OBJETIVOS • Relembrar alterações psicopatológicas da síndrome maníaca • Descrever os critérios diagnósticos para transtornos do espectro bipolar • Analisar as diferenças entre os tipos de transtornos de humor • Conhecer os princípios do tratamento psicofarmacológico e outras indicações terapêuticas para os transtornos de humor TESTE DE VERIFICAÇÃO – 10 MIN Histórico Cento e cinquenta anos antes de Jesus Cristo, Areteu da Capadócia escrevia: “[...] alguns pacientes, depois de estarem melancólicos, têm arroubos de mania [...], assim, a mania é como uma variação do estado melancólico”. Portanto, na Antiguidade, há indícios de que já se reconhecia a possibilidade de se alternarem estados melancólicos com maníacos (embora melancolia e mania naquele contexto não eram exatamente o mesmo que são hoje). Entretanto, foi apenas no século XIX que os alienistas passaram a reconhecer com mais clareza o que chamaram de loucura circular ou loucura maníaco- depressiva, o nosso atual transtorno bipolar (TB) (Goodwin; Jamison, 2010). (Dalgalarrondo, 2018) Psicopatologia A base da síndrome maníaca são sintomas de euforia, alegria exacerbada, elação (expansão do Eu), grandiosidade ou irritabilidade marcante, desproporcionais aos fatos da vida e distintos do estado comum de alegria ou entusiasmo que o indivíduo sadio apresenta em sua vida (Belmaker, 2004). (Dalgalarrondo, 2018) Psicopatologia Além disso, quase sempre presente, observa-se nos quadros maníacos a aceleração das funções psíquicas (taquipsiquismo); pode haver agitação psicomotora, exaltação, loquacidade e pressão para falar, assim como pensamento acelerado até fuga de ideias (Cassidy et al., 1998). O quadro deve durar pelo menos uma semana, mas a média de duração do episódio maníaco é por volta de três meses (Goodwin; Jamison, 2010). (Dalgalarrondo, 2018) Psicopatologia Na esfera ideativa verifica-se, em geral, pensamento com conteúdo “alegre, grandioso e impreciso”, que tende a ser superficial e inconsequente. Segundo o psicopatólogo suíço Ludwig Binswanger (1881-1966), na mania “o paciente fala mais do que pensa” (Binswanger, 1973). (Dalgalarrondo, 2018) Psicopatologia Também ocorrem ideias de grandeza, poder, riqueza e/ou importância social. Elas podem chegar a configurar verdadeiros delírios humor-congruentes, como delírios de grandeza, missão ou poder, ou humor-incongruentes, como delírio de perseguição ou de passividade. Também podem estar presentes alucinações (geralmente auditivas, olfativas ou visuais). (Dalgalarrondo, 2018) Transtorno Bipolar tipo I (TAB I) Mudanças cíclicas entre mania e episódios depressivos maiores Transtorno Bipolar tipo II (TAB II) Episódios de Depressão Maior e Hipomania Ciclotimia Episódios de sintomas hipomaníacos e humor depressivo, porém sem fechar critérios para Episódio Depressivo Maior Transtorno Bipolar sem outra Especificação (DSM IV)/ Outro Transtorno Bipolar e Transtorno Relacionado Especificado (DSM 5) Sub-Síndrômicos (por exemplo, menores) episódios de mania ou hipomania com ou sem depressão O básico do DSM-5: MANIA • Humor anormal e persistentemente elevado, expansivo ou irritável e aumento anormal e persistente da atividade dirigida a objetivos ou da energia • Durando, pelo menos, uma semana • Presente na maior parte do dia, quase todos os dias (ou qualquer duração, se a hospitalização se fizer necessária) • 3 ou mais dos seguintes, 4 se humor irritável: ▪ Autoestima inflada ou grandiosidade ▪ Redução da necessidade de sono ▪ Mais loquaz que o habitual ou pressão para continuar falando ▪ Fuga de ideias ou experiência subjetiva de que os pensamentos estão acelerados. ▪ Distratibilidade ▪ Aumento da atividade dirigida a objetivos ou agitação psicomotora ▪ Envolvimento excessivo em atividades com elevado potencial para consequências dolorosas • Prejuízo funcional marcante, hospitalização ou psicose • Não é atribuível aos efeitos de uma substância ou a outra condição médica. O básico do DSM-5: HIPOMANIA • Humor anormal e persistentemente elevado, expansivo ou irritável e aumento anormal e persistente da atividade dirigida a objetivos ou da energia • Pelo menos 4 dias, presente na maior parte do dia, quase todos os dias • 3 ou mais dos seguintes, 4 se humor irritável: ▪ Autoestima inflada ou grandiosidade ▪ Redução da necessidade de sono ▪ Mais loquaz que o habitual ou pressão para continuar falando ▪ Fuga de ideias ou experiência subjetiva de que os pensamentos estão acelerados. ▪ Distratibilidade ▪ Aumento da atividade dirigida a objetivos ou agitação psicomotora ▪ Envolvimento excessivo em atividades com elevado potencial para consequências dolorosas • Uma mudança clara no funcionamento que não é característica do indivíduo quando assintomático; observável pelos outros • SEM Prejuízo functional marcante, hospitalização ou psicose • Não é atribuível aos efeitos de uma substância ou a outra condição médica. O básico do DSM-5: DEPRESSÃO A. Cinco (ou mais) dos seguintes sintomas durante duas semanas; pelo menos um dos sintomas é (1) humor deprimido ou (2) perda de interesse ou prazer. 1. Humor deprimido na maior parte do dia, quase todos os dias, conforme indicado por relato subjetivo ou por observação feita por outras pessoas 2. Acentuada diminuição do interesse ou prazer em todas ou quase todas as atividades na maior parte do dia, quase todos os dias 3. Perda ou ganho significativo de peso sem estar fazendo dieta (p. ex., uma alteração de mais de 5% do peso corporal em um mês), ou redução ou aumento do apetite quase todos os dias. 4. Insônia ou hipersonia quase todos os dias. 5. Agitação ou retardo psicomotor quase todos os dias (observáveis por outras pessoas, não meramente sensações subjetivas de inquietação ou de estar mais lento). 6. Fadiga ou perda de energia 7. Sentimentos de inutilidade ou culpa excessiva ou inapropriada (que podem ser delirantes) quase todos os dias (não meramente autorrecriminação ou culpa por estar doente). 8. Capacidade diminuída para pensar ou se concentrar, ou indecisão, quase todos os dias (por relato subjetivo ou observação feita por outras pessoas). 9. Pensamentos recorrentes de morte (não somente medo de morrer), ideação suicida recorrente sem um plano específico, uma tentativa de suicídio ou plano específico para cometer suicídio Stephen Stahl, 2014 Stephen Stahl, 2014 Stephen Stahl, 2014 Stephen Stahl, 2014 Stephen Stahl, 2014 Stephen Stahl, 2014 Epidemiologia Prevalência ao longo da vida • Tipo I: 0,6 a 1,5% • Tipo II e outras formas dentro do espectro: 0,4 a 3,8% Idade média de início • 17 a 22 anos •Demora de 5 a 10 anos entre o início e o diagnóstico da doença Doença crônica, recorrente e altas taxas de comorbidade psiquiátrica •Sintomas residuais e hospitalizações muito frequentes •Déficits cognitivos em 30 a 60% dos portadores •Prejuízo ocupacional, familiar e pessoal •Mortalidade aumentada (Curso de Clínica Psiquiátrica, USP) Mortalidade prematura • Pacientes com TB vivem em média 9 a 13 anos a menos comparados a população geral • 38% das mortes por doença cardiovascular (dobro da população) • Mortalidade por suicídio chega a 15%, 30x maior do que na população não afetada (Curso de Clínica Psiquiátrica, USP) Comorbidades Maior frequência de: 1.Abuso e dependência de álcool e substâncias 2.Transtornos de Ansiedade 3.Déficit de Atenção e hiperatividade 4.Transtornos de personalidade
(Curso de Clínica Psiquiátrica, USP)
Tratamento medicamentoso • Mania: Antipsicótico ou Estabilizador de Humor • Depressão: Estabilizador de Humor, ou Antipsicótico de 2ª geração. Antidepressivo SÓ COM ALGO PARA ESTABILIZAR O HUMOR • Manutenção: Estabilizador do Humor ou o que estabilizou o sujeito....