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BDI-II, GDS-30, HADAS, CDI / CDI-II

Justifique do ponto de vista clínico e psicométrico a inclusão do BDI-II nos


protocolos de avaliação psicológica.
O BDI-II (Inventário de Depressão de Beck - Segunda Edição) é um instrumento
amplamente utilizado na avaliação clínica e psicométrica da depressão. Sua
inclusão nos protocolos de avaliação psicológica é justificada por vários motivos
clínicos e psicométricos:

1. Validade clínica: O BDI-II é um instrumento validado que mede a gravidade


dos sintomas de depressão. Ele foi desenvolvido com base em uma extensa
pesquisa e tem demonstrado alta sensibilidade e especificidade na deteção
e avaliação da presença e intensidade da depressão em diferentes contextos
clínicos.

2. Ampla aplicabilidade: O BDI-II pode ser aplicado em uma variedade de


populações, incluindo adolescentes e adultos. Ele abrange uma ampla gama
de sintomas relacionados à depressão, permitindo uma avaliação abrangente
das dimensões cognitivas, afetivas e somáticas da condição depressiva.

3. Utilidade na triagem: O BDI-II é uma ferramenta útil na triagem de indivíduos


com suspeita de depressão. Ele pode auxiliar na identificação inicial de
sintomas depressivos, permitindo encaminhamentos adequados para uma
avaliação mais aprofundada e intervenção clínica.

4. Monitoramento do progresso: O BDI-II também pode ser usado para


monitorar a eficácia do tratamento ao longo do tempo. Ao administrar o BDI-
II em diferentes momentos durante o processo terapêutico, os profissionais
de saúde podem avaliar a evolução dos sintomas e ajustar as intervenções
de acordo com as necessidades do paciente.

5. Base psicométrica sólida: O BDI-II foi submetido a extensos estudos


psicométricos, demonstrando boas propriedades psicométricas, como
validade de construto, confiabilidade e consistência interna. Isso significa que
o instrumento mede adequadamente os construtos que se propõe a avaliar e
fornece resultados confiáveis e consistentes.

6. Comparabilidade internacional: O BDI-II está disponível em diferentes


idiomas e tem sido utilizado internacionalmente, permitindo comparações
transculturais. Isso é importante para pesquisas e estudos que envolvem
amostras de diferentes origens culturais e para a padronização de resultados
em diferentes contextos clínicos.

No entanto, é importante destacar que o BDI-II é apenas uma ferramenta de


avaliação e não deve ser usado como único critério para diagnosticar a
depressão. O diagnóstico clínico deve ser realizado por profissionais de saúde
qualificados, levando em consideração uma avaliação clínica abrangente, que
inclui a entrevista clínica, observação do comportamento e outros instrumentos
de avaliação complementares, além do contexto individual do paciente.
O que é necessário fazer do ponto de vista da investigação e da clínica
para controlar problemas e limites na utilização do BDI-II.

Para controlar problemas e limites na utilização do BDI-II, tanto do ponto de


vista da investigação quanto da clínica, é importante considerar as seguintes
medidas:

1. Realizar estudos de validação e adaptação cultural: Embora o BDI-II seja


amplamente utilizado e tenha evidências de validade e confiabilidade, é
essencial continuar realizando estudos de validação e adaptação cultural em
diferentes populações. Isso ajudará a garantir que o instrumento seja válido
e preciso em contextos específicos e com diferentes grupos de pessoas.

2. Considerar a singularidade de cada indivíduo: O BDI-II é um instrumento


padronizado, mas é importante lembrar que cada pessoa é única. Os clínicos
devem considerar as características individuais dos pacientes ao interpretar
os resultados do BDI-II, levando em conta fatores como idade, cultura, nível
educacional e condições clínicas coexistentes. Isso permitirá uma avaliação
mais abrangente e precisa da sintomatologia depressiva.

3. Complementar com outras fontes de informação: O BDI-II não deve ser


utilizado isoladamente como critério diagnóstico para a depressão. É
fundamental combinar os resultados do BDI-II com informações obtidas por
meio de entrevistas clínicas, observação do comportamento, histórico médico
e outros instrumentos de avaliação complementares. Isso ajudará a obter
uma imagem mais completa e aprofundada do estado emocional do
indivíduo.

4. Considerar a temporalidade e contexto dos sintomas: O BDI-II é um


instrumento que avalia os sintomas de depressão em um determinado
momento. No entanto, os sintomas podem variar ao longo do tempo e em
diferentes contextos. Portanto, é importante levar em consideração a
temporalidade dos sintomas e considerar o contexto no qual eles ocorrem.
Isso pode exigir a utilização de medidas de acompanhamento e avaliações
repetidas ao longo do tempo.

5. Capacitar os profissionais de saúde: É fundamental fornecer treinamento


adequado aos profissionais de saúde sobre a administração, interpretação e
limitações do BDI-II. Isso garantirá que o instrumento seja utilizado
corretamente, levando em consideração os aspetos clínicos e psicométricos.

6. Integrar múltiplas fontes de informação: A avaliação da depressão deve ser


baseada em uma abordagem multimétodo, integrando diferentes fontes de
informação, como a perspetiva do paciente, a observação clínica e a opinião
de familiares ou cuidadores. Isso ajudará a obter uma visão mais abrangente
e precisa da condição do indivíduo.

Ao adotar essas medidas, tanto no contexto da pesquisa quanto na prática


clínica, é possível controlar problemas e limites na utilização do BDI-II,
aprimorando sua aplicação e garantindo uma avaliação mais precisa e
abrangente da depressão.

Como integrar dados de inventários de depressão (BDI-II, HADAS) na


formulação e conceptualização do caso (Relatório Psicológico)?
A integração dos dados de inventários de depressão, como o BDI-II e o HADAS
(Hospital Anxiety and Depression Scale), na formulação e conceptualização do
caso em um Relatório Psicológico pode ser feita de diversas maneiras. Aqui
estão algumas sugestões de como realizar essa integração:

1. Contextualize os resultados: Comece fornecendo uma descrição dos


inventários de depressão utilizados, destacando suas características,
propriedades psicométricas e o contexto em que foram aplicados. Isso ajuda
a situar os leitores do relatório em relação aos instrumentos utilizados.

2. Apresente os resultados de forma clara: Forneça uma síntese dos resultados


dos inventários de depressão, destacando as pontuações totais e/ou
subescalas relevantes. Use gráficos, tabelas ou resumos descritivos para
tornar os resultados mais acessíveis e compreensíveis.

3. Interprete os resultados: Vá além dos números e interprete os resultados dos


inventários de depressão à luz do contexto clínico do indivíduo. Considere a
gravidade dos sintomas, as áreas afetadas e as especificidades dos
inventários utilizados. Discuta as implicações clínicas dos escores obtidos,
levando em consideração os pontos de corte recomendados para cada
inventário.

4. Integre com outras informações: Relacione os resultados dos inventários de


depressão com outras informações coletadas, como entrevistas clínicas,
observações comportamentais e histórico médico. Destaque convergências
e divergências entre os diferentes dados e discuta como essas informações
se complementam para uma compreensão mais abrangente do caso.

5. Explore a função dos sintomas: Além de relatar os sintomas identificados


pelos inventários de depressão, tente entender a função que esses sintomas
podem desempenhar na vida do indivíduo. Por exemplo, discuta se os
sintomas estão relacionados a uma resposta adaptativa a eventos
estressantes ou se representam um transtorno de humor mais grave.

6. Formule hipóteses e planos de tratamento: Com base na integração dos


dados dos inventários de depressão, desenvolva hipóteses sobre os fatores
que contribuem para a depressão do indivíduo. Use essas hipóteses para
formular um plano de tratamento adequado, considerando intervenções
terapêuticas e abordagens que possam abordar os sintomas específicos
identificados nos inventários.
7. Seja cuidadoso com generalizações: Lembre-se de que os inventários de
depressão fornecem informações em um ponto específico do tempo e não
devem ser considerados isoladamente como um diagnóstico definitivo. Use
os dados dos inventários como parte de uma avaliação clínica mais ampla e
contextualize-os adequadamente.

Ao integrar os dados dos inventários de depressão na formulação e


conceptualização do caso em um Relatório Psicológico, é importante fornecer
uma visão abrangente e multidimensional do indivíduo, considerando os
resultados dos inventários em conjunto com outras informações clínicas e
contextuais relevantes.

Que tipo de dados/indicadores podem ser úteis para incluir num Relatório
Psicológico?
Um Relatório Psicológico pode incluir uma variedade de dados e indicadores,
dependendo do objetivo da avaliação e do contexto específico do caso. Aqui
estão alguns tipos de dados e indicadores frequentemente incluídos em um
Relatório Psicológico:

1. Informações de identificação: Inclui dados básicos sobre o indivíduo


avaliado, como nome, idade, sexo, profissão, estado civil, entre outros.

2. Motivo da avaliação: Descreve o motivo específico pelo qual o indivíduo


está buscando avaliação psicológica. Pode incluir queixa principal,
sintomas específicos, questões emocionais ou comportamentais,
dificuldades interpessoais, entre outros.

3. História clínica e psicossocial: Explora a história de vida do indivíduo,


incluindo antecedentes médicos, tratamentos anteriores, histórico familiar
relevante, eventos estressantes, traumas, histórico educacional,
ocupacional e relacional. Essas informações ajudam a compreender o
contexto do indivíduo e sua trajetória de vida.

4. Entrevista clínica: Descreve as observações e informações obtidas


durante a entrevista clínica com o indivíduo. Isso inclui uma descrição das
interações, comportamentos, expressões emocionais, comunicação
verbal e não verbal e quaisquer outros aspetos relevantes.

5. Resultados de testes psicológicos: Inclui os resultados de testes


psicológicos utilizados durante a avaliação. Isso pode abranger
inventários, escalas, questionários, testes de personalidade, testes
cognitivos, entre outros. Os resultados são interpretados e discutidos em
relação ao perfil psicológico do indivíduo.
6. Observações comportamentais: Descreve observações de
comportamentos relevantes feitas durante a avaliação. Isso pode incluir
características físicas, habilidades sociais, comportamentos de risco,
habilidades de enfrentamento, comportamentos de autossabotagem,
entre outros.

7. Formulação do caso: É uma descrição abrangente que integra os


diferentes dados coletados para formular uma compreensão
compreensiva do caso. A formulação do caso pode incluir hipóteses sobre
os fatores que contribuem para as dificuldades do indivíduo, incluindo
fatores biológicos, psicológicos, sociais e ambientais.

8. Diagnóstico (se aplicável): Se houver critérios diagnósticos relevantes,


pode ser incluído um diagnóstico psicológico formal de acordo com o
sistema de classificação, como o DSM-5 (Manual Diagnóstico e
Estatístico de Transtornos Mentais).

9. Recomendações e plano de tratamento: Com base na avaliação, são


fornecidas recomendações para o tratamento ou intervenção apropriada.
Isso pode incluir sugestões para terapia individual, terapia de grupo,
medicação, intervenções psicossociais, encaminhamentos a outros
profissionais de saúde, entre outros.

É importante adaptar o conteúdo do Relatório Psicológico às necessidades


específicas do caso e às solicitações dos envolvidos, como o paciente,
familiares, equipe multidisciplinar ou instituição solicitante. A clareza,
objetividade e ética profissional são fundamentais ao elaborar um Relatório
Psicológico, garantindo que as informações sejam precisas e úteis para o
propósito da avaliação.

CDI/CDI-II: que implicações é possível retirar relativamente aos seus


conteúdos (dimensões, itens), estrutura fatorial e pontos-de-corte?
O CDI (Children's Depression Inventory) e o CDI-II (Children's Depression
Inventory, 2nd edition) são inventários de autorrelato utilizados para avaliar
sintomas de depressão em crianças e adolescentes. Vou fornecer informações
sobre os conteúdos, estrutura fatorial e pontos-de-corte desses instrumentos:

Conteúdos e Dimensões: O CDI e o CDI-II consistem em uma série de itens que


abordam uma variedade de sintomas relacionados à depressão em crianças e
adolescentes. Esses itens avaliam aspetos cognitivos, emocionais e
comportamentais da depressão. Exemplos de dimensões frequentemente
consideradas nos inventários incluem humor deprimido, autoavaliação negativa,
distúrbios do sono, isolamento social, falta de prazer nas atividades e ideação
suicida.
Estrutura Fatorial: Tanto o CDI quanto o CDI-II possuem estruturas fatoriais que
foram identificadas por meio de análises estatísticas. A estrutura fatorial se refere
à organização dos itens em fatores ou subescalas que representam diferentes
aspetos da depressão. No CDI, uma estrutura fatorial de duas ou três dimensões
tem sido encontrada, com os fatores mais comumente denominados de humor
deprimido e problemas interpessoais. O CDI-II também apresenta uma estrutura
fatorial comumente composta por fatores semelhantes, mas pode variar de
acordo com as amostras e os estudos realizados.

Pontos-de-corte: Os pontos-de-corte são utilizados para determinar níveis de


gravidade dos sintomas de depressão com base nas pontuações totais obtidas
no inventário. Esses pontos-de-corte podem variar dependendo do estudo, da
população avaliada e dos objetivos clínicos. É importante considerar que os
pontos-de-corte são apenas referências e não devem ser usados como critérios
diagnósticos definitivos.

Os pontos-de-corte podem ajudar a classificar os indivíduos em categorias de


gravidade, como ausência de sintomas significativos, sintomas leves,
moderados ou graves. Eles fornecem uma indicação inicial dos níveis de
depressão, mas devem ser interpretados juntamente com outras informações
clínicas e contextuais.

É importante ressaltar que a interpretação dos resultados dos inventários,


incluindo conteúdos, estrutura fatorial e pontos-de-corte, deve ser realizada por
profissionais de saúde mental qualificados, como psicólogos ou psiquiatras. A
avaliação completa e a consideração de múltiplas fontes de informação são
fundamentais para uma compreensão abrangente e precisa dos sintomas de
depressão em crianças e adolescentes.

Justifique do ponto de vista clínico e psicométrico a inclusão do GDS-30


nos protocolos de avaliação psicológica.
A inclusão do GDS-30 (Escala de Depressão Geriátrica de 30 Itens) nos
protocolos de avaliação psicológica é justificada por várias razões clínicas e
psicométricas, especialmente quando se trata de avaliar a depressão em idosos:

1. Validade clínica: O GDS-30 é um instrumento validado especificamente para


avaliar a depressão em idosos. Ele foi desenvolvido levando em
consideração as particularidades dessa população, incluindo sintomas
comuns de depressão em idosos e ajustes nas questões para torná-las mais
adequadas para essa faixa etária. Portanto, sua inclusão é relevante para
uma avaliação precisa e sensível dos sintomas de depressão em idosos.

2. Sensibilidade aos sintomas de depressão em idosos: O GDS-30 aborda uma


ampla gama de sintomas relacionados à depressão, levando em
consideração os sintomas psicológicos, afetivos, cognitivos e
comportamentais específicos de idosos. Ele pode capturar sintomas
frequentemente encontrados nessa faixa etária, como perda de interesse,
alterações no sono e apetite, isolamento social e sentimentos de
desesperança.

3. Facilidade de aplicação: O GDS-30 é relativamente fácil de administrar e


pode ser utilizado em diversos contextos clínicos, incluindo hospitais,
clínicas, asilos e estudos de pesquisa. Suas questões são claras e diretas,
facilitando a compreensão e a resposta por parte dos idosos, mesmo aqueles
com dificuldades cognitivas leves.

4. Utilidade na triagem: O GDS-30 pode ser usado como uma ferramenta de


triagem para identificar rapidamente a presença de sintomas depressivos em
idosos. Sua inclusão nos protocolos de avaliação psicológica permite a
deteção precoce de sinais de depressão, possibilitando intervenções
adequadas e encaminhamentos para avaliações mais aprofundadas.

5. Propriedades psicométricas: O GDS-30 possui sólidas propriedades


psicométricas, como validade de construto, confiabilidade e consistência
interna. Foi submetido a estudos que demonstram sua capacidade de medir
adequadamente os sintomas de depressão em idosos, bem como sua
estabilidade e consistência ao longo do tempo.

6. Contribuição para o planejamento do tratamento: O GDS-30 pode auxiliar os


profissionais de saúde na formulação de planos de tratamento
individualizados para idosos com depressão. Ao fornecer uma medida
objetiva dos sintomas, ele ajuda a monitorar o progresso ao longo do tempo
e avaliar a eficácia das intervenções terapêuticas.

Em resumo, a inclusão do GDS-30 nos protocolos de avaliação psicológica é


fundamentada em suas propriedades psicométricas sólidas, validade clínica
para a população idosa e utilidade na triagem e monitoramento da depressão
em idosos. No entanto, assim como com qualquer instrumento de avaliação, é
importante interpretar os resultados do GDS-30 em conjunto com uma avaliação
clínica abrangente, considerando o contexto individual do paciente.

Justifique do ponto de vista clínico e psicométrico a inclusão do CES-D


nos protocolos de avaliação psicológica.
O CES-D (Center for Epidemiologic Studies Depression Scale) é um inventário
de autorrelato amplamente utilizado para avaliar sintomas de depressão em
populações adultas. Sua inclusão nos protocolos de avaliação psicológica pode
ser justificada do ponto de vista clínico e psicométrico pelos seguintes motivos:

Justificativa Clínica:

1. Rastreamento e triagem de sintomas de depressão: O CES-D é um


instrumento de triagem eficaz para identificar a presença e a gravidade de
sintomas depressivos em pacientes. Ele permite que os clínicos obtenham
uma visão inicial dos sintomas depressivos e determinem a necessidade de
uma avaliação mais aprofundada.

2. Monitoramento de mudanças ao longo do tempo: O CES-D pode ser usado


para monitorar a evolução dos sintomas depressivos ao longo do tempo
durante o tratamento ou intervenção. Isso possibilita a avaliação do
progresso do paciente e a eficácia das intervenções, auxiliando na tomada
de decisões clínicas.

3. Identificação de fatores de risco: O CES-D pode ajudar a identificar fatores


de risco associados à depressão, como a presença de sintomas específicos,
desencadeantes ou comorbidades. Isso permite uma compreensão mais
aprofundada dos fatores que contribuem para a depressão e ajuda no
planejamento do tratamento adequado.

Justificativa Psicométrica:

1. Evidências de validade e confiabilidade: O CES-D tem sido


extensivamente estudado e possui sólidas evidências de validade e
confiabilidade psicométrica. Estudos têm demonstrado que o inventário
possui boas propriedades psicométricas, incluindo validade de conteúdo,
validade discriminante, validade convergente e confiabilidade consistente.

2. Estrutura fatorial bem estabelecida: O CES-D tem uma estrutura fatorial


bem estabelecida, composta por quatro fatores principais: humor
deprimido, falta de interesse/retirada, dificuldades interpessoais e
sintomas somáticos. Essa estrutura fatorial ajuda a compreender a
multidimensionalidade da depressão e permite uma avaliação abrangente
dos sintomas.

3. Normas de referência: O CES-D possui normas de referência


estabelecidas para diferentes populações, permitindo uma comparação
dos escores individuais com grupos de referência apropriados. Isso facilita
a interpretação dos resultados e fornece um contexto para avaliar a
gravidade dos sintomas.

4. Utilização em diferentes contextos e populações: O CES-D tem sido


amplamente utilizado em diferentes contextos clínicos e pesquisas,
abrangendo diversas populações e culturas. Isso indica sua
adaptabilidade e utilidade em diferentes cenários de avaliação
psicológica.

A inclusão do CES-D nos protocolos de avaliação psicológica, considerando sua


fundamentação clínica e psicométrica, pode enriquecer a avaliação da
depressão, fornecendo informações valiosas para a compreensão dos sintomas,
o planejamento do tratamento e a monitorização do progresso do paciente ao
longo do tempo.
Escalas de Avaliação do Comportamento: Elementos de caracterização
Conjuntos diversificados de itens/perguntas, a serem respondidas por
adultos/mediadores significativos (ex.: pais, professores), em referência ao
comportamento da criança ou adolescente [no caso de adultos, usualmente,
respondidas por cônjuge].

Especificidades / Características
 Método indireto de avaliação (envolvem descrições retrospetivas do
comportamento);

 Forma estandardizada de obter informação junto de pais/professores (avalia


a perceção dos mediadores);

 Juntamente com a entrevista, constituem o principal método de aquisição de


informação na fase inicial do processo de avaliação;

 Podem ser multidimensionais (referentes a larga variedade de


problemas/dimensões) ou unidimensionais (referentes a uma única variável;
ex. hiperatividade);

 Escala de resposta: Sim/Não; tipo Likert (neste caso, a permitir avaliar a


intensidade, frequência e/ou duração de um determinado comportamento);

Estratégias de Utilização
1) Podem ser completadas no início da avaliação (ex.: enviadas previamente
pelo correio, para serem preenchidas por pais e/ou professores; recurso a
escalas multidimensionais)
Permite:
 despistar pedidos inapropriados;

 clarificar queixas vagas;

 estruturar e focalizar a entrevista (de uma forma mais específica; ou


decidir utilizar uma escala unidimensional);

2) Podem ser completadas a seguir à entrevista inicial e à clarificação dos


problemas atuais; (ou podem ser usadas como parte de uma entrevista
estruturada)
Permite:
 estabelecer linhas para a avaliação funcional do comportamento;

 não excluir áreas significativas, de relevância, para a análise e


compreensão da situação problemática;

Objetivos / usos mais frequentes


 Como procedimento de despistagem e identificação de problemas/hipótese
de diagnóstico

 Na seleção de procedimentos de intervenção

 Na avaliação de intervenções

 Para efeitos de investigação

Principais Vantagens
 Aplicação e cotação fáceis, rápidas e económicas;

 Dados relativamente fáceis de quantificar;

 Em geral, boas qualidades psicométricas;

 Permitem a obtenção de uma representação global do comportamento de


forma estandardizada e rápida;

 Identificação de problemas omitidos através de outros métodos;

 Informação específica, de natureza qualitativa;

 Versões para pais, professores e para o próprio sujeito (ex. criança/


adolescente);

 Boa fonte de avaliação das perceções dos mediadores.

Principais Limitações
 Utilidade limitada para o diagnóstico;

 Proporcionam apenas uma estimativa transversal da sintomatologia e uma


estimativa parcial da duração dos padrões de sintomas;
 Problemas de validade (ex. efeito de halo contaminador);

 Algumas estimativas poderão ser de menor utilidade, por se referirem a


situações “internalizantes” e/ou que dificilmente poderão ser observadas na
escola (no caso de questionários para o professor);

 Estimativas poderão não ser rigorosas por incompreensão dos itens ou falta
de familiaridade com a amplitude ou diversidade do comportamento “normal”.

Questões Psicométricas
1) Fiabilidade/Precisão
a) consistência interna (deve ser elevada para as escalas unidimensionais, mas
não necessariamente para as multidimensionais);
b) acordo inter-informadores (mais elevado entre pais de crianças “normais” do
que entre pais de crianças encaminhadas para consulta; mais elevado para
fatores externalizantes do que para os internalizantes; mais elevado para o
resultado total e menor para itens individuais; é possível desacordo pais-
professores, sendo, por vezes, dada maior credibilidade à estimativa de
professores);
c) teste-reteste/estabilidade temporal (efeito de prática, i.e., os mesmos
informadores tendem a comunicar menos problemas da 1ª para a 2ª aplicação-
por efeito placebo, regressão estatística para a média, reatividade, efeito de
idade, etc.; este efeito não se verifica da 2ª para a 3ª avaliação);

Formas de aumentar a fiabilidade teste-reteste:


 diminuir intervalos entre avaliações;
 delimitação do tempo de referência da estimação relativa aos
comportamentos (ex: as duas últimas semanas);
 aplicação repetida de instrumentos

2) Validade

a) discriminar grupos de crianças com problemas clínicos de grupos de crianças


“normais”;

b) relação com o diagnóstico psiquiátrico ou outras medidas de desvio


comportamental;

c) relação com o prognóstico e com a eficácia diferencial de estratégias de


intervenção (e sensibilidade à mudança);
Estratégias para aumentar a utilidade
 Incluir itens que descrevam competências ou comportamentos positivamente
orientados (e não apenas itens “negativos”);

 O tempo decorrido entre “o que acontece” e a sua avaliação deve ser


relativamente reduzido;

 Os critérios de formulação de juízos de intensidade e/ou frequência do


comportamento devem ser definidos;

 Normas adequadas;

 A alternativa de resposta tipo Likert é mais adequada;

 Maior nº de itens e maior especificidade situacional de itens;

 Treino em procedimentos de observação...

Exemplos…
Modelo Multiaxial de Achenbach (ASEBA)
Achenbach System of Empirically Based Assessment
 É um sistema abrangente de avaliação que avalia as competências, o
funcionamento adaptativo e os problemas comportamentais, emocionais e
sociais de crianças e adolescentes (e adultos);

 Sugere que a patologia pode ser melhor entendida de modo dimensional


do que categorial;

 A solução dimensional é elaborada a partir de um modelo empírico


(SISTEMA DE AVALIAÇÃO EMPIRICAMENTE VALIDADO);

 Assim, o que determina o que constitui ou não uma síndrome é a agregação


de problemas comportamentais em domínios (subescalas), através da
análise fatorial;
(≠ DSM-V, em que o que constitui ou não patologia resulta, em larga medida, do
acordo entre clínicos)
 O que distingue uma criança de uma amostra normativa, de uma outra, de
uma amostra clínica, é a frequência dos problemas comportamentais que
fazem parte de uma ou mais síndromes (i. e., o que parece diferenciar o
comportamento normal do patológico é a frequência e a intensidade das
queixas, muito mais do que o tipo de comportamento por si só);
O modelo ASEBA valoriza os aspetos contextuais:
- ex. avalia a perceção dos diferentes informadores: pais, professores, criança
/adolescente;
- Considera a dimensão das competências: (a nível escolar, social e de
atividades)
- A solução dimensional resolve problemas levantados pelo diagnóstico
categorial:
i. o problema da comorbilidade

ii. o problema do tratamento de casos subclínicos

iii. a natureza adultocêntrica do DSM-V (por exemplo)

- A solução empírica ASEBA propõe três níveis distintos de análise:


i. problemas comportamentais específicos (itens: ex. rouba);

ii. subescalas ou fatores resultantes da análise fatorial (ex.


Comportamento Delinquente);

iii. agregação das subescalas em pontuações de Internalização e de


Externalização (obtidas a partir de uma análise fatorial de 2ª ordem);

O modelo ASEBA funciona como processo estruturado de recolha de


informação, não inviabilizando, portanto, a elaboração de um diagnóstico formal
categorial.
Instrumentos:
 CBCL (Child Behavior Checklist) – Pais [Pretende descrever e avaliar as
competências sociais e os problemas de comportamento da
criança/adolescente, tal como são percecionados pelos pais ou seus
substitutos];

 TRF (Teacher’s Report Form) – Professores [Pretende descrever e avaliar as


competências sociais e os problemas de comportamento da
criança/adolescente, tal como são percecionados pelos professores];

 YSR (Youth Self-Report) - Criança/ Adolescente [Pretende descrever e


avaliar as competências sociais e os problemas de comportamento da
criança/adolescente, tal como são percecionados pela criança/adolescente]

 DOF (Direct Observation Form) – para observação do comportamento da


Criança / Adolescente
 SCICA (Semistructured Clinical Interview for Children and Adolescents) -
Criança/ Adolescente

Avaliação de Sintomas Psicopatológicos


Questionários / Inventários de Autorresposta
STAI-Y (Inventário de Estado-Traço de Ansiedade)
(Spielberger, 1983; estudos port., Silva, 1998, 2000, 2003; Silva & Spielberger,
2007)
- Instrumento de relato pessoal;
- Constituído por duas escalas, de vinte itens cada;
- Aplicável a partir do 10º ano de escolaridade ou com idade equivalente;
- Aplicável individualmente e/ou em grupo;

 adaptado em mais de trinta línguas para investigação transcultural e prática


clínica.

 fundamento teórico: conceção de ansiedade proposta por Freud e distinção


descoberta e reconhecida por Cattell e Scheier entre duas modalidades de
ansiedade designadas ansiedade-estado e ansiedade-traço.

 a partir daqui Spielberger elabora o seu modelo conceptual referente à


ansiedade e ao stress.

 perspetiva funcional da ansiedade: ansiedade objetiva e ansiedade neurótica


(a partir das formulações de Freud).

 distinção entre Estado e Traço de ansiedade (a partir das análises de Cattell


e Scheier).

 Conceitos-chave para compreensão do processo de ansiedade: perceção,


stress, ameaça.

 Modelo conceptual referente à ansiedade e ao stress

 considera como central a avaliação cognitiva na evocação de um Estado


de ansiedade e a importância dos conceitos de Estado e Traço de
ansiedade (como conceitos psicológicos)
 o modelo está interessado em esclarecer a relação entre stressores
internos e externos, avaliação cognitiva e Estado e Traço de ansiedade e
em especificar as características das condições stressantes que evocam
níveis diferentes de Estado de Ansiedade em pessoas que diferem em
Traço de Ansiedade

 Escala de tipo Likert de 1 a 4 pontos: nada/quase nunca; um


pouco/algumas vezes; moderadamente/frequentemente; muito/quase
sempre; ou de 4 a 1/invertido, em 10 itens da escala Estado de Ansiedade –
Itens 1, 2, 5, 8, 10, 11, 15, 16, 19 e 20; e em 9 itens da escala Traço de
Ansiedade – Itens 21, 23, 26, 27, 30, 33, 34, 36 e 39).

 O Inventário é constituído por 20 itens Ansiedade-Estado e 20 itens


Ansiedade-Traço.

Instruções (estado de ansiedade)


Em baixo encontra uma série de frases que as pessoas costumam usar para se
descreverem a si próprias. Leia cada uma delas e faça uma cruz (X) no número
da direita que indique como se sente agora, isto é, neste preciso momento. Não
há respostas certas nem erradas. Não leve muito tempo com cada frase, mas dê
a resposta que melhor lhe parece descrever os seus sentimentos neste
momento.
- Sinto-me calmo;
- Sinto-me esgotado;
- Estou inquieto;
- Estou preocupado;
- Sinto-me uma pessoa estável;

Instruções (traço de ansiedade)


Em baixo encontra uma série de frases que as pessoas costumam usar para se
descreverem a si próprias. Leia cada uma delas e faça uma cruz (X) no número
da direita que indique como se sente em geral. Não há respostas certas nem
erradas. Não leve muito tempo com cada frase, mas dê a resposta que lhe
parece descrever como se sente geralmente.
- Sinto-me bem;
- Sou feliz;
- Tenho pensamentos que me perturbam;
- Não tenho muita confiança;
- Tomo decisões com facilidade;

Normas disponibilizadas
- Estudantes do ensino secundário (10º-12º anos)
- Estudantes universitários/ensino superior - Adultos (população geral)
- Adultos (militares)
- [estudo com população clínica/doentes (alcoólicos; perturbações de
ansiedade; stress pós-traumático)]

Em suma…
O STAI-Y (State-Trait Anxiety Inventory - Form Y) é um instrumento de avaliação
psicológica projetado para medir a ansiedade em adultos. É adequado para uma
ampla gama de populações e é amplamente utilizado em contextos clínicos, de
pesquisa e educacionais. A população-alvo para o STAI-Y inclui adultos com
idade igual ou superior a 18 anos. Ele é composto por duas subescalas:
Ansiedade Estado (State Anxiety) e Ansiedade Traço (Trait Anxiety). Cada
subescala contém 20 itens, totalizando 40 itens no inventário completo.

A subescala de Ansiedade Estado avalia a ansiedade transitória, ou seja, o nível


de ansiedade experimentado no momento da aplicação do questionário. Os itens
dessa subescala abordam sintomas de ansiedade relacionados à situação atual,
como sentimentos de tensão, preocupação e agitação. Os participantes devem
indicar o quão eles se sentem em relação a cada item no momento da avaliação.

A subescala de Ansiedade Traço avalia a ansiedade como um traço de


personalidade estável, ou seja, o nível geral de ansiedade que uma pessoa tende
a experimentar ao longo do tempo, independentemente das circunstâncias
específicas. Os itens dessa subescala refletem características estáveis de
ansiedade, como propensão a preocupações, inquietação e nervosismo. Os
participantes devem indicar o quão eles geralmente se sentem em relação a
cada item, independentemente da situação atual.

Cada item do STAI-Y é pontuado em uma escala Likert de 4 ou 5 pontos,


variando de "quase nunca" a "quase sempre" ou de "nada" a "muito". Os escores
individuais de cada subescala podem variar de 20 a 80, sendo que escores mais
altos indicam maior ansiedade.

A população-alvo para o STAI-Y é bastante ampla e inclui adultos de diferentes


contextos e condições. É utilizado por profissionais de saúde mental, como
psicólogos e psiquiatras, para avaliar a ansiedade em uma variedade de
configurações, como clínicas, hospitais, centros de pesquisa e escolas.
O STAI-Y é um instrumento amplamente utilizado em pesquisas e prática clínica
devido às suas propriedades psicométricas bem estabelecidas. Ele fornece uma
medida abrangente da ansiedade, abordando tanto os aspetos transitórios
quanto os traços estáveis da ansiedade, permitindo uma avaliação mais
completa dos sintomas de ansiedade em adultos.

STAIC (Inventário de Estado-Traço de Ansiedade para Crianças)


(Spielberger et al., 1973; estudos port., Dias & Gonçalves, 1999)
O STAIC é semelhante em conceção e estrutura ao STAI;
STAIC- C2: A escala C2 é relativa à Ansiedade-Traço (medida mais estável dos
níveis de ansiedade em crianças);
Questionário de autoavaliação, constituído por 20 questões; escala de resposta
relativa a como geralmente se sente: Nunca (1 ponto) / Às Vezes (2 pontos) /
Muitas Vezes (3 pontos) [sendo invertidos os itens 4 e 5];
- Preocupa-me cometer erros;
- Aflijo-me muito;
- Preocupo-me com a escola;
- Preocupo-me com os meus pais;
- Preocupa-me o que os outros pensam de mim;

Em suma…
O STAIC (State-Trait Anxiety Inventory for Children) é um instrumento de
avaliação amplamente utilizado para medir a ansiedade em crianças e
adolescentes. Sua população-alvo é composta por crianças com idades entre 9
e 14 anos.

O STAIC foi desenvolvido como uma adaptação do STAI (State-Trait Anxiety


Inventory) para crianças, considerando a linguagem e a compreensão próprias
dessa faixa etária. Ele é composto por duas subescalas: Ansiedade Estado
(State Anxiety) e Ansiedade Traço (Trait Anxiety).

A subescala de Ansiedade Estado do STAIC avalia a ansiedade temporária, ou


seja, o nível de ansiedade que a criança está experimentando no momento da
aplicação do questionário. Os itens dessa subescala exploram sentimentos e
emoções de ansiedade relacionados à situação atual da criança.

A subescala de Ansiedade Traço do STAIC mede a ansiedade como um traço


de personalidade estável, ou seja, o nível geral de ansiedade que a criança tende
a vivenciar ao longo do tempo, independentemente das circunstâncias
específicas. Os itens dessa subescala avaliam características de ansiedade que
são mais estáveis e consistentes nas crianças.

O STAIC é administrado de forma individual e os participantes respondem a itens


relacionados a sentimentos de ansiedade, como preocupação, medo e
nervosismo. Cada item é avaliado em uma escala Likert adaptada para a
compreensão das crianças, variando de acordo com a versão específica
utilizada.

O instrumento permite uma avaliação abrangente dos sintomas de ansiedade


em crianças e adolescentes, fornecendo informações importantes para a
compreensão de sua ansiedade transitória e características de ansiedade como
traço de personalidade. É uma ferramenta útil para profissionais de saúde
mental, psicólogos, pediatras e educadores que trabalham com crianças nessa
faixa etária.

Questionário de Personalidade de Eysenk


• Avalia as principais dimensões da personalidade postas em destaque através
de inventários de autorresposta, inventários preenchidos por amigos ou
conhecidos, estudos de observação direta e investigações experimentais.
• Muito utilizado em contextos de investigação
• Estudos interculturais
• Representa uma visão mais parcimoniosa da personalidade do que outros
inventários de personalidade. Itens distribuídos em 4 escalas:
 Psicoticismo (P)
 Extroversão (E)
 Neuroticismo (N)
 Mentira (L)

População-Alvo: destina-se a adolescentes e adultos (> ou = 16 anos).

Quadros típicos no EPQ


Neuroticismo
Um típico N elevado é um indivíduo ansioso e preocupado, temperamental e com
frequência deprimido. Tem tendência a dormir mal e a sofrer de vários distúrbios
psicossomáticos. É abertamente emotivo, reagindo excessivamente à maior
parte dos estímulos e tem dificuldade em regressar a um estado calmo após uma
experiência emocionalmente intensa. As suas fortes reações emocionais
interferem com a possibilidade de um ajustamento eficaz, fazendo com que reaja
de um modo irracional e por vezes rígidos.
O N baixo, pelo contrário, tende a responder emocionalmente com lentidão e
pouca intensidade e a regressar ao estado de partida rapidamente, após uma
perturbação emocional; é normalmente calmo, equilibrado, controlado e
despreocupado.

Extroversão
O extrovertido típico é sociável, gosta de festas, tem muitos amigos, precisa de
ter gente com quem falar e não gosta de ler nem de estudar sozinho. Adoro
excitação, arrisca, manda-se para a frente, age de improviso e é geralmente um
indivíduo impulsivo. Adora partidas de mau gosto, tem sempre uma resposta
pronta e geralmente gosta de rir e estar divertido. Prefere mexer-se e fazer
coisas, tende a ser agressivo e perde o controlo com facilidade; no geral, os seus
sentimentos não estão sob rígido controlo e nem sempre é uma pessoa em que
se possa confiar.
O introvertido típico é uma pessoa sossegada e discreta, introspetiva, que gosta
de livros mais do que pessoas; é reservado e distante exceto com amigos
íntimos, tende a planear com antecedência e não confia no impulso do momento.
Não gosta de excitação, lida com os assuntos do dia-a-dia com seriedade e gosta
de um estilo de vida ordenado. Mantém os seus sentimentos sob controlo
apertado, raramente se comporta de modo agressivo e não se descontrola
facilmente. É fiável, algo pessimista e preza muito as normas éticas.

Psicoticismo
O típico P elevado pode ser descrito como solitário, sem preocupações com os
outros; é com frequência impertinente, não estando bem e lado algum. Gosta
particularmente de coisas estranhas e pouco usuais e não teme o perigo. É
pouco empático ou sensível às outras pessoas.

Mentira
A Escala L tenta avaliar a tendência, por parte de alguns indivíduos, para dar
respostas que são desejáveis do ponto de vista social. Esta tendência é
particularmente marcada quando o questionário é administrado em certas
condições, como é o caso, por exemplo, duma entrevista de seleção. Para além
de avaliar a dissimulação, a escala L parece também medir um fator estável da
personalidade, o qual possivelmente se prende com um certo grau de
ingenuidade social ou conformismo.
Administração e Cotação
Instruções: resposta a cada pergunta fazendo um círculo ao redor do “Sim” ou
do “Não” que se segue à pergunta. Não existem respostas certas ou erradas,
nem há perguntas com rasteiras. Trabalhe rapidamente sem pensar demasiado
no significado exato de cada pergunta.
Demora 10 a 15 minutos a completar
Resposta dicotómica (Sim/Não)
Cotação para cada escala atribui-se 1 ponto a cada resposta num determinado
sentido (nuns casos Sim noutros Não)
Para cada escala, o resultado total é a soma destes pontos

Itens do EPQ
P (Psicoticismo)
Sim: 18, 22, 49, 56, 59, 63
Não: 4, 8, 14, 36, 41, 46, 52, 68, 69, 70,71

E (Extroversão)
Sim: 1, 3, 7, 11, 21, 26, 28, 31, 35, 38, 40, 43, 51, 62, 66
Não: 17, 24, 33

N (Neuroticismo)
Sim: 2, 5, 9, 12, 15, 19, 23, 25, 27, 29, 32, 44, 47, 53, 55, 57, 60,64

L (Mentira)
Sim: 10, 16, 42, 58, 67, 73
Não: 6, 13, 20, 30, 34, 37, 39, 45, 48, 50, 54, 61, 65, 72
A estrutura fatorial – N, E, P, L – foi replicada no contexto português (robustez e
a adequabilidade das dimensões de personalidade avaliadas).
A escala P continua a revelar algumas limitações.
Os estudos de validade concorrente realizados evidenciam a proximidade
existente entre N e depressão, ansiedade, vulnerabilidade ao stress e sintomas
psicopatológicos.
O EPQ-R é adequado para avaliar a personalidade nos diversos contextos
normativos (nomeadamente, organizacional, educacional, vocacional, saúde,
entre outros), possuindo normas específicas para a população idosa e militar.

Em suma…
O EPQ (Eysenck Personality Questionnaire) é um instrumento de avaliação
psicológica desenvolvido por Hans J. Eysenck e Sybil B.G. Eysenck para medir
traços de personalidade em adultos. O questionário é baseado na teoria de
personalidade proposta por Eysenck, que postula três dimensões principais da
personalidade: Extroversão (E), Neuroticismo (N) e Psicoticismo (P).

O EPQ consiste em uma série de itens que os participantes respondem,


indicando o grau em que cada afirmação se aplica a eles. Os itens abordam
comportamentos, pensamentos e sentimentos relacionados a cada dimensão de
personalidade. Por exemplo, itens relacionados à Extroversão podem abordar a
preferência por atividades sociais e a busca por estimulação, enquanto itens
relacionados ao Neuroticismo podem abordar a tendência a experimentar
emoções negativas, como ansiedade e instabilidade emocional.

O questionário é dividido em quatro subescalas: Extroversão (E), Neuroticismo


(N), Psicoticismo (P) e Mentira (L). A subescala de Mentira (L) é projetada para
detetar tendências a responder de forma socialmente desejável ou distorcer as
respostas. As pontuações nas três primeiras subescalas (E, N e P) são usadas
para fornecer uma medida das características de personalidade do indivíduo em
cada dimensão.

O EPQ é amplamente utilizado em pesquisas e prática clínica para avaliar a


personalidade em adultos. Ele fornece um perfil de traços de personalidade que
pode ajudar a entender o estilo comportamental e as características individuais
do participante. No entanto, é importante ressaltar que o EPQ é apenas uma
ferramenta de avaliação e que a interpretação dos resultados deve ser feita por
profissionais qualificados, como psicólogos, que considerarão o contexto
específico e outras informações relevantes para uma compreensão completa da
personalidade do indivíduo.

EPQ-Júnior
O EPQ-Júnior (Eysenck Personality Questionnaire - Junior) é um instrumento de
avaliação psicológica que mede traços de personalidade em crianças e
adolescentes. É uma versão adaptada do Eysenck Personality Questionnaire
(EPQ) original, desenvolvido por Hans J. Eysenck.

O EPQ-Júnior é baseado na teoria de personalidade de Eysenck, que propõe


três principais dimensões da personalidade: Extroversão (E), Neuroticismo (N) e
Psicoticismo (P). Essas dimensões representam características amplas de
personalidade que são consideradas estáveis ao longo do tempo.
O questionário consiste em uma série de itens que os participantes respondem,
indicando o grau em que cada afirmação se aplica a eles. Os itens abordam
comportamentos, pensamentos e sentimentos relacionados a cada dimensão de
personalidade. Por exemplo, itens relacionados à Extroversão podem abordar a
preferência por atividades sociais e interação com outras pessoas, enquanto
itens relacionados ao Neuroticismo podem abordar a tendência a experimentar
emoções negativas, como ansiedade e tristeza.

O EPQ-Júnior é geralmente destinado a crianças e adolescentes com idades


entre 11 e 18 anos. Foi desenvolvido levando em consideração a linguagem e a
compreensão próprias dessa faixa etária. A versão júnior do questionário é
adaptada para tornar os itens e as instruções mais acessíveis e compreensíveis
para os jovens participantes.

O instrumento fornece pontuações para cada uma das três dimensões de


personalidade (Extroversão, Neuroticismo e Psicoticismo), permitindo uma
avaliação do perfil de traços de personalidade do indivíduo. Essas pontuações
podem ser interpretadas para fornecer informações sobre as características
predominantes da personalidade do jovem participante.

O EPQ-Júnior é utilizado principalmente em contextos de pesquisa e prática


clínica para explorar os traços de personalidade em crianças e adolescentes. No
entanto, é importante que a interpretação dos resultados seja realizada por
profissionais qualificados, como psicólogos, que considerarão o contexto
específico e outras informações relevantes para uma compreensão completa da
personalidade do indivíduo.

EPQ-R
O Eysenck Personality Questionnaire - Revised (EPQ-R) é, de facto, uma versão
revisada do Eysenck Personality Questionnaire original. O EPQ-R foi
desenvolvido por Hans J. Eysenck e Sybil B.G. Eysenck como uma atualização
do instrumento original.

O EPQ-R é um questionário de autorrelato que visa medir os traços de


personalidade de acordo com a teoria proposta por Eysenck. Ele é baseado nas
três principais dimensões da personalidade: Extroversão (E), Neuroticismo (N) e
Psicoticismo (P). Essas dimensões são consideradas como traços básicos e
fundamentais da personalidade.

O questionário é composto por uma série de itens que os participantes


respondem, indicando o grau em que cada afirmação se aplica a eles. Os itens
avaliam diferentes aspetos da personalidade, como níveis de sociabilidade,
estabilidade emocional, impulsividade e tendências psicóticas.

O EPQ-R é dividido em quatro subescalas:


1. Extroversão (E): Mede o nível de busca por estimulação social e a
preferência por atividades externas.

2. Neuroticismo (N): Avalia a tendência a experimentar emoções negativas,


como ansiedade, depressão e instabilidade emocional.

3. Psicoticismo (P): Avalia traços de personalidade relacionados a


tendências antissociais, comportamento impulsivo, insensibilidade
emocional e falta de empatia.

4. Mentira (L): Essa subescala é projetada para detetar tendências de


responder de forma socialmente desejável ou distorcer as respostas.

O EPQ-R fornece pontuações para cada uma das subescalas, permitindo uma
avaliação do perfil de traços de personalidade do indivíduo nas dimensões de
Extroversão, Neuroticismo e Psicoticismo.

Esse instrumento é amplamente utilizado em pesquisas e prática clínica para


avaliar a personalidade em adultos. Ele fornece informações úteis para entender
as características individuais, os estilos comportamentais e as tendências
emocionais do participante. No entanto, é importante destacar que a
interpretação dos resultados do EPQ-R deve ser feita por profissionais
qualificados, como psicólogos, levando em consideração o contexto específico
e outras informações relevantes para uma compreensão completa da
personalidade do indivíduo.

Inventário de Personalidade NEO – Forma Revista (NEO PI-R)


Autores: Costa e McCrae, 1992
Construto avaliado: personalidade • Formato: Escala de tipo Likert com 5
pontos (discordo fortemente, discordo, neutro, concordo, concordo fortemente)
População alvo: aplicável a partir dos 17 anos • Pode ser aplicado individual ou
coletivamente
Estudos em Portugal: Lima & Simões, 2000

Avalia as 5 principais dimensões ou domínios da personalidade [Big Five]:


Neuroticismo [N] (estabilidade / instabilidade emocional) – tendência a
experienciar afetos negativos como a tristeza, medo, embaraço, raiva,
culpabilidade e repulsa;
Extroversão [E] (introversão) – quantidade e intensidade das interações
interpessoais, nível de atividade, necessidade de estimulação e capacidade para
exprimir alegria;
Abertura à Experiência [O] (convencionalismo) – imaginação ativa,
sensibilidade estética, curiosidade intelectual e juízo independente;
Amabilidade [A] (antagonismo) - qualidade da orientação interpessoal;
Conscienciosidade [C] (pessoas de confiança e escrupulosas /
preguiçosas e descuidadas) – grau de organização, persistência e motivação
no comportamento orientado para um objetivo.

Cada um dos domínios é definido por 6 facetas ou traços (30 facetas no


total):
Neuroticismo: ansiedade, hostilidade, depressão, autoconsciência,
impulsividade, vulnerabilidade;
Extroversão: acolhimento, gregariedade, assertividade, atividade, atividade,
procura de excitação, emoções positivas;
Abertura à Experiência: fantasia, estética, sentimentos, ações, ideias, valores;
Amabilidade: confiança, retidão, altruísmo, complacência, modéstia,
sensibilidade;
Conscienciosidade: competência, ordem, obediência/dever, luta/realização,
autodisciplina, deliberação;

Instruções
“Este questionário contém 240 afirmações. Leia cuidadosamente cada uma
delas. Para cada afirmação, na folha de resposta, ponha um círculo à volta da
letra que melhor representa a sua opinião (DF; D; N; C; CF). Não existem
respostas certas nem erradas. Descreva a sua opinião da forma mais precisa e
sincera possível…”

Cotação
Resultados brutos (0, 1, 2, 3, 4 ou invertido);
Convertidos em percentis;
Conversão feita através de um programa informático;

Estudos Diferenciais
Mulheres obtêm resultados mais elevados do que os homens em N, A e C, e
mais baixos em E.
Relação negativa entre a variável idade e E e O, e positiva com A e C.
Correlações significativas, embora pouco elevadas, entre o nível
socioeconómico e E, O, A e C, mais elevada com O.

Comparação com os resultados da aferição americana


Amostra portuguesa obtém resultados mais elevados em N (Neuroticismo), e
mais baixos em A (Amabilidade) e em C (Conscienciosidade).

A versão portuguesa do NEO PI-R mede as mesmas dimensões da


personalidade que a versão americana.
As escalas apresentam, dum modo geral, boas características psicométricas.
É um instrumento de grande utilidade para as diferentes áreas da Psicologia.
 Aconselhamento
 Psicologia Clínica
 Psicologia da Saúde
 Psicologia Educacional
 Orientação Escolar e Profissional
 Psicologia Organizacional
 Investigação

Limitações:

 Decomposição perfeitamente regular em seis facetas: esta simetria é tão


rigorosa que parece um pouco arbitrária.

 Inexistência de uma escala para medir respostas socialmente desejáveis.

 O modelo será mesmo compreensivo? (Onde estão os construtos valores e


caráter? Haverá lugar para um sexto fator? – integridade-honestidade).
Em suma…
O instrumento de avaliação NEO-PI-R (Neuroticism-Extraversion-Openness
Personality Inventory - Revised) é um questionário desenvolvido para medir os
traços de personalidade com base no modelo dos Cinco Grandes Fatores da
personalidade (Big Five). Ele é uma versão revisada do NEO-PI, originalmente
desenvolvido por Paul T. Costa Jr. e Robert R. McCrae.

O NEO-PI-R avalia cinco dimensões principais da personalidade, conhecidas


como os Cinco Grandes Fatores:

1. Neuroticismo (N): Avalia o grau em que uma pessoa experimenta


emoções negativas, como ansiedade, depressão, vulnerabilidade
emocional e instabilidade emocional.

2. Extroversão (E): Mede o nível de busca por estimulação social e a


preferência por atividades externas, como ser sociável, enérgico,
assertivo e positivo.

3. Abertura para Experiência (O): Avalia a abertura mental, a imaginação, a


criatividade e a disposição para experimentar novas ideias, valores e
experiências.

4. Amabilidade (A): Mede a tendência a ser amável, compassivo,


cooperativo e tolerante em relação aos outros.

5. Conscienciosidade (C): Avalia a organização, a responsabilidade, a


diligência, a autodisciplina e a motivação para atingir metas.

O NEO-PI-R consiste em um total de 240 itens, divididos em seis subescalas


para cada um dos cinco fatores da personalidade. Os itens são respondidos em
uma escala Likert de cinco pontos, variando de "discordo fortemente" a
"concordo fortemente". As pontuações obtidas fornecem um perfil detalhado da
personalidade do indivíduo em cada uma das dimensões.

O instrumento é usado em pesquisa, avaliação psicológica e prática clínica para


fornecer informações abrangentes sobre a personalidade de um indivíduo. Ele
pode ser aplicado em adultos e é amplamente utilizado para fins de avaliação
psicológica, orientação profissional, seleção de pessoal e pesquisa acadêmica.

É importante destacar que a interpretação dos resultados do NEO-PI-R deve ser


feita por profissionais qualificados em psicologia, levando em consideração o
contexto específico e outras informações relevantes para uma compreensão
completa da personalidade do indivíduo.
NEO-PI-3 (Costa & McCrae, 2010)
Versão em fase de aferição para a população portuguesa
Mesmos fatores e facetas que o NEO PI-R
Modificações em relação ao NEO-PI-R:
37 itens revistos, de mais fácil compreensão e apropriados para sujeitos mais
jovens ou adultos com níveis educacionais mais baixos;
Normas atualizadas, separadas para adolescentes (12-20 anos) e para adultos
[somente a partir dos 17 anos na versão portuguesa];
Boas propriedades de precisão e validade;
Manual revisto e folhas de perfil mais “user-friendly”;

Em suma…
O NEO-PI-3 é uma versão atualizada e revisada do NEO-PI-R, desenvolvido por
Paul T. Costa Jr. e Robert R. McCrae.

O NEO-PI-3 é um questionário que mede os traços de personalidade com base


no modelo dos Cinco Grandes Fatores da personalidade (Big Five). Essa
estrutura de cinco fatores inclui as seguintes dimensões:

1. Neuroticismo (N): Avalia o grau em que uma pessoa experimenta


emoções negativas, como ansiedade, depressão, vulnerabilidade
emocional e instabilidade emocional.

2. Extroversão (E): Mede o nível de busca por estimulação social e a


preferência por atividades externas, como ser sociável, enérgico,
assertivo e positivo.

3. Abertura para Experiência (O): Avalia a abertura mental, a imaginação, a


criatividade e a disposição para experimentar novas ideias, valores e
experiências.

4. Amabilidade (A): Mede a tendência a ser amável, compassivo,


cooperativo e tolerante em relação aos outros.

5. Conscienciosidade (C): Avalia a organização, a responsabilidade, a


diligência, a autodisciplina e a motivação para atingir metas.

Assim como o NEO-PI-R, o NEO-PI-3 é composto por um conjunto de itens que


os participantes respondem em uma escala Likert de cinco pontos, variando de
"discordo fortemente" a "concordo fortemente". O questionário é usado para
avaliar os traços de personalidade de um indivíduo em cada uma das dimensões
mencionadas acima.
O NEO-PI-3 é frequentemente utilizado em pesquisa, avaliação psicológica e
prática clínica para fornecer uma compreensão aprofundada da personalidade
de um indivíduo. Ele pode ser aplicado em adultos e é amplamente utilizado em
áreas como seleção de pessoal, aconselhamento, orientação profissional e
pesquisa acadêmica.

Como sempre, é importante ressaltar que a interpretação dos resultados do


NEO-PI-3 deve ser realizada por profissionais qualificados em psicologia, que
levarão em consideração o contexto específico e outras informações relevantes
para uma compreensão completa da personalidade do indivíduo.

NEO-FFI (NEO-Five Factor Inventory)


Costa & McCrae (1989); McCrae & Costa (2004);
Versão abreviada do NEO-PI;
60 itens (12 por cada fator);

Estudos Diferenciais
À medida que a idade avança diminuem as pontuações de Extroversão e
Abertura à Experiência
Participantes com escolaridade até ao 3º ciclo pontuam significativamente mais
baixo na dimensão Abertura à Experiência do que aqueles com Ensino
Secundário ou Superior
As mulheres pontuam significativamente mais que os homens em Neuroticismo,
Amabilidade e Conscienciosidade

Em suma…
O instrumento de avaliação NEO-FFI (NEO Five-Factor Inventory) é um
questionário de personalidade que se baseia no modelo dos Cinco Grandes
Fatores da personalidade (Big Five). Foi desenvolvido por Paul T. Costa Jr. e
Robert R. McCrae como uma versão abreviada do NEO-PI-R (NEO Personality
Inventory - Revised).

O NEO-FFI avalia as cinco dimensões principais da personalidade: Neuroticismo


(N), Extroversão (E), Abertura para Experiência (O), Amabilidade (A) e
Conscienciosidade (C). Essas dimensões representam traços de personalidade
amplos que descrevem diferentes aspetos do comportamento e do
funcionamento psicológico.

O questionário consiste em um total de 60 itens, com 12 itens para cada uma


das cinco dimensões. Os participantes respondem a cada item em uma escala
Likert de cinco pontos, variando de "discordo totalmente" a "concordo
totalmente", indicando o grau em que a afirmação se aplica a eles.

O NEO-FFI é utilizado para fornecer uma medida rápida e abrangente dos traços
de personalidade. Ele pode ser aplicado em diferentes contextos, como
pesquisa, avaliação psicológica, seleção de pessoal e aconselhamento. O
instrumento fornece pontuações para cada uma das dimensões, permitindo uma
avaliação dos traços de personalidade predominantes em um indivíduo.

É importante destacar que o NEO-FFI é uma versão abreviada do NEO-PI-R, o


que significa que fornece uma visão geral da personalidade, mas pode não ser
tão detalhado e abrangente quanto o questionário completo. A interpretação dos
resultados do NEO-FFI deve ser feita por profissionais qualificados em
psicologia, que levarão em consideração o contexto específico e outras
informações relevantes para uma compreensão completa da personalidade do
indivíduo.

Inventários de Autorresposta: avaliação do autoconceito


ICAC – Inventário Clínico de Autoconceito
Autor: A. Vaz Serra
Data de Publicação: 1985;1986
Construto avaliado: aspetos emocionais e sociais do autoconceito –
importantes para o ajustamento pessoal
Formato: Escala de tipo Likert de 1 a 5 pontos (não concordo, concordo pouco,
concordo moderadamente, concordo muito, concordo muitíssimo)
População alvo: aplicável a partir dos 15 anos
Estudos em Portugal: O INSTRUMENTO É ORIGINARIAMENTE
PORTUGUÊS

Construto Avaliado
Autoconceito
Conceito que o indivíduo faz de si próprio como um ser físico, social e espiritual
ou moral (Gécas, 1982).
Ideia abrangente que temos sobre nós próprios – do ponto de vista físico,
emocional, social, espiritual ou outros aspetos que fazem de nós quem somos
(Neill, 2005).
Perceção que um indivíduo tem de si próprio.
Conceito multifacetado (perspetiva emocional, social, física, académica…).
Fatores relevantes para a génese do autoconceito
Modo como o comportamento de um indivíduo é julgado pelos outros
Feedback que o indivíduo guarda do seu próprio desempenho
Comparação que faz entre o seu comportamento e o de pares sociais
Julgamento que o indivíduo faz de si próprio tendo em conta a conformidade às
normas culturais que preza

Uma pessoa com um autoconceito positivo tem tendência a atribuir…


• O êxito a fatores internos (aptidão ou esforço)
• O fracasso a fatores externos (acaso)

Uma pessoa com um autoconceito negativo costuma atribuir…


• O êxito a fatores externos (sorte ou facilidade da tarefa)
• O fracasso a fatores internos estáveis (falta de aptidão)

Composição
Instrumento de autorrelato
Constituído por 20 itens (selecionados a partir de um conjunto inicial de 75)
• Criação dos itens (N = 75)
• Seleção dos itens (N = 20)

Aplicação (Instruções)
Todas as pessoas têm uma ideia de como são. A seguir estão expostos diversos
atributos capazes de descreverem como uma pessoa é. Leia cuidadosamente
cada questão e responda verdadeira, espontânea e rapidamente a cada uma
delas. Ao dar a resposta considere, sobretudo, a sua maneira de ser habitual
e não o seu estado de espírito no momento. Coloque uma cruz no quadrado que
pensa que se lhe aplica de forma mais característica.

Cotação
de 1 a 5 (não concordo, concordo pouco, concordo moderadamente, concordo
muito, concordo muitíssimo)
ou de 5 a 1 (itens invertidos): 3, 12 e 18
Mínimo 20, máximo 100.
Pontuação mais alta traduz um autoconceito mais favorável.

Fatores – Interpretação
F1: aceitação/rejeição social [“sei que sou uma pessoa simpática”]
• Itens 1, 4, 9, 16, 17
• Resultado mais elevado significa maior sentido de aceitação
F2: autoeficácia [“quando tenho um problema que me aflige não consigo resolvê-
lo sem o auxílio dos outros”]
• Itens 3, 5, 8, 11, 18, 20
• Resultado mais elevado significa maior sentido de autoeficácia
F3: maturidade psicológica [“costumo ser franco e exprimir as minhas opiniões”]
/ [“considero-me tolerante com outras pessoas”]
• Itens 2, 6, 7, 13
• Resultado mais elevado significa maior sentido de maturidade psicológica
F4: impulsividade-atividade [“quando tenho uma ideia que me parece válida
gosto de a pôr em prática”]
• Itens 10, 15, 19
• Resultado mais elevado significa maior sentido de atividade
• Os itens 12 e 14 não estão incluídos em nenhum fator, mas entram no cálculo
do resultado total.

Outros estudos com o ICAC


Quanto melhor a atmosfera familiar melhor o autoconceito e os sentimentos de
aceitação social e de autoeficácia.
Indivíduos com bom autoconceito tendem a ser autoafirmativos e a desenvolver
expectativas positivas em relação a si próprios (êxito na realização de tarefas).
Doentes com perturbações emocionais tendem a ter um autoconceito pobre.
O autoconceito avaliado pelo ICAC correlaciona-se negativamente com fobia,
ansiedade, depressão e somatização.
Indivíduos da população em geral que desenvolvem sintomatologia
depressiva ou apresentam ansiedade social elevada tendem a ter um
autoconceito pobre.
Quanto melhor o autoconceito, menor a propensão para desenvolver sintomas
devidos ao stress.

Em suma… [Vaz Serra, 1995]


Um bom autoconceito ajuda o indivíduo:
• a ter uma perceção positiva de si mesmo
• a sentir-se bem consigo próprio e com os outros
• a ter estratégias de coping mais adequadas
• a percecionar o mundo de forma menos ameaçadora
• A TER UMA MELHOR SAÚDE MENTAL

Vantagens
• Instrumento breve – facilita a colaboração e o bom preenchimento de todas os
itens.
• Dá-nos indicações que podem ser úteis numa intervenção psicoterapêutica
(nomeadamente tópicos sobre áreas de maior vulnerabilidade).
• Indicado para indivíduos com transtornos emocionais.

Limitações
• Fornece informação limitada e necessariamente complementar.

• Não deve ser utilizado enquanto indicador de psicopatologia.


• Não pode ser respondido por indivíduos com fraca literacia.
• Normas derivadas há mais de 30 anos.
Em suma…
O Inventário Clínico de Autoconceito (ICAC) é um instrumento de avaliação
psicológica que visa avaliar o autoconceito de um indivíduo. O autoconceito
refere-se à perceção e avaliação que uma pessoa tem sobre si mesma, incluindo
suas crenças, valores, atitudes, habilidades e características pessoais.

O ICAC é composto por uma série de itens que abrangem diferentes áreas do
autoconceito, como autoestima, autoaceitação, autoeficácia, autoimagem
corporal, autoconfiança, entre outros. Esses itens são projetados para avaliar as
perceções e sentimentos do indivíduo em relação a si mesmo em cada uma
dessas áreas.

O instrumento pode ser administrado em formato de questionário ou entrevista,


dependendo da versão utilizada. O indivíduo responde às perguntas fornecendo
uma classificação ou descrição de acordo com sua perceção pessoal. As
respostas são então analisadas e pontuadas para fornecer uma avaliação
quantitativa e qualitativa do autoconceito do indivíduo.

O ICAC é utilizado em contextos clínicos e de pesquisa para auxiliar na avaliação


psicológica de indivíduos que estão lidando com questões relacionadas ao
autoconceito, como problemas de autoestima, imagem corporal, confiança em si
mesmo, entre outros. Ele pode ser aplicado em diferentes faixas etárias,
incluindo crianças, adolescentes e adultos.

As informações obtidas por meio do ICAC são úteis para compreender a


perceção que o indivíduo tem de si mesmo, identificar áreas de força e fraqueza
do autoconceito e direcionar intervenções terapêuticas adequadas. O
instrumento fornece uma avaliação subjetiva do autoconceito, permitindo uma
compreensão mais abrangente da autoimagem e das experiências emocionais
relacionadas.

É importante ressaltar que a interpretação dos resultados do ICAC deve ser


realizada por profissionais qualificados, levando em consideração o contexto
clínico e outras informações relevantes sobre o indivíduo. O instrumento deve
ser utilizado como parte de uma avaliação psicológica mais ampla e integrada,
considerando outros aspetos da personalidade, psicopatologia e funcionamento
psicológico do indivíduo.

Escala de Autoconceito de Piers-Harris


Autores: Piers & Harris, 1964; Piers, 1984 (versão revista); Piers & Herzberg,
2002 (versão reduzida)
Construto avaliado: autoconceito
Formato: SIM / NÃO
População alvo: Crianças e adolescentes
Estudos em Portugal: Veiga, 1989, 2006 (versão reduzida) – normas por ano
escolar (7º, 9º e 11º anos)

Construto avaliado
Autoconceito:
• Conjunto de perceções conscientes que crianças e adolescentes têm de si
próprios, dos seus comportamentos e dos seus atributos;
• Estas perceções desempenham um papel importante na organização e
motivação do comportamento, dão origem a um conjunto relativamente estável
e consistente de atitudes autoavaliativas (cognições) e de sentimentos (afetos).

Composição
Instrumento de autorrelato
• No original, 80 questões
• Na versão reduzida, 60 questões
• Escala de resposta Sim/Não

Aplicação (Instruções)
Estão aqui várias afirmações que indicam aquilo que as pessoas sentem em
relação a si próprias. Lê cada afirmação e decide se ela descreve ou não aquilo
que sentes acerca de ti próprio. Se a afirmação se te aplica (se está de acordo
com aquilo que tu sentes ou pensas) coloca um círculo na palavra “Sim” que se
encontra a seguir. Se não se te aplica (se não está de acordo com aquilo que tu
sentes ou pensas), faz um círculo na palavra “Não”. Responde a todas as
questões mesmo que te seja difícil responder. Não coloques, na mesma
afirmação, um círculo à volta do “Sim” e um círculo à volta do “Não”. Lembra-te
que não há respostas certas ou erradas. Apenas tu podes dizer-nos aquilo que
sentes em relação a ti próprio. Por isso, esperamos que possas assinalar cada
afirmação de acordo com aquilo que realmente sentes”.

Cotação:
• 1 = resposta reveladora de uma atitude positiva face a si mesmo
• 0 = resposta reveladora de uma atitude negativa face a si mesmo
• Um resultado mais elevado traduz um autoconceito mais positivo
Em suma…
A Escala de Autoconceito de Piers-Harris (Piers-Harris Children's Self-Concept
Scale) é um instrumento de avaliação psicológica utilizado para mensurar o
autoconceito em crianças e adolescentes. Foi desenvolvido por Piers e Harris
em 1969 e, desde então, passou por revisões e atualizações.

A escala é composta por uma série de itens que exploram diferentes aspetos do
autoconceito, como aparência física, habilidades cognitivas, relacionamentos
interpessoais, comportamento social, escolaridade e atitudes em relação a si
mesmo. Os itens são formulados de maneira afirmativa ou negativa, e o indivíduo
deve indicar sua concordância ou discordância em relação a cada um deles.

A Escala de Autoconceito de Piers-Harris é aplicada em formato de questionário


e pode ser administrada individualmente ou coletivamente. As respostas dos
indivíduos são pontuadas e somadas para obter uma medida global do
autoconceito. O resultado final é comparado com normas estabelecidas com
base em amostras representativas da população para determinar o nível de
autoconceito do indivíduo avaliado.

Essa escala é frequentemente utilizada em contextos educacionais, clínicos e de


pesquisa para avaliar o autoconceito de crianças e adolescentes, identificar
áreas de força e fraqueza do autoconceito e monitorar mudanças ao longo do
tempo. O instrumento pode ser útil na deteção de problemas de autoestima,
dificuldades de ajustamento psicossocial e na identificação de intervenções
apropriadas.

No entanto, é importante considerar que o autoconceito é um construto complexo


e multifacetado, influenciado por diversos fatores, como contexto social,
desenvolvimento cognitivo e experiências individuais. Portanto, a Escala de
Autoconceito de Piers-Harris deve ser usada em conjunto com outras medidas e
informações contextuais para uma avaliação completa e precisa do autoconceito
de uma criança ou adolescente.

A interpretação dos resultados da escala deve ser realizada por profissionais


qualificados, levando em consideração o contexto individual do indivíduo
avaliado. Além disso, é importante considerar as limitações do instrumento,
como possíveis viés de resposta e a necessidade de atenção aos aspetos
culturais e de desenvolvimento na interpretação dos resultados.

MMPI-2, MMPI-2-RF, MMPI-3, PAI


Justifique do ponto de vista clínico e psicométrico a inclusão do MMPI-
2/MMPI-2- RF nos protocolos de avaliação psicológica.
A inclusão do MMPI-2 (Minnesota Multiphasic Personality Inventory-2) e do
MMPI-2-RF (Minnesota Multiphasic Personality Inventory-2 Restructured Form)
nos protocolos de avaliação psicológica é justificada tanto do ponto de vista
clínico quanto psicométrico. Esses instrumentos são amplamente utilizados na
prática clínica e na pesquisa devido às suas características e benefícios.

Do ponto de vista clínico, o MMPI-2 e o MMPI-2-RF são considerados


ferramentas valiosas na avaliação de diversos transtornos psicológicos e
psiquiátricos. Esses instrumentos são capazes de fornecer informações
objetivas e padronizadas sobre a personalidade do indivíduo, sintomas
psicopatológicos, padrões de comportamento e funcionamento emocional. Eles
podem auxiliar os clínicos na formulação de diagnósticos diferenciais e na
compreensão dos fatores subjacentes aos problemas de saúde mental.

O MMPI-2 e o MMPI-2-RF têm um amplo conjunto de escalas clínicas que


avaliam diferentes dimensões psicopatológicas, como depressão, ansiedade,
esquizofrenia, transtorno de personalidade, entre outros. Essas escalas
fornecem perfis de pontuação que podem ajudar os clínicos a identificar
características clínicas relevantes, compreender a gravidade dos sintomas e
direcionar o plano de tratamento.

Além disso, o MMPI-2-RF foi desenvolvido como uma versão atualizada do


MMPI-2, com uma estrutura mais simplificada e aprimorada. Ele mantém a
validade e confiabilidade do MMPI-2, mas apresenta uma seleção mais refinada
de itens e escalas que são mais preditivas e precisas na avaliação
psicopatológica. Isso contribui para uma interpretação mais eficiente e precisa
dos resultados.

Do ponto de vista psicométrico, o MMPI-2 e o MMPI-2-RF têm uma sólida base


científica. Eles foram desenvolvidos com rigorosos critérios psicométricos,
incluindo estudos de validade e confiabilidade extensivos. Ambos os
instrumentos passaram por ampla pesquisa empírica e foram normatizados em
grandes amostras representativas da população geral.

Esses instrumentos possuem normas estatísticas bem estabelecidas, permitindo


que os resultados individuais sejam comparados com as médias populacionais
e grupos de referência relevantes. Isso ajuda a contextualizar as pontuações
obtidas e a avaliar o grau de desvio em relação à população geral.

Além disso, o MMPI-2-RF introduziu um conjunto de escalas de validade


adicionais para detetar resposta inconsistente, simulação ou outras formas de
distorção de resposta, aumentando a confiabilidade dos resultados.

Em resumo, a inclusão do MMPI-2 e do MMPI-2-RF nos protocolos de avaliação


psicológica é justificada do ponto de vista clínico e psicométrico. Esses
instrumentos fornecem informações objetivas e padronizadas sobre a
personalidade e os sintomas psicopatológicos, auxiliando na formulação de
diagnósticos e no planejamento do tratamento. Sua validade e confiabilidade
cientificamente estabelecidas garantem a precisão e a utilidade clínica dos
resultados obtidos.
Utilidade e limites das escalas de validade.
As escalas de validade são componentes essenciais de muitos instrumentos de
avaliação psicológica e têm como objetivo detetar e fornecer informações sobre
a validade dos resultados obtidos. Elas são projetadas para identificar distorções
ou problemas nas respostas dos indivíduos, como tentativas de apresentar uma
imagem socialmente desejável, simulação de sintomas ou falta de esforço na
resposta ao questionário. Aqui estão algumas das utilidades e limites das escalas
de validade:

Utilidade das escalas de validade:

1. Deteção de distorção de resposta: As escalas de validade são úteis para


identificar respostas inconsistentes ou improváveis que podem indicar
uma tentativa de impressionar, enganar ou responder aleatoriamente.
Essas escalas ajudam a identificar possíveis distorções nas respostas dos
indivíduos e alertam o avaliador sobre a confiabilidade dos resultados.

2. Garantia da qualidade dos dados: As escalas de validade ajudam a


garantir a qualidade dos dados coletados durante o processo de avaliação
psicológica. Ao identificar respostas problemáticas, as escalas de
validade permitem que os avaliadores descartem ou interpretem com
cautela os resultados, evitando conclusões errôneas ou imprecisas.

3. Aumento da confiabilidade dos resultados: Ao detetar respostas


inconsistentes ou não genuínas, as escalas de validade contribuem para
aumentar a confiabilidade dos resultados obtidos. Elas ajudam a distinguir
entre respostas válidas e inválidas, permitindo uma interpretação mais
precisa dos dados.

Limites das escalas de validade:

1. Sensibilidade aos esforços de dissimulação: Embora as escalas de


validade tenham a capacidade de detetar tentativas de dissimulação ou
distorção de resposta, elas podem não ser totalmente infalíveis. Algumas
pessoas podem ser habilidosas em fornecer respostas socialmente
desejáveis ou enganar os indicadores de validade, diminuindo a eficácia
dessas escalas.

2. Contexto de aplicação: As escalas de validade podem ser sensíveis ao


contexto de aplicação e ao conhecimento do indivíduo sobre o propósito
do teste. Se um indivíduo estiver ciente das escalas de validade e quiser
distorcer suas respostas, ele pode manipular seus resultados para obter
um perfil falso.

3. Limitações culturais e linguísticas: Algumas escalas de validade podem


ter limitações em relação a diferentes culturas e contextos linguísticos.
Certos itens ou instruções podem não ser adequados para todas as
populações, o que pode afetar a validade e a precisão dos resultados.
É importante lembrar que as escalas de validade devem ser consideradas como
um componente complementar de uma avaliação psicológica abrangente,
juntamente com outras medidas e informações clínicas. A interpretação
adequada dos resultados requer a consideração de vários fatores, como a
relação terapêutica, a consistência dos dados, as informações clínicas adicionais
e a compreensão do contexto do indivíduo.

Questões a considerar na administração, cotação e interpretação


Ao administrar, cotar e interpretar um instrumento de avaliação psicológica, há
várias questões importantes a serem consideradas. Aqui estão algumas delas:

Administração:

1. Padronização: Certifique-se de seguir as instruções e procedimentos


padronizados para a administração do instrumento. Isso inclui garantir
que o ambiente seja adequado, que as instruções sejam claras e que as
condições sejam consistentes para todos os participantes.

2. Considerações culturais e linguísticas: Esteja ciente das diferenças


culturais e linguísticas dos participantes e adapte o instrumento, se
necessário, para garantir uma compreensão adequada das perguntas e
itens.

3. Rapport: Estabeleça uma relação de confiança e empatia com o


participante. Isso pode envolver explicar o propósito do teste, garantir a
confidencialidade das respostas e responder a quaisquer perguntas ou
preocupações que o participante possa ter.

Cotação:

1. Precisão: Realize a cotação dos itens e escalas com precisão, seguindo


as orientações específicas do instrumento. Verifique se todos os itens
foram respondidos corretamente e se os escores foram calculados
adequadamente.

2. Atendimento aos critérios: Verifique se os critérios de cotação são


atendidos para cada item ou escala, levando em consideração as
respostas dadas pelo participante.

Interpretação:

1. Contexto individual: Considere as características individuais do


participante, como idade, gênero, histórico pessoal, contexto
socioeconômico, entre outros. Isso pode ajudar a interpretar os resultados
em relação ao contexto específico do indivíduo.
2. Comparação com normas: Compare os resultados do participante com as
normas de referência apropriadas. Isso pode fornecer informações sobre
como os escores se comparam a uma amostra representativa da
população.

3. Integração de dados: Considere outros dados clínicos e contextuais, além


dos resultados do instrumento, para uma compreensão mais completa e
precisa do indivíduo. Isso pode incluir informações de entrevistas,
observações clínicas, histórico médico, entre outros.

4. Limitações e contexto do instrumento: Esteja ciente das limitações


inerentes ao instrumento de avaliação, como possíveis vieses culturais,
limitações de validade ou confiabilidade e contexto de aplicação. Isso
ajudará a interpretar os resultados com cautela e a evitar conclusões
errôneas.

5. Feedback sensível: Fornecer feedback sensível e apropriado ao


participante, considerando a natureza dos resultados e o objetivo da
avaliação. Certifique-se de que o feedback seja claro, compreensível e útil
para o participante.

Lembre-se de que a interpretação dos resultados de um instrumento de


avaliação requer habilidades e conhecimentos especializados em psicologia. É
importante consultar as diretrizes específicas do instrumento e, se necessário,
buscar orientação de um profissional qualificado para garantir uma interpretação
precisa e ética dos resultados.

O MMPI-2 nos Relatórios Psicológicos em articulação com outros


instrumentos de avaliação da personalidade, psicopatologia e
funcionamento emocional.
A inclusão do MMPI-2 (Minnesota Multiphasic Personality Inventory-2) nos
relatórios psicológicos, em articulação com outros instrumentos de avaliação da
personalidade, psicopatologia e funcionamento emocional, é uma prática comum
e recomendada na avaliação psicológica. A combinação de diferentes
instrumentos permite uma compreensão mais abrangente e integrada do
indivíduo, fornecendo uma imagem mais completa de sua personalidade,
sintomas psicopatológicos e funcionamento emocional.

O MMPI-2 é um instrumento amplamente utilizado na avaliação da


personalidade e da psicopatologia. Ele possui uma ampla gama de escalas
clínicas que avaliam diferentes dimensões psicológicas e sintomas específicos
de transtornos mentais. A inclusão do MMPI-2 nos relatórios psicológicos
fornece informações valiosas sobre as características de personalidade do
indivíduo, seus padrões de pensamento, comportamento e resposta emocional,
bem como a presença de sintomas específicos.
No entanto, o MMPI-2 não deve ser utilizado isoladamente. Para uma avaliação
mais abrangente, é recomendável integrar os resultados do MMPI-2 com outros
instrumentos de avaliação da personalidade, psicopatologia e funcionamento
emocional. Alguns exemplos de instrumentos que podem ser utilizados em
conjunto com o MMPI-2 incluem:

1. Inventários de Personalidade: Instrumentos como o NEO-PI-R (Inventário


de Personalidade NEO Revisado) ou o Big Five Inventory avaliam os
traços de personalidade amplos, fornecendo uma visão mais detalhada
dos traços de personalidade do indivíduo além das dimensões avaliadas
pelo MMPI-2.

2. Inventários de Psicopatologia: Instrumentos como o BDI-II (Inventário de


Depressão de Beck - Segunda Edição) ou o BAI (Inventário de Ansiedade
de Beck) podem fornecer informações específicas sobre sintomas de
depressão, ansiedade ou outros transtornos psicopatológicos que podem
complementar os resultados do MMPI-2.

3. Escalas de Funcionamento Emocional: Instrumentos como o EQ-i


(Inventário de Inteligência Emocional) ou o PANAS (Escala de Afeto
Positivo e Negativo) avaliam o funcionamento emocional e afetivo do
indivíduo, permitindo uma compreensão mais detalhada de suas
experiências emocionais além do que é avaliado pelo MMPI-2.

Ao integrar os resultados desses diferentes instrumentos, os profissionais podem


obter uma compreensão mais abrangente e integrada da personalidade,
psicopatologia e funcionamento emocional do indivíduo. Isso auxilia na
formulação do caso, no diagnóstico diferencial e no desenvolvimento de um
plano de tratamento mais adequado e individualizado.

É importante ressaltar que a interpretação e a integração dos resultados dos


diferentes instrumentos requerem habilidades e conhecimentos especializados
em avaliação psicológica. Portanto, é recomendado que os relatórios
psicológicos sejam elaborados por profissionais treinados e experientes na
utilização e interpretação desses instrumentos.

Como é que os resultados no MMPI-2 podem influenciar o processo de


tomada de decisão relativamente à formulação do caso (Relatórios
Psicológicos)?
Os resultados no MMPI-2 (Minnesota Multiphasic Personality Inventory-2)
podem ter uma influência significativa no processo de tomada de decisão em
relação à formulação do caso em relatórios psicológicos. O MMPI-2 é um
instrumento de avaliação amplamente utilizado na identificação de
características de personalidade, traços psicopatológicos e funcionamento
emocional.
Ao interpretar os resultados do MMPI-2, o profissional pode obter informações
valiosas que contribuem para a compreensão do indivíduo em avaliação. Aqui
estão algumas maneiras pelas quais os resultados do MMPI-2 podem influenciar
o processo de tomada de decisão na formulação do caso:

1. Identificação de traços de personalidade: O MMPI-2 fornece informações


sobre diferentes dimensões de personalidade, como
extroversão/introversão, estabilidade emocional, honestidade,
assertividade, entre outros. Esses traços de personalidade podem ajudar
a identificar padrões comportamentais e reativos que influenciam a
maneira como o indivíduo lida com situações e relacionamentos.

2. Deteção de sintomas psicopatológicos: O MMPI-2 inclui escalas clínicas


que avaliam sintomas e características relacionados a diferentes
transtornos psicopatológicos, como depressão, ansiedade, esquizofrenia,
transtornos de personalidade, entre outros. Os resultados nessas escalas
podem fornecer informações sobre a presença, a intensidade e a natureza
dos sintomas psicopatológicos, auxiliando no diagnóstico diferencial.

3. Identificação de estilos de enfrentamento: O MMPI-2 também fornece


informações sobre os estilos de enfrentamento do indivíduo, ou seja, as
estratégias que ele utiliza para lidar com o estresse e as dificuldades.
Esses estilos podem incluir mecanismos de defesa, padrões de
pensamento disfuncionais ou estratégias de adaptação adaptativas.
Compreender esses estilos de enfrentamento pode ajudar a direcionar as
intervenções terapêuticas e a identificar áreas de trabalho no processo de
tratamento.

4. Elaboração do perfil de personalidade: A interpretação dos resultados do


MMPI-2 permite elaborar um perfil de personalidade do indivíduo em
avaliação. Esse perfil inclui uma descrição das características dominantes
da personalidade, pontos fortes e desafios, estilos cognitivos e
emocionais, padrões de relacionamento interpessoal, entre outros. Essa
descrição contribui para a formulação do caso, fornecendo uma
compreensão mais aprofundada do funcionamento psicológico do
indivíduo.

Com base nessas informações obtidas a partir dos resultados do MMPI-2, o


profissional pode tomar decisões sobre o diagnóstico, a formulação do caso e o
planejamento do tratamento. Os resultados do MMPI-2 podem ajudar a
identificar áreas de foco terapêutico, fornecer insights sobre os recursos e as
dificuldades do indivíduo e orientar as estratégias de intervenção mais
adequadas.

É importante lembrar que a interpretação dos resultados do MMPI-2 deve ser


realizada por profissionais treinados e experientes na utilização do instrumento.
Além disso, os resultados devem ser interpretados em conjunto com outras
informações clínicas relevantes, como histórico de vida, observações clínicas e
entrevistas, a fim de obter uma compreensão completa e precisa do indivíduo
em avaliação.
MMPI-2-RF: Vantagens, críticas e limitações
O MMPI-2-RF (Minnesota Multiphasic Personality Inventory-2 Restructured
Form) é uma versão revisada e atualizada do MMPI-2, que possui uma série de
vantagens em relação à versão anterior. No entanto, também recebe críticas e
tem algumas limitações. Vamos explorar esses aspetos:

Vantagens do MMPI-2-RF:

1. Eficiência: O MMPI-2-RF é mais breve em comparação com o MMPI-2,


exigindo menos tempo para ser administrado e cotado. Isso o torna mais
eficiente em contextos de avaliação, especialmente quando se trabalha
com grandes amostras.

2. Estrutura fatorial mais clara: O MMPI-2-RF utiliza uma estrutura fatorial de


escalas mais simples e interpretação mais direta do que o MMPI-2. Ele
tem uma estrutura de quatro escalas de validade e 42 escalas clínicas,
oferecendo uma organização mais coesa e fácil interpretação dos
resultados.

3. Ênfase nas principais dimensões de psicopatologia: O MMPI-2-RF


concentra-se nas principais dimensões de psicopatologia mais relevantes,
fornecendo informações mais precisas sobre características clínicas
significativas, como depressão, ansiedade, psicoticismo e comportamento
disfuncional.

4. Base normativa atualizada: O MMPI-2-RF conta com uma base normativa


mais atualizada, incluindo uma amostra mais diversificada em termos de
idade, gênero, etnia e região geográfica. Isso aumenta a precisão da
comparação dos resultados individuais com a população de referência.

Críticas e Limitações do MMPI-2-RF:

1. Perda de algumas escalas clínicas do MMPI-2: O MMPI-2-RF reduziu o


número total de escalas clínicas em comparação com o MMPI-2, o que
resultou na exclusão de algumas escalas que eram consideradas
importantes para avaliar certas condições clínicas específicas. Isso pode
limitar a capacidade de avaliação de certos transtornos psicopatológicos
menos comuns.

2. Ênfase nas dimensões em detrimento dos perfis clínicos: O MMPI-2-RF é


mais focado em dimensionar a psicopatologia, o que pode ser útil em
termos de precisão e eficiência. No entanto, algumas críticas apontam
que a ênfase nas dimensões pode levar à perda de informações sobre
perfis clínicos específicos e nuances individuais.

3. Limitações na avaliação de falsidade e negação: Embora o MMPI-2-RF


inclua escalas de validade para detetar tentativas de distorção ou
negação, algumas pesquisas sugerem que ele pode ter limitações em
identificar estratégias sofisticadas de dissimulação e simulação.
4. Necessidade de conhecimento atualizado: A utilização adequada do
MMPI-2-RF requer conhecimento atualizado das escalas, estrutura e
interpretação. É importante que os profissionais estejam familiarizados
com as orientações e pesquisas mais recentes sobre o instrumento para
garantir uma interpretação precisa dos resultados.

É importante lembrar que, apesar das críticas e limitações, o MMPI-2-RF é um


instrumento amplamente utilizado e com suporte empírico significativo. Sua
aplicação e interpretação devem ser realizadas por profissionais treinados e
qualificados, levando em consideração as informações contextuais e clínicas
adicionais para uma compreensão abrangente do indivíduo avaliado.

Que “retrato” da pessoa examinada será possível elaborar com base no


recurso a Inventários de Personalidade como o MMP-2, MMPI-2-RF, MMPI-
3 e PAI?
Ao utilizar inventários de personalidade como o MMPI-2, MMPI-2-RF, MMPI-3 e
PAI (Inventário de Avaliação da Personalidade), é possível elaborar um retrato
da pessoa examinada que abrange diferentes aspetos da sua personalidade,
psicopatologia e funcionamento psicológico. Esses inventários são projetados
para fornecer uma avaliação abrangente e objetiva das características da
personalidade e podem ajudar a fornecer insights sobre o indivíduo em
avaliação.

Esses instrumentos de avaliação fornecem um perfil de personalidade que inclui


informações sobre traços de personalidade, sintomas psicopatológicos,
funcionamento emocional, estilos de enfrentamento e outras características
relevantes. Com base nos resultados obtidos, é possível elaborar um retrato da
pessoa examinada, considerando os seguintes aspetos:

1. Características de personalidade: Os inventários de personalidade


fornecem informações sobre os traços de personalidade da pessoa, como
extroversão, neuroticismo, abertura para experiências, amabilidade e
conscienciosidade. Essas informações ajudam a entender como a pessoa
se comporta, pensa e se relaciona com os outros.

2. Psicopatologia e sintomatologia: Os inventários de personalidade podem


identificar a presença de sintomas psicopatológicos, como depressão,
ansiedade, traumas, transtornos de personalidade e outros problemas de
saúde mental. Essas informações auxiliam na avaliação diagnóstica e na
formulação do caso.

3. Funcionamento emocional: Os inventários de personalidade também


fornecem insights sobre o funcionamento emocional da pessoa, incluindo
a capacidade de lidar com emoções, expressá-las adequadamente e
regular a resposta emocional diante de situações desafiadoras.
4. Estilos de enfrentamento: Esses inventários podem revelar os estilos de
enfrentamento que a pessoa utiliza para lidar com o estresse e as
dificuldades da vida. Isso inclui estratégias de enfrentamento adaptativas
e mal adaptativas, fornecendo informações sobre como a pessoa lida com
os desafios do cotidiano.

5. Perfil de funcionamento global: Com base nos resultados dos inventários,


é possível obter um perfil de funcionamento global da pessoa examinada.
Esse perfil inclui uma descrição das principais características, pontos
fortes, áreas de dificuldade e possíveis recomendações para intervenções
terapêuticas.

É importante ressaltar que a interpretação dos resultados desses inventários


deve ser realizada por profissionais qualificados, levando em consideração a
combinação de diferentes informações, como entrevistas clínicas, histórico de
vida e observações comportamentais. Além disso, é essencial considerar a
individualidade de cada pessoa e evitar generalizações precipitadas com base
nos resultados desses instrumentos de avaliação.

Técnicas Projetivas
As técnicas projetivas são um conjunto de métodos utilizados na avaliação
psicológica para obter informações sobre os aspetos inconscientes, emocionais
e de personalidade de um indivíduo. Elas envolvem a apresentação de estímulos
ambíguos ou pouco estruturados, que permitem ao indivíduo projetar seus
pensamentos, sentimentos, desejos e conflitos internos na interpretação desses
estímulos.

Ao contrário das técnicas de avaliação estruturadas, como questionários ou


inventários, as técnicas projetivas não têm respostas corretas ou incorretas. Em
vez disso, o foco está nas respostas e interpretações do indivíduo, que podem
revelar aspetos ocultos da sua personalidade, motivações inconscientes,
conflitos internos, perceções de si mesmo e do mundo.

As técnicas projetivas geralmente envolvem a apresentação de estímulos como


imagens, histórias, desenhos, situações hipotéticas ou palavras, e o indivíduo é
solicitado a responder a esses estímulos de forma livre, expressando o que lhe
vem à mente. Alguns exemplos comuns de técnicas projetivas incluem:

1. Teste de Rorschach: Apresenta manchas de tinta simétricas e o indivíduo


descreve o que vê nelas, revelando suas perceções e associações
pessoais.

2. Teste de Aperceção Temática (TAT): Apresenta uma série de cartões com


imagens ambíguas e o indivíduo é solicitado a criar histórias sobre as
imagens, revelando seus desejos, medos, conflitos e dinâmicas
interpessoais.
3. Teste de Desenho da Figura Humana: O indivíduo é solicitado a desenhar
uma figura humana, revelando aspetos de autoimagem, autoestima,
habilidades sociais e emocionais.

4. Teste de Projeção Infantil: Destinado a crianças, apresenta estímulos


como desenhos ou situações para que elas projetem seus pensamentos,
emoções e perceções sobre si mesmas e os outros.

As técnicas projetivas fornecem informações qualitativas e subjetivas, permitindo


ao psicólogo obter uma compreensão mais profunda da personalidade,
dinâmicas psicológicas e processos inconscientes do indivíduo. No entanto, elas
também apresentam limitações, como a possibilidade de interpretação subjetiva,
dificuldade na padronização e necessidade de treinamento especializado para a
administração e interpretação adequada.

Portanto, as técnicas projetivas são uma ferramenta complementar na avaliação


psicológica, utilizadas em conjunto com outras técnicas e métodos para obter
uma visão mais abrangente e individualizada do funcionamento psicológico do
indivíduo.

Conceitos, Fundamentos e Características


Projeção (clássica): processo que consiste em atribuir os próprios impulsos,
sentimentos e afetos inaceitáveis a outras pessoas ou ao mundo exterior;
processo defensivo que nos permite “ignorar” os fenómenos indesejáveis, em
nós mesmos.
projeção atributiva: atribuir, ao outro, atitudes, motivos, pensamentos
projeção autística: as necessidades do indivíduo influenciam o que ele
perceciona
projeção racionalizada: justificação do próprio comportamento/ atribuição de
responsabilidade]
distorção apercetiva: sublinha a relação experiências passadas/memórias-
experiência atual e sua interpretação

Hipótese projetiva:
Se apresentarmos a alguém uma figura ambígua e lhe perguntarmos “o que está
na figura”, a resposta será um reflexo do que é importante para a pessoa ou dos
temas que ela usa para organizar o mundo; o sujeito projetará as suas
necessidades, motivos, expectativas, ansiedades, processos de pensamento;
i.e., a forma como percebe e interpreta o material ou estrutura a situação reflete
aspetos fundamentais do seu funcionamento psicológico (ref. experiência
própria; aspetos latentes e/ou inconscientes).
Vantagens e Limitações
Aplicabilidade e estabelecimento de relação (ex. facilita estabelecimento de
relação; utilidade específica com crianças, sujeitos com baixa escolaridade...)
Simulação (ex. menos suscetíveis de gerar simulação)
Avaliador e variáveis situacionais (ex. características do avaliador, condições de
aplicação e de cotação, podem interferir no processo de avaliação; a questão da
estandardização do processo)
Normas/dados normativos (a aprofundar/estabelecer)
Fiabilidade e validade (ex. fragilidade de acordo inter-cotadores, consistência
interna, teste-reteste, validade concorrente, preditiva...)
Hipótese projetiva (ex. direccionalidade de projeção; nível de ambiguidade;
fatores situacionais)

Exemplos de Técnicas Projetivas


Existem várias técnicas projetivas utilizadas na avaliação psicológica. Aqui estão
alguns exemplos:

1. Teste de Rorschach: Também conhecido como "teste das manchas de


tinta", consiste em apresentar uma série de imagens abstratas e
simétricas aos indivíduos, que devem descrever o que veem nelas. As
respostas revelam perceções, associações, emoções e conteúdos
inconscientes.

2. Teste de Aperceção Temática (TAT): Envolve a apresentação de uma


série de cartões com imagens ambíguas ou cenas e o indivíduo é
solicitado a criar histórias sobre as imagens. Essas histórias revelam
aspetos da personalidade, conflitos internos, desejos, medos e
relacionamentos interpessoais.

3. Teste de Desenhos de Família: Consiste em solicitar ao indivíduo que


desenhe membros da sua família e relacione-os de acordo com suas
interações. O desenho e a estruturação das figuras fornecem informações
sobre dinâmicas familiares, relacionamentos e conflitos.

4. Teste de Desenho da Figura Humana: O indivíduo é solicitado a desenhar


uma figura humana completa, incluindo detalhes físicos e expressões
emocionais. O desenho revela aspetos da autoimagem, autoestima,
habilidades sociais e emocionais.

5. Teste de Projeção Infantil: Destinado a crianças, envolve a apresentação


de estímulos como desenhos ou situações específicas, para que elas
projetem seus pensamentos, sentimentos e perceções sobre si mesmas
e os outros.
6. Teste de Frases Incompletas: Consiste em fornecer ao indivíduo frases
incompletas e pedir que ele as complete livremente. As respostas revelam
atitudes, crenças, preocupações e conflitos pessoais.

Esses são apenas alguns exemplos de técnicas projetivas comumente utilizadas


na prática clínica. Cada técnica possui suas particularidades e objetivos
específicos, mas todas compartilham o objetivo geral de acessar aspetos
emocionais, inconscientes e de personalidade do indivíduo. É importante que a
administração e interpretação dessas técnicas sejam realizadas por profissionais
devidamente treinados e experientes na sua utilização.

ROBERTS APPERCEPTION TEST FOR CHILDREN - R.A.T.C


O Roberts Apperception Test for Children (R.A.T.C.) é um instrumento de
avaliação projetiva utilizado para obter informações sobre a personalidade,
emoções, conflitos internos e perceções de crianças. Foi desenvolvido por
Charles C. Roberts e consiste em uma série de imagens de desenhos animados
em preto e branco.

O R.A.T.C. é baseado no princípio da técnica de Aperceção Temática (TAT)


adaptada para crianças. Cada imagem do R.A.T.C. apresenta uma cena
ambígua, na qual os personagens estão envolvidos em várias situações. A
criança é solicitada a contar uma história sobre a cena, incluindo o que pode ter
acontecido antes, durante e depois da imagem.

Ao narrar a história, a criança projeta seus próprios pensamentos, emoções e


perceções nos personagens e eventos da cena. Através dessas histórias, os
profissionais podem obter informações sobre o funcionamento emocional da
criança, seus relacionamentos interpessoais, crenças, desejos, medos e
conflitos internos.

O R.A.T.C. é especialmente adequado para crianças em idade pré-escolar e em


estágios iniciais do ensino fundamental. As histórias contadas pelas crianças
fornecem insights sobre sua compreensão do mundo, suas experiências de vida,
suas expectativas e suas formas de lidar com situações desafiadoras.

A interpretação do R.A.T.C. leva em consideração o conteúdo manifesto (o que


foi relatado na história) e o conteúdo latente (as associações, temas recorrentes,
conflitos ou preocupações subjacentes). A análise das histórias permite ao
profissional formular hipóteses sobre a personalidade da criança, suas forças e
vulnerabilidades, e orientar o planejamento de intervenções adequadas.

É importante ressaltar que a administração e interpretação do R.A.T.C. devem


ser realizadas por profissionais qualificados, com experiência em avaliação
psicológica infantil e conhecimento da técnica de aperceção temática.
Processos Cognitivos nos Comportamentos de Avaliação Psicológica.
Articule e sintetize dados que considera mais pertinentes sobre erros, heurísticas
e enviesamentos no processo de avaliação psicológica. Justifique a sua resposta
No processo de avaliação psicológica, os erros, heurísticas e enviesamentos
podem afetar a objetividade e precisão das decisões e interpretações. Alguns
dos principais pontos pertinentes sobre esses fenômenos incluem:

1. Erros: Os erros podem ocorrer devido a uma série de fatores, como falta
de atenção, falta de conhecimento ou interpretação incorreta dos dados.
Esses erros podem levar a diagnósticos inadequados, formulações de
caso imprecisas ou recomendações inapropriadas de intervenção.

2. Heurísticas: As heurísticas são atalhos mentais que simplificam o


processo de tomada de decisão. Embora sejam úteis em muitos casos,
podem levar a enviesamentos quando são aplicadas de forma
indiscriminada. Por exemplo, a heurística da disponibilidade pode levar a
uma ênfase excessiva em informações recentes ou vívidas, enquanto a
heurística da representatividade pode levar a generalizações incorretas
com base em semelhanças superficiais.

3. Enviesamentos: Os enviesamentos cognitivos são desvios sistemáticos


na forma como processamos informações e tomamos decisões. Alguns
exemplos comuns incluem o viés de confirmação, que nos leva a buscar
e interpretar informações que confirmam nossas crenças preexistentes, e
o viés de ancoragem, que nos faz depender excessivamente de
informações iniciais ao fazer julgamentos.

A justificativa para a importância de considerar esses fatores está na


necessidade de evitar distorções e tomar decisões informadas e baseadas em
evidências durante o processo de avaliação. Ao reconhecer os erros, heurísticas
e enviesamentos, os profissionais podem adotar medidas para mitigar seus
efeitos negativos. Isso inclui a busca de múltiplas fontes de informação, a
utilização de instrumentos padronizados e validados, a aplicação de protocolos
de administração e avaliação consistentes, além da reflexão crítica sobre os
próprios processos de pensamento e a busca por feedback e supervisão para
evitar vieses pessoais.

Em resumo, a consideração dos erros, heurísticas e enviesamentos no processo


de avaliação psicológica é crucial para garantir a qualidade e a validade das
conclusões e recomendações. Ao estar consciente desses fenômenos e adotar
estratégias para minimizá-los, os profissionais podem aumentar a precisão e a
confiabilidade de suas avaliações, promovendo assim um melhor atendimento
aos clientes.
Caracterize, de forma breve, três heurísticas e três erros ou enviesamentos,
que considera mais importantes. Justifique as suas opções.
Três heurísticas importantes são:

1. Heurística da disponibilidade: Essa heurística envolve a tendência de avaliar


a probabilidade de um evento com base em exemplos ou informações que
vêm facilmente à mente. Geralmente, estamos mais propensos a acreditar
em algo se pudermos facilmente recordar casos semelhantes. Essa
heurística é importante porque influencia a tomada de decisão em situações
em que nossa memória está envolvida, podendo levar a julgamentos
enviesados.

2. Heurística da representatividade: Essa heurística leva em consideração o


quão representativo algo é de um determinado estereótipo ou categoria. Por
exemplo, se uma pessoa se encaixa em um estereótipo específico, podemos
supor que ela possui outras características associadas a esse estereótipo.
Essa heurística pode levar a generalizações equivocadas e estereotipadas,
pois ignora informações individuais e únicas sobre as pessoas.

3. Heurística da ancoragem: Essa heurística envolve a tendência de basear


nossas decisões em informações iniciais que são apresentadas, mesmo que
sejam irrelevantes ou não confiáveis. Essa heurística é importante porque
nossa mente tende a se ancorar em valores iniciais ao fazer julgamentos ou
estimativas subsequentes. Isso pode levar a erros de avaliação, pois
podemos subestimar ou superestimar informações relevantes.

Três erros ou enviesamentos importantes são:

1. Viés de confirmação: Esse enviesamento ocorre quando buscamos,


interpretamos ou lembramos seletivamente informações que confirmam
nossas crenças ou hipóteses pré-existentes, ignorando ou desvalorizando
evidências contrárias. Esse erro é significativo porque pode levar a
conclusões distorcidas ou apegadas a ideias preconcebidas, prejudicando
a objetividade e a imparcialidade na avaliação.

2. Viés de ancoragem: Esse enviesamento ocorre quando somos


influenciados por informações iniciais ao fazer julgamentos ou estimativas
subsequentes. Nossas decisões tendem a ser influenciadas por um valor
inicial ou ponto de referência, mesmo que não seja relevante para a
situação atual. Esse erro é relevante porque pode levar a estimativas
incorretas ou influenciar negativamente a tomada de decisão.

3. Viés de retrospetiva: Esse enviesamento ocorre quando, ao olhar para


eventos passados, tendemos a considerar que o resultado era previsível
ou inevitável. Esse erro é importante porque distorce a nossa avaliação
de situações anteriores, levando-nos a acreditar que as coisas deveriam
ter sido conhecidas ou previstas, mesmo que na época as informações
disponíveis não suportassem essa conclusão.
Essas heurísticas, erros e enviesamentos são importantes porque destacam a
forma como nossas mentes processam informações e tomam decisões, muitas
vezes resultando em julgamentos enviesados ou imprecisos. Ao reconhecer
esses fenômenos e estar ciente deles, podemos tomar medidas para mitigar seu
impacto e promover uma avaliação mais objetiva e precisa.

A natureza ideológica da avaliação … Ou outras formas de pensar a


avaliação e os comportamentos de avaliação.
O paradigma da avaliação generalizada (Roland Gori).
Com o paradigma da avaliação generalizada, estamos hoje, perante uma
mutação cultural.
 A avaliação é o que [Gilles] Deleuze chamou de “os pequenos fascismos
da vida quotidiana”, temos a impressão de que de certa forma seremos
capazes de nos servirmos a nós mesmos tirando proveito do outro.

 O sofrimento psíquico é transformado em “mercadoria”. Porque é que


em nome da “ciência” psicólogos e psiquiatras se fizeram
“instrumentos de um poder que transforma o homem em instrumento”
(Canguilhem)? Por que esse triunfo arrogante do cientificismo na
psiquiatria e na psicologia é ainda mais ilegítimo, já que a maioria de seus
conceitos provou ser extremamente poroso em relação à cultura e à ideologia
norte-americana?

 “A avaliação produz imposturas”: uma nova forma de avaliação do


mundo dos negócios e das finanças que invadiu todas as esferas da
existência. Na saúde e no serviço social, as regras de boas práticas e os
referenciais, segundo Gori, englobam o conhecimento e o saber-fazer.
Ameaçando a liberdade e a democracia.

“A nova avaliação” e crise de valores nas nossas profissões


 Movimento Appel des appels formado em reação às práticas de avaliação
na universidade, no hospital, nos círculos profissionais da justiça, da
polícia, da cultura, da pesquisa, do serviço social, da 'informação.

 Estas práticas avaliativas constituem novos mecanismos de servidão


voluntária que participam da arte neoliberal de governo dos indivíduos e das
populações. Os próprios profissionais não se reconhecem por vezes
nesta servidão/submissão/escravatura voluntária, numa submissão
livremente consentida, a que o poder e os nossos modos de governo os
convidam.
 Sofrimento no trabalho é o nome desses efeitos de desconstrução de
práticas.

 A febre avaliativa das organizações de poder provocou, de forma insidiosa


e gradual, uma mudança de sentido dessa noção, que era então concebida
como uma extensão social da norma de gestão em setores da vida social até
então preservados dela. A proliferação de regulamentos, decretos ou
regras de boas práticas advém do aumento crescente de normas e
requisitos de normalização/estandardização.

“A Nova avaliação”: normalização, quantificação, especialistas


 O primeiro ato de resistência consiste em analisar e desconstruir o
funcionamento de nossos sistemas de normalização, precisamos
também resistir a esses sistemas de servidão que constituem a padronização
de práticas profissionais e sociais, [...] sempre mais comprometidos em uma
cultura de profissões, a sua ética e o seu propósito específico.

 Contar, quantificar, controlar nossas atividades e normalizá-las,


localizar nossas emoções, nossos comportamentos racionais ou
irracionais no cérebro, é muito mais simples, mais conveniente, mais
adequado à nossa cultura de desempenho e menos custoso do que a atitude
de tomar o tempo contar a nossa história ou analisar através do storytelling
as situações em que nos deparamos com dificuldades. Figuras e curvas
expropriam-nos do saber-fazer transmitido de gerações em gerações.

 Os "especialistas/peritos [experts]" que hoje nos dizem como devemos


nos comportar no nosso modo de existir íntima e profissionalmente, são
uma nova encarnação dos dispositivos de censura social, os novos escribas
de nossos padrões morais, participam dessa "arte liberal de governar" da qual
Michel Foucault fez a "genealogia“.

“A nova avaliação”: as ilusões de objetividade, transparência e justiça


 Outra ferramenta da "revolução da gestão" é a promoção baseada no
mérito. Trata-se, então, de “medir o mérito”, uma ilusão subjacente de
objetividade, justiça e transparência.

 Primeira ilusão: a “objetividade”. Porque ao assimilar "objetividade" e


"medição", isso produz "quantofrenia", ou seja, a doença da medição,
o que significa que as hipóteses que presidiram à tradução da atividade em
termos de indicadores não são mais discutidas, e é o indicador que então se
torna o fim. E como os indivíduos adaptam seu comportamento aos
parâmetros pelos quais vão ser avaliados, o indicador não é mais um meio
de tentar ver se estamos a fazer bem ou mal o nosso trabalho, mas o
resultado a ser alcançado, qualquer que seja o preço.

 Segunda Ilusão: a “transparência”. Não podemos avaliar os avaliadores,


aqueles que utilizam os indicadores, nem discutir o sistema interpretativo
aplicado.

 Terceira ilusão: a “justiça”. A recompensa do “mérito” produz sempre


“perdedores”.

 Essa exigência de “sempre mais” é uma das causas essenciais da pressão,


da tensão do trabalho e dos riscos psicossociais.

“Novas formas sociais de avaliação”: dispositivos de servidão voluntária


 Essas novas formas sociais de avaliação são dispositivos de servidão
voluntária, dispositivos de submissão social livremente consentida.

 E eu acredito que há uma impostura aí. Em 2009, escrevi um texto com Marie-
José Del Volgo que tratava desse novo vício da escravidão que constitui
a bibliometria científica, novas “imposturas” no panorama da pesquisa.

 Agimos como se a avaliação fosse uma prática científica, quando nunca


foi. A avaliação é de certa forma um julgamento produzido pelo estado
de uma opinião consensual de especialistas.

 O modelo de agência de classificação é a agência de classificação


financeira. E, então, se pegarmos as comissões científicas, as avaliações de
tarifas de hospitais, as avaliações de programas de rádio... é o mesmo
modelo. Não científico, tóxico.

 Mas quando o trabalho é realizado de acordo com a ética da sua


profissão, você está em resistência!

A natureza ideológica da avaliação e a ideologia da avaliação: contributos


de Michel Foucault.
Não é o poder, mas o sujeito, que constitui o tema geral da minha pesquisa* O
homem é uma invenção cuja arqueologia do nosso pensamento mostra
facilmente a data recente. E talvez o fim próximo.
“A ideologia da avaliação”
O processo de avaliação deve permanecer invisível, por isso a avaliação usa a
linguagem da transparência. A avaliação funciona como um poder, um poder
suposto saber, um poder que pretende padronizar e regulamentar o saber.

Quais são os resultados do sistema de avaliação?


1. O sistema de avaliação gera uma normalização generalizada de saberes e
práticas.
2. Esta normalização, realizada pela avaliação como prática do poder, exclui do
conhecimento acreditado os indivíduos, grupos, mas também abordagens
intelectuais, mesmo campos disciplinares inteiros.

 Avaliar é determinar valor. A avaliação pressupõe, portanto, o


estabelecimento de uma escala de valores: valores positivos e valores
negativos. A linguagem da avaliação nunca é inequívoca, ela opera no
modo da dupla verdade: o que se sabe e o que está escondido.

 … explicações sobre a forma como, em cada momento, a ideologia, ou seja,


o aparelho de justificação do sistema, a narrativa sobre a realidade,
encontra formas de explicar processos e comportamentos de avaliação de
pessoas e instituições.

 Indicadores de desempenho: entre a ilusão e a perversidade. A


implementação de indicadores de avaliação úteis e relevantes em ação
pública deve, portanto, ser realizada com cautela. Ela não tem nada a ver a
ideologia vazia da performance; nem a embriaguez da sua pretensa
superioridade. Não pode ser reduzida a uma ficção ingénua que considera
certos fatores significativos pela simples razão de serem facilmente
mensuráveis.

 “A avaliação tem uma natureza e uma função essencialmente


estratégicas: nas empresas está ao serviço da gestão e da disciplina dos
“recursos humanos”; na universidade e na investigação, é o “dispositivo”
de uma máquina de governo.” [cf. Michel Foucault, “dispositivo”: inclui
“discursos, instituições, leis, medidas administrativas, enunciados
científicos, dito, não dito”, protocolos …].

 [Avaliação] “um ‘dispositivo’ (i.e., “tudo aquilo que pretender ter a


capacidade de capturar, orientar, determinar, controlar, modelar e
assegurar as condutas, as opiniões e os discursos dos indivíduos” [cf.
dispositivos de avaliação quantitativos].
 “A ideologia da avaliação quer sempre incutir a falsa consciência, como
todas as ideologias, de que é neutra e objetiva, e não subjetiva e produto
de uma vontade particular”.

 A avaliação como novo modo de governança. O poder dos burocratas


avaliadores.

 A globalização da avaliação, função de regulação, punição, humilhação.


Por vezes é impossível de determinar que "idiota racional", para citar Amartya
Kumar Sem, está por trás destes ecrãs avaliativos.

 “A avaliação, que corresponde hoje a uma ideologia e a uma cultura que


se exprimem em índices, rankings, classificações, cálculos, medidas,
relatórios, instrumentos de intelligence administrativa, tornou-se um poder
esotérico de grande alcance” (Guerreiro, 2014).
 “[A] orgia de números no discurso público … todos os dias, em todo o
lado. Os centros de decisão do poder político são centros de cálculo e de
tradução estatística. E o nosso horizonte está preenchido pela aritmética
política, por um governo planetário dos números. A avaliação, ferramenta
primeira da atual técnica gestionária, pode ser definida como um poder
regulador e uma polícia científica (a Polizeiwissenschaft era uma disciplina
ensinada nas universidades alemãs)” (Guerreiro, 2014).

 A avaliação é uma racionalidade estatal. A história da estatística entrelaça-


se com a história da polícia: a estatística é o instrumento fundamental da
organização da polícia (cf. Michel Foucault, Seminários Segurança,
Território, População) [Racionalidades diversas e complexas, por vezes
convergentes, por vezes contraditórias (cf. dissociação: o que digo através
da linguagem e o que penso, o indizível e o impensável)] .

 “[U]m Estado racional – um Estado dotado dos instrumentos capazes de


qualificar, medir, hierarquizar, indiciar, codificar, verificar, apreciar –
requer uma ciência da polícia” (Guerreiro, 2014).

Avaliação “panóptica”: … Ser observado sem ver, … Ver sem ser


observado
 Para Michel Foucault o diagrama Panóptico é uma figura que permite um
exercício ideal do poder: “Porque pode reduzir o número daqueles que
exercem o poder, enquanto multiplica o número daqueles sobre os quais é
exercido. Porque permite intervir a qualquer momento e a pressão constante
atua mesmo antes de serem cometidos erros, faltas, crimes.”

 O Panóptico produz um saber sobre os indivíduos vigiados e este saber


permite aumentar o poder que se tem sobre eles: “Não há relação de
poder sem constituição correlativa de um campo de saber, nem saber que
não suponha e constitua simultaneamente relações de poder.”

 Panóptico /” Panopticismo”: princípio geral de uma nova “anatomia do poder”,


exercido a partir de mecanismos disciplinares.

 Polivalência do Panóptico: não apenas prisões …, mas também,


empresas, hospitais, escolas, universidades [hoje: rankings, bibliometria,
professores, alunos, ciência, …], ...

 Procedimento de objetivação e de sujeição / submissão /obediência


/dependência (“assujettissement”), o exame [a avaliação] controla,
hierarquiza, normaliza e, deste modo, permitem uma fixação “científica” das
diferenças individuais.

Avaliação “panóptica”: … controlo e poder disciplinar sobre as pessoas


 A utopia de uma sociedade que assegura o controlo perfeito das
pessoas encontra o seu arquétipo no projeto arquitetural [1791] imaginado
pelo filósofo utilitarista inglês Jeremy Bentham [1748-1832], no século XVIII.

 O Panóptico é um modelo de arquitetura penitenciária/carcelar, que coloca


todos os condenados sob o olhar inquisidor [vigilância total], de uma só
pessoa [guarda prisional, omnipresença invisível], a partir de um único posto
de observação, que os condenados não podem ver.

 O Panóptico é um edifício/construção semicircular, dividido em células/celas


isoladas umas das outras, mas envidraçadas de tal forma que cada ocupante
dessa célula (preso) possa ser observado a partir de uma torre central. Neste
universo, os detidos não podem saber se estão ou não a ser observados. No
elo periférico, a pessoa é totalmente vista/observada sem jamais ver, vemos
sem ser vistos.

 “Poder disciplinar” [o poder como categoria ontológica]. O poder das


sociedades modernas está construído sob uma organização minuciosa da
disciplina. O nascimento da prisão/desenvolvimento do sistema carceral:
meio de controlo sobre os indivíduos e os seus corpos. (Foucault, 1975).

Avaliação “panóptica”: … “Sob os olhos do poder, dia e noite”


 “[No aparato panóptico] o poder desaparece, não é mais representado, mas
existe; dilui-se mesmo na infinita multiplicidade do seu olhar único”.
 “No panoptismo, a vigilância dos indivíduos é exercida ao nível não do que
se faz, mas do que se é, não ao nível do que se faz, mas do que se pode
fazer.”

 “A vida tornou-se, a partir do século XVIII, um objeto do poder”. Foucault, M.


(1976).

 Da vigilância à criação de algoritmos de perfis, em desafio à singularidade e


imprevisibilidade dos sujeitos. Nós não estamos num regime de
normalização, mas de neutralização. Neutralização da própria vida.

“Sociedade disciplinar”
 Disseminação da disciplina e do controlo por todo o lado.

 Para Michel Foucault, a sociedade disciplinar:


(i) deu princípio/nascimento às ciências sociais: psicologia, psiquiatria,
criminologia; [sujeito humano é governado e modelado por saberes
específicos;

(ii) (ii) instituiu “o reino universal do normativo”, com os seus agentes


de poder que são o psicólogo, psiquiatra/médico,
educador/professor, polícia …, família, …

 A “sociedade da vigilância” necessita de isolar os desviantes: “O asilo


psiquiátrico, a penitenciária, a casa de correção, o estabelecimento de ensino
vigiado e, por um lado, os hospitais, em geral todas as instâncias de controle
individual operam em duplo modo: o da partilha binária e da marcação
(louco/não louco; perigoso/inofensivo; normal/anormal)”.

A “microfísica do poder”: a face oculta da Avaliação


 Escola e justiça como exemplos dos aparelhos disciplinares exaustivos
e ideológicos do Estado.

 Leitura do poder em termos de relações de força, múltiplas.

 A sociedade disciplinar e normalizadora transforma o indivíduo em matéria


a trabalhar, em curva a redesenhar”.

 Normalização das condutas privadas.

 “O poder está em toda a parte” (“difuso, não localizável num lugar preciso”)
 O poder é imanente: não é unificado de cima, mas exerce-se em centros
locais (relações entre aluno e professor, empregado e patrão, doente e
médico, indivíduo avaliado e avaliador).

 O poder varia em permanência: há modificações incessantes nas relações


de força …

 O poder inscreve-se num duplo condicionamento: reveste-se de um


carácter microfísico, mas obedece igualmente a uma lógica global que
permite caracterizar uma sociedade numa dada época. “Não há uma relação
de poder sem resistência [contrapoder], sem escapatória, sem fuga …”

 Poder (invisível, insidioso). “O poder não é uma substância, não é um


atributo misterioso. O poder não é mais do que um tipo particular de relações
entre indivíduos [cf., poder de sancionar, fechar numa prisão, num
diagnóstico”].
 O poder é indissociável do saber: o exercício do poder é igualmente um
lugar de formação do saber (sobre o individuo, o vivo, a loucura
[psicopatologia], o desenvolvimento da criança … De maneira simétrica, todo
o saber estabelecido (psicologia, criminologia, …) permite e assegura o
exercício de um poder (avaliação, diagnóstico, … que define quem é a
pessoa).

 Construção da relação sábia e meticulosa entre avaliador e avaliado

 Construção do sujeito da psicologia, o sujeito não como realidade, mas


como objeto de conhecimento existe apenas num contexto histórico de
conhecimentos disponíveis, maneiras de existir … condições de
possibilidades

 … [técnicas: testes, entrevistas, grelhas de observação … permitem


prolongar as análises ... materialidade nua, estritamente positiva; literalidade
visível, legível como ficção (risco de impor um único olhar e de tomar
decisões nessa base).

 O homem fragmentado de Nietzsche, o homem liberto das ciências


sociais e humanas. O “homem”, não como realidade, mas como objeto de
conhecimento apenas existe num registo histórico. RP: o que há fora do
texto escrito? O conhecimento (im)possível.

 Tarefa a realizar com a avaliação psicológica: Sensibilidade a novas


maneiras de existir/funcionar à margem ou no interior das normas.

 Relações que o pensamento da avaliação psicológica mantém com (a?


uma?) verdade. “Uma experiência é sempre uma ficção, é qualquer coisa
que se fabrica a si própria, que não existe antes e que se vai descobrir que
existe depois”. A experiência do que somos é sempre uma ficção. Da ficção
é possível extrair uma verdade. A verdade é um produto histórico.

A [mediatização e simplificação da] Avaliação …das/nas Universidades


 Nas universidades: os rankings, a bibliometria … a “utopia panóptica”
de uma visão total e simultânea, na qual o saber avaliativo é um saber
cibernético sistemático de controlo (Guerreiro, 2019);

 “Universidades portuguesas em alta no maior ranking mundial [CWUR]”


(Público, 28 de maio, 2019);

 “Universidades portuguesas em queda quase generalizada no ranking


QS” (Público, 6 de junho, 2019);

 “O problema não está em saber qual dos dois rankings é o verdadeiro, ou


qual dos dois é o mais verdadeiro; o problema é que seja visto como
científico o que é pura ideologia”.

 A cientificidade, objetividade e transparência da avaliação através das


classificações dos rankings: 500, 501 …, 499 …, … mérito

 “Utopia panóptica” de uma visão total e simultânea, na qual o saber


avaliativo é um saber cibernético sistemático de controlo (Guerreiro, 2019).

 Crítica comum: “quantificação das ciências humanas segundo o modelo


das ciências duras é inadequada”.

Bibliometria
 “Indispensável avaliar a qualidade do trabalho produzido/realizado nas
universidades /investigação científica (assegurar critérios razoáveis de
aplicação dos recursos públicos, para estimular a competição em níveis
saudáveis”.

 “Cultura quantitativa da avaliação, apresentada como necessária e


inevitável, expressa não apenas em rankings, mas, também, em índices
bibliométricos adotou em grande medida os instrumentos algorítmicos”.

 Resposta: “O meu desejo pessoal é o de enviar toda a bibliometria e os seus


diligentes servidores para o mais escuro e omnívoro buraco negro conhecido
em todo o universo, de modo a libertar para sempre a academia desta
pestilência”.

A “simplificação” da Avaliação das/nas Universidades


 A “qualidade” como novo método de controlo dito científico (estatístico
[qualidade transformada em quantidade numérica]).

 “Os tempos estão para a medida, a confeção dos padrões, a avaliação por
indicadores, ou seja, para a construção de procedimentos suscetíveis de
tornar mensurável para fins de quantificação o que, a priori, não o era”. (…)
Ciência, ou conhecimento como uma exigência intelectual e objetiva de
verdade, parece bastante ilusória em relação ao atual desenvolvimento
intensivo da avaliação por indicadores. Uma avaliação, além disso, sujeita
a liberdade e a criatividade de todos por meio da Nova Gestão Pública no
pseudomercado enfaticamente referido como a “economia do
conhecimento”. (…) “Neste triste ambiente, "a vida da mente", para usar
uma expressão cara a Hannah Arendt, é reduzida e assimilada ao
comportamento de um cão pavloviano para o qual, no presente caso, os
indicadores substituiriam os famosos estímulos elétricos. O
conhecimento, esvaziado de seu significado, é substituído pela medição do
número de artigos e suas citações sem consideração real, exceto para torná-
lo "chique", ao seu conteúdo.” (…) “Será que o obscurantismo camuflado
com estatísticas é o horizonte do pensamento moderno?”

Teses sobre Avaliação


Primeira Tese: A avaliação é um “componente” da “estratégia de reforma”.
A avaliação deve ser usada para classificar, ou seja, para justificar
desclassificações.
Segunda Tese: O motor da avaliação é o desempenho (performance). Na
linguagem da incontroversa Wikipedia: “A avaliação é um método que permite
avaliar um resultado e, portanto, saber o valor de um resultado que não
pode ser medido. É aplicado em vários campos onde os resultados são
esperados, mas não mensuráveis. Nem a investigação, nem a saúde, podem ser
medidas, e é exatamente isso que diz a avaliação quando fala do “desempenho”
do hospital ou do sistema de pesquisa. O desafio de quantificar o não
quantificável é enfrentado através do desempenho. A qualidade torna-se
então uma simples propriedade emergente da quantidade. O desempenho e
o fator H são incapazes de medir a originalidade como tal.

 «Risco de a quantidade ‘matar’ a qualidade» (Alexandre Matzin, 2009).


Terceira Tese: O Horizonte do desempenho (performance) é a “competição
internacional”, outro nome para a angústia da perda. Os "indicadores de
desempenho" estão reunidos em "rankings internacionais" (Pisa, Xangai) que,
segundo Valérie Pécresse, "têm falhas, mas existem" e devem trazer as
universidades "para a cultura dos resultados “. “É uma batalha global em que
outros países se adiantaram a nós”, a Suécia ultrapassou-nos, a Grã-Bretanha
está vinte anos à nossa frente. A ansiedade de perder impõe avaliação
permanente.
 Ana Wil Harzing (software Publish or Perish, refinamento do fator H de
GoogleScholar) pede uma “moratória” nos rankings, a revista Science
ridiculariza o gosto pronunciado do CNRS pela bibliometria. Os diretores das
melhores revistas britânicas de história e filosofia da ciência pedem desde
julho de 2008 que estas não apareçam mais nas listas da Fundação Europeia
para a Ciência. É mais do que uma abstenção, é uma objeção de
consciência.
Quarta Tese: A Estrutura da Competição é a grelha. O avaliador preenche as
grelhas de avaliação, assim denominadas porque aí se cruzam os “critérios”. O
avaliador teme o arbitrário: uma nota nunca é suficiente, são necessárias várias
notas, para distinguir "pontos fortes" e "pontos fracos" que o avaliado terá de
identificar primeiro através da autoavaliação, suplemento ao " dossier único" para
“reconhecimento” de uma unidade de investigação.
 A grelha de avaliação das comissões de visita da AERES tem dois perfis,
quantitativo e qualitativo, cada um com os seus “descritores”. Qualitativo não
tem nada a ver com quantitativo (não somos máquinas), exceto que é
expresso por meio de uma notação de 1 a 5. A nota final é o produto de
quatro notas chamadas “eixos de avaliação” (mercado de ações?): produção
(qualidade, quantidade, impacto); atratividade; estratégia; projeto (qualidade,
oportunidade). É jurado, “nem as quatro notações específicas, nem a
classificação geral resultará apenas da aplicação de um algoritmo” (não
estamos no Google) e as avaliações “são determinadas por consenso”.
Risco do arbitrário, da ambiguidade, de duplicidade, do aleatório, da
incerteza humana e da subjetividade do avaliador.

Quinta Tese: A Linguagem das Grelhas é Transparente e Honesta/Justa.


 O seu princípio comum é a justiça. A imparcialidade é um jogo limpo
levado ao ponto da neurose obsessiva, ou seja, às teorias procedimentais da
justiça. Como justo significa antes de tudo a beleza da jovem de pele clara, o
bom tempo, entendemos que essa neurose obsessiva pode representar um
problema em pessoas paranoicas: elas levam isso de perversão. (…).
Quantas virtudes unidas na justiça! Obediência, como servidão voluntária
que me prende à minha declaração. A preocupação é educativa: quando
tem "22 em 30 pontuações no verde" como Christine Lagarde, deve tentar
obter 23, 24, até 30; tal é a pedagogia por objetivo, com reforço positivo
sem punição corporal (além da ameaça de demissão). Amor acima de
tudo, na “melhoria contínua” da avaliação como do mundo: fazer um
lugar melhor, só é possível consigo e graças a si, cara-metade e colega
querido. A justiça está na encruzilhada do ato de falar e do ato de fé. Situa
a avaliação no ponto de fusão da religião, da moral e do performativo, ou
seja, no ponto mais distante do julgamento. Declaração, normas, estado da
arte, avaliação, empenho, comissão, tudo isso para isso: um equilíbrio
de vieses, de forma a legitimar a classificação final que, recordemos, é
antes de mais uma desclassificação.

A “filosofia da avaliação”: Princípios


 A filosofia da avaliação tornou-se um dos mais poderosos mecanismos
de governo e legitimação das organizações no mundo contemporâneo.
Acima de tudo, não deve se limitar a entendê-la como uma simples técnica
de gestão (uma técnica corretiva das ações em função de seus resultados),
mas como a implementação de uma verdadeira nova filosofia de
governo, baseada em instrumentos ou indicadores. Todos convergem
para uma afirmação comum: sem avaliação já não há eficiência nem
progresso.
[1.] Tudo é passível de ser mensurável e, em última instância, passível de
avaliação – um exercício que permite transformar inesgotáveis debates
ideológicos em questões técnicas, graças à produção de baterias de
indicadores possivelmente concorrentes.
Primeira crítica: nem todas as práticas são igualmente mensuráveis. O primeiro
princípio assenta numa amálgama: a ideia de que a avaliação é uma técnica
aplicável a qualquer tipo de atividade, desde que sejam estabelecidos os
indicadores adequados. Na realidade, ao contrário do que afirma o primeiro
princípio, nem tudo é suscetível de ser medido com a mesma fiabilidade. Não só
por razões técnicas, mas também por razões relacionadas com a própria
natureza das atividades medidas. A ideia de que tudo é avaliável é de facto uma
ilusão de racionalização, insinuando de forma abusiva que a avaliação das
atividades e sobretudo das pessoas pode ser uma questão puramente técnica.

[3.] A avaliação, na medida em que se baseia em referenciais comuns, em


uma forte credibilidade e critérios técnicos irrepreensíveis, garante uma
gestão mais transparente do poder.
Terceira crítica: A filosofia da avaliação parte de uma promessa: sua
generalização permite reduzir o exercício arbitrário do poder. A avaliação é “um
juízo de valor (baseado) em processos cognitivos”. Em suma, baseia-se na
circulação transparente do conhecimento. Mas a avaliação não é informação,
mas poder. Os indicadores são muito mais do que apenas uma questão técnica.
Qualquer indicador é uma escolha política por omissão: move a decisão política
no momento da construção a montante dos indicadores, mas não aumenta
necessariamente a transparência. A composição de indicadores esconde o
momento político por trás de um debate aparentemente técnico – o governo
dos homens torna-se um governo das coisas. A razão das dificuldades não é de
natureza técnica, mas estritamente social. Quaisquer que sejam os indicadores
escolhidos, a avaliação é inseparável de um jogo de poder. Com efeito, a
utilização de indicadores baseia-se numa conceção incrivelmente irrealista do
exercício do poder nas nossas sociedades. A avaliação requer transparência
onde, por definição, o poder opera através de áreas de incerteza (Crozier,
Friedberg, 1977). A importância das zonas de incerteza no exercício efetivo do
poder interdita, reduzir os indicadores a simples ajudas técnicas. O uso da
avaliação não torna o poder mais transparente; apenas abre um novo espaço
estratégico.

[7.] A avaliação, ao tornar o poder mais efetivo e transparente, é um


poderoso mecanismo de legitimação das organizações.
Sétima crítica: a avaliação alimenta um tipo particular de crise de legitimidade.
O desafio à autoridade assume até uma nova forma: “Quem é ele para me
avaliar?” “O que é que ele fez?” “Por que ele não reconhece meus esforços?”.
A avaliação, que deveria introduzir um critério objetivo e transparente, para
motivar os funcionários, multiplica as frustrações e os sentimentos de injustiça.
Diante do poder discricionário dos gestores, um inevitável sentimento de
deceção se espalha entre os funcionários diante de uma recompensa que não
recebem, o que alimenta um profundo sentimento de desconfiança em relação
às organizações. Os discursos que defendem e pedem envolvimento e
compromisso, insinuando que esse esforço será reconhecido através da
avaliação, são então revertidos no seu oposto, gerando a sensação de evoluir
num mundo “falso”.

[8.] A avaliação, ao desenhar, graças à capacidade de resposta que


assegura, as consequências dos limites das velhas formas de
racionalização organizacional, inaugura uma nova era na racionalização
das nossas sociedades.
Oitava crítica: a avaliação é uma crença coletiva. Como um mecanismo como
a avaliação, com tantos limites e malefícios, pode estar se tornando o cerne de
nossos modelos de gestão? Por que nossas sociedades acreditam nisso?
A filosofia da avaliação traz para o projeto moderno: a racionalização. A
avaliação, portanto, oferece outra pedra angular do poder contemporâneo.
Sedução: essa é a palavra-chave. A avaliação alimenta uma crença coletiva na
eficiência graças à sedução multifacetada que exerce. Não se impõe, ao
contrário do que sugere, graças às suas virtudes potenciais, mas apesar das
suas evidentes fragilidades e contradições.
A crença na avaliação está enraizada na experiência comum que não pode ser
negada. Quem não, graças a um retorno reflexivo sobre sua própria ação,
modificou sua conduta alguma vez? É, inclusive, uma evidência indissociável de
uma habilidade cognitiva humana – a introspeção e a reflexividade. A adesão às
virtudes da avaliação encontra nesta associação uma das razões da sua força.

Relatórios de Avaliação (Neuro)Psicológica


Articule e sintetize dados que considera mais pertinentes acerca da seção:
Resultados nos Testes no que toca a Relatórios de Avaliação
(Neuro)Psicológica.
A seção de "Resultados nos Testes" em um Relatório de Avaliação
(Neuro)Psicológica é uma parte fundamental que apresenta os dados obtidos
por meio dos testes psicológicos e neuropsicológicos aplicados. Alguns dados
pertinentes a serem considerados nessa seção incluem:

1. Descrição dos testes utilizados: É importante fornecer uma descrição


sucinta de cada teste aplicado, incluindo seu propósito, estrutura e
principais áreas avaliadas. Isso permite que o leitor compreenda o
contexto dos resultados apresentados.

2. Resultados quantitativos: Os resultados quantitativos, como escores


brutos, escores padronizados ou percentis, devem ser apresentados de
forma clara e organizada. É importante incluir informações sobre o
desempenho do avaliado em cada teste, destacando os pontos fortes e
fracos identificados.

3. Interpretação dos resultados: A interpretação dos resultados é uma etapa


crucial. Os dados obtidos nos testes devem ser relacionados aos objetivos
da avaliação e às hipóteses formuladas. Deve-se discutir o significado
clínico dos resultados e como eles podem impactar o funcionamento do
indivíduo em diferentes áreas da vida.

4. Comparação com normas: Os resultados devem ser comparados com as


normas apropriadas para o teste utilizado. Isso permite avaliar se o
desempenho do avaliado está dentro da faixa esperada para sua idade,
sexo ou grupo de referência. A comparação com as normas ajuda a
identificar possíveis deficiências ou habilidades excecionais.

5. Consistência dos resultados: É importante verificar a consistência dos


resultados entre os diferentes testes e subtestes aplicados.
Inconsistências significativas podem indicar inconsistências na resposta
do avaliado ou a presença de fatores que influenciam o desempenho,
como ansiedade, fadiga ou falta de motivação.

6. Considerações qualitativas: Além dos resultados quantitativos, é


relevante incluir observações qualitativas sobre o comportamento do
avaliado durante a realização dos testes. Isso pode fornecer insights
adicionais sobre seu estilo cognitivo, estratégias de resolução de
problemas, motivação e emoções relacionadas à avaliação.

7. Recomendações: Com base nos resultados obtidos, é importante fornecer


recomendações para intervenções, encaminhamentos ou estratégias de
apoio. Essas recomendações devem ser específicas, realistas e
baseadas nas necessidades e nos objetivos do avaliado.

A síntese dos dados na seção de "Resultados nos Testes" deve ser clara,
objetiva e baseada em evidências. É fundamental evitar a interpretação
excessiva ou especulativa dos resultados, mantendo-se fiel aos dados obtidos
nos testes aplicados. Além disso, é importante relacionar os resultados com
outras informações obtidas durante a avaliação, como histórico clínico,
entrevistas e observações, para uma compreensão mais abrangente do
indivíduo avaliado.

Articule e sintetize dados que considera mais pertinentes acerca da seção:


Resumo e Impressões/Formulação e conceptualização do
caso/Conclusões/Interpretação no que toca a Relatórios de Avaliação
(Neuro)Psicológica.
A seção de "Resumo e Impressões/Formulação e Conceptualização do
Caso/Conclusões/Interpretação" em um Relatório de Avaliação
(Neuro)Psicológica é uma etapa crucial que sintetiza as informações coletadas
durante o processo de avaliação e oferece uma compreensão global do caso.
Alguns dados pertinentes a serem considerados nessa seção incluem:

1. Resumo dos resultados: Nessa parte, é importante fazer um resumo dos


principais resultados obtidos nos testes psicológicos, neuropsicológicos e
outras avaliações realizadas. Isso inclui tanto os aspetos quantitativos
quanto os qualitativos, destacando os pontos relevantes para a
compreensão do caso.

2. Impressões clínicas: As impressões clínicas referem-se às observações


subjetivas do avaliador durante o processo de avaliação. Isso pode incluir
informações sobre o comportamento, afetividade, atitude e estilo cognitivo
do avaliado. Essas impressões podem ser úteis para entender o
funcionamento global da pessoa e sua relação com os resultados dos
testes.
3. Formulação e conceptualização do caso: Essa parte envolve a integração
dos dados obtidos nos testes com informações adicionais, como histórico
clínico, entrevistas e observações. É importante elaborar uma formulação
teórica do caso, relacionando os achados da avaliação aos sintomas,
queixas e dificuldades apresentadas pelo avaliado. A conceptualização
do caso pode ser baseada em teorias psicológicas relevantes e deve levar
em consideração a individualidade e a história de vida do avaliado.

4. Conclusões e interpretação: Nessa etapa, são apresentadas as


conclusões finais e a interpretação dos resultados da avaliação. Isso
envolve relacionar os achados da avaliação com as hipóteses iniciais,
considerar os critérios diagnósticos pertinentes e identificar os principais
fatores que contribuem para a situação do avaliado. É importante fornecer
uma interpretação clara e fundamentada dos resultados, evitando
generalizações e considerando as limitações dos testes e da própria
avaliação.

5. Recomendações e plano de intervenção: Com base na compreensão do


caso, é importante oferecer recomendações específicas e práticas para
intervenção e tratamento. Isso pode incluir sugestões de terapia
psicológica, encaminhamentos para outros profissionais, estratégias de
apoio e orientações para a família ou cuidadores. As recomendações
devem ser individualizadas, considerando as necessidades e os recursos
disponíveis para o avaliado.

Essa seção do relatório é essencial para fornecer uma síntese compreensível e


significativa das informações obtidas durante a avaliação, auxiliando na
compreensão do caso e na elaboração de um plano de intervenção adequado.
É importante que a linguagem seja clara, acessível e embasada em evidências,
garantindo que as informações sejam compreendidas tanto por profissionais da
área quanto por leigos, quando necessário.

Ética e Deontologia na prática da Avaliação Psicológica


Caracterização de conceitos
Deontologia
 Próxima da moral profissional, que propõe códigos de ação ou impõe
respostas;

 Define leis, normas, imperativos e interditos (as margens de liberdade da


profissão).

Código Deontológico
 Símbolo e instrumento de trabalho (da classe profissional).
 Forma de melhorar a fundamentação, credibilidade/respeitabilidade e o
reconhecimento público de uma atividade profissional.

 Indispensável à dignificação do exercício da profissão.

 Legitimação de práticas (com sanção às “más práticas”, afirmação do que


é “bom” e “útil”); versus Sinal de desencanto, desilusão, estratégia
defensiva de natureza pessoal e corporativa.

 Inclui descrições mais genéricas do que é desejável ou necessário.

 Serve(m) de linha orientadora geral do que é considerado ser uma prática


psicológica responsável.

Ética
 Estudo teórico dos princípios que governam as nossas escolhas e práticas;

 Reflexão sobre porque é que consideramos determinadas condutas e normas


como válidas;

 “máximo esforço de cada um no sentido de esclarecer, perante si mesmo, as


ideias de Bem e de Mal” (Araújo, 1992, p. 110).

 “Ética da convicção” (ou dos deveres)


- Remete para as certezas morais, ou para a determinação absoluta do Bem e
do que fazer de acordo com os princípios.

 “Ética da responsabilidade” (ou dos fins)


- Associada à ponderação dos meios para alcançar certos resultados, à
determinação do conteúdo de fazer-bem em função de situações particulares;
- Obriga a ter em conta as consequências previsíveis da própria ação.

AP: Exame constante acerca do modo como o psicólogo produz/constrói as suas


observações e toma decisões:
 psicólogo: centro do processo de avaliação, é da sua responsabilidade a
escolha, aplicação, cotação e interpretação dos resultados];

AP: Exige um trabalho permanente de reflexão pessoal:


 sobre si próprio (autoavaliação, autoconhecimento, ...);
 acerca dos fundamentos, valor e sentido dos seus atos técnicos [o que
é necessário fazer? O que é que me está interdito?]

 “nem tudo é bom”, “nem tudo é permitido”, “nem tudo vale o mesmo”;
No mínimo, o psicólogo deve ser competente, objetivo, preocupado com os
melhores interesses dos seus clientes, da profissão e da sociedade.

 O ensino, a aprendizagem e a prática da Psicologia é indissociável de uma


reflexão crítica de natureza epistemológica sobre os seus fundamentos
teóricos e implicações éticas e deontológicas relativas a escolhas/decisões
acerca da avaliação e intervenção psicológicas.

 A prática profissional da Psicologia não se limita aos métodos, técnicas


utilizadas, tem subjacente valores éticos e exigências deontológicas, requer
rigor científico, uma imensa prudência … e o respeito pela dignidade e
integridade da pessoa humana.

 Necessário reconhecer a natureza relativa da avaliação psicológica, das suas


técnicas e instrumentos, bem como das suas interpretações e conclusões
não redutoras que importa sempre contextualizar.
 Indispensável considerar os processos evolutivos da pessoa e os seus
recursos psicológicos/áreas de funcionamento positivo … para além das suas
fragilidades/dificuldades.

Novo Código Deontológico (OPP)


4. Avaliação Psicológica
A avaliação psicológica corresponde a um processo simultaneamente
compreensivo (abrangendo áreas relacionadas com o pedido de avaliação e os
problemas identificados) e diversificado, recorrendo potencialmente a vários
interlocutores e a variadas técnicas (nomeadamente, entrevistas) e
instrumentos de avaliação (designadamente, testes psicológicos), e que
reconhece diferentes tipos de informações e considera diversos
resultados. A avaliação psicológica concretiza-se através do recurso a
protocolos válidos e deve responder a necessidades objetivas de
informação da pessoa avaliada, salvaguardando o respeito pela sua
privacidade e pelas suas caraterísticas (nomeadamente, dificuldades,
antecedentes desenvolvimentais, culturais, linguísticos e experienciais).

4.1 – Natureza da avaliação psicológica.


A avaliação psicológica é um ato exclusivo da Psicologia e um elemento
distintivo da autonomia técnica dos/as psicólogos/as relativamente a outros
profissionais.
4.1.1. A avaliação psicológica deve constituir um processo útil com vista ao
melhor interesse da pessoa (designadamente, em contexto educativo/escolar
os resultados da avaliação devem ser usados para melhorar as oportunidades
de aprendizagem dos/as alunos/as).
4.1.2. A avaliação psicológica considera as consequências dos resultados, a
sua utilidade e o bem-estar da pessoa avaliada, e leva em conta que a
heterogeneidade e a diversidade das características e contextos de vida das
pessoas avaliadas podem interagir com as condições da avaliação psicológica.
Pretende, ainda, ser um processo justo que reconhece e não penaliza
diferenças relativas a grupos socialmente minoritários (incluindo pessoas
com diversidade funcional de natureza física, sensorial, linguística ou outra).

4.2 – Objetivos e definição dos pedidos de avaliação.


A avaliação psicológica pode assumir objetivos distintos, sendo que cada
um deles deve ser claramente identificado. O/A psicólogo/a tem a
responsabilidade de clarificar e definir, da melhor forma possível, pedidos
de avaliação imprecisos ou limitativos, considerando as necessidades de
avaliação da questão ou do problema da pessoa examinada e/ou do pedido de
informação da parte interessada.
4.2.1. O/A psicólogo/a deve recusar efetuar avaliações psicológicas de
dimensões que não sejam possíveis de concretizar, tendo como base os
dados da investigação científica desenvolvida nesse âmbito. O/A psicólogo/a,
e as instituições onde estes exercem a sua atividade profissional, devem dispor
de condições técnicas/instrumentais para a concretização da avaliação
psicológica.

4.3 – Competência específica.


As técnicas e instrumentos de avaliação são utilizados por psicólogos/as
qualificados/as com base em formação atualizada, experiência e treino
específicos, exceto quando tal uso é realizado, com supervisão apropriada, com
objetivos de formação.
4.3.1. No caso de a avaliação se realizar remotamente, os/as psicólogos/as
têm de possuir os necessários recursos e competências tecnológicas e
assegurarem-se de que a pessoa examinada possui igualmente os
recursos e competências tecnológicas indispensáveis para uma avaliação
adequada. Do mesmo modo, o psicólogo deve ter formação e treino específicos
na aplicação desses mesmos instrumentos de forma remota.

4.4 – Consentimento informado para a avaliação.


Os/As psicólogos/as obtêm consentimento informado para os processos de
avaliação ou psicodiagnóstico, exceto quando estes fazem parte das
atividades de rotina institucional, organizacional ou educacional, que
correspondam a uma solicitação regulamentada na lei ou pretendam identificar
a capacidade de tomada de decisão da pessoa examinada (nomeadamente,
capacidade testamentária).
4.5 – Utilização apropriada de técnicas e instrumentos de avaliação.
Os/As psicólogos/as garantem a utilização apropriada de técnicas e
instrumentos de avaliação, nomeadamente na sua administração, cotação e
interpretação (incluindo o recurso a programas informáticos) e fazem um uso
adequado da informação obtida.

4.6 – Administração, cotação e interpretação digital /informatizada.


Ao recorrer a meios informáticos ou digitais para a avaliação psicológica
(como computadores, tablets ou realidade virtual) e/ou programas de
cotação ou interpretação assistidos por computador, os/as psicólogos/as
escolhem os métodos sustentados pela prática profissional e em relação aos
quais haja evidência científica e adequadas qualidades psicométricas.
4.6.1. Os/As psicólogos/as usam o julgamento profissional para avaliar a
precisão dos resultados da pessoa examinada através da avaliação mediada por
meios informáticos/digitais.
4.6.2. Os programas informáticos que proporcionam interpretação das
pontuações nos testes devem estar validados. A validade e utilidade da
interpretação é da responsabilidade do/a psicólogo/a que conduz a
avaliação de cada caso.

4.7 – Materiais de avaliação, sua proteção e segurança.


Os/As psicólogos/as têm a responsabilidade de selecionar e utilizar
protocolos de avaliação fundamentados do ponto de vista científico, que
possuam adequadas qualidades psicométricas e que estejam adaptados ao
contexto e ao pedido da avaliação. Estes protocolos incluem entrevistas,
testes e outros instrumentos e técnicas de avaliação psicológica que são
utilizados para justificar formulações e conclusões incluídas em avaliações,
diagnósticos, relatórios, pareceres, recomendações e outros tipos de
comunicação.
4.7.1. Os materiais relativos aos protocolos de avaliação, incluindo manuais,
itens, e sistemas de cotação e interpretação, não são disponibilizados aos/às
clientes, e/ou às partes interessadas ou a outros profissionais não qualificados
para o exercício profissional da Psicologia.
4.7.2. Os/As psicólogos/as promovem a proteção e segurança dos materiais
de avaliação, prevenindo a sua divulgação para o domínio público. Do
mesmo modo, evitam a replicação não autorizada de instrumentos de avaliação
psicológica e respetivos materiais, reconhecendo a importância e o respeito
pelos direitos de autor.
4.8 – Seleção e uso de técnicas e instrumentos de avaliação.
Os/As psicólogos/as utilizam instrumentos de avaliação que foram objeto de
investigação científica prévia fundamentada que incluam estudos
psicométricos relativos à fiabilidade/precisão e validade da sua utilização com
pessoas de populações análogas à das pessoas examinadas com esses
instrumentos (nomeadamente, considerando variáveis como idade,
escolaridade, diversidades funcionais, pertença a grupos socialmente
minoritários). Quando aplicável, os instrumentos de avaliação devem possuir
dados de natureza normativa atualizados e representativos que sejam
simultaneamente apropriados para interpretar as respostas da pessoa
examinada.
4.8.1. O uso de instrumentos de avaliação pressupõe um conhecimento
rigoroso dos respetivos manuais, incluindo o domínio de modelos teóricos
subjacentes, condições de administração, cotação e interpretação, bem como o
conhecimento da investigação científica atualizada que fundamenta a sua
utilização.
4.8.2. Eventuais modificações nos procedimentos utilizados na
administração de testes estandardizados ou de outros instrumentos de
avaliação devem ser identificadas e as suas implicações analisadas na
interpretação dos resultados e referenciadas explicitamente no respetivo
relatório.

4.9 – Dimensões da interpretação.


Na interpretação dos resultados, os/as psicólogos/as consideram a natureza do
pedido e o objetivo da avaliação, as dimensões que os testes avaliam, as
características da pessoa avaliada (incluindo diferenças individuais e culturais
ou outras) e as situações, os contextos e as fontes de informação
necessárias, por forma a não reduzir a objetividade ou influenciar
negativamente os juízos formulados.

4.10 – Relatórios de avaliação psicológica.


Os relatórios devem ser documentos escritos, objetivos, rigorosos e
inteligíveis para o(s)/a(s) destinatário(s)/a(s), procurando introduzir apenas
informação relevante que permita dar resposta aos pedidos, questões e
objetivos de avaliação considerados pertinentes.
4.10.1. Os/As psicólogos/as devem ponderar as consequências das
informações disponibilizadas nos relatórios (como consequências e impacto
cognitivo e emocional dos resultados e dos dados comunicados), assim como
considerar criticamente o carácter relativo das avaliações e interpretações, e
especificar o alcance, limites e grau de certeza dos conteúdos
comunicados. Devem, também por isso, evitar expressões que, facilmente,
possam degenerar em rótulos depreciativos e discriminatórios.
4.10.2. No relatório deve estar explícito o formato em que a avaliação foi
efetuada (presencial ou remotamente), assim como as eventuais
modificações realizadas para conseguir a adequabilidade do método utilizado
na situação de avaliação e eventuais ocorrências que possam ter interferência
nos resultados obtidos.
4.10.3. Preferencialmente, os/as psicólogos/as fazem uma entrevista de
devolução dos resultados da avaliação, que acompanha a disponibilização do
relatório, onde explicam os dados constantes neste documento e proporcionam
à pessoa a possibilidade de questionar o seu conteúdo, bem como o seu
esclarecimento. A pessoa tem direito de acesso aos resultados da avaliação,
bem como a informação adicional relevante para a sua interpretação. No
caso de haver uma Parte Interessada no processo de avaliação, a comunicação
ou não dos resultados à(s) pessoa(s) avaliada(s) deverá estar previamente
acordada quando da obtenção do consentimento informado.
4.10.4. Os relatórios devem ser emitidos num intervalo de tempo útil para a
prossecução dos objetivos da avaliação, de acordo com o definido no
consentimento informado.
4.10.5. Apenas os/as psicólogos/as autores/as do relatório (ou de outros
documentos) estão autorizados/as a assinar, modificar ou anular este tipo
de documento.

4.11 – Destinatários e acesso aos dados da avaliação e do relatório.


Por princípio, o/a cliente a quem se refere o relatório tem o direito de ser
informado/a acerca do seu conteúdo, incluindo os seus resultados. As
exceções devem ser previamente discutidas e acordadas em sede de
consentimento informado, independentemente do pedido de avaliação (e do
relatório) terem sido solicitados por outras pessoas ou instituições, enquanto
Partes Interessadas.
4.11.1. Os/As psicólogos/as proporcionam explicações objetivas e
compreensíveis para os destinatários acerca da natureza e finalidades da
avaliação, bem como dos limites dos instrumentos, resultados e
interpretações formuladas à pessoa ou ao seu representante legal, ou a
partes interessadas a quem prestam serviços de avaliação, estas últimas
com o consentimento da pessoa avaliada.
4.11.2. Os relatórios redigidos a pedido de instituições ou organizações, estão
sujeitos ao dever e direito geral de privacidade, obrigando-se o/a psicólogo/a
a não divulgar esses documentos fora do estrito enquadramento para o qual
foram elaborados.
4.11.3. No caso de devolução de resultados de avaliação psicológica a
crianças/jovens deve proceder-se à restituição da informação obtida, sempre
que possível, a ambos os progenitores/progenitoras, incluindo a criança/jovem
de acordo com o seu nível de maturidade. Contudo, o acesso aos resultados
brutos e às respostas objetivas aos instrumentos pode estar limitada,
protegendo-se a integridade da avaliação e a privacidade da criança/jovem.

4.12 – Pareceres técnico-científicos em contexto forense.


Ao/à psicólogo/a pode ser solicitado pela autoridade judicial, ou por uma das
partes, a emissão de um parecer técnico-científico sobre os segmentos do
processo a que corresponda a sua área de competência. Este parecer deve
incidir sobre esses conteúdos do processo, fazendo uma análise crítica, objetiva,
imparcial e devidamente fundamentada dos mesmos.
4.12.1. O parecer técnico-científico difere de uma avaliação psicológica de
uma pessoa, é realizado sempre sobre documentação, não devendo o
psicólogo emitir qualquer juízo sobre os autores de outros relatórios
psicológicos, nem sobre uma pessoa em concreto, tendo em conta que não
a avaliou. Pretende-se, deste modo, trazer a juízo um contraditório
especializado acrescido que sirva como assessoria técnica ao tribunal e o auxilie
no processo de tomada de decisão e na promoção da Justiça.
4.12.2. Os/As psicólogos/as explicam e indicam as fontes de informação nas
quais fundamentam as suas conclusões e recomendações sempre que
procedem à realização de um parecer técnico-científico.

4.13 – Avaliação à distância.


A avaliação remota não é o método preferencial para levar a cabo a
avaliação psicológica, uma vez que levanta um conjunto de dificuldades
adicionais, quando não desvantagens, quando comparada à avaliação
presencial. Para levar a cabo processos de avaliação remota os/as psicólogos/as
devem garantir a existência das condições tecnológicas necessárias à realização
da avaliação (incluindo a segurança nas trocas de comunicação), escolher ou
selecionar as técnicas e os instrumentos exequíveis/adequados a este formato
de avaliação e à validade dos seus resultados.
4.13.1. Na avaliação remota, os/as psicólogos promovem a proteção dos
materiais de avaliação solicitando que a pessoa avaliada se abstenha de
capturar ou reproduzir de forma não autorizada os itens do teste.
4.13.2. A pessoa avaliada deve ser informada, compreender e aceitar os
procedimentos que promovem a segurança dos testes ou outros materiais
de avaliação e das suas respostas.
4.14 – Segunda opinião.
Se o/a cliente, ou parte interessada, pretender uma segunda opinião por parte
de outro/a psicólogo/a, poderão ser diretamente enviados a este/a último/a
dados mais completos de avaliação, com o consentimento devido.

4.15 – Responsabilidade profissional.


Os/As psicólogos/as procuram envolver-se e contribuir para o desenvolvimento
e aperfeiçoamento dos instrumentos de avaliação psicológica, incluindo a
colaboração em projetos de investigação, no sentido de capacitar a profissão
e os profissionais de mais e melhores instrumentos para práticas de excelência
na avaliação psicológica.

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