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Extração líquido-líquido

Carlos Henrique Dantas da Costa1, Francisco Victor de Oliveira Angélico2.

Universidade Federal Rural do Semi-árido, Laboratório de Química, Campus de Caraúbas,


Caraúbas, RN.

Resumo
No método de extração líquido-líquido os componentes de uma mistura líquida são isolados
por meio do contato com um outro líquido, separação que ocorre em virtude de a molécula do
etanol ser anfifílica. Este experimento teve como principal objetivo a realização de uma
extração líquido-líquido para se determinar o teor de etanol em uma amostra de 50 mL de
gasolina, utilizando-se para isso 50mL de água destilada. Ao final do experimento, pôde-se
comprovar que o teor de etanol anidro contido na gasolina usada no experimento está em
conformidade com o que se é fixado por lei.

Palavras-Chave: molécula anfifílica; etanol; polaridade.

Introdução

Solução é uma mistura homogênea de uma ou mais substâncias, a substância em maior


quantidade é normalmente chamada solvente. As outras substâncias na solução são
conhecidas como solutos, dizemos que elas estão dissolvidas no solvente, se o soluto fosse um
sólido ele também seria dissolvido em um determinado solvente (normalmente a água). Então
pode-se definir solvente como o que se deseja extrair da solução. A extração líquido-líquido
utiliza-se das propriedades solventes da água quando é conveniente (Brown et al., 2005).
Segundo Maduro (2005), o processo de separação pode ser mecânico ou difusional. No
primeiro, os equipamentos recebem uma alimentação heterogênea e separa as fases entre si.
Na separação difusional, o equipamento recebe uma alimentação homogênea, havendo uma
transformação difusional de matéria da corrente de alimentação para a corrente do produto.
A água e a gasolina têm propriedades heterogêneas, no entanto a água mistura-se com
o etanol, pois as moléculas polares da água atraem toda a parte polar da gasolina que é o
etanol presente em sua composição, e forma ligações mais 'fortes' que as ligações entre a

1
Discente do curso de Ciência e Tecnologia pela Universidade Federal Rural do Semi-árido – UFERSA. E-mail:
carlos.costa95351@alunos.ufersa.edu.br;
2
Discente do curso de Ciência e Tecnologia pela Universidade Federal Rural do Semi-árido – UFERSA. E-mail:
francisco.angelico@alunos.ufersa.edu.br.
gasolina e o etanol, a partir dessas propriedades pode-se obter o teor de etanol de qualquer
gasolina.
Este trabalho tem como finalidade uma análise e discussão de dados obtidos em uma
extração líquido-líquido realizada em laboratório, com o intuito de observar, analisar, e a
partir do material literário, explicar os fenômenos ocorridos.

Metodologia ou Materiais e Métodos

Para realização do presente experimento foram disponibilizados os materiais e


reagentes listados a seguir:
I. Béquer;
II. Proveta de 100 mL com tampa;
III. Pipeta de pasteur;
IV. Luvas;
V. Óculos de segurança;
VI. Gasolina comum.

A seguir são descritos todos os passos seguidos para a realização do experimento em


questão:
I. Antes de iniciar-se o experimento, aquele que manuseou os materiais e
reagentes do experimento em questão, colocou luvas e óculos de segurança;
II. Dando início ao experimento, com auxílio de um béquer e uma pipeta de
pasteur, colocou-se 50 mL de água na proveta de 100 mL, previamente limpa
e seca, observando-se a parte inferior do menisco;
III. Na capela, com auxílio de um béquer e uma pipeta de pasteur, completou-se
o volume até 100 mL com a amostra de gasolina de forma cuidadosa para
que as fases não se misturassem;
IV. Tampou-se adequadamente a proveta;
V. Fora da capela, misturou-se as camadas de água e gasolina por meio de
inversões na proveta, segurando firmemente para evitar vazamentos;
VI. Manteve-se a proveta em repouso até a separação das fases;
VII. Por fim, anotou-se o aumento da camada aquosa em milímetros.
Resultados e Discussão

Dando início ao procedimento, colocou-se 50 mL de água e, posteriormente, 50 mL de


gasolina na proveta, fazendo inversões para que as soluções se misturassem. Após alguns
minutos em repouso, observou-se a proveta ilustrada na Figura 1 a seguir.

Figura 1. Proveta com 50 mL de água e 50 mL de gasolina após inversões.


Fonte: De autoria própria.

Observando a Figura 1 acima, pode-se notar que o volume de água ocupava 50 mL no


início do experimento e, após as inversões, passou a ocupar 63 mL. Um fato interessante
sobre esse aumento de volume é que, além da água, essa mistura heterogênea também possui
etanol anidro.
Coutinho et al. (2004) afirma que isso ocorre em virtude da característica anfifílica da
molécula de etanol – moléculas em que entidades químicas que possuem afinidade ou repulsa
à água coexistem. As moléculas desse tipo costumam apresentar em áreas moleculares
diferentes, um grupo polar de nominado por “cabeça” e um grupo apolar nominado por
“cauda”, conforme ilustra a Figura 2 a seguir.
Figura 2. Molécula de etanol.
Fonte: De autoria própria.

Diante da estrutura molecular que o etanol possui, o mesmo é solúvel tanto em água
quanto em gasolina, porém o etanol é infinitamente mais solúvel em água. Isso ocorre graças
ao grupo OH presente na “cabeça” desta molécula, que realiza ligações de hidrogênio com as
moléculas de água. Uma vez que a ligação de hidrogênio é considerada a força intermolecular
mais forte, quando misturamos a gasolina e a água, o etanol presente na gasolina acaba sendo
extraído pela água, conforme ilustra a Figura 1 (BROWN, LEMAY e BURSTEN, 2006, p.
473).
Calculando o percentual de etanol na gasolina através de uma simples regra de três,
tem-se:

50 – 100%
13 - x
50x = 1300
x = 1300/50 = 26%.

De acordo com o Conselho Interministerial do Açúcar e Álcool (CIMA), o percentual


obrigatório de adição de etanol anidro na gasolina comum é de 27%. Diante dos cálculos
expressos anteriormente, pôde-se constatar o percentual de 26 % de teor de etanol na gasolina
analisada no experimento, corroborando com a afirmação de que a gasolina analisada segue os
padrões exigidos pelos órgãos responsáveis (Brasil, 2015).
Conclusões

A partir dos valores obtidos evidenciou-se que extração líquido-líquido, apesar de ser
simples, é uma técnica bastante eficiente e com um grau de confiança elevado, uma vez que
tem poucas fontes de erro quando se trata de manipulação humana. Observou-se também que
o teor de etanol obtido por meio da análise da amostra de gasolina está dentro do limite
permitido para gasolina comum de acordo com a legislação.
Vale enfatizar os malefícios advindos pela utilização de uma gasolina adulterada,
como: o entupimento dos bicos injetores; contaminação de sensores; saturação filtros e até
estrago da bomba de combustível.

Referências Bibliográficas

BROWN, T. L.; LEMAY, E.; BURSTEN, B. E. Química – A Ciência Central. 9ª ed.


Pearson, São Paulo, 2006.

LEGIS WEB. Legis Web, 2015. Legislação federal. Disponível em:


<https://www.legisweb.com.br/legislacao/?id=281774>. Acesso em: 01 de maio de 2022.

MOUTINHO, Carla G; MATOS, Carla; ALMEIDA, Cristina V; BALCÃO, Victor M.


Moléculas anfifílicas – e formação de agregados supramoleculares: micelas e lipossomas.
Repositório Institucional da Universidade Fernando Pessoa. [S.I.] 2004. Disponível em:
<https://bdigital.ufp.pt/bitstream/10284/10320/1/21-46_FCS1-2004.pdf>. Acesso em: 01 de
maio de 2022.

MADURO, R. M. Equilíbrio liquid – líquido em sistemas Nicotina+ Água + Extratante.


Dissertação (Mestrado em Engenharia Química) – Faculdade de Engenharia Química,
Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2005.

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