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MUSCULARES EM CAVALOS
INTRODUÇÃO
A utilização rotineira de parâmetros hematológicos e bioquímicos durante o esforço físico
pode proporcionar um mecanismo eficaz para a avaliação das possíveis anormalidades que
possam provocar o baixo desempenho e as alterações na saúde dos eqüinos.
Pode ocorrer alteração na atividade plasmática de qualquer enzima por uma variedade de
razões. As diminuições nas atividades enzimáticas plasmáticas em geral não são conseqüência de
perda de atividade. Os aumentos ocorrem mais comumente por um defeito na integridade da
membrana que contém a enzima. Este defeito pode ser conseqüente a ruptura parcial ou completa
da célula ou a uma alteração na membrana que resulte em aumento transitório na permeabilidade.
As enzimas, em sua maioria, que podem ser detectadas em concentrações aumentadas no
sangue com os diversos distúrbios musculares são as principais enzimas “solúveis”
(sarcoplasmáticas), embora a forma mitocondrial da aspartato-aminotranferase (AST) também
possa ser observada em lesões graves. A intensificação da função celular, como pode ocorrer
durante exercício ou como uma reação a lesão celular, resulta em utilização aumentada de
substratos, o que por sua vez causa maior permeabilidade da membrana.
As enzimas de maior uso na avaliação do sistema muscular no eqüino são, creatina
quinase (CK), aspartato- aminotransferase (AST) e lactato-desidrogenase
(LDH).
CREATINA QUINASE
No eqüino, a creatina quinase (CK) é encontrada principalmente no músculo esquelético,
no miocárdio e no cérebro. Parece haver pouca ou nenhuma troca de CK entre o líquido
cerebroespinhal e o plasma. Um aumento significativo na atividade da CK plasmática total deve-se,
portanto, a lesão muscular cardíaca ou esquelética. A CK não entra na corrente sangüínea
diretamente depois da sua liberação pelas células musculares, mas transita através da linfa pelo
líquido intersticial. Um aumento de três a cinco vezes na atividade de CK plasmática corresponde à
miólise aparente de aproximadamente 20 g de músculo. A meia vida plasmática da CK no eqüino é
muito curta (108 minutos, 123 ± 28 min com depuração plasmática de 0,36 ± 0,1 ml/Kg por min)
ASPARTATO AMINOTRANSFERASE
A Aspartato Aminotransferase (AST) é encontrada principalmente no músculo esquelético,
fígado e no coração, embora atividades mais baixas estejam presentes em vários outros tecidos. É,
portanto, não específica para o tecido. Foram identificadas duas isoenzimas por eletroforese:
MAST (encontrada exclusivamente nas mitocôndrias) e CAST (originando-se do citoplasma ou
sarcoplasma). A proporção de enzima citosólica paramitocondrial no soro eqüino é
significativamente mais alta que a encontrada no homem e em muitos mamíferos. No eqüino,
embora a proporção destas duas formas varie entre tecidos, parece não haver especificidade de
tecido para cada isoenzima. Assim, conclui-se que o exame de soros para atividade de isoenzima
AST não pode identificar a fonte tecidual, embora seja improvável encontrar grandes aumentos de
MAST no soro a menos que tenha ocorrido grave lesão muscular. Alguns pesquisadores relatam
uma forma aparentemente única da enzima nos soros em casos de azotúria. A meia-vida de AST
no eqüino é de 7 a 10 dias, bem mais longa que as 11,8 horas no homem.
LACTATO DESIDROGENASE
A Lactato Desidrogenase (LDH) é um tetrapeptídeo constituído por combinações de dois
peptídeos diferentes, H (coração) e M (músculo), que formam as cinco isoenzimas conhecidas
como LDH1 a LDH5.
Da mesma maneira que a AST, a LDH é encontrada na maioria dos tecidos, sendo, assim,
não específica do órgão. Contudo, os tecidos contêm quantidades variadas de isoenzimas LDH e o
perfil isoenzimático, obtido por separação eletroforética, é usado para identificar lesão tecidual
específica. Em sua maior parte, a LDH5 (mais alguma LDH4) é encontrada nos músculos
locomotores, o fígado contém principalmente LDH3 (com alguma LDH4 e LDH5), o coração contém
principalmente LDH1 (com alguma LDH2 e LDH3) e todos os tipos são encontrados em alguns
músculos não-locomotores. Foi demonstrado que o treinamento físico aumenta a porcentagem de
LDH1 a LDH4 e diminui a de LDH5 no músculo esquelético. Devem ser utilizadas amostras não-
hemolisadas para determinação da LDH, pois os eritrócitos contêm quantidades relativamente
grandes de LDH.
EXERCÍCIO ANAERÓBICO
À medida que a velocidade do exercício progride, uma longa porção do músculo
esquelético deve ser recrutada para suprir força e aceleração para exercícios de alta velocidade. O
metabolismo aeróbico aumenta linearmente com o aumento da velocidade do exercício, até que se
atinja uma velocidade na qual a habilidade para utilização do metabolismo aeróbico torna-se
limitada.
A glicólise é a única via capaz de, na ausência de oxigênio, converter piruvato em lactato e
regenerar NAD para facilitar a geração de ATP. No ponto de máximo consumo de oxigênio (VO2
max), qualquer necessidade adicional de energia para manutenção de força deve ser gerada pela
glicólise anaeróbica ou desaminação do ATP. Um acúmulo exponencial de lactato ocorre em
velocidades iguais ou acima do ponto de máximo consumo de oxigênio. A depleção dos estoques
de glicogênio, entretanto, não é um fator limitante para o exercício máximo porque a glicólise
anaeróbica tende a ser auto-limitante.
No exercício aeróbico os produtos finais da glicólise ou da oxidação de ácidos graxos livres
incluem o dióxido de carbono e água, permanecendo o pH intracelular inalterado. Com atividade
máxima, o íon hidrogênio livre e o lactato acumulam-se, reduzindo o pH intramuscular para valores
menores que 6,5. O lactato é difundido e transportado ativamente para a corrente sangüínea e os
íons hidrogênio são neutralizados por proteínas e dipeptídeos.
EQUILÍBRIO ÁCIDO-BÁSICO NO EXERCÍCIO
Muitas alterações fisiológicas do equilíbrio ácido-básico podem ocorrer em cavalos normais
quando iniciam a atividade física. Algumas não causam qualquer distúrbio clínico durante ou após
o exercício. Outras provocam sérias limitações de performance, mesmo em cavalos normais. Os
efeitos ácido-básicos são caracterizados por sua natureza em acidose ou alcalose e por sua
origem em metabólico ou respiratório.
ACIDOSE METABÓLICA
ALCALOSE METABÓLICA
O suor contínuo durante o exercício de resistência prolongado provoca perda de
potássio, cloreto e cálcio. Esta perda de cloreto (principal ânion sangüíneo) e de potássio
(prontamente “substituído” pelo íon hidrogênio) resulta na retenção renal de bicarbonato
compensatória, na tentativa de manter o equilíbrio aniônico normal e conservar o máximo de
potássio possível. Como resultado se estabelece uma alcalose metabólica hipoclorêmica e uma
acidúria paradoxal.
Estas modificações do equilíbrio ácido-básico têm importantes implicações no tratamento
de cavalos exaustos após provas de resistência. Normalmente se fornecem soluções de Ringer
com lactato a cavalos exaustos e abatidos, entretanto, nestes casos, é contra indicado, pois estes
animais provavelmente estarão em alcalose metabólica e a referida solução é alcalinizante. Nestas
situações, deve-se dar preferência às soluções salinas isotônicas (com suplemento adicional de
potássio e cálcio) ou solução de Ringer.
Fonte: Retirado do site willamettevalleyequine.
HIPOCALCEMIA
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