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CONTRATOS COMERCIAIS
CASO 1
António tem uma empresa que se dedica à instalação de painéis solares e conseguiu
obter a representação de uma importante fábrica nacional, através de contrato que
assinou recentemente. Para poder responder cabalmente às exigências do novo
contrato, encomendou a feitura da página de internet da sua empresa a Bernardo,
tomou de arrendamento uma loja e contraiu junto de um Banco um financiamento de
curto prazo, tendo para o efeito subscrito uma livrança. Como qualificaria o contrato
celebrado entre António e a empresa fabricante?
Por um lado, pode ser uma distribuição comercial directa, ou seja é o produtor
que se encarrega da colação dos seus próprios produtos no mercado.
Por outro lado, pode ser uma distribuição comercial indirecta, sendo que nesta
ocorre a concentração exclusivamente na função produtiva e a renúncia à
tarefa de comercialização, confiando esta a empresários ou intermediários
autónomos especializados. Esta modalidade de distribuição pode ainda
assumir duas formas:
No presente caso, António através da instalação dos painéis solares irá distribuir tais
pelo que existe um contrato de distribuição em que a Fábrica é a produtora dos
referidos e António o distribuidor.
CONTRATO DE AGÊNCIA
Elementos Essenciais Elementos Não Essenciais
Onerosidade
Autonomia
Estabilidade
CONTRATO DE FRANQUIA
Elementos Essenciais Elementos Não Essenciais
Onerosidade
No presente caso, António adquire os painéis através de uma fábrica nacional sendo
que posteriormente os irá instalar. Ora tal exclui a possibilidade de estarmos face a um
contrato de concessão comercial uma vez que não se verifica a característica deste
que assenta na obrigação de venda (do concedente ao concessionário) e de
compra para revenda (do concessionário a terceiros). Quanto António instala os
painéis solares não está a revende-los.
Deste modo, parte-se do princípio que se estará face a um contrato de agência. Nos
termos do art. 2º do Diploma Legal que regula o Contrato de Agência (DL 178/86, de 3
de Julho) o agente, por força de disposição contratual expressa, está autorizado a
celebrar contratos na qualidade de representante do principal. É exactamente o que
sucede neste caso: António representa a fabrica nacional.
Que o agente tenha angariado novos clientes para a outra parte ou tenha
aumentado substancialmente o volume de negócios com a clientela já
existente, desde que tal se deva a um esforço sério por parte do agente
CASO 3
Diana está convicta de ter descoberto a pólvora. Uma pequena pastelaria em Chaves
faz umas deliciosas empadas de perdiz, totalmente desconhecidas em Lisboa. Diana
comprometeu-se perante a Empada Transmontana, Lda (“ET”) a encontrar restaurantes
e pastelarias em Lisboa, assim como boas charcutarias que comprem as deliciosas
empadas. Em contrapartida, a ET partilhará com Diana 10% do valor facturado em
Lisboa. Mal Diana começou a sua actividade, o sucesso foi estrondoso. Ao ponto de,
duas semanas volvidas, a ET deixar de atender os telefonemas de Diana, ou fornecer
dados precisos sobre os transportes de empadas. A ET tinha contratado uma outra
entidade, com mais recursos humanos e técnicos, para conquistar os mercados
nacionais e internacionais e não quer saber mais da nossa amiga. Diana está
desolada. Não formara ainda uma clientela estável para a ET, mas investira muito
nesta nova actividade: um arrendamento no centro de Lisboa, um computador,
cartões de visita, entre outros dispêndios. Menos mal que continua a conduzir o
belíssimo carro que a ET lhe emprestara, para visitar clientes. Quid iuris?
No presente caso estamos no âmbito do Contrato de Agência uma vez que Diana
representa a pastelaria ET através da procura de restaurantes e pastelarias em Lisboa
que comprem as empadas realizadas pela referida pastelaria.
Acordo das Partes (art. 24º al. a) e art. 25º) – não existe nenhum acordo escrito
assinado por ambas as partes em que elas fazem cessar o contrato de agência
Caducidade (art. 24º al. b) e art. 26º): o presente caso não se insere em
nenhum dos casos geradores de caducidade consagrados nas várias alienas
do art. 26º
Denúncia (art. 24º al. c) e art. 28º): esta consagra um acto unilateral, por
qualquer das partes, onde não necessita de ser invocado qualquer
fundamento, apenas podendo ser admitida em contratos celebrados por
tempo indeterminado (verifica-se, uma vez que a pastelaria ET e Diana nada
convencionaram quanto ao prazo de duração do contrato pelo que se aplica
o regime do art. 27º), desde que exista aviso prévio com respeito pelos prazos
consagrados nas varias alienas do art. 28º/1. Ora, no presente caso não existiu
aviso prévio, até porque o contrato durava apenas há duas semanas, e não
houve nenhuma comunicação por escrita a Diana por parte da pastelaria ET
em que esta fizesse cessar o contrato por denúncia.
Resolução (art. 24º al. d) e art. 30º e 31º): pode ser de cariz subjectivo (al. a) do
art. 30º) ou de cariz objectivo (al. b) do art. 30º), tendo de ser fundamentada,
contudo é sempre necessário que seja comunicada à contraparte por escrito.
Coloca-se agora a questão de saber o que Diana pode fazer a fim de reagir contra
esta situação, uma vez que existe uma atitude da ET que frusta a actividade de Diana,
nomeadamente através da remuneração, pelo que existe uma violação grave e
reiterada não sendo exigível a Diana que ela continue a actividade, podendo resolver
o mesmo nos termos do art. 30º al. a).
Deste modo, Diana terá direito a uma indemnização nos termos do art. 32º (que é uma
verdadeira indemnização pois visa reparar os danos que Diana sofreu com o não
cumprimento das obrigações por parte da ET).
A António Cardoso – Comércio de Vestuário, S.A., celebrou com o Banco Top Crédito,
SA, um contrato, por virtude do qual este último se obrigava a adquirir todos os créditos
de que a António Cardoso – Comércio de Vestuário, S.A. fosse titular sobre os seus 10
principais clientes, no valor total de €1.000.000,00. Para o efeito, o Banco Top Crédito
pagou de imediato €750.000,00. Passados dois meses, o Banco Top Crédito vem exigir
à António Cardoso – Comércio de Vestuário, S.A., o pagamento de €1.000.000,00., com
o argumento de que nenhum dos 10 clientes procedeu ao pagamento dos valores em
dívida. Quid iuris?
Sendo que a transferência de créditos ocorre com a aceitação expressa dos créditos
tal poderá assumir diversas modalidades, nomeadamente entre o contrato de
factoring celebrado com cláusula de recurso ou sem cláusula de recurso.
Nestes casos o factor (Banco) assume o risco del credere, sendo apenas admissível
quando os créditos cedidos são objecto de aprovação. O cliente (António) fornece
ao Banco a lista de clientes de onde irão imergir os crédidos. De seguida, o factor
(Banco) irá realizar uma análise económico financeira. O banco irá realizar um acordo
com o potencial cedente (António) em que se consagra quais os créditos que irá
aceitar, podendo o cliente (António) propor-se a assumir o risco de todos ou de
apenas alguns dos créditos.
Não tendo sido feita antecipação, na data da cobrança do crédito, o factor (Banco)
entrega ao cedente o valor do mesmo, deduzido da comissão da garantia e do
contrato de factoring.
Deste modo, não existindo cláusula de recurso o Banco assumiu o risco de crédito pelo
que terá de ser ele a suportar tal situação.
Nestes casos, o cedente não solicita ao factor a assunção do risco del credere,
relativamente a todos ou alguns dos devedores do cedente. Contudo, o factor
também analisa os devedores, fixando para cada um deles um plafond.
Nestes casos, os limites de crédito têm uma acepção diferente dos fixados para as
cessões sem recurso, referindo-se ao montante máximo de adiantamentos que o
factor poderá conceder ao cedente, relativamente aos créditos cedidos sobre
determinado devedor (≠ risco). O factor negocia com o cliente um plafond máximo
de adiantamentos, face aos créditos que este último lhe venha a transmitir sobre os
devedores indicados em lista anexa ao contrato, resultante da análise económico-
financeira do cedente.
NOTA4: A regra geral no contrato de cessão financeira é que este é sem recurso,
porque parte-se do pressuposto que quando as pessoas celebram um contrato de
factoring uma das vantagens é que o risco seja transmitido para o factor. Deste modo
no silêncio das partes o risco será transmitido para o factor pelo que será sem recurso.
NOTA5: Na grande maioria dos casos, a maioria dos bancos só aceita fazer factoring
com base numa relação de clientes previamente estabelecida. O banco terá de
verificar qual o risco de crédito: se for baixo, a probabilidade de cobrança do crédito
é elevada não se importante se consistir um factoring sem recurso; se o banco verificar
que o risco de cobrança de créditos é baixa ou não se consegue determinar irá
celebrar um factoring com recurso.
A Mais Construção, SA, celebrou um contrato com o Banco Compre a Crédito, SA,
com vista a aquisição por este último de três gruas metálicas, ficando a Mais
Construção, S.A., com o gozo das mesmas por um período de 36 meses, mediante o
pagamento de uma quantia mensal de €200.000,00. Pergunta-se:
No presente caso estamos face a um caso de locação financeira em que uma das
partes (o locador) se obriga, mediante remuneração, a ceder à outra parte (locatário)
o gozo temporário de uma coisa, móvel ou imóvel, adquirida para o efeito pelo
primeiro (locador) a um terceiro (fornecedor) ficando o último investido no direito de a
adquirir em prazo e por preço determinados (DL 149/95, de 24 de Junho – art. 1º).
Nos termos do art. 9º/1 al. c) e 10º/2 al. e) o locatário tem a possibilidade de findo o
contrato de comprar a coisa pelo respectivo preço residual no termo do contrato.
Deste modo, se a Mais Construção exercer esta opção de compra a propriedade das
gruas será sua; se não exercer a propriedade das gruas será do Banco Compre a
Crédito.
NOTA2: No lease back o cliente vende um bem ao banco e depois o banco loca esse
bem a esse mesmo cliente. Problema: o cliente, precisa de financiamento, esta a
alienar a propriedade de um bem que era seu ao banco, e em troca o banco faz um
contrato de locação com o cliente e este fica a pagar uma renda. Tal nada difere da
hipoteca. Em caso de incumprimento do devedor, o credor hipotecado apenas pode
vender em hasta publica o bem hipotecada mas não pode fazer sua a coisa
hipotecada. Ora no lease back se o locatário deixar de pagar as rendas o banco fica
com a propriedade do bem na sequencia do incumprimento, pelo que tal
consubstancia um pacto sucessório que é proibido. Mas no leasing em geral se
decorrido o prazo do leasing e pagas as rendas, o locatário tem o direito a comprar a
coisa, contudo a chamada opção de venda é apenas um contrato promessa
unilateral de venda (o banco obriga-se a vender a coisa ao locatário mas só se este
quiser comprar tal).
Deste modo, nos termos do art. 7º o Banco ficando com as gruas poderá alugá-las a
um terceiro.
NOTA1: o renting é uma forma de locação em que surge agregada a a tal uma serie
de serviços associados a essa locação que fazem correr o risco da perda ou
deterioração do bem sobre o locador. Na situação dos automóveis há de facto uma
locação do bem e associada a tal a prestação de serviços. As rendas englobam o
gozo do bem e os serviços associados à locação
NOTA2: O renting pode ter associado uma opção de compra mas, normalmente, o
valor é muitíssimo elevado, visando evitar que o cliente compre o bem (assim o cliente
irá celebrar outro contrato de renting).
Nos termos do art. 13º refere-se aquele que é comerciante, sendo que só se adquire
tal caracteristica com a pratica de actos de comércios? É necessário conjugar com o
art. 2º I parte com o art. 13º.
O art. 2º II parte respeita aos actos conexos com a actividade profissional mas que não
se encontram inseridos na sua actividade principal, embora se encontrem com ela
relacionados.
TEORIA JURÍDICA DE EMPRESA: é necessário analisar o art. 230º para saber a noção de
empresa. A empresa assenta no risco de capital. O art. 230º é uma norma
qualificadora central. O art. 2º I parte só se aplica aos actos ocasionais, ou seja, os que
são praticados por não comerciantes. O art. 230º assenta no seguinte:
Do âmbito do art. 230º excluem-se (1) os profissionais liberais, (2) as empresas agrícolas;
(3) empresas acessórias das agrícolas (exemplo: empresa transportadora)
Note-se que tanto os profissionais liberais como as empresas agrícolas são reguladas
pelo Direito Civil. Coloca-se a questão de saber quanto às empresas acessórias das
agricolas como é que se distinguem das verdadeiramente comerciais? Qual o seu
critério de distinção?
Conjugação do art. 230º e do art. 2º: a norma central é o art. 230º. Mas se o
comerciante praticar um acto, fora da sua actividade principal, mas que está com ela
relacionado (exemplo: actos preparatórios, financiamento) são actos comerciais, de
acordo com o art. 2º II parte (actos conexos). Os actos ocasionais praticados por não
comerciantes encontram-se no art. 2º I parte.
CASO 1
Conjugado o art. 2º I parte com o art. 13º define-se quem é comerciante (requisito1).
Os actos são conexos? É necessário partir de uma presunção: não é um acto
exclusivamente civil (requisito2) e das circunstâncias que rodearam a prática do acto
não resulta que o mesmo se destina à sua vida pessoal e familiar (requisito3). Note-se
que a presunção só funciona se estiverem demonstrados os requisitos enunciados.
b) Suponha que António, num local distante do seu negócio e sem aludir à
qualidade de empresário, celebrou um contrato de arrendamento de um
andar, por um mês , durante o período normal de férias.
É necessário conjugar o art. 2º II parte com o art. 13º. Nos termos da primeira norma
falta um requisito para que exista a presunção de comercialidade. Uma vez que a
falta desse requisito se encontra relacionada com a sua vida pessoal e familiar é um
acto civil.
Em todos os casos duvidosos aplica-se o art. 2º II parte. Mais do que uma presunção,
esta norma é qualificadora. Afere-se a demonstração ou não dos pressupostos. Tal é
igual quanto à TEORIA JURÍDICA DA EMPRESA.
CASO 2
Quanto às Torradeiras:
Nos termos do art. 464º desqualifica-se a compra como comercial. Aplica-se a lei civil.
Mesmo que a coisa venha a ser revendida, mais tarde, continua a aplicar-se a lei civil.
No momento da compra não havia intenção de revenda.
b) Se o preço não for pago na data devida qual o valor dos juros?
Taxa de juro: 8%
A taxa de juro é definido por duas portarias/ano
Porque é que existe uma taxa de juro mínima? Nas dívidas comerciais a taxa
não pode ser inferior à do BCE, uma vez que este é de regulação do mercado.
Caso assim não fosse, haveria um incentivo ao não cumprimento. Se não se
cumprisse pagava-se uma taxa de juro mais baixa do que se cumprissem o
pagamento à Banca.
No presente caso estamos no âmbito das obrigações plurais, art. 100º, em que a regra
é a solidariedade, ou seja aplica-se aos co-obrigados se forem comerciantes.
O agricultor nos termos do art. 230º não é comerciante. A solidariedade não é solidária
com António (art. 100º) e quanto a Carlos aplica-se o regime civil (obrigação
conjunta). O credor pode pedir tudo a António, mas só pode pedir metade a Carlos.
Nos termos do art. 1691º al. d) CC estabelece-se que as dívidas de comércio são da
responsabilidade de ambos os cônjuges, salvo (1) se se provar que não foram
contraídas em proveito comum do casal; (2) vigorar o regime de separação de bens.
Nos termos do art. 15º CCOM consagra-se uma presunção de que as dívidas
contraídas pelo conjuge comerciante são contraidas no exercício do seu comércio,
logo, para ilidir esta presunçao o conjuge terá de demonstrar que não houve proveito
comum do casa ou demonstrar que a dívida não foi contraída no exercício da sua
actividade comercial. Ratio: havendo regime de comunhão, os proveitos do exercício
da actividade comercial aproveitam a ambos os cônjuges.
Nos termos do art. 1695º CC consagra-se quais os bens que vão respondem por estas
dívidas: (1) bens comuns do casal; (2) na falta ou insuficiência, solidariamente,
respondem os bens proprios de cada um dos conjuges.
ESTABELECIMENTO COMERCIAL
Análise do art. 230º C.Com: alarga-se o âmbito do comércio para outras áreas
(produção, industria e prestação de serviços). O Direito Comercial abrange o
comércio em sentido jurídico (actividades de intermediação, actividades de
produção e industriais e actividades de prestação de serviços). Pressupõe, sendo uma
norma de alagamento, que a compra e venda para revenda, sendo uma actividade
de intermediação, já é uma actividade comercial. No primeiro parágrafo deste artigo
excluem-se determinadas áreas do âmbito do Direito Comercial (profissionais liberais,
empresas agrícolas, empresas acessórias das agrícolas). Nas empresas comerciais
existe o risco de capital.
Nos termos do art. 230º, além de as empresas serem comerciais também o são os
comerciantes: os sujeitos que praticam as actividades comerciais são os comerciantes.
Basta que um sujeito se proponha no mercado ao exercício de uma determinada
actividade para que passem a ser considerados comerciantes ocorrendo uma
antecipação do momento em que ocorre a qualificação daquele sujeito como
comerciante (≠ Teoria dos Actos do Comércio).
Nos termos do art. 1112º quando se refere a industria tal significa trabalho, ou seja
quando para aquelas actividades que não tem caracter intelectual mas manual,
assentando no esforço do próprio, são abrangidos pela figura do trespasse
(cabeleireiro, sapateiro, pasteleiro fora do DComercial enquanto pequenas
empresas mas que o legislador quis abranger pela figura do trespasse.
PROF. FRANCISCO BARONA – CRÍTICA: desde que surgiram as leis de 1910, a ideia que
presidiu sempre ao trespasse foi permitir a continuidade das actividades económicas,
independentemente da sua natureza. Deste modo justifica-se que o trespasse tenha
sempre figurado do ponto de vista sistemática na parte do arrendamento porque o
objectivo do trespasse é a continuidade da actividade económica.
O art. 1112º/2 consagra dois requisitos, pelo que se tais não se verificarem o legislador
considera que o negocio tem indícios de simulação. As partes não quiseram
efectivamente realizar um trespasse mas sim fazer uma cessão não autorizada da
transmissão da posição do arrendatário (contratual).
Importa ainda referir o âmbito da cláusula genérica: todo activo e passivo transmite-se
pelo trespasse. Existe a responsabilidade solidaria do antigo e do novo devedor numa
transmissão singular de dividas quando não é ratificada pelo credor nem lhe seja
pedido o consentimento (visa que o credor não saia prejudicado). Além do mais,
quanto às posições contratuais tem de haver acordo do devedor cedido sob pena de
se tal não acontecer será invalidade
NOTA1: O Estabelecimento é uma universalidade, pelo que será composto por vários
elementos.
NOTA2: Nos termos do art. 230º CCom. Define-se a noção de empresa. Contudo tal é
sinónimo de estabelecimento? A resposta afirmativa conduziria a resultados nefastos.
Exemplo: pequeno sapateiro quer vender a sua loja. Nos termos do art. 230º exclui-se
os pequenos empresários. Logo, não era um contrato de trespasse.
NOTA8: O trepasse é um figura contratual em que na sua base pode estar qualquer
negócio jurídico (negócio pluricausal). O trespasse surgiu, inicialmente, porque não
existia nenhuma figura que unificasse, que permitisse transmitir de forma definitiva, o
estabelecimento como um todo. Não havendo trespasse, as pessoas teriam de fazer
uma compra e venda de todos os elementos corpóreos e incorpóreos – tantos
negócios como quantos elementos que estivessem naquele estabelecimento. Tal
levantava problemas complexos, mas o trespasse também levanta quando se trata de
créditos e débitos que compõem o estabelecimento. Com o trespasse também são
transmitidos posições em contratos e dívidas do estabelecimento a terceiro e créditos
do estabelecimento sobre determinados clientes?
Outra parte da doutrina diz que tal esvazia em grande medida o trespasse,
uma vez que a observação de tais formalidades complica muito o trespasse.
Deste modo, uma vez que nos termos do art. 1112º estamos face a um trespasse
Felisberta não tem qualquer fundamento para intentar uma acção.
O trespassante vai pagar aos credores e, nas relações internas, uma vez que houve a
transmissão do estabelecimento exige-se essa quantia ao novo titular. Pode-se exigir a
qualquer um deles.
Caso III
Quando a lei diz que as partes devem entregar tudo o que estiver acordado quanto
ao estabelecimento tal significa que se deve assegurar por parte do trespassante o
gozo pacifico do estabelecimento, sob pena de se frustrar o fim contratual previsto.
Isso significa que do contrato de trespasse pode resultar uma obrigação de não
concorrência a cargo do trespassante. Mas este também tem uma certa liberdade
económica. Problema: como se concilia a obrigação de não concorrência com este
principio da livre iniciativa económica? Nem faz sentido dizer que o sujeito fica
impedido de exercer aquela actividade ad eternum ou em qualquer local. A
obrigação de não concorrência a existir tem de ter limites:
A obrigação de não concorrência abrange quer o titular antigo, como todos os que
com ele estão numa relação de proximidade (familiar, fucnional ou societária), ou seja
todos aqueles que têm um conhecimento especial sobre a actividade de exercício
(âmbito subjecto do direito de não concorrência).
Caso IV
Nos termos do art. 1112º/1 al. a) com o trespasse ocorre a cessão forçada da posição
contratual, ou seja com este transmite-se a posição de arrendatário.
Como é que se pode provar que existiu trespasse (o senhorio argumenta que o
negócio foi simulado com base no art. 1112º/2 al. a) e devido ao preço)? Atraves do
valor da facturação, do crédito que fornecedores dão ao estabelecimento e da
clientela (normalmente é ocasional sendo dificil encontrar uma lista de clientes).
Caso V
No presente caso não estamos face a um acto comercial objectivo nos termos do art.
2º I parte. Nos termos do art. 230º estamos face a uma pequena empresa, pelo que se
coloca a questão de se saber se é aplicável o regime comercial.
Nos termos do art. 1112º/4 o senhorio tinha direito de preferência na venda, mas existia
a possibilidade de tal ser por ele exercido? Ele terá de exercer o direito de preferência
nas mesmas condições que são oferecidas pelo terceiro interessado. Exercendo a
preferência, a titularidade do estabelecimento e a titularidade do imóvel juntam-se no
mesmo e o arrendamento extingue-se por confusão.
Caso VI
Carlos é docente liceal e está casado com Dora, que trabalha como “caixa” num
supermercado. Insatisfeitos com o que auferem decidiram abrir um restaurante. Um
amigo, Ernesto, que tem uma pequena quinta, fornece-lhes os legumes frescos. O
negócio estava a correr bem até que foram surpreendidos com a abertura de uma
cantina da Paróquia nas imediações, a praticar preços sociais. Confrontados com
dificuldades de crédito e com o protesto de letras que Carlos entregara (não
completamente preenchidas) a um fornecedor, optaram por se desfazer do negócio,
vendendo-o a Fernando.
No estabelecimento o que faz com que o restaurante seja qualificado como tal são:
os elementos corpóreos (cadeiras, mesas, cozinha, utensílios, matérias primas – tudo o
que é essencial ao exercício da actividade) e os elementos incorpóreos (créditos,
obrigações que tenham face a terceiros, direitos inerentes aos contratos de trabalho).
Tal consubstância a dimensão técnico produtiva do estabelecimento. Além de tal o
estabelecimento tem a dimensão de mercada (volume de vendas, clientes habituais
ou contratos com determinadas empresas, localização às vezes, etc.).
INSOLVÊNCIA
Análise do nº1:
aprovam um plano e nesse plano irão ser previstas as medidas que tem de ser
implementadas no sentido de assegurar a continuidade da actividade do
insolvente.
solução mista: alguns bens são liquidados e outros aproveitam-se pelo plano. O
CIRE parte do pressuposto que os proprietários económicos do património do
insolvente são os credores uma vez que são os verdadeiros interessados na
satisfação dos seus créditos; os credores são livres para decidir e até podem
impor perdões de credito ou seja, determina-se que os credores de uma
determinada categoria so sejam pagos em 60% 70% do valor dos seus créditos,
ocorrendo uma extinção parcial de créditos.
Pode ainda suceder que determinados actos praticados no passado possam vir a
considerar-se extintos e o valor de tais regressa à massa insolvente. Existe um período
suspeito que assenta nos dois anos anteriores à data da declaração de insolvência.
Nos termos do art. 18º, Carlos tinha o dever de se apresentar à insolvência. Nos termos
do art. 20º quando existam dívidas, nomeadamente de natureza tributária, com a
segurança social, emergentes de contratos de trabalho e de natureza fiscal se
perdurarem há mais de três meses presume-se inilidivelmente que o devedor insolvente
conhecia aquela situação.
Uma vez que Carlos não se apresentou à insolvencia é necessário saber quais as
consequências que daí decorrem. Nos termos do art. 186º/3 al. d) consagra-se que a
insolvência será culposa se o devedor conhecia a situação há mais de tres meses e
não se apresentou à insolvência (Carlos estaria numa situação de insolvência culposa
se conhecia a situação há mais de 3meses; se não conhecia encontrava-se apenas
numa situação de insolvência).
Nos termos do art. 20º os credores das dívidas que existem há mais de 6 meses podem
requer a declaração de insolvência uma vez que tais dívidas indiciam o
incumprimento generalizado. O ónus de demonstrar o contrário pertence ao devedor,
ou seja, a este cabe fazer prova que os indicios do art. 20º apesar de verificados não
conduzem a que a situação de insolvência se venha a materializar.
II. António tinha escondido num armazém de uma propriedade sua no Alentejo
grande parte da maquinaria que deveria estar nas instalações fabris da
sociedade;
Pergunta-se:
c. Suponha que Bernardo, dois anos antes, havia alienado parte substancial do
património da empresa a dois sobrinhos, ao primo e à sogra. O que poderá
suceder a estes negócios?
Embora Bernardo fosse gerente, nos termos do art. 49º, a sogra, o primeiro e os
sobrinhso não se incluem no seu âmbito. Neste caso é necessário analisar se esta
situação se insere em algum dos casos de resolução incondicional. Nos termos do art.
121º consagram-se várias hipoteses em que se admite que possam ser resolvidos em
beneficio da massa desde que se verifique algum dos actos. O facto de Bernardo ter
alienado uma parte substancial do património cairá na al. b) ou na al. h), consoante o
acto de alienação tenha sido gratuito ou oneroso respectivamente. Tal acarreta
efeitos retroactivos. Nos termos do art. 46º, existindo resolução em benefício da massa,
os bens outrora alienados regressam à massa insolvente.
NOTA: o art. 49º possui duas funções – (1) casos de resolução em benefício da massa;
(2) classificar os créditos (tais créditos consideram-se subordinados nos termos do art.
48º).
No presente caso nos termos do art. 20º al. b) a situação em causa é fundamento de
declaração de insolvência.
Os créditos que se encontrem garantidos são pagos em primeiro lugar. Nos termos do
art. 48º, os créditos subordinados serão os últimos a ser pagos (note-se que o art. 604º
CC é uma regra geral: o que o CIRE trás d enovo é que quando existe uma problema
de eficácia externa das obrigações tal é o único caso em que se permite que por
acordo se estabeleça um contrato com eficácia erga omnes). O art. 48º al. c) permite
a eficácia externa o que tem uma enorme importância, não para os casos de simples
mútuo mas sim para outro tipo de operações, ou seja quanto ao nível societário, as
emissões de títulos de divida, sendo que estes representam empréstimos que os
subscritores de tais fazem à sociedade (muitas vez, em vez de todos os obrigacionistas
serem pagos em igualdade de circunstâncias, pode suceder que uns sejam pagos
primeiro lugar, outros em segundo lugar, etc – cria-se uma sobordinação entre dois
credores). A ideia de subordinação permitiu flexibilizar a gestão das sociedades
permitindo que as sociedades possam muitas vezes graduar credores entre si, mas
devido à amplitude da norma tal vale para qualquer crédito (os outros credores
podem invocar o acordo de subordinação para dizer que o credor que a invocou
será pago depois de todos os outros mas tal acarreta o problema dos terceiros, ou seja
de invocarem este acordo face aquele credor só ser pago depois dos outros – caso
de criação de direitos com eficácia erga omnes por mero acordo das partes).
TÍTULOS DE CRÉDITO
Enquanto a letra vai circulando, quem transmite a letra vai realizando o seu respectivo
valor. Quando o E (endossado) apresenta a letra ao sacado aceitante como é que
este sabe que paga bem a E, uma vez que é alheio a todas as relações subjacentes?
O E vai ser considerado portador legitimo da letra, justificando o seu direito de a exigir
com base numa cadeira interrupta de aceitantes. O sacado aceitante consegue
verificar tal cadeira interrupta sendo E, então, considerado portador legítimo pelo que
paga bem.
Nos termos do art. 16º LULL, quando existe um endosso em branco, tendo por base o
exemplo anterior, presume-se que C terá adquirido a letra por força do endosso que o
sacador lhe tinha feito mas que se encontra em branco.
Se o sacado aceitante aceitar pagar a letra na data no seu vencimento irá exigir que
lhe seja entregue o título. O que sucede se à data do vencimento, E apresentar a letra
a pagamento ao sacado aceitante e este se recusar a pagá-la? O notário irá atestar
perante uma letra que lhe é apresentada. Tendo sido a letra preenchida, o notário irá
análisá-la e irá analisar também os seus elementos. Não tendo sido a letra paga na
data do seu vencimento, continuando o portador na posse da letra, o notário irá lavrar
o protesto e atestar que a letra foi apresentada pelo portador legítimo da mesma.
Se E não realizar o protesto só terá direito de acção contra o aceitante, sendo que
neste caso estamos face a uma acção executiva uma vez que a letra consubstancia
um título executivo.
Pode ainda suceder que surja o avalista (garante), sendo que o aval tem de ser
sempre dado pelo valor de alguém (se não se identicar a favor de quem se faz o aval
este presume-se feito pelo sacador). Note-se que se dá o aval por honra do aceitante
ou por honra do endossado, mas nin guém dá o aval à letra na sua globalidade.
Existe uma querela doutrina que assenta em saber se é ou não necessário realizar
protesto para accionar o avalista? Parte da doutrina defende a desnecessidade de
protesto, contudo a posição defendida pela regente é em sentido contrário.
Em suma:
É necessário protesto
O avalista do aceitante não pode invocar as excepções que o
avalizado pode invocar nos termos do art. 17º LULL
A Teoria da Acessoriedade prescinde do protesto, mas em
contrapartida permite ao avalista do aceitante que ele recorra ao art.
17º LULL
O art. 17º LULL distingue relações imediatas de mediatas, não se olhando para as
posições cambiárias mas sim para as relações subjacentes. No dominio das relações
imediatas todas as excepções são oponíveis.
Para quem entende que o aval consubstancia uma relação autónoma, o avalista
encontra-se numa relação imediata com o sacador.
LETRA EM BRANCO: letra que não se encontra preenchida em algum(ns) do(s) seu(s)
elemento(s), mas existe um acordo entre as partes (pacto de preenchimento). Ou
seja, quando se dá a letra a pagamento está terá de ser acompanhada do referido
pacto nos termos do art. 10º LULL. A inoberservância dos pactos de preenchimento
não é oponível ao portador, a não ser que este tenha agido de má fé ou cometido
falta grave. É sempre necessário cumprir deveres de cuidado. Coloca o problema do
risco do preenchimento abusivo.
Caso 1
Bernardo vendeu um conjunto de mobílias a António por 1000 euros, com a entrega
dos bens daí a 15 dias e com o pagamento do preço a 90 dias. Em representação da
operação, Bernardo sacou sobre António uma letra de câmbio pagável a 90 dias da
data. A letra foi aceite e descontada depois de Carlos ter prestado o seu aval por
honra do aceitante. Em virtude da não entrega das mobílias a letra não foi paga no
vencimento. Quais os direitos do portador da letra?
No presente caso estamos face a uma letra de câmbio, que constitui um título de
crédito. A relação subjacente assenta no contrato de compra e venda celebrado
entre Bernardo e António e a relação cartular ou cambiária em Bernardo sacar uma
letra de câmbito sobre António, que este aceite.
Sacador – Bernardo
Sacado Aceitante – António
Avalista – Carlos
Portador – Banco (‘’a letra foi aceite e descontada’’ – para fazer o desconto
teve de lhe ser endossada)
Uma vez que nada nos é dito em sentido contrário, presume-se que os requisitos
formais constantes do art. 1º LULL se encontrem preenchidos.
Nos termos do art. 33º LULL consagram-se os tipos de vencimento da letra, sendo que
no presente caso a letra vencia-se em 90 dias (se não tivesse sido indicado prazo a
letra seria à vista podendo ser apresentada a todo o tempo).
Em primeiro lugar o Banco poderia (e deveria) protestar. Neste caso, teria dois dias
para o fazer a contar da data do vencimento do título de crédito. É necessário lavrar
o protesto para se poder abrir a cadeia de regresso, ou seja, accionar Bernardo
(sacador endossante será responsável de regresso) e Carlos (avalista). Quanto a este
último coloca-se a questão da (des)necessidade de protesto.
NOTA: Existe uma situação em que é possível accionar qualquer subscritor cambiário
sem necessidade de protesto. Tal situação encontra-se consagrada no art. 46º LULL e
refere-se à cláusula sem despesa que abrange e só beneficia todos os subscritores se
tiver sido aposta no título pelo sacado no momento do saque; só vincula aqueles que
tiverem recebido o título com aquela cláusula incerta.
Caso 2
Caso 3
António tem uma empresa que se dedica à instalação de painéis solares e conseguiu
obter a representação de uma importante fábrica nacional, através de contrato que
assinou recentemente. Para poder responder cabalmente às exigências do novo
contrato, encomendou a feitura da página de internet da sua empresa a Bernardo,
tomou de arrendamento uma loja e contraiu junto de um Banco, um financiamento de
curto prazo, tendo para o efeito subscrito uma livrança. Como se caracteriza a
livrança e qual é a sua função neste contexto?
No presente caso estamos face a uma livrança que consubstancia uma promessa de
pagamento feita pelo subscritor. A livrança, embora se distinga da letra de câmbio
pelo facto de ser uma promessa de pagamento enquanto que a segunda é uma
ordem de pagamentom segue o mesmo regime jurídico do que esta. É necessário
atender ao disposto no art. 77º e ss LULL.
Caso 4
Comente a seguinte frase: “o emitente de uma letra não está obrigado pela mesma
quando demonstre que o título é de favor”.
Neste caso coloca-se a questão de saber como é que se poderá opor ao portador
uma vez que se encontra apenas numa relação de facor. Poder-se-á opor apenas nas
relações imediatas, sendo de todo improcedente fazer o mesmo nas relações
mediatas a menos que o terceiro tenha recebido a livrança com o intuito de
prejudicar o devedor.
Caso 5
Carlos é professor e está casado com Dália, que trabalha como empregada de
escritório. Insatisfeitos com os rendimentos que auferem decidiram abrir um
restaurante. Um amigo, Edgar, que tem uma pequena produção agrícola, fornece-lhes
os legumes e fruta fresca. Entretanto foram surpreendidos com a abertura de um
restaurante de fast food a praticar preços mais baixos. Confrontados com dificuldades
de crédito e com o protesto de letras que Carlos entregara (ainda não completamente
preenchidas) a um fornecedor, optaram por se desfazer do negócio, vendendo-o a
Filomena. Carlos poderá alegar perante Guiomar, portadora actual da letra, que a
mesma foi apresentada antes do tempo e preenchida abusivamente?
Não existe contradição uma vez que se tiver existido violação do pacto de
preenchimento, Carlos poderá tentar responsabilizar o fornecedor em sede extra
cartular. Contudo, as vicissitudes da relação subjacente à emissão da letra não são
oponíveis nas relações mediatas a terceiros portadores de boa fé. Guiomar não é
parte na convenção executiva com Carlos, é terceiro.