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Conceito Halliwick

FISIOTERAPIA AQUÁTICA
PROFª JULIANA FURTADO
HISTÓRICO

James Mc Millan, engenheiro mecânico canadense,


nadador e professor de natação;

Escola Halliwick para meninas deficientes em Londres;

Conceito é baseado tanto nos princípios hidrodinâmicos


quanto na mecânica corporal.
HISTÓRICO

Com o aprendizado, as meninas melhoraram auto


estima, postura e respiração;

O conceito foi difundido no início da década de 70,


quando seu criador foi convidado a ensinar o método na
Suíça.
Halliwick

É uma estratégia de ensino que prioriza a prática de


atividades aquáticas, a movimentação independente na
água e a natação;

Aplicado em qualquer indivíduo, principalmente àqueles


que apresentam dificuldades físicas ou de aprendizado.
Halliwick

•Deve enfatizar as habilidades dos pacientes e não suas


limitações;

•Atividade prazerosa;

•Objetivo: é a independência do indivíduo dentro


d’água;

•Indicado para indivíduos de todas as idades, com


qualquer deficiência e grau de comprometimento.
O Conceito Halliwick

Adapta-se às formas e densidades alteradas do


indivíduo deficiente, iniciando com a entrada do
paciente na piscina e termina com sua saída;

O aprendizado obtido nas práticas aquáticas


corresponde a uma aprendizado extremamente
significativo em terra.
Programa de Dez Pontos

•Processo de aprendizagem psicomotora;


•Ajuste mental;
•Restauração do equilíbrio;
•Inibição;
•Facilitação.
O paciente deve...

•Acostumar-se com o meio – ajuste mental;


•Aprender a equilibrar-se nele;
•Em geral são utilizados movimentos amplos de
extremidades – restauração do equilíbrio ;
•Posteriormente inibidos - inibição;
•Para facilitar movimentos funcionais - facilitação.
Método Halliwick

Pode ser utilizado para adaptar, avaliar ou tratar o


indivíduo na água, e não é obrigatório seguir a
sequência dos pontos;

Preferência: piscina de diferentes profundidades; nível


da água estar na altura de T11;

Preconiza-se exercitar ambos os lados, buscando


simetria.
Por que não são utilizados flutuadores?

Porque:

Mantêm a face fora da água, portanto o controle


respiratório, geralmente não é dominado;

Mantêm a cabeça fora d’água, resultando em uma falta


de aprendizagem da posição corpórea;
Por que não são utilizados flutuadores?

Inibem aprendizagem e execução de algumas


habilidades, como submergir e rolar;

Não corrigem assimetrias e agravam o problema de


aprendizagem do controle de movimentos rotacionais
não desejáveis;

Induzem falso senso de segurança e dependência


excessiva;
Por que não são utilizados flutuadores?

Às vezes são perigosos, pois podem manter a face do


paciente dentro d’água, furar, quebrar ou escorregar;

Permitem que indivíduos que necessitam de órteses,


muletas ou andadores experimentem a liberdade na
água;

Não são adaptáveis quanto a ajuda do terapeuta.


FLUTUADORES APENAS SÃO UTILIZADOS SE A INTENÇÃO
FOR DESESTABILIZAR O PACIENTE!
Estágio I – Ajuste mental

Ajustamento mental
– Objetivo: acostumar-se ao novo ambiente;
– O fisioterapeuta deve: transmitir segurança;
manter contato físico e visual com o paciente;
verificar as melhores entradas e saídas da piscina,
enfatizar o controle respiratório tanto oral quanto
nasal.
Estágio I – Ajuste mental

Ajustamento mental

– Não se faz apnéia, aumento de espasticidade;


– Explorar posições verticais;
– Acostumar o paciente ao contato da água com
olhos e orelhas, observando as expressões do
paciente.
Estágio I – Ajuste mental

Uma vez na água, deve aprender a responder


apropriadamente a este novo ambiente, situações ou
tarefas. A adaptação mental é um processo contínuo
sempre presente em todo o Programa.
Por exemplo: aprender o controle da respiração pode
começar como uma habilidade específica de apenas
assoprando a superfície da água, mas que depois passa
a ser combinada a outra determinada habilidade.

Por exemplo: sentar no fundo da piscina e soltar o ar


pela boca e/ou nariz.
Elementos específicos da adaptação

Relaxamento
Indicadores de pouca adaptação:
•Tensão;
•Agarrar;
•Olhos fechados;
•Prender a respiração;
•Extensão da cervical e cabeça;
•Rosto seco;
•Ombros fora da água;
•Muito falante ou muito quieto;
•Atitudes opostas ao comportamento usual.
Observações sobre o Controle da
Respiração

O controle da respiração é elemento vital em todos


os aspectos do trabalho na piscina. Inspirar é uma
reação automática, a expiração oral e nasal deve ser
controlada por questões de segurança: expirar evita
a inalação de água;

A expiração deve ser automática toda vez que o


rosto se aproximar da água.
O controle da respiração estabelece:
•Momento;
•Ritmo;
•Ajuste de acordo com a demanda e atividade;
•Possibilita um padrão regular e relaxado.
Estágio I – Ajuste mental

Ajustamento mental
Estágio I – Ajuste mental

Desprendimento

– Objetivo: executar as posições verticais, mover-se


sem apoio físico ou visual;
– Permitir ao paciente diminuir gradativamente o
contato visual e manual com o fisioterapeuta;
– O paciente se desprende a medida que se sente
mais seguro;
– Está presente em todos os pontos do Halliwick.
Estágio I – Ajuste mental

É um processo contínuo no qual o paciente torna-se


física e mentalmente independente.

Por exemplo: um paciente que tem medo da água, no


início, necessitará de muito apoio: físico, visual e verbal.

Mas quando se torna mais confiante, menos apoio será


oferecido progredindo com o desligamento do instrutor.
Estágio I – Ajuste mental

Tipos de desprendimento
•De um instrutor em particular;
•Da borda e do fundo da piscina;
•De um grupo. Progredindo para um grupo mais
avançado;
•Ficar independente na água;
•Desligamento do setor e da unidade.
Estágio I – Ajuste mental

Desprendimento
Estágio II – Restauração do Equilíbrio

Controle da rotação sagital

– Objetivo: Controlar a rotação ao redor do eixo


sagital do corpo;
– Todo movimento lateral de cabeça induz
movimentos contralaterais de MMII;
– Durante movimentos laterais de MMSS e MMII ,
ocorrem reações contralaterais, a velocidade inibe
movimentos laterais.
Estágio II – Restauração do Equilíbrio

É a habilidade de controlar movimentos laterais ao


redor do eixo sagito-transversal.

Por exemplo: na posição vertical colocar um ouvido na


água, ou movimentos de transferência do peso corporal
para os lados direito e esquerdo, alternadamente.
Estágio II – Restauração do Equilíbrio

Controle da rotação sagital


Estágio II – Restauração do Equilíbrio

Controle da rotação transversal

– Objetivo: controlar a rotação ao redor do eixo


transverso do corpo, permitindo, portanto, a
transição de sentado para supino;
Estágio II – Restauração do Equilíbrio

É a habilidade de controlar movimentos ao redor do


eixo fronto-transversal.

Por exemplo: na posição vertical, inclinar-se à frente e


soprar bolhas na água, ou ser capaz de manter a posição
em pé sem desequilibrar para frente ou para trás; até
mesmo da posição de flutuação de costas mover-se à
posição em pé.
Estágio II – Restauração do Equilíbrio

Controle da rotação transversal


Estágio II – Restauração do Equilíbrio

Controle da rotação longitudinal

– Objetivo: controlar a rotação ao redor do eixo


longitudinal, a partir de supino executa-se 360º de
rotação para ambos os lados.
Estágio II – Restauração do Equilíbrio

É a habilidade de controlar movimentos ao redor do


eixo sagito-frontal. Seja na posição vertical ou em
flutuação na horizontal.

Por exemplo: na vertical girar no mesmo lugar, ou


flutuando em prono, com o rosto na água, rolar para a
posição de supino.
Estágio II – Restauração do Equilíbrio

Controle da rotação longitudinal


Estágio II – Restauração do Equilíbrio

Controle da rotação combinada

– Objetivo: controlar a rotação transversal e


longitudinal ao mesmo tempo.

– É a habilidade de controlar movimentos quando


da combinação de qualquer rotação.
Estágio II – Restauração do Equilíbrio

Por exemplo: da posição sentada na borda, entrar na


água rolando transversal e longitudinalmente, até a
posição de flutuação de costas (supino), ou readquirir
uma posição estável, em flutuação de costas, após
desequilibrar à frente.
Estágio II – Restauração do Equilíbrio

Controle da rotação combinada


Estágio II – Restauração do Equilíbrio

Inversão mental / empuxo

– O paciente deve perceber que neste ponto, o


corpo se mantém na superfície em razão da força
de empuxo;
– A expiração deve ser realizada lentamente;
– Embaixo d’água , os olhos devem estar abertos,
neste ponto, o paciente é independente na água,
embora não saiba nadar.
Estágio II – Restauração do Equilíbrio

Chamada por McMillan de inversão mental, porque o


paciente deve inverter seu pensamento e perceber que
flutua com a ação do empuxo e não afunda com a ação da
gravidade.

Atividades de submersão são ensinadas oferecendo a


possibilidade de experimentar a ação do empuxo e a noção
de como é difícil permanecer embaixo d’água.
Estágio II – Restauração do Equilíbrio

Exemplos de empuxo são: o paciente retira seus pés do


fundo da piscina e percebe que a água pode sustentá-lo,
ou ao recolher objetos do fundo da piscina nota que o
empuxo o “empurra” de volta à superfície.
Estágio II – Restauração do Equilíbrio

Inversão mental / empuxo


Estágio III - Inibição

Equilíbrio estático

– O paciente deve manter-se em uma posição


evitando movimentos amplos de extremidades;
– Treino de equilíbrio – turbulência e efeito
metacêntrico;
– O equilíbrio é alterado por densidade e forma.
Estágio III - Inibição

A habilidade de manter-se imóvel na água e depende de


ambos: controle do equilíbrio físico e mental.

Flutuação é um exemplo de equilíbrio e imobilidade.


Quando em equilíbrio, outras atividades podem ser
realizadas mais facilmente.
Estágio III - Inibição

Equilíbrio estático
Estágio III - Inibição

Deslizamento turbulento
– O paciente deve manter-se na posição supino com
os MMSS ao lado do tronco, enquanto seu corpo é
deslizado na superfície da água pelo
fisioterapeuta, que realiza turbulência na região
cervical do paciente;

– O paciente deve manter-se simétrico - ombros na


superfície – e deve manter joelhos e quadris em
extensão.
Estágio III - Inibição

Na posição de flutuação de costas o paciente é


movimentado através da água pelo instrutor sem
nenhum contato físico entre eles;

Isto é possível quando o instrutor faz turbulência em


baixo do ombro do paciente ao mesmo tempo em que
caminha para trás. O paciente tem que controlar
rotações indesejadas e não realiza qualquer movimento
de propulsão.
Estágio III - Inibição

Deslizamento turbulento
Estágio IV - Facilitação

Progressão simples

– O paciente desliza em supino na superfície da


água, utilizando movimentos de extremidades
superiores;
– Flexo-extensão do punho, simétrico, contínuo,
próximos aos quadris, embaixo d’água;
– Com o aumento da velocidade, os MMII tendem à
superfície.
Estágio IV - Facilitação

Movimento básico
– O paciente também deve deslizar em supino na
superfície da água, porém o movimento é mais
amplo;

– Movimento de flexo-extensão de punhos,


cotovelos e ombros;

– A propulsão deve ser o mais eficiente possível e


simétrica, não é permitido espirrar água.
Estágio IV - Facilitação

São movimentos básicos de propulsão, podem ser com


braços, pernas ou mesmo com o tronco.

Por exemplo: na posição de flutuação horizontal (supino)


aplaudir as coxas ou mesmo movimentos de remos com
as mãos.
Estágio IV - Facilitação

Os movimentos básicos de natação requerem


coordenação e mais complexidade, pois pode envolver
elevar os braços fora da água e deslizar.

Por exemplo: na posição de flutuação de costas com os


braços ao lado do corpo, traga-os rente à superfície da
água até a altura dos ombros depois, na água, mova-os
até o lado do corpo, deslize e comece novamente o
movimento.
Estágio IV - Facilitação

Progressão simples e Movimento básico


O conceito Halliwick

É eficiente como abordagem para ensinar pessoas a


participar de atividades aquáticas, a mover com
independência e nadar.

O sucesso de seus resultados deve-se ao Programa dos


Dez Pontos que estrutura o trabalho a ser desenvolvido
na água.
Programa dos Dez Pontos melhora habilidades para
iniciar e executar movimentos e atividades difíceis de
serem realizadas em solo, mas possíveis na água.

Assim, respostas a maiores e melhores movimentos e


sua organização são observadas consistentemente.
A viscosidade da água resiste e diminui a velocidade do
movimento dando tempo ao paciente de recuperar o
equilíbrio com pouca intervenção do instrutor, o que
contribui para a independência na água.
Habilidades recentemente adquiridas na água podem
ser praticadas, repetidas e integradas no solo.

Assimetrias e reações associadas induzem rotações


indesejadas do corpo, o Halliwick, através do controle
das rotações demanda movimentos diferenciados e
torna óbvia a melhora do alinhamento corporal.
Por haver risco menor de se machucar ou sofrer quedas
em superfícies duras, o medo de cair é reduzido e
aprender atividades como: o equilíbrio vertical e
reeducação da marcha são facilitadas.
Em imersão processos sensório/perceptivo são
estimulados repercutindo em coordenação eficaz,
orientação espacial e compreensão geral.

Atividades em grupos promovem habilidades sociais,


conversas, comunicação e oportunidade para aprender
regras, ganhar e perder através de jogos e competições.
Ir para a piscina proporciona estímulo a um número de
atividades distintas antes e depois de entrar na água.
Por exemplo: fazer a mala, o deslocamento, despir-se e
vestir-se.

A água possibilita uma ampla variedade de exercício e


atividades com o mesmo objetivo. Por si só, é um
elemento lúdico que motiva e traz desafios,
especialmente em tratamento de longo prazo.
Pessoas que apresentam limitações específicas podem
receber atenção especial às áreas do movimento,
motricidade, amplitudes, coordenação, planejamento,
força, histamina, capacidade respiratória, controle oral e
habilidades físicas.
Na água, os apoios fornecidos pelos instrutores são
aplicados em pontos específicos permitindo ao nadador
a organização de movimentos, estabilidade e tempo
para recuperar seu equilíbrio com pouca intervenção.
O Halliwick introduz um novo fator ambiental para se
trabalhar estratégias no movimento e controle do
equilíbrio de forma -experimentam o sucesso,
melhorando sua autoimagem, os que têm
comportamento desafiante beneficiam-se tendo sua
energia canalizada dentro de uma atividade com
objetivo e propósito definidos.
O conceito Halliwick é um guia ou uma ferramenta para
intensificar e programar de abordagens múltiplas.

A água é lúdica, excitante e tranquilizante, permite a


liberdade de movimento, experimentar o corpo de uma
forma diferente, desenvolver o contato social. Isso é
extremamente motivador!

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