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A. António pretende comprar uma moradia a Bruno pelo preço de 300.000 euros,
procurando, para tal, obter financiamento junto de uma instituição de crédito. Nessa
sede, consegue a celebração de um contrato de crédito à habitação, obtendo, assim,
financiamento na medida de 80 por cento do valor do imóvel adquirido, mas, para tal, a
instituição de crédito exigiu, entre outras garantias, a constituição de uma hipoteca sobre
a moradia.
Não nos cabe desenvolver isto agora, dado que o ano lectivo ainda decorrerá
bastante, permitindo-nos explorar esta questão, mas três destes contratos até se
encontram numa designada situação de união de contratos, em que três deles
estabelecem uma interdependência directa, sem que, todavia, algum deles chegue a
perder a sua individualidade - refiro-me, concretamente, aos contratos de compra e
venda, crédito ao consumo e seguro, unidos por um nexo funcional. Cada um deles
existe na dependência do outro (Júlio não compraria o telemóvel sem o financiamento, e
só celebrou o contrato de seguro porque adquiriu o aparelho), mas todos eles são
perfeitamente individualizáveis, ou seja, não se esbateram as suas fronteiras
caracterizadoras.
O Direito não se torna, neste casamento com outras ciências, numa ferramenta
de simples obtenção de notas de eficiência (embora também considere essa dimensão),
mas cuida, isso sim, de as regular e de lhes oferecer institutos operacionais. No caso em
apreço, ficará evidente como o direito das obrigações é terreno fértil para a actividade
económica, para que os sujeitos jurídicos e económicos conformem a sua conduta e
estabeleçam relações entre si. Resulta, destas breves linhas, que o bom entendimento
dos fenómenos fácticos nasce sempre da perspectiva multidisciplinar.