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Deontologia
Deontologia vem do grego deon, déontos (dever, obrigação) mais logos (ciência).
Assim, a deontologia será o estudo ou o tratado dos deveres ou regras de natureza ética.
Pode também adquirir o significado de um conjunto de deveres e regras de natureza
ética de uma classe profissional. A deontologia diz respeito ao fazer, ao fazer “atos”,
com sentido. A deontologia resulta da combinação entre o fazer algo e a relação com os
outros, ou pelo menos o fazer algo com implicação nos outros. A deontologia reflete a
preocupação com o agir em relação com os outros, em estabelecer os deveres que tenho
para com o outro[1].
Deontologia educacional
· (…)
Para a opinião pública a função do professor é ensinar alguma coisa, no âmbito escolar é
aquele que ensina uma disciplina curricular. Contudo, a função do professor vai muito
para lá da perspetiva do senso comum, ou seja, vai muito para lá do simples ato de
ensinar uma determinada matéria. O professor exerce sobre os alunos que estão ao seu
cuidado uma influência geral e permanente. Os professores são, em conjunto com os
pais, uma referência marcante na formação da personalidade dos jovens. O professor
não é um simples instrutor, é um educador, um pedagogo no sentido pleno do conceito.
O professor, ao ter por função a formação de jovens, exerce uma atividade que congrega
uma função humanizadora e uma função socializadora (é neste sentido que se reporta à
ética). Participa na construção/modificação do ser humano, na obtenção de hábitos e
costumes, por parte dos alunos. Indiretamente, o professor também tem um papel ativo
na configuração da própria sociedade, na medida em que, ao estar incumbido da
formação de novos sujeitos, dos fundadores da nova sociedade, estão a intervir na
edificação da sociedade (cf. Silva, 1995: 32). Na função docente está implícito quer a
instrução quer a educação, sendo dois elementos indissociáveis. Assim, ressalta desta
função do professor o primeiro critério de uma deontologia do educador/professor: “A
acção do educador tem, como matéria e como fim, o desenvolvimento pessoal e social
das crianças e jovens com quem trabalha” (Rosa, 1999: 22).
A docência, devido à sua natureza ética, não pode ter um modus operandi alicerçado na
arbitrariedade, pelo contrário, as decisões devem ser tomadas de forma ponderada e com
prudência. “A ética profissional e a deontologia (que definem, propriamente, o que é
preciso, o que convém, o que é necessário, o que é uma obrigação imperiosa, que define
os deveres) tratam justamente de refletir e exprimir o modo como convém que a
profissão seja exercida. Tornam público o compromisso de os profissionais
promoverem o bem daqueles a quem prestam o seu serviço” (Silva, 1995: 33).
Os professores têm deveres profissionais para com os educandos, os colegas, para com a
profissão e o seu órgão profissional, para com a entidade patronal e para com os pais ou
os seus substitutos.
«Uma formação inicial que forneça fundamentos para a prática, que se constitua como
uma formação rigorosa e organizada, motivadora para as questões éticas e que seja ela
própria uma experiência onde se vive a ética. Uma formação contínua que, numa fase
em que poderá haver mais sensibilidade para o tema, permita colmatar a distância entre
a teoria e a prática, pela consciencialização de si próprio, que crie condições nas quais
os professores possam parar para pensar, que mobilize o tratamento de temas atuais, que
ajude a gerir relações de grupo e que oriente a formação ética dos alunos.» (Silva e
Caetano, 2009: 54).
Relação pedagógica
A nova relação pedagógica que D’Orey propõe, é muito centrada nos dois pólos
clássicos desta relação, educando e educador. É certo que uma relação pedagógica
pressupõe sobretudo a relação que se estabelece entre educando e educador, porém, hoje
esta relação já não se limita a estes dois pólos. A relação pedagógica deve ser hoje
muito mais abrangente, os seus limites devem ser alargados. O processo de educação no
âmbito escolar é hoje muito mais alargado, para isso contribui a cada vez maior
presença dos pais na “vida” da escola, e nas tomadas de decisão. Hoje os pais já não são
meros “guias” do aluno no processo escolar, assumem, de facto, um papel central na
política educativa da escola e da forma como se estabelece a relação entre educando e
educador. Os pais são hoje chamados a intervirem no desenvolvimento curricular dos
seus filhos, ou seja, este papel que cabia quase em exclusivo aos professores, passou
agora a ser desempenhado de forma cada vez mais regular também pelos pais. Os pais
muitas das vezes são o ponto de equilíbrio entre o educando e o educador. Neste
sentido, a relação pedagógica já não se estabelece apenas em dois pólos, mas antes em
três, educando, educador e pais. Os professores devem ter isto bem presente, porque se
apenas se centrarem na relação que estabelecem com o educando, vão menosprezar um
elo importante da relação pedagógica, que poderá vir a custar-lhe caro no futuro.
Após estabelecida uma nova relação pedagógica, urge a necessidade de encontrar uma
deontologia que permita abarcar as contingências dessa nova relação.
Ao longo dos tempos a escola tem sido encarada de diversas formas. Desde o início do
século XX a escola começou a adquirir o modelo mais próximo daquele que hoje temos.
Ao longo desse século e até aos nossos dias ela foi sofrendo várias metamorfoses.
Inicialmente a escola era um local privilegiado apenas de determinadas classes, ou seja,
era uma escola de elites, posteriormente veio a escola de massas[8], a escola para todos,
hoje, apesar de prevalecer ainda o lema da escolas para todos, estamos a assistir a uma
prevalência do sistema privado em detrimento do sistema público, o que pode conduzir
a um retrocesso educativo, a um retorno à escola elitista.
Qualquer que seja o paradigma – tal como afirma D’Orey – este deve caracterizar-se
pelas seguintes atitudes: o professor deve encontrar-se:
Conclusão
Bibliografia
MANSO, A., MARTINS, C., AFONSO, J., CASULO, J. (2011), Contributo para o
Estudo da Axiologia Educacional de Manuel Ferreira Patrício, Porto, Marânus
PENA-VEGA, A., ALMEIDA, C., PETRAGLIA, I. (org.) (2001), Edgar Morin: Ética,
Cultura e Educação, São Paulo, Cortez Editora