular que emerge das ruas às passarelas, resumindo um movimento aparente-
mente inédito.
Com a ascensão da economia, ocorreu uma procura por modas mais caras e luxuosas, que assinalavam
uma necessidade de ostentação e de cuidado com a imagem.
As grifes tornaram-se objeto de admiração e os estilistas, percebendo a necessidade de produzir em
maior escala, associaram-se aos fabricantes para adquirir status e produzirem em grandes quantidades.

30 Training é uma calça de malha ou material elástico usado na prática de esportes que posteriormente se transformou em um item
de moda.
5 A MODA DA SEGUNDA METADE DO SÉCULO XX
159

Os ícones da geração anos 80 foram a cantora pop Madonna, Prince e Michael Jackson, deixando con-
tribuições na moda mundial.

Creative Commons/Olavtenbroek

Figura 180 - Madonna.


Shutterstock/ Featureflash Photo Agency

Figura 181 - Prince.


TÉCNICAS DE REPRESENTAÇÃO DO VESTUÁRIO
160

Shutterstock/Photoprofi30
Figura 182 - Michael Jackson

A alta-costura francesa perdeu o posto de ditadora de moda e a Inglaterra, Itália e Alemanha torna-
ram-se produtores de moda.
Nesta década, surge o fenômeno dos criadores japoneses e os primeiros passos da moda “Minimalista”, com:
a)criações sóbrias;
b) linhas limpas;
c) roupas com poucos detalhes;
d)roupas com poucas cores.

Nasce o slogan “menos é mais”. Seus principais representantes foram:


a)Rei Kawakubo;
b)Yohji Yamamoto;
c) Kenzo.

Era uma moda arquitetônica, com roupas mais soltas em contraste com as roupas ajustadas ao corpo
dos estilistas ocidentais.
5 A MODA DA SEGUNDA METADE DO SÉCULO XX
161

SENAI CETIQT / Pedro Toste


Figura 183 - Criação Rei Wakabuko
SENAI CETIQT / Pedro Toste

Figura 184 - Criação Yohji Yamamoto

Mesmo assim, a França continuava produzindo moda com uma proposta mais exuberante, mais arrojada.
Jean Paul Gaultier encaixou-se nesta nova proposta, dando evidência à androginia. Christian Lacroix já
foi mais excessivo, para ele o discurso era “mais é mais”. Trabalhou com muitas flores, listras, xadrezes, poás,
volumes, babado... tudo junto!
TÉCNICAS DE REPRESENTAÇÃO DO VESTUÁRIO
162

Creative Commons / Brandon Carson


Figura 185 - Jean Paul Gaultier para Madonna.
Rodrigo Henrique de Lacerda

Figura 186 - Criação de Christian Lacroix.

Nessa década, surgiu o conceito de tribos, “identificados” pelos diferentes trajes. Cada um era fiel ao seu
grupo, mas, embora não houvesse um elo visual entre essas tribos, a convivência era tranquila.
No masculino, o jeans ficou cada vez mais forte. Era forte também o terno clássico, de abotoamento
duplo. As calças ganharam pregas tornando-se mais amplas. Sapatos clássicos, tênis, chinelos e sandálias
eram muito usados.
5 A MODA DA SEGUNDA METADE DO SÉCULO XX
163

Vejamos algumas imagens da década:

SENAI CETIQT / Pedro Toste


Figura 187 - Roupas masculinas e femininas que comunicavam as principais características da década.

5.4.2 PRINCIPAIS ESTILISTAS DA DÉCADA DE 80

Vejamos os principais estilistadas da décadad e 80.

5.4.2.1 CHRISTIAN LACROIX (1951)

Nasceu em Arles, França, e foi considerado um dos estilistas mais influentes da moda na segunda meta-
de da década de 80. Trabalhou na Maison Jean Patou até inaugurar a sua própria, em 1987. Em 1989, come-
çou a desenvolver criações para o prêt-à-porter. Sempre inovador e arrojado, ganhou fama internacional
ao reinventar a alta costura.
TÉCNICAS DE REPRESENTAÇÃO DO VESTUÁRIO
164

Rodrigo Henrique de Lacerda


Figura 188 - Criação de Lacroix para outono/inverno, 1988.

5.4.2.2 AZZEDINE ALAÏA (1940)

Nasceu na Tunísia e, nos anos 70, mudou-se para Paris e trabalhou com Dior, Laroche e Mugler até o final
da década. Seu primeiro desfile aconteceu em 1982 para a loja de departamentos Bergdorf Goodman, em
Nova York. Usou em suas primeiras coleções zíperes colocados estrategicamente para realçar as formas femi-
ninas.
Creative commons/ellenm1

Figura 189 - Criação de Azzedine. Anos 80.


5 A MODA DA SEGUNDA METADE DO SÉCULO XX
165

5.4.2.3 REI KAWAKUBO (1942)

Nasceu em Tóquio, Japão. Em 1969, fundou a grife Comme des Garçons. Nos anos 80, Rei chamou muita
atenção quando redefiniu o vestuário feminino com seus trajes rasgados, amassados e enrolados no cor-
po. A imagem assexuada que imprimia às roupas causou um impacto muito grande no Japão, nos Estados
Unidos e na Europa.

SENAI CETIQT / Pedro Toste

Figura 190 - Criações de Kawakubo para Outono/Inverno de 1983.

5.4.2.4 YOHJI YAMAMOTO (1942)

As criações do estilista japonês, desde 1981, faziam que as mulheres parecessem vindas de uma outra
galáxia. Yohji queria que as mulheres tivessem espaço para se moverem dentro das roupas. Para o estilista,
que sabia muito bem fazer uso dos tecidos, cada um deles era muito bem explorado a partir de suas carac-
terísticas próprias. Como se os tecidos inspirassem os modelos.
TÉCNICAS DE REPRESENTAÇÃO DO VESTUÁRIO
166

SENAI CETIQT / Pedro Toste


Figura 191 - Criação de Yohji para Primavera verão de 1983.

5.4.2.5 CLAUDE MONTANA (1949)

Nascido em Paris, confeccionou bijuterias em papier-mâché e depois começou a trabalhar com couro.
Seu primeiro desfile aconteceu em 1976 e em 1979, abriu sua própria casa. Na década de 80 firmou-se na
alta costura juntamente com Thierry Mugler. Seguindo a tendência dos anos de 1980, se impôs com o uso
das cores fortes e das formas agressivas.
SENAI CETIQT / Pedro Toste

Figura 192 - Criações de Montana para os anos 80.


_______________
<?> Em 1930, surgiram os manequins em papiermaché, tornando-os mais leves e fáceis de serem manipulados.
5 A MODA DA SEGUNDA METADE DO SÉCULO XX
167

5.4.2.6 GIORGIO ARMANI (1934)

Nascido na Itália, começou como vitrinista e, em 1961, trabalhou com roupas masculinas para Nino Cer-
ruti.Em 1975, se estabeleceu como consultor de moda. Trabalhou para diversos estilistas, criando depois
sua própria moda. Seu estilo é discreto e suas roupas femininas baseiam-se nos princípios da moda mascu-
lina. Nos anos 80, Armani propôs uma mulher dinâmica com seus acessórios daquela época.

SENAI CETIQT / Claudia Pabón Albert

Figura 193 - Criações de Giorgio Armani.

5.5 DÉCADA DE 1990

Na década de 90, a União Soviética (URSS) deixa de existir. Além disso, ocorre a Guerra do Golfo, que en-
volveu os Emirados Árabes, que mantinham lucrativo comércio com países em que existiam importantes
casas de costura. No início da década, houve uma reação contra o consumo ostensivo, prática comum na
década anterior.
Ocorreu o encontro mundial para discutir o meio ambiente (ECO 92). O cineasta Steven Spilberg ganha
sete Oscars com os filmes A lista de Schindler e Parque dos Dinossauros.
É lançado o sistema operacional Windows 95. Acontece a primeira clonagem de um mamífero: a ovelha
Dolly. É lançado o primeiro livro da série Harry Potter.
Na música, fazem sucesso as bandas Pearl Jam, U2, Dire Straits, Guns N´Roses, Metálica e Nirvana, entre
outros tantos.
TÉCNICAS DE REPRESENTAÇÃO DO VESTUÁRIO
168

SAIBA Pesquise os grupos Pearl Jam, U2, Dire Straits, Guns N´Roses, Metálica e Nirvana para
entender melhor o clima da década.
MAIS

5.5.1 NA MODA

A vida social se tornou mais restrita e a economia mais debilitada, consequentemente, as vendas de
roupas de alta moda caíram.
Acontece o fenômeno das top models como Tatjana Patitz, Linda Evangelista, Naomi Campbell, Cindy
Crawford e Christy Turlington, que eram muito requisitadas para validar os produtos por elas desfilados
ou fotografados.
Caracterizada por uma tendência minimalista, os anos 1990 baniram os enfeites supérfluos ou exagera-
dos. Não havia mais a necessidade de ornamentações para chamar atenção. Era uma estética mais contida
com cores neutras e acabamentos inspirados na alfaiataria masculina. Desapareceu a ideia da mulher cheia
de “ornamentos”.
SENAI CETIQT / Pedro Toste

Figura 194 - Sobriedade das formas e cores.


5 A MODA DA SEGUNDA METADE DO SÉCULO XX
169

SENAI CETIQT / Pedro Toste


Figura 195 - Conjunto de linho o iraniano Shirin Guild, formas retas sobrepostas e das cores.

Surgiu uma antimoda que era a antítese do glamour em que as misturas de tribos, peças de roupas e
acessórios, eram permitidas.
SENAI CETIQT / Pedro Toste

Figura 196 - Mistura de moda de rua com moda de passarela.


TÉCNICAS DE REPRESENTAÇÃO DO VESTUÁRIO
170

SENAI CETIQT / Pedro Toste


Figura 197 - Superposição de tecidos em uma silhueta simples, apontando a antimoda.

Com as novas tecnologias, como, por exemplo, a comunicação eletrônica, bastava um comando com o
mouse para acessar lojas exclusivas, desfiles e blogs de moda
Era fácil prever que, depois das paixões despertadas nos anos 80 e 90, os designers pensassem muito na
praticidade das roupas e nos consumidores. Libertos da “ditadura”, os designers adotaram o lema da déca-
da: “seja você mesmo”.
Mas, mesmo com essa liberdade de escolha, desde Chanel, passando por Yamamoto e Alaïa, o preto foi
uma cor onipresente na década.
A partir dos anos 90, estilistas tanto dos Estados Unidos como da Europa, começam a projetar uma
moda quase que universal, com a produção deslocada para os países do Terceiro Mundo, com mão de obra
mais barata. Esse assunto será abordado em um capítulo mais adiante.
Um dos acessórios mais usados na época foi o tênis, que se misturava de forma harmônica com várias
produções, e tinha a capacidade de quebrar o status “inatingível” da moda.
5 A MODA DA SEGUNDA METADE DO SÉCULO XX
171

Eurico. Fernandes, Fernanda Coimbra


Figura 198 - Tênis Addidas para os anos 90.

Eurico Ferandaes / Fernanda Coimbra

Figura 199 - Tênis Air Max da Nike, anos 1990.

5.5.2 PRINCIPAIS ESTILISTAS DA DÉCADA

Vejamos agora os principais estilistas da década de 90.


TÉCNICAS DE REPRESENTAÇÃO DO VESTUÁRIO
172

5.5.2.1 RALPH LAUREN (1939)

Estilista americano, cujas roupas têm um estilo atemporal e remetem a alguém bem sucedido. A linha
abrange desde roupas clássicas até motivos de nativos norte americanos.
Os anos 70 deram início a uma avalanche da grife Ralph Lauren, com o lançamento de roupas infantis,
perfumes, acessórios e sua linha de artigos para casa.
Mais além do que moda, a assinatura de Ralph Lauren passa um estilo de vida: “Não gosto de moda.
Gosto de roupas que nunca pareçam antiquadas”, ele dizia.

SENAI CETIQT / Pedro Toste

Figura 200 - Desfile da grife Ralph Lauren. Anos 90.

5.5.2.2 DONNA KARAN (1948)

Donna Karan é uma designer de moda dos Estados Unidos da América. É a criadora das marcas de roupa
Donna Karan e DKNY. Nos anos 90, criou para a mulher emancipada, mais do que para uma mulher execu-
tiva dos anos 80. Por esse motivo, suas roupas são suaves e sensuais, e não sexy, para que as mulheres não
se sentissem oprimidas pelas suas carreiras.
5 A MODA DA SEGUNDA METADE DO SÉCULO XX
173

Eurico Feranndes / Fernanda. Coimbra

Figura 201 - Desfile de Donna Karan. Anos 90.

5.5.2.3 CALVIN KLEIN (1942)

É um estilista americano e é também o nome da marca de roupa comercializada pela sua empresa,
inaugurada em 1978. Nos anos 90, suas roupas eram modernas e transmitiam estilo e um certo erotismo.
No final dessa década, suas roupas demonstraram forte influência da moda japonesa, se afastando do
modelo sportswear norte-americano.
TÉCNICAS DE REPRESENTAÇÃO DO VESTUÁRIO
174

Eurico Ferandes / Fernanda Coimbra

Figura 202 - Criação de Calvin Klein, em 1995.

5.5.2.4 JOHN GALLIANO (1960)

Nascido em Gibraltar, mudou-se para Londres, em 1966. É um estilista britânico que tem a habilidade
de reinterpretar modelos do passado de uma maneira quase que teatral. John Galliano foi o primeiro bri-
tânicoa assumir o controle criativo de uma casa de grife francesa: em 1995, foi escolhido para ser o novo
diretorcria tivo da Givenchy. Trabalhou também como criador para maison Dior, mas em 2011 foi destituído
do cargo.
5 A MODA DA SEGUNDA METADE DO SÉCULO XX
175

SENAI CETIQT / Pedro Toste

Figura 203 - Criação de John Galliano, 1995.

5.5.2.5 ALEXANDER MCQUEEN (1969-2010)

Nasceu em Londres, Inglaterra. Seu forte é o contraste entre a matéria prima utilizada, geralmente rude,
e o romantismo contemporâneo de suas coleções. Outro ponto forte de seu trabalho é o conhecimento da
alfaiataria e do fino acabamento da alta costura. Sucedeu John Galliano na Givenchy, em 1996. Fazia parte
do grupo formado por Galliano e Stella McCartney, que estudaram na Saint Martins, famosa escola londri-
na de moda. Desenhou roupas para várias celebridades, entre elas Björk, Beyoncé, Rihanna, Lady GaGa,
Naomi Campbell, Cate Blanchett, Michelle Obama e o Príncipe Charles.
TÉCNICAS DE REPRESENTAÇÃO DO VESTUÁRIO
176

SENAI CETIQT / Pedro Toste


Figura 204 - Criação de McQueen, 1998.

5.5.2.6 GIANNI VERSACE (1946-1997)

Nasceu na Calábria, Itália. Quando se mudou para Milão, logo adquiriu fama e, em 1978, abriu sua pró-
pria casa. Era conhecido por ressaltar as formas femininas, trabalhando com tecidos enviesados. Depois de
sua morte, sua irmã Donatella Versace assumiu a marca.
SENAI CETIQT / Pedro Toste

Figura 205 - Criação de Versace para os anos 90.


5 A MODA DA SEGUNDA METADE DO SÉCULO XX
177

RECAPITULANDO

Pudemos estudar, neste capítulo, alguns dos principais acontecimentos das décadas de 1950 a
1990, assim como as características da moda e seus principais designers.
Observamos que, a partir da década de 1950, houve uma mudança muito grande em relação ao es-
pírito e ao comportamento da década passada, quando o uso excessivo de tecido era inadequado
e, em muitas situações, até mesmo proibido.
Vimos que, neste segundo momento do século XX, a moda feminina foi o grande foco de nosso
trabalho, mas pontuamos também o grande avanço do segmento masculino.
Notamos que, a partir dos anos 1960, a moda foi mais direcionada ao público jovem e que os gran-
des estilistas foram a inspiração para a produção em grande escala.
Além disso, acompanhamos, ao longo das décadas, a influência das artes (cinema, peças de teatro,
música, artes plásticas etc.) na moda.
Pesquisa de moda

Quando desenhamos ou fazemos uma pesquisa de moda, temos que estar atentos ao de-
sejo ou necessidade da empresa, ao que ela quer, aonde quer chegar, do que ela dispõe de
maquinário, se ela conta com profissionais capacitados para executar o trabalho e, principal-
mente, para quem será direcionada a coleção.
Quando perguntamos para quem será a coleção, estamos querendo conhecer o Público
Alvo (PA). Para ele, todo nosso trabalho é direcionado.
Se produzimos, produzimos para alguém. Não queremos fabricar e ficar com os produtos
encalhados. Lembrem-se de que nosso pensamento é direcionado para a indústria, para a fa-
bricação e venda de produtos. Falaremos melhor sobre isso no próximo capítulo.

6.1 O PÚBLICO ALVO

Muito além de gostarmos ou não de um estilo, independente da nossa vontade, existe um


dado de grande importância que é nosso público alvo, ou seja, nosso consumidor final.
t Shutterstock /ai11
TÉCNICAS DE REPRESENTAÇÃO DO VESTUÁRIO
180

6.2 CONHECENDO A CLIENTELA

Para conhecermos bem nossa clientela, precisamos de dados que podem ser conseguidos a partir de
questionários que nos darão respostas e indicativos para atendermos as suas demandas.
Devemos buscar informações sobre:
a) O cliente – quem é, qual o sexo, idade, hábitos, poder aquisitivo...
b) A região onde será comercializada a coleção – análise concorrência, análise das ofertas...
c) A estação do ano em que a coleção será lançada – inverno, verão...
d) O segmento – feminino, masculino, infantil, acessórios...

FIQUE Essas são perguntas básicas que deveremos fazer. Quanto mais perguntas fizermos,
ALERTA mais informações obteremos e menor será a margem de erros.

6.3 A PESQUISA

Existem algumas questões básicas a serem levantadas. Vejamos a seguir quais são elas.

6.3.1 O MATERIAL

Diz respeito a que material dispomos ou vamos utilizar. Isso, sendo bem prático, significa fazer um le-
vantamento sobre quais tecidos, botões, enfeites etc. iremos adquirir, ou se temos condições de usá-los.
Por exemplo, se nosso maquinário ou nosso público alvo é todo voltado para malharia, de que adianta
pesquisarmos ou projetarmos uma coleção em jeans? Certo?

6.3.2 FONTES DE CONSULTA

Que fontes iremos utilizar para criar o conceito da coleção? De uma forma muito simples e resumida,
conceito é o que o designer ou a equipe de designers tem em mente e quer transformar em produto.
Podemos citar várias fontes de consulta: internet, livros, bibliotecas, jornais, revistas de moda, desfiles
de moda, arquitetura, pessoas nas ruas, museus e galerias de arte. Qualquer acontecimento ou artigo pode
ser ponto de partida para o processo criativo.
6 PESQUISA DE MODA
181

6.3.2.1 ARTES PLÁSTICAS COMO FONTE DE INSPIRAÇÃO

Alguns designers se inspiram em obras de arte. Às vezes, a referência a uma obra de arte pode ser nota-
da não só nas formas das roupas, mas também nas cores de um quadro, na textura de uma escultura etc.,
como podemos verificar nas imagens a seguir:

Domínio público/Velázquez
SENAI CETIQT / Pedro Toste

Figura 206 - Vestido de Karl Lagerfeld para Chanel, outono/inverno, de 1991, baseado na obra de Diego Velázquez, As meninas, de 1656.

Lembre-se de que no capítulo “A moda da segunda metade do século XX” você pôde ler mais detalha-
damente sobre Karl Lagerfeld.

Para descobrir mais sobre o tema, você pode fazer uma pesquisa sobre os seguintes
artistas plásticos e trajes:
SAIBA a) O artista plástico Henri Matisse, na obra “Os Veludos” e o traje de Yves Saint Laurent
MAIS para o Outono/Inverno de 1980;
b) O artista plástico Antonio Miró na obra “Flores do Mal”, de 1969, e o vestido do
estilista Jean Paul Gaultier, 2003.

6.3.2.2 ARQUITETURA COMO FONTE DE INSPIRAÇÃO

Muitas vezes, podemos olhar um prédio e ter suas formas como elemento principal, ou como fonte
inspiradora de uma peça do vestuário.
Ao observar as imagens a seguir, procure notar as semelhanças entre o vestido e o edifício:
TÉCNICAS DE REPRESENTAÇÃO DO VESTUÁRIO
182

©© SENAI CETIQT / Pedro Toste


Figura 207 - Vestido da estilista Gloria Coelho baseada no prédio do Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo, assinado por seu filho, Ruy Ohtake.

6.3.2.3 MODA DE RUA COMO INSPIRAÇÃO

Normalmente, a moda de rua é fonte de inspiração voltada para os jovens.


No Japão, a moda de rua é muito presente. Nas imagens a seguir, podemos ver exemplos da moda ur-
bana japonesa, representada pelos jovens dos grupos Harajuku31 e Fruits, ambos de Tóquio.
Eles são grupos de jovens que se vestem com características próprias desde 1977, com elementos que
distinguem muito bem cada um desses grupos. Essas características específicas podem passar desperce-
bidas para nós ocidentais, pois estão muito distantes da nossa realidade. Acabamos encarando o modo
como eles se vestem como fantasias, porém, para eles o conceito é muito diferente do nosso.
Entretanto, mesmo sem termos um conhecimento profundo e minucioso desses detalhes “internos”
que identificam e distinguem os grupos, no geral, como visual, nos servem como fonte de inspiração

31 Harajuku é também um município de Shibuya em Tóquio, Japão.


6 PESQUISA DE MODA
183

SENAI CETIQT / Pedro Toste


Figura 208 - Harajuku e Fruits.

CASOS E RELATOS

Nos anos 1980, em Nova York, entre os componentes dos grupos de língua latina radicados na
cidade, havia uma moda de usarem vários pares de meias soquetes grossas, umas sobre as outras.
Dessa forma, o tamanho dos pés ficava bem maior e podiam usar tênis de numeração superior a
dos seus pés, adquirindo um aspecto embrutecido.
Para se ter uma ideia, quem calçasse tamanho 38, com o uso das várias meias, poderia comprar um
tênis tamanho 42.
Uma conhecida marca de tênis, percebendo essa nova tendência, lançou no mercado tênis com
formatos maiores, mais brutos para atender as necessidades desse grupo específico e, com o passar
do tempo para todos os consumidores da marca.
Esse é mais um exemplo de como a moda de rua pode influenciar a indústria, de como os hábitos
dos consumidores podem condicionar as criações de designers. A proposta da indústria é vender,
portanto, nada melhor do que atender às demandas dos consumidores.
TÉCNICAS DE REPRESENTAÇÃO DO VESTUÁRIO
184

6.4 PESQUISA ATRAVÉS DA MODA DE ÉPOCAS

Esse é particularmente o foco deste capítulo: a pesquisa de moda a partir da própria moda. Podemos ter
como ponto de partida a indumentária de uma dessas épocas. A moda dos séculos XVIII, XIX e XX.
Depois de terminarmos esse assunto, vocês ficarão impressionados em saber como os designers atuais
buscam referências na indumentária de época.
Por exemplo, Maria Antonieta não ficou esquecida no século XVIII. John Galliano se inspirou na per-
sonagem para sua coleção da Dior de 2010, e antes, Vivienne Westwood também teve a mesma fonte de
inspiração para sua coleção de outono-inverno 1995/96.

Rodrigo Henrique de Lacerda

Figura 209 - Criação de John Galliano.


6 PESQUISA DE MODA
185

SENAI CETIQT / Pedro Toste


Figura 210 - Criação de Vivienne Westwood.

E que tal nos aventurarmos em desenhos nossos de roupas atuais com as características das roupas de
Maria Antonieta? Daremos dois exemplos para mostrarmos que essas características podem existir tanto
em roupas do dia a dia, quanto em roupas de festas. Vejamos:
SENAI CETIQT /Paulo d´Escragnolle.

Figura 211 - Vestido do dia a dia inspirado em Maria Antonieta.


TÉCNICAS DE REPRESENTAÇÃO DO VESTUÁRIO
186

SENAI CETIQT /Paulo d´Escragnolle.


Figura 212 - Vestido de festa inspirado em Maria Antonieta.

Viram? Mantivemos as características gerais em cada um dos exemplos:


a) Vestido de dia a dia: decote quadrado, mangas bufantes, cintura marcada e saia farta;
b)Vestido de festa: decote quadrado com babados, cintura marcada e saia farta.

Maria Antonieta foi uma arquiduquesa da Áustria e esposa do rei francês Luiz XVI.
CURIOSI Depois da morte do rei, ela foi condenada por traição e guilhotinada. Que tal assistir
DADES ao filme Marie Antoniette, de 2006, de Sofia Coppola? Com ele, você poderá ter uma
ideia sobre a indumentária da protagonista e de toda a corte da época.
6 PESQUISA DE MODA
187

Domínio público/Elisabeth Vigée Le Brun


Figura 213 - Quadro de Maria Antonieta, arquiduquesa da Áustria e Rainha da França de 1774 até 1789, retratada pela artista Elisabeth Vigée Le Brun (1755-1842).

6.5 RECONHECENDO A MODA DOS SÉCULOS

Que tal fazermos de uma forma diferente? Ao invés de criarmos uma coleção, por que não tentamos
achar em coleções contemporâneas alguns itens de moda que provavelmente tiveram como fonte de ins-
piração características das épocas estudadas? Vamos lá? Vejam se concordam com a análise.
Essas calças jeans rasgadas usadas com camisetas não lembram os anos 70?
TÉCNICAS DE REPRESENTAÇÃO DO VESTUÁRIO
188

IStock/ Goldmund Lukic

A figura 214 não nos reporta aos anos 50 com essa cintura ajustada e volume na saia?
Rodrigo Henrique de Lacerda

Figura 214 - Saia inspirada nos anos 50.


6 PESQUISA DE MODA
189

Na figura 215 é nítida a influência do minimalismo dos anos 90. Não concordam?

Rodrigo Henrique de Lacerda

Figura 215 - Vestido de inspiração minimalista dos anos 90.

A mistura de peças de roupas, as batas bordadas e os cabelos não nos lembram os anos 70? Shutterstock/Ysbrand Cosijn

Figura 216 - Estilo de inspiração nos anos 70.


TÉCNICAS DE REPRESENTAÇÃO DO VESTUÁRIO
190

Que tal você se reunir com os amigos e folhear revistas de moda com desfiles atuaise
SAIBA tentar localizar qual a época que pode ter servido como referência para a roupa?
MAIS Garantimos que vai ser divertido.

RECAPITULANDO

Vimos, neste capítulo, várias formas de analisar e estudar a moda. Concluímos que para pesquisar
ou fazer moda podemos e devemos lançar mão de vários recursos sem ficarmos presos ao que
consideramos “bonito ou feio” ou ao velho chavão “isso eu uso ou não uso”.
Temos que olhar moda livres de preconceitos e sempre tendo em mente que o que nos norteia, seja
no visual, na qualidade do acabamento das roupas, no tecido e maquinário usados é o Público Alvo.
A moda é soberana e, embora muitos a encarem como fútil, ela conta e continuará contando histó-
rias sobre a humanidade e a sua evolução no tempo.
6 PESQUISA DE MODA
191
Tipos de desenho: de moda, técnico,
técnico de moda manual e informatizado.

Como representamos uma peça do vestuário para ser parte integrante do processo produ-
tivo? Qual o procedimento mais correto? Que tipo de linguagem usamos?
Existem várias maneiras de representarmos uma peça do vestuário. Nosso foco será sempre
um desenho ou uma representação voltada para a indústria.
É claro que, quanto maior for o número de informações, melhor será o desempenho do
processo produtivo.
Às vezes uma foto, um croqui (explicaremos seu significado mais adiante) ou qualquer ou-
tro processo de representação soma informações para um melhor entendimento. Sempre, em
qualquer etapa do processo produtivo, quanto mais detalhes e mais dados forem somados,
melhores serão os resultados.
Como veremos a seguir, apesar das muitas formas de representação, uma é sempre a mais
aconselhável, se não a melhor, para a indústria: o desenho técnico, manual ou informatizado.
Por suas características, o desenho técnico é, quando bem feito, um desenho independente.
Ele, por si só, sem necessidade de um interlocutor, se faz entender. O desenho técnico tem esta
característica fundamental: ele é autossuficiente, ele fala ou descreve situações melhor do que
qualquer palavra.
É claro que podemos – e devemos – adicionar ao desenho um pequeno texto para reforçar
uma ideia ou deixá-la mais clara ainda.
Vamos subdividir este capítulo em: desenho de moda, desenho técnico, desenho técnico de
moda manual e desenho técnico de moda informatizado. Deste último, falaremos ligeiramente
por se tratar de um módulo a parte.
Iremos falar de uma forma bem simples para que os conceitos e as diferenças entre os diver-
sos tipos de desenhos sejam bem entendidos.

7.1 DESENHO DE MODA

O desenho de moda é uma forma mais livre ou mais artística de desenho. Suas representa-
ções estão mais ligadas a um conceito, uma ideia geral ou a um “ambiente”.
TÉCNICAS DE REPRESENTAÇÃO DO VESTUÁRIO
194

A precisão ou perfeição desta modalidade de desenho não é absoluta, ou seja, esses tipos de repre-
sentação servem como um suporte ou como mais uma informação – agregada ao desenho técnico –
para a indústria.
O modelista, técnico que usa o desenho para criar as modelagens que serão usadas para o processo de
produção do vestuário, talvez se sinta inseguro para realizar seu trabalho, pela falta de informações técni-
cas precisas.
Para desenvolver os vários tipos de desenhos de moda, podemos citar algumas técnicas. Vejamos essas
técnicas a seguir.

7.1.1 CROQUI/ILUSTRAÇÃO

Existe uma certa confusão, ou melhor, uma discussão entre o significado desses termos e o que eles
realmente representam:
a) Croqui: vem da palavra francesa croquis, que quer dizer esboço. É a representação rápida e abreviada
de uma ideia ou de um conceito. É a reprodução mais espontânea ou livre de uma roupa.
b) Ilustração: existe aqui uma característica mais artística. Pode-se até dizer que é a representação de
uma ideia ou conceito já decidido, já predeterminado.
Podemos tomar como exemplo as imagens a seguir nas quais é nítida a intenção do artista de fazer uma
ilustração de uma produção já existente.
Nas imagens a seguir, podemos ver a fotografia da produção e uma ilustração da mesma produção.
SENAI CETIQT / Pedro Toste
Domínio Publico

Figura 217 - Fotografia da produção e sua respectiva ilustração

O que realmente delimita os significados das palavras croqui e ilustração? Vamos discutir sobre isso e
tentar chegar a uma conclusão?
7 TIPOS DE DESENHO: DE MODA, TÉCNICO, TÉCNICO DEMODA MANUAL EINFORMATIZADO
195

Vamos analisar as imagens a seguir:

IStock/kameshkova

Figura 218 - Croqui ou ilustração?

IStock/kameshkova

Figura 219 - Croqui ou ilustração?


TÉCNICAS DE REPRESENTAÇÃO DO VESTUÁRIO
196

SENAI CETIQT / Pedro Toste


Figura 220 - Croqui ou ilustração?

Podemos afirmar que as figuras 218 e 219 são croquis ou ilustrações? O que diferencia uma classificação
da outra? Qual a fronteira entre croqui e ilustração? Não temos uma resposta objetiva.
E a figura 220, seria uma ilustração por estar mais bem acabada? Também não temos uma resposta de-
finitiva. Apesar de termos nesta imagem as vistas de frente, lateral e costas de um modelo, não temos uma
informação completa para a indústria. Algumas perguntas ainda permaneceriam no ar: Qual o tecido? Que
tipos de acabamentos deveriam ser usados? Essas ombreiras externas seriam bordadas?
Viram quantas coisas sem uma resposta precisa?
De qualquer maneira, as figuras 218, 219 e 220 podem definir conceitos e ideias: formas, tipos de tecidos,
caimentos, ambiência etc., que junto ao desenho técnico serviriam como informações complementares.
Vamos ver mais algumas imagens e as ideias que elas transmitem?
7 TIPOS DE DESENHO: DE MODA, TÉCNICO, TÉCNICO DEMODA MANUAL EINFORMATIZADO
197

Istock /tatarnikova
Figura 221 - Reflita sobre a imagem.

SENAI CETIQT / Pedro Toste

Figura 222 - Reflita sobre a imagem.


TÉCNICAS DE REPRESENTAÇÃO DO VESTUÁRIO
198

Rodrigo Henrique de Lacerda


Figura 223 - Reflita sobre a imagem.

Vejam se concordam:
Figura 221: Poderia ser um vestido, um conjunto de saia e blusa. Quanto à cor, podemos pensar: “Toda
a roupa em uma cor só? Mas isso ofereceria alguma informação concreta para o departamento de modela-
gem e para a produção? O modelista estaria seguro ao desempenhar sua função?”. Claro que não.
Figura 222: Estaria o autor do desenho tentando passar uma ideia de rebeldia? Culto ao corpo? O que
de concreto essa imagem contribuiria para a produção em série das peças do vestuário na figura? Talvez
alguns detalhes que poderiam servir de ajuda para o desenho técnico e, mais ainda, poderiam contribuir
para a decisão de tecido, acabamento, formas etc. estariam contidas na ficha técnica. (Veja mais no capítulo
sobre Ficha Técnica).
Figura 223: Sem dúvida nenhuma, essa imagem remete ao balé. Poderia ser entregue diretamente à
produção sem antes ter sido traduzida ou convertida para o desenho técnico? Seria aproveitada para a
indústria? De novo não, porque nos falta mais informações como: Qual seriam exatamente os tecidos usa-
dos? Qual seria o comprimento exato da saia? O detalhe em volta do decote seria um bordado? Se for um
bordado, qual seria o material seria usado? Viram quantas perguntas sem uma resposta exata?
É claro que a partir dos croquis e das ilustrações poderíamos nos arriscar em fazer um desenho técnico.
Mas, seria a mesma ideia do estilista? Estaríamos cumprindo suas exigências e escolhas? Não, porque a
comunicação não está completa.
7 TIPOS DE DESENHO: DE MODA, TÉCNICO, TÉCNICO DEMODA MANUAL EINFORMATIZADO
199

O desenho técnico é o desenho que contém todos os detalhes necessários para o processo produtivo.
Falaremos mais detalhadamente sobre o desenho técnico neste capítulo.

7.1.2 COLAGEM

Podemos também representar uma ideia através da colagem32, mas frequentemente esse método vem
acompanhado de outros. Damos o nome de técnica mista, quando existe o uso de mais de uma técnica em
um desenho.

IStock/Auke Holwerda

Figura 224 - Ilustração feita por técnicas diversas e colagem.

SAIBA Que tal pesquisar sobre Picasso, pintor e escultor espanhol? Você poderá ver muitos
MAIS exemplos de colagens maravilhosas!

32 É o a arranjo feito a partir do uso de diversos materiais, de diferentes texturas coladas umas sobre as outras. Essa técnica foi muito
usada por Picasso entre outros artistas.
TÉCNICAS DE REPRESENTAÇÃO DO VESTUÁRIO
200

7.1.3 FOTOGRAFIA

Muitas vezes, usamos a fotografia para registrar uma peça do vestuário.


Na figura a seguir, temos o exemplo de parte de uma ficha técnica, cujo desenho foi substituído por fo-
tos de uma camisa frente e costas. A fotografia serviu como imagem, provavelmente porque, embora não
mostre todos os detalhes da camisa, trata-se da reprodução de um objeto já existente.

FICHA TÉCNICA nº

COLEÇÃO REFER.:
DESCRIÇÃO DO PRODUTO

FRENTE COSTAS

SENAI CETIQT / Paulo d´Escragnolle.

Figura 225 - Fotografia no lugar do desenho técnico.

7.1.4 TÉCNICA MISTA

Como explicado anteriormente, esta é uma modalidade na qual usamos mais de uma das técnicas apre-
sentadas.
7 TIPOS DE DESENHO: DE MODA, TÉCNICO, TÉCNICO DEMODA MANUAL EINFORMATIZADO
201

Shutterstock/Vagengeim
Figura 226 - Temos várias técnicas em uma só imagem: pintura, fotografia, Photoshop (programa que modifica imagens).

7.2 DESENHO TÉCNICO MANUAL

Logo no início, o desenho era considerado apenas o suporte para uma criação artística como a pintura,
projetos arquitetônicos e/ou uma escultura.
Shutterstock/aleisha

Figura 227 - Reprodução de estudo para a pintura “A criação de Adão”, da Capela Sistina, obraprima de Michelangelo.
TÉCNICAS DE REPRESENTAÇÃO DO VESTUÁRIO
202

Domínio público/Michelangelo
Figura 228 - Seção da pintura “A criação de Adão”, da Capela Sistina.

Mas foi a partir do Renascimento33, período entre os séculos XV e XVI, que o desenho técnico ganhou
autonomia e foi considerado arte. Podemos citar “O Homen Vitruviano” (figura 229), de Leonardo da Vinci,
um estudo sobre as proporções do corpo humano.

Domínio público/Leonardo da Vinci

Figura 229 - O Homem Vitruviano, de Leonardo da Vinci.

33 Renascimento foi um movimento de ordem artística, cultural e científica que aconteceu na passagem da Idade Média para a
Moderna.
7 TIPOS DE DESENHO: DE MODA, TÉCNICO, TÉCNICO DEMODA MANUAL EINFORMATIZADO
203

SAIBA Conheça mais sobre a vida e obra de Leonardo da Vinci para entender melhor sua
MAIS importância dentro do cenário das artes.

A partir dessa época, tanto o desenho artístico, quanto o desenho técnico cada vez mais ocuparam um
lugar de destaque nos cenários artísticos e profissionais.

SENAI CETIQT /Paulo d´Escragnolle

Figura 230 - Desenho técnico de camisa masculina


Shutterstock/Jakob Leitner

Figura 231 - Desenho artístico.


TÉCNICAS DE REPRESENTAÇÃO DO VESTUÁRIO
204

7.2.1 DESENHO TÉCNICO DE MODA

FIQUE Lembre-se de que já falamos sobre o desenho técnico e sua importância. Na indústria,
ALERTA ele é a ligação entre o estilista – ou designer – e a produção.

Esta Unidade Curricular é baseada no desenho técnico de vestuário, que será executado a mão livre ou
informatizado34 com a ajuda do CAD35.
O desenho técnico é um instrumento muito importante, usado na informação imediata e objetiva de
uma imagem.
Existem vários tipos de desenho técnico: arquitetônico, eletrônico, mecânico etc. Nosso estudo refere-
-se ao desenho de vestuário.
A representação do vestuário através do desenho técnico tem suas particularidades. Os tipos de linhas
que usamos para representar os detalhes de uma roupa são diferentes daqueles usados para representar
detalhes, por exemplo, na arquitetura.
O desenho técnico do vestuário deve ter a capacidade de traduzir uma peça de roupa, que é um objeto
tridimensional, em uma representação bidimensional, ou seja, em um desenho sobre o papel.
Ele deve ser didático, objetivo: interferências pessoais não são aceitas. Não podemos deixar margem a
diversas interpretações. Ele deve representar uma ideia única.
O desenho técnico é a ponte de ligação entre a equipe de criação e a de fabricação. Seu objetivo princi-
pal é garantir a continuidade e o fluxo de informações no processo industrial do vestuário, evitando qual-
quer mal entendido entre as diversas etapas operacionais dentro de uma fábrica.
Ele é a representação gráfica de uma peça do vestuário obtido, usandose linhas, cotas que determinam
as dimensões (falaremos sobre isso mais adiante), alguns símbolos e textos explicativos (figura 232).
Pode também ser desenhado a partir de figuras geométricas ou feito diretamente sobre a base volumé-
trica (figura 233). Ver seção sobre base volumétrica logo adiante.

34 Informatizado é o que passou pelo processo da informática. No nosso caso, desenho informatizado é aquele que foi feito com a
ajuda de um programa do computador, como CorelDRAW, Illustrator e outros.
35 CAD (Computer Aided Design) nada mais é do que qualquer programa que nos auxilie a desenhar. No nosso caso, usaremos um
programa chamado CorelDRAW.
7 TIPOS DE DESENHO: DE MODA, TÉCNICO, TÉCNICO DEMODA MANUAL EINFORMATIZADO
205

18

SENAI CETIQT / Paulo d´Escragnolle


44

Figura 232 - Desenho técnico de uma camiseta com as cotas.

SENAI CETIQT / Paulo d´Escragnolle

Figura 233 - Uma camiseta desenhada sobre a base volumétrica.

7.2.2 BASE VOLUMÉTRICA

Para facilitar nosso trabalho, quase sempre usamos manequins para servir como base dos desenhos
técnicos. Esses manequins têm o nome de Base Volumétrica.
TÉCNICAS DE REPRESENTAÇÃO DO VESTUÁRIO
206

A base volumétrica é a representação do corpo humano em escala (ver seção sobre escalas). Dessa
forma, tendo uma base em escala, todo o desenho feito sobre ela, consequentemente estará também em
escala.
Olhando para as bases volumétricas vocês poderão achar que elas estão um pouco “gordinhas”. Na ver-
dade, elas são desenhos que procuram representar a realidade da figura humana.
Se olharmos a figura humana em livros de desenho de moda e não em livros de desenho técnico de
moda, veremos que as figuras estão mais alongadas. E isso não corresponde à realidade.
Por que essa diferença? Porque o desenho de moda tenta chegar mais próximo ao que chamamos de
“corpo ideal”. Na verdade, esse corpo ideal é uma aproximação dos corpos esguios dos manequins que
desfilam e fotografam moda, mas que não correspondem à grande maioria dos corpos “comuns”.

SENAI CETIQT / Paulo d`Escragnolle

O desenho técnico, voltamos a dizer, está mais próximo da realidade do dia a dia e não com o que acon-
tece nas passarelas.
Para garantirmos esse padrão do desenho próximo à nossa realidade, usaremos as bases volumétricas
femininas, masculinas e infantis, como ponto de partida.
Para nos adequarmos à necessidade de cada situação usamos as bases volumétricas em diferentes es-
calas, em diferentes tamanhos proporcionais.

7.2.2.1 EXEMPLOS DE BASES VOLUMÉTRICAS

Usaremos as bases volumétricas nas escalas 1:10 e 1:7,5 porque são as que melhor se adaptam à ficha
técnica (nosso próximo assunto).
7 TIPOS DE DESENHO: DE MODA, TÉCNICO, TÉCNICO DEMODA MANUAL EINFORMATIZADO
207

FIQUE No capítulo Normas técnicas aplicadas ao desenho técnico estudaremos as escalas


ALERTA com mais detalhamento.

SENAI CETIQT / Paulo d`Escragnolle

Figura 234 - Base volumétrica feminina de frente e costas. Escala 1:10 (Altura aproximada 170 cm).
TÉCNICAS DE REPRESENTAÇÃO DO VESTUÁRIO
208

SENAI CETIQT/Paulo d’escragnolle

Figura 235 - Base volumétrica feminina de frente e costas. Escala 1:7,5 (Altura aproximada 170 cm).
7 TIPOS DE DESENHO: DE MODA, TÉCNICO, TÉCNICO DEMODA MANUAL EINFORMATIZADO
209

SENAI CETIQT / Paulo d´Escragnolle

Figura 236 - Base volumétrica masculina frente e costas. Escala 1:10 (Altura aproximada 180 cm).
TÉCNICAS DE REPRESENTAÇÃO DO VESTUÁRIO
210

SENAI CETIQT / Paulo d´Escragnolle

Figura 237 - Base volumétrica masculina frente e costas. Escala 1:7,5 (Altura aproximada 180 cm).
7 TIPOS DE DESENHO: DE MODA, TÉCNICO, TÉCNICO DEMODA MANUAL EINFORMATIZADO
211

SENAI CETIQT / Paulo d´Escragnolle


Figura 238 - Base volumétrica infantil. Escala 1:10 (altura aproximada 86 cm)

SENAI CETIQT / Paulo d´Escragnolle

Figura 239 - Base volumétrica infantil. Escala 1:7,5 (altura aproximada 86 cm).
TÉCNICAS DE REPRESENTAÇÃO DO VESTUÁRIO
212

Exemplo de um desenvolvimento de desenho técnico sobre a base volumétrica infantil:

SENAI CETIQT / Paulo d´Escragnolle


Figura 240 - Desenho sobre a base volumétrica.

E o trabalho pronto para ser inserido na ficha técnica (ver seção sobre ficha técnica):
SENAI CETIQT / Paulo d´Escragnolle

Figura 241 - Desenho técnico de um vestido infantil.


7 TIPOS DE DESENHO: DE MODA, TÉCNICO, TÉCNICO DEMODA MANUAL EINFORMATIZADO
213

Como dissemos, o objetivo do desenho técnico é garantir a continuidade e o fluxo de informações no


processo industrial do vestuário, evitando qualquer mal-entendido entre as diver-sas etapas operacionais
de uma confecção.
As técnicas de representação do vestuário possuem uma linguagem específica e as informações contidas
nos desenhos devem ser autônomas, ou seja, devem ser entendidas pela indústria em todo território nacional
ou até mesmo em qualquer parte do mundo, sem que haja a necessidade de um interlocutor presente.

CASOS E RELATOS

Produzindo fora do país


Certa vez, estávamos trabalhando com fornecedores estrangeiros cujas peças eram produzidas na
China. As informações das peças eram passadas por meio de fichas técnicas, que continham todas
as especificações necessárias como:

a) Desenho técnico;
b) Referência;
c) Descrição da peça;
d) Tecidos usados;
e) Aviamentos necessários;
f ) Variantes de cores;
g) Tamanhos oferecidos;
h) Quantidade de produção etc.
Uma ficha técnica de um dos diversos produtos a serem desenvolvidos não continha todas as
informações necessárias para o entendimento do desenho técnico. O responsável pela confecção
da ficha técnica, por não ter feito um desenho completo, deixou margem a dúvidas e a produção
teve que parar para esclarecê-la.
Por causa da diferença de horário entre o Brasil e a China tivemos de ficar acordados até 3 horas da
manhã, para que pudéssemos esclarecer, por telefone, as informações pendentes. Por causa dessa
falha na comunicação, a margem de lucro ficou menor, porque houve gastos com a ligação e com
a hora extra, por mantermos funcionários além do expediente.
TÉCNICAS DE REPRESENTAÇÃO DO VESTUÁRIO
214

7.2.3 EXEMPLOS DE DESENHOS TÉCNICOS DE PARTES DO VESTUÁRIO

Vamos apresentar alguns exemplos de desenhos técnicos das principais partes do vestuário. Quando
falamos em alguns exemplos é porque existem infinitas peças e detalhes. Se fôssemos nos deter em todos
os detalhes, precisaríamos de vários livros e não terminaríamos a tarefa. Imagine só a situação: representar
todas as peças e detalhes de roupas já criados e mais as inúmeras peças e detalhes criados a cada nova
coleção. É um trabalho sem fim.
Mas vamos, como foi dito, ver algumas das principais peças do vestuário.

7.2.3.1 VESTUÁRIO FEMININO – PRINCIPAIS EXEMPLOS

Vejamos os principais exemplos de desenhos técnicos de algumas partes do vestuário feminino:

SENAI CETIQT / Paulo d´Escragnolle


Saia Reta Saia Evasê Saia godê Saia plissada
SENAI CETIQT / Paulo d´Escragnolle

Calça reta Calça de pregas Calça boca de sino Calça legging


7 TIPOS DE DESENHO: DE MODA, TÉCNICO, TÉCNICO DEMODA MANUAL EINFORMATIZADO
215

SENAI CETIQT / Paulo d´Escragnolle


Bermuda ciclista Bermuda curta Shortinho

SENAI CETIQT / Paulo d´Escragnolle


Regata Camiseta Top tomara-que-caia
SENAI CETIQT / Paulo d´Escragnolle

Spencer Jaqueta Blazer


TÉCNICAS DE REPRESENTAÇÃO DO VESTUÁRIO
216

SENAI CETIQT / Paulo d´Escragnolle


Vestido de alça Vestido tubinho

Figura 242 - Desenhos técnicos de peças do vestuário feminino.

7.2.3.2 VESTUÁRIO MASCULINO – PRINCIPAIS EXEMPLOS

Vejamos os principais exemplos de desenhos técnicos de algumas partes do vestuário masculino:


SENAI CETIQT / Paulo d´Escragnolle

Calça básica Calça de pregas Calça 5 pockets


7 TIPOS DE DESENHO: DE MODA, TÉCNICO, TÉCNICO DEMODA MANUAL EINFORMATIZADO
217

SENAI CETIQT / Paulo d´Escragnolle


Bermuda 5 pockets Bermuda básica

SENAI CETIQT / Paulo d´Escragnolle

Camisa básica Camiseta Camisa polo


Figura 243 - Desenhos técnicos de peças do vestuário masculino.
TÉCNICAS DE REPRESENTAÇÃO DO VESTUÁRIO
218

7.3 O MATERIAL INDICADO PARA UM BOM DESEMPENHO

Todos os bons desenhistas usam material de qualidade e de especificação correta. Vamos à lista?

FIQUE Lembre-se de que você está prestes a entrar em um mercado muito competitivo e
ALERTA necessitam do material de apoio apresentado nesta unidade.

Claro que, com o tempo e com a prática, você não sentirá tanta necessidade de desenhar usando sem-
pre o material proposto, mas essa habilidade será desenvolvida aos poucos.
a) Lápis ou lapiseira;
b) Papel sulfite tamanho A4;
c) Borracha;
e) Clips;
f ) Chapa de rasura (“mata-gato”);
g) Par de esquadros de acrílico;
h) Régua milimetrada de acrílico;i
I) Curva francesa de acrílico.
© 123RF / Chris84

Figura 244 - Par de esquadros.


7 TIPOS DE DESENHO: DE MODA, TÉCNICO, TÉCNICO DEMODA MANUAL EINFORMATIZADO
219

© 123RF / Len Neighbors


Figura 245 - Chapa de rasura.

© 123RF / Alzam

Figura 246 - Curvas francesas.


TÉCNICAS DE REPRESENTAÇÃO DO VESTUÁRIO
220

7.4 FICHA TÉCNICA

A ficha técnica nada mais é do que a certidão ou DNA do seu produto. Nela, estão contidos todos os
detalhes do produto:
a) Descrição do modelo;
b) Referências;
c) Desenho técnico;
d) Tecido(s) usado(s);
e) Tamanhos;
f ) Quantidade de produção etc.
Aos poucos, montaremos uma ficha que poderá servir como base para outras fichas, com alterações
necessárias para os diferentes tipos de fábricas. Não existe uma ficha técnica “certa”. Cada empresa tem a
sua contendo os dados necessários para a produção em série.

Uma coisa muito importante que não podemos esquecer é que, assim como o
FIQUE desenho técnico, a ficha técnica deve ser autônoma, ou seja, todos os funcionários
ALERTA da empresa devem entender o que nela está contido sem a presença de quem a
preencheu.

Podemos dividi-la em partes ou campos. Depois das explicações de cada parte, veremos um modelo
que servirá de exemplo para nossos estudos e ficará mais fácil entender. Vamos lá.

7.4.1 CAMPO DO CABEÇALHO

Nessa parte, indicamos o nome da empresa, a referência da peça, número da ficha técnica, a coleção a
que ela pertence e uma pequena descrição do produto.

FICHA TÉCNCA nº
SENAI CETIQT / Paulo d´Escragnolle

COLEÇÃO: REFER.:
DESCRIÇÃO DOPRODUTO:

Figura 247 - Campo do cabeçalho.


7 TIPOS DE DESENHO: DE MODA, TÉCNICO, TÉCNICO DEMODA MANUAL EINFORMATIZADO
221

7.4.2 CAMPO DO DESENHO TÉCNICO

Como já vimos, é o desenho da peça a ser produzida, frente e costas com explicações e detalhamentos
que se fizerem necessários. Podemos também usar explicações complementares por escrito.

FRENTE COSTAS

SENAI CETIQT / Paulo d´Escragnolle


Figura 248 - Campo do desenho técnico.

7.4.3 CAMPO DOS MATERIAIS USADOS

Vejamos, na imagem a seguir, exemplos de campos dos materiais usados na fabricação das peças:
TÉCNICAS DE REPRESENTAÇÃO DO VESTUÁRIO
222

TECIDOS AVIAMENTOS

SENAI CETIQT / Paulo d´Escragnolle


Figura 249 - Campo dos tecidos e campo dos aviamentos.

7.4.3.1 TECIDOS

No campo “tecidos”, indicamos o tecido principal, tecido secundário (caso haja) e o forro (caso haja).

7.4.3.2 AVIAMENTOS

No campo “aviamentos”, são indicados os botões, zíperes, colchetes, as etiquetas de composição do


tecido usado, etiquetas com o nome da marca etc.
Entre os aviamentos, existe um item mencionado que merece uma atenção especial: etiqueta interna.
A etiqueta existe para termos certeza do que é feito o produto. Não existe o ditado “comprar gato por le-
bre”? Já imaginou comprarmos e pagarmos por um artigo que supostamente é dito ser 100% seda e não é?
Caso a resposta seja “sim”, existem duas particularidades que podem causar um enorme problema: 1º
Estaríamos sendo lesados pelo fabricante ao pagarmos um preço alto por uma mercadoria que suposta-
mente seria de seda pura.
2° Poderíamos ter alergia a um dos componentes têxteis que não foi mencionado na etiqueta.
7 TIPOS DE DESENHO: DE MODA, TÉCNICO, TÉCNICO DEMODA MANUAL EINFORMATIZADO
223

CASOS E RELATOS

Alergia a acabamentos
Sobre alergia a componentes e acabamentos têxteis, existe um caso curioso que aconteceu em
uma loja de renome no Rio de Janeiro, mais precisamente em Ipanema.
Um cliente estava experimentando várias peças e, curiosamente, antes de vestir cada uma,
examinava a etiqueta de composição.
Uma delas era uma capa de tecido que havia passado por um processo de impermeabilização.
Esse processo consiste em aplicar sobre o tecido uma camada de um produto que torna a peça
impermeável, ou seja, faz com que a água – já que se trata de uma capa de chuva – não consiga
penetrar nas fibras e nos fios do tecido.
Esse processo, ou melhor, o material químico usado no processo de impermeabilização e cuidados
de manutenção da peça não estavam assinalados na etiqueta de composição.
O cliente era alérgico ao produto usado no procedimento e, logo após ter vestido a peça, começou
a sentir falta de ar e desmaiou. Por sorte, sua esposa, já conhecendo o histórico da alergia do
marido, rapidamente tirou a capa e ele pode recuperar-se antes que houvesse a necessidade de
um atendimento médico.
Isso prova que, realmente, a etiqueta de composição, modo de conservação e outros indicativos
são de extrema importância para o consumidor.

Como podemos ter certeza de que o produto têxtil possui as características esperadas? A pergunta já
foi respondida: a etiqueta nos traz informações importantes da composição e da forma como cuidar do
produto.
Agora, veremos as informações determinadas por lei que, obrigatoriamente, devem constar nas etique-
tas internas.
Para facilitar, vamos ver através de um exemplo, os vários campos da etiqueta:
TÉCNICAS DE REPRESENTAÇÃO DO VESTUÁRIO
224

Indicação de tamanho
P &C Nome, razão social ou marca
registrada do fabricante ou
importador

M
Composição: indica as fibras 100% algodão
presentes no produto
CNPJ

SENAI CETIQT / Paulo d´Escragnolle


00.000.000.0000

Identificação fiscal do FABRICADO NO BRASIL País de origem


fabricante ou importador
40º
Cuidados na conservação

Figura 250 - Campos de informações obrigatórias de uma etiqueta.

Vejamos mais informações sobre cada um dos itens de uma etiqueta


a)A etiqueta: Tem que ter as informações escritas em português. Se for produto importado, deverá ter
a tradução.
b) Nome ou razão social: O nome do fabricante deve aparecer na etiqueta. Senão, sua origem é duvi-
dosa e é melhor não comprar.
c) Identificação fiscal: Informa que a empresa está regularizada na Receita Federal e pode ser acionada
se o produto tiver algum defeito.
d) Símbolos de conservação: Algumas etiquetas vêm com os símbolos de conservação e um texto com
o significado dos mesmos.
e)País de origem: Indica onde a peça foi produzida. Se você prioriza um produto nacional, está valori-
zando a economia no seu país.
f )Tecido e composição: Indica os tipos de fibra do tecido. É útil para checar se ela é natural ou sintética
ou se é mista. Várias pessoas são alérgicas a alguns tipos de fibra.
g) Tamanho: Existe uma tentativa na padronização do tamanho das roupas, mas as medidas variam de
fabricante para fabricante.
Existe uma certa tolerância quanto à disposição dessas informações na etiqueta, mas a composição
exige uma ordem mais rigorosa e devem ser mostradas segundo a ISO36 3758/2005.
Vamos à ordem estabelecida:

36 ISO significa International Organization for Standardization (Organização Internacional para Padronização).
7 TIPOS DE DESENHO: DE MODA, TÉCNICO, TÉCNICO DEMODA MANUAL EINFORMATIZADO
225

SENAI CETIQT / Paulo d`Escragnolle


Figura 251 - Ordem das informações de cuidados na conservação.

Neste próximo quadro, temos os significados “gerais” dos símbolos, o que implica dizer que cada um
desses símbolos pode conter elementos adicionais que determinam melhor as várias opções de procedi-
mentos.

SENAI CETIQT / Paulo d`Escragnolle


A– Lavagem B– Lavagem C– Secagem. D– Passado E– Limpeza
com água. comcloro. a ferro. a seco.

Figura 252 - Informações gerais de conservação.

Cada símbolo possui diferenças de representação em função das características das fibras e/ou fila-
mentos, corantes ou pigmentos e aviamentos que compõem o produto têxtil. Essas diferenças definem os
cuidados apropriados.
Vejamos a seguir a simbologia utilizada para conservação de tecidos.
A – Lavagem com água: utiliza-se a tina como símbolo para transmitir as informações referentes à tem-
peratura máxima e mínima de lavagem, seja a mão ou a máquina:
TÉCNICAS DE REPRESENTAÇÃO DO VESTUÁRIO
226

Símbolo genérico para os processos de lavagens. Lavagem normal. Temperatura de lavagem indicada
Os números inscritos nos símbolos significam a para roupas de cor intensa de algodão, poliéster
temperatura máxima em grau Celsius permitida.
40 e misturas.

Lavagem suave em roupas de modal, viscose,


Lavagem normal. Artigos de algodão ou linho, fibras sintéticas (acrílico, poliéster e poliamida).
95 branco, tinto ou estampado, com solidez à fervura. 40 Usar somente a metade da capacidade do tambor.
Não centrifugar.

Lavagem suave para artigos de lã. A temperatura


Lavagem suave a 95º. Colocar poucas peças de
é indicada por realizar uma suave ação mecênica.
95 roupa na máquina e não centrifugar. Programa de 30 Utilizar somente 1/3 do tambor com roupas.
pré-lavagem pode ou não ser usado.
Não centrifugar.

Lavar somente a mão, com temperatura entre 30ºC

SENAI CETIQT / Paulo d´Escragnolle


Lavagem normal. Não lavar nesta temperatura e 40ºC, dependendo do artigo. Diluir bem o
60 artigos sem solidez à lavagem de algodão, modal detergente. Não torcer e esfregar o artigo. Artigos
e poliéster, bem como suas misturas. de cor não devem ser deixados de molho. Lavar
imediatamente e secar

Lavagem suave. Artigos com acabamentos


especiais (easy-care, wash and wear). Colocar Artigos com este símbolo não devem ser lavados.
60 poucas peças na máquina. Usar somente 2/3 do Em geral são sensíveis a qualquer tratamento úmido
tambor. Não centrifugar.

Figura 253 - Informações gerais de conservação.

B – Lavagem com cloro: utiliza-se o triângulo como símbolo para transmitir as informações relativas ao
alvejamento:

Não deve ser alvejado. O artigo não deve ser


SENAI CETIQT / Marina Calvo /

É permitido qualquer agente de alvejamento submetido a alvejamento com cloro ou usar


oxidante qualquer outro produto que contenha grande
Paulo d´Escragnolle

quantidade de alvejantes

Significa que é permitido alvejamento somente com oxigênio/ não usar alvejante clorado

Figura 254 - informações gerais de lavagem com cloro.


7 TIPOS DE DESENHO: DE MODA, TÉCNICO, TÉCNICO DEMODA MANUAL EINFORMATIZADO
227

C – Secagem: utilizam-se o círculo e o quadrado como símbolos para transmitir as informações relativas
à forma de secagem após a lavagem:

Símbolo genérico para a indicção de secagem. O símbolo inclui um ou 2 pontos, conforme a temperatura a utilizar.

Permitida a secagem em tambor, temperatura É possível secagem na vertical.


normal.

SENAI CETIQT / Marina Calvo /


Permitida a secagem em tambor a uma temperatura
É possível secagem na vertical sem torcer.
moderada (60ºC). Utilizar ciclo suave.

Paulo d´Escragnolle
Não secar em tambor. Secar na horizontal.

Figura 255 - Informações gerais de secagem.

D – Passadoria: utiliza-se o ferro de passar como símbolo para transmitir as informações, relativas à
forma de passar:

O símbolo para passar a ferro é constituído da Não passar a quente (110º C). - Na escala
figura de um ferro, contendo na sua parte “acrílico/poliamida (nylon/acetato)”, passar sob
inferior pontos indicativos da tempratura tecido seco ou no lado avesso os artigos
máxima admitida pelo artigo. sensíveis a brilho e a pressão. Não utilizar vapor.

Ferro moderadamente quente (150º C) - Na SENAI CETIQT / Paulo d´Escragnolle


Artigos que possuem etiquetas com este escala “lã/seda/poliéster/viscose”, passar o artigo
símbolo, se passados a ferro, terão sua sob tecido umidecido. Pode se usar ferro a
recuperação inviável. vapor. Evitar pressão e repuxar.

Ferro quente (200º C) - Na escala “algodão/linho”, tratar o artigo de preferência umidecido. Em artigos sensíveis
ao brilho e pressão, passar ferro no lado avesso ou sob um tecido intermediário. Pode-se usar o ferro a vapor.

Figura 256 - Informações gerais de passadoria


TÉCNICAS DE REPRESENTAÇÃO DO VESTUÁRIO
228

E – Limpeza à seco: utiliza-se o círculo como símbolo para transmitir as informações relativas à forma
de limpeza a seco:

Os símbolos de lavagem a seco são constituídos de um círculo representando o tambor da máquina utlizado para
este fim e letras referentes aos solventes indicados na lavagem. O traço abaixo do círculo representa que a ação mecânica,
banho e/ou a temperatura de secagem devem ser reduzidos.

Podem ser lavados com todos os solventes


Processo de lavagem para têxteis que podem ser
normalmente. Produtos removedores de manchas
lavados normalmente. Produtos removedores
A também podem ser usados. Aplicar a 33º C no máximo,
durante 15 minutos e secar a 70º C. Solventes a usar:
tricloroelileno, percloroelileno, benzina e
F de manchas não podem ser usados. Aplicar a 33º C no
máximo, durante 15 minutos e secar a 70º C. Solventes
a usar: fluorclorohidrocarboneto R113 e benzina.
fluorclorohidrocarboneto R11.

Processos de lavagem a seco para têxteis que Processo de lavagem para têxteis muito sensíveis
podem ser lavados normalmente; solventes comerciais à lavagem. Removedores de manchas dissolvidos

P
podem ser usado sem restrição. Aplicar a 33º C no
máximo, durante 15 minutos e secar a 70º C. Solventes
a usar: percloroelileno, fluorclorohidrocarboneto R11 e
F (comprados normalmente no mercado) não devem
ser usados. Aplicar a 33º C, 10 minutos e secar a 50º C.
Solventes a usar: fluorclorohidrocarboneto R113

SENAI CETIQT / Paulo d´Escragnolle


benzina. e benzina.

Processo de lavagem para têxteis sensíveis.


Solventes comerciais dissolvidos podem ser usados.
P Aplicar a 33º C, 10 minutos e secar a 50º C. Solventes
a usar: percloroelileno, fluorclorohidrocarboneto R11
O tambor cruzado indica que a lavagem a seco é
vedada.

e benzina.

Figura 257 - Informações gerais de limpeza a seco

Depois dessas informações, podemos, através das etiquetas internas, passar várias informações impor-
tantes que ajudarão os consumidores finais.
Mais uma vez, lembramos que a forma de preenchimento da ficha técnica é feita por decisões e/ou por
necessidades de cada empresa. Em algumas delas, o forro entraria como aviamento, as etiquetas entrariam
em um campo separado etc. Fique atento a essas diferenças que existem nas diversas fábricas.

7.4.3.3 CAMPOS DAS CORES/VARIANTES, TAMANHOS, QUANTIDADES, TOTAIS DE PEÇAS

Aqui temos definidas as cores a serem usadas, a decisão dos tamanhos.


Os tamanhos podem ser definidos em:
a) Grade corrida: 36/38/...;
b) Grade P/M/G/...;
c) Tamanho único.
No espaço CORES/VARIANTES podemos ter roupas que com mistura de cores, ou seja, roupas com deta-
lhes ou com combinações de cores diferentes. Por isso, essa informação é importante.
Por exemplo, eu posso ter uma camiseta com as seguintes variantes:
7 TIPOS DE DESENHO: DE MODA, TÉCNICO, TÉCNICO DEMODA MANUAL EINFORMATIZADO
229

1 corpo branco com mangas vermelhas;


2 corpo azul com mangas brancas;
3 corpo preto e manga azul... e assim por diante.

SENAI CETIQT / Paulo d´Escragnolle


Figura 258 - Campo das cores/variantes, tamanhos, quantidades e totais de peças.

7.4.3.4 CAMPO INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES

Informações complementares são as informações finais do produto, elas dão maior crédito à ficha técnica. SENAI CETIQT / Paulo d´Escragnolle

Figura 259 - Informações complementares.

Nesse campo, podemos também criar, caso necessário, um outro que indique algum beneficiamento:
estamparia, aplicação de silk, lavagem etc.
Depois dessas informações, podemos ver a ficha completa:
TÉCNICAS DE REPRESENTAÇÃO DO VESTUÁRIO
230

SENAI CETIQT / Paulo d´Escragnolle

Figura 260 - Ficha não preenchida


7 TIPOS DE DESENHO: DE MODA, TÉCNICO, TÉCNICO DEMODA MANUAL EINFORMATIZADO
231

Que tal matarmos nossa curiosidade e vermos como seria uma ficha técnica preenchida na fábrica?

P &C - Moda Musculina FICHA TÉCNICA nº 315

COLEÇÃO Verão/ 2017 REFER.: CL 403


DESCRIÇÃO DO PRODUTO Calça masculina com bolso faca frente e bolsos embutidos costas

FRENTE COSTAS

bolso com
forro interno bolso
embutido

TECIDOS AVIAMENTOS
Tecido principal Ref. Sarja 2003
P &C
M
100% algodão

CNPJ
Botão Ref. BT 401 00.000.000.0000

FABRICADO NO BRASIL

40º

Tecido secundário (forro) Ref. Listra 205


Etiqueta interna ref 012
Zíper Ref. ZP 003

36 38 40 42 44 46 48 50
SENAI CETIQT / Paulo d´Escragnolle

CORES/ VARIANTES ÚNICO TOTAL


P M G GG
1 sarja verde c/ forro listra preta X 50 100 150 100 50 X X X 450
2 sarja azul c/ forro listra preta X 100 200 300 200 100 X X X 900
3
4
TOTAL GERAL 1350
38 DATA APROV. PILOTO 01/10/2016
There-
TAMANHO DA PILOTO
RESPONS.:
COR DO SHOWROOM sarja azul QTDE SHOWROOM 8

Figura 261 - Ficha técnica preenchida.


TÉCNICAS DE REPRESENTAÇÃO DO VESTUÁRIO
232

Atenção!!! Como vocês puderam perceber, todo o material usado na confecção da peça tem uma re-
ferência que, normalmente, é dada pela fábrica. Esse é um procedimento de segurança para diminuir a
possibilidade de erros.

7.4.4 DESENHO TÉCNICO INFORMATIZADO

CAD (Computer Aided Design), como visto, é qualquer programa que nos auxilie a desenhar. Quando
o desenho é feito a partir de um computador, ele ganha o nome de desenho informatizado. É o desenho
técnico feito através do auxílio de um CAD, nome comum de sistemas operacionais.
No nosso caso, falaremos um pouco sobre o programa chamado CorelDRAW. Ocasionalmente, os dese-
nhos usados neste livro são feitos por um software (um programa) chamado CorelDRAW.

SENAI CETIQT / Paulo d´Escragnolle

Figura 262 - Tela do programa CorelDRAW.

Tudo entendido? Podemos seguir para um outro capítulo?


7 TIPOS DE DESENHO: DE MODA, TÉCNICO, TÉCNICO DEMODA MANUAL EINFORMATIZADO
233

RECAPITULANDO

Neste capítulo, vimos as diversas formas de representação do desenho de moda e a importância


do desenho técnico. Vimos também que podemos fazer uso de várias modalidades para que me-
lhor entendimento das ideias e para que não existam dúvidas durante o processo produtivo.
Aprendemos também que o preenchimento da ficha técnica é uma tarefa de suma importância
para o bom andamento da empresa.
Normas técnicas
aplicadas ao desenho técnico

Quando fazemos um desenho técnico, seguimos algumas regras ditadas pela ABNT – Asso-
ciação Brasileira de Normas Técnicas. Veremos, neste capítulo, várias representações do dese-
nho técnico que servem para a indústria do vestuário e que se enquadram nas regras da ABNT.
A ABNT é uma entidade civil, sem fins lucrativos, credenciada como único Fórum Nacional
de Normatização, responsável pela elaboração das Normas Brasileiras. Você pode consultar o
site da ABNT para maiores informações.
As Normas Brasileiras são desenvolvidas e utilizadas voluntariamente. Elas tornam-se obri-
gatórias somente quando explicitadas em um instrumento do Poder Público (lei, decreto, por-
taria, normativa etc.) ou quando citadas em contratos.
Entretanto, mesmo não sendo obrigatórias, as normas são sistematicamente adotadas em
questões judiciais por conta do Inciso VIII do Art. 39 do Código de Defesa do Consumidor.
Mais especificamente, em nosso caso, ela padroniza todas as informações a serem descritas
ou desenhadas para que sejamos compreendidos em qualquer fábrica em todo o território
nacional, sem precisarmos estar presentes.
No final deste capítulo, você encontrará as principais regras da ABNT. Nem todas as regras
serão mencionadas ou estudadas por ser um assunto bem específico para nosso universo, ou
seja, para a indústria da moda.
Estudaremos, agora, o uso da folha e a forma correta de representação dos desenhos, tendo
como base as normas da ABNT (NBR 10068).

8.1 A FOLHA DE DESENHO

Existem várias dimensões de papel, mas as folhas a serem aplicadas aos desenhos técnicos
são padronizadas e recomendadas pela ABNT.
As recomendadas são as da série A e, para nosso estudo, utilizaremos a folha A4 que é um
retângulo de 29,7 X 21,0 cm (ou 297 X 210 mm) – tamanho apropriado para uso na indústria.
ABNT – NBR 10068 – esse é o número da regra que padroniza as características das dimen-
sões das folhas a serem usadas para os desenhos técnicos.
TÉCNICAS DE REPRESENTAÇÃO DO VESTUÁRIO
236

Pelas normas da ABNT, existem 11 tamanhos de folhas aconselháveis para o desenho técnico, mas,
como dito anteriormente, faremos uso, no nosso curso, somente da de tamanho A4.

A0

A1

A2

A3
SENAI CETIQT / Paulo d´Escragnolle

297x210mm

A4

Figura 263 - Comparação entre os tamanhos mais comuns de papel.

8.2 A ESCRITA TÉCNICA OU A CALIGRAFIA TÉCNICA

Quando preenchemos uma ficha técnica (ver informações sobre ficha técnica no capítulo “Desenho de
moda, desenho técnico, desenho técnico de moda manual e desenho de moda informatizado”) ou quando
entregamos algum trabalho mais sério, devemos usar a CALIGRAFIA TÉCNICA. Ela também é determinada
pela ABNT – NBR 8402/199. Existem algumas regras básicas. A caligrafia deve ser:
8 NORMAS TÉCNICAS APLICADAS AO DESENHO TÉCNICO
237

a) Bem legível;
b) De execução rápida e prática;
c) Proporcional ao desenho.
Veja os exemplos de caligrafias que devem ser utilizadas:

ABCDEFGHIJLMN
OPQRSTUVWXYZ
abcdefghijklmnopqrstuvwxyz
0123456789

ABCDEFGHIJLMN

SENAI CETIQT / Paulo d´Escragnolle


OPQRSTUVWXYZ
abcdefghijklmnopqrstuvwxyz
0123456789
Figura 264 - Letras e números verticais e inclinados.

FIQUE Os dois tipos – letras verticais e letras inclinadas – podem ser usados, mas devemos
manter o estilo em todo o texto que acompanha o desenho. Todo ele dever ser
ALERTA vertical ou todo ele deve ser inclinado. Não podemos misturar os estilos.

Devemos usar letras maiúsculas e minúsculas. Veja o exemplo a seguir:


TÉCNICAS DE REPRESENTAÇÃO DO VESTUÁRIO
238

ABCDEFGHIJLMNOPQRSTUVXZ

SENAI CETIQT / Paulo d´Escragnolle


abcdefghijklmnopqrstuvxz

123456789
Figura 265 - Modelos de caligrafia técnica com letras e números inclinados.

Parece difícil? Não é!!! Com o tempo a caligrafia vira rotina e você vai se surpreender com a facilidade de
sua utilização e perceber como essa prática dá um ar de profissionalismo ao seu desenho.

8.3 ESCALA

Nem sempre podemos representar um objeto em seu tamanho natural, na sua Verdadeira Gran-
deza (ou VG). SENAI CETIQT / Paulo d´Escragnolle

Figura 266 - Botão e sua representação. Ambos, objeto e desenho estão do mes-
mo tamanho, ou seja, o botão foi desenhado em VG (verdadeira grandeza).

Já imaginou desenharmos uma mala em uma folha A4 em sua verdadeira grandeza? Não seria possível.
A mala, se representada em sua VG, não caberia na folha de papel A4.
8 NORMAS TÉCNICAS APLICADAS AO DESENHO TÉCNICO
239

Já imaginou, em uma aula de desenho de modelo vivo, se não houvesse o desenho em escala, que pro-
blema enorme teríamos?

SENAI CETIQT / Pedro Toste

Mas podemos ter uma ideia inversa:


E se quiséssemos desenhar, por exemplo, um parafuso em uma folha de papel A4, com todos os deta-
lhes para que ele fosse fabricado em série? Provavelmente teríamos que fazer o desenho em um tamanho
ampliado para que todos os detalhes pudessem ser melhor visualizados.
SENAI CETIQT / Paulo d´Escragnolle

Figura 267 - Desenho aumentado de um parafuso.


TÉCNICAS DE REPRESENTAÇÃO DO VESTUÁRIO
240

Nos dois primeiros casos, desenho da mala e do modelo vivo, usamos escala de redução, e no desenho
do parafuso, usamos a escala de ampliação.
Então, podemos concluir que para viabilizar um projeto, para que possamos fazer com que o desenho
caiba em uma folha A4 ou para que tenha um melhor entendimento, na grande maioria dos casos, temos
que desenhar em escala de redução ou escala de ampliação.
As ampliações ou reduções devem ser feitas respeitando uma razão constante entre as dimensões reais
do objeto e as dimensões do desenho a ser representado, ou seja, as ampliações ou reduções devem ser
proporcionais.
Explicando mais um pouco ainda, escala é a razão existente entre as dimensões reais do objeto e sua
representação, uma relação matemática.
Não se assustem!!! É uma relação matemática, mas não precisaremos fazer contas. O escalímetro faz isso
por nós. Veremos mais sobre o escalímetro ao longo deste capítulo.

SENAI CETIQT / Paulo d´Escragnolle

Figura 268 - O escalímetro

Assim temos as 3 possibilidades de escalas:


Escala Natural ou 1:1
É a representação do desenho que tem as mesmas dimensões do objeto desenhado;
Escala de Redução ou 1:n>1 (este número é maior do que 1)
É a representação do objeto feita numa dimensão reduzida, ou seja, o desenho é menor do que o
objeto desenhado - é o caso do desenho da mala.
Escala de Ampliação ou n>1:1 (este número é maior do que 1)
8 NORMAS TÉCNICAS APLICADAS AO DESENHO TÉCNICO
241

É a representação do objeto feita numa dimensão ampliada, ou seja, o desenho é maior do que o
objeto desenhado - é o caso do desenho do parafuso.
Então, mesmo sem termos estudado as diversas escalas, já podemos dizer que:
Escala 1:5 (lê-se 1 para 5) – é uma escala de redução porque 5 é maior do que 1;
Escala 2:1 (lê-se 2 para 1) – é uma escala de ampliação porque 2 é maior do que 1;
Escala 1:1 (lê-se 1 para 1) – é uma escala natural, é uma escala de Verdadeira Grandeza ou VG.

8.3.1 REGISTRO

Quando desenhamos em escala, qualquer que seja ela, temos que informar, qual foi a utilizada. Temos
que registrar no desenho, ou na ficha técnica, a escala utilizada (leia sobre ficha técnica no capítulo“Dese-
nho de moda, desenho técnico, desenho técnico de moda manual e desenho de moda informatizado”).
Exemplo: Escala 1:10 ou Esc. 1:10 (lê-se escala 1 para 10) - Isso indica que seu desenho foi feito, ou me-
lhor, seu objeto foi representado 10 vezes proporcionalmente menor.
Calma!!! Já saberemos melhor sobre cada escala.

8.3.2 ALGUMAS DAS ESCALAS

Na indústria da moda, as escalas mais usadas são:

1:2 2 vezes menor proporcionalmente


1:5 5 vezes menor proporcionalmente
ESCALAS DE REDUÇÃO
1:7,5 7,5 vezes menor proporcionalmente
1:10 10 vezes menor proporcionalmente
Quadro 1 - Escalas usadas na indústria da moda

8.3.2.1 AS REPRESENTAÇÕES NO ESCALÍMETRO

O escalímetro é um instrumento que funciona como uma régua com diferentes escalas. Ele é um facili-
tador para a reprodução de desenhos em escala.
Veja agora alguns exemplos do uso do escalímetro:
TÉCNICAS DE REPRESENTAÇÃO DO VESTUÁRIO
242

Exemplo 1) Usamos as escalas 1:20 e 1:2 na mesma face do escalímetro, sendo que, cada opção deter-
mina uma dimensão na representação. Observe a imagem.

SENAI CETIQT / Marina Calvo.


Figura 269 - Escala 1:20 e 1:2.

Exemplo 2) Usamos as escalas 1:50 e 1:5 na mesma face do escalímetro, sendo que, cada opção
determina uma dimensão na representação. Observe a imagem. SENAI CETIQT / Marina Calvo.

Figura 270 - Escala 1:50 e 1:50.


8 NORMAS TÉCNICAS APLICADAS AO DESENHO TÉCNICO
243

Exemplo 3) Usamos as escalas 1:100 e 1:10 na mesma face do escalímetro, sendo que, cada opção de-
termina uma dimensão na representação. Observe a imagem.

SENAI CETIQT / Paulo d´Escragnolle


Figura 271 - Escala 1:100 e 1:10.

Exemplo 4) Usamos as escalas 1:75 e 1:7,5 na mesma face do escalímetro, sendo que, cada opção deter-
mina uma dimensão na representação. Observe a imagem.
SENAI CETIQT / Paulo d´Escragnolle

Figura 272 - Escala 1:75 e 1:7,5.

Essas diferentes opções de escalas servem para que possamos decidir qual delas melhor resolveria nos-
so problema. Por exemplo, se desenho uma calça comprida na escala 1:2, ou seja, apenas 2 vezes menor
que a peça real, não caberia dentro da folha A4. Talvez a melhor solução fosse representar esta calça na
escala 1:10, porque caberia na folha.
TÉCNICAS DE REPRESENTAÇÃO DO VESTUÁRIO
244

Vamos a um exemplo:
Temos a foto de uma camiseta masculina que queremos representar na ficha técnica. Veja as possibilidades:

Shutterstock / Jasminko Ibrakovic


Figura 273 - Camiseta masculina.

Dependendo do espaço que temos na ficha técnica, podemos usar 2 tipos de escala:

SENAI CETIQT / Paulo d´Escragnolle

Esc. 1:5 Esc. 1:7,5


Figura 274 - Camiseta na esc. 1:5 e mesma camiseta na esc. 1:7,5. Atenção!!! Os dois desenhos estão fora da escala correta.
Servem apenas para exemplificar as diferentes representações de um mesmo produto em dimensões diferentes.
8 NORMAS TÉCNICAS APLICADAS AO DESENHO TÉCNICO
245

Na figura 274, as duas camisetas têm dimensões iguais, mas estão apresentadas em representações
diferentes.
Vamos a outro exemplo mais simples:
Na figura 275, temos o desenho de um quadrado perfeito de 5 cm X 5 cm representado em verdadeira
grandeza (ou na escala 1:1 ou em VG).
Ainda na figura 275, temos a representação do mesmo quadrado perfeito, só que na escala 1:5. Pode-
mos ver a medição com o escalímetro na escala 1:5.
Ou seja, são as mesmas figuras, com dimensões iguais, só que representadas em escalas diferentes.

Esc. 1:1 (ou VG)

10

SENAI CETIQT / Paulo d´Escragnolle / Marina Calvo

Figura 275 - Quadrados em diferentes escalas.

Esc. 1:5

CASOS E RELATOS

Quando fazemos um desenho em escala de redução, ou seja, quando reproduzimos uma peça de
roupa em uma folha de papel, temos que informar a escala usada e mantêla em todas as partes do
desenho.
Certa vez, quando a modelista foi fazer a modelagem de uma camiseta seguindo a escala
determinada no desenho, ela não reparou que o desenhista havia usado a escala 1:5 no corpo da
camisa e a escala 1:10 nas mangas.
A sorte é que, como acontece em toda a indústria, uma peça piloto (ou uma peça teste) é
desenvolvida para que todos os problemas, que por acaso acontecem, possam ser solucionados
em uma peça e não em uma produção.
Essa primeira peça foi confeccionada, o problema diagnosticado e puderam reparar o erro cometido
pelo funcionário.
TÉCNICAS DE REPRESENTAÇÃO DO VESTUÁRIO
246

Ainda na figura 275, temos a dimensão do quadrado maior indicada por uma cota. Você pode estar se
perguntando: “Cota?!?!?”. Vamos ver isso mais adiante.

8.4 COTAS

A cotagem (o uso de cotas no desenho) serve para especificar as dimensões do objeto. As cotas são os
valores numéricos que representam as medidas da peça.

FIQUE As cotas são representadas através de linhas acompanhadas dos valores numéricos.Na
ALERTA maioria das vezes, na representação do desenho técnico do vestuário, em centímetros (cm).

8.4.1 ELEMENTOS BÁSICOS DA COTAGEM

Os elementos básicos da cotagem são:


a) Cota – É a indicação da medida sem a indicação de unidade (milímetros, centímetros etc.) de prefe-
rência no centro da linha de cota;
b) Linha de cota – É uma linha mais fina do que as linhas do desenho e sempre situadas na mesma
distância do desenho em todo o desenho;
c) Linhas auxiliares – São linhas finas, paralelas entre si e não tocam o objeto cotado;
d) Limite da linha de cota – É feito através de traços perpendiculares ou traços oblíquos, como nos de-
senhos a seguir (figuras 276 e 277). Devemos sempre usar só uma forma de indicação em todo o desenho.
SENAI CETIQT / Paulo d´Escragnolle

Figura 276 - Limite de linha de cota por traços perpendiculares e limite de linha de cota por traços oblíquos.
8 NORMAS TÉCNICAS APLICADAS AO DESENHO TÉCNICO
247

SENAI CETIQT / Paulo d´Escragnolle


Figura 277 - Retângulo com as cotas.

No caso anterior, nos limites da linha de cota usamos traços oblíquos.


Atenção: As linhas de cota, linhas auxiliares e limites de linhas de cota são sempre em preto. Elas se
diferenciam apenas na espessura.

Vejamos as regras básicas de cotagem:


a) Cotar do menor para o maior, ou seja, de “dentro para fora”;
b) Não cotar o que não é visto, o que não aparece;
c) Cotar próximo ao detalhe;
d) Não cotar o desnecessário;
e) Não repetir cotas;
f ) Usar sempre cotas totais;
g) Não usar linhas do desenho como linhas de cota.
TÉCNICAS DE REPRESENTAÇÃO DO VESTUÁRIO
248

Agora vamos completar o desenho com todos os elementos necessários:

SENAI CETIQT / Paulo d´Escragnolle


Figura 278 - Retângulo com cotas.

Vejamos a aplicação de cotas em uma peça do vestuário:

Camiseta masculina
Medidas em cm
Escala 1:5
18

SENAI CETIQT / Paulo d´Escragnolle

44

Figura 279 - Camiseta com cotas. Atenção: a figura está fora de escala. Serve apenas para visualizarmos o esquema.

8.5 REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DE LINHAS PARA O DESENHO TÉCNICO

Como já falado na introdução, o desenho técnico precisa de uma representação muito particular. O que
representamos no desenho técnico do vestuário tem uma linguagem própria.
Na figura 280, temos um cubo de madeira; além disso, estamos usando o desenho para representar tal
cubo de madeira.
8 NORMAS TÉCNICAS APLICADAS AO DESENHO TÉCNICO
249

SENAI CETIQT / Marina Calvo


Figura 280 - Foto de um cubo e suas representações.

No desenho geométrico, usamos uma linha pontilhada para indicar alguma parte do objeto que está
escondida.
Existem duas possibilidades de representação deste cubo:
• Desenharmos o que vemos;
• Usarmos linha pontilhada ou linha tracejada ( ---------------) para mostramos o que “sabemos” estar por
trás, mas que, na verdade, não vemos.
Esse tipo de raciocínio está errado para desenho técnico do vestuário. No desenho técnico do vestuário,
não podemos fazer esse tipo de representação. Desenhamos só o que vemos e não o que está “por detrás”
ou “escondido”.
Vejamos agora o desenho técnico de uma saia simples:
SENAI CETIQT / Paulo d´Escragnolle

Figura 281 - Desenho de uma saia básica, sem detalhes.


TÉCNICAS DE REPRESENTAÇÃO DO VESTUÁRIO
250

Na figura 281, a linha tracejada não é uma “suposição”, mas sim a representação do pesponto aparente
da bainha da saia. Não estamos querendo dizer que existe algo por debaixo da saia. Pode até haver, mas
não é esse o objetivo.
Lembre-se do que foi dito antes: no desenho técnico do vestuário só desenhamos o que vemos.
Estão confusos? Fiquem tranquilos. Vocês vão tirar isso de letra daqui a pouco.
Temos também um outro tipo de linha usada no desenho técnico que determina o eixo de simetria:
traço e ponto

SENAI CETIQT / Paulo d´Escragnolle

Figura 282 - Eixo de simetria da camiseta e eixo de simetria de uma figura geométrica

Vamos então estudar as linhas e seus significados no desenho técnico do Vestuário e na indústria?
Como o próprio nome diz, o desenho técnico do vestuário é uma representação de uma roupa através,
“principalmente”, de um desenho. Dizemos “principalmente” porque podemos acrescentar ao desenho al-
gumas outras explicações através de palavras ou frases para reforçar a ideia.
Basicamente, usamos dois tipos de linhas (ou traços):
a) Linha contínua – usada para o contorno do desenho, costura, recortes, pences, sobreposições, pre-
gas, indicação de viés, etc. Vamos ver cada um deles detalhadamente.
b) Linha tracejada – indica os pespontos do maquinário usado. Existem várias representações que
também veremos logo adiante.
8 NORMAS TÉCNICAS APLICADAS AO DESENHO TÉCNICO
251

Pesponto
Contorno colarete 2 agulhas
sem cobertura

Contorno
Costura

Pesponto

SENAI CETIQT / Paulo d´Escragnolle


colarete 2 agulhas
sem cobertura
Recorte

Contorno

Figura 283 - Linha contínua


Figura 284 - Linha tracejada.

Devemos lembrar que o Desenho Técnico de Vestuário é direcionado para a indústria onde as peças são
fabricadas. É por isso que temos que aprender a representação das máquinas industriais para que nosso
trabalho esteja completo.
Mas vamos lá. Começaremos com a representação das principais máquinas industriais e depois dare-
mos exemplos em alguns desenhos técnicos.

PRINCIPAIS PON-
MAQUINÁRIO REPRESENTAÇÕES GRÁFICAS
TOS (PESPONTOS)

máquina de costura reta ponto fixo, ou


Pesponto simples: máquina colarete 1 agulha, ou máquina ponto
corrente.

máquina reta 2 agulhas, ou máquina colarete*


Pesponto duplo:
2 agulhas sem cobertura.

Pesponto duplo: máquina colarete 2 agulhas com cobertura.


SENAI CETIQT / Paulo d´Escragnolle

máquina reta 3 agulhas, ou máquina colarete 3


Pesponto triplo:
agulhas sem cobertura.

Pesponto triplo: máquina colarete 3 agulhas com co-bertura.

Ponto zig-zag: máquina zig-zag.


Quadro 2 - quadro com maquinário e suas representações gráficas.
* A máquina colarete também é conhecida como galoneira.
TÉCNICAS DE REPRESENTAÇÃO DO VESTUÁRIO
252

SENAI CETIQT / Fagner Mariano


Figura 285 - Máquina de costura reta.

SENAI CETIQT / Fagner Mariano

Figura 286 - Máquina colarete 2 ou 3 agulhas.


Eurico Feranndes / Fernanda. Coimbra
8 NORMAS TÉCNICAS APLICADAS AO DESENHO TÉCNICO
253

Figura 287 - Máquina zigzag.

Fique atento para representar todos os acabamentos da peça, porque a produção fará
FIQUE exatamente o que você indicar. Se você se esquecer de indicar algum maquinário,
ALERTA a peça ficará inacabada ou fora dos padrões desejados. Por exemplo: esquecer de
indicar o maquinário para bainha da manga ou do corpo.

Com a máquina colarete, podemos ter, na mesma máquina, mais de uma possibilidade de costura. Po-
demos habilitar 1, 2 ou 3 agulhas da máquina colarete e conseguirmos pesponto simples, duplo ou triplo.
Como pudemos ver nas explicações anteriores, existem diferentes tipos de pespontos e eles são obtidos
com máquinas diferentes. A decisão do maquinário a ser usado vai depender de uma série de fatores: tipo
de tecido, disponibilidade de máquinas e de operadoras etc.

Principais normas da ABNT para o desenho técnico


NBR 10647 Desenho Técnico - Norma Geral.
NBR 10068 Folha de Desenho - Layout e Dimensões.
SAIBA NBR 10582 Conteúdo da Folha para Desenho Técnico.
MAIS NBR 8196 Emprego de Escala em Desenho Técnico.
NBR 8402 Execução de Caracteres para Escrita em Desenho Técnico.
NBR 8403 Aplicação de Linhas em Desenhos Tipos de Linhas / Larguras de Linhas.
NBR 10126 Cotagem em Desenho Técnico.

RECAPITULANDO

Vimos, neste capítulo, as normas da ABNT sobre as dimensões da folha a ser utilizada, o significado
dos diversos tipos de linhas no desenho técnico para o vestuário, assim como a representação do
maquinário.
Estudamos o uso do escalímetro e sua importância para o desenho técnico. Pesquisamos também
a caligrafia correta a ser empregada nos títulos e textos explicativos dos desenhos.
Leiaute e croqui de ambiente

Este capítulo aborda, de uma forma breve, algumas das possíveis maneiras de organizarmos
um ambiente, como um espaço para dinamizar uma produção, ou para expormos e vender-
mos um produto.
Já falamos muito sobre movimentos que influenciaram a moda, a moda e os séculos, pes-
quisa de moda, representação do vestuário etc. Mas de que adiantaria desenvolver um produto
se não exibi-lo? Como comercializá-lo?
Não seria vantajoso conhecermos as formas para apresentar um trabalho desenvolvido?
Vamos pensar sobre tudo isso começando com algumas definições e exemplos.

9.1 DEFINIÇÃO DE LEIAUTE E CROQUI

Antes de tudo, precisamos definir o que é leiaute e o que é croqui.

9.1.1 LEIAUTE

Por definição, na indústria, leiaute é a forma de se organizar o ambiente de trabalho, pen-


sando em uma melhor produtividade.
Quando pensamos em inaugurar uma fábrica, o leiaute é pensado muito antes da inaugu-
ração. Na reformulação de plantas industriais, da fábrica ou das operações produtivas, temos
que repensar o leiaute.
De uma forma bem resumida, existem cinco maneiras de organizarmos um ambiente de
trabalho:
a) Disposição por produto ou por linha;
b) Disposição por processo ou funcional;
c) Disposição celular;
d) Disposição por posição fixa;
e) Disposição mista.
TÉCNICAS DE REPRESENTAÇÃO DO VESTUÁRIO
256

shutterstock / Macrovector
Dentro da nossa Unidade Curricular, podemos definir leiaute como a forma de expor alguma ideia ou
produto através de uma imagem, de uma pintura sobre uma tela, ilustração sobre um papel ou cartolina,
um outdoor etc. Pode ser também por meio de elementos dispostos em um ambiente físico – uma área
qualquer ou uma vitrine de loja, por exemplo – para transmitir uma ideia, uma informação ou um conceito.

9.1.2 CROQUI

Croqui pode ser considerado como uma forma de expressar ou comunicar a primeira ideia que pode
evoluir para uma definitiva, de um espaço ou de um conceito, ou seja, uma ideia inicial a ser melhor explo-
rada. Às vezes, na técnica de representação do vestuário, croqui é uma imagem dinâmica propositalmente
“inacabada” (já vimos esse assunto no capítulo Desenho de moda, desenho técnico, desenho técnico de
moda manual e desenho de moda informatizado, desta Unidade Curricular).

9.2 VITRINES

Como trabalhamos com produtos, vamos tratar aqui de sua exposição como uma forma direcionada
à comercialização. Não é a ideia principal da indústria a venda do que é fabricado? Que tal conhecermos
um pouco sobre vitrines e, mais além do que isso, conhecermos um pouco sobre Visual Merchandising (ou
VM)? Falaremos um pouco mais sobre esse assunto no tópico 9.3 deste capítulo.
9 LEIAUTE E CROQUI DE AMBIENTE
257

9.2.1 ORIGEM DO COMÉRCIO

Nos primórdios, o comércio de diversas mercadorias era feito em feiras na base de trocas. Essa atividade
se aprimorou e deu origem a estabelecimentos comerciais, como os mercados do Império Romano. Um
dos mais conhecidos e majestosos foi o Mercado de Trajano, construído no século I, o que poderia ser con-
siderado o primeiro shopping center da história.

Shutterstock / kompasstudio
Figura 288 - Mercado de Trajano

SAIBA Que tal ler mais sobre o Império Romano? É um assunto bem vasto e muito interessante.
MAIS Temos certeza de que você ficará encantado com a história.

No século III, surgiram as padarias onde os vendedores ficavam atrás dos balcões e os pães eram expos-
tos na parede do fundo do estabelecimento, ainda sem a proteção do vidro.
As primeiras vitrines a terem um registro pareciam janelas inseridas nos muros e nas fachadas das casas.
Eram compartimentos fechados, protegidos por vidros em que vários tipos de objetos ficavam expostos,
sem a preocupação de coorden-álos.
TÉCNICAS DE REPRESENTAÇÃO DO VESTUÁRIO
258

Shutterstock/Anton_Ivanov
Figura 289 - As primeiras vitrines

Tempos depois, entre 1700 e 1850, essas janelas foram sendo substituídas por móveis decorativos
ricamente enfeitados. Neles, eram colocados vasos de porcelana, enfeites e esculturas de madeira para
completar a decoração. Eram os chamados gabinet de curiosités37. Aí, já se tratava de um leiaute pensado
na ambiência.
Domínio público/autor desconhecido

Figura 290 - Gabinet de curiosités (Gabinete de curiosidades).

37 Gabinet de curiosités é uma expressão em francês que significa gabinetes de curiosidades.


9 LEIAUTE E CROQUI DE AMBIENTE
259

Muitos reis achavam importante ter um gabinet de curiosités, que eram os centros de observação e pes-
quisa de objetos raros. Foi ele, sem dúvida, a origem das vitrines.
O “espaço vitrine”, criado a partir dessa caixa, trouxe a oportunidade aos espectadores de viverem ou
sonharem com outras épocas e outros lugares. A principal intenção era chamar a atenção e encantar as
pessoas que observavam.
No século XIX, existiam lojas por todo o mundo ocidental e tudo o que havia nas lojas era exposto sem
apresentar grande estilo. O vidro começou a ser utilizado para separar a rua da loja, mas sem deixar de
exibir as mercadorias.

Eurico Fernandes / Fernanda Coimbra

Figura 291 - Ilustração da Galerie de la Rotonde: Paris, 1845, com suas vitrines protegidas pelo vidro.
Podia-se ver o interior da loja com suas mercadorias à venda.

9.2.2 PEQUENA CRONOLOGIA DA EVOLUÇÃO DAS VITRINES

Vamos acompanhar um pouco mais da história das vitrines?


a) 1897/1930 – Surgiu a primeira revista sobre o assunto: “The Shop Window A Journal of Window Trimming”;
b) A partir de 1920, com atenção mais voltada para o estilo, as vitrines ficaram mais limpas e os mane-
quins mais leves.
c) Em 1930, surgiram os manequins em papier-maché38, tornando-os mais leves e fáceis de serem mani-
pulados. Nessa década, as vitrines ficaram mais surrealistas e era frequente o uso do trompe l´oeil39.

38 Massa feita com papel picado, água e gesso. Com a massa, podese montar objetos, decorativos ou utilitários, em formatos variados.
39 Trompe l´oeil é uma técnica artística que, com truques de perspectiva, cria a impressão de objetos, formas e perspectivas que não
existem realmente. É utilizada, principalmente, na pintura e na arquitetura.
TÉCNICAS DE REPRESENTAÇÃO DO VESTUÁRIO
260

SENAI CETIQT / Pedro Toste


Figura 292 - Podemos ver uma vitrine com o uso do trompe l´oiel, criando ambientes para a exposição da mercadoria.

CURIOSI Antes do papiermaché, os manequins eram feitos de cera e poucos funcionais. Eram
DADES pesados e feitos de cera que se derretiam no sol.

d) Também, em 1930, as vitrines ganham importância maior e artistas famosos, como Salvador Dali,
começam a dar sua contribuição para a moda.
SENAI CETIQT / Pedro Toste

Figura 293 - Trabalho de Salvador Dali, criando uma ambiência para o perfume Schocking, de Elsa Schiaparelli.
9 LEIAUTE E CROQUI DE AMBIENTE
261

FIQUE No capítulo “A moda da primeira metade do século XX”, vocês já leram um pouco
ALERTA sobre Salvador Dali e Elsa Schiaperelli.

e) A década de 1940 foi mais inovadora para os Estados Unidos, já que a Europa estava em guerra. A
vitrine tornou-se uma propaganda vital.
f ) A partir dos anos 1950, surgem os manequins de fibra de vidro, mais coloridos e flexíveis.

Para saber mais sobre o assunto desta seção, procure informações sobre alguns
SAIBA artistas que contribuíram para o desenvolvimento das vitrines: Gene Moore (criador
MAIS do primeiro manequim sorridente), James Rosenquist, Robert Rauchnberg, Candy
Pratts, Robert Benzio, Henry Callahan entre outros.

No século XX, o século do consumismo, as lojas tornaramse um espaço quase teatral em que “comprar
para ter” transmitia a “sensação de ser”.
A vitrine evoluiu e passou a ser um espaço importante para expor o produto dentro de um ambiente,
atrair pessoas e desencadear o desejo de consumo de quem a observa.

9.3 VISUAL MERCHANDISING (VM)

Como vimos, a vitrine tem o papel fundamental de provocar emoções positivas como alegria, conten-
tamento e entusiasmo.
Porém, mais do que atrair a visão, o Visual Merchandising40 tem a função de impactar o consumidor des-
de a fachada da loja até seu interior, convidando-o a entrar para consumir.
O VM faz com que os consumidores se sintam confortáveis em virtude da boa organização, ou de um
bom leiaute, no qual os produtos podem ser manuseados e não apenas observados.
Dentro da loja, os consumidores devem se deparar com um leiaute estrategicamente estruturado, para
que vivam a experiência de serem felizes, satisfeitos e tranquilos.

40 Visual merchandising é uma expressão em inglês que significa propaganda visual.


TÉCNICAS DE REPRESENTAÇÃO DO VESTUÁRIO
262

CASOS E RELATOS

Criando um novo ambiente de compras


Para criar um ambiente hospitaleiro e convidativo, algumas lojas desenvolveram particularidades
que se tornaram quase uma marca registrada de cada uma delas.
Existem profissionais responsáveis para transformar os ambientes de venda em espaços confortáveis
e agradáveis de se estar.
Uma conhecida loja de Nova York criou um lugar tão confortável e casual que se tornou quase
parada obrigatória, mesmo que só para “tomar um café”
O som da loja era maravilhoso e coerente com o estilo das roupas. Durante todo o expediente,
um DJ ficava responsável para executar a trilha sonora de acordo com o clima da loja naquele
momento. E, é claro, podia-se fazer pedidos de música, e o cliente era sempre atendido.
Em um dos cantos do espaço de venda havia poltronas forradas em couro confortáveis, com
revistas, livros e jornais atualizados para os acompanhantes do cliente. Ou mesmo estando
sozinho, o cliente poderia, nesse ambiente, se sentir confortável, relaxado e atualizado com os
acontecimentos do dia.
Existiam bancadas com notebooks disponíveis para consultas ou apenas como entretenimento. A
loja era provida de uma rede wifi para acesso à internet.
Todo o ambiente era observado por profissionais da limpeza, uniformizados, preocupados em
manter o espaço sempre limpo e arrumado.
Mesmo só vendendo roupas masculinas e femininas para adultos, a loja reservou um espaço
para que crianças presentes também se ocupassem com os lápis de cor e papéis destinados a
suas criações. Foi a forma encontrada para que os clientes pudessem fazer suas compras com
tranquilidade.
Isso tudo ficava mais aconchegante pelo fato de existir, além da música ambiente, um perfume
característico e personalizado.

RECAPITULANDO

Vimos, neste capítulo, a importância do croqui (a primeira ideia que temos e que usamos para
registrar e dar prosseguimento), do leiaute tanto no chão de fábrica para otimizar a produção,
quanto no que se refere à exposição de produtos para a comercialização dos mesmos.
9 LEIAUTE E CROQUI DE AMBIENTE
263
Panorama produtivo da moda

10

Todos sabemos que a criatividade é um fator muito importante para o negócio de moda, no
entanto se não soubermos administrar, estamos fadados ao insucesso.
Normalmente, quem cria não sabe tomar conta do negócio e é comum vermos marcas com
um grande potencial de criatividade não conseguirem se manter no comércio.
No Brasil, temos muitas empresas familiares nas quais parentes ocupam cargos importantes,
muitas vezes, sem a competência exigida. O panorama está melhorando, mas a competitividade
é cada vez maior e cada vez mais precisamos de administradores capazes de unir criação à
lucratividade.
Para que uma empresa tenha sucesso, precisamos localizar onde escoaremos a produção,
ou seja, em que tipo de modelo de comercialização queremos e temos condições de atuar.
Para obtermos as respostas, temos sempre que nos basear em pesquisas. Essas pesquisas
começam pelo ambiente interno da empresa para, logo de início, sabermos “com que armas
podemos lutar” e para também avaliar o mercado, suas oportunidades e ameaças.
Existe um procedimento que nos auxilia muito para melhor administrar e conduzir uma
empresa e mantê-la no mercado (Matriz SWOT). Em linhas gerais, esse mecanismo reconhece
os pontos fortes e as fraquezas da empresa em relação ao ambiente externo, ou ao mercado,
com suas ameaças e oportunidades. Você pode pesquisar sobre Matriz SWOT (ou Matriz FOFA)
para descobrir mais sobre esse assunto.
Munidos dessas informações e cientes da capacidade e objetivos – objetivos esses que
podem sofrer alterações e ajustes durante o processo – temos que conhecer mais detalhada-
mente em que segmentos de mercado poderemos atuar. Cada tipo de negócio demanda uma
gestão específica.
Vamos saber um pouco sobre as estruturas de modelo de comercialização?
Veremos, neste capítulo, as várias formas de como escoar o que produzimos. Temos a opção
da alta-costura, que é uma produção de peça única, sob medida. Podemos transformar essa
peça única em um produto mais popular, ou seja, podemos contemplar um número maior de
pessoas através do prêt-à-porter ou podemos atingir um grande público, produzindo em massa
ou para o varejo.
TÉCNICAS DE REPRESENTAÇÃO DO VESTUÁRIO
266

Veremos aqui as diferenças e as características de cada uma dessas três modalidades de comercialização.

10.1 SEGMENTOS DE MERCADO

Os três principais segmentos são:


a) alta-costura;
b) prêt-à-porter
c) mercado de massa ou varejo.

10.1.1 ALTA-COSTURA

O termo “alta-costura”, expressão originária do francês haute couture, serve para designar peças feitas
sob medida, à mão, artesanais, com acabamentos primorosos, bordados etc., ou seja, peças que apresen-
tem uma nobreza no trabalho.
SENAI CETIQT / Pedro Toste

Figura 294 - Saint Laurent fazendo uma prova de roupa, em seu ateliê, na década de 60

Alta-costura é um termo protegido e só pode ser usado pelos designers que preencham as qualidades
exigidas pela Chambre Syndicale de la Haute Couture (Câmara Sindical de Alta-Costura) de Paris.
10 PANORAMA PRODUTIVO DA MODA
267

CASOS E RELATOS

O uso do jaleco
Na ilustração anterior, vimos Yves Saint Laurent fazendo uma prova de roupa usando um jaleco
branco. Esse é quase um uniforme de trabalho para a equipe que trabalha nos bastidores de uma
grife de alta costura.
Não só Saint Laurent, como alguns outros estilistas, usavam e ainda usam essa indumentária.
Poderíamos citar Dior (estilista francês já estudado), que sempre “desfilava” com um jaleco im-
pecável pelas dependências de seu ateliê.
Esse hábito veio a público em forma de homenagem a Dior e ao estilista recém falecido Alexander
McQueen (também já estudado), responsável pelas coleções da grife. Depois de anunciado o final
do desfile do Outono de 2011, toda a equipe subiu à passarela aplaudindo o desfile, vestida em
jalecos brancos.
Podemos fazer várias considerações sobre esse procedimento:
a) a cor branca dá uma ideia de limpeza e higiene;
b) a cor branca é neutra e não interfere ou disputa visualmente com outras cores;
c) por ser uma cor neutra e discreta, o branco oferece destaque às outras cores, ou seja, as cores das
peças em desenvolvimento.

SAIBA Vale a pena conferir mais informações sobre a Câmara Sindical de Alta-Costura de
MAIS Paris. Procure conhecer mais sobre ela. Você não vai se arrepender!

A Alta-costura atende a poucos clientes que podem desembolsar uma quantia alta por uma peça de
roupa. Os desfiles dessa categoria são muito concorridos porque servem como vitrines da criatividade dos
designers e como fonte de inspiração para outras grifes.
TÉCNICAS DE REPRESENTAÇÃO DO VESTUÁRIO
268

SAIBA Para saber mais sobre o universo da alta-costura, você pode assistir ao filme “Le jour
d’avant”, no qual pode-se notar a preparação de um desfile do estilista Jean Paul
MAIS Gaultier. Vale a pena conferir!

10.1.2 PRÊT-À-PORTER

Também conhecido como ready-to-wear (pronto para usar), a partir dos anos 60, quando os designers
disponibilizavam sua moda em boutiques, o prêt-à-porter tornou-se uma alternativa acessível para um
grupo maior de consumidores.
Esse tipo de comercialização acelerou a fabricação de roupas que começaram a ser fabricadas em série,
baseadas em tamanhos padronizados, ou seja, nas tabelas de medidas41.
Hoje o prêt-à-porter é um segmento entre a alta costura e o mercado de massa (trataremos desse assun-
to mais adiante neste capítulo). Embora seja uma fabricação em série, sua produção não é muito grande e
suas peças não são vendidas a preços tão populares, o que proporciona uma certa exclusividade.
Atualmente, as marcas de prêt-à-porter vendem suas peças em boutiques e em algumas lojas de depar-
tamento. O mercado está muito diversificado, abrangendo ramificações que incluem desde os artigos de
luxo à ponta de estoque (liquidações com preços reduzidos).
Shutterstock/Filipe Frazao

Figura 295 - Rodeo Drive, Los Angeles, Califórnia, USA. Uma das ruas de maior número de lojas prêt-à-porter de marcas de prestígio.

41 Tabela de medidas é um quadro que contém todas as medidas referentes às principais partes do corpo: busto, cintura, quadril,
comprimento de manga etc.
10 PANORAMA PRODUTIVO DA MODA
269

10.1.3 MERCADO DE MASSA OU VAREJO

É a forma mais democrática de acesso à moda. É a roupa pensada para o grande público, maior que o
público consumidor do prêt-à-porter. As peças são produzidas em larga escala seguindo padrões de tama-
nhos (ou tabelas). Com custos razoáveis, são encontradas a preços aceitáveis em grandes magazines e lojas
de departamentos.
O bom preço é conseguido através do uso de materiais menos caros e processos de produção mais baratos.
Muitas marcas conhecidas produzem para o varejo com a intenção de aumentar sua produção e, conse-
quentemente, seu faturamento. Produzindo produtos em grandes quantidades, a marca consegue maiores
margens de lucro, mesmo com preços baixos, mantendo-se competitiva no mercado.
O segmento do varejo trabalha com vários níveis de produtos levando-se em consideração a qualidade
e o preço. Nesse mesmo segmento, podemos nos encaminhar a uma loja com produtos a preços acessíveis
e lojas com preços bem baixos. Essa diferenciação é facilmente percebida pelos próprios produtos, pelas
instalações internas da loja e por suas vitrines.

Shutterstock/zhu difeng

Figura 296 - Loja com preços acessíveis.


TÉCNICAS DE REPRESENTAÇÃO DO VESTUÁRIO
270

Shutterstock/alessandro0770
Figura 297 - Loja com preços baixos.

RECAPITULANDO

Vimos neste capítulo as três formas mais comuns de comercialização e suas características:
a) Alta-Costura – mercado de roupas exclusivas com um preço alto.
b) Prêt-à-porter – cópias de roupas atuais por preços médios.
c) Varejo – produtos produzidos em grande escala, tendo os preços reduzidos.
10 PANORAMA PRODUTIVO DA MODA
271
Mercado da moda contemporânea

11

A rapidez com que as coisas acontecem e se alternam é cada vez maior. Hoje, temos casas
maiores para as famílias menores, mais divertimentos e menos tempo livre para desfrutá-los.
Compramos mais e nos desfazemos mais rápido das nossas aquisições que são, quase sempre,
maiores em quantidade e menores em qualidade. Construímos computadores para guardar-
mos mais informações, mas temos menos necessidade ou tempo para compartilhar.
O consumidor não conseguiu se libertar da ditadura soberana dos teenagers (adolescentes)
a partir da década de 1950, quando houve uma ruptura com a geração anterior. Ser ou estar
jovem, hoje mais do que uma vontade pessoal, é uma necessidade.
E ser jovem, atualmente, independe da idade. Um “senhor” de 60 anos na década de 1940,
por exemplo, não carregava o mesmo peso ou não desempenhava os mesmos papéis de al-
guém com essa idade nos dias de hoje, ou seja, está ligado mais ao estado de espírito do que
à quantidade de anos da pessoa.
Essa “condição” atual reflete diretamente no mercado contemporâneo tanto na forma de con-
sumo quanto na comercialização. Idade não é mais um número, e sim um estado de espírito, le-
vando-se em consideração não só a contemporaneidade das ideias, mas também o corpo físico.
Apesar da crise mundial, o ser humano cada vez mais sente a necessidade de consumir para
fazer parte de algum grupo, estar vestido adequadamente para uma determinada situação ou
mesmo satisfazer seus desejos. E quando falamos de moda jovem, estamos nos referindo ao
eterno exercício de estarmos atualizados.
Falaremos, neste capítulo, sobre o mercado, distribuição e localização da moda como obje-
to de comercialização, e não das fontes de inspiração já estudadas em capítulo anterior.
TÉCNICAS DE REPRESENTAÇÃO DO VESTUÁRIO
274

11.1 COMERCIALIZAÇÃO DA MODA

As grandes marcas e a indústria da moda como um todo estão passando por dias difíceis.
A Alta-Costura, desde a ideia primeira de desenvolver obras inéditas, obras autorais42, como o trabalho
do estilista Charles Frederick Worth, do século XIX, sofreu mudanças, perdendo espaço para a moda de
massa, principalmente, a partir da década de 1960.
A moda tem a necessidade crescente, e cada vez mais acelerada, de ser substituída a toda nova estação,
a todo novo movimento.
Em outras épocas, a Alta-Costura, com a força dos estilistas, delineava a vida de seus clientes e seguido-
res através de suas criações. Essa “ditadura” ligada ao status de exclusividade foi abandonada com a plurali-
zação de estilos e a facilidade e/ou o empenho de encontrar cópias a preços acessíveis.
O que caracteriza a moda atual é a grande diversidade de estilos, o que muitos consideram deixar de ser
“estiloso” ou de ter estilo.
Essa grande difusão da moda leva a grandes variações no uso, fugindo de uma uniformização. Existe,
atualmente, a liberdade de usar peças de diversas marcas ou estilos misturados entre si.
Na figura 298 temos uma produção cujas peças poderiam ter sido adquiridas em várias lojas de vários
estilos e épocas:
a) Blazer masculino usado de uma forma despojada;
b )Blusa aparentemente de malha básica;
c) Minissaia estampada;
d) Meia preta que poderia ter sido comprada em alguma loja especializada em meias;
e) Bota pesada que poderia estar fazendo parte de uma produção masculina, ou de uma loja de roupas
góticas etc.
Ao observar a imagem, lembre-se de que Yves Saint Laurent começou a inserir na moda feminina ele-
mentos da moda masculina; e que a minissaia permanece sendo usada desde sua inclusão no guardaroupa
feminino nos anos 60.

42 No universo da moda, quando fazemos referência a uma obra autoral, estamos mencionando um produto ou
coleção assinada pelo estilista.
11 MERCADO DA MODA CONTEMPORÂNEA
275

SENAI CETIQT / Pedro Toste


Figura 298 - Consumidora “produzida” com diferentes tipos de peças.

Com essa quantidade de opções e essa massificação da moda, passamos a ser responsáveis pelo nosso
visual, o que nos dá uma falsa autonomia para nossas escolhas.
Paralelo a essa constatação, mesmo tendo acesso às diferentes opções de marcas, de cores, de altura de
saia ou calça, de qualidade de tecido etc., essa pluralidade e liberdade de uso, sem dúvida, não gera uma
diferença real.
Cada época tem seu aspecto, mas só nos damos conta desse fato anos depois, quando estamos “afasta-
dos” dela, não “contaminados” pelas influências de tal época. É por isso que para muitos, mesmo depois do
mercado de massas, mesmo depois das inúmeras possibilidades oferecidas e da abertura e tolerância das
misturas, a moda nunca deixou de ter uma característica própria em cada momento. Vestimos “uniformes”
pertencentes a determinados ocasiões. Somos escravos do pluralismo, estamos pasteurizados ou inexpres-
sivos e sem diferenciações. Corremos até o risco de sermos classificados como “fora de moda” se fugimos
do padrão.
Para muitos, esta seria uma discussão sem fim, sem resposta, mas que muito nos leva a pensar sobre a
moda e o mercado atual.
Como acabamos de dizer, cada época tem sua característica, mas o que nos importa aqui é discutir um
pouco sobre o mercado da moda contemporânea, sua difusão e suas formas de comercialização.

11.2 MERCADO DA MODA

Podemos “comprar” moda em vários locais e de diversas formas: nas lojas de rua, nos shopping centers,
em sites de vendas nacionais e estrangeiros etc.
Sendo assim, mencionaremos algumas opções de consumo dentro do mercado de moda.
TÉCNICAS DE REPRESENTAÇÃO DO VESTUÁRIO
276

11.2.1 LOJAS DE VAREJO DE RUA

São as lojas que estão nas ruas ou nas avenidas, diretamente em contato com as pessoas que saem para
as compras ou que apenas estão indo e vindo no seu dia a dia. Nessas lojas, você pode comprar quantas
peças quiser. Não existe uma obrigatoriedade de adquirir um número mínimo de peças.

Shutterstock/zhu difeng

11.2.2 LOJAS DE VAREJO DE SHOPPING

Oferecem o mesmo sistema de venda das lojas de rua, só que estão localizadas em shopping centers
onde existe maior concentração de lojas.
Shutterstock/gracethang2
11 MERCADO DA MODA CONTEMPORÂNEA
277

11.2.3 LOJAS DE DEPARTAMENTOS

São, normalmente, lojas grandes, espaçosas, onde o cliente encontra quase todos os segmentos de
roupas e acessórios. Não existe uma linha única, podendo normalmente atender à clientela feminina, mas-
culina e infantil.

Shutterstock/HTU

11.2.4 SUPERMERCADOS

Além de alimentos, existem supermercados onde também encontramos peças do vestuário e acessó-
rios, normalmente com preços bem acessíveis.
Shutterstock/zhykova
TÉCNICAS DE REPRESENTAÇÃO DO VESTUÁRIO
278

11.2.5 FEIRAS/ARMAZÉNS

Seguem o exemplo das lojas de departamentos, porém em espaços improvisados, quase sempre por
um determinado tempo, menos sofisticados e bem despojados. Normalmente, são comercializadas peças
de novos designers e facilmente encontramos produtos sustentáveis. Atualmente, encontramos também
os catálogos virtuais, que tem a mesma função dos impresos, mas que estão disponibilizados em sites.

Shutterstock/xuanhuongho

11.2.6 CATÁLOGOS

Aqui, compramos produtos por meio das fotos contidas em um catálogo. A venda é feita através de
representantes das marcas que encomendam o seu pedido. Não existe uma loja física.
Shutterstock/Luis Molinero
11 MERCADO DA MODA CONTEMPORÂNEA
279

11.2.7 PONTAS DE ESTOQUE

São lojas (espaços) onde podemos comprar mercadorias que sobraram de estações passadas, peças
com pequenos defeitos que foram recusadas pelas lojas etc. Normalmente, os preços são mais baixos.

11.2.8 E-COMMERCE

O e-commerce, que significa em português comércio eletrônico, é uma modalidade de comércio que
realiza suas vendas por computadores e celulares. São as chamadas lojas virtuais.

Shutterstock/Denys Prykhodov

Vimos algumas das opções de consumo dos diferentes segmentos de mercado vistos no capítulo ante-
rior (Alta-Costura, Prêt-à-porter e Varejo), mas não poderíamos deixar de mencionar um “novo” movimento
que merece nossa atenção: a sustentabilidade.

11.3 MODA E SUSTENTABILIDADE

Esse é um assunto que não podemos deixar de mencionar. Como já falamos, hoje em dia, prevalece a
moda rápida, da obsolescência planejada, ou seja, a moda descartável.
Atualmente, temos que ter consciência e não poluir mais o planeta, seja no processo produtivo ou no
descarte. Não existe “jogar fora”. Não existe o “lá fora”. Tudo está no nosso planeta.
A sustentabilidade é a preservação da vida através de um equilíbrio ecológico pensando no ser huma-
no, nos animais, nos vegetais, no planeta como um todo.
TÉCNICAS DE REPRESENTAÇÃO DO VESTUÁRIO
280

IStock/9comeback

E o que seria sustentabilidade no campo da moda? É a maneira de produzir de forma a não contaminar
o meio ambiente durante o processo de manufatura e sem esgotar os recursos não renováveis, tanto do
planeta como do ser humano
O desenho sustentável de moda é aquele em que podemos integrar os descartes, ou o próprio produto
de volta ao meio ambiente no final da sua vida útil para que desse ponto ele retorne ao ciclo de manufatura.
Quando falamos de sustentabilidade em relação ao ser humano, estamos nos referindo também às
condições de trabalho. Várias vezes, lemos nos noticiários que algumas fábricas mantêm seus empregados
como escravos, violando totalmente os diretos humanos.
11 MERCADO DA MODA CONTEMPORÂNEA
281

CASOS E RELATOS

Resistência à nova liderança


Quando falamos de sustentabilidade, temos que considerar os desafios atuais das indústrias têxteis:
pensar nos diversos materiais a serem usados, na redução e reutilização da água, na redução do
consumo de energia e do uso de produtos químicos, assim como na formação e no descarte dos
resíduos causados pelos processos industriais.
Precisamos também fazer menção às condições dos profissionais, principalmente dos que
trabalham diretamente nas indústrias.
Em muitos países, principalmente na Índia, Indonésia e China, os operários da produção de roupas
e acessórios trabalham em condições subhumanas e, não raro, em troca de um prato de comida.
Aqui mesmo no Brasil, tivemos o caso de trabalho escravo em uma confecção de roupas femininas.
Os funcionários dessa empresa comiam e dormiam no próprio local de trabalho. Eram bolivianos
que estavam ilegais no Brasil e que, por esse motivo, não reclamavam, com medo de serem expulsos
do país. Trabalhavam trancados na própria fábrica, às vezes mais de 12 horas por dia, não tendo
autorização de retirar-se do estabelecimento.
Esse acontecimento tornou-se público graças a denúncias anônimas. Sabemos que não é um caso
isolado e que ainda existem pessoas que são obrigadas a trabalhar nessas condições precárias.

FIQUE A indústria têxtil e da moda são as que mais usam água e as que mais emitem agentes
ALERTA tóxicos no meio ambiente, sendo um dos maiores responsáveis pelo aquecimento global.
TÉCNICAS DE REPRESENTAÇÃO DO VESTUÁRIO
282

Shutterstock/Tatiana Grozetskaya
Por esses fatos expostos é que muitas grifes, independente de que tipo de público queiram atingir,
usam em suas campanhas o desenho ético, sustentável, pensando na ecologia como um todo e no comér-
cio justo também.

Nos segmentos de moda em que queremos dar um aspecto de lavado, desgastado,


FIQUE rasgado etc., ao produto – e um grande exemplo desse segmento são as roupas
ALERTA em jeans – são usadas substâncias químicas altamente poluentes. Além disso, a
quantidade de água e energia gastas são enormes e toneladas de gás carbônico
(CO2) são emitidas ao longo do ciclo de vida do produto.

Por enquanto, por se tratar de um processo em aprimoramento, a moda sustentável é cara, mas essa é
a única solução que temos se quisermos que nossas futuras gerações consigam viver neste planeta. Cabe
a nós levarmos este assunto a sério e recusarmos qualquer atividade ou produto que esteja transgredindo
essa nova postura.
Podemos terminar esse capitulo deixando um enorme desafio. Discuta com seus colegas que atitudes
preventivas poderiam ser adotadas dentro do seu trabalho, ou até mesmo no ambiente familiar, para evitar
a morte de nosso planeta.
11 MERCADO DA MODA CONTEMPORÂNEA
283

RECAPITULANDO

Vimos, neste capítulo, as várias maneiras de comercializar a moda: em lojas de varejo, lojas de de-
partamentos, supermercados, pontas de estoque, através de catálogos e o comércio pela internet.
Além disso, fomos alertados que devemos dar atenção à sustentabilidade, porque a indústria da
moda é uma das que mais polui o planeta.
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MINICURRÍCULO DO AUTOR

PAULO D’ESCRAGNOLLE
Graduado em Moda pela Universidade Veiga de Almeida e pós-graduado em Design pelo SENAI
CETIQT, com ênfase em Design de Moda. Atualmente, é professor do Centro de Tecnologia
da Indústria Química e Têxtil (SENAI CETIQT). Faz parte do grupo de avaliadores do concurso
“Yamamay”. Foi professor convidado da Pontifícia Universidade Católica (PUC-RJ) na disciplina
de Design. No Instituto Europeu de Design, atuou como professor no curso “One Year”. Trabalhou
como Coordenador de Estilo da Guess Jeans USA; além de ter ocupado os cargos de estilista e
modelista nas empresas: Chocolate, Pé do Atleta, Bill Bross, Dijon e Sacada. Tem experiência na
área de Artes, com ênfase em Design de Moda, atuando principalmente nos seguintes temas:
criatividade, desenvolvimento de coleção e inovação.
ÍNDICE REMISSIVO

A
Art Déco, 76
Art Nouveau, 60
Arte Abstrata, 113
B
Belle Époque, 60
Bonvivant, 126
Brigitte Bardot, 128
Buble-up, 31
C
CAD, 202
Charleston, 80
Clochard, 32
Cloche, 80
Colagem, 197
Corsets, 67
Curiosités, 256
D
Drapeadas, 60
E
Expressionismo abstrato, 99
H
Harajuku, 180
I
Impressionismo, 60
Informatizado, 202
ISO, 222
J
Jazz, 76
L
La garçone, 80
M
Moda conceitual, 27
O
Obras autorais, 272
Op art, 130
P
Paparazzi, 89
Papiermaché, 257
Pop art, 130
Pump, 92
R
Ready-to-wear, 90
Regime Absolutista, 38
Renascimento, 200
Revolução Industrial, 38
Rococó, 39
S
Surrealista, 78
T
Tabelas de medidas, 266
Tailleurs, 89
Trainings, 156
Trompe l´oeil, 257
Tweed, 89
V
Visual Merchandising, 259
Y
Yuppies, 139
SENAI - DEPARTAMENTO NACIONAL
UNIDADE DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA – UNIEP

Felipe Esteves Morgado


Gerente Executivo

Luiz Eduardo Leão


Gerente de Tecologias Educacionais

Fabíola de Luca Coimbra Bomtempo


Coordenação Geral do Desenvolvimento dos Livros Didáticos

Catarina Gama Catão


Apoio Técnico

CENTRO DE TECNOLOGIA DA INDÚSTRIA QUÍMICA E TÊXTIL DO SENAI – SENAI CETIQT

Sérgio Luiz Souza Motta


Diretor Executivo

Fernando Rotta Rodrigues


Diretor de Administração e Finanças

Jair Santiago Coelho


Diretor Técnico em exercício

Paula Celestino de Almeida


Coordenação do Desenvolvimento dos Livros Didáticos

Paulo d’Escragnolle
Elaboração

Gaspar Carlini
Revisão Técnica

Yana Torres de Magalhães


Gerência de Educação

Fernando Celso Garcia da Silveira


Gestão do Conteúdo
Maurício Rocha Bastos
Coordenação do Projeto

Maria Clara Pontes


Rommulo Mendes Carvalho Barreiro
Design Educacional

Gláucia Regina Santos Cunha


Revisão Ortográfica e Gramatical

Claudia Albert
Marina Rosa
Pedro Toste
Paulo d’Escragnolle
Rodrigo Henriqye de Lacerda
Santiago Martins
Eurico Fernandes Figueiredo Neto
Fernanda Cecilia Campos Coimbra
Fotografias, Ilustrações e Tratamento de Imagens

Carlos Magno Xavier Bascelar de Carvalho


Geralda Maria das Graças Prados
Marcelo Souza da Silva
Vitoria Prado dos Santos
Comitê Técnico de Avaliação

Aparecida Valadares Medeiros


Fábio Paiva Ribeiro
Diagramação

Carla Noronha
Normalização

Carla Noronha
Ficha Catalográfica

i-Comunicação
Projeto Gráfico

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