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Transtorno Bipolar– P8

Prof. Dr. Pedro Henrique Wanderley Silva


OBJETIVOS
• Relembrar alterações psicopatológicas
da síndrome maníaca
• Descrever os critérios diagnósticos para
transtornos do espectro bipolar
• Analisar as diferenças entre os tipos de
transtornos de humor
• Conhecer os princípios do tratamento
psicofarmacológico e outras indicações
terapêuticas para os transtornos de
humor
TESTE DE VERIFICAÇÃO –
10 MIN
Histórico
Cento e cinquenta anos antes de Jesus Cristo, Areteu da
Capadócia escrevia: “[...] alguns pacientes, depois de
estarem melancólicos, têm arroubos de mania [...], assim,
a mania é como uma variação do estado melancólico”.
Portanto, na Antiguidade, há indícios de que já se
reconhecia a possibilidade de se alternarem estados
melancólicos com maníacos (embora melancolia e mania
naquele contexto não eram exatamente o mesmo que são
hoje). Entretanto, foi apenas no século XIX que os
alienistas passaram a reconhecer com mais clareza o que
chamaram de loucura circular ou loucura maníaco-
depressiva, o nosso atual transtorno bipolar (TB)
(Goodwin; Jamison, 2010).
(Dalgalarrondo, 2018)
Psicopatologia
A base da síndrome maníaca são
sintomas de euforia, alegria
exacerbada, elação (expansão do
Eu), grandiosidade ou
irritabilidade marcante,
desproporcionais aos fatos da
vida e distintos do estado comum
de alegria ou entusiasmo que o
indivíduo sadio apresenta em sua
vida (Belmaker, 2004).
(Dalgalarrondo, 2018)
Psicopatologia
Além disso, quase sempre presente,
observa-se nos quadros maníacos a
aceleração das funções psíquicas
(taquipsiquismo); pode haver agitação
psicomotora, exaltação, loquacidade e
pressão para falar, assim como
pensamento acelerado até fuga de
ideias (Cassidy et al., 1998). O quadro
deve durar pelo menos uma semana,
mas a média de duração do episódio
maníaco é por volta de três meses
(Goodwin; Jamison, 2010).
(Dalgalarrondo, 2018)
Psicopatologia
Na esfera ideativa verifica-se, em
geral, pensamento com conteúdo
“alegre, grandioso e impreciso”,
que tende a ser superficial e
inconsequente. Segundo o
psicopatólogo suíço Ludwig
Binswanger (1881-1966), na
mania “o paciente fala mais do
que pensa” (Binswanger, 1973).
(Dalgalarrondo, 2018)
Psicopatologia
Também ocorrem ideias de
grandeza, poder, riqueza e/ou
importância social. Elas podem
chegar a configurar verdadeiros
delírios humor-congruentes, como
delírios de grandeza, missão ou
poder, ou humor-incongruentes,
como delírio de perseguição ou de
passividade. Também podem estar
presentes alucinações (geralmente
auditivas, olfativas ou visuais).
(Dalgalarrondo, 2018)
Transtorno Bipolar tipo I (TAB I)
Mudanças cíclicas entre mania e episódios depressivos
maiores
Transtorno Bipolar tipo II (TAB II)
Episódios de Depressão Maior e Hipomania
Ciclotimia
Episódios de sintomas hipomaníacos e humor depressivo,
porém sem fechar critérios para Episódio Depressivo Maior
Transtorno Bipolar sem outra Especificação (DSM IV)/
Outro Transtorno Bipolar e Transtorno Relacionado
Especificado (DSM 5)
Sub-Síndrômicos (por exemplo, menores) episódios de
mania ou hipomania com ou sem depressão
O básico do DSM-5: MANIA
• Humor anormal e persistentemente elevado, expansivo ou irritável e aumento anormal e
persistente da atividade dirigida a objetivos ou da energia
• Durando, pelo menos, uma semana
• Presente na maior parte do dia, quase todos os dias (ou qualquer duração, se a hospitalização
se fizer necessária)
• 3 ou mais dos seguintes, 4 se humor irritável:
▪ Autoestima inflada ou grandiosidade
▪ Redução da necessidade de sono
▪ Mais loquaz que o habitual ou pressão para continuar falando
▪ Fuga de ideias ou experiência subjetiva de que os pensamentos estão acelerados.
▪ Distratibilidade
▪ Aumento da atividade dirigida a objetivos ou agitação psicomotora
▪ Envolvimento excessivo em atividades com elevado potencial para consequências
dolorosas
• Prejuízo funcional marcante, hospitalização ou psicose
• Não é atribuível aos efeitos de uma substância ou a outra condição médica.
O básico do DSM-5: HIPOMANIA
• Humor anormal e persistentemente elevado, expansivo ou irritável e aumento anormal e
persistente da atividade dirigida a objetivos ou da energia
• Pelo menos 4 dias, presente na maior parte do dia, quase todos os dias
• 3 ou mais dos seguintes, 4 se humor irritável:
▪ Autoestima inflada ou grandiosidade
▪ Redução da necessidade de sono
▪ Mais loquaz que o habitual ou pressão para continuar falando
▪ Fuga de ideias ou experiência subjetiva de que os pensamentos estão acelerados.
▪ Distratibilidade
▪ Aumento da atividade dirigida a objetivos ou agitação psicomotora
▪ Envolvimento excessivo em atividades com elevado potencial para consequências
dolorosas
• Uma mudança clara no funcionamento que não é característica do indivíduo quando
assintomático; observável pelos outros
• SEM Prejuízo functional marcante, hospitalização ou psicose
• Não é atribuível aos efeitos de uma substância ou a outra condição médica.
O básico do DSM-5: DEPRESSÃO
A. Cinco (ou mais) dos seguintes sintomas durante duas semanas; pelo menos um dos sintomas é (1)
humor deprimido ou (2) perda de interesse ou prazer.
1. Humor deprimido na maior parte do dia, quase todos os dias, conforme indicado por relato
subjetivo ou por observação feita por outras pessoas
2. Acentuada diminuição do interesse ou prazer em todas ou quase todas as atividades na maior parte
do dia, quase todos os dias
3. Perda ou ganho significativo de peso sem estar fazendo dieta (p. ex., uma alteração de mais de 5%
do peso corporal em um mês), ou redução ou aumento do apetite quase todos os dias.
4. Insônia ou hipersonia quase todos os dias.
5. Agitação ou retardo psicomotor quase todos os dias (observáveis por outras pessoas, não
meramente sensações subjetivas de inquietação ou de estar mais lento).
6. Fadiga ou perda de energia
7. Sentimentos de inutilidade ou culpa excessiva ou inapropriada (que podem ser delirantes) quase
todos os dias (não meramente autorrecriminação ou culpa por estar doente).
8. Capacidade diminuída para pensar ou se concentrar, ou indecisão, quase todos os dias (por relato
subjetivo ou observação feita por outras pessoas).
9. Pensamentos recorrentes de morte (não somente medo de morrer), ideação suicida recorrente sem
um plano específico, uma tentativa de suicídio ou plano específico para cometer suicídio
Stephen Stahl, 2014
Stephen Stahl, 2014
Stephen Stahl, 2014
Stephen Stahl, 2014
Stephen Stahl, 2014
Stephen Stahl, 2014
Epidemiologia
Prevalência ao longo da vida • Tipo I: 0,6 a 1,5% • Tipo II e
outras formas dentro do espectro: 0,4 a 3,8%
Idade média de início • 17 a 22 anos •Demora de 5 a 10
anos entre o início e o diagnóstico da doença
Doença crônica, recorrente e altas taxas de comorbidade
psiquiátrica
•Sintomas residuais e hospitalizações muito frequentes
•Déficits cognitivos em 30 a 60% dos portadores
•Prejuízo ocupacional, familiar e pessoal •Mortalidade
aumentada
(Curso de Clínica Psiquiátrica, USP)
Mortalidade prematura
• Pacientes com TB vivem em média 9 a 13
anos a menos comparados a população
geral
• 38% das mortes por doença cardiovascular
(dobro da população)
• Mortalidade por suicídio chega a 15%, 30x
maior do que na população não afetada
(Curso de Clínica Psiquiátrica, USP)
Comorbidades
Maior frequência de:
1.Abuso e dependência de álcool e
substâncias
2.Transtornos de Ansiedade
3.Déficit de Atenção e hiperatividade
4.Transtornos de personalidade

(Curso de Clínica Psiquiátrica, USP)


Tratamento medicamentoso
• Mania: Antipsicótico ou Estabilizador de
Humor
• Depressão: Estabilizador de Humor, ou
Antipsicótico de 2ª geração. Antidepressivo
SÓ COM ALGO PARA ESTABILIZAR O
HUMOR
• Manutenção: Estabilizador do Humor ou o
que estabilizou o sujeito....

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