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MÓD: LOCOMOÇÃO E PREENSÃO | P7 - UC 19 | MEDICINA UNIT AL 2022.

1 | Mayra Alencar @maydicina 1

Osteoartrose (Osteoartrite)
Patologia | Aula 1 | UC 19

INTRODUÇÃO

• Osteoartrite é o mesmo que osteoartrose, artrose ou doença


articular degenerativa.
• Entre os “reumatismos”, a osteoartrite é a mais frequente,
representando cerca de 30 a 40% das consultas em ambulatórios
de Reumatologia.
• É um processo degenerativo crônico (erosão da cartilagem
articular) e não inflamatório.
• Afeta, sobretudo, o quadril, joelho e vértebras.
• Coexiste esclerose óssea subcondral e proeminências ósseas
nas bordas articulares (osteófitos ou bico de papagaio).

OSTEOARTROSE • Causa desconhecida, tem como base fenômenos degenerativos que se iniciam entre 20 e 30 anos e
PRIMÁRIA progridem com o avançar da idade.
• Atinge 80 a 85% da população com mais de 70 anos.

• Pode surgir em qualquer idade e em qualquer articulação já alterada por outras doenças.
OSTEOARTROSE
• As lesões degenerativas são as mesmas.
SECUNDÁRIA
• Na prática, nem sempre é possível diferenciar.

PATOGÊNESE

Estresse biomecânico nas articulações Fatores genéticos


• Aumento do peso corporal; • Redução da resistência à despolimerização das proteínas contidas
• Uso excessivo de determinada articulação nos complexos proteico-monossacarídeos, que são fragmentadas
(joelho em jogadores de futebol, tornozelo em em moléculas menores e causam aumento da pressão oncótica e
bailarinos etc.) do teor de hidratação da matriz, com perda progressiva da
• Doenças congênitas ou adquiridas como elasticidade da cartilagem.
malformações e desvios do joelho em valgo ou • A aceleração do processo fisiológico, em indivíduos geneticamente
varo. suscetíveis, de perda progressiva da elasticidade da cartilagem –
• Redução da resistência da cartilagem e do osso isso explica a artrose precoce.
subcondral, que ocorre em artropatias que • Em pessoas acima de 50 anos quase sempre tem degeneração
alteram a nutrição e a vitalidade da articulação, articular – senilidade articular, mas nem sempre tem implicância
como na gota, ocronose, na artrite reumatoide, clínica e radiológica.
artrite séptica. • Espessamento do osso subcondral.

Teoria biomecânica: sobrecarga articular excessiva Teoria bioquímica: o envelhecimento ou as forças de pressão anormais
provoca disfunções dos condrócitos, gerando provocariam, inicialmente, uma reação dos sinoviócitos, com liberação
desequilíbrio entre mobilidade e síntese de matriz. de mediadores químicos levando a distúrbios metabólicos na
cartilagem.
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ASPECTOS MORFOLÓGICOS

• As lesões são distintas entre a zona de apoio e a zona de não apoio.

Zona de apoio Zona de não apoio


• Lesões mais graves (pois entra em contato com a superfície oposta). • Lesão menos grave, pois, recebe menos
• Degeneração e erosão da cartilagem. pressão.
• Destruição e neoformação ósseas reacionais na superfície articular. • Não há traumatismos na cartilagem.
• As alterações na cartilagem incluem: diminuição da população de • Há vasos neoformados que invadem a
condrócitos, focos de amolecimento condromucoide, metacromasia da cartilagem dessa zona e estimulam o seu
matriz, fibrilação e fragmentação da cartilagem, com formação de crescimento e a ossificação endocondral,
fendas que se aprofundam até o osso subcondral, neoformações criando osteófitos.
resultando em osteófitos. • As alterações da membrana sinovial são
• Osteófitos podem fraturar-se e formar corpos livres articulares. secundárias e discretas.
• O osso subcondral exposto pela perda de cartilagem se espessa e • Em casos avançados, pode surgir sinovite
ossifica semelhante ao marfim – eburnização. vilosa hipertrófica.
• Pode formar cistos subcondrais – resultado do acúmulo de líquido
sinovial penetrado na cartilagem.

ARTROSE DA COLUNA VERTEBRAL (ESPONDILOARTROSE)

• Predomina lesões na zona de não apoio.


• Principalmente na porção cervical e lombar.
• O principal sintoma é dor a compressão.
• O processo degenerativo inicia-se por perda da
elasticidade e resistência do núcleo pulposo à compressão
exercida pelos corpos vertebrais.
• O núcleo é deslocado lateralmente e o disco se achata,
sobrando nos lados como uma pequena bola de ar que se
esvazia parcialmente e perde a tensão.
• O deslocamento do disco se acompanha de descolamento
do periósteo, com o qual se contina. Este se ossifica, e o
osso neoformados preenche o espaço entre o disco e o
corpo vertebral.
• Formam-se, assim, os osteófitos para cada disco: um na
parte inferior da vértebra de cima e outra na parte superior
da vértebra abaixo.
• A configuração radiográfica é característica e denominada
“bico de papagaio”.

Nódulos de Heberden – osteófitos múltiplos (indolores) nas


articulações interfalangianas distais + flexão e desvio lateral
das falanges (mais comum em mulheres e caráter familiar).

Nódulos de Bouchard – nódulos semelhantes na articulação


interfalangiana proximal.
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Osteoartrose. A. Radiografia do quadril mostra Espondiloartrose. Radiografia da coluna lombar mostrando


destruição parcial e total das cabeças femorais e projeções ósseas (osteófitos) nos discos intervertebrais,
diminuição dos espaços articulares (setas). B. Peça configurando “bicos de papagaio” (setas).
cirúrgica da cabeça do fêmur com áreas de erosão e
adelgaçamento da cartilagem articular.

ASPECTOS CLÍNICOS

• Pode ser assintomática. Fatores de risco


• Manifesta-se com dor e restrição de movimentos nas articulações • Obesidade
– principalmente quadris, joelhos e costas. • Idade avançada
• O QUE CAUSA A DOR? O esforço muscular para manter a • Sexo feminino (entre 50 e 80 anos principalmente)
articulação estável e a compressão dos tecidos moles pelos • Histórico familiar.
osteófitos. • Traumas.
• Não há eritema, calor local ou hipersensibilidade, no geral. Mas • Atividades ocupacionais e atividade física
pode haver tumefação e crepitação em caso de derrame. excessiva.
• É indicado fisioterapia, redução de peso e artroplastia. Não tem
como prevenir a progressão.

MORFOLOGIA

• Nos estágios iniciais da osteoartrite, os condrócitos proliferam, formando agrupamentos (a chamada clonagem). Ao mesmo
tempo, o conteúdo aquoso da matriz aumenta e a concentração de proteoglicanas diminui.
• As fibras de colágeno tipo II normalmente dispostas horizontalmente na zona superficial são clivadas, dando origem a fissuras
e fendas na superfície articular. Isso se manifesta como uma superfície articular granular e macia.
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• Finalmente, os condrócitos morrem e porções de cartilagem em toda a sua espessura são esmagadas.
• Os pedaços deslocados de cartilagem e osso subcondral flutuam no interior da articulação, formando corpos livres (“ratos
articulares” — joint mice).
• A placa exposta do osso subcondral torna-se a nova superfície articular, e o atrito com a superfície oposta suaviza e alisa o osso
exposto, dando-lhe a aparência de marfim polido (eburnação óssea)
• Ocorrem refortalecimento e esclerose do osso esponjoso subjacente.
• Pequenas fraturas através do osso articular são comuns, e as lacunas de fratura permitem que o líquido sinovial seja forçado
para as regiões subcondrais em um mecanismo de válvula unidirecional.
• A coleção loculada de líquido aumenta em tamanho, formando cistos de parede fibrosa.
• Os osteófitos com formato de cogumelo (projeções ósseas) se desenvolvem nas margens da superfície articular e são envolvidos
por fibrocartilagem e cartilagem hialina que gradualmente ossificam.
• A membrana sinovial em geral é levemente congesta e fibrótica, podendo apresentar células inflamatórias dispersas.

Osteoartrite. A. Demonstração histológica da característica de fibrilação da cartilagem articular. B. Superfície articular degenerada
expondo osso subcondral (1), cisto subcondral (2) e cartilagem articular residual (3).

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