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Tumores de hipofaringe

Daniela Tâmega Joaquim


R2 CP
AC Camargo Cancer Center
Caso clínico

Masculino, 80 anos

Disfagia há 6 meses, associado a otalgia


Há 2 meses refere disfonia
Perda de 4kg no período

AP: ex-tabagista/etilista (parou ha cerca de 30 anos)


HAS
HPB
POT protese quadril
TCE - drenagem cirúrgica de hematoma
Caso clínico

Conduta
Epidemiologia
• Tumor raro
• <10% tumores do trato aerodigestivo alto (TADA)
• Idade média: 65 anos
• Homem : mulher → 3:1
• Pior prognóstico dentre os tumores de cabeça e pescoço → apresentação avançada ao
diagnóstico, pior condição clínica
• CEC > linfoma, sarcoma, adenocarcinoma, carcinoma adenoide cístico

Harrison 4ed. 2014


Fatores de risco
• Tabagismo
Cancerização de campo:
• Alcoolismo • Mucosa displásica
• DRGE • Chances aumentadas de tumores
• Obesidade sincrônicos ou metacrônicos do
• Pó de carvão TADA
• Pó de aço
• Componentes do ferro
• Consumo de dietas com sal e nitrosaminas (alimentos processados)
• Sindrome de Plummer-Vinson (Anemia ferropriva, Webs hipofaringeos, Perda de peso e
disfagia) → ↑risco de tumores da região pós cricoidea
Associação: tabaco + Álcool: maior relação com
álcool aumenta em até tumores da hipofaringe e
100x o risco de tumores esôfago do que em outros
do TADA subsítios
Harrison 4ed. 2014
Pergunta...
Anatomia

UpToDate
Harrison 4ed. 2014
Anatomia

Imagens: Internet
Quadro clínico
• Disfagia (85%)
• Odinofagia
• Perda ponderal (disfagia, etilismo, caquexia)
• Dor cervical
• Otalgia reflexa
• Rouquidão
• Massa cervical palpável

Harrison 4ed. 2014


Manejo
• História clínica
• Exame físico
• Propedêutica armada
o Pan-endoscopia: Nasofibrolaringoscopia, endoscopia digestiva alta
o Extensão tumoral
o Pesquisa segundo tumor primário
• Tomografia computadorizada:
o Face, pescoço, tórax
o Extensão da doença
o Metástases linfonodais e à distância (pulmão)
• Ressonância magnética: Extensão da doença locorregional
• PET: Extensão da doença à distância (determinação do campo de radiação – linfonodos
mediastinais)
Harrison 4ed. 2014
Caso clínico
BEG, KPS 90
Oroscopia: NDN
NFL: lesão submucosa ocupando seio piriforme esquerdo (paredes medial e anterior), muro ariepiglotico
esq e banda ventricular esq, projetando-se sobre luz glótica, não sendo possível sua visualização
Pescoço: NDN

TC pescoço (29/06/22): formação expansiva com realce envolvendo prega ariepiglotica e seio piriforme
esq, ultrapassando linha media, com cerca de 4 cm x 2,5 cm; linfonodos subcentimetricos;

Biopsia local: CEC invasivo


Caso clínico
15/8/22:
- Lesão infiltrativa acometendo a
prega ariepiglótica, o recesso
piriforme e a prega vocal esquerdas,
promovendo ainda retração da lâmina
esquerda da cartilagem tireóidea com
SUV de 23,5.
- Linfonodomegalia cervical no nível
V à esquerda com SUV de 19,7.
Caso clínico

Estadiamento
Estadiamento

NCCN, 2022
Estadiamento

NCCN, 2022
Caso clínico

Conduta
Tratamento

• ENE + • pN2-3
• Margens • IPN+
comprometidas/ • IAL+
exíguas • Invasão vascular
• pT3-4 NCCN, 2022
Tratamento

NCCN, 2022
Tratamento

NCCN, 2022
Tratamento

NCCN, 2022
Tratamento

NCCN, 2022
Caso clínico
Proposta - cetuximabe 400/250 mg/m² + Paclitaxel 80 mg/m² + Carboplatina AU 1,5 semanal x6
Após C6 - RT + QT semanal (de acordo com achados do PET/resposta)

70Gy no tumor e LND+


60 Gy drenagem de alto risco (II e III direita / Ib à V esquerda)
54Gy drenagem de baixo risco (RF à FSC bilateral)
Caso clínico
Caso clínico

22/9/22:
Observei a presença de áreas de concentração
anômala do 18F-FDG na topografia cervical,
correspondendo a lesão infiltrativa acometendo
a prega ariepiglótica, o recesso piriforme e a
prega vocal esquerdas, atualmente com menores
dimensões e com SUV de 9,4 (anterior de 23,5).
Não foram identificadas outras áreas de
concentração anômala do 18F-FDG nas demais
áreas corporais estudadas, associadas ou não às
alterações da arquitetura anatômica local,
incluindo-se a linfonodomegalia previamente
existente no nível V à esquerda.
Caso clínico
30/1/23:
Ao exame: BEG, KPS 80
Oroscopia: NDN
NFL:lesão ulcero-infiltrativa de seio piriforme esquerdo, com extensão a hemilaringe esquerda, não
sendo possível visualizar limite inferior; paralisia hemilaringe esquerda;
Pescoço: NDN
Caso clínico
7/2/23:
Observei a presença de área de
concentração anômala do 18F-FDG na
topografia crânio-cervical,
correspondendo a lesão da região
epiglótica à esquerda agora em maior
extensão e com SUV 13,4 (SUV anterior
de 9,5, e lesão de menor extensão).
Não foram identificadas outras áreas de
concentração anômala do 18F-FDG nas
demais áreas corporais estudadas,
associadas ou não às alterações da
arquitetura anatômica local associadas a
patologia de base.
Caso clínico

7/2/23:
Lesão expansiva, com limites mal
definidos, com realce heterogêneo pelo
meio de contraste e densidade líquida de
permeio, centrada no espaço paraglótico
esquerdo, com acometimento da cartilagem
tireóide e aritenoide, desviando a corda
vocal contralateralmente, além de
ulceração mucosa para o seio piriforme,
medindo 35 x 28 x 25 mm. Apresenta
contato com espaço pré-vertebral,
cartilagem cricoide e musculatura pré-
tireoidiana.
Caso clínico

Conduta
Caso clínico
Caso clínico
1/6/23:
Múltiplos nódulos pulmonares sólidos
bilaterais, alguns subpleurais, destacando-
se os maiores:
- medindo 13 x 11 mm, no segmento
posterior do lobo superior direito;
- medindo 13 x 12 mm no segmento
lateral do lobo médio direito;
- medindo 14 x 10 mm no segmento
superior do lobo inferior esquerdo,
subpleural.
Linfonodomegalias mediastinais,
medindo ate 16 x 9 mm em cadeia
subcarinal.
Seguimento
• Exame físico + exames de imagem:
o 1º ano: a cada 1 a 3 meses
o 2º ano: a cada 2 a 6 meses
o 3º ao 5º ano: a cada 4 a 8 meses
o A partir do 6º ano: anualmente
• TSH a cada 6 meses (se pescoço irradiado)

NCCN, 2022
Obrigada

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