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a solução para o seu concurso!

ESA
ESCOLA DE SARGENTOS DAS ARMAS

Curso de Formação de
Sargento - Área Geral

EDITAL Nº 1/SCA, DE 18 DE MARÇO DE 2024

CÓD: SL-023AB-24
7908433252320
INTRODUÇÃO

Como passar em um concurso público?


Todos nós sabemos que é um grande desafio ser aprovado em concurso público, dessa maneira é muito importante o concurseiro
estar focado e determinado em seus estudos e na sua preparação. É verdade que não existe uma fórmula mágica ou uma regra de como
estudar para concursos públicos, é importante cada pessoa encontrar a melhor maneira para estar otimizando sua preparação.

Algumas dicas podem sempre ajudar a elevar o nível dos estudos, criando uma motivação para estudar. Pensando nisso, a Solução
preparou esta introdução com algumas dicas que irão fazer toda a diferença na sua preparação.

Então mãos à obra!


• Esteja focado em seu objetivo: É de extrema importância você estar focado em seu objetivo: a aprovação no concurso. Você vai ter
que colocar em sua mente que sua prioridade é dedicar-se para a realização de seu sonho;

• Não saia atirando para todos os lados: Procure dar atenção a um concurso de cada vez, a dificuldade é muito maior quando você
tenta focar em vários certames, pois as matérias das diversas áreas são diferentes. Desta forma, é importante que você defina uma
área e especializando-se nela. Se for possível realize todos os concursos que saírem que englobe a mesma área;

• Defina um local, dias e horários para estudar: Uma maneira de organizar seus estudos é transformando isso em um hábito,
determinado um local, os horários e dias específicos para estudar cada disciplina que irá compor o concurso. O local de estudo não
pode ter uma distração com interrupções constantes, é preciso ter concentração total;

• Organização: Como dissemos anteriormente, é preciso evitar qualquer distração, suas horas de estudos são inegociáveis. É
praticamente impossível passar em um concurso público se você não for uma pessoa organizada, é importante ter uma planilha
contendo sua rotina diária de atividades definindo o melhor horário de estudo;

• Método de estudo: Um grande aliado para facilitar seus estudos, são os resumos. Isso irá te ajudar na hora da revisão sobre o assunto
estudado. É fundamental que você inicie seus estudos antes mesmo de sair o edital, buscando editais de concursos anteriores. Busque
refazer a provas dos concursos anteriores, isso irá te ajudar na preparação.

• Invista nos materiais: É essencial que você tenha um bom material voltado para concursos públicos, completo e atualizado. Esses
materiais devem trazer toda a teoria do edital de uma forma didática e esquematizada, contendo exercícios para praticar. Quanto mais
exercícios você realizar, melhor será sua preparação para realizar a prova do certame;

• Cuide de sua preparação: Não são só os estudos que são importantes na sua preparação, evite perder sono, isso te deixará com uma
menor energia e um cérebro cansado. É preciso que você tenha uma boa noite de sono. Outro fator importante na sua preparação, é
tirar ao menos 1 (um) dia na semana para descanso e lazer, renovando as energias e evitando o estresse.

A motivação é a chave do sucesso na vida dos concurseiros. Compreendemos que nem sempre é fácil, e às vezes bate aquele desânimo
com vários fatores ao nosso redor. Porém tenha garra ao focar na sua aprovação no concurso público dos seus sonhos.

Como dissemos no começo, não existe uma fórmula mágica, um método infalível. O que realmente existe é a sua garra, sua dedicação
e motivação para realizar o seu grande sonho de ser aprovado no concurso público. Acredite em você e no seu potencial.

A Solução tem ajudado, há mais de 36 anos, quem quer vencer a batalha do concurso público. Vamos juntos!

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ÍNDICE

Matemática
1. Noções de Conjuntos e de Raciocínio Lógico: Representação de conjuntos, subconjuntos, operações: união, interseção, dife-
rença e complementar. Conjunto universo e conjunto vazio...................................................................................................... 11
2. Conjunto dos Números: Conjunto dos Números Naturais; Conjunto dos Números Inteiros; representação na reta numérica,
módulo, simétrico e oposto, representação decimal, operações com intervalos reais; Conjunto dos números racionais: ope-
rações fundamentais; Razões e proporções, grandezas diretamente e indiretamente proporcionais. e Conjunto dos números
naturais e inteiros: operações fundamentais, números primos, fatoração, número de divisores, máximo divisor comum e
mínimo múltiplo comum............................................................................................................................................................ 15
3. Funções: Conceito de relação; Conceito de Função, domínio, contradomínio e imagem de uma função. Funções, injetoras,
sobrejetora, bijetora e funções pares e ímpares, funções periódicas, e funções compostas; Zeros ou Raiz de uma função; Fun-
ção constante, função crescente, função decrescente; Função definida por mais de uma sentença; Função inversa; e Gráfico
de funções. Função Linear, Função Afim e Função Quadrática: Gráficos, domínio, imagem e características; Variações de sinal;
Máximos e mínimos.................................................................................................................................................................... 29
4. Inequação produto e inequação quociente................................................................................................................................ 42
5. Função Modular: Definição, gráfico, domínio e imagem da função modular; Equações modulares; e Inequações modulares. 44
6. Função Exponencial: Gráficos, domínio, imagem e características da função exponencial, logaritmos decimais; e Equações e
inequações exponenciais............................................................................................................................................................ 46
7. Função Logarítmica: Definição de logaritmo e propriedades operatórias; Gráficos, domínio, imagem e características da fun-
ção logarítmica; e Equações e inequações logarítmicas............................................................................................................. 49
8. Trigonometria: Arcos notáveis; Trigonometria no triângulo (retângulo e qualquer); Lei dos senos e Lei dos cossenos; Unidades
de medidas de arcos e ângulos: o grau e o radiano; Círculo trigonométrico, razões trigonométricas e redução ao 1ºquadrante;
Trigonométricas, transformações, identidades trigonométricas fundamentais, equações e inequações trigonométricas no
conjunto dos números reais; Fórmulas de adição de arcos, arcos duplos, arco metade e transformação em produto; e siste-
mas de equações e inequações trigonométricas e resolução de triângulos............................................................................... 54
9. Contagem e Análise Combinatória: Fatorial, definição e operações;Princípios multiplicativo e aditivo da contagem; e Arranjos,
combinações e permutações...................................................................................................................................................... 66
10. Probabilidade: Experimento aleatório, experimento amostral, espaço amostral e evento; Probabilidade em espaços amos-
trais equiprováveis; Probabilidade da união de dois eventos; Probabilidade condicional; Propriedade das probabilidades; e
Probabilidade de dois eventos sucessivos e experimentos binomiais........................................................................................ 68
11. Matrizes, Determinantes e Sistemas Lineares: Operações com matrizes (adição, multiplicação por escalar, transposição e
produto); Matriz inversa; Determinante de uma matriz: definição e propriedades; e Sistemas de equações lineares............. 70
12. Sequências Numéricas e Progressões: Sequências numéricas; Progressões aritméticas: termo geral, soma dos termos e pro-
priedades; e Progressões geométricas (finitas e infinitas): termo geral, somados termos e propriedades............................... 79
13. Geometria Espacial de Posição: Posições relativas entre duas retas; Posições relativas entre dois planos; Posições relativas
entre reta e plano; Perpendicularidade entre duas retas, entre dois planos e entre reta e plano; e Projeção ortogonal......... 81
14. Geometria Espacial Métrica: Prismas: conceito, elementos, classificação, áreas e volumes e troncos; Pirâmide: conceito,
elementos, classificação, áreas e volumes e troncos; Cilindro: conceito, elementos, classificação, áreas e volumes e troncos;
Cone: conceito, elementos, classificação, áreas e volumes e troncos; Esfera: elementos, seção da esfera, área, volumes e
partes da esfera; e Inscrição e circunscrição de sólidos.............................................................................................................. 87
15. Geometria Analítica Plana: Ponto: o plano cartesiano, distância entre dois pontos, ponto médio de segmento e condição de
alinhamento de três pontos; Reta: equações geral e reduzida, interseção de retas, paralelismo e perpendicularidade e ângulo
entre duas retas, distância entre ponto e reta e distância entre duas retas, bissetrizes do ângulo entre duas retas, área de um
triângulo e inequações do primeiro grau com duas variáveis; Circunferência: equações geral e reduzida, posições relativas
entre ponto e circunferência, reta e circunferência e duas circunferências; problemas de tangência; e equações e inequações
do segundo grau com duas variáveis; Elipse: definição, equação, posições relativas entre ponto e elipse, posições relativas
entre reta e elipse; Hipérbole: definição, equação da hipérbole, posições relativas entre ponto e hipérbole, posições relativas
entre reta e hipérbole e equações das assíntotas da hipérbole; Parábola: definição, equação, posições relativas entre ponto
e parábola, posições relativas entre reta e parábola; e Reconhecimento de cônicas a partir de sua equação geral................. 96

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ÍNDICE

16. Geometria Plana: ângulo: definição, elementos e propriedades; ângulos na circunferência; Paralelismo e perpendicularidade;
Semelhança de triângulos; Pontos notáveis do triângulo; Relações métricas nos triângulos (retângulos e quaisquer); Triân-
gulos retângulos, Teorema de Pitágoras; Congruência de figuras planas; Feixe de retas paralelas e transversais, Teorema de
Tales; Teorema das bissetrizes internas e externas de um triângulo; Quadriláteros notáveis; Polígonos, polígonos regulares,
circunferências, círculos e seus elementos; Perímetro e área de polígonos, polígonos regulares, circunferências, círculos e
seus elementos; Fórmula de Heron; Razão entre áreas; e Inscrição e circunscrição................................................................. 114
17. Polinômios: Função polinomial, polinômio identicamente nulo, grau de um polinômio, identidade de um polinômio, raiz de
um polinômio, operações com polinômios e valor numérico de um polinômio; Divisão de polinômios, Teorema do resto, Te-
orema de D’Alembert e dispositivo de Briot-Ruffini; e Relação entre coeficientes e raízes. Fatoração e multiplicidade de raízes
e produtos notáveis. Máximo divisor comum de polinômios..................................................................................................... 130
18. Equações Polinomiais: Teorema fundamental da álgebra, teorema da decomposição, raízes imaginárias, raízes racionais,
relações de Girard e teorema de Bolzano................................................................................................................................... 137
19. Conjunto dos números complexos: Operações, módulo, conjugado de um número complexo, representações algébrica e
trigonométrica. Representação no plano de Argand Gauss, Potencialização e radiciação. Extração de raízes. Fórmulas de
Moivre......................................................................................................................................................................................... 139
20. Binômio de Newton: Desenvolvimento, coeficientes binomiais e termo geral; e Resolução de equações binomiais e trino-
miais............................................................................................................................................................................................ 142

Português
1. Leitura, interpretação e análise de textos Leitura, interpretação e análise dos significados presentes em um texto e o res-
pectivo relacionamento com o universo em que o texto foi produzido..................................................................................... 149
2. Fonética...................................................................................................................................................................................... 150
3. ortografia e pontuação Correta escrita das palavras da língua portuguesa............................................................................... 150
4. acentuação gráfica...................................................................................................................................................................... 151
5. partição silábica.......................................................................................................................................................................... 152
6. pontuação................................................................................................................................................................................... 153
7. Morfologia Estrutura e formação das palavras........................................................................................................................... 155
8. classes de palavras...................................................................................................................................................................... 157
9. Morfossintaxe Frase, oração e período, termos da oração, orações do período (desenvolvidas e reduzidas), funções sintáti-
cas do pronome relativo............................................................................................................................................................. 166
10. sintaxe de regência (verbal e nominal)...................................................................................................................................... 169
11. sintaxe de concordância (verbal e nominal).............................................................................................................................. 171
12. sintaxe de colocação.................................................................................................................................................................. 172
13. Noções de versificação Estrutura do verso, tipos de verso, rima, estrofação e poemas de forma fixa...................................... 173
14. Teoria da linguagem e semântica História da Língua Portuguesa; linguagem, língua, discurso e estilo..................................... 174
15. níveis de linguagem, funções da linguagem............................................................................................................................... 176
16. figuras de linguagem.................................................................................................................................................................. 179
17. significado das palavras.............................................................................................................................................................. 182
18. Introdução à literatura A arte literária, os gêneros literários e a evolução da arte literária, em Portugal e no Brasil............... 182
19. Literatura brasileira Contexto histórico, características, principais autores e obras do Quinhentismo, Barroco, Arcadismo,
Romantismo, Realismo, Naturalismo, Impressionismo, Parnasianismo, Simbolismo, Prémodernismo e Modernismo............. 195
20. Redação Gênero textual; texto e contexto; o texto narrativo: o enredo, o tempo e o espaço; a técnica da descrição; o narra-
dor.............................................................................................................................................................................................. 202
21. textualidade e estilo (funções da linguagem.............................................................................................................................. 202
22. coesão e coerência textual......................................................................................................................................................... 203
23. tipos de discurso......................................................................................................................................................................... 204
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ÍNDICE

24. intertextualidade....................................................................................................................................................................... 206


25. denotação e conotação; a ambiguidade.................................................................................................................................... 207
26. figuras de linguagem.................................................................................................................................................................. 207
27. mecanismos de coesão.............................................................................................................................................................. 207
28. a não-contradição....................................................................................................................................................................... 207
29. paralelismos sintáticos e semânticos ......................................................................................................................................... 207
30. continuidade e progressão textual............................................................................................................................................. 207
31. o texto argumentativo; o tema; a impessoalidade; a carta argumentativa; a crônica argumentativa; a argumentação e a per-
suasão; o texto dissertativo-argumentativo; a consistência dos argumentos; a contra argumentação..................................... 208
32. o parágrafo; a informatividade e o senso comum; formas de desenvolvimento do texto dissertativo-argumentativo; a intro-
dução; e a conclusão................................................................................................................................................................... 215
33. Alterações introduzidas na ortografia da língua portuguesa pelo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, assinado em Lis-
boa, em 16 de dezembro de 1990, por Portugal, Brasil, Angola, São Tomé e Príncipe, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique
e, posteriormente, por Timor Leste, aprovado no Brasil pelo Decreto nº 6.583, de 29 de setembro de 2008 e alterado pelo
Decreto nº 7.875, de 27 de dezembro de 2012.......................................................................................................................... 216

História do Brasil
1. BRASIL COLÔNIA. Os povos indígenas brasileiros. O Brasil antes da chegada dos europeus; e As principais nações indígenas
do Brasil antes da chegada dos portugueses.............................................................................................................................. 245
2. Período pré-colonial. Expedições de reconhecimento e guarda costa; Economia do pau-brasil; e Expedição colonizadora de
Martim Afonso de Souza............................................................................................................................................................. 247
3. Período Colonial - administração, economia e sociedade colonial. A organização administrativa colonial portuguesa no Brasil
- Capitanias Hereditárias; O Governo Geral e órgãos administrativos; as Câmaras Municipais; A Economia e Sociedade Açu-
careira; Escravidão africana; dA Economia e Sociedade Mineradora; e Economias Complementares...................................... 248
4. Consolidação territorial. Entradas e Bandeiras; Invasões Estrangeiras - Invasões francesas; a invasão holandesa; A Insur-
reição Pernambucana: a luta contra o invasor e a gênese do Exército Brasileiro; e As questões de Limites entre Portugal e
Espanha e a formação das atuais fronteiras do Brasil: Tratados de Madri, El Pardo, Santo Ildefonso e Badajoz....................... 254
5. As Rebeliões Nativistas. Características; A Crise do Sistema Colonial Português; e Principais Rebeliões Nativistas - Revolta de
Beckman, Guerra dos Emboabas, Guerra dos Mascates e a Revolta de Vila Rica....................................................................... 256
6. Movimentos pró-independência no Brasil. Caracterização; Influência Iluminista; Crise econômica; e Principais Movimentos
pró-independência: Inconfidência Mineira e Conjuração Baiana............................................................................................... 257
7. BRASIL IMPÉRIO. O Período Joanino. A transferência da Corte Portuguesa para o Brasil; O governo de D. João VI no Brasil:
política interna e externa; e A Revolução do Porto e partida da Família Real............................................................................ 258
8. A Independência do Brasil. Fatores que levaram à independência do Brasil; A Regência de D. Pedro; O Grito do Ipiranga; e A
Guerra de Independência........................................................................................................................................................... 259
9. O Primeiro Reinado. Panorama político-partidário; A Constituição de 1824; Panorama interno: autoritarismo do Imperador,
crise econômica; Panorama externo: a Guerra da Cisplatina; e A Abdicação de D. Pedro I....................................................... 260
10. Período Regencial. Panorama político-partidário conflituoso: restauradores, liberais moderados e republicanos; A Regência
Trina Provisória;A Regência Trina Permanente; O Ato Adicional de 1834; As Regências Unas; As Revoltas Regenciais: Cabana-
gem, Balaiada, Malês, Sabinada e Farroupilha; e A ação pacificadora de Caxias: Balaiada, Farroupilha e Revoltas Liberais de
1842............................................................................................................................................................................................ 261
11. O Segundo Reinado. Antecipação da Maioridade de D. Pedro II; Panorama político-partidário do II Império: conservadores e
liberais; rivalidades iniciais; as Revoltas Liberais de 1842; Conciliação; O Parlamentarismo Brasileiro; A economia e Socieda-
de Cafeeiras; A breve era Mauá; Política externa: Campanha contra Oribe e Rosas; A questão Christie; A Campanha contra
Aguirre; A Guerra da Tríplice Aliança; O comando vitorioso de Caxias na Guerra da Tríplice Aliança; A imigração europeia; A
abolição da Escravatura; e A crise do Império: Questão Religiosa; Republicanismo; Questão Militar; Positivismo; a Proclama-
ção da República......................................................................................................................................................................... 263

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ÍNDICE

12. BRASIL REPÚBLICa. A República Velha. A República da Espada: os governos de Deodoro e de Floriano Peixoto; A Constituição
de 1891; Guerras de Canudos (1896 - 1898) e Contestado (1912 - 1916); As Revoltas da Armada; O Tenentismo, as revoltas
de 1922 - 1924 e a “Coluna Prestes”; A Revolução Federalista; A República oligárquica: caracterização: “coronelismo”, “voto
de cabresto”, política do “café com leite”, política de valorização do café, “política dos governadores”; Algumas revoltas
sociais da República Velha: Revolta da Chibata, Revolta da Vacina, o fenômeno do Cangaço; e A ruptura oligárquica e a Re-
volução de 1930.......................................................................................................................................................................... 267
13. A Era Vargas. O Governo Provisório; A Revolução Constitucionalista de 1932; Governo Constitucional de Vargas; A Consti-
tuição de 1934 e a CLT; Radicalização ideológica: comunistas versus integralistas; A Intentona Comunista de 1935; a Revolta
Integralista de 1938; O Estado Novo (1937 - 1945); O Brasil na II Guerra Mundial: fatores que levaram o Brasil a participar do
conflito; a campanha da FEB; e A saída de Vargas do poder...................................................................................................... 279
14. A República Brasileira entre 1945 e 1985. Governo Dutra; Segundo Governo Vargas; Governo JK; Governo Jânio; e Governo
“Jango”. Governo Castello Branco; Governo Costa e Silva; Governo Médici; Governo Geisel; e Governo Figueiredo............... 283
15. A Nova República (de 1985 até os dias atuais) O Governo Sarney; Crise e Hiperinflação da década de 80; Os Planos Cruzado,
Bresser e Verão - caracterização e razões do insucesso; A Constituição de 1988; O Governo Collor; O Plano Collor; O impeach-
ment de Collor; O Governo Itamar Franco; O Plano Real; e Os Governos de Fernando Henrique Cardoso até os dias atuais... 292

Geografia do Brasil
1. O ESPAÇO NATURAL, RECURSOS ESTRATÉGICOS E IMPACTOS AMBIENTAIS. Características gerais do território brasileiro:
posição geográfica, limites e fusos horários............................................................................................................................... 309
2. Estrutura geológica, geomorfologia: origem, formas e classificações do relevo........................................................................ 310
3. Tipos de solos brasileiros............................................................................................................................................................ 312
4. A atmosfera e os climas: fenômenos climáticos e os climas no Brasil........................................................................................ 314
5. Hotspots e biodiversidade ......................................................................................................................................................... 320
6. Biomas. Distribuição da vegetação, características gerais dos domínios morfoclimáticos......................................................... 320
7. Recursos hídricos: bacias hidrográficas, aquíferos, hidrovias..................................................................................................... 323
8. Degradação ambiental, o aproveitamento econômico dos recursos naturais e as atividades econômicas: os recursos mine-
rais, fontes de energia, matriz energética brasileira e meio ambiente, o setor mineral e os grandes projetos de mineração... 326
9. O ESPAÇO ECONÔMICO. A formação do território nacional: ciclos econômicos e a expansão do território - da cafeicultura ao
Brasil urbano industrial e integração territorial.......................................................................................................................... 327
10. A industrialização pós-Segunda Guerra Mundial: modelo de substituição das importações, abertura para investimentos es-
trangeiros, dinâmica espacial da indústria, polos industriais, a indústria nas diferentes regiões brasileiras e a reestruturação
produtiva..................................................................................................................................................................................... 328
11. Agricultura brasileira: dinâmicas territoriais da economia rural, a modernização da agricultura, êxodo rural, agronegócio e a
produção agropecuária brasileira............................................................................................................................................... 329
12. Comércio: globalização e economia nacional, comércio exterior, integração regional (Mercosul e principais parceiros econô-
micos), eixos de circulação e custos de deslocamento............................................................................................................... 330
13. O ESPAÇO POLÍTICO. Formação territorial - território, fronteiras, faixa de fronteiras, mar territorial e ZEE; Estrutura político-
-administrativa, estados, municípios, distrito federal e territórios federais; A divisão regional, segundo o IBGE, e os comple-
xos regionais; e Políticas públicas............................................................................................................................................... 331
14. O ESPAÇO HUMANO. Demografia: transição demográfica, crescimento populacional, estrutura etária, política demográfica e
mobilidade espacial (migrações internas e externas)................................................................................................................. 341
15. Mercado de trabalho: estrutura ocupacional............................................................................................................................. 345
16. Desenvolvimento humano: os indicadores socioeconômicos.................................................................................................... 346
17. Urbanização brasileira: processo de urbanização, rede urbana, hierarquia urbana, regiões metropolitanas............................ 346
18. Regiões Integradas de Desenvolvimento (RIDE)......................................................................................................................... 347
19. Espaço urbano e problemas urbanos......................................................................................................................................... 347

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ÍNDICE

Inglês
1. Substantivos (Nouns) a) gênero; substantivos contáveis e incontáveis; número dos substantivos contáveis no singular e no
plural; e caso genitivo/possessivo com o genitivo saxão’s e com a preposição of...................................................................... 353
2. Pronomes (Pronouns) pronomes pessoais; pronomes reflexivos; pronomes e adjetivos demonstrativos; pronomes e adjetivos
possessivos; pronomes e adjetivos interrogativos (question words); adjetivos indefinidos; pronomes indefinidos................. 354
3. Quantificadores.......................................................................................................................................................................... 355
4. Artigos (Articles) artigo definido the; e artigo indefinido a/an................................................................................................... 358
5. Adjetivos e Advérbios (Adjectives and Adverbs) formas e usos; posição dos adjetivos e advérbios; e graus do adjetivo e do
advérbio...................................................................................................................................................................................... 359
6. Verbos (Verbs) Verbos no tempo Presente Simples (Simple Present); Verbos no Presente Contínuo (Present Continuous);
Verbos no Passado Simples (Past Simple ); Verbos no Passado Contínuo (Past Continuous); Verbos no Futuro Imediato (Future
with Going to); Verbos no Futuro com shall/will (Simple Future); Verbos no Presente Perfeito (Present Perfect); Verbos Mo-
dais can, could, must, may, might, would, should e ought to; Verbos no modo imperativo (Imperative); Formas do infinitivo e
gerúndio (Infintive and Gerund); Verbos frasais (Phrasal verbs); e Tag Questions.................................................................... 362
7. Preposições (Prepositions) Preposições de tempo, lugar, movimento e formas de transporte................................................ 371

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MATEMÁTICA

∉: não pertence
NOÇÕES DE CONJUNTOS E DE RACIOCÍNIO LÓGICO: RE- ⊂: está contido
PRESENTAÇÃO DE CONJUNTOS, SUBCONJUNTOS, OPERA- ⊄: não está contido
ÇÕES: UNIÃO, INTERSEÇÃO, DIFERENÇA E COMPLEMEN- ⊃: contém
TAR. CONJUNTO UNIVERSO E CONJUNTO VAZIO ⊅: não contém
/: tal que
⟹: implica que
CONJUNTOS ⇔: se,e somente se
Conjunto está presente em muitos aspectos da vida, sejam eles ∃: existe
cotidianos, culturais ou científicos. Por exemplo, formamos conjun- ∄: não existe
tos ao organizar a lista de amigos para uma festa agrupar os dias da ∀: para todo(ou qualquer que seja)
semana ou simplesmente fazer grupos. ∅: conjunto vazio
Os componentes de um conjunto são chamados de elementos. N: conjunto dos números naturais
Para enumerar um conjunto usamos geralmente uma letra Z: conjunto dos números inteiros
maiúscula. Q: conjunto dos números racionais
Q’=I: conjunto dos números irracionais
Representações R: conjunto dos números reais
Pode ser definido por:
-Enumerando todos os elementos do conjunto: S={1, 3, 5, 7, 9} Igualdade
-Simbolicamente: B={x>N|x<8}, enumerando esses elementos Propriedades básicas da igualdade
temos: Para todos os conjuntos A, B e C,para todos os objetos x ∈ U,
B={0,1,2,3,4,5,6,7} temos que:
(1) A = A.
– Diagrama de Venn (2) Se A = B, então B = A.
(3) Se A = B e B = C, então A = C.
(4) Se A = B e x ∈ A, então x∈ B.
Se A = B e A ∈ C, então B ∈ C.

Dois conjuntos são iguais se, e somente se, possuem exata-


mente os mesmos elementos. Em símbolo:
Para saber se dois conjuntos A e B são iguais, precisamos saber
apenas quais são os elementos.
Não importa ordem:
A={1,2,3} e B={2,1,3}

Não importa se há repetição:


A={1,2,2,3} e B={1,2,3}
Há também um conjunto que não contém elemento e é repre-
Classificação
sentado da seguinte forma: S = c ou S = { }.
Definição
Quando todos os elementos de um conjunto A pertencem tam-
Chama-se cardinal de um conjunto, e representa-se por #, ao
bém a outro conjunto B, dizemos que:
número de elementos que ele possui.
A é subconjunto de B
Ou A é parte de B
Exemplo
A está contido em B escrevemos: A ⊂ B
Por exemplo, se A ={45,65,85,95} então #A = 4.
Se existir pelo menos um elemento de A que não pertence a
Definições
B: A ⊄ B
Dois conjuntos dizem-se equipotentes se têm o mesmo cardi-
nal.
Símbolos
Um conjunto diz-se
∈: pertence

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11
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MATEMÁTICA

a) infinito quando não é possível enumerar todos os seus ele- Diferença


mentos Uma outra operação entre conjuntos é a diferença, que a cada
b) finito quando é possível enumerar todos os seus elementos par A, B de conjuntos faz corresponder o conjunto definido por:
c) singular quando é formado por um único elemento A – B ou A\B que se diz a diferença entre A e B ou o comple-
d) vazio quando não tem elementos mentar de B em relação a A.
A este conjunto pertencem os elementos de A que não perten-
Exemplos cem a B.
N é um conjunto infinito (O cardinal do conjunto N (#N) é infi- A\B = {x : x∈A e x∉B}.
nito (∞));
A = {½, 1} é um conjunto finito (#A = 2);
B = {Lua} é um conjunto singular (#B = 1)
{ } ou ∅ é o conjunto vazio (#∅ = 0)

Pertinência
O conceito básico da teoria dos conjuntos é a relação de perti-
nência representada pelo símbolo ∈. As letras minúsculas designam
os elementos de um conjunto e as maiúsculas, os conjuntos. Assim,
o conjunto das vogais (V) é:
V={a,e,i,o,u}
A relação de pertinência é expressa por: a∈V
A relação de não-pertinência é expressa por:b∉V, pois o ele-
mento b não pertence ao conjunto V.
Exemplo:
Inclusão A = {0, 1, 2, 3, 4, 5} e B = {5, 6, 7}
A Relação de inclusão possui 3 propriedades: Então os elementos de A – B serão os elementos do conjunto A
Propriedade reflexiva: A⊂A, isto é, um conjunto sempre é sub- menos os elementos que pertencerem ao conjunto B.
conjunto dele mesmo. Portanto A – B = {0, 1, 2, 3, 4}.
Propriedade antissimétrica: se A⊂B e B⊂A, então A=B
Propriedade transitiva: se A⊂B e B⊂C, então, A⊂C. Complementar
Sejam A e B dois conjuntos tais que A⊂B. Chama-se comple-
Operações mentar de A em relação a B, que indicamos por CBA, o conjunto
União cujos elementos são todos aqueles que pertencem a B e não per-
Dados dois conjuntos A e B, existe sempre um terceiro formado tencem a A.
pelos elementos que pertencem pelo menos um dos conjuntos a A⊂B⇔ CBA={x|x∈B e x∉A}=B-A
que chamamos conjunto união e representamos por: A∪B.
Formalmente temos: A∪B={x|x ∈ A ou x ∈ B} Exemplo
Exemplo: A={1,2,3} B={1,2,3,4,5}
A={1,2,3,4} e B={5,6} CBA={4,5}
A∪B={1,2,3,4,5,6}
Representação
Interseção -Enumerando todos os elementos do conjunto: S={1, 2, 3, 4, 5}
A interseção dos conjuntos A e B é o conjunto formado pelos -Simbolicamente: B={x∈ N|2<x<8}, enumerando esses elemen-
elementos que são ao mesmo tempo de A e de B, e é representada tos temos:
por : A∩B. Simbolicamente: A∩B={x|x∈A e x∈B} B={3,4,5,6,7}

- por meio de diagrama:

Exemplo:
A={a,b,c,d,e} e B={d,e,f,g}
A∩B={d,e}
Quando um conjunto não possuir elementos chama-se de con-
junto vazio: S=∅ ou S={ }.

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MATEMÁTICA

Igualdade Interseção
Dois conjuntos são iguais se, e somente se, possuem exata- A interseção dos conjuntos A e B é o conjunto formado pelos
mente os mesmos elementos. Em símbolo: elementos que são ao mesmo tempo de A e de B, e é representada
por : A∩B.
Simbolicamente: A∩B={x|x ∈A e x ∈B}

Para saber se dois conjuntos A e B são iguais, precisamos saber


apenas quais são os elementos.
Não importa ordem:
A={1,2,3} e B={2,1,3}

Não importa se há repetição:


A={1,2,2,3} e B={1,2,3}
Exemplo:
Relação de Pertinência A={a,b,c,d,e} e B={d,e,f,g}
Relacionam um elemento com conjunto. E a indicação que o A∩B={d,e}
elemento pertence (∈) ou não pertence (∉)
Exemplo: Dado o conjunto A={-3, 0, 1, 5} Diferença
0∈A Uma outra operação entre conjuntos é a diferença, que a cada
2∉A par A, B de conjuntos faz corresponder o conjunto definido por:
A – B ou A\B que se diz a diferença entre A e B ou o comple-
Relações de Inclusão mentar de B em relação a A.
Relacionam um conjunto com outro conjunto. A este conjunto pertencem os elementos de A que não perten-
Simbologia: ⊂(está contido), ⊄(não está contido), ⊃(contém), cem a B.
⊅ (não contém)
A\B = {x : x ∈A e x∉B}.
A Relação de inclusão possui 3 propriedades:
Exemplo:
{1, 3,5}⊂{0, 1, 2, 3, 4, 5}
{0, 1, 2, 3, 4, 5}⊃{1, 3,5}

Aqui vale a famosa regrinha que o professor ensina, boca aber-


ta para o maior conjunto.

Subconjunto
O conjunto A é subconjunto de B se todo elemento de A é tam- B-A = {x : x ∈B e x∉A}.
bém elemento de B.
Exemplo: {2,4} é subconjunto de {x∈N|x é par}
Operações
União
Dados dois conjuntos A e B, existe sempre um terceiro formado
pelos elementos que pertencem pelo menos um dos conjuntos a
que chamamos conjunto união e representamos por: A∪B.
Formalmente temos: A∪B={x|x ∈A ou x∈B}
Exemplo:
Exemplo:
A={1,2,3,4} e B={5,6}
A = {0, 1, 2, 3, 4, 5} e B = {5, 6, 7}
A∪B={1,2,3,4,5,6}
Então os elementos de A – B serão os elementos do conjunto A
menos os elementos que pertencerem ao conjunto B.
Portanto A – B = {0, 1, 2, 3, 4}.

Complementar
O complementar do conjunto A( ) é o conjunto formado pelos
elementos do conjunto universo que não pertencem a A.

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MATEMÁTICA

Fórmulas da união
n(A ∪B)=n(A)+n(B)-n(A∩B) Sabe-se que existem 5 homens que são barbados e não são
n(A ∪B∪C)=n(A)+n(B)+n(C)+n(A∩B∩C)-n(A∩B)-n(A∩C)-n(B C) altos nem carecas. Sabe-se que existem 5 homens que são carecas
e não são altos e nem barbados
Essas fórmulas muitas vezes nos ajudam, pois ao invés de fazer
todo o diagrama, se colocarmos nessa fórmula, o resultado é mais
rápido, o que na prova de concurso é interessante devido ao tempo.
Mas, faremos exercícios dos dois modos para você entender
melhor e perceber que, dependendo do exercício é melhor fazer de
uma forma ou outra.

Exemplo
(MANAUSPREV – Analista Previdenciário – FCC/2015) Em um
grupo de 32 homens, 18 são altos, 22 são barbados e 16 são care-
cas. Homens altos e barbados que não são carecas são seis. Todos
homens altos que são carecas, são também barbados. Sabe-se que
existem 5 homens que são altos e não são barbados nem carecas.
Sabe-se que existem 5 homens que são barbados e não são altos Sabemos que 18 são altos
nem carecas. Sabe-se que existem 5 homens que são carecas e não
são altos e nem barbados. Dentre todos esses homens, o número
de barbados que não são altos, mas são carecas é igual a
(A) 4.
(B) 7.
(C) 13.
(D) 5.
(E) 8.

Primeiro, quando temos 3 diagramas, sempre começamos pela


interseção dos 3, depois interseção a cada 2 e por fim, cada um

Quando somarmos 5+x+6=18


X=18-11=7

Carecas são 16

Se todo homem careca é barbado, não teremos apenas ho-


mens carecas e altos.
Homens altos e barbados são 6
7+y+5=16
Y=16-12
Y=4
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MATEMÁTICA

Então o número de barbados que não são altos, mas são care- O conjunto dos números naturais pode ser dividido em
cas são 4. subconjuntos:
Nesse exercício ficará difícil se pensarmos na fórmula, ficou N* = {1, 2, 3, 4…} ou N* = N – {0}: conjunto dos números
grande devido as explicações, mas se você fizer tudo no mesmo dia- naturais não nulos, ou sem o zero.
grama, mas seguindo os passos, o resultado sairá fácil. Np = {0, 2, 4, 6…}, em que n ∈ N: conjunto dos números naturais
pares.
Exemplo Ni = {1, 3, 5, 7..}, em que n ∈ N: conjunto dos números naturais
(SEGPLAN/GO – Perito Criminal – FUNIVERSA/2015) Suponha ímpares.
que, dos 250 candidatos selecionados ao cargo de perito criminal: P = {2, 3, 5, 7..}: conjunto dos números naturais primos.

1) 80 sejam formados em Física;


2) 90 sejam formados em Biologia;
3) 55 sejam formados em Química;
4) 32 sejam formados em Biologia e Física;
5) 23 sejam formados em Química e Física;
6) 16 sejam formados em Biologia e Química;
7) 8 sejam formados em Física, em Química e em Biologia. Operações com Números Naturais
Praticamente, toda a Matemática é edificada sobre essas duas
Considerando essa situação, assinale a alternativa correta. operações fundamentais: adição e multiplicação.
(A) Mais de 80 dos candidatos selecionados não são físicos nem
biólogos nem químicos. Adição de Números Naturais
(B) Mais de 40 dos candidatos selecionados são formados ape- A primeira operação essencial da Aritmética tem como objetivo
nas em Física. reunir em um único número todas as unidades de dois ou mais
(C) Menos de 20 dos candidatos selecionados são formados números.
apenas em Física e em Biologia. Exemplo: 6 + 4 = 10, onde 6 e 4 são as parcelas e 10 é a soma
(D) Mais de 30 dos candidatos selecionados são formados ape- ou o total.
nas em Química.
(E) Escolhendo-se ao acaso um dos candidatos selecionados, a Subtração de Números Naturais
probabilidade de ele ter apenas as duas formações, Física e Quími- É utilizada quando precisamos retirar uma quantidade de outra;
ca, é inferior a 0,05. é a operação inversa da adição. A subtração é válida apenas nos
números naturais quando subtraímos o maior número do menor,
Resolução ou seja, quando quando a-b tal que a≥b.
A nossa primeira conta, deve ser achar o número de candidatos Exemplo: 200 – 193 = 7, onde 200 é o Minuendo, o 193
que não são físicos, biólogos e nem químicos. Subtraendo e 7 a diferença.
n (F ∪B∪Q)=n(F)+n(B)+n(Q)+n(F∩B∩Q)-n(F∩B)-n(F∩Q)-
-n(B∩Q) Obs.: o minuendo também é conhecido como aditivo e o
n(F ∪B∪Q)=80+90+55+8-32-23-16=162 subtraendo como subtrativo.
Temos um total de 250 candidatos
250-162=88 Multiplicação de Números Naturais
Resposta: A. É a operação que visa adicionar o primeiro número, denominado
multiplicando ou parcela, tantas vezes quantas são as unidades do
segundo número, chamado multiplicador.
CONJUNTO DOS NÚMEROS: CONJUNTO DOS NÚMEROS Exemplo: 3 x 5 = 15, onde 3 e 5 são os fatores e o 15 produto.
NATURAIS; CONJUNTO DOS NÚMEROS INTEIROS; REPRE- - 3 vezes 5 é somar o número 3 cinco vezes: 3 x 5 = 3 + 3 + 3 + 3
SENTAÇÃO NA RETA NUMÉRICA, MÓDULO, SIMÉTRICO E + 3 = 15. Podemos no lugar do “x” (vezes) utilizar o ponto “. “, para
OPOSTO, REPRESENTAÇÃO DECIMAL, OPERAÇÕES COM indicar a multiplicação).
INTERVALOS REAIS; CONJUNTO DOS NÚMEROS RACIO-
NAIS: OPERAÇÕES FUNDAMENTAIS; RAZÕES E PROPOR- Divisão de Números Naturais
ÇÕES, GRANDEZAS DIRETAMENTE E INDIRETAMENTE PRO- Dados dois números naturais, às vezes precisamos saber
PORCIONAIS. E CONJUNTO DOS NÚMEROS NATURAIS E quantas vezes o segundo está contido no primeiro. O primeiro
INTEIROS: OPERAÇÕES FUNDAMENTAIS, NÚMEROS PRI- número, que é o maior, é chamado de dividendo, e o outro
MOS, FATORAÇÃO, NÚMERO DE DIVISORES, MÁXIMO número, que é menor, é o divisor. O resultado da divisão é chamado
DIVISOR COMUM E MÍNIMO MÚLTIPLO COMUM quociente. Se multiplicarmos o divisor pelo quociente, obtemos o
dividendo.
No conjunto dos números naturais, a divisão não é fechada,
CONJUNTO DOS NÚMEROS NATURAIS (N) pois nem sempre é possível dividir um número natural por outro
O conjunto dos números naturais é simbolizado pela letra N número natural, e, nesses casos, a divisão não é exata.
e abrange os números que utilizamos para realizar contagem,
incluindo o zero. Esse conjunto é infinito. Exemplo: N = {0, 1, 2, 3,
4…}
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MATEMÁTICA

2) João e Maria disputaram a prefeitura de uma determinada


cidade que possui apenas duas zonas eleitorais. Ao final da sua
apuração o Tribunal Regional Eleitoral divulgou a seguinte tabela
com os resultados da eleição. A quantidade de eleitores desta
cidade é:

1ª Zona Eleitoral 2ª Zona Eleitoral


João 1750 2245
Princípios fundamentais em uma divisão de números naturais
Maria 850 2320
– Em uma divisão exata de números naturais, o divisor deve ser
menor do que o dividendo. 45 : 9 = 5 Nulos 150 217
– Em uma divisão exata de números naturais, o dividendo é o Brancos 18 25
produto do divisor pelo quociente. 45 = 5 x 9
– A divisão de um número natural n por zero não é possível, Abstenções 183 175
pois, se admitíssemos que o quociente fosse q, então poderíamos
escrever: n ÷ 0 = q e isto significaria que: n = 0 x q = 0 o que não é (A) 3995
correto! Assim, a divisão de n por 0 não tem sentido ou ainda é dita (B) 7165
impossível. (C) 7532
(D) 7575
Propriedades da Adição e da Multiplicação dos números (E) 7933
Naturais
Para todo a, b e c ∈N Solução: Resposta: E.
1) Associativa da adição: (a + b) + c = a + (b + c) Vamos somar a 1ª Zona: 1750 + 850 + 150 + 18 + 183 = 2951
2) Comutativa da adição: a + b = b + a 2ª Zona: 2245 + 2320 + 217 + 25 + 175 = 4982
3) Elemento neutro da adição: a + 0 = a Somando os dois: 2951 + 4982 = 7933
4) Associativa da multiplicação: (a.b).c = a. (b.c)
5) Comutativa da multiplicação: a.b = b.a CONJUNTO DOS NÚMEROS INTEIROS (Z)
6) Elemento neutro da multiplicação: a.1 = a O conjunto dos números inteiros é denotado pela letra
7) Distributiva da multiplicação relativamente à adição: a.(b +c maiúscula Z e compreende os números inteiros negativos, positivos
) = ab + ac e o zero.
8) Distributiva da multiplicação relativamente à subtração: a .(b
–c) = ab – ac Exemplo: Z = {-4, -3, -2, -1, 0, 1, 2, 3, 4…}
9) Fechamento: tanto a adição como a multiplicação de um
número natural por outro número natural, continua como resultado
um número natural.

Exemplos:
1) Em uma gráfica, a máquina utilizada para imprimir certo
tipo de calendário está com defeito, e, após imprimir 5 calendários
perfeitos (P), o próximo sai com defeito (D), conforme mostra o
esquema.
Considerando que, ao se imprimir um lote com 5 000
calendários, os cinco primeiros saíram perfeitos e o sexto saiu com
defeito e que essa mesma sequência se manteve durante toda a
impressão do lote, é correto dizer que o número de calendários
perfeitos desse lote foi
(A) 3 642.
(B) 3 828.
(C) 4 093.
(D) 4 167.
(E) 4 256. O conjunto dos números inteiros também possui alguns
subconjuntos:
Solução: Resposta: D. Z+ = {0, 1, 2, 3, 4…}: conjunto dos números inteiros não
Vamos dividir 5000 pela sequência repetida (6): negativos.
5000 / 6 = 833 + resto 2. Z- = {…-4, -3, -2, -1, 0}: conjunto dos números inteiros não
Isto significa que saíram 833. 5 = 4165 calendários perfeitos, positivos.
mais 2 calendários perfeitos que restaram na conta de divisão. Z*+ = {1, 2, 3, 4…}: conjunto dos números inteiros não negativos
Assim, são 4167 calendários perfeitos. e não nulos, ou seja, sem o zero.

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MATEMÁTICA

Z*- = {… -4, -3, -2, -1}: conjunto dos números inteiros não Observação: todos os parênteses, colchetes, chaves, números,
positivos e não nulos. etc., precedidos de sinal negativo têm seu sinal invertido, ou seja,
representam o seu oposto.
Módulo
O módulo de um número inteiro é a distância ou afastamento Multiplicação de Números Inteiros
desse número até o zero, na reta numérica inteira. Ele é representado A multiplicação funciona como uma forma simplificada de
pelo símbolo | |. adição quando os números são repetidos. Podemos entender
O módulo de 0 é 0 e indica-se |0| = 0 essa situação como ganhar repetidamente uma determinada
O módulo de +6 é 6 e indica-se |+6| = 6 quantidade. Por exemplo, ganhar 1 objeto 15 vezes consecutivas
O módulo de –3 é 3 e indica-se |–3| = 3 significa ganhar 30 objetos, e essa repetição pode ser indicada pelo
O módulo de qualquer número inteiro, diferente de zero, é símbolo “x”, ou seja: 1+ 1 +1 + ... + 1 = 15 x 1 = 15.
sempre positivo. Se substituirmos o número 1 pelo número 2, obtemos: 2 + 2 +
2 + ... + 2 = 15 x 2 = 30
Números Opostos Na multiplicação, o produto dos números “a” e “b” pode ser
Dois números inteiros são considerados opostos quando sua indicado por a x b, a . b ou ainda ab sem nenhum sinal entre as
soma resulta em zero; dessa forma, os pontos que os representam letras.
na reta numérica estão equidistantes da origem.
Exemplo: o oposto do número 4 é -4, e o oposto de -4 é 4, pois Divisão de Números Inteiros
4 + (-4) = (-4) + 4 = 0. Em termos gerais, o oposto, ou simétrico, de
“a” é “-a”, e vice-versa; notavelmente, o oposto de zero é o próprio
zero.

Divisão exata de números inteiros


Considere o cálculo: - 15/3 = q à 3q = - 15 à q = -5
— Operações com Números Inteiros No exemplo dado, podemos concluir que, para realizar a divisão
exata de um número inteiro por outro número inteiro (diferente de
Adição de Números Inteiros zero), dividimos o módulo do dividendo pelo módulo do divisor.
Para facilitar a compreensão dessa operação, associamos a No conjunto dos números inteiros Z, a divisão não é comutativa,
ideia de ganhar aos números inteiros positivos e a ideia de perder não é associativa, e não possui a propriedade da existência do
aos números inteiros negativos. elemento neutro. Além disso, não é possível realizar a divisão por
Ganhar 3 + ganhar 5 = ganhar 8 (3 + 5 = 8) zero. Quando dividimos zero por qualquer número inteiro (diferente
Perder 4 + perder 3 = perder 7 (-4 + (-3) = -7) de zero), o resultado é sempre zero, pois o produto de qualquer
Ganhar 5 + perder 3 = ganhar 2 (5 + (-3) = 2) número inteiro por zero é igual a zero.
Perder 5 + ganhar 3 = perder 2 (-5 + 3 = -2)
Regra de sinais
Observação: O sinal (+) antes do número positivo pode ser
omitido, mas o sinal (–) antes do número negativo nunca pode ser
dispensado.

Subtração de Números Inteiros


A subtração é utilizada nos seguintes casos:
– Ao retirarmos uma quantidade de outra quantidade;
– Quando temos duas quantidades e queremos saber a
diferença entre elas;
– Quando temos duas quantidades e desejamos saber quanto
falta para que uma delas atinja a outra.

A subtração é a operação inversa da adição. Concluímos que


subtrair dois números inteiros é equivalente a adicionar o primeiro Potenciação de Números Inteiros
com o oposto do segundo. A potência an do número inteiro a, é definida como um produto
de n fatores iguais. O número a é denominado a base e o número n
é o expoente.an = a x a x a x a x ... x a , a é multiplicado por a n vezes.
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MATEMÁTICA

A raiz quadrada, de ordem 2, é um exemplo comum. Ela produz


um número inteiro não negativo cujo quadrado é igual ao número
original a.
Importante observação: não é possível calcular a raiz quadrada
de um número inteiro negativo no conjunto dos números inteiros.
É importante notar que não há um número inteiro não negativo
cujo produto consigo mesmo resulte em um número negativo.
A raiz cúbica (de ordem 3) de um número inteiro a é a operação
que gera outro número inteiro. Esse número, quando elevado
ao cubo, é igual ao número original a. É crucial observar que, ao
– Qualquer potência com uma base positiva resulta em um contrário da raiz quadrada, não restringimos nossos cálculos apenas
número inteiro positivo. a números não negativos.
– Se a base da potência é negativa e o expoente é par, então o
resultado é um número inteiro positivo.
– Se a base da potência é negativa e o expoente é ímpar, então
o resultado é um número inteiro negativo.

Propriedades da Adição e da Multiplicação dos números


Inteiros
Para todo a, b e c ∈Z
1) Associativa da adição: (a + b) + c = a + (b + c)
Radiciação de Números Inteiros 2) Comutativa da adição: a + b = b +a
A radiciação de números inteiros envolve a obtenção da raiz 3) Elemento neutro da adição : a + 0 = a
n-ésima (de ordem n) de um número inteiro a. Esse processo 4) Elemento oposto da adição: a + (-a) = 0
resulta em outro número inteiro não negativo, representado por b, 5) Associativa da multiplicação: (a.b).c = a. (b.c)
que, quando elevado à potência n, reproduz o número original a. O 6) Comutativa da multiplicação : a.b = b.a
índice da raiz é representado por n, e o número a é conhecido como 7) Elemento neutro da multiplicação: a.1 = a
radicando, posicionado sob o sinal do radical.

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MATEMÁTICA

8) Distributiva da multiplicação relativamente à adição: a.(b +c CONJUNTO DOS NÚMEROS RACIONAIS (Q)
) = ab + ac Os números racionais são aqueles que podem ser expressos na
9) Distributiva da multiplicação relativamente à subtração: a .(b forma de fração. Nessa representação, tanto o numerador quanto
–c) = ab –ac o denominador pertencem ao conjunto dos números inteiros, e é
10) Elemento inverso da multiplicação: Para todo inteiro z fundamental observar que o denominador não pode ser zero, pois
diferente de zero, existe um inverso z –1 = 1/z em Z, tal que, z x z–1 a divisão por zero não está definida.
= z x (1/z) = 1 O conjunto dos números racionais é simbolizado por Q.
11) Fechamento: tanto a adição como a multiplicação de um Vale ressaltar que os conjuntos dos números naturais e inteiros
número natural por outro número natural, continua como resultado são subconjuntos dos números racionais, uma vez que todos os
um número natural. números naturais e inteiros podem ser representados por frações.
Além desses, os números decimais e as dízimas periódicas também
Exemplos: fazem parte do conjunto dos números racionais.
1) Para zelar pelos jovens internados e orientá-los a respeito do
uso adequado dos materiais em geral e dos recursos utilizados em
atividades educativas, bem como da preservação predial, realizou-
se uma dinâmica elencando “atitudes positivas” e “atitudes
negativas”, no entendimento dos elementos do grupo. Solicitou-se
que cada um classificasse suas atitudes como positiva ou negativa,
atribuindo (+4) pontos a cada atitude positiva e (-1) a cada atitude
negativa. Se um jovem classificou como positiva apenas 20 das 50
atitudes anotadas, o total de pontos atribuídos foi
(A) 50.
(B) 45.
(C) 42.
(D) 36.
(E) 32.
Representação na reta:
Solução: Resposta: A.
50-20=30 atitudes negativas
20.4=80
30.(-1)=-30
80-30=50

2) Ruth tem somente R$ 2.200,00 e deseja gastar a maior


quantidade possível, sem ficar devendo na loja.
Verificou o preço de alguns produtos: Também temos subconjuntos dos números racionais:
TV: R$ 562,00 Q* = subconjunto dos números racionais não nulos, formado
DVD: R$ 399,00 pelos números racionais sem o zero.
Micro-ondas: R$ 429,00 Q+ = subconjunto dos números racionais não negativos,
Geladeira: R$ 1.213,00 formado pelos números racionais positivos.
Q*+ = subconjunto dos números racionais positivos, formado
Na aquisição dos produtos, conforme as condições pelos números racionais positivos e não nulos.
mencionadas, e pagando a compra em dinheiro, o troco recebido Q- = subconjunto dos números racionais não positivos, formado
será de: pelos números racionais negativos e o zero.
(A) R$ 84,00 Q*- = subconjunto dos números racionais negativos, formado
(B) R$ 74,00 pelos números racionais negativos e não nulos.
(C) R$ 36,00
(D) R$ 26,00 Representação Decimal das Frações
(E) R$ 16,00 Tomemos um número racional a/b, tal que a não seja múltiplo
de b. Para escrevê-lo na forma decimal, basta efetuar a divisão do
Solução: Resposta: D. numerador pelo denominador.
Geladeira + Micro-ondas + DVD = 1213 + 429 + 399 = 2041 Nessa divisão podem ocorrer dois casos:
Geladeira + Micro-ondas + TV = 1213 + 429 + 562 = 2204, 1º) O numeral decimal obtido possui, após a vírgula, um
extrapola o orçamento número finito de algarismos. Decimais Exatos:
Geladeira + TV + DVD = 1213 + 562 + 399 = 2174, é a maior 2/5 = 0,4
quantidade gasta possível dentro do orçamento. 1/4 = 0,25
Troco:2200 – 2174 = 26 reais
2º) O numeral decimal obtido possui, após a vírgula, infinitos
algarismos (nem todos nulos), repetindo-se periodicamente
Decimais Periódicos ou Dízimas Periódicas:
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MATEMÁTICA

1/3 = 0,333...
167/66 = 2,53030... 611
Simplificando por 2, obtemos x = , a fração geratriz da
Existem frações muito simples que são representadas por dízima 1, 23434... 495
formas decimais infinitas, com uma característica especial: existe
um período. Módulo ou valor absoluto
Refere-se à distância do ponto que representa esse número até
o ponto de abscissa zero.

Para converter uma dízima periódica simples em fração, é


suficiente utilizar o dígito 9 no denominador para cada quantidade
de dígitos que compõe o período da dízima.
Exemplos:
1) Seja a dízima 0, 333....
Veja que o período que se repete é apenas 1(formado pelo 3), Inverso de um Número Racional
então vamos colocar um 9 no denominador e repetir no numerador
o período.

— Operações com números Racionais

Soma (Adição) de Números Racionais


Como cada número racional pode ser expresso como uma fra-
3 ção, ou seja, na forma de a/b, onde “a” e “b” são números inteiros
Assim, a geratriz de 0,333... é a fração . e “b” não é zero, podemos definir a adição entre números racionais
9
2) Seja a dízima 1, 23434...
O número 234 é formado pela combinação do ante período a c
da seguinte forma: e , da mesma forma que a soma de fra-
com o período. Trata-se de uma dízima periódica composta, onde ções, através de: b d
há uma parte não repetitiva (ante período) e outra que se repete
(período). No exemplo dado, o ante período é representado pelo
número 2, enquanto o período é representado por 34.
Para converter esse número em fração, podemos realizar a
seguinte operação: subtrair o ante período do número original (234
- 2) para obter o numerador, que é 232. O denominador é formado Subtração de Números Racionais
por tantos dígitos 9 quanto o período (dois noves, neste caso) e um A subtração de dois números racionais, representados por a e
dígito 0 para cada dígito no ante período (um zero, neste caso). b, é equivalente à operação de adição do número p com o oposto
Assim, a fração equivalente ao número 234 é 232/990 de q. Em outras palavras, a – b = a + (-b)

a c ad − b
c
- =
b d bd
Multiplicação (Produto) de Números Racionais
O produto de dois números racionais é definido considerando
que todo número racional pode ser expresso na forma de uma
fração. Dessa forma, o produto de dois números racionais,
representados por a e b é obtido multiplicando-se seus
numeradores e denominadores, respectivamente. A expressão
geral para o produto de dois números racionais é a.b. O produto
dos números racionais a/b e c/d também pode ser indicado por a/b
× c/d, a/b.c/d. Para realizar a multiplicação de números racionais,
devemos obedecer à mesma regra de sinais que vale em toda a
Matemática:

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MATEMÁTICA

Podemos assim concluir que o produto de dois números com o


mesmo sinal é positivo, mas o produto de dois números com sinais b a b
diferentes é negativo. q-1 = em Q: q × q-1 = 1 x =1
a b a
Divisão (Quociente) de Números Racionais 10) Distributiva da multiplicação: Para todos a, b, c em Q: a × (
A divisão de dois números racionais p e q é a própria operação b+c)=(a×b)+(a×c)
de multiplicação do número p pelo inverso de q, isto é: p ÷ q = p × q-1
Exemplos:
Potenciação de Números Racionais 1) Na escola onde estudo, ¼ dos alunos tem a língua portuguesa
A potência qn do número racional q é um produto de n como disciplina favorita, 9/20 têm a matemática como favorita e
fatores iguais. O número q é denominado a base e o número n é o os demais têm ciências como favorita. Sendo assim, qual fração
expoente. Vale as mesmas propriedades que usamos no conjunto representa os alunos que têm ciências como disciplina favorita?
dos Números Inteiros. (A) 1/4
qn = q × q × q × q × ... × q,    (q aparece n vezes) (B) 3/10
(C) 2/9
Radiciação de Números Racionais (D) 4/5
Se um número é representado como o produto de dois ou (E) 3/2
mais fatores iguais, cada um desses fatores é denominado raiz do
número. Vale as mesmas propriedades que usamos no conjunto Solução: Resposta: B.
dos Números Inteiros. Somando português e matemática:

O que resta gosta de ciências:

2) Simplificando a expressão abaixo

Obtém-se :

(A) ½
Propriedades da Adição e Multiplicação de Números Racionais (B) 1
1) Fechamento: o conjunto Q é fechado para a operação de (C) 3/2
adição e multiplicação, isto é, a soma e a multiplicação de dois (D) 2
números racionais ainda é um número racional. (E) 3
2) Associativa da adição: para todos a, b, c em Q: a + ( b + c ) =
(a+b)+c Solução: Resposta: B.
3) Comutativa da adição: para todos a, b em Q: a + b = b + a 1,3333...= 12/9 = 4/3
4) Elemento neutro da adição: existe 0 em Q, que adicionado a 1,5 = 15/10 = 3/2
todo q em Q, proporciona o próprio q, isto é: q + 0 = q
5) Elemento oposto: para todo q em Q, existe -q em Q, tal que
q + (–q) = 0
6) Associativa da multiplicação: para todos a, b, c em Q: a × ( b
×c)=(a×b)×c
7) Comutativa da multiplicação: para todos a, b em Q: a × b =
b×a
CONJUNTO DOS NÚMEROS REAIS (R)
8) Elemento neutro da multiplicação: existe 1 em Q, que
O conjunto dos números reais, representado por R, é a fusão
multiplicado por todo q em Q, proporciona o próprio q, isto é: q ×
do conjunto dos números racionais com o conjunto dos números
1=q
irracionais. Vale ressaltar que o conjunto dos números racionais
é a combinação dos conjuntos dos números naturais e inteiros.
a Podemos afirmar que entre quaisquer dois números reais há uma
9) Elemento inverso da multiplicação: Para todo q = em Q,
q diferente de zero, existe : b infinidade de outros números.

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MATEMÁTICA

R = Q U I, sendo Q ∩ I = Ø ( Se um número real é racional, não irracional, e vice-versa).

Lembrando que N Ϲ Z Ϲ Q, podemos construir o diagrama abaixo:

Entre os conjuntos números reais, temos:


R*= {x ∈ R│x ≠ 0}: conjunto dos números reais não-nulos.
R+ = {x ∈ R│x ≥ 0}: conjunto dos números reais não-negativos.
R*+ = {x ∈ R│x > 0}: conjunto dos números reais positivos.
R– = {x ∈ R│x ≤ 0}: conjunto dos números reais não-positivos.
R*– = {x ∈ R│x < 0}: conjunto dos números reais negativos.

Valem todas as propriedades anteriormente discutidas nos conjuntos anteriores, incluindo os conceitos de módulo, números opostos
e números inversos (quando aplicável).
A representação dos números reais permite estabelecer uma relação de ordem entre eles. Os números reais positivos são maiores
que zero, enquanto os negativos são menores. Expressamos a relação de ordem da seguinte maneira: Dados dois números reais, a e b,
a≤b↔b–a≥0

Operações com números Reais


Operando com as aproximações, obtemos uma sequência de intervalos fixos que determinam um número real. Assim, vamos abordar
as operações de adição, subtração, multiplicação e divisão.

Intervalos reais
O conjunto dos números reais possui subconjuntos chamados intervalos, determinados por meio de desigualdades. Dados os números
a e b, com a < b, temos os seguintes intervalos:
– Bolinha aberta: representa o intervalo aberto (excluindo o número), utilizando os símbolos:
> ;< ; ] ; [

– Bolinha fechada: representa o intervalo fechado (incluindo o número), utilizando os símbolos:


≥;≤;[;]

Podemos utilizar ( ) no lugar dos [ ] para indicar as extremidades abertas dos intervalos:
[a, b[ = (a, b);
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MATEMÁTICA

]a, b] = (a, b];


]a, b[ = (a, b).

a) Em algumas situações, é necessário registrar numericamente variações de valores em sentidos opostos, ou seja, maiores ou
acima de zero (positivos), como as medidas de temperatura ou valores em débito ou em haver, etc. Esses números, que se estendem
indefinidamente tanto para o lado direito (positivos) quanto para o lado esquerdo (negativos), são chamados números relativos.
b) O valor absoluto de um número relativo é o valor numérico desse número sem levar em consideração o sinal.
c) O valor simétrico de um número é o mesmo numeral, diferindo apenas no sinal.

— Operações com Números Relativos

Adição e Subtração de Números Relativos


a) Quando os numerais possuem o mesmo sinal, adicione os valores absolutos e conserve o sinal.
b) Se os numerais têm sinais diferentes, subtraia o numeral de menor valor e atribua o sinal do numeral de maior valor.

Multiplicação e Divisão de Números Relativos


a) Se dois números relativos têm o mesmo sinal, o produto e o quociente são sempre positivos.
b) Se os números relativos têm sinais diferentes, o produto e o quociente são sempre negativos.

Exemplos:
1) Na figura abaixo, o ponto que melhor representa a diferença na reta dos números reais é:

(A) P.
(B) Q.
(C) R.
(D) S.
Solução: Resposta: A.

2) Considere m um número real menor que 20 e avalie as afirmações I, II e III:


I- (20 – m) é um número menor que 20.
II- (20 m) é um número maior que 20.
III- (20 m) é um número menor que 20.

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MATEMÁTICA

É correto afirmar que: – O número 49 é múltiplo de 7, pois existe número inteiro que,
A) I, II e III são verdadeiras. multiplicado por 7, resulta em 49. 49 = 7 · 7
B) apenas I e II são verdadeiras. – O número 324 é múltiplo de 3, pois existe número inteiro
C) I, II e III são falsas. que, multiplicado por 3, resulta em 324.
D) apenas II e III são falsas. 324 = 3 · 108

Solução: Resposta: C. – O número 523 não é múltiplo de 2, pois não existe número
I. Falso, pois m é Real e pode ser negativo. inteiro que, multiplicado por 2, resulte em 523.
II. Falso, pois m é Real e pode ser negativo. 523 = 2 · ?”
III. Falso, pois m é Real e pode ser positivo.
– Múltiplos de 4
MÚLTIPLOS E DIVISORES Como observamos, para identificar os múltiplos do número 4, é
Os conceitos de múltiplos e divisores de um número natural necessário multiplicar o 4 por números inteiros. Portanto:
podem ser estendidos para o conjunto dos números inteiros1. Ao 4·1=4
abordar múltiplos e divisores, estamos nos referindo a conjuntos 4·2=8
numéricos que satisfazem certas condições. Múltiplos são obtidos 4 · 3 = 12
pela multiplicação por números inteiros, enquanto divisores são 4 · 4 = 16
números pelos quais um determinado número é divisível. 4 · 5 = 20
Esses conceitos conduzem a subconjuntos dos números 4 · 6 = 24
inteiros, pois os elementos dos conjuntos de múltiplos e divisores 4 · 7 = 28
pertencem ao conjunto dos números inteiros. Para compreender 4 · 8 = 32
o que são números primos, é fundamental ter uma compreensão 4 · 9 = 36
sólida do conceito de divisores. 4 · 10 = 40
4 · 11 = 44
Múltiplos de um Número 4 · 12 = 48
Sejam a e b dois números inteiros conhecidos, o número
a é múltiplo de b se, e somente se, existir um número inteiro k ...
tal que a=b⋅k. Portanto, o conjunto dos múltiplos de a é obtido
multiplicando a por todos os números inteiros, e os resultados Portanto, os múltiplos de 4 são:
dessas multiplicações são os múltiplos de a. M(4) = {4, 8, 12, 16, 20. 24, 28, 32, 36, 40, 44, 48, … }
Por exemplo, podemos listar os 12 primeiros múltiplos de 2
da seguinte maneira, multiplicando o número 2 pelos 12 primeiros Divisores de um Número
números inteiros: 2⋅1,2⋅2,2⋅3,…,2⋅12 Sejam a e b dois números inteiros conhecidos, vamos dizer que
Isso resulta nos seguintes múltiplos de 2: 2,4,6,…,24 b é divisor de a se o número b for múltiplo de a, ou seja, a divisão
2·1=2 entre b e a é exata (deve deixar resto 0).
2·2=4 Veja alguns exemplos:
2·3=6 – 22 é múltiplo de 2, então, 2 é divisor de 22.
2·4=8 – 121 não é múltiplo de 10, assim, 10 não é divisor de 121.
2 · 5 = 10
2 · 6 = 12 CRITÉRIOS DE DIVISIBILIDADE
2 · 7 = 14 Critérios de divisibilidade são diretrizes práticas que permitem
2 · 8 = 16 determinar se um número é divisível por outro sem realizar a
2 · 9 = 18 operação de divisão.
2 · 10 = 20 – Divisibilidade por 2 ocorre quando um número termina em 0,
2 · 11 = 22 2, 4, 6 ou 8, ou seja, quando é um número par.
2 · 12 = 24 – A divisibilidade por 3 ocorre quando a soma dos valores
absolutos dos algarismos de um número é divisível por 3.
Portanto, os múltiplos de 2 são: – Divisibilidade por 4: Um número é divisível por 4 quando seus
M(2) = {2, 4, 6, 8, 10, 12, 14, 16, 18, 20, 22, 24} dois últimos algarismos formam um número divisível por 4.
– Divisibilidade por 5: Um número é divisível por 5 quando
Observe que listamos somente os 12 primeiros números, mas termina em 0 ou 5.
poderíamos ter listado quantos fossem necessários, pois a lista – Divisibilidade por 6: Um número é divisível por 6 quando é
de múltiplos é gerada pela multiplicação do número por todos os divisível por 2 e por 3 simultaneamente.
inteiros. Assim, o conjunto dos múltiplos é infinito. – Divisibilidade por 7: Um número é divisível por 7 quando
Para verificar se um número é múltiplo de outro, é necessário o dobro do seu último algarismo, subtraído do número sem esse
encontrar um número inteiro de forma que a multiplicação entre algarismo, resulta em um número múltiplo de 7. Esse processo é
eles resulte no primeiro número. Em outras palavras, a é múltiplo repetido até verificar a divisibilidade.
de b se existir um número inteiro k tal que a=b⋅k. Veja os exemplos: – Divisibilidade por 8: Um número é divisível por 8 quando seus
três últimos algarismos formam um número divisível por 8.
1 https://brasilescola.uol.com.br/matematica/multiplos-divisores.htm
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MATEMÁTICA

– Divisibilidade por 9: Um número é divisível por 9 quando a 3 + 1 = 4 e 1 + 1 = 2 ; então pegamos os resultados e


soma dos valores absolutos de seus algarismos é divisível por 9. multiplicamos 4.2 = 8, logo temos 8 divisores de 40.
– Divisibilidade por 10: Um número é divisível por 10 quando o
algarismo da unidade termina em zero. 2) Considere um número divisível por 6, composto por 3
– Divisibilidade por 11: Um número é divisível por 11 quando a algarismos distintos e pertencentes ao conjunto A={3,4,5,6,7}.A
diferença entre a soma dos algarismos de posição ímpar e a soma quantidade de números que podem ser formados sob tais condições
dos algarismos de posição par resulta em um número divisível por é:
11, ou quando essas somas são iguais. (A) 6
– Divisibilidade por 12: Um número é divisível por 12 quando é (B) 7
divisível por 3 e por 4 simultaneamente. (C) 9
– Divisibilidade por 15: Um número é divisível por 15 quando é (D) 8
divisível por 3 e por 5 simultaneamente. (E) 10

Para listar os divisores de um número, devemos buscar os Solução: Resposta: D.


números que o dividem. Veja: Para ser divisível por 6 precisa ser divisível por 2 e 3 ao mesmo
– Liste os divisores de 2, 3 e 20. tempo, e por isso deverá ser par também, e a soma dos seus
D(2) = {1, 2} algarismos deve ser um múltiplo de 3.
D(3) = {1, 3} Logo os finais devem ser 4 e 6:
D(20) = {1, 2, 4, 5, 10, 20} 354, 456, 534, 546, 564, 576, 654, 756, logo temos 8 números.

Propriedade dos Múltiplos e Divisores NÚMEROS PRIMOS


Essas propriedades estão associadas à divisão entre dois Os números primos2 pertencem ao conjunto dos números
inteiros. É importante notar que quando um inteiro é múltiplo de naturais e são caracterizados por possuir apenas dois divisores: o
outro, ele é também divisível por esse outro número. número um e ele mesmo. Por exemplo, o número 2 é primo, pois é
divisível apenas por 1 e 2.
Vamos considerar o algoritmo da divisão para uma melhor Quando um número tem mais de dois divisores, é classificado
compreensão das propriedades: como composto e pode ser expresso como o produto de números
N=d⋅q+r, onde q e r são números inteiros. primos. Por exemplo, o número 6 é composto, pois possui os
Lembre-se de que: divisores 1, 2 e 3, e pode ser representado como o produto dos
N: dividendo; números primos 2 x 3 = 6.
d, divisor; Algumas considerações sobre os números primos incluem:
q: quociente; – O número 1 não é considerado primo, pois só é divisível por
r: resto. ele mesmo.
– O número 2 é o menor e único número primo par.
– Propriedade 1: A diferença entre o dividendo e o resto (N−r) – O número 5 é o único primo terminado em 5.
é um múltiplo do divisor, ou seja, o número d é um divisor de N−r. – Os demais números primos são ímpares e terminam nos
– Propriedade 2: A soma entre o dividendo e o resto, acrescida algarismos 1, 3, 7 e 9.
do divisor (N−r+d), é um múltiplo de d, indicando que d é um divisor
de (N−r+d). Uma maneira de reconhecer um número primo é realizando
divisões com o número investigado. Para facilitar o processo
Alguns exemplos: fazemos uso dos critérios de divisibilidade:
Ao realizar a divisão de 525 por 8, obtemos quociente q = 65 e Se o número não for divisível por 2, 3 e 5 continuamos as
resto r = 5. divisões com os próximos números primos menores que o número
Assim, temos o dividendo N = 525 e o divisor d = 8. Veja que as até que:
propriedades são satisfeitas, pois (525 – 5 + 8) = 528 é divisível por – Se for uma divisão exata (resto igual a zero) então o número
8 e: 528 = 8 · 66 não é primo.
– Se for uma divisão não exata (resto diferente de zero) e o
Exemplos: quociente for menor que o divisor, então o número é primo.
1) O número de divisores positivos do número 40 é: – Se for uma divisão não exata (resto diferente de zero) e o
(A) 8 quociente for igual ao divisor, então o número é primo.
(B) 6
(C) 4 Exemplo: verificar se o número 113 é primo.
(D) 2 Sobre o número 113, temos:
(E) 20 – Não apresenta o último algarismo par e, por isso, não é
divisível por 2;
Solução: Resposta: A. – A soma dos seus algarismos (1+1+3 = 5) não é um número
Vamos decompor o número 40 em fatores primos. divisível por 3;
40 = 23 . 51 ; pela regra temos que devemos adicionar 1 a cada – Não termina em 0 ou 5, portanto não é divisível por 5.
expoente:
2 https://www.todamateria.com.br/o-que-sao-numeros-primos/
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MATEMÁTICA

Como vimos, 113 não é divisível por 2, 3 e 5. Agora, resta saber Solução: Resposta “número 11”.
se é divisível pelos números primos menores que ele utilizando a
operação de divisão. MÁXIMO DIVISOR COMUM
O máximo divisor comum de dois ou mais números naturais
Divisão pelo número primo 7: não-nulos é o maior dos divisores comuns desses números.
Para calcular o m.d.c de dois ou mais números, devemos seguir
as etapas:
• Decompor o número em fatores primos
• Tomar o fatores comuns com o menor expoente
• Multiplicar os fatores entre si.

Exemplo:
Divisão pelo número primo 11:
15 3 24 2
5 5 12 2
1 6 2
3 3
1

Observe que chegamos a uma divisão não exata cujo quociente 15 = 3.5 24 = 23.3
é menor que o divisor. Isso comprova que o número 113 é primo.
O fator comum é o 3 e o 1 é o menor expoente.
FATORAÇÃO NUMÉRICA m.d.c
A fatoração numérica ocorre por meio da decomposição em (15,24) = 3
fatores primos. Para decompor um número natural em fatores
primos, realizamos divisões sucessivas pelo menor divisor primo. MÍNIMO MÚLTIPLO COMUM
Em seguida, repetimos o processo com os quocientes obtidos O mínimo múltiplo comum (m.m.c) de dois ou mais números é
até alcançar o quociente 1. O produto de todos os fatores primos o menor número, diferente de zero.
resultantes representa a fatoração do número.
Exemplo: Para calcular devemos seguir as etapas:
• Decompor os números em fatores primos
• Multiplicar os fatores entre si

Exemplo:

15,24 2
15,12 2
15,6 2
Exemplos: 15,3 3
1) Escreva três números diferentes cujos únicos fatores primos
5,1 5
são os números 2 e 3.
1
Solução: Resposta “12, 18, 108”.
A resposta pode ser muito variada. Alguns exemplos estão na Para o mmc, fica mais fácil decompor os dois juntos.
justificativa abaixo. Basta começar sempre pelo menor primo e verificar a divisão
Para chegarmos a alguns números que possuem por fatores com algum dos números, não é necessário que os dois sejam divisí-
apenas os números 2 e 3 não precisamos escolher um número e veis ao mesmo tempo.
fatorá-lo. O meio mais rápido de encontrar um número que possui Observe que enquanto o 15 não pode ser dividido, continua
por únicos fatores os números 2 e 3 é “criá-lo” multiplicando 2 e 3 aparecendo.
quantas vezes quisermos.
Exemplos: Assim, o mmc (15,24) = 23.3.5 = 120
2 x 2 x 3 = 12
3 x 3 x 2 = 18
2 x 2 x 3 x 3 x 3 = 108.

2) Qual é o menor número primo com dois algarismos?


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Exemplo Então será depois de 11horas que se encontrarão


O piso de uma sala retangular, medindo 3,52 m × 4,16 m, será 7+11=18h
revestido com ladrilhos quadrados, de mesma dimensão, inteiros,
de forma que não fique espaço vazio entre ladrilhos vizinhos. Os RAZÃO E PROPORÇÃO
ladrilhos serão escolhidos de modo que tenham a maior dimensão
possível. Chama-se de razão entre dois números racionais a e b, com
Na situação apresentada, o lado do ladrilho deverá medir b ≠ 0, ao quociente entre eles. Indica-se a razão de a para b por
a/b ou a : b.
(A) mais de 30 cm.
(B) menos de 15 cm. Exemplo:
(C) mais de 15 cm e menos de 20 cm. Na sala do 1º ano de um colégio há 20 rapazes e 25 moças.
(D) mais de 20 cm e menos de 25 cm. Encontre a razão entre o número de rapazes e o número de moças.
(E) mais de 25 cm e menos de 30 cm. (lembrando que razão é divisão)
Resposta: A.

352 2 416 2
176 2 208 2
Proporção é a igualdade entre duas razões. A proporção entre
88 2 104 2 A/B e C/D é a igualdade:
44 2 52 2
22 2 26 2
11 11 13 13
1 1 Propriedade fundamental das proporções
Numa proporção:
Devemos achar o mdc para achar a maior medida possível
E são os fatores que temos iguais:25=32

Exemplo
(MPE/SP – Oficial de Promotora I – VUNESP/2016) No aero- Os números A e D são denominados extremos enquanto os nú-
porto de uma pequena cidade chegam aviões de três companhias meros B e C são os meios e vale a propriedade: o produto dos meios
aéreas. Os aviões da companhia A chegam a cada 20 minutos, da é igual ao produto dos extremos, isto é:
companhia B a cada 30 minutos e da companhia C a cada 44 mi-
nutos. Em um domingo, às 7 horas, chegaram aviões das três com- AxD=BxC
panhias ao mesmo tempo, situação que voltará a se repetir, nesse
mesmo dia, às: Exemplo: A fração 3/4 está em proporção com 6/8, pois:
(A) 16h 30min.
(B) 17h 30min.
(C) 18h 30min.
(D) 17 horas.
(E) 18 horas. Exercício: Determinar o valor de X para que a razão X/3 esteja
em proporção com 4/6.
Resposta: E.
Solução: Deve-se montar a proporção da seguinte forma:
20,30,44 2
10,15,22 2
5,15,11 3
5,5,11 5
1,1,11 11
Segunda propriedade das proporções
1,1,1 Qualquer que seja a proporção, a soma ou a diferença dos dois
primeiros termos está para o primeiro, ou para o segundo termo,
Mmc(20,30,44)=2².3.5.11=660 assim como a soma ou a diferença dos dois últimos termos está
para o terceiro, ou para o quarto termo. Então temos:
1h---60minutos
x-----660
x=660/60=11

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MATEMÁTICA

Ou 39 3
52 4

Quanto MAIS eu ando, MAIS combustível?


Diretamente proporcionais
Ou Se eu dobro a distância, dobra o combustível

GRANDEZAS INVERSAMENTE PROPORCIONAIS

Duas grandezas variáveis dependentes são inversamente pro-


Ou porcionais quando a razão entre os valores da 1ª grandeza é igual
ao inverso da razão entre os valores correspondentes da 2ª.
Quanto mais....menos...

Exemplo
Velocidade x Tempo a tabela abaixo:
Terceira propriedade das proporções
Qualquer que seja a proporção, a soma ou a diferença dos an- VELOCIDADE (M/S) TEMPO (S)
tecedentes está para a soma ou a diferença dos consequentes, as-
sim como cada antecedente está para o seu respectivo consequen- 5 200
te. Temos então: 8 125
10 100
16 62,5
20 50
Ou
Quanto MAIOR a velocidade MENOS tempo??
Inversamente proporcional
Se eu dobro a velocidade, eu faço o tempo pela metade.

Diretamente Proporcionais
Ou Para decompor um número M em partes X1, X2, ..., Xn direta-
mente proporcionais a p1, p2, ..., pn, deve-se montar um sistema
com n equações e n incógnitas, sendo as somas X1+X2+...+Xn=M e
p1+p2+...+pn=P.

Ou

A solução segue das propriedades das proporções:

GRANDEZAS DIRETAMENTE PROPORCIONAIS

Duas grandezas variáveis dependentes são diretamente pro-


porcionais quando a razão entre os valores da 1ª grandeza é igual a Exemplo
razão entre os valores correspondentes da 2ª, ou de uma maneira Carlos e João resolveram realizar um bolão da loteria. Carlos
mais informal, se eu pergunto: entrou com R$ 10,00 e João com R$ 15,00. Caso ganhem o prêmio
Quanto mais.....mais.... de R$ 525.000,00, qual será a parte de cada um, se o combinado
entre os dois foi de dividirem o prêmio de forma diretamente pro-
Exemplo porcional?
Distância percorrida e combustível gasto

DISTÂNCIA (KM) COMBUSTÍVEL (LITROS)


13 1
26 2

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Carlos ganhará R$210000,00 e João R$315000,00.

Inversamente Proporcionais
Para decompor um número M em n partes X1, X2, ..., Xn inver-
samente proporcionais a p1, p2, ..., pn, basta decompor este número
M em n partes X1, X2, ..., Xn diretamente proporcionais a 1/p1, 1/p2,
..., 1/pn. A montagem do sistema com n equações e n incógnitas, Notação para função: f: A → B (lê-se: f de A em B).
assume que X1+X2+...+ Xn=M e além disso
— Representação das Funções
Em uma função f: A → B o conjunto A é chamado de domínio
(D) e o conjunto B recebe o nome de contradomínio (CD).
Um elemento de B relacionado a um elemento de A recebe
o nome de imagem pela função. Agrupando todas as imagens
de B temos um conjunto imagem, que é um subconjunto do
cuja solução segue das propriedades das proporções: contradomínio.

Exemplo: observe os conjuntos A = {1, 2, 3, 4} e B = {1, 2, 3, 4, 5,


6, 7, 8}, com a função que determina a relação entre os elementos
f: A → B é x → 2x. Sendo assim, f(x) = 2x e cada x do conjunto A é
transformado em 2x no conjunto B.

FUNÇÕES: CONCEITO DE RELAÇÃO; CONCEITO DE FUN-


ÇÃO, DOMÍNIO, CONTRADOMÍNIO E IMAGEM DE UMA
FUNÇÃO. FUNÇÕES, INJETORAS, SOBREJETORA, BIJETORA
E FUNÇÕES PARES E ÍMPARES, FUNÇÕES PERIÓDICAS, E
FUNÇÕES COMPOSTAS; ZEROS OU RAIZ DE UMA FUNÇÃO;
FUNÇÃO CONSTANTE, FUNÇÃO CRESCENTE, FUNÇÃO DE-
CRESCENTE; FUNÇÃO DEFINIDA POR MAIS DE UMA SEN-
TENÇA; FUNÇÃO INVERSA; E GRÁFICO DE FUNÇÕES. FUN-
ÇÃO LINEAR, FUNÇÃO AFIM E FUNÇÃO QUADRÁTICA:
GRÁFICOS, DOMÍNIO, IMAGEM E CARACTERÍSTICAS;
VARIAÇÕES DE SINAL; MÁXIMOS E MÍNIMOS
Note que o conjunto de A {1, 2, 3, 4} são as entradas, “multiplicar
FUNÇÕES por 2” é a função e os valores de B {2, 4, 6, 8}, que se ligam aos
Muitas vezes nos deparamos com situações que envolvem uma elementos de A, são os valores de saída.
relação entre grandezas. Assim, o valor a ser pago na conta de luz Portanto, para essa função:
depende do consumo medido no período; o tempo de uma viagem - O domínio é {1, 2, 3, 4};
de automóvel depende da velocidade no trajeto. - O contradomínio é {1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8};
Como, em geral, trabalhamos com funções numéricas, o domí- - O conjunto imagem é {2, 4, 6, 8}.
nio e a imagem são conjuntos numéricos, e podemos definir com
mais rigor o que é uma função matemática utilizando a linguagem Tipos de Funções
da teoria dos conjuntos. As funções recebem classificações de acordo com suas
propriedades. Confira a seguir os principais tipos.
Definição: Sejam A e B dois conjuntos não vazios e f uma rela-
ção de A em B. Função Sobrejetora
Essa relação f é uma função de A em B quando a cada elemen- Na função sobrejetora o contradomínio é igual ao conjunto
to x do conjunto A está associado um e apenas um elemento y do imagem. Portanto, todo elemento de B é imagem de pelo menos
conjunto B, sendo assim, um valor de A não pode estar ligado a dois um elemento de A.
valores de B. Notação: f: A → B, ocorre a Im(f) = B

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a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

Exemplo:

Para a função acima:


- O domínio é {-4, -2, 2, 3};
- O contradomínio é {12, 4, 6};
- O conjunto imagem é {12, 4, 6}.

Função Injetora
Na função injetora todos os elementos de A possuem correspondentes distintos em B e nenhum dos elementos de A compartilham de
uma mesma imagem em B. Entretanto, podem existir elementos em B que não estejam relacionados a nenhum elemento de A.

Exemplo:

Para a função acima:


- O domínio é {0, 3, 5};
- O contradomínio é {1, 2, 5, 8};
- O conjunto imagem é {1, 5, 8}.

Função Bijetora
Na função bijetora os conjuntos apresentam o mesmo número de elementos relacionados. Essa função recebe esse nome por ser ao
mesmo tempo injetora e sobrejetora.

Exemplo:

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a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

Para a função acima:


- O domínio é {-1, 1, 2, 4};
- O contradomínio é {2, 3, 5, 7};
- O conjunto imagem é {2, 3, 5, 7}.

Função Inversa
A inversa de uma função f, denotada por f-1, é a função que desfaz a operação executada pela função f. Vejamos a figura abaixo:

Destacamos que:
– A função f “leva” o valor - 2 até o valor - 16, enquanto que a inversa f-1, “traz de volta” o valor - 16 até o valor - 2, desfazendo assim
o efeito de f sobre - 2.
– Outra maneira de entender essa ideia é a função f associa o valor -16 ao valor -2, enquanto que a inversa, f-1, associa o valor -2 ao
valor -16.
– Dada uma tabela de valores funcionais para f(x), podemos obter uma tabela para a inversa f-1, invertendo as colunas x e y.
– Se aplicarmos, em qualquer ordem, f e também f-1 a um número qualquer, obtemos esse número de volta.

Seja uma função bijetora com domínio A e imagem B. A função inversa f-1 é a função , com domínio B e
imagem A tal que:
f-1(f(a)) = a para a A e f(f-1(b)) = b para b B

Assim, podemos definir a função inversa f-1 por: , para y em B.

Fonte: https://lh3.googleusercontent.com

Função Par
Quando para todo elemento x pertencente ao domínio temos f(x)=f(-x), ∀ x ∈ D(f). Ou seja, os valores simétricos devem possuir a
mesma imagem.

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MATEMÁTICA

Função ímpar
Quando para todo elemento x pertencente ao domínio, temos f(-x) = -f(x) ∀ x є D(f). Ou seja, os elementos simétricos do domínio
terão imagens simétricas.

FUNÇÃO AFIM
A função afim, também chamada de função do 1º grau, é uma função f: ℝ→ℝ, definida como f(x) = ax + b, sendo a e b números reais3.
As funções f(x) = x + 5, g(x) = 3√3x - 8 e h(x) = 1/2 x são exemplos de funções afim.
Neste tipo de função, o número a é chamado de coeficiente de x e representa a taxa de crescimento ou taxa de variação da função. Já
o número b é chamado de termo constante.

Gráfico de uma Função do 1º grau


O gráfico de uma função polinomial do 1º grau é uma reta oblíqua aos eixos Ox e Oy. Desta forma, para construirmos seu gráfico basta
encontrarmos pontos que satisfaçam a função.

Exemplo: Construa o gráfico da função f (x) = 2x + 3.


Para construir o gráfico desta função, vamos atribuir valores arbitrários para x, substituir na equação e calcular o valor correspondente
para a f (x).
Sendo assim, iremos calcular a função para os valores de x iguais a: - 2, - 1, 0, 1 e 2. Substituindo esses valores na função, temos:
f (- 2) = 2. (- 2) + 3 = - 4 + 3 = - 1
f (- 1) = 2 . (- 1) + 3 = - 2 + 3 = 1
f (0) = 2 . 0 + 3 = 3
f (1) = 2 . 1 + 3 = 5
f (2) = 2 . 2 + 3 = 7

Os pontos escolhidos e o gráfico da f (x) são apresentados na imagem abaixo:

3 https://www.todamateria.com.br/funcao-afim/
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MATEMÁTICA

No exemplo, utilizamos vários pontos para construir o gráfico, entretanto, para definir uma reta bastam dois pontos.
Para facilitar os cálculos podemos, por exemplo, escolher os pontos (0,y) e (x,0). Nestes pontos, a reta da função corta o eixo Ox e Oy
respectivamente.

Coeficiente Linear e Angular


Como o gráfico de uma função afim é uma reta, o coeficiente a de x é também chamado de coeficiente angular. Esse valor representa
a inclinação da reta em relação ao eixo Ox.
O termo constante b é chamado de coeficiente linear e representa o ponto onde a reta corta o eixo Oy. Pois sendo x = 0, temos:

y = a.0 + b ⇒ y = b

Quando uma função afim apresentar o coeficiente angular igual a zero (a = 0) a função será chamada de constante. Neste caso, o seu
gráfico será uma reta paralela ao eixo Ox.
Abaixo representamos o gráfico da função constante f (x) = 4:

Ao passo que, quando b = 0 e a = 1 a função é chamada de função identidade. O gráfico da função f (x) = x (função identidade) é uma
reta que passa pela origem (0,0).
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MATEMÁTICA

Além disso, essa reta é bissetriz do 1º e 3º quadrantes, ou seja, divide os quadrantes em dois ângulos iguais, conforme indicado na
imagem abaixo:

Temos ainda que, quando o coeficiente linear é igual a zero (b = 0), a função afim é chamada de função linear. Por exemplo as funções
f (x) = 2x e g (x) = - 3x são funções lineares.
O gráfico das funções lineares são retas inclinadas que passam pela origem (0,0).
Representamos abaixo o gráfico da função linear f (x) = - 3x:

Função Crescente e Decrescente


Uma função é crescente quando ao atribuirmos valores cada vez maiores para x, o resultado da f (x) será também cada vez maior.
Já a função decrescente é aquela que ao atribuirmos valores cada vez maiores para x, o resultado da f (x) será cada vez menor.
Para identificar se uma função afim é crescente ou decrescente, basta verificar o valor do seu coeficiente angular.
Se o coeficiente angular for positivo, ou seja, a é maior que zero, a função será crescente. Ao contrário, se a for negativo, a função será
decrescente.

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MATEMÁTICA

Por exemplo, a função 2x - 4 é crescente, pois a = 2 (valor positivo). Entretanto, a função - 2x + - 4 é decrescente visto que a = - 2
(negativo). Essas funções estão representadas nos gráficos abaixo:

FUNÇÃO QUADRÁTICA
A função quadrática, também chamada de função polinomial de 2º grau, é uma função representada pela seguinte expressão4:
f(x) = ax² + bx + c

Onde a, b e c são números reais e a ≠ 0.

Exemplo:
f(x) = 2x² + 3x + 5,

sendo,
a=2
b=3
c=5

Nesse caso, o polinômio da função quadrática é de grau 2, pois é o maior expoente da variável.

— Como resolver uma função quadrática


Confira abaixo o passo-a-passo por meio um exemplo de resolução da função quadrática:

Exemplo: Determine a, b e c na função quadrática dada por: f(x) = ax² + bx + c, sendo:


f (-1) = 8
f (0) = 4
f (2) = 2

Primeiramente, vamos substituir o x pelos valores de cada função e assim teremos:


f (-1) = 8
a (-1)² + b (–1) + c = 8
a - b + c = 8 (equação I)

f (0) = 4
a . 0² + b . 0 + c = 4
c = 4 (equação II)

f (2) = 2
a . 2² + b . 2 + c = 2
4 https://www.todamateria.com.br/funcao-quadratica/
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MATEMÁTICA

4a + 2b + c = 2 (equação III)

Pela segunda função f (0) = 4, já temos o valor de c = 4.


Assim, vamos substituir o valor obtido para c nas equações I e III para determinar as outras incógnitas (a e b):

(Equação I)
a-b+4=8
a-b=4
a=b+4
Já que temos a equação de a pela Equação I, vamos substituir na III para determinar o valor de b:

(Equação III)
4a + 2b + 4 = 2
4a + 2b = - 2
4 (b + 4) + 2b = - 2
4b + 16 + 2b = - 2
6b = - 18
b=-3

Por fim, para encontrar o valor de a substituímos os valores de b e c que já foram encontrados. Logo:

(Equação I)
a-b+c=8
a - (- 3) + 4 = 8
a=-3+4
a=1

Sendo assim, os coeficientes da função quadrática dada são:


a=1
b=-3
c=4

— Raízes da Função
As raízes ou zeros da função do segundo grau representam aos valores de x tais que f(x) = 0. As raízes da função são determinadas pela
resolução da equação de segundo grau:

f(x) = ax² +bx + c = 0

Para resolver a equação do 2º grau podemos utilizar vários métodos, sendo um dos mais utilizados é aplicando a Fórmula de Bhaskara,
ou seja:

Exemplo: Encontre os zeros da função f(x) = x² – 5x + 6.


Sendo:
a=1
b=–5
c=6

Substituindo esses valores na fórmula de Bhaskara, temos:

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MATEMÁTICA

Portanto, as raízes são 2 e 3.


Observe que a quantidade de raízes de uma função quadrática vai depender do valor obtido pela expressão: Δ = b² – 4. ac, o qual é
chamado de discriminante.

Assim,
- Se Δ > 0, a função terá duas raízes reais e distintas (x1 ≠ x2);
- Se Δ < 0, a função não terá uma raiz real;
- Se Δ = 0, a função terá duas raízes reais e iguais (x1 = x2).

— Gráfico da Função Quadrática


O gráfico das funções do 2º grau são curvas que recebem o nome de parábolas. Diferente das funções do 1º grau, onde conhecendo
dois pontos é possível traçar o gráfico, nas funções quadráticas são necessários conhecer vários pontos.
A curva de uma função quadrática corta o eixo x nas raízes ou zeros da função, em no máximo dois pontos dependendo do valor do
discriminante (Δ). Assim, temos:
- Se Δ > 0, o gráfico cortará o eixo x em dois pontos;
- Se Δ < 0, o gráfico não cortará o eixo x;
- Se Δ = 0, a parábola tocará o eixo x em apenas um ponto.

Existe ainda um outro ponto, chamado de vértice da parábola, que é o valor máximo ou mínimo da função. Este ponto é encontrado
usando-se a seguinte fórmula:

O vértice irá representar o ponto de valor máximo da função quando a parábola estiver voltada para baixo e o valor mínimo quando
estiver para cima.
É possível identificar a posição da concavidade da curva analisando apenas o sinal do coeficiente a. Se o coeficiente for positivo, a
concavidade ficará voltada para cima e se for negativo ficará para baixo, ou seja:

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a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

Assim, para fazer o esboço do gráfico de uma função do 2º grau, podemos analisar o valor do a, calcular os zeros da função, seu vértice
e o ponto em que a curva corta o eixo y, ou seja, quando x = 0.
A partir dos pares ordenados dados (x, y), podemos construir a parábola num plano cartesiano, por meio da ligação entre os pontos
encontrados.

FUNÇÃO DE VÁRIAS SENTENÇAS


Dependendo das variáveis envolvidas, pode ser necessário o uso de mais de uma função para representar adequadamente uma de-
terminada situação. Elas são desse tipo, exemplo:

Vamos considerar as seguintes funções:

Agora, se pensarmos em uma função f definida por f(x) = g(x) = x² para x < 1 e f(x) = ℎ(x) = x + 1, quando x ≥ 1, isto é:

O gráfico da função f será o gráfico da função g quando os valores de x são tomados menores que 1, e quando os valores de x são
tomados maiores que 1, o gráfico da f será igual ao gráfico de ℎ:

A função f é dita função definida por mais de uma sentença (a saber, definida por duas sentenças).
Uma função é definida por mais de uma sentença quando cada uma das sentenças está associada à um subdomínio D1, D2, D3, . . . Dn
e a união destes n-subconjuntos forma o domínio D da função original, ou seja, cada domínio Di é um subconjunto de D.

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a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

FUNÇÃO COMPOSTA
Função composta pode ser entendida pela determinação de uma terceira função C, formada pela junção das funções A e B.
Matematicamente falando, temos que f: A → B e g: B → C, denomina a formação da função composta de g com f, h: A → C. Dizemos função
g composta com a função f, representada por gof.

Exemplos
1) Dado uma função f(x) = x + 1 e g(x) = x2. Qual será o resultado final se tomarmos um x real e a ele aplicarmos sucessivamente a lei
de f e a lei de g?

O resultado final é que x é levado a (x + 1)2. Essa função h de R em R que leva x até (x + 1)2 é chamada de função composta.

2) Dada f (x) = 2x – 3 e f (g (x)) = 6x + 11, calcular g (x).


Como f(g(x)) = 6x + 11, então 2g(x) – 3 = 6x + 11 è 2g(x) = 6x + 14 è g(x) = 3x + 7

Na função composta você aplica as propriedades da primeira na segunda ou vice-versa, ou até mesmo ambas juntas.

FUNÇÕES PERIÓDICAS
As funções periódicas são funções que possuem um comportamento periódico. Ou seja, que ocorrem em determinados intervalos de
tempo.
O período corresponde ao menor intervalo de tempo em que acontece a repetição de determinado fenômeno.
Uma função f: A → B é periódica se existir um número real positivo p tal que
f(x) = f (x+p), ∀ x ∈ A

O menor valor positivo de p é chamado de período de f.


Note que as funções trigonométricas são exemplos de funções periódicas visto que apresentam certos fenômenos periódicos.

Função Seno
A função seno é uma função periódica e seu período é 2π. Ela é expressa por:
f(x) = sen x

No círculo trigonométrico, o sinal da função seno é positivo quando x pertence ao primeiro e segundo quadrantes. Já no terceiro e
quarto quadrantes, o sinal é negativo.

Além disso, no primeiro e quarto quadrantes a função f é crescente. Já no segundo e terceiro quadrantes a função f é decrescente.
O domínio e o contradomínio da função seno são iguais a R. Ou seja, ela está definida para todos os valores reais: Dom(sen)=R.
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a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

Já o conjunto da imagem da função seno corresponde ao intervalo real [-1, 1]: -1 < sen x < 1.
Em relação à simetria, a função seno é uma função ímpar: sen(-x) = -sen(x).
O gráfico da função seno f(x) = sen x é uma curva chamada de senoide:

Função Cosseno
A função cosseno é uma função periódica e seu período é 2π. Ela é expressa por:
f(x) = cos x

No círculo trigonométrico, o sinal da função cosseno é positivo quando x pertence ao primeiro e quarto quadrantes. Já no segundo e
terceiro quadrantes, o sinal é negativo.

Além disso, no primeiro e segundo quadrantes a função f é decrescente. Já no terceiro e quarto quadrantes a função f é crescente.
O domínio e o contradomínio da função cosseno são iguais a R. Ou seja, ela está definida para todos os valores reais: Dom(cos)=R.
Já o conjunto da imagem da função cosseno corresponde ao intervalo real [-1, 1]: -1 < cos x < 1.
Em relação à simetria, a função cosseno é uma função par: cos(-x) = cos(x).
O gráfico da função cosseno f(x) = cos x é uma curva chamada de cossenoide:

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a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

Função Tangente
A função tangente é uma função periódica e seu período é π. Ela é expressa por:
f(x) = tg x

No círculo trigonométrico, o sinal da função tangente é positiva quando x pertence ao primeiro e terceiro quadrantes. Já no segundo
e quarto quadrantes, o sinal é negativo.

Além disso, a função f definida por f(x) = tg x é sempre crescente em todos os quadrantes do círculo trigonométrico.
O domínio da função tangente é: Dom(tan)={x ∈ R│x ≠ de π/2 + kπ; K ∈ Z}. Assim, não definimos tg x, se x = π/2 + kπ.
Já o conjunto da imagem da função tangente corresponde a R, ou seja, o conjunto dos números reais.
Em relação à simetria, a função tangente é uma função ímpar: tg(-x) = -tg(x).
O gráfico da função tangente f(x) = tg x é uma curva chamada de tangentoide:

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a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

INEQUAÇÃO PRODUTO E INEQUAÇÃO QUOCIENTE

INEQUAÇÃO PRODUTO
Chama-se inequação-produto toda inequação do tipo:

Resolver uma inequação produto consiste em encontrar os valores de x que satisfazem a condição estabelecida pela inequação. Para
isso devemos estudar o sinal de cada função e também do conjunto solução:

Exemplos
1) Resolver a inequação (x + 2).(-2x + 3) ≥0.

Método para resolução:


1) Vamos resolver cada função (encontrar o zero de cada função):

2) Colocamos em um chamado quadro de sinais, cada função e resolvemos através do sinal (aplicando a regra do sinais válida para
multiplicação e divisão) do produto f(x). g(x), temos:

Solução:

É importante observar os intervalos, se são abertos (< ou >) / fechados (≤ ou ≥), para que a resolução satisfaça a solução.

2) (2 - x). (-x2 + 6x - 5) ≤ 0

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a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

S = {x ϵ R| 1 ≤ x ≤ 2 e x 5}

INEQUAÇÃO QUOCIENTE
Chama-se inequação-quociente toda inequação do tipo:

A regra de resolução e sinais da inequação produto é a mesma para quociente.

Exemplos

1)

No quadro de sinais:

2)

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a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

f(x) = x + 5 = 0 → x = -5
g(x) = x – 2 = 0 → x = 2

Observe que no 2 a “bolinha fica aberta”, pois se incluirmos o mesmo na resolução teremos g(x) = 0, e como por lei de formação, nosso
denominador não pode ser zero.
Solução: S= {x ϵ R | x ≤ -5 e x > 2}

FUNÇÃO MODULAR: DEFINIÇÃO, GRÁFICO, DOMÍNIO E IMAGEM DA FUNÇÃO MODULAR; EQUAÇÕES MODULARES; E INE-
QUAÇÕES MODULARES

Chama-se função modular a função f: R • R, definida por: f(x) = |x|.


Por definição:

A função modular é definida por duas sentenças: f(x) = x, se x≥0 e f(x) = -x, se x<0.

Módulo de um número
– O módulo de um número real não negativo é igual ao próprio número;
– O módulo de um número real negativo é igual ao oposto desse número;
– O módulo de um número real qualquer é sempre maior ou igual a zero: |x|≥0, para todo x.

Construção do Gráfico da f(x) = |x|

f (x) = x , se x ≥ 0 f (x) = - x , se x < 0 f (x) = |x|

O gráfico é uma semirreta O gráfico é uma semirreta


fechada com origem no ponto aberta com origem no ponto O O gráfico é a reunião das duas
O (0,0). Ela é bissetriz do 1º (0,0). Ela é bissetriz do 2º qua- semirretas.
quadrante. drante.

Imagem de uma função modular


O conjunto imagem da função Modular é R+, isto é, a função assume valores reais não negativos.

EQUAÇÕES E INEQUAÇÕES MODULARES


O módulo de um número, também conhecido como valor absoluto, é uma medida de sua distância numérica em relação a zero, sem
considerar a direção. Matematicamente, o valor absoluto de um número real x, representado por |x|, é definido conforme segue:

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a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

Geometricamente, o valor absoluto de um número real x pode ser interpretado como a distância entre o ponto que representa x na
linha numérica e a origem dessa linha.

É importante notar que as distâncias no contexto de valores absolutos são sempre não-negativas, ou seja, |x| é sempre maior ou igual
a 0, logo: |x| ≥ 0.

– Propriedades: quanto às propriedades do módulo, considerando a como um número real positivo e x e y como números reais arbi-
trários, podemos estabelecer que:
a)
b) |x| = a • x = - a ou x = a
c) |x| < a • - a < x < a
d) |x| > a • x < - a ou x > a
e) |x| = | - x|
f) x2 = |x|2 = |x2|
g) |x.y| = |x|.|y|

h)
i) |x + y| ≤ |x| + |y| (Desigualdade Triangular)

Equação modular
Sua resolução está baseada nas seguintes propriedades:

Tendo como conjunto universo: U = R.

Inequação Modular
A solução de inequações que envolvem módulo (valor absoluto) utiliza as seguintes propriedades fundamentais:

Exemplo:
Resolvendo a inequação |2x + 1| > 5.
De acordo com P1, podemos escrever:
2x + 1 < -5
2x < -6

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a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

x < -3 (I) ou
2x + 1 > 5
2x > 4
x > 2 (II)
Fazendo a união:

FUNÇÃO EXPONENCIAL: GRÁFICOS, DOMÍNIO, IMAGEM E CARACTERÍSTICAS DA FUNÇÃO EXPONENCIAL, LOGARITMOS DE-
CIMAIS; E EQUAÇÕES E INEQUAÇÕES EXPONENCIAIS

Função Exponencial é aquela que a variável está no expoente e cuja base é sempre maior que zero e diferente de um5.
Essas restrições são necessárias, pois 1 elevado a qualquer número resulta em 1. Assim, em vez de exponencial, estaríamos diante de
uma função constante.
Além disso, a base não pode ser negativa, nem igual a zero, pois para alguns expoentes a função não estaria definida.
Por exemplo, a base igual a - 3 e o expoente igual a 1/2. Como no conjunto dos números reais não existe raiz quadrada de número
negativo, não existiria imagem da função para esse valor.

Exemplos:
f(x) = 4x
f(x) = (0,1)x
f(x) = (⅔)x

Nos exemplos acima 4, 0,1 e ⅔ são as bases, enquanto x é o expoente.

— Gráfico da Função Exponencial


O gráfico desta função passa pelo ponto (0,1), pois todo número elevado a zero é igual a 1. Além disso, a curva exponencial não toca
no eixo x.
Na função exponencial a base é sempre maior que zero, portanto, a função terá sempre imagem positiva. Assim sendo, não apresenta
pontos nos quadrantes III e IV (imagem negativa).
Abaixo representamos o gráfico da função exponencial.

5 https://www.todamateria.com.br/funcao-exponencial/
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46
a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

— Função Crescente ou Decrescente


A função exponencial pode ser crescente ou decrescente.
Será crescente quando a base for maior que 1. Por exemplo, a função y = 2x é uma função crescente.

Para constatar que essa função é crescente, atribuímos valores para x no expoente da função e encontramos a sua imagem. Os valores
encontrados estão na tabela abaixo.

Observando a tabela, notamos que quando aumentamos o valor de x, a sua imagem também aumenta. Abaixo, representamos o
gráfico desta função.

Por sua vez, as funções cujas bases são valores maiores que zero e menores que 1, são decrescentes. Por exemplo, f(x) = (1/2)x é uma
função decrescente.
Calculamos a imagem de alguns valores de x e o resultado encontra-se na tabela abaixo.

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a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

Vamos ver o passo a passo para resolução de uma equação ex-


ponencial:

Exemplos

1) 2x = 8
Notamos que para esta função, enquanto os valores de x 1º) Algumas equações podem ser transformadas em outras
aumentam, os valores das respectivas imagens diminuem. Desta equivalentes, as quais possuem nos dois membros potências de
forma, constatamos que a função f(x) = (1/2)x é uma função mesma base. Neste caso o 8 pode ser transformado em potência de
decrescente. base 2. Fatorando o 8 obtemos 23 = 8.
Com os valores encontrados na tabela, traçamos o gráfico
2º) Aplicando a propriedade da potenciação: • base
dessa função. Note que quanto maior o x, mais perto do zero a
iguais, igualamos os expoentes, logo
curva exponencial fica.
x=3

2) 2m . 24 = 210
2 m + 4 = 210 • m + 4 = 10 • m = 10 - 4 • m = 6
S = {6}

3) 6 2m – 1 : 6 m – 3 = 64
6 (2m – 1 ) – (m – 3) = 64 • 2m – 1 – m + 3 = 4 • 2m – m = 4 + 1 – 3 • m
=5–3•m=2
S = {2}

4) 32x - 4.3x + 3 = 0.
A expressão dada pode ser escrita na forma:
(3x)2 – 4.3x + 3 = 0
Criamos argumentos para resolução da equação exponencial.
Fazendo 3x = y, temos:
y2 – 4y + 3 = 0, assim y = 1 ou y = 3 (Foi resolvida a equação do
segundo grau)
EQUAÇÃO EXPONENCIAL Como 3x= y, então
3x = 1
Chama-se equação exponencial6, toda equação onde a variável x = 0 ou
x se encontra no expoente.
3x = 3 1
Exemplos x=1

S = {0,1}

Para resolução, precisamos encontrar os valores da variável INEQUAÇÃO EXPONENCIAL


que a torna uma sentença numérica verdadeira. Vamos relembrar
algumas das propriedades da potenciação para darmos continuida- Assim como as equações exponenciais, as inequações são
de: aquelas cujo a variável se encontra no expoente. São representadas
por uma desigualdade > , < , ≤ ou ≥.
6 colegioweb.com.br
BIANCHINI, Edwaldo; PACCOLA, Herval – Matemática – Volume 1
IEZZI, Gelson – Matemática Volume Único
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MATEMÁTICA

Exemplos
FUNÇÃO LOGARÍTMICA: DEFINIÇÃO DE LOGARITMO E
PROPRIEDADES OPERATÓRIAS; GRÁFICOS, DOMÍNIO,
IMAGEM E CARACTERÍSTICAS DA FUNÇÃO LOGARÍTMICA;
E EQUAÇÕES E INEQUAÇÕES LOGARÍTMICAS

A função logarítmica de base a é definida como f (x) = loga x,


com a real, positivo e a ≠ 17. A função inversa da função logarítmica
é a função exponencial.
O logaritmo de um número é definido como o expoente ao qual
se deve elevar a base a para obter o número x, ou seja:

Resolução de inequação exponencial

Resolver uma inequação exponencial é achar valores para vari-


ável que satisfaça a sentença matemática.
Antes de resolver uma inequação exponencial, deve-se obser-
var a situação das bases nos dois membros, caso as bases sejam
diferentes, reduza-as a uma mesma base e, em seguida, forme uma
inequação com os expoentes. Atente-se as regras dos sinais:

Caso a > 1, mantenha o sinal original. Exemplos:


f (x) = log3 x
Caso 0 < a < 1, inverta o sinal.

Exemplos
g (x) =
A) 2 ≥ 128
x

Por fatoração, 128 = 27. h (x) = log10 x = log x


2x ≥ 27 • como as bases são iguais e a > 1, basta formar uma
inequação com os expoentes • x ≥ 7 — Gráfico da Função Logarítmica
S = {x ∈ R | x ≥ 7} De uma forma geral, o gráfico da função y = loga x está localizado
no I e IV quadrantes, pois a função só é definida para x > 0.
Além disso, a curva da função logarítmica não toca o eixo y e
corta o eixo x no ponto de abscissa igual a 1, pois y = loga 1 = 0, para
B)
qualquer valor de a.
Como as bases são iguais então igualamos os expoentes: x <
Abaixo, apresentamos o esboço do gráfico da função
2. E como as bases estão compreendidas entre 0 e 1, inverte-se o
logarítmica.
sinal, logo: x > 2.
S = {x ϵ R | x > 2}

C) 4x + 4 > 5 . 2x
Perceba que, por fatoração, 4x = 22x e 22x é o mesmo que (2x)².
Vamos reescrever a inequação:
(2x)² + 4 > 5 . 2x
Chamando 2x de t, para facilitar a resolução, ficamos com:
t2 + 4 > 5t
t2 – 5t + 4 > 0, observe que caímos em uma inequação do 2º
grau, resolvendo a equação gerada pela inequação encontramos as
raízes t’ = 1 e t’’ = 4. Como a > 0, concavidade fica para cima e isto
também significa que estamos procurando valores que tornem a
inequação positiva, ficamos com:
t < 1 ou t > 4
Retornando a equação inicial:
t = 2x
2x < 1 • x < 0 • lembre-se que todo número elevado a 1 é igual
ao próprio número, e que todo número elevado a zero é igual a 1.
2x > 4 • 2x > 22 • x > 2.
S = {x ∈ R | x < 0 ou x > 2} 7 https://www.todamateria.com.br/funcao-logaritmica/
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MATEMÁTICA

— Função Crescente e Decrescente


Uma função logarítmica será crescente quando a base a for maior que 1, ou seja, x1 < x2 ⇔ loga x1 < loga x2. Por exemplo, a função f (x)
= log2 x é uma função crescente, pois a base é igual a 2.
Para verificar que essa função é crescente, atribuímos valores para x na função e calculamos a sua imagem. Os valores encontrados
estão na tabela abaixo.

Observando a tabela, notamos que quando o valor de x aumenta, a sua imagem também aumenta. Abaixo, representamos o gráfico
desta função.

Por sua vez, as funções cujas bases são valores maiores que zero e menores que 1 são decrescentes, ou seja, x1 < x2 ⇔ loga x1 > loga x2.
Por exemplo, é uma função decrescente, pois a base é igual a .

Calculamos a imagem de alguns valores de x desta função e o resultado encontra-se na tabela abaixo:

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MATEMÁTICA

Notamos que, enquanto os valores de x aumentam, os valores das respectivas imagens diminuem. Desta forma, constatamos que a
função é uma função decrescente.

Com os valores encontrados na tabela, traçamos o gráfico dessa função. Note que quanto menor o valor de x, mais perto do zero a
curva logarítmica fica, sem, contudo, cortar o eixo y.

EQUAÇÃO LOGARÍTMICA
Algumas equações não podem ser simplificadas para uma forma onde ambas as partes possuem a mesma base apenas utilizando
propriedades de potenciação. A solução para essas equações é fundamentada no conceito de logaritmo.

Existem quatro principais categorias de equações logarítmicas:


1º) Equações que podem ser transformadas em uma igualdade entre dois logaritmos com a mesma base:

Para resolver, basta igualar f(x) a g(x), com ambos sendo maiores que 0.
Exemplo:

Temos que:
2x + 4 = 3x + 1
2x – 3x = 1 – 4
–x=–3
x=3
Portanto, S = {3}

2º) Equações que podem ser simplificadas para uma igualdade entre um logaritmo e um número real:
A solução pode ser obtida impondo-se f(x) = ar.
Exemplo:

Pela definição de logaritmo temos:


5x + 2 = 33
5x + 2 = 27
5x = 27 – 2
5x = 25
x=5
Portanto S = {5}.

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3º) Equações que são resolvidas por meio de uma mudança de incógnita:
Exemplo:

Vamos fazer a seguinte mudança de incógnita:

Substituindo na equação inicial, ficaremos com:

4º) Equações que envolvem utilização de propriedades ou de mudança de base:


Exemplo:

Fazendo uso das propriedades do logaritmo, podemos reescrever a equação acima da seguinte forma:

Note que para isso utilizamos as seguintes propriedades:

Vamos retornar à equação:

Como ficamos com uma igualdade entre dois logaritmos, segue que:
(2x +3)(x + 2) = x2
ou
2x2 + 4x + 3x + 6 = x2
2x2 – x2 + 7x + 6 = 0
x2 + 7x + 6 = 0

x = -1 ou x = - 6

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MATEMÁTICA

É crucial lembrar que, para a existência do logaritmo, tanto o logaritmando quanto a base devem ser positivos. Se, após encontrar os
valores para x, o logaritmando resultar em um valor negativo, concluí-se que a equação não possui solução, ou seja, o conjunto solução é
vazio (S = ∅).

INEQUAÇÃO LOGARÍTMICA
Para resolver uma inequação logarítmica, segue-se um procedimento similar ao da equação logarítmica, porém, é necessário ter es-
pecial atenção quando a base está no intervalo 0 < a < 1, pois isso inverte o sentido da desigualdade.
Existem dois principais tipos de inequação logarítmica:
1º) Inequações redutíveis a uma desigualdade entre logaritmos de mesma base:

Neste caso há ainda dois casos a considerar:

Exemplo:
A inequação

Temos a seguinte condição: 0 < 3x – 2 ≤ x.


Fazendo cada membro da equação separadamente:
0 < 3x – 2
x > 2/3 (I)
3x – 2 ≤ x
2x ≤ 2
x ≤ 1 (II)
Da interseção de (I) com (II), resulta:
S = { x ϵ R| 2/3 < x ≤ 1}.

2º) Inequações redutíveis a uma desigualdade entre um logaritmo e um número real:

Para resolver uma inequação desse tipo, basta substituir r por ; assim teremos:

Exemplo:
A inequação

S = { x ϵ R| 1/4 < x < 7}.

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TRIGONOMETRIA: ARCOS NOTÁVEIS; TRIGONOMETRIA NO TRIÂNGULO (RETÂNGULO E QUALQUER); LEI DOS SENOS E LEI
DOS COSSENOS; UNIDADES DE MEDIDAS DE ARCOS E ÂNGULOS: O GRAU E O RADIANO; CÍRCULO TRIGONOMÉTRICO, RA-
ZÕES TRIGONOMÉTRICAS E REDUÇÃO AO 1ºQUADRANTE; TRIGONOMÉTRICAS, TRANSFORMAÇÕES, IDENTIDADES TRI-
GONOMÉTRICAS FUNDAMENTAIS, EQUAÇÕES E INEQUAÇÕES TRIGONOMÉTRICAS NO CONJUNTO DOS NÚMEROS REAIS;
FÓRMULAS DE ADIÇÃO DE ARCOS, ARCOS DUPLOS, ARCO METADE E TRANSFORMAÇÃO EM PRODUTO; E SISTEMAS DE
EQUAÇÕES E INEQUAÇÕES TRIGONOMÉTRICAS E RESOLUÇÃO DE TRIÂNGULOS

A trigonometria é a parte da matemática que estuda as relações existentes entre os lados e os ângulos dos triângulos8.
Ela é utilizada também em outras áreas de estudo como física, química, biologia, geografia, astronomia, medicina, engenharia etc.

— Funções Trigonométricas
As funções trigonométricas são as funções relacionadas aos triângulos retângulos, que possuem um ângulo de 90°. São elas: seno,
cosseno e tangente.

As funções trigonométricas estão baseadas nas razões existentes entre dois lados do triângulo em função de um ângulo.
Elas são formadas por dois catetos (oposto e adjacente) e a hipotenusa:

Lê-se cateto oposto sobre a hipotenusa.

Lê-se cateto adjacente sobre a hipotenusa.

Lê-se cateto oposto sobre cateto adjacente.

Ângulos Notáveis
Os chamados ângulos notáveis são os que surgem com maior frequência nos estudos de razões trigonométricas9.

Veja a tabela abaixo com o valor dos ângulos de 30°; 45° e 60°:

8 https://www.todamateria.com.br/trigonometria/
9 https://www.todamateria.com.br/razoes-trigonometricas/
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MATEMÁTICA

— Círculo Trigonométrico
O círculo trigonométrico ou círculo unitário é usado no estudo
das funções trigonométricas: seno, cosseno e tangente.

Lei das Tangentes


A Lei das Tangentes estabelece a relação entre as tangentes
de dois ângulos de um triângulo e os comprimentos de seus lados
opostos.
Dessa forma, para um triângulo ABC, de lados a, b, c, e ângulos
α, β e γ, opostos a estes três lados, têm-se a expressão:

— Teoria Euclidiana
Alguns conceitos importantes da geometria euclidiana nos
estudos da trigonometria são:

Lei dos Senos


A Lei dos Senos estabelece que num determinado triângulo, a
razão entre o valor de um lado e o seno de seu ângulo oposto, será
sempre constante.
Dessa forma, para um triângulo ABC de lados a, b, c, a Lei dos
Senos é representada pela seguinte fórmula:

Teorema de Pitágoras
O Teorema de Pitágoras, criado pelo filósofo e matemático
grego, Pitágoras de Samos, (570 a.C. - 495 a.C.), é muito utilizado
nos estudos trigonométricos.
Ele prova que no triângulo retângulo, composto por um ângulo
interno de 90° (ângulo reto), a soma dos quadrados de seus catetos
corresponde ao quadrado de sua hipotenusa:

Lei dos Cossenos


A Lei dos Cossenos estabelece que em qualquer triângulo, o
quadrado de um dos lados, corresponde à soma dos quadrados dos
outros dois lados, menos o dobro do produto desses dois lados pelo
cosseno do ângulo entre eles.
Dessa maneira, sua fórmula é representada da seguinte
maneira:

a² = b² + c²

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MATEMÁTICA

Sendo:
a: hipotenusa;
b e c: catetos.

Relações Fundamentais
A trigonometria ao longo dos anos foi se tornando mais abrangente, não se restringindo apenas aos estudos dos triângulos10.
Dentro deste novo contexto, define-se o círculo unitário, também chamado de circunferência trigonométrica. Ele é utilizado para
estudar as funções trigonométricas.

Circunferência Trigonométrica
A circunferência trigonométrica é uma circunferência orientada de raio igual a 1 unidade de comprimento. Associamos a ela um
sistema de coordenadas cartesianas.
Os eixos cartesianos dividem a circunferência em 4 partes, chamadas de quadrantes. O sentido positivo é anti-horário, conforme figura
abaixo:

Usando a circunferência trigonométrica, as razões que a princípio foram definidas para ângulos agudos (menores que 90º), passam a
ser definidas para arcos maiores de 90º.
Para isso, associamos um ponto P, cuja abscissa é o cosseno de θ e cuja ordenada é o seno de θ.

Como todos os pontos da circunferência trigonométrica estão a uma distância de 1 unidade da origem, podemos usar o teorema de
Pitágoras. O que resulta na seguinte relação trigonométrica fundamental:

Podemos definir ainda a tg x, de um arco de medida x, no círculo trigonométrico como sendo:

10 https://www.todamateria.com.br/relacoes-trigonometricas/
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— Outras Relações Fundamentais

Cotangente do Arco de Medida x

Secante do Arco de Medida x

Cossecante do Arco de Medida x

— Funções Trigonométricas
As funções trigonométricas, também chamadas de funções circulares, estão relacionadas com as demais voltas no ciclo trigonométrico11.
As principais funções trigonométricas são:
- Função Seno;
- Função Cosseno;
- Função Tangente.

No círculo trigonométrico temos que cada número real está associado a um ponto da circunferência.

Figura do Círculo Trigonométrico dos ângulos expressos em graus e radianos.


11 https://www.todamateria.com.br/funcoes-trigonometricas/
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— Ângulos – Ângulo Inscrito: trata-se de um ângulo cujo vértice se encon-


Define-se como a área delimitada por duas semirretas que tra sobre a circunferência.
compartilham uma origem comum.

Componentes de um ângulo
– Lados: referem-se às semirretas OA e OB.
– Vértice: corresponde ao ponto onde as semirretas se encon-
tram, neste caso, o ponto O.

– Ângulo Obtuso: refere-se a um ângulo cuja medida excede


90 graus.

Ângulo Agudo
Define-se como um ângulo cuja amplitude é inferior a 90 graus.

Ângulo Raso
Este é um ângulo que mede exatamente 180 graus;
Caracteriza-se por ter lados que são semirretas opostas entre
si.

Ângulo Central
– Na circunferência: refere-se ao ângulo que tem seu vértice
localizado no centro da circunferência;
– No polígono: descreve-se como o ângulo formado com vérti-
ce no centro de um polígono regular, estendendo-se seus lados até
alcançar vértices consecutivos do polígono.
Ângulo Reto
É um ângulo que possui uma medida de 90 graus;
É formado por lados que se intersectam em ângulos perpen-
diculares.

– Ângulo Circunscrito: é um ângulo formado por lados que são


tangentes à circunferência, com o vértice localizado fora da mesma.

– Ângulos Complementares: são dois ângulos cuja soma de


suas medidas é de 90 graus.

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MATEMÁTICA

– Ângulos Consecutivos: são aqueles que compartilham um


lado comum.
– Ângulos Adjacentes: são ângulos consecutivos que, além de
– Ângulos Replementares: dois ângulos são considerados re-
compartilhar um lado comum, não possuem pontos internos em
plementares quando a soma de suas medidas é de 360 graus.
comum.

– Ângulos Suplementares: são dois ângulos cuja soma das suas


medidas é de 180 graus.
Por exemplo, os ângulos AOB e BOC, AOB e AOC, bem como
BOC e AOC, formam pares de ângulos consecutivos.
Os ângulos AOB e BOC exemplificam ângulos adjacentes.

Medidas de arcos e ângulos


– Arcos e Ângulos em uma Circunferência: quando dois pon-
tos, A e B, são escolhidos em uma circunferência, esta se divide em
duas seções denominadas arcos. Os pontos A e B servem como ex-
tremidades destes arcos.

Portanto, se x e y representam dois ângulos, então:


– Se x + y = 90°, x e y são Complementares;
– Se x + y = 180°, x e y são Suplementares;
– Se x + y = 360°, x e y são Replementares.

– Ângulos Congruentes: são ângulos que têm a mesma medi-


da.

A representação utilizada é AB. É importante notar que, quan-


do A e B coincidem, temos um arco nulo e outro representando
uma volta completa na circunferência.

Medidas de Arcos e Ângulos


– Ângulos Opostos pelo Vértice: são aqueles cujos lados for- 1) Grau: a circunferência é segmentada em 360 partes iguais
mam duas linhas que se cruzam, sendo os ângulos opostos iguais. para a medição de ângulos, com cada segmento representando 1
grau (1°), equivalente a 1/360 da circunferência completa.
– Submúltiplos do grau: o grau possui submúltiplos menores,
especificamente o minuto e o segundo. Assim, 1° equivale a 60 mi-
nutos (60’), e 1 minuto equivale a 60 segundos (60”).
2) Radiano: o radiano, como medida de um arco, é definido
pela proporção entre o comprimento do arco e o raio da circunfe-
rência em que o arco se baseia.
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a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

Observa-se que senα = cosβ e senβ = cosα. Em qualquer triân-


gulo, a soma dos ângulos internos totaliza 180°. Considerando um
triângulo retângulo, onde um dos ângulos é de 90°, temos que:
90° + α + β = 180°,
logo, α + β = 90°.
Com α representando o ângulo (ou arco), r o raio, e l o compri-
mento do arco, a relação entre eles é dada por: Dessa forma, quando dois ângulos somam 90°, eles são deno-
minados Ângulos Complementares. Sob tais condições, o seno de
α=l/r um ângulo será sempre igual ao cosseno do outro.

O comprimento do arco l atinge seu valor máximo quando Valores Notáveis


corresponde ao perímetro total da circunferência (C = 2πr, que é a Considere um triângulo retângulo BAC. Em resumo temos:
fórmula para o perímetro de uma circunferência). Portanto, o com-
primento máximo, lmax, é igual a C, isto é, lmax =2πr.
Consequentemente, o valor máximo do ângulo α, expresso em
radianos, é:
α = 2πr / r ⇒ α = 2π rad

Nota: uma volta completa em uma circunferência equivale a


360° ou 2π radianos.

Conversões
De graus para radianos: a conversão de graus para radianos se
faz através de uma proporção direta.
Exemplo: para converter 150° em radianos:
Se 180° corresponde a π radianos, então para 150° temos:

– De radianos para graus: a conversão de radianos para graus


Quando dois ângulos são complementares, o seno de um cor-
pode ser realizada substituindo π por 180°.
responde ao cosseno do seu ângulo complementar. Além disso, as
Exemplo: converter 3π/2 rad para graus (ou podemos usar re-
tangentes de ângulos complementares são recíprocas entre si.
gra de três simples também).
3π/2=3.180/2=540/2=270°
No triângulo qualquer
No triângulo retângulo
As relações trigonométricas não se aplicam exclusivamente a
Dentro de qualquer triângulo retângulo, os lados são desig-
triângulos retângulos; elas também são válidas para triângulos ob-
nados com termos específicos. O lado mais longo, que se opõe ao
tusos e agudos. É crucial entender que:
ângulo reto de 90°, é conhecido como Hipotenusa. Os dois lados
sen x = sen (180º - x)
restantes, menores e que se opõem aos ângulos agudos, são deno-
cos x = - cos (180º - x)
minados Catetos. A partir destes lados, é possível estabelecer rela-
ções trigonométricas fundamentais, como o seno (sen), o cosseno
Lei dos Senos
(cos), e a tangente (tg).
A lei dos senos relaciona as medidas dos lados de um triângulo
com os senos dos ângulos opostos a esses lados.

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60
a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

Lei dos Cossenos


Quando a lei dos senos não é aplicável, recorremos à lei dos cossenos, que é útil para calcular medidas envolvendo dois lados de um
triângulo e o ângulo entre eles. Portanto, em um triângulo ABC, com lados de comprimentos a, b, e c, as seguintes relações são estabele-
cidas:
a² = b² + c² - 2bc.cosA
b² = a² + c² - 2ac.cosB
c² = a² + b² - 2ab.cosC

Círculo trigonométrico
Consiste em uma circunferência com raio unitário, R=1, acompanhada de um sistema de eixos ortogonais empregado na representa-
ção de arcos AB.

Aqui se define que:


– O ponto A serve como o ponto inicial para a marcação dos arcos;
– Um arco é considerado negativo quando marcado no sentido horário, enquanto no sentido anti-horário, os arcos são identificados
como positivos;
– É possível que os arcos se estendam além de uma volta completa;
– O ponto B, representando a extremidade dos arcos, pode estar situado sobre um eixo ou dentro de um dos quadrantes.

Cada semiplano definido dentro do círculo trigonométrico é denominado um quadrante. A depender do quadrante em que se encon-
tra, os sinais dos valores de seno e cosseno sofrem variações.

O círculo trigonométrico pode ser medido em radianos ou em graus. Veja os dois círculos em graus e radianos.

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a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

Arcos côngruos (ou congruentes)


Dois arcos são considerados congruentes quando possuem a mesma extremidade e diferem apenas no número de voltas completas
que realizam.

No 1º quadrante, tanto a abscissa quanto a ordenada são positivas, implicando que 0° < α < 90°.
No 2º quadrante, a abscissa é negativa enquanto a ordenada permanece positiva, situando o ângulo de forma que 90° < α < 180°.
No 3º quadrante, ambas abscissas e ordenada são negativas, resultando em 180° < α < 270°.
No 4º quadrante, a abscissa volta a ser positiva com a ordenada negativa, colocando o ângulo na faixa de270° < α < 360°.

Ângulos Notáveis

Trigonometria na circunferência
Para calcular o seno, cosseno, e tangente de um arco x no ciclo trigonométrico, é essencial estar familiarizado com os eixos específicos:
– O eixo dos senos, que é vertical e atravessa o centro O da circunferência trigonométrica, e o eixo dos cossenos, que é horizontal e
também passa por O.
– O eixo das tangentes é igualmente vertical, mas distingue-se por passar pelo ponto A da circunferência, sendo tangente à circunfe-
rência nesse ponto.

Onde:
– x é um arco cuja origem é o ponto A e a extremidade é o ponto P;
– A abscissa do ponto P é chamada cosseno de x e é indicada por cos x;
– A ordenada do ponto P é chamada seno de x e é indicada por sen x;
– Prolongando-se o segmento OP obtém-se a tangente de x, indicada por tgx.

Critérios de positividade
A análise dos sinais de seno, cosseno, e tangente em arcos situados nos quatro quadrantes do ciclo trigonométrico permite estabele-
cer critérios de positividade para cada função trigonométrica, conforme a localização do arco.

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a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

Seno
Observando a figura temos:

Ao arco AB corresponde o ângulo α. Considerando que o triângulo OBC é retângulo, é possível calcular o seno de α:

Notando que BC = OM, podemos substituir BC por OM nas nossas equações.

Dado que o raio do ciclo trigonométrico é 1, para qualquer arco α, a expressão correta deve ser: -1 ≤ sen α ≤ 1

Cosseno
Observando a figura temos:

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a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

Valores máximos e mínimos


Para um arco x arbitrário, os valores de seno e cosseno de x
variam entre -1 e 1.
-1 ≤ sen x ≤ 1
O ângulo α corresponde ao arco AB. Utilizando o triângulo re- -1 ≤ cos x ≤ 1
tângulo OMB, podemos determinar o cosseno de α:
A tangente de x pode tomar qualquer valor real, exceto para
os ângulos de 90º, 270º e seus congruentes, onde a tangente não
é definida.
tg x pertence aos reais

Considerando que o raio do ciclo trigonométrico é igual a 1,


para qualquer arco α, a relação para o cosseno de α é: -1 ≤ cos α ≤ 1

Tangente
Na ilustração, uma linha foi desenhada no ciclo trigonométrico,
paralela ao eixo vertical dos senos e tangenciando o ciclo no ponto
A.

Relações Fundamentais da Trigonometria

No triângulo retângulo OAT, temos:

I)
Dado que o raio mede 1, temos que OA = 1. A tangente de α é
representada por AT. II)
A referida linha é conhecida como eixo das tangentes. Para en-
contrar a tangente de α, basta estender o raio OP até que ele cruze III)
o eixo das tangentes.
VI)

V)

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MATEMÁTICA

Nestas relações, além do senx e cosx, temos: tg (tangente), cotg (cotangente), sec (secante) e cossec (cossecante).

Relações Derivadas
A partir das definições de cotangente, secante e cossecante, juntamente com a relação fundamental da trigonometria, derivam-se
fórmulas úteis para simplificar expressões trigonométricas, tais como:

tg² α + 1 = sec² α, para α ≠ π/2 + kπ, onde k ∈ Z


1 + cotg² α = cosec² α, para α ≠ kπ, onde k ∈ Z

Redução para o primeiro quadrante

sen (90º - x) = cos x sen (90º + x) = cos x


cos (90º - x) = sen x cos (90º + x) = - sen x
tg (90º - x) = cotg x tg (90º -x) = - cotg x
sen (180º - x) = cos x sen (180º + x) = -sem x
cos (180º - x) = - cos x cos (180º + x) = - cos x
tg (180º - x) = - tg x tg (180º + x) = tg x
sen (270º - x) = - cos x sen (270º + x) = - cos x
cos (270º - x) = - sen x cos (270º + x) = sen x
tg (270º - x) = cotg x tg (270º + x) = - cotg x
sen (360º - x) = sen x
cos (360º - x) = cos x
tg (360º - x) = - tg x

Transformações trigonométricas
As fórmulas apresentadas a seguir são úteis para determinar o cosseno e a tangente da soma e da diferença entre dois ângulos.

Arcos Duplos
Essa abordagem é aplicada ao definir b = a nas fórmulas de seno, cosseno e tangente de um arco (a + b).

Arco Metade
Essas fórmulas possibilitam calcular os valores das funções trigonométricas para o arco medindo a/2, a partir do conhecimento dos
valores das funções trigonométricas para o arco de medida a.

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MATEMÁTICA

– sen x = sen α
– cos x = cos α
– tg x = tg α

Para inequações, existem seis tipos fundamentais de relações.-


Funções trigonométricas de arco que mede a, em função da sen x > n (sen x ≥ n)
tangente do arco metade – sen x < n (sen x ≤ n)
– cos x > n (cos x ≥ n)
– cos x < n (cos x ≤ n)
– tg x > n (tg x ≥ n)
– tg x < n (tg x ≤ n)

CONTAGEM E ANÁLISE COMBINATÓRIA: FATORIAL, DE-


FINIÇÃO E OPERAÇÕES;PRINCÍPIOS MULTIPLICATIVO E
ADITIVO DA CONTAGEM; E ARRANJOS, COMBINAÇÕES E
PERMUTAÇÕES

Análise Combinatória
A Análise Combinatória é a área da Matemática que trata dos
problemas de contagem.
Transformação da soma em produto
As fórmulas a seguir são projetadas para facilitar a conversão Temos dois princípios de contagem: o aditivo e o multiplicativo.
de somas em produtos, proporcionando uma maneira eficiente de Vejamos
simplificar expressões trigonométricas.
Princípio aditivo
Se existem m1 possibilidades de ocorrer um evento E1, m2 pos-
sibilidades de ocorrer um evento E2 e m3 para ocorrer o evento
E3, o número total de possibilidades de ocorrer o evento E1 ou o
evento E2 ou o evento E3, será de m1+m2+m3.
O conectivo que caracteriza a aplicação do princípio aditivo é o
“OU”, que está associado a união de conjuntos.

Exemplo:
(CORPO DE BOMBEIROS MILITAR/MT – OFICIAL BOMBEIRO
MILITAR – COVEST – UNEMAT) A maioria das pizzarias disponibili-
zam uma grande variedade de sabores aos seus clientes. A pizzaria
“Vários Sabores” disponibiliza dez sabores diferentes. No entanto,
as pizzas pequenas podem ser feitas somente com um sabor; as
médias, com até dois sabores, e as grandes podem ser montadas
Equações e inequações trigonométricas com até três sabores diferentes.
Equações trigonométricas envolvem incógnitas expressas por Imagine que um cliente peça uma pizza grande.
funções trigonométricas. Não todos os valores de arco cumprem De quantas maneiras diferentes a pizza pode ser montada no
estas equações, então, para identificar os arcos válidos, utilizamos o que diz respeito aos sabores?
ciclo trigonométrico conforme necessário. Inequações distinguem- (A) 10
-se pelo uso de sinais de desigualdade. Devido à infinitude de arcos (B) 720
possíveis entre as extremidades e a ausência de um intervalo de- (C) 100
finido para x, a solução é apresentada por uma expressão geral, a (D) 820
saber: (E) 730
S = {x ∈ R | x = π/4 + k.2π ou x = 3π/4 + k.2π, k ∈ Z} Resolução:
As pizzas grandes podem ser montadas com ATÉ 3 sabores:
Para determinar arcos nos 2º, 3º, e 4º quadrantes a partir de * 1 sabor: 10 maneiras
um arco α no 1º quadrante através de simetria: * 2 sabores: 10 . 9 = 90 maneiras
– No 2º quadrante, o arco obtido é π - α; * 3 sabores: 10 . 9 . 8 = 720 maneiras
– No 3º quadrante, adiciona-se π para obter π + α;
-– No 4º quadrante, subtrai-se de 2π, resultando em 2π - α. Como as pizzas podem ter 1 OU 2 OU 3 sabores, basta SOMAR
cada uma das possibilidades, temos: 10 + 90 + 720 = 820 maneiras.
As equações trigonométricas geralmente são formuladas como Resposta: D
equações elementares ou fundamentais, expressas como:
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MATEMÁTICA

Princípio multiplicativo ou fundamental da contagem (PFC)


Constitui a ferramenta básica para resolver problemas de con-
tagem sem que seja necessário enumerar seus elementos, através
das possibilidades dadas. Podemos dizer que, um evento B pode
ser feito de n maneiras, então, existem m • n maneiras de fazer e
executar o evento B. Permutação Simples
Chama-se permutação simples dos n elementos, qualquer
Exemplo: agrupamento(sequência) de n elementos distintos de E.
(CÂMARA DE CHAPECÓ/SC – ASSISTENTE DE LEGISLAÇÃO E O número de permutações simples de n elementos é indicado
ADMINISTRAÇÃO – OBJETIVA) Quantos são os gabaritos possíveis por Pn.
para uma prova com 6 questões, sendo que cada questão possui 4 Pn = n!
alternativas, e apenas uma delas é a alternativa correta?
(A) 1.296 Exemplo
(B) 3.474 Quantos anagramas tem a palavra CHUVEIRO?
(C) 2.348 Solução
(D) 4.096 A palavra tem 8 letras, portanto:
P8 = 8! = 8 . 7 . 6 . 5 . 4 . 3 . 2 . 1 = 40320
Resolução:
Permutação com elementos repetidos
4 . 4 . 4 . 4 . 4 . 4 = 4096 De modo geral, o número de permutações de n objetos, dos
quais n1 são iguais a A, n2 são iguais a B, n3 são iguais a C etc.
Resposta: D

Fatorial
É comum nos problemas de contagem, calcularmos o produto
de uma multiplicação cujos fatores são números naturais consecu-
Exemplo
tivos. Para facilitar adotamos o fatorial.
Quantos anagramas tem a palavra PARALELEPÍPEDO?
n! = n(n - 1)(n - 2)... 3 . 2 . 1, (n ϵ N)
Solução
Arranjo Simples
Se todos as letras fossem distintas, teríamos 14! Permutações.
Denomina-se arranjo simples dos n elementos de E, p a p, toda
Como temos uma letra repetida, esse número será menor.
sequência de p elementos distintos de E.
Temos 3P, 2A, 2L e 3 E
Exemplo
Usando somente algarismos 5, 6 e 7. Quantos números de 2
algarismos distintos podemos formar?

Combinação Simples
Dado o conjunto {a1, a2, ..., an} com n objetos distintos, pode-
mos formar subconjuntos com p elementos. Cada subconjunto com
i elementos é chamado combinação simples.

Exemplo
Calcule o número de comissões compostas de 3 alunos que po-
demos formar a partir de um grupo de 5 alunos.

Solução

Observe que os números obtidos diferem entre si:


Pela ordem dos elementos: 56 e 65
Pelos elementos componentes: 56 e 67
Cada número assim obtido é denominado arranjo simples dos
3 elementos tomados 2 a 2.

Indica-se A3,2
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MATEMÁTICA

Exemplo: Se lançarmos um dado perfeito, qual a probabilidade


PROBABILIDADE: EXPERIMENTO ALEATÓRIO, EXPERI- de sair um número menor que 3?
MENTO AMOSTRAL, ESPAÇO AMOSTRAL E EVENTO; PRO-
BABILIDADE EM ESPAÇOS AMOSTRAIS EQUIPROVÁVEIS; Solução: Sendo o dado perfeito, todas as 6 faces têm a mesma
PROBABILIDADE DA UNIÃO DE DOIS EVENTOS; PROBABI- chance de caírem voltadas para cima. Vamos então, aplicar a
LIDADE CONDICIONAL; PROPRIEDADE DAS PROBABILIDA- fórmula da probabilidade.
DES; E PROBABILIDADE DE DOIS EVENTOS SUCESSIVOS Para isso, devemos considerar que temos 6 casos possíveis (1,
E EXPERIMENTOS BINOMIAIS 2, 3, 4, 5, 6) e que o evento “sair um número menor que 3” tem 2
possibilidades, ou seja, sair o número 1 ou 2. Assim, temos:
A teoria da probabilidade é o campo da Matemática que estuda
experimentos ou fenômenos aleatórios e através dela é possível
analisar as chances de um determinado evento ocorrer12.
Quando calculamos a probabilidade, estamos associando
um grau de confiança na ocorrência dos resultados possíveis de
experimentos, cujos resultados não podem ser determinados
antecipadamente. Probabilidade é a medida da chance de algo
acontecer.
Desta forma, o cálculo da probabilidade associa a ocorrência de
um resultado a um valor que varia de 0 a 1 e, quanto mais próximo Para responder na forma de uma porcentagem, basta
de 1 estiver o resultado, maior é a certeza da sua ocorrência. multiplicar por 100.
Por exemplo, podemos calcular a probabilidade de uma pessoa
comprar um bilhete da loteria premiado ou conhecer as chances de
um casal ter 5 filhos, todos meninos.
Portanto, a probabilidade de sair um número menor que 3 é
Experimento Aleatório de 33%.
Um experimento aleatório é aquele que não é possível
conhecer qual resultado será encontrado antes de realizá-lo. Ponto Amostral
Os acontecimentos deste tipo quando repetidos nas mesmas Ponto amostral é cada resultado possível gerado por um
condições, podem dar resultados diferentes e essa inconstância é experimento aleatório.
atribuída ao acaso.
Um exemplo de experimento aleatório é jogar um dado não Exemplo: Seja o experimento aleatório lançar uma moeda e
viciado (dado que apresenta uma distribuição homogênea de verificar a face voltada para cima, temos os pontos amostrais cara e
massa) para o alto. Ao cair, não é possível prever com total certeza coroa. Cada resultado é um ponto amostral.
qual das 6 faces estará voltada para cima.
Espaço Amostral
Fórmula da Probabilidade Representado pela letra Ω(ômega), o espaço amostral
Em um fenômeno aleatório, as possibilidades de ocorrência de corresponde ao conjunto de todos os pontos amostrais, ou,
um evento são igualmente prováveis. resultados possíveis obtidos a partir de um experimento aleatório.
Sendo assim, podemos encontrar a probabilidade de ocorrer Por exemplo, ao retirar ao acaso uma carta de um baralho,
um determinado resultado através da divisão entre o número de o espaço amostral corresponde às 52 cartas que compõem este
eventos favoráveis e o número total de resultados possíveis: baralho.
Da mesma forma, o espaço amostral ao lançar uma vez um
dado, são as seis faces que o compõem:
Ω = {1, 2, 3, 4, 5, 6}.

Sendo: A quantidade de elementos em um conjunto chama-se


P(A): probabilidade da ocorrência de um evento A. cardinalidade, expressa pela letra n seguida do símbolo do conjunto
n(A): número de casos favoráveis ou, que nos interessam entre parênteses.
(evento A). Assim, a cardinalidade do espaço amostral do experimento
n(Ω): número total de casos possíveis. lançar um dado é n(Ω) = 6.

O resultado calculado também é conhecido como probabilidade Espaço Amostral Equiprovável


teórica. Equiprovável significa mesma probabilidade. Em um espaço
Para expressar a probabilidade na forma de porcentagem, amostral equiprovável, cada ponto amostral possui a mesma
basta multiplicar o resultado por 100. probabilidade de ocorrência.

Exemplo: Em uma urna com 4 esferas de cores: amarela, azul,


preta e branca, ao sortear uma ao acaso, quais as probabilidades de
12 https://www.todamateria.com.br/probabilidade/ ocorrência de cada uma ser sorteada?
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MATEMÁTICA

Sendo experimento honesto, todas as cores possuem a mesma Exemplo de caso de probabilidade condicional: Em um encontro
chance de serem sorteadas. de colaboradores de uma empresa que atua na França e no Brasil,
um sorteio será realizado e um dos colaboradores receberá um
Tipos de Eventos prêmio. Há apenas colaboradores franceses e brasileiros, homens
Evento é qualquer subconjunto do espaço amostral de um e mulheres.
experimento aleatório.
Como evento de probabilidade condicional, podemos associar
Evento certo a probabilidade de sortear uma mulher (evento A) dado que seja
O conjunto do evento é igual ao espaço amostral. francesa (evento B).
Exemplo: Em uma delegação feminina de atletas, uma ser Neste caso, queremos saber a probabilidade de ocorrer A (ser
sorteada ao acaso e ser mulher. mulher), apenas se for francesa (evento B).

Evento Impossível Lei Binomial de probabilidade


O conjunto do evento é vazio.
Vamos considerar um experimento que se repete n número de
Exemplo: Imagine que temos uma caixa com bolas numeradas vezes. Em cada um deles temos:
de 1 a 20 e que todas as bolas são vermelhas. P(E) = p, que chamamos de probabilidade de ocorrer o evento
E com sucesso.
O evento “tirar uma bola vermelha” é um evento certo, pois P( ) = 1 – p, probabilidade de ocorrer o evento E com insucesso
todas as bolas da caixa são desta cor. Já o evento “tirar um número (fracasso).
maior que 30”, é impossível, visto que o maior número na caixa é
20. A probabilidade do evento E ocorrer k vezes, das n que o expe-
rimento se repete é dado por uma lei binomial.
Evento Complementar
Os conjuntos de dois eventos formam todo o espaço amostral,
sendo um evento complementar ao outro.

Exemplo: No experimento lançar uma moeda, o espaço


amostral é Ω = {cara, coroa}.

Seja o evento A sair cara, A = {cara}, o evento B sair coroa é


complementar ao evento A, pois, B={coroa}. Juntos formam o
próprio espaço amostral.
A probabilidade de ocorrer k vezes o evento E e (n - k) vezes o
Evento Mutuamente Exclusivo
Os conjuntos dos eventos não possuem elementos em comum. evento é o produto: pk . (1 – p)n - k
A intersecção entre os dois conjuntos é vazia.
As k vezes do evento E e as (n – k) vezes do evento podem
Exemplo: Seja o experimento lançar um dado, os seguintes ocupar qualquer ordem. Então, precisamos considerar uma permu-
eventos são mutuamente exclusivos tação de n elementos dos quais há repetição de k elementos e de
A: ocorrer um número menor que 5, A = {1, 2, 3, 4}. (n – k) elementos, em outras palavras isso significa:
B: ocorrer um número maior que 5, A = {6}.

Probabilidade Condicional logo a probabilidade de


A probabilidade condicional relaciona as probabilidades entre ocorrer k vezes o evento E no n experimentos é dada:
eventos de um espaço amostral equiprovável. Nestas circunstâncias,
a ocorrência do evento A, depende ou, está condicionada a
ocorrência do evento B.
A probabilidade do evento A dado o evento B é definida por:
A lei binomial deve ser aplicada nas seguintes condições:

- O experimento deve ser repetido nas mesmas condições as n


vezes.
Onde o evento B não pode ser vazio. - Em cada experimento devem ocorrer os eventos E e .
- A probabilidade do E deve ser constante em todas as n vezes.
- Cada experimento é independente dos demais.

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MATEMÁTICA

Exemplo:
Lançando-se uma moeda 4 vezes, qual a probabilidade de ocor-
rência 3 caras?
Está implícito que ocorrerem 3 caras deve ocorrer uma coroa.
Umas das possíveis situações, que satisfaz o problema, pode ser:

Temos que:
n=4 Representação genérica de uma matriz
k=3 Costumamos representar uma matriz por uma letra maiúscula
(A, B, C...), indicando sua ordem no lado inferior direito da letra.
Quando desejamos indicar a ordem de modo genérico, fazemos uso
de letras minúsculas. Exemplo: Am x n.
Da mesma maneira, indicamos os elementos de uma matriz
Logo a probabilidade de que essa situação ocorra é dada por: pela mesma letra que a denomina, mas em minúscula. A linha e a
coluna em que se encontra tal elemento é indicada também no lado
, como essa não é a única situação de ocor- inferior direito do elemento. Exemplo: a11.
re 3 caras e 1 coroa. Vejamos:

Podemos também resolver da seguinte forma: manei-

Exemplo
ras de ocorrer o produto , portanto:
(PM/SE – Soldado 3ª Classe – FUNCAB) A matriz abaixo regis-
tra as ocorrências policiais em uma das regiões da cidade durante
uma semana.

MATRIZES, DETERMINANTES E SISTEMAS LINEARES: OPE-


RAÇÕES COM MATRIZES (ADIÇÃO, MULTIPLICAÇÃO POR
ESCALAR, TRANSPOSIÇÃO E PRODUTO); MATRIZ INVERSA;
DETERMINANTE DE UMA MATRIZ: DEFINIÇÃO E PRO- Sendo M=(aij)3x7 com cada elemento aij representando o núme-
PRIEDADES; E SISTEMAS DE EQUAÇÕES LINEARES ro de ocorrência no turno i do dia j da semana.
O número total de ocorrências no 2º turno do 2º dia, somando
como 3º turno do 6º dia e com o 1º turno do 7º dia será:
MATRIZES (A) 61
Uma matriz é uma tabela de números reais dispostos segundo (B) 59
linhas horizontais e colunas verticais. (C) 58
O conjunto ordenado dos números que formam a tabela, é de- (D) 60
nominado matriz, e cada número pertencente a ela é chamado de (E) 62
elemento da matriz.
Resolução:
Tipo ou ordem de uma matriz Turno i –linha da matriz
As matrizes são classificadas de acordo com o seu número de Turno j- coluna da matriz
linhas e de colunas. Assim, a matriz representada a seguir é deno- 2º turno do 2º dia – a22=18
minada matriz do tipo, ou ordem, 3 x 4 (lê-se três por quatro), pois 3º turno do 6º dia-a36=25
tem três linhas e quatro colunas. Exemplo: 1º turno do 7º dia-a17=19
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MATEMÁTICA

Somando:18+25+19=62
Resposta: E.

Igualdade de matrizes
Duas matrizes A e B são iguais quando apresentam a mesma ordem e seus elementos correspondentes forem iguais.

Operações com matrizes


Adição: somamos os elementos correspondentes das matrizes, por isso, é necessário que as matrizes sejam de mesma ordem. A=[aij]
mxn
; B = [bij]m x n, portanto C = A + B ⇔ cij = aij + bij.

Exemplo
(PM/SP – SARGENTO CFS – CETRO) Considere a seguinte sentença envolvendo matrizes:

Diante do exposto, assinale a alternativa que apresenta o valor de y que torna a sentença verdadeira.
(A) 4.
(B) 6.
(C) 8.
(D) 10.

Resolução:

y=10
Resposta: D.

Multiplicação por um número real: sendo k ∈ R e A uma matriz de ordem m x n, a matriz k . A é obtida multiplicando-se todos os
elementos de A por k.

Subtração: a diferença entre duas matrizes A e B (de mesma ordem) é obtida por meio da soma da matriz A com a oposta de B.

Multiplicação entre matrizes: consideremos o produto A . B = C. Para efetuarmos a multiplicação entre A e B, é necessário, antes de
mais nada, determinar se a multiplicação é possível, isto é, se o número de colunas de A é igual ao número de linhas de B, determinando
a ordem de C: Am x n x Bn x p = Cm x p, como o número de colunas de A coincide com o de linhas de B(n) então torna-se possível o produto, e a
matriz C terá o número de linhas de A(m) e o número de colunas de B(p)

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MATEMÁTICA

De modo geral, temos:

Exemplo:
(CPTM – ALMOXARIFE – MAKIYAMA) Assinale a alternativa que apresente o resultado da multiplicação das matrizes A e B abaixo:

(A)

(B)

(C)

(D)

(E)

Resolução:

Resposta: B.
Casos particulares
Matriz identidade ou unidade: é a matriz quadrada que possui os elementos de sua diagonal principal iguais a 1 e os demais elemen-
tos iguais a 0. Indicamos a matriz identidade de Ιn, onde n é a ordem da matriz.

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MATEMÁTICA

Matriz transposta: é a matriz obtida pela troca ordenada de linhas por colunas de uma matriz. Dada uma matriz A de ordem m x n,
obtém-se uma outra matriz de ordem n x m, chamada de transposta de A. Indica-se por At.

Exemplo:
(CPTM – ANALISTA DE COMUNICAÇÃO JÚNIOR – MAKIYAMA) Para que a soma de uma matriz e sua respectiva matriz transposta At
em uma matriz identidade, são condições a serem cumpridas:
(A) a=0 e d=0
(B) c=1 e b=1
(C) a=1/c e b=1/d
(D) a²-b²=1 e c²-d²=1
(E) b=-c e a=d=1/2

Resolução:

2a=1
a=1/2
b+c=0
b=-c
2d=1
D=1/2
Resposta: E.

Matriz inversa: dizemos que uma matriz quadrada A, de ordem n, admite inversa se existe uma matriz A-1, tal que:

DETERMINANTES

Determinante é um número real associado a uma matriz quadrada. Para indicar o determinante, usamos barras. Seja A uma matriz
quadrada de ordem n, indicamos o determinante de A por:

Determinante de uma matriz de 1ª- ordem


A matriz de ordem 1 só possui um elemento. Por isso, o determinante de uma matriz de 1ª ordem é o próprio elemento.

Determinante de uma matriz de 2ª- ordem


Em uma matriz de 2ª ordem, obtém-se o determinante por meio da diferença do produto dos elementos da diagonal principal pelo
produto dos elementos da diagonal secundária.
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MATEMÁTICA

Exemplo:
(PM/SP – SARGENTO CFS – CETRO) É correto afirmar que o determinante é igual a zero para x igual a
(A) 1.
(B) 2.
(C) -2.
(D) -1.

Resolução:
D = 4 - (-2x)
0 = 4 + 2x
x=-2
Resposta: C.

Regra de Sarrus
Esta técnica é utilizada para obtermos o determinante de matrizes de 3ª ordem. Utilizaremos um exemplo para mostrar como aplicar
a regra de Sarrus. A regra de Sarrus consiste em:
a) Repetir as duas primeiras colunas à direita do determinante.
b) Multiplicar os elementos da diagonal principal e os elementos que estiverem nas duas paralelas a essa diagonal, conservando os
sinais desses produtos.
c) Efetuar o produto dos elementos da diagonal secundária e dos elementos que estiverem nas duas paralelas à diagonal e multipli-
cá-los por -1.
d) Somar os resultados dos itens b e c. E assim encontraremos o resultado do determinante.

Simplificando temos:

Exemplo:
(PREF. ARARAQUARA/SP – AGENTE DA ADMINISTRAÇÃO DOS SERVIÇOS DE SANEAMENTO – CETRO)

Dada a matriz , onde , assinale a alternativa que apresenta o valor do determinante de A é


(A) -9.
(B) -8.
(C) 0.
(D) 4.

Resolução:

detA = - 1 – 4 + 2 - (2 + 2 + 2) = - 9
Resposta: A.
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MATEMÁTICA

Teorema de Laplace
Para matrizes quadradas de ordem n ≥ 2, o teorema de Laplace oferece uma solução prática no cálculo dos determinantes. Pelo teo-
rema, o determinante de uma matriz quadrada A de ordem n (n ≥ 2) é igual à soma dos produtos dos elementos de uma linha ou de uma
coluna qualquer, pelos respectivos co-fatores.

Exemplo:

Dada a matriz quadrada de ordem 3, , vamos calcular det A usando o teorema de Laplace.

Podemos calcular o determinante da matriz A, escolhendo qualquer linha ou coluna. Por exemplo, escolhendo a 1ª linha, teremos:
det A = a11. A11 + a12. A12 + a13. A13

Portanto, temos que:


det A = 3. (-21) + 2. 6 + 1. (-12) ⇒ det A = -63 + 12 – 12 ⇒ det A = -63

Exemplo:
(TRANSPETRO – ENGENHEIRO JÚNIOR – AUTOMAÇÃO – CESGRANRIO) Um sistema dinâmico, utilizado para controle de uma rede
automatizada, forneceu dados processados ao longo do tempo e que permitiram a construção do quadro abaixo.

1 3 2 0
3 1 0 2
2 3 0 1
0 2 1 3

A partir dos dados assinalados, mantendo-se a mesma disposição, construiu-se uma matriz M. O valor do determinante associado à
matriz M é
(A) 42
(B) 44
(C) 46
(D) 48
(E) 50

Resolução:

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MATEMÁTICA

Como é uma matriz 4x4 vamos achar o determinante através do teorema de Laplace. Para isso precisamos, calcular os cofatores.
Dica: pela fileira que possua mais zero. O cofator é dado pela fórmula: Para o determinante é usado os números que
sobraram tirando a linha e a coluna.

A13=2.23=46

A43=1.2=2
D = 46 + 2 = 48

Resposta: D.

Determinante de uma matriz de ordem n > 3


Para obtermos o determinante de matrizes de ordem n > 3, utilizamos o teorema de Laplace e a regra de Sarrus. Exemplo:

Escolhendo a 1ª linha para o desenvolvimento do teorema de Laplace. Temos então:


det A = a11. A11 + a12. A12 + a13. A13 + a14. A14

Como os determinantes são, agora, de 3ª ordem, podemos aplicar a regra de Sarrus em cada um deles. Assim:
det A= 3. (188) - 1. (121) + 2. (61) ⇒ det A = 564 - 121 + 122 ⇒ det A = 565
Propriedades dos determinantes
a) Se todos os elementos de uma linha ou de uma coluna são nulos, o determinante é nulo.

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MATEMÁTICA

b) Se uma matriz A possui duas linhas ou duas colunas iguais,


então o determinante é nulo.

Sistemas Lineares equivalentes


Dois sistemas lineares que admitem o mesmo conjunto solução
c) Em uma matriz cuja linha ou coluna foi multiplicada por um são ditos equivalentes. Por exemplo:
número k real, o determinante também fica multiplicado pelo mes-
mo número k.

São equivalentes, pois ambos têm o mesmo conjunto solução


S={(1,2)}
Denominamos solução do sistema linear toda sequência or-
denada de números reais que verifica, simultaneamente, todas as
equações do sistema.
Dessa forma, resolver um sistema significa encontrar todas as
sequências ordenadas de números reais que satisfaçam as equa-
d) Para duas matrizes quadradas de mesma ordem, vale a se- ções do sistema.
guinte propriedade:
det (A. B) = det A + det B. Matriz Associada a um Sistema Linear
Dado o seguinte sistema:
e) Uma matriz quadrada A será inversível se, e somente se, seu
determinante for diferente de zero.

SISTEMA DE EQUAÇÕES LINEARES


Um sistema de equações lineares mxn é um conjunto de m
equações lineares, cada uma delas com n incógnitas. Matriz incompleta

Classificação
Em que:
1. Sistema Possível e Determinado

O par ordenado (2, 1) é solução da equação, pois

Sistema Linear 2 x 2
Chamamos de sistema linear 2 x 2 o con­junto de equações line-
ares a duas incógnitas, consideradas simultaneamente.
Todo sistema linear 2 x 2 admite a forma geral abaixo: Como não existe outro par que satisfaça simultaneamente as
duas equações, dizemos que esse sistema é SPD(Sistema Possível e
a1 x + b1 y = c1 Determinado), pois possui uma única solução.

a2 + b2 y = c2

Sistema Linear 3x3


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MATEMÁTICA

2. Sistema Possível e Indeterminado Inicialmente, trocamos a posição das equações, pois é conve-
niente ter o coeficiente igual a 1 na primeira equação.

Esse tipo de sistema possui infinitas soluções, os valores de x


e y assumem inúmeros valores. Observe o sistema a seguir, x e y Depois eliminamos a incógnita x da segunda equação
podem assumir mais de um valor, (0,4), (1,3), (2,2), (3,1) e etc. Multiplicando a equação por -2:

3. Sistema Impossível

Somando as duas equações:

Não existe um par real que satisfaça simultaneamente as duas


equações. Logo o sistema não tem solução, portanto é impossível.

Sistema Escalonado
Sistema Linear Escalonado é todo sistema no qual as incógnitas Sistemas com Número de Equações Igual ao Número de In-
das equações lineares estão escritas em uma mesma ordem e o 1º cógnitas
coeficiente não-nulo de cada equação está à direita do 1º coeficien- Quando o sistema linear apresenta nº de equações igual ao nº
te não-nulo da equação anterior. de incógnitas, para discutirmos o sistema, inicialmente calculamos
o determinante D da matriz dos coeficientes (incompleta), e:
Exemplo – Se D ≠ 0, o sistema é possível e determinado.
Sistema 2x2 escalonado. – Se D = 0, o sistema é possível e indeterminado ou impossível.

Para identificarmos se o sistema é possível, indeterminado ou


impossível, devemos conseguir um sistema escalonado equivalente
pelo método de eliminação de Gauss.

Sistema 3x3 Exemplos


A primeira equação tem três coeficientes não-nulos, a segunda - Discutir, em função de a, o sistema:
tem dois e a terceira, apenas um.

Resolução
Sistema 2x3
1 3
D= = a−6
2 a

Resolução de um Sistema Linear por Escalonamento D = 0⇒ a−6 = 0⇒ a = 6


Podemos transformar qualquer sistema linear em um outro
equivalente pelas seguintes transformações elementares, realiza- Assim, para a ≠ 6, o sistema é possível e determinado.
das com suas equações: Para a ≠ 6, temos:
– Trocas as posições de duas equações
x + 3 y = 5
– Multiplicar uma das equações por um número real diferente  x + 3 y = 5
de 0. 2 x + 6 y = 1 ~
– Multiplicar uma equação por um número real e adicionar o  ← −2 0 x + 0 y = −9

resultado a outra equação.

Exemplo Que é um sistema impossível.


Assim, temos:
a ≠ 6 → SPD (Sistema possível e determinado)
a = 6 → SI (Sistema impossível)

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MATEMÁTICA

Regra de Cramer Propriedades das Progressões Aritméticas


-Qualquer termo de uma PA, a partir do segundo, é a média
aritmética entre o anterior e o posterior.
Consideramos os sistema .

Suponhamos que a ≠ 0. Observamos que a matriz incompleta


desse sistema é , cujo determinante é indicado por D =
ad – bc.
-A soma de dois termos equidistantes dos extremos é igual à
Se substituirmos em M a 2ª coluna (dos coeficientes de y) pela soma dos extremos.
coluna dos coeficientes independentes, obteremos ,cujo de- a1 + an = a2 + an-1 = a3 + an-2
terminante é indicado por Dy = af – ce.
Termo Geral da PA
Podemos escrever os elementos da PA(a1, a2, a3, ..., an,...) da
Assim, . seguinte forma:
a2 = a1 + r
Substituindo esse valor de y na 1ª equação de (*) e consideran- a3 = a2 + r = a1 + 2r
do a matriz , cujo determinante é indicado por Dx = ed – bf, a4 = a3 + r = a1 + 3r
obtemos , D ≠ 0.
Observe que cada termo é obtido adicionando-se ao primeiro
número de razões r igual à posição do termo menos uma unidade.
SEQUÊNCIAS NUMÉRICAS E PROGRESSÕES: SEQUÊNCIAS an = a1 + (n - 1)r
NUMÉRICAS; PROGRESSÕES ARITMÉTICAS: TERMO GE-
RAL, SOMA DOS TERMOS E PROPRIEDADES; E PROGRES- Soma dos Termos de uma Progressão Aritmética
SÕES GEOMÉTRICAS (FINITAS E INFINITAS): TERMO GE- Considerando a PA finita (6,10, 14, 18, 22, 26, 30, 34).
RAL, SOMADOS TERMOS E PROPRIEDADES 6 e 34 são extremos, cuja soma é 40

SEQUÊNCIAS
Sempre que estabelecemos uma ordem para os elementos de
um conjunto, de tal forma que cada elemento seja associado a uma
posição, temos uma sequência. Numa PA finita, a soma de dois termos equidistantes dos extre-
O primeiro termo da sequência é indicado por a1,o segundo por mos é igual à soma dos extremos.
a2, e o n-ésimo por an.
Soma dos Termos
Termo Geral de uma Sequência Usando essa propriedade, obtemos a fórmula que permite cal-
Algumas sequências podem ser expressas mediante uma lei de cular a soma dos n primeiros termos de uma progressão aritmética.
formação. Isso significa que podemos obter um termo qualquer da
sequência a partir de uma expressão, que relaciona o valor do ter-
mo com sua posição.
Para a posição n(n ϵ N*), podemos escrever an=f(n)

PROGRESSÃO ARITMÉTICA Sn - Soma dos primeiros termos


Denomina-se progressão aritmética(PA) a sequência em que a1 - primeiro termo
cada termo, a partir do segundo, é obtido adicionando-se uma cons- an - enésimo termo
tante r ao termo anterior. Essa constante r chama-se razão da PA. n - número de termos
an = an-1 + r(n ≥ 2)
Exemplo
Exemplo Uma progressão aritmética finita possui 39 termos. O último é
A sequência (2,7,12) é uma PA finita de razão 5: igual a 176 e o central e igual a 81. Qual é o primeiro termo?
a1 = 2
a2 = 2 + 5 = 7 Solução
a3 = 7 + 5 = 12 Como esta sucessão possui 39 termos, sabemos que o termo
central é o a20, que possui 19 termos à sua esquerda e mais 19 à sua
Classificação direita. Então temos os seguintes dados para solucionar a questão:
As progressões aritméticas podem ser classificadas de acordo
com o valor da razão r.
r < 0, PA decrescente
r > 0, PA crescente
r = 0, PA constante

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MATEMÁTICA

Sabemos também que a soma de dois termos equidistantes 1º Caso: q=1


dos extremos de uma P.A. finita é igual à soma dos seus extremos.
Como esta P.A. tem um número ímpar de termos, então o termo Sn = n . a 1
central tem exatamente o valor de metade da soma dos extremos.
Em notação matemática temos: 2º Caso: q≠1

Exemplo
Dada a progressão geométrica (1, 3, 9, 27,..) calcular:
a) A soma dos 6 primeiros termos
b) O valor de n para que a soma dos n primeiros termos seja
29524

Solução:
Assim sendo: a1 = 1; q = 3; n = 6
O primeiro termo desta sucessão é igual a -14.

PROGRESSÃO GEOMÉTRICA
Denomina-se progressão geométrica(PG) a sequência em que
se obtém cada termo, a partir do segundo, multiplicando o anterior
por uma constante q, chamada razão da PG.

Exemplo
Dada a sequência: (4, 8, 16)
a1 = 4
a2 = 4 . 2 = 8
a3 = 8 . 2 = 16

Classificação
As classificações geométricas são classificadas assim:
- Crescente: Quando cada termo é maior que o anterior. Isto
ocorre quando a1 > 0 e q > 1 ou quando a1 < 0 e 0 < q < 1.
- Decrescente: Quando cada termo é menor que o anterior. Isto
ocorre quando a1 > 0 e 0 < q < 1 ou quando a1 < 0 e q > 1.
- Alternante: Quando cada termo apresenta sinal contrário ao
do anterior. Isto ocorre quando q < 0.
- Constante: Quando todos os termos são iguais. Isto ocorre
quando q = 1. Uma PG constante é também uma PA de razão r = 0.
A PG constante é também chamada de PG estacionaria. Soma dos Termos de uma Progressão Geométrica Infinita
- Singular: Quando zero é um dos seus termos. Isto ocorre
quando a1 = 0 ou q = 0. 1º Caso:-1 < q < 1

Termo Geral da PG
Pelo exemplo anterior, podemos perceber que cada termo é
obtido multiplicando-se o primeiro por uma potência cuja base é
a razão. Note que o expoente da razão é igual à posição do termo
menos uma unidade. Quando a PG infinita possui soma finita, dizemos que a série é
convergente.
a2 = a1 . q2-1
a3 = a1 . q3-1 2º Caso: |q| > 1
A PG infinita não possui soma finita, dizemos que a série é di-
Portanto, o termo geral é: vergente
an = a1 . qn-1
3º Caso: |q| = 1
Soma dos Termos de uma Progressão Geométrica Finita Também não possui soma finita, portanto divergente
Seja a PG finita (a1, a1q, a1q2, ...)de razão q e de soma dos ter-
mos Sn:
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MATEMÁTICA

Produto dos termos de uma PG finita

GEOMETRIA ESPACIAL DE POSIÇÃO: POSIÇÕES RELATIVAS ENTRE DUAS RETAS; POSIÇÕES RELATIVAS ENTRE DOIS PLANOS;
POSIÇÕES RELATIVAS ENTRE RETA E PLANO; PERPENDICULARIDADE ENTRE DUAS RETAS, ENTRE DOIS PLANOS E ENTRE RETA
E PLANO; E PROJEÇÃO ORTOGONAL

GEOMETRIA DE POSIÇÃO
Ponto, reta e plano são fundamentos iniciais da Geometria. Na Geometria de Posição, os postulados são agrupados em quatro cate-
gorias principais:
Lembre-se: um postulado é uma proposição aceita sem prova, reconhecida como verdadeira sem necessidade de demonstração. Já
um teorema é uma proposição que pode ser comprovada com base em postulados e teoremas anteriormente estabelecidos.

Postulados da Existência
a) O espaço contém infinitos pontos, retas e planos. (Este é conhecido como o postulado fundamental da geometria de posição).
b) Existem infinitos pontos tanto numa reta quanto fora dela.
c) Existem infinitos pontos e retas tanto num plano quanto fora dele.
d) Entre dois pontos distintos sempre é possível encontrar um outro ponto.

Postulados da Determinação
a) Dois pontos distintos sempre determinam uma única reta. (A ênfase é na condição de serem “distintos”).
b) Três pontos que não estejam numa mesma linha (não colineares) determinam um único plano. Como decorrência desse postulado,
também temos:
b.1) Uma reta e um ponto fora dela determinam um único plano.
b.2) Duas retas paralelas distintas determinam um único plano.
b.3) Duas retas que se cruzam determinam um único plano.

Postulado da Inclusão
Se dois pontos distintos de uma reta estão contidos em um plano, então toda a reta está contida nesse plano.

Postulados da Divisão
a) Um ponto divide uma reta em duas semirretas opostas.
b) Uma reta divide um plano em dois semiplanos distintos.
c) Um plano divide o espaço em dois semiespaços distintos.

Estudo das Posições Relativas


Agora, analisaremos as posições relativas entre duas retas; entre dois planos; e entre uma reta e um plano
I) Posições relativas entre duas retas:

Coplanares (mesmo plano):


– Paralelas distintas: não compartilham nenhum ponto em comum.
– Paralelas coincidentes: compartilham todos os pontos em comum, essencialmente são a mesma reta colocada sobre a outra.

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MATEMÁTICA

– Concorrentes: se cruzam em algum ponto.

Não coplanares:

– Reversas
Nota: Quando duas retas concorrentes formam um ângulo de 90 graus entre si, são denominadas retas perpendiculares.
a) Retas não coplanares: situam-se em planos diferentes. Elas são:
– Retas Reversas: duas retas são consideradas reversas se não compartilham um mesmo plano, implicando que não possuem pontos
em comum.

Nota: duas retas reversas que estabelecem entre si um ângulo de 90 graus são referidas como ortogonais.
É possível observar que tanto retas paralelas distintas quanto retas reversas não compartilham pontos em comum. Portanto, essa
ausência de interseção não é suficiente para diferenciá-las, embora seja um requisito necessário.
Para distinguir entre paralelas distintas e reversas, consideramos duas condições:
b) Retas paralelas distintas: não compartilham pontos em comum e estão contidas no mesmo plano (coplanares).
c) Retas reversas: também não compartilham pontos em comum, mas não estão contidas no mesmo plano (não coplanares).

II) Posições relativas entre reta e plano:


a) Reta paralela ao plano: a reta não compartilha nenhum ponto com o plano, ou seja, a interseção da reta com o plano resulta em
um conjunto vazio.

Nota: uma reta que é paralela a um plano encontra-se paralela a infinitas retas dentro desse plano, porém não a todas as retas do
plano.

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MATEMÁTICA

b) Reta contida no plano: compartilha todos os seus pontos com o plano, estando em conformidade com o postulado da Inclusão.
Assim, a intersecção da reta com o plano corresponde à própria reta.

c) Reta secante (ou incidente) ao plano: intersecta o plano em um único ponto. A interseção da reta com o plano é representada pelo
ponto P. Quando dois planos distintos compartilham uma reta, esses planos são denominados planos secantes (ou concorrentes).

Se r é secante a α, podemos dizer também que r e α são secantes.


Resumindo, temos:

III) Posições relativas entre dois planos:


– Postulado: se dois planos distintos compartilham um ponto, então necessariamente compartilham pelo menos dois pontos distin-
tos. Isso permite determinar um plano a partir de:

a) Planos paralelos: não possuem pontos em comum. A interseção entre esses planos resulta em um conjunto vazio.
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MATEMÁTICA

b) Planos coincidentes: compartilham todos os seus pontos.


c) Planos secantes (ou incidentes): compartilham uma única reta. A interseção entre esses planos é representada por essa reta. Eles
podem ser classificados como oblíquos (quando formam entre si um ângulo diferente de 90°) ou perpendiculares (quando formam entre
si um ângulo de 90°).

Resumindo:

Nota: consideramos duas retas coincidentes como sendo retas paralelas idênticas, e dois planos coincidentes como sendo planos
paralelos idênticos. Portanto, é importante estar atento a declarações que mencionam retas ou planos paralelos.

Perpendicularismo no Espaço
– Retas perpendiculares: reconhece-se que duas retas distintas no espaço podem ser classificadas como paralelas, concorrentes ou
reversas. Quando são concorrentes e estabelecem quatro ângulos retos (90°) entre si, tais retas são definidas como perpendiculares.

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MATEMÁTICA

Pelo cubo, podemos visualizar:

Observando as retas reversas a e b no contexto de um cubo, juntamente com a reta c, que é paralela à reta a e concorrente com a reta
b, podemos inferir uma disposição espacial onde as relações de paralelismo e concorrência definem as posições relativas das retas dentro
da estrutura tridimensional. A reta c, ao ser paralela a a, não intersecta a em nenhum ponto, ao passo que, ao ser concorrente com b,
intersecta b exatamente em um ponto, demonstrando a complexidade das relações geométricas no espaço.

– Reta e Plano Perpendiculares: uma reta que cruza um plano é considerada perpendicular a esse plano se, e somente se, ela formar
um ângulo de 90 graus (ângulo reto) com todas as retas contidas no plano que cruzam o ponto de intersecção.

Resumindo:

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MATEMÁTICA

– Planos Perpendiculares: um plano é considerado perpendicular a outro se, e somente se, houver ao menos uma reta contida em um
dos planos que seja perpendicular ao outro plano.

Consequências:
– Se uma reta é perpendicular a um plano, então todos os planos que contêm essa reta também são perpendiculares ao plano inicial.

– Se dois planos, α e β, são oblíquos e a reta r está contida em α, então r não é perpendicular a β.

Projeção ortogonal sobre um plano


A projeção ortogonal de um ponto P sobre um plano α é definida como o ponto P′ tal que P′∈α e a reta formada por PP′ é perpendi-
cular (⊥) ao plano α.

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A projeção ortogonal de uma figura geométrica sobre um plano consiste no conjunto das projeções ortogonais de todos os pontos
dessa figura no referido plano. Por exemplo, considerando um paralelepípedo ABCDEFGH, o quadrilátero MNPQ ilustra as projeções orto-
gonais de todos os pontos do paralelepípedo sobre o plano α. Portanto, o quadrilátero MNPQ é a representação da projeção ortogonal do
paralelepípedo sobre o plano α.

Em figuras diversas temos:

GEOMETRIA ESPACIAL MÉTRICA: PRISMAS: CONCEITO, ELEMENTOS, CLASSIFICAÇÃO, ÁREAS E VOLUMES E TRONCOS; PIRÂ-
MIDE: CONCEITO, ELEMENTOS, CLASSIFICAÇÃO, ÁREAS E VOLUMES E TRONCOS; CILINDRO: CONCEITO, ELEMENTOS, CLAS-
SIFICAÇÃO, ÁREAS E VOLUMES E TRONCOS; CONE: CONCEITO, ELEMENTOS, CLASSIFICAÇÃO, ÁREAS E VOLUMES E TRON-
COS; ESFERA: ELEMENTOS, SEÇÃO DA ESFERA, ÁREA, VOLUMES E PARTES DA ESFERA; E INSCRIÇÃO E CIRCUNSCRIÇÃO DE
SÓLIDOS

VOLUMES E ÁREAS

Cilindros
Considere dois planos, α e β, paralelos, um círculo de centro O contido num deles, e uma reta s concorrente com os dois.
Chamamos cilindro o sólido determinado pela reunião de todos os segmentos paralelos a s, com extremidades no círculo e no outro
plano.
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MATEMÁTICA

Classificação
-Reto: eixo VO perpendicular à base;
Pode ser obtido pela rotação de um triângulo retângulo em tor-
no de um de seus catetos. Por isso o cone reto é também chamado
de cone de revolução.
Quando a geratriz de um cone reto é 2R, esse cone é denomi-
nado cone equilátero.

Classificação
Reto: Um cilindro se diz reto ou de revolução quando as geratri-
zes são perpendiculares às bases.
Quando a altura é igual a 2R(raio da base) o cilindro é equilá-
tero. g2 = h2 + r2
Oblíquo: faces laterais oblíquas ao plano da base.
-Oblíquo: eixo não é perpendicular

Área
Área da base: Sb=πr² Área

Volume
Volume

Cones
Na figura, temos um plano α, um círculo contido em α, um pon-
to V que não pertence ao plano. Pirâmides
A figura geométrica formada pela reunião de todos os segmen- As pirâmides são também classificadas quanto ao número de
tos de reta que tem uma extremidade no ponto V e a outra num lados da base.
ponto do círculo denomina-se cone circular.

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MATEMÁTICA

Área e Volume PRISMA RETO PRISMA OBLÍQUO


Área lateral: Sl = n. área de um triângulo

Onde n = quantidade de lados

Stotal = Sb + Sl

Prismas
Considere dois planos α e β paralelos, um polígono R contido
Classificação pelo polígono da base
em α e uma reta r concorrente aos dois.

TRIANGULAR QUADRANGULAR

E assim por diante...


Chamamos prisma o sólido determinado pela reunião de todos
os segmentos paralelos a r, com extremidades no polígono R e no Paralelepípedos
plano β. Os prismas cujas bases são paralelogramos denominam-se pa-
ralelepípedos.

PARALELEPÍPEDO RETO PARALELEPÍPEDO OBLÍQUO

Cubo é todo paralelepípedo retângulo com seis faces quadra-


das.
Assim, um prisma é um poliedro com duas faces congruentes e
paralelas cujas outras faces são paralelogramos obtidos ligando-se
os vértices correspondentes das duas faces paralelas.

Classificação

Reto: Quando as arestas laterais são perpendiculares às bases


Oblíquo: quando as faces laterais são oblíquas à base.

Prisma Regular
Se o prisma for reto e as bases forem polígonos regulares, o
prisma é dito regular.
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MATEMÁTICA

As faces laterais são retângulos congruentes e as bases são congruentes (triângulo equilátero, hexágono regular,...)

Área
Área cubo: St = 6a2

Área paralelepípedo: St = 2(ab + ac + bc)

A área de um prisma: St = 2Sb + St

Onde: St = área total


Sb = área da base
Sl = área lateral, soma-se todas as áreas das faces laterais.

Volume
Paralelepípedo: V = a . b . c
Cubo: V = a³

Demais: V = Sb . h

Esferas

INSCRIÇÃO E CIRCUNSCRIÇÃO
Fazemos uso, quando uma figura espacial está inscrita ou circunscrita em outra. Conseguimos extrair as seguintes relações:

Esfera inscrita em um poliedro


Uma esfera é considerada inscrita em um poliedro se, e somente se, ela tangencia todas as faces do poliedro. Quando isso ocorre, o
poliedro também é descrito como circunscrito em torno da esfera.
– Esfera inscrita numa pirâmide regular de base quadrada: no caso específico de uma esfera inscrita em uma pirâmide regular com
base quadrada, a esfera inscrita toca a pirâmide somente nos pontos médios de suas faces, incluindo a base e as faces laterais.
Aqui, r representa o raio da esfera que coincide com o raio do círculo inscrito na base quadrada da pirâmide, l é o comprimento do lado
da base quadrada, e h é a altura da pirâmide, que é a distância perpendicular do vértice da pirâmide até o plano da base.

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MATEMÁTICA

O triângulo VPO, que é retângulo em P, é identificado como idêntico ao triângulo VAM, sendo este retângulo em A. Essa comparação
revela que o comprimento de VM é igual a g e o comprimento de VO é h−r. Portanto, podemos afirmar:

– Esfera inscrita no cone: levando em conta que a esfera inscrita no cone tem r como o raio, h como a altura e g como a geratriz,
observamos:

Ao seccionar o cone por um plano que inclui seu eixo, obtemos um círculo de raio r inscrito em um triângulo isósceles, cujos lados
congruentes medem 2r e cuja altura é h, estando estas dimensões em proporção com a geratriz g.

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MATEMÁTICA

No triângulo com lados ABC, temos:

Ao observar o triângulo ADO, que é retângulo em D, percebe-se uma semelhança com o triângulo ABC, também retângulo em B. A
partir dessa correspondência entre os triângulos, identificamos que AO é igual a h−r, da seguinte maneira:

– Esfera inscrita no cilindro: a esfera inserida dentro de um cilindro tem r como seu raio e h como sua altura.

a) O raio da base do cilindro e igual ao raio da esfera.

b) A altura do cilindro é o dobro da altura da esfera.


– Esfera circunscrita a um cilindro circular reto: uma esfera está circunscrita em torno de um cilindro circular reto quando, e apenas
quando, as circunferências das bases do cilindro se encontram na superfície da esfera. Sob essas condições, também se afirma que o
cilindro está inscrito dentro da esfera.

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MATEMÁTICA

Exemplo: em uma esfera, está inscrita um cilindro reto cuja altura mede 20 cm e cujo raio da base mede 8cm. Calcule a área da su-
perfície dessa esfera.

Resolução:
Na figura, temos que (2R)2 = (20)2 + 162 → 4R2 = 400 + 256 → R2 = 164 → R = 2√41 cm
A área da superfície da esfera é igual a 4π.(2√41)2 = 656π cm2

– Esfera inscrita no cubo: quando temos um cubo ABCDEFGH com um raio r e uma aresta de comprimento a, observamos:

Exemplo: uma esfera está inscrita em um cubo cujo o volume é igual a 64 dm³. Calcule o volume da esfera.
Resolução:
Sendo “a” a medida das arestas do cubo, temos que a3 = 64dm → a = 4dm.
Assim, a medida do raio da esfera é a = 2.R, portanto, R = 2 dm e seu volume é igual a:

Então:

– Esfera circunscrita a um cubo: ao considerar um cubo ABCDEFGH que se enquadra dentro de uma esfera de raio r e cujas arestas
têm comprimento a, estabelecemos:

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MATEMÁTICA

Uma seção do cubo possui pontos A, C e o centro possui os pontos ACGE de tamanhos a√2 e a num círculo com raio r, assim:

O triângulo retângulo possui os pontos EGC de catetos a√2, e a e hipotenusa 2R.


Ao empregarmos o teorema de Pitágoras nesse triângulo teremos:

– Esfera circunscrita a um octaedro regular: ao considerar uma esfera com raio R circunscrita a um octaedro regular de aresta a, uma
seção plana que inclui uma aresta do octaedro e atravessa o centro da esfera cria um círculo. Este círculo está circunscrito em torno de um
quadrado. A diagonal desse quadrado corresponde ao diâmetro da esfera.

– Esfera inscrita em um octaedro regular: ao considerar uma esfera de raio r inscrita em um octaedro regular com aresta a, uma
secção plana que atravessa um vértice V do octaedro, o centro O da esfera e intersecta uma aresta em seu ponto médio M resulta em um
círculo inscrito dentro de um losango.

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MATEMÁTICA

– Esfera circunscrita a um cone circular reto: a esfera inscrita em um cone, que possui um raio de base R, tem r como seu raio e h
como sua altura.

Ao seccionar o sólido e dispor suas partes sobre um plano, obtemos um triângulo isósceles VAB, cuja base mede 2r e cuja altura é h,
situados em relação ao raio R. Portanto:

Na figura,
– (O) = o ponto central da esfera.
– (M) = centro da base do cone.
Notando que o triângulo OMA é retângulo, teremos:

– Esfera inscrita em um cone circular reto: uma esfera está inscrita em um cone circular reto quando, e apenas quando, ela tangencia
todas as geratrizes e a base do cone. Sob essas condições, também se afirma que o cone está circunscrito em torno da esfera.
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MATEMÁTICA

GEOMETRIA ANALÍTICA PLANA: PONTO: O PLANO CARTE-


SIANO, DISTÂNCIA ENTRE DOIS PONTOS, PONTO MÉDIO
DE SEGMENTO E CONDIÇÃO DE ALINHAMENTO DE TRÊS
PONTOS; RETA: EQUAÇÕES GERAL E REDUZIDA, INTERSE-
ÇÃO DE RETAS, PARALELISMO E PERPENDICULARIDADE E
ÂNGULO ENTRE DUAS RETAS, DISTÂNCIA ENTRE PONTO
E RETA E DISTÂNCIA ENTRE DUAS RETAS, BISSETRIZES DO
ÂNGULO ENTRE DUAS RETAS, ÁREA DE UM TRIÂNGULO E
INEQUAÇÕES DO PRIMEIRO GRAU COM DUAS VARIÁVEIS;
CIRCUNFERÊNCIA: EQUAÇÕES GERAL E REDUZIDA, POSI-
ÇÕES RELATIVAS ENTRE PONTO E CIRCUNFERÊNCIA, RETA
E CIRCUNFERÊNCIA E DUAS CIRCUNFERÊNCIAS; PROBLE-
MAS DE TANGÊNCIA; E EQUAÇÕES E INEQUAÇÕES DO SE-
GUNDO GRAU COM DUAS VARIÁVEIS; ELIPSE: DEFINIÇÃO,
EQUAÇÃO, POSIÇÕES RELATIVAS ENTRE PONTO E ELIPSE,
Cilindro inscrito no cubo POSIÇÕES RELATIVAS ENTRE RETA E ELIPSE; HIPÉRBOLE:
Quando R representa o raio da base e h representa a altura, DEFINIÇÃO, EQUAÇÃO DA HIPÉRBOLE, POSIÇÕES RELA-
ambos relacionados pela medida da aresta a, então podemos es- TIVAS ENTRE PONTO E HIPÉRBOLE, POSIÇÕES RELATI-
tabelecer: VAS ENTRE RETA E HIPÉRBOLE E EQUAÇÕES DAS AS-
SÍNTOTAS DA HIPÉRBOLE; PARÁBOLA: DEFINIÇÃO,
EQUAÇÃO, POSIÇÕES RELATIVAS ENTRE PONTO E
PARÁBOLA, POSIÇÕES RELATIVAS ENTRE RETA E
PARÁBOLA; E RECONHECIMENTO DE CÔNICAS A
PARTIR DE SUA EQUAÇÃO GERAL

Estudo do Ponto

– Cubo inscrito no cilindro: a altura do cilindro é igual à aresta


do cubo, enquanto o raio R da base do cilindro é igual à metade da
diagonal de um quadrado com lado a. Assim sendo:

Podemos localizar um ponto P em um plano α utilizando um


sistema de eixos cartesianos.
- A é a abscissa do ponto P
- B é a ordenada do ponto P
- P ϵ 1ºQuad

Fonte: www.matematicadidatica.com.br

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MATEMÁTICA

1º Quadrante: x>o e y>o Três pontos estão alinhados se, e somente se, pertencerem à
2º Quadrante: x<0 e y>0 mesma reta.
3º Quadrante: x<0 e y<0
4º Quadrante: x>0 e y>0

Para representar o par ordenado P(x,y)


Vale a pena lembrar que o eixo x é chamado de abscissa e o
eixo y de ordenada.

Exemplo: Um P(3,-1) está em qual quadrante?


x>0 e y<0 IV quadrante.

Distância entre Dois Pontos Para verificarmos se os pontos estão alinhados, podemos uti-
Dados os pontos P(xp,yp) e Q(xq,yq), a distância dAB entre eles é lizar a construção gráfica determinando os pontos de acordo com
uma função das coordenadas de P e Q: suas coordenadas posicionais. Outra forma de determinar o alinha-
mento dos pontos é através do cálculo do determinante pela regra
de Sarrus envolvendo a matriz das coordenadas.

Exemplo
Dados os pontos A (2, 5), B (3, 7) e C (5, 11), vamos determinar
se estão alinhados.

(14 + 25 + 33)–(35 + 22 + 15)


72 – 72 = 0
Os pontos somente estarão alinhados se o determinante da
Ponto Médio matriz quadrada calculado pela regra de Sarrus for igual a 0.

Estudo da Reta
Cálculo do coeficiente angular
Consideremos a reta r que passa pelos pontos A(x1,y1) e B(x2,y2),
com x1 ≠ x2, e que forma com o eixo x um ângulo de medida a.

1º caso: 0° < a < 90°

Dados os pontos P(xp,yp) e Q(xq,yp), as coordenadas do ponto


M(xM, yM) médio entre A e B, serão dadas pelas semi-somas das co-
ordenadas de P e Q.

O ponto M terá as seguintes coordenadas:

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a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

Sendo o triângulo ABC retângulo ( é reto), temos:

2º caso: 90° < a < 180°

Do triângulo retângulo ABC, vem:

Portanto, para os dois casos, temos:

Coeficiente angular

Coeficiente angular m de uma reta não - perpendicular ao eixo é o valor da tangente do ângulo de inclinação dessa reta.

m = tan a

O valor do coeficiente angular m varia em função de a.

0 < a < 90° → m > 0

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a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

a=0→m=0

a = 90° → m

A equação fundamental de r é dada por:

Equação Geral da Reta


Ax + by + c = 0

Equação Segmentária

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MATEMÁTICA

Equação reduzida da reta


Vamos determinar a equação da reta r que passa por Q(0,q) e tem coeficiente angular m = tan a:

y - q = m(x - 0)
y - q = mx
y = mx + q

Toda equação na forma y = mx + q é chamada equação reduzida da reta, em que m é o coeficiente.

Posições relativas de duas retas


Considere duas retas distintas do plano cartesiano:

Podemos classificá-las como paralelas ou concorrentes.

Retas paralelas
As retas r e s têm o mesmo coeficiente angular.

ar = as ↔ mr = ms

Assim, para r // s, temos:

Retas concorrentes
As retas r e s têm coeficientes angulares diferentes.

ar ≠ as ↔ mr ≠ ms

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MATEMÁTICA

Assim, para r e s concorrentes, temos:

Retas perpendiculares
Duas retas, r e s, não - verticais são perpendiculares se, e somente se, os seus coeficientes angulares são tais que

De fato:

Como:

Então:

E, reciprocamente, se

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MATEMÁTICA

Logo,

Distância de ponto a reta


Considere uma reta r, de equação ax + by + c = 0, e um ponto P( x0, y0 ) não pertencente a r. Pode-se demonstrar que a distância entre
P e r( dPr ) é dada por:

Ângulo entre duas retas


Conhecendo os coeficientes angulares mr e ms de duas retas, r e s, não paralelas aos eixos , podemos determinar o ângulo
0 agudo formado entre elas:

Se uma das retas for vertical, teremos:

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MATEMÁTICA

Circunferência
Refere-se ao conjunto de pontos em um plano que estão a uma distância constante de um ponto fixo O, conhecido como o centro da
circunferência. A distância entre qualquer ponto da circunferência e o centro O é sempre a mesma e é chamada de raio.

Equação Reduzida da Circunferência


Considerando um ponto P(x,y) no plano, que pertence a uma circunferência de centro O(a,b) e raio r, estabelece-se que a distância
d(O,P) é igual a r.

Equação Geral da circunferência


A equação geral de uma circunferência é derivada a partir do desenvolvimento da equação reduzida.

Posições relativas
De um ponto e uma circunferência:
Um ponto pode ser:
– Interno;
– Externo ou
– Pertencer a uma dada circunferência de centro C e raio r.

Para determinar a posição de um ponto P em relação a uma circunferência, é necessário calcular a distância do ponto P ao centro da
circunferência e comparar essa distância com a medida do raio.

d(P,C) = r → (x-a)²+(y-b)² = r²
(x-a)²+(y-b)²-r²=0 (P∈λ)

d(P,C) > r → (x-a)²+(y-b)² > r²


(x-a)²+(y-b)²-r² > 0 (P é externo a λ)

d(P,C) > r → (x-a)²+(y-b)² < r²


(x-a)²+(y-b)²-r² < 0 (P é interno a λ)

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MATEMÁTICA

Portanto, o plano cartesiano é dividido em três regiões distintas:


1) A região dos pontos que pertencem à circunferência representa as soluções de f(x,y)=0.
2) A região dos pontos internos à circunferência representa as soluções de f(x,y)<0.
3)A região dos pontos externos à circunferência representa as soluções de f(x,y)>0.

Exemplo: determinar a posição dos pontos A(-2,3), B(-4,6) e C(4,2) em relação à circunferência de equação x2 + y2 + 8x – 20 = 0.
Substituindo as coordenadas dos pontos A, B e C no 1º membro da equação da circunferência obtemos:
A(-2,3) • x = -2 e y = 3
x2 + y2 + 8x – 20 = (-2)2 + 32 + 8.(-2) – 20 = -23 < 0
A é ponto interno.

B(-4,6) • x = -4 e y = 6
x2 + y2 + 8x – 20 = (-4)2 + 62 + 8.(-4) – 20 = 0
B pertence à circunferência.

C(4,2) • x = 4 e y = 2
x2 + y2 + 8x – 20 = 42 + 22 + 8 . 4 – 20 = 32 > 0

De uma reta e uma circunferência


Uma reta l e uma circunferência λ podem apresentar as seguintes posições relativas:

l e λ são secantes

A reta l intercepta a circunferência


λ em 2 pontos, e a distância d entre
a reta e o centro da circunferência é
menor que o raio.

l e λ são tangentes

A reta l intercepta a circunferência


λ em único ponto de tangência, e a
distância d entre a reta e o centro da
circunferência é igual ao raio.

l e λ são exteriores
A reta l não intercepta a circunferên-
cia λ, e a distância d entre a reta e o
centro da circunferência é maior que
o raio.

Em resumo:
A posição relativa entre uma reta e uma circunferência é determinada comparando-se a distância d (entre a reta e o centro da circun-
ferência) com o raio r:
– Se d(C,l)<r, a reta e a circunferência são secantes.
– Se d(C,l)=r, a reta e a circunferência são tangentes.
– Se d(C,l)>r, a reta e a circunferência são exteriores uma à outra.

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MATEMÁTICA

Dessa forma, também é possível determinar a posição relativa entre uma reta e uma circunferência ao procurarmos pelos pontos de
intersecção da reta com a circunferência. Para tal, resolvemos um sistema composto pelas equações da reta:

Com essa resolução, chegamos a um sistema de equações do segundo grau e, através do discriminante (Δ), encontramos as seguintes
condições:
Para Δ > 0, a reta é secante à circunferência (possui dois pontos comuns).
Para Δ = 0, a reta é tangente à circunferência (possui um ponto comum).
Para Δ < 0, a reta é exterior à circunferência (não possui pontos comuns).

Entre duas circunferências


Duas circunferências distintas podem ter dois, um ou nenhum ponto em comum.

1. Circunferências tangentes
a) Tangentes externas:
Duas circunferências são tangentes externas quando possuem somente um ponto em comum e uma está exterior à outra. A condição
para que isso ocorra é que a distância entre os centros das duas circunferências seja igual à soma das medidas de seus raios.

dOC = r1 + r2

b) Tangentes internas:
Duas circunferências são tangentes internas quando possuem apenas um ponto em comum e uma esteja no interior da outra. A con-
dição para que isso ocorra é que a distância entre os dois centros seja igual à diferença entre os dois raios.

dOC = r1 . r2

2. Circunferências externas
Duas circunferências são consideradas externas quando não possuem pontos em comum. A condição para que isso ocorra é que a
distância entre os centros das circunferências deve ser maior que a soma das medidas de seus raios.

dOC > r1 + r2

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3. Circunferências secantes Como a equação de toda circunferência é da forma: (x – x0)2 +


Duas circunferências são consideradas secantes quando pos- (y – y0)2 = r2, teremos:
suem dois pontos em comum. A condição para que isso aconteça é
que a distância entre os centros das circunferências deve ser menor
que a soma das medidas de seus raios.

dOC < r1 + r2
Conhecidos os elementos de cada uma das circunferências, va-
4. Circunferências internas mos calcular a distância entre os centros, utilizando a fórmula da
Duas circunferências são consideradas internas quando não distância entre dois pontos.
possuem pontos em comum e uma está localizada no interior da
outra. A condição para que isso ocorra é que a distância entre os
centros das circunferências seja equivalente à diferença entre as
medidas de seus raios.

Equação do 2º grau com duas incógnitas


Equações do segundo grau com duas variáveis, tipicamente re-
presentadas nas formas ax2+by2+cxy+dx+ey+f=0 ou mais simplifica-
damente como Ax2+Bxy+Cy2+Dx+Ey+F=0, onde A, B, C, D, E, e F são
constantes, e pelo menos uma das constantes A, B, ou C é não-nula,
configuram um vasto campo de estudo na matemática, particular-
mente na geometria analítica e na álgebra.
dOC < r1 . r2
Tipos de Curvas Representadas
5. Circunferências concêntricas Estas equações são capazes de representar uma variedade de
Duas circunferências são consideradas concêntricas quando curvas no plano cartesiano, incluindo parábolas, elipses, hipérboles
possuem o centro em comum. Nesse caso, a distância entre os cen- e, em casos específicos, círculos e linhas retas, dependendo dos va-
tros é nula. lores das constantes. A natureza da curva resultante é determinada
pela relação entre os coeficientes A, B, e C, e pela forma como esses
coeficientes influenciam a equação geral.

Classificação
A classificação das curvas geradas por tais equações podem ser
feita com base no discriminante Δ=b2−4AC:
– Elipse (incluindo círculos): Se Δ < 0 e A e C têm o mesmo
sinal, a equação representa uma elipse. Se, adicionalmente, A=C e
B=0, a curva é um círculo.
– Parábola: Se Δ = 0 ou se um dos coeficientes A ou C é zero, a
equação descreve uma parábola.
– Hipérbole: Se 0 > 0, a equação é de uma hipérbole.
dOC = 0
– Retas cruzadas: em situações especiais, a equação pode re-
Exemplo:
presentar um par de retas cruzadas.
1) Dadas as circunferências λ e σ, de equações:
λ: x2 + y2 = 9
Resolução e Análise
σ: (x – 7)2 + y2 = 16
A análise e solução dessas equações geralmente envolvem téc-
Verifique a posição relativa entre elas.
nicas de completar quadrados ou transformações geométricas para
simplificar a equação a uma forma mais reconhecível, facilitando a
Para resolução do problema devemos saber as coordenadas do
identificação e a caracterização da curva descrita. Essa análise pode
centro e a medida do raio de cada uma das circunferências. Através
revelar propriedades fundamentais da curva, como vértices, focos,
da equação de cada uma podemos encontrar esses valores.
diretrizes, e assimetria.
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MATEMÁTICA

Aplicações Práticas Elipse


Equações de segundo grau com duas variáveis têm aplicações É o conjunto dos pontos de um plano cuja soma das distâncias
em diversas áreas, incluindo física, engenharia, arquitetura, e de- a dois pontos fixos do plano, chamados focos, é constante. Essa fi-
sign, devido à sua capacidade de modelar trajetórias, órbitas, e for- gura geométrica é conhecida como uma elipse.
mas. Elas também são fundamentais em problemas de otimização e
em análises de comportamento de sistemas dinâmicos.

Inequação do 2º grau com duas incógnitas


Dada a circunferência λ de equação (x,y)=(x−a)2+(y−b)2−r2=0, o
plano cartesiano fica dividido em três subconjuntos:
1. Interior da Circunferência (I): pontos cujas coordenadas (x,y)
satisfazem a desigualdade f(x,y)<0, ou seja, estão dentro da circun-
ferência.
2. Exterior da Circunferência (E): pontos cujas coordenadas
(x,y) satisfazem a desigualdade (x,y)>0, ou seja, estão fora da cir-
cunferência.
3. Circunferência em si (C): pontos cujas coordenadas (x,y) sa-
tisfazem a igualdade f(x,y)=0, ou seja, pertencem à própria circun-
ferência.

Mesmo que mudemos o eixo maior da elipse do eixo x para o


eixo y, a relação de Pitágoras a2 = b2 + c2 continua sendo válida.

Vejamos o exemplo:
1) Encontre a solução de x2 + y2 – 2x + 6y + 6 ≤ 0
Resolvendo temos:
F(x,y) = x2 + y2 – 2x + 6y + 6 = (x – 1)2 – 1 + (y + 3)2 – 9 + 6 = (x –
1)2 + (y + 3)2 - 4
Sabendo que f(x,y) = 0 é a equação da circunferência λ de cen-
tro C(1, -3) e raio 2.

Equações da elipse
a) Centrada na origem e com o eixo maior na horizontal.

O conjunto dos pontos que tornam f(x,y) ≤ 0 é o conjunto dos


pontos interiores a λ, reunidos com os pontos de λ.
Se pegarmos como exemplo o ponto P(1, -2), temos para suas
coordenadas:
F(1, -2) = 12 + (-2)2 – 2.1 + 6.(-2) + 6 = -3 ≤ 0

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MATEMÁTICA

b) Centrada na origem e com o eixo maior na vertical.

Exemplo: A distância entre o centro da circunferência de equação x² + y² + 8x – 6y = 0 e o foco de coordenadas positivas da elipse de
equação é:
Resolução:

A elipse tem eixo maior sobre o eixo x, dessa forma o foco de coordenadas positivas é F(3,0).

Hipérbole
É o conjunto dos pontos do plano tais que o módulo da diferença das distâncias a dois pontos fixos (focos) é constante e menor que
a distância entre eles.

Equação Reduzida

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MATEMÁTICA

Equação Reduzida

Temos então, pela condição dada, PF=e⋅PD, onde e é uma cons-


tante real.
Usando a fórmula de distância entre dois pontos, fica:

Quadrando e desenvolvendo ambos os membros da expressão


acima, vem:
(x – f)2 + y2 = e2 .(x – d)2
x2 – 2.f.x + f2 + y2 = e2 (x2– 2.d.x + d2)
x2 – e2.x2 – 2.f.x + e2.2.d.x + y2 + f2– e2.d2 = 0
x2(1 – e2) + y2 + (2e2d – 2f)x + f2– e2.d2 = 0

Ou finalmente:

x2(1 – e2) + y2 + 2(e2d – f)x + f2 – e2d2 = 0


Equação Reduzida da Hipérbole centrada em (α, β):
Fazendo e = 1 na igualdade acima, obteremos y2 + 2(d – f).x +
f – d2 = 0
2

Fazendo d = - f, vem: y2 – 4fx = 0 ou y2 = 4fx, que é uma parábola


da forma y2 = 2px, onde f = p/2, conforme vimos no texto corres-
pondente.
A constante e é denominada excentricidade. Vê-se pois, que a
excentricidade de uma parábola é igual a 1

Parábola
A parábola é o conjunto de todos os pontos do plano que estão
à mesma distância de F e d.
Construindo os pontos, temos:

Considere o seguinte problema geral


Determinar o lugar geométrico dos pontos P(x,y) do plano
cartesiano que satisfazem à condição PF=e⋅PD, onde F é um ponto
fixo do plano denominado foco e D uma reta denominada diretriz,
sendo e uma constante real. A figura ilustra o desenvolvimento do
tema.
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MATEMÁTICA

A parábola pode ser entendida por meio dos seguintes componentes essenciais:
– Foco (F): Um ponto específico que, junto à diretriz, define a forma da parábola.
– Diretriz (d): Uma linha reta cuja distância até os pontos da parábola é constante, atuando como um referencial.
– Vértice (V): O ponto central da parábola, localizado exatamente entre o foco e a diretriz, e que também marca o ponto mais baixo
ou mais alto da curva, dependendo de sua orientação.
– Eixo de Simetria: Uma linha reta que passa pelo foco, perpendicular à diretriz, dividindo a parábola em duas partes simétricas.
– Parâmetro (2c): Representa a distância do foco à diretriz, sendo um valor crucial para determinar a curvatura da parábola.

Sob esses termos, a parábola é descrita como o conjunto de pontos em um plano que estão equidistantes da diretriz (d) e do foco (F),
ou seja, qualquer ponto pertencente à parábola tem distâncias iguais tanto para a diretriz quanto para o foco. Esta característica única
garante que, para qualquer ponto no plano que satisfaça essa condição, ele invariavelmente será parte da parábola.
Esse entendimento não apenas facilita a identificação dos elementos constituintes da parábola, mas também reforça a importância da
relação simétrica entre o foco e a diretriz na construção e reconhecimento de parábolas em contextos geométricos.

— Equação da parábola

Equação da parábola com vértice na origem


A equação de uma parábola, que inclui todos os pontos P(x,y) em um plano, é derivada com base na relação entre o foco F e a diretriz
d. Essencialmente, para qualquer ponto P na parábola, a distância de P até o foco F é igual à distância de P até a diretriz d. Esta propriedade
fundamental é expressa como d(P,F)=d(P,d), servindo como a base para formular a equação específica da parábola.
Isso significa que a parábola é o conjunto de todos os pontos P(x,y) que satisfazem a condição de que sua distância ao foco F é exa-
tamente igual à sua distância perpendicular à diretriz d. Através deste princípio, é possível deduzir a forma matemática que representa a
parábola no plano cartesiano, estabelecendo assim sua equação característica.
1o caso: diretriz x = -c e foco F(c, 0)

Nesse caso, o vértice está na origem e a parábola é simétrica em relação ao eixo Ox, que é o eixo da parábola. Os demais casos são
análogos. Assim, temos:
2o caso: diretriz y = -c e foco F(0, c)

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a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

Nesse caso, o vértice está na origem e a parábola é simétrica em relação ao eixo Oy, que é o eixo da parábola.
3o caso: diretriz x = c e F(-c, 0)

4o caso: diretriz y = c e F(0, -c)

Parábolas que têm seu foco situado em um dos eixos coordenados e cuja diretriz é paralela ao eixo oposto, com o vértice localizado
na origem (V(0, 0)), são descritas pelas seguintes equações. Além disso, é importante notar a reciprocidade desta afirmação: as equações
y2=4cx, x2=4cy, y2=−4cx e x2=−4cy considerando que c é um valor positivo, correspondem a parábolas com as características mencionadas,
incluindo o foco em um eixo, diretriz paralela ao outro eixo e o vértice na origem.

Propriedades Refletoras
Elipses, parábolas e hipérboles são curvas com características refletoras distintas, sendo particularmente valiosas em diversas apli-
cações técnicas e científicas. Nosso foco aqui se limita às suas propriedades refletoras, que estão intrinsecamente ligadas aos seus focos.

O caso da elipse
Uma elipse é caracterizada por ser uma curva fechada com dois focos definidos. A propriedade de reflexão de uma elipse é peculiar:
ao se desenhar uma linha reta a partir de um dos focos até a elipse, ela toca a curva em um ponto específico. Se, a partir desse ponto,
traçarmos uma linha formando um ângulo equivalente com a tangente à curva, essa nova linha direciona-se ao outro foco. Essa interação
com a curva baseia-se nos ângulos formados com as tangentes nos pontos de contato.

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111
a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

A propriedade única de reflexão da parábola é explorada em


uma ampla gama de aplicações práticas, com as antenas parabó-
licas sendo um exemplo clássico. Estas antenas utilizam sua forma
parabólica para captar sinais emitidos por satélites de televisão. Os
sinais, ao chegarem paralelos ao eixo da parábola, são refletidos de
forma a convergirem no ponto focal da antena, onde está localizado
o receptor. Isso permite uma recepção eficiente e concentrada do
sinal, mesmo a grandes distâncias do emissor.

A característica refletora da elipse é aproveitada em diversas


aplicações práticas, sendo um exemplo notável o sistema de ilumi-
nação utilizado por dentistas. Este sistema emprega um espelho
configurado em um segmento de elipse, junto com uma lâmpada
posicionada em um dos focos da elipse. A luz emitida pela lâmpada
é refletida pelo espelho elíptico e direcionada para o outro foco,
permitindo que o dentista ajuste o aparelho para focar a luz preci-
samente no local necessário.

Uma aplicação óptica são os faróis dos automóveis e das moto-


cicletas, que são espelhados por dentro e em que se coloca a lâm-
pada no foco.

A propriedade refletora da elipse tem implicações fascinantes


na acústica, exemplificada por espaços projetados como semielip-
soides—formas tridimensionais criadas pela rotação de uma elipse
em torno de seu eixo principal, ligando os dois focos. Nesses am- O caso da hipérbole
bientes, quando duas pessoas posicionam-se em cada um dos fo- A hipérbole, uma curva caracterizada por seus dois ramos dis-
cos e uma delas fala, mesmo em tom baixo, a outra consegue ouvir tintos e dois focos, apresenta uma propriedade refletora notável.
claramente a mensagem, independentemente do tamanho do es- Essa propriedade é descrita da seguinte maneira: selecionando um
paço ou da presença de outros sons. Esses locais, ocasionalmente ponto aleatório e traçando uma linha em direção a um dos focos
referidos como “galerias do sussurro”, são encontrados em diversos da hipérbole, essa linha tocará um dos ramos da curva em um pon-
edifícios públicos na Europa e nos Estados Unidos, demonstrando to específico. Se, a partir desse ponto de interseção, desenharmos
uma aplicação prática notável dessa propriedade refletora. uma nova linha formando um ângulo idêntico com a curva ao do
segmento inicial, essa nova trajetória intersectará o segundo foco
O caso da parábola da hipérbole.
Diferente da elipse, a parábola é uma curva definida por ape-
nas um foco. Sua propriedade de reflexão é igualmente intrigante:
ao desenhar uma linha reta que se estenda paralela ao eixo da pará-
bola e toque a curva em qualquer ponto, e então traçar outra linha
a partir desse ponto de encontro, formando um ângulo idêntico ao
da linha inicial em relação à tangente da curva, essa nova linha irá
inevitavelmente cruzar pelo foco da parábola.

A capacidade refletora da hipérbole é aproveitada em diver-


sas aplicações práticas, sendo um dos exemplos mais interessantes
a sua utilização na óptica, como nos telescópios de reflexão. Estes
telescópios são construídos com dois espelhos distintos: o espelho
primário, de formato parabólico, e o espelho secundário, de forma-

Editora
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MATEMÁTICA

to hiperbólico. Os espelhos são arranjados de tal maneira que os eixos das curvas parabólica e hiperbólica se alinham, e o foco do espelho
parabólico coincide com um dos focos do espelho hiperbólico. Esta configuração permite uma eficiente coleta e focagem da luz para a
observação de objetos distantes no espaço.

INEQUAÇÕES DO PRIMEIRO GRAU COM DUAS VARIÁVEIS


Em muitos casos, observamos regiões no plano cartesiano que são delimitadas por linhas retas.

A essas áreas específicas, podemos atribuir expressões na forma ax+by+c< 0 ou ax+by+c≤0, além de expressões análogas. Estas expres-
sões são conhecidas como inequações do 1º grau com duas variáveis ou incógnitas.
Exemplo: A região sombreada da figura abaixo, a qual é definida pela reta r: 3x + 4y – 12 = 0, pode ser expressa por meio da inequação:
3x + 4y – 12 > 0

Com efeito, a reta r divide o plano em dois semiplanos opostos. Como os pontos (x0, y0) de um mesmo semiplano, relativamente à reta
ax + by + c = 0, conferem à expressão ax0 + by0 + c o mesmo sinal, resta apenas dúvida: “qual desigualdade, entre 3x + 4y – 12 > 0 e 3x +
4y – 12 < 0 devemos escolher?
Tal escolha deve se a “experimentação” das coordenadas de um Ponto P qualquer, P r, na equação da reta delimitadora dos semipla-
nos.
Seja P(0,0); fazendo:

E = - 12 < 0

Como a origem não está contida na região sombreada, é de se supor que, para qualquer ponto da região sombreada, ocorra a outra
hipótese, isto é, E > 0 (sinal escolhido).
Assim, 3x + 4y – 12 > 0 é a inequação que expressa a região assinalada.

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a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

GEOMETRIA PLANA: ÂNGULO: DEFINIÇÃO, ELEMENTOS


E PROPRIEDADES; ÂNGULOS NA CIRCUNFERÊNCIA; PA-
RALELISMO E PERPENDICULARIDADE; SEMELHANÇA DE
TRIÂNGULOS; PONTOS NOTÁVEIS DO TRIÂNGULO; RE-
LAÇÕES MÉTRICAS NOS TRIÂNGULOS (RETÂNGULOS E
QUAISQUER); TRIÂNGULOS RETÂNGULOS, TEOREMA DE Ângulo Reto:
PITÁGORAS; CONGRUÊNCIA DE FIGURAS PLANAS; FEIXE - É o ângulo cuja medida é 90º;
DE RETAS PARALELAS E TRANSVERSAIS, TEOREMA DE TA- - É aquele cujos lados se apoiam em retas perpendiculares.
LES; TEOREMA DAS BISSETRIZES INTERNAS E EXTERNAS
DE UM TRIÂNGULO; QUADRILÁTEROS NOTÁVEIS; PO-
LÍGONOS, POLÍGONOS REGULARES, CIRCUNFERÊNCIAS,
CÍRCULOS E SEUS ELEMENTOS; PERÍMETRO E ÁREA DE
POLÍGONOS, POLÍGONOS REGULARES, CIRCUNFERÊN-
CIAS, CÍRCULOS E SEUS ELEMENTOS; FÓRMULA DE
HERON; RAZÃO ENTRE ÁREAS; E INSCRIÇÃO E CIR-
CUNSCRIÇÃO

ÂNGULOS TRIÂNGULOS
Denominamos ângulo a região do plano limitada por duas se-
mirretas de mesma origem. As semirretas recebem o nome de la- Elementos
dos do ângulo e a origem delas, de vértice do ângulo.
Mediana
Mediana de um triângulo é um segmento de reta que liga um
vértice ao ponto médio do lado oposto.
Na figura, é uma mediana do ABC.
Um triângulo tem três medianas.

Ângulo Agudo: É o ângulo, cuja medida é menor do que 90º.

A bissetriz de um ângulo interno de um triângulo intercepta o


lado oposto

Bissetriz interna de um triângulo é o segmento da bissetriz de


um ângulo do triângulo que liga um vértice a um ponto do lado
oposto.
Na figura, é uma bissetriz interna do .
Um triângulo tem três bissetrizes internas.
Ângulo Obtuso: É o ângulo cuja medida é maior do que 90º.

Ângulo Raso:
- É o ângulo cuja medida é 180º;
- É aquele, cujos lados são semi-retas opostas. Altura de um triângulo é o segmento que liga um vértice a um
ponto da reta suporte do lado oposto e é perpendicular a esse lado.
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114
114
a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

Na figura, é uma altura do .

Um triângulo tem três alturas.

Mediatriz de um segmento de reta é a reta perpendicular a esse segmento pelo seu ponto médio.

Na figura, a reta m é a mediatriz de .

Mediatriz de um triângulo é uma reta do plano do triângulo que é mediatriz de um dos lados desse triângulo.
Na figura, a reta m é a mediatriz do lado do .
Um triângulo tem três mediatrizes.

Classificação

Quanto aos lados

Triângulo escaleno: três lados desiguais.

Editora
115
a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

Triângulo isósceles: Pelo menos dois lados iguais. Desigualdade entre Lados e ângulos dos triângulos
Num triângulo o comprimento de qualquer lado é menor que
a soma dos outros dois. Em qualquer triângulo, ao maior ângulo
opõe-se o maior lado, e vice-versa.

SEMELHANÇA DE TRIÂNGULOS
Dois triângulos são semelhantes se, e somente se, os seus ân-
gulos internos tiverem, respectivamente, as mesmas medidas, e os
lados correspondentes forem proporcionais.

Casos de Semelhança
1º Caso: AA(ângulo - ângulo)
Se dois triângulos têm dois ângulos congruentes de vértices
Triângulo equilátero: três lados iguais. correspondentes, então esses triângulos são congruentes.

Quanto aos ângulos

Triângulo acutângulo: tem os três ângulos agudos

2º Caso: LAL(lado-ângulo-lado)
Se dois triângulos têm dois lados correspondentes proporcio-
nais e os ângulos compreendidos entre eles congruentes, então es-
ses dois triângulos são semelhantes.

Triângulo retângulo: tem um ângulo reto

3º Caso: LLL (lado - lado - lado)


Se dois triângulos têm os três lado correspondentes proporcio-
Triângulo obtusângulo: tem um ângulo obtuso nais, então esses dois triângulos são semelhantes.

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MATEMÁTICA

RAZÕES TRIGONOMÉTRICAS NO TRIÂNGULO RETÂNGULO

Considerando o triângulo retângulo ABC.

Neste triângulo, temos que: c²=a²+b²


Dividindo os membros por c²

Como

Temos:

Todo triângulo que tem um ângulo reto é denominado trian-


gulo retângulo.
O triângulo ABC é retângulo em A e seus elementos são:

a: hipotenusa
b e c: catetos
h: altura relativa à hipotenusa
m e n: projeções ortogonais dos catetos sobre a hipotenusa

RELAÇÕES MÉTRICAS NO TRIÂNGULO RETÂNGULO


FÓRMULAS TRIGONOMÉTRICAS Chamamos relações métricas as relações existentes entre os
diversos segmentos desse triângulo. Assim:
Relação Fundamental
Existe uma outra importante relação entre seno e cosseno de 1. O quadrado de um cateto é igual ao produto da hipotenusa
um ângulo. Considere o triângulo retângulo ABC. pela projeção desse cateto sobre a hipotenusa.

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MATEMÁTICA

2. O produto dos catetos é igual ao produto da hipotenusa pela


altura relativa à hipotenusa.

3. O quadrado da altura é igual ao produto das projeções dos


catetos sobre a hipotenusa.

- é paralelo a
- Losango: 4 lados congruentes
4. O quadrado da hipotenusa é igual à soma dos quadrados dos - Retângulo: 4 ângulos retos (90 graus)
catetos (Teorema de Pitágoras). - Quadrado: 4 lados congruentes e 4 ângulos retos.

TEOREMA DE TALES
Se um feixe de retas paralelas tem duas transversais, então a
razão de dois segmentos quaisquer de uma transversal é igual à ra-
zão dos segmentos correspondentes da outra.
Dada a figura anterior, O Teorema de Tales afirma que são váli-
das as seguintes proporções: Observações:
- No retângulo e no quadrado as diagonais são congruentes
(iguais)
- No losango e no quadrado as diagonais são perpendiculares
entre si (formam ângulo de 90°) e são bissetrizes dos ângulos inter-
nos (dividem os ângulos ao meio).

Áreas
Exemplo
1- Trapézio: , onde B é a medida da base maior, b
é a medida da base menor e h é medida da altura.

2 - Paralelogramo: A = b.h, onde b é a medida da base e h é a


medida da altura.

3 - Retângulo: A = b.h

4 - Losango: , onde D é a medida da diagonal maior e d


é a medida da diagonal menor.

5 - Quadrado: A = l2, onde l é a medida do lado.

POLÍGONOS
Chama-se polígono a união de segmentos que são chamados
lados do polígono, enquanto os pontos são chamados vértices do
polígono.
QUADRILÁTEROS
Quadrilátero é todo polígono com as seguintes propriedades:
- Tem 4 lados.
- Tem 2 diagonais.
- A soma dos ângulos internos Si = 360º
- A soma dos ângulos externos Se = 360º

Trapézio: É todo quadrilátero tem dois paralelos.

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MATEMÁTICA

Diagonal de um polígono é um segmento cujas extremidades Ângulos Externos


são vértices não-consecutivos desse polígono.

A soma dos ângulos externos=360°

Número de Diagonais ÂNGULOS (OU ARCOS) NA CIRCUNFERÊNCIA


– Ângulo central: o ângulo central é definido como aquele cujo
vértice se encontra exatamente no centro da circunferência. Este
ângulo é responsável por delinear um arco específico na circunfe-
rência, estabelecendo uma correspondência direta entre a medida
do ângulo central e a extensão do arco determinado, de tal forma
que ambas as medidas são equivalentes.

Ângulos Internos O ângulo central determina na circunferência um arco AB e sua


A soma das medidas dos ângulos internos de um polígono con- medida é igual a esse arco.
vexo de n lados é (n-2).180
Unindo um dos vértices aos outros n-3, convenientemente es- α=AB
colhidos, obteremos n-2 triângulos. A soma das medidas dos ângu- – Ângulo Inscrito: é aquele formado por vértices que repousam
los internos do polígono é igual à soma das medidas dos ângulos diretamente sobre a circunferência.
internos dos n-2 triângulos.

O ângulo inscrito, localizado na circunferência, define um arco


AB e possui uma medida que corresponde à metade da medida des-
se arco.

α=AB/2

– Ângulo Excêntrico Interno: é aquele formado pela interseção


de duas cordas dentro da circunferência.

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MATEMÁTICA

O ângulo excêntrico interno, situado na circunferência, delimita dois arcos, AB e CD. A medida desse ângulo é equivalente à metade
da soma das medidas dos dois arcos mencionados. Portanto, a medida do ângulo α pode ser expressa como α=AB+CD/2.
– Ângulo Excêntrico Externo: é constituído pelo encontro de duas retas que seccionam a circunferência.

O ângulo excêntrico externo, ao interagir com a circunferência, estabelece dois arcos, AB e CD, e sua magnitude é calculada como
sendo a metade da diferença entre as medidas desses dois arcos. Portanto, a expressão para a medida do ângulo α é α=AB-CD/2

Paralelismo e perpendicularismo
Considerando o Plano Cartesiano duas retas r e s.

Quando duas retas são paralelas, elas compartilham o mesmo ângulo α de inclinação em relação ao eixo x, o qual determina o coefi-
ciente angular dessas retas. Assim, para os coeficientes angulares mr e ms das retas r e s, respectivamente, podemos afirmar que:
– Se r e s são paralelas, então mr = ms
– Se r e s são concorrentes (ou seja, se cruzam, mas não são perpendiculares), então mr ≠ ms
– Se r e s são perpendiculares, então mr.ms = -1

Importante notar que para o produto dos coeficientes angulares ser igual a - 1 é necessário que mr e ms sejam numericamente inver-
sos (ou seja, um é o recíproco do outro) e de sinais opostos.

PARALELISMO
Ângulos formados por duas retas paralelas com uma transversal:

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MATEMÁTICA

Quando duas retas paralelas são cortadas por uma reta trans- A soma dos ângulos 2 e 7 é igual a 180°
versal, diversos ângulos são formados. É importante destacar que
retas paralelas são aquelas que, estando no mesmo plano, jamais se
intersectam, ou seja, não têm nenhum ponto em comum. Observe
a figura:

A soma dos ângulos 1 e 8 é igual a 180°

Ângulos alternos internos: (alternos = lados diferentes)

Ângulos colaterais internos: (colaterais = mesmo lado)

Os ângulos 4 e 6 são congruentes (iguais)

A soma dos ângulos 4 e 5 é igual a 180°.

Os ângulos 3 e 5 são congruentes (iguais)

A soma dos ângulos 3 e 6 é igual a 180°. Ângulos alternos externos:

Ângulos colaterais externos:

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MATEMÁTICA

Os ângulos 1 e 7 são congruentes (iguais)

Os ângulos 2 e 8 são congruentes (iguais)

Ângulos correspondentes: são aqueles que estão situados na mesma posição relativa em relação à reta transversal, com um localiza-
do na parte interna e o outro na parte externa das retas paralelas.

Os ângulos 1 e 5 são congruentes (iguais)

Os ângulos 2 e 6 são congruentes (iguais)

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MATEMÁTICA

Os ângulos 3 e 7 são congruentes (iguais)

Os ângulos 4 e 8 são congruentes (iguais)

PERÍMETROS E ÀREAS

Perímetro
O perímetro de uma figura plana é definido pela soma dos comprimentos de todos os seus lados. Esse valor é geralmente denotado
por P ou, em algumas fórmulas geométricas, por 2p, onde p representa o semiperímetro, ou seja, a metade do valor total do perímetro.
Isso fica evidente ao analisarmos visualmente uma figura geométrica.

Perímetros de algumas das figuras planas:

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MATEMÁTICA

Área
A área representa a extensão de uma superfície, sendo o metro quadrado (m2 ) a unidade padrão de medida. Esta corresponde à área
coberta por um quadrado com lados de 1 metro de comprimento.

Ao determinar que a área de uma figura específica é, por exemplo, 12m², significa que a superfície da figura pode acomodar 12 qua-
drados, cada um com lados de 1 metro, idênticos ao mencionado anteriormente.

Planta baixa de uma casa com a área total

Para realizar o cálculo de áreas, é essencial identificar a figura plana em questão e aplicar a fórmula específica associada a essa figura.
Prossigamos para examinar isso:

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MATEMÁTICA

(Fonte: https://static.todamateria.com.br/upload/57/97/5797a651dfb37-areas-de-figuras-planas.jpg)

Circunferência inscrita

Circunferência circunscrita

Área do círculo e suas partes


I- Círculo: o conceito da área de um círculo foi inicialmente descrito pelo matemático grego Arquimedes de Siracusa, por volta do
século II a.C. Arquimedes observou que um polígono regular se aproxima da forma de uma circunferência à medida que seu número de
lados aumenta, e o apótema (a) do polígono tende a se igualar ao raio (r) do círculo. Baseando-se na fórmula da área de um polígono re-
gular, A=p⋅a (onde p é o semiperímetro e a é o apótema), Arquimedes derivou que a área de um círculo pode ser expressa como A=2πr2⋅r,
simplificando para a conhecida fórmula da área do círculo: 2A=πr2.

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MATEMÁTICA

II- Coroa circular: uma coroa circular é a área situada entre dois
círculos concêntricos, ou seja, círculos que compartilham o mesmo
centro. Para calcular a área da coroa circular, subtrai-se a área do
círculo menor da área do círculo maior. Representando por A a área
da coroa, R o raio do círculo maior e r o raio do círculo menor, te-
mos a fórmula A=πR2−πr2. Dado que π é um fator comum nas duas
áreas, podemos simplificar a expressão colocando-o em evidência,
resultando em: A=π(R2−r2).

– Círculo: (O círculo, ou disco, compreende todos os pontos em


um plano que se encontram a uma distância menor ou igual a r de
um ponto fixo, denotado por O. Se a distância for zero, o círculo
degenera em um ponto único. Assim, o círculo inclui tanto a cir-
cunferência (a linha que delimita o círculo) quanto todos os pontos
internos a ela. Na representação gráfica, a circunferência seria a li-
nha externa, enquanto o círculo engloba esta linha e toda a área
interna a ela.
III- Setor circular: um setor circular é definido como a área de-
limitada por dois raios distintos de um círculo. Os elementos princi-
Pontos interiores de um círculo e exteriores a um círculo
pais que caracterizam um setor circular incluem o raio r, um ângulo
– Pontos interiores: são aqueles pontos que se localizam den-
central θ, e o comprimento do arco l. Baseado nisso, existem duas
tro de um círculo, excluindo-se aqueles situados sobre a circunfe-
fórmulas principais para calcular as propriedades do setor circular:
rência.

IV- Segmento circular: um segmento circular é a área limitada – Pontos exteriores: referem-se aos pontos que se encontram
por um círculo e uma corda, que é um segmento de linha que co- fora do limite definido por um círculo.
necta dois pontos na circunferência do círculo. Para determinar a
área de um segmento circular, é necessário subtrair a área de um Raio, Corda e Diâmetro
triângulo inserido no círculo da área de um setor circular correspon- – Raio: o raio de uma circunferência ou círculo é definido como
dente. Assim, a fórmula envolve: o segmento de linha que se estende do centro até qualquer ponto
na circunferência. Os segmentos OA, OB e OC exemplificam raios da
circunferência.
– Corda: uma corda é um segmento de linha cujas duas extre-
midades tocam a circunferência, conectando dois pontos dela. Por
exemplo, os segmentos AC e DE na figura representam cordas da
circunferência.
– Diâmetro: o diâmetro de uma circunferência ou círculo é uma
corda específica que cruza o centro, sendo a maior possível dentro
da circunferência. O segmento AC na figura ilustra um diâmetro da
circunferência.

Circunferência e círculo
– Circunferência: a circunferência define-se como o conjunto
de todos os pontos em um plano que mantêm uma distância cons-
tante, r, de um ponto fixo chamado centro. Essa característica faz da
circunferência uma das curvas mais fundamentais e aplicáveis em
diversos contextos matemáticos e práticos.

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MATEMÁTICA

Posições relativas de uma reta e uma circunferência


– Reta Secante: considera-se uma reta secante à circunferência
quando ela cruza a circunferência em dois pontos distintos, o que
implica que essa reta abriga uma corda da circunferência.
– Reta Tangente: uma reta tangente à circunferência é aquela
que toca a circunferência precisamente em um ponto, denominado
ponto de tangência ou contato. No exemplo apresentado, o ponto P
marca o ponto de tangência, enquanto a linha que se estende pelos
pontos E e F exemplifica uma reta tangente à circunferência.
Considerando OP como um raio da circunferência, onde O é
o centro e P é um ponto na circunferência, qualquer reta que seja
perpendicular ao raio OP no ponto P agirá como uma tangente à
circunferência nesse ponto de tangência.

– Reta externa (ou exterior): refere-se a uma reta que não in-
tersecta nem toca a circunferência em nenhum ponto, permane-
cendo completamente fora do seu limite. Na ilustração fornecida, a
Além disso, qualquer reta tangente à circunferência necessaria-
reta designada por t exemplifica uma reta externa.
mente forma um ângulo reto com o raio da circunferência no ponto
de tangência.

Posições relativas de duas circunferências


– Reta tangente comum: uma reta que toca duas circunferên-
cias simultaneamente é chamada de tangente comum.

Propriedades das secantes e tangentes


Quando uma reta s, que é secante a uma circunferência com
centro em O, cruza a circunferência em dois pontos únicos, A e B, e
M representa o ponto médio da corda AB, então o segmento OM é
perpendicular à reta secante s.

Existem dois tipos de tangentes comuns: internas e externas.


Conectando os centros das duas circunferências com uma reta, essa
reta divide o plano em dois semi-planos. Uma tangente comum ex-
terna ocorre quando os pontos de tangência de cada circunferência
residem no mesmo semi-plano, enquanto uma tangente comum
interna acontece quando os pontos de tangência encontram-se em
semi-planos opostos.
– Circunferências internas: uma circunferência C1 é considera-
Se uma reta s corta uma circunferência, cujo centro é O, em da interna a outra circunferência C2 se todo o círculo C1 estiver con-
dois pontos distintos, A e B, uma linha que é perpendicular a essa tido dentro de C2. Uma circunferência é externa a outra se todos os
reta secante e passa pelo centro O da circunferência também inter- seus pontos são exteriores à outra circunferência.
ceptará o ponto médio da corda AB.

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MATEMÁTICA

– Circunferências concêntricas: duas circunferências são tangentes entre si se elas tocam a mesma reta em um único ponto de tan-
gência. Elas são consideradas tangentes externas se seus centros estiverem em lados opostos em relação à tangente comum e tangentes
internas se os centros estiverem do mesmo lado da tangente comum.
– Circunferências tangentes: duas circunferências são tangentes entre si se elas tocam a mesma reta em um único ponto de tangência.
Elas são consideradas tangentes externas se seus centros estiverem em lados opostos em relação à tangente comum e tangentes internas
se os centros estiverem do mesmo lado da tangente comum.

– Circunferências secantes: são aquelas que intersectam em exatamente dois pontos distintos.

– Segmentos tangentes: quando dois segmentos de reta, AP e BP, são tangentes à uma circunferência nos pontos A e B, respectiva-
mente, esses segmentos, AP e BP, são iguais em comprimento.

FÓRMULA DE HERON
A Fórmula de Heron permite calcular a área de um triângulo conhecendo-se as medidas dos seus três lados, a, b, e c. Se o perímetro
do triângulo é representado por 2p e é igual a a+b+c, então o semiperímetro, p, é igual a a+b+c/2. Com base nisso, a área do triângulo
pode ser calculada por:

Fonte: https://www.projetos.unijui.edu.br

Exemplo: Calcule a área do triângulo a seguir:

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MATEMÁTICA

p = (9 + 7 + 14) / 2
p = 30 / 2
p = 15

A = √15(15 – 9)(15 – 7)(15 – 14)


A = √15 . 6 . 8 . 1
A = √720
A = 26,83 cm2(aproximadamente)

RAZÃO ENTRE ÁREAS


– Razão entre áreas de dois triângulos semelhantes:

A relação entre as áreas de dois triângulos semelhantes pode ser expressa da seguinte maneira:
Designando S1 como a área do triângulo ABC e S2 como a área do triângulo A′B′C′, assumimos que os triângulos ABC e A′B′C′ são
semelhantes, o que implica ΔABC∼ΔA′B′C′. Isso nos leva a estabelecer uma razão de semelhança k, onde b1/b2=h1/h2=k, sendo b1 e b2
as bases e h1 e h2 as alturas dos triângulos ABC e A′B′C′, respectivamente.
A área de um triângulo é geralmente calculada como S= b.h/2. Com base nas proporções dadas, ao comparar as áreas S1 e S2 , temos
que:

Portanto, a razão entre as áreas S1 e S2 dos triângulos semelhantes é k², onde k é a razão de semelhança entre os lados correspon-
dentes dos triângulos.

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129
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MATEMÁTICA

– Razão entre áreas de dois polígonos semelhantes

Área de ABCDE ... MN = S1 Área de A’B’C’D’ ... M’N’ = S2

ABCDE ... MN = S1 ~ A’B’C’D’ ... M’N’ = S2 → ΔABC ~ ΔA’B’C’ e ΔACD ~ ΔAMN →


ABA’B’=BCB’C’=…=MNM’N’=k (razão de semelhança)
Fazendo:
Área ΔABC = t1, Área ΔACD = t2, ..., Área ΔAMN = tn-2

Área ΔA’B’C’ = T1, Área ΔA’C’D’ = T2, ..., Área ΔA’M’N’ = Tn-2

Anteriormente vimos que:


tiTi=k2ti=k2Ti para i=1,2,3,…,n-2

Então: S1S2=t1+t2+t3+…+tn-2T1+T2+T3+…+Tn-2S1S2=k2

Observação: A propriedade anterior é extensiva a quaisquer superfícies semelhantes e, por isso, vale.

POLINÔMIOS: FUNÇÃO POLINOMIAL, POLINÔMIO IDENTICAMENTE NULO, GRAU DE UM POLINÔMIO, IDENTIDADE DE UM


POLINÔMIO, RAIZ DE UM POLINÔMIO, OPERAÇÕES COM POLINÔMIOS E VALOR NUMÉRICO DE UM POLINÔMIO; DIVISÃO
DE POLINÔMIOS, TEOREMA DO RESTO, TEOREMA DE D’ALEMBERT E DISPOSITIVO DE BRIOT-RUFFINI; E RELAÇÃO ENTRE
COEFICIENTES E RAÍZES. FATORAÇÃO E MULTIPLICIDADE DE RAÍZES E PRODUTOS NOTÁVEIS. MÁXIMO DIVISOR COMUM
DE POLINÔMIOS

Denomina-se polinômio a função:

Grau de um polinômio
Se an ≠0, o expoente máximo n é dito grau do polinômio. Indicamos: gr(P)=n
Exemplo
P(x)=7 gr(P)=0
P(x)=7x+1 gr(P)=1

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130
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MATEMÁTICA

Valor Numérico
O valor numérico de um polinômio P(x), para x=a, é o número que se obtém substituindo x por a e efetuando todas as operações.
Exemplo
P(x)=x³+x²+1 , o valor numérico para P(x), para x=2 é:
P(2)=2³+2²+1=13
O número a é denominado raiz de P(x).

Igualdade de polinômios
Os polinômios p e q em P(x), definidos por:
P(x) = ao + a1x + a2x² + a3x³ +...+ anxn
Q(x) = bo + b1x + b2x² + b3x³ +...+ bnxn

São iguais se, e somente se, para todo k = 0,1,2,3,...,n:


ak = b k

Redução de Termos Semelhantes


Assim como fizemos no caso dos monômios, também podemos fazer a redução de polinômios através da adição algébrica dos seus
termos semelhantes.
No exemplo abaixo realizamos a soma algébrica do primeiro com o terceiro termo, e do segundo com o quarto termo, reduzindo um
polinômio de quatro termos a um outro de apenas dois.
3xy+2a²-xy+3a²=2xy+5a²

Polinômios reduzidos de dois termos também são denominados binômios. Polinômios reduzidos de três termos, também são deno-
minados trinômios.

Ordenação de um polinômio
A ordem de um polinômio deve ser do maior para o menor expoente.
4x4+2x³-x²+5x-1
Este polinômio não está ordenado:
3x³+4x5-x²

Operações
Adição e Subtração de Polinômios
Para somar dois polinômios, adicionamos os termos com expoentes de mesmo grau. Da mesma forma, para obter a diferença de dois
polinômios, subtraímos os termos com expoentes de mesmo grau.

Exemplo

Multiplicação de Polinômios
Para obter o produto de dois polinômios, multiplicamos cada termo de um deles por todos os termos do outro, somando os coefi-
cientes.

Exemplo

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MATEMÁTICA

Divisão de Polinômios
Considere P(x) e D(x), não nulos, tais que o grau de P(x) seja maior ou igual ao grau de D(x). Nessas condições, podemos efetuar a
divisão de P(x) por D(x), encontrando o polinômio Q(x) e R(x):
P(x)=D(x)⋅Q(x)+R(x)
P(x)=dividendo
Q(x)=quociente
D(x)=divisor
R(x)=resto

Método da Chave
Passos
1. Ordenamos os polinômios segundo as potências decrescentes de x.
2. Dividimos o primeiro termo de P(x) pelo primeiro de D(x), obtendo o primeiro termo de Q(x).
3. Multiplicamos o termo obtido pelo divisor D(x) e subtraímos de P(x).
4. Continuamos até obter um resto de grau menor que o de D(x), ou resto nulo.

Exemplo
Divida os polinômios P(x)=6x³-13x²+x+3 por D(x)=2x³-3x-1

Teorema do Resto

O resto da divisão de um polinômio P(x) pelo binômio ax + b é igual ao valor numérico desse polinômio para

, ou seja,

Exemplo
Calcule o resto da divisão de P(x) = x² + 5x - 1 por B(x) = x + 1:
Achamos a raiz do divisor:
x + 1= 0   x = - 1
Pelo teorema do resto, sabemos que o resto é igual a P(-1):
P(-1) = (-1)² + 5.(-1) -1   P(- 1) = - 5 = r
Portanto, o resto da divisão de x² + 5x - 1 por x + 1 é - 5.

Note que P(x) é divisível por ax + b quando r = 0, ou seja, quando . Daí vem o enunciado do seguinte teorema:

Teorema de D’Alembert

Um polinômio P(x) é divisível pelo binômio 1 se e somente se

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MATEMÁTICA

O caso mais importante da divisão de um polinômio P(x) é aquele em que o divisor é da forma (x - ).
Note que é a raiz do divisor. Então o resto da divisão de P(x) por (x – ) é:
r = P( )
Assim:

P(x) é divisível por (x – ) quando r = 0, ou seja, quando P( ) = 0.

Exemplo

Determine o valor de p, para que o polinômio seja divisível por x – 2:


Resolução
Para que P(x) seja divisível por x – 2 devemos ter P(2) = 0, pois 2 é a raiz do divisor:

Assim, para que seja divisível por x – 2 devemos ter p = 19.

Método de Descartes
Consiste basicamente na determinação dos coeficientes do quociente e do resto a partir da identidade:

Exemplo
Divida P(x)=x³-4x²+7x-3 por D(x)=x²-3x+2

Solução
Devemos encontrar Q(x) e R(x) tais que:

Vamos analisar os graus:

Como Gr( R) < Gr(D), devemos impor Gr(R )=Gr(D)-1=2-1=1

Para que haja igualdade:

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MATEMÁTICA

Algoritmo de Briot-Ruffini
Consiste em um dispositivo prático para efetuar a divisão de um polinômio P(x) por um binômio D(x)=x-a

Exemplo
Divida P(x)=3x³-5x+x-2 por D(x)=x-2

Solução
Passos
– Dispõem-se todos os coeficientes de P(x) na chave
– Colocar a esquerda a raiz de D(x)=x-a=0.
– Abaixar o primeiro coeficiente. Em seguida multiplica-se pela raiz a e soma-se o resultado ao segundo coeficiente de P(x), obtendo
o segundo coeficiente. E assim sucessivamente.

Portanto, Q(x)=3x²+x+3 e R(x)=4

Produtos Notáveis

1. O quadrado da soma de dois termos.


Verifiquem a representação e utilização da propriedade da potenciação em seu desenvolvimento.
(a + b)2 = (a + b) . (a + b)
Onde a é o primeiro termo e b é o segundo.

Ao desenvolvermos esse produto, utilizando a propriedade distributiva da multiplicação, teremos:

Exemplos

2. O quadrado da diferença de dois termos.


Seguindo o critério do item anterior, temos:
(a - b)2 = (a - b) . (a - b)
Onde a é o primeiro termo e b é o segundo.

Ao desenvolvermos esse produto, utilizando a propriedade distributiva da multiplicação, teremos:

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MATEMÁTICA

Exemplos:

3. O produto da soma pela diferença de dois termos.


Se tivermos o produto da soma pela diferença de dois termos, poderemos transformá-lo numa diferença de quadrados.

Exemplos
(4c + 3d).(4c – 3d) = (4c)2 – (3d)2 = 16c2 – 9d2
(x/2 + y).(x/2 – y) = (x/2)2 – y2 = x2/4 – y2
(m + n).(m – n) = m2 – n2

4. O cubo da soma de dois termos.

Consideremos o caso a seguir:


(a + b)3 = (a + b).(a + b)2 → potência de mesma base.
(a + b).(a2 + 2ab + b2) → (a + b)2

Aplicando a propriedade distributiva como nos casos anteriores, teremos:


(a + b)3 = a3 + 3a2b + 3ab2 + b3

Exemplos:
(2x + 2y)3 = (2x)3 + 3.(2x)2.(2y) + 3.(2x).(2y)2 + (2y)3 = 8x3 + 24x2y + 24xy2 + 8y3
(w + 3z)3 = w3 + 3.(w2).(3z) + 3.w.(3z)2 + (3z)3 = w3 + 9w2z + 27wz2 + 27z3
(m + n)3 = m3 + 3m2n + 3mn2 + n3

5. O cubo da diferença de dois termos

Acompanhem o caso seguinte:


(a – b)3 = (a - b).(a – b)2 → potência de mesma base.
(a – b).(a2 – 2ab + b2) → (a - b)2

Aplicando a propriedade distributiva como nos casos anteriores, teremos:


(a – b)3 = a3 – 3a2b + 3ab2 – b3

Exemplos
(2 – y)3 = 23 – 3.(22).y + 3.2.y2 – y3 = 8 – 12y + 6y2 – y3 ou y3– 6y2 + 12y – 8
(2w – z)3 = (2w)3 – 3.(2w)2.z + 3.(2w).z2 – z3 = 8w3 – 12w2z + 6wz2 – z3

(c – d)3 = c3 – 3c2d + 3cd2 – d3

Fatoração
Fatorar uma expressão algébrica significa escrevê-la na forma de um produto de expressões mais simples.

Editora
135
a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

Casos de fatoração

Fator Comum:
Ex.: ax + bx + cx = x (a + b + c)

O fator comum é x.
Ex.: 12x³ - 6x²+ 3x = 3x (4x² - 2x + 1)

O fator comum é 3x

Agrupamento:
Ex.: ax + ay + bx + by

Agrupar os termos de modo que em cada grupo haja um fator comum.


(ax + ay) + (bx + by)

Colocar em evidência o fator comum de cada grupo


a(x + y) + b(x + y)

Colocar o fator comum (x + y) em evidência (x + y) (a + b) Este produto é a forma fatorada da expressão dada

Diferença de Dois Quadrados: a² − b² = (a + b) (a − b)

Trinômio Quadrado Perfeito: a²± 2ab + b² = (a ± b)²

Trinômio do 2º Grau: Supondo x1 e x2 raízes reais do trinômio, temos: ax² + bx + c = a (x - x1) (x - x2), a≠0

MDC e MMC de polinômios


Mínimo Múltiplo Comum entre polinômios, é formado pelo produto dos fatores com os maiores expoentes.
Máximo Divisor Comum é o produto dos fatores primos com o menor expoente.
Exemplo
X²+7x+10 e 3x²+12x+12

Primeiro passo é fatorar as expressões:


X²+7x+10=(x+2)(x+5)
3x²+12x+12=3(x²+4x+4)=3(x+2)²
Mmc=3(x+2)²(x+5)
Mdc=x+2

Operação com frações algébricas

Adição e subtração de frações algébricas


Da mesma forma que ocorre com as frações numéricas, as frações algébricas são somadas ou subtraídas obedecendo dois casos
diferentes.

Caso 1: denominadores iguais.


Para adicionar ou subtrair frações algébricas com denominadores iguais, as mesmas regras aplicadas às frações numéricas aqui são
aplicadas também.
(2x2-5)/x2 -(x2+3)/x2 +(9-x2)/x2
(2x2-5-x2-3+9-x2)/x2 =1/x2

Caso 2: denominadores diferentes.


Para adicionar ou subtrair frações algébricas com denominadores diferentes, siga as mesmas orientações dadas na resolução de fra-
ções numéricas de denominadores diferentes.
(3x+1)/(2x-2)-(x+1)/(x-1)
(3x+1)/2(x-1) -2(x+1)/2(x-1)
(3x+1-2x-2)/(2(x-1))=(x-1)/2(x-1) =1/2

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136
a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

Multiplicação de frações algébricas


Para multiplicar ou dividir frações algébricas, usamos o mesmo processo das frações numéricas. Fatorando os termos da fração e
simplificar os fatores comuns.
2x/(x-4)∙3x/(x+5)

Multiplica-se os denominadores e os numeradores.


(6x2)/((x-4)(x+5))=(6x2)/(x2+x-20)

Divisão de frações algébricas


Multiplica-se a primeira pelo inverso da segunda.
7x/(3-4x) ∶x/(x+1)
7x/(3-4x)∙((x+1))/x
7x(x+1)/(3-4x)x=(7x2+7x)/(3x-4x²)

EQUAÇÕES POLINOMIAIS: TEOREMA FUNDAMENTAL DA ÁLGEBRA, TEOREMA DA DECOMPOSIÇÃO, RAÍZES IMAGINÁRIAS,


RAÍZES RACIONAIS, RELAÇÕES DE GIRARD E TEOREMA DE BOLZANO

As equações denominadas polinomiais, ou algébricas, são caracterizadas pela forma P(x) = 0, onde P(x) representa um polinômio de
grau n, com n sendo maior que 0.
O processo de resolver uma equação algébrica envolve encontrar o conjunto-verdade da equação, que compreende todas as suas
raízes, ou seja, os valores específicos de x que satisfazem a equação proposta.

Teorema fundamental da álgebra


Qualquer equação algébrica P(x) = 0, com grau n maior que 0, possui ao menos uma raiz, seja ela real ou complexa.

Teorema da decomposição
Um polinômio P(x) = anxn + an-1xn-1 + an-2xn-2 + ... + a2x2 + ax + a0 de grau n > 0, pode ser expresso como o produto de n fatores da forma
(x - α), sendo α uma raiz do polinômio P(x):

Portanto, um polinômio de grau n possui precisamente n raízes, contabilizando tanto as reais quanto as complexas.

Multiplicidade de uma raiz


Uma equação algébrica pode ter raízes que são todas distintas ou não. Quando uma raiz aparece repetidamente na expressão fatorada
de P(x), essa raiz é conhecida como uma raiz múltipla de P(x). Se uma equação algébrica apresentar uma raiz repetida duas vezes, ela tem
multiplicidade 2 (conhecida como raiz dupla). Se aparecer três vezes, a multiplicidade será 3 (raiz tripla), e assim sucessivamente. Se não,
a raiz é chamada de simples.

Raízes racionais de uma equação algébrica de coeficientes inteiros


Para as equações polinomiais de grau superior a 2, não existe um método direto que utilize fórmulas para encontrar suas soluções.
Portanto, busca-se inicialmente uma ou mais raízes racionais como ponto de partida para encontrar todas as raízes. Uma propriedade útil
na busca de raízes racionais em equações algébricas com coeficientes inteiros é:
Se um número racional p/q , onde p e q são primos entre si, é uma raiz de uma equação algébrica com coeficientes inteiros:

Portanto, p é um divisor dea0, e q é divisor de an.

Importante: afirmar que o número racional p/q possui p e q como inteiros e primos significa que p/q é uma fração na sua forma mais
simples.

Editora
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a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

Teorema das raízes complexas


Se uma equação P(x) = 0, com coeficientes reais, tiver uma raiz complexa do tipo (a+bi), então o conjugado complexo desse número,
(a- bi) também será uma raiz da equação P(x), ambos compartilhando a mesma multiplicidade. Além disso, em um polinômio P(x) de coe-
ficientes reais e de grau ímpar, existe pelo menos uma raiz real garantida.
Exemplo: Uma equação algébrica com coeficientes reais admite como raízes os números complexos 2 + i, 1 – i e 0. Podemos afirmar
que o grau dessa equação é, necessariamente:
(A) par.
(B) ímpar.
(C) igual a três.
(D) menor ou igual a seis.
(E) maior ou igual a cinco.

Resolução:
Como a equação tem coeficientes reais, além das raízes 2 + i, 1 – i e zero, ela admite também 2 – i e 1 + i como raízes. Logo, o menor
grau possível para essa equação é 5.
Resposta: E

Relações de Girard
Estas são as relações que existem entre as raízes e os coeficientes de uma equação algébrica, P(x) = 0. Para uma equação de segundo
grau, ax2 + bx + c = 0, com raízes x1 e x2, as seguintes relações são estabelecidas:

Se a equação for do 3º grau, ax3 + bx2 + cx + d = 0, com raízes x1,x2 e x3, teremos as seguintes relações:

Teorema de Bolzano
Conhecido também como Teorema do Valor Intermediário ou Teorema de Bolzano-Cauchy, afirma o seguinte: Se f é uma função con-
tínua em um intervalo [a, b], então para qualquer valor d que esteja entre f(a) e f(b), haverá pelo menos um valor c entre a e b para o qual
f(c)=d. Para ilustrar:

Fonte: https://www.matematica.pt

Observando que a função é contínua no intervalo [a,b], podemos concluir que existe pelo menos um ponto, denominado c, localizado
entre a e b, cujo valor d está entre f(a) e f(b). Na representação gráfica, é evidente que f(c)=d. Importante ressaltar que o teorema não
assegura que c seja o único ponto cuja imagem é d; apenas estabelece a certeza da existência de ao menos um tal ponto, podendo haver
outros.
Lembre-se: O Teorema de Bolzano é aplicável exclusivamente a funções contínuas em um determinado intervalo. Caso a função apre-
sente descontinuidades nesse intervalo, o teorema torna-se inaplicável.
Corolário: Se (a)×f(b)<0, então existe [c∈]a,b[ tal que (c)=0, o que em termos mais simples significa que se f(a) e f(b) possuírem sinais
opostos, então existe pelo menos um zero da função dentro do intervalo ]a,b[.

Editora
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a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

Assim, troca-se o sinal de sua parte imaginária.


CONJUNTO DOS NÚMEROS COMPLEXOS: OPERAÇÕES, Exemplos:
MÓDULO, CONJUGADO DE UM NÚMERO COMPLEXO, Se z = 5 + 2i, então .
REPRESENTAÇÕES ALGÉBRICA E TRIGONOMÉTRICA. RE- Se z = 1 - 3i, então .
PRESENTAÇÃO NO PLANO DE ARGAND GAUSS, POTENCIA- Se z = -15i, então .
LIZAÇÃO E RADICIAÇÃO. EXTRAÇÃO DE RAÍZES. FÓRMU-
Se z = 4. então .
LAS DE MOIVRE
Quando multiplicamos um número complexo por seu
Os números complexos são números compostos por uma parte conjugado, o resultado será um número real.
real e uma imaginária13.
Eles representam o conjunto de todos os pares ordenados (x, — Igualdade entre Números Complexos
y), cujos elementos pertencem ao conjunto dos números reais (R). Sendo dois números complexos Z1 = (a, b) e Z2 = (c, d), eles são
O conjunto dos números complexos é indicado por reto iguais quando a = c e b = d. Isso porque eles possuem partes reais e
números complexos, onde se definem as operações: imaginárias idênticas. Assim:
Igualdade: (a, b) = (c, d) ↔ a = c e b = d
Adição: (a, b) + (c, d) = (a + c, b + d) a + bi = c + di quando a = c e b = d
Multiplicação: (a, b) . (c, d) = (ac – bd, ad + bc)
Exemplo:
— Unidade Imaginária (i)
Indicado pela letra i, a unidade imaginária é o par ordenado (0, e
1). Logo:
Então, = .

— Operações com Números Complexos


Assim, i é a raiz quadrada de –1, pois: Com os números complexos é possível realizar as operações de
adição, subtração, multiplicação e divisão. Confira as definições e
exemplos:

Adição
Exemplo: Z1 + Z 2

(a + bi) + (c + di) = (a + c) + i (b + d)

Exemplo:
— Forma Algébrica de um Número Complexo (2 +3i) + (–4 + 5i)
A forma mais usual de representar números complexos é (2 – 4) + i (3 + 5)
utilizando a forma algébrica ou, binomial. –2 + 8i
A forma algébrica, de um número complexo z é:
z = x + yi Subtração
Z1 – Z 2
Onde:
- x é um número real indicado por: x = Re (Z), sendo a parte (a + bi) – (c + di) = (a – c) + i (b – d)
real de z.
- y é um número real indicado por: y = Im (Z), sendo a parte Exemplo:
imaginária de z. (4 – 5i) – (2 + i)
(4 – 2) + i (–5 –1)
Exemplos: 2 – 6i
z = 4 + 3i, onde 4 é a parte real e 3i a imaginária. Multiplicação
z = 8, onde 8 é a parte real e 0 a imaginária. Usamos a propriedade distributiva:
z = 16i, onde 0 é a parte real e 16i a imaginária. (Neste caso, (a + bi) . (c + di) = ac + adi + bci + bdi² (lembre que i² = –1)
chama-se z de imaginário puro). (a + bi) . (c + di) = ac + adi + bci – bd

— Conjugado de um Número Complexo Juntando as partes reais e imaginárias:


O conjugado de um número complexo z = a + bi é definido por: (a + bi) . (c + di) = (ac – bd) + i (ad + bc)

13 https://www.todamateria.com.br/numeros-complexos/#:~:text=-
Os%20n%C3%BAmeros%20complexos%20s%C3%A3o%20n%C3%BA-
meros,dos%20n%C3%BAmeros%20reais%20(R).
Editora
139
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MATEMÁTICA

Exemplo:

(4 + 3i) . (2 – 5i)
8 – 20i + 6i – 15i²
8 – 14i + 15
23 – 14i

Divisão
Z1/Z2 = Z3
Z1 = Z 2 . Z 3

Na igualdade acima, se Z3 = x + yi, temos:


Z1 = Z 2 . Z 3

a + bi = (c + di) . (x + yi)
a + bi = (cx – dy) + i (cy + dx)

Pelo sistema das incógnitas x e y temos:


cx – dy = a
dx + cy = b

Logo,
x = ac + bd/c² + d²
y = bc – ad/c² + d²

Exemplo:
2 – 5i/i
2 – 5i/ . (– i)/ (– i)
–2i +5i²/–i²
5 – 2i

— Plano Complexo ou Plano de Argand-Gauss.


Os números complexos podem ser representados geometricamente no plano complexo.

Dado um número complexo em sua forma algébrica, z = a + bi, um ponto P no plano complexo tem as coordenadas P(a, b) representa
este número complexo.

Editora
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140
a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

— Módulo de um Número Complexo


O módulo ou, medida de comprimento, de um número complexo é a distância entre a origem do sistema de coordenadas e o ponto que
o define no plano complexo. É representado por entre barras verticais, |z| ou pela letra grega e definido como:

Esta definição vem do teorema de Pitágoras, aplicado no triângulo retângulo OPa. |z| é a hipotenusa do triângulo.

— Forma polar dos números complexos


Da interpretação geométrica, temos que:

que é conhecida como forma polar ou trigonométrica de um número complexo.

Operações na forma polar


Sejam z1=ro1(cos t11) e z2=ro1(cos t1+i sent1). Então, temos que:

a)Multiplicação
A multiplicação de dois números complexos na forma polar é dada pela Fórmula de De Moivre:

b) Divisão

c) Potenciação

d) Radiciação

para n = 0, 1, 2, 3, ..., n-1


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MATEMÁTICA

BINÔMIO DE NEWTON: DESENVOLVIMENTO, COEFICIENTES BINOMIAIS E TERMO GERAL; E RESOLUÇÃO DE EQUAÇÕES BI-
NOMIAIS E TRINOMIAIS

Números Binomiais
O número de combinações de n elementos, tomados p a p, também é representado pelo número binomial .

Binomiais Complementares
Dois binomiais de mesmo numerador em que a soma dos denominadores é igual ao numerador são iguais:

Relação de Stifel

Triângulo de Pascal

LINHA 0 1
LINHA 1 1 1
LINHA 2 1 2 1
LINHA 3 1 3 3 1
LINHA 4 1 4 6 4 1
LINHA 5 1 5 10 10 5 1
LINHA 6 1 6 15 20 15 6 1

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MATEMÁTICA

Binômio de Newton
Denomina-se binômio de Newton todo binômio da forma (a + b)n, com n ϵ N. Vamos desenvolver alguns binômios:
n = 0 → (a + b)0 = 1
n = 1 → (a + b)1 = 1a + 1b
n = 2 → (a + b)2 = 1a2 + 2ab +1b2
n = 3 → (a + b)3 = 1a3 + 3a2b +3ab2 + b3

Observe que os coeficientes dos termos formam o triângulo de Pascal.

EQUAÇÕES BINÔMIAS
Qualquer equação algébrica que possa ser simplificada para a forma:

É conhecida como equação algébrica binomial. Sua solução geral é dada por:

Corresponde ao conjunto de n raízes complexas.

Lembre-se: equações algébricas são expressões polinomiais estabelecidas igual a zero: P(x)=0. Os valores atribuídos à variável “x” (que
fazem parte do conjunto dos números complexos) que tornam a equação verdadeira são chamados de raízes da equação. O grau de uma
equação algébrica é determinado pelo maior expoente de “x” na equação.

EQUAÇÕES TRINÔMIAS
Um tipo específico de equação algébrica frequentemente encontrado em diversas aplicações é:

Essas equações são referidas como equações trinomiais. A estratégia comum para resolver essas equações envolve convertê-las em
uma equação algébrica de segundo grau, aplicando-se então a conhecida fórmula de Bhaskara. Isso é conseguido por meio de uma subs-
tituição de variável adequada. Vejamos:

xn ≡ y

Então:
ax2n + bxn + c = 0 ⇒ ay2 + by + c = 0, que é uma equação do 2º grau em y, cuja solução é:

Editora
143
a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

4. (SAP/SP – Oficial Administrativo – MS CONCURSOS/2018)


Um menino ganhou sua mesada de R$120,00, guardou 1/6 na pou-
pança, do restante usou 2/5 para comprar figurinhas e gastou o que
sobrou numa excursão da escola. Quanto gastou nessa excursão?
(A) 32
(B) 40
(C) 52
(D) 60
(E) 68

O que nos leva às equações binômias: 5. (DESENBAHIA – TÉCNICO ESCRITURÁRIO - INSTITUTO


AOCP/2017) João e Marcos resolveram iniciar uma sociedade para
fabricação e venda de cachorro quente. João iniciou com um capital
de R$ 30,00 e Marcos colaborou com R$ 70,00. No primeiro final de
semana de trabalho, a arrecadação foi de R$ 240,00 bruto e ambos
reinvestiram R$ 100,00 do bruto na sociedade, restando a eles R$
Isso permite, portanto, a determinação das 2n raízes comple-
140,00 de lucro. De acordo com o que cada um investiu inicialmen-
xas da equação trinomial original.
te, qual é o valor que João e Marcos devem receber desse lucro,
respectivamente?
QUESTÕES (A) 30 e 110 reais.
(B) 40 e 100 reais.
(C)42 e 98 reais.
1. (CRF/MT - AGENTE ADMINISTRATIVO – QUADRIX/2017) (D) 50 e 90 reais.
Num grupo de 150 jovens, 32 gostam de música, esporte e leitu- (E) 70 e 70 reais.
ra; 48 gostam de música e esporte; 60 gostam de música e leitura;
44 gostam de esporte e leitura; 12 gostam somente de música; 18 6. (PREFEITURA DE VENÂNCIO AIRES/RS - PSICOPEDAGOGO -
gostam somente de esporte; e 10 gostam somente de leitura. Ao OBJETIVA/2021) Um posto de combustível está com promoção em
escolher ao acaso um desses jovens, qual é a probabilidade de ele prol de uma entidade. Em dias normais, o litro da gasolina está R$
não gostar de nenhuma dessas atividades? 4,00, mas, na promoção, abastecendo o carro e doando o valor de
(A) 1/75 R$ 20,00 para uma entidade beneficente, o litro da gasolina sai por
(B) 39/75 R$ 3,75. A promoção feita pelo posto pode ser descrita por uma
(C) 11/75 função. Como é chamada essa função e como podemos escrevê-la?
(D) 40/75 (A) Função de primeiro grau, f(x) = 4x − 3,75x + 20
(E) 76/75 (B) Função de segundo grau, f(x) = 4x2 − 3,75x + 20
(C) Função de segundo grau, f(x) = 3,75x2 + 20
2. (CRMV/SC – RECEPCIONISTA – IESES/2017) Sabe-se que (D) Função de primeiro grau, f(x) = 3,75x + 20
17% dos moradores de um condomínio tem gatos, 22% tem cachor- (E) Função de segundo grau, f(x) = 4x2 + 3,75 + 20
ros e 8% tem ambos (gatos e cachorros). Qual é o percentual de
condôminos que não tem nem gatos e nem cachorros? 7. (PREFEITURA DE SANTO AUGUSTO/RS - AUDITOR FISCAL DE
(A) 53 TRIBUTOS MUNICIPAIS - FUNDATEC/2020) Considerando as seguin-
(B) 69 tes frações: f(x) = 2x + 8 e g(x) = 3x – 2, assinale a alternativa que
(C) 72 apresenta o resultado de f(6)/g(2).
(D) 47 (A) 3.
(B) 5.
3. (CÂMARA DE SUMARÉ – ESCRITURÁRIO -VUNESP/2017) (C) 8.
No depósito de uma loja de doces, há uma caixa contendo n bom- (D) 16.
bons. Para serem vendidos, devem ser repartidos em pacotes
iguais, todos com a mesma quantidade de bombons. Com os bom- 8. (PREFEITURA DE FUNDÃO/ES - FISCAL DE VIGILÂNCIA SANI-
bons dessa caixa, podem ser feitos pacotes com 5, ou com 6, ou TÁRIA - IDCAP/2020) Qual dos gráficos abaixo representa uma fun-
com 7 unidades cada um, e, nesses casos, não faltará nem sobrará ção exponencial?
nenhum bombom. Nessas condições, o menor valor que pode ser
atribuído a n é
(A) 280. (A)
(B) 265.
(C) 245.
(D) 230.
(E) 210.
(B)
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144
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MATEMÁTICA

Tabela de valores trigonométricos


(A) 2cm;
(C) (B) 7cm;
(C) 5cm;
(D) 4 cm.

(D) 11. (PREFEITURA DE COLÔMBIA/SP - TÉCNICO EM NUTRIÇÃO


- INSTITUTO CONSULPLAN/2021) Considere um ângulo β, tal que
0° ≤ β < 360° e suas respectivas relações no círculo trigonométrico.
Considerando que: sen β < 0 e que cos β > 0, pode-se afirmar que
este ângulo pertence a qual quadrante?
(E)
(A) 1º
(B) 2º
9. (PREFEITURA DE PORTO BELO/ - PROFESSOR - FURB) Consi-
(C) 3º
dere o gráfico a seguir:
(D) 4º

12. (UFES - Assistente em Administração – UFES/2017) Uma


determinada família é composta por pai, por mãe e por seis filhos.
Eles possuem um automóvel de oito lugares, sendo que dois lugares
estão em dois bancos dianteiros, um do motorista e o outro do ca-
rona, e os demais lugares em dois bancos traseiros. Eles viajarão no
automóvel, e o pai e a mãe necessariamente ocuparão um dos dois
bancos dianteiros. O número de maneiras de dispor os membros da
família nos lugares do automóvel é igual a:
(A) 1440
(B) 1480
(C) 1520
(D) 1560
(E) 1600

13. (TJ/RS - Técnico Judiciário – FAURGS/2017) Tomando os al-


garismos 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7, quantos números pares de 4 algarismos
distintos podem ser formados?
(A) 120.
(B) 210.
Pode-se afirmar que a função que está representada nesse grá- (C) 360.
fico é: (D) 630.
(A) y = 3cos(2x) - 1 (E) 840.
(B) y = cos(2x) + 2
(C) y = 2cos(2x) - 4 14. (TJ/RS - TÉCNICO JUDICIÁRIO – FAURGS/2017) Em cada
(D) y = 3cos(x/2) - 1 um de dois dados cúbicos idênticos, as faces são numeradas de 1
(E) y = 2cos(x/2) – 4 a 6. Lançando os dois dados simultaneamente, cuja ocorrência de
cada face é igualmente provável, a probabilidade de que o produto
10. (PREFEITURA DE BOMBINHAS/SC - PROFESSOR DE ENSINO dos números obtidos seja um número ímpar é de:
FUNDAMENTAL II - EDUCAÇÃO FÍSICA - PREFEITURA DE BOMBI- (A) 1/4.
NHAS/SC/2021) Considerando um triângulo retângulo com hipote- (B) 1/3.
nusa de 8 cm e um ângulo interno de 30º, qual será a medida do (C) 1/2.
cateto oposto a 30º? (D) 2/3.
(E) 3/4.

15. (SAP/SP - AGENTE DE SEGURANÇA PENITENCIÁRIA -


MSCONCURSOS/2017) A uma excursão, foram 48 pessoas, entre
homens e mulheres. Numa escolha ao acaso, a probabilidade de se
sortear um homem é de 5/12 . Quantas mulheres foram à excursão?
(A) 20
(B) 24
(C) 28
(D) 32
Editora
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a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

16. (CÂMARA DE IPIRANGA DO NORTE/MT - ASSISTENTE AD- 21. (ESCOLA DE APRENDIZES - MARINHEIROS/2012) Na
MINISTRATIVO - OBJETIVA/2022) Considerando-se o sistema linear equação
abaixo, assinalar a alternativa que apresenta os valores de x e de y
que satisfazem o sistema:

Sendo a e b números reais não nulos, o valor de a/b é


(A) 0,8
(B) 0,7
(A) x = 8 e y = -2. (C) 0,5
(B) x = 8 e y = 2. (D) 0,4
(C) x = -8 e y = 2. (E) 0,3
(D) x = -8 e y = -2.
22. (SEED/PR - PROFESSOR - CESPE/CEBRASPE/2021) Considere
17. (PREFEITURA DE BOMBINHAS/SC - PROFESSOR DE ENSINO o número complexo 2+4i / 7+xi em que i é a unidade imaginária tal
FUNDAMENTAL II - PREFEITURA DE BOMBINHAS - SC/2021) É cor- que i² = –1. Caso esse número complexo tenha a parte imaginária
reto afirmar que: igual a zero, então o valor de x é igual a:
(A) A matriz unitária é uma matriz quadrada que possui todos
(A) –7.
os elementos da diagonal principal iguais a 1 e os demais ele-
(B) –1.
mentos iguais a 0;
(C) 14.
(B) Duas matrizes A = [aij]mxn e B = [bij]nxm são opostas se, e
(D) 4.
somente se, aij = bji;
(C) Uma matriz é quadrada quando o número de linhas é igual (E) 13.
ao número de colunas.
(D) Uma matriz é dita nula se todos os seus elementos são di- 23. (PREFEITURA DE CAMBÉ/PR - AUXILIAR DE SAÚDE BUCAL -
ferentes de zero. INSTITUTO UNIFIL/2021) Considere os números complexos Z1 = 3 +
2i e Z2 = -5 -i. Assinale a alternativa que apresenta o resultado da
18. (PETROBRAS - TÉCNICO DE ENFERMAGEM DO TRABA- soma de Z1 + , onde associada para resolução da questão é
LHO JÚNIOR -CESGRANRIO/2017) A soma dos n primeiros termos o conjugado de Z2.
de uma progressão geométrica é dada por (A) -2 - 3i
(B) -2 + 3i
(C) -2 + i
(D) 8 + 3i
(E) 8 + i
Quanto vale o quarto termo dessa progressão geométrica?
(A) 1 24. (UEL) Quaisquer que sejam os números reais x e y:
(B) 3 (A) se |x| < |y|, então x < y.
(C) 27 (B) |x.y| = |x|.|y|
(D) 39 (C) |x + y| = |x| + |y|
(E) 40 (D) | - |x|| = - x
(E) se x < 0, então |x| < x
19. (TJ/RS - TÉCNICO JUDICIÁRIO – FAURGS/2017)Para que
a sequência (4x-1 , x² -1, x - 4) forme uma progressão aritmética, x 25. (PUC-SP) Na função exponencial y = 2x2 – 4x , determine os
pode assumir, dentre as possibilidades abaixo, o valor de valores reais de x para os quais 1<y<32.
(A) -0,5. (A) S = { x ϵ R| 0<x<4}
(B)1,5. (B) S = { x ϵ R| x < -2 e x > 4}
(C) 2. (C) S = { x ϵ R| x < 0 e x > 5}
(D)4. (D) S = { x ϵ R| x < 8 e x > 4}
(E) 6. (E) S = { x ϵ R| x < 0 e x > 4}

20. (ESCOLA DE APRENDIZES - MARINHEIROS/2012) Os valo- 26. Dadas as proposições:


res numéricos do quociente e do resto da divisão de p(x) = 5x4 – 3x2 I) Dois pontos distintos determinam uma única reta que os con-
+ 6x – 1 por d(x) = x2 + x + 1, para x = -1 são, respectivamente, tém.
(A) -7 e -12 II) Três pontos distintos determinam um único plano que os
(B) -7 e 14 contém.
(C) 7 e -14 III) Se dois pontos de uma reta pertencem a um plano, então a
(D) 7 e -12 reta está contida no plano.
(E) -7 e 12
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MATEMÁTICA

É correto afirmar que: 29. Uma equação algébrica com coeficientes reais admite como
(A) Todas são verdadeiras. raízes os números complexos 2 + i, 1 – i e 0. Podemos afirmar que o
(B) Todas são falsas. grau dessa equação é, necessariamente:
(C) Apenas I e II são falsas. (A) par.
(D) Apenas II e III são falsas. (B) ímpar.
(E) Apenas I e III são falsas. (C) igual a três.
(D) menor ou igual a seis.
27. (TJM-SP - Oficial de Justiça – VUNESP) Um grande terreno (E) maior ou igual a cinco.
foi dividido em 6 lotes retangulares congruentes, conforme mostra
a figura, cujas dimensões indicadas estão em metros. 30. Quais são as outras raízes da equação x3 – 5x2 + 8x – 6 = 0,
sabendo-se que 1 + i é uma de suas raízes.
(A) 1 – i, 3
(B) 1 + i, 3
(C) 1 – i, 9
(D) 1 + i, 9
(E) 1 – i, 1 + i

GABARITO

1 C
Sabendo-se que o perímetro do terreno original, delineado em 2 B
negrito na figura, mede x + 285, conclui-se que a área total desse
terreno é, em m2, igual a: 3 E
(A) 2 400. 4 D
(B) 2 600. 5 C
(C) 2 800.
(D) 3000. 6 D
(E) 3 200. 7 B
8 E
28. Considere as equações apresentadas na coluna da esquer-
da e os nomes das curvas planas descritas na coluna da direita. As- 9 A
socie a 2ª coluna com a 1ª coluna. 10 D
11 D
( ) Elipse 12 A
13 C
( ) Hipérbole 14 A
15 C
( ) Reta
16 A
17 C
( ) Circunferência
18 A
19 B
( ) Parábola
20 D
21 C
A associação que relaciona corretamente a equação ao tipo de
curva plana na sequencia de cima para baixo, é: 22 C
(A) I, IV, II, V e III 23 B
(B) I, V, III, IV e II
24 B
(C) II, III, V, I e IV
(D) III, II, IV, I e V 25 E
(E) IV, II, V, I e III 26 D
27 D
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MATEMÁTICA

28 A
29 E
30 A

ANOTAÇÕES
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A imagem a seguir ilustra uma campanha pela inclusão social.


LEITURA, INTERPRETAÇÃO E ANÁLISE DE TEXTOS LEITURA,
INTERPRETAÇÃO E ANÁLISE DOS SIGNIFICADOS PRESEN-
TES EM UM TEXTO E O RESPECTIVO RELACIONAMENTO
COM O UNIVERSO EM QUE O TEXTO FOI PRODUZIDO

Definição Geral
Embora correlacionados, esses conceitos se distinguem, pois
sempre que compreendemos adequadamente um texto e o objetivo
de sua mensagem, chegamos à interpretação, que nada mais é
do que as conclusões específicas. Exemplificando, sempre que
nos é exigida a compreensão de uma questão em uma avaliação,
a resposta será localizada no próprio no texto, posteriormente,
ocorre a interpretação, que é a leitura e a conclusão fundamentada
em nossos conhecimentos prévios.
“A Constituição garante o direito à educação para todos e a
Compreensão de Textos inclusão surge para garantir esse direito também aos alunos com
Resumidamente, a compreensão textual consiste na análise do deficiências de toda ordem, permanentes ou temporárias, mais ou
que está explícito no texto, ou seja, na identificação da mensagem. menos severas.”
É assimilar (uma devida coisa) intelectualmente, fazendo uso
da capacidade de entender, atinar, perceber, compreender. A partir do fragmento acima, assinale a afirmativa incorreta.
Compreender um texto é apreender de forma objetiva a mensagem (A) A inclusão social é garantida pela Constituição Federal de
transmitida por ele. Portanto, a compreensão textual envolve a 1988.
decodificação da mensagem que é feita pelo leitor. Por exemplo, (B) As leis que garantem direitos podem ser mais ou menos
ao ouvirmos uma notícia, automaticamente compreendemos severas.
a mensagem transmitida por ela, assim como o seu propósito (C) O direito à educação abrange todas as pessoas, deficientes
comunicativo, que é informar o ouvinte sobre um determinado ou não.
evento. (D) Os deficientes temporários ou permanentes devem ser
incluídos socialmente.
Interpretação de Textos (E) “Educação para todos” inclui também os deficientes.
É o entendimento relacionado ao conteúdo, ou melhor, os
resultados aos quais chegamos por meio da associação das ideias Comentário da questão:
e, em razão disso, sobressai ao texto. Resumidamente, interpretar Em “A” o texto é sobre direito à educação, incluindo as pessoas
é decodificar o sentido de um texto por indução. com deficiência, ou seja, inclusão de pessoas na sociedade. =
A interpretação de textos compreende a habilidade de se afirmativa correta.
chegar a conclusões específicas após a leitura de algum tipo de Em “B” o complemento “mais ou menos severas” se refere à
texto, seja ele escrito, oral ou visual. “deficiências de toda ordem”, não às leis. = afirmativa incorreta.
Grande parte da bagagem interpretativa do leitor é resultado Em “C” o advérbio “também”, nesse caso, indica a inclusão/
da leitura, integrando um conhecimento que foi sendo assimilado adição das pessoas portadoras de deficiência ao direito à educação,
ao longo da vida. Dessa forma, a interpretação de texto é subjetiva, além das que não apresentam essas condições. = afirmativa correta.
podendo ser diferente entre leitores. Em “D” além de mencionar “deficiências de toda ordem”, o
texto destaca que podem ser “permanentes ou temporárias”. =
Exemplo de compreensão e interpretação de textos afirmativa correta.
Para compreender melhor a compreensão e interpretação de Em “E” este é o tema do texto, a inclusão dos deficientes. =
textos, analise a questão abaixo, que aborda os dois conceitos em afirmativa correta.
um texto misto (verbal e visual):
FGV > SEDUC/PE > Agente de Apoio ao Desenvolvimento Escolar Resposta: Logo, a Letra B é a resposta Certa para essa questão,
Especial > 2015 visto que é a única que contém uma afirmativa incorreta sobre o
Português > Compreensão e interpretação de textos texto.

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– Fonemas: com origem na junção dos termos gregos fono


FONÉTICA (som) + emas (unidades distintas), os fonemas são as menores
unidades de som que compõem as palavras.
– Classificação dos fonemas: devido aos diversos tipos de sons
— Definições Gerais gerados pela corrente que parte dos pulmões em direção a órgãos
Fonética e Fonologia são ramos que integram a primeira parte específicos, com ou sem obstrução, seja pela boca e/ou pelo nariz,
dos estudos da Gramática Descritiva e se dedicam ao estudo das os fonemas são classificados em vogais, semivogais e consoantes.
características e dos fenômenos físicos, fisiológicos e fônicos da
língua. Seus objetivos são a investigação e a classificação dos dos
sons da fala, que nada mais são do que os componentes mínimos da ORTOGRAFIA E PONTUAÇÃO CORRETA ESCRITA DAS PALA-
linguagem articulada. A fonética concentra-se nos sons da fala em VRAS DA LÍNGUA PORTUGUESA
sua realização efetiva, enquanto a fonologia volta-se para o sistema
de fonemas. Por seus objetos de estudo estarem estritamente
vinculados, essas áreas são compreendidas como complementares.    — Definições
Com origem no idioma grego, no qual orto significa “direito”,
Fonética “exato”, e grafia quer dizer “ação de escrever”, ortografia é o nome
Analisa as propriedades fisiológicas e acústicas dos sons reais dado ao sistema de regras definido pela gramática normativa que
dos atos de fala, abrangendo a produção desses sons, bem como indica a escrita correta das palavras. Já a Ortografia Oficial se refere
suas articulações e variações. Em outros termos, procura investigar às práticas ortográficas que são consideradas oficialmente como
a realização concreta dos sons das palavras.   adequadas no Brasil. Os principais tópicos abordados pela ortografia
Os sons e a formação das palavras: sempre que alguém profere são: o emprego de acentos gráficos que sinalizam vogais tônicas,
uma fala, sons são produzidos pela corrente de ar que é liberada dos abertas ou fechadas; os processos fonológicos (crase/acento grave);
pulmões; esses sons associam-se para constituir palavras. Nesse os sinais de pontuação elucidativos de funções sintáticas da língua e
processo, o sentido das palavras pode ser modificado se houver decorrentes dessas funções, entre outros.  
alguma alteração na geração do som.    Os acentos: esses sinais modificam o som da letra sobre
a qual recaem, para que palavras com grafia similar possam
Exemplo: as palavras gado e gato possuem sons semelhantes, a ter leituras diferentes, e, por conseguinte, tenham significados
não ser pelo [d] e pelo [t]. Essa mínima diferença altera o significado distintos.  Resumidamente, os acentos são agudo (deixa o som da
de cada uma dessas palavras.   vogal mais aberto), circunflexo (deixa o som fechado), til (que faz
com que o som fique nasalado) e acento grave (para indicar crase).
Exemplo de análise fonética: O alfabeto: é a base de qualquer língua. Nele, estão
estabelecidos os sinais gráficos e os sons representados por cada
um dos sinais; os sinais, por sua vez, são as vogais e as consoantes.  
[a] = vogal baixa central As letras K, Y e W: antes consideradas estrangeiras, essas letras
[b] = oclusiva bilabial vozeada
arredondada foram integradas oficialmente ao alfabeto do idioma português
[e] = vogal média alta anterior [p] = oclusiva bilabial brasileiro em 2009, com a instauração do Novo Acordo Ortográfico.
não arredondada desvozeada/surda As possibilidades da vogal Y e das consoantes K e W são, basicamente,
[i] = vogal alta anterior não para nomes próprios e abreviaturas, como abaixo:  
[d] = oclusiva velar vozeada – Para grafar símbolos internacionais e abreviações, como Km
arredondada
(quilômetro), W (watt) e Kg (quilograma).
[o] = vogal média alta posterior [t] = Oclusiva alveolar – Para transcrever nomes próprios estrangeiros ou seus
arredondada desvozeada/surda derivados na língua portuguesa, como Britney, Washington, Nova
[u] = vogal alta posterior [tʃ] = Africada alveopalatal York.  
arredondada desvozeada/surda
Relação som X grafia: confira abaixo os casos mais complexos
Fonologia do emprego da ortografia correta das palavras e suas principais
É o estudo dos sons (fonemas) de uma língua. Lembrando regras:
que fonema consiste na representação sonora de uma letra ou de
um grupo de letras; fonema é som. De acordo com a Fonologia, o «ch” ou “x”?: deve-se empregar o X nos seguintes casos:
fonema é uma unidade acústica desprovida de significado, o que – Em palavras de origem africana ou indígena. Exemplo: oxum,
quer dizer que esses componentes consistem nos distintos sons que abacaxi.  
são produzidos que possamos manifestar nossas ideias, emoções e – Após ditongos. Exemplo: abaixar, faixa.
sentimentos, em virtude da união de unidades diferenciadas. Tais – Após a sílaba inicial “en”. Exemplo: enxada, enxergar.
unidades, por sua vez, ao se juntarem, formam as palavras e as – Após a sílaba inicial “me”. Exemplo: mexilhão, mexer,
sílabas.    mexerica.   
– Palavras: constituem a unidade básica da interação verbal e
são formadas pela junção das sílabas. s” ou “x”?: utiliza-se o S nos seguintes casos:
– Sílabas: unidades menores que as palavras: na fala, temos – Nos sufixos “ese”, “isa”, “ose”. Exemplo: síntese, avisa,
sílabas e sons; na escrita, sílabas e letras. verminose.

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– Nos sufixos “ense”, “osa” e “oso”, quando formarem adjetivos. indica que a sílaba forte é “o” (ou seja, é acento tônico), e um til
Exemplo: amazonense, formosa, jocoso. (˜), que indica que a pronúncia da vogal “a” é nasal, não oral. Outro
– Nos sufixos “ês” e “esa”, quando designarem origem, título ou exemplo semelhante é a palavra bênção.  
nacionalidade. Exemplo: marquês/marquesa, holandês/holandesa,
burguês/burguesa. — Monossílabas Tônicas e Átonas
– Nas palavras derivadas de outras cujo radical já apresenta “s”. Mesmo as palavras com apenas uma sílaba podem sofrer
Exemplo: casa – casinha – casarão; análise – analisar. alteração de intensidade de voz na sua pronúncia. Exemplo: observe
o substantivo masculino “dó” e a preposição “do” (contração
Porque, Por que, Porquê ou Por quê? da preposição “de” + artigo “o”).   Ao comparar esses termos,
– Porque (junto e sem acento): é conjunção explicativa, ou seja, percebermos que o primeiro soa mais forte que o segundo, ou seja,
indica motivo/razão, podendo substituir o termo pois. Portanto, temos uma monossílaba tônica e uma átona, respectivamente.
toda vez que essa substituição for possível, não haverá dúvidas de Diante de palavras monossílabas, a dica para identificar se é tônica
que o emprego do porque estará correto. Exemplo: Não choveu, (forte) ou fraca átona (fraca) é pronunciá-las em uma frase, como
porque/pois nada está molhado.   abaixo:
– Por que (separado e sem acento): esse formato é empregado “Sinto grande dó ao vê-la sofrer.”
para introduzir uma pergunta ou no lugar de “o motivo pelo qual”, “Finalmente encontrei a chave do carro.”
para estabelecer uma relação com o termo anterior da oração.
Exemplos: Por que ela está chorando? / Ele explicou por que do Recebem acento gráfico:  
cancelamento do show.   – As monossílabas tônicas terminadas em: -a(s) → pá(s), má(s);
– Porquê (junto e com acento): trata-se de um substantivo e, -e(s) → pé(s), vê(s); -o(s) → só(s), pôs.
por isso, pode estar acompanhado por artigo, adjetivo, pronome – As monossílabas tônicas formados por ditongos abertos -éis,
ou numeral. Exemplo: Não ficou claro o porquê do cancelamento -éu, -ói. Ex: réis, véu, dói.
do show.  
– Por quê (separado e com acento): deve ser empregado ao Não recebem acento gráfico:
fim de frases interrogativas. Exemplo: Ela foi embora novamente. – As monossílabas tônicas: par, nus, vez, tu, noz, quis.
Por quê?   – As formas verbais monossilábicas terminadas em “-ê”, nas
quais a 3a pessoa do plural termina em “-eem”. Antes do novo
Parônimos e homônimos acordo ortográfico, esses verbos era acentuados. Ex.: Ele lê → Eles
– Parônimos: são palavras que se assemelham na grafia e na lêem leem.
pronúncia, mas se divergem no significado. Exemplos: absolver
(perdoar) e absorver (aspirar); aprender (tomar conhecimento) e Exceção! O mesmo não ocorre com os verbos monossilábicos
apreender (capturar). terminados em “-em”, já que a terceira pessoa termina em “-êm”.
– Homônimos: são palavras com significados diferentes, mas Nesses caso, a acentuação permanece acentuada. Ex.: Ele tem →
que divergem na pronúncia. Exemplos: “gosto” (substantivo) e Eles têm; Ele vem → Eles vêm.
“gosto” (verbo gostar) / “este” (ponto cardeal) e “este” (pronome
demonstrativo). Acentuação das palavras Oxítonas
As palavras cuja última sílaba é tônica devem ser acentuadas
as oxítonas com sílaba tônica terminada em vogal tônica -a, -e e
ACENTUAÇÃO GRÁFICA -o, sucedidas ou não por -s. Ex.: aliás, após, crachá, mocotó, pajé,
vocês. Logo, não se acentuam as oxítonas terminadas em “-i” e “-u”.
Ex.: caqui, urubu.
— Definição
A acentuação gráfica consiste no emprego do acento nas Acentuação das palavras Paroxítonas
palavras grafadas com a finalidade de estabelecer, com base nas São classificadas dessa forma as palavras cuja penúltima
regras da língua, a intensidade e/ou a sonoridade das palavras. sílaba é tônica. De acordo com a regra geral, não se acentuam as
Isso quer dizer que os acentos gráficos servem para indicar a sílaba palavras paroxítonas, a não ser nos casos específicos relacionados
tônica de uma palavra ou a pronúncia de uma vogal. De acordo com abaixo. Observe as exceções:
as regras gramaticais vigentes, são quatro os acentos existentes na – Terminadas em -ei e -eis. Ex.: amásseis, cantásseis, fizésseis,
língua portuguesa: hóquei, jóquei, pônei, saudáveis.
– Acento agudo: Indica que a sílaba tônica da palavra tem som – Terminadas em -r, -l, -n, -x e -ps. Ex.: bíceps, caráter, córtex,
aberto. Ex.: área, relógio, pássaro. esfíncter, fórceps, fóssil, líquen, lúmen, réptil, tórax.  
– Acento circunflexo: Empregado acima das vogais “a” e” e – Terminadas em -i e -is. Ex.: beribéri, bílis, biquíni, cáqui, cútis,
“o”para indicar sílaba tônica em vogal fechada. Ex.: acadêmico, grátis, júri, lápis, oásis, táxi.
âncora, avô. – Terminadas em -us. Ex.: bônus, húmus, ônus, Vênus, vírus,
– Acento grave/crase: Indica a junção da preposição “a” com tônus.  
o artigo “a”. Ex: “Chegamos à casa”. Esse acento não indica sílaba – Terminadas em -om e -ons. Ex.: elétrons, nêutrons, prótons.
tônica! – Terminadas em -um e -uns. Ex.: álbum, álbuns, fórum, fóruns,
– Til: Sobre as vogais “a” e “o”, indica que a vogal de quórum, quóruns.  
determinada palavra tem som nasal, e nem sempre recai sobre a – Terminadas em -ã e -ão. Ex.: bênção, bênçãos, ímã, ímãs,
sílaba tônica. Exemplo: a palavra órfã tem um acento agudo, que órfã, órfãs, órgão, órgãos, sótão, sótãos.  
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Acentuação das palavras Proparoxítonas Hoje: Ela sempre para para ver a banda passar. [verbo /
Classificam-se assim as palavras cuja antepenúltima sílaba é preposição]
tônica, e todas recebem acento, sem exceções. Ex.: ácaro, árvore,
bárbaro, cálida, exército, fétido, lâmpada, líquido, médico, pássaro,
tática, trânsito. PARTIÇÃO SILÁBICA

Ditongos e Hiatos
Acentuam-se: Sílaba: A sílaba é um fonema ou conjunto de fonemas que emi-
– Oxítonas com sílaba tônica terminada em abertos “_éu”, tido em um só impulso de voz e que tem como base uma vogal.
“_éi” ou “_ói”, sucedidos ou não por “_s”. Ex.: anéis, fiéis, herói, A sílabas são classificadas de dois modos:
mausoléu, sóis, véus.
– As letras “_i” e “_u” quando forem a segunda vogal tônica de Classificação quanto ao número de sílabas:
um hiato e estejam isoladas ou sucedidas por “_s” na sílaba. Ex.: caí As palavras podem ser:
(ca-í), país (pa-ís), baú (ba-ú). – Monossílabas: as que têm uma só sílaba (pé, pá, mão, boi,
luz, é...)
Não se acentuam: – Dissílabas: as que têm duas sílabas (café, leite, noites, caí,
– A letra “_i”, sempre que for sucedida por de “_nh”. Ex.: bota, água...)
moinho, rainha, bainha. – Trissílabas: as que têm três sílabas (caneta, cabeça, saúde,
– As letras “_i” e o “_u” sempre que aparecerem repetidas. Ex.: circuito, boneca...)
juuna, xiita. xiita. – Polissílabas: as que têm quatro ou mais sílabas (casamento,
– Hiatos compostos por “_ee” e “_oo”. Ex.: creem, deem, leem, jesuíta, irresponsabilidade, paralelepípedo...)
enjoo, magoo.
Classificação quanto à tonicidade
O Novo Acordo Ortográfico As palavras podem ser:
Confira as regras que levaram algumas palavras a perderem – Oxítonas: quando a sílaba tônica é a última (ca-fé, ma-ra-cu-
acentuação em razão do Acordo Ortográfico de 1990, que entrou -já, ra-paz, u-ru-bu...)
em vigor em 2009: – Paroxítonas: quando a sílaba tônica é a penúltima (me-sa,
sa-bo-ne-te, ré-gua...)
1 – Vogal tônica fechada -o de -oo em paroxítonas. – Proparoxítonas: quando a sílaba tônica é a antepenúltima
Exemplos: enjôo – enjoo; magôo – magoo; perdôo – perdoo; (sá-ba-do, tô-ni-ca, his-tó-ri-co…)
vôo – voo; zôo – zoo.
Lembre-se que:
2 – Ditongos abertos -oi e -ei em palavras paroxítonas. Tônica: a sílaba mais forte da palavra, que tem autonomia fo-
Exemplos: alcalóide – alcaloide; andróide – androide; alcalóide nética.
– alcaloide; assembléia – assembleia; asteróide – asteroide; Átona: a sílaba mais fraca da palavra, que não tem autonomia
européia – europeia. fonética.
Na palavra telefone: te-, le-, ne- são sílabas átonas, pois são
3 – Vogais -i e -u precedidas de ditongo em paroxítonas. mais fracas, enquanto que fo- é a sílaba tônica, já que é a pronun-
Exemplos: feiúra – feiura; maoísta – maoista; taoísmo – ciada com mais força.
taoismo.
Agora que já sabemos essas classificações básicas, precisamos
4 – Palavras paroxítonas cuja terminação é -em, e que entender melhor como se dá a divisão silábica das palavras.
possuem -e tônico em hiato.
Isso ocorre com a 3a pessoa do plural do presente do indicativo Divisão silábica
ou do subjuntivo. Exemplos: deem; lêem – leem; relêem – releem; A divisão silábica é feita pela silabação das palavras, ou seja,
revêem. pela pronúncia. Sempre que for escrever, use o hífen para separar
uma sílaba da outra. Algumas regras devem ser seguidas neste pro-
5 – Palavras com trema: somente para palavras da língua cesso:
portuguesa. Exemplos: bilíngüe – bilíngue; enxágüe – enxágue; Não se separa:
linguïça – linguiça. • Ditongo: encontro de uma vogal e uma semivogal na mesma
sílaba (cau-le, gai-o-la, ba-lei-a...)
6 – Paroxítonas homógrafas: são palavras que têm a mesma • Tritongo: encontro de uma semivogal, uma vogal e uma semi-
grafia, mas apresentam significados diferentes. Exemplo: o verbo vogal na mesma sílaba (Pa-ra-guai, quais-quer, a-ve-ri-guou...)
PARAR: pára – para. Antes do Acordo Ortográfico, a flexão do verbo • Dígrafo: quando duas letras emitem um único som na pala-
“parar” era acentuada para que fosse diferenciada da preposição vra. Não separamos os dígrafos ch, lh, nh, gu e qu (fa-cha-da, co-
“para”. -lhei-ta, fro-nha, pe-guei...)
Atualmente, nenhuma delas recebe acentuação. Assim: • Encontros consonantais inseparáveis: re-cla-mar, psi-có-lo-
Antes: Ela sempre pára para ver a banda passar. [verbo / -go, pa-trão...)
preposição]

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Deve-se separar: 4 – Isolar expressões explicativas:


• Hiatos: vogais que se encontram, mas estão é sílabas vizinhas “As CPIs que terminaram em pizza, ou seja, ninguém foi
(sa-ú-de, Sa-a-ra, ví-a-mos...) responsabilizado.”
• Os dígrafos rr, ss, sc, e xc (car-ro, pás-sa-ro, pis-ci-na, ex-ce-
-ção...) 5 – Separar conjunções intercaladas
• Encontros consonantais separáveis: in-fec-ção, mag-nó-lia, “Não foi explicado, porém, o porquê das falhas no sistema.”
rit-mo...)
6 – Isolar o adjunto adverbial anteposto ou intercalado:
“Amanhã pela manhã, faremos o comunicado aos
PONTUAÇÃO funcionários do setor.”
“Ele foi visto, muitas vezes, vagando desorientado pelas ruas.”
7 – Separar o complemento pleonástico antecipado:
— Visão Geral “Estas alegações, não as considero legítimas.”
O sistema de pontuação consiste em um grupo de sinais
gráficos que, em um período sintático, têm a função primordial 8 – Separar termos coordenados assindéticos (não conectadas
de indicar um nível maior ou menor de coesão entre estruturas por conjunções)
e, ocasionalmente, manifestar as propriedades da fala (prosódias) “Os seres vivos nascem, crescem, reproduzem-se, morrem.”
em um discurso redigido. Na escrita, esses sinais substituem os
gestos e as expressões faciais que, na linguagem falada, auxiliam a 9 – Isolar o nome de um local na indicação de datas:
compreensão da frase. “São Paulo, 16 de outubro de 2022”.
O emprego da pontuação tem as seguintes finalidades:
– Garantir a clareza, a coerência e a coesão interna dos diversos 10 – Marcar a omissão de um termo:
tipos textuais; “Eu faço o recheio, e você, a cobertura.” (omissão do verbo
– Garantir os efeitos de sentido dos enunciados; “fazer”).
– Demarcar das unidades de um texto;
– Sinalizar os limites das estruturas sintáticas. • Entre as sentenças
1 – Para separar as orações subordinadas adjetivas explicativas
— Sinais de pontuação que auxiliam na elaboração de um “Meu aluno, que mora no exterior, fará aulas remotas.”
enunciado
2 – Para separar as orações coordenadas sindéticas e
Vírgula assindéticas, com exceção das orações iniciadas pela conjunção “e”:
De modo geral, sua utilidade é marcar uma pausa do enunciado “Liguei para ela, expliquei o acontecido e pedi para que nos
para indicar que os termos por ela isolados, embora compartilhem ajudasse.”
da mesma frase ou período, não compõem unidade sintática. Mas,
se, ao contrário, houver relação sintática entre os termos, estes 3 – Para separar as orações substantivas que antecedem a
não devem ser isolados pela vírgula. Isto quer dizer que, ao mesmo principal:
tempo que existem situações em que a vírgula é obrigatória, em “Quando será publicado, ainda não foi divulgado.”
outras, ela é vetada. Confira os casos em que a vírgula deve ser
empregada: 4 – Para separar orações subordinadas adverbiais desenvolvidas
ou reduzidas, especialmente as que antecedem a oração principal:
• No interior da sentença
1 – Para separar elementos de uma enumeração e repetição:
Por ser sempre assim, ninguém dá
Reduzida
atenção!
ENUMERAÇÃO
Porque é sempre assim, já ninguém dá
Adicione leite, farinha, açúcar, ovos, óleo e chocolate. Desenvolvida
atenção!
Paguei as contas de água, luz, telefone e gás.
5 – Separar as sentenças intercaladas:
REPETIÇÃO “Querida, disse o esposo, estarei todos os dias aos pés do seu
leito, até que você se recupere por completo.”
Os arranjos estão lindos, lindos!
Sua atitude foi, muito, muito, muito indelicada. • Antes da conjunção “e”
1 – Emprega-se a vírgula quando a conjunção “e” adquire
2 – Isolar o vocativo valores que não expressam adição, como consequência ou
“Crianças, venham almoçar!” diversidade, por exemplo.
“Quando será a prova, professora?” “Argumentou muito, e não conseguiu convencer-me.”

3 – Separar apostos
“O ladrão, menor de idade, foi apreendido pela polícia.”

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2 – Utiliza-se a vírgula em casos de polissíndeto, ou seja, sempre 3 – Para iniciar fala de personagens:
que a conjunção “e” é reiterada com com a finalidade de destacar “Ele gritava repetidamente:
alguma ideia, por exemplo: – Sou inocente!”
“(…) e os desenrolamentos, e os incêndios, e a fome, e a sede;
e dez meses de combates, e cem dias de cancioneiro contínuo; e o Reticências
esmagamento das ruínas...” (Euclides da Cunha) 1 – Para indicar interrupção de uma frase incompleta
sintaticamente:
3 – Emprega-se a vírgula sempre que orações coordenadas “Quem sabe um dia...”
apresentam sujeitos distintos, por exemplo:
“A mulher ficou irritada, e o marido, constrangido.” 2 – Para indicar hesitação ou dúvida:
“Então... tenho algumas suspeitas... mas prefiro não revelar
O uso da vírgula é vetado nos seguintes casos: separar sujeito ainda.”
e predicado, verbo e objeto, nome de adjunto adnominal, nome
e complemento nominal, objeto e predicativo do objeto, oração 3 – Para concluir uma frase gramaticalmente inacabada com o
substantiva e oração subordinada (desde que a substantivo não seja objetivo de prolongar o raciocínio:
apositiva nem se apresente inversamente). “Sua tez, alva e pura como um foco de algodão, tingia-se nas
faces duns longes cor-de-rosa...” (Cecília - José de Alencar).
Ponto
1 – Para indicar final de frase declarativa: 4 – Suprimem palavras em uma transcrição:
“O almoço está pronto e será servido.” “Quando penso em você (...) menos a felicidade.” (Canteiros -
Raimundo Fagner).
2 – Abrevia palavras:
– “p.” (página) Ponto de Interrogação
– “V. Sra.” (Vossa Senhoria) 1 – Para perguntas diretas:
– “Dr.” (Doutor) “Quando você pode comparecer?”

3 – Para separar períodos: 2 – Algumas vezes, acompanha o ponto de exclamação para


“O jogo não acabou. Vamos para os pênaltis.” destacar o enunciado:
“Não brinca, é sério?!”
Ponto e Vírgula
1 – Para separar orações coordenadas muito extensas ou Ponto de Exclamação
orações coordenadas nas quais já se tenha utilizado a vírgula: 1 – Após interjeição:
“Gosto de assistir a novelas; meu primo, de jogos de RPG; “Nossa Que legal!”
nossa amiga, de praticar esportes.”
2 – Após palavras ou sentenças com carga emotiva
2 – Para separar os itens de uma sequência de itens: “Infelizmente!”
“Os planetas que compõem o Sistema Solar são:
Mercúrio; 3 – Após vocativo
Vênus; “Ana, boa tarde!”
Terra;
Marte; 4 – Para fechar de frases imperativas:
Júpiter; “Entre já!”
Saturno;
Urano; Parênteses
Netuno.” a) Para isolar datas, palavras, referências em citações, frases
intercaladas de valor explicativo, podendo substituir o travessão ou
Dois Pontos a vírgula:
1 – Para introduzirem apostos ou orações apositivas, “Mal me viu, perguntou (sem qualquer discrição, como
enumerações ou sequência de palavras que explicam e/ou resumem sempre)
ideias anteriores. quem seria promovido.”
“Anote o endereço: Av. Brasil, 1100.”
“Não me conformo com uma coisa: você ter perdoado aquela Travessão
grande ofensa.” 1 – Para introduzir a fala de um personagem no discurso direto:
“O rapaz perguntou ao padre:
2 – Para introduzirem citação direta: — Amar demais é pecado?”
“Desse estudo, Lavoisier extraiu o seu princípio, atualmente
muito conhecido: “Nada se cria, nada se perde, tudo se 2 – Para indicar mudança do interlocutor nos diálogos:
transforma’.” “— Vou partir em breve.
— Vá com Deus!”

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3 – Para unir grupos de palavras que indicam itinerários:


“Esse ônibus tem destino à cidade de São Paulo — SP.”

4 – Para substituir a vírgula em expressões ou frases explicativas:


“Michael Jackson — o retorno rei do pop — era imbatível.”

Aspas
1 – Para isolar palavras ou expressões que violam norma culta, como termos populares, gírias, neologismos, estrangeirismos,
arcaísmos, palavrões, e neologismos.
“Na juventude, ‘azarava’ todas as meninas bonitas.”
“A reunião será feita ‘online’.”

2 – Para indicar uma citação direta:


“A índole natural da ciência é a longanimidade.” (Machado de Assis)

MORFOLOGIA ESTRUTURA E FORMAÇÃO DAS PALAVRAS

As palavras são formadas por estruturas menores, com significados próprios. Para isso, há vários processos que contribuem para a
formação das palavras.

Estrutura das palavras


As palavras podem ser subdivididas em estruturas significativas menores - os morfemas, também chamados de elementos mórficos:
– radical e raiz;
– vogal temática;
– tema;
– desinências;
– afixos;
– vogais e consoantes de ligação.

Radical: Elemento que contém a base de significação do vocábulo.


Exemplos
VENDer, PARTir, ALUNo, MAR.

Desinências: Elementos que indicam as flexões dos vocábulos.

Dividem-se em:
Nominais
Indicam flexões de gênero e número nos substantivos.
Exemplos
pequenO, pequenA, alunO, aluna.
pequenoS, pequenaS, alunoS, alunas.

Verbais
Indicam flexões de modo, tempo, pessoa e número nos verbos
Exemplos
vendêSSEmos, entregáRAmos. (modo e tempo)
vendesteS, entregásseIS. (pessoa e número)

Indica, nos verbos, a conjugação a que pertencem.


Exemplos
1ª conjugação: – A – cantAr
2ª conjugação: – E – fazEr
3ª conjugação: – I – sumIr

Observação
Nos substantivos ocorre vogal temática quando ela não indica oposição masculino/feminino.
Exemplos
livrO, dentE, paletó.
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Tema: União do radical e a vogal temática.


Exemplos
CANTAr, CORREr, CONSUMIr.

Vogal e consoante de ligação: São os elementos que se interpõem aos vocábulos por necessidade de eufonia.
Exemplos
chaLeira, cafeZal.

Visão geral: a formação de palavras que integram o léxico da língua baseia-se em dois principais processos morfológicos (combinação
de morfemas): a derivação e a composição.
Derivação: é a formação de uma nova palavra (palavra derivada) com base em uma outra que já existe na língua (palavra primitiva ou
radical).

1 – Prefixal por prefixação: um prefixo ou mais são adicionados à palavra primitiva.

PREFIXO PALAVRA PRIMITIVA PALAVRA DERIVADA


inf fiel infiel
sobre carga sobrecarga

2 – Sufixal ou por sufixação: é a adição de sufixo à palavra primitiva.

PALAVRA
SUFIXO PALAVRA DERIVADA
PRIMITIVA
gol leiro goleiro
feliz mente felizmente

3 – Prefixal e sufixal: nesse tipo, a presença do prefixo ou do sufixo à palavra primitiva já é o suficiente para formação de uma nova
palavra.

PREFIXO PALAVRA PRIMITIVA SUFIXO PALAVRA DERIVADA


inf feliz – Infeliz
– feliz mente Felizmente
des igual – desigual
– igual dade igualdade

4 – Parassintética: também consiste na adição de prefixo e sufixo à palavra primitiva, porém, diferentemente do tipo anterior, para
existência da nova palavra, ambos os acréscimos são obrigatórios. Esse processo parte de substantivos e adjetivos para originar um verbo.

PREFIXO PALAVRA PRIMITIVA SUFIXO PALAVRA DERIVADA


em pobre cer empobrecer
em trist ecer estristecer

5 – Regressiva: é a remoção da parte final de uma palavra primitiva para, dessa forma, obter uma palavra derivada. Esse origina
substantivos a partir de formas verbais que expressam uma ação. Essas novas palavras recebem o nome de deverbais. Tal composição
ocorre a partir da substituição da terminação verbal formada pela vogal temática + desinência de infinitivo (“–ar” ou “–er”) por uma das
vogais temáticas nominais (-a, -e,-o).”

VERBO RADICAL DESINÊNCIA VOGAL TEMÁTICA SUBSTANTIVO


debater debat er e debate
sustentar sustent ar o sustento
vender vend er a venda

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6 – Imprópria (ou conversão): é o processo que resulta na mudança da classe gramatical de uma palavra primitiva, mas não modifica
sua forma. Exemplo: a palavra jantar pode ser um verbo na frase “Convidaram-me para jantar”, mas também pode ser um substantivo na
frase “O jantar estava maravilhoso”.

Composição: é o processo de formação de palavra a partir da junção de dois ou mais radicais. A composição pode se realizar por
justaposição ou por aglutinação.   
– Justaposição: na junção, não há modificação dos radicais. Exemplo: passa + tempo - passatempo; gira + sol = girassol.  
– Aglutinação: existe alteração dos radicais na sua junção. Exemplo: em + boa + hora = embora; desta + arte = destarte.

CLASSES DE PALAVRAS

— Definição
As classes gramaticais são grupos de palavras que organizam o estudo da gramática. Isto é, cada palavra existente na língua portuguesa
condiz com uma classe gramatical, na qual ela é inserida em razão de sua função. Confira abaixo as diversas funcionalidades de cada classe
gramatical.

— Artigo
É a classe gramatical que, em geral, precede um substantivo, podendo flexionar em número e em gênero.

A classificação dos artigos


– Artigos definidos: servem para especificar um substantivo ou para se referirem a um ser específico por já ter sido mencionado ou
por ser conhecido mutuamente pelos interlocutores. Eles podem flexionar em número (singular e plural) e gênero (masculino e feminino).
– Artigos indefinidos: indicam uma generalização ou a ocorrência inicial do representante de uma dada espécie, cujo conhecimento
não é compartilhado entre os interlocutores, por se tratar da primeira vez em que aparece no discurso. Podem variar em número e gênero.
Observe:
NÚMERO/GÊNERO MASCULINO FEMININO EXEMPLOS
Preciso de um pedreiro.
Singular Um Uma
Vi uma moça em frente à casa.
Localizei uns documentos antigos.
Plural Umas Umas
Joguei fora umas coisas velhas.

Outras funções do artigo


– Substantivação: é o nome que se dá ao fenômeno de transformação de adjetivos e verbos em substantivos a partir do emprego do
artigo. Observe:  
– Em “O caminhar dela é muito elegante.”, “caminhar”, que teria valor de verbo, passou a ser o substantivo do enunciado.
– Indicação de posse: antes de palavras que atribuem parentesco ou de partes do corpo, o artigo definido pode exprimir relação de
posse. Por exemplo: “No momento em que ela chegou, o marido já a esperava.”  
Na frase, o artigo definido “a” esclarece que se trata do marido do sujeito “ela”, omitindo o pronomes possessivo dela.
– Expressão de valor aproximado: devido à sua natureza de generalização, o artigo indefinido inserido antes de numeral indica valor
aproximado. Mais presente na linguagem coloquial, esse emprego dos artigos indefinidos representa expressões como “por volta de” e
“aproximadamente. Observe: “Faz em média uns dez anos que a vi pela última vez.” e Acrescente aproximadamente umas três ou quatro
gotas de baunilha.”

Contração de artigos com preposições


Os artigos podem fazer junção a algumas preposições, criando uma única palavra contraída. A tabela abaixo ilustra como esse processo
ocorre:

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— Substantivo – Comparativo de inferioridade: “O gerente está menos atento


Essa classe atribui nome aos seres em geral (pessoas, animais, do que a equipe.”   
qualidades, sentimentos, seres mitológicos e espirituais). Os – Superlativo absoluto: refere-se a apenas um substantivo,
substantivos se subdividem em: podendo ser:
– Próprios ou Comuns: são próprios os substantivos que • Analítico: “A modelo é extremamente bonita.”
nomeiam algo específico, como nomes de pessoas (Pedro, Paula) • Sintético: “Pedro é uma pessoa boníssima.”
ou lugares (São Paulo, Brasil). São comuns os que nomeiam algo na – Superlativo relativo: refere-se a um grupo, podendo ser de:
sua generalidade (garoto, caneta, cachorro). • Superioridade - “Ela é a professora mais querida da escola.”
– Primitivos ou derivados: se não for formado por outra • Inferioridade - “Ele era o menos disposto do grupo.”  
palavra, é substantivo primitivo (carro, planeta); se formado por
outra palavra, é substantivo derivado (carruagem, planetário). Pronome adjetivo
– Concretos ou abstratos: os substantivos que nomeiam seres Recebem esse nome porque, assim como os adjetivos, esses
reais ou imaginativos, são concretos (cavalo, unicórnio); os que pronomes alteram os substantivos aos quais se referem. Assim,
nomeiam sentimentos, qualidades, ações ou estados são abstratos.   esse tipo de pronome flexiona em gênero e número para fazer
– Substantivos coletivos: são os que nomeiam os seres concordância com os substantivos. Exemplos: “Esta professora é
pertencentes ao mesmo grupo. Exemplos: manada (rebanho de a mais querida da escola.” (o pronome adjetivo esta determina o
gado), constelação (aglomerado de estrelas), matilha (grupo de substantivo comum professora).
cães).  
Locução adjetiva
— Adjetivo Uma locução adjetiva é formada por duas ou mais palavras,
É a classe de palavras que se associa ao substantivo para alterar que, associadas, têm o valor de um único adjetivo. Basicamente,
o seu significado, atribuindo-lhe caracterização conforme uma consiste na união preposição + substantivo ou advérbio. Exemplos:
qualidade, um estado e uma natureza, bem como uma quantidade – Criaturas da noite (criaturas noturnas).
ou extensão à palavra, locução, oração ou pronome. – Paixão sem freio (paixão desenfreada).
– Associação de comércios (associação comercial).
Os tipos de adjetivos
– Simples e composto: com apenas um radical, é adjetivo — Verbo
simples (bonito, grande, esperto, miúdo, regular); apresenta É a classe de palavras que indica ação, ocorrência, desejo,
mais de um radical, é composto (surdo-mudo, afrodescendente, fenômeno da natureza e estado. Os verbos se subdividem em:
amarelo-limão).   – Verbos regulares: são os verbos que, ao serem conjugados,
– Primitivo e derivado: o adjetivo que origina outros adjetivos não têm seu radical modificado e preservam a mesma desinência do
é primitivo (belo, azul, triste, alegre); adjetivos originados de verbo, verbo paradigma, isto é, terminado em “-ar” (primeira conjugação),
substantivo ou outro adjetivo são classificados como derivados (ex.: “-er” (segunda conjugação) ou “-ir” (terceira conjugação).  Observe
substantivo morte → adjetivo mortal; verbo lamentar → adjetivo o exemplo do verbo “nutrir”:
lamentável). – Radical: nutr (a parte principal da palavra, onde reside seu
– Pátrio ou gentílico: é a palavra que indica a nacionalidade ou significado).
origem de uma pessoa (paulista, brasileiro, mineiro, latino).   – Desinência: “-ir”, no caso, pois é a terminação da palavra e,
tratando-se dos verbos, indica pessoa (1a, 2a, 3a), número (singular
O gênero dos adjetivos ou plural), modo (indicativo, subjuntivo ou imperativo) e tempo
– Uniformes: possuem forma única para feminino e masculino, (pretérito, presente ou futuro). Perceba que a conjugação desse
isto é, não flexionam seu termo. Exemplo: “Fred é um amigo leal.” no presente do indicativo: o radical não sofre quaisquer alterações,
/ “Ana é uma amiga leal.”   tampouco a desinência. Portanto, o verbo nutrir é regular: Eu nutro;
– Biformes: os adjetivos desse tipo possuem duas formas, que tu nutre; ele/ela nutre; nós nutrimos; vós nutris; eles/elas nutrem.
variam conforme o gênero. Exemplo: “Menino travesso.”/”Menina – Verbos irregulares: os verbos irregulares, ao contrário dos
travessa”. regulares, têm seu radical modificado quando conjugados e/ou
têm desinência diferente da apresentada pelo verbo paradigma.
O número dos adjetivos Exemplo: analise o verbo dizer conjugado no pretérito perfeito
Por concordarem com o número do substantivo a que se do indicativo: Eu disse; tu dissestes; ele/ela disse; nós dissemos;
referem, os adjetivos podem estar no singular ou no plural. Assim, vós dissestes; eles/elas disseram. Nesse caso, o verbo da segunda
a sua composição acompanha os substantivos. Exemplos: pessoa conjugação (-er) tem seu radical, diz, alterado, além de apresentar
instruída → pessoas instruídas; campo formoso → campos duas desinências distintas do verbo paradigma”. Se o verbo dizer
formosos. fosse regular, sua conjugação no pretérito perfeito do indicativo
seria: dizi, dizeste, dizeu, dizemos, dizestes, dizeram.
O grau dos adjetivos
Quanto ao grau, os adjetivos se classificam em comparativo
(compara qualidades) e superlativo (intensifica qualidades).
– Comparativo de igualdade: “O novo emprego é tão bom
quanto o anterior.”  
– Comparativo de superioridade: “Maria é mais prestativa do
que Luciana.”
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— Pronome
O pronome tem a função de indicar a pessoa do discurso (quem fala, com quem se fala e de quem se fala), a posse de um objeto
e sua posição. Essa classe gramatical é variável, pois flexiona em número e gênero. Os pronomes podem suplantar o substantivo ou
acompanhá-lo; no primeiro caso, são denominados “pronome substantivo” e, no segundo, “pronome adjetivo”. Classificam-se em:
pessoais, possessivos, demonstrativos, interrogativos, indefinidos e relativos.

Pronomes pessoais
Os pronomes pessoais apontam as pessoas do discurso (pessoas gramaticais), e se subdividem em pronomes do caso reto
(desempenham a função sintática de sujeito) e pronomes oblíquos (atuam como complemento), sendo que, para cada o caso reto, existe
um correspondente oblíquo.

CASO RETO CASO OBLÍQUO


Eu Me, mim, comigo.
Tu Te, ti, contigo.
Ele Se, o, a , lhe, si, consigo.
Nós Nós, conosco.
Vós Vós, convosco.
Eles Se, os, as, lhes, si, consigo.

Observe os exemplos:
– Na frase “Maria está feliz. Ela vai se casar.”, o pronome cabível é do caso reto. Quem vai se casar? Maria.  
– Na frase “O forno? Desliguei-o agora há pouco. O pronome “o” completa o sentido do verbo. Fechei o que? O forno.
Lembrando que os pronomes oblíquos o, a, os, as, lo, la, los, las, no, na, nos e nas desempenham apenas a função de objeto direto.  

Pronomes possessivos
Esses pronomes indicam a relação de posse entre o objeto e a pessoa do discurso.

PESSOA DO DISCURSO PRONOME


1a pessoa – Eu Meu, minha, meus, minhas
2a pessoa – Tu Teu, tua, teus, tuas
3 pessoa – Ele / Ela
a
Seu, sua, seus, suas

Exemplo: “Nossos filhos cresceram.” → o pronome indica que o objeto pertence à 1ª pessoa (nós).

Pronomes de tratamento
Tratam-se de termos solenes que, em geral, são empregados em contextos formais — a única exceção é o pronome você. Eles têm a
função de promover uma referência direta do locutor para interlocutor (parceiros de comunicação).
São divididos conforme o nível de formalidade, logo, para cada situação, existe um pronome de tratamento específico. Apesar de
expressarem interlocução (diálogo), à qual seria adequado o emprego do pronome na segunda pessoa do discurso (“tu”), no caso dos
pronomes de tratamento, os verbos devem ser usados na 3a pessoa.

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Pronomes demonstrativos
Sua função é indicar a posição dos seres no que se refere ao tempo, ao espaço e à pessoa do discurso – nesse último caso, o pronome
determina a proximidade entre um e outro. Esses pronomes flexionam-se em gênero e número.

PESSOA DO DISCURSO PRONOMES POSIÇÃO


Os seres ou objetos estão
Este, esta, estes, estas,
1a pessoa próximos da pessoa que
isto.
fala.

Os seres ou objetos estão


Esse, essa, esses, essas,
2a pessoa próximos da pessoa com
isso.
quem se fala.

Aquele, aquela, aqueles,


3a pessoa De quem/ do que se fala.
aquelas, aquilo.

Observe os exemplos:
“Esta caneta é sua?”
“Esse restaurante é bom e barato.”

Pronomes Indefinidos
Esses pronomes indicam indeterminação ou imprecisão, assim, estão sempre relacionados à 3ª pessoa do discurso. Os pronomes
indefinidos podem ser variáveis (flexionam conforme gênero e número) ou invariáveis (não flexionam). Analise os exemplos abaixo:
– Em “Alguém precisa limpar essa sujeira.”, o termo “alguém” quer dizer uma pessoa de identidade indefinida ou não especificada.
– Em “Nenhum convidado confirmou presença.”, o termo “nenhum” refere-se ao substantivo “convidado” de modo vago, pois não se
sabe de qual convidado se trata.
– Em “Cada criança vai ganhar um presente especial.”, o termo “cada” refere-se ao substantivo da frase “criança”, sem especificá-lo.
– Em “Outras lojas serão abertas no mesmo local.”, o termo “outras” refere-se ao substantivo “lojas” sem especificar de quais lojas se
trata.

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Confira abaixo a tabela com os pronomes indefinidos:

CLASSIFICAÇÃO PRONOMES INDEFINIDOS

Muito, pouco, algum, nenhum, outro, qualquer, certo,


VARIÁVEIS
um, tanto, quanto, bastante, vários, quantos, todo.

Nada, ninguém, cada, algo, alguém, quem, demais,


INVARIÁVEIS
outrem, tudo.

Pronomes relativos
Os pronomes relativos, como sugere o nome, se relacionam ao termo anterior e o substituem, ou seja, para prevenir a repetição
indevida das palavras em um texto. Eles podem ser variáveis (o qual, cujo, quanto) ou invariáveis (que, quem, onde).
Observe os exemplos:
– Em “São pessoas cuja história nos emociona.”, o pronome “cuja” se apresenta entre dois substantivos (“pessoas” e “história”) e se
relaciona àquele que foi dito anteriormente (“pessoas”).
– Em “Os problemas sobre os quais conversamos já estão resolvidos.” , o pronome “os quais” retoma o substantivo dito anteriormente
(“problemas”).

CLASSIFICAÇÃO PRONOMES RELATIVOS


O qual, a qual, os quais, cujo, cuja, cujos, cujas, quanto,
VARIÁVEIS
quanta, quantos, quantas.
INVARIÁVEIS Quem, que, onde.

Pronomes interrogativos
Os pronomes interrogativos são palavras variáveis e invariáveis cuja função é formular perguntas diretas e indiretas. Exemplos:
“Quanto vai custar a passagem?” (oração interrogativa direta)
“Gostaria de saber quanto custará a passagem.” (oração interrogativa indireta)

CLASSIFICAÇÃO PRONOMES INTERROGATIVOS


VARIÁVEIS Qual, quais, quanto, quantos, quanta, quantas.
INVARIÁVEIS Quem, que.
— Advérbio
É a classe de palavras invariável que atua junto aos verbos, aos adjetivos e mesmo aos advérbios, com o objetivo de modificar ou
intensificar seu sentido, ao adicionar-lhes uma nova circunstância. De modo geral, os advérbios exprimem circunstâncias de tempo, modo,
vlugar, qualidade, causa, intensidade, oposição, aprovação, afirmação, negação, dúvida, entre outras noções. Confira na tabela:

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CLASSIFICAÇÃO PRINCIPAIS TERMOS EXEMPLOS


Bem, mal, assim, melhor, pior,
“Coloquei-o cuidadosamente
depressa, devagar. Grande parte
no berço.”
ADVÉRBIO DE MODO das palavras que terminam em
“Andou depressa por causa
“-mente”, como cuidadosamente,
da chuva.”
calmamente, tristemente.
“O carro está fora.”
“Procurei pelas chaves aqui e
Perto, longe, dentro, fora, acolá, mas elas estavam aqui, na
ADVÉRBIO DE LUGAR
aqui, lá, atrás. gaveta”
“Demorou, mas chegou
longe.”
Antes, depois, hoje, ontem, “Sempre que precisar de
ADVÉRBIO DE TEMPO amanhã, sempre, nunca, cedo, algo, basta chamar-me.” “Cedo ou
tarde tarde, far-se-á justiça.”
“Eles formam um casal tão
Muito, pouco, bastante, tão, bonito!”
ADVÉRBIO DE INTENSIDADE
demais, tanto “Elas conversam demais!”
“Você saiu muito depressa.”
Sim e decerto; palavras
afirmativas com sufixo “-mente”
“Decerto passaram por aqui.”
(certamente, realmente). Palavras
ADVÉRBIO DE AFIRMAÇÃO “Claro que irei!”
como claro e positivo podem
“Entendi, sim.”
ser advérbio, dependendo do
contexto
Não e nem; palavras como
“Jamais reatarei meu namoro
negativo, nenhum, nunca, jamais,
com ele.”
ADVÉRBIO DE NEGAÇÃO entre outras, podem ser advér-
“Sequer pensou para falar.”
bio de negação, dependendo do
“Não pediu ajuda.”
contexto.
Talvez, quiçá, porventura, e “Quiçá seremos recebidas.”
palavras que expressem dúvida, “Provavelmente, sairei mais
ADVÉRBIO DE DÚVIDA
acrescidas do sufixo “: -mente”, cedo.”
como possivelmente. “Talvez eu saia cedo.”
“Por que vendeu o livro?”
(Oração interrogativa direta, que
Quando, como, onde, aonde,
indica causa)
donde, por que; esse advérbio
“Quando posso sair?” (oração
ADVÉRBIO DE INTERROGA- pode indicar circunstâncias de
interrogativa direta que indica
ÇÃO modo, tempo, lugar e causa; é
tempo)
usado somente em frases interro-
“Explica como você fez is-
gativas diretas ou indiretas.
so.”(oração interrogativa indireta,
que indica modo.

— Conjunção
As conjunções integram a classe de palavras que tem a função de conectar os elementos de um enunciado ou oração e, com isso,
estabelecer uma relação de dependência ou de independência entre os termos ligados. Em função dessa relação entre os termos
conectados, as conjunções podem ser classificadas, respectivamente e de modo geral, como coordenativas ou subordinativas. Em outras
palavras, as conjunções são um vínculo entre os elementos de uma sentença, atribuindo ao enunciado maior clareza e precisão.

– Conjunções coordenativas: observe o exemplo:


Eles ouviram os pedidos de ajuda. Eles chamaram o socorro.” – “Eles ouviram os pedidos de ajuda e chamaram o socorro.”

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No exemplo, a conjunção “e” estabelece uma relação de adição ao enunciado, ao conectar duas orações em um mesmo período: além
de terem ouvido os pedidos de ajuda, chamaram o socorro. Perceba que não há relação de dependência entre ambas as sentenças, e que,
para fazerem sentido, elas não têm necessidade uma da outra. Assim, classificam-se como orações coordenadas, e a conjunção que as
relaciona, como coordenativa.

– Conjunções subordinativas: analise este segundo caso:


Não passei na prova, apesar de ter estudado muito.”

Neste caso, temos uma locução conjuntiva (duas palavras desempenham a função de conjunção). Além disso, notamos que o sentido
da segunda sentença é totalmente dependente da informação que é dada na primeira. Assim, a primeira oração recebe o nome de oração
principal, enquanto a segunda, de oração subordinada. Logo, a conjunção que as relaciona é subordinativa.

Classificação das conjunções


Além da classificação que se baseia no grau de dependência entre os termos conectados (coordenação e subordinação), as conjunções
possuem subdivisões.
– Conjunções coordenativas: essas conjunções se reclassificam em razão do sentido que possuem cinco subclassificações, em função
o sentido que estabelecem entre os elementos que ligam. São cinco:

Conjunções subordinativas: com base no sentido construído entre as duas orações relacionadas, a conjunção subordinativa pode ser
de dois subtipos:
1 – Conjunções integrantes: introduzem a oração que cumpre a função de sujeito, objeto direto, objeto indireto, predicativo,
complemento nominal ou aposto de outra oração. Essas conjunções são que e se. Exemplos:
“É obrigatório que o senhor compareça na data agendada.”
“Gostaria de saber se o resultado sairá ainda hoje.”

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2 – Conjunções adverbiais: introduzem sintagmas adverbiais (orações que indicam uma circunstância adverbial relacionada à oração
principal) e se subdividem conforme a tabela abaixo:

Numeral
É a classe de palavra variável que exprime um número determinado ou a colocação de alguma coisa dentro de uma sequência.
Os numerais podem ser: cardinais (um, dois, três...), ordinais (primeiro, segundo, terceiro...), fracionários (meio, terço, quarto...) e
multiplicativos (dobro, triplo, quádruplo...). Antes de nos profundarmos em cada caso, vejamos o emprego dos numerais e suas três
principais finalidades:
1 – indicar leis e decretos: nesses casos, emprega-se o numeral ordinal somente até o número nono; após, devem ser utilizados os
numerais cardinais. Exemplos: Parágrafo 9° (parágrafo nono); Parágrafo 10° (Parágrafo 10).
2 – indicar os dias do mês: nessas situações, empregam-se os numerais cardinais, sendo que a única exceção é a indicação do primeiro
dia do mês, para a qual deve-se utilizar o numeral ordinal. Exemplos: dezesseis de outubro; primeiro de agosto.

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3 – indicar capítulos, séculos, reis e papas: após o substantivo Classificação das preposições
emprega-se o numeral ordinal até o décimo; após o décimo utiliza- Preposições essenciais: só aparecem na língua propriamente
se o numeral cardinal. Exemplos: capítulo X (décimo); século IV como preposições, sem outra função. São elas:
(quarto); Henrique VIII (oitavo), Bento XVI (dezesseis).

Os tipos de numerais
– Cardinais: são os números em sua forma fundamental e
exprimem quantidades. – Exemplo 1) ”Luís gosta de viajar.” e “Prefiro doce de coco.”
Exemplos: um dois, dezesseis, trinta, duzentos, mil. Em ambas as sentenças, a preposição de manteve-se sempre sendo
– alguns deles flexionam em gênero (um/uma, dois/duas, preposição, apesar de ter estabelecido relação entre unidades
quinhentos/quinhentas). linguísticas diferentes, garantindo-lhes classificações distintas
– alguns números cardinais variam em número, como é o caso: conforme o contexto.
milhão/milhões, bilhão/bilhões, trilhão/trilhões, e assim por diante. – Exemplo 2) “Estive com ele até o reboque chegar.” e “Finalizei
– a palavra ambos(as) é considerada um numeral cardinal, pois o quadro com textura.” Perceba que nas duas fases, a mesma
significa os dois/as duas. Exemplo: Antônio e Pedro fizeram o teste, preposição tem significados distintos: na primeira, indica recurso/
mas os dois/ambos foram reprovados. instrumento; na segunda, exprime companhia. Por isso, afirma-se
– Ordinais: indicam ordem de uma sequência (primeiro, que a preposição tem valor semântico, mesmo que secundário ao
segundo, décimo, centésimo, milésimo…), isto é, apresentam a valor estrutural (gramática).
ordem de sucessão e uma série, seja ela de seres, de coisas ou de
objetos. Classificação das preposições
– os numerais ordinais variam em gênero (masculino e – Preposições acidentais: são aquelas que, originalmente, não
feminino) e número (singular e plural). Exemplos: primeiro/ apresentam função de preposição, porém, a depender do contexto,
primeira, primeiros/primeiras, décimo/décimos, décima/décimas, podem assumir essa atribuição. São elas:
trigésimo/trigésimos, trigésima/trigésimas.
– alguns numerais ordinais possuem o valor de adjetivo.
Exemplo: A carne de segunda está na promoção.
– Fracionários: servem para indicar a proporções numéricas
reduzidas, ou seja, para representar uma parte de um todo. Exemplo: ”Segundo o delegado, os depoimentos do
Exemplos: meio ou metade (½), um quarto (um quarto (¼), três suspeito apresentaram contradições.” A palavra “segundo”, que,
quartos (¾), 1/12 avos. normalmente seria um numeral (primeiro, segundo, terceiro), ao
– os números fracionários flexionam-se em gênero (masculino ser inserida nesse contexto, passou a ser uma preposição acidental,
e feminino) e número (singular e plural). Exemplos: meio copo de por tem o sentido de “de acordo com”, “em conformidade com”.
leite, meia colher de açúcar; dois quartos do salário-mínimo.
– Multiplicativos: esses numerais estabelecem relação entre Locuções prepositivas
um grupo, seja de coisas ou objetos ou coisas, ao atribuir-lhes uma Recebe esse nome o conjunto de palavras com valor e
característica que determina o aumento por meio dos múltiplos. emprego de uma preposição. As principais locuções prepositivas
Exemplos: dobro, triplo, undécuplo, doze vezes, cêntuplo. são constituídas por advérbio ou locução adverbial acrescido da
– em geral, os multiplicativos são invariáveis, exceto quando preposição de, a ou com. Confira algumas das principais locuções
atuam como adjetivo, pois, nesse caso, passam a flexionar número prepositivas.
e gênero (masculino e feminino). Exemplos: dose dupla de elogios,
duplos sentidos.
– Coletivos: correspondem aos substantivos que exprimem
quantidades precisas, como dezena (10 unidades) ou dúzia (12
unidades).
– os numerais coletivos sofrem a flexão de número: unidade/
unidades, dúzia/dúzias, dezena/dezenas, centena/centenas.

— Preposição
Essa classe de palavras tem o objetivo de marcar as relações
gramaticais que outras classes (substantivos, adjetivos, verbos e
advérbios) exercem no discurso. Por apenas marcarem algumas
relações entre as unidades linguísticas dentro do enunciado,
as preposições não possuem significado próprio se isoladas no
discurso. Em razão disso, as preposições são consideradas classe
gramatical dependente, ou seja, sua função gramatical (organização
e estruturação) é principal, embora o desempenho semântico,
que gera significado e sentido, esteja presente, apenas possui um
menor valor.

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— Interjeição não (frase nominal). Uma frase pode exprimir ideias, sentimentos,
É a palavra invariável ou sintagma que compõem frases que apelos ou ordens. Exemplos: “Saia!”, “O presidente vai fazer seu
manifestam por parte do emissor do enunciado uma surpresa, uma discurso.”, “Atenção!”, “Que horror!”.
hesitação, um susto, uma emoção, um apelo, uma ordem, etc.,
por parte do emissor do enunciado. São as chamadas unidades A ordem das palavras: associada à pontuação apropriada,
autônomas, que usufruem de independência em relação aos demais a disposição das palavras na frase também é fundamental para a
elementos do enunciado. As interjeições podem ser empregadas compreensão da informação escrita, e deve seguir os padrões da
também para chamar exigir algo ou para chamar a atenção do Língua Portuguesa. Observe que a frase “A professora já vai falar.”
interlocutor e são unidades cuja forma pode sofrer variações como: Pode ser modificada para, por exemplo, “Já vai falar a professora.” ,
– Locuções interjetivas: são formadas por grupos e palavras sem que haja prejuízo de sentido. No entanto, a construção “Falar a
que, associadas, assumem o valor de interjeição. Exemplos: “Ai de já professora vai.” , apesar da combinação das palavras, não poderá
mim!”, “Minha nossa!” Cruz credo!”. ser compreendida pelo interlocutor.
– Palavras da língua: “Eita!” “Nossa!”
– Sons vocálicos: “Hum?!”, “Ué!”, “Ih…!” Oração
É uma unidade sintática que se estrutura em redor de um
Os tipos de interjeição verbo ou de uma locução verbal. Uma frase pode ser uma oração,
De acordo com as reações que expressam, as interjeições desde que tenha um verbo e um predicado; quanto ao sujeito, nem
podem ser de: sempre consta em uma oração, assim como o sentido completo. O
importante é que seja compreensível pelo receptor da mensagem.
Analise, abaixo, uma frase que é oração com uma que não é.
1 – Silêncio!”: É uma frase, mas não uma oração, pois não
contém verbo.
2 – “Eu quero silêncio.”: A presença do verbo classifica a frase
como oração.

Unidade sintática (ou termo sintático): a sintaxe de uma


oração é formada por cada um dos termos, que, por sua vez,
estabelecem relação entre si para dar atribuir sentido à frase. No
exemplo supracitado, a palavra “quero” deve unir-se às palavras
“Eu” e “silêncio” para que o receptor compreenda a mensagem.
Dessa forma, cada palavra desta oração recebe o nome de termo
ou unidade sintática, desempenhando, cada qual, uma função
sintática diferente.

Classificação das orações: as orações podem ser simples ou


compostas. As orações simples apresentam apenas uma frase; as
compostas apresentam duas ou mais frases na mesma oração.
Analise os exemplos abaixo e perceba que a oração composta tem
MORFOSSINTAXE FRASE, ORAÇÃO E PERÍODO, TERMOS duas frases, e cada uma tem seu próprio sentido.
DA ORAÇÃO, ORAÇÕES DO PERÍODO (DESENVOLVIDAS E – Oração simples: “Eu quero silêncio.”
REDUZIDAS), FUNÇÕES SINTÁTICAS DO PRONOME RELATI- – Oração composta: “Eu quero silêncio para poder ouvir o
VO noticiário”.

Período
Definição: sintaxe é a área da Gramática que se dedica ao É a construção composta por uma ou mais orações, sempre com
estudo da ordenação das palavras em uma frase, das frases em um sentido completo. Assim como as orações, o período também pode
discurso e também da coerência (relação lógica) que estabelecem ser simples ou composto, que se diferenciam em razão do número
entre si. Sempre que uma frase é construída, é fundamental que de orações que apresenta: o período simples contém apenas uma
ela contenha algum sentido para que possa ser compreendida pelo oração, e o composto mais de uma. Lembrando que a oração é uma
receptor. Por fazer a mediação da combinação entre palavras e frase que contém um verbo. Assim, para não ter dúvidas quanto à
orações, a sintaxe é essencial para que essa compreensão se efetive. classificação, basta contar quantos verbos existentes na frase.
Para que se possa compreender a análise sintática, é importante – Período simples: “Resolvo esse problema até amanhã.” -
retomarmos alguns conceitos, como o de frase, oração e período. apresenta apenas um verbo.
Vejamos: – Período composto: Resolvo esse problema até amanhã ou
ficarei preocupada.” - contém dois verbos.
Frase
Trata-se de um enunciado que carrega um sentido completo — Análise Sintática
que possui sentido integral, podendo ser constituída por somente É o nome que se dá ao processo que serve para esmiuçar a
uma ou várias palavras podendo conter verbo (frase verbal) ou estrutura de um período e das orações que compõem um período.

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Termos da oração: é o nome dado às palavras que atribuem direto ou indireto. No primeiro caso, a ligação direta entre verbo e
sentido a uma frase verbal. A reunião desses elementos forma o complemento. Ex.: “Quero comprar roupas.”. No segundo, verbo e
que chamamos de estrutura de um período. Os termos essenciais complemento são unidos por preposição. Ex.: “Preciso de dinheiro.”
se subdividem em: essenciais, integrantes e acessórios. Acompanhe – Verbo intransitivo: não requer complemento, é provido de
a seguir as especificidades de cada tipo. sentido completo. São exemplos: morrer, acordar, nascer, nadar,
cair, mergulhar, correr.
1 – Termos Essenciais (ou fundamentais) da oração – Verbo de ligação: servem para expressar características de
Sujeito e Predicado: enquanto um é o ser sobre quem/o qual estado ao sujeito, sendo eles: estado permanente (“Pedro é alto.”),
se declara algo, o outro é o que se declara sobre o sujeito e, por estado de transição (“Pedro está acamado.”), estado de mutação
isso, sempre apresenta um verbo ou uma locução verbal, como nos (“Pedro esteve enfermo.”), estado de continuidade (“Pedro continua
respectivos exemplos a seguir: esbelto.”) e estado aparente (“Pedro parece nervoso.”).
Exemplo: em “Fred fez um lindo discurso.”, o sujeito é “Fred”, – Predicados nominais: são aqueles que têm um nome
que “fez um lindo discurso” (é o restante da oração, a declaração (substantivo ou adjetivo) como cujo núcleo significativo da oração.
sobre o sujeito). Ademais, ele se caracteriza pela indicação de estado ou qualidade,
Nem sempre o sujeito está no início da oração (sujeito direto), e é composto por um verbo de ligação mais o predicativo do sujeito.
podendo apresentar-se também no meio da fase ou mesmo após – Predicativo do sujeito: é um termo que atribui características
o predicado (sujeito inverso). Veja um exemplo para cada um dos ao sujeito por meio de um verbo. Exemplo: em “Marta é
respectivos casos: inteligente.”, o adjetivo é o predicativo do sujeito “Marta”, ou seja,
“Fred fez um lindo discurso.” é sua característica de estado ou qualidade. Isso é comprovado pelo
“Um lindo discurso Fred fez.” “ser” (é), que é o verbo de ligação entre Marta e sua característica
“Fez um lindo discurso, Fred.” atual. Esse elemento não precisa ser, obrigatoriamente, um adjetivo,
mas pode ser uma locução adjetiva, ou mesmo um substantivo ou
– Sujeito determinado: é aquele identificável facilmente pela palavra substantivada.
concordância verbal. – Predicado Verbo-Nominal: esse tipo deve apresentar sempre
– Sujeito determinado simples: possui apenas um núcleo um predicativo do sujeito associado a uma ação do sujeito acrescida
ligado ao verbo. Ex.: “Júlia passou no teste”. de uma qualidade sua. Exemplo: “As meninas saíram mais cedo da
– Sujeito determinado composto: possui dois ou mais núcleos. aula. Por isso, estavam contentes.
Ex.: “Júlia e Felipe passaram no teste.” O sujeito “As meninas” possui como predicado o verbo “sair”
e também o adjetivo “contentes”. Logo, “estavam contentes” é o
– Sujeito determinado implícito: não aparece facilmente na predicativo do sujeito e o verbo de ligação é “estar”.
oração, mas a frase é dotada de entendimento. Ex.: “Passamos no
teste.” Aqui, o termo “nós” não está explícito na oração, mas a 2 – Termos integrantes da oração
concordância do verbo o destaca de forma indireta. Basicamente, são os termos que completam os verbos de uma
– Sujeito indeterminado: é o que não está visível na oração oração, atribuindo sentindo a ela. Eles podem ser complementos
e, diferente do caso anterior, não há concordância verbal para verbais, complementos nominais ou mesmo agentes da passiva.
determiná-lo. – Complementos Verbais: como sugere o nome, esses termos
completam o sentido de verbos, e se classificam da seguinte forma:
Esse sujeito pode aparecer com: – Objeto direto: completa verbos transitivos diretos, não
– Verbo na 3a pessoa do plural. Ex.: “Reformaram a casa velha”. exigindo preposição.
– Verbo na 3a pessoa do singular + pronome “se”: “Contrata-se – Objeto indireto: complementam verbos transitivos indiretos,
padeiro.”». isto é, aqueles que dependem de preposição para que seu sentido
– Verbo no infinitivo impessoal: “Vai ser mais fácil se você seja compreendido.
estiver lá.”
Quanto ao objeto direto, podemos ter:
– Orações sem sujeito: são compostas somente por predicado, – Um pronome substantivo: “A equipe que corrigiu as provas.”
e sua mensagem está centralizada no verbo, que é impessoal. – Um pronome oblíquo direto: “Questionei-a sobre o
Essas orações podem ter verbos que constituam fenômenos da acontecido.”
natureza, ou os verbos ser, estar, haver e fazer quando indicativos – Um substantivo ou expressão substantivada: “Ele consertou
de fenômeno meteorológico ou tempo. Observe os exemplos: os aparelhos.»
“Choveu muito ontem”.
“Era uma hora e quinze”. – Complementos Nominais: esses termos completam o sentido
de uma palavra, mas não são verbos; são nomes (substantivos,
– Predicados Verbais: resultam da relação entre sujeito e adjetivos ou advérbios), sempre seguidos por preposição. Observe
verbo, ou entre verbo e complementos. Os verbos, por sua vez, os exemplos:
também recebem sua classificação, conforme abaixo: – “Maria estava satisfeita com seus resultados.” – observe que
– Verbo transitivo: é o verbo que transita, isto é, que vai adiante “satisfeita” é adjetivo, e “com seus resultados” é complemento
para passar a informação adequada. Em outras palavras, é o verbo nominal.
que exige complemento para ser entendido. Para produzir essa – “O entregador atravessou rapidamente pela viela. –
compreensão, esse trânsito do verbo, o complemento pode ser “rapidamente” é advérbio de modo.

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– “Eu tenho medo do cachorro.” – Nesse caso, “medo” é um – Vocativo: esse termo não apresenta relação sintática nem
substantivo. com sujeito nem com predicado, tendo sua função no chamamento
ou na interpelação de um ouvinte, e se relaciona com a 2a pessoa
– Agentes da Passiva: são os termos de uma oração que praticam do discurso. Os vocativos são o receptor da mensagem, ou seja, a
a ação expressa pelo verbo, quando este está na voz passiva. Assim, quem ela é dirigida. Podem ser acompanhados de interjeições de
estão normalmente acompanhados pelas preposições de e por. apelo. Observe:
Observe os exemplos do item anterior modificados para a voz “Ei, moça! Seu documento está pronto!”
passiva: “Senhor, tenha misericórdia de nós!”
– “Os resultados foram motivo de satisfação de Maria.” “Vista o casaco, filha!”
– “O cachorro foi alvo do meu medo.”
– “A viela foi atravessada rapidamente pelo entregador.” — Estudo da relação entre as orações
Os períodos compostos são formados por várias orações.
3 – Termos acessórios da oração As orações estabelecem entre si relações de coordenação ou de
Diversamente dos termos essenciais e integrantes, os termos subordinação.
acessórios não são fundamentais o sentido da oração, mas servem – Período composto por coordenação: é formado por
para complementar a informação, exprimindo circunstância, orações independentes. Apesar de estarem unidas por conjunções
determinando o substantivo ou caracterizando o sujeito. Confira ou vírgulas, as orações coordenadas podem ser entendidas
abaixo quais são eles: individualmente porque apresentam sentidos completos.
– Adjunto adverbial: são os termos que modificam o sentido Acompanhe a seguir a classificação das orações coordenadas:
do verbo, do adjetivo ou do advérbio. Analise os exemplos: – Oração coordenada aditiva: “Assei os salgados e preparei os
“Dormimos muito.” doces.”
– Oração coordenada adversativa: “Assei os salgados, mas não
O termo acessório “muito” classifica o verbo “dormir”. preparei os doces.”
“Ele ficou pouco animado com a notícia.” – Oração coordenada alternativa: “Ou asso os salgados ou
preparo os doces.”
O termo acessório “pouco” classifica o adjetivo “animado” – Oração coordenada conclusiva: “Marta estudou bastante,
“Maria escreve bastante bem.” logo, passou no exame.”
– Oração coordenada explicativa: “Marta passou no exame
O termo acessório “bastante” modifica o advérbio “bem”. porque estudou bastante.”

Os adjuntos adverbiais podem ser: – Período composto por subordinação: são constituídos por
– Advérbios: pouco, bastante, muito, ali, rapidamente longe, etc. orações dependentes uma da outra. Como as orações subordinadas
– Locuções adverbiais: o tempo todo, às vezes, à beira-mar, etc. apresentam sentidos incompletos, não podem ser entendidas
– Orações: «Quando a mercadoria chegar, avise.” (advérbio de de forma separada. As orações subordinadas são divididas em
tempo). substantivas, adverbiais e adjetivas. Veja os exemplos:
– Oração subordinada substantiva subjetiva: “Ficou provado
– Adjunto adnominal: é o termo que especifica o substantivo, que o suspeito era realmente o culpado.”
com função de adjetivo. Em razão disso, pode ser representado – Oração subordinada substantiva objetiva direta: “Eu não
por adjetivos, locuções adjetivas, artigos, numerais adjetivos ou queria que isso acontecesse.”
pronomes adjetivos. Analise o exemplo: – Oração subordinada substantiva objetiva indireta: “É
“O jovem apaixonado presenteou um lindo buquê à sua colega obrigatório de que todos os estudantes sejam assíduos.”
de escola.” – Oração subordinada substantiva completiva nominal: “Tenho
– Sujeito: “jovem apaixonado” expectativa de que os planos serão melhores em breve!”
– Núcleo do predicado verbal: “presenteou” – Oração subordinada substantiva predicativa: “O que importa
– Objeto direto do verbo entregar: “um lindo buquê” é que meus pais são saudáveis.”
– Objeto indireto: “à amiga de classe” – Adjuntos adnominais:
no sujeito, temos o artigo “o” e “apaixonado”, pois caracterizam – Oração subordinada substantiva apositiva: “Apenas saiba
o “jovem”, núcleo do sujeito; o numeral “um” e o adjetivo “lindo” disto: que tudo esteja organizado quando eu voltar!”
fazem referência a “buquê” (substantivo); o artigo “à” (contração – Oração subordinada adverbial causal: “Não posso me
da preposição + artigo feminino) e a locução “de trabalho” são os demorar porque tenho hora marcada na psicóloga.”
adjuntos adnominais de “colega”. – Oração subordinada adverbial consecutiva: “Ficamos tão
felizes que pulamos de alegria.”
– Aposto: é o termo que se relaciona com o sujeito para – Oração subordinada adverbial final: “Eles ficaram vigiando
caracterizá-lo, contribuindo para a complementação uma para que nós chegássemos a casa em segurança.”
informação já completa. Observe os exemplos: – Oração subordinada adverbial temporal: “Assim que eu
“Michael Jackson, o rei do pop, faleceu há uma década.” cheguei, eles iniciaram o trabalho.”
“Brasília, capital do Brasil, foi construída na década de 1950.” – Oração subordinada adverbial condicional: “Se você vier logo,
espero por você.»
– Oração subordinada adverbial concessiva: “Ainda que
estivesse cansado, concluiu a maratona.”
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– Oração subordinada adverbial comparativa: “Marta sentia como se ainda vivesse no interior.”
– Oração subordinada adverbial conformativa: “Conforme combinamos anteriormente, entregarei o produto até amanhã.”
– Oração subordinada adverbial proporcional: “Quanto mais me exercito, mais tenho disposição.”
– Oração subordinada adjetiva explicativa: “Meu filho, que passou no concurso, mudou-se para o interior.”
– Oração subordinada adjetiva restritiva: “A aluna que esteve enferma conseguiu ser aprovada nas provas.”

SINTAXE DE REGÊNCIA (VERBAL E NOMINAL)

Visão geral: na Gramática, regência é o nome dado à relação de subordinação entre dois termos. Quando, em um enunciado ou
oração, existe influência de um tempo sobre o outro, identificamos o que se denomina termo determinante, essa relação entre esses
termos denominamos regência.

— Regência Nominal
É a relação entre um nome o seu complemento por meio de uma preposição. Esse nome pode ser um substantivo, um adjetivo ou um
advérbio e será o termo determinante.
O complemento preenche o significado do nome, cujo sentido estaria impreciso ou ambíguo se não fosse pelo complemento.
Observe os exemplos:
“A nova entrada é acessível a cadeirantes.”
“Eu tenho o sonho de viajar para o nordeste.”
“Ele é perito em investigações como esta.”

Na primeira frase, adjetivo “acessível” exige a preposição a, do contrário, seu sentido ficaria incompleto. O mesmo ocorre com os
substantivos “sonho“ e “perito”, nas segunda e terceira frases, em que os nomes exigem as preposições de e em para completude de seus
sentidos. Veja nas tabelas abaixo quais são os nomes que regem. Veja nas tabelas abaixo quais são os nomes que regem uma preposição
para que seu sentido seja completo.

REGÊNCIA COM A PREPOSIÇÃO A


acessível a cego a fiel a nocivo a
agradável a cheiro a grato a oposto a
alheio a comum a horror a perpendicular a
análogo a contrário a idêntico a posterior a
anterior a desatento a inacessível a prestes a
apto a equivalente a indiferente a surdo a
atento a estranho a inerente a visível a
avesso a favorável a necessário a

REGÊNCIA COM A PREPOSIÇÃO POR


admiração por devoção por responsável por
ansioso por respeito por

REGÊNCIA COM A PREPOSIÇÃO DE


sedento
amante de cobiçoso de digno de inimigo de natural de
de
amigo de contemporâneo de dotado de livre de obrigação de seguro de
ávido de desejoso de fácil de longe de orgulhoso de sonho de
capaz de diferente de impossível de louco de passível de
cheio de difícil de incapaz de maior de possível de

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REGÊNCIA COM A PREPOSIÇÃO EM


doutor em hábil em interesse em negligente em primeiro em
exato em incessante em lento em parco em versado em
firme em indeciso em morador em perito em

REGÊNCIA COM A PREPOSIÇÃO PARA


apto para essencial para mau para
bastante para impróprio para pronto para
bom para inútil para próprio para

REGÊNCIA COM A PREPOSIÇÃO COM


amoroso com compatível com descontente com intolerante com
aparentado com cruel com furioso com liberal com
caritativo com cuidadoso com impaciente com solícito com

— Regência Verbal
Os verbos são os termos regentes, enquanto os objetos (direto e indireto) e adjuntos adverbiais são os termos regidos. Um verbo
possui a mesma regência do nome do qual deriva.

Observe as duas frases:


I – “Eles irão ao evento.” O verbo ir requer a preposição a (quem vai, vai a algum lugar), e isso o classifica como verbo transitivo direto;
“ao evento” são os termos regidos pelo verbo, isto é, constituem seu complemento.  
II – “Ela mora em região pantanosa.” O verbo morar exige a preposição em (quem mora mora em algum lugar), portanto, é verbo
transitivo indireto.  

No sentido de / pela REGE


VERBO EXEMPLO
transitividade PREPOSIÇÃO?
ajudar, dar assistência NÃO “Por favor, assista o time.”
Assistir ver SIM “Você assistiu ao jogo?”
pertencer SIM “Assiste aos cidadãos o direito de protestar.”
valor, preço NÃO “Esse imóvel custa caro.”
Custar
desafio, dano, peso moral SIM “Dizer a verdade custou a ela.”
fundamento / verbo
NÃO “Isso não procede.”
Proceder instransitivo
origem SIM “Essa conclusão procede de muito vivência.”
finalidade, objetivo SIM “Visando à garantia dos direitos.”
Visar
avistar, enxergar NÃO “O vigia logo visou o suspeito.”
desejo NÃO “Queremos sair cedo.”
Querer
estima SIM “Quero muito aos meus sogros.”
pretensão SIM “Aspiro a ascensão política.”
Aspirar
absorção ou respiração NÃO “Evite aspirar fumaça.”
consequência / verbo
NÃO “A sua solicitação implicará alteração do meu trajeto.”
Implicar transitivo direto
insistência, birra SIM “Ele implicou com o cachorro.”

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convocação NÃO “Chame todos!”


“Chamo a Talita de Tatá.”
Chamar Rege complemento, com “Chamo Talita de Tatá.”
apelido
e sem preposição “Chamo a Talita Tatá.”
“Chamo Talita Tatá.”
o que se paga NÃO “Paguei o aluguel.”
Pagar
a quem se paga SIM “Pague ao credor.”
quem chega, chega a algum
Chegar lugar / verbo transitivo SIM “Quando chegar ao local, espere.”
indireto
quem obedece a algo /
Obedecer SIM “Obedeçam às regras.”
alguém / transitivo indireto
Esquecer verbo transitivo direito NÃO “Esqueci as alianças.”
... exige um
verbo transitivo direito e
Informar complemento sem e “Informe o ocorrido ao gerente.”
indireto, portanto...
outro com preposição
quem vai vai a algum lugar /
Ir SIM “Vamos ao teatro.”
verbo transitivo indireto
Quem mora em algum lugar “Eles moram no interior.”
Morar SIM
(verbo transitivo indireto) (Preposição “em” + artigo “o”).
Namorar verbo transitivio direito NÃO “Júlio quer namorar Maria.”
verbo bi transitivo (direto e
Preferir SIM “Prefira assados a frituras.”
indireto)
quem simpatiza simpatiza
Simpatizar com algo/ alguém/ verbo SIM “Simpatizei-me com todos.”
transitivo indireto

SINTAXE DE CONCORDÂNCIA (VERBAL E NOMINAL)

Visão Geral: sumariamente, as concordâncias verbal e nominal estudam a sintonia entre os componentes de uma oração.
– Concordância verbal: refere-se ao verbo relacionado ao sujeito, sendo que o primeiro deve, obrigatoriamente, concordar em
número (flexão em singular e plural) e pessoa (flexão em 1a, 2a, ou 3a pessoa) com o segundo. Isto é, ocorre quando o verbo é flexionado
para concordar com o sujeito.
– Concordância nominal: corresponde à harmonia em gênero (flexão em masculino e feminino) e número entre os vários nomes da
oração, ocorrendo com maior frequência sobre os substantivos e o adjetivo. Em outras palavras, refere-se ao substantivo e suas formas
relacionadas: adjetivo, numeral, pronome, artigo. Tal concordância ocorre em gênero e pessoa

Casos específicos de concordância verbal


Concordância verbal com o infinitivo pessoal: existem três situações em que o verbo no infinitivo é flexionado:
I – Quando houver um sujeito definido;
II – Sempre que se quiser determinar o sujeito;
III – Sempre que os sujeitos da primeira e segunda oração forem distintos.

Observe os exemplos:
“Eu pedir para eles fazerem a solicitação.”
“Isto é para nós solicitarmos.”

Concordância verbal com o infinitivo impessoal: não há flexão verbal quando o sujeito não for definido, ou sempre que o sujeito da
segunda oração for igual ao da primeira oração, ou mesmo em locuções verbais, com verbos preposicionados e com verbos imperativos.

Exemplos:
“Os membros conseguiram fazer a solicitação.”
“Foram proibidos de realizar o atendimento.”
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Concordância verbal com verbos impessoais: nesses casos, Concordância nominal com pronomes pessoais: o adjetivo
verbo ficará sempre em concordância com a 3a pessoa do singular, concorda em gênero e número com os pronomes pessoais:
tendo em vista que não existe um sujeito. – “Ele é prestativo.” e “Ela é prestativa.”
Observe os casos a seguir: – “Eles são prestativos.” e “Elas são prestativas.”
– Verbos que indicam fenômenos da natureza, como anoitecer,
nevar, amanhecer. Concordância nominal com adjetivos: sempre que existir dois
Exemplo: “Não chove muito nessa região” ou “Já entardeceu.» ou mais adjetivos no singular, o substantivo permanece no singular,
se houver um artigo entre os adjetivos. Se o artigo não aparecer, o
– O verbo haver com sentido de existir. Exemplo: “Havia duas substantivo deve estar no plural:
professoras vigiando as crianças.”
– O verbo fazer indicando tempo decorrido. Exemplo: “Faz – “A blusa estampada e a colorida.” e “O casaco felpudo e o
duas horas que estamos esperando.” xadrez.”
– “As blusas estampada e colorida.” e “Os casacos felpudo e
Concordância verbal com o verbo ser: diante dos pronomes xadrez.”
tudo, nada, o, isto, isso e aquilo como sujeito, há concordância
verbal com o predicativo do sujeito, podendo o verbo permanecer Concordância nominal com é proibido e é permitido: nessas
no singular ou no plural: expressões, o adjetivo flexiona em gênero e número, sempre que
– “Tudo que eu desejo é/são férias à beira-mar.” houver um artigo determinando o substantivo. Caso não exista
– “Isto é um exemplo do que o ocorreria.” e “Isto são exemplos esse artigo, o adjetivo deve permanecer invariável, no masculino
do que ocorreria.” singular:
– “É proibida a circulação de pessoas não identificadas.” e “É
Concordância verbal com pronome relativo quem: o verbo, proibido circulação de pessoas não identificadas.”
ou faz concordância com o termo precedente ao pronome, ou – “É permitida a entrada de crianças.” e “É permitido entrada
permanece na 3a pessoa do singular: de crianças acompanhadas.”
– “Fui eu quem solicitou.» e “Fomos nós quem solicitou.» Concordância nominal com menos: a palavra menos
permanece é invariável independente da sua atuação, seja ela
Concordância verbal com pronome relativo que: o verbo advérbio ou adjetivo:
concorda com o termo que antecede o pronome: – “Menos pessoas / menos pessoas”.
– “Foi ele que fez.» e “Fui eu que fiz.» – “Menos problema /menos problemas.”
– “Foram eles que fizeram.” e “Fomos nós que fizemos.»
Concordância nominal com muito, pouco, bastante, longe,
Concordância verbal com a partícula de indeterminação do barato, meio e caro: esses termos instauram concordância em
sujeito se: nesse caso, o verbo cria concordância com a 3a pessoa do gênero e número com o substantivo quando exercem função de
singular sempre que a oração for constituída por verbos intransitivos adjetivo:
ou por verbos transitivos indiretos: – “Tomei bastante suco.” e “Comprei bastantes frutas.”
– «Precisa-se de cozinheiro.” e «Precisa-se de cozinheiros.” – “A jarra estava meia cheia.” e “O sapato está meio gasto”.
– “Fizemos muito barulho.” e “Compramos muitos presentes.”
Concordância com o elemento apassivador se: aqui, verbo
concorda com o objeto direto, que desempenha a função de sujeito
paciente, podendo aparecer no singular ou no plural: SINTAXE DE COLOCAÇÃO
– Aluga-se galpão.” e “Alugam-se galpões.”

Concordância verbal com as expressões a metade, a maioria, A colocação do pronome átono está relacionada à harmonia da
a maior parte: preferencialmente, o verbo fará concordância com frase. A tendência do português falado no Brasil é o uso do prono-
a 3° pessoa do singular. Porém, a 3a pessoa do plural também pode me antes do verbo – próclise. No entanto, há casos em que a norma
ser empregada: culta prescreve o emprego do pronome no meio – mesóclise – ou
– “A maioria dos alunos entrou” e “A maioria dos alunos após o verbo – ênclise.
entraram.” De acordo com a norma culta, no português escrito não se ini-
– “Grande parte das pessoas entendeu.” e “Grande parte das cia um período com pronome oblíquo átono. Assim, se na lingua-
pessoas entenderam.” gem falada diz-se “Me encontrei com ele”, já na linguagem escrita,
formal, usa-se “Encontrei-me’’ com ele.
Concordância nominal muitos substantivos: o adjetivo deve Sendo a próclise a tendência, é aconselhável que se fixem bem
concordar em gênero e número com o substantivo mais próximo, as poucas regras de mesóclise e ênclise. Assim, sempre que estas
mas também concordar com a forma no masculino plural: não forem obrigatórias, deve-se usar a próclise, a menos que preju-
– “Casa e galpão alugado.” e “Galpão e casa alugada.” dique a eufonia da frase.
– “Casa e galpão alugados.” e “Galpão e casa alugados.”
Próclise
Na próclise, o pronome é colocado antes do verbo.

Palavra de sentido negativo: Não me falou a verdade.


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Advérbios sem pausa em relação ao verbo: Aqui te espero pa- Se houver fator de próclise, o pronome átono ficará antes do
cientemente. auxiliar.
Havendo pausa indicada por vírgula, recomenda-se a ênclise: Exemplo: Não lhe havia dito a verdade.
Ontem, encontrei-o no ponto do ônibus.
Pronomes indefinidos: Ninguém o chamou aqui. Haver de e ter de + infinitivo: Pronome átono deve ficar depois
Pronomes demonstrativos: Aquilo lhe desagrada. do infinitivo.
Orações interrogativas: Quem lhe disse tal coisa? Exemplos:
Orações optativas (que exprimem desejo), com sujeito ante- Hei de dizer-lhe a verdade.
posto ao verbo: Deus lhe pague, Senhor! Tenho de dizer-lhe a verdade.
Orações exclamativas: Quanta honra nos dá sua visita!
Orações substantivas, adjetivas e adverbiais, desde que não se- Observação
jam reduzidas: Percebia que o observavam. Não se deve omitir o hífen nas seguintes construções:
Verbo no gerúndio, regido de preposição em: Em se plantando, Devo-lhe dizer tudo.
tudo dá. Estava-lhe dizendo tudo.
Verbo no infinitivo pessoal precedido de preposição: Seus in- Havia-lhe dito tudo.
tentos são para nos prejudicarem.

Ênclise NOÇÕES DE VERSIFICAÇÃO ESTRUTURA DO VERSO, TIPOS


Na ênclise, o pronome é colocado depois do verbo. DE VERSO, RIMA, ESTROFAÇÃO E POEMAS DE FORMA FIXA

Verbo no início da oração, desde que não esteja no futuro do


indicativo: Trago-te flores. Poema: trabalho elaborado e estruturado em versos. Além dos
Verbo no imperativo afirmativo: Amigos, digam-me a verdade! versos, pode ser estruturado em estrofes. Rimas e métrica também
Verbo no gerúndio, desde que não esteja precedido pela pre- podem fazer parte de sua composição. Pode ou não ser poético.
posição em: Saí, deixando-a aflita. Dependendo de sua estrutura, pode receber classificações específi-
Verbo no infinitivo impessoal regido da preposição a. Com cas, como haicai, soneto, epopeia, poema figurado, dramático, etc.
outras preposições é facultativo o emprego de ênclise ou próclise: Em geral, a presença de aspectos narrativos e descritivos são mais
Apressei-me a convidá-los. frequentes neste gênero.
Poesia: é o conteúdo capaz de transmitir emoções por meio de
Mesóclise uma linguagem , ou seja, tudo o que toca e comove pode ser con-
Na mesóclise, o pronome é colocado no meio do verbo. siderado como poético (até mesmo uma peça ou um filme podem
ser assim considerados). Um subgênero é a prosa poética, marcada
É obrigatória somente com verbos no futuro do presente ou no pela tipologia dialogal.
futuro do pretérito que iniciam a oração.
Dir-lhe-ei toda a verdade. O poema é um gênero textual pertencente aos gêneros literá-
Far-me-ias um favor? rios e por ter raízes na literatura é um meio de produção de arte. No
campo das artes, sabemos que o compromisso com a objetividade
Se o verbo no futuro vier precedido de pronome reto ou de não é algo imposto. As palavras, matéria-prima da poesia, não obe-
qualquer outro fator de atração, ocorrerá a próclise. decem, necessariamente, às ordens sintáticas e semânticas. Esse
Eu lhe direi toda a verdade. gênero textual vai dançar conforme as intenções do seu criador.
Tu me farias um favor? Entretanto, os poemas possuem algumas características que dizem
respeito aos aspectos estruturais desse gênero. Uma dessas pecu-
Colocação do pronome átono nas locuções verbais liaridades são as estrofes.
Verbo principal no infinitivo ou gerúndio: Se a locução verbal
não vier precedida de um fator de próclise, o pronome átono deve- Estrofação
rá ficar depois do auxiliar ou depois do verbo principal. Nos estudos de estrofação, devemos ter em mente algumas
Exemplos: nomenclaturas. Uma vez que estrofes são agrupamentos de versos,
Devo-lhe dizer a verdade. nada mais apropriado que entender um pouco mais sobre essas ou-
Devo dizer-lhe a verdade. tras unidades dos poemas.
Havendo fator de próclise, o pronome átono deverá ficar antes → Versos por estrofe:
do auxiliar ou depois do principal. 1 verso - Monóstico
Exemplos: 2 versos - Dístico
Não lhe devo dizer a verdade. 3 versos - Terceto
Não devo dizer-lhe a verdade. 4 versos - Quarteto ou quadra
5 versos - Quintilha
Verbo principal no particípio: Se não houver fator de próclise, 6 versos - Sextilha
o pronome átono ficará depois do auxiliar. 7 versos - Septilha, ou sete-versos
Exemplo: Havia-lhe dito a verdade. 8 versos - Oitava

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9 versos - Nona, ou nove-versos cantaremos o medo dos ditadores, o medo dos democratas,
10 versos - Décima cantaremos o medo da morte e o medo de depois da morte,
depois morreremos de medo
→ O número de sílabas também é aspecto de caracterização e sobre nossos túmulos nascerão flores amarelas e medrosas.
dos versos: (Carlos Drummond de Andrade)
- Monossílabo – versos com uma sílaba
- Dissílabos – versos com duas sílabas Estrofação - Poemas de forma fixa
- Trissílabos – versos constituídos por três sílabas Os poemas de forma fixa são caracterizados pelo número, tipo
- Tetrassílabos – versos constituídos por quatro sílabas e divisão das estrofes. Os mais comuns são:
- Pentassílabos – versos com uma estrutura de cinco sílabas ou Soneto: formado por dois quartetos e dois tercetos, nesta se-
chamado de redondilha menor quência, geralmente com versos decassílabos;
- Hexassílabos – versos estruturados com seis sílabas Balada: formado com três oitavas e uma quadra;
- Heptassílabos – versos constituídos por sete sílabas ou cha- Rondel: formado por duas quadras e uma quintilha;
mado de redondilha maior Rondó: formado com estrofação uniforme de quadras;
- Octossílabos – versos constituídos por oito sílabas Sextina: formado por seis sextilhas e um terceto;
- Eneassílabos - versos com nove sílabas Indriso: formado por dois tercetos e dois monósticos, os quais
- Decassílabos – versos estruturados com dez sílabas podem ser rimados e metrificados ou compostos por versos bran-
- Hendecassílabos – versos com onze sílabas cos.
- Dodecassílabos – versos constituídos por doze sílabas ou cha- Trova: poema monostrófico (uma estrofe) de quatro redondi-
mado de alexandrino lhas maiores, rimadas, sem título e com sentido completo.
- Verso bárbaro – versos com mais de doze sílabas. Haicai: poema de uma única estrofe com três versos: dois pen-
tassilábicos e o segundo heptassilábico.
As estrofes podem ser classificadas em:
- Simples: são as estrofes compostas por versos regulares.
Exemplo: Quadras e Dístico com versos hexassílabos. TEORIA DA LINGUAGEM E SEMÂNTICA HISTÓRIA DA LÍN-
Exemplo: GUA PORTUGUESA; LINGUAGEM, LÍNGUA, DISCURSO E
ESTILO
Os miseráveis, os rotos
São as flores dos esgotos.
A língua portuguesa surgiu do latim — idioma falado pelos
São espectros implacáveis romanos que se situavam no estado da Península Itálica, o Lácio.
Os rotos, os miseráveis. Por serem navegantes, esse povo (que explorava novas terras para
conquistar) se utilizava da forma vulgar da língua para se comuni-
São prantos negros de furnas car. Logo, o português se originou dessa vertente. Nesse período, o
Caladas, mudas, soturnas. latim tinha duas modalidades: vulgar e clássico.
(Cruz e Souza) O latim vulgar era falado por pessoas que faziam uso da lingua-
gem sem preocupações estilísticas, com variação linguística expres-
- Compostas: são as estrofes constituídas por versos com me- siva e vocabulário reduzido. Já o latim clássico era utilizado por pes-
didas alternadas. Exemplo: Quadras e Dístico com versos ímpares, soas da alta sociedade e por escritores, sendo elitizado e complexo.
heptassílabos e versos pares tetrassílabos. A transformação do latim para o português se deu por conta
Exemplo: das inúmeras migrações entre os continentes, por volta do sécu-
“Cheguei, chegaste. Vinhas fatigada lo III a.C. Nessa época, os romanos passaram a ocupar a Península
E triste, e triste e fatigado eu vinha; Ibérica por meio de conquistas militares e estabelecer seus hábitos,
Tinhas a alma de sonhos povoada estilo de vida e, inclusive, sua língua.
E a alma de sonhos povoada eu tinha.” O latim predominou entre línguas e dialetos falados em diver-
(Olavo Bilac) sas regiões, o que gerou novos dialetos nos locais onde o Império
Romano dominava. Foi sob essas circunstâncias que surgiram as
- Livres: são as estrofes que abrigam versos de proporções dis- línguas românicas, também conhecidas como neolatinas (línguas
tintas, ou seja, aquelas que não seguem normas pré-fixadas. Exem- de origem latina e utilizadas em territórios conquistados pelos ro-
plo: Quintilhas e Dístico com versos livres e rimas brancas. manos).
Exemplo:
Congresso Internacional do Medo 5 períodos cruciais para a existência da língua portuguesa
A língua portuguesa teve sua evolução dividida em cinco perí-
Provisoriamente não cantaremos o amor, odos:
que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos.
Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços, Pré-românico: o latim era a língua oficial de Roma e foi levado
não cantaremos o ódio porque esse não existe, por soldados para as regiões conquistadas.
existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro,
o medo grande dos sertões, dos mares, dos desertos,
o medo dos soldados, o medo das mães, o medo das igrejas,
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Românico: línguas que surgiram pela diferenciação ou do la- – Para a pragmática, a situação na qual a comunicação está
tim falado pelos soldados romanos. As grandes mudanças fizeram sendo exercida é fundamental para o entendimento do enunciado
o latim ser substituído por dialetos que deram origem ao francês, proferido, sendo que, a capacidade do falante de entender os
espanhol e italiano. O português apareceu no século XIII. discursos implícitos será maior conforme o seu nível de domínio
Galego-português: foi o idioma da Galiza, uma comunidade da linguagem.
autônoma localizada no noroeste da Espanha, e das regiões de Por-
tugal, Douro e Minho. Essa língua permaneceu até o século XIV. — Conhecimentos Discursivos
Português arcaico: teve influência de dialetos dos árabes e do O PCN trouxe grande avanço ao ensino de Língua Portuguesa ao
latim, sendo o idioma falado entre o século XIII e a primeira metade propor o ensino de língua materna com base no viés enunciativo-
do século XVI. Foi nesse contexto que iniciaram os estudos da língua discursivo. É importante saber que toda ação discursiva se realiza
portuguesa. por meio de textos, e a produção de um texto constitui o resultado
Português clássico e moderno: o português arcaico se trans- da prática comunicativa, que se estabelece conforme os princípios
formou em clássico (língua de Camões). Esse português teria sido discursivos.  
trazido para o Brasil no tempo das grandes navegações. – Língua e linguagem: no âmbito da ação discursiva, língua
e linguagem, ao mesmo tempo que são termos com sentidos
A implantação da língua portuguesa no Brasil distintos, constituem elementos fundamentais da prática
Portugal era conhecido por realizar grandes navegações. Ao de- comunicativa. Assim, o vocábulo linguagem está relacionado à
sembarcar na costa brasileira, em 1500, deparou-se com povos in- capacidade de interação verbal que apenas os seres humanos
dígenas, e uma diversidade linguística muito grande. Estima-se que possuem, recurso que possibilita o processo de comunicação entre
havia aproximadamente mil línguas diferentes por aqui. os sujeitos discursivos. Quanto à língua, esta pode ser entendida
como um sistema de signos, um grupo de sinais empregados para
A língua portuguesa trazida pelos portugueses se misturou a a efetivação da comunicação social. Diante sido, a interatividade
essas línguas e criou-se outros dialetos. A cultura negra também verbal torna-se um fato elementar da língua.  
passou a integrar esse arcabouço linguístico. Em resumo, pode-se – Representação: língua e linguagem se apresentam na prática
dizer que a implantação do português no Brasil foi marcada por da comunicação interacional e do diálogo, envolvendo locutor
quatros períodos diferentes: e interlocutor, que, por sua vez, nessa interação, sustentam as
crenças e os valores a serem compartilhados. Isso passa a constituir
Para chegar ao português brasileiro que se fala hoje, aconte- uma realidade quando o enunciador estabelece um diálogo com
ceram diversas mudanças: acréscimos e/ou supressões de ordens o enunciatário e este não constitui apenas um decodificador de
morfológica, sintática e fonológica na língua. E mesmo atualmente, mensagem, mas um agente ativo na construção de sentido. É nesse
ela ainda está em um processo de construção de sua identidade. A sentido, o discurso é mais do que uma criação, é uma representação.
prova disso é o Novo Acordo Ortográfico, implementado em 2009. – Gêneros do discurso: textos formais, informais, verbais, não-
verbais, visuais, didáticos, literário, poético e científicos.
Fonte: Disponível em: https://blog.macke-
nzie.br/vestibular/materias-vestibular/conhe- – Conhecimentos Textuais
ca-a-historia-da-lingua-portuguesa/#:~:text=A%20l%C3%ADn- O conhecimento textual se forma pelos diversos tipos de textos
gua%20portuguesa%20surgiu%20do,portugu%C3%AAs%20se%20 como: narração, descrição, injunção, exposição, etc. e pela maneira
originou%20dessa%20vertente.Acesso em: 03.abr.2024. que se estabelece suas estruturas linguísticas.  
Juntamente com os conhecimentos linguístico e de mundo,
— Conhecimentos Pragmáticos os conhecimentos relativos ao texto contribui para o chamado
A pragmática é a especialidade da linguística que se dedica ao conhecimento prévio importante para a compreensão durante
estudo do uso real da linguagem sob a perspectiva dos usuários a leitura. Assim, quanto mais conhecimento textual o leitor
de uma língua em seus diversos contextos. A pragmática foca sua possuir, quanto maior a sua exposição a todo tipo de texto,
análise nas escolhas lexicais, nas restrições que se apresentam mais fácil será sua compreensão, visto que o conhecimento das
no emprego da linguagem em dadas interações sociais e, estruturas textuais e dos tipos de discurso designará, em grande
especialmente nos impactos que da utilização da linguagem sobre proporção, suas expectativas em relação aos textos, expectativas
os outros participantes durante a comunicação. Isto é, os estudos tais que desempenham papel significativo na compreensão.
pragmáticos investigam a semântica e a sintaxe nos seus sentidos Os conhecimentos textual, linguístico e de mundo são ativados
partir da observação dos atos de fala e seus encadeamentos sociais no decorrer da leitura para poder se chegar ao momento da
e culturais. Posto isso, pode-se afirmar que: compreensão, momento esse que passa desapercebido, em que as
– A pragmática é a zona de confluência entre o emprego partes discretas se unem para construir um sentido.
linguístico e o emprego comunicativo, constatando o vínculo No que diz respeito ao conhecimento textual, em especial, é
inerente entre a linguagem e o contexto comunicativo em que ela importante afirmar que o leitor não se dirige despreparado para
está sendo exercida.   uma leitura. Conforme o tipo de texto que vai ser lido, ele ativa seu
– Segundo a pragmática, o que importa é o uso e os impactos conhecimento de tipologia textual.
gerados pelos atos de fala, ou seja, a comunicação e o exercício da
linguagem entre os falantes de uma língua, focando nos professos
de inferência pelos quais se compreende o que está implícito.

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– Conhecimentos Gramaticais Importância: a assimilação dos conhecimentos notacionais


O ensino relativo aos conhecimentos gramaticais vem sendo tem como objetivo orientar melhor a priorização de determinados
considerado, cada vez mais, com reflexões sobre a sua abordagem aspectos nas atividades de ensino, pois conhecer bem a escrita das
nas aulas de Língua Portuguesa. Para Antunes (2007)1, o ensino de palavras impacta positivamente na construção do discurso.  
gramática abrange “todas as regras do uso da língua”, sendo que, O Sistema de escrita Alfabética (SEA): podemos afirmar
neste ensino, faz-se crucial que o aluno conheça sobre o seu uso para que o SEA é um sistema notacional, pois ele nada mais é do
atuar com maior eficácia nos diversos contextos sociais. Além disso, que um sistema de representação, ou seja, a escrita alfabética é
Antunes define gramática como “normas que especificam os usos reconhecida como um objeto do saber que propicia aos alunos uma
da língua, que ditam como deve ser a constituição de suas várias reflexão mais consciente sobre as palavras. Em outras palavras, o
unidades em seus diferentes estratos”. Sobre os conhecimentos SEA auxilia a criança na percepção da escrita como um objeto de
gramaticais no âmbito da educação básica, pode-se afirmar que: conhecimento, que será fundamental para garantir a compreensão,
– Objetivo do ensino gramatical: esse tema é apenas uma a reflexão consciente da palavra e, por conseguinte, a apropriação
das condições para que o aluno domine a língua. Com isso, é do SEA.  
preciso propor e trabalhar atividades discursivas, que ofereçam
ao educando oportunidades de argumentação, influenciando o — Exemplos
desenvolvimento do exercício do discurso como um todo.   DE MAIS e DEMAIS
– PCN: os Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino “Tomamos vinho de mais” = locução adjetiva, significa muito,
Médio concorrem com a fundamentação dos objetivos ao afirmar oposto de menos.
que “compreender a língua é saber avaliar e interpretar o ato “Percebemos o erro tarde demais. “= advérbio de intensidade,
interlocutivo, julgar, tomar uma posição consciente e responsável o mesmo que excessivamente.
pelo que se fala/escreve.” (BRASIL, 2000). O que quer dizer que “Demais, ele ainda conseguiu fugir.” = palavra continuativa,
saber utilizar das regras não é suficiente em si, mais que isso, significa além disso.
é necessário que também conduzir os alunos para um domínio “Ele saiu da reunião sem se despedir dos demais.” = pronome
reflexivo e crítico da língua, para que sua capacidade discursiva seja indefinido, significa os outros.  
ampliada.  
– Necessidade de contextualização: de acordo com o PCN APARTE e À PARTE
“o processo de ensino/aprendizagem da Língua Portuguesa deve “Se iniciarem uma briga, aparte!” = modo imperativo do verbo
basear-se em propostas interativas de língua/linguagem [...]” apartar, significa separar.  
(BRASIL, 2000). Isso quer dizer que atualmente o professor não “Esses documentos devem ser arquivados à parte.” = locução
deve dar prioridade ao estudo gramatical fora de contexto, em adverbial, significa colocar de lado.
razão necessidade de o aluno compreender as expressões utilizadas
nas diversas situações comunicativas. Mas o que se tem observado
na prática é exatamente o contrário: em sala de aula, a assimilação NÍVEIS DE LINGUAGEM, FUNÇÕES DA LINGUAGEM
da nomenclatura gramatical tem sido o eixo central da abordagem
dos estudos gramaticais na escola, pois muitos docentes ainda não
NÍVEIS DE LINGUAGEM
adaptaram suas aulas para essa nova perspectiva de ensino.
– Três novas instâncias da gramática em sala de aula:
Definição de linguagem
de acordo com a nova perspectiva que vem sendo construída
Linguagem é qualquer meio sistemático de comunicar ideias
nesse sentido, o ensino gramatical nas escolas deve abranger:
ou sentimentos através de signos convencionais, sonoros, gráficos,
1) articulação da leitura; 2) articulação da produção textual; 3)
gestuais etc. A linguagem é individual e flexível e varia dependendo
análise linguística. Fica a cargo dos docentes, durante as aulas de
da idade, cultura, posição social, profissão etc. A maneira de arti-
língua portuguesa, não elegerem um texto somente para lecionar
cular as palavras, organizá-las na frase, no texto, determina nossa
conhecimentos gramaticais, mas tendo em vista sempre algo que
linguagem, nosso estilo (forma de expressão pessoal).
sirva como complementação para esse ensino, o que assegura
As inovações linguísticas, criadas pelo falante, provocam, com
também garantindo também o êxito no desenvolvimento das
o decorrer do tempo, mudanças na estrutura da língua, que só as
práticas discursivas.
incorpora muito lentamente, depois de aceitas por todo o grupo
social. Muitas novidades criadas na linguagem não vingam na língua
— Conhecimentos Notacionais
e caem em desuso.
Definição: os conhecimentos notacionais estão relacionados à
natureza alfabética do sistema de escrita da língua portuguesa, mais
Língua escrita e língua falada
especificamente, ao que diz respeito à ortografia e a determinados
A língua escrita não é a simples reprodução gráfica da língua
vocábulos e expressões. Em razão disso, esses conhecimentos são
falada, por que os sinais gráficos não conseguem registrar grande
comumente associados a problemas como dúvidas relacionadas à
parte dos elementos da fala, como o timbre da voz, a entonação, e
ortografia e à semântica — no que tange aos termos parônimos e
ainda os gestos e a expressão facial. Na realidade a língua falada é
homônimos.   
mais descontraída, espontânea e informal, porque se manifesta na
conversação diária, na sensibilidade e na liberdade de expressão
do falante. Nessas situações informais, muitas regras determinadas
pela língua padrão são quebradas em nome da naturalidade, da li-
1 ANTUNES, Irandé. Muito além da gramática: por um ensino sem
berdade de expressão e da sensibilidade estilística do falante.
pedras no caminho. São Paulo: Parábola Editorial, 2007.
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Linguagem popular e linguagem culta São seis as funções da linguagem, que se encontram direta-
Podem valer-se tanto da linguagem popular quanto da lingua- mente relacionadas com os elementos da comunicação.
gem culta. Obviamente a linguagem popular é mais usada na fala,
nas expressões orais cotidianas. Porém, nada impede que ela esteja Funções da Linguagem Elementos da
presente em poesias (o Movimento Modernista Brasileiro procurou Comunicação
valorizar a linguagem popular), contos, crônicas e romances em que
o diálogo é usado para representar a língua falada. Função referencial ou denotativa contexto
Linguagem Popular ou Coloquial Função emotiva ou expressiva emissor
Usada espontânea e fluentemente pelo povo. Mostra-se quase
Função apelativa ou conativa receptor
sempre rebelde à norma gramatical e é carregada de vícios de lin-
guagem (solecismo – erros de regência e concordância; barbarismo Função poética mensagem
– erros de pronúncia, grafia e flexão; ambiguidade; cacofonia; pleo- Função fática canal
nasmo), expressões vulgares, gírias e preferência pela coordenação,
que ressalta o caráter oral e popular da língua. A linguagem popular Função metalinguística código
está presente nas conversas familiares ou entre amigos, anedotas,
irradiação de esportes, programas de TV e auditório, novelas, na Função Referencial
expressão dos esta dos emocionais etc. A função referencial tem como objetivo principal informar, re-
ferenciar algo. Esse tipo de texto, que é voltado para o contexto da
A Linguagem Culta ou Padrão comunicação, é escrito na terceira pessoa do singular ou do plural,
É a ensinada nas escolas e serve de veículo às ciências em que o que enfatiza sua impessoalidade.
se apresenta com terminologia especial. É usada pelas pessoas ins- Para exemplificar a linguagem referencial, podemos citar os
truídas das diferentes classes sociais e caracteriza-se pela obediên- materiais didáticos, textos jornalísticos e científicos. Todos eles, por
cia às normas gramaticais. Mais comumente usada na linguagem meio de uma linguagem denotativa, informam a respeito de algo,
escrita e literária, reflete prestígio social e cultural. É mais artificial, sem envolver aspectos subjetivos ou emotivos à linguagem.
mais estável, menos sujeita a variações. Está presente nas aulas, Exemplo de uma notícia:
conferências, sermões, discursos políticos, comunicações científi- O resultado do terceiro levantamento feito pela Aliança Global
cas, noticiários de TV, programas culturais etc. para Atividade Física de Crianças — entidade internacional dedica-
da ao estímulo da adoção de hábitos saudáveis pelos jovens — foi
Gíria decepcionante. Realizado em 49 países de seis continentes com o
A gíria relaciona-se ao cotidiano de certos grupos sociais como objetivo de aferir o quanto crianças e adolescentes estão fazendo
arma de defesa contra as classes dominantes. Esses grupos utilizam exercícios físicos, o estudo mostrou que elas estão muito sedentá-
a gíria como meio de expressão do cotidiano, para que as mensa- rias. Em 75% das nações participantes, o nível de atividade física
gens sejam decodificadas apenas por eles mesmos. praticado por essa faixa etária está muito abaixo do recomendado
Assim a gíria é criada por determinados grupos que divulgam para garantir um crescimento saudável e um envelhecimento de
o palavreado para outros grupos até chegar à mídia. Os meios de qualidade — com bom condicionamento físico, músculos e esquele-
comunicação de massa, como a televisão e o rádio, propagam os tos fortes e funções cognitivas preservadas. De “A” a “F”, a maioria
novos vocábulos, às vezes, também inventam alguns. A gíria pode dos países tirou nota “D”.
acabar incorporada pela língua oficial, permanecer no vocabulário
de pequenos grupos ou cair em desuso. Função Emotiva
Ex.: “chutar o pau da barraca”, “viajar na maionese”, “galera”, Caracterizada pela subjetividade com o objetivo de emocionar.
“mina”, “tipo assim”. É centrada no emissor, ou seja, quem envia a mensagem. A mensa-
gem não precisa ser clara ou de fácil entendimento.
Linguagem vulgar Por meio do tipo de linguagem que usamos, do tom de voz que
Existe uma linguagem vulgar relacionada aos que têm pouco empregamos, etc., transmitimos uma imagem nossa, não raro in-
ou nenhum contato com centros civilizados. Na linguagem vulgar conscientemente.
há estruturas com “nóis vai, lá”, “eu di um beijo”, “Ponhei sal na Emprega-se a expressão função emotiva para designar a utili-
comida”. zação da linguagem para a manifestação do enunciador, isto é, da-
quele que fala.
Linguagem regional
Regionalismos são variações geográficas do uso da língua pa- Exemplo: Nós te amamos!
drão, quanto às construções gramaticais e empregos de certas pala-
vras e expressões. Há, no Brasil, por exemplo, os falares amazônico, Função Conativa
nordestino, baiano, fluminense, mineiro, sulino. A função conativa ou apelativa é caracterizada por uma lingua-
gem persuasiva com a finalidade de convencer o leitor. Por isso, o
Funções da linguagem grande foco é no receptor da mensagem.
Funções da linguagem são recursos da comunicação que, de Trata-se de uma função muito utilizada nas propagandas, pu-
acordo com o objetivo do emissor, dão ênfase à mensagem trans- blicidades e discursos políticos, a fim de influenciar o receptor por
mitida, em função do contexto em que o ato comunicativo ocorre. meio da mensagem transmitida.

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Esse tipo de texto costuma se apresentar na segunda ou na ter- Exemplo:


ceira pessoa com a presença de verbos no imperativo e o uso do Amizade s.f.: 1. sentimento de grande afeição, simpatia, apreço
vocativo. entre pessoas ou entidades. “sentia-se feliz com a amizade do seu
Não se interfere no comportamento das pessoas apenas com mestre”
a ordem, o pedido, a súplica. Há textos que nos influenciam de ma- 2. POR METONÍMIA: quem é amigo, companheiro, camarada.
neira bastante sutil, com tentações e seduções, como os anúncios “é uma de suas amizades fiéis”
publicitários que nos dizem como seremos bem-sucedidos, atraen-
tes e charmosos se usarmos determinadas marcas, se consumirmos Vícios de linguagem
certos produtos. Vícios de Linguagem são os deslizes cometidos em ralação a
Com essa função, a linguagem modela tanto bons cidadãos, norma culta da língua, eles podem estar presentes nos níveis se-
que colocam o respeito ao outro acima de tudo, quanto esperta- mânticos, morfológicos ou sintáticos. São eles:
lhões, que só pensam em levar vantagem, e indivíduos atemoriza-
dos, que se deixam conduzir sem questionar. Barbarismo
Exemplos: Só amanhã, não perca! São desvios cometidos na grafia, flexão ou pronúncia de uma
Vote em mim! palavra.
- Barbarismo cometido devido à má pronúncia das palavras
Função Poética Exemplo: eu robo /róbo/ - ele roba /róba/ Quando deveria ser:
Esta função é característica das obras literárias que possui eu roubo / ele rouba
como marca a utilização do sentido conotativo das palavras. - Barbarismo provocado pela alteração da posição da sílaba tô-
nica
Nela, o emissor preocupa-se de que maneira a mensagem será Exemplos: récorde em vez de recorde
transmitida por meio da escolha das palavras, das expressões, das rúbrica em vez de rubrica
figuras de linguagem. Por isso, aqui o principal elemento comunica- - Barbarismo semântico provocado pelo uso inadequado de
tivo é a mensagem. palavras
A função poética não pertence somente aos textos literários. Exemplos: ir de encontro a (chocar-se com) e ir ao encontro de
Podemos encontrar a função poética também na publicidade ou (estar a favor de, na direção de).
nas expressões cotidianas em que há o uso frequente de metáforas Errado: O filho foi de encontro a sua mãe.
(provérbios, anedotas, trocadilhos, músicas). Correto: O filho foi ao encontro de sua mãe.
- Barbarismo flexional (seja em número, grau, gênero ou pes-
Exemplo: soa)
“Basta-me um pequeno gesto, Exemplos: barzinhos em vez de barezinhos
feito de longe e de leve, o óculos em vez de os óculos
para que venhas comigo
e eu para sempre te leve...” - Barbarismo cometido em relação aos erros de ortografia
(Cecília Meireles) Exemplos: beringela em vez de berinjela
toxa em vez de tocha
Função Fática
A função fática tem como principal objetivo estabelecer um ca- Solecismo
nal de comunicação entre o emissor e o receptor, quer para iniciar a Erro cometido pelo descumprimento das regras de sintaxe.
transmissão da mensagem, quer para assegurar a sua continuação.
A ênfase dada ao canal comunicativo. - Solecismo de regência
Esse tipo de função é muito utilizado nos diálogos, por exem- Exemplo: Chegou em casa e decidiu ir na festa com os amigos.
plo, nas expressões de cumprimento, saudações, discursos ao tele- (frase incorreta)
fone, etc. Correção: Chegou a casa e decidiu ir à festa com os amigos.

Exemplo: - Solecismo de concordância


-- Calor, não é!? Exemplo: Duas casa depois da minha existe uma loja de conve-
-- Sim! Li na previsão que iria chover. niência. (frase incorreta)
-- Pois é... Correção: Duas casas depois da minha existe uma loja de con-
veniência.
Função Metalinguística
É caracterizada pelo uso da metalinguagem, ou seja, a lingua- - Solecismo de colocação
gem que se refere a ela mesma. Dessa forma, o emissor explica um Exemplo: Havia dito-me que vinha-me ajudar. (frase incorreta)
código utilizando o próprio código. Correção: Havia-me dito que me vinha ajudar
Nessa categoria, os textos metalinguísticos que merecem des-
taque são as gramáticas e os dicionários. Ambiguidade
Um texto que descreva sobre a linguagem textual ou um do- Ocorrência de duplo sentido na frase.
cumentário cinematográfico que fala sobre a linguagem do cinema
são alguns exemplos.

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Exemplos: Eco
Eles viram o incêndio do prédio. Ocorre quando há palavras na frase com terminações iguais ou
(O prédio está em chamas.) semelhantes, provocando dissonância. Exemplo: A divulgação da
(Do prédio, eles assistem ao incêndio.) promoção não causou comoção na população.
Ele não agiu legal. (Legal = termo polissêmico - de várias signi-
ficações) Hiato
(Ele não agiu dentro da lei.) Ocorre quando há uma sequência de vogais, provocando disso-
(Ele agiu mal.) nância. Exemplo: Eu a amo; Ou eu ou a outra ganhará o concurso.

Preciosismo ou Arcaísmo Colisão


Linguagem extremamente rebuscada, dificultando a clareza e Ocorre quando há repetição de consoantes iguais ou seme-
o entendimento. lhantes, provocando dissonância. Exemplo: Sua saia sujou.
Exemplo: A eloquente verborragia de teus ditames balouçam
minha inerme consciência.
(A fácil capacidade de falar e impor suas vontades embaralham FIGURAS DE LINGUAGEM
meu pouco conhecimento)

Redundância ou Pleonasmo Vicioso Figuras de Linguagem


Toda repetição de uma ideia mediante palavras ou expressões As figuras de linguagem ou de estilo são empregadas para
diferentes provoca uma redundância ou pleonasmo vicioso. Ex.: su- valorizar o texto, tornando a linguagem mais expressiva. É um re-
bir lá em cima, descer lá embaixo, entrar para dentro, sair para fora, curso linguístico para expressar de formas diferentes experiências
novidade inédita, hemorragia de sangue, pomar de frutas, hepatite comuns, conferindo originalidade, emotividade ao discurso, ou tor-
do fígado, demente mental, e tantas outras expressões presentes nando-o poético.
diariamente no linguajar.
As figuras de linguagem classificam-se em
Consiste na repetição de palavras ou expressões. - figuras de palavra;
Exemplo: Eles me fizeram uma surpresa inesperada. - figuras de pensamento;
Algumas expressões são: Elo de ligação, Acabamento final, - figuras de construção ou sintaxe.
Juntamente com, Girar em torno, Vandalismo criminoso, Conviver
junto, Enfrentar de cara, Amanhecer o dia, Refazer de novo, Com- Figuras de palavra: emprego de um termo com sentido dife-
pletamente cheio. rente daquele convencionalmente empregado, a fim de se conse-
Cacofonia guir um efeito mais expressivo na comunicação.
Som desagradável decorrente de construções mal elaboradas.
- Cacófato: encontro de sílabas de dois ou mais vocábulos, cau- Metáfora: comparação abreviada, que dispensa o uso dos co-
sando um som inconveniente ou pejorativo. Exemplos: fé demais, nectivos comparativos; é uma comparação subjetiva. Normalmente
havia dado, essa fada, por cada. vem com o verbo de ligação claro ou subentendido na frase.

- Colisão: sequência de consoantes iguais. Exemplos


Exemplo: Se se estuda, aprende-se. (Correção: Caso estude, ...a vida é cigana
conseguirá aprender.) É caravana
É pedra de gelo ao sol.
- Eco: terminações de vocábulos repetidas ocasionando a res- (Geraldo Azevedo/ Alceu Valença)
sonância de sons.
Exemplo: A gente sente que a mente está descontente. Encarnado e azul são as cores do meu desejo.
(Carlos Drummond de Andrade)
- Hiato: sequência de vogais iguais.
Exemplo: Ela vai alugar o apartamento amanhã. (Repetição da Comparação: aproxima dois elementos que se identificam,
vogal “a”). ligados por conectivos comparativos explícitos: como, tal qual, tal
como, que, que nem. Também alguns verbos estabelecem a com-
Arcaísmo paração: parecer, assemelhar-se e outros.
Consiste no emprego de palavras ou expressões antigas que já
caíram de uso. Exemplo: asinha em vez de depressa, antanho em Exemplo:
vez de no passado. Estava mais angustiado que um goleiro na hora do gol, quando
você entrou em mim como um sol no quintal.
Neologismo (Belchior)
Criação de novas palavras ou expressões introduzidas na língua Catacrese: emprego de um termo em lugar de outro para o
portuguesa. qual não existe uma designação apropriada.
Exemplo: Meu irmão está fazendo um bico na empresa. (Fazer
um bico: trabalho temporário)

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Exemplos Paronomásia: Emprego de vocábulos semelhantes na forma ou


– folha de papel na prosódia, mas diferentes no sentido.
– braço de poltrona
– céu da boca Exemplo:
– pé da montanha Berro pelo aterro pelo desterro berro por seu berro pelo seu
[erro
Sinestesia: fusão harmônica de, no mínimo, dois dos cinco sen- quero que você ganhe que
tidos físicos. [você me apanhe
sou o seu bezerro gritando
Exemplo: [mamãe.
Vem da sala de linotipos a doce (gustativa) música (auditiva) (Caetano Veloso)
mecânica.
(Carlos Drummond de Andrade) Onomatopeia: imitação aproximada de um ruído ou som pro-
duzido por seres animados e inanimados.
A fusão de sensações físicas e psicológicas também é sineste-
sia: “ódio amargo”, “alegria ruidosa”, “paixão luminosa”, “indiferen- Exemplo:
ça gelada”. Vai o ouvido apurado
na trama do rumor suas nervuras
Antonomásia: substitui um nome próprio por uma qualidade, inseto múltiplo reunido
atributo ou circunstância que individualiza o ser e notabiliza-o. para compor o zanzineio surdo
circular opressivo
Exemplos zunzin de mil zonzons zoando em meio à pasta de calor
O filósofo de Genebra (= Calvino). da noite em branco
O águia de Haia (= Rui Barbosa). (Carlos Drummond de Andrade)

Metonímia: troca de uma palavra por outra, de tal forma que Observação: verbos que exprimem os sons são considerados
a palavra empregada lembra, sugere e retoma a que foi omitida. onomatopaicos, como cacarejar, tiquetaquear, miar etc.

Exemplos: Figuras de sintaxe ou de construção: dizem respeito a desvios


Leio Graciliano Ramos. (livros, obras) em relação à concordância entre os termos da oração, sua ordem,
Comprei um panamá. (chapéu de Panamá) possíveis repetições ou omissões.
Tomei um Danone. (iogurte)
Podem ser formadas por:
Alguns autores, em vez de metonímia, classificam como siné- omissão: assíndeto, elipse e zeugma;
doque quando se têm a parte pelo todo e o singular pelo plural. repetição: anáfora, pleonasmo e polissíndeto;
inversão: anástrofe, hipérbato, sínquise e hipálage;
Exemplo: ruptura: anacoluto;
A cidade inteira viu assombrada, de queixo caído, o pistoleiro concordância ideológica: silepse.
sumir de ladrão, fugindo nos cascos de seu cavalo. (singular pelo
plural) Anáfora: repetição da mesma palavra no início de um período,
(José Cândido de Carvalho) frase ou verso.

Figuras Sonoras Exemplo:


Aliteração: repetição do mesmo fonema consonantal, geral- Dentro do tempo o universo
mente em posição inicial da palavra. [na imensidão.
Dentro do sol o calor peculiar
Exemplo: [do verão.
Vozes veladas veludosas vozes volúpias dos violões, vozes ve- Dentro da vida uma vida me
ladas. [conta uma estória que fala
(Cruz e Sousa) [de mim.
Dentro de nós os mistérios
Assonância: repetição do mesmo fonema vocal ao longo de um [do espaço sem fim!
verso ou poesia. (Toquinho/Mutinho)

Exemplo: Assíndeto: ocorre quando orações ou palavras que deveriam


Sou Ana, da cama, vir ligadas por conjunções coordenativas aparecem separadas por
da cana, fulana, bacana vírgulas.
Sou Ana de Amsterdam.
(Chico Buarque)

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Exemplo: Hipérbato ou inversão: alteração da ordem direta dos elemen-


Não nos movemos, as mãos é tos na frase.
que se estenderam pouco a
pouco, todas quatro, pegando-se, Exemplos:
apertando-se, fundindo-se. Passeiam, à tarde, as belas na avenida.
(Machado de Assis) (Carlos Drummond de Andrade)
Polissíndeto: repetição intencional de uma conjunção coorde-
nativa mais vezes do que exige a norma gramatical. Paciência tenho eu tido...
(Antônio Nobre)
Exemplo:
Há dois dias meu telefone não fala, nem ouve, nem toca, nem Anacoluto: interrupção do plano sintático com que se inicia a
tuge, nem muge. frase, alterando a sequência do processo lógico. A construção do
(Rubem Braga) período deixa um ou mais termos desprendidos dos demais e sem
função sintática definida.
Pleonasmo: repetição de uma ideia já sugerida ou de um ter-
mo já expresso. Exemplos:
E o desgraçado, tremiam-lhe as pernas.
Pleonasmo literário: recurso estilístico que enriquece a expres- (Manuel Bandeira)
são, dando ênfase à mensagem.
Aquela mina de ouro, ela não ia deixar que outras espertas bo-
Exemplos: tassem as mãos.
Não os venci. Venceram-me (José Lins do Rego)
eles a mim.
(Rui Barbosa) Hipálage: inversão da posição do adjetivo (uma qualidade que
pertence a um objeto é atribuída a outro, na mesma frase).
Morrerás morte vil na mão de um forte.
(Gonçalves Dias) Exemplo:
...em cada olho um grito castanho de ódio.
Pleonasmo vicioso: Frequente na linguagem informal, cotidia- (Dalton Trevisan)
na, considerado vício de linguagem. Deve ser evitado. ...em cada olho castanho um grito de ódio)

Exemplos: Silepse:
Ouvir com os ouvidos.
Rolar escadas abaixo. Silepse de gênero: Não há concordância de gênero do adjetivo
Colaborar juntos. ou pronome com a pessoa a que se refere.
Hemorragia de sangue.
Repetir de novo. Exemplos:
Pois aquela criancinha, longe de ser um estranho...
Elipse: Supressão de uma ou mais palavras facilmente suben- (Rachel de Queiroz)
tendidas na frase. Geralmente essas palavras são pronomes, con-
junções, preposições e verbos. V. Ex.a parece magoado...
(Carlos Drummond de Andrade)
Exemplos:
Compareci ao Congresso. (eu) Silepse de pessoa: Não há concordância da pessoa verbal com
Espero venhas logo. (eu, que, tu) o sujeito da oração.
Ele dormiu duas horas. (durante)
No mar, tanta tormenta e tanto dano. (verbo Haver) Exemplos:
(Camões) Os dois ora estais reunidos...
(Carlos Drummond de Andrade)
Zeugma: Consiste na omissão de palavras já expressas anterior-
mente. Na noite do dia seguinte, estávamos reunidos algumas pessoas.
(Machado de Assis)
Exemplos:
Foi saqueada a vila, e assassina dos os partidários dos Filipes. Silepse de número: Não há concordância do número verbal
(Camilo Castelo Branco) com o sujeito da oração.

Rubião fez um gesto, Palha outro: mas quão diferentes. Exemplo:


(Machado de Assis) Corria gente de todos os lados, e gritavam.
(Mário Barreto)

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– Palavras homófonas: apressar (tornar mais rápido) e apreçar


(definir o preço); arrochar (apertar com força) e arroxar (tornar
SIGNIFICADO DAS PALAVRAS roxo).
– Palavras homógrafas: apoio (suporte) e apoio (verbo apoiar);
Visão Geral: o significado das palavras é objeto de estudo boto (golfinho) e boto (verbo botar); choro (pranto) e choro (verbo
da semântica, a área da gramática que se dedica ao sentido das chorar) .
palavras e também às relações de sentido estabelecidas entre elas. – Palavras parônimas: apóstrofe (figura de linguagem) e
apóstrofo (sinal gráfico), comprimento (tamanho) e cumprimento
Denotação e conotação (saudação).
Denotação corresponde ao sentido literal e objetivo das
palavras, enquanto a conotação diz respeito ao sentido figurado das
INTRODUÇÃO À LITERATURA A ARTE LITERÁRIA, OS GÊ-
palavras. Exemplos:
NEROS LITERÁRIOS E A EVOLUÇÃO DA ARTE LITERÁRIA,
“O gato é um animal doméstico.”
EM PORTUGAL E NO BRASIL
“Meu vizinho é um gato.”

No primeiro exemplo, a palavra gato foi usada no seu verdadeiro


sentido, indicando uma espécie real de animal. Na segunda frase, a LITERATURA PORTUGUESA
palavra gato faz referência ao aspecto físico do vizinho, uma forma Por Literatura Portuguesa, compreende-se toda produção em
de dizer que ele é tão bonito quanto o bichano. língua portuguesa de diferentes países de cultura lusófona, entre
eles o Brasil. Literatura Brasileira e Literatura Portuguesa estabele-
Hiperonímia e hiponímia cem uma enorme relação dialógica, visto que as primeiras manifes-
Dizem respeito à hierarquia de significado. Um hiperônimo, tações de nossa literatura ocorreram durante o período colonial.
palavra superior com um sentido mais abrangente, engloba um
hipônimo, palavra inferior com sentido mais restrito. Trovadorismo
Exemplos: Também conhecido como Primeira Época Medieval, é o pri-
– Hiperônimo: mamífero: – hipônimos: cavalo, baleia. meiro movimento literário da língua portuguesa. Seu surgimento
– Hiperônimo: jogo – hipônimos: xadrez, baralho. ocorreu no mesmo período em que Portugal começou a despontar
como nação independente, no século XII; porém, as suas origens
Polissemia e monossemia deram-se na Occitânia, de onde se espalhou por praticamente toda
A polissemia diz respeito ao potencial de uma palavra a Europa. Apesar disso, a lírica medieval galaico-português possuiu
apresentar uma multiplicidade de significados, de acordo com o características próprias, uma grande produtividade e um número
contexto em que ocorre. A monossemia indica que determinadas considerável de autores conservados.
palavras apresentam apenas um significado. Exemplos: O marco inicial do Trovadorismo é a “Cantiga da Ribeirinha”
– “Língua”, é uma palavra polissêmica, pois pode por um idioma (conhecida também como “Cantiga da Garvaia”), escrita por Paio
ou um órgão do corpo, dependendo do contexto em que é inserida. Soares de Taveirós no ano de 1189. Esta fase da literatura portugue-
– A palavra “decalitro” significa medida de dez litros, e não sa vai até o ano de 1418, quando começa o Quinhentismo.
tem outro significado, por isso é uma palavra monossêmica. Os trovadores de maior destaque na lírica galego-portuguesa
são: Dom Duarte, Dom Dinis, Paio Soares de Taveirós, João Garcia
Sinonímia e antonímia de Guilhade, Aires Nunes e Meendinho.
A sinonímia diz respeito à capacidade das palavras serem O Trovadorismo foi um período da literatura portuguesa com-
semelhantes em significado. Já antonímia se refere aos significados preendido entre 1189 e 1434. Nessa época Portugal estava em pro-
opostos. Desse modo, por meio dessas duas relações, as palavras cesso de consolidação do estado português. Enquanto o mundo
expressam proximidade e contrariedade. estava em pleno Feudalismo, e o Teocentrismo dominava o planeta.
Exemplos de palavras sinônimas: morrer = falecer; rápido = Quanto ao contexto cultural e artístico, podemos afirmar que toda a
veloz. Idade Média foi fortemente influenciada pela Igreja, a qual detinha
Exemplos de palavras antônimas: morrer x nascer; pontual x o poder político e econômico, mantendo-se acima até de toda a no-
atrasado. breza feudal. Nesse ínterim, figurava uma visão de mundo baseada
tão somente no teocentrismo, cuja ideologia afirmava que Deus era
Homonímia e paronímia o centro de todas as coisas. Assim, o homem mantinha-se total-
A homonímia diz respeito à propriedade das palavras mente crédulo e religioso, cujos posicionamentos estavam sempre
apresentarem: semelhanças sonoras e gráficas, mas distinção de à mercê da vontade divina, assim como todos os fenômenos natu-
sentido (palavras homônimas), semelhanças homófonas, mas rais.
distinção gráfica e de sentido (palavras homófonas) semelhanças Na arquitetura, toda a produção artística esteve voltada para a
gráficas, mas distinção sonora e de sentido (palavras homógrafas). construção de igrejas, mosteiros, abadias e catedrais, tanto na Alta
A paronímia se refere a palavras que são escritas e pronunciadas de Idade Média, na qual predominou o estilo romântico, quanto na
forma parecida, mas que apresentam significados diferentes. Veja Baixa Idade Média, predominando o estilo gótico. No que tange às
os exemplos: produções literárias, todas elas eram feitas em galego-português,
– Palavras homônimas: caminho (itinerário) e caminho (verbo denominadas de cantigas.
caminhar); morro (monte) e morro (verbo morrer).

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Os textos do Trovadorismo eram acompanhados de música e Apesar de a diferença entre ambas ser sutil, as cantigas de es-
geralmente cantados em coro, por isso são chamados de cantigas. cárnio eram aquelas em que a crítica não era feita de forma direta.
As cantigas podem ser classificadas em dois grandes grupos: canti- Rebuscadas de uma linguagem conotativa, não indicavam o nome
gas líricas e cantigas satíricas. As líricas se subdividem em cantigas da pessoa satirizada.
de amor e de amigo; as satíricas em cantigas de escárnio e maldizer.
Cantigas de maldizer
Cantigas de Amor Como bem nos retrata o nome, a crítica era feita de maneira di-
As cantigas de amor são sempre escritas em primeira pessoa reta, e mencionava o nome da pessoa satirizada. Assim, envolvidas
e o eu-poético declara seu amor a uma dama, tendo como pano por uma linguagem chula, destacavam-se palavrões, geralmente
de fundo o ambiente de um palácio. A mulher é vista como um ser envoltos por um tom de obscenidade, fazendo referência a situa-
inatingível, uma figura idealizada, a quem é dedicado um amor su- ções relacionadas a adultério, prostituição, imoralidade dos padres,
blimado, idealizado. entre outros aspectos.
Neste tipo de cantiga o trovador destaca todas as qualidades da Renascimento
mulher amada, colocando-se numa posição inferior (de vassalo) a Refere-se à influência e evolução do Renascimento em Portu-
ela. O tema mais comum é o amor não correspondido. As cantigas gal, de meados do século XV a finais do século XVI. O movimento
de amor reproduzem o sistema hierárquico na época do feudalis- cultural que assinalou o final da Idade Média e o início da Idade
mo, pois o trovador passa a ser o vassalo da amada (suserana) e Moderna foi marcado por transformações em muitas áreas da vida
espera receber um benefício em troca de seus “serviços” (as trovas, humana. Renascimento, nome que designa o período das gran-
o amor dispensado, sofrimento pelo amor não correspondido). des transformações culturais, políticas e econômicas, ocorridas
nos séculos XVI e XVII. Essas transformações trouxeram profundas
Tratam, geralmente, de um relacionamento amoroso, em que mudanças para toda a sociedade da época, o estabelecimento de-
o trovador canta seu amor a uma dama, normalmente de posição finitivo do capitalismo, criou novas relações de trabalho, firmou o
social superior, inatingível. Refletindo a relação social de servidão, comércio e este passou a ter grande importância, introduziu novos
o trovador roga a dama que aceite sua dedicação e submissão. Eu- valores, tais como o dinheiro e a vida nas cidades, que não existiam
-lírico – masculino no período medieval, várias invenções e melhoramentos técnicos
O sentimento oriundo da submissão entre o servo e o senhor foram criados em função da crescente procura de mercadorias.
feudal transformou-se no que chamamos de vassalagem amorosa, Houve uma crise religiosa pois, a Igreja teve que enfrentar os pro-
preconizando, assim, um amor cortês. O amante vive sempre em testantes liderados por Martinho Lutero, que contava com o apoio
estado de sofrimento, também chamado de coita, visto que não é da burguesia. Essa foi também a época dos grandes descobrimen-
correspondido. Ainda assim dedica à mulher amada (senhor) fide- tos, que levaram o homem a encarar o Universo e o próprio homem
lidade, respeito e submissão. Nesse cenário, a mulher é tida como de maneira diferente daquela pregada pela Igreja. Foi inventada a
um ser inatingível, à qual o cavaleiro deseja servir como vassalo. imprensa, que possibilitou uma maior circulação de escritos e por-
tanto de cultura. Copérnico formulou a teoria do heliocentrismo
Cantigas de amigo que propunha o Sol como centro do Universo e Galileu comprovou
Surgidas na própria Península Ibérica, as cantigas de amigo o duplo movimento da Terra.
eram inspiradas em cantigas populares, fato que as concebe como Todos esses fatores levaram a velha ordem feudal a um des-
sendo mais ricas e mais variadas no que diz respeito à temática e gaste e consequente desmoronamento, sendo necessária uma nova
à forma, além de serem mais antigas. Diferentemente da cantiga organização nos planos político, econômico e social. As produções
de amor, na qual o sentimento expresso é masculino, a cantiga de artísticas desse período refletem essas profundas mudanças.
amigo é expressa em uma voz feminina, embora seja de autoria Como pioneiro da exploração europeia, Portugal floresceu no
masculina, em virtude de que naquela época às mulheres não era final do século XV com as navegações para o oriente, auferindo lu-
concedido o direito de alfabetização. cros imensos que fizeram crescer a burguesia comercial e enrique-
Tais cantigas tinham como cenário a vida campesina ou nas al- cer a nobreza, permitindo luxos e o cultivar do espírito. O contato
deias, e geralmente exprimiam o sofrimento da mulher separada de com o Renascimento chegou através da influência de ricos merca-
seu amado (também chamado de amigo), vivendo sempre ausente dores italianos e flamengos que investiam no comércio marítimo. O
em virtude de guerras ou viagens inexplicadas. O eu lírico, materia- contato comercial com a França, Espanha e Inglaterra era assíduo, e
lizado pela voz feminina, sempre tinha um confidente com o qual o intercâmbio cultural se intensificou.
compartilhava seus sentimentos, representado pela figura da mãe, Durante o período renascentista várias mudanças ocorreram.
amigas ou os próprios elementos da natureza, tais como pássaros, A princípio, a denominação deste movimento cultural propõe uma
fontes, árvores ou o mar. ressurreição do passado clássico, fonte de inspiração e modelo se-
guido. Durante os séculos XV e XVI intensificou-se, na Europa, a
Cantigas satíricas produção artística e científica. Esse período ficou conhecido como
De origem popular, essas cantigas retratavam uma temática Renascimento ou Renascença. Logo, o homem é valorizado, bem
originária de assuntos proferidos nas ruas, praças e feiras. Tendo como a natureza, pois é concreta e visível. O humanismo e antropo-
como suporte o mundo boêmio e marginal dos jograis, fidalgos, bai- centrismo se despontam em oposição ao teocentrismo, ao divino,
larinas, artistas da corte, aos quais se misturavam até mesmo reis ao sobrenatural.
e religiosos, tinham por finalidade retratar os usos e costumes da
época por meio de uma crítica mordaz. Assim, havia duas catego-
rias: a de escárnio e a de maldizer.

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O ser humano começa a se vangloriar por sua razão, por sua ca- Literatura Renascentista
pacidade de raciocínio, por seu cientificismo. Logo, todas as formas Nasce uma atitude antropocentrista, semelhante à da Antigui-
de arte refletem esse ideário: a literatura, a filosofia, a escultura e dade clássica, em oposição ao teocentrismo medieval. A natureza é
a pintura. Nessa última destacam-se: Leonardo da Vinci, Michelan- o modelo básico para o conhecimento humano.
gelo, Rafael e Botticelli. A influência greco-romana está presente nos Lusíadas, de Luís
de Camões, Luís de Camões (1525?-1580), frequenta a nobreza e
As características principais: os círculos boêmios de Lisboa. Viaja muito, chegando até a Índia e
- Valorização da cultura greco-romana. Para os artistas da épo- a China, quase sempre a serviço do governo português. Sua obra
ca renascentista, os gregos e romanos possuíam uma visão comple- mais importante, Os Lusíadas (1572), funde elementos épicos e lí-
ta e humana da natureza, ao contrário dos homens medievais; ricos. Mescla fatos da história portuguesa às intrigas dos deuses do
- As qualidades mais valorizadas no ser humano passam a ser a Olimpo, que buscam ajudar ou atrapalhar Portugal. Sintetiza duas
inteligência, o conhecimento e o dom artístico; importantes vertentes do renascimento português: as expedições
- Enquanto na Idade Média a vida do homem devia estar cen- ultramarinas e o humanismo.
trada em Deus (teocentrismo), nos séculos XV e XVI o homem passa
a ser o principal personagem (antropocentrismo). Principais autores e obras
- A razão e a natureza passam a ser valorizados com grande Luís Vaz de Camões: (1525?-1580), O escritor mais conhecido e
intensidade. O homem renascentista, principalmente os cientistas, destacado do classicismo português. Escreveu poesias líricas e épi-
passam a utilizar métodos experimentais e de observação da natu- cas, além de várias peças teatrais.
reza e universo.
Obras - Obras de Camões
A Linguagem Clássico-Renascentista 1572- Os Lusíadas, Lírica
A linguagem clássico-renascentista é a expansão das ideias e 1595 - Amor é fogo que arde sem se ver
dos sentimentos do homem do século XVI. Seus temas e sua cons- 1595 - Eu cantarei o amor tão docemente
trução traduzem, de um lado, o espírito de aventuras trazido pelas 1595 - Verdes são os campos
navegações: de outro, refletem a busca dos modelos literários gre- 1595 - Que me quereis, perpétuas saudades?
co-latinos e dos humanistas italianos. 1595 - Sobolos rios que vão
Emprego da medida nova: Os humanistas passaram a empre- 1595 - Transforma-se o amador na cousa amada
gar sistematicamente o verso decassílabo, denominado então de 1595 - Sete anos de pastor Jacob servia
medida nova, em oposição às redondilhas medievais, chamadas de 1595 - Alma minha gentil, que te partiste
medida velha. 1595 - Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades
Gosto pelo soneto: No Renascimento também foi criado o so- 1595 - Quem diz que Amor é falso ou enganoso Teatro
neto, um tipo de composição poética formada por duas quadras e 1587 - El-Rei Seleuco.
dois tercetos, com versos decassílabos, que até hoje é cultivado pe- 1587 - Auto de Filodemo.
los poetas. Essa nova forma de fazer poesia foi chamado de “dolce 1587 - Anfitriões
stil nuovo”, ou “doce novo estilo”, por Dante. Francisco de Miranda: (1495-1558), seus trabalhos giraram em
Formas de inspiração clássica: Além de criarem o soneto, os torno da poesia e a comédia.
humanistas italianos recuperaram outras formas, já cultivadas pela
literatura grega e latina: Humanismo
A écloga: composição geralmente dialogada, em que o poeta O Humanismo português vai desde a nomeação de Fernão Lo-
idealiza assuntos sobre a vida no campo. Suas personagens são pas- pes para o cargo de cronista-mor da Torre do Tombo, em 1434, até
tores (éclogas pastoris), pescadores (éclogas pisctórias) ou caçado- o retorno de Sá de Miranda da Itália, em 1527, quando começou a
res (éclogas venatórias). introduzir em Portugal a nova estética clássica.
A elegia: poema de fundo melancólico; A ode: composição pe- O termo Humanismo literário é usado comumente para desig-
quena, de caráter erudito, com elevação do pensamento, sobre vá- nar o estudo das letras humanas em oposição à Teologia. Na Idade
rios assuntos. As odes podem ser classificadas em pendáricas (can- Média, predomina a concepção teocêntrica, em que tudo gira em
tam heróis ou acontecimentos grandiosos), anacreônicas (cantam o torno dos valores religiosos. A partir do Humanismo desenvolve-
amor e a beleza), e satíricas (celebram assuntos morais e / ou filo- -se uma nova concepção de vida: os eruditos defendem a reforma
sóficos); A epístola: composição em que o autor expõe suas ideias e total do homem; acentuam-se o valor do homem na terra, tudo o
opiniões, em estilo calmo e familiar. Pode ser doutrinária, amorosa que possa tornar conhecido o ser humano; preocupam-se com o
ou satírica; O epitalâmio: composição em honra aos recém casados, desenvolvimento da personalidade humana, das suas faculdades
própria para ser recitada em bodas; A canção: composição erudita, criadoras; têm como objetivo atualizar, dinamizar e dar uma nova
de longas estrofes, versos decassílabos por vezes entremeados com vida aos estudos tradicionais; empenham-se em fazer a reforma
outros de seis sílabas (heroicos) e de caráter amoroso; O epigra- educacional.
ma: composição de 2 ou 3 versos com pensamentos engenhosos e
de estilo cintilante; A sextilha: composição de seis estrofes de seis A produção literária portuguesa desse período pode ser sub-
versos com uma forma muito engenhosa, em que as palavras finais dividida em:
dos versos de todas as outras, apenas com a ordem trocada; Os diti- – Prosa: a) Crônicas de Fernão Lopes, b) Prosa doutrinária e c)
râmos: canto festivo para celebrar o prazer dos banquetes. Novela de cavalaria
– Poesia: Poesia palaciana
– Teatro: Obra de Gil Vicente
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O humanismo foi uma época de transição entre a Idade Média Sua obra pode ser dividida em 2 blocos:
e o Renascimento. Autos: peças teatrais cujo assunto principal é a religião.
Como o próprio nome já diz, o ser humano passou a ser valo- “Auto da alma” e “Trilogia das barcas” são alguns exemplos.
rizado. Farsas: peças cômicas curtas. Enredo baseado no cotidiano.
Foi nessa época que surgiu uma nova classe social: a burguesia. “Farsa de Inês Pereira”, “Farsa do velho da horta”, “Quem tem
Os burgueses não eram nem servos e nem comerciantes. farelos? ” são alguns exemplos.
Com o aparecimento desta nova classe social foram aparecen- Gil Vicente é considerado o criador do teatro português pela
do as cidades e muitos homens que moravam no campo se muda- apresentação, em 1502 de seu Monologo do Vaqueiro (também co-
ram para morar nestas cidades, como consequência o regime feu- nhecido como Auto da Visitação).
dal de servidão desapareceu. Sobre a vida de Gil Vicente pouco se sabe. Supõe-se que tenha
Foram criadas novas leis e o poder parou nas mãos daqueles nascido por vota de 1465 e morrido cerca de 1536. A primeira data
que, apesar de não serem nobres, eram ricos. seguramente ligada ao poeta é o ano de 1502, quando na noite de
O “status” econômico passou a ser muito valorizado, muito 7 para 8 de junho, recitou o Monologo do vaqueiro no quarto de
mais do que o título de nobreza. D. Maria, esposa de D. Manuel, que acabava de dar a luz ao futuro
As Grandes Navegações trouxeram ao homem confiança de sua rei D. João III. Durante 34 anos produziu textos teatrais e algumas
capacidade e vontade de conhecer e descobrir várias coisas. A reli- poesias, sendo que sua última peça – Floresta de enganos – data
gião começou a decair (mas não desapareceu) e o teocentrismo deu de 1536.
lugar ao antropocentrismo, ou seja, o homem passou a ser o centro Se nada se sabe a respeito de sua origem, podemos afirmar
de tudo e não mais Deus. com certeza que viveu a vida palaciana como funcionário da corte e
Os artistas começaram a dar mais valor às emoções humanas. que possuía bons conhecimentos da língua portuguesa, bem como
É bom ressaltar que todas essas mudanças não ocorreram do do castelhano, do latim e de assuntos teológicos.
dia para a noite. O teatro vicentino é basicamente caracterizado pela sátira, cri-
ticando o comportamento de todas as camadas sociais: a nobreza,
Humanismo deriva, etimologicamente, da palavra francesa hu- o clero e o povo.
manisme. Segundo alguns autores, Humanismo é a “doutrina dos
humanistas da Renascença que ressuscitaram o culto das línguas e – Poesia
das literaturas antigas”. Em 1516 foi publicada a obra “Cancioneiro Geral”, uma coletâ-
No entanto, literariamente, convencionou-se relacionar a pala- nea de poemas de época.
vra Humanismo ao movimento artístico iniciado na Itália no século O cancioneiro geral resume 2865 autores que tratam de diver-
XIV. Petrarca, poeta italiano, é considerado o pai do Humanismo, sos assuntos em poemas amorosos, satíricos, religiosos entre ou-
pois foi o principal precursor desse movimento que se espalhou tros.
pela Europa, no período que corresponde à transição da Idade Mé- – Prosa
dia à Idade Moderna. Crônicas: registravam a vida dos personagens e acontecimen-
O Humanismo abrange praticamente todas as artes como por tos históricos.
exemplo a pintura, a arquitetura, a escultura, a música e a litera- Fernão Lopes foi o mais importante cronista (historiador) da
tura. As obras desse período tinham como centro de interesse o época, tendo sido considerado o “Pai da História de Portugal”. Foi
próprio homem. Assim, enquanto no Trovadorismo Deus era o cen- também o 1º cronista que atribuiu ao povo um papel importante
tro de tudo (teocentrismo) no Humanismo o homem passa a ser o nas mudanças da história, essa importância era, anteriormente atri-
centro de interesse da cultura (antropocentrismo). buída somente à nobreza.
O Humanismo foi a própria alma do Renascimento. Era um ape- Classicismo
lo ao homem universal. Traduzia-se sobretudo pelo enaltecimento Classicismo, ou Quinhentismo (século XV) é o nome dado ao
da cultura da Antiguidade Clássica”. período literário que surgiu na época do Renascimento (Europa séc.
Os principais destaques do Humanismo são: na Itália, berço do XV a XVI). Um período de grandes transformações culturais, políti-
Renascimento, Dante Alighieri, Giovanni Boccaccio e Francesco Pe- cas e econômicas.
trarca. Vários foram os fatores que levaram a tais transformações,
Em Portugal merece destaque o teatro poético de Gil Vicente dentre eles a crise religiosa (era a época da Reforma Protestante, li-
derada por Lutero), as grandes navegações (onde o homem foi além
O movimento Literário dos limites da sua terra) e a invenção da Imprensa que contribuiu
O período compreendido como Humanismo na Literatura Por- muito para a divulgação das obras de vários autores gregos e latinos
tuguesa vai desde a nomeação de Fernão Lopes a cronista-mor da (cultura clássica) proporcionando mais conhecimento para todos.
Torre do Tombo, em 1434, até o retorno de Francisco Sá de Miranda O Classicismo foi consequência do Renascimento, importante
da Itália, quando introduziu uma nova estética, o Classicismo, em movimento de renovação científica e cultural ocorrido na Europa
1527. que marca o nascimento da Idade Moderna.
O classicismo é profundamente influenciado pelos ideais huma-
Algumas manifestações nistas, que colocam o homem como o centro do Universo. Reproduz
– Teatro o mundo real, de forma verossímil, mas moldando-o segundo o que
O teatro foi a manifestação literária onde ficavam mais claras as é considerado ideal. É importante que as obras sejam harmônicas
características desse período. e reflitam determinados princípios, como ordem, lógica, equilíbrio,
Gil Vicente foi o nome que mais se destacou, ele escreveu mais simetria, contenção, objetividade, refinamento e decoro. A razão
de 40 peças. tem mais importância do que a emoção. As adaptações aos ideais
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e aos problemas dos novos tempos fazem com que o classicismo – Perfeição formal: métrica, rima, correção gramatical, tudo
não seja mera imitação da Antiguidade. Na época renascentista, por isso passa a ser motivo de atenção e preocupação.
exemplo, a alta burguesia italiana em ascensão, na disputa de luxo – Presença da mitologia greco-latina
e poder com a nobreza, identifica-se com os valores laicos da arte – Humanismo: o homem dessa época se liberta dos dogmas da
greco-romana. Igreja e passa a se preocupar com si próprio, valorizando a sua vida
O aperfeiçoamento da imprensa possibilitou uma maior difu- aqui na Terra e cultivando a sua capacidade de produzir e conquis-
são de ideias novas, contribuindo para o enriquecimento do am- tar. Porém, a religiosidade não desapareceu por completo.
biente cultural. As grandes navegações alargaram a visão de mundo
do europeu, que entrou em contato com culturas diferentes. A ma- Classicismo em Portugal
temática se desenvolveu, bem como o estudo das línguas, surgindo O marco inicial do Classicismo português é em 1527, quando se
as primeiras gramáticas de língua portuguesa. dá o retorno do escritor Sá de Miranda de uma viagem feita à Itália,
Todo esse contexto fez nascer uma visão antropocêntrica de de onde trouxe as ideias de renovação literária e as novas formas de
mundo. Ou seja, o homem é visto como centro do universo. O cris- composição poética, como o soneto. O período encerra em 1580,
tianismo continua imperando, mas o homem renascentista já não ano da morte de Luís Vaz de Camões e do domínio espanhol sobre
é tão angustiado com as questões religiosas como o era o homem Portugal.
medieval.
Os artistas – pintores, escultores, arquitetos – inspiravam-se Classicismo Literário
nas obras dos antigos gregos e romanos, que se transformaram em Os escritores classicistas retomaram a ideia de que a arte deve
modelos. Por isso mesmo, dizia-se que a gloriosa arte antiga estava fundamentar-se na razão, que controla a expressão das emoções.
renascendo. Por isso, buscavam o equilíbrio entre os sentimentos e a razão, pro-
Em seu conteúdo, mostravam o paganismo, o ideal platônico curando assim alcançar uma representação universal da realidade,
de amor e outras marcas específicas da tradição antiga. As notas desprezando o que fosse puramente ocasional ou particular.
medievais quinhentistas contêm um impulso que se tornou presen- Os versos deixam de ser escritos em redondilhas (cinco ou sete
te, explicitamente ou não, ao longo de toda a literatura portuguesa, sílabas poéticas) – que passa a ser chamada medida velha – e pas-
cruzando os séculos. sam a ser escritos em decassílabos (dez sílabas poéticas) – que rece-
Seus lirismos tradicionais, caracterizados por ser antimetafísi- beu a denominação de medida nova. Introduz-se o soneto, 14 ver-
co, popular, sentimental e individualista, irá dialogar com as novas sos decassilábicos distribuídos em dois quartetos e dois tercetos.
modas e sobreviverá. A própria força da terra portuguesa, chaman-
do os escritores para o seu convívio, explica a permanência desse Luís de Camões (1525-1580): poeta soldado Escritor de dados
remoto lirismo através dos séculos. A definição do novo ideário es- biográficos muito obscuros, Camões é o maior autor do período.
tético em Portugal deu-se em 1527, com o regresso de Sá de Miran- Sabe-se que, em 1547, embarcou como soldado para a África, onde,
da da Itália, trazendo uma valiosa bagagem doutrinária. Sua influ- em combate, perdeu o olho direito. Em 1553, voltou a embarcar,
ência foi decisiva na produção e promoção do novo gosto literário. dessa vez para as Índias, onde participou de várias expedições mili-
tares. Em 1572, Camões publica Os Lusíadas, poema que celebrava
Características os recentes feitos marítimos e guerreiros de Portugal. A obra fez
Busca do homem universal – passaram o mundo, o homem e a tanto sucesso que o escritor recebeu do rei D. Sebastião uma pen-
vida a serem vistos sob o prisma da razão. O homem renascentista são anual – que mesmo assim não o livrou da extrema pobreza que
procurou entender a harmonia do universo e suas noções de Bele- vivia. Camões morreu no dia 10 de junho de 1580.
za, Bem e Verdade, sempre baseando seus conceitos no equilíbrio
entre a razão e a emoção. Estavam longe de aceitar a “arte pela A Poesia Épica de Camões
arte”, ao modo parnasiano do século XIX, mas apresentavam um Como tema para o seu poema épico, Luís de Camões escolheu
alto objetivo ético: o do aperfeiçoamento do homem na contempla- a história de Portugal, intenção explicitada no título do poema: Os
ção das paixões humanas postas em arte - a catarse grega. lusíadas. O cerne da ação desenvolve-se em torno da viagem de
Valores greco-latinos – os renascentistas adotaram a mitolo- Vasco da Gama às Índias.
gia pagã, própria dos antigos, recorrendo a entidades mitológicas A palavra “lusíada” é um neologismo inventado por André de
para pedir inspiração, simbolizar emoções e exemplificar comporta- Resende para designar os portugueses como descendentes de Luso
mentos. Consideravam que os antigos haviam atingido a perfeição (filho ou companheiro do deus Baco).
formal, desejando os artistas da Renascença reproduzi-la e perpe-
tuá-la. A Lírica Camoniana
Camões escreveu versos tanto na medida velha quanto na me-
Novas medidas e formatos – surgiram novas formas de com- dida nova. Seus poemas heptassílabos geralmente são compostos
posição, como o soneto, o verso decassílabo e a oitava rima, que por um mote e uma ou mais estrofes que constituíam glosas (ou
foram introduzidas em Portugal por Sá de Miranda. voltas a ele).
Os sonetos, porém, são a parte mais conhecida da lírica camo-
Racionalismo: a razão predomina sobre o sentimento, ou seja, niana. Com estrutura tipicamente silogística, normalmente apre-
a expressão dos sentimentos era controlada pela razão. sentam duas premissas e uma conclusão, que costuma ser revelada
– Universalismo: os assuntos pessoais ficaram de lado e as ver- no último terceto, fechando, assim, o raciocínio.
dades universais (de preocupação universal) passaram a ser privi- Camões demonstra, em seus sonetos, uma luta constante en-
legiadas. tre o amor material, manifestação da carnalidade e do desejo, e o
amor idealizado, puro, espiritualizado, capaz de conduzir o homem
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à realização plena. Nessa perspectiva, o poeta concilia o amor como Barroco


idéia e o amor como forma, tendo a mulher como exemplo de per- Teve início em 1580 após a morte de Camões, quando Portugal
feição, ansiando pelo amor em sua integridade e universalidade. entra em decadência após o desaparecimento do Rei D. Sebastião
motivo pelo qual Portugal nunca mais teve o mesmo prestígio (iní-
A Epopeia Camoniana cio do Sebastianismo).
Os Lusíadas, que narra a aventura marítima de Vasco da Gama, O tempo barroco denomina genericamente todas as manifes-
é a grande epopeia do povo lusitano. Publicada em 1572, é consi- tações artísticas dos anos 1600 e início dos anos 1700. Além da li-
derada o maior poema épico escrito em língua portuguesa, não por teratura, estende-se à música, pintura, escultura e arquitetura da
conter oito mil e oitocentos e dezesseis verbos decassílabos distri- época.
buídos em 1102 estrofes de oito versos cada, mas pelo seu valor A base para esse movimento foi o drama humano, que na pin-
poético e histórico. Obedecendo com rigor às regras da Antiguidade tura barroca foi bem encenado com gestos teatrais muitíssimo ex-
clássica apresentam em suas estrofes os aspectos formais (métrica, pressivos, sendo iluminado por um extraordinário claro-escuro e
ritmo e rima) com extrema regularidade, demonstrando o engenho caracterizado por fortes combinações cromáticas. O termo Barroco
e a arte do poeta. Todas as estrofes apresentam o esquema conhe- é usado para designar o estilo que, partindo das artes plásticas teve
cido como oitava-rima, com três rimas cruzadas seguidas de uma seu apogeu literário no século XVII, prolongando-se até meados do
emparelhada (AB AB AB CC). A palavra lusíadas significa “lusitanos”, século XVIII.
e Camões foi buscá-la numa epístola de André de Resende. Os Lu- Essa época foi marcada pelas oposições e pelos conflitos espi-
síadas são os próprios lusos, tanto em sua alma como em sua ação. rituais. Esse contexto histórico acabou influenciando na produção
O herói da epopeia é o próprio povo português e não apenas Vas- literária, gerando o fenômeno do barroco. As obras são marcadas
co da Gama, como pode parecer à uma leitura superficial da obra. pela angústia e pela oposição entre o mundo material e o espiritual.
Ao cantar “as armas e os barões assinalados” que navegaram “por Metáforas, antíteses e hipérboles são as figuras de linguagem mais
mares nunca dantes navegados”, Camões engloba todo o povo lu- usadas neste período. Podemos citar como principais representan-
sitano navegador, que enfrentou a morte pelos mares desconheci- tes desta época: Bento Teixeira, autor de Prosopopeia; Gregório de
dos. Pode-se afirmar, então, que o poema épico apresenta um herói Matos Guerra (Boca do Inferno), autor de várias poesias críticas e
coletivo. satíricas; e padre Antônio Vieira, autor de Sermão de Santo Antônio
O poeta deixou expresso o tema da epopeia já nas duas primei- ou dos Peixes.
ras estrofes: a glória do povo navegador português, que conquistou Num cenário em que se tenta fundir ideias opostas, as obras
as Índias e edificou o Império Português no Oriente, bem como a tratam de amor e sofrimento, vida e morte, religiosidade e erotis-
memória dos reis portugueses, que tentaram ampliar o Império. mo. São frequentes a sátira social e a humanização do sobrenatural.
Portanto, Camões cantou as conquistas de Portugal, a glória de Há convicção de que é preciso aproveitar a vida, porque valores e
seus navegadores e os reis do passado. Cantou, enfim, a História sentimentos são mutáveis. A maior produção é a de poesia. A prosa
de Portugal. se restringe aos sermões, cujo principal autor no Brasil é o orador
sacro e missionário jesuíta português Antônio Vieira.
Características de uma epopeia Período literário caracterizado pelos contrastes, oposições e
– É escrita em versos. dilemas.
– O tema é sempre grandioso e heroico e refere-se à história O homem do barroco buscava a salvação ao mesmo tempo que
de um povo. queria usufruir dos prazeres mundanos, daí surgiram os conflitos. É
– É composta de proposição, invocação, dedicatória, narração o antropocentrismo (homem) opondo-se ao Teocentrismo (Deus).
e epílogo. O homem deste período está entre o céu e a Terra. Mesmo se
valorizando, ele vivia atormentado pela ideia do pecado, então vivia
Principais Autores e Obras buscando a salvação.
– Luís Vaz de Camões
Um dos maiores nomes da Literatura Universal, e certamente, Características
o maior nome da Literatura Portuguesa. – Culto dos contrastes. Presença da antítese.
Escreveu poesias (líricas e épicas) e peças teatrais, porém sua – claro/escuro
obra mais conhecida e consagrada é a epopeia “Os Lusíadas” consi- – vida/morte
derada uma obra-prima. – tristeza/alegria
Essa obra é dividida em 10 partes (cantos) com 8816 versos – Pessimismo
distribuídos em 1120 estrofes e narra a viagem de Vasco da Gama – Intensidade = presença da hipérbole (figura de linguagem ca-
às Índias enfatizando alguns momentos importantes da história de racterizada pelo exagero da expressão)
Portugal. – Linguagem muito rebuscada

Outros escritores existiram, porém não tiveram tanto destaque Autores e obras
quanto Camões, são eles: Sá de Miranda, Bernardim Ribeiro e An- Gregório de Matos (Bahia, 1636 – Recife, 1696). Filho de família
tonio Ferreira. abastada, estudou com os jesuítas em Salvador. Aos 14 anos, foi
O Classicismo terminou em 1580, com a passagem de Portugal estudar em Portugal, formando-se em Direito na Universidade de
ao domínio espanhol e também com a morte de Camões. Coimbra. Casou-se, tornou-se juiz, morou na metrópole até 1681.
Viúvo, voltou ao Brasil. Em Salvador, sobreviveu precariamente: ad-

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vogado ser recursos, boêmio inveterado, satírico arrasador. Exilado mente usada. A grande mestra é a Natureza, que deve ser imitada
em Angola, voltou ao Brasil em 1695, para o Recife. Morreu no ano como o fizeram os Antigos. A poesia tem um elevado papel didáti-
seguinte. Durante sua vida, sua obra permaneceu inédita. co, contribuindo para a transformação das mentalidades. Tudo isto
deve ser orientado pelos critérios da razão e da verdade.
Características: As Arcádias - a Lusitana, a Portuense e a Nova Arcádia - tiveram
– A primeira grande voz da poesia brasileira. um papel relevante na exposição e divulgação desses ideais. Con-
– Obra poética de múltiplas faces: lírica, satírica, filosófica, reli- tudo, o grande número de normas impostas aos escritores limitou
giosa, pornográfica, encomiástica (elogiosa). muito a sua criatividade e imaginação.
– Influenciado pela tradição portuguesa e espanhola e, ao mes- A Arcádia Lusitana, fundada em Março de 1756, é uma assem-
mo tempo, inventivo e original. bleia de escritores portugueses do séc. XVIII, que tomam o nome de
– Introdutor da linguagem coloquial, popular, “mestiça”, das velhos pastores da Grécia, querendo significar com isso que dese-
ruas, na poesia brasileira. jam regressar ao viver chão da Natureza e eu estão dispostos a levar
– Poeta maldito – conhecido como “Boca do Inferno”, o maior a arte literária a uma correspondente simplicidade de expressão. O
satírico da literatura brasileira. seu emblema era um lírio branco e usava como divisa a frase latina
“inutilia truncat” - corta o inútil.
Padre Antônio Vieira (Lisboa, 1608 – Maranhão, 1697). Menino,
veio com os pais para a Bahia. Estudou no Colégio dos Jesuítas, or- Origens e contexto
denando-se em 1634. Com a restauração portuguesa, após 60 anos O nascimento do Neoclassicismo se deve em linhas gerais ao
de domínio espanhol, mudou-se para Portugal. Duas ideias messiâ- crescente interesse pela antiguidade clássica que se observou na
nicas, impregnadas de sebastianismo, sobre um Império Português Europa em meados do século XVIII, associado com a influência dos
e católico – o 5º Império – de ascendência sobre o mundo entraram ideais do Iluminismo, que tinham base no racionalismo, combatiam
em choque com a realidade da corte lusitana e o momento histórico as superstições e dogmas religiosos, e enfatizavam o aperfeiçoa-
de Portugal, que caminhava para a decadência. mento pessoal e o progresso social dentro de uma forte moldura
Vieira também entrou em choque com a Inquisição por causa ética. Os acadêmicos da época iniciaram pesquisas mais sistemá-
dos cristãos-novos (judeus convertidos ao cristianismo); ficou preso ticas da arte e cultura antiga, incluindo escavações arqueológicas,
por dois anos e foi-lhe cassado o direito de pregar. Voltou ao Brasil, formaram-se importantes coleções públicas e privadas de arte e
para o Maranhão, e entrou em choque com os colonos por fazer artefatos antigos, e o número de estudos especializados cresceu
defesa dos nativos e também dos escravos negros. Morreu aos 89 significativamente.
anos. O movimento teve também conotações políticas, já que a ori-
gem da inspiração neoclássica era a cultura grega e sua democracia,
Características: e a romana com sua república, com os valores associados de honra,
– Pertence à literatura brasileira e portuguesa. dever, heroísmo, civismo e patriotismo. Como consequência, o esti-
– O maior orador do Barroco, no Brasil e em Portugal, o maior lo neoclássico foi adotado pelo governo revolucionário francês, as-
da língua portuguesa e um dos maiores da cultura ocidental. sumindo os nomes sucessivos de estilo Diretório, estilo Convenção
– A mais alta expressão da prosa conceptista em nossa litera- e mais tarde, sob Napoleão, estilo Império, influenciando outros
tura. países. Nos Estados Unidos, no tumultuado processo de conquis-
– Seus sermões apresentam termos religiosos e também polí- ta de sua própria independência e inspirados no modelo da Roma
tico-sociais. republicana, o Neoclassicismo se tornou um padrão e foi conheci-
– Além de complexos esquemas lógicos, de jogos sutis de racio- do como estilo Federal. Entretanto, desde logo o Neoclassicismo se
cínio – típicos do conceptismo -, seus sermões apresentam muitas tornou também um estilo cortesão, e em virtude de suas associa-
analogias entre passagens da Bíblia e fatos do cotidiano. ções com o glorioso passado clássico, foi usado pelos monarcas e
príncipes como veículo de propaganda para suas personalidades e
Neoclassicismo / Arcadismo feitos.
O Neoclassicismo foi um movimento cultural nascido na Euro-
pa em meados do século XVIII, que teve larga influência em toda Literatura
a arte e cultura do ocidente até meados do século XIX. Teve como Os textos empregam linguagem clara, sintética, gramatical-
base os ideais do Iluminismo e um renovado interesse pela cultu- mente correta e nobre. A forma liberta-se um pouco do rigor do
ra da Antiguidade clássica, advogando os princípios da moderação, Classicismo anterior. A principal expressão do movimento na litera-
equilíbrio e idealismo como uma reação contra os excessos de de- tura é o Arcadismo, manifestado na Itália, em Portugal e no Brasil.
coração e dramáticos do Barroco e Rococó. A sua principal expressão na literatura, o Arcadismo foi um mo-
Movimento literário, derivado do espírito crítico do Iluminis- vimento literário que buscava basicamente a simplicidade, oposto a
mo, que visa à reabilitação e restauração dos géneros, das formas, confusão e do retrocesso Barroco. Retrata a vida pastoril e harmôni-
“das técnicas e da expressão clássicas”, que vingaram em Portugal ca do campo. As referências clássicas voltam, e as obras são rechea-
no séc. XVI. Esta renovação faz-se acompanhar duma severa disci- das de seres da mitologia grega. Porém se observa que a mitologia,
plina estética e dum purismo estreme, que procura libertar a língua que era um acervo cultural concreto de Grécia, Roma e mesmo do
de termos estranhos, restituindo-lhe uma sobriedade castiça e o Renascimento, agora se converte apenas num recurso poético de
rigor do sentido. valor duvidoso. Também se destaca Éclogas de Virgílio e dos Idílios
O Neoclassicismo propõe um retorno à simplicidade e perfei- de Teócrito, obras clássicas que retratam a natureza harmônica, e
ção do primeiro Classicismo e a condenação do Barroco. A rima, por isso são os dois autores mais imitados pelos árcades.
como mero artifício sonoro deve ser abolida e a mitologia suave-
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Os árcades, ao contrario do Barroco, preferiam uma visão equi- Liberdade de criação: O escritor romântico recusa formas po-
librada do mundo. Sem exageros, sem conflitos, apenas a simplici- éticas, usa o verso livre e branco, libertando-se dos modelos gre-
dade. co-latinos, tão valorizados pelos clássicos, e aproximando-se da
linguagem coloquial.
Romantismo Medievalismo: há um grande interesse dos românticos pelas
Romantismo, foi um movimento artístico, político e filosófico origens de seu país, de seu povo. Na Europa, retornam à idade mé-
surgido nas últimas décadas do século XVIII na Europa que perdu- dia e cultuam seus valores, por ser uma época obscura.
rou por grande parte do século XIX. Caracterizou-se como uma visão Condoreirismo: corrente de poesia político-social os autores
de mundo contrária ao racionalismo e ao iluminismo e buscou um defendem a justiça social e a liberdade.
nacionalismo que viria a consolidar os estados nacionais na Europa. Nativismo: fascinação pela natureza. Muitas vezes, o naciona-
Inicialmente apenas uma atitude, um estado de espírito, o Ro- lismo romântico é exaltado através da natureza, da força da paisa-
mantismo toma mais tarde a forma de um movimento, e o espírito gem.
romântico passa a designar toda uma visão de mundo centrada no Luta entre o liberalismo e o absolutismo: poder do povo X po-
indivíduo. Os autores românticos voltaram-se cada vez mais para si der da monarquia. Até na escolha do herói, o romântico dificilmen-
mesmos, retratando o drama humano, amores trágicos, ideais utó- te optava por um nobre. Geralmente, adotava heróis grandiosos,
picos e desejos de escapismo. Se o século XVIII foi marcado pela ob- muitas vezes personagens históricos, que foram de algum modo
jetividade, pelo Iluminismo e pela razão, o início do século XIX seria infelizes: vida trágica, amantes recusados, patriotas exilados.
marcado pelo lirismo, pela subjetividade, pela emoção e pelo eu. Byronismo: atitude amplamente cultivada entre os poetas
O termo romântico refere-se ao movimento estético ou, em um da segunda geração romântica e relacionada ao poeta inglês Lord
sentido mais lato, à tendência idealista ou poética de alguém que Byron. Caracteriza-se por mostrar um estilo de vida e uma forma
carece de sentido objetivo. particular de ver o mundo; um estilo de vida boêmia, noturna, vol-
O Romantismo é a arte do sonho e fantasia. Valoriza as forças tada para o vício e os prazeres da bebida, do fumo e do sexo. Sua
criativas do indivíduo e da imaginação popular. Opõe-se à arte equi- forma de ver o mundo é egocêntrica, pessimista, angustiada e, por
librada dos clássicos e baseia-se na inspiração fugaz dos momentos vezes, satânica.
fortes da vida subjetiva: na fé, no sonho, na paixão, na intuição, na Religiosidade: como uma reação ao racionalismo materialista
saudade, no sentimento da natureza e na força das lendas nacionais dos clássicos, a vida espiritual e a crença em Deus são enfocadas
como pontos de apoio ou válvulas de escape diante das frustrações
Contexto histórico do mundo real.
Em Portugal o Romantismo durou cerca de 40 anos 1825 a Nacionalismo (também denominado patriotismo): é a exalta-
1865. ção da Pátria, de forma exagerada, em que somente as qualidades
A Invasão de Napoleão fez com que a corte portuguesa fugisse são enaltecidas.
para o Brasil. Pessimismo: também conhecido como o “mal-do-século”. O
Absolutistas versus Liberais artista vê-se diante da impossibilidade de realizar o sonho do “eu”
D. Pedro IV foi defensor de uma constituição liberal e seu irmão e, desse modo, cai em profunda tristeza, angústia, solidão, inquie-
D. Miguel defendia ideias absolutistas. Por isso D. Pedro reuniu um tação, desespero, frustração, levando-o, muitas vezes, ao suicídio,
exército para enfrentar seu irmão. solução definitiva para o mal-do-século.
Independência do Brasil Fusão do grotesco e do sublime: o romantismo procura captar
D. Pedro IV declara a independência do Brasil e se proclama o homem em sua plenitude, enfocando também o lado feio e obs-
imperador, como D. Pedro I. curo de cada ser humano.

Características do Romantismo Primeira geração


Subjetivismo: o autor trata os assuntos de uma forma pessoal, Entre os anos de 1825 e 1840.
de acordo com o que sente, aproximando-se da fantasia. Bastante ligado ao Classicismo, contribui para a consolidação
Sentimentalismo: exaltam-se os sentidos, e tudo o que é provo- do liberalismo em Portugal.
cado pelo impulso é permitido. Os ideais românticos dessa geração estão embasados na pure-
Culto ao fantástico: a presença do mistério, do sobrenatural, za e Originalidade, Subjetivismo, Idealização da mulher, do amor e
representando o sonho, a imaginação; frutos da pura fantasia, que da natureza, Nacionalismo, Historicismo e Medievalismo.
não carecem de fundamentação lógica, do uso da razão.
Idealização: motivado pela fantasia e pela imaginação, o artista Principais autores:
romântico passa a idealizar tudo; as coisas não são vistas como re-
almente são, mas como deveriam ser segundo uma ótica pessoal. — Alexandre Herculano
Egocentrismo: cultua-se o “eu” interior, atitude narcisista, em Alexandre Herculano nasceu em 1810 e faleceu em 1877. Fi-
que o individualismo prevalece; microcosmos (mundo interior) X cou conhecido por suas narrativas históricas. Lutou contra demo-
macrocosmos (mundo exterior). cratas (nome que se dava na altura aos defensores da “democracia
Escapismo psicológico: espécie de fuga. Já que o romântico não de massas”) e tornou-se defensor das ideias liberais conservadoras.
aceita a realidade, procura modos de refugiar-se, por exemplo, no Tendências: Medievalismo, Ficção e Nacionalismo.
passado, no sonho ou na morte.

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— Almeida Garrett — João de Deus


Nasceu em 1799 em Porto. Faleceu em 1854 em Lisboa. Consi- Nasceu em 1830. Faleceu em 1896. Retomou a tradição lírica
derado o iniciador do romantismo. Dedicou-se também a literatura portuguesa. Foi admirado pelos realistas. Teófilo Braga foi quem
e ao jornalismo. Lutou contra absolutismo ao lado de Pedro I. Foi reuniu seus poemas e os publicou sob o título “Campos de Flores”
exilado duas vezes. (1893).
Tendências: Nacionalismo e Ideologia Liberal. Tendências: Pré-Realistas, Idealismo amoroso, a visão espiritu-
alizada da mulher.
— António Feliciano de Castilho
Nasceu em 1800. Faleceu em 1875. Perdeu a visão quase com- Realismo ao simbolismo
pletamente aos 6 anos. Contou com o apoio de seu irmão, Augusto O simbolismo foi um movimento que se desenvolveu nas artes
Frederico de Castilho, que o incentivou a continuar a estudar. Com plásticas, teatro e literatura. Surgiu na França, no final do século
muita força de vontade conseguiu se formar em Direito na Universi- XIX, em oposição ao Naturalismo e ao Realismo.
dade de Coimbra. Além disso era tradutor. A partir de 1842 passou O Simbolismo foi um movimento literário que surgiu antes da
a dirigir a “Revista Universal Lisbonense”, o que lhe permitiu exercer Primeira Guerra Mundial, e surgiu como uma reação às correntes
influência sobre o meio cultural português. materialistas e cientificistas daquela época.

Segunda geração Características do Simbolismo


Entre os anos 1840 e 1860 - Ênfase em temas místicos, imaginários e subjetivos;
Também conhecido como Ultrarromantismo. - Caráter individualista
Marcado pelo Exagero, Desequilíbrio, Sentimentalismo. - Desconsideração das questões sociais abordadas pelo Realis-
Maior emoção nas obras, dando valor ao: tédio, melancolia, mo e Naturalismo;
desespero, pessimismo, fantasia. - Estética marcada pela musicalidade (a poesia aproxima-se da
Liberdade de expressão. música);
- Produção de obras de arte baseadas na intuição, descartando
Principais autores: a lógica e a razão
- Utilização de recursos literários como, por exemplo, a alitera-
– Camilo Castelo Branco ção (repetição de um fonema consonantal) e a assonância (repeti-
Nasceu em 1825. Faleceu em 1890. Acontecimentos de sua ção de fonemas vocálicos).
vida são retratados no enredo de seus livros.
Tendências: situações ridículas e originais, novelas passionais, Retorno à segunda fase romântica que ficou conhecida como
acontecimentos dramáticos e finais trágicos. mal do século. No entanto, o Simbolismo foi mais profundo no uni-
verso metafísico do que a geração marcada por Álvares de Azevedo.
– Soares de Passos Apesar da métrica definida, o Simbolismo desrespeitava a gra-
Soares de Passos nasceu em Porto em 1826. Faleceu em 1860. mática com o intuito de não limitar o artista.
Estudou na Universidade de Coimbra onde fundou o jornal “O Novo Atenção exclusiva ao “eu”, explorando-o através de uma lin-
Trovador”. Nele muitos poetas da época publicaram algo. E em guagem pessimista e musical, de modo que a carga emotiva das
1856, Soares Passos reuniu todas essas poesias publicadas em um palavras é ressaltada. A poesia é aproximada da música pelo uso
livro chamado “Poesias”. Mesmo tendo uma vida curta, é conside- de aliterações.
rado um dos poetas ultrarromânticos portugueses mais importan-
tes. Misticismo e espiritualismo: Os simbolistas negam o espírito
Tendências: Liberdade, exaltação cívica, confiante na vitória do científico e materialista dos realistas/naturalistas, valorizando as
homem, poesia delicada, reflexo da dor pessoal. manifestações místicas e mesmo sobrenaturais do ser humano.

Terceira geração Subjetivismo: Os simbolistas terão maior interesse pelo parti-


Entre os anos 1860 a 1870 cular e individual do que pelo geral e universal. A visão objetiva da
É considerado momento de transição, por já anunciar o Rea- realidade não desperta mais interesse, e sim a realidade focalizada
lismo. sob o ponto de vista de una indivíduo.
Traz um Romantismo mais equilibrado, regenerado (corrigido,
reconstituído). Tentativa de aproximar a poesia da música: Para conseguir
Autores pré-realistas. aproximação da poesia com a música, os simbolistas lançaram mão
Lirismo simples e sincero de alguns recursos, como a aliteração, por exemplo.

Principais autores Expressão da realidade de maneira vaga e imprecisa;

— Júlio Dinis Ênfase na sugestão: Um dos princípios básicos dos simbolistas


Nasceu em 1839. Faleceu em 1871. Visão detalhada do am- era sugerir através das palavras sem nomear objetivamente os ele-
biente. Romances ambientados no campo. mentos da realidade. Ênfase no imaginário e na fantasia
Tendências: Pré-realista. Percepção intuitiva da realidade: Para interpretar a realidade,
os simbolistas se valem da intuição e não da razão ou da lógica.

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Principais autores - As ciências evoluem e os métodos de experimentação e ob-


servação da realidade passam a ser vistos como os únicos capazes
– Cruz e Souza de explicar o mundo físico.
Cruz e Souza era brasileiro e é um dos principais representantes - Em 1870, iniciam-se os primeiros sintomas da agitação cultu-
do Simbolismo no Brasil. Seus textos eram carregados de erotismo ral, sobretudo nas academias de Recife, SP, Bahia e RJ, devido aos
e satanismo, e de vez quando misticismo; apresentavam uma visão seus contatos frequentes com as grandes cidades europeias.
trágica da vida. Cruz e Souza tinha uma obsessão pela cor branca, e - Houve também uma transformação no aspecto social com o
criava analogias e entre o abstrato e o concreto. surgimento da população urbana, a desigualdade econômica e o
Obras: Tropos e Fantasias; Missal e Broquéis, 1893 (poesia); aparecimento do proletariado.
Evocações, 1898(prosa); Faróis, 1900 (poesia); Últimos Sonetos,
1905 (poesia). Características do Realismo
- Oposição ao idealismo romântico. Não há envolvimento sen-
– Eugênio de Castro timental
Eugênio de Castro é um autor português e foi o responsável por - Representação mais fiel da realidade
inaugurar o Simbolismo português. As obras de Eugênio de Castro - Romance como meio de combate e crítica às instituições so-
possuem versos livres, vocabulário erudito, pessimismo e ambigui- ciais decadentes, como o casamento, por exemplo.
dade nos temas trabalhados. - Análise dos valores burgueses com visão crítica denunciando
Obras: Oaristo (1890), Horas (1891), Silva e Interlúdio (1894). a hipocrisia e corrupção da classe
- Influência dos métodos experimentais
Realismo - Narrativa minuciosa (com muitos detalhes)
O Realismo teve seu início na França em 1857, quando Gustave - Personagens analisadas psicologicamente
Flaubert publicou sua obra Madame Bovary, em que sua principal
personagem buscava um amor romântico, perfeito e impossível, Objetivismo, impassibilidade, observação e análise. Busca de
mas a dura realidade, sem emoções, não permitia realizar suas pre- uma explicação lógica e cientificamente aceitável para os fatos e
tensões, e ela acabou por se suicidar. ações.
O Realismo se iniciou em Portugal com a Questão Coimbrã, po- Sensorialismo. Impressões sensoriais nítidas e precisas. Predo-
lêmica literária entre Antero de Quental, Teófilo Braga e os jovens mínio da descrição objetiva. Narrativa lenta, devido ao acúmulo de
literatos que surgiram na década de 1860, e os representantes da pormenores. A ação e o enredo perdem a importância para a carac-
geração anterior, entre os quais se destacava Castilho. terização das personagens. Personagens esféricas, complexas, mul-
As características principais do Realismo incluíam a busca da tiformes, imprevisíveis e dinâmicas. Densidade psicológica. Ruptura
realidade de vida, mostrada como realmente é, com os lados posi- com a linearidade das personagens românticas (Herói x Vilão, Bem x
tivos e negativos; um pessimismo latente, onde as criaturas eram Mal). O autor ausenta-se da narrativa, colocando-se como observa-
más e mal intencionadas, ao contrário do Romantismo, onde eram dor neutro. O “romance que se narra a si mesmo” (Flaubert).
tratadas como bondosas; uso de temas de caráter grosseiro, para Temas Contemporâneos. Crítica social à burguesia, ao clero, ao
chocar os padrões morais do leitor; preocupação em relatar os fa- obscurantismo provinciano; ao capitalismo selvagem, ao preconcei-
tos comuns do dia-a-dia, que no Romantismo eram preteridos pelo to racial, à monarquia. Romance social, psicológico e de tese. Sexo,
extraordinário, pelo invulgar; tudo descrito com minúcias, muitas adultério, degradação das personagens, assassinatos, triunfo do
vezes em demasia. mal.
O Realismo não foi tanto uma escola literária como um sen- Preocupação formal. Clareza, concisão, precisão lexical, puris-
timento novo, uma nova atitude espiritual em que couberam di- mo, vernaculidade. Predomínio da denotação. A metáfora cede lu-
reções muito divergentes, que se alçou contra um idealismo sem gar à metonímia.
ideias. A sua consequência mais vital e duradoura foi romper com As características da literatura realista se contrapõem com as
o patriotismo provinciano dos ultrarromânticos, abrindo o espírito românticas. Os cenários passaram a ser urbanos e o ambiente social
nacional a todas influências externas e ampliando a gama de esco- passou a ser valorizado ao invés do natural. O amor e o casamento,
lha dos motivos literários. os quais eram elementos de felicidade no Romantismo, transforma-
Em Portugal, as semelhanças entre Realismo e Naturalismo ram-se em convenções sociais de aparência.
eram muito fortes. O principal representante do Realismo portu-
guês foi Eça de Queirós, com a publicação do conto Singularidades O Simbolismo em Portugal
duma rapariga loira que, na opinião de Fialho de Almeida, foi a pri- Com a publicação de Oaristos, de Eugenio de Castro, em 1890,
meira narrativa realista escrita em português. Com o aparecimento inicia-se oficialmente o Simbolismo português, durando até 1915,
de O crime do padre Amaro e de O primo Basílio, ambos de Eça de época do surgimento da geração Orpheu, que desencadeia a revo-
Queirós, onde Realismo e Naturalismo se confundem, a nova escola lução modernista no país, em muitos aspectos baseada nas con-
implantava-se definitivamente. Mas na década de 1890, o Realis- quistas da nova estética.
mo, cada vez mais confundido com o Naturalismo, já havia perdido Conhecidos como adeptos do Nefelibatismo (espécie de adap-
muito de sua força. tação portuguesa do Decadentismo e do Simbolismo francês), e,
portanto como nefelibatas (pessoas que andam com a cabeça nas
Contexto histórico nuvens), os poetas simbolistas portugueses vivenciam um momen-
- Surgiu a partir da segunda metade do século XIX. to múltiplo e vário, de intensa agitação social, política, cultural e
- As ideias do Liberalismo e Democracia ganham mais espaço.

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artística. Com o episódio do Ultimatum inglês, aceleram-se as ma- 3ª geração - o Neo-Realismo: Alves Redol, Ferreira de Castro,
nifestações nacionalistas e republicanas, que culminarão com a pro- Jorge de Sena e outros.
clamação da República, em 1910.
Portanto, os principais autores desse estilo em Portugal se- – Mário de Sá-Carneiro (1890 – 1916) - influenciado pelo deca-
guem linhas diversas, que vão do esteticismo de Eugênio de Castro dentismo e pela estética simbolista, construiu uma obra marcada
ao nacionalismo de Antônio Nobre e outros, até atingirem maio- por inesperada e inquietante angustia existencialista. Afastando-se
ridade estilística com Camilo Pessanha: o mais importante poeta da preocupação meramente estética, aborda o tema da cisão do su-
simbolista português. jeito na enunciação de si próprio e na formulação de sua percepção
Principais autores e obras: de mundo.
Além de Raul Brandão, um dos raros escritores de prosa simbo- – Fernando Pessoa (1888 – 1935) - sua obra é caracterizada
lista, na verdade prosa poética, representada pela trilogia que com- pela busca da despersonalização e da fragmentação do “eu” do po-
preende as obras A farsa, Os pobres e Húmus, Eugênio de Castro, eta em múltiplas personalidades – o que possibilita a criação de um
Antônio Nobre e Camilo Pessanha são os poetas mais expressivos universo literário em que sinceridade e fingimento são discutidos
do simbolismo em Portugal. de maneira rica, densa e intrigante. Para compreendê-lo é funda-
mental conhecer a produção de seus heterônimos.
Modernismo em Portugal - Heterônimos de Fernando Pessoa Alberto Caeiro: poeta bu-
Movimento artístico e literário que se desenvolveu na última cólico, está em contato direto com a natureza, aproximando a sua
década do séc. XIX e na primeira metade do séc. XX, que surgiu por lógica da ordem natural das coisas. Caeiro “pensa” com os sentidos
oposição ao tradicional ou clássico. Caracterizou-se fundamental e vê as coisas como elas são, desprovidas de conceitos e valores
pelo progresso, da aceleração das inovações e experiências condu- pré-concebidos.
zidas pelos movimentos da vanguarda, em função da ideologia do – Ricardo Reis - poeta de inspiração neoclássica, é um latinista
novo como valor ético e estético, da autonomia da arte, e da recusa cuja preocupação em gozar o momento remete ao carpe diem. Para
da realidade como modelo para esta última. ele, é preciso estar atento para aproveitar os instantes volúveis da
Do ponto de vista literário, o modernismo apresenta várias cor- vida, com serenidade e sem excessos.
rentes ou subcorrentes, de inspiração ideológica profundamente di- – Álvaro de Campos - poeta inquieto e adepto do decadentis-
vergente: do saudosismo e decadentismo ao futurismo, ao paulismo mo, constrói sua obra a partir de experiências futuristas, nas quais
e ao interseccionismo, passando pelo simbolismo e existencialismo. é nítida a influência do norte americano Walt Whitman. Mas Cam-
No início da década de 1890, pensou-se que seria necessário pos esgota essa vertente e adere à poesia intimista e melancólica,
mudar completamente as normas, e em vez de apenas rever o co- evoluindo ao sensacionismo – para o qual a sensação é a única re-
nhecimento passado à luz das novas técnicas, seria necessário fazer alidade da vida.
mudanças profundas. Paralelamente surgiram desenvolvimentos – Fernando Pessoa (ele mesmo) - considerado por alguns crí-
como a Teoria da Relatividade na física, o aumento da integração do ticos também uma espécie de heterônimo, o Fernando Pessoa or-
combustível interno na industrialização. tônimo produz uma poesia lírica de tendência saudosista e nacio-
As teorias de Freud foram influenciadas pelo modernismo, que nalista.
argumentou que a mente tinha uma estrutura básica e fundamen-
tal, e que essa experiência subjetiva fora baseada na interação das Neorrealismo
partes do cérebro. Isto representou o corte com o passado, antes Corrente literária de influência italiana que anexa algumas
acreditava-se que a realidade externa e absoluta podia imprimir ela componentes da literatura brasileira, nomeadamente a da denún-
mesmo no indivíduo, como, por exemplo, na doutrina da tábua rasa cia das injustiças sociais do romance nordestino. Quer na poesia,
de John Locke. quer na prosa, o neorrealismo assume uma dimensão de interven-
A influência da comunicação, transportes e do rápido desenvol- ção social, agudizada pelo pós-guerra e pela sedução dos sistemas
vimento científico começaram a melhorar os estilos arquiteturais, socialistas que o clima português de ditadura mitifica.
nos quais a construção era mais barata e menos ornamentada. A sua matriz poética concentra-se no grupo do Novo Cancio-
neiro, coleção de poesia, com Sidónio Muralha, João José Cochofel,
A escrita era mais curta, mais clara, e fácil de ler. A origem do ci- Carlos de Oliveira, Manuel da Fonseca, Mário Dionísio, Fernando
nema na primeira década do século vinte deu ao modernismo uma Namora e outros.
forma de arte que era unicamente dele Esta onda e tentou redefinir No romance, Soeiro Pereira Gomes, com Esteiros, e Alves Redol,
as várias formas de arte de uma forma radical. com Gaibéus, de 1940, inauguraram, na ficção, uma obra extensa e
O marco inicial do Modernismo em Portugal foi a publicação representativa, que também muitos dos outros poetas menciona-
da revista Orpheu, em 1915, influenciada pelas grandes correntes dos (sobretudo os quatro primeiros) contribuíram para enriquecer.
estéticas europeias, como o Futurismo, o Expressionismo, etc., reu- O romance neorrealista reativa os mecanismos da representa-
nindo Fernando Pessoa, Mário de Sá Carneiro e Almada Negreiros, ção narrativa, inspirando-se das categorias marxistas de consciência
entre outros. de classe e de luta de classes, fundando-se nos conflitos sociais que
põem sobretudo em cena camponeses, operários, patrões e senho-
Três grandes gerações de autores: res da terra, mas os melhores dos seus textos analisam de forma
1ª geração - o Orfismo : Fernando Pessoa, Mário de Sá Carnei- acutilante as facetas diversas dessas diversas entidades, o que se
ro, Almada Negreiros e outros; pode verificar, nomeadamente, em Uma Abelha na Chuva, de Car-
2ª geração - o Presencismo: José Régio, João Gaspar Simões, los de Oliveira, Seara de Vento, de Manuel da Fonseca, O Dia Cin-
Branquinho da Fonseca e outros; zento, de Mário Dionísio e Domingo à Tarde, de Fernando Namora.

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Na confluência com o existencialismo e com certas componen- leitores de Marx, da prosa revolucionária de Górki e tomam posição
tes da modernidade, são de salientar as obras mais tardias de José na chamada luta de classes, denunciando as desigualdades sociais
Cardoso Pires, O Anjo Ancorado e O Hóspede de Job, de Urbano e os desmandos das elites. Vale lembrar que a industrialização so-
Tavares Rodrigues, Bastardos do Sol, de Alexandre Pinheiro Torres, mente no século XX deixou escancarada a distância entre os donos
A Nau de Quixibá, ou de Orlando da Costa, Podem Chamar-me Eu- dos meios de produção e os trabalhadores. Enquanto internacio-
rídice. nalmente a crise de 1929 foi estopim para o neorrealismo italiano e
O neorrealismo foi uma corrente artística de meados do século depois português, no Brasil a situação precária dos nordestinos foi
XX, com um caráter ideológico marcadamente de esquerda / mar- retratada já a partir de A bagaceira, de 1928.
xista, que teve ramificações em várias formas de arte (literatura, E se o neorrealismo optou pela ficção, tanto no Brasil quanto
pintura, música) mas atingiu o seu expoente máximo no Cinema em Portugal, se deve principalmente aos governos ditatoriais, quais
neorrealista, sobretudo no realismo poético francês e no neorre- sejam o Estado Novo de Getúlio Vargas no Brasil e o Salazarismo
alismo italiano. em Portugal.
Quer na poesia, quer na prosa, o neorrealismo assume uma Essa ficção neorrealista e pós modernista (no sentido de ser
dimensão de intervenção social, firmada pelo pós-guerra e pela se- posterior ao movimento modernista) sofre as influências do Mo-
dução dos sistemas socialistas que o clima português de ditadura dernismo, especialmente a liberdade linguística e o intimismo freu-
mitifica. diano à Virginia Woolf. Elementos que se tornarão mais fortes num
Sua matriz poética concentra-se no grupo do Novo Cancionei- segundo momento do neorrealismo, culminando na prosa existen-
ro, coleção de poesia, com Sidónio Muralha, João José Cochofel, cialista do meio do século XX.
Carlos de Oliveira, Manuel da Fonseca, Mário Dionísio, Fernando
Namora e outros. Principais autores da poesia Neorrealista
O romance neorrealista reativa os mecanismos da representa- – João José Cochofel (1919-1982) natural de Coimbra onde se
ção narrativa, inspirando-se das categorias marxistas de consciência licenciou em Ciências Histórico-Filosóficas.
de classe e de luta de classes, fundando-se nos conflitos sociais que Algumas das suas obras: Os Dias Íntimos, poesia, Coimbra,
põem sobretudo em cena camponeses, operários, patrões e senho- 1950; Uma Rosa no Tempo, poesia, Lisboa, 1970; Obra Poética, Lis-
res da terra, mas os melhores dos seus textos analisam de forma boa, 1988
aguda as facetas diversas dessas várias entidades, o que se pode – Joaquim Namorado (1914-1986) nasceu em Alter do Chão,
verificar, nomeadamente, em Uma Abelha na Chuva, de Carlos de Alentejo. Licenciou-se em Ciências Matemáticas pela Universidade
Oliveira, Seara de Vento, de Manuel da Fonseca, O Dia Cinzento, de de Coimbra, dedicando-se ao ensino. Notabilizou-se como poeta
Mário Dionísio e Domingo à Tarde, de Fernando Namora. neorrealista, tendo colaborado nas revistas Seara Nova, Sol Nascen-
Características gerais do Neorrealismo Português te, Vértice, etc. Obras poéticas: Aviso à Navegação (1941), Incomo-
Literatura “engajada”, antifascista, de denúncia social. Busca a didade (1945), A Poesia Necessária (1966). Ensaio: Uma Poética da
conscientização do leitor, a realidade social e a miséria moral. Ten- Cultura (1994).
são dialética: literatura ativa - instrumento de transformação social. – José Gomes Ferreira (1900-1985) nasceu no Porto e faleceu
Reação contra a “alienação” e o evasionismo da Geração Pre- em Lisboa. Foi poeta e ficcionista, tendo evoluído de um romantis-
sença. Negação da “arte pela arte”, privilegiando o conteúdo e a mo saudosista para uma postura literária de algum modo ligada ao
função social da arte. Neorrealismo. A sua poesia encontra-se reunida em Poesia Militan-
Simplificando da expressão artística, aproximações com a te (volumes I, II e III). Aventuras de João Sem Medo (histórias hu-
técnica jornalística e com a linguagem cinematográfica, visando à morísticas do mundo juvenil), Tempo Escandinavo (contos, 1969) e
comunicação com o grande público. Em seu limite inferior, o ne- O Sabor das Trevas (romance-alegoria, 1976) são algumas das suas
orrealismo resvala no panfletário, na literatura “de comício”, desvi- obras de ficção. Dedicou-se igualmente à literatura de memórias,
talizando o propósito de denúncia pela dissociação entre o conteú- tendo escrito: Imitação dos Dias – Diário Inventado (1965), A Me-
do e a forma artística. mória das Palavras ou o Gosto de Falar de Mim (1965), Calçada do
Influências Norte-Americanas (Steinbeck, Hemingway e John Sol (1983), Dias Comuns – I. Passos Efémeros (obra póstuma, 1990),
dos Passos), francesas (o Existencialismo e o “novo romance”) Dias Comuns – II. A Idade do Malogro (obra póstuma, 1998).
e brasileiras (José Lins, Graciliano Ramos, Érico Veríssimo e Jorge – Manuel Dias da Fonseca nasceu no dia 15 de Outubro de 1911
Amado). em Santiago do Cacém e faleceu no dia 11 de Março de 1993. Fez os
estudos secundários em Lisboa, tendo-se dedicado desde cedo ao
Neorrealismo na literatura jornalismo. Colaborou em várias publicações, de que se destacam
A literatura neorrealista teve no Brasil e em Portugal motiva- as revistas Afinidades, Altitude, Árvore, Vértice e os jornais O Diabo
ções semelhantes, resgatando valores do realismo e naturalismo do e Diário. Juntou-se ao grupo de escritores neorrealistas que publi-
fim do século XIX com forte influência do modernismo, marxismo e caram no Novo Cancioneiro. Estreou-se em livro com a coletânea
da psicanálise freudiana. poética Rosa dos Ventos (1940). Publicou ainda, em poesia, as se-
O determinismo social e psicológico do naturalismo é manti- guintes obras: Planície (1941), Poemas Completos (1958) e Poemas
do, assim como a analogia entre o homem e o bicho (vide Angústia Dispersos (1958). Em ficção, publicou: Aldeia Nova (contos, 1942),
- Filme, de 1936), a busca pela objetividade e neutralidade como Cerromaior (romance, 1943), O Fogo e as Cinzas (contos, 1951),
formas de dar credibilidade à narração. Seara de Vento (romance, 1958), Um Anjo no Trapézio (novela e
Entretanto, se no naturalismo as mazelas da sociedade eram contos, 1968), Tempo de Solidão (contos, 1973). Publicou ainda a
expostas pelos romancistas com algum pessimismo, sem perspecti- coletânea de crónicas intitulada Crónicas Algarvias (1986).
va de solução a não ser o resgate ao passado A Ilustre Casa de Ra-
mires, os escritores neorrealistas são sobretudo ativistas políticos,
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– Carlos de Oliveira (1921-1981) nasceu em Belém do Pará, Características do Surrealismo:


Brasil, e faleceu em Lisboa. Licenciou-se na Universidade de Coim- Valoriza a intervenção fantasiosa na realidade; ressalta o auto-
bra em Ciências Histórico-Filosóficas. A sua obra poética e ficcio- matismo contra o domínio da consciência; as formas da realidade
nal centra-se na vida campestre. Obras poéticas: Turismo (1942), são completamente abandonadas.
Mãe Pobre (1945), Descida aos Infernos (1949), Terra de harmonia Explorar o inconsciente, o sonho, a loucura; aproximar-se de
(1950), Cantata (1960), Sobre o Lado Esquerdo (1968), Micro paisa- tudo que fosse antagônico à lógica e estivesse fora do controle da
gem (1969), Entre Duas Memórias (1971), Trabalho Poético (2 vols., consciência.
1977-1978), Pastoral (1977). Obras de ficção: Casa na Duna (1943), Atividade experimental na prática do automatismo e na pros-
Alcateia (1944), Pequenos Burgueses (1948), Uma Abelha na Chuva pecção dos estados segundos, através da escrita automática e do
(1953), Finisterra (1978). Crónicas: O Aprendiz de Feiticeiro (1971). sono provocado ou hipnótico.
Preocupação em explorar o inconsciente
Surrealismo Prospecção sistemática dos sonhos, das coincidências, de fenó-
O Surrealismo foi um movimento artístico e literário surgido menos do acaso
primeiramente em Paris nos anos 20, inserido no contexto das Psicanálise
vanguardas que viriam a definir o modernismo no período entre Inquéritos acerca da sexualidade e do amor
as duas Grandes Guerras Mundiais. Reúne artistas anteriormente li- Atividade lúdica - sobretudo através de jogos, como o cadáver
gados ao Dadaísmo ganhando dimensão internacional. Fortemente esquisito
influenciado pelas teorias psicanalíticas de Sigmund Freud (1856- Escrito e desenhado
1939), o surrealismo enfatiza o papel do inconsciente na atividade Esoterismo e magia
criativa. Um dos seus objetivos foi produzir uma arte que, segundo Humor negro, cuja presença corrosiva é, por excelência, o prin-
o movimento, estava sendo destruída pelo racionalismo. O poeta e cípio de subversão da linguagem.
crítico André Breton (1896-1966) é o principal líder e mentor deste Os artistas do surrealismo que de destacaram mais na década
movimento. de 1920 foram: o escultor italiano Alberto Giacometti, o dramatur-
A palavra surrealismo supõe-se ter sido criada em 1917 pelo go francês Antonin Artaud, os pintores espanhóis Salvador Dalí e
poeta Guillaume Apollinaire (1886-1918), jovem artista ligado ao Joan Miró, o belga René Magritte, o alemão Max Ernst, e o cineasta
Cubismo, e autor da peça teatral As Mamas de Tirésias (1917), con- espanhol Luis Buñuel e os escritores franceses Paul Éluard, Louis
siderada uma precursora do movimento. Aragon e Jacques Prévert.
Um dos principais manifestos do movimento é o Manifesto Surrealismo: O amor, o sonho, a liberdade.
Surrealista de (1924). Além de Breton, seus representantes mais Superação da destrutividade radical da arte dadá e inaugurada
conhecidos são Antonin Artaud no teatro, Luis Buñuel no cinema e de um novo conceito do real: o surreal.
Max Ernst, René Magritte e Salvador Dalí no campo das artes plás- Principais expoentes: na literatura: André Breton; na pintura:
ticas. Salvador Dali.
Vale lembrar que nesse momento, o pensamento do psicana- Não será o temor da loucura que nos forçará a hastear a ban-
lista Sigmund Freud trazia inovações ao revelar que muitos dos atos deira da imaginação a meio pau(...)
humanos não estão ligados ao encadeamento lógico. A ausência de Surrealismo: automatismo psíquico pelo qual alguém se pro-
controle exercido pela razão e o “automatismo psíquico puro” indi- põe a exprimir seja verbalmente, seja por escrito, seja de qualquer
cavam os novos rumos da arte. outra maneira, o funcionamento real do pensamento. Ditado do
O marco de início do surrealismo foi a publicação do Manifesto pensamento, na ausência de todo controle exercido pela razão, fora
Surrealista, feito pelo poeta e psiquiatra francês André Breton, em de qualquer preocupação estética ou moral.
1924. Neste manifesto, foram declarados os principais princípios
do movimento surrealista: ausência da lógica, adoção de uma rea- O Surrealismo assenta na crença da realidade superior de
lidade “maravilhosa” (superior), exaltação da liberdade de criação, certas formas de associação, negligenciadas até aqui, no sonho
entre outros. todo-poderoso, no jogo desinteressado do pensamento. Tende a
Os artistas ligados ao surrealismo, além de rejeitarem os valo- arruinar definitivamente todos os outros mecanismos psíquicos e a
res ditados pela burguesia, vão criar obras repletas de humor, so- substituir-se a eles na solução dos principais problemas da vida (...)
nhos, utopias e qualquer informação contrária a lógica. (Gilberto Mendonça Teles )
Outros marcos importantes do surrealismo foram a publicação
da revista A Revolução Socialista e o segundo Manifesto Surrealista, “O surrealismo, na sua origem, quis ser libertação integral da
ambos de 1929. Os artistas do surrealismo que de destacaram mais poesia, e, através dela, da vida.
na década de 1920 foram: o escultor italiano Alberto Giacometti, o O que queremos: a independência da arte para a revolução,
dramaturgo francês Antonin Artaud, os pintores espanhóis Salvador para a libertação definitiva da arte.” (André Breton).
Dalí e Joan Miró, o belga René Magritte, o alemão Max Ernst, e o
cineasta espanhol Luis Buñuel e os escritores franceses Paul Éluard,
Louis Aragon e Jacques Prévert.
A década de 1930 é conhecida como o período de expansão
surrealista pelo mundo. Artistas, cineastas, dramaturgos e escrito-
res do mundo todo assimilam as idéias e o estilo do surrealismo.
Porém, no final da década de 1960 o grupo entra em crise e acaba
se dissolvendo.

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No quinhentismo, o que se demonstrava era o momento histó-


LITERATURA BRASILEIRA CONTEXTO HISTÓRICO, CARAC- rico vivido pela Península Ibérica, que abrangia uma literatura infor-
TERÍSTICAS, PRINCIPAIS AUTORES E OBRAS DO QUINHEN- mativa e uma literatura dos jesuítas, como principais manifestações
TISMO, BARROCO, ARCADISMO, ROMANTISMO, REALIS- literárias no século XVI. Quem produzia literatura naquele período
MO, NATURALISMO, IMPRESSIONISMO, PARNASIANISMO, estava com os olhos voltados para as riquezas materiais (ouro, pra-
SIMBOLISMO, PRÉMODERNISMO E MODERNISMO ta, ferro, madeira etc.), enquanto a literatura dos jesuítas preocupa-
va-se com o trabalho de catequese.
Com exceção da carta de Pero Vaz de Caminha, considerada o
primeiro documento da literatura no Brasil, as principais crônicas da
LITERATURA BRASILEIRA
literatura informativa datam da segunda metade do século XVI, fato
compreensível, já que a colonização só pode ser contada a partir de
Origens
1530. A literatura jesuítica, por seu lado, também caracteriza o fi-
O estudo sobre as origens da literatura brasileira deve ser feito
nal do Quinhentismo, tendo esses religiosos pisado o solo brasileiro
levando-se em conta duas vertentes: a histórica e a estética. O pon-
somente em 1549.
to de vista histórico orienta no sentido de que a literatura brasileira
A literatura informativa, também chamada de literatura dos
é uma expressão de cultura gerada no seio da literatura portuguesa.
viajantes ou dos cronistas, reflexo das grandes navegações, empe-
Como até bem pouco tempo eram muito pequenas as diferenças
nha-se em fazer um levantamento da terra nova, de sua flora, fau-
entre a literatura dos dois países, os historiadores acabaram enal-
na, de sua gente. É, portanto, uma literatura meramente descritiva
tecendo o processo da formação literária brasileira, a partir de uma
e, como tal, sem grande valor literário
multiplicidade de coincidências formais e temáticas.
A principal característica dessa manifestação é a exaltação da
A outra vertente (aquela que salienta a estética como pres-
terra, resultante do assombro do europeu que vinha de um mundo
suposto para a análise literária brasileira) ressalta as divergências
temperado e se defrontava com o exotismo e a exuberância de um
que desde o primeiro instante se acumularam no comportamen-
mundo tropical. Com relação à linguagem, o louvor à terra aparece
to (como nativo e colonizado) do homem americano, influindo na
no uso exagerado de adjetivos, quase sempre empregados no su-
composição da obra literária. Em outras palavras, considerando que
perlativo (belo é belíssimo, lindo é lindíssimo etc.)
a situação do colono tinha de resultar numa nova concepção da
O melhor exemplo da escola quinhentista brasileira é Pero Vaz
vida e das relações humanas, com uma visão própria da realidade,
de Caminha. Sua “Carta a El Rei Dom Manuel sobre o achamento do
a corrente estética valoriza o esforço pelo desenvolvimento das for-
Brasil”, além do inestimável valor histórico, é um trabalho de bom
mas literárias no Brasil, em busca de uma expressão própria, tanto
nível literário. O texto da carta mostra claramente o duplo objetivo
quanto possível original
que, segundo Caminha, impulsionava os portugueses para as aven-
Em resumo: estabelecer a autonomia literária é descobrir os
turas marítimas, isto é, a conquista dos bens materiais e a dilatação
momentos em que as formas e artifícios literários se prestam a fixar
da fé cristã Literatura jesuíta - Consequência da Contrarreforma, a
a nova visão estética da nova realidade. Assim, a literatura, ao invés
principal preocupação dos jesuítas era o trabalho de catequese, ob-
de períodos cronológicos, deverá ser dividida, desde o seu nasce-
jetivo que determinou toda a sua produção literária, tanto na poe-
douro, de acordo com os estilos correspondentes às suas diversas
sia quanto no teatro. Mesmo assim, do ponto de vista estético, foi a
fases, do Quinhentismo ao Modernismo, até a fase da contempo-
melhor produção literária do Quinhentismo brasileiro. Além da po-
raneidade.
esia de devoção, os jesuítas cultivaram o teatro de caráter pedagó-
Duas eras - A literatura brasileira tem sua história dividida em
gico, baseado em trechos bíblicos, e as cartas que informavam aos
duas grandes eras, que acompanham a evolução política e econô-
superiores na Europa sobre o andamento dos trabalhos na colônia.
mica do país: a Era Colonial e a Era Nacional, separadas por um
Não se pode comentar, no entanto, a literatura dos jesuítas
período de transição, que corresponde à emancipação política do
sem referências ao que o padre José de Anchieta representa para o
Brasil. As eras apresentam subdivisões chamadas escolas literárias
Quinhentismo brasileiro. Chamado pelos índios de «Grande Piahy»
ou estilos de época.
(supremo pajé branco), Anchieta veio para o Brasil em 1553 e, no
A Era Colonial abrange o Quinhentismo (de 1500, ano do des-
ano seguinte, fundou um colégio no planalto paulista, a partir do
cobrimento, a 1601), o Seiscentismo ou Barroco (de 1601 a 1768),
qual surgiu a cidade de São Paulo.
o Setecentismo (de 1768 a 1808) e o período de Transição (de 1808
Ao realizar um exaustivo trabalho de catequese, José de An-
a 1836). A Era Nacional, por sua vez, envolve o Romantismo (de
chieta deixou uma fabulosa herança literária: a primeira gramática
1836 a 1881), o Realismo (de 1881 a 1893), o Simbolismo (de 1893 a
do tupi-guarani, insuperável cartilha para o ensino da língua dos na-
1922) e o Modernismo (de 1922 a 1945). A partir daí o que está em
tivos; várias poesias no estilo do verso medieval; e diversos autos,
estudo é a contemporaneidade da literatura brasileira.
segundo o modelo deixado pelo poeta português Gil Vicente, que
agrega à moral religiosa católica os costumes dos indígenas, sempre
O Quinhentismo
com a preocupação de caracterizar os extremos, como o bem e o
Essa expressão é a denominação genérica de todas as manifes-
mal, o anjo e o diabo.
tações literárias ocorridas no Brasil durante o século XVI, correspon-
dendo à introdução da cultura europeia em terras brasileiras. Não
O Barroco
se pode falar em uma literatura “do” Brasil, como característica do
O Barroco no Brasil tem seu marco inicial em 1601, com a pu-
País naquele período, mas sim em literatura “no” Brasil – uma lite-
blicação do poema épico «Prosopopeia”, de Bento Teixeira, que in-
ratura ligada ao Brasil, mas que denota as ambições e as intenções
troduz definitivamente o modelo da poesia camoniana em nossa
do homem europeu.
literatura. Estende-se por todo o século XVII e início do XVIII.

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Embora o Barroco brasileiro seja datado de 1768, com a fun- Elas versam sobre o relacionamento entre Portugal e Holanda,
dação da Arcádia Ultramarina e a publicação do livro “Obras”, de sobre a Inquisição e os cristãos novos e sobre a situação da colônia,
Cláudio Manuel da Costa, o movimento academicista ganha corpo transformando-se em importantes documentos históricos.
a partir de 1724, com a fundação da Academia Brasílica dos Esque- Os melhores de sua obra, no entanto, estão nos 200 sermões.
cidos. Este fato assinala a decadência dos valores defendidos pelo De estilo barroco conceptista, totalmente oposto ao Gongorismo,
Barroco e a ascensão do movimento árcade. O termo barroco de- o pregador português joga com as ideias e os conceitos, segundo
nomina genericamente todas as manifestações artísticas dos anos os ensinamentos de retórica dos jesuítas. Um dos seus principais
de 1600 e início dos anos de 1700. Além da literatura, estende-se à trabalhos é o Sermão da Sexagésima, pregado na capela Real de
música, pintura, escultura e arquitetura da época. Lisboa, em 1655. A obra também ficou conhecida como “A palavra
Antes do texto de Bento Teixeira, os sinais mais evidentes da de Deus”.
influência da poesia barroca no Brasil surgiram a partir de 1580 e Polêmico, este sermão resume a arte de pregar. Com ele, Vieira
começaram a crescer nos anos seguintes ao domínio espanhol na procurou atingir seus adversários católicos, os gongóricos domini-
Península Ibérica, já que é a Espanha a responsável pela unificação canos, analisando no sermão “Porque não frutificava a Palavra de
dos reinos da região, o principal foco irradiador do novo estilo po- Deus na terra”, atribuindo-lhes culpa.
ético.
O quadro brasileiro se completa no século XVII, com a presen- O Arcadismo
ça cada vez mais forte dos comerciantes, com as transformações O Arcadismo no Brasil começa no ano de 1768, com dois fatos
ocorridas no Nordeste em consequência das invasões holandesas e, marcantes: a fundação da Arcádia Ultramarina e a publicação de
finalmente, com o apogeu e a decadência da cana-de-açúcar, Obras, de Cláudio Manuel da Costa. A escola setecentista, por sinal,
Uma das principais referências do barroco brasileiro é Gregório desenvolve-se até 1808, com a chegada da Família Real ao Rio de
de Matos Guerra, poeta baiano que cultivou com a mesma beleza Janeiro, que, com suas medidas político-administrativas, permite a
tanto o estilo cultista quanto o conceptista (o cultismo é marcado introdução do pensamento pré-romântico no Brasil.
pela linguagem rebuscada, extravagante, enquanto o conceptismo No início do século XVIII dá-se a decadência do pensamento
caracteriza-se pelo jogo de ideias, de conceitos. O primeiro valo- barroco, para a qual vários fatores colaboraram, entre eles o can-
riza o pormenor, enquanto o segundo segue um raciocínio lógico, saço do público com o exagero da expressão barroca e da chamada
racionalista) arte cortesã, que se desenvolvera desde a Renascença e atinge em
Na poesia lírica e religiosa, Gregório de Matos deixa claro cer- meados do século um estágio estacionário (e até decadente), per-
to idealismo renascentista, colocado ao lado do conflito (como de dendo terreno para o subjetivismo burguês; o problema da ascen-
hábito na época) entre o pecado e o perdão, buscando a pureza da são burguesa superou o problema religioso; surgem as primeiras
fé, mas tendo ao mesmo tempo necessidade de viver a vida mun- arcádias, que procuram a pureza e a simplicidade das formas clássi-
dana. Contradição que o situava com perfeição na escola barroca cas; os burgueses, como forma de combate ao poder monárquico,
do Brasil. começam a cultuar o “bom selvagem”, em oposição ao homem cor-
rompido pela sociedade.
Antônio Vieira - Se por um lado, Gregório de Matos mexeu com Gosto burguês - Assim, a burguesia atinge uma posição de do-
as estruturas morais e a tolerância de muita gente - como o admi- mínio no campo econômico e passa a lutar pelo poder político, en-
nistrador português, o próprio rei, o clero e os costumes da própria tão em mãos da monarquia. Isto se reflete claramente no campo
sociedade baiana do século XVII - por outro, ninguém angariou tan- social e das artes: a antiga arte cerimonial das cortes cede lugar ao
tas críticas e inimizades quanto o “impiedoso” Padre Antônio Vieira, poder do gosto burguês.
detentor de um invejável volume de obras literárias, inquietantes Pode-se dizer que a falta de substitutos para o padre Antônio
para os padrões da época. Vieira e Gregório de Matos, mortos nos últimos cinco anos do sé-
Politicamente, Vieira tinha contra si a pequena burguesia cris- culo XVII, foi também um aspecto motivador do surgimento do Ar-
tã (por defender o capitalismo judaico e os cristãos-novos); os pe- cadismo no Brasil. De qualquer forma, suas características no País
quenos comerciantes (por defender o monopólio comercial); e os seguem a linha europeia: a volta aos padrões clássicos da Antigui-
administradores e colonos (por defender os índios). Essas posições, dade e do Renascimento; a simplicidade; a poesia bucólica, pastoril;
principalmente a defesa dos cristãos-novos, custaram a Vieira uma o fingimento poético e o uso de pseudônimos. Quanto ao aspecto
condenação da Inquisição, ficando preso de 1665 a 1667. A obra do formal, a escola é marcada pelo soneto, os versos decassílabos, a
Padre Antônio Vieira pode ser dividida em três tipos de trabalhos: rima optativa e a tradição da poesia épica. O Arcadismo tem como
Profecias, Cartas e Sermões. principais nomes: Cláudio Manuel da Costa, Tomás Antônio Gonza-
As Profecias constam de três obras: História do Futuro, Es- ga, José de Santa Rita Durão e Basílio da Gama.
peranças de Portugal e Clavis Prophetarum. Nelas se notam o se-
bastianismo e as esperanças de que Portugal se tornaria o “quinto O Romantismo
império do Mundo”. Segundo ele, tal fato estaria escrito na Bíblia. O Romantismo se inicia no Brasil em 1836, quando Gonçalves
Aqui ele demonstra bem seu estilo alegórico de interpretação bíbli- de Magalhães publica na França a “Niterói - Revista Brasiliense”,
ca (uma característica quase que constante de religiosos brasileiros e, no mesmo ano, lança um livro de poesias românticas intitulado
íntimos da literatura barroca). Além, é claro, de revelar um naciona- “Suspiros poéticos e saudades”.
lismo megalomaníaco e servidão incomum. Em 1822, Dom Pedro I concretiza um movimento que se fa-
O grosso da produção literária do Padre Antônio Vieira está nas zia sentir, de forma mais imediata, desde 1808: a independência
cerca de 500 cartas. do Brasil. A partir desse momento, o novo país necessita inserir-se
no modelo moderno, acompanhando as nações independentes da
Europa e América. A imagem do português conquistador deveria
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ser varrida. Há a necessidade de autoafirmação da pátria que se matura de Pedro II. É neste ambiente confuso e inseguro que surge
formava. O ciclo da mineração havia dado condições para que as fa- o Romantismo brasileiro, carregado de lusofobia e, principalmente,
mílias mais abastadas mandassem seus filhos à Europa, em particu- de nacionalismo.
lar França e Inglaterra, onde buscavam soluções para os problemas No final do Romantismo brasileiro, a partir de 1860, as transfor-
brasileiros. O Brasil de então nem chegava perto da formação social mações econômicas, políticas e sociais levam a uma literatura mais
dos países industrializados da Europa (burguesia/proletariado). A próxima da realidade; a poesia reflete as grandes agitações, como
estrutura social do passado próximo (aristocracia/escravo) ainda a luta abolicionista, a Guerra do Paraguai, o ideal de República. É
prevalecia. Nesse Brasil, segundo o historiador José de Nicola, “o a decadência do regime monárquico e o aparecimento da poesia
ser burguês ainda não era uma posição econômica e social, mas social de Castro Alves. No fundo, uma transição para o Realismo.
mero estado de espírito, norma de comportamento”. O Romantismo apresenta uma característica inusitada: revela
Marco final - Nesse período, Gonçalves de Magalhães viajava nitidamente uma evolução no comportamento dos autores român-
pela Europa. Em 1836, ele funda a revista Niterói, da qual circula- ticos. A comparação entre os primeiros e os últimos representantes
ram apenas dois números, em Paris. dessa escola mostra traços peculiares a cada fase, mas discrepantes
Nela, ele publica o “Ensaio sobre a história da literatura brasi- entre si. No caso brasileiro, por exemplo, há uma distância consi-
leira”, considerado o nosso primeiro manifesto romântico. Essa es- derável entre a poesia de Gonçalves Dias e a de Castro Alves. Daí a
cola literária só teve seu marco final no ano de 1881, quando foram necessidade de se dividir o Romantismo em fases ou gerações. No
lançados os primeiros romances de tendência naturalista e realista, romantismo brasileiro podemos reconhecer três gerações: Geração
como “O mulato”, de Aluízio Azevedo, e “Memórias póstumas de Nacionalista ou indianista; geração do “mal do século” e a “geração
Brás Cubas”, de Machado de Assis. Manifestações do movimento condoreira”.
realista, aliás, já vinham ocorrendo bem antes do início da deca- A primeira (nacionalista ou indianista) é marcada pela exalta-
dência do Romantismo, como, por exemplo, o liderado por Tobias ção da natureza, volta ao passado histórico, medievalismo, criação
Barreto desde 1870, na Escola de Recife. do herói nacional na figura do índio, de onde surgiu a denominação
O Romantismo, como se sabe, define-se como modismo nas “geração indianista”. O sentimentalismo e a religiosidade são outras
letras universais a partir dos últimos 25 anos do século XVIII. A se- características presentes. Entre os principais autores, destacam-se
gunda metade daquele século, com a industrialização modificando Gonçalves de Magalhães, Gonçalves Dias e Araújo Porto.
as antigas relações econômicas, leva a Europa a uma nova compo- Egocentrismo - A segunda (do mal do século, também chamada
sição do quadro político e social, que tanto influenciaria os tempos de geração byroniana, de Lord Byron) é impregnada de egocentris-
modernos. Daí a importância que os modernistas deram à Revo- mo, negativismo boêmio, pessimismo, dúvida, desilusão adolescen-
lução Francesa, tão exaltada por Gonçalves de Magalhães. Em seu te e tédio constante. Seu tema preferido é a fuga da realidade, que
“Discurso sobre a história da literatura do Brasil”, ele diz: “...Eis aqui se manifesta na idealização da infância, nas virgens sonhadas e na
como o Brasil deixou de ser colônia e foi depois elevado à categoria exaltação da morte. Os principais poetas dessa geração foram Ál-
de Reino Unido. Sem a Revolução Francesa, que tanto esclareceu os vares de Azevedo, Casimiro de Abreu, Junqueira Freire e Fagundes
povos, esse passo tão cedo se não daria...”. Varela.
A classe social delineia-se em duas classes distintas e antagô- A geração condoreira, caracterizada pela poesia social e liber-
nicas, embora atuassem paralelas durante a Revolução Francesa: tária, reflete as lutas internas da segunda metade do reinado de D.
a classe dominante, agora representada pela burguesia capitalista Pedro II. Essa geração sofreu intensamente a influência de Victor
industrial, e a classe dominada, representada pelo proletariado. O Hugo e de sua poesia político-social, daí ser conhecida como gera-
Romantismo foi uma escola burguesa de caráter ideológico, a favor ção hugoana. O termo condoreirismo é consequência do símbolo
da classe dominante. Daí porque o nacionalismo, o sentimentalis- de liberdade adotado pelos jovens românticos: o condor, águia que
mo, o subjetivismo e o irracionalismo - características marcantes do habita o alto da condilheira dos Antes. Seu principal representante
Romantismo inicial - não podem ser analisados isoladamente, sem foi Castro Alves, seguido por Tobias Barreto e Sousândrade.
se fazer menção à sua carga ideológica. Duas outras variações literárias do Romantismo merecem des-
Novas influências - No Brasil, o momento histórico em que taque: a prosa e o teatro romântico. José de Nicola demonstrou
ocorre o Romantismo tem que ser visto a partir das últimas pro- quais as explicações para o aparecimento e desenvolvimento do
duções árcades, caracterizadas pela sátira política de Gonzaga e romance no Brasil: “A importação ou simples tradução de romances
Silva Alvarenga. Com a chegada da Corte, o Rio de Janeiro passa europeus; a urbanização do Rio de Janeiro, transformado, então,
por um processo de urbanização, tornando-se um campo propício à em Corte, criando uma sociedade consumidora representada pela
divulgação das novas influências europeias. A colônia caminhava no aristocracia rural, profissionais liberais, jovens estudantes, todos em
rumo da independência. busca de entretenimento; o espírito nacionalista em consequência
Após 1822, cresce no Brasil independente o sentimento de na- da independência política a exigir uma “cor local” para os enredos;
cionalismo, busca-se o passado histórico, exalta-se a natureza pá- o jornalismo vivendo o seu primeiro grande impulso e a divulgação
tria. Na realidade, características já cultivadas na Europa, e que se em massa de folhetins; o avanço do teatro nacional.”.
encaixaram perfeitamente à necessidade brasileira de ofuscar pro-
fundas crises sociais, financeiras e econômicas. Os romances respondiam às exigências daquele público leitor;
De 1823 a 1831, o Brasil viveu um período conturbado, como giravam em torno da descrição dos costumes urbanos, ou de ame-
reflexo do autoritarismo de D. Pedro I: a dissolução da Assembleia nidades das zonas rurais, ou de imponentes selvagens, apresentan-
Constituinte; a Constituição outorgada; a Confederação do Equador; do personagens idealizados pela imaginação e ideologia românticas
a luta pelo trono português contra seu irmão D. Miguel; a acusação com os quais o leitor se identificava, vivendo uma realidade que lhe
de ter mandado assassinar Líbero Badaró e, finalmente, a abolição
da escravatura. Segue-se o período regencial e a maioridade pre-
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convinha. Algumas poucas obras, porém, fugiram desse esquema, tavam para um novo estilo na literatura brasileira, como algumas
como “Memórias de um Sargento de Milícias”, de Manuel Antônio obras de Manuel Antônio de Almeida, Franklin Távora e Visconde
de Almeida, e até “Inocência”, do Visconde de Taunay. de Taunay. Começava-se o abandono do Romantismo enquanto sur-
Ao se considerar a mera cronologia, o primeiro romance bra- giam os primeiros sinais do Realismo.
sileiro foi “O filho do pescador”, publicado em 1843, de autoria de Na década de 70 surge a chamada Escola de Recife, com Tobias
Teixeira de Souza (1812-1881). Mas se tratava de um romance senti- Barreto, Silvio Romero e outros, aproximando-se das ideias euro-
mentalóide, de trama confusa e que não serve para definir as linhas peias ligadas ao positivismo, ao evolucionismo e, principalmente,
que o romance romântico seguiria na literatura brasileira. à filosofia. São os ideais do Realismo que encontravam ressonância
Por esta razão, sobretudo pela aceitação obtida junto ao pú- no conturbado momento histórico vivido pelo Brasil, sob o signo do
blico leitor, justamente por ter moldado o gosto deste público ou abolicionismo, do ideal republicano e da crise da Monarquia.
correspondido às suas expectativas, convencionou-se adotar o ro- No Brasil considera-se 1881 como o ano inaugural do Realismo.
mance “A Moreninha”, de Joaquim Manuel de Macedo, publicado De fato, esse foi um ano fértil para a literatura brasileira, com a pu-
em 1844, como o primeiro romance brasileiro. blicação de dois romances fundamentais, que modificaram o curso
Dentro das características básicas da prosa romântica, desta- de nossas letras: Aluízio Azevedo publica “O mulato”, considerado
cam-se, além de Joaquim Manuel de Macedo, Manuel Antônio de o primeiro romance naturalista do Brasil; Machado de Assis publica
Almeida e José de Alencar. Almeida, por sinal, com as “Memórias de “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, o primeiro romance realista
um Sargento de Milícias” realizou uma obra totalmente inovadora de nossa literatura.
para sua época, exatamente quando Macedo dominava o ambiente Na divisão tradicional da história da literatura brasileira, o ano
literário. As peripécias de um sargento descritas por ele podem ser considerado data final do Realismo é 1893, com a publicação de
consideradas como o verdadeiro romance de costumes do Roman- “Missal” e “Broquéis”, ambos de Cruz e Sousa, obras inaugurais do
tismo brasileiro, pois abandona a visão da burguesia urbana, para Simbolismo, mas não o término do Realismo e suas manifestações
retratar o povo com toda a sua simplicidade. na prosa - com os romances realistas e naturalistas - e na poesia,
“Casamento” - José de Alencar, por sua vez, aparece na litera- com o Parnasianismo “Príncipe dos poetas” - Da mesma forma,
tura brasileira como o consolidador do romance, um ficcionista que o início do Simbolismo, em 1893, não representou o fim do Rea-
cai no gosto popular. Sua obra é um retrato fiel de suas posições lismo, porque obras realistas foram publicadas posteriormente a
políticas e sociais. Ele defendia o “casamento” entre o nativo e o essa data, como “Dom Casmurro”, de Machado de Assis, em 1900,
europeu colonizador, numa troca de favores: uns ofereciam a natu- e “Esaú e Jacó”, do mesmo autor, em 1904. Olavo Bilac, chamado
reza virgem, um solo esplêndido; outros a cultura. Da soma desses “príncipe dos poetas”, obteve esta distinção em 1907. A Academia
fatores resultaria um Brasil independente. “O guarani” é o melhor Brasileira de Letras, templo do Realismo, também foi inaugurada
exemplo, ao se observar a relação do principal personagem da obra, posteriormente à data-marco do fim do Realismo: 1897. Na realida-
o índio Peri, com a família de D. Antônio de Mariz. de, nos últimos vinte anos do século XIX e nos primeiros do século
Esse jogo de interesses entre o índio e o europeu, proposto XX, três estéticas se desenvolvem paralelamente: o Realismo e suas
por Alencar, aparece também em Iracema (um anagrama da pala- manifestações, o Simbolismo e o Pré-Modernismo, que só conhe-
vra América), na relação da índia com o Português Martim. Moacir, cem o golpe fatal em 1922, com a Semana de Arte Moderna.
filho de Iracema e Martim, é o primeiro brasileiro fruto desse casa- O Realismo reflete as profundas transformações econômicas,
mento. políticas, sociais e culturais da segunda metade do século XIX. A
José de Alencar diversificou tanto sua obra, que tornou pos- Revolução Industrial, iniciada no século XVIII, entra numa nova fase,
sível uma classificação por modalidades: romances urbanos ou de caracterizada pela utilização do aço, do petróleo e da eletricidade;
costumes (retratando a sociedade carioca de sua época - o Rio do ao mesmo tempo, o avanço científico leva a novas descobertas nos
II Reinado); romances históricos (dois, na verdade, voltados para campos da física e da química. O capitalismo se estrutura em mol-
o período colonial brasileiro - “As minas de prata” e “A guerra dos des modernos, com o surgimento de grandes complexos industriais,
mascates”); romances regionais (“O sertanejo” e “O gaúcho” são aumentando a massa operária urbana, e formando uma população
as duas obras regionais de Alencar); romances rurais (como “Til” e marginalizada, que não partilha dos benefícios do progresso indus-
“O tronco do ipê”); e romances indianistas (que trouxeram maior trial, mas, pelo contrário, é explorada e sujeita a condições subu-
popularidade para o escritor, como “O Guarani”, “Iracema” e “Ubi- manas de trabalho.
rajara”). O Brasil também passa por mudanças radicais tanto no cam-
po econômico quanto no político-social, no período compreendido
Realismo e Naturalismo entre 1850 e 1900, embora com profundas diferenças materiais, se
“O Realismo é uma reação contra o Romantismo: o Romantis- comparadas às da Europa. A campanha abolicionista intensifica-se
mo era a apoteose do sentimento - o Realismo é a anatomia do ca- a partir de 1850; a Guerra do Paraguai (1864/1870) tem como con-
ráter. É a crítica do homem. É a arte que nos pinta a nossos próprios sequência o pensamento republicano (o Partido Republicano foi
olhos - para condenar o que houve de mau na nossa sociedade”. Ao fundado no ano em que essa guerra terminou); a Monarquia vive
cunhar este conceito, Eça de Queiroz sintetizou a visão de vida que uma vertiginosa decadência. A Lei Áurea, de 1888, não resolveu o
os autores da escola realista tinham do homem durante e logo após problema dos negros, mas criou uma nova realidade: o fim da mão-
o declínio do Romantismo. -de-obra escrava e a sua substituição pela mão-de-obra assalariada,
Esse estilo de época teve uma prévia: os românticos Castro Al- então representada pelas levas de imigrantes europeus que vinham
ves, Sousândrade e Tobias Barreto, embora fizessem uma poesia trabalhar na lavoura cafeeira, o que originou uma nova economia
romântica na forma e na expressão, utilizavam temas voltados para voltada para o mercado externo, mas agora sem a estrutura colo-
a realidade político-social da época (final da década de 1860). Da nialista.
mesma forma, algumas produções do romance romântico já apon-
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Raul Pompéia, Machado de Assis e Aluízio Azevedo transfor- O Simbolismo


maram-se nos principais representantes da escola realista no Brasil. É comum, entre críticos e historiadores, afirmar-se que o Bra-
Ideologicamente, os autores desse período são antimonárquicos, sil não teve momento típico para o Simbolismo, sendo essa escola
assumindo uma defesa clara do ideal republicano, como nos ro- literária a mais europeia, dentre as que contaram com seguidores
mances “O mulato”, “O cortiço” e “O Ateneu”. Eles negam a burgue- nacionais, no confronto com as demais. Por isso, foi chamada de
sia a partir da família. A expressão Realismo é uma denominação “produto de importação”. O Simbolismo no Brasil começa em 1893
genérica da escola literária, que abriga três tendências distintas: com a publicação de dois livros: “Missal” (prosa) e “Broquéis” (po-
“romance realista”, “romance naturalista” e “poesia parnasiana”. esia), ambos do poeta catarinense Cruz e Sousa, e estende-se até
O romance realista foi exaustivamente cultivado no Brasil por 1922, quando se realizou a Semana de Arte Moderna.
Machado de Assis. Trata-se de uma narrativa mais preocupada com O início do Simbolismo não pode ser entendido como o fim da
a análise psicológica, fazendo a crítica à sociedade a partir do com- escola anterior, o Realismo, pois no final do século XIX e início do sé-
portamento de determinados personagens. Para se ter uma ideia, culo XX tem-se três tendências que caminham paralelas: Realismo,
os cinco romances da fase realista de Machado de Assis apresentam Simbolismo e pré-modernismo, com o aparecimento de alguns au-
nomes próprios em seus títulos (“Brás Cubas”; “Quincas Borba”; tores preocupados em denunciar a realidade brasileira, entre eles
“Dom Casmurro”, “Esaú e Jacó”; e “Aires”). Isto revela uma clara Euclides da Cunha, Lima Barreto e Monteiro Lobato. Foi a Semana
preocupação com o indivíduo. O romance realista analisa a socieda- de Arte Moderna que, pois, fim a todas as estéticas anteriores e
de por cima. Em outras palavras: seus personagens são capitalistas, traçou, de forma definitiva, novos rumos para a literatura do Brasil.
pertencem à classe dominante. O romance realista é documental, Transição - O Simbolismo, em termos genéricos, reflete um mo-
retrato de uma época. mento histórico extremamente complexo, que marcaria a transição
para o século XX e a definição de um novo mundo, consolidado a
Naturalismo partir da segunda década deste século. As últimas manifestações
O romance naturalista, por sua vez, foi cultivado no Brasil por simbolistas e as primeiras produções modernistas são contemporâ-
Aluísio Azevedo e Júlio Ribeiro. Aqui, Raul Pompéia também pode neas da primeira Guerra Mundial e da Revolução Russa.
ser incluído, mas seu caso é muito particular, pois seu romance “O Nesse contexto de conflitos e insatisfações mundiais (que mo-
Ateneu” ora apresenta características naturalistas, ora realistas, ora tivou o surgimento do Simbolismo), era natural que se imaginasse
impressionistas. A narrativa naturalista é marcada pela forte análise a falta de motivos para o Brasil desenvolver uma escola de época
social, a partir de grupos humanos marginalizados, valorizando o como essa. Mas é interessante notar que as origens do Simbolismo
coletivo. Os títulos das obras naturalistas apresentam quase sem- brasileiro se deram em uma região magirnalizada pela elite cultural
pre a mesma preocupação: “O mulato”, “O cortiço”, “Casa de pen- e política: o Sul - a que mais sofreu com a oposição à recém-nas-
são”, “O Ateneu”. cida república, ainda impregnada de conceitos, teorias e práticas
O Naturalismo apresenta romances experimentais. A influência militares. A República de então não era a que se desejava. E o Rio
de Charles Darwin se faz sentir na máxima segundo a qual o homem Grande do Sul, onde a insatisfação foi mais intensa, transformou-se
é um animal; portanto antes de usar a razão deixa-se levar pelos em palco de lutas sangrentas iniciadas em 1893, o mesmo ano do
instintos naturais, não podendo ser reprimido em suas manifesta- início do Simbolismo.
ções instintivas, como o sexo, pela moral da classe dominante. A A Revolução Federalista (1893 a 1895), que começou como
constante repressão leva às taras patológicas, tão ao gosto do Na- uma disputa regional, ganhou dimensão nacional ao se opor ao
turalismo. Em consequência, esses romances são mais ousados e governo de Floriano Peixoto, gerando cenas de extrema violência
erroneamente tachados, por alguns, de pornográficos, apresentan- e crueldade no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Além
do descrições minuciosas de atos sexuais, tocando, inclusive, em te- disso, surgiu a Revolta da Armada, movimento rebelde que exigiu a
mas então proibidos como o homossexualismo - tanto o masculino renúncia de Floriano, combatendo, sobretudo, a Marinha brasileira.
(O Ateneu), quanto o feminino (O cortiço). Ao conseguir esmagar os revoltosos, o presidente consegue conso-
lidar a República.
O Parnasianismo Esse ambiente provavelmente representou a origem do Sim-
A poesia parnasiana preocupa-se com a forma e a objetivida- bolismo, marcado por frustrações, angústias, falta de perspectivas,
de, com seus sonetos alexandrinos perfeitos. Olavo Bilac, Raimun- rejeitando o fato e privilegiando o sujeito.
do Correia e Alberto de Oliveira formam a trindade parnasiana O E isto é relevante pois a principal característica desse estilo de
Parnasianismo é a manifestação poética do Realismo, dizem alguns época foi justamente a negação do Realismo e suas manifestações.
estudiosos da literatura brasileira, embora ideologicamente não A nova estética nega o cientificismo, o materialismo e o racionalis-
mantenha todos os pontos de contato com os romancistas realistas mo. E valoriza as manifestações metafísicas e espirituais, ou seja, o
e naturalistas. Seus poetas estavam à margem das grandes transfor- extremo oposto do Naturalismo e do Parnasianismo.
mações do final do século XIX e início do século XX. “Dante Negro” - Impossível referir-se ao Simbolismo sem re-
Culto à forma - A nova estética se manifesta a partir do final da verenciar seus dois grandes expoentes: Cruz e Sousa e Alphonsus
década de 1870, prolongando-se até a Semana de Arte Moderna. de Guimarães. Aliás, não seria exagero afirmar que ambos foram o
Em alguns casos chegou a ultrapassar o ano de 1922 (não conside- próprio Simbolismo. Especialmente o primeiro, chamado, então, de
rando, é claro, o neo-parnasianismo). Objetividade temática e culto “cisne negro” ou “Dante negro”. Figura mais importante do Simbo-
da forma: eis a receita. A forma fixa representada pelos sonetos; a lismo brasileiro, sem ele, dizem os especialistas, não haveria essa
métrica dos versos alexandrinos perfeitos; a rima rica, rara e perfei- estética no Brasil. Como poeta, teve apenas um volume publicado
ta. Isto tudo como negação da poesia romântica dos versos livres e em vida: “Broquéis” (os dois outros volumes de poesia são póstu-
brancos. Em suma, é o endeusamento da forma. mos). Teve uma carreira muito rápida, apesar de ser considerado
um dos maiores nomes do Simbolismo universal. Sua obra apre-
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senta uma evolução importante: na medida em que abandona o Esses escritores acabaram produzindo uma redescoberta do
subjetivismo e a angústia iniciais, avança para posições mais uni- Brasil, mais próxima da realidade, e pavimentaram o caminho para
versalizantes - sua produção inicial fala da dor e do sofrimento do o período literário seguinte, o Modernismo, iniciado em 1922, que
homem negro (colocações pessoais, pois era filho de escravos), mas acentuou de vez a ruptura com o que até então se conhecia como
evolui para o sofrimento e a angústia do ser humano. literatura brasileira.
Já Alphonsus de Guimarães preferiu manter-se fiel a um “tri-
ângulo” que caracterizou toda a sua obra: misticismo, amor e mor- A Semana de Arte Moderna
te. A crítica o considera o mais místico poeta de nossa literatura. O O Modernismo, como tendência literária, ou estilo de época,
amor pela noiva, morta às vésperas do casamento, e sua profunda teve seu prenúncio com a realização da Semana de Arte Moderna
religiosidade e devoção por Nossa Senhora, gerou, e não poderia no Teatro Municipal de São Paulo, nos dias 13, 15 e 17 de fevereiro
ser diferente, um misticismo que beirava o exagero. Um exemplo de 1922. Idealizada por um grupo de artistas, a Semana pretendia
é o “Setenário das dores de Nossa Senhora”, em que ele atesta sua colocar a cultura brasileira a par das correntes de vanguarda do
devoção pela Virgem. A morte aparece em sua obra como um único pensamento europeu, ao mesmo tempo que pregava a tomada de
meio de atingir a sublimação e se aproximar de Constança - a noiva consciência da realidade brasileira.
morta - e da virgem. Daí o amor aparecer sempre espiritualizado. O Movimento não deve ser visto apenas do ponto de vista ar-
A própria decisão de se isolar na cidade mineira de Mariana, tístico, como recomendam os historiadores e críticos especializados
que ele próprio considerou sua “torre de marfim”, é uma postura em história da literatura brasileira, mas também como um movi-
simbolista. mento político e social. O País estava dividido entre o rural e o urba-
no. Mas o bloco urbano não era homogêneo. As principais cidades
O Pré-modernismo brasileiras, em particular São Paulo, conheciam uma rápida trans-
O que se convencionou chamar de pré-modernismo no Brasil formação como consequência do processo industrial. A primeira
não constitui uma escola literária. Pré-modernismo, é, na verdade, Guerra Mundial foi a responsável pelo primeiro surto de industria-
um termo genérico que designa toda uma vasta produção literária, lização e consequente urbanização. O Brasil contava com 3.358 in-
que caracteriza os primeiros vinte anos deste século. dústrias em 1907. Em 1920, esse número pulou para 13.336. Isso
Nele é que se encontram as mais variadas tendências e estilos significou o surgimento de uma burguesia industrial cada dia mais
literários - desde os poetas parnasianos e simbolistas, que conti- forte, mas marginalizada pela política econômica do governo fede-
nuavam a produzir, até os escritores que começavam a desenvol- ral, voltada para a produção e exportação do café.
ver um novo regionalismo, alguns preocupados com uma literatura Imigrantes - Ao lado disso, o número de imigrantes europeus
política, e outros com propostas realmente inovadoras. É grande a crescia consideravelmente, especialmente os italianos, distribuin-
lista dos autores que pertenceram ao pré-modernismo, mas, indis- do-se entre as zonas produtoras de café e as zonas urbanas, onde
cutivelmente, merecem destaque: Euclides da Cunha, Lima Barreto, estavam as indústrias. De 1903 a 1914, o Brasil recebeu nada menos
Graça Aranha, Monteiro Lobato e Augusto dos Anjos. que 1,5 milhão de imigrantes. Nos centros urbanos criou-se uma
Assim, pode-se dizer que essa escola começou em 1902, com faixa considerável de população espremida pelos barões do café e
a publicação de dois livros: “Os sertões”, de Euclides da Cunha, e pela alta burguesia, de um lado, e pelo operariado, de outro. Surge
“Canaã”, de Graça Aranha, e se estende até o ano de 1922, com a a pequena burguesia, formada por funcionários públicos, comer-
realização da Semana de Arte Moderna. ciantes, profissionais liberais e militares, entre outros, criando uma
Apesar de o pré-modernismo não constituir uma escola literá- massa politicamente “barulhenta” e reivindicatória. A falta de ho-
ria, apresentando individualidades muito fortes, com estilos às ve- mogeneidade no bloco urbano tem origem em alguns aspectos do
zes antagônicos - como é o caso, por exemplo, de Euclides da Cunha comportamento do operariado. Os imigrantes de origem europeia
e Lima Barreto - percebe-se alguns pontos comuns entre as princi- trazem suas experiências de luta de classes. Em geral esses traba-
pais obras pré-modernistas: lhadores eram anarquistas e suas ações resultavam, quase sempre,
a) eram obras inovadoras, que apresentavam ruptura com o em greves e tensões sociais de toda sorte, entre 1905 e 1917. Um
passado, com o academicismo; ano depois, quando ocorreu a Revolução Russa, os artigos na im-
b) primavam pela denúncia da realidade brasileira, negando prensa a esse respeito tornaram-se cada vez mais comuns. O par-
o Brasil literário, herdado do Romantismo e do Parnasianismo. O tido comunista seria fundado em 1922. Desde então, ocorreria o
grande tema do pré-modernismo é o Brasil não oficial do sertão declínio da influência anarquista no movimento operário.
nordestino, dos caboclos interioranos, dos subúrbios; Desta forma, circulavam pela cidade de São Paulo, numa mes-
c) acentuavam o regionalismo, com o qual os autores acabam ma calçada, um barão do café, um operário anarquista, um padre,
montando um vasto painel brasileiro: o Norte e o Nordeste nas um burguês, um nordestino, um professor, um negro, um comer-
obras de Euclides da Cunha, o Vale do Rio Paraíba e o interior pau- ciante, um advogado, um militar etc., formando, de fato, uma “pau-
lista nos textos de Monteiro Lobato, o Espírito Santo, retratado por liceia desvairada” (título de célebre obra de Mário de Andrade).
Graça Aranha, ou o subúrbio carioca, temática quase que invariável Esse desfile inusitado e variado de tipos humanos serviu de palco
da obra de Lima Barreto; ideal para a realização de um evento que mostrasse uma arte inova-
d) difundiram os tipos humanos marginalizados, que tiveram dora a romper com as velhas estruturas literárias vigentes no País.
ampliado o seu perfil, até então desconhecido, ou desprezado,
quando conhecido - o sertanejo nordestino, o caipira, os funcioná-
rios públicos, o mulato;
e) traçaram uma ligação entre os fatos políticos, econômicos e
sociais contemporâneos, aproximando a ficção da realidade.

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O Modernismo - (primeira fase) O primeiro romance representativo do regionalismo nordes-


O período de 1922 a 1930 é o mais radical do movimento mo- tino, que teve seu ponto de partida no Manifesto Regionalista de
dernista, justamente em consequência da necessidade de defini- 1926, foi “A bagaceira”, de José Américo de Almeida, publicado em
ções e do rompimento de todas as estruturas do passado. Daí o 1928. Verdadeiro marco na história literária do Brasil, sua importân-
caráter anárquico desta primeira fase modernista e seu forte sen- cia deve-se mais à temática (a seca, os retirantes, o engenho) e ao
tido destruidor. caráter social do romance, do que aos valores estéticos.
Ao mesmo tempo em que se procura o moderno, o original e
o polêmico, o nacionalismo se manifesta em suas múltiplas facetas: Pós-Modernismo
uma volta às origens, à pesquisa das fontes quinhentistas, à procu- O Pós-Modernismo se insere no contexto dos extraordinários
ra de uma língua brasileira (a língua falada pelo povo nas ruas), as fenômenos sociais e políticos de 1945. Foi o ano que assistiu ao fim
paródias, numa tentativa de repensar a história e a literatura mani- da Segunda Guerra Mundial e ao início da Era Atômica, com as ex-
festos nacionalistas do Pau-Brasil (o Manifesto do Pau-Brasil, escrito plosões de Hiroshima e Nagasaki. O mundo passa a acreditar numa
por Oswald de Andrade em 1924, propõe uma literatura extrema- paz duradoura. Cria-se a Organização das Nações Unidas (ONU) e,
mente vinculada à realidade brasileira) e da Antropofagia, dentro em seguida, publica-se a Declaração dos Direitos do Homem. Mas,
da linha comandada por Oswald de Andrade. Mas havia também os logo depois, inicia-se a Guerra Fria.
manifestos do Verde-Amarelismo e o do Grupo da Anta, que trazem Paralelamente a tudo isso, o Brasil vive o fim da ditadura de
a semente do nacionalismo fascista comandado por Plínio Salgado. Getúlio Vargas. O País inicia um processo de redemocratização.
No final da década de 20, a postura nacionalista apresenta duas Convoca-se uma eleição geral e os partidos são legalizados. Apesar
vertentes distintas: de um lado, um nacionalismo crítico, conscien- disso, abre-se um novo tempo de perseguições políticas, ilegalida-
te, de denúncia da realidade brasileira e identificado politicamente des e exílios.
com as esquerdas; de outro, o nacionalismo ufanista, utópico, exa- A literatura brasileira também passa por profundas alterações,
gerado, identificado com as correntes políticas de extrema direita. com algumas manifestações representando muitos passos adiante;
Entre os principais nomes dessa primeira fase do Modernismo, outras, um retrocesso. O jornal “O Tempo”, excelente crítico literá-
que continuariam a produzir nas décadas seguintes, destacam-se rio, encarrega-se de fazer a seleção.
Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Manuel Bandeira, Antônio Intimismo - A prosa, tanto nos romances como nos contos,
de Alcântara Machado, além de Menotti del Picchia, Cassiano Ricar- aprofunda a tendência já trilhada por alguns autores da década de
do, Guilherme de Almeida e Plínio Salgado. 30, em busca de uma literatura intimista, de sondagem psicológica,
O Modernismo - (segunda fase) introspectiva, com destaque para Clarice Lispector.
O período de 1930 a 1945 registrou a estreia de alguns dos Ao mesmo tempo, o regionalismo adquire uma nova dimensão
nomes mais significativos do romance brasileiro. Refletindo o mes- com a produção fantástica de João Guimarães Rosa e sua recriação
mo momento histórico e apresentando as mesmas preocupações dos costumes e da fala sertaneja, penetrando fundo na psicologia
dos poetas da década de 30 (Murilo Mendes, Jorge de Lima, Carlos do jagunço do Brasil central.
Drummond de Andrade, Cecília Meireles e Vinícius de Moraes), a Na poesia, ganha corpo, a partir de 1945, uma geração de poe-
segunda fase do Modernismo apresenta autores como José Lins do tas que se opõe às conquistas e inovações dos modernistas de 1922.
Rego, Graciliano Ramos, Rachel de Queiroz, Jorge Amado e Érico A nova proposta foi defendida, inicialmente, pela revista Orfeu, cujo
Veríssimo, que produzem uma literatura de caráter mais construti- primeiro número é lançado na “Primavera de 1947” e que afirma,
vo, de maturidade, aproveitando as conquistas da geração de 1922 entre outras coisas, que “uma geração só começa a existir no dia em
e sua prosa inovadora. que não acredita nos que a precederam, e só existe realmente no
Efeitos da crise - Na década de 30, o País passava por gran- dia em que deixam de acreditar nela.”
des transformações, fortemente marcadas pela revolução de 30 e Essa geração de escritores negou a liberdade formal, as ironias,
o questionamento das oligarquias tradicionais. Não havia como não as sátiras e outras “brincadeiras” modernistas. Os poetas de 45 par-
sentir os efeitos da crise econômica mundial, os choques ideológi- tem para uma poesia mais equilibrada e séria”, distante do que eles
cos que levavam a posições mais definidas e engajadas. Tudo isso chamavam de “primarismo desabonador” de Mário de Andrade e
formou um campo propício ao desenvolvimento de um romance Oswald de Andrade. A preocupação primordial era quanto ao resta-
caracterizado pela denúncia social, verdadeiro documento da reali- belecimento da forma artística e bela; os modelos voltam a ser os
dade brasileira, atingindo um elevado grau de tensão nas relações mestres do Parnasianismo e do Simbolismo.
do indivíduo com o mundo. Esse grupo, chamado de Geração de 45, era formado, entre
Nessa busca do homem brasileiro “espalhado nos mais distan- outros poetas, por Lêdo Ivo, Péricles Eugênio da Silva Ramos, Geir
tes recantos de nossa terra”, no dizer de José Lins do Rego, o regio- Campos e Darcy Damasceno. O final dos anos 40, no entanto, reve-
nalismo ganha uma importância até então não alcançada na litera- lou um dos mais importantes poetas da nossa literatura, não filiado
tura brasileira, levando ao extremo as relações do personagem com esteticamente a qualquer grupo e aprofundador das experiências
o meio natural e social. Destaque especial merecem os escritores modernistas anteriores: ninguém menos que João Cabral de Melo
nordestinos que vivenciam a passagem de um Nordeste medieval Neto. Contemporâneos a ele, e com alguns pontos de contato com
para uma nova realidade capitalista e imperialista. E nesse aspecto, sua obra, destacam-se Ferreira Gullar e Mauro Mota.
o Baiano Jorge Amado é um dos melhores representantes do ro-
mance brasileiro, quando retrata o drama da economia cacaueira, A produção contemporânea
desde a conquista e uso da terra até a passagem de seus produtos Produção contemporânea deve ser entendida como as obras
para as mãos dos exportadores. Mas também não se pode esquecer e movimentos literários surgidos nas décadas de 60 e 70, e que
de José Lins do Rego, com as suas regiões de cana, os banguês e os refletiram um momento histórico caracterizado inicialmente pelo
engenhos sendo devorados pelas modernas usinas. autoritarismo, por uma rígida censura e enraizada autocensura. Seu
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período mais crítico ocorreu entre os anos de 1968 e 1978, durante Como se classificam os tipos e os gêneros textuais
a vigência do Ato Institucional nº 5 (AI-5). Tanto que, logo após a As classificações conforme o gênero podem sofrer mudanças
extinção do Ato, verificou-se uma progressiva normalização no País. e são amplamente flexíveis. Os principais gêneros são: romance,
As adversidades políticas, no entanto, não mergulharam o País conto, fábula, lenda, notícia, carta, bula de medicamento, cardápio
numa calmaria cultural. Ao contrário, as décadas de 60 e 70 assisti- de restaurante, lista de compras, receita de bolo, etc. Quanto aos
ram a uma produção cultural bastante intensa em todos os setores. tipos, as classificações são fixas, e definem e distinguem o texto
Na poesia, percebe-se a preocupação em manter uma temática com base na estrutura e nos aspectos linguísticos. Os tipos textuais
social, um texto participante, com a permanência de nomes consa- são: narrativo, descritivo, dissertativo, expositivo e injuntivo.
grados como Carlos Drummond de Andrade, João Cabral de Melo Resumindo, os gêneros textuais são a parte concreta, enquanto
Neto e Ferreira Gullar, ao lado de outros poetas que ainda apara- as tipologias integram o campo das formas, da teoria. Acompanhe
vam as arestas em suas produções. abaixo os principais gêneros textuais inseridos e como eles se
Visual - O início da década de 60 apresentou alguns grupos em inserem em cada tipo textual:
luta contra o que chamaram “esquemas analítico-discursivos da sin- Texto narrativo: esse tipo textual se estrutura em: apresentação,
taxe tradicional”. Ao mesmo tempo, esses grupos buscavam solu- desenvolvimento, clímax e desfecho. Esses textos se caracterizam
ções no aproveitamento visual da página em branco, na sonoridade pela apresentação das ações de personagens em um tempo e
das palavras e nos recursos gráficos. O sintoma mais importante espaço determinado. Os principais gêneros textuais que pertencem
desse movimento foi o surgimento da Poesia Concreta e da Poesia ao tipo textual narrativo são: romances, novelas, contos, crônicas
Práxis. Paralelamente, surgia a poesia “marginal”, que se desenvol- e fábulas.
veu fora dos grandes esquemas industriais e comerciais de produ- Texto descritivo: esse tipo compreende textos que descrevem
ção de livros. lugares ou seres ou relatam acontecimentos. Em geral, esse tipo de
No romance, ao lado da última produção de Jorge Amado e texto contém adjetivos que exprimem as emoções do narrador, e,
Érico Veríssimo, e das obras “lacriminosas” de José Mauro de Vas- em termos de gêneros, abrange diários, classificados, cardápios de
concelos (“Meu pé de Laranja-Lima”, “Barro Blanco”), de muito su- restaurantes, folhetos turísticos, relatos de viagens, etc.
cesso junto ao grande público, tem se mantido o regionalismo de Texto expositivo: corresponde ao texto cuja função é transmitir
Mário Palmério, Bernardo Élis, Antônio Callado, Josué Montello e ideias utilizando recursos de definição, comparação, descrição,
José Cândido de Carvalho. Dentre os intimistas, destacam-se Os- conceituação e informação. Verbetes de dicionário, enciclopédias,
man Lins, Autran Dourado e Lygia Fagundes Telles. jornais, resumos escolares, entre outros, fazem parte dos textos
Na prosa, as duas décadas citadas assistiram à consagração das expositivos.
narrativas curtas (crônica e conto). O desenvolvimento da crônica Texto argumentativo: os textos argumentativos têm o objetivo
está intimamente ligado ao espaço aberto a esse gênero na grande de apresentar um assunto recorrendo a argumentações, isto é,
imprensa. Hoje, por exemplo, não há um grande jornal que não in- caracteriza-se por defender um ponto de vista. Sua estrutura é
clua em suas páginas crônicas de Rubem Braga, Fernando Sabino, composta por introdução, desenvolvimento e conclusão. Os textos
Carlos Heitor Cony, Paulo Mendes Campos, Luís Fernando Veríssimo argumentativos compreendem os gêneros textuais manifesto e
e Lourenço Diaféria, entre outros. Deve-se fazer uma menção espe- abaixo-assinado.
cial a Stanislaw Ponte Preta (Sérgio Porto), que, com suas bem-hu- Texto injuntivo: esse tipo de texto tem como finalidade de
moradas e cortantes sátiras político-sociais, escritas na década de orientar o leitor, ou seja, expor instruções, de forma que o emissor
60, tem servido de mestre a muitos cronistas. procure persuadir seu interlocutor. Em razão disso, o emprego de
O conto, por outro lado, analisado no conjunto das produções verbos no modo imperativo é sua característica principal. Pertencem
contemporâneas, situa-se em posição privilegiada tanto em quali- a este tipo os gêneros bula de remédio, receitas culinárias, manuais
dade quanto em quantidade. Entre os contistas mais significativos, de instruções, entre outros.
destacam-se Dalton Trevisan, Moacyr Scliar, Samuel Rawet, Rubem Texto prescritivo: essa tipologia textual tem a função de instruir
Fonseca, Domingos Pellegrini Jr. e João Antônio. o leitor em relação ao procedimento. Esses textos, de certa forma,
impedem a liberdade de atuação do leitor, pois decretam que ele
siga o que diz o texto. Os gêneros que pertencem a esse tipo de
REDAÇÃO GÊNERO TEXTUAL; TEXTO E CONTEXTO; O TEX- texto são: leis, cláusulas contratuais, edital de concursos públicos.
TO NARRATIVO: O ENREDO, O TEMPO E O ESPAÇO; A TÉC-
NICA DA DESCRIÇÃO; O NARRADOR
TEXTUALIDADE E ESTILO (FUNÇÕES DA LINGUAGEM

Definições e diferenciação: tipos textuais e gêneros textuais


Prezado Candidato, o tema acima supracitado, já foi abordado em
são dois conceitos distintos, cada qual com sua própria linguagem
tópicos anteriores.
e estrutura. Os tipos textuais gêneros se classificam em razão
da estrutura linguística, enquanto os gêneros textuais têm sua
classificação baseada na forma de comunicação. Assim, os gêneros
são variedades existente no interior dos modelos pré-estabelecidos
dos tipos textuais. A definição de um gênero textual é feita a partir
dos conteúdos temáticos que apresentam sua estrutura específica.
Logo, para cada tipo de texto, existem gêneros característicos.

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– Elipse: trata-se da omissão de um componente textual –


COESÃO E COERÊNCIA TEXTUAL nominal, verbal ou frasal – por meio da figura denominando eclipse.
Exemplo:
“Preciso falar com Ana. Você a viu?” Aqui, é o contexto que
— Definições e diferenciação proporciona o entendimento da segunda oração, pois o leitor fica
Coesão e coerência são dois conceitos distintos, tanto que um ciente de que o locutor está procurando por Ana.
texto coeso pode ser incoerente, e vice-versa. O que existe em comum
entre os dois é o fato de constituírem mecanismos fundamentais – Conjunção: é o termo que estabelece ligação entre as orações.
para uma produção textual satisfatória. Resumidamente, a coesão Exemplo:
textual se volta para as questões gramaticais, isto é, na articulação “Embora eu não saiba os detalhes, sei que um acidente
interna do texto. Já a coerência textual tem seu foco na articulação aconteceu.” Conjunção concessiva.
externa da mensagem.
– Coesão lexical: consiste no emprego de palavras que fazem
— Coesão Textual parte de um mesmo campo lexical ou que carregam sentido
Consiste no efeito da ordenação e do emprego adequado aproximado. É o caso dos nomes genéricos, sinônimos, hiperônimos,
das palavras que proporcionam a ligação entre frases, períodos e entre outros.
parágrafos de um texto. A coesão auxilia na sua organização e se Exemplo:
realiza por meio de palavras denominadas conectivos. “Aquele hospital público vive lotado. A instituição não está
dando conta da demanda populacional.”
As técnicas de coesão
A coesão pode ser obtida por meio de dois mecanismos — Coerência Textual
principais, a anáfora e a catáfora. Por estarem relacionados à A Coerência é a relação de sentido entre as ideias de um texto
mensagem expressa no texto, esses recursos classificam-se como que se origina da sua argumentação – consequência decorrente
endofóricas. Enquanto a anáfora retoma um componente, a catáfora dos saberes conhecimentos do emissor da mensagem. Um texto
o antecipa, contribuindo com a ligação e a harmonia textual. redundante e contraditório, ou cujas ideias introduzidas não
apresentam conclusão, é um texto incoerente. A falta de coerência
As regras de coesão prejudica a fluência da leitura e a clareza do discurso. Isso quer dizer
Para que se garanta a coerência textual, é necessário que as que a falta de coerência não consiste apenas na ignorância por parte
regras relacionadas abaixo sejam seguidas. dos interlocutores com relação a um determinado assunto, mas da
emissão de ideias contrárias e do mal uso dos tempos verbais.
Referência Observe os exemplos:
– Pessoal: emprego de pronomes pessoais e possessivos. “A apresentação está finalizada, mas a estou concluindo até
Exemplo: o momento.” Aqui, temos um processo verbal acabado e um
«Ana e Sara foram promovidas. Elas serão gerentes de inacabado.
departamento.” Aqui, tem-se uma referência pessoal anafórica
(retoma termo já mencionado). “Sou vegana e só como ovos com gema mole.” Os veganos
não consomem produtos de origem animal.
– Comparativa: emprego de comparações com base em
semelhanças. Princípios Básicos da Coerência
Exemplo: – Relevância: as ideias têm que estar relacionadas.
“Mais um dia como os outros…”. Temos uma referência – Não Contradição: as ideias não podem se contradizer.
comparativa endofórica. – Não Tautologia: as ideias não podem ser redundantes.
– Demonstrativa: emprego de advérbios e pronomes Fatores de Coerência
demonstrativos. – As inferências: se partimos do pressuposto que os
Exemplo: interlocutores partilham do mesmo conhecimento, as inferências
“Inclua todos os nomes na lista, menos este: Fred da Silva.” podem simplificar as informações.
Temos uma referência demonstrativa catafórica. Exemplo:
“Sempre que for ligar os equipamentos, não se esqueça de que
– Substituição: consiste em substituir um elemento, quer seja voltagem da lavadora é 220w”.
nome, verbo ou frase, por outro, para que ele não seja repetido.
Analise o exemplo: Aqui, emissor e receptor compartilham do conhecimento de
“Iremos ao banco esta tarde, elas foram pela manhã.” que existe um local adequado para ligar determinado aparelho.
Perceba que a diferença entre a referência e a substituição é – O conhecimento de mundo: todos nós temos uma bagagem
evidente principalmente no fato de que a substituição adiciona ao de saberes adquirida ao longo da vida e que é arquivada na nossa
texto uma informação nova. No exemplo usado para a referência, o memória. Esses conhecimentos podem ser os chamados scripts
pronome pessoal retoma as pessoas “Ana e Sara”, sem acrescentar (roteiros, tal como normas de etiqueta), planos (planejar algo
quaisquer informações ao texto.

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com um objetivo, tal como jogar um jogo), esquemas (planos de repetir


funcionamento, como a rotina diária: acordar, tomar café da manhã, replicar
sair para o trabalho/escola), frames (rótulos), etc. responder
Exemplo: retrucar
“Coelhinho e ovos de chocolate! Vai ser um lindo Natal!” solicitar

O conhecimento cultural nos leva a identificar incoerência na Os verbos declarativos podem, além de introduzir a fala, indicar
frase, afinal, “coelho” e “ovos de chocolate” são elementos, os atitudes, estados interiores ou situações emocionais das persona-
chamados frames, que pertencem à comemoração de Páscoa, e gens como, por exemplo, os verbos protestar, gritar, ordenar e ou-
nada têm a ver com o Natal. tros. Esse efeito pode ser também obtido com o uso de adjetivos ou
advérbios aliados aos verbos de elocução: falou calmamente, gritou
histérica, respondeu irritada, explicou docemente.
TIPOS DE DISCURSO
Exemplo:
— O amor, prosseguiu sonhadora, é a grande realização de nos-
Discurso direto sas vidas.
É a fala da personagem reproduzida fielmente pelo narrador, Ao utilizar o discurso direto – diálogos (com ou sem travessão)
ou seja, reproduzida nos termos em que foi expressa. entre as personagens –, você deve optar por um dos três estilos a
— Bonito papel! Quase três da madrugada e os senhores com- seguir:
pletamente bêbados, não é?
Foi aí que um dos bêbados pediu: Estilo 1:
— Sem bronca, minha senhora. Veja logo qual de nós quatro é João perguntou:
o seu marido que os outros querem ir para casa. — Que tal o carro?
(Stanislaw Ponte Preta)
Estilo 2:
Observe que, no exemplo dado, a fala da personagem é intro- João perguntou: “Que tal o carro?” (As aspas são optativas)
duzida por um travessão, que deve estar alinhado dentro do pará- Antônio respondeu: “horroroso” (As aspas são optativas)
grafo.
O narrador, ao reproduzir diretamente a fala das personagens, Estilo 3:
conserva características do linguajar de cada uma, como termos de Verbos de elocução no meio da fala:
gíria, vícios de linguagem, palavrões, expressões regionais ou caco- — Estou vendo, disse efusivamente João, que você adorou o
etes pessoais. carro.
O discurso direto geralmente apresenta verbos de elocução (ou — Você, retrucou Antônio, está completamente enganado.
declarativos ou dicendi) que indicam quem está emitindo a mensa-
gem. Verbos de elocução no fim da fala:
Os verbos declarativos ou de elocução mais comuns são: — Estou vendo que você adorou o carro — disse efusivamente
acrescentar João.
afirmar — Você está completamente enganado — retrucou Antônio.
concordar
consentir Os trechos que apresentam verbos de elocução podem vir com
contestar travessões ou com vírgulas. Observe os seguintes exemplos:
continuar
declamar — Não posso, disse ela daí a alguns instantes, não deixo meu
determinar filho. (Machado de Assis)
dizer
esclarecer — Não vá sem eu lhe ensinar a minha filosofia da miséria, disse
exclamar ele, escarrachando-se diante de mim. (Machado de Assis)
explicar
gritar — Vale cinquenta, ponderei; Sabina sabe que custou cinquenta
indagar e oito. (Machado de Assis)
insistir
interrogar — Ainda não, respondi secamente. (Machado de Assis)
interromper
intervir Verbos de elocução depois de orações interrogativas e excla-
mandar mativas:
ordenar, pedir — Nunca me viu? perguntou Virgília vendo que a encarava com
perguntar insistência. (Machado de Assis)
prosseguir — Para quê? interrompeu Sabina. (Machado de Assis)
protestar — Isso nunca; não faço esmolas! disse ele. (Machado de Assis)
reclamar
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Observe que os verbos de elocução aparecem em letras minús- Transposição de discurso


culas depois dos pontos de exclamação e interrogação. Na narração, para reconstituir a fala da personagem, utiliza-se
a estrutura de um discurso direto ou de um discurso indireto. O
Discurso indireto domínio dessas estruturas é importante tanto para se empregar
No discurso indireto, o narrador exprime indiretamente a fala corretamente os tipos de discurso na redação.
da personagem. O narrador funciona como testemunha auditiva e
passa para o leitor o que ouviu da personagem. Na transcrição, o Os sinais de pontuação (aspas, travessão, dois-pontos) e outros
verbo aparece na terceira pessoa, sendo imprescindível a presen- recursos como grifo ou itálico, presentes no discurso direto, não
ça de verbos dicendi (dizer, responder, retrucar, replicar, perguntar, aparecem no discurso indireto, a não ser que se queira insistir na
pedir, exclamar, contestar, concordar, ordenar, gritar, indagar, de- atribuição do enunciado à personagem, não ao narrador. Tal insis-
clamar, afirmar, mandar etc.), seguidos dos conectivos que (dicendi tência, porém, é desnecessária e excessiva, pois, se o texto for bem
afirmativo) ou se (dicendi interrogativo) para introduzir a fala da construído, a identificação do discurso indireto livre não oferece
personagem na voz do narrador. dificuldade.

A certo ponto da conversação, Glória me disse que desejava Discurso Direto


muito conhecer Carlota e perguntou por que não a levei comigo.
(Ciro dos Anjos) • Presente
A enfermeira afirmou:
Fui ter com ela, e perguntei se a mãe havia dito alguma coisa; – É uma menina.
respondeu-me que não.
(Machado de Assis) • Pretérito perfeito
Discurso indireto livre – Já esperei demais, retrucou com indignação.
Resultante da mistura dos discursos direto e indireto, existe
uma terceira modalidade de técnica narrativa, o chamado discurso • Futuro do presente
indireto livre, processo de grande efeito estilístico. Por meio dele, Pedrinho gritou:
o narrador pode, não apenas reproduzir indiretamente falas das – Não sairei do carro.
personagens, mas também o que elas não falam, mas pensam, so-
nham, desejam etc. Neste caso, discurso indireto livre corresponde • Imperativo
ao monólogo interior das personagens, mas expresso pelo narrador. Olhou-a e disse secamente:
As orações do discurso indireto livre são, em regra, indepen- – Deixe-me em paz.
dentes, sem verbos dicendi, sem pontuação que marque a passa-
gem da fala do narrador para a da personagem, mas com transpo- Outras alterações
sições do tempo do verbo (pretérito imperfeito) e dos pronomes • Primeira ou segunda pessoa
(terceira pessoa). O foco narrativo deve ser de terceira pessoa. Esse Maria disse:
discurso é muito empregado na narrativa moderna, pela fluência e – Não quero sair com Roberto hoje.
ritmo que confere ao texto.
• Vocativo
Fabiano ouviu o relatório desconexo do bêbado, caiu numa in- – Você quer café, João?, perguntou a prima.
decisão dolorosa. Ele também dizia palavras sem sentido, conversa
à toa. Mas irou-se com a comparação, deu marradas na parede. Era • Objeto indireto na oração principal
bruto, sim senhor, nunca havia aprendido, não sabia explicar-se. A prima perguntou a João se ele queria café.
Estava preso por isso? Como era? Então mete- se um homem na
cadeia por que ele não sabe falar direito? • Forma interrogativa ou imperativa
(Graciliano Ramos) Abriu o estojo, contou os lápis e depois perguntou ansiosa:
– E o amarelo?
Observe que se o trecho “Era bruto, sim” estivesse um discur-
so direto, apresentaria a seguinte formulação: Sou bruto, sim; em • Advérbios de lugar e de tempo
discurso indireto: Ele admitiu que era bruto; em discurso indireto aqui, daqui, agora, hoje, ontem, amanhã
livre: Era bruto, sim. • Pronomes demonstrativos e possessivos
essa(s), esta(s)
Para produzir discurso indireto livre que exprima o mundo inte- esse(s), este(s)
rior da personagem (seus pensamentos, desejos, sonhos, fantasias isso, isto
etc.), o narrador precisa ser onisciente. Observe que os pensamen- meu, minha
tos da personagem aparecem, no trecho transcrito, principalmente teu, tua
nas orações interrogativas, entremeadas com o discurso do narra- nosso, nossa
dor.

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Discurso Indireto ser direta, com a transcrição integral (cópia) da passagem útil, ou
indireta, que é uma clara exploração das informações, mas sem
• Pretérito imperfeito transcrição, re-elaborada e explicada nas palavras do autor.
A enfermeira afirmou que era uma menina. – Intertextualidade implícita: esse modo compreende os textos
• Futuro do pretérito que, ao aproveitarem conceitos, dados e informações presentes em
Pedrinho gritou que não sairia do carro. produções prévias, não fazem a referência clara e não reproduzem
• Pretérito mais-que-perfeito integralmente em sua estrutura as passagens envolvidas. Em
Retrucou com indignação que já esperara (ou tinha espera- outras palavras, faz-se a menção sem revelá-la ou anunciá-la.
do) demais. De qualquer forma, para que se compreenda o significado da
• Pretérito imperfeito do subjuntivo relação estabelecida, é indispensável que o leitor seja capaz de
Olhou-a e disse secamente que o deixasse em paz. reconhecer as marcas intertextuais e, em casos mais específicos,
Outras alterações ter lido e compreendido o primeiro material. As características da
• Terceira pessoa intertextualidade implícita são: conexão indireta com o texto fonte;
Maria disse que não queria sair com Roberto naquele dia. o leitor não a reconhece com facilidade; demanda conhecimento
• Objeto indireto na oração principal prévio do leitor; exigência de análise e deduções por parte do leitor;
A prima perguntou a João se ele queria café. os elementos do texto pré-existente não estão evidentes na nova
• Forma declarativa estrutura.
Abriu o estojo, contou os lápis e depois perguntou ansiosa
pelo amarelo. — Tipos de Intertextualidade
lá, dali, de lá, naquele momento, naquele dia, no dia an- 1 – Paródia: é o processo de intertextualidade que faz uso da
terior, na véspera, no dia seguinte, aquela(s), aquele(s), aquilo, crítica ou da ironia, com a finalidade de subverter o sentido original
seu, sua (dele, dela), seu, sua (deles, delas) do texto. A modificação ocorre apenas no conteúdo, enquanto a
estrutura permanece inalterada. É muito comum nas músicas, no
cinema e em espetáculos de humor. Observe o exemplo da primeira
INTERTEXTUALIDADE estrofe do poema “Vou-me embora pra Pasárgada”, de Manuel
Bandeira:
— Definições gerais
TEXTO ORIGINAL
Intertextualidade é, como o próprio nome sugere, uma relação
“Vou-me embora para Pasárgada
entre textos que se exerce com a menção parcial ou integral de
Lá sou amigo do rei
elementos textuais (formais e/ou semânticos) que fazem referência
Lá tenho a mulher que eu quero
a uma ou a mais produções pré-existentes; é a inserção em um texto
Na cama que escolherei?”
de trechos extraídos de outros textos. Esse diálogo entre textos
não se restringe a textos verbais (livros, poemas, poesias, etc.) e
PARÓDIA DE MILLÔR FERNANDES
envolve, também composições de natureza não verbal (pinturas,
“Que Manoel Bandeira me perdoe, mas vou-me embora de
esculturas, etc.) ou mista (filmes, peças publicitárias, música,
Pasárgada
desenhos animados, novelas, jogos digitais, etc.).
Sou inimigo do Rei
Não tenho nada que eu quero
— Intertextualidade Explícita x Implícita
Não tenho e nunca terei”
– Intertextualidade explícita: é a reprodução fiel e integral
da passagem conveniente, manifestada aberta e diretamente nas
2 – Paráfrase: aqui, ocorre a reafirmação sentido do texto
palavras do autor. Em caso de desconhecimento preciso sobre a
inicial, porém, a estrutura da nova produção nada tem a ver com
obra que originou a referência, o autor deve fazer uma prévia da
a primeira. É a reprodução de um texto com as palavras de quem
existência do excerto em outro texto, deixando a hipertextualidade
escreve o novo texto, isto é, os conceitos do primeiro texto são
evidente.
preservados, porém, são relatados de forma diferente. Exemplos:
As características da intertextualidade explícita são:
observe as frases originais e suas respectivas paráfrases:
– Conexão direta com o texto anterior;
– Obviedade, de fácil identificação por parte do leitor, sem
“Deus ajuda quem cedo madruga” – A professora ajuda quem
necessidade de esforço ou deduções;
muito estuda.
– Não demanda que o leitor tenha conhecimento preliminar
“To be or not to be, that is the question” – Tupi or not tupi,
do conteúdo;
that is the question.
– Os elementos extraídos do outro texto estão claramente
transcritos e referenciados.
3 – Alusão: é a referência, em um novo texto, de uma dada
obra, situação ou personagem já retratados em textos anteriores,
– Intertextualidade explícita direta e indireta: em textos
de forma simples, objetiva e sem quaisquer aprofundamentos. Veja
acadêmicos, como dissertações e monografias, a intertextualidade
o exemplo a seguir:
explícita é recorrente, pois a pesquisa acadêmica consiste
justamente na contribuição de novas informações aos saberes já
“Isso é presente de grego” – alusão à mitologia em que os
produzidos. Ela ocorre em forma de citação, que, por sua vez, pode
troianos caem em armadilhada armada pelos gregos durante a
Guerra de Troia.
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4 – Citação: trata-se da reescrita literal de um texto, isto é,


consiste em extrair o trecho útil de um texto e copiá-lo em outro. FIGURAS DE LINGUAGEM
A citação está sempre presente em trabalhos científicos, como
artigos, dissertações e teses. Para que não configure plágio (uma
falta grave no meio acadêmico e, inclusive, sujeita a processo Prezado Candidato, o tema acima supracitado, já foi abordado em
judicial), a citação exige a indicação do autor original e inserção tópicos anteriores.
entre aspas. Exemplo:
“Na natureza, nada se cria, nada se perde, tudo se
transforma.” MECANISMOS DE COESÃO
(Lavoisier, Antoine-Laurent, 1773).
Prezado Candidato, o tema acima supracitado, já foi abordado em
5 – Crossover: com denominação em inglês que significa tópicos anteriores.
“cruzamento”, esse tipo de intertextualidade tem sido muito
explorado nas mídias visuais e audiovisuais, como televisão, séries
e cinema. Basicamente, é a inserção de um personagem próprio de A NÃO-CONTRADIÇÃO
um universo fictício em um mundo de ficção diferente. Freddy &
Jason” é um grande crossover do gênero de horror no cinema.
Exemplo: Prezado Candidato, o tema acima supracitado, já foi abordado em
tópicos anteriores.

PARALELISMOS SINTÁTICOS E SEMÂNTICOS

Os paralelismos sintático e semântico se caracterizam pelas re-


lações de semelhança existente entre palavras e expressões que se
efetivam tanto de ordem morfológica (quando pertencem à mesma
classe gramatical), sintática (quando há semelhança entre frases ou
orações) e semântica (quando há correspondência de sentido entre
os termos).
Casos recorrentes se manifestam no momento da escrita indi-
cando que houve a quebra destes recursos, tornando-se impercep-
tíveis aos olhos de quem a produz, interferindo de forma negativa
na textualidade como um todo. Ampliando a noção sobre a correta
utilização destes recursos, analisemos alguns casos em que eles se
aplicam:
- não só... mas (como) também: tal construção confere-nos a
ideia de adição.
Fonte: https://www.correiobraziliense.com.br - Quanto mais... (tanto) mais: noção de progressão, podemos
identificar a construção paralelística.
6) Epígrafe: é a transição de uma pequena passagem do texto - Seja... Seja; Quer... Quer; Ora... Ora: ideia de alternância.
de origem na abertura do texto corrente. Em geral, a epígrafe está - Tanto... Quanto: ideia de adição, acrescida àquela de equiva-
localizada no início da página, à direita e em itálico. Mesmo sendo lência, constata-se a estrutura paralelística.
uma passagem “solta”, esse tipo de intertextualidade está sempre - Não... E não/nem: recurso empregado quando se quer atri-
relacionado ao teor do novo texto. buir uma sequência negativa.
Exemplo: - Por um lado... Por outro: referência a aspectos negativos e
positivos relacionados a um determinado fato.
“A tarefa não é tanto ver aquilo que ninguém viu, - Tempos verbais: concordância de sentido proferida pelos ver-
mas pensar o que ninguém ainda pensou sobre bos e seus respectivos tempos.
aquilo que todo mundo vê.”
Arthur Schopenhauer
CONTINUIDADE E PROGRESSÃO TEXTUAL

DENOTAÇÃO E CONOTAÇÃO; A AMBIGUIDADE


Prezado Candidato, o tema acima supracitado, já foi abordado em
tópicos anteriores.
Prezado Candidato, o tema acima supracitado, já foi abordado em
tópicos anteriores.

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Admitidos os dois postulados, a conclusão é, obrigatoriamente,


O TEXTO ARGUMENTATIVO; O TEMA; A IMPESSOALIDADE; que C é igual a A.
A CARTA ARGUMENTATIVA; A CRÔNICA ARGUMENTATIVA;
A ARGUMENTAÇÃO E A PERSUASÃO; O TEXTO DISSERTATI- Outro exemplo:
VO-ARGUMENTATIVO; A CONSISTÊNCIA DOS ARGUMEN- Todo ruminante é um mamífero.
TOS; A CONTRA ARGUMENTAÇÃO A vaca é um ruminante.
Logo, a vaca é um mamífero.
Admitidas como verdadeiras as duas premissas, a conclusão
O ato de comunicação não visa apenas transmitir uma informa- também será verdadeira.
ção a alguém. Quem comunica pretende criar uma imagem positiva No domínio da argumentação, as coisas são diferentes. Nele,
de si mesmo (por exemplo, a de um sujeito educado, ou inteligente, a conclusão não é necessária, não é obrigatória. Por isso, deve-se
ou culto), quer ser aceito, deseja que o que diz seja admitido como mostrar que ela é a mais desejável, a mais provável, a mais plau-
verdadeiro. Em síntese, tem a intenção de convencer, ou seja, tem sível. Se o Banco do Brasil fizer uma propaganda dizendo-se mais
o desejo de que o ouvinte creia no que o texto diz e faça o que ele confiável do que os concorrentes porque existe desde a chegada
propõe. da família real portuguesa ao Brasil, ele estará dizendo-nos que um
Se essa é a finalidade última de todo ato de comunicação, todo banco com quase dois séculos de existência é sólido e, por isso, con-
texto contém um componente argumentativo. A argumentação é o fiável. Embora não haja relação necessária entre a solidez de uma
conjunto de recursos de natureza linguística destinados a persuadir instituição bancária e sua antiguidade, esta tem peso argumentati-
a pessoa a quem a comunicação se destina. Está presente em todo vo na afirmação da confiabilidade de um banco. Portanto é provável
tipo de texto e visa a promover adesão às teses e aos pontos de que se creia que um banco mais antigo seja mais confiável do que
vista defendidos. outro fundado há dois ou três anos.
As pessoas costumam pensar que o argumento seja apenas Enumerar todos os tipos de argumentos é uma tarefa quase
uma prova de verdade ou uma razão indiscutível para comprovar a impossível, tantas são as formas de que nos valemos para fazer as
veracidade de um fato. O argumento é mais que isso: como se disse pessoas preferirem uma coisa a outra. Por isso, é importante enten-
acima, é um recurso de linguagem utilizado para levar o interlocu- der bem como eles funcionam.
tor a crer naquilo que está sendo dito, a aceitar como verdadeiro o Já vimos diversas características dos argumentos. É preciso
que está sendo transmitido. A argumentação pertence ao domínio acrescentar mais uma: o convencimento do interlocutor, o auditó-
da retórica, arte de persuadir as pessoas mediante o uso de recur- rio, que pode ser individual ou coletivo, será tanto mais fácil quanto
sos de linguagem. mais os argumentos estiverem de acordo com suas crenças, suas
Para compreender claramente o que é um argumento, é bom expectativas, seus valores. Não se pode convencer um auditório
voltar ao que diz Aristóteles, filósofo grego do século IV a.C., numa pertencente a uma dada cultura enfatizando coisas que ele abomi-
obra intitulada “Tópicos: os argumentos são úteis quando se tem de na. Será mais fácil convencê-lo valorizando coisas que ele considera
escolher entre duas ou mais coisas”. positivas. No Brasil, a publicidade da cerveja vem com frequência
Se tivermos de escolher entre uma coisa vantajosa e uma des- associada ao futebol, ao gol, à paixão nacional. Nos Estados Unidos,
vantajosa, como a saúde e a doença, não precisamos argumentar. essa associação certamente não surtiria efeito, porque lá o futebol
Suponhamos, no entanto, que tenhamos de escolher entre duas não é valorizado da mesma forma que no Brasil. O poder persuasivo
coisas igualmente vantajosas, a riqueza e a saúde. Nesse caso, pre- de um argumento está vinculado ao que é valorizado ou desvalori-
cisamos argumentar sobre qual das duas é mais desejável. O argu- zado numa dada cultura.
mento pode então ser definido como qualquer recurso que torna
uma coisa mais desejável que outra. Isso significa que ele atua no Tipos de Argumento
domínio do preferível. Ele é utilizado para fazer o interlocutor crer Já verificamos que qualquer recurso linguístico destinado a fa-
que, entre duas teses, uma é mais provável que a outra, mais pos- zer o interlocutor dar preferência à tese do enunciador é um argu-
sível que a outra, mais desejável que a outra, é preferível à outra. mento. Exemplo:
O objetivo da argumentação não é demonstrar a verdade de
um fato, mas levar o ouvinte a admitir como verdadeiro o que o Argumento de Autoridade
enunciador está propondo. É a citação, no texto, de afirmações de pessoas reconhecidas
Há uma diferença entre o raciocínio lógico e a argumentação. pelo auditório como autoridades em certo domínio do saber, para
O primeiro opera no domínio do necessário, ou seja, pretende servir de apoio àquilo que o enunciador está propondo. Esse recur-
demonstrar que uma conclusão deriva necessariamente das pre- so produz dois efeitos distintos: revela o conhecimento do produtor
missas propostas, que se deduz obrigatoriamente dos postulados do texto a respeito do assunto de que está tratando; dá ao texto a
admitidos. No raciocínio lógico, as conclusões não dependem de garantia do autor citado. É preciso, no entanto, não fazer do texto
crenças, de uma maneira de ver o mundo, mas apenas do encadea- um amontoado de citações. A citação precisa ser pertinente e ver-
mento de premissas e conclusões. dadeira. Exemplo:
Por exemplo, um raciocínio lógico é o seguinte encadeamento: “A imaginação é mais importante do que o conhecimento.”
A é igual a B. Quem disse a frase aí de cima não fui eu... Foi Einstein. Para
A é igual a C. ele, uma coisa vem antes da outra: sem imaginação, não há conhe-
Então: C é igual a A. cimento. Nunca o inverso.

Alex José Periscinoto.


In: Folha de S. Paulo, 30/8/1993, p. 5-2
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A tese defendida nesse texto é que a imaginação é mais impor- Argumento do Atributo
tante do que o conhecimento. Para levar o auditório a aderir a ela, É aquele que considera melhor o que tem propriedades típi-
o enunciador cita um dos mais célebres cientistas do mundo. Se cas daquilo que é mais valorizado socialmente, por exemplo, o mais
um físico de renome mundial disse isso, então as pessoas devem raro é melhor que o comum, o que é mais refinado é melhor que o
acreditar que é verdade. que é mais grosseiro, etc.
Por esse motivo, a publicidade usa, com muita frequência, ce-
Argumento de Quantidade lebridades recomendando prédios residenciais, produtos de beleza,
É aquele que valoriza mais o que é apreciado pelo maior nú- alimentos estéticos, etc., com base no fato de que o consumidor
mero de pessoas, o que existe em maior número, o que tem maior tende a associar o produto anunciado com atributos da celebrida-
duração, o que tem maior número de adeptos, etc. O fundamento de.
desse tipo de argumento é que mais = melhor. A publicidade faz Uma variante do argumento de atributo é o argumento da
largo uso do argumento de quantidade. competência linguística. A utilização da variante culta e formal da
língua que o produtor do texto conhece a norma linguística social-
Argumento do Consenso mente mais valorizada e, por conseguinte, deve produzir um texto
É uma variante do argumento de quantidade. Fundamenta-se em que se pode confiar. Nesse sentido é que se diz que o modo de
em afirmações que, numa determinada época, são aceitas como dizer dá confiabilidade ao que se diz.
verdadeiras e, portanto, dispensam comprovações, a menos que o Imagine-se que um médico deva falar sobre o estado de saúde
objetivo do texto seja comprovar alguma delas. Parte da ideia de de uma personalidade pública. Ele poderia fazê-lo das duas manei-
que o consenso, mesmo que equivocado, corresponde ao indiscu- ras indicadas abaixo, mas a primeira seria infinitamente mais ade-
tível, ao verdadeiro e, portanto, é melhor do que aquilo que não quada para a persuasão do que a segunda, pois esta produziria certa
desfruta dele. Em nossa época, são consensuais, por exemplo, as estranheza e não criaria uma imagem de competência do médico:
afirmações de que o meio ambiente precisa ser protegido e de que - Para aumentar a confiabilidade do diagnóstico e levando em
as condições de vida são piores nos países subdesenvolvidos. Ao conta o caráter invasivo de alguns exames, a equipe médica houve
confiar no consenso, porém, corre-se o risco de passar dos argu- por bem determinar o internamento do governador pelo período de
mentos válidos para os lugares comuns, os preconceitos e as frases três dias, a partir de hoje, 4 de fevereiro de 2001.
carentes de qualquer base científica. - Para conseguir fazer exames com mais cuidado e porque al-
guns deles são barrapesada, a gente botou o governador no hospi-
Argumento de Existência tal por três dias.
É aquele que se fundamenta no fato de que é mais fácil aceitar
aquilo que comprovadamente existe do que aquilo que é apenas Como dissemos antes, todo texto tem uma função argumen-
provável, que é apenas possível. A sabedoria popular enuncia o ar- tativa, porque ninguém fala para não ser levado a sério, para ser
gumento de existência no provérbio “Mais vale um pássaro na mão ridicularizado, para ser desmentido: em todo ato de comunicação
do que dois voando”. deseja-se influenciar alguém. Por mais neutro que pretenda ser, um
Nesse tipo de argumento, incluem-se as provas documentais texto tem sempre uma orientação argumentativa.
(fotos, estatísticas, depoimentos, gravações, etc.) ou provas concre- A orientação argumentativa é uma certa direção que o falante
tas, que tornam mais aceitável uma afirmação genérica. Durante traça para seu texto. Por exemplo, um jornalista, ao falar de um
a invasão do Iraque, por exemplo, os jornais diziam que o exérci- homem público, pode ter a intenção de criticá-lo, de ridicularizá-lo
to americano era muito mais poderoso do que o iraquiano. Essa ou, ao contrário, de mostrar sua grandeza.
afirmação, sem ser acompanhada de provas concretas, poderia ser O enunciador cria a orientação argumentativa de seu texto
vista como propagandística. No entanto, quando documentada pela dando destaque a uns fatos e não a outros, omitindo certos episó-
comparação do número de canhões, de carros de combate, de na- dios e revelando outros, escolhendo determinadas palavras e não
vios, etc., ganhava credibilidade. outras, etc. Veja:

Argumento quase lógico “O clima da festa era tão pacífico que até sogras e noras troca-
É aquele que opera com base nas relações lógicas, como causa vam abraços afetuosos.”
e efeito, analogia, implicação, identidade, etc. Esses raciocínios são O enunciador aí pretende ressaltar a ideia geral de que noras
chamados quase lógicos porque, diversamente dos raciocínios lógi- e sogras não se toleram. Não fosse assim, não teria escolhido esse
cos, eles não pretendem estabelecer relações necessárias entre os fato para ilustrar o clima da festa nem teria utilizado o termo até,
elementos, mas sim instituir relações prováveis, possíveis, plausí- que serve para incluir no argumento alguma coisa inesperada.
veis. Por exemplo, quando se diz “A é igual a B”, “B é igual a C”, “en- Além dos defeitos de argumentação mencionados quando tra-
tão A é igual a C”, estabelece-se uma relação de identidade lógica. tamos de alguns tipos de argumentação, vamos citar outros:
Entretanto, quando se afirma “Amigo de amigo meu é meu amigo” - Uso sem delimitação adequada de palavra de sentido tão am-
não se institui uma identidade lógica, mas uma identidade provável. plo, que serve de argumento para um ponto de vista e seu contrá-
Um texto coerente do ponto de vista lógico é mais facilmente rio. São noções confusas, como paz, que, paradoxalmente, pode ser
aceito do que um texto incoerente. Vários são os defeitos que con- usada pelo agressor e pelo agredido. Essas palavras podem ter valor
correm para desqualificar o texto do ponto de vista lógico: fugir do positivo (paz, justiça, honestidade, democracia) ou vir carregadas
tema proposto, cair em contradição, tirar conclusões que não se de valor negativo (autoritarismo, degradação do meio ambiente,
fundamentam nos dados apresentados, ilustrar afirmações gerais injustiça, corrupção).
com fatos inadequados, narrar um fato e dele extrair generalizações
indevidas.
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- Uso de afirmações tão amplas, que podem ser derrubadas zes, a análise de argumentos opostos, antagônicos. Como sempre,
por um único contra exemplo. Quando se diz “Todos os políticos são essa capacidade aprende-se com a prática. Um bom exercício para
ladrões”, basta um único exemplo de político honesto para destruir aprender a argumentar e contra-argumentar consiste em desenvol-
o argumento. ver as seguintes habilidades:
- Emprego de noções científicas sem nenhum rigor, fora do con- - argumentação: anotar todos os argumentos a favor de uma
texto adequado, sem o significado apropriado, vulgarizando-as e ideia ou fato; imaginar um interlocutor que adote a posição total-
atribuindo-lhes uma significação subjetiva e grosseira. É o caso, por mente contrária;
exemplo, da frase “O imperialismo de certas indústrias não permite - contra-argumentação: imaginar um diálogo-debate e quais os
que outras crescam”, em que o termo imperialismo é descabido, argumentos que essa pessoa imaginária possivelmente apresenta-
uma vez que, a rigor, significa “ação de um Estado visando a reduzir ria contra a argumentação proposta;
outros à sua dependência política e econômica”. - refutação: argumentos e razões contra a argumentação opos-
A boa argumentação é aquela que está de acordo com a situa- ta.
ção concreta do texto, que leva em conta os componentes envolvi-
dos na discussão (o tipo de pessoa a quem se dirige a comunicação, A argumentação tem a finalidade de persuadir, portanto, ar-
o assunto, etc). gumentar consiste em estabelecer relações para tirar conclusões
Convém ainda alertar que não se convence ninguém com mani- válidas, como se procede no método dialético. O método dialético
festações de sinceridade do autor (como eu, que não costumo men- não envolve apenas questões ideológicas, geradoras de polêmicas.
tir...) ou com declarações de certeza expressas em fórmulas feitas Trata-se de um método de investigação da realidade pelo estudo de
(como estou certo, creio firmemente, é claro, é óbvio, é evidente, sua ação recíproca, da contradição inerente ao fenômeno em ques-
afirmo com toda a certeza, etc). Em vez de prometer, em seu texto, tão e da mudança dialética que ocorre na natureza e na sociedade.
sinceridade e certeza, autenticidade e verdade, o enunciador deve Descartes (1596-1650), filósofo e pensador francês, criou o mé-
construir um texto que revele isso. Em outros termos, essas quali- todo de raciocínio silogístico, baseado na dedução, que parte do
dades não se prometem, manifestam-se na ação. simples para o complexo. Para ele, verdade e evidência são a mes-
A argumentação é a exploração de recursos para fazer parecer ma coisa, e pelo raciocínio torna-se possível chegar a conclusões
verdadeiro aquilo que se diz num texto e, com isso, levar a pessoa a verdadeiras, desde que o assunto seja pesquisado em partes, co-
que texto é endereçado a crer naquilo que ele diz. meçando-se pelas proposições mais simples até alcançar, por meio
Um texto dissertativo tem um assunto ou tema e expressa um de deduções, a conclusão final. Para a linha de raciocínio cartesiana,
ponto de vista, acompanhado de certa fundamentação, que inclui é fundamental determinar o problema, dividi-lo em partes, ordenar
a argumentação, questionamento, com o objetivo de persuadir. Ar- os conceitos, simplificando-os, enumerar todos os seus elementos
gumentar é o processo pelo qual se estabelecem relações para che- e determinar o lugar de cada um no conjunto da dedução.
gar à conclusão, com base em premissas. Persuadir é um processo A lógica cartesiana, até os nossos dias, é fundamental para a
de convencimento, por meio da argumentação, no qual procura-se argumentação dos trabalhos acadêmicos. Descartes propôs quatro
convencer os outros, de modo a influenciar seu pensamento e seu regras básicas que constituem um conjunto de reflexos vitais, uma
comportamento. série de movimentos sucessivos e contínuos do espírito em busca
A persuasão pode ser válida e não válida. Na persuasão váli- da verdade:
da, expõem-se com clareza os fundamentos de uma ideia ou pro- - evidência;
posição, e o interlocutor pode questionar cada passo do raciocínio - divisão ou análise;
empregado na argumentação. A persuasão não válida apoia-se em - ordem ou dedução;
argumentos subjetivos, apelos subliminares, chantagens sentimen- - enumeração.
tais, com o emprego de “apelações”, como a inflexão de voz, a mí-
mica e até o choro. A enumeração pode apresentar dois tipos de falhas: a omissão
Alguns autores classificam a dissertação em duas modalidades, e a incompreensão. Qualquer erro na enumeração pode quebrar o
expositiva e argumentativa. Esta, exige argumentação, razões a fa- encadeamento das ideias, indispensável para o processo dedutivo.
vor e contra uma ideia, ao passo que a outra é informativa, apresen- A forma de argumentação mais empregada na redação acadê-
ta dados sem a intenção de convencer. Na verdade, a escolha dos mica é o silogismo, raciocínio baseado nas regras cartesianas, que
dados levantados, a maneira de expô-los no texto já revelam uma contém três proposições: duas premissas, maior e menor, e a con-
“tomada de posição”, a adoção de um ponto de vista na disserta- clusão. As três proposições são encadeadas de tal forma, que a con-
ção, ainda que sem a apresentação explícita de argumentos. Desse clusão é deduzida da maior por intermédio da menor. A premissa
ponto de vista, a dissertação pode ser definida como discussão, de- maior deve ser universal, emprega todo, nenhum, pois alguns não
bate, questionamento, o que implica a liberdade de pensamento, a caracteriza a universalidade. Há dois métodos fundamentais de ra-
possibilidade de discordar ou concordar parcialmente. A liberdade ciocínio: a dedução (silogística), que parte do geral para o particular,
de questionar é fundamental, mas não é suficiente para organizar e a indução, que vai do particular para o geral. A expressão formal
um texto dissertativo. É necessária também a exposição dos fun- do método dedutivo é o silogismo. A dedução é o caminho das con-
damentos, os motivos, os porquês da defesa de um ponto de vista. sequências, baseia-se em uma conexão descendente (do geral para
Pode-se dizer que o homem vive em permanente atitude argu- o particular) que leva à conclusão. Segundo esse método, partin-
mentativa. A argumentação está presente em qualquer tipo de dis- do-se de teorias gerais, de verdades universais, pode-se chegar à
curso, porém, é no texto dissertativo que ela melhor se evidencia. previsão ou determinação de fenômenos particulares. O percurso
Para discutir um tema, para confrontar argumentos e posições, do raciocínio vai da causa para o efeito. Exemplo:
é necessária a capacidade de conhecer outros pontos de vista e Todo homem é mortal (premissa maior = geral, universal)
seus respectivos argumentos. Uma discussão impõe, muitas ve- Fulano é homem (premissa menor = particular)
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Logo, Fulano é mortal (conclusão) Análise e síntese são dois processos opostos, mas interligados;
a análise parte do todo para as partes, a síntese, das partes para o
A indução percorre o caminho inverso ao da dedução, baseia- todo. A análise precede a síntese, porém, de certo modo, uma de-
se em uma conexão ascendente, do particular para o geral. Nesse pende da outra. A análise decompõe o todo em partes, enquanto a
caso, as constatações particulares levam às leis gerais, ou seja, par- síntese recompõe o todo pela reunião das partes. Sabe-se, porém,
te de fatos particulares conhecidos para os fatos gerais, desconheci- que o todo não é uma simples justaposição das partes. Se alguém
dos. O percurso do raciocínio se faz do efeito para a causa. Exemplo: reunisse todas as peças de um relógio, não significa que reconstruiu
O calor dilata o ferro (particular) o relógio, pois fez apenas um amontoado de partes. Só reconstruiria
O calor dilata o bronze (particular) todo se as partes estivessem organizadas, devidamente combina-
O calor dilata o cobre (particular) das, seguida uma ordem de relações necessárias, funcionais, então,
O ferro, o bronze, o cobre são metais o relógio estaria reconstruído.
Logo, o calor dilata metais (geral, universal) Síntese, portanto, é o processo de reconstrução do todo por
Quanto a seus aspectos formais, o silogismo pode ser válido meio da integração das partes, reunidas e relacionadas num con-
e verdadeiro; a conclusão será verdadeira se as duas premissas junto. Toda síntese, por ser uma reconstrução, pressupõe a análise,
também o forem. Se há erro ou equívoco na apreciação dos fatos, que é a decomposição. A análise, no entanto, exige uma decompo-
pode-se partir de premissas verdadeiras para chegar a uma conclu- sição organizada, é preciso saber como dividir o todo em partes. As
são falsa. Tem-se, desse modo, o sofisma. Uma definição inexata, operações que se realizam na análise e na síntese podem ser assim
uma divisão incompleta, a ignorância da causa, a falsa analogia são relacionadas:
algumas causas do sofisma. O sofisma pressupõe má fé, intenção
deliberada de enganar ou levar ao erro; quando o sofisma não tem Análise: penetrar, decompor, separar, dividir.
essas intenções propositais, costuma-se chamar esse processo de Síntese: integrar, recompor, juntar, reunir.
argumentação de paralogismo. Encontra-se um exemplo simples
de sofisma no seguinte diálogo: A análise tem importância vital no processo de coleta de ideias
- Você concorda que possui uma coisa que não perdeu? a respeito do tema proposto, de seu desdobramento e da criação
- Lógico, concordo. de abordagens possíveis. A síntese também é importante na esco-
- Você perdeu um brilhante de 40 quilates? lha dos elementos que farão parte do texto.
- Claro que não!
- Então você possui um brilhante de 40 quilates... Segundo Garcia (1973, p.300), a análise pode ser formal ou in-
formal. A análise formal pode ser científica ou experimental; é ca-
Exemplos de sofismas: racterística das ciências matemáticas, físico-naturais e experimen-
tais. A análise informal é racional ou total, consiste em “discernir”
Dedução por vários atos distintos da atenção os elementos constitutivos de
Todo professor tem um diploma (geral, universal) um todo, os diferentes caracteres de um objeto ou fenômeno.
Fulano tem um diploma (particular) A análise decompõe o todo em partes, a classificação estabe-
Logo, fulano é professor (geral – conclusão falsa) lece as necessárias relações de dependência e hierarquia entre as
partes. Análise e classificação ligam-se intimamente, a ponto de se
Indução confundir uma com a outra, contudo são procedimentos diversos:
O Rio de Janeiro tem uma estátua do Cristo Redentor. (particu- análise é decomposição e classificação é hierarquisação.
lar) Taubaté (SP) tem uma estátua do Cristo Redentor. (particular) Nas ciências naturais, classificam-se os seres, fatos e fenôme-
Rio de Janeiro e Taubaté são cidades. nos por suas diferenças e semelhanças; fora das ciências naturais, a
Logo, toda cidade tem uma estátua do Cristo Redentor. (geral classificação pode-se efetuar por meio de um processo mais ou me-
– conclusão falsa) nos arbitrário, em que os caracteres comuns e diferenciadores são
empregados de modo mais ou menos convencional. A classificação,
Nota-se que as premissas são verdadeiras, mas a conclusão no reino animal, em ramos, classes, ordens, subordens, gêneros e
pode ser falsa. Nem todas as pessoas que têm diploma são pro- espécies, é um exemplo de classificação natural, pelas caracterís-
fessores; nem todas as cidades têm uma estátua do Cristo Reden- ticas comuns e diferenciadoras. A classificação dos variados itens
tor. Comete-se erro quando se faz generalizações apressadas ou integrantes de uma lista mais ou menos caótica é artificial.
infundadas. A “simples inspeção” é a ausência de análise ou análise Exemplo: aquecedor, automóvel, barbeador, batata, caminhão,
superficial dos fatos, que leva a pronunciamentos subjetivos, base- canário, jipe, leite, ônibus, pão, pardal, pintassilgo, queijo, relógio,
ados nos sentimentos não ditados pela razão. sabiá, torradeira.
Tem-se, ainda, outros métodos, subsidiários ou não fundamen-
tais, que contribuem para a descoberta ou comprovação da verda- Aves: Canário, Pardal, Pintassilgo, Sabiá.
de: análise, síntese, classificação e definição. Além desses, existem Alimentos: Batata, Leite, Pão, Queijo.
outros métodos particulares de algumas ciências, que adaptam os Mecanismos: Aquecedor, Barbeador, Relógio, Torradeira.
processos de dedução e indução à natureza de uma realidade par- Veículos: Automóvel, Caminhão, Jipe, Ônibus.
ticular. Pode-se afirmar que cada ciência tem seu método próprio
demonstrativo, comparativo, histórico etc. A análise, a síntese, a Os elementos desta lista foram classificados por ordem alfabé-
classificação a definição são chamadas métodos sistemáticos, por- tica e pelas afinidades comuns entre eles. Estabelecer critérios de
que pela organização e ordenação das ideias visam sistematizar a classificação das ideias e argumentos, pela ordem de importância, é
pesquisa. uma habilidade indispensável para elaborar o desenvolvimento de
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uma redação. Tanto faz que a ordem seja crescente, do fato mais - deve ser breve (contida num só período). Quando a definição,
importante para o menos importante, ou decrescente, primeiro ou o que se pretenda como tal, é muito longa (séries de períodos ou
o menos importante e, no final, o impacto do mais importante; é de parágrafos), chama-se explicação, e também definição expan-
indispensável que haja uma lógica na classificação. A elaboração dida;d
do plano compreende a classificação das partes e subdivisões, ou - deve ter uma estrutura gramatical rígida: sujeito (o termo) +
seja, os elementos do plano devem obedecer a uma hierarquização. cópula (verbo de ligação ser) + predicativo (o gênero) + adjuntos (as
(Garcia, 1973, p. 302304.) diferenças).
Para a clareza da dissertação, é indispensável que, logo na in-
trodução, os termos e conceitos sejam definidos, pois, para expres- As definições dos dicionários de língua são feitas por meio de
sar um questionamento, deve-se, de antemão, expor clara e racio- paráfrases definitórias, ou seja, uma operação metalinguística que
nalmente as posições assumidas e os argumentos que as justificam. consiste em estabelecer uma relação de equivalência entre a pala-
É muito importante deixar claro o campo da discussão e a posição vra e seus significados.
adotada, isto é, esclarecer não só o assunto, mas também os pontos A força do texto dissertativo está em sua fundamentação. Sem-
de vista sobre ele. pre é fundamental procurar um porquê, uma razão verdadeira e
A definição tem por objetivo a exatidão no emprego da lingua- necessária. A verdade de um ponto de vista deve ser demonstrada
gem e consiste na enumeração das qualidades próprias de uma com argumentos válidos. O ponto de vista mais lógico e racional do
ideia, palavra ou objeto. Definir é classificar o elemento conforme a mundo não tem valor, se não estiver acompanhado de uma funda-
espécie a que pertence, demonstra: a característica que o diferen- mentação coerente e adequada.
cia dos outros elementos dessa mesma espécie.
Entre os vários processos de exposição de ideias, a definição Os métodos fundamentais de raciocínio segundo a lógica clás-
é um dos mais importantes, sobretudo no âmbito das ciências. A sica, que foram abordados anteriormente, auxiliam o julgamento
definição científica ou didática é denotativa, ou seja, atribui às pa- da validade dos fatos. Às vezes, a argumentação é clara e pode reco-
lavras seu sentido usual ou consensual, enquanto a conotativa ou nhecer-se facilmente seus elementos e suas relações; outras vezes,
metafórica emprega palavras de sentido figurado. Segundo a lógica as premissas e as conclusões organizam-se de modo livre, mistu-
tradicional aristotélica, a definição consta de três elementos: rando-se na estrutura do argumento. Por isso, é preciso aprender a
- o termo a ser definido; reconhecer os elementos que constituem um argumento: premis-
- o gênero ou espécie; sas/conclusões. Depois de reconhecer, verificar se tais elementos
- a diferença específica. são verdadeiros ou falsos; em seguida, avaliar se o argumento está
expresso corretamente; se há coerência e adequação entre seus
O que distingue o termo definido de outros elementos da mes- elementos, ou se há contradição. Para isso é que se aprende os pro-
ma espécie. Exemplo: cessos de raciocínio por dedução e por indução. Admitindo-se que
Na frase: O homem é um animal racional classifica-se: raciocinar é relacionar, conclui-se que o argumento é um tipo espe-
cífico de relação entre as premissas e a conclusão.
Procedimentos Argumentativos: Constituem os procedimen-
tos argumentativos mais empregados para comprovar uma afirma-
ção: exemplificação, explicitação, enumeração, comparação.
Elemento especie diferença
a ser definido específica Exemplificação: Procura justificar os pontos de vista por meio
É muito comum formular definições de maneira defeituosa, de exemplos, hierarquizar afirmações. São expressões comuns nes-
por exemplo: Análise é quando a gente decompõe o todo em par- se tipo de procedimento: mais importante que, superior a, de maior
tes. Esse tipo de definição é gramaticalmente incorreto; quando é relevância que. Empregam-se também dados estatísticos, acompa-
advérbio de tempo, não representa o gênero, a espécie, a gente é nhados de expressões: considerando os dados; conforme os dados
forma coloquial não adequada à redação acadêmica. Tão importan- apresentados. Faz-se a exemplificação, ainda, pela apresentação de
te é saber formular uma definição, que se recorre a Garcia (1973, causas e consequências, usando-se comumente as expressões: por-
p.306), para determinar os “requisitos da definição denotativa”. que, porquanto, pois que, uma vez que, visto que, por causa de, em
Para ser exata, a definição deve apresentar os seguintes requisitos: virtude de, em vista de, por motivo de.
- o termo deve realmente pertencer ao gênero ou classe em Explicitação: O objetivo desse recurso argumentativo é expli-
que está incluído: “mesa é um móvel” (classe em que ‘mesa’ está car ou esclarecer os pontos de vista apresentados. Pode-se alcançar
realmente incluída) e não “mesa é um instrumento ou ferramenta esse objetivo pela definição, pelo testemunho e pela interpreta-
ou instalação”; ção. Na explicitação por definição, empregam-se expressões como:
- o gênero deve ser suficientemente amplo para incluir todos quer dizer, denomina-se, chama-se, na verdade, isto é, haja vista,
os exemplos específicos da coisa definida, e suficientemente restrito ou melhor; nos testemunhos são comuns as expressões: conforme,
para que a diferença possa ser percebida sem dificuldade; segundo, na opinião de, no parecer de, consoante as ideias de, no
- deve ser obrigatoriamente afirmativa: não há, em verdade, entender de, no pensamento de. A explicitação se faz também pela
definição, quando se diz que o “triângulo não é um prisma”; interpretação, em que são comuns as seguintes expressões: parece,
- deve ser recíproca: “O homem é um ser vivo” não constitui assim, desse ponto de vista.
definição exata, porque a recíproca, “Todo ser vivo é um homem” Enumeração: Faz-se pela apresentação de uma sequência de
não é verdadeira (o gato é ser vivo e não é homem); elementos que comprovam uma opinião, tais como a enumeração
de pormenores, de fatos, em uma sequência de tempo, em que são
frequentes as expressões: primeiro, segundo, por último, antes, de-
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pois, ainda, em seguida, então, presentemente, antigamente, de- Desqualificação do argumento: atribui-se o argumento à opi-
pois de, antes de, atualmente, hoje, no passado, sucessivamente, nião pessoal subjetiva do enunciador, restringindo-se a universali-
respectivamente. Na enumeração de fatos em uma sequência de dade da afirmação;
espaço, empregam-se as seguintes expressões: cá, lá, acolá, ali, aí, Ataque ao argumento pelo testemunho de autoridade: con-
além, adiante, perto de, ao redor de, no Estado tal, na capital, no siste em refutar um argumento empregando os testemunhos de
interior, nas grandes cidades, no sul, no leste... autoridade que contrariam a afirmação apresentada;
Comparação: Analogia e contraste são as duas maneiras de Desqualificar dados concretos apresentados: consiste em de-
se estabelecer a comparação, com a finalidade de comprovar uma sautorizar dados reais, demonstrando que o enunciador baseou-se
ideia ou opinião. Na analogia, são comuns as expressões: da mesma em dados corretos, mas tirou conclusões falsas ou inconsequentes.
forma, tal como, tanto quanto, assim como, igualmente. Para esta- Por exemplo, se na argumentação afirmou-se, por meio de dados
belecer contraste, empregam-se as expressões: mais que, menos estatísticos, que “o controle demográfico produz o desenvolvimen-
que, melhor que, pior que. to”, afirma-se que a conclusão é inconsequente, pois baseia-se em
Entre outros tipos de argumentos empregados para aumentar uma relação de causa-feito difícil de ser comprovada. Para contraar-
o poder de persuasão de um texto dissertativo encontram-se: gumentar, propõese uma relação inversa: “o desenvolvimento é que
Argumento de autoridade: O saber notório de uma autoridade gera o controle demográfico”.
reconhecida em certa área do conhecimento dá apoio a uma afir-
mação. Dessa maneira, procura-se trazer para o enunciado a credi- Apresentam-se aqui sugestões, um dos roteiros possíveis para
bilidade da autoridade citada. Lembre-se que as citações literais no desenvolver um tema, que podem ser analisadas e adaptadas ao
corpo de um texto constituem argumentos de autoridade. Ao fazer desenvolvimento de outros temas. Elege-se um tema, e, em segui-
uma citação, o enunciador situa os enunciados nela contidos na li- da, sugerem-se os procedimentos que devem ser adotados para a
nha de raciocínio que ele considera mais adequada para explicar ou elaboração de um Plano de Redação.
justificar um fato ou fenômeno. Esse tipo de argumento tem mais
caráter confirmatório que comprobatório. Tema: O homem e a máquina: necessidade e riscos da evolução
Apoio na consensualidade: Certas afirmações dispensam expli- tecnológica
cação ou comprovação, pois seu conteúdo é aceito como válido por - Questionar o tema, transformá-lo em interrogação, responder
consenso, pelo menos em determinado espaço sociocultural. Nesse a interrogação (assumir um ponto de vista); dar o porquê da respos-
caso, incluem-se ta, justificar, criando um argumento básico;
- A declaração que expressa uma verdade universal (o homem, - Imaginar um ponto de vista oposto ao argumento básico e
mortal, aspira à imortalidade); construir uma contra-argumentação; pensar a forma de refutação
- A declaração que é evidente por si mesma (caso dos postula- que poderia ser feita ao argumento básico e tentar desqualificá-la
dos e axiomas); (rever tipos de argumentação);
- Quando escapam ao domínio intelectual, ou seja, é de nature- - Refletir sobre o contexto, ou seja, fazer uma coleta de ideias
za subjetiva ou sentimental (o amor tem razões que a própria razão que estejam direta ou indiretamente ligadas ao tema (as ideias po-
desconhece); implica apreciação de ordem estética (gosto não se dem ser listadas livremente ou organizadas como causa e consequ-
discute); diz respeito a fé religiosa, aos dogmas (creio, ainda que ência);
parece absurdo). - Analisar as ideias anotadas, sua relação com o tema e com o
argumento básico;
Comprovação pela experiência ou observação: A verdade de - Fazer uma seleção das ideias pertinentes, escolhendo as que
um fato ou afirmação pode ser comprovada por meio de dados con- poderão ser aproveitadas no texto; essas ideias transformam-se em
cretos, estatísticos ou documentais. argumentos auxiliares, que explicam e corroboram a ideia do argu-
Comprovação pela fundamentação lógica: A comprovação se mento básico;
realiza por meio de argumentos racionais, baseados na lógica: cau- - Fazer um esboço do Plano de Redação, organizando uma se-
sa/efeito; consequência/causa; condição/ocorrência. quência na apresentação das ideias selecionadas, obedecendo às
partes principais da estrutura do texto, que poderia ser mais ou
Fatos não se discutem; discutem-se opiniões. As declarações, menos a seguinte:
julgamento, pronunciamentos, apreciações que expressam opini- Introdução
ões pessoais (não subjetivas) devem ter sua validade comprovada, - função social da ciência e da tecnologia;
e só os fatos provam. Em resumo toda afirmação ou juízo que ex- - definições de ciência e tecnologia;
presse uma opinião pessoal só terá validade se fundamentada na - indivíduo e sociedade perante o avanço tecnológico.
evidência dos fatos, ou seja, se acompanhada de provas, validade
dos argumentos, porém, pode ser contestada por meio da contra- Desenvolvimento
-argumentação ou refutação. São vários os processos de contra-ar- - apresentação de aspectos positivos e negativos do desenvol-
gumentação: vimento tecnológico;
- como o desenvolvimento científico-tecnológico modificou as
Refutação pelo absurdo: refuta-se uma afirmação demons- condições de vida no mundo atual;
trando o absurdo da consequência. Exemplo clássico é a contraar- - a tecnocracia: oposição entre uma sociedade tecnologica-
gumentação do cordeiro, na conhecida fábula “O lobo e o cordeiro”; mente desenvolvida e a dependência tecnológica dos países sub-
Refutação por exclusão: consiste em propor várias hipóteses desenvolvidos;
para eliminá-las, apresentando-se, então, aquela que se julga ver- - enumerar e discutir os fatores de desenvolvimento social;
dadeira;
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- comparar a vida de hoje com os diversos tipos de vida do pas- to. Essa informação está pressuposta. Ninguém se torna algo que
sado; apontar semelhanças e diferenças; já era antes. Seria muito estranho dizer que a palmeira tornou-se
- analisar as condições atuais de vida nos grandes centros ur- um vegetal.
banos;
- como se poderia usar a ciência e a tecnologia para humanizar “Eu ainda não conheço a Europa.”
mais a sociedade. A informação explícita é que o enunciador não tem conheci-
mento do continente europeu. O advérbio ainda deixa pressuposta
Conclusão a possibilidade de ele um dia conhecê-la.
- a tecnologia pode libertar ou escravizar: benefícios/consequ- As informações explícitas podem ser questionadas pelo recep-
ências maléficas; tor, que pode ou não concordar com elas. Os pressupostos, porém,
- síntese interpretativa dos argumentos e contra-argumentos devem ser verdadeiros ou, pelo menos, admitidos como tais, por-
apresentados. que esta é uma condição para garantir a continuidade do diálogo
e também para fornecer fundamento às afirmações explícitas. Isso
Naturalmente esse não é o único, nem o melhor plano de reda- significa que, se o pressuposto é falso, a informação explícita não
ção: é um dos possíveis. tem cabimento. Assim, por exemplo, se Maria não falta nunca a
aula nenhuma, não tem o menor sentido dizer “Até Maria compa-
Texto: receu à aula de hoje”. Até estabelece o pressuposto da inclusão de
“Neto ainda está longe de se igualar a qualquer um desses cra- um elemento inesperado.
ques (Rivelino, Ademir da Guia, Pedro Rocha e Pelé), mas ainda tem Na leitura, é muito importante detectar os pressupostos, pois
um longo caminho a trilhar (...).” eles são um recurso argumentativo que visa a levar o receptor a
Veja São Paulo, 26/12/1990, p. 15. aceitar a orientação argumentativa do emissor. Ao introduzir uma
ideia sob a forma de pressuposto, o enunciador pretende transfor-
Esse texto diz explicitamente que: mar seu interlocutor em cúmplice, pois a ideia implícita não é posta
- Rivelino, Ademir da Guia, Pedro Rocha e Pelé são craques; em discussão, e todos os argumentos explícitos só contribuem para
- Neto não tem o mesmo nível desses craques; confirmála. O pressusposto aprisiona o receptor no sistema de pen-
- Neto tem muito tempo de carreira pela frente. samento montado pelo enunciador.
O texto deixa implícito que: A demonstração disso pode ser feita com as “verdades incon-
- Existe a possibilidade de Neto um dia aproximar-se dos cra- testáveis” que estão na base de muitos discursos políticos, como o
ques citados; que segue:
- Esses craques são referência de alto nível em sua especialida- “Quando o curso do rio São Francisco for mudado, será resolvi-
de esportiva; do o problema da seca no Nordeste.”
- Há uma oposição entre Neto e esses craques no que diz res-
peito ao tempo disponível para evoluir. O enunciador estabelece o pressuposto de que é certa a mu-
Todos os textos transmitem explicitamente certas informações, dança do curso do São Francisco e, por consequência, a solução do
enquanto deixam outras implícitas. Por exemplo, o texto acima não problema da seca no Nordeste. O diálogo não teria continuidade se
explicita que existe a possibilidade de Neto se equiparar aos qua- um interlocutor não admitisse ou colocasse sob suspeita essa cer-
tro futebolistas, mas a inclusão do advérbio ainda estabelece esse teza. Em outros termos, haveria quebra da continuidade do diálogo
implícito. Não diz também com explicitude que há oposição entre se alguém interviesse com uma pergunta deste tipo:
Neto e os outros jogadores, sob o ponto de vista de contar com “Mas quem disse que é certa a mudança do curso do rio?”
tempo para evoluir. A escolha do conector “mas” entre a segunda e
a primeira oração só é possível levando em conta esse dado implíci- A aceitação do pressuposto estabelecido pelo emissor permite
to. Como se vê, há mais significados num texto do que aqueles que levar adiante o debate; sua negação compromete o diálogo, uma
aparecem explícitos na sua superfície. Leitura proficiente é aquela vez que destrói a base sobre a qual se constrói a argumentação, e
capaz de depreender tanto um tipo de significado quanto o outro, daí nenhum argumento tem mais importância ou razão de ser. Com
o que, em outras palavras, significa ler nas entrelinhas. Sem essa pressupostos distintos, o diálogo não é possível ou não tem sentido.
habilidade, o leitor passará por cima de significados importantes A mesma pergunta, feita para pessoas diferentes, pode ser em-
ou, o que é bem pior, concordará com ideias e pontos de vista que baraçosa ou não, dependendo do que está pressuposto em cada
rejeitaria se os percebesse. situação. Para alguém que não faz segredo sobre a mudança de
Os significados implícitos costumam ser classificados em duas emprego, não causa o menor embaraço uma pergunta como esta:
categorias: os pressupostos e os subentendidos. “Como vai você no seu novo emprego?”
Pressupostos: são ideias implícitas que estão implicadas logica-
mente no sentido de certas palavras ou expressões explicitadas na O efeito da mesma pergunta seria catastrófico se ela se diri-
superfície da frase. Exemplo: gisse a uma pessoa que conseguiu um segundo emprego e quer
“André tornou-se um antitabagista convicto.” manter sigilo até decidir se abandona o anterior. O adjetivo novo
estabelece o pressuposto de que o interrogado tem um emprego
A informação explícita é que hoje André é um antitabagista diferente do anterior.
convicto. Do sentido do verbo tornar-se, que significa “vir a ser”, Marcadores de Pressupostos
decorre logicamente que antes André não era antitabagista convic- - Adjetivos ou palavras similares modificadoras do substantivo
Julinha foi minha primeira filha.

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“Primeira” pressupõe que tenho outras filhas e que as outras lidade do receptor. O emissor pode esconder-se atrás do sentido
nasceram depois de Julinha. literal das palavras e negar que tenha dito o que o receptor depre-
Destruíram a outra igreja do povoado. endeu de suas palavras. Assim, no exemplo dado acima, se o dono
“Outra” pressupõe a existência de pelo menos uma igreja além da casa disser que é muito pouco higiênico fechar todas as janelas,
da usada como referência. o visitante pode dizer que também acha e que apenas constatou a
intensidade do frio.
- Certos verbos O subentendido serve, muitas vezes, para o emissor proteger-
Renato continua doente. se, para transmitir a informação que deseja dar a conhecer sem se
O verbo “continua” indica que Renato já estava doente no mo- comprometer. Imaginemos, por exemplo, que um funcionário re-
mento anterior ao presente. cémpromovido numa empresa ouvisse de um colega o seguinte:

Nossos dicionários já aportuguesaram a palavrea copydesk. “Competência e mérito continuam não valendo nada como cri-
O verbo “aportuguesar” estabelece o pressuposto de que copi- tério de promoção nesta empresa...”
desque não existia em português.
Esse comentário talvez suscitasse esta suspeita:
- Certos advérbios
A produção automobilística brasileira está totalmente nas “Você está querendo dizer que eu não merecia a promoção?”
mãos das multinacionais.
O advérbio totalmente pressupõe que não há no Brasil indús- Ora, o funcionário preterido, tendo recorrido a um subentendi-
tria automobilística nacional. do, poderia responder:
“Absolutamente! Estou falando em termos gerais.”
- Você conferiu o resultado da loteria?
- Hoje não.
A negação precedida de um advérbio de tempo de âmbito limi- O PARÁGRAFO; A INFORMATIVIDADE E O SENSO COMUM;
tado estabelece o pressuposto de que apenas nesse intervalo (hoje) FORMAS DE DESENVOLVIMENTO DO TEXTO DISSERTATI-
é que o interrogado não praticou o ato de conferir o resultado da VO-ARGUMENTATIVO; A INTRODUÇÃO; E A CONCLUSÃO
loteria.

- Orações adjetivas Uma boa redação é dividida em ideias relacionadas entre si


Os brasileiros, que não se importam com a coletividade, só se ajustadas a uma ideia central que norteia todo o pensamento do
preocupam com seu bemestar e, por isso, jogam lixo na rua, fecham texto. Um dos maiores problemas nas redações é estruturar as
os cruzamentos, etc. ideias para fazer com que o leitor entenda o que foi dito no texto.
O pressuposto é que “todos” os brasileiros não se importam Fazer uma estrutura no texto para poder guiar o seu pensamento
com a coletividade. e o do leitor.
Os brasileiros que não se importam com a coletividade só se Parágrafo
preocupam com seu bemestar e, por isso, jogam lixo na rua, fecham O parágrafo organizado em torno de uma ideia-núcleo, que é
os cruzamentos, etc. desenvolvida por ideias secundárias. O parágrafo pode ser forma-
Nesse caso, o pressuposto é outro: “alguns” brasileiros não se do por uma ou mais frases, sendo seu tamanho variável. No texto
importam com a coletividade. dissertativo-argumentativo, os parágrafos devem estar todos rela-
cionados com a tese ou ideia principal do texto, geralmente apre-
No primeiro caso, a oração é explicativa; no segundo, é restriti- sentada na introdução.
va. As explicativas pressupõem que o que elas expressam se refere à
totalidade dos elementos de um conjunto; as restritivas, que o que Embora existam diferentes formas de organização de parágra-
elas dizem concerne apenas a parte dos elementos de um conjun- fos, os textos dissertativo-argumentativos e alguns gêneros jornalís-
to. O produtor do texto escreverá uma restritiva ou uma explicativa ticos apresentam uma estrutura-padrão. Essa estrutura consiste em
segundo o pressuposto que quiser comunicar. três partes: a ideia-núcleo, as ideias secundárias (que desenvolvem
a ideia-núcleo) e a conclusão (que reafirma a ideia-básica). Em
Subentendidos: são insinuações contidas em uma frase ou um parágrafos curtos, é raro haver conclusão.
grupo de frases. Suponhamos que uma pessoa estivesse em visita
à casa de outra num dia de frio glacial e que uma janela, por onde Introdução: faz uma rápida apresentação do assunto e já traz
entravam rajadas de vento, estivesse aberta. Se o visitante dissesse uma ideia da sua posição no texto, é normalmente aqui que você
“Que frio terrível”, poderia estar insinuando que a janela deveria irá identificar qual o problema do texto, o porque ele está sendo
ser fechada. escrito. Normalmente o tema e o problema são dados pela própria
Há uma diferença capital entre o pressuposto e o subentendi- prova.
do. O primeiro é uma informação estabelecida como indiscutível
tanto para o emissor quanto para o receptor, uma vez que decorre
necessariamente do sentido de algum elemento linguístico coloca-
do na frase. Ele pode ser negado, mas o emissor coloca o implici-
tamente para que não o seja. Já o subentendido é de responsabi-
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Desenvolvimento: elabora melhor o tema com argumentos e DECRETA:


ideias que apoiem o seu posicionamento sobre o assunto. É possível
usar argumentos de várias formas, desde dados estatísticos até Art. 1oO Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, entre os
citações de pessoas que tenham autoridade no assunto. Governos da República de Angola, da República Federativa do Bra-
sil, da República de Cabo Verde, da República de Guiné-Bissau, da
Conclusão: faz uma retomada breve de tudo que foi abordado República de Moçambique, da República Portuguesa e da República
e conclui o texto. Esta última parte pode ser feita de várias maneiras Democrática de São Tomé e Príncipe, de 16 de dezembro de 1990,
diferentes, é possível deixar o assunto ainda aberto criando uma apenso por cópia ao presente Decreto, será executado e cumprido
pergunta reflexiva, ou concluir o assunto com as suas próprias tão inteiramente como nele se contém.
conclusões a partir das ideias e argumentos do desenvolvimento. Art. 2oO referido Acordo produzirá efeitos somente a partir de
1o de janeiro de 2009.
Outro aspecto que merece especial atenção são os conecto- Parágrafo único.A implementação do Acordo obedecerá ao pe-
res. São responsáveis pela coesão do texto e tornam a leitura mais ríodo de transição de 1o de janeiro de 2009 a 31 de dezembro de
fluente, visando estabelecer um encadeamento lógico entre as 2015, durante o qual coexistirão a norma ortográfica atualmente
ideias e servem de ligação entre o parágrafo, ou no interior do perí- em vigor e a nova norma estabelecida. (Redação dada pelo Decreto
odo, e o tópico que o antecede. nº 7.875, de 2012)
Saber usá-los com precisão, tanto no interior da frase, quanto Art. 3oSão sujeitos à aprovação do Congresso Nacional quais-
ao passar de um enunciado para outro, é uma exigência também quer atos que possam resultar em revisão do referido Acordo, assim
para a clareza do texto. como quaisquer ajustes complementares que, nos termos do art.
Sem os conectores (pronomes relativos, conjunções, advér- 49, inciso I, da Constituição, acarretem encargos ou compromissos
bios, preposições, palavras denotativas) as ideias não fluem, muitas gravosos ao patrimônio nacional.
vezes o pensamento não se completa, e o texto torna-se obscuro, Art. 4oEste Decreto entra em vigor na data de sua publicação.
sem coerência.
Esta estrutura é uma das mais utilizadas em textos argumenta- ACORDO ORTOGRÁFICO DA LÍNGUA PORTUGUESA
tivos, e por conta disso é mais fácil para os leitores. Considerando que o projeto de texto de ortografia unificada de
Existem diversas formas de se estruturar cada etapa dessa es- língua portuguesa aprovado em Lisboa, em 12 de outubro de 1990,
trutura de texto, entretanto, apenas segui-la já leva ao pensamento pela Academia das Ciências de Lisboa, Academia Brasileira de Letras
mais direto. e delegações de Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e
São Tomé e Príncipe, com a adesão da delegação de observadores
da Galiza, constitui um passo importante para a defesa da unidade
ALTERAÇÕES INTRODUZIDAS NA ORTOGRAFIA DA LÍNGUA essencial da língua portuguesa e para o seu prestígio internacional,
PORTUGUESA PELO ACORDO ORTOGRÁFICO DA LÍNGUA Considerando que o texto do acordo que ora se aprova resulta
PORTUGUESA, ASSINADO EM LISBOA, EM 16 DE DEZEM- de um aprofundado debate nos Países signatários,
BRO DE 1990, POR PORTUGAL, BRASIL, ANGOLA, SÃO a República Popular de Angola,
TOMÉ E PRÍNCIPE, CABO VERDE, GUINÉ-BISSAU, MOÇAM- a República Federativa do Brasil,
BIQUE E, POSTERIORMENTE, POR TIMOR LESTE, APROVA- a República de Cabo Verde,
DO NO BRASIL PELO DECRETO Nº 6.583, DE 29 DE SETEM- a República da Guiné-Bissau,
BRO DE 2008 E ALTERADO PELO DECRETO Nº 7.875, DE a República de Moçambique,
27 DE DEZEMBRO DE 2012 a República Portuguesa,
e a República Democrática de São Tomé e Príncipe,
acordam no seguinte:
DECRETO Nº 6.583, DE 29 DE SETEMBRO DE 2008
Artigo 1o
Promulga o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, assina- É aprovado o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, que
do em Lisboa, em 16 de dezembro de 1990. consta como anexo I ao presente instrumento de aprovação, sob
a designação de Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (1990) e
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe vai acompanhado da respectiva nota explicativa, que consta como
confere o art. 84, inciso IV, da Constituição, e anexo II ao mesmo instrumento de aprovação, sob a designação
Considerando que o Congresso Nacional aprovou, por meio do de Nota Explicativa do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa
Decreto Legislativo no 54, de 18 de abril de 1995, o Acordo Ortográ- (1990).
fico da Língua Portuguesa, assinado em Lisboa, em 16 de dezembro
de 1990; Artigo 2o
Considerando que o Governo brasileiro depositou o instrumen- Os Estados signatários tomarão, através das instituições e ór-
to de ratificação do referido Acordo junto ao Ministério dos Negó- gãos competentes, as providências necessárias com vista à elabo-
cios Estrangeiros da República Portuguesa, na qualidade de deposi- ração, até 1 de janeiro de 1993, de um vocabulário ortográfico co-
tário do ato, em 24 de junho de 1996; mum da língua portuguesa, tão completo quanto desejável e tão
Considerando que o Acordo entrou em vigor internacional em normalizador quanto possível, no que se refere às terminologias
1o de janeiro de 2007, inclusive para o Brasil, no plano jurídico ex- científicas e técnicas.
terno;

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Artigo 3o
O Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa entrará em vigor em 1o de janeiro de 1994, após depositados os instrumentos de ratifica-
ção de todos os Estados junto do Governo da República Portuguesa.

Artigo 4o
Os Estados signatários adotarão as medidas que entenderem adequadas ao efetivo respeito da data da entrada em vigor estabelecida
no artigo 3o.
Em fé do que, os abaixo assinados, devidamente credenciados para o efeito, aprovam o presente acordo, redigido em língua portu-
guesa, em sete exemplares, todos igualmente autênticos.

ANEXO I
ACORDO ORTOGRÁFICO DA LÍNGUA PORTUGUESA (1990)

Base I
Do alfabeto e dos nomes próprios estrangeiros e seus derivados
1o)O alfabeto da língua portuguesa é formado por vinte e seis letras, cada uma delas com uma forma minúscula e outra maiúscula:

Obs.:
1. Além destas letras, usam-se o ç (cê cedilhado) e os seguintes dígrafos: rr (erre duplo), ss (esse duplo), ch (cê-agá), lh (ele-agá), nh
(ene-agá), gu (guê-u) e qu (quê-u).
2. Os nomes das letras acima sugeridos não excluem outras formas de as designar.

2º)As letras k, w e y usam-se nos seguintes casos especiais:


a)Em antropónimos/antropônimos originários de outras línguas e seus derivados: Franklin, frankliniano; Kant, kantismo; Darwin, da-
rwinismo; Wagner, wagneriano; Byron, byroniano; Taylor, taylorista;
b)Em topónimos/topônimos originários de outras línguas e seus derivados: Kwanza, Kuwait, kuwaitiano; Malawi, malawiano;
c)Em siglas, símbolos e mesmo em palavras adotadas como unidades de medida de curso internacional: TWA, KLM; K-potássio (de
kalium), W-oeste (West); kg-quilograma, km-quilómetro, kW-kilowatt, yd-jarda (yard); Watt.

3º)Em congruência com o número anterior, mantêm-se nos vocábulos derivados eruditamente de nomes próprios estrangeiros quais-
quer combinações gráficas ou sinais diacríticos não peculiares à nossa escrita que figurem nesses nomes: comtista, de Comte; garrettiano,
de Garrett; jeffersónia/jeffersônia, de Jefferson; mülleriano, de Müller, shakespeariano, de Shakespeare.
Os vocabulários autorizados registrarão grafias alternativas admissíveis, em casos de divulgação de certas palavras de tal tipo de ori-
gem (a exemplo de fúcsia/ fúchsia e derivados, buganvília/ buganvílea/ bougainvíllea).

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4º)Os dígrafos finais de origem hebraica ch, ph e th podem con- dos casos em que se deve empregar uma letra e daqueles em que,
servar-se em formas onomásticas da tradição bíblica, como Baruch, diversamente, se deve empregar outra, ou outras, a representar o
Loth, Moloch, Ziph, ou então simplificar-se: Baruc, Lot, Moloc, Zif. mesmo som.
Se qualquer um destes dígrafos, em formas do mesmo tipo, é inva- Nesta conformidade, importa notar, principalmente, os seguin-
riavelmente mudo, elimina-se: José, Nazaré, em vez de Joseph, Na- tes casos:
zareth; e se algum deles, por força do uso, permite adaptação, subs- 1º)Distinção gráfica entre ch e x: achar, archote, bucha, capa-
titui-se, recebendo uma adição vocálica: Judite, em vez de Judith. cho, capucho, chamar, chave, Chico, chiste, chorar, colchão, colche-
te, endecha, estrebucha, facho, ficha, flecha, frincha, gancho, in-
5º)As consoantes finais grafadas b, c, d, g e t mantêm-se, quer char, macho, mancha, murchar, nicho, pachorra, pecha, pechincha,
sejam mudas, quer proferidas, nas formas onomásticas em que o penacho, rachar, sachar, tacho; ameixa, anexim, baixel, baixo, bexi-
uso as consagrou, nomeadamente antropónimos/antropônimos e ga, bruxa, coaxar, coxia, debuxo, deixar, eixo, elixir, enxofre, faixa,
topónimos/topônimos da tradição bíblica: Jacob, Job, Moab, Isaac; feixe, madeixa, mexer, oxalá, praxe, puxar, rouxinol, vexar, xadrez,
David, Gad; Gog, Magog; Bensabat, Josafat. xarope, xenofobia, xerife, xícara.
Integram-se também nesta forma: Cid, em que o d é sempre 2º)Distinção gráfica entre g, com valor de fricativa palatal, e j:
pronunciado; Madrid e Valhadolid, em que o d ora é pronunciado, adágio, alfageme, Álgebra, algema, algeroz, Algés, algibebe, algibei-
ora não; e Calecut ou Calicut, em que o t se encontra nas mesmas ra, álgido, almargem, Alvorge, Argel, estrangeiro, falange, ferrugem,
condições. frigir, gelosia, gengiva, gergelim, geringonça, Gibraltar, ginete, ginja,
Nada impede, entretanto, que dos antropónimos/antopôni- girafa, gíria, herege, relógio, sege, Tânger, virgem; adjetivo, ajeitar,
mos em apreço sejam usados sem a consoante final Jó, Davi e Jacó. ajeru (nome de planta indiana e de uma espécie de papagaio), can-
jerê, canjica, enjeitar, granjear, hoje, intrujice, jecoral, jejum, jeira,
6º)Recomenda-se que os topónimos/topônimos de línguas jeito, Jeová, jenipapo, jequiri, jequitibá, Jeremias, Jericó, jerimum,
estrangeiras se substituam, tanto quanto possível, por formas ver- Jerónimo, Jesus, jibóia, jiquipanga, jiquiró, jiquitaia, jirau, jiriti, jitira-
náculas, quando estas sejam antigas e ainda vivas em português na, laranjeira, lojista, majestade, majestoso, manjerico, manjerona,
ou quando entrem, ou possam entrar, no uso corrente. Exemplo: mucujê, pajé, pegajento, rejeitar, sujeito, trejeito.
Anvers, substituído por Antuérpia; Cherbourg, por Cherburgo; Ga- 3º)Distinção gráfica entre as letras s, ss, c, ç e x, que represen-
ronne, por Garona; Genève, por Genebra; Jutland, por Jutlândia; tam sibilantes surdas: ânsia, ascensão, aspersão, cansar, conversão,
Milano, por Milão; München, por Munique; Torino, por Turim; Züri- esconso, farsa, ganso, imenso, mansão, mansarda, manso, preten-
ch, por Zurique, etc. são, remanso, seara, seda, Seia, Sertã, Sernancelhe, serralheiro,
Singapura, Sintra, sisa, tarso, terso, valsa; abadessa, acossar, amas-
Base II sar, arremessar, Asseiceira, asseio, atravessar, benesse, Cassilda,
Do h inicial e final codesso (identicamente Codessal ou Codassal, Codesseda, Codes-
1º)O h inicial emprega-se: soso, etc.), crasso, devassar, dossel, egresso, endossar, escasso, fos-
a)Por força da etimologia: haver, hélice, hera, hoje, hora, ho- so, gesso, molosso, mossa, obsessão, pêssego, possesso, remessa,
mem, humor. sossegar; acém, acervo, alicerce, cebola, cereal, Cernache, cetim,
b)Em virtude de adoção convencional: hã?, hem?, hum!. Cinfães, Escócia, Macedo, obcecar, percevejo; açafate, açorda, açú-
car, almaço, atenção, berço, Buçaco, caçanje, caçula, caraça, dançar,
2º)O h inicial suprime-se: Eça, enguiço, Gonçalves, inserção, linguiça, maçada, Mação, maçar,
a)Quando, apesar da etimologia, a sua supressão está inteira- Moçambique, Monção, muçulmano, murça, negaça, pança, peça,
mente consagrada pelo uso: erva, em vez de herva; e, portanto, er- quiçaba, quiçaça, quiçama, quiçamba, Seiça (grafia que pretere as
vaçal, ervanário, ervoso (em contraste com herbáceo, herbanário, erróneas/errôneas Ceiça e Ceissa), Seiçal, Suíça, terço; auxílio, Ma-
herboso, formas de origem erudita); ximiliano, Maximino, máximo, próximo, sintaxe.
b)Quando, por via de composição, passa a interior e o elemen- 4º)Distinção gráfica entre s de fim de sílaba (inicial ou interior)
to em que figura se aglutina ao precedente: biebdomadário, desar- e x e z com idêntico valor fónico/fônico: adestrar, Calisto, escusar,
monia, desumano, exaurir, inábil, lobisomem, reabilitar, reaver; esdrúxulo, esgotar, esplanada, esplêndido, espontâneo, espremer,
esquisito, estender, Estremadura, Estremoz, inesgotável; extensão,
3º)O h inicial mantém-se, no entanto, quando, numa palavra explicar, extraordinário, inextricável, inexperto, sextante, têxtil; ca-
composta, pertence a um elemento que está ligado ao anterior por pazmente, infelizmente, velozmente. De acordo com esta distinção
meio de hífen: anti-higiénico/anti-higiênico, contra-haste; pré-his- convém notar dois casos:
tória, sobre-humano. a)Em final de sílaba que não seja final de palavra, o x = s muda
4º)O h final emprega-se em interjeições: ah! oh! para s sempre que está precedido de i ou u: justapor, justalinear,
misto, sistino (cf. Capela Sistina), Sisto, em vez de juxtapor, juxtali-
Base III near, mixto, sixtina, Sixto.
Da homofonia de certos grafemas consonânticos b)Só nos advérbios em –mente se admite z, com valor idêntico
Dada a homofonia existente entre certos grafemas consonân- ao de s, em final de sílaba seguida de outra consoante (cf. capaz-
ticos, torna-se necessário diferençar os seus empregos, que funda- mente, etc.); de contrário, o s toma sempre o lugar de z: Biscaia, e
mentalmente se regulam pela história das palavras. É certo que a não Bizcaia.
variedade das condições em que se fixam na escrita os grafemas 5º)Distinção gráfica entre s final de palavra e x e z com idêntico
consonânticos homófonos nem sempre permite fácil diferenciação valor fónico/fônico: aguarrás, aliás, anis, após atrás, através, Avis,
Brás, Dinis, Garcês, gás, Gerês, Inês, íris, Jesus, jus, lápis, Luís, país,
português, Queirós, quis, retrós, revés, Tomás, Valdés; cálix, Félix,
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Fénix, flux; assaz, arroz, avestruz, dez, diz, fez (substantivo e forma Base V
do verbo fazer), fiz, Forjaz, Galaaz, giz, jaez, matiz, petiz, Queluz, Das vogais átonas
Romariz, [Arcos de] Valdevez, Vaz. A propósito, deve observar-se 1º)O emprego do e e do i, assim como o do o e do u, em sílaba
que é inadmissível z final equivalente a s em palavra não oxítona: átona, regula-se fundamentalmente pela etimologia e por particu-
Cádis, e não Cádiz. laridades da história das palavras. Assim se estabelecem variadíssi-
mas grafias:
6º)Distinção gráfica entre as letras interiores s, x e z, que repre- a)Com e e i: ameaça, amealhar, antecipar, arrepiar, balnear,
sentam sibilantes sonoras: aceso, analisar, anestesia, artesão, asa, boreal, campeão, cardeal (prelado, ave planta; diferente de cardial
asilo, Baltasar, besouro, besuntar, blusa, brasa, brasão, Brasil, brisa, = “relativo à cárdia”), Ceará, côdea, enseada, enteado, Floreal, ja-
[Marco de] Canaveses, coliseu, defesa, duquesa, Elisa, empresa, Er- neanes, lêndea, Leonardo, Leonel, Leonor, Leopoldo, Leote, line-
mesinde, Esposende, frenesi ou frenesim, frisar, guisa, improviso, ar, meão, melhor, nomear, peanha, quase (em vez de quási), real,
jusante, liso, lousa, Lousã, Luso (nome de lugar, homónimo/homô- semear, semelhante, várzea; ameixial, Ameixieira, amial, amieiro,
nimo de Luso, nome mitológico), Matosinhos, Meneses, narciso, arrieiro, artilharia, capitânia, cordial (adjetivo e substantivo), cor-
Nisa, obséquio, ousar, pesquisa, portuguesa, presa, raso, represa, riola, crânio, criar, diante, diminuir, Dinis, ferregial, Filinto, Filipe (e
Resende, sacerdotisa, Sesimbra, Sousa, surpresa, tisana, transe, identicamente Filipa, Filipinas, etc.), freixial, giesta, Idanha, igual,
trânsito, vaso; exalar, exemplo, exibir, exorbitar, exuberante, inexa- imiscuir-se, inigualável, lampião, limiar, Lumiar, lumieiro, pátio, pior,
to, inexorável; abalizado, alfazema, Arcozelo, autorizar, azar, azedo, tigela, tijolo, Vimieiro, Vimioso;
azo, azorrague, baliza, bazar, beleza, buzina, búzio, comezinho, des- b)Com o e u: abolir, Alpendorada, assolar, borboleta, cobiça,
lizar, deslize, Ezequiel, fuzileiro, Galiza, guizo, helenizar, lambuzar, consoada, consoar, costume, díscolo, êmbolo, engolir, epístola, es-
lezíria, Mouzinho, proeza, sazão, urze, vazar, Veneza, Vizela, Vou- baforir-se, esboroar, farândola, femoral, Freixoeira, girândola, goe-
zela. la, jocoso, mágoa, névoa, nódoa, óbolo, Páscoa, Pascoal, Pascoela,
polir, Rodolfo, távoa, tavoada, távola, tômbola, veio (substantivo e
Base IV forma do verbo vir); açular, água, aluvião, arcuense, assumir, bulir,
Das seqüências consonânticas camândulas, curtir, curtume, embutir, entupir, fémur/fêmur, fístula,
1º)O c, com valor de oclusiva velar, das seqüências interiores glândula, ínsua, jucundo, légua, Luanda, lucubração, lugar, man-
cc (segundo c com valor de sibilante), cç e ct, e o p das seqüências gual, Manuel, míngua, Nicarágua, pontual, régua, tábua, tabuada,
interiores pc (c com valor de sibilante), pç e pt, ora se conservam, tabuleta, trégua, virtualha.
ora se eliminam. 2º)Sendo muito variadas as condições etimológicas e históri-
Assim: co-fonéticas em que se fixam graficamente e e i ou o e u em sílaba
a)Conservam-se nos casos em que são invariavelmente proferi- átona, é evidente que só a consulta dos vocabulários ou dicionários
dos nas pronúncias cultas da língua: compacto, convicção, convicto, pode indicar, muitas vezes, se deve empregar-se e ou i, se o ou u.
ficção, friccionar, pacto, pictural; adepto, apto, díptico, erupção, eu- Há, todavia, alguns casos em que o uso dessas vogais pode ser facil-
calipto, inepto, núpcias, rapto. mente sistematizado. Convém fixar os seguintes:
b)Eliminam-se nos casos em que são invariavelmente mudos a)Escrevem-se com e, e não com i, antes da sílaba tónica/tô-
nas pronúncias cultas da língua: ação, acionar, afetivo, aflição, afli- nica, os substantivos e adjetivos que procedem de substantivos
to, ato, coleção, coletivo, direção, diretor, exato, objeção; adoção, terminados em – eio e – eia, ou com eles estão em relação direta.
adotar, batizar, Egito, ótimo. Assim se regulam: aldeão, aldeola, aldeota por aldeia; areal, are-
c)Conservam-se ou eliminam-se, facultativamente, quando se eiro, areento, Areosa por areia; aveal por aveia; baleal por baleia;
proferem numa pronúncia culta, quer geral, quer restritamente, ou cadeado por cadeia; candeeiro por candeia; centeeira e centeeiro
então quando oscilam entre a prolação e o emudecimento: aspecto por centeio; colmeal e colmeeiro por colmeia; correada e correame
e aspeto, cacto e cato, caracteres e carateres, dicção e dição; facto e por correia.
fato, sector e setor, ceptro e cetro, concepção e conceção, corrupto
e corruto, recepção e receção. b)Escrevem-se igualmente com e, antes de vogal ou ditongo
d)Quando, nas seqüências interiores mpc, mpç e mpt se elimi- da sílaba tónica/tônica, os derivados de palavras que terminam em
nar o p de acordo com o determinado nos parágrafos precedentes, e acentuado (o qual pode representar um antigo hiato: ea, ee): ga-
o m passa a n, escrevendo-se, respectivamente nc, nç e nt: assump- leão, galeota, galeote, de galé; coreano, de Coreia; daomeano, de
cionista e assuncionista; assumpção e assunção; assumptível e as- Daomé; guineense, de Guiné; poleame e poleeiro, de polé.
suntível; peremptório e perentório, sumptuoso e suntuoso, sump- c)Escrevem-se com i, e não com e, antes da sílaba tónica/tô-
tuosidade e suntuosidade. nica, os adjetivos e substantivos derivados em que entram os su-
fixos mistos de formação vernácula – iano e –iense, os quais são
2º)Conservam-se ou eliminam-se, facultativamente, quando se o resultado da combinação dos sufixos –ano e –ense com um i de
proferem numa pronúncia culta, quer geral, quer restritamente, ou origem analógica (baseado em palavras onde –ano e –ense estão
então quando oscilam entre a prolação e o emudecimento: o b da precedidos de i pertencente ao tema: horaciano, italiano, duriense,
seqüência bd, em súbdito; o b da seqüência bt, em subtil e seus flaviense, etc.): açoriano, acriano (de Acre), camoniano, goisiano
derivados; o g da seqüência gd, em amígdala, amigdalácea, amig- (relativo a Damião de Góis), siniense (de Sines), sofocliano, torriano,
dalar, amigdalato, amigdalite, amigdalóide, amigdalopatia, amigda- torriense (de Torre(s)).
lotomia; o m da seqüência mn, em amnistia, amnistiar, indemne,
indemnidade, indemnizar, omnímodo, omnipotente, omnisciente,
etc.; o t, da seqüência tm, em aritmética e aritmético.

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d)Uniformizam-se com as terminações –io e –ia (átonas), em 2º)Cumpre fixar, a propósito dos ditongos orais, os seguintes
vez de –eo e –ea, os substantivos que constituem variações, obtidas preceitos particulares:
por ampliação, de outros substantivos terminados em vogal: cúmio a)É o ditongo grafado ui, e não a seqüência vocálica grafada
(popular), de cume; hástia, de haste; réstia, do antigo reste; véstia, ue, que se emprega nas formas de 2a e 3a pessoas do singular do
de veste. presente do indicativo e igualmente na da 2a pessoa do singular do
e)Os verbos em –ear podem distinguir-se praticamente, gran- imperativo dos verbos em – uir: constituis, influi, retribui. Harmo-
de número de vezes, dos verbos em –iar, quer pela formação, quer nizam-se, portanto, essas formas com todos os casos de ditongo
pela conjugação e formação ao mesmo tempo. Estão no primeiro grafado ui de sílaba final ou fim de palavra (azuis, fui, Guardafui,
caso todos os verbos que se prendem a substantivos em –eio ou – Rui, etc.); e ficam assim em paralelo gráfico-fonético com as formas
eia (sejam formados em português ou venham já do latim); assim se de 2a e 3a pessoas do singular do presente do indicativo e de 2a
regulam: aldear, por aldeia; alhear, alheio; cear, por ceia; encadear, pessoa do singular do imperativo dos verbos em – air e em – oer:
por cadeia; pear, por peia; etc. Estão no segundo caso todos os ver- atrais, cai, sai; móis, remói, sói.
bos que têm normalmente flexões rizotónicas/rizotônicas em –eio, b)É o ditongo grafado ui que representa sempre, em palavras
-eias, etc.: clarear, delinear, devanear, falsear, granjear, guerrear, de origem latina, a união de um u a um i átono seguinte. Não diver-
hastear, nomear, semear, etc. Existem, no entanto, verbos em –iar, gem, portanto, formas como fluido de formas como gratuito. E isso
ligados a substantivos com as terminações átonas –ia ou –io, que não impede que nos derivados de formas daquele tipo as vogais
admitem variantes na conjugação: negoceio ou negocio (cf. negó- grafadas u e i se separem: fluídico, fluidez (u-i).
cio); premeio ou premio (cf. prémio/prêmio); etc. c)Além, dos ditongos orais propriamente ditos, os quais são to-
f)Não é lícito o emprego do u final átono em palavras de origem dos decrescentes, admite-se, como é sabido, a existência de diton-
latina. Escreve-se, por isso: moto, em vez de mótu (por exemplo, na gos crescentes. Podem considerar-se no número deles as seqüên-
expressão de moto próprio); tribo, em vez de tríbu. cias vocálicas pós-tónicas/pós-tônicas, tais as que se representam
g)Os verbos em –oar distinguem-se praticamente dos verbos graficamente por ea, eo, ia, ie, io, oa, ua, ue, uo: áurea, áureo, calú-
em –uar pela sua conjugação nas formas rizotónicas/rizotônicas, nia, espécie, exímio, mágoa, míngua, ténue/tênue, tríduo.
que têm sempre o na sílaba acentuada: abençoar com o, como
abençoo, abençoas, etc.; destoar, com o, como destoo, destoas, 3º)Os ditongos nasais, que na sua maioria tanto podem ser tó-
etc.: mas acentuar, com u, como acentuo, acentuas, etc. nicos/tônicos como átonos, pertencem graficamente a dois tipos
fundamentais: ditongos representados por vogal com til e semivo-
Base VI gal; ditongos representados por uma vogal seguida da consoante
Das vogais nasais nasal m. Eis a indicação de uns e outros:
Na representação das vogais nasais devem observar-se os se- a)Os ditongos representados por vogal com til e semivogal são
guintes preceitos: quatro, considerando-se apenas a língua padrão contemporânea:
1º)Quando uma vogal nasal ocorre em fim de palavra, ou em ãe (usado em vocábulos oxítonos e derivados), ãi (usado em vocá-
fim de elemento seguido de hífen, representa-se a nasalidade pelo bulos anoxítonos e derivados), ão e õe. Exemplos: cães, Guimarães,
til, se essa vogal é de timbre a; por m, se possui qualquer outro tim- mãe, mãezinha; cãibas, cãibeiro, cãibra, zãibo; mão, mãozinha, não,
bre e termina a palavra; e por n, se é de timbre diverso de a e está quão, sótão, sotãozinho, tão; Camões, orações, oraçõezinhas, põe,
seguida de s: afã, grã, Grã-Bretanha, lã, órfã, sã-braseiro (forma dia- repões. Ao lado de tais ditongos pode, por exemplo, colocar-se o
letal; o mesmo que são-brasense = de S. Brás de Alportel); clarim, ditongo ũi; mas este, embora se exemplifique numa forma popular
tom, vacum; flautins, semitons, zunzuns. como rũi = ruim, representa-se sem o til nas formas muito e mui,
2º)Os vocábulos terminados em –ã transmitem esta represen- por obediência à tradição.
tação do a nasal aos advérbios em –mente que deles se formem, b)Os ditongos representados por uma vogal seguida da con-
assim como a derivados em que entrem sufixos iniciados por z: soante nasal m são dois: am e em. Divergem, porém, nos seus em-
cristãmente, irmãmente, sãmente; lãzudo, maçãzita, manhãzinha, pregos:
romãzeira. i)am (sempre átono) só se emprega em flexões verbais: amam,
deviam, escreveram, puseram;
Base VII ii)em (tónico/tônico ou átono) emprega-se em palavras de ca-
Dos ditongos tegorias morfológicas diversas, incluindo flexões verbais, e pode
1º)Os ditongos orais, que tanto podem ser tónicos/tônicos apresentar variantes gráficas determinadas pela posição, pela acen-
como átonos, distribuem-se por dois grupos gráficos principais, tuação ou, simultaneamente, pela posição e pela acentuação: bem,
conforme o segundo elemento do ditongo é representado por i ou Bembom, Bemposta, cem, devem, nem, quem, sem, tem, virgem;
u: ai, ei, éi, ui; au, eu, éu, iu, ou: braçais, caixote, deveis, eirado, Bencanta, Benfeito, Benfica, benquisto, bens, enfim, enquanto,
farnéis (mas farneizinhos), goivo, goivar, lençóis (mas lençoizinhos), homenzarrão, homenzinho, nuvenzinha, tens, virgens, amém (va-
tafuis, uivar, cacau, cacaueiro, deu, endeusar, ilhéu (mas ilheuzito), riação de ámen), armazém, convém, mantém, ninguém, porém,
mediu, passou, regougar. Santarém, também; convêm, mantêm, têm (3as pessoas do plural);
Obs: Admitem-se, todavia, excepcionalmente, à parte destes armazéns, desdéns, convéns, reténs; Belenzada, vintenzinho.
dois grupos, os ditongos grafados ae(= âi ou ai) e ao (= âu ou au):
o primeiro, representado nos antropónimos/antropônimos Caeta- Base VIII
no e Caetana, assim como nos respectivos derivados e compostos Da acentuação gráfica das palavras oxítonas
(caetaninha, são-caetano, etc.); o segundo, representado nas com- 1º)Acentuam-se com acento agudo:
binações da preposição a com as formas masculinas do artigo ou
pronome demonstrativo o, ou seja, ao e aos.
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a)As palavras oxítonas terminadas nas vogais tónicas/tônicas dúcteis), fóssil (pl. fósseis), réptil (pl. réptéis; var. reptil, pl. reptis);
abertas grafadas –a, –e ou –o, seguidas ou não de –s: está, estás, cármen (pl. cármenes ou carmens; var. carme, pl. carmes); dólmen
já, olá; até, é, és, olé, pontapé(s); avó(s), dominó(s), paletó(s), só(s). (pl. dólmenes ou dolmens), éden (pl. édenes ou edens), líquen (pl.
Obs.: Em algumas (poucas) palavras oxítonas terminadas em líquenes), lúmen (pl. lúmenes ou lumens); açúcar (pl. açúcares), al-
–e tónico/tônico, geralmente provenientes do francês, esta vogal, míscar (pl. almíscares), cadáver (pl. cadáveres), caráter ou carácter
por ser articulada nas pronúncias cultas ora como aberta ora como (mas pl. carateres ou caracteres), ímpar (pl. ímpares); Ájax, córtex
fechada, admite tanto o acento agudo como o acento circunflexo: (pl. córtex; var. córtice, pl. córtices), índex (pl. index; var. índice, pl.
bebé ou bebê; bidé ou bidê, canapé ou canapê, caraté ou caratê, índices), tórax, (pl. tórax ou tóraxes; var. torace, pl. toraces); bíceps
croché ou crochê, guiché ou guichê, matiné ou matinê, nené ou (pl. bíceps; var. bicípite, pl. bicípites), fórceps (pl. fórceps; var. fórci-
nenê, ponjé ou ponjê, puré ou purê, rapé ou rapê. pe, pl. fórcipes).
O mesmo se verifica com formas como cocó e cocô, ró (letra do Obs.: Muito poucas palavras deste tipo, com as vogais tónicas/
alfabeto grego) e rô. São igualmente admitidas formas como judô, a tônicas grafadas e e o em fim de sílaba, seguidas das consoantes
par de judo, e metrô, a par de metro. nasais grafadas m e n, apresentam oscilação de timbre nas pronún-
b)As formas verbais oxítonas, quando, conjugadas com os pro- cias cultas da língua e, por conseguinte, também de acento gráfico
nomes clíticos lo(s) ou la(s), ficam a terminar na vogal tónica/tônica (agudo ou circunflexo): sémen e sêmen, xénon e xênon; fémur e
aberta grafada –a, após a assimilação e perda das consoantes finais fêmur, vómer e vômer; Fénix e Fênix, ónix e ônix.
grafadas –r, –s ou –z: adorá-lo(s) (de adorar-lo(s)), dá-la(s) (de dar- b)As palavras paroxítonas que apresentam, na sílaba tónica/
-la(s) ou dá(s)-la(s)), fá-lo(s) (de faz-lo(s)), fá-lo(s)-ás (de far-lo(s)-ás), tônica, as vogais abertas grafadas a, e, o e ainda i ou u e que termi-
habitá-la(s)-iam (de habitar-la(s)-iam), trá-la(s)-á (de trar-la(s)-á); nam em –ã(s), –ão(s), –ei(s), –i(s), –um, –uns ou –us: órfã (pl. órfãs),
c)As palavras oxítonas com mais de uma sílaba terminadas no acórdão (pl. acórdãos), órfão (pl. órfãos), órgão (pl. órgãos), sótão
ditongo nasal grafado –em (exceto as formas da 3a pessoa do plural (pl. sótãos); hóquei, jóquei (pl. jóqueis), amáveis (pl. de amável),
do presente do indicativo dos compostos de ter e vir: retêm, sus- fáceis (pl. de fácil), fósseis (pl. de fóssil), amáreis (de amar), amáveis
têm; advêm, provêm; etc) ou –ens: acém, detém, deténs, entretém, (id.), cantaríeis (de cantar), fizéreis (de fazer), fizésseis (id.); beribéri
entreténs, harém, haréns, porém, provém, provéns, também; (pl. beribéris), bílis (sg. e pl.), íris (sg. e pl.), júri (pl. júris), oásis (sg.
d)As palavras oxítonas com os ditongos abertos grafados –éi, e pl.); álbum (pl. álbuns), fórum (pl. fóruns); húmus (sg. e pl.), vírus
–éu ou –ói, podendo estes dois últimos ser seguidos ou não de –s: (sg. e pl.).
anéis, batéis, fiéis, papéis; céu(s), chapéu(s), ilhéu(s), véu(s); corrói
(de corroer), herói(s), remói (de remoer), sóis. Obs.:Muito poucas paroxítonas deste tipo, com as vogais tó-
nicas/tônicas grafadas e e o em fim de sílaba, seguidas das conso-
2º)Acentuam-se com acento circunflexo: antes nasais grafadas m e n, apresentam oscilação de timbre nas
a)As palavras oxítonas terminadas nas vogais tónicas/tônicas pronúncias cultas da língua, o qual é assinalado com acento agudo,
fechadas que se grafam –e ou –o, seguidas ou não de –s: cortês, se aberto, ou circunflexo, se fechado: pónei e pônei; gónis e gônis,
dê, dês (de dar), lê, lês (de ler), português, você(s); avô(s), pôs (de pénis e pênis, ténis e tênis; bónus e bônus, ónus e ônus, tónus e
pôr), robô(s). tônus, Vénus e Vênus.
b)As formas verbais oxítonas, quando, conjugadas com os pro-
nomes clíticos –lo(s) ou –la(s), ficam a terminar nas vogais tónicas/ 3º)Não se acentuam graficamente os ditongos representados
tônicas fechadas que se grafam –e ou –o, após a assimilação e per- por ei e oi da sílaba tónica/tônica das palavras paroxítonas, dado
da das consoantes finais grafadas –r, –s ou –z: detê-lo(s) (de deter- que existe oscilação em muitos casos entre o fechamento e a aber-
-lo(s)), fazê-la(s) (de fazer-la(s)), fê-lo(s) (de fez-lo(s)), vê-la(s) (de tura na sua articulação: assembleia, boleia, ideia, tal como aldeia,
ver-la(s)), compô-la(s) (de compor-la(s)), repô-la(s) (de repor-la(s)), baleia, cadeia, cheia, meia; coreico, epopeico, onomatopeico, pro-
pô-la(s) (de por-la(s) ou pôs-la(s)). teico; alcaloide, apoio (do verbo apoiar), tal como apoio (subst.),
Azoia, boia, boina, comboio (subst.), tal como comboio, comboias,
3º)Prescinde-se de acento gráfico para distinguir palavras oxí- etc. (do verbo comboiar), dezoito, estroina, heroico, introito, jiboia,
tonas homógrafas, mas heterofónicas/heterofônicas, do tipo de cor moina, paranoico, zoina.
(ô), substantivo, e cor (ó), elemento da locução de cor; colher (ê),
verbo, e colher (é), substantivo. Excetua-se a forma verbal pôr, para 4º)É facultativo assinalar com acento agudo as formas verbais
a distinguir da preposição por. de pretérito perfeito do indicativo, do tipo amámos, louvámos, para
as distinguir das correspondentes formas do presente do indicativo
Base IX (amamos, louvamos), já que o timbre da vogal tónica/tônica é aber-
Da acentuação gráfica das palavras paroxítonas to naquele caso em certas variantes do português.
1º)As palavras paroxítona não são em geral acentuadas grafica-
mente: enjoo, grave, homem, mesa, Tejo, vejo, velho, voo; avanço, 5º)Recebem acento circunflexo:
floresta; abençoo, angolano, brasileiro; descobrimento, grafica- a)As palavras paroxítonas que contêm, na sílaba tónica/tônica,
mente, moçambicano. as vogais fechadas com a grafia a, e, o e que terminam em –l, –n,
2º)Recebem, no entanto, acento agudo: –r ou –x, assim como as respectivas formas do plural, algumas das
a)As palavras paroxítonas que apresentam, na sílaba tónica/ quais se tornam proparoxítonas: cônsul (pl. cônsules), pênsil (pên-
tônica, as vogais abertas grafadas a, e, o e ainda i ou u e que ter- seis), têxtil (pl. têxteis); cânon, var. cânone, (pl. cânones), plâncton
minam em –l, –n, –r, –x e –ps, assim como, salvo raras exceções, as (pl. plânctons); Almodôvar, aljôfar (pl. aljôfares), âmbar (pl. âmba-
respectivas formas do plural, algumas das quais passam a propa- res), Câncer, Tânger; bômbax (sg. e pl.), bômbix, var. bômbice, (pl.
roxítonas: amável (pl. amáveis), Aníbal, dócil (pl. dóceis), dúctil (pl. bômbices).
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b)As palavras paroxítonas que contêm, na sílaba tónica/tônica, Base X


as vogais fechadas com a grafia a, e, o e que terminam em –ão(s), Da acentuação das vogais tónicas/tônicas grafadas i e u das
–eis, –i(s) ou –us: bênção(s), côvão(s), Estêvão, zângão(s); devêreis palavras oxítonas e paroxítonas
(de dever), escrevêsseis (de escrever), fôreis (de ser e ir), fôsseis 1º)As vogais tóncias/tônicas grafadas i e u das palavras oxíto-
(id.), pênseis (pl. de pênsil), têxteis (pl. de têxtil); dândi(s), Mênfis; nas e paroxítonas levam acento agudo quando antecedidas de uma
ânus. vogal com que não formam ditongo e desde de que não constituam
c) As formas verbais têm e vêm, 3as pessoas do plural do pre- sílaba com a eventual consoante seguinte, excetuando o caso de s:
sente do indicativo de ter e vir, que são foneticamente paroxítonas adaís (pl. de adail), aí, atraí (de atrair), baú, caís (de cair), Esaú, jacuí,
(respectivamente /tãjãj/, /vãjãj/ ou /tẽẽj/, /vẽẽj/ ou ainda /tẽjẽj/, Luís, país, etc.; alaúde, amiúde, Araújo, Ataíde, atraíam (de atrair),
/vẽjẽj/; cf. as antigas grafias preteridas, tẽem, vẽem), a fim de se atraísse (id.), baía, balaústre, cafeína, ciúme, egoísmo, faísca, faú-
distinguirem de tem e vem, 3as pessoas do singular do presente lha, graúdo, influíste (de influir), juízes, Luísa, miúdo, paraíso, raízes,
do indicativo ou 2as pessoas do singular do imperativo; e também recaída, ruína, saída, sanduíche, etc.
as correspondentes formas compostas, tais como: abstêm (cf. abs- 2º)As vogais tónicas/tônicas grafadas i e u das palavras oxíto-
tém), advêm (cf. advém), contêm (cf. contém), convêm (cf. convém), nas e paroxítonas não levam acento agudo quando, antecedidas de
desconvêm (cf. desconvém), detêm (cf. detém), entretêm (cf. en- vogal com que não formam ditongo, constituem sílaba com a con-
tretém), intervêm (cf. intervém), mantêm (cf. mantém), obtêm (cf. soante seguinte, como é o caso de nh, l, m, n, r e z: bainha, moinho,
obtém), provêm (cf. provém), sobrevêm (cf. sobrevém). rainha; adail, paul, Raul; Aboim, Coimbra, ruim; ainda, constituinte,
Obs.: Também neste caso são preteridas as antigas grafias de- oriundo, ruins, triunfo; at-rairn. demiuñrgo, influir, influirmos; juiz,
tẽem, intervẽem, mantẽem, provẽem, etc. raiz; etc.
3º)Em conformidade com as regras anteriores leva acento agu-
6º)Assinalam-se com acento circunflexo: do a vogal tónica/tônica grafada i das formas oxítonas terminadas
a)Obrigatoriamente, pôde (3a pessoa do singular do pretérito em r dos verbos em –air e –uir, quando estas se combinam com as
perfeito do indicativo), que se distingue da correspondente forma formas pronominais clíticas –lo(s), –la(s), que levam à assimilação e
do presente do indicativo (pode). perda daquele –r: atraí-lo(s) (de atrair-lo(s)); atraí-lo(s)-ia (de atrair-
b)Facultativamente, dêmos (1a pessoa do plural do presente -lo(s)-ia); possuí-la(s) (de possuir-la(s)); possuí-la(s)-ia (de possuir-
do conjuntivo), para se distinguir da correspondente forma do pre- -la(s)-ia).
térito perfeito do indicativo (demos); fôrma (substantivo), distinta 4º)Prescinde-se do acento agudo nas vogais tónicas/tônicas
de forma (substantivo; 3a pessoa do singular do presente do indica- grafadas i e u das palavras paroxítonas, quando elas estão prece-
tivo ou 2a pessoa do singular do imperativo do verbo formar). didas de ditongo: baiuca, boiuno, cauila (var. cauira), cheiinho (de
cheio), saiinha (de saia).
7º)Prescinde-se de acento circunflexo nas formas verbais paro- 5º)Levam, porém, acento agudo as vogais tónicas/tônicas gra-
xítonas que contêm um e tónico/tônico oral fechado em hiato com fadas i e u quando, precedidas de ditongo, pertencem as palavras
a terminação –em da 3ª pessoa do plural do presente do indicativo oxítonas e estão em posição final ou seguidas de s: Piauí, teiú, teiús,
ou do conjuntivo, conforme os casos: creem, deem (conj.), descre- tuiuiú, tuiuiús.
em, desdeem (conj.), leem, preveem, redeem (conj.), releem, reve-
em, tresleem, veem. Obs.:Se, neste caso, a consoante final for diferente de s, tais
8º)Prescinde-se igualmente do acento circunflexo para assina- vogais dispensam o acento agudo: cauim.
lar a vogal tónica/tônica fechada com a grafia o em palavras paroxí-
tonas como enjoo, substantivo e flexão de enjoar, povoo, flexão de 6º)Prescinde-se do acento agudo nos ditongos tónicos/tôni-
povoar, voo, substantivo e flexão de voar, etc. cos grafados iu e ui, quando precedidos de vogal: distraiu, instruiu,
9º)Prescinde-se, quer do acento agudo, quer do circunflexo, pauis (pl. de paul).
para distinguir palavras paroxítonas que, tendo respectivamente 7º)Os verbos arguir e redarguir prescindem do acento agudo
vogal tónica/tônica aberta ou fechada, são homógrafas de palavras na vogal tónica/tônica grafada u nas formas rizotónicas/rizotônicas:
proclíticas. Assim, deixam de se distinguir pelo acento gráfico: para arguo, arguis, argui, arguem, argua, arguas, argua, arguam. Os ver-
(á), flexão de parar, e para, preposição; pela(s) (é), substantivo e bos do tipo de aguar, apaniguar, apaziguar, apropinquar, averiguar,
flexão de pelar, e pela(s), combinação de per e la(s); pelo (é), fle- desaguar, enxaguar, obliquar, delinquir e afins, por oferecerem dois
xão de pelar, pelo(s) (ê), substantivo ou combinação de per e lo(s); paradigmas, ou têm as formas rizotónicas/rizotônicas igualmente
polo(s) (ó), substantivo, e polo(s), combinação antiga e popular de acentuadas no u mas sem marca gráfica (a exemplo de averiguo,
por e lo(s); etc. averiguas, averigua, averiguam; averigue, averigues, averigue, ave-
10º)Prescinde-se igualmente de acento gráfico para distinguir riguem; enxaguo, enxaguas, enxagua, enxaguam; enxague, enxa-
paroxítonas homógrafas heterofónicas/heterofônicas do tipo de gues, enxague, enxaguem, etc.; delinquo, delinquis, delinqui, delin-
acerto (ê), substantivo e acerto (é), flexão de acertar; acordo (ô), quem; mas delinquimos, delinquís) ou têm as formas rizotónicas/
substantivo, e acordo (ó), flexão de acordar; cerca (ê), substantivo, rizotônicas acentuadas fónica/fônica e graficamente nas vogais a ou
advérbio e elemento da locução prepositiva cerca de, e cerca (é), i radicais (a exemplo de averíguo, averíguas, averígua, averíguam;
flexão de cercar; coro (ô), substantivo, e coro (ó), flexão de corar; averígue, averígues, averígue, averíguem; enxáguo, enxáguas, enxá-
deste (ê), contracção da preposição de com o demonstrativo este, gua, enxáguaim; enxágue, enxágues, enxágue, enxáguem; delínquo,
e deste (é), flexão de dar; fora (ô), flexão de ser e ir, e fora (ó), ad- delínques; delínque, delínquem; delínqua, delínquas, delínqua, de-
vérbio, interjeição e substantivo; piloto (ô), substantivo, e piloto (ó), linquám).
flexão de pilotar, etc.

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Obs.:Em conexão com os casos acima referidos, registre-se que hábil), ingenuamente (de ingênuo), lucidamente (de lúcido), ma-
os verbos em –ingir (atingir, cingir, constringir, infringir, tingir, etc.) mente (de má), somente (de só), unicamente (de único), etc.; can-
e os verbos em –inguir sem prolação do u (distinguir, extinguir, etc.) didamente (de cândido), cortesmente (de cortês), dinamicamente
têm grafias absolutamente regulares (atinjo, atinja, atinge, atingi- (de dinâmico), espontaneamente (de espontâneo), portuguesmen-
mos, etc; distingo, distinga, distingue, distinguimos, etc.) te (de português), romanticamente (de romântico).
2º)Nas palavras derivadas que contêm sufixos iniciados por z e
Base XI cujas formas de base apresentam vogas tónica/tônica com acento
Da acentuação gráfica das palavras proparoxítonas agudo ou circunflexo, estes são suprimidos: aneizinhos (de anéis),
1º)Levam acento agudo: avozinha (de avó), bebezito (de bebê), cafezada (de café), chapeu-
a)As palavras proparoxítonas que apresentam na sílaba tónica/ zinho (de chapéu), chazeiro (de chá), heroizito (de herói), ilheuzito
tônica as vogais abertas grafadas a, e, o e ainda i, u ou ditongo oral (de ilhéu), mazinha (de má), orfãozinho (de órfão), vintenzito (de
começado por vogal aberta: árabe, cáustico, Cleópatra, esquálido, vintém), etc.; avozinho (de avô), bençãozinha (de bênção), lampa-
exército, hidráulico, líquido, míope, músico, plástico, prosélito, pú- dazita (de lâmpada), pessegozito (de pêssego).
blico, rústico, tétrico, último;
b)As chamadas proparoxítonas aparentes, isto é, que apresen- Base XIV
tam na sílaba tónica/tônica as vogais abertas grafadas a, e, o e ainda Do trema
i, u ou ditongo oral começado por vogal aberta, e que terminam por O trema, sinal de diérese, é inteiramente suprimido em pala-
seqüências vocálicas pós-tónicas/pós-tônicas praticamente consi- vras portuguesas ou aportuguesadas. Nem sequer se emprega na
deradas como ditongos crescentes (-ea, -eo, -ia, -ie, -io, -oa, -ua, poesia, mesmo que haja separação de duas vogais que normalmen-
-uo, etc.): álea, náusea; etéreo, níveo; enciclopédia, glória; barbá- te formam ditongo: saudade, e não saüdade, ainda que tetrassíla-
rie, série; lírio, prélio; mágoa, nódoa; exígua, língua; exíguo, vácuo. bo; saudar, e não saüdar, ainda que trissílabo; etc.
Em virtude desta supressão, abstrai-se de sinal especial, quer
2º)Levam acento circunflexo: para distinguir, em sílaba átona, um i ou um u de uma vogal da sílaba
a)As palavras proparoxítonas que apresentam na sílaba tóni- anterior, quer para distinguir, também em sílaba átona, um i ou um
ca/tônica vogal fechada ou ditongo com a vogal básica fechada: u de um ditongo precedente, quer para distinguir, em sílaba tónica/
anacreôntico, brêtema, cânfora, cômputo, devêramos (de dever), tônica ou átona, o u de gu ou de qu de um e ou i seguintes: arruinar,
dinâmico, êmbolo, excêntrico, fôssemos (de ser e ir), Grândola, her- constituiria, depoimento, esmiuçar, faiscar, faulhar, oleicultura, pa-
menêutica, lâmpada, lôstrego, lôbrego, nêspera, plêiade, sôfrego, raibano, reunião; abaiucado, auiqui, caiuá, cauixi, piauiense; aguen-
sonâmbulo, trôpego; tar, anguiforme, arguir, bilíngue (ou bilingue), lingueta, linguista,
b)As chamadas proparoxítonas aparentes, isto é, que apre- linguístico; cinquenta, equestre, frequentar, tranquilo, ubiquidade.
sentam vogais fechadas na sílaba tónica/tônica, e terminam por Obs.:Conserva-se, no entanto, o trema, de acordo com a Base I,
seqüências vocálicas pós-tónicas/pós-tônicas praticamente consi- 3º, em palavras derivadas de nomes próprios estrangeiros: hübne-
deradas como ditongos crescentes: amêndoa, argênteo, côdea, Is- riano, de Hübner, mülleriano, de Müller, etc.
lândia, Mântua, serôdio.
Base XV
3º)Levam acento agudo ou acento circunflexo as palavras pro- Do hífen em compostos, locuções e encadeamentos vocabu-
paroxítonas, reais ou aparentes, cujas vogais tónicas/tônicas grafa- lares
das e ou o estão em final de sílaba e são seguidas das consoantes 1º)Emprega-se o hífen nas palavras compostas por justaposi-
nasais grafadas m ou n, conforme o seu timbre é, respectivamente, ção que não contêm formas de ligação e cujos elementos, de na-
aberto ou fechado nas pronúncias cultas da língua: académico/aca- tureza nominal, adjetival, numeral ou verbal, constituem uma uni-
dêmico, anatómico/anatômico, cénico/cênico, cómodo/cômodo, dade sintagmática e semântica e mantêm acento próprio, podendo
fenómeno/fenômeno, género/gênero, topónimo/topônimo; Ama- dar-se o caso de o primeiro elemento estar reduzido: ano-luz, ar-
zónia/Amazônia, António/Antônio, blasfémia/blasfêmia, fémea/ cebispo-bispo, arco-íris, decreto-lei, és-sueste, médico-cirurgião,
fêmea, gémeo/gêmeo, génio/gênio, ténue/tênue. rainha-cláudia, tenente-coronel, tio-avô, turma-piloto; alcaide-mor,
amor-perfeito, guarda-noturno, mato-grossense, norte-americano,
Base XII porto-alegrense, sul-africano; afro-asiático, afro-luso-brasileiro,
Do emprego do acento grave azul-escuro, luso-brasileiro, primeiro-ministro, primeiro-sargento,
1º)Emprega-se o acento grave: primo-infeção, segunda-feira; conta-gotas, finca-pé, guarda-chuva.
a)Na contração da preposição a com as formas femininas do
artigo ou pronome demonstrativo o: à (de a + a), às (de a + as); Obs.:Certos compostos, em relação aos quais se perdeu, em
b)Na contração da preposição a com os demonstrativos aquele, certa medida, a noção de composição, grafam-se aglutinadamente:
aquela, aqueles, aquelas e aquilo ou ainda da mesma preposição girassol, madressilva, mandachuva, pontapé, paraquedas, paraque-
com os compostos aqueloutro e suas flexões: àquele(s), àquela(s), dista, etc.
àquilo; àqueloutro(s), àqueloutra(s);
2º)Emprega-se o hífen nos topónimos/topônimos compostos,
Base XIII iniciados pelos adjetivos grã, grão ou por forma verbal ou cujos
Da supressão dos acentos em palavras derivadas elementos estejam ligados por artigo: Grã-Bretanha, Grão-Pará;
1º)Nos advérbios em –mente, derivados de adjetivos com Abre-Campo; Passa-Quatro, Quebra-Costas, Quebra-Dentes, Traga-
acento agudo ou circunflexo, estes são suprimidos: avidamente (de -Mouros, Trinca-Fortes; Albergaria-a-Velha, Baía de Todos-os-San-
ávido), debilmente (de débil), facilmente (de fácil), habilmente (de tos, Entre-os-Rios, Montemor-o-Novo, Trás-os-Montes.
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Obs.:Os outros topónimos/topônimos compostos escrevem- Base XVI


-se com os elementos separados, sem hífen: América do Sul, Belo Do hífen nas formações por prefixação, recomposição e sufi-
Horizonte, Cabo Verde, Castelo Branco, Freixo de Espada à Cinta, xação
etc. O topónimo/topônimo Guiné-Bissau é, contudo, uma exceção 1º)Nas formações com prefixos(como, por exemplo: ante-,
consagrada pelo uso. anti-, circum-, co-, contra-, entre-, extra-, hiper-, infra-, intra-, pós-,
pré-, pró-, sobre-, sub-, super-, supra-, ultra-, etc.) e em formações
3º)Emprega-se o hífen nas palavras compostas que designam por recomposição, isto é, com elementos não autônomos ou falsos
espécies botânicas e zoológicas, estejam ou não ligadas por pre- prefixos, de origem grega e latina (tais como: aero-, agro-, arqui-,
posição ou qualquer outro elemento: abóbora-menina, couve-flor, auto-, bio-, eletro-, geo-, hidro-, inter-, macro-, maxi-, micro-, mini-,
erva-doce, feijão-verde; benção-de-deus, erva-do-chá, ervilha-de- multi-, neo-, pan-, pluri-, proto-, pseudo-, retro-, semi-, tele-, etc.),
-cheiro, fava-de-santo-inácio; bem-me-quer (nome de planta que só se emprega o hífen nos seguintes casos:
também se dá à margarida e ao malmequer); andorinha-grande, a)Nas formações em que o segundo elemento começa por h:
cobra-capelo, formiga-branca; andorinha-do-mar, cobra-d’água, anti-higiénico/anti-higiênico, circum-hospitalar, co-herdeiro, con-
lesma-de-conchinha; bem-te-vi (nome de um pássaro). tra-harmónico/contra-harmônico, extra-humano, pré-história,
4º)Emprega-se o hífen nos compostos com os advérbios bem sub-hepático, super-homem, ultra-hiperbólico; arqui-hipérbole,
e mal, quando estes formam com o elemento que se lhes segue eletro-higrómetro, geo-história, neo-helénico/neo-helênico, pan-
uma unidade sintagmática e semântica e tal elemento começa por -helenismo, semi-hospitalar.
vogal ou h. No entanto, o advérbio bem, ao contrário do mal, pode
não se aglutinar com palavras começadas por consoante. Eis alguns Obs.:Não se usa, no entanto, o hífen em formações que con-
exemplos das várias situações: bem-aventurado, bem-estar, bem- têm em geral os prefixos des- e in- e nas quais o segundo elemento
-humorado; mal-afortunado, mal-estar, mal-humorado; bem-criado perdeu o h inicial: desumano, desumidificar, inábil, inumano, etc.
(cf. malcriado), bem-ditoso (cf. malditoso), bem-falante (cf. malfa-
lante), bem-mandado (cf. malmandado), bem-nascido (cf. malnasci- b)Nas formações em que o prefixo ou pseudoprefixo termina
do), bem-soante (cf. malsoante), bem-visto (cf. malvisto). na mesma vogal com que se inicia o segundo elemento: anti-ibéri-
Obs.:Em muitos compostos, o advérbio bem aparece aglutina- co, contra-almirante, infra-axilar, supra-auricular; arqui-irmandade,
do com o segundo elemento, quer este tenha ou não vida à parte: auto-observação, eletro-ótica, micro-onda, semi-interno.
benfazejo, benfeito, benfeitor, benquerença, etc.
Obs.:Nas formações com o prefixo co-, este aglutina-se em ge-
5º)Emprega-se o hífen nos compostos com os elementos além, ral com o segundo elemento mesmo quando iniciado por o: coobri-
aquém, recém e sem: além-Atlântico, além-mar, além-fronteiras; gação, coocupante, coordenar, cooperação, cooperar, etc.
aquém-mar, aquém-Pirenéus; recém-casado, recém-nascido; sem-
-cerimônia, sem-número, sem-vergonha. c)Nas formações com os prefixos circum- e pan-, quando o
6º)Nas locuções de qualquer tipo, sejam elas substantivas, segundo elemento começa por vogal, m ou n (além de h, caso já
adjetivas, pronominais, adverbiais, prepositivas ou conjuncionais, considerado atrás na alínea a): circum-escolar, circum-murado, cir-
não se emprega em geral o hífen, salvo algumas exceções já consa- cum-navegação; pan-africano, pan-mágico, pan-negritude.
gradas pelo uso (como é o caso de água-de-colônia, arco-da-velha, d)Nas formações com os prefixos hiper-, inter- e super-, quan-
cor-de-rosa, mais-que-perfeito, pé-de-meia, ao deus-dará, à quei- do combinados com elementos iniciados por r: hiper-requintado,
ma-roupa). Sirvam, pois, de exemplo de emprego sem hífen as se- inter-resistente, super-revista.
guintes locuções: e)Nas formações com os prefixos ex- (com o sentido de estado
a)Substantivas: cão de guarda, fim de semana, sala de jantar; anterior ou cessamento), sota-, soto-, vice- e vizo-: ex-almirante, ex-
b)Adjetivas: cor de açafrão, cor de café com leite, cor de vinho; -diretor, ex-hospedeira, ex-presidente, ex-primeiro-ministro, ex-rei;
c)Pronominais: cada um, ele próprio, nós mesmos, quem quer sota-piloto, soto-mestre, vice-presidente, vice-reitor, vizo-rei.
que seja; f)Nas formações com os prefixos tónicos/tônicos acentuados
d)Adverbiais: à parte (note-se o substantivo aparte), à vontade, graficamente pós-, pré- e pró- quando o segundo elemento tem
de mais (locução que se contrapõe a de menos; note-se demais, vida à parte (ao contrário do que acontece com as correspondentes
advérbio, conjunção, etc.), depois de amanhã, em cima, por isso; formas átonas que se aglutinam com o elemento seguinte): pós-
e)Prepositivas: abaixo de, acerca de, acima de, a fim de, a par -graduação, pós-tónico/pós-tônicos (mas pospor); pré-escolar, pré-
de, à parte de, apesar de, aquando de, debaixo de, enquanto a, por -natal (mas prever); pró-africano, pró-europeu (mas promover).
baixo de, por cima de, quanto a;
f)Conjuncionais: a fim de que, ao passo que, contanto que, logo 2º)Não se emprega, pois, o hífen:
que, por conseguinte, visto que. a)Nas formações em que o prefixo ou falso prefixo termina
em vogal e o segundo elemento começa por r ou s, devendo estas
7º)Emprega-se o hífen para ligar duas ou mais palavras que consoantes duplicar-se, prática aliás já generalizada em palavras
ocasionalmente se combinam, formando, não propriamente vocá- deste tipo pertencentes aos domínios científico e técnico. Assim:
bulos, mas encadeamentos vocabulares (tipo: a divisa Liberdade- antirreligioso, antissemita, contrarregra, comtrassenha, cosseno,
-Igualdade-Fraternidade, a ponte Rio-Niterói, o percurso Lisboa- extrarregular, infrassom, minissaia, tal como biorritmo, biossatélite,
-Coimbra-Porto, a ligação Angola-Moçambique), e bem assim nas eletrossiderurgia, microssistema, microrradiografia.
combinações históricas ou ocasionais de topónimos/topônimos b)Nas formações em que o prefixo ou pseudoprefixo termina
(tipo: Áustria-Hungria, Alsácia-Lorena, Angola-Brasil, Tóquio-Rio de em vogal e o segundo elemento começa por vogal diferente, prá-
Janeiro, etc.). tica esta em geral já adotada também para os termos técnicos e
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científicos. Assim: antiaéreo, coeducação, extraescolar; aeroespa- impede na leitura a combinação fonética: a O = ao, a Aquela = àque-
cial, autoestrada, autoaprendizagem, agroindustrial, hidroelétrico, la, etc.). Exemplos frásicos: a O que tudo pode; a Aquela que nos
plurianual. protege.
c)Emprega-se o apóstrofo nas ligações das formas santo e santa
3º)Nas formações por sufixação apenas se emprega o hífen a nomes do hagiológio, quando importa representar a elisão das
nos vocábulos terminados por sufixos de origem tupi-guarani que vogais finais o e a: Sant’Ana, Sant’Iago, etc. É, pois, correto escrever:
representam formas adjetivas, como açu, guaçu e mirim, quando Calçada de Sant’Ana, Rua de Sant’Ana; culto de Sant’Iago, Ordem de
o primeiro elemento acaba em vogal acentuada graficamente ou Sant’Iago. Mas, se as ligações deste gênero, como é o caso destas
quando a pronúncia exige a distinção gráfica dos dois elementos: mesmas Sant’Ana e Sant’Iago, se tornam perfeitas unidades mórfi-
amoré-guaçu, anajá-mirim, andá-açu, capim-açu, Ceará-Mirim. cas, aglutinam-se os dois elementos: Fulano de Santana, ilhéu de
Santana, Santana de Parnaíba; Fulano de Santiago, ilha de Santiago,
Base XVII Santiago do Cacém.
Do hífen na ênclise, na tmese e com o verbo haver Em paralelo com a grafia Sant’Ana e congêneres, emprega-se
1º)Emprega-se o hífen na ênclise e na tmese: amá-lo, dá-se, também o apóstrofo nas ligações de duas formas antroponímicas,
deixa-o, partir-lhe; amá-lo-ei, enviar-lhe-emos. quando é necessário indicar que na primeira se elide um o final:
2º)Não se emprega o hífen nas ligações da preposição de às Nun’Álvares, Pedr’Eanes.
formas monossilábicas do presente do indicativo do verbo haver: Note-se que nos casos referidos as escritas com apóstrofo, in-
hei de, hás de, hão de, etc. dicativas de elisão, não impedem, de modo algum, as escritas sem
Obs.: 1.Embora estejam consagradas pelo uso as formas ver- apóstrofo: Santa Ana, Nuno Álvares, Pedro Álvares, etc.
bais quer e requer, dos verbos querer e requerer, em vez de quere e d)Emprega-se o apóstrofo para assinalar, no interior de certos
requere, estas últimas formas conservam-se, no entanto, nos casos compostos, a elisão do e da preposição de, em combinação com
de ênclise: quere-o(s), requere-o(s). Nestes contextos, as formas substantivos: borda-d’água, cobra-d’água, copo-d’água, estrela-d’al-
(legítimas, aliás) qué-lo e requé-lo são pouco usadas. va, galinha-d’água, mãe-d’água, pau-d’água, pau-d’alho, pau-d’arco,
2.Usa-se também o hífen nas ligações de formas pronominais pau-d’óleo.
enclíticas ao advérbio eis (eis-me, ei-lo) e ainda nas combinações de
formas pronominais do tipo no-lo, vo-las, quando em próclise (por 2º)São os seguintes os casos em que não se usa o apóstrofo:
ex.: esperamos que no-lo comprem). Não é admissível o uso do apóstrofo nas combinações das pre-
posições de e em com as formas do artigo definido, com formas
Base XVIII pronominais diversas e com formas adverbiais (excetuado o que se
Do apóstrofo estabelece nas alíneas 1º) a) e 1º) b)). Tais combinações são repre-
1º)São os seguintes os casos de emprego do apóstrofo: sentadas:
a)Faz-se uso do apóstrofo para cindir graficamente uma con-
tração ou aglutinação vocabular, quando um elemento ou fração a)Por uma só forma vocabular, se constituem, de modo fixo,
respectiva pertence propriamente a um conjunto vocabular distin- uniões perfeitas:
to: d’ Os Lusíadas, d’ Os Sertões; n’ Os Lusíadas, n’ Os Sertões; pel’ i) do, da, dos, das; dele, dela, deles, delas; deste, desta, destes,
Os Lusíadas, pel’ Os Sertões. Nada obsta, contudo, a que estas es- destas, disto; desse, dessa, desses, dessas, disso; daquele, daque-
critas sejam substituídas por empregos de preposições íntegras, se la, daqueles, daquelas, daquilo; destoutro, destoutra, destoutros,
o exigir razão especial de clareza, expressividade ou ênfase: de Os destoutras; dessoutro, dessoutra, dessoutros, dessoutras; daque-
Lusíadas, em Os Lusíadas, por Os Lusíadas, etc. loutro, daqueloutra, daqueloutros, daqueloutras; daqui; daí; dali;
As cisões indicadas são análogas às dissoluções gráficas que dacolá; donde; dantes (= antigamente);
se fazem, embora sem emprego do apóstrofo, em combinações da ii) no, na, nos, nas; nele, nela, neles, nelas; neste, nesta, nestes,
preposição a com palavras pertencentes a conjuntos vocabulares nestas, nisto; nesse, nessa, nesses, nessas, nisso; naquele, naquela,
imediatos: a A Relíquia, a Os Lusíadas (exemplos: importância atri- naqueles, naquelas, naquilo; nestoutro, nestoutra, nestoutros, nes-
buída a A Relíquia; recorro a Os Lusíadas). Em tais casos, como é toutras; nessoutro, nessoutra, nessoutros, nessoutras; naquelou-
óbvio, entende-se que a dissolução gráfica nunca impede na leitura tro, naqueloutra, naqueloutros, naqueloutras; num, numa, nuns,
a combinação fonética: a A = à, a Os = aos, etc. numas; noutro, noutra, noutros, noutras, noutrem; nalgum, nalgu-
b)Pode cindir-se por meio do apóstrofo uma contração ou aglu- ma, nalguns, nalgumas, nalguém.
tinação vocabular, quando um elemento ou fração respectiva é for-
ma pronominal e se lhe quer dar realce com o uso de maiúscula: b)Por uma ou duas formas vocabulares, se não constituem, de
d’Ele, n’Ele, d’Aquele, n’Aquele, d’O, n’O, pel’O, m’O, t’O, lh’O, casos modo fixo, uniões perfeitas (apesar de serem correntes com esta
em que a segunda parte, forma masculina, é aplicável a Deus, a Je- feição em algumas pronúncias): de um, de uma, de uns, de umas,
sus, etc.; d’Ela, n’Ela, d’Aquela, d’A, n’A, pel’A, m’A, t’A, lh’A, casos em ou dum, duma, duns, dumas; de algum, de alguma, de alguns, de
que a segunda parte, forma feminina, é aplicável à mãe de Jesus, à algumas, de alguém, de algo, de algures, de alhures, ou dalgum,
Providência, etc. Exemplos frásicos: confiamos n’O que nos salvou; dalguma, dalguns, dalgumas, dalguém, dalgo, dalgures, dalhures;
esse milagre revelou-m’O; está n’Ela a nossa esperança; pugnemos de outro, de outra, de outros, de outras, de outrem, de outrora, ou
pel’A que é nossa padroeira. doutro, doutra, doutros, doutras, doutrem, doutrora; de aquém ou
À semelhança das cisões indicadas, pode dissolver-se grafica- daquém; de além ou dalém; de entre ou dentre.
mente, posto que sem uso do apóstrofo, uma combinação da pre- De acordo com os exemplos deste último tipo, tanto se admite
posição a com uma forma pronominal realçada pela maiúscula: a O, o uso da locução adverbial de ora avante como do advérbio que
a Aquele, a Aquela (entendendo-se que a dissolução gráfica nunca representa a contração dos seus três elementos: doravante.
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Obs.:Quando a preposição de se combina com as formas ar- Obs.:As disposições sobre os usos das minúsculas e maiúsculas
ticulares ou pronominais o, a, os, as, ou com quaisquer pronomes não obstam a que obras especializadas observem regras próprias,
ou advérbios começados por vogal, mas acontece estarem essas provindas de códigos ou normalizações específicas (terminologias
palavras integradas em construções de infinitivo, não se emprega antropológica, geológica, bibliológica, botânica, zoológica, etc.),
o apóstrofo, nem se funde a preposição com a forma imediata, es- promanadas de entidades científicas ou normalizadoras, reconhe-
crevendo-se estas duas separadamente: a fim de ele compreender; cidas internacionalmente.
apesar de o não ter visto; em virtude de os nossos pais serem bon-
dosos; o fato de o conhecer; por causa de aqui estares. Base XX
Da divisão silábica
Base XIX A divisão silábica, que em regra se faz pela soletração (a-ba-de,
Das minúsculas e maiúsculas bru-ma, ca-cho, lha-no, ma-lha, ma-nha, má-xi-mo, ó-xi-do, ro-xo,
1º)A letra minúscula inicial é usada: tme-se), e na qual, por isso, se não tem de atender aos elemen-
a)Ordinariamente, em todos os vocábulos da língua nos usos tos constitutivos dos vocábulos segundo a etimologia (a-ba-li-e-nar,
correntes. bi-sa-vô, de-sa-pa-re-cer, di-sú-ri-co, e-xâ-ni-me, hi-pe-ra-cú-sti-co,
b)Nos nomes dos dias, meses, estações do ano: segunda-feira; i-ná-bil, o-bo-val, su-bo-cu-lar, su-pe-rá-ci-do), obedece a vários
outubro; primavera. preceitos particulares, que rigorosamente cumpre seguir, quando
c)Nos bibliónimos/bibliônimos (após o primeiro elemento, que se tem de fazer em fim de linha, mediante o emprego do hífen, a
é com maiúscula, os demais vocábulos, podem ser escritos com mi- partição de uma palavra:
núscula, salvo nos nomes próprios nele contidos, tudo em grifo): O 1º)São indivisíveis no interior da palavra, tal como inicialmente,
Senhor do Paço de Ninães, O senhor do paço de Ninães, Menino e formam, portanto, sílaba para a frente as sucessões de duas con-
de Engenho ou Menino de engenho, Árvore e Tambor ou Árvore e soantes que constituem perfeitos grupos, ou sejam (com exceção
tambor. apenas de vários compostos cujos prefixos terminam em b, ou d:
d)Nos usos de fulano, sicrano, beltrano. ab- legação, ad- ligar, sub- lunar, etc., em vez de a- blegação, a- dli-
e)Nos pontos cardeais (mas não nas suas abreviaturas); norte, gar, su- blunar, etc.) aquelas sucessões em que a primeira conso-
sul (mas: SW sudoeste). ante é uma labial, uma velar, uma dental ou uma labiodental e a
f)Nos axiónimos/axiônimos e hagiónimos/hagiônimos (opcio- segunda um l ou um r: a- blução, cele- brar, du- plicação, re- primir,
nalmente, neste caso, também com maiúscula): senhor doutor Jo- a- clamar, de- creto, de- glutição, re- grado; a- tlético, cáte- dra, pe-
aquim da Silva, bacharel Mário Abrantes, o cardeal Bembo; santa ríme- tro; a- fluir, a- fricano, ne- vrose.
Filomena (ou Santa Filomena). 2º)São divisíveis no interior da palavra as sucessões de duas
g)Nos nomes que designam domínios do saber, cursos e dis- consoantesque não constituem propriamente grupos e igualmente
ciplinas (opcionalmente, também com maiúscula): português (ou as sucessões de m ou n, com valor de nasalidade, e uma consoante:
Português), matemática (ou Matemática); línguas e literaturas mo- ab- dicar, Ed- gardo, op- tar, sub- por, ab- soluto, ad- jetivo, af- ta,
dernas (ou Línguas e Literaturas Modernas). bet- samita, íp- silon, ob- viar, des- cer, dis- ciplina, flores- cer, nas-
cer, res- cisão; ac- ne, ad- mirável, Daf- ne, diafrag- ma, drac- ma,
2º)A letra maiúscula inicial é usada: ét- nico, rit- mo, sub- meter, am- nésico, interam- nense; bir- reme,
a)Nos antropónimos/antropônimos, reais ou fictícios: Pedro cor- roer, pror- rogar, as- segurar, bis- secular, sos- segar, bissex- to,
Marques; Branca de Neve, D. Quixote. contex- to, ex- citar, atroz- mente, capaz- mente, infeliz- mente; am-
b)Nos topónimos/topônimos, reais ou fictícios: Lisboa, Luanda, bição, desen- ganar, en- xame, man- chu, Mân- lio, etc.
Maputo, Rio de Janeiro; Atlântida, Hespéria. 3º)As sucessões de mais de duas consoantes ou de m ou n, com
c)Nos nomes de seres antropomorfizados ou mitológicos: Ada- o valor de nasalidade, e duas ou mais consoantes são divisíveis por
mastor; Neptuno / Netuno. um de dois meios: se nelas entra um dos grupos que são indivisíveis
d)Nos nomes que designam instituições: Instituto de Pensões e (de acordo com o preceito 1º), esse grupo forma sílaba para diante,
Aposentadorias da Previdência Social. ficando a consoante ou consoantes que o precedem ligadas à sílaba
e)Nos nomes de festas e festividades: Natal, Páscoa, Ramadão, anterior; se nelas não entra nenhum desses grupos, a divisão dá-se
Todos os Santos. sempre antes da última consoante. Exemplos dos dois casos: cam-
f)Nos títulos de periódicos, que retêm o itálico: O Primeiro de braia, ec- tlipse, em- blema, ex- plicar, in- cluir, ins- crição, subs- cre-
Janeiro, O Estado de São Paulo (ou S. Paulo). ver, trans- gredir, abs- tenção, disp- neia, inters- telar, lamb- dacis-
g)Nos pontos cardeais ou equivalentes, quando empregados mo, sols- ticial, Terp- sícore, tungs- tênio.
absolutamente: Nordeste, por nordeste do Brasil, Norte, por norte 4º)As vogais consecutivas que não pertencem a ditongos de-
de Portugal, Meio-Dia, pelo sul da França ou de outros países, Oci- crescentes (as que pertencem a ditongos deste tipo nunca se sepa-
dente, por ocidente europeu, Oriente, por oriente asiático. ram: ai- roso, cadei- ra, insti- tui, ora- ção, sacris- tães, traves- sões)
h)Em siglas, símbolos ou abreviaturas internacionais ou nacio- podem, se a primeira delas não é u precedido de g ou q, e mesmo
nalmente reguladas com maiúsculas, iniciais ou mediais ou finais ou que sejam iguais, separar-se na escrita: ala- úde, áre- as, ca- apeba,
o todo em maiúsculas: FAO, NATO, ONU; H2O; Sr., V. Exa. co- ordenar, do- er, flu- idez, perdo- as, vo- os. O mesmo se aplica
i)Opcionalmente, em palavras usadas reverencialmente, auli- aos casos de contiguidade de ditongos, iguais ou diferentes, ou de
camente ou hierarquicamente, em início de versos, em categoriza- ditongos e vogais: cai- ais, cai- eis, ensai- os, flu- iu.
ções de logradouros públicos: (rua ou Rua da Liberdade, largo ou
Largo dos Leões), de templos (igreja ou Igreja do Bonfim, templo ou
Templo do Apostolado Positivista), de edifícios (palácio ou Palácio
da Cultura, edifício ou Edifício Azevedo Cunha).
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5º)Os digramas gu e qu, em que o u se não pronuncia, nunca se O Acordo Ortográfico de 1986, conseguido na reunião do Rio
separam da vogal ou ditongo imediato (ne- gue, ne- guei; pe- que, de Janeiro, ficou, porém, inviabilizado pela reação polêmica contra
pe- quei), do mesmo modo que as combinações gu e qu em que o u ele movida sobretudo em Portugal.
se pronuncia: á- gua, ambí- guo, averi- gueis, longín-quos, lo- quaz,
quais- quer. 2.Razões do fracasso dos acordos ortográficos
6º) Na translineação de uma palavra composta ou de uma com- Perante o fracasso sucessivo dos acordos ortográficos entre
binação de palavras em que há um hífen, ou mais, se a partição Portugal e o Brasil, abrangendo o de 1986 também os países lusó-
coincide com o final de um dos elementos ou membros, deve, por fonos de África, importa refletir seriamente sobre as razões de tal
clareza gráfica, repetir-se o hífen no início da linha imediata: ex- -al- malogro.
feres, serená- -los-emos ou serená-los- -emos, vice- -almirante. Analisando sucintamente o conteúdo dos acordos de 1945 e de
1986, a conclusão que se colhe é a de que eles visavam impor uma
Base XXI unificação ortográfica absoluta.
Das assinaturas e firmas Em termos quantitativos e com base em estudos desenvolvidos
Para ressalva de direitos, cada qual poderá manter a escri- pela Academia das Ciências de Lisboa, com base num corpus de cer-
ta que, por costume ou registro legal, adote na assinatura do seu ca de 110.000 palavras, conclui-se que o Acordo de 1986 conseguia
nome. a unificação ortográfica em cerca de 99,5% do vocabulário geral da
Com o mesmo fim, pode manter-se a grafia original de quais- língua. Mas conseguia-a sobretudo à custa da simplificação drástica
quer firmas comerciais, nomes de sociedades, marcas e títulos que do sistema de acentuação gráfica, pela supressão dos acentos nas
estejam inscritos em registro público. palavras proparoxítonas e paroxítonas, o que não foi bem aceito por
uma parte substancial da opinião pública portuguesa.
ANEXO II Também o acordo de 1945 propunha uma unificação ortográ-
NOTA EXPLICATIVA DO ACORDO ORTOGRÁFICO DA LÍNGUA fica absoluta que rondava os 100% do vocabulário geral da língua.
PORTUGUES (1990) Mas tal unificação assentava em dois princípios que se revelaram
inaceitáveis para os brasileiros:
1. Memória breve dos acordos ortográficos a)Conservação das chamadas consoantes mudas ou não articu-
A existência de duas ortografias oficiais da língua portuguesa, a ladas, o que correspondia a uma verdadeira restauração destas con-
lusitana e a brasileira, tem sido considerada como largamente pre- soantes no Brasil, uma vez que elas tinham há muito sido abolidas.
judicial para a unidade intercontinental do português e para o seu b)Resolução das divergências de acentuação das vogais tônicas
prestígio no Mundo. e e o, seguidas das consoantes nasais m e n, das palavras proparo-
Tal situação remonta, como é sabido, a 1911, ano em que foi xítonas (ou esdrúxulas) no sentido da prática portuguesa, que con-
adotada em Portugal a primeira grande reforma ortográfica, mas sistia em as grafar com acento agudo e não circunflexo, conforme a
que não foi extensiva ao Brasil. prática brasileira.
Por iniciativa da Academia Brasileira de Letras, em consonância Assim se procurava, pois, resolver a divergência de acentuação
com a Academia das Ciências de Lisboa, com o objetivo de se mini- gráfica de palavras como António e Antônio, cómodo e cômodo,
mizarem os inconvenientes desta situação, foi aprovado em 1931 o género e gênero, oxigénio e oxigênio, etc., em favor da generaliza-
primeiro acordo ortográfico entre Portugal e o Brasil. Todavia, por ção da acentuação com o diacrítico agudo. Esta solução estipulava,
razões que não importa agora mencionar, este acordo não produziu, contra toda a tradição ortográfica portuguesa, que o acento agudo,
afinal, a tão desejada unificação dos dois sistemas ortográficos, fato nestes casos, apenas assinalava a tonicidade da vogal e não o seu
que levou mais tarde à convenção ortográfica de 1943. Perante as timbre, visando assim resolver as diferenças de pronúncia daquelas
divergências persistentes nos Vocabulários entretanto publicados mesmas vogais.
pelas duas Academias, que punham em evidência os parcos resul- A inviabilização prática de tais soluções leva-nos à conclusão
tados práticos do acordo de 1943, realizou-se, em 1945, em Lisboa, de que não é possível unificar por via administrativa divergências
novo encontro entre representantes daquelas duas agremiações, o que assentam em claras diferenças de pronúncia, um dos critérios,
qual conduziu à chamada Convenção Ortográfica Luso-Brasileira de aliás, em que se baseia o sistema ortográfico da língua portuguesa.
1945. Mais uma vez, porém, este acordo não produziu os almejados Nestas condições, há que procurar uma versão de unificação
efeitos, já que ele foi adotado em Portugal, mas não no Brasil. ortográfica que acautele mais o futuro do que o passado e que
Em 1971, no Brasil, e em 1973, em Portugal, foram promul- não receie sacrificar a simplificação também pretendida em 1986,
gadas leis que reduziram substancialmente as divergências orto- em favor da máxima unidade possível. Com a emergência de cinco
gráficas entre os dois países. Apesar destas louváveis iniciativas, novos países lusófonos, os fatores de desagregação da unidade es-
continuavam a persistir, porém, divergências sérias entre os dois sencial da língua portuguesa far-se-ão sentir com mais acuidade e
sistemas ortográficos. também no domínio ortográfico. Neste sentido importa, pois, con-
No sentido de as reduzir, a Academia das Ciências de Lisboa e sagrar uma versão de unificação ortográfica que fixe e delimite as
a Academia Brasileira de Letras elaboraram em 1975 um novo pro- diferenças atualmente existentes e previna contra a desagregação
jeto de acordo que não foi, no entanto, aprovado oficialmente por ortográfica da língua portuguesa.
razões de ordem política, sobretudo vigentes em Portugal. Foi, pois, tendo presentes estes objetivos, que se fixou o novo
E é neste contexto que surge o encontro do Rio de Janeiro, em texto de unificação ortográfica, o qual representa uma versão me-
Maio de 1986, e no qual se encontram, pela primeira vez na história nos forte do que as que foram conseguidas em 1945 e 1986. Mas
da língua portuguesa, representantes não apenas de Portugal e do ainda assim suficientemente forte para unificar ortograficamente
Brasil mas também dos cinco novos países africanos lusófonos en- cerca de 98% do vocabulário geral da língua.
tretanto emergidos da descolonização portuguesa.
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3.Forma e substância do novo texto compreende vocábulos de uso muito frequente (como, por ex., ac-
O novo texto de unificação ortográfica agora proposto contém ção, actor, actual, colecção, colectivo, correcção, direcção, director,
alterações de forma (ou estrutura) e de conteúdo, relativamente electricidade, factor, factura, inspector, lectivo, óptimo, etc.).
aos anteriores. Pode dizer-se, simplificando, que em termos de es- O terceiro caso que se verifica relativamente às consoantes c
trutura se aproxima mais do acordo de 1986, mas que em termos e p diz respeito à oscilação de pronúncia, a qual ocorre umas vezes
de conteúdo adota uma posição mais conforme com o projeto de no interior da mesma norma culta (cf. por ex., cacto ou cato, dicção
1975, atrás referido. ou dição, sector ou setor, etc.), outras vezes entre normas cultas
Em relação às alterações de conteúdo, elas afetam sobretudo o distintas (cf., por ex., facto, receção em Portugal, mas fato, recepção
caso das consoantes mudas ou não articuladas, o sistema de acen- no Brasil).
tuação gráfica, especialmente das esdrúxulas, e a hifenação. A solução que se propõe para estes casos, no novo texto orto-
Pode dizer-se ainda que, no que respeita às alterações de con- gráfico, consagra a dupla grafia (v. Base IV, 1º c).
teúdo, de entre os princípios em que assenta a ortografia portugue- A estes casos de grafia dupla devem acrescentar-se as poucas
sa, se privilegiou o critério fonético (ou da pronúncia) com um certo variantes do tipo de súbdito e súdito, subtil e sutil, amígdala e amí-
detrimento para o critério etimológico. dala, amnistia e anistia, aritmética e arimética, nas quais a oscilação
É o critério da pronúncia que determina, aliás, a supressão da pronúncia se verifica quanto às consoantes b, g, m e t (v. Base
gráfica das consoantes mudas ou não articuladas, que se têm con- IV, 2º).
servado na ortografia lusitana essencialmente por razões de ordem O número de palavras abrangidas pela dupla grafia é de cerca
etimológica. de 0,5% do vocabulário geral da língua, o que é pouco significativo
É também o critério da pronúncia que nos leva a manter um (ou seja, pouco mais de 575 palavras em cerca de 110.000), embora
certo número de grafias duplas do tipo de caráter e carácter, facto e nele se incluam também alguns vocábulos de uso muito frequente.
fato, sumptuoso e suntuoso, etc.
É ainda o critério da pronúncia que conduz à manutenção da 4.2. Justificação da supressão de consoantes não articuladas
dupla acentuação gráfica do tipo de económico e econômico, efé- (Base IV 1º b)
mero e efêmero, género e gênero, génio e gênio, ou de bónus e As razões que levaram à supressão das consoantes mudas ou
bônus, sémen e sêmen, ténis e tênis, ou ainda de bebé e bebê, ou não articuladas em palavras como ação (acção), ativo (activo), dire-
metro e metrô, etc. tor (director), ótimo (óptimo) foram essencialmente as seguintes:
Explicitam-se em seguida as principais alterações introduzidas a)O argumento de que a manutenção de tais consoantes se jus-
no novo texto de unificação ortográfica, assim como a respectiva tifica por motivos de ordem etimológica, permitindo assinalar me-
justificação. lhor a similaridade com as palavras congêneres das outras línguas
românicas, não tem consistência. Por outro lado, várias consoantes
4.Conservação ou supressão das consoantes c, p, b, g, m e t etimológicas se foram perdendo na evolução das palavras ao lon-
em certas seqüências consonânticas (Base IV) go da história da língua portuguesa. Vários são, por outro lado, os
exemplos de palavras deste tipo, pertencentes a diferentes línguas
4.1.Estado da questão românicas, que, embora provenientes do mesmo étimo latino, re-
Como é sabido, uma das principais dificuldades na unificação velam incongruências quanto à conservação ou não das referidas
da ortografia da língua portuguesa reside na solução a adotar para consoantes.
a grafia das consoantes c e p, em certas seqüências consonânticas É o caso, por exemplo, da palavra objecto, proveniente do latim
interiores, já que existem fortes divergências na sua articulação. objectu-, que até agora conservava o c, ao contrário do que suce-
Assim, umas vezes, estas consoantes são invariavelmente pro- de em francês (cf. objet), ou em espanhol (cf. objeto). Do mesmo
feridas em todo o espaço geográfico da língua portuguesa, confor- modo projecto (de projectu-) mantinha até agora a grafia com c, tal
me sucede em casos como compacto, ficção, pacto; adepto, apti- como acontece em espanhol (cf. proyecto), mas não em francês (cf.
dão, núpcias; etc. projet). Nestes casos o italiano dobra a consoante, por assimilação
Neste caso, não existe qualquer problema ortográfico, já que (cf. oggetto e progetto). A palavra vitória há muito se grafa sem c,
tais consoantes não podem deixar de grafar-se (v. Base IV, 1º a). apesar do espanhol victoria, do francês victoire ou do italiano vitto-
Noutros casos, porém, dá-se a situação inversa da anterior, ou ria. Muitos outros exemplos se poderiam citar. Aliás, não tem qual-
seja, tais consoantes não são proferidas em nenhuma pronúncia quer consistência a ideia de que a similaridade do português com
culta da língua, como acontece em acção, afectivo, direcção; adop- as outras línguas românicas passa pela manutenção de consoantes
ção, exacto, óptimo; etc. Neste caso existe um problema. É que na etimológicas do tipo mencionado. Confrontem-se, por exemplo,
norma gráfica brasileira há muito estas consoantes foram abolidas, formas como as seguintes: port. acidente (do lat. accidente-), esp.
ao contrário do que sucede na norma gráfica lusitana, em que tais accidente, fr. accident, it. accidente; port. dicionário (do lat. dictio-
consoantes se conservam. A solução que agora se adota (v. Base IV, nariu-), esp. diccionario, fr. dictionnaire, it. dizionario; port. ditar
1º b) é a de as suprimir, por uma questão de coerência e de unifor- (do lat. dictare), esp. dictar, fr. dicter, it. dettare; port. estrutura (de
mização de critérios (vejam-se as razões de tal supressão adiante, structura-), esp. estructura, fr. structure, it. struttura; etc.
em 4.2.). Em conclusão, as divergências entre as línguas românicas, nes-
As palavras afectadas por tal supressão representam 0,54% do te domínio, são evidentes, o que não impede, aliás, o imediato re-
vocabulário geral da língua, o que é pouco significativo em termos conhecimento da similaridade entre tais formas. Tais divergências
quantitativos (pouco mais de 600 palavras em cerca de 110.000). levantam dificuldades à memorização da norma gráfica, na apren-
Este número é, no entanto, qualitativamente importante, já que dizagem destas línguas, mas não é com certeza a manutenção de
consoantes não articuladas em português que vai facilitar aquela
tarefa.
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b)A justificação de que as ditas consoantes mudas travam o fe- 4.4.Casos de dupla grafia (Base IV, 1º c, d e 2º)
chamento da vogal precedente também é de fraco valor, já que, Sendo a pronúncia um dos critérios em que assenta a ortogra-
por um lado, se mantêm na língua palavras com vogal pré-tónica fia da língua portuguesa, é inevitável que se aceitem grafias duplas
aberta, sem a presença de qualquer sinal diacrítico, como em corar, naqueles casos em que existem divergências de articulação quanto
padeiro, oblação, pregar (= fazer uma prédica), etc., e, por outro, às referidas consoantes c e p e ainda em outros casos de menor
a conservação de tais consoantes não impede a tendência para o significado. Torna-se, porém, praticamente impossível enunciar
ensurdecimento da vogal anterior em casos como accionar, actual, uma regra clara e abrangente dos casos em que há oscilação entre
actualidade, exactidão, tactear, etc. o emudecimento e a prolação daquelas consoantes, já que todas
c)É indiscutível que a supressão deste tipo de consoantes vem as sequências consonânticas enunciadas, qualquer que seja a vogal
facilitar a aprendizagem da grafia das palavras em que elas ocor- precedente, admitem as duas alternativas: cacto e cato, caracteres
riam. e carateres, dicção e dição, facto e fato, sector e setor; ceptro e
De fato, como é que uma criança de 6-7 anos pode compreen- cetro; concepção e conceção, recepção e receção; assumpção e as-
der que em palavras como concepção, excepção, recepção, a con- sunção, peremptório e perentório, sumptuoso e suntuoso; etc.
soante não articulada é um p, ao passo que em vocábulos como De um modo geral pode dizer-se que, nestes casos, o emudeci-
correcção, direcção, objecção, tal consoante é um c? mento da consoante (exceto em dicção, facto, sumptuoso e poucos
Só à custa de um enorme esforço de memorização que poderá mais) se verifica, sobretudo, em Portugal e nos países africanos, en-
ser vantajosamente canalizado para outras áreas da aprendizagem quanto no Brasil há oscilação entre a prolação e o emudecimento
da língua. da mesma consoante.
d)A divergência de grafias existente neste domínio entre a nor- Também os outros casos de dupla grafia (já mencionados em
ma lusitana, que teimosamente conserva consoantes que não se 4.1.), do tipo de súbdito e súdito, subtil e sutil, amígdala e amídala,
articulam em todo o domínio geográfico da língua portuguesa, e a omnisciente e onisciente, aritmética e arimética, muito menos rele-
norma brasileira, que há muito suprimiu tais consoantes, é incom- vantes em termos quantitativos do que os anteriores, se verificam
preensível para os lusitanistas estrangeiros, nomeadamente para sobretudo no Brasil.
professores e estudantes de português, já que lhes cria dificuldades Trata-se, afinal, de formas divergentes, isto é, do mesmo étimo.
suplementares, nomeadamente na consulta dos dicionários, uma As palavras sem consoante, mais antigas e introduzidas na língua
vez que as palavras em causa vêm em lugares diferentes da ordem por via popular, foram já usadas em Portugal e encontram-se nome-
alfabética, conforme apresentam ou não a consoante muda. adamente em escritores dos séculos XVI e XVII.
e)Uma outra razão, esta de natureza psicológica, embora nem Os dicionários da língua portuguesa, que passarão a registrar as
por isso menos importante, consiste na convicção de que não ha- duas formas, em todos os casos de dupla grafia, esclarecerão, tanto
verá unificação ortográfica da língua portuguesa se tal disparidade quanto possível, sobre o alcance geográfico e social desta oscilação
não for revolvida. de pronúncia.
f)Tal disparidade ortográfica só se pode resolver suprimindo da
escrita as consoantes não articuladas, por uma questão de coerên- 5.Sistema de acentuação gráfica (Bases VIII a XIII)
cia, já que a pronúncia as ignora, e não tentando impor a sua grafia 5.1.Análise geral da questão
àqueles que há muito as não escrevem, justamente por elas não se O sistema de acentuação gráfica do português atualmente em
pronunciarem. vigor, extremamente complexo e minucioso, remonta essencial-
mente à Reforma Ortográfica de 1911.
4.3. Incongruências aparentes Tal sistema não se limita, em geral, a assinalar apenas a toni-
A aplicação do princípio, baseado no critério da pronúncia, de cidade das vogais sobre as quais recaem os acentos gráficos, mas
que as consoantes c e p em certas sequências consonânticas se su- distingue também o timbre destas.
primem, quando não articuladas, conduz a algumas incongruências Tendo em conta as diferenças de pronúncia entre o português
aparentes, conforme sucede em palavras como apocalítico ou Egito europeu e o do Brasil, era natural que surgissem divergências de
(sem p, já que este não se pronuncia), a par de apocalipse ou egip- acentuação gráfica entre as duas realizações da língua.
cio (visto que aqui o p se articula), noturno (sem c, por este ser Tais divergências têm sido um obstáculo à unificação ortográ-
mudo), ao lado de noctívago (com c por este se pronunciar), etc. fica do português.
Tal incongruência é apenas aparente. De fato, baseando-se a É certo que em 1971, no Brasil, e em 1973, em Portugal, foram
conservação ou supressão daquelas consoantes no critério da pro- dados alguns passos significativos no sentido da unificação da acen-
núncia, o que não faria sentido era mantê-las, em certos casos, por tuação gráfica, como se disse atrás. Mas, mesmo assim, subsistem
razões de parentesco lexical. Se se abrisse tal exceção, o utente, ao divergências importantes neste domínio, sobretudo no que respeita
ter que escrever determinada palavra, teria que recordar previa- à acentuação das paroxítonas.
mente, para não cometer erros, se não haveria outros vocábulos Não tendo tido viabilidade prática a solução fixada na Conven-
da mesma família que se escrevessem com este tipo de consoante. ção Ortográfica de 1945, conforme já foi referido, duas soluções
Aliás, divergências ortográficas do mesmo tipo das que agora eram possíveis para se procurar resolver esta questão.
se propõem foram já aceites nas Bases de 1945 (v. Base VI, último Uma era conservar a dupla acentuação gráfica, o que constituía
parágrafo), que consagraram grafias como assunção ao lado de as- sempre um espinho contra a unificação da ortografia.
sumptivo, cativo, a par de captor e captura, dicionário, mas dicção, Outra era abolir os acentos gráficos, solução adotada em 1986,
etc. A razão então aduzida foi a de que tais palavras entraram e se no Encontro do Rio de Janeiro.
fixaram na língua em condições diferentes. A justificação da grafia Esta solução, já preconizada no I Simpósio Luso-Brasileiro sobre
com base na pronúncia é tão nobre como aquela razão. a Língua Portuguesa Contemporânea, realizada em 1967 em Coim-
bra, tinha sobretudo a justificá-la o fato de a língua oral preceder a
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língua escrita, o que leva muitos utentes a não empregarem na prá- circunflexo. Também aqui os exemplos pouco ultrapassam as duas
tica os acentos gráficos, visto que não os consideram indispensáveis dezenas: bebé ou bebê, caraté ou caratê, croché ou crochê, guiché
à leitura e compreensão dos textos escritos. ou guichê, matiné ou matinê, puré ou purê; etc. Existe também um
A abolição dos acentos gráficos nas palavras proparoxítonas e caso ou outro de oxítonas terminadas em o ora aberto ora fechado,
paroxítonas, preconizada no Acordo de 1986, foi, porém, contesta- como sucede em cocó ou cocô, ró ou rô.
da por uma larga parte da opinião pública portuguesa, sobretudo A par de casos como este há formas oxítonas terminadas em o
por tal medida ir contra a tradição ortográfica e não tanto por estar fechado, às quais se opõem variantes paroxítonas, como acontece
contra a prática ortográfica. em judô e judo, metrô e metro, mas tais casos são muito raros.
A questão da acentuação gráfica tinha, pois, de ser repensada.
Neste sentido, desenvolveram-se alguns estudos e fizeram-se 5.2.4.Avaliação estatística dos casos de dupla acentuação grá-
vários levantamentos estatísticos com o objetivo de se delimitarem fica
melhor e quantificarem com precisão as divergências existentes Tendo em conta o levantamento estatístico que se fez na Aca-
nesta matéria. demia das Ciências de Lisboa, com base no já referido corpus de
cerca de 110.000 palavras do vocabulário geral da língua, verificou-
5.2.Casos de dupla acentuação -se que os citados casos de dupla acentuação gráfica abrangiam
5.2.1.Nas proparoxítonas (Base XI) aproximadamente 1,27% (cerca de 1.400 palavras). Considerando
Verificou-se assim que as divergências, no que respeita às pro- que tais casos se encontram perfeitamente delimitados, como se
paroxítonas, se circunscrevem praticamente, como já foi destacado referiu atrás, sendo assim possível enunciar a regra de aplicação,
atrás, ao caso das vogais tônicas e e o, seguidas das consoantes na- optou-se por fixar a dupla acentuação gráfica como a solução me-
sais m e n, com as quais aquelas não formam sílaba (v. Base XI, 3º). nos onerosa para a unificação ortográfica da língua portuguesa.
Estas vogais soam abertas em Portugal e nos países africanos
recebendo, por isso, acento agudo, mas são do timbre fechado em 5.3.Razões da manutenção dos acentos gráficos nas proparo-
grande parte do Brasil, grafando-se por conseguinte com acento xítonas e paroxítonas
circunflexo: académico/ acadêmico, cómodo/ cômodo, efémero/ Resolvida a questão dos casos de dupla acentuação gráfica,
efêmero, fenómeno/ fenômeno, génio/ gênio, tónico/ tônico, etc. como se disse atrás, já não tinha relevância o principal motivo que
Existem uma ou outra exceção a esta regra, como, por exem- levou em 1986 a abolir os acentos nas palavras proparoxítonas e
plo, cômoro e sêmola, mas estes casos não são significativos. paroxítonas.
Costuma, por vezes, referir-se que o a tônico das proparoxíto- Em favor da manutenção dos acentos gráficos nestes casos,
nas, quando seguido de m ou n com que não forma sílaba, também ponderaram-se, pois, essencialmente as seguintes razões:
está sujeito à referida divergência de acentuação gráfica. Mas tal a)Pouca representatividade (cerva de 1,27%) dos casos de du-
não acontece, porém, já que o seu timbre soa praticamente sempre pla acentuação.
fechado nas pronúncias cultas da língua, recebendo, por isso, acen- b)Eventual influência da língua escrita sobre a língua oral, com
to circunflexo: âmago, ânimo, botânico, câmara, dinâmico, gerânio, a possibilidade de, sem acentos gráficos, se intensificar a tendência
pânico, pirâmide. para a paroxitonia, ou seja, deslocação do acento tônico da antepe-
As únicas exceções a este princípio são os nomes próprios de núltima para a penúltima sílaba, lugar mais frequente de colocação
origem grega Dánae/ Dânae e Dánao/ Dânao. do acento tônico em português.
Note-se que se as vogais e e o, assim como a, formam sílaba c)Dificuldade em apreender corretamente a pronúncia em ter-
com as consoantes m ou n, o seu timbre é sempre fechado em qual- mos de âmbito técnico e científico, muitas vezes adquiridos através
quer pronúncia culta da língua, recebendo, por isso, acento circun- da língua escrita (leitura).
flexo: êmbolo, amêndoa, argênteo, excêntrico, têmpera; anacre- d)Dificuldades causadas, com a abolição dos acentos, à apren-
ôntico, cômputo, recôndito, cânfora, Grândola, Islândia, lâmpada, dizagem da língua, sobretudo quando esta se faz em condições
sonâmbulo, etc. precárias, como no caso dos países africanos, ou em situação de
auto-aprendizagem.
5.2.2.Nas paroxítonas (Base IX) e)Alargamento, com a abolição dos acentos gráficos, dos ca-
Também nos casos especiais de acentuação das paroxítonas ou sos de homografia, do tipo de análise(s)/ analise(v.), fábrica(s.)/ fa-
graves (v. Base IX, 2º), algumas palavras que contêm as vogais tôni- brica(v.), secretária(s.)/ secretaria(s. ou v.), vária(s.)/ varia(v.), etc.,
cas e e o em final de sílaba, seguidas das consoantes nasais m e n, casos que apesar de dirimíveis pelo contexto sintático, levantariam
apresentam oscilação de timbre, nas pronúncias cultas da língua. por vezes algumas dúvidas e constituiriam sempre problema para o
Tais palavras são assinaladas com acento agudo, se o timbre tratamento informatizado do léxico.
da vogal tônica é aberto, ou com acento circunflexo, se o timbre é f)Dificuldade em determinar as regras de colocação do acento
fechado: fémur ou fêmur, Fénix ou Fênix, ónix ou ônix, sémen ou tônico em função da estrutura mórfica da palavra. Assim, as pro-
sêmen, xénon ou xênon; bónus ou bônus, ónus ou ônus, pónei ou paroxítonas, segundo os resultados estatísticos obtidos da análise
pônei, ténis ou tênis, Vénus ou Vênus; etc. No total, estes são pouco de um corpus de 25.000 palavras, constituem 12%. Destes, 12%,
mais de uma dúzia de casos. cerca de 30% são falsas esdrúxulas (cf. génio, água, etc.). Dos 70%
restantes, que são as verdadeiras proparoxítonas (cf. cômodo, gê-
5.2.3.Nas oxítonas (Base VIII) nero, etc.), aproximadamente 29% são palavras que terminam em
Encontramos igualmente nas oxítonas (v. Base VIII, 1º a, Obs.) –ico /–ica (cf. ártico, econômico, módico, prático, etc.). Os restantes
algumas divergências de timbre em palavras terminadas em e tô- 41% de verdadeiras esdrúxulas distribuem-se por cerca de duzentas
nico, sobretudo provenientes do francês. Se esta vogal tônica soa
aberta, recebe acento agudo; se soa fechada, grafa-se com acento
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terminações diferentes, em geral de caráter erudito (cf. espírito, ín- 5.4.3.Em paroxítons do tipo de abençoo, enjoo, voo, etc.
clito, púlpito; filólogo; filósofo; esófago; epíteto; pássaro; pêsames; (Base IX, 8º)
facílimo; lindíssimo; parêntesis; etc.). Por razões semelhantes às anteriores, o novo texto ortográfi-
co consagra também a abolição do acento circunflexo, vigente no
5.4.Supressão de acentos gráficos em certas palavras oxítonas Brasil, em palavras paroxítonas como abençoo, flexão de abençoar,
e paroxítonas (Bases VIII, IX e X) enjoo, substantivo e flexão de enjoar, moo, flexão de moer, povoo,
5.4.1.Em casos de homografia (Bases VIII, 3º e IX, 9º e 10º) flexão de povoar, voo, substantivo e flexão de voar, etc.
O novo texto ortográfico estabelece que deixem de se acentuar O uso do acento circunflexo não tem aqui qualquer razão de
graficamente palavras do tipo de para (á), flexão de parar, pelo (ê), ser, já que ele ocorre em palavras paroxítonas cuja vogal tônica
substantivo, pelo (é), flexão de pelar, etc., as quais são homógrafas, apresenta a mesma pronúncia em todo o domínio da língua portu-
respectivamente, das proclíticas para, preposição, pelo, contração guesa. Além de não ter, pois, qualquer vantagem nem justificação,
de per e lo, etc. constitui um fator que perturba a unificação do sistema ortográfico.
As razões por que se suprime, nestes casos, o acento gráfico
são as seguintes: 5.4.4.Em formas verbais com u e ui tônicos, precedidos de g
e q(Base X, 7º)
a)Em primeiro lugar, por coerência com a abolição do acento Não há justificação para se acentuarem graficamente palavras
gráfico já consagrada pelo Acordo de 1945, em Portugal, e pela Lei como apazigue, arguem, etc., já que estas formas verbais são paro-
nº 5.765, de 18/12/1971, no Brasil, em casos semelhantes, como, xítonas e a vogal u é sempre articulada, qualquer que seja a flexão
por exemplo: acerto (ê), substantivo, e acerto (é), flexão de acer- do verbo respectivo.
tar; acordo (ô), substantivo, e acordo (ó), flexão de acordar; cor (ô), No caso de formas verbais como argui, delinquis, etc., também
substantivo, e cor (ó), elemento da locação de cor; sede (ê) e sede não há justificação para o acento, pois se trata de oxítonas termi-
(é), ambos substantivos; etc. nadas no ditongo tónico ui, que como tal nunca é acentuado grafi-
b)Em segundo lugar, porque, tratando-se de pares cujos ele- camente.
mentos pertencem a classes gramaticais diferentes, o contexto sin- Tais formas só serão acentuadas se a seqüência ui não formar
tático permite distinguir claramente tais homógrafas. ditongo e a vogal tônica for i, como, por exemplo, arguí (1a pessoa
do singular do pretérito perfeito do indicativo).
5.4.2.Em paroxítonas com os ditongos ei e oi na sílaba tônica
(Base IX, 3º) 6.Emprego do hífen (Bases XV a XVIII)
O novo texto ortográfico propõe que não se acentuem grafica- 6.1.Estado da questão
mente os ditongos ei e oi tônicos das palavras paroxítonas. Assim, No que respeita ao emprego do hífen, não há propriamente
palavras como assembleia, boleia, ideia, que na norma gráfica bra- divergências assumidas entre a norma ortográfica lusitana e a brasi-
sileira se escrevem com acento agudo, por o ditongo soar aberto, leira. Ao compulsarmos, porém, os dicionários portugueses e brasi-
passarão a escrever-se sem acento, tal como aldeia, baleia, cheia, leiros e ao lermos, por exemplo, jornais e revistas, deparam-se-nos
etc. muitas oscilações e um largo número de formações vocabulares
Do mesmo modo, palavras como comboio, dezoito, estroina, com grafia dupla, ou seja, com hífen e sem hífen, o que aumenta
etc., em que o timbre do ditongo oscila entre a abertura e o fecha- desmesurada e desnecessariamente as entradas lexicais dos dicio-
mento, oscilação que se traduz na facultatividade do emprego do nários. Estas oscilações verificam-se sobretudo nas formações por
acento agudo no Brasil, passarão a grafar-se sem acento. prefixação e na chamada recomposição, ou seja, em formações com
A generalização da supressão do acento nestes casos justifica- pseudoprefixos de origem grega ou latina.
-se não apenas por permitir eliminar uma diferença entre a prática Eis alguns exemplos de tais oscilações: ante-rosto e anterros-
ortográfica brasileira e a lusitana, mas ainda pelas seguintes razões: to, co-educação e coeducação, pré-frontal e prefrontal, sobre-saia
a) Tal supressão é coerente com a já consagrada eliminação e sobressaia, sobre-saltar e sobressaltar, aero-espacial e aeroes-
do acento em casos de homografia heterofônica (v. Base IX, 10º, pacial, auto-aprendizagem e autoaprendizagem, agro-industrial e
e, neste texto atrás, 5.4.1.), como sucede, por exemplo, em acerto, agroindustrial, agro-pecuária e agropecuária, alvéolo-dental e al-
substantivo, e acerto, flexão de acertar, acordo, substantivo, e acor- veolodental, bolbo-raquidiano e bolborraquidiano, geo-história e
do, flexão de acordar, fora, flexão de ser e ir, e fora, advérbio, etc. geoistória, micro-onda e microonda; etc.
b)No sistema ortográfico português não se assinala, em geral, Estas oscilações são, sem dúvida, devidas a uma certa ambi-
o timbre das vogais tônicas a, e e o das palavras paroxítonas, já que guidade e falta de sistematização das regras que sobre esta matéria
a língua portuguesa se caracteriza pela sua tendência para a paro- foram consagradas no texto de 1945. Tornava-se, pois, necessário
xitonia. O sistema ortográfico não admite, pois, a distinção entre, reformular tais regras de modo mais claro, sistemático e simples.
por exemplo cada (â) e fada (á), para (â) e tara (á); espelho (ê) e Foi o que se tentou fazer em 1986.
velho (é), janela (é) e janelo (ê), escrevera (ê), flexão de escrever, e A simplificação e redução operadas nessa altura, nem sempre
Primavera (é); moda (ó) e toda (ô), virtuosa (ó) e virtuoso (ô); etc. bem compreendidas, provocaram igualmente polêmica na opinião
Então, se não se torna necessário, nestes casos, distinguir pelo pública portuguesa, não tanto por uma ou outra incongruência re-
acento gráfico o timbre da vogal tónica, por que se há-de usar o sultante da aplicação das novas regras, mas sobretudo por altera-
diacrítico para assinalar a abertura dos ditongos ei e oi nas paroxí- rem bastante a prática ortográfica neste domínio.
tonas, tendo em conta que o seu timbre nem sempre é uniforme A posição que agora se adota, muito embora tenha tido em
e a presença do acento constituiria um elemento perturbador da conta as críticas fundamentadas ao texto de 1986, resulta, sobretu-
unificação ortográfica? do, do estudo do uso do hífen nos dicionários portugueses e brasi-
leiros, assim como em jornais e revistas.
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6.2.O hífen nos compostos (Base XV) Apesar da inclusão no alfabeto das letras k, w e y, mantiveram-
Sintetizando, pode dizer-se que, quanto ao emprego do hífen -se, no entanto, as regras já fixadas anteriormente, quanto ao seu
nos compostos, locuções e encadeamentos vocabulares, se man- uso restritivo, pois existem outros grafemas com o mesmo valor
tém o que foi estatuído em 1945, apenas se reformulando as regras fônico daquelas. Se, de fato, se abolisse o uso restritivo daquelas
de modo mais claro, sucinto e simples. letras, introduzir-se-ia no sistema ortográfico do português mais um
De fato, neste domínio não se verificam praticamente diver- fator de perturbação, ou seja, a possibilidade de representar, indis-
gências nem nos dicionários nem na imprensa escrita. criminadamente, por aquelas letras fonemas que já são transcritos
por outras.
6.3.O hífen nas formas derivadas (Base XVI)
Quanto ao emprego do hífen nas formações por prefixação e 7.2.Abolição do trema (Base XIV)
também por recomposição, isto é, nas formações com pseudopre- No Brasil, só com a Lei nº 5.765, de 18/12/1971, o emprego
fixos de origem grega ou latina, apresenta-se alguma inovação. As- do trema foi largamente restringido, ficando apenas reservado às
sim, algumas regras são formuladas em termos contextuais, como sequências gu e qu seguidas de e ou i, nas quais u se pronuncia (cf.
sucede nos seguintes casos: aguentar, arguente, eloquente, equestre, etc.).
a)Emprega-se o hífen quando o segundo elemento da forma- O novo texto ortográfico propõe a supressão completa do tre-
ção começa por h ou pela mesma vogal ou consoante com que ter- ma, já acolhida, aliás, no Acordo de 1986, embora não figurasse ex-
mina o prefixo ou pseudoprefixo (por ex. anti-higiênico, contra-al- plicitamente nas respectivas bases. A única ressalva, neste aspecto,
mirante, hiper-resistente). diz respeito a palavras derivadas de nomes próprios estrangeiros
b)Emprega-se o hífen quando o prefixo ou falso prefixo termina com trema (cf. mülleriano, de Müller, etc.).
em m e o segundo elemento começa por vogal, m ou n (por ex. Generalizar a supressão do trema é eliminar mais um fator que
circum-murado, pan-africano). perturba a unificação da ortografia portuguesa.

As restantes regras são formuladas em termos de unidades le- 8.Estrutura e ortografia do novo texto
xicais, como acontece com oito delas (ex-, sota- e soto-, vice- e vizo- Na organização do novo texto de unificação ortográfica optou-
; pós-, pré- e pró-). -se por conservar o modelo de estrutura já adotado em 1986. As-
Noutros casos, porém, uniformiza-se o não emprego do hífen, sim, houve a preocupação de reunir, numa mesma base, matéria
do modo seguinte: afim, dispersa por diferentes bases de textos anteriores, donde re-
a)Nos casos em que o prefixo ou o pseudoprefixo termina em sultou a redução destas a vinte e uma.
vogal e o segundo elemento começa por r ou s, estas consoantes Através de um título sucinto, que antecede cada base, dá-se
dobram-se, como já acontece com os termos técnicos e científicos conta do conteúdo nela consagrado. Dentro de cada base adotou-
(por ex. antirreligioso, microssistema). -se um sistema de numeração (tradicional) que permite uma me-
b)Nos casos em que o prefixo ou pseudoprefixo termina em lhor e mais clara arrumação da matéria aí contida
vogal e o segundo elemento começa por vogal diferente daquela, as
duas formas aglutinam-se, sem hífen, como já sucede igualmente
no vocabulário científico e técnico (por ex. antiaéreo, aeroespacial) QUESTÕES

6.4.O hífen na ênclise e tmese (Base XVII)


Quanto ao emprego do hífen na ênclise e na tmese mantêm-se 1. FCC - 2022 - TRT - 22ª Região (PI) - Analista Judiciário - Biblio-
as regras de 1945, exceto no caso das formas hei de, hás de, há de, teconomia- O rio de minha terra é um deus estranho.
etc., em que passa a suprimir-se o hífen. Nestas formas verbais o Ele tem braços, dentes, corpo, coração,
uso do hífen não tem justificação, já que a preposição de funciona muitas vezes homicida,
ali como mero elemento de ligação ao infinitivo com que se forma foi ele quem levou o meu irmão.
a perífrase verbal (cf. hei de ler, etc.), na qual de é mais proclítica É muito calmo o rio de minha terra.
do que apoclítica. Suas águas são feitas de argila e de mistérios.
Nas solidões das noites enluaradas
7.Outras alterações de conteúdo a maldição de Crispim desce
7.1.Inserção do alfabeto (Base I) sobre as águas encrespadas.
Uma inovação que o novo texto de unificação ortográfica apre- O rio de minha terra é um deus estranho.
senta, logo na Base I, é a inclusão do alfabeto, acompanhado das Um dia ele deixou o monótono caminhar de corpo mole
designações que usualmente são dadas às diferentes letras. No alfa- para subir as poucas rampas do seu cais.
beto português passam a incluir-se também as letras k, w e y, pelas Foi conhecendo o movimento da cidade,
seguintes razões: a pobreza residente nas taperas marginais.
a)Os dicionários da língua já registram estas letras, pois existe Pois tão irado e tão potente fez-se o rio
um razoável número de palavras do léxico português iniciado por que todo um povo se juntou para enfrentá-lo.
elas. Mas ele prosseguiu indiferente,
b)Na aprendizagem do alfabeto é necessário fixar qual a ordem carregando no seu dorso bois e gente,
que aquelas letras ocupam. até roçados de arroz e de feijão.
c)Nos países africanos de língua oficial portuguesa existem Na sua obstinada e galopante caminhada,
muitas palavras que se escrevem com aquelas letras. destruiu paredes, casas, barricadas,
deixando no percurso mágoa e dor.
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Depois subiu os degraus da igreja santa para experimentar todos os tipos de emoções. Somos humanos e
e postou-se horas sob os pés do Criador. devemos nos permitir sentir todo o espectro de emoções. É ok não
E desceu devagarinho, até deitar-se estar bem. Não podemos ser positivos o tempo todo.”
novamente no seu leito. Gutiérrez acredita que houve um aumento do positivismo tóxi-
Mas toda noite o seu olhar de rio co “nos últimos anos”, mas principalmente durante a pandemia. (...)
fica boiando sob as luzes da cidade. “Todas as emoções são como ondas: ganham intensidade e depois
(Adaptado de: MORAES, Herculano. O rio da minha descem e tornam-se espuma, até desaparecer aos poucos. O pro-
terra. Disponível em: https://www.escritas.org) blema é quando não as queremos sentir porque nos tornamos mais
No trecho até roçados de arroz e de feijão, o termo “até” clas- dóceis perante uma ‘onda’ que se aproxima”. (...)
sifica-se como Stephanie Preston, professora de psicologia da Universidade
(A) pronome. de Michigan, nos EUA, acredita que a melhor maneira de vali-
(B) preposição. dar as emoções é “apenas ouvi-las”. “Quando alguém compar-
(C) artigo. tilha sentimentos negativos com você, em vez de correr para
(D) advérbio. fazer essa pessoa se sentir melhor ou pensar mais positivamen-
(E) conjunção. te (“Tudo vai ficar bem”), tente levar um segundo para refletir
sobre seu desconforto ou medo e faça o possível para ouvir”,
2. INSTITUTO AOCP - 2022 - IPE Prev - Analista em Previdência aconselha a especialista. (...)
- Direito - Edital nº 002(E) metonímia. Como aplicar isso na prática? Em vez de dizer “não pense nisso,
O surpreendente efeito da positividade tóxica na saúde men- seja positivo”, diga “me diz o que você está sentindo, eu te escuto”.
tal Em vez de falar “poderia ser pior”, diga “sinto muito que está pas-
Lucía Blasco sando por isso”. Em vez de “não se preocupe, seja feliz”, diga “estou
Pode parecer contraditório, mas a positividade pode ser tóxica. aqui para você”. (...) “Tudo bem olhar para o copo meio cheio, mas
“Qualquer tentativa de escapar do negativo — evitá-lo, sufocá- aceitando que pode haver situações em que o copo está meio va-
-lo ou silenciá-lo — falha. Evitar o sofrimento é uma forma de sofri- zio e, a partir daí, assumir a responsabilidade de como construímos
mento”, escreveu o escritor americano Mark Manson em seu livro nossas vidas”.
A Arte Sutil de Ligar o Foda-se. É precisamente nisso que consiste Para Baker, o que devemos lembrar é que “todas as nossas
a positividade tóxica ou positivismo extremo: impor a nós mesmos emoções são autênticas e reais, e todas elas são válidas”.
— ou aos outros — uma atitude falsamente positiva, generalizar Adaptado de: https://www.bbc.com/portuguese/ge-
um estado feliz e otimista seja qual for a situação, silenciar nossas ral-55278174.
emoções “negativas” ou as dos outros. (...) Acesso em: 28 dez. 2021.
O psicólogo da saúde Antonio Rodellar, especialista em trans- A função da linguagem predominante no texto é
tornos de ansiedade e hipnose clínica, prefere falar em “emoções (A) referencial, visto que se propõe a informar o leitor a res-
desreguladas” do que “negativas”. “A paleta de cores emocionais peito da positividade tóxica e seus efeitos na vida das pessoas,
engloba emoções desreguladas, como tristeza, frustração, raiva, an- sobretudo, mediante pareceres de especialistas.
siedade ou inveja. Não podemos ignorar que, como seres humanos, (B) emotiva, pois a autora expressa sua visão, ainda que de
temos aquela gama de emoções que têm uma utilidade e que nos modo sutil, acerca da severidade do problema exposto, em es-
dão informações sobre o que acontece no nosso meio e no nosso pecial, no que tange à saúde mental.
corpo”, explica Rodellar à BBC News Mundo. (C) conativa, já que procura persuadir os leitores quanto à gra-
Para a terapeuta e psicóloga britânica Sally Baker, “o problema vidade dos efeitos do positivismo extremo com relação à saúde
com a positividade tóxica é que ela é uma negação de todos os as- física e mental da população.
pectos emocionais que sentimos diante de qualquer situação que (D) fática, por centrar-se na comunicação entre autor e leitor,
nos represente um desafio.” “É desonesto em relação a quem so- principal interessado em termos de conhecimento sobre o
mos permitir-nos apenas expressões positivas”, diz Baker. (...) “Nós tema “positividade tóxica ou positivismo extremo”.
nos escondemos atrás da positividade para manter outras pessoas (E) metalinguística, uma vez que evidencia o uso de uma lin-
longe de uma imagem que nos mostra imperfeitos.” (...) “Quando guagem científica ao apresentar diversos posicionamentos téc-
ignoramos nossas emoções negativas, nosso corpo aumenta o vo- nicos para tratar do assunto “positividade tóxica”.
lume para chamar nossa atenção para esse problema. Suprimir as
emoções nos esgota mental e fisicamente. Não é saudável e não é 3. FCC - 2022 - TRT - 22ª Região (PI) - Analista Judiciário - Área
sustentável a longo prazo”, diz a terapeuta. (...) Judiciária-
Teresa Gutiérrez, psicopedagoga e especialista em neuropsico- Lembram-se da história de Tristão e Isolda? O enredo gira em
logia, considera que “o positivismo tóxico tem consequências psi- torno da transformação da relação entre os dois protagonistas. Isol-
cológicas e psiquiátricas mais graves do que a depressão”. “Pode da pede à criada, Brangena, que lhe prepare uma poção letal, mas,
levar a uma vida irreal que prejudica nossa saúde mental. Tanto em vez disso, ela prepara-lhe um “filtro de amor”, que tanto Tristão
positivismo não é positivo para ninguém. Se não houver frustração como Isolda bebem sem saber o efeito que irá produzir. A misterio-
e fracasso, não aprendemos a desenvolver em nossas vidas”, disse sa bebida desperta neles a mais profunda das paixões e arrasta-os
ele à BBC Mundo. para um êxtase que nada consegue dissipar − nem sequer o fato de
O positivismo tóxico está na moda? Baker pensa que sim e atri- ambos estarem traindo infamemente o bondoso rei Mark. Na ópera
bui isso às redes sociais, “que nos obrigam a comparar nossas vidas Tristão e Isolda, Richard Wagner captou a força da ligação entre os
com as vidas perfeitas que vemos online”. (...) “Se houvesse mais amantes numa das passagens mais exaltadas da história da música.
honestidade sobre as vulnerabilidades, nos sentiríamos mais livres
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Devemos interrogar-nos sobre o que o atraiu para essa história e de não acreditar em audiência civilizada para seus queixumes. A
por que motivo milhões de pessoas, durante mais de um século, armadura dos bípedes é ainda mais invulnerável que a dele, e não
têm partilhado o fascínio de Wagner por ela. há sensibilidade para a dor ou a problemática do tatu.
A resposta à primeira pergunta é que a composição cele- Meu amigo andou pelas encostas do Corcovado, em noite de
brava uma paixão semelhante e muito real da vida de Wagner. prata lunal, e conseguiu, por artimanhas só dele sabidas, capturar
Wagner e Mathilde Wesendonck tinham se apaixonado de for- vivo um tatu distraído. É, distraído. Do contrário não o pegaria. Es-
ma não menos insensata, se considerarmos que Mathilde era tava imóvel, estático, fruindo o banho de luz na folhagem, essa ou-
a mulher do generoso benfeitor de Wagner e que Wagner era tra cor que as cores assumem debaixo da poeira argentina da Lua.
um homem casado. Wagner tinha sentido as forças ocultas e Esquecido das formigas, que lhe cumpria pesquisar e atacar, como
indomáveis que por vezes conseguem se sobrepor à vontade quem diz, diante de um motivo de prazer: “Daqui a pouco eu vou
própria e que, na ausência de explicações mais adequadas, têm trabalhar; só um minuto mais, alegria da vida”, quedou-se à mercê
sido atribuídas à magia ou ao destino. A resposta à segunda de inimigos maiores. Sem pressentir que o mais temível deles anda-
questão é um desafio ainda mais atraente. va por perto, em horas impróprias à deambulação de um professor
Existem, com efeito, poções em nossos organismos e cé- universitário.
rebros capazes de impor comportamentos que podemos ser − Mas que diabo você foi fazer naqueles matos, de madru-
capazes ou não de eliminar por meio da chamada força de gada?
vontade. Um exemplo elementar é a substância química oxi- − Nada. Estava sem sono, e gosto de andar a esmo, quando
tocina. No caso dos mamíferos, incluindo os seres humanos, todos roncam.
essa substância é produzida tanto no cérebro como no corpo. Sem sono e sem propósito de agredir o reino animal, pois é de
De modo geral, influencia toda uma série de comportamentos, feitio manso, mas o velho instinto cavernal acordou nele, ao sentir
facilita as interações sociais e induz a ligação entre os parceiros qualquer coisa a certa distância, parecida com a forma de um bicho.
amorosos. Achou logo um cipó bem forte, pedindo para ser usado na caça;
Não há dúvida de que os seres humanos estão constante- e jamais tendo feito um laço de caçador, soube improvisá-lo com
mente usando muitos dos efeitos da oxitocina, conquanto te- perícia de muitos milhares de anos (o que a universidade esconde,
nham aprendido a evitar, em determinadas circunstâncias, os nas profundas camadas do ser, e só permite que venha aflorar em
efeitos que podem vir a não ser bons. Não se deve esquecer noite de lua cheia!).
que o filtro de amor não trouxe bons resultados para o Tristão Aproximou-se sutil, laçou de jeito o animal desprevenido. O
e Isolda de Wagner. Ao fim de três horas de espetáculo, eles coitado nem teve tempo de cravar as garras no laçador. Quando
encontram uma morte desoladora. agiu, já este, num pulo, desviara o corpo. Outra volta no laço. E ou-
(Adaptado de: DAMÁSIO, António. O erro de Descartes. São tra. Era fácil para o tatu arrebentar o cipó com a força que a natu-
Paulo: Companhia das Letras, edição digital) reza depositou em suas extremidades. Mas esse devia ser um tatu
A misteriosa bebida desperta neles a mais profunda das pai- meio parvo, e se embaraçou em movimentos frustrados. Ou o sere-
xões. no narrador mentiu, sei lá. Talvez o tenha comprado numa dessas
No contexto em que se encontra, o segmento sublinhado aci- casas de suplício que há por aí, para negócio de animais. Talvez na
ma exerce a mesma função sintática do que está também sublinha- rua, a um vendedor de ocasião, quando tudo se vende, desde o
do em: mico à alma, se o PM não ronda perto.
(A) Wagner era um homem casado. Não importa. O caso é que meu amigo tem em sua casa um
(B) O enredo gira em torno da transformação da relação entre tatu que não se acomodou ao palmo de terra nos fundos da casa e
os dois protagonistas. tratou de abrigar longa escavação que o conduziu a uma pedreira,
(C) Existem, com efeito, poções em nossos organismos e cére- e lá faz greve de fome. De lá não sai, de lá ninguém o tira. A noite
bros perdeu para ele seu encanto luminoso. A ideia de levá-lo para o
(D) o que o atraiu para essa história zoológico, aventada pela mulher do caçador, não frutificou. Melhor
(E) Isolda pede à criada, Brangena, que lhe prepare uma poção reconduzi-lo a seu hábitat, mas o tatu se revela profundamente
letal. contrário a qualquer negociação com o bicho humano, que pensa
em apelar para os bombeiros a fim de demolir o metrô tão rapi-
4. FCC - 2022 - TRT - 22ª Região (PI) - Técnico Judiciário - Área damente feito, ao contrário do nosso, urbano, e salvar o infeliz. O
Administrativa- Atenção: Para responder à questão, leia a crônica tatu tem razões de sobra para não confiar no homem e no luar do
“Tatu”, de Carlos Drummond de Andrade. Corcovado.
O luar continua sendo uma graça da vida, mesmo depois que Não é fábula. Eu compreendo o tatu.
o pé do homem pisou e trocou em miúdos a Lua, mas o tatu pensa (Adaptado de: ANDRADE, Carlos Drummond. Os dias lindos.
de outra maneira. Não que ele seja insensível aos amavios do ple- São Paulo: Companhia das Letras, 2013)
nilúnio; é sensível, e muito. Não lhe deixam, porém, curtir em paz No desfecho da crônica, o cronista revela, em relação ao tatu,
a claridade noturna, de que, aliás, necessita para suas expedições um sentimento de
de objetivo alimentar. Por que me caçam em noites de lua cheia, (A) empatia.
quando saio precisamente para caçar? Como prover a minha sub- (B) desconfiança.
sistência, se de dia é aquela competição desvairada entre bichos, (C) superioridade.
como entre homens, e de noite não me dão folga? (D) soberba.
Isso aí, suponho, é matutado pelo tatu, e se não escapa do in- (E) desdém.
terior das placas de sua couraça, em termos de português, é porque
o tatu ignora sabiamente os idiomas humanos, sem exceção, além
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5. FCC - 2022 - TRT - 23ª REGIÃO (MT) - Analista Judiciário - Área que se dispusessem a discorrer sobre uma questão espinhosa:
Administrativa- “Como se deve escrever a história do Brasil”. Tratava-se de in-
Melancolia e criatividade ventar uma nova história do e para o Brasil. Foi dado, então, um
Desde sempre o sentimento da melancolia gozou de má pontapé inicial, e fundamental, para a disciplina que chamaría-
fama. O melancólico é costumeiramente tomado como um ser mos, anos mais tarde, e com grande naturalidade, de “História
desanimado, depressivo, “pra baixo”, em suma: um chato que do Brasil”.
convém evitar. Mas é uma fama injusta: há grandes melancó- A singularidade da competição também ficou associada a seu
licos que fazem grande arte com sua melancolia, e assim pre- resultado e à divulgação do nome do vencedor. O primeiro lugar,
enchem a vida da gente, como uma espécie de contrabando da nessa disputa histórica, foi para um estrangeiro − o conhecido na-
tristeza que a arte transforma em beleza. “Pra fazer um samba turalista bávaro Karl von Martius (1794-1868), cientista de ilibada
com beleza é preciso um bocado de tristeza”, já defendeu o po- importância, embora novato no que dizia respeito à história em
eta Vinícius de Moraes, na letra de um conhecido samba seu. geral e àquela do Brasil em particular − , o qual advogou a tese de
Mas a melancolia não para nos sambas: ela desde sempre que o país se definia por sua mistura, sem igual, de gentes e po-
anima a literatura, a música, a pintura, o cinema, as artes todas. vos. Utilizando a metáfora de um caudaloso rio, correspondente à
Anima, sim: tanto anima que a gente gosta de voltar a ver um herança portuguesa que acabaria por “limpar” e “absorver os pe-
bom filme melancólico, revisitar um belo poema desesperan- quenos confluentes das raças índia e etiópica”, representava o país
çado, ouvir uma vez mais um inspirado noturno para piano. Ou a partir da singularidade e dimensão da mestiçagem de povos por
seja: os artistas melancólicos fazem de sua melancolia a maté- aqui existentes.
ria-prima de uma obra-prima. Sorte deles, nossa e da própria A essa altura, porém, e depois de tantos séculos de vigência
melancolia, que é assim resgatada do escuro do inferno para a de um sistema violento como o escravocrata, era no mínimo com-
nitidez da forma artística bem iluminada. plicado simplesmente exaltar a harmonia. Além do mais, indígenas
Confira: seria possível haver uma história da arte que continuavam sendo dizimados no litoral e no interior do país.
deixasse de falar das grandes obras melancólicas? Por certo Martius, que em 1832 havia publicado um ensaio chamado “O
se perderia a parte melhor do nosso humanismo criativo, que estado do direito entre os autóctones no Brasil”, condenando os
sabe fazer de uma dor um objeto aberto ao nosso reconheci- indígenas ao desaparecimento, agora optava por definir o país por
mento prazeroso. Charles Chaplin, ao conceber Carlitos, dotou meio da redentora metáfora fluvial. Três longos rios resumiriam a
essa figura humana inesquecível da complexa composição de nação: um grande e caudaloso, formado pelas populações brancas;
fracasso, melancolia, riso, esperteza e esperança. O vagabundo outro um pouco menor, nutrido pelos indígenas; e ainda outro,
sem destino, que vive a apanhar da vida, ganhou de seu cria- mais diminuto, alimentado pelos negros.
dor o condão de emocionar o mundo não com feitos gloriosos, Ali estavam, pois, os três povos formadores do Brasil; todos
mas com a resistente poesia que o faz enfrentar a vida munido juntos, mas (também) diferentes e separados. Mistura não era
da força interior de um melancólico disposto a trilhar com de- (e nunca foi) sinônimo de igualdade. Essa era uma ótima ma-
terminação seu caminho, ainda que no rumo a um horizonte neira de “inventar” uma história não só particular (uma mo-
incerto. narquia tropical e mestiçada) como também muito otimista: a
(Humberto Couto Villares, a publicar) água que corria representava o futuro desse país constituído
No terceiro parágrafo, a personagem Carlitos é invocada para por um grande rio caudaloso no qual desaguavam os demais
(A) dar um sentido de nobreza a todas as experiências de fra- pequenos afluentes.
casso humano. É possível dizer que começava a ganhar força então a
(B) testemunhar a determinação de um indivíduo em alcançar ladainha das três raças formadoras da nação, que continuaria
seus altos objetivos. encontrando ampla ressonância no Brasil, pelo tempo afora.
(C) indicar a possibilidade da transformação sistemática da dor (Adaptado de: SCHWARCZ, Lilia Moritz. Sobre o autoritarismo
em franca alegria. brasileiro. São Paulo: Companhia das Letras, 2019)
(D) personificar a complexa conjunção entre força poética e O verbo sublinhado no segmento Mistura não era (e nunca foi)
marginalidade social. sinônimo de igualdade está flexionado nos mesmos tempo e modo
(E) promover a felicidade que pode desfrutar quem não está que o sublinhado em:
comprometido com nada. (A) a disciplina que chamaríamos, anos mais tarde, e com gran-
de naturalidade
6. FCC - 2022 - TRT - 22ª Região (PI) - Técnico Judiciário - Tecno- (B) Três longos rios resumiriam a nação
logia da Informação- (C) O primeiro lugar, nessa disputa histórica, foi para um es-
A independência política em 1822 não trouxe muitas novida- trangeiro
des em termos institucionais, mas consolidou um objetivo claro, (D) A independência política em 1822 não trouxe muitas novi-
qual seja: estruturar e justificar uma nova nação. dades
A tarefa não era pequena e quem a assumiu foi o Instituto His- (E) a água que corria representava o futuro desse país
tórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), que, aberto em 1838, no Rio
de Janeiro, logo deixaria claras suas principais metas: construir uma
história que elevasse o passado e que fosse patriótica nas suas pro-
posições, trabalhos e argumentos.
Para referendar a coerência da filosofia que inaugurou o IHGB,
basta prestar atenção no primeiro concurso público por lá or-
ganizado. Em 1844, abriam-se as portas para os candidatos
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a solução para o seu concurso!
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7. FCC - 2022 - DPE-AM - Analista Jurídico de Defensoria - Ci- No fim dos anos 50, Copacabana era o éden não con-
ências Jurídicas- Atenção: Considere o texto abaixo, do pensador taminado ainda pelos plenos pecados, eram tempos idílicos e
francês Voltaire (1694-1778), para responder à questão. pastorais, a era da inocência, da bossa nova, dos anos dourados
O preço da justiça de JK, de Garrincha. Digo eu agora: Ai de ti, Ipanema, que per-
Vós, que trabalhais na reforma das leis, pensai, assim como deste a inocência e o sossego, e tomaste o lugar de Copacaba-
grande jurisconsulto Beccaria, se é racional que, para ensinar na, e não percebeste os sinais que não são mais simbólicos: o
os homens a detestar o homicídio, os magistrados sejam homi- emissário submarino se rompendo, as águas poluídas, as valas
cidas e matem um homem em grande aparato. negras, as agressões, os assaltos, o medo e a morte.
Vede se é necessário matá-lo quando é possível puni-lo de ou- (Adaptado de: VENTURA, Zuenir. Crônicas de um fim de século.
tra maneira, e se cabe empregar um de vossos compatriotas Rio de Janeiro: Objetiva, 1999, p. 166/167)
para massacrar habilmente outro compatriota. [...] Em qual- Ao qualificar a linguagem de Rubem Braga em sua crônica “Ai
quer circunstância, condenai o criminoso a viver para ser útil: de ti, Copacabana”, Zuenir Ventura se vale dos termos exortação e
que ele trabalhe continuamente para seu país, porque ele pre- condenação, para reconhecer no texto do Velho Braga,
judicou o seu país. É preciso reparar o prejuízo; a morte não (A) a tonalidade grave de uma invectiva.
repara nada. (B) a informalidade de um discurso emocional.
Talvez alguém vos diga: “O senhor Beccaria está enganado: a (C) o coloquialismo de um lírico confessional.
preferência que ele dá a trabalhos penosos e úteis, que durem (D) a retórica argumentativa dos clássicos.
toda a vida, baseia-se apenas na opinião de que essa longa e (E) a força épica de uma celebração.
ignominiosa pena é mais terrível que a morte, pois esta só é
sentida por um momento”. 9. FGV - 2022 - TJ-MS - Analista Judiciário - Área Fim- A lin-
Não se trata de discutir qual é a punição mais suave, porém guagem tem múltiplas funções; a frase abaixo em que a função da
a mais útil. O grande objetivo, como já dissemos em outra pas- linguagem empregada é a de abordar a própria linguagem (meta-
sagem, é servir o público; e, sem dúvida, um homem votado linguagem) é:
todos os dias de sua vida a preservar uma região da inundação (A) Para salvar seu crédito, você deve esconder a sua ruína;
por meio de diques, ou a abrir canais que facilitem o comércio, (B) Colhe as rosas enquanto estão vivas; amanhã, já não esta-
ou a drenar pântanos infestados, presta mais serviços ao Esta- rão como hoje;
do que um esqueleto a pendular de uma forca numa corrente (C) Em geral, logo que uma coisa se torna útil deixa de ser bela;
de ferro, ou desfeito em pedaços sobre uma roda de carroça. (D) Se você tiver que ser atropelado por um carro, é melhor que
(VOLTAIRE. O preço da justiça. Trad. Ivone Castilho Benedetti. seja por uma Ferrari;
São Paulo: Martins Fontes, 2001, p. 18-20) (E) O não produz inimigos; o sim, falsos amigos.
Voltaire acusa o sentido contraditório de um determinado po-
sicionamento ao referir-se a ele nestes segmentos: 10. FCC - 2022 - Prefeitura de Recife - PE - Agente Administra-
(A) massacrar habilmente um compatriota / detestar o homi- tivo da Assistência Social- Atenção: Leia a crônica para responder
cídio à questão
(B) matem um homem / em grande aparato O dono do pequeno restaurante é amável, sem derrame, e a
(C) Beccaria está enganado / o grande objetivo é servir o pú- fregueses mais antigos oferece, antes do menu, o jornal do dia “fa-
blico cilitado”, isto é, com traços vermelhos cercando as notícias impor-
(D) presta mais serviços ao Estado / trabalhos penosos e úteis tantes. Vez por outra, indaga se a comida está boa, oferece cigar-
(E) servir ao público / preservar uma região da inundação rinho, queixa-se do resfriado crônico e pergunta pelo nosso, se o
temos; se não temos, por aquele regime começado em janeiro, e de
8. FCC - 2022 - SEDU-ES - Professor MaPB - Ensino Fundamental que desistimos. Também pelos filmes de espionagem, que mexem
e Médio - Língua Portuguesa- com ele na alma.
Ai de ti, Ipanema Espetar a despesa não tem problema, em dia de barra pesa-
Há muitos anos, Rubem Braga começava assim uma de suas da. Chega a descontar o cheque a ser recebido no mês que vem
mais famosas crônicas: “Ai de ti, Copacabana, porque eu já fiz o (“Falta só uma semana, seu Adelino”).
sinal bem claro de que é chegada a véspera de teu dia, e tu não Além dessas delícias raras, seu Adelino faculta ao cliente dar
viste; porém minha voz te abalará até as entranhas.” Era uma palpites ao cozinheiro e beneficiar-se com o filé mais fresqui-
exortação bíblica, apocalíptica, profética, ainda que irônica e nho, o palmito de primeira, a batata feita na hora, especialmen-
hiperbólica. “Então quem especulará sobre o metro quadrado te para os eleitos. Enfim, autêntico papo-firme.
de teu terreno? Pois na verdade não haverá terreno algum.” Uma noite dessas, o movimento era pequeno, seu Adelino
Na sua condenação, o Velho Braga antevia os sinais da veio sentar-se ao lado da antiga freguesa. Era hora do jantar
degradação e da dissolução moral de um bairro prestes a ser dele, também. O garçom estendeu-lhe o menu e esperou. Seu
tragado pelo pecado e afogado pelo oceano, sucumbindo em Adelino, calado, olhava para a lista inexpressiva dos pratos do
meio às abjeções e ao vício: “E os escuros peixes nadarão nas dia. A inspiração não vinha. O garçom já tinha ido e voltado
tuas ruas e a vasa fétida das marés cobrirá tua face”. duas vezes, e nada. A freguesa resolveu colaborar:
A praia já chamada de “princesinha do mar”, coitada, ino- − Que tal um fígado acebolado?
fensiva e pura, era então, como Ipanema seria depois, a síntese − Acabou, madame − atalhou o garçom.
mítica do hedonismo carioca, mais do que uma metáfora, uma − Deixe ver… Assada com coradas, está bem?
metonímia. − Não, não tenho vontade disso − e seu Adelino sacudiu a
cabeça.
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a solução para o seu concurso!
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− Bem, estou vendo aqui umas costeletas de porco com fei- 11. FCC - 2022 - TRT - 14ª Região (RO e AC) - Analista Judiciário
jão-branco, farofa e arroz… - Área Judiciária-
− Não é mau, mas acontece que ainda ontem comi uma car- A chama é bela
nezita de porco, e há dois dias que me servem feijão ao almoço Nos anos 1970 comprei uma casa no campo com uma bela
− ponderou. lareira, e para meus filhos, entre 10 e 12 anos, a experiência do
A freguesa de boa vontade virou-se para o garçom: fogo, da brasa que arde, da chama, era um fenômeno absolu-
− Aqui no menu não tem, mas quem sabe se há um bacalhau tamente novo. E percebi que quando a lareira estava acesa eles
a qualquer coisa? − pois seu Adelino (refletiu ela) é português, deixavam a televisão de lado. A chama era mais bela e variada
e como todo lusíada que se preza, há de achar isso a pedida. do que qualquer programa, contava histórias infinitas, não se-
Da cozinha veio a informação: guia esquemas fixos como um programa televisivo.
− Tem bacalhau à Gomes de Sá. Quer? O fogo também se faz metáfora de muitas pulsões, do in-
− Pode ser isso − concordou seu Adelino, sem entusiasmo. flamar-se de ódio ao fogo da paixão amorosa. E o fogo pode
Ao cabo de dez minutos, veio o garçom brandindo o Gomes ser a luz ofuscante que os olhos não podem fixar, como não
de Sá. A freguesa olhou o prato, invejando-o, e, para estimular podem encarar o Sol (o calor do fogo remete ao calor do Sol),
o apetite de seu Adelino: mas devidamente amestrado, quando se transforma em luz de
− Está uma beleza! vela, permite jogos de claro-escuro, vigílias noturnas nas quais
− Não acho muito não − retorquiu, inapetente. uma chama solitária nos obriga a imaginar coisas sem nome...
O prato foi servido, o azeite adicionado, e seu Adelino tra- O fogo nasce da matéria para transformar-se em substância
çou o bacalhau, depois de lhe ser desejado bom apetite. Em cada vez mais leve e aérea, da chama rubra ou azulada da raiz à
silêncio. chama branca do ápice, até desmaiar em fumaça... Nesse sen-
Vendo que ele não se manifestava, sua leal conviva interpe- tido, a natureza do fogo é ascensional, remete a uma transcen-
lou-o: dência e, contudo, talvez porque tenhamos aprendido que ele
− Como é, está bom? vive no coração da Terra, é também símbolo de profundidades
Com um risinho meio de banda, fez a crítica: infernais. É vida, mas é também experiência de seu apagar-se e
− Bom nada, madame. Isso não é bacalhau à Gomes de Sá de sua contínua fragilidade.
nem aqui nem em Macau. É bacalhau com batatas. E vou lhe (Adaptado de: ECO, Umberto. Construir o inimigo. Rio de Ja-
dizer: está mais para sem gosto do que com ele. A batata me neiro: Record, 2021, p. 54-55)
sabe a insossa, e o bacalhau salgado em demasia, ai! O verbo indicado entre parênteses deverá flexionar-se numa
A cliente se lembrou, com saudade vera, daquele maravi- forma do plural para integrar corretamente a frase:
lhoso Gomes de Sá que se come em casa de d. Concessa. E foi (A) Mais que os esquemas fixos dos programas de TV (atrair) as
detalhando: crianças o espetáculo da lareira.
− Lá em casa é que se prepara um legal, sabe? Muito tomate, (B) Sempre (haver), por conta dos poderes do fogo, as metáfo-
pimentão, azeite de verdade, para fazer um molho pra lá de ras que o fazem representar nossas paixões.
bom, e ainda acrescentam um ovo… (C) Não (convir) aos espectadores do fogo fixar-se demorada-
Seu Adelino emergiu da apatia, comoveu-se, os olhos brilhan- mente em suas luzes que podem enceguecê-los.
do, desta vez em sorriso aberto: (D) No fogo (convergir), como espetáculo que é, as proprieda-
− Isso mesmo! Ovo cozido e ralado, azeitonas portuguesas, des do brilho físico e as do estatuto metafórico.
daquelas… Um santo, santíssimo prato! (E) Aos múltiplos apelos do fogo (atender) nosso olhar aberto
Mas, encarando o concreto: para o eterno espetáculo que suas chamas constituem.
− Essa gente aqui não tem a ciência, não tem a ciência!
− Espera aí, seu Adelino, vamos ver no jornal se tem um bom 12. FCC - 2022 - TRT - 14ª Região (RO e AC) - Analista Judiciário
filme de espionagem para o senhor se consolar. - Área Judiciária
Não tinha, infelizmente. O meu ofício
(Adaptado de: ANDRADE, Carlos Drummond de. 70 histórias. O meu ofício é escrever, e sei bem disso há muito tempo. Es-
São Paulo: Companhia das Letras, 2016, p. 110-111) pero não ser mal-entendida: não sei nada sobre o valor daquilo
O termo sublinhado em a fregueses mais antigos oferece, an- que posso escrever. Quando me ponho a escrever, sinto-me
tes do menu, o jornal do dia “facilitado” exerce a mesma função extraordinariamente à vontade e me movo num elemento que
sintática do termo sublinhado em: tenho a impressão de conhecer extraordinariamente bem: uti-
(A) O garçom estendeu-lhe o menu e esperou lizo instrumentos que me são conhecidos e familiares e os sinto
(B) seu Adelino veio sentar-se ao lado da antiga freguesa bem firmes em minhas mãos. Se faço qualquer outra coisa, se
(C) Vez por outra, indaga se a comida está boa estudo uma língua estrangeira, se tento aprender história ou
(D) Uma noite dessas, o movimento era pequeno geografia, ou tricotar uma malha, ou viajar, sofro e me pergun-
(E) seu Adelino faculta ao cliente dar palpites ao cozinheiro to como é que os outros conseguem fazer essas coisas. E tenho
a impressão de ser cega e surda como uma náusea dentro de
mim.
Já quando escrevo nunca penso que talvez haja um modo
mais correto, do qual os outros escritores se servem. Não me
importa nada o modo dos outros escritores. O fato é que só sei
escrever histórias. Se tento escrever um ensaio de crítica ou
um artigo sob encomenda para um jornal, a coisa sai bem ruim.
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a solução para o seu concurso!
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O que escrevo nesses casos tenho de ir buscar fora de mim. E feio. Era o que chamamos uma pessoa simpática. Não dizia mal
sempre tenho a sensação de enganar o próximo com palavras de ninguém, perdoava tudo. Não sabia odiar; pode ser até que
tomadas de empréstimo ou furtadas aqui e ali. não soubesse amar.
Quando escrevo histórias, sou como alguém que está em Naquela noite de Natal foi o escrivão ao teatro. Era pe-
seu país, nas ruas que conhece desde a infância, entre as ár- los anos de 1861 ou 1862. Eu já devia estar em Mangaratiba,
vores e os muros que são seus. Este é o meu ofício, e o farei em férias; mas fiquei até o Natal para ver “a missa do galo na
até a morte. Entre os cinco e dez anos ainda tinha dúvidas e às Corte”. A família recolheu-se à hora do costume; eu meti-me
vezes imaginava que podia pintar, ou conquistar países a cava- na sala da frente, vestido e pronto. Dali passaria ao corredor
lo, ou inventar uma nova máquina. Mas a primeira coisa séria da entrada e sairia sem acordar ninguém. Tinha três chaves a
que fiz foi escrever um conto, um conto curto, de cinco ou seis porta; uma estava com o escrivão, eu levaria outra, a terceira
páginas: saiu de mim como um milagre, numa noite, e quando ficava em casa.
finalmente fui dormir estava exausta, atônita, estupefata. — Mas, Sr. Nogueira, que fará você todo esse tempo? per-
(Adaptado de: GINZBURG, Natalia. As pequenas virtudes. Trad. guntou-me a mãe de Conceição.
Maurício Santana Dias. São Paulo: Cosac Naify, 2015, p, 72-77, — Leio, D. Inácia.
passim) Tinha comigo um romance, os Três Mosqueteiros, velha
As normas de concordância verbal encontram-se plenamente tradução creio do Jornal do Comércio. Sentei-me à mesa que
observadas em: havia no centro da sala, e à luz de um candeeiro de querosene,
(A) As palavras que a alguém ocorrem deitar no papel acabam enquanto a casa dormia, trepei ainda uma vez ao cavalo magro
por identificar o estilo mesmo de quem as escreveu. de D’Artagnan e fui-me às aventuras. Os minutos voavam, ao
(B) Gaba-se a autora de que às palavras a que recorre nunca contrário do que costumam fazer, quando são de espera; ouvi
falta a espontaneidade dos bons escritos. bater onze horas, mas quase sem dar por elas, um acaso. En-
(C) Faltam às tarefas outras de que poderiam se incumbir a fa- tretanto, um pequeno rumor que ouvi dentro veio acordar-me
cilidade que encontra ela em escrever seus textos. da leitura.
(D) Os possíveis entraves para escrever um conto, revela a au- (Adaptado de: Machado de Assis. Contos: uma antologia. São
tora, logo se dissipou em sua primeira tentativa. Paulo: Companhia das Letras, 1988)
(E) Não haveria de surgir impulsos mais fortes, para essa escri- *comborça: qualificação humilhante da amante de homem ca-
tora, do que os que a levaram a imaginar histórias sado
Verifica-se o emprego de vírgula para assinalar a supressão de
13. FCC - 2022 - TJ-CE - Analista Judiciário - Ciência da Compu- um verbo em:
tação - Infraestrutura de TI- Atenção: Para responder à questão, leia (A) A família era pequena, o escrivão, a mulher, a sogra e duas
o início do conto “Missa do Galo”, de Machado de Assis. escravas.
Nunca pude entender a conversação que tive com uma (B) Tinha três chaves a porta; uma estava com o escrivão, eu
senhora, há muitos anos, contava eu dezessete, ela, trinta. Era levaria outra, a terceira ficava em casa.
noite de Natal. Havendo ajustado com um vizinho irmos à mis- (C) A casa em que eu estava hospedado era a do escrivão Me-
sa do galo, preferi não dormir; combinei que eu iria acordá-lo neses, que fora casado, em primeiras núpcias, com uma de mi-
à meia-noite. nhas primas.
A casa em que eu estava hospedado era a do escrivão (D) Nunca pude entender a conversação que tive com uma se-
Meneses, que fora casado, em primeiras núpcias, com uma de nhora, há muitos anos, contava eu dezessete, ela, trinta.
minhas primas. A segunda mulher, Conceição, e a mãe desta (E) Vivia tranquilo, naquela casa assobradada da Rua do Sena-
acolheram-me bem quando vim de Mangaratiba para o Rio de do, com os meus livros, poucas relações, alguns passeios.
Janeiro, meses antes, a estudar preparatórios. Vivia tranquilo,
naquela casa assobradada da Rua do Senado, com os meus li- 14. FCC - 2022 - TRT - 23ª REGIÃO (MT) - Analista Judiciário
vros, poucas relações, alguns passeios. A família era pequena, - Área Administrativa-
o escrivão, a mulher, a sogra e duas escravas. Costumes velhos. Crimes ditos “passionais”
Às dez horas da noite toda a gente estava nos quartos; às dez e A história da humanidade registra poucos casos de mulhe-
meia a casa dormia. Nunca tinha ido ao teatro, e mais de uma res que mataram por se sentirem traídas ou desprezadas. Não
vez, ouvindo dizer ao Meneses que ia ao teatro, pedi-lhe que sabemos, ainda, se a emancipação feminina irá trazer também
me levasse consigo. Nessas ocasiões, a sogra fazia uma careta, esse tipo de igualdade: a igualdade no crime e na violência.
e as escravas riam à socapa; ele não respondia, vestia-se, saía e Provavelmente, não. O crime dado como passional costuma ser
só tornava na manhã seguinte. Mais tarde é que eu soube que uma reação daquele que se sente “possuidor” da vítima. O sen-
o teatro era um eufemismo em ação. Meneses trazia amores timento de posse, por sua vez, decorre não apenas do relacio-
com uma senhora, separada do marido, e dormia fora de casa namento sexual, mas também do fator econômico: o homem é,
uma vez por semana. Conceição padecera, a princípio, com a em boa parte dos casos, o responsável maior pelo sustento da
existência da comborça*; mas afinal, resignara-se, acostumara- casa. Por tudo isso, quando ele se vê contrariado, repelido ou
-se, e acabou achando que era muito direito. traído, acha-se no direito de matar.
Boa Conceição! Chamavam-lhe “a santa”, e fazia jus ao O que acontece com os homens que matam mulheres quan-
título, tão facilmente suportava os esquecimentos do marido. do são levados a julgamento? São execrados ou perdoados?
Em verdade, era um temperamento moderado, sem extremos, Como reage a sociedade e a Justiça brasileiras diante da bru-
nem grandes lágrimas, nem grandes risos. Tudo nela era atenu- talidade que se tenta justificar como resultante da paixão? Há
ado e passivo. O próprio rosto era mediano, nem bonito nem
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a solução para o seu concurso!
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decisões estapafúrdias, sentenças que decorrem mais em fun- Está plenamente adequada a pontuação do seguinte período:
ção da eloquência dos advogados e do clima emocional preva- (A) Ao detectar, em nossos dias tão agitados, o vírus da pressa,
lecente entre os jurados do que das provas dos autos. que contamina não apenas o tempo do trabalho, mas também
Vejam-se, por exemplo, casos de crimes passionais cujos res- o tempo de outras ocupações, o autor mostra seu temor de
ponsáveis acabaram sendo inocentados com o argumento de que, se assim continuar, nossa civilização se degradará.
que houve uma “legítima defesa da honra”, que não existe na (B) Ao detectar em nossos dias, tão agitados o vírus da pressa,
lei. Os motivos que levam o criminoso passional a praticar o que contamina não apenas o tempo do trabalho mas, também,
ato delituoso têm mais a ver com os sentimentos de vingan- o tempo de outras ocupações, o autor mostra seu temor, de
ça, ódio, rancor, frustração, vaidade ferida, narcisismo maligno, que, se assim continuar, nossa civilização se degradará.
prepotência, egoísmo do que com o verdadeiro sentimento de (C) Ao detectar, em nossos dias tão agitados o vírus da pressa,
honra. que contamina, não apenas o tempo do trabalho mas também
A evolução da posição da mulher na sociedade e o desmo- o tempo de outras ocupações, o autor mostra seu temor de
ronamento dos padrões patriarcais tiveram grande repercus- que, se assim continuar nossa civilização, se degradará.
são nas decisões judiciais mais recentes, sobretudo nos crimes (D) Ao detectar em nossos dias tão agitados, o vírus da pressa
passionais. A sociedade brasileira vem se dando conta de que que contamina, não apenas o tempo do trabalho mas, também
mulheres não podem ser tratadas como cidadãs de segunda o tempo, de outras ocupações, o autor mostra seu temor de
categoria, submetidas ao poder de homens que, com o sub- que, se assim continuar nossa civilização se degradará.
terfúgio da sua “paixão”, vinham assumindo o direito de vida e (E) Ao detectar em nossos dias tão agitados o vírus, da pressa
morte sobre elas. que contamina não apenas o tempo do trabalho, mas também
(Adaptado de: ELUF, Luiza Nagib. A paixão no banco dos réus. o tempo de outras ocupações, o autor mostra, seu temor, de
São Paulo: Saraiva, 2002, XI-XIV, passim) que, se assim continuar nossa civilização se degradará.
É inteiramente regular a pontuação do seguinte período:
(A) A autora do texto reclama, com senso de justiça que não se 16. FCC - 2020 - AL-AP - Analista Legislativo - Assessor Jurídico
considere passional um crime movido pelo rancor, e pelo ódio. Legislativo- Atenção: Para responder à questão, baseie-se no texto
(B) Como reage, a sociedade, quando se vê diante desses cri- abaixo.
mes em que, a paixão alegada, vale como uma atenuante. Distribuição justa
(C) Tratadas há muito, como cidadãs de segunda classe, as mu- A justiça de um resultado distributivo das riquezas depende
lheres, aos poucos, têm garantido seus direitos fundamentais. das dotações iniciais dos participantes e da lisura do processo
(D) Não é a paixão, mas sim, os motivos mais torpes, que es- do qual ele decorre. Do ponto de vista coletivo, a questão cru-
tão na raiz mesma, dos crimes hediondos apresentados como cial é: a desigualdade observada reflete essencialmente os ta-
passionais. lentos, esforços e valores diferenciados dos indivíduos, ou, ao
(E) Há advogados cuja retórica, encenada em tom emocional, contrário, ela resulta de um jogo viciado na origem e no proces-
acaba por convencer o júri, inocentando assim um frio crimi- so, de uma profunda falta de equidade nas condições iniciais de
noso. vida, da privação de direitos elementares ou da discriminação
racial, sexual, de gênero ou religiosa?
15. FCC - 2022 - DPE-AM - Analista Jurídico de Defensoria - Ci- A condição da família em que uma criança tiver a sorte
ências Jurídicas Considere o texto abaixo para responder à questão. ou o infortúnio de nascer, um risco comum, a todos, passa a
[Viver a pressa] exercer um papel mais decisivo na definição de seu futuro do
Há uma continuidade entre a lógica intensamente competitiva que qualquer outra coisa ou escolha que possa fazer no ciclo
e calculista do mundo do trabalho e aquilo que somos e fazemos da vida. A falta de um mínimo de equidade nas condições ini-
nas horas em que estamos fora dele. ciais e na capacitação para a vida tolhe a margem de escolha,
O vírus da pressa alastra-se em nossos dias de uma forma tão vicia o jogo distributivo e envenena os valores da convivência.
epidêmica como a peste em outros tempos: a frequência do acesso A igualdade de oportunidades está na origem da emancipação
a um website despenca caso ele seja mais lento que um site rival. das pessoas. Crianças e jovens precisam ter a oportunidade de
Mais de um quinto dos usuários da internet desistem de um vídeo desenvolver seus talentos de modo a ampliar seu leque de es-
caso ele demore mais que cinco segundos para carregar. colhas possíveis na vida prática e eleger seus projetos, apostas
Excitação efêmera, sinal de tédio à espreita. Estará longe o dia e sonhos de realização.
em que toda essa pressa deixe de ser uma obsessão? Será que a (Adaptado de: GIANETTI, Eduardo. Trópicos utópicos. São Pau-
adaptação triunfante aos novos tempos da velocidade máxima aca- lo: Companhia das Letras, 2016, p. 106)
bará por esvaziar até mesmo a consciência dessa nossa degradação No emprego das formas verbais, são regulares a flexão e a con-
descontrolada? cordância na frase:
(Adaptado de: GIANNETTI, Eduardo. Trópicos utópicos. São (A) Se ninguém se dispuser a mudar esse processo, ou vir pelo
Paulo: Companhia das Letras, 2016, p. 88) menos a reavaliá-lo, não se fará justiça quanto às riquezas a se
distribuir.
(B) À medida que se recomporem as condições iniciais do pro-
cesso, será maior a possibilidade de se atenderem a cada um
de seus ideais.
(C) Se não se contiverem os vícios do processo de distribuição
das riquezas, ele seguirá sendo envenenado pelas mesmas in-
justiças.
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a solução para o seu concurso!
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(D) Caso não se retenhem seus pecados de origem, a distribui- (D) Como é sabido, existe inúmeras estratégias de autopromo-
ção de riquezas não alcançará os objetivos da justiça que se ção com o intuito de aumentar a visibilidade de uma persona-
desejam fazer. lidade virtual.
(E) Como eles não requiseram maior igualdade de oportunida- (E) Grande parte dos relatos cotidianos encontrados nas mídias
des, viram-se prejudicados pelo processo a que se deram um sociais possui como meta a autopromoção da própria perso-
referendo. nalidade.

17. FCC - 2022 - TJ-CE - Analista Judiciário - Ciência da Compu- 18. FCC - 2022 - TRT - 23ª REGIÃO (MT) - Analista Judiciário -
tação - Sistemas da Informação- Área Administrativa- Crimes ditos “passionais”
1. Qual é a principal obra que produzem os autores e narrado- A história da humanidade registra poucos casos de mulhe-
res dos novos gêneros autobiográficos? Um personagem chamado res que mataram por se sentirem traídas ou desprezadas. Não
eu. O que todos criam e recriam ao performar as suas vidas nas sabemos, ainda, se a emancipação feminina irá trazer também
vitrines interativas de hoje é a própria personalidade. esse tipo de igualdade: a igualdade no crime e na violência.
2. A autoconstrução de si como um personagem visível seria Provavelmente, não. O crime dado como passional costuma ser
uma das metas prioritárias de grande parte dos relatos cotidianos, uma reação daquele que se sente “possuidor” da vítima. O sen-
compostos por imagens autorreferentes, numa sorte de espetáculo timento de posse, por sua vez, decorre não apenas do relacio-
pessoal em diálogo com os demais membros das diversas redes. namento sexual, mas também do fator econômico: o homem é,
3. Por isso, os canais de comunicação das mídias sociais da inte- em boa parte dos casos, o responsável maior pelo sustento da
met são também ferramentas para a criação de si. Esses instrumen- casa. Por tudo isso, quando ele se vê contrariado, repelido ou
tos de autoestilização agora se encontram à disposição de qualquer traído, acha-se no direito de matar.
um. Isso significa um setor crescente da população mundial, mas O que acontece com os homens que matam mulheres quan-
também, ao mesmo tempo, remete a outro sentido dessa expres- do são levados a julgamento? São execrados ou perdoados?
são. “Qualquer um” significa ninguém extraordinário, em princípio, Como reage a sociedade e a Justiça brasileiras diante da bru-
por ter produzido alguma coisa excepcional, e que tampouco se vê talidade que se tenta justificar como resultante da paixão? Há
impelido a fazê-lo para virar um personagem público. A insistência decisões estapafúrdias, sentenças que decorrem mais em fun-
nessa ideia de que “agora qualquer um pode” encontra-se no ceme ção da eloquência dos advogados e do clima emocional preva-
das louvações democratizantes plasmadas em conceitos como os lecente entre os jurados do que das provas dos autos.
de “inclusão digital”, recorrentes nas análises mais entusiastas des- Vejam-se, por exemplo, casos de crimes passionais cujos res-
tes fenômenos, tanto no âmbito acadêmico como no jornalístico. ponsáveis acabaram sendo inocentados com o argumento de
4. Em que pese a suposta liberdade de escolha de cada usuário, que houve uma “legítima defesa da honra”, que não existe na
há códigos implícitos e fórmulas bastante explícitas para o sucesso lei. Os motivos que levam o criminoso passional a praticar o
dessa autocriação. ato delituoso têm mais a ver com os sentimentos de vingan-
5. As diversas versões dessas personalidades que performam ça, ódio, rancor, frustração, vaidade ferida, narcisismo maligno,
em múltiplas telas admitem certa variabilidade individual, mas cos- prepotência, egoísmo do que com o verdadeiro sentimento de
tumam partir de uma base comum. Essa modalidade subjetiva que honra.
hoje triunfa está impregnada com alguns vestígios do estilo do artis- A evolução da posição da mulher na sociedade e o desmo-
ta romântico, mas não se trata de alguém que procura produzir uma ronamento dos padrões patriarcais tiveram grande repercus-
obra independente do seu criador. Ao invés disso, toda a energia e são nas decisões judiciais mais recentes, sobretudo nos crimes
os recursos estilísticos estão dirigidos a que esse autor de si mesmo passionais. A sociedade brasileira vem se dando conta de que
seja capaz de criar um personagem dotado de uma personalidade mulheres não podem ser tratadas como cidadãs de segunda
atraente. Trata-se de uma obra para ser vista e, nessa exposição, a categoria, submetidas ao poder de homens que, com o sub-
obra precisa conquistar os aplausos do público. É uma subjetividade terfúgio da sua “paixão”, vinham assumindo o direito de vida e
que se autocria em contato permanente com o olhar alheio, algo morte sobre elas.
que se cinzela a todo momento para ser compartilhado, curtido, co- (Adaptado de: ELUF, Luiza Nagib. A paixão no banco dos réus.
mentado e admirado. Por isso, trata-se de um tipo de construção de São Paulo: Saraiva, 2002, XI-XIV, passim)
si alterdirigida, recorrendo aos conceitos propostos pelo sociólogo Considere as orações:
David Riesman, no livro A multidão solitária. I. Há crimes ditos passionais.
(Adaptado de: Paula Sibilia. O show do eu: a intimidade como II. Os agentes desses crimes são por vezes inocentados.
espetáculo. Contraponto, edição digital) III. Os inocentados alegam legítima defesa da honra.
Está correta a redação da seguinte frase: Essas orações articulam-se de modo claro, correto e coerente
(A) Têm-se que o modo de vida dos jovens mais abastados das neste período único:
grandes cidades estadunidenses estão no cerne do novo tipo (A) São ditos passionais os crimes inocentados, por alegarem os
de personalidade das mídias sociais. criminosos, por vezes, legítima defesa da honra.
(B) Diariamente exibe-se fotografias autorreferentes nas mí- (B) É a legítima defesa da honra a alegação de que os agentes
dias sociais, fazendo de seus autores um tipo de personagem já de crimes ditos passionais usam ao serem inocentados.
visto no cinema e na televisão. (C) Os inocentados agentes de crimes ditos passionais, alegam
(C) Por tratar-se de uma obra à ser vista, os relatos autobio- a razão da legítima defesa da honra.
gráficos encontrados nas mídias sociais, precisam conquistar
grande audiência.

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(D) Ao alegarem legítima defesa da honra, são por vezes ino- 21. (PREFEITURA DE SONORA – MS – TÉCNICO DE ENFERMA-
centados os agentes dos crimes ditos passionais. GEM – MS CONCURSOS – 2019)
(E) São por vezes inocentados, sendo alegado legítima defesa “Simplicidade, clareza e equilíbrio; volta aos modelos clássicos
da honra, os agentes de crimes ditos passionais. greco-romanos; pastoralismo; bucolismo; poesia descritiva e obje-
tiva”.
19. FCC - 2019 - SANASA Campinas - Técnico de Instrumentação Essas são algumas características do:
- Automação de Processos- (A) Realismo.
Diversos países estão propondo alternativas para enfrentar o (B) Romantismo.
problema da poluição oceânica, mas, até o momento, não tomaram (C) Arcadismo.
quaisquer medidas concretas.A organização holandesa The Ocean (D) Barroco.
Cleanup resolveu dar um passo à frente e assumir a missão de com-
bater a poluição oceânica nos próximos anos. 22. (PREFEITURA DE SONORA – MS – ASSISTENTE DE ADMINIS-
A organização desenvolveu uma tecnologia para erradicar os TRAÇÃO – MS CONCURSOS – 2019)
plásticos que poluem os mares do planeta e pretende começar Objetivismo, impassibilidade, observação e análise, sensoria-
a limpar o Great Pacific Garbage Patch (a maior coleção de de- lismo, temas contemporâneos, preocupação formal, materialismo,
tritos marinhos do mundo), no Oceano Pacífico Norte, utilizan- cientificismo. Essas são características do:
do seu sistema de limpeza recentemente redesenhado. (A) Romantismo.
Em resumo, a ideia principal do projeto é deixar as correntes (B) Simbolismo.
oceânicas fazer todo o trabalho. Uma rede de telas em forma (C) Realismo.
de “U” coletaria o plástico flutuante até um ponto central. O (D) Modernismo.
plástico concentrado poderia, então, ser extraído e enviado à
costa marítima para fins de reciclagem. 23. (VUNESP-UNIFAI – CONTROLADOR INTERNO – VUNESP –
(Texto adaptado. Disponível em: https://futuroexponencial. 2019)
com) Uma invenção humana
Em resumo, a ideia principal do projeto é deixar as correntes
oceânicas fazer todo o trabalho. (3° parágrafo) Vejo a literatura como um instrumento excepcional da nossa ci-
O conteúdo da frase acima está preservado nesta outra reda- vilização. Ela ajuda a esclarecer o mundo. Quem nós somos? Quem
ção, respeitando-se as regras de ortografia e acentuação: nós fomos? Lendo a Ilíada, você pode imaginar quais foram os sen-
(A) Em sintese, a ideia principal do projeto equivale a deixar timentos de Aquiles ou de Príamo. Você se pergunta: “Por que esse
que as correntes oceânicas furtem-se a quaisquer trabalhos. fervor pela narrativa?”. Porque o ser humano precisou narrar, para
(B) Para sintetisar, a ideia principal do projeto tem haver com que os fatos da vida, da poética do cotidiano, não desaparecessem.
deixar que as correntes oceânicas executem o trabalho inte- Enquanto o ser humano forjava a sua civilização, dava combate aos
gralmente. deuses e procurava entender em que caos estava imerso, ele conta-
(C) De modo suscinto, a ideia principal do projeto está em dei- va histórias. Para que nada se perdesse. Não havia bibliotecas. No
xar que as correntes oceânicas desempenhem qualquer traba- caso de Homero, os aedos – e quase podíamos intitulá-los os poetas
lho. da memória – memorizavam tudo para que os fatos humanos não
(D) Em poucas palavras, a ideia principal do projeto consiste se perdessem. E, assim, a angústia em relação à apreensão da vida
em deixar que as correntes oceânicas realizem o trabalho com- real, o real humano, visível, intangível, esteve presente em todas
pleto. as civilizações. Nas nossas Américas, por exemplo, houve entre os
(E) Sem mais delongas, a ideia principal do projeto assemelha- incas uma categoria social, a dos amautas, que tinha por finalidade
-se a deixar que as correntes oceânicas desempenhem hesito- única memorizar. Memorizar para que os povos não se esqueces-
samente o trabalho. sem das suas próprias histórias. Quer dizer, a literatura não foi uma
invenção dos escritores, gosto muito de enfatizar isso. Foi uma in-
20. FCC - 2018 - SABESP - Estagiário - Nível Médio- A concordân- venção humana.
cia, a ortografia e a acentuação estão plenamente corretas na frase Milhões de pessoas já leram Dom Quixote. Milhões, em dife-
que se encontra em: rentes línguas. Mas é o mesmo livro para diferentes leitores. Isso
(A) Falta e ausência têm em quaizquer seres humanos. prova que a literatura dá visibilidade a quem somos, a nossos senti-
(B) Não hão falta e ausência em uma série de individuos. mentos mais secretos, mais obscuros, mais desesperados, às espe-
(C) Não existem falta e ausência como sentimentos humanos. ranças mais condicionais do ser humano. E a literatura conta histó-
(D) Todos nós nos sentimos em falta para com o outro as vezes. rias porque os sentimentos precisam de uma história para que você
(E) Não haviam falta e ausência em nós quando eramos crian- se dê conta deles. Então, a literatura pensou em dar conta de quem
ças. somos, dessa nossa complexidade extraordinária. Porque somos se-
res fundamentalmente singulares. E, por isso, a literatura é singular.
(Nélida Piñon. Uma invenção humana – depoimento ao escri-
tor e jornalista José Castello. Rascunho no 110. Curitiba: 2009.
In http://rascunho.com.br/wp-content/uploads/2012/02/
Book_Rascunho_110.pdf. Acesso em 15.11.18. Adaptado)
Para Nélida Piñon, a Literatura
(A) contradiz a visão que temos sobre a civilização.
(B) é capaz de explicar o período anterior ao civilizacional.
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(C) é quem trama a civilização. 26. (UFU-MG - TÉCNICO EM NUTRIÇÃO DIETÉTICA – UFU-MG
(D) acentua as diferenças entre os homens. – 2019)
(E) possui a capacidade de registrar a identidade da espécie. Mais do que um espaço geográfico, o Nordeste brasileiro é o
palco de representações ‘idealizadas’ nas mais variadas áreas. Essa
24. (PREFEITURA DE SALVADOR - BA - AGENTE DE TRÂNSITO E invenção do Nordeste, se não tem origem identificável, desenvolve-
TRANSPORTE – FGV- 2019) -se com mais ímpeto a partir do século XIX e coincide com a introdu-
No prefácio de um livro de Jorge Amado, Vinícius de Moraes ção do Romantismo no Brasil. Mas sua consolidação dá-se no século
escreveu o seguinte: XX, período em que urgiam as tentativas de afirmação de uma iden-
“Em dois textos simples, Jorge Amado acaba de escrever o que tidade nacional. Iniciada pelos escritores e poetas românticos, esse
para mim é o melhor romance e a melhor novela da literatura bra- movimento ganha impulso com o advento das ideias positivistas,
sileira.” adaptadas aos trópicos e que contaram, entre os principais divulga-
Esse texto deve ser considerado: dores, com Silvio Romero, Nina Rodrigues, José Veríssimo e Euclides
(A) uma resenha de duas obras de Jorge Amado. da Cunha. A representação do Nordeste brasileiro ampara-se em
(B) um texto publicitário sobre dois livros de Jorge Amado. signos como seca, flagelo, indolência, misticismo, mestiçagem, etc.,
(C) uma informação sobre o lançamento de novas obras lite- impregnada do pensamento positivista, destinada às elites cultas
rárias do Nordeste e Centro-Sul, resultando em um retrato estereotipado
(D) uma argumentação em defesa de Jorge Amado. do sujeito nordestino.
(E) um depoimento opinativo sobre duas obras de Jorge Ama- BORGES, Lucélia. Ariano Suassuna e o Brasil real. Literatura. Ed.
do. 77. São Paulo: Editora Escala, s/d, p. 27-33. (Fragmento)
A leitura do trecho permite inferir que a autora do texto defen-
25. (PREFEITURA DE BOMBINHAS - SC- AGENTE OPERACIO- de a ideia de que
NAL – FEPESE – 2019) (A) o Nordeste é alvo apenas de preconceitos, uma vez que
Ou isto ou aquilo toda idealização tem necessariamente um viés pejorativo.
Ou se tem chuva e não se tem sol, (B) o espaço geográfico não interfere na delimitação da identi-
ou se tem sol e não se tem chuva! dade do Nordeste.
Ou se calça a luva e não se põe o anel, (C) a identidade do Nordeste, apesar de consolidar-se em um
ou se põe o anel e não se calça a luva! momento de afirmação da identidade nacional, não constitui
Quem sobe nos ares não fica no chão, parte da identidade do brasileiro.
quem fica no chão não sobe nos ares. (D) o Nordeste tem sido visto de forma equivocada, uma vez
É uma grande pena que não se possa que idealizações e estereotipagens deturpam sua identidade.
estar ao mesmo tempo nos dois lugares!
Ou guardo o dinheiro e não compro o doce, 27. (PREFEITURA DE CARANAÍBA - MG - ASSISTENTE SOCIAL -
ou compro o doce e gasto o dinheiro. FCM - 2019)
Ou isto ou aquilo: ou isto ou aquilo… Um país do balacobaco
e vivo escolhendo o dia inteiro! Mentor Neto
Não sei se brinco, não sei se estudo,
se saio correndo ou fico tranquilo. 1. Nossa cultura popular é uma enciclopédia aberta, envolven-
Mas não consegui entender ainda qual te e rica em termos e frases de profundidade inquestionável. Co-
é melhor: se é isto ou aquilo. nhecimento comum, da gente simples, do dia a dia, que resultou
Cecília Meirelles - 1964 em gotículas de sabedoria muitas vezes desprezadas. Ao longo dos
O poema reproduzido é tão importante que deu nome ao livro anos venho colecionando inúmeras. Utilizo esta enciclopédia aber-
que reúne 57 poemas de Cecília Meirelles. Lançado em 1964, Ou ta como repositório que, acredito, poderia ser de amplo emprego
isto ou aquilo continua a ser um clássico da literatura que vem por alguns brasileiros.
percorrendo gerações.
Assinale a alternativa correta em relação ao poema. 2. É verdade que algumas dessas expressões caíram em desuso,
(A) O eu-lírico está cansado de viver “no chão” e, por isso, gos- mas nem por isso perderam o brilhantismo. Por exemplo, no es-
taria de poder voar livremente. cândalo mais recente, o caso Intercept Brasil, o conselho “em boca
(B) O uso repetido da palavra “ou” demonstra que o eu-líri- fechada não entra mosca” teria sido de profunda utilidade.
co encontra-se decidido em relação às oportunidades que se
apresentam. 3. Há como descrever melhor o trabalho da Lava Jato do que
(C) O eu-lírico canta o poema em tom de tristeza, pois se en- com um “cada enxadada uma minhoca”? Aos acusados ou suspei-
contra impedido de realizar seus sonhos. tos de corrupção, aos que se enriqueceram por meios ilícitos, um
(D) O eu-lírico brinca com as palavras porque já não pode mais “bobeou, dançou” cai feito uma luva.
fazer escolhas, o que o deixa confuso e inquieto.
(E) Como pano de fundo, o texto expressa a dualidade que o ser 4. “Entornar o caldo” me parece adequado quando nos refe-
humano encontra ao longo de sua vida. rimos à cultura de delações premiadas na qual estamos imersos.
Por falar nisso, os delatores encontram um sábio conselho no “ajoe-
lhou, tem que rezar” ou, quem sabe, no consagrado “colocar a boca
no trombone”! Já aos que preferem manter o silêncio, “boca de siri”
é o ideal.
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5. Alguns personagens desse “bafafá” que tomou conta de Envelhecer é complexo, a opção é mais desafiadora. O célebre
nossa política são protagonistas tão importantes que merecem historiador israelense Yuval Harari prevê que a geração alpha (nas-
frases conhecidas de aplicação exclusiva, já que “entraram numa cidos no século em curso) chegará, no mínimo, a 120 anos se obti-
fria”. Afinal, como descrever mais precisamente o que ocorreu com ver cuidados básicos. O Brasil envelhece demograficamente e nós
aquele que “foi pego com a boca na botija”? poderíamos ser chamados de vanguarda do novo processo. Dizem
que Nelson Rodrigues aconselhava aos jovens que envelhecessem,
6. Para os destacados empresários do ramo frigorífico, um belo como o melhor indicador do caminho a seguir. Não precisamos do
“mamar na vaca você não quer, né?” é incontestável. Tenho certeza conselho pois o tempo é ceifador inevitável. (...)
de que o estimado leitor há de concordar. Como em toda peça teatral, o descer das cortinas pode ser
a deixa para um aplauso caloroso ou um silêncio constrangedor,
7. E os deputados e senadores? E os que infringiram acordos? quando não vaia estrondosa. É sabedoria que o tempo ensina, ao
Ou aquilo está “um quiprocó”, “um perereco” do caramba mesmo. retirar nossa certeza com o processo de aprendizado. Hoje começa
Alguns ministros “aparecem mais que umbigo de vedete”, mas a mais um dia e mais uma etapa possível. Hoje é um dia diferente de
real é que deveriam “sair de fininho”. todos. Você, tendo 16 ou 76, será mais velho amanhã e terá um dia
a menos de vida. Hoje é o dia. Jovens, velhos e adjacentes: é preciso
8. A verdade é que o País está “do jeito que o diabo gosta” e ter esperança.
cabe a nós acabar logo com esse “lero-lero” e “partir pras cabeças”. Leia os trechos retirados do texto e assinale a alternativa
Afinal, amigo, nossa situação “está mais feia que bater na mãe”. que não possui uma figura de linguagem em sua construção.
IstoÉ, n. 2581, 19 jun. 2019. Adaptado (A) “pois o tempo é ceifador inevitável.”
Avalie as informações sobre aspectos estilísticos e semânticos (B) “deixa para um aplauso caloroso.”
utilizados pelo autor do texto. (C) “É sabedoria que o tempo ensina.”
I. No período “Tenho certeza de que o estimado leitor há de (D) “Você, tendo 16 ou 76, será mais velho amanhã.”
concordar...”, algumas palavras estão empregadas no sentido cono-
tativo. 29. (CORE-MT – FISCAL - INSTITUTO EXCELÊNCIA - 2019)
II. Identifica-se a metonímia em um dos sintagmas da estrutura Assinale a alternativa que contém as figuras de linguagem cor-
frasal “... aos que se enriqueceram por meios ilícitos, um ‘bobeou, respondentes aos períodos a seguir:
dançou’ cai feito uma luva”. (§3) I- “Está provado, quem ama o feio, bonito lhe parece.”
III. A locução adjetiva “do balacobaco”, presente no título, diz II- “ Era a união do amor e o ódio.”
respeito a algo inverossímil, descontextualizado e que caiu em de- III- Ele foi discriminado por faltar com a verdade.”
suso. IV- Marta quase morreu de tanto rir no circo.
IV. Em “Nossa cultura popular é uma enciclopédia aberta, en- (A) ironia - antítese - eufemismo - hipérbole.
volvente e rica em termos e frases de profundidade inquestionável” (B) eufemismo - ironia - hipérbole - antítese.
(§1), uma das figuras de linguagem empregada é a personificação. (C) hipérbole - eufemismo - antítese - ironia.
V. A expressão “enciclopédia aberta” (§1) é uma metáfora, pois (D) antítese - hipérbole – ironia – eufemismo.
nela as palavras foram retiradas do seu contexto convencional e um (E) Nenhuma das alternativas.
novo campo de significação se instaurou por meio de uma compa-
ração implícita. 30. (CORE-MT - ASSISTENTE ADMINISTRATIVO - INSTITUTO EX-
Está correto apenas o que se afirma em CELÊNCIA - 2019)
(A) II e IV. Em “Tempos Modernos”, fez-se o uso de figuras de linguagem,
(B) IV e V. assinale a alternativa em que os termos destacados têm a classifi-
(C) I, II, III. cação corretamente:
(D) I, III e V. ”Hoje o tempo voa, amor
escorre pelas mãos
28. (EMDEC - ADVOGADO JR - IBFC - 2019) ...Vamos viver tudo que há pra viver .
A perfeição (adaptado) ..eu vejo um novo começo de era
O susto de reencontrar alguém que não vemos há anos é o im- de gente fina, elegante, sincera
pacto do tempo. O desmanche alheio incomoda? Claro que não, com habilidade para dizer mais sim do que não
apenas o nosso refletido na hipótese de estarmos também daquele (A) Prosopopeia / pleonasmo / gradação / antítese.
jeito. Há momentos nos quais o salto para o abismo do fim parece (B) Metáfora / pleonasmo / gradação / antítese.
mais dramático: especialmente entre 35 e 55. (...) (C) Metáfora / hipérbole / gradação / antítese.
Agatha Christie deu um lindo argumento para todos nós que (D) Pleonasmo / metáfora / antítese / gradação.
envelhecemos. Na sua Autobiografia, narra que a solução de um ca- (E) Nenhuma das alternativas.
samento feliz está em imitar o segundo casamento da autora: con-
trair núpcias com um arqueólogo (no caso, Max Mallowan), pois,
quanto mais velha ela ficava, mais o marido se apaixonava. Talvez
o mesmo indicativo para homens e mulheres estivesse na busca de
geriatras, restauradores, historiadores, egiptólogos ou, no limite,
tanatologistas.

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GABARITO
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1 D
______________________________________________________
2 A
3 D ______________________________________________________
4 A ______________________________________________________
5 D
______________________________________________________
6 E
______________________________________________________
7 A
8 A ______________________________________________________
9 E ______________________________________________________
10 E
______________________________________________________
11 D
12 B ______________________________________________________

13 D ______________________________________________________
14 E
______________________________________________________
15 A
______________________________________________________
16 C
17 E ______________________________________________________
18 D ______________________________________________________
19 D
______________________________________________________
20 C
21 C ______________________________________________________

22 C ______________________________________________________
23 E ______________________________________________________
24 E
______________________________________________________
25 E
26 D ______________________________________________________
27 B ______________________________________________________
28 D
______________________________________________________
29 A
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30 A
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ANOTAÇÕES
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HISTÓRIA DO BRASIL

- Queda de Constantinopla em 1453, que apesar de ter ocor-


BRASIL COLÔNIA. OS POVOS INDÍGENAS BRASILEIROS. O rido após o início das primeiras expedições marítimas, ajudou a
BRASIL ANTES DA CHEGADA DOS EUROPEUS; E AS PRINCI- acelerar o desejo europeu por novas rotas, já que a cidade era o
PAIS NAÇÕES INDÍGENAS DO BRASIL ANTES DA CHEGADA principal entreposto comercial entre Ocidente e Oriente.
DOS PORTUGUESES
Mitos e as Grandes Navegações

A Expansão Ultramarina europeia dos séculos XV e XVI foi lide- Uma das barreiras para concretizar as viagens no além mar
rada por Portugal e Espanha, que conquistaram novas terras e rotas eram os medos que os navegantes possuíam em relação ao mar
de comércio, como o continente americano e o caminho para as aberto, um lugar desconhecido que na mente de muitos marinhei-
Índias pelo sul da África. ros era povoado por seres extraordinários e criaturas fantásticas.
Desde o Renascimento Comercial, durante a Baixa Idade Mé- Esses medos eram originários do imaginário medieval e da fal-
dia, até a expansão ultramarina, as cidades italianas foram os princi- ta de conhecimento sobre lugares ainda não mapeados, em uma
pais polos de desenvolvimento econômico europeu. Elas detinham época de pouco ou nenhuma divulgação cultural ou científica. Vale
o monopólio comercial do mar Mediterrâneo, abastecendo os mer- lembrar que os europeus, até o século XVI conheciam apenas o nor-
cados europeus com os produtos obtidos no Oriente (especiarias), te da África e a região que hoje chamamos de Oriente Médio.
especialmente Constantinopla e Alexandria.
Durante a Idade Média, as mercadorias italianas eram levadas
por terra para o norte da Europa, especialmente para o norte da
França e Países Baixos. Contudo, no século XIV, diante da Guerra
dos Cem Anos e da peste negra, a rota terrestre tornou-se inviável.
A partir de então, começou a ser utilizada uma nova rota, a rota ma-
rítima, ligando a Itália ao mar do Norte, via Mediterrâneo e Oceano
Atlântico.
Esta rota transformou Portugal num importante entreposto de
abastecimento dos navios italianos que iam para o mar do Norte,
estimulando o grupo mercantil luso a participar cada vez mais in-
tensamente do desenvolvimento comercial europeu. No início do
século XV, Portugal partiu para as grandes navegações, objetivando
contornar a África e alcançar as Índias, para obter diretamente as
lucrativas especiarias orientais.
A expansão marítima portuguesa foi acompanhada, em segui-
da pela espanhola e depois por vários outros Estados europeus, Fonte: Raisz, Erwin. Cartografia Geral, 1969
integrando quase todo o mundo ao desenvolvimento comercial ca-
pitalista da Europa. O mapa acima é uma reprodução de um tipo de mapa muito
comum na Idade Média, conhecido como Orbis Terrarum, ou mapa
Motivos Para as Expansões T no O, por sua forma. No mapa é possível perceber a representa-
ção do mundo conhecido na Idade Média, em que haviam apenas
- O desejo de descobrir uma nova rota para o Oriente com o ob- três continentes, não sendo incorporados nem a América, a Antárti-
jetivo de reduzir o custo dos produtos comercializados na Europa; da ou Oceania. Apesar da forma arredondada, a terra era entendida
- Obter acesso aos metais preciosos, que eram necessários como um disco plano, cercada por mares que terminavam em um
para a cunhagem de moedas e para o desenvolvimento econômico. abismo profundo. Apesar das teorias de que o mundo possuía um
Esses metais eram pouco encontrados na Europa; formato esférico existirem desde a antiguidade, ainda era comum
- Aumento do poder da burguesia (mercadores), que ambicio- aceitá-lo como uma tábula cercada pelos astros celestes.
navam expandir seus negócios; Outro fator importante a ser notado no mapa é a influência que
- Aumento do poder real, fundamental para a organização das a religião (cristianismo) exercia sobre todos os aspectos da vida dos
expedições marítimas; europeus.
- Desenvolvimento de novos instrumentos e técnicas de nave-
gação, como o astrolábio, o quadrante, a bússola, além de melho-
rias na construção dos navios, permitindo viagens mais longas;

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HISTÓRIA DO BRASIL

A orientação geográfica coloca a Ásia onde o norte está locali- Conflito, Dominação e Resistência dos Indígenas
zado, lugar que em um mapa moderno seria ocupado pela Europa.
Antes da utilização da bússola de maneira definitiva na Europa, o Resistências à Escravidão
norte não possuía a primazia da parte superior dos mapas e cartas. O processo de interação e dominação entre indígenas e eu-
A parte superior era reservada ao Oriente, a terra do Sol nascente, ropeus começa com os primeiros contatos nas ilhas da América
da luz, do paraíso, de onde haviam sido expulsos Adão e Eva. Por Central em 1492. Lá foram implantados os “repartimentos” que
essa razão, acreditava-se que o paraíso, descrito no livro bíblico de consistiam na distribuição de indígenas a alguns espanhóis, conhe-
Gênesis, estava localizado em algum lugar da Ásia, que não havia cidos como encomendeiros, que tinham a função de cuidar e os
sido ainda reencontrado pelos cristãos. Jerusalém, cidade de im- catequizar na fé cristã, ganhando em troca a mão de obra indígena.
portante significado religioso e alvo de conquista das cruzadas é Em 1500 a coroa espanhola tornou os indígenas livres e não mais
entendida como o centro do mundo. sujeitos a servitude. Ao mesmo tempo ainda era possível dominar e
escravizar indígenas através da chamada “Guerra Justa”, quando as
Expansão Ultramarina Portuguesa e a Chegada ao Brasil ações dos espanhóis pudessem ser consideradas morais.
Portugal foi o primeiro país a investir na expansão marítima em O impacto da escravidão das populações indígenas foi imenso.
virtude de uma série de fatores: Poucos anos após a chegada de Colombo em 1492 grande parte
- Desenvolvimento comercial, que proporcionou o surgimento da população nativa da América havia sido dizimada por doenças e
de uma burguesia dinâmica e economicamente forte; conflitos com europeus. Em 1512, tentando regular o funcionamen-
- Interesse do grupo mercantil em expandir suas transações co- to das Encomiendas, surgiu a Lei de Burgos (primeiro código de leis
merciais; consolidação do poder real por meio da Revolução de Avis que deveria guiar o comportamento os espanhóis na América, en-
(1383-85) promovida pela burguesia; tre suas diretrizes, estava a proibição ao mal trato indígena). Porém,
- Aperfeiçoamentos náuticos pela invenção da caravela, utiliza- a lei pouco adiantou, pois a ação intensiva dos encomendeiros e a
ção da vela triangular ou “latina” e, possivelmente, a existência de falta de fiscalização sobre suas ações não acabaram com as práticas
um centro de estudos náuticos em Sagres; de morte e trabalhos forçados.
- Posição geográfica favorável em direção à costa africana. Apesar dos impérios americanos constituírem grande parte do
território de ação dos espanhóis, alguns grupos autônomos rende-
Os empreendimentos marítimos portugueses são divididos em ram aos espanhóis grandes preocupações e conflitos. Grupos como
duas etapas distintas: os Araucanos e Mixtecas, que viviam nas fronteiras dos grandes
impérios, não possuíam a mesma unidade de Incas e Astecas, e ti-
- Reconhecimento e exploração do litoral da África e procura nham de ser conquistados um por um. A existência de grupos não
de um novo caminho marítimo para o Oriente (Índias). A primeira pacificados ou dominados gerava uma grande perda para a econo-
foi iniciada pela tomada de Ceuta em 1415, um entreposto mer- mia local, pois os gastos com a defesa desses lugares eram muito
cantil norte-africano até então controlado pelos mouros (árabes). grandes, além dos prejuízos gerados pelos ataques, como são os
Nessa fase, durante a qual foram fundadas várias feitorias na cos- casos das Guerras de Arauco na região do Chile e as rebeliões no
ta africana para traficar escravos e produtos locais (ouro, marfim, norte do México causados por Mixtecas.
pimenta-vermelha), descobriram-se as ilhas atlânticas da Madeira,
dos Açores e de Cabo Verde; as ilhas Canárias foram descobertas A Escravidão no Brasil
em um período anterior. O domínio da América portuguesa se deu de forma muito di-
- “Périplo africano” (contorno do continente) - Com a conquista ferente da América espanhola. O território brasileiro possuía uma
de Constantinopla pelos turcos em 1453, os preços das especiarias grande variedade de povos indígenas, de diferentes culturas e cos-
orientais elevaram-se repentinamente, incentivando ainda mais a tumes. É importante destacar a heterogeneidade dos povos que
busca de uma rota para as Índias. Assim, com a morte do Infante D. aqui viviam. Há uma estimativa de que no momento do contato
Henrique (1460), que até então dirigira a expansão marítima por- com os europeus viviam aqui entre 2 e 4 milhões de pessoas, que
tuguesa, o Estado luso empenhou-se em completar o “périplo afri- estariam, segundo alguns autores, divididos em mais de 1000 povos
cano”. Nessa nova etapa, destacaram-se as viagens de Bartolomeu diferentes, que desapareceram por conta de epidemias, conflitos
Dias (Cabo das Tormentas ou Boa Esperança, em 1488) e de Vasco armados e desorganização social e cultural.
da Gama (chegada a Calicute, na Índia, em 1498). Pouco depois a Para os portugueses o desafio foi diferente do enfrentado pe-
esquadra de Pedro Álvares Cabral, que chegou ao Brasil, em 1500. los espanhóis. A mão de obra indígena era indispensável para as
Já no século XVI, sob o comando do almirante Francisco de Al- intenções mercantilistas de Portugal, que pretendia iniciar a pro-
meida, novas tentativas são desenvolvidas, mas somente por volta dução da cana-de-açúcar para a produção do açúcar voltada para a
de 1509 os portugueses vêm a conhecer suas vitórias mais significa- exportação para o mercado europeu. Isso gerava a necessidade da
tivas. Entre esse ano e aproximadamente 1515, o comandante alm. existência de uma grande quantidade de mão de obra barata para
D. Afonso de Albuquerque — considerado o formador do Império gerar lucros.
português nas Índias — passou a ter sucessivas vitórias no Oriente, Apesar de serem considerados súditos da coroa e portanto, não
conquistas que atingiram desde a região do Golfo Pérsico (Áden), poderem ser escravizados, a legislação criada por Portugal permitia
adentraram a Índia (Calicute, Goa, Diu, Damão), a ilha do Ceilão (Sri recursos legais para a prática da dominação das populações nativas.
Lanka) e chegaram até à região da Indochina, onde foi conquistada Os grupos indígenas que sofreram o maior impacto da escravidão
a importante Ilha de Java. foram aqueles localizados no nordeste do país, nas capitanias de
Pernambuco e Bahia.

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HISTÓRIA DO BRASIL

Durante o período de 1540 a 1570 muitos colonos que habita- O Pau-brasil2


vam as citadas capitanias fizeram contato com indígenas da região
e começaram a estabelecer trocas. Pelo fato de existirem muitos O comércio de pau-brasil, árvore assim chamada devido à cor
grupos indígenas no Brasil, existiam também muitas diferenças e de brasa do interior de seu tronco, era o grande interesse de Portu-
as guerras entre eles eram algo constante. Muitos dos prisioneiros gal nesse início de colonização.
feitos nesses conflitos eram trocados com os portugueses, que os Havia pau-brasil em abundância no litoral que ia de Pernam-
utilizavam como escravos. buco até Angra dos Reis e a exploração era monopólio da Coroa
Uma das formas de resistência indígena, consistia no isola- portuguesa. Isso significava que ninguém poderia retirá-lo das ter-
mento, eles foram se deslocando para regiões mais pobres, onde ras brasileiras sem prévia autorização do governo e pagamento de
o homem branco ainda não havia chegado. Isso permitiu que hou- impostos correspondentes. Isso não intimidava os estrangeiros, es-
vesse a preservação da herança biológica, social e cultural. Apesar pecialmente ingleses e franceses principalmente.
de muitos índios terem se isolado, o número de mortos foi ainda A primeira concessão de exploração dada por Portugal foi para
maior. Estima-se que viviam no Brasil cerca de quatro milhões de o comerciante português Fernão de Noronha, em 1502. Seus navios
índios quando os colonizadores chegaram, hoje em dia, segundo o foram os primeiros a chegar à ilha que hoje é Fernando de Noronha.
IBGE, são cerca de 817 mil índios1. Os comerciantes de pau-brasil eram chamados brasileiros, ter-
mo que com o tempo irá designar todo e qualquer colono nascido
Ocupar, Dominar e Colonizar o Brasil na colônia. O pau-brasil chamou atenção dos comerciantes portu-
Os portugueses chegam ao Brasil em 22 de abril de 1500, com gueses, pois do seu lenho era preparada uma tinta de cor verme-
a esquadra de Pedro Alvares Cabral, iniciando o período conhecido lha empregada no tingimento de penas. Este corante de imediato
como Pré-Colonial. passou a ser utilizado pelos europeus, o que gerou lucros a Coroa e
Durante os primeiros trinta anos o Brasil foi atacado pelos ho- justificou o interesse dos estrangeiros. Além da tinta, a madeira do
landeses, ingleses e franceses que tinham ficado de fora do Tratado pau-brasil era útil na confecção de instrumentos musicais, móveis e
de Tordesilhas (acordo entre Portugal e Espanha que dividiu as ter- outros utensílios domésticos.
ras recém descobertas em 1494). Os corsários ou piratas também Os índios encarregavam-se de derrubar as madeiras, cortá-las
saqueavam e contrabandeavam o pau-brasil, o que gerava medo em toras, transportá-las para as feitorias e acomodá-las; em troca,
por parte da coroa portuguesa em perder o território brasileiro para recebiam objetos como miçangas, tecidos, vestimentas diversas, ca-
um outro país. Para tentar evitar estes ataques, Portugal organizou nivetes, facas e outros utensílios desse gênero. Essa prática (troca)
e enviou ao Brasil as Expedições Guarda-Costas, porém com poucos era chamada de escambo. Dando e recebendo presentes os índios
resultados. acreditavam selar acordos de paz e de apoio quando houvesse al-
Os portugueses continuaram a exploração da madeira, cons- guma guerra.
truindo feitorias no litoral que serviam em resumo como armazéns A chegada dos europeus revelou a eles um universo comple-
e postos de trocas com os indígenas. tamente novo, de tecnologias, animais e modo de pensar. Pero Vaz
No ano de 1530, o rei de Portugal, D. João III, organizou a pri- de Caminha, o escrivão daquela empreitada descreve a curiosidade
meira expedição com objetivos de colonização efetiva, comandada dos nativos ao conhecerem a galinha. “Quase tiveram medo dela
por Martin Afonso de Souza. A intenção era povoar o território bra- – não lhe queriam tocar, para logo depois tomá-la, com grande es-
sileiro, expulsar os invasores e iniciar o cultivo de cana-de-açúcar panto nos olhos”. O fim da extração do pau-brasil não livrou a espé-
no Brasil. cie do perigo de extinção. As atividades econômicas subsequentes,
como o cultivo da cana-de-açúcar e do café, além do crescimento
populacional, estiveram aliadas ao desmatamento da faixa litorâ-
PERÍODO PRÉ-COLONIAL. EXPEDIÇÕES DE RECONHECI- nea, o que restringiu drasticamente o habitat natural desta espécie.
MENTO E GUARDA COSTA; ECONOMIA DO PAU-BRASIL; Mas sob o comando do Imperador Dom Pedro II, vastas áreas de
E EXPEDIÇÃO COLONIZADORA DE MARTIM AFONSO DE Mata Atlântica, principalmente no estado do Rio de Janeiro, foram
SOUZA recuperadas, e iniciou-se uma certa conscientização preservacio-
nista que freou o desmatamento. Entretanto, já se considerava o
pau-brasil como uma árvore praticamente extinta.
“Brasil Pré-Colonial” é o período entre o descobrimento e 1530.
Recebeu esse nome devido à pouca atenção que a Coroa portugue- As Feitorias
sa dedicou ao processo de colonização. Fato que mudou a partir de
1530, com o envio da expedição de Martin Afonso de Souza. Durante o período pré-colonial não teremos a fundação de ci-
O termo “Descobrimento do Brasil” traz uma visão pautada no dades, apenas a instalação de feitorias. Era o nome dado aos entre-
eurocentrismo, que é a valorização da cultura europeia em detri- postos comerciais europeus em territórios estrangeiros. Inicialmen-
mento das outras, já que expõe a chegada (termo mais apropriado) te estabelecidas nos diferentes estados na Europa medieval, foram
dos portugueses ao Brasil como o início da civilização e da presença mais tarde adaptadas às possessões coloniais. Uma feitoria podia
humana no país, desconsiderando a presença e a cultura indígena ser desde uma simples casa até um conjunto de equipamentos e
já presentes há milhares de anos neste território. estruturas militares ou de acolhimento e manutenção de navios, no
caso do Brasil pré-colonial o principal objetivo era o armazenamen-
to do pau-brasil.
2 “Terra do Brasil”: Período Pré-Colonial(1500-1532).
https://www.promilitares.com.br/content/aula/62VJ-5F8Y/terra_do_brasil_-_perio-
1 https://indigenas.ibge.gov.br/graficos-e-tabelas-2.html do_pre-colonial_(1500-1532).pdf
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HISTÓRIA DO BRASIL

As Primeiras Expedições - A segunda entende que todos os esforços anteriores a 1530


(experiências com feitorias, missões guarda-costas) “acidentalmen-
As principais expedições marítimas portuguesas enviadas ao te” iniciaram a colonização do Brasil. É considerada acidental por-
Brasil após a passagem da esquadra de Pedro Álvares Cabral, e cha- que apenas após o envio de Martín Afonso de Souza, a experiência
madas de expedições exploratórias foram: das Capitanias e o Governo Geral é que o governo português real-
Expedição de Gaspar de Lemos (1501) – explorou grande parte mente mostrou intenção de colonizar o território.
do litoral brasileiro e deu nome aos principais acidentes geográficos
então encontrados (ilhas, cabos, rios, baías). Esses batismos acon- E é justamente a instabilidade e a insegurança do domínio por-
teciam conforme o santo de cada dia e as festas religiosas comemo- tuguês sobre o Brasil que estão na origem direta da expedição de
radas na época. Assim, surgiram nomes como Ilha de São Vicente, Martim Afonso de Sousa, nobre militar lusitano, e a posterior ces-
Cabo de São Rock, rio São Francisco, Ilha de São Sebastião, etc. são dos direitos régios a doze donatários sob o sistema das capita-
Participava da tripulação o experiente navegador florentino nias hereditárias. Em 1530, D. João III mandou organizar a primeira
Américo Vespúcio, que verificou a existência de grande quantidade expedição com objetivos de colonização.
de pau-brasil em longas faixas do litoral, o que provocou contenta- Esta tinha como objetivos: povoar o território brasileiro, expul-
mento em diversos comerciantes. sar os invasores e iniciar o cultivo de cana-de-açúcar no Brasil.
Expedição de Gonçalo Coelho (1503) – organizada a partir de Não bastando o risco de invasão, os portugueses não alcança-
um contrato entre a Coroa e ricos comerciantes de olho no pau-bra- ram o lucro esperado com a construção de uma rota marítima que
sil, dentre os quais se destacava Fernão de Noronha. os ligassem diretamente às Índias. O desgaste causado pelo longo
Esse contrato tinha essencialmente duas cláusulas: enviar percurso e a concorrência comercial de outros povos acabou fazen-
seis navios anualmente ao Brasil para explorar até trezentas léguas do com que o comércio com o Oriente não fosse muito atrativo.
do seu litoral e construir feitorias destinadas à proteção do litoral, Desse modo, o governo português voltaria suas atenções para a ex-
mantendo-as pelo prazo de três anos. Para Portugal a construção de ploração do espaço colonial brasileiro.
feitorias significava a proteção da terra, medida fundamental já que
diversos estrangeiros visitavam a costa brasileira.
Expedição de Cristóvão Jacques (1516 e 1520) – essas expedi- PERÍODO COLONIAL - ADMINISTRAÇÃO, ECONOMIA E SO-
ções foram chamadas de guarda-costas ou de policiamento, já que CIEDADE COLONIAL. A ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA
o objetivo era vigiar o litoral especialmente temendo uma invasão COLONIAL PORTUGUESA NO BRASIL - CAPITANIAS HERE-
francesa. Durante o século XVI, franceses e portugueses tiveram vá- DITÁRIAS; O GOVERNO GERAL E ÓRGÃOS ADMINISTRATI-
rios confrontos disputando o comércio do pau-brasil. VOS; AS CÂMARAS MUNICIPAIS; A ECONOMIA E SOCIEDA-
Tinham um caráter basicamente militar, pois sua missão era DE AÇUCAREIRA; ESCRAVIDÃO AFRICANA; DA ECONOMIA
aprisionar os navios franceses que sem pagar tributos à Coroa Por- E SOCIEDADE MINERADORA; E ECONOMIAS COMPLE-
tuguesa retiravam enormes quantidades de pau-brasil do nosso MENTARES
litoral. O resultado alcançado por essas expedições foi pouco sig-
nificativo. A grande extensão da costa brasileira tornava impossível
policiá-la integralmente e impedir o tráfico por contrabandistas. Da Organização da Colônia ao Governo Geral
Indiretamente a concorrência entre franceses e portugueses
deixou marcas na costa brasileira. Foram construídas fortificações • A organização colonial mostrada aqui é aquela a partir de
por ambas as facções nos trechos mais ricos e proveitosos para ser- 1530, após o chamado período pré-colonial. É o período após o en-
vir de proteção em caso de ataque e para armazenamento do pau- vio da expedição de Martin Afonso de Souza com a intenção de po-
-brasil à espera do embarque. As fortificações não duravam muito, liciar, ocupar e explorar efetivamente o território brasileiro, aceito
apenas alguns meses, o necessário para que se juntasse a madeira como início real da colonização.
e se embarcasse.
A exploração do pau-brasil era uma atividade que tinha neces-
sariamente de ser nômade, pois a floresta era explorada intensiva-
mente e rapidamente se esgotava, não dando origem a nenhum
núcleo de povoamento regular e estável.

A Colonização Acidental do Brasil

* A respeito da “colonização acidental” do Brasil, fique atento.


Normalmente ela é contextualizada em duas situações:
- A primeira e menos comumente cobrada é a respeito da His-
tória de Diogo Álvares Correa, o quase folclórico Caramuru. Nessa
linha, acredita-se que desde o seu naufrágio (1510) e estabeleci-
mento entre os Tupinambás da Bahia, foi iniciado gradativamente o
processo colonizador, mesmo que não intencional. Caramuru esta-
beleceu família, e oferecia facilidades a negociadores estrangeiros
que ao Brasil chegavam. O mesmo ocorreu com João Ramalho, que
tinha as mesmas características, porém viveu na região de São Vi-
cente entre os índios Guaianá.
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HISTÓRIA DO BRASIL

As Capitanias Hereditárias

Fonte: http://www.estudopratico.com.br/

A implantação do regime de capitanias hereditárias no Brasil em 1534 está vinculada com a incapacidade econômica do Estado por-
tuguês em financiar diretamente a colonização. Lembrando que o comércio com as Índias, maior responsável pelo excedente da balança
comercial portuguesa já não era tão lucrativo.
Por essa razão, e considerando a necessidade de se colonizar o país, D. João III decidiu dividir o território em capitanias hereditárias
para que elas se “auto colonizassem” com recursos particulares sem que a coroa tivesse que investir dinheiro.
O regime de capitanias já havia sido aplicado com êxito nas ilhas atlânticas (Madeira, Açores, Cabo Verde e São Tomé) e no próprio
Brasil já existia a capitania de São João, correspondente ao atual arquipélago de Fernando de Noronha.
O território brasileiro foi dividido em 14 capitanias e doadas a doze donatários. Os limites de cada território definido sempre por linhas
paralelas iniciadas no litoral, estavam especificados na Carta de Doação. Este documento estipulava que a capitania seria hereditária,
indivisível e inalienável, podendo ser readquirida somente pela Coroa.
Nesse processo havia um segundo documento: o Foral, que regulamentava minuciosamente os direitos do rei. Na realidade, os dona-
tários não recebiam a propriedade das capitanias, mas apenas sua posse. Ainda assim possuíam amplos poderes administrativos, militares
e judiciais, respondendo unicamente ao soberano. Tratava-se portanto de um regime administrativo descentralizado.
São Vicente e Pernambuco foram as únicas capitanias que prosperaram. O fracasso do projeto como um todo decorreu de vários
fatores: falta de coordenação entre as capitanias, grande distância da metrópole, excessiva extensão territorial, ataques indígenas, desin-
teresse de vários donatários e, acima de tudo, insuficiência de recursos.
Motivado por esses fracassos, a saída encontrada pelo rei foi uma mudança na forma de administrar a colônia, com a criação do Go-
verno-Geral.
As capitanias hereditárias não desapareceram de uma vez com a criação do Governo-Geral, elas foram gradualmente readquiridas
pela Coroa até serem totalmente extintas, na segunda metade do século XVIII pelo Marquês de Pombal.

* A relação de propriedades e nomes dos donatários e suas capitanias já não é alvo de questões (é mais pedida em vestibulares do
que em concursos). De qualquer forma a lista segue abaixo. Sugiro que foquem sua atenção mais nas características e motivos do fracasso
do que na relação capitania-donatário.

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Principais Capitanias Hereditárias e seus donatários: São Vi- Sistema Colonial


cente (Martim Afonso de Sousa), Santana, Santo Amaro e Itama-
racá (Pêro Lopes de Sousa), Paraíba do Sul (Pêro Gois da Silveira), Sociedade
Espírito Santo (Vasco Fernandes Coutinho), Porto Seguro (Pêro de No topo da pirâmide social do período estavam os senhores
Campos Tourinho), Ilhéus (Jorge Figueiredo Correia), Bahia (Francis- de engenho. Eles dominavam a economia e a política, exercendo
co Pereira Coutinho), Pernambuco (Duarte Coelho), Ceará (António poder sobre sua família e sobre outras pessoas que viviam em seus
Cardoso de Barros), Baía da Traição até o Amazonas (João de Barros, domínios sob sua proteção – os agregados. Era a chamada família
Aires da Cunha e Fernando Álvares de Andrade). patriarcal.
Na camada intermediária estavam os homens livres, como reli-
Governo Geral giosos, feitores, capatazes, militares, comerciantes, artesãos e fun-
cionários públicos. Alguns possuíam terras e escravos, porém não
A ideia de D. João III era centralizar a administração colonial su- exerciam grande influência individualmente, principalmente em
bordinando as capitanias a um governador-geral que coordenasse relação à economia.
e acelerasse o processo de colonização do Brasil. Com esse objetivo Na base estava a maior parte da população, que era composta
elaborou-se em 1548 o Regimento do Governador-Geral no Brasil, de africanos e índios escravizados (sendo os índios a primeira tenta-
que regulamentava as funções do governador e de seus principais tiva de escravidão). Os escravos não eram vistos como pessoas com
auxiliares — o ouvidor-mor (Justiça), o provedor-mor (Fazenda) e o direito a igualdade. Eram considerados propriedade dos senhores
capitão-mor (Defesa). e faziam praticamente todo o trabalho na colônia. Os escravos nas
O primeiro governador-geral foi Tomé de Sousa, fundador de zonas rurais não tinham nenhum direito na sociedade e começavam
Salvador, primeira cidade e capital do Brasil. Com ele vieram os pri- a trabalhar desde crianças.
meiros jesuítas. A sociedade colonial brasileira foi um reflexo da própria estru-
A administração do segundo governador-geral, Duarte da Cos- tura econômica, acompanhando suas tendências e mudanças. Suas
ta, apresentou mais problemas que seu antecessor: características básicas entretanto, definiram-se logo no início da
- revoltas dos índios na Bahia colonização segundo padrões e valores do colonizador português.
- conflito entre o governador e o bispo Assim, a sociedade do Nordeste açucareiro do século XVI, essencial-
- a invasão francesa do Rio de Janeiro (criação da França An- mente ruralizada, patriarcal, elitista, escravista e marcada pela imo-
tártica). bilidade social, é a matriz sobre a qual se assentarão as modifica-
ções dos séculos seguintes4.
Em compensação, o terceiro governador-geral, Mem de Sá, No século XVIII, a sociedade brasileira conheceu transforma-
mostrou-se tão eficiente que a metrópole o manteve no cargo até ções expressivas. O crescimento populacional, a intensificação da
sua morte. Foi ele quem conseguiu expulsar os invasores franceses, vida urbana e o desenvolvimento de outras atividades econômicas
com ajuda de seu sobrinho Estácio de Sá. para atender a essa nova realidade, resultaram indubitavelmente
Depois de Mem de Sá, por duas vezes a colônia foi dividida da mineração. Embora ainda conservasse o seu caráter elitista, a
temporariamente em dois governos-gerais: a primeira teve como sociedade do século XVIII era mais aberta, mais heterogênea e mar-
divisão a Repartição do Norte, com capital em Salvador, e a do Sul, cada por uma relativa mobilidade social, portanto mais avançada
com capital no Rio de Janeiro. em relação à sociedade rural e escravista dos séculos XVI e XVII.
A segunda divisão foi durante a União Ibérica3, onde o Brasil foi Os folguedos (festas populares) das camadas mais pobres con-
transformado em duas colônias distintas: Estado do Brasil (cuja ca- viviam com os saraus e outros eventos sociais da camada dominan-
pital era Salvador e, depois, Rio de Janeiro) e Estado do Maranhão te. Com relação a esta, o hábito de se locomover em cadeirinhas ou
(cuja capital era São Luís e, depois, Belém). A reunificação só seria redes transportadas por escravos, evidencia o aparecimento do es-
concretizada pelo Marquês de Pombal, em 1774. cravo urbano, com destaque para os chamados negros de ganho5.
Além das Capitanias e do Governo-Geral, as Câmaras Munici-
pais nas vilas e nas cidades desempenhavam papel menor na admi- Escravos e homens livres na Colônia
nistração do Brasil colonial. O controle das Câmaras Municipais era No Brasil colonial a mão de obra escrava foi utilizada ampla-
exercido pelos grandes proprietários locais, conhecidos como “ho- mente. A escravidão está presente na formação do país, desde os
mens-bons”. Entre suas competências, destacavam-se a autoridade índios aos negros que chegavam em navios, a utilização do trabalho
para decidir sobre preços de mercadorias e a fixação dos valores de escravo se deu pela intenção de maximizar lucros através da super
alguns tributos. exploração do trabalho e do trabalhador. Apesar da ampla utilização
As eleições para as Câmaras Municipais eram realizadas entre do trabalho escravo, este não foi o único. Uma parte da sociedade
os já citados homens-bons. Elegiam-se três vereadores, um procu- era livre, composta de trabalhadores livres, que no início eram ape-
rador, um tesoureiro e um escrivão, sob a presidência de um juiz nas os portugueses condenados ao exílio na América como punição.
ordinário (juiz de paz). Ser livre, mas pertencer ao último estamento social na colônia
3 *A União Ibérica foi o período em que o império português e espanhol estiveram significava apenas não ser escravo. Mesmo sendo livres, os mais
sob a mesma administração. Quando D. Sebastião – Rei de Portugal - desapare- pobres eram marginalizados e tinham poucas chances de ascensão
ceu durante conflitos contra os mouros na África sem deixar herdeiros diretos, o sendo privados de exigir melhores situações econômicas. No grupo
trono português foi ocupado provisoriamente por seu tio-avô. Após seu falecimen- de trabalhadores livres estavam os desgredados portugueses, es-
to, Felipe II, rei da Espanha e tio de D. Sebastião assume o trono português. Esse cravos forros (libertos) e os pardos.
período durou 60 anos (1580 – 1640). Ele influenciou definitivamente as relações
entre Portugal e Espanha e alterou de forma marcante nosso território originalmen- 4 https://www.coladaweb.com/historia-do-brasil/sociedade-colonial-brasileira
te definido pelo Tratado de Tordesilhas. 5 Escravos que repassavam todos os ganhos de seu trabalho aos seus donos.
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HISTÓRIA DO BRASIL

O cultivo do açúcar e os engenhos motivaram essa variação de pequenas comunidades onde seus valores culturais eram preserva-
posição dos trabalhadores livres, em que os senhores de engenhos dos. Tais comunidades receberam diferentes nomeações: remanes-
consideravam estar no topo da sociedade. A divisão da terra através centes de quilombos, quilombos, mocambos, terra de preto, comu-
das sesmarias6 beneficiava os mais abastados que se tornavam os nidades negras rurais, ou ainda comunidades de terreiro.
grandes proprietários e arrendavam uma parte para colonos que
não possuíam condições para ter sua própria terra, denominando Educação
assim os senhores de engenhos (produtores de açúcar) e os agricul- A história da educação no Brasil tem início com a vinda dos
tores (produtores de cana). As relações entre senhores de engenho padres jesuítas no final da primeira metade do século XVI, inaugu-
e agricultores, unidos pelo interesse e pela dependência em relação rando a primeira, mais longa e a mais importante fase da educação
ao mercado internacional, formaram o setor açucareiro. no país, observando que a sua relevância encontra-se nas consequ-
ências resultantes para a cultura e civilização brasileiras7.
A Resistência à Escravidão Os jesuítas se dedicaram à pregação da fé católica e ao trabalho
Onde quer que tenha existido escravidão, houve resistência educativo. Logo perceberam que não seria possível converter os ín-
escrava. No Brasil os escravizados criaram diversas maneiras de re- dios à fé católica sem que soubessem ler e escrever.
sistência ao sistema escravista durante os quase quatro séculos em De Salvador a obra jesuítica estendeu-se para o sul e, em 1570,
que a escravidão existiu entre nós. A resistência poderia assumir vinte e um anos depois da sua chegada, já eram compostos por
diversos aspectos: fazer “corpo mole” na realização das tarefas, sa- cinco escolas de instrução elementar – cursos de Letras, Filosofia e
botagens, roubos, sarcasmos, suicídios, abortos, fugas e formação Teologia -, localizadas em Porto Seguro, Ilhéus, São Vicente, Espírito
de quilombos. Qualquer tipo de afronta à propriedade senhorial Santo e São Paulo de Piratininga, e três colégios, localizados no Rio
por parte do escravizado deve ser considerada como uma forma de de Janeiro, Pernambuco e Bahia.
resistência ao sistema escravista. A educação era privilégio apenas das classes abastadas, pois
As motivações que levavam um escravizado a fugir eram varia- as famílias tradicionais faziam questão de terem entre seus filhos
das e nem todas as fugas tinham por objetivo se livrar do domínio um doutor (médico ou advogado) e um padre. A educação era usa-
senhorial. De forma contrária, às vezes, o escravizado fugia à pro- da como instrumento de legitimação da colonização, inculcando na
cura de um outro senhor que o comprasse; caso o seu senhor não população ideias de obediência total ao Estado português. Os jesu-
aceitasse a negociação, ele poderia continuar fugindo e, portanto, ítas impunham um padrão educacional europeu, que desvalorizava
dando prejuízos e maus exemplos, até que seu senhor resolvesse completamente os aspectos culturais dos índios e dos negros.
vendê-lo. Em relação às mulheres, mesmo as das famílias mais abastadas
Era comum a fuga por alguns dias, quando em geral o escra- raramente recebiam instrução escolar, e esta limitava-se às aulas
vizado ficava nas imediações da moradia de seu senhor, às vezes de boas maneiras e de prendas domésticas. As crianças escravas
para cumprir obrigações religiosas, outras para visitar parentes se- por sua vez estavam excluídas do processo educacional, não tendo
parados pela venda, outras ainda, para fazer algum “bico” e, com o acesso às escolas.
dinheiro, completar o valor da alforria.
Religião
Os Quilombos A origem do processo de ocupação territorial do Brasil, serviu
Os quilombos ou mocambos (conjunto de habitações miserá- também para as intenções da igreja católica.
veis) existiram desde a época colonial até os últimos anos do sis- Os portugueses que vieram para o Brasil estavam inseridos no
tema escravista e assim como as fugas, foram comuns em todos os ideal similar ao das cruzadas, adotando o catolicismo como símbolo
lugares em que existiu escravidão. A formação de quilombos pres- do poder da coroa.
supõe um tipo específico de fuga, a fuga de rompimento, cujo ob- Diante desta ideia, todo o não católico era considerado um ini-
jetivo maior era a liberdade. Essa não era uma alternativa fácil a ser migo em potencial, a não aceitação da fé em cristo era vista como
seguida, pois significava viver sendo perseguido não apenas como contestação do poder do rei e afronta direta a todo português, uma
um escravo fugido, mas como criminoso. motivação que incentivou, dentre outros fatores, o extermínio dos
O Brasil teve em sua história vários grandes quilombos e o mais indígenas, vistos como pagãos e infiéis.
conhecido foi Palmares. Palmares foi um quilombo formado no sé- Havia também o outro lado da moeda, em que o gentil era vis-
culo XVII, na Serra da Barriga, região entre os estados de Alagoas e to como potencialmente um servo da coroa e de Deus, desde que
Pernambuco. Localizado numa área de difícil acesso, os aquilomba- tivesse a devida instrução. Essa ideia era defendida por muitos jesu-
dos conseguiram formar um Estado com estrutura política, militar, ítas, como o padre Manuel da Nóbrega, conhecido por defender o
econômica e sociocultural, que tinha por modelo a organização so- direito de liberdade dos nativos cristianizados.
cial de antigos reinos africanos. Calcula-se que Palmares chegou a Dentro deste contexto, a construção de igrejas passou a delimi-
possuir uma população de 30 mil pessoas. tar a conquista territorial, garantindo a soberania do Estado.
Depois da abolição definitiva da escravidão no Brasil, em 1888,
as comunidades negras deram outro sentido ao termo “quilombo”,
não sendo mais utilizado como forma de luta e resistência ao cati-
veiro, mas sim como morada e sobrevivência da família negra em
6 Sesmarias nada mais eram do que pedaços de terra doados a beneficiários
para que estes a cultivassem. Assim como no exemplo das capitanias, a posse 7 OLIVEIRA, M. B. AMANDA. Ação educacional jesuítica no Brasil colonial.
real ainda era da Coroa e os beneficiários, deviam cumprir uma série de exigên- Revista Brasileira de História da Religiões. http://www.dhi.uem.br/gtreligiao/pdf8/
cias para garantir sua posse. Diferentemente das capitanias, ela não podiam ser ST6/005%20-%20AMANDA%20MELISSA%20BARIANO%20DE%20OLIVEIRA.
divididas em novos lotes. pdf
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A Religiosidade Africana Cultura


Vigiados de perto por seus senhores e fiscalizados pelos ecle- As manifestações artístico-culturais foram até o século XVII,
siásticos católicos, na qualidade de escravos, considerados utensí- condicionadas às atividades desenvolvidas aos centros de educa-
lios de trabalho semelhantes a uma ferramenta, os africanos foram ção, que eram os colégios jesuíticos. No trato social alicerçavam-se
obrigados a aceitar a fé em cristo como símbolo da submissão aos práticas, usos e costumes que seriam marcantes para a formação da
europeus e a coroa portuguesa8. sociedade brasileira. A partir do século XVIII esse cenário mudou.
Apesar disso, elementos das religiões africanas sobreviveram Com a emergência da mineração, inúmeras manifestações
se ocultando em meio à simbologia cristã. tornaram-se presentes, como a arte barroca (seja ela plástica ou
Associações de caráter locais, as irmandades negras contribuí- literária), as manifestações árcades e parnasianas, principalmente
ram para forjar a polissemia (múltiplos sentidos de uma palavra) e ligadas a uma referência mais letrada e influenciada pelos matizes
sincretismo9 religioso brasileiro. europeus (a produção cultural não era mais monopólio da igreja).
Impedidos de frequentar espaços que expressavam a religião
católica dos brancos, as irmandades representavam uma das pou- Economia
cas formas de associação permitidas aos negros no contexto colo- • A primeira atividade extrativista lucrativa da colônia foi em
nial. Surgiram como forma de conferir status e proteção aos seus torno da exploração do pau-brasil. É considerado seu ápice ainda
membros, sendo responsáveis pela construção de capelas, organi- no período pré-colonial, anterior a 1530 com a chegada de Martin
zação de festas religiosas e pela compra de alforrias de seus irmãos, Afonso e o empenho dos primeiros engenhos. Tratamos aqui a par-
auxiliando a ação da igreja e demonstrando a eficácia da cristianiza- tir do cultivo de cana e produção do açúcar.
ção da população escravizada.
Entretanto, ao se organizarem geralmente em torno da devo- - A cana-de-açúcar
ção a um santo específico que assumiu múltiplos significados, in- Houveram muitos motivos para a escolha da cana como prin-
corporando ritos e cultos que eram originais aos deuses africanos, cipal produto da colônia, sendo o principal a ocorrência do solo de
permitiram o nascimento de religiões afro-brasileiras como o aco- massapê, propício para o cultivo da cana-de-açúcar. Além disso, era
tundá, o candomblé e o calundu. um produto muito bem cotado no comércio europeu.
As primeiras mudas chegaram no início da ocupação efetiva do
Os Judeus território brasileiro, trazidas por Martim Afonso de Souza e planta-
Perseguidos pelo Tribunal do Santo Ofício na Europa, os judeus das no primeiro engenho, construído em São Vicente.
sempre estiveram em situação de perigo iminente, sendo obrigados Os principais centros de produção açucareira do Brasil localiza-
a converterem-se ao cristianismo em Portugal. vam-se nos atuais estados de Pernambuco, Bahia e São Paulo.
Aos olhos do Estado, os convertidos passaram a ser considera- A ocupação do Brasil no Século XVI esteve profundamente li-
dos cristãos-novos, vigiados de perto pela Inquisição sofrendo pre- gada à indústria açucareira. A economia de plantation10 possui
conceitos e perseguições esporádicas. relação intensa com os interesses dos proprietários de terras que
O Brasil se transformou na terra prometida para os cristãos- lucravam enormemente com as culturas de exportação.
-novos portugueses, compelidos a migrarem para novas terras em O latifúndio formou-se nesse período tendo consequências até
além-mar. os dias de hoje. A produção da cana-de-açúcar também contribuiu
Foi uma saída viável à recusa da aceitação de sua fé no reino, para a vinculação dependente do país em relação ao exterior, a mo-
tendo em vista o fato da Inquisição nunca ter se instalado por aqui, nocultura de exportação e a escravidão com suas consequências.
embora tenham sido instituídas visitações do Santo Ofício em 1591, A colônia portuguesa de exploração prosperou graças ao sucesso
1605, 1618, 1627, 1763 e 1769. comercial de sua produção.
Alojados sobretudo na Bahia, em Pernambuco, na Paraíba e no Em 1630 os holandeses invadiram o nordeste da colônia, na re-
Maranhão; os cristãos-novos recém-chegados integraram-se rapi- gião de Pernambuco, que era a maior produtora de açúcar na épo-
damente ocupando cargos nas Câmaras Municipais em atividades ca. Durante sua permanência no Brasil, os holandeses adquiriram o
administrativas, burocráticas e comerciais, destacando-se também conhecimento de todos os aspectos técnicos e organizacionais da
como senhores de engenho, algo impensável em Portugal. indústria açucareira. Esses conhecimentos criaram as bases para
Sem a Inquisição em seus calcanhares, os cristãos-novos conti- a implantação e desenvolvimento de uma indústria concorrente,
nuaram a exercer práticas judaicas no interior de seus lares, man- de produção de açúcar em grande escala, na região do Caribe. A
tendo vivos os laços familiares e comunitários clandestinamente e concorrência imposta pelos holandeses, que haviam sido expulsos
ao mesmo tempo, adotando uma postura pública católica respon- pelos portugueses, fez com que o Brasil perdesse o monopólio que
dendo a uma necessidade de adesão, participação e identificação. exercia no mercado mundial do açúcar, levando a produção a entrar
em declínio.

8 MOREIRA, S. ANTONIA. Intolerância Religiosa em Acapare. UNILAB. http://


repositorio.unilab.edu.br:8080/jspui/bitstream/123456789/373/1/Antonia%20da%20
Silva%20Moreira.pdf
9 Fusão de diferentes cultos ou doutrinas religiosas, com reinterpretação de seus 10 Possui como características: latifúndio, mão de obra escrava e interesses
elementos. voltados à exportação.
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- Outras atividades econômicas suplementar. Se o número de interessados era muito grande, o ta-
Na região Nordeste a atividade pastoril expandiu-se rapida- manho das datas era reduzido. Normalmente as datas eram lotes
mente, pois o capital necessário para a montagem de uma fazenda com no máximo 50 metros de largura.
de gado era bastante reduzido. As terras eram fartas e o criador No início da atividade mineradora foi estabelecido um impos-
precisava somente requerer a doação de uma sesmaria ou simples- to para as pessoas que se dedicavam à extração: o quinto. Corres-
mente apossar-se da terra. pondia a 20% do ouro extraído, que deveria ser pago para a Coroa.
As instalações das propriedades pastoris eram comuns, com Como era difícil determinar se uma barra ou saca de ouro havia sido
poucas casas e alguns currais feitos com material encontrado nas ou não quintada, a sonegação era uma pratica fácil de ser realizada.
localidades. O método de criação também era muito simples, feito Com o objetivo de regularizar a cobrança, foi criado um impos-
de maneira extensiva (o gado vivia solto no campo), o que dispen- to adicional chamado finta11 que não funcionou como planejado e
sava mão-de-obra numerosa ou especializada. acabou sendo extinto. Para resolver o problema o governo criou as
Na região amazônica a geografia impedia a implantação de fa- Casas de Fundição, das quais a mais famosa foi a de Minas Gerais,
zendas de cultivo ou a criação de animais. Ao penetrarem os rios e inaugurada em 1725.
selvas da região os portugueses notaram que os índios utilizavam Nas casas de fundição o minerador entregava seu ouro, que
uma grande variedade de frutas, ervas, folhas e raízes para fins me- era fundido e transformado em barras, das quais era descontado o
dicinais e alimentícios. Os produtos utilizados, em especial cacau, quinto. Após as Casas de Fundição, também foi proibida a comercia-
baunilha, canela, urucum, guaraná, cravo e resinas aromáticas fo- lização e exportação de ouro em pó. É possivelmente dessa época o
ram chamados de drogas do sertão, e possuíam bom valor de co- surgimento dos “Santos do pau oco” (imagens de santos esculpidas
mércio na Europa, podendo ser vendidas como substitutas ou com- por dentro e preenchidas com ouro em pó, para fugir da fiscalização
plementos das especiarias. Além das plantas, outras variedades de e da cobrança).
drogas do sertão incluíam: gordura de peixe-boi, ovos de tartaruga, Em 1735 a Coroa começou a cobrar um novo imposto, a Capi-
araras e papagaios, jacarés, lontras e felinos. tação. Era um imposto per capita, pago em ouro pelas pessoas e
estabelecimentos comerciais da área mineradora.
- O ciclo do ouro Em 1750 a capitação foi extinta, restando apenas o quinto.
Quando foi divulgada a notícia da descoberta de jazidas aurífe- Apesar disso, era exigida uma arrecadação mínima de 100 arrobas
ras, muitas pessoas dirigiram-se para as regiões onde foi encontra- de ouro por ano. Caso não fosse atingida a arrecadação era decreta-
do o ouro, em especial para o atual território do estado de Minas da a derrama: cobrança da quantidade que faltava para completar
Gerais. Praticamente todas as pessoas que se deslocaram para a re- as 100 arrobas de arrecadação.
gião o fizeram na intenção de dedicar-se exclusivamente na explo- Conforme as jazidas foram se esgotando, a produção de ouro
ração do metal, deixando de lado até mesmo atividades essenciais caiu assim como a arrecadação de impostos. As suspeitas de sone-
para a sobrevivência, como a produção de alimentos. gação de impostos e a violência da Intendência aumentaram junta-
Isso gerou uma profunda escassez de mercadorias na região. mente, gerando atritos e conflitos entre autoridades e minerado-
Era comum entre os anos de 1700 e 1730 a ocorrência de crises de res, uma das causas da Inconfidência Mineira de 1789.
fome caso o acesso a outras regiões das quais os produtos básicos Para a extração do ouro foram organizados dois tipos de em-
eram adquiridos fossem interrompidas. A situação começa a mudar preendimentos: lavras e faiscações.
com a expansão de novas atividades, e com a melhoria das vias de As lavras eram unidades de produção relativamente grandes,
comunicação. podendo até possuir equipamento especializado e o trabalho de
mais de 100 escravos, o que exigia o investimento de alto capital,
- Impostos e a administração da coroa sendo rentável apenas em jazidas de ouro de tamanho suficiente-
Com as primeiras notícias de descobrimento das jazidas em Mi- mente grande.
nas Gerais, a Coroa publicou o Regimento dos Superintendentes, Nas faiscações, que eram pequenas unidades produtoras, tra-
Guardas-Mores e Oficiais-Deputados para as minas de ouro, no ano balhavam somente algumas pessoas (por vezes eram até mesmo
de 1702. compostas de trabalhadores individuais). Era comum a prática do
Para executar o regimento, cobrar impostos e superintender o envio de escravos por homens livres para faiscação, sendo o ouro
serviço de mineração, foram criadas as Intendências de Minas, uma encontrado dividido entre ambos. Exploratórias, descobrindo cam-
para cada capitania em que houvesse a extração de ouro. pos auríferos ainda em Goiás e Mato Grosso.
Quando uma nova jazida era descoberta, era obrigatória a co-
municação para a Intendência. O Guarda-mor, então, dirigia-se ao
local, ordenando a demarcação do terreno a ser explorado. Este era
dividido em lotes, que eram chamados de datas.
As datas eram entregues através de sorteio. No dia da distri-
buição, comunicado com certa antecedência, deviam comparecer
todos aqueles que estivessem interessados em receber um lote;
não se admitiam procuradores ou representantes. O descobridor
da jazida não só tinha o direito de escolher uma data, mas tam-
bém de receber um prêmio em dinheiro. A Intendência separava
em seguida uma data para si, vendendo-a depois em leilão público.
As datas restantes eram sorteadas entre os presentes. Encerrado
o sorteio, se sobrassem terras auríferas, fazia-se uma distribuição
11 30 arrobas de ouro cobradas anualmente.
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pal acontecimento desse ciclo de bandeiras foi a destruição de um


CONSOLIDAÇÃO TERRITORIAL. ENTRADAS E BANDEIRAS; conjunto de quilombos situados no Nordeste açucareiro, conhecido
INVASÕES ESTRANGEIRAS - INVASÕES FRANCESAS; A IN- genericamente como Palmares.
VASÃO HOLANDESA; A INSURREIÇÃO PERNAMBUCANA: A A atuação do bandeirismo foi de fundamental importância para
LUTA CONTRA O INVASOR E A GÊNESE DO EXÉRCITO BRA- a ampliação do território português na América. Num espaço muito
SILEIRO; E AS QUESTÕES DE LIMITES ENTRE PORTUGAL E curto os bandeirantes devassaram o interior da colônia explorando
ESPANHA E A FORMAÇÃO DAS ATUAIS FRONTEIRAS DO suas riquezas e arrebatando grandes áreas do domínio espanhol,
BRASIL: TRATADOS DE MADRI, EL PARDO, SANTO ILDE- como é o caso das missões do Sul e Sudeste do Brasil.
FONSO E BADAJOZ Antônio Raposo Tavares, depois de destruí-las, foi até os limites
com a Bolívia e Peru atingindo a foz do rio Amazonas, completando
assim o famoso périplo brasileiro. Por outro lado, os bandeirantes
Expansões Geográficas agiram de forma violenta na caça de indígenas e de escravos foragi-
dos, contribuindo para a manutenção do sistema escravocrata que
Entradas e bandeiras, conquista e colonização do nordeste, pe- vigorava no Brasil Colônia.
netração na Amazônia, conquista do Sul, Tratados e limites.
Conquistas e Tratados
Bandeiras e Bandeirantes Fato curioso na ação das bandeiras e entradas é que eles não
As bandeiras, tradicionalmente definidas como expedições tinham real noção do tamanho do nosso território. Era comum pen-
particulares, em oposição às entradas, de caráter oficial, contribu- sarem que se adentrassem o suficiente, logo chegariam às colônias
íram decisivamente para a expansão territorial do Brasil Colônia. A espanholas. As necessidades econômicas (que já falamos acima) le-
pobreza de São Paulo, decorrente do fracasso da lavoura canavieira varam os portugueses a adentrar muito mais do que o combinado
no século XVI, a possibilidade da existência de metais preciosos no no Tratado de Tordesilhas e posteriormente obrigou os governos a
interior e particularmente, a necessidade de mão-de-obra para o reconhecerem novos acordos.
açúcar nordestino durante a União Ibérica, levaram os paulistas a No século XVII um evento ajudou para que essa expansão ocor-
organizar a caça ao índio, o bandeirismo de contrato e a busca mi- resse sem maiores problemas. Trata-se da União Ibérica. Para a
neral. expansão territorial brasileira isso foi ótimo. Primeiro por estreitar
as relações entre colônias portuguesas e espanholas e depois por,
• As entradas tinham uma origem diferente, porém com fina- quando dos portugueses adentrarem o território além do estabele-
lidade semelhante à dos bandeirantes. Enquanto o movimento das cido não encontrarem nenhum problema, afinal os espanhóis en-
bandeiras tratava-se de uma expedição particular (normalmente tendiam que o seu povo estava povoando a sua terra.
financiada pelos próprios paulistas) com objetivo de obter lucros Os limites estabelecidos em Tordesilhas foram tão alterados e
(encontrando metais preciosos, preando índios ou comercializando de forma tão definitiva (várias novas colônias já haviam sido esta-
as ervas do sertão), as entradas eram expedições financiadas pela belecidas) que um novo acordo sobre os limites territoriais entre
Coroa, normalmente composta por soldados portugueses e brasi- Portugal e Espanha foi estabelecido: o Tratado de Madri (1750). Em
leiros. Embora o objetivo inicial fosse mapear o território brasilei- resumo ele reconhecia que a maioria do território desbravado per-
ro e facilitar a colonização, as entradas também envolviam-se em tencia a Portugal, baseado no princípio da posse por uso.
conflitos com os índios (principalmente aqueles que apresentavam • No período colonial, que dura até o ano de 1815 quando o
resistência) e, como era de se esperar, também lucravam com isso. Brasil é elevado à categoria de Reino Unido de Portugal e Algarves,
ainda teremos o início dos conflitos da Cisplatina (1811 – 1828) –
A Caça ao Índio disputa entre Portugal e Espanha em torno da fronteira do RS de-
Inicialmente a caça ao índio (preação) foi uma forma de suprir vido às pretensões espanholas de controlar o rio da Prata -. Porém
a carência de mão-de-obra para a prestação de serviços domésticos esse conteúdo é mais comumente pedido dentro do período impe-
aos próprios paulistas. Porém logo transformou-se em atividade lu- rial, talvez pelo seu final ter sido após 1822.
crativa, destinada a complementar as necessidades de braços escra-
vos, bem como para a triticultura (cultura do trigo) paulista. União Ibérica
Na primeira metade do século XVII os vicentinos (bandeirantes Em 1578, na luta contra os mouros marroquinos em Alcácer-
da Vila de São Vicente) realizaram incursões principalmente contra -Quibir, o rei D. Sebastião de Portugal, desapareceu. Com isso teve
as reduções jesuíticas espanholas, resultando na destruição de vá- início uma crise sucessória do trono português, já que o rei não dei-
rias missões, como as do Guairá, Itatim e Tape, por Antônio Raposo xou descendentes. O trono foi assumido por um curto período de
Tavares. Nesse período, os holandeses, que haviam ocupado uma tempo por seu tio-avô, o cardeal Dom Henrique, que morreu dois
parte do Nordeste açucareiro, também conquistaram feitorias de anos depois, sem deixar herdeiros.
escravos negros na África, aumentando a escassez de escravos afri- Logo após, Filipe II da Espanha e neto do falecido rei português
canos no Brasil. D. Manuel I, demonstrou o interesse em assumir o trono português.
Para alcançar o poder, além de se valer do fator parental, o monar-
O Bandeirismo de Contrato ca hispânico chegou a ameaçar os portugueses com seus exércitos
A ação de bandeirantes paulistas contratados pelo governador- para que pudesse exercer tal direito. Assim foi estabelecida a União
-geral ou por senhores de engenho do Nordeste com o objetivo de Ibérica, que marca a centralização de Portugal e Espanha sob um
combater índios inimigos e destruir quilombos, corresponde a uma mesmo governo.
fase do bandeirismo na segunda metade do século XVII. O princi-

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A vitória política de Filipe II abriu oportunidade para que as ram a cidade do Rio de Janeiro e receberam dos portugueses um
finanças de seu país pudessem se recuperar após diversos gastos alto resgate para libertá-la: 600 mil cruzados, 100 caixas de açúcar
em conflitos militares. Para tanto, tinha interesse em estabelecer o e 200 bois. Terminavam, então, as tentativas de invasões francesas
comércio de escravos com os portugueses que controlavam a ativi- no Brasil.
dade na costa africana. Além disso, o controle da maior parte das
possessões do espaço colonial americano permitiria a ampliação Invasões Inglesas
dos lucros obtidos através da arrecadação tributária. As incursões inglesas no Brasil ficaram restritas a ataques de
Apesar das vantagens, o imperador espanhol manteve uma piratas e corsários.
significativa parcela dos privilégios e posições ocupadas por comer- William Hawkins foi o primeiro corsário inglês a aportar na co-
ciantes e burocratas portugueses. lônia. Entre 1530 e 1532, percorreu alguns pontos da costa e fez
Mesmo preservando aspectos fundamentais da colonização escambo de pau-brasil com os índios. Outro foi Thomas Cavendish,
lusitana, a União Ibérica também foi responsável por algumas mu- que atracou em Santos em 1591. Conhecido como “lobo-do-mar”,
danças. Com a junção das coroas, as nações inimigas da Espanha Cavendish estava a serviço da rainha inglesa Elizabeth I.
passam a ver na invasão do espaço colonial lusitano uma forma de
prejudicar o rei Filipe II. Desta maneira, no tempo em que a União O corso realizado pelos ingleses, entretanto, intensificou-se
Ibérica foi vigente, ingleses, holandeses e franceses tentaram inva- apenas na segunda metade do século XVI, quando os conflitos en-
dir o Brasil. tre católicos e protestantes tornaram-se intensos na Inglaterra e os
Entre todas essas tentativas, podemos destacar especialmente mercadores empolgaram-se com as possibilidades comerciais aber-
a invasão holandesa, que alcançou o monopólio da atividade açuca- tas pelas novas rotas marítimas.
reira em praticamente todo o litoral nordestino. No ano de 1640 a A primeira incursão pirata dos ingleses ao litoral brasileiro foi
Restauração definiu a vitória portuguesa contra a dominação espa- em 1587. Em 1595, o inglês James Lancaster conseguiu tomar o
nhola e a consequente extinção da União Ibérica. Ao fim do conflito, porto do Recife. Retirou grande volume de pau-brasil, que levou
a dinastia de Bragança, iniciada por dom João IV, passou a controlar para a Inglaterra depois de realizar saques na capitania durante
Portugal. mais de um mês.

Invasões Invasões Holandesas


As invasões holandesas na primeira metade do século XVII es-
Invasões Francesas tão relacionadas com a criação da União Ibérica. Antes do domínio
A França foi o primeiro reino europeu a contestar o Tratado dos Habsburgos12, as relações comerciais e financeiras entre Portu-
de Tordesilhas que dividiu as terras descobertas na América entre gal e Holanda eram intensas. Pouco antes de Filipe II tornar-se rei de
Portugal e Espanha em 1494. Visitaram constantemente o litoral Portugal, os Países Baixos iniciaram uma guerra de independência
brasileiro desde o período da extração do pau-brasil mantendo re- tentando libertar-se do domínio espanhol. Iniciada em 1568, essa
lações amistosas com os povos indígenas locais. Deste acordo sur- guerra de libertação culminou com a União de Utrecht13, sob a che-
giu a Confederação dos Tamoios (aliança entre diversos povos in- fia de Guilherme de Orange. Em 1581, nasciam as Províncias Unidas
dígenas do litoral: tupinambás, tupiniquins, goitacás, entre outros), dos Países Baixos, mas a guerra continuou.
que possuíam um objetivo em comum: derrotar os colonizadores Assim que Filipe II assumiu o trono luso, proibiu o comércio
portugueses. açucareiro luso-flamengo. O embargo de navios holandeses em Lis-
Em 1555 os franceses fundaram na baía de Guanabara a Fran- boa provocou a criação de companhias privilegiadas de comércio.
ça Antártica, criando uma sociedade de influências protestantes. Entre 1609 e 1621, houve uma trégua que permitiu a normatização
Através dos franceses, algumas partes do litoral brasileiro ganha- temporária do comércio entre Brasil-Portugal e Holanda. Em 1621,
ram diversas feitorias e fortes. terminada a trégua, os holandeses fundaram a Companhia de Co-
Por aproximadamente cinco anos ocorreram conflitos entre os mércio das Índias Ocidentais cujo alvo era o Brasil. Começava então
portugueses e a Confederação dos Tamoios. Em 1567 os portugue- a Guerra do Açúcar.
ses derrotaram a Confederação e expulsaram os franceses do litoral A primeira invasão foi na Bahia, realizada por três mil e tre-
brasileiro, o que não desencorajou os ideais franceses. zentos soldados. Salvador foi ocupada sem muita resistência e o
No século XVII (1612), fundaram a França Equinocial, corres- governador Diogo de Mendonça Furtado foi preso, tendo a cida-
pondente à cidade de São Luís, capital do estado do Maranhão. de saqueada. A população fugiu para o interior onde a resistência
Com a intenção de conter a expansão francesa, Portugal enviou foi organizada pelo bispo D. Marcos Teixeira e por Matias de Albu-
uma expedição militar à região do Maranhão. Essa expedição ata- querque. Os baianos também receberam a ajuda de uma esquadra
cou os franceses tanto por terra quanto por mar. Em 1615, foram luso-espanhola (“Jornada dos Vassalos”) e, em maio de 1625 os
derrotados e se retiraram do Maranhão, deslocando-se para a re- holandeses foram expulsos.
gião das Guianas onde fundaram uma colônia, a chamada Guiana A segunda invasão holandesa no Nordeste foi direcionada con-
Francesa. tra Pernambuco, uma capitania rica em açúcar e pouco protegida.
Após duas tentativas mal sucedidas de estabelecimento de Olinda e Recife foram ocupadas e saqueadas. A resistência foi co-
uma civilização francesa no Brasil colonial, os franceses passaram mandada por Matias de Albuquerque a partir do Arraial do Bom
a saquear através de corsários (piratas), algumas cidades do litoral 12 Poderosa família que dos séculos XVI ao XX governaram diversos reinos na
brasileiro no século XVIII. A principal delas foi a cidade do Rio de Europa, entre eles Áustria, Nápoles, Sicília e Espanha.
Janeiro, de onde escoava todo ouro extraído da colônia rumo a Por- 13 A União de Utrecht foi um acordo assinado na cidade holandesa de Utrecht,
tugal. Uma primeira tentativa de saque, em 1710, foi barrada pelos em 23 de Janeiro de 1579, entre as províncias rebeldes dos Países Baixos -
portugueses; entretanto, no ano de 1711, piratas franceses toma- naquele tempo em conflito com a coroa espanhola durante a guerra dos 80 anos.
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Jesus, e durante alguns anos impediu que os invasores ampliassem Visando melhorar a situação da capitania, o governo português
sua área de dominação. Mas a traição de Domingos Calabar alterou criou em 1682 a Companhia de Comércio do Maranhão, a qual re-
a situação. cebia o monopólio do comércio maranhense e em troca deveria
Entre 1637 e 1644, o Brasil holandês foi governado pelo con- promover o desenvolvimento da agricultura local.
de Mauricio de Nassau-Siegen, que expandiu o domínio holandês A má administração da empresa gerou uma rebelião de colo-
do Nordeste até o Maranhão e conquistou Angola (fornecedora de nos em 1684, sob a chefia dos irmãos Manoel e Thomas Beckman.
escravos). Porém, em 1638 fracassou ao tentar conquistar a Bahia. O objetivo dos rebeldes era o fechamento da Companhia e a expul-
Quando Portugal restaurou sua independência e assinou a Tré- são dos jesuítas. A revolta foi sufocada pela coroa, mas a Compa-
gua dos Dez Anos com a Holanda, Nassau continuou administrando nhia encerrou suas atividades.
o Brasil holandês de forma exemplar. Urbanizou Recife, fundou um
zoológico, um observatório astronômico e uma biblioteca, cons- A Guerra dos Emboabas (1708-1709)
truiu jardins e palácios e promoveu a vinda de artistas e cientistas Apesar da fome que assolou as Minas em 1696-1698 ter sido
para o Brasil. terrível, uma crise de desabastecimento ainda mais devastadora
Além disso, adotou a tolerância religiosa e dinamizou a econo- aconteceu na região em 1700. Três anos depois da descoberta das
mia canavieira. Sua política garantiu o apoio da aristocracia local, primeiras jazidas, cerca de 6 mil pessoas haviam chegado às minas.
mas entrou em choque com os objetivos da Companhia das Índias Na virada do século XVIII, esse número quintuplicara: 30 mil minei-
Ocidentais. O desgaste com a Companhia levou Nassau a deixar o ros perambulavam pela área.
Brasil em 1644. Enquanto isso, os próprios brasileiros organizaram Pouco depois surgiram os conflitos entre paulistas, que foram
a luta contra os flamengos com a Insurreição Pernambucana. Os os descobridores das jazidas e primeiros povoadores e os Embo-
líderes foram André Vidal de Negreiros, João Fernandes Vieira, Hen- abas, forasteiros, normalmente portugueses, pernambucanos e
rique Dias (negro) e o índio Filipe Camarão. baianos.
Em 1648 e 1649, as duas batalhas de Guararapes foram venci- Os dois grupos disputavam o direito de exploração das terras.
das pelos nativos. Em 1652, o apoio oficial de Portugal e as lutas dos Os paulistas argumentavam que deveriam ter o direito de explora-
holandeses na Europa contra os ingleses em decorrência dos preju- ção, por serem os descobridores. Já os emboabas defendiam que
ízos causados pelos Atos de Navegação de Oliver Cromwell, levaram por serem cidadãos do Reino também possuíam o direito de explo-
os holandeses a Capitulação da Campina do Taborda14. ração das riquezas. Entre 1707 e 1709, ocorreram lutas violentas
Os holandeses foram desenvolver a produção de açúcar nas entre os dois grupos, com derrotas sucessivas por parte dos pau-
Antilhas, contribuindo para a crise do complexo açucareiro nor- listas.
destino. Mais tarde, Portugal e Holanda firmaram o Tratado de Paz O governador Albuquerque Coelho e Carvalho promoveu a pa-
de Haia (1661), graças a mediação inglesa. Segundo tal tratado a cificação geral em 1709, quando foi criada a capitania de São Paulo
Holanda receberia uma indenização de 4 milhões de cruzados e a e Minas de Ouro, pertencente à coroa.
cessão pelos portugueses das ilhas Molucas e do Ceilão, recebendo
ainda o direito de comercializar com maior liberdade nas posses- A Guerra dos Mascates (Pernambuco, 1710-1714)
sões portuguesas, em razão da perda do Brasil holandês. Luta entre os proprietários rurais de Olinda e os comerciantes
portugueses de Recife, originada pela expulsão dos holandeses no
século XVII. Se a perda do monopólio brasileiro do fornecimento
AS REBELIÕES NATIVISTAS. CARACTERÍSTICAS; A CRISE DO de açúcar à Europa foi trágica para os produtores pernambucanos,
SISTEMA COLONIAL PORTUGUÊS; E PRINCIPAIS REBELIÕES não foi tanto assim para a burguesia lusitana de Recife, que passou
NATIVISTAS - REVOLTA DE BECKMAN, GUERRA DOS EM- a financiar a produção olindense, com elevadas taxas e grandes hi-
BOABAS, GUERRA DOS MASCATES E A REVOLTA DE VILA potecas.
RICA A superioridade econômico-financeira de Recife não tinha
correspondente político, visto que seus habitantes continuavam
dependendo da Câmara Municipal de Olinda. Em 1710, Recife con-
As Rebeliões Nativistas seguiu sua emancipação político-administrativa transformando-se
A população colonial já enraizada na terra e, portanto, com em município autônomo. Os olindenses, comandados por Bernardo
fortes sentimentos nativistas, manifestou seu descontentamento Vieira de Melo invadiram Recife, provocando a reação dos Masca-
frente às exigências metropolitanas. Em vista disto, surgiram os pri- tes, chefiados por João da Mota.
meiros sinais de rebeldia, denominadas rebeliões nativistas. A luta entre as duas cidades manteve-se até 1714, quando foi
encerrada graças à mediação da Coroa. O esforço da aristocracia
Revolta de Beckman (1684) fora inútil: Recife manteve sua autonomia.
Na segunda metade do século XVII, a situação da economia
maranhense que nunca fora boa, tendia a piorar. A Coroa, pressio-
nada pelos jesuítas proibiu a escravização de indígenas, os quais
eram a base da mão-de-obra local utilizados na coleta de “drogas
do sertão” e na agricultura de subsistência.

14 Acordo que estabelecia, entre tantas cláusulas que o governo holandês abdi-
cava de suas terras no Brasil.
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a solução para o seu concurso!
HISTÓRIA DO BRASIL

Dentre os inconfidentes, destacaram-se os padres Carlos Cor-


MOVIMENTOS PRÓ-INDEPENDÊNCIA NO BRASIL. CARAC- reia de Toledo, José de Oliveira Rolim e Manuel Rodrigues da Costa,
TERIZAÇÃO; INFLUÊNCIA ILUMINISTA; CRISE ECONÔMI- além do cônego Luís Vieira da Silva; o tenente-coronel Francisco de
CA; E PRINCIPAIS MOVIMENTOS PRÓ-INDEPENDÊNCIA: Paula Freire de Andrade, comandante militar da capitania, os coro-
INCONFIDÊNCIA MINEIRA E CONJURAÇÃO BAIANA néis Domingos de Abreu Vieira, também comerciante, e Joaquim
Silvério dos Reis, rico negociante; e os letrados Cláudio Manuel da
Costa, Inácio José de Alvarenga Peixoto e Tomás Antônio Gonzaga.
Os Movimentos Emancipacionistas Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, foi o único “cons-
pirador” que não fazia parte da elite. Conhecido como alferes (pri-
As revoltas emancipacionistas foram movimentos sociais ocor- meiro posto militar) e dentista prático, foi talvez por sua origem o
ridos no Brasil Colonial, caracterizados pelo forte anseio de con- mais duramente castigado. A memória de Tiradentes passou a ser
quistar a independência do Brasil com relação a Portugal. Entre os celebrada no Brasil com a Proclamação da República, quando foi
principais motivos para esses movimentos estavam: considerado herói nacional pelo regime estabelecido em 15 de no-
- a alta cobrança de impostos; vembro de 1889. Sua representação mais conhecida é muito seme-
- limites estabelecidos pelo Pacto Colonial que obrigava o Brasil lhante à imagem de Cristo, reforçando a construção da imagem de
de comercializar somente com Portugal; mártir.
- a falta de autonomia e representação na criação de leis e tri- Assinada em 19 de abril de 1792, no Rio de Janeiro, a sentença
butos, além da política dominada por Portugal; de morte de Tiradentes cumpriu-se dois dias depois: ele foi enforca-
do, decapitado e esquartejado. Os outros participantes foram con-
- os ideais iluministas e separatistas vindos da Europa e dos Es- denados ao desterro na África.
tados Unidos.
Conjuração Baiana (1798)
A Inconfidência Mineira (1789) A conjuração Baiana, ou Revolta dos Alfaiates, assim como a
Na segunda metade do século XVIII, a produção de ouro nas Conjuração Mineira, foi influenciada pelos ideais iluministas, em es-
Minas Gerais vinha apresentando um grande declínio, o que au- pecial a Revolução Francesa. Ocorrida na Bahia em 1798, buscava a
mentou os choques e conflitos entre a população local e as autori- emancipação e defendeu importantes mudanças sociais e políticas
dades portuguesas. Quanto menos ouro era extraído, maiores eram na sociedade.
os boatos e ameaças do acontecimento da Derrama15, atitude que Entre as causas do movimento estava a insatisfação com Por-
afetaria boa parte da elite local. tugal pela transferência da capital para o Rio de Janeiro em 1763.
Os grupos mais influenciados pelas ideias iluministas, que eram Com tal mudança, Salvador (antiga capital) sofreu com a perda dos
também os que mais teriam a perder com as medidas do governo privilégios e a redução dos recursos destinados à cidade. Somado
português, resolveram tomar uma atitude dando início em 1789 ao a tal fator, o aumento dos impostos e exigências à colônia vieram
movimento que seria chamado pela metrópole de Inconfidência a piorar sensivelmente as condições de vida da população local. O
Mineira, ou Conjuração Mineira. preço dos alimentos também gerou revolta na população. Além de
Os inconfidentes tinham como objetivo a imediata separação caros, muitos produtos tornavam-se rapidamente escassos pelas
da colônia, criando uma República moldada pelo pensamento li- restrições impostas sobre o comércio e as importações.
beral-iluminista e pela Constituição dos Estados Unidos, que ha- Os revoltosos defendiam a separação da região do restante da
via conquistado sua independência em 1776. Após conquistada a colônia, buscando independência de Portugal e instalando um go-
liberdade em relação à metrópole, estabeleceriam São João del-Rei verno baseado nos princípios da República. Também defendiam a
como capital, criariam a Universidade de Vila Rica e dariam estí- liberdade de comércio (fim do pacto colonial estabelecido), o au-
mulo à abertura de manufaturas têxteis e de uma siderurgia para o mento dos soldos16 e a igualdade entre as pessoas, resultando na
novo Estado. Em relação à escravidão as posições eram divergentes. abolição da escravidão.
A revolta foi suspensa quando participantes da conspiração de- O movimento ganhou o nome de Revolta dos Alfaiates pela
nunciaram o movimento ao governador. O coronel Joaquim Silvério grande adesão desses profissionais no movimento, entre eles Ma-
dos Reis foi apontado como principal delator. Endividado com a co- nuel Faustino dos Santos Lira e João de Deus do Nascimento. Outros
roa assim como outros inconfidentes, o coronel resolveu separar-se setores também aderiram ao movimento, como o militar, represen-
do movimento e apresentar um depoimento formal para o governa- tado pelo soldado Luís Gonzaga das Virgens.
dor da capitania, Visconde de Barbacena. O governador suspendeu O movimento contou com a participação de pessoas pobres,
a cobrança e mandou prender os inconfidentes. letrados, padres, pequenos comerciantes, escravos e ex-escravos.
Após a confissão de Joaquim Silvério e a prisão dos suspeitos A revolta foi impedida antes mesmo de começar. O ferreiro José
foi instituída a devassa, uma investigação levada a cabo pelas au- da Veiga informou sobre os detalhes do movimento ao governador,
toridades da época, constatando que envolveram-se no movimen- que pôde mobilizar tropas do exército para conter os revoltosos.
to da Capitania das Minas grandes fazendeiros, criadores de gado,
contratadores, exploradores de minas, magistrados, militares, além
de intelectuais luso-brasileiros.

15 No Brasil Colônia, a derrama era um dispositivo fiscal aplicado em Minas


Gerais a fim de assegurar o teto de cem arrobas anuais na arrecadação do quinto.
O quinto era a retenção de 20% do ouro em pó ou folhetas que eram direcionadas 16 A palavra ¨soldo¨ (em latim ¨solidus¨), remuneração por serviços militares e
diretamente a Coroa Portuguesa ¨soldado¨, têm sua origem no nome desta moeda.
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a solução para o seu concurso!
HISTÓRIA DO BRASIL

A Fuga para o Brasil


BRASIL IMPÉRIO. O PERÍODO JOANINO. A TRANSFERÊN- Portugal contou com o apoio naval inglês para sua fuga. Cerca
CIA DA CORTE PORTUGUESA PARA O BRASIL; O GOVERNO de 15 mil pessoas que compunham a Corte fizeram a viagem que
DE D. JOÃO VI NO BRASIL: POLÍTICA INTERNA E EXTERNA; durou cerca de dois meses com escolta e medidas de segurança
E A REVOLUÇÃO DO PORTO E PARTIDA DA FAMÍLIA REAL como colocar membros da família real em diferentes navios, caso
houvesse ataques.
Ao chegar, D. João tomou duas medidas que afetaram tanto
França quanto Inglaterra, sendo:
PERÍODO JOANINO E A INDEPENDÊNCIA - a retaliação à Napoleão, invadindo e conquistando a Guiana
Francesa; e
Só passando para lembrar que quando tratamos sobre - premiando a Inglaterra e visando o próprio conforto, ainda
a chegada dos portugueses no Brasil a partir do período em 1808 assinou uma Carta Régia com a medida que ficou conhe-
joanino ou após o período colonial, estamos falando das cida como “Abertura dos Portos às Nações Amigas”, beneficiando
CORTES portuguesas, uma vez que a presença lusitana basicamente o país inglês.
no nosso território é ininterrupta desde o descobrimento. A medida mudava o status do Brasil, mas beneficiou muito os
ingleses que agora não precisavam mais negociar com a metrópole
Realizações Político-sociais das Cortes no Brasil suas relações comerciais em território nacional.
Além das mudanças que afetavam política e economia exter-
As mudanças econômicas e políticas que vinham soprando nas, D. João também realizou mudanças internas.
suas ideias da América do Norte e da Europa para as colônias é fator Temos que ter em mente que até então o Brasil é uma colônia.
chave para entendermos porque a família real portuguesa mudou- Isso significa que todo o aparato administrativo, judiciário e eco-
-se com toda a sua Corte da “civilizada” Lisboa para a abandonada nômico são da metrópole. Com a vinda da Corte, todos os tipos de
colônia brasileira. decisões nesse sentido que eram tomadas em Lisboa, teriam que
O absolutismo viu suas bases estremecerem na segunda meta- ser tomadas no Rio de Janeiro e para isso seguiu-se uma série de
de do século XVIII principalmente pelo sucesso das Revoluções Es- mudanças: nomeou ministros de Estado, criou secretarias públicas,
tadunidense e Francesa com suas ideias democráticas. No mesmo criou tribunais de justiça, o Banco do Brasil e o Arquivo Central.
sentido, sua política econômica - o mercantilismo - via o capitalismo Mudanças na cidade também foram realizadas com a inten-
industrial começar a tomar a dianteira frente ao capitalismo comer- ção de tornar a capital do Brasil uma cidade mais próxima do que
cial, marca desses governos. a Corte estava acostumada na Europa: foram criados jornais de cir-
Mas foi da França o empurrão fundamental para a mudança culação diária, uma biblioteca real com mais de 60 mil exemplares
da Corte lusitana17. Quando da expansão napoleônica na Europa, vindos de Lisboa, Academias militar e da marinha, faculdades de
apenas a Inglaterra conseguia fazer frente aos franceses. Em uma medicina e de direito, observatórios, jardim botânico, teatros (...)
tentativa de enfraquecer seu maior adversário, a França decreta um Estruturalmente a cidade ganhou iluminação pública, ruas pavi-
bloqueio comercial à Inglaterra por todos os países que estavam mentadas, chafarizes e pontes.
sob sua influência, entre eles, Portugal, que não aceita manter o Culturalmente a principal mudança se deu pela vinda da Mis-
bloqueio, desencadeando a invasão francesa, consequência da fuga são Francesa para a criação da Imperial Academia e Escola de Belas-
da Corte para o Brasil. -Artes, tendo como principal nome o artista Jean-Baptiste Debret.
Os motivos que o leva a não aceitar manter o bloqueio dizem Apesar de os trabalhos realizados pela Missão Francesa não
respeito a uma série de acordos econômicos entre Portugal e In- influenciarem o grosso da população brasileira e carioca, foram de
glaterra (mal feitos), que tornou Portugal uma nação dependente. grande importância para o conhecimento do Brasil na Europa.
As premissas dos acordos mantinham os portugueses como uma Como era no Rio de Janeiro que as coisas aconteciam, foi natu-
economia basicamente agrária enquanto os ingleses desenvolviam ral o crescimento populacional. Além do número crescente de bra-
sua indústria. sileiros que migravam em busca de emprego na capital, o número
O Tratado de Methuen exemplifica bem isso: Portugal fornece- de escravos também aumentou – para atender a maior demanda de
ria vinho aos ingleses (campo) e a Inglaterra forneceria tecidos aos serviços – assim como o de estrangeiros que faziam negócios e já
portugueses (indústria). Sem opção e por exigência da Inglaterra, pregavam a ideia de trabalhadores assalariados.
Portugal recusa o bloqueio. Economicamente, apesar de D. João autorizar a instalação de
Por sua vez, Napoleão foi um cão que latia e também mordia. manufaturas no país, os acordos desiguais feitos com a Inglaterra
Ao ver a recusa portuguesa nos seus planos, a França invade e di- castravam as intenções empreendedoras dos brasileiros.
vide Portugal com a Espanha (Tratado de Fontainebleau) além de Em 1810 foi assinado o Tratado de Comércio e Navegação em
declarar extinta a Dinastia dos Bragança. que os produtos ingleses entravam em nosso país com taxas meno-
res até do que os produtos portugueses.

O Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves

Após a derrota de Napoleão, o Congresso de Viena18 contou


com os principais representantes dos países europeus e decidiu os
caminhos que seriam tomados a partir de então.
17 Que se refere à Lusitânia, antiga região situada na península Ibérica. Atual-
mente, refere-se ao território português. 18 O Congresso de Viena foi uma conferência entre embaixadores das grandes
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a solução para o seu concurso!
HISTÓRIA DO BRASIL

Em uma disputa de interesses entre Inglaterra e França, D. João D. João garantiu que sua família ainda governasse os dois terri-
acaba sendo influenciado pelas ideias francesas e decide continuar tórios. Para agradar os portugueses, ele regressou à Portugal. Para
com a Corte no Brasil, além de declará-lo como Reino Unido de Por- agradar os brasileiros ele deixou seu filho, D. Pedro I como regente,
tugal e Algarves. assegurando que o Brasil não voltaria a ser colônia.
No Congresso de Viena ficou decidido que toda e qualquer mu-
dança realizada durante a expansão napoleônica seria desfeita. Reis
destituídos – como os casos de Portugal e Espanha – teriam seu A INDEPENDÊNCIA DO BRASIL. FATORES QUE LEVARAM À
governo restaurado. Essa era uma medida que beneficiaria nova- INDEPENDÊNCIA DO BRASIL; A REGÊNCIA DE D. PEDRO; O
mente a Inglaterra. Se D. João voltasse a Portugal, dificilmente ele GRITO DO IPIRANGA; E A GUERRA DE INDEPENDÊNCIA
conseguiria fazer com que as mudanças realizadas no Brasil (eco-
nômicas) voltassem ao modelo antigo, aquele em que a metrópole
tem controle sobre a colônia. O Dia do Fico e a Independência do Brasil
A Inglaterra já havia estabelecido negócios e influência dentro
do nosso país, e os próprios comerciantes e classe alta brasileiros Apesar dos planos de D. João, as Cortes portuguesas não enca-
não aceitariam o retorno à condição de colônia. raram bem o fato de D. Pedro I ter ficado no Brasil como regente. A
Do outro lado do Atlântico tínhamos uma Lisboa financeira- partir daí ele passa a ser pressionado a voltar para Portugal e pres-
mente debilitada ao ponto de a Corte preferir permanecer no Rio tar homenagens às Cortes.
de Janeiro. A solução para manter a posição em Lisboa e o controle Por outro lado, a aristocracia brasileira sabia que a única forma
sobre o Brasil foi elevá-lo a categoria de Reino e não mais colônia. de garantir que o país não regressasse à condição de colônia era
apoiar o movimento emancipacionista em volta de D. Pedro I.
Revolução Pernambucana
Em janeiro de 1822 com grande apoio do movimento emanci-
Todas as melhorias que foram descritas há pouco ficaram res- pacionista brasileiro D. Pedro I não cumpre às exigências das Cortes
tritas apenas ao Rio de Janeiro. As outras províncias do Brasil ainda e afirma que permaneceria no Brasil (“Dia do Fico”). Esse dia foi
sofriam com a precariedade econômica e social. Esse cenário gerou seguido de negociações e mudanças na administração brasileira até
descontentamento em várias regiões mas apenas algumas fizeram finalmente em 7 de setembro do mesmo ano ser declarada a inde-
algo a respeito, como foi o caso de Pernambuco. pendência do Brasil.
Com ideais republicanos, separatistas e anti-lusitanos, a Revo-
lução Pernambucana ia contra os pesados impostos, descaso admi- O Reconhecimento da Independência
nistrativo e opressão militar. O simples fato de D. Pedro I declarar o Brasil independente
A Revolução apenas teve início após a delação do movimento. não o tornava assim. Era necessário que externamente essa inde-
Quando os líderes conspiradores foram presos, a luta começou. A pendência fosse reconhecida. Portugal, claro, não o fez. No início
revolta chegou a contar com a participação da Paraíba e Rio Gran- apenas alguns reinos africanos com o qual o Brasil tinha relações
de do Norte, porém a coroa conseguiu encerrá-la através da força comerciais (negociação de escravos) e os Estados Unidos (dois anos
militar. depois) reconheceram nossa autonomia.
Alguns líderes foram executados e outros receberam o perdão A Inglaterra, embora continuasse fazendo negócios com o Bra-
real anos depois, como Frei Caneca. sil não reconheceu de imediato a nova condição, uma vez que não
queria perder Portugal como parceiro/dependente dentro da Euro-
O Retorno de D. João para Portugal pa. Visando os próprios interesses foi ela quem intercedeu para que
um acordo fosse realizado entre Brasil e Portugal.
Lisboa e Rio de Janeiro literalmente inverteram os papeis nesse Em 29 de agosto de 1825 foi assinado o Tratado de Paz e Alian-
período. Se antes Lisboa era o centro do império português com ça, em que mediante o pagamento de dois milhões de libras ester-
suas instituições e riquezas colhidas pela forma de governo colonial, linas como indenização, e a continuidade do título de imperador do
agora ela via o Rio de Janeiro assumir esse papel. Brasil para D. João, Portugal reconhecia a emancipação do Brasil.
Os comerciantes portugueses viram sua economia despencar O dinheiro foi conseguido junto à Inglaterra que reviu seus
quando das assinaturas de D. João nos novos acordos com os in- acordos comerciais com o Brasil e conseguiu o “compromisso” do
gleses. O Brasil era o principal mercado lusitano. Não bastasse isso, fim da escravidão no país, além do pagamento da própria dívida. A
o rei de Portugal não tinha planos de regressar e ainda deixou o partir daí outras nações da América e do mundo também reconhe-
governo do país a cargo de um inglês (general Beresford). ceram o Brasil como nação autônoma.
Fórmula certa para insatisfação, foi o que ocorreu: Em 24 de
agosto de 1820 eclodiu a Revolução do Porto, onde, vitoriosa, a
nova Assembleia Constituinte (Cortes portuguesas) adotou nova
Constituição, exigindo o retorno da Família Real para jurar a ela e
a volta do Brasil à condição de colônia. Não foi o que aconteceu.

potências europeias que aconteceu na capital austríaca, entre maio de 1814 e


junho de 1815, cuja intenção era a de redesenhar o mapa político do continente
europeu após a derrota da França napoleônica
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a solução para o seu concurso!
HISTÓRIA DO BRASIL

A Confederação do Equador
O PRIMEIRO REINADO. PANORAMA POLÍTICO-PARTIDÁ- A tendência autoritária de D. Pedro I e a nova Constituição
RIO; A CONSTITUIÇÃO DE 1824; PANORAMA INTERNO: desagradaram em vários aspectos muitas províncias brasileiras. O
AUTORITARISMO DO IMPERADOR, CRISE ECONÔMICA; nordeste, já marginalizado nesse período e com histórico de revol-
PANORAMA EXTERNO: A GUERRA DA CISPLATINA; E A tas contra a coroa, novamente se movimentou. Com início em Per-
ABDICAÇÃO DE D. PEDRO I nambuco e com apoio popular, outras províncias se juntaram ao
movimento (Rio Grande do Norte, Ceará e Paraíba).
Apesar de iniciada por lideranças populares, entre eles Cipria-
O Primeiro Reinado (1822-1831) no Barata e Frei Caneca, as elites regionais também apoiaram o mo-
vimento. Do ponto de vista social foi o mais avançado do período
De cara, alguns fatores chamaram a atenção a respeito da inde- com reformas sociais, mudança de direitos políticos e abolição da
pendência do Brasil: escravidão.
- éramos o único país na América que após a emancipação da Essas mesmas mudanças radicais levaram as elites regionais a
metrópole continuamos a viver em um regime monárquico; abandonar o movimento, pois temiam perder seus próprios privi-
- a população não teve participação alguma no processo e até légios.
mesmo províncias mais distantes só ficaram sabendo da mudança Sem o apoio da aristocracia local e com forte repressão do go-
meses depois; verno, o levante foi contido com dezesseis membros sendo conde-
- a aceitação não foi total e pacífica como era de se esperar. nados à morte, entre eles, Frei Caneca.

Algumas regiões, principalmente aquelas com conservadores A Cisplatina


portugueses e acúmulo de tropas lusitanas não apenas recusaram- A região da Cisplatina20 sempre foi alvo do interesse do gover-
-se a aceitar a autoridade de D. Pedro I como lutaram contra ela. no português que desejava expandir suas fronteiras até o rio da Pra-
As províncias da Bahia, Cisplatina, Maranhão, Piauí e Pará re- ta. Após a “bagunça” feita por Napoleão às Coroas europeias, mais
sistiram ao novo governo e apenas com o uso da força aceitaram a precisamente à Coroa espanhola que teve sua continuidade inter-
nova condição. rompida e retomada após a queda do general francês, as colônias
Na prática, nossa política não teve mudanças, ainda vivíamos americanas viviam um período de instabilidade e descentralização.
em uma monarquia centralizadora e mesmo os defensores de Todos os movimentos de independência dessas colônias, apesar de
ideias republicanas só pensavam em sua projeção política e não em bem sucedidos, as debilitaram econômica e politicamente.
uma mudança de fato.
Foi quando dessa instabilidade que D. João viu a oportunidade
A Primeira Constituição Brasileira de realizar um antigo desejo português, em 1820 ele ordena às tro-
D. Pedro I havia convocado uma Assembleia Constituinte antes pas imperiais invadirem a região da Cisplatina.
mesmo de declarar o Brasil independente. E desde o primeiro mo- Mesmo após o retorno de D. João à Portugal e à independên-
mento houve desacordo. cia, a Cisplatina continuou sendo parte do Brasil (até 1828), porém
A Assembleia, liderada pelos irmãos Andrada, tinha a intenção à duras custas, a região nunca aceitou o domínio brasileiro, e cons-
de fazer uma Constituição similar à portuguesa, onde D. Pedro teria tantemente D. João e posteriormente D. Pedro I tinham de enviar
seus poderes limitados. Já o monarca, que era conhecido por ser expedições para conter as revoltas. Isso não apenas gerava custos
autoritário e centralizador trabalhou para permanecer com todos aos cofres imperiais como também atacava a imagem do impera-
os poderes em torno de si. dor, que se mostrava incapaz de resolver a questão. A opinião públi-
Apesar da Constituição elaborada por influência dos Andrada ca era avessa à causa de gastar com os conflitos e insistir em manter
ter a intenção de limitar os poderes de D. Pedro I, ela garantia os pri- a posse de uma região que nem era semelhante culturalmente ao
vilégios da aristocracia rural. Popularmente conhecida como Cons- povo brasileiro.
tituição da Mandioca19 ela garantia os privilégios à quem tivesse a Enfim, em 1828, com apoio do governo argentino, as forças cis-
posse da terra e defendia a manutenção da escravidão. platinas fazem com que o Brasil se retire do conflito e proclamam a
Acontece que essa Constituição, onde o legislativo predomina- República Oriental do Uruguai.
ria pelo executivo nem chegou a ser concluída. Em 12 de novembro A imagem de D. Pedro I sai abalada após o episódio. Seguiu-se a
de 1823 D. Pedro I ordenou o fechamento da Assembleia (episódio isso o misterioso assassinato de Libero Badaró (jornalista declarado
conhecido como “Noite da Agonia”), convocou um Conselho de Es- opositor e crítico de D. Pedro I), maior força do movimento liberal
tado e encomendou a nova Constituição do país, onde seu poder e aumento das críticas a respeito da conduta política do imperador.
estaria assegurado. Além da pressão política, do exército e da população, D. Pedro
A nova Constituição dividia o Estado em quatro poderes: exe- I teve de superar uma crise sucessória. Quando D. João faleceu, D.
cutivo, legislativo, judiciário e moderador. O poder moderador era Pedro I abdica do trono português em favor de sua filha. Em Portu-
exclusivo de D. Pedro I e estava acima de todos os outros. Assim ele gal é iniciado então um conflito sucessório entre D. Maria da Glória
mantinha todas as características centralizadoras e absolutistas de e o irmão de D. Pedro I, D. Miguel.
uma monarquia e não via precedentes de verdadeira oposição.

19 Apenas pessoas com mais de 150 alqueires de mandioca poderiam se candi- 20 Província do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves e, posteriormente, do
datar ou votar. Império do Brasil. A província correspondia ao atual território do Uruguai.
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a solução para o seu concurso!
HISTÓRIA DO BRASIL

D. Pedro passa a gastar recursos brasileiros para garantir o tro- A Regência Trina Permanente
no de sua filha, o que gera mais descontentamento nacional. Com Foi eleita em junho de 1831. Com o padre Digo Antônio Feijó
a pressão interna e a necessidade de cuidar de seus interesses em como ministro da justiça e composta por Bráulio Muniz, Costa Car-
Portugal, D. Pedro I abdica do trono brasileiro e retorna para seu valho e Francisco de Lima e Silva, essa regência teve como principal
país, deixando como herdeiro seu filho, D. Pedro II. realização a criação da Guarda Nacional.
A criação da Guarda Nacional gera uma série de consequências
que serão vistas até o século XX, principalmente no período da Re-
PERÍODO REGENCIAL. PANORAMA POLÍTICO-PARTIDÁRIO pública Velha. A Guarda foi uma tentativa de baratear os custos da
CONFLITUOSO: RESTAURADORES, LIBERAIS MODERADOS segurança no país “terceirizando” as funções de polícia e do exér-
E REPUBLICANOS; A REGÊNCIA TRINA PROVISÓRIA;A RE- cito. Os chamados coronéis compravam suas patentes militares e
GÊNCIA TRINA PERMANENTE; O ATO ADICIONAL DE 1834; recebiam autonomia para organizar suas próprias forças armadas
AS REGÊNCIAS UNAS; AS REVOLTAS REGENCIAIS: CABA- locais.
NAGEM, BALAIADA, MALÊS, SABINADA E FARROUPILHA; Embora na teoria seu papel fosse garantir a ordem regional,
E A AÇÃO PACIFICADORA DE CAXIAS: BALAIADA, FAR- essa força só servia aos seus interesses, como as leis garantiam que
ROUPILHA E REVOLTAS LIBERAIS DE 1842 apenas ingressasse na Guarda quem dispusesse de altos ganhos
anuais, e estes eram apenas os grandes proprietários de terras, ape-
nas a aristocracia rural ficou identificada com os coronéis.
O Período Regencial (1831-1840) A mesma administração ainda promulga a “Lei Feijó” que proi-
bia o tráfico e tornava livre todos os africanos introduzidos em ter-
D. Pedro II, herdeiro do trono brasileiro tinha apenas cinco anos ritório brasileiro. Essa lei nunca foi respeitada de fato e a escravidão
de idade quando D. Pedro I retornou a Portugal. A maioria dos po- permaneceu até 1888.
líticos brasileiros ainda eram favoráveis à manutenção do império e
se preocuparam com as possíveis revoltas que haveriam tendo uma Ato Adicional de 1834
criança como governante. Ficou então decidido que o país seria go- O Ato Adicional de 1834 foi uma revisão da Constituição de
vernado por regentes até a idade apropriada de D. Pedro II. 1824. Promulgado em 12 de agosto, possuía caráter descentraliza-
Politicamente esse foi o período mais conturbado desde a co- dor, instituindo a criação de assembleias legislativas nas províncias,
lonização. Além dos grupos regionais que se revoltaram, o próprio a supressão do Conselho de Estado e a Regência Una (governante
cenário político não tinha unidade. Apesar de todos fazerem parte único). O Rio de Janeiro foi considerado um território neutro. Tam-
basicamente dos mesmos segmentos e terem interesses econômi- bém foi reduzida a idade para o imperador ser coroado, de 21 para
cos semelhantes, politicamente estavam divididos entre: 18 anos.

- Restauradores (conhecidos como Caramurus, eles defendiam Regência Una


a continuidade de D. Pedro I no poder e acreditavam que a tran- Apesar de uma tentativa frustrada de assumir o poder em
quildade política passava pela ação absolutista. José Bonifácio fazia 1832, abandonando o cargo de Ministro da Justiça logo em seguida,
parte desse grupo que foi articulador do Golpe da Maioridade anos o padre Feijó obteve a maioria dos votos na eleição para Regente
depois); em 1835. Sendo empossado em 12 de outubro do mesmo ano para
- Liberais moderados (apesar do nome, esse grupo era com- um mandato de quatro anos, não completando nem dois anos no
posto em grande parte pela aristocracia rural. Eram contra reformas cargo. Seu governo é marcado por intensa oposição parlamentar
sociais e lutavam por manter seus privilégios. Defendiam a monar- e rebeliões provinciais, como a Cabanagem, no Pará, e o início da
quia, porém de forma menos autoritária do que D. Pedro I empre- Guerra dos Farrapos, no Rio Grande do Sul. Com poucos recursos
gava. Eram chamados de Chimangos); para governar e isolado politicamente, renunciou em 19 de setem-
- Liberais exaltados (era o grupo mais variado, tinha desde aris- bro de 1837.
tocratas até trabalhadores livres e sem terras. Esse grupo buscava
reformas sociais e políticas, maior autonomia das províncias e mu- Segunda Regência Una
danças constitucionais. Eram conhecidos como Chapéus-de-palha). Com a renúncia de Feijó e o desgaste dos liberais, os conser-
vadores obtêm maioria na Câmara dos Deputados e elegem Pedro
A Regência Trina Provisória de Araújo Lima como novo regente único do Império, em 19 de se-
A Constituição previa que caso o soberano não tivesse um pa- tembro de 1837. A segunda regência una é marcada por uma rea-
rente próximo com mais de 35 anos para governar em seu lugar, ção conservadora, e várias conquistas liberais são abolidas. A Lei de
uma regência trina (composta por três pessoas) deveria fazê-lo. Interpretação do Ato Adicional, aprovada em 12 de maio de 1840,
Como na época em que D. Pedro I abdicou os deputados esta- restringe o poder provincial e fortalece o poder central do Império.
vam de férias, foi formada uma Regência Trina Provisória. Acuados, os liberais aproximam-se dos partidários de D. Pedro II.
Suas principais ações foram a manutenção da Constituição de Juntos, articulam o chamado golpe da maioridade, em 23 de julho
1824, reintegração do ministério demitido por D. Pedro I, anistia de 1840.
aos presos políticos e a promulgação da Lei Regencial de abril de
1831, que limitava os poderes dos regentes. Revoltas no Período Regencial

Em muitas partes do império a insatisfação com o governo


cresceu muito, levando alguns grupos a apelarem para a luta arma-
da e a revolta como forma de protesto.
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Cabanagem (1833-1840) Sabinada (1837-1838)


A Cabanagem foi uma revolta que ocorreu entre 1833 e 1839, A Sabinada ocorreu na Bahia, com o objetivo de implantar uma
na região do Grão-Pará, que compreende os atuais estados do Ama- república independente. Foi liderada pelo médico Francisco Sabino
zonas e Pará. A revolta começou a partir de pequenos focos de re- Álvares da Rocha Vieira, e por isso ficou conhecida como Sabinada.
sistência que aumentaram conforme o governo tentava sufocar os O principal objetivo da revolta era instituir uma república baiana,
protestos, impondo leis mais rígidas e a obrigação de participação mas só enquanto o herdeiro do trono imperial não atingisse a maio-
no exército para aqueles que fossem considerados praticantes de ridade legal. Diferentemente de outras revoltas ocorridas no perí-
atos suspeitos. A cabanagem contou com grande participação da odo, a sabinada não contou com o apoio das camadas populares e
população pobre, principalmente os Cabanos, pessoas que viviam nem com os grandes proprietários rurais da região, o que garantiu
em cabanas na beira dos rios. Os revoltosos tomaram a cidade de ao exército imperial uma vitória rápida.
Belém, porém foram derrotados pelas tropas imperiais.
Balaiada (1838-1841)
Revolução Farroupilha (1835-1845) Balaiada ocorreu no Maranhão, em 1838, e recebeu esse nome
A Revolução Farroupilha ou Guerra dos Farrapos foi uma revol- devido ao apelido de uma das principais lideranças do movimento,
ta promovida por grandes proprietários de terras no Rio Grande do Manoel Francisco dos Anjos Ferreira, o “Balaio”, conhecido por ser
Sul, conhecidos como estancieiros. O objetivo de seus líderes era de vendedor do produto.
separar-se do restante do país. A Balaiada representou a luta da população pobre contra os
A revolta começa pelo descontentamento de produtores do sul grandes proprietários rurais da região. A miséria, a fome, a escra-
em relação aos produtores estrangeiros de charque, principalmente vidão e os maus tratos foram os principais fatores de descontenta-
os platinos e argentinos que comercializavam e concorriam com os mento que levaram a população a se revoltar.
estancieiros pelo mercado do produto no Brasil, utilizado principal- A principal riqueza produzida na província, o algodão, sofria
mente na alimentação de escravos. forte concorrência no mercado internacional, e com isso o produto
Em 1835, insatisfeitos com o governo, os estancieiros iniciam a perdeu preço e compradores no exterior. Além da insatisfação po-
revolta, tendo Bento Gonçalves como principal chefe do movimen- pular, a classe média maranhense também se encontrava descon-
to, comandando as tropas farroupilhas que dominaram Porto Ale- tente com o governo imperial e suas medidas econômicas, encon-
gre. Com as vitórias obtidas foi proclamado um governo indepen- trando na população oprimida uma forma de combatê-lo.
dente em 1836, conhecido como República do Piratini, com Bento Os revoltosos conseguiram tomar a cidade de Caxias em 1839
Gonçalves como presidente. e estabelecer um governo provisório, com medidas que causaram
grande repercussão, como o fim da Guarda Nacional e a expulsão
Em 1839, o movimento farroupilha conseguiu ampliar-se. For- dos portugueses que residiam na cidade.
ças rebeldes, comandadas por Giuseppe Garibaldi e Davi Canabar-
ro, conquistaram Santa Catarina e proclamaram a República Juliana. Com a radicalização que a revolta tomou, como a adesão de
A revolta consegue ser contida somente após a coroação de D. escravos foragidos, a classe média que apoiava as revoltas aliou-se
Pedro II e com os esforços do Barão de Caxias, encerrando os confli- ao exército imperial, o que enfraqueceu bastante o movimento e
tos em 1 de março de 1845. garantiu a vitória em 1841, com um saldo de mais de 12 mil serta-
nejos e escravos mortos em batalhas. Os revoltosos que acabaram
Revolta dos Malês (1835) presos foram anistiados pelo imperador.
Em Salvador, nas primeiras décadas do século XIX, os negros es-
cravos ou libertos correspondiam a cerca de metade da população. A Maioridade e a Tranquilidade Política
Pertenciam a vários grupos étnicos, culturais e religiosos, entre os Toda a instabilidade do período regencial colocou tanto liberais
quais os muçulmanos – genericamente denominados malês -, que quanto conservadores em xeque, uma vez que ambos haviam ocu-
protagonizaram a Revolta dos Malês, em 1835. pado o poder mas nenhum conseguiu trazer estabilidade ao país.
O exército rebelde era formado em sua maioria, por “negros de A ideia de antecipar a maioridade de D. Pedro II começou a agra-
ganho”, escravos que vendiam produtos de porta em porta e, ao fim dar ambos os grupos: os liberais esperavam que com isso teriam
do dia, dividiam os lucros com os senhores. Podiam circular mais a chance de voltar ao governo. Os conservadores viam nisso uma
livremente pela cidade que os escravos das fazendas, o que facili- oportunidade de preservar a monarquia e manter a unidade do
tava a organização do movimento. Além disso, alguns conseguiam império. Em 1840, com uma regência conservadora o parlamento
economizar e comprar a liberdade. Os revoltosos lutavam contra aprova adiantar a maioridade de D. Pedro II.
a escravidão e a imposição da religião católica, em detrimento da
religião muçulmana.
A repressão oficial resultou no fim da Revolta dos Malês, que
teve muitos mortos, presos e feridos. Mais de quinhentos negros
libertos foram degredados para a África como punição.

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HISTÓRIA DO BRASIL

Revolução Praieira
O SEGUNDO REINADO. ANTECIPAÇÃO DA MAIORIDADE A Revolução Praieira ocorreu na metade do século XIX (1848)
DE D. PEDRO II; PANORAMA POLÍTICO-PARTIDÁRIO DO em um contexto onde o nordeste já sofria as consequências econô-
II IMPÉRIO: CONSERVADORES E LIBERAIS; RIVALIDADES micas da crise do açúcar, enquanto a região sudeste já era a “favo-
INICIAIS; AS REVOLTAS LIBERAIS DE 1842; CONCILIAÇÃO; rita” do Império com a prosperidade econômica ocasionada pelo
O PARLAMENTARISMO BRASILEIRO; A ECONOMIA E SO- café.
CIEDADE CAFEEIRAS; A BREVE ERA MAUÁ; POLÍTICA EX- Pernambuco era uma província conturbada na época: eram
TERNA: CAMPANHA CONTRA ORIBE E ROSAS; A QUESTÃO os portugueses quem controlavam o comércio e a política local. O
CHRISTIE; A CAMPANHA CONTRA AGUIRRE; A GUERRA DA cenário de problemas econômicos, sociais e políticos criou o clima
TRÍPLICE ALIANÇA; O COMANDO VITORIOSO DE CAXIAS para um conflito entre os partidos Liberal e Conservador.
NA GUERRA DA TRÍPLICE ALIANÇA; A IMIGRAÇÃO EU- Os portugueses se concentravam em torno do partido conser-
ROPEIA; A ABOLIÇÃO DA ESCRAVATURA; E A CRISE DO vador. Os democratas e liberais brasileiros em torno do partido libe-
IMPÉRIO: QUESTÃO RELIGIOSA; REPUBLICANISMO; ral. Após as eleições de 1848 que tiveram como resultado a eleição
QUESTÃO MILITAR; POSITIVISMO; A PROCLAMA- de um conservador para o cargo de presidente de província, os li-
ÇÃO DA REPÚBLICA berais revoltam-se pegando em armas e lançando o Manifesto ao
Mundo, documento que exigia o fim dos privilégios comerciais por-
tugueses, liberdade de imprensa, fim da monarquia e proclamação
Segundo Reinado da república, fim do voto censitário, extinção do poder moderador
e Senado vitalício.
Ao contrário do que aconteceu com seu pai, a preparação polí- Com adesão popular os revoltosos chegaram a derrubar o pre-
tica de D. Pedro II parece ter sido melhor. Mesmo sem abandonar o sidente de província e controlar Olinda, porém as tropas imperiais
aspecto autoritário em seu governo, politicamente ele soube traba- os contêm em 1849.
lhar com as aristocracias rurais. D. Pedro II dava a elas a condição de
crescerem economicamente e em troca recebia seu apoio político. O Parlamentarismo às Avessas
Falamos em aristocracias porque nesse período uma nova elite Em 1847 D. Pedro II cria no Brasil um sistema parlamentarista
agrária e mais poderosa surgiu representada pelos cafeicultores do até então inédito no mundo.
sudeste frente a antiga elite nordestina. O café passou a ser o prin- Um sistema parlamentarista tradicional funciona com o rei (ou
cipal produto do país e assim permaneceu até a república. presidente) sendo o chefe de Estado, porém não sendo o chefe de
governo. Isso implica nas responsabilidades políticas do cargo, onde
Liberais e Conservadores21 o chefe de governo as têm em muito maior quantidade.
Liberais (chamados de Luzia) e conservadores (Saquarema) Normalmente é o parlamento quem elege o Primeiro Ministro
diferiam em suas teorias e aspirações políticas em seus discursos, para chefe de governo. No Brasil as coisas aconteceram um pouco
porém, durante todo o Segundo Reinado ficou claro que quando no diferentes: o Parlamentarismo às Avessas, como ficou conhecido,
poder, ambos eram iguais. contava com um novo cargo, o de Presidente do Conselho de Mi-
Os liberais defendiam a descentralização e autonomia das pro- nistros (que em um sistema normal seria o Primeiro Ministro), sub-
víncias enquanto os conservadores, como o próprio nome sugere, misso e escolhido por D. Pedro II, que poderia destitui-lo quando
defendiam um governo forte e centralizado. quisesse.
Era uma forma de manter o parlamento e o Presidente sob
As Eleições do Cacete controle e que acabava descaracterizando o sistema como Parla-
Ao assumir, D. Pedro II vivenciou um grande impasse político: mentarista.
para auxiliá-lo em seu governo foi criado o Ministério da Maiori-
dade. O problema se deu porque o Ministério tinha sua maioria A Influência do Café
composta por liberais, enquanto a Câmara era composta maiorita- O sistema de produção rural no Brasil sempre foi o mesmo,
riamente por conservadores. Qualquer decisão a ser tomada gerava baseado na monocultura, grande propriedade e trabalho escravo.
grande debate pelas divergências entre ambos. Desde a crise do açúcar e esgotamento das jazidas de ouro, o país
A solução encontrada para acabar com essa disputa foi dissol- procurava seu novo salvador econômico. Este se apresentou na fi-
ver a Câmara e convocar novas eleições: As Eleições do Cacete. O gura do café, que além da mudança em relação à mão de obra, mos-
nome não foi por acaso. Para garantir a vitória, o partido liberal co- trou poucas mudanças na estrutura de produção.
locou “capangas” para trabalhar nas eleições e através de coerção e Graças ao aumento do consumo europeu, clima e solos favo-
ameaças eles venceram. ráveis, além da já estabelecida estrutura de grandes propriedades
Os liberais mantiveram-se no poder por pouco tempo. Ape- e monocultura, o café já na primeira metade do século XIX des-
sar de serem maioria, as pressões externas (Inglaterra) e internas pontava como principal produto nacional. Das primeiras fazendas
(Guerra dos Farrapos), e a má impressão que ficou após o uso da comerciais no Rio de Janeiro, até sua expansão para o interior de
força nas eleições fez com que o imperador novamente dissolve-se Minas Gerais, São Paulo e norte do Paraná, até quase a metade do
a Câmara e formasse um novo ministério, este composto por ambos século seguinte o café não apenas conseguia sozinho equilibrar nos-
os lados. sa balança comercial, mas foi responsável pelo desenvolvimento da
malha ferroviária, algumas cidades que a acompanhavam e pela in-
trodução da mão de obra livre.

21 Adaptado de MARTINS. U. (Segundo Reinado – 1840 – 1889)


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Com crescente demanda, maior necessidade de braços para a A Lei de Terras veio para garantir o valor de um novo produto, a
lavoura, com a pressão da Inglaterra pelo fim do tráfico e posterior- própria terra, uma vez que a escravidão via seus dias contados des-
mente fim da escravidão, os cafeicultores não encontraram outra de a aprovação da Lei Eusébio de Queirós. A lei que proibia o tráfico
solução que não trazer trabalhadores imigrantes europeus para de escravos dificultou a obtenção de mão de obra para os grandes
suas fazendas. fazendeiros, que então importavam escravos de outras regiões do
Esse foi um período que marca o país em todos os aspectos: país. Com a escassez de escravos, a terra passaria a ser o principal
- sociais com o surgimento de novas classes; produto e símbolo de status (da mesma forma que ter um grande
- políticos com a mudança do eixo central da velha oligarquia número de escravos destacava as pessoas de maiores fortunas e
açucareira para a nova oligarquia cafeeira (Barões do Café); e influência, agora a terra garantia essa imagem).
- econômicas com o desenvolvimento de cidades, serviços e A Lei de Terras ainda tinha um segundo propósito: garantir
ensaios de industrialização. que apenas quem tivesse capital (normalmente quem já tinha ter-
ras) conseguisse obtê-las. As terras devolutas (aquelas “desocupa-
Cultura das”22) não mais seriam entregues por doação ou ação de posseiros,
A cultura no século XIX desenvolveu-se de acordo com os pa- o que garantia que os trabalhadores dependessem de um emprego
drões europeus. em fazendas.
Na literatura tínhamos o romantismo como principal gênero O governo arrecadou mais impostos com demarcação e vendas
seguindo as devidas influências exteriores. José de Alencar com sua e com isso conseguiu financiar, junto de cafeicultores a vinda de
obra O Guarani nos dá um bom exemplo disso, descrevendo o índio mão de obra imigrante no período.
Peri como herói que enfrenta tribos menos civilizadas.
No campo das artes os indígenas também eram retratados de Imigração23
maneira ao imaginário europeu: passivos e martirizados, além de Vários são os motivos que explicam o movimento de imigração
características físicas distorcidas (a obra Moema – Victor Meirelles para o Brasil: internamente havia o preconceito dos grandes produ-
- é representada com pele quase branca). tores rurais que, quando obrigados a abrir mão do trabalho escravo
No campo das instituições, D. Pedro II revelou-se grande entu- por motivos de lei ou econômicos, não admitiam ter que pagar para
siasta e apoiador. Sempre demonstrou interesses pelas atividades os mesmos negros trabalhar em suas terras. Havia a desinteligência
do IHGB (Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro) do qual chegou de que a partir daquele momento o escravo não seria ideal para
a receber o título de protetor da instituição. Pouco depois fundou a o trabalho rural e ainda as aspirações do governo de uma “reco-
Ópera Nacional, a Imperial Academia de Música e o Colégio Pedro lonização”, principalmente da região sul ainda alvo de disputas de
II, onde ele frequentemente fazia visitas. fronteiras ou povoada por indígenas.
Por fim, manteve incentivos financeiros em campos de estudo Externamente víamos na Europa um exemplo inverso ao Brasil:
como medicina e direito. aqui tinham terras de sobra e poucos trabalhadores, lá eles tinham
muitos braços livres e poucas terras. A Europa do século XVIII e XIX
O Caso Indígena viu um aumento na taxa de natalidade, expulsão dos trabalhadores
No século XVIII se desenvolveu um projeto civilizador que foi do campo e pequenos proprietários, além de perseguições políticas
incorporado à colônia. O conceito era simples à primeira vista: po- e religiosas.
vos que não respondiam ao poder real precisavam ser subjugados. Pareceu à época uma solução natural que os imigrantes euro-
Acontece que as elites locais/regionais ao incorporar a ideia peus arriscassem a sorte no novo continente.
não levavam em conta o fator “civilizador”, mas sim o econômico. A região sudeste, principalmente o estado de São Paulo, apesar
Caso não houvesse a possibilidade de angariar recursos (de qual- de ter tido grande influência imigrante demorou a “engrenar”. As
quer natureza) a intervenção não era justificada. De uma forma primeiras experiências receberam o nome de sistema de parceria.
mais simples: o projeto só aconteceu em regiões que dariam algum Nesse sistema os imigrantes trabalhavam no cultivo e colheita do
retorno financeiro para as expedições, para as elites ou para o go- café, e dividiam os lucros e eventuais prejuízos com o dono da terra.
verno central. O maior exemplo desse sistema (e seu fracasso) foi o implantado
Civilizar ou não o indígena tinha um segundo lugar de impor- pelo Senador Campos Vergueiro. Apesar da promessa, a fazenda ti-
tância nessa empreitada. nha o monopólio de tudo que os imigrantes necessitavam adquirir
(sempre com preços mais elevados), o que resultava em uma dívi-
A Questão Agrária da viciosa com o fazendeiro. Além disso, devido à proximidade do
Do início da colonização até o século XIX a questão e a política contato com o trabalho escravo, o tratamento com os imigrantes
agrária no Brasil eram definidas pelas sesmarias. Ao mesmo tempo era semelhante, o que chegou a fazer com que o próprio governo
em que a concessão de uma sesmaria era a garantia legal de posse italiano recomendasse que seus cidadãos não viessem para o Brasil.
da terra, apenas quem tivesse relações e contatos políticos conse- Nos últimos anos do século XIX, com a situação se agravando
guiam esse acesso. na Itália e com a maior necessidade de mão de obra no Brasil, go-
Outras formas como a ação de posseiros também eram co- verno e fazendeiros oferecem melhores condições, o que abre as
muns, porém até o ano de 1850 ela era ilegal mediante algumas portas definitivamente para a chegada do europeu.
condições. 22 Quando falamos em terras “desocupadas” falamos do ponto de vista do
O que muda em 1850 é o advento da Lei nº 601, conhecida governo da época. Eram terras no qual o governo não havia recebido rendimentos.
como Lei de Terras. A criação dessa lei não apenas afirmava a lega- Indígenas e posseiros sem permissão ocupavam essas terras e eram expulsos
lidade das sesmarias como garantia o direito legal da terra a possei- sem cerimônia ou compensação.
ros (desde que as terras tivessem sido possuídas anteriormente à 23 Adaptado: UNOPAREAD < http://www.unoparead.com.br/sites/museu/exposi-
lei e fossem devidamente cultivadas). cao_sertoes2/Imigrantes-e-migracoes.pdf>
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HISTÓRIA DO BRASIL

O sul, como falamos acima, mostrou uma colonização diferen- A resistência à escravidão por parte dos negros existiu sempre
te. Composto por pequenas propriedades familiares ou comunida- que houve a escravidão. Fugas, violência contra os senhores e for-
des rurais, a região não atendeu os interesses do mercado externo mação de quilombos eram algumas das práticas comuns que exis-
e o governo tinha maior preocupação em garantir a posse do Brasil tiam desde a colônia. A partir da segunda metade do século XIX,
na região do que garantir as exportações da época. talvez por algumas leis já existirem, elas se tornaram mais comuns.
A sociedade também já contava com um número maior de
Tráfico Negreiro, Lutas Abolicionistas e o Fim da Escravidão24 entusiastas que estavam dispostos a lutar pelo fim dessa prática e
À época da independência D. Pedro I se viu pressionado por pressionar o governo. O império inglês junto desses fatores final-
dois lados muito importantes para manter seu governo: mente consegue se colocar em posição de forma que o Brasil não
- De um lado a Inglaterra, nação industrializada que via na ex- podia mais ignorá-lo.
tinção do comércio de escravos (e na própria instituição escravista) As seguintes leis são o resultado dessas pressões e mostram a
maior possibilidade de capital e mercado consumidor. Seu apoio evolução do processo de abolição:
político e financeiro ao Brasil no processo de independência estava
condicionado ao compromisso do país em abolir essa prática. Lei no 581 (Lei Eusébio de Queirós), de 4 de setembro de 1850:
- Do outro lado estavam os grandes proprietários de terra, mo- a partir dessa data é proibido o tráfico de escravos para o Brasil.
tivo pelo qual nem D. Pedro I, nem a regência e nem D. Pedro II Trocas internas entre províncias de escravos que já estão no país
conseguiram cumprir o acordo. ainda são permitidas.
No curto período anterior ao aumento da produção cafeeira no
país, o tráfico de escravos de fato diminuiu em números visto que Lei no 2.040 (Lei do Ventre Livre), de 28 de setembro de 1871:
a necessidade de mão de obra era menor. A partir do momento em considerava livre todos os filhos de mulheres escravas nascidas a
que os grandes fazendeiros sentiram necessidade de mais braços partir dessa data.
em suas lavouras, mesmo com leis da regência proibindo a impor-
tação de escravos, o volume voltou a crescer. As consequências fo- Lei no 3.270 (Lei dos Sexagenários ou Lei Saraiva-Cotegipe), de
ram a maior pressão inglesa sobre o Brasil no aspecto político, e na 28 de setembro de 1885: a Lei concedia liberdade a escravos com
prática uma perseguição real da marinha inglesa a navios negreiros. mais de 60 anos de idade.
Sentindo a pressão britânica surtir mais efeito que a interna,
finalmente em 1850 o governo brasileiro promulga uma lei com a Lei no 3.353 (Lei Áurea), de 13 de maio de 1888: Art. 1o É decla-
verdadeira intenção de cumpri-la. A Lei Eusébio de Queiroz, que a rada extinta desde a data desta lei a escravidão no Brasil.”
partir da data de sua publicação proíbe o tráfico negreiro no Brasil.
Como o governo não tinha intenção nenhuma de acelerar o A Questão Platina26
processo que levaria o fim da escravidão, a Lei Eusébio de Queiroz
garantia apenas o fim do tráfico de importação. O tráfico ou troca A questão da Cisplatina foi um conflito entre Brasil e Argentina
interna ainda era permitido, o que ocasionou grande deslocamente pelo controle de parte da bacia do Prata, especificamente na região
de contingente negro escravo do nordeste para as colheitas de café Cisplatina (que corresponde ao atual Uruguai).
no Vale do Paraíba no sudeste. Deve-se entender que apesar de em parte da história o Uruguai
Uma segunda consequencia foi que com o capital que agora pertencer ao Brasil ou ser tomado pela Argentina, o conflito nunca
estava “sem destino”, uma vez que a compra de escravos se tornava envolveu apenas duas partes.
mais difícil com o tempo, novas atividades econômicas começaram
a receber esse dinheiro: bancos, estradas de ferro, indústrias, com- Historicamente o que hoje corresponde ao território uruguaio
panhias de navegação... foi uma colônia portuguesa (Colônia de Sacramento). Quase um
século depois (1777) a colônia passa a ter domínio espanhol, que
A modernização do pensamento econômico, mesmo que de dura até a transferência da coroa portuguesa para o Brasil que volta
certa forma forçada, também provocou mudanças na política exter- a anexá-lo.
na do país. Em 1844 o ministro da Fazenda Alves Branco promulga Acontece que o período em que a Espanha controlou a região
uma lei que levaria seu nome, e que aumentava as taxas alfande- deixou marcas mais fortes que o período colonial português (cultu-
gárias para os produtos importados. Era uma das poucas vezes até ra e língua). Não se sentindo como parte do império português, a
então em nossa história que o governo tomava medidas que bene- Cisplatina (Uruguai) inicia um movimento de separação.
ficiavam nossa indústria em relação à estrangeira. A Argentina que já era independente e tinha interesses expan-
sionistas à região não demorou a comprar o lado do Uruguai en-
Processo Abolicionista25 viando além do apoio político, suprimentos.
Em maio de 1888, a princesa Isabel Cristina Leopoldina de Bra- O governo brasileiro não recuou, além de fazer frente ao Uru-
gança conhecida posteriormente como “A Redentora” assina o do- guai ele declarou guerra à Argentina. Apesar de haver algum equilí-
cumento que finalmente colocou fim à escravidão no país. brio durante o início do conflito, o nosso governo sofreu com gran-
A História normalmente nos ensina a respeito do ato generoso de pressão interna. O país já estava endividado com os gastos da
dessa figura, mas não podemos ignorar que o dia 13 de maio foi independência e bancar um conflito em tão pouco tempo depois
apenas o cume de uma empreitada que vinha sendo construída há causou insatisfação geral (aumento de impostos).
muito tempo.
24 Adaptado de FOGUEL, I. Brasil: Colônia, Império e República. < https://bit.
ly/2Iqul4S> 26 Adaptado de: JARDIM, W. C. A Geopolítica no Tratado da Tríplice Aliança.
25 História do Negro no Brasil. CEAO/UFBA. Anais do XXVI Simpósio Nacional de História - ANPUH
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Em 1828, com mediação inglesa e se vendo muito pressionado, O Paraguai mostrou clara vantagem tomando partes do terri-
Brasil e Argentina chegam a um acordo e ambos concordam que a tório brasileiro (MS) e posteriormente invadindo até a Argentina
região da Cisplatina se tornaria independente. Tinha início a repú- (queria através dela dominar o Rio Grande do Sul). A vantagem do
blica do Uruguai. país se mantém até a formação da Tríplice Aliança, unindo Brasil,
Posteriormente Brasil e Argentina ainda brigaram indireta- Argentina e Uruguai.
mente dentro do território uruguaio: a política do novo país esta- A partir daí o conflito se torna desfavorável. Apesar de o Para-
va dividida principalmente entre dois partidos, os “colorados” e os guai estar estruturado, os números não podiam ser ignorados. O
“blancos” (federalistas e unitários respectivamente) onde o Brasil Paraguai contava com uma população total de 800.000 habitantes
apoiava os colorados e a Argentina os blancos. no período contra 13.000.000 dos aliados. O Rio da Prata, única via
Internamente o Uruguai sofreu com sucessivas trocas no co- de comunicação do Paraguai para fora do continente foi bloqueado
mando por parte de generais ou de acordo com os interesses vizi- pelo maior número de navios aliados. Por fim, países como a Ingla-
nhos até o ano de 1865, contando com grande contingente brasilei- terra ofereciam apoio financeiro aos aliados enquanto o Paraguai
ro (gaúcho) quando o general Flores assume o poder e cessam os se matinha sozinho.
conflitos internos. A partir de 1868, muito sob o domínio de Caxias a vantagem
já havia passado para os aliados e a Guerra se passou apenas em
A Guerra do Paraguai território paraguaio. Em março de 1870, já com o conflito vencido,
Conde D’Eu, genro de D. Pedro II, substituto de Caxias no comando
A Guerra do Paraguai foi um conflito envolvendo Brasil, Para- das tropas aliadas persegue o restante das forças paraguaias e exe-
guai, Uruguai e Argentina que durou entre os anos de 1864 e 1870 cuta Solano Lopes.
e teve consequências que marcam o continente até hoje.
O Paraguai não era o país mais rico da América Latina até o As Consequências da Guerra
início do conflito, mas é correto dizer que era o mais desenvolvido Apesar de os países aliados ganharem territórios, seu saldo co-
socialmente e menos dependente economicamente. mum dessa guerra foi o aumento da dívida externa além do número
Desde 1811, ano de sua independência, o país fora governado de vidas perdidas.
por apenas três governantes, não encontrando a turbulência polí- Para o Paraguai as perdas foram irremediavelmente mais pesa-
tica interna que aconteceu com alguns vizinhos, como o Uruguai. das e mostram sequelas até hoje.
Era Francisco Solano Lopes o líder uruguaio no período do con- Cerca de 75% de sua população morreu nesse período (90%
flito e assim como seus antecessores ele garantiu algumas medidas dos homens). Ele perdeu 150.000 km² de seu território, teve seu
que tornavam o Paraguai um país único na América Latina: apesar parque industrial destruído, sua malha ferroviária vendida a com-
de não ser democrático, seu governo beneficiava as camadas po- panhias inglesas a preço de sucata, reservas de madeira e erva-ma-
pulares, não havia elite agrária e as terras eram garantidas aos tra- te praticamente entregue aos estrangeiros. Por fim, todas as terras
balhadores rurais, seus principais produtos (erva-mate e madeira) passaram para o controle de banqueiros estrangeiros que as aluga-
eram de monopólio do Estado, a maioria das famílias tinham garan- vam aos paraguaios.
tido o direito a emprego, comida, moradia e vestuário. O analfabe-
tismo quase não existia, não tinha dívida externa e já havia iniciado A Crise do Império
um processo de industrialização.
A partir da década de 1870 o império brasileiro vê seus melho-
As Causas da Guerra res dias passarem. Uma crise iniciada com o conflito do Paraguai
O Paraguai se manteve fora dos conflitos na região desde sua resultaria em quase vinte anos depois na proclamação da república.
independência. Tinha um acordo com o Brasil que garantia a au- A crise do império pode ser baseada em quatro pilares:
tonomia uruguaia e um acordo com o Uruguai que garantia ajuda
mútua. - Questão abolicionista e de terras: durante muito tempo a
Foi a partir das intervenções brasileiras no governo uruguaio escravidão foi a base econômica das elites que apoiavam a monar-
(quando depôs Aguirre e assume Flores) que o Paraguai quebra sua quia. Com a grande campanha abolicionista e as medidas graduais
política de neutralidade. Considerando que o Brasil perturbava a tomadas pelo império, a antiga aristocracia escravista que ainda
harmonia da região e temendo que ele mesmo fosse o próximo alvo apoiava D. Pedro II ficou descontente com seu governo. As novas
(além do fato de Solano Lopes ser simpatizante de Aguirre, derro- elites, que faziam fortuna com o café e se adaptaram ao trabalho
tado no Uruguai com ajuda brasileira), o Paraguai direcionou vários livre imigrante europeu, ansiavam por mais autonomia política, e
avisos preventivos ao Brasil. Não surtindo efeito, no final de 1864 passaram a fazer grande campanha em favor da república.
Solano Lopes ordena o aprisionamento do navio brasileiro Marquês A sociedade, agora com crescente número de imigrantes tam-
de Olinda e declara guerra do Brasil, é o início da Guerra do Para- bém convivia com novas ideias (entre elas o abolicionismo).
guai. D. Pedro II se viu sem o apoio da classe média da sociedade, da
nova aristocracia e também da antiga.
O Conflito
O início do conflito envolveu apenas os dois países, porém o - Questão religiosa: a Constituição de 1824 declarava o Brasil
próprio Paraguai acabou fomentando os seus vizinhos a se junta- um país oficialmente católico. A Constituição fixava que a Igreja de-
rem a causa brasileira. veria ser subordinada ao Estado, razão pelo qual já haviam alguns
atritos. O problema maior se dá a partir de 1860 quando o Papa
Pio IX publica a Bula Syllabus, excluindo membros da maçonaria
de irmandades católicas. Apesar de o imperador não acatar as re-
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a solução para o seu concurso!
HISTÓRIA DO BRASIL

comendações, os bispos de Olinda e Belém seguem as instruções O café, que já era um produto em ascensão ganhou mais desta-
do Papa. Em consequência, D. Pedro II ordena que ambos sejam que quando cultivado no Oeste Paulista. Juntamente com o café na
presos, o que leva a Igreja a também dar as costas a coroa. região amazônica a borracha também ganhava mercado.
Com a ameaça do fim da escravidão, começaram os incentivos
- Questão militar: até a Guerra do Paraguai o exército brasilei- para a vinda de trabalhadores assalariados gerando o surgimento
ro não tinha qualquer influência ou importância para o governo. de um modesto mercado interno, além da criação de pequenas
Durante as regências a criação da Guarda Nacional garantiu que a indústrias. Surgiram diversos organismos de crédito e as ferrovias
necessidade de um exército forte quase não existisse. ganhavam cada vez mais espaço, substituindo boa parte dos trans-
A Guerra do Paraguai vem para mudar essa situação. Forçados portes terrestres, marítimos e fluviais.
a se modernizar e se estruturar, após a guerra o exército não apenas As mudanças citadas acima não alcançaram todo o território
exige maior participação no governo do país como passa a ter seto- brasileiro. Apenas a porção que hoje abrange as regiões Sul e Su-
res contrários às ideias monarquistas. deste foram diretamente impactadas, levando inclusive ao cres-
Como a Coroa continuava intervindo em assuntos militares e cimento dos núcleos urbanos. Em outras partes como na região
punindo alguns de seus membros a ponto de censurar a imprensa Nordeste, o cultivo da cana-de-açúcar e do algodão, que por muito
em determinados assuntos relacionados às forças armadas, o exér- tempo representaram a maior parte das exportações nacionais, en-
cito também dá as costas a monarquia e com isso deixa D. Pedro II travam em declínio.
sem nenhum apoio de peso. Muitos dos produtores e da população dessas regiões em de-
Sem apoio após a abolição da escravatura por parte da prince- senvolvimento passavam a questionar o centralismo político exis-
sa Isabel, em novembro de 1889 com a ação militar, sem conflitos tente no império brasileiro que tirava a autonomia local. A solução
ou participação popular, termina o império brasileiro e tem início o para resolver os problemas advindos da mudança pela qual o país
período Republicano. passava foi encontrada no sistema federalista, capaz de garantir a
tão desejada autonomia regional.

BRASIL REPÚBLICA. A REPÚBLICA VELHA. A REPÚBLICA DA Não é de se espantar que entre os principais apoiadores do
ESPADA: OS GOVERNOS DE DEODORO E DE FLORIANO PEI- sistema federalista estivessem os produtores de café do oeste pau-
XOTO; A CONSTITUIÇÃO DE 1891; GUERRAS DE CANUDOS lista, que passavam a reivindicar com mais força seus interesses
(1896 - 1898) E CONTESTADO (1912 - 1916); AS REVOLTAS econômicos.
DA ARMADA; O TENENTISMO, AS REVOLTAS DE 1922 - 1924 Apesar das influências republicanas nas revoltas e tentativas de
E A “COLUNA PRESTES”; A REVOLUÇÃO FEDERALISTA; A separação desde o século XVIII, foi apenas na década de 1870, com
REPÚBLICA OLIGÁRQUICA: CARACTERIZAÇÃO: “CORONE- a publicação do Manifesto Republicano, que o ideal foi consolidado
LISMO”, “VOTO DE CABRESTO”, POLÍTICA DO “CAFÉ COM através da sistematização partidária.
LEITE”, POLÍTICA DE VALORIZAÇÃO DO CAFÉ, “POLÍTICA O Manifesto foi publicado em 3 de dezembro de 1870, no jor-
DOS GOVERNADORES”; ALGUMAS REVOLTAS SOCIAIS DA nal A República, redigido por Quintino Bocaiúva, Saldanha Marinho
REPÚBLICA VELHA: REVOLTA DA CHIBATA, REVOLTA DA e Salvador de Mendonça, e assinado por cinquenta e oito cidadãos
VACINA, O FENÔMENO DO CANGAÇO; E A RUPTURA entre políticos, fazendeiros, advogados, jornalistas, médicos, en-
OLIGÁRQUICA E A REVOLUÇÃO DE 1930 genheiros, professores e funcionários públicos. Defendia o federa-
lismo (autonomia para as Províncias administrarem seus próprios
negócios) e criticava o poder pessoal do imperador.
A palavra República possui várias interpretações, sendo a mais Após a publicação do Manifesto, entre 1870 e 1889 os ideais
comum a identificação de um sistema de governo cujo Chefe de Es- republicanos espalharam-se rapidamente pelo país. Um dos princi-
tado é eleito através do voto dos cidadãos ou de seus representan- pais frutos foi a fundação do Partido Republicano Paulista, fundado
tes, com poderes limitados e com tempo de governo determinado. na Convenção de Itu em 1873 e marcado pela heterogeneidade de
A República tem seu nome derivado do termo em latim Res seus membros e da efetiva participação dos cafeicultores do Oeste
publica, que significa algo como “coisa pública” ou “coisa do povo”. Paulista.
Em 15 de novembro de 1889 foi instituída a República no Brasil. Os republicanos brasileiros divergiam em seus ideais, criando
Entre os fatores responsáveis para o acontecimento, estão a crise duas tendências dentro do partido: A Tendência Evolucionista e a
que se instalou sobre o império, os atritos com a Igreja e o desgaste Tendência Revolucionária.
provocado pela abolição da escravidão. Com a Guerra do Paraguai Defendida por Quintino Bocaiuva, a Tendência Evolucionista
e o fortalecimento do exército, os ideais republicanos começaram a partia do princípio de que a transição do império para a república
ganhar força, sendo abraçados também por parte da elite cafeicul- deveria ocorrer de maneira pacífica, sem combates. De preferência
tora do Oeste Paulista. após a morte do imperador.
Já a Tendência Revolucionária, defendida por Silva Jardim e Lo-
O Movimento Republicano e a Proclamação da República pes Trovão, dizia que a República precisava “ser feita nas ruas e em
torno dos palácios do imperante e de seus ministros” e que não se
Mesmo com a manutenção do sistema escravista e de latifún- poderia “dispensar um movimento francamente revolucionário”. A
dio exportador, na segunda metade do século XIX o Brasil começou eleição de Quintino Bocaiúva (maio de 1889) para a chefia do Par-
a experimentar mudanças, tanto na economia como na sociedade. tido Republicano Nacional expurgou dos quadros republicanos as
ideias revolucionárias.

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HISTÓRIA DO BRASIL

O final da Guerra do Paraguai (1870) aumentou os antagonis- Em relação ao poder do Estado, foi adotado o sistema de tripar-
mos entre o Exército e a Monarquia. O exército institucionaliza- tição entre Executivo, Legislativo e Judiciário, com um sistema pre-
va-se. Os militares sentiam-se mal recompensados e desprezados sidencialista de voto direto com mandato de 4 anos sem reeleição.
pelo Império. Alguns jovens oficiais, influenciados pela doutrina de As províncias, que agora eram denominadas Estados, foram bene-
Augusto Comte (positivismo) e liderados por Benjamin Constant, ficiadas com uma maior autonomia através do Sistema Federalista.
sentiam-se encarregados de uma “missão salvadora” e estavam an- Em relação ao voto, antes censitário, foi declarado o sufrágio
siosos por corrigir os vícios da organização política e social do país. universal masculino, ou seja, “todos” os homens alfabetizados e
A “mística da salvação nacional” não era privativa deste pequeno maiores de 21 anos poderiam votar. Na prática o voto ainda con-
grupo de jovens. Generalizara-se entre os militares a ideia de que só tinuava restrito, visto que eram excluídos os mendigos, os padres
os homens de farda eram “puros” e “patriotas”, ao passo que os ci- e os praças (soldados de baixa patente). No Brasil de 1900, cerca
vis, as “casacas” como diziam eram corruptos venais e sem nenhum de 35%27 da população era alfabetizada. Desse total ainda estavam
sentimento patriótico. excluídas as mulheres, já que mesmo sem uma regra explícita de
A Proclamação resultou da conjugação de duas forças: o exérci- proibição na constituição, “considerou-se implicitamente que elas
to descontente, e o setor cafeeiro da economia, pretendendo este estavam impedidas de votar”28
eliminar a centralização vigente por meio de uma República Fede- A Constituição também determinava que a primeira eleição
rativa que imporia ao país um sistema favorável a seus interesses. para presidente deveria ser indireta através do Congresso. Deodoro
Portanto, a Proclamação não significou uma ruptura no proces- da Fonseca venceu a eleição por 129 votos a favor e 97 contra, re-
so histórico brasileiro: a economia continuou dependente do setor sultado considerado apertado na época. Para o cargo de vice-presi-
agroexportador. Afora o trabalho assalariado, o sistema de produ- dente o Congresso elegeu o marechal Floriano Peixoto.
ção continuou o mesmo e os grupos dominantes continuaram a sair
da camada social dos grandes proprietários. Houve apenas uma A atuação de Deodoro foi encarada com suspeita pelo Congres-
modernização institucional. so, já que ele buscava um fortalecimento do Poder Executivo base-
ado no antigo Poder Moderador. Deodoro substituiu o ministério
O golpe militar promovido em 15 de novembro de 1889 foi re- que vinha do governo provisório por um outro, que seria comanda-
afirmado com a proclamação civil de integrantes do Partido Repu- do pelo Barão de Lucena, tradicional político monárquico. Em 3 de
blicano, na Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro. Ao contrário novembro de 1891 o presidente fechou o Congresso, prometendo
do que aparentou, a proclamação foi consequência de um governo novas eleições e a revisão da Constituição.
que não mais possuía base de sustentação política e não contou A intenção do marechal era limitar e igualar a representação
com intensa participação popular. Conforme salientado pelo minis- dos Estados na Câmara, o que atingia os grandes Estados que já
tro Aristides Lobo, a proclamação ocorreu às vistas de um povo que possuíam uma participação maior na política. Sem obter o apoio
assistiu tudo de forma bestializada. desejado dentro das forças armadas, Deodoro acabou renunciando
em 23 de novembro de 1891, assumindo em seu lugar o vice Flo-
O Governo Provisório e a República da Espada riano Peixoto.
Floriano tinha uma visão de República baseada na construção
Proclamada a República, o primeiro desafio era estabelecer de um governo estável e centralizado, com base no exército e no
um governo. O Marechal Deodoro da Fonseca ficou responsável apoio dos jovens das escolas civis e militares. A visão de Floriano
por assumir a função de Presidente até que um novo presidente chocava-se diretamente com a visão dos grandes fazendeiros, prin-
fosse eleito. Os primeiros atos decretados por Deodoro foram o ba- cipalmente os produtores de café de São Paulo que almejavam um
nimento da Família Real do Brasil, estabelecimento de uma nova Estado liberal e descentralizado. Apesar das diferenças, o presiden-
bandeira nacional, separação entre Estado e Igreja (criação de um te e os fazendeiros conviveram em certa harmonia, pela percepção
Estado Laico, porém não laicista), liberdade de cultos, secularização de que sem Floriano a República corria o risco de acabar, e sem o
dos cemitérios e a Grande Naturalização, ato que garantiu a todos apoio dos fazendeiros, Floriano não conseguiria governar.
os estrangeiros que moravam no Brasil a cidadania brasileira, desde Os dois primeiros governos republicanos no Brasil ganharam o
que não manifestassem dentro de seis meses a vontade de manter nome de República da Espada devido ao fato de seus presidentes
a nacionalidade original. serem membros do exército.
No plano econômico, Rui Barbosa assumiu o cargo de Ministro
da Fazenda lançando uma política de incentivo ao setor industrial, A Revolução Federalista
caracterizada pela facilitação dos créditos bancários, a especulação Desde o período imperial, o Rio Grande do Sul fora palco de
de ações e a emissão de papel-moeda em excesso. As medidas to- protestos e indignações com o governo, como pode ser observa-
madas por Rui Barbosa que buscavam modernizar o país, acabaram do na Revolução Farroupilha, que durou de 1835 até 1845. Com a
por gerar uma forte crise que provocou o aumento da inflação e da Proclamação da República, a política no Estado manteve-se instá-
dívida pública, a quebra de bancos e empobrecimento de pequenos vel, com diversas trocas no cargo de presidente estadual. Conforme
investidores. Essa dívida ficou conhecida como Encilhamento. aponta Fausto, entre 1889 e 1893, dezessete governos se sucede-
Em 24 de fevereiro de 1891 foi eleito um Congresso Constituin- ram no comando do Estado29, até que Júlio de Castilhos assumiu o
te, responsável por promulgar a primeira Constituição republicana poder no Estado.
brasileira, elaborada com forte influência do modelo norte-ameri-
cano. O Poder Moderador, de uso exclusivo do imperador foi ex- 27 Souza, Marcelo Medeiros Coelho de. O analfabetismo no brasil sob enfo-
tinto, assim como o cargo de Primeiro-Ministro, a vitaliciedade dos que demográfico. Cad. Pesqui. Jul 1999, no.107, p.169-186. ISSN 0100-1574
senadores, as eleições legislativas indiretas e o voto censitário. 28 FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: Edusp, 1999. Página 251.
29 FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: Edusp, 1999.
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Dois grupos disputavam o controle do Rio Grande do Sul: o Par- O Coronelismo


tido Republicano Rio-grandense (PRR) e o Partido Federalista (PF). Durante o período regencial, espaço entre a abdicação de D.
O Partido Republicano era composto por políticos defensores Pedro I e a coroação de D. Pedro II, diversas revoltas e tentativas
do positivismo, apoiadores de Júlio de Castilhos e de Floriano Pei- de separação e instalação de uma república aconteceram no Brasil.
xoto. Sua base política era composta principalmente de imigrantes Sem condições de controlar todas as revoltas, o governo regencial,
e habitantes do litoral e da Serra do Rio Grande do Sul, forman- pela sugestão de Diogo Feijó, criou a Guarda Nacional.
do uma elite política recente. Durante o conflito foram conhecidos Com o propósito de defender a constituição, a integridade,
como Pica-paus. a liberdade e a independência do Império Brasileiro, sua criação
O Partido Federalista defendia um sistema de governo par- desorganiza o Exército e começa a se constituir no país uma força
lamentarista e a revogação da constituição do Estado, de caráter armada vinculada diretamente à aristocracia rural, com organiza-
positivista. Foi fundado em 1892 e tinha como líder o político Sil- ção descentralizada, composta por membros da elite agrária e seus
veira Martins, conhecida figura política do Partido Liberal durante o agregados. Para compor os quadros da Guarda nacional era neces-
império. A base de apoio do Partido Federalista era composta prin- sário possuir amplos direitos políticos, ou seja, pelas determinações
cipalmente de estancieiros de campanha, que dominaram a cena constitucionais, poderiam fazer parte dela apenas aqueles que dis-
política durante o império. Durante o conflito ganharam o apelido pusessem de altos ganhos anuais.
de Maragatos. Com a criação da Guarda e suas exigências para participação,
O conflito teve início em fevereiro de 1893, quando os federa- surgiram os coronéis, que eram grandes proprietários rurais que
listas, descontentes com a imposição do governo de Júlio de Casti- compravam suas patentes militares do Estado. Na prática, eles fo-
lhos, pegaram em armas para derrubar o presidente estadual. Des- ram responsáveis pela organização de milícias locais, responsáveis
de o início da revolta, Floriano Peixoto, então presidente do Brasil, por manter a ordem pública e proteger os interesses privados da-
colocou-se do lado dos republicanos. Os opositores de Floriano em queles que as comandavam. O coronelismo esteve profundamen-
todo o país passaram a apoiar os federalistas. te enraizado no cenário político brasileiro do século XIX e início do
século XX.
No final de 1893 os federalistas ganharam o apoio da Revolta Após o fim da República da Espada, os grupos ligados ao setor
Armada que teve início no Rio de Janeiro, causada pelas rivalidades agrário ganharam força na política nacional, gerando uma maior re-
entre o exército e a marinha e o descontentamento do almirante levância para os coronéis no controle dos interesses e na manuten-
Custódio José de Melo, frustrado em sua intenção de suceder Flo- ção da ordem social. Como comandantes de forças policiais locais,
riano Peixoto na presidência. os coronéis configuravam-se como uma autoridade quase inques-
Parte da esquadra naval comandada pelo almirante deslocou- tionável nas áreas rurais.
-se para o Sul, ocupando a cidade de Desterro (atual Florianópolis), A autoridade do coronel, além de usada para manter a ordem
em Santa Catarina, e a partir daí ocupando parte do Paraná e a ca- social, era exercida principalmente durante as eleições, para garan-
pital Curitiba. O prolongamento do conflito, com grandes custos aos tir que o candidato ou grupo político que ele representasse saísse
revoltosos, levou à decisão de recuar e manter-se no Rio Grande vencedor. A oposição ao comando do coronel poderia resultar em
do Sul. violência física, ameaças e perseguições, o que fazia com que mui-
A revolta teve fim somente em agosto de 1895, quando os tos votassem a contragosto, para evitar as consequências de discor-
combatentes maragatos depuseram as armas e assinaram um acor- dar da autoridade local, gerando uma prática conhecida como Voto
do de paz com o presidente da república, garantindo a anistia para de Cabresto.
os participantes do conflito. Apesar de curta, a Revolução Federa- Na república velha, o sistema eleitoral era muito frágil e fácil de
lista teve um saldo de mais de 10.000 mortos, a maior parte deles ser manipulado. Os coronéis compravam votos para seus candida-
de prisioneiros capturados em conflitos e mortos posteriormente, o tos ou trocavam votos por bens materiais. Como o voto era aberto,
que garantiu o apelido de “revolução da degola”. os coronéis mandavam os capangas para os locais de votação, com
o objetivo de intimidar os eleitores e ganhar os votos. As regiões
Características da Primeira República controladas politicamente pelos coronéis eram conhecidas como
currais eleitorais.
O período que vai de 1889, data da Proclamação da Repúbli- Os coronéis costumavam alterar votos, sumir com urnas e até
ca, até 1930, quando Getúlio Vargas assumiu o poder, é conhecido mesmo patrocinavam a prática do voto fantasma. Este último con-
como Primeira República. O período é marcado pela dominação de sistia na falsificação de documentos para que pessoas pudessem
poucos grupos políticos, conhecidos como oligarquias, pela alter- votar várias vezes ou até mesmo utilizar o nome de falecidos nas
nância de poder entre os estados de São Paulo e Minas Gerais (po- votações.
lítica do café-com-leite), e pelo poder local exercido pelos Coronéis. Dessa forma, a vontade política do coronel era atendida, garan-
Com a saída dos militares do governo em 1894, teve início o tindo que seus candidatos fossem eleitos em nível municipal e tam-
período chamado República das Oligarquias. A palavra Oligarquia bém estadual, e garantindo também participação na esfera federal.
vem do grego oligarkhía, que significa “governo de poucos”. Os gru-
pos dominantes, em geral ligados ao café e ao gado, impunham sua Prudente de Morais
vontade sobre o governo, seja pela via legal, seja através de fraudes
nas votações e criação de leis específicas para beneficiar o grupo Floriano tentou garantir que seu sucessor fosse um aliado po-
dominante. lítico, porém as poucas bases de apoio de que dispunha não lhe
foram suficientes para concretizar o desejo. No dia 1 de março de

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HISTÓRIA DO BRASIL

1894 foi eleito o paulista Prudente de Morais, encerrando o gover- nense e paulista. Continuando sua marcha ascendente, houve ex-
no de membros do exército, que só voltariam ao poder em 1910, pansão dos cafeeiros na província de Minas Gerais (Zona da Mata e
com a eleição do marechal Hermes da Fonseca. sul do estado), ao mesmo tempo em que a produção se consolidava
Prudente buscou desvincular o exército do governo, substituin- no interior de São Paulo, principalmente no “Oeste Paulista”.
do os cargos que eram ocupados por militares por civis, principal- A grande oferta causada pela produção em excesso levou a
mente representantes da cafeicultura, promovendo uma descen- uma queda do preço, visto que havia mais produto no mercado e
tralização do poder. menos pessoas interessadas em adquiri-lo.
Suas principais bandeiras eram a de uma república forte, em O convênio de Taubaté foi um acordo firmado em 1906, último
oposição às tendências liberais, antimonarquistas e antilusitanas. ano do mandato de Rodrigues Alves (1902-1906), entre os presi-
dentes dos estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, na
Campos Salles cidade de Taubaté (SP), com o objetivo de pôr em prática um plano
de valorização do café, garantindo o preço do produto por meio da
Em 1898 o paulista Manuel Ferraz de Campos Salles assumiu a compra, pelo governo federal, do excedente da produção. O acordo
presidência no lugar de Prudente de Morais. Antes mesmo de as- foi firmado mesmo contra a vontade do presidente, e foi efetiva-
sumir o governo, Campos Salles renegociou a dívida brasileira, que mente aplicada por seu sucessor, Afonso Pena.
vinha se arrastando desde os tempos do império.
Para resolver a situação, ele se reuniu com os credores e esta- O Tratado de Petrópolis e a Borracha
beleceu um acordo chamado Funding-Loan. Este acordo consistia O espaço físico que constitui o Estado do Acre, era, até o início
no seguinte: o Brasil fazia empréstimos e atrasava o pagamento da do século XX, considerado uma zona não descoberta, um território
dívida, fazendo concessões aos banqueiros nacionais. Como con- contestado pelos governos boliviano e brasileiro.
sequência a indústria e o comércio foram afetados e as camadas Em 1839, Charles Goodyear descobriu o processo de Vulcaniza-
pobres e a classe média também foram prejudicadas. ção, que consistia em misturar enxofre com borracha a uma tempe-
A transição de governos consolidou as oligarquias de São Paulo ratura elevada (140ºC/150ºC) durante certo número de horas. Com
e Minas Gerais no poder. O único entrave para um governo harmô- esse processo, as propriedades da borracha não se alteravam pelo
nico eram as disputas políticas entre as oligarquias locais nos Esta- frio, calor, solventes comuns ou óleos.
dos. O governo federal acabava intervindo nas disputas, porém, a Apesar do surto econômico e da procura do produto, favorável
incerteza de uma colaboração duradoura entre os Estados e a União para a Amazônia brasileira, havia um sério problema para a extra-
ainda permanecia. Outro fator que não permitia uma plena consoli- ção do látex: a falta de mão-de-obra.
dação política era a vontade do executivo em impor-se ao legislati- Isso foi solucionado com a chegada à região de nordestinos
vo, mesmo com a afirmação na Constituição de que os três poderes (Arigós) que vieram fugindo da seca de 1877. Prisioneiros, exilados
eram harmônicos e independentes entre si. políticos e trabalhadores nordestinos misturavam-se nos seringais
A junção desses fatores levou Campos Salles a criar um arran- do Acre, fundavam povoações, avançavam e se estabeleciam em
jo político capaz de garantir a estabilidade e controlar o legislativo, pleno território boliviano.
que ficou conhecido como Política dos Governadores. A exploração brasileira na região incomodava o governo boli-
Basicamente, a política dos governadores apoiava-se em uma viano, que resolveu tomar posse definitiva do Acre. Fundou a vila de
ideia simples: o presidente apoiava as oligarquias estaduais mais Puerto Alonso, em 03 de janeiro de 1889, e foram instalados postos
fortes, e em troca, essas oligarquias apoiavam e votavam nos candi- da alfândega para arrecadar tributos originados da comercialização
datos indicados pelo presidente. de borracha silvestre. Essa atitude causou revolta entre os quase
Na Câmara dos Deputados, uma mudança simples garantiu sessenta mil brasileiros que trabalhavam nos seringais acreanos.
o domínio. Conhecida como Comissão de Verificação de poderes, Liderados pelo seringalista José Carvalho, do Amazonas, os serin-
essa ferramenta permitia decidir quais políticos deveriam integrar gueiros rebelaram-se e expulsaram as autoridades bolivianas, em
a Câmara e quais deveriam ser “degolados”, que na gíria política da 03 de maio de 1889.
época significava ser excluído. Após o episódio, um espanhol chamado Luiz Galvez Rodrigues
Quando ocorriam eleições para a Câmara, os vencedores em de Aurias liderou outra rebelião, de maior alcance político, procla-
cada estado recebiam um diploma. Na falta de um sistema de jus- mando a independência e instalando o que ele chamou de Repú-
tiça eleitoral, ficava a cargo da comissão determinar a validade do blica do Acre, no local conhecido como Seringal Volta da Empresa,
diploma. A comissão era escolhida pelo presidente temporário da em 14 de julho de 1889. Galvez, o “Imperador do Acre”, como auto
nova Câmara eleita, o que até antes da reforma de Campos Salles proclamava-se, contava com o apoio político do governador do
significava o mais velho parlamentar eleito. Amazonas, Ramalho Junior. Entretanto, a República do Acre durou
Com a reforma, o presidente da nova Câmara deveria ser o pre- apenas oito meses. O governo brasileiro, signatário do Tratado de
sidente do mandato anterior, desde que reeleito. Dessa forma, o Ayacucho, de 23 de março de 1867, reconheceu o direito de posse
novo presidente da Câmara seria sempre alguém ligado ao governo, da Bolívia, prendeu Luiz Galvez Rodrigues de Aurias e devolveu o
e caso algum deputado oposicionista ou que desagradasse o gover- Acre ao governo boliviano.
no fosse eleito, ficava mais fácil removê-lo do poder. Mesmo com a devolução do Acre aos bolivianos, a situação
continuava insustentável. O clima de animosidade persistia e au-
Convênio de Taubaté mentava a cada dia. Em 11 de julho de 1901, o governo boliviano
Desde o período imperial o café figurava como principal produ- decidiu arrendar o Acre a um grupo de empresários americanos,
to de exportação brasileiro, principalmente após a segunda década ingleses e alemães, formado pelas empresas Conway and Withrid-
do século XIX. Consumido em larga escala na Europa e nos Estados ge, United States Rubber Company, e Export Lumber. Esse consórcio
Unidos, o cultivo da planta espalhou-se pelo vale do Paraíba flumi-
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HISTÓRIA DO BRASIL

constituiu o Bolivian Syndicate que recebeu da Bolívia autorização dativamente, a produção asiática foi superando a produção ama-
para colonizar a região, explorar o látex e formar sua própria milícia, zônica e, em 1912 há sinais de crise, culminando em 1914, com a
com direito de utilizar a força para atender seus interesses. decadência deste ciclo na Amazônia brasileira.
Os seringueiros brasileiros, a maior parte formada por nordes- Para a economia nacional, a borracha teve suma importância
tinos, não aceitaram a situação. Estimulados por grandes seringalis- nas exportações, visto que em 1910, o produto representou 40%
tas e apoiados pelos governadores do Amazonas e do Pará, deram das exportações brasileiras. Para a Amazônia, o primeiro Ciclo da
início, no dia 06 de agosto de 1902, a uma rebelião armada: a Re- Borracha foi importante pela colonização de nordestinos na região
volta do Acre. Os seringalistas entregaram a chefia do movimento e a urbanização das duas grandes cidades amazônicas: Belém do
rebelde ao gaúcho José Plácido de Castro, ex-major do Exército, re- Pará e Manaus.
baixado a cabo por participar da Revolução Federalista do Rio Gran- Durante o seu apogeu, a produção de borracha foi responsável
de do Sul, ao lado dos Maragatos. por aproximadamente 1/3 do PIB do Brasil. Isso gerou muita riqueza
A Revolta por ele liderada, financiada por seringalistas e por na região amazônica e trouxe tecnologias que outras cidades do sul
dois governadores de Estado, fortalecia-se a cada dia, na medida e sudeste do Brasil ainda não possuíam, tais como bondes elétricos
em que recebia armamentos, munições, alimentos, além de apoio e avenidas construídas sobre pântanos aterrados, além de edifícios
político e popular. Em todo o país ocorreram manifestações em fa- imponentes e luxuosos, como o Teatro Amazonas, o Palácio do Go-
vor da anexação do Acre ao Brasil. verno, o Mercado Municipal e o prédio da Alfândega, no caso de
A imprensa do Rio de Janeiro e de São Paulo exigia do governo Manaus, o Mercado de São Brás, Mercado Francisco Bolonha, Te-
brasileiro imediatas providências em defesa dos acreanos. Por seu atro da Paz, Palácio Antônio Lemos, corredores de mangueiras e
lado, o governo brasileiro procurava solucionar o impasse pela via diversos palacetes residenciais no caso de Belém.
diplomática, tendo à frente das negociações o diplomata José Maria
da Silva Paranhos Júnior, o Barão do Rio Branco. Mas todas as ten- Industrialização e Greves
tativas eram inócuas e os combates entre brasileiros e bolivianos Ao ser proclamada a República em 1889, existiam no Brasil 626
tornavam-se mais frequentes e acirrados. estabelecimentos industriais, sendo 60% do ramo têxtil e 15% do
ramo de produtos alimentícios. Em 1914, o número já era de 7.430
Em meio aos conflitos, o presidente da Bolívia, general José indústrias, com 153.000 operários.
Manuel Pando, organizou sob seu comando uma poderosa expe- Após o incentivo para abertura de novas indústrias decorrentes
dição militar para combater os brasileiros do Acre. O presidente do do período de 1914 a 1918, em que a Europa esteve em guerra,
Brasil, Rodrigues Alves, ordenou que tropas do Exército e da Arma- diversas empresas produtoras principalmente de matéria-prima ini-
da Naval, acantonadas no Estado de Mato Grosso, avançassem para ciaram atividades no Brasil. Em 1920, o número havia subido para
a região em defesa dos seringueiros acreanos. O enfrentamento de 13.336, com 275.000 operários. Até 1930, foram fundados mais
tropas regulares do Brasil e da Bolívia gerou a Guerra do Acre. 4.687 estabelecimentos industriais.
As tropas brasileiras, formadas por dois regimentos de infanta- Há que se levar em conta que a industrialização se concentrou
ria, um de artilharia e uma divisão naval, ajudaram Plácido de Cas- no eixo Rio-São Paulo e, secundariamente, no Rio Grande do Sul. O
tro a derrotar o último reduto boliviano no Acre, Puerto Alonso, empresariado industrial era oriundo do café, do setor importador e
hoje Porto Acre. Em consequência, no dia 17 de novembro de 1903, da elite dos imigrantes.
na cidade de Petrópolis, as repúblicas do Brasil e da Bolívia firma- Durante o período republicano fica evidente o descaso das au-
ram o Tratado de Petrópolis, através do qual o Brasil ficou de posse toridades governamentais com os trabalhadores. O país passava
do Acre, assumindo o compromisso de pagar uma indenização de por um momento de industrialização e os trabalhadores começam
dois milhões de libras esterlinas ao governo boliviano e mais 114 a se organizar.
mil ao Bolivian Syndicate. Em sua maioria imigrantes europeus que possuíam uma forte
O Tratado de Petrópolis, aprovado pelo Congresso brasileiro influência dos ideais anarquistas e comunistas, os primeiros traba-
em 12 de abril de 1904, também obrigou o Brasil a realizar o an- lhadores das fábricas brasileiras possuíam um discurso inflamado,
tigo projeto do governo boliviano de construir a estrada de ferro convocando os colegas a se unirem em associações que resultariam
Madeira-Mamoré. A Bolívia, aproveitando-se do momento políti- posteriormente na fundação dos primeiros sindicatos de trabalha-
co, colocou na pauta de negociações seu ambicionado projeto. Em dores.
contrapartida, reconheceu a prioridade de chegada dos primeiros Os líderes dos movimentos operários buscavam melhores con-
brasileiros à região e renunciou a todos os direitos sobre as terras dições de trabalho para seus colegas como redução de jornada de
do Acre. trabalho e segurança no trabalho. Lutavam contra a manutenção da
propriedade privada e do chamado “Estado Burguês”.
O Declínio da Borracha Ocorreram entre 1903 e 1906 greves de pouca expressão pelo
Em 1876, Henry Alexander Wyckham contrabandeou sementes país, através de movimentos de tecelões, alfaiates, portuários, mi-
de seringueiras da região situada entre os rios Tapajós e Madeira neradores, carpinteiros e ferroviários. Em contrapartida, o governo
e as mandou para o Museu Botânico de Kew, na Inglaterra. Muitas brasileiro criou leis para impedir o avanço dos movimentos, como
das sementes brotaram nos viveiros e poucas semanas depois, as uma lei expulsando os estrangeiros que fossem considerados uma
mudas foram transportadas para o Ceilão e Malásia. ameaça à ordem e segurança nacional.
Na região asiática as sementes foram plantadas de forma racio- A greve mais significativa do período ocorreu em 1917, a Greve
nal e passaram a contar com um grande número de mão-de-obra, o Geral em São Paulo, que contou com os trabalhadores dos setores
que possibilitou uma produção expressiva, já no ano de 1900. Gra- alimentício, gráfico, têxtil e ferroviário como mais atuantes. O go-
verno, para reprimir o movimento utilizou inclusive forças do Exér-
cito e da Marinha.
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HISTÓRIA DO BRASIL

A repressão cada vez mais dura do governo através de leis, de- No dia 13 de setembro começaram assim os bombardeios aos
cretos e uso de violência acabou sufocando os movimentos grevis- fortes do litoral fluminense em poder do Exército. A frota era for-
tas, que acabaram servindo de base para a criação no ano de 1922, mada por 16 embarcações da Marinha de Guerra e 14 navios civis
inspirado pelo Partido Bolchevique Russo, do PCB, Partido Comu- confiscados de empresas brasileiras e estrangeiras para dar apoio às
nista Brasileiro. Os sindicatos também começam a se organizar no forças rebeldes. Devido ao bombardeio dos sete fortes de Niterói,
período. capital do estado do Rio de Janeiro, a sede do governo foi transfe-
rida para a cidade de Petrópolis, na serra, fora do alcance dos ca-
Revoltas nhões da Marinha. A capital só voltaria para o litoral em 1903.
Embora fossem maioria na Marinha, os revoltosos não tinham
Revolta da Armada apoio popular e enfrentaram forte oposição no Exército, com a ade-
Rebelião em unidades da Marinha ocorrida entre setembro de são de milhares de jovens a batalhões de apoio ao presidente na ca-
1893 e março de 1894. Começou no Rio de Janeiro, então Distri- pital federal e nos estados. Esses soldados eram nacionalistas, repu-
to Federal, e chegou ao sul do Brasil, onde a Revolução Federalista blicanos e não refutavam a violência na defesa de Floriano Peixoto,
acontecia simultaneamente. Sem apoio popular ou do Exército, o especialmente contra estrangeiros, a quem atribuíam conspirações
movimento foi sufocado pelo presidente Floriano Peixoto, a quem contra a República. Inspirados na Revolução Francesa, diziam-se
pretendia depor30. jacobinos e promoviam manifestações ruidosas em teatros e pra-
ças públicas. As elites estaduais também apoiavam o presidente,
Desenvolvimento especialmente em São Paulo, onde era forte o Partido Republicano
Iniciada em 1893, a Revolta da Armada teve seus antecedentes Paulista (PRP). Diante da impossibilidade de tomar a capital federal,
dois anos antes, em 3 de novembro de 1891, quando o primeiro os revoltosos foram para o Sul do país, onde estava em curso a Re-
presidente da República, marechal Deodoro da Fonseca, sem con- volução Federalista.
seguir negociar com as bancadas dos estados, especialmente os A luta no Sul foi uma típica disputa entre elites dos anos ini-
produtores de café (São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais), fe- ciais da República, pois o presidente do Rio Grande do Sul, Júlio de
chou o Congresso Nacional. Unidades da Marinha se sublevaram Castilhos, chefe do Partido Republicano Rio-Grandense (PRR) e um
e, sob a liderança do almirante Custódio José de Melo, ameaçaram dos poucos que tinham a seu lado a bancada de seu estado no Con-
bombardear o Rio de Janeiro. Para evitar uma guerra civil, em 23 de gresso, apoiara o marechal Deodoro da Fonseca em 1891. Floriano
novembro Deodoro renunciou. Peixoto, ao assumir a presidência, destituíra todos os presidentes e
O vice-presidente, marechal Floriano Peixoto, assumiu seu lu- governadores estaduais ligados a seu antecessor, atingindo Júlio de
gar e não convocou eleições presidenciais, conforme previa o artigo Castilhos. Logo se instalou a luta pelo poder entre os partidários de
n° 42 da Constituição para o caso de vacância do cargo em menos Castilhos e os aliados de Gaspar Silveira Martins, que formaram o
de dois anos após a posse do presidente. Sua alegação era que tal Partido Federalista. Defensores do parlamentarismo e da revogação
norma valia para presidentes eleitos por voto direto, e tanto De- da Constituição estadual positivista, os federalistas e os dissidentes
odoro como ele próprio haviam sido eleitos indiretamente, pelo do PRR não se conformaram com a reconciliação entre Floriano e
Congresso Constituinte. Mesmo assim, foi acusado de ocupar a pre- Castilhos e, com a volta deste ao governo estadual em janeiro de
sidência ilegalmente, e o primeiro movimento de oposição veio em 1893, e optaram pelo confronto armado.
março de 1892, quando 13 oficiais-generais divulgaram um mani- Em seu deslocamento rumo ao Sul, parte da frota dos revolto-
festo em que exigiam a convocação de novas eleições. sos da Armada chegou até a cidade do Desterro, capital de Santa
O manifesto acusava Floriano Peixoto de armar “brasileiros Catarina. Custódio de Melo ensaiou uma aliança com os federalis-
contra brasileiros” e denunciava desvio das “arcas do erário público tas, mas o acordo não avançou. Enquanto isso, o governo federal
a uma política de suborno e corrupção”. O movimento foi sufocado, comprou, às pressas, novos navios de guerra, que foram apelidados
e seus líderes, presos. Parte deles foi mandada para a cidade de de “frota de papel”. Em março de 1894, a Revolta da Armada havia
Tabatinga, no interior do estado do Amazonas. sido sufocada. O marechal Floriano Peixoto tornou-se o homem for-
Em 6 de setembro de 1893, um grupo de oficiais da Marinha te da República e baluarte de seus ideais. Governou até novembro
voltou à carga. Eram liderados pelo almirante Custódio de Melo, de 1894 e passou o cargo a Prudente de Morais, que se tornou o
que ocupara os ministérios da Marinha e da Guerra no governo de primeiro presidente civil do Brasil, eleito pelo PRP.
Floriano e pretendia candidatar-se a presidente da República. No Apesar de ter sido uma entre tantas rebeliões da última década
grupo estava também o almirante Eduardo Wandenkolk, ministro do século XIX, a Revolta da Armada evidenciou as cisões da jovem
da Marinha no governo de Deodoro e senador pelo Distrito Federal, República brasileira. As rivalidades entre os marechais Deodoro da
que fora preso e reformado por ter assinado o manifesto dos 13 Fonseca e Floriano Peixoto ficaram evidentes, assim como o dissen-
generais um ano antes. so entre as instituições que deveriam sustentar o regime, como a
No dia 7 de setembro, o diretor da Escola Naval, almirante Luís Marinha e o Exército, os governos e as bancadas estaduais etc. As
Filipe Saldanha da Gama, aderiu publicamente ao movimento, de- batalhas da Revolta da Armada foram registradas pelo fotógrafo
clarando-se favorável à volta da monarquia. Além das denúncias espanhol Juan Gutierrez, e hoje esse material, 77 imagens da des-
contra a política florianista, que não pacificava as rivalidades regio- truição causada nos fortes do Rio de Janeiro e de Niterói, está no
nais, os oficiais da Marinha sentiam-se desprestigiados diante do acervo do Museu Histórico Nacional.
Exército, força de origem dos dois primeiros presidentes, Deodoro
e Floriano.

30 Beatriz Coelho Silva. Revolta da Armada. Atlas Histórico do Brasil. FGV CP-
DOC. https://atlas.fgv.br/verbetes/revolta-da-armada.
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Guerra de Canudos A Guerra do Contestado


A revolta em Canudos deve ser entendida como um movimen- Na virada do século XX uma grande parte da população que
to messiânico, ou seja, a aglomeração em torno de uma figura reli- vivia no interior do estado era composta por sertanejos, pessoas
giosa capaz de reunir fiéis e trazer a esperança de uma vida melhor de origem humilde, que viviam na fronteira com o Paraná. A região
através de pregações. foi palco de um intenso conflito por posse de terras, ocorrido entre
Canudos formou-se através da liderança de Antônio Vicente 1912 e 1916, que ficou conhecido como Guerra do Contestado.
Mendes Maciel, conhecido também por Antônio Conselheiro, um O conflito teve início com a implantação de uma estrada de
beato que, andando pelo sertão pregava a salvação por meio do ferro que ligaria o Rio Grande do Sul a São Paulo, além de uma ma-
abandono material, exigindo que seus fiéis o seguissem pelo sertão deireira, em 1912, de propriedade do empresário Norte-Americano
nordestino. Percival Farquhar.
Perseguido pela Igreja, e com um número significativo de fiéis, A Brazil Railway ficou responsável pela construção da estrada
Antônio Conselheiro estabeleceu-se no sertão baiano, à margem do de ferro que ligaria os dois pontos. Como forma de remuneração
Rio Vaza-Barris, formando o Arraial de Canudos. Ali fundou a cidade por seus serviços, o governo cedeu à companhia uma extensa faixa
santa, à qual dera o nome de Belo Monte, administrada pelo beato, de terra ao longo dos trilhos, aproximadamente 15 quilômetros de
que contava com vários subchefes, cada qual responsável por um cada margem do caminho.
setor (comandante da rua, encarregado da segurança e da guerra, As terras doadas pelo governo foram entregues à empresa na
escrivão de casamentos, entre outros). categoria de terras devolutas, ou seja, terras não ocupadas per-
A razão para o crescimento do arraial em torno da figura de An- tencentes à união. O ato desconsiderou a presença de milhares de
tônio Conselheiro pode ser explicada pela pobreza dos habitantes pessoas que habitavam a região, porém não possuíam registros de
do sertão nordestino, aliada à fome e a insatisfação com o governo posse sobre a terra.
republicano, sendo o beato um aberto defensor da volta da monar- Apesar do contrato firmado, de que as terras entregues à com-
quia. panhia pudessem ser habitadas somente por estrangeiros, o princi-
A comunidade de Canudos, assim, sobrevivia e prosperava, pal interesse do empresário era a exploração da madeira que se en-
mantendo-se por via das trocas com as comunidades vizinhas. contrava na região, em especial araucárias e imbuias, com alto valor
Devido a um incidente entre os moradores do arraial e o go- de mercado. Não tardou para a criação da Southern Brazil Lumber
verno da Bahia - uma questão mal resolvida em relação ao corte and Colonization Company, responsável por explorar a extração da
de madeira na região - o governo estadual resolveu repreender os madeira e que posteriormente tornou-se a maior empresa do gêne-
habitantes, enviando uma tropa ao local. Apesar das poucas condi- ro na América do Sul.
ções materiais dos moradores, a tropa baiana foi derrotada, o que A derrubada da floresta implicava necessariamente em remo-
levou o presidente da Bahia a apelar para as tropas federais. ver os antigos moradores regionais, gerando conflitos imediatos. Os
Canudos manteve-se firme diante das ameaças, derrotando sertanejos encontraram na figura de monges que vagavam pelo ser-
duas expedições de tropas federais municiadas de canhões e me- tão pregando a palavra de Deus a inspiração e a liderança para lutar
tralhadoras, uma delas comandada pelo Coronel Antônio Moreira contra o governo e as empresas estrangeiras. O primeiro Monge
César, também conhecido como “corta-cabeças” pela fama de ter que criou pontos de resistência ficou conhecido como José Maria.
mandado executar mais de cem pessoas na repressão à Revolução Adorado pela população local, o monge era visto pelos sertanejos
Federalista em Santa Catarina. A incapacidade do governo federal como um salvador dos pobres e oprimidos, e pelo governo como
em conter os revoltosos, com derrotas vergonhosas, gerou diversas um empecilho para os trabalhos de construção da estrada de ferro.
revoltas no Rio de Janeiro. O governo e as empresas investiram fortemente na tentativa
Com a intenção de resolver de vez o problema, foi organizada a de expulsão dos sertanejos, e em 1912 próximo ao vilarejo de Irani
4ª expedição militar ao vilarejo, com 8.000 soldados sob o coman- ocorreu uma intensa batalha entre governo e população, causando
do do general Artur de Andrade Guimarães. Dotada de armamento a morte do Monge. A morte do líder causou mais revolta nos ser-
moderno, a expedição levou um mês e meio para vencer os serta- tanejos, que intensificaram a resistência, unindo sua crença em ou-
nejos, finalmente arrasando o arraial em agosto de 1897, quando tras figuras que despontavam como lideranças, como Maria Rosa,
os últimos defensores do vilarejo foram capturados e degolados. uma jovem de quinze anos de idade, que foi considerada por his-
Canudos foi incendiada para evitar que novos moradores se toriadores como Joana D’Arc do sertão. A jovem afirmava receber
estabelecessem no local. Nos jornais e também no pensamento do ordens espirituais de batalha do Monge Assassinado.
governo federal, a vitória sobre Canudos foi uma vitória “da civiliza- O conflito foi tomado como prioridade pelo governo federal,
ção sobre a barbárie”. que investiu grande potencial bélico na contenção dos revoltosos,
Os combates ocorridos em Canudos foram contados pelo Jor- como fuzis, canhões, metralhadoras e aviões. O conflito acaba em
nalista Euclides da Cunha, em seu livro Os Sertões. O livro busca 1916 com a captura dos últimos lideres revoltosos. Assim como em
trazer um relato do ocorrido, através do ponto de vista do autor, Canudos, a Revolta do Contestado foi marcada por um forte caráter
que possuía uma visão de “raça superior”, comum do pensamen- messiânico.
to científico da época. De acordo com esse pensamento, o mestiço
brasileiro seria uma raça de características inferiores, que estava A Revolta da Vacina
destinada ao desaparecimento por conta do avanço da civilização. A origem dessa revolta ocorrida no Rio de Janeiro deve ser pro-
Não só Euclides da Cunha pensava da mesma forma. O pensa- curada na questão social gerada pelas desigualdades sociais e agra-
mento racial baseado em teorias científicas foi comum no Brasil da vada pela reurbanização do Distrito Federal pelo prefeito Pereira
virada do século XX. Passos.

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O grande destaque do período foi a Campanha de Saneamento em função principalmente das péssimas condições sociais da região
no Rio de Janeiro, dirigida por Oswaldo Cruz. Decretando-se a va- nordestina. O latifúndio que concentrava terra e renda nas mãos
cinação obrigatória contra a varíola, ocorreu o descontentamento dos fazendeiros, deixava a margem da sociedade a maioria da po-
popular. pulação.
Isso ocorreu devido a forma que a campanha foi conduzida, Existiram três tipos de cangaço na história do sertão:
onde os agentes usavam da força para entrar nas casas e vacinar a
população. Não houve uma campanha prévia para conscientização O defensivo, de ação esporádica na guarda de propriedades
e educação. Disso se aproveitaram os militares e políticos adversá- rurais, em virtude de ameaças de índios, disputa de terras e rixas
rios de Rodrigues Alves. de famílias;
Assim, irrompeu a Revolta da Vacina (novembro de 1904), sob O político, expressão do poder dos grandes fazendeiros;
a liderança do senador Lauro Sodré. O levante foi rapidamente do- O independente, com características de banditismo.
minado, fortalecendo a posição do presidente.
O Cangaço pode ser entendido como um fenômeno social, ca-
Revolta da Chibata31 racterizado por atitudes violentas por parte dos cangaceiros, que
A Revolta da Chibata ocorreu em 22 de novembro de 1910 no andavam em bandos armados e espalhavam o medo pelo sertão
Rio de Janeiro. Entre outros, foi motivada pelos castigos físicos que nordestino. Promoviam saques a fazendas, atacavam comboios e
os marinheiros brasileiros recebiam. As faltas graves eram punidas chegavam a sequestrar fazendeiros para obtenção de resgates. A
com 25 chibatadas (chicotadas). Esta situação gerou uma intensa população que respeitava e acatava as ordens dos cangaceiros era
revolta entre os marinheiros. muitas vezes beneficiada por suas atitudes. Essa característica fez
O estopim da revolta se deu quando o marinheiro Marcelino com que os cangaceiros fossem respeitados e até mesmo admira-
Rodrigues foi castigado com 250 chibatadas, por ter ferido um co- dos por parte da população da época.
lega da Marinha, dentro do encouraçado Minas Gerais. O navio de Como não seguiam as leis estabelecidas pelo governo, eram
guerra estava indo para o Rio de Janeiro e a punição, que ocorreu na perseguidos constantemente pelos policiais. Usavam roupas e cha-
presença dos outros marinheiros, desencadeou a revolta. péus de couro para protegerem os corpos, durante as fugas, da
O motim se agravou e os revoltosos chegaram a matar o co- vegetação cheia de espinhos da caatinga. Além desse recurso da
mandante do navio e mais três oficiais. Já na Baia da Guanabara, os vestimenta, usavam todos os conhecimentos que possuíam sobre o
revoltosos conseguiram o apoio dos marinheiros do encouraçado território nordestino (fontes de água, ervas, tipos de solo e vegeta-
São Paulo. ção) para fugirem ou obterem esconderijos.
O líder da revolta, João Cândido (conhecido como o Almiran- Existiram diversos bandos de cangaceiros. Porém, o mais co-
te Negro), redigiu a carta reivindicando o fim dos castigos físicos, nhecido e temido da época foi o bando comandado por Lampião
melhorias na alimentação e anistia para todos que participaram da (Virgulino Ferreira da Silva), também conhecido pelo apelido de
revolta. Caso não fossem cumpridas as reivindicações, os revoltosos “Rei do Cangaço”. O bando de Lampião atuou pelo sertão nordesti-
ameaçavam bombardear a cidade do Rio de Janeiro (então capital no durante as décadas de 1920 e 1930.
do Brasil). De 1921 a 1934, Lampião dividiu seu bando em vários subgru-
pos, dentre os quais os chefiados por Corisco, Moita Brava, Por-
Segunda Revolta32 tuguês, Moreno, Labareda, Baiano, José Sereno e Mariano. Entre
Diante da grave situação, o presidente Hermes da Fonseca re- seus bandos, Lampião sempre teve grande apreço pelo bando de
solveu aceitar o ultimato dos revoltosos. Porém, após os marinhei- Corisco, conhecido como “Diabo Loiro” e também grande amigo de
ros terem entregues as armas e embarcações, o presidente solicitou Virgulino.
a expulsão de alguns deles. A insatisfação retornou e no começo de Lampião morreu numa emboscada armada por uma volante34,
dezembro, os marinheiros fizeram outra revolta na Ilha das Cobras. junto com a mulher Maria Bonita e outros cangaceiros, em 29 de ju-
Esta segunda revolta foi fortemente reprimida pelo governo, lho de 1938. Tiveram suas cabeças decepadas e expostas em locais
sendo que vários marinheiros foram presos em celas subterrâneas públicos, pois o governo queria assustar e desestimular esta prática
da Fortaleza da Ilha das Cobras. Neste local, onde as condições de na região.
vida eram desumanas alguns prisioneiros faleceram. Outros revol- A morte de lampião atingiu o movimento do Cangaço como um
tosos presos foram enviados para a Amazônia, onde deveriam pres- todo, enfraquecendo e dividindo os grupos restantes. Corisco foi
tar trabalhos forçados na produção de borracha. morto em uma emboscada no ano de 1940, encerrando de vez o
O líder da revolta João Cândido foi expulso da Marinha e in- cangaço no Nordeste.
ternado como louco no Hospital de Alienados. No ano de 1912, foi
absolvido das acusações junto com outros marinheiros que partici- A Semana de Arte Moderna de 1922
param da revolta.
O ano de 1922 representou um marco na arte e na cultura
O Cangaço no Nordeste33 brasileira, com a realização da Semana de Arte Moderna, de 11 a
Entre o final do século XIX e começo do XX (início da Repú- 18 de fevereiro. A exposição marcava uma tentativa de introduzir
blica), ganharam força, no nordeste brasileiro, grupos de homens elementos brasileiros nos campos da arte e da cultura, vistas como
armados, conhecidos como cangaceiros. Estes grupos apareceram dominadas pela influência estrangeira, principalmente de elemen-
31 http://www.portalsaofrancisco.com.br/historia-do-brasil/revolta-da-chibata tos europeus, trazidos tanto pela elite econômica quanto por traba-
32 http://www.abi.org.br/abi-homenageia-filho-do-lider-da-revolta-da-chibata/ lhadores imigrantes, principalmente italianos que trabalhavam na
33 http://www.seja-ead.com.br/2-ensino-medio/ava-ead-em/3-ano/03-ht/aula-pre- indústria paulista.
sencial/aula-5.pdf 34 Tropa ligeira, que não transporta artilharia nem bagagem.
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Na virada do século XX, São Paulo despontava como segunda Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Pernambuco e Bahia se uni-
maior cidade do país, atrás apenas do Rio de Janeiro, capital na- ram nas eleições presidenciais de 1922, lançando um movimento
cional. Apesar de ocupar o segundo lugar em tamanho, a cidade político de oposição - a Reação Republicana - que lançou o nome
possuía grande taxa de industrialização, mais até que a capital, prin- do fluminense Nilo Peçanha contra o candidato oficial, o mineiro
cipalmente pelos recursos proporcionados pela produção de café. Artur Bernardes.
O contato proporcionado pelos novos meios de transporte e A chapa oposicionista defendia a maior independência do Po-
de comunicação proporcionou o contato com novas tendências que der Legislativo frente ao Executivo, o fortalecimento das Forças Ar-
rompiam com a estrutura das artes predominante desde o renasci- madas e alguns direitos sociais do proletariado urbano. Todas essas
mento. Entre elas estavam o futurismo, dadaísmo, cubismo, e sur- propostas eram apresentadas num discurso liberal de defesa da re-
realismo. generação da República brasileira.
No Brasil, o espírito modernista foi apresentado por autores O movimento contou com a adesão de diversos militares des-
como Euclides da Cunha, Monteiro Lobato, Lima Barreto e Graça contentes com o presidente Epitácio Pessoa, que nomeara um civil
Aranha, que se desligaram de uma literatura de “falsas aparências”, para a chefia do Ministério da Guerra. A Reação Republicana conse-
procurando discutir ou descobrir o “Brasil real”, frequentemente guiu, em uma estratégia praticamente inédita na história brasileira,
“maquiado” pelo pensamento acadêmico. As novas tendências desenvolver uma campanha baseada em comícios populares nos
apareceram em 1917, em trabalhos: da pintora Anita Malfatti, maiores centros do país. O mais importante deles foi o comício na
do escultor Brecheret, do compositor Vila Lobos e do intelectual capital federal, quando Nilo Peçanha foi ovacionado pelas massas.
Oswaldo de Andrade. Em outubro de 1921, os ânimos dos militares foram exaltados
Os modernistas foram buscar inspiração nas imagens da indús- com a publicação de cartas no Jornal Correio da Manhã, do Rio de
tria, da máquina, da metrópole, do burguês e do proletário, do ho- Janeiro, assinadas com o nome do candidato Artur Bernardes e
mem da terra e do imigrante. endereçadas ao líder político mineiro Raul Soares. Em seu conteú-
Entre os escritores modernistas, o que melhor reflete o espírito do, criticavam a conduta do ex-presidente e Marechal do Exército,
da Semana é Oswald de Andrade. De maneira geral, sua produção Hermes da Fonseca, por ocasião de um jantar promovido no Clube
literária reflete a sociedade em que se forjou sua formação cultu- Militar.
ral: o momento de transição que une o Brasil agrário e patriarcal As cartas puseram lenha na fogueira da disputa, deixando os
ao Brasil que caminha para a modernização. Ao lado de Oswald de militares extremamente insatisfeitos com o candidato. Pouco antes
Andrade, destaca-se como ponto alto do Modernismo a figura de da data da eleição dois falsários assumiram a autoria das cartas e
Mário de Andrade, principal animador do movimento modernista e comprovaram tratar-se de uma armação. A conspiração não teve
seu espírito mais versátil. Cultivou a poesia, o romance, o conto, a maiores consequências, e as eleições puderam transcorrer normal-
crítica, a pesquisa musical e folclórica. mente em março de 1922.
Como era de se esperar, a vitória foi de Artur Bernardes. O
Os Anos 1920 e a Crise Política35 problema foi que nem a Reação Republicana nem os militares acei-
taram o resultado. Como o governo se manteve inflexível e não
Após a Primeira Guerra Mundial, a classe média urbana pas- aceitou a proposta da oposição de rever o resultado eleitoral, o
sava cada vez mais a participar da política. A presença desse gru- confronto se tornou apenas uma questão de tempo.
po tendia a garantir um maior apoio a políticos e figuras públicas
apoiados em um discurso liberal, que defendesse as leis e a cons- O Tenentismo36
tituição, e fossem capazes de transformar a República Oligárquica Após a Primeira Guerra Mundial, vários oficiais jovens de baixa
em República Liberal. Entre as reivindicações estavam o estabeleci- patente, principalmente tenentes (e daí deriva o nome do movi-
mento do voto secreto, e a criação de uma Justiça Eleitoral capaz de mento tenentista) sentiam-se insatisfeitos. Os soldos permaneciam
conter a corrupção nas eleições. baixos e o governo não fazia menção de aumentá-los. Havia um
Em 1919, Rui Barbosa, que já havia sido derrotado em 1910 e grande número deles, e as promoções eram muito lentas. Um se-
1914, entrou novamente na disputa como candidato de oposição, gundo-tenente podia demorar dez anos para alcançar a patente de
enfrentando o candidato Epitácio Pessoa, que concorria como novo capitão.
sucessor pelo PRM (Partido Republicano Mineiro). Sua reinvindicações oficiais foram contra a desorganização e o
Permanecendo ausente do Brasil durante toda a campanha, abandono em que se encontrava o exército brasileiro. Com o tempo
devido à sua atuação na Conferência de Paz da França, Epitácio ven- os líderes do movimento chegaram à conclusão de que os proble-
ceu Rui Barbosa no pleito realizado em abril de 1919 e retornou ao mas que enfrentavam não estavam apenas no exército, mas tam-
Brasil em julho para assumir a presidência da República. bém na política.
Apesar da derrota, o candidato oposicionista conseguiu atingir Com a intenção de fazer as mudanças acontecerem, os revolto-
cerca de um terço dos votos, sem nenhum apoio da máquina eleito- sos pressionaram o governo, que não se prontificou a atendê-los, o
ral, inclusive conquistando a vitória no Distrito Federal. que gerou movimentos de tentativa de tomada de poder por meio
Mesmo com o acordo de apoio conseguido com a Política dos dos militares. Esse programa conquistou ampla simpatia da opinião
Governadores, e o controle estabelecido por São Paulo e Minas Ge- pública urbana, mas não houve mobilização popular e nem mesmo
rais no revezamento de poder a partir da década de 1920, estados engajamento de dissidências oligárquicas à revolução (com exceção
com uma participação política e econômica considerada mediana do Rio Grande do Sul), daí o seu isolamento e o seu fracasso.
resolveram interferir para tentar acabar com a hegemonia da polí-
tica do “Café com Leite”.
36 http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/AEraVargas1/anos20/CrisePolitica/Movi-
35 http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/AEraVargas1/anos20/CrisePolitica mentoTenentista
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Os 18 do Forte legalistas sobre a cidade, principalmente em bairros operários de


Como citado anteriormente, a vitória de Artur Bernardes em São Paulo na região da zona leste. Os bairros da Mooca, Brás, Belém
março de 1922 não agradou os setores oposicionistas. Durante o e Cambuci foram os mais atingidos pelo bombardeio.
período em que aguardava para assumir a posse, que acontecia no A partir do dia 16, sucederam-se as tentativas de armistício.
dia 15 de novembro, houveram diversos protestos contra o mineiro. Um dos principais mediadores foi José Carlos de Macedo Soares,
Em junho, o governo federal interveio durante a sucessão esta- membro da Associação Comercial de São Paulo. Num primeiro mo-
dual em Pernambuco, fato que foi extremamente criticado por Her- mento, o general Isidoro condicionou a assinatura de um acordo à
mes da Fonseca. O presidente Epitácio Pessoa, que ainda exercia o entrega do poder a um governo federal provisório e à convocação
poder, mandou prender o ex-presidente e ordenou o fechamento de uma Assembleia Constituinte. A negativa do governo federal,
do Clube Militar em 2 de julho. somada às consequências do bombardeio da cidade, reduziu as
As ações de Epitácio geraram uma crise que culminou em uma exigências dos revoltosos à concessão de uma anistia ampla aos re-
série de levantes na madrugada de 5 de julho. Na capital federal, volucionários em 1922 e 1924. Entretanto, nem essa reivindicação
levantaram-se o forte de Copacabana, guarnições da Vila Militar, foi atendida.
o forte do Vigia, a Escola Militar do Realengo e o 1° Batalhão de Como as exigências dos revoltosos não foram atendidas e a
Engenharia; em Niterói, membros da Marinha e do Exército; em pressão do governo aumentava, a solução foi mudar a estratégia.
Mato Grosso, a 1ª Circunscrição Militar, comandada pelo general Em 27 de julho os revoltosos abandonaram a cidade, indo em di-
Clodoaldo da Fonseca, tio do marechal Hermes. No Rio de Janeiro, o reção a Bauru, no interior do Estado. O deslocamento foi facilitado
movimento foi comandado pelos “tenentes”, uma vez que a maioria graças a eclosão de diversas revoltas no interior, com a tomada de
da alta oficialidade se recusou a participar do levante. prefeituras.
Os rebeldes localizados no Forte de Copacabana passaram a
disparar seus canhões contra diversos redutos do Exército, forçando Àquela altura, já haviam eclodido rebeliões militares no Ama-
inclusive o comando militar a abandonar o Ministério da Guerra. As zonas, em Sergipe e em Mato Grosso em apoio ao levante de São
forças legais revidaram, e o forte sofreu sério bombardeio. Paulo, mas os revoltosos paulistas desconheciam tais acontecimen-
Os revoltosos continuaram sua resistência até a tarde de 6 de tos.
julho, quando resolveram abandonar o Forte e marchar pela Ave- Em outubro, enquanto os paulistas combatiam em território
nida Atlântica, indo de encontro às forças do governo que enfren- paranaense, tropas sediadas no Rio Grande do Sul iniciaram um le-
tavam. vante, associadas a líderes gaúchos contrários à situação estadual.
Em uma troca de tiros com as forças oficiais, morreram quase As forças rebeladas juntaram-se aos paulistas em Foz do Iguaçu, no
todos os revoltosos, que ficaram conhecidos como “Os 18 do Forte Paraná, no mês de abril de 1925. Formou-se assim o contingente
de Copacabana”. Apesar do nome atribuído ao grupo, as fontes de que deu início à marcha da Coluna Prestes.
informação da época não são exatas, com vários jornais divulgando
números diferentes. Os únicos sobreviventes foram os tenentes Si- A Coluna Prestes
queira Campos e Eduardo Gomes, com graves ferimentos. Enquanto alguns militares se rebelavam em São Paulo, Luís Car-
los Prestes, também militar, organizava outro grupo no Rio Grande
A Revolta de 192437 do Sul. Em abril de 1925, as duas frentes de oposição, a Paulista
Os participantes das Revoltas de 1922 foram julgados e puni- liderada por Miguel Costa, e a Gaúcha, por Prestes, uniram-se em
dos em dezembro de 1923, acusados de tentar promover um golpe Foz do Iguaçu e partiram para uma caminhada pelo Brasil.
de Estado. Novamente o exército teve suas relações com o governo Sempre vigiados por soldados do governo, os revoltosos evita-
federal agravadas, com uma tensão crescente que gerou uma nova vam confrontos diretos com as tropas, por meio de táticas de guer-
revolta militar, novamente na madrugada, em 5 de julho de 1924 rilha.
em São Paulo, articulada pelo general reformado Isidoro Dias Lopes, Por meio de comícios e manifestos, a Coluna denunciava à po-
pelo major Miguel Costa, comandante do Regimento de Cavalaria pulação a situação política e social do país. Num primeiro momen-
da Força Pública do estado, e pelo tenente Joaquim Távora, este to, não houve muitos resultados, porém o movimento ajudou a ba-
último morto durante os combates. Tiveram ainda participação des- lançar as bases já enfraquecidas do sistema oligárquico e a preparar
tacada os tenentes Juarez Távora, Eduardo Gomes, João Cabanas, caminho para a Revolução de 1930.
Filinto Müller e Newton Estillac Leal. A Coluna Prestes durou 2 anos e 3 meses, percorrendo cerca de
O objetivo do movimento era depor o presidente Artur Ber- 25 mil quilômetros através de treze estados do Brasil. Estima-se que
nardes, cujo governo transcorria, desde o início, sob estado de sítio a Coluna tenha enfrentado mais de 50 combates contra as tropas
permanente e sob vigência da censura à imprensa. governistas, sem sofrer derrotas.
Entre as primeiras ações dos revoltosos, ganhou prioridade a A passagem da Coluna Prestes, gerava reações diversas na
ocupação de pontos estratégicos, como as estações da Luz, da Es- população. Como forma de desmoralizar o movimento, o governo
trada de Ferro Sorocabana e do Brás, além dos quartéis da Força condenava os rebeldes e associavam suas ações a assassinos e ban-
Pública, entre outros. didos.
Logo após a ocupação, no dia 8 de julho o presidente de São Iniciando a marcha, a coluna concluiu a travessia do rio Paraná
Paulo, Carlos de Campos, deixou o palácio dos Campos Elíseos, sede em fins de abril de 1925 e adentrou no Paraguai com a intenção de
do governo paulista na época. No dia seguinte, os rebeldes instala- chegar a Mato Grosso. Posteriormente percorreu Goiás, entrou em
ram um governo provisório chefiado pessoalmente pelo general Isi- Minas Gerais e retornou a Goiás.
doro. O ato foi respondido com um intenso bombardeio das tropas Após a passagem por Goiás, a Coluna partiu para o Nordeste,
37 http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/AEraVargas1/anos20/CrisePolitica/Levan- chegando em novembro ao Maranhão, ocasião em que o tenente-
tes1924 -coronel Paulo Krüger foi preso e enviado a São Luís. Em dezembro,
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penetrou no Piauí e travou em Teresina sério combate com as forças do Café, que possuía a função de regular a entrada do produto no
do governo. Rumando então para o Ceará, a coluna teve outra baixa Porto de Santos e realizar compras do produto para evitar a desva-
importante: na serra de Ibiapina, Juarez Távora foi capturado. lorização.
Em janeiro de 1926, a coluna atravessou o Ceará, chegou ao
Rio Grande do Norte e, em fevereiro, invadiu a Paraíba, enfrentando O Governo de Washington Luís
na vila de Piancó séria resistência comandada pelo padre Aristides
Ferreira da Cruz, líder político local. Após ferrenhos combates, a vila Em 1926, mantendo a tradicional rotação presidencial entre
acabou ocupada pelos revolucionários. São Paulo e Minas Gerais, o paulista radicado Washington Luís foi
Continuando rumo ao sul, a coluna atravessou Pernambuco indicado para a sucessão e saiu vencedor nas eleições de 1926. Seu
e Bahia e retornou para Minas Gerais, pelo norte do Estado. En- governo seguiu com relativa tranquilidade, até que em 1929 uma
contrando vigorosa reação legalista e precisando remuniciar-se. O série de fatores, internos e externos, mudaram de maneira drástica
comando da coluna decidiu interromper a marcha para o sul e, em os rumos do Brasil.
manobra conhecida como “laço húngaro38”, retornar ao Nordeste No plano interno, a insatisfação das camadas urbanas, em es-
através da Bahia. Cruzou o Piauí, alcançou Goiás e finalmente che- pecial da classe média, crescia cada vez mais. A estrutura de gover-
gou de volta a Mato Grosso em outubro de 1926. no baseada no poder das oligarquias, dos coronéis e da predomi-
Àquela altura, o estado-maior revolucionário decidiu enviar nância dos grandes proprietários e produtores de café da região de
Lourenço Moreira Lima e Djalma Dutra à Argentina, para consultar São Paulo não atendia as exigências e os anseios de boa parte da
o general Isidoro Dias Lopes quanto ao futuro da coluna: continuar população, que não fazia parte ou não era beneficiada pelo sistema
a luta ou rumar para o exílio. de governo.
Entre fevereiro e março de 1927, afinal, após uma penosa tra- Em 1926 surgiu o Partido Democrático, de cunho liberal. O par-
vessia do Pantanal, parte da coluna, comandada por Siqueira Cam- tido desponta como oposição ao PRP (Partido Republicano Paulista),
pos, chegou ao Paraguai, enquanto o restante ingressou na Bolívia, que repudiava o liberalismo na prática. Seus integrantes pertenciam
onde encontrou Lourenço Moreira Lima, que retornava da Argenti- a uma faixa etária mais jovem em comparação aos republicanos,
na. Tendo em vista as condições precárias da coluna e as instruções o que também contribuiu para agradar boa parte da classe média
de Isidoro, os revolucionários decidiram exilar-se. insatisfeita com o PRP.
Durante o tempo em que passou na Bolívia, Prestes dedicou- Formado por prestigiados profissionais liberais e filhos de fa-
-se a leituras em busca de explicações para a situação de atraso e zendeiros de café, o partido tinha como pauta a reforma do sistema
miséria que presenciara em sua marcha pelo interior brasileiro. Em político, através da implantação do voto secreto, da representação
dezembro de 1927 foi procurado por Astrojildo Pereira, secretário- de minorias, a real divisão dos três poderes e a fiscalização das elei-
-geral do Partido Comunista Brasileiro, que fora incumbido de con- ções pelo poder judiciário.
vidá-lo a firmar uma aliança entre “o proletariado revolucionário,
sob a influência do PCB, e as massas populares, especialmente as A Sucessão de Washington Luís
massas camponesas, sob a influência da coluna e de seu coman- Voltando à política do Café-com-leite, em 1929 começava a
dante”. campanha para a escolha do sucessor de Washington Luís. Pela tra-
Prestes, contudo, não aceitou essa aliança. Foi nesse encontro dição, o apoio deveria ser dado a um candidato mineiro, já que o
que obteve as primeiras informações sobre a Revolução Russa, o presidente que estava no poder fora eleito por São Paulo.
movimento comunista e a União Soviética. A seguir, mudou-se para Ao invés de apoiar um candidato mineiro, Washington Luís in-
a Argentina, onde leu Marx e Lênin. sistiu na candidatura do governador de São Paulo, Júlio Prestes. A
atitude do presidente gerou intensa insatisfação em Minas Gerais, e
A Defesa do Café ajudou a alavancar o Rio Grande do Sul no cenário político.
Os acordos para a manutenção do preço do café elevaram a O governador mineiro Antônio Carlos Ribeiro de Andrada, que
dívida brasileira, principalmente após as emissões de moeda rea- esperava ser o indicado para a sucessão presidencial, propôs o lan-
lizadas entre 1921 e 1923 por Epitácio Pessoa, o que gerou uma çamento de um movimento de oposição para concorrer contra a
desvalorização do câmbio e o aumento da inflação. Artur Bernardes candidatura de Júlio Prestes. O apoio partiu de outros dois estados
preocupou-se em saldar a dívida externa brasileira, retomando o insatisfeitos com a situação política: Rio Grande do Sul e Paraíba.
pagamento dos juros e da dívida principal a partir do ano de 1927. Do Rio Grande do Sul surgiu, após inúmeras discussões entre os
Com o objetivo de avaliar a situação financeira do Brasil, em fins três estados, o nome de Getúlio Vargas – governador gaúcho eleito
de 1923 uma missão financeira inglesa, chefiada por Edwin Samuel em 1927, que fora Ministro da Fazenda de Washington Luís – para
Montagu chegou ao país. Após os estudos, a comissão apresentou presidente, tendo como vice o nome do governador da Paraíba e
um relatório à presidência da República, em que apresentava os ris- sobrinho do ex-presidente Epitácio Pessoa, o pernambucano João
cos decorrentes da emissão exagerada de moeda e o consequente Pessoa Cavalcanti de Albuquerque.
receio dos credores internacionais. Definidos os nomes, foi formada a Aliança Liberal, nome que
A defesa dos preços do café representava um gasto entendido definiu a campanha. O Partido Democrático de São Paulo expres-
pelo governo federal como secundário nesse momento, mesmo em sou seu apoio à candidatura de Getúlio Vargas, enquanto alguns
meio às críticas de abandono proferidas pelo setor cafeeiro. A solu- membros do Partido Republicano Mineiro resolveram apoiar Júlio
ção foi passar a responsabilidade da defesa do café para São Paulo. Prestes. A Aliança Liberal refletia os desejos das classes dominantes
Em dezembro de 1924 foi criado o Instituto de Defesa Permanente regionais que não estavam ligadas ao café, buscando também atrair
a classe média. Seu programa de governo defendia o fim dos esque-
38 Recebia esse nome devido ao percurso da manobra lembrar o desenho apli- mas de valorização do café, a implantação de alguns benefícios aos
cado na platina dos uniformes dos oficiais de antigamente, o “laço húngaro”. trabalhadores, como a aposentadoria (nem todos os setores pos-
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suíam), a lei de férias e a regulamentação do trabalho de mulheres um fato que serviu de estopim para o movimento revolucionário:
e menores de idade. Além disso, insistiam no tratamento com se- por volta das 17 horas, na confeitaria “Glória”, em Recife, João Pes-
riedade pelo poder público das questões sociais, que Washington soa foi assassinado por João Duarte Dantas.
Luís afirmava serem “caso de polícia”. Um dos pontos marcantes O crime, motivado tanto por disputas pessoais como por dispu-
da campanha da Aliança Liberal foi a participação do proletariado. tas públicas, foi utilizado como justificativa para o movimento revo-
lucionário, sendo explorado seu lado público, e transformado João
Reflexos da Crise de 1929 no Brasil Pessoa em “mártir da revolução”.
No plano externo, a quebra da bolsa de valores de Nova York, A morte de João Pessoa foi extremamente explorada por seus
seguida da crise que afetou grande parte da economia mundial, aliados como elemento político para concretizar os objetivos da re-
também teve repercussões no Brasil. volução. Apesar de ter morrido no Nordeste e ser natural da região,
O ano de 1929 rendeu uma excelente produção de café, tudo o corpo do presidente da Paraíba foi enterrado no Rio de Janeiro,
que os produtores não esperavam. A colheita de quase 30 milhões então capital da República, fator que reuniu uma enorme quantida-
de sacas na safra 1927-1928 representava aproximadamente o do- de de pessoas para acompanhar o funeral. A morte de João Pessoa
bro da produção dos anos anteriores. Esperava-se que, devido a al- garantiu a adesão de setores do exército que até então estavam
ternância entre boas e más safras 1929 representasse uma colheita relutantes em apoiar a causa dos revolucionários.
baixa, já que as três últimas safras haviam sido boas. Feitos os preparativos, no dia 3 de outubro de 1930, nos es-
Aliada a ideia de uma safra baixa, estava a expectativa de lu- tados de Minas Gerais, Rio Grande do Sul e no Nordeste, estourou
cros certos, garantidos pela Defesa Permanente do Café, o que le- a revolução comandada por Getúlio Vargas e pelo tenente-coronel
vou muitos produtores a contraírem empréstimos e aumentarem Góes Monteiro. As ações foram rápidas e não encontraram uma re-
suas lavouras. sistência forte. No Nordeste, as operações ficaram a cargo de Juarez
A produção, ao contrário do esperado, graças às condições cli- Távora, que contando com a ajuda da população, conseguiu domi-
máticas e a implantação de novas técnicas agrícolas. O excesso do nar Pernambuco sem esforços.
produto foi de encontro com a crise, que diminuiu o consumo, e Em virtude do maior peso político que os gaúchos detinham
consequente o preço do café. O resultado foi um endividamento da- no movimento e sob pressão das forças revolucionárias, a Junta fi-
queles que apostaram em preços altos e não quitaram suas dívidas. nalmente decidiu transmitir o poder a Getúlio Vargas. Num gesto
Em busca de salvação para os negócios, o setor cafeeiro recor- simbólico que representou a tomada do poder, os revolucionários
reu ao governo federal na busca de perdão das dívidas e de novos gaúchos, chegando ao Rio, amarraram seus cavalos no Obelisco da
financiamentos. O presidente, temendo perder a estabilidade cam- avenida Rio Branco. Em 3 de novembro chegava ao fim a Primeira
bial, recusou-se a ajudar o setor, fator que foi explorado politica- República.
mente pela oposição.
Apesar do esforço em tentar combater o candidato de Washin- Candidato(a), segue abaixo a lista completa dos presidentes da
gton Luís, a Aliança Liberal não foi capaz de derrotar Júlio Prestes, República Velha com a cronologia correta:
que foi eleito presidente em 1º de Março de 1930.
- 1889-1891: Marechal Manuel Deodoro da Fonseca;
A Revolução de 1930 - 1891-1894: Floriano Vieira Peixoto;
- 1894-1898: Prudente José de Morais e Barros;
Em 1º de março de 1930 Júlio Prestes foi eleito presidente do - 1898-1902: Manuel Ferraz de Campos Sales;
Brasil conquistando 1.091.709 votos, contra 742.794 votos recebi- - 1902-1906: Francisco de Paula Rodrigues Alves;
dos por Getúlio Vargas. Ambos os lados foram acusados de cometer - 1906-1909: Afonso Augusto Moreira Pena (morreu durante o
fraudes contra o sistema eleitoral, seja manipulando votos, seja im- mandato)
pondo votos forçados através de violência e ameaça. - 1909-1910: Nilo Procópio Peçanha (vice de Afonso Pena, as-
A derrota Getúlio Vargas nas eleições de 1930 não significou o sumiu em seu lugar);
fim da Aliança Liberal e sua busca pelo controle do poder executi- - 1910-1914: Marechal Hermes da Fonseca;
vo. Os chamados “tenentes civis” acreditavam que ainda poderiam - 1914-1918: Venceslau Brás Pereira Gomes;
conquistar o poder através das armas. - 1918-1919: Francisco de Paula Rodrigues Alves (eleito, mor-
Buscando agir pelo caminho que o movimento tenentista ha- reu de gripe espanhola, sem ter assumido o cargo);
via tentado anos antes, os jovens políticos buscaram fazer contato - 1919: Delfim Moreira da Costa Ribeiro (vice de Rodrigues Al-
com militares rebeldes, que receberam a atitude com desconfiança. ves, assumiu em seu lugar);
Entre os motivos para o receio dos tenentes, estava o fato de que al- - 1919-1922: Epitácio da Silva Pessoa;
guns nomes, como João Pessoa e Osvaldo Aranha, estiveram envol- - 1922-1926: Artur da Silva Bernardes;
vidos em perseguições, confrontos e condenações contra o grupo. - 1926-1930: Washington Luís Pereira de Sousa (deposto pela
Porém, depois de conversas e desconfianças dos dois lados, os Revolução de 1930);
grupos chegaram a um acordo com a adesão de nomes de destaque - 1930: Júlio Prestes de Albuquerque (eleito presidente em
dos movimentos da década de 20, como Juarez Távora, João Alberto 1930, não tomou posse, impedido pela Revolução de 1930);
e Miguel Costa. A grande exceção foi o nome de Luís Carlos Prestes, - 1930: Junta Militar Provisória: General Augusto Tasso Fragoso,
que em maio de 1930 declarou-se abertamente como socialista re- General João de Deus Mena Barreto, Almirante Isaías de Noronha.
volucionário, e recusou-se a apoiar a disputa oligárquica.
Os preparativos para a tomada do poder não aconteceram da
maneira esperada, deixando o movimento conspiratório em uma
situação de desvantagem. Porém, em 26 de julho de 1930 ocorreu
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A Reação Paulista
A ERA VARGAS. O GOVERNO PROVISÓRIO; A REVOLUÇÃO A oligarquia paulista estava convencida da derrota que sofreu
CONSTITUCIONALISTA DE 1932; GOVERNO CONSTITUCIO- em 24 de outubro de 1930, mas não admitia perder o controle do
NAL DE VARGAS; A CONSTITUIÇÃO DE 1934 E A CLT; RADI- Executivo em “seu” próprio estado. A reação paulista começou com
CALIZAÇÃO IDEOLÓGICA: COMUNISTAS VERSUS INTEGRA- a não aceitação do interventor indicado para São Paulo, o tenentis-
LISTAS; A INTENTONA COMUNISTA DE 1935; A REVOLTA ta João Alberto. Às pressões pela indicação de um interventor civil
INTEGRALISTA DE 1938; O ESTADO NOVO (1937 - 1945); O e paulista, se somou à reivindicação de eleições para a Constituinte.
BRASIL NA II GUERRA MUNDIAL: FATORES QUE LEVA- Essas teses foram ganhando rapidamente simpatia popular.
RAM O BRASIL A PARTICIPAR DO CONFLITO; A CAM- As manifestações de rua começaram a ocorrer com o apoio
PANHA DA FEB; E A SAÍDA DE VARGAS DO PODER de todas as forças políticas do Estado, até por aquelas que tinham
simpatizado com o movimento de 1930 (exemplo do Partido De-
mocrático - PD). Diante das pressões crescentes, Getúlio resolveu
Dentro das divisões históricas do período republicano, a “Era negociar com a oligarquia paulista, indicando um interventor do
Vargas” é dividida em três intervalos distintos: próprio Estado. Isso foi interpretado como um sinal de fraqueza.
1 - um período provisório, quando assume o governo após o Acreditando que poderiam derrubar o governo federal, os oligarcas
movimento de 1930; articularam com outros estados uma ação nesse sentido.
2 - um período constitucional, quando eleito após a promulga- Manifestações de rua intensificaram-se em São Paulo. Numa
ção da Constituição de 1934, e; delas, quatro jovens, Miragaia, Martins, Dráusio e Camargo (MMDC)
3 - um autoritário, com o golpe de 1937, que deu início ao perí- foram mortos e se transformaram em mártires da luta paulista em
odo conhecido como Estado Novo. nome da legalidade constitucional. Getúlio, por seu lado, aprovou
outras “concessões”: elaborou o código eleitoral (que previa o voto
Período Provisório secreto e o voto feminino), mandou preparar o anteprojeto para a
Constituição e marcou as eleições para 1933.
As Forças de oposição ao Regime Oligárquico
No decorrer das três primeiras décadas do século XX houveram A Revolução Constitucionalista de 1932
uma série de manifestações operárias, insatisfação dos setores ur- A oligarquia paulista, entretanto, não considerava as conces-
banos e movimentos de rebeldia no interior do Exército (Tenentis- sões suficientes. Baseada no apoio popular que conseguira obter e
mo). Eram forças de oposição ao regime oligárquico, mas que ainda contando com a adesão de outros estados, desencadeou em 9 de
não representavam ameaça à sua estabilidade. julho de 1932, a chamada Revolução Constitucionalista.
Esse quadro sofreu uma grande modificação quando, no biê- Ela visava a derrubada do governo provisório e a aprovação
nio 1929-30, a crise econômica e o rompimento da política do café- imediata das medidas que Getúlio protelava. Entretanto, o apoio
-com-leite por Washington Luís colocaram na oposição uma fração esperado dos outros estados não ocorreu e, depois de três meses, a
importante das elites agrárias e oligárquicas. Os acontecimentos revolta foi sufocada. Até hoje, o caráter e o significado da Revolução
que se seguiram (formação da Aliança Liberal, o golpe de 30) e a Constitucionalista de 1932 geram polêmicas. De qualquer forma, é
consequente ascensão de Vargas ao poder podem ser entendidos inegável que o movimento teve duas dimensões:
como o resultado desse complexo movimento político. No plano mais aparente, predominaram as reivindicações para
Getúlio Vargas se apoiou em vários setores sociais liderados que o país retornasse à normalidade política e jurídica, baseadas
por frações das oligarquias descontentes com o exclusivismo paulis- numa expressiva participação popular. Nesse sentido, alguns desta-
ta sobre o poder republicano federal. cam que o movimento foi um marco na luta pelo fortalecimento da
cidadania no Brasil.
O Governo Provisório Em um plano menos aparente, mas muito mais ativo, estava o
Ao final da Revolução de 1930, com Washington Luís deposto e rancor das elites paulistas, que viam no movimento uma possibili-
exilado, Getúlio Vargas foi empossado como chefe do governo pro- dade de retomar o controle do poder político que lhe fora arreba-
visório. As medidas do novo governo tinham como objetivo básico tado em 1930.
promover uma centralização política e administrativa que garantis- Se admitirmos que existiu uma revolução em 1930, o que acon-
se ao governo sediado no Rio de Janeiro o controle efetivo do país. teceu em São Paulo em 1932, foi a tentativa de uma contra revolu-
Em outras palavras, o federalismo da República Velha caía por terra. ção, pois visava restaurar uma supremacia que durante mais de 30
Para atingir esse objetivo, foram nomeados interventores para anos fez a nação orbitar em torno dos interesses da cafeicultura.
governar os estados. Eram homens de confiança, normalmente Nesse sentido, o movimento era marcado por um reacionarismo eli-
oriundos do Tenentismo, cuja tarefa era fazer cumprir em cada es- tista, contrário ao limitado projeto modernizador de 1930.
tado as determinações do governo provisório.
Esse fato e o adiamento que Getúlio Vargas foi impondo à con- As Leis Trabalhistas
vocação de novas eleições desencadearam reações de hostilidade Como forma de garantir o apoio popular, Getúlio Vargas conso-
ao seu governo, especialmente no Estado de São Paulo. As eleições lidou um conjunto de leis que garantiam direitos aos trabalhadores,
dariam ao país uma nova Constituição, um presidente eleito pela destacando-se entre eles: salário mínimo, jornada de oito horas,
população e um governo com legitimidade jurídica e política. Mas regulamentação do trabalho feminino e infantil, descanso remune-
poderia também significar a volta ao poder dos derrotados na Re- rado (férias e finais de semana), indenização por demissão, assis-
volução de 30. tência médica, previdência social, entre outras.

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A formalização dessa legislação trabalhista teve vários significa- O movimento se caracterizava como nacionalista e conserva-
dos e implicações. Representou a primeira modificação importante dor por ser contrário a transformações modernizadoras de origem
na maneira de o Estado enfrentar a questão social e definiu as re- externa (induzidas pela industrialização, vanguardas artísticas eu-
gras a partir das quais o mercado de trabalho e as relações traba- ropeias, etc.).
lhistas poderiam se organizar. Garantiu, assim, uma certa estabili- Para que a coerência com a nossa identidade histórica fosse
dade ao crescimento econômico. Por fim, foi muito útil para obter o mantida, os ideólogos do nacionalismo conservador propunham o
apoio dos assalariados urbanos à política getulista. seguinte: os latifúndios (grandes propriedades rurais) deveriam ser
Essa legislação denota a grande habilidade política de Getúlio. divididos em pequenas parcelas de terras a ser distribuídas. Assim,
Ele apenas formalizou um conjunto de conquistas que, em boa par- as famílias retornariam ao campo tornando o Brasil uma grande co-
te, já vigoravam nas relações de trabalho nos principais centros in- munidade de pequenos e prósperos proprietários.
dustriais. Com isso, construiu a sua imagem como “Pai dos Pobres” Podemos concluir a partir desse ideário, que eram antilatifun-
e benfeitor dos trabalhadores. diários e antiindustrialistas. Na esfera política, defendiam um regi-
me autoritário de partido único.
O Controle Sindical Nesse contexto o maior defensor dessas ideias foi o movimen-
A aprovação da legislação sindical representou um grande to que recebeu o nome de Ação Integralista Brasileira (AIB), cujo
avanço nas relações de trabalho no Brasil, pois pela primeira vez o lema era Deus, Pátria e Família, que tinha como seu principal líder e
trabalhador obtinha individualmente amparo nas leis para resistir ideólogo Plínio Salgado.
aos excessos da exploração capitalista.
Por outro lado, paralelamente à sua implantação, o Estado defi- Tradicionalmente, a AIB também é interpretada como uma
niu regras extremamente rígidas para a organização dos sindicatos, manifestação do nazifascismo no Brasil, pela semelhança entre os
entre as quais a que autorizava o seu funcionamento (Carta Sindi- aspectos aparentes do integralismo e do nazifascismo: uniformes,
cal), as que regulavam os recursos da entidade e as que davam ao tipo de saudação, ultranacionalismo, feroz anticomunismo, tendên-
governo direito de intervir nos sindicatos, afastando diretorias se cias ditatoriais e apelo à violência eram traços que aproximavam as
julgasse necessário. Mantinha, assim, os sindicatos sob um controle duas ideologias.
rigoroso. Um exame mais atento, entretanto, mostra que eram projetos
distintos. Enquanto o nazi fascismo era apoiado pelo grande capital
Período Constitucional e buscava uma expansão econômico-industrial a qualquer custo, ao
preço de uma guerra mundial se necessário, os integralistas que-
Eleições Presidenciais de 1934 riam voltar ao campo. Num certo sentido, o projeto nazifascista era
Uma vez promulgada a Constituição de 1934, a Assembleia mais modernizante que o integralista. Assim, as semelhanças entre
Constituinte converteu-se em Congresso Nacional e elegeu o presi- eles escondiam propostas e projetos globais para a sociedade radi-
dente da República por via indireta: o próprio Getúlio. Começava o calmente distintos.
período constitucional do governo Vargas.
- Nacionalismo Revolucionário
O Governo Constitucional e a Polarização Ideológica Frações dos setores médios urbanos, sindicatos, associações de
Durante esse período, simultaneamente à implantação do pro- classe, profissionais liberais, jornalistas e o Partido Comunista pres-
jeto político do governo, foram se desenhando duas ideologias para taram apoio a outro movimento político: o nacionalismo revolucio-
o país: uma defendia um nacionalismo conservador, a outra, um nário. Este defendia a industrialização do país, mas sem que isso
nacionalismo revolucionário. implicasse subordinação e dependência em relação às potências
estrangeiras, como a Inglaterra e os Estados Unidos.
- Nacionalismo conservador O nacionalismo revolucionário propunha uma reforma agrária
Esse movimento contava com o apoio das classes médias ur- como forma de melhorar as condições de vida do trabalhador urba-
banas, Igreja e setores do Exército. O projeto que seus apoiadores no e rural e potencializar o desenvolvimento industrial. Considerava
tinham em mente decorria da leitura que eles faziam da história do que a única maneira de realizar esses objetivos seria a implantação
país até aquele momento. de um governo popular no Brasil. Esse movimento deu origem à
Segundo os conservadores, o aspecto que marcava mais pro- Aliança Nacional Libertadora, cujo presidente de honra era Luís Car-
fundamente a formação histórica do país e do seu povo era a tradi- los Prestes, então membro do Partido Comunista.
ção agrícola. Desde o descobrimento, toda a vida econômica, social
e política organizou-se em torno da agricultura. Todos os nossos As Eleições de 1938
valores morais, regras de convivência social, costumes e tradições Contida a oposição de esquerda, o processo político evoluiu
fincavam suas raízes no modo de vida rural. sem conflitos maiores até 1937. Nesse ano, começaram a se dese-
Dessa forma, tudo o que ameaçava essa “tradição agrícola” (es- nhar as candidaturas para as eleições de 1938, destacando-se Ar-
tímulos a outros setores da economia, crescimento da indústria, ex- mando Sales Oliveira, paulista que articulava com outros estados
pansão da urbanização e suas consequências, como a propagação sua eleição para presidente.
de novos valores, hábitos e costumes tipicamente urbanos) repre- Getúlio Vargas, as oligarquias que lhe davam apoio e os mili-
sentava um atentado contra a integridade e o caráter nacional, uma tares herdeiros da tradição tenentista não viam com bons olhos a
corrupção da nossa identidade como povo e nação. possibilidade de retorno da oligarquia paulista ao poder. Uma vez
mantido o calendário eleitoral, isso parecia inevitável. Como forma
de evitar que as eleições acontecessem, Getúlio Vargas coloca em
prática o famoso Plano Cohen.
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HISTÓRIA DO BRASIL

Segundo as informações oficiais, forças de segurança do go- Política Econômica do Estado Novo41
verno tinham descoberto um plano de tomada do poder pelos co- Por meio de interventores, o governo passou a controlar a po-
munistas. Muito bem elaborado, esse plano colocava em risco as lítica dos estados. Paralelamente a eles, foi criado em cada um dos
instituições democráticas do país. estados um Departamento Administrativo, que era diretamente su-
Para evitar o perigo vermelho, Getúlio Vargas solicitou ao Con- bordinado ao Ministério da Justiça com membros nomeados pelo
gresso Nacional a aprovação do estado de sítio, que suspendia as presidente da república.
liberdades públicas e dava ao governo amplos poderes para com- Cada Departamento Administrativo estudava e aprovava as leis
bater a subversão. decretadas pelo interventor e fiscalizava seus atos, orçamentos,
empréstimos, entre outros. Dessa forma os programas estaduais
Período Autoritário ficavam subordinados ao governo federal.
Na área federal foi criado o Departamento Administrativo do
A Decretação do Estado de Sítio e o Golpe de 1937 Serviço Público (DASP). Além de centralizar a reforma administrati-
A fração oligárquica paulista hesitava em aprovar a medida, va, o Departamento tinha poderes para elaborar o orçamento dos
mas diante do clamor do Exército, das classes médias e da Igreja, órgãos públicos e controlar a execução orçamentária deles.
que temiam a escalada comunista, o Congresso autorizou a decre- Com a criação do DASP e do Conselho Nacional de Economia,
tação do estado de sítio. A seguir, com amplos poderes concentra- não só a atuação administrativa e econômica do governo passou
dos em suas mãos, Getúlio Vargas outorgou uma nova Constituição a ser muito mais eficiente, como também aumentou considera-
ao país, implantando, por meio desse golpe o Estado Novo. velmente o poder do Estado e do presidente da república, agora
Estado Novo (1937-1945)39 diretamente envolvido na solução dos principais problemas econô-
A ditadura estabelecida por Getúlio Vargas durou oito anos, micos do país, inclusive com a criação de órgãos especializados: o
indo de 1937 a 1945. Embora Vargas agisse habilidosamente com o instituto do Açúcar e Álcool, o Instituto do Mate, Instituto do Pinho,
intuito de aumentar o próprio poder, não foi somente sua atuação etc.
que gerou o Estado Novo. Pelo menos três elementos convergiam Por meio dessas medidas, o governo conseguiu solucionar de
para sua criação: maneira satisfatória os principais problemas econômicos da épo-
ca. A cafeicultura foi convenientemente defendida, a exportação
1 - A defesa de um Estado forte por parte dos cafeicultores, que agrícola foi diversificada, a dívida externa foi congelada, a indústria
dependiam dele para manter os preços do café; cresceu rapidamente, a mineração de ferro e carvão expandiu-se e
2 - Os industriais, que seguiam a mesma linha de defesa dos a legislação trabalhista foi consolidada.
cafeicultores, já que o crescimento das indústrias dependia da pro- Com essas medidas, as elites enriqueceram, a classe média me-
teção estatal; lhorou seu padrão de vida e o operariado ganhou a proteção que
3 - As oligarquias e classe média urbana, que se assustavam lutou por anos para conseguir. Dessa forma, mesmo com a repres-
com a expansão da esquerda e julgavam que para “salvar a demo- são e perseguição política em seu regime, Vargas atingiu altos níveis
cracia” era necessário um governo forte. de popularidade.
No período de 1937 a 1940, a ação econômica do Estado obje-
Além disso Vargas tinha também o apoio dos militares, por al- tivava racionalizar e incentivar atividades econômicas já existentes
guns motivos: no Brasil. A partir de 1940, com a instalação de grandes empresas
estatais, o Estado alterou seu papel passando a ser um dos princi-
- Por sua formação profissional, os militares possuíam uma vi- pais investidores do setor industrial.
são hierarquizada do Estado, com tendência a apoiar mais um regi- Os investimentos estatais concentravam-se na indústria pesa-
me autoritário do que um regime liberal; da, principalmente a siderurgia química, mecânica pesada, meta-
- Os oficiais de tendência liberal haviam sido expurgados do lurgia, mineração de ferro e geração de energia hidroelétrica. Esses
exército por Vargas e pela dupla Góis Monteiro-Gaspar Dutra40; eram setores que exigiam grandes investimentos e garantiam re-
- Entre os oficiais do exército estava se consolidando o pensa- torno somente no longo prazo, o que não despertou o interesse da
mento de que se deveria substituir a política no exército pela polí- burguesia brasileira.
tica do exército. A política do exército naquele momento visava o Como saída, existiam duas opções para sua implantação: o
próprio fortalecimento, resultado atingido mais facilmente em uma investimento do capital estrangeiro ou o investimento estatal. O
ditadura. segundo foi o escolhido. A iniciativa teve êxito graças a um peque-
no número de empresários e também do exército, que associava a
Com todos esses fatores a seu favor, não houveram dificul- indústria de base com a produção de armamentos, entendendo-a
dades para Getúlio instalar e manter por oito anos a ditadura no como assunto de segurança nacional.
país. Durante o período foi implacável o autoritarismo, a censura, A maior participação do Estado na economia gerou a formação
a repressão policial e política e a perseguição daqueles que fossem de novos órgãos oficiais de coordenação e planejamento econômi-
considerados inimigos do Estado. co, destacando-se:
CNP – Conselho Nacional do Petróleo (1938)
CNAEE – Conselho Nacional de Aguas e Energia Elétrica (1939)
CME – Coordenação da Mobilização Econômica (1942)
CNPIC – Conselho Nacional de Política Industrial e Comercial
39 MOURA, José Carlos Pires. História do Brasil.1989. (1944)
40 Ambos foram ministros da Guerra no período em que Vargas estava no poder. 41 http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/AEraVargas1/anos37-45/PoliticaAdminis-
Monteiro (1934-1935). Dutra (1936-1945) tracao/DASP
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CPE – Comissão de Planejamento Econômico (1944) Leis trabalhistas no Governo de Getúlio Vargas
As concessões garantidas por Getúlio criavam a imagem de Es-
As principais empresas estatais criadas no período foram: tado disciplinando ao mercado de trabalho em benefício dos assa-
CSN – Companhia Siderúrgica Nacional (1940) lariados, porém também serviram para encobrir o caráter controla-
CVRD – Companhia Vale do Rio Doce (1942) dor do Estado sobre os movimentos operários.
CNA – Companhia Nacional de Álcalis (1943) O relacionamento entre Getúlio e os trabalhadores era muito
FNM – Fábrica Nacional de Motores (1943) interessante, temperado pelos famosos discursos do governante
CHESF – Companhia Hidroelétrica do São Francisco (1945) nos quais sempre começavam pela frase “trabalhadores do Bra-
sil...”. Utilizando um modelo de política populista, Vargas, de um
Desse modo, apesar da desaceleração do crescimento indus- lado, eliminava qualquer liderança operária que tentasse uma atua-
trial ocasionado pela Segunda Guerra Mundial devido à dificulda- ção autônoma em relação ao governo, acusando-a de “comunista”,
de para importar equipamentos e matéria-prima, quando o Estado enquanto por outro lado, concedia frequentes benefícios trabalhis-
Novo se encerrou em 1945, a indústria brasileira estava plenamente tas ao operariado.
consolidada. Desse modo, por meio de uma inteligente mistura de propa-
ganda, repressão e concessões, Getúlio obteve um amplo apoio das
Características Políticas do Estado Novo camadas populares.
Pode até parecer estranho, mas a ditadura estadonovista pos- A CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) entrou em vigor em
suía uma constituição, que é uma característica das ditaduras bra- 1943, durante a típica comemoração do 1º de maio. Entre seus prin-
sileiras, onde a constituição afirmava o poder absoluto do ditador. cipais pontos estão:
A nova constituição foi apelidada de “Polaca”, elaborada por - Regulamentação da jornada de trabalho – 8 horas diárias.
Francisco Campos, o mesmo responsável por criar o AI-1 (Ato Ins- - Descanso de um dia semanal, remunerado.
titucional) em 1964, que deu origem à ditadura militar no Brasil. - Regulamentação do trabalho e salário de menores.
A constituição “Polaca” era extremamente autoritária e concedia - Obrigatoriedade de salário mínimo como base de salário.
poderes praticamente ilimitados ao governo. - Direito a férias anuais.
Em termos práticos, o governo do Estado Novo funcionou da - Obrigatoriedade de registro do contrato de trabalho na car-
seguinte maneira: teira do trabalhador.
- O poder político concentrava-se todo nas mãos do presidente
da república; As deliberações da CLT priorizaram em 1943 as relações do tra-
- O Congresso Nacional, as Assembleias Estaduais e as Câmaras balhador urbano, praticamente ignorando o trabalhador rural que
Municipais foram fechadas; ainda representava uma grande parcela da população. Segundo da-
- O sistema judiciário ficou subordinado ao poder executivo; dos do IBGE, em 1940 aproximadamente 70% da população brasi-
- Os Estados eram governados por interventores nomeados por leira estava na zona rural.
Vargas, os quais, por sua vez, nomeavam os prefeitos municipais; Essas pessoas não foram beneficiadas com medidas trabalhis-
- A Polícia Especial (PE) e as polícias estaduais adquiriram total tas específicas, nem com políticas que facilitassem o acesso à terra
liberdade de ação, prendendo, torturando e assassinando qualquer e à propriedade.
pessoa suspeita de se opor ao governo; Para organizar os trabalhadores rurais, a partir da década de
- A propaganda pela imprensa e pelo rádio foi largamente usa- 1950 surgiram movimentos sociais como as Ligas Camponesas, as
da pelo governo, por meio do Departamento de Imprensa e Propa- Associações de Lavradores e Trabalhadores Agrícolas, até o mais es-
ganda (DIP). truturado destes movimentos, o MST (Movimento dos Trabalhado-
res dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), nascido nos encontros da
Os partidos políticos foram fechados (até mesmo o Partido In- CPT- Comissão Pastoral da Terra, em 1985, no Paraná.
tegralista que mudou seu nome para Associação Brasileira de Cul- Enquanto isso, a PE continuava agindo: prendia pessoas, sendo
tura.). Em 1938 os integralistas tentaram um golpe de governo que que a maioria jamais foi julgada, ficando apenas presas e sendo tor-
fracassou em poucas horas. Seus principais líderes foram presos, turadas durante anos a fio.
inclusive Plínio Salgado, que foi exilado para Portugal. Após o fim do Estado Novo foi formada uma comissão para in-
Nesse meio tempo, o DIP e a PE prosseguiam seu trabalho. vestigar as barbaridades cometidas pela polícia durante o período
Chefiado por Lourival Fontes, o DIP era incansável tanto na censura de ditadura, chamada de “Comissão Parlamentar de Inquérito dos
quanto na propaganda, voltada para todos os setores da sociedade Atos Delituosos da Ditadura”. Mas os levantamentos feitos pela co-
– operários, estudantes, classe média, crianças e militares – abran- missão em 1946 e 1947, eram quase sempre abafados, fazendo-se
gendo assuntos tão diversos quanto siderurgia, carnaval e futebol. o possível para que caíssem no esquecimento, por duas razões:
Procurava-se assim, formar uma ideologia estadonovista que
fosse aceita pelas diversas camadas sociais e grupos profissionais 1 - A maioria dos torturadores e assassinos permaneciam na
e intelectuais. Cabia também ao DIP o preparo das gigantescas ma- polícia depois que a PE havia sido extinta, sendo apenas transferi-
nifestações operárias, particularmente no dia 1º de Maio, quando dos para outros órgãos e funções;
os trabalhadores, além de comemorarem o Dia do Trabalho, presta- 2 - Muitos civis e militares envolvidos nas torturas e assassina-
vam uma homenagem a Vargas, apelidado de “o pai dos pobres”42. tos fizeram mais tarde rápida carreira, chegando a ocupar postos
importantes na administração e na política.

42 Referência: < http://pessoal.educacional.com.br/up/50240001/1411397/12_


TERC_7_HIST_265a326%20(1)-%20AULA%2075.pdf>
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HISTÓRIA DO BRASIL

Também era comum durante o período a espionagem feita por


militares e civis, que eram conhecidos como “invisíveis”. Sua função A REPÚBLICA BRASILEIRA ENTRE 1945 E 1985. GOVERNO
poderia ser a de espiar alguém em específico ou fazer uma espio- DUTRA; SEGUNDO GOVERNO VARGAS; GOVERNO JK; GO-
nagem generalizada em escolas, universidades, fábricas, estádios VERNO JÂNIO; E GOVERNO “JANGO”. GOVERNO CASTELLO
de futebol, transporte público, cinemas, locais de lazer, unidades BRANCO; GOVERNO COSTA E SILVA; GOVERNO MÉDICI;
militares e repartições públicas. Formaram-se milhares de arquivos GOVERNO GEISEL; E GOVERNO FIGUEIREDO
pessoais com informações minuciosas sobre as pessoas, que seriam
utilizadas novamente 19 anos após o fim do Estado Novo, na Dita-
dura Militar. - República Populista

Fim do Estado Novo O Governo de Eurico Gaspar Dutra


O início da Segunda Guerra Mundial em 1939, possibilitou algu-
mas variações ao Brasil. O governo Dutra foi marcado internamente pela promulgação
Permitiu ao governo de Vargas neutralidade para negociar tan- da nova Carta Constitucional, em 18 de setembro de 1946. De cará-
to com os Aliados (Estados Unidos, Inglaterra, Rússia...) como com o ter liberal e democrático, a Constituição de 1946 iria reger a vida do
Eixo (Itália, Alemanha e Japão). Conseguiu financiamento dos Esta- país por mais duas décadas43.
dos Unidos para a construção da usina siderúrgica de Volta Redon- Em 18 de setembro de 1946 foi oficialmente promulgada a
da, a compra de armamentos alemães e fornecimento de material Constituição dos Estados Unidos do Brasil e o Ato das Disposições
bélico norte-americano. Constitucionais Transitórias, o que consagrou liberdades que exis-
Apesar da neutralidade de Getúlio, que esperava o desenrolar tiam na Constituição de 1934, mas haviam sido retiradas em 1937.
do conflito para determinar apoio ao provável vencedor, em seu
governo haviam grupos divididos e definidos sobre quem apoiar: Alguns dos dispositivos regulados pela Constituição de 1946
Oswaldo Aranha, que era ministro das Relações Exteriores era foram:
favorável aos Estados Unidos, enquanto os generais Gaspar Dutra - A igualdade de todos os cidadãos perante a lei;
e Góis Monteiro eram favoráveis ao nazismo. Com a entrada dos - A liberdade de expressão, sem censura, fora em espetáculos
Estados Unidos na guerra em 1941 e o torpedeamento de vários e diversões públicas;
navios mercantes brasileiros, o país entra em guerra ao lado dos - Sigilo de correspondência inviolável;
aliados em agosto de 1942. - Liberdade de consciência, crença e exercício de quaisquer cul-
Em 1944 foram mandados 25.000 soldados da Força Expedicio- tos religiosos;
nária Brasileira (FEB) para a Itália, marcando a participação do Brasil - Liberdade de associação para fins lícitos;
na Segunda Guerra Mundial. - Casa como asilo do indivíduo torna-se inviolável;
Mais do que a vitória contra as forças do Eixo na Europa, a Se- - Prisão apenas em flagrante delito ou por ordem escrita de
gunda Guerra Mundial teve um efeito na política brasileira. Muitos autoridade competente e a garantia ampla de defesa do acusado;
dos que lutavam contra o Fascismo na Europa não aceitavam voltar - Fim da pena de morte;
para casa e viver em um regime autoritário. - Os três poderes são definitivamente separados.
O sentimento de revolta cresceu na população e muitas mani-
festações em prol da redemocratização foram realizadas, mesmo A separação dos três poderes visava delimitar a ação de cada
com a forte repressão da polícia. Pressionado pelas reivindicações, um deles. Esta nova lei, na verdade foi elaborada devido à reflexão
em 1945 Vargas assinou um Ato Adicional que marcava eleições sobre os anos em que Vargas ampliou as atribuições do Poder Exe-
para o final daquele ano. cutivo e obteve controle sobre quase todas as ações do Estado. Fora
Foram formados vários partidos: UDN (União Democrática na- isso, o mandato do presidente se estabeleceu em 5 anos, sendo
cional), PSD (Partido Social Democrático), PTB (Partido Trabalhista proibida a reeleição para cargos do Executivo44.
Brasileiro), o PCB (Partido Comunista Brasileiro) foi legalizado, além No que se referia às leis trabalhistas, a Constituição de 1946
de outros menores. manteve o princípio de cooperação dos órgãos sindicais e diminuiu
Apesar dos protestos para o fim do Estado Novo, muitas pes- o controle dos mecanismos do Estado aos sindicatos e seus adep-
soas queriam que a redemocratização ocorresse com a continuação tos. Já no que tocava à organização do processo eleitoral, a Carta de
de Getúlio no poder. Daí vem o movimento conhecido como “Que- 1946 diluiu as bancadas profissionais de Getúlio Vargas e aumentou
remismo”, que vem do slogan “Queremos Getúlio”. a participação do voto das mulheres.
Sendo assim, a distribuição das cadeiras na Câmara dos Depu-
tados foi alterada, aumentando-se as vagas para Estados considera-
dos “menores”. Porém, o Governo de Dutra feriu sua própria consti-
tuição, que pregava o pluripartidarismo, ao iniciar uma cassação ao
Partido Comunista Brasileiro (PCB).

43 http://www.portalsaofrancisco.com.br/historia-do-brasil/governo-eurico-gaspar-
-dutra
44 SOARES, L. M. SILVA. A dimensão pedagógica da ação ideológica de uma
instituição cultural do período de 1955 a 1964. http://tede.metodista.br/jspui/bits-
tream/tede/1031/1/Silvia%20Leticia%20Marques%20Soares.pdf
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A Constituição de 1946 ficou em vigência até o Golpe Militar cer um foro de defesa de interesses econômicos comuns, os países
em 1964. Nessa ocasião, os militares passaram a aplicar uma série latino-americanos criaram a Comissão Econômica para a América
de emendas para estabelecer as diretrizes do novo regime até ser Latina (CEPAL)47.
definitivamente suspensa pelos Atos Institucionais e pela Constitui- O governo Dutra pregava a não intervenção do Estado na eco-
ção de 196745. nomia e a liberdade de ação para o capital estrangeiro. Sua política
Com o avanço da redemocratização, o movimento operário ga- econômica fez crescer a inflação e a dívida externa.
nhou vigor, com um aumento significativo no número de sindicali- O liberalismo econômico adotado pelo presidente Dutra, dan-
zados e a eclosão de várias greves no país. Para barrar o avanço do do facilidade à livre importação de mercadorias, teve como conse-
movimento sindical, que contava com forte apoio dos comunistas, quência o esgotamento das divisas do país; mais tarde, o governo
Dutra, ainda no início do governo e antes da promulgação da nova teve de modificar sua posição, restringindo algumas importações.
Constituição, baixou um decreto proibindo o direito de greve. O período que abrange os anos de 1946 a 1964, é considerado
No primeiro ano do governo Dutra, por conta de uma conjun- pelos historiadores e cientistas sociais como a primeira experiência
tura internacional favorável à cooperação entre países capitalistas de regime democrático no Brasil.
e socialistas, a atuação dos comunistas, apesar das restrições, foi O período de existência da República Oligárquica ou Repúbli-
tolerada. ca Velha (1889-1930) esteve longe de representar uma experiência
As mudanças ocorridas no cenário internacional a partir de verdadeiramente democrática devido aos incontáveis vícios políti-
1947, com o dissolvimento da aliança entre os Estados Unidos e cos mascarados por princípios de legalidade jurídica prescritos nas
a União Soviética transformaram a situação, levando ao início da leis48.
Guerra Fria. Segundo o presidente americano Harry Truman, as po- Não obstante, o presidente Eurico Gaspar Dutra praticou uma
tência mundiais da época estavam divididas em dois sistemas ni- política governamental deliberadamente autoritária a partir de me-
tidamente contraditórios: o capitalista e o comunista. E a política didas que desrespeitou flagrantemente a Constituição vigente.
externa americana voltou-se para o combate ao comunismo. Chegando em 1950, os brasileiros preparavam-se para uma
No Brasil, as repercussões da Guerra Fria foram imediatas. No nova eleição para presidente da República. Mais uma vez, assim
dia 7 de maio de 1947, após uma batalha judicial, o PCB teve seu como em 1945, o cenário político nacional experimentava a ca-
registro cassado. Nesse mesmo dia, o Ministério do Trabalho decre- rência de líderes políticos nacionais. De tal forma, o PSD (Partido
tou a intervenção em vários sindicatos e fechou a Confederação Ge- Social Democrático) ofereceu a candidatura do incógnito mineiro
ral dos Trabalhadores do Brasil criada pelo movimento sindical em Cristiano Machado e a UDN (União Democrática Nacional) apostou
setembro de 1946 e não reconhecida oficialmente pelo governo. novamente no brigadeiro Eduardo Gomes. O PTB (Partido Traba-
A exclusão dos comunistas do sistema político partidário cul- lhista Brasileiro) por sua vez, chegava à frente lançando o nome de
minou em janeiro de 1948, com a cassação dos mandatos de todos Getúlio Vargas, que venceu com 48% dos votos válidos.
os parlamentares que haviam sido eleitos pelo PCB. Sob o impac-
to da cassação, o PCB lançou um manifesto pregando a derrubada O Governo Democrático de Getúlio Vargas
imediata do governo Dutra, considerado um governo “antidemo-
crático”, de “traição nacional” e “a serviço do imperialismo norte- Em 1950 Getúlio lança-se à presidência juntamente com Café
-americano”46. Filho pelo PTB e PSP (Partido Social Progressista). Com a fraca con-
A política econômica do governo Dutra foi guiada pelo plano corrência, é eleito presidente do Brasil, assumindo novamente o
SALTE (Saúde, Alimentação, Transporte e Energia), programa com poder, agora por vias democráticas, em 31 de janeiro de 1951.
grande incentivo dado à pesquisa, refino e distribuição do petróleo. De volta ao Palácio do Catete, Vargas adotou “uma fórmula
Por meio dessas ações de controle, o governo Dutra conseguiu atin- nova e mais agressiva de nacionalismo econômico”, tanto aos as-
gir uma média anual de crescimento econômico de 6%. pectos internos quanto aos externos dos problemas brasileiros. A
Em relação à política externa, a aliança com os Estados Unidos fórmula do nacionalismo radical propunha, como o próprio nome
foi reforçada. Em decorrência disso, o Brasil foi um dos primeiros já diz, uma mudança radical na estrutura social e econômica que
países ocidentais a romper relações com a União Soviética (durante vigorava, visto que a mesma era considerada exploradora pelos na-
a época da Guerra Fria, o país manteve-se aliado aos estaduniden- cionalistas radicais.49
ses). O Brasil tomou parte da fase inicial da Organização das Na- Após a década de 30, no primeiro governo de Vargas, come-
ções Unidas (ONU) como membro não permanente, participando ça-se a investir na “nacionalização dos bens do subsolo” devido à
da aprovação do Estado de Israel, em 1947, tendo Oswaldo Aranha presença de empresas estrangeiras. Um dos maiores incentivado-
como Presidente da Segunda Assembleia Geral da ONU. res de tal campanha foi um importante escritor brasileiro: Monteiro
Em nível de integração internacional, a atuação brasileira se fez Lobato.
presente na montagem do Sistema Interamericano, iniciada no Rio Ao voltar dos EUA, onde se encantara com a perspectiva de
de Janeiro, em 1947, com a Conferência para a Manutenção da Paz um país próspero para seus habitantes, ele se tornou um grande
e da Segurança, em que as nações do continente assinaram o Trata- articulador da conscientização popular através de palestras, artigos
do Internamericano de Assistência Recíproca e, no ano seguinte, na
Conferência de Bogotá, com a aprovação da criação da Organização
dos Estados Americanos (OEA). Em 1948, com o intuito de estabele- 47 http://www2.camara.leg.br/atividade-legislativa/plenario/discursos/escreven-
dohistoria/old/serie-estrangeira-old
45 https://unipdireito2015.files.wordpress.com/2015/11/sistema-eleitoral-e-juris- 48 https://educacao.uol.com.br/disciplinas/historia-brasil/governo-gaspar-dutra-
prudc3aancia.doc -1946-1951-democracia-e-fim-do-estado-novo.htm
46 http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/AEraVargas2/artigos/DoisGovernos/ 49 SKIDMORE, Thomas E. Brasil: de Getúlio Vargas a Castelo Branco (1930-
CassacaoPC 1964). Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1975
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em jornais, livros sobre o assunto e até cartas ao então presidente, Antes de suicidar-se escreveu uma Carta-Testamento, na re-
Getúlio Vargas que, em 1939 cria o CNP – Conselho Nacional de alidade seu testamento político. Onde diz coisas como: “Contra a
Petróleo – tornando o petróleo um recurso da União. justiça da revisão do salário mínimo se desencadearam os ódios (…)
Mais tarde, no início da década de 50 a esquerda brasileira lan- Não querem que o trabalhador seja livre. Não querem que o povo
ça a campanha “O Petróleo é Nosso” contra a tentativa dos chama- seja independente. (…) Eu vos dei a minha vida. Agora ofereço a
dos “entreguistas” de propugnar a exploração do petróleo brasileiro minha morte. Nada receio. Serenamente dou o primeiro passo no
por empresas ou países estrangeiros alegando que o país não pos- caminho da Eternidade e saio da vida para entrar na História”.53
suía recursos nem técnica suficiente para fazê-lo50.
Em resposta, Getúlio Vargas assina a Lei 2.004 de 1953, criando Governo Café Filho (1954-1955)
a Petrobras.
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE) e o João Fernandes Campos Café Filho, ou simplesmente Café Fi-
projeto de criação da Eletrobrás também fazem parte da política na- lho, como era mais conhecido no meio político, teve um curto mas
cionalista, industrialista e estatizante de novo governo de Getúlio. agitado governo. Durante os poucos mais de 14 meses em que
Desde o início do seu mandato sofreu forte oposição, sem con- ocupou a Presidência da República, Café Filho teve que conciliar os
seguir o apoio que precisava para realizar reformas. Neste período problemas econômicos herdados do governo anterior com o acir-
Vargas entra em constantes atritos com empresas estrangeiras acu- ramento político provocado pelo cenário aberto com a morte de
sadas de enviar excessivas remessas de lucro ao exterior. Em 1952 Getúlio Vargas.
um decreto institui um limite de 10% para tais remessas.51
Em 1953 João Goulart foi nomeado para o ministério do Traba- A Sucessão Presidencial
lho com o objetivo de criar uma política trabalhista que aproximas- Em 1955, durante a disputa presidencial, o PSD, partido que
se os trabalhadores do governo, aventando-se a possibilidade do Vargas fundara uma década antes, lançou o nome de Juscelino Ku-
aumento do salário-mínimo em 100%. A campanha contra o gover- bitscheck (JK) à Presidência da República. Na disputa para vice-pre-
no voltou-se então contra Goulart. sidente, que na época ocorria em separado da corrida presidencial,
Jango, como era conhecido, causava profundo descontenta- a chapa apresentou o ex-ministro do Trabalho do governo Vargas,
mento entre os militares que em 8 de fevereiro de 1954 entregaram João Goulart, do PTB, sigla pela qual o ex-presidente havia sido elei-
um manifesto ao ministério da Guerra (Manifesto dos Coronéis). to em 1950.
Getúlio pressionado e procurando conciliar os ânimos, aceitou de- Setores mais radicais da UDN, representados pelo jornalista
mitir João Goulart. Carlos Lacerda, receosos de que a vitória de Juscelino Kubitscheck
Os ânimos contra Getúlio se acirraram e ele procurou mais do e Jango pudesse significar um retorno da política varguista, passa-
que nunca se amparar nos trabalhadores, concedendo em 1º de ram a pedir a impugnação da chapa. Lacerda chegou a declarar, na
maio de 1954 o aumento de 100% no salário-mínimo. A oposição época, que “esse homem (JK) não pode se candidatar; se candidatar
no congresso entra com um pedido de impeachment, porém sem não poderá ser eleito; se for eleito não poderá tomar posse; se to-
sucesso. mar posse não poderá governar».
Embora Vargas tivesse o apoio político do PTB, do PSD, dos mi- A pressão da UDN para que Café Filho impedisse a posse dos
litares nacionalistas, de segmentos da burguesia, da elite agrária, novos eleitos intensificou-se logo após a divulgação dos resultados
dos sindicatos e de parte das massas urbanas, seu governo sofreu oficiais, que davam a vitória à chapa PSD-PTB. De outro lado, entre
forte oposição. os militares, também surgiam divergências quanto ao resultado das
No meio político, o foco da oposição era a UDN. Para esse parti- urnas. A principal delas ocorreu quando um coronel declarou-se
do, “a indústria e a agricultura deveriam desenvolver-se livremente, contrário à posse de JK e Jango, numa clara insubordinação ao mi-
de acordo com as forças do mercado, além de valorizar o capital nistro da Guerra de Café Filho, marechal Henrique Lott, que havia se
estrangeiro, atribuindo-lhe o papel de suprir as dificuldades natu- posicionado a favor do resultado.54
rais do País.
A imprensa conservadora e particularmente o jornal Tribuna da Carlos Luz
Imprensa de Carlos Lacerda inicia uma violenta campanha contra o
governo. Em 5 de agosto de 1954, Lacerda sofre um atentado que A intenção de Lott em punir o coronel, entretanto, dependia
matou o major-aviador Rubens Florentino Vaz. O incidente teve am- de autorização do presidente da República, que em meio a tantas
plas repercussões e resultou numa grave crise política.52 pressões foi internado às pressas num hospital do Rio de Janeiro.
As investigações demonstraram o envolvimento de Gregório Afastado das atividades políticas, Café Filho foi substituído no dia
Fortunato, chefe da guarda pessoal de Getúlio. Fortunato acabou 08 de novembro de 1955, pelo primeiro nome na linha de sucessão,
sendo preso. Carlos Luz, presidente da Câmara dos Deputados.
A pressão da oposição tornou-se mais intensa no Congresso e Próximo à UDN, Carlos Luz decidiu não autorizar o marechal
nos meios militares, exigia-se a renúncia de Vargas. Cria-se um cli- Lott a seguir em frente com a punição, o que provocou sua saída do
ma de tensão que culmina com o tiro que Vargas dá no coração na Ministério da Guerra.
madrugada de 24 de agosto de 1954.

50 Federação da Agricultura do Estado do Paraná. http://www.sistemafaep.org.br/


wp-content/uploads/2017/06/BI-1253.pdf 53 http://www.culturabrasil.org/vargas.htm
51 https://www.al.sp.gov.br/noticia/?id=263288 54 Câmara Municipal de São Paulo. http://www.camara.sp.gov.br/memoria/wp-
52 http://www.portalsaofrancisco.com.br/historia-do-brasil/estado-novo -content/uploads/sites/20/2017/11/leg4_final_02.pdf
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A partir de então, Henrique Lott iniciou uma campanha con- tencia a Salvador. Os inconfidentes mineiros queriam que a capital
tra o presidente em exercício, que terminou na sua deposição, com da república, caso seu plano de separação funcionasse, fosse a cida-
apenas três dias de governo. Acompanhado de auxiliares civis e mi- de de São João del Rey-MG. Mesmo com a independência do Brasil
litares, Carlos Luz refugiou-se no prédio da Marinha e, em seguida, em 1822, a capital permaneceu no Rio.
partiu para a cidade de Santos, no litoral paulista. Já em meados do século XIX, o historiador Francisco Adolfo de
Com a morte de Vargas, a internação de Café Filho e a depo- Varnhagem reiniciou a luta pela transferência, propondo que uma
sição de Carlos Luz, o próximo na linha de sucessão seria o vice- nova capital fosse construída na região onde hoje fica a cidade de
-presidente do Senado, Nereu Ramos, que assumiu a Presidência da Planaltina-GO.
República e reconduziu Lott ao cargo de ministro da Guerra.
Após a Proclamação da República, a ideia de transferir a capital
Subitamente, Café Filho tentou reassumir o cargo, mas foi brasileira voltou a ser tema de debate, principalmente pelos pro-
vetado por Henrique Lott e outros generais que o apoiavam. Era blemas sanitários e as epidemias de Febre Amarela que assolavam
acusado de conspirar contra a posse de JK e Jango. No dia 22 de o Rio de Janeiro durante o verão, e pela posição estratégica em caso
novembro, o Congresso Nacional aprovou o impedimento para que de guerra, já que o acesso a uma capital no interior do território
ele reassumisse a Presidência da República. Em seu lugar, permane- brasileiro seria dificultado para os inimigos.
ceu o senador Nereu Ramos, que transmitiu, sob Estado de Sítio, o Os constituintes de 1891 estabeleceram nas Disposições Tran-
governo ao presidente constitucionalmente eleito: Juscelino Kubits- sitórias, essa determinação que, não tendo sido executada em
check, o “presidente bossa nova”.55 toda a Velha República, foi renovada na constituição promulgada
em 1934. Igualmente a carta de 1946 conservou aquele propósito,
Nereu de Oliveira Ramos determinando a nomeação, pelo presidente da República, de uma
comissão de técnicos que visassem estudos localizando, no Planalto
Nascido na cidade de Lages, em Santa Catarina, Nereu de Oli- Central, uma região onde fosse demarcada a nova capital.
veira Ramos era advogado e assumiu a presidência aos 67 anos. Em Em maio de 1892, o governo Floriano Peixoto criou a Comissão
virtude do impedimento do Presidente Café Filho e do Presidente Exploradora do Planalto Central e entregou a chefia a Louis Ferdi-
da Câmara dos Deputados Carlos Luz, o Vice-Presidente do Sena- nand Cruls, astrônomo e geógrafo belga radicado no Rio de Janeiro
do Federal, assumiu a Presidência da República, de 11/11/1955 a desde 1874. Essa comissão tinha como objetivo, conforme disposto
31/01/1956. na constituição, proceder à exploração do planalto central da re-
pública e à consequente demarcação da área a ser ocupada pela
Governo Juscelino Kubitschek (1956-1961) futura capital.56
Diversos problemas, entre eles a questão logística, impediram
Na eleição presidencial de 1955, o Partido Social Democrático a construção da nova capital federal, pois a dificuldade nos trans-
(PSD) e o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) se aliaram, lançando portes e também no acesso ao Planalto Central tornavam a ideia
como candidato Juscelino Kubitschek para presidente e João Gou- inviável.
lart para vice-presidente. A União Democrática Nacional (UDN) e Ao assumir a presidência da República, Juscelino Kubitschek,
o Partido Democrata Cristão (PDC) disputaram o pleito com Juarez logo após a sua posse, em Janeiro de 1956, afirmou o seu empe-
Távora. nho “de fazer descer do plano dos sonhos a realidade de Brasília”.
Apresentando o projeto ao congresso como um fato consumado,
O Plano de Metas em setembro do mesmo ano, foi aprovada a lei nº 2.874 que criou
O governo de Juscelino Kubitschek entrou para história do país a Companhia Urbanizadora da Nova Capital (vulgarizada pela sigla
como a gestão presidencial na qual se registrou o mais expressivo NOVA-CAP). As obras se iniciaram em Fevereiro de 1957, com ape-
crescimento da economia brasileira. Na área econômica, o lema do nas 3 mil trabalhadores – batizados de “candangos”.
governo foi “Cinquenta anos de progresso em cinco anos de gover- O arquiteto Oscar Niemeyer foi escolhido para a chefia do De-
no”. partamento de Urbanística e Arquitetura, recusando-se a traçar os
Para cumprir com esse objetivo, o governo federal elaborou o planos urbanísticos de Brasília, insistindo na necessidade de um
Plano de Metas, que previa um acelerado crescimento econômico concurso para a escolha do plano-piloto, aceito em março de 1957.
a partir da expansão do setor industrial, com investimentos na pro-
dução de aço, alumínio, metais não ferrosos, cimento, álcalis, papel Desenvolvimento e Dependência Externa
e celulose, borracha, construção naval, maquinaria pesada e equi- A prioridade dada pelo governo ao crescimento e desenvolvi-
pamento elétrico. mento econômico do país recebeu apoio de importantes setores
O Plano de Metas teve pleno êxito, pois no transcurso da ges- da sociedade, incluindo os militares, os empresários e sindicatos
tão governamental a economia brasileira registrou taxas de cresci- trabalhistas. O acelerado processo de industrialização registrado no
mento da produção industrial (principalmente na área de bens de período, porém, não deixou de acarretar uma série de problemas
capital) em torno de 80%. de longo prazo para a econômica brasileira.
O governo realizava investimentos no setor industrial a partir
A Construção de Brasília da emissão monetária e da abertura da economia ao capital estran-
A ideia de estabelecer a capital do Brasil no interior do país geiro. A emissão monetária (ou emissão de papel moeda) ocasio-
nasceu ainda no século XVIII, algumas décadas após Rio de Janeiro nou um agravamento do processo inflacionário, enquanto que a
tornar-se o centro administrativo do país, título que até então per- abertura da economia ao capital estrangeiro gerou uma progressiva
55 https://educacao.uol.com.br/disciplinas/historia-brasil/governo-cafe-filho- 56 http://blogs.correiobraziliense.com.br/candangando/missao-cruls-exaltava-far-
-1954-1955-os-14-meses-do-vice-de-vargas.htm tura-de-agua-na-nova-capital/
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desnacionalização econômica, porque as empresas estrangeiras (as Governo Jânio Quadros (1961)
chamadas multinacionais) passaram a controlar setores industriais
estratégicos da economia nacional. O controle estrangeiro sobre A gestão de Jânio Quadros na presidência da República foi bre-
a economia brasileira era preponderante nas indústrias automobi- ve, duraram sete meses e encerrou-se com a renúncia. Neste cur-
lísticas, de cigarros, farmacêutica e mecânica. Em pouco tempo, as to período, Jânio Quadros praticou uma política econômica e uma
multinacionais começaram a remeter grandes remessas de lucros política externa que desagradou profundamente os políticos que o
(muitas vezes superiores aos investimentos por elas realizados) apoiavam, setores das Forças Armadas e outros segmentos sociais.
para seus países de origem. Esse tipo de procedimento era ilegal, A renúncia de Jânio Quadros desencadeou uma crise institu-
mas as multinacionais burlavam as próprias leis locais. cional sem precedentes na história republicana do país, porque a
Portanto, se por um lado o Plano de Metas alcançou os resulta- posse do vice-presidente João Goulart não foi aceita pelos ministros
dos esperados, por outro, foi responsável pela consolidação de um militares e pelas classes dominantes.
capitalismo extremamente dependente que sofreu muitas críticas e
acirrou o debate em torno da política desenvolvimentista. A Crise Política
O governo de Jânio Quadros perdeu sua base de apoio político
Denúncias da oposição e social a partir do momento em que adotou uma política econô-
A gestão de Juscelino Kubitschek não esteve a salvo de críticas mica austera e uma política externa independente. Na área econô-
dos setores oposicionistas. No Congresso Nacional, a oposição polí- mica, o governo se deparou com uma crise financeira aguda devido
tica ao governo de JK vinha da UDN. A oposição ganhou maior força a intensa inflação, déficit da balança comercial e crescimento da
no momento em que as crescentes dificuldades financeiras e infla- dívida externa.
cionárias (decorrentes principalmente dos gastos com a construção O governo adotou medidas drásticas, restringindo o crédito,
de Brasília) fragilizaram o governo federal. congelando os salários e incentivando as exportações. Mas foi na
A UDN fazia um tipo de oposição ao governo baseada na de- área da política externa que o presidente acirrou os ânimos da opo-
núncia de escândalos de corrupção e uso indevido do dinheiro sição ao seu governo.
público. A construção de Brasília foi o principal alvo das críticas da Nomeou para o ministério das Relações Exteriores Afonso Ari-
oposição. No entanto, a ação de setores oposicionistas não preju- nos, que se encarregou de alterar radicalmente os rumos da políti-
dicou seriamente a estabilidade governamental na gestão de JK.57 ca externa brasileira. O Brasil começou a se aproximar dos países
socialistas. O governo brasileiro restabeleceu relações diplomáticas
Governabilidade e Sucessão Presidencial com a União Soviética (URSS).
Em comparação com os governos democráticos que antece- As atitudes menores também tiveram grande impacto, como as
deram e sucederam a gestão de JK na presidência da República, o condecorações oferecidas pessoalmente por Jânio ao guerrilheiro
mandato presidencial de Juscelino apresenta o melhor desempe- revolucionário Ernesto “Che” Guevara (condecorado com a Ordem
nho no que se refere à estabilidade política. do Cruzeiro do Sul) e ao cosmonauta soviético Yuri Gagarin, além
A aliança entre o PSD e o PTB garantiu ao Executivo Federal da vinda ao Brasil do ditador cubano Fidel Castro59. Apresentando
uma base parlamentar de sustentação e apoio político que explica assim indícios de alinhamento aos governos socialistas do período.
os êxitos da aprovação de programas e projetos governamentais. O
PSD era a força dominante no Congresso Nacional, pois possuía o Independência e Isolamento
maior número de parlamentares e o maior número de ministros no De acordo com estudiosos do período, o presidente Jânio Qua-
governo. Era considerado um partido conservador, porque repre- dros esperava que a política externa de seu governo se traduzisse
sentava interesses de setores agrários (latifundiários), da burocra- na ampliação do mercado consumidor externo dos produtos brasi-
cia estatal e da burguesia comercial e industrial. leiros por meio de acordos diplomáticos e comerciais.
O PTB, ao contrário, reunia lideranças sindicais representantes Porém, a condução da política externa independente desagra-
dos trabalhadores urbanos mais organizados e setores da burgue- dou o governo norte-americano e, internamente, recebeu pesadas
sia industrial. O êxito da aliança entre os dois partidos deu-se ao críticas do partido a que Jânio estava vinculado, a UDN, sofrendo
fato de que ambos evitaram radicalizar suas respectivas posições também uma forte oposição das elites conservadoras e dos mili-
políticas, ou seja, conservadorismo e reformismo radicais foram tares.
abandonados. Ao completar sete meses de mandato presidencial, o governo
Na sucessão presidencial de 1960, o quadro eleitoral apresen- de Jânio Quadros ficou isolado política e socialmente. Renunciou a
tou a seguinte configuração: a UDN lançou Jânio Quadros como 25 de agosto de 1961.
candidato; o PTB com o apoio do PSB apresentou como candidato
o marechal Henrique Teixeira Lott; e o PSP concorreu com Adhemar Política Teatral
de Barros. Especula-se que a renúncia foi mais um dos atos espetaculares
A vitória coube a Jânio Quadros, que obteve expressiva vota- característicos do estilo de Jânio. Com ela, o presidente pretenderia
ção. Naquela época, as eleições para presidente e vice-presidente causar uma grande comoção popular, e o Congresso seria forçado
ocorriam separadamente, ou seja, as candidaturas eram indepen- a pedir seu retorno ao governo, o que lhe daria grandes poderes
dentes. Assim, o candidato da UDN a vice-presidente era Milton sobre o Legislativo. Não foi o que aconteceu.
Campos, mas quem venceu foi o candidato do PTB, João Goulart. A renúncia foi aceita e a população se manteve indiferente.
Desse modo, ele iniciou seu segundo mandato como vice-presiden- Vale lembrar que as atitudes teatrais eram usadas politicamente
te.58 por Jânio antes mesmo de chegar à presidência. Em comícios, ele
57 http://www.historia.seed.pr.gov.br/modules/noticias/article.php?storyid=217 59 https://cidadeverde.com/noticias/241078/reportagem-especial-janio-quadros-
58 http://www.historia.seed.pr.gov.br/modules/noticias/article.php?storyid=217 -os-100-anos-de-um-politico-incomum
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jogava pó sobre os ombros para simular caspa, de modo a parecer dimento das demandas dos grupos sociais que o apoiavam. Um epi-
um “homem do povo”. Também tirava do bolso sanduíches de mor- sódio que ilustra de forma notável esse tipo de estratégia política
tadela e os comia em público. ocorreu quando o governo criou uma lei implantando o 13º salário.
No poder, proibiu as brigas de galo e o uso de lança-perfume, O Congresso não a aprovou. Em seguida, líderes sindicais ligados
criando polêmicas com questões menores, que o mantinham sem- ao governo mobilizaram os trabalhadores que entraram em greve e
pre em evidência, como um presidente preocupado com o dia a dia pressionaram os parlamentares a aprovarem a lei.
do brasileiro. As Contradições da Política Econômica
Governo João Goulart (1961-1964) As dificuldades de Jango na área da governabilidade se tor-
naram mais graves após o restabelecimento do regime presiden-
Com a renúncia de Jânio Quadros, a presidência caberia ao vice cialista. A busca de apoio social junto às classes populares levou o
João Goulart, popularmente conhecido como Jango. No momento governo a se aproximar do movimento sindical e dos setores que
da renúncia, se encontrava na Ásia, em visita a República Popular representavam as correntes e ideias nacional-reformistas.
da China. Por esta perspectiva é possível entender as contradições na
O presidente da Câmara dos Deputados, Ranieri Mazzilli, assu- condução da política econômica do governo. Durante a fase parla-
miu o governo provisoriamente. Porém, os grupos de oposição mais mentarista, o Ministério do Planejamento e da Coordenação Econô-
conservadores representantes das elites dominantes e de setores mica foi ocupado por Celso Furtado, que elaborou o chamado Plano
das Forças Armadas não aceitaram que Jango tomasse posse, sob Trienal de Desenvolvimento Econômico e Social.
a alegação de que ele tinha tendências políticas esquerdistas. Não O objetivo do Plano Trienal era combater a inflação a partir de
obstante, setores sociais e políticos que apoiavam Jango iniciaram uma política de estabilização que demandava, entre outras coisas, a
um movimento de resistência.60 contenção salarial e o controle do déficit público. Em 1963, o gover-
no abandonou o programa de austeridade econômica, concedendo
Campanha da Legalidade e Posse reajustes salariais para o funcionalismo público e aumentando o sa-
O governador do estado do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola, lário mínimo acima da taxa pré-fixada.
se destacou como principal líder da resistência ao promover a cam- Ao mesmo tempo, tentava obter o apoio de setores da direita
panha legalista pela posse de Jango. O movimento de resistência, realizando sucessivas reformas ministeriais e oferecendo cargos às
que se iniciou no Rio Grande do Sul e irradiou-se para outras regiões pessoas com influência e respaldo junto ao empresariado nacional
do país, dividiu as Forças Armadas impedindo uma ação militar con- e os investidores estrangeiros.
junta contra os legalistas. No Congresso Nacional, os líderes políti-
cos negociaram uma saída para a crise institucional. Polarização Direita-Esquerda
A solução encontrada foi o estabelecimento do regime parla- Ao longo do ano de 1963, o país foi palco de agitações sociais
mentarista de governo que vigorou por dois anos (1961-1962) re- que polarizaram as correntes de pensamento de direita e esquerda
duzindo enormemente os poderes constitucionais de Jango. Com em torno da condução da política governamental. Em 1964 a situa-
essa medida, os três ministros militares aceitaram, enfim, seu re- ção de instabilidade política agravou-se.
torno. Em 5 de setembro retorna ao Brasil, e é empossado em 7 de O descontentamento do empresariado nacional e das classes
setembro. dominantes como um todo se acentuou. Por outro lado, os movi-
mentos sindicais e populares pressionavam para que o governo pro-
O Retorno ao Presidencialismo gramasse reformas sociais e econômicas que os beneficiassem.61
Em janeiro de 1963, Jango convocou um plebiscito para decidir Atos públicos e manifestações de apoio e oposição ao governo
sobre a manutenção ou não do sistema parlamentarista. Cerca de eclodem por todo o país. Em 13 de março, ocorreu o comício da
80% dos eleitores votaram pelo restabelecimento do sistema presi- estação da Estrada de Ferro Central do Brasil, no Rio de Janeiro, que
dencialista. A partir de então, Jango passou a governar o país como reuniu 300 mil trabalhadores em apoio a Jango.
presidente, e com todos os poderes constitucionais a sua disposi- Uma semana depois, as elites rurais, a burguesia industrial e
ção. setores conservadores da Igreja realizaram a “Marcha da Família
Porém, no breve período em que governou o país sob regime com Deus e pela Liberdade”, considerada o ápice do movimento de
presidencialista, os conflitos políticos e as tensões sociais se torna- oposição ao governo.
ram tão graves que seu mandato foi interrompido pelo Golpe Mili- As Forças Armadas também foram influenciadas pela polari-
tar de 1º de abril de 1964. zação ideológica vivenciada pela sociedade brasileira naquela con-
Desde o início de seu mandato, não dispunha de base de apoio juntura política, ocasionando rompimento da hierarquia devido à
parlamentar para aprovar com facilidade seus projetos políticos, sublevação de setores subalternos.
econômicos e sociais, por esse motivo a estabilidade governamen- Os estudiosos do tema assinalam que, a quebra de hierarquia
tal foi comprometida. dentro das Forças Armadas foi o principal fator que ocasionou o
Como saída para resolver os frequentes impasses surgidos pela afastamento dos militares legalistas que deixaram de apoiar o go-
ausência de apoio político no Congresso Nacional, adotou uma es- verno de Jango, facilitando o movimento golpista.
tratégia típica do período populista, recorreu a permanente mo-
bilização das classes populares a fim de obter apoio social ao seu Candidato(a), segue abaixo a lista completa dos presidentes da
governo. República Populista com a cronologia correta:
Foi uma forma precária de assegurar a governabilidade, pois - José Linhares (1945-1946 - interino)
limitava ou impedia a adoção por parte do governo de medidas - Eurico Gaspar Dutra (1946-1951)
antipopulares, ao mesmo tempo em que seria necessário o aten- - Getúlio Vargas (1951-1954)
60 http://www.institutojoaogoulart.org.br/conteudo.php?id=73 61 http://www.institutojoaogoulart.org.br/conteudo.php?id=73
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- Café Filho (1954-1955) balhadores e estudantes se manifestarem, sobretudo os artistas. As


- Carlos Luz (1955 - interino) manifestações proliferaram. Ocorreram grandes greves operárias
- Nereu Ramos (1955-1956 - interino) em Contagem (MG) e São Paulo.
- Juscelino Kubitschek (1956-1961) O último ato de Castelo Branco foi a imposição de LSN (Lei de
- Jânio Quadros (1961) Segurança Nacional), que estabelecia que certas ações de oposição
- Ranieri Mazilli (1961 - interino) ao regime seriam consideradas “atentatórias” à segurança nacional
- João Goulart (1961-1964) e punidas com rigor.
Em dezembro de 1968, sob o governo do Marechal Costa e Silva
O Regime Militar foi instituído o AI-5, o mais duro e repressor dos atos institucionais.
Alguns grupos políticos contra a ditadura passaram a atuar na
O início do governo militar é marcado por grande perseguição clandestinidade. Alguns deles, devido ao AI-5 optaram por partir
política aos líderes de esquerda, tendo por exemplo deputados e para a revolta armada que adotou táticas de guerrilha.
políticos seus mandatos cassados. Para tanto foi criado o SNI (Servi- Surgiram focos de guerrilha urbana (principalmente São Paulo)
ço Nacional de Informação). e guerrilha rural (na região do rio Araguaia). A guerrilha nunca re-
O SNI era o serviço secreto do Exército e contava com agentes presentou um grande problema de verdade, pois eram pequenos e
infiltrados em vários setores como jornais, sindicatos, escolas (...). poucos grupos, mas forneceu o argumento que a ditadura precisava
Apesar das cassações de mandato o Congresso Nacional foi man- para manter e aumentar a repressão, pois tínha inclusive um inimi-
tido e mesmo após a constituição de 67, que institucionalizava o go interno comunista. O risco não havia passado (lembra-se que o
regime, os militares continuaram governando através de atos ins- pretexto do golpe era afastar o risco comunista?).
titucionais62.
Foram eles: Milagre Econômico e Repressão
AI-1: Ampliação dos poderes do presidente, eleição indireta e Durante o Governo do General Médici o país viveu a maior
a cassação de parlamentares de esquerda. O início da instalação onda de repressões e torturas da ditadura. O AI-5 era aplicado com
da Ditadura. Perseguem lideranças opositoras (líderes camponeses, toda a força e a censura era plena. Ao mesmo tempo o país vivia um
estudantis, sindicais, partidários e intelectuais) e são cassados man- período de propaganda ufanista (nacionalismo e enaltecimento do
dados políticos e cargos públicos. Brasil) e experimentava um grande crescimento econômico e urba-
AI-2: Instituiu bipartidarismo. Só podiam existir dois partidos: no em razão do “milagre econômico”.
a ARENA e o MDB. Consolida as eleições indiretas. Os voto dos con- Foram contraídos empréstimos e concedidos créditos ao con-
gressistas para a presidência era aberto e declarado dito no micro- sumido, mas ao mesmo tempo os salários foram congelados. Esta
fone na assembleia. Não havia oposição de fato. O congresso apro- política nos primeiros anos de aplicação gerou um enorme con-
vava tudo o que os presidentes militares mandavam. sumo e consequentemente gerou empregos (cada vez menos re-
AI-3: Estabelecia eleições indiretas para governadores de esta- munerados). Ao final da década de setenta o país amargava uma
do. Votavam os deputados estaduais por voto aberto e declarado. grande inflação, salários cada vez mais defasados e um aumento da
AI-4: Convocação urgente da assembleia para a aprovação da desigualdade social.
constituição de 67
AI-5: Concede poder excepcional ao presidente que pode cas- Movimentos de Resistência
sar mandatos, cargos, fechar o congresso e estabelece o estado de
sítio. O AI-5 eliminou as garantias individuais. O Movimento Estudantil
Entre os grupos que mais protestavam contra o governo de
Os presidentes eram escolhidos pelos próprios militares em co- João Goulart para a implementação de reformas sociais estavam
légio eleitoral, assim como os governadores de estado e prefeitos os estudantes, mobilizados pela União Nacional dos Estudantes e
de cidades com mais de 300 mil habitantes. O voto da população União Brasileira dos Estudantes secundaristas.
em nível federal limita-se aos deputados e senadores que eram ou Quando os militares chegaram ao poder em 1964, os estudan-
da ARENA (conhecido como “partido do sim”) ou do MDB (conheci- tes eram um dos setores mais identificados com a esquerda comu-
do como “partido do sim senhor”). Não havia oposição real e con- nista, subversiva e desordeira; uma das formas de desqualificar
creta no congresso. Somente a permitida pelos militares. o movimento estudantil era chamá-lo de baderna, como se seus
Foram presidentes militares: agentes não passassem de jovens irresponsáveis, e isso se justifica-
- Castelo Branco (64-67) va para a intensa perseguição que se estabeleceu.
- Costa e Silva (67-69) Em novembro de 1964, Castelo Branco aprovou uma lei, conhe-
- Garrastazu Médici (69-74) cida como lei “Suplicy de Lacerda”, nome do ministro da Educação,
- Ernesto Geisel (74-79) reorganizando as entidades e proibindo-as de desenvolverem ativi-
- Figueiredo (79-85) dades políticas.
Os estudantes reagiram, boicotando as novas entidades oficiais
A ditadura entre 1964 e 1967 durante o governo do Marechal e realizando passeatas cada vez mais frequentes. Ao mesmo tempo,
Castelo Brancos foi um período mais brando dentro do contexto do o movimento estudantil procurou assegurar a existência das suas
regime. Os partidos foram extintos (ficou o bipartidarismo) e a cen- entidades legítimas, agora na clandestinidade63.
sura ocorria, mas ainda que pequeno, havia um espaço para os tra-
62 O Golpe de 1964 e a Ditadura Militar em Perspectiva / Carlo José Napolitano, 63 http://repositoriolabim.cchla.ufrn.br/bitstream/123456789/111/16/O%20MO-
Caroline Kraus Luvizotto, Célio José Losnak e Jefferson Oliveira Goulart (orgs). - - VIMENTO%20ESTUDANTIL%20BRASILEIRO%20DURANTE%20O%20REGI-
São Paulo, SP: Cultura Acadêmica, 2014 ME%20MILITAR%201968-1970.pdf
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a solução para o seu concurso!
HISTÓRIA DO BRASIL

Em 1968 o movimento estudantil cresceu em resposta não só Ligas Camponesas


repressão, mas também em virtude da política educacional do go- O movimento de resistência esteve presente também no cam-
verno, que já revelava a tendência que iria se acentuar cada vez po. Além da sindicalização formaram-se Ligas Camponesas que, so-
mais no sentido da privatização da educação, cujos efeitos são sen- bretudo no Nordeste, sob a liderança do advogado Francisco Julião,
tidos até hoje. foram importantes instrumentos de organização e de atuação dos
A política de privatização tinha dois sentidos: um era o esta- camponeses.
belecimento do ensino pago (principalmente no nível superior) e Em 15 de maio de 1984 cerca de 5 mil cortadores de cana e co-
outro, o direcionamento da formação educacional dos jovens para lhedores de laranja do interior paulista entraram em greve por me-
o atendimento das necessidades econômicas das empresas capita- lhores salários e condições de trabalho. No dia seguinte invadiram
listas (mão-de-obra e técnicos especializados). as cidades de Guariba e Bebedouro. Um canavial foi incendiado.
Estas diretrizes correspondiam à forte influência norte-ame- O movimento foi reprimido por 300 soldados. Greves de trabalha-
ricana exercida através de técnicos da Usaid (agência americana dores se espalharam por várias regiões do país, principalmente no
que destinava verbas e auxílio técnico para projetos de desenvol- Nordeste.
vimento educacional) que atuavam junto ao MEC por solicitação
do governo brasileiro, gerando uma série de acordos que deveriam A Luta Armada
orientar a política educacional brasileira. Militantes da Esquerda resolveram resistir ao regime militar
As manifestações estudantis foram os mais expressivos meios através da luta armada, com a intenção de iniciar um processo re-
de denúncia e reação contra a subordinação brasileira aos objetivos volucionário. Entre os grupos mais notórios estão:
e diretrizes do capitalismo norte-americano. O movimento estu-
dantil não parava de crescer, e com ele a repressão. - Ação Libertadora Nacional (ALN), em que se destaca Carlos
No dia 28 de março de 1968 uma manifestação contra a má Marighella, ex-deputado e ex-membro do Partido Comunista Brasi-
qualidade do ensino realizada no restaurante estudantil Calabouço, leiro, morto numa emboscada em 1969;
no Rio de Janeiro, foi violentamente reprimida pela polícia, resul-
tando na morte do estudante Edson Luís Lima Souto64. - Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), que era coman-
A reação estudantil foi imediata: no dia seguinte, o enterro do dada pelo ex-capitão do Exército Carlos Lamarca, morto na Bahia,
jovem estudante transformou-se em um dos maiores atos públicos em 17 de setembro de 1971. Em 1969 funde-se com o Comando
contra a repressão; missas de sétimo dia foram celebradas em qua- de Libertação Nacional (COLINA), e muda o nome para Vanguarda
se todas as capitais do país, seguidas de passeatas que reuniram Armada Revolucionária Palmares (VAR-Palmares), que teve parti-
milhares de pessoas. cipação também da presidente Dilma Rousseff;
Em outubro do mesmo ano, a UNE (União Nacional dos Es-
tudantes), na ilegalidade convocou um congresso para a pequena - A Ação Popular, que teve origem em 1962 a partir de grupos
cidade de Ibiúna, no interior de São Paulo. A polícia descobriu a católicos, especialmente influentes no movimento estudantil;
reunião, invadiu o local e prendeu os estudantes.
- Partido Comunista do Brasil (PC do B), que surge de um con-
Movimentos Sindicais flito interno dentro do PCB.
As greves foram reprimidas duramente durante a ditadura. Os
últimos movimentos operários ocorreram em 1968, em Osasco e Um dos principais feitos da ALN, em conjunto ao Movimento
Contagem, sendo reavivadas somente no fim da década de 1970, Revolucionário 8 de outubro (MR-8), foi o sequestro do embaixa-
com a greve de 1.600 trabalhadores no ABC paulista em 12 de maio dor estadunidense Charles Ewbrick, em 1969. Em nenhum lugar
de 1978, que marcou a volta do movimento operário à cena política. do mundo um embaixador dos EUA havia sido sequestrado. Essa
Em junho do mesmo ano, o movimento espalhou-se por São façanha possibilitou aos guerrilheiros negociar a libertação de quin-
Paulo, Osasco e Campinas. Até 27 de julho registraram-se 166 acor- ze prisioneiros políticos. Outro embaixador sequestrado foi o ale-
dos entre empresas e sindicatos beneficiando cerca de 280 mil tra- mão-ocidental Ehrefried Von Hollebem, que resultou na soltura de
balhadores. Nessas negociações, tornou-se conhecido em todo o quarenta presos.
país o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo e A luta armada intensificou o argumento de aumento da repres-
Diadema, Luís Inácio da Silva. são. As torturas aumentaram e a perseguição aos opositores tam-
No dia 29 de outubro de 1979 os metalúrgicos de São Paulo e bém. Carlos Marighella foi morto por forças policiais na cidade de
Guarulhos interromperam o trabalho. No dia seguinte o operário São Paulo. As informações sobre seu paradeiro foram conseguidas
Santos Dias da Silva acabou morrendo em confronto com a polícia, também através de torturas.
durante um piquete na frente uma fábrica no bairro paulistano de O VPR realizou ações no Vale do Ribeira em São Paulo, mas teve
Santo Amaro. As greves se espalharam por todo o país. que enfrentar a perseguição militar na região. Lamarca conseguiu
Em consequência de uma greve realizada no dia 1º de Abril de fugir para o Nordeste, mas acabou morto na Bahia, em 1971.
1980 pelos metalúrgicos do ABC paulista e de mais 15 cidades do O último foco de resistência a ser desmantelado foi a Guerrilha
interior de São Paulo, no dia 17 de Abril o ministro do trabalho, do Araguaia. Desde 1967, militantes do PCdoB dirigiram-se para re-
Murillo Macedo, determinou a intervenção nos sindicatos de São gião do Bico do Papagaio, entre os rios Araguaia e Tocantins, onde
Bernardo do Campo e Santo André, prendendo 13 líderes sindicais passaram a travar contato com os camponeses da região, ensinan-
dois dias depois. A organização da greve mobilizou estudantes e do a eles cuidados médicos e auxiliando-os na lavoura.
membros da Igreja.

64 https://www.une.org.br/2011/09/historia-da-une/
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As Forças Armadas passaram a perseguir os guerrilheiros do A Resistência às Reformas Políticas de Figueiredo


Araguaia em 1972, quando descobriu a ação do grupo. O desman- Assim como Geisel, o general Figueiredo teve de enfrentar re-
telamento ocorreria apenas em 1975, quando uma força especial sistência da linha-dura às reformas políticas que estavam em anda-
de paraquedistas foi enviada à região, acabando com a Guerrilha mento. As primeiras manifestações dos grupos que estavam des-
do Araguaia. contentes com a abertura vieram em 1980.
No Brasil, as ações guerrilheiras não conseguiram um amplo No final desse ano e no início de 1981, bombas começaram a
apoio da população, levando os grupos a se isolarem, facilitando a explodir em bancas de jornal que vendiam periódicos considerados
ação repressiva. Após 1975, as guerrilhas praticamente desapare- de esquerda (Jornal Movimento, Pasquim, Opinião etc.). Uma car-
ceram, e os corpos dos guerrilheiros do Araguaia também. À época, ta-bomba foi enviada à OAB e explodiu nas mãos de uma secretária,
a ditadura civil-militar proibiu a divulgação de informações sobre matando-a. Havia desconfianças de que fora uma ação do DOI-Codi
a guerrilha, e até o início da década de 2010 o exército não havia (Destacamento de Operações de Informação - Centro de Operações
divulgado informação sobre o paradeiro dos corpos. de Defesa Interna), mas nunca se conseguiu provar nada.

Redemocratização do País e Diretas Já. O Caso Riocentro


O General Geisel assume em 74. Foi o militar que deu início à Em abril de 1981, ocorreu uma explosão no Riocentro durante
abertura política, assinalando o fim da ditadura. O fim do regime foi a realização de um show de música popular. Dele participavam inú-
articulado pelos próprios militares que planejaram uma abertura meros artistas considerados de esquerda pelo Regime. Quando as
“lenta, segura e gradual”. primeiras pessoas, inclusive fotógrafos, se aproximaram do local da
Nas eleições parlamentares de 74 os militares imaginaram que explosão, depararam com uma cena dramática e constrangedora.
teriam a vitória da ARENA, mas o MDB teve esmagadora maioria. Um carro esporte (Puma) estava com os vidros, o teto e as por-
Em razão deste acontecimento a ditadura lança a Lei Falcão e o Pa- tas destroçados. Havia dois homens no seu interior, reconhecidos
cote de Abril. A lei falcão acabava com a propaganda eleitoral. To- posteriormente como oficiais do Exército ligados ao DOI-Codi. O
dos os candidatos apareceriam o mesmo tempo na TV, segurando sargento, sentado no banco do passageiro, estava morto, pratica-
seu número enquanto uma voz narrava brevemente seu currículo. mente partido ao meio. A bomba explodira na altura de sua cintu-
Apesar de uma oposição consentida o MDB estava incomodando e ra. O motorista, um capitão, estava vivo, mas gravemente ferido e
o pacote de abril serviu para garantir supremacia da ARENA. inconsciente.
A constituição poderia ser mudada somente por 50% dos vo- O Exército abriu um inquérito Policial-Militar para apurar o
tos (garante a vitória da ARENA). Um terço dos senadores teriam caso e, depois de muitas averiguações, pesquisas, tomadas de de-
o papel de “senador biônico”, ou seja, indicado pela assembleia poimentos, concluiu que a bomba havia sido colocada ali, dentro do
(sempre senadores da ARENA) e alterou o coeficiente eleitoral de carro e sobre as pernas do sargento do Exército, por grupos terro-
forma que a região nordeste (que ainda ocorria claramente o voto ristas. Essa foi a conclusão da Justiça Militar, e o caso foi encerrado.
de “cabresto” e os eleitores votavam em peso na ARENA) tivesse Em 1984 o deputado do PMDB Dante de Oliveira propôs uma
um maior número de deputados. Geisel pôs fim ao AI-5 em 1978. emenda constitucional que restabelecia as eleições diretas para
Em 1979 assumiu a presidência o General Figueiredo, sob uma presidente. A partir da emenda Dante de Oliveira tem início o maior
forte crise econômica resultado da política econômica do milagre movimento popular pela redemocratização do país, as Diretas Já
brasileiro. Em 79 foi aprovada a Lei da Anistia (perdão de crimes que pediam eleições diretas para presidente no próximo ano.
políticos), que de acordo com o governo militar era uma anistia Infelizmente a emenda não foi aprovada. Em 1985 ocorreram
“ampla, geral e irrestrita”. eleições indiretas e formaram-se chapas para concorrer à presidên-
O que isso queria dizer? cia. Através das eleições indiretas ganhou a chapa do PMDB em
Que todos os crimes cometidos na ditadura seriam perdoados, que o presidente eleito foi Tancredo Neves e seu vice José Sarney.
tanto o “crime” dos militantes políticos, estudantes, intelectuais e Contudo Tancredo Neves passou mal na véspera da posse e foi in-
artistas que se encontravam exilados (fora do país por motivos de ternado com infecção intestinal, não resistiu e morreu. Assumiria a
perseguição política), e puderam voltar ao Brasil, como os tortura- presidência da República em 1985 José Sarney.
dores do regime. O Governo de José Sarney foi um momento de enorme crise
Em 1979 são liberadas para a próxima eleição o voto direto aos econômica, com hiperinflação, mas um dos momentos mais funda-
governadores. Também foi aprovada a “Lei Orgânica dos Partidos” mentais que coroaria a redemocratização, pois foi em seu governo
que punha fim ao bipartidarismo e foram fundados novos 5 parti- que foi aprovada a nova constituição. Foi reunida em 1987 uma as-
dos: sembleia nacional constituinte (assembleia reunida para escrever
- PDS (Partido Democrático Social) e promulgar uma nova constituição).
- PMDB (Partido do Movimento Democrático Brasileiro)
- PTB (Partido Trabalhista Brasileiro) A Constituição de 1988
- PDT (Partido Trabalhista Brasileiro)
- PT (Partido dos Trabalhadores) A nova constituição foi votada em meio a grandes debates e
diferentes visões políticas. Havia muitos interesses em disputa. O
Obs.: A lei eleitoral obrigava a votar somente em candidatos voto secreto e direto para presidente foi restaurado, proibida a cen-
do mesmo partido, de vereador à governador. A oposição ao re- sura, garantida a liberdade de expressão e igualdade de gênero, o
gime, na eleição para governador de 1982, obteve vitória esma- racismo tornou-se crime e o estado estabeleceu constitucionalmen-
gadora. te garantias sociais de acesso a saúde, educação, moradia e aposen-
tadoria.

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Ao final de 1989 foi realizada a primeira eleição livre desde o No plano econômico, o governo adotou inúmeras medidas
golpe de 1964. Foi disputada em dois turnos. O segundo foi concor- para conter a inflação, como congelamento de preços e salários e a
rido entre o candidato Fernando Collor de Mello (PRN – partido da criação de um novo plano econômico, o Plano Cruzado.
renovação nacional), contra Luís Inácio Lula da Silva. Collor ganhou No final de 1986, o plano começou a demonstrar sinais de fra-
a eleição, com apoio dos meios de comunicação e governou até casso, acentuado pela falta de mercadorias e pressão por aumento
1992 após ser afastado por um processo de impeachment. Ocor- de preços.
reram grandes manifestações populares, sobretudo estudantis, co- Além do Plano Cruzado, outras tentativas de conter a inflação
nhecidas como o “movimento dos caras-pintadas”. foram colocadas em prática durante o governo Sarney, como o Pla-
no Cruzado II, o Plano Bresser e o Plano de Verão. No último mês
do governo Sarney, em março de 1990, a inflação alcançou o nível
A NOVA REPÚBLICA (DE 1985 ATÉ OS DIAS ATUAIS) O GO- de 84%.
VERNO SARNEY; CRISE E HIPERINFLAÇÃO DA DÉCADA DE
80; OS PLANOS CRUZADO, BRESSER E VERÃO - CARACTE- O Governo Collor
RIZAÇÃO E RAZÕES DO INSUCESSO; A CONSTITUIÇÃO DE
1988; O GOVERNO COLLOR; O PLANO COLLOR; O IMPEA- No final de 1989, os candidatos Fernando Collor de Mello, do
CHMENT DE COLLOR; O GOVERNO ITAMAR FRANCO; O PRN (Partido da Renovação Nacional) e Luiz Inácio Lula da Silva, do
PLANO REAL; E OS GOVERNOS DE FERNANDO HENRI- PT (Partido dos Trabalhadores) disputaram as primeiras eleições di-
QUE CARDOSO ATÉ OS DIAS ATUAIS retas (com voto da população) para presidente após a redemocra-
tização. Com forte apoio de setores empresariais e principalmente
da mídia, Collor vence as eleições.
- Nova República Collor, durante a campanha presidencial, apresentou-se como
caçador de marajás, termo referente aos corruptos que se bene-
Chamamos Nova República a organização do Estado Brasileiro ficiavam do dinheiro público. Seus discursos possuíam forte influ-
a partir da eleição indireta de Tancredo Neves pelo Colégio eleito- ência do populismo, principalmente do Peronismo argentino65, di-
ral, após o movimento pelas diretas já. No dia da posse foi hospi- zendo-se representante dos descamisados (população mais pobre).
talizado e faleceu. Então a cadeira presidencial foi ocupada por seu Seu governo ficou marcado pelos Planos Collor:
vice José Sarney
Plano Collor66
A Vitória da Aliança Democrática e a posse de Sarney A inflação no período de março de 1989 a março de 1990 che-
gou a 4.853%, e o governo anterior viu apenas tentativas fracassa-
Em 15 de janeiro de 1985, o Colégio Eleitoral elegeu Tancredo das de conter a inflação. Após sua posse, Collor anuncia um pacote
Neves, primeiro presidente civil em 20 anos. Ele obteve 275 votos econômico no dia 15 de março de 1990: o Plano Brasil Novo.
do PMDB (em 280 possíveis), 166 do PDS (em 340 possíveis), que Esse plano tinha como objetivo pôr fim à crise, ajustar a eco-
correspondiam à dissidência da Frente Liberal, e mais 39 votos es- nomia e elevar o país, do terceiro para o Primeiro Mundo. O cru-
palhados entre os outros partidos. No total foram 480 contra 180 zado novo é substituído pelo “cruzeiro”, bloqueia-se por 18 meses
do candidato derrotado. os saldos das contas correntes, cadernetas de poupança e demais
O PT, por não concordar com as eleições indiretas, não partici- investimentos superiores a Cr$ 50.000,00. Os preços foram tabela-
pou da votação. A posse do novo presidente estava marcada para dos e depois liberados gradualmente. Os salários foram pré-fixados
15 de março. Um dia antes, entretanto, Tancredo Neves foi inter- e depois negociados entre patrões e empregados.
nado com diverticulite. Depois de várias operações, seu estado de Os impostos e tarifas aumentaram e foram criados outros tri-
saúde se agravou, falecendo no dia 21 de abril de 1985. Com a mor- butos, foram suspensos os incentivos fiscais não garantidos pela
te do presidente eleito, assumiu o vice, José Sarney. Constituição. Foi anunciado corte nos gastos públicos e também
se reduziu a máquina do Estado com a demissão de funcionários e
O Governo Sarney privatização de empresas estatais. O plano também previa a aber-
José Sarney foi o primeiro presidente após o fim da ditadura tura do mercado interno, com a redução gradativa das alíquotas de
militar. Durante seu governo foi consolidado o processo de rede- importação.
mocratização do Estado brasileiro, garantido liberdade sindical e As empresas foram surpreendidas com o plano econômico e
participação popular na política, além da convocação de uma As- sem liquidez pressionaram o governo. A ministra da economia Zélia
sembleia Nacional Constituinte, encarregada de elaborar uma nova Cardoso de Mello, faz a liberação gradativa do dinheiro retido, de-
constituição para o Brasil. nominado de “operação torneirinha”, para pagamento de taxas, im-
Entre os princípios incluídos na Constituição de 1988 estão: postos municipais e estaduais, folhas de pagamento e contribuições
- Garantia de direitos políticos e sociais; previdenciárias. O governo liberou os investimentos dos grandes
- Aumento de assistência aos trabalhadores; empresários, e deixou retido somente o dinheiro dos poupadores
- Ampliação das atribuições do poder legislativo; individuais.
- Limitação do poder executivo;
- Igualdade perante a lei, sem qualquer tipo de distinção;
- Estabelecimento do racismo como crime inafiançável.
65 Referente ao governo de Juan Domingo Peron na Argentina durante os anos de 1952
– 1955.
66 LENARDUZZI, Cristiano, Et al. PLANO COLLOR.
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Recessão - No início do Plano Collor a inflação foi reduzida, Em junho do mesmo ano, o Congresso Nacional instalou uma
pois o plano era ousado e tirava o dinheiro de circulação. Porém, ao Comissão de Inquérito Parlamentar (CPI) para que fossem apuradas
mesmo tempo em que caía a inflação, iniciava-se a maior recessão as irregularidades apontadas. Em 29 de setembro a Câmara dos De-
da história no Brasil, houve aumento de desemprego, muitas em- putados aprovou a abertura do processo de Impeachment e em 3
presas fecharam as portas e a produção diminuiu consideravelmen- de outubro o presidente foi afastado. Em dezembro o processo foi
te, com uma queda de 26% em abril de 1990, em relação a abril de concluído e Fernando Collor teve seus direitos políticos cassados
1989. As empresas foram obrigadas a reduzirem a produção, jorna- por oito anos, e o governo passou para as mãos de seu vice, Itamar
da de trabalho e salários, ou demitir funcionários. Só em São Paulo Franco.
nos primeiros seis meses de 1990, 170 mil postos de trabalho dei-
xaram de existir, pior resultado, desde a crise do início da década de O Governo Itamar Franco (1992-1994)
80. O Produto Interno Bruto diminuiu de US$ 453 bilhões em 1989
para US$ 433 bilhões em 1990.67 Durante seu período na presidência, Itamar Franco passou por
um quadro de crescente dificuldade econômica e alianças políticas
Privatizações68 - Em 16 de agosto de 1990 o Programa Nacional instáveis com inúmeras nomeações e demissões de ministros do
de Desestatização que estava previsto no Plano Collor foi regula- executivo.
mentado. A Usiminas foi a primeira estatal a ser privatizada, através Um plebiscito foi realizado em 1993 para definir a forma de go-
de um leilão em outubro de 1991. Depois disso, mais 25 estatais verno, com uma vitória esmagadora da República Presidencialista.
foram privatizadas até o final de 1993, quando Itamar Franco já es- Outras opções incluíam a monarquia e o parlamentarismo.
tava à frente do governo brasileiro, com grandes transferências pa- No ano de 1993 a economia começava a dar sinais de melho-
trimoniais do setor público para o setor privado, com o processo de ra, com índice de crescimento de aproximadamente 5%, que não
privatização dos setores petroquímicos e siderúrgico já praticamen- ocorria desde 1986. Apesar do crescimento, houve um aumento na
te concluído. Então se inicia a negociação do setor de telecomuni- população, deixando a renda per capita com menos de 3%.
cações e elétrico, existindo uma tentativa de limitar as privatizações Em 1994 a inflação continuou a subir, até que os efeitos do Pla-
à construção de grandes obras e à abertura do capital das estatais, no Real começaram a surtir efeito.
mantendo o controle acionário pelo Estado.
Implantação do Plano Real69
Plano Collor II O Plano de Fernando Henrique Cardoso, que era ministro da
A inflação entra em cena novamente com um índice mensal Fazenda do governo de Itamar Franco, consistia em três fases: o
de 19,39% em dezembro de 1990 e o acumulado do ano chega a ajuste fiscal, o estabelecimento da URV (Unidade de Referência de
1.198%, o governo se vê obrigado a tomar algumas medidas. É de- Valor) e a instituição de uma nova moeda, o Real.
cretado o Plano Collor II em 31 de janeiro de 1991. De acordo com os autores do plano, as reformas liberais do Es-
Tinha como objetivo controlar a ciranda financeira. Para isso tado que estavam em andamento naquele período seriam funda-
extinguiu as operações de overnight e criou o Fundo de Aplicações mentais para efetividade do plano.
Financeiras (FAF) onde centralizou todas as operações de curto pra- A primeira fase, o ajuste fiscal procurava criar condições fiscais
zo, acabando com o Bônus do Tesouro Nacional fiscal (BTNf), que adequadas para diminuir o desequilíbrio orçamentário do Estado,
era usado pelo mercado para indexar preços. principalmente sua fragilidade com financiamento, que seria um
Passa a utilizar a Taxa Referencial Diária (TRD) com juros pre- dos principais problemas relacionados à inflação. A criação do FSE
fixados e aumenta o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). (Fundo Social de Emergência), que tinha por finalidade diminuir os
Pratica uma política de juros altos, e faz um grande esforço para custos sociais derivados da execução do plano e dos cortes de im-
desindexar a economia e tenta mais um congelamento de preços e postos, foi uma das principais iniciativas do governo.
salários. Um deflator é adotado para os contratos com vencimento A URV, o embrião da nova moeda, que terminou quando o
após 1º de fevereiro. Real começou a funcionar em 1º de julho de 1994, era um índice
O governo acreditava que aumentando a concorrência no setor de inflação formado por outros três índices: o IGP-M70, da Fundação
industrial conseguiria segurar a inflação, então se cria um cronogra- Getúlio Vargas, o IPCA71 do IBGE e o IPC72 da FIPE/USP. O objetivo
ma de redução das tarifas de importação, reduzindo a inflação de do governo era amarrar o URV ao dólar, preparando o caminho para
1991 para 481%. a “âncora cambial” da moeda e também evitar o caráter abrupto
dos outros planos, com esta ferramenta transitória. Dessa forma,
A Queda de Collor ao contrário da proposta de “moeda indexada” e da criação de duas
Após um curto sucesso nos primeiros meses de governo, a ad- moedas, apenas separaram-se duas funções da mesma moeda, pois
ministração Collor passou por profundas crises. Com a taxa de infla- o URV servia como uma “unidade de conta”.73
ção superior a 20%, em 1992 a impopularidade do presidente cres-
ceu. Em maio do mesmo ano, o irmão do presidente, Pedro Collor,
acusou Paulo Cesar Farias, que havia sido caixa da campanha de
Fernando Collor, de enriquecimento ilícito, obtenção de vantagens
no governo e ligações político financeiras com o presidente. 69 Adaptado de Ipolito.
70 Índice Geral de Preços de Mercado.
71 Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo.
67 https://vdocuments.com.br/fernando-collor.html 72 Índice de Preços ao Consumidor.
68 GANDOLPHO, C. Plano Collor completa 20 anos. Diário do Grande ABC. http://www. 73 GHIORZI, J. B. Política Monetária dos Governos FHC e LULA. UFSC. http://tcc.bu.ufsc.
dgabc.com.br/Noticia/144113/plano-collor-completa-20-anos br/Economia295594
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A terceira fase do plano consistiu na implementação da nova Na última década, o MERCOSUL demonstrou particular capaci-
moeda, que substituiria o Cruzeiro de acordo com a cotação da URV dade de aprimoramento institucional. Entre os inúmeros avanços,
que, naquele momento, valia CR$ 2.750,00. O governo instituiu que vale registrar a criação do Tribunal Permanente de Revisão (2002),
este valor corresponderia a R$ 1,00 que, por sua vez, foi fixada pelo do Parlamento do MERCOSUL (2005), do Instituto Social do MERCO-
Banco Central em US$ 1,00, com a garantia das reservas em dólar SUL (2007), do Instituto de Políticas Públicas de Direitos Humanos
acumuladas desde 1993. (2009), bem como a aprovação do Plano Estratégico de Ação Social
No entanto, apesar de amarrar a moeda ao dólar, o Governo do MERCOSUL (2010) e o estabelecimento do cargo de Alto Repre-
não garantiu a conversibilidade das duas moedas, como ocorreu sentante-Geral do MERCOSUL (2010).
na Argentina. Dessa forma, o Real conseguiu corresponder de uma Merece especial destaque a criação, em 2005, do Fundo para a
forma mais adequada às turbulências desencadeadas pela crise do Convergência Estrutural do MERCOSUL - FOCEM, por meio do qual
México, que começou a se intensificar no final de 1994. são financiados projetos de convergência estrutural e coesão so-
A política de juros altos, que promoveu a entrada de capitais de cial, contribuindo para a mitigação das assimetrias entre os Estados
curto prazo, e a abertura do país aos produtos estrangeiros, com a Partes.
queda do Imposto de Importação, foram fundamentais para com- Em operação desde 2007, o FOCEM conta hoje com uma cartei-
plementar a introdução da nova moeda e para combater a inflação ra de projetos de mais de US$ 1,5 bilhão, com particular benefício
e elevar os níveis de emprego. para as economias menores do bloco (Paraguai e Uruguai). O fundo
O sucesso do Plano Real garantiu a Fernando Henrique a vitória tem contribuído para a melhoria em setores como habitação, trans-
nas eleições de 1994 logo no primeiro turno, contra o candidato portes, incentivos à microempresa, biossegurança, capacitação tec-
Luiz Inácio Lula da Silva. nológica e aspectos sanitários.
O Tratado de Assunção permite a adesão dos demais Países
O Primeiro Governo Fernando Henrique Membros da ALADI75 ao MERCOSUL. Em 2012, o bloco passou pela
primeira ampliação desde sua criação, com o ingresso definitivo da
Em seu discurso de posse, o presidente destacou como prio- Venezuela como Estado Parte. No mesmo ano, foi assinado o Pro-
ridades a estabilização da nova moeda e a reversão do quadro de tocolo de Adesão da Bolívia ao MERCOSUL, que, uma vez ratificado
exclusão social dos brasileiros. pelos congressos dos Estados Partes, fará do país andino o sexto
Assim como outros países ao redor do mundo (e seus respecti- membro pleno do bloco.
vos blocos), o Brasil começava a dar início ao MERCOSUL. Com a incorporação da Venezuela, o MERCOSUL passou a con-
tar com uma população de 285 milhões de habitantes (70% da po-
Mercosul74 pulação da América do Sul); PIB de US$ 3,2 trilhões (80% do PIB
Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai assinaram, em 26 de mar- sul-americano); e território de 12,7 milhões de km² (72% da área da
ço de 1991, o Tratado de Assunção, com vistas a criar o Mercado América do Sul). O MERCOSUL passa a ser, ainda, ator incontornável
Comum do Sul (MERCOSUL). O objetivo primordial do Tratado de para o tratamento de duas questões centrais para o futuro da socie-
Assunção é a integração dos Estados Partes por meio da livre cir- dade global: segurança energética e segurança alimentar. Além da
culação de bens, serviços e fatores produtivos, do estabelecimento importante produção agrícola dos demais Estados Partes, passa a
de uma Tarifa Externa Comum (TEC), da adoção de uma política co- ser o quarto produtor mundial de petróleo bruto, depois de Arábia
mercial comum, da coordenação de políticas macroeconômicas e Saudita, Rússia e Estados Unidos.
setoriais, e da harmonização de legislações nas áreas pertinentes. Em julho de 2013, a Venezuela recebeu do Uruguai a Presidên-
A configuração atual do MERCOSUL encontra seu marco ins- cia Pro Tempore do bloco. A Presidência Pro Tempore venezuelana
titucional no Protocolo de Ouro Preto, assinado em dezembro de reveste-se de significado histórico: trata-se da primeira presidência
1994. O Protocolo reconhece a personalidade jurídica de direito a ser desempenhada por Estado Parte não fundador do MERCOSUL.
internacional do bloco, atribuindo-lhe, assim, competência para Na Cúpula de Caracas, realizada em julho de 2014, destaca-se
negociar em nome próprio acordos com terceiros países, grupos de a criação da Reunião de Autoridades sobre Privacidade e Segurança
países e organismos internacionais. da Informação e Infraestrutura Tecnológica do MERCOSUL e da Reu-
O MERCOSUL caracteriza-se, ademais, pelo regionalismo aber- nião de Autoridades de Povos Indígenas.
to, ou seja, tem por objetivo não só o aumento do comércio intra- Uma das prioridades da Presidência venezuelana, o foro indí-
zona, mas também o estímulo ao intercâmbio com outros parcei- gena é responsável por coordenar discussões, políticas e iniciativas
ros comerciais. São Estados Associados a Bolívia (em processo de em benefício desses povos. Foram também adotadas, em Caracas,
adesão), o Chile (desde 1996), o Peru (desde 2003), a Colômbia e as Diretrizes da Política de Igualdade de Gênero do MERCOSUL,
o Equador (desde 2004). Guiana e Suriname tornaram-se Estados bem como o Plano de Funcionamento do Sistema Integrado de Mo-
Associados em 2013. Com isso, todos os países da América do Sul bilidade do MERCOSUL (SIMERCOSUL).
fazem parte do MERCOSUL, seja como Estados Parte, seja como as- Criado em 2012, durante a Presidência brasileira, o SIMERCO-
sociado. SUL tem como objetivo aperfeiçoar e ampliar as iniciativas de mobi-
O aperfeiçoamento da União Aduaneira é um dos objetivos lidade acadêmica no âmbito do Bloco.
basilares do MERCOSUL. Como passo importante nessa direção, os
Estados Partes concluíram, em 2010, as negociações para a confor-
mação do Código Aduaneiro do MERCOSUL.

74 http://www.mercosul.gov.br/index.php/saiba-mais-sobre-o-mercosul 75 Associação Latino Americana de Integração


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a solução para o seu concurso!
HISTÓRIA DO BRASIL

No segundo semestre de 2014, a Argentina assumiu a Presi- O Brasil seguirá trabalhando para que o MERCOSUL dê conti-
dência Pro Tempore do MERCOSUL. Entre os principais resultados nuidade à concretização de uma agenda pragmática, tendo sempre
da Cúpula de Paraná, Argentina, destacam-se: a assinatura de Me- em mente os interesses dos cidadãos e empresas do bloco no for-
morando de Entendimento de Comércio e Cooperação Econômica talecimento da integração econômica e comercial, da democracia e
entre o MERCOSUL e o Líbano; a assinatura de acordo-quadro de da plena observância dos direitos humanos.
Comércio e Cooperação Econômica entre o MERCOSUL e a Tunísia;
e a aprovação do regulamento do Mecanismo de Fortalecimento O Segundo Governo Fernando Henrique
Produtivo do bloco.
Em 17 de dezembro de 2014, o Brasil recebeu formalmente da Em seu segundo mandato, vencido novamente através da dis-
Argentina a Presidência Pro Tempore do MERCOSUL, que foi exer- puta contra Luiz Inácio Lula da Silva, houveram dificuldades para
cida no primeiro semestre de 2015. No dia 17 de julho de 2015 a manter o valor do Real em relação ao Dólar.
Presidência Pro Tempore foi passada ao Paraguai, que a exercerá A partir de dezembro de 1994 eclodiu a crise cambial mexicana,
por um período de seis meses. e a saída de capital especulativo relacionada à queda da cotação
do dólar nos mercados internacionais começou a colocar em xeque
O MERCOSUL na Atualidade a estabilização da economia nacional e o Plano Real, que depen-
O MERCOSUL atravessa um processo acelerado de fortale- dia em grande parte do capital estrangeiro. A crise mostrou que
cimento econômico, comercial e institucional. Os Estados Partes a política de contenção da inflação com a valorização das moedas
consolidaram um modelo de integração pragmático, voltado para nacionais frente ao dólar não poderia ser sustentável a longo prazo.
resultados concretos no curto prazo. O sentido da integração do Negando sempre à similaridade entre o Brasil, o México e a
MERCOSUL atual é a busca da prosperidade econômica com de- Argentina, o governo passou a desacelerar a atividade econômica
mocracia, estabilidade política e respeito aos direitos humanos e e a frear a abertura internacional com a elevação da taxa de juros,
liberdades fundamentais. aumento das restrições às importações e estímulos à exportação.
Os resultados desse novo momento do MERCOSUL já come- Com a necessidade de opor a situação econômica brasileira à mexi-
çaram a aparecer. Entre os muitos avanços recentes, destacam-se: cana, como um sinal ao capital especulativo, o governo quis mostrar
- Aprovação do Protocolo de Cooperação e Facilitação de In- que corrigiria a trajetória de sua balança comercial, atingindo saldo
vestimentos (2017), que amplia a segurança jurídica e aprimora o positivo.
ambiente para atração de novos investimentos na região; Após a retomada do crescimento entre abril de 1996 e junho
- Conclusão do acordo do Protocolo de Contratações Públicas de 1997, a crise dos Tigres Asiáticos76, que começou com a desvalo-
do MERCOSUL (2017), que cria oportunidades de negócios para as rização da moeda da Tailândia, se alastrou para Indonésia, Malásia,
nossas empresas, amplia o universo de fornecedores dos nossos ór- Filipinas e Hong Kong e acabou por atingir Nova York e os mercados
gãos públicos e reduz custos para o governo; financeiros mundiais.
- Encaminhamento positivo da grande maioria dos entraves ao A crise obrigou o governo a elevar novamente as taxas de juros
comércio intrabloco; e decretar um novo ajuste fiscal. Novamente a fuga de capitais vol-
- Modernização no tratamento dos regulamentos técnicos; tou a assolar a economia brasileira e o Plano Real.
- Apresentação dos projetos brasileiros para Iniciativas Facilita- A consequência foi a demissão de 33 mil funcionários públicos
doras de Comércio e Protocolo de Coerência Regulatória. não estáveis da União, suspensão do reajuste salarial do funciona-
- Tratamento do tema de proteção mútua de indicações geo- lismo público, redução em 15% dos gastos em atividades e corte de
gráficas entre Estados Partes do MERCOSUL; 6% no valor dos projetos de investimento para 1998, o que resultou
- Aprovação do Acordo do MERCOSUL sobre Direito Aplicável em uma diminuição de 0,12% do PIB naquele ano.
em Matéria de Contratos Internacionais de Consumo (2017), que A crise se intensificou em agosto com o aumento da instabili-
estabelece critérios para definir o direito aplicável a litígios dos con- dade financeira na Rússia, com a desvalorização do Rublo (moeda
sumidores em suas relações de consumo. russa) e a decretação da moratória por parte do governo.
Ainda há muito avanços necessários para consolidar o Mercado A resposta brasileira foi a mesma de sempre, a elevação da
Comum previsto no Tratado de Assunção, em todos os seus aspec- taxa de juros básica cresceu até 49% e um novo pacote fiscal surgiu
tos: a livre circulação de bens, serviços e outros fatores produtivos, no período de 1999/2001. No entanto, diferentemente das outras
incluindo a livre circulação de pessoas; a plena vigência da TEC e de duas crises, o governo recorreu ao FMI (Fundo Monetário Interna-
uma política comercial comum; a coordenação de políticas macro- cional) em dezembro de 1998, com quem obteve cerca de US$ 41,5
econômicas e setoriais; e a convergência das legislações nacionais bilhões, comprometendo-se a: manter o mesmo regime cambial,
dos Estados Partes. acelerar as privatizações e as reformas liberais, realizar o pacote
Na área institucional, é fundamental tornar o MERCOSUL mais fiscal e assumir metas com relação ao superávit primário. O que
ágil, moderno e dinâmico. Também há espaço para avançar na ra- gradativamente desvalorizou o Real.
cionalização da estrutura institucional do Bloco, tornando-a mais
enxuta, transparente e eficiente. O Fim da Âncora Cambial
Nas áreas de cidadania e das políticas sociais, as metas estão Nos primeiros dias do segundo governo de Fernando Henrique
dadas pelo Estatuto da Cidadania e pelo PEAS. Entre as prioridades Cardoso, em janeiro de 1999, a repercussão da crise cambial russa
estabelecidas pelo Brasil, destacam-se a facilitação da circulação de chegou ao seu limite no Brasil. As elevadas taxas de juros começa-
pessoas no MERCOSUL, por meio da modernização e simplificação vam a perder força como ferramenta de manutenção do capital ex-
dos procedimentos migratórios, e a plena implementação do siste-
ma de mobilidade acadêmica do MERCOSUL. 76 Cingapura, Coreia do Sul, Taiwan (República da China) e Hong Kong (região adminis-
trativa da República Popular da China).
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HISTÓRIA DO BRASIL

terno na economia brasileira e um novo déficit recorde na conta de Em 2005, o deputado federal Roberto Jefferson (PTB – RJ) de-
transações correntes obrigou o governo a mudar a banda cambial, nunciou no jornal Folha de São Paulo o esquema de compra de vo-
que foi ampliada para R$ 1,32. tos conhecido como Mensalão.
Logo no primeiro dia, o Real atingiu o limite máximo da ban- No Mensalão deputados da base aliada do PT recebiam uma
da, sendo desvalorizado em 8,2%, o que influenciou na queda do “mesada” de R$ 30 mil para votarem de acordo com os interesses
valor dos títulos brasileiros no exterior e das bolsas de valores do do partido. Entre os parlamentares envolvidos no esquema esta-
mundo todo. O Banco Central tentou defender o valor da moeda riam membros do PL (Partido Liberal), PP (Partido Progressista),
vendendo dólares, mas a saída de capitais continuou ameaçando PMDB (Partido do Movimento Democrático Brasileiro) e do PTB
se aproximar do limite de 20 bilhões, que foi acordado com o FMI (Partido Trabalhista Brasileiro).
no ano anterior. Nesse momento, o governo não teve outra escolha Entre os nomes mais citados do esquema estão: José Dirceu,
senão deixar o câmbio flutuar livremente, alcançando a cotação de que na época era ministro da Casa Civil e foi apontado como chefe
R$ 1,98 em relação ao Dólar em 13 dias. do esquema, Delúbio Soares era Tesoureiro do PT e foi acusado de
Os índices de desemprego atingiram um alto nível, alcançando efetuar os pagamentos aos participantes e Marcos Valério, que era
7,6 milhões de pessoas em 1999, número três vezes maior que os publicitário e foi acusado de arrecadar o dinheiro para os pagamen-
2 milhões do final da década de 1980. Apenas a Federação Russa, tos.
com 9,1 milhões e a Índia com 40 milhões possuíam taxas de de- Outras figuras de destaque no governo e no PT também foram
semprego maiores do que as do Brasil. apontadas como participantes do mensalão, tais como: José Geno-
No plano político, foi aprovada em 2000 a Lei de Responsabili- íno (presidente do PT), Sílvio Pereira (Secretário do PT), João Paulo
dade Fiscal, com o objetivo de controlar os gastos do poder público Cunha (Presidente da Câmara dos Deputados e ex-Ministro das Co-
e de restringir as dívidas deixadas por prefeitos e governadores a municações), Luiz Gushiken (Ministro dos Transportes), Anderson
seus sucessores. Adauto, e até mesmo o Ministro da Fazenda, Antônio Palocci.

O Governo Lula Governo Dilma Rousseff77

Pouco antes de encerrar seu primeiro mandato, Fernando Hen- Primeira Mulher Presidente
rique aprovou uma emenda que alterou a constituição, permitin- As viagens internacionais e os encontros com chefes de Estado
do a reeleição por mais um mandato. Com o fim de seu segundo marcaram os primeiros meses do governo Dilma em razão do inedi-
mandato em 2002, José Serra, que foi ministro da saúde e um dos tismo de o Brasil ser representado por uma presidente mulher. En-
fundadores do PSDB foi apoiado por Fernando Henrique para a su- tre as visitas mais importantes está a do presidente dos EUA, Barack
cessão. Obama, ao Brasil, em março de 2011.
Do lado da oposição, Lula concorreu à presidência pela quarta Em setembro, ela foi a primeira mulher a fazer o discurso de
vez, conseguindo levar a disputa para o segundo turno com o can- abertura da Assembleia Geral da ONU. Em sua fala, disse que era
didato tucano, quando obteve 61% dos votos válidos. A vitória de a “voz da democracia” e defendeu a criação do Estado Palestino.
Lula foi atribuída ao desejo de mudança na distribuição de riquezas, No roteiro de viagens de Dilma, além de países da América do
entre diversos grupos sociais. Sul, estiveram França, África, Bélgica, Grécia e Turquia.
Em seus dois mandatos, de 2003 a 2010, não foram adotadas
medidas grandiosas, com o presidente buscando ganhar progressi- Troca de Ministros e ‘Faxina Ética’
vamente a confiança de agentes econômicos nacionais e interna- Antes de completar um ano de governo, Dilma viu sete minis-
cionais. Foi mantida a política econômica do governo FHC, com a tros caírem, seis deles por acusações de corrupção. Em dezembro
busca pelo combate da inflação por meio de altas taxas de juros e de 2010, o recém-indicado ministro do Turismo, Pedro Novais, foi
estímulos à exportação. Em 2005 foi saldada a dívida com o FMI. o primeiro integrante do governo a ser acusado, antes mesmo da
Como resultado da política econômica, em julho de 2008 a dí- posse. Denunciado por irregularidades cometidas quando era de-
vida externa total do país era de US$ 205 bilhões, e o país possuía putado, acabou deixando a pasta em setembro de 2011.
reservas internacionais acima dos US$ 200 bilhões. As exportações O primeiro ministro a sair, no entanto, foi Antonio Palocci, que
bateram recordes sucessivos durante o governo Lula, com amplia- deixou a Casa Civil em 8 de junho do mesmo ano, um dia após as
ção do saldo positivo da balança comercial. acusações contra ele terem sido arquivadas pelo procurador-geral
No plano social, o projeto de maior repercussão e sucesso foi da República, Roberto Gurgel. Palocci era suspeito de enriqueci-
o Bolsa-Família, baseado na transferência direta de recursos para mento ilícito, porque teria multiplicado seu patrimônio em 20 vezes
famílias de baixa ou nenhuma renda. Em janeiro de 2009 o progra- nos quatro anos anteriores. A senadora Gleisi Hoffman (PT-PR) as-
ma já contava com mais de 10 milhões de famílias atendidas, rece- sumiu a pasta.
bendo uma remuneração que variava de R$ 20,00 a R$ 182,00. Para Os ministros Alfredo Nascimento (Transportes), Nelson Jobim
utilizar o programa, era exigência a frequência escolar e vacinação (Defesa), Wagner Rossi (Agricultura), Orlando Silva (Esportes) e Car-
das crianças. O programa teve como efeito a melhoria alimentar e los Lupi (Trabalho) completaram a lista de baixas.
nutricional das famílias mais pobres, além de uma leve diminuição A forma enérgica como Dilma lidou com esses episódios fez
nas desigualdades sociais. com que parte da população passasse a vê-la como a grande res-
Em seu segundo mandato, destacou-se o Programa de Acelera- ponsável pela “faxina ética” contra a corrupção.
ção do Crescimento (PAC).
O Mensalão
77 BBC BRASIL. De aprovação recorde ao impeachment: relembre os principais momentos
do Governo Dilma. BBC Brasil. http://www.bbc.com/portuguese/brasil-37207258
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HISTÓRIA DO BRASIL

Isso se refletiu na aprovação de 59% da população - o maior As desonerações aumentaram a dívida bruta do país. Em 2014,
índice para o primeiro mandato de um presidente desde a rede- o setor público gastou R$ 32,5 bilhões a mais do que arrecadou com
mocratização, maior até que a popularidade de Lula nos primeiros tributos — o equivalente a 0,63% do PIB, o primeiro déficit desde
quatro anos na presidência, que foi de 52%. 2002.

Lava Jato e Pasadena Pedaladas Fiscais


Deflagrada em março de 2014, a operação Lava Jato começou Em 2013 começaram a ocorrer as chamadas pedaladas fiscais,
a investigar um grande esquema de lavagem e desvio de dinheiro nome dado à prática do Tesouro Nacional de atrasar de forma pro-
envolvendo a Petrobras, grandes empreiteiras e políticos. posital o repasse de dinheiro para os bancos públicos, privados e
Uma das primeiras prisões, também em março, foi a do doleiro autarquias, como o INSS.
Alberto Youssef. Dias depois, houve a prisão de Paulo Roberto Cos- O objetivo era melhorar artificialmente as contas federais. Ao
ta, ex-diretor de abastecimento da Petrobras. Costa era investiga- deixar de transferir o dinheiro, o governo apresentava todos os me-
do pelo Ministério Público Federal por supostas irregularidades na ses despesas menores do que elas deveriam ser na prática.
compra pela Petrobras da refinaria de Pasadena, no Texas, em 2006.
Indícios de que a compra da refinaria teria sido desastrosa para Segundo Governo Dilma
a estatal - em uma época em que Dilma ainda era ministra de Minas
e Energia do governo Lula e presidente do Conselho Administrativo Eleições de 2014
da empresa - levaram ao pedido de instalação de uma Comissão A campanha presidencial foi marcada pela disputa acirrada
Parlamentar de Inquérito. Duas CPIs acabaram sendo criadas: uma por votos e pela morte do candidato do PSB, Eduardo Campos, que
exclusiva do Senado e uma mista. estava em terceiro lugar nas pesquisas e era considerado uma via
Depois de meses de investigação, a CPI mista aprovou o rela- alternativa à oposição PT-PSDB. Marina Silva, substituta de Campos,
tório do deputado Marco Maia (PT-RS), que pedia o indiciamento logo saiu do páreo. Dilma foi reeleita com 51,64% dos votos válidos.
de 52 pessoas e reconhecia prejuízo de US$ 561,5 milhões (R$ 1,9
bilhão) à época, na compra da refinaria. Popularidade Abalada
Costa e Youssef assinaram com o Ministério Público Federal A popularidade da presidente se inverteu no segundo man-
acordos de delação premiada para explicar detalhes do esquema e dato, com os efeitos da situação econômica e da crise de gover-
receber, em contrapartida, alívio de penas. nabilidade. Nos primeiros três meses de 2016, pesquisa CNI-Ibope
Em novembro de 2014, a Polícia Federal deflagrou uma nova (Confederação Nacional da Indústria) apontou que somente 24%
fase da Lava Jato, que envolveu buscas em grandes empreiteiras dos entrevistados diziam confiar em Dilma, o pior resultado desde
como Camargo Corrêa, OAS, Odebrecht e outras sete companhias. o início do segundo mandato do ex-presidente Fernando Henrique
Cardoso, em 1999.
Economia em Desaceleração
No primeiro ano do governo Dilma a economia já dava sinais Ajuste Fiscal e Desemprego
de desaceleração, depois de o PIB brasileiro ter crescido 7,5% em No primeiro mandato, sinais de que a meta do superávit pri-
2010, o maior avanço desde 1986. Em 2011, o PIB cresceu 2,7%, mário (economia para pagar os juros da dívida) não seria cumprida
bem menos que os 5,5% projetados. levaram o governo a adotar, no primeiro mandato, um ajuste fiscal
O ponto positivo ficou por conta do emprego formal, que se voltado à redução de gastos públicos.
mantinha em alta e apenas 5% da população economicamente Em 2015, encabeçado pelo então ministro da Fazenda, Joaquim
ativa estava desempregada. No entanto, à medida que o primeiro Levy, o ajuste voltou a fazer parte da agenda econômica do gover-
mandato avançava, a economia apresentava mais resultados preo- no, mas para recompor as receitas. A nova prioridade da política
cupantes. econômica era reequilibrar as contas públicas.
Em 2012, ela cresceu 0,9%, o pior desempenho desde 2009. No Para isso, Levy lançou medidas que ficaram conhecidas como
ano seguinte, se recuperou impulsionada pela alta de investimen- “pacote de maldades”, com o objetivo de aumentar a arrecadação
tos - o governo fez várias linhas de financiamento - e a alta do PIB federal e retomar o crescimento da economia, entre elas, medidas
foi de 2,3%. provisórias que alteraram o acesso a direitos previdenciários como
Para enfrentar a desaceleração, o governo apelou para medi- seguro-desemprego e pensão por morte. Logo nos primeiros me-
das de desoneração, tanto para o setor produtivo quanto para os ses, houve também ajustes nos preços dos combustíveis e da eletri-
consumidores. Pacotes de estímulos fiscais e financeiros também cidade para aumentar a arrecadação.
foram lançados contra os gargalos de infraestrutura, como nas es- No entanto, muitos economistas consideram que o corte ne-
tradas e portos. cessário de gastos não veio, assim como o aumento de impostos, o
Segundo cálculos feitos por auditores da Receita Federal para a que foi agravado pela crescente dificuldade do governo de dialogar
Folha de S. Paulo, as desonerações concedidas pelo governo desde com o Congresso.
2011 somariam estimados R$ 458 bilhões em 2018, quando deveria Em 2015, o PIB caiu 3,8%. Tarifas de ônibus e energia elétrica,
terminar o segundo mandato de Dilma. além de impostos e taxas, como IPVA e IPTU, estiveram por trás da
A redução de impostos começou no governo Lula, como forma alta da inflação, que bateu 7% nos primeiros meses do ano.
de estimular o crescimento do país. No entanto, passou a ser mais Com a economia em crise, o mercado de trabalho passou por
intensa quando Dilma foi eleita e avançou fortemente no primeiro dificuldades, com reflexos sobre o emprego e formalização do tra-
ano de mandato. balho.

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HISTÓRIA DO BRASIL

A taxa de desemprego do país cresceu para 8,5% na média O processo seguiu para o Senado. No dia 6 de maio, a Comissão
no ano passado, conforme divulgação do IBGE. Esse resultado é o Especial do Impeachment da Casa aprovou por 15 votos a 5, o pa-
maior já medido pela Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amos- recer do relator Antonio Anastasia (PSDB-MG), favorável à abertura
tra de Domicílios), iniciada em 2012. Em 2014, a média foi de 6,8%. de um processo contra Dilma.
Depois de uma sequência de derrotas em sua batalha para pro- Em seguida, o plenário decidiu por 55 votos a 20 que a petista
mover o ajuste, inclusive a perda do grau de investimento do país, seria processada e, assim, afastada temporariamente do cargo para
Levy deixou o governo em dezembro de 2015. o julgamento. Ela deixou o cargo em 12 de maio. Em seu primeiro
discurso na nova condição, Dilma Rousseff afirmou que o processo
Lava Jato de impeachment era “fraudulento” e um “verdadeiro golpe”.
As fases da operação Lava Jato monopolizaram as manchetes
dos jornais desde 2014. Entre os momentos mais importantes estão Posse de Michel Temer
a prisão dos presidentes da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, e da
Andrade Gutierrez, Otávio Marques de Azevedo. Três horas após o afastamento de Dilma Rousseff, Michel Temer
O ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto foi condenado a 15 foi empossado o novo presidente da República. Na primeira reu-
anos e quatro meses de prisão por corrupção passiva, lavagem de nião ministerial do governo, Temer destacou que agora a cobrança
dinheiro e associação criminosa. Ele teria recebido cerca de R$ 4,26 sobre o governo seria “muito maior” e rejeitou a acusação de que
milhões em propinas envolvendo contratos da Petrobras. O então o impeachment foi um golpe. “Golpista é você, que está contra a
senador e líder do governo no Senado Delcídio do Amaral (ex-PT) Constituição”, afirmou dirigindo-se a Dilma.
foi preso sob acusação de tentar obstruir as investigações da Lava
Jato, foi o primeiro caso no Brasil de prisão de senador no exercício Repercussão e Manifestações
do cargo. Após a votação final do impeachment, houve protestos a favor
e contra Temer pelo país. A Avenida Paulista, se tornou um exemplo
Protestos “Fora Dilma” da divergência de opiniões entre os manifestantes. Um grupo pro-
Em um cenário de crise econômica e ajustes fiscais, a repro- testava contra o impeachment, enquanto outro comemorava seu
vação do governo Dilma chegou a 62% em 2015, de acordo com o desfecho.
Datafolha, e levou milhares às ruas das principais cidades do país.
As principais bandeiras dos manifestantes eram o combate a cor- Repercussão Internacional
rupção e a saída de Dilma e do PT do governo. Muitos elogiavam a A rede norte-americana CNN deu grande destaque à notícia em
atuação do juiz Sérgio Moro, da Lava Jato. seu site e afirmou que a decisão é “um grande revés” para Dilma,
Realizada após novos protestos nas ruas, pesquisa do Datafo- mas “pode não ser o fim de sua carreira política”. O argentino “Cla-
lha indicou que o segundo mandato da petista já alcançou a mais rín” afirma que o afastamento de Dilma marca “o fim de uma era no
alta taxa de rejeição de um presidente desde setembro de 1992, Brasil”. O “El País”, da Espanha, chamou a atenção para a resistência
pouco antes do impeachment de Fernando Collor. da ex-presidente, que decidiu enfrentar o processo até o final, ape-
sar das previsões de que seu afastamento seria concretizado.
Saída do PMDB e Isolamento
A saída do PMDB, partido do vice-presidente, Michel Temer, da E como fica agora?78
base aliada concretizou o isolamento da presidente no Congresso. O rito da destituição de Dilma foi consumado e o Partido dos
O afastamento da presidente dos parlamentares se agravou com a Trabalhadores (PT), que a sustentava, passa à oposição depois de
marcha do processo de impeachment e o convite feito a Lula para 13 anos no poder. Porém o Senado manteve os direitos políticos de
ocupar a Casa Civil. Dilma, o que lhe permitirá se candidatar a cargos eletivos e exercer
A tentativa de trazer Lula para construir pontes com os parti- funções na administração pública.
dos enfrentou forte resistência e levou milhares de manifestantes A saída da presidente era desejada, segundo as pesquisas, por
às ruas, além de afastar possibilidades de novas alianças. 61% dos brasileiros, o que não impede que tenha sido uma como-
ção nacional.
Impeachment Atualmente o presidente Temer está afundado em denúncias
Em dezembro de 2015, o presidente da Câmara, Eduardo e escândalos e também sofre grande pressão para deixar o cargo.
Cunha, autorizou o pedido para a abertura do processo de impe-
achment de Dilma Rousseff. Ele deu andamento ao requerimento O Brasil escolhe Jair Bolsonaro
formulado pelos juristas Hélio Bicudo, fundador do PT, Janaina Pas-
choal e Miguel Reale Júnior. Os juristas atacaram as chamadas «pe- Vitória de ex-capitão defensor do regime militar marca volta da
daladas fiscais», prática atribuída ao governo de atrasar repasses extrema direita brasileira ao poder e sucesso de campanha antissis-
a bancos públicos a fim de cumprir as metas parciais da previsão tema com estrutura heterodoxa. Resultado também é novo fracas-
orçamentária. so para ex-presidente Lula79.
Em abril, a Câmara aprovou a Comissão Especial do Impeach- Após quatro anos de crise política e econômica, casos rumo-
ment. Por 38 votos a 27, a comissão aprovou no dia 11 de abril o rosos de corrupção e uma campanha tensa que demoliu antigos
parecer do relator Jovair Arantes (PTB-GO) favorável à abertura do padrões eleitorais, os brasileiros elegeram um militar reformado de
processo de afastamento da presidente. O afastamento da presi- extrema direita para o cargo máximo do país.
dente também passou pelo plenário da Câmara, por 367 votos a 78 http://brasil.elpais.com/brasil/2016/09/01/opinion/1472682823_081379.html
favor e 137 contra. 79 Deutsche Welle. O Brasil escolhe Jair Bolsonaro. DW. https://www.dw.com/pt-br/o-
brasil-escolhe-jair-bolsonaro/a-46065651.
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HISTÓRIA DO BRASIL

Jair Bolsonaro (PSL), um deputado que por mais de duas déca-


das foi considerado um pária no mundo político brasileiro, mas que QUESTÕES
soube aproveitar o sentimento antissistema e antipetista de parte
do eleitorado, foi eleito presidente com 55,13% dos votos válidos.
Seu adversário, o petista Fernando Haddad, que substituiu o ex-pre- 1. No final do Século XIV, o único Estado centralizado e livre de
sidente Lula ao longo da campanha, recebeu 44,87%. guerras, o que lhe permitiu ser o pioneiro na expansão ultramarina,
Em seu discurso de vitória, Bolsonaro ignorou o seu adversário era o
no segundo turno, e preferiu falar de Deus e em “quebrar paradig- (A) espanhol.
mas”. Ele prometeu governar “seguindo os ensinamentos de Deus (B) inglês.
ao lado da Constituição”. “Não poderíamos mais continuar flertan- (C) francês.
do com o socialismo, com o comunismo e com o populismo, e com (D) holandês.
o extremismo da esquerda”, completou. Em frente à casa do presi- (E) português
dente eleito, centenas de apoiadores se reuniram para celebrar a
vitória e entoar coros antipetistas. 2. A expansão marítima e comercial empreendida pelos portu-
gueses nos séculos XV e XVI está ligada:
Campanha Eleitoral (A) aos interesses mercantis voltados para as “especiarias” do
Sua ascensão a partir de 2017 foi completamente subestimada Oriente, responsáveis inclusive, pela não exploração do ouro e
pelas forças políticas tradicionais, que chegaram a expressar o de- do marfim africanos encontrados ainda no século XV;
sejo de tê-lo como adversário, acreditando que seu radicalismo e o (B) à tradição marítima lusitana, direcionada para o “mar Ocea-
certo amadorismo de sua campanha seriam facilmente rejeitados no” (Atlântico) em busca de ilhas fabulosas e grandes tesouros;
pela maior parte do eleitorado em um confronto direto. Até setem- (C) à existência de planos meticulosos traçados pelos sábios da
bro deste ano, era o futuro eleitoral de Lula que ainda monopoliza- Escola de Sagres, que previam poder alcançar o Oriente nave-
va as atenções. gando para o Ocidente;
Mas, alimentado sobretudo pelo crescente antipetismo e des- (D) a diversas casualidades que, aliadas aos conhecimentos ge-
prezo de parte do eleitorado aos políticos tradicionais e compen- ográficos muçulmanos, permitiram avançar sempre para o Sul
sando sua falta de recursos com forte presença nas redes sociais, e assim, atingir as Índias;
Bolsonaro continuou a crescer. Ele não adotou nenhuma tática mais (E) ao caráter sistemático que assumiu a empresa mercantil,
moderada, preferindo explorar a retórica do confronto e apostando explorando o litoral africano, mas sempre em busca da “passa-
em declarações ultrajantes e de ódio aos adversários, que muitas gem” que levaria às Índias
vezes flertavam com a violência política.
O próprio presidente eleito chegou a ser vítima de um episódio
de violência ao longo da campanha e por pouco não morreu. Atin- 3. A partir dos estudos realizados pelo governo português, o
gido por um ataque a faca, Bolsonaro permaneceu a maior parte da pioneirismo na expansão ultramarina estava em suas mãos, como
campanha afastado de atos públicos. Primeiro, transformou o hos- grande marco do início da dominação portuguesa, responda qual
pital em quartel-general da campanha. Depois, passou a comandar foi o marco que dá início a sua dominação.
a candidatura de casa. (A) Colonização da Guiné
O ataque não diminuiu a retórica do candidato, que continuou (B) Chegada dos portugueses ao Brasil
a apostar nas táticas agressivas, mesclando ainda populismo e na- (C) Dominação de Ceuta
cionalismo. Nas redes sociais, compensou o tom vago das suas pro- (D) Chegada as Índias
postas com uma verdadeira indústria de ataques aos adversários, (E) Realização do chamado “périplo africano”
que na maioria das vezes promoviam mentiras grosseiras e boatos.
Essa “tempestade perfeita” que levou Bolsonaro ao poder também 4. (Cesgranrio) O início da colonização portuguesa no Brasil, no
escondeu as próprias contradições do candidato, uma voz que pre- chamado período “pré-colonial” (1500-1530), foi marcado pelo(a):
gava um discurso antissistema, mas que era um político profissional (A) envio de expedições exploratórias do litoral e pelo escambo
com 28 anos na Câmara e que criou uma verdadeira dinastia polí- do pau-brasil;
tica, um defensor do Exército que cometeu atos de indisciplina e (B) plantio e exploração do pau-brasil, associado ao tráfico afri-
deslealdade contra a instituição nos anos 1980. cano.
A vitória de Bolsonaro marca a volta da direita radical ao po- (C) deslocamento, para a América, da estrutura administrativa
der no Brasil. Defensor do regime militar (1964-1985), Bolsonaro já e militar já experimentada no Oriente;
defendeu a tortura e o assassinato de militantes durante o período. (D) fixação de grupos missionários de várias ordens religiosas
Passando para a posição de chefe de Estado, ele deve garantir um para catequizar os indígenas;
protagonismo ainda maior de atuais e antigos membros das Forças (E) implantação da lavoura canavieira, apoiada em capitais ho-
Armadas. Diversos generais são cotados para assumir ministérios e landeses.
seu vice também é um militar reformado.

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5. (USS) Assinale a alternativa correta a respeito do período 8. “Apesar dos exageros e incorreções, a Lettera de Américo
pré-colonial brasileiro: Vespúcio para Piero Soderini com certeza continha várias passagens
(A) Os franceses não reconheciam o domínio português, tanto verídicas. Uma delas é o trecho no qual, referindo-se à sua primeira
que chegaram a se estabelecer no Rio de Janeiro e no Mara- viagem ao Brasil, realizada entre maio de 1501 e julho de 1502, Ves-
nhão. púcio afirma: ‘Nessa costa não vimos coisa de proveito, exceto uma
(B) O trabalho intenso de Anchieta e Nóbrega na catequese dos infinidade de árvores de pau-brasil (...) e já tendo estado na viagem
índios tinha o objetivo de impedir a escravização do gentio. bem dez meses, e visto que nessa terra não encontrávamos coisa de
(C) A ocupação temporária europeia, por meio de feitorias, de- metal algum, acordamos despedirmo-nos dela.’ Deve ter sido exata-
veu-se à inexistência de organização social produtora de exce- mente esse o teor do relatório que Vespúcio entregou para o rei D.
dentes negociáveis. Manoel, em julho de 1502, logo após desembarcar em Lisboa, ao fi-
(D) A cordialidade dos indígenas contrastava com a hostilida- nal de sua primeira viagem sob bandeira portuguesa. O diagnóstico
de europeia dos portugueses, cujo objetivo metalista conduzia de Vespúcio selou o destino do Brasil pelas duas décadas seguintes.
sempre à prática da violência. Afinal, no mesmo instante em que era informado pelo florentino
(E) A cordialidade inicial entre europeus e índios deveu-se ao da inexistência de metais e de especiarias no território descoberto
fato de que o objetivo catequético superava os fins materiais por Cabral, D. Manoel concentrava todos os seus esforços na busca
da expansão marítima. pelas extraordinárias riquezas do Oriente.
(BUENO, Eduardo. Náufragos, traficantes e degredados: as
6. (Fuvest) A colonização, apesar de toda violência e disrupção, primeiras expedições ao Brasil.
não excluiu processos de reconstrução e recriação cultural conduzi- Rio de Janeiro: Editora Objetiva, 1998, p. 65.)
dos pelos povos indígenas. É um erro comum crer que a história da A descoberta do Brasil não alterou os rumos da expansão por-
conquista representa, para os índios, uma sucessão linear de perdas tuguesa voltada prioritariamente para o Oriente, o que explica as
em vidas, terras e distintividade cultural. A cultura xinguana – que características dos primeiros anos da colonização brasileira, entre
aparecerá para a nação brasileira nos anos 1940 como símbolo de as quais se inclui o (a):
uma tradição estática, original e intocada – é, ao inverso, o resul- (A) caráter militar da ocupação, visando à defesa das rotas
tado de uma história de contatos e mudanças, que tem início no atlânticas;
século X d.C. e continua até hoje. (B) escambo com os indígenas, garantindo o baixo custo da ex-
Carlos Fausto. Os índios antes do Brasil. ploração;
Rio de Janeiro: Zahar, 2005. (C) abertura das atividades extrativas da colônia a comercian-
Com base no trecho acima, é correto afirmar que tes das outras potências europeias;
(A) o processo colonizador europeu não foi violento como se (D) migração imediata de expressivos contingentes de euro-
costuma afirmar, já que ele preservou e até mesmo valorizou peus e africanos para a ocupação do território;
várias culturas indígenas. (E) exploração sistemática do interior do continente em busca
(B) várias culturas indígenas resistiram e sobreviveram, mes- de metais preciosos
mo com alterações, ao processo colonizador europeu, como a
xinguana. 9. (Espcex - Aman) “Os primeiros trinta anos da História do
(C) a cultura indígena, extinta graças ao processo colonizador Brasil são conhecidos como período Pré-Colonial. Nesse período,
europeu, foi recriada de modo mitológico no Brasil dos anos a coroa portuguesa iniciou a dominação das terras brasileiras, sem,
1940. no entanto, traçar um plano de ocupação efetiva. […] A atenção da
(D) a cultura xinguana, ao contrário de outras culturas indíge- burguesia metropolitana e do governo português estavam voltados
nas, não foi afetada pelo processo colonizador europeu. para o comércio com o Oriente, que desde a viagem de Vasco da
(E) não há relação direta entre, de um lado, o processo coloni- Gama, no final do século XV, havia sido monopolizado pelo Estado
zador europeu e, de outro, a mortalidade indígena e a perda de português. […] O desinteresse português em relação ao Brasil es-
sua identidade cultural. tava em conformidade com os interesses mercantilistas da época,
como observou o navegante Américo Vespúcio, após a exploração
7. (Cesgranrio) O início da colonização portuguesa no Brasil, no do litoral brasileiro, pode-se dizer que não encontramos nada de
chamado período “pré-colonial” (1500-1530), foi marcado pelo(a): proveito”.
(A) envio de expedições exploratórias do litoral e pelo escambo Berutti, 2004.
do pau-brasil; Sobre o período retratado no texto, pode-se afirmar que o(a)
(B) plantio e exploração do pau-brasil, associado ao tráfico afri- (A) desinteresse português pelo Brasil nos primeiros anos de
cano. colonização, deu-se em decorrência dos tratados comerciais
(C) deslocamento, para a América, da estrutura administrativa assinados com a Espanha, que tinha prioridade pela exploração
e militar já experimentada no Oriente; de terras situadas a oeste de Greenwich.
(D) fixação de grupos missionários de várias ordens religiosas (B) maior distância marítima era a maior desvantagem brasilei-
para catequizar os indígenas; ra em relação ao comércio com as Índias.
(E) implantação da lavoura canavieira, apoiada em capitais ho- (C) desinteresse português pode ser melhor explicado pela re-
landeses. sistência oferecida pelos indígenas que dificultavam o desem-
barque e o reconhecimento das novas terras.

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(D) abertura de um novo mercado na América do Sul, ampliava (C) O pau-brasil foi um dos primeiros produtos explorados no
as possibilidades de lucro da burguesia metropolitana portu- Brasil, sendo obtido pelos europeus numa relação de escambo
guesa. com os nativos.
(E) relativo descaso português pelo Brasil, nos primeiros trinta (D) O ciclo da cana-de-açúcar foi fundamental para a criação de
anos de História, explica-se pela aparente inexistência de arti- um mercado econômico interno, realizando a ligação comercial
gos (ou produtos) que atendiam aos interesses daqueles que entre o litoral e o interior da colônia.
patrocinavam as expedições.
13. (Prefeitura de Padre Bernardo/GO - Contador) Entre 1708
10. (TJ/SC - Analista Administrativo - TJ) Sobre o Período Colo- e 1709 o estado de Minas Gerais foi palco de um conflito marcado
nial Brasileiro, assinale a alternativa INCORRETA: pela disputa pelo Ouro. Tal guerra se baseou no conflito entre ban-
(A) De 1500 a 1530 a economia brasileira gravitou em torno do deirantes paulistas e forasteiros que buscavam a riqueza oriunda
pau-brasil. Após 1530, declinando o comércio com as Índias, a dos metais preciosos. Tal conflito ficou conhecido como:
coroa portuguesa decidiu-se pela colonização do Brasil. (A) Guerra das Emboabas.
(B) A extração do pau-brasil foi declarada estanco, ou seja, (B) Inconfidência Mineira.
passou a ser um monopólio real, cabendo ao rei conceder a (C) Levante de Vila Rica.
permissão a alguém para explorar comercialmente a madeira. (D) Guerra Mata Maroto.
O primeiro arrendatário a ser beneficiado com o estanco foi
Fernando de Noronha, em 1502. 14. (PUC) “Nenhuma outra forma de exploração agrária no
(C) A administração colonial foi efetuada inicialmente por meio Brasil colonial resume tão bem as características básicas da grande
do sistema de Capitanias Hereditárias. Com seu fracasso foram lavoura como o engenho de açúcar.”
instituídos os Governos Gerais, não para acabar com as capita- Alice Canabrava, in Sérgio Buarque de Holanda (org.) História
nias, mas para centralizar sua administração. geral da civilização brasileira. Rio de Janeiro: Difel, 1963, tomo I,
(D) No sistema de Capitanias hereditárias a ocupação das terras vol. 2..
era assegurada pela Carta de Doação e pelo Foral. A carta de A frase pode ser considerada correta, entre outros motivos,
doação determinava os direitos e deveres dos donatários e o porque na produção açucareira:
Foral cedia aos donatários as terras, bem como o poder admi- (A) prevalecia o regime de trabalho escravo e a grande proprie-
nistrativo e jurídico das mesmas. dade monocultora.
(E) O primeiro núcleo de colonização do Brasil foi a Vila de São (B) havia emprego reduzido de mão de obra e prevalecia a agri-
Vicente, fundada no litoral paulista em 1532. cultura de subsistência.
(C) prevalecia a atenção ao mercado consumidor interno e à
11. (TJ/SC - Assistente Social - TJ) Sobre o Período Colonial bra- distribuição das mercadorias nas grandes cidades.
sileiro, assinale a única alternativa que está INCORRETA: (D) havia disposição modernizadora do aparato produtivo e
(A) Portugal só deu início à colonização das terras conquista- prevalecia a mão de obra assalariada.
das, que passaram a chamar-se Brasil, devido à pressão que (E) prevalecia a pequena propriedade familiar e a diversificação
sofria com o declínio de seu comércio com o oriente e com a de culturas
sistemática ameaça estrangeira no território brasileiro.
(B) O sistema de Capitanias Hereditárias foi implantado por D. 15. (VUNESP) Leia o texto para responder à questão.
João III mas não teve o sucesso esperado. Entre os fatores que O Brasil colonial foi organizado como uma empresa comercial
contribuíram para o fracasso das capitanias podemos citar: fal- resultante de uma aliança entre a burguesia mercantil, a Coroa e a
ta de terras férteis em algumas regiões, falta de interesse dos nobreza. Essa aliança refletiu-se numa política de terras que incor-
donatários, conflitos com os indígenas, falta de recursos finan- porou concepções rurais tanto feudais como mercantis.
ceiros para o empreendimento por parte de quem recebia a (Emília Viotti da Costa. Da Monarquia à República, 1987.)
capitania. A afirmação de que “O Brasil colonial foi organizado como uma
(C) Tomé de Souza foi o primeiro Governador-Geral do Brasil e empresa comercial resultante de uma aliança entre a burguesia
a sede do governo geral foi estabelecida na Bahia. mercantil, a Coroa e a nobreza” indica que a colonização portugue-
(D) A estrutura econômica brasileira do período colonial tinha sa do Brasil
como principais características a monocultura, o latifúndio, o (A) desenvolveu-se de forma semelhante às colonizações es-
trabalho escravo e a produção para o mercado externo. panhola e britânica nas Américas, ao evitar a exploração siste-
(E) O primeiro núcleo de colonização do Brasil foi a Vila de San- mática das novas terras e privilegiar os esforços de ocupação e
tos, fundada em 1532. povoamento.
(B) implicou um conjunto de articulações políticas e sociais,
12. (PC/SC - Investigador de Polícia - ACAFE) Sobre a economia que derivavam, entre outros fatores, do exercício do domínio
do período colonial do Brasil, todas as alternativas estão corretas, político pela metrópole e de uma política de concessões de pri-
exceto a: vilégios e vantagens comerciais.
(A) O ciclo do ouro contribuiu para a formação de núcleos ur- (C) alijou, do processo colonizador, os setores populares, que
banos no interior do Brasil e para a transferência da capital da foram impedidos de se transferir para a colônia e não puderam,
colônia de Salvador para o Rio de Janeiro. por isso, aproveitar as novas oportunidades de emprego que
(B) A propriedade agrícola no qual se baseava o sistema colo- se abriam.
nial tinha duas características básicas: a monocultura e o tra-
balho escravo.
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(D) incorporou as diversas classes sociais existentes em Portu- 19. O período monárquico no Brasil costuma ser dividido em
gal, que mantiveram, nas terras coloniais, os mesmos direitos três momentos distintos: Primeiro Reinado (1822-1831); Regências
políticos e trabalhistas de que desfrutavam na metrópole. (1831 1840) e Segundo Reinado (1840-1889). Sobre as principais
(E) alterou as relações políticas dentro de Portugal, pois pro- questões que marcaram esses momentos, assinale a alternativa in-
vocou o aumento da participação dos burgueses nos assuntos correta.
nacionais e eliminou a influência da aristocracia palaciana so- (A) A Guerra do Paraguai marcou o Primeiro Reinado e foi a
bre o rei. grande responsável pelo enfraquecimento do poder de D. Pe-
dro I, resultando na Independência do Brasil.
16. (Prefeitura de Monte Mor/SP – Agente de Transito – CON- (B) A primeira etapa da monarquia brasileira teve dificuldades
SESP) Historicamente, o primeiro passo para o advento do Parla- para se consolidar, o Primeiro Reinado foi curto e marcado por
mentarismo no Brasil, ocorreu na época do Império com: tumultos e conflitos entre D. Pedro I - que era português com
(A) A Constituição outorgada em 1824 os brasileiros.
(B) A criação da presidência do Conselho de Ministros por D. (C) A primeira Constituição Brasileira foi outorgada em 1824,
Pedro II por D. Pedro I.
(C) A abdicação de D, Pedro I (D) A segunda etapa da história do Brasil monárquico inicia-se
(D) A declaração da maioridade em 1831, com a renúncia de D. Pedro I em favor do filho Pedro
de Alcântara, com apenas cinco anos de idade.
17. (IF/AL – Professor-História – CEFET/AL) No processo cres- (E) O terceiro momento da monarquia no Brasil inicia-se com o
cente que levou à abolição dos escravos (1888), o Brasil passou a reinado de Dom Pedro II, período marcado pela centralização
instituir uma legislação que iria culminar com a abolição. Em 1850 do poder de um lado e pelas disputas político-partidárias entre
foi sancionada a Lei Euzébio de Queiróz (proibição do tráfico de es- liberais e conservadores, de outro.
cravos). Em contrapartida o império instituiu a Lei das Terras, que
significou: 20. (UEL/PR) “[...] explodiu na província do Grão-Pará o movi-
(A) Objetivando regularizar os quilombos que existiam no Bra- mento armado mais popular do Brasil [...]. Foi uma das rebeliões
sil, foi criada a Lei das Terras, dessa forma, os quilombolas po- brasileiras em que as camadas inferiores ocuparam o poder.”
deriam permanecer nas terras ocupadas. Ao texto podem-se associar:
(B) O império objetivava com a criação da LEI DAS TERRAS faci- (A) a Regência e a Cabanagem.
litar a aquisição de terras pelos negros libertos e dificultar para (B) o Primeiro Reinado e a Praieira.
os imigrantes. (C) o Segundo Reinado e a Farroupilha.
(C) A Lei das Terras tinha o objetivo de restringir terras para os (D) o Período Joanino e a Sabinada.
novos libertos e facilitar para os imigrantes. (E) a abdicação e a Noite das Garrafadas.
(D) Pensando em proteger os negros libertos, a Lei das Terras
seria um arcabouço jurídico que protegeria todos os brasileiros. 21. (FATEC) Em 4 de setembro de 1850, foi sancionada no Brasil
(E) Visando a aumentar os valores das terras, a lei foi criada di- a Lei Eusébio de Queirós (ministro da Justiça), que abolia o tráfico
ficultando, assim, a compra por parte dos libertos, favorecendo negreiro em nosso país. Em decorrência dessa lei, o governo impe-
a permanência dos libertos como trabalhadores nas fazendas rial brasileiro aprovou outra, “a Lei de Terras”.
já existentes. Dentre as alternativas a seguir, assinale a correta.
(A) A Lei de Terras facilitava a ocupação de propriedades pelos
18. (SEDUC/AM – Professor-História – FGV) A Constituição do imigrantes que passaram a chegar ao Brasil.
Império do Brasil, outorgada por D. Pedro I em 1824, inaugurou for- (B) A Lei de Terras dificultou a posse das terras pelos imigran-
malmente um sistema político-eleitoral que sofreu algumas altera- tes, mas facilitou aos negros libertos o acesso a elas.
ções ao longo do período monárquico (1822-1889). (C) O governo imperial, temendo o controle das terras pelo co-
Assinale a opção que caracteriza corretamente uma dessas al- ronéis, inspirou-se no “Act Homesteade” americano, para rea-
terações. lizar uma distribuição de terras aos camponeses mais pobres.
(A) 1834 – modificação da Constituição extinguiu o Poder Mo- (D) A Lei de Terras visava a aumentar o valor das terras e obri-
derador, assegurando a independência dos três poderes. gar os imigrantes a vender sua força de trabalho para os cafei-
(B) 1840 – interpretação parcial da Reforma Constitucional de cultores.
1834, ampliando a autonomia dos legislativos provinciais. (E) O objetivo do governo imperial, com esta lei, era proteger e
(C) 1847 – criação do cargo de Presidente do Conselho de Mi- regularizar a situação das dezenas de quilombos que existiam
nistros, inaugurando o “parlamentarismo às avessas”. no Brasil.
(D) 1855 – reforma eleitoral denominada “Lei dos Círculos”, ex-
tinguindo o voto distrital da Constituição do Império. 22. (TRT 3ª Região/MG - Analista Judiciário - História - FCC)
(E) 1881 – nova reforma eleitoral conhecida como “Lei Saraiva”, Seu Mundinho, todo esse tempo combati o senhor. Fui eu quem
estendendo o direito de voto aos analfabetos. mandou atirar em Aristóteles. Estava preparado para virar Ilhéus
do avesso. Os jagunços estavam de atalaia, prontos para obedecer.
Os meus e os outros amigos, para acabar com a eleição. Agora tudo
acabou.
(In: AMADO, Jorge. Gabriela, cravo e canela)

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HISTÓRIA DO BRASIL

O texto descreve uma realidade que, na história do Brasil, iden- A corrente ideológica a que o texto se refere, e que dominou a
tifica o cena do movimento operário brasileiro durante a segunda década
(A) tenentismo, que considerava o exército como a única força do século XX,
capaz de conduzir os destinos do povo. (A) pode ser tratada como um sistema de pensamento social vi-
(B) coronelismo, que se constituía em uma forma de o poder sando a modificações fundamentais na estrutura da sociedade
privado se manifestar por meio da política. com o objetivo de substituir a autoridade do Estado por algu-
(C) mandonismo, criado com o objetivo de administrar os con- ma forma de cooperação não governamental entre indivíduos
flitos no interior das elites agrárias do país. livres.
(D) messianismo, entidade com poderes políticos capaz de sub- (B) investe contra o capital e o Estado capitalista, pretenden-
jugar a população por meio da força. do substitui-lo por uma livre associação de produtores diretos,
(E) integralismo, que consistia em uma forma de a oligarquia possuidores dos meios de produção e na organização do sindi-
cafeeira demonstrar sua influência e poder político. cato único como meio de promover a emancipação das classes
trabalhadoras.
23. (TRT 3ª Região/MG - Analista Judiciário - História - FCC) (C) defende a coletivização dos meios de produção, a violência
Para responder à questão, considere o texto abaixo. nas lutas operárias e dá ênfase ao papel que os sindicatos de-
... A forma federativa deu ampla autonomia aos Estados, com sempenhariam na obra emancipadora dos trabalhadores e da
a possibilidade de contrair empréstimos externos, constituir forças sociedade, e na luta operária para a conquista do Estado.
militares próprias e uma justiça estadual. (D) argumenta que o sindicalismo operário deve ser o articula-
[...] A representação na Câmara dos Deputados, proporcional dor da autogestão e um instrumento do plano econômico e da
ao número de habitantes dos Estados, foi outro princípio aprova- unidade de produção, e que as diversas associações produtivas
do... devem ser coordenadas pelas federações sindicais ligadas ao
[...] A aceitação resignada da candidatura Prudente de Moraes, Estado.
que marcou o início da república civil oligárquica, consolidada por (E) inclina-se pelo caminho revolucionário ao sustentar a ne-
Campos Sales, se deu em um momento difícil, quando Floriano de- cessidade de realizar de imediato a tese marxista segundo a
pendia do apoio regional [...]. qual o critério de distribuição de bens e serviços deveria ser
(Adaptado de: FAUSTO, Boris. Pequenos ensaios de História da determinada pelas assembleias sindicais de cada Estado da Fe-
República (1889-1945). São Paulo: Cebrap, 1972, p. 2-4) deração.
O principal mecanismo para a consolidação da república a que
o texto se refere foi a 25. (SEE/AC - Professor de Ciências Humanas - FUNCAB) Leia
(A) política de “salvação nacional”, desencadeada pelos milita- o texto.
res ligados aos grandes fazendeiros mineiros e paulistas com a “O São Francisco lá pra cima da Bahia
finalidade de fortalecer o poder das oligarquias estaduais do Diz que dia menos dia vai subir bem devagar
sudeste. E passo a passo vai cumprindo a profecia do beato
(B) “campanha civilista” que defendia a regulamentação dos que dizia que o sertão ia alagar
preços dos produtos de exportação e garantia os empréstimos O sertão vai virar mar, dá no coração
contraídos no exterior aos fazendeiros das grandes proprieda- O medo que algum dia o mar também vire sertão”
des. (Sobradinho. Sá e Guarabyra.)
(C) “política dos governadores”, que consistia na troca de apoio A expressão “O sertão vai virar mar” está associada a uma per-
entre governo federal e governos locais, com a finalidade de sonagem de um importante movimento messiânico do início da Re-
manter no poder os representantes dos grandes fazendeiros. pública brasileira.
(D) política do “café-com-leite”, que incentivava uma disputa O personagem referido é:
acirrada entre os representantes dos pequenos Estados e en- (A) João Cândido.
fraquecia o poder dos fazendeiros paulistas e dos mineiros. (B) Beato José Maria.
(E) política de “valorização do café” realizada pelos Estados (C) Antônio Conselheiro.
contribuía para o enfraquecimento do poder local e garantia a (D) Marcílio Dias.
troca de favores entre os fazendeiros e o governo federal. (E) Barão de Drumond.

24. (TRT 3ª Região/MG - Analista Judiciário - História - FCC) 26. (MPE/GO – Secretário auxiliar – MPE/2017) Sobre o Esta-
Ao contrário do que sucedeu na Capital da República, as primei- do Novo de Getúlio Vargas, é incorreto afirmar:
ras manifestações do movimento operário em São Paulo surgiram (A) que foi implantado por Getúlio Vargas sob a justificativa de
já sob a inspiração de ideologias revolucionárias ou classistas – o conter uma nova ameaça de golpe comunista no Brasil.
anarquismo e, em muito menor grau, o socialismo reformista. As (B) que tomado por uma orientação socialista, o governo pre-
condições sócio-políticas tendiam a confirmar as ideologias nega- ocupava-se em obter o favor dos trabalhadores por meio de
doras da organização vigente na sociedade aos olhos da marginali- concessões e leis de amparo ao trabalhador.
zada classe operária nascente, estrangeira em sua grande maioria. (C) financiava o amplo desenvolvimento do setor industrial
(...) O anarquismo se converteria, entretanto, na principal corrente brasileiro, ao realizar uma política de industrialização por subs-
organizatória do movimento operário, tanto no Rio de Janeiro como tituição de importações e com criação das indústrias de base.
em São Paulo.
(FAUSTO, Boris. Trabalho urbano e conflito social. São Paulo: s/
data, p.60-62)
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HISTÓRIA DO BRASIL

(D) para dar ao novo regime uma aparência legal, Francisco 30. (MPE/GO – Secretário Auxiliar – MPE/2017) “No dia 10 de
Campos redigiu uma nova Constituição inspirada nas constitui- novembro de 1937, tropas da polícia militar cercavam o Congresso
ções fascistas italiana e polonesa. Nacional e impediram a entrada dos congressistas. O ministro da
(E) adotou o chamado “Estado de Compromisso”, onde foram Guerra – general Dutra – se opusera a que a operação fosse rea-
criados mecanismos de controle e vias de negociação política lizada por foças do Exército. À noite, Getúlio anunciou uma nova
responsáveis pelo surgimento de uma ampla frente de apoio a fase política e a entrada em vigor de uma Carta constitucional, ela-
Getúlio Vargas. borada por Francisco Campos” (trecho extraído do livro História do
Brasil, de Boris Fausto). O período histórico brasileiro narrado acima
27. (IPEM/RO – Agente de Atividades Administrativas – FUN- descreve o início:
CAB) O processo histórico da formação do estado de Rondônia (A) da Ditadura Militar
possui muitos capítulos importantes, com diferentes atores. Um (B) da Política do Café com Leite
dos marcos nesse processo foi a criação do Território Federal do (C) do Tenentismo
Guaporé por meio do Decreto-Lei nº 5.812, de 13 de setembro de (D) do Estado Novo
1943. O Presidente da República que assinou o referido documento (E) da Revolta da Armada
foi:
(A) Getúlio Vargas. 31. (TRT/MG – Analista – FCC) O Ministro do Trabalho João
(B) Gaspar Dutra. Goulart provocou grande turbulência política em 1954 ao
(C) Juscelino Kubitschek. (A) ser nomeado para esse cargo à revelia da vontade de Var-
(D) Jânio Quadros. gas, uma vez que era o principal líder do Partido Trabalhista,
(E) João Goulart. que nele via possibilidade de reverter o clima político desfavo-
rável em razão da oposição exercida pela União Democrática
28. (MPE/GO – Secretário Auxiliar – MPE/2017) Em 1945 che- Nacional.
ga ao fim o Estado Novo implantado pelo presidente Getúlio Vargas. (B) propor um aumento de 100% no valor do salário mínimo,
Entre as causas tivemos a(s) proposta que causou a indignação de setores do Exército insa-
(A) Revolução de 1945 realizada pelos sindicatos e apoiado tisfeitos com sua situação e incomodados com o fato de que o
pelo Partido Trabalhista Brasileiro daquela época. salário de um operário, caso recebesse o aumento em questão,
(B) Atuação do movimento estudantil, liderado pela UNE, que se aproximaria do salário de um oficial.
assumiu o poder apoiando o partido da União Democrática Na- (C) comunicar o suicídio de Getúlio Vargas e ler, no rádio, sua
cional. carta-testamento, alegando que uma conspiração política anti-
(C) Pressões norte-americanas obrigando Getúlio Vargas a ex- varguista havia influenciado a população que agora culpava a
tinguir o Estado Novo e tornar o país uma democracia. ele e ao ex-presidente pela alta inflacionária e pela crise eco-
(D) Adesão de Getúlio ao Fascismo, propiciando que ele im- nômica em curso.
plante no Brasil um regime semelhante após 1945. (D) renunciar a esse cargo diante da reação agressiva do em-
(E) Participação do Brasil na 2ª Guerra Mundial ao lado das de- presariado e das Forças Armadas às suas medidas trabalhistas,
mocracias, criando uma situação interna contraditória, pois o atitude que despertou o apoio da população a Jango e o clamor
país vivia, até aquele ano, uma ditadura. por sua permanência no cargo, fenômeno apelidado de “que-
remismo”.
29. (Instituto Rio Branco – Diplomata – CESPE) Assinale a op- (E) atender às pressões dos sindicatos e propor amplas refor-
ção correta a respeito do Estado Novo, implantado pela Constitui- mas de base, insubordinando-se à autoridade de Getúlio Var-
ção de 1937. gas por considerar que seu governo não estava tomando medi-
(A) Comparada à Constituição de 1934, a nova carta apresenta- das suficientemente favoráveis aos trabalhadores.
va como característica nítida a descentralização do poder.
(B) O Plano Cohen serviu de pretexto para o reforço do auto- 32. (SEDUC/PI – Professor-História – NUCEPE)
ritarismo. “Bossa nova mesmo é ser presidente
(C) A Lei de Segurança Nacional, até hoje vigente, foi proposta Desta terra descoberta por Cabral
após a instauração da nova carta. Para tanto basta ser tão simplesmente
(D) Plínio Salgado, líder da Ação Integralista Brasileira, foi um Simpático, risonho, original”.
dos grandes beneficiados pelo novo regime político. (Juca Chaves. Presidente Bossa Nova. RGE, 1957).
(E) Imediatamente após a implantação do Estado Novo, Getúlio Considerando o período apresentado na composição, e o go-
Vargas substituiu todos os governadores de estado. verno de Juscelino Kubitschek (1956-1961), podemos afirmar COR-
RETAMENTE:
(A) Com seu Plano de Metas, o governo de Juscelino propunha
romper com a política econômica do governo Vargas, investin-
do com capitais nacionais nas áreas prioritárias para o governo,
como energia, transporte, indústria e distribuição de renda.
(B) Como efeito da euforia e do crescimento econômico, o go-
verno de Juscelino conseguiu reduzir drasticamente as dispari-
dades econômicas e sociais do país, permitindo uma tranquili-
dade social que perdurou até vésperas do Golpe Civil-Militar.

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a solução para o seu concurso!
HISTÓRIA DO BRASIL

(C) Apoiado em capitais externos, Juscelino pôde ampliar a 35. (TRT 3ª Região/MG - Analista Judiciário - História - FCC) A
base monetária do país e assim custear investimentos produti- respeito dos Atos Institucionais decretados durante o regime militar
vos que permitiram o controle do déficit do orçamento público no Brasil,
e a redução da inflação. (A) sucederam-se rapidamente totalizando cinco durante a di-
(D) Seu governo coincidiu com um período de forte otimismo, tadura, sendo o último, em 1968, o que suspendeu a garantia
apoiado em uma visão de modernidade industrializante, o que do direito ao habeas corpus e instituiu a censura prévia.
fez o presidente prometer 50 anos de desenvolvimento em 5 (B) refletiram a intenção dos militares em preservar a institu-
anos de mandato. cionalidade da democracia, uma vez que todos os atos eram
(E) Apesar de sua política populista, Juscelino agia de forma votados pelo Congresso.
autoritária em sua forma de governar, condição que pode ser (C) prestaram-se a substituir a falta de uma nova Constituição,
exemplificada com o episódio em que puniu o ministro da chegando a 20 decretações que se estenderam até o governo
Guerra, o general Teixeira Lott, por ter contrariado um de seus Geisel.
aliados políticos, o coronel Jurandir Mamede, subordinado do (D) foram mais de dez e entre os objetivos de sua promulgação
general. destaca-se o reforço dos poderes discricionários da Presidência
da República.
33. (IF/AL – Professor – CEFET) O Governo João Goulart (E) concentraram-se nos dois primeiros anos de governo militar
(1961/1964) foi marcado pela interrupção e conseguinte instalação e instituíram o estado de sítio e o bipartidarismo.
da ditadura militar no país. O governo Goulart, na prática, ficou ca-
racterizado em função das suas ações políticas, como um governo: 36. (TRT 3ª Região/MG - Analista Judiciário - História - FCC)
(A) Autoritário, com uma linha ideológica próxima ao socialis- O golpe de 1964, que deu início ao regime militar no Brasil e que
mo chinês. foi chamado pelos militares de “revolução de 64”, teve, entre seus
(B) Democrático, sendo apoiado durante todo seu curto perío- objetivos
do pelos partidos de esquerda, inclusive o partido comunista. (A) refrear o avanço do comunismo apoiado pelo presidente
(C) Conturbado, em que foi implantado o parlamentarismo, Jango que, após ver concretizado seu programa reformista, ar-
fato este, que não foi suficiente para amenizar as crises políti- ticulava-se para adaptar o Estado aos moldes socialistas, por
cas do período. meio do projeto de uma nova constituição difundido e aplaudi-
(D) Democrático, sendo apoiado incondicionalmente pelas for- do no histórico Comício da Central do Brasil.
ças armadas. (B) reinstaurar o presidencialismo, uma vez que o regime parla-
(E) Autor das reformas de base, sendo estas apoiadas por seto- mentarista pelo qual João Goulart governava favorecia alianças
res da chamada classe média, dos trabalhadores e do empre- entre partidos pequenos e grupos de esquerda liderados pelo
sariado mais progressista. Obteve, assim, êxito na proposta de PTB, que tinha representação significativa na Câmara e no Se-
modernizar o país. nado.
(C) destituir o governo de João Goulart, contando com o apoio
34. (TRT 3ª Região/MG - Analista Judiciário - História - FCC) do governo dos Estados Unidos e de parcelas da sociedade bra-
O processo de abertura política no Brasil, ao final do período de sileira que apoiaram, dias antes, a Marcha da Família com Deus
regime militar, foi marcado pela Liberdade organizada por setores conservadores da Igreja
(A) pela denominada “teoria dos dois demônios”, discurso ofi- Católica.
cial que culpava os grupos guerrilheiros e o imperialismo so- (D) restaurar a ordem no país e garantir a recuperação do equi-
viético pelo endurecimento do autoritarismo no Brasil e nos líbrio econômico, uma vez que greves paralisavam a produção
países vizinhos. nacional e movimentos de apoio à reforma agrária se radicali-
(B) pelo chamado “entulho autoritário”, pois a Constituição ou- zavam, caso das Ligas Camponesas que haviam iniciado a guer-
torgada em 1967 continuou vigente, mantiveram-se os cargos rilha do Araguaia.
“biônicos” e persistiu prática da decretação de Atos Institucio- (E) iniciar um processo autoritário de transição política e eco-
nais durante a década de 1980. nômica nos moldes do neoliberalismo, por meio de uma estra-
(C) pela lógica do “ajuste de contas”, pois, ainda que o governo tégia defendida por entidades como o FMI, a ONU e a Cepal,
encampasse uma abertura “lenta, gradual e irrestrita”, os seto- com o aval do empresariado brasileiro insatisfeito com o go-
res populares organizaram greves nacionais que culminaram na verno vigente.
realização de eleições diretas para presidente em 1985.
(D) pelo caráter de “transição negociada”, uma vez que preva- 37. (VUNESP) A partir dessa época, a tortura passou a ser am-
leceram pressões por parte dos setores afinados com o regime plamente empregada, especialmente para obter informações de
e concessões dos movimentos pela democratização, em um pessoas envolvidas com a luta armada. Contando com a “assessoria
complexo jogo político que se estendeu pelos anos 1980. técnica” de militares americanos que ensinavam a torturar, grupos
(E) pela busca da “conciliação nacional” ao se instituírem as Co- policiais e militares começavam a agredir no momento da prisão, in-
missões da Verdade que conseguiram, com o aval do primeiro vadindo casas ou locais de trabalho. A coisa piorava nas delegacias
governo civil pós-ditadura, atender as demandas por “verdade, de polícia e em quartéis, onde muitas vezes havia salas de interro-
justiça e reparação” da sociedade brasileira. gatório revestidas com material isolante para evitar que os gritos
dos presos fossem ouvidos.
(Roberto Navarro – http://mundoestranho.abril.com.br.)

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a solução para o seu concurso!
HISTÓRIA DO BRASIL

Os aspectos citados no texto permitem identificar a época a 41. (IF/AL- CEFET) O Brasil, a partir do processo de redemocra-
que ele se refere como sendo a da tização (1985), definiu-se por medidas econômicas que foram sig-
(A) Repressão à Revolução Constitucionalista de 1932. nificativamente adotadas. Podemos afirmar que entre as medidas
(B) Nova República, cujo primeiro presidente foi José Sarney. citadas consta:
(C) Revolução de 1930, que levou Getúlio Vargas ao poder. (A) Processo de privatização em ramos da economia, como co-
(D) Democracia populista, que durou de 1946 a 1964. municação e mineração.
(E) Ditadura militar, iniciada com o golpe de 1964. (B) Prioridade na ampliação do comércio internacional com os
países africanos e asiáticos.
38. (VUNESP) A imagem a seguir refere-se a um movimento da (C) Proteção da indústria nacional, por meio do aumento de
década de 1980 que contou com grande participação popular em tarifas alfandegárias de importações.
várias cidades do Brasil. (D) Retirada da prioridade para exportações dos produtos agrí-
colas nacionais.
(E) Um intenso programa de reforma agrária no país, inclusive
sem indenizações das terras desapropriadas.

42. (CESGRANRIO) Nas cidades gregas da Antiguidade, a demo-


cracia limitava-se à minoria da população. Os escravos e as mulhe-
res não tinham direitos políticos. Além disso, só aqueles que nas-
ciam na cidade de Atenas podiam ser cidadãos.
De acordo com a Constituição Brasileira de 1988, quem NÃO
pode votar no Brasil atualmente são os
(A) maiores de 70 anos.
(Http://www.oabsp.org.br/portaldamemoria/historia-da-oab/ (B) maiores de dezesseis anos.
a-redemocratizacao-e-o-processo-constituinte) (C) estrangeiros naturalizados.
Assinale a alternativa que indica corretamente o objetivo deste (D) analfabetos.
movimento. (E) que estão cumprindo o serviço militar obrigatório.
(A) Devolver à população o direito de votar nos candidatos à
presidência do país. 43. (MPE/SP - VUNESP) Com o fim da ditadura e o restabeleci-
(B) Anistiar os presos políticos e permitir o retorno dos exilados mento da normalidade democrática, a escolha do Presidente da Re-
ao Brasil. pública passou a ocorrer por meio do voto popular, exigindo que os
(C) Reajustar o salário-mínimo de acordo com os índices reais candidatos expusessem suas propostas e o histórico de sua atuação
de inflação. política. Nos anos 1980 e 1990, respectivamente, o Brasil conheceu
(D) Autorizar a justiça comum a punir políticos envolvidos em um candidato popularmente chamado de “O caçador de marajás” e
crimes de corrupção. outro que, enquanto foi Ministro da Fazenda, ganhou notoriedade
(E) Permitir que leis propostas pela população fossem discuti- pela implantação do Plano Real, responsável pela estabilização da
das no Congresso Nacional. economia nacional. Esses presidentes foram, respectivamente,
(A) Fernando Collor de Mello e Tancredo Neves.
39. (MPE/GO – Secretário Auxiliar – MPE/GO) São Membros (B) José Sarney e Fernando Henrique Cardoso.
Plenos ou Estados Partes do Mercosul (Mercado Comum do Sul), (C) Fernando Collor de Mello e Fernando Henrique Cardoso.
bloco econômico sediado na América do Sul, EXCETO: (D) Tancredo Neves e Itamar Franco.
(A) Brasil (E) Itamar Franco e Luiz Inácio Lula da Silva.
(B) Argentina
(C) Chile
(D) Uruguai GABARITO
(E) Paraguai

40. (DEMAE/GO – Técnico em Informática – CS/UFG) Alguns


Blocos Econômicos agregam países de um mesmo continente. No 1 E
caso da América do Sul, onde foi criado, em 1991, o Mercado Co- 2 E
mum do Sul (Mercosul) pelo Tratado de Assunção, poucos países
fazem parte deste Bloco, entre eles: 3 C
(A) Equador e Suriname 4 A
(B) Argentina e Uruguai
(C) Peru e Guiana Francesa 5 A
(D) Colômbia e Guiana 6 B
7 A
8 B
9 E

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HISTÓRIA DO BRASIL

10 D ______________________________________________________

11 E ______________________________________________________
12 D ______________________________________________________
13 A
______________________________________________________
14 A
15 B ______________________________________________________
16 B ______________________________________________________
17 E
______________________________________________________
18 C
______________________________________________________
19 A
20 A ______________________________________________________
21 D ______________________________________________________
22 B
______________________________________________________
23 C
24 A ______________________________________________________
25 C ______________________________________________________
26 B
______________________________________________________
27 A
______________________________________________________
28 E
29 B ______________________________________________________
30 D ______________________________________________________
31 B
______________________________________________________
32 D
33 C ______________________________________________________

34 D ______________________________________________________
35 D
______________________________________________________
36 C
______________________________________________________
37 E
38 A ______________________________________________________
39 C ______________________________________________________
40 B
______________________________________________________
41 A
42 E ______________________________________________________

43 C ______________________________________________________

ANOTAÇÕES ______________________________________________________

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GEOGRAFIA DO BRASIL

O ESPAÇO NATURAL, RECURSOS ESTRATÉGICOS E IMPAC-


TOS AMBIENTAIS. CARACTERÍSTICAS GERAIS DO TERRITÓ-
RIO BRASILEIRO: POSIÇÃO GEOGRÁFICA, LIMITES E FUSOS
HORÁRIOS

Posição geográfica
O Brasil possuí 8.514.876 km², em extensão territorial e está
localizado na América do Sul, sendo o quinto maior do mundo em
extensão territorial e faz fronteira com quase todos os países sul-a-
mericanos. Tem sua totalidade, localizada a oeste do meridiano de
Greenwich, o situando no hemisfério ocidental. Já a linha do Equa-
dor passa no extremo norte do Brasil. Além do mais é cortado ao sul
pelo trópico de Capricórnio.

Fonte: https://www.infoescola.com
Fonte: Mundo educação
Chile e do Equador, são os únicos países que não fazemos fron-
O território é dividido em 26 estados mais o Distrito Federal,
teiras terrestres.
portanto, em 27 unidades federativas que se distribuem nas cinco
- Norte: Suriname, Guiana, Venezuela e um território perten-
regiões do país: Norte, Nordeste, Sul, Sudeste e Centro-Oeste.
cente à França, a Guiana Francesa.
- Noroeste: Colômbia. A oeste: Peru e Bolívia. Sudoeste: Para-
Limites
guai e Argentina.
O Brasil tem suas fronteiras definidas com base nas caracterís-
- Sul: Uruguai.
ticas naturais (rios, lagos, paisagem, ou em acidentes topográficos,
como montanhas, serras e picos elevados). Ele possui 23.086 km
Fusos horários
de fronteiras, sendo 15.719 km terrestres e 7.367 km marítimas.
Como possuí uma grande extensão longitudinal (leste-oeste), o
A fronteira atlântica se estende da foz do rio Oiapoque, no cabo
Brasil apresenta mais de 1 fuso horário em seu território. Conforme
Orange (AP) no Norte, ao arroio Chuí (RS), no Sul.
mostra a imagem:

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a solução para o seu concurso!
GEOGRAFIA DO BRASIL

Aroldo de Azevedo - esta classificação data de 1940, sendo a


mais tradicional. Ela considera principalmente o nível altimétrico
para determinar o que é um planalto ou uma planície.
Aziz Nacib Ab’Saber - criada em 1958, esta classificação des-
preza o nível altimétrico, priorizando os processos geomorfológicos,
ou seja, a erosão e a sedimentação. Assim, o professor considera
planalto como uma superfície na qual predomina o processo de
desgaste, enquanto planície é considerada uma área de sedimen-
tação.
Jurandyr Ross - é a classificação mais recente, criada em 1995.
Baseia-se no projeto Radambrasil, um levantamento feito entre
1970 e 1985, onde foram tiradas fotos aéreas da superfície do terri-
tório brasileiro, por meio de um sofisticado radar. Jurandyr também
utiliza os processos geomorfológicos para elaborar sua classifica-
ção, destacando três formas principais de relevo:
1) Planaltos
2) Planícies
3) Depressões

Sendo que:
— Planalto é uma superfície irregular, com altitude acima de
300 metros e produto de erosão.
— Planície é uma área plana, formada pelo acúmulo recente
ESTRUTURA GEOLÓGICA, GEOMORFOLOGIA: ORIGEM, de sedimentos.
FORMAS E CLASSIFICAÇÕES DO RELEVO — Depressão é uma superfície entre 100 e 500 metros de al-
titude, com inclinação suave, mais plana que o planalto e formada
por processo de erosão.
Estruturas Geológicas é a classificação das formações rochosas
e da litosfera terrestre de acordo com as características do relevo. O território brasileiro é constituído, basicamente, por grandes
São categorizadas em três principais tipos: maciços cristalinos (36%) e grandes bacias sedimentares (64%).
• Crátons: também chamados de escudos cristalinos ou maci- Aproximadamente 93% do território brasileiro apresenta altitudes
ços antigos, são rochas muito antigas que foram formadas nas eras inferiores a 900 m. Em grande parte as estruturas geológicas são
geológicas primárias. São elas, rochas magmáticas, ígneas e meta- muito antigas, datando da Era Paleozoica à Mesozoica, no caso das
mórficas, podendo encontrar minerais como ouro ou alumínio. bacias sedimentares, e da Era Pré-Cambriana, caso dos maciços
• Bacias sedimentares: são o conjunto de rochas formadas por cristalinos.
camadas de rochas sedimentares em grande escala, cobrem mais As bacias sedimentares formam-se pelo acúmulo de sedimen-
de 60% do relevo terrestre e nelas se encontram fósseis e, por ve- tos em depressão. É um terreno rico em combustíveis fósseis, como
zes, petróleo. carvão, petróleo, gás natural e xisto betuminoso. Os maciços são
• Dobramentos Modernos: são as estruturas geológicas forma- mais antigos e rígidos e se caracterizam pela presença de rochas
das “recentemente”, levando em consideração que foram formadas cristalinas, como granitos e gnaisses, e são ricos em riquezas mine-
na última era geológica (há 250 milhões de anos). São formadas rais metálicas, como ferro e manganês.
pelos movimentos das placas tectônicas, podendo ser pelo afasta- O relevo brasileiro não sofre mais a ação de vulcões e terremo-
mento ou colisão delas e tendo como resultado diversas cadeias de tos, agentes internos, porém, os agentes externos, como chuvas,
montanhas por todo o mundo. ventos, rios, marés, calor e frio, continuam sua obra de esculpir as
formas do relevo. Eventualmente, em determinados pontos do ter-
Geomorfologia é a parte da geografia em que se estuda os di- ritório brasileiro podem-se sentir os reflexos dos tremores de terra
ferentes tipos de relevo do espaço geográfico. Essa ciência dispõe ocorridos em alguns pontos distantes, como no Chile e Peru.
de informações importantes sobre as irregularidades do relevo de As unidades do relevo brasileiro são:
um determinado local. O profissional da área, chamado geomorfo-
logista, estuda os fatores que influenciam na formação de um rele- a) Planaltos: das Guianas e Brasileiro (formado pelo Planalto
vo, ou seja, tudo que envolve a biosfera, atmosfera e hidrosfera que Central, Atlântico e Meridional).
pode resultar na alteração ou formação do relevo. A importância
deste estudo se dá na análise de onde seria propício a construção Planalto das Guianas
de prédios, casas e estruturas em geral sem ter risco de problemas. Ocupando a porção extremo setentrional do país, tem sua
maior parte fora do território brasileiro, em terras da Venezuela,
Relevo Guiana, Suriname e Guiana Francesa. Constituído por rochas crista-
O relevo do Brasil tem formação antiga e atualmente existem linas pré-cambrianas, pode ser dividido em duas porções:
várias classificações para o mesmo. Entre elas, destacam-se as dos
seguintes professores:

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a solução para o seu concurso!
GEOGRAFIA DO BRASIL

– Planalto Norte-Amazônico: também chamado de Baixo Pla- – Planalto Meridional ou Arenito Basáltico: Abrange grande
tô, apresenta pequenas elevações levemente onduladas, formando parte das terras da região Sul, o centro-oeste de São Paulo, o sul
uma espécie de continuação das terras baixas da Planície Amazô- de Minas Gerais e o Triângulo Mineiro, o sul de Goiás e parte leste
nica. do Mato Grosso do Sul, correspondendo às terras drenadas pela
– Região Serrana: situada na porção Norte do Planalto, acom- bacia do rio Paraná. Predominam terrenos sedimentares, assenta-
panha de perto as fronteiras do Brasil com as Guianas e com a Vene- dos sobre o embasamento cristalino, sendo os terrenos mesozoicos
zuela. Dominada por dois arcos de escarpas (o Maciço Oriental e o associados a rochas vulcânicas, provenientes do derrame de lavas
Maciço Ocidental), separados por uma área deprimida e aplainada ocorrido nessa era. Essas rochas vulcânicas, em especial o basalto
no noroeste de Roraima. O Maciço Oriental é caracterizado por pe- e o diabásio, com o passar do tempo sofreram desagregação pela
quenas altitudes que raramente superam os 600 m, onde se encon- ação dos agentes erosivos, dando origem a um dos solos mais fér-
tram serras como as de Tumucumaque e Açari, enquanto no Maci- teis do Brasil, a chamada “terra roxa”. As áreas onde predominam
ço Ocidental encontram-se as maiores altitudes absolutas do Brasil, sedimentos paleozoicos e mesozoicos (arenitos), associados às ro-
destacando-se na serra do Imeri ou Tapirapecó o pico da Neblina, chas vulcânicas, constituem uma subunidade do planalto Meridio-
com 3.014 m de altitude (ponto culminante do país); na fronteira nal. Outra subunidade é a Depressão Periférica, uma estreita faixa
do estado do Amazonas com a Venezuela, o pico 31 de Março, com de terrenos relativamente baixos que predominam arenitos, que se
2.992 m; e na serra de Pacaraima o monte Roraima, com 2.727 m. estende de São Paulo a Santa Catarina e parte do Rio Grande do Sul.
É no planalto Meridional que aparece com destaque o relevo de
“Cuestas”, costas (escarpas) sucessivas de leste para oeste.

b) Planícies: Amazônica, do Pantanal, Costeira e Gaúcha.

Planície Amazônica
Vasta área de terras baixas e planas que corresponde à Bacia
Sedimentar Amazônica, onde se distinguem alongadas faixas de se-
dimentos paleozoicos que afloram na sua porção centro-oriental,
além de predominar arenitos, argilitos e areias terciárias e quater-
nárias. Localizada entre o planalto das Guianas ao norte e o Brasi-
leiro ao sul, a planície é estreita a leste, próximo ao litoral do Pará, e
alarga-se bastante para o interior na Amazônia Ocidental.

Planície do Pantanal
Ocupando quase toda metade oeste do Mato Grosso do Sul e
o sudeste do Mato Grosso, a planície do Pantanal se estende para
além do território brasileiro, em áreas do Paraguai, Bolívia e extre-
Planalto das Guianas (Fonte: www.sogeografia.com.br) mo norte da Argentina, recebendo nesses países a denominação
de “Chaco”. Com terras muito planas e baixas (altitude média de
Planalto Brasileiro 100 m), o Pantanal se constitui numa grande depressão interior do
Uma das mais vastas regiões planálticas do mundo, estenden- continente que se inunda largamente no verão. Os pontos mais ele-
do- se do sul da Amazônia ao Rio Grande do Sul e de Roraima ao li- vados da planície, que ficam a salvo das cheias, levam o nome de
toral Atlântico. É dominado por terrenos cristalinos amplamente re- “cordilheiras”, e as partes mais baixas, “baías” ou “lagos”.
cobertos por sedimentos. Por motivos didáticos e pelas diferenças
morfológicas que apresenta, pode-se dividi-lo em três subunidades: Planície Costeira
– Planalto Central: Abrange uma extensa região do Brasil Estendendo-se por quase todo o litoral brasileiro, do Pará ao
Central, englobando partes do Norte, Nordeste, Sudeste e princi- Rio Grande do Sul, é uma área de sedimentos recentes: terciários e
palmente do Centro-Oeste. Apresenta terrenos cristalinos antigos quaternários. Em alguns trechos, principalmente no Sul e Sudeste,
fortemente erodidos e amplamente recobertos por sedimentos pa- a planície é interrompida pela proximidade do planalto Atlântico,
leozoicos e mesozoicos. Além de planaltos cristalinos, destacam-se dando origem às falésias; em alguns pontos surgem as baixadas lito-
as chapadas recobertas por sedimentos, como dos Parecis, entre râneas, destacando-se a baixada Capixaba no Espírito Santo, a bai-
Roraima e Mato Grosso. xada Fluminense no Rio de Janeiro, as baixadas Santista e de Iguape
– Planalto Atlântico ou Planalto Oriental: Estende-se do Nor- em São Paulo, a de Paranaguá no Paraná e a de Laguna em Santa
deste, onde é bastante largo, ao nordeste do Rio Grande do Sul. Catarina.
Pode-se também o dividir em duas subunidades distintas:
I) Região das Chapadas no Nordeste Planície Gaúcha ou dos Pampas
II) Região Serrana Ocupa, esquematicamente, a metade sul do Rio Grande do Sul,
constituída por sedimentos recentes; apresenta-se plana e suave-
mente ondulada, recebendo a denominação de Coxilhas.

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GEOGRAFIA DO BRASIL

Pontos mais altos


Os relevos brasileiros caracterizam-se por baixas altitudes. Os maiores picos brasileiros, assim como sua localização e altitude, são:

Fonte: www.sogeografia.com.br

TIPOS DE SOLOS BRASILEIROS

Solo
O solo é a parte exterior da crosta terrestre em contato direto com os demais elementos do meio ecológico.

Os solos são formados de três fases: sólida (minerais e matéria orgânica), líquida (solução do solo) e gasosa (ar).
O solo é o resultado de milhares de anos de desagregação das rochas originais de um lugar na sua superfície e a combinação de diver-
sos fatores. A maior ou menor intensidade de algum fator pode ser determinante na criação de um ou outro solo. São comumente ditos
como fatores da formação de solo: o clima, o material de origem, os organismos, o tempo e o relevo.

Fatores da formação de solo


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a solução para o seu concurso!
GEOGRAFIA DO BRASIL

Pedogênese é o nome dado ao processo químico e físico de alteração (adição, remoção, transporte e modificação) que atua sobre um
material litológico, originando um solo.
Edafologia é a ciência que trata das influências dos solos nos seres vivos. Sobre o solo cresce a vegetação dos continentes e das ilhas.
Sendo assim, não há solo nas áreas do planeta em que as rochas ainda não tenham sido decompostas.
Como resultado da decomposição química das rochas, forma-se um material sobre a superfície terrestre: uma camada superficial,
composta de água e minerais que, com o passar do tempo, vai se enriquecendo de matéria orgânica (raízes, folhas, fezes e restos mortais
de animais, entre outros).

A fauna e a flora do solo desempenham papel fundamental. Modificam e movimentam


enormes quantidades de material, mantendo o solo aerado e renovado em sua parte superficial.

As rochas, ao sofrerem a ação dos agentes atmosféricos, especialmente o calor e a umidade, decompõem-se através do intemperismo,
também denominado de meteorização, e em seus fragmentos instala-se grande variedade de organismos vivos. Podemos afirmar então
que o solo é o resultado da ação conjugada de fatores físicos, químicos e biológicos, em função dos quais se apresenta sob os mais diversos
aspectos.

Formação do solo

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GEOGRAFIA DO BRASIL

Fatores de formação de solos

FATORES AMBIENTAIS TIPO DE FATOR ATUAÇÃO


Clima e organismos Fatores ativos Fornecem matéria e energia
Relevo Fator controlador Controla o fluxo de materiais; superfície; erosão; profundi-
dade; infiltração; lixiviação e translocação.
Material de origem Fator passivo Diversidade do material constituinte sobre o qual ocorrerá
a pedogênese.
Tempo Fator passivo Determina o tempo cronológico de atuação do processo.

Mecanismos de formação de solos

MECANISMOS ATUAÇÃO
Adição Aporte do material do exterior do perfil ou horizonte do solo.
Remoção (perda) Remoção de material para fora do perfil. Exemplo: lixiviação.
Transformação Transformação de material existente no perfil ou horizonte. Mu-
dança de natureza química mineralógica.
Translocação Translocação de material de um horizonte para outro, sem abando-
nar o perfil. Exemplo: eluviação/iluviação

Solos Brasileiros
No Brasil, temos a sobressalência dos solos argilosos formados pela decomposição de rochas basálticas, graníticas e gnaisses, oriundas
de uma intensa atividade vulcânica no período de formação do continente americano.
- Massapê é um solo de formação a partir da decomposição de gnaisses. Possui uma tonalidade escura como o calcário e filito.
- Aluviais é formado pela deposição de material transportado por rios e ventos nas planícies. Este tipo de formação de solo é comum
em zonas alagadas, planícies e vales em todo o país.
- Salmourão trata-se de um solo pouco fértil, com um nível de acidez maior que outros tipos de solo, mas que se receber tratamento
adequado, pode ser utilizado para a agricultura. Encontramos no sul do Brasil.
- Terra Roxa apesar do nome possui coloração avermelhada, decorrente de rochas basálticas e a presença de magnetita e óxido de
ferro. É um solo argiloso e muito fértil.

A ATMOSFERA E OS CLIMAS: FENÔMENOS CLIMÁTICOS E OS CLIMAS NO BRASIL

Atmosfera
A atmosfera é a camada gasosa que envolve a Terra.
Com o intuito didático, a atmosfera foi dividida em cinco camadas que, juntas, compõem uma extensão de aproximadamente 1.000
km.
Essas camadas não se distribuem igualmente, a sua distância varia de acordo com a densidade dos elementos químicos que as com-
põem e, à medida que se afastam da superfície da Terra, elas se tornam mais rarefeitas.
A seguir, estudaremos com mais detalhes as camadas da atmosfera.

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Quais são os gases de efeito estufa?


Existem quatros principais de gases de efeito estufa.
1. Dióxido de carbono: é o mais abundante entre os gases de
efeito estufa, visto que pode ser emitido a partir de diversas ativida-
des humanas. O uso de combustíveis fósseis, como carvão mineral e
petróleo, é uma das atividades que mais emitem esses gases. Desde
a Era Industrial, houve um aumento de 35% da quantidade de dió-
xido de carbono na atmosfera.
2. Gás metano: é o segundo maior contribuinte para o aumen-
to das temperaturas da Terra, com poder 21 vezes maior que o di-
óxido de carbono. Provém de atividades humanas ligadas a aterros
sanitários, lixões e pecuária. Além disso, pode ser produzido por
meio da digestão de ruminantes e eliminado por eructação (arroto)
ou por fontes naturais. Cerca de 60% da emissão de metano provém
de ações antrópicas.
3. Óxido nitroso: pode ser emitido por bactérias no solo ou no
oceano. As práticas agrícolas são as principais fontes de óxido nitro-
so advindo da ação humana. Exemplos dessas atividades são cultivo
do solo, uso de fertilizantes nitrogenados e tratamento de dejetos.
O poder do óxido nitroso de aumentar as temperaturas é 298 vezes
maior que o do dióxido de carbono.
4. Gases fluoretados: são produzidos pelo homem a fim de
atender às necessidades industriais. Como exemplos desses gases,
podemos citar os hidrofluorocarbonetos, usados em sistemas de
arrefecimento e refrigeração; hexafluoreto de enxofre, usado na
indústria eletrônica; perfluorocarbono, emitido na produção de
alumínio; e clorofluorcarbono (CFC), responsável pela destruição
Camadas da atmosfera da camada de ozônio.
Efeito estufa
Efeito estufa é um fenômeno atmosférico natural responsável
pela manutenção da vida na Terra. Sem a presença desse fenôme-
no, a temperatura na Terra seria muito baixa, em torno de -18ºC, o
que impossibilitaria o desenvolvimento de seres vivos.
Existem, na atmosfera, diversos gases de efeito estufa capa-
zes de absorver a radiação solar irradiada pela superfície terrestre,
impedindo que todo o calor retorne ao espaço. Parte da energia
emitida pelo Sol à Terra é refletida para o espaço, outra parte é ab-
sorvida pela superfície terrestre e pelos oceanos. Uma parcela do
calor irradiado de volta ao espaço é retida pelos gases de efeito es-
tufa, presentes na atmosfera. Dessa forma, o equilíbrio energético
é mantido, fazendo com que não haja grandes amplitudes térmicas
e as temperaturas fiquem estáveis.
Para entender melhor, podemos comparar o efeito estufa ao
que acontece em um carro parado sob a luz solar. Os raios solares A emissão de gases de efeito estufa é proveniente, principal-
passam pelos vidros e aquecem o interior do veículo. O calor, então, mente, de atividades industriais.
tende a sair pelo vidro, porém encontra dificuldades. Portanto, par-
te do calor fica retido no interior do carro, aquecendo-o. Os gases Além desses gases, há também o vapor d’água, um dos princi-
de efeito estufa, presentes na atmosfera, funcionam como o vidro pais responsáveis pelo efeito estufa. O vapor d’água capta o calor ir-
do carro, permitindo a entrada da radiação ultravioleta, mas dificul- radiado pela Terra, distribuindo-o novamente em diversas direções,
tando que toda ela seja irradiada de volta ao espaço. aquecendo, dessa forma, a superfície terrestre.
Contudo, a grande concentração desses gases na atmosfera di-
ficulta ainda mais a dispersão do calor para o espaço, aumentando Causas do efeito estufa
as temperaturas do planeta. O efeito estufa tem-se agravado em Nos últimos anos, houve um considerável aumento da concen-
virtude da emissão cada vez maior de gases de efeito estufa à at- tração de gases de efeito estufa na atmosfera. As atividades huma-
mosfera. Essa emissão é provocada por atividades antrópicas, como nas ligadas à indústria, as atividades agrícolas, o desmatamento e o
queima de combustíveis fósseis, gases emitidos por escapamentos aumento do uso dos transportes são os principais responsáveis pela
de carros, tratamento de dejetos, uso de fertilizantes, atividades emissão desses gases.
agropecuárias e diversos outros processos industriais.

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É válido ressaltar que o efeito estufa é um fenômeno natural A comunidade científica relaciona, portanto, o aumento dos
essencial para manutenção da vida na Terra, já que mantém as tem- gases de efeito estufa ao aumento das temperaturas médias glo-
peraturas médias, evitando grandes amplitudes térmicas e o esfria- bais. A concentração desses gases impede cada vez mais que o ca-
mento extremo do planeta. Contudo, a intensificação de atividades lor irradiado pela superfície seja disperso no espaço, aumentando
industriais e agrícolas, que demandam áreas para produção e, con- a temperatura e reafirmando a questão do aquecimento global.
sequentemente, geram desmatamento, e o uso dos transportes au- Contudo, é válido ressaltar que essa relação entre efeito estufa e
mentaram a emissão de gases de efeito estufa à atmosfera. aquecimento global, bem como a existência do aquecimento global
A queima de combustíveis fósseis é uma das atividades que não são unanimidades entre os estudiosos. Muitos pesquisadores
mais produzem gases de efeito estufa. A concentração desses gases desacreditam que a concentração dos gases tem agravado o au-
na atmosfera impede que o calor seja irradiado, aquecendo ainda mento das temperaturas do planeta. Para eles, esse aquecimento
mais a superfície terrestre, aumentando, portanto, as temperatu- elevado constitui apenas uma fase de variação da dinâmica climá-
ras. Esse aumento das temperaturas decorrente da intensificação tica da Terra.
do efeito estufa é conhecido como aquecimento global.

O aquecimento global representa o aumento das temperaturas


médias do planeta.

O efeito estufa é um fenômeno natural que, apesar de ser es- Consequências do efeito estufa
sencial para a manutenção da vida, tem sido agravado pela emissão Segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climá-
de gases decorrente da ação antrópica. ticas, o sistema climático pode ser alterado trazendo danos irrever-
síveis, como:
Aquecimento global e efeito estufa → Derretimento das calotas polares e aumento do nível do mar.
O efeito estufa é um fenômeno atmosférico de ordem natural → Agravamento da segurança alimentar, prejudicando as co-
capaz de garantir que a Terra seja habitável. Esse efeito é respon- lheitas e a pesca.
sável por manter a temperatura média do planeta, de forma que o → Extinção de espécies e danos a diversos ecossistemas.
calor não seja totalmente irradiado de volta ao espaço, mantendo, → Perdas de terras em decorrência do aumento do nível do
portanto, a Terra aquecida e evitando que a temperatura não baixe mar, que provocará também ondas migratórias.
drasticamente. → Escassez de água em algumas regiões.
A concentração dos gases de efeito estufa, como o dióxido de → Inundações nas latitudes do norte e no Pacífico Equatorial.
carbono e o óxido nitroso, elevou-se significativamente nas últimas → Riscos de conflitos em virtude da escassez de recursos na-
décadas. Segundo diversos estudiosos, essa concentração tem pro- turais.
vocado mudanças na dinâmica climática do planeta, provocando o → Problemas de saúde provocados pelo aumento do calor.
aumento das temperaturas da Terra. Segundo o Painel Intergover- → Previsão de aumento da temperatura em até 2º C até 2100
namental sobre Mudanças Climáticas, a temperatura do planeta em comparação ao período pré-industrial (1850 a 1900).
aumentou aproximadamente 0,85º C nos continentes e 0,55º C nos
oceanos em um período de cem anos. Com esse aumento, foi pos-
sível constatar o derretimento das calotas polares e a elevação do
nível do mar.

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El Niño e La Niña

O fenômeno El Niño-Oscilação Sul (ENOS) é caracterizado por


anomalias, positivas (El Niño) ou negativas (La Niña), de tempera-
tura da superfície do mar (TSM) no Pacífico equatorial, e sua carac-
terização é feita através de índices, como o Índice de Oscilação Sul
(IOS – calculado através da diferença de pressão entre duas regiões
distintas: Taiti e Darwin) e os índices nomeados Niño [(Niño 1+2,
Niño 3, Niño 3.4 e Niño 4), que nada mais são do que as anomalias
de TSM médias em diferentes regiões do Pacífico equatorial].
As previsões da anomalia da TSM para Dezembro-Janeiro-Fe-
vereiro de 2019 (DJF-2019) dos modelos numéricos de previsão
O derretimento das calotas polares e o consequente aumento climática analisados indicam que as águas sobre o Pacífico Equato-
do nível do mar são consequências do efeito estufa. rial devem manter-se mais quentes que o normal, indicando a per-
manência do fenômeno El Niño. A previsão da ocorrência de ENOS
Como evitar o efeito estufa? realizada pelo IRI/CPC no início de novembro aponta que a maior
O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas sina- probabilidade (80%) é de que o próximo trimestre (DJF) ainda tenha
liza que a emissão de gases de efeito estufa deve ser reduzida de a influência do fenômeno El Niño, e assim segue até Abril-Maio-Ju-
40% a 70% entre os anos 2010 e 2050. Os países precisam estabe- nho de 2019 (AMJ-2019) (49%). Para o último trimestre da previsão
lecer metas de redução de emissão desses gases a fim de conter o (Junho-Julho-Agosto de 2019) a maior probabilidade (51%) é de que
aumento das temperaturas. retorne a neutralidade, ou seja, sem a ocorrência do El Niño ou da
É preciso investir no uso de fontes de energia renováveis e al- La Niña.
ternativas, abandonando o uso dos combustíveis fósseis, cuja quei-
ma libera diversos gases de efeito estufa. Outras ações cotidianas El NiÑo
também podem ser adotadas, como redução do uso de transportes El Niño é um fenômeno atmosférico-oceânico caracterizado
em trajetos pequenos, optando por ir a pé ou de bicicleta, preferên- por um aquecimento anormal das águas superficiais no oceano Pa-
cia pelo uso de transporte coletivo e de produtos biodegradáveis e cífico Tropical, e que pode afetar o clima regional e global, mudando
incentivo à coleta seletiva. os padrões de vento a nível mundial, e afetando assim, os regimes
de chuva em regiões tropicais e de latitudes médias.
Resumo
La NiÑa
La Niña representa um fenômeno oceânico-atmosférico com
Fenômeno
Efeito Estufa características opostas ao EL Niño, e que caracteriza-se por um es-
atmosférico
friamento anormal nas águas superficiais do Oceano Pacífico Tropi-
Fenômeno de ordem natural responsável cal. Alguns dos impactos de La Niña tendem a ser opostos aos de El
por manter as temperaturas médias glo- Niño, mas nem sempre uma região afetada pelo El Niño apresenta
bais, possibilitando a existência de vida na impactos significativos no tempo e clima devido à La Niña.
Terra. É agravado pela ação humana por
Principais
meio da emissão de gases de efeito estu- Aquecimento Global
características
fa à atmosfera, que impedem a dispersão O aquecimento global pode ser definido como o processo de
da radiação solar irradiada pela superfície elevação média das temperaturas da Terra ao longo do tempo. Se-
terrestre, aumentando a temperatura do gundo a maioria dos estudos científicos e dos relatórios de painéis
planeta. climáticos, sua ocorrência estaria sendo acelerada pelas atividades
Dióxido de carbono humanas, provocando problemas atmosféricos e no nível dos ocea-
Gases de Gás metano nos, graças ao derretimento das calotas polares.
efeito estufa Óxido nitroso O principal órgão responsável pela divulgação de dados e in-
Gases fluoretados formações sobre o Aquecimento Global é o Painel Internacional
sobre Mudanças Climáticas (IPCC), um órgão ligado à Organização
É um fenômeno natural que tem-se in- das Nações Unidas (ONU). Segundo o IPCC, o século XX foi o mais
tensificado em decorrência de atividades quente dos últimos tempos, com um crescimento médio de 0,7ºC
Causas humanas ligadas à indústria, atividades das temperaturas de todo o globo terrestre. A estimativa, segundo
agropecuárias, uso de transportes e des- o mesmo órgão, é que as temperaturas continuem elevando-se ao
matamento. longo do século XXI caso ações de contenção do problema não se-
Derretimento das calotas polares. jam adotadas em larga escala.
Aumento do nível do mar. O IPCC trabalha basicamente com dois cenários: um otimista
Agravamento da segurança alimentar. e outro pessimista. No primeiro, considerando que o ser humano
Consequências
Aumento dos períodos de seca. consiga diminuir a emissão de poluentes na atmosfera e contenha
Escassez de água. ações de desmatamento, as temperaturas elevar-se-iam em 1ºC até
Aumento das temperaturas. 2100.

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No segundo cenário, as temperaturas poderiam elevar-se de - eventuais inundações de áreas costeiras e cidades litorâneas,
1,8 até 4ºC durante esse mesmo período, o que comprometeria boa em função da elevação do nível dos oceanos;
parte das atividades humanas. - aumento da insolação e radiação solar, em virtude do aumen-
Em um relatório de grande repercussão, publicado em março to do buraco da Camada de Ozônio;
de 2014, o IPCC afirma que o aquecimento global seria muito grave - intensificação de catástrofes climáticas, tais como furacões e
e irreversível, provocando a elevação dos oceanos, perdas agríco- tornados, secas, chuvas irregulares, entre outros fenômenos mete-
las, entre outras inúmeras catástrofes geradas pelas alterações no orológicos de difícil controle e previsão;
clima e na disposição dos elementos e recursos naturais. - extinção de espécies, em razão das condições ambientais ad-
versas para a maioria delas.
Causas do Aquecimento Global
A principal entre as causas do aquecimento global, segundo Como combater o aquecimento global?
boa parte dos especialistas, seria a intensificação do efeito estufa, A primeira grande atitude, segundo apontamentos oficiais e
um fenômeno natural responsável pela manutenção do calor na su- científicos, para combater o aquecimento global seria a escolha de
perfície terrestre, mas que estaria sendo intensificado de forma a fontes renováveis e não poluentes de energia, diminuindo ou até
causar prejuízos. Com isso, a emissão dos chamados gases-estufa abandonado a utilização de combustíveis fósseis, tais como o gás
seria o principal problema em questão. natural, o carvão mineral e, principalmente, o petróleo. Por parte
Os gases-estufa mais conhecidos são o dióxido de carbono e o das indústrias, a diminuição das emissões de poluentes na atmosfe-
gás metano. Além desses, citam-se o óxido nitroso, o hexafluoreto ra também é uma ação necessária.
de enxofre, o CFC (clorofluorcarboneto) e os PFC (perfluorcarbone- Outra forma de combater o aquecimento global seria diminuir
tos). Essa listagem foi estabelecida pelo Protocolo de Kyoto, e sua a produção de lixo, através da conscientização social e do estímulo
presença na atmosfera estaria sendo intensificada por práticas hu- de medida de reciclagem, pois a diminuição na produção de lixo
manas, como a emissão de poluentes pelas indústrias, pelos veícu- diminuiria também a poluição e a emissão de gás metano, muito
los, pela queima de combustíveis fósseis e até pela pecuária. comum em áreas de aterros sanitários.
Soma-se a essas medidas a preservação da vegetação, tanto
dos grandes biomas e domínios morfoclimáticos, tais como a Ama-
zônia, como o cultivo de áreas verdes no espaço agrário e urbano.
Assim, as consequências do efeito estufa na sociedade seriam ate-
nuadas.

As posições céticas quanto ao aquecimento global


Há, no meio científico, um grande debate sobre a existência
e as possíveis causas do aquecimento global, de forma que a sua
ocorrência não estaria totalmente provada e nem seria consenso
por parte dos especialistas nas áreas que estudam o comportamen-
to da atmosfera. Existem grupos que afirmam que o aquecimento
global seria um evento natural, que não seria influenciado pelas
ações humanas e que, tampouco, seria gravemente sentido em um
O CO2 (dióxido de carbono) seria o período curto de tempo. Outras posições afirmam até mesmo que o
grande vilão do aquecimento global aquecimento global não existe, utilizando-se de dados que compro-
vam que o ozônio da atmosfera não está diminuindo, que o dióxido
Outra causa para o aquecimento global seria o desmatamen- de carbono não seria danoso ao clima e que as geleiras estariam, na
to das florestas, que teriam a função de amenizar as temperaturas verdade, expandindo-se, e não diminuindo.
através do controle da umidade. Anteriormente, acreditava-se que
elas também teriam a função de absorver o dióxido de carbono e
emitir oxigênio para a atmosfera, no entanto, o oxigênio produzido
é utilizado pela própria vegetação, que também emite dióxido de
carbono na decomposição de suas matérias orgânicas.
As algas e fitoplânctons presentes nos oceanos são quem, de
fato, contribuem para a diminuição de dióxido de carbono e a emis-
são de oxigênio na atmosfera. Por esse motivo, a poluição dos ma-
res e oceanos pode ser, assim, apontada como mais uma causa do
aquecimento global.

Consequências do Aquecimento Global


Entre as consequências do aquecimento global, temos as trans-
formações estruturais e sociais do planeta provocadas pelo aumen-
to das temperaturas, das quais podemos enumerar:
- aumento das temperaturas dos oceanos e derretimento das
Para alguns analistas, as calotas polares
calotas polares;
no sul e no norte estariam expandindo-se

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Essas posições mais céticas consideram que as posições sobre o


Aquecimento Global teriam um caráter mais político do que verda-
deiramente científico e acusam o IPCC de distorcer dados ou apre-
sentar informações equivocadas sobre o funcionamento do meio
ambiente e da atmosfera. Tais cientistas não consideram o painel da
ONU como uma fonte confiável para estudos sobre o tema.
Divergências à parte, é importante considerar que o aqueci-
mento global não é a única consequência das agressões ao meio
ambiente. Diante disso, mesmo os críticos ao aquecimento global
admitem a importância de conservar os recursos naturais e, princi-
palmente, os elementos da biosfera, vitais para a qualidade de vida
das sociedades.

Clima
Uma das primeiras realidades que se evidenciam, quando se
examina a colocação no Brasil no planisfério terrestre, é sua locali-
zação na faixa intertropical.

Apenas a região Sul foge à regra, não chegando, porém, nem


a se caracterizar seu clima como tipicamente temperado, sendo
muito mais de transição (subtropical), nem a influir decisivamente
no quadro geral dos climas brasileiros, já que essa região abrange
pouco mais de 10% do nosso território.
Temos então, como principais tipos climáticos brasileiros: Sub-
tropical, Semiárido, Equatorial úmido, Equatorial semiúmido, Tropi-
cal e Tropical de altitude.
– Clima subtropical: As regiões que possuem clima subtropical
apresentam grande variação de temperatura entre verão e inverno,
não possuem uma estação seca e as chuvas são bem distribuídas
durante o ano. É um clima característico das áreas geográficas a sul
do Trópico de Capricórnio e a norte do Trópico de Câncer, com tem-
peraturas médias anuais nunca superiores a 20ºC. A temperatura
mínima do mês mais frio nunca é menor que 0ºC.
– Clima semiárido: O clima semiárido, presente nas regiões
Nordeste e Sudeste, apresenta longos períodos secos e chuvas oca-
sionais concentradas em poucos meses do ano. As temperaturas
são altas o ano todo, ficando em torno de 26 ºC. A vegetação típica
desse tipo de clima é a caatinga.
Cortado ao norte pela linha do Equador e ao sul pelo Trópico de – Clima equatorial úmido: Este tipo de clima apresenta tempe-
Capricórnio, o Brasil é um país quase inteiramente tropical. Cerca raturas altas o ano todo. As médias pluviométricas são altas, sendo
de 92% do seu território se localiza na zona intertropical. Sua loca- as chuvas bem distribuídas nos 12 meses, e a estação seca é curta.
lização na área de maior aquecimento solar da superfície terrestre Aliando esses fatores ao fenômeno da evapotranspiração, garan-
é responsável, juntamente com outros fatores, pela predominância te-se a umidade constante na região. É o clima predominante no
dos climas quentes, mas que apresenta variações e dá origem a vá- complexo regional amazônico.
rios subtipos climáticos, em função da altitude, da continentalidade – Clima equatorial semiúmido: Uma pequena porção setentrio-
(maior ou menor distância em relação à costa) e da maritimidade nal do país, existe o clima equatorial semiúmido, que também é
que favorece a visita constante das massas de ar, de origem tanto quente, mas menos chuvoso. Isso ocorre devido ao relevo aciden-
tropical como polar. tado (o planalto residual norte-amazônico) e às correntes de ar que
Do ponto de vista físico, dois fatores são responsáveis por ser o levam as massas equatoriais para o sul, entre os meses de setembro
clima brasileiro predominantemente tropical: a novembro. Este tipo de clima diferencia-se do equatorial úmido
– Sua posição geográfica na faixa intertropical. por essa média pluviométrica mais baixa e pela presença de duas
– A modéstia de seu relevo, na sua quase totalidade, com alti- estações definidas: a chuvosa, com maior duração, e a seca.
tudes inferiores a 1.300 m, com muita pouca influência na caracte- – Clima tropical: Presente na maior parte do território brasi-
rização climática geral do país. leiro, este tipo de clima caracteriza-se pelas temperaturas altas. As
temperaturas médias de 18 °C ou superiores são registradas em
todos os meses do ano. O clima tropical apresenta uma clara distin-
ção entre a temporada seca (inverno) e a chuvosa (verão). O índice
pluviométrico é mais elevado nas áreas litorâneas.

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– Clima tropical de altitude: Apresenta médias de temperaturas


mais baixas que o clima tropical, ficando entre 15º e 22º C. Este
clima é predominante nas partes altas do Planalto Atlântico do Su-
deste, estendendo-se pelo centro de São Paulo, centro-sul de Minas
Gerais e pelas regiões serranas do Rio de Janeiro e Espírito Santo.
As chuvas se concentram no verão, sendo o índice de pluviosidade
influenciado pela proximidade do oceano.

HOTSPOTS E BIODIVERSIDADE

Hotspot podendo ser chamado de ponto crítico, é um termo


em inglês cunhado pelo cientista Norman Myers. Para uma região
ser considerada um hotspot, ela deve seguir dois critérios, de acor-
do com a organização Conservation International:
- A região deve possuir um número de espécies de plantas vas- Fonte: www.sogeografia.com.br
culares endêmicas de ao menos 1.500. Ou seja, uma grande quan-
tidade de plantas que não são encontradas em nenhum outro lugar O fator mais importante é o clima, que exerce grande influên-
do planeta, sendo, portanto, insubstituíveis; cia na distribuição dos vegetais, através da temperatura, umidade,
- Além disso, sua vegetação original deve estar ameaçada de pressão atmosférica e insolação.
extinção, que é quando esta se encontra em 30% ou menos da sua Higrófitos: vegetais adaptados aos ambientes de elevada quan-
vegetação nativa primária. tidade de água (comuns nas regiões de clima tropical super úmido
ou equatorial).
Os critérios levam em consideração as plantas, porque são im- Xerófitos: vegetais adaptados aos ambientes com pouca água
portantes por serem produtores primários. É a base de várias ca- (comuns nas áreas do semiárido nordestino).
deias alimentares. Elas também fornecem abrigo para outras cria- Normalmente, as formações vegetais são divididas de acordo
turas, como pássaros e mamíferos. Um alto grau de endemismo, com o porte dos vegetais que as compõem. Assim, podemos ter:
por sua vez, é uma medida da singularidade e insubstituibilidade da – Formações arbóreas ou florestais (grande porte);
biodiversidade de uma área, devendo, portanto, receber atenção – Formações arbustivas (médio porte);
especial em termos de medidas de conservação. – Formações herbáceas (pequeno porte).
A biodiversidade sustenta toda a vida na terra incluindo a vida
humana porque se não houver diversidade de espécies não teria Formações florestais
como subsistir comida, ar ou condições apoiar a sociedade. Com Originalmente eram as predominantes em nosso território,
recursos financeiros e de tempo limitados para a conservação da tendo sofrido ao longo dos tempos intensa devastação, o que levou
biodiversidade a delimitação de hotspots é uma forma estratégica largas áreas, principalmente próximas ao litoral, a perder quase to-
de direcionar esforços para reduzir a taxa global de perda de biodi- talmente sua cobertura original. É o caso do estado de São Paulo,
versidade. que hoje não chega a ter 3% do seu território ocupado por vegeta-
O Brasil é possuidor de uma das biodiversidades mais ricas do ção florestal nativa. As principais formações vegetais do território
mundo, detendo uma das maiores reservas de água doce e de um brasileiro são:
terço das florestas tropicais que ainda não foram desmatadas. De – Floresta Latifoliada Equatorial (pluvial): Trata-se da Floresta
acordo com o IBGE o Brasil é formado por seis biomas de caracterís- Amazônica, batizada de Hiléia por Humboldt. É a maior floresta
ticas distintas: Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pampa úmida do mundo em variedade e quantidade de espécies vegetais.
e Pantanal. Cada um desses ambientes abriga diferentes tipos de Cobre uma área superior a 6 milhões de km2, dos quais cerca de 4
vegetação e de fauna. milhões em território brasileiro. Sua vegetação predominante é do
tipo higrófila, heterogênea, densa e latifoliada (vegetais com folhas
largas).
BIOMAS. DISTRIBUIÇÃO DA VEGETAÇÃO, CARACTERÍSTI- – Floresta Latifoliada Tropical: Originalmente ocupava toda
CAS GERAIS DOS DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS área do litoral brasileiro. Era estreita no Nordeste, alargava-se no
Sudeste, e no Sul voltava a se estreitar. Composta por inúmeras es-
pécies, de vegetação bastante densa (menos que a Floresta Latifo-
Vegetação liada Equatorial), foi intensamente devastada pela lógica de ocu-
O Brasil apresenta uma grande variedade de paisagens vege- pação do espaço adotada ao longo da história econômica do país.
tais, por sua grande extensão territorial e pela influência de vários
fatores: clima, solo, relevo, fauna e ação humana.

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– Floresta Subtropical (araucária): Também conhecida como Caatinga: é uma vegetação típica de clima semiárido, locali-
Mata dos Pinhais, é mais aberta e homogênea que as duas forma- zada no Nordeste brasileiro. Possui plantas espinhosas e pobres
ções mencionadas anteriormente. É formada principalmente pela em nutrientes. Nos últimos anos, vem sofrendo diversas agressões
Araucária Angustifolia, espécie de pinheiro, e por algumas espécies ambientais que causam empobrecimento do solo, dificultando mais
associadas, incluindo as do tipo latifoliada, como a Imbuia, Canela, ainda o desenvolvimento dessa região.
Cedro etc. Originalmente ocupava os planaltos de clima tropical de
altitude em São Paulo e Paraná, até as áreas de clima subtropical do Cerrado: típica do Planalto Central brasileiro e de clima tropical
Rio Grande do Sul. Sua intensa exploração levou a ser considerada semiúmido, é a segunda maior formação vegetal do Brasil. Apesar
extinta pelo IBDF (Instituto Brasileiro de Defesa Florestal) em 1985. de sua paisagem ser composta por árvores baixas e retorcidas, é a
vegetação com maior biodiversidade do planeta. Somente nos úl-
Formações herbáceas timos anos é que os ambientalistas vêm se preocupando com esse
Como principais exemplos deste tipo de formação vegetal te- ecossistema, que sofre vários danos ambientais causados pela plan-
mos: tação de soja e cana-de-açúcar e pela pecuária.
– Campos ou Pradarias: Predominam espécies rasteiras do tipo
gramínea, caracterizada por pequenos arbustos espalhados pelo Pantanal: localizada no Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, é
terreno. Quando grandes áreas do terreno são cobertas pelo tipo considerada uma vegetação de transição, isto é, uma formação ve-
de vegetação predominantemente de espécies gramíneas, tem-se getal heterogênea composta por diferentes ecossistemas. Em de-
a formação de campos limpos; quando aparecem arbustos, trata-se terminadas épocas do ano, algumas porções de área são alagadas
de campos sujos. pelas cheias dos rios e é somente nas estiagens que a vegetação se
– Cerrado: Trata-se de vegetação predominantemente arbus- desenvolve.
tiva, encontrada em quase todo Brasil Central, cobrindo particular-
mente o Planalto Central. Seus arbustos de galhos retorcidos po- Campos sulinos: também conhecidos como “pampas” e carac-
dem aparecer espalhados ou em formações compactas. terísticos de clima subtropical, apresentam vegetação rasteira com
– Caatinga: Vegetação típica do semiárido nordestino, formada a predominância de capins e gramíneas.
por espécies xerófitas, representada pelas espécies de cactáceas e
bromeliáceas. Mata de Araucária: com a predominância de pinheiros e loca-
– Formação Litorânea: formada pelo mangue, é uma paisagem lizada no estado do Paraná, é uma vegetação típica de clima subtro-
vegetal típica de litorais tropicais como o nosso. Ocorre em terrenos pical. Sua cobertura original é quase inexistente em razão da inten-
baixos que sofrem a ação das marés ou da água salobra. Suas espé- sa exploração de madeira para fabricação de móveis.
cies vegetais são geralmente arbustivas, adaptadas a ambientes de
grande umidade (higrófilos) e grande acidez (halófilo). Mangues: é um tipo de vegetação de formação litorânea, ca-
racterizado principalmente por abranger diversas vegetações, ocor-
A vegetação brasileira rendo em áreas baixas e, logo, sujeito à ação das marés.
O Brasil apresenta uma vegetação bastante rica e diversifica-
da. Podemos dividir as paisagens vegetais brasileiras nas seguintes — Domínios Morfoclimáticos Brasileiros
formações: Domínios Morfoclimáticos são classificação que divide o espa-
• Florestais - podem ser do tipo latifoliada (ex: Amazônica, ço geográfico baseado nas características climáticas, vegetativas,
Mata dos Cocais) e aciculifoliada (ex: Mata de Araucária). do solo e a hidrografia. Os domínios morfoclimáticos do Brasil são
• Arbustivas e herbáceas - predomínio de gramíneas (ex: definidos como seis:
cerrado, caatinga e campos). • Amazônico: é o maior entre eles. Localizado no Norte do país,
• Complexas - apresentam características variadas. Abran- possui relevo de terras de baixa latitude e grandes depressões. Seu
gem o Pantanal e a vegetação litorânea. clima é quente e úmido (equatorial), com chuvas em todos os me-
O Brasil, por ter dimensões territoriais continentais, abriga oito ses do ano. A temperatura nesse domínio varia entre 24ºC e 27 ºC,
tipos principais de vegetação natural. São eles: e nele está a maior bacia hidrográfica do Brasil. O solo da Amazônia
não é muito fértil.
Floresta Amazônica: de clima equatorial e conhecida como • Caatinga: situado na região do Nordeste do país, apresenta
Amazônia Legal, abriga milhões de espécies animais e vegetais, características de um relevo com grandes depressões e clima semi-
sendo de vital importância ao equilíbrio ambiental do planeta. Ela árido, ocorrendo diversas secas. Sua hidrografia é instável, pois os
é classificada como uma formação florestal Latifoliada, pois suas rios secam uma vez por ano, por conta da temperatura alta padrão
folhas são largas e agrupam-se densamente, geralmente atingindo desse domínio. O solo da Caatinga tem má permeabilidade.
grandes alturas. • Mares de Morros: domínio situado no litoral do país, de rele-
vo caracterizado por morros arredondados e serras. Apresenta cli-
Mata Atlântica: caracterizada como uma floresta latifoliada ma tropical úmido, com alto índice de chuvas. Esse domínio possui
tropical e de clima tropical úmido, foi a vegetação que mais sofreu duas bacias hidrográficas importantes: a Bacia do Rio Paraná e a
devastação no Brasil, restando apenas 7% de sua cobertura original. Bacia do Rio São Francisco. O solo é fértil.
Era uma vegetação que se estendia do Rio Grande do Norte ao Rio
Grande do Sul, mas que foi intensamente degradada pelos portu-
gueses para a extração de madeira e plantio de cana-de-açúcar.

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• Cerrado: de relevo caracterizado por planaltos e chapadões, O território brasileiro, com cerca de 8,5 milhões de quilômetros
o clima desse domínio é tropical sazonal. A sua temperatura média quadrados, possui uma grande variedade de características naturais
é de 22ºC, mas pode variar bastante, tendo secas no inverno. É o (solo, relevo, vegetação e fauna), que interagem entre si formando
domínio que abriga 8 de 12 bacias hidrográficas no Brasil, com rios uma composição natural única. Entre as principais características
importantes como o Rio Tocantins e o Rio Araguaia. O solo é aver- naturais que mais apresentam variação, estão os biomas, conjun-
melhado e argiloso. tos de ecossistemas com características semelhantes dispostos em
• Araucárias: o relevo desse domínio é caracterizado por ondu- uma mesma região e que historicamente foram influenciados pelos
lações e montanhas. Seu clima é subtropical, e apresenta as esta- mesmos processos de formação.
ções do ano bem definidas. A temperatura varia de 14ºC a 30ºC. O De acordo com o IBGE, o país possui seis grandes biomas, que,
domínio abriga usinas hidrelétricas importantes para o país. Apre- juntos, possuem uma das maiores biodiversidades do planeta. São
senta solo de bastante umidade e bem fértil. eles:
• Pradarias (ou Pampas): situado no Sul do Brasil, o relevo des- • Amazônia: A Floresta Equatorial brasileira ocupa cerca da
se domínio apresenta características de baixa latitude e algumas metade do território do Brasil e está concentrada nas regiões Norte
ondulações. Possui dois tipos de clima, as temperadas, com clima e em parte da região Centro-Oeste. Esse bioma é muito influencia-
de estações bem definido (verão com temperaturas altas e chuva e do pelo clima equatorial, que se caracteriza pela baixa amplitude
inverno frio e seco), e pradarias tropicais, com clima quente e seco térmica e grande umidade, proveniente da evapotranspiração dos
em todos os meses do ano. Abrange rios como o Ibicuí e o Rio Uru- rios e das árvores. A sua flora é constituída por uma vegetação flo-
guai. Solo fértil e profundo, bastante utilizado para a agricultura. restal muito rica e densa e apresenta espécies de diferentes tama-
nhos – algumas podem alcançar até 50 metros de altura – com fo-
— Mudança Climática e Poluição Atmosférica. lhas largas e grandes, que não caem no outono. A fauna também é
Mudanças climáticas são transformações que o clima e a tem- muito diversificada, composta por insetos, que estão presentes em
peratura sofrem ao longo do tempo. Elas são naturais, porém os todos os estratos da floresta, uma infinidade de espécies de aves,
seres humanos veem interferindo no ciclo natural desde o século macacos, jabutis, antas, pacas, onças e outros.
XVIII, principalmente após a Revolução Industrial.
A queima de combustíveis como petróleo e carvão polui a at-
mosfera Terrestre com gases de efeito estufa, retendo o calor na
Terra e gerando mudanças climáticas intensas. O principal gás libe-
rado pelos combustíveis fósseis utilizados em carros, motos e indús-
trias é o dióxido de carbono. Além de causar mudanças climáticas e
o aquecimento global, a poluição atmosférica afeta a vida de todos
os seres vivos do planeta, inclusive os seres humanos. Diversas do-
enças respiratórias e pulmonares, por exemplo, se intensificaram ao
longo dos anos com o aumento do aquecimento global.

Principais biomas brasileiros


Os principais biomas brasileiros são: Amazônia, Cerrado, Mata
Atlântica, Pampas, Caatinga e Pantanal.

Arara-canindé, uma espécie muito comum na Amazônia Brasileira

• Cerrado: O Cerrado, ou a Savana brasileira, estende-se por


grande parte da região Centro-Oeste, Nordeste e Sudeste do país.
É um bioma característico do clima tropical continental, que, em
razão da ocorrência de duas estações bem definidas – uma úmida
(verão) e outra seca (inverno) –, possui uma vegetação com árvores
e arbustos de pequeno porte, troncos retorcidos, casca grossa e, ge-
ralmente, caducifólia (as folhas caem no outono). A fauna da região
é bastante rica, constituída por capivaras, lobos-guarás, tamanduás,
antas, seriemas etc.

Vegetação caducifólia da Caatinga, que perde as suas folhas


no período da seca

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• Mata Atlântica: O exemplar de Floresta Tropical do Brasil


praticamente já desapareceu, pois, como estava localizada na faixa
litorânea do país, grande parte de sua vegetação original foi devas-
tada para ceder lugar à intensa ocupação do litoral. Originalmente,
a vegetação desse bioma encontrava-se localizada em uma extensa
área do litoral brasileiro, que se estendia do Piauí ao Rio Grande do
Sul, e era constituída por uma vegetação florestal densa, com pra-
ticamente as mesmas características da Floresta Amazônica: com
diversos tamanhos, latifoliada (folhas largas e grandes) e perene
(folhas que não caem). A fauna dessa região já foi praticamente ex-
tinta e era constituída por micos-leões, lontra, onça-pintada, tatu-
-canastra, arara-azul e outros.

• Caatinga: estende-se por todo o sertão brasileiro, ocu-


pando cerca de 11% do território nacional. Trata-se da região mais
seca do país, localizando-se na zona de clima tropical semiárido. A
vegetação dessa região é composta, principalmente, por plantas
xerófilas (acostumadas com a aridez, como as cactáceas) e caduci- Área do bioma amazônico desmatada para servir de pastagem
fólias (que perdem a folha durante o período mais seco), além de para o gado
algumas árvores com raízes bem grandes que conseguem captar a
água do lençol freático em grandes profundidades e que, por isso, Atualmente, como resultado da expansão das atividades agro-
não perdem as suas folhas, como o juazeiro. A fauna desse bioma é pecuárias e da urbanização no país, todo os biomas brasileiros cor-
composta por uma grande variedade de répteis, sapo cururu, asa- rem risco de extinção caso sejam mantidos os mesmos padrões de
-branca, cutia, gambá, preá, veado-catingueiro, tatupeba etc. exploração. Dois desses biomas, o Cerrado e a Mata Atlântica, já se
encontram na lista mundial de Hotsposts, isto é, áreas com grande
• Pampas: Localizado no extremo sul do Brasil, no Rio Gran- diversidade que se encontram ameaçadas de extinção. Além deles,
de do Sul, esse bioma é bastante influenciado pelo clima subtropi- estima-se que a Amazônia brasileira desaparecerá em 40 anos caso
cal e pela formação do relevo, que é constituído principalmente por sejam mantidos os índices de desmatamento atuais. O Pantanal e
planícies. Em virtude do clima frio e seco, a vegetação não consegue os Pampas são ameaçados pelas atividades agropecuárias que com-
desenvolver-se, sendo constituída principalmente por gramíneas, prometem o sistema de cheias dos rios no Pantanal e contribuem
como capim-barba-de-bode, capim-gordura, capim-mimoso etc. para o processo de desertificação do solo nos Pampas. Asim, o Bra-
São exemplos de animais que vivem nesse bioma o veado, garça, sil, embora possua uma grande biodiversidade, corre o risco de per-
lontras, capivaras e outros. dê-la caso as leis ambientais de proteção desses biomas não sejam
colocadas em prática.
• Pantanal: trata-se da maior planície inundável do país e
está localizado nos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do sul.
Esse bioma é muito influenciado pelos regimes dos rios presentes RECURSOS HÍDRICOS: BACIAS HIDROGRÁFICAS, AQUÍFE-
nesses lugares, pois, durante o período chuvoso (outubro a abril), a ROS, HIDROVIAS
água do pantanal alaga grande parte da planície da região. Quando
o período chuvoso acaba, os rios diminuem o seu volume d’água e
retornam para os seus leitos. Por essa razão, a vegetação e os ani- Hidrografia
mais precisam adequar-se a essa movimentação das águas. Todos O Brasil é um país rico em rios e pobre em formações lacustres.
esses fatores tornam a vegetação do pantanal muito diversificada, Os rios brasileiros são predominantemente de planaltos, o que de-
havendo exemplares higrófilos (adaptados à umidade), plantas tí- termina um grande potencial hidrelétrico.
picas do Cerrado e da Amazônia e, nas áreas mais secas, espécies Nossas bacias apresentam como principais dispersores de
xerófilas. A fauna é constituída por várias espécies de aves, peixes, água: Cordilheira dos Andes, Planalto Guiano e Planalto Brasileiro.
mamíferos, répteis etc. Os rios brasileiros são, direta ou indiretamente, afluentes do Atlân-
tico, em consequência da presença da Cadeia Andina, que impossi-
bilita a passagem dos rios em direção ao Pacífico.
Quanto à foz, há uma predominância de estuários, exceto no
caso do rio Parnaíba (foz em delta) e do Amazonas (mista = delta
+ estuário). Predomina o regime pluvial tropical (cheias de verão e
vazantes de inverno).

Principais características da hidrografia brasileira


– Grande riqueza fluvial, tanto na quantidade quanto na exten-
são e no volume de água;
– Pobreza de lagos;
– Predomínio do regime pluvial;

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– Predomínio dos rios perenes e de bacias exorreicas (que de- — Uso dos Recursos Hídricos e Impactos Ambientais.
ságua no mar); A existência de água potável sofre ameaças por conta da po-
– Predomínio de foz do tipo estuário (que desemboca no mar luição de rios, lagos e oceanos. A poluição hídrica é causada prin-
em forma de um único canal). cipalmente pelo despejamento de lixo e substâncias químicas das
– Na produção de energia elétrica, o uso dos rios é muito indústrias. Isso traz diversas consequências, pois influencia negati-
grande. Aproximadamente cerca de 90% da eletricidade brasileira vamente as bacias hidrográficas, além de contaminar água que po-
provém dos rios. Seu potencial hidráulico vem de quedas d’água e deria ser utilizada para o consumo e outras atividades.
corredeiras, dificultando a navegabilidade desses mesmos rios. Na
construção da maioria das usinas hidrelétricas, não foi levado em Hidrovias no Brasil
conta a possibilidade futura de navegação, dificultando o transpor- Os últimos anos têm sido realizadas várias obras, com o intuito
te hidroviário. de tornar os rios brasileiros navegáveis.
Eclusas são construídas para superar as diferenças de nível das
Uma Bacia Hidrográfica é definida como uma área alimentada águas nas barragens das usinas hidrelétricas.
por um rio e seus afluentes. Sua delimitação se dá pelo relevo que a Hoje, a navegação fluvial no Brasil está numa posição inferior
contorna e/ou a vegetação em volta. em relação aos outros sistemas de transportes. É o sistema de me-
O Brasil se encontra em uma área privilegiada, pois possui cer- nor participação no transporte de mercadoria no Brasil. Isto ocorre
ca de 12% da água potável do planeta. Existem 12 bacias ao todo devido a vários fatores. Muitos rios do Brasil são de planalto, por
no país: exemplo, apresentando-se encachoeirados, portanto, dificultam a
• Bacia Hidrográfica amazônica: é a maior bacia do planeta, navegação. É o caso dos rios Tietê, Paraná, Grande, São Francisco e
com área de drenagem de cerca de 7 milhões de quilômetros qua- outros. Outro motivo são os rios de planície facilmente navegáveis
drados, onde 3 milhões estão só no Brasil. Tem enorme potencial (Amazonas e Paraguai), os quais encontram-se afastados dos gran-
em questões de gerar energia hidrelétrica e transportes fluviais. des centros econômicos do Brasil.
• Bacia Hidrográfica do São Francisco: com cerca de 640 quilô-
metros quadrados, ela liga as regiões Nordeste e Sudeste. Nos últimos anos têm sido realizadas várias obras, com o intui-
• Bacia Hidrográfica do Tocantins-Araguaia: sua área de dre- to de tornar os rios brasileiros navegáveis. Eclusas são construídas
nagem é de 967.059 quilômetros quadrados, sendo a maior bacia para superar as diferenças de nível das águas nas barragens das usi-
exclusiva do Brasil. nas hidrelétricas. É o caso da eclusa de Barra Bonita no rio Tietê e
• Bacia Hidrográfica do Paraná: é encontrada em vários países da eclusa de Jupiá no rio Paraná, já prontas.
da América do Sul: Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai. Com gran- Existe também um projeto de ligação da Bacia Amazônica à Ba-
de potencial hidrelétrico, existem diversas usinas que utilizam desta cia do Paraná. É a hidrovia de Contorno, que permitirá a ligação da
bacia, como a usina Ilha Solteira, Itaipu, Capivari, entre outras. região Norte do Brasil às regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul, caso
• Bacia Hidrográfica do Parnaíba: área de drenagem de cer- implantado. O seu significado econômico e social é de grande im-
ca de 340 mil quilômetros quadrados, encontra-se nos estados do portância, pois permitirá um transporte de baixo custo.
Piauí, Maranhão e Ceará e os rios principais são Balsas, Uruçuí-Pre- O Porto de Manaus, situado à margem esquerda do rio Negro,
to, Gurguéia, entre outros. é o porto fluvial de maior movimento do Brasil e com melhor in-
• Bacia Hidrográfica do Uruguai: encontra-se nos estados de fra-estrutura. Outro porto fluvial relevante é o de Corumbá, no rio
Santa Catarina e Rio Grande do Sul, e o rio principal é o Rio Uruguai, Paraguai, por onde é escoado o minério de manganês extraído de
com grande potencial hidrelétrico. uma área próxima da cidade de Corumbá.
• Bacia Hidrográfica do Paraguai: encontra-se nos estados do
Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, com área de drenagem de cerca Transporte Hidroviário
de 360 quilômetros quadrados. O rio principal é o Paraguai. O Brasil tem mais de 4 mil quilômetros de costa atlântica na-
• Bacia Hidrográfica do Atlântico Nordeste Oriental: tem área vegável e milhares de quilômetros de rios. Apesar de boa parte dos
de drenagem de cerca de 288 quilômetros quadrados e encontra-se rios navegáveis estarem na Amazônia, o transporte nessa região
nos estados do Rio Grande do Norte, Ceará, Paraíba, Pernambuco e não tem grande importância econômica, por não haver nessa parte
Alagoas. os rios principais são Beberibe e Capibaribe. do País mercados produtores e consumidores de peso.
• Bacia Hidrográfica Atlântico Nordeste Ocidental: com área Os trechos hidroviários mais importantes, do ponto de vista
de drenagem de cerca de 254 quilômetros quadrados, encontra-se econômico, encontram-se no Sudeste e no Sul do País. O pleno
nos estados do Maranhão e do Pará e os principais rios são o Mea- aproveitamento de outras vias navegáveis dependem da constru-
rim, Itapecuru e Turiaçu. ção de eclusas, pequenas obras de dragagem e, principalmente, de
• Bacia Hidrográfica Atlântico Leste: com área de drenagem portos que possibilitem a integração intermodal. Entre as principais
de cerca de 374 quilômetros quadrados, encontra-se nos estados hidrovias brasileiras, destacam-se duas: Hidrovia Tietê-Paraná e a
de Sergipe, Bahia, Minas Gerais e Espírito Santo. O principal rio é o Hidrovia Taguari -Guaíba.
Jequitinhonha.
• Bacia Hidrográfica Atlântico Sudeste: com área de drenagem Principais hidrovias
de cerca de 230 quilômetros quadrados, encontra-se nos estados Hidrovia Araguaia-Tocantins
do Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná. A Bacia do Tocantins é a maior bacia localizada inteiramente no
Seus principais rios são os Doce, Itapemirim, São Mateus, Iguape, Brasil. Durante as cheias, seu principal rio, o Tocantins, é navegável
Paraíba do Sul, etc. numa extensão de 1.900 km, entre as cidades de Belém, no Pará, e
• Bacia Hidrográfica Atlântico Sul: de menor porte, sua área de Peixes, em Goiás, e seu potencial hidrelétrico é parcialmente apro-
drenagem tem cerca de 185 quilômetros quadrados. veitado na Usina de Tucuruí, no Pará. O Araguaia cruza o Estado de
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Tocantins de norte a sul e é navegável num trecho de 1.100 km. A Quanto ao armazenamento:
construção da Hidrovia Araguaia-Tocantins visa criar um corredor • Livres: possuem uma base impermeável e a superfície li-
de transporte intermodal na região Norte. vre.

Hidrovia São Francisco


Entre a Serra da Canastra, onde nasce, em Minas Gerais, e sua
foz, na divisa de Sergipe e Alagoas, o “Velho Chico”, como é conhe-
cido o maior rio situado inteiramente em território brasileiro, é o
grande fornecedor de água da região semi-árida do Nordeste. Seu
principal trecho navegável situa-se entre as cidades de Pirapora, em
Minas Gerais, e Juazeiro, na Bahia, num trecho de 1.300 quilôme-
tros. Nele estão instaladas as usinas hidrelétricas de Paulo Afonso
e Sobradinho, na Bahia; Moxotó, em Alagoas; e Três Marias, em
Minas Gerais. Os principais projetos em execução ao longo do rio
visam melhorar a navegabilidade e permitir a navegação noturna.

Hidrovia da Madeira • Confinados: além da base impermeável, possui uma ca-


O rio Madeira é um dos principais afluentes da margem direita mada impermeável acima do aquífero.
do Amazonas. A hidrovia, com as novas obras realizadas para permi- De acordo com o tipo de rocha os aquíferos podem ser:
tir a navegação noturna, está em operação desde abril de 1997. As • Porosos: estão associados com rochas sedimentares e so-
obras ainda em andamento visam baratear o escoamento de grãos los arenosos (Representam o grupo de aquíferos mais importantes,
no Norte e no Centro-oeste. devido ao grande volume de água que armazenam e também por
serem encontrados em muitas áreas).
Hidrovia Tietê-Paraná • Fraturados: rochas ígneas e metamórficas que possuem
Esta via possui enorme importância econômica por permitir fraturas abertas que acumulam água.
o transporte de grãos e outras mercadorias de três estados: Mato • Cársticos: formados em rochas carbonáticas. Podem atin-
Grosso do Sul, Paraná e São Paulo. Ela possui 1.250 quilômetros gir grandes dimensões, formando rios subterrâneos.
navegáveis, sendo 450 no rio Tietê, em São Paulo, e 800 no rio Para- No Brasil, estima-se que existam 27 aquíferos, com destaque
ná, na divisa de São Paulo com o Mato Grosso do Sul e na fronteira para os dois maiores e mais importantes: o Guarani, situado no
do Paraná com o Paraguai e a Argentina. Para operacionalizar esses Centro-sul e que se estende por outros países e o Alter do Chão,
1.250 quilômetros, há necessidade de conclusão de eclusa na re- localizado na região Norte. Apesar da importância desses aquíferos,
presa de Jupiá para que os dois trechos se conectem. eles estão sendo afetados pela poluição humana, principalmente
pelas atividades industriais e agrícolas.
Taguari-Guaíba
Com 686 quilômetros de extensão, no Rio Grande do Sul, esta
é a principal hidrovia brasileira em termos de carga transportada. É
operada por uma frota de 72 embarcações, que podem movimen-
tar um total de 130 mil toneladas. Os principais produtos trans-
portados na hidrovia são grãos e óleos. Uma de suas importantes
características é ser bem servida de terminais intermodais, o que fa-
cilita o transbordo das cargas. No que diz respeito ao tráfego, outras
hidrovias possuem mais importância local, principalmente no trans-
porte de passageiros e no abastecimento de localidades ribeirinhas.

Aquíferos no Brasil
Aquífero é uma formação geológica subterrânea que funciona
como reservatório de água. É formado por rochas porosas e per-
meáveis que retém a água da chuva, mas também permite sua
movimentação. Quando a água passa pelos poros das rochas ocor-
re um processo natural de filtragem tornando os aquíferos fontes
importantíssimas de água doce potável que serve como proveitosa
fonte de abastecimento, fornecendo água para poços e nascentes
em proporções suficientes.
Existem várias formas de classificar os aquíferos, as mais co-
muns são de acordo com o armazenamento da água e tipo de rocha
armazenadora.

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DEGRADAÇÃO AMBIENTAL, O APROVEITAMENTO ECONÔ-


MICO DOS RECURSOS NATURAIS E AS ATIVIDADES ECO-
NÔMICAS: OS RECURSOS MINERAIS, FONTES DE ENERGIA,
MATRIZ ENERGÉTICA BRASILEIRA E MEIO AMBIENTE, O
SETOR MINERAL E OS GRANDES PROJETOS DE MINERA-
ÇÃO

Desmatamento1 ou desflorestamento, diz respeito a retirada


da cobertura vegetal parcial ou total de um determinado lugar. Esta
retirada da cobertura vegetal está relacionada a diversas causas,
como a urbanização, mineração e expansão do agronegócio, e tem
inúmeros impactos.

Os impactos ambientais (BEN, 2022; total: 302 milhões de tep - tonelada-equivalente


A ação humana tem acarretado sérios danos à diversidade bio- de petróleo)
lógica do Brasil. Os principais problemas decorrentes das atividades
agropecuárias predatórias e da extração madeireira são: A atual matriz energética brasileira é resultado políticas nacio-
- Desmatamento: esse modelo foi implantado no Brasil desde a nais de desenvolvimento adotadas durante o processo de industria-
época colonial e tem interferido de maneira direta na relação entre lização brasileira, especialmente a partir de 1960. Essas políticas
a população e o meio ambiente, com grandes reflexos na atualida- foram baseadas na indústria automotiva e nas obras de infraes-
de. A expansão das fronteiras agrícolas, a pecuária não sustentável, trutura. A abertura de rodovias e a construção de grandes hidrelé-
a atividade mineradora e a ação das madeireiras continuam a cau- tricas têm sido os destaques dos projetos de desenvolvimento do
sar grandes impactos ambientais. governo. Quanto às possibilidades de produção de energia, o Brasil
- Queimadas: É uma das mais antigas técnicas para limpeza e tem uma grande vantagem em relação à maioria dos países pois as
preparo do solo para plantio e pastagem. Consideram uma forma condições naturais -clima, relevo e hidrografia- e a extensão territo-
muito barata de “limpar uma área”, mas certamente a mais nociva, rial brasileira permitem ao país disponha de diversas opções ener-
pois ela empobrece o solo e consome seus nutrientes. géticos, muitas das quais renováveis ​​e menos poluentes do que os
- Desertificação: causado pela ação humana, através do desma- combustíveis fósseis. Entre 1970 e 2014 houve uma profunda trans-
tamento e de atividades agropecuárias e mineradoras predatórias, formação na estrutura da matriz energética brasileira, com forte re-
das quais provocam o surgimento do fenômeno de desertificação dução da participação da lenha e da hulha vegetal, pois houve signi-
que é a perda gradual de fertilidade biológica do solo sendo resul- ficante expansão do uso de fogões movidos a GLP (Gases Liquefeito
tado sobretudo do cultivo inadequado da terra, combinado com a de Petróleo) e combustíveis naturais. A expansão da capacidade de
variações climáticas locais e a características do solo. geração hidrelétrica, com a construção de grandes hidrelétricas, e
a produção de biocombustíveis, incluindo programas específicos
Recursos minerais como o Proálcool (programa Nacional do Álcool).
Graças sua formação rochosa antiga o Brasil, possui grande Uma das desvantagens da matriz energética brasileira está re-
quantidade de minerais. Destacando os minerais metálicos, como lacionadas à energia hidráulica, que é responsável pela maior pro-
o ferro, o manganês e a bauxita (minério de alumínio). Esses mine- dução de energia do país. O uso dessa fonte de energia causa gran-
rais fazem parte da base da indústria mineradora brasileira, princi- des impactos socioambientais. A instalação de hidrelétricas altera o
palmente o minério de ferro. Em menor escala, porém não menos meio ambiente, altera o ciclo biológico dos rios, bem como a vida
importante, tem-se também o ouro, o cobre e o nióbio. das famílias que vivem próximos às áreas de instalação. Há também
mudanças no solo e impactos na biodiversidade da água do rio usa-
Matriz energética no Brasil da para produzir energia.
A matriz energética do Brasil usa mais fontes renováveis que
no resto do mundo. Somando lenha e carvão vegetal, hidráulica, O setor mineral e os grandes projetos de mineração
derivados de cana e outras renováveis, nossas renováveis totalizam Quando falamos da relação entre mineração e meio ambiente
44,8%. vemos que é um tema controverso. A mineração se faz é necessária,
pois delas se obtém produtos que fazem parte da vida de todas as
pessoas do mundo. Do alimento de cada dia às mais ousadas inova-
ções da humanidade, sem a mineração seria inviável.
A mineração também é a ponte para um futuro de baixo car-
bono. Uma economia descarbonizada só será possível com o pleno
aproveitamento de metais como cobre, lítio e níquel.
A mineração pode e deve:
- Ser um vetor para o desenvolvimento;
- Indutora da transformação tecnológica;
1 SOUSA, Rafaela. “Desmatamento”; Brasil Escola. Disponível em:
https://brasilescola.uol.com.br/geografia/o-desmatamento.htm.
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- Contribuinte ativa para um modo de vida equilibrado e inclu- O grande território brasileiro permitiu a expansão da agricultu-
sivo; ra e da pecuária graças à diversidade de zonas climáticas. O poten-
- Protagonista no incentivo à economia circular e cial de recursos vegetais e minerais é muito amplo. Mas a mesma
- Agente de cuidado com o meio ambiente. extensão territorial acarreta uma série de problemas, como longas
distâncias a serem percorridas por rodovias e ferrovias, cuja cons-
Antes de tudo e fundamentalmente, a mineração precisa ser trução é cara. Por exemplo, a distância entre São Paulo e Porto Ale-
responsável. gre corresponde à distância entre Lisboa em Portugal. Essa grande
O setor mineral, principalmente após o rompimento das barra- distância a percorrer aumenta os custos de produção e transporte,
gens de Mariana e Brumadinho, posicionou-se a favor de uma pro- gera problemas de diferenciação social, política e econômica entre
funda e rápida transmutação de suas práticas, buscando um maior as diferentes regiões do país.
equilíbrio entre exploração de recursos com preservação ambien- A indústria deu seus primeiros passos no Brasil no século XIX.
tal, desenvolvimento econômico e compromisso com a saúde e a A economia cafeeira dominante do período estimulou ativida-
qualidade de vida dos assalariados e da população do entorno. des urbanas, estimulou a imigração européia e criou uma comu-
Diante do contexto das mudanças ocorridas após o rompi- nidade empresarial nacional capaz de investir em certos setores
mento da represa A indústria de mineração está procurando tomar industriais. Os imigrantes trouxeram novos hábitos de consumo,
medidas para afinar suas práticas para encontrar operações mais incluindo produtos industrializados, experiência de processos de
sustentáveis ​​para o futuro. A indústria foi umas das primeiras a ade- produção industrial e trabalho como mão de obra. Aos poucos, for-
quar sua estratégia de negócios aos Objetivos de Desenvolvimento mou-se um mercado interno, ampliado no final do século XIX com a
Sustentável (ODS) da agenda 2030 da organização das nações Uni- abolição da escravatura e o endurecimento dos procedimentos de
das (ONU), metas para o desenvolvimento sustentável em todo o imigração. As indústrias de alimentos, calçados, têxteis, confecções,
mundo. velas, movéis, fundições e bebidas desenvolveram-se rápidamente,
especialmente no estado de São Paulo, centro da atividade cafeei-
ra e principal porta de entrada de imigrantes. Apesar de todos os
O ESPAÇO ECONÔMICO. A FORMAÇÃO DO TERRITÓRIO progressos da industrialização, a economia continuou impulsionada
NACIONAL: CICLOS ECONÔMICOS E A EXPANSÃO DO TER- pela produção agrícola, principalmente o café. No início do sécu-
RITÓRIO - DA CAFEICULTURA AO BRASIL URBANO INDUS- lo XX, a indústria ampliou sua participação na economia brasileira.
TRIAL E INTEGRAÇÃO TERRITORIAL Algumas indústrias eram estrangeiros, mas dominavam nacionais,
desenvolvidas principalmente por imigrantes, muitos dos quais pro-
vinham de pequenas oficinas artesanais. Para se ter uma ideia o
A população brasileira está irregularmente distribuída, pois número de indústrias no Pau-Brasil passou de 3.258 em 1907 para
grande parte da população habita na região litorânea, onde se en- 13.336 em 1920.
contram as maiores cidades do país. Isso nada mais é do que uma
herança histórica, resultado da forma como o Brasil foi povoado, os Desde a década de 1990, a inserção do Brasil no mundo glo-
primeiros núcleos urbanos surgiram no litoral. Até o século XVI, o balizado aumentou com a adoção de políticas neoliberais. Essa
Brasil possuía apenas a área estabelecida pelo Tratado de Tordesi- política, iniciada no governo de Fernando Collor (1990-1992), foi
lhas, assinado em 1494 por Portugal e Espanha. Esse tratado dividia fortalecida sobretudo nos governos de Fernando Henrique Cardoso
as terras da América do Sul entre Portugal e Espanha. (1995-2002), quando o país optou por importações e investimentos
Alguns acontecimentos históricos que contribuíram para o po- extrangeiros em detrimento de medidas de fortalecimento indús-
voamento do país foram: tria nacional. produtos importados como automóveis, mantimen-
- Século XVI: a ocupação limitava-se ao litoral, tendo como tos, roupas, eletrodomésticos, computadores, softwares, celulares,
principal atividade econômica o cultivo de cana para produzir o brinquedos e outros bens de consumo inundaram o mercado bra-
açúcar, produto muito apreciado na Europa, sendo que a produção sileiro. A abertura levou à bancarrota várias indústrias nacionais
era destinada à exportação. As propriedades rurais eram grandes acostumadas a políticas de proteção de mercado que conservar ele-
extensões de terra, cultivadas com força de trabalho escrava. O vados os impostos (tarifas) de importação. Para não cerrar as portas
crescimento da exportação levou aos primeiros centros urbanos no a outros sectores, têm sido vendidas ou integradas em grandes gru-
litoral, as cidades portuárias. pos nacionais e multinacionais e têm ocorrido várias fusões entre
- Século XVII e XVIII: a produção pastoril que adentrou a oeste empresas nacionais e estrangeiros. A década de 1990 também foi
do país e também pela descoberta de jazidas de ouro e diamante marcada pela intensificação das grandes indústrias de transmuta-
nos estados de Goiás, Minas Gerais e Mato Grosso, marcou o perío- ção, mineração, distribuição de energia e telefonia, entre outras,
do que ficou conhecido de aurífero e fez surgir várias cidades. nas quais grupos estrangeiros tiveram forte participação. Em junho
- Século XIX: a atividade que contribuiu para o processo de ur- de 1994, a moeda brasileira passou a ser o real. Essa mudança fazia
banização foi a produção de café, principalmente nos estados de parte de um plano econômico mais amplo, cujo objetivo era com-
São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo. Essa ativi- bater a inflação e estabilizar a economia brasileira.
dade também contribuiu para o surgimento de várias cidades. Por um lado, o plano Real valoriza a moeda brasileira em rela-
ção ao dólar. facilitar as importações aumentar a oferta de produtos
no mercado reduzindo os preços e inflação. As altas taxas de juros
também encarecem o crédito.

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Por outro lado, essa política econômica desacelerou as expor- O final dessa década foi marcado também a entrada do Brasil
tações e aumentou os déficits comerciais e do balanço de pagamen- na Segunda Revolução Industrial, com a expansão das indústrias au-
tos. Com isso, a indústria brasileira depende cada vez mais de bens tomobilísticas.
importados (recursos) para a produção de bens, máquinas e equi- A partir da década de 1960, segundo alguns autores, o proces-
pamentos aplicados na produção industrial. so de industrialização do Brasil passou por modificações de acordo
com cada governo.

A INDUSTRIALIZAÇÃO PÓS-SEGUNDA GUERRA MUNDIAL: Principais centros industriais


MODELO DE SUBSTITUIÇÃO DAS IMPORTAÇÕES, ABERTU- Nordeste: os principais centros industriais estão localizados
RA PARA INVESTIMENTOS ESTRANGEIROS, DINÂMICA ES- nas regiões metropolitanas de Salvador (BA), Recife (PE) e Fortaleza
PACIAL DA INDÚSTRIA, POLOS INDUSTRIAIS, A INDÚSTRIA (CE). No interior da Bahia existem diversos centros industriais que
NAS DIFERENTES REGIÕES BRASILEIRAS E A REESTRU- também merecem destaque, como o de Feira de Santana (o tercei-
TURAÇÃO PRODUTIVA ro maior do estado), o de Ilhéus (polo de informática e indústrias
eletroeletrônicas), o de Itabuna, o de Jequié, o de Vitória da Con-
quista e o de Juazeiro.
Após a Segunda Guerra Mundial, a indústria teve um papel im- Sudeste baiano − região de Itapetinga, Jequié, Serrinha, Ipirá e
portante no processo de crescimento econômico do Brasil. Na dé- Itaberaba −, há um polo calçadista que vinha enfrentando dificul-
cada de 1950, a industrialização recebeu forte ímpeto com o plano dades, em razão da concorrência com os produtos chineses. Igual-
de Objetivos elaborado durante o governo de Juscelino Kubitschek mente em Sobral, no Ceará, há um importante polo calçadista, em
(1956-1961). Nessa época, importantes investimentos foram feitos que se destaca também a cidade de Crato, além de indústrias têx-
em infraestrutura (transporte e energia) e a indústria de base se teis, presentes também na região de Juazeiro do Norte, no mesmo
consolidou. Além disso, foram criados incentivos fiscais para atrair estado.
capital privado tanto nacional quanto internacionalmente.
A industrialização brasileira apresentou três características Importância da atividade industrial
principais: ocorreu tardiamente, teve um caráter de substituição de A indústria moderna surgiu com a produção fabril inaugurada
importação e dependeu de capital e tecnologia estrangeiros. Com pela Revolução Industrial, que trouxe como principais inovações o
maior ênfase ao seu processo de substituições de importações, o uso de máquinas e a divisão do trabalho. Ao longo dos tempos a
Brasil sentiu sua economia afetada diretamente com as exporta- atividade industrial passou a utilizar tecnologias cada vez mais sofis-
ções em declínio, algo típico de um país agroexportador. ticadas, como robôs e equipamentos de alta precisão. A industriali-
O sistema de câmbio foi usado como modificador da economia zação não provocou mudanças apenas na forma de produção, mas
brasileira naquela época, (Baer, 2008) afim de equilibrar a econo- também proporcionou:
mia do país e com intuito de promover o processo de crescimen- - A urbanização, atraindo mão de obra e ampliando as cidades
to da nossa indústria. Para facilitar suas transações comerciais, o física e demograficamente, tendo muitas se tornado centros econô-
governo adotou um sistema de câmbio mais flexível. Este tipo de micos importantes;
sistema visava estimular as exportações e diversificar o seu mix de - Grandes transformações urbanas, com a multiplicidade de
produtos. Ainda se destaca nesta época o programa de incentivo à serviços que caracterizam a cidade atualmente e o desenvolvimen-
produção industrial automobilístico. to dos meios de transporte e de comunicação, que interligam todo
Na década de 1950, o comércio das exportações do Brasil ha- o espaço mundial;
via perdido, consideravelmente, grande fatia de mercado devido ao - O aumento da produção agrícola, graças à mecanização das
alto preço do café, que nesta época, tinha seu comércio domina- atividades de criação, plantio e colheita, e ao uso da tecnologia e de
do pelo país, fato esse que estimulou outros países a produzir este insumos de origem industrial;
bem. O aumento da elasticidade da renda diminuiu o consumo de - Novos modos de vida, hábitos de consumo e profissões e ou-
bens primários e, por outro lado, induzia num aumento por bens tra organização da sociedade.
manufaturados. De olho neste cenário, fica evidente que o país pre- As atividades industriais que ocorrem no interior das fábricas
cisava urgentemente acelerar seu processo de industrialização. O desdobram-se em outras atividades, como a produção e a extração
ano de 1956, inaugurou uma nova etapa do desenvolvimento in- de matérias-primas, o transporte, a propaganda, a comercialização
dustrial. dos produtos e o descarte de resíduos.
Os fatores de fundamental importância no processo de indus-
trialização do Brasil que são: a acumulação de capital proporciona- De acordo com a finalidade dos bens produzidos, as indústrias
da pela exportação do café, que era a principal atividade econômica de transformação podem ser divididas em:
do país. O dinheiro obtido com a venda do café ao exterior, pro- - Indústrias de bens intermediários ou bens de produção – pro-
porcionava a compra de máquinas para as indústrias que surgiam. duzem matérias-primas, como alumínio (metalúrgica), aço (siderúr-
Assim, gradativamente acontecia a substituição da agricultura de gica), derivados de petróleo (petroquímica) e cimento, que serão
exportação pelos produtos industriais. utilizadas por outras indústrias na fabricação de produtos;
A industrialização do Brasil consolidada com o aparecimento da - Indústrias de bens de capital – produzem máquinas, peças e
indústria siderúrgica, foi outro ponto em comum entre os autores. equipamentos para outras indústrias;
Na década de 50, pela primeira vez na história, o Brasil deixou de
ser um país essencialmente da agricultura de exportação.

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- Indústrias de bens de consumo – produzem mercadorias para consumo direto. Podem ser duráveis (móveis, aparelhos eletrônicos,
eletrodomésticos, automóveis, computadores) e não duráveis (alimentos, bebidas, medicamentos, cosméticos, vestuário, calçados).

“A indústria, com forte concentração no Sudeste, ganhou o comando da economia e passou a articular as diversas regiões produtivas
às suas necessidades, tornando-se responsável pelos novos grandes fluxos migratórios inter-regionais no Brasil.” (SILVA, 2013, p. 166)

AGRICULTURA BRASILEIRA: DINÂMICAS TERRITORIAIS DA ECONOMIA RURAL, A MODERNIZAÇÃO DA AGRICULTURA, ÊXO-


DO RURAL, AGRONEGÓCIO E A PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA BRASILEIRA

A agricultura no Brasil vem passando por transformações e ciclos contínuos há anos. A cana-de-açúcar, plantações de café, tabaco,
soja, etc. sofreram uma grande variação que vem da época colonial com a cana-de-açúcar e com a atual expansão da soja e do café.
O ritmo do ciclo converteu significativamente a indústria no Brasil a partir de meados do século XX. A mecanização e modernização da
produção e a substituição do homem pela máquina nos negócios remodelaram a agricultura brasileira.
O ritmo do ciclo acabou transformando significativamente a indústria no Brasil a partir de meados do século XX. A mecanização e
modernização da produção bem como a substituição do homem pela máquina na vida empresarial, transformar a agricultura brasileira.

Modernizando a agricultura no Brasil


O processo de mecanização e modernização pelo qual passa a agricultura no Brasil está diretamente relacionado a todo o processo
de industrialização ocorrido no país. O fato em questão, bem como a evolução dos processos, demonstra a reconfiguração do espaço
geográfico brasileiro.
Assim, há um deslocamento das regiões a partir de uma análise mais profunda com foco na questão da agricultura no país. Nessa nova
perspectiva, o surgimento das manufaturas contribuiu para a notável ascensão do setor terciário.
Isso, por sua vez, tem sido crucial para acelerar o processo de urbanização. O campo tornou-se a segunda economia depois da cidade.
Assim, o ambiente urbano desvia as máquinas equipamentos e defensivos necessários para o ambiente agrícola.

Êxodo rural
Por “êxodo” entende-se o processo de saída ou mesmo a emigração. A crescente industrialização fez com que muitas pessoas deixa-
rem o campo e migrassem para as cidades. Esse fenômeno ocorre em todas as regiões do Brasil. Traz profundas consequências na organi-
zação urbana. No Brasil, sua maior relevância foi entre os anos de 1960-1980, quando muitas pessoas deixaram o campo, deslocando-se
para às cidades em busca de empregos nas fábricas.

Biotecnologia
Biotecnologia se refere a um conjunto de técnicas de biologia aplicadas, que são utilizadas para manipular geneticamente plantas,
animais e microrganismos por meio de seleção, cruzamentos e transformações no código genético. Se desenvolveu nas décadas de 1970 e
1980, mas vem sendo estudada e aplicada desde os anos 1950, em vários países do mundo. A Revolução Verde, criou sementes híbridas,
foi um dos agentes que impulsionaram o desenvolvimento da biotecnologia, que passou a ser largamente utilizada na agropecuária e em
outros setores.
A prática da agricultura orgânica também ganhou muitos adeptos não só nos países desenvolvidos, assim como nos europeus, mas
também em vários países em desenvolvimento. Visando alinhar saúde e melhores condições de vida das populações com sustentabilidade,
na agricultura orgânica utilizam-se métodos naturais para a correção do solo e o controle de pragas.

Agropecuária e o agronegócio
Marcada por duas fortes características:
- O agronegócio (agribusiness), com elevada produtividade, que a coloca entre as mais competitivas do mundo. Onde reúne todo o
conjunto de atividades que formam uma cadeia produtiva relacionada à agropecuária, à silvicultura e ao extrativismo vegetal: empresas e
tecnologias ligadas à produção agrícola moderna (fornecedores) e uma variedade de atividades de produção industrial, de distribuição e
comercial. Portanto, não está restrita à produção rural.
- Questão agrária, cuja estrutura fundiária concentrada é responsável pelos conflitos que envolvem milhares de trabalhadores rurais
sem emprego e terra.

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Na ilustração evidenciamos claramente o processo.

O agronegócio articula todos os setores da economia (primário, secundário e terciário). Tem como ideia central a construção de ca-
deias produtivas, formadas por agentes econômicos integrados por mecanismos como: cooperativismo, parcerias, contratos, integração
vertical e alianças estratégicas.

Agropecuária nas sub-regiões


O setor agropecuário é a base de todo o complexo agroindustrial, que se desenvolveu acompanhando a transformação de uma econo-
mia voltada para atividades puramente primárias para uma economia mais industrializada, onde os setores industrial e de serviços estão
se desenvolvendo muito rapidamente.
No Nordeste destacamos quatro sub-regiões com base em critérios naturais ligados a arranjos espaciais: Zona da Mata, Agreste, Ser-
tão e Meio Norte. O cultivo da cana-de-açúcar tem sido uma importante atividade econômica na região desde os tempos coloniais. O pro-
duto é cultivado praticamente em todos os estados do litoral leste, com destaque para os estados de Alagoas e Pernambuco, na região da
zona da mata. As estruturas agrícolas da região que sobreviveram até hoje são dominadas pelos poderes políticos locais, causando grandes
desigualdades na distribuição da terra. No Agreste, zona de transição entre a mata e o Sertão, foram construídas várias cidades-estados im-
portantes, como Campina Grande, na Paraíba, Caruaru, em Pernambuco, Arapiraca, em Alagoas, e Feira de Santana e Vitória da conquista
na baía. É um centro de abastecimento de diversos produtos agrícolas devido à existência de grandes centros da zona da mata pequenas e
médias propriedades onde ocorre a policultura e a pecuária leiteira. O sertão possui pecuária e agricultura extensiva, principalmente nos
vales dos rios São Francisco de Assis, na região de Mosoró, no interior do Rio Grande do Norte.
A transição para o Cerrado no oeste da Bahia expandiu a agricultura moderna e a pecuária estabelecendo um importante centro de
produção de soja, algodão, milho e café. Essa região do oeste baiano e as áreas de cerrado do Maranhão, Piauí e Tocantins fazem parte
da região conhecida como Mapitoba ou Matopiba. Nela, surgiu uma disputa entre os estados para determinar a fronteira territorial entre
os dois estados. As propriedades rurais de Mapitoba tornaram-se muito populares nos últimos anos. Além dos agricultores Investidores,
incluindo estrangeiros, adquirir terras na região para aumentar o valor de suas propriedades. Sob as leis do país. Os estrangeiros têm que
se aliar aos brasileiros para comprar imóveis rurais.
A sub-região centro-norte é designada como zona de transição entre o Sertão e a Amazônia. Nela predomina o cultivo do arroz e vem
crescendo a produção de soja. culturas agrícolas também são tiradas por meio da exploração do babaçu e da carnaúba, principais espé-
cies da mata dos cocais, com predominância do babaçu no Maranhão e da carnaúba no Piauí. Também nesses estados, especialmente na
região sul, como chegamos, desenvolveu-se o cultivo moderno de soja, milho e algodão.

COMÉRCIO: GLOBALIZAÇÃO E ECONOMIA NACIONAL, COMÉRCIO EXTERIOR, INTEGRAÇÃO REGIONAL (MERCOSUL E PRIN-
CIPAIS PARCEIROS ECONÔMICOS), EIXOS DE CIRCULAÇÃO E CUSTOS DE DESLOCAMENTO

Denominamos globalização, o crescimento da interdependência de todos os povos e países da superfície terrestre.


A internacionalização da economia começou a partir do momento em que os povos europeus (britânicos, lusos, espanhóis, alemães,
etc.) começaram a se instalar nas vastas regiões do mundo perseguindo povos anteriormente isolados com culturas e tradições diferentes
com a mesma lógica: a lógica económica, monetária e produtiva e o consumo incessante de bens e mercadorias visando o lucro. O sistema
feudal foi substituído por um novo sistema econômico e social: o capitalismo comercial.
Os impactos da globalização da economia capitalista sobre o Brasil vêm acontecendo desde a colonização em 1500. Sendo o país víti-
ma de pilhagem de suas riquezas por parte de Portugal e Inglaterra no período colonial e do Império.
No seu processo de ocupação, as atividades econômicas desenvolvidas no Brasil estiveram fortemente relacionadas com a exploração
de seus recursos e, portanto, das potencialidades naturais contidas em seu território. Podemos afirmar, assim, que este último nunca traiu
o desenvolvimento nacional, fornecendo a base de recursos necessária à expansão da fronteira econômica, sempre que foi solicitado nos
momentos de aceleração do processo de crescimento, de consolidação do mercado interno e, mais recentemente, de competição no
mercado externo.

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A estrutura socioeconômica tradicional de base rural começa a Em geral, a infraestrutura de armazenamento é usada para
ser modificada a partir de 1930 com a implantação da industrializa- armazenar produtos a granel, como minerais agrícolas. Os pon-
ção que representou um novo e dinâmico movimento na formação tos de chegada desse sistema de escoamento são principalmente
territorial brasileira de natureza diferenciada e capaz de promover portos espalhados ao longo da costa do Brasil. De onde o fluxo de
a inexistente integração produtiva e a complementaridade inter-re- mercadorias é direcionado para os mercados interno ou externo.
gional, consolidando os contornos atuais do mapa político do Brasil. A logística de transporte dos corredores de exportação é voltada
principalmente para os portos das regiões Sul e Sudeste e ainda é
A economia do Brasil é aberta ao mercado internacional, ou pouco articulada com outras áreas de importância econômica mais
seja, nosso país vende e compra diversos tipos de produtos para recente e distantes do Atlântico, como as localizadas nas regiões.
diferentes nações. Fazer parte da globalização econômica tem van-
tagens e desvantagens. Os benefícios são o acesso a produtos inter-
nacionais que muitas vezes são mais baratos ou melhores do que O ESPAÇO POLÍTICO. FORMAÇÃO TERRITORIAL - TERRITÓ-
os produzidos no Brasil. Por outro lado, esses produtos muitas ve- RIO, FRONTEIRAS, FAIXA DE FRONTEIRAS, MAR TERRITO-
zes entram no mercado brasileiro a preços muito baixos, causando RIAL E ZEE; ESTRUTURA POLÍTICO-ADMINISTRATIVA, ES-
concorrência desleal com produtos nacionais e levando empresas à TADOS, MUNICÍPIOS, DISTRITO FEDERAL E TERRITÓRIOS
falência e gerando desemprego em nosso país. É o que ocorre atu- FEDERAIS; A DIVISÃO REGIONAL, SEGUNDO O IBGE, E
almente com a grande quantidade de produtos chinês (brinquedos, OS COMPLEXOS REGIONAIS; E POLÍTICAS PÚBLICAS
calçados, tecidos, eletrônicos) chegando ao Brasil a preços baixos.

Comércio exterior Espaço territorial brasileiro


No brasileiro o comércio exterior é descentralizado, não pos- O Brasil está localizado no continente americano, no subconti-
suindo um órgão específico para a atividade, diferente do que ocor- nente da América do Sul, ou até mesmo, dentro do subcontinente
re em outros países. Aqui a gestão se dá por áreas de competências, da América Latina. Sua dimensão territorial é de aproximadamente
como Política de Comércio Exterior, Política Fiscal, Política Financei- 8.515.867,049 km², sendo o maior país da América do Sul, cerca
ra, Políticas Bilaterais de Relações Internacionais, entre outras. de 48% da área emersa do subcontinente, e é o quinto maior do
Estrutura atual do comércio exterior brasileiro mundo, ficando atrás da Rússia, Canadá, China e Estados Unidos,
CAMEX – Câmara do Comércio Exterior sendo considerado um país continental devido sua dimensão ser
MDIC – Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio maior do que o continente europeu (exceto a Rússia). Quando leva-
Exterior do em consideração a quantidade de terras contínuas o Brasil pas-
MRE – Ministério das Relações Exteriores sa para a quarta colocação em extensão territorial. É dividido em
MP – Ministério de Planejamento, Orçamento e Gestão 27 unidades de federação, sendo 26 estados e um Distrito Federal,
MF – Ministério da Fazenda onde possui sua capital. Sua divisão territorial é feita pelas regiões
Órgãos Gestores e Anuentes no Comércio Exterior político-administrativas, sendo a região norte com 45% do territó-
rio, nordeste e centro-oeste com 18% cada, sudeste com 10% e sul
Mercado Comum do Sul (MERCOSUL) a menor com 7%.
Surgiu a partir do Tratado de Assunção, assinado em 26 de
março de 1991, pela República Argentina, República Federativa do
Brasil, República do Paraguai e República Oriental do Uruguai. Seu
objetivo principal é promover o desenvolvimento e a integração
desses quatro países pautados na livre circulação de bens e servi-
ços, no estabelecimento de uma Tarifa Externa Comum (TEC), na
adoção de uma política comercial comum e coordenação de políti-
cas macroeconômicas e uma harmonização da legislação nas áreas
de interesse ao Mercosul.
Nos últimos anos, passou por um processo de modernização,
caraterizado por maior dinamismo na negociação de acordos co-
merciais com terceiros e pelo ressurgimento da vertente econômi-
co-comercial do bloco.

Deslocamentos
O sistema de transportes é um meio vital para os comércios in-
terno e externo, pois o custo do frete é um dos elementos – muitas
vezes o principal – que compõem o preço das mercadorias. O meio
de transporte, de modo geral, mais barato é o hidroviário, seguido
Suas extremidades são classificadas pelos seguintes pontos: ao
pelo ferroviário e pelo rodoviário.
norte pela nascente do rio Ailã em Roraima e ao sul pela foz do rio
O circuito que liga as áreas de produção ao mercado externo
Arroio Chuí no Rio Grande do Sul, o extremo oeste é marcado pela
foi moldado por corredores de exportação: eixos do território que
nascente do rio Moa no estado do Acre, e o Leste pela Ponta do
articulam os meios de transporte e o sistema de armazenamento.
Seixas na Paraíba.

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O que compreende estar localizado entre 5°N e 33°S de latitude, e longitude entre 73°O e 34°O, sendo assim, se encontra totalmente
no hemisfério ocidental, ou seja, à oeste do Meridiano de Greenwich e com maior área no hemisfério sul, com 93% de seu território abaixo
da Linha do Equador, e apenas 7% no hemisfério norte, acima da linha. Seu ponto mais elevado é o Pico da Neblina, localizado no estado
do Amazonas, com 2993,8 metros de altitude.
Faz fronteira ao norte com Guiana Francesa, Suriname, Guiana, Venezuela e Colômbia, ao oeste faz fronteira com Peru, Bolívia, Pa-
raguai, Argentina e Uruguai, ao leste tem seu litoral no oceano Atlântico. Os únicos países da América do Sul com quem não faz fronteira
são Equador e Chile, totalizando 15.719 km de fronteiras. É cortado por duas linhas imaginárias, sendo a linha do Equador ao norte, e pelo
Trópico de Capricórnio ao sul, sendo um país de maior parte tropical, com 92% de seu território nessa faixa. Possui 17 estados com saída
para o oceano, formando assim sua costa litorânea com uma faixa de 7.367 km.
Possui fuso-horário de -3 horas do Meridiano de Greenwich (GMT-3), que é encontrado nos estados da região nordeste, sudeste, sul e
os estados de Amapá, Goiás, Pará, Tocantins e pelo Distrito Federal, esse horário é considerado o oficial de Brasília, e está na maior parte
do país. Mas em alguns lugares do território brasileiro chegam a GMT-2 como em Fernando de Noronha e algumas ilhas que pertencem ao
país, GMT-4 nos demais estados do país.
Um grande território como o brasileiro abriga uma grande biodiversidade, formas de relevo, climas, não sendo um território homogê-
neo do ponto de vista natural, assim como do ponto social, com diversas culturas, etnias, crenças, tudo devido a miscigenação pela qual o
país passou no seu processo de colonização.
As fronteiras do Brasil
Ao todo, o Brasil apresenta 23.102 km de fronteiras, sendo que 15.735 km são compostos por fronteiras terrestres e 7.367 km são
fronteiras marítimas. Na América do Sul, o Brasil faz fronteira com quase todos os países do continente, com exceção apenas do Chile e
também do Equador, o que representa toda a faixa de limitações terrestres do nosso país.

O Brasil faz fronteira com quase todos os países da América do Sul


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Já nas áreas oceânicas, as fronteiras brasileiras estendem-se Zona Econômica Exclusiva


durante todo o Oceano Atlântico e são formadas quase que total- O Brasil é dono de todas as riquezas das águas e do subsolo
mente por praias e regiões completamente habitáveis, elevando até uma distância de 370 km (200 milhas náuticas) a partir não só
o potencial turístico brasileiro. Vale lembrar que, além do espaço do continente mas também das suas ilhas. Empresas e instituições
terrestre, o Brasil detém soberania sobre 12 milhas além do litoral de outros países precisam de concessão do governo brasileiro para
(Mar Territorial), sem falar nas zonas contíguas e zonas econômicas explorar esta área
exclusivas, que foram estabelecidas em tratados internacionais.
Em geral, quando falamos em território brasileiro, falamos em Mar à vista
um espaço muito amplo e privilegiado, pois, além de ser um dos Além de poder explorar uma faixa de quase 400 km de largura
maiores países do mundo, o Brasil também é um dos que possuem ao longo dos seus 7.500 km de litoral, o Brasil ainda tem exclusivi-
as maiores áreas habitáveis e produtivas. Isso acontece porque os dade sobre áreas localizadas a até 1 500 km do continente graças
países maiores do que o nosso apresentam, em geral, muitas áreas a pequenas porções de terra, como o arquipélago de Trindade e
inóspitas, como regiões polares, montanhosas ou desérticas, o que Martim Vaz, que pertencem ao país
praticamente inexiste no Brasil. Portanto, em termos naturais, po-
demos dizer que o Brasil é um espaço dotado de inúmeras riquezas Novos limites
e importâncias. A ONU prevê que um país pode ampliar seus limites marítimos
para além da ZEE, desde que apresente bons argumentos técnicos.
Até onde vai o território do Brasil fora do continente? Desde 2005, o Brasil reivindica mais 960 mil km2de mar, consideran-
O Brasil tem soberania marítima e aérea em uma faixa que cor- do o alcance da sua plataforma continental
re junto ao litoral com largura de 22 km (12 milhas náuticas)
O Brasil controla, oficialmente, um território marítimo de 3,6 O buraco é mais embaixo
milhões de km2– área maior do que as Regiões Nordeste, Sudeste Cerca de 80% do petróleo consumido no Brasil vem do mar. A
e Sul juntas. Nesse pedação de mar, denominado Zona Econômica bacia de Campos, no Rio de Janeiro, é responsável pela maior parte
Exclusiva (ZEE), o país monitora e orienta o tráfego de embarcações da produção nacional e abriga a plataforma mais produtiva do país:
e tem direito exclusivo de pesquisa e exploração comercial dos re- a P-50, que extrai 180 mil barris diariamente.
cursos existentes na água e no subsolo (petróleo, gás natural, frutos
do mar etc.). Os limites atuais da ZEE foram definidos na Convenção Explorando o território
das Nações Unidas sobre o Direito do Mar e só entraram em vigor Empresas autorizadas a retirar e comercializar recursos do mar
em 1994. Mas, desde 2004, o Brasil luta pela ampliação dos nossos pagam taxas (royalties) aos estados que controlam o território ex-
domínios, ampliando nossa ZEE para 4,5 milhões de km2. plorado. Por isso, a ZEE é toda repartida entre os estados costeiros.
Pelo mapa, você pode notar que Paraná e Piauí, por alguma razão,
levaram a pior no desenho das fronteiras marítimas.

Território brasileiro Área de salvamento

Mar Territorial Além dos direitos de soberania e de exploração, o Brasil tem


O Brasil tem soberania marítima e aérea em uma faixa que cor- deveres marítimos que vão além da sua ZEE. Todos os países que
re junto ao litoral com largura de 22 km (12 milhas náuticas). Neste têm litoral são obrigados a prestar salvamento e resgate em uma
território e nos 22 km vizinhos (zona contígua), o país pode fiscalizar área determinada pela ONU. A área de salvamento do Brasil cobre
embarcações e impor sua legislação 6,4 milhões de km2.

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Plataforma Continental

Geologicamente, a plataforma continental é uma faixa de terra submersa que começa na praia e desce até chegar à profundidade de
200 m. A partir daí, começa o talude continental, um paredão que delimita o início das águas mais profundas no oceano.

Organização do Estado Brasileiro


A organização da República Federativa do Brasil está presente na Constituição Federal de 1988. Todo Estado precisa de uma correta
organização para que sejam cumpridos os seus objetivos dentro da administração pública. A divisão político-administrativa foi uma das
formas encontradas para facilitar a organização do Estado Brasileiro.

Divisão Político-administrativa Brasileira


A divisão político-administrativa brasileira é apresentada na Constituição Federal, no art.18. Ela surgiu no período colonial, quando
o Brasil dividia-se em capitanias hereditárias e posteriormente foram surgindo outras configurações que proporcionaram maior controle
administrativo do país.
O Brasil é formado por 26 Estados, a União, o Distrito Federal (cuja capital é Brasília) e os Municípios, sendo ele uma República Fede-
rativa. Cada ente federativo possui sua autonomia financeira, política e administrativa, em que cada Estado deve respeitar a Constituição
Federal e seus princípios constitucionais, além de ter sua Constituição própria; e também, cada município (através de sua lei orgânica),
poderá ter sua própria legislação.
Essa organização é formada pelos três poderes: Poder Executivo, Poder Judiciário, Poder Legislativo, adotando a teoria da tripartição
dos poderes. A administração pública federal é feita em três níveis, cada qual com sua função geral e específica:
• Nível Federal – a União realiza a administração pública, ela é um representante do governo federal, composta por um conjunto
de pessoas jurídicas de direito público.
• Nível Estadual – os Estados e o Distrito Federal realizam a administração pública.
• Nível Municipal – os Poderes Legislativo e Executivo realizam a administração pública nos municípios.

República – forma de governo em que o chefe de estado é eleito como representante, passando por eleições periódicas.
Federação – é quando há apenas a soberania de um Estado Federal, apesar da união dos diferentes Estados federados.

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Veja o quadro sobre a estrutura dos poderes no Brasil:

Fonte: Noções de Administração Pública – Ciro Bächtold

Além dessas divisões dentro dos órgãos existem outras subdivisões (como conselho, coordenação, diretoria, etc.) chamado de Orga-
nização ou Estrutura do Poder.

Divisão dos Poderes no Brasil


A separação dos poderes no Brasil passou a existir com a Constituição outorgada de 1824 que prevaleceu até o fim da Monarquia,
mas além dos três poderes, na época, havia também o quarto poder, chamado de Moderador, que era exercido pelo Imperador, mas foi
excluído da Constituição da República, em 1891.
No art. 2º da Constituição Federal de 1988 vemos os Poderes da União que são: Legislativo, Judiciário e Executivo.
Além disso, existe o Ministério Público (MP). Elle tem total independência dos outros poderes em algumas situações. Seu objetivo
principal é garantir que a lei seja cumprida e agir na defesa da ordem jurídica.

Poder Legislativo no Brasil


O Poder Legislativo é realizado pelo Congresso Nacional. Esse poder é responsável por criar as leis e é formado pela Câmara dos De-
putados (representantes do povo), Senado Federal (representantes dos Estados e Distrito Federal), e Tribunal de Contas da União (órgão
regulador e fiscalizador das ações externas, prestando auxílio para o Congresso Nacional).
O Congresso Nacional elabora as leis e realiza a fiscalização financeira, contábil, operacional, patrimonial e orçamentária da União e
entidades ligadas à Administração direta e indireta.
O Poder Legislativo é organizado em duas casas (bicameralismo), tradição desde o período da Monarquia (1822-1889). No caso, as
Casas são: Câmara Baixa (Câmara dos Deputados) e Câmara Alta (Senado). O objetivo é que uma Casa realize o trâmite e discussões das
matérias e a outra Casa melhore e revise os trabalhos e vice-versa. Assim, as duas casas poderão contribuir para a elaboração das normas
jurídicas.
A Câmara dos Deputados tem como função, além de representar o povo, discutir sobre os assuntos nacionais e legislar sobre eles,
fazendo a fiscalização dos recursos públicos.

Poder Executivo no Brasil


Com a preferência do sistema presidencialista, proposto na Constituição de 1988, esse poder é exercido pelo Presidente da República
com a ajuda dos ministros de Estado.
O Presidente da República age liderando, sancionando, promulgando, dando ordens para publicação das leis, criando cargos, funções
ou empregos públicos na administração pública, aumentando salários, vetando projetos de leis e coordenando a administração federal.
É crime presidencial, art. 85, atos do Presidente da República que impedem o exercício do Poder Legislativo, Judiciário, Ministério
Público e as constituições das demais unidades da federação.

Poder Judiciário no Brasil


O judiciário tem o poder de julgar e garantir o cumprimento das leis, promovendo a paz social. Ele tem uma estrutura singular e existe
uma hierarquia dos seus órgãos, nomeados de ‘instâncias’.
A primeira instância é representada pelo órgão que irá realizar o julgamento da ação inicialmente. Se caso, as partes envolvidas no
processo recorrerem aos resultados da ação anterior, o processo será submetido à uma instância superior, mas há casos em que a ação já
poderá ser submetida à essa instância.
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Instâncias do Poder Judiciário sões regionais” que vinham sendo propostas, de forma que fosse
Supremo Tribunal Federal (STF) – é formado por onze ministros, organizada uma única Divisão Regional do Brasil para a divulgação
nomeados pelo Presidente e aprovados pelo Senado Federal. Ele é das estatísticas brasileiras.
responsável por julgar os casos referentes a violação da Constitui- A Divisão Regional do Brasil em mesorregiões, partindo de de-
ção Federal. O Conselho Nacional de Justiça controla a administra- terminações mais amplas em nível conjuntural, buscou identificar
ção e a parte financeira do Judiciário. áreas individualizadas em cada uma das Unidades Federadas, toma-
Superior Tribunal de Justiça (STJ) – é formado por no mínimo 33 das como universo de análise e definiu as mesorregiões com base
ministros, nomeados pelo Presidente e aprovados pelo Senado. Ele nas seguintes dimensões: o processo social como determinante, o
torna as leis federais uniformes e harmônicas às decisões dos tribu- quadro natural como condicionante e a rede de comunicação e de
nais regionais federais e estaduais (2ª instância), além de apreciar lugares como elemento da articulação espacial.
recursos especiais que contestam as leis federais. Aplicabilidade: elaboração de políticas públicas; subsidiar o sis-
Justiça Federal – controlado administrativa e financeiramente tema de decisões quanto à localização de atividades econômicas,
pelo Conselho da Justiça Federal, é formado pelos Tribunais Regio- sociais e tributárias; subsidiar o planejamento, estudos e identifi-
nais Federais (TRFs) e Juízes Federais. Ele julga as ações judiciais dos cação das estruturas espaciais de regiões metropolitanas e outras
Estados, da União, autarquia ou empresa pública federal. formas de aglomerações urbanas e rurais.
Justiça do Trabalho – controlado administrativa e financeira-
mente pelo Conselho Superior da Justiça do Trabalho, é formado Os Complexos Regionais
pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST), os Tribunais Regionais do Existe outra forma de regionalizar o Brasil, de uma maneira que
Trabalho (TRTs) e os Juízes do Trabalho. Ele realiza o julgamento dos capta melhor a situação sócieconômica e as relações entre socie-
processos trabalhistas. dade e o espaço natural. Trata-se da divisão geoeconômica do país
Justiça Eleitoral – composto pelo Tribunal Superior Eleitoral em três grandes complexos regionais: o Centro-Sul, o Nordeste e a
(TSE), Tribunais Regionais Eleitorais (TREs), Juízes Eleitorais e as Amazônia.
Juntas Eleitorais. Ela realiza o julgamento das ações relacionadas à Ao contrário da divisão regional oficial, esta regionalização não
legislação eleitoral, contribuindo na coordenação e normatização foi feita pelo IBGE. Ela surgiu com o geógrafo brasileiro Pedro Pin-
das eleições no país. chas Geiger no final da década de 60, nela o autor levou em con-
Justiça Militar – formada pelo Superior Tribunal Militar (STM), sideração o processo histórico de formação do território brasileiro
Tribunais e Juízes Militares é responsável pelo julgamento dos cri- em especial a industrialização, associado aos aspectos naturais.
mes militares de acordo com a lei. A divisão em complexos regionais não respeita o limite entre
Justiça Estadual – formada, geralmente, por Tribunal de Justiça os estados. O Norte de Minas Gerais encontra-se no Nordeste, en-
(TJ) e os Juízes Estaduais. As atribuições desses tribunais estão pro- quanto o restante do território mineiro encontra-se no Centro-Sul.
postas na Constituição Federal e na Lei de Organização Judiciária O leste do Maranhão encontra-se no Nordeste, enquanto o oeste
dos Estados, mas são responsáveis por julgar ações comuns que não encontra-se na Amazônia. O sul de Tocantins e do Mato Grosso en-
dizem respeito as justiças federais. contra-se no Centro-Sul, mas a maior parte desses estados perten-
cem ao complexo da Amazônia. Como as estatísticas econômicas e
Divisão para atuação da Administração Pública Brasileira populacionais são produzidas por estados, essa forma de regionali-
Essa divisão é estrutural, na execução dos serviços públicos, zar não é útil sob certos aspectos, mas é muito útil para a geografia,
podendo ser: porque ajuda a contar a história da produção do espaço brasileiro.
Administração Pública Direta ou Centralizada – coordenado
pela estrutura do governo, exercendo autoridade financeira, polí-
tica e administrativa. Do país, é feita pelo Presidente da República
com a ajuda de seus ministros. Para os Estados e Distrito Federal é
o Governador juntamente com as Secretarias de Estado. Dos mu-
nicípios, é feita pelo Prefeito e secretarias municipais. Assim, deve
haver um vinculo com o Presidente da República em todos os níveis
de governo.

Administração Pública Indireta ou Descentralizada – realizada


por força de lei, em que a administração direta atribui funções a
outras pessoas jurídicas. Nesse caso, há apenas autonomia admi-
nistrativa e financeira, sendo sempre vinculado ao órgão de Estado
de sua origem. São instituídas para atender os serviços públicos e/
ou interesse público, como autarquias, entidades paraestatais, fun-
dações, etc.

Divisão Regional – IBGE


O Brasil está dividido em cinco regiões: Norte, Nordeste, Cen-
tro-Oeste, Sudeste e Sul.
Os estudos da Divisão Regional do IBGE tiveram início em 1941,
sob a coordenação do Prof. Fábio Macedo Soares Guimarães. O ob-
jetivo principal de seu trabalho foi de sistematizar as várias “divi-
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O Nordeste foi o polo econômico mais rico da América portu- frutas. Também existiam pastagens para a criação de gado. Essas
guesa, com base na monocultura da cana de açúcar, usando traba- terras eram os tabuleiros, áreas um pouco mais elevadas situadas
lho escravo. Tornou-se, no século XX, uma região economicamente entre os vales de dois rios.
problemática, com forte excedente populacional. As migrações de Como os solos dos tabuleiros são menos úmidos e mais pobres
nordestinos para outras regiões atestam essa situação de pobreza. que o massapê, não eram usados para o plantio da cana. Assim, ini-
O Centro-Sul é na atualidade o núcleo econômico do país. Ele cialmente, toda a produção agrícola e até a pecuária localizavam-se
concentra a economia moderna, tanto no setor industrial como no na faixa úmida do litoral, onde se instalaram sítios familiares produ-
setor agrícola, além da melhor estrutura de serviços. Nele se tam- tores de alimentos e fazendas de gado.
bém a capital política do país. Mas a produção de cana, crescia, à medida que aumentavam as
A Amazônia brasileira é o espaço de povoamento mais recente, exportações de açúcar para a Europa. As sesmarias se dividiam en-
ainda em estágio inicial de ocupação humana. A área está coberta tre os herdeiros dos primeiros proprietários. Cada um deles criava
por uma densa floresta, com clima equatorial, que dificulta o po- novos engenhos, que necessitavam de mais cana. Depois, os sítios
voamento. Os movimentos migratórios na direção desse complexo foram comprados pelos fazendeiros e as culturas de alimentos fo-
regional partem tanto do Centro-Sul como do Nordeste, sendo que ram substituídas por novas plantações de cana.
hoje a região mais recebe população. Muita coisa mudou na Zona da Mata desde a época colonial.
Essa é uma visão superficial da organização do espaço geográ- A escravidão deu lugar ao trabalho assalariado dos boias frias. Os
fico brasileiro. Ela resume as principais características naturais e hu- antigos engenhos foram substituídos por usinas de açúcar e álcool.
manas de cada uma dessas regiões. Por serem vastas áreas, verda- Mas a cana permaneceu como produto principal da faixa litorânea
deiros complexos regionais, o Nordeste, o Centro-Sul e a Amazônia do Nordeste.
registram profundas desigualdades naturais, sociais e econômicas. O principal motivo dessa permanência esta na força política
As regiões apresentam diferenças entre si e variedade interna de dos proprietários de usinas e fazendas. Durante o século XX, a pro-
paisagens geográficas. dução de cana, açúcar e álcool do Centro-Sul evoluiu tecnicamente,
Em meio à pobreza tradicional, o Nordeste abriga imensos superando a produção da Zona da Mata. Mas os usineiros sempre
recursos econômicos e humanos, que apontam caminhos para a conseguiram ajuda do governo federal ou dos governos estaduais,
superação de uma crise que já se prolongou demais. As transfor- sob a forma de empréstimos, perdão de dívidas ou garantia de pre-
mações introduzidas nas zonas irrigadas do Vale do São Francisco ços mínimos. Dessa forma, impediram a diversificação da agricultu-
e a criação de zonas industriais na área litorânea comprovam essa ra do litoral nordestino.
possibilidade. Isso não significa que a cana seja a única cultura da Zona da
A geração de riquezas no Centro-Sul tornou essa região a mais Mata. No litoral da Bahia, principalmente na área do Recôncavo
rica do país, estabelecendo um polo de atração populacional que, Baiano, nas proximidades de Salvador, aparecem importantes cul-
no século XX, originou as maiores metrópoles nacionais. O ritmo turas de tabaco. No sul da Bahia, na área das cidades de Ilhéus e
acelerado desse crescimento criou disparidades sociais gravíssimas, Itabuna, concentram-se as fazendas de cacau.
como desemprego, favelamento, e problemas ambientais de difícil
solução. Além disso, a produção de frutas vem adquirindo importância
na Zona da Mata. Há várias frutas nativas do Nordeste – como o
Áreas significativas da Amazônia já foram ocupadas, especial- caju, o cajá, a mangaba e a pitanga – que servem para fazer delicio-
mente aquelas situadas na parte oriental da região ou nas margens sos sucos e doces. Outras frutas, provenientes das áreas tropicais
dos rios. Hoje esse povoamento se acelerou muito, a tal ponto que do Oriente – como a graviola, a jaca e a manga – adaptaram-se mui-
os conflitos pela posse da terra se tornaram tristemente comuns. to bem aos climas e solos nordestinos.
Formaram-se também grandes cidades, caracterizadas pelo cresci-
mento explosivo e por profundos desequilíbrios sociais e econômi- b) O Agreste
cos. É uma faixa de transição ecológica entre a Zona da Mata e o
Sertão nordestino. De largura aproximadamente igual a da Zona da
O Nordeste Mata, corre paralelamente a ela, do Rio Grande do Norte ao sul da
a) A zona da mata Bahia. Embora, como no Sertão, predomine o clima semi-árido, as
É a faixa litorânea de planícies que se estende do Rio Grande do secas do Agreste raramente são tão duradouras e os índices pluvio-
Norte até o sul da Bahia. As chuvas são intensas e há duas estações métricos são maiores que os registrados no Sertão.
bem definidas: o verão seco e o inverno chuvoso. Na verdade, grande parte do Agreste corresponde ao planal-
Na época colonial, instalou-se nesse área o empreendimento to da Borborema, voltada para o oceano Atlântico, recebe ventos
açucareiro escravista. As condições ecológicas são ideais para o cul- carregados de umidade que, em contato com o ar mais frio, provo-
tivo da cana. Os solos, férteis e escuros, conhecidos como massapê, cam chuvas de relevo. Na encosta oeste do planalto, as secas são
cobrem os vales dos rios, que ficaram conhecidos como “rios do frequentes e a paisagem desolada do Sertão se torna dominante.
açúcar”. Vários desses rios são temporários, pois suas nascentes lo- O povoamento do Agreste foi consequência da expansão das
calizam-se no interior do semi-árido. plantações de cana da Zona da Mata. Expulsos do litoral, os sitian-
No início da colonização, a Zona da Mata não era dominada tes e criadores de gado instalaram-se nas terras do interior, antes
completamente pelas plantações de cana. A população das cidades ocupadas por indígenas. Dessa forma, o Agreste transformou-se em
e das fazendas necessitava de alimentos. Por isso, uma parte das área produtora de alimentos. O Agreste abastecia a Zona da Mata
terras ficava reservada para culturas de milho, mandioca, feijão e de alimentos e esta por sua vez a Europa exportando açúcar.

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Após o fim da escravidão, as plantações canavieiras passaram a lados pelos EUA. Os plantadores de algodão do Sertão tornaram-se
utilizar trabalhadores temporários, empregados durante a época da ricos fazendeiros, que disputavam o poder e a influência com os
colheita. O Agreste passou a fornecer esses trabalhadores: sitiantes usineiros da Zona da Mata.
e camponeses pobres que deixam a sua terra nos meses de safra No interior do Sertão definiu-se uma zona na qual as precipi-
(transumância). Enquanto os homens ganham algum dinheiro na tações pluviométricas são mais baixas, denominada “Polígono das
colheita, as mulheres e os filhos permanecem cuidando da lavoura secas“. Porém não é verdade que as secas se limitem ao Polígono:
doméstica. muitas vezes, elas atingem todo o Sertão e até mesmo o Agreste.
Enquanto a Zona da Mata é uma área monocultora, o Agreste é Também não é verdade que todos os anos existem secas no Po-
uma área policultora, já que seus sítios cultivam diversos alimentos lígono.
e criam gado para a produção do leite, queijo e manteiga. Por isso No Sertão existiram secas históricas que duraram vários anos,
mesmo, uma sub-região depende da outra, estabelecendo uma for- provocaram grandes tragédias sociais até hoje lembradas.
te interdependência. Assim, a Zona da Mata precisa dos alimentos As grandes secas ocorreram após vários anos de chuvas irregu-
e dos trabalhadores do Agreste e este precisa dos mercados consu- lares. A primeira grande seca historicamente documentada ocorreu
midores e dos empregos da Zona da Mata. no período de 1721 a 1727. Um historiador, Tomás Pompeu de Assis
Brasil, escreveu que “1722 foi o ano da grande seca, em que não só
As diferenças entre as duas sub-regiões não estão apenas na- morreram numerosas tribos indígenas, como o gado e até as feras e
quilo que produzem, mas em como produzem. aves se encontravam mortas por toda a parte.”
Na Zona da Mata, as sesmarias açucareiras da época colonial O jornalista pernambucano Carlos Garcia explica o mecanismo
foram se dividindo e deram origem a centenas de engenhos. Alguns das secas: ” A grande seca de 1932 começou realmente em 1926,
nem faziam açúcar, apenas rapadura e aguardente. Mesmo assim, quando as chuvas foram irregulares, irregularidade que se acen-
as fazendas resultantes não se tornaram pequenas propriedades, tuou a cada ano seguinte. Em 1932, caíram chuvas finas em janeiro,
uma vez que os proprietários precisavam manter uma área suficien- mas cessaram totalmente em março. A estiagem de 1958 também
te para abastecer os engenhos. foi uma grande seca, o que indica a ocorrência de um ciclo de anos
No Agreste, ao contrário, as propriedades foram se subdividin- secos a cada 26 anos, aproximadamente. Essa periodicidade é que
do cada vez mais, já que não cultivavam cana nem tinham enge- leva os sertanejos a afirmar que cada homem tem de enfrentar uma
nhos. grande seca em sua vida.” (O que é nordeste brasileiro? São Paulo,
Com a sucessão de diversas gerações, as propriedades do Brasiliense, 1984, p.64.)
Agreste atingiram um tamanho mínimo, suficiente apenas para a Além das grandes secas, ocorrem também secas localizadas,
produção dos alimentos necessários para a família, ou seja, para a que atingem pequenos trechos de um ou outro estado nordestino
prática da agricultura de subsistência. mas causam muitos estragos. Geralmente elas são provocadas pela
A pobreza do Nordeste está associada a esse contraste do mun- falta de boas chuvas nas semanas seguintes ao plantio do milho, do
do rural. De um lado, as usinas e fazendas açucareiras da Zona da feijão e do algodão.
Mata concentram a riqueza nas mãos de uma pequena parcela de O plantio é feito logo depois das primeiras chuvas do verão. A
proprietários. De outro, os minifúndios do Agreste mantém na po- germinação e o crescimento das plantinhas dependem da continui-
breza as famílias camponesas, que não tem terras e técnicas sufi- dade das chuvas, na quantidade exata. Se as chuvas se reduzem, o
cientes para praticar uma agricultura empresarial. calor e a insolação matam as lavouras que acabaram de germinar.
Nos últimos anos vem se dando um processo de concentração Quando volta a chover, o camponês faz novas plantações. Mas, se
de terras no Agreste, em virtude principalmente, da expansão de as chuvas cessam novamente começa a tragédia.
propriedades de criação de gado para corte. A essa altura, o camponês não tem mais dinheiro ou crédito
nos bancos. Não consegue, por isso, recomeçar o plantio. O milho
c) O Sertão e o feijão guardados do ano anterior são consumidos. Sem dinheiro
Mais de metade do complexo regional nordestino corresponde e sem alimentos, resta esperar a ajuda do governo ou então tomar
ao Sertão semi-árido. A caatinga, palavra de origem indígena que rumo das cidades. Assim, o sertanejo vira retirante.
significa “mato branco”, é a cobertura dominante e quase exclusiva
na imensa área do Sertão. d) O Meio-norte
A ocupação do Sertão, ainda na época colonial, se deu pela ex- Abrange os estados do Piauí e o Maranhão. Do ponto de vista
pansão das áreas de criação de gado. A pecuária extensiva repre- natural, é uma sub-região entre o Sertão semi-árido e a Amazônia
senta, até hoje, a principal atividade das grandes propriedades do equatorial.
semi-árido. Essa sub-região apresenta clima tropical, com chuvas intensas
No século XVIII, a Revolução Industrial estava em marcha na no verão. No sul do Piauí e do Maranhão, aparecem vastas exten-
Inglaterra. As fábricas de tecidos produziam cada vez mais, obtendo sões de cerrado. No interior do Piauí existem manchas de caatinga.
lucros fabulosos e exigindo quantidades crescentes de matérias-pri- No oeste do Maranhão, começa a floresta equatorial. Por isso, nem
mas. Por essa época, começou a aumentar o plantio de algodão no todo o Meio-Norte encontra-se no complexo regional nordestino: a
Sertão nordestino. Vender algodão para os industriais ingleses tinha parte oeste do Maranhão encontra-se na Amazônia.
se tornado um ótimo negócio. O Meio-Norte exibe três áreas diferentes, tanto pela ocupação
No século XIX, a Guerra Civil entre nortistas e sulistas nos EUA como pela paisagem e pelas atividades econômicas.
desorganizou as exportações de algodão estadunidense. No Nor- O sul e o centro do Piauí, dominados pela caatinga, parecem
deste, os pecuaristas do Sertão passaram a cultivar o algodão em uma continuação do Sertão. Essa área foi ocupada pela expansão
uma parte das suas terras e o Brasil tomou mercados antes contro- das fazendas de gado, que vinham do interior de Pernambuco e do

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Ceará. A atividade pecuarista foi a responsável pela fundação de A Amazônia


Teresina, a única capital estadual do Nordeste que não se localiza A Amazônia compreende o território dos Estados de Rondônia,
no litoral. Acre, Amazonas, Roraima, Pará e Amapá e Tocantins, entrando pelo
O Vale do Parnaíba é uma área especial. Recoberto pela Mata Maranhão e o Mato Grosso. É a área que, a partir da década de
dos Cocais, tornou-se espaço de extrativismo vegetal do óleo do 1970, integra-se ao mercado nacional como uma grande fronteira
babaçu e da cera da carnaúba. Essas palmeiras não são cultivadas. de recursos, isto é, como área de fornecimento de matérias-primas
A exploração dos seus produtos consiste apenas no corte das folhas que provêm da agropecuária e da mineração.
da carnaúba e em recolher os cocos do babaçu que despencam da A ocupação do território amazônico ainda está se processando.
árvore. Essa ocupação busca integrar definitivamente a área à economia do
Nas áreas úmidas do norte do Maranhão, situada já nos limi- Centro-Sul e mesmo à economia internacional, graças aos grandes
tes da Amazônia, formaram-se fazendas policultoras que cultivam o investimentos de capital em projetos de mineração, agropecuários
arroz como principal produto. As chuvas fortes e as áreas semi ala- e industriais.
gadas das várzeas dos rios Mearim e Pindaré apresentam condições A Amazônia passa a ser, deste modo, uma fronteira que vai
ideais para a cultura do arroz. sendo expandida, e uma reserva de recursos que passa a ser utiliza-
da. Entre as principais medidas adotadas para tornar possível essa
O Centro-Sul integração, destacamos a construção de rodovias, forma mais visí-
O Centro-Sul, se estende de Minas Gerais até o Rio Grande do vel dessa integração. Até a década de 50, a economia da Amazônia
Sul, englobando também o Mato Grosso do Sul, Goiás e o Distrito convergia para Belém, que atuava como o grande polo regional por
Federal. meio de uma rede hidrográfica natural.
Trata-se de uma área do território brasileiro onde o processo A construção das rodovias Belém-Brasília, Brasília-Acre, Cuia-
de industrializa ção, acelerado a partir de meados do século XX, se bá-Santarém e Porto Velho-Manaus penetraram a região, aceleran-
deu com maior intensidade. Isso levou à sua diferenciação em rela- do a integração da Amazônia ao Centro-Sul. Os capitais públicos e
ção ao restante do país. privados investidos na construção de hidrelétricas como Tucuruí, na
O Centro-Sul é a área de maior capacidade produtiva. Nessa instalação de núcleos de mineração como Carajás, e de polos indus-
região ocorrem, com maior intensidade, os fluxos de circulação de triais como a Zona Franca de Manaus, procuram integrar a região
mercadorias, pessoas, capitais e informações. Nela se encontram à economia do país de forma mais efetiva – como fornecedora de
os mais importantes centros de decisões econômicas e políticas do produtos semi-processados ou processados para os grandes merca-
país. dos consumidores internos ou externos, e também como mercado
A diferenciação do Centro-Sul se dá por meio de alguns aspec- consumidor dos produtos do Centro-Sul.
tos relevantes. Uma primeira característica seria a grande concen-
tração industrial, com destaque para cinco grandes áreas industriais Os incentivos fiscais da Superintendência de Desenvolvimento
mais ou menos diversificadas: da Amazônia (Sudam) permitiram que as grandes empresas nacio-
• a área industrial que tem seu centro em São Paulo e se nais e transnacionais adquirissem enormes propriedades de terra,
estende até o Rio de Janeiro; cujo aproveitamento de recursos naturais – os minérios, a madeira
• a zona metalúrgica em torno de Belo Horizonte; e a própria terra – tem provocado graves danos ambientais.
• a área industrial de Curitiba; A fronteira amazônica tem atraído, nas últimas décadas, impor-
• o nordeste de Santa Catarina, no vale do Itajaí; tantes fluxos de migrantes. Duas correntes são identificadas: os que
• a área industrial que vai de Porto Alegre até Caxias do Sul. procedem do Centro-Sul, devido à modernização da agricultura, e
O Centro-Sul é o principal cinturão agroindustrial do país. Nele que vão para Mato Grosso, Rondônia e mesmo para o Acre; e os que
encontramos áreas nas quais ocorreu uma verdadeira industriali- procedem do Nordeste, que se dirigem ao Pará e Tocantins, e que
zação da agricultura, com uso de máquinas, adubos e fertilizantes, formam a Amazônia Oriental.
além de especialização da produção nas chamadas empresas rurais. A ocupação da nova fronteira, em grande medida desorde-
O Centro-Sul também possui a melhor infraestrutura viária do nada, provoca graves conflitos sociais. Os diferentes contendores
país. A intensa circulação de produtos e de pessoas, feita por meio lutam principalmente pela posse da terra e pelo uso da floresta.
de uma densa rede rodoviária e de ferrovias, revela a forte integra- Pouco a pouco, vai ganhando a opinião pública o movimento que
ção e o dinamismo de sua área interna. Assim como sua articulação propõe a necessidade de se ocupar a Amazônia de forma mais ra-
com as demais regiões do país. cional, preservando o equilíbrio ecológico com ações eficientes de
Devido ao seu maior desenvolvimento econômico, é no Centro- manutenção da qualidade ambiental. O que se propõe é uma ocu-
-Sul que ocorrem os mais elevados níveis de renda do país. Há um pação mais cuidadosa, visando um desenvolvimento equitativo e
forte contraste entre a renda média de um habitante do Centro-Sul sustentável para a maior floresta pluvial do planeta.
e a de um habitante do Nordeste ou da Amazônia. Políticas públicas são ações e programas que são desenvolvidos
No entanto, se existem zonas com níveis de modernização e de pelo Estado para garantir e colocar em prática direitos que são pre-
vida elevados caso de algumas cidades no interior de São Paulo, no vistos na Constituição Federal e em outras leis.
Vale do Itajaí, em Santa Catarina, ou no norte do Paraná -, existem São medidas e programas criados pelos governos dedicados a
também verdadeiros “bolsões” de pobreza. É o caso do Vale do Ri- garantir o bem estar da população.
beira de Iguape, das cidades-satélites de Brasília e, principalmente, Além desses direitos, outros que não estejam na lei podem vir
da periferia dos grandes centros urbanos. Mesmo nas áreas mais a ser garantidos através de uma política pública. Isso pode aconte-
ricas o contraste entre “lugares de ricos” e “lugares de pobres” é cer com direitos que, com o passar do tempo, sejam identificados
nítido, marcante, e quase sempre assustador. como uma necessidade da sociedade.

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Quem cria e executa as políticas públicas?


O planejamento, a criação e a execução dessas políticas é feito em um trabalho em conjunto dos três Poderes que formam o Estado:
Legislativo, Executivo e Judiciário.
O Poder Legislativo ou o Executivo podem propor políticas públicas. O Legislativo cria as leis referentes a uma determinada política
pública e o Executivo é o responsável pelo planejamento de ação e pela aplicação da medida. Já o Judiciário faz o controle da lei criada e
confirma se ela é adequada para cumprir o objetivo.

Execução das políticas públicas


A execução das políticas públicas é tão importante para o bom funcionamento da sociedade que, desde 1989, existe a carreira de
especialista em políticas públicas.
De acordo com a lei que criou esse cargo, o especialista em políticas públicas é o profissional especializado na formulação, planeja-
mento e avaliação de resultados de políticas públicas.
As políticas públicas existem e são executadas em todas as esferas de governo do país, ou seja, há ações em nível federal, estadual e
municipal.

Tipos de políticas públicas


Por serem programas relacionados com direitos que são garantidos aos cidadãos as políticas públicas existem em muitas áreas. São
exemplos:
• educação,
• saúde,
• trabalho,
• lazer,
• assistência social,
• meio ambiente,
• cultura,
• moradia,
• transporte.

Ciclo de políticas públicas


O conjunto de etapas pelas quais uma política pública passa até que seja colocada em prática é chamado de ciclo de políticas públicas.
Conheça cada uma dessas fases:
1. identificação do problema: fase de reconhecimento de situações ou problemas que precisam de uma solução ou melhora,
2. formação da agenda: definição pelo governo de quais questões têm mais importância social ou urgência para serem tratadas,
3. formulação de alternativas: fase de estudo, avaliação e escolha das medidas que podem ser úteis ou mais eficazes para ajudar
na solução dos problemas,
4. tomada de decisão: etapa em que são definidas quais as ações serão executadas. São levadas em conta análises técnicas e polí-
ticas sobre as consequências e a viabilidade das medidas,
5. implementação: momento de ação, é quando as políticas públicas são colocadas em prática pelos governos,
6. avaliação: depois que a medida é colocada em prática é preciso que se avalie a eficiência dos resultados alcançados e quais ajus-
tes e melhoria podem ser necessários,
7. extinção: é possível que depois de uma período a política pública deixe de existir. Isso pode acontecer se o problema que deu
origem a ela deixou de existir, se as ações não foram eficazes para a solução ou se o problema perdeu importância diante de outras neces-
sidades mais relevantes, ainda que não tenha sido resolvido.

Políticas públicas no plano plurianual


As políticas públicas, depois de estudadas e formuladas, são incluídas no plano plurianual (PPA).
Esse plano, que é previsto no artigo 165 da Constituição Federal, define quais são as metas e objetivos que devem ser cumpridos pelos
governos em 4 anos.

Como participar da escolha das políticas públicas


Para que as políticas públicas possam atender as principais necessidades da sociedade é importante que os cidadãos também partici-
pem do processo de escolha dando a sua opinião.
Isso pode acontecer de diferentes maneiras, dependendo da esfera de governo.
O governo federal possibilita a participação através de consultas feitas com a população. Para ver a lista completa das consultas aber-
tas acesse o site do Portal Brasil.
Outra maneira de colaborar é através do site Mudamos.org. Você pode enviar uma proposta para um projeto de lei ou dar o seu voto
nos projetos já enviados.
Nos estados e nos municípios a informação sobre as formas de participação, como o orçamento participativo, pode ser obtida nas
secretarias de governo ou secretarias de políticas públicas do estado ou da prefeitura da sua cidade. Essa informação também pode ser
encontrada no Portal da Transparência.
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O ESPAÇO HUMANO. DEMOGRAFIA: TRANSIÇÃO DEMOGRÁFICA, CRESCIMENTO POPULACIONAL, ESTRUTURA ETÁRIA, PO-
LÍTICA DEMOGRÁFICA E MOBILIDADE ESPACIAL (MIGRAÇÕES INTERNAS E EXTERNAS)

O crescimento da população brasileira, nas últimas décadas, está ligado principalmente ao crescimento vegetativo (ou natural). A
queda nesse crescimento apresenta outras justificativas que merecem atenção.
• Maior custo para criar filhos;
• Acesso a métodos anticoncepcionais;
• Trabalho feminino extradomiciliar;
• Acesso a tratamento médico;
• Saneamento básico.

Para conhecer a população de um país, devemos, primeiramente, definir dois conceitos demográficos básicos:
– População absoluta: corresponde ao número total de pessoas de uma área. No Brasil, por exemplo, a população absoluta era de
190.755.799 pessoas, pelo censo de 2010.
– População relativa: é também chamada de densidade demográfica e é dada pelo número de habitantes por quilômetro quadrado
de uma determinada região.
O declínio da mortalidade deve-se, em grande parte, à diminuição da mortalidade infantil, isto é, dos óbitos de crianças com menos de
um ano de idade. Em 1970, a taxa era de cem mortes em cada mil nascimentos vivos; em 1980, caiu para setenta por mil; em 1991, para
45 por mil; e no ano de 2000, para 35 por mil.
Em relação aos países desenvolvidos, este índice ainda é elevado. Por isso, programas de combate à mortalidade vêm sendo imple-
mentados tanto pelo governo quanto por entidades privadas
A taxa de mortalidade infantil no Brasil está baixando, conforme indicadores. A queda da mortalidade infantil indica aumento no per-
centual de adultos e melhorias na expectativa de vida, que em 1950 era de mais ou menos 46 anos e, em 2018, chegou a 76 anos (IBGE).

Migrações populacionais
As migrações populacionais remontam aos tempos pré-históricos. O homem parece estar constantemente à procura de novos ho-
rizontes. As razões que justificam as migrações são inúmeras (político-ideológicas, étnico-raciais, profissionais, econômicas, catástrofes
naturais, entre outras), ainda que as razões econômicas sejam predominantes.
A grande maioria das pessoas migra em busca de melhores condições de vida. Todo ato migratório apresenta causas repulsivas (o
indivíduo é forçado a migrar) e/ou atrativas (o indivíduo é atraído por determinado lugar ou país).
Considera-se emigração como a saída de uma área para outra; imigração é a entrada de pessoas em uma área. As migrações podem
ser internas, quando ocorrem dentro do país, e externas, quando ocorrem de um país para outro. Ainda podem ser permanentes ou tem-
porárias.

Movimentos migratórios no Brasil

Externos
Até 1934, foi liberada a entrada de estrangeiros no Brasil. A partir dessa data, ficou estabelecido que só poderiam imigrar 2% de cada
nacionalidade dos estrangeiros que haviam migrado entre 1884 e 1934.
Os fatores que mais favoreceram a entrada de imigrantes no Brasil foram:
– A dificuldade de encontrar escravos após a extinção do tráfico, depois de 1850;
– O ciclo do café, que exigia mão de obra numerosa;
– Abundância de terras.

Para a maior parte dos imigrantes, a adaptação foi muito difícil, pois além das diferenças climáticas, da língua e dos costumes, não
havia no país uma política firme que assegurasse garantias as pessoas que aqui chegavam. As regiões sul e sudeste foram as que receberam
maior contingente de imigrantes, principalmente por causa do ciclo do café e povoamento da região sul.

Internos
Em nossa história, os principais movimentos migratórios foram:
– Migração de nordestinos da Zona da Mata para o sertão, séculos XVI e XVII (gado);
– Migração de nordestinos e paulistas para Minas Gerais, século XVII (ouro);
– Migração de mineiros para São Paulo, século XIX (café);
– Migração de nordestinos para a Amazônia, devido ao ciclo da borracha;
– Migração de nordestinos para Goiás, na década de 1950 (construção de Brasília);
– Migrações de paulistas para Rondônia e Mato Grosso, na década de 1970.

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Fonte: www.sogeografia.com.br

Os movimentos migratórios mais intensos nas décadas de 1980 e 1990 foram nas regiões:
– Centro-oeste: Brasília e arredores; áreas do interior do MT, MS e GO, onde ocorre a expansão da pecuária e da agricultura comercial.
– Norte: zonas de extrativismo mineral em RO, AP e PA; zonas madeireiras no PA e AM; áreas agrícolas em RO e AC.
– Sudeste: migrações das capitais para o interior dos estados de SP, RJ e MG.
– Sul: até o final da década de 1980, os movimentos emigratórios para o centro-Oeste e norte foram muito significativos. Na década
de 1990, houve forte migração intraestadual, principalmente das metrópoles para o interior.
– Nordeste: tradicionalmente, o Nordeste era uma área de evasão populacional, principalmente do sertão para a Zona da Mata ou
outras regiões do país, como sudeste e centro-oeste. Atualmente, há uma atração devido os incentivos fiscais dos estados às empresas
de fora, mão de obra barata e turismo.

Estrutura etária da população brasileira


Avalia-se a estrutura da população através da sua distribuição etária, condição socioeconômica e sua posição no IDH (Índice de Desen-
volvimento Humano). Em relação aos critérios de avaliação dos países, desde 1950 até o final da década de 1980, a classificação comum
era aquela que enquadrava os países da seguinte forma:

1º mundo: países capitalistas desenvolvidos;


2º mundo: países socialistas de economia planificada;
3º mundo: países subdesenvolvidos.
Acontecimentos na geopolítica internacional, como a queda do Muro de Berlim, fim da Guerra Fria, ressurgimento da Europa como
potência econômica e o fim da experiência socialista soviética, marcam uma nova disposição da ordem mundial, em que se menciona o
mundo multipolar e a globalização da economia.
A partir daí, tornou-se necessário um novo entendimento para classificar os países. A ONU passou a utilizar o IDH (Índice de Desenvol-
vimento Humano), que tem por objetivo avaliar a qualidade de vida através de alguns critérios:
– Expectativa de vida;
– Renda per capita;
– Grau de instrução.

O IDH avalia e aplica uma nota que varia de 0 a 1. Quanto mais próximo do 1, melhor o IDH de uma país, ou de uma região. Veremos
mais informações sobre o IDH nos próximos tópicos.

Essa organização é apresentada em gráficos cartesianos, em que na abscissa (horizontal) são colocadas as populações por milhões,
divididas em homens e mulheres, cada qual ficando de um lado da ordenada (vertical), onde é colocada uma tabela de idades, dividida em
faixas de 5 em 5 ou de 10 em 10 anos. Esses gráficos cartesianos são chamados de pirâmides etárias. Normalmente, as faixas resultantes
são divididas em três partes ou faixas etárias:
– População jovem: 0 a 19 anos.
– População adulta: de 20 a 59 anos.
– População idosa: acima de 60 anos.

A pirâmide etária do Brasil tem sua base larga e vai estreitando-se até atingir o topo. Isso significa que o número de idosos é relativa-
mente pequeno. O gráfico do Brasil demonstra que, mesmo com todo o crescimento, continuamos a ser um país jovem, pois no caso dos
países mais desenvolvidos, a base da pirâmide costuma ser menos larga e o topo mais amplo.

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Fonte: IBGE

Fonte: IBGE

PEA (População Economicamente Ativa)


É a população que exerce atividade remunerada nas formas da lei. Nos países desenvolvidos, os ativos são predominantemente a
população adulta, enquanto nos subdesenvolvidos tanto os jovens quanto os idosos trabalham juntamente com os adultos.

— A população e as formas de ocupação do espaço


Quando avaliamos esta regionalização, percebemos também que existem formas de ocupação de espaço e população.
Região Norte: Pecuária extensiva (é a criação de animais soltos em grandes áreas a pasto para comercialização), também é vazia de-
mograficamente (baixa concentração populacional);

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Região Nordeste: Pecuária extensiva (é a criação de animais soltos em grandes áreas a pasto para comercialização, e segunda região
mais populosa do Brasil);
Centro Oeste: Temos a pecuária intensiva (se baseia na criação do gado em pequenas áreas usando tecnologia na sua criação para
aumento da produtividade. Exemplo: manipulação genética, inseminação artificial e outras, tudo isso visando a comercialização), também
é vazia demograficamente (baixa concentração populacional).
Sul: Temos a pecuária intensiva (se baseia na criação do gado em pequenas áreas usando tecnologia na sua criação para aumento da
produtividade. Exemplo: manipulação genética, inseminação artificial e outras, tudo isso visando a comercialização). É a terceira região
mais populosa do Brasil.
Sudeste: Temos a pecuária intensiva (se baseia na criação do gado em pequenas áreas usando tecnologia na sua criação para aumento
da produtividade. Exemplo: manipulação genética, inseminação artificial e outras, tudo isso visando a comercialização), também é cheia
demograficamente (grande concentração populacional).
Vários aspectos sobre as regiões:
– A Sul é a região que possui menor extensão territorial;
– A Norte é a região que possui maior extensão territorial;
– A Nordeste é a região possui mais estados;
– A Sul é a região que possui menos estados;
– A Sudeste é a mais desenvolvida e a mais populosa do Brasil;
– A Nordeste é a região com maior faixa litorânea;
– A Centro-Oeste é a região que não possui litoral;
– A mais fria do Brasil é a Região Sul.

— Os contrastes regionais do brasil


Vamos caracterizar esses contrastes de acordo com divisão abaixo proposta pelo geógrafo Milton Santos chamada (“os quatro brasis”),
de acordo com a figura abaixo:

Conhecida os “quatro brasis” é o registro técnico-científico-informacional”;


Nesta divisão encontramos a região concentrada que a união das regiões sul e sudeste do modelo do IBGE.
São as regiões: Amazônica, Nordeste, Centro-Oeste e Concentrada.
Região Concentrada: São Paulo, grandes indústrias, pecuária intensiva (Gado criado em espaços pequenos com tecnologia, genética,
inseminação artificial, etc.), grande concentração demográfica (populacional) e maior PIB do Brasil. Nesta região concentrada temos o sul,
resumindo e a união da região sul e sudeste.
Região Nordeste: Péssimos indicadores socioeconômicos, está região apresenta um número alto de pobreza, e pouca industrialização,
Pecuária extensiva (é a criação de animais soltos em grandes áreas a pasto para comercialização).
Região Amazônia: A economia desta região é baseada do extrativismo e agropecuária extensiva. Também existem polos industriais
(Zona franca de Manaus) que contribuem economicamente para a região. A bacia amazônica e considerada a maior bacia hidrográfica do
planeta.
Região Centro-Oeste: Temos também a pecuária intensiva (é diferente a extensiva, este se baseia na criação do gado em pequenas
áreas usando tecnologia na sua criação para aumento da produtividade. Exemplo: manipulação genética, inseminação artificial e outras,
tudo isso visando a comercialização), também é vazia demograficamente (baixa concentração populacional). O estado de Tocantins nesta
divisão encontra-se incorporado.

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— Urbanização e metropolização
O que caracteriza uma metrópole é sua elevada taxa de urbanização. No caso, existe uma centralização de trabalho, serviços, capital,
em fim uma roda econômica.

Dentro deste contexto surgiram diversos problemas de infraestrutura, tais como moradia, saneamento básico, transporte, segurança,
que impacta diretamente na vida da população, temos então o conceito de macrocefalia urbana que nada mais é que o crescimento de-
sordenado das cidades resultando os problemas mencionados e muitos outros.

São Paulo é o estado mais populoso do Brasil, seguido de Minas Gerais e Rio de Janeiro, O estado com a menor índice populacional é
Roraima, que tem 522.636 habitantes.
No cenário econômico, as metrópoles brasileiras impulsionam as mais variadas atividades financeiras e comerciais tornado um motor
econômico.

Isso faz com que as metrópoles se tornam-se importante no contexto nacional tanto no aspecto positivo, quando no aspecto negativo
(desafios, problemas e a complexidade das relações, etc.).

Região Metropolitana Quantidade de Municípios Número de Habitantes (2010)


São Paulo 39 19 683 975
Rio de Janeiro 19 11 835 708
Belo Horizonte 34 5 414 701
Porto Alegre 32 3 958 985
Recife 14 3 690 547
Fortaleza 15 3 615 767
Salvador 13 3 753 973
Curitiba 29 3 174 201
Campinas 19 2 797 137
Goiânia 11 2 173 141
Censo Demográfica IBGE 2010

MERCADO DE TRABALHO: ESTRUTURA OCUPACIONAL

As atividades desenvolvidas em cada uma das localidades brasileiras, acabam por oferecer estímulo para as regiões, se tornando uma
marca do processo de integração econômica. Isso se dá pelo fato de que o Brasil é um país com vasta extensão territorial e, consequen-
temente, apresenta um ambiente de trabalho e de produção diversificado. Dessa forma, é preciso levar em consideração cada uma das
regiões e a sua importância para a evolução econômica do país.
Ao falar de trabalho, é preciso pensar na força implementada para modificação da matéria-prima, entendendo que existem vários
tipos de produtos. Para isso, é preciso a compreensão dos setores da economia:
- O Setor Primário (Agricultura, Extrativismo)
- O Setor Secundário (Indústria de Transformação)
- O Setor Terciário (Comércio e prestação de serviços)

O significado do trabalho mudou ao longo da história da humanidade. Da atividade excessiva à necessidade essa lógica comporta-
mental é de fundamental importância para compreender a evolução do sentido do trabalho, bem como a própria matriz crítica diante das
condições e problemas que cercam o sujeito na atualidade.
Nessa esfera de relações, o contexto histórico não pode ser separado e deve ser absorvido como um todo. Os aspectos econômicos,
políticos, sociais e culturais são centrais para uma compreensão completa das relações de trabalho e resiliência.
A flexibilização das leis trabalhistas favorece o surgimento de contratos temporários, de meio período e até autônomos. Essa flexibi-
lidade ou desregulamentação vem à custa de um intenso processo de terceirização – transferência de atividades de uma empresa para
outra para reduzir custos. No passado, a terceirização limitava-se a atividades de empresas de médio porte, como alimentação, limpeza,
segurança, contabilidade e consultoria. Hoje, porém, isso se estende às suas atividades-fim, como as atividades fabris de fabricantes de
celulares, televisores, louças sanitárias, produtos de limpeza e alimentos. Nesses casos, como os salários das empresas terceirizadas são
menores, os custos da empresa terceirizada diminuem, maximizando assim seus lucros.

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O desemprego e outros problemas relacionados ao trabalho • População relativa: também chamada densidade demográfi-
(trabalhos escravo e infantil, baixa remuneração) constituem atual- ca, é a relação entre o total de habitantes (população absoluta) e a
mente grandes desafios ao Brasil. Essas questões ganham um grau área territorial que ocupam. É expressa em habitantes por quilôme-
de complexidade quando considerarmos as dimensões do país, as tro quadrado (hab./km2).
desigualdades entre as regiões e a instabilidade econômica provo-
cada pela crise econômica e política desencadeada em 2014/2015.
URBANIZAÇÃO BRASILEIRA: PROCESSO DE URBANIZA-
ÇÃO, REDE URBANA, HIERARQUIA URBANA, REGIÕES ME-
DESENVOLVIMENTO HUMANO: OS INDICADORES SOCIO- TROPOLITANAS
ECONÔMICOS

Processo de urbanização no Brasil


Há pouco mais de um século, o Brasil tinha cerca de 17 milhões De modo geral, o processo de urbanização no Brasil apresen-
de habitantes, o equivalente em 2015 a cerca de 40% da população ta características próprias do padrão de urbanização dos países em
do estado de São Paulo. De acordo com estimativas do IBGE, a po- desenvolvimento. Algumas delas são:
pulação do país era de 205 milhões de habitantes no final de 2015; • Tem como marca a formação de algumas grandes cidades,
e o Brasil, o quinto país mais populoso do mundo. que concentram parcela significativa das riquezas e também da po-
A urbanização provocou mudanças no modo de vida das mu- pulação, responsável por um processo de metropolização;
lheres e a consequente queda da natalidade. Nas cidades, as mu- • Ocorrência expressiva crescimento de atividades terciárias,
lheres conquistaram maior espaço no mercado de trabalho, optan- incluindo as do setor formal e do setor informal da economia;
do por ter filhos mais tarde e em menor número para viabilizar a • Se processou em ritmo acelerado, principalmente entre as
sua vida pessoal e seu desenvolvimento profissional. décadas de 1950 a 1990, e sem planejamento adequado;
Há pouco mais de um século o Brasil tinha cerca de 17 milhões • Apresentação de um padrão periférico de crescimento, com a
de habitantes, cerca de 40 % da população do estado de São Paulo formação de amplas manchas urbanas e a população de baixa ren-
em 2015. Segundo estimativas do IBGE, a população do país no final da sendo empurrada para áreas distantes do centro.
de 2015 era de 205 milhões; e o Brasil, o quinto país mais populoso
do mundo. A urbanização brasileira se intensificou a partir das décadas
A urbanização provocou mudanças no estilo de vida das me- de 1940 e 1950. Nasceu do êxodo rural e do desenvolvimento in-
ninas e levou a um declínio na taxa de natalidade. Nas cidades as dustrial que ocasionou importantes movimentos populacionais em
mulheres têm conquistado mais espaço no mercado de trabalho, direção às cidades e estimulou a atividade comercial e de serviços
optando por ter filhos mais tarde e em menor número para permitir nessas áreas. No entanto, a urbanização tem sido mais intensa que
seu desenvolvimento pessoal e profissional. a industrialização: não tem gerado os empregos necessários para
O estudo do crescimento da população humana depende da acomodar o grande número de migrantes que saem do campo para
análise de importantes variáveis: a natalidade, a mortalidade e ou- as cidades.
tros indicadores utilizados pela demografia.
• Taxa de natalidade: número de nascidos vivos (excluídos os Tendências recentes
natimortos) em um ano, calculado a cada mil habitantes. É a relação A partir dos anos 1990, vêm se delineando novas tendências no
entre os nascimentos anuais e a população total, expressa por mil processo de urbanização brasileiro:
habitantes. No exemplo abaixo, em um ano, para cada grupo de • diminuição do ritmo das migrações inter-regionais;
1.000 habitantes, nasceram 14 crianças. • expansão das áreas de ocupação irregular e de condomínios
• Taxa de mortalidade: número de óbitos em um ano a cada fechados nas zonas próximas aos grandes centros urbanos;
mil. É calculada a partir da relação entre óbitos anuais e a popula- • ritmo de crescimento menos acelerado das grandes cidades,
ção total, expressa por mil habitantes. entre elas as metrópoles;
• Taxa de mortalidade infantil: número de óbitos de crianças • intensificação no ritmo de crescimento das cidades médias;
com menos de um ano de vida, a cada mil nascidas vivas (excluindo • valorização extrema dos imóveis urbanos;
os natimortos), considerando-se o período de um ano. • custo de vida mais alto nas metrópoles (incluindo aluguel de
• Crescimento vegetativo: também denominado taxa de cresci- imóveis);
mento natural, corresponde à diferença entre a taxa de natalidade • expansão e adensamento populacional das periferias das
e a taxa de mortalidade. metrópoles em contraste com a redução da densidade demográfica
• Crescimento demográfico: também chamado crescimento em áreas centrais.
populacional, considera o crescimento natural ou vegetativo mais
a migração líquida, calculada pela diferença entre a entrada de pes- Hierarquia e rede urbana no Brasil
soas em um território e a saída delas desse território. A hierarquização dos centros urbanos, refere-se aos papéis
• Taxa de fecundidade: número médio de filhos por mulher, en- ocupados pelas cidades na organização socioeconômica e espacial
tre 15 e 49 anos, período considerado de procriação. do Brasil. De acordo com a classificação do IBGE elaborada no es-
• População absoluta: total de habitantes de um lugar (cidade, tudo “Regiões de influência das cidades, a rede urbana brasileira
estado, país ou mesmo o mundo). Um país com população absoluta compreende: 12 grandes centros urbanos, que são as regiões me-
elevada é considerado muito populoso; quando a população abso- tropolitanas, e 70 capitais regionais; bem como 169 centros sub-re-
luta é pequena é considerado pouco populoso. gionais e centros de área e centros locais.

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Metrópoles brasileiras - Favelização: face mais crítica do problema habitacional no


As doze metrópoles brasileiras são divididas em três grupos, de Brasil. Incapazes de adquirir um terreno ou moradia, ou de pagar
acordo com a sua importância, a complexidade dos equipamentos aluguel, milhares de pessoas não têm outra opção a não ser ocupar
urbanos disponíveis, a funcionalidade que exercem na rede urbana áreas públicas ou privadas e nelas construírem suas casas. Esses lo-
e a extensão de sua área de influência: cais dispõem de pouco ou de nenhum serviço público, dificultando
muito a vida dessa parcela da população. Não raro, também, os ter-
• Grande metrópole nacional: São Paulo; renos ocupados estão em áreas de risco, como encostas de morros
• Metrópoles nacionais: Rio de Janeiro e Brasília; e áreas de proteção ambiental, inclusive mananciais.
•Metrópoles: Belém, Manaus, Goiânia, Fortaleza, Recife, Salva- - Especulação imobiliária: a ocupação do solo urbano levou
dor, Belo Horizonte, Curitiba e Porto Alegre. grande parte da população mais pobre para a periferia, resultado
da ação dos responsáveis pelo planejamento urbano, que, via de
regra, não priorizaram a questão da habitação para a população de
REGIÕES INTEGRADAS DE DESENVOLVIMENTO (RIDE) baixo poder aquisitivo. As imobiliárias também participaram ativa-
mente desse processo, dividindo a cidade de acordo com o interes-
se de melhorar o mercado de seus imóveis. Eles costumam fazer
Ao tratar da regionalização, a Constituição Federal de 1988 pesquisas avançadas sobre investimentos do governo em áreas ur-
permitiu à união articular complexos geoeconômicos e sociais com banas específicas e pré-compra de terras nesses locais. Assim, esse
vistas ao desenvolvimento regional e à redução das desigualdades. modelo de ocupação urbana contribuiu muito para a especulação
Nesse contexto, as Regiões Integradas de Desenvolvimento – imobiliária.
RIDES – foram criadas como mais um opção para a constituição de
uma rede de cooperação. RIDE é uma forma mais ampla de ação Referências bibliográficas:
definida em áreas urbanas. por envolver municípios de mais de um Disponível em https://www.todamateria.com.br Acesso em
estado. O objetivo da RIDES é definir e coordenar ações administra- 17.03.2023
tivas de sindicatos, estados e municípios para a promoção de proje- Disponível em https://www.todoestudo.com.br/ Acesso
tos voltados ao desenvolvimento econômico em áreas de baixo de- 19.03.2023
senvolvimento. Por isso, iniciativas e investimentos que reduzem a Geografia Geral prática / Carlos Alberto Schneeberger, Luiz An-
desigualdade social são incentivados. É importante observar que a tonio Farago. — 1. ed. — São Paulo: Rideel
criação da RIDE envolve negociações entre os estados participantes. Minimanual compacto de geografia do Brasil: teoria e prática /
Tais negociações determinam questões como as comunidades da Carlos Alberto Schneeberger, Luiz Antonio Farago. — 1. ed. — São
região metas, ferramentas necessários e adequação o necessidades Paulo: Rideel, 2003.
administrativas específicas. Livro verde da mineração do Brasil [livro eletrônico] / organi-
Os recursos públicos destinados ao RIDES são destinados a: zação Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM). -- Brasília, DF :
rodovias, transporte; serviços públicos comuns; criação de em- IBRAM, 2022.
prego e formação profissional; saneamento básico; o uso divisão e LUCCI, Elian Alabi , Anselmo Lazaro Branco, Cláudio Mendonça
ocupação da terra Proteção Ambiental; uso de recursos hídricos e - Território e sociedade no mundo globalizado, 2 : ensino médio --
minerais; saúde e assistência social; educação e cultura; produção 3. ed. -- São Paulo: Saraiva, 2016.
agrícola e abastecimento alimentar; habitação popular; lutar contra LUCCI, Elian Alabi , Anselmo Lazaro Branco, Cláudio Mendonça
as causas da pobreza e os fatores de marginalização; Serviços de - Território e sociedade no mundo globalizado, 1 : ensino médio --
telecomunicações; turismo e segurança cidadã. 3. ed. -- São Paulo: Saraiva, 2016.
Disponível em: https://www.sogeografia.com.br/Conteudos/
GeografiaFisica/Cartografia. Acesso 23.03.2020
ESPAÇO URBANO E PROBLEMAS URBANOS LUCCI, Elian Alabi , Anselmo Lazaro Branco, Cláudio Mendonça
- Território e sociedade no mundo globalizado, 2 : ensino médio --
3. ed. -- São Paulo: Saraiva, 2016.
Uma característica marcante do rápido processo de urbaniza- LUCCI, Elian Alabi , Anselmo Lazaro Branco, Cláudio Mendonça
ção que ocorre nos países em desenvolvimento, e especialmente - Território e sociedade no mundo globalizado, 3 : ensino médio --
no Brasil, é o desenvolvimento de bairros com infraestrutura pre- 3. ed. -- São Paulo: Saraiva, 2016.
cária, loteamentos irregulares, favelas e ocupações habitacionais SCHNEEBERGER, Carlos Alberto, Luiz Antonio Farago. - Mini-
por moradores de baixa renda. Além disso, as principais cidades manual compacto de geografia do Brasil: teoria e prática — 1. ed.
também são marcadas por bairros mais favorecidos pela infraestru- — São Paulo: Rideel, 2003.
tura e qualidades urbanas, com parques, praças, grandes áreas ar- AZEVEDO, Gislane e SERIACOPI, Reinaldo. Editora Ática, São
borizadas e gramadas, oferecendo a seus habitantes, nesse sentido, Paulo-SP, 1ª edição. 2007
condições de vida semelhantes às dos países desenvolvidos. Assim,
a precariedade das condições de moradia de grandes segmentos da
população principalmente nas grandes cidades, reflete a dinâmica
do processo de modernização de alguns países em desenvolvimen-
to. Isso se caracterizou pela concentração de renda e riqueza e pela
exclusão de parte da população dos benefícios dessa modernização.

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ográfica foi introduzido por Frank Notestein, em 1929, e é a


QUESTÕES contestação factual da lógica malthusiana. Foi elaborada a partir da
interpretação das transformações demográficas sofridas pelos paí-
ses que participaram da Revolução Industrial nos séculos 18 e 19,
1. (CESPE/2018 – IPHAN) Para geógrafos e cartógrafos, a escala até os dias atuais. A partir da análise destas mudanças demográfi-
como medição/cálculo ou como recortes do território é um concei- cas foi estabelecido um padrão que, segundo alguns demógrafos,
to muito importante: não há leitura em um mapa sem determina- pode ser aplicado aos demais países do mundo, embora em mo-
ção da escala, assim como não há análise de fenômenos sem que mentos históricos e contextos econômicos diferentes.”
seja esclarecida a escala geográfica adotada. A esse respeito, julgue (Cláudio Mendonça. Demografia: transição demográfica e cres-
o item subsecutivo. cimento populacional. UOL Educação. 2005. Disponível em:
A partir da escala cartográfica, é possível identificar a localiza- http://educacao.uol.com.br/disciplinas/geografia/demografia‐
ção de um fenômeno na superfície terrestre. transicao‐demografica‐e‐crescimento‐populacional.htm. Aces-
( ) CERTO so em: março de 2014.)
( ) ERRADO Sobre a dinâmica de crescimento vegetativo da população bra-
A escala cartográfica é compreendida como uma relação en- sileira com base no conceito de transição demográfica, deve‐se con-
tre grandezas e é neste caso que a relação entre as medidas dos siderar os seguintes conceitos, EXCETO:
objetos ou áreas da região representada no espaço cartografado (A) Crescimento vegetativo: crescimento populacional menos
(numa folha de papel ou na tela de um monitor, por exemplo) e o número de óbitos.
suas medidas reais define a maior ou menor resolução espacial do (B) Taxa de mortalidade: expressa a proporção entre o número
objeto (visibilidade). de óbitos e a população absoluta de um lugar, em um determi-
nado intervalo de tempo.
2. (GESTAO CONCURSO/2018 – EMATER/MG) A erosão é um (C) Crescimento populacional: função entre duas variáveis: o
problema cada vez mais presente no mundo de hoje, em que mu- saldo entre o número de imigrantes e o número de emigran-
danças climáticas aceleram num ritmo alarmante a perda e o es- tes; e, o saldo entre o número de nascimentos e o número de
gotamento do solo. A saúde da camada superficial do solo, tão ne- mortos.
cessária para o desenvolvimento de plantas naturais ou cultivadas, (D) Taxa de fecundidade: número médio de filhos por mulher
pode se deteriorar pelo vento, pelo escoamento da água da chuva, em uma determinada população. Para obter essa taxa, divide‐
pela irrigação excessiva, entre outros fatores. se o total dos nascimentos pelo número de mulheres em idade
A esse respeito, analise as asserções e a relação proposta entre reprodutiva da população considerada.
elas.
I. Evitar o desmatamento e ter atenção com o lixo são algumas 5. (CESPE/2015 – SEDU/ES) Com relação à geografia política
medidas para evitar a erosão, mundial, julgue o item a seguir.
PORQUE A formação de blocos econômicos em todos os continentes
II. a vegetação natural de um ambiente possui características e mostra uma tendência à regionalização da economia.
substâncias que conservam o solo e o mantêm saudável, enquanto ( ) CERTO
que reduzir, reciclar ou reutilizar o lixo geram menor contaminação ( ) ERRADO
do solo.
Sobre essas duas asserções é correto afirmar que 6. (FUMARC/2013 – PC/MG) Os biomas brasileiros, como o
(A) a primeira é verdadeira e a segunda é falsa. CERRADO, apresentam aspectos fsionômicos diferenciados. Assi-
(B) as duas são verdadeiras, mas não têm relação entre si. nale a opção que NÃO representa uma característica fundamental
(C) a segunda é verdadeira, mas não tem relação com a pri- do cerrado, um dos mais afetados pelo processo de substituição da
meira. vegetação nativa.
(D) as duas são verdadeiras e a segunda completa corretamen- (A) formação vegetal submetida à alternância de períodos chu-
te o sentido da primeira. vosos e de estiagem, mais que a variações de temperatura.
(B) formações arbóreo-arbustivas e herbáceas abertas, favore-
3. A Geografia Humana é a ciência que estuda o espaço geográ- cendo que os raios solares cheguem ao solo.
fico, concebendo-o não tão somente como um meio, mas também (C) tradicionalmente utilizada para produzir carvão vegetal,
como um agente e um produto das atividades humanas, sendo tam- cede espaço para reforestamento e agricultura moderna.
bém visto como um organismo vivo e dinâmico. Assim, podemos (D) cobertura vegetal fsionomicamente complexa, cujo traço
dizer que os estudos dessa área do conhecimento resumem-se: comum é a semi-aridez.
(A) às sociedades em geral
(B) à relação entre homem e espaço
(C) à distribuição das práticas culturais
(D) à dinâmica dos conhecimentos abstratos humanos
(E) aos processos de concentração demográfica e urbana

4. (CONSULPLAN/2014 – MAPA) “O conceito de transição dem

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7. (Fonte: www.exercicios.brasilescola.uol.com.br) “No começo (C) Conflitos e violência urbana, luta pela posse da terra e acen-
da história do homem, a configuração territorial é simplesmente o tuado êxodo rural.
conjunto dos complexos naturais. À medida que a história vai fa- (D) Acentuado êxodo rural, mudanças no destino das correntes
zendo-se, a configuração territorial é dada pelas obras dos homens: migratórias e aumento no número de favelas e cortiços.
estradas, plantações, casas, depósitos, portos, fábricas, cidades (E) Luta pela posse da terra, falta de infraestrutura e altas con-
etc; verdadeiras próteses. Cria-se uma configuração territorial que dições de vida nos centros urbanos.
é cada vez mais o resultado de uma produção histórica e tende a
uma negação da natureza natural, substituindo-a por uma natureza 11. (UNCISAL) Tendo como referência o texto abaixo, assinale
inteiramente humanizada”. a opção correta.
(SANTOS, Milton. A Natureza do Espaço: Técnica e Tempo; Ra- “As cidades milionárias (com mais de um milhão de habitantes)
zão e Emoção. 4ª ed. São Paulo: EdUSP, 2006. p.39.) que eram apenas duas em 1960 – São Paulo e Rio de Janeiro são
Sobre a produção e transformação do espaço, assinale a alter- cinco em 1970, dez em 1980, doze em 1991, treze em 2000 e quin-
nativa correta: ze em 2010 (IBGE). Esses números ganham maior significação se
(A) O espaço das sociedades é construído a partir de elementos nos lembrarmos que, historicamente, em 1872 a soma total das dez
da natureza em sua forma pura. maiores cidades brasileiras não alcançavam um milhão de habitan-
(B) Os diferentes lugares e regiões no mundo capitalista não tes, pois somavam apenas 815.729 pessoas. Esta é a nova realidade
se diferem muito uns dos outros, pois a produção do espaço é da macro urbanização ou metropolização brasileira”
relativamente homogênea e igualitária. (Adaptado. Santos, M. Urbanização Brasileira).
(C) Podemos dizer que “produção do espaço” significa a cons- (A) No Brasil, a modernização do campo teve relação direta
trução pelo homem de seu próprio ambiente. com a aceleração da urbanização, caracterizada por uma me-
(D) As técnicas de produção pouco interferem na formação do tropolização que se disseminou por várias regiões brasileiras.
espaço das sociedades. (B) Embora no mundo globalizado a tendência migratória cam-
(E) O espaço geográfico social, atualmente, resume-se à cons- po-cidade seja pequena, o Brasil, em função da desorganiza-
trução das cidades e moradias. ção econômica e social e das ilusões de que a vida nas cidades
apresenta mais perspectivas, mantém taxas elevadas de fluxo
8. (CURSIVA/2015 – CIS/AMOSC/SC) Marque a opção que com- migratório.
pleta a lacuna. (C) Um ritmo de metropolização tão elevado, como o do Brasil,
_____________________ também conhecido por diastrofis- corresponde a índices equivalentes de crescimento industrial.
mo, consiste em movimentos decorrentes de pressões vindas do Assim, a maior parte da população que se dirige às cidades é
interior da Terra, agindo na crosta terrestre. Quando as pressões empregada no setor secundário.
são verticais, os blocos continentais sofrem levantamentos, abaixa- (D) Embora o ritmo de urbanização e metropolização no Bra-
mentos ou sofrem fraturas ou falhas. sil tenham sido muito elevados, o fenômeno ficou restrito às
(A) O vulcanismo; regiões Sul e Sudeste, pois foi justamente nessas regiões que
(B) O tectonismo; ocorreu o maior crescimento industrial.
(C) O intemperismo; (E) A urbanização brasileira, com seu caráter metropolitano, in-
(D) O abalo císmico. dica definitivamente a passagem de nosso país para o estágio
de país desenvolvido e moderno. Sabe-se que todos os países
9. “A globalização constitui o estágio máximo da internaciona- considerados desenvolvidos são aqueles que apresentam ele-
lização, a amplificação em sistema-mundo de todos os lugares e de vados índices de urbanização.
todos os indivíduos, logicamente em graus diferentes”.
(Disponível em: Mundo educação/ Globalização) 12. A análise geográfica é feita a partir de várias lentes e con-
Os “graus diferentes” citados no texto referem-se: ceitos. Assim, é preciso conhecer bem esses conceitos para que a
(A) às diferenças entre os níveis de ajustamento da política in- leitura da sociedade e do espaço seja feita de forma adequada. Pen-
ternacional a uma ordem de homogeneização cultural; sando por esse prisma, observe o conceito a seguir:
(B) à resistência dos movimentos antiglobalização frente aos “É uma instituição formada por povo, território e governo. Re-
avanços do sistema capitalista em escala mundial. presenta, portanto, um conjunto de instituições públicas que admi-
(C) à forma desigual de difusão e alcance do processo de mun- nistra um território, procurando atender os anseios e interesses de
dialização econômica e política. sua população.”
(D) à impossibilidade da globalização atingir todo o planeta A que conceito refere-se a afirmação acima?
(E) à incerteza de alguns países em adotar a globalização como (A) Território
forma de desenvolvimento. (B) Nação
(C) Estado
10. (UFAC) A intensa e acelerada urbanização brasileira resul- (D) Governo
tou em sérios problemas sociais urbanos, entre os quais podemos (E) País
destacar:
(A) Falta de infraestrutura, limitações das liberdades individu-
ais e altas condições de vida nos centros urbanos.
(B) Aumento do número de favelas e cortiços, falta de infraes-
trutura e todas as formas de violência.

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13. A respeito do conceito de território, é correto afirmar que: (C) Uruguai e Guiana Francesa
I) Ao nos referirmos ao território brasileiro, referimo-nos ao es- (D) Panamá e Peru
paço soberano reconhecido internacionalmente.
II) Os limites do território podem ser bem definidos ou não 17. CESPE / CEBRASPE - 2021
muito claros. As fronteiras podem variar de acordo com o espaço No que se refere à composição da matriz energética brasileira,
em análise. assinale a opção correta.
III) Na Geografia, há um consenso exato sobre o que seja o con- (A) O uso em larga escala de fontes de energia não renováveis
ceito básico de território. Esse conceito é único para todas as análi- coloca a matriz energética brasileira em um patamar de forte
ses espaciais, sociais e territoriais. impacto ao meio ambiente.
IV) É possível entender o conceito de território como sendo o (B) A produção de cana-de-açúcar destina-se tanto ao setor
espaço geográfico apropriado e delimitado por relações de sobera- de alimentos quanto ao energético, com a produção de álcool
nia e poder. para uso em automóveis; seu bagaço, entretanto, é um rejeito
Estão corretas as alternativas: não aproveitado e descartado na natureza.
(A) I, III e IV. (C) As fontes de energia renováveis, principalmente a hidrelé-
(B) I, II e IV. trica, têm expressiva participação na matriz energética brasi-
(C) I e III. leira.
(D) Todas as alternativas. (D) Os conflitos de uso da água para abastecimento, irrigação
(E) Apenas a alternativa IV. e geração de energia colocam esse recurso na categoria de re-
curso não renovável e têm diminuído a participação do setor
14. O fim da Guerra Fria e da bipolaridade, entre as décadas hidrelétrico na geração de energia.
de 1980 e 1990, gerou expectativas de que seria instaurada uma (E) A energia eólica tem baixa participação na matriz energética
ordem internacional marcada pela redução de conflitos e pela mul- brasileira e o seu alto custo tem impedido a expansão da parti-
tipolaridade. O panorama estratégico do mundo pós-Guerra Fria cipação dessa fonte de energia na matriz energética nacional.
apresenta
(A) o aumento de conflitos internos associados ao nacionalis- 18. MPE-GO - 2022
mo, às disputas étnicas, ao extremismo religioso e ao fortaleci- Assinale a alternativa correta:
mento de ameaças como o terrorismo, o tráfico de drogas e o (A) De acordo com a divisão regional brasileira estabelecida
crime organizado. pelo Instituto de Geografia e Estatística (IBGE), o país possui
(B) o fim da corrida armamentista e a redução dos gastos mili- cinco Regiões: Sul, Sudeste, Centro-Oeste, Norte e Nordeste.
tares das grandes potências, o que se traduziu em maior esta- Os estados estão distribuídos da seguinte forma: Sul – Santa
bilidade nos continentes europeu e asiático, que tinham sido Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul. Sudeste – Espírito Santo,
palco da Guerra Fria. Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro. Centro-Oeste – Goiás,
(C) o desengajamento das grandes potências, pois as interven- Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins e Distrito Federal.
ções militares em regiões assoladas por conflitos passaram a Norte – Roraima, Acre, Amapá, Amazonas, Pará e Rondônia.
ser realizadas pela Organização das Nações Unidas (ONU), com Nordeste – Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Para-
maior envolvimento de países emergentes. íba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia.
(D) a plena vigência do Tratado de Não Proliferação, que afas- (B) A Região Norte é a maior do Brasil em extensão territorial,
tou a possibilidade de um conflito nuclear como ameaça glo- possui 3.853.397,2 Km2, o que corresponde a, aproximadamen-
bal, devido à crescente consciência política internacional acer- te, 42% do território brasileiro.
ca desse perigo. (C) A Região do Centro-Oeste possui a terceira maior área do
(E) a condição dos EUA como única superpotência, mas que se Brasil, sua extensão territorial é de 604.850 Km2, ocupando
submetem às decisões da ONU no que concerne às ações mi- aproximadamente 25,8% do território nacional.
litares. (D) As cinco Regiões do Brasil apresentam grandes disparidades
socioeconômicas, isso é o reflexo de políticas econômicas de-
15. Sobre o território brasileiro, assinale a alternativa INCOR- senvolvidas no território nacional. Houve um processo de de-
RETA: senvolvimento industrial no Sul e, principalmente, no Sudeste,
(A) o Brasil é um país com dimensões continentais. proporcionando um maior avanço econômico. As demais regi-
(B) a extensão do território brasileiro denuncia a grande distân- ões fornecem matérias-primas e gêneros agrícolas. A econo-
cia de seus pontos extremos. mia do Centro-Oeste baseia-se principalmente no extrativismo
(C) a localização do Brasil indica-se por longitudes negativas, no vegetal de produtos como látex, açaí, madeira e castanha. A
hemisfério ocidental. região também é muito rica em minérios.
(D) a grande variação de latitudes explica a homogeneidade
climática do país.

16. As fronteiras brasileiras, todas elas posicionadas na Amé-


rica do Sul, totalizam 23.102 quilômetros de extensão. Desse total,
mais de 15 mil quilômetros encontram-se em terras emersas, fazen-
do fronteira com todos os países sul-americanos, exceto:
(A) Venezuela e Colômbia
(B) Chile e Equador
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19. CEV-URCA - 2021 21. CESPE / CEBRASPE - 2021


O Brasil, é um país com uma grande área territorial, um dos A indústria bancária internacional vem passando por profundas
maiores produtores de alimentos, uma imensa diversidade da sua modificações: além da ampliação das empresas financeiras de tec-
fauna e flora, dispõe de um grande potencial hídrico e energético. nologia fintechs no mercado de banking, observam-se importantes
Do ponto de vista populacional o País dispõe de um “bônus” de- mudanças no mercado bancário promovidas pelos principais regu-
mográfico importante para o crescimento econômico. Contudo a ladores globais. Nesse contexto, o open banking (sistema financeiro
pobreza e a desigualdade social continuam sendo um desafio para aberto, em tradução livre)
o País e especialmente para a região Nordeste. Nesse contexto (A) está restrito aos bancos de varejo.
podemos traçar as principais ações de desenvolvimento regional (B) busca reduzir o custo financeiro do dinheiro (spread) por
considerando a criação de instituições e instrumentos para o plane- meio dos ganhos relacionados à economia de escala e de es-
jamento do desenvolvimento regional a partir da década de 1950. copo.
Nesse contexto é correto afirmar que: (C) torna o compartilhamento de dados de clientes parte cen-
(A) O Banco do Nordeste do Brasil (BNB) foi criado em 1962 tral do modelo de negócios.
para atuar como instituição promotora do desenvolvimento (D) não envolve transações relacionadas a pagamentos bancá-
regional, através da oferta de crédito especificamente para o rios.
semiárido brasileiro; (E) reduz o risco de ataques cibernéticos.
(B) O Banco do Nordeste do Brasil (BNB) foi criado em 1952
para atuar no polígono das secas, através da oferta de crédito; 22. MPE-GO - 2022
posteriormente foi criada a Superintendência do Desenvolvi- Globalização é o processo de aproximação entre as diversas
mento do Nordeste (SUDENE) em 1959, a partir do relatório sociedades e nações existentes por todo o mundo, seja no âmbito
do Grupo de Trabalho para o Desenvolvimento do Nordeste econômico, social, cultural ou político. Porém, o principal destaque
(GTDN), com o objetivo de promover e coordenar o desenvol- dado pela globalização está na integração de mercado existente
vimento da região em se constatava a ampliação das desigual- entre os países. A globalização permitiu uma maior conexão entre
dades entre o Nordeste e o Centro-Sul do país; pontos distintos do planeta, fazendo com que compartilhassem de
(C) Em 2009 o Departamento Nacional de Obras Contra a Seca características em comum. Desta forma, nasce a ideia de Aldeia
completou 100 anos. Este órgão atuou para o planejamento de Global, ou seja, um mundo globalizado onde tudo está interligado.
ações de grandes obras hídricas na região, o que ficou conheci- O processo de globalização se constitui pelo modo como os merca-
do como “a invenção do Nordeste”. dos de diferentes países e regiões interagem entre si, aproximando
(D) O POLONORDESTE, foi criado em 1980 para tentar reverter mercadorias e pessoas. Costumes, tradições, comidas e produtos
a perda de dinamismo do Nordeste em relação às exportações típicos de determinada localidade passam a estar presentes em
brasileiras na década de 1960 pelo declínio do ciclo econômico outros lugares totalmente diferentes. Isso acontece graças à troca
do açúcar na região; e liberdade de informações que a globalização pode proporcionar.
(E) Nos anos 2000 foi criado o Programa de Aceleração do Cres- A quebra de fronteiras gerou uma expansão capitalista em que foi
cimento (PAC), semelhante ao Plano de Metas do gov. JK, bus- possível realizar transações financeiras e expandir os negócios - até
cou reorientar os investimentos no Nordeste por meio de infra- então restritos ao mercado interno - para mercados distantes e
estrutura hídrica, tendo como principal projeto a transposição emergentes.
do Rio São Francisco. (https://www.significados.com.br/globalizacao/)
A globalização promoveu, portanto, diversos impactos na orga-
20. CESPE / CEBRASPE - 2022 nização do espaço geográfico mundial, não sendo correto afirmar
O agronegócio brasileiro tem grande produtividade. Em 1990, acerca desse fenômeno:
o Brasil colhia 1,5 tonelada de grãos por hectare; em 2020, esse (A) Seus principais agentes são as empresas multinacionais e as
valor passou para quase 4 toneladas. Se voltarmos mais no tem- organizações internacionais.
po, em 1950, um agricultor alimentava cerca de 16 brasileiros na (B) Baseia-se na política econômica do neoliberalismo e na
cidade; em 2020, foram cerca de 200 pessoas no asfalto para cada abertura da economia para o comércio exterior.
produtor rural. (C) Permitiu que o comércio internacional se tornasse mais
Antonio Cabrera. Os canários da Rússia. In: O Estado de S. Pau- competitivo, facilitando a expansão das áreas de influência das
lo, 8/3/2022, p. A4 (com adaptações) pequenas empresas.
Tendo esse fragmento de texto como referência inicial, e con- (D) Favoreceu a formação de blocos econômicos.
siderando diversos aspectos do atual cenário nacional e mundial,
julgue o item seguinte. 23. CESPE / CEBRASPE - 2021
Entre outros fatores, o significativo aumento da produtividade A respeito da urbanização brasileira, julgue o item a seguir.
do agronegócio brasileiro justifica-se pelo suporte científico-tecno- O crescimento da economia do país criou condições, a partir de
lógico da EMBRAPA, uma empresa pública voltada para a pesquisa 1960, para o desenvolvimento da economia interna do país, esten-
no setor. dendo-se por todo período do governo militar.
( ) CERTO ( ) CERTO
( ) ERRADO ( ) ERRADO

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24. CESPE / CEBRASPE - 2021 24 CERTO


A respeito da urbanização brasileira, julgue o item a seguir.
O forte movimento de urbanização no Brasil se verificou a par- 25 CERTO
tir da Segunda Guerra mundial e foi acompanhado de forte cresci-
mento demográfico, resultado de uma natalidade elevada e de uma ANOTAÇÕES
mortalidade em queda, causadas principalmente pela aplicação de
medidas sanitárias e pela melhora relativa nos padrões de vida, so-
bretudo nas cidades. ______________________________________________________
( ) CERTO
______________________________________________________
( ) ERRADO
______________________________________________________
25. CESPE / CEBRASPE - 2021
A respeito da urbanização brasileira, julgue o item a seguir. ______________________________________________________
O forte movimento de urbanização no Brasil se verificou a par-
tir da Segunda Guerra mundial e foi acompanhado de forte cresci- ______________________________________________________
mento demográfico, resultado de uma natalidade elevada e de uma
mortalidade em queda, causadas principalmente pela aplicação de ______________________________________________________
medidas sanitárias e pela melhora relativa nos padrões de vida, so-
bretudo nas cidades. ______________________________________________________
( ) CERTO ______________________________________________________
( ) ERRADO
______________________________________________________
GABARITO ______________________________________________________

______________________________________________________
1 ERRADO ______________________________________________________
2 D
_____________________________________________________
3 B
_____________________________________________________
4 A
5 CERTO ______________________________________________________
6 D ______________________________________________________
7 C
______________________________________________________
8 B
9 C ______________________________________________________
10 B ______________________________________________________
11 A
______________________________________________________
12 C
______________________________________________________
13 B
14 A ______________________________________________________
15 D ______________________________________________________
16 B
______________________________________________________
17 C
18 B ______________________________________________________

19 B ______________________________________________________
20 CERTO
______________________________________________________
21 C
______________________________________________________
22 C
23 ERRADO ______________________________________________________

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• We’ll have two coffees. (Nós vamos querer dois cafés) - con-
SUBSTANTIVOS (NOUNS) A) GÊNERO; SUBSTANTIVOS tável
CONTÁVEIS E INCONTÁVEIS; NÚMERO DOS SUBSTANTI- • I don’t like coffee (Eu não gusto de café) – incontável
VOS CONTÁVEIS NO SINGULAR E NO PLURAL; E CASO GE-
NITIVO/POSSESSIVO COM O GENITIVO SAXÃO’S E COM A Você não pode se referir a um substantivo contável singular
PREPOSIÇÃO OF sozinho. Geralmente é usado precedido por um artigo. Artigos re-
ferem-se a artigos indefinidos a, an (um, uma) e o artigo definido
the (o, a).
Substantivo é uma classe de palavras que se refere a uma pes- Quando o substantivo contável é mencionado pela primeira
soa, lugar, coisa, evento, substância ou qualidade; ele pode ser con- vez, você usa um artigo indefinido a (um, uma) para palavras que
tável ou incontável. Substantivos contáveis têm formas singular e começam com som de consoante ou an (um, uma) se o substanti-
plural, enquanto substantivos incontáveis podem ser usados ape- vo começa com som de vogal. No entanto, quando um substantivo
nas no singular. contável é mencionado pela segunda vez, geralmente é precedido
Existem várias maneiras de classificar os substantivos. Uma de- pelo artigo definido the.
las é se eles são substantivos contáveis (também conhecidos como • I saw a (artigo indefinido) cat yesterday. The (artigo definido)
countable) ou incontáveis (também conhecidos como uncounta- cat was grey with black stripes. (Eu vi um gato ontem. O gato era
ble). Substantivos contáveis, como o termo sugere, referem-se a cinza com listras brancas)
itens que podem ser contados.
Às vezes, quando substantivos incontáveis são tratados como
Observe nos exemplos a seguir as formas singulares e plurais: substantivos contáveis, você pode usar o artigo indefinido.
• table, tables; (mesa, mesas) • Please select a wine that you like. (Por favor, selecione um
• month, months; (mês, meses) vinho que você gosta.)
• pen, pens. (caneta, canetas)
O artigo indefinido não é usado com substantivos incontáveis.
Em geral, um substantivo contável se torna plural adicionando Em vez disso, o artigo definido the pode ser usado com substantivos
-s no final da palavra. Mas há exceções, como as dos exemplos a incontáveis ao se referir a itens específicos.
seguir: • I found the luggage that I had lost. I appreciated the honesty
• man, men; (homem, homens) of the salesman. (Encontrei a bagagem que havia perdido. Apreciei
• child, children; (criança, crianças) a honestidade do vendedor.)
• goose, geese. (ganso, gansos)
Você pode usar the com substantivos contáveis quando existe
Em contraste, substantivos incontáveis não podem ser conta- apenas uma coisa ou pessoa na oração.
dos. Eles têm uma forma singular e não têm plural, ou seja, você • The baby stared at the moon in fascination. (O bebê olhou
não pode adicionar um -s à palavra para torná-la plural, pois geral- fascinado para a lua.)
mente já fala de um conjunto que não se pode contar numerica- • Please take me to the doctor near the market. I’m not feeling
mente. Por exemplo: well. (Por favor, leve-me ao médico perto do mercado. Eu não estou
• dirt; (sujeira) me sentindo bem.)
• rice; (arroz)
• information; (informação)
• hair. (cabelo)

Alguns substantivos incontáveis são abstratos, como advice


(conselho) e knowledge (conhecimento).
• Her jewellery is designed by a well-known celebrity. (Suas
joias são desenhadas por uma famosa celebridade.)
• I needed some advice, so I went to see the counsellor. (Eu
precisava de alguns conselhos, então fui ver o conselheiro)

Alguns substantivos podem ser contáveis ou incontáveis, de-


pendendo do contexto ou da situação.

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PRONOMES (PRONOUNS) PRONOMES PESSOAIS; PRONOMES REFLEXIVOS; PRONOMES E ADJETIVOS DEMONSTRA-


TIVOS; PRONOMES E ADJETIVOS POSSESSIVOS; PRONOMES E ADJETIVOS INTERROGATIVOS (QUESTION WORDS);
ADJETIVOS INDEFINIDOS; PRONOMES INDEFINIDOS

Os pronomes substituem os substantivos. Um pronome diferente é necessário dependendo de dois elementos: o substantivo que
está sendo substituído e a função que o substantivo tem na frase. Em inglês, os pronomes assumem apenas o gênero do substantivo que
substituem na 3ª pessoa do singular. Os pronomes de 2ª pessoa do plural são idênticos aos pronomes de 2ª pessoa do singular, exceto
pelo pronome reflexivo.

Pronome Adjetivos possessivos Pronomes Pronomes Reflexivos


Pronomes objeto
sujeito (determinantes) possessivos e Intensivos
1st person singular I me my mine myself
2nd person singular you you your yours yourself
3rd person singular,
he him his his himself
male
3rd person singular,
she her her hers herself
female
3rd person singular,
it it its itself
neutral
1st person plural we us our ours ourselves
2nd person plural you you your yours yourselves
3rd person plural they them their theirs themselves

— Pronome sujeito
Os pronomes sujeitos substituem os substantivos que são o sujeito de sua oração. Na 3ª pessoa, os pronomes do sujeito são frequen-
temente usados ​​para evitar a repetição do nome do sujeito.

Exemplos:
• I am 22 years old (Eu tenho 22 anos de idade)
• You look tired. (Você parece cansado)
• Pam is upset, and she wants Johnny to apologize. (Pam está chateada e quer que Johnny a peça desculpas)
• This desk is old. It needs to be restored. (Esta escrivaninha é velha. Ela precisa ser restaurada)
• We aren’t ready. (Nós não estamos prontos)
• They don’t eat hot (Eles não comem cachorro-quente)

— Pronomes objeto
Os pronomes objeto são usados ​​para substituir substantivos que são o objeto direto ou indireto de uma oração.

Exemplos:
• Pass me the salt. (Passe-me o sal)
• Mom need to talk to you (Mamãe precisa falar com você)
• Jessica is crying because Anna lied to her. (Jessica está chorando porque Anna mentiu para ela)
• Rachel told him yesterday. (Rachel contou para ele ontem)
• Where is my bookmark? I can’t find it! (Onde está meu marca-páginas? Não consigo encontra-lo)
• She can’t come with us. (Ela não pode vir conosco)
• My kids study here. Have you seen them? (Meus filhos estudam aqui. Você os viu?)

— Adjetivos possessivos (determinantes)


Adjetivos possessivos não são pronomes, mas sim determinantes. É útil aprendê-los ao mesmo tempo que os pronomes, no entanto,
porque eles são semelhantes em forma aos pronomes possessivos. Adjetivos possessivos funcionam como adjetivos, então eles aparecem
antes do substantivo que eles modificam. Eles não substituem um substantivo como os pronomes.

Exemplos:
• I love my new dress (Eu amo meu novo vestido)
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a solução para o seu concurso!
INGLÊS

• We are going to your house (Nós vamos para a sua casa)


• He never shares his ideas. (Ele nunca compartilha suas ideias)
• Her new bike is broken (A nova bicicleta dela está quebrada)
• The cat is White, but its paws are brown. (O gato é branco, mas suas patas são marrons)
• Dad likes to listen to our stories. (Papai gosta de ouvir nossas histórias)
• Did you see their new car? (Você viu o carro novo deles?)

— Pronomes possessivos
Os pronomes possessivos substituem os substantivos possessivos como sujeito ou objeto de uma oração. Como o substantivo que está
sendo substituído não aparece na frase, ele deve estar claro no contexto.
• This shirt is mine. (Esta camisa é minha)
• The backpack is not yours. (A mochila não é sua)
• My shoes look like his. (Meus sapatos parecem com os dele)
• The school papers are not hers. (Os papéis da escola não são dela)
• That house is ours. (Aquela casa é nossa)
• Are those boxes theirs? (Essas caixas são deles?)

— Pronomes Reflexivos e Intensivos


Os pronomes reflexivos e intensivos são o mesmo conjunto de palavras, mas têm funções diferentes em uma frase. Os pronomes refle-
xivos referem-se ao sujeito da oração porque o sujeito da ação também é o objeto direto ou indireto. Apenas certos tipos de verbos podem
ser reflexivos. Você não pode remover um pronome reflexivo de uma frase porque a frase restante seria gramaticalmente incorreta.

Exemplos:
I asked myself if I really wanted to go. (Eu me perguntei se realmente queria ir)
Did you hurt yourself while playing? (Você se machucou enquanto brincava?)
He got himself in trouble (Ele se colocou em apuros)
She saw herself in the mirror. (Ela se viu no espelho)
The dog loves to lick itself. (O cão ama se lamber)
We stopped ourselves from fighting (Nós nos impedimos de brigar)
Annie and Louise can take care of themselves. (Annie e Louise podem tomar conta de si mesmas).

QUANTIFICADORES

Quantifiers

São usados para informar a respeito do número de algo.

Forma Tradução Exemplo


Much Muito(a) She doesn’t much coffee.
Little Pouco(a) She drinks little coffee.

Less Menos She drinks less coffee than John.

As formas much, little e less são usadas antes de substantivos incontáveis, portanto singulares.

Forma Tradução Exemplo


Many Muitos(a) She doesn’t have many friends.
Few Poucos(a) She has few friends.

Fewer Menos She has fewer friends than John.

As formas many, few e fewer são usadas antes de substantivos contáveis no plural.

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- Much e many são usados, preferencialmente, em orações interrogativas e negativas.

Do you have many cousins?


We didn’t spend much money.

- Many tem concordância verbal de plural.

Many students are waiting outside.

Pode-se, porém, substituir a forma many + plural por many a + singular.

Many a student is waiting outside.

Sinônimos de much e many


Em orações afirmativas, deve-se, preferencialmente, usar a lot of, lots of, a great deal of, a good deal of, plenty of em substituição a
much ou many.

A lot (sem of) não deve ser usado antes de substantivos.


She works a lot.
A lot was done by him.

As formas a lot of e lots of têm concordância verbal dependente do elemento que as seguir.

There is a lot of dust here.


There are a lot of books here.
There is a lot of rice left.
There are lots of potatoes left.

Plenty of significa “mais do que suficiente”.

There’s no need to hurry. We’ve got plenty of time.

Much e very

a) Como já vimos, much (= muito/a) é usado antes de substantivos incontáveis no singular.


Do you have much work to do? (subst. incontável)

Pode ser usado também antes de comparativos.


Jane is much taller than John. (comparativo)

This book is much more interesting than that. (comparativo)

b) Very (= muito) é usado antes de adjetivos e advérbios no grau normal.


Her daughter is very intelligent. (adjetivo)

They arrived very late yesterday. (advérbio)


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Little, a little, few, a few

a) A little e a few são ideias positivas e significam “uma pequena quantidade de” ou “um pequeno número de” e equivalem a some,
em inglês.

I still have a little money in the bank. (= algum dinheiro)


The exam was extremely difficult but a few students passed it. (= alguns alunos)b) Little e few são idéias negativas.
I have little money in the bank. (= quase nenhum dinheiro)
The exam was extremely difficult and few students passed it. (= quase nenhum aluno)

b) Little e few são ideias negativas.


I have little money in the bank (= quase nenhum dinheiro).
The exam was extremely difficult and few students passed it (= quase nenhum aluno).

So, too, very

So, too e very podem ser usados antes de much, many, little e few para ampliar, enfatizar ou restringir o sentido dos quantificadores.

I can’t hear so much noise.


There are so many jobs to do today.
Too much noise drives me crazy.
There are too many people in the restaurant.
I’ve got very little money.
Very few students passed the examination.

Some, Any, No e None e Compostos

A. SOME (= algum, alguma, uns, umas)


SOMEONE / SOMEBODY (= alguém)
SOMETHING (= algo)

Usos:
⎯ orações afirmativas
⎯ orações interrogativas (oferecimentos e pedidos)

Exemplos:

Jane has bought SOME new shoes.


There’s SOMEONE / SOMEBODY knocking at the door.
I have SOMETHING important to tell you.
Would you like SOMETHING to drink?
Can you give me SOME information?

B. ANY
ANYONE / ANYBODY
ANYTHING

Usos:
⎯ orações interrogativas
⎯ orações negativas (com verbos negativos ou palavras negativas na oração)
⎯ orações afirmativas significando “qualquer”

Exemplos:

Have you seen ANY good movie recently?


They don’t know ANYONE / ANYBODY here.
He left home without ANY money.

He’s lazy. He never does ANY work.


Come and visit me ANY day you want.
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Observação:
Frequentemente usamos ANY, ANYONE/ANYBODY, ANYTHING após IF (se).

Exemplos:
Buy some strawberries if you see ANY.
If ANYONE has ANY question, I’ll answer it.
If you need ANYTHING, let me know.

C. NO (= nenhum, nenhuma)
NO ONE / NOBODY (= ninguém)
NOTHING (= nada)

Uso:
⎯ orações negativas (com verbos afirmativos)

Exemplos:
He has NO friends. = He doesN’T have ANY friends.
I have talked to NOBODY / NO ONE. = I haveN’T talked to ANYBODY / ANYONE.
He has bought NOTHING for her. = He hasN’T bought ANYTHING for her.

Observação:

SO, TOO e VERY podem ser usados antes de much, many, little e few para ampliar, enfatizar ou restringir o sentido dos
“quantifiers”.

Exemplos: There are so many books to read.


I ate too much food.
Very few students passed in the exam.

Fonte: objetivo.br(Adaptado)

ARTIGOS (ARTICLES) ARTIGO DEFINIDO THE; E ARTIGO INDEFINIDO A/AN

Os artigos na língua inglesa são palavras usadas para acompanhar o substantivo na oração e, assim como na língua portuguesa,
podem ser classificados como definidos e indefinidos, mas não recebem variações como na gramática da língua portuguesa, de modo
a não possuir artigos compostos, contáveis ou incontáveis, nem mesmo variação de gênero de acordo com o substantivo que segue. Os
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artigos da língua inglesa podem ser classificados como definidos ou • John is Lucy’s brother. (John é o irmão da Lucy)
indefinidos segundo seu significado e propósito. Observe a seguir
os artigos da língua inglesa:
ADJETIVOS E ADVÉRBIOS (ADJECTIVES AND ADVERBS)
FORMAS E USOS; POSIÇÃO DOS ADJETIVOS E ADVÉR-
The O, a, os, as
BIOS; E GRAUS DO ADJETIVO E DO ADVÉRBIO
A Um, uma
An Um, uma
Os adjetivos são palavras que caracterizam os substantivos
— Artigo indefinido: esse tipo de artigo faz referência à um com o objetivo de expressar o estado, a condição, a qualidade ou o
substantivo cujo significado implica não-especificidade, ou seja, defeito deles. Eles podem possuir diferentes usos dependendo do
não há uma identificação de um objeto de maneira singular ou ex- grau, podendo estabelecer relações comparativas ou superlativas.
clusiva. Em inglês, está presente no uso de a e na,palavras que pos- Curiosamente, em inglês não há variação quanto ao gênero (mascu-
suem suas próprias regras gramaticas. Usa-se a quando o substan- lino e feminino) e número (singular e plural), como ocorre na língua
tivo que segue o artigo inicia-se em uma consoante: a table (uma portuguesa. Sendo assim, a grande maioria dos adjetivos são usa-
mesa); usa-se na quando o substantivo que segue o artigo inicia-se dos para qualquer substantivo, seja ele no masculino ou no femini-
em uma vogal ou com som de vogal: an elephant (um elefante), an no, no singular ou no plural. Os adjetivos sempre são apresentados
hour (uma hora) — nesse último caso, o som da letra h é mudo. antes do substantivo em inglês. Veja a seguir alguns exemplos:
Confira a seguir exemplos de artigo indefinido:
• He bought a shirt. (Ele comprou uma camisa) • Those lazy boys don’t help at home.
• Lisa is a dentist. (Lisa é uma dentista) (Aqueles meninos preguiçosos não ajudam em casa)
• I ate an Orange for breakfast. (Eu comi uma laranja no café-
-da-manhã) • Mary and John adopted three black dogs.
• We have an importante meeting. (Nós temos uma importante (Mary e John adotaram três cachorros pretos)
reunião)
• Which brownie do you prefer: the small chocolate-chip ones
— Artigo definido: esse artigo, marcado pelo uso de the é usa- or the big chocolate ones?
do para referir-se exclusivamente ao substantivo na oração, ou seja, (Quais brownies você prefere: os pequenos de pepitas de cho-
especifica-se no discurso o objeto dela. Em inglês, é marcado pelo colate ou os grandes de chocolate?)
uso de the, que pode acompanhar tanto um substantivo no singular
quanto no plural. Observe: Conjunção Exemplo Tradução
• The table is broken. (A mesa está quebrada)
• The children are happy. (As crianças estão felizes) Ela foi ao mercado
She went to the store and
• He loved the book. (Ele amou o livro) And e comprou algu-
bought some fruits.
• The classes start at 9 am. (As aulas começam às 9 da manhã) mas frutas
Ele amava con-
Algumas regras devem ser levadas em consideração quanto ao He loved talking but he
But versar, mas ele se
uso do artigo the. felt shy.
sentiu tímido.
Não se deve usá-lo antes de substantivos que possuam sentido
Mark estava com
de expressão de senso-comum ou gerais, salvo se é a intenção do
Mark was thirsty, so he sede, então ele
interlocutor especificá-los. Exemplo:
So stopped to drink some parou para beber
• The cats like milk (Os gatos gostam de leite) — gatos especí-
water before running. um pouco de água
ficos
antes de correr.
• Cats like milk (Gatos gostam de leite) — gatos em geral
Não se deve usar the antes de nomes próprios, salvo se o nome Embora ela esti-
Although she was tired,
especificar um conjunto. Exemplo: Although vesse cansada, ela
she went for a walk
• São Paulo is a big city. (São Paulo é uma cidade grande) foi caminhar.
• The United Kingdom is in lockdown. (O Reino Unido está em Você prefere ficar
lockdown) Would you rather stay
Or em casa ou ir para
home or go to the mall?
o shopping?
Não se usa the antes de nomes próprios antes de nomes de
idiomas, mas pode ser usado em nacionalidades Eles estavam dis-
They were willing to
• French is a difficult language (Francês é uma língua difícil) postos a começar,
However start, the rain, however,
• The French invented the croissant. (Os franceses inventaram a chuva, porém,
poured outside.
o croissant) caía lá fora.
Nossa aula acabou,
Também não se deve usar the quando há a presença da forma Our class is over, there-
sendo assim pode-
possessiva na oração, diferentemente do português. Therefore fore we can discuss it on
mos discutir isso
• Our English book is here (O nosso livro de inglês está aqui) Monday.
na segunda-feira.
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Ele não me man- • Robert was not as happy as I thought he would be (Robert
He didn’t text me não estava tão feliz quanto achei que estaria)
dou mensagem
Because because his phone was • They can not paint as well as him. (Eles não sabem pintar tão
porque seu celular
broken. bem quanto ele).
estava quebrado.
I’ll only go if you come Eu só vou se você Os adjetivos no grau comparativo podem também estabelecer
If
with me. for comigo. relações de diferença, com palavras como more (mais) ou less (me-
Já que você está nos), seguidos da preposição than (do que). Observe alguns exem-
Since you’re going to the indo à cozinha, plos.
Since kitchen, could you fetch você poderia me • Kelly is more impatient than Kim. (Kelly é mais impaciente
me some water? arranjar um pouco do que Kim)
de água? • My last job was more interesting than this one. (Meu antigo
trabalho era mais interessante que esse)
Na língua inglesa, existem duas diferentes classes de adjetivos, • This comedian is less funny than my brother. (Esse comedian-
cada qual possui sua correta posição diante do substantivo que te é menos engraçado que meu irmão)
acompanha segundo seu propósito. São eles os adjetivos formados • We felt less tired than the kids. (Nós nos sentíamos menos
pelo gerúndio, os quais são palavras terminadas em -ING, e os adje- cansados do que as crianças)
tivos formados pelo particípio, terminadas em -ED.
Os adjetivos formados pelo gerúndio possuem um sentido ati- Quanto às relações de diferença no grau comparativo, no en-
vo, o qual indica uma característica ou atributo do substantivo em tanto, estabelecem-se regras sobre o uso do intensificador more,
questão, enquanto os adjetivos formados pelo particípio são marca- seu uso limita-se à adjetivos que possuam mais de duas sílabas,
dos por um sentido passivo, o qual indica o sentimento do substan- enquanto adjetivos com menos de duas sílabas sofrem alterações
tivo diante de algo. Confira alguns exemplos a seguir: em seus sufixos, os quais podem ser terminados em -er ou -ier. Ob-
serve:
She was an interesting Ela era uma mulher + de duas more mais
Gerúndio intelligent
woman. interessante sílabas intelligent inteligente

She was interested in Ela era interessada + de duas more mais


Particípio complicated
politics and science em política e ciência sílabas complicated complicado
+ de duas more
A peça de teatro é Beautiful mais bonito
Gerúndio The play is fascinating. sílabas beautiful
fascinante
- de duas
Ele ficou fascinado smart smarter mais esperto
He got fascinated by the sílabas
Particípio com a atuação dos
actors performance. - de duas
atores fast faster mais rápido
sílabas
Joe’s classes are so As aulas do Joe são - de duas
Gerúndio easy easier mais fácil
boring tão entediantes. sílabas
Eu fico completa-
I get completely bored mente entediado Existem também os comparativos irregulares, ou seja, adjeti-
Particípio vos que são exceções à regra, como:
during his classes. durante as aulas
dele. • good (bom) — She is better than me in Math (Ela é melhor
que eu em matemática)
My sister’s ticks are Os tiques da minha • bad (ruim) — This dress is worse than the Other. (Esse vestido
Gerúndio é pior que o outro)
annoying. irmã são irritantes.
• far (longe) — Ellen lives farther than I thought. (Ellen mora
Meu pai estava
My dad was always mais longe do que pensei)
Particípio sempre irritado com
annoyed at the noise.
o barulho.
• little (pouco) — We have less money than you. (Nós temos
menos dinheiro que vocês)
Outro uso dos adjetivos em inglês, além do básico objetivo de
qualificar substantivos, é fazer comparações. Observe o uso do grau Na língua inglesa, os advérbios possuem o mesmo propósito
comparativo por meio de adjetivos: dos adjetivos, qualificar um objeto, mas diferem-se deles pois con-
Com o sentido de igualdade ou semelhança na comparação, fere qualidade a um verbo em vez a um substantivo. As caracterís-
usa-se as... as na afirmativa, com o adjetivo em questão posto ao ticas que os advérbios podem conferir aos verbos podem ser de
meio de ambas as palavras, e na negativa usa-se not as... as ou not modo, tempo, lugar, frequência ou intensidade. Em uma oração, os
so... as. Observe: advérbios vêm logo depois do verbo principal da frase. geralmente
• She is as tall as her sister. (Ela é tão alta quanto a sua mãe) costumam aparecer na frase logo após os verbos principais. Confira
• Singing is as hard as dancing. (Cantar é tão difícil quanto dan- a seguir os diferentes tipos de advérbio e sua formação:
çar)
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— Advérbio de modo — Advérbio de intensidade


Formados a partir de adjetivos acrescidos do sufixo -ly, em por- Os advérbios de intensidade são palavras que indicam a inten-
tuguês são as palavras terminadas em -mente. Veja os exemplos: sidade em que a ação ocorre, palavras como very (muito), a few
• The doctor carefully examined the patient. (O médico exami- (um pouco), so (muito), kind of (mais ou menos), almost (quase),
nou o paciente cuidadosamente) completely (completamente), nearly (quase) etc. Veja a seguir.
• He walked slowly to the door. (Ele andou varagoramente até • Your mom was so worried about you. (Sua mãe estava tão
a porta) preocupada contigo)
• Gaby was getting nervous quickly. (Gaby estava ficando ner- • She almost got fired. (Ela quase foi demitida)
vosa rapidamente) • My dad nearly had a hear attack. (Meu pai quase teve um
• I did that intentionally. (Eu o fiz intencionalmente) infarto)
• Veronica was sort of quiet yesterday. (Veronica estava um
— Advérbio de tempo pouco quieta ontem)
Os advérbios de tempo são palavras que indicam o momento
em que a ação ocorre, palavras como today (hoje), tonight (hoje à Os advérbios de quantidade, por sua vez, são formados pe-
noite), yesterday (ontem), Early (cedo), late (tarde), after (depois), los próprios numerais,cardinais e ordinais, da língua inglesa, mas
before (antes), now (agora), lately (ultimamente), ente outros. Veja também por outras palavras quantificadoras, como many (muitos),
a seguir: much (muito), few (pouco, poucos), a ton (um monte de), a lot of
• She soon began to worry (Ela rapidamente começou a se pre- (muitos), one (um), two (dois), three (três), fist (primeiro), second
ocupar) (segundo), third (terceiro), both (ambos), etc. Observe os exemplos:
• We went to the movies after dinner (Nós fomos ao cinema • She had two beautiful dogs. (Ela tinha dois lindos cachorros)
depois do jantar) • This recipe requires many potatoes. (Essa receita requer mui-
• He already knows the big news. (Ele já sabe da grande notícia) tas batatas)
• We don’t have much time to talk now. (Nós não temos muito
• Walter is not coming to the party tomorrow. (Walter não vai tempo para conversar agora)
à festa amanhã) • Kevin came in third in the competition. (Kevin ganhou em pri-
meiro lugar na competição.)
— Advérbio de lugar Veja alguns dos principais advérbios da língua inglesa e seus
Os advérbios de lugar são palavras que indicam o local em que exemplos:
a ação ocorre, palavras como here (aqui), there (lá), somewhere
(em algum lugar), near (perto), far (longe), right (direita), left (es-
We’ll be with you Estaremos com
querda), above (acima), below (abaixo), entre outras. Confira al- Shortly
shortly. vocês brevemente.
guns exemplos:
• She left the book under her desk. (Ela deixou seu livro debai- Put your coat on Coloque seu casaco
Immediately
xo da mesa) immediately. imediatamente.
• The Johnsons live close to the mall. (Os Johnsons moram per- The doctor will be O médico estará
to do shopping) Soon
here soon. aqui em breve.
• Brad found the keys on the conter. (Brad encontrou as chaves
no balcão) Por que ela está
Why is she so upset
• We’ll be there in half an hour. (Nós estaremos lá em meia Lately tão chateada
lately?
hora) ultimamente?
Now Let’s go now. Vamos agora.
— Advérbio de frequência
Ele me beijou
Os advérbios de frequência são palavras que indicam a fre- Slowly He kissed me slowly
vagarosamente.
quência em que a ação ocorre, palavras como regularly (regular-
mente), often (frequentemente), hardly ever (raramente), never Você precisa
You need to lift it
(nunca), sometimes (às vezes), every other day (dia sim, dia não), Carefully levantá-lo
carefully
usually (geralmente), once (uma vez), twice (duas vezes), entre ou- cuidadosamente.
tras. Confira: Eles alegremente
• Tom and I rarely speak to each other. (Tom e eu raramente They gadly received
Gladly receberam nosso
nos falamos) our gift.
presente.
• I usually work out in the morning. (Eu geralmente me exército
de manhã) He plays the cello Ele toca o violoncelo
Beautifully
• They have never eaten frozen food. (Eles nunca comeram co- beautifully lindamente.
mida congelada) I’ll try to finish it Tentarei terminar
• Hannah sometimes gives me a ride. (Hannah às vezes me dá Quickly
quickly. rapidamente.
uma carona)
Did you see them
There Você os viu lá?
there?

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Nós podemos ir a Ele sabia


We can go wherever He knew exaclty what
Wherever qualquer lugar que Exactly exatamente o que
you want I wanted.
você quiser. eu queria.
The shoes were Os sapatos estavam Meus pais me
Behind My parents gave me
behind the door. atrás da porta deram dinheiro
Nearly nearly enough money
Ele não podia estar quase o suficiente
He can’t be further to travel.
Further mais longe da para eu viajar.
from the truth.
verdade. Eu não tenho
Quite I’m not quite sure.
There’s na excelente Há uma ótima completa certeza.
Near
pizza place near here. pizzaria perto daqui. Rarely He rarely calls. Ele raramente liga.
She surely knows how Ela certamente sabe Mamãe nunca diz
Surely Mom never says how
to dance. dançar. Never o quanto ela se
much she cares.
They indeed hate Eles de fato te importa.
Indeed
you. odeiam. I usually wake up Eu geralmente me
Usually
John certamente at 7. levanto às 7.
John certainly didn’t
Certainly não quis fazer mal Ian often visits his Ian frequentemente
mean no harm. Often
algum. grandparents. visita seus avós.
As crianças Ela é sempre tão
The kids evidently Always She’s always so clever
Evidently evidentemente esperta.
love their parents.
amam seus pais. When When is she coming Quando ela vem?
He obviously loves Ele obviamente te Did you she where Você viu onde ela
Obviously Where
you. ama. she went? foi?
Não, nós não Quanto você
No No, we can’t. How much do you
podemos. How alimenta o seu
feed your dog?
He is not the guy for Ele não é cara para cachorro?
Not
you. você. Why didn’t they Por que eles não
Why
First You said it first! Você disse primeiro! come? vieram?
And, secondly, I’m E, em segundo lugar,
Secondly really bad at making eu sou ruim em
friends. fazer amigos. VERBOS (VERBS) VERBOS NO TEMPO PRESENTE SIM-
PLES (SIMPLE PRESENT); VERBOS NO PRESENTE CON-
Em terceiro lugar, TÍNUO (PRESENT CONTINUOUS); VERBOS NO PASSADO
Thirdly, they didn’t
eles nem mesmo SIMPLES (PAST SIMPLE ); VERBOS NO PASSADO CONTÍ-
Thirdly even understand
entenderam o que NUO (PAST CONTINUOUS); VERBOS NO FUTURO IME-
what I said.
eu disse. DIATO (FUTURE WITH GOING TO); VERBOS NO FUTURO
Por último, eles COM SHALL/WILL (SIMPLE FUTURE); VERBOS NO PRE-
Lastly, they played SENTE PERFEITO (PRESENT PERFECT); VERBOS MODAIS
Lastly tocaram minha
my favorite song. CAN, COULD, MUST, MAY, MIGHT, WOULD, SHOULD E
música favorita.
OUGHT TO; VERBOS NO MODO IMPERATIVO (IMPE-
Maybe she doesn’t Talvez ela não goste RATIVE); FORMAS DO INFINITIVO E GERÚNDIO (IN-
Maybe
like cats. de gatos. FINTIVE AND GERUND); VERBOS FRASAIS (PHRA-
Anna possibly speaks Anna possivelmente SAL VERBS); E TAG QUESTIONS
Possibly
Chinese. fala chinês.
Perhaps I should be Talvez eu deva
Perhaps — SIMPLE PRESENT
studying math. estudar matemática.
O presente simples em inglês tem sua conjugação de verbos
They probably had Eles provavelmente dividida entre pronomes. Os pronomes da terceira pessoa do singu-
Probably
too much to drink. beberam demais. lar se enquadram em uma categoria e os demais em outra. Apesar
Ela concorda de suas conjugações serem simples ao expressar ações no tempo
She strongly agrees presente, em alguns casos elas se diferenciam. O padrão de conju-
Strongly veementemente
with them. gação no presente simples se estabelece retirando o “to” do verbo
com eles.
no infinitivo em todos os casos.
They barely talked Eles mal falaram
Barely
to me. comigo. Ex: to eat – comer // I eat bread. (Eu como pão)

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Observe que o “to” foi removido para realizar a conjugação de They (Eles, elas) study
acordo com o pronome em questão, esta regra se aplica a seguinte
lista de pronomes (veja como exemplo a conjugação do verbo cita-
— Simple past
do anteriormente):
O passado simples é usado para expressar ações realizadas e
finalizadas no tempo passado. Para usá-lo é obrigatório o uso do
I (eu) Eat verbo auxiliar DID. Este tempo verbal é também marcado pelo uso
You (tu, você) Eat de verbos regulares e irregulares.
Os verbos regulares no passado possuem uma terminação
He/she/it (ele, ela) Eats padrão em “ed” ou “ied” (verbos terminados em y precedidos por
We (nós) Eat uma consoante). Já os demais verbos que não comportam da mes-
ma maneira quando conjugados no tempo passado, ou seja, pos-
You (vós, vocês) Eat suem uma escrita diferente da forma original no verbo no presente,
They (Eles, elas) Eat são chamados de irregulares.
Os verbos são modificados para se adequarem ao passado
Observe que no caso dos pronomes na terceira pessoa do sin- apenas em frases afirmativas. Em frases negativas e interrogativas,
gular he, she e it, a conjugação ocorrerá de modo diferenciado. Aos utilizamos o verbo auxiliar did ou did + not (não), já o próprio verbo
verbos que acompanham estes pronomes, acrescenta-se a letra “s”, volta ao seu estado original (infinitivo sem o “to”).
“es” ou “ies”. Verbos terminados em consoantes, de forma geral, Confira alguns exemplos com verbos regulares na afirmativa,
apresentam terminação padrão “s”, como é o caso do verbo to drink negativa e interrogativa
(beber), to play (jogar), to speak (falar). Veja:
I studied at a public Eu estudei em uma
Afirmativa
I (eu) drink school! escola pública.
You (tu, você) drink I didn’t study at a Eu não estudei em
Negativa
public school! uma escola pública.
He/she/it (ele, ela) drinks
Did I study at a public Você estudou em
We (nós) drink Interrogativa
school? uma escola pública?
You (vós, vocês) drink
Nós começamos
They (Eles, elas) drinks We started a new busi-
Afirmativa um novo curso de
ness course.
negócios.
To drink
No caso de verbos terminados em x, ch, s, ss e sh, acrescenta- Nós não começamos
We didn’t start a new
mos “es”, como no caso do verbo to finish (terminar). Negativa um novo curso de
business course.
negócios.
To finish Nós começamos
Did we start a new
Interrogativa um novo curso de
business course?
I (eu) finish negócios?
You (tu, você) finish
Já os verbos irregulares do passado não possuem regras espe-
He/she/it (ele, ela) finishes cífica, mas podemos memorizá-los a fim de expandir o vocabulário.
We (nós) finish Confira a tabela a seguir:

You (vós, vocês) drink


Verbo no infi- Verbo irregular no
They (Eles, elas) drinks Tradução
nitivo passado

Em alguns casos, em verbos com terminações em y precedidos To eat Ate Comer


por uma consoante, como em to study (estudar), to fly (voar) e to To come Came Vir
cry (chorar).
To leave Left Partir, sair, deixar
To study To understand Understood Entender
To say Said Dizer
I (eu) study To send Sent Enviar
You (tu, você) study To write Wrote Escrever
He/she/it (ele, ela) studies To read Read Ler
We (nós) study To run Ran Correr
You (vós, vocês) study
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(Você não viajará para a Bulgária no próximo ano?)


To lend Lent Emprestar
To put Put Colocar, pôr — Present perfect
To drive Drove Dirigir O present perfect é um tempo verbal da língua inglesa que não
encontra equivalente em português, sendo assim um dos tempos
To take Took Levar verbais mais controversos do idioma. Porém, entender sua estru-
To keep Kept Manter, guardar tura e propósito facilitam a compreensão de quem estuda inglês.
Apesar de ser similar ao passado simples quando traduzido literal-
To wake up Woke up Acordar
mente, o presente perfect serve para expressar ações no tempo
To get Got Pegar, conseguir passado de modo indeterminado, ou seja, que não precisam neces-
To bring Brought Trazer sariamente ter incisão de tempo.
No passado simples, as ações ocorrem e terminam no passa-
To buy Bought Comprar do e isto é comumente expresso com alguns advérbios de tempo e
To sell Sold Vender palavras e expressões de tempo como last week (semana passada),
yesterday (ontem), at 3 o’clock (às 3 horas), before lunch (antes do
— Simple future almoço), two months ago (há dois meses), entre outros utilizados
O simple future em inglês é o tempo verbal usado para expres- no simple past. O present perfect, por outro lado, é utilizado quan-
sar ações futuras. Existem dois tipos de futuro simples: o futuro do a ação a ser reportada é mais importante do que quando ela
próximo ou certo e o futuro mais distante e incerto. O primeiro é ocorreu no passado, ou seja, sem indicação temporal e para expres-
marcado pelo verbo to be (ser, estar) + GOING TO; o segundo é mar- sar acontecimentos passados que tem consequências ou repercus-
cado pelo verbo modal de futuro WILL. são no tempo presente. Sua estrutura se baseia no verbo auxiliar
Para tratar de situações que acontecerão em breve ou são mais HAVE ou HAS seguido de um verbo no particípio. Confira:
prováveis de acontecer, utilizamos verb to be + GOING TO + um
verbo complementar + complemento do assunto. Confira a seguir HAVE/HAS Verbo no
alguns exemplos: Sujeito Complemento
(aux.) particípio
• She is going to spend Christmas with her family. (futuro pró-
ximo/certeza) I have been to Brazil
(Ela vai passar o Natal com a família dela)
Tradução: Eu estive no Brasil
• They aren’t going to believe my story. (grandes chances/pro-
babilidade) No caso dos sujeitos I, you, we, they utilizamos o verbo auxi-
(Eles não vão acreditar na minha história) liar HAVE e no caso dos sujeitos he, she, it usamos HAS que é sua
conjugação base no presente. E é por este motivo que este tempo
• Are you going to accept the job? (certeza/probabilidade) verbal leva o nome de presente perfeito. Observe que o verbo no
(Você vai aceitar o emprego?) particípio no exemplo anterior é o verbo irregular to be. Os verbos
irregulares no passado, também serão irregulares no particípio. Os
A conjugação das orações com GOING TO no futuro simples se verbos regulares mantêm a sua estrutura do passado simples mes-
dá de mesmo modo que as orações com verbo to be no presente mo quando conjugadas no particípio. Veja:
simples.
Em orações cuja intenção é expressar um futuro incerto ou HAVE/HAS Verbo no
Sujeito Complemento
mais distante do presente, usa-se o WILL. Sua estrutura é bem sim- (aux.) particípio
ples, observe um exemplo na afirmativa com WILL + verbo no tem-
He has talked to the principal
po presente.
• Matthew will live in Canada in a couple of years.
Tradução: Ele conversou com o diretor.
(Matheus viverá no Canadá daqui alguns anos.)
O verbo to talk (conversar) é um verbo regular e, portanto, as-
Na negativa, somamos o WILL + not, o que poderá ser contra-
sume sua forma no particípio de maneira idêntica à sua forma no
ído para won’t.
passado simples, talked.
• She won’t accept the judge’s decision / She will not accept the
Em frases negativas no presente perfect, é o verbo auxiliar que
judge’s decision. (Ela não aceitará a decisão do juiz)
fica negativo. Soma-se o not ao have ou ao has, podendo vir contra-
ído como haven’t ou hasn’t.
E na interrogativa, inverte-se a posição do verbo modal WILL e
• She hasn’t called me to explain it. (Ela não me ligou para ex-
o sujeito em questão na oração; ela também pode vir em sua forma
plicar.)
negativa (WON’T), usada para confirmar ou reafirmar informações
• They haven’t started the monthly planning. (Eles não come-
através de uma pergunta. Confira:
çaram o planejamento mensal)
• Will you say yes if he proposes to you?
• It hasn’t made any sense to me. (Não fez nenhum sentido
(Você dirá sim se ele te pedir a mão?)
para mim)
• Won’t you travel to Bulgaria next year?

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INGLÊS

Em orações interrogativas, inverte-se a posição do verbo auxi- — Can


liar e do sujeito. O verb modal can significa poder e conseguir (ou sabe - habili-
• Have you considered joining the army? (Você considerou ir dade), expressando tanto uma possibilidade quanto uma habilida-
para o exército?) de, mas pode assumir o significado de permissão também. Confira
• Has he lost his mind? (Ele perdeu a cabeça/ficou louco?) os exemplos de seu uso na afirmativa, na negativa e na interroga-
• Has Jenna commented anything? (Jenna comentou alguma tiva.
coisa?) – Afirmativa: She can play the piano (Ela sabe tocar piano) -
habilidade
Alguns advérbios de frequência são utilizados juntamente ao – Negativa: We can not/can’t go with you (Nós não podemos ir
present perfect para indicar ações que já ocorreram ou não em al- com você) - possibilidade
gum momento na vida, sem a necessidade da incidência de tempo.
São eles: ever, already, never e yet. Eles são colocados logo após o – Interrogativa: Can I visit grandma this weekend? (Eu posso
verbo auxiliar, salvo pelo yet que deve estar no fim da oração. Ob- visitar a vovó esse fim de semana?) - permissão
serve alguns exemplos:
• She has never been to another country. (Ela nunca esteve em Observe que na negativa acrescenta-se o not (não) após o ver-
outro país) bo modal ou implanta-o no próprio verbo através de uma modifi-
• I have already made many mistakes. (Eu já cometi muitos cação contraída. Essa regra se aplica a outros verbos modais como
erros) veremos a seguir.
• Have you ever had alcohol? (Você já ingeriu álcool?)
• They haven’t decided anything yet. (Eles não decidiram nada — May
ainda) O verbo modal may pode ser considerado a versão formal do
can, mas que, por sua vez, expressa apenas possibilidade, pedido
Os verbos modais da língua inglesa, também conhecidos como ou permissão.
modal verbs, mostram possibilidade, intenção, habilidade ou ne- – Afirmativa: He may get it wrong. (Ele pode entender errado)
cessidade. Por serem um tipo de verbo auxiliar são usados ​​junto - possibilidade
com o verbo principal da frase. Eles podem ser complicados, espe- – Negativa: My family may not like it (Minha família pode não
cialmente quando se trata de usá-los em uma frase. A boa notícia é gostar disso) - possibilidade
que eles são simples quando você aprende como eles funcionam. – Interrogativa: May I be excused? (Você pode me dar licença?)
Abaixo, explicamos tudo o que você precisa saber para usar verbos - permissão
modais com facilidade.
Os verbos modais são usados ​​para expressar certas condições — Could
hipotéticas, como conselhos, capacidade ou solicitações. Eles são O could significa poderia, ou conseguiria, indica uma possibili-
usados ​​ao lado de um verbo principal para mudar um pouco seu sig- dade ou habilidade e também pode indicar uma sugestão, pedido
nificado. Por serem verbos auxiliares, não podem necessariamente ou permissão, mas também pode significar podia ou conseguia (ou
ser usados ​​sozinhos. (Um verbo modal só deve aparecer sozinho se sabia - habilidade), o passado do verbo modal can. Observe seus
estiver claro no contexto qual é o verbo principal.) usos:
Considere a diferença entre esses dois exemplos: – Afirmativa: She could play the piano (Ela sabia tocar piano)
– I dance every Saturday. (Eu danço todo sábado) –habilidade, age como passado de can
– I can dance every Saturday. (Eu posso dançar todo sábado – Negativa: We could not/couldn’t tell her that (Nós não podí-
amos contar isso a ela) – permissão ou possibilidade
O primeiro exemplo é uma simples declaração factual. O inter- – Interrogativa: Could you pass me the salt? (Você poderia me
locutor participa de uma atividade de dança todas as semanas aos passar o sal?) – possibilidade ou pedido
sábados. O segundo exemplo usa o verbo modal can. Observe como
o significado muda um pouco. O orador não dança todos os sába- — Might
dos; ele está dizendo que é capaz de dançar ou que pode dançar O verbo modal might pode ser considerado a versão formal do
todos os sábados, se precisarem. É hipotético. could, mas, assim como o may, expressa apenas possibilidade ou
Os verbos modais são bastante comuns em inglês, e você pro- pedido. Ele também pode assumir um papel de dedução.
vavelmente já os viu centenas de vezes sem realmente saber seu – Afirmativa: She might be a little sad get it wrong. (Ela pode
nome. Os mais utilizados são: estar um pouco triste) – possibilidade/dedução
– can – Negativa: Our cousins might not come to the party. (Meus
– may primos podem não vir à festa) - possibilidade
– might – Interrogativa: Might I help you? (Eu posso te ajudar?) - pedido
– could — Should
– should
– would O verbo modal should significa dever ou deveria com sentido
– will de sugestão, conselho ou aviso. Confira seu uso:
– must – Afirmativa: You should wash your hands (Você deveria lavar
suas mãos)
Confira a seguir o significado, contexto e uso de cada um deles. – Negativa: Anna should not/shouldn’t be upset (Anna não de-
veria estar chateada)
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– Interrogativa: Should I try and talk to him? (Eu devo tentar Tornamos uma oração passiva colocando o verbo ‘to be’ em
falar com ele?) qualquer tempo que precisamos e depois adicionando o particí-
pio passado. Para verbos regulares, fazemos o particípio passado
— Must adicionando ‘ed’ ao infinitivo. Confira os exemplos disso em cada
O verbo modal must significa dever com sentido de obrigato- tempo verbal.
riedade, proibição, regra, em outros casos pode indicar uma de-
dução, presumindo a ação ou o sentimento do sujeito da oração. Tempo Verbal Voz ATIVA Voz Passiva
Confira seu uso:
– Afirmativa: Monica must be so happy with the pregnancy (A A cake is made (by
Present simple I make a cake.
Monica deve estar tão feliz com a gravidez) - dedução me).
– Negativa: You must not swear (Você não deve falar palavrões) Present A cake is being made
- proibição I am making a cake.
continuous (by me).
– Interrogativa: Must we visit him? (Nós devemos visitá-lo?) -
obrigação A cake was made (by
Past simple I made a cake.
me).
— Would A cake was being
Diferentemente dos demais verbos modais, o would por si Past continuous I was making a cake.
made (by me).
só não se traduz na língua inglesa, mas age como modificador do
A cake has been
verbo que o segue, transformando-o em um verbo no futuro do Present perfect I have made a cake.
made (by me).
pretérito indicativo, ou seja, verbos terminados em -ria, os quais
representam uma situação que possivelmente teria ocorrido em al- Pres. Perf. I have been A cake has been
gum momento antes de determinada situação no passado. O modal Continuous making a cake. being made (by me).
would também pode conferir sentido de possibilidade, desejo ou A cake had been
pedido (ou sugestão no sentido de oferta). Confira a seguir: Past perfect I had made a cake.
made (by me).
– Afirmativa: We would love to go. (Nós amaríamos ir) - desejo
– Interrogativa: Dad wouldn’t understand this situation? (Papai A cake will be
Future simple I will make a cake.
não entenderia essa situação.) – possibilidade made (by me).
– Interrogativa: Would you like some water? (Você gostaria de I will have made a A cake will have been
um pouco de água?) – pedido/sugestão Future perfect
cake. made (by me).

— Will — Relative clauses


O verbo modal will age diferente dos demais verbos modais, A cláusula relativa, ou Relative Clause, é um tipo de oração de-
pois modifica o tempo verbal do verbo que o segue, transformando pendente. Há um sujeito e um verbo, mas ele não pode ficar sozi-
a oração em um futuro simples, não possuindo significado em si nho em uma frase. Às vezes é chamada de “cláusula adjetiva” por-
próprio. que funciona como um adjetivo – fornece mais informações sobre
– Afirmativa: I will visit my friends abroad. (Eu visitarei meus um substantivo. A cláusula relativa sempre começa com um “pro-
amigos no exterior) nome relativo”, que substitui um substantivo, uma frase nominal ou
– Negativa: They will not/won’t believe me. (Eles não acredi- um pronome quando combinados.
tarão em mim)
– Interrogativa: Will you be there? (Você estará lá?)
Pronome Refere-se a Uso
— Passive voice Substitutos para
Uma frase na voz ativa, por exemplo, diria “I took my backpack substantivos/
to school” (Eu levei minha mochila para a escola), ela tem o sujeito Who Pessoas
pronomes sujeitos
primeiro (a pessoa ou coisa que faz o verbo), seguido pelo verbo, e (he, she, we, they)
finalmente o objeto (a pessoa ou coisa que a ação acontece). Então,
Substitutos para
neste exemplo, o sujeito é eu (I), o verbo é levei (took) e o objeto é
substantivos/
a mochila (backpack).
Whom Pessoas pronomes de
Mas nem sempre precisamos fazer frases dessa maneira. Pode-
objetos (him, her, us,
mos querer colocar o objeto em primeiro lugar, ou talvez não quei-
them)
ramos dizer quem fez alguma coisa. Isso pode acontecer por vários
motivos. Nesse caso, podemos usar uma voz passiva, que coloca o Substitutos para
objeto em primeiro lugar. substantivos/
A voz passiva é usada para mostrar interesse na pessoa ou ob- Whose Pessoas ou coisas pronomes
jeto que experimenta uma ação em vez da pessoa ou objeto que re- possessivos (his,
aliza a ação. Em outras palavras, a coisa ou pessoa mais importante hers, ours, theirs)
torna-se o sujeito da frase.

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Pode ser usado — Conjunções


para sujeito ou Conjunções são partes do discurso que conectam palavras, fra-
That Pessoas ou coisas objeto e só pode ser ses, orações ou sentenças. Existem três tipos de conjunções: coor-
usado em cláusulas denativa, emparelhada e subordinativa.
relativas restritivas As conjunções coordenativas conectam palavras ou frases que
servem ao mesmo propósito gramatical em uma frase. Existem sete
Pser usado para principais conjunções coordenativas em inglês, que formam a sigla
sujeito ou objeto, FANBOYS uma sigla fácil de memorizar que ajuda estudantes a se
pode ser usado em lembrarem das conjunções facilmente:
cláusulas relativas F: for: The workers were angry, for the company had cut their
Which Coisas
não restritivas e salaries short. (Os trabalhadores estavam bravos, pois a empresa
também pode ser havia reduzido seus salários)
usado em cláusulas A: and: In this subject, we are going to study animals, the hu-
relativas restritivas man body and plants. (Nesta disciplina, vamos estudar os animais,
o corpo humano e as plantas.)
As orações relativas são partes não essenciais de uma frase. N: nor: The players didn’t follow the rules of the game, nor did
Eles podem adicionar significado, mas se forem removidas, a fra- they listen to the complaints. (Os jogadores não seguiram as regras
se ainda funcionará gramaticalmente. Existem dois tipos amplos do jogo, nem ouviram as reclamações.)
de orações relativas em inglês. É importante distinguir entre eles B: but: The composition is grammatically well-written but the-
porque afeta a escolha do pronome usado para introduzir a oração. re are many inconsistencies. (A redação está gramaticalmente bem
escrita, mas há muitas inconsistências.)
— Defining clauses
Uma cláusula definidora ou identificação nos diz de qual pes- O: or: At the end of the year, the politician assembles a com-
soa ou coisa específica estamos falando em um grupo maior de pes- mittee and journalists can choose to ask him questions about his
soas ou coisas. Se uma cláusula relativa definidora for removida, plan or his deeds. (No final do ano, o político monta uma comissão
o significado da sentença muda significativamente. Uma cláusula e os jornalistas podem optar por fazer perguntas sobre seu plano
relativa de definição não é separada do resto da frase por vírgulas ou sobre seus feitos.)
ou parênteses. Consideramos definidor quando o pronome relativo Y: yet: The esthetician was constantly worried, yet she refused
é o sujeito de uma cláusula relativa definidora. Nesse caso podemos to talk to anybody about it. (A esteticista estava constantemente
usar ‘who’, ‘which’ ou ‘that’. Usamos ‘who’ para pessoas e ‘which’ preocupada, mas ela se recusava a falar com ninguém sobre isso.)
para coisas. Podemos usar ‘that’ para pessoas ou coisas. S: so: We must choose a career path, so we need to really thing
Exemplos: about the things we like to do. (Devemos escolher uma carreira,
– The girl who talked to me at school was very beautiful. (A então precisamos realmente pensar sobre as coisas que gostamos
menina que conversou comigo na escola era muito bonita.) de fazer.)
– The cell phone that was stolen from him yesterday was fou-
nd. (O celular que foi roubado dele ontem foi encontrado.) — Comparativos e superlativos
– The boy who drew the pictures has been awarded. (O meni- Os adjetivos são palavras que aderem qualidades e caracterís-
no que desenhou as imagens foi premiado.) ticas aos substantivos que os acompanham, podendo referir-se à
– The TV show which we watched last night was so funny. (O cor, ao tamanho, à textura, ao sabor, ao material, à emoção, ao sen-
programa de TV que assistimos ontem à noite foi tão engraçado) timento, entre muitas outras possíveis características de um subs-
— Non-defining clauses tantivo. Na língua inglesa, diferentemente da língua portuguesa os
adjetivos tomam uma posição distinta na oração, vindo antes do
Uma cláusula não definidora ou não essencial nos dá mais in- substantivo ao qual se refere. Confira a diferença entre o uso de
formações sobre a pessoa ou coisa sobre a qual estamos falando. Se adjetivos em português e em inglês:
uma cláusula relativa não definidora é removida de uma sentença,
perdemos alguns detalhes, mas o significado geral da sentença per-
Português Eu gosto do meu vestido azul
manece o mesmo. Cláusulas relativas não definidoras são sempre
separadas do resto da frase com vírgulas ou parênteses. Inglês I like my blue dress.

Exemplos: Observe que os adjetivos em inglês são colocados antes do


– The doctor, whose name was Louis, prescribed me painkil- substantivo ao qual se refere. Outro uso dos adjetivos em inglês,
lers. (O doutor, cujo nome era Louis, me prescreveu analgésicos) além do básico objetivo de qualificar substantivos, é fazer compa-
– Cats, which are the cutest pets, live up to 13 years. (Gatos, os rações. Observe o uso do grau comparativo por meio de adjetivos:
quais são os animais de estimação mais fofos, vivem até 13 anos) Com o sentido de igualdade ou semelhança na comparação,
– The painter, who died in 1876, was very famous for his art. (O usa-se as... as na afirmativa, com o adjetivo em questão posto ao
pintor, que morreu em 1876, era muito famoso por sua arte) meio de ambas as palavras, e na negativa usa-se not as... as ou not
– The city we visited, where it rains a lot, is incredible. (A cida- so... as. Observe:
de que visitamos, onde chove muito, é incrível) – She is as tall as her sister. (Ela é tão alta quanto a sua mãe)
– Singing is as hard as dancing. (Cantar é tão difícil quanto dan-
çar)
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a solução para o seu concurso!
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– Robert was not as happy as I thought he would be (Robert não estava tão feliz quanto achei que estaria)
– They can not paint as well as him. (Eles não sabem pintar tão bem quanto ele).

Os adjetivos no grau comparativo podem também estabelecer relações de diferença, com palavras como more (mais) ou less (menos),
seguidos da preposição than (do que). Observe alguns exemplos.
– Kelly is more impatient than Kim. (Kelly é mais impaciente do que Kim)
– My last job was more interesting than this one. (Meu antigo trabalho era mais interessante que esse)
– This comedian is less funny than my brother. (Esse comediante é menos engraçado que meu irmão)
– We felt less tired than the kids. (Nós nos sentíamos menos cansados do que as crianças)
Quanto às relações de diferença no grau comparativo, no entanto, estabelecem-se regras sobre o uso do intensificador more, seu uso
limita-se à adjetivos que possuam mais de duas sílabas, enquanto adjetivos com menos de duas sílabas sofrem alterações em seus sufixos,
os quais podem ser terminados em -er ou -ier. Observe:

+ de duas sílabas intelligent more intelligent mais inteligente


+ de duas sílabas complicated more complicated mais complicado
+ de duas sílabas Beautiful more beautiful mais bonito
- de duas sílabas smart smarter mais esperto
- de duas sílabas fast faster mais rápido
- de duas sílabas easy easier mais fácil

Existem também os comparativos irregulares, ou seja, adjetivos que são exceções à regra, como:
– good (bom) — She is better than me in Math (Ela é melhor que eu em matemática)
– bad (ruim) — This dress is worse than the Other. (Esse vestido é pior que o outro)
– far (longe) — Ellen lives farther than I thought. (Ellen mora mais longe do que pensei)
– little (pouco) — We have less money than you. (Nós temos menos dinheiro que vocês)

Já os adjetivos superlativos são usados ​​para descrever um objeto que está no limite superior ou inferior de uma qualidade (o mais alto,
o menor, o mais rápido, o mais alto). Eles são usados ​​em frases onde um sujeito é comparado a um grupo de objetos.
Observe alguns exemplos.
– Kelly is the most impatient person I know. (Kelly é a pessoa mais impaciente que conheço)
– My last job was the most boring job I ever had. (Meu último trabalho foi o mais chato que eu já tive)
– This comedian is the least funny person in the show. (Esse comediante é a pessoa menos engraçada do show)
– We felt frustrated most of the time. (Nós nos sentíamos frustradas a maior parte do tempo)

Quanto às relações de superioridade ou inferioridade total no grau superlativo existem regras sobre o uso do intensificador the most
(o mais) ou the least (o menos), seu uso limita-se à adjetivos que possuam mais de duas sílabas, enquanto adjetivos com menos de duas
sílabas sofrem alterações em seus sufixos, os quais podem ser terminados em -est ou -iest. Observe:

+ de duas sílabas intelligent The most intelligent O mais inteligente


+ de duas sílabas complicated The most complicated O mais complicado
+ de duas sílabas Beautiful The least beautiful O menos bonito
- de duas sílabas smart The smartest O mais esperto
- de duas sílabas fast The fastest O mais rápido
- de duas sílabas easy The easiest O mais fácil

Existem também os superlativos irregulares, ou seja, adjetivos que são exceções à regra, como:
– good (bom) — She is the best at her job (Ela é a melhor em seu trabalho)
– bad (ruim) — This dress is the worst I’ve ever seen. (Esse vestido é o pior que eu já vi)
– far (longe) — Ellen is the one who lives the furthest/farthest from the city. (Ellen a que mora mais longe da cidade)
– little (pouco) — We are not buying the littlest gift for her. (Nós não vamos comprar o menor presente para ela)

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a solução para o seu concurso!
INGLÊS

— Possessive case
O caso possessivo mostra propriedade. Com a adição de ‘s (ou às vezes apenas o apóstrofo), um substantivo pode mudar de uma sim-
ples pessoa, lugar ou coisa para uma pessoa, lugar ou coisa que possui algo. Existem algumas maneiras diferentes de formar o possessivo
de um substantivo. Discutiremos essas maneiras abaixo.
Se o substantivo não terminar com s, adicione ‘s ao final do substantivo. Veja os seguintes exemplos:
– This is John and his cat. The cat is John’s pet. (Este é John e seu gato. O gato é o animal de estimação de John.)
– This is Anna and her black purse. This is Anna’s black purse. (Esta é Anna e sua bolsa preta. Esta é a bolsa preta de Anna.)
– This restroom is for men. This is the men’s room. (Este banheiro é para homens. Este é o banheiro masculino.)
– This hospital aisle is for children. This is the children’s aisle (Esta ala do hospital é para crianças. Esta é a ala das crianças.)

Adicionamos outro ‘s para a forma possessiva de um nome que termina com s? O que está correto, Chris’s chair ou Chris’ chair? Ja-
mes’s car ou James’ car? Na verdade, as duas formas estão corretas. Se um nome próprio termina com um s, você pode adicionar apenas
o apóstrofo ou um apóstrofo e um s. Veja os exemplos abaixo para uma ilustração desse tipo de substantivo possessivo.
– You’re sitting in Chris’ chair. / You’re sitting in Chris’s chair.
(Você está sentado na cadeira do Chris)

– Have you seen James’ car? / Have you seen James’s car?
(Você viu o carro de James?)

– Where is Jess’ book bag? / Where is Jess’s book bag?


(Onde está a mochila de livros da Jess?)
– I’m in Ms. Jones’ class this year. / I’m in Ms. Jones’s class this year.
(Estou na turma da Sra. Jones este ano.)

Mas quando você tem um substantivo plural que termina em s, adicione apenas o apóstrofo. Isso também é verdade quando você
tem um nome próprio que é plural.
– This is the boys’ bedroom. (Este é o quarto dos meninos.)
– My parents’ house is a lovely old one. (A casa dos meus pais é linda e antiga.)
– The scissors’ handles just snapped off. (Os cabos da tesoura acabaram de se soltar.)
– The Jeffersons’ yard is always beautifully landscaped. (O quintal dos Jeffersons sempre tem um belo paisagismo.)

PHRASAL VERBS

O termo “Phrasal Verb” determina a junção de um verbo a uma preposição ou a uma partícula adverbial. Em detrimento de tal união
o verbo assume uma nova significação.

Segue abaixo alguns exemplos de Phrasal Verbs:

LOOK UP TO admirar I always looked up to my parentes.

LET DOWN desapontar He won’t let you down.

BRING UP educar We brought three children up.

CALL OFF cancelar I need to call off our meeting.

PUT OFF adiar He keeps putting off going to the dentist.

KEEP UP manter If you keep those results up you will get into a great college.

SHOW UP aparecer She finally showed up.

CHEER UP Alegrar / animar alguém ou algo They brought you some flowers to cheer you up.

ASK OUT convidar alguém para sair He asked me out last week.

GET ALONG dar-se bem com alguém I get along well with my sister

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Separable and Inseparable Phrasal Verbs Get into – entrar


Get off – descer, apesar de
Diversos Phrasal Verbs podem ter o verbo e a preposição sepa- Get on – subir, montar
rados por meio de um objeto, esse tipo de Phrasal Verb é denomi- Get on with – continuar
nado “Separable”. Get out – sair
No entanto, há outros em que o verbo e a preposição devem Exemplo: Get out of here!
estar juntos, esses são os “Inseparable”.
Get over – superar, livra-se de
Run into (topar, bater, atropelar algo ou alguém) – I always run Get over with – terminar, acabar
into Dr. Freman at the supermarket (Inseperable). Get up – levantar-se
Exemplo: I usually get up early.
Write down (anotar) – I write everything he says down (Sepa-
rable). To give - dar
Segue abaixo uma lista com os principais Phrasal Verbs: Give away – doar
Exemplo: She gave away her old dress.
GIVE UP - desistir
GO ON - continuar Give back – devolver
GET OVER - acabar Give in – ceder, entregar-se
COME BACK - voltar Give off – exalar
CALL BACK- retornar a ligação Give onto – dar para
FIND OUT - descobrir Give up – desistir
BRAKE UP – terminar, separar (um relacionamento)
HANG ON - esperar To go – ir
DROP OFF – deixar algo em algum lugar Go after – ir atrás, perseguir
LOOK OVER - revisar Go at – atacar lançar-se sobre
THROW AWAY – jogar fora Go away – ir embora
THINK OVER - considerar Go down – descer
FILL IN – preencher Go for – ir buscar
FIX UP - consertar Go off – explodir
HOLD ON - esperar Go on – continuar
WORK OUT – malhar, exercitar-se Go out – sair
Go over – rever, repassar
To Call – chamar Go with – combinar com
Call for – exigir, requerer. Go up – subir
Exemplo: This work calls for a lot of patience.
To look – olhar
Call in – convidar Look after – cuidar de
Call off – cancelar Exemplo: Could you look after the children this evening?
Exemplo: I’m going to call off my medical appointment because
I feel much better now. Look at – olhar para
Look down on – menosprezar
Call out – gritar para Look for – procurar
Call up – telefonar Exemplo: What are you looking for?
Exemplo: They called up the man.
Look forward – aguardar ansiosamente
To come – vir Look into – examinar, analisar
Come across – encontrar por acaso Look out – tomar cuidado
Come down – descer Look up – consultar (livro, literatura)
Look up to – admirar
Come in – entrar Exemplo: You have to look up the dollar exchange rate every
Come off – sair, desprender-se day.
Come on – entrar em cena
Come out – sair To make - fazer
Come up – subir, surgir Make into – transformar
Make off – fugir, escapar
To get – adquiri, obter Make out – preencher (cheque)
Get along with – dar-se bem com alguém Make out – entender, captar
Get away – escapar Make up – inventar, criar
Get away with – safar-se Exemplo: You can attend classes on Saturdays to make up for
Get in – entrar the classes you missed.
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a solução para o seu concurso!
INGLÊS

You don’t love me, do you?


Make up – fazer as pazes He didn’t love me, did he?
They haven’t slept, have they?
To put – pôr, colocar
Put aside – guardar, economizar Observações:
Put away – guardar, pôr no lugar 1) Nunca aparecem nomes próprios ou substantivos no Ques-
Put off – adiar tion-Tag.
Exemplo: I think I’ll have to put off my dental appointment. Example: Fred is a good student, isn’t he?

Put on – vestir 2) Os compostos de “body” e “one” têm o pronome he como


Put out – pôr para fora correspondente.
Exemplo: The firemen put out the fire. Example: Everybody/Someone understood the lesson, didn’t
Put up – hospedar he?
Put up with – tolerar, suportar
3) As palavras de sentido negativo como “never / hardly / no-
To run – correr body” etc. equivalem a orações negativas.
Run after – correr atrás Example: He hardly comes to see me, does he?
Run away – fugir
Run down – escorrer 4) O question-tag correspondente à afirmação “I am” é “aren’t
Run into – encontrar inesperadamente I?”.
Run out of – ficar sem Example: I am a teacher, aren’t I?
Run over – atropelar
Exemplo: He ran over my bicycle with his car. 5) A Tag Question deve sempre vir após a vírgula

To take – tomar, levar 6) Estrutura: Verbo auxiliar + pronome


Take after – puxar, assemelhar-se
Take away – levar embora Examples:
Exemplo: Take it away from here. Your mother is working, ins’t she?
Maria and Greg aren’t traveling, are we?
Take down – derrubar They live here, don’t they?
Take in – enganar You can’t swim, can you?
Take off – tirar Fred plays tennis, doesn’t he?
Exemplo: Take your coat off! She talked to you, didn’t she?
Take over – assumir chefia, direção, controle They will not come tomorrow, will they?
Take on – contratar
Take out – levar para fora * Quando a frase estiver na 1ª pessoa do singular (I) e hou-
Exemplo: I’m going to drink tonight and don’t try to take me ver verbo TO BE a Tag Question não segue a regra geral.
out of it. Exemplo: I am fat, aren’t I?
TAG QUESTIONS * Quando a frase contém uma expressão negativa como: no-
body, never, rarely, etc., a Tag Question é positiva.
Question-Tag (Tag ending) Exemplo: She never reads books, does she?
A Question-Tag é uma pequena pergunta colocada no final das * Quando a frase é um imperativo, a Tag Question é will you?
frases. Sempre corresponde ao inverso-interrogativo da frase ini- Exemplo: Don’t go there, will you?
cial. O objetivo da Question-Tag é obter uma confirmação do que
foi dito anteriormente. * A Tag Question que corresponde a Let’s + verb é shall we?
Exemplo: Let’s have a drink, shall we?
Pode ser de dois tipos:

Q.T.1 – Frase Afirmativa + Q.T. interrogativo/negativo:


PREPOSIÇÕES (PREPOSITIONS) PREPOSIÇÕES DE TEM-
Example: They are friends, aren’t they? PO, LUGAR, MOVIMENTO E FORMAS DE TRANSPORTE
You love me, don’t you?
He loved me, didn’t he?
They have slept, haven’t they? Bem como na língua portuguesa, as preposições na língua in-
glesa são elementos linguísticos que agem como conectivos entre
Q.T.2 – Frase Negativa + Q.T. interrogativo frases, de modo a conectá-las de modo lógico e provido de sentido,

Example: They aren’t friends, are they?


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a solução para o seu concurso!
INGLÊS

baseado na relação que se pretende estabelecer entre uma oração For para; durante; por; há.
e outra. Confira abaixo as preposições mais comuns da língua in-
glesa: My wife uses our porch area for painting.
(Minha esposa usa nossa área da sacada para pintar)
In Dentro de; em; de; no; na. This store is for women only.
She was born in July. (Esta loja é apenas para mulheres)
(Ela nasceu em julho)
He has been working in that company for eleven years.
Oliver lives in Romenia. (Ele trabalha naquela empresa há onze anos)
(Oliver mora na Romênia)
You’ve been in the bathroom for half an hour.
Her pencils are in her pencil case. (Você está no banheiro há uma hora)
(Os lápis dela estão em seu estojo)
To Para; a.
Lucas is working in his bedroom. His family is moving to Australia in a month.
(Lucas está trabalhando em seu quarto) (A família dele vai se mudar para a Austrália em um mês)
At À; às; em; na; no Grandma is going to the store.
Is this meeting at 5 pm? (A vovó está indo à loja)
(Esta reunião é às 17h?)
We studied together from 2011 to 2016.
They live at 97 Broadway Street, California. (Nós estudamos juntos de 2011 a 2016)
(Eles moram na Rua Broadway, número 97, na Califórnia)
We prefer drinking juice to drinking soda.
He works at the National Bank. (Nós preferimos beber suco do que refrigerante.)
(Ele trabalha no Banco Nacional)
Além destas preposições, existem diversas outras que indicam
Will you be waiting for us at the airport? lugar e lugar. Confira a seguir uma lista com mais exemplos:
(Você esperará por nós no aeroporto?)
Preposições Significado
On Sobre a; em cima de; acima de; em; no; na.
Before Antes
She was born on July 17th, 1992.
(Ela nasceu em 17 de julho de 1992) After Depois
During Durante
We have to work on the weekend.
(Nós temos que trabalhar no fim de semana) Since Desde
For Por
Ron never goes jogging on Sundays.
(Ron nunca faz cooper aos domingos.) Until/till Até
From Desde, da, das
Her pencils are on her desk.
Up to Até agora
(Os lápis dela estão em sua escrivaninha)
By Até
Joseph is dancing on the stage. At Às
(Joseph está dançando no palco)
Ago Atrás
The office is on Maple Avenue. Past Antes (hora)
(O escritório é na avenida Maple)
On Sobre
We watch the Oprah Winfrey show on TV. Under Debaixo
(Nós assistimos ao show da Oprah Winfrey na TV) In Em
You can purchase our products on our website. Above Acima
(Você pode adquirir nossos produtos em nosso site) In front Em frente à
Across Do outro lado
Below Abaixo

Editora
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372
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INGLÊS

around the new fundamental rules of consent, insight, and flow.


Along Ao longo de
[…]
Behind Atrás Federal lawmakers are moving to curtail the power of big tech.
Beside Ao lado Meanwhile, in 2021 state legislatures proposed or passed at least
27 online privacy bills regulating data markets and protecting perso-
Between Entre
nal digital rights. Lawmakers from California to China are implemen-
Among Entre ting legislation that mirrors Europe’s GDPR, while the EU itself has
By Ao lado de turned its attention to regulating the use of AI. Where once compa-
nies were always ahead of regulators, now they struggle to keep up
Far from Longe de with compliance requirements across multiple jurisdictions.
Near Perto Adapted from: https://hbr.org/2022/02/the-new-rules-of-data-privacy
February 25, 2022 – Retrieved September 6, 2022
Inside Dentro
Outside Fora In the extract “now they struggle” (5th paragraph), the pro-
Next to Próximo a/ao noun refers to
(A) requirements.
Through Através (B) legislatures.
Toward Em direção a (C) lawmakers.
(D) companies.
(E) regulators.
QUESTÕES
2. (CESPE / CEBRASPE - 2021 - SEDUC-AL - PROFESSOR – IN-
GLÊS)
1. (FGV - 2022 - SENADO FEDERAL – ADVOGADO) In the old days, we didn’t much write like talking because the-
Read text I and answer the question that follow it. re was no mechanism to reproduce the speed of conversation. But
Text I texting and instant messaging do — and a revolution has begun. It
The New Rules of Data Privacy involves the brute mechanics of writing, but in its economy, spon-
The data harvested from our personal devices, along with our taneity and even vulgarity, texting is actually a new kind of talking.
trail of electronic transactions and data from other sources, now There is a virtual cult of concision and little interest in capitalization
provides the foundation for some of the world’s largest companies. or punctuation. The argument that texting is “poor writing” is ana-
[…] For the past two decades, the commercial use of personal data logous, then, to one that the Rolling Stones is “bad music” because
has grown in wild-west fashion. But now, because of consumer mis- it doesn’t use violas. Texting is developing its own kind of grammar
trust, government actions, and competition for customers, those and conventions.
days are quickly coming to an end. Internet: <ideas.time.com>.
For most of its existence, the data economy was structured
around a “digital curtain” designed to obscure the industry’s practi- Based on the previous text, judge the following item.
ces from lawmakers and the public. Data was considered company The word “texting” is used in the text as a noun.
property and a proprietary secret, even though the data originated Alternativas
from customers’ private behavior. That curtain has since been lifted ( ) CERTO
and a convergence of consumer, government, and market forces ( ) ERRADO
are now giving users more control over the data they generate. Ins-
tead of serving as a resource that can be freely harvested, countries 3. (CEV-URCA - 2021 - PREFEITURA DE CRATO - CE - PROFESSOR
in every region of the world have begun to treat personal data as an DE INGLÊS)
asset owned by individuals and held in trust by firms. Choose ONLY the third conditional sentence:
This will be a far better organizing principle for the data eco- (A) If you had money, you would travel by plane.
nomy. Giving individuals more control has the potential to curtail (B) If she had gone to the movies, she would have met Jane.
the sector’s worst excesses while generating a new wave of cus- (C) If he loses election, he will retire from public life.
tomer-driven innovation, as customers begin to express what sort (D) If I were you, I wouldn’t buy that house.
of personalization and opportunity they want their data to enable. (E) If I had seen you yesterday, I would go with you
And while Adtech firms in particular will be hardest hit, any firm
with substantial troves of customer data will have to make swe- 4. (PREFEITURA DE XANXERÊ - SC - 2021 - PREFEITURA DE XAN-
eping changes to its practices, particularly large firms such as finan- XERÊ - SC - PROFESSOR DE INGLÊS)
cial institutions, healthcare firms, utilities, and major manufactu- Considere a frase a seguir: Susan would have been a great ar-
rers and retailers. chitect if she had gone to the university. A estrutura gramatical uti-
Leading firms are already adapting to the new reality as it un- lizada para formulá-la é:
folds. The key to this transition — based upon our research on data (A) Third conditional of if clauses.
and trust, and our experience working on this issue with a wide va- (B) Second conditional of if clauses.
riety of firms— is for companies to reorganize their data operations
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(C) Zero conditional of if clauses. (D) illustration;


(D) Nenhuma das alternativas. (E) explanation.

5. (FGV - 2022 - TJ-DFT - ANALISTA JUDICIÁRIO - SEGURANÇA 6. (FEPESE - 2022 - PREFEITURA DE CONCÓRDIA - SC - PROFES-
DA INFORMAÇÃO) SOR – INGLÊS)
Here’s why we’ll never be able to build a brain in a computer Comics: Trash or Treasure
It’s easy to equate brains and computers – they’re both thinking In Japan, they call them ‘manga’; in Latin America, ‘histotietas’;
machines, after all. But the comparison doesn’t really stand up to in Italy, ‘fumetti’; in Brazil, ‘história em quadrinhos’; and in the U.S.,
closer inspection, as Dr. Lisa Feldman Barrett reveals. ‘comics’. But no matter what you call them, comics are a favorite
People often describe the brain as a computer, as if neurons source of reading pleasure in many parts of the world.
are like hardware and the mind is software. But this metaphor is In case you are wondering how popular comics are, the best-
deeply flawed. -selling comic title in the U.S. sells about 5 million copies a year. All
A computer is built from static parts, whereas your brain cons- of Mexico’s comic titles together sell over 7,5 million copies a week.
tantly rewires itself as you age and learn. A computer stores in- But Japan is far the leading publisher of comics the world.
formation in files that are retrieved exactly, but brains don’t store Manga account_______. nearly fifty percent of all the books
information in any literal sense. Your memory is a constant cons- and magazines published in Japan each year. And few magazines
truction of electrical pulses and swirling chemicals, and the same of any kind in the world can match this number: Shonen Jump, the
remembrance can be reassembled in different ways at different ti- leading comic title, has a circulation of 6.5 million copies week!
mes. Ever since comics first appeared, there have been people who
Brains also do something critical that computers today can’t. have criticized them. In the 1940s and 50s, many people belie-
A computer can be trained with thousands of photographs to re- ved that comics were immoral and that they caused bad behavior
cognise a dandelion as a plant with green leaves and yellow petals. among young people. Even today, many question whether young
You, however, can look at a dandelion and understand that in dif- people should read them at all. They argue that reading comics en-
ferent situations it belongs to different categories. A dandelion in courages bad reading habits.
your vegetable garden is a weed, but in a bouquet from your child But some educators see comics as a way to get teenagers to
it’s a delightful flower. A dandelion in a salad is food, but people also choose reading instead of television and video games. And because
consume dandelions as herbal medicine. of the art, a number of educators have argued that comics are a
In other words, your brain effortlessly categorises objects by great way to get children to think creatively. More recent research
their function, not just their physical form. Some scientists believe has suggested that the combination of visuals and text in comics
that this incredible ability of the brain, called ad hoc category cons- may be one reason young people handle computers and related
truction, may be fundamental to the way brains work. software so easily.
Also, unlike a computer, your brain isn’t a bunch of parts in an In Japan, the Education Ministry calls comics ‘a part of Japan’s
empty case. Your brain inhabits a body, a complex web of systems national culture, recognized and highly regarded abroad’. Comics
that include over 600 muscles in motion, internal organs, a heart are increasingly being used for educational purposes, and many
that pumps 7,500 litres of blood per day, and dozens of hormones publishers there see them as a useful way of teaching history and
and other chemicals, all of which must be coordinated, continually, other subjects.
to digest food, excrete waste, provide energy and fight illness.[…] No matter how you view them, comics remain a guilty pleasure
If we want a computer that thinks, feels, sees or acts like us, it for millions worldwide.
must regulate a body – or something like a body – with a complex Choose the alternative that presents the correct words to com-
collection of systems that it must keep in balance to continue ope- plete the blank spaces in the text.
rating, and with sensations to keep that regulation in check. Today’s (A) for • on • for • a
computers don’t work this way, but perhaps some engineers can (B) by • in • at • for
come up with something that’s enough like a body to provide this (C) by • in • for • per
necessary ingredient. (D) in • by • on • over
For now, ‘brain as computer’ remains just a metaphor. Meta-
phors can be wonderful for explaining complex topics in simple ter- 7. (UPENET/IAUPE - 2022 - PREFEITURA DE BOM CONSELHO -
ms, but they fail when people treat the metaphor as an explanation. PE - PROFESSOR DE INGLÊS)
Metaphors provide the illusion of knowledge. Check the use of prepositions in the sentences below and mark
(Adapted from https://www.sciencefocus.com/future-technology/ the INCORRECT alternative.
canwe-build-brain-computer/ Published: 24th October, 2021, retrieved (A) The sky over the Atacama desert is hardly ever cloudy.
on February 9th, 2022) (B) At night, the sky is incredibly clear – you feel that there is
nothing among you and Mars.
“Whereas” in “A computer is built from static parts, whereas (C) The biggest observatory in the world is being built on top
your brain constantly rewires itself as you age and learn” introduces of a mountain.
a(n): (D) In 1971, it rained in the Atacama desert.
(A) cause; (E) In the village of Chungungo they are now getting water from
(B) contrast; the flog clouds.
(C) condition;
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8. (IBFC - 2021 - SEED - RR - PROFESSOR DE EDUCAÇÃO BÁSICA 12. (IBFC - 2022 - TJ-MG - ANALISTA JUDICIÁRIO - TECNOLOGIA
- LÍNGUA INGLESA) DA INFORMAÇÃO)
Read the text:
“Students review and extend important language for learning
English, including how to say some letters of the alphabet, ask ques-
tions about language and identify parts of speech. The lesson inclu-
des an interactive game to test mastery of the content, which can
be played in both online and face-to-face contexts. There is also a
short optional extension activity about the NATO alphabet.” by Ste-
phanie Hirschman.
(https://www.linguahouse.com/pt/esl-lesson-plans/general-english/
language-for-learning)

Select the alternative that has only preposition.


(A) for – of – about
(B) for – ask – about
(C) and – of – also
(D) and – ask – also

9. (PREFEITURA DE FORTALEZA - CE - 2022 - PREFEITURA DE


FORTALEZA - CE - PROFESSOR - LÍNGUA INGLESA)
“Obesity is still rising among American adults, despite more
than a decade of public-awareness campaigns and other efforts to
get people to watch their weight, and women have now overtaken
men in the obese category, new government research shows.” Ac-
cording to the text, overtaken is in what tense?
(A) Adjective, referring to the women.
(B) Verb, in future perfect tense.
A partir das técnicas de leitura instrumental, atenha-se à com-
(C) Verb, present perfect tense.
preensão e à interpretação do texto “Crimes”, analise as afirmativas
(D) Adjective, present perfect tense.
a seguir e dê valores de Verdadeiro (V) e Falso (F).
( ) O autor afirma que certos tipos de indivíduos não podem
10. (IBFC - 2021 - SEED - RR - PROFESSOR DE EDUCAÇÃO BÁSICA
ser acusados de cometer um crime.
- LÍNGUA INGLESA)
( ) O autor expõe que todos os indivíduos com comportamen-
The sentence below presents the idea of:
tos criminosos poderão ser julgados nos tribunais.
“The church is very old. It’s the oldest Building in the town”
(Essential grammar in use: a self-study reference and practice book for
( ) Ainda segundo o autor, os indivíduos mentalmente insanos
elementar students of English. New York: Cambridge Press, 1990, p. não podem ser acusados de cometer um crime.
168.) ( ) O autor reitera que embora insanos, os indivíduos conse-
guem entender e avaliar o seu próprio comportamento.
Choose the correct answer: Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta de
(A) superlative cima para baixo.
(B) comparative (A) F - V - F - V
(C) auxiliary (B) V - F - V - F
(C) F - F - V - V
(D) possibility
(D) V - V - F - F
(E) V - V - V - V
11. (IBFC - 2021 - SEED - RR - PROFESSOR DE EDUCAÇÃO BÁSICA
- LÍNGUA INGLESA)
The sentence below presents the idea of:
“Riding a horse is not as easy as Riding a motor cycle.”
THOMSON, A. J., MARTINET, A. V. A pratical english gramar.
New York: Oxford. 1995, p. 39)
Choose the correct answer:
(A) auxiliary
(B) superlative
(C) auxiliary
(D) possibility

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13. (IBFC - 2022 - TJ-MG - ANALISTA JUDICIÁRIO - TECNOLOGIA user error before and after adopting BYOD policies. Nonetheless,
DA INFORMAÇÃO) it’s safe to assume that some level of user error is reduced by fami-
liarity and comfort with BYOD devices.
BYOD can’t make your data invulnerable, but combined with
good security policies, regular user training and effective data ba-
ckup, it can make a noticeable difference in the availability and inte-
grity of your company data.
(Disponível em: https://www.wired.com)

In the fragment from the fourth paragraph “Nonetheless, it’s


safe to assume that some level of user error is reduced by familia-
rity and comfort with BYOD devices” the underlined expression can
be replaced, without any change in the meaning of the sentence,
by:
(A) In fact
(B) Therefore
(C) Likewise
(D) However
(E) Besides

15. (CESPE / CEBRASPE - 2022 - ANP - REGULADOR DE NOVAS


ATRIBUIÇÕES V - CARGO 8)
Russia is making heaps of money from oil, but there is a way
to stop that
The United States and its allies are leaning heavily on econo-
mic sanctions to punish Russia for its invasion of Ukraine. But a key
element in that strategy, restrictions on Russian oil exports, mostly
appears to be causing pain for ordinary people in other countries.
Utilizando-se das técnicas de leitura instrumental, especifica- European nations, in particular, are causing considerable damage to
mente da técnica scanning, a qual consiste em uma leitura atenta their own economies without reducing Russia’s oil revenue. Nations
e precisa. Analise o excerto a seguir: “They may not understand ri- seeking to help Ukraine have focused on reducing Russia’s energy
ght from wrong”. Assinale, dentre as alternativas abaixo, a que está exports instead of reducing Russia’s earnings from energy exports.
mais próxima em significado. Russia is exporting less oil but, in a perverse twist, it is earning more
(A) Eles talvez não compreendam o que é certo money. The sanctions have raised prices, more than offsetting the
(B) Eles talvez não consigam compreender o que é errado decline in exports. In May 2022, Russia earned 883 million euros
(C) Eles não conseguem distinguir o certo do errado per day from oil exports, up from 633 million euros per day in May
(D) Eles não conseguem entender que só devem fazer o certo 2021. New sanctions that the European Union and Britain have
(E) Eles podem compreender o que é certo e o que é errado, agreed to impose on Russia by year’s end are likely to drive oil pri-
mas não têm essa vontade ces even higher. Some analysts warn that the price for a barrel of oil
14. (FCC - 2022 - TJ-CE - ANALISTA JUDICIÁRIO - CIÊNCIA DA could exceed $ 200, well above the spike in the early weeks of the
COMPUTAÇÃO - SISTEMAS DA INFORMAÇÃO) war, when oil prices topped out around $ 124.
BYOD (Bring Your Own Device) refers to the policy of allowing Internet: <www.nytimes.com> (adapted)
employees to supply their own computing devices for use at work.
Employers save money by eliminating hardware purchasing and Based on the text above, judge the following items.
maintenance overhead, and employees enjoy the freedom of choi- Even though oil prices have soared as a result of the sanctions
ce to use whichever mobile phone, tablet or laptop that best meets imposed on Russia, they were not high enought to compensate for
their preferences. Russia’s loss in oil exports.
For example, a user may have a Windows PC for work and a ( ) CERTO
MacBook for a personal laptop. The keyboard shortcuts for each ( ) ERRADO
platform are slightly different, making it easy to mangle copy-pas-
te functions in word processors and spreadsheets. Using the same
BYOD MacBook for work and personal computing eliminates the-
se switchover errors. Even for non-SaaS organizations, user error
typically represents a third of all data loss, second only to hardwa-
re failure. The reduction in user error gained from BYOD policies is
present regardless of whether an employee is creating a document
in Google Apps or Microsoft Word.
There has yet been no rigorous study of the change in rates of
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GABARITO ___________________________________________
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1 D
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2 CERTO
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3 B
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4 A ___________________________________________
5 B ___________________________________________
6 C ___________________________________________
7 B ___________________________________________
8 A ___________________________________________
9 C ___________________________________________
10 A ___________________________________________
11 C ___________________________________________
12 B
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13 C
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14 D
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15 ERRADO
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ANOTAÇÕES ___________________________________________
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