Modelo - Produto Com Defeito

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EXMA. SRA. DRA.

JUÍZA DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL E CRIMINAL DA


COMARCA DE DELMIRO GOUVEIA/AL

José Carlos de Lima, brasileiro(a), solteiro(a), desempregado(a), inscrito(a) no RG sob n°


22.898.613 SESP/MG e CPF: 035.160.824-96, residente e domiciliado(a) na Travessa
Joenilson da Silva, Nº 42, bairro - Eldorado, Delmiro Gouveia – AL, CEP: 57.480-000.

AÇÃO DE REPARO EM VÍCIO DO PRODUTO C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS


MORAIS. (RITO SUMARÍSSIMO DA LEI 9.099/95).

Em face do BANCO DO BRASIL S.A., inscrita no CNPJ com o nº 00.000.000/0001-91,


endereço na Rua José Bonifácio, 65, Bairro: Centro, Delmiro Gouveia – AL, CEP: 57.480-000 ;
expondo e requerendo, pelos fatos e fundamentos jurídicos infra expostos, o quanto segue

PRELIIMINARMENTE - PEDIDO DE HIPOSSUFICIÊNCIA

Em primeiro plano cabe aquilatar, que o(a) Requerente não detém condições
financeiras suficientes, para arcar com as custas advindas do presente procedimento, sem
afetar a sua subsistência.

Pois, requer-se, desde já o benefício da gratuidade na forma legal ao art. 1.124-


A, do CPC, §3º.

DA AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO VIRTUAL.

Pleiteia-se que a audiência de conciliação no âmbito do rito sumaríssimo seja


realizada por meio de videoconferência, seguindo os moldes do Ato Normativo Conjunto
TJ/AL n.º 07/2020, de 28 de abril de 2020 e Ato Normativo TJ/AL n. º11/2020, de 12 de abril
de 2020, tendo em vista a autorização trazida pela Lei n. º13.994/2020.
1. DO RESUMO FÁTICO.

A demandante fora consumidor da demandada, no tocante a um Ar-


Condicionado, modelo: 9.000 BTUs Samsung AR09HVS BR SMART INVERTER, no valor de R$:
1.715,77 (um mil setecentos quinze reais, setenta e sete centavos), conforme comprovante
em anexo.
Acontece que, após 1 dia de uso, o aparelho apresentou problemas no seu
funcionamento.

Descontente com esta situação entrara em contato com a loja promovida, a fim
de receber o conserto do produto; ou, em caso de haver impossibilidade disto, um produto
compatível e em perfeito estado de funcionamento. Tanto uma situação, quanto outra, não
fora possibilitada pela empresa ré.

Ressalta-se que a promovente vem sofrendo constrangimento constante, ante a


impossibilidade de usufruir de um produto que pagou; bem como no constrangimento de
entrar em contato com o SAC da empresa e sempre ser atendido de uma forma mal educada
por parte dos atendentes, que se negam a resolver o problema.

2. DO ESBOÇO JURÍDICO.
2.1 Da relação de consumo.

Antes de tudo é interessante clarificar que a relação de consumo ascende


quando há fornecedor de produtos e serviços para um consumidor que lhes adquire como
destinatário final. Ocorrendo isto, as garantias insertas no código consumerista hão que
incidir no caso concreto, quando esgotados os seus requisitos. É a disciplina do art. 2º e 3º
do CDC.

No caso em tela fica evidente à relação de consumo, quando o autor, por ser
usuário e destinatário final de um produto, ofertado pela empresa-ré, caracteriza-se como
consumidor; em contrapartida a ré, por se tratar de pessoa jurídica que fornece o precitado
produto no mercado de consumo mediante remuneração, incide na descrição de
fornecedora.

Restando hialino que o caso em tela trata-se de relação de consumo, requer-se,


nesta feita, que todos os benefícios consumeiristas constantes do CDC sejam aplicados ao
caso em tela, inclusive os da facilitação do consumidor em juízo, como o da inversão do ônus
da prova constante do art. 6º, VIII, do referido diploma, visto a verossimilhança das
alegações do autor, para que o réu prove o reparo do produto.

2.2 Do Vício do Produto e da Obrigação de restituir o valor pago.


Já é pacificado o entendimento que na ocorrência da negativa da fornecedora
em providenciar o conserto de produto eivado de defeito (deveras corriqueiro em tempos
atuais), que gere prejuízo no tocante ao acesso de bens duráveis ao mundo moderno
(celular, televisão, computador e etc), em desfavor do consumidor que está quite com suas
obrigações legais (pagar o valor do produto, enviar o mesmo quando estiver com defeito à
assistência técnica autorizada); ocorre o fenômeno da privação aos bens essências ao
mundo moderno. O que oportuniza ao consumidor a escolha: 1) restituição do valor ou 2) do
produto da mesma qualidade, ou, 3) o abatimento proporcional do preço pago, adquirindo-
se outro produto. Não havendo falar-se em excludente de responsabilidade.

Senão vejamos a casuística jurisprudencial:

(...) “Impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes


diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade, com
a indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou
mensagem publicitária, respeitadas as variações decorrentes de sua
natureza, podendo o consumidor exigir a substituição das partes viciadas. §
1º. Não sendo o vício sanado no prazo máximo de trinta dias, pode o
consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha: I - a substituição do
produto por outro da mesma espécie, em perfeitas condições de uso; II - a
restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem
prejuízo de eventuais perdas e danos; III - o abatimento proporcional do
preço.” Assim, se, de um lado, é dever do consumidor oportunizar ao
fornecedor o reparo do produto, esse tem o prazo de 30 dias para fazê-lo,
sob pena de abrir-se ao consumidor a tríplice opção do parágrafo único.”
(TJ-RJ - APELACAO: APL 03671330320088190001, Relator: Horácio dos
Santos Ribeiro Neto, Publicação: 2014, TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO
DO RIO DE JANEIRO DÉCIMA QUINTA CÂMARA CÍVEL.)

Veja. Exa, que no caso em testilha a demandante cumpriu com todas as


obrigações esperadas ao consumidor (pagou o preço outrora, procurou a empresa, quando
constatou o defeito). Negando-se a dar assistência a consertar o produto com defeito.
Restando claro, que o consumidor deu oportunidade ao fornecedor para reparar o produto.

Sendo assim, não há falar-se em excludente de responsabilidade; o que


consequentemente obriga o requerido a abrir a tríplice opção do parágrafo único, do art. 18
do §1º do CDC.

Ressaltando-se, a dificuldade de demonstração probatória do que aqui se traz a


análise, em face de tratar-se de prova negativa de fato, que, por sua vez, obstaculiza indícios
probatórios. Na baliza do NCPC, por se tratar de prova de difícil demonstração por parte do
demandante (e mais fácil o desenlace desse encargo, pelo demandado), impõe-se a
revaloração do ônus probatório, para que se atribua ao promovido demonstrar o reparo do
produto, da forma que lhe obriga a lei consumerista.

Entretanto a corriqueira casuística, similares ao que aqui trata, demonstra a


contumaz ocorrência da inexistência de reparo de produto com vício, na forma preconizada.
O que indicia pela superveniência do que se alega.

Portanto, outra solução não se adequaria à disciplina legal, se não a: a)


redistribuição do ônus da prova para que o promovido demonstre sua desobrigação quanto
a reparação do defeito do produto; b) restituição do valor pago pelo produto (opção do
promovente). É o que, desde já, se requer.

2.3 Dos danos morais e da obrigação de indenizar correspondente.

Quando se estar diante do fenômeno do vício/defeito do produto que não é


consertado por quem lhe incumbe, leva a sensação de desrespeito do consumidor, que se vê
impotente na resolução do seu problema; sendo entendimento pacificado que há a
decorrência do dano moral, cujos desdobramentos dos elementos caracterizadores estão no
próprio fato (dano in re ipsa). Da mesma forma diga-se da privação dos bens duráveis
essenciais ao mundo moderno, também com assento jurisprudencial ressonante.

Anote-se a chancela da jurisprudência que se amolda ao caso em discussão:

Direito do Consumidor. Vício do produto. Danos morais. Apelação


desprovida. 1. A privação do uso de bens duráveis essenciais ao mundo
moderno (televisão, geladeira, máquina de lavar, celular, etc.) causa danos
morais, ultrapassando o mero aborrecimento. 2. Ademais, a inexistência de
reparo importa ainda em desrespeito ao consumidor, impotente, com um
bem que adquiriu e não funciona. 3. Há, portanto, os danos morais, os quais
serão mais ou menos graves, considerando-se o tempo de duração da
ofensa e a maior ou menor essencialidade do produto. 4. Ante este quadro,
a indenização fixada a título de danos morais se revela adequada. 5.
Apelação a que se nega provimento. (TJ-RJ - APELACAO: APL
03671330320088190001, Relator: Horácio dos Santos Ribeiro Neto,
Publicação: 2014, TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
DÉCIMA QUINTA CÂMARA CÍVEL.)

No caso em tela, resta esmiuçado, no tópico supra, a ocorrência do vício/defeito


do produto, e o desrespeito subsequente do fornecedor para com o consumidor, no tocante
a sua negativa em resolver o problema, assim sendo, é imperiosa a conclusão pelo dano
moral, devendo suceder a responsabilização de indenizar correspondente. Conforme
entendimento deveras assentado e pacificado, pela jurisprudência.
Portanto, a condenação da empresa-ré ao pagamento de danos morais, é
medida que se impõe, para fins compensatórios a requerente (e, também, como viés
socioeducativo no geral). É o que se requer.

3. DOS PEDIDOS.

Em face do tudo aquilo com fora trazido à colação para a apreciação de V. Exa.
pede-se:
a) Que seja julgado PROCEDENTE a presente pretensão, no sentido de que este Juízo
CONDENE ao réu: a) a restituição de 1.715,77 (um mil setecentos e quinze reais e setenta e
sete centavos) referente ao valor pago pelo produto, monetariamente corrigido; b) bem
como o pagamento de indenização por danos morais no quantum indenizatório, de
38.204,23 (trinta e oito mil, duzentos e quatro reais, vinte e três centavos) à data da
condenação, de forma corrigida e incidindo-se os juros legais cabíveis a espécie; como forma
de sancionar/compensar a lesão infligida ao autor; em consonância com os arts. 186 e 927
do CC/02.

4. DOS REQUERIMENTOS.

E, em tempo, requer:

a) A expedição do competente mandado de citação da ré, na pessoa de seu representante


legal, para o comparecimento em audiência de conciliação a ser designada; e não o fazendo,
que se estabeleça o instituto da revelia, nos moldes art. 20 da Lei 9099/95;
b) A produção de todo tipo de prova admitido em direito, especialmente pelo depoimento
pessoal das partes, prova documental, testemunhal e pericial;

Dá-se a causa o valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais).

Nestes termos pede e


espera deferimento

Delmiro Gouveia/AL, 24 de maio de 2023.

RENATO DAVID TORRES DE OLIVEIRA


Advogado – OAB/AL n.º 8.025

ROBERTA ASSIS CALIXTO TORRES


Advogada – OAB/AL n° 12.895
SERGIO DAVID TORRES DE OLIVEIRA
Advogado – OAB/AL nº 9.904

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