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Curso EAD

Estomatologia

Introdução
Lesões fundamentaissão o conjunto de termos que devem ser utilizados na descrição
das lesões para destacar a sua principal característica. Dominar o uso desses termos é
essencial para a correta descrição de uma lesão e auxilia bastante no processo diagnóstico.
No momento em que definimos qual é a lesão fundamental, direcionamos o nosso raciocínio
e temos condições de descartar algumas hipóteses de diagnóstico.
De forma geral, os dentistas têm dificuldade no uso desses termos e acabam utilizando
o termo “lesão” para descrever qualquer alteração patológica. Embora realmente se trate de
uma lesão, não classificar o tipo de lesão a partir do emprego do termo que a melhor define
deixa o interlocutor sem uma noção mais precisa do que está sendo visto.

Figura 1. Descrever as lesões ilustradas acima apenas como “lesões brancas” não dá uma boa noção do que está sendo visto e dificulta o
direcionamento do diagnóstico. O correto é dizer que se trata de uma pápula (A) e uma placa (B). Aproveitando as imagens para exercitar o
procedimento de descrever as lesões, podemos esmiuçar outras características destas lesões. Neste sentido, é importante dizer que a pápula
observada em A tem a superfície papilomatosa ou verrucosa, que o diâmetro da sua base corresponde ao maior diâmetro da lesão (base séssil) e que
ela está localizada no centro do dorso da língua. Com relação à placa branca observada em B, deve-se informar que ela mistura áreas avermelhadas e
que está localizada na mucosa jugal. Fonte: Estomatologia- HCPA

Tipos de lesão
Podemos classificar inicialmente as lesões em 3 grandes grupos:
Lesões planas ou elevadas: grupo que compreende lesões que têm como característica
principal a alteração de cor e/ou que representam crescimentos sólidos.
• Mácula/Mancha
• Placa
• Pápula/Nódulo
Aumentos de volume que contém líquido
• Vesícula
• Bolha
Lesões envolvendo perda de substância: lesões causadas pela perda de substância ou
mais especificamente de tecido.
• Erosão
• Úlcera
A partir de agora, serão detalhadas as características de cada grupo.

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Mácula/mancha
Alteração de cor SEM alteração de superfície, ou seja, trata-se de lesões planas, que
não apresentam elevação em relação aos tecidos adjacentes. As lesões correspondentes a
este grupo serão abordadas no módulo de lesões brancas e no módulo de lesões
pigmentadas. Podem representar depósito de melanina produzida pelas células normais,
pigmentos relacionados à implantação de corpos estranhos de forma intencional ou não,
lesões tumorais, entre outras.
As lesões vermelhas costumam ser causadas por perda de algumas camadas do epitélio,
situação que será detalhada mais à frente, mas que não se encaixa no critério para
mácula/mancha, pois essa perda de camadas de células leva a modificação da superfície,
ficando um “degrau negativo” na área da lesão (situação chamada “erosão”).

Principais hipóteses
• Leucoplasia
Epitelial
Tecido

• Cicatriz
• Mácula melanótica
• Névus
• Pigmentação induzida
Conjuntivo

por medicamentos
Tecido

• Tatuagem por amálgama


• Melanoma
Figura 2. Desenho esquemático da relação de uma mácula/mancha com • Hematoma
os tecidos vizinhos.

Considerações sobre a descrição das


lesões
Neste tipo de lesão, algumas
características merecem mais ênfase no
momento da avaliação clínica e descrição:
• Simetria
• Borda: regular (em linha reta) ou
irregular
• Cor: homogênea (cor única) ou
heterogênea (mais de uma cor
ou diferentes intensidades)
• Diâmetro Figura 3. Mancha acastanhada, mostrando simetria, borda regular, cor
homogênea, medindo 3 mm de diâmetro localizada na mucosa de
• Localização transição do lábio inferior. Este caso é um exemplo de mácula
melanótica. Fonte: Neville et al. (2009)

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Placa
Alteração de cor com alteração de superfície, ou seja, trata-se de lesões discretamente
elevadas em relação aos tecidos adjacentes, mas mais amplas em largura do que em altura. A
maioria das lesões correspondentes a este grupo serão abordadas no módulo de lesões
brancas. Neste grupo, podemos observar lesões benignas, desordens potencialmente malignas
ou lesões malignas.

Principais hipóteses
• Candidíase pseudomembranosa
• Ceratose friccional
• Líquen plano
• Sífilis secundária
• Leucoplasia
• Mordiscamento crônico

Figura 4. Desenho esquemático da relação de uma placa com os


tecidos vizinhos.

Considerações sobre a descrição


das lesões
Algumas características merecem
mais ênfase no momento da avaliação
clínica e descrição, dentre elas:
• Número: únicas ou múltiplas
• Cor: branca, vermelha Figura 5. Placa, única, coloração branca associada a áreas
avermelha- das, superfície rugosa irregular, formato irregular,
• localizada na muco- sa jugal esquerda. Fonte: HCPA
Superfície: lisa ou irregular
• Localização

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Pápula/nódulo
Representam crescimentos sólidos com menos do que 5 mm de diâmetro (pápula) ou
mais do que 5 mm de diâmetro (nódulo). Podem ser solitários (únicos) ou múltiplos, estar
associados a algum fator irritativo (biofilme bacteriano ou trauma) ou ter surgimento
espontâneo.
Neste grupo, estão incluídas as lesões que se caracterizam pelo crescimento tecidual,
incluindo lesões de natureza reacional/inflamatória e neoplasias, em particular as de natureza
benigna. Na maioria dos casos indicam lesão benigna, mas em alguns casos, trata-se de tumor
maligno.

Pápula Nódulo
Diâmetro < Diâmetro > 5mm
5mm Séssil
Pediculado
Figura 6. Desenho ilustrando aspecto das pápulas e
nódulos. A direita, desenho esquemático imostrando os
diferentes tipos de inserção (base) que podem ser
observados nestas lesões.

Diâmetro Principais hipóteses:


< 5mm

• Hiperplasia inflamatória,
granuloma piogênico,
Diâmetro> 5mm
fibroma ossificante
periférico, lesão
periférica de células
gigantes, papiloma,
lipoma, fibroma,
CONSIDERAÇÕES SOBRE A carcinoma espinocelular.
DESCRIÇÃO DAS LESÕES
Alguns detalhes são fundamentais
para a descrição apropriada destas lesões e
a boa condução do diagnóstico:
• Consistência: mole, firme/
fibroelástica/ borrachóide ou
dura
• Base da lesão: pediculada
(estreita)
ou séssil (ampla)
• Cor
• Presença de áreas avermelhadas
ou ulceradas na sua superfície: Figura 7. Nódulo de base séssil, superfície integra, coloração
semelhante a da mucosa adjacente, localizada na mucosa jugal, lado
sim ou não esquerdo, próxima a linha de oclusão. Diferentes hipóteses podem ser
consideradas, como hiperplasia inflamatória, fibroma e lipoma. Como
será visto mais a frente, casos como este só tem o diagnóstico
definido após biópsia e exame histopatológico. Fonte: HCPA.

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Vesícula/Bolhas
Crescimentos que contém líquido medindo menos do que 3 mm de diâmetro (vesícula)
ou mais do que 3 mm de diâmetro (bolha). Podem ser solitárias (únicas) ou múltiplas, estar
associadas a algum fator irritativo (algum alimento ou trauma) ou surgir espontaneamente.
Alguns casos mostram alterações sistêmicas associadas (febre, mal-estar, linfadenopatia) ou
lesões semelhantes em outras partes do corpo, principalmente pele ou outras mucosas. Esse
grupo de lesões não inclui nenhum exemplo de desordem potencialmente maligna ou
maligna.

PRINCIPAIS HIPÓTESES:
Pápula Bolha
Diâmetro < 5mm Diâmetro > Doenças virais
3mm • Herpes
Doenças
autoimunes
• Pênfigo vulgar
• Penfigóide benigno de
mucosas
Lesões associadas a
trauma
• Mucocele
• Rânula
Figura 8. Desenho ilustrativo do aspecto de vesículas e
bolhas.

CONSIDERAÇÕES SOBRE
A DESCRIÇÃO DAS
LESÕES
Quando visualizar lesões deste
tipo, observe: Figura 9. Nota-se presença de múltiplas vesículas (lado direito
da foto) e de crostas (lado esquerdo da foto) na região peribucal.
• Número: única ou Paciente referiu que não tem lesões em outras partes do corpo,
que elas aparecem 3 vezes por ano e que costuma perceber
múltiplas coceira antes de as lesões aparecerem. Todas essas
lesões características favorecem o diagnóstico de herpes labial. Fonte:
FOUFRGS.
• Localização
• Ocorrência prévia de lesões
semelhantes na boca
• Presença de lesões
semelhantes em outras partes
do corpo
• Episódio de trauma prévio

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Erosões/Úlceras
São lesões em que o tecido epitelial foi parcial (EROSÕES) ou totalmente (ÚLCERAS)
perdido. Podem ser solitárias (únicas) ou múltiplas, estar associadas a algum fator irritativo
(trauma) ou ser a manifestação de doença autoimune, infecciosa ou, ainda, uma neoplasia
maligna.
PRINCIPAIS HIPÓTESES:
Erosão Úlcera
Lesões traumáticas
• Úlcera traumática
Doenças infecciosas
• Candidíase
• Herpes
• Micoses
profundas
Doenças
• Líquen plano
Figura 10. Desenho esquemático mostrando a diferença entre erosão e
imunologicamente
úlcera.
• Lupus eritematoso
mediadas
• Penfigóide benigno de
mucosas
CONSIDERAÇÕES SOBRE
A DESCRIÇÃO DAS • Pênfigo vulgar
Tumores malignos
LESÕES • Carcinoma
Alguns detalhes são fundamentais espinocelular
para a descrição apropriada destas
lesões e a boa condução do
diagnóstico:
• Número: única ou múltiplas
• Localização
• Ocorrência prévia de
lesões semelhantes: sim
ou não
• Presença de lesões em
outras partes do corpo
• Episódio de trauma prévio: Figura 11. Úlcera dolorosa única contornada por mucosa avermelhada
sim localizada em mucosa labial. Paciente relata que já teve lesões
semelhantes no lábio anteriormente, que não há lesões em outras
ou não partes do corpo e que não houve trauma na região. No módulo 4,
você entenderá porque este é um caso típico de ulceração aftosa
recorrente (AFTA). Fonte: FOUFRGS.

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Referências
COLEMAN, C. C.; NELSON, J. F. Princípios de diagnóstico bucal. Rio de Janeiro: Editora
Guanaba- ra Koogan, 1996.
MARCUCCI, G. Fundamentos de odontologia: estomatologia. Rio de Janeiro: Editora
Guanabara Koogan, 2005.

Equipe Responsável:
A Equipe de coordenação, suporte e acompanhamento do Curso é formada por integrantes do
Núcleo de TelessaúdeRS do Rio Grande do Sul (TelessaúdeRS/UFRGS) e do Programa
Nacional de Telessaúde Brasil Redes.

TelessaúdeRS-UFRGS Diagramação
Angélica Dias Pinheiro
Coordenação Geral Iasmine Paim Nique da
Marcelo Rodrigues Silva Lorenzo Costa
Gonçalves Roberto Nunes Kupstaitis Ilustração
Umpierre Carolyne Vasques
Coordenação do Cabral Luiz Felipe
curso Telles
Vinicius Coelho Edição/Filmagem/Animação
Coordenação da
Carrard Diego Santos Madia
Teleducação Rafael Martins
Ana Paula Borngräber Corrêa Alves
Conteudistas Divulgação
Manoela Domingues Martins Camila Hofstetter Camini
Marco Antonio Trevizani Guilherme Fonseca
Martins Vinícius Coelho Ribeiro Vitória de
Carrard Oliveira Pacheco
Vivian Petersen Wagner Equipe de Teleducação
Revisores Andreza de Oliveira
Bianca Dutra Guzenski Vasconcelos Angélica Dias
Fernanda Friedrich Pinheiro
Otávio Pereira D’Avila Cynthia Goulart Molina
Michelle Roxo Bastos Francine de Souza
Gonçalves Thiago Borba
Tomazetti Casotti Luís Gustavo Ruwer
Projeto Gráfico Rosely de Andrade
Iasmine Paim Nique da Vargas Ylana Elias
Silva Lorenzo Costa Rodrigues
Kupstaitis

Dúvidas e informações
sobre o curso
Site:
www.telessauders.ufrgs.br
E-mail:
9
ead@telessauders.ufrgs.br

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