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UNIVERSIDADE FEDERAL DO SUL DA BAHIA

CAMPUS PAULO FREIRE


PARASITOLOGIA - RAQUEL WOLFF CABALA
2021034176 - ISABEL CARRERA GOMES

ATIVIDADE PROGRAMADA 1
Identificação do paciente
J.K.L, sexo masculino, casado, 40 anos, católico, ensino fundamental
incompleto, natural de Buritis dos Lopes-Pi, residente em Piracuruca-Pi há mais
de 15 anos, caminhoneiro há 20 anos e se autodeclara negro.
Queixa principal
J.K.L deu entrada no pronto socorro às 22h00, apresentando como queixa
barriga alta e redonda, pés inchados, dificuldade para urinar, falta de ar e
coração fraco.
História da Doença Atual
Paciente relata edema em membros inferiores, disúria e dispneia. Apresenta
bradicardia e distensão abdominal. Nega comorbidades e alergias a
medicamentos.
Antecedentes pessoais e patológicos
Hipertenso e portador de Insuficiência cardíaca congestiva há 3 anos, uso de
espirolactona 50mg, digoxina 0,5 e enalapril 10mg. Nega cirurgias, é portador da
síndrome extrapiramidal do plasil. Pai falecido por infarto agudo do miocárdio e
mãe falecida por Câncer de pulmão. Ex-tabagista, fumou durante 10 anos e
etilista leve.
Exame Físico
Bom estado geral, acianótico, anictérico, afebril, eupneico, hipocorado (1+/4+),
hidratado e orientado.
Sinais Vitais (SSVV): TAX: 36,4; FC: 80bpm; FR: 20 imp; PA: 110x80mmhg.
Respiratório: Tórax na conformação habitual e apresenta na ausculta murmúrios
vesiculares.
Cardíaco: Bulhas hipofonéticas, com desdobramento paradoxal de segunda
bulha, sem sopro.
Abdômen: globoso às custas de ascite, ruídos hipoaéreos presentes, fígado
doloroso e palpável a 3cm do rebordo costal direito. Piparote positivo.
Membros inferiores: Cacifo (+++/++++)
Depois de algumas horas, paciente evolui com uma arritmia demonstrando
alargamento do espaço PR e onda T bifásica.
Suspeitas diagnósticas
• Arritmia
• Insuficiência cardíaca congestiva
• Doença de Chagas – fase crônica
Exames complementares
ELISA (com antígeno total do parasito Trypanossoma cruzi): Soro reagente para
IgG e não reagente para IgM. Na realização do exame de gota espessa resultou-
se negativo.
1) IDENTIFICAR A FISIOPATOLOGIA DA DOENÇA DE CHAGAS.
O ciclo se inicia quando o indivíduo se contamina por contato de dejeções do
inseto infectado (contendo tripomastigotas matacíclicos) com as mucosas ou a
pele. Estes tripomastigotas caem na corrente sanguínea, atingem outras células
de qualquer tecido ou órgão para cumprir novo ciclo celular ou são destruídos
por mecanismos imunológicos do hospedeiro.
Os triatomíneos vetores (insetos) se infectam ao ingerir as formas
tripomastígotas presentes na corrente circulatória do hospedeiro vertebrado (ser
humano, por exemplo) durante o hematofagismo. No estômago do inseto eles
se transformam em formas arredondadas e epimastigotas. No intestino médio,
os epimastigotas se multiplicam por divisão binária simples, sendo, portanto,
responsáveis pela manutenção da infecção no vetor. No reto, porção terminal do
tubo digestivo, os epimastigotas se diferenciam em tripomastigotas (infectantes
para os vertebrados), sendo eliminados nas fezes ou na urina.
2) CONHECER A SINTOMATOLOGIA CLÍNICA DA DOENÇA DE CHAGAS.
A fase aguda da doença de Chagas ocorre no momento da infecção do
hospedeiro. A maior parte das infecções são assintomáticas na fase aguda,
porém pode vir com sintomas (casos clássicos, detectados sobretudo em
crianças de baixa idade) como os sinais de porta de entrada (chagoma de
inoculação e/ou sinal de Romaña), febre baixa e mal-estar, linfadenopatia,
hepatoesplenomegalia, sinais eletrocardiográficos sugestivos de miocardite,
podendo ocorrer miocardite fulminante, especialmente na ocorrência de
transmissão oral (quando o indivíduo se infecta ingerindo alimentos
contaminados com barbeiros e/ou seus dejetos). A duração da fase aguda é de
4 a 12 semanas; o paciente que sobrevive a esta fase, entra na fase crônica da
infecção.
A fase crônica ocorre como forma indeterminada em cerca de 70% dos
indivíduos infectados, que podem permanecer por meses ou até o fim da vida de
modo assintomático. Outros pacientes podem entrar na forma crônica
sintomática diretamente a partir da fase aguda ou após um período em fase
indeterminada. As formas crônicas sintomáticas podem ser:
• Forma cardíaca: com insuficiência cardíaca congestiva, evoluindo com
cardiomegalia, arritmias e morte súbita;
• Forma digestiva: com destruição dos plexos nervosos do trato digestivo,
levando a alterações morfológicas e funcionais principalmente do esôfago e
cólon, manifestando-se com megaesôfago e megacólon;
• Forma mista: associando as manifestações cardíacas e digestivas;
• Forma cerebral: com meningoencefalite, com acometimento em indivíduos
imunocomprometidos.
3) DISCUTIR A CONDUTA DIAGNÓSTICA E TERAPEUTICA DA DOENÇA DE
CHAGAS.
O diagnóstico da doença de Chagas depende da fase da doença, sendo que na
fase aguda, em que a parasitemia é elevada, o parasito pode ser demonstrado
no sangue periférico a partir do exame a fresco ou de esfregaços sanguíneos
corados com Giemsa, onde serão visualizadas as formas tripomastigotas
sanguíneas. Já na fase crônica, em que há baixa parasitemia, o diagnóstico
sorológico é o mais indicado, sendo recomendada a realização de três técnicas
diferentes para a validação do resultado (ELISA, hemaglutinação direta e reação
de imunofluorescência indireta). Alternativamente, a hemocultura e o
xenodiagnóstico podem auxiliar na confirmação da sorologia com o encontro e
demonstração do parasito, com o inconveniente do tempo de liberação do
resultado que pode levar 30 dias.
A doença de Chagas aguda é tratada com benzonidazol, atuando o fármaco
sobre as formas extracelulares, não sendo eficaz na fase crônica quando o
parasito se encontra na sua forma predominantemente intracelular; sendo o
tratamento da fase crônica restrito ao acompanhamento do paciente e
tratamento das complicações cardíacas e/ou digestivas.
REFERÊNCIAS
Resumo sobre Doença de Chagas. SanarMed, 12 jun. 2023. Disponível em:
https://www.sanarmed.com/resumo-sobre-doenca-de-chagas. Acesso em: 14
ago. 2023.
Parasitologia Humana. 2021. Disponível em:
https://ampllaeditora.com.br/books/2021/06/ParasitologiaHumana.pdf. Acesso
em: 14 ago. 2023.
Parasitologia Humana. 14ª ed. 2023. Disponível em:
https://m.atheneu.com.br/produto/parasitologia-humana-14-edicao-2823.
Acesso em: 14 ago. 2023.

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