Você está na página 1de 33

Capítulo 3

Percepção
Algumas Perguntas Que Vamos Considerar

• Por que duas pessoas podem ter percepções diferentes em resposta ao


mesmo estímulo?
• Como a percepção depende do conhecimento de uma pessoa sobre as
características do ambiente?
• Como o cérebro se torna sintonizado para responder melhor a estímulos
que provavelmente vão aparecer no ambiente?
• Qual é a conexão entre percepção e ação?

Goldstein, Cognitive Psychology, 5 th Edition. © 2019 Cengage. All Rights Reserved. May not be scanned, copied or
duplicated, or posted to a publicly accessible website, in whole or in part.
Percepção é… (1 de 2)

• Experiências resultantes da estimulação dos sentidos


• Características básicas
– As percepções podem mudar com base em informações adicionais
– Envolvem um processo semelhante ao raciocínio ou solução de
problemas
– Percepção ocorre em conjunto com a ação

Goldstein, Cognitive Psychology, 5 th Edition. © 2019 Cengage. All Rights Reserved. May not be scanned, copied or
duplicated, or posted to a publicly accessible website, in whole or in part.
Percepção é… (2 de 2)

• É possível que os verdadeiros processos perceptuais sejam únicos dos


humanos
• Tentativas de criar formas artificiais de percepção (máquinas) têm
encontrado um limitado sucesso e a cada tentativa surgiram problemas
que não puderam ser resolvidos

Goldstein, Cognitive Psychology, 5 th Edition. © 2019 Cengage. All Rights Reserved. May not be scanned, copied or
duplicated, or posted to a publicly accessible website, in whole or in part.
Por Que É Tão Difícil Projetar uma Máquina Perceptiva? (1
de 2)
• Problema da Projeção Inversa
– Grande número de objetos possíveis pode estar associado a uma
determinada imagem na retina
– a inferência baseada no conhecimento ajuda a resolver a ambiguidade da
imagem retiniana e como o conhecimento das probabilidades transicionais
ajuda a inferir onde termina uma palavra em uma conversa e outra
começa
• Os objetos podem estar escondidos ou desfocados
– Pessoas muitas vezes conseguem identificar objetos que estão ocultos ou
incompletes, e em alguns casos objetos que estão fora de foco

Goldstein, Cognitive Psychology, 5 th Edition. © 2019 Cengage. All Rights Reserved. May not be scanned, copied or
duplicated, or posted to a publicly accessible website, in whole or in part.
Por Que É Tão Difícil Projetar uma Máquina Perceptiva? (2
de 2)
• Objetos parecem diferentes vistos de pontos de vista diferentes
– Invariância do ponto de vista
• Cenas contêm informações de alto nível
– Cenas são mais complexas

Goldstein, Cognitive Psychology, 5 th Edition. © 2019 Cengage. All Rights Reserved. May not be scanned, copied or
duplicated, or posted to a publicly accessible website, in whole or in part.
Informações para Percepção Humana

• Dois tipos de informações usados pelo sistema perceptivo humano :


– energia ambiental que estimula os receptores
– o conhecimento e as expectativas que o observador traz à situação

Goldstein, Cognitive Psychology, 5 th Edition. © 2019 Cengage. All Rights Reserved. May not be scanned, copied or
duplicated, or posted to a publicly accessible website, in whole or in part.
Abordagens para Entender a Percepção

• Teorias da percepção direta


– processamento de baixo para cima (bottom-up)
– a energia ambiental estimula os receptores
– essa imagem gera sinais elétricos que são transmitidos ao longo da retina
e, em seguida, para a área de recepção visual do cérebro
• Teorias da percepção construtiva
– processamento de cima para baixo (top-down)
– A percepção também envolve fatores como o conhecimento que uma
pessoa tem do ambiente e as expectativas que as pessoas trazem para a
situação perceptiva

Goldstein, Cognitive Psychology, 5 th Edition. © 2019 Cengage. All Rights Reserved. May not be scanned, copied or
duplicated, or posted to a publicly accessible website, in whole or in part.
A Complexidade da Percepção (1 de 2)

• Processamento de baixo para cima


– Percepção começa na “base” ou no início do sistema
– Imagem gera sinais elétricos que são transmitidos ao longo da retina e,
em seguida, para a área de recepção visual do cérebro
– Energia ambiental estimula os receptores
• Processamento de cima para baixo
– Processamento que se origina no cérebro no “topo” do sistema perceptivo
– Conhecimento que permite às pessoas identificarem rapidamente objetos
e cenas

Goldstein, Cognitive Psychology, 5 th Edition. © 2019 Cengage. All Rights Reserved. May not be scanned, copied or
duplicated, or posted to a publicly accessible website, in whole or in part.
A Complexidade da Percepção (2 de 2)

Figura 3.11 “Múltiplas personalidades de uma mancha.” O que esperamos


ver em diferentes contextos influencia nossa interpretação da identidade da
“mancha” dentro dos círculos.
Goldstein, Cognitive Psychology, 5 th Edition. © 2019 Cengage. All Rights Reserved. May not be scanned, copied or
duplicated, or posted to a publicly accessible website, in whole or in part.
Ouvindo Palavras em uma Sentença (1 de 2)

• O processamento de cima para baixo influencia nossa percepção da


linguagem dependendo da nossa experiência individual com a linguagem
• Segmentação de fala
– Capacidade de afirmar quando uma palavra em uma conversa termina e a
próxima começa
• Probabilidades transicionais
– Probabilidade de que um som siga outro dentro de uma palavra

Goldstein, Cognitive Psychology, 5 th Edition. © 2019 Cengage. All Rights Reserved. May not be scanned, copied or
duplicated, or posted to a publicly accessible website, in whole or in part.
Ouvindo Palavras em uma Sentença (2 de 2)

• Teoria do processamento de cima para baixo


• Algumas percepções são o resultado de suposições inconscientes, ou
inferências, que fazemos sobre o ambiente
– Usamos nosso conhecimento para informar nossa percepção
• Inferimos muito do que sabemos sobre o mundo
• Princípio da probabilidade
– Percebemos o objeto com maior probabilidade de ter causado o padrão de
estímulos que recebemos

Goldstein, Cognitive Psychology, 5 th Edition. © 2019 Cengage. All Rights Reserved. May not be scanned, copied or
duplicated, or posted to a publicly accessible website, in whole or in part.
Inferência Inconsciente de Helmholtz

Figura 3.14 A exibição em (a) é geralmente interpretada como (b) um


retângulo mais claro na frente de um retângulo mais escuro. Poderia,
entretanto, ser (c) um retângulo mais claro e uma figura mais escura de
quatro lados apropriadamente posicionada.
Goldstein, Cognitive Psychology, 5 th Edition. © 2019 Cengage. All Rights Reserved. May not be scanned, copied or
duplicated, or posted to a publicly accessible website, in whole or in part.
Organização Perceptual

• Visão “velha”—estruturalismo
– Percepção envolve adicionar sensações
• Visão “nova”—princípios da Gestalt
– Os grupos de padrões da mente seguem leis
intrínsecas à organização perceptual
Figura 3.15 De acordo com o estruturalismo, uma
série de sensações (representadas pelos pontos)
somam-se para criar nossa percepção da face.

Goldstein, Cognitive Psychology, 5 th Edition. © 2019 Cengage. All Rights Reserved. May not be scanned, copied or
duplicated, or posted to a publicly accessible website, in whole or in part.
Os Princípios da Gestalt da Organização (1 de 5)

• princípio da boa continuação


– Linhas tendem a ser vistas de
forma a seguir o caminho mais
suave
Figura 3.18 (a) Corda na praia. (b)
Boa continuação ajuda a perceber a
corda como um único fio.

Goldstein, Cognitive Psychology, 5 th Edition. © 2019 Cengage. All Rights Reserved. May not be scanned, copied or
duplicated, or posted to a publicly accessible website, in whole or in part.
Os Princípios da Gestalt da Organização (2 de 5)

• Lei de Prägnanz
– (Princípio da boa figura ou
princípio da simplicidade)
• Cada padrão de estímulo é visto de
forma que a estrutura resultante seja
a mais simples possível
Figura 3.19 O símbolo olímpico é
percebido como cinco círculos (a), não
como as nove formas em (b).

Goldstein, Cognitive Psychology, 5 th Edition. © 2019 Cengage. All Rights Reserved. May not be scanned, copied or
duplicated, or posted to a publicly accessible website, in whole or in part.
Os Princípios da Gestalt da Organização (3 de 5)

• Princípio da similaridade
– Coisas semelhantes parecem
estar agrupadas
Figura 3.20 (a) Esse padrão de
pontos é percebido como linhas
horizontais, colunas verticais ou
ambas. (b) Esse padrão de pontos é
percebido como colunas verticais.
Esta figura está disponível em cores,
no suplemento colorido, ao final do
livro.

Goldstein, Cognitive Psychology, 5 th Edition. © 2019 Cengage. All Rights Reserved. May not be scanned, copied or
duplicated, or posted to a publicly accessible website, in whole or in part.
Os Princípios da Gestalt da Organização (4 de 5)

Figura 3.21 Essa fotografia, Waves, de


Wilma Hurskainen, foi tirada no exato
momento em que a borda da água branca se
alinhou com a área branca na roupa da
mulher. A similaridade das cores causa o
agrupamento; áreas do vestido com cores
diferentes são agrupadas perceptivamente
com as mesmas cores na cena. Observe
também como a borda frontal da água cria
agrupamentos por meio da boa continuação
ao longo do vestido da mulher.

Goldstein, Cognitive Psychology, 5 th Edition. © 2019 Cengage. All Rights Reserved. May not be scanned, copied or
duplicated, or posted to a publicly accessible website, in whole or in part.
Os Princípios da Gestalt da Organização (5 de 5)
• Percepção é determinada por princípios organizacionais específicos, não
apenas estímulos de luz e sombra ativados na retina.
• O papel da experiência é menor comparado a esses princípios
intrínsecos e “construídos”.
• A experiência pode influenciar a percepção, mas não é a chave central.

Goldstein, Cognitive Psychology, 5 th Edition. © 2019 Cengage. All Rights Reserved. May not be scanned, copied or
duplicated, or posted to a publicly accessible website, in whole or in part.
Regularidades do Ambiente: Físicas (1 de 3)
• Propriedades físicas do ambiente que
ocorrem regularmente
• Efeito oblíquo
– Percebemos bordas verticais e horizontais
mais facilmente do que outras direções
Figura 3.22 Nessas duas cenas da natureza, as
direções horizontal e vertical são mais comuns do que
as oblíquas. Essas cenas são exemplos especiais,
escolhidas por causa da grande proporção de verticais.
Entretanto, fotos selecionadas aleatoriamente de cenas
naturais também contêm mais direções horizontais e
verticais do que direções oblíquas. Isso também ocorre
para edifícios e objetos feitos pelo homem.

Goldstein, Cognitive Psychology, 5 th Edition. © 2019 Cengage. All Rights Reserved. May not be scanned, copied or
duplicated, or posted to a publicly accessible website, in whole or in part.
Regularidades do Ambiente: Físicas (2 de 3)

• Suposição de luz vinda de cima


– supomos que a luz vem de cima, porque a luz no ambiente
– Percebemos sombras como informações específicas sobre profundidade e
distância

Goldstein, Cognitive Psychology, 5 th Edition. © 2019 Cengage. All Rights Reserved. May not be scanned, copied or
duplicated, or posted to a publicly accessible website, in whole or in part.
Regularidades do Ambiente: Físicas (3 de 3)

Figura 3.23 (a) Reentrâncias feitas por


pessoas caminhando na areia. (b) Virar a
imagem de cabeça para baixo transforma as
reentrâncias em montículos arredondados.
(c) Como a luz de cima e à esquerda ilumina
uma reentrância, provocando uma sombra à
esquerda. (d) A mesma luz iluminando uma
saliência provoca uma sombra à direita.

Goldstein, Cognitive Psychology, 5 th Edition. © 2019 Cengage. All Rights Reserved. May not be scanned, copied or
duplicated, or posted to a publicly accessible website, in whole or in part.
Regularidades do Ambiente: Semânticas

• O significado de uma cena geralmente está relacionado ao que acontece


nessa cena.
• Regularidades semânticas são as características associadas às funções
executadas em diferentes tipos de cenas.
• Esquema de cena:
– Conhecimento do que uma determinada cena contém normalmente.
– No caso da joalheria Tiffany’s, você esperaria encontrar um prato de peixe
com batatas ou anéis de diamante?

Goldstein, Cognitive Psychology, 5 th Edition. © 2019 Cengage. All Rights Reserved. May not be scanned, copied or
duplicated, or posted to a publicly accessible website, in whole or in part.
Inferência Bayesiana
• Nossa estimativa da probabilidade de um
resultado é determinada por dois fatores:
– A probabilidade prévia
– A probabilidade do resultado
Figura 3.24 Esses gráficos apresentam probabilidades
hipotéticas para ilustrar o princípio por trás da inferência
bayesiana. (a) As crenças de Mary sobre a frequência
relativa de resfriados, doenças pulmonares e azia. Essas
crenças são seus antecedentes. (b) Outros dados indicam
que resfriados e doenças pulmonares estão associados à
tosse, mas a azia não. Esses dados contribuem para a
probabilidade. (c) Considerando os antecedentes e a
probabilidade em conjunto resulta na conclusão de que a
tosse de Charles é provavelmente causada por um
resfriado.
Goldstein, Cognitive Psychology, 5 th Edition. © 2019 Cengage. All Rights Reserved. May not be scanned, copied or
duplicated, or posted to a publicly accessible website, in whole or in part.
Comparando as Quatro Abordagens

• Processamento de cima para baixo


– Inferência inconsciente
– Regularidades ambientais
– Inferência bayesian
• Processamento de cima para baixo
– Princípios da Gestalt

Goldstein, Cognitive Psychology, 5 th Edition. © 2019 Cengage. All Rights Reserved. May not be scanned, copied or
duplicated, or posted to a publicly accessible website, in whole or in part.
Neurônios e Conhecimento Sobre o Ambiente (1 de 2)

• As pessoas são mais sensíveis a direções regulares do que a outras


direções que não são tão comuns.
• Há mais neurônios no córtex visual animal e humano que respondem a
direções experienciadas cotidianamente.
– Horizontais and verticais
– Plasticidade dependente da experiência

Goldstein, Cognitive Psychology, 5 th Edition. © 2019 Cengage. All Rights Reserved. May not be scanned, copied or
duplicated, or posted to a publicly accessible website, in whole or in part.
Neurônios e Conhecimento Sobre o Ambiente (2 de 2)

Figura 3.27 (a) Estímulos greeble usados por Gauthier. Os participantes


foram treinados para nomear cada greeble diferente. (b) Magnitude das
respostas da AFF a faces e greebles antes e depois do treinamento com
greebles.
Goldstein, Cognitive Psychology, 5 th Edition. © 2019 Cengage. All Rights Reserved. May not be scanned, copied or
duplicated, or posted to a publicly accessible website, in whole or in part.
O Movimento Facilita a Percepção
• Como observadores, nosso
movimento adiciona
complexidade à percepção,
se comparado com o manter-
se estático, mas nos
movermos em torno de um
estímulo nos oferece mais
perspectivas para criar
percepções acuradas.
Figura 3.28 Três exibições de
um “cavalo”. Mover um objeto
pode revelar sua forma real.
Goldstein, Cognitive Psychology, 5 th Edition. © 2019 Cengage. All Rights Reserved. May not be scanned, copied or
duplicated, or posted to a publicly accessible website, in whole or in part.
A Interação Entre Percepção e Ação

• Há uma coordenação
constante entre perceber um
objeto e agir em direção ao
objeto.
Figura 3.29 Pegando uma xícara de
café: (a) perceber e reconhecer a
xícara; (b) alcançá-la; (c) agarrá-la e
pegá-la. Essa ação envolve a
coordenação entre a percepção e a
ação que é executada por dois
fluxos separados no cérebro,
conforme descrito neste livro.
Goldstein, Cognitive Psychology, 5 th Edition. © 2019 Cengage. All Rights Reserved. May not be scanned, copied or
duplicated, or posted to a publicly accessible website, in whole or in part.
Percepção e Ação: “O Quê“ e “Onde” (1 de 3)

• Via “o quê“:
– Capacidade de identificar um objeto
– Via ventral (parte inferior do cérebro)
• Via “onde”:
– Determinar a localização de um objeto
– Via dorsal (parte superior do cérebro)

Goldstein, Cognitive Psychology, 5 th Edition. © 2019 Cengage. All Rights Reserved. May not be scanned, copied or
duplicated, or posted to a publicly accessible website, in whole or in part.
Percepção e Ação: “O Quê“ e “Onde” (2 de 3)

Figura 3.30 Figura 3.30 Os dois tipos


de tarefas de discriminação usadas por
Ungerleider e Mishkin. (a)
Discriminação de objeto: escolha a
forma correta. Lesionar o lobo temporal
torna essa tarefa difícil. (b)
Discriminação de pontos de referência:
escolha o alimento mais próximo do
cilindro. Lesionar o lobo parietal torna
essa tarefa difícil.

Goldstein, Cognitive Psychology, 5 th Edition. © 2019 Cengage. All Rights Reserved. May not be scanned, copied or
duplicated, or posted to a publicly accessible website, in whole or in part.
Percepção e Ação: “O Quê“ e “Onde” (3 de 3)

• Milner e Goodale (1995)


• Via de percepção:
– Do córtex visual para o lobo temporal
– Corresponde à via “o quê”
• Via de ação:
– Do córtex visual para o lóbulo parietal
– Corresponde à via “onde”
– Também chamada via “como”

Goldstein, Cognitive Psychology, 5 th Edition. © 2019 Cengage. All Rights Reserved. May not be scanned, copied or
duplicated, or posted to a publicly accessible website, in whole or in part.
Neurônios-Espelho

• Esses neurônios respondem à observação do pesquisador pegando um


objeto de forma semelhante à resposta que ocorreria se o macaco
estivesse realizando a mesma ação.
• Trabalho adicional realizado usando fMRI em pessoas neurologicamente
normais sugeriu ainda que esses neurônios estão distribuídos por todo o
cérebro em uma rede que foi chamada sistema de neurônios-espelho.
• Iacoboni (2005) descobriu maior atividade do que o filme não alvo em
áreas do cérebro conhecidas por terem propriedades de neurônios-
espelho, enquanto a quantidade de atividade era menor para o filme
intencional.

Goldstein, Cognitive Psychology, 5 th Edition. © 2019 Cengage. All Rights Reserved. May not be scanned, copied or
duplicated, or posted to a publicly accessible website, in whole or in part.

Você também pode gostar