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AO JUÍZO DE DIREITO DA __ VARA CÍVEL DA COMARCA DE JUIZ DE

FORA – MINAS GERAIS

MIRELA DA SILVA LEITE, brasileira, casada, assistente de


departamento pessoal, portadora do documento de identidade RG n° MG-
16.493.039 SSP/MG e inscrita no CPF sob o n° 100.135.356-09, residente e
domiciliada na Rua Luiz Kelmer, 4, AP 604, bairro Borboleta, CEP: 36.035-
500, cidade de Juiz de Fora/MG, através de seu procurador que a este
subscreve (procuração em anexo), vem respeitosamente à presença de Vossa
Excelência, ajuizar a presente

AÇÃO REVISIONAL DE VEICULO FINANCIADO c/c DANOS MORAIS,


REPETIÇÃO DO INDÉBITO DE FORMA DOBRADA, PEDIDO LIMINAR

Em face ao Banco Votorantim S.A., pessoa jurídica de direito


privado, inscrita no CNPJ: 59.588.111/0001-03, com sede na Avenida das
Nações Unidas, 14.171, Torre A, 18⁰ andar, Vila Gertrudes, CEP: 04794-000,
São Paulo - SP; pelos fundamentos fáticos e jurídicos a seguir expostos.
1. PRELIMINARMENTE

1.1 DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA

Inicialmente, cumpre destacar que a requerente não possui meios


necessários para arcar com as custas processuais.

Para tal benefício o autor junta declaração de hipossuficiência, bem


como comprovante de despesas, demonstrando a inviabilidade de pagamento
das custas judicias sem comprometer sua subsistência, conforme clara
redação do Art. 99 Código de Processo Civil.

Art. 99. O pedido de gratuidade da justiça pode ser formulado


na petição inicial, na contestação, na petição para ingresso de
terceiro no processo ou em recurso.

§ 1º Se superveniente à primeira manifestação da parte na


instância, o pedido poderá ser formulado por petição simples,
nos autos do próprio processo, e não suspenderá seu curso.

§ 2º O juiz somente poderá indeferir o pedido se houver nos


autos elementos que evidenciem a falta dos pressupostos
legais para a concessão de gratuidade, devendo, antes de
indeferir o pedido, determinar à parte a comprovação do
preenchimento dos referidos pressupostos.

§ 3º Presume-se verdadeira a alegação de insuficiência


deduzida exclusivamente por pessoa natural.

Cabe destacar que o a lei não exige atestada miserabilidade da


requerente, sendo suficiente a "insuficiência de recursos para pagar as
custas, despesas processuais e honorários advocatícios"(Art.
98, CPC/15).

Arrima-se, a jurisprudência do Egrégio Tribunal de Justiça do


Estado de São Paulo, no seguinte espeque:
AGRAVO DE INSTRUMENTO – CUMPRIMENTO DE SENTENÇA
– JUSTIÇA GRATUITA – RENDA INFERIOR A TRÊS SALÁRIOS
MÍNIMOS E DECLARAÇÃO DE HIPOSSUFICIÊNCIA -
CONDIÇÃO DE NECESSITADO (LEI 1. 060/50) – Indeferimento
de justiça gratuita em primeiro grau – Para obter assistência
jurídica integral e gratuita basta que a parte alegue a
insuficiência de recursos para o pagamento de custas
processuais e de honorários de advogado, sem prejuízo do
sustento próprio ou de sua família, sendo necessária a prévia
comprovação documental de possibilidade financeira antes do
indeferimento do pedido (art. 99, §§ 2º e 3º do CPC/2015)–
Preenchimento dos requisitos legais – Renda mensal líquida
inferior a três salários mínimos, que é insuficiente para cobrir
as despesas familiares e custear o processo - Agravante que pode
ser enquadrada na condição de "necessitada" a que alude a Lei
n.º 1. 060/50 – Agravado que não trouxe prova em contrário –
Benefício da justiça gratuita deferido – Decisão agravada
reformada – Recurso provido.
(TJ-SP - AI: 20141516820228260000 SP 2014151-
68.2022.8.26.0000, Relator: Ponte Neto, Data de Julgamento:
09/03/2022, 9ª Câmara de Direito Público, Data de Publicação:
09/03/2022)

Note-se que as custas processuais não se restringem àquelas que


são pagas quando da distribuição da Ação. Durante o curso do processo
são necessários adiantamentos das despesas dos atos a serem realizados.
Tudo isso por conta da parte Autora (Art. 82, da Lei Nº. 13.105/2015).

Igualmente, faz-se imprescindível reforçar e esclarecer que, diante


da ausência de critérios objetivos para o deferimento da justiça gratuita,
se tem entendido que seja razoável a adoção de alguns parâmetros
dispostos na legislação como, por exemplo, o artigo 790, §3º, da CLT, o
qual preceitua que:

§ 3o É facultado aos juízes, órgãos julgadores e presidentes dos


tribunais do trabalho de qualquer instância conceder, a
requerimento ou de ofício, o benefício da justiça gratuita,
inclusive quanto a traslados e instrumentos, àqueles que
perceberem salário igual ou inferior a 40% (quarenta por cento)
do limite máximo dos benefícios do Regime Geral de
Previdência Social. (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017).
Dessa forma, com fulcro nos art. 98 e 99 do Código de Processo
Civil, sob as penas da lei e de acordo com o artigo 4º da Lei 1060/50,
com a redação introduzida pela lei 7510/86, requer desde já, concessão
dos benefícios da GRATUIDADE DE JUSTIÇA, para exercer o seu
direito constitucional de submeter ao Judiciário lesão e ameaça de
lesão aos seus direitos.

1.2 DO DESINTERESSE DA AUDIÊNCIA CONCILIATÓRIA (art. 331, §


4º, I CPC)

A parte Autora manifesta desinteresse na Audiência conciliatória,


requerendo desde já sua retirada da pauta.

Menciona também que no prazo do artigo 335, I do CPC irá


apresentar sua réplica, caso haja a contestação da parte Ré.

Ademais, observa-se que presente demanda se insere entre


aquelas em que, por sua natureza ou parte(s), é público, notório e
incontestável, que a tentativa de solução amigável do litígio costuma ser
infrutífera.

Sendo assim, pode-se afirmar que a designação audiências de


conciliação e/ou instrução e julgamento não se mostram compatíveis
com os princípios da informalidade, celeridade, economia processual e
simplicidade, todos, previstos no art. 2º da Lei nº. 9.099/95, e nem com
o princípio constitucional da eficiência. Bom lembrar, ainda, que por
força do advento do NCPC, tal procedimento encontra-se, do mesmo
modo, em conflito com os princípios da adequação e cooperação.
2. DOS FUNDAMENTOS FÁTICOS

A autora, em 28 de janeiro de 2021 celebrou um contrato de


financiamento de veículo com a instituição requerida no valor de 7.900,00
(sete mil e novecentos reais), liquido a ser liberado em sua conta, em 48
parcelas, com parcela inicial de R$ 339,56 (trezentos e trinta e nove reais e
cinquenta e seis centavos).
Excelência, a parte autora não quer de modo algum levar
vantagem contra o requerido, porém não pode ser lesado somente pela
magnitude de atuação da instituição financeira.

Insta salientar, que a parte autora entende que contraiu uma


dívida com a instituição financeira e que honrou com todas as parcelas,
porém, destaca-se que o Réu agiu de maneira ardilosa, ao aprovar um
contrato com taxas e formas de pagamento bem acima das reais
condições do mercado financeiro bem como incluiu uma venda casada,
cobrança de registro de contrato, tarifa de avaliação, cobrança de IOF.

Ocorre que o Réu não permitiu ao Autor escolher a companhia


de seguros que melhor lhe conviesse, pois impingiu-lhe a
contratação do seguro de forma unilateral, já trazida diretamente no
contrato de adesão, configurando assim, de forma clara a venda
casada, bem como cobrou tarifa de registro e avaliação, sem a devida
prestação, e, IOF em desacordo com a recomendação do Banco Central.

Conforme segue:

- Cobrança de Seguro – ITAÚ SEGURADORA S.A.


Conforme, a instituição financeira desrespeitou a taxa de juros
acordada na operação financeira, elevando dessa forma, o valor da
parcela mensal ao aprovar de maneira ardilosa, um contrato com taxas e
formas de pagamento bem acima das reais condições financeiras do
Requerente, bem como cobrar tarifas consideradas ilegais e praticar
venda casada, conforme é demonstrado:

O autor se dirigiu à agência, no mesmo local onde efetuou o


financiamento do veículo, para questionar informações sobre seu contrato,
tendo em vista haver despesas continas nele que não lhe foi passada no ato
da contratação, foi informada que o valor era referente a um seguro
automaticamente contratado juntamente com o empréstimo.

Ao verificar no contrato consta um seguro financiado, no valor de R$


625,47, registro do contrato R$ 204,22, tarifa de avaliação R$ 250,00 e de
Tributos IOF no valor de R$ 319,23, somando-se tem um valor de R$
1.148,92 de despesas, passadas de forma unilateral pela instituição.

O autor pediu imediatamente o cancelamento dessas despesas, bem


como a adequação das parcelas, sendo lhe informado pelo gerente que não
seria possível, pois ao adquirir o veículo financiado obrigatoriamente teria
que contratar o seguro e demais despesas, configurando desta forma a
ocorrência de venda casada, prática vedada pelo ordenamento jurídico, bem
como a inclusão de despesas as quais não houve a prestação do serviço.

Ocorre que, com o cancelamento do seguro e demais despesas, tem-


se que ser revisto o contrato, para que haja alteração na taxa de juros.

Quando submetido o contrato ao cálculo verificamos que sobre o valor


realmente liberado somada a tarifa de cadastro, a qual é devida ao caso
concreto, perfaz o montante de R$ 8.689,00 (oito mil e seiscentos e oitenta e
nove reais), considerando a taxa de média de mercado, sendo 1,066% ao
mês, considerando o montante de prestações, qual seja 48 parcelas,
tem-se que o valor da prestação adequado seria de R$ 232,21 (duzentos
e oitenta e dois reais e vinte e um centavos).

Além de faltar com a verdade a boa-fé contratual, o banco Requerido


agiu em evidente ilicitude ao cobrar do Autor muito mais do que devido.

Através do cálculo pericial é possível verificar também que a taxa média


do mercado disponível no site do Banco Central para a modalidade de
aquisição de veículos, é de 1,066 % à época da contratação, ou seja, a taxa
realmente cobrada, sendo 2.931560 % ao mês, é muito SUPERIOR, sendo
175,01% maior ao quanto fixado pelo Banco Central.

Taxa de Juros
Taxa Média do Mercado 1,07%
Taxa Cobrada pelo Banco 2,93%
Porcentagem Acima da Taxa Média do Mercado
175,01%

3,50%
2,93%
3,00%

2,50%

2,00%
Taxa Média do
1,50% Mercado
1,07%
Taxa Cobrada pelo
1,00%
Banco
0,50%

0,00%
Taxa Média do Taxa Cobrada
Mercado pelo Banco
Porcentagem Acima da Taxa Média do Mercado

175,01%

Porcentagem Acima da Taxa Média do Mercado

A ilegalidade praticada pelo Réu é latente, impondo a intervenção do


Poder Judiciário para afastar os encargos contratuais tidos por ilegais, bem
como revisar o contrato pela taxa média estipulados pelo BACEN e pela
legislação atinente ao caso em comento, bem como pelo descumprimento
contratual.

Assim, diante da evidente ilicitude praticada pelo Requerido ao incluir


venda casada, IOF, tarifa de avaliação e registro e não estar cobrando a taxa
de juros pactuada, bem como fixar os juros remuneratórios em importe
muito superior da taxa média de mercado, não resta opção ao Autor senão
buscar no Poder Judiciário a revisão do contrato comento para pleitear
respectiva indenização por danos materiais com a devolução em dobro do
valor pago em razão da evidente má-fé do Réu e pelos danos morais em razão
da supressão desarrazoada da sua fonte de renda alimentar por largo espaço
temporal.

Podemos verificar no cálculo que quando retirado o valor da venda


casada, tarifa de avaliação, tarifa de registro e IOF os juros cobrados são de
2,93 % ao mês, diferente dos juros pactuados e da taxa média de mercado
de 1,066 % ao mês, devendo, no caso, ser aplicada a SÚMULA 530 do STJ
para que haja a revisão do contrato aplicando a TAXA MÉDIA DE
MERCADO uma vez que esta é mais benéfica ao consumidor, diante da
não contratação dos serviços acimas mencionados, os quais precisam
serem retirados.

3- DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS

Excelência, o que o autor pretende com o ingresso dessa ação é a


justiça, com a aplicação de índices e sistema de juros, que permitirão a Ré
uma margem de lucro, porém, sem comprometer de maneira excessiva a
parte autora.

Necessitando a parte autora adquirir o financiamento do veículo, não


restou alternativa, somente a de assinar um contrato sem obter em dada
ocasião um entendimento maior da realidade da qual o negócio jurídico se
pautava.

Em consonância com os ditames da legislação brasileira, o contrato


está em desacordo por se tratar de uma operação financeira pautada em um
contrato de adesão, onde não perfaz o exercício da livre escolha.

O Código de Defesa do Consumidor é claro ao desobrigar a Requerente


ao cumprimento de contratos confusos, e principalmente sem expressa
previsão das obrigações, sempre interpretando as disposições de forma mais
favorável ao consumidor. Assim dispõem os art. 46 e 47 do aludido diploma:

Artigo 46 - Os contratos que regulam as relações de consumo não


obrigam os consumidores, se não lhe for dada à oportunidade de
conhecimento prévio de seu conteúdo, ou se os respectivos
instrumentos forem redigidos de modo a dificultar a compreensão de
seu sentido e alcance.

Artigo 47 - As cláusulas contratuais serão interpretadas de maneira


mais favorável ao consumidor.

Destaca-se que a análise, realizou o comparativo entre as taxas média


de mercado à época da contratação e as taxas praticadas pela instituição
financeira na operação, bem como a real taxa cobrada, sob o prisma de
verificar as reais condições acordadas entre as partes.

Como resultado de tal apuração financeira, ficou evidenciada, que


o negócio jurídico não foi pautado sob o princípio da boa-fé, vez que, as
partes acordaram no instrumento contratual, um financiamento de R$
8.963,00.

Insta salientar, que se a taxa de juros real cobrado no instrumento


contratual respeitasse a taxa média divulgada pelo banco central de
1,066% a.m., fosse aplicada corretamente no financiamento, o valor
inicial da prestação seria de: 232,21.

Ante o exposto, preocupa-se o Direito do Consumidor com a fase pré-


contratual porque é justamente nela que se constitui a atividade destinada
a dar vida ao futuro contrato.

O Dever de informar decorre do art. 6º, III do CDC, sendo um dever


essencial, para a harmonia e equilíbrio de todas as relações de consumo.

Deste modo, preventivamente, o fornecedor deve sempre prestar as


informações ao consumidor sobre o conteúdo do contrato, dando especial
ênfase para as cláusulas limitativas do direito do Consumidor, conforme art.
54, §4 º do CDC. Com isso, estima-se prevenir eventual responsabilidade, o
que demonstrará, inequivocamente, sua boa-fé, que tem como reflexo o
direito de arrependimento para as vendas fora do estabelecimento físico (art.
49).

Ao regulamentar o dever de oportunizar informação sobre o conteúdo


do contrato, o art. 46 do CDC surpreende com seu alcance, pois impõe aos
fornecedores o dever de redigir claramente as cláusulas contratuais
especificando de forma detalhada para os consumidores, todo seu conteúdo.
Além disso, o referido dispositivo traz uma sanção severa ao
descumprimento deste "dever de oportunidade", pois a vontade do
consumidor de ver a execução do contrato, bem como a validade de sua
aceitação poderá ser considerada nula. Assim, a sanção imposta ao
fornecedor que não prestar as informações adequadas na fase pré-contratual
é a oportunidade que o Código fornece ao consumidor de não se obrigar pela
execução do contrato.

Diante do exposto, resta somente ao autor, requerer o que lhe é de


direito, ou na falta deste, a multa em pecúnia.

Valor esse, Vossa Excelência, que, conforme cálculo, tem-se uma


diferença de R$ 107,35 (cento e sete reais e trinta e cinco centavos),
pago a mais em cada parcela, devendo ser convertido em benefício da
parte autora, que, pago 37 parcelas, dá o montante de R$ 3.971,95 (três
mil e novecentos e setenta e um reais e noventa e cinco centavos), sendo
EM DOBRO, o valor de R$ 7.943,90 (sete mil e novecentos e quarenta e
três reais e noventa centavos), referente ao indébito em dobro conforme
preconiza o art. 42 do CDC com a incidência de juros e correção
monetária, desde a data do primeiro vencimento.

Ocorre que, em desacordo com a exegese firmada por nossos Tribunais


Superiores, em especial as teses firmadas pelo Superior Tribunal de Justiça,
o banco réu:

a) REALIZOU A VENDA CASADA

b) REALIZOU COBRANÇA DE IOF;

c) REALIZOU COBRANÇA DE TARIFA DE AVALIAÇÃO

d) REALIZOU COBRANÇA DE REGISTRO DE CONTRATO


e) utilizou juros remuneratórios, sobre as parcelas principais,
superiores a taxa informada pela própria requerida (indício de ilicitude), bem
como superiores às taxas adotadas pelo mercado, colocando o consumidor
em desvantagem exagerada;

Assim, primando pelos princípios que regem as relações


consumeristas, bem como o Sistema Financeiro Nacional, com base na
jurisprudência dos colegiados da corte (Superior Tribunal de Justiça),
fundamentamos esta exordial, nos seguintes termos:

3.1 DA APLICABILIDADE DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR

Inicialmente cumpre destacar que o Superior Tribunal de Justiça, por


meio da edição da Súmula 297, consolidou o entendimento de que: “O
Código de Defesa do Consumidor é aplicável às instituições financeiras.”

Ademais, cabe ressaltar que se trata de questões circunstanciais às


relações de consumo, justificando a escolha desse foro para apreciá-la, a teor
do artigo 101, I do CDC1, prevendo a possibilidade de propositura da demanda
no domicílio do Autor ou do réu, porquanto aquele reconhecidamente
hipossuficiente.

O caso em tela é uma típica de relação de consumo, portanto, regida


pelo Código de Defesa do Consumidor, desta forma garantindo uma serie de
proteções e direitos ao Consumidor como forma de equipará-los aos
fornecedores.

A Atividade Bancária encontra-se no âmbito do CDC, seja por força

1
Na ação de responsabilidade civil do fornecedor de produtos e serviços, sem prejuízo do disposto nos Capítulos I e II
deste título, serão observadas as seguintes normas:
I – a ação pode ser proposta no domicílio do Autor.
Dispõe a Constituição Federal de 1988 (CF/88) em seu artigo 5º, inciso XXXII, que “o Estado promoverá, na forma da
lei, a defesa do consumidor”. A defesa de seus direitos é, portanto, garantia constitucional.

Dessa forma, por meio da Lei 8.078, de 11 de setembro de 1990, o Estado Brasileiro instituiu o CDC, que regulamenta
as formas de proteção do consumidor, com normas de ordem pública e interesse social, em consonância com a CF/88
do que dispõe o art. 2º (a Atividade Bancária é um serviço), seja por aplicação
da regra extensiva do art. 29 pela incidência nas relações que expõe as
pessoas às práticas comerciais.

Outrossim, as instituições financeiras se enquadram na tipificação


legal de fornecedores por operar e intermediar o crédito: produto que elas
oferecem, sendo remuneradas pela restituição de dinheiro com juros e taxas.

3.2 DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA

Data vênia, torna-se necessário a declaração da inversão do ônus da prova,


devendo ser atribuída ao banco à incumbência de produzir provas contrárias às
alegações iniciais do autor.

Isso porque o autor está em condição de vulnerabilidade como consumidor,


no momento da contratação, o produto solicitado foi financiamento de veículo,
mas foi concluída de forma ardilosa pelo Banco Réu, incluindo IOF, tarifa de
cadastro, tarifa de registro e seguro, configurando este último uma venda casada.

Em que pese a questão da vulnerabilidade técnica, a instituição financeira


deveria instruir e informar corretamente todos os clientes, principalmente àqueles
consumidores que mais necessitam de clareza e que geralmente são os segurados
idosos, leigos, sem muita instrução escolar, analfabetos e/ou as pessoas
visivelmente “desesperadas” pelo valor ofertado.

Com o máximo respeito, Excelência, ser consumidor não é sinônimo de


ser tolo, e em nenhum momento aferimos tratamento discriminatório
indevido, apenas enfatizamos que, pelo uso do bom senso, as pessoas, na sua
grande maioria, possuem pouco ou nenhum esclarecimento ou discernimento
sobre esse tipo de operação financeira. De modo igual, até mesmo algumas
pessoas bem instruídas e jovens não possui total conhecimento sobre as
funcionalidades do sistema bancário e seus produtos/serviços.
Porém, o que se nota é que no momento da contratação houve uma
imposição de cláusulas em contrato padronizado, de adesão, redigidas
unilateralmente pelo Banco Réu, tornando-se, o consumidor, submisso, sem
poder alterar, ou mesmo opinar sobre as condições impostas coercitivamente.
Estando presente a vulnerabilidade (técnica jurídica ou fática –
socioeconômica) como demonstrada retro, não foi o autor tutelado pelos
preceitos do CDC., ficando “expostos” às práticas previstas nos capítulos V e
VI do CDC.

Com a inversão do ônus da prova estará o M.M. Juiz garantindo a proteção


legal/contratual e o acesso pelo autor parte mais fraca na relação obrigacional, ao
Poder Judiciário, facilitando o direito de ação conforme preceito contido no art. 6º,
VIII do CDC, que se requer seja declarado ab initio em vista da oportunidade da
instrução processual que objetivará apurar o equilíbrio contratual e a licitude das
cobranças ocorridas por parte do banco.

3.3 DAS ILICITUDES E ILEGALIDADES PRATICADAS PELO BANCO RÉU

Conforme o cálculo em anexo, verifica-se que a taxa realmente cobrada


é de 2,93 % a.m. para os juros remuneratórios fixada no contrato de
financiamento.

De acordo com a Constituição Federal, no art. 192, o sistema financeiro


nacional deve se estruturar de forma a promover o desenvolvimento equilibrado do
país e servir aos interesses da coletividade, devendo o conteúdo bancário ser
regulado por leis complementares.

Ocorre que, o banco Réu, ao fixar taxa mensal de juros de forma


EXORBITANTE, e em desconformidade com a taxa média de mercado, conduziu o
contrato de forma inconstitucional, senão vejamos:

Art. 192. O sistema financeiro nacional, estruturado de forma a


promover o desenvolvimento equilibrado do País e a servir aos
interesses da coletividade, em todas as partes que o compõem,
abrangendo as cooperativas de crédito, será regulado por leis
complementares que disporão, inclusive, sobre a participação do
capital estrangeiro nas instituições que o integram.

No caso dos Autos, o Requerido violou todos os princípios constitucionais


previstos no art. 192, visto que há evidente desequilíbrio contratual por onerosidade
excessiva, conforme cálculo pericial em anexo, obtido através da calculadora do
cidadão do BACEN.

O banco Réu também não agiu em favor da coletividade, visto que ao cobrar
juros abusivos e excessivos não serviu aos interesses sociais o que gera
superendividamento em massa e consequente restrição da circulação do dinheiro o
que traz prejuízos à economia. Em suma, o Requerido agiu tão somente visando alto
lucro e no crescimento apenas da sua instituição bancária.

3.3 TARIFA DE REGISTRO DE CONTRATO E TARIFA DE AVALIAÇÃO

No dia 28 de novembro de 2018, o Superior Tribunal de Justiça, em


julgamento do REsp 1.578.553, firmou três teses bancárias, dentre as quais ficou
reconhecida a validade da tarifa de avaliação do bem dado em garantia, bem como
da cláusula que prevê o ressarcimento da despesa com o registro do contrato,
ressalvada a abusividade da cobrança do serviço não efetivamente prestado e a
possibilidade de controle da onerosidade excessiva em cada caso (TESE STJ).

No caso dos autos, houve a cobrança da tarifa pelo registro do contrato,


sem que a requerida tenha, efetivamente, prestados tais serviços.

3.4 IOF

Podem as partes convencionar o pagamento do Imposto sobre Operações


Financeiras e de Crédito (IOF) por meio de financiamento acessório ao mútuo
principal, sujeitando-o aos mesmos encargos contratuais (tese julgada sob o rito do
artigo 543-C do CPC — tema 621).
Importante frisar que no caso dos autos, a autora não convencionou e/ou
aceitou referido imposto sendo incluído pela instituição financeira de forma
arbitrária e abusiva.

Ademais, o que se verifica Excelência, conforme informação, extraída


diretamente do site do Banco Central do Brasil é no sentido de todas as taxas
apresentadas ao Banco Central pela própria instituição, nela já estaria incluso todos
os encargos fiscais e operacionais.

“As taxas de juros informadas nesta página compreendem operações


de cheque especial e de adiantamento a depositantes. Correspondem
ao custo efetivo médio das operações para os clientes, composto
pelas taxas de juros efetivamente praticadas, acrescidas dos
encargos fiscais e operacionais incidentes sobre as operações”.
https://www.bcb.gov.br/estatisticas/reporttxjuros/?parametros=ti
popessoa:1;modalidade:216;encargo:101
Portanto, considerando referida informação, consistente da não convenção
e/ou aceite da cobrança de IOF, bem como, referido encargo já estar presente dentro
da taxa de juros informada pela instituição financeira ao Banco Central, requer-se
desde já a retirada da cobrança do IOF e a adequação do contrato a taxa média de
mercado.

Ainda, caso esse não seja o entendimento de Vossa Excelência, o


entendimento exposto por nossos Tribunais Superiores seria no sentido de o
financiamento acessório ao mutuo principal deve seguir a taxa de juros do principal,
desde que devidamente convencionado entre as partes, o que não foi feito no
presente caso.

Neste ínterim, com fundamento no art. 51 do Código de Defesa do


Consumidor, bem como a informação trazida diretamente pelo Banco Central, ainda
a tese apresentada pelo Superior Tribunal de Justiça, a Autora requer a adequação
da taxa de juros remuneratórios aplicados sobre o financiamento acessório, ao
mesmo patamar aplicado ao contrato principal.

Precedentes: Precedentes: AgRg no REsp 1532484/PR, Rel.


Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA,
julgado em 08/09/2015, DJe 11/09/2015; AgRg no AgRg no
AREsp 597241/RS, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, QUARTA
TURMA, julgado em 23/06/2015, DJe 03/08/2015; AgRg no
AREsp 264054/RS, Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI,
QUARTA TURMA, julgado em 18/12/2014, DJe 06/02/2015;
AREsp 733504/RS (decisão monocrática), Rel. Ministro
ANTONIO CARLOS FERREIRA, julgado em 07/08/2015, DJe
13/08/2015; AREsp 641017/RS (decisão monocrática), Rel.
Ministro MOURA RIBEIRO, julgado em 16/06/2015, DJe
19/06/2015; AREsp 599270/RS (decisão monocrática), Rel.
Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, julgado em
03/02/2015, DJe 12/02/2015; REsp 1289286/RS (decisão
monocrática), Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, julgado em
04/04/2014, DJe 07/05/2014. (VIDE INFORMATIVO DE
JURISPRUDÊNCIA N. 531)
3.5 – DA UTILIZAÇÃO DA TAXA MÉDIA DE MERCADO

Excelência, apesar de este não ser um caso de cartão de crédito RMC,


decidiu o Tribunal de Justiça de Minas Gerais, utilizando como uma de suas bases
o site do Banco Central, conforme se verifica nas fontes extraídas diretamente do
julgamento do IRDR, pela aplicação da taxa de juros fornecida diretamente no site
da instituição financeira mencionada acima conforme se vê na imagem a seguir:

Em outras palavras, verifica-se que as taxas de juros informadas no site


do Banco Central são plenamente aptas a fundamentar o cálculo que segue em
anexo, servindo assim de base para a localização da taxa média do mercado,
bem como, aplicação da taxa média no caso dos autos, gerando assim a revisão
contratual aplicando a taxa média de mercado fornecida ao Banco Central.

Conforme entendimentos:

APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO REVISIONAL CONTRATUAL C/C


REPETIÇÃO DE INDÉBITO - JUROS REMUNERATÓRIOS
ACIMA DA TAXA MÉDIA DE MERCADO - ABUSIVIDADE
CONFIGURADA - PERCENTUAL MUITO SUPERIOR À TAXA DO
BANCO CENTRAL - ÔNUS SUCUMBENCIAL - PRETENSÃO DE
IMPOSIÇÃO INTEGRAL AO APELADO - AFASTADA -
SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA E PROPORCIONAL - SENTENÇA
MANTIDA - RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO. Se os juros
remuneratórios contratados excedem em três vezes a taxa média
de mercado fixada pelo Banco Central do Brasil, impõe-se a
revisão contratual, para reduzi-los ao patamar legal, conforme
tabela do Bacen, o que é a hipótese dos autos. Reconhecida a
abusividade dos juros, o consumidor tem direito à restituição
dos valores pagos indevidamente, decorrentes da revisão do
contrato com a redução da taxa de juros. Não deve ser acolhido
pedido para que o apelado seja condenado ao pagamento
integral das custas e dos honorários sucumbenciais, pois o
contrato objeto de discussão foi revisionado diante da
abusividade dos juros e foi acolhida a pretensão de restituição
dos valores cobrados indevidamente, com o afastamento dos
encargos moratórios. Dessa forma, correta a determinação do
magistrado de Primeiro Grau ao estabelecer a sucumbência
recíproca e condenar a requerida apelante em 50% (cinquenta
por cento) das custas e dos honorários advocatícios, nos exatos
termos do artigo 85 §§ 2º e 8º do CPC. Recurso conhecido e
improvido.

(TJ-MS - AC: 08027377420228120029 Naviraí, Relator: Des.


Luiz Antônio Cavassa de Almeida, Data de Julgamento:
05/10/2023, 5ª Câmara Cível, Data de Publicação:
06/10/2023)

AÇÃO REVISIONAL DE CONTRATOS BANCÁRIOS –


EMPRÉSTIMOS PESSOAIS – IMPROCEDÊNCIA – TAXA DE
JUROS REMUNERATÓRIOS ACIMA DA MÉDIA DE MERCADO –
PRETENSÃO DE REVISÃO - POSSIBILIDADE – É abusiva a
cláusula que fixa as taxas de juros remuneratório mensal em
16,5% e 22% estabelecidas em três contratos de empréstimos
pessoal, que corresponde a aproximadamente duas vezes e meia
a taxa média mensal divulgada pelo Banco Central para negócios
de mesma natureza, devendo prevalecer a taxa média informada
pelo Banco Central no período, de 6,57% e 7,27% - Precedentes
do C. Superior Tribunal de Justiça – A repetição de indébito dos
montante pago a maior deve ser feita de forma simples – Ação
procedente. Recurso provido.

(TJ-SP - AC: 10004773520208260283 SP 1000477-


35.2020.8.26.0283, Relator: Walter Fonseca, Data de
Julgamento: 13/08/2021, 11ª Câmara de Direito Privado, Data
de Publicação: 13/08/2021)

CONTRATO BANCÁRIO – Cédula de crédito bancário – Alegação


de abusividade da taxa de juros remuneratórios em decorrência
de excessiva superioridade à taxa média de mercado informada
pelo Banco Central – Excessividade comprovada – Taxa de juros
pactuada que atinge mais de três vezes a média de mercado –
Recálculo da dívida determinado, substituindo-se a taxa
contratada pela taxa média de mercado – Impossibilidade de
substituição da correção monetária (pelos índices da Tabela
Prática deste E. TJSP) e dos juros de mora de 1% ao mês,
incidentes sobre os valores a serem repetidos ao credor, pela
taxa Selic, a qual não tem a função de corrigir débitos judiciais
nem de punir o inadimplemento (mora) do devedor – Procedência
mantida – Recurso improvido.

(TJ-SP - AC: 10020907720228260491 Rancharia, Relator:


Correia Lima, 20ª Câmara de Direito Privado, Data de
Publicação: 04/10/2023)

3.6 SEGURO VENDA CASADA


O Superior Tribunal de Justiça, em julgamento de matéria de Recursos
Repetitivos (REsp nº 1.639.320/SP), decidiu que, em contratos bancários
celebrados a partir de 30/04/2008, o consumidor não pode ser compelido a
contratar seguro com a instituição financeira ou com seguradora por ela indicada.

Assim, é abusiva a cobrança de seguro imposta ao consumidor, por


configurar venda casada, nos termos do art. 39, I, do CDC. (grifei).

A obrigação em contratar com a própria instituição financeira ou outra por


ela indicada, retira do consumidor a liberdade em contratar com instituição mais
vantajosa.

No caso dos autos, verifica-se que a instituição financeira incluiu a cobrança


de R$ 2.695,65 (dois mil e seiscentos e noventa e cinco reais e sessenta e cinco
centavos), referentes a SEGURO, vide:

E, além de realizar a venda casada, aplicou juros remuneratórios sobre à


referida cobrança, em patamar superior ao valor acordado para o financiamento
principal, em desacordo com entendimento adotado por nossos Tribunais
Superiores.

Conforme entendimento dos tribunais:

Apelação. Código de Defesa do Consumidor. Contrato de mútuo.


Seguro Prestamista. Venda casada. Sentença de improcedência.
Recurso da Autora. Venda casada de empréstimo bancário com
seguro de proteção financeira (seguro prestamista) na qual o
Banco financiador é o beneficiário. Prática ilegal reconhecida
pelo STJ em recurso repetitivo (tema 972 - REsp 1639259/SP e
1.639.320/SP). Devolução do valor do prêmio do seguro.
Correção monetária desde o desembolso (Súmula 43 do STJ) e
juros de mora desde a citação (art. 405 do CC). Banco que não
comprovou de forma contundente que a Autora foi informada da
possibilidade de não contratar o seguro, fornecendo-lhe opção
através do sistema bancário. Danos morais. Ocorrência. Perda
do tempo útil. Desvio produtivo do consumidor. Danos morais
arbitrados com moderação de acordo com a situação fática.
Sucumbência alterada. Sentença parcialmente reformada.
RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.

(TJ-SP - AC: 10237779320208260196 SP 1023777-


93.2020.8.26.0196, Relator: L. G. Costa Wagner, Data de
Julgamento: 28/07/2021, 34ª Câmara de Direito Privado, Data
de Publicação: 28/07/2021)

"APELAÇÃO – AÇÃO REVISIONAL – CÉDULA DE CRÉDITO


BANCÁRIO – ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA – VEÍCULO
AUTOMOTOR - SEGURO PRESTAMISTA - VENDA CASADA -
Cobrança de seguro prestamista que, não obstante previsão
contratual, deve ser afastada - Autora, pelo que se depreende
dos autos, não teve, ao optar pela contratação dos seguros, a
liberdade de escolher a respectiva seguradora – Ocorrência de
venda casada – Decisão mantida – Apelo
improvido"."CAPITALIZAÇÃO PARCELA PREMIÁVEL –
Impossibilidade da cobrança de 'capitalização parcela
premiável', ainda que prevista em contrato, vez que abusiva,
frente à legislação consumerista – Ocorrência, ademais, de
venda casada - Precedentes deste Egrégio Tribunal e do Colendo
Superior Tribunal de Justiça - Decisão mantida – Apelo
improvido."

(TJ-SP - AC: 10441646620198260002 SP 1044164-


66.2019.8.26.0002, Relator: Salles Vieira, Data de Julgamento:
27/02/2021, 24ª Câmara de Direito Privado, Data de
Publicação: 27/02/2021)

Assim, considerando a ilicitude apontada, pugna-se pela declaração de


nulidade da referida cobrança, com a restituição dos valores pagos sob este título,
desde a contratação, corrigidos de cada desembolso.

3.7 REVISÃO DA TAXA COBRADA PELA TAXA MÉDIA DE MERCADO -


DEVOLUÇÃO EM DOBRO DO VALOR PAGO A MAIOR

Inicialmente cumpre destacar a má-fé do Banco Réu ao cobrar uma taxa


acima da média de mercado em 175,01% ao mês, bem como na realidade as
condições contratuais, conforme o cálculo pericial em anexo, levaram à
submissão do autor a uma taxa de 2,93 % ao mês.

Conquanto na espécie seja uma relação de consumo, o Código de Defesa do


Consumidor permite seja revisto o contrato quando ocorrer fato superveniente que
o desequilibre, tornando-o excessivamente oneroso a um dos participantes (art. 6º
c/c art. 51, inc. IV, § 1º, inc. III, da Lei nº. 8.078/90), ou excluída a cláusula que
estabelece obrigações iníquas, abusivas ao consumidor, conduzindo-o a uma
situação de desvantagem perante o prestados de serviços.

De todo modo, a revisão da taxa de juros é medida que se impõe uma vez
que a venda casada ESTÁ PRESENTE, devendo neste caso ser aplicada a
SUMULA 530 DO STJ para que seja aplicada a TAXA MÉDIA DE MERCADO uma
vez que esta é mais benéfica ao consumidor.

Sabemos que não há limitação para a pactuação e a cobrança dos juros


compensatórios nos contratos bancários, ou seja, a taxa de juros pode ser
livremente estabelecida pelas partes contratantes. Podem convencionar o
percentual incidente pelo empréstimo do capital livremente, pois não incide o artigo
192, § 3º da CF (revogado) e as taxas previstas na Lei da Usura (Decreto nº
22.626/33) às instituições financeiras, in verbis: Súm. Vinculante 7.

A norma do parágrafo 3º do artigo 192 da Constituição, revogada pela


Emenda Constitucional 40/2003, que limitava a taxa de juros reais a 12% ao ano,
tinha sua aplicabilidade condicionada à edição de lei complementar. Súm. 596. STF.

As disposições do Decreto 22.626 de 1933 não se aplicam às taxas de juros


e aos outros encargos cobrados nas operações realizadas por instituições públicas
ou privadas, que integram o sistema financeira nacional.

Assim, vale dizer que as instituições financeiras podem fixar livremente a


taxa de juros compensatórios, vez que são inaplicáveis as limitações constitucionais
(de 12% ao ano), do Código Civil e/ou da Lei de Usura (6% ou 12%, conforme o caso)
“aos contratos celebrados com instituições integrantes do Sistema Financeiro
Nacional, salvo nas hipóteses previstas em legislação específica” (STJ. AgRg no REsp
920.437/RS. Rel. Paulo de Tarso Sanseverino. T3. Julg. 18.11.2010). Contudo,
como toda regra, há exceções.

Pode, então, haver, excepcionalmente, limitações às taxas de juros


compensatórios cobradas pelas instituições financeiras, verificados de acordo com
o caso concreto. São elas: a) ausência de contrato ou da fixação da taxa de juros e
b) abusividade dos juros contratuais.

E neste ponto, defendemos o nosso pedido: Inicialmente, salientamos que “O


STJ reconheceu haver sujeição das instituições financeiras às regras da lei
consumerista, de modo a conferir aos consumidores de serviços bancários um grau
maioR de proteção, diante de uma relação de consumo marcada pelo uso
generalizado dos contratos de massa e pela expressiva desproporção entre os polos
contratuais”. (FERREIRA FILHO, Roberval Rocha. VIEIRA, Albino Carlos Martins.
Súmulas do Superior Tribunal de Justiça: organizadas por assunto, anotadas e
comentadas. Salvador: Jus Podivm, 2009, p. 155).

Ao realizar pesquisa junto ao Banco Central, observamos a taxa média do


mercado informado, no dia da contratação, foi de 13,587 % ao ano e 1,066% ao
mês, vejamos:
TAXA MÉDIA DO MERCADO (20 MELHORES BANCOS)

Classificadas por ordem crescente de taxa

Período : 23/04/2019
28/01/2021aa29/04/2019
03/02/2022
Modalidade: Pessoa física - Aquisição de veículos

Tipo de encargo: Pré-fixado

Taxas de juros
Posição Instituição % a.m. % a.a.
1 BANC O C NH INDUSTRIAL 0,74 9,19
C APITAL S.A
2 SC ANIA BC O S.A. 0,84 10,51
3 BC O VOLVO BRASIL S.A. 0,89 11,23
4 BC O MERC EDES-BENZ S.A. 0,93 11,81
5 BC O DA AMAZONIA S.A. 0,95 12
6 BC O VOLKSWAGEN S.A 0,99 12,48
7 BANC O MONEO S.A. 1,01 12,87
8 C REDITAQUI FINANC EIRA 1,03 13,09
S.A. - C FI
9 BMW FINANC EIRA S.A. - C FI 1,03 13,12
10 BC O RODOBENS S.A. 1,05 13,4
11 BC O RC I BRASIL S.A. 1,12 14,26
12 STELLANTIS 1,14 14,6
FINANC IAMENTOS C FI
13 BC O BRADESC O S.A. 1,15 14,67
14 FINANC ALFA S.A. C FI 1,15 14,68
15 BC O DO BRASIL S.A. 1,15 14,73
16 ITAÚ UNIBANC O S.A. 1,16 14,89
17 BANC O HYUNDAI C APITAL 1,22 15,72
BRASIL
18 BC O GM S.A. 1,24 15,89
19 BC O SANTANDER (BRASIL) 1,26 16,26
S.A.
20 BC O TOYOTA DO BRASIL 1,27 16,34
21 S.A.
BRB - C FI S/A 1,27 16,38
22 BC O. J.SAFRA S.A. 1,3 16,75
23 BC O ITAUC ARD S.A. 1,35 17,45
24 SINOSSERRA S/A - SC FI 1,36 17,58
25 BC O BANESTES S.A. 1,38 17,88
26 BC O HONDA S.A. 1,41 18,33
27 BC O BRADESC O FINANC . 1,5 19,51
S.A.
28 C AIXA EC ONOMIC A FEDERAL 1,54 20,14

29 BANC O INBURSA 1,61 21,09


30 BC O VOTORANTIM S.A. 1,63 21,35
31 AYMORÉ C FI S.A. 1,68 22,17
32 PORTOSEG S.A. C FI 1,7 22,44
33 BC O YAMAHA MOTOR S.A. 1,9 25,4
34 BC O DO ESTADO DO RS S.A. 1,92 25,68

35 FINAMAX S.A. C FI 2,05 27,6


36 BANC O PAN 2,18 29,54

37 BC O DIGIMAIS S.A. 2,31 31,51


38 BC O RNX S.A. 2,42 33,16
39 C REDIARE C FI S.A. 2,42 33,23
40 BC O DAYC OVAL S.A 2,8 39,34
41 PORTOC RED S.A. - C FI 3,26 46,94
42 OMNI SA C FI 3,27 47,04
43 OMNI BANC O S.A. 3,28 47,21
44 SF3 C FI S.A. 3,29 47,4
TAXA MÉDIA DE MERC ADO 1,066 13,587
Em razão do descumprimento de todos os preceitos acima destacados, não
resta dúvidas que a taxa do contrato deve ser revisada pela taxa média fixada pelo
BACEN. Excelência, de acordo com a taxa MÉDIA DE MERCADO os termos
contratuais deveriam ter sido fixados da seguinte forma:

- Taxa de juros: 1,066%;

-Aplicando a Taxa de juros acordada, o valor de cada parcela seria de R$ 232,21


(duzentos e trinta e dois reais e vinte e um centavos);

- Valores cobrados a mais sobre cada parcela, deve ser restituído de forma
dobrada

Considerando a má-fé do Réu ao fixar em contrato taxa mensal de juros


remuneratórios diverso do quanto realmente cobrado, cabe perfeitamente a
incidência do § único do art. 42 do Código de Defesa do Consumidor:

Art. 42. (...)

Parágrafo único. O consumidor cobrado em quantia indevida tem


direito à repetição do indébito, por valor igual ao dobro do que
pagou em excesso, acrescido de correção monetária e juros
legais, salvo hipótese de engano justificável.

Assim, considerando que houve venda casada e cobranças de tarifas de forma


indevida, tornando a onerosidade excessiva a qual foi submetida não resta dúvidas
de que deve ser revisto o contato e aplicada a taxa contratual estabelecida, sendo
1,493%.

O contrato, à luz do princípio consumerista da transparência, que significa


informação clara, correta e precisa sobre o contrato a ser firmado, mesmo na fase
pré-contratual, teria que necessariamente conter:

1) redação clara e de fácil compreensão (art. 46);

2) informações completas acerca das condições pactuadas e seus


reflexos no plano do direito material;
3) redação com informações corretas, claras, precisas e ostensivas,
sobre as condições de pagamento, juros, encargos, garantia (art. 54,
parágrafo 3º, c/c art. 17, I, do Dec. 2.181/87);

4) em destaque, a fim de permitir sua imediata e fácil compreensão,


as cláusulas que implicarem limitação de direito (art. 54, parágrafo 4º)

Nesse ponto específico, ou seja, quanto à imposição de aquisição de seguro,


decidiu o Superior Tribunal de Justiça em sede de repetitivo o Tema 972 no seguinte
sentido:

Seguro de proteção financeira

A segunda tese diz que “nos contratos bancários em geral, o


consumidor não pode ser compelido a contratar seguro com a
instituição financeira ou com seguradora por ela indicada”.

Obviamente que uma vez identificada e reconhecida a abusividade é medida


de justiça a revisão do contrato, esse é o entendimento dos Tribunais:

APELAÇÃO CÍVEL. REGIME DE EXCEÇÃO. NEGÓCIOS JURÍDICOS


BANCÁRIOS. AÇÃO REVISIONAL. CONTRATOS DE CRÉDITO
PESSOAL CONSIGANDO E RENEGOCIAÇÃO. - NÃO
CONHECIMENTO PARCIAL DO RECURSO. O recurso não merece ser
conhecido quanto ao pedido de limitação dos descontos em folha de
pagamento em 30%, haja vista que essa pretensão já foi deferida pela
sentença, carecendo, pois, a parte de interesse recursal no ponto.
Recurso não conhecido no que tange a essa questão. - JUROS
REMUNERATÓRIOS. A aplicação em taxa substancialmente superior
à média de mercado divulgada pelo BACEN (30% acima, conforme
entendimento desta Câmara) é abusiva, sendo passível de limitação
à referida taxa média. Na hipótese, não há abusividade dos juros
remuneratórios pactuados em todos os contratos. Desprovido no
ponto. - CAPITALIZAÇÃO DOS JUROS. É possível a capitalização dos
juros em periodicidade inferior a um ano nos contratos celebrados
após 31.03.2000, data da publicação da MP nº 1.963-17/2000, (em
vigor como MP nº 2.170-36/2001), desde que haja cláusula expressa
nesse sentido ou, se ausente, na hipótese de ser a taxa de juros anual
contratada superior ao duodécuplo da mensal, quando será aplicada
a efetiva taxa anual, que já contempla a capitalização mensal (REsp.
973.827/RS). Na espécie, embora não haja... pactuação expressa em
todos os contratos, as taxas de juros anuais contratadas são
superiores ao duodécuplo das mensais. Desprovido no particular. -
COMISSÃO DE PERMANÊNCIA. Permitida a cobrança da comissão
de permanência durante o período de inadimplemento, desde que
expressamente pactuada, não cumulada com correção monetária,
juros remuneratórios, moratórios e multa, não podendo seu valor
exceder a soma dos encargos remuneratórios e moratórios previstos
no contrato, conforme Súmulas 30, 294, 296 e 472 do STJ. No caso,
como em todos os contratos há previsão contratual de cobrança da
comissão de permanência sem cumulação com os demais encargos,
e de incidência alternativa de multa e juros moratórios dentro dos
parâmetros legais, os encargos devem ser mantidos conforme
pactuados. Desprovido no tópico. - TAXAS E TARIFAS BANCÁRIAS.
Diante da não especificação na inicial de quais taxas e tarifas que
seriam abusivas, o acolhimento do pedido esbarra na vedação da
Súmula 381 do STJ. Desprovido no particular. - VENDA CASADA.
SEGURO PRESTAMISTA. Consiste em prática abusiva, vedada
nas relações de consumo, o condicionamento do fornecimento
de um produto ou serviço ao fornecimento de outro, conforme o
inciso I do artigo 39 do Código de Defesa do Consumidor (CDC).
No caso, os... seguros prestamistas contratados enquadram-se
como venda casada com os produtos (empréstimos), devendo ser
afastada sua cobrança. Provido no ponto. - MORA E CADASTRO
DO NOME DA PARTE AUTORA NOS ÓRGÃOS DE PROTEÇÃO AO
CRÉDITO. Diante da ausência de abusividade nos encargos exigidos
pela instituição financeira no período da normalidade contratual
(juros remuneratórios e capitalização), resta caracterizada a mora da
parte autora, devendo, por consequência, ser indeferida a tutela de
vedação ou exclusão do cadastramento do nome da parte em órgãos
de proteção ao crédito. Desprovido no tópico. - DEPÓSITOS
JUDICIAIS. A realização de depósito do valor que a demandante
entende como devido constitui faculdade concedida à parte, sendo
inclusive dispensada a autorização judicial para sua efetivação.
Desprovido no particular. - REPETIÇÃO DE
INDÉBITO/COMPENSAÇÃO DE VALORES. Cabimento da repetição
do indébito, na forma simples, e compensação de valores diante das
modificações impostas na revisão dos contratos. Provido no
particular. APELAÇÃO CONHECIDA EM PARTE E, NESSA
EXTENSÃO, PARCIALMENTE PROVIDA. (Apelação Cível Nº
70078252384, Vigésima Quarta Câmara Cível - Regime de Exceção,
Tribunal de Justiça do RS, Relator: Cairo Roberto Rodrigues
Madruga, Julgado em 31/10/2018).

(TJ-RS - AC: 70078252384 RS, Relator: Cairo Roberto Rodrigues


Madruga, Data de Julgamento: 31/10/2018, Vigésima Quarta
Câmara Cível - Regime de Exceção, Data de Publicação: Diário da
Justiça do dia 06/11/2018)
A 2ª Seção desta Corte pacificou o entendimento de que é nula a cláusula
contratual que prevê a incidência de juros remuneratórios, sem precisar a
respectiva taxa, visto que fica ao exclusivo arbítrio da instituição financeira o
preenchimento de seu conteúdo. A fixação dos juros, porém, não fica adstrita ao
limite de 12% ao ano, mas deve ser feita segundo a taxa média de mercado nas
operações da espécie.

A jurisprudência do STJ tem utilizado para esse fim a taxa média de


mercado.

Essa taxa é adequada, porque é medida segundo as informações prestadas


por diversas instituições financeiras e, por isso, representa o ponto de equilíbrio
nas forças do mercado. Além disso, traz embutida em si o custo médio das
instituições financeiras e seu lucro médio, ou seja, um spread médio.

A adoção da taxa média de mercado ganhou força quando o Banco Central


do Brasil passou, em outubro de 1999, a divulgar as taxas médias, ponderadas
segundo o volume de crédito concedido, para os juros praticados pelas instituições
financeiras nas operações de crédito realizadas com recursos livres (conf. Circular
nº 2.957, de 30.12.1999).

Ressalta-se que a taxa média somente não deverá prevalecer nas


hipóteses em que o efetivo índice praticado pelo banco se mostrar inferior a
ela e, portanto, mais vantajoso para o cliente. Assim, no presente caso deverá
prevalecer a taxa média de mercado de 1,066% ao mês.

É certo, ainda, que o cálculo da taxa média não é completo, na medida em


que não abrange todas as modalidades de concessão de crédito, mas, sem dúvida,
presta-se como parâmetro de tendência das taxas de juros. Dessa forma, nas
hipóteses em que não houver a divulgação pelo Bacen da taxa média relativa a um
contrato específico, nada impede o juiz de acolher, com base em regras de
experiência, a média adotada pelo mercado em contratos similares.

STJ - Súmula 530

Nos contratos bancários, na impossibilidade de comprovar a taxa


de juros efetivamente contratada - por ausência de pactuação ou
pela falta de juntada do instrumento aos autos -, aplica-se a taxa
média de mercado, divulgada pelo Bacen, praticada nas
operações da mesma espécie, salvo se a taxa cobrada for mais
vantajosa para o devedor.

Devendo assim, o contrato ser recalculado pela taxa contratual


pactuada, posto que mais vantajoso ao mutuário, conforme entendimento
consolidado do STJ, nos ditames do Resp 715.894/PR e o excedente ser
devolvido com juros e atualização monetária.

3.7 DO DANO MORAL - PRÁTICAS ABUSIVAS – SUPRESSÃO


DESARRAZOADA DE RENDA ALIMENTAR POR LARGO ESPAÇO
TEMPORAL

Todos os bancos, como prestadores de serviços públicos, nos termos


do §6, do art. 37 da Constituição Federal, têm responsabilidade objetiva,
posto que são estruturadas de forma a promover o desenvolvimento
equilibrado do país e servir aos interesses da coletividade.

Com efeito, os bancos prestam um serviço público, respondendo pelos


danos que seus agentes causarem a terceiro, se sendo a sua
responsabilidade objetiva, que existe independentemente de culpa, basta a
comprovação do nexo causal e do dano, para que nasça o dever de indenizar.

Demonstrado que a forma de cobrança empregada pelo Demandado


é abusiva e afronta princípios basilares do CDC, tendo em vista que fixou a
evidente má-fé ao exigir a contratação de seguro prestamista e aplicar taxa
de juros sobre ele, não resta dúvidas a prática ilícita de enriquecimento sem
causa.

Diante dos fatos acima relatados, mostra-se patente a


configuração dos “danos morais” sofridos pela REQUERENTE.
Quanto à previsão legislativa, o dever de indenizar é
fundamentado tanto pela Constituição Federal em seu artigo 5º, inciso
V, como pelo Código de Defesa do Consumidor presente no artigo 14.
Depreende-se de seu texto, a imputação direta, independentemente de
culpa, da reparação do dano causado ao consumidor oriundo de “defeito”
relativo à prestação do serviço.

Tais situações deverão ser indenizadas independentemente de


prova, pois presumem-se. Além do que, o CDC consagra a
responsabilidade objetiva, onde somente se levará em consideração o
nexo causal e o dano. Ambos, in casu, estão sobejamente caracterizados.
Dessa maneira, estando presentes os pressupostos ensejadores do
instituto jurídico da responsabilidade civil, fundamentado está o pedido
de reparação de danos, seja ele motivado por prejuízo material ou moral.

Ainda:

DIREITO DO CONSUMIDOR. DIREITO PROCESSUAL CIVIL.


APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER CUMULADA
COM PEDIDO DE TUTELA DE EVIDÊNCIA. APELAÇÃO CÍVEL (1).
SEGURO PRESTAMISTA E CAPITALIZAÇÃO DE PARCELA
PREMIÁVEL. RESP. N. 1.639.259/SP. TEMA N. 972 DO SUPERIOR
TRIBUNAL DE JUSTIÇA. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO ACERCA
DA POSSIBILIDADE DE ESCOLHA DA SEGURADORA PELO
CONSUMIDOR. ILEGALIDADE CONFIGURADA. VENDA CASADA.
TARIFA DE AVALIAÇÃO DO BEM. TEMA 958 DO EGRÉGIO
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. AUSÊNCIA DE EFETIVA
PRESTAÇÃO DO SERVIÇO. CORREÇÃO MONETÁRIA A CONTAR DE
CADA DESEMBOLSO. PRETENSÃO DE REDUÇÃO DOS
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS SUCUMBENCIAIS.
IMPOSSIBILIDADE. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS
SUCUMBENCIAIS, EM SEDE RECURSAL. MAJORAÇÃO
QUANTITATIVA. INAPLICABILIDADE DO § 11 DO ART. 85 DA LEI N.
13.105/2015 (CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL). APELAÇÃO CÍVEL
(2). TARIFA DE REGISTRO. PACTUAÇÃO EXPRESSA. VALOR NÃO
ABUSIVO. COMPROVAÇÃO DA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO.
ILEGALIDADE AFASTADA. SÚMULA DA JURISPRUDÊNCIA N. 566
DO EGRÉGIO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. PRECEDENTES
JURISPRUDÊNCIAS DESTE EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA.
LIMITAÇÃO DA TAXA DE JUROS. ABUSIVIDADE NÃO VERIFICADA.
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS SUCUMBENCIAIS, EM SEDE
RECURSAL. MAJORAÇÃO QUANTITATIVA. APLICABILIDADE DO §
11 DO ART. 85 DA LEI N. 13.105/2015 (CÓDIGO DE PROCESSO
CIVIL). CONDIÇÃO SUSPENSIVA DE EXIGIBILIDADE. § 3º DO ART.
98 DA LEI N. 13.105/2015 (CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL). 1. “Nos
contratos bancários em geral, o consumidor não pode ser
compelido a contratar seguro com a instituição financeira ou
com seguradora por ela indicada.“ (STJ “ 2ª Seção “ REsp. n.
1.639.259/SP “ Rel.: Min. Paulo de Tarso Sanseverino “ j.
12/12/2018 “ DJe 17/12/2018). 2. A contratação de título de
capitalização, através de contrato de adesão, é estranha à natureza
e ao objeto do contrato principal. E ainda que o fornecedor pretenda
justificar a cobrança como garantia da dívida, nos termos do art.
1.419 da Lei n. 10.406/2002 (Código Civil), a pretensa vantagem ou
benesse ao consumidor não pode ter em sua origem a prática
abusiva. 3. A cobrança de tarifa de avaliação do bem é válida, desde
que prevista no contrato, seja prestado o serviço e seu valor não seja
excessivo. 4. Ainda que a taxa média dos juros remuneratórios
utilizada pelo mercado não seja um limite vinculativo, é possível dizer
que se constitui fidedignamente em um referencial importante para
a verificação da eventual ocorrência ou não de abusividade. 5. A
abusividade da taxa de juros remuneratórios pode ser identificada
através de critérios objetivos que delimitem um índice que possa ser
quantitativamente considerado como limite para o reconhecimento
daquela abusividade. 6. Apelação cível (1) - É descabida a majoração
quantitativa dos honorários advocatícios sucumbenciais, em sede
recursal, segundo a previsão do § 11 do art. 85 da vigente legislação
processual civil, uma vez que o presente recurso não se mostrou
desnecessário, abusivo e infundado. 7. Apelação cível (2) - “O
tribunal, ao julgar recurso, majorará os honorários fixados
anteriormente levando em conta o trabalho adicional realizado em
grau recursal, observando, conforme o caso, o disposto nos §§ 2º a
6º, sendo vedado ao tribunal, no cômputo geral da fixação de
honorários devidos ao advogado do vencedor, ultrapassar os
respectivos limites estabelecidos nos §§ 2º e 3º para a fase de
conhecimento“ (§ 11 do art. 85 da Lei n. 13.105/2015). 8. Ao
beneficiário da gratuidade da Justiça quando for a parte vencida, na
demanda judicial, e/ou, assim, for condenado a arcar, ainda, que,
parcialmente, com o ônus sucumbencial, é reconhecida a condição
suspensiva de exigibilidade prevista no § 3º do art. 98 da Lei n.
13.105/2015 (Código de Processo Civil). 9. Recurso de apelação cível
(1) conhecido e, no mérito, parcialmente provido. 10. Recurso de
apelação cível (2) e, no mérito, não provido. (TJPR - 17ª C.Cível -
0004073-46.2020.8.16.0146 - Rio Negro - Rel.: DESEMBARGADOR
MARIO LUIZ RAMIDOFF - J. 19.11.2021)

(TJ-PR - APL: 00040734620208160146 Rio Negro 0004073-


46.2020.8.16.0146 (Acórdão), Relator: Mario Luiz Ramidoff, Data de
Julgamento: 19/11/2021, 17ª Câmara Cível, Data de Publicação:
20/11/2021)
A esse respeito, o Tribunal de Justiça de Minas Gerais
posiciona-se no sentido de que, havendo retenção indevida de salário ou
de proventos de aposentadoria, o dano moral tem caráter in re ipsa e
independe de comprovação, pois fere valores existenciais e compromete
a verba destinada à subsistência da família, vindo a causar dor,
sofrimento, humilhação, e preocupação pela perda injustificada de
significativo montante da fonte alimentar do ser humano.

Constatado o ato do Banco Réu e o nexo de causalidade, resta


perquirir a extensão do prejuízo, não para garantir o recebimento da
indenização, mas para que o valor seja arbitrado com fundamento no
artigo 944 do Código Civil, onde a indenização mede-se pelas
circunstâncias do caso concreto, a gravidade da conduta, o alcance da
ofensa e a capacidade econômica do ofensor e do ofendido.

Além disso, é certo que o valor da indenização deve atender aos


princípios da proporcionalidade e razoabilidade, mostrando-se suficiente
para compensar a vítima pelo dano sofrido e, ao mesmo tempo, para
sancionar o causador do prejuízo e servir de desestímulo à repetição do
ato ilícito, sem, contudo, causar locupletamento indevido.

Verifica-se que a REQUERENTE, tem amargado verdadeira via


crucis, ao tentar solucionar a questão, com diversos requerimentos,
pedidos, formulários, e, mesmo, Ação Judicial, sempre recebendo
respostas evasivas, furtivas, e em dissonância com expressa previsão
constitucional e em desarmonia com a jurisprudência pátria.

Sublima a Lei Nº. 10.406/2002:

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária,


negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a
outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar
dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano,
independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou
quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do
dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de
outrem.

A própria Lex Fundamentalis preceitua em seu artigo 5º, inciso


X, que:

Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade,
à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

[Omissis]
X - São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a
imagem das pessoas, assegurado o direito à indenização pelo
dano material ou moral decorrente de sua violação;

Dessa forma, claro é que o REQUERIDO, ao cometer


imprudentes atos, afrontou confessada e conscientemente o texto
constitucional acima transcrito, devendo, por isso, ser condenado à
respectiva indenização pelo dano moral e à imagem sofrido pela
REQUERENTE.

O ilustre jurista Rui Stoco, em sua obra Responsabilidade Civil


e sua Interpretação Judicial, 4ª ed., Ed. RT, p. 59, traz que “a noção de
responsabilidade é a necessidade que existe de responsabilizar
alguém por seus atos danosos”.

A última conclusão a que se pode chegar é a de que, a


reparabilidade do dano moral puro não mais se questiona no direito
brasileiro, porquanto uma série de dispositivos, constitucionais e
infraconstitucionais, garantem sua tutela legal.

Ainda, acerca da responsabilidade objetiva, quando não


evidenciada qualquer excludente de causalidade, mostra-se irrelevante a
averiguação de culpa daquele que assumiu os riscos da atividade lesiva.

O Dano Moral em tela existe in re ipsa. Afirma Ruggiero (STJ.


REsp Nº. 608.918. 1ª Turma. Rel. Min. José Delgado. DJU 21/06/2004,
p. 176) que “Para o dano ser indenizável, basta a perturbação feita
pelo ato ilícito nas relações psíquicas, na tranqüilidade, nos
sentimentos, nos afetos de uma pessoa, para produzir uma
diminuição no gozo do respectivo direito” (sic.).

O célebre doutrinador, o Ínclito Jurista Ruggiero, leciona, em


sua obra, menção a decisão do Superior Tribunal de Justiça da lavra do
Eminente Ministro José Delgado:

Para o dano ser indenizável, basta a perturbação feita pelo ato


ilícito nas relações psíquicas, na tranquilidade, nos sentimentos,
nos afetos de uma pessoa, para produzir uma diminuição no
gozo do respectivo direito.
(STJ - REsp 608.918/RS - 1ª T. - Rel. Min. José Delgado. - DJU
21.06.2004 p. 176)

Em que pese o grau de subjetivismo que envolve o tema da


fixação da reparação, vez que não existem critérios determinados e fixos
para a quantificação do dano moral; além do que revela-se como sendo
impossível recompor a dor em seu sentido literal, eis que esta não tem
preço e não pode ser quantificada ou mensurada de qualquer forma;
sendo, a indenização por danos estéticos, morais, ou à imagem, uma
mera compensação à vítima pela dor que lhe foi injustamente causada,
visando atenuar a dor, a humilhação e o vexame sofrido; e tendo uma
faceta ainda mais nobre, dado seu caráter pedagógico-punitivo, onde visa
não apenas minimizar o sofrimento da vítima, mas também almeja
estabelecer certa punição ao agente causador do dano, e, em simultâneo,
reprimir a prática de condutas lesivas por parte deste, de forma que tais
atos não venham mais a se repetir.
É neste diapasão que Carlos Alberto Bittar nos instrui:

Danos morais são lesões sofridas pelas pessoas, físicas ou


jurídicas, em certos aspectos de sua personalidade, em razão de
investidas injustas de outrem. São aqueles que atingem a
moralidade e a afetividade da pessoa, causando-lhe
constrangimentos, vexames, dores, enfim, sentimentos e
sensações negativas. Contrapõem-se aos danos denominados
materiais, que são prejuízos suportados no âmbito patrimonial
do lesado. Mas podem ambos conviver, em determinadas
situações, sempre que os atos agressivos alcancem a esfera geral
da vítima, como, dentre outros, nos casos de morte de parente
próximo em acidente, ataque à honra alheia pela imprensa,
violação à imagem em publicidade, reprodução indevida de obra
intelectual alheia em atividade de fim econômico, e assim por
diante. Os danos morais atingem, pois, as esferas íntima e
valorativa do lesado, enquanto os materiais constituem reflexos
negativos no patrimônio alheio. Mas ambos são suscetíveis de
gerar reparação, na órbita civil, dentro da teoria da
responsabilidade civil.

E na aferição do quantum indenizatório, Clayton Reis


(Avaliação do Dano Moral, 1998, Forense), em suas conclusões, assevera
que deve ser levado em conta o grau de compreensão das pessoas sobre
os seus direitos e obrigações, pois “quanto maior, maior será a sua
responsabilidade no cometimento de atos ilícitos e, por dedução
lógica, maior será o grau de apenamento quando ele romper com o
equilíbrio necessário na condução de sua vida social”. Continua
dizendo que “dentro do preceito do ‘in dubio pro creditori’
consubstanciada na norma do art. 948 do Código Civil Brasileiro,
o importante é que o lesado, a principal parte do processo
indenizatório seja integralmente satisfeito, de forma que a
compensação corresponda ao seu direito maculado pela ação
lesiva.”

É de conhecimento de toda a ordem jurídica que o julgador, a


par da realidade fática e das implicações do decisum precisa atentar para
o fato que se a indenização for de valor irrisório, se reverterá em
humilhação e implicará um sofrimento moral às vezes semelhante ao que
se pretende indenizar, posto permitir subentender que a dor da
REQUERENTE, é de pouca valia, que de pouco vale seu sofrimento e os
transtornos por ele experimentados. Por outro lado, se for exorbitante o
quantum indenizatório fixado, será o consagrar da imoralidade e há de
representar corolário do locupletamento ilícito externado pelo
enriquecimento imoderado.

Nesta esteira, a reparação, ao mesmo tempo que não deve


permitir o enriquecimento injustificado do lesado, não pode ser fixada em
valor insignificante, pois deve servir de reprimenda para evitar a repetição
da conduta abusiva.

Outro fator a ser levado em consideração é o caráter pedagógico


da medida, a fim de que seja evitada a prática do REQUERIDO, de outros
ilícitos da mesma natureza.

Assim, a fim de se proceder ao arbitramento do valor


indenizatório, mais uma vez socorre-se das sábias palavras de Carlos
Alberto Bittar, (Reparação Civil por danos morais, Revista de
Jurisprudência dos Tribunais de Alçada Cível de São Paulo, set./out.
1994, vol. 147, p. 11), o qual leciona que, na fixação do “quantum devido”,
a título de dano moral, deve o julgador atentar para:

a) As condições das partes;


b) A gravidade da lesão e sua repercussão;
c) As circunstâncias fáticas.

Afirma ainda que lhe parece de bom alvitre analisar primeiro:


a) A repercussão na esfera do lesado;
b) O potencial econômico-social do lesante;
c) As circunstâncias do caso.

Em relação ao montante da indenização, sabe-se que deve ser


estipulado pelo magistrado de forma equitativa, de modo que não seja
alto a ponto de importar em enriquecimento sem causa da vítima, nem
baixo, sob pena de não produzir no causador do dano a sensação de
punição que o leve a deixar de praticar atos similares.

A respeito da reparação pecuniária em virtude do dano moral,


Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho lecionam:

Na reparação do dano moral, o dinheiro não desempenha função


de equivalência, como no dano material, mas, sim, função
satisfatória.

Quando a vítima reclama a reparação pecuniária em virtude do


dano moral que recai, por exemplo, em sua honra, nome
profissional e família, não está definitivamente pedindo o
chamado pretio doloris, mas apenas que se lhe propicie uma
forma de atenuar, de modo razoável, as consequências do
prejuízo sofrido, ao mesmo tempo em que pretende a punição do
lesante.

Dessa forma, resta claro que a natureza jurídica da reparação


do dano moral é sancionadora (como consequência de um ato
ilícito), mas não se materializa através de uma "pena civil", e sim
por meio de uma compensação material ao lesado, sem prejuízo,
obviamente, das outras funções acessórias da reparação civil.
(Novo curso de direito civil, v. 3, responsabilidade civil. 17ª ed.
São Paulo: 2019, p. 134)

A lei não indica os elementos que possam servir de


parâmetro para se estabelecer o valor da indenização, apenas dispõe
que deve ser pautada com base na extensão do dano sendo do
prudente arbítrio do julgador tal ponderação, conforme preceitua o
art. 944 do CC, in verbis:
Art. 944. A indenização mede-se pela extensão do dano.

Parágrafo único. Se houver excessiva desproporção entre a


gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir,
equitativamente, a indenização.

Outrossim, a fixação do quantum indenizatório a título de danos


morais deve se pautar pelos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade,
observados o caráter pedagógico, punitivo e reparatório da indenização.

Tendo em vista, o exposto, requer a pedido de indenização por


danos morais o importe de R$ 20.000,00 (vinte mil reais).

3.9 DA CONCECESSÃO DE TUTELA ANTECIPADA

Notória a necessidade de concessão de tutela de evidência, tendo


em vista o preenchimento de todos os seus requisitos, uma vez que é
demonstrada prova inequívoca, geradora de verossimilhança nas
alegações, bem como o perigo de dano grave ou de difícil reparação (Art.
300 do CPC).

De tão patente, a demonstração do preenchimento dos requisitos


não comporta maiores esforços.

O preenchimento do primeiro pressuposto prova inequívoca, já foi


excessivamente demonstrado no decorrer de toda esta petição, ademais
todo o alegado pode ser comprovado de plano, pela via documental, sem
a necessidade de qualquer dilação probatória.

Tal pressuposto se encontra evidenciado por toda a


documentação apresentada em anexo, sendo que estes descontos
indevidos vêm prejudicando a requerente.
Observa-se ainda, no presente caso, agressão frontal a direitos e
garantias fundamentais asseguradas pela Constituição Federal, o que,
por si só, já justifica o reconhecimento da verossimilhança. Além disso,
o direito do Requerente encontra respaldo na jurisprudência consolidada
pelo Superior Tribunal de Justiça e dos Tribunais de Justiça.

Já no tocante ao segundo requisito, perigo de dano grave ou de


difícil reparação, esse se mostra também atendido, uma vez que,
havendo descontos de produto acima do contratado pela autora, esta
terá sua renda mensal excessivamente diminuída, passando por situação
financeira difícil, sendo necessária a vedação de possíveis descontos.

Desse modo, na tentativa de salvaguardar sua condição digna,


somente a concessão de um provimento antecipado que vise o
pagamento do valor de parcela correto pela requerente, poderá evitar
maiores percalços tanto para ele como para toda a sua família .

Como é de geral sabença, a antecipação dos efeitos da tutela pode


ocorrer tanto in limine litis quanto em qualquer outro momento ulterior
do procedimento; ou seja, pode ser concedida por medida liminar ou não.

O “fumus boni Iuris” é fato indiscutível, vez que os descontos


irregulares havidos no benefício da Requerente são ilegais e diferente do
pactuado, limitando seu poder aquisitivo, bem como colocando ele e a
sua família em risco social, já que os descontos incessantes
comprometem a economia familiar, fazendo-o inclusive a passar por séria
necessidade, tendo inclusive se privado da própria alimentação para
honrar com o compromisso assumido.

O “periculum in mora” apresenta-se fartamente demonstrado pela


Requerente, vez que os descontos abusivos vêm ocorrendo em seu
benefício, descontando um valor acima do pactuado, colocando assim o
Requerente em desvantagem econômica.
Por fim, requer a determinação da imediata cessação dos
descontos, por cautelar, a fim de que a autora não sofra mais
prejuízos e, que o valor incontroverso, qual seja, R$ 232,21 duzentos
e trinta e dois reais e vinte e um centavos), seja depositado em juízo,
mensalmente, durante o decorrer processual.

4. DOS PEDIDOS

Por tudo exposto nesta petição inicial, em consonância com o melhor direito
que assiste à parte Autora, requer que este MM. Juízo se digne no sentido de:

a) Proceder com a citação do Requerido de forma eletrônica, para


que, querendo, apresentem contestação, sob pena dos efeitos da revelia;
b) A concessão da tutela de urgência determinando da imediata
cessação das parcelas por cautelar, a fim de que o autor não sofra mais
prejuízos e, que o valor incontroverso, qual seja, R$ 232,21 duzentos e trinta
e dois reais e vinte e um centavos), seja depositado em juízo, mensalmente,
durante o decorrer processual.
c) Julgar totalmente procedente a presente demanda para:
d) Declarar a ilegalidade na cobrança do SEGURO, TARIFA DE
AVALIAÇÃO, TARIFA DE REGISTRO E IOF e demais despesas oriundas;
e) Revisar o contrato em comento para reduzir a taxa de juros
remuneratórios cobrada no empréstimo consignado para aplicar a TAXA
MÉDIA DE MERCADO;
f) Condenar o Requerido a pagar o indébito de forma dobrada, o
qual se perfaz em um montante de R$ 7.943,90 (sete mil e novecentos e
quarenta e três reais e noventa centavo);
g) Condenar o Requerido ao pagamento de indenização por danos
morais no valor de R$ 20.000,00 (vinte mil reais);
h) Conceder os benefícios da assistência judiciária gratuita nos
termos do art. 98 e seguintes do Código de Processo Civil;
i) Condenar os Réus ao pagamento das custas processuais e
honorários advocatícios, estes em percentual não inferior a 20%, diante da
complexidade que a causa se apresenta;
j) Reconhecer, nos termos do artigo 6º, VIII do CDC, no art. 373,
§1º do CPC, a inversão do ônus da prova, dada a hipossuficiência do autor e
a verossimilhança de suas alegações;

Protesta-se provar todo o alegado, por meio de todas as provas lícitas, em especial
a documental;

Dá-se à causa o valor de R$ 27.943,90 (vinte e sete mil e novecentos e quarenta e


três reais e noventa centavos).

Por fim, requer que todas as publicações e intimações sejam em nome da


Dra. ANDREZA MONALIZA PEREIRA KREPE, sob pena de nulidade.

Nesses termos,

Pede deferimento.

Poço Fundo/MG, 22 de março de 2024.

SAMANTHA COSTA DA SILVA ANDREZA MONALIZA PEREIRA


KREPE
OAB/MG 226.440
OAB/MG 176.672

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