Você está na página 1de 22

Fundamentos de Análise Linguística

para Formação Docente


Profa. Dra. Tiana Antunes
Módulo 4 - Estudo dos níveis
pragmático, discursivo e breves
questões sobre estilo
Unidade 1 - Pragmática: a linguagem em uso
Notas iniciais

● O sistema linguístico é feito de oposições fônicas, semânticas


e regras combinatórias (ex.: CVC ou CV como sílabas: car - ro).
● Esses itens não conseguem explicar certos fatos da
linguagem.
● Que teoria pode ajudar?
Notas iniciais

● Para Márcia Cançado (2015),


○ a semântica estuda o sistema da língua;
○ a pragmática dedica-se à interpretação da intenção dos
falantes.
● De acordo com Fiorin, a pragmática é a:
○ “Ciência do uso linguístico, [que] estuda as condições que
governam a utilização de sua linguagem, a prática
linguística.” (FIORIN, 2010, p. 166).
Notas iniciais

● Alguns enunciados podem implicar outros.


○ exemplo: Você pode me passar esse pacote? → não é um
questionamento sobre a capacidade, mas um pedido.
● Por que os falantes gostam de falar de modo indireto?
● Como se dá a nossa capacidade de entender não literalmente
uma expressão?
● Essas perguntas são respondidas pela Pragmática.
Notas iniciais

● O que são as motivações pragmáticas?


● Centralidade no uso.
● Pragmática linguística vincula-se, dentre outras áreas, à
filosofia da linguagem e estuda a “relação dos signos com os
intérpretes” (WILSON, 2008, p. 88).
Notas iniciais

● Estudo da natureza pragmática:


○ contexto extralinguístico;
○ fatores socioeconômicos, culturais e afetivos na
comunicação;
○ conhecimento de normas e convenções linguísticas e
sociais;
○ modo como os participantes interagem.
Notas iniciais

● “Quando a linguagem é adquirida, o que se adquire não é pura


e simplesmente uma língua, com suas regras especificamente
linguísticas mas todo o sistema de práticas e valores, crenças
e interesses a ele associados. É neste sentido que podemos
falar da aquisição de uma pragmática.” (MARCONDES, 1992, p.
41 apud WILSON, 2008, p. 89).
Implicaturas conversacionais

● A conversação é regida pela COOPERAÇÃO:


○ cada enunciado tem um objeto ou uma finalidade;
○ nos atos de fala indiretos, deve-se entender o implícito.

● Contribuições de Paul Grice:


● noção de implicatura;
● princípio geral da comunicação (a cooperação).
Implicaturas conversacionais

● IMPLICATURA CONVENCIONAL
○ Exemplo: Ele é aluno de Letras, mas sabe escrever.
Feita dentro do sistema linguístico.
● IMPLICATURA CONVERSACIONAL
○ Exemplo: A defesa da tese de Mário correu bem, não o
reprovaram. (Implícito: a tese não é boa)
Feita pelo contexto extralinguístico.
Implicaturas conversacionais

CATEGORIAS GERAIS PARA COOPERAÇÃO:


1. Máxima da quantidade;
2. Máxima da qualidade;
3. Máxima da relação;
4. Máxima de maneira.
Implicaturas conversacionais

● Críticas ao princípio da cooperação: interações idealizadas.


● Ponto importante: criatividade é dada ao sujeito (aquele que
irá interagir).
Teoria dos atos de fala

● Até a criação da Pragmática, pensava-se nas afirmações como


V ou F porque descreviam um estado de coisas.
○ Exemplo: As nuvens estão brancas. → frase constativa
--------------------------------------
○ Exemplo: Prometo que vou me comportar. →frase
performativa
Teoria dos atos de fala

● "Performativo é todo enunciado que realiza o ato que está


sendo enunciado." (WILSON, 2008, p. 92)
● Para que uma frase seja performativa, ela deve:
○ ser enunciada;
○ ter as condições de enunciação adequadas.
● Por exemplo: se você, estudante, fizer a cerimônia de
casamento de um colega de classe, esta será válida?
Tipos de ato

● Locucionário: ato de dizer;


● Ilocucionário: se realiza na linguagem;
● Perlocucionário: se realiza pela linguagem (efeito dos outros
dois);
○ Ex.: Prometo que telefonarei amanhã.
● Locucionário: enunciar cada elemento da frase;
● Ilocucionário: promessa;
● Perlocucionário: pode ser uma ameaça.
Teorias do ato de fala

● É possível encontrar atos de fala indiretos.


● Exemplo:
○ Enunciado: "Vocês estão com calor?" (pergunta);
○ Possível significação: "Ligue o ar condicionado" (pedido).
Teorias da polidez

● "A polidez está associada aos processos de elaboração de


face (autoimagem pública dos indivíduos), [...] se caracteriza
como recurso de dissimulação de afeto tipo negativo."
(WILSON, 2008, p. 97).
● Dupla orientação: face de quem fala e do outro.
● A face está sempre vinculada às regras sociais e convenções.
Teorias da polidez

● Três regras da polidez:


○ não imponha;
○ dê opções;
○ faça "A" se sentir bem; seja amigável.

● Há variações na polidez, a depender da cultura, das relações


de poder e da distância social.
Teorias da polidez

● Um exemplo:
● "Oi, L. Desculpe-me pela demora na resposta! Estou com um
semestre muitíssimo atribulado. Estive em São Paulo, voltei
anteontem da Argentina, onde fui para um congresso e viajo
domingo para uma reunião em Brasília [...] Uma loucura! E
ainda estou dando aula, orientando, indo para reuniões…
Desculpe-me mesmo. Um beijo grande, A." (WILSON, 2008, p.
104).
Análise da conversação

● Estudo empírico e qualitativo, com uso de manifestações


naturais da conversação.
● Objetivo: verificar traços estáveis da conversação.
● Fatores considerados:
○ contexto;
○ relações interpessoais construídas na interação;
○ tipo de interlocutores (relações simétricas ou não, por
exemplo);
Análise da conversação

○ tipo de conversação: mais espontânea ou mais formal;


○ elementos como, por exemplo, assunto, sequências de fala,
hesitações, pausas.
● Um lembrete: as estratégias de polidez também são relevantes
para a troca (ou não) dos tópicos numa conversa.
Referências

CANÇADO, Márcia. Manual de semântica: noções básicas e exercícios. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2015.

FIORIN, José L. A linguagem em uso. In: FIORIN, José L. (org.). Introdução à linguística: I. objetos teóricos.
São Paulo: Contexto, 2010. Disponível na Biblioteca Digital da UFMS.

WILSON, Victoria. Motivações pragmáticas. In: MARTELOTTA, Mário Eduardo. Manual de Linguística. Editora
Contexto, 2008. 258 p. ISBN 9788572443869. p. 87-110. Disponível na Biblioteca Digital da UFMS.

Você também pode gostar