Você está na página 1de 11

AO DOUTO JUÍZO DE DIREITO DO __ JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE

BELO HORIZONTE/MG.

TAINA SIMOES SILVA, brasileira, inscrita no CPF sob o n.º 018.874.476-28, residente e
domiciliada na Rua Caracas, nº 170. Casa “A”, Bairro Suely, Belo Horizonte/MG, CEP: 33204-146,
vem respeitosamente perante Vossa Excelência, através dos seus procuradores infra-assinados,
propor

AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS

em face de DISTRIBUIDORA MENEZES EIRELI, Empresa Individual de


Responsabilidade Limitada com personalidade jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o
nº 21.913.165/0001-24, situada na Rua Padre Pedro Pinto, nº 6330, Venda Nova, Belo
Horizonte /MG – CEP 31.570-000, e NU FINANCEIRA S.A, Sociedade Anônima Fechada com
personalidade jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o nº 30.680.829/0001-43, situada na

Rua Capote Valente, nº 120, Andar 3 e 4, Pinheiros, São Paulo/SP – CEP 05.409-000, tendo em
vista as seguintes razões de fato e de direito.

I- DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA
Av. Augusto de Lima, nº 407, Lourdes, Belo Horizonte / MG – CEP 30190-000
E-mail: mansurmoreirafreire.adv@gmail.com
Telefone: (31) 3451-4876 1
Inicialmente, roga a parte Autora pela concessão da gratuidade da justiça, já que, em
virtude de sua crítica situação financeira, deve ser considerada pobre na forma da lei e assim o
sendo, faz jus, nos termos do artigo 5º, inciso LXXIV, da Constituição Federal de 1988, bem como
com fulcro no art. 98 e seguintes do CPC/15, a gratuidade da justiça, tudo conforme declaração de
hipossuficiência anexa.
O parâmetro para fins de aferição da hipossuficiência financeira adotado por este douto
tribunal é o de pessoa cuja renda mensal individual não ultrapasse o valor de 3 (três) salários
mínimos, decotados os seus gastos, senão vejamos:

EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO - ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA - PESSOA


FÍSICA - HIPOSSUFICIÊNCIA NÃO COMPROVADA. A Constituição Federal de 1988, em
seu art. 5º, LXXIV, dispõe que o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos
que comprovarem insuficiência de recursos. Além da declaração de pobreza, para aferição
da efetiva hipossuficiência financeira, deve-se tomar por parâmetro a consideração de
ser necessitada toda pessoa cuja renda mensal individual não ultrapasse o valor de três
salários mínimos, levando-se em conta, ainda, os gastos mensais necessários à
sobrevivência digna.

Inexistindo provas suficientes da alegada hipossuficiência do agravante, imperiosa é a


manutenção da decisão de primeiro grau que indeferiu a benesse de justiça gratuita.
(TJMG - Agravo de Instrumento-Cv 1.0000.21.098412-6/001, Relator(a): Des.(a) Fernando
Caldeira Brant , 20ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em 22/09/2021, publicação da súmula
em 23/09/2021)

EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO - JUSTIÇA GRATUITA - PARÂMETROS DA


DEFENSORIA PÚBLICA DE MINAS GERAIS - NÃO DEMONSTRAÇÃO. De acordo com
a Deliberação de nº 25/2015 da Defensoria Pública do Estado de Minas Gerais presume-
se necessitada a pessoa natural que aufira renda mensal individual não superior a 3
(três) salários mínimos ou renda mensal familiar não superior a 4 (quatro) salários
mínimos. Havendo elementos nos autos que indicam a capacidade financeira da parte, é
de se indeferir o benefício. (TJMG - Agravo de Instrumento-Cv 1.0000.21.054060-5/001,
Relator(a): Des.(a) Franklin Higino Caldeira Filho , 10ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em
21/09/2021, publicação da súmula em 28/09/2021) [GN]

Conforme demonstrado em documentação anexa, a Autora não dispõe de meios de


ingressar com a presente demanda, sem que isso comprometa sua situação financeira.

II - DOS FATOS

Av. Augusto de Lima, nº 407, Lourdes, Belo Horizonte / MG – CEP 30190-000


E-mail: mansurmoreirafreire.adv@gmail.com
Telefone: (31) 3451-4876 2
No dia 18/10/2022 a Autora foi até a distribuidora Menezes e realizou uma compra no
ínfimo valor de R$ 47,15 (quarenta e sete reais e quinze centavos), tendo pago pela aproximação
em seu cartão de débito Nubank, consoante comprovante em anexo.

Ocorre que a funcionária do caixa a informou que o valor não havia sido creditado, ao que
a Autora conferiu seu extrato e mostrou à funcionária, que lhe informou que teria de esperar o
valor ser creditado.

Nesse momento, outro funcionário, que não participava da conversa, se intrometeu e, sem
qualquer justificativa, não que haja alguma para agir de tal modo, começou tratar a Autora de
maneira extremamente agressiva, realizando diversos xingamentos que atacaram-lhe a honra e a
deixando abalada frente a tamanha grosseria e falta de respeito.

O pior é que a situação ocorreu na frente de outros clientes e funcionários, que não
fizeram nada para cessar os atos de humilhação infligidos à Autora, conforme consta nos áudios
anexos.

Posteriormente o gerente da distribuidora Ré se envolveu na situação tentando acalmar o


seu agressivo funcionário frente a tamanho descontrole emocional.

Após a conversa com o gerente da distribuidora Ré, a Autora saiu do estabelecimento sem
levar os produtos e nem sequer tendo o valor da compra estornado a sua conta. Em conversa
telefônica posterior, em anexo, o gerente assume as graves ofensas proferidas contra a Requerente.

Ao que se dirigiu a uma delegacia tendo registrado o boletim de ocorrência anexo.

A Autora sofreu muito com as injuriosas afirmações que lhe ofenderam diretamente a
honra e sua dignidade como pessoa.

Assim, em detrimento do exposto, pela não efetuação da transferência de valores, ônus


empresarial da instituição financeira Ré, e pelas injúrias agressivas a que lhe foram direcionadas
pelo funcionário da distribuidora Requerida, ingressa a Autora com a presente ação afim de que
seja indenizada em danos morais pelos prejuízos sofridos.

II - DO DIREITO

Av. Augusto de Lima, nº 407, Lourdes, Belo Horizonte / MG – CEP 30190-000


E-mail: mansurmoreirafreire.adv@gmail.com
Telefone: (31) 3451-4876 3
2.1. Da Aplicação do Código de Defesa do Consumidor

O CDC prescreve, em seu art. 2º, ser consumidor: “toda pessoa física ou jurídica que adquire
ou utiliza produto ou serviço como destinatário final”. Sendo assim, inexistem maiores dificuldades em
se concluir pela aplicabilidade do referido Código, visto que este corpo de normas pretende
aplicar-se a todas as relações desenvolvidas no mercado brasileiro que envolvam um consumidor
e um fornecedor.

O caso em tela versa sobre a relação estabelecida entre as partes, originada em razão da
contratação de serviços bancários, posteriormente falha, junto a Requerida.

A Autora e o Réu caracterizam-se como consumidor e fornecedor de serviços,


respectivamente.

Portanto, dúvidas não restam acerca da aplicabilidade do Código de Defesa do


Consumidor a presente lide.

2.2. Da Responsabilidade Civil e do Dever de Indenizar

O art. 186 do Código Civil define o que é ato ilícito, entretanto, observa-se que não
disciplina o dever de indenizar, ou seja, a responsabilidade civil, matéria tratada no art. 927 do
mesmo diploma legal. Assim, temos no artigo 927 que “Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187),
causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.".

Na seara consumerista a responsabilidade civil e dever de indenização decorrente de


prejuízos causados ao consumidor encontram- se disciplinados nos arts. 6º, VI e 14, do CDC.

O dever de indenizar, previsto nos artigos 5º, inciso X 1, da Constituição da República, 186
e 9272 do Código Civil e 6º, VI do Código de Defesa do Consumidor, pressupõe, em regra, um
comportamento do agente que: "(...) desrespeitando a ordem jurídica, cause prejuízo a outrem, pela
ofensa a bem ou direito deste”.

Ademais o artigo 953 do Código Civil prevê expressamente que “A indenização por
injúria, difamação ou calúnia consistirá na reparação do dano que delas resulte ao ofendido”.

1
“Art. 5º (...) X – São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurando o direito a
indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação.”
2
“Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a
outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.”; “Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187),
causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano,
independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo
autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.”
Av. Augusto de Lima, nº 407, Lourdes, Belo Horizonte / MG – CEP 30190-000
E-mail: mansurmoreirafreire.adv@gmail.com
Telefone: (31) 3451-4876 4
Portanto, não há dúvida que os crimes contra a honra geram obrigação de indenizar a vítima em
danos morais.

Esse comportamento deve ser imputável à consciência do agente por dolo (intenção) ou
por culpa (negligência, imprudência ou imperícia), contrariando, seja um dever geral do
ordenamento jurídico (delito civil), seja uma obrigação em concreto como uma inexecução
contratual, assim como ocorreu no caso dos autos.

O comportamento do agente que desrespeita a ordem jurídica, causando prejuízo a


outrem pela ofensa a bem ou direito deste, gera a responsabilidade civil, traduzindo-se, na
prática, pela reparação do dano ocasionado.

Figurado o ilícito, como fonte geradora de responsabilidade, deve o agente recompor ou


compensar o patrimônio (moral e ou econômico) do lesado, ressarcindo-lhe os prejuízos (danos)
acarretados.

São requisitos da responsabilidade civil: conduta (ação ou omissão) ilícita, que se ligue por
um nexo de causalidade ao dano, praticada de forma culposa em sentido amplo (culpa em sentido
estrito ou dolo).

Ato ilícito: O ato ilícito é aquele praticado em desacordo com a norma jurídica destinada a
proteger interesses alheios, violando direito subjetivo individual, causando prejuízo a outrem e
criando o dever de reparar tal lesão.

Os atos ilícitos cometidos pelas Demandadas constatam-se pela sua atuação de forma
imprudente e negligente, eis que:

a) I.F Ré – Não realizou a transferência dos valores debitados da conta da Autora à conta
da distribuidora Requerida.
b) Distribuidora Ré- Injurias proferidas contra a Autora por funcionário.

Restam completamente discriminados os atos ilícitos praticados pelas Rés em desfavor da


Autora.

Dano: Após a constatação dos atos ilícitos praticados pelas Rés, serão apontados os
prejuízos ocasionados à Autora decorrentes das referidas condutas, que são de natureza moral,
quais sejam:

Av. Augusto de Lima, nº 407, Lourdes, Belo Horizonte / MG – CEP 30190-000


E-mail: mansurmoreirafreire.adv@gmail.com
Telefone: (31) 3451-4876 5
a) Frustração, cansaço, irritação, sensação de vulnerabilidade, humilhação e ofensa a sua
dignidade humana.

Nexo de causalidade: Dúvidas não há quanto à existência do nexo de causalidade, eis que
o ato e os danos ocorreram em virtude de ações praticadas pelas Requeridas.

 A Ré Nubank pela ausência de transação de valores a ser creditados pela compra


realizada via cartão.

 A Ré distribuidora pela ofensas proferidas contra a Requerente.

A Demandante sentiu-se amplamente vulnerável e humilhada pelas veementes


agressões verbais a ela imputa pelo funcionário da distribuidora Requerida.

Ademais, os outros funcionários do estabelecimento quedaram-se inertes frente a tamanho


constrangimento e humilhação.

Assim, uma vez as Rés foram as responsável pelos atos ilícitos praticados que ensejaram
os danos mencionados, caracterizado está o nexo de causalidade.

Portanto, todos os requisitos da responsabilidade civil encontram-se preenchidos,


ensejando o dever de indenizar das Demandadas.

2.2.1. Da Indenização por Danos Morais

Não se pode negar que atos que impliquem dor, vexame, sofrimento e profundo
constrangimento para a vítima, resultam na violação de sua intimidade, honra, imagem e outros
direitos de personalidade, mediante a ocorrência de distúrbios na psique, na tranquilidade e nos
sentimentos da pessoa.

A Autora se sentiu completamente humilhada e vulnerável, tendo em vista o grau das


ofensas e palavreados de baixo calão proferidos contra ela, que lhe ofenderam em sua
dignidade como pessoa.

Os danos morais acarretados a Autora em decorrência dos atos ilícitos perpetrados pelos
Demandados encontram-se delineados na explanação relativa ao nexo de causalidade, inclusa no
tópico “2.2. Da Responsabilidade Civil e do Dever de Indenizar”.
Av. Augusto de Lima, nº 407, Lourdes, Belo Horizonte / MG – CEP 30190-000
E-mail: mansurmoreirafreire.adv@gmail.com
Telefone: (31) 3451-4876 6
Como já demonstrado no artigo 953 do Código Civil “A indenização por injúria,
difamação ou calúnia consistirá na reparação do dano que delas resulte ao ofendido”.

Ou seja, uma vez que restou demonstrado que o funcionário da Requerida injuriou a
Autora, ofendendo sua moral e abalando sua psique, clarividente o dever de a Ré indenizá-la
pelos danos morais sofridos. Neste sentido se posiciona o Egrégio Tribunal de justiça de Minas
Gerais, senão vejamos:

EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS -


CRIME DE INJÚRIA - OFENSA À HONRA - RESPONSABILIDADE CIVIL INDEPENDE
DA CONDENAÇÃO CRIMINAL - DANO MORAL CONFIGURADO - QUANTUM
INDENIZATÓRIO. - Preenchidos os requisitos do dever de indenizar, em razão das
ofensas à honra da parte, mostra-se adequado condenar a ré ao pagamento da indenização
a título de dano moral. - No arbitramento da indenização pela reparação moral, o juiz deve
relevar os reflexos concretos produzidos pelo ato no patrimônio jurídico da vítima, fixando
uma quantia sirva para indenizar, punir e, simultaneamente, em caráter pedagógico, evitar a
reiteração do ato, mas que não se constitua valor exagerado ao ponto de configurar
enriquecimento sem causa. (TJMG - Apelação Cível 1.0000.21.275120-0/001, Relator(a): Des.
(a) Cavalcante Motta , 10ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em 08/02/2022, publicação da
súmula em 14/02/2022) [G.N]

EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO ORDINÁRIA - RESPONSABILIDADE CIVIL -


INJÚRIA E DIFAMAÇÃO - CONDUTA ILÍCITA - COMPROVAÇÃO - INDENIZAÇÃO
DEVIDA - QUANTUM - EXTENSÃO DOS DANOS - REDUÇÃO DA QUANTIA. A
indenização por ato ilícito exige a prova inequívoca da autoria, do dano, da culpa e do nexo
de causalidade entre o dano e a culpa, presentes tais elementos configuradores da
responsabilidade civil, há o dever de indenizar. Na indenização por calúnia, difamação e
injuria, o dano moral decorre do ilícito civil caracterizado pelo dolo, ânimo de ofender a
honra da pessoa. Comprovada a ofensa à honra da parte autora, procedente é o pedido de
indenização por danos morais. O valor da indenização a título de danos morais deve ser
fixado de modo a desestimular o ofensor a repetir a falta, porém não pode vir a constituir-
se em enriquecimento indevido. (TJMG - Apelação Cível 1.0702.10.047740-6/001,
Relator(a): Des.(a) Marco Aurelio Ferenzini , 14ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em
27/01/2022, publicação da súmula em 27/01/2022) [G.N]

Os julgados supra elencados demonstram a consolidação do entendimento jurisprudencial


deste tribunal no sentido de ser devida indenização pelos danos extrapatrimoniais foram
suportados pela Requerente.

Assim, no presente caso, dúvidas não restam quanto ao dever de indenizar da Requerida,
devido a todo o transtorno e injurias infligidas à Autora.
Av. Augusto de Lima, nº 407, Lourdes, Belo Horizonte / MG – CEP 30190-000
E-mail: mansurmoreirafreire.adv@gmail.com
Telefone: (31) 3451-4876 7
Importante também destacar o caráter punitivo que a indenização por danos morais
possui, sendo imprescindível para desencorajar as Rés a atuar de forma tão negligente para com
os consumidores, seja

Não há como se eximir as Rés da responsabilidade que lhes cabem, cumprindo, pois,
reparar os danos morais causados a Requerente.

Desta forma, requer a Autora sejam as Rés condenada ao pagamento de danos morais no
valor de R$ 25.000,00 (vinte e cinco mil reais), por todos os infortúnios ocasionados e
demonstrados na presente exordial, e também para cumprir com o caráter pedagógico da referida
medida.

3.3. Da Inversão do Ônus da Prova.

A prova constitui elemento de suma importância no âmbito processual, não só pela sua
função de confirmar a verdade dos fatos afirmados pelas partes, como também por servir de
fundamento da pretensão jurídica e de base para a formação do convencimento do magistrado. A
atividade probatória é parte integrante do processo, consistindo na demonstração, pela parte, da
veracidade das alegações a ele trazidas.

O ônus da prova consiste na responsabilidade atribuída à parte de ratificar suas alegações.


Estabelece o Código de Processo Civil que compete ao autor a prova dos fatos constitutivos do
direito que afirma possuir, cabendo a ré provar a existência de fatos impeditivos, extintivos ou
modificativos do direito do autor.

Atento a tal circunstância, o Código de Defesa do Consumidor, que apresenta como uma
de suas razões de ser a vulnerabilidade do consumidor e sua posição de desvantagem técnica e
jurídica em face do fornecedor instituiu como direito básico daquele a facilitação da defesa dos
seus interesses, inclusive com a possibilidade de inversão do ônus da prova a seu favor quando
verossímil a alegação ou for ele hipossuficiente.

A Demandante é hipossuficiente na relação ora discutida levando-se em consideração


que não consegue comprovar a ausência de valor creditado na conta da distribuidora Ré pela
instituição Requerida, tratando-se de fato negativo.

Portanto, não restam dúvidas quanto a hipossuficiência da Autora, de modo que requerer
a inversão do ônus da prova.

Av. Augusto de Lima, nº 407, Lourdes, Belo Horizonte / MG – CEP 30190-000


E-mail: mansurmoreirafreire.adv@gmail.com
Telefone: (31) 3451-4876 8
3.4. Da incidência dos Juros e Correção Monetária

Fundamentando-se no entendimento jurisprudencial do STJ (Superior Tribunal de


Justiça), Súmula 43 e 54 do STJ, a Autora requer ao juízo que aplique a correção monetária bem
como os juros pelo descumprimento a partir da data do evento danoso; isso para a melhor defesa
dos interesses jurídicos da Requerente.

III – DA TUTELA PROVISORIA DE URGENCIA ANTECIPADA

A Constituição Federal, em seu artigo 5º, XXXV, assegura o livre acesso ao Poder
Judiciário para a apreciação de lesão ou ameaça a direito, sendo que não se pode deixar de
concordar que, de nada vale a tutela jurisdicional tardia, quando o direito já foi violado, motivo
pelo qual, nosso ordenamento positivado apresenta possibilidades de cognição sumária, pois, com
isso, procura-se não apenas garantir o acesso à Justiça, mas também o acesso à efetiva Justiça, hábil
a garantir os direitos dos jurisdicionados.

O Enunciado nº 26 do FONAJE surge como base capaz de garantir a efetividade da


prestação jurisdicional em caráter antecipado, assim como os arts. 83 e 84, § 3º do CDC e art. 300 e
seguintes do Código de Processo Civil.

Nos moldes do CPC, para que seja possível a concessão da tutela de urgência, faz- se
necessária a existência de alguns requisitos, quais sejam, a verossimilhança das alegações (fumus
boni iuris e o periculum in mora). Tais requisitos encontram-se presentes in casu, de modo que a
concessão da tutela provisória se mostra urgente e imprescindível.

Uma vez que a Demandante comprova ao longo de suas alegações que há base legal que
fundamente a pretensão, resta caracterizado, pois, o fumus boni iuris.

Os áudios e os fatos elencados já demonstram a gravidade do ocorrido, sendo as


filmagens necessárias, pelo mecanismo de inversão do ônus da prova, necessárias para maior
demonstre da veemência das ofensas.

Assim sendo, mais do que indícios da existência do direito, tem-se que o mesmo é claro e
evidente, o que satisfaz inequivocamente o requisito do fumus boni iuris.

Av. Augusto de Lima, nº 407, Lourdes, Belo Horizonte / MG – CEP 30190-000


E-mail: mansurmoreirafreire.adv@gmail.com
Telefone: (31) 3451-4876 9
O periculum in mora, que como dito, representa o “perigo na demora” da prestação
jurisdicional, também se mostra cabalmente demonstrado no presente caso.

Não se sabe por quanto tempo a distribuidora Requerida armazena as filmagens de seu
sistema de segurança, de forma que existe o risco iminente de as imagens em questão ser
apagadas.

Assim, também demonstrado que o requisito do periculum in mora se encontra presente in


casu.

Com efeito, estão preenchidos os requisitos autorizadores da concessão dos efeitos da


antecipação da tutela, nos termos do Art. 300 do CPC. O somatório das asserções retro baliza a
concessão da medida, porque se não concedida trará lesão grave ao direito do Autor.

Portanto, é plausível, e mais, imprescindível, que seja concedido o pedido de tutela


provisória, para que a distribuidora Requerida, na inversão do ônus da prova, traga aos autos as
filmagens do dia 18/10/2022, tendo em vista a situação de hipossuficiência probatória da
Requerente.

IV - DOS PEDIDOS

Diante do exposto, requer a Autora:

a) Em sede de tutela de urgência, a determinação de que a distribuidora Ré aduza aos autos


as filmagens do dia 18/10/2022, consoantes ao disposto na legislação consumerista no
tocante à inversão do ônus da prova, sob pena de estipulação de multa;

b) A citação do Réu para que, caso queira, compareça a audiência de conciliação a ser
designada e apresente defesa no prazo legal, sob pena de incorrer nos efeitos da revelia e
serem considerados verdadeiros os fatos articulados nesta exordial;

c) Seja ao final proferida sentença para condenar as Rés ao pagamento de indenização por
DANOS MORAIS no montante de R$ 25.000,00 (vinte e cinco mil reais), com incidência
de juros e correção monetária na forma indicada no item “2.4. Da incidência dos Juros e
Correção Monetária”;

d) A concessão dos benefícios da justiça gratuita, de acordo com o art. 98 e ss do CPC, por
ser pobre no sentido legal e não poder arcar com as custas processuais sem prejuízo da
própria subsistência e de sua família;

Av. Augusto de Lima, nº 407, Lourdes, Belo Horizonte / MG – CEP 30190-000


E-mail: mansurmoreirafreire.adv@gmail.com
Telefone: (31) 3451-4876 10
e) A aplicação do Código de Defesa do Consumidor, em razão de o caso narrado nos autos
possuir natureza de relação consumerista, sendo determinada, inclusive, a inversão do
ônus da prova, nos moldes do art. 6º, III do CDC;

f) Informa o Requerente pelo interesse na composição amigável do feito;

g) Caso esse MM. Juízo entenda pela necessidade de dilação probatória, protesta provar o
alegado através de todas as provas em direito admitidas, nos moldes do art. 369 do CPC,
em especial a prova pericial, testemunhal, depoimento pessoal das partes, a juntada de
novos documentos.

Dá-se à causa o valor de R$ 25.000,00 (vinte e cinco mil reais).

Por fim, requer, nos termos do artigo 272, §2º do Código de Processo Civil, que todas as
publicações sejam feitas em nome de GABRIEL ALVES MANSUR, inscrito na OAB/MG sob o nº
146.901, GUILHERME HENRIQUE MOREIRA inscrito na OAB/MG sob o nº 166.856 e JOSÉ
REINALDO FREIRE JÚNIOR, inscrito na OAB/MG sob o nº. 164.251, todos com endereço
profissional à Avenida Augusto de Lima, nº 407, sala 810, Lourdes, Belo Horizonte/MG.

Termos em que aguarda deferimento.

Belo Horizonte, 28 de outubro de 2022.

GABRIEL ALVES MANSUR GUILHERME HENRIQUE MOREIRA


OAB/MG 146.901 OAB/MG 166.856

JOSÉ REINALDO FREIRE JÚNIOR


OAB/MG 164.2

Av. Augusto de Lima, nº 407, Lourdes, Belo Horizonte / MG – CEP 30190-000


E-mail: mansurmoreirafreire.adv@gmail.com
Telefone: (31) 3451-4876 11

Você também pode gostar