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Aneurisma de aorta abdominal renais.

São conhecidos como aneurismas


toracoabdominais.
Aneurisma arterial é definido como uma dilatação
O tipo I é o mais fácil de correção através de reparo
vascular, localizada ou difusa, com diâmetro
endovascular. Cerca de 40% dos pacientes com AAA
transverso > 50% do diâmetro original do vaso. Ectasia
apresentam também aneurismas das artérias ilíacas.
também é uma dilatação vascular, porém com medidas
Em 90% destes, as ilíacas comuns são afetadas,
inferiores às do aneurisma. Um aneurisma verdadeiro é
enquanto 10% envolvem as artérias ilíacas internas
aquele que contém todas as camadas da parede arterial
(hipogástricas).
(íntima, média e adventícia). Um pseudoaneurisma é
definido como um hematoma pulsátil não contido por O diâmetro médio da aorta infrarrenal é de 1,4 a 2,4
todas as camadas da parede arterial, que se encontra cm em homens e 1,2 a 2,1 cm em mulheres.
confinado por uma cápsula fibrosa. Diagnosticamos AAA quando o diâmetro da aorta for >
3 cm no homem ou > 2,6 cm na mulher. Fatores
Sabemos que mais de um processo patológico pode ser
estruturais, como lâmina elástica mais delicada e
responsável pela dilatação de uma artéria.
ausência de vasa vasorum, fatores hemodinâmicos –
Aterosclerose (aneurismas degenerativos), dissecção
estresse pulsátil intenso e maior rigidez local
aórtica, infecção, vasculite e trauma são outras
possivelmente contribuem para a vulnerabilidade deste
condições que podem estar relacionadas à formação de
segmento da aorta.
aneurismas.
As principais condições relacionadas ao
O aneurisma degenerativo representa a imensa maioria
desenvolvimento dos AAA incluem: tabagismo,
dos aneurismas da aorta torácica descendente e
hipertensão arterial sistêmica, sexo masculino,
abdominal; esta condição tem como achados a
hipercolesterolemia, altos níveis de lipoproteína A,
degradação da elastina e do colágeno da parede
história familiar (em parentes de 1º grau), idade
vascular por metaloproteinases, inflamação mediada
avançada, aneurismas em outros sítios, raça
por citocinas e infiltração de linfócitos T e B, além de
caucasiana, variantes no cromossoma 9p21 (gene
macrófagos. A condição patológica mais comumente
DAB21P), altos níveis no inibidor do ativador do
associada com os aneurismas degenerativos da aorta é
plasminogênio e altura elevada. Por outro lado, quando
a aterosclerose. Nesses casos, é comum encontrarmos
presentes, os AAA em mulheres têm chance maior de
pacientes com diversos fatores de risco para a doença
ruptura e um pior prognóstico após reparo.
aterosclerótica, além de lesões em outros sítios
vasculares como carótidas, coronárias e artérias de Os principais fatores relacionados à expansão dos
membros inferiores. AAA são: idade avançada, doença cardíaca grave,
acidente vascular cerebral prévio, tabagismo e
A aorta é o vaso mais frequentemente acometido pelos
transplante renal ou cardíaco. Já os fatores de risco
aneurismas degenerativos. Em seguida, temos as
para ruptura dos AAA, além do sexo feminino,
artérias ilíacas, as poplíteas, as femorais, a artéria
incluem: VEF1 reduzido, grande diâmetro inicial do
esplênica, a hepática, a mesentérica superior e a
aneurisma, pressão arterial média elevada, tabagismo
pulmonar.
corrente (com o tempo mais importante do que a
AAA: Os aneurismas degenerativos localizam-se com quantidade), transplante renal ou cardíaco e relação
maior frequência na aorta abdominal. Como vimos crítica entre o estresse mecânico da parede do
antes, inflamação, estresse oxidativo, proteólise e aneurisma e sua força. Os AAA de configuração
estresse biomecânico na parede do vaso são fatores que sacular (a maioria é fusiforme) parecem estar em maior
contribuem para o processo degenerativo destes risco de romper também.
aneurismas, pois alteram a força tênsil, diminuindo a
O risco de ruptura em cinco anos apresenta relação
habilidade da aorta em acomodar distensão pulsátil.
direta com o tamanho do aneurisma, sendo de 0,5 a 5%
Podem ser classificados em 4 tipos: para aneurismas entre 4 e 5 cm, de 3 a 15% para
aneurismas entre 5 e 6 cm, de 10 a 20% para
I: É aquele mais comum (85%). Tem origem na aorta aneurismas entre 6 e 7 cm, de 20 a 40% nos
abdominal infrarrenal, com um diminuto segmento da aneurismas entre 7 e 8 cm e de 30 a 50% para os
aorta, após as emergências das renais, livre da doença. aneurismas com diâmetro superior a 8 cm.
São chamados de infrarrenais.
Geralmente, os pacientes são assintomáticos e o
II: São considerados justarrenais, pois se originam em aneurisma é descoberto acidentalmente durante a
um segmento da aorta imediatamente após a realização de exame físico. O achado mais comum à
emergência das artérias renais. palpação abdominal é a presença de uma massa
III: São aqueles que englobam a origem das artérias pulsátil e fusiforme notada acima da cicatriz umbilical
renais, sendo chamados de pararrenais. (aneurismas pequenos) ou uma dilatação difusa ou
tortuosa que se estende do abdome superior até abaixo
IV: Envolvem a aorta abdominal em um segmento da cicatriz umbilical (grandes aneurismas). Quando
tanto abaixo quanto acima da origem das artérias presente, os sintomas podem incluir isquemia de
membros inferiores (consequência de embolização a comorbidade, o que é incomum, a intervenção costuma
partir de trombo mural dos AAA), embolização de ser indicada nos AAA > 5 cm de diâmetro.
microcristais de colesterol com isquemia e cianose de
pododáctilos (síndrome do dedo azul), dor abdominal Os métodos de intervenção cirúrgica empregados no
vaga ou dor lombar. tratamento dos AAA incluem a cirurgia convencional,
também conhecida como reparo aberto, e a terapia
• Exames diagnósticos: os AAA podem ser endovascular (stent). A abordagem cirúrgica pode ser
diagnosticados quando da realização de um exame por acesso transperitoneal, mais utilizado, ou
complementar, como a USG ou um RX de abdome retroperitoneal.
(cerca de 60-70% encontramos depósitos de cálcio na
parede do aneurisma). A probabilidade de uma segunda abordagem vir a ser
necessária é maior nos AAA corrigidos pela via
Dentre os exames complementares, a USG de abdome endovascular, e o mecanismo costuma ser a ocorrência
revela com precisão os diâmetros transverso e de endoleak (sangramento dentro da prótese).
longitudinal do vaso e pode detectar trombo mural,
com sensibilidade de 95% e especificidade de 100% na • Ruptura do aneurisma: dor abdominal aguda e
detecção dos AAA; além disso, permite o intensa de início súbito, que irradia para lombar e
acompanhamento ao longo do tempo, estimando seu inguinal. Apresenta fácies de dor aguda e sudorese. A
ritmo de crescimento. Sua limitação é no diagnóstico tríade clássica é massa abdominal pulsátil, dor
da ruptura do aneurisma. abdominal e hipotensão.

Recomenda-se a triagem com USG, pelo menos uma Nas fases iniciais da ruptura do AAA para o
vez, em indivíduos entre 65 a 75 anos que são ou retroperitônio, o sangramento é contido pelos tecidos
foram tabagistas. periaórticos. Como a perda sanguínea não é de grande
vulto, podemos encontrar o paciente ainda
O limiar para indicação de intervenção corretiva hemodinamicamente estável; nesse momento, uma
(limiar de alto risco de ruptura espontânea) massa abdominal pulsátil e dolorosa pode ser
corresponde a um diâmetro dos AAA de 5,5 cm. percebida no exame físico (aneurisma em expansão). A
Pacientes que, a princípio, não necessitam de ruptura livre para a cavidade peritoneal é uma
intervenção devem se submeter a uma nova USG. O condição de extrema gravidade e elevada mortalidade;
momento desse novo exame varia de acordo com o nesses doentes, observamos também dor e massa
diâmetro da aorta abdominal: pulsátil, contudo, ocorre choque hipovolêmico
hemorrágico de instalação rápida.
2,6-2,9cm: novo exame em 5 anos.
A ruptura do aneurisma requer intervenção imediata.
3,0-3,4cm: novo exame em 3 anos. Na presença de estabilidade hemodinâmica, uma
3,5-4,4cm: novo exame em 1 ano. angio-TC helicoidal de aorta pode ser realizada para
melhor elucidação do quadro e para definir se a
4,4-5,4cm: novo exame em 6 meses. anatomia é favorável ou não a uma abordagem
endovascular.
A angiotomografia computadorizada de aorta é o
método de imagem mais preciso para delinear a Em pacientes instáveis hemodinamicamente, a
anatomia do aneurisma, sua extensão, relação com possibilidade de terapia endovascular ainda pode ser
outros vasos, identifica a presença de trombos e de determinada no intraoperatório. O sangramento a partir
calcificações no aneurisma e estabelece com maior da aorta pode, inicialmente, ser controlado por um
precisão o diâmetro do lúmen aórtico. balão de oclusão aórtico inserido através de um acesso
femoral. Uma vez inflado este balão (em posição
AngioRM: não usa radiação nem contraste. Não
acima das renais), o anestesista inicia a reposição
identifica áreas de calcificação.
volêmica. A seguir, uma aortografia é realizada para se
• Manejo clínico: acompanhamento com USG, cessar avaliar a anatomia vascular, definindo se o paciente é
tabagismo, estatinas e anti-hipertensivos. ou não candidato a terapia endovascular.

• Intervenção eletiva: prevenir ruptura. as principais A conversão para a cirurgia aberta deve ser imediata na
indicações de intervenção nos AAA: AAA ≥ 5,5 cm de presença das seguintes complicações: não controle do
diâmetro, presença de uma taxa de crescimento dos sangramento com o balão de oclusão aórtico,
AAA pela USG > 0,5 cm em seis meses ou > 1 cm em incapacidade de se posicionar a endoprótese e
doze meses, presença de sintomas (dor lombar ou sangramento continuado mesmo após a colocação da
abdominal), surgimento de complicações, endoprótese.
(embolização periférica ou infecção dos AAA) e
A mortalidade cirúrgica gira em torno de 45-50%.
configuração sacular dos AAA (a maioria é fusiforme).
Nas mulheres com risco cirúrgico aceitável –
geralmente mulheres mais jovens, com menos

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