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Cálculo e

Instrumentos
Financeiros II

Licenciatura em Gestão
de Empresas
TEORIA DACARTEIRA E MODELOS
DE EQUILÍBRIO
- 2ºano -
Investimentos e Mercados Financeiros

❑ Bibliografia de base

▪ PIRES, Cesaltina, "Mercados e Investimentos Financeiros", 3ª edição,


Escolar Editora, 2011 (Capítulos 3 ao 9)

▪ PINHO, Carlos e Isabel Soares, “Finanças – Mercados e


Instrumentos”, 2ª edição, Edições Sílabo, 2008 (Capítulos 1 ao 5)

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Sumário

1. A Teoria da Gestão de Carteiras de Ativos Financeiros

2. Modelos de Avaliação de Ativos Financeiros em Equilíbrio

3. A Avaliação do Desempenho na Gestão de Carteiras de Ativos


Financeiros

4. A Eficiência dos Mercados de Capitais

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1. Teoria da Gestão de Carteiras Ativos Financeiros

❑ Um investidor racional procura maximizar a rentabilidade das


suas aplicações e simultaneamente minimizar o risco das
mesmas

Valor esperado da distribuição de probabilidades da taxa


RENDIMENTO
de rentabilidade de um AF ou carteira de AF
Incerteza (medida pelo desvio-padrão) associada à taxa
RISCO
de rentabilidade de um AF ou carteira de AF

60
18%
Small-Company Stocks
16%
40

Annual Return Average


14%

20 12% Large-Company Stocks


10%
0
8%
-20
6%
Common Stocks
Long T-Bonds
T-Bonds
-40 4%
T-Bills T-Bills
2%
-60 26 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 90 95 2000
0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35%
Annual Return Standard Deviation

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1. Teoria da Gestão de Carteiras Ativos Financeiros

❑ Taxa de Rentabilidade (ex-post)

Pt − Pt −1 + Dt
ri,t = Discreta
Pt −1
1 Período
 Pi,t + Di,t 
ri,t = ln   Contínua
 P
 i,t −1 

1 T
ri =   ri,t Aritmética
T i=1
Média
( )(
rGi = T 1 + r1,i 1 + r2,i ) (1 + r ) − 1
T ,i
Geométrica

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1. Teoria da Gestão de Carteiras Ativos Financeiros

❑ Risco (ex-post)

( )
T
1
  ri,t − ri
2
Variância  = 2

T − 1 i=1
i

Desvio-
( )
T
1
  ri,t − ri
2
i =
Padrão T − 1 i=1
❑ Exemplo

Taxa de 45
Cotação Dividendo ri = = 15%
Ano rentabilidade 3
(Pi,t) (Di,t)
(ri,t)
2008 10 - - rGi = 3 (1 + 0,3)(1 − 0,225)(1 + 0,375) − 1 = 11,5%
2009 12 1 30,0%

(0,3 − 0,15) + ( −0,225 − 0,15) + (0,375 − 0,15)


2 2 2
2010 8 1,3 -22,5%
2i =
2011 10 1 37,5% 3−1

Soma 45,0% i = 0,106875 = 32,69%

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1. Teoria da Gestão de Carteiras Ativos Financeiros

❑ Taxa de Rentabilidade Esperada e Risco (ex-ante)

▪ No momento da decisão de investimento (momento t-1), a determinação da


taxa de rentabilidade de um ativo financeiro requer a formação de
expetativas sobre a remuneração a obter no período e sobre o valor do ativo
no fim do período

▪ Desta forma, ex-ante, a taxa de rentabilidade que um ativo financeiro gera


durante o horizonte temporal de investimento é uma variável aleatória,
assumindo distintos valores aos quais associados determinadas
probabilidades
Cenário j Taxa de rentabilidade (ri,j) Probabilidade (pj)

1 ri,1 p1

2 ri,2 p2

… … …

N ri,N pN

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1. Teoria da Gestão de Carteiras Ativos Financeiros

❑ Taxa de Rentabilidade Esperada e Risco (ex-ante)

▪ Taxa de Rentabilidade Esperada


S
E ( ri ) =  pj  ri,j
j=1

▪ Variância e Desvio-Padrão

( )
S
 =  pj  ri,j − E ( ri )
2
2
i
j=1

p (r )
S
− E ( ri )
2
i = j i,j
j=1

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1. Teoria da Gestão de Carteiras Ativos Financeiros

❑ Taxa de Rentabilidade Esperada e Risco (ex-ante)

▪ Exemplo

Condições Taxa de
Probabilidade
do Mercado rentabilidade
Más -10% 20%

Normais 10% 40%

Boas 20% 40%

E ( ri ) = −0,10  0,2 + 0,10  0,4 + 0,20  0,4 = 0,10 = 10%

2i = ( −0,10 − 0,10 )  0,2 + (0,10 − 0,10 )  0,4 + (0,20 − 0,10 )  0,4 = 0,012
2 2 2

i = 0,012 = 0,1095 = 10,95%

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1. Teoria da Gestão de Carteiras Ativos Financeiros

❑ Carteira de Títulos

▪ Um investidor racional, ao procurar maximizar a rentabilidade e


minimizar o risco, enfrenta um problema de escolha da combinação
de ativos financeiros (ou carteira) que melhor se adapte aos seus
objetivos

▪ Assim, o investidor terá que identificar os ativos financeiros em que


deve investir, bem como as proporções do investimento total a
aplicar em cada ativo

▪ Teoria da gestão de carteiras ativos financeiros introduzida por Harry


Markowitz (1952).

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1. Teoria da Gestão de Carteiras Ativos Financeiros

❑ Carteira de Títulos

▪ Taxa de rentabilidade esperada


n n
E ( rP ) =  w i  E ( ri ) w i
=1
i=1 i=1

▪ Risco
n n n
 =  w i w ji,j =  w 2i 2i + 2   w i w ji,j
2
P
i=1 j=1 i=1 i j

n n n
P =  w i w ji,j =
i=1 j=1
 i i + 2   w i w ji,j
w 2 2

i=1 i j

( )( ( ))
S
Covariância i,j =  pm  ri,m − E ( ri )  rj,m − E rj
m =1

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1. Teoria da Gestão de Carteiras Ativos Financeiros

❑ Carteira de Títulos

▪ Coeficiente de correlação linear

i,j
i,j =  i,j = i,j  i   j
i   j

• Propriedades do coeficiente de correlação linear:

• Entre –1 e 1;

• Se igual a zero indica ausência de correlação;

• Se igual a 1 indica correlação positiva perfeita (linha recta ascendente);

• Se igual a -1 indica correlação negativa perfeita (linha recta descendente).

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1. Teoria da Gestão de Carteiras Ativos Financeiros

❑ Carteira de Títulos

▪ Coeficiente de correlação linear

Correlação Positiva Correlação Negativa

Ausência de Correlação

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1. Teoria da Gestão de Carteiras Ativos Financeiros

❑ Carteira de Títulos

▪ O risco de uma carteira é função do risco individual dos ativos


financeiros (medido pelo variância) que a compõem e da correlação
entre as taxas de rentabilidade dos ativos que integram a carteira

n
 =  w 2i 2i + 2   w i w ji,ji  j
2
P
i=1 i j
0 0 ou <0 ou =0
dependendo do i ,j

Conclusão: O risco de uma carteira será


tanto menor quanto mais baixa
for a correlação entre as taxas
de rentabilidade dos ativos que
integram a carteira

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1. Teoria da Gestão de Carteiras Ativos Financeiros

❑ Diversificação

▪ Exemplo

Taxa de Taxa de
Condições
Probabilidade rentabilidade rentabilidade
do Mercado
do Ativo A do Ativo B
Más 1/3 15% 1%

Normais 1/3 9% 10%

Boas 1/3 3% 19%

▪ Qual a taxa de rentabilidade esperada para cada ativo?

▪ Qual a variância esperada para cada ativo?

▪ Qual a covariância entre as taxas de rentabilidade dos ativos A e B?

▪ Qual o coeficiente de correlação entre as taxas de rentabilidade dos ativos A e B?

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1. Teoria da Gestão de Carteiras Ativos Financeiros

❑ Diversificação

▪ Exemplo

Ativo A Ativo B

Taxa de rentabilidade Esperada 9% 10%

Variância 0,24% 0,54%

Risco(Desvio-padrão) 4,899% 7,348%

Covariância -0,36%

Coeficiente de correlação linear -1

▪ Qual a taxa de rentabilidade esperada e o risco de uma carteira constituída

pelo ativo A (60%) e pelo ativo B (40%)? Carteira


de risco
( )
E R p = 0,6  0,09 + 0,4  0,1 = 0,094 = 9,4%
nulo?!

EFEITO
2p = 0,62  0,0024 + 0,42  0,0054 + 2  0,6  0,4  ( −0,0036 ) = 0 DIVERSIFICAÇÃO

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1. Teoria da Gestão de Carteiras Ativos Financeiros

❑ Diversificação

▪ E se a composição da carteira fosse diferente?


Composição Carteira
Activo A Activo B Rentabilidade Risco
0% 100% 10,00% 7,348%
10% 90% 9,90% 6,124%
20% 80% 9,80% 4,899%
30% 70% 9,70% 3,674% Carteiras
40% 60% 9,60% 2,449% eficientes
50% 50% 9,50% 1,225%
60% 40% 9,40% 0,000%
70% 30% 9,30% 1,225%
80% 20% 9,20% 2,449% Carteiras não
90% 10% 9,10% 3,674% eficientes
100% 0% 9,00% 4,899%

▪ Carteira Eficiente
Para um dado nível de rentabilidade esperada minimiza o risco ou para
uma dado nível de risco maximiza a rentabilidade esperada (dominância
estocática)
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1. Teoria da Gestão de Carteiras Ativos Financeiros

❑ Diversificação

▪ Graficamente:

10.2%
100% - B
0% - A
10.0%

Fronteira Eficiente
Rentabilidade Esperada

9.8%
de Markowitz
60% - A Conjunto de carteiras
9.6%
40% - B eficientes pertencente
ao conjunto de
9.4% possibilidades de
investimento
9.2%
100% - A
9.0% 0% - B

8.8%
0% 1% 2% 3% 4% 5% 6% 7% 8%
Risco

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1. Teoria da Gestão de Carteiras Ativos Financeiros

❑ Diversificação

▪ E se o coeficiente de correlação linear fosse diferente?

Carteira
Composição
Rentab. Risco
Activo A Activo B Esperada =-1 =0 =1
0% 100% 10,00% 7,348% 7,348% 7,348%
10% 90% 9,90% 6,124% 6,632% 7,104%
20% 80% 9,80% 4,899% 5,960% 6,859%
30% 70% 9,70% 3,674% 5,350% 6,614%
40% 60% 9,60% 2,449% 4,825% 6,369%
50% 50% 9,50% 1,225% 4,416% 6,124%
60% 40% 9,40% 0,000% 4,157% 5,879%
70% 30% 9,30% 1,225% 4,077% 5,634%
80% 20% 9,20% 2,449% 4,186% 5,389%
90% 10% 9,10% 3,674% 4,470% 5,144%
100% 0% 9,00% 4,899% 4,899% 4,899%

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1. Teoria da Gestão de Carteiras Ativos Financeiros

❑ Diversificação

▪ Graficamente:

10.2%
100% - B
0% - A
10.0%
Rentabilidade Esperada

9.8%

9.6%

9.4%

9.2%
100% - A
9.0% 0% - B

8.8%
0% 1% 2% 3% 4% 5% 6% 7% 8%

Risco
 = −1 =0 =1

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1. Teoria da Gestão de Carteiras Ativos Financeiros

❑ Diversificação

▪ Conclusão:

• Efeito diversificação depende do coeficiente de correlação entre as taxas


de rentabilidade dos ativos que compõem a carteira

• Quanto mais baixo o valor de  maior o efeito diversificação

• Se  = 1, não é possível reduzir o risco através da diversificação

• Se  = -1, é possível eliminar totalmente o risco através da diversificação

▪ Como determinar a composição de uma carteira de risco mínimo


(2 ativos)?
2B −  A ,B
w =
*
w B* = 1 − w *A
2A + 2B − 2 A ,B
A

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1. Teoria da Gestão de Carteiras Ativos Financeiros

❑ Diversificação

▪ E se a carteira for constituída por N ativos?

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1. Teoria da Gestão de Carteiras Ativos Financeiros

❑ Diversificação

▪ Demonstra-se igualmente que à medida que o número de títulos


aumenta o risco total da carteira diminui até determinado nível:


Risco Diversificável
Risco Não Sistemático
Risco Específico
Risco Único

Risco da Carteira

Risco Não Diversificável


Risco Sistemático
Risco de Mercado

Número de ativos

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1. Teoria da Gestão de Carteiras Ativos Financeiros

❑ Diversificação

▪ Podemos então dividir o risco total de um ativo financeiro em duas


componentes:

• Risco Específico

Esta componente de risco resulta de fatores que afetam apenas o


comportamento do ativo em análise (ou de um conjunto limitado de ativos) e
nunca a totalidade dos ativos transacionados no mercado, como sejam o risco da
empresa, risco do setor, etc

• Risco de Mercado

Esta componente de risco total decorre de fatores que afetam o comportamento de


todos os ativos do mercado (mas, não necessariamente na mesma magnitude), como
sejam, por exemplo, os ciclos económicos, o nível de taxas de juro, o preço de
matérias primas importantes

▪ O risco específico de cada ativo poderá ser totalmente eliminado


mediante a constituição de um carteira eficientemente diversificada

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1. Teoria da Gestão de Carteiras Ativos Financeiros

❑ Expansão da Fronteira Eficiente (Modelo de Tobin)

▪ Considere-se a hipótese de um investidor poder investir parte da sua


riqueza num ativo isento de risco (ativo cuja taxa de rentabilidade é
certa – títulos de dívida pública de um país com rating AAA) e
solicitar financiamentos àquela mesma taxa

▪ Dado que a taxa de rentabilidade do ativo isento de risco (rf ) é certa


então pode-se concluir que o seu desvio-padrão será nulo (f = 0) e
que a covariância entre as taxas de rentabilidade do ativo isento de
risco e qualquer outro ativo é também nula (i,f = 0)

Copyright © José Neto 2013 25


1. Teoria da Gestão de Carteiras Ativos Financeiros

❑ Expansão da Fronteira Eficiente (Modelo de Tobin)

▪ A taxa de rentabilidade esperada e o risco de uma carteira (P) que


combine uma carteira de ativos com risco (C) com o ativo isento de
risco (F) são dados por:

E ( rP ) = (1 − w C )  rf + w cE ( rC ) = rf + w c  E ( rC ) − rf  (1)

 = (1 − w C )  2f + w C2  C2 + 2  w C  (1 − w C )  C,f = w C2  C2


2
2
P
=0 =0

P
 P = w C  C  wC = (2)
C
▪ Substituido (2) em (1) obtém-se:
A relação entre a
E ( rC ) − rf rentabilidade esperada
E ( rP ) = rf + P e o risco passa a ser
C linear

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1. Teoria da Gestão de Carteiras Ativos Financeiros

❑ Expansão da Fronteira Eficiente (Modelo de Tobin)


Fronteira Eficiente
16

Fronteira
100% eficiente global
Retorno Esperado (%)

Activos com
15
Risco
100% Carteira de Fronteira
Activos sem Tangência eficiente de
14
Risco Markowitz

13

Rf Empréstimo

12

Aplicação
11

10
16 18 20 22 24 26
Risco (Desvio Padrão) (%)

Um investidor racional seleccionará uma carteira situada sobre a fronteira


CONCLUSÃO eficiente global, resultando essa carteira de uma combinação entre a
carteira de tangência e o ativo sem risco – Teorema da separação

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1. Teoria da Gestão de Carteiras Ativos Financeiros

❑ Comportamento de um Investidor Face ao Risco

▪ Um jogo justo é aquele em que o valor esperado do jogo é


exatamente igual ao custo inerente à participação no jogo

Investimento A Investimento B

Resultado Probabilidade Resultado Probabilidade

10 1/2 5 1

0 1/2

Investidor avesso ao O comportamento de aversão ao risco leva à rejeição do jogo


risco pelo que temos U(5) - U(0) > U(10) – U(5)

Investidor neutro O comportamento de neutralidade face ao risco leva à seguinte


face ao risco igualdade U(5) - U(0) = U(10) – U(5)

Investidor amante Um agente que seja amante do risco prefere o jogo pelo que
do risco temos a seguinte desigualdade U(5) - U(0) < U(10) – U(5)

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1. Teoria da Gestão de Carteiras Ativos Financeiros

❑ Comportamento de um Investidor Face ao Risco

▪ No plano Riqueza (W) / Utilidade (U) teremos:

U(W)

Avesso ao risco
Neutral face ao risco
Amante do risco

▪ Comportamento face ao risco depende da curvatura da função de


utilidade esperada

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1. Teoria da Gestão de Carteiras Ativos Financeiros

❑ Comportamento de um Investidor Face ao Risco

▪ No plano Risco () / Rentabilidade Esperada [E(r)]:

Comportamento típico
Investidor dos investidores
avesso ao
risco
E(r)

Investidor
neutral face ao
risco

Investidor
propenso ao
risco


▪ Comportamento face ao risco depende da curvatura da função de
utilidade esperada

Copyright © José Neto 2013 30


1. Teoria da Gestão de Carteiras Ativos Financeiros

❑ Comportamento de um Investidor Face ao Risco

▪ A aversão absoluta face ao risco pode ser:


• Decrescente – Se o investidor aumenta o montante investido em ativos
com risco quando a riqueza aumenta
• Constante – Se o investidor mantém o montante investido em ativos com
risco quando a riqueza aumenta
• Crescente – Se o investidor diminui o montante investido em ativos com
risco quando a riqueza aumenta

▪ A aversão relativa face ao risco pode ser:


• Decrescente – Se a percentagem investida em ativos com risco aumenta
quando a riqueza aumenta
• Constante – Se a percentagem investida em ativos com risco se mantém
constante quando a riqueza aumenta
• Crescente – Se a percentagem investida em ativos com risco diminui
quando a riqueza aumenta

Copyright © José Neto 2013 31


1. Teoria da Gestão de Carteiras Ativos Financeiros

❑ Escolha da Carteira Óptima

▪ Carteira Óptima: é a carteira que dadas as condições do mercado e


as preferências do investidor quanto ao risco maximiza o seu nível
de satisfação (maximiza a sua utilidade)

Fronteira
Eficiente Global
E(r)
Carteira de
Tangência
Fronteira
Eficiente de
E(rC) Markowitz

Carteira Óptima
do I1 – menor
rf aversão ao risco
Carteira Óptima
do I2 – maior
aversão ao risco
C 

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2. Modelos de Avaliação de Ativos Financeiros em Equilíbrio

❑ Capital Asset Pricing Model (CAPM)

▪ Desenvolvido de forma independente por Sharpe, Lintner e Mossin

Markowitz vs CAPM
▪ Até agora analisou-se o problema da escolha de uma carteira
sabendo a sua rentabilidade esperada, risco e covariâncias

▪ Mas, como em particular as rentabilidades esperadas não são fáceis


de estimar o ideal seria ter um modelo que nos indicasse quais as
rentabilidades que devemos esperar

▪ O CAPM é um modelo dito de equilíbrio que explica a relação entre


as rentabilidades e as covariâncias num dado mercado

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2. Modelos de Avaliação de Ativos Financeiros em Equilíbrio

❑ Capital Asset Pricing Model (CAPM)


▪ Pressupostos do CAPM
1) Não existem custos de transação
2) Todos os ativos de uma economia são transacionáveis e infinitamente
divisíveis
3) Não existem impostos sobre o rendimento
4) Nenhum indivíduo tem a capacidade de influenciar o preço de qualquer
activo (concorrência perfeita)
5) Todas as decisões são tomadas com base nas rentabilidades esperadas e
variâncias. Implicações:
• As rentabilidades seguem uma distribuição normal
• Os investidores tem funções de utilidade quadráticas
6) Não existem restrições ao short-selling
7) É possível emprestar e pedir emprestado à taxa de juro isenta de risco
8) Os investidores têm expetativas homogéneas:
• Todos os investidores definem o período relevante de investimento de forma igual
• Todos os investidores têm expetativas idênticas, nomeadamente quanto às
rentabilidades esperadas, variâncias e covariâncias.

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2. Modelos de Avaliação de Ativos Financeiros em Equilíbrio

❑ Capital Asset Pricing Model (CAPM)

▪ Linha de Mercado de Capitais (Capital Market Line - CML)

• O pressuposto da homogeneidade das expetativas conduz que todos os


investidores possuam a mesma carteira de ativos com risco que, em
equilíbrio, será a carteira de mercado

• A carteira de mercado corresponde a uma réplica do mercado de ativos


com risco, incluindo todos os ativos com risco, sendo o peso de cada ativo
na carteira dado pelo valor de mercado desse ativo em relação ao valor de
mercado de todos os ativos com risco

• Assim, dados os pressupostos do CAPM, todos os investidores deterão


apenas a carteira de mercado e o ativo isento de risco

• Linha de Mercado de Capitais - o conjunto das carteiras eficientes, ou seja,


das combinações entre o ativo isento de risco e a carteira de mercado

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2. Modelos de Avaliação de Ativos Financeiros em Equilíbrio

❑ Capital Asset Pricing Model (CAPM)

▪ Linha de Mercado de Capitais (Capital Market Line - CML)

Linha de Mercado E ( rM ) − rf
E(rP)
de Capitais E CML
(r ) = r +
P f
M
P

Carteira de
Mercado

Fronteira Eficiente
Rentabilidade
de Markowitz Esperada de uma
E(rM)
carteira Eficiente

rf

M 

Rentabilidade Esperada = Preço do Tempo + Preço do Risco * Quantidade de risco

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2. Modelos de Avaliação de Ativos Financeiros em Equilíbrio

❑ Capital Asset Pricing Model (CAPM)

▪ Linha de Mercado de Títulos (Security Market Line - SML)

• A CML relaciona a rentabilidade esperada e o risco de carteiras eficientes

• A SML permite calcular a rentabilidade espera de equilíbrio de um ativo em


função do seu nível de risco de mercado, no caso de esse ativo incorporar
uma carteira completamente diversificada

• Como já vimos, à medida que o n.º de ativos numa carteira, o risco não
sistemático vai-se progressivamente reduzindo, tendendo no limite para
zero, pelo que, o risco relevante para análise do equilíbrio de mercado é o
risco sistemático

• Numa carteira bem diversificada o coeficiente beta é uma boa medida do


risco sistemático de um ativo

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2. Modelos de Avaliação de Ativos Financeiros em Equilíbrio

❑ Capital Asset Pricing Model (CAPM)

▪ Linha de Mercado de Títulos (Security Market Line - SML)

• Coeficiente Beta

Cov ( ri ,rM ) i,M


bi = =
Var ( rM ) 2M

Medida de sensibilidade da taxa de rentabilidade de um ativo a variações


na taxa de rentabilidade da carteira de mercado

O Ativo evidencia um nível de risco sistemático idêntico à


b= 1
média do mercado
O Ativo evidencia um nível de risco sistemático superior à
b> 1
média do mercado
O Ativo evidencia um nível de risco sistemático inferior à
b< 1
média do mercado

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2. Modelos de Avaliação de Ativos Financeiros em Equilíbrio

❑ Capital Asset Pricing Model (CAPM)

▪ Linha de Mercado de Títulos (Security Market Line - SML)

Linha de Mercado
Títulos
ESML ( ri ) = rf + E ( rM ) − rf  bi
E(ri)
Carteira de
Mercado
Rentabilidade
Esperada de
E(rM) Equilíbrio de um Ativo

Rentabilidade Taxa Prémio de Beta


rf esperada do = isenta + risco de x do
ativo de risco mercado ativo

1 bi

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2. Modelos de Avaliação de Ativos Financeiros em Equilíbrio

❑ Capital Asset Pricing Model (CAPM)

▪ Linha de Mercado de Títulos (Security Market Line - SML)

• Beta do ativo isento de risco é zero

• Beta da carteira de mercado é um

• Beta de uma carteira de ativos é a média ponderada dos betas dos ativos
individuais que compõem a carteira

n
bP =  w j b j
j=1

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2. Modelos de Avaliação de Ativos Financeiros em Equilíbrio

❑ Capital Asset Pricing Model (CAPM)

▪ Estimação do Beta e da Rentabilidade Esperada de Equilíbrio

Dat a SA P P LE SS P 500 rA P P LE rS P 500 Covariância (RAPPLE, RSP500) 0,00208


Dez-08 84,6 903,3 Variância (RAPPLE) 0,00508
Jan-09 89,34 825,9 5,452% -8,955% Variância (RSP500) 0,00246
Fev-09 88,52 735,1 -0,922% -11,646% Beta 0,846
Mar-09 104,2 797,9 16,299% 8,195%
Abr-09 124,7 872,8 17,986% 8,977%
R̂ APPLE = 0,030 + 0,846  R SP500
Mai-09 134,6 919,1 7,631% 5,172%
…. …. …. …. ….
Nov-12 585,3 1416 -1,245% 0,284%
Dez-12 532,2 1426 -9,513% 0,704%

Taxa de juro isenta de risco 3%


Prémio de risco de mercado 6%
Beta 0,846
Taxa de rentabilidade esperada 8,076%

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2. Modelos de Avaliação de Ativos Financeiros em Equilíbrio

❑ Capital Asset Pricing Model (CAPM)

▪ Decomposição do risco total

ri =  + bi  rM +  i
Modelo de Mercado
2i = b2i 2M + 2
i
Risco Risco Risco
Total Mercado Específico

Exemplo: Apple

Em termos Em termos
absolutos relativos
Risco Mercado 0,00176 34,7%
Risco Específico 0,00332 65,3%
Risco total 0,00508 100,0%

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2. Modelos de Avaliação de Ativos Financeiros em Equilíbrio

❑ Capital Asset Pricing Model (CAPM)

▪ O Equilíbrio de Mercado
Rentab.
Ativo Beta
Esperada
A 10 1,0
B 12 1,4
C 11 1,2
D 12 1,2
E 10 1,2

• O ativo D tem um retorno esperado superior ao retorno esperado de


equilíbrio (ativo subavaliado) → Comprar
• O ativo E tem um retorno esperado inferior ao retorno esperado de
equilíbrio (ativo sobreavaliado) → Vender
• Os ativos A, B e C estão em equilíbrio
• Estratégia de Arbitragem: Comprar D e vender E (carteira de beta nulo)

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2. Modelos de Avaliação de Ativos Financeiros em Equilíbrio

❑ Capital Asset Pricing Model (CAPM)

▪ Aplicações do CAPM

• Cálculo das taxas de rentabilidade esperadas de ativos e carteiras

• Taxa de desconto para remuneração dos accionistas

[Aplicação a avaliação de acções]

• Avaliação de desempenho na gestão de carteiras de ativos financeiros

▪ Evidência empírica do CAPM

• Estudos dos anos de 1970 suportam a evidência empírica do CAPM

• Estudos dos anos 1980 e 1990 identificaram algumas anomalias:


• Efeito Book-to-Market (As acções com B/M mais elevado apresentam rentabilidade
mais elevada)

• Efeito Dimensão (As acções com menor capitalização bolsista apresentam


rentabilidade mais elevada)

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2. Modelos Alternativos

❑ Alternativas para quantificar a rentabilidade esperada

▪ The Arbitrage Pricing Theory (APT)

▪ Modelos de 3 fatores de Fama e French

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3. Avaliação do Desempenho na Gestão de Carteiras

❑ Avaliar a performance da gestão de uma carteira considerando a rentabilidade


obtida ajustada pelo risco

Medida Descrição Fórmula


▪ Indicado para avaliar o desempenho
Rácio de num contexto de pouca diversificação R P − rf
SR P =
Sharpe ▪ Medida de rentabilidade em excesso P
face ao nível de risco total
▪ Indicado para avaliar o desempenho
Rácio de num contexto de eficiente diversificação R P − rf
Treynor ▪ Baseia-se no CAPM TP =
▪ Medida de rentabilidade em excesso bP
face ao nível de risco sistemático
▪ Indicado para avaliar o desempenho
num contexto de eficiente diversificação
Alfa de
Jensen
▪ Baseia-se no CAPM
▪ Medida do diferencial de rentabilidade  ( )
 P =R P − rf + E ( rm ) − rf bP 

efetiva face à rentabilidade esperada

▪ Carteiras com medidas de performance mais elevadas → Melhor Performance


▪ Conclusões do Rácio de Sharpe podem ser diferentes do Alfa de Jensen e do
Rácio de Treynor
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3. Avaliação do Desempenho na Gestão de Carteiras

❑ Problemas na avaliação do desempenho da gestão de carteiras

▪ Pressupostos pouco realistas


• Muitas medidas de performance consideram que se pode pedir emprestado
e emprestar à taxa de juro isenta de risco. Na realidade as taxas de juro
ativas e passivas são diferentes
• Gestão ativa de carteiras leva a oscilações frequentes no nível de risco e
rentabilidade, mas a maioria das medidas de performance medem a
rentabilidade e o risco em termos estáticos

▪ Restrições aos investimentos


• Legais – limites às aplicações de fundos
• Regulamentares – limites aos tipos de investimento ou aos produtos
financeiros a incorporar nas carteiras
• Técnicas – limitações tecnológicas para avaliação e controlo de alguns
produtos

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4. A Eficiência dos Mercados de Capitais

❑ A Hipótese de Mercados Eficientes (EMH)

▪ Os preços dos ativos financeiros refletem completamente toda a


informação disponível no mercado

❑ Diferentes formas de eficiência:


Forma Descrição
▪ Fala-se de eficiência forte quando os preços refletem não só a
informação disponível ao público, mas sim TODA a informação que
Forte poderia ser adquirida através de uma análise fundamental da empresa
incluindo todo o tipo de Inside Information
▪ Facilmente se aceita que será muito difícil verificar-se na prática
▪ Os preços presentes dos ativos financeiros refletem toda a informação
Fraca passada relativa aos preços e à rentabilidade dos ativos
▪ Não existe fundamento para a análise técnica
▪ Para além da informação histórica considera-se que os preços refletem
ainda toda a informação publicada que é relevante para a formação de
Semi-forte expetativas sobre os valores futuros dos preços ou das taxas de
renatbilidade
▪ Apenas os Inside Traders sabem mais do que está refletido nos preços

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4. A Eficiência dos Mercados de Capitais

❑ A EMH e as anomalias de mercado


▪ Estamos perante uma anomalia do mercado quando uma
determinada teoria / modelo não é capaz de explicar um
determinado comportamento do mercado
▪ Exemplos:
• Efeito dimensão
• Efeito Market to Book
• Efeitos de calendário
• Entradas e saídas de índices
• ……
▪ Problema associado à investigação da EMH
• Depende do modelo de equilíbrio que nos permite caracterizar o processo
de formação do preço

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