Direito Processual Penal II - Caso Concreto 3

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DIREITO PROCESSUAL PENAL II - CASO CONCRETO 3

O MP ofereceu denúncia contra Caio por, em tese, o mesmo ter subtraído o aparelho de telefone celular
de Maria, na Av. Rio Branco, na altura do nº 23, pugnando pela condenação do acusado nas penas do
art. 155, inciso II do CP (furto qualificado pela destreza). No entanto, ao longo da instrução probatória,
nas declarações prestadas pela vítima e pelo depoimento de uma testemunha arrolada pela acusação,
constatou-se que Caio teria, na ocasião dos fatos, dado um forte tapa no rosto da vítima no momento
em que arrebatou o aparelho celular. Assim sendo, diante das provas colhidas na instrução probatória, o
magistrado prolatou sentença condenatória contra Caio, fixando a pena de 4 anos e 6 meses, a ser
cumprida em regime semi-aberto, diante da primariedade e da ausência de antecedentes criminais do
acusado, como incurso no art. 157 do CP. Pergunta-se: Agiu corretamente o magistrado? Indique na
resposta todos os fundamentos cabíveis ao caso. ​R.: ​não agiu corretamente o magistrado, tendo em
vista que o caso em tela trata-se de mutatio libelli , ​hipótese em que ao final da instrução probatória, o
MP, entendendo ser cabível nova definição jurídica do fato em conseqüência de prova existente nos
autos de elemento ou circunstância da infração penal não contida na acusação, fara aditamento de
nova denúncia ou queixa no prazo de 5 dias. Tal aditamento é exclusivo do MP. Caso o MP não adite a
denúncia e o juiz entenda de forma diversa, poderá remeter os autos ao procurador-geral para que
faça, e se este entender que não enseja caso de nova denúncia, o juiz deve dar andamento ao
processo. No caso, o MP deveria ter se manifestado para o aditamento da denúncia do novo crime.

Exercício Suplementar
1-(Magistratura/PR-2008) Quanto aos atos jurisdicionais penais, assinale a alternativa correta:
a) As decisões interlocutórias simples são aquelas que encerram a relação processual sem julgamento
do mérito ou, então, põem termo a uma etapa do procedimento. São exemplos desse tipo de decisão a
que recebe a denúncia ou queixa ou rejeita pedido de prisão preventiva;
b) As decisões interlocutórias mistas não se equiparam as decisões interlocutórias simples, pois as
primeiras servem para solucionar questões controvertidas e que digam respeito ao modus procedendi,
sem contudo trancar a relação processual. Enquanto que as decisões interlocutórias simples trancam a
relação processual sem julgar o meritum causae;
c) A decisão que não recebe a denúncia é terminativa de mérito, por isso não pode ser considerada
decisão interlocutória mista;
d) As decisões interlocutórias simples servem para solucionar questão controvertida e que diz
respeito ao modus procedendi, sem contudo trancar a relação processual; as interlocutórias
mistas, por sua vez, apresentam um plus em relação àquelas: elas trancam a relação processual
sem julgar o meritum causae.
INTERLOCUTÓRIA
As decisões classificam-se em:

a) Interlocutória simples Procedimento de atos. São as decisões relativas a regularidade ou marcha


processual (sem discutir o mérito da causa).

Aquela tomada no curso da persecução penal e que não encerra nenhuma etapa do procedimento,
sendo, normalmente, irrecorríveis. Constituem a maioria das decisões judiciais e destinam-se a
solucionar incidentes que venham a surgir antes da sentença. Possuem carga decisória. Ex: decisão
que decreta prisão preventiva, concede liberdade provisória, relaxamento ou homologa a prisão em
flagrante, defere ou indefere a habilitação do assistente de acusação.

Se couber recurso, comporta RESE (Recurso em Sentido Estrito).

​ ecebimento da denúncia, decretação de prisão preventiva​, despachos ordenatórios.


Exemplo: R

b) Interlocutória mista Tais decisões também chamadas de força definitiva, são aquelas, que decidem
definitivamente o processo ou uma fase processual. Decisão que encerra uma etapa da persecução
penal ou do processo. Diferenciam-de das interlocutórias simples pelo fato de que acarretam a extinção
do processo (acarretando o arquivamento do processo) ou a extinção de uma fase do procedimento
criminal. Produzindo sucumbência, serão sempre impugnáveis via RESE ou apelação.

Subdividem-se em:

b.1) Interlocutória mista não terminativa São aquelas que encerram uma etapa, procedimental.
Chamadas de decisão com força de definitiva, são aquelas que não acarretam a extinção do processo,
extinguem uma etapa do procedimento. O único exemplo aceito pela unanimidade da doutrina é a
pronúncia, que encerra a primeira etapa do procedimento do júri (juditium acusationes) e inaugura a
segunda fase (juditium causae).

b.2) Interlocutória mista terminativa Ao contrário, são aquelas que põem termo ao processo,
extinguindo-o sem o julgamento do mérito. Exemplo: Rejeição de denúncia. Chamadas de decisões
definitivas, são aquelas que, conquanto não possuam natureza de sentença, acarretam a extinção do
processo ou procedimento. Ex: rejeição da denúncia, não recebimento da queixa, absolvição sumária,
acolhimento das exceções de ilegitimidade de parte, coisa julgada, litispendência.

2-A foi denunciado pela prática de furto, tendo a denúncia narrado que ele abordou a vítima e, após
desferir-lhe um empurrão, subtraiu para si a bolsa que ela carregava. Nesse caso:
(a) o juiz não poderá condenar o réu pelo roubo, por ser a pena desse crime mais grave que a do furto;
(b) como o fato foi classificado erroneamente, o juiz poderá condenar o réu por roubo, devendo, antes,
proceder ao seu interrogatório;
(c) o juiz poderá dar aos fatos classificação jurídica diversa, condenando o réu pela prática do
roubo;
(d) o juiz poderá dar ao fato classificação jurídica diversa da que constou da denúncia, dando ao
Ministério Público e à Defesa oportunidade para se manifestarem e arrolarem testemunhas.
A letra d está errada porque na emendatio libelli não se oportuniza ao MP e à Defesa manifestação e
arrolamento de testemunhas. Isso ocorre na mutatio libelli, quando o juiz entende cabível nova definição
jurídica do fato, em razão da prova existente nos autos ou elemento ou circunstância da infração penal
não contida na acusação.
CPP:
MUTATIO LIBELLI
Art. 384. Encerrada a instrução probatória, se entender cabível nova definição jurídica do fato, em
conseqüência de prova existente nos autos de elemento ou circunstância da infração penal não contida
na acusação, ​o Ministério Público deverá aditar a denúncia ou queixa, no prazo de 5 (cinco) dias​,
se em virtude desta houver sido instaurado o processo em crime de ação pública, reduzindo-se a termo
o aditamento, quando feito oralmente. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).
§ 1​o Não procedendo o órgão do Ministério Público ao aditamento, aplica-se o art. 28 deste Código.
(Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
§ 2​o ​Ouvido o defensor do acusado no prazo de 5 (cinco) dias e admitido o aditamento, o juiz, a
requerimento de qualquer das partes, designará dia e hora para continuação da audiência, com
inquirição de testemunhas, novo interrogatório do acusado, realização de debates e julgamento.
(Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
§ 3​o Aplicam-se as disposições dos §§ 1​o e 2​o do art. 383 ao caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº
11.719, de 2008).
§ 4​o Havendo aditamento, cada parte poderá arrolar até 3 (três) testemunhas, no prazo de 5 (cinco)
dias, ficando o juiz, na sentença, adstrito aos termos do aditamento. (Incluído pela Lei nº 11.719, de
2008).
§ 5​o​ Não recebido o aditamento, o processo prosseguirá.
Na emendatio libelli, ao contrário, nada disso acontece; não há oportunidade para as partes se
manifestarem. O juiz simplesmente altera a classificação jurídica, condenando o réu.

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